universidade federal de mato grosso icet, faet, …ri.ufmt.br/bitstream/1/240/1/diss_2015_maria...
TRANSCRIPT
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
ICET, FAET, FAMEV, IBE, ICHS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
MARIA APARECIDA DA SILVA ALVES
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DAS NASCENTES EM ÁREA
DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, VOLTADA À
CONSERVAÇÃO DA MICROBACIA DO CÓRREGO QUINEIRA,
EM CHAPADA DOS GUIMARÃES – MT.
CUIABÁ/MT
Setembro – 2015
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
ICET, FAET, FAMEV, IBE, ICHS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
MARIA APARECIDA DA SILVA ALVES
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DAS NASCENTES EM ÁREA
DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, VOLTADA A
CONSERVAÇÃO DA MICROBACIA DO CÓRREGO QUINEIRA,
EM CHAPADA DOS GUIMARÃES – MT.
Dissertação apresentado à Universidade Federal de
Mato Grosso – Programa de Pós-Graduação em
Recursos Hídricos. Orientador: Prof. /Dr. Fernando
Ximenes Tavares Salomão
Coorientadora: Prof./Dr. Ibraim Fantin da Cruz.
CUIABÁ/MT
Setembro – 2015
iii
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
ICET, FAET, FAMEV, IBE, ICHS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
Maria Aparecida da Silva Alves
Dissertação aprovada em ____de ______________de_______.
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fernando Ximenes Tavares Salomão (Presidente e Orientador) Departamento de Geologia Geral
Universidade Federal de Mato Grosso
Prof. Dr. IbraimFantin da Cruz
(Co-orientador)
Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental Universidade Federal de Mato Grosso
Prof. Dr. Renato Blat Migliorini (Membro Interno)
Departamento de Geologia Geral Universidade Federal de Mato Grosso
Prof.ª Dr.ª Erica Cezarine de Arruda (Membro Externo)
Universidade de Cuiabá-MT
iv
Dedicatória
Aos meus amados pais, Antônia e Uilson, meus filhos Alice, Alan, Luiz, e Maria, e a meu esposo Fabio.
v
Agradecimentos
É chegada a hora de agradecer a todos que, de alguma forma, contribuíram para
a realização deste trabalho. Pessoas que me incentivaram de diferentes maneiras. A
todos vocês o meu sincero MUITO OBRIGADA!
Primeiramente a Deus, que permitiu a minha vinda a Cuiabá e minha aprovação
na seleção do mestrado.
Ao meu esposo, Fabio, que esteve sempre ao meu lado confortando minhas
angústias e me fazendo sorrir pra esquecer os problemas.
Aos meus filhos, Alan, Alice, Luiz, e Maria que suportaram a minha ausência.
Ao meu orientador Fernando Ximenes de Tavares Salomão pelo apoio na
realização do trabalho de campo e pelo incentivo em melhorar cada dia mais.
Ao meu Coorientadora Ibraim Fantin da Cruz, pelo carinho e amizade nos
momentos de dificuldade.
À coordenação do mestrado em Recursos Hídricos, que sempre me apoiou na
busca do conhecimento.
Às minhas amigas Renata, Roselha, Luciana, Ana Cecilia, e Andrea, que por
muitas vezes ouviu minhas lamentações e com quem por muitas vezes demos boas
gargalhadas.
Aos meus amigos de turma, e amigos de turmas anteriores 2012, e 2014, com
quem compartilhei momentos importantes e que ficarão guardados sempre em minha
memória.
A meu amigo Carlos que esteve comigo em todas as minhas coletas,
contribuindo, e me ajudando nas horas em mais precisei.
A todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para minha vida
acadêmica.
Agradeço a Universidade Federal de Mato Grosso pela oportunidade de realizar
o mestrado, e a CAPES pela concessão da bolsa que fez com que eu tivesse mais tempo
para me dedicar aos estudos.
vi
RESUMO
Este trabalho contempla a problemática ambiental resultante da expansão urbana e
descontrolada verificada no município de Chapada dos Guimarães – MT. São
apresentados dados referentes à caracterização ambiental das nascentes em Área de
Preservação Permanente, voltados à conservação da microbacia do córrego Quineira.
Tem como objetivo principal o diagnóstico ambiental da microbacia desse córrego, e do
estado de alteração de suas nascentes, tendo em vista a proposição de medidas voltadas
à preservação do seu curso d´água, minimizando os efeitos de sua degradação. Água é a
fonte da vida, e as nascentes ideais são aquelas que fornecem água de boa qualidade,
abundante e contínua. Para a obtenção dos dados de campo foi desenvolvido o
diagnóstico ambiental na microbacia através do método VERAH, que permite um
diagnóstico de toda área, e a caracterização e identificação das nascentes e de seu curso
d’água. Em seguida foi realizada a caracterização ambiental das nascentes. A
caracterização ambiental das nascentes mostra que elas estão parcialmente preservadas,
fazendo-se necessário adotar medidas que possibilitem a minimização dos danos
ambientais, bem como a recuperação da área alterada e degradada, no intuído de
proteger os recursos hídricos, a fauna e a flora existentes, assegurando a qualidade do
curso d’água, visando garantir melhores condições de vida à população.
Palavras Chave: Preservação Ambiental, Nascentes, Vegetação.
vii
ABSTRACT
This work includes the resulting environmental problems of urban and uncontrolled
expansion recorded in the city of Chapada dos Guimarães - MT. Data are presented
concerning the environmental characterization of the springs in Permanent Preservation
Area, aimed at conservation of the watershed stream Quineira. Its main objective is the
environmental assessment of the watershed of this stream, and the state change its
sources, with a view to proposing measures aimed at preserving their waterway,
minimizing the effects of degradation. Water is the source of life, and the ideal springs
are those that provide good quality, abundant and continuous water. To obtain the field
data was developed environmental assessment in the watershed through Verah method,
which allows a diagnosis of the whole area, and the characterization and identification
of sources and its watercourse. Then carried the environmental characterization of the
springs. The environmental characterization of the sources shows that they are partially
preserved, making it necessary to adopt measures that allow the minimization of
environmental damage and the recovery of altered and degraded area, intuited to protect
water resources, the existing fauna and flora ensuring the quality of the stream in order
to ensure better living conditions for the population.
Keywords: Environmental Preservation, springs, vegetation.
viii
SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO.........................................................................................................01
II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................04
III. 1 - Revisão Bibliográfica...........................................................................................11
III.2 - Bacias Hidrográficas e Nascentes.........................................................................11
III.3 - Área de Preservação Permanente (APP)...............................................................15
III. 4 - Uso e ocupação, e demanda hídrica da Microbacia estudada..............................15
IV – MATERIAL E MÉTODO.......................................................................................17
V - Resultado e Discussão...............................................................................................23
VI – Caracterização das Nascentes do Córrego Quineira................................................41
VII – Conclusão...............................................................................................................53
VIII- Recomendações......................................................................................................55
X-Bibliografia..................................................................................................................56
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Mapa de localização do município de Chapada dos Guimarães –
MT.....................................................................................................................................4
Figura 02: Carta Geotécnica da Chapada dos Guimarães - MT........................................6
Figura 03: Esquema de disposição dos transectos no córrego
Quineira...........................................................................................................................18
Figura 04: Figura ilustrando os pontos amostrais na microbacia do córrego
Quineira...........................................................................................................................23
Figura 05: Medição para coleta de material vegetal........................................................24
Figura 06: Dinâmica da Vegetação na Microbacia do Córrego Quineira entre os anos de
1980 e 2014.....................................................................................................................25
Figura 07: Mapa uso e ocupação do solo da microbacia do córrego Quineira................29
Figura08: Mapa de suscetibilidade a erosão da Microbacia do Córrego Quineira..........30
Figura 09: Boçoroca apresentando o fenômeno conhecido por piping...........................31
Figura 10: Presença de erosão na rua em frente às residências.......................................32
Figura 11: Área de deposito de lixo jogado pelos moradores de Chapada dos
Guimarães/MT.................................................................................................................33
Figura 12: A figura mostra alguns resíduos na captação do córrego Quineira................33
Figura 13: Fotos tiradas na área da piscina pública.........................................................34
Figura 14: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto à coleta seletiva...........35
Figura 15: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto à qualidade da
coleta................................................................................................................................35
Figura 16: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto ao destino final dos
resíduos............................................................................................................................36
Figura 17: Carta imagem, indicações das regiões entrevistadas.....................................36
Figura 18: Área central da cidade, onde a maior parte do comércio está
localizada.........................................................................................................................37
.
x
Figura 19: A figura mostra o local de aplicação do questionário na microbacia............37
Figura 20: Locais de coleta de água na Microbacia do Córrego do Quineira.................39
Figura 21: Delimitação da microbacia do córrego Quineira, e pontos de localização das
nascentes..........................................................................................................................41
Figura 22: Captação do córrego Quineira, época da seca................................................42
Figura 23: Caracterização da nascente 01.......................................................................42
Figura 24: Vegetação ao redor do curso d’água..............................................................43
Figura 25: Caracterização da nascente 2.........................................................................44
Figura 26: vegetação em volta do curso d’água..............................................................44
Figura 27: Caracterização da nascente 03, com presença de matéria orgânica ao seu
redor.................................................................................................................................46
Figura 28: grande quantidade de lixo as margens do córrego.........................................46
Figura 29: Caracterização da nascente 04, ao longo do curso d’água.............................47
Figura 30: pouca presença de vegetação nas margens do córrego próximo a nascente
04.....................................................................................................................................48
Figura 31: Caracterização da nascente 05, local de queda d’água..................................49
Figura 32: Queda d’água da nascente 05.........................................................................49
Figura 33: Assoreamento, e grande quantidade de lixo na margem do córrego
Quineira...........................................................................................................................50
Figura 34: Nascente 06 é a nascente principal do córrego Quineira, fotos mês de julho
de 2014............................................................................................................................50
Figura 35: Nascentes principais do córrego Quineira, em período de seca, fotos mês de
julho de 2014...................................................................................................................51
Figura 36: Exemplo de habitação de alto padrão, porém em área imprópria para
construção........................................................................................................................52
A
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resumo dos atributos geotécnicos das Unidades Geotécnicas UG1 e
UG4.................................................................................................................................10
Tabela 02: Análise dos parâmetros físicos e químicos na microbacia do córrego
Quineira...........................................................................................................................20
Tabela 03: Analise dos parâmetros microbiológicos na microbacia do córrego
Quineira...........................................................................................................................21
Tabela 04: Resultados dos parâmetros físicos e químicos encontrados na microbacia do
córrego Quineira..............................................................................................................40
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Relação das espécies vegetal encontrada no Córrego Quineira...................26
Quadro 02: Lista de espécie encontrada na microbacia do córrego Quineira.................28
1
I – INTRODUÇÃO
Essa dissertação de mestrado foi motivada pela grande ocorrência do aumento
populacional, atrelado ao processo da urbanização ocorrido de forma acelerada e sem
planejamento, causando grande pressão sobre os recursos naturais em Chapada dos
Guimarães. Sua área objeto é a microbacia do córrego Quineira. Partindo-se da hipótese
de que com a identificação de suas nascentes, caracterização envolvendo o diagnóstico
da cobertura vegetal, dos processos erosivos, das formas e ocorrências habitacionais, e
da qualidade dos recursos hídricos superficiais, será possível propor ações que
permitam a preservação ambiental minimizando os efeitos da degradação e mesmo
possibilitar a recuperação de áreas degradadas.
Água é fonte da vida, todos os seres vivos, indistintamente, dependem dela
para viver. No entanto, por maior que seja sua importância, observa-se a destruição dos
corpos d´água e suas nascentes.
A água é, provavelmente, o único recurso natural que tem a ver com todos os
aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos
valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. É um recurso natural essencial,
seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies
vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e até
como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário, (BRUCE,
1993).
Segundo Barros et. al (2007), a Terra é um planeta constituído, em grande parte,
por água, 70% de sua superfície é coberta por esse líquido essencial à vida, o que a
torna um dos recursos mais abundantes do planeta. No entanto, de toda água existente
apenas uma pequena parcela, referente à água doce, pode ser usada para o consumo
humano, após adequação de suas características, físicas, químicas e biológicas,
tornando-a potável.
Tundisi (2004) afirma que o suprimento de água doce de boa qualidade é
essencial para o desenvolvimento econômico, para a qualidade de vida das populações
humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no Planeta.
As Áreas de Preservação Permanente (APP); segundo o Código Florestal
Brasileiro (BRASIL, 1965), têm como função ambiental a preservação dos recursos
hídricos, da paisagem, da estabilidade geológica, da biodiversidade, do fluxo gênico de
2
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. No
entanto é cada vez mais frequente a ocupação dessas áreas por populações urbanas, que
sem qualquer planejamento se instalam e provocam a degradação da APP, e das
nascentes.
De acordo com Calheiros et al. (2009), as nascentes fornecem água de boa
qualidade, abundante e contínua, localizada próxima do local de uso e de cota
topográfica elevada, possibilitando sua distribuição por gravidade, sem gasto de energia.
As nascentes, cursos d’água e represas, embora distintos entre si por várias
particularidades quanto às estratégias de preservação, apresentam como pontos básicos
comuns o controle da erosão do solo por meio de estruturas físicas e barreiras vegetais
de contenção, minimização de contaminação química e biológica e ações mitigadoras de
perdas de água por evaporação e consumo pelas plantas, (Valente 2005).
Independente de origem ou denominação, a vegetação que margeia as
nascentes e cursos de água é fundamental para a preservação ambiental e em especial
para a manutenção das fontes de água e da biodiversidade, (STRECK, 2007).
A urbanização desordenada nas bacias hidrográficas gera diversos
desequilíbrios ao meio ambiente e, consequentemente, danos ao homem. Uma das
consequências provocadas pela falta de planejamento da ocupação e uso do solo é a
alteração de alguns processos inerentes ao ciclo hidrológico, além da diminuição da
cobertura vegetal e a impermeabilização do solo, (TUCCI, 2003).
TUNDISI (1999), afirma que as alterações na quantidade, distribuição e
qualidade dos recursos hídricos ameaçam a sobrevivência humana e a das demais
espécies do planeta.
Na área urbana de Chapada dos Guimarães MT, essa realidade também é
observada com freqüência, algumas residências encontram-se em área de preservação
permanente associadas aos três cursos d´água tais como os córregos Quineira, Monjolo,
e Samambaia, sendo o último a principal fonte de captação para população da cidade de
Chapada.
Um dos recursos que a cada dia vem sendo pressionado são os recursos hídricos,
uma vez, que é necessário dispor de grandes volumes de água para suprir as
necessidades da população.
Por causa desta constante pressão, os conjuntos de habitação avançaram sobre as
bacias hidrográficas, e as margens das nascentes, causando grande diversidade de
3
impactos, sendo eles ambientais, sociais e econômicos, e o que mais sofre é o meio
ambiente pelas mudanças causadas pela ação antrópica.
Na microbacia do córrego Quineira há uma grande preocupação quanto à
preservação das nascentes, pois há muitas construções e residências no seu entorno, e
cada vez mais essas moradias estão tomando conta do córrego, o que pode acarretar
desequilíbrio ambiental. A produção muito grande de resíduos domésticos, e da
construção civil, pode causar o desaparecimento dessas nascentes.
O diagnóstico da microbacia do córrego Quineira foi realizado com apoio da
abordagem conhecida como VERAH, (Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação),
metodologia desenvolvido por OLIVEIRA, (2008).
Essa abordagem permite conhecer a problemática ambiental de microbacias
urbanas, bem como o diagnóstico ambiental da área de estudo.
Buscando contribuir com o contexto dos impactos ambientais, resultado da
ocupação urbana, esta pesquisa tem por objetivo principal o diagnóstico ambiental da
microbacia do córrego Quineira e do estado de alteração de suas nascentes, tendo em
vista à proposição de medidas voltadas para a preservação do seu curso d´água,
minimizando os efeitos de sua degradação, envolvendo os seguintes objetivos
específicos:
Identificação das causas das alterações ambientais da microbacia por meio da
caracterização da cobertura vegetal ainda existente, dos processos erosivos instalados,
dos resíduos produzidos e dispostos no ambiente, da qualidade dos recursos hídricos
superficiais, e das condições de habitação da população existente na microbacia.
Identificação e caracterização dos impactos provocados pela urbanização sobre os
recursos hídricos.
Identificação das principais nascentes e cursos d’água da bacia do Córrego Quineira.
4
II – REVISÃO BIBLIOGRÁFIA
A cidade de Chapada dos Guimarães encontra-se a 65 km de Cuiabá capital do
Estado de Mato Grosso. Possui uma população de 17.377 habitantes, sendo 9.877
habitantes da zona urbana, porém, nos finais de semana a população urbana aumenta
consideravelmente, devido ao turismo (SCHREINER, 2009).
A microbacia do Córrego Quineira localiza-se na cidade de Chapada dos
Guimarães (MT), fazendo parte da bacia hidrográfica do rio Cuiabá e grande bacia do
rio Paraguai, com altitude média de 800 metros, situado no platô do Planalto do
Guimarães. Inserido nessa microbacia encontra-se o Parque Municipal do Quineira,
instituído pela Lei - no 8.615 de 26 de dezembro de 2006.
A figura 01 mostra a delimitação do córrego Quineira, seu curso d’água, sua
vegetação é mais densa em uma pequena parte do córrego, e ao seu entorno sendo bem
visível a grande quantidade de habitações, sendo na maior parte irregulares, o que
compromete a preservação da microbacia como um todo, principalmente o
funcionamento das nascentes e de seu curso d’água.
O objetivo principal da criação deste parque foi proteger as nascentes presentes
na área, já que o Córrego Quineira é utilizado para captação de água destinada ao
abastecimento público, conforme a (LEI Nº 8.615, de 26 de dezembro de 2006).
De acordo com a SAA (Serviço de Abastecimento de Água de Chapada dos
Guimarães), informa que a microbacia do Córrego Quineira possui 3,43 km² de área,
seu rio principal que é o rio Cachoeirinha, tem 2.688 metros de comprimento e o
coeficiente de compacidade calculado para a área foi de 1,25, denotando que a forma da
bacia é alongada, sendo, portanto, pouco propensa a enchentes.
O Córrego Quineira é afluente do Córrego Monjolo que, por sua vez, é tributária
do Rio Cachoeirinha. Este rio une-se ao Rio Lagoinha dando origem ao Rio Quilombo,
que deságua no Rio da Casca, afluente do Rio Manso. O Rio Manso é tributário do Rio
Cuiabá que contribui com o Rio Paraguai, principal formador da bacia do Paraguai,
grande responsável por manter o Pantanal.
A vegetação da microbacia do Quineira é do tipo Savana, representada
predominantemente por cerrado, com presença de mata ciliar, e de galeria.
5
Figura 01: Mapa de delimitação do município de Chapada dos Guimarães – MT.
Fonte: O autor, (2013).
Sua formação geológica é caracterizada por rochas sedimentares das formações
Furnas e Ponta Grossa, parcialmente recoberta por sedimentos terciário/quaternários
6
detrito-lateríticos. Predominam solos rasos, com ocorrência de rocha e couraça
ferruginosa subaflorantes. Apresentam-se, em algumas localidades, solos profundos
(Latossolos e Neossolos Quartzarênicos pouco profundo) e plintos solos.
As encostas do Córrego Quineira são dominadas por Plintossolo, que é um solo
pouco permeável. As chuvas que caem sobre este solo infiltram-se parcialmente e são
barradas pela couraça, escoando internamente e formando as nascentes (SALOMÃO
2007).
Segundo Maitelli (2005), de acordo com a classificação de Strahler a porção
centro-sul do estado de mato-grossense apresenta o clima tropical, com elevada
concentração de chuvas durante um semestre (outubro a março), e no outro semestre a
diminuição das chuvas que vai de (abril a setembro). O município de Chapada dos
Guimarães pertence a essa classificação climática, uma vez que o município está
localizado na porção centro-sul do estado de Mato Grosso.
Devido às características topográficas e geomorfológicas distintas é possível
reconhecer, na região da Chapada dos Guimarães, três compartimentos de relevo,
definidos: subunidade geomorfológica Chapada dos Guimarães, que se desenvolve
predominantemente sobre as rochas das Formações Furnas, Botucatu e Ponta Grossa e
possui cotas que variam de 600 a 800m; Planalto (Radambrasil, 1982).
O Parque Municipal do Quineira pertence a uma unidade de conservação urbana,
criada para proteger as nascentes do córrego Prainha, a área objeto encontra-se dentro
do Parque Municipal de Chapada dos Guimarães. Possui 26 ha de mata de galeria, que
apresenta dossel máximo de 20 metros de altura. Esta unidade de conservação é
circundada por pastos, casas e uma pequena área de 2 ha de Cerrado.
A área urbanizada de Chapada dos Guimarães foi objeto de estudo voltado à
elaboração da carta geotécnica, sintetizando os elementos que compõem o meio físico
(substrato geológico, formas e feições de relevo e cobertura pedológica). Caracterizados
e analisados de forma integrada para interpretar o funcionamento hídrico das vertentes e
determinar a suscetibilidade de processos da dinâmica superficial, especialmente a
erosão, movimentos de massa e alagamentos (Salomão et al. 2012).
A figura 02 reproduz a carta geotécnica resultante desses estudos, destacando a
existência na região de seis unidades geotécnicas.
7
Figura 02: Carta Geotécnica da Chapada dos Guimarães - MT.
Fonte: Salomão, Madruga & Migliorini (2012).
As investigações da cobertura pedológica e do substrato rochoso foram, com
maior rigor, realizadas por vertentes representativas, identificando-se e caracterizando-
se os perfis de solo e respectivos horizontes pedológicos em relação às características
8
morfológicas, de maneira a permitir a interpretação do funcionamento hídrico e dedução
do comportamento geotécnico.
De acordo com Salomão et al. (2012), destacam-se, na região estudada, seis
unidades geotécnicas, UG1 – chapadas; UG2 – superfícies rampeadas; UG3 – colinas
arenosas; UG4 – vales profundos; UG5 – transição Chapada – frente de escarpa e UG6
– morros e morrotes.
Na microbacia do Córrego Quineira foram detectadas as unidades geotécnicas, a
UG1 – chapadas e UG4 – vales profundos, ambas serão descritas, já que suas
características influenciam, de maneira determinante no entendimento dos processos
erosivos em função das formas de uso e ocupação do solo.
A unidade Geotécnica UG1 – Chapada, localiza-se no topo do Planalto dos
Guimarães, onde se concentra atualmente a ocupação urbana, com terreno de topografia
ligeiramente aplainada, rampas suaves, declividade máxima de 6%, que se dirigem aos
fundos de vales entalhados e profundos, representados pela UG – 4.
A Unidade Geotécnica UG1 é constituída por Latossolo Vermelho e Latossolo
Vermelho-Amarelo, de textura argilosa, e por Plintossolo Pétrico, associado a rochas
pertencentes à Formação Ponta Grossas e transição Furnas/Ponta Grossa, constituídas
por arenitos e argilitos.
Há presença de couraça ferruginosa sobre o substrato rochoso, sendo que, no
caso dos Latossolos encontra-se a profundidades superiores a 2 metros, enquanto que,
nos Plintossolos, praticamente aflora na superfície do terreno. Inclusive, estes solos
provavelmente originaram-se do processo de intemperismo da couraça ferruginosa.
Os Latossolos, situados em porções superiores das vertentes em topografia
praticamente plana, são permeáveis e, portanto, favorecem a infiltração das águas de
chuva, enquanto que os Plintossolos, localizados a jusante, normalmente em rampas,
apresentam a couraça ferruginosa em pequena profundidade, constituindo impedimento
à drenagem e favorecendo o escoamento superficial e, consequentemente, a ação
erosiva.
Portanto, há baixa suscetibilidade a erosão laminar e linear em porções do
terreno com cobertura latossólica, podendo estes locais vir a desenvolver sulcos e
ravinas quando induzidos por escoamentos concentrados associados a arruamentos
urbanos. Por outro lado, há alta suscetibilidade à erosão laminar e moderada
suscetibilidade a erosão linear em porções do terreno caracterizadas por rampas de
9
suaves declives cobertas por plintossolos, que podem desenvolver sulcos e ravinas
quando desprovidos da cobertura vegetal. Detectaram-se riscos de contaminação do
aquífero freático e do substrato rochoso em porções aplainadas do terreno onde ocorrem
os latossolos, uma vez que tais solos são muito permeáveis favorecendo a infiltração
d’água e da contaminação provenientes de esgoto não tratado.
Como atributos geotécnicos apresenta cobertura pedológica de baixa
compressibilidade e boa capacidade de carga, além de materiais não expansivos, de fácil
escavação, com taludes artificiais resistentes a desmoronamentos e de boa qualidade
como aterros compactados (Salomão, 2007).
Logo, os terrenos desta unidade geotécnica apresentam-se favoráveis à ocupação
urbana, não apresentando restrições quanto ao adensamento das ocupações. Contudo,
devem-se tomar alguns cuidados na concepção dos sistemas viários e de drenagem, de
forma a impedir que o escoamento concentrado das águas de chuva vá em direção ao
fundo de vales. Assim, recomenda-se a não concepção de ruas direcionadas vertente
abaixo no sentido dos fundos de vales, devendo estas ser interceptadas por outras ruas
ou praças públicas e/ou áreas de lazer.
Conforme Salomão et al. (2012), boa parte dos cursos d’água observados na
área, incluindo o Córrego Quineira, apresenta encostas de vales muito declivosos,
encontrando-se entalhados em rochas das formações Furnas e Ponta Grossa, tendo sido
caracterizadas como Unidade Geotécnica UG4.
Parte dessas encostas de vales constitui-se de escarpas, apresentando
declividades superiores a 45º, dirigindo-se de forma abrupta ao fundo de vale,
normalmente amplo e de fundo chato. Logo, este compartimento compreende áreas
constituídas por encostas muito declivosas e fundo de vales por onde escoam águas
servidas provenientes da Chapada dos Guimarães e por águas de chuvas e de surgências
do aquífero freático na forma de nascentes perenes e intermitentes (Salomão et al;
2012).
As encostas, e boa parte do fundo de vales, apresentam solos rasos a pouco
profundos, denominados Neossolos Litólicos e Plintossolos Pépticos, bem como por
afloramentos rochosos representados por arenitos e argilitos das formações Furnas e
Ponta Grossa, (Castro et al; 2000).
Em grande parte desta unidade geotécnica há densa cobertura vegetal, que,
aliada à ocorrência comum de cursos d’água com corredeiras e pequenas cascatas,
10
tornam a área atrativa à visitação e ocupação urbana incompatíveis com a natureza e as
fragilidades dos terrenos.
Os processos erosivos são preocupações neste compartimento, já que as águas de
chuvas escoadas provenientes das vertentes que se dirigem aos fundos de vales, ao
atingirem as encostas, aumentam consideravelmente a energia de escoamento, tendo em
vista sua alta declividade e baixa permeabilidade da cobertura pedológica rasa a pouco
profunda, podendo atingir os fundos de vales com alto poder erosivo. Caso o solo esteja
desprovido de cobertura vegetal pode haver processos de ravinamento que podem
desestabilizar as encostas dos vales, favorecendo queda de blocos rochosos e
escorregamentos da camada superficial da cobertura pedológica, assoreando o fundo
dos vales. Dessa forma, os cursos d’água, em geral intermitentes, podem ser destruídos
e a contaminação das águas por poluentes provenientes da ocupação urbana pode ser
intensificada. Arruamentos, ou mesmo trilhas e/ou caminhos que se dirigem encosta
abaixo em direção aos fundos dos vales, intensificam a ação erosiva, mesmo que essas
encostas se encontrem cobertas por vegetação.
A fragilidade à erosão manifestada por esta Unidade Geotécnica é evidenciada
pela ocorrência de ravinas profundas ao longo dos talvegues existentes nos fundos de
vales. A causa principal dessas ocorrências erosivas é a imprecisão de obras de
drenagem na área urbanizada que contorna os vales, permitindo o aporte exagerado das
águas de chuvas, com elevada energia de escoamento, provenientes dos arruamentos.
Portanto, apresenta alta suscetibilidade à erosão laminar e linear por sulcos e
ravinas, podendo manifestar boçorocamento em locais específicos onde ocorrem solos
hidromórficos e locais de surgências d’água.
Quanto aos atributos geotécnicos, a cobertura pedológica das encostas dos vales
apresenta baixa compressibilidade e boa capacidade de carga, enquanto que nos fundo
de vales onde ocorrem solos hidromórficos, a compressibilidade é alta, e com baixa
capacidade de carga, podendo manifestar recalques e instabilizações dos solos por
fenômenos de expansividade.
Assim, corresponde a áreas não favoráveis à ocupação urbana, que somente será
admitida se atrelada às condições específicas de projeto e execução, regulamentadas por
lei. Recomenda-se a manutenção de cobertura vegetal na faixa do terreno que margeia o
contorno da unidade geotécnica UG – 4, servindo de proteção das encostas dos vales,
11
minimizando os efeitos da energia de escoamento das águas servidas e de chuva
provenientes das porções superiores das vertentes que se dirigem aos fundos de vales.
As encostas dos vales não devem ser desmatadas por constituírem importantes
meios de proteção contra eventos erosivos, e manutenção da estabilidade frente a
movimentos de massa. Eventuais obras de arruamentos de travessias dos vales inseridos
nessa unidade geotécnica devem ser executadas com o rigor técnico exigido,
privilegiando-se obras de drenagem das águas de chuva, de maneira a disciplinar o
escoamento com energia controlada, impedindo a ação erosiva nos terrenos das encostas
e dos fundos de vales (Tabela 1), (Salomão, 2007).
A tabela 01 representa as Unidades Geotécnicas UG1 e UG4, sendo que as áreas
que compõem a primeira unidade são favoráveis, e sem restrições à ocupação urbana,
enquanto que as áreas da Unidade 4 não são favoráveis à ocupação, e para que ocorra
algum tipo de construção se faz necessário estudo e projetos de execução
regulamentados pelas leis vigentes.
12
Tabela 1. Resumo dos atributos geotécnicos das Unidades Geotécnicas UG1 e UG4.
Fonte: Salomão, et al. (2012).
Unidades Geotécnicas Atributos Geotécnicos
UG1 – Chapadas.
Favorável à ocupação, sem restrições.
Solos de baixa compressibilidade e boa
capacidade de carga, não expansivos, fácil
escavação, resistentes a desmoronamento e de
boa qualidade como aterro compacto,
recobrindo couraça ferruginosa, que apresenta
dificuldade de escavação não mecanizada;
substrato rochoso constituído por argilito,
siltitos e arenitos finos, sendo escavados apenas
mecanicamente e por explosivos e
apresentando taludes estáveis, desde que não
apresentem camadas contendo minerais
expansivos.
UG4 - Vales Profundos
Não favorável à ocupação, que somente será
admitida se atrelada a condições específicas de
projeto e execução, regulamentadas por lei.
Solo das encostas dos vales apresenta baixa
compressibilidade e boa capacidade de carga,
enquanto que nos fundos de vales, a
compressibilidade é alta e com baixa
capacidade de carga, podendo manifestar
recalques e instabilizar por fenômenos de
expansividade. O substrato rochoso e/ou
camada de couraça ferruginosa encontra-se
uma pequena profundidade, constituídos por
matérias resistentes, escaváveis apenas por
equipamentos mecânicos ou explosivos,
compondo taludes de cortes de boa
estabilidade, exceção feita em locais com
exposição de rochas fraturadas e de locais
constituídos por argilitos e siltitos com argilas
expansivas, sujeitos à degradação superficial e
processos de erosão e movimentos de massa.
13
III - Revisão Bibliográfica
III - 1 Bacias Hidrográficas e Nascentes
Segundo o Glossário Geológico 1 (1999), define que Bacia Hidrográfica é a área
de um sistema de escoamento de águas superficiais, originadas de nascentes e/ou de
chuva, ocupada por um rio e seus tributários e limitada pela cumeada (interflúvio) que
divide topograficamente esta área de outra bacia de drenagem vizinhas.
A bacia hidrográfica é definida como uma área de captação natural da água da
precipitação que faz convergir os escoamentos para seu exutório (SILVEIRA, 2001).
Conforme o comportamento hidrológico da bacia, é influenciado pelo tipo de
cobertura vegetal assim como pelas características geomorfológicas tais como forma,
relevo, geologia, solo, vegetação, entre outros.
Souza et. al (2002), cita que os componentes solo, água, vegetação e fauna
estão em permanente e dinâmica interação, e as interferências naturais e antrópicas,
afetam os ecossistemas como um todo. Desta forma, os recursos hídricos constituem
indicadores das condições dos ecossistemas em relação aos efeitos do equilíbrio das
interações dos respectivos componentes.
Cristofoletti (1980) considera que a bacia de drenagem é composta por diversos
canais de escoamento inter-relacionados, que constituem a drenagem fluvial, sendo que
a quantidade de água que atinge os cursos fluviais é dependente do tamanho da área
ocupada pela bacia, da precipitação total do regime e da evapotranspiração e infiltração,
as bacias de drenagem podem ser classificadas, de acordo com o escoamento global em
4 categorias:
• Exorreicas: quando o escoamento das águas se dá de modo contínuo até o mar ou
oceano, isto é, quando as bacias desembocam diretamente no nível marinho;
• Endorreicas: quando as drenagens são internas e não possuem escoamento até o mar,
desembocando em lagos ou dissipando-se nas areias dos desertos, ou perdendo-se nas
depressões cársicas;
• Arreicas: quando não há nenhuma estruturação em bacia hidrográfica, como nas áreas
desérticas onde a precipitação é negligenciável e a atividade dunária é intensa,
obscurecendo as linhas e os padrões de drenagem;
14
• Criptorreicas: quando as bacias são subterrâneas, como nas áreas cársticas, a
drenagem subterrânea acaba por surgir em fontes ou integrar-se em rios subaéreos.
Drenagem dendrítica: também é designada como arborescente, porque em seu
desenvolvimento assemelha-se à configuração de uma árvore. Utilizando-se dessa
imagem, a corrente principal corresponde ao tronco da árvore, os tributários aos seus
ramos e as correntes de menor categoria aos raminhos das folhas.
Da mesma maneira como nas árvores, os ramos formados pelas correntes
tributárias distribuem-se em todas as direções sobre a superfície do terreno, e se unem
formando ângulos agudos de graduações variadas, mas sem chegar ao ângulo reto.
A presença de confluências em ângulos retos, no padrão de dendrítico, constitui
anomalias que se deve atribuir, em geral, aos fenômenos tectônicos. Esse padrão é
tipicamente desenvolvido sobre rochas de resistência uniforme, ou em estruturas
sedimentares horizontais. (CRISTOFOLETTI, 1980).
Segundo Valente (2005), “as bacias pequenas posicionadas nas extremidades das
bacias maiores, geralmente em áreas de maior declividade, são conhecidas como bacias
hidrográficas de cabeceira, ou simplesmente bacias de cabeceira. São elas as
responsáveis pela formação de córregos, ou mesmo riachos e ribeirões, conforme
denominação popular.” Todo rio começa em algum lugar. Esse “algum lugar” é a sua
cabeceira, a rede de pequenos rios, rios de cabeceira, que cobrem a paisagem de toda a
bacia hidrográfica. A saúde dos grandes rios depende, sobretudo, de microbacias
intactas (CALIJURI e BUBEL, 2006).
De acordo com o Dicionário Ambiental, nascente (2004) é um local onde os
olhos d’água dão origem a um curso fluvial. Olho d'água, ou nascente, é entendido
como um local onde se verifica o aparecimento de água por afloramento do lençol
freático (Resolução CONAMA nº 04, de 18/09/85).
A Agência Nacional de Águas publicou um glossário que traz o conceito
atualizado de Nascente como sendo compatível com o entendimento apresentado pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente - través da Resolução nº 303 de 20 de março de
2002. Esse conceito deixa clara a condição para que um determinado terreno apresente
nascente; presença de água subterrânea. “Entendendo-se por água subterrânea o
15
conceito apresentado pelo Dicionário Ecológico Ambiental suprimento de água doce
sob a superfície da terra, em um aqüífero ou no solo, que forma um reservatório natural
para o uso do homem”.
O Glossário Hidrológico Internacional define tipologia de nascentes como:
Nascente: Local de onde a água emerge naturalmente, de uma rocha ou do solo, para a
superfície do solo ou para uma massa de água superficial.
Nascente de contato: aquela em que a água flui de uma formação permeável
subjacente a uma formação relativamente impermeável.
Nascente de depressão ou de gravidade: aquela que emerge para uma superfície
devida apenas ao fato dessa superfície interceptar o nível do aquífero.
Nascente intermitente ou periódica: nascente cujo caudal se produz apenas em
certos períodos cessando noutros.
Nascente difusa: que emana de um meio permeável para uma área relativamente
extensa.
De acordo com Valente (2011), nascentes são manifestações superficiais de
lençóis subterrâneos, dando origem a cursos d’água; cada curso d’água tem sua
nascente, sendo, portanto, manifestações superficiais de lençóis que resultam da
formação de córregos.
As nascentes são sistemas ambientais naturais em que ocorre a infiltração da
água subterrânea de modo temporário ou perene, formando canais de drenagem a
jusante (Felipe, 2009). São caracterizadas, fisiograficamente, por feições
geomorfológicas ou estruturas geológicas que iniciam a drenagem superficial em canais
de primeira ordem.
Como as nascentes, por um lado, são elementos essenciais do ciclo hidrológico e
vitais para o ser humano e seu desenvolvimento cultural, econômico e tecnológico, a
relevância da sua proteção é evidenciada pelos marcos legal brasileiro. Por outro lado, a
singularidade desses sistemas é foco de controvérsias na práxis da legislação ambiental,
16
em parte devido ao desconhecimento de suas heterogeneidades, e em parte devido à
sobreposição de interesses econômicos, sobretudo do setor imobiliário.
Contudo, Valente e Gomes (2005, p. 147) atentam para o fato de que “a nascente
é um fenômeno natural que transcende o ponto onde se manifesta, sendo resultado de
um processo hidrológico que ocorre em uma área de contribuição chamada bacia
hidrográfica”.
As nascentes de depressão podem se manifestar em pontos de borbulhamento
bem definidos, chamados olho d’água, ou por pequenos vazamentos superficiais
espalhados por uma área que se apresenta encharcadas (brejo) e vai acumulando água
em poças ate dar inicio a fluxos contínuos, sendo conhecidas como nascente difusa,
(VALENTE, 2011).
Nascentes provenientes de lençóis artesianos podem ser de contato, ocorrendo
normalmente em regiões montanhosas, com fortes declives entre áreas próximas, o que
facilita o afloramento das camadas impermeáveis responsáveis pelo afloramento do
lençol. (TORRES; JUNQUEIRA, 2005).
Quanto à época do ano de sua manifestação, as nascentes podem ser
classificadas em perenes ou intermitentes:
As nascentes perenes se manifestam, essencialmente, durante o ano todo, mas
com vazões variando ao longo do mesmo, em épocas muito secas e em locais onde o
leito do curso d’água seja formado de material muito poroso, o seu ponto de
afloramento pode ficar muito difuso, (VALENTE 2011).
As intermitentes fluem durante a estação chuvosa, mas secam durante parte do
ano (estação seca). Os fluxos podem perdurar de poucas semanas até meses, em anos
muito chuvosos podem dar a impressão de serem perenes.
Quanto às vazões produzidas pelas nascentes, elas são muito variáveis, desde
aquelas com cerca de um litro por minuto, até outras com milhares de litros por minuto,
tudo depende do tamanho e da riqueza dos lençóis responsáveis por elas.
17
III. 2 - Áreas de Preservação Permanente (APP)
O conceito de Áreas de Preservação Permanente (APP) presente no Código
Florestal brasileiro (Lei 4.771 de 15/09/1965) emerge do reconhecimento da
importância da manutenção da vegetação de determinadas áreas - as quais ocupam
porções particulares de uma propriedade. De acordo com o Código Florestal brasileiro,
Áreas de Preservação Permanente (APP) são áreas “cobertas ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar das populações humanas”. Exemplos de APP são as áreas
marginais dos corpos d’água (rios, córregos, lagos, reservatórios) e nascentes; áreas de
topo de morros e montanhas, áreas em encostas acentuadas, restingas e mangues, entre
outras. As definições e limites de APP são apresentadas, em detalhes, na Resolução n°
303 de 20/03/2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de
Preservação Permanente das nascentes. A Lei de nº 12.651, de maio de 2012, dispõe
sobre a proteção da vegetação nativa.
Para a análise de água, devem ser considerados valores de parâmetros de acordo
com a legislação vigente. Sendo assim, foi utilizada a resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente nº 357/05 que classifica os corpos d’água de acordo com seu uso e
qualidade, para as águas de classe especial e classe 2. Foi utilizada, também, a resolução
nº 274/00 que estabelece critérios para balneabilidade. Para a análise das águas naturais
(nascentes) a resolução utilizada foi a de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 275/05.
A microbacia do Quineira apresenta ocupações variadas como habitações, áreas
de extração de seixos, pastagem e arruamento. A parte superior da bacia está cercada de
habitações e arruamentos. A área com maior declividade da bacia era ocupada por
pastagens de alguns cavalos que moradores estão colocando no local, mas algumas
dessas áreas, hoje já se encontram em processo de recuperação.
Segundo informações do coordenador do Sistema de Abastecimento de Água e
Esgoto do Quineira, a microbacia é utilizada somente para o abastecimento urbano, que
abastece a cidade de Chapada dos Guimarães aproximadamente 13.500 pessoas, mas
18
esse número aumenta nos finais de semana, pois a quantidade de turistas, que visita a
cidade, é grande, aumentando assim o consumo de água.
A SAAE ainda informa que a demanda diária está em torno de 3 a 3.5 milhões
de litros/dia, no entanto, nem sempre é possível atingir a demanda mesmo utilizando as
três captações: que é o córrego Monjolo (120 m3/h), Quineira (60 m3/h), e Buracão (30
m3/h, utilizado no período da estiagem), principalmente nos dias de festividades.
As bombas do Quineira no período das chuvas trabalham 24 h/dia (no período de
estiagem depende se há disponibilidade hídrica), já a bomba do Monjolo, no período das
chuvas trabalha 21 h/dia e no período da estiagem, trabalham 24h/dia.
No período de estiagem é feito o racionamento nos bairros, o serviço de
abastecimento de água da cidade faz a contratação de caminhões pipa para abastecer as
residências, e campanhas de sensibilização com a população para o racionamento de
água.
19
IV – MATERIAL E MÉTODO
Tendo por meta esclarecer, de maneira mais didática possível, os procedimentos
e técnicas utilizados de maneira a cumprir objetivos propostos, serão a seguir destacadas
as atividades desenvolvidas, organizadas em quatro etapas de trabalho numa seqüência
lógica.
Primeira etapa: Delimitação Cartográfica da Área Objeto e Delimitação de
Mapa Base.
Consistiu-se na delimitação da microbacia do Córrego Quineira com base em
carta topográfica, destacando os cursos d’água, e os divisores de água, também foram
confeccionados mapas, com o auxílio do programa de computador Arcgis 9.3, no qual
foi delimitada a área objeto de estudo.
Para a navegação em campo, foi utilizado GPS de mão (Garmin Map 72), com a
carta imagem inserida no mapa base do aparelho (navegação precisa), para a locomoção
no terreno utilizou-se o método de caminhamento em toda área.
20
A análise da dinâmica de vegetacional de desmatamento e de degeneração foi
realizada em escala de 1:50.000, da vegetação da microbacia do córrego Quineira,
no período de 20 anos, foi utilizada o Sistema de Informação Geográfica (SIG) foram
selecionadas as categorias de informação: cobertura vegetal de 1980 e 2014, para todas
as etapas do processamento das imagens (correção geométrica, segmentação,
classificação e tabulação cruzada.)
A informação da cobertura vegetal foi confeccionada a partir de interpretação
visual de imagens de satélites Landsat -5 e composição colorida, banda 3(R), 4(G) e
5(B), em resolução espacial de 30 m, e trabalhos de campo na época.
Segunda etapa: Aplicação do Método VERAH na Microbacia do Córrego
Quineira.
Nesta etapa, realizou-se o diagnóstico ambiental da microbacia do Quineira com
a aplicação do método VERAH, com a participação dos colegas de turma da disciplina
de Estudos de Bacias Integradas I, do Programa de Mestrado em Recursos Hídricos. A
visita exploratória aconteceu em toda a microbacia do Quineira no dia 14 de maio de
2013, observando cada tema do método VERAH, a vegetação, a presença de processos
erosivos e formas de controle, a presença de resíduos sólidos pela microbacia, a
ocupação humana, a captação de água do manancial e a presença de nascentes.
A identificação da cobertura vegetal foi realizada na microbacia seguindo a
classificação de Carvalho (2003), de acordo com Lima et. al (2011).
Foram caracterizados quatro (4) pontos ao longo da microbacia, sendo que a
nascente foi denominada ponto 1 (P1), a captação ponto 2 (P2), a piscina ponto 3 (P3), e
o exutório ponto 4.
Foram feitos quatro transectos de 50 m, perpendicular ao curso d’água do
Córrego Quineira, fazendo varredura de 2 m para cada lado, totalizando 4 m, com as
Espécies arbóreas que apresentavam acima de 15 centímetros de diâmetro à altura do
peito (DAP) a partir da nascente até o exutório, para a coleta em campo foram utilizados
os seguintes utensílios: tesoura de poda para adequar o tamanho necessário da amostra,
jornal para separar cada amostra e ajudar no processo de secagem na estufa, barbantes
para amarrar as prensas da coleta. Todas as amostras foram catalogadas com seus
respectivos dados de coleta, como mostra a figura abaixo 3.
21
Figura 03: Esquema de disposição dos transectos no córrego Quineira.
Fonte: O autor, (2014).
O material de vegetação coletado foi prensado e seco em estufa, no Instituto de
Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, a secagem do material foi feita
em uma estufa de madeira com lâmpadas de 60 watts, mantendo a temperatura sempre
entre 40º a 45º C para ser desidratado, durante 72 horas aproximadamente, depois desse
processo, o material botânico foi encaminhado ao Herbário da UFMT para identificação
taxonômica, e foram utilizados bibliografias e banco de dados para identificar cada
espécie.
As erosões presentes foram cadastradas em Ficha de Cadastro de Erosão
proposta pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT -
(1990).
22
Nessa ficha foi possível distinguir dados geométricos da erosão, dados relativos
às características locais do meio físico e da ocupação do solo, histórico e evolução
dinâmica do processo e medidas de controles adotados.
Em primeiro lugar foi realizada a identificação da erosão, o local onde se
encontra, bem como a área de acesso. Em seguida, a ficha de cadastro foi devidamente
preenchida, buscando determinar as causas do desenvolvimento das ocorrências
erosivas, a suscetibilidade dos processos erosivos lineares, e as alterações ambientais, e
especialmente em relação a degradação dos cursos d’água e nascentes.
RESÍDUOS E HABITAÇÃO
Foi elaborado um questionário socioeconômico e ambiental aplicado em 40
residências e 23 estabelecimentos comerciais.
Com o intuito de levantar um perfil socioeconômico da população e nível de
sensibilização da população quanto ao tema abordado, além de levantar informações
sobre: transporte, frequência e disposição final dos resíduos sólidos gerados.
O questionário socioeconômico e ambiental foi aplicado de forma aleatória,
tanto na área comercial, quanto na área residencial ao entorno da microbacia do Córrego
Quineira.
Os Recursos Hídricos superficiais foram caracterizados empiricamente,
adotando procedimentos proposto por Oliveira et al. (2008) e Guedes (2010) quanto aos
seguintes aspectos: vazão, ocorrência de cursos d’água, cor, odor, ou se indica a
presença de galerias e canalizações de águas e de rede de esgoto.
Os parâmetros foram relacionados após levantamento quanto aos métodos e
materiais para coleta e preservação de amostras. Foi realizada a separação e lavagem
dos frascos conforme o Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras da
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2011), e para confirmação de
que todos os materiais/equipamentos estavam de acordo com o que rege a mesma, foi
realizado um check list.
A amostragem foi realizada no dia 15 de maio de 2013, seguindo os pontos já
pré-estabelecidos. Foram analisados os parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e
hidrobiológicos da água do córrego Quineira, ao longo do curso d’água, bem como a
devida preservação de acordo com CETESB (2011). Nas análises de campo foi feita
23
previamente a calibração de todos os equipamentos utilizados, para garantia de que os
dados sejam confiáveis e precisos.
A análise qualitativa do fitoplâncton foi realizada com o auxílio dos
microscópios ópticos binoculares Olympus – modelo CX40, e Carl Zeiss – modelo
Primo Star, sob lâmina de vidro e lamínula.
As microalgas e cianobactérias foram ilustradas e fotografadas sob a objetiva de
40X, representando uma imagem ampliada 400 vezes. Quando preciso, foram
fotografados sob as objetivas de 10X ou de 20X, os táxons ilustrados foram
identificados, comparando-os com aqueles encontrados nas literaturas especializadas:
Bicudo e Menezes (2006), Prescott et al. (1975, 1977, 1981, 1982), Bourrelly (1985),
Sant’Anna et al. (2006), e outros. Quanto à classificação taxonômica, adotou-se o
sistema de Round (1965; 1971) utilizado por Bicudo e Menezes (2006).
Os táxons foram identificados superficialmente pelos seus caracteres
morfológicos observados ao microscópio.
A análise quantitativa foi realizada conforme Norma Técnica CETESB L 5.303,
em câmara de Sedegwick-Rafter (1 mL) ao microscópio óptico binocular (objetiva de
10X) cuja densidade foi representada por nº organismos/ml – optando-se por contar toda
a câmara.
Os parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e hidrobiológicos que foram
analisados no presente estudo, estão descritos respectivamente nas tabelas a seguir.
24
Tabela 02: Análise dos parâmetros físicos e químicos na microbacia do córrego Quineira.
FÍSICOS E QUÍMICOS UNIDADE EQUIPAMENTO/MÉTODO
Temp. ar oC
Termômetro de mercúrio
Temp. água Oxímetro / Multisonda
Ph pHmetro
Oxigênio Dissolvido mg/L Oxímetro
Condutividade elétrica μS/cm Condutivímetro
Turbidez UNT Turbidímetro
Cor Aparente Titulométrico
Vazão m3/s Micromolinete
DBO mg/L DBO (5,20)
Dureza mg CaCO3/L
Titulométrico
Alcalinidade Titulométrico
Fósforo Total (P)
mg/L
Persufato de Potássio
Ferro Espectrofotômetro de absorção
atômica em chama (FAAS) Manganês
Zinco
Nitrato
Cromatógrafo de troca iônica
Nitrito
Cloreto
Fosfato
Sulfato
Fluoreto
Fonte: Lima, et. al (2014).
Consideraram-se os organismos táxons isolados, coloniais ou filamentosos,
também foram analisados os parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e
hidrobiológicos da água, como mostra a tabela abaixo.
25
Tabela 03: Analise dos parâmetros microbiológicos na microbacia do córrego Quineira.
MICROBIOLÓGICOS UNIDADE MEIO DE CULTURA
Escherichia coli
NMP/100 mL
Substrato enzimático
cromogênico/fluorogênico Colilert
(IDEXX®) Coliformes Totais
Enterococcus sp.
UFC/mL
Enterococcosel Agar - BD Company
Clostrídios sulfito redutores Clostridium Difficile Agar - Acumedia
Pseudomonas aeruginosa Cetramid Agar - Acumedia
Bactérias heterotróficas Plate Count Agar - Himedia
Fonte: Lima, et. al (2014).
Terceira etapa: Identificação e proposição de medidas voltadas à preservação e
caracterização das nascentes do córrego Quineira.
Para identificação das nascentes foi, inicialmente, realizada uma observação ao
longo do curso d’água córrego Quineira para certifica-se da existência de alguma
nascente além das duas já registradas, identificadas pelo SAAE (Serviço de
Abastecimento de Água e Esgoto de Chapada dos Guimarães).
Todas as nascentes identificadas foram fotografadas e descritas, principalmente
ao seu comportamento ao longo do ano, e como elas se comportam ao período de
sazonalidade.
E o segundo período foi reservado para os meses secos (agosto e setembro) de
2013 e 2014, em que foi realizado um monitoramento às nascentes e aos cursos d’água
anteriormente identificados, no intuito de verificar a perenidade desses e a existência de
cursos efêmeros.
As nascentes no curso do corpo hídrico foram caracterizadas de acordo com tipo
de vegetação, solo e se estava preservada ou não. A partir de então foi realizado um
monitoramento durante todo ano de 2014 para comprovar o comportamento, e
classificação dessas nascentes, se são perenes, ou intermitentes.
26
Para nascentes foi realizado o monitoramento de três em três meses, através de
registro fotográfico, para analisar o comportamento das nascentes encontradas ao longo
do curso d’água. Em seguida foi a caracterização das nascentes, utilizando-se máquina
fotográfica, prancheta, caneta, GPS, mapa de localização, e a observação do
comportamento das nascentes durante todo ano de 2013 e 2014. Para a caracterização
das nascentes foram realizadas as análises dos dados e preposição de medidas voltadas à
preservação das nascentes.
27
V - Resultado e Discussão
Diagnóstico Ambiental da Microbacia do Quineira
Conforme apresentado no capitulo IV de metodologia, a microbacia do córrego
Quineira foi diagnosticada em relação aos temas recomendados pelo método VERAH,
envolvendo a caracterização da vegetação, os processos erosivos, a maneira de
disposição dos resíduos, a qualidade dos recursos hídricos (água), e a forma de
habitação.
A figura 04 mostra a microbacia do córrego Quineira, utilizando o método
VERAH, identificados pelos pontos; P1(Nascente), P2 (Captação), P3 (Residências), e
P4(Exutório).
A vegetação tem um papel muito importante, como a proteção do solo, pois
diminui o impacto da chuva, protege o solo dos processos erosivos, contribui para o
aumento da infiltração, proporcionando assim a recarga da água subterrânea. Atuando
como um filtro, que contribui para a conservação da água impedindo que os sedimentos
carreados cheguem até o curso d’água, e degrade o solo, principalmente para a
preservação das nascentes.
O levantamento florístico permitiu observar a presença de vegetação arbórea,
arbustiva e herbácea, classificadas, respectivamente, como cerradas, campo sujo e
campo limpo, bem como áreas com solo exposto.
28
Figura 04: Figura ilustrando os pontos amostrais na microbacia do córrego Quineira.
Fonte: O autor, (2014).
29
A vegetação atualmente encontrada na microbacia do córrego Quineira é apenas
a mata de galeria, e campo sujo, como mostra a (figura 5). A região de Cerrado que
antes era tão abundante em Chapada, hoje está sendo urbanizada.
De acordo com a figura 06, que representa o mapa da dinâmica da vegetação da
microbacia do córrego Quineira, mostra-se como a urbanização e a cobertura dessa
vegetação se comportaram ao longo dos anos, sendo comparada de cinco em cinco anos,
de acordo com a imagem nos anos de 1980, e 1985 estão com uma cobertura vegetal
pouco preservada.
30
Figura 06: Dinâmica da Vegetação na Microbacia do Córrego Quineira entre os anos de 1980 e 2014.
Fonte: O autor, (2014).
1980 1985 1990 1995
2000 2005 2010 2014
31
Analisando a figura acima pode-se observar que, a partir do ano de 1995, a
vegetação está mais conservada, nos anos anteriores essa área era mais degrada. Esse
fato se deve à prática do desmatamento para a criação de pastos.
Porém a urbanização mostra um crescimento desordenado, no ano de 2014,
ocorrem várias construções ao longo do córrego, e ao entorno da microbacia.
Segundo o Código Florestal Brasileiro Lei 12.651 de 25 de maio de (2012)
corpos d’água com até 10 metros de largura devem possuir 30 metros de APP para cada
lado. Tendo isso em vista, a área da APP do Córrego Quineira é de 165.764,4 m², cerca
de 4,5% do total da microbacia.
Apesar da referida Lei estabelecer o limite mínimo legal das Áreas de
Preservação Permanente (APPs), ela também permite aos municípios determinarem
valores maiores através do Plano Diretor e Leis de Uso do Solo, para microbacias
urbanas.
Com 552.569,8 m², ou 14,99% da microbacia, esta área apresenta um percentual
de 33,7% de vegetação removida ou alterada. Portanto, o grau de intervenção antrópica
na mesma é ainda maior do que na APP legal, em sua maioria resultado da expansão
urbana.
Com a coleta de vegetacional foi possível identificar 23 famílias, 27 gêneros e
106 espécies, classificadas de acordo com Vidal (2003 em todas as áreas. A relação das
espécies diferenciadas taxonomicamente, estão de acordo com LORENZI (2002), com
os respectivos nomes científicos, populares, as famílias pertencentes e a quantidade de
indivíduos encontrados durante a coleta.
As famílias predominantes foram: Melastomataceae, Fabaceae e Cecropiaceae,
essas espécies são típicas do Cerrado.
No P3 foram diagnosticadas plantas exóticas, Mangueira (Mangifera indica
L),Caju (Anacardium occidentale), Jaca (Artocarpus heterophyllus), Jabuticaba (Plinia
trunciflora), Banana (Musa spp), mostrando que a urbanização está suprimindo a mata
de galeria da área de estudo, dando espaço à vegetação exótica (Quadro 01). Em
algumas residências é mais crítico, pois os moradores desmataram para fazer suas
residências. A tabela abaixo mostra a variedade de espécies exóticas presentes no local,
a maioria delas frutíferas.
32
Quadro 01: Relação das espécies exóticas encontrada no Córrego Quineira.
Família Nome Científico Nome Popular
Anacardiaceae
Mangifera indica L Mangueira
Anacardium occidentale Cajueiro
Moraceae Artocarpus heterophyllus Jaqueira
Myrtaceae Plinia trunciflora Jabuticabeira
Musaceae Musa spp. Bananeira
Poaceae - Gramíneas, gramas, capins ou relvas.
Fonte: O autor (2014).
O quadro 01 mostra os índices (número de espécies e indivíduos) obtidos em
cada ponto amostrado, após os processos laboratoriais. No P1 foram encontrados ao
todo 21 indivíduos distribuídos em 11 espécies, sendo as mais representativas: Ingá
nobilis, Trichilia catiguá, com 6 e 3 indivíduos respectivamente. No P2, a Miconia foi a
espécie em maior abundância (10 indivíduos), seguida da Ocotea aciphylla e Protium
heptaphyllum (ambas com 5 indivíduos). Ao todo foram identificadas 12 espécies
nativas distribuídas em 38 plantas. No P3, com 9 espécies arbóreas e 18 indivíduos, as
espécies se encontram bem distribuídas pelo ambiente de coleta, sendo a Cecropia
hololeuca de maior abundância, 4 indivíduos. No P4 a espécie mais abundante foi a
Tibouchinia granulosa com 11 indivíduos. Ao todo apresentou 29 indivíduos e apenas 8
espécies.
Dentre os quatro pontos amostrados na pesquisa, o P3 foi o que obteve menor
número de indivíduos (18 plantas) e o segundo menor em riqueza (9 espécies arbóreas),
perdendo apenas para o P4, com 8 espécies arbóreas. No entanto, o P2 se destacou como
o ambiente mais abundante, com 38 indivíduos distribuídos em 12 espécies.
O quadro 02 representa as espécies de vegetação identificadas na microbacia do
Córrego Quineira.
33
Família Nome Científico P1 P2 P3 P4
Anarcadiaceae Spondias lutea, L. 0 0 1 0
Tapirina guianensis, Aubl. 0 0 0 2
Annonaceae Xylopia sericea, St. Hil. 1 2 0 0
Boraginaceae
Cordia brasiliensis, (I.M.Johnst.)
Gottsb.&J.S.Mill. 0 1 0 0
Burmanniaceae Protium heptaphyllum, (Aubl.) March. 0 5 0 0
Cbrysobalanaceae Hirtella glandulosa, Spreng. 0 2 0 0
Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trec. 0 0 4 6
Combretaceae Terminalia brasiliensis (A. St.-Hil.) Eichler 1 0 0 0
Euphorbiaceae Mabea pohliana, (Benth.) Mull. Arg. 0 0 2 3
Flacoutiaceae Caseara silvestre, Sw. Var. lingua 0 2 0 1
Guttiferae Rheedia brasiliensis, (Mart.) pl.et Tr. 0 0 0 1
Lauraceae Ocotea suaveolens, Hassl 1 5 0 0
Leguminosae Anadenanthera colubrina, (v. cebil) Bren. 0 0 1 0
Acacia paniculata, Willd. 0 0 2 0
Malpighyaceae Byrsonima crassifolia, ( L. ) H.B.K 0 0 0 2
Melastomataceae Miconia prasina, (Sw.) DC. Cogn 2 10 0 0
Tibouchinia granulosa, (Desr.) Cogn. 0 0 2 11
Meliaceae Trichilia catigua, A. Juss. 3 2 0 0
Mimosaceae Ingá nobilis, (Nobillis), Willd. 6 4 2 0
Gania sp. 0 0 3 0
Moraceae Brosimum gaudichaudii, Trecul 1 0 0 0
Myristicaceae Virola sirinamensis, (Rol. ex Rottb.) Warb. 2 3 0 0
Myristicaceae Virola sirinamensis, (Rol. ex Rottb.) Warb. 0 3 0 0
Myrtaceae Myrcia rostrata, O. Berg. 2 0 0 0
Piperaceae Piper tuberculatum, Jacq. 0 0 1 0
Rubiaceae Duroia macrophylla, Huber. 1 2 0 0
Sapotaceae Pouteria glomerata (Miq.) Radlk 1 0 0 0
Siparunaceae Siparuma guianensis, Aubl. 0 1 0 3
Número de espécies 11 13 9 8
Número de indivíduos 32 55 27 37
Fonte: O autor (2014).
Foi realizada uma observação em campo e pode-se constatar que o Cerrado que
antes cobria a cidade, hoje está sendo substituída pela urbanização. Este fato pode ser
comprovado, pelo mapa de uso e ocupação do solo da microbacia figura 07, onde a
urbanização vem transformando a paisagem, para dar origem a novas residências. A
parte vegetada da microbacia se encontra numa pequena proporção predominando mais
na parte da captação onde fica uma pequena mata de galeria, o que garante a
preservação das nascentes presentes no curso d’água.
Quadro 02: Lista de espécie encontrada na microbacia do córrego Quineira.
34
Figura 06: Mapa uso e ocupação do solo da microbacia do córrego Quineira.
Fonte: O autor, (2015).
35
Erosão
A figura 08 apresenta o mapa resultante do diagnóstico dos processos erosivos
presentes na microbacia do Córrego Quineira. Indicam as áreas sujeitas à baixa
suscetibilidade de erosão (B), e alta suscetibilidade à erosão (A), além de identificar os
pontos das erosões lineares verificadas e cadastradas na cidade de Chapada dos
Guimarães.
Nas áreas correspondentes à Unidade Geotécnica, (G1), os Latossolos estão
situados em porções superiores das vertentes em topografia praticamente plana, e os
Plintossolos a jusante, normalmente em rampas, a partir de rupturas pouco nítidas, de
difícil percepção (mesmo em campo), que se dirigem a vales entalhados a partir de
nítidas rupturas de declive e que se constituem em outra Unidade Geotécnica UG4
(Salomão, 2007).
36
Figura07: Mapa de suscetibilidade a erosão da Microbacia do Córrego Quineira.
Fonte: O autor, (2014).
A condição para ocorrência desses solos permite funcionamento hídrico específico
em relação à dinâmica dos processos do meio físico. Os Latossolos, sendo naturalmente
permeáveis (Salomão, 1994), favorecem a infiltração das águas de chuva, enquanto que
os Plintossolos, por apresentarem em subsuperfície a pequena profundidade, camada de
37
impedimento de drenagem, constituída por couraça ferruginosa, dificultam a infiltração
das águas, favorecendo o escoamento superficial e, consequentemente, a ação erosiva.
A alta permeabilidade dos Latossolos deve-se à estrutura porosa observada nos
horizontes superficiais e subsuperficiais, independentemente de sua textura, sendo solos
de baixa erodibilidade (Salomão, 2007).
Foram identificados na microbacia do córrego Quineira cinco ocorrências erosivas
lineares sendo duas representativas diagnosticadas. As erosões cadastradas receberam as
denominações de “Boçoroca do Complexo de Nascentes” e “Erosão do Sr. Nadir”.
A erosão “Boçoroca do Complexo de Nascentes” está localizada no vale
profundo, mais especificamente na área das nascentes do Córrego Quineira, que está
classificada na Unidade Geotécnica UG4, possui um comprimento aproximado de 300
metros, profundidade máxima de 2,6 m e largura média de 6 m, totalizando um volume
de 4680 m3.
Neste caso, a água da chuva não disciplinada, proveniente da área urbana,
principalmente devido à impermeabilização dos terrenos e aos arruamentos, escoou a
linha do talvegue no fundo do vale. Este fato ocasionou, inicialmente, a fase de sulcos,
avançando até formar ravinas e depois interceptando o aquífero freático. Houve, então,
a formação do fenômeno conhecido por piping (erosão subterrânea), caracterizando uma
boçoroca, (figura 08).
Figura 08: Boçoroca apresentando o fenômeno de piping.
Fonte: O autor, (2014).
38
Foi constatado que a boçoroca está em processo de evolução devido às várias
evidencias de fenômenos de pipings dentro dela. Além disso, ainda há água de
superfície concentrada escoando para ela, proveniente da área urbana, formando
pequenos sulcos.
Figura 09: Presença de erosão na rua em frente às residências.
Fonte: O autor, (2014).
A “Erosão do Sr. Nadir” localiza-se na Rua Maria Martins da Paixão, uma rua
pequena de terra (40m), em uma área declivosa na transição da unidade geotécnica do
topo do planalto (UG1) para a do vale profundo (UG4). Trata-se de uma erosão do tipo
linear em sulco com 30 m de comprimento, profundidade máxima e largura média de
0,4 m, totalizando um volume de 4,8 m3 (Fig. 10).
Os sulcos desenvolveram-se pelo fluxo concentrado de água de chuva proveniente
de ruas asfaltadas na porção superior da área, a declividade em torno de 15% (terreno
suave ondulado), iniciou através da abertura de uma picada para passagem de pessoas.
Com o passar do tempo, transformou-se em passagem de veículos para dar acesso às
residências (3 até o momento) instaladas irregularmente em área imprópria para a
habitação por se localizar dentro da área da bacia do Quineira.
39
Resíduos sólidos e habitação
De acordo com informações coletadas em campo, a coleta de resíduos sólidos e
limpeza das vias públicas do Município de Chapada dos Guimarães/MT é feita no
período diurno (matutino e vespertino) nos horários das 07:00 às 11:00 horas e das
13:00 às 17:00 horas.
As ações de prevenção, regulação e fiscalização de danos ambientais, bem como
a coleta e disposição final de resíduos sólidos estão sob-responsabilidade da Prefeitura,
por meio da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente e pela Secretaria de
Obras e Serviços Públicos de Chapada dos Guimarães. Os resíduos são direcionados
para o Lixão, ficando a uma distância de 12 km, aproximadamente, do centro de
Chapada dos Guimarães, sendo 9 Km de vias pavimentadas e 3 Km de vias não
pavimentadas.
De acordo com Vieira et.al (2011), a estrutura do sistema de Gestão de Resíduos
Sólidos municipal com a implementação do Aterro Sanitário e da Usina de Tratamento
e compostagem do lixo no Km 3 da rodovia MT-20, seria implantada até dezembro de
2013, juntamente com o sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos.
De acordo com a figura 10 pode-se observar a área em que o lixo da cidade de
chapada dos Guimarães é destinado, é um local aberto sem qualquer tratamento, e com
muito acumulo de resíduos.
Figura 10: Área de deposito de lixo jogado pelos moradores de Chapada dos Guimarães/MT.
Fonte: O autor, (2014).
40
Na região da nascente e captação foram encontrados resíduos sólidos que possuem
em sua composição diversos tipos de plásticos, tais como: garrafas pet, copos
descartáveis, sacolas, envelopes de alimentos industrializados, etc. Abaixo dos
plásticos, ficaram os metais: latas, marmitas de papel metálico e tampinhas de garrafas.
Resíduos de papel ficaram em terceiro lugar: papelões, caixas, embalagens e papéis
avulsos de forma geral, por último, foram os vidros.
Na área da piscina há uma grande quantidade de resíduos dispostos de forma
irregular, à figura 11 mostra uma garrafa de material pet jogada na localidade, esse
material demora em realizar sua decomposição, também foi observada uma grande
concentração de sacolas plásticas dispostas na área; e em menor quantidade materiais de
construção civil, latas de alumínio e papeis, o que pode assim contribuindo para a
degradação dos Recursos Hídricos.
Figura 11: A figura mostra alguns resíduos na captação do córrego Quineira.
Fonte: O autor, (2014).
A figura 12 mostra como os moradores fazem sua coleta seletiva, foi realizada
23 entrevistas no setor comercial, as perguntas são relacionadas aos resíduos sólidos
urbanos que eram gerados nos estabelecimentos, disposição final, quanto a lixeiras,
coletas, armazenamentos, reciclagem, entre outros, conforme o resultado das
entrevistas, 59% dos estabelecimentos não realizam coleta seletiva, sendo os outros
41% que fazem, separam apenas materiais secos de úmidos.
41
Figura 12: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto à coleta seletiva.
Fonte: O autor, (2014).
Quando perguntado aos entrevistados sobre a qualidade da coleta 73% dos
entrevistados consideraram a coleta dos resíduos boa, 23% disseram que a coleta é
regular e 4% péssima, como representados na figura 13, mas, sempre enfatizando que
seria necessária uma melhora na qualidade do serviço oferecido pela prefeitura.
Figura 13: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto à qualidade da coleta.
Fonte: O autor, (2014).
Boa parte das coletas nas residências (97%) é feita diretamente por serviço de
limpeza e 3% são dispostos em caçambas para posterior coleta dos resíduos, conforme a
figura 16.
42
Figura 14: Representação gráfica dos estabelecimentos quanto ao destino final dos resíduos.
Fonte: O autor, (2014).
As áreas com maior concentração de resíduos sólidos foram representadas na
figura 14 com hachuras vermelhas e as regiões onde foram aplicados os questionários
estão identificadas com pontos vermelhos.
43
Figura 15: Carta imagem, indicações das regiões entrevistadas.
Fonte: O autor, (2014).
44
Os estabelecimentos de hotelaria, pousadas ou hotéis, acusaram a capacidade de
lotação variando entre 40 e 90 pessoas, constatou-se ainda, que o fluxo mensal de
hospedagem varia de acordo com as épocas de eventos que acontecem na cidade, como
por exemplo, o “Festival de Inverno”, promovidos no município.
A quantidade de sanitários nos estabelecimentos do gênero varia de acordo com o
tamanho e a capacidade de lotação destes, sendo o maior estabelecimento com 32
sanitários e o menor com 9 sanitários.
Os demais estabelecimentos, o número de sanitários varia em torno de dois a três,
sendo um utilizado para os funcionários e outros dois para clientes.
Figura 16: Área central da cidade, onde a maior parte do comércio está localizada.
Fonte: O autor, (2014).
Na figura16 está demarcada, em amarelo, a região de aplicação dos
questionários de habitação.
Já a marcação em azul claro se refere ao local onde se realizou a entrevista no
comercio da cidade.
45
Figura 17: A figura mostra o local de aplicação do questionário na microbacia.
Fonte: O autor, (2014).
Outro problema é a poluição difusa, que dificilmente pode ser identificada, uma
vez que não possui um ponto específico de lançamento, apresenta características
bastante diferenciadas e ocorre ao longo de toda a bacia (GRILLI e BETTINE, 2010),
46
durante a precipitação, a lavagem das ruas e de telhados pode levar inúmeros
contaminantes até o córrego.
Além disso, as fossas sépticas utilizadas para deposição de esgoto, implantadas
de forma inadequada, podem comprometer gravemente a qualidade da água. Segundo
Bonilha et al. (2008), o município de Chapada dos Guimarães não conta com sistema de
tratamento de esgotos, sendo responsabilidade de cada domicílio o seu sistema de
tratamento através de fossas simples, ou seja, poços escavados no solo com a finalidade
de infiltração do esgoto.
Água
Os pontos amostrais estabelecidos para coleta de amostras de água visando
análise e avaliação da qualidade dos parâmetros físicos, químicos, microbiológicos e
hidrobiológicos, foram realizados da nascente até o exutório do córrego do Quineira
conforme mostra a (figura 1), sendo denominados de P1, P2, P3, P4, P5 e P6
denominados: P1 – Complexo de Nascentes, P2 – Confluência de Nascentes, P3 –
Captação do SAAE, P4 – Piscina pública, P5 – Residência, P6.
As frústulas de diatomáceas e as placas tecam de dinofíceas não puderam
receber tratamento de clarificação e desidratação, nem sequer o preparo de lâminas
permanentes, portanto, os táxons foram identificados superficialmente pelos seus
caracteres morfológicos observados ao microscópio.
Após interpretações dos resultados físicos, químicos, microbiológicos e
hidrobiológicos, é possível afirmar que tanto o complexo de nascentes bem como sua
confluência encontram-se relativamente preservados.
Apesar dos resultados das análises bacteriológicas apresentarem fora dos
padrões estabelecidos pela legislação vigente nos pontos 1 e 2, não se pode afirmar que
a antropização no entorno da microbacia esteja afetando a qualidade da água destes
pontos amostrados.
47
Figura 18: Locais de coleta de água na Microbacia do Córrego do Quineira.
Fonte: O autor, (2014).
Tendo em vista os dados estarem apontando para as condições naturais o que
pode ser confirmado pela ausência de chuvas que faz a conexão do entorno com os
48
corpos d’água através do escoamento superficial, onde ocorre carreamento de diversos
resíduos e matérias orgânicas.
Percebe-se que no decorrer do gradiente longitudinal do córrego do Quineira até
o ponto 4, ocorrem diversas alterações dos parâmetros avaliados, devido principalmente
as características encontradas como tipo de solo, alteração de substrato, bem como
fatores como represamento de um dos pontos amostrais para captação, tratamento e
posterior distribuição para abastecimento público.
Porém, a jusante do ponto amostral 4, foi constatado in loco lançamento de
esgoto doméstico nas duas margens dso córregos, através de ligações clandestinas nas
galerias de águas pluviais, evidenciando que as alterações ocorridas nos pontos 5 e 6
estão fortemente ligadas às ações antropogênicas na microbacia objeto deste estudo.
A tabela 4 mostra os valores obtidos para os parâmetros físico, químico,
realizado na microbacia do Córrego Quineira em Chapada dos Guimarães.
Tabela 04: Resultados dos parâmetros físicos e químicos encontrados na microbacia do córrego Quineira.
FÍSICOS E QUÍMICOS P1 P2 P3 P4 P5 P6
Padrão de
referência1
Temperatura água (oC) 23,5 23,4 23,5 - 22 - -
pH 5,39 5,56 5,88 6,14 7,02 7,35 6.0-9.0
Oxigênio Dissolvido (mg.L-1
) 8,10 8,20 5,00 7,20 6,80 8,24 >5
Condutividade elétrica
(μS.cm-1
) 6,02 8,62 12,85 22,80 41,80 58,20 -
Turbidez (NTU) 0,12 0,41 0,12 0,18 0,13 0,14 100
Cor (uH) 7 87 15 42 13 19 75
Vazão (L.s-1
) 3 41 - 35 132 95 -
DBO (mg.L-1
) 1,6 2,5 3,20 1,20 1,60 2,90 <5
Dureza (mgCaCO3.L-1
) 0 0 0 0 115,14 59,47 -
Alcalinidade (mgCaCO3.L-1
) - 18,0 5,0 - - 23,0 -
Fósforo Total (mg.L-1
) 0,015 0,035
0,042 0,020 0,017 0,019
3
Fonte: Lima, et. al (2014).
A resolução CONAMA n° 357/2005, estabelece para rios de Classe 2, o limite
de OD não inferior a 5,0 mg/L, a recuperação do OD dissolvido do corpo hídrico está
ligada ao fato de aeração do sistema (quedas d’água e etc.) e processos naturais de
autodepuração, o que ocorre nos demais pontos amostrais.
49
Observando os resultados obtidos em campo, todos os pontos encontram-se
dentro dos padrões estabelecidos pela legislação. Porém, observou-se que o nível de
oxigênio dissolvido decresce no ponto 03, provavelmente pelo fato da formação de um
ambiente lêntico devido ao barramento para captação de água.
50
VI - CARACTERIZAÇÃO DAS NASCENTES DO CORREGO QUINEIRA
A figura 19 mostra a delimitação da microbacia do córrego Quineira, e os locais
onde ocorrem as nascentes identificados pelos pontos 1,2,3,4,5,6, e 7.
Figura 19: Delimitação da microbacia do córrego Quineira, e pontos de localização das nascentes.
Fonte: O autor, (2014).
51
A figura 20 ilustra a área represada onde se localiza a estação de captação d’água
para abastecimento, no mês de maio de 2013, dentro do parque Quineira. A área estava
totalmente alagada, o que contribui para o aumento do abastecimento de água da cidade
de Chapada.
Figura 20: Captação do córrego Quineira, época da seca.
Fonte: O autor, (2014).
As nascentes 1,2,3,4,5,6, e 7 ocorrem em rocha de arenito fino, o material acima
da rocha é um colúvio, 1,20m de couraça, com alteração da mesma, todas são perenes
que se manifesta durante todo ano, mas com vazões variando ao longo do mesmo, estão
parcialmente degrada, com presença de pouca vegetação ao seu entorno, com
localização ao longo do curso d’água, e acima se encontra a mata de galeria.
A nascente 3 mostra uma quantidade de sedimentos trazidos pela enxurrada,
principalmente em períodos de chuva, as nascentes 4, 5, 6, e 7 se encontram
parcialmente degradas.
Andrade (2005), afirma que a preservação das nascentes é de fundamental
importância, pois o prejuízo a elas afetam não apenas o Córrego Quineira, mas também
os córregos ao seu entorno, que já enfrenta problemas com esgoto e passou por um
processo de recuperação.
52
Figura 21: Mostra as nascentes 1,2,3,4,5,6,e 7.
Fonte: O autor, (2013).
Nasc. 1 Nasc. 2
Nasc. 3 Nasc. 4
Nasc. 5 Nasc. 5
Nasc. 6 Nasc. 7
Figura 21: Mostra as nascentes 1,2,3,4,5,6,e 7.
Nasc. 1 Nasc. 2
Nasc. 3 Nasc. 4
Nasc. 5 Nasc. 5
Nasc. 6 Nasc. 7
53
Com a criação do Parque municipal de Chapada dos Guimarães as nascentes
ficam mais protegidas, mas com o crescimento populacional que está suprimindo a
microbacia do Córrego Quineira os Recursos Hídricos ficam prejudicados.
A função ambiental da APP tem sido parcialmente mantida, uma vez que a APP
apresenta um médio grau de degradação e com isso compromete a manutenção dos
recursos hídricos, pois a construção de novas residências compromete a vegetação
existente no local, a retirada dessa vegetação pode causar problemas relacionados à
proteção do solo, à manutenção da biodiversidade e à paisagem, que é de total
degradação. Segundo Crepani et al (2001), a cobertura vegetal além de proteger o solo,
impede erosões e desmoronamentos de encostas.
A figura 21 A, B, C, D, e E, mostra a vegetação ao longo do curso d’água, o
local é uma área de mata de galeria com espécies arbóreas, e pequenos arbustos, apesar
de ser uma área de APP há construção civil a menos de 50m do córrego, isso contribui
para a degradação das nascentes no córrego. A figura F é a nascente 7, onde é captado a
água que abastece a cidade.
A figura 21 F, mostra com mais detalhes as rochas encouraçadas presente na
cachoeira, e a queda da mesma, acima se encontra uma vegetação de mata de galeria,
mas ao redor dessa nascente não há nenhuma vegetação, suas margens esta parcialmente
preservada, porém quando chove há uma grande quantidade de lixo que desse nessas
proximidades, o que causa assoreamento nas margens do córrego.
As matas ciliares são de suma importância para a qualidade das águas dos rios,
evitam o controle do regime hídrico, a redução da erosão, as margens dos rios, a
manutenção da fauna com o aumento da oferta do pescado, e a melhoria dos aspectos
paisagísticos, (FERREIRA apud BOTELHO, 2006).
A figura 22 mostra o curso hídrico do córrego Quineira, e como se encontra a
sua mata ciliar, que apresenta processos erosivos, e uma grande quantidade de resíduos
sólidos em suas margens.
54
Figura 22: Mostra o curso hídrico do córrego Quineira.
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
(F)
Fonte: O autor (2013).
Araújo (2002), as APPs são áreas nas quais, por imposição da lei, a vegetação
deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da
estabilidade geológica, da biodiversidade e assegurar o bem-estar das populações
humanas. O regime de proteção das APPs é bastante rígido: a regra é a intocabilidade,
55
admitida excepcionalmente a retirada da cobertura vegetal original apenas nos casos de
utilidade pública ou interesses sociais legalmente previstos.
O solo exposto fica mais suscetível a erosões, ravinas, e boçorocas, no caso do
córrego Quineira praticamente toda margem do córrego está sofrendo processo de
erosão nas suas margens, fator relacionado à falta da vegetação ao seu entorno.
Na recuperação da cobertura vegetal das APPs já degradadas, devem-se
distinguir as orientações quanto ao tipo de afloramento de água, ou seja, sem ou com
acúmulo de água inicial, pois o encharcamento do solo ou a submersão temporária do
sistema radicular das plantas, a profundidade do perfil e a fertilidade do solo são alguns
dos fatores que devem ser considerados, pois são seletivos para as espécies que vão
conseguir se desenvolver (RODRIGUES; SHEPHERD, 2000).
Finnotti et al (2009), afirma que os resíduos urbanos dispostos de forma
inadequada são lixiviados pela água precipitada e podem vir a contribuir com a carga de
poluentes que são direcionados para os rios. Outro tipo de impacto demonstrado pela
autora diz respeito à remoção da vegetação das microbacias urbanas de uma forma geral
para ocupação. Levando-se em conta a importância que essas áreas representam para a
manutenção da qualidade e quantidade dos recursos hídricos o impacto dessa retirada é
bastante significativo.
No período do mês de julho o nível da água fica muito baixo comprometendo
assim o abastecimento de água da cidade. As informações foram dadas pela SAA, nesse
período são ligadas bombas do córrego Monjolo e Samambaia para que o fornecimento
não fique prejudicado, e população não fique sem água.
A figura 23 mostra uma casa de alto padrão em construção, esta casa esta a mais
ou menos uns 100m do córrego, na sua frente ocorre uma erosão, e ao seu redor
vegetação rasteira.
No fundo se encontra a mata de galeria, abaixo da construção se encontra restos
de material de construção civil, a degradação no entorno do córrego cresce
desordenadamente isso se deve ao grande crescimento desordenado da urbanização, e a
falta de fiscalização pelos órgãos competentes.
56
Ao redor da casa em construção se encontra uma grande quantidade de Mamona
(Ricinus communis L), considerado bioindicador de área degradada. Em toda extensão
do córrego há grandes construções civil, ou já finalizada fazendo com que a vegetação
fique cada vez menos, deixando o solo exposto à erosão, e comprometendo o curso
d’água.
De acordo com Philippi Jr (2008), o meio ambiente urbano é caracterizado por
ser um ecossistema onde as mudanças são mais significativas, ocasionando
características muito alteradas. Dentre as principais características deste ambiente o
autor destaca as seguintes:
Alta densidade demográfica; Relação desproporcional entre ambiente construído
e ambiente natural; Importação de energia para manter o sistema em funcionamento;
Elevado volume de resíduos; Alteração significativa da diversidade biológica nativa,
com a retirada das florestas e a importação de espécies vegetais e animais.
O desbalanceamento dos principais ciclos biogeoquímicos, como o ciclo d’água,
do carbono, do nitrogênio e do fósforo; impermeabilização do solo e a alteração de
cursos d’água.
Figura 23: Exemplo de habitação de alto padrão, porém em área imprópria para construção.
Fonte: O autor (2013).
57
É possível verificar que todas essas pressões sucumbem para diversos tipos de
mudanças no ambiente, além das mudanças climáticas.
Todos esses fatores interferem diretamente na preservação das nascentes e seu
curso d’água, a urbanização desordenada esta sendo um grande problema para
conservação dos recursos hídricos.
58
VII - Considerações Finais
O diagnóstico ambiental realizado na microbacia do córrego Quineira por meio
da aplicação do Método VERAH e a identificação e caracterização das nascentes
permitiu compreender o estado atual da degradação dos recursos hídricos superficiais,
de maneira a subsidiar ações necessárias voltadas a minimização dos impactos e
preservação do curso d’água, destacando-se as seguintes conclusões:
A vegetação atualmente encontrada na microbacia do córrego Quineira é apenas
a mata de galeria, e campo sujo, há uma pequena área que apresenta pequena mata de
galeria, próximo as nascentes o que preserva parcialmente o curso d’água.
Foram constatados cinco processos erosivos lineares, sendo que duas são
representativas por estar dentro de uma das nascentes principal, que foi determinada
boçoroca e está em processo de evolução devido às várias evidencias de fenômenos de
pipings.
Em relação ao resíduo há uma grande quantidade depositada na microbacia do
Quineira, e ao longo do curso d’água, o que prejudica diretamente a preservação dos
recursos hídricos superficiais, e prejudica as nascentes, comprometendo assim a
qualidade da água. Isso se deve a construção de habitações desordenadas em torno da
mesma; o deposito de resíduos se torna muito maior tanto de construção civil, quanto
domésticos, o que compromete totalmente a preservação das nascentes.
Com o resultado físico, químico, e microbiológico, da analise da água é possível
afirmar que tanto o complexo de nascentes bem como sua confluência encontram-se
relativamente preservados. Pois todos os resultados estão dentro dos padrões exigidos
pela Resolução Conama, que zela pela qualidade dos recursos hídricos.
A caracterização das nascentes é possível afirmar que as mesmas estão em
estado de conservação comprometido, ou seja, parcialmente degradadas.
A falta de vegetação no entorno dessas nascentes compromete o funcionamento
dos recursos hídricos, além de deixar o solo totalmente suscetível a processos erosivos,
e compromete a qualidade da água por causa da quantidade de lixo que cai às margens
do córrego, principalmente em épocas de chuva.
59
O Parque do Quineira é uma área de APP, que apresenta nascentes ao longo do
curso d’água, que devem ser reservadas para que não sofram com processos de
degradação.
60
VIII - Recomendações
Diante das conclusões apresentadas com base na caracterização das nascentes e
do curso d’água é possível estabelecer algumas recomendações para a microbacia
estudada:
Fiscalizar o cumprimento das leis das APPs das nascentes e de cursos d’água,
abertura de arruamentos e instalação de residências nas áreas mais altas da bacia (topo
do Planalto).
Proibir a construção de novas residências em locais de APP, ter mais
fiscalização pelos órgãos públicos garantindo que a lei executada, impedindo que o uso
e ocupação de solo nas partes altas de cabeceiras com alteração das características
naturais sejam impedidos.
É necessária a identificação e delimitação da APP das nascentes e do curso
d’água no intuito recuperar a área, onde devem ser implantados Planos de Recuperação
de Áreas Degradadas (PRAD’s), que possibilitem a recuperação da função ambiental
dessa área.
Realizar campanhas de educação ambiental para sensibilizar moradores sobre o
uso e conservação da água, e preservação das nascentes, além de elaboração e
implantação de projetos de Educação Ambiental nas comunidades e nas escolas.
Essas medidas asseguram a preservação das nascentes da microbacia do córrego
Quineira, garantindo assim a preservação da APP.
61
X - BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Ana Lúcia. Comunidade defende lagoas: moradores limpam o espelho
d’água, mas esbarram na destruição das nascentes e na pesca predatória. A Tarde,
Salvador, p.7, 30 ago. 2005.
ARAÚJO, S. M. V.G. de. As áreas de preservação permanente e a questão urbana.
Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, Brasília, ago. 2002. Disponível em:
Acesso em: 26 Jan. 2015.
BARROS, F. G. N. AMIN, Mário. M. Água: um bem econômico de valor para o
Brasil e o mundo. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, jan-
abr/2008, Taubaté, SP, Brasil. (ARTIGO).
BRASIL, Código Florestal Brasileiro. Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.
BRASIL. Lei Nº 12.651 DE 25. 05. 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67,
de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília: DOU, 28/05/2012.
BRASIL. Resolução CONAMA nº. 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre as
classificações dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento.
BRASIL. Ministério de Minas e Energia, Secretária-Geral. Projeto RADAMBRASIL.
Folha SE.21 Corumbá e parte da folha SE.20; geologia, geomorfologia, pedologia,
vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro. 452 p. il., 5 mapas (Levantamento
de Recursos Naturais, 27).
BICUDO, C.E.M, M. Gêneros de Algas de águas Continentais Brasileiras: chave
para identificações e descrições. 2 ed. São Carlos: RIMA, 2006. Pag. 502. Bonilha A.
R. et al., 2008. PRÉ-PLANO DA BACIA DO CÓRREGO MONJOLO EM CHAPADA
DOS GUIMARÃES – MT. Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos/
Universidade federal de Mato grosso.
BONILHA, A. R.; MAGALHÃES, A.; SILVA, C.; BELIQUE, E.; SILVEIRA, I. S. F.;
SANTOS, L. G.; BENECCIUTI, L.; ROCCHI, M.; GARCIA, S. S.; SILVA, V. J.;
SILVA, W. C.; Pré-plano da bacia do córrego Monjolo em Chapada dos Guimarães
–MT. Cuiabá- MT. 2008.
BRUCE, N. Introduction to Environmental Chemistry. Winnipeg: Wuerz Publishing
Ltd, 1993.
CASTRO JUNIOR, Prudêncio Rodrigues de. Erosão dos Solos. Cuiabá: Instituto Pró-
Natura, 2002.
CALHEIROS, Rinaldo de Oliveira, Preservação e Recuperação das Nascentes. et.al.
Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios CJ – CTRN, 2004.
CALHEIROS, Rinaldo de Oliveira, et. al. Caderno de Mata Ciliar. Secretaria de
Estado do Meio Ambiente, Departamento de Proteção da Biodiversidade. - N 1
(2009)--São Paulo: SMA, 2009.
62
CALIJURI, Maria do Carmo; BUBEL, Anna Paola Michelano. Conceituação de
Microbacias. In : LIMA, Walter de Paula, e ZAKIA, Maria José Brito,. As Florestas
Plantadas e a água –implementando o conceito de microbacia hidrográfica como
unidade de planejamento. São Carlos – RiMa, 2006. pg.45-59.
CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Determinação do
número mais provável de clostrídios sulfito redutores (clostridium perfringens):
método de ensaio. Norma Técnica L5.213 São Paulo: CETESB, 1993.
CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São
Paulo. Guia nacional de coleta de amostras: água, sedimento, comunidades
aquáticas e efluentes líquidas. Organizadores: Carlos Jesus Brandão...(et al.) – São
Paulo: CETESB; Brasília: ANA, 2011.
CETESB - Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental. Determinação do
número mais provável de clostrídios sulfito redutores (clostridium perfringens):
método de ensaio. Norma Técnica L5.213 São Paulo: CETESB, 1993.
CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental Estado de São Paulo.
Guia nacional de coleta de amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e
efluentes líquidas. Organizadores: Carlos Jesus Brandão. (et al.) – São Paulo:
CETESB; Brasília: ANA, 2011.
CREPANI, E.; Medeiros, J. S. De; Hernandez Filho, P.; Florenzano, T. G.; Duarte, V.;
Barbosa, C. C. F. Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aplicados ao
Zoneamento Ecológico Econômico e ao Ordenamento Territorial. São José dos
Campos, 2001 (INPE-RPQ/722).
CRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. 2 d. 9ª reimpressão (2006). São Paulo:
Edgard Blücher, 1980.
COUTINHO, L.M. 1978. O conceito de Cerrado. Revista Brasileira de Botânica
7:17-23.
COUTINHO, L.M. 2002. O bioma do cerrado. In Eugen Warming e o cerrado
brasileiro: um século depois (A.L. Klein, ed.). Editora da Unesp, São Paulo, p.77-91.
DICIONÁRIO, Ecológico Ambiental, disponível em:
http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/. Acesso em: 12 de out. de 2013.
FARIA, A. P. (1997). “A dinâmica de nascentes e a influência sobre os fluxos nos
canais”. A Água em Revista, Rio de Janeiro, v. 8, pp. 74-80.
FINOTTI, Alexandra R. et al. Monitoramento de recursos hídricos em áreas
urbanas. Caxias do Sul: Educas, 2009. 272 p.
FELIPPE, M. F. Caracterização e tipologia de nascentes em unidades de
conservação de Belo Horizonte (MG) com base em variáveis geomorfológicas,
hidrológicas e ambientais. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2009.
63
FERREIRA, W.C. Estabelecimento de Mata Ciliar em Áreas Degradada e
Perturbada. Lavras, Minas Gerais: UFLA, 2006. Apud DAVID, A.C.; CARVALHO,
L.M.T.; BOTELHO, S.A. Identificação d áreas com potencial para regeneração
natural no entorno do reservatório da UHE Funil. Lavras: CEMAC/UFLA 2003.
352p. (Relatório Técnico).
GRILLI, M.; BETTINE, S. C. (2010) Estimativa da poluição difusa na bacia do
córrego da fazenda Santa Cândida. In: Anais do XV Encontro de Iniciação Científica
da PUC-Campinas - 26 e 27 de outubro.
GUERRA, A. J. T.; MARÇAL, M. S. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro:
Bertrand do Brasil, 3ª ed., 2006.
GUERRA, Antonio José Teixeira; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; ARAÚJO, Gustavo
Henrique de Souza. Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. Editora Bertrand Brasil,
2005.
Glossário geológico/IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos
Ambientais. – Rio de Janeiro: IBGE, 1999.
GLOSSÁRIO, Hidrológico Internacional:
http://webworld.unesco.org/water/ihp/db/glossary/glu/PT/GF1185PT.HTM,
Acesso em: 12 de out. de 2013.
LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012. Disponível em:
http://www.ipef.br/pcsn/documentos/lei12651.pdf. Acesso em: 12 de out. de 2013.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivos de plantas
arbóreas do Brasil. 2. ed. São Paulo: Nova Odessa, 2002.
LEI Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012, NOVO CÓDIGO FLORESTAL Dispõe
sobre a proteção da vegetação nativa.
MAITELLI, G. T. Hidrografia. In: MORENO, G. & HIGA, T. C. S. Geografia de
Mato Grosso. Cuiabá, Entrelinhas. 2005.
OLIVEIRA, Antônio Manoel dos Santos. VERAH - Diagnóstico Ambiental de
Microbacia. Cuiabá: UFMT, 2008.
PRESCOTT, G.W., Croasdale, H.T. Bicudo, C. E. M. & Vinyard , W.C. 1982. A
synopsis of North American desmids. Part II: Desmidiaceae: Placodermae. Section 4.
University of Nebraska Press, Lincoln, London.
PRESCOTT, G.W., Croasdale, H.T. Vinyard , W.C. & Bicudo, C. E. M. 1981. A
synopsis of North American desmids. Part II: Desmidiaceae: Placodermae. Section 3.
University of Nebraska Press, Lincoln, London.
PRESCOTT, G.W., Croasdale, H.T. & Vinyard, W.C. 1977. A synopsis of North
American desmids. Part II: Desmidiaceae: Placodermae. Section 2. University of
Nebraska Press, Lincoln, London.
PILICIONI; Andréa Focesi Pelicioni / Trajetória do Movimento Ambientalista. In:
Curso de gestão ambiental, pg 19. ed. Manole, 2004.
PHILLIPI JUNIOR, Arlindo. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um
desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Manole Ltda, 2008. 842 p.
64
RESOLUÇÃO CONAMA nº. 357 de 17 de Março de 2005. Dispõe sobre as
classificações dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento.
RESOLUÇÃO CONAMA nº. 274 de 29 de Novembro de 2000. Define os critérios de
balneabilidade em águas brasileiras.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 004, de 18 de setembro de 1985. O Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA, no uso das atribuições que lhe confere a Lei nº 6.938, de
31 de Agosto de 1981, o Decreto nº 88.351, de 1 de Junho de 1983, alterado pelo
Decreto nº 91.305, de 3 de Junho de 1985, Decreto nº 89.336, de 31 de Janeiro de 1984,
e tendo em vista o que estabelece a Lei nº 4.771, de 15 de Setembro de 1965, alterada
para Lei nº 6.535, de 15 de Junho de 1978, e pelo que determina a Resolução
CONAMA 8/84.
RESOLUÇÃO CONAMA, RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o
Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos
Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação
das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de
Alimentos. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 23 de outubro de
2003.
RODRIGUES, R.R.; SHEPHERD, G. Fatores condicionantes da vegetação ciliar. In:
RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO, H. F. (Eds.). Matas ciliares: conservação e
recuperação. São Paulo: USP/FAPESP, 2000. cap. 6. p. 101-107.
SALOMÃO, F. X. T. Processos erosivos lineares em Bauru-SP. Regionalização
cartográfica aplicada ao controle preventivo de erosão urbano rural. 1994. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
SALOMÃO, F. X. T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A.
J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. N. Erosão e conservação dos solos: conceitos,
temas e aplicações. Rio de Janeiro: Editora Bertrand do Brasil, 3ª ed., 2007. p. 229-
267.
SCHUMM, S. A.; HARVEY M. D.; WATSON C. C. Incised Channels. Water
Resources Publications, Littleton, Colorado.
SCHREINER, Simone. Clima e altitude em cidades tropicais: o exemplo de Chapada
dos Guimarães e uma comparação com Cuiabá-MT. Dissertação (mestrado) –
Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Pós-
graduação em Geografia, 2009.
STRECK, E. V.: Educação ambiental para a conservação e recuperação do meio
ambiente. Porto Alegre: EMATER/R. Disponível em: Shttp://www.ana.gov.br/;
BAESA, 2007. 28p.
SALOMÃO, Fernando Ximenes de Tavares; MADRUGA, Elder de Lucena &
MIGLIORINI, Renato Blat. Carta geotécnica do perímetro urbano da Chapada dos
65
Guimarães: subsídios ao plano diretor. Geol. USP, Sér. cient., São Paulo, v. 12, n. 1,
p. -15, Abril 2012.
SALOMÃO, F. X. T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A.
J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R.G. Erosão e conservação dos solos: conceitos,
temas e aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999, p.229-267.
SALOMÃO, F. X. T. Controle e prevenção dos processos erosivos. In: GUERRA, A.
J. T.; SILVA, A. S.; BOTELHO, R. G. N. Erosão e conservação dos solos: conceitos,
temas e aplicações. Rio de Janeiro: Editora Bertrand do Brasil, 3ª ed., 2007. p. 229-
267.
SALOMÃO, F. X. T. Processos erosivos lineares em Bauru-SP. Regionalização
cartográfica aplicada ao controle preventivo de erosão urbano rural. 1994. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
SILVA, Ricardo Toledo. Recursos Hídricos e Desenvolvimento Urbano . In:
MUÑOZ, Héctor Raúl. Interfaces da Gestão de Recursos Hídricos: desafios da lei de
Águas de 1997 . 2 ed. Brasília, Secretaria de Recursos Hídricos, 2000. p. 280-293.
SILVA, Ricardo Toledo. Recursos Hídricos e Desenvolvimento Urbano. In:
MUÑOZ, Héctor Raúl. Interfaces da Gestão de Recursos Hídricos: desafios da lei de
Águas de 1997 . 2 ed. Brasília, Secretaria de Recursos Hídricos, 2000. p. 280-293.
SILVEIRA, A.L.L. Ciclo hidrológico e bacia hidrográfica. In: TUCCI, C.E.M. (Org.).
Hidrologia: ciência e aplicação. São Paulo: EDUSP, 2001. p 35-51.
SOUZA. C.G., et al. Caracterização e manejo integrado de bacias hidrográficas.
Belo Horizonte: EMATER, 2002. 124p.
TODD, David K; MAYS, L. W. (2005). Groundwater hydrology. 3rd ed. Wiley,
Hoboken, NJ.
TORRES, R. A.; JUNQUEIRA, F. J. A. L. Aumento da produtividade e da qualidade
do leite na Zona da Mata Mineira – Juiz de Fora: Embrapa Gado de leite, 2005. Cap.
9. p.103-111.
TUNDISSI, J.G. Limnologia no século XXI: Perspectivas e Desafios. Instituto
Internacional de Limnologia. São Carlos, SP, 24 p, 1999.
TUNDISI, J. G. O Futuro dos Recursos. out. de 2003. Disponível em:
http://www.multiciencia.unicamp.br/artigos_01/A3_Tundisi_port.PDF.
Acesso: 05 jul 2014.
TUCCI, Carlos E. M. Hidrologia: Ciência e Aplicação, (Organizador), 3ª Ed., primeira
reimpressão. – Porto Alegre, Editora da UFRGS/EDUSP/ABRH, 2004, pag, 40.
URBANA, In: Hidrologia: Ciência e Aplicação, Tucci, C.E.M. (Organizador), Editora
da UFRGS/EDUSP/ABRH, 1993.
66
TUCCI, C.E.M. Hidrologia: ciência e aplicação. 3ª edição, Porto Alegre: Ed. Da
UFRGS / ABRH, 2003. Pg, 22.
URBANA, In: Hidrologia: Ciência e Aplicação, Tucci, C.E.M. (Organizador), Editora
da UFRGS/EDUSP/ABRH, 1993.
VALENTE, Osvaldo F.; GOMES, Marcos A. (2005). Conservação de nascentes:
hidrologia e manejo de bacias hidrográficas de cabeceiras. Aprenda Fácil, Viçosa,
pg, 28.
VALENTE, Osvaldo F. GOMES, Marcos Antônio. Conservação de Nascentes:
Produção de Águas em Pequenas Bacias Hidrográficas. Viçosa – MG: Aprenda
Fácil, 2011, pg. 111, 112, 114, 115, 117, 118, 119.
VIEIRA, JUNIOR, Hamilcar Tavares. Geoparque Chapada dos Guimarães-MT:
proposta. SIG Mapa / Hamilcar Tavares Vieira Junior; Juliana Maceira Moraes; Carlos
Schobbenhaus. Goiânia: CPRM, 2011. (Projeto Geoparques) 6, 60 f.: il.
Vidal, Waldomiro Nunes. Vidal, Maria Rosária Rodrigues. Botânica de Organografia;
quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. 4º ed. ver. Ampl. – Viçosa: UFV, 2003,
pg, 22.