universidade federal de campina grande ufcg centro...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
CENTRO DE EDUCAÇÃO E SAÚDE – CES
UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM – UAENFE
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM
JOSÉ LINDEMBERG BEZERRA DA COSTA
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: IMPRESSÕES, CONSEQUÊNCIAS E SUPORTE
SOCIAL DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO
CUITÉ
2019
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JOSÉ LINDEMBERG BEZERRA DA COSTA
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: IMPRESSÕES, CONSEQUÊNCIAS E SUPORTE
SOCIAL DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do
Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educação e
Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, Campus
Cuité, como requisito obrigatório à obtenção do título de
Bacharel em Enfermagem.
Orientador: Prof. Dr. Matheus Figueiredo Nogueira.
CUITÉ
2019
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JOSÉ LINDEMBERG BEZERRA DA COSTA
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: IMPRESSÕES, CONSEQUÊNCIAS E SUPORTE
SOCIAL DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pelo aluno José Lindemberg Bezerra da Costa,
do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande
(Campus Cuité), tendo obtido o conceito de Aprovado, conforme a apreciação da banca
examinadora constituída pelos professores:
Aprovado em 12 de Junho 2019.
Banca examinadora:
__________________________________________________
Prof. Dr. Matheus Figueiredo Nogueira Orientador – UFCG
__________________________________________________
Profa. Dra. Anne Jaquelyne Roque Barreto
Membro – UFCG
__________________________________________________
Profa. Esp. Waleska de Brito Nunes
Membro – UFCG
5
DEDICATÓRIA
A Deus e a minha família, que estiveram em todos o
momentos ao meu lado durante a trajetória
percorrida na vida acadêmica. Obrigado por todo
apoio e ajuda para conseguir realizar esse grande
sonho.
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AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus, pois toda conquista e vitória em minha vida é graças a
Ele. Com todo o seu infinito amor que me deu força e sabedoria para estudar e enfrentar os
obstáculos da vida acadêmica e pessoal, como diz o Salmo 91:7 ―Mil cairão ao teu lado, e dez
mil à tua direita, mas tu não serás atingido‖. Por isso dedico a Deus todas as minhas
conquistas e vitórias, e as demais que virão em minha vida. Muito obrigado meu Deus por
tudo.
Aos meus amados pais Reginaldo Targino da Costa e Dijanete Bezerra da Costa, anjos
em minha vida, que me criaram com amor, carinho e com permissão de Deus, me ensinando
sempre o certo e errado. A vocês, hei de sempre dedicar as boas andanças e conquistas de
minha vida, pois sei o quanto de esforços que vocês fizeram para que eu conseguisse
concluindo um curso superior.Essa conquista é nossa.
A minha querida e amada irmã Regiclaudia Bezerra da Costa, também fruto destes
pais maravilhosos e sangue do meu sangue. Juntos já passamos por momentos difíceis e
inúmeros momentos felizes, agradeço do fundo do coração tudo que fizeste por mim. Sei que
torceste demais para que eu findasse o ensino superior, e torço por você que possa conseguir
realizar todos os seus sonhos.
A toda minha família e em especial meu tio Zezinho, tia Rosa, tia Dora e tio Dijanim;e
meus primos, Gugu, João Paulo, Fabinho, obrigado pelas palavras de força, conversas e
momentos de incentivo, por cada apoio, às vezes que mesmo de longe, mas que não deixavam
de estarem me desejando coisas boas e abençoando.O meu muito obrigado a todos.
A minha namorada Cláudia Souza dos Anjos, pessoa que Deus colocou em meu
caminho para que meus dias se tornassem menos inseguros. Obrigado pelo apoio, por
palavras de conforto quando achava que tudo daria errado, por me apoiar sempre em minhas
decisões, me dando sempre força e apoio.Muito obrigado por tudo.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Matheus Figueiredo Nogueira, pessoa que tenho imensa
gratidão, admiração e um grande carinho, por ter aceitado me orientar em inúmeros trabalhos,
artigos e agora no trabalho de conclusão de curso, desmistificando de forma simples o ―bicho
de sete cabeças‖ como todos falam do TCC, mostrando sempre com paciência e sabedoria o
caminho que deveria ser traçado por mim. Agradeço por todos os ensinamentos passados,
pelo apoio, por não ficar estressado com os erros cometidos por mim, mas ao invés disso me
mostrou como chegar ao acerto, sempre com paciência e tranquilidade. Levarei para toda a
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vida cada ensinamento, cada orientação e cada palavra amiga que me ajudaram a subir mais
um degrau em minha vida, concluindo assim mais uma etapa, como diz as palavras do eterno
Paulo Freire “O educador se eterniza em cada ser que ele educa”. Que Deus possa abençoar
seus caminhos, para conseguir chegar aos objetivos e sonhos traçados. Muito obrigado por
tudo, meu grande professor e amigo Matheus.
Às professoras dabanca examinadora do TCC, obrigado pela disponibilidade e por
aceitarem fazer parte da banca, mesmo sabendo do trabalho queé, sendo necessário abdicar de
um tempo para ler e fazer as devidas correções. Espero ter atendido às exigências e normas
acadêmicas para o bom desenrolar do trabalho, podendo assim chamar a atenção da
comunidade científica e sociedade civil para a problemática da violência com nossos idosos.
A minha turma de Enfermagem 2014.2, Alberto, Bruno, Tiago índio, Carlinhos,
Marquinhos, Gregório, Ianca, Jéssica, Jéssica GD, Elizabeth, Fabyola, Tamares, Wilson,e em
especial aos que compõem o meu Quarteto: Alisson, Fernanda e Leila, com os quais pude
compartilhar inúmeros momentos de felicidades, alguns tristes, vitórias, dificuldades e
também poder adquirir muito conhecimento e experiência. Agradeço a todos, pois pude
aprender um pouco com cada um de vocês. Agradeço por cada momento que tivemos e cada
sorriso, cada gargalhada, vocês todos sempre estarão no meu coração, que Deus nos abençoe
nessa nova etapa da vida.Obrigado por tudo.
Aos meus amigos de Cuité, meu irmão de coração Ageu, Fabinho grande amigo e
pessoa especial, meu vizinho Salatier, Arthur pessoa muito especial e de grande coração,
Felipe, Marivaldo e sua esposa, pessoas que pude ter o prazer de conviver, ter momentos
inesquecíveis e muitas histórias para contar. Obrigado a todos por cada sorriso e momento
vivido.
Meus amigos da Residência Universitária e do quarto, Diego, Olavo, Raphael Bahia,
Chico, Matheus, pessoas ímpares que tenho um grande carinho por todos. Obrigado pelas
conversas, resenhas, os jogos de WAR que amanheciam o dia. Obrigado por cada
momento!Sucesso na vida e na carreira de cada um de vocês.
A todos os docentes do curso de Enfermagem do Centro de Educação e Saúde, por
dedicar seu tempo a nos ensinar, muita das vezes passando final de semana para fazer as aulas
e se atualizar e sempre nos passar um conteúdo de qualidade e atualizado. Como dizia Paulo
Freire “Não há saber mais ou saber menos, há saberes diferentes”, e os senhores nos
mostraram isso, sendo além de professores, nossos amigos, ajudando-nos sempre como
podiam. Muito obrigado por tudo!Levarei os aprendizados por toda a vida e jamais esquecerei
de todos vocês.
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A equipe do CREAS de Araruna - PB, por me acolher e, dentro da capacidade de cada
um dos profissionais, me ajudar nas coletas, sempre me acompanhando tanto na cidade como
nos sítios de Araruna. A toda equipe, Aurelha coordenadora, Rita assistente social, Suellen
psicóloga, André secretário de assistência social do município, Minininho motorista, ao
porteiro e a auxiliar de serviços gerias, meu muito obrigado a todos pelo carinho e apoio.
A todos os idosos que permitiram adentrar em suas residências e saber um pouco da
sua vida e sua história, mesmo sendo uma pessoa desconhecida para eles, mas me acolheram
com um carinho imenso, pois sem eles não teria conseguido levar o TCC adiante. Vocês
foramas peças principais para a coleta de dados. Foi um momento único poder ouvir suas
histórias e adquirir experiência com vocês, podendo perceber o quão é importante a sabedoria
de um idoso.Meu agradecimento de coração a todos que fizeram parte para a construção dessa
pesquisa.
Aos funcionários da UFCG, campus Cuité, do setor administrativo, setor da limpeza,
segurança e terceirizados, o meu muito obrigado a cada um de vocês. Todos são de
importância ímpar para que a Universidade possa prosseguir, continuando limpa e com essa
beleza e organização que nosso amado campus tem.
Por fim agradeço a cidade de Cuité – PB e a todos os cuiteenses, por toda acolhida e
carinho que vocês têm com os universitários. Que Deus permita que essa cidade possa crescer
cada vez mais.O meu muito obrigado a todos que fizeram parte da minha história em Cuité.
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“Sem sonhos, a vida não tem brilho.
Sem metas, os sonhos não têm alicerces.
Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.
Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para
executar seus sonhos.
Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir!”
Augusto Cury
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VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: IMPRESSÕES, CONSEQUÊNCIAS E SUPORTE
SOCIAL DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO1
José Lindemberg Bezerra da Costa2
Matheus Figueiredo Nogueira3
RESUMO
Introdução: O envelhecimento humano tem motivado discussões e reflexões na busca de
melhor compreensão sobre os condicionantes desse processo, particularmente diante da
vulnerabilidade do idoso a episódios de violência, apontado como um importante problema de
saúde pública. Objetivos: Investigar os episódios de violência contra o idoso e suas
consequências; e conhecer as medidas de suporte social para o enfrentamento das situações de
violência. Método: Estudo exploratório-descritivode desenho qualitativo realizado na cidade
de Araruna, estado da Paraíba, com seis idosos vítimas de violência. Os dados foram obtidos
por meio de entrevista e posteriormente submetidos à técnica da análise de conteúdo.
Resultados: Evidenciaram-se episódios de violência física, psicológica e financeira,
vivenciados principalmente no ambiente intrafamiliar e praticados por algum familiar
próximo à vítima. Como medidas de suporte, observou-se que os idosos utilizaram o Centro
de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) como a principal medida de
apoio, além dos meios jurídicos, da família e sociedade. Conclusões: A fragilidade das
medidas de proteção e controle da violência contra idosos suscita o fortalecimento da
vigilância diante desta população, que demanda indiscutivelmente de educação sobre as
nuances da violência e instrução para denunciar e buscar mecanismos de proteção e suporte
social.
Descritores: Idoso; Violência; Maus tratos ao idoso.
ABSTRACT
Introduction: The humanaginghasmotivateddiscussionsandreflections in thesearch for
abetterunderstandingofthedeterminantsofthisprocess, particularly in
viewofthevulnerabilityoftheelderlytoepisodesofviolence, whichisanimportantpublichealth
problem. Objectives: Toinvestigatetheepisodesofviolenceagainsttheelderlyand its
consequences; andtoknowthemeasuresof social supporttoconfrontsituationsofviolence.
Method: Anexploratory-descriptivequalitativestudyconducted in thecityof Araruna, stateof
Paraíba, Brazil, withsixelderlyvictimsofviolence. Data wereobtainedthrough interviews and
later submittedtothecontentanalysistechnique. Results: Therewereepisodesofphysical,
psychologicaland financial violence, mainlyexperienced in
theintrafamilyenvironmentandpracticedby a familymember close tothevictim. As
supportivemeasures, it wasobservedthattheelderlyusedSpecializedReference Center for Social
Assistance(SRCSA) as themainsupportmeasure, besidesthe legal means, familyandsociety.
Conclusions: The
fragilityofmeasurestoprotectandcontrolviolenceagainsttheelderlypromptsthestrengtheningofvi
1 Artigo elaborado como Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de
Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cuité – PB. 2 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal
de Campina Grande, Campus Cuité – PB. 3 Orientador. Enfermeiro. Doutor em Saúde Coletiva. Professor Adjunto do Curso de Bacharelado em
Enfermagem do Centro de Educação e Saúde da Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cuité – PB.
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gilancetowardsthispopulation, whichundoubtedlydemandseducationonthe nuances
ofviolenceandinstructiontodenounceandseekmechanismsofprotectionand social support.
Descriptors: Aged; Violence; Elder Abuse.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
1.1 Objetivos ................................................................................................................... 14
2 METODOLOGIA ................................................................................................... 15
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 17
3.1 Categoria 1: A pluralidade de impressões e consequências da violência contra o
idoso........................................................................................................................
17
3.2 Categoria 2: O suporte sócio- familiar como mecanismo de proteção à
violência.................................................................................................................
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4 CONCLUSÕES.................................................................................. 24
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 25
APÊNDICES
Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Apêndice B – Instrumento para coleta de dados
Apêndice C – Termo de Anuência Institucional
Apêndice D – Termo de Anuência Setorial
ANEXO
Anexo A - Mini-Exame do Estado Mental
Anexo B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
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1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento humano tem motivado discussões e reflexões na busca de melhor
compreensão sobre os condicionantes desse processo, em função das alterações do panorama
populacional mundial e local. O alcance da longevidade, independente da presença de
doenças, se tornou mais frequente na população (WILLIG; LENARDT; CALDAS, 2015).
O envelhecimento da população é um fato real no Brasil e no mundo e deve ser
considerado como uma importante conquista da humanidade. Em pouco mais de 100 anos, a
expectativa de vida da população brasileira aumentou consideravelmente: enquanto em 1900 a
expectativa era de 33 anos, nos dias atuais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) a expectativa de vida subiu para 75,8 anos no Brasil (ALENCAR;
SANTOS; HINO, 2014; IBGE, 2017). Esse fato advém de inovações tecnológicas e
científicas na área da saúde, assim como da melhoria das condições de vida, da queda da taxa
de fecundidade, da educação em saúde e de novas técnicas diagnósticas e métodos
terapêuticos (MATOS; DECESARO, 2012).
O envelhecimento é um processo contínuo e irreversível que, muitas vezes, é
percebido com mais aspectos negativos que positivos. No entanto, as percepções sobre essa
etapa são subjetivas, sendo influenciadas pelas vivências e pelo contexto em que o sujeito se
encontra e onde viveu (BULSING; JUNG, 2016). O idoso se percebe na sucessão de perdas
de capacidades e confronta a sua atualidade psicossocial de ser idoso. A velhice, ao se traduzir
no contexto social como negatividade, agrava no idoso, o que é sentido como perda e fragiliza
os seus recursos internos construídos ao longo de toda a vida (MENEZES; LOPES, 2014).
Ao observara elevação significativa do número de idosos, faz-se necessário o
desenvolvimento de múltiplas ações em todas as dimensões sociais com vistas à redução de
agentes de risco que possam provocar incapacidades físicas e psicossociais, e,
consequentemente, comprometer o bem-estar na velhice. Um importante fator de risco é a
violência para com esse público, que em síntese, referem-se aos abusos físicos, psicológicos,
sexuais, abandono, negligências, abusos financeiros e autonegligência. Nesse sentido,
entende-se por violência um ato ou omissão que causa dano ou aflição e resulta, na grande
maioria em sofrimento, lesão, dor ou perda dos direitos humanos e redução da qualidade de
vida do idoso (GUIMARÃES et al., 2016).
O abuso contra idosos configura-se um problema de saúde pública e expressa uma
violação de um dos direitos fundamentais do ser humano, que é o direito a uma vida livre de
violências. As evidências na literatura sugerem, ainda, que são mais comuns as situações de
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violência entre idosos com comprometimento cognitivo e demência e que o abuso aos idosos
associado à mortalidade é mais frequente entre aqueles com níveis mais baixos de função
cognitiva (FAUSTINO; MOURA; GANDOLFI, 2016).
A temática da violência contra o idoso ganhou visibilidade a partir da década de 1990
com a promulgação e regulamentação da Política Nacional do Idoso e, posteriormente, com a
aprovação do Estatuto do Idoso e o Plano de Ação de Enfrentamento da Violência contra a
Pessoa Idosa. Apesar de essas Políticas Públicas contemplarem o problema da violência
contra os idosos, a trajetória de implementação das mesmas está apenas no princípio. Um dos
aspectos que dificulta colocar em prática as ações de saúde em relação à violência contra os
idosos é que a maior parte ocorre no âmbito familiar (GUIMARÃES et al., 2016).
Nesse sentido, observa-se a necessidade de potencializar o desenvolvimento de
pesquisas sobre a violência contra o idoso, de modo a entender e identificar quais danos,
impactos, consequências e reflexos essa violência vem trazendo para esse idoso, sejam
psicoemocionais, biofisiológicas ou socioculturais. A partir do conjunto de informações
obtidas por meio dos depoimentos dos idosos e seus relatos, poderá ser identificado com
clareza os problemas que esses idosos violentados passam e concomitantemente as sequelas
que a violência trouxe para sua vida.
Ao considerar que o enfermeiro tem um papel fundamental no processo de
identificação da violência contra o idoso, sobretudo por ser o profissional que está em contato
direto com o idoso tanto na atenção básica, quanto no atendimento hospitalar, vislumbrou-se a
necessidade de enveredar e aprofundar os estudos acerca da violência sofrida pelos idosos
(FAUSTINO; MOURA; GANDOLFI, 2016). Nessa perspectiva, a necessidade em identificar
os tipos de violência sofridos por essa população, as suas consequências e o suporte social
direcionado diante desse panorama emergiram como razões para a execução desta pesquisa.
1.1 Objetivos
Com base no exposto, surgiram os seguintes questionamentos: quais os tipos de
violência comumente sofridos pelos idosos? Quais as consequências dos atos de violência
para a vida dos idosos? Quais medidas de suporte são oferecidas aos idosos para o
enfrentamento das situações de violência? A partir destas indagações, esta pesquisa teve como
objetivos investigar os episódios de violência contra o idoso e suas consequências; e conhecer
as medidas de suporte social para o enfrentamento das situações de violência.
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2. METODOLOGIA
Consta de uma pesquisa de campo do tipo exploratório-descritiva e desenho
qualitativo realizada na cidade de Araruna, estado da Paraíba, especificamente no cenário do
Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), unidade de prestação de
serviços especializados e continuados às famílias com crianças, adolescentes, mulheres,
idosos e pessoas com deficiência em situação de risco pessoal e/ou social e com violação de
direitos (SANTANA, 2014).
Com base no universo populacional composto por 51 idosos com história de violência
e acompanhados pela equipe multiprofissional do CREAS, participaram deste estudo um total
de seis idosos. Embora tenha sido considerado o princípio da saturação para definir a
composição dos sujeitos do estudo, limitações técnico-operacionais durante a coleta de dados
inviabilizaram a amplitude do conjunto de participantes, a saber: desinteresse de idosos em
participar do estudo, dificuldade de localização dos idosos e incompatibilidade de horários
dos profissionais do CREAS para o acompanhamento dos pesquisadores durante as visitas e
entrevistas dos idosos.
Saturação foi um termo criado por Glaser e Strauss em 1967, para se referirem a um
momento no trabalho de campo em que a coleta de novos dados não traria mais
esclarecimentos para o objeto estudado. O fechamento amostral por saturação leva à
suspensão da inclusão de participantes quando os dados passam a apresentar, na avaliação do
pesquisador, certa redundância ou repetição (MINAYO, 2017). Diante desse contexto, foram
considerados como critérios de inclusão da amostra: ter idade igual ou superior a 60 anos; ter
sofrido qualquer tipo de violência; ter sido e/ou estar sendo atendido, cadastrado e
acompanhado pela equipe profissional do CREAS; e não apresentar declínio cognitivo aferido
pelo Mini-Exame do Estado Mental (MMEM).
O instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa foi um roteiro de entrevista
semiestruturada, o qual permitiu uma prévia socialização com os sujeitos do estudo, sendo
uma potencial ferramenta o alcance de informações acerca do que as pessoas sabem, creem,
esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou fizeram acerca das suas elucidações
a respeito do questionamento (SANTANA, 2014; GERHARDT; SILVEIRA, 2009). As
entrevistas foram gravas em áudio e posteriormente transcritas, respeitando a integridade da
fala do entrevistado.
A coleta de dados foi realizada durante os meses de janeiro a março de 2019, após
aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Alcides
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Carneiro, sob parecer nº 3.021.230 e CAAE nº 97312918.3.0000.5182. Inicialmente foram
realizadas reuniões com a equipe profissional do CREAS para sensibilizá-los acerca dos
objetivos do estudo bem como possibilitar o acesso aos idosos a serem pesquisados. A coleta
de dados ocorreu por meio de visitas domiciliares, mediante viabilidade e concordância por
parte do sujeito do estudo. Cabe mencionar que o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido foi lido, explicado e assinado em duas vias antes da obtenção das informações da
pesquisa.
Após obtenção dos depoimentos dos participantes, os resultados foram submetidos à
técnica da análise de conteúdo, que conforme propõe Bardin (2009), consiste em um conjunto
de técnicas de análise de comunicações que buscam obter, por procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens.
Para realizar a operacionalização da técnica de análise, foi necessário executá-la
seguindo três etapas fundamentais: a de pré-análise, que serviu para sistematizar e
operacionalizar as ideias iniciais produzindo um plano de análise; a exploração do material,
que consistiu essencialmente em examinar, investigar e analisar os documentos primários; e o
tratamento dos resultados, com inferência e interpretação, onde os resultados dos dados brutos
foram tratados de modo a se tornarem significativos e válidos (BARDIN, 2009).
Todos os aspectos éticos para o desenvolvimento desse estudo foram embasados na
Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, que preza o
respeito pela dignidade humana, pelo desenvolvimento, engajamento ético para progresso da
ciência e da tecnologia, ponderando que para o alcance e avanço deste feito os pesquisadores
devem, sempre, respeitar a dignidade, a liberdade e a autonomia do ser humano (BRASIL,
2013). A Resolução nº 564/2017 do Conselho Federal de Enfermagem que aborda o Código
de Ética Profissional de Enfermagem também foi respeitada, uma vez a exigência do
seguimento de normas ético-legais, respeitando os princípios da honestidade e fidedignidade,
bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus
resultados (COFEN, 2017).
Foram reconhecidos como riscos para os participantes desta pesquisa: o
constrangimento no momento da entrevista, possível estresse emocional diante dos
questionamentos e omissão de respostas relacionadas aos sentimentos de intimidação em
virtude das peculiaridades envolvidas na temática. Quanto aos benefícios do estudo, buscou-
se conhecer as entrelinhas imbricadas aos episódios de violência contra o idoso, de modo a
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permitir uma compreensão mais fiel do fenômeno estudado e para a produção de
conhecimento científico.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo seis idosos acompanhados pelo CREAS do município de
Araruna – PB com história de violência, dos quais 04 (quatro) eram do sexo masculino e 02
(dois) do sexo feminino; todos aposentados e sem outra ocupação; com idade entre 66 e 84
anos (média de 72,3 anos, os quais representam idosos-jovens); sobre o estado civil, eram 03
(três) idosos casados e 03 (três) viúvos; para a variável cor/raça, 04 (quatro) autodeclararam-
se pardos e 02 (dois) amarelos; quanto ao arranjo familiar, os idosos afirmaram: morar
sozinho (01), somente com o cônjuge (02), somente com os filhos (01) ou com cônjuge e
filhos (02); apresentaram renda familiar média de R$ 1.800,00; e escolaridade média de 01
ano de estudo.
A partir dos depoimentos dos idosos foram construídas duas categorias temáticas,
tendo por base os fragmentos dos relatos, são elas: I - A pluralidade de impressões e
consequências da violência contra o idoso; e II - O suporte social como mecanismo de
proteção à violência.
3.1 Categoria 1: A pluralidade de impressões e consequências da violência contra o idoso
A violência é compreendida como o uso intencional da força física ou do poder contra
outros, mas também contra si, com grande possibilidade de resultar em danos psicológicos,
deficiência no desenvolvimento, lesões físicas ou até mesmo a morte, podendo ser praticada
dentro ou fora do ambiente doméstico por algum membro da família ou ainda por cuidadores
(HOHENDORFF et al., 2018). Seja no território brasileiro ou no mundo afora, a violência na
velhice acontece de muitas formas, sob muitas facetas, umas bem visíveis e imediatas, outras
silenciosas, obtusas e insidiosas (FLORÊNCIO, 2014).
A violência contra a pessoa idosa emerge, nesse início de século, como um grave e
crescente problema de saúde pública, interferindo em diferentes esferas da qualidade de vida
das pessoas: física, psicológica, sexual e financeira. Ela gera consequências a curto, médio e
longo prazo, para indivíduos, famílias, comunidades e países. Entre essas consequências,
destaca-se o aumento da demanda em serviços de saúde (SANTANA; VASCONCELOS;
COUTINHO, 2016).
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Como fatores contributivos para a maior vulnerabilidade dos idosos à violência, a
literatura especializada destaca os seguintes aspectos: convivência domiciliar entre agressor e
vítima; relações de dependência financeira entre pais e filhos; ambiente com pouca
comunicação, pouco afeto e vínculos frouxos na família; isolamento social da família e da
pessoa idosa; história de violência familiar; história de violência doméstica sofrida pelo
cuidador; dependência de drogas; e presença de qualquer tipo de sofrimento mental ou
psiquiátrico (SANTANA; VASCONCELOS; COUTINHO, 2016).
A violência contra idosos se manifesta por meio da prática intencional de um ato
ofensivo ou de negligência contra esses indivíduos, causando danos, sofrimento ou angústia.
Sete tipos mais frequentes de violência contra idosos costumam ser elencados: violência física
(uso da força), violência psicológica (verbal ou gestual), negligência (fracasso do/a
responsável no cuidado com o/a idoso/a), autonegligência (fracasso no cuidado consigo),
abandono (ausência de assistência por quem caberia prover custódia), violência financeira
(recusa no fornecimento de recursos financeiros ou exploração imprópria dos mesmos) e
violência sexual (relação ou estímulo sexual não consentido) (HOHENDORFFet al., 2018).
No estudo de ROCHA et al. (2018), a análise das notificações revela que quase um
terço dos idosos (27%) foram vítimas de mais de um tipo de violência. Predominaram a
violência física que vitimou 55,5% dos idosos, a violência psicológica em 13,5%, seguida da
financeira em 12,8% e da negligência em 5,9% das notificações. Portanto, a violência física
foi a mais notificada, justificado pelo fato de ser o tipo mais facilmente detectado pelos
profissionais de saúde (ROCHA et al., 2018). Tais achados guardam relação com os
depoimentos dos idosos deste estudo, como pode ser observado nos fragmentos abaixo:
[...]Foi assim...eu bebi uma cachaça, daí meu marido deu muito em
“neu”. Daí eu fui, botei gás na cabeça e toquei fogo, e daí ele acudiu
(P1).
[...] O meu filho...eu sei que ele só queria fazer coisa errada. Quer
tomar cana[bebida alcoólica], quer usar aquelas coisas que o povo
novo tão usando agora, aí começou a chegar violento em casa, aí eu
sozinho, o “caba” sozinho já de idade, acontece essas coisas mesmo
(P2).
Como exibido nos relatos, os idosos foram fisicamente violentados por integrantes da
própria família (esposo e filho). Qualquer que seja o tipo de abuso, certamente resultará em
sofrimento desnecessário, lesão ou dor, perda ou violação dos direitos humanos e uma
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redução na qualidade de vida do idoso. Isso gera consequências como medo, insegurança e
revolta, podendo levar o idoso a baixa autoestima e, em alguns casos, até a depressão e
isolamento, afastando-o do convívio social. Essas violências ocorrem por diversos motivos,
onde o principal é a dificuldade das famílias compreenderem essa fase do idoso e lidar com
eles (PEREIRA, 2018).
O estudo de Machado e Batista (2018) apontou a predominância da violência
intrafamiliar, indicando que os agressores são membros da composição familiar e que a
maioria dos que praticam a violência são os filhos (a) dos idosos, totalizando 58%. Outro
aspecto a destacar consiste nos maus tratos entre os casais de idosos. A maioria das situações
demonstram relações conjugais marcadas desde seu início pela violência, fazendo com que as
idosas passem anos sofrendo com abusos perpetrados pelo esposo. São mulheres cuja
socialização deu-se a partir da construção cultural de seu papel social como inferior ao
homem (MANSO, 2018).
Também foi identificada nos discursos dos idosos a violência psicológica, como se
observa nos recortes abaixo:
[...] era por causa da minha neta né, que ela é muito atrevida, muito
agressiva. A gente só queria o bem dela, mas ela pensava que era o
mal. Desmantelou-se muito nova, só queria viver na “bandaeira”. Até
que enfim o promotor decidiu e tirou ela daqui de dentro de casa. Eu
“tava” vendo a hora morrer, “tava” tomando ate calmante já por
causa dela (P3).
Ela [filha] não respeitava o que eu dizia, entendeu?Fazia coisa
errada, eu dava conselho e ela fazia o contrário. Ela jurava mandar
matar, tudo ela falava né... (P5)
A violência psicológica são agressões verbais e emocionais, palavras ou atitudes que
levam o idoso ao sofrimento, com o objetivo de intimidá-lo, humilhá-lo, restringir sua
vontade, sua liberdade, ou isolá-la do convívio social. Também é utilizada para manipular a
pessoa idosa, fazê-la acreditar que não está em seu juízo perfeito, dominá-la, minando suas
forças, levando-a a se submeter a todas as vontades do agressor (SILVA, 2018).
A violência de natureza psicológica em idosos aprisiona e condena este público a viver
por tempo indeterminado em condições desumanas de intenso sofrimento e desespero,
desencadeando possíveis agravamentos e doenças psicossomáticas, principalmente quando
este ato é executado por membros da família. Portanto, falar em violência psicológica implica
20
em mencionar traumas de natureza psicológica, moral e física, consequências que afetam,
severamente, a saúde mental do idoso, uma vez que são vivenciadas situações de estresse,
intimidação e ameaça (BITTENCOURT; SILVA, 2018).
Tal violência tem sido uma prática cada vez mais constante na contemporaneidade
sendo fruto da intolerância e do desrespeito ao próximo, especialmente, ao idoso. A violência
psicológica contra a pessoa idosa é, sobretudo, doméstica. Por isso, torna-se difícil romper
com o silêncio das famílias e dos próprios idosos, sendo que, geralmente, o agressor é um
membro do próprio círculo familiar (BITTENCOURT; SILVA, 2018).
Outro tipo de violência identificado nos discursos dos idosos foi a financeira, como
pode ser observado nos fragmentos a seguir:
É o dinheiro que minha filha recebe. Sobre isso aí. Ela tá recebendo e
paga a conta da feira, paga a um e compra a outro, fez empréstimo
(P5).
Quando minha esposa morreu eu fiquei com o salário dela, aí meu
filho começou a querer o salário para ele e eu não queria dar.
Começou a querer o dinheiro dela (P2).
A minha menina que cuidava de mim sabe, só que ela tirou um
negócio do banco, aí foi sacar, tinha bem pouquinho, porque tinha
feito um empréstimo de num sei quanto. Aí ficou assim.“Vieram” um
povo aqui em casa. “Tô” vendo aí como fica, porque é difícil, filho é
filho da pessoa. Eu vou dizer o que né? Às vezes “tava” precisando
(P6).
Alguns idosos do estudo sofreram o abuso financeiro, que consiste na exploração
imprópria dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e
patrimoniais. Como observado nos relatos, esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito
familiar (SANTOS, 2019).
A violência financeira é uma ação de abuso cometida contra os idosos, por serem
vulneráveis devido à própria condição idosa que ocasiona dependências diversas, o que os
coloca em situação de fragilidade, coagidos com medo das represálias por parte dos
agressores, passando muitas vezes até a silenciar a violência. Esse tipo de violência muitas
vezes é escamoteado, algumas vezes pela vítima, e por quem a pratica, favorecendo assim a
não identificação desse ato (SANTOS, 2019). Nessas situações o idoso é expropriado de seus
21
direitos patrimoniais, não lhe restando sequer condições de opinar sobre seus bens e valores
(LIMA, 2019).
Assim começa o surgimento das consequências na vida e na saúde do idoso, a
exemplo do isolamento, perda de autonomia, a ideia de ser imprestável, baixa autoestima e
depressão, afundando-o em um caminho progressivo e definitivo de dependência em relação
aos seus familiares ou cuidadores (LIMA, 2019). Além de essa violência impactar na vida
socioeconômica, na saúde, na habitação, no lazer e na qualidade de vida da pessoa idosa,
devido à violência financeira, muitos idosos são submetidos à fome, frio, dor, isolamento,
insegurança, medo, apatia, tristeza, humilhação, enfim, às inúmeras formas de indignidade
humana (SILVA, 2018).
Quanto ao perfil do violador, filhos e netos são os principais denunciados e o maior
número de abusos ocorre no ambiente doméstico do idoso, padrão que se repete, confirmando
dados que demonstram que a violência contra a pessoa idosa é, predominantemente,
intrafamiliar (MANSO, 2018). Em determinadas situações, a capacidade da família para o
cuidado com o idoso pode estar comprometida e, nestas condições, o idoso pode constituir-se
em um bloqueio involuntário à autonomia dos familiares, seja pelas demandas diárias ou pela
indisponibilidade dos familiares no cuidado para com o idoso, gerando uma sobrecarga de
trabalho e estresse (BITTENCOURT; SILVA, 2018).
Na família está presente a relação de poder, que tende a expor a pessoa idosa
dependente à situação de risco. A pessoa idosa com dependência de cuidados físicos,
materiais ou emocionais está mais suscetível às vulnerabilidades e situações de violências em
suas diversas formas. Quando a família não consegue dar conta de cumprir o seu legitimado
papel do cuidado e da assistência aos seus idosos, cabe ao Estado atender suas demandas e
oferecer o suporte necessário, seja ao idoso ou à sua família (SILVA, 2018).
3.2 Categoria 2: O suporte sócio- familiar como mecanismo de proteção à violência
É possível que muitos idosos, devido a questões socioculturais, não identifiquem
certos comportamentos como violentos. Além disso, o declínio cognitivo e físico típico da
velhice pode dificultar a busca de ajuda por parte dos idosos. Além disso, devem-se levar em
consideração os vínculos afetivos entre vítimas e agressores, uma vez que os idosos podem
não revelar a violência temendo as consequências jurídicas direcionadas ao agressor
(HOHENDORFF et al., 2018).
22
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é um serviço de
proteção e atendimento especializado a famílias e indivíduos que se encontra em situação de
vulnerabilidade social, violação de direitos. O Estado, por sua vez, tenta intervir e impor seu
papel como garantidor de direitos, assumindo sua responsabilidade. Buscando trabalhar em
conjunto com quem sofre a ameaça de violação de direitos e seus familiares para tentar de
alguma forma romper com a circunstância, oferece serviços de média complexidade que se
destinam a pessoas e família cujos direitos estejam ameaçados ou violados em decorrência da
existência de qualquer tipo de violência, negligência ou abandono (MACHADO; BATISTA,
2018).
O CREAS foi identificado nos depoimentos dos idosos deste estudo como o principal
órgão de ajuda à proteção e enfrentamento das violências sofridas pelos idosos, como
podemos observar nos fragmentos abaixo:
O CREAS que veio aqui, se eu pudesse andar pelo menos, mais não
posso andar (P5).
Os meus filhos que foram atrás, foram no banco, pegaram e falaram
com essas mulheres que vem aqui [CREAS], também foram na
promotoria (P6).
Eu combinei com ele [filho] pra dar uma ajuda a ele, pra vê se ele
melhorava né, me deixa ficar quieto em casa, porque eu to indo pra
esse canto que essas moças vêm me buscar [CREAS], a gente tá
fazendo de tudo pra ver se tira ele dessa vida[das drogas] (P2)
O CREAS, como se pode observar, é um importante órgão de proteção ao idoso que se
encontra em situações de risco e vulnerabilidades sociais. Desenvolve um trabalho essencial
para o município, detectando a violência e demais situações, juntamente com a família,
fortalecendo e orientando, qual a maneira mais fácil de lidar com o envelhecimento, com as
formas de violências e maus tratos (MACHADO; BATISTA, 2018).
O Estatuto do Idoso prevê que os casos de suspeita ou confirmação de violência contra
os idosos sejam objeto de notificação compulsória, com a inclusão da violência na relação de
doenças e agravos de notificação compulsória em todos os serviços de saúde (ROCHAet al.,
2018). A lei nº 10.741, que trata do Estatuto do idoso, traz em seu Art. 2º que o idoso goza de
todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades
e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
23
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Já em seu Art. 3º diz
que é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Publico assegurar ao
idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito á vida à saúde, à alimentação, à
educação, á cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2013).
Pode-se dizer que muitos são os direitos fundamentais do idoso contidos no Estatuto
do Idoso. Esses direitos dos idosos têm como proteção o Poder Público que organiza as
políticas de atendimento e direcionamento, defendendo e garantindo a proteção deles
(PEREIRA, 2018). Não obstante, a Constituição em seu Art. 226 também confirma que a
família é a base da sociedade e possui especial proteção do Estado, constituindo essa proteção
um direito individual público oponível ao próprio Estado e à sociedade. Esta atenção especial
estatal não se restringe apenas à formação da família, mas também à preservação da segurança
familiar, o que é fundamental para a sobrevivência do ser humano (PEREIRA, 2018).
A família, como toda instituição social, apresenta aspectos positivos, enquanto núcleo
afetivo, de cuidado, apoio, cooperação e solidariedade. Mas apresenta, ao lado dessas
dimensões materiais, efetivas e emocionais, aspectos negativos, como a reprodução das
relações assimétricas entre gêneros e gerações, bem como a imposições normativas que
implica formas e finalidades rígidas. Torna-se, muitas vezes, elemento de coação social,
geradora de conflitos, ambiguidades e maus tratos com o idoso. A sociedade, de uma forma
geral, entende que os filhos são responsáveis pelo cuidado de seus pais com idade avançada.
Ademais, os instrumentos legais afirmam essa obrigação. O Art. 229 da Constituição Federal
Brasileira reforçam ainda que é dever dos filhos ajudar e amparar os pais na velhice, carência
ou enfermidade (SILVA, 2018).
A família tem a responsabilidade de prestar os cuidados adequados e necessários para
este membro que se encontra mais vulnerável, e a comunidade também tem um papel
fundamental dentro desta perspectiva, como coloca a Constituição Federal em seu Art 230, ao
apontar que ―a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida” (BRASIL, 1988).
Nessa lógica, foi observado nos depoimentos dos idosos que familiares e vizinhos
foram de grande valia como o primeiro recurso na busca de ajuda diante da proteção e
enfrentamento das violências sofridas, como pode ser observado nos recortes a seguir:
Os vizinhos escutavam muito as brigas, aí teve alguns vizinhos que me
ajudaram, indicou umas pessoa aí, umas moças muito educadas, sei
24
nem o nome da coisa [CREAS].Elas me tratam muito bem graças a
Deus, aí eu tô tentando superar essas coisas (P2).
[...] Os meninos[filhos] que vem aqui em casa, faz a minha comida,
fome ninguém passa não, sabe!? (P6).
A dimensão socio-familiar é fundamental na avaliação multidimensional do idoso. A
família constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis, devendo ser
privilegiada nessa sua função, uma vez que a velhice não é uma fase isolada das demais, e sim
resultante do que foi construído ao longo de toda a vida, trazendo consigo sabedoria,
maturidade e um conjunto de vivências e experiências (SILVA, 2018).
A família é a base de formação do ser humano, uma vez que é responsável por
proporcionar, principalmente, educação e proteção aos seus membros, influenciando em seus
comportamentos perante a sociedade. Ajuda o idoso durante as dificuldades, protegendo-os
das violências e proporcionando uma vida decente e de qualidade. Diante disso, pode-se dizer
que a família é a base de tudo para as pessoas, sendo peça de grande valor para o processo de
recuperação, onde os idosos necessitam deste encontro para sentirem-se fortes e com coragem
para enfrentar os obstáculos que surgem no decorrer de suas vidas. A presença de uma pessoa
da família é essencial em situações de dificuldade, pois faz com que o idoso se sinta amparado
e mais confiante (PEREIRA, 2018).
Frente a esta realidade, é importante comentar que os idosos precisam de condições
favoráveis para um envelhecimento saudável. É preciso a cooperação para o enfrentamento
dos sentimentos dos idosos, como também de suas necessidades, buscando recursos e serviços
necessários para uma vida de qualidade (PEREIRA, 2018).
4. CONCLUSÕES
O envelhecimento humano amplia-se a cada dia e traz consigo longevidade,
experiências e realizações na vida dos idosos, proporcionando-lhe mais tempo com família,
cônjuge e amigos. No entanto, diante de um contexto desafiador de despreparo de familiares,
sociedade e Estado para oferecer um suporte social digno e adequado a esses idosos, acabam
expondo a população idosa aos diversos tipos de violências e gerando consequências muitas
vezes irreversíveis.
De modo genérico, constatou-se a predominância da violência física entre os
participantes, seguido da violência psicológica e financeira, as quais ocorreram
25
principalmente no ambiente intrafamiliar, sendo praticada por um familiar próximo a vítima.
Face às peculiaridades atreladas à invisibilidade e estigmatização da violência, sentimentos de
medo, culpa, vergonha, além da não identificação do ato como uma violência ou a própria
conformação com a situação vivida, são situações implacavelmente sobrepostas à
subnotificação dos episódios e a ocultação das denúncias.
Como medidas de suporte, observou-se que as vítimas utilizaram o CREAS como a
principal medida de apoio, seguida dos meios jurídicos, da família e sociedade com o apoio de
vizinhos. Essas entidades colaboram no enfrentamento das violências sofridas pelos idosos;
dão apoio, informação e proteção; e mostram o melhor caminho na busca dos direitos que
assistem esses idosos violentados. Na verdade ainda há muito que se avançar na
sensibilização da família, da sociedade e do Estado em proteger os idosos da violência, da
violação dos seus direitos e, sobretudo, para a efetivação da garantia da sua dignidade e todos
os direitos conferidos legalmente.
A nítida fragilidade nas medidas de vigilância contra as violências com idosos
identificada no estudo suscita urgentemente uma vigilância mais eficaz, além de uma
capacitação dos profissionais envolvidos na atenção ao idoso, especialmente àqueles da saúde,
quanto ao reconhecimento dessas violências. Ademais, a população idosa precisa ser
informada de forma educativa e simples sobre todas as nuances da violência e instruídas, por
conseguinte, a denunciar e buscar mecanismos de proteção e suporte social, minimizando
vulnerabilidades e possibilitando uma vida com qualidade, saúde, tranquilidade e dignidade.
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abr. 2018.
29
APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESTUDO: VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO: IMPRESSÕES, CONSEQUÊNCIAS E
SUPORTE SOCIAL DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O
documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos
fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a
qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu, ______________________________________________, profissão _________________,
residente e domiciliado na _________________________________________, portador da
Cédula de identidade nº ________________________, inscrito no CPF _________________.
Nascido (a) em _____ / _____ /_______, abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea
vontade em participar como voluntário(a) do estudo ―Violência contra o idoso: impressões,
consequências e suporte social de proteção e enfrentamento”, declaro que obtive todas as
informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por
mim apresentadas.
Estou ciente que:
I) O estudo se faz necessário para que se possa investigar os episódios de violência
contra o idoso, suas consequências e as estratégias de enfrentamento adotadas pelas
vítimas;
II) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem
como não me acarretará qualquer ônus pecuniário com relação aos procedimentos
médico-clínico-terapêuticos efetuados com o estudo;
III) Será garantida a indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa;
IV) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no
momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
V) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não
virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
VI) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que
sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não
sejam mencionados;
VII) Entende-se como fatores de risco nesta pesquisa: constrangimento, estresse emocional,
omissão de respostas relacionadas aos sentimentos de intimidação pela entrevista. E,
mesmo não tendo benefícios diretos em participar deste estudo, indiretamente você
30
estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de
conhecimento científico;
VIII) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final
desta pesquisa. Estou ciente que receberei uma via deste termo de consentimento
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
IX) Caso me sinta prejudicado (a) por participar desta pesquisa, poderei recorrer ao
Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos – CEP em que a pesquisa estiver
vinculada, Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba e a Delegacia municipal de Araruna
- PB.
Araruna - PB, _____ de ____________de _______.
Assinatura do participante: _________________________________________
Testemunha 1: _______________________________________________
Nome / RG / Telefone
Testemunha 2:_______________________________________________
Nome / RG / Telefone
Responsável pelo Projeto: ____________________________________________________
Prof. Dr. Matheus Figueiredo Nogueira
Telefone para contato e endereço profissional:
Endereço: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Educação e Saúde, Campus
Cuité. Sítio Olho D’Água da Bica. Telefone: (83) 3372-1900 ou (83) 9.9971-6838.
31
APÊNDICE B
INSTRUMENTOS PARACOLETA DE DADOS
CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA
Nº do Questionário: _________
Data da Entrevista: _____ /_____ /______
Telefone para contato: _____________________
Seção A: Informações Pessoais CODIFICAÇÃO
A1 Idade: _______ (anos completos) AIDADE: ______
A2 Sexo
(1) Masculino (2) Feminino ASEXO: _______
A3
Qual é a cor da sua pele?
(1) Branca(2) Parda (3) Amarela (4) Preta (5) Indígena
(99) NS/NR
ACOR:________
A4
Qual seu estado civil?
(1) Solteiro (a)(2) Casado (a) (3) Divorciado (a)/desquitado(a)
(4) Separado (a)(5) Viúvo (a) (6) União consensual
(99) NS/NR
AESTCIV: _____
A5
Com quem o Sr (a) mora:
(1) Sozinho(2) Somente com o cônjuge (3) Cônjuge e filho (s)
(4) Cônjuge, filhos, genro ou nora(5) Somente com o (s) filho (s)
(6) Arranjos trigeracionais (idoso, filhos e netos)
(7) Arranjos intrageracionais (somente com outros idosos)
(8) Somente com os netos (sem filhos) (9) Não familiares
(10) Outros (especifique)_______________________
(99) NS/NR
AMORA:_______
Seção B: Perfil Social CODIFICAÇÃO
B1
a) O (A) Sr (a) sabe ler e escrever?
(1) Sim (2) Não (99) NS/NR
b) Escolaridade: Quantos anos o (a) Sr (a) frequentou a escola?
Nº de anos: ______ (Se nenhum, colocar ―0‖)
BLERES:______
BESCOL:______
B2 Qual é a renda mensal em Reais:
Família (incluir idoso):________________ (99) NS/NR
BRENF:_______
B3 Ocupação atual:
__________________________________________
BOCUP:_______
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ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Como vai a vida? (socialização)
Me fale um pouco sobre a violência que o (a) senhor (a) sofreu.
O (A) Senhor (a) pode me contar como aconteceu?
O (A) Senhor (a) sabe o motivo que o levou a ser violentado?
O (A) Senhor (a) procurou algum tipo de ajuda? Quem? Onde? Como?
Como está a sua vida após essa situação de violência? Mudou alguma coisa?
COMPLEMENTAR: Que consequências essa situação de violência trouxe para a sua
saúde? E para a sua vida? Conte-me sobre o seu dia a dia após a situação de violência.
O que o (a) senhor (a) tem feito para superar/enfrentar essa situação? Tem recebido
algum tipo de ajuda? Alguém vem ajudando o (a) senhor (a)?
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APÊNDICE C
TERMO DE ANUÊNCIA INSTITUCIONAL
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APÊNDICE D
TERMO DE ANUÊNCIA SETORIAL
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ANEXO A
MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL
Escore total: ________
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ANEXO B
PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
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