universidade federal de juiz de fora departamento de fisioterapia
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Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia – FACMED
Leandro Talma de Paula
Leonardo Henriques Portes
Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde: uma
revisão da literatura brasileira
Juiz de Fora 2009
Leandro Talma de Paula
Leonardo Henriques Portes
Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde: uma
revisão da literatura brasileira
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Alice Junqueira Caldas
Juiz de Fora 2009
Paula, Leandro Talma de.
Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na atenção básica à saúde:
uma revisão da literatura brasileira / Leandro Talma de Paula, Leonardo
Henriques Portes. – 2009.
51 f.: il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)–
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009.
1. Fisioterapia (Especialidade). 2. Atenção primária à saúde. 3.
Programa Saúde da Família. I. Portes, Leonardo Henriques. II. Título.
CDU 615.8
Neste momento, acho mais justo agradecer a todos que contribuíram para
que este trabalho pudesse ser concluído. Primeiramente, agradeço a participação
fundamental da minha orientadora professora Maria Alice, a qual não mediu esforços
para que esta monografia pudesse superar os limites de um simples trabalho de
conclusão de curso e sim contribuir de fato para o aprimoramento do fisioterapeuta
na APS. Da mesma forma, os professores Marcos e Carolina foram especiais
durante toda a trajetória desta obra. Mesmo nos bastidores, apresentaram-se em
todos os momentos disponíveis e verdadeiramente interessados para a
consolidação deste marco da minha graduação. Não menos importante considero a
participação do meu parceiro e amigo Leandro, o qual se superou ao longo desta
trajetória colaborando de forma responsável e dedicada para a realização de um
trabalho que exigiu muita dedicação e paciência. A todos, o meu muito obrigado!
(Leonardo Henriques Portes)
Meu muito obrigado aos que contribuíram para a conclusão desse estudo:
minha dedicada orientadora Maria Alice com suas sugestões e conselhos que nos
guiaram de forma brilhante até a reta final dessa revisão bibliográfica; nossos
membros de banca Marcos e Carolina com suas correções e direcionamentos que
nos ajudaram a compreender melhor as nuances de uma monografia; meu amigo
Leonardo pelo esforço e dedicação imensuráveis, sempre visando um trabalho bem
feito em todos os aspectos, minha família pelo apoio nos momentos de dúvida e
cansaço e a Deus que me deu o suporte necessário por todo o percurso.
(Leandro Talma de Paula)
RESUMO
Desde 1978, com a Conferência de Alma-Ata, a Atenção Básica à Saúde tem sido
considerada um dos pilares da organização de qualquer sistema de saúde.
Especificamente em relação à fisioterapia, a atuação do fisioterapeuta na atenção
básica parece ter sido impulsionada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de
graduação em fisioterapia, a partir de 2002. Desde então, diversos órgãos
representativos profissionais têm alavancado novos conhecimentos e divulgação de
trabalhos, possibilitando, nesse momento, um aprofundamento e reflexão sobre sua
prática profissional neste cenário de atuação. Sendo assim, este estudo objetivou
analisar a atuação dos fisioterapeutas, por meio de uma revisão bibliográfica. Para
tanto, os termos “atenção primária a saúde”, “atenção básica” e “programa saúde da
família” foram considerados intercambiáveis para a busca na literatura brasileira, que
abrangeu textos completos publicados em revistas científicas e virtuais até setembro
de 2009. Após o estudo da literatura encontrada, foi elaborada uma análise que
organizou em categorias as atuações dos fisioterapeutas, facilitando sua
apresentação e discussão. Foram encontrados 21 artigos, dos quais 16
descreveram atuações específicas dos fisioterapeutas. Notou-se que, dentre o total
de artigos encontrados, a maioria dos autores era vinculada a instituições públicas,
sendo que o sudeste se destacou como a região com mais artigos publicados. A
grande maioria das publicações possui autores vinculados a instituições ligadas à
academia, corroborando a função docente de produzir novos conhecimentos. Com
relação à fonte dos textos encontrados, em maior frequência destacam-se a “Revista
de APS” com quatro publicações, a “Revista Ciência e Saúde Coletiva” com três e a
“Revista Fisioterapia em Movimento” também com três. Somente sete artigos foram
publicados em revistas específicas da Fisioterapia. Em relação ao tipo de
delineamento dos estudos, foram encontrados oito artigos em forma de “relato de
caso e experiência”, seguidos por cinco artigos que utilizaram a “pesquisa
qualitativa”, três em forma de “artigos de atualização ou resenhas científicas”, dois
artigos de “revisão sistemática ou bibliográfica”, outros dois utilizaram a “pesquisa
quanti-qualitativa” e, por fim, um artigo na forma de “pesquisa quantitativa’. Em
relação aos 16 artigos que tiveram suas atuações analisadas, as ações
evidenciadas, em ordem decrescente de aparição foram: educação em saúde,
atividade domiciliar, atividade de grupo, investigação epidemiológica e planejamento
das ações, atividades interdisciplinares, atuações acadêmicas, atendimentos
individuais na UBS, atenção aos cuidadores, atuações intersetoriais e acolhimento.
Podemos notar a reduzida diversificação e a falta de um melhor detalhamento das
metodologias e instrumentos utilizados nas atuações. Entretanto, reconhecemos o
valor de todos os artigos estudados, os quais contribuíram para as análises e
discussões propostas nessa revisão. Por fim, propomos algumas diretrizes para o
trabalho do fisioterapeuta na APS, com a intenção de que estas sejam ampliadas,
discutidas e reformuladas, fomentando subsídios inclusive para a atuação do
fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e para futuros
estudos.
Palavras-chave: Fisioterapia. Atenção primária a saúde. Programa saúde da família.
Revisão bibliográfica.
ABSTRACT
Since 1978, the Conference of Alma-Ata, the Primary Health Care has been
considered one of the pillars of the organization of any health system. Specifically in
relation to physiotherapy, the role of a physiotherapist in primary care seems to have
been driven by the curricular guidelines for undergraduate courses in physiotherapy,
from 2002. Since then, several representative entities of professionals have
leveraged new knowledge and dissemination of works, allowing at that time, a
deepening and reflection on their practice in this field of action. Therefore, this study
aimed to analyze the performance of physical therapists, through a literature review.
In this way, the term "primary health care", "primary attetion" and "family health
program," were considered interchangeable in the search for Brazilian literature,
which included full texts published in scientific and virtual journals until September
2009. After the study of literature found was an elaborate analysis organized into
categories that the actions of physiotherapists, facilitating their presentation and
discussion. Were found 21 articles, 16 of which described specific activities of
physiotherapists. It was noted that among the total number of articles, most of them
were linked to public institutions and the southeast stood out as the region with more
articles published. The great majority of publications have authors from institutions
linked to the academy, supporting the teaching function to product new knowledge.
Regarding the source of the found texts with more frequency stood out the
"Magazine of APS” with four publications, "Magazine Science and Public Health" with
three and "Magazine Physiotherapy in Motion" also with three. Only seven articles
were published in journals specific to physiotherapy. Regarding the type of
methodological tool, were found eight articles in form of “case reports and
experience”, followed by five articles that used the “qualitative research”, three in
form of “article of modernization or scientific texts”, two used the “quanti-qualitative
research” and, by the end, one article in the way of “quantitative research”. In relation
of the 16 articles that had analyzed their performances, the highlighted actions in
decreased sequence were: actions of health education, household activity, group
activity, epidemiological investigation and action planning, interdisciplinary activities,
academic performances, individual attendance at Health Center, attention to the
carers, intersectoral actions and reception. Through this literature review, we noted
the lack of diversification of the performances in primary care and the lack of a better
specifyment of methodologies and tools used in actions. By the way, we recognize
the value of all approached articles which contributed to the analyses and discussion
proposed in this review. Finally, we propose some guidelines for the physiotherapist
work at Primary Health Care, with the intention that can be widespread, giving
subsidies inclusive for the physiotherapy practice in the Support Core to family
Health and for future studies.
Keywords: Physiotherapy. Primary health care. Family health program. Literature
review.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11
2 ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL ................................................................... 12
3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA .............................................................. 13
4 O FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA ............. 15
5 OBJETIVO ...................................................................................................... 17
6 METODOLOGIA ............................................................................................. 18
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 19
7.1 PERFIL DOS ARTIGOS ANALISADOS .......................................................... 19
7.2 CATEGORIAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL ............................................. 21
7.2.1 Educação em saúde ........................................................................................ 21
7.2.2 Atividade domiciliar .......................................................................................... 24
7.2.3 Atividade de grupo ........................................................................................... 26
7.2.4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações ................................ 29
7.2.5 Atividades interdisciplinares............................................................................. 31
7.2.6 Atuações acadêmicas...................................................................................... 32
7.2.7 Atendimentos individuais na UBS ................................................................... 34
7.2.8 Atenção aos cuidadores .................................................................................. 35
7.2.9 Atuações intersetoriais .................................................................................... 36
7.2.10 Acolhimento ..................................................................................................... 37
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 39
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 42
APÊNDICES .................................................................................................................. 47
ANEXO .......................................................................................................................... 50
11
1. INTRODUÇÃO
A atuação do fisioterapeuta na atenção básica em saúde parece ter sido
impulsionada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em fisioterapia,
aprovadas pelo Ministério da Educação em 2002. Conforme citado no art. 3º, o
egresso, dentre outras características, deve ser capaz de atuar em todos os níveis
de atenção à saúde e, ainda, atender ao sistema de saúde vigente no país1.
Diante dessa nova regulamentação, a Associação Brasileira de Ensino em
Fisioterapia (ABENFISIO), criada em 2001, cujo objetivo principal é promover o
desenvolvimento e o aprimoramento do ensino em fisioterapia, esteve focalizada na
implantação das Diretrizes Curriculares desde sua publicação. No segundo semestre
de 2003, durante o VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado pela
ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), em Brasília (DF), estiveram
presentes 40 fisioterapeutas. Neste evento, esses profissionais participaram de uma
oficina – “Fisioterapia e Saúde Coletiva: Enfrentando o desafio da integralidade da
atenção”, no qual puderam perceber que havia um movimento nacional, ainda
tímido, mas presente, da atuação do fisioterapeuta na saúde coletiva e, mais
especificamente, na atenção básicai.
Desde então, outros encontros foram promovidos, ampliando as discussões e
apresentações dessa atuação, como por exemplo, o VI Congresso Brasileiro de
Epidemiologia (2004), o congresso da REDE UNIDA em 2005, os Fóruns Nacionais
de Políticas da Fisioterapia, realizados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (COFFITO) em 2005 e 2006, o congresso da ABRASCO em
2006 e os Fóruns da ABENFISIO. Como resultante desses momentos, a
ABENFISIO e o COFFITO realizaram em 2006 o I Congresso Nacional da
Fisioterapia na Saúde Coletiva, onde foram apresentados 220 trabalhos, de acordo
com o relatório final apresentado2. Destes, muitos foram referentes à atuação do
fisioterapeuta na atenção básica.
Nesse contexto, estamos vivenciando o início de publicações de trabalhos
referentes à atuação do fisioterapeuta na atenção básica, cabendo uma reflexão e
aprofundamento neste momento.
12
2. ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Desde 1978, com a realização da Conferência de Alma-Ata, a Atenção Básica
à Saúde tem sido considerada um dos pilares da organização de qualquer sistema
de saúde3. No entanto, nota-se no texto original que o termo atenção básica não é
mencionado, aparecendo como “cuidados primários em saúde”4.
No Brasil, antes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção
primária à saúde representava um grande referencial para a organização dos
serviços. Após a criação do SUS e de seus mecanismos operacionais e financeiros,
o termo atenção básica tornou-se mais frequente. No entanto, mais recentemente, o
termo Programa Saúde da Família, tem sido, por muitas vezes, utilizado como
estratégia para a mudança dos serviços de saúde relacionados aos conceitos de
atenção primária, de atenção básica, ou ainda, como mais um programa da rede
básica de serviços5. Desta forma, neste trabalho utilizamos os termos Atenção
Primária à Saúde (APS), Atenção Básica (AB) e Programa Saúde da Família (PSF),
como intercambiáveis.
Mais recentemente, em 2006, o Ministério da Saúde editou a portaria n. 648,
aprovando a Política Nacional de Atenção Básica caracterizando-a por:
Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde... Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social6.
Desta forma, esta portaria privilegia a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) como potentes para contribuir
no fortalecimento desta política6.
13
3. ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do
modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis
pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área
geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde,
prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na
manutenção da saúde das comunidades nas quais estão inseridas7.
Segundo o Ministério da Saúde, as equipes são compostas por, no mínimo,
um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes
comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar
de consultório dentário e um técnico em higiene dental, sendo que cada equipe se
responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de
mil famílias de uma determinada área. O atendimento pode ser prestado na Unidade
Básica de Saúde (UBS), ou em outro local da comunidade ou ainda, no domicílio,
pelos profissionais que compõem as equipes. Através do estabelecimento de
vínculos de compromisso e de co-responsabilidade com a população, há a
intervenção em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que
têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos-
famílias-comunidade7. São desenvolvidas ações de prevenção, tratamento e
reabilitação de agravos e há a reafirmação e incorporação dos preceitos básicos do
SUS, que são: a universalização, a integralidade e a participação da comunidade8.
As equipes da Saúde da Família devem estar preparadas para conhecer a
realidade das famílias sob sua cobertura, com relação aos indicadores sociais,
demográficos e epidemiológicos; identificar os problemas de saúde prevalentes e
situações de risco às quais essa população está exposta; elaborar juntamente com a
comunidade planos locais para enfrentamento dos problemas de saúde; prestar
assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda
organizada ou espontânea e desenvolver ações educativas e intersetoriais para o
enfrentamento dos problemas de saúde locais8.
14
Segundo Deliberato (2002), a ESF apresenta-se como um grande potencial
para a mudança do modelo assistencial uma vez que propõe uma assistência
humanizada e a co-responsabilidade entre a sociedade e os serviços de saúde9.
De acordo com o Ministério da Saúde, a expansão e a qualificação da
atenção básica, organizadas pela ESF, compõem parte do conjunto de prioridades
políticas apresentadas pelo próprio ministério e aprovadas pelo Conselho Nacional
de Saúde. Esta concepção supera a antiga proposição de caráter exclusivamente
centrado na doença, desenvolvendo-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias,
democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipes, dirigidas às
populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade10.
15
4. O FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA
A implementação da ESF prevê o envolvimento de profissionais qualificados,
capazes de articularem no exercício de seu trabalho os conhecimentos específicos,
construídos ao longo de sua formação profissional, com os saberes coletivos, em
busca de uma prática social que ultrapasse os limites da característica fragmentação
profissional predominante na saúde do Brasil11.
Sendo assim, com a Constituição Federal de 1988 e a regulamentação do
SUS, a partir da década de 90, instituições representativas (ABENFISIO e
COFFITO, por exemplo) e instituições formadoras ligadas à Fisioterapia (Ministério
da Educação e os cursos de ensino superior, por exemplo) começaram a estimular a
participação do fisioterapeuta na atenção básica. Os objetivos iniciais eram
acompanhar a tendência das novas políticas públicas de investimento na atenção
básica à saúde; assegurar um espaço nesse nível de atenção; propiciar a adaptação
curricular às Diretrizes Curriculares e à participação em residências
multiprofissionais12.
Mesmo com estas influências e ainda, tendo em seus regulamentos
formativos a determinação que o fisioterapeuta deve desenvolver atividades efetivas
em todos os níveis de atenção à saúde, participando de uma equipe interdisciplinar,
percebe-se que a atuação no nível primário ainda é pouco divulgada. Em
contrapartida, Barros (2002, apud BRASIL, 2005) destaca que paulatinamente,
experiências isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção da
fisioterapia na ESF enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados de saúde da
população13.
Contudo, uma das principais dificuldades encontradas com respeito à
inserção do fisioterapeuta na atenção primária e, não apenas na ESF, diz respeito à
formação inicial e à história da profissão, que apresenta um caráter reabilitador, com
atuação na atenção secundária e terciária, enraizada devido à grande demanda
inicial por reabilitação. Nessa lógica, o fisioterapeuta foi concebido como reabilitador,
voltando-se apenas para uma pequena parte de seu objeto de trabalho, que é tratar
a doença e suas sequelas14. Como explica Ribeiro (2002, apud RAGASSON, 2003),
essa lógica de conceitualização, durante muito tempo, excluiu da rede básica os
16
serviços de fisioterapia, acarretando uma grande dificuldade de acesso da
população ao serviço e impedindo o profissional de atuar na atenção primária.
Segundo o COFFITO, no nível da atenção básica em saúde, o fisioterapeuta
pode participar das equipes multiprofissionais destinadas ao planejamento,
implementação, controle e execução de programas e projetos de ações em atenção
básica à saúde; pode promover e participar de estudos e pesquisas voltados à
inserção de protocolos da sua área de atuação nas ações básicas em saúde; pode
participar do planejamento e execução de treinamento e reciclagem de recursos
humanos em saúde; e participar de órgãos colegiados de controle em saúde15.
Castro et al (2006), em uma revisão bibliográfica, buscaram textos no
MedLine (PubMed), com o objetivo de realizarem uma discussão sobre a inserção
do fisioterapeuta no PSF. Após abordarem os conceitos de resolutividade e
integralidade, concluíram que:
Pode-se perceber que a resolutividade e a integralidade não podem ser garantidas aos atendidos pelo PSF sem a utilização dos serviços da fisioterapia uma vez que esse ramo da saúde é de importância crucial em algumas fases do processo saúde-doença16.
Desta forma, também consideram finalmente que essa inserção deve ser feita
de maneira “planejada, oficializada e articulada com a equipe multiprofissional”, para
que o fisioterapeuta tenha condições de exercer seu papel na saúde de maneira
adequada e completa16.
Nesse sentido, algumas experiências da fisioterapia na atenção primária já
estão sendo divulgadas em meios de comunicação científica (congressos, revistas
científicas e revistas profissionais), merecendo um estudo que promova uma
continuidade da problematização de seus achados, considerando esse nível de
atenção como uma política pública potente e estratégica para o sistema de saúde
vigente.
17
5. OBJETIVO
Como objetivo geral, este estudo se propôs a analisar a descrição das
práticas do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde, Atenção Básica e Estratégia
Saúde da Família por meio de revisão bibliográfica.
18
6. METODOLOGIA
A metodologia desta pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica da
literatura brasileira, que abrangeu textos publicados em revistas científicas e virtuais
até setembro de 2009, além de artigos obtidos através de contatos por listas de
discussõesii
A revisão bibliográfica foi realizada pela busca das palavras-chaves: “atenção
primária à saúde”, “atenção básica à saúde” e “Programa Saúde da Família”, que
correlacionassem a atuação do fisioterapeuta, por meio de bases de dados com
acesso à internet (LILACS, GOOGLE, SCIELO etc). Através de comunicação por
meio de contato pessoal do (s) autor (es), na base de dados do Curriculum Lattes,
foram solicitados os trabalhos completos dos resumos encontrados que não
estavam com seu texto completo disponível, sendo somente um obtido e utilizado.
As dissertações, teses e monografias de graduação não foram utilizadas como
referências para a análise das atuações, uma vez que poderiam estar sendo
privilegiadas por serem textos maiores. No entanto, quatro trabalhos deste tipo
foram utilizados para compor o texto desta pesquisa, nas páginas iniciais, bem como
nos capítulos de discussão e considerações finais12, 37, 41, 44. Apenas foram utilizadas
referências brasileiras.
Após o estudo da literatura encontrada, foi elaborada uma análise que buscou
apontar o perfil dos artigos e organizar em categorias as atuações dos
fisioterapeutas, facilitando sua apresentação e discussão.
Toda a metodologia foi desenvolvida obedecendo aos princípios éticos da
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo analisada e aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF sob o parecer nº. 037/2009, de 16 de abril de
2009, protocolo n. 1682.026.2009 (ANEXO).
19
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1. Perfil dos artigos analisados
Foram encontrados 21 artigos, apresentados no Apêndice A - Quadro 1, dos
quais 16 descrevem as atuações específicas dos fisioterapeutas. Do total de 21
artigos, dez têm seus autores vinculados a instituições da região sudeste 16, 17, 18, 19,
20, 21, 22, 23, 24, 25, sendo que com seis artigos, o estado de Minas Gerais foi a unidade
federativa que mais artigos publicou17, 20, 21, 22, 24, 25, seguido de três artigos
publicados pelo estado do Rio de Janeiro18, 19, 23, e um pelo estado de São Paulo16.
Cinco artigos possuem autores vinculados a instituições na região nordeste26, 27, 28, 29,
30, enquanto outros cinco possuem autores com vínculo a estados da região sul31, 32,
33, 34, 35. Para completar o total de artigos analisados, ainda consta um artigo
publicado pela revista “O COFFITO”, o qual não foi considerado dentro de nenhuma
região por não especificar um autor (pessoa física)36.
Em relação às instituições vinculadas aos autores, as públicas aparecem com
14 artigos16, 17, 18, 19, 20, 23, 25, 27, 28, 29, 30, 31, 34, 36 frente a sete de instituições privadas21,
22, 24, 26, 32, 33, 35. Dentre as instituições públicas, 10 artigos têm seus autores
vinculados a Instituições de Ensino Superior (IES)16, 17, 19, 20, 27, 28, 29, 30, 31, 34, um a
uma Autarquia Federal (COFFITO)36, um trabalho exclusivamente relacionado a uma
Escola de Saúde Pública (Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/
FIOCRUZ)23, outro relacionado a uma Instituição Governamental (Secretaria
Municipal de Saúde de Macaé - RJ)18 e, por fim, um artigo referente a uma parceria
entre uma Escola de Saúde Pública (Escola de Saúde Pública de Minas Gerais) e
uma Instituição Governamental (Prefeitura de São João Del Rei - MG)25. Em relação
às instituições privadas vinculadas aos autores dos artigos encontrados, todas as
sete são Instituições de Ensino Superior (IES). Pode-se observar que a grande
maioria das publicações têm seus autores vinculados a instituições ligadas à
academia, corroborando com a função docente de gerar novos conhecimentos.
Podemos supor tal constatação pela maior facilidade de acesso aos meios para
publicação. No entanto, mesmo que timidamente, percebe-se um iniciar da
preocupação dos profissionais dos serviços em divulgar suas práticas.
20
As cinco publicações do Nordeste (NE)26, 27, 28, 29, 30 têm seus autores
vinculados a instituições de ensino superior, sendo que somente uma é privada26. Já
nos cinco artigos da região Sul do país, três são de autores vinculados a instituições
privadas de ensino superior32, 33, 35, sendo que as duas publicações referentes à
instituição pública pertencem à Universidade Estadual de Londrina31, 34. Em relação
aos dados da região Nordeste, parece que a maior identificação das instituições
públicas com a atenção básica pode estar associada ao seu contexto histórico de
lutas sociais e maior evidência das desigualdades sociais. O maior contingente
populacional marginalizado e a consequente necessidade de implementação de
ações de saúde coletiva de impacto, podem estar associados a uma maior
preocupação com a integração entre as instituições formadoras e os serviços de
saúde.
Com relação à fonte, em maior frequência destacam-se a Revista de APS -
Atenção Primária à Saúde com quatro publicações22, 29, 30, 34, a Revista Ciência e
Saúde Coletiva com três23, 33, 35 e a Revista Fisioterapia em Movimento também com
três publicações16, 17, 20. Somente sete artigos foram publicados em revistas
específicas da Fisioterapia16, 17, 20, 21, 24, 25, 28. Além dos artigos publicados na
Fisioterapia em Movimento, ainda houve a publicação de dois artigos na FisioWeb
Wgate24, 25, um artigo na Fisioterapia Brasil21 e outro na Revista de Fisioterapia da
USP (atual Fisioterapia e Pesquisa)28.
Em relação ao tipo de delineamento de estudo utilizado, consideramos os
seguintes critérios de classificação: a) artigos de revisão sistemática ou bibliográfica;
b) artigos de atualização ou resenhas científicas; c) relato de caso e experiência; d)
pesquisa qualitativa utilizando questionários, entrevistas e/ou pesquisa-ação; e)
pesquisa quantitativa utilizando a estatística como meio principal de análise dos
dados, como por exemplo, em estudos epidemiológicos e f) pesquisa quanti-
qualitativaiii. Foram encontrados oito artigos em forma de “relato de caso e
experiência”17, 18, 20, 22, 27, 32, 34, 36, seguidos por cinco artigos que utilizaram a
“pesquisa qualitativa”24, 29, 30, 31, 35, três em forma de “artigos de atualização ou
resenhas científicas”19, 23, 25, dois artigos de “revisão sistemática ou bibliográfica”16, 21,
outros dois utilizaram a “pesquisa quanti-qualitativa”26, 33 e, por fim, um artigo na
forma de “pesquisa quantitativa”28.
A partir desta análise, é interessante observar que quase a metade dos
artigos encontrados são relatos de casos e experiências, o que vai ao encontro da
21
expansão da atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica gerando resultados
relevantes para serem compartilhados. Sendo assim, para a consolidação do
trabalho do fisioterapeuta na APS, se farão necessários estudos que comprovem
epidemiologicamente melhorias nas condições de saúde da comunidade.
7.2. Categorias de atuação profissional
Os resultados apresentados a seguir seguem a ordem de maior aparição
dentre as atuações do fisioterapeuta citadas na literatura analisada, conforme
Apêndice B - Quadro 2, permeados de discussão com base em outras literaturas
disponíveis, as quais não foram utilizadas para análise, como por exemplo teses e
dissertações. Para essa análise, utilizamos os 16 artigos que descreveram as
atuações17, 18, 19, 20, 21, 22, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 36. .
As categorias evidenciadas foram as ações de educação em saúde, atividade
domiciliar, atividade de grupo, investigação epidemiológica e planejamento das
ações, atividades interdisciplinares, atendimentos individuais na UBS, atenção aos
cuidadores, atuações intersetoriais e acolhimento.
No entanto, pela maioria dos autores dos artigos estarem vinculados a
Instituições de Ensino, nos chamou a atenção o envolvimento com a formação de
novos profissionais. Desta forma, além das ações citadas acima, considerou-se
importante a formulação de um tópico que abordasse as ações acadêmicas, a partir
do envolvimento dos alunos dos cursos de fisioterapia.
7.2.1. Educação em Saúde
Dos 16 artigos, 11 apresentaram atividades relacionadas à educação em
saúde18, 19, 20, 21, 26, 29, 31, 32, 33, 34, 36, sendo incluídas as atividades relacionadas a
orientações para pacientes e seus familiares – relativas ao acometimento específico
do paciente – e as atuações referentes a orientações gerais à comunidade –
relativas à promoção de saúde e prevenção de agravos (grifo nosso). Apenas um
22
artigo mencionou os dois tipos de abordagens simultaneamente21, sendo que outros
quatro abordaram atividades relacionadas estritamente aos pacientes e seus
cuidadores20, 29, 32, 36 e outros cinco apresentaram apenas a educação em saúde
envolvendo a comunidade18, 19, 26, 31, 34. Por fim, no texto de Delai e Wisniewski
(2009), no qual foi aplicado um questionário a 24 fisioterapeutas que atuavam em
municípios pertencentes a uma Coordenadoria Regional de Saúde do RS, somente
um fisioterapeuta respondeu realizar ações isoladas de educação postural a
escolares33.
Pôde-se perceber que dificilmente se deu, num mesmo artigo, a associação
entre os processos de educação em saúde relacionada à promoção da saúde da
comunidade e às orientações dos pacientes e seus familiares, determinando assim
um perfil de abordagem limitado a uma metodologia de atuação. Isto pode sugerir
uma tendência da adoção de atuações focadas ou na promoção da saúde ou
estritamente nos cuidados com as enfermidades e prevenção de agravos, refletindo
a dificuldade de associação destas duas linhas de abordagem na Educação em
Saúde.
Ainda em relação às limitações, um artigo analisado cita que as atividades de
orientação à comunidade foram realizadas fora da carga horária de trabalho,
portanto, não sendo remunerada. Deste modo, os autores identificaram que as
ações preventivas e educativas, apesar de fundamentais, ainda não se constituem
como prioridade na atuação da fisioterapia possivelmente devido à grande demanda
por atendimento curativo/reabilitador e ao reduzido número de fisioterapeutas
atuantes no PSF do município de Londrina (PR)31.
Em relação às ações de educação em saúde por meio do trabalho
interdisciplinar, uma experiência de Belo Horizonte cita orientações para pacientes e
familiares juntamente com o acompanhamento dos ACS locais20. Já o “Projeto de
Assistência Interdisciplinar a Idosos (PAINP)”, da Universidade Estadual de
Londrina, aborda de forma participativa, temas de saúde e envelhecimento ligado às
áreas dos profissionais vinculados ao projeto. Os autores observaram a importância
da atividade devido à integração de toda equipe - serviço social, fisioterapia,
medicina, enfermagem, nutrição e odontologia - e um maior envolvimento nas
iniciativas já consolidadas pelos profissionais locais34. Deste modo, pode-se
perceber que, além do envolvimento da comunidade, a Educação em Saúde pode
23
ser trabalhada como alternativa para o melhoramento das relações dos processos
de trabalho dos profissionais que atuam na atenção básica.
Já em relação às orientações aos pacientes e seus familiares, a Educação em
Saúde foi observada associada às atividades domiciliares. Essa associação foi
mencionada em três artigos, sendo que as visitas domiciliares foram aproveitadas
para a realização do momento de Educação em Saúde envolvendo esclarecimentos
e orientações para pacientes e familiares29, 32, 36.
Em relação aos métodos de trabalho na Educação em Saúde, González
(2008) cita em sua dissertação que é possível agrupar as tendências educativas em
duas categorias principais. A vertente hegemônica ou tradicional, que estaria
centrada na concepção do homem destituído de saberes ou possuidor de saberes
equivocados, e a tendência crítica ou dialógica que possui como ênfase a ação
coletiva e a participação popular visando à atuação sobre os determinantes sociais
do processo saúde-doença37. Considerando esta definição, na maioria dos estudos
anteriormente citados, não há a menção do método de educação em saúde
trabalhado.
A experiência da Escola de Posturas para crianças, adultos e idosos,
realizada em Sobral (CE), envolve “aulas educativas semanais” com temas
relacionados à compreensão dos mecanismos da dor e da anatomia, além de
orientações sobre educação postural36. É importante que a abordagem com ênfase
no sistema músculo esquelético, quase sempre trabalhado com o termo “educação
postural”, não se restrinja somente às enfermidades relacionadas a este sistema,
priorizando também um diálogo a respeito de outras questões envolvidas nos
determinantes do processo saúde-doença.
No artigo que aborda o envolvimento de agentes comunitários na atuação de
fisioterapeutas em João Pessoa (PB), a orientação realizada aos “usuários com
sequela de AVC” e seus familiares tinha como instrumento principal uma cartilha29.
Apesar de não ter sido citado o seu conteúdo, a Educação em Saúde concentrada
em um material pré-estabelecido pode sugerir uma prática baseada em orientações
padronizadas sem levar em consideração a singularidade de cada usuário.
Entretanto, o único artigo que sugere uma abordagem da prática de Educação
em Saúde de acordo com a vertente dialógica foi o referente ao “Projeto de
Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)”, de Londrina (PR).
24
As ações educativas junto aos idosos da comunidade envolviam uma “metodologia
participativa”, abordando temas sobre “saúde e envelhecimento”34.
É válido ressaltar que independente dos termos utilizados para a definição
das ações em educação em saúde (como “aula”, “palestra” e “cartilha”), deve ser
considerado o método dialógico de atuação atribuindo ao usuário uma participação
ativa nesse processo.
De acordo com as enfermeiras Dias, Silveira e Witt (2009), em seu artigo de
atualização sobre o trabalho com grupos na atenção primária, com o objetivo de
servir para os diversos profissionais da saúde, citam que o espaço da educação em
saúde:
Favorece o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal como também no profissional, por meio da valorização dos diversos saberes e da possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde-doença de cada pessoa (...) A educação em saúde é essencial na promoção da saúde, na prevenção de doenças, e no tratamento precoce e eficaz das doenças, minimizando o sofrimento e a incapacidade (...) mais do que difundir informações, relaciona-se a ampliar a capacidade de análise e de intervenção das pessoas tanto sobre o próprio contexto quanto sobre o seu modo de vida e sobre sua subjetividade38.
As mesmas autoras ainda citam os grupos com o objetivo de socializar,
podendo ajudar pessoas que tiveram algum episódio de perda e que interromperam
seus vínculos sociais38.
Considerando o exposto, as dificuldades relacionadas à valorização desta
atuação e a sua metodologia de abordagem necessitam de maior aprofundamento e
capacitação para uma melhor formação dos profissionais fisioterapeutas.
7.2.2. Atividade domiciliar
Dos 16 artigos que citaram as atuações do fisioterapeuta na Atenção Básica,
nove abordaram a atividade domiciliar18, 19, 20, 21, 22, 29, 31, 32, 36. Destes, três abordaram
unicamente o atendimento domiciliar18, 19, 32, um abordou apenas a visita domiciliar29
e cinco apresentaram citações destes dois tipos de atuação simultaneamente20, 21, 22,
31, 36.
25
A frequente presença da atividade domiciliar nos artigos consultados pode
estar relacionada ao contexto histórico da Fisioterapia. Freitas (2006) aponta em sua
tese que o atendimento no domicílio está relacionado “ao maior apelo para a
justificativa da atuação” do fisioterapeuta na Atenção Básica, o que pode explicar a
presença desta atuação em grande parte das experiências observadas neste
levantamento bibliográfico12.
As atividades domiciliares descritas nos artigos estão relacionadas aos
pacientes que apresentam impossibilidade de se deslocarem até as Unidades de
Saúde. Como exemplo, a experiência de Sobral (CE) relata o atendimento a
sequelados de AVC, TCE, TRM, amputados, entre outros distúrbios neurológicos
(incluindo crianças), em que são também realizadas orientações técnicas aos
familiares para que possam dar continuidade ao trabalho terapêutico, visando uma
melhor evolução clínica do paciente acamado. No mesmo artigo, a experiência de
Campos dos Goytacases (RJ) aborda atendimentos a portadores de distúrbios
neurológicos, traumato-ortopédicos funcionais e cardio-pneumo funcionais36.
Apesar da importância reconhecida do caráter multidisciplinar da intervenção
em saúde, a realização de visitas domiciliares multiprofissionais foi citada apenas na
experiência de Macaé (RJ)18. Entretanto, não há uma descrição dos profissionais
envolvidos e da metodologia da atividade.
O serviço de referência para a atenção secundária também foi citado, no
sentido de propiciar uma avaliação especializada, bem como encaminhar para
tratamentos em ambulatórios. Exemplos dessa referência, relacionada ao
atendimento domiciliar, podem ser observados na experiência de Londrina (PR), a
qual cita o encaminhamento a outros serviços públicos, dos pacientes que requerem
atendimento mais especializado ou que necessitem de recursos não disponíveis nas
unidades31. A experiência de Paracambi (RJ) também aborda esta questão uma vez
que apesar do número reduzido de profissionais, da escassez do material de
trabalho e do precário acesso às famílias, o atendimento aos acamados e com
sequelas neurológicas é prestado até que ele tenha condições de ser encaminhado
ao ambulatório municipal ou a uma clínica conveniada21. No entanto, não há citação
em relação à contra-referência.
A prática da visita domiciliar, como primeiro momento de contato com a
moradia do usuário, sem necessariamente vinculá-lo ao atendimento, foi objetivada
por ações de orientações ou para o levantamento dos problemas locais. Como
26
exemplo, na experiência em João Pessoa (PB), em que cada estudante pesquisador
da UFPB acompanhava as agentes comunitárias de saúde, foi utilizada para
orientação uma cartilha elaborada para o usuário com sequela de AVC e sua família,
já que este acometimento era muito frequente nos usuários daquele local de
atuação29.
Outro artigo, relatando uma experiência de Belo Horizonte, descreve que
após o levantamento das prioridades, a visita domiciliar foi realizada sendo
constituída de uma avaliação ambiental e de uma avaliação física com ênfase na
funcionalidade do paciente e do cuidador. Deste modo, a conduta fisioterapêutica é
proposta após a avaliação em domicílio abrangendo, igualmente, a figura do
cuidador, objetivando a prevenção ou minimização da sobrecarga e o impacto
emocional negativo gerado com a tarefa do cuidar22.
Segundo Freitas (2006), a convivência do fisioterapeuta no ambiente familiar
o coloca em confronto direto com a realidade vivida pelo usuário, o que permite uma
melhor identificação das necessidades da pessoa a ser atendida e melhor
formulação das ações a serem propostas pelo profissional12.
Com estas observações, pode-se sugerir que a comunidade, após o
conhecimento das atividades dos fisioterapeutas, solicita esta ação uma vez que
identifica o atendimento domiciliar fisioterapêutico como uma alternativa de
resolução dos seus problemas. Porém, o tempo dedicado ao atendimento no
domicílio e a metodologia de eleição dos usuários que necessitam de atendimentos
apresenta-se como um grande desafio a ser esclarecido no processo de trabalho do
fisioterapeuta juntamente com os demais profissionais da atenção básica.
7.2.3. Atividade de grupo
As atividades em grupo também foram frequentemente citadas, estando
presentes em nove18, 19, 20, 21, 26, 27, 31, 34, 36 dos 16 artigos que descreveram as
atuações do fisioterapeuta.
Os grupos foram observados nos diferentes ciclos de vida da população,
sendo representados pela saúde da criança, do adulto, da mulher e do idoso. O que
mais se destacou foi o grupo de adultos, seguido por grupos de mulheres, idosos e
27
crianças. Muitos deles também estavam organizados com tema focal sobre algum
acometimento em saúde.
Os grupos que abordaram a saúde do adulto estiveram presentes em oito
artigos18, 19, 20, 21, 26, 27, 31, 36, sendo que somente um desses não especifica qual
trabalho foi realizado com este grupo19. Todos os sete artigos que detalham suas
atividades com o grupo de adultos apontam atividades voltadas para indivíduos com
doenças que envolvem o sistema cardiorrespiratório ou músculo-esquelético18, 20, 21,
26, 27, 31, 36, como por exemplo, grupo de caminhada para hipertensos e o programa
de atenção aos diabéticos20. Desses sete, somente três tabém citam atividades para
promoção da funcionalidade e prevenção de incapacidades, sendo exemplificadas
por Grupos e Escola de Postura26, 27, 36.
Em relação à saúde do idoso, seis artigos relatam atividades para grupos
posturais e de exercícios, não enfocando nenhuma disfunção específica do processo
de envelhecimento18, 19, 20, 26, 34, 36. Neste sentido, parece que esta atividade está
embasada no conceito de envelhecimento ativo, preconizado pela Organização
Mundial de Saúde, que também não exclui os atendimentos focados em disfunções
específicas como forma de atuação nesse grupo populacional39.
As atividades relacionadas à saúde da mulher abrangeram grupos de
usuárias mastectomizadas, gestantes, com incontinência urinária e no climatério.
Alguns desses grupos foram citados em sete artigos18, 19, 20, 26, 27, 31, 36.
Especificamente sobre o grupo de gestantes, foram citadas atuações que envolviam
alongamentos, relaxamentos, orientações posturais, atividades respiratórias,
preparação para o parto normal e exercícios de fortalecimento do períneo27, 36.
Na saúde da criança e adolescentes, foram seis artigos18, 19, 20, 26, 27, 36 que
citaram trabalhos em grupo com foco para este ciclo da vida. Três artigos20, 26, 27
apresentaram como atividade de grupo a estimulação em crianças com problemas
neurológicos e respiratórios e três artigos20, 26, 36 citaram a realização de grupos com
mães de crianças com estes acometimentos, sendo que dois deles abordam essas
duas atividades simultaneamente, como por exemplo, atendimentos individuais às
crianças asmáticas e orientações para as mães20, 26. Entretanto, dois artigos18, 19 não
detalham qual o objetivo dos grupos.
Rouquayrol et al (2006) citam que os acometimentos mais frequentes em
crianças até os quatro anos de idade são as infecções respiratórias agudas, as
doenças infecciosas e as deficiências nutricionais. Já na faixa etária de cinco a nove
28
anos, há grande destaque para a violência doméstica e uso de drogas40. Estas
informações vão ao encontro dos achados referentes aos principais motivos de
internações hospitalares, na faixa etária até nove anos, da cidade de Juiz de Fora
(MG) no período entre dezembro de 2006 e dezembro de 2007. Destacaram-se as
doenças do aparelho respiratório e as afecções originadas no período neonataliv.
Desta forma, pode-se justificar a preocupação com a realização de grupos de
crianças com problemas respiratórios, já que há uma grande demanda para este tipo
de morbidade. Porém, não foram citados trabalhos envolvendo crianças com os
outros acometimentos mais comuns nesse ciclo de vida, sugerindo uma possível
ausência do levantamento das reais necessidades apresentadas pela comunidade.
Pode-se observar que o número de citações de grupos relacionados à saúde
do idoso e da criança foi menor que o referente à saúde do adulto e da mulher. Isto
pode estar correlacionado com o maior foco dado, na maioria dos currículos
acadêmicos, à saúde do adulto em detrimento aos outros ciclos da vida,
repercutindo em um maior número de ações profissionais relacionadas ao usuário
em sua idade produtiva. No entanto, em relação à demanda espontânea na atenção
básica, há uma percepção subjetiva por parte dos estagiários, supervisores e
docentes, de que a criança e o idoso são os grupos populacionais mais frequentes,
embora não tenhamos achado relato científico que comprove tal afirmaçãov.
Apesar da importância da atuação frente aos indivíduos portadores de uma
patologia já instalada, pode-se destacar a inexpressiva citação de atividades com o
objetivo principal de promoção da saúde, envolvendo indivíduos com enfermidades
ou não, não apontando a patologia como critério de inclusão. Deste modo, a
marcante presença do modelo assistencial tradicional pode ser percebida devido à
citação de doenças como caracterização e até mesmo como denominação dos
grupos.
Dentre as funções das atividades de grupo, a dissertação de Rezende (2007)
aponta:
Socialização dos integrantes dos grupos, lazer, integração com a equipe, com a comunidade e meio ambiente, promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, combate ao sedentarismo e manutenção ou aprimoramento das capacidades físicas e mentais49.
Também cita que as atividades em grupo podem ser realizadas na unidade de
saúde ou fora dela e que o número de participantes e a relação com a estrutura
29
física e o acesso à população são fatores que devem ser considerados no
planejamento deste tipo de atuação23.
Gallo (2007) acrescenta ainda que a atuação necessita estar voltada às
particularidades locais, porém não se exclui a necessidade de padronizações e
adaptações de algumas condutas41.
7.2.4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações
A preocupação em relação ao planejamento das ações a partir de uma
investigação epidemiológica esteve presente em oito referências17, 18, 21, 22, 26, 28, 31, 34.
Em Macaé (RJ), as atividades de investigação da comunidade foram
consideradas como marco inicial para a trajetória da integração do Fisioterapeuta
nas equipes de saúde. Estas atividades foram representadas pela análise do
Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), levantamento bibliográfico,
observação participante e aplicação de entrevistas semi-estruturadas com
profissionais e usuários. A partir da análise dos dados do SIAB e reuniões com as
equipes, foram traçadas estratégias de atuação de acordo com o perfil de cada
comunidade, a qual revelou uma grande demanda reprimida nas áreas de atenção à
saúde da criança, da mulher, do adulto, do idoso e daqueles restritos ao leito ou ao
domicílio18.
Um trabalho do Projeto de Extensão “Estágio Vivência no PSF”, realizado em
uma UBS de Belo Horizonte (MG), também demonstrou preocupação com a
investigação antes da ação propriamente dita. A busca de uma prática mais atual e
contextualizada da atuação do fisioterapeuta dentro do PSF tomou como ponto de
partida um estudo transversal para caracterizar as condições de vida e moradia de
todos os usuários dependentes, definidos como aqueles que não conseguem
deslocar-se provisória ou definitivamente até a unidade de saúde17.
De forma semelhante, Muniz et al (2007) realizou a caracterização de 250
idosos independentes e de 70 idosos restritos ao domicílio e seus cuidadores.
Através de entrevistas realizadas por estudantes, foram abordadas questões
referentes às condições sócio-econômicas, condições de morbidade, estado
nutricional, estado cognitivo e capacidade funcional34.
30
Em Sobral (CE), as atividades relacionadas ao reconhecimento da área
descentralizada e das potencialidades da comunidade foram citadas como
atividades desenvolvidas pelos fisioterapeutas na Estratégia Saúde da Família do
município. Foi citada uma preocupação em atingir usuários que necessitavam de
atendimento em seu próprio domicílio e em garantir um novo modelo de atenção à
saúde da população26.
A investigação epidemiológica também esteve presente no trabalho de Trelha
et al (2007), onde apontam que a inclusão do fisioterapeuta no PSF de Londrina
(PR), em abril de 2002, ocorreu a partir do mapeamento do município, o qual revelou
uma grande demanda de pacientes, principalmente acamados, assim como
“sequelados” de acidente vascular encefálico e idosos31.
Ainda neste contexto, na experiência do estágio supervisionado de fisioterapia
em saúde coletiva do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), o
levantamento de prioridades para o atendimento domiciliar, a partir da demanda dos
usuários, trazida pelos profissionais de saúde da UBS, foi apontado como
instrumento de capacitação para o gerenciamento das condições de funcionalidade
de cada indivíduo e de evidência da necessidade do trabalho interdisciplinar22.
Delai e Wisniewski (2009), embora não tenham obtidos dados nos
questionários aplicados, em relação a atuação dos fisioterapeutas na investigação
epidemiológica, destacam o apontamento da atuação do fisioterapeuta na vigilância
dos distúrbios cinesio-funcionais. Consideram tal atividade como sendo uma
subárea da vigilância epidemiológica, responsável pelo acompanhamento e
monitoramento da integridade físico-funcional e dos distúrbios relacionados à
locomoção humana. Seu objetivo é fornecer dados e informações relevantes às
equipes de saúde, tanto na definição do perfil epidemiológico da população, como
subsidiando as atividades de planejamento e intervenções33.
Desse modo, deve-se ressaltar a importância da realização de estudos
epidemiológicos antes da atuação do fisioterapeuta na atenção primária à saúde.
Assim, é possível conhecer a demanda inicial, o que possibilita melhor planejamento
das ações e consequentemente maior eficácia nos serviços prestados à
população28.
31
7.2.5. Atividades interdisciplinares
Dos 16 artigos, sete mencionaram experiências que envolveram a
interdisciplinaridade e a discussão dos casos17, 18, 21, 22, 33, 34, 36.
Apesar disso, é válido salientar que a atuação interdisciplinar da saúde
encontra-se nas diretrizes do PSF. O Ministério da Saúde, em 1997, afirmou que o
atendimento no PSF deve ser sempre realizado por uma equipe multiprofissional e
que a constituição da equipe deve ser planejada levando-se em consideração alguns
princípios básicos, como o enfrentamento dos determinantes do processo
saúde/doença, a integralidade da atenção, a ênfase na prevenção, a parceria com a
comunidade e as possibilidades locais42.
Nesta categoria de análise a atividade interdisciplinar foi considerada quando
havia menção de reunião ou encontro entre profissionais. Em relação à atividade de
discussão dos casos clínicos, a reunião com os diferentes profissionais da atenção
básica foi citada em cinco dos seis artigos17, 21, 33, 34, 36. O “Projeto Assistência
Interdisciplinar a Idosos (PAINP)”, realizado numa UBS na cidade de Londrina (PR),
além da atividade integradora citada no item educação em saúde, também citam a
discussão de casos clínicos e assistência interdisciplinar aos idosos com alta
dependência funcional, sendo composta pela realização de atividades, como
aferição de sinais vitais, e pela orientação dos cuidadores quanto aos cuidados com
os idosos e com eles próprios34.
Na experiência de Macaé (RJ) há o relato de reuniões mensais dos
fisioterapeutas para reflexão da prática, na tentativa de apontarem as dificuldades
enfrentadas e soluções para as mesmas. Apesar desta importante iniciativa, não há
menção de reuniões com os demais profissionais, sendo a atuação multiprofissional
restrita às visitas domiciliares, à participação em “multirões” e em campanhas de
saúde18.
As reuniões da equipe de fisioterapia também são citadas em um trabalho
realizado em Belo Horizonte (MG), para o levantamento das prioridades, tendo como
objetivo a discussão e determinação dos casos que eram considerados prioridades,
bem como as intervenções em cada caso22.
Pode-se ainda destacar a experiência no Centro de Saúde São Gabriel, no
município de Belo Horizonte (MG), que consistiu na aplicação de um protocolo para
32
cadastramento e monitoramento dos usuários impossibilitados de se dirigirem ao
Centro de Saúde. Esta atividade envolveu uma posterior discussão em equipe da
situação de cada dependente e sua família, o planejamento e a definição de
estratégias e ações, tanto de caráter individual quanto familiar e comunitário.
Segundo os autores, esta ação interdisciplinar ajudou a envolver e a responsabilizar
todos os profissionais, aumentando a resolutividade das intervenções. Deve-se
ressaltar o fato de que a atenção aos usuários dependentes e seus familiares, a
partir do projeto da fisioterapia, passou a fazer parte da rotina das equipes de PSF
desse Centro de Saúde, resultando num processo em que os pacientes passaram a
ser encaminhados para tratamento com algum dos profissionais da equipe de PSF e
monitorados pelos ACS17.
Como pode ser observado pela citação das experiências acima, a ação
conjunta dos profissionais da saúde nas ações na atenção básica ainda não é uma
prática comum. No entanto, quando ocorre, parece demonstrar uma preferência
pelas ações relacionadas aos usuários idosos e dependentes.
7.2.6. Atuações acadêmicas
O envolvimento de acadêmicos do curso de fisioterapia no âmbito das ações
dos fisioterapeutas na atenção básica, por meio das atividades de estágio e dos
projetos de extensão, esteve presente em seis artigos analisados17, 20, 22, 30, 31, 34.
Na experiência de Londrina (PR) foi citado o envolvimento dos
fisioterapeutas da atenção básica na supervisão de estagiários, auxiliando os
docentes. Esta atuação foi atribuída ao “âmbito educativo” e colocada em prática
através de convênios com universidades da região31.
Outra experiência do mesmo município relata a atuação do “Projeto de
Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)” em uma área
abrangente de uma Unidade Básica de Saúde, que desde 2001 conta com um grupo
de docentes de diferentes áreas da Universidade Estadual de Londrina
(enfermagem, fisioterapia, medicina, odontologia e serviço social). O projeto adota o
modelo de equipe interdisciplinar, havendo interação entre alunos e professores dos
diferentes cursos, juntamente com a equipe da unidade básica de saúde do local34.
33
Três artigos abordam este tipo de atividade no município de Belo Horizonte
(MG)17, 20, 22. O Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) juntamente com as
equipes do PSF de um centro de saúde, promove o estágio de fisioterapia em saúde
coletiva desde janeiro de 2005. A supervisão do estágio é realizada “por uma
fisioterapeuta, professora da instituição de ensino presente na unidade juntamente
com um grupo composto, em média, por cinco alunos do 9º período, durante 25
horas semanais”. Como atividade principal está sendo enfatizado o trabalho de
promoção de saúde do cuidador informal, em virtude do aumento da demanda de
visitas domiciliares. Além disso, busca-se integrar a fisioterapia com os profissionais
de saúde da unidade (agentes comunitários de saúde, enfermeiro e médico) para o
desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares, os quais têm apresentado
resultados positivos no que se refere à “melhora da qualidade de vida dos familiares
dos pacientes dependentes”22.
Em outra experiência, pode-se observar que o Curso de Fisioterapia da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece para os alunos do último
período do curso, desde 1990, o estágio em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. O objetivo é a “superação do
modelo tradicional de formação do fisioterapeuta centrado na atenção terciária à
saúde” e através dele os alunos têm a oportunidade de vivenciar o trabalho
desenvolvido por profissionais inseridos no PSF17.
Em outro artigo que também descreve a prática do estágio envolvendo
estudantes do curso de fisioterapia da UFMG, são realizadas atividades que
possibilitem aos alunos desenvolver sua atuação de acordo com o modelo
assistencial sugerido pelo SUS, além de conhecer a realidade de saúde do
município, permitindo a proposta de ações voltadas às demandas da população20.
Por fim, o artigo que traz a experiência de João Pessoa (PB) aponta o
“Projeto Fisioterapia na Comunidade” como articulador entre profissionais de saúde
e estudantes de fisioterapia. Na pesquisa citada nesse artigo, relacionada à
investigação sobre as práticas de Educação Popular em Saúde, estiveram
envolvidas pessoas com deficiência, seus familiares, profissionais das equipes de
saúde da família, estudantes de Fisioterapia e lideranças da comunidade30.
A partir do exposto pode-se observar que geralmente o envolvimento
acadêmico dos cursos de fisioterapia, nos centros de saúde, se deu exclusivamente
sob a supervisão de docentes. Exceto a primeira experiência referente à cidade de
34
Londrina (PR)31, não fica claro se ocorre ou não o envolvimento dos acadêmicos
com fisioterapeutas dos serviços mencionados, seja por não pertencerem às
equipes de saúde, seja por não participarem destas atividades acadêmicas.
7.2.7. Atendimentos individuais na UBS
Esta atuação não foi comum nas referências pesquisadas. Apenas três
citaram qualquer prática de atendimento individual dos usuários nas unidades
básicas de saúde21, 26, 36.
Dentre as atuações observadas no Programa Saúde da Família de Sobral
(CE), há o trabalho individual na reeducação postural global e no tratamento de
sequelas de pacientes acometidos pela hanseníase26.
O COFFITO (2003), através do relato da experiência de Campos dos
Goytacases (RJ), cita atendimentos a portadores de distúrbios neurológicos,
traumato-ortopédicos e cárdio-respiratórios36.
Por fim, Baraúna et al (2008) apontaram a presença de atendimentos
individuais nas Unidades Básicas de Saúde referentes ao Programa Saúde da
Família de Belo Horizonte (MG). Porém, remete essa atuação apenas às ações de
promoção e recuperação da saúde21.
Em relação a esses três artigos, podemos discutir dois conceitos citados: o
primeiro sobre o conceito de promoção e o segundo sobre os atendimentos
individuais.
A definição mais recente de promoção da saúde está citada na Carta de
Ottawa (1986), que cita ser o nome dado ao “processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma
maior participação no controle deste processo”43. Desta forma, como cita González
(2008), referindo-se à Carta:
A saúde é entendida como um conceito positivo e vista como um recurso para a vida, não como o sentido de viver. Sendo assim, a promoção da saúde deixa de ser responsabilidade exclusiva do setor saúde, indo além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global que inclui condições e requisitos como paz, moradia, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade37.
35
Os atendimentos individuais na atenção básica, explicitados pelos artigos
abordados nesta revisão, não mencionam o tipo de abordagem adotada. Nesse
sentido é importante salientar que o atendimento individual para garantir a promoção
da saúde, deve ser norteado por um método de trabalho que traga autonomia,
formação de cidadania participativa e democrática ao usuário.
7.2.8. Atenção aos cuidadores
Os cuidadores poderiam ter aparecido nos artigos como um grupo específico
de usuários merecedores de intervenções na ótica da proteção específica -
enfatizando os riscos inerentes a sua tarefa de cuidar - como também na perspectiva
de um cuidado mais ampliado e integral a todas as suas necessidades como sujeito.
Contudo, apenas três artigos destacaram a atenção aos cuidadores como
uma atuação fisioterapêutica na atenção básica22, 26, 34, sendo que em um deles não
fica evidente qual a ótica do trabalho adotada, pois não detalha as atividades
realizadas26.
Na experiência de Sobral (CE), pôde ser observada a preocupação do
cuidador dentro do ambiente familiar, numa visão ampliada das ações de prevenção
de agravos e promoção da saúde26.
A experiência de Belo Horizonte (MG) também cita a atenção ao cuidador no
sentido de prevenir ou minimizar a “sobrecarga e o impacto emocional negativo
gerado com a tarefa do cuidar”. Dentre outros pontos, os cuidadores recebiam
“esclarecimentos sobre a patologia, prognóstico e suas implicações físicas”,
orientações quanto ao “manuseio adequado do paciente para diminuir a sobrecarga
osteomuscular” e quanto a “possíveis adaptações ambientais no domicílio”. A única
atividade que dá a noção de uma atenção mais ampliada ao cuidador está descrito
como “incentivo e valorização do trabalho do cuidador contribuindo para uma melhor
compreensão do seu papel sem abdicar de sua vida pessoal”22.
Da mesma forma, a experiência de Londrina (PR), com o “Projeto de
Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)”, cita o
acompanhamento e orientação do cuidadores e familiares dos idosos atendidos.
Para isso, foi formado um grupo de cuidadores com o intuito de possibilitar a troca
36
de experiências entre cuidadores, estudantes de diversos cursos da área da saúde,
professores e profissionais de saúde da UBS. Nessas reuniões, em relação aos
temas de interesse da fisioterapia, foram discutidos: “postura e transferências do
idoso, efeitos da imobilidade, riscos de quedas, stress e relaxamento para o
cuidador”. Os temas trabalhados em forma de palestras envolviam a tarefa de cuidar
e as outras atividades, como exercícios de alongamento e relaxamento, estavam
mais voltadas para a integração dos cuidadores34.
Em recente trabalho publicado, Oliveira e Leite (2009), conseguiram obter
uma noção dos sentimentos, percepções, atitudes, necessidades e anseios das
cuidadoras. Também perceberam que uma grande parte dos profissionais de saúde
seria necessária para o integral atendimento ao cuidador e a pessoa dependente. E,
como citam:
Foi possível nos mostrar que o cuidador é uma pessoa especial, por ter que enfrentar, muitas vezes sem qualquer tipo de auxílio, as dificuldades do ato de cuidar, privando-se de parte de sua vida para tornar a vida do dependente melhor, procurando amenizar as limitações deste (que o impossibilitam geralmente de viver com completa dignidade) e aprendendo a lidar com os sofrimentos e angústias vividos por si e pelo dependente44.
7.2.9. Atuações intersetoriais
Giovanella et al (2009) consideram a atuação intersetorial como artifício para
que a Atenção Primária à Saúde (APS) não se limite ao primeiro nível de atenção,
abrangendo “aspectos biológicos, psicológicos e sociais e incidindo sobre problemas
coletivos nos diversos níveis de determinação dos processos saúde-enfermidade”.
No âmbito municipal, a atuação intersetorial se processa em ações comunitárias e
nas articulações políticas municipais. Desta forma, é permitido que a APS sirva
como base para toda a atenção, garantindo uma real promoção da saúde45.
Ainda nesta perspectiva, Junqueira (2000) afirma que:
A ação intersetorial busca superar a fragmentação das políticas públicas e é entendida como a interação entre diversos setores no planejamento, execução e monitoramento de intervenções para enfrentar problemas complexos e necessidades de grupos populacionais46.
37
Neste sentido, apesar de fundamental para a maior resolutividade das ações
na atenção básica, a participação do fisioterapeuta na articulação entre diferentes
setores foi apontada em apenas dois artigos analisados26, 30. Um destes exemplos
se refere à experiência de Sobral (CE), em que foi citada a atuação de
fisioterapeutas da ESF em creches26.
Outra experiência, realizada por meio do projeto de extensão “Fisioterapia na
Comunidade” de João Pessoa (PB), evidencia uma diferente forma de abordagem
do trabalho intersetorial, na atenção aos deficientes e seus familiares. Eles
consideraram a importância das redes sociais, no nível micro-social, sendo
representadas pelas “redes sociais pessoais”, as quais são formadas pelo “conjunto
daqueles que interagem com o indivíduo em sua realidade social cotidiana, e que
são acessíveis de maneira direta ou indireta ao contato personalizado”. Ou seja,
através das relações de vizinhança, amizade, religiosas e comunitárias. Após a
identificação dessas pessoas que faziam parte dessa rede social dos deficientes e
seus familiares – líder religioso, representante de associação de deficientes e os
profissionais de saúde - foram proporcionados momentos de discussão entre eles,
baseados na Educação Popular em Saúde, com o objetivo de contribuir para a
autonomia dos sujeitos, possibilitando uma postura mais ativa e política de sua
condição. Além disso, gerou momentos de conversa sobre suas deficiências e
resolução de problemas comuns. Ao fim, foi concluído que a rede social
estabelecida foi fundamental nas atividades propostas, pois “orientou quanto à
importância de intervir articulando as diversas iniciativas de apoio disponíveis na
rede, como forma de potencializar as ações de saúde”30.
7.2.10. Acolhimento
O acolhimento é considerado por Malta e Merhy (2004) como uma das
estratégias de mudança do processo de trabalho em saúde que visa modificar as
relações entre profissionais de saúde e usuários e entre os próprios trabalhadores.
Com isso há a possibilidade do estabelecimento de “vínculo e a humanização do
atendimento”, o que acarreta numa maior responsabilização do profissional e do
usuário com os cuidados em saúde47.
38
Carvalho et al (2008) alertam que a implementação do acolhimento não deve
se restringir à atenção básica, mas sim envolver uma postura de receber e resolver
as necessidades dos usuários num campo mais ampliado, respeitando as diretrizes
de universalidade, integralidade e equidade48.
Apesar de sua importância nos serviços e ações em saúde, apenas dois
artigos referentes ao município de Belo Horizonte (MG) abordaram o acolhimento, o
qual esteve relacionado ao atendimento semanal à demanda espontânea20, 21.
Apenas uma destas experiências detalhou melhor esta atuação, citando que
a partir desta atividade os usuários tinham a oportunidade de explicitarem a razão
pela qual procuravam o serviço de saúde, representando uma tentativa de
humanizar o primeiro atendimento. Além disso, foi observado que os acadêmicos
envolvidos conseguiam realizar uma melhor triagem dos pacientes, possibilitando
uma resposta às “demandas individuais dos usuários do Centro de Saúde”20.
39
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente gostaríamos de parabenizar os autores dos artigos
analisados em nossa revisão de literatura. Reconhecemos o valor de todos os textos
abordados em nosso trabalho, conscientes de que tais publicações fomentam e
aquecem as análises e discussões propostas nesta monografia. Sem o esforço
desses profissionais, este trabalho não seria possível. Entretanto, neste tópico,
cabem algumas críticas, sugestões e propostas, necessárias para a continuidade da
construção de novos saberes nesse cenário de prática.
Especialmente na Fisioterapia, pode ser percebida uma carência na
diversificação das atuações na atenção básica num mesmo artigo e a falta de um
melhor detalhamento das mesmas, que poderia ser obtido através da descrição mais
pormenorizada das atuações encontradas nas publicações. Porém, através das
inúmeras atuações do fisioterapeuta na atenção básica, no conjunto dos artigos,
nota-se a identificação do fisioterapeuta na APS, abandonando o seu locus
tradicional de atuação, como o ambulatório e o hospital.
Ressaltamos também que o trabalho do fisioterapeuta neste nível de
atenção não é uma tarefa isolada: deve-se compartilhar o planejamento juntamente
com todos os outros profissionais da equipe, atendendo aos preceitos da Política
Nacional de Atenção Básica. Além disso, as ações devem ser constantemente
reavaliadas no sentido de atender as necessidades reais da população, na qual
estão inseridas.
Também percebemos que as investigações epidemiológicas são
fundamentais para o planejamento das ações e, uma vez que o atual Sistema de
Informação da Atenção Básica não atende ainda aos interesses do núcleo específico
da fisioterapia, seus profissionais necessitam inserir novas tecnologias de trabalho
neste campo da investigação.
Considerando as discussões apresentadas, propomos algumas diretrizes
para o trabalho do fisioterapeuta na APS, com a intenção de que estas sejam
ampliadas, discutidas, reformuladas, fomentando subsídios inclusive para a atuação
do fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF):
40
1. As atividades domiciliares devem ser realizadas com maior envolvimento
dos outros profissionais da equipe, colaborando com um perfil mais
interdisciplinar. Além disso, há a necessidade de uma melhor adequação
dos critérios para se eleger a prioridade dos atendimentos, bem como uma
abordagem mais ampla sobre o arranjo familiar, especificamente no que diz
respeito à função de cuidador e outros membros. Também propomos que a
atenção domiciliar seja ampliada para o ambiente físico, além de poder
contribuir para a busca ativa de outros membros familiares que necessitem
de cuidado e para a promoção de saúde de todos moradores;
2. Nas atividades de grupo, devem ser priorizadas as ações de promoção de
saúde, não focalizando as patologias como forma de identificação dos
grupos. Além disso, todos os ciclos da vida devem ser considerados
igualmente importantes, concebendo a saúde como foco de atenção - e não
a doença;
3. Em relação à educação em saúde, é importante que haja uma maior
capacitação dos fisioterapeutas em sua formação profissional, bem como
nas atividades de educação permanente, sobre a prática da Educação
Popular pelo método dialógico e que estas ações sejam construídas com
toda a equipe e com os usuários;
4. A investigação epidemiológica para planejamento das ações deve estar
contida em todo o processo de trabalho do fisioterapeuta, realizado para
todos os ciclos de vida, em conjunto com outros profissionais da equipe, no
sentido de possibilitar a resolução dos problemas de saúde de maior
frequência e relevância em seu território;
5. As ações interdisciplinares devem ser priorizadas em todas as atividades,
nos ciclos de vida, no sentido de potencializar o planejamento e a
responsabilização dos profissionais, como forma de ampliar a resolutividade
das intervenções;
6. As atuações do fisioterapeuta devem estabelecer uma articulação
permanente com a formação profissional através de atividades acadêmicas
como vivências, estágios, disciplinas e projetos de extensão e pesquisa;
7. O acolhimento integrado e qualificado deve ser uma prática que corresponda
às ações em saúde do fisioterapeuta e demais profissionais, organizando as
41
necessidades da demanda espontânea, buscando estabelecer o princípio da
universalidade e da integralidade da assistência;
8. Os atendimentos individuais na unidade básica de saúde não devem ter
enfoque direcionado à doença como tradicionalmente é observado no
modelo ambulatorial. Esta prática deve levar em consideração a
singularidade de cada usuário e pode ser trabalhado no sentido de preparar
o indivíduo para as atividades em grupo, para o encaminhamento ao setor
secundário, para as orientações de autocuidado e para o acolhimento
integrado;
9. As ações de promoção da saúde e a atenção ampliada e integral ao usuário
com alguma patologia já instalada, devem atender tanto os riscos e os danos
inerentes ao seu problema, quanto às necessidades que apresenta como
sujeito único e portador do direito à saúde;
10. As atividades devem também adotar a intersetorialidade e o sistema de
referência e contra-referência nas práticas da APS, visando a integralidade,
eficácia e humanização do cuidado.
Por fim, esperamos que este trabalho possa ter demonstrado a importância
e parte da complexidade e subjetividade do tema “APS”, munindo o leitor com
informações a respeito de questões que envolvem o fisioterapeuta nesse cenário de
atuação. Consideramos ainda que este trabalho possa servir de fomento para
futuras publicações referentes ao tema, que ainda carece de um maior rigor teórico-
metodológico acerca dos resultados de suas práticas.
42
REFERÊNCIAS
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8 - BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Brasil, Brasília, p. 36, 2001. Disponível em: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/monografias/ms/programas/saudfamilia2000.pdf. Acesso em: 18 set. 2009.
43
9 - DELIBERATO, PCP. Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações. São Paulo: Manole; 2002.
10 - BRASIL, Ministério da Saúde. Atenção Básica e a Saúde da Família: Diretriz conceitual. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php#diretriz Acesso em: 05 jul. 2009.
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46
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45- GIOVANELLA, L et al. Saúde da Família: limites e possibilidades para uma abordagem integral de atenção primária à saúde no Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 14 (3): p. 783-794, 2009.
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47- MALTA, DC; MERHY, EE. A avaliação do Projeto Vida e do Acolhimento no Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Revista Mineira de Enfermagem; 4(2): p. 259-67, abr/jun 2004.
48- CARVALHO, CAP et al. Acolhimento aos usuários: uma revisão sistemática do atendimento no Sistema Único de Saúde. Arquivos de Ciências da Saúde, 15(2): p. 93-95, 2008.
49- REZENDE, M. Avaliação da Inserção do Fisioterapeuta na Saúde da Família de Macaé/RJ: A contribuição deste profissional para a acessibilidade da população idosa às ações de saúde das equipes. Um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, 2007.
47
APÊNDICE A – QUADRO 1
N° da referência
Delineamento do estudo Cidades/ estado Fonte Instituição vinculada aos autores
16* Artigos de revisão sistemática e bibliográfica
------ Fisioterapia em Movimento Universidade de São Paulo (Pública)
17 Relato de caso e experiência (Levantamento epidemiológico)
Belo Horizonte (MG) Fisioterapia em Movimento Universidade Federal de Minas Gerais (Pública)
18
Relato de caso e experiência Macaé (RJ) Mensagem pessoal Secretaria Municipal de Saúde de Macaé – RJ (Pública)
19 Artigos de atualização ou resenha científica
------ Revista Perspectivas online Universidade Federal do Rio de Janeiro (Pública)
20 Relato de caso e experiência BH (MG) Fisioterapia em Movimento Universidade Federal de Minas Gerais (Pública)
21 Artigos de revisão sistemática e bibliográfica
Campos dos Goytacases (RJ), Paracambi (RJ), Belo Horizonte (BH),
Porto Alegre (RS), Volta Redonda (RJ)
Fisioterapia Brasil Centro Universitário do Triângulo Mineiro em Uberlândia – MG (Privada)
22 Relato de caso e experiência
Belo Horizonte (MG) Revista de APS UniBH – Centro Universitário de Belo Horizonte (Privada)
23* Artigos de atualização ou
resenha científica
------ Revista Ciência & Saúde Coletiva Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca / FIOCRUZ (Pública)
24* Pesquisa qualitativa (Aplicação de questionário)
Ipatinga (MG) Revista FisioWeb WGate. Unileste – MG (Privada)
25* Artigos de atualização ou resenha científica
------ Revista FisioWeb WGate. Escola de Saúde Pública de Minas Gerais / Prefeitura de São João Del Rei (Pública)
26 Pesquisa quanti-qualitativa, (Aplicação de questionário)
Sobral (CE) Revista Brasileira em Promoção da Saúde
Unifor de Fortaleza (Privada)
27 Relato de caso e experiência Sobral (CE) SANARE Revista de Políticas Públicas de Sobral (CE)
Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual Vale Acaraú (Pública)
28 Pesquisa quantitativa (Levantamento epidemiológico)
Camaragibe (PE) Revista de fisioterapia da Universidade de São Paulo
Universidade Federal de Pernambuco (Pública)
*Artigos utilizados apenas para análise do perfil. Não descrevem as atuações do fisioterapeuta. Quadro 1. Perfil dos artigos analisados segundo o delineamento do estudo, local das atuações, fonte de publicação e vínculo institucional do (s) autor (es) (O AUTOR) 2009.
48
AUTOR Delineamento do estudo Cidades/ estado das atuações Fonte Instituição vinculada aos autores
29 Pesquisa qualitativa (Pesquisa- ação)
João Pessoa (PB) Revista de APS Universidade Federal da Paraíba (Pública)
30 Pesquisa qualitativa (Pesquisa-ação)
João Pessoa (PB) Revista de APS Universidade Federal da Paraíba (Pública)
31 Pesquisa qualitativa (Entrevista)
Londrina (PR) Revista Espaço para a saúde Universidade Estadual de Londrina (Pública)
32
Relato de caso e experiência Itajaí (SC) Anais do XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do
Vale do Paraíba
Universidade do Vale do Itajaí – SC (Privada)
33 Pesquisa quanti-qualitativa, (Aplicação de questionário)
31 municípios pertencentes a uma Coordenadoria Regional de Saúde, localizada na região norte do Rio
Grande do Sul
Revista Ciência & Saúde Coletiva Universidade Regional Integrada do alto Uruguai e das Missões URI - Erechim Miriam
Salete Wil Wisniewski (Privada)
34 Relato de caso e experiência
Londrina (PR) Revista de APS Universidade Estadual de Londrina (Pública)
35* Pesquisa qualitativa (Entrevista)
Tubarão (SC) Revista Ciência & Saúde Coletiva Universidade do Sul de Santa Catarina– Campus Tubarão (Privada)
36 Relato de caso e experiência Sobral (CE), Campos (RJ) e Macaé (RJ)
Revista O COFFITO COFFITO (Pública)
* Artigos utilizados apenas para análise do perfil. Não descrevem as atuações do fisioterapeuta. Continuação. Quadro 1. Perfil dos artigos analisados segundo o delineamento do estudo, local das atuações, fonte de publicação e vínculo institucional do (s) autor (es) (O AUTOR) 2009.
49APÊNDICE B – QUADRO 2 Atividades descritas / referências 17 18 19 20 21 22 26 27 28 29 30 31 32 33 34 36
1. Educação em Saúde (11) x x x x x x x x x x x
a.Orientações para pacientes e seus familiares (5) x x x x x
b.Orientações gerais à comunidade (6) x x x x x x
2. Atividade domiciliar (9) x x x x x x x x x
a. atendimento domiciliar (8) x x x x x x x x
b. visita domiciliar (6) x x x x x x
3. Atividade de grupo (9) x x x x x x x x x
a. Saúde da criança (6) x x x x x x
i. Grupo com mães de crianças (com insuficiência respiratória aguda; problemas neurológicos) (3)
x x x
ii. Grupo de estimulação em crianças com problemas neurológicos e respiratórios (3) x x x
b. Saúde do adulto (8) x x x x x x x x
i. Grupo de exercícios e controle de fatores de risco para DAC (HA e DIA; obesidade) (5)
x x x x x
ii. Grupo para tratamento de doenças crônicas (respiratórias; hanseníase; coluna) (4) x x x x
iii. Grupo para promoção da funcionalidade e prevenção de incapacidades (3) x x x
c. Saúde da mulher (IU; climatério; mastectomizadas; gestantes) (7) x x x x x x x
d. Saúde do idoso (Grupo postural de idosos; Grupo de exercícios para idosos) (6) x x x x x x
4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações (8) x x x x x x x x
5. Atividades interdisciplinares (7) x x x x x x x
6. Atuações acadêmicas (6) x x x x x x
7. Atendimentos individuais na UBS (3) x x x
8. Atenção aos cuidadores (3) x x x
9. Atuações intersetoriais (2) x x
10. Acolhimento (2) x x
Quadro 2. Categorias de análise – representadas pelas atuações do fisioterapeuta. (O AUTOR) 2009.
50
ANEXO – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES
HUMANOS DA UFJF.
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NOTAS
i Informações obtidas por anotações pessoais da orientadora, a qual participou dos eventos citados. ii Lista de discussões utilizadas: ABENFISIO ([email protected]) e Fisioterapeutas Plugadas ([email protected]). iii Estes critérios foram concebidos de acordo com a análise dos artigos, considerando as normas de publicação de algumas revistas indexadas, como por exemplo, a Revista de Atenção Primária a Saúde e a Revista Brasileira de Fisioterapia. iv Dados retirados do Sistema de Informação em Saúde. Disponível em: www.datasus.gov.br. Acesso em: 19 jun. 2009. v Percepção subjetiva dos estagiários, docentes e supervisores do estágio em atenção primária à saúde, realizado na UBS Jóquei Clube II em Juiz de Fora (MG) em 2009.