universidade federal de mato grosso do sul- cÂmpus … · intermédio de meishu sama, jesus...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO
SUL- CÂMPUS DO PANTANAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM
ESTUDOS FRONTEIRIÇOS
ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO
DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.
Corumbá, MS
2019
ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO
DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Estudos Fronteiriços, da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Câmpus Pantanal, como trabalho de
conclusão para obtenção do título de mestre.
Linha de Pesquisa: Desenvolvimento, Ordenamento
Territorial e Meio Ambiente.
Orientador: Dr. Detlef Hans Gert Walde
Coorientador: Dr. Aguinaldo Silva
Corumbá, MS
2019
ANDERSON PALMEIRA DE SOUZA
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE MÉTODOS DIDÁTICOS PARA ENSINO
DE GEOCIÊNCIAS NA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Estudos Fronteiriços, da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus Pantanal, como requisito de conclusão
de curso para obtenção do título de mestre. Aprovado em __/__/2019.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Orientador Prof. Dr. Detlef Hans Gert Walde
(Universidade de Brasília, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN)
_____________________________________
Profª. Drª. Beatriz Lima de Paula Silva
(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Câmpus do Pantanal)
_______________________________________
Profª. Drª Lucí Helena Zanata
(Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Câmpus do Pantanal)
Dedico aos meus pais, familiares e
amigos que me apoiaram
intensamente nesta jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, fonte de Luz Suprema e Universal, que por
intermédio de Meishu Sama, Jesus Cristo, Nossa Senhora Desatadora de Nós e Nossa Senhora
do Perpétuo Socorro, deram-me a permissão de concluir este trabalho, em meio às provações
vividas em âmbito profissional e pessoal durante o período do curso.
Agradeço aos meus pais, irmãos e familiares que sempre apóiam as minhas escolhas e
compreendem a ausência por morar longe de casa, em busca de meus sonhos. São eles que me
dão forças em todas as circunstâncias a continuar na caminhada e jamais desistir.
Ao meu orientador Prof. Dr. Detlef Walde, uma das pessoas mais incríveis que tive o
privilégio de conhecer, que além de ser um profissional de alto nível acadêmico, é um ser
humano com humildade, generosidade e disposição ainda maior que seu conhecimento e
prestígio acadêmico. Minha admiração e gratidão pelo senhor será eterna.
A todo o corpo docente do Curso de Mestrado em Estudos Fronteiriços, pelos
conhecimentos compartilhados nas disciplinas, promovendo excelentes discussões e criando
vínculos de amizades. Agradeço especialmente à coordenadora do curso: Profª. Drª. Beatriz
Lima, por me apresentar o curso e aceitar o convite para compor a minha banca e ao Prof. Dr.
Aguinaldo Silva pela coorientação. A Gabriele Cardoso, secretária do curso por toda a
atenção e disponibilidade.
A Profª. Drª. Lucí Zanata, uma das primeiras professoras que conheci em Corumbá,
qual tenho profunda admiração e respeito, agradeço pelo aceite em participar da banca e a
todas as contribuições.
Aos meus colegas do programa pela aprendizagem, amizade e cooperação, durante as
disciplinas e fora da universidade.
Aos amigos queridos que me apoiaram durante este período do curso, não me
deixando desistir nos momentos de angustia e dúvidas, a Bruno Paiva pelo carinho e
compreensão, e em especial ao meu amigo/irmão Cafola pela paciência, sabedoria e ajuda
em todas as etapas desta dissertação, só gratidão!
Aos responsáveis das Secretarias Municipais de Educação de Corumbá e Ladário/MS
pelos contatos iniciais e parceria para trabalhar com os professores.
A todas e todos os professores brasileiros e bolivianos, que participaram deste trabalho
e contribuíram para a pesquisa com muito entusiasmo e dedicação.
A Marianella Ortiz, diretora de Turismo da Prefeitura de Puerto Suárez na Bolívia, por
intermediar o contato com os professores bolivianos e promover a vinda para a capacitação do
projeto de pesquisa. Gracias!
A artista plástica Célia de Souza, que aceitou a missão de pintar a reconstrução do
paleoambiente da Corumbella werneri, nos surpreendendo com o interesse pelo tema e
presenteando com suas lindas pinturas.
E a todas as pessoas que diretamente e indiretamente fizeram parte desta trajetória,
meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
As Geociências constituem uma área interdisciplinar do conhecimento, fundamental para
entender as relações de tempo e espaço no planeta, além de evidenciar a evolução da vida,
através dos fósseis, no entanto, como constatado nos currículos da educação básica, este
ensino ocorre de forma fragmentada nas disciplinas de geografia e ciências. Nosso objetivo
com esse trabalho é o desenvolvimento e aplicação de métodos de ensino em geociências para
professores da educação básica na área de fronteira Brasil-Bolívia. A proposta da pesquisa
surgiu quando constatada a carência de informações aprofundadas dos professores, acerca do
importante patrimônio geológico e paleontológico na região de Corumbá/Ladário-MS. Foi
utilizada a formação continuada de professores como proposta metodológica da pesquisa,
dividida em etapas, como a mobilização de professores brasileiros e bolivianos, através de
palestras, seguidas de atividades de campo, por meio de visita a geossítios da região, onde
participaram trinta e dois (n=32) professores, sendo vinte (n=20) brasileiros e doze (n=12)
bolivianos. Os resultados analisados através de um questionário indicaram que realmente há
desconhecimento sobre o importante patrimônio geológico e paleontológico visitado,
confirmando as atividades de estudo do meio, como a melhor forma de aprendizagem
escolhida pelos professores. Surgiu assim, como proposta de ação: a implantação de um curso
de capacitação em geociências através de estudos do meio na região fronteiriça e o
desenvolvimento de uma réplica trimensal do fóssil de Corumbella werneri, a ser utilizado
como recurso didático pelos professores.
Palavras-chave: Ensino de geociências. Fronteira Brasil-Bolívia. Corumbella werneri.
ABSTRACT
The Geosciences compose an interdisciplinary knowledge field, pivotal to the
understandingof the planet relation with time and space. It also studies the life evolution
through fossils. However, in the elementary education curriculum, the teaching of geosciences
occurs divided in the disciplines of geography and sciences. This dissertation aims to develop
and apply geosciences teaching methods for teachers who work in the frontier/border of
Brazil and Bolivia.This research originated from the lack of teacher’sin-depth information
about the geologic and paleontological patrimony in the region of Corumbá/Ladário-MS.As a
methodological proposal, the continuing formation of teachers was used and divided in two
stages: the engagement of Brazilian and Bolivian teachers through lectures, followed by the
field activities as regional geosities visits. The teachers (n=32) who participated in the
research were Brazilians (n=20) and Bolivians (n = 12).The analysis of the results, collected
through questionnaires, indicated that teachers are not aware of the important geologic and
paleontological patrimony that was visited. Conversely, the teachers chose the field activities
as the best learning strategy. From these outcomes, an action plan was proposed, and it
consisted on the implementation of a training course on geosciences through field studies of
in the boundary region, and the development of trimonthly replica of the fossil Corumbella
werneri as a didactical resource for teachers.
Keywords: Geosciences teaching. Brazil-Bolivia border. Corumbella werneri.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai no município de Corumbá.......................................... 18
Figura 2: Mapa geológico e localidades enfatizadas na região de Corumbá e de Ladário, Estado de
Mato Grosso do: porto Sobramil, Ecoparque Cacimba da Saúde, pedreira Corcal e pedreira Laginha.................................................................................................................... ...............................19
Figura 3: Coluna de Litoestratigrafia Básica dos grupos Jacadigo e Corumbá na região de
Corumbá..................................................................................................................................................21
Figura 4: Perfil litoestratigráfico do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.....................................................................................................................24
Figura 5: Figura da área do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato
Grosso do Sul, Brasil..............................................................................................................................26
Figura 6: Vista do paredão do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, Estado de Mato
Grosso do Sul, Brasil..............................................................................................................................26
Figura 7: Figura do Porto Sobramil, indicando a posição dos perfis mostrados, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil....................................................................................................27
Figura 8: Vista da exposição inferior da seção no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de
Mato Grosso do Sul, Brasil.....................................................................................................................28
Figura 9: Vista do perfil C-D no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil................................................................................................................................................28
Figura 10: Geossítios do Geopark Bodoquena-Pantanal........................................................................31
Figura 11: Reunião dia 19 de junho de 2017 em Puerto Suaréz-Bolívia, da esquerda para direita, Maíra Loreto, Diego Cafola, Marianela Ortiz, Anderson Palmeira..................................................................44
Figura 12: Palestra aos professores em Puerto Suaréz-Bolívia..............................................................44
Figura 13: Palestra sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal. Na foto Anderson Palmeira e Zenaide Olara
(REME) ............................................................................................................................. .....................44
Figura 14: Aula prática no Parque Municipal Marina Gattas em Corumbá...........................................45
Figura 15: Visita ao Geossítio Corumbella no Eco Parque Cacimba da Saúde......................................45
Figura 16: Capacitação professores brasileiros.......................................................................................52
Figura 17: Professores bolivianos...........................................................................................................52
Figura 18: Banners para apresentação....................................................................................................52
Figura 19: Apresentação prof. Dr. Detlef Walde....................................................................................52
Figura 20: Cristo do Pantanal, aula sobre geologia local........................................................................53
Figura 21: Aula prática no Porto Sobramil.............................................................................................53
Figura 22: Atividade prática: exploração do afloramento do Porto Sobramil........................................54
Figura 23: Amostra de Corumbella werneri encontrada pela Professora Juliene..................................54
Figura 24: Selo comemorativo de 38 anos da descoberta do fóssil de Corumbella werneri .................55
Figura 25: Produção de réplica de fóssil na Casa de Massabarro...........................................................56
Figura 26: Réplica do fóssil de Corumbella...........................................................................................56
Figura 27: Reconstrução de Corumbella werneri...................................................................................58
Figura 28: Prof Detlef Walde e artista pl´stica Célia Souza...................................................................58
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BNCC Base Nacional Comum Curricular
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EF Ensino Fundamental
EM Ensino Médio
GBP Geopark Bodoquena Pantanal
LD Livro Didático
MEF Mestrado em Estudos Fronteiriços
MS Mato Grosso do Sul
PCN Parâmetro Curricular Nacional
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
REME Rede Municipal de Ensino de Corumbá
RGG Rede Global de Geoparks
SED/MS Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFMS/CPAN Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Câmpus Pantanal
USP Universidade de São Paulo
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12
1.1 - Objetivos ......................................................................................................... 14
1.2 - Materiais e Métodos ......................................................................................... 14
2 - CARACTERIZAÇÃO DA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA ....................................... 18
2.1 – Geologia e formação do Grupo Corumbá ......................................................... 21
2.2 - Paleontologia do Grupo Corumbá ..................................................................... 23
2.2.2 - Afloramento no Ecoparque Cacimba da Saúde – Corumbá-MS (Formação
Tamengo)............................................................................................................................. 24
2.2.3 - Afloramento no Porto Sobramil - Ladário (MS) – Formação Tamengo .......... 28
2.3 - Geopark Bodoquena-Pantanal ........................................................................... 30
3-AS GEOCIÊNCIAS COMO ÁREA INTERDISCIPLINAR DO CONHECIMENTO E
METODOLOGIAS DE ENSINO ......................................................................................... 35
3.1– Formação de professores em ensino de geociências ........................................... 36
3.2- Metodologias de Ensino (Parte prática) .............................................................. 38
3.3- Metodologias de Ensino (Parte Teórica) ............................................................ 41
4-DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DIDÁTICOS ....................... 44
4.1-Resultados e discussão ........................................................................................ 44
4.1.1 - 1ª Ação: Mobilização ..................................................................................... 44
4.1.2- 2ª Ação: Aplicação dos questionários ............................................................. 47
4.1.3- 3ª Ação: Formação e capacitação dos professores .......................................... 52
5 – CONCLUSÃO E PROPOSTA DE AÇÃO ..................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 60
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................. 67
ANEXOS- BANNERS UTILIZADOS NA CAPACITAÇÃO .............................................. 68
12
1 - INTRODUÇÃO
Neste trabalho tratamos com o desenvolvimento e aplicação de métodos didáticos
teóricos e práticos, visando à formação continuada de professores para o ensino de
geociências na fronteira Brasil – Bolívia. Essa fronteira contempla os municípios brasileiros
de Corumbá e Ladário e no território boliviano a província de German Bush com as cidades
de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, essa região que dispõe de um significativo patrimônio
geológico, paleontológico e arqueológico.
Segundo Costa (2014, p.14),
a fronteira é uma área de importância geográfica estratégica, pois no local
realizam-se diversas relações de trocas, de articulação e de comunicação
entre os dois territórios nacionais, que revelam desafios e oportunidades para as políticas públicas bilaterais.
Para além da fronteira geográfica há o encontro e trocas entre povos e culturas
diferentes, a fronteira se dá não só no campo geográfico, mas também sociocultural, “a
fronteira é formada a partir de áreas contíguas de dois territórios nacionais, compõe o que se
vem denominando zona de fronteira, área de fronteira, franja fronteiriça, dentre outras
designações, remetem a um espaço repleto de relações sociais de convivência e de produção”
(COSTA, 2004).
O interesse para o desenvolvimento deste trabalho, iniciado a partir de 2016 e se deu
nesta região fronteiriça, com o estabelecimento dos núcleos Corumbá e Ladário do Geopark
Bodoquena Pantanal, para a implantação de um geoparque (geopark) no estado de Mato
Grosso do Sul.
Geopark é uma marca atribuída pela UNESCO a uma área onde ocorrem
excepcionalidades geológicas que são protegidas e aproveitadas como elementos indutores de
educação ambiental e de desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2016). Um Geoparque deve
possibilitar o desenvolvimento sustentável; abarcar um determinado número de sítios
geológicos (geossítios) de especial importância científica, raridade ou beleza e deve ter um
papel ativo no processo de educação ambiental, além de fomentar o ensino de geociências e o
geoturismo como proposta para o desenvolvimento econômico regional.
O Geopark Bodoquena Pantanal (GBP) é um programa criado pelo Governo do estado
de Mato Grosso do Sul, através de um decreto publicado em 2009. A partir de 2013, vem
desenvolvendo suas atividades em núcleos regionais. Em março de 2016, foi assinado um
termo de compromisso com os municípios de Corumbá e Ladário, para o estabelecimento de
13
dois novos núcleos; no entanto, não houve capacitação para monitores locais, professores e
demais interessados, como ocorrido no núcleo de Nioaque.
A área de ciências da Terra, tem por objetivo investigar de forma integrada os
fenômenos terrestres, constituindo relações entre as diferentes esferas terrestres a partir de
uma perspectiva histórica. Frodeman (2001), afirma que “a compreensão das Ciências da
Terra possibilita que os cidadãos sejam capazes de repensar suas atitudes no ambiente,
tornando-se sujeitos conscientes da dinâmica do planeta Terra e integrantes das
transformações históricas”.
Para Compiani (1996), Santos (2006), entre outros autores, os conhecimentos
geocientíficos ou das ciências da Terra apresentam grande importância para o cotidiano dos
cidadãos, pois abrem possibilidades da sociedade tomar decisões, repensar atitudes,
compreender a apropriação natural pelo ser humano e entender a dinâmica terrestre de
forma integrada e sistêmica.
Segundo Compiani (2002), o ensino de geologia/geociências pode contribuir na
formação dos alunos/professores para a alfabetização na natureza, uma vez que proporciona o
desenvolvimento de conhecimentos mais complexos e integrados”. Na mesma linha de
pensamento Carneiro (2004), discuti sobre os patrimônios geológicos a serem abordados na
educação básica devido à crescente interação das atividades humanas com a dinâmica do meio
natural e o aumento populacional ocorrido no século XX. Nesse sentido, a utilização de
fósseis para o ensino de geociências se torna um artefato importante para mediar o ensino-
aprendizagem.
Os fósseis do Grupo Corumbá no Brasil e no Paraguai representam as testemunhas
mais importantes para a ocorrência de fósseis da fauna ediacarana, próximo ao limite
cambriano basal na América do Sul. Portanto, a região de Corumbá é significativa por razões
paleogeográficas e, por outro lado, com a evolução dos metazoários esqueletizados mais
antigos (WALDE et al, 2015).
A proposta deste trabalho foi pensada visando o desenvolvimento e aplicação de
métodos didáticos em ensino de geociências para professores na área de fronteira Brasil
(Corumbá-MS e Ladário-MS) – Bolívia (Puerto Quijaro e Puerto Suárez), utilizando os
geossítios (áreas de relevante interesse geológico e paleontológico) como atividades de campo
e estudos do meio) como ferramentas de ensino através de estudos do meio.
Organizamos este trabalho em cinco partes. A primeira se refere à introdução do
projeto apresentando os temas que foram trabalhados, objetivos e metodologias. A segunda
parte foi discutida a caracterização da Fronteira Brasil-Bolívia, seguida da situação geológica
14
e paleontológica do grupo Corumbá e a inserção do Geopark Bodoquena-Pantanal nesta
região fronteiriça.
Na terceira parte, discutiremos o ensino de geociências, a formação de professores e
metodologias didáticas utilizadas no ensino das geociências, salientando a relevância do
conhecimento deste patrimônio para as presentes e futuras gerações.
Na quarta parte do trabalho, apresentamos e discutimos os resultados das nossas
práticas desenvolvidas e o finalizamos na quinta parte com as conclusões do trabalho e
propostas de ações, como forma de continuidade do projeto.
1.1 - Objetivos
O projeto tem como objetivo geral desenvolver e a aplicar métodos didáticos em
ensino de geociências para professores da educação básica, na região de fronteira dos
municípios de Corumbá e Ladário/MS no Brasil e Província German Bush (Puerto Quijarro e
Puerto Suárez ) na Bolívia.
Entre os objetivos específicos estão:
1- Analisar métodos didáticos utilizados para o ensino de geociências e adaptá-los
para a região;
2- Capacitar professores da rede pública dos municípios de Corumbá e Ladário
(Brasil) e Puerto Quijarro e Puerto Suaréz (Bolívia) para o desenvolvimento do ensino de
geociências e geoconservação nas escolas, através de atividades teóricas com palestras e envio
de materiais digitais e através de visitas a geossítios selecionados na região;
3- Estimular os professores para utilizarem o patrimônio
geológico/paleontológico em suas aulas práticas na região com os estudantes por meio do
modelo tridimensional do fóssil de Corumbella werneri, como proposta de ação.
1.2 - Materiais e Métodos
Durante o período de março de 2016 a outubro de 2017, foram realizadas mobilizações
com os diversos segmentos do poder público (Meio Ambiente, Educação, Turismo, Fomento
ao Desenvolvimento Social, Assistência Social), Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul/ CPAN e Polícia Militar Ambiental para o estabelecimento de parcerias, visibilidade e
15
aceitação do projeto, além atendimento a grupos escolares, universitários e turistas nas bases
estabelecidas em Corumbá e Ladário (SOUZA; WALDE; SORIANO,2018).
Com base nas visitas e conversas informais com os professores e estudantes que
visitaram os núcleos do Geopark Bodoquena Pantanal, foi percebida a necessidade da
implementação de um curso de capacitação para professores em ensino de geociências na
região de Corumbá e Ladário-MS, pois no estado de Mato Grosso do Sul, não há cursos de
graduação em Geologia e/ou Licenciatura em Geociências. Somado ao fato do local possuir
uma geodiversidade e patrimônio paleontológico significativo pouco conhecido e explorado,
como exemplo a fauna ediacarana que contém originalmente Corumbella werneri, Cloudina
lucianoi e microfósseis.
A partir destas informações foi elaborado um questionário para mensurar o grau de
conhecimento dos professores e definir a melhor forma de realizar uma capacitação, os temas
e locais a serem abordados, (apêndice A). O questionário foi elaborado seguindo as
orientações de Gunther (2008) e entregue um termo de consentimento aos participantes da
pesquisa (apêndice B).
Gunther (2008) menciona que o objetivo do questionário a ser aplicado deve
diferenciar conceitualmente: (1) avaliação de algo existente, (2) levantamento das
necessidades de algo inexistente, além (3) distinguir entre a existência ou a falta de algo
externo ao indivíduo e de um estado subjetivo interno.
Para a estrutura das questões foram utilizadas doze (12) perguntas, entre abertas e
fechadas, por se tratar de uma pesquisa exploratória. As perguntas abertas servem para
estabelecer um clima receptivo entre o entrevistador e o respondente, para capturar justamente
aquelas opiniões não cobertos nos itens fechados, reforçando a essencial percepção de que o
pesquisador tem interesse na opinião e sugestão dos respondentes (GUNTHER, 2008).
Assim foram selecionados como população alvo, professores na região fronteiriça do
lado brasileiro no estado de Mato Grosso do Sul nas cidades de Corumbá e Ladário e do lado
boliviano na Província German Bush das cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suaréz.
Compuseram o trabalho trinte e dois (32) profissionais por serem entendidos aqui como
multiplicadores do conhecimento na região.
O convite e a mobilização nos dois países se deram pelo fato de haver muitos
estudantes bolivianos estudando no Brasil e vice-versa, além da possibilidade da ocorrência
do fóssil de Corumbella werneri na Bolívia.
Para a realização da pesquisa, utilizamos métodos de pesquisa-ação, aqui entendida
como alternativa epistemológica na qual pesquisador e pesquisados são sujeitos ativos na
16
produção do conhecimento (SANTOS; COMPIANI, 2009), a formação continuada de
professores (COMPIANI, 2000), que ressalta a importância da relação teoria-prática no
processo de socialização profissional do professor e orientações construtivistas para que o
ensino e aprendizagem ocorram de forma mais efetiva.
Quanto ao uso de metodologias de estudo do meio, segundo os autores (SANTOS &
COMPIANI, 1998), o trabalho de campo pode ser utilizado no ensino como uma estratégia
em que todas as coisas podem tomar parte de um processo maior: o efeito holográfico, onde
as partes contêm o todo.
Em relação ao ensino de geociências e os trabalhos de campo como proposta
metodológica para o ensino, o estudo do meio, significa o contato com objetos e os seus
fenômenos concretos, ou seja, o contexto a partir do qual se criam situações e estratégias de
aprendizagem (COMPIANI, 2007). Assim, passa a ser definido como o local das atividades
voltadas para ensinar o método geral de conceber a história da Terra. Estas atividades estão
inseridas num amplo e complexo processo de obtenção de informações na natureza e,
potencialmente, seriam capazes de inter-relacionar o ambiente, a geologia e a sociedade.
Sob a perspectiva educacional, os trabalhos de campo, propiciam o melhor
desenvolvimento das peculiaridades da prática escolar científica e dos respectivos discursos
escolares, podendo ser agente integrado das geociências na construção de uma visão
abrangente da natureza.
Com objetivo de apresentar o patrimônio geológico e paleontológico, possibilitando
a formação continuada dos professores como multiplicadores deste conhecimento e
desenvolver como proposta de ação, um curso de capacitação e modelos didáticos
tridimensionais confeccionados a partir do fóssil de Corumbella werneri, para o uso em salas
de aula.
As atividades foram desenvolvidas no Brasil em parceria com as prefeituras
municipais, por meio das Secretarias de Educação de Corumbá e Ladário (Brasil) e
intermediadas na Bolívia por Marianella Ortiz, Diretora de Turismo de Puerto Suárez e Puerto
Quijarro (Bolívia).
A pesquisa, ocorreu em três (3) etapas:
1) Mobilização de professores com de reuniões explicando sobre o projeto e convite
para a capacitação.
2) Aplicação de um questionário a trinta e dois (n=32) professores participantes,
sendo vinte (n=20) brasileiros e doze (n=12) bolivianos
17
3) Atividades práticas em diferentes períodos e locais, realizadas nos dias 26 de
agosto de 2017 (projeto piloto) e 30 de junho de 2018 (formação).
18
2 - CARACTERIZAÇÃO DA FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA
A faixa de fronteira do Brasil com os países vizinhos foi estabelecida em 150 km de
largura (Lei nº. 6.634, de 02/05/1979), paralela à linha divisória terrestre do território
nacional. A largura da faixa foi sendo modificada desde o século XIX por sucessivas
Constituições Federais (1934; 1937; 1946) até a atual, que ratificou sua largura em 150 km.
(OSÓRIO, et al, 2005)
Segundo Costa (2012), mobilidade e fronteira são construções socioespaciais que se
combinam e modificam reciprocamente. A fronteira que será tratada neste texto foi construída
em tempos diferentes. Corumbá e Ladário datam de 1778 (mas somente na década de 1950
Ladário tornou-se município). A presença boliviana na fronteira foi marcada pela fundação de
Puerto Suárez, em 1875, às margens da Laguna de Cáceres, cerca de 30 km do centro de
Corumbá. Nos anos 1950, com a construção da ferrovia, lançaram-se as bases de povoamento
de Puerto Quijarro no entorno da estação ferroviária, ampliando-se consideravelmente com a
ocupação de Arroyo Concepción (que é seu distrito) nos anos 1970/80 nas imediações da
passagem viária que liga o Brasil à Bolívia.
A população urbana fronteiriça de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto
Suárez, somadas, perfazem cerca de 160.000 habitantes, sendo aproximadamente 45.000 do
lado boliviano. A passagem pela fronteira é visivelmente frequente, dinâmica, diversa.
Passam por ela, diariamente, fronteiriços, turistas, mercadorias, fluxos lícitos e ilícitos, para
um lado e outro. Vislumbram-se mobilidades circunscritas e, para além da fronteira, com
velocidades e racionalidades diferentes.
Daí a importância de se compreender o conceito de território sob a perspectiva do
desenvolvimento e as especificidades dos territórios de fronteira (COSTA, 2013).
A vida nas regiões de fronteira possui uma dinâmica própria, que em muitos sentidos
desafia a ordem nacional e seus mecanismos de controle e vigilância, transcendendo o dogma
da soberania (COSTA; OLIVEIRA, 2014).
Com vista neste espaço fronteiriço, desenvolve-se a presente pesquisa, onde temos
como sujeitos, professores do ensino básico das cidades de Corumbá e Ladário/MS (Brasil) e
Província German Bush que compreendem as cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suaréz
(Bolívia), (Figura 1) e onde encontramos algumas das excepcionalidades geológicas e
paleontológicas (Figura 2), destacando em branco os geossítios selecionados, Ecoparque
Cacimba da Saúde/Corumbella e Porto Sobramil.
19
Figura 1- Fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai no município de Corumbá.
Fonte: Uma abordagem sobre as diferentes divisões político administrativas.
Elaborado por Julio César Gonçalves; Sérgio Wilton Gomes Isquierdo, UFMS 2011.
20
Figura 2. Mapa geológico e localidades enfatizadas na região de Corumbá e de Ladário, Estado de Mato
Grosso do: com destaque Porto Sobramil e Ecoparque Cacimba da Saúde.
Fonte: Adaptado de Lacerda Filho, 2006.
21
2.1 – Geologia e formação do Grupo Corumbá
O Grupo Corumbá recebe esta denominação a partir da cidade de Corumbá, estado de
Mato Grosso Sul, está localizada à margem do Pantanal no Brasil central. Trata-se de unidade
litoestratigráfica caracterizada por afloramentos sucessivos de calcários que foram
originalmente descritos ao longo do rio Paraguai por Castelnau (1857) e Evans (1894). Este
último trabalho clássico foi o responsável pela inserção da denominação Corumbá para
denominar os citados calcários desta região. (Figura 3)
A subdivisão do Grupo Corumbá em quatro formações foi proposta por
Almeida(1965), iniciando na base para o topo: Cerradinho, Bocaina, Tamengo e Guaicurus.
Posteriormente,muitas contribuições foram publicadas com ênfase na estratigrafia,porém,mais
recentemente, Boggiani e Alvarenga (2004) incluem na base deste grupo a Formação
Cadiueus sotoposta à Formação Cerradinho (Tab. 1).
Tabela 1. Síntese da subdivisão estratigráfica do Grupo Corumbá, Neoproterozoico do Brasil central. Fonte: Boggiani e Alvarenga (2004)
ALMEIDA (1965) BOGGIANI e ALVARENGA (2004)
GRUPO
CORUMBÁ
Fm. Guaicurus Fm. Guaicurus
Fm. Tamengo Fm. Tamengo
Fm. Bocaina Fm. Bocaina
Fm. Cerradinho Fm. Cerradinho
- Fm. Cadiueus
Com base na análise dos estágios tectono-sedimentares do Grupo Corumbá, pode-se
considerar a hipótese de evolução de bacia de tipo rifte para uma margem continental passiva
(BOGGIANI,1990). A sucessão inicia-se com conglomerados, arenitos e folhelhos da
Formação Cadiueus. A Formação Cerradinho está sobreposta à Formação Cadiueus, sendo
caracterizada também por arenitos e folhelhos. A Formação Bocaina consiste de calcários e
dolomitos, assim como a Formação Tamengo que também está composta de calcários e
folhelhos fossilíferos intercalados. Por fim, têm-se os folhelhos da Formação Guaicurus que
constituem o topo do Grupo Corumbá (ALMEIDA,1965; BOGGIANI & ALVARENGA,
2004).
Dentre as cinco formações que integram o Grupo Corumbá, há datação apenas a
partir de tufos no topo da Formação Tamengo que indicam uma idade absoluta com base em
isótopos de U/Pb em torno de 543 Ma (BABINSKI et al., 2006). A Formação Tamengo tem
22
sua base caracterizada por pacote de 10 a 20 m de espessura de conglomerado de matriz
carbonática e blocos e seixos de litotipos da Formação Bocaina subjacente e, em menor
frequência (ao redor de 1 %), blocos de rochas do embasamento granítico-gnáissico. Este
conglomerado basal constitui corpo expressivo e aflorante ao longo da rodovia Bonito-
Bodoquena na serra da Bodoquena e bem exposto na pedreira Laginha, município de
Corumbá, MS. Análises isotópicas têm sido realizadas indicando interepretações
paleoambientais e correlações regionais (BOGGIANI et al., 2010; OLIVEIRA, 2010).
Figura 3. Coluna de Litoestratigrafia Básica dos grupos Jacadigo e Corumbá na região de Corumbá. Fonte: Baseada em Walde et al., 2015 e Piacentini et al., 2013.
23
2.2 - Paleontologia do Grupo Corumbá
Os primeiros registros de fósseis do Grupo Corumbá (Formação Tamengo) foram
publicados por Barbosa (1949 e 1957) que, na segunda destas, apresentou histórico e
discussão detalhada sobre este tema. Posteriormente, ocorrências foram descritas por Beurlen
& Sommer (1957) como Aulophycos lucianoi e restos de algas, indicando tratar-se do
Cambriano. Fairchild (1978) notou a grande similaridade de Aulophycos lucianoi com duas
espécies de fósseis tubulares do gênero Cloudina, que ocorrem em calcários do Grupo Nama
(Ediacarano) na Namíbia. Hahn & Pflug (1985) e Zaine & Fairchild (1985) confirmam,
independentemente, a transferência de Aulophycos lucianoi para o gênero Cloudina.
Erdtmann et al. (2005), na Formação Dengying (China, plataforma de Yangtze)
identifica ocorrência de Cloudina acima das biotas de Gaojiashan e abaixo do nível onde
registra-se a primeira ocorrência de pequenos fósseis dotados de conchas (“small shelly
fossils”). Estas ocorrências acima do nível de Cloudina marcam a passagem do Ediacarano
para o Cambriano. Neste sentido, como na região de Corumbá tem sido largamente registrada
a ocorrência de Cloudina, através das pesquisas conduzidas na região é possível reavaliar se
nesta localidade haveria também o registro da transiçãoEdiacarano/Cambriano.
Em 1980, uma equipe de geólogos da Universidade de Brasília liderados pelo prof. Dr.
Detlef H. G. Walde descobriu um metazoário fóssil na Formação Tamengo (Grupo Corumbá),
em área da então denominada pedreira de calcário da empresa Itaú no Município de Ladário,
MS,conhecida por duas denominações: Cláudio e Saladeiro. Estas duas pedreiras
localizavam- se lado a lado na mesma margem do rio Paraguai. Atualmente adota-se a
denominação de Sobramil ,que se refere à empresa que detém a propriedade aonde
antigamente localizavam-se as duas pedreiras. Nesta localidade encontra- se o porto de
embarcação de minério de ferro e de manganês da empresaVale.
Esta espécie de metazoário fóssil anteriormente referido denomina-se Corumbella
werneri Hahn et al. (1982), com dimensões centimétricas, forma pinulada, preservado
tridimensionalmente e que exibia periderme provavelmente quitinosa, indicando tratar-se de
cifozoário. Diversos cientistas americanos, como Babcock et al., (2005) e Hagadorn &
Waggoner (2000) mencionam a grande importância de Corumbella werneri como elemento
da fauna do Ediacarano e sugeriram que esta espécie poderia estar relacionada a um grupo
enigmático de organismos paleozóicos conhecidos como conularideos.Tais interpretações têm
sido corroboradas por Pacheco et al., (2011), as quais citam também a similaridade com os
coronados.
24
A hipótese de esqueletogênese de Corumbella werneri apresentada por Warren et al.,
(2012) considera processos de biomineralização carbonática via secreção através de paredes
orgânicas. Assim sendo, trata-se possívelmente de um ancestral dos organismos dotados de
esqueleto carbonático. Além disso, Babcock et al. (2005) interpretam Corumbella werneri
como um predador séssil com grande importância na evolução animal durante o final do
Neoproterozoico.
Fairchild & Sundaram (1981) mencionam, pela primeira vez, possíveis acritarcas que
foram depois confirmados por Zaine & Fairchild (1987). Os primeiros trabalhos
paleontológicos sistemáticos foram realizados por Zaine (1991), que registrou ocorrências de
acritarcas, microfósseis filamentosos do Ediacarano, bem como de Corumbella e de Cloudina
em outras áreas da Formação Tamengo, por exemplo., na pedreira Itaú e na sinclinal da
pedreira Laginha, no Município de Corumbá.
2.2.2 - Afloramento no Ecoparque Cacimba da Saúde – Corumbá-MS (Formação
Tamengo).
No Ecoparque Cacimba da Saúde, inserido no Geoparque Bodoquena/Pantanal, está
exposto um paredão de calcário com intercalações de siltito pertencente à Formação
Tamengo. Ao lado desta exposição contínua localizada na porção mediana do Ecoparque, em
direção à entrada deste mesmo à nordeste, nota-se que intervalos sobrepostos à porção
superior afloram e, por isso foi possível incluir mais 10 m de calcário intercalado com siltito.
Assim sendo, pode-se constatar que a seção representada no perfil pertence à Formação
Tamengo. Portanto, é totalizado cerca de 26 m de afloramento da Formação Tamengo no
Ecoparque Cacimba da Saúde (Figura 4).
25
Figura 4. Perfil litoestratigráfico do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. OBS.: Espessura aparente, indicando a posição das bancadas amostradas.
Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
26
Este perfil é composto por rochas carbonáticas contendo intercalações de pelitos, que
constituem também a base e o topo da seção. A base do perfil (encoberto pela vegetação no
extremo SW) é constituída por uma camada de 1 m de pelitos laminados contendo fósseis de
Corumbella werneri. Estas ocorrências fósseis encontram-se em camada de 5 cm de folhelho
cinza, sobreposto por lâminas de argilito preto e subjacente a siltito cinza escuro. O contato da
camada fossilífera com os pelitos subjacentes e sobrejacentes é marcado por lâminas de
cristais milimétricos de gipsita, que ocorre também ao longo de fraturas.
De maneira geral, acima dos pelitos, está posicionado um pacote de calcarenitos
oolíticos cujas camadas apresentam granocrescência ascendente. São camadas dessimétricas
onduladas, por vezes lenticulares, contendo localmente estilólitos ao longo do plano de
acamamento, além de apresentar fraturas verticais a sub-verticais. Os pelitos pretos quando
frescos, passam a ocre por intemperismo e formam camadas em torno de 30 cm na base,
sendo mais delgadas e escassas em direção ao topo. Os calcarenitos apresentam abundantes
estruturas sedimentares, tais como: marcas onduladas, camadas lenticulares, estruturas de
carga e estilólitos. Para o topo as camadas tornam-se mais espessas, mantendo-se as marcas
onduladas, enquanto as intercalações pelíticas tendem a desaparecer.
Os pelitos são laminados, argilosos e calcíferos, com lâminas e lentes de siltito
apresentando laminação plano-paralela, além de marcas de onda (ripple marks). As camadas
carbonáticas são constituídas de calcarenito fino, com marcas onduladas simétricas e lentes
centimétricas a métricas (Figura. 5 e 6).
27
Figura 5.Figura da área do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato
Grosso do Sul, Brasil.
Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
Figura 6 .Vista do paredão do Ecoparque Cacimba da Saúde, Município de Corumbá, estado de Mato Grosso
do Sul, Brasil.
Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
28
2.2.3 - Afloramento no Porto Sobramil - Ladário (MS) – Formação Tamengo
Ao lado deste porto no rio Paraguai estão situadas bancadas abandonadas de frentes de
lavra de calcário, cuja cava atualmente é ocupada por minério de ferro a ser embarcado
(Figura 7). Os afloramentos neste local são intervalos de calcários laminados intercalados com
siltitos que constituem a Formação Tamengo. Estes siltitos constituem três camadas,
respectivamente denominadas: siltito inferior rico em ocorrências de Corumbella werneri
(Figura 8), intermediário e superior. Diversas bancadas que outrora serviram para as
atividades de exploração, servem atualmente para acessar estes intervalos litoestratigráficos
que constituem a Formação Tamengo, nesta área que por sua vez constitui a localidade-tipo
de Corumbella werneri. Também nestes afloramentos do porto Sobramil foi possível
correlacionar o estratotipo de Cloudina lucianoi descrito para a antiga bomba da usina
siderúrgica, com os calcários da porção superior do perfil descrito para o porto Sobramil
(Figura 9).
Figura 7. Figura de porto Sobramil, indicando a posição dos perfis mostrados, município de
Ladário, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
29
Figura 8. Vista da exposição inferior da seção no porto Sobramil, Município de Ladário, Estado de Mato Grosso
do Sul, Brasil. Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano- Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
Figura 9. Vista do perfil no porto Sobramil, município de Ladário, estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.
Fonte: Relatório Final do Projeto Edicarano - Laboratório de Micropaleontologia - Instituto de
Geociências – Universidade de Brasília, 2016
30
2.3 - Geopark Bodoquena-Pantanal
Os primeiros geoparques foram criados na Europa no ano de 2000. Na Ásia, em
especial na China, os geoparques se encontram em acelerada disseminação, atualmente são
140 membros da Global Geoparks Network1 (Rede Global de Geoparks). No Brasil, o
conceito é ainda pouco conhecido, inclusive entre os geólogos, que ainda o confundem com
parques com motivos geológicos ou roteiros geológicos. No entanto, o conceito de geoparque
é algo mais amplo e complexo e equipara-se, para a UNESCO, aos programas de Reserva da
Biosfera e Patrimônio da Humanidade (BACCI, et al., 2009).
Geoparque segundo a Global Geoparks (UNESCO),
are single, unified geographical areas where sites and landscapes of international geological significance are managed with a holistic concept of
protection, education and sustainable development. A UNESCO Global
Geopark uses its geological heritage, in connection with all other aspects of the area’s natural and cultural heritage, to enhance awareness and
understanding of key issues facing society in the context of the dynamic
planet weall live on, mitigating the effects of climate change and reducing the impact of natural disasters
2.
Como uma das características de um Geoparque é proporcionar a divulgação e
educação em Geociências e suas estruturas correspondem ao lugar de vivência de muitos
jovens, este pode ser um instrumento didático de campo para a aprendizagem significativa. “A
criação de geoparques veio revolucionar o modo como se divulga as Geociências” (BRILHA,
2009, p. 28). Segundo Brilha (2009) os geoparques estão em condições privilegiadas para
desempenhar o papel de promotores da educação em Geociências para o desenvolvimento
sustentável, dirigida a todo tipo de público.
O Projeto Geoparques do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) foi criado em 2006,
representando um importante papel indutor na criação de geoparques no Brasil. Esse projeto
teve como premissa a identificação, levantamento, descrição, diagnóstico e ampla divulgação
de áreas com potencial para futuros geoparques, incluindo o inventário e quantificação de
geossítios, que representam parte do patrimônio geológico do país.
O Geopark Bodoquena-Pantanal (GBP) foi estabelecido a partir do Decreto Estadual
nº 12.897 de 22 de dezembro de 2009. Neste documento é estipulada sua área, como uma
estratégia do Estado de Mato Grosso do Sul para desenvolver o território de forma
1 Fonte: Global Geoparks Network. Disponível em: http://www.globalgeopark.org/homepageaux/tupai/6513.htm 2São áreas geográficas únicas, onde os locais e paisagens de significado geológico internacional são gerenciados
com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Sua abordagem de“baixo para
cima” de combinar a conservação com o desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades locais, está
se tornando cada vez mais popular.
31
sustentável, norteado pela valorização do patrimônio geológico e a apropriação do mesmo por
parte das comunidades envolvidas (SOARES, et al, 2014).
Está localizado na porção oeste do estado de Mato Grosso do Sul, entre os paralelos
18º 48” e 22º 14”, de latitude sul, e meridianos 55º 56”, de longitude oeste de Greenwich,
desenhando um polígono irregular onde foram determinados 54 geossítios (Figura 10).
32
Figura 10: Geossítios do Geopark Bodoquena-Pantanal. Fonte: http://www.geoparkbodoquenapantanal.ms.gov.br
33
Inclui 13 municípios, entre eles: Bonito, Ladário e Bodoquena em sua totalidade. Os
municípios de Corumbá, Jardim, Bela Vista, Nioaque, Guiam Lopes da Laguna, Caracol,
Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana e Anastácio, possuem apenas parte de seus territórios
pertencentes ao Geopark.
A partir de 2009, com seu estabelecimento, começou a ser montado um dossiê para
propor sua integração à Rede Global de Geoparks (RGG) e, em 2010, esse dossiê foi
encaminhado para a comissão julgadora da rede - a avaliação é feita a partir da proposta
enviada em consonância com uma visita técnica. Entretanto, em outubro de 2011, o Global
Geoparks Bureau, enviou uma resposta dizendo que a comissão concluiu que o GBP ainda
não estava preparado para fazer parte da rede, pois alguns princípios importantes acerca do
conceito de geoparque não estavam integrados. Segundo a carta enviada pela rede, a comissão
julgadora alegou que o projeto do GBP não se encontrava em plena operação e
funcionamento, não havendo uma equipe de administração, nem um rol de atividades sendo
desenvolvidas pelo próprio geoparque.
Em resposta à dificuldade de gerir uma área tão grande, abrangendo vários municípios,
o GBP adotou o conceito de núcleo regional, propondo “um conjunto de áreas núcleo, que são
conjuntos de geossítios articulados entre si pela sua identidade geológica e cultural”.
A partir de 2013 começaram as instituições dos núcleos, sendo o primeiro Nioaque-
MS até o presente, onde foi realizada a capacitação de geomonitores e atividades foram
desenvolvidas com alunos de escolas públicas do ensino básico, universitários e
ocasionalmente com turistas.
No ano de 2016, as prefeituras de Corumbá e Ladário-MS, sinalizaram o interesse
na abertura de núcleos em seus municípios. Com apenas um funcionário (decreto “p” n. 582,
de 11 de fevereiro de 20163) esses núcleos funcionaram entre março de 2016 a agosto de
2017. As atividades podem ser acessadas no site oficial do geoparque4. No entanto, em agosto
de 2017, por decisão da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e
Tecnologia do Estado De Mato Grosso do Sul (FUNDECT), o responsável pelos núcleos foi
desligado da instituição (Decreto “p” n. 4.112, de 11 de agosto de 2017).
Durante o período de execução das atividades do geoparque foi detectada a falta de
conhecimentos mais profundos sobre o tema das geociências e a relevância do patrimônio
paleontológico representado pelo fóssil Corumbella werneri, descoberto pelo professor Detlef
3Decreto de contratação.
Disponível.em:http://www.spdo.ms.gov.br/diariodoe/Index/PaginaDocumento/42331/?Pagina=31. 4 Fonte: http://www.geoparkbodoquenapantanal.ms.gov.br.
34
Walde em 1980, que é um dos principais testemunhos da evolução da vida multicelular no
planeta (WALDE, et al,1982). Este fato foi um dos propulsores para a execução desta
pesquisa.
35
3-AS GEOCIÊNCIAS COMO ÁREA INTERDISCIPLINAR DO CONHECIMENTO E
METODOLOGIAS DE ENSINO
A importância em se compreender o planeta Terra como um sistema complexo e
sujeito a diversas transformações, se dá na grande quantidade de questões socioambientais
enfrentadas atualmente pela sociedade humana. Assim, as geociências desempenham uma
relevância indiscutível, pois por meio dessa grande área do conhecimento os estudantes
poderão tomar frente destas problemáticas, indo ao encontro de resoluções viáveis.
Tendo isto por base, Ab’Saber (1991 apud Compiani, 2005) aponta para a
necessidade de entendermos nossos papéis nos espaços terrestres; um espaço sócio-histórico,
em constante transformação e com diferentes dimensões, tanto temporal como espacial. Para
superarmos essa crise, torna-se imprescindível que o homem conheça seu espaço e as relações
que aqui se desenvolvem, não fazendo mais sentido a separação homem-natureza, havendo a
necessidade de uma visão holística.
Segundo Compiani (2005), a crise atual nos guiou a um entendimento mais claro da
interdependência sociedade-natureza. Assim, a geologia pode contribuir na formação de uma
visão de natureza abrangente, pois a constitrução do raciocínio geológico auxilia na
compreensão da dinâmica e da interação homem-ambiente. O conhecimento geológico tem
como uma das finalidades, elaborar uma concepção de ambiente como resultante de um
processo longo de desenvolvimento do qual o ser humano faz parte e é apenas mais uma
espécie entre tantas outras que surgiram e se extinguiram ao longo desses milhões, bilhões de
anos.
Dessa forma, as geociências, pautadas na compreensão integrada de todas as
ciências que compreendem o Sistema Terra, deveriam ser incluídas desde os primeiros anos
escolares através de atividades que buscassem aproximações com situações cotidianas dos
alunos, “o entendimento da evolução geológica do planeta, desde a escola básica, poderá
culminar na formação de uma perspectiva planetária e exigirá visão ampla da posição ocupada
pela Terra nos sistemas mais amplos” (CARNEIRO, TOLEDO e ALMEIDA, 2004, p. 556).
Para Amaral (1995), o ensino das geociências possibilita que a educação
desenvolva o que ele denomina de “noção de planetização”, que corresponde a um novo modo
de enxergar e compreender a Terra. Em outras palavras, a planetização seria responsável por
incutir no cidadão: “uma visão de síntese superadora do neo-obscurantismo científico-
tecnológico e com uma capacidade e disposição de rever esse cotidiano, social e
36
individualmente, iluminado por uma nova consciência e sensibilidade” (p. 407). Isto é, a
Terra integrada.
No atual momento em que vivemos, o raciocínio geológico faz-se fundamental,
pois nossa sociedade esta marcada por grandes problemas socioambientais, como por
exemplo, os deslizamentos de terra causados por chuvas em diferentes regiões do Planeta e
diversos casos em nosso país. O caráter interdisciplinar dessa ciência possibilita que o
indivíduo entenda as relações homem-natureza a partir de uma perspectiva histórica e,
consequentemente, o auxilia a compreender seu papel perante as problemáticas
socioambientais vigentes.
3.1– Formação de professores em ensino de geociências
A formação e capacitação de professores são consideradas importantes, pois visa à
construção de profissionais como multiplicadores no campo das geociências. Dimensão essa
que tem sido defendida por vários pesquisadores. Destacando o professor como agente ativo e
responsável pelo seu trabalho docente em oposição ao mero executor de tarefas definidas.
Assim, procuramos reconhecer a construção da prática do professor como um processo
contínuo a ser aprimorado no decorrer de sua vida.
Nas pesquisas acerca do ensino de geociências, encontramos alguns trabalhos em
consonância com essa concepção, nos quais a formação dos alunos ou a formação
continuada de professores é realizada a partir de uma perspectiva prática ou crítica.
Entretanto, nessa mesma literatura, localizamos outros tantos trabalhos que discutem a
temática a partir de um viés técnico, nos quais as geociências se apresentam como sendo
mais um conteúdo a ser assimilado pelos aprendizes, sem construir qualquer relação com os
processos de docência.
As Geociências compõem uma área interdisciplinar que está presente no cotidiano de
todos os seres humanos, mas que não se configura como uma disciplina presente no
Currículo da Educação Básica Brasileira. Mesmo assim é possível encontrar conteúdos
relacionados às Geociências nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e,
portanto, passível de ser tratada nos conteúdos programáticos desde o Ensino Fundamental I.
Ciclo da água, mineração, formação e conservação dos solos, recursos energéticos –
petróleo, dentre outros são alguns temas que podem ser ministrados pelos professores desde
as séries iniciais.
37
Dado que o conteúdo de Geociências nas séries iniciais do ensino fundamental não
ocorre de maneira sistematizada, encontrando-se dispersa nas disciplinas de Ciências e
Geografia, e que professores não estão, em sua maioria, preparados para discuti-lo, a
compreensão por parte dos alunos a respeito do funcionamento do Planeta Terra é
insatisfatória, o que reflete na formulação de conceitos equivocados já nas primeiras séries,
quando se deparam com questões relacionadas ao meio físico. Esse fato leva o aluno a ter
idéias sobre o Planeta que não estão embasadas no conhecimento científico e que podem ser
denominadas de senso comum, gerando um círculo vicioso, onde o aluno recebe um
ensinamento deficiente, fragmentado e desinteressante, construído por professores que não
tiveram oportunidade de acesso ou mesmo formação adequada nos temas geológicos.
Silva e Compiani (2006) apontam que os conteúdos de Geociências presentes nos
livros didáticos do 6º ano aparecem com maior freqüência com ênfase na temática do meio
ambiente, recursos naturais e aspectos ligados à saúde do ser humano. Entendemos que apesar
dos conteúdos de Geociências estarem presentes nos currículos escolares atuais, é
praticamente impossível abordá-los de forma adequada sem a preparação do professor, sem
que ele entenda e se aproprie das peculiaridades das Geociências.
Analisando o referencial curricular da rede estadual de educação do estado de Mato
Grosso do Sul (SED-MS), encontramos no sexto (6°) ano para a área de ciências da natureza
o conteúdo a ser ministrado no primeiro (1°) semestre composto por:
TERRA E UNIVERSO:
-Teoria da formação do Universo e do Sistema Solar,
-Formação da Terra e as condições para a presença de vida,
-Origem dos seres vivos e o surgimento dos seres humano,
-Evolução biológica do ser humano,
Assim sugere que os estudantes tenham como competências e habilidades:
Utilizar hipóteses, teorias e leis científicas, explicar a teoria de formação do Universo
e do Sistema Solar, descrever as diferentes teorias sobre a formação da Terra e a origem dos
seres vivos, apontarem as condições necessárias para a presença de vida na Terra, explicar a
origem do ser humano na Terra comparando as diferentes teorias e analisando as ·provas
dessa origem; explicar a evolução do ser humano ao longo de sua trajetória, discutir a
valorização do corpo e do outro respeitando a diversidade humana, discutir a estética como
questão histórica e cultural em detrimento da saúde física e mental.
38
Perante a complexidade do tema e o pouco tempo para a execução em um único
bimestre, torna-se muito difícil para o educador elucidar estas questões e aos estudantes
atingir as competências e habilidades.
Compiani (2005) ressalta que as Geociências permitem aos estudantes desenvolver
habilidades cognitivas essenciais e de visão espacial, na medida em que envolve as dimensões
locais, regionais e planetárias do espaço e sua representação bi e tridimensional. Salienta
ainda que o conhecimento geológico seja tão ou mais importante para o ensino elementar do
que para o secundário e que praticamente não existem estudos que se propõem a desenvolver
uma nova abordagem didática da Geologia na escola elementar.
A abordagem geocientífica está relacionada ao desenvolvimento de raciocínios
particulares das Ciências da Terra, tais como o pensar sistêmico, as questões temporais e as
escalas. De acordo com Vasconcellos (2008), pensar sistêmico é pensar a complexidade, a
intersubjetividade e a instabilidade, é ainda compreender que os sistemas, quando
relacionados aos sistemas presentes na esfera terrestre estão em constante mudança e
evolução, que por sua vez tornam-se instáveis, imprevisíveis e incontroláveis. A autora ainda
escreve que o pensamento sistêmico é aquele que foca as relações. Nesse sentido, as
Geociências estudam as esferas terrestres (Hidrosfera, Atmosfera, Litosfera, Biosfera,
Criosfera e Tecnosfera), que parte do estabelecimento de relações para explicar fenômenos
naturais que ocorrem na Terra, como por exemplo, o ciclo da água e o ciclo das rochas
(PIRANHA & CARNEIRO, 2009). As questões temporais estão relacionadas com o
desenvolvimento de uma forma de pensar que envolve uma escala temporal muito distante da
humana, ou seja, pensar no tempo geológico, nesse caso em bilhões de anos. De acordo com
Pedrinaci (1996), se trata de um conceito complexo que não se adquire de uma só vez e
também não se segue um processo linear, porém adquirem-se conceitos parciais que vão se
relacionando e se integrando.
3.2- Metodologias de Ensino (Parte prática)
Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,
que a experiência prática tanto de campo como laboratorial, é primordial na aprendizagem de
geociências, pois além de permitir participação direta do estudante na construção do seu
conhecimento, facilita a interdisciplinaridade.
39
Para Hodson (1992, p. 549):
(...) as atividades práticas, são aquelas atividades nas quais os
estudantes utilizam os processos e métodos da ciência para investigar fenômenos e resolver problemas como meios de
aumentar e desenvolver seus conhecimentos, e fornecem um
elemento integrador poderoso para o currículo.
Estas se caracterizam ainda por estimularem à busca pelo conhecimento científico,
pois permitem a aprendizagem de uma amplitude de conceitos sejam eles simples ou que
demandem altos níveis de abstração. Bonito (2008, p. 38) acrescenta que corretamente
orientada as atividades práticas: “permitem que os alunos examinem as suas idéias
explicativas de fenômenos naturais, baseados na sua experiência sensorial, impelindo-os a
adotar uma visão mais científica.” Assim, estas atividades geram, também, mais
oportunidades para o aluno se interrogar sobre as estratégias que adota e conclusões que
elabora.
As atividades práticas ou de campo são destacadas como facilitadoras do ensino-
aprendizagem, pois induzem o aluno ao “raciocínio, à reflexão, ao pensamento, e
consequentemente, à (re)construção do seu conhecimento” (CONSTANTE e
VASCONCELOS, 2010, , p. 104). O aluno é retirado da sala de aulas, visto como sua ampla
zona de conforto e é estimulado a exercer a sua criatividade por meio das aulas que não ficam
restritas somente à replicação de conteúdos, mas sim de modo que o aluno passe a interagir
com a informação, moldando seu conhecimento, buscando atingir resultados positivos na
concepção de ensino.
No âmbito das geociências, a mera explicação de fenômenos geológicos baseados em
aulas expositivas, por si só, podem não ser o suficiente para levar o educando a uma
aprendizagem efetiva. Isso porque, grandes partes das atividades estabelecidas em sala se
encontram associadas a fenômenos com uma dimensão geográfica e uma escala temporal
enormes (ALVAREZ-SUÁREZ, 2003). Nesse contexto as atividades de campo exercem um
papel pedagógico de suma importância no ensino. Essa modalidade didática, de caráter
promissor pode levar o aluno a desenvolver seu letramento científico baseando-se na
observação, visualização, descrição, interpretação, análise e compreensão dos fenômenos
geológicos de maneira interdisciplinar, além de promover a socialização, troca de
experiências e produção de conhecimento coletivo.
Segundo Canamaño (2003), podem ser considerados quatro tipos de atividades
práticas:
40
1) Experiências sensoriais – Familiarização com os fenômenos. Baseiam-se na visão,
olfato, tato e audição.
2) Experiências ilustrativas – Ilustram um princípio ou uma relação entre possíveis
variáveis.
3) Exercícios práticos - Estão voltados para: (a) a aprendizagem de competências
específicas, que podem ser de natureza laboratorial, cognitiva (interpretação, classificação,
elaboração de hipóteses) e/ou comunicacional (planificação de uma experiência, apresentação
dos resultados, elaboração de um relatório escrito); (b) a ilustração e verificação experimental
de uma dada teoria.
4) Investigações – Visam proporcionar ao aluno o desenvolvimento da compreensão
de procedimentos próprios do questionamento e, através da sua aplicação, resolver problemas
de índole mais teórica ou mais prática, neste caso, normalmente emergentes de contextos reais
que lhe são familiares.
Os trabalhos de campo ou estudos do meio são práticas científicas fortemente
apresentadas nas geociências, na geografia e na biologia e exercem destaque ao olhar o
contexto, o histórico, as particularidades e as generalizações de forma integrada, a fim de
compreender as complexas relações entre os processos e os produtos (COMPIANI, 2013).
Tais práticas fazem parte da epistemologia dessas ciências e podem ser adotadas na
educação como uma metodologia interdisciplinar que proporciona aos sujeitos envolvidos o
contato direto com um determinado contexto ou ambiente que se busca investigar
(SANTOS; COMPIANI, 1998; LOPES; PONTUSCHKA, 2009). Além do mais, possibilita:
[...] conhecer relações entre os habitantes e passantes de lugares definidos e os processos naturais e sociais do espaço em estudo, além de favorecer o
conhecimento mais amplo de relações locais e universais, em suas
temporalidades historicamente consideradas (PONTUSCHKA; LUTFI,
2014, p. 387).
O contato direto com o ambiente é fundamental, uma vez que ocorre o confronto
entre o real e as representações, elaborando um quadro particular de observação, indagações,
hipóteses e interpretação da natureza, na busca do entendimento dos fenômenos e na
(re)formulação de conceitos explicativos (COMPIANI; CARNEIRO, 1993). Nesta
perspectiva, o campo é revelador de novos sentidos e articulações, como aponta Compiani
(2002, p. 15).
O campo é o próprio contexto no qual o observador pode pressupor seu
sentido, o que é um elemento chave na construção do modo de pensar
41
geocientífico (e também biológico). Os fatos fazem sentido somente no
contexto criado por outros fatos. Os fatos são mais do que pedaços de
informações, eles são parte de um processo mais amplo. A consciência deve ser entendida como uma parte de um processo maior.
Seguindo a mesma linha, Lopes e Pontuschka (2009), endossam que esse método se
caracteriza pela conscientização dos indivíduos diante da complexidade de um determinado
ambiente, pela construção de um diálogo entre os sujeitos e o ambiente, constituído em uma
relação em que as partes integram o todo, em um processo complexo e integrado (MORIN,
2003). Ademais, essa metodologia:
[...] pode tornar mais significativo o processo de ensino-
aprendizagem e proporcionar aos seus atores o desenvolvimento
de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social (LOPES; PONTUSCHKA, 2009, p. 174).
Sendo assim, o estudo do meio pode ser incorporado ao ensino como uma
ferramenta fundamental à compreensão de uma determinada realidade em que todas as
coisas podem tomar parte de um processo maior (FANTINEL, 2000; COMPIANI, 2002).
Por meio das atividades práticas de campo, o “lugar” se (re)significa à medida que
caminha para o entendimento da realidade, das particularidades, das transformações sócio-
históricas e da natureza. Esse tipo de visão exige que o sujeito saiba trabalhar com diferentes
métodos, que tenha noção de escala, boa percepção das relações tempo-espaço,
entendimento do contexto social, político e ambiental, conhecimentos sobre diferentes
realidades globais e locais, portanto, requer permanente diálogo com a interdisciplinaridade
para o enfrentamento das questões cotidianas (COMPIANI, 2002).
Assim, este tipo de metodologia nos ajuda a enfrentar na tentativa de reverter a
fragmentação do conhecimento, desvendando a complexidade de um espaço determinado,
extremamente dinâmico e em constante transformação (BACCI; PATACA, 2008).
3.3- Metodologias de Ensino (Parte Teórica)
Quanto à forma como são apresentados os conteúdos das geociências nas escolas
brasileiras, foram analisadas as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
observando-se que as temáticas geocientíficas são distribuídas no Ensino Fundamental (EF)
nas disciplinas de Ciências, Geografia e História, além dos temas transversais e, no Ensino
Médio (EM) nas disciplinas de Biologia, Física, Química, Geografia, História e Filosofia,
uma vez que as geociências não existem no currículo enquanto disciplina. Contudo, o estudo
42
das geociências é estabelecido dentro de conteúdos compartimentados em áreas específicas,
mas que na realidade é interligado, isso traz “resultados diretos de uma grande fragmentação,
que está centrada em torno de grandes equívocos, erros, desatualização, distorção da dinâmica
natural e parcialidade da compreensão dos efeitos da ação antrópica sobre a natureza”
(CARNEIRO, TOLEDO e ALMEIDA, 2004, p. 557).
O entendimento do funcionamento integrado e complexo do Sistema Terra coube
durante muito tempo e, quase que exclusivamente, aos profissionais das áreas das
Geociências, principalmente aos profissionais de Geologia, que por sua vez são na maioria
bacharelados e não licenciados. Enquanto que o contato que os atuais professores da educação
básica, os licenciados em Biologia, Geografia ou Ciências Naturais, tiveram com as temáticas
geocientíficas, revelou ser uma abordagem holística durante suas graduações, em uma única,
ou no máximo, duas disciplinas, o que dificulta ainda mais a situação em questão. Assim,
mesmo com grandes progressos das Ciências da Terra, ainda é possível perceber que ao
introduzir os temas de Geociências nas escolas o ensino persiste somente na memorização de
conceitos. Segundo Gonçalves e Sicca (2005, p. 105), “(...) a precária, limitada e fragmentada
concepção de Geociências não capacita os professores para desenvolver de forma sistêmica,
hipotética e temporal a desejável integração de informações ambientais na perspectiva
geológica”.
Carneiro, Toledo e Almeida (2004, p. 557) reforçam essa problemática e “apontam
que a dificuldade dos professores em ministrar esse conteúdo pode ser explicada por diversas
razões, como a deficiente formação acadêmica em geociências que recebem”. Com uma
formação não condicionada para o estabelecimento de um ensino de geociências coerente, os
professores acabam aderindo a informações desvinculadas do cotidiano dos alunos,
informações por vezes tendenciosas, retiradas de meios eletrônicos que não abarcam fontes
seguras.
Outra problemática enfrentada no ensino de geociências está intimamente ligada aos
livros didáticos, um dos recursos mais utilizados pelos professores nas escolas públicas.
Segundo Nascimento (2011), estes apresentam conceitos de terminologia geológica
equivocados, errôneos, desatualizados e sem nenhuma sistematização com os fatos ocorridos
na história do planeta durante a sua formação e evolução. Alguns nem sequer abordam
“assuntos considerados importantes para o ensino de geociências, como rochas, minerais e
modelos do interior da Terra”, previstos nos PCN, como relatado por Nascimento (2011, p.
31) através de uma pesquisa realizada nos livros didáticos de Ciências utilizados no Distrito
Federal. O autor Compiani (2007, p. 32) reforça esta problemática e acrescenta que: “as aulas
43
tradicionais o livro didático predominantes nas escolas são descontextualizados e centrados no
enciclopedismo das definições.”
A temática geociência nos PCN’s, no terceiro e quarto ciclos, do ensino fundamental
encontram-se distribuídas nos componentes curriculares de Ciências Naturais em três eixos
temáticos, sendo eles: Terra e Universo, Vida e Ambiente, Tecnologia e Sociedade; na
Geografia em dois eixos: A Geografia como uma possibilidade de leitura e compreensão do
mundo e o estudo da natureza e sua importância para o homem; na História e, nos Temas
Transversais do Meio Ambiente.
Na área das Ciências Naturais, o eixo temático Terra e Universo trabalham em torno
da formação do planeta Terra e do Sistema Solar. O documento sugere atividades que
envolvam a observação, de modo que seja possível que os estudantes articulem informações
conceituais com as observações diretas do Sol, da Lua e das estrelas, elaborando suas próprias
explicações para os fenômenos trabalhados.
Visto que as temáticas geocientíficas são demonstradas como importantes para a
promoção no processo de aprendizado no ensino das ciências, o documento enfatiza que
temas como “as paisagens, tal como são percebidas, representam apenas um momento dentro
do longo e contínuo processo de transformação pelo qual passa a Terra, em uma escala de
tempo de muitos milhares, milhões e bilhões de anos” (BRASIL, 1998, p. 38). Observa-se que
há um reconhecimento da importância em tratar os temas geocientíficos abordando a sua
escala temporal, bem como os efeitos por ela ocasionados ao longo do processo evolutivo da
Terra.
No eixo que se refere à Vida e Ambiente o objetivo principal é promover nos alunos
“a ampliação do conhecimento sobre a diversidade da vida nos ambientes naturais ou
transformados pelo ser humano, estuda a dinâmica da natureza e como a vida se processa em
diferentes espaços e tempos” (BRASIL, 1998, p. 42).
A questão ambiental é enaltecida e apresentada também de forma abrangente como
tema transversal. As temáticas geocientíficas neste eixo versam entre tipos de solo e sua
formação, relevos, paisagens e erosão, na qual os educandos poderão estudar medidas de
proteção e recuperação de ambientes degradados, água, ar, origem da vida e a existência e
formação de fósseis, de modo a comparar as espécies extintas com atuais, compreendendo
suas relações e diversidades.
O documento sugere que as atividades de campo, são práticas muito importantes no
estudo das geociências, pois, levam os alunos a agregar os conhecimentos teóricos vistos em
sala, com a realidade passível de ser vivenciada em campo.
44
Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,
que a experiência prática tanto de campo como laboratorial, é primordial na aprendizagem de
geociências, pois além de permitir participação direta do estudante na construção do seu
conhecimento, facilita a interdisciplinaridade.
4- DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DIDÁTICOS
4.1-Resultados e discussão
Durante o período de março de 2016 a agosto de 2017, com o estabelecimento dos
núcleos de Corumbá e Ladário/MS do Geopark Bodoquena Pantanal, foram realizadas 30
(trinta) palestras com alcance de aproximadamente 1.005 (mil e cinco) pessoas. Que
corresponderam a 866 (oitocentos e sessenta e seis) estudantes do ensino básico e
universitário, 78 (setenta e oito) professores, 9 (nove) gestores de instituições de educação e
48 (quarenta e oito) membros de comunidades tradicionais (SOUZA; WALDE;
SORIANO,2018),
Após as visitas e constatado por meio de informações impessoais e não
sistematizadas, a falta de conhecimentos mais aprofundados ou o desconhecimento total do
patrimônio paleontológico e geológico da região de Corumbá e Ladário-MS, delineamos a
presente pesquisa, e apresentaremos os resultados das atividades que ocorreram diferentes
etapas:
1) Mobilização de professores com de reuniões explicativas sobre o projeto.
2) Aplicação de questionários com professores brasileiros e bolivianos.
3) Capacitação com professores brasileiros e bolivianos.
4.1.1 - 1ª Ação: Mobilização
A primeira etapa deste trabalho ocorreu na Bolívia por meio de uma reunião e
palestra sobre o Geopark Bodoquena Pantanal (GBP) (Figura 11 e 12), realizada na cidade de
Puerto Suaréz, no dia 19 de junho de 2017. O encontro foi realizado a convite de Marianela
Ortiz5 e contou com a presença de professores, alunos representantes das secretarias de
5 Diretora de Turismo da Prefeitura de Puerto Suárez, Departamento de Santa Cruz - Capital Del Pantanal –
Bolívia.
45
educação, turismo, cultura; com o apoio dos voluntários brasileiros: Diego Aparecido Cafola6
e Maíra Loreto7.
Este momento foi importante para consolidar o vínculo com os parceiros e
professores bolivianos, pois o conteúdo apresentado na palestra refere-se ao patrimônio
geológico/paleontológico observado nesta fronteira Brasil-Bolívia e pensamos ser importante
para o desenvolvimento da pesquisa a participação dos professores dos dois países.
Figura 11: Reunião dia 19 de junho de 2017 em Puerto Suaréz- Bolívia, da esquerda para direita, Maíra Loreto, Diego Cafola, Marianela Ortiz, Anderson Palmeira; e; Figura 12: Palestra aos professores em Puerto Suaréz-Bolívia.
No dia 26 de agosto de 2017, foi realizada a etapa inicial no Brasil, por meio de um
convite para uma atividade de formação continuada de professores da Rede Municipal de
Educação (REME) de Corumbá, assim, utilizamos a atividade como um piloto para a
capacitação/formação de professores que já havíamos previsto no projeto inicialmente.
Esta etapa iniciou-se com uma palestra e posterior visita técnica. A palestra ocorreu
na UFMS-Câmpus Pantanal (Figura 13) sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal e seguimos
para parte prática com duas visitas a locais que possuem material paleontológico para o
complemento da palestra.
6 Diego Ap. Cafola é mestrando em Estudos Culturais (PPgCult/UFMS/CPAq), especialista em História da
América (UFMS/CPAq), Bacharel em Turismo, Licenciatura Plena em História (UFMS/CPAq), atua como
professor da rede estadual nas disciplinas de Filosofia, Sociologia e História. 7 Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (UFMS-CPAN).
46
A primeira visita técnica foi realizada no Parque Municipal Marina Gattas, este local é
Parque Municipal público em Corumbá-MS, próximo à fronteira Brasil/Bolívia.
Em seu pavimento há lâminas de rochas calcárias fossilíferas, onde os professores
puderam observar fósseis de Cloudina sp. (Figura 14),
Na sequência da atividade prática, foi realizada uma visita no Ecoparque Cacimba da
Saúde- Geossítio Corumbella (Corumbá, MS), situado no Bairro da Cervejaria, Corumbá-MS.
No local é observada uma escarpa de mais ou menos 10 metros de altura no limite com a
planície do Rio Paraguai, sustentada por calcários da Formação Tamengo, apresentando um
nível com ocorrência do fóssil Corumbella werneri. (Figura 15).
Figura 13: Palestra sobre o Geopark Bodoquena-Pantanal. Na foto Anderson
Palmeira e Zenaide Olearte (REME)
Figura 14: Aula prática no Parque Municipal Marina Gattas em Corumbá.
47
Estas atividades práticas serviram como piloto para programarmos a capacitação e
formação em geociências com os professores. A segunda reunião de mobilização dos
professores de Corumbá e Ladário ocorreu por intermédio da Rede Municipal de Educação de
Corumbá, realizada no dia 14 abril de 2018 e convites foram enviados por email para os
professores bolivianos, já cadastrados anteriormente através de uma reunião que havia sido
realizada na Bolívia.
Analisando as etapas que nos serviram como piloto, confeccionamos um
questionário, formulado com 12 (doze) perguntas abertas e fechadas sobre o grau de
conhecimento do patrimônio geológico/paleontológico da fronteira Brasil-Bolívia.
4.1.2- 2ª Ação: Aplicação dos questionários
A aplicação do questionário foi realizada no Câmpus II da UFMS-CPAN, antes do
início das atividades de campo, onde os resultados obtidos podem ser observados a seguir.
Dentre os trinta e dois (32) questionários, vinte (20) foram respondidos por
profissionais brasileiros e doze (12) por bolivianos. O questionário foi composto por doze
questões, dentre elas, três questões abertas, nove fechadas.
Figura 15: Visita ao Geossítio Corumbella no Eco Parque Cacimba da Saúde.
48
1) Qual a sua formação acadêmica?
Ciências Biológicas 17 - Ciências Humanas 11; Ciências exatas 3
Nesta primeira questão, foi evidenciado que a maioria de professores brasileiros (16) é
formada no curso de Ciências Biológicas e apenas um professor boliviano possui formação
nesta área. No entanto, a maioria dos professores bolivianos possui formação nas áreas de
ciências humanas, como pedagogia (8) e ciências exatas (3).
Isto se explica pois as mobilizações realizadas no Brasil foram palestras ministradas
em curso de formações continuada para professores de ciências e geografia, enquanto na
Bolívia a palestra foi realizada para professores de todas as áreas.
2) Você possui pós-graduação? Qual área?
Total: 15 não; 17 sim.
Nesta questão observamos que a maioria (15) dos professores brasileiros possui pós-
graduação, sendo dez com especialização e cinco com mestrado. Todos eles possuem a pós na
área das Ciências Biológicas. Apenas três dos profissionais da Bolívia possuem pós-
graduação e são em áreas fora das biológicas, dentre elas: literatura, pedagogia e filosofia.
3) Os assuntos sobre as Geociências estão incluídos no plano pedagógico de sua escola?
Total: Sim (22 – 69%); Não (10 – 31%)
Nesta questão observamos que na maioria das escolas os assuntos relativos às
geociências estão incluídos no plano pedagógico como área interdisciplinar, principalmente
nas disciplinas relativas às ciências da natureza, como ciências, biologia e geografia.
4 )Caso sim, qual é a forma que o assunto é abordado com os estudantes?
Total: Sem resposta (13); Responderam (19)
Teóricas (12);
Teoria e prática (7);
Quanto ao tipo de abordagem e enfoque nas escolas, houve mais de uma resposta para
a pergunta, sendo que no Brasil cinco professores responderam que as atividades são teóricas
e práticas, três assinalaram que são somente teóricas e treze não responderam. . Quanto os
professores bolivianos, nove assinalaram que somente atividades teóricas são realizadas,
contra duas respostas de atividades teóricas e práticas.
49
Isto nos evidencia que na grande maioria das vezes os professores trabalham só a parte
teórica das geociências por meio dos livros, não havendo estudos do meio, o que pode nos
remeter que seja por falta do conhecimento do patrimônio geológico/paleontológico
observado na região fronteiriça.
Devido ao grande número de professores que não responderam esta questão (n=13),
fica evidente que alguns assuntos das geociências não estão sendo trabalhados pelos
professores, uma vez que o tema é interdisciplinar, não havendo uma disciplina específica,
assim, muitas vezes o conteúdo não acaba sendo trabalhado, dando prioridade aos temas
particulares de cada disciplina e propostos em ementa escolar.
.
5) Que tipo de material você utiliza sobre o assunto das Geociências?
Total: Livros didáticos (15); Internet (15); (8); Amostras de rochas/fósseis; Sem
resposta (10).
Nesta questão, houve mais de um tipo de resposta, sendo que doze (12) professores
brasileiros assinalaram que utilizam o livro didático e a internet como recursos e sete (7)
utilizam amostras de rochas e/ou fósseis em suas aulas, isso pode ser observado, pois na
região há disponibilidade da coleta e uso das rochas como recurso didático.
Os professores bolivianos assinalaram que o uso de livros didáticos é mais freqüente
com quatro (4) respostas, seguidos do uso da internet com sete (7) respostas e uma (1) para o
uso de amostras de rochas e/ou fósseis. Evidenciamos assim, que os professores bolivianos
podem ter menos acesso a livros didáticos com exemplos dos recursos naturais da região e
recorrem ao uso da internet para complementarem as aulas, bem como não utilizam amostras
de rochas e fósseis em suas aulas.
Quanto aos professores que não responderam a questão, tivemos sete professores
brasileiros e três bolivianos, pode ser que há uma lacuna no que esta sendo trabalhado ou não
neste conteúdo nas escolas, de forma que comprova a pergunta 3, em que dez (10)
professores, disseram não estar incluído o tema das geociências no plano pedagógico da
escola.
50
6) Durante a sua formação, você recebeu conhecimentos suficientes para o domínio deste
assunto?
Total: 13 Sim e 19 Não.
Esta foi uma questão muito importante a ser colocada no questionário, pois foi à
comprovação do constatado anteriormente durante as atividades de palestras e visitas dos
professores aos núcleos do Geopark Bodoquena Pantanal, na literatura estudada e evidenciado
por não haver na região um curso de graduação em Geologia, assim não foi aprofundada na
formação da maioria destes professores os assuntos de geologia e paleontologia, justificando
uma formação continuada para os professores obterem mais conhecimento sobre este
importante patrimônio geológico/paleontológico da região da fronteira Brasil-Bolívia.
7) Se você acha que não foi o suficiente, qual seria a melhor forma para capacitá-lo?
Total: Teoria (9); Prática (19);Vídeos (5);Estudos do meio (19); Sem resposta (8).
Nesta questão ficou constatadas a importância dos estudos do meio e atividades
práticas com principais formas de capacitação, respondido por 19 professores. Segundo os
autores (COMPIANI e CARNEIRO, 1993) os estudos do meio são relatados como excelente
ambiente para que se continue o ensino/aprendizagem por meio de diferentes papéis didáticos
adotados como o ilustrativo, indutivo, motivador e investigativo.
No entanto, 8 professores não responderam a esta questão, o que podemos constatar
que há dúvidas acerca destes assuntos e como estas podem ser solucionadas.
8) Quais temas das Geociências te despertam mais interesse?
Total: Sem Resposta (18); Paleontologia (9); Formações geológicas (7); Arqueologia (2).
51
Nesta questão também houve um numero grande de professores que não responderam
a questão, totalizando dezoito (18) questionários. Assim fica evidenciando a falta de
conhecimentos sobre os assuntos geológicos e paleontológicos que foram apresentados na
capacitação, pois não souberam caracterizar quais temas dentro das geociências despertam o
interesse. Novamente evidenciamos que há uma deficiência na formação destes professores,
sendo a capacitação e formação continuada destes professores um importante meio para o
conhecimento, apropriação e valorização deste importante patrimônio geológico/
paleontológico, na região da fronteira Brasil-Bolívia.
9) Você conhece sobre o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal?
Total: Sim (15); Não (17 )
A maioria também desconhece o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal, não tendo
participado de nenhuma atividade durante o estabelecimento dos núcleos entre 2016 e 2017,
reforçando a necessidade de apresentarmos os conceitos e geossítios que poderão ser
utilizados em futuros estudos de campo/meio com os estudantes.
10) Caso sim, como ficou sabendo?
Visita a algum dos núcleos regionais (2);
Internet (3);
Material informativo (6);
Palestra na formação continuada (6);
Para os que responderam conhecer sobre o GBP, a forma de foi apresentada, foi
através de palestras e materiais informativos, recebidas em alguma das mobilizações
anteriores a capacitação e através da internet.
11) Você conhece sobre o patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico da região
do Mato Grosso do Sul? Quais?
Total: Sim (6); Não (12);Sem Resposta (4)
Sítios arqueológicos (3);
Serra da Bodoquena (1);
52
Paleontologia Marina Gattass e Cacimba da Saúde (2)
Nesta questão também foi possível constatar pouco conhecimento dos professores da
região sobre o patrimônio com alto índice de respostas negativas (12) e sem respostas (4).
O que nos comprova a necessidade e importância da realização de uma capacitação,
com a finalidade de apresentar o patrimônio geológico e paleontológico da região de
Corumbá/Ladário-MS na fronteira Brasil- Bolívia.
12) Você teria interesse em participar de um programa de capacitação para ampliar
seus conhecimentos sobre as geociências envolvendo atividades teóricas e práticas, além
de visitas a patrimônio (geológico, paleontológico e arqueológico) da região do Pantanal?
Total: Sim (32); Não (0).
Nesta última questão, todos os professores presentes disseram interessados em
participar da capacitação e realizaram as atividades com muito interesse e curiosidade pelos
temas apresentados. Com isso fica claro que haveria interesse destes professores dos dois
países em realizar um curso de capacitação em geociências na região.
Com base na análise destes questionários, ficou clara a importância em propormos a
realização de uma capacitação/formação em geociências abordando os temas pertinentes a
região fronteiriça Brasil/Bolívia e mostrar a relevância das excepcionalidades geológicas e
paleontológicas encontradas nesta região.
4.1.3- 3ª Ação: Formação e capacitação dos professores
Assim, o trabalho de campo originado por meio das mobilizações anteriores foi
realizado no dia 30 de junho de 2018, com apoio do material didático digital e atividades
53
práticas, por meio de visitas aos geossítios da região, com o auxílio do orientador da pesquisa
o Prof. Dr Detlef Hans Gert Walde.
As atividades foram iniciadas, na unidade 2 da UFMS-CPAN, onde os professores
receberam e assinaram um termo de consentimento de participação na pesquisa e um
questionário composto por 12 perguntas, abertas e fechadas (Anexo 1).
Para a capacitação contamos com 32 professores, sendo 20 das cidades de Corumbá e
Ladário (Brasil) e 12 de Puerto Suarez e Puerto Quijarro (Bolívia), (Figura 16 e 17).
Na etapa inicial da proposta, foram apresentados quatro banners (Figura 18) e
(Anexos 1-4) explicando sobre a teoria de que a região de Corumbá esteve embaixo de um
oceano, a formação geológica da região de Corumbá, a descoberta da Corumbella werneri e
sobre trabalhos que são desenvolvidos na região, por um grupo de pesquisadores nacionais e
internacionais, ressaltando a importância para a conservação preservação deste patrimônio
geológico e paleontológico em âmbito mundial. (Figura 19).
Figura 18: Banners para apresentação. Figura 19: Apresentação prof. Dr. Detlef
A próxima fase da capacitação foi no Cristo do Pantanal, local onde foi possível
observar as formações rochosas do alto do mirante. No local, foi ministrada pelo prof. Detlef
Walde uma aula explicando à formação geológica do grupo Corumbá e Jacadigo, a
localização das formações ferríferas de óxidos de ferros (hematitas), calcárias – carbonáticas
(dolomitos) e a geomorfologia do Rio Paraguai. Apresentado de forma simples e didática a
formação do Pantanal e a antiga formação oceânica da região a cerca de 550 milhões de anos
Figura 16: Professores brasileiros, capacitação. Figura 17: Professores bolivianos
54
atrás, em uma linguagem acessível para os professores repassarem aos seus alunos (Figura
20).
Figura 20: Cristo do Pantanal, aula sobre geologia local.
A terceira etapa foi realizada no Porto Sobramil, antiga Pedreira Itaú, sendo uma área
importante para a realização desta capacitação, pois foi o local da descoberta do fóssil
Corumbella werneri, pelo prof. Dr. Detlef Walde em 1980. A aula teve início na parte mais
baixa, onde foi explicado sobre o afloramento, preenchimento (intercalações) das rochas:
material arenoso, carbonático e minério de ferro, estimulando os professores a coletarem
material para apresentarem aos seus alunos (Figura 21).
Figura 21: Atividade prática no Porto Sobramil
Na parte superior da Sobramil, os professores foram apresentados ao afloramento local
de descoberta do fóssil de Corumbella werneri. Explicando-se sobre a formação calcária
intercalada com argila, onde são depositados esses fósseis. Umas das fases desta atividade
prática, foi a exploração daquele afloramento para ser encontrado uma amostra da Corumbella
werneri (Figura 22).
55
A finalização desta etapa, foi a realização de uma roda de conversa para os
professores explicitarem suas dúvidas e relatarem sobre a experiência da atividade prática.
Ficou constatado que estas atividades contribuíram positivamente para o
conhecimento dos profissionais envolvidos e despertaram o interesse para a realização de
atividades práticas com seus alunos em aulas futuras, planejadas para o fim de apresentar este
rico patrimônio.
O melhor exemplar da Corumbella, foi encontrado por uma professora da cidade de
Ladário-MS e doada para o acervo da UNB (Figura 23). Importante frisar que nessa atividade
foi encontrado uma das melhores amostra já descobertas na região.
Nesta etapa foram entregues informativos sobre o fóssil de Corumbella werneri e um
selo comemorativo de 38 anos de descoberta do fóssil, confeccionados pelos pesquisadores
(Figura 24).
Figura 23: Amostra de Corumbella werneri encontrada pela Professora Juliene.
Figura 22: Atividade prática: exploração do afloramento do Porto Sobramil.
56
Figura 24: Selo Comemorativo de 38 anos da
descoberta do fóssil de Corumbella werneri.
57
5 – CONCLUSÃO E PROPOSTA DE AÇÃO
Para Compiani (1996), Santos (2006), entre outros autores, os conhecimentos
geocientíficos ou das ciências da Terra apresentam grande importância para o cotidiano dos
cidadãos, pois abrem possibilidades da sociedade tomar decisões, repensar atitudes,
compreender a apropriação natural pelo ser humano e entender a dinâmica terrestre de
forma integrada e sistêmica.
Muitos pesquisadores são unânimes em sugerir, entre outras abordagens de ensino,
que a experiência prática no campo, é primordial na aprendizagem de geociências, pois além
de permitir participação direta do estudante na construção do seu conhecimento, facilita a
interdisciplinaridade.
As atividades práticas ou de campo são destacadas como facilitadoras do ensino-
aprendizagem, pois induzem o aluno ao “raciocínio, à reflexão, ao pensamento, e
consequentemente, à (re)construção do seu conhecimento” (CONSTANTE e
VASCONCELOS, 2010, , p. 104)
No âmbito das geociências, a mera explicação de fenômenos geológicos baseados em
aulas expositivas, por si só, podem não ser o suficiente para levar o educando a uma
aprendizagem efetiva. Isso porque, grandes partes das atividades estabelecidas em sala se
encontram associadas a fenômenos com uma dimensão geográfica e uma escala temporal
enormes (ALVAREZ-SUÁREZ, 2003). Nesse contexto as atividades de campo exercem um
papel pedagógico de suma importância no ensino.
Sendo assim, após analisarmos os métodos teóricos e práticos utilizados no ensino das
geociências, a formação de professores e os resultados do questionário que constatam a
carência de informações sobre a geologia e paleontologia, foi evidenciada a importância na
realização desta capacitação, através da metodologia de estudo do meio, com o objetivo
apresentar e discutir sobre o rico patrimônio paleontológico e geológico encontrado nesta
região fronteiriça e ressaltar a importância da divulgação deste conhecimento geocientífico de
forma prática, através de estudos do meio.
Após a aplicação da metodologia, foi constatado com os profissionais dos dois países,
um contentamento com as atividades expostas, nas quais demonstraram muito interesse, por
vezes entrando em contato com o pesquisador com a finalidade de obter materiais e planejar
atividade de estudo do meio, através de visitas ao Ecoparque Cacimba/ Corumbella.
58
Assim, após as mobilizações e à capacitação, ficou evidente o interesse dos
professores em executar aulas práticas de estudos do meio através de visitas aos geossítios,
pois a apresentação dos afloramentos geológicos de forma didática e prática abriu horizontes
para a realização destas atividades com os estudantes, obtendo melhor domínio do assunto.
Além disso, o trabalho foi pioneiro no curso de Mestrado em Estudos Fronteiriços,
reunindo professores brasileiros e bolivianos durante a execução da pesquisa.
Assim surgiu também como proposta de ação, a utilização de réplicas tridimensionais
do fóssil de Corumbella werneri, confeccionadas através de uma parceria entre os
pesquisadores do projeto e artesãos locais da Casa de Massabarro (imagens 25 e 26),
localizada em frente ao Ecoparque Cacimba da Saúde, no bairro da Cervejaria em
Corumbá/MS.
Esta parceria se faz muito importante, para a divulgação do fóssil e cumpre uma
função socioambiental na comunidade local, pois podem ser comercializados como peças
artesanais para turistas e profissionais da educação, cumprindo a missão de repassar o
conhecimento e contribuir com a renda dos artesões locais.
Figura 25: Produção de réplicas na Casa de Massabarro Figura 26: Réplica do Fóssil de Corumbella
Outra contribuição significante para o trabalho foi a pintura do paleoambiente a partir
da reconstrução de Corumbella werneri (Figura 27), retratada pela artista plástica Célia de
Souza (Figura 28), que resultou em uma exposição virtual ofertada pelo Instituto de
Geociências da Universidade de Brasilia por meio do laboratório de Micropaleontologia, bem
como pela divulgação dos quadros em exposição na UFMS-Campus Pantanal.
Figura 27- Reconstrução de Corumbella weneri Figura 28- Prof Detlef Walde e artista Célia de Souza
59
Como parte divulgação dos dados da pesquisa, os resultados parciais já foram
apresentados nos seguintes Congressos e os resumos disponibilizados nos anais.
- VIII GeoSciEd 2018 8 th Quadrennial Conference of the International
GeoScience Education Organisation (IGEO) – Geoscience for Everyone e VIII Simpósio
Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra– 22 a 27 de julho de 2018, Campinas,
SP. UNICAMP/IG, (Apresentação oral e resumo completo) p.123-126
Geopark Bodoquena Pantanal: atividades de educação ambiental e mobilização social
durante a implementação nos núcleos do pantanal.
- INTEGRA UFMS 2018 de 05 a 10/11/2018 UFMS- Campo Grande
Apresentação do banner: Geopark Bodoquena Pantanal: Desenvolvimento e
aplicação de métodos didáticos para ensino de geociências em região de fronteira.
Anderson Palmeira de Souza; Detlef Hans Gert Walde; Aguinaldo Silva
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTI, V. História dentro da história. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes
históricas. v. 1. São Paulo: Contexto, 2005. p. 155-202.
ALMEIDA, F. F. M. 1965. Geologia da Serra da Bodoquena (Mato Grosso). Boletim da
divisão de geologia e mineralogia, Rio de Janeiro, 219:1-96.
AMARAL, Ivan Amorosino do. Em busca da planetização do ensino de ciências para a
educação ambiental. 1995. 656f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação
da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.
BACCI, D. L. C.; PATACA, E. M.. Educação para água. Estudos Avançados, São
Paulo,2008. v. 22, n. 63, p. 211-226. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142008000200014>
acesso em: 11/08/2018.
BABCOCK, L. E.; GRUNOW, A.M.; SADOWSKI, G.R. & LESLIE, S.A. Corumbella, an
Ediacaran-grade organism from the Late Neoproterozoic of Brazil. Palageography,
Palaeoclimatology, Palaeoecology, 2005. 220: 7–18
BABINSKI, M.; TRINDADE, R.I.F.; ALVARENGA, J.C.; BOGGIANI, P.C.; LIU, D. &
SANTOS, R.V. Geochronological constrains on the neoproterozoic glaciations in Brazil.
Snowball Earth Conference, Ascona, Switzerland, 2006
BACCI, D. D. L. C., PIRANHA, J. M., BOGGIANI, P. C., DEL LAMA, E. A., &
TEIXEIRA, W. Geoparque: estratégia de geoconservação e projetos educacionais.
Geologia USP. Publicação Especial, 5, 2009, p.07-15.
BARBOSA, O.. Contribuição à geologia da região Brasil-Bolivia. Mineração e
Metalurgia, 1949. 13(77):271-278.
BARBOSA, O. Nota sobre a idade da Série Corumbá. Anais da Academia Brasileira de
Ciências, Rio de Janeiro,1957. 29(2):249-250.
BEURLEN, K. & SOMMER, F. W.. Observações estratigráficas e paleontológicas sobre o
calcário Corumbá. Rio de Janeiro, Departamento Nacional de Produção Mineral, Divisão de
Geologia e Mineralogia, Boletim, 1957: 168, 35pp
BOGGIANI, P.C.; GAUCHER, C.; SIAL, A. N.; BABINSKI, M.; SIMON, C.M.;
RICOMINI,C.; FERREIRA, V.P. & FAIRCHILD, T. R.. Chemostratigraphy of the
Tamengo Formation (Corumba Group, Brazil): A contribution to the calibration of the
Ediacaran carbon-isotope curve. Precambrian Research, 2010. 182: 382-401
BOGGIANI, P.C. & ALVARENGA, C.J.S. Faixa Paraguai. In: Mantesso-Neto, V.;
Bartorelli, A.; Carneiro, C. D. R.; Brito-Neves, B. B. Geologia do continente sul-
americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo:
Beca,2004. 113-121
61
BOGGIANI, P.C.. Ambientes de sedimentação do Grupo Corumbá na região central da
Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul. Dissertação de Mestrado. Instituto de
Geociências, Universidade de São Paulo, 1990.
BONITO, J. Reorganização das metas curriculares no ensino básico Português: o caso
das Geociências. Terræ Didatica,, v. 10-3, p. 227-239, 2014.
BRASIL. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. In: Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília: Editora do Brasil, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: Ministério da Educação, 1997a.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Geografia. Brasília: Ministério da Educação, 1997b.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ >. Acesso em maio 2019.
BRILHA, J. B. R.. A importância dos Geoparques no ensino e divulgação das geociências.
Geol. USP, Publ. espec., São Paulo, , outubro 2009 , v. 5, p. 27-33.
CARNEIRO, C. D. R.; CUNHA, C. A. L. S.; CAMPANHA, G. A. C. A teoria e a prática
em Geologia e o eterno retorno. Revista Brasileira de Geociências,1993. 23(4): p 339-346.
CARNEIRO, C. D. R. et al. Dez motivos para a inclusão de temas de Geologia na
Educação Básica. Revista Brasileira de Geociências,2004. v. 34, n.4, p. 553-560.
CARNEIRO, C. D. R.; BARBOSA, R. ; PIRANHA, J. M. Bases teóricas do projeto Geo-
Escola: uso de computador para ensino de Geociências. Revista Brasileira de Geociências,
2007. 37(1):p 90-100.
CARNEIRO, C. D. R.; SANTOS, G. R. B. Ensino de geociências na formação profissional
em meio ambiente no estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geociências, 2012 v. 42,
(Suppl 1), p. 84-95.
CARNEIRO, C. D. R.; TOLEDO, M. C. M.; ALMEIDA, F. F. M. Dez motivos para a
inclusão de temas de Geologia na Educação Básica. Revista Brasileira Geociências , 2004.
v. 34, n. 4, p. 553-560.
COMPIANI, M. CARNEIRO, C. D. R. Os papéis didáticos das excursões geológicas.
Enseñanza de lãs Ciências de la Tierra, Alicante,1993. v. 1, n. 2, p. 90-97.
COMPIANI, M. As geociências no ensino fundamental: um estudo de caso sobre o tema
“formação do universo”. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 1996.
COMPIANI, M. et al. Geociências e a formação continuada de professores em exercício
no ensino fundamental. Pró-Posições. Campinas,2000. v.11, p. 25-35.
62
COMPIANI, M. Geociências no ensino fundamental e a formação de professores: o papel
dos trabalhos de campo. 2002. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2002.
COMPIANI, M. et al. Projeto geociências e a formação continuada de professores em
exercício no ensino fundamental: reflexões e resultados finais. Zona Próxima,
Barranquilla,2002. n. 3, p. 29-49.
COMPIANI, M. Geologia/geociências no ensino fundamental e a formação de
Professores. Geologia USP, São Paulo,2005. v. 3.
COMPIANI, M. “O lugar e as escalas e suas dimensões horizontal e vertical nos
trabalhos práticos: implicações para o ensino de ciências e Educação Ambiental”.
Ciência & Educação, 2007. v. 13, n. 1, p. 29-45.
COMPIANI, M. et al. Ribeirão Anhumas na escola: projeto de formação continuada
elaborando conhecimentos escolares relacionados à ciência, à sociedade e ao ambiente. 1.
ed. v. 1. Curitiba CRV, 2013. 248 p.
COSTA, E. A. Mobilidade e fronteira: as territorialidades dos jovens de Corumbá,
Brasil. Revista Transporte y Territorio, 2013. , v.2, n.9
COSTA, E. A. Ordenamento territorial em áreas de fronteira. In: COSTA, E.A;
OLIVEIRA, M.A.M. Seminário de estudos fronteiriços. Campo Grande: Editora UFMS,
2009. p. 61-78.
COSTA, G.V.L.; OLIVEIRA, G. F. Esquemas de fronteira em Corumbá (MS): Negócios
além do legal e do ilegal. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social – vol. 7
– n° 2 – abr/mai/jun 2014. p.207-332.
ERDTMANN, B.D.; STEINER, M.; ZHU M.Y. & WALDE, D.G. 2005. The "Arms Race"
ofEarly Metazoan Life After the Terminal Proterozoic Global Ice Age. Zeitschrift für
Geologische Wissenschaften, 2005. 33: 1-26.
FAIRCHILD, T.R. & SUNDARAM, D.. Novas evidências palinológicas sobre o Grupo
Corumbá, Ladário, Mato Grosso do Sul. I: I Simpósio de Geologia do Centro-Oeste,
Resumos, 1981: 13
FAIRCHILD, T.R.. Evidências paleontológicas de uma possível idade “Ediacariana” ou
Cambriana inferior para parte do Grupo Corumbá (Mato Grosso do Sul). In: XXX
Congresso Brasileiro de Geologia, Recife. Resumos Comentados, Recife, SBG, 1978: v. 1
p.181.
FANTINEL, L. M. Práticas de campo em fundamentos de geologia introdutória: papel
das atividades de campo no ensino de fundamentos de geologia no curso de geografia.
Dissertação (Mestrado em Educação aplicada às Geociências) – Instituto de Geociências da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, 2000
63
FRODEMAN, R. A epistemologia das geociências. In: MARQUES, Luis Marques;
PRAIA, João (Coord.). Geociências nos currículos dos ensinos básico e secundário. Aveiro:
Universidade de Aveiro, 2001. p.39-57.
GONÇALVES, P. W. et al. Trajetória de aperfeiçoamento de uma experiência de
integração de ensino e pesquisa em disciplina de geologia introdutória para alunos de
Biologia. Enseñanza de lãs Ciências de La Tierra, Alicante,1994. v. 2, extra, p. 40-43.
GONÇALVES, J. C., WILTON G. I, S., Fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai no Município de
Corumbá: Uma Abordagem sobre as diferentes divisões politico administrativas. Revista
Geográfica de América Central [en linea] 2011, 2[Fecha de
consulta:26dejuniode2019]Disponibleen:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=4517448206
95>
GÜNTHER, H.. Como elaborar um questionário. In J. Q. Pinheiro e J. Günther (Orgs.),
Métodos de pesquisa nos estudos pessoa–ambiente .São Paulo, SP, 2008. pp. 105-147.
HAGADORN, J.W. & WAGGONER, B.. Ediacaran fossils from the Southwestern Great
Basin, United States.Journal of Paleontology, 2000. 74(2): 349-359.
HAHN, G. & PFLUG, H.D.. Eight Polypenartige Organismen aus dem Jung-
Präkambrium (Nama-Gruppe) von Namibia. Geologica et Palaeontologica, 1985: 19: 1-
13.
HAHN, G.; HAHN, R.; LEONARDOS, O. H.; PFLUG, H. D. & WALDE, D.H.G..
Korperlich erhaltene Scyphozoen – Reste aus dem Jungprakambrium Brasiliens.
Geologica et Palaeontologica, 1982. 16:1-18.
HODSON, D.. Assessment of practical work: some considerations in Philosophy of
science. Science & Education, 1992. Vol. 1, pp. 115-144.
LABORATÓRIO DE MICROPALEONTOLOGIA - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS –
BRASÍLIA. DF. Arcabouço Cronobioestratigráfico do Ediacarano do Brasil através do
Desenvolvimento Metodológico em Paleontologia. Universidade de Brasília. Brasília. DF,
2016.
LOPES, C. S. ; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática. Geografia,
Londrina,2009. v. 18, n. 2, p. 173-191.
MACHADO, L. O. et.al. O desenvolvimento da faixa de fronteira: uma proposta
conceitual-metodológica. In: OLIVEIRA, T.C.M. de (Org.). Território sem limites: estudo
sobre as fronteiras. Campo Grande: UFMS, 2005, 87-112.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução Dulce Matos. Lisboa:
Instituto Piaget, 2003. 177 p.
OLIVEIRA, R. S.. Depósitos de rampa carbonática ediacarana do Grupo Corumbá,
região de Corumbá, Mato Grosso do Sul. Dissertação de Mestrado. Instituto de
Geociências, Universidade Federal do Pará, Pará, 2010.
PACHECO, M.L.A.F.; LEME, J.M. & MACHADO, A.F.. Taphonomic analysis and
geometric modelling for the reconstitution of the Ediacaran metazoan Corumbella
64
werneri Hahn et al., 1982 (Tamengo Formation, Corumbá Basin, Brazil). Journal of
Taphonomy, 2011. 9 (3).in press.
PATACA, E. M. A formação inicial e continuada de professores em geociências e
educação ambiental. São Paulo: FE/USP, 2008. Projeto de pesquisa.
PEDRINACI, E. Por Su Historia la conocerán. Enseñanza de las Ciencias de la Tierra,
1996. v. 4, n. 1, p. 2-3.
PIRANHA J.M. & CARNEIRO C.D.R.. O ensino de geologia como instrumento formador
de uma cultura de sustentabilidade. Revista Brasileira de Geociências, 2009. 39(1): 129-
137.
PIRANHA, J. M. ; CARNEIRO, C. D. R. O módulo São José do Rio Preto do Projeto Geo-
Escola - uma experiência educacional diferenciada. Revista Brasileira de Geociências, São
Paulo,2009. v. 39, n. 3, p. 533-543.
SANTOS, C. ; COMPIANI, M. Trabajo de campo en geomorfología y la cognición del
medio ambiente. In: SIMPOSIO SOBRE ENSEÑANZA DE LA GEOLOGÍA, Mallorca:
AEPECT, 1998. p. 179-184.
SANTOS V. M. N. dos, COMPIANI M.. Formação de professores para o estudo do
ambiente: projetos escolares e a realidade socioambiental local. TerræDidatica, 2009.
5(1):72-86 http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/
SANTOS, V. M. N. Formação de professores para o estudo do ambiente: projetos
escolares e a realidade socioambiental local. 2006. 279f. Tese (Doutorado em Geociências) –
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
SCHOBBENHAUS, C. Geoparques do Brasil : propostas / organizadores: Carlos
Schobbenhaus [e] Cássio Roberto da Silva. – Rio de Janeiro: CPRM, 2012. v. 1, 748 p. ; 28
cm.
SOARES, A.J.S., RIMOLI, J., BRITES, G., TURINE, M., BRUM, N., ARASHIRO, N.,
RACHID, A.L.,MOURA, F.N.. The Process of theManagement and Establishment of the
Bodoquena Pantanal Geopark: Adapting the Method to The Context. Proceedings of11th
European Geoparks Conference. Arouca, Portugal: Associação Geopark Arouca,2012.p 275-
276.
SOARES, A.J.S., RODRIGUES J., BRITES G., TEIXEIRA A., TURINE M. Divulgação das
Geociências no Núcleo Regional de Nioaque, Geopark Bodoquena-Pantanal, Mato
Grosso do Sul, Brasil. In: X CNG/2º CoGePLiP, Porto, Portugal: Comunicações Geológicas,
, 2014. 101, Esp. III:1383-1386.
SOUZA, A. P.; WALDE, D.G.H.; SORIANO, A. J. Geopark Bodoquena Pantanal:
atividades de educação ambiental e mobilização social durante a implementação nos
núcleos do Pantanal. In: Simpósio de Pesquisa em Ensino e História de Ciências da Terra (8.
2018 : Campinas, SP). Anais do Ensino GEO 2018 : VIII Simpósio Nacional de Ensino e
História de Ciências da Terra – 22 a 27 de julho de 2018, Campinas, SP. UNICAMP/IG,
2018. p.123-126. Disponível em: http://www.ige.unicamp.br/geoscied2018/wp-
content/uploads/sites/38/2018/10/2018_AnaisEnsinoGEOFinal.pdf.
65
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. 2016.
UNESCO Global Geoparks. França.16. UNESCO.URL:
http://www.unesco.org/new/en/natural-sciences/environment/earth-sciences/unesco-global-
geoparks/. Acesso 23.11.2017.
WALDE, D.H.G, DO CARMO, D. A., GUIMARÃES, E. M., VIEIRA, L.C., ERDTMANN,
B.D., SANCHEZ, E.A.M, ADORNO, R.R & TOBIAS, T.C.: New aspects of
Neoproterozoic-Cambrian transition in the Corumbá region (stateof Mato Grosso do
Sul, Brazil). Annales de Paléontologie. 2015, 101, 213–224.
WALDE, D.H.G., Leonardos O.H., Hahn G., Pflug H.D. The first Pre-Cambrian
megafossils from South America, Corumbella werneri. Anais da Academia Brasileira de
Ciências, 1982.p 54:461.
WARREN, L.V.; PACHECO, M.L.A.F.; FAIRCHILD, T.R.; SIMÕES, M.G.; RICCOMINI,
C.; BOGGIANI, P.C. & CÁCERES, A.A. The dawn of animal skeletogenesis:
ultrastructural analysis of the Ediacaran metazoan Corumbella werneri. Geology, 2012.
40 (8): 691-694.
ZAINE, M. F. & FAIRCHILD, T. R. Novas considerações sobre os fósseis da Formação
Tamengo, Grupo Corumbá, SW do Brasil. In: X Congresso Brasileiro de Paleontologia,
Rio de Janeiro, Anais, 1987: p. 797-807.
ZAINE, M.F. & FAIRCHILD, T.R.. Comparison of Aulophycus lucianoi Beurlen &
Sommer from Ladário (MS) and the genus Cloudina Germs, Ediacaran of Namibia. Anais
Academia Brasileira de Ciências, 1985: 57: 130.
ZAINE, M.F.. Análise dos fósseis de parte da Faixa Paraguai (MS, MT) e seu contexto
temporal e paleoambiental. Programa de Pós-graduação em Geologia Sedimentar,
Universidade de São Paulo, 1991 Tese de Doutoramento, 215p
66
TÍTULO DA PESQUISA: Geopark Bodoquena Pantanal: Desenvolvimento e aplicação
de métodos didáticos para ensino de geociências em região de fronteira.
Questionário para professores
1) Qual a sua formação acadêmica?
2) Você possui pós graduação? Qual área?
(especialização, mestrado, doutorado, outros)
3) Os assuntos sobre as Geociências estão incluídos no plano pedagógico de sua escola?
( ) sim ( ) não
4) Caso sim, qual é a forma que o assunto é abordado com os estudantes?
( ) aulas teóricas, ( ) práticas,( ) estudos do meio, ( ) feiras de ciências, ( ) outros
5) Que tipo de material você utiliza sobre o assunto das Geociências?
( ) livros didáticos ( ) internet ( ) amostras de rochas/fósseis
6) Durante a sua formação, você recebeu conhecimentos suficientes para o domínio deste
assunto? ( ) sim ( ) Não
7) Se você acha que não foi o suficiente, qual seria a melhor forma para capacita-lo?
( ) teoria ( ) práticas ( ) vídeos ( ) estudos do meio ( ) outros.
8) Quais temas das Geociências te despertam mais interesse?
9) Você conhece sobre o conceito do Geopark Bodoquena Pantanal?
( ) Sim ( ) Não
10) Caso sim, como ficou sabendo?
( ) Visita a algum dos núcleos regionais ( ) internet ( ) imprensa ( ) material informativo, ( )
outros
11) Você conhece sobre o patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico da região do
Mato Grosso do Sul? Quais?
12) Você teria interesse em participar de um programa de capacitação para ampliar seus
conhecimentos sobre as geociências envolvendo atividades teóricas e práticas, além de visitas
a patrimônio (geológico, paleontológico e arqueológico) da região do Pantanal?
( ) Sim ( ) Não
APÊNDICE A - ROTEIRO SEMI-ESTRUTURADO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CÂMPUS DO PANTANAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADOEM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS
67
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CÂMPUS DO PANTANAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS
Eu, Anderson Palmeira de Souza, gostaria de contar com sua participação na Pesquisa de Dissertação
de Mestrado: Desenvolvimento e aplicação de métodos didáticos para ensino de geociências em
região de fronteira. "junto ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudos Fronteiriços da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus do Pantanal, sob a orientação do Prof. Dr.
Detlef Hans Gert Walde. Esta pesquisa tem o objetivo de levantar os dados sobre a formação dos
professores de ciências do ensino fundamental, recursos didáticos utilizados, interesse pelos assuntos e oferecer uma capacitação teórica e prática para aperfeiçoar seus conhecimentos e torná-los mais aptos
para o ensino das geociências e conhecimento do patrimônio geológico, paleontológico e arqueológico
na região do Pantanal. Declaramos que os dados desta pesquisa são sigilosos e que sua identidade será preservada, não
havendo qualquer identificação. A participação na pesquisa não prevê remuneração financeira, bem
como não haverá despesas pessoais para o participante. A sua participação nessa pesquisa é voluntária e se constituirá em responder à um questionário de umapágina. Os dados e instrumentos serão
arquivados por um período de 5 (cinco) anos, após o término da pesquisa e depois serão destruídos. Os
resultados serão publicados na forma de artigo, e poderão ser apresentados em congressos científicos.
A pesquisa foi delineada de forma à oferecer nenhum constrangimento frente às questões, diante do qual você terá total liberdade de não responder a pergunta feita ou mesmo desistir da participação a
qualquer momento, seja por quaisquer motivos.
Para quaisquer informações ou dúvidas, é possível me contactar pelo telefone (67) 9 96560170 ou pelo e-mail [email protected] Em caso de denúncias e/ou reclamações referente aos aspectos
éticos da pesquisa você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS, localizado na Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-Graduação - PROPP, Cidade Universitária, Campo Grande - MS, telefone (67) 3345-7186 e 3345-7147 ou via e-mail: [email protected].
Declaro que li e entendi este formulário de consentimento e todas as minhas dúvidas foram
esclarecidas. E que sou voluntário a tomar parte neste estudo.
________________________________________________ Data:____________
Assinatura do voluntário
________________________________________________ Data:_____________
Assinatura do pesquisador
68
ANEXOS- BANNERS UTILIZADOS NA CAPACITAÇÃO
69
70
71