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Classificação, Dis Universidade Federal de Alfenas Instituto de Ciência e Tecnologia Engenharia Química Carolina Figueiredo Dominciano Trabalho de Conclusão de Curso II sposição e Tratamento de Resíduos Sólidos Poços de Caldas / MG 2014 Hospitalares

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Classificação, Disposição e

Universidade Federal de Alfenas

Instituto de Ciência e Tecnologia

Engenharia Química

Carolina Figueiredo Dominciano

Trabalho de Conclusão de Curso II

isposição e Tratamento de Resíduos Sólidos Hospitalares

Poços de Caldas / MG

2014

ratamento de Resíduos Sólidos Hospitalares

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Carolina Figueiredo Dominciano

Classificação, Disposição e Tratamento de Resíduos Sólidos Hospitalares

Poços de Caldas / MG 2014

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado à Banca Examinadora, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheira Química, do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Alfenas, Campus Poços de Caldas sob a orientação da Professora Doutora Lorena Oliveira Pires.

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RESUMO

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) representam uma pequena parcela do total de

resíduos sólidos produzidos. Todavia, por possuírem elevados riscos à sociedade e ao meio

ambiente, se faz necessário a criação de tratamentos que viabilizem um menor impacto

ambiental sem perder a qualidade no atendimento prestado pelos serviços de saúde, reduzindo

os riscos associados com a presença de agentes patogênicos. Para isto, é preciso que toda

instituição implemente estratégias de condutas seguras no manuseio, armazenamento,

transporte, tratamento e na disposição final dos RSS. Neste contexto, o presente trabalho

apresenta um estudo no processo de gerenciamento dos RSS em um hospital de médio porte

da cidade de Poços de Caldas - sul de Minas Gerais – por meio de uma pesquisa exploratória,

adotando a forma de estudo de caso, comparando com outras pesquisas da literatura para

instituições de mesmo porte. O estudo revelou que no hospital de Poços de Caldas a geração

total de resíduos no ano de 2013 foi de 1,93 kg/leito/dia, índice dentro da média nacional, que

chega a 2,63 kg/leito/dia. Estar em conformidade com a legislação, traz um grande benefício à

sociedade, ao meio ambiente e para a própria entidade. Portanto, é conclusiva para esta

pesquisa a importância de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de

Saúde – PGRSS para qualquer instituição hospitalar.

Palavras chaves: Resíduos de Serviços de Saúde, meio ambiente, tratamento, geração de

resíduos, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

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ABSTRACT

Solid Residues in Health Services (SRHS) represent a small parcel of the total solid waste

produced. However, by having high risks to society and the environment, it is necessary the

creation of treatments that allow a lower environmental impact without losing the quality of

care provided by health services, reducing the risks associated with the presence of pathogens.

For this, it is necessary that every institution implements strategies for safe conduct in the

handling, storage, transportation, treatment and final disposition of SRHS. In this context, this

research presents a study on the management process’ of the SRHS in a medium size hospital

in the city of Poços de Caldas - South of Minas Gerais - through an exploratory research,

adopting the form of a case study, comparing with other literature searches for the same sized

institutions. The study revealed that in Poços de Caldas hospital total waste generation in

2013 was 1.93 kg / bed / day index within the national average, it reaches 2.63 kg / bed / day.

Be in conformity with the law, brings a great benefit to society, the environment and the

entity itself. Therefore, this research is conclusive for the importance of a Management Plan

for Solid Waste from Health Services for any hospital.

Key words: Solid Residues in Health Services, environment, treatment, waste generation,

Management Plan for Solid Waste from Health Services.

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

2- OBJETIVO ............................................................................................................................. 7

2.1- Objetivo Geral ................................................................................................................. 7

2.2 - Objetivo Específico ........................................................................................................ 7

3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 8

3.1. - Definição de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) ..................................................... 8

3. 2 – Classificação ................................................................................................................. 8

3. 3 – Acondicionamento, Tratamento e Disposição final .................................................... 10

3.3.1 – Tratamento por Incineração ...................................................................................... 11

3.3.2 – Tratamento por Pirólise ............................................................................................ 12

3.3.3 – Tratamento por Autoclaves ....................................................................................... 12

3.3.4 – Tratamento por Micro-ondas .................................................................................... 13

3.3.5 – Tratamento por Radiação Ionizante .......................................................................... 13

3.3.6 – Tratamento por Desativação eletrotérmica ............................................................... 13

3.3.7 – Tratamento por Desinfetantes Químicos .................................................................. 14

3.3.8 – Disposição Final ....................................................................................................... 14

4- MATERAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 16

4.1 Perfil da Instituição ......................................................................................................... 16

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 17

6- CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 22

APÊNDICE .............................................................................................................................. 24

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1- INTRODUÇÃO

Com a crescente preocupação acerca das questões ambientais, os resíduos sólidos

gerados por toda a sociedade têm se tornado um problema. A falta de aterros sanitários e a

necessidade de altos investimentos para soluções emergenciais são umas das causas da difícil

aplicação da gestão de resíduos sólidos, que determina as ações relacionadas à geração,

segregação, acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e disposição final de cada

resíduo gerado por uma comunidade.

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), embora representem uma pequena parcela do

total de resíduos sólidos produzido, podem oferecer elevados riscos à sociedade e ao meio

ambiente, necessitando de um tratamento diferenciado. Todavia, não é isso que ocorre. Muitas

vezes estes resíduos têm como destino final o mesmo local utilizado para descarte de resíduos

sólidos urbanos.

A quantidade de RSS gerada por uma instituição está associada ao número de leitos

existentes.

Tabela 1 – Taxa de geração de lixo em serviços de saúde. Local Geração média (kg/leito/dia) Chile 0,97 – 1,21

Venezuela 0,10 Argentina 1,85 – 3,65

Brasil 2,63 Fonte: MONTEIRO, 2001.

O desequilíbrio e a contaminação ambiental gerados pela gestão inadequada de

Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde são hoje vistos e reconhecidos por toda a sociedade.

Deste modo, se faz necessário a criação de tratamentos que viabilizem um menor impacto

ambiental sem perder a qualidade no atendimento prestado pelos serviços de saúde, reduzindo

os riscos associados com a presença de agentes patogênicos. Os tratamentos existentes são:

Incineração, Pirólise, Autoclavagem, Micro-ondas, Radiação ionizante, Desativação

eletrotérmica e Desinfetantes Químicos (MONTEIRO et al, 2001).

Diante do exposto, o presente trabalho se caracteriza por ser um levantamento teórico

que objetiva apresentar a definição, classificação e os possíveis tratamentos dos RSS, bem

como propor um tratamento para um hospital em estudo. Para tanto, fez-se uso do método

analítico-descritivo, utilizando como estratégia metodológica o levantamento bibliográfico

sobre o tema abordado.

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2- OBJETIVO

2.1- Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo levantar dados a respeito da disposição e dos

tratamentos realizados para os Resíduos Sólidos de Saúde, com o intuito de se apresentar um

tratamento mais adequado para um hospital em estudo da cidade Poços de Caldas, Minas

Gerais.

2.2 - Objetivo Específico

Pretende-se por meio desse estudo:

• Fazer uma revisão bibliográfica referente aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS);

• Apresentar os tipos de tratamento e de disposição para cada classe de Resíduos

Sólidos gerados por unidades de saúde de referências disponíveis na literatura;

• Comparar a geração (kg), o índice de geração (kg/leito/dia) e o sistema de

gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde de um hospital na cidade de Poços de

Caldas com estudos realizados em hospitais de mesmo porte no Brasil.

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3- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. - Definição de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

De acordo com o Art. 1° da Resolução CONAMA nº 358/2005, considera-se Resíduos

de Serviços de Saúde todos aqueles gerados por:

(...) todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias; serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares (Resolução CONAMA n° 358, 2005, p.614).

Segundo a resolução nº 5 do CONAMA, para que se evitem riscos de acidentes e

impactos ambientais ocasionados por tais resíduos, é necessário que toda instituição

implemente estratégias de condutas seguras no manuseio, armazenamento, transporte,

tratamento e na disposição final dos RSS. Um hábil programa de gerenciamento busca

promover a melhoria das condições de saúde pública e proteção ao meio ambiente,

estabelecendo um manejo seguro em cada etapa do sistema, procurando, principalmente a

proteção dos profissionais envolvidos, inclusive quanto ao uso indispensável de

Equipamentos de Proteção Individual - EPI’s (NAIME et al, 2004; FREITAS et al, 2011).

3. 2 – Classificação

Os Resíduos de Serviços de Saúde são classificados em função de suas características

físicas e químicas, e de acordo com os riscos que podem apresentar ao meio ambiente -

através da contaminação do solo, da água e do ar - e à saúde daqueles que têm contato com o

resíduo (BARTHOLOMEU; CAIXETA, 2011).

Segundo a Resolução CONAMA n° 358/2005, os RSS são classificados em cinco

grupos, como pode ser observado na Tabela 2. Cada grupo possui características de

periculosidade distintas, assim, exige maneiras diferentes de manipulação.

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Tabela 2 – Classificação e identificação dos RSS. Classificação Características Exemplos

Grupo A Resíduos

Potencialmente Perigosos

Materiais com possível presença de agentes biológicos, os quais podem apresentar risco de infecção. São classificados em 5 subgrupos: A1, A2, A3, A4 e A5.

Placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais de sangue, etc.

Grupo B Resíduos Químicos

Contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

Produtos hormonais e antimicrobianos, medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, etc.

Grupo C Rejeitos

Radioativos

Materiais com radionuclídeos em quantidades superiores aos limites especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Materiais de serviços de medicina nuclear e radioterapia.

Grupo D Resíduos

equiparados aos Resíduos

Domiciliares

Não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente.

Sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas, etc.

Grupo E Materiais perfurocortantes. Lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, lâminas e bisturi, lancetas, espátulas, etc.

Fonte: BARTHOLOMEU; CAIXETA, 2011.

Nota-se que os resíduos pertencentes ao grupo A, ainda podem ser classificados em

subgrupos A1, A2, A3, A4 e A5. Estão contidos nesses subgrupos:

A1 - culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos

biológicos; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; bolsas transfusionais

contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação;

sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e

materiais resultantes do processo de assistência à saúde.

A2 - carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais

submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como

suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos

de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a

estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

A3 - peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais

vitais.

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A4 - filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de

equipamento médico hospitalar e de pesquisa; resíduos de tecido adiposo proveniente de

lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de

resíduo; peças anatômicas (órgãos e tecidos); carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros

resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com

inoculação de microrganismos; bolsas transfusionais vazias ou com volumes residuais pós-

transfusão.

A5 - órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes e demais materiais

resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de

contaminação com príons (Resolução CONAMA n°358, 2005, p.620).

Todos os RSS devem ser devidamente separados e cada classe deve ter um tipo de

coleta e destinação.

3. 3 – Acondicionamento, Tratamento e Disposição final

Anteriormente à disposição e tratamento, os RSS devem ser armazenados e

identificados de maneira adequada em embalagens resistentes e impermeáveis de acordo com

a classificação e o estado físico do resíduo, conforme a Tabela 3.

O tratamento dos RSS pode ser feito na própria instituição de saúde ou em

estabelecimentos passíveis de licenciamento ambiental e de fiscalização e controle pelos

órgãos de vigilância sanitária e meio ambiente. De acordo com o Art. 2° parágrafo XII da

Resolução CONAMA nº 358 de 2005:

XII- um sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde é um conjunto de unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos, podendo promover a sua descaracterização, visando a minimização do risco à saúde pública, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador (Resolução CONAMA n°358, 2005, p.615).

Os resíduos pertencentes aos subgrupos A1 e A2 devem ser tratados obrigatoriamente

dentro do estabelecimento de saúde, salvo as bolsas de sangue rejeitadas e vacinas de

campanha de vacinação que, podem ser submetidas a tratamento externo (CUSSIOL, 2008).

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Tabela 3 – Procedimento para acondicionamento e identificação dos RSS. Classificação Acondicionamento Identificação

Grupo A

Devem ser acondicionados em saco branco leitoso, resistente, impermeável utilizando-se saco duplo para os resíduos pesados e úmidos, devidamente identificado com rótulos de fundo branco, desenho e contorno preto contendo símbolo e a inscrição de “Risco Biológico".

Grupo B

Devem ser acondicionados em saco branco leitoso, resistente, impermeável utilizando-se saco duplo para os resíduos pesados e úmidos, devidamente identificado com rótulos de fundo vermelho, desenho e contornos pretos, contendo símbolo de substância tóxica e a inscrição de “Resíduo Químico”.

Grupo C

Devem seguir as normas de uma legislação própria da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Grupo D

Os materiais reutilizáveis e recicláveis devem ser separados e acondicionados de acordo com as normas dos serviços locais de limpeza. Os demais são acondicionados em sacos pretos.

Grupo E

Devem ser acondicionados em recipientes resistentes, rígidos, com tampa e identificados como resíduos perfurocortantes, sendo proibido o reaproveitamento desses recipientes. O volume não deve ultrapassar 2/3 da capacidade do recipiente.

Fonte: BARTHOLOMEU; CAIXETA, 2011.

Os tratamentos existentes são: Incineração, Pirólise, Autoclavagem, Micro-ondas,

Radiação ionizante, Desativação eletrotérmica e Desinfetantes Químicos (MONTEIRO et al,

2001).

3.3.1 – Tratamento por Incineração

Processo em que os resíduos à base de carbono são decompostos, através da sua

queima, realizado com um excesso de oxigênio (entre 10 e 25% acima das necessidades de

queima dos resíduos), desprendendo calor e gerando um resíduo de cinzas. Os gases da

combustão são primeiramente resfriados rapidamente, evitando que as extensas cadeias

orgânicas tóxicas se recomponham e, a seguir, tratados em lavadores, ciclones ou

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precipitadores eletrostáticos, podendo enfim ser lançados na atmosfera por meio de uma

chaminé.

No caso de resíduos tóxicos contendo cloro, fósforo ou enxofre, são necessários

sistemas mais modernos de tratamento e maior permanência dos gases na câmara (da ordem

de dois segundos). Já aqueles compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e

oxigênio, são necessários sistemas que removam o material particulado lançado juntamente

com os gases da combustão.

O tratamento por incineração tem por vantagens a redução dos volumes depositados em

aterros, eliminação de resíduos patogênicos e tóxicos e produção de energia sob a forma de

eletricidade ou de vapor de água. Porém, os riscos de poluição atmosférica ocorridos deste

processo fizeram com que restrições técnicas e econômicas de aplicação viessem surgir,

causando perda de uso no mercado (MONTEIRO et al, 2001; RUSSO, 2003).

3.3.2 – Tratamento por Pirólise

Processo de destruição térmica em que os materiais à base de carbono são decompostos

em combustíveis gasosos ou líquidos e carvão, reduzindo substancialmente o volume dos

resíduos tratados em até 95%. Porém, apresentam elevados riscos de contaminação do ar, com

geração de dioxinas a partir da queima de materiais clorados existentes nos sacos de PVC e

riscos de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados.

Portanto, pode ser observado que a pirólise, assim como incineração, não é um processo

que resolve integralmente o problema da destinação dos RSS, pois é necessário que haja uma

disposição final adequada para as cinzas e para o lodo resultante do tratamento dos gases

(MONTEIRO et al, 2001).

3.3.3 – Tratamento por Autoclaves

No método de autoclaves, a descontaminação é realizada através de vapor d’água em

temperatura e pressão elevadas, durante um período de tempo suficiente para destruir agentes

patogênicos ou diminuí-los a um nível que não ofereçam riscos.

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Após a desinfecção, em cargo da utilização de vapor d’água, pode acontecer um

aumento de massa. Para tanto, algumas autoclaves congregam dispositivos mecânicos de

compressão com o intuito de diminuir o volume. Seguinte ao processamento, os resíduos

sólidos tratados são encaminhados para aterros sanitários e os efluentes líquidos devem ser

tratados, atendendo aos limites de emissão estabelecidos em Legislação, antes do seu

lançamento (BARTHOLOMEU; CAIXETA, 2011).

3.3.4 – Tratamento por Micro-ondas

Este tratamento consiste em descontaminar os resíduos emitindo ondas de alta ou de

baixa frequência a uma elevada temperatura. O vapor produzido promove a destruição dos

agentes patogênicos, porém os resíduos devem ser previamente umidificados e triturados para

que este processo possa ser iniciado.

Depois do processamento, os resíduos devem ser levados para aterros sanitários,

devidamente licenciados. É uma tecnologia muito recente, economicamente melhor,

entretanto possui uma limitação em sua aplicabilidade (KOPP et al, 2013).

3.3.5 – Tratamento por Radiação Ionizante

Os resíduos são sujeitados a raios gama, gerados por uma fonte de cobalto 60,

inativando os microrganismos. Caracteriza-se por ser um processo contínuo, assim não há

emissão de efluentes de qualquer natureza. Entretanto, sua eficiência ainda é questionada, pois

o resíduo não fica totalmente exposto aos raios gama no interior da câmara (MONTEIRO et

al, 2001).

3.3.6 – Tratamento por Desativação eletrotérmica

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Para que se inicie o processo, é necessário que, previamente, o resíduo passe por uma

trituração dupla. Em seguida, este resíduo é exposto a um campo elétrico de alta potência

provocado por ondas eletromagnéticas de baixa frequência, e no final atinge uma temperatura

entre 95 e 98°C.

Não há a emissão de efluentes líquidos e nem de gases, e a redução de volume é

alcançada pelo sistema de trituração antes do tratamento. Para que haja uma redução de

volume ao fim do processo, é indispensável a instalação de um sistema de trituração posterior

ao tratamento (MONTEIRO et al, 2001).

3.3.7 – Tratamento por Desinfetantes Químicos

Baseia-se nas propriedades particulares dos agentes químicos para inativar os agentes

patológicos. Primeiramente, os resíduos são triturados e, logo após, mergulhados numa

solução desinfetante (Por exemplo, hipoclorito de sódio, dióxido de cloro ou gás

formaldeído). A eficácia do agente químico dependerá da temperatura, pH e da presumível

presença de outros desinfetantes, que podem causar um efeito negativo ou positivo.

Apresentam como vantagens: economia operacional e de manutenção, e uma

significativa eficiência no tratamento dos resíduos. Porém, há a necessidade de neutralizar os

efluentes líquidos e reduzir o volume gerado (KOPP et al., 2013).

3.3.8 – Disposição Final

Após os tratamentos mencionados, observa-se, na maioria dos processos, a disposição

final dos resíduos em aterros controlados e/ou aterros sanitários. Contudo, a disposição em

lixões ainda é uma realidade em países em desenvolvimento, e este tipo de disposição

apresenta os maiores riscos para a saúde e o meio ambiente.

De acordo com uma pesquisa de 2013 realizada pela Associação Brasileira de Empresas

de Limpezas Públicas e Resíduos Especiais, ABRELPE, alguns municípios encaminham os

resíduos de serviço de saúde para os locais de destinação sem mencionar a existência de

tratamento prévio dado a eles. Este método é inviável, pois como mencionado anteriormente,

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os resíduos das diferentes classes devem ser tratados antes de sua destinação final. Ainda

nesta pesquisa, foi exposto qual tipo de processo que os municípios adotam para o tratamento

dos RSS, como pode ser observado na Figura 1 (KOPP et al, 2013).

Figura 1 – Tipo de tratamento adotado em municípios brasileiros.

Fonte: ABRELPE, 2013.

Segundo dados do IBGE (2010), a situação do país ainda é grave em relação à

destinação dos resíduos de serviços de saúde (Figura 2) visto que quase a metade dos

municípios brasileiros, cerca de 42%, ainda dispõe os resíduos em lugares inapropriados,

como em vazadouros ou aterros em conjunto com os demais resíduos.

Figura 2 – Destinação final de RSS, Brasil 2008. Fonte: IBGE,2010.

44%

20,50%2,4%

33,1%Incineração

Autoclave

Microondas

Outros

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

%

Em vazadouro, em conjunto com os demais resíduos

Sob controle, em aterro de terceiros para resíduos especiais

Outra

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4- MATERAIS E MÉTODOS

Com o intuito de apresentar um estudo sobre o tratamento e tipos de resíduos sólidos

produzidos em hospitais, optou-se pela realização de uma pesquisa exploratória em um

hospital da cidade de Poços de Caldas. De acordo com Tripodi et al.(1975), a partir da

exploração, é possível a formulação de conceitos e hipóteses a serem aprofundadas em

estudos futuros.

A pesquisa foi realizada com aplicação de um questionário (Apêndice A) ao funcionário

que conduziu toda a visita e em observações.

4.1 Perfil da Instituição

Localizado na cidade de Poços de Caldas, estado de Minas Gerais, o Hospital Unimed

Poços de Caldas, objeto de estudo deste trabalho, possui uma área construída de 5.129,71 m²,

situada num terreno com área total de 11.547,56 m².

Trata-se de uma organização hospitalar privada, fundada no ano de 2002, que conta com

101 leitos e 414 funcionários diretos e mais 61 indiretos. É dotado de um serviço de

urgência/emergência 24h, Centro de Diagnóstico de Imagem, Laboratório de Análises

Clínicas, seis salas de Centro Cirúrgico e sete leitos na Unidade de Terapia Intensiva.

A instituição hospitalar é conveniada ao Sistema Unimed e também atende as cidades

de Botelhos, Campestre, Cabo Verde e Caldas.

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em visita ao hospital, com o objetivo de levantar informações e obter dados para

auxiliar a pesquisa, uma profissional do setor de higienização do hospital foi entrevistada com

perguntas previamente levantadas, conforme Apêndice A.

Alguns setores da instituição foram percorridos e foi possível observar como é realizado

o gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Saúde (RSS).

Os serviços de higiene, limpeza, coleta e destino interno dos Resíduos Sólidos do

hospital são realizados pelos funcionários do setor de limpeza e higienização. Uma

funcionária responsável do setor é encarregada em pesar esses resíduos e acondicioná-los de

forma a atender a legislação.

Conforme a NBR 9.190 e 9.191 da ABNT, os resíduos de serviço de saúde devem ser

acondicionados em sacos plásticos apropriados, como pode ser visto na Tabela 4

(MONTEIRO, 2001):

Tabela 4 – Cores específicas para sacos plásticos. Transparentes Lixo comum, reciclável.

Coloridos opacos Lixo comum, não reciclável.

Branco leitoso Lixo infectante ou especial (exceto o radioativo).

Fonte: (MONTEIRO, 2001).

Em seguida, os sacos plásticos devem ser colocados em contêineres que permitam a

condução dos resíduos para abrigos temporários.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o

armazenamento temporário consiste na guarda dos recipientes contendo os resíduos já

condicionados, em local próximo ao ponto de geração, e devem ser ladrilhados e com cantos

arredondados para facilitar a limpeza do local. E ainda, não poderá ser feito armazenamento

temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos

sacos em recipientes de acondicionamento.

Desta maneira o Hospital visitado atende às normas, uma vez que possui uma área

externa próxima à unidade divida em três salas distintas: uma para resíduos classificados

como reciclável, outra para infectantes e perfurocortantes e uma terceira para lixo comum e,

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em cada uma elas, os recipientes não estão dispostos diretamente sobre o piso. Os resíduos

ficam retidos nesta área até a coleta externa.

A coleta é realizada por três empresas diferentes. Os infectantes são coletados de

segunda a sexta-feira pela empresa ECOSUL, que ao final de cada mês emite um certificado

com a quantidade recolhida e o tratamento adotado para cada classe do resíduo coletado. Os

recicláveis são recolhidos quatro vezes por semana pela cooperativa que realiza a coleta

seletiva na cidade. O lixo comum é recolhido três vezes na semana pela empresa responsável

do município.

Em todos os corredores há a disposição de lixos identificados para resíduo comum,

contaminado, perfurocortantes e reciclável. Na área administrativa foi observado,

principalmente, recipientes para recicláveis e lixo comum. No refeitório também existem

recipientes identificados, porém, conforme explicou a funcionária, por se tratar de ambiente

de grande circulação de pessoas, e pessoas externas ao hospital, este é um setor de difícil

separação correta dos resíduos. O hospital, juntamente com Sub-Comitê de Resíduo, vêm

procurando formas de conscientizar funcionários e usuários do local sobre a devida disposição

dos resíduos.

Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 306, publicada pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, em 07 de dezembro de 2004, é de responsabilidade do

hospital elaborar, desenvolver, submeter às autoridades competentes e implantar o Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. No Hospital Unimed Poços, foi criado o

Sub-Comitê de Resíduos, composto por 15 funcionários (dentre eles enfermeiros e demais

funcionários, ao menos um de cada área) com o intuito de atender a resolução.

Os funcionários se reúnem uma vez ao mês e elaboram registros da quantidade dos RSS

gerados pela instituição. Todos os dados são registrados e analisados pelo Comitê e este

procura formas de minimização de geração e conscientização dos funcionários sobre a

importância de se realizar uma separação eficiente e efetiva dentro do hospital. Este Sub-

Comitê registrou no ano de 2013 uma geração de 71.202,789 kg de resíduos no hospital

visitado.

Para um bom planejamento do gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS),

a quantificação desses resíduos gerados por um estabelecimento é de grande importância. A

quantificação dos resíduos pode ser avaliada por meio da determinação de sua massa ou pelo

seu volume. Outra maneira é pela determinação da taxa de geração, que demonstra a relação

entre a quantidade média de resíduos produzidos diariamente e o número de leitos (DUTRA,

2009).

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Para efeito comparativo, fez-se uma pesquisa sobre trabalhos realizados em hospitais de

médio porte (de 50 a 150 leitos) pelo Brasil.

O primeiro estudo, de Shneider (2004) avaliou um Hospital Conveniado de Caxias do

Sul – RS, com assistência exclusiva à pacientes com plano de saúde. O segundo estudo,

realizado em 2010, relata sobre um hospital de médio porte localizado no interior do Estado

de São Paulo, uma organização privada, de caráter filantrópico e beneficente (OLIVEIRA,

2010).

O Ministério da Saúde (2002) determinou que todo resíduo gerado deve ser

caracterizado de maneira qualitativa (composição) e quantitativa (quantidade atual e

projetada), logo o estabelecimento deve pesar e observar se há resíduo não conforme nos

recipientes.

Os hospitais avaliados possuem as características apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Características gerais dos hospitais avaliados.

Hospital Unimed

Poços

Hospital Conveniado de

Caxias do Sul

Hospital do interior de

São Paulo

Quantidade de leitos 101 103 102

Geração total anual

(kg) 71.202,789 132.308,85 51.797,15

Taxa de geração

(kg/leito/dia) 1,93 3,51 1,39

Os dados evidenciam que no hospital de Caxias do Sul há uma geração média de 3,51

kg de resíduos por leito ocupado, para uma ocupação média de 103 leitos, número acima da

média do Brasil, que é de 2,63. A Unimed Poços e a instituição do interior de São Paulo se

aproximaram os valores da taxa de geração e estão dentro da média nacional.

No hospital Unimed Poços, foi observado que havia resíduos recicláveis em recipientes

de lixo orgânico, principalmente na área do refeitório. Como cita Oliveira (2010), isso não é

diferente em outros lugares. No hospital do interior de São Paulo, notou-se grande quantidade

de resíduos comuns (principalmente papel e papelão), descartado em recipiente de lixo

infectante. O mesmo ocorre no hospital Conveniado de Caxias do Sul, acarretando um grave

problema de segregação.

Segundo proposto pela Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS (1997), o

gerenciamento realizado de forma correta dos resíduos sólidos significa não só diminuir e

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controlar os riscos, mas também minimizar os resíduos desde a origem, melhorando a

qualidade e a eficiência dos serviços da instituição hospitalar.

Assim, compreenda-se a importância do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

de Saúde (PGRSS). Entretanto, nem toda instituição aplica este conceito. No hospital Unimed

Poços, o PGRSS foi imposto, de maneira correta, a partir de 2013, sendo criado o Sub-Comitê

de Resíduos que visa atender as normas legais, minimizar custos e, principalmente, garantir a

saúde do trabalhador e o equilíbrio do meio ambiente. No hospital do interior de São Paulo, o

autor diz que:

Apesar da inexistência de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (PGRSS), a instituição hospitalar tem se mostrado, de certa forma, atenta a questões consideradas cruciais no manejo de seus resíduos. Todavia, alguns pontos considerados estratégicos devem ser observados para melhor adequação à legislação e, ainda, sua consolidação no compromisso com o meio ambiente (OLIVEIRA, 2010).

Como já mencionado, a Resolução nº 5 do CONAMA, cita a necessidade que a

instituição tem em implementar estratégias de condutas seguras no manuseio,

armazenamento, transporte, tratamento e na disposição final dos RSS.

Na Unimed Poços, os infectantes são tratados via incineração e autoclavagem. Em

Caxias do Sul, o tratamento é prioritariamente via incineração. O segundo estudo não cita o

tratamento adotado.

A escolha do tratamento mais adequado para os RSS dependerá das características

físicas, químicas e biológicas do resíduo. O objetivo em tratar tais resíduos infecciosos é

reduzir os riscos associados à presença de agentes patogênicos. Portanto, para ser efetivo, o

método de tratamento deve reduzir ou eliminar os patógenos presentes nos resíduos, não

apresentando nenhum risco a população humana e/ou animais que possam estar expostas a

estes (SCHNEIDER, 2004).

Embora apresente elevado custo de implantação, atualmente, o tratamento via micro-

ondas é o mais indicado para os Resíduos Sólidos de Saúde. Estudos indicam vantagens

significativas de seu uso, podendo citar a não emissão de efluentes líquidos e gasosos (não

necessitando de equipamentos de controle de poluição do ar); a não adição de produtos

químicos no processo; redução de 80% do volume devido o triturador acoplado ao

equipamento e a rigorosa desinfecção (PEREIRA, 2012).

Assim sendo, diante a problemas com disponibilidade de áreas e a redução da

periculosidade dos resíduos, a esterilização via micro-ondas vem sendo hoje uma das formas

de tratamento mais viáveis.

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6- CONCLUSÃO

O principal objetivo deste trabalho foi avaliar e apresentar um tratamento mais

adequado para o hospital em estudo - a Unimed Poços de Caldas. Desse modo, se faz

pertinente a sugestão da utilização do tratamento via micro-ondas, pois trata-se de um método

eficaz e muito utilizado para este fim e, tendo em vista a disponibilidade de áreas para a

disposição final de resíduos, é um método que reduz cerca de 80% do volume total de

resíduos.

A instituição em estudo apresentou uma taxa de geração de resíduos no ano de 2013 de

1,93 kg/leito/dia, índice dentro da média nacional, que chega a 2,63. Os hospitais estudados

em literatura apresentaram uma geração média de 1,39 kg/leito/dia na instituição do interior

de São Paulo e 3,51 kg de resíduos por leito ocupado em Caxias do Sul, para uma ocupação

média de 103 leitos.

Para garantir a correta disponibilização final dos resíduos, a Unimed contratou um

serviço terceirizado de tratamento dos resíduos infectantes gerados, que dispõe de logística

para atender a organização e está formalmente certificada pelos órgãos governamentais do

meio ambiente.

Em estudo, observou-se ainda um grave problema de segregação: resíduos se

encontravam em recipientes inadequados aos quais deveriam ser dispostos. Infelizmente, isso

é comum em diversos hospitais. Portanto, se faz necessário uma maior conscientização e

conhecimento dos colaboradores do hospital, como a implantação de ciclos de palestras e

treinamentos específicos de tempos em tempos.

Estar em conformidade com a legislação, traz um grande benefício à sociedade, ao meio

ambiente e para a própria entidade. Portanto, é conclusiva para esta pesquisa a importância de

um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde – PGRSS para

qualquer instituição hospitalar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SCHNEIDER, V. E. Sistemas de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: contribuição ao estudo das variáveis que interferem no processo de implantação, monitoramento e custos decorrentes. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004. TRIPODI, T. et al. A análise da pesquisa social. Petrópolis: Alves, 1975.

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APÊNDICE

APÊNDICE A - VISITA AO HOSPITAL UNIMED DE POÇOS DE CALDAS – 28/07/14

Recebida por:________________

1. Caracterização do hospital:

– Tamanho:________________________________________________________

– Localização:______________________________________________________

– Quantidade de leitos:_______________________________________________

– N° de funcionários:_________________________________________________

– Perfil dos pacientes: _______________________________________________

– Além do pronto-atendimento, qual outro serviço prestado: _________________

2. Qual a frequência da coleta dentro do hospital? __________________________

3. Reparar nas cores dos sacos de lixo:____________________________________

4. Qual o volume de lixo coletado (o total e de cada classe):___________________

5. Sobre a Comissão do RSS:

– Quantas pessoas que a compõe:_______________________________________

– Como é realizado:__________________________________________________

– Há algum treinamento específico para estas pessoas (tanto para os funcionários quanto

para a equipe de limpeza):___________________________________________

6. Caracterização do lixo:_____________________________________________

7. Qual a empresa responsável pela coleta e tratamento dos

resíduos?_______________________________________________________________

8. Há algum pré-tratamento realizado dentro do hospital?_____________________

9. Existe alguma fiscalização de algum órgão em relação ao gerenciamento dos RSS? De

quanto tempo é realizada?__________________________________________