universidade federal de juiz de fora departamento de fisioterapia

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Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia – FACMED Leandro Talma de Paula Leonardo Henriques Portes Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde: uma revisão da literatura brasileira Juiz de Fora 2009

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Page 1: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia – FACMED

Leandro Talma de Paula

Leonardo Henriques Portes

Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde: uma

revisão da literatura brasileira

Juiz de Fora 2009

Page 2: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

Leandro Talma de Paula

Leonardo Henriques Portes

Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica à Saúde: uma

revisão da literatura brasileira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Alice Junqueira Caldas

Juiz de Fora 2009

Page 3: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

Paula, Leandro Talma de.

Discussão sobre a atuação do fisioterapeuta na atenção básica à saúde:

uma revisão da literatura brasileira / Leandro Talma de Paula, Leonardo

Henriques Portes. – 2009.

51 f.: il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)–

Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009.

1. Fisioterapia (Especialidade). 2. Atenção primária à saúde. 3.

Programa Saúde da Família. I. Portes, Leonardo Henriques. II. Título.

CDU 615.8

Page 4: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia
Page 5: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

Neste momento, acho mais justo agradecer a todos que contribuíram para

que este trabalho pudesse ser concluído. Primeiramente, agradeço a participação

fundamental da minha orientadora professora Maria Alice, a qual não mediu esforços

para que esta monografia pudesse superar os limites de um simples trabalho de

conclusão de curso e sim contribuir de fato para o aprimoramento do fisioterapeuta

na APS. Da mesma forma, os professores Marcos e Carolina foram especiais

durante toda a trajetória desta obra. Mesmo nos bastidores, apresentaram-se em

todos os momentos disponíveis e verdadeiramente interessados para a

consolidação deste marco da minha graduação. Não menos importante considero a

participação do meu parceiro e amigo Leandro, o qual se superou ao longo desta

trajetória colaborando de forma responsável e dedicada para a realização de um

trabalho que exigiu muita dedicação e paciência. A todos, o meu muito obrigado!

(Leonardo Henriques Portes)

Meu muito obrigado aos que contribuíram para a conclusão desse estudo:

minha dedicada orientadora Maria Alice com suas sugestões e conselhos que nos

guiaram de forma brilhante até a reta final dessa revisão bibliográfica; nossos

membros de banca Marcos e Carolina com suas correções e direcionamentos que

nos ajudaram a compreender melhor as nuances de uma monografia; meu amigo

Leonardo pelo esforço e dedicação imensuráveis, sempre visando um trabalho bem

feito em todos os aspectos, minha família pelo apoio nos momentos de dúvida e

cansaço e a Deus que me deu o suporte necessário por todo o percurso.

(Leandro Talma de Paula)

Page 6: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

RESUMO

Desde 1978, com a Conferência de Alma-Ata, a Atenção Básica à Saúde tem sido

considerada um dos pilares da organização de qualquer sistema de saúde.

Especificamente em relação à fisioterapia, a atuação do fisioterapeuta na atenção

básica parece ter sido impulsionada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de

graduação em fisioterapia, a partir de 2002. Desde então, diversos órgãos

representativos profissionais têm alavancado novos conhecimentos e divulgação de

trabalhos, possibilitando, nesse momento, um aprofundamento e reflexão sobre sua

prática profissional neste cenário de atuação. Sendo assim, este estudo objetivou

analisar a atuação dos fisioterapeutas, por meio de uma revisão bibliográfica. Para

tanto, os termos “atenção primária a saúde”, “atenção básica” e “programa saúde da

família” foram considerados intercambiáveis para a busca na literatura brasileira, que

abrangeu textos completos publicados em revistas científicas e virtuais até setembro

de 2009. Após o estudo da literatura encontrada, foi elaborada uma análise que

organizou em categorias as atuações dos fisioterapeutas, facilitando sua

apresentação e discussão. Foram encontrados 21 artigos, dos quais 16

descreveram atuações específicas dos fisioterapeutas. Notou-se que, dentre o total

de artigos encontrados, a maioria dos autores era vinculada a instituições públicas,

sendo que o sudeste se destacou como a região com mais artigos publicados. A

grande maioria das publicações possui autores vinculados a instituições ligadas à

academia, corroborando a função docente de produzir novos conhecimentos. Com

relação à fonte dos textos encontrados, em maior frequência destacam-se a “Revista

de APS” com quatro publicações, a “Revista Ciência e Saúde Coletiva” com três e a

“Revista Fisioterapia em Movimento” também com três. Somente sete artigos foram

publicados em revistas específicas da Fisioterapia. Em relação ao tipo de

delineamento dos estudos, foram encontrados oito artigos em forma de “relato de

caso e experiência”, seguidos por cinco artigos que utilizaram a “pesquisa

qualitativa”, três em forma de “artigos de atualização ou resenhas científicas”, dois

artigos de “revisão sistemática ou bibliográfica”, outros dois utilizaram a “pesquisa

quanti-qualitativa” e, por fim, um artigo na forma de “pesquisa quantitativa’. Em

relação aos 16 artigos que tiveram suas atuações analisadas, as ações

Page 7: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

evidenciadas, em ordem decrescente de aparição foram: educação em saúde,

atividade domiciliar, atividade de grupo, investigação epidemiológica e planejamento

das ações, atividades interdisciplinares, atuações acadêmicas, atendimentos

individuais na UBS, atenção aos cuidadores, atuações intersetoriais e acolhimento.

Podemos notar a reduzida diversificação e a falta de um melhor detalhamento das

metodologias e instrumentos utilizados nas atuações. Entretanto, reconhecemos o

valor de todos os artigos estudados, os quais contribuíram para as análises e

discussões propostas nessa revisão. Por fim, propomos algumas diretrizes para o

trabalho do fisioterapeuta na APS, com a intenção de que estas sejam ampliadas,

discutidas e reformuladas, fomentando subsídios inclusive para a atuação do

fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e para futuros

estudos.

Palavras-chave: Fisioterapia. Atenção primária a saúde. Programa saúde da família.

Revisão bibliográfica.

Page 8: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

ABSTRACT

Since 1978, the Conference of Alma-Ata, the Primary Health Care has been

considered one of the pillars of the organization of any health system. Specifically in

relation to physiotherapy, the role of a physiotherapist in primary care seems to have

been driven by the curricular guidelines for undergraduate courses in physiotherapy,

from 2002. Since then, several representative entities of professionals have

leveraged new knowledge and dissemination of works, allowing at that time, a

deepening and reflection on their practice in this field of action. Therefore, this study

aimed to analyze the performance of physical therapists, through a literature review.

In this way, the term "primary health care", "primary attetion" and "family health

program," were considered interchangeable in the search for Brazilian literature,

which included full texts published in scientific and virtual journals until September

2009. After the study of literature found was an elaborate analysis organized into

categories that the actions of physiotherapists, facilitating their presentation and

discussion. Were found 21 articles, 16 of which described specific activities of

physiotherapists. It was noted that among the total number of articles, most of them

were linked to public institutions and the southeast stood out as the region with more

articles published. The great majority of publications have authors from institutions

linked to the academy, supporting the teaching function to product new knowledge.

Regarding the source of the found texts with more frequency stood out the

"Magazine of APS” with four publications, "Magazine Science and Public Health" with

three and "Magazine Physiotherapy in Motion" also with three. Only seven articles

were published in journals specific to physiotherapy. Regarding the type of

methodological tool, were found eight articles in form of “case reports and

experience”, followed by five articles that used the “qualitative research”, three in

form of “article of modernization or scientific texts”, two used the “quanti-qualitative

research” and, by the end, one article in the way of “quantitative research”. In relation

of the 16 articles that had analyzed their performances, the highlighted actions in

decreased sequence were: actions of health education, household activity, group

activity, epidemiological investigation and action planning, interdisciplinary activities,

academic performances, individual attendance at Health Center, attention to the

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carers, intersectoral actions and reception. Through this literature review, we noted

the lack of diversification of the performances in primary care and the lack of a better

specifyment of methodologies and tools used in actions. By the way, we recognize

the value of all approached articles which contributed to the analyses and discussion

proposed in this review. Finally, we propose some guidelines for the physiotherapist

work at Primary Health Care, with the intention that can be widespread, giving

subsidies inclusive for the physiotherapy practice in the Support Core to family

Health and for future studies.

Keywords: Physiotherapy. Primary health care. Family health program. Literature

review.

Page 10: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11

2 ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL ................................................................... 12

3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA .............................................................. 13

4 O FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA ............. 15

5 OBJETIVO ...................................................................................................... 17

6 METODOLOGIA ............................................................................................. 18

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 19

7.1 PERFIL DOS ARTIGOS ANALISADOS .......................................................... 19

7.2 CATEGORIAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL ............................................. 21

7.2.1 Educação em saúde ........................................................................................ 21

7.2.2 Atividade domiciliar .......................................................................................... 24

7.2.3 Atividade de grupo ........................................................................................... 26

7.2.4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações ................................ 29

7.2.5 Atividades interdisciplinares............................................................................. 31

7.2.6 Atuações acadêmicas...................................................................................... 32

7.2.7 Atendimentos individuais na UBS ................................................................... 34

7.2.8 Atenção aos cuidadores .................................................................................. 35

7.2.9 Atuações intersetoriais .................................................................................... 36

7.2.10 Acolhimento ..................................................................................................... 37

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 39

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 42

APÊNDICES .................................................................................................................. 47

ANEXO .......................................................................................................................... 50

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11

1. INTRODUÇÃO

A atuação do fisioterapeuta na atenção básica em saúde parece ter sido

impulsionada pelas Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em fisioterapia,

aprovadas pelo Ministério da Educação em 2002. Conforme citado no art. 3º, o

egresso, dentre outras características, deve ser capaz de atuar em todos os níveis

de atenção à saúde e, ainda, atender ao sistema de saúde vigente no país1.

Diante dessa nova regulamentação, a Associação Brasileira de Ensino em

Fisioterapia (ABENFISIO), criada em 2001, cujo objetivo principal é promover o

desenvolvimento e o aprimoramento do ensino em fisioterapia, esteve focalizada na

implantação das Diretrizes Curriculares desde sua publicação. No segundo semestre

de 2003, durante o VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado pela

ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), em Brasília (DF), estiveram

presentes 40 fisioterapeutas. Neste evento, esses profissionais participaram de uma

oficina – “Fisioterapia e Saúde Coletiva: Enfrentando o desafio da integralidade da

atenção”, no qual puderam perceber que havia um movimento nacional, ainda

tímido, mas presente, da atuação do fisioterapeuta na saúde coletiva e, mais

especificamente, na atenção básicai.

Desde então, outros encontros foram promovidos, ampliando as discussões e

apresentações dessa atuação, como por exemplo, o VI Congresso Brasileiro de

Epidemiologia (2004), o congresso da REDE UNIDA em 2005, os Fóruns Nacionais

de Políticas da Fisioterapia, realizados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional (COFFITO) em 2005 e 2006, o congresso da ABRASCO em

2006 e os Fóruns da ABENFISIO. Como resultante desses momentos, a

ABENFISIO e o COFFITO realizaram em 2006 o I Congresso Nacional da

Fisioterapia na Saúde Coletiva, onde foram apresentados 220 trabalhos, de acordo

com o relatório final apresentado2. Destes, muitos foram referentes à atuação do

fisioterapeuta na atenção básica.

Nesse contexto, estamos vivenciando o início de publicações de trabalhos

referentes à atuação do fisioterapeuta na atenção básica, cabendo uma reflexão e

aprofundamento neste momento.

Page 12: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

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2. ATENÇÃO BÁSICA NO BRASIL

Desde 1978, com a realização da Conferência de Alma-Ata, a Atenção Básica

à Saúde tem sido considerada um dos pilares da organização de qualquer sistema

de saúde3. No entanto, nota-se no texto original que o termo atenção básica não é

mencionado, aparecendo como “cuidados primários em saúde”4.

No Brasil, antes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção

primária à saúde representava um grande referencial para a organização dos

serviços. Após a criação do SUS e de seus mecanismos operacionais e financeiros,

o termo atenção básica tornou-se mais frequente. No entanto, mais recentemente, o

termo Programa Saúde da Família, tem sido, por muitas vezes, utilizado como

estratégia para a mudança dos serviços de saúde relacionados aos conceitos de

atenção primária, de atenção básica, ou ainda, como mais um programa da rede

básica de serviços5. Desta forma, neste trabalho utilizamos os termos Atenção

Primária à Saúde (APS), Atenção Básica (AB) e Programa Saúde da Família (PSF),

como intercambiáveis.

Mais recentemente, em 2006, o Ministério da Saúde editou a portaria n. 648,

aprovando a Política Nacional de Atenção Básica caracterizando-a por:

Um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde... Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social6.

Desta forma, esta portaria privilegia a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o

Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) como potentes para contribuir

no fortalecimento desta política6.

Page 13: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

13

3. ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA

A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do

modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes

multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis

pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área

geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde,

prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na

manutenção da saúde das comunidades nas quais estão inseridas7.

Segundo o Ministério da Saúde, as equipes são compostas por, no mínimo,

um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes

comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar

de consultório dentário e um técnico em higiene dental, sendo que cada equipe se

responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de

mil famílias de uma determinada área. O atendimento pode ser prestado na Unidade

Básica de Saúde (UBS), ou em outro local da comunidade ou ainda, no domicílio,

pelos profissionais que compõem as equipes. Através do estabelecimento de

vínculos de compromisso e de co-responsabilidade com a população, há a

intervenção em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que

têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos-

famílias-comunidade7. São desenvolvidas ações de prevenção, tratamento e

reabilitação de agravos e há a reafirmação e incorporação dos preceitos básicos do

SUS, que são: a universalização, a integralidade e a participação da comunidade8.

As equipes da Saúde da Família devem estar preparadas para conhecer a

realidade das famílias sob sua cobertura, com relação aos indicadores sociais,

demográficos e epidemiológicos; identificar os problemas de saúde prevalentes e

situações de risco às quais essa população está exposta; elaborar juntamente com a

comunidade planos locais para enfrentamento dos problemas de saúde; prestar

assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda

organizada ou espontânea e desenvolver ações educativas e intersetoriais para o

enfrentamento dos problemas de saúde locais8.

Page 14: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

14

Segundo Deliberato (2002), a ESF apresenta-se como um grande potencial

para a mudança do modelo assistencial uma vez que propõe uma assistência

humanizada e a co-responsabilidade entre a sociedade e os serviços de saúde9.

De acordo com o Ministério da Saúde, a expansão e a qualificação da

atenção básica, organizadas pela ESF, compõem parte do conjunto de prioridades

políticas apresentadas pelo próprio ministério e aprovadas pelo Conselho Nacional

de Saúde. Esta concepção supera a antiga proposição de caráter exclusivamente

centrado na doença, desenvolvendo-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias,

democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipes, dirigidas às

populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade10.

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15

4. O FISIOTERAPEUTA NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA

A implementação da ESF prevê o envolvimento de profissionais qualificados,

capazes de articularem no exercício de seu trabalho os conhecimentos específicos,

construídos ao longo de sua formação profissional, com os saberes coletivos, em

busca de uma prática social que ultrapasse os limites da característica fragmentação

profissional predominante na saúde do Brasil11.

Sendo assim, com a Constituição Federal de 1988 e a regulamentação do

SUS, a partir da década de 90, instituições representativas (ABENFISIO e

COFFITO, por exemplo) e instituições formadoras ligadas à Fisioterapia (Ministério

da Educação e os cursos de ensino superior, por exemplo) começaram a estimular a

participação do fisioterapeuta na atenção básica. Os objetivos iniciais eram

acompanhar a tendência das novas políticas públicas de investimento na atenção

básica à saúde; assegurar um espaço nesse nível de atenção; propiciar a adaptação

curricular às Diretrizes Curriculares e à participação em residências

multiprofissionais12.

Mesmo com estas influências e ainda, tendo em seus regulamentos

formativos a determinação que o fisioterapeuta deve desenvolver atividades efetivas

em todos os níveis de atenção à saúde, participando de uma equipe interdisciplinar,

percebe-se que a atuação no nível primário ainda é pouco divulgada. Em

contrapartida, Barros (2002, apud BRASIL, 2005) destaca que paulatinamente,

experiências isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção da

fisioterapia na ESF enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados de saúde da

população13.

Contudo, uma das principais dificuldades encontradas com respeito à

inserção do fisioterapeuta na atenção primária e, não apenas na ESF, diz respeito à

formação inicial e à história da profissão, que apresenta um caráter reabilitador, com

atuação na atenção secundária e terciária, enraizada devido à grande demanda

inicial por reabilitação. Nessa lógica, o fisioterapeuta foi concebido como reabilitador,

voltando-se apenas para uma pequena parte de seu objeto de trabalho, que é tratar

a doença e suas sequelas14. Como explica Ribeiro (2002, apud RAGASSON, 2003),

essa lógica de conceitualização, durante muito tempo, excluiu da rede básica os

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16

serviços de fisioterapia, acarretando uma grande dificuldade de acesso da

população ao serviço e impedindo o profissional de atuar na atenção primária.

Segundo o COFFITO, no nível da atenção básica em saúde, o fisioterapeuta

pode participar das equipes multiprofissionais destinadas ao planejamento,

implementação, controle e execução de programas e projetos de ações em atenção

básica à saúde; pode promover e participar de estudos e pesquisas voltados à

inserção de protocolos da sua área de atuação nas ações básicas em saúde; pode

participar do planejamento e execução de treinamento e reciclagem de recursos

humanos em saúde; e participar de órgãos colegiados de controle em saúde15.

Castro et al (2006), em uma revisão bibliográfica, buscaram textos no

MedLine (PubMed), com o objetivo de realizarem uma discussão sobre a inserção

do fisioterapeuta no PSF. Após abordarem os conceitos de resolutividade e

integralidade, concluíram que:

Pode-se perceber que a resolutividade e a integralidade não podem ser garantidas aos atendidos pelo PSF sem a utilização dos serviços da fisioterapia uma vez que esse ramo da saúde é de importância crucial em algumas fases do processo saúde-doença16.

Desta forma, também consideram finalmente que essa inserção deve ser feita

de maneira “planejada, oficializada e articulada com a equipe multiprofissional”, para

que o fisioterapeuta tenha condições de exercer seu papel na saúde de maneira

adequada e completa16.

Nesse sentido, algumas experiências da fisioterapia na atenção primária já

estão sendo divulgadas em meios de comunicação científica (congressos, revistas

científicas e revistas profissionais), merecendo um estudo que promova uma

continuidade da problematização de seus achados, considerando esse nível de

atenção como uma política pública potente e estratégica para o sistema de saúde

vigente.

Page 17: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

17

5. OBJETIVO

Como objetivo geral, este estudo se propôs a analisar a descrição das

práticas do fisioterapeuta na Atenção Primária à Saúde, Atenção Básica e Estratégia

Saúde da Família por meio de revisão bibliográfica.

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6. METODOLOGIA

A metodologia desta pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica da

literatura brasileira, que abrangeu textos publicados em revistas científicas e virtuais

até setembro de 2009, além de artigos obtidos através de contatos por listas de

discussõesii

A revisão bibliográfica foi realizada pela busca das palavras-chaves: “atenção

primária à saúde”, “atenção básica à saúde” e “Programa Saúde da Família”, que

correlacionassem a atuação do fisioterapeuta, por meio de bases de dados com

acesso à internet (LILACS, GOOGLE, SCIELO etc). Através de comunicação por

meio de contato pessoal do (s) autor (es), na base de dados do Curriculum Lattes,

foram solicitados os trabalhos completos dos resumos encontrados que não

estavam com seu texto completo disponível, sendo somente um obtido e utilizado.

As dissertações, teses e monografias de graduação não foram utilizadas como

referências para a análise das atuações, uma vez que poderiam estar sendo

privilegiadas por serem textos maiores. No entanto, quatro trabalhos deste tipo

foram utilizados para compor o texto desta pesquisa, nas páginas iniciais, bem como

nos capítulos de discussão e considerações finais12, 37, 41, 44. Apenas foram utilizadas

referências brasileiras.

Após o estudo da literatura encontrada, foi elaborada uma análise que buscou

apontar o perfil dos artigos e organizar em categorias as atuações dos

fisioterapeutas, facilitando sua apresentação e discussão.

Toda a metodologia foi desenvolvida obedecendo aos princípios éticos da

resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo analisada e aprovada pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da UFJF sob o parecer nº. 037/2009, de 16 de abril de

2009, protocolo n. 1682.026.2009 (ANEXO).

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19

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1. Perfil dos artigos analisados

Foram encontrados 21 artigos, apresentados no Apêndice A - Quadro 1, dos

quais 16 descrevem as atuações específicas dos fisioterapeutas. Do total de 21

artigos, dez têm seus autores vinculados a instituições da região sudeste 16, 17, 18, 19,

20, 21, 22, 23, 24, 25, sendo que com seis artigos, o estado de Minas Gerais foi a unidade

federativa que mais artigos publicou17, 20, 21, 22, 24, 25, seguido de três artigos

publicados pelo estado do Rio de Janeiro18, 19, 23, e um pelo estado de São Paulo16.

Cinco artigos possuem autores vinculados a instituições na região nordeste26, 27, 28, 29,

30, enquanto outros cinco possuem autores com vínculo a estados da região sul31, 32,

33, 34, 35. Para completar o total de artigos analisados, ainda consta um artigo

publicado pela revista “O COFFITO”, o qual não foi considerado dentro de nenhuma

região por não especificar um autor (pessoa física)36.

Em relação às instituições vinculadas aos autores, as públicas aparecem com

14 artigos16, 17, 18, 19, 20, 23, 25, 27, 28, 29, 30, 31, 34, 36 frente a sete de instituições privadas21,

22, 24, 26, 32, 33, 35. Dentre as instituições públicas, 10 artigos têm seus autores

vinculados a Instituições de Ensino Superior (IES)16, 17, 19, 20, 27, 28, 29, 30, 31, 34, um a

uma Autarquia Federal (COFFITO)36, um trabalho exclusivamente relacionado a uma

Escola de Saúde Pública (Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/

FIOCRUZ)23, outro relacionado a uma Instituição Governamental (Secretaria

Municipal de Saúde de Macaé - RJ)18 e, por fim, um artigo referente a uma parceria

entre uma Escola de Saúde Pública (Escola de Saúde Pública de Minas Gerais) e

uma Instituição Governamental (Prefeitura de São João Del Rei - MG)25. Em relação

às instituições privadas vinculadas aos autores dos artigos encontrados, todas as

sete são Instituições de Ensino Superior (IES). Pode-se observar que a grande

maioria das publicações têm seus autores vinculados a instituições ligadas à

academia, corroborando com a função docente de gerar novos conhecimentos.

Podemos supor tal constatação pela maior facilidade de acesso aos meios para

publicação. No entanto, mesmo que timidamente, percebe-se um iniciar da

preocupação dos profissionais dos serviços em divulgar suas práticas.

Page 20: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

20

As cinco publicações do Nordeste (NE)26, 27, 28, 29, 30 têm seus autores

vinculados a instituições de ensino superior, sendo que somente uma é privada26. Já

nos cinco artigos da região Sul do país, três são de autores vinculados a instituições

privadas de ensino superior32, 33, 35, sendo que as duas publicações referentes à

instituição pública pertencem à Universidade Estadual de Londrina31, 34. Em relação

aos dados da região Nordeste, parece que a maior identificação das instituições

públicas com a atenção básica pode estar associada ao seu contexto histórico de

lutas sociais e maior evidência das desigualdades sociais. O maior contingente

populacional marginalizado e a consequente necessidade de implementação de

ações de saúde coletiva de impacto, podem estar associados a uma maior

preocupação com a integração entre as instituições formadoras e os serviços de

saúde.

Com relação à fonte, em maior frequência destacam-se a Revista de APS -

Atenção Primária à Saúde com quatro publicações22, 29, 30, 34, a Revista Ciência e

Saúde Coletiva com três23, 33, 35 e a Revista Fisioterapia em Movimento também com

três publicações16, 17, 20. Somente sete artigos foram publicados em revistas

específicas da Fisioterapia16, 17, 20, 21, 24, 25, 28. Além dos artigos publicados na

Fisioterapia em Movimento, ainda houve a publicação de dois artigos na FisioWeb

Wgate24, 25, um artigo na Fisioterapia Brasil21 e outro na Revista de Fisioterapia da

USP (atual Fisioterapia e Pesquisa)28.

Em relação ao tipo de delineamento de estudo utilizado, consideramos os

seguintes critérios de classificação: a) artigos de revisão sistemática ou bibliográfica;

b) artigos de atualização ou resenhas científicas; c) relato de caso e experiência; d)

pesquisa qualitativa utilizando questionários, entrevistas e/ou pesquisa-ação; e)

pesquisa quantitativa utilizando a estatística como meio principal de análise dos

dados, como por exemplo, em estudos epidemiológicos e f) pesquisa quanti-

qualitativaiii. Foram encontrados oito artigos em forma de “relato de caso e

experiência”17, 18, 20, 22, 27, 32, 34, 36, seguidos por cinco artigos que utilizaram a

“pesquisa qualitativa”24, 29, 30, 31, 35, três em forma de “artigos de atualização ou

resenhas científicas”19, 23, 25, dois artigos de “revisão sistemática ou bibliográfica”16, 21,

outros dois utilizaram a “pesquisa quanti-qualitativa”26, 33 e, por fim, um artigo na

forma de “pesquisa quantitativa”28.

A partir desta análise, é interessante observar que quase a metade dos

artigos encontrados são relatos de casos e experiências, o que vai ao encontro da

Page 21: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

21

expansão da atuação do fisioterapeuta na Atenção Básica gerando resultados

relevantes para serem compartilhados. Sendo assim, para a consolidação do

trabalho do fisioterapeuta na APS, se farão necessários estudos que comprovem

epidemiologicamente melhorias nas condições de saúde da comunidade.

7.2. Categorias de atuação profissional

Os resultados apresentados a seguir seguem a ordem de maior aparição

dentre as atuações do fisioterapeuta citadas na literatura analisada, conforme

Apêndice B - Quadro 2, permeados de discussão com base em outras literaturas

disponíveis, as quais não foram utilizadas para análise, como por exemplo teses e

dissertações. Para essa análise, utilizamos os 16 artigos que descreveram as

atuações17, 18, 19, 20, 21, 22, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 36. .

As categorias evidenciadas foram as ações de educação em saúde, atividade

domiciliar, atividade de grupo, investigação epidemiológica e planejamento das

ações, atividades interdisciplinares, atendimentos individuais na UBS, atenção aos

cuidadores, atuações intersetoriais e acolhimento.

No entanto, pela maioria dos autores dos artigos estarem vinculados a

Instituições de Ensino, nos chamou a atenção o envolvimento com a formação de

novos profissionais. Desta forma, além das ações citadas acima, considerou-se

importante a formulação de um tópico que abordasse as ações acadêmicas, a partir

do envolvimento dos alunos dos cursos de fisioterapia.

7.2.1. Educação em Saúde

Dos 16 artigos, 11 apresentaram atividades relacionadas à educação em

saúde18, 19, 20, 21, 26, 29, 31, 32, 33, 34, 36, sendo incluídas as atividades relacionadas a

orientações para pacientes e seus familiares – relativas ao acometimento específico

do paciente – e as atuações referentes a orientações gerais à comunidade –

relativas à promoção de saúde e prevenção de agravos (grifo nosso). Apenas um

Page 22: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

22

artigo mencionou os dois tipos de abordagens simultaneamente21, sendo que outros

quatro abordaram atividades relacionadas estritamente aos pacientes e seus

cuidadores20, 29, 32, 36 e outros cinco apresentaram apenas a educação em saúde

envolvendo a comunidade18, 19, 26, 31, 34. Por fim, no texto de Delai e Wisniewski

(2009), no qual foi aplicado um questionário a 24 fisioterapeutas que atuavam em

municípios pertencentes a uma Coordenadoria Regional de Saúde do RS, somente

um fisioterapeuta respondeu realizar ações isoladas de educação postural a

escolares33.

Pôde-se perceber que dificilmente se deu, num mesmo artigo, a associação

entre os processos de educação em saúde relacionada à promoção da saúde da

comunidade e às orientações dos pacientes e seus familiares, determinando assim

um perfil de abordagem limitado a uma metodologia de atuação. Isto pode sugerir

uma tendência da adoção de atuações focadas ou na promoção da saúde ou

estritamente nos cuidados com as enfermidades e prevenção de agravos, refletindo

a dificuldade de associação destas duas linhas de abordagem na Educação em

Saúde.

Ainda em relação às limitações, um artigo analisado cita que as atividades de

orientação à comunidade foram realizadas fora da carga horária de trabalho,

portanto, não sendo remunerada. Deste modo, os autores identificaram que as

ações preventivas e educativas, apesar de fundamentais, ainda não se constituem

como prioridade na atuação da fisioterapia possivelmente devido à grande demanda

por atendimento curativo/reabilitador e ao reduzido número de fisioterapeutas

atuantes no PSF do município de Londrina (PR)31.

Em relação às ações de educação em saúde por meio do trabalho

interdisciplinar, uma experiência de Belo Horizonte cita orientações para pacientes e

familiares juntamente com o acompanhamento dos ACS locais20. Já o “Projeto de

Assistência Interdisciplinar a Idosos (PAINP)”, da Universidade Estadual de

Londrina, aborda de forma participativa, temas de saúde e envelhecimento ligado às

áreas dos profissionais vinculados ao projeto. Os autores observaram a importância

da atividade devido à integração de toda equipe - serviço social, fisioterapia,

medicina, enfermagem, nutrição e odontologia - e um maior envolvimento nas

iniciativas já consolidadas pelos profissionais locais34. Deste modo, pode-se

perceber que, além do envolvimento da comunidade, a Educação em Saúde pode

Page 23: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

23

ser trabalhada como alternativa para o melhoramento das relações dos processos

de trabalho dos profissionais que atuam na atenção básica.

Já em relação às orientações aos pacientes e seus familiares, a Educação em

Saúde foi observada associada às atividades domiciliares. Essa associação foi

mencionada em três artigos, sendo que as visitas domiciliares foram aproveitadas

para a realização do momento de Educação em Saúde envolvendo esclarecimentos

e orientações para pacientes e familiares29, 32, 36.

Em relação aos métodos de trabalho na Educação em Saúde, González

(2008) cita em sua dissertação que é possível agrupar as tendências educativas em

duas categorias principais. A vertente hegemônica ou tradicional, que estaria

centrada na concepção do homem destituído de saberes ou possuidor de saberes

equivocados, e a tendência crítica ou dialógica que possui como ênfase a ação

coletiva e a participação popular visando à atuação sobre os determinantes sociais

do processo saúde-doença37. Considerando esta definição, na maioria dos estudos

anteriormente citados, não há a menção do método de educação em saúde

trabalhado.

A experiência da Escola de Posturas para crianças, adultos e idosos,

realizada em Sobral (CE), envolve “aulas educativas semanais” com temas

relacionados à compreensão dos mecanismos da dor e da anatomia, além de

orientações sobre educação postural36. É importante que a abordagem com ênfase

no sistema músculo esquelético, quase sempre trabalhado com o termo “educação

postural”, não se restrinja somente às enfermidades relacionadas a este sistema,

priorizando também um diálogo a respeito de outras questões envolvidas nos

determinantes do processo saúde-doença.

No artigo que aborda o envolvimento de agentes comunitários na atuação de

fisioterapeutas em João Pessoa (PB), a orientação realizada aos “usuários com

sequela de AVC” e seus familiares tinha como instrumento principal uma cartilha29.

Apesar de não ter sido citado o seu conteúdo, a Educação em Saúde concentrada

em um material pré-estabelecido pode sugerir uma prática baseada em orientações

padronizadas sem levar em consideração a singularidade de cada usuário.

Entretanto, o único artigo que sugere uma abordagem da prática de Educação

em Saúde de acordo com a vertente dialógica foi o referente ao “Projeto de

Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)”, de Londrina (PR).

Page 24: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

24

As ações educativas junto aos idosos da comunidade envolviam uma “metodologia

participativa”, abordando temas sobre “saúde e envelhecimento”34.

É válido ressaltar que independente dos termos utilizados para a definição

das ações em educação em saúde (como “aula”, “palestra” e “cartilha”), deve ser

considerado o método dialógico de atuação atribuindo ao usuário uma participação

ativa nesse processo.

De acordo com as enfermeiras Dias, Silveira e Witt (2009), em seu artigo de

atualização sobre o trabalho com grupos na atenção primária, com o objetivo de

servir para os diversos profissionais da saúde, citam que o espaço da educação em

saúde:

Favorece o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal como também no profissional, por meio da valorização dos diversos saberes e da possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde-doença de cada pessoa (...) A educação em saúde é essencial na promoção da saúde, na prevenção de doenças, e no tratamento precoce e eficaz das doenças, minimizando o sofrimento e a incapacidade (...) mais do que difundir informações, relaciona-se a ampliar a capacidade de análise e de intervenção das pessoas tanto sobre o próprio contexto quanto sobre o seu modo de vida e sobre sua subjetividade38.

As mesmas autoras ainda citam os grupos com o objetivo de socializar,

podendo ajudar pessoas que tiveram algum episódio de perda e que interromperam

seus vínculos sociais38.

Considerando o exposto, as dificuldades relacionadas à valorização desta

atuação e a sua metodologia de abordagem necessitam de maior aprofundamento e

capacitação para uma melhor formação dos profissionais fisioterapeutas.

7.2.2. Atividade domiciliar

Dos 16 artigos que citaram as atuações do fisioterapeuta na Atenção Básica,

nove abordaram a atividade domiciliar18, 19, 20, 21, 22, 29, 31, 32, 36. Destes, três abordaram

unicamente o atendimento domiciliar18, 19, 32, um abordou apenas a visita domiciliar29

e cinco apresentaram citações destes dois tipos de atuação simultaneamente20, 21, 22,

31, 36.

Page 25: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

25

A frequente presença da atividade domiciliar nos artigos consultados pode

estar relacionada ao contexto histórico da Fisioterapia. Freitas (2006) aponta em sua

tese que o atendimento no domicílio está relacionado “ao maior apelo para a

justificativa da atuação” do fisioterapeuta na Atenção Básica, o que pode explicar a

presença desta atuação em grande parte das experiências observadas neste

levantamento bibliográfico12.

As atividades domiciliares descritas nos artigos estão relacionadas aos

pacientes que apresentam impossibilidade de se deslocarem até as Unidades de

Saúde. Como exemplo, a experiência de Sobral (CE) relata o atendimento a

sequelados de AVC, TCE, TRM, amputados, entre outros distúrbios neurológicos

(incluindo crianças), em que são também realizadas orientações técnicas aos

familiares para que possam dar continuidade ao trabalho terapêutico, visando uma

melhor evolução clínica do paciente acamado. No mesmo artigo, a experiência de

Campos dos Goytacases (RJ) aborda atendimentos a portadores de distúrbios

neurológicos, traumato-ortopédicos funcionais e cardio-pneumo funcionais36.

Apesar da importância reconhecida do caráter multidisciplinar da intervenção

em saúde, a realização de visitas domiciliares multiprofissionais foi citada apenas na

experiência de Macaé (RJ)18. Entretanto, não há uma descrição dos profissionais

envolvidos e da metodologia da atividade.

O serviço de referência para a atenção secundária também foi citado, no

sentido de propiciar uma avaliação especializada, bem como encaminhar para

tratamentos em ambulatórios. Exemplos dessa referência, relacionada ao

atendimento domiciliar, podem ser observados na experiência de Londrina (PR), a

qual cita o encaminhamento a outros serviços públicos, dos pacientes que requerem

atendimento mais especializado ou que necessitem de recursos não disponíveis nas

unidades31. A experiência de Paracambi (RJ) também aborda esta questão uma vez

que apesar do número reduzido de profissionais, da escassez do material de

trabalho e do precário acesso às famílias, o atendimento aos acamados e com

sequelas neurológicas é prestado até que ele tenha condições de ser encaminhado

ao ambulatório municipal ou a uma clínica conveniada21. No entanto, não há citação

em relação à contra-referência.

A prática da visita domiciliar, como primeiro momento de contato com a

moradia do usuário, sem necessariamente vinculá-lo ao atendimento, foi objetivada

por ações de orientações ou para o levantamento dos problemas locais. Como

Page 26: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

26

exemplo, na experiência em João Pessoa (PB), em que cada estudante pesquisador

da UFPB acompanhava as agentes comunitárias de saúde, foi utilizada para

orientação uma cartilha elaborada para o usuário com sequela de AVC e sua família,

já que este acometimento era muito frequente nos usuários daquele local de

atuação29.

Outro artigo, relatando uma experiência de Belo Horizonte, descreve que

após o levantamento das prioridades, a visita domiciliar foi realizada sendo

constituída de uma avaliação ambiental e de uma avaliação física com ênfase na

funcionalidade do paciente e do cuidador. Deste modo, a conduta fisioterapêutica é

proposta após a avaliação em domicílio abrangendo, igualmente, a figura do

cuidador, objetivando a prevenção ou minimização da sobrecarga e o impacto

emocional negativo gerado com a tarefa do cuidar22.

Segundo Freitas (2006), a convivência do fisioterapeuta no ambiente familiar

o coloca em confronto direto com a realidade vivida pelo usuário, o que permite uma

melhor identificação das necessidades da pessoa a ser atendida e melhor

formulação das ações a serem propostas pelo profissional12.

Com estas observações, pode-se sugerir que a comunidade, após o

conhecimento das atividades dos fisioterapeutas, solicita esta ação uma vez que

identifica o atendimento domiciliar fisioterapêutico como uma alternativa de

resolução dos seus problemas. Porém, o tempo dedicado ao atendimento no

domicílio e a metodologia de eleição dos usuários que necessitam de atendimentos

apresenta-se como um grande desafio a ser esclarecido no processo de trabalho do

fisioterapeuta juntamente com os demais profissionais da atenção básica.

7.2.3. Atividade de grupo

As atividades em grupo também foram frequentemente citadas, estando

presentes em nove18, 19, 20, 21, 26, 27, 31, 34, 36 dos 16 artigos que descreveram as

atuações do fisioterapeuta.

Os grupos foram observados nos diferentes ciclos de vida da população,

sendo representados pela saúde da criança, do adulto, da mulher e do idoso. O que

mais se destacou foi o grupo de adultos, seguido por grupos de mulheres, idosos e

Page 27: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

27

crianças. Muitos deles também estavam organizados com tema focal sobre algum

acometimento em saúde.

Os grupos que abordaram a saúde do adulto estiveram presentes em oito

artigos18, 19, 20, 21, 26, 27, 31, 36, sendo que somente um desses não especifica qual

trabalho foi realizado com este grupo19. Todos os sete artigos que detalham suas

atividades com o grupo de adultos apontam atividades voltadas para indivíduos com

doenças que envolvem o sistema cardiorrespiratório ou músculo-esquelético18, 20, 21,

26, 27, 31, 36, como por exemplo, grupo de caminhada para hipertensos e o programa

de atenção aos diabéticos20. Desses sete, somente três tabém citam atividades para

promoção da funcionalidade e prevenção de incapacidades, sendo exemplificadas

por Grupos e Escola de Postura26, 27, 36.

Em relação à saúde do idoso, seis artigos relatam atividades para grupos

posturais e de exercícios, não enfocando nenhuma disfunção específica do processo

de envelhecimento18, 19, 20, 26, 34, 36. Neste sentido, parece que esta atividade está

embasada no conceito de envelhecimento ativo, preconizado pela Organização

Mundial de Saúde, que também não exclui os atendimentos focados em disfunções

específicas como forma de atuação nesse grupo populacional39.

As atividades relacionadas à saúde da mulher abrangeram grupos de

usuárias mastectomizadas, gestantes, com incontinência urinária e no climatério.

Alguns desses grupos foram citados em sete artigos18, 19, 20, 26, 27, 31, 36.

Especificamente sobre o grupo de gestantes, foram citadas atuações que envolviam

alongamentos, relaxamentos, orientações posturais, atividades respiratórias,

preparação para o parto normal e exercícios de fortalecimento do períneo27, 36.

Na saúde da criança e adolescentes, foram seis artigos18, 19, 20, 26, 27, 36 que

citaram trabalhos em grupo com foco para este ciclo da vida. Três artigos20, 26, 27

apresentaram como atividade de grupo a estimulação em crianças com problemas

neurológicos e respiratórios e três artigos20, 26, 36 citaram a realização de grupos com

mães de crianças com estes acometimentos, sendo que dois deles abordam essas

duas atividades simultaneamente, como por exemplo, atendimentos individuais às

crianças asmáticas e orientações para as mães20, 26. Entretanto, dois artigos18, 19 não

detalham qual o objetivo dos grupos.

Rouquayrol et al (2006) citam que os acometimentos mais frequentes em

crianças até os quatro anos de idade são as infecções respiratórias agudas, as

doenças infecciosas e as deficiências nutricionais. Já na faixa etária de cinco a nove

Page 28: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

28

anos, há grande destaque para a violência doméstica e uso de drogas40. Estas

informações vão ao encontro dos achados referentes aos principais motivos de

internações hospitalares, na faixa etária até nove anos, da cidade de Juiz de Fora

(MG) no período entre dezembro de 2006 e dezembro de 2007. Destacaram-se as

doenças do aparelho respiratório e as afecções originadas no período neonataliv.

Desta forma, pode-se justificar a preocupação com a realização de grupos de

crianças com problemas respiratórios, já que há uma grande demanda para este tipo

de morbidade. Porém, não foram citados trabalhos envolvendo crianças com os

outros acometimentos mais comuns nesse ciclo de vida, sugerindo uma possível

ausência do levantamento das reais necessidades apresentadas pela comunidade.

Pode-se observar que o número de citações de grupos relacionados à saúde

do idoso e da criança foi menor que o referente à saúde do adulto e da mulher. Isto

pode estar correlacionado com o maior foco dado, na maioria dos currículos

acadêmicos, à saúde do adulto em detrimento aos outros ciclos da vida,

repercutindo em um maior número de ações profissionais relacionadas ao usuário

em sua idade produtiva. No entanto, em relação à demanda espontânea na atenção

básica, há uma percepção subjetiva por parte dos estagiários, supervisores e

docentes, de que a criança e o idoso são os grupos populacionais mais frequentes,

embora não tenhamos achado relato científico que comprove tal afirmaçãov.

Apesar da importância da atuação frente aos indivíduos portadores de uma

patologia já instalada, pode-se destacar a inexpressiva citação de atividades com o

objetivo principal de promoção da saúde, envolvendo indivíduos com enfermidades

ou não, não apontando a patologia como critério de inclusão. Deste modo, a

marcante presença do modelo assistencial tradicional pode ser percebida devido à

citação de doenças como caracterização e até mesmo como denominação dos

grupos.

Dentre as funções das atividades de grupo, a dissertação de Rezende (2007)

aponta:

Socialização dos integrantes dos grupos, lazer, integração com a equipe, com a comunidade e meio ambiente, promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, combate ao sedentarismo e manutenção ou aprimoramento das capacidades físicas e mentais49.

Também cita que as atividades em grupo podem ser realizadas na unidade de

saúde ou fora dela e que o número de participantes e a relação com a estrutura

Page 29: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

29

física e o acesso à população são fatores que devem ser considerados no

planejamento deste tipo de atuação23.

Gallo (2007) acrescenta ainda que a atuação necessita estar voltada às

particularidades locais, porém não se exclui a necessidade de padronizações e

adaptações de algumas condutas41.

7.2.4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações

A preocupação em relação ao planejamento das ações a partir de uma

investigação epidemiológica esteve presente em oito referências17, 18, 21, 22, 26, 28, 31, 34.

Em Macaé (RJ), as atividades de investigação da comunidade foram

consideradas como marco inicial para a trajetória da integração do Fisioterapeuta

nas equipes de saúde. Estas atividades foram representadas pela análise do

Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), levantamento bibliográfico,

observação participante e aplicação de entrevistas semi-estruturadas com

profissionais e usuários. A partir da análise dos dados do SIAB e reuniões com as

equipes, foram traçadas estratégias de atuação de acordo com o perfil de cada

comunidade, a qual revelou uma grande demanda reprimida nas áreas de atenção à

saúde da criança, da mulher, do adulto, do idoso e daqueles restritos ao leito ou ao

domicílio18.

Um trabalho do Projeto de Extensão “Estágio Vivência no PSF”, realizado em

uma UBS de Belo Horizonte (MG), também demonstrou preocupação com a

investigação antes da ação propriamente dita. A busca de uma prática mais atual e

contextualizada da atuação do fisioterapeuta dentro do PSF tomou como ponto de

partida um estudo transversal para caracterizar as condições de vida e moradia de

todos os usuários dependentes, definidos como aqueles que não conseguem

deslocar-se provisória ou definitivamente até a unidade de saúde17.

De forma semelhante, Muniz et al (2007) realizou a caracterização de 250

idosos independentes e de 70 idosos restritos ao domicílio e seus cuidadores.

Através de entrevistas realizadas por estudantes, foram abordadas questões

referentes às condições sócio-econômicas, condições de morbidade, estado

nutricional, estado cognitivo e capacidade funcional34.

Page 30: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

30

Em Sobral (CE), as atividades relacionadas ao reconhecimento da área

descentralizada e das potencialidades da comunidade foram citadas como

atividades desenvolvidas pelos fisioterapeutas na Estratégia Saúde da Família do

município. Foi citada uma preocupação em atingir usuários que necessitavam de

atendimento em seu próprio domicílio e em garantir um novo modelo de atenção à

saúde da população26.

A investigação epidemiológica também esteve presente no trabalho de Trelha

et al (2007), onde apontam que a inclusão do fisioterapeuta no PSF de Londrina

(PR), em abril de 2002, ocorreu a partir do mapeamento do município, o qual revelou

uma grande demanda de pacientes, principalmente acamados, assim como

“sequelados” de acidente vascular encefálico e idosos31.

Ainda neste contexto, na experiência do estágio supervisionado de fisioterapia

em saúde coletiva do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), o

levantamento de prioridades para o atendimento domiciliar, a partir da demanda dos

usuários, trazida pelos profissionais de saúde da UBS, foi apontado como

instrumento de capacitação para o gerenciamento das condições de funcionalidade

de cada indivíduo e de evidência da necessidade do trabalho interdisciplinar22.

Delai e Wisniewski (2009), embora não tenham obtidos dados nos

questionários aplicados, em relação a atuação dos fisioterapeutas na investigação

epidemiológica, destacam o apontamento da atuação do fisioterapeuta na vigilância

dos distúrbios cinesio-funcionais. Consideram tal atividade como sendo uma

subárea da vigilância epidemiológica, responsável pelo acompanhamento e

monitoramento da integridade físico-funcional e dos distúrbios relacionados à

locomoção humana. Seu objetivo é fornecer dados e informações relevantes às

equipes de saúde, tanto na definição do perfil epidemiológico da população, como

subsidiando as atividades de planejamento e intervenções33.

Desse modo, deve-se ressaltar a importância da realização de estudos

epidemiológicos antes da atuação do fisioterapeuta na atenção primária à saúde.

Assim, é possível conhecer a demanda inicial, o que possibilita melhor planejamento

das ações e consequentemente maior eficácia nos serviços prestados à

população28.

Page 31: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

31

7.2.5. Atividades interdisciplinares

Dos 16 artigos, sete mencionaram experiências que envolveram a

interdisciplinaridade e a discussão dos casos17, 18, 21, 22, 33, 34, 36.

Apesar disso, é válido salientar que a atuação interdisciplinar da saúde

encontra-se nas diretrizes do PSF. O Ministério da Saúde, em 1997, afirmou que o

atendimento no PSF deve ser sempre realizado por uma equipe multiprofissional e

que a constituição da equipe deve ser planejada levando-se em consideração alguns

princípios básicos, como o enfrentamento dos determinantes do processo

saúde/doença, a integralidade da atenção, a ênfase na prevenção, a parceria com a

comunidade e as possibilidades locais42.

Nesta categoria de análise a atividade interdisciplinar foi considerada quando

havia menção de reunião ou encontro entre profissionais. Em relação à atividade de

discussão dos casos clínicos, a reunião com os diferentes profissionais da atenção

básica foi citada em cinco dos seis artigos17, 21, 33, 34, 36. O “Projeto Assistência

Interdisciplinar a Idosos (PAINP)”, realizado numa UBS na cidade de Londrina (PR),

além da atividade integradora citada no item educação em saúde, também citam a

discussão de casos clínicos e assistência interdisciplinar aos idosos com alta

dependência funcional, sendo composta pela realização de atividades, como

aferição de sinais vitais, e pela orientação dos cuidadores quanto aos cuidados com

os idosos e com eles próprios34.

Na experiência de Macaé (RJ) há o relato de reuniões mensais dos

fisioterapeutas para reflexão da prática, na tentativa de apontarem as dificuldades

enfrentadas e soluções para as mesmas. Apesar desta importante iniciativa, não há

menção de reuniões com os demais profissionais, sendo a atuação multiprofissional

restrita às visitas domiciliares, à participação em “multirões” e em campanhas de

saúde18.

As reuniões da equipe de fisioterapia também são citadas em um trabalho

realizado em Belo Horizonte (MG), para o levantamento das prioridades, tendo como

objetivo a discussão e determinação dos casos que eram considerados prioridades,

bem como as intervenções em cada caso22.

Pode-se ainda destacar a experiência no Centro de Saúde São Gabriel, no

município de Belo Horizonte (MG), que consistiu na aplicação de um protocolo para

Page 32: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

32

cadastramento e monitoramento dos usuários impossibilitados de se dirigirem ao

Centro de Saúde. Esta atividade envolveu uma posterior discussão em equipe da

situação de cada dependente e sua família, o planejamento e a definição de

estratégias e ações, tanto de caráter individual quanto familiar e comunitário.

Segundo os autores, esta ação interdisciplinar ajudou a envolver e a responsabilizar

todos os profissionais, aumentando a resolutividade das intervenções. Deve-se

ressaltar o fato de que a atenção aos usuários dependentes e seus familiares, a

partir do projeto da fisioterapia, passou a fazer parte da rotina das equipes de PSF

desse Centro de Saúde, resultando num processo em que os pacientes passaram a

ser encaminhados para tratamento com algum dos profissionais da equipe de PSF e

monitorados pelos ACS17.

Como pode ser observado pela citação das experiências acima, a ação

conjunta dos profissionais da saúde nas ações na atenção básica ainda não é uma

prática comum. No entanto, quando ocorre, parece demonstrar uma preferência

pelas ações relacionadas aos usuários idosos e dependentes.

7.2.6. Atuações acadêmicas

O envolvimento de acadêmicos do curso de fisioterapia no âmbito das ações

dos fisioterapeutas na atenção básica, por meio das atividades de estágio e dos

projetos de extensão, esteve presente em seis artigos analisados17, 20, 22, 30, 31, 34.

Na experiência de Londrina (PR) foi citado o envolvimento dos

fisioterapeutas da atenção básica na supervisão de estagiários, auxiliando os

docentes. Esta atuação foi atribuída ao “âmbito educativo” e colocada em prática

através de convênios com universidades da região31.

Outra experiência do mesmo município relata a atuação do “Projeto de

Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)” em uma área

abrangente de uma Unidade Básica de Saúde, que desde 2001 conta com um grupo

de docentes de diferentes áreas da Universidade Estadual de Londrina

(enfermagem, fisioterapia, medicina, odontologia e serviço social). O projeto adota o

modelo de equipe interdisciplinar, havendo interação entre alunos e professores dos

diferentes cursos, juntamente com a equipe da unidade básica de saúde do local34.

Page 33: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

33

Três artigos abordam este tipo de atividade no município de Belo Horizonte

(MG)17, 20, 22. O Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) juntamente com as

equipes do PSF de um centro de saúde, promove o estágio de fisioterapia em saúde

coletiva desde janeiro de 2005. A supervisão do estágio é realizada “por uma

fisioterapeuta, professora da instituição de ensino presente na unidade juntamente

com um grupo composto, em média, por cinco alunos do 9º período, durante 25

horas semanais”. Como atividade principal está sendo enfatizado o trabalho de

promoção de saúde do cuidador informal, em virtude do aumento da demanda de

visitas domiciliares. Além disso, busca-se integrar a fisioterapia com os profissionais

de saúde da unidade (agentes comunitários de saúde, enfermeiro e médico) para o

desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares, os quais têm apresentado

resultados positivos no que se refere à “melhora da qualidade de vida dos familiares

dos pacientes dependentes”22.

Em outra experiência, pode-se observar que o Curso de Fisioterapia da

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece para os alunos do último

período do curso, desde 1990, o estágio em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da

Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. O objetivo é a “superação do

modelo tradicional de formação do fisioterapeuta centrado na atenção terciária à

saúde” e através dele os alunos têm a oportunidade de vivenciar o trabalho

desenvolvido por profissionais inseridos no PSF17.

Em outro artigo que também descreve a prática do estágio envolvendo

estudantes do curso de fisioterapia da UFMG, são realizadas atividades que

possibilitem aos alunos desenvolver sua atuação de acordo com o modelo

assistencial sugerido pelo SUS, além de conhecer a realidade de saúde do

município, permitindo a proposta de ações voltadas às demandas da população20.

Por fim, o artigo que traz a experiência de João Pessoa (PB) aponta o

“Projeto Fisioterapia na Comunidade” como articulador entre profissionais de saúde

e estudantes de fisioterapia. Na pesquisa citada nesse artigo, relacionada à

investigação sobre as práticas de Educação Popular em Saúde, estiveram

envolvidas pessoas com deficiência, seus familiares, profissionais das equipes de

saúde da família, estudantes de Fisioterapia e lideranças da comunidade30.

A partir do exposto pode-se observar que geralmente o envolvimento

acadêmico dos cursos de fisioterapia, nos centros de saúde, se deu exclusivamente

sob a supervisão de docentes. Exceto a primeira experiência referente à cidade de

Page 34: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

34

Londrina (PR)31, não fica claro se ocorre ou não o envolvimento dos acadêmicos

com fisioterapeutas dos serviços mencionados, seja por não pertencerem às

equipes de saúde, seja por não participarem destas atividades acadêmicas.

7.2.7. Atendimentos individuais na UBS

Esta atuação não foi comum nas referências pesquisadas. Apenas três

citaram qualquer prática de atendimento individual dos usuários nas unidades

básicas de saúde21, 26, 36.

Dentre as atuações observadas no Programa Saúde da Família de Sobral

(CE), há o trabalho individual na reeducação postural global e no tratamento de

sequelas de pacientes acometidos pela hanseníase26.

O COFFITO (2003), através do relato da experiência de Campos dos

Goytacases (RJ), cita atendimentos a portadores de distúrbios neurológicos,

traumato-ortopédicos e cárdio-respiratórios36.

Por fim, Baraúna et al (2008) apontaram a presença de atendimentos

individuais nas Unidades Básicas de Saúde referentes ao Programa Saúde da

Família de Belo Horizonte (MG). Porém, remete essa atuação apenas às ações de

promoção e recuperação da saúde21.

Em relação a esses três artigos, podemos discutir dois conceitos citados: o

primeiro sobre o conceito de promoção e o segundo sobre os atendimentos

individuais.

A definição mais recente de promoção da saúde está citada na Carta de

Ottawa (1986), que cita ser o nome dado ao “processo de capacitação da

comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma

maior participação no controle deste processo”43. Desta forma, como cita González

(2008), referindo-se à Carta:

A saúde é entendida como um conceito positivo e vista como um recurso para a vida, não como o sentido de viver. Sendo assim, a promoção da saúde deixa de ser responsabilidade exclusiva do setor saúde, indo além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global que inclui condições e requisitos como paz, moradia, educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade37.

Page 35: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

35

Os atendimentos individuais na atenção básica, explicitados pelos artigos

abordados nesta revisão, não mencionam o tipo de abordagem adotada. Nesse

sentido é importante salientar que o atendimento individual para garantir a promoção

da saúde, deve ser norteado por um método de trabalho que traga autonomia,

formação de cidadania participativa e democrática ao usuário.

7.2.8. Atenção aos cuidadores

Os cuidadores poderiam ter aparecido nos artigos como um grupo específico

de usuários merecedores de intervenções na ótica da proteção específica -

enfatizando os riscos inerentes a sua tarefa de cuidar - como também na perspectiva

de um cuidado mais ampliado e integral a todas as suas necessidades como sujeito.

Contudo, apenas três artigos destacaram a atenção aos cuidadores como

uma atuação fisioterapêutica na atenção básica22, 26, 34, sendo que em um deles não

fica evidente qual a ótica do trabalho adotada, pois não detalha as atividades

realizadas26.

Na experiência de Sobral (CE), pôde ser observada a preocupação do

cuidador dentro do ambiente familiar, numa visão ampliada das ações de prevenção

de agravos e promoção da saúde26.

A experiência de Belo Horizonte (MG) também cita a atenção ao cuidador no

sentido de prevenir ou minimizar a “sobrecarga e o impacto emocional negativo

gerado com a tarefa do cuidar”. Dentre outros pontos, os cuidadores recebiam

“esclarecimentos sobre a patologia, prognóstico e suas implicações físicas”,

orientações quanto ao “manuseio adequado do paciente para diminuir a sobrecarga

osteomuscular” e quanto a “possíveis adaptações ambientais no domicílio”. A única

atividade que dá a noção de uma atenção mais ampliada ao cuidador está descrito

como “incentivo e valorização do trabalho do cuidador contribuindo para uma melhor

compreensão do seu papel sem abdicar de sua vida pessoal”22.

Da mesma forma, a experiência de Londrina (PR), com o “Projeto de

Assistência Interdisciplinar a Idosos em Nível Primário (PAINP)”, cita o

acompanhamento e orientação do cuidadores e familiares dos idosos atendidos.

Para isso, foi formado um grupo de cuidadores com o intuito de possibilitar a troca

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36

de experiências entre cuidadores, estudantes de diversos cursos da área da saúde,

professores e profissionais de saúde da UBS. Nessas reuniões, em relação aos

temas de interesse da fisioterapia, foram discutidos: “postura e transferências do

idoso, efeitos da imobilidade, riscos de quedas, stress e relaxamento para o

cuidador”. Os temas trabalhados em forma de palestras envolviam a tarefa de cuidar

e as outras atividades, como exercícios de alongamento e relaxamento, estavam

mais voltadas para a integração dos cuidadores34.

Em recente trabalho publicado, Oliveira e Leite (2009), conseguiram obter

uma noção dos sentimentos, percepções, atitudes, necessidades e anseios das

cuidadoras. Também perceberam que uma grande parte dos profissionais de saúde

seria necessária para o integral atendimento ao cuidador e a pessoa dependente. E,

como citam:

Foi possível nos mostrar que o cuidador é uma pessoa especial, por ter que enfrentar, muitas vezes sem qualquer tipo de auxílio, as dificuldades do ato de cuidar, privando-se de parte de sua vida para tornar a vida do dependente melhor, procurando amenizar as limitações deste (que o impossibilitam geralmente de viver com completa dignidade) e aprendendo a lidar com os sofrimentos e angústias vividos por si e pelo dependente44.

7.2.9. Atuações intersetoriais

Giovanella et al (2009) consideram a atuação intersetorial como artifício para

que a Atenção Primária à Saúde (APS) não se limite ao primeiro nível de atenção,

abrangendo “aspectos biológicos, psicológicos e sociais e incidindo sobre problemas

coletivos nos diversos níveis de determinação dos processos saúde-enfermidade”.

No âmbito municipal, a atuação intersetorial se processa em ações comunitárias e

nas articulações políticas municipais. Desta forma, é permitido que a APS sirva

como base para toda a atenção, garantindo uma real promoção da saúde45.

Ainda nesta perspectiva, Junqueira (2000) afirma que:

A ação intersetorial busca superar a fragmentação das políticas públicas e é entendida como a interação entre diversos setores no planejamento, execução e monitoramento de intervenções para enfrentar problemas complexos e necessidades de grupos populacionais46.

Page 37: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

37

Neste sentido, apesar de fundamental para a maior resolutividade das ações

na atenção básica, a participação do fisioterapeuta na articulação entre diferentes

setores foi apontada em apenas dois artigos analisados26, 30. Um destes exemplos

se refere à experiência de Sobral (CE), em que foi citada a atuação de

fisioterapeutas da ESF em creches26.

Outra experiência, realizada por meio do projeto de extensão “Fisioterapia na

Comunidade” de João Pessoa (PB), evidencia uma diferente forma de abordagem

do trabalho intersetorial, na atenção aos deficientes e seus familiares. Eles

consideraram a importância das redes sociais, no nível micro-social, sendo

representadas pelas “redes sociais pessoais”, as quais são formadas pelo “conjunto

daqueles que interagem com o indivíduo em sua realidade social cotidiana, e que

são acessíveis de maneira direta ou indireta ao contato personalizado”. Ou seja,

através das relações de vizinhança, amizade, religiosas e comunitárias. Após a

identificação dessas pessoas que faziam parte dessa rede social dos deficientes e

seus familiares – líder religioso, representante de associação de deficientes e os

profissionais de saúde - foram proporcionados momentos de discussão entre eles,

baseados na Educação Popular em Saúde, com o objetivo de contribuir para a

autonomia dos sujeitos, possibilitando uma postura mais ativa e política de sua

condição. Além disso, gerou momentos de conversa sobre suas deficiências e

resolução de problemas comuns. Ao fim, foi concluído que a rede social

estabelecida foi fundamental nas atividades propostas, pois “orientou quanto à

importância de intervir articulando as diversas iniciativas de apoio disponíveis na

rede, como forma de potencializar as ações de saúde”30.

7.2.10. Acolhimento

O acolhimento é considerado por Malta e Merhy (2004) como uma das

estratégias de mudança do processo de trabalho em saúde que visa modificar as

relações entre profissionais de saúde e usuários e entre os próprios trabalhadores.

Com isso há a possibilidade do estabelecimento de “vínculo e a humanização do

atendimento”, o que acarreta numa maior responsabilização do profissional e do

usuário com os cuidados em saúde47.

Page 38: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

38

Carvalho et al (2008) alertam que a implementação do acolhimento não deve

se restringir à atenção básica, mas sim envolver uma postura de receber e resolver

as necessidades dos usuários num campo mais ampliado, respeitando as diretrizes

de universalidade, integralidade e equidade48.

Apesar de sua importância nos serviços e ações em saúde, apenas dois

artigos referentes ao município de Belo Horizonte (MG) abordaram o acolhimento, o

qual esteve relacionado ao atendimento semanal à demanda espontânea20, 21.

Apenas uma destas experiências detalhou melhor esta atuação, citando que

a partir desta atividade os usuários tinham a oportunidade de explicitarem a razão

pela qual procuravam o serviço de saúde, representando uma tentativa de

humanizar o primeiro atendimento. Além disso, foi observado que os acadêmicos

envolvidos conseguiam realizar uma melhor triagem dos pacientes, possibilitando

uma resposta às “demandas individuais dos usuários do Centro de Saúde”20.

Page 39: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

39

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiramente gostaríamos de parabenizar os autores dos artigos

analisados em nossa revisão de literatura. Reconhecemos o valor de todos os textos

abordados em nosso trabalho, conscientes de que tais publicações fomentam e

aquecem as análises e discussões propostas nesta monografia. Sem o esforço

desses profissionais, este trabalho não seria possível. Entretanto, neste tópico,

cabem algumas críticas, sugestões e propostas, necessárias para a continuidade da

construção de novos saberes nesse cenário de prática.

Especialmente na Fisioterapia, pode ser percebida uma carência na

diversificação das atuações na atenção básica num mesmo artigo e a falta de um

melhor detalhamento das mesmas, que poderia ser obtido através da descrição mais

pormenorizada das atuações encontradas nas publicações. Porém, através das

inúmeras atuações do fisioterapeuta na atenção básica, no conjunto dos artigos,

nota-se a identificação do fisioterapeuta na APS, abandonando o seu locus

tradicional de atuação, como o ambulatório e o hospital.

Ressaltamos também que o trabalho do fisioterapeuta neste nível de

atenção não é uma tarefa isolada: deve-se compartilhar o planejamento juntamente

com todos os outros profissionais da equipe, atendendo aos preceitos da Política

Nacional de Atenção Básica. Além disso, as ações devem ser constantemente

reavaliadas no sentido de atender as necessidades reais da população, na qual

estão inseridas.

Também percebemos que as investigações epidemiológicas são

fundamentais para o planejamento das ações e, uma vez que o atual Sistema de

Informação da Atenção Básica não atende ainda aos interesses do núcleo específico

da fisioterapia, seus profissionais necessitam inserir novas tecnologias de trabalho

neste campo da investigação.

Considerando as discussões apresentadas, propomos algumas diretrizes

para o trabalho do fisioterapeuta na APS, com a intenção de que estas sejam

ampliadas, discutidas, reformuladas, fomentando subsídios inclusive para a atuação

do fisioterapeuta no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF):

Page 40: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

40

1. As atividades domiciliares devem ser realizadas com maior envolvimento

dos outros profissionais da equipe, colaborando com um perfil mais

interdisciplinar. Além disso, há a necessidade de uma melhor adequação

dos critérios para se eleger a prioridade dos atendimentos, bem como uma

abordagem mais ampla sobre o arranjo familiar, especificamente no que diz

respeito à função de cuidador e outros membros. Também propomos que a

atenção domiciliar seja ampliada para o ambiente físico, além de poder

contribuir para a busca ativa de outros membros familiares que necessitem

de cuidado e para a promoção de saúde de todos moradores;

2. Nas atividades de grupo, devem ser priorizadas as ações de promoção de

saúde, não focalizando as patologias como forma de identificação dos

grupos. Além disso, todos os ciclos da vida devem ser considerados

igualmente importantes, concebendo a saúde como foco de atenção - e não

a doença;

3. Em relação à educação em saúde, é importante que haja uma maior

capacitação dos fisioterapeutas em sua formação profissional, bem como

nas atividades de educação permanente, sobre a prática da Educação

Popular pelo método dialógico e que estas ações sejam construídas com

toda a equipe e com os usuários;

4. A investigação epidemiológica para planejamento das ações deve estar

contida em todo o processo de trabalho do fisioterapeuta, realizado para

todos os ciclos de vida, em conjunto com outros profissionais da equipe, no

sentido de possibilitar a resolução dos problemas de saúde de maior

frequência e relevância em seu território;

5. As ações interdisciplinares devem ser priorizadas em todas as atividades,

nos ciclos de vida, no sentido de potencializar o planejamento e a

responsabilização dos profissionais, como forma de ampliar a resolutividade

das intervenções;

6. As atuações do fisioterapeuta devem estabelecer uma articulação

permanente com a formação profissional através de atividades acadêmicas

como vivências, estágios, disciplinas e projetos de extensão e pesquisa;

7. O acolhimento integrado e qualificado deve ser uma prática que corresponda

às ações em saúde do fisioterapeuta e demais profissionais, organizando as

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41

necessidades da demanda espontânea, buscando estabelecer o princípio da

universalidade e da integralidade da assistência;

8. Os atendimentos individuais na unidade básica de saúde não devem ter

enfoque direcionado à doença como tradicionalmente é observado no

modelo ambulatorial. Esta prática deve levar em consideração a

singularidade de cada usuário e pode ser trabalhado no sentido de preparar

o indivíduo para as atividades em grupo, para o encaminhamento ao setor

secundário, para as orientações de autocuidado e para o acolhimento

integrado;

9. As ações de promoção da saúde e a atenção ampliada e integral ao usuário

com alguma patologia já instalada, devem atender tanto os riscos e os danos

inerentes ao seu problema, quanto às necessidades que apresenta como

sujeito único e portador do direito à saúde;

10. As atividades devem também adotar a intersetorialidade e o sistema de

referência e contra-referência nas práticas da APS, visando a integralidade,

eficácia e humanização do cuidado.

Por fim, esperamos que este trabalho possa ter demonstrado a importância

e parte da complexidade e subjetividade do tema “APS”, munindo o leitor com

informações a respeito de questões que envolvem o fisioterapeuta nesse cenário de

atuação. Consideramos ainda que este trabalho possa servir de fomento para

futuras publicações referentes ao tema, que ainda carece de um maior rigor teórico-

metodológico acerca dos resultados de suas práticas.

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42

REFERÊNCIAS

1 - BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES 4, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Fisioterapia. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES042002.pdf. Acesso em: 05 jun. 2009.

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3 - VILLELA. WV et al. Desafios da Atenção Básica em Saúde: a experiência de Vila Mariana, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 25(6): p. 1316-1324, 2009.

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5 - GIL, CRR. Atenção primária, atenção básica e saúde da família: sinergias e singularidades do contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(6): p. 1171-1181, 2006.

6 - BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 648, de 28 de março de 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/legislacao/portaria_648_28_03_2006.pdf. Acesso em: 08 jul. 2009.

7 - BRASIL, Ministério da Saúde. Atenção Básica e a Saúde da Família: Saúde da família. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php#saudedafamilia. Acesso em: 05 jul. 2009.

8 - BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Brasil, Brasília, p. 36, 2001. Disponível em: http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/pc/monografias/ms/programas/saudfamilia2000.pdf. Acesso em: 18 set. 2009.

Page 43: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

43

9 - DELIBERATO, PCP. Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações. São Paulo: Manole; 2002.

10 - BRASIL, Ministério da Saúde. Atenção Básica e a Saúde da Família: Diretriz conceitual. Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php#diretriz Acesso em: 05 jul. 2009.

11 - BRASIL, Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família: equipes de saúde bucal. Brasil, Brasília, p. 24, 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/equipes_saudebucal.pdf. Acesso em: 18 set. 2009.

12- FREITAS, MS. A Atenção Básica como Campo de Atuação da Fisioterapia no Brasil: as Diretrizes Curriculares resignificando a prática profissional [tese para obtenção do grau de doutor]. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Instituto de Medicina Social, 2006.

13 - BARROS, FBM. (org). O fisioterapeuta na saúde da população: atuação transformadora. Rio de Janeiro: Fisiobrasil, 2002.

14 - RIBEIRO, KSQS. A atuação da fisioterapia na atenção primária à saúde. Fisioterapia Brasil, v.3, n.5, p. 311-318, 2002.

15- COFFITO, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Fisioterapia: Definições. Disponível em: http://www.coffito.org.br/conteudo/con_view.asp?secao=27. Acesso em: 05 jul. 2009.

16 - CASTRO, SS; CIPRIANO JUNIOR, G; MARTINHO, A. Fisioterapia no programa de saúde da família: uma revisão e discussões sobre a inclusão. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 19, n.4, p. 55-62, 2006.

17- MACIEL, RV et al. Teoria, prática e realidade social: uma perspectiva integrada para o ensino de fisioterapia. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 18, n.1, p. 11-17, 2005.

18- RODRIGUES, RM. A fisioterapia no Programa Saúde da Família de Macaé [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]> em 13 Ago. 2009.

19- RODRIGUES, RM. A fisioterapia no contexto da política de saúde no Brasil: Aproximações e desafios. Revista Perspectivas online, Volume 2, número 8, p. 104- 9, 2008.

Page 44: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

44

20- SAMPAIO, RF. Promoçäo de saúde, prevençäo de doenças e incapacidades: a experiência da fisioterapia/UFMG em uma unidade básica de saúde. Fisioterapia em Movimento; 15 (1): p. 19-23, 2002.

21- BARAÚNA, MAB et al. A importância da inclusão do fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família. Fisioterapia Brasil, v.9, n.1, p. 64-69, 2008.

22- CUSTÓDIO, LC et al. Contribuições da fisioterapia para a promoção de saúde do cuidador informal. Revista de APS, v. 10, p. 81-83, 2007.

23- REZENDE, M et al. A equipe multiprofissional da “Saúde da Família”: uma reflexão sobre o papel do fisioterapeuta. Revista Ciência & Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva / ISSN 1413-8123, 0490/2007. Disponível em URL: http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=1020. Acesso em 20/04/2009

24- COSTA, RT; SANTOS, ICS. Estudo do entendimento dos discentes do curso de fisioterapia do UNILESTE – MG sobre a inserção profissional no programa saúde na família (PSF). 2008. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/variedades/estudo_entendimento_ramon.htm. Acesso em: 11 Nov. 2009.

25- CARDOSO, K. O fisioterapeuta como agente transformador na atenção básica. 2007. Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/variedades/agente_karina.htm. Acesso em: 11 Nov. 2009.

26- BRASIL, ACO et al. O papel do fisioterapeuta do programa saúde da família do município de Sobral-Ceará. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 18 (1): p. 3-6, 2005.

27- VÉRAS, MMS et al. O fisioterapeuta na Estratégia Saúde da Família: primeiros passos na construção de um novo modelo de atenção. SANARE. 2004; ano V (1):169-73. Disponível em: http://www.sobral.ce.gov.br/ Acesso em: 18 set. 2009.

28- SANTOS, FAS et al. Perfil epidemiológico dos atendidos pela fisioterapia no Programa Saúde e Reabilitação na Família em Camaragibe, PE. Revista de fisioterapia da Universidade de São Paulo, 14 (3), p. 50-4, 2007.

29- RIBEIRO, KSQS et al. A participação de agentes comunitários de saúde na atuação da fisioterapia na atenção básica. Revista de APS, v. 10, p. 123-148, 2007. Disponível em http://www.nates.ufjf.br/novo/revista/. Acesso em: 06 ago. 2009.

Page 45: Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Fisioterapia

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30- RIBEIRO, KSQS. Ampliando a atenção à saúde pela valorização das redes sociais nas práticas de educação popular em saúde. Revista de APS, v. 11, p. 235-248, 2008. Disponível em: http://www.seer.ufjf.br/index.php/aps/article/view/338. Acesso em: 11 ago. 2009.

31- TRELHA, CS et al. O fisioterapeuta no programa de saúde da família em Londrina (PR). Revista Espaço para Saúde, Londrina, v.8, n.2, p.20-25, junho de 2007. Disponível em: http://www.ccs.uel.br/espacoparasaude/v8n2/Art%203%20_v8%20n2_.pdf Acesso em: 05 jun. 2009.

32- DIAS, AM; DIAS, SLA. A atuação da fisioterapia e da equipe de saúde da família: uma vivência. In: XII INIC, VIII EPG Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, São José dos Campos – SP, 2008.

33- DELAI, KD; WISNIEWSKI, MSW. Inserção do Fisioterapeuta no Programa Saúde da Família. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 103-114, 2008. Disponível em: http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=2730. Acesso em: 28 jul. 2009.

34- MUNIZ, CF et al. Projeto de Assistência Interdisciplinar ao Idoso em Nível Primário: enfoque dos alunos de fisioterapia. Revista de APS, v. 10, p. 84-89, 2007. Disponível em http://www.nates.ufjf.br/novo/revista/. Acesso em: 06 ago. 2009. 35- SILVA, DJ; DA ROS, MA. Inserção de profissionais de fisioterapia na equipe de saúde da família e Sistema Único de Saúde: desafios na formação. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 12 (6): p. 1673-1681, 2007.

36- COFFITO. Revista O COFFITO. Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. PSF: Os exemplos de Sobral, Campos e Macaé. O COFFITO; 18: p. 14-21, março de 2003.

37- GONZÁLEZ, CRA. A promoção da saúde como caminho para o envelhecimento ativo: o cuidado ao hipertenso em um centro de saúde escola. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, 2008.

38- DIAS, VP; SILVEIRA, DT; WITT, RR. Educação em saúde: o trabalho de grupos em atenção primária. Rev. APS, v. 12, n. 2, p. 221-227, abr./jun. 2009.

39- BRASIL, Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Cadernos de Atenção Básica, número 19, p. 11, Brasília, 2006.

40- ROUQUAYROL et al. Contribuições da epidemiologia. In: CAMPOS, GWS et al. Tratado de Saúde Coletiva. Editora Hucitec. São Paulo – Rio de Janeiro: Fiocruz; p. 319-373, 2006.

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46

41- GALLO, DLL. A Fisioterapia no Programa de Saúde da Família: percepções em relação a atuação profissional e formação universitária. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Estadual de Londrina, 2005.

42- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília, p. 21, 1997. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf. Acesso em: 17 out. 2009.

43- Organização Mundial da Saúde. Carta de Ottawa. Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, Ottawa, novembro de 1986. Disponível em: http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Ottawa.pdf. Acesso em: 03 nov. 2009.

44- OLIVEIRA, DMC; LEITE, JBB. Cuidadores familiares: uma análise dos seus discursos a partir de um grupo focal. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009. Trabalho não publicado.

45- GIOVANELLA, L et al. Saúde da Família: limites e possibilidades para uma abordagem integral de atenção primária à saúde no Brasil. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 14 (3): p. 783-794, 2009.

46- JUNQUEIRA, LAP. Intersetorialidade, transetorialidade e redes sociais na saúde. Revista de Administração Pública, 34 (6): p. 35-45, 2000.

47- MALTA, DC; MERHY, EE. A avaliação do Projeto Vida e do Acolhimento no Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte. Revista Mineira de Enfermagem; 4(2): p. 259-67, abr/jun 2004.

48- CARVALHO, CAP et al. Acolhimento aos usuários: uma revisão sistemática do atendimento no Sistema Único de Saúde. Arquivos de Ciências da Saúde, 15(2): p. 93-95, 2008.

49- REZENDE, M. Avaliação da Inserção do Fisioterapeuta na Saúde da Família de Macaé/RJ: A contribuição deste profissional para a acessibilidade da população idosa às ações de saúde das equipes. Um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, 2007.

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APÊNDICE A – QUADRO 1

N° da referência

Delineamento do estudo Cidades/ estado Fonte Instituição vinculada aos autores

16* Artigos de revisão sistemática e bibliográfica

------ Fisioterapia em Movimento Universidade de São Paulo (Pública)

17 Relato de caso e experiência (Levantamento epidemiológico)

Belo Horizonte (MG) Fisioterapia em Movimento Universidade Federal de Minas Gerais (Pública)

18

Relato de caso e experiência Macaé (RJ) Mensagem pessoal Secretaria Municipal de Saúde de Macaé – RJ (Pública)

19 Artigos de atualização ou resenha científica

------ Revista Perspectivas online Universidade Federal do Rio de Janeiro (Pública)

20 Relato de caso e experiência BH (MG) Fisioterapia em Movimento Universidade Federal de Minas Gerais (Pública)

21 Artigos de revisão sistemática e bibliográfica

Campos dos Goytacases (RJ), Paracambi (RJ), Belo Horizonte (BH),

Porto Alegre (RS), Volta Redonda (RJ)

Fisioterapia Brasil Centro Universitário do Triângulo Mineiro em Uberlândia – MG (Privada)

22 Relato de caso e experiência

Belo Horizonte (MG) Revista de APS UniBH – Centro Universitário de Belo Horizonte (Privada)

23* Artigos de atualização ou

resenha científica

------ Revista Ciência & Saúde Coletiva Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca / FIOCRUZ (Pública)

24* Pesquisa qualitativa (Aplicação de questionário)

Ipatinga (MG) Revista FisioWeb WGate. Unileste – MG (Privada)

25* Artigos de atualização ou resenha científica

------ Revista FisioWeb WGate. Escola de Saúde Pública de Minas Gerais / Prefeitura de São João Del Rei (Pública)

26 Pesquisa quanti-qualitativa, (Aplicação de questionário)

Sobral (CE) Revista Brasileira em Promoção da Saúde

Unifor de Fortaleza (Privada)

27 Relato de caso e experiência Sobral (CE) SANARE Revista de Políticas Públicas de Sobral (CE)

Universidade Federal do Ceará e Universidade Estadual Vale Acaraú (Pública)

28 Pesquisa quantitativa (Levantamento epidemiológico)

Camaragibe (PE) Revista de fisioterapia da Universidade de São Paulo

Universidade Federal de Pernambuco (Pública)

*Artigos utilizados apenas para análise do perfil. Não descrevem as atuações do fisioterapeuta. Quadro 1. Perfil dos artigos analisados segundo o delineamento do estudo, local das atuações, fonte de publicação e vínculo institucional do (s) autor (es) (O AUTOR) 2009.

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AUTOR Delineamento do estudo Cidades/ estado das atuações Fonte Instituição vinculada aos autores

29 Pesquisa qualitativa (Pesquisa- ação)

João Pessoa (PB) Revista de APS Universidade Federal da Paraíba (Pública)

30 Pesquisa qualitativa (Pesquisa-ação)

João Pessoa (PB) Revista de APS Universidade Federal da Paraíba (Pública)

31 Pesquisa qualitativa (Entrevista)

Londrina (PR) Revista Espaço para a saúde Universidade Estadual de Londrina (Pública)

32

Relato de caso e experiência Itajaí (SC) Anais do XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do

Vale do Paraíba

Universidade do Vale do Itajaí – SC (Privada)

33 Pesquisa quanti-qualitativa, (Aplicação de questionário)

31 municípios pertencentes a uma Coordenadoria Regional de Saúde, localizada na região norte do Rio

Grande do Sul

Revista Ciência & Saúde Coletiva Universidade Regional Integrada do alto Uruguai e das Missões URI - Erechim Miriam

Salete Wil Wisniewski (Privada)

34 Relato de caso e experiência

Londrina (PR) Revista de APS Universidade Estadual de Londrina (Pública)

35* Pesquisa qualitativa (Entrevista)

Tubarão (SC) Revista Ciência & Saúde Coletiva Universidade do Sul de Santa Catarina– Campus Tubarão (Privada)

36 Relato de caso e experiência Sobral (CE), Campos (RJ) e Macaé (RJ)

Revista O COFFITO COFFITO (Pública)

* Artigos utilizados apenas para análise do perfil. Não descrevem as atuações do fisioterapeuta. Continuação. Quadro 1. Perfil dos artigos analisados segundo o delineamento do estudo, local das atuações, fonte de publicação e vínculo institucional do (s) autor (es) (O AUTOR) 2009.

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49APÊNDICE B – QUADRO 2 Atividades descritas / referências 17 18 19 20 21 22 26 27 28 29 30 31 32 33 34 36

1. Educação em Saúde (11) x x x x x x x x x x x

a.Orientações para pacientes e seus familiares (5) x x x x x

b.Orientações gerais à comunidade (6) x x x x x x

2. Atividade domiciliar (9) x x x x x x x x x

a. atendimento domiciliar (8) x x x x x x x x

b. visita domiciliar (6) x x x x x x

3. Atividade de grupo (9) x x x x x x x x x

a. Saúde da criança (6) x x x x x x

i. Grupo com mães de crianças (com insuficiência respiratória aguda; problemas neurológicos) (3)

x x x

ii. Grupo de estimulação em crianças com problemas neurológicos e respiratórios (3) x x x

b. Saúde do adulto (8) x x x x x x x x

i. Grupo de exercícios e controle de fatores de risco para DAC (HA e DIA; obesidade) (5)

x x x x x

ii. Grupo para tratamento de doenças crônicas (respiratórias; hanseníase; coluna) (4) x x x x

iii. Grupo para promoção da funcionalidade e prevenção de incapacidades (3) x x x

c. Saúde da mulher (IU; climatério; mastectomizadas; gestantes) (7) x x x x x x x

d. Saúde do idoso (Grupo postural de idosos; Grupo de exercícios para idosos) (6) x x x x x x

4. Investigação epidemiológica e planejamento das ações (8) x x x x x x x x

5. Atividades interdisciplinares (7) x x x x x x x

6. Atuações acadêmicas (6) x x x x x x

7. Atendimentos individuais na UBS (3) x x x

8. Atenção aos cuidadores (3) x x x

9. Atuações intersetoriais (2) x x

10. Acolhimento (2) x x

Quadro 2. Categorias de análise – representadas pelas atuações do fisioterapeuta. (O AUTOR) 2009.

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ANEXO – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES

HUMANOS DA UFJF.

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NOTAS

i Informações obtidas por anotações pessoais da orientadora, a qual participou dos eventos citados. ii Lista de discussões utilizadas: ABENFISIO ([email protected]) e Fisioterapeutas Plugadas ([email protected]). iii Estes critérios foram concebidos de acordo com a análise dos artigos, considerando as normas de publicação de algumas revistas indexadas, como por exemplo, a Revista de Atenção Primária a Saúde e a Revista Brasileira de Fisioterapia. iv Dados retirados do Sistema de Informação em Saúde. Disponível em: www.datasus.gov.br. Acesso em: 19 jun. 2009. v Percepção subjetiva dos estagiários, docentes e supervisores do estágio em atenção primária à saúde, realizado na UBS Jóquei Clube II em Juiz de Fora (MG) em 2009.