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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808 Monografia USO DE CDI EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Marcela Alves de Martino de Franco Salvador - Bahia, 2013

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

Monografia

USO DE CDI EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA:

REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Marcela Alves de Martino de Franco

Salvador - Bahia, 2013

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II

UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira

F825 Franco, Marcela Alves de Martino de Uso de CDI em pacientes com cardiomiopatia chagásica: revisão sistemática

da literatura / Marcela Alves de Martino de Franco. Salvador: MAM, Franco, 2013.

vii; 26 fls. Orientador: Prof. Dr. Roque Aras Júnior.

Monografia (Conclusão de Curso) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, Salvador, 2013.

1. Doença de Chagas. 2.Miocardio - Doenças. 3. Morte súbita.

CDU - 616.937

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III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

Monografia

USO DE CDI EM PACIENTES COM CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA:

REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Marcela Alves de Martino de Franco

Professor orientador: Roque Aras Júnior

Monografia de Conclusão do Componente Curricular MED-B60, como pré-requisito obrigatório e parcial para conclusão do curso médico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, apresentada ao Colegiado do Curso de Graduação em Medicina.

Salvador – Bahia, 2013

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IV

Monografia: Uso de CDI em pacientes com cardiomiopatia chagásica. Revisão

sistemáticada literatura, por Marcela Alves de Martino de Franco.

Professor orientador: Roque Aras Júnior

COMISSÃO REVISORA • Roque Aras Júnior (Presidente), Professor do Departamento de Medicina Interna e Apoio

Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Assinatura: TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA, com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em ___ de _____________ de 20__

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V

A minha família, namorado e amigos.

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VI INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Faculdade de Medicina da Bahia FONTES DE FINANCIAMENTO

Recuros próprios

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VII AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Professor orientador, Doutor Roque Aras Júnior, pela disponibilidade e incentivo em desenvolver este trabalho.

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ÍNDICE

ÍNDICE DE QUADROS 2

I. RESUMO 3

II. OBJETIVOS 4

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5

III.1. Epidemiologia

III.2. Transmissão

III.3.Apresentações Clínicas

III.3.1 Forma Cardíaca

III.4. Morte súbita na doença de Chagas

III.4.1 Fisiopatologia da morte subida

III 4.2 Grupos de risco

III 5. CDI

III 5.1 CDI na doença de Chaga

IV. METODOLOGIA 10

V. RESULTADOS 11

VI. DISCUSSÃO 14

VII. CONCLUSÕES 21

VIII. SUMMARY 23

X. REFERÊNCIAS 24

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2 INDICE DE QUADROS

Quadro 1 (Principais características dos artigos incluídos para analise) 11

Quadro 2 (Distribuição das variáveis analisadas) 12

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I. RESUMO

Introdução: A fase crônica da doença de Chagas é uma das patologias de mais larga distribuição no

continente americano. Dentre as causas de morte identificadas nesses pacientes a morte súbita

aparece como uma das principais, estimando-se ser responsável por cerca de 55 a 65% dos óbitos.

Nesse contexto inclui-se o uso de cardiodesfibriladores implantáveis (CDI) como sugestão às formas

de prevenção primária ou secundária deste evento. Objetivo: Esclarecer as principais características

associadas ao uso de CDI em pacientes com cardiomiopatia chagásica. Metodologia: Realizou-se

revisão sistemática da literatura nas principais bases de dados utilizando estratégia de busca

estruturada de acordo com os descritores “Chagas Disease”; “Chagas Cardiomyopathy”;

“Defibrillator, Implantable”; e “Defibrillator”. Resultados: Onze artigos foram incluídos para

análise. As variáveis observadas foram “tempo para o primeiro choque”, “tipo e número de arritmias

desenvolvidas”, “características das cardioversões elétricas e terapias antiarrítmicas apresentadas”,

“presença e classificação da disfunção sistólica (FEV), “prevenção primária ou

secundária”,“presença ou ausência de tempestade arrítmica” e “uso de drogas (amiodarona ou beta

bloqueador)”. Discussão: Alta frequência de processos arrítmicos foi identificada em pacientes com

chagas e estes parecem refletir a patogênese da doença. Além disso, pacientes chagásicos

costumaram manifestar as primeiras arritmias malignas mais precocemente do que os pacientes não

chagásicos e necessitaram em maior monta de cardioversão elétrica para encerrarem os processos

arrítmicos. Limitacoes: Maiores estudos precisam ser desenvolvidos sobre o tema, principalmente em

uma abordagem a longo prazo na população espeficifica de pacientes chagasicos em uso do aparelho

de CDI.

Palavras-chave: 1. Doença de Chagas. 2.Miocardio - Doenças. 3. Morte súbita.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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II. OBJETIVO(S)

PRINCIPAL

Revisar os dados disponíveis na literatura a cerca do uso de cardio-desfibriladores implantáveis

(CDI) em pacientes com cardiopatia chagásica.

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III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Epidemiologia

A doença de Chagas é uma das patologias de mais larga distribuição no continente americano,

sendo conhecida a existência de vetores da doença desde o sul dos Estados Unidos à Argentina.

Vinhaes, M. C. (2000) Representa ainda um grande desafio de saúde pública na América Latina,

variando segundo algumas publicações de 8 a 18 milhões de pessoas infectadas, com 100 milhões

sob risco e 10,000 a 14,000 mortes/ano causadas pela doença. Silveira, A. C. (2011) Espinoza, B. V. C.

(1998) Os últimos inquéritos apontam-na como a sexta infecção tropical de maior incidência, com

grande impacto social e econômico nas áreas endêmicas. Espinoza, B. V. C. (1998) Somado a isso,

dados dos últimos anos indicam que a doença tem também, se espalhado a outros continentes, em

consequência dos movimentos populacionais modernos. Silveira, A. C. (2011) Espinoza, B. V. C. (1998)

No Brasil, o número de casos novos da doença de Chagas foi reduzido dramaticamente nos

últimos anos, devido, principalmente, à redução da transmissão do vector (em especial Triatoma

infestans) e controle da infecção por transfusão de sangue Espinoza, B. V. C. (1998) No entanto, ainda

existe uma infinidade de pessoas vivendo com formas crônicas da doença. Cerca de 2 a 3 milhões de

pessoas infectadas são estimadas no Brasil, 600.000 deles com a doença crônica do coração ou

complicações digestivas, causando a morte de cerca de 5.000 pessoas a cada ano Espinoza, B. V. C.

(1998)

Transmissão

A maioria das infecções de T. cruzi são adquiridas através de transmissão vetorial, sendo

outras formas de transmissão transfusão de sangue contaminado, transplante de órgãos, transmissão

congênita, acidentes de laboratório, e da ingestão de alimentos e bebidas contaminadas. Fabiana S.

Machado, L. A. (2012)

Apresentações Clínicas

Após a entrada do parasito no organismo, ocorrem basicamente duas etapas fundamentais na

infecção humana pelo T. cruzi. A fase aguda (inicial) e a fase crônica. Na fase aguda, quando

predomina o parasito circulante na corrente sanguínea em quantidades expressivas, os sinais e

sintomas podem desaparecer espontaneamente evoluindo para a fase crônica ou progredir para

formas agudas graves que podem levar ao óbito. Rassi A Jr, R. A.-N. (2010) afirmou que a taxa de

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6 mortalidade dos pacientes com infecção aguda, frequentemente crianças, situa-se entre 0,25 a 0,5% e

a causa predominante de morte é miocardite aguda e/ou meningoencefalite.

A fase crônica, inicialmente assintomática e caracterizada por raros parasitas circulantes na

corrente sanguínea, pode apresentar-se como uma das seguintes formas: Vinhaes, M. C. (2000)

Indeterminada, correspondendo àquele paciente assintomático e sem sinais de

comprometimento do aparelho cardíaco e do aparelho digestivo. Esse quadro poderá perdurar por

toda a vida da pessoa infectada ou pode evoluir tardiamente para a forma cardíaca, digestiva ou

associada (cardiodigestiva). Barreto, M. L. (1994) . Silveira, A. C. (2011) Espinoza, B. V.-C. (1998)

Forma digestiva caracterizada por evidências de acometimento do aparelho digestivo que,

frequentemente, evolui para megacólon ou megaesôfago. Ocorre em cerca de 10% dos casos. Barreto,

M. L. (1994)

Forma cardíaca quando há evidências de acometimento cardíaco que, frequentemente, evolui

para quadros de miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca congestiva (ICC), sendo a maior

responsável pela mortalidade na doença de Chagas crônica. Barreto, M. L. (1994) Espinoza, B. V.-C.

(1998)

Forma associada (cardiodigestiva), onde ocorrem concomitante lesões compatíveis com as

formas cardíacas e digestivas. Barreto, M. L. (1994)

Forma cardíaca da doença de Chagas

A forma cardíaca é a manifestação mais grave e frequente de doença crônica. Desenvolve-se

em 20% a 30% dos indivíduos e tipicamente conduz a anomalias do sistema de condução,

bradiarritmias e taquiarritmias, aneurismas apicais, insuficiência cardíaca, tromboembolismo e morte

súbita. Prata, A. (1974)

Na fase crônica, o parasita praticamente desaparece do miocárdio e um infiltrado de células

mononucleares segue, liberando citocinas, e substituindo células miocárdicas por fibrose. A

contagem reduzida de células parassimpáticas ganglionares do miocárdio, precede então a disfunção

sistólica ventricular esquerda. O desequilíbrio autonômico pode causar vasoconstrição microvascular

de ramos coronarianos, resultando em isquemia e contribuindo para o remodelamento irreversível

que leva a insuficiência cardíaca crônica. A fibrose disseminada juntamente com a inflamação do

miocárdio dispõem múltiplos focos de re-entrada por todo o miocárdio predispondo ao

desenvolvimento de arritmias. Estima-se que cerca de 20% de paciente com doença de chagas tem

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7 fibrilação ventricular espontânea não precedida por taquicardia ventricular, o que contrasta com

outros tipos de cardiomiopatia, e talvez explique a alta freqüência de morte súbita cardíaca observada

nos pacientes chagásicos. Anis Rassi Jr (2001). Morte Súbita na Doença de Chagas.

Habitualmente a Insuficiência cardídaca de etiologia chagásica é geralmente de padrão

biventricular. Entretanto, as manifestações de insuficiência ventricular direita (aumento da pressão

venosa jugular, edema, ascite, hepatomegalia) são mais pronunciadas do que as de congestão

pulmonar (dispnéia, estertores, crepitantes) Prata A, Andrade Z, Guimarães AC - Chagas’ heart

disease.

O prognóstico da insuficiência cardíaca na doença de chagas parece bem desfavorável

quando comparado a não chagásicos, estima-se uma mortalidade no primeiro ano após introdução de

terapêutica semelhantes em 20%, comparada a 8% de outras cardiopatias. Anis Rassi Jr (2001). Morte

Súbita na Doença de Chagas.

Morte Súbita na doença de Chagas

A morte súbita, insuficiência cardíaca e tromboembolismo cerebral constituem as principais

causas de óbito na doença de Chagas. A maior ou menor freqüência de determinada causa depende,

fundamentalmente, das características da população estudada, com a morte súbita predominando nos

estudos que incluíram apenas pacientes ambulatoriais com arritmia ventricular e insuficiência

sistólica ou naqueles pacientes hospitalizados por descompensação cardíaca. Esse tipo de desfecho é

muitas vezes precipitado por esforço físico estrênuo e associa-se, nos casos em que foi possível

documentá-lo, com taquicardia degenerando para fibrilação ventricular, ou, muito menos

freqüentemente, a assistolia e Bloqueio átrio ventricular (BAV) Cardiopatia Chagásica. José Antonio

Marin-Neto, Marcus Vinícius Simões, Álvaro V. Lima Sarabanda

Embora a morte do chagásico esteja intrinsecamente associada ao grau de comprometimento

miocárdico, uma parcela de casos de morte súbita corresponde a pacientes assintomáticos, com

pequenas alterações eletrocardiográficas e área cardíaca normal ao exame radiológico. Cardiopatia

Chagásica. José Antonio Marin-Neto, Marcus Vinícius Simões, Álvaro V. Lima Sarabanda Portanto,

ela pode representar a primeira manifestação da doença ou seu evento terminal, nos pacientes com

grave disfunção ventricular e insuficiência cardíaca.

Assim, de maneira geral, estima-se que a morte súbita é responsável por cerca de 55 a 65%

dos óbitos na doença de Chagas, a insuficiência cardíaca por 25 a 30% e os fenômenos

tromboembólicos pelo restante (10 a 15%). Anis Rassi Jr (2001)

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8

Mecanismo fisiopatológico da Morte súbita

O perfil arritmogênico da cardiopatia chagásica crônica, caracterizada principalmente por

elevada densidade e complexidade de arritmias ventriculares, seu caráter fibrosante, com áreas

acinéticas ou discinéticas entremeadas de fibras miocárdicas preservadas e o mecanismo reentrante

da taquicardia ventricular sustentada em grande número de casos, à estimulação ventricular

programada, sugerem fortemente que a fibrilação ventricular constitui o evento terminal na maioria

dos casos de morte súbita na doença de Chagas. Anis Rassi Jr (2001)

Grupos de risco

Como o risco de morte súbita obviamente não é o mesmo para todo chagásico, têm-se

procurado identificar fatores que predispõem certos pacientes a um maior risco deste catastrófico

evento. Assim, variáveis como pré síncope e síncope, disfunção ventricular e insuficiência cardíaca,

arritmias ventriculares complexas, não-sustentadas e sustentadas, bradiarritmias severas (disfunção

do nó sinusal e bloqueios atrioventriculares avançados) e parada cardíaca prévia parecem estar

relacionadas como preditores de risco de morte súbita. Anis Rassi Jr (2001)

Assim, a natureza essencialmente arritmogênica da cardiopatia chagásica crônica e evidências

de que certos tipos de arritmias, sobretudo as arritmias ventriculares complexas, predispõem à morte

súbita, motiva busca de formas terapêuticas com fins profiláticos, medicamentosa ou não. Anis Rassi

Jr (2001)

Nesse contexto inclui-se o uso de cardio desfibriladores implantáveis (CDI) como sugestão à

formas de prevenção primária ou secundária. As indicações para seu uso em pacientes chgásicos,

bem como os desfechos clínicos associados parecem não estar bem estabelecidos na literatura. Este

fica, portanto, restrito aos poucos usos em pacientes mais graves, recuperados de parada cardíaca,

com taquicardia ventricular sustentada mal tolerada ou fibrilação ventricular induzidas ao estudo

eletrofisiológico, casos de insucesso ou refratariedade às outras modalidades terapêuticas, excluindo-

se da tarefa de prevenção primária até então.

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9 CDI

Os cardioversores-desfibriladores implantáveis têm se mostrado a alternativa terapêutica mais

eficiente para interromper taquicardias ventriculares sustentadas e fibrilações ventriculares, sendo

responsáveis por uma redução expressiva na incidência de morte súbita. José Carlos S. Andrade, (2000)

O aparelho funciona através da leitura eletrocardiográfica em átrio e em ventrículo,

propiciando, pela discriminação das arritmias atriais e ventriculares, um diagnóstico preciso e

tratamento adequado. José Carlos S. Andrade, (2000).Unidades mais modernas do dispositivo podem

liberar vários tipos de estimulações, como a antitaquicardia, a cardioversão de baixa energia e os

choques de desfibrilação de alta energia, além de funcionar como marcapasso antibradicardia. Outros

recursos incluem ainda opções multiprogramáveis de detecção de taquicardia e capacidade de

armazenamento de informações referentes às intervenções do dispositivo. Anis Rassi Jr (2001)

Por esse e outros motivos, em conjunto com a redução da morbimortalidade relacionada ao

implante do CDI, e o menor custo atual dos dispositivos antiarrítmicos, o mesmo vem tendo um

emprego mais abrangente em nosso meio. Anis Rassi Jr (2001)

Uso de CDI na doença de Chagas

A literatura atual tende a indicar o implante de CDI para os pacientes recuperados de parada

cardíaca, com taquicardia ventricular sustentada mal tolerada ou fibrilação ventricular induzidas ao

estudo eletrofisiológico. Anis Rassi Jr (2001) Assim como em casos de insucesso ou refratariedade a

outras medidas terapêuticas. Em sua totalidade, medidas relacionadas a prevenção secundária, no

entanto, ainda pouco estabelecidas. Sabe-se menos ainda a respeito do uso de CDI como prevenção

primária em paciente chagásicos.

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10

IV. METODOLOGIA

Realizou-se revisão sistemática da literatura segundo o protocolo PRISMA através de busca por

dois pesquisadores independentes nas bases de dados MEDLINE, SciELO, LILACS, WEB OF

SCIENCE, SCOPUS e COCHRANE. Utilizou-se estratégia de busca estruturada de acordo com os

boleanos utilizados por cada base de dados e os termos descritos no MESH e DeCS: “Chagas

Disease”; “Chagas Cardiomyopathy”; “Defibrillator, Implantable”; e “Defibrillator”. Não houve

limitação quanto ao tipo de estudo, ano de publicação e idioma. Excluíram-se os artigos de revisão e

os relatos de caso com número inferior a cinco pacientes. Encontrou-se 133 artigos, através da leitura

dos títulos selecionou-se 71 artigos, sendo 33 repetidos. Dos 38 artigos restante, somente 12 artigos

incluíam-se no objetivo desse estudo. No entanto, para um dos artigos não foi possível acesso na

íntegra devido ao longo tempo de publicação. Foram então incluídos para análise 11 artigos,

conforme fluxograma abaixo:

Por fim, não houve necessidade de análise por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) conforme

Resolução CNS-MS nº 196 de 1996.

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11

V. RESULTADOS

Foram incluídos 11 artigos que abordaram o uso de cardio-desfibriladores implantáveis em

pacientes com cardiopatia chagásica crônica. Oito dos onze estudos foram coortes prospectivas, uma

coorte retrospectiva, um estudo de caso-controle e um observacional. Todos os estudos basearam-se

em dados da America Latina, sendo cinco de realização brasileira. A grande maioria foi publicada

após 2006, sendo apenas dois da década de 1990. O número de pacientes chagásicos analisados

variou de 10-150 e em cinco dos onze estudos avaliados os portadores da doença de Chagas

representavam um subgrupo, dentre outros com outras patologias cardíacas. Outras informações

foram descritas no quadro 1.

Desenho / Local

do estudo

Ano de

publicação

Número de

pacientes

Número de

Chagásicos

Objetivo do estudo

Cardinalli-

Neto et all

Coorte

retrospectiva / São

José do Rio Preto

2011 32 19 Caracterizar o uso de CDI como

prevenção primária em pacientes

chagásicos

Flores-

Ocampo et

all

Coorte

retrospectiva /

Santiago - México

2009 21 21 Determinar os fatores preditivos de

tempestades arritimicas em pacientes

chagásicos em uso de CDI

Muratore et

all

Coorte prospectiva

/ Buenos Aires -

Argentina

1997 28 10 Comparar características

apresentadas por usuários de CDI

chagásicos e portadores do doença

arterial coronariana

Muratore et

all

Coorte

retrospectivo /

Buenos Aires -

Argentina

2009 89 89 Avaliar o tipo de arritmia e o tipo de

terapia utilizada em pacientes

chagásicos em uso de CDI

Rabinovich

et all

Coorte

retrospectiva /

Buenos Aires -

Argentina

1999 55 20 Determinar o tempo para o primeiro

choque em pacientes chagásicos em

uso de CDI, carcaterizar=ndo faotres

associados e preditores de

mortalidade

Cardinalli-

Neto et all

Coorte

retrospectiva / São

José do Rio Preto -

Brasil

2006 46 46 Carcaterizar tipo de terapia oferecida

e tipo de arritmia desenvolvida por

pacientes chagásicos em udo de CDI

Fonseca et

all

Coorte prospectiva

/ Rio de Janeiro -

Brasil

2007 155 18 Reportar o perfil de terapias

apropriadas e inapropriadas do CDI

em portadores de cardiomiopatia

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12

isquêmica e não-isquêmica e as

complicações precoces d

E tardias do procedimento

Cardinalli-

Neto et all

Coorte

retrospectiva / São

José do Rio Preto -

Brasil

2007 90 90 Deetrminar preditores de mortalidade

para paciente chagásicos em uso de

CDI

Di Toro et

all

Coorte

retrospectiva /

Multicêntrico na

Améria Latina

2011 148 148 Determinar a taxa de mortalidade e

fatores de risco associados a

mortalidade no prmeiro ano após

implantação do CDI como prevenção

primária e secundária

Martinelli et

all

Coorte

retrospectiva / São

Paulo - Brasil

2012 116 116 Avaliar a eficácia do CDI em

pacientes chagásicos acompanhados

em um centro terciário de saúde,

considerando as taxas de mortalidade,

terapias apropriadas e preditores

clínicos prognósticos.

Greco et all Estudo

Observacional

/ Multicêntrico na

Améria Latina

2009 910

portadores de

doenças

cardíacas

150

chagásicos

(16,48%)

Reportar dados epidemiológicos

específicas dos portadores de

miocardiopatia submetidos a

implante de CDI na América Latina

Quadro 1 (Principais características dos artigos incluídos para analise)  

Poucos artigos apresentaram equivalência de objetivos e diversas variáveis foram observadas,

sendo elas “tempo para o primeiro choque”, “tipo e número de arritmias desenvolvidas”,

“características das cardioversões elétricas e terapias antiarrítmicas apresentadas”, “presença e

classificação da disfunção sistólica (FEV), “prevenção primária ou secundária”, “presença ou

ausência de tempestade arrítmica” e “uso de drogas (amiodarona ou beta bloqueador)”. O quadro 2

identifica o tipo de variável abordada por cada artigo e que serão descritas ao longo deste trabalho.

Variáveis Analisadas

Tempo

para o

primeiro

choque

Tipo e número

de arritmia

desenvolvida

Características das

cardioversões

elétricas e terapias

antiarritmicas

Disfunção

sistólica/FEV

Prevenção

primária ou

secundária

Tempestade

arritmica

Uso de drogas

(amiodarona

ou beta

bloqueador)

Cardinalli-

Neto et all

(2011)

X X X X X

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13 Flores-

Ocampo et

all

X X X X X

Muratore et

all (1997)

X X

Muratore et

all (2009)

X X X X X

Rabinovich

et all

X

Cardinalli-

Neto et all

(2006)

X X X

Fonseca et

all

X

Cardinalli-

Neto et all

(2007)

X X X

Di Toro et

all

X X X

Martinelli et

all

X X X X

Greco et all X

Quadro 2 (Distribuição das variáveis analisadas)

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14 VI. DISCUSSÃO

Tempo para o primeiro choque

Dos três artigos que chegaram a avaliar o tempo decorrido entre o implante do CDI e a apresentação

da primeira intervenção elétrica pelo aparelho identificaram que pacientes chagásicos tendem a

apresentar este tempo incial reduzido, ou seja, costumam manifestar as primeiras arritmias malignas

muito mais precocemente do que os pacientes não chagásicos (Cardinalli-Neto et all (2011),

Rabinovich et all, Cardinalli-Neto et all (2006)). Rabinovich et all demonstrou que durante os

primeiros seis meses do estudo 35 dos 55 (67%) pacientes apresentaram pelo menos um episódio de

choque espontâneo pelo CDI. No grupo de chagásicos a percentagem de pacientes que manifestou

alterações foi de 85% enquanto nos portadores de DAC observou-se 51%. (p < 0,02). Reduzindo a

análise para o primeiro mês observou-se que 55% dos chagásicos apresentaram o primeiro episódio

de choque neste período inicial, ao contrario dos não chagásicos onde apenas 14% precisaram de

alguma intervenção durante o primeiro mês. (p <0,004).

Outro importante dado descrito pelo autor diz respeito as taxas de mortalidade. Notou-se que os

óbitos identificados no grupo dos chagásicos ocorreram em média 42,25 meses após a ocorrência do

primeiro choque. Já no grupo dos não chagásicos o intervalo médio em meses entre o primeiro

choque e morte foi de 8,5. (p < 0,03). A taxa de sobrevida no primeiro ano após o primeiro episódio

de choque em chagásicos e não chagásicos foi de 75% e 17% respectivamente. A grande descoberta

do estudo foi mostrar que a maioria dos pacientes com chagas recebem intervenções do CDI logo

nos primeiros seis meses de implante, principalmente no primeiro mês. Tais pacientes ainda

apresentaram sobrevida esperada melhor do que portadores de outras cardiopatias. Esses achados

indicam maior necessidade de implante precoce de CDI em chagásicos do que em não-chagásicos.

Os tipos de arritmias mais frequentemente desenvolvidas inicialmente pelos pacientes chagásicos

foram descritas por Cardinalli-Neto et all (2006). FV foi a causa do primeiro choque em 12 (32%)

pacientes, TV em 11 (31%) pacientes e TV não responsiva a terapia antitaquicárdica degenerando

para FV em 9 (24%) pacientes.

Ainda segundo os artigos, a alta frequência de processos arritmicos em pacientes com chagas pode

refletir a patogênese da doença. A presença de focos confluentes de fibrose intermediados por

infiltrado mononuclear disseminado pelo miocárdio, isquemia miocárdica secundaria a alterações no

tônus microvascular de pequenas artérias coronarianas e disfunções autonômicas intracardíacas

levando a hiperatividade simpática predispõem a múltiplos focos de reentrada promovendo

instabilidade elétrica e o aparecimento de arritmias.

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15 Tipo e número de arritmia desenvolvida

Dois tipos de arritmias desenvolvidas por pacientes em uso de CDI devem ser revertidas através do

estímulo elétrico pelo risco de evoluírem para morte súbita, são elas Taquicardia ventricular e

Fibrilação ventricular. A frequência com que cada uma ocorre varia entre pacientes chagásicos e não-

chagásicos, entretanto a maioria dos estudos analisados demonstrou taxas de episódios de arritmias

malignas em pacientes com chagas superiores se comparado a estudos que avaliaram episódios

arrítmicos desenvolvidos por portadores de outros cardiopatias. (Muratore et all (1997). Cardinalli-

Neto et all (2011) identificou um total de 101 episódios de FV observados. 94 foram apresentados

por sete pacientes chagásicos, enquanto apenas 7 foram descritos em dois pacientes pertencentes ao

grupo de não-chagas. (p = 0,03). No estudo apresentado por Muratore et all (1997) o mesmo fato foi

também observado, pacientes com chagas apresentaram média de 41 episódios por paciente enquanto

pacientes com DAC apresentaram 24 ep/pacientes. A explicação para o fato parece estar relacionada

também a fisiopatologia da doença envolvendo diversos focos de reentrada, como descrito no tópico

anterior. (Cardinalli-Neto et all (2011).

Fibrilação Ventricular foi identificada como a disfunção arrítmica mais frequente entre os pacientes

com chagas, entretanto a grande diferença entre os índices de TV e FV pode estar associada ao tipo

de indicação para o implante de CDI. Pacientes com história de parada cardíaca parecem evoluir

apresentando mais frequentemente episódio de FV. (Cardinalli-Neto et all (2007), Muratore et all

(2009). O mesmo pode ser dito para estudos que demonstraram maior prevalência de FV ou TV não

responsiva a terapia antitaquicardica, sugerindo que tal fato possa também estar associado a

população específica do estudo que compreende maioria dos pacientes indicados para prevenção

secundária de episódios de síncope ou “morte súbita”. Flores-Ocampo et all demonstrou que apenas

um paciente apresentou episódios de TV tratadas com êxito pela ATP, 89% dos casos eram

refratários a ATP e apresentaram degeneração posterior para FV.

Características das cardioversões elétricas (choque) e terapia antiarrítmica (ATP)

Dois tipos de intervenções elétricas podem ser realizadas pelo CDI. Terapia antiarrítmica estaria

indicada para episódios de TV enquanto o choque apenas em pacientes que evoluem direto para FV

ou naquelas TV sustentadas, não responsivas a terapia antitaquicardica, e que evoluem para FV.

O número e características das arritmias foram descritos no item anterior. Entretanto, como as

terapias realizadas pelo CDI depende do tipo de evento arrítmico desenvolvido, estas também

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16 variaram bastante em número, estando diretamente relacionadas à quantidade de pacientes

envolvidos no estudo.

De forma geral, os pacientes chagásicos indicados ao uso de CDI evoluem necessitando de alguma

intervenção do aparelho. Cardinalli-Neto et all (2006) demonstrou que terapias antiarritmica foram

realizada em 80% dos pacientes, sendo apenas 20% livre de qualquer intervenção pelo CDI durante o

período de seguimento pós-implante. Fonseca et all chegou a afirmar que a probabilidade do

pacientes chagásico apresentar a primeira intervenção apropriada do CDI chega a mais de 80% nos

primeiros dois anos pós implante do aparelho e atinge o 100% por volta do sexto ano

A maioria dos estudos analisados observou que pacientes chagásico necessitam em maior monta de

cardioversão elétrica para encerrarem os processos arrítmicos, o que entra em concordância com o

que foi discutido no tópico anterior, onde foi identificado que chagásicos com maior frequência

evoluem para FV. [Martinelli et all, Cardinalli-Neto et all (2011), Flores-Ocampo et all]. Cardinalli-

Neto et all (2011) observou que dos 172 episódios arritimicos desenvolvidos por seus pacientes 136

foram encerrados através do choque. Também nessa linha, Flores-Ocampo et all identificou que

apenas 13,3% dos pacientes receberam unicamente terapias antitaquicardicas (ATP), ao contrário do

restante 86,6%, que receberam terapia combinada (ATP e choque). Cardinalli-Neto et all (2006)

também demonstrou que 84% dos pacientes que receberam alguma intervenção pelo CDI foram

submetidos a choque e terapia antitaquicardica combinados, o restante recebeu terapia

antitaquicardica ou choque separadamente (13% e 3% respectivamente). Apenas um artigo descreveu

que 76,4% dos episódios de arritmia foram terminados adequadamente apenas com terapia

antitaquicardica. (Muratore et all (2009)).

Outro ponto de discussão diz respeito ao número de terapias inapropriadas que pacientes com chagas

podem ser submetidos quando em uso de CDI. Todos os estudos observados indicaram pequenas

taxas de terapia inapropriada, variando de 1,6 a 15,5%, e que não diferiam de pacientes em uso de

CDI por outras cardiopatias. (Cardinalli-Neto et all (2011), Flores-Ocampo et all, Muratore et all

(2009), Martinelli et all). Diversas causas foram idenficadas como origem das terapias inapropriadas,

entre elas: taquicardia supraventriculares mal discriminadas (Flores-Ocampo et all), fibrilação atrial

com resposta ventricular rápida (Muratore et all (2009) e Martinelli et all) e barulho (Martinelli et

all).

Fonseca et all descreveu ainda mais sucintamente a respeito das terapias desenvolvidas e observou

que, no grupo de pacientes com doença de chagas, os pacientes com e sem acionamentos do CDI não

diferiram em idade, sexo e função ventricular esquerda. Além disso, a apresentação clínica inicial, a

arritmia ventricular indutível durante o EEF, bem como o uso de drogas antiarrítmicas antes e após o

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17 implante de CDI não influenciaram o padrão de acionamentos apropriados do implante. Também

não houve diferença estatística entre o número de terapias apropriadas e inapropriadas entre os

grupos de pacientes com cardiopatia isquêmica e o grupo de pacientes com cardiopatia não

isquêmica (onde prevaleceu a doença de chagas).

Cardinalli-Neto et all (2007) foi o único que demonstrou associação entre o número de choques e

sobrevida em paciente chagásicos em uso de CDI. Segundo o estudo, o número de choques

(cardioversão) mensal mostrou-se como o único preditor de mortalidade para esses pacientes. A

probabilidade de sobrevida de pacientes que receberam mais de 4 choques num período de 30 dias

foi de 75% ao término dos 30 dias, reduzindo para 19% no período de 60 dias. Por outro lado, a

sobrevida estimada de pacientes que receberam menos do que 4 choques/mês foi de 97%, 96%, 94%

e 89% em 30, 120, 270 e 360 dias respectivamente. (p = 0,0005). Da mesma forma, a expectativa de

vida foi de 2,1 meses para pacientes que receberam mais de 4 choques, comparado a 46,5 meses em

pacientes com menos de 4 choques/mês (p = 0005). O estudo ainda destaca que o número de

choques por pacientes identificado na população de chagásicos foi superior ao de outros estudos que

caracterizaram o uso de CDI em pacientes não-chagásicos, mesmo considerando o uso de

amiodarona e B-bloqueador pelos pacientes com chagas que já demonstraram reduzir o número de

episódios arritmicos.Di Toro et all chegou a inferir em seu estudo que grande parte dos pacinetes

com doença de chagas tende a apresentar elevados indices de choque no primeiro mês de sgeuimento

pós implante do CDI. Entretanto, as razões para esse achado são controversar mas acredita-se que o

aparelho possa estar relacionado ao possível efeito proarritmico do CDI, ou que o ventrículo do

paciente chagásico seja mais vulnerável ou haja algum tipo de infllamção em consequencia de reação

autoimune contra o parasita.

Disfunção sistólica/ FEV

Seis estudos descreveram a condição ventricular sistólica esquerda de seus pacientes, entretanto o

número de corte com relação a FEV variou entre 30-40%. Não houve consenso entre associação de

FEV e ocorrência de arritmias malignas.

Muratore et all (2009) descreveu que de 44 pacientes que apresentaram FEV >40%, apenas 8

desenvolveram episódios arrítmicos requerendo intervenção do CDI. Por outro lado, dos 45 pacientes

com FEV < 40%, 30 necessitaram de intervenção pelo CDI (p = 0,0001).

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18 Outro estudo realizado por Cardinalli-Neto et all 2006 descreveu que nenhuma diferença foi

observada entre a apresentação de TV, FV ou TV degenerando para FV em pacientes com ou sem

disfunção sistólica.

Já para Cardinalli-Neto et all (2007), TV sustentada foi observada em 46% dos pacientes com

disfunção ventricular sistólicae em 60% dos pacientes sem disfunção ventricular sistólica. A

associação foi demonstrada apenas para episódios de FV, que foi identificada em 25% dos pacientes

com disfunção ventricular sistólica e em apenas 12% de pacientes sem disfunção (p = 0,15).

Di Toro et all chegou a determinar a FEV como preditor isolado de mortalidade em pacientes em

uso de CDI, mas sua importância teve maior destaque apenas quando associada a idade maior do que

65 anos. Neste estudo todos os pacientes maiores de 65 anos com FEV < 30% faleceram. Entretanto,

o próprio autor destaca que não existem trabalhos na literatura que caracterizam a evolução clínica de

pacientes maiores de 65 anos, com FEV <30%, que não fizeram uso de CDI. Portanto, enquanto não

houver descrição a cerca dos benefícios e maléficios do implante de CDI para esta população em

específico, ao menos os sobreviventes de taquiaritmias ventriculares devem ainda ser considerados

como nível máximo de indicação para implante de CDI, independente da idade ou FEV.

Mesmo na ausência de concordabilidade entre os estudos Cardinalli-Neto et all em seus dois estudos

sugeriu que a presença de disfunção sistólica não fosse um requisito especifico para chagásicos

portadores de arritmias malignas quanto a indicação ou não de implante do CDI, já que parte dos

pacientes chagásicos apresentaram FV na ausencia de disfunção sistólica, o que contrasta com

estudos envolvendo cardiopatias não chagásicas. Por esta razão, estimula-se a indicação de implante

de CDI em pacientes chagásicos independente da presença de sisfunção sistólica.

Outro importante ponto destacado foi que apesar da indicação de implante do CDI para prevenção

secundária de morte súbita observou-se que a maioria dos óbitos são causados por falencia cardíaca,

demonstrando degeneração ventricular com o passar do tempo. É portanto, imprescindível, o

acompanhamento de perto desses pacientes em relação a função ventricular. Suspeita-se que a alta

frequencia de choques consecutivos identificado nesses pacietes possa levar a descarga do aparelho e

posterior morte. Outra alternativa seria a interferencia direta da alta quantidade de choques por si só

causar necrose do miocardio e exarcerbar a disfunção sistólica inicial.

(Outros estudos descreveram a classe funcional NyHA dos pacientes incluídos para análise, entretanto tal aspecto não foi discutido ou abordado com destaque em seus resultados e portanto não citados neste trabalho).

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19 Prevenção primária ou secundária

Indicações para implante de CDI podem levar em consideração episódios antigos de síncope de

origem inexplicada, parada cardíaca revertida ou TV sustentada classificados como prevenção

secundária, ou prevenção primária, muitas vezes descrita como disfunções ventriculares sistólicas

avaliada pela FEV.

Seis artigos descreveram o tipo de indicação para o uso de CDI, em cinco deles o tipo de prevenção

que prevaleceu foi a secundária, cariando de 63,3% até 100% dos pacientes. Flores-Ocampo et all,

Muratore et all (2009), Di Toro et all , Martinelli et all , Greco et all ). Apenas 1 estudo avaliou

exclusivamente características de pacientes chagásicos em uso de CDI como forma de prevenção

primária. (Cardinalli-Neto et all (2011)).

O único estudo que descreveu melhor a características do tipo de prevenção indicada para cada

pacientes foi Greco et all que, em um estudo multicêntrico envolvendo dados de toda américa latina,

identificou que o Brasil apresentou menor percentagem de pacientes incluídos para prevenção

primária, apenas 20% do total de brasileiros analisados, demonstrando a superioridade das indicações

de prevenção secundária. Outro importante ponto abordado no estudo diz respeito a associação entre

tipo de prevenção e etiologia cardíaca de base que indicou o implante do CDI. Foi observado que

pacientes com doença de chagas, ao contrario de pacientes com miocardiopatia isquêmica,

apresentaram superioridade significantes nos número de prevenção secundária. 67,7% dos pacientes

com etiologia chagásica ou idiopática receberam o implante de CDI para prevenção secundária,

enquanto apenas 32,03% receberam para prevenção primária. No grupo das miocardiopatias

isquêmicas não houve diferença entre prevenção primária e secundária. Isso demonstra a falta de

conhecimento a cerca do uso de CDI como forma de prevenção primária, principalmente no Brasil,

em consequência do pequeno número de estudos sobre o tema.

Tempestade arrítmica

Apenas dois artigos avaliaram a ocorrência e características associadas ao aparecimento de

Tempestades arrítmicas em pacientes chagásicos em uso de CDI. Segundo Flores-Ocampo et all TA

é definida como mais de dois episódios de arritmias ventriculares dentro de 24h, separados por um

período de ritmo sinusal menor que 1 hora.

A prevalência de TA identificada foi de 42,9%, sendo observados 13 episódios em 9 pacientes. O

número médio de arritmias ventriculares por episódio de TA foi de 15,6 e o número médio de dias

para a ocorrência do primeiro episódio de foi de 215. Já para Muratore et all (2009), TA foi

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20 observada em 15,7% dos pacientes, com tempo médio para primeira manifestação de 105 dias. Três

do total de 14 pacientes apresentaram TA como primeira manifestação.

Estima-se que a incidência geral de TA em pacientes com CDI oscila entre 10-28% e se associa com

um maior risco de morte súbita. Flores-Ocampo et all descreveu que 92% dos pacientes com TA

requereram hospitalização prolongada, entretanto nenhum dos dois estudos demonstrou significância

entre as taxas de mortalidade dos grupos com TA e sem TA.

A hipótese de que pacientes que desenvolvem TA apresentam maior risco de deteriorização da

função cardíaca e morte em decorrência da insuficiência cardíaca, e não morte súbita, não pode ser

confirmada devido ao baixo número de participantes no estudo.

Uso de drogas (amiodarona ou beta bloqueador)

Quase todos os estudos analisados fizeram alguma referencia a respeito do uso medicações antes e

após implante do CDI. Entre elas prevaleceu referência ao uso de amiodarona e beta bloqueador,

medicações de uso conhecido e indicações bem estabelecidas por conta da redução no número de

eventos arrítmicos em pacientes chagásicos e não chagásicos. Dos seis estudos que melhor

descreveram o uso percentual da medicação entre os pacientes a amiodarona prevaleceu em cinco

(Flores-Ocampo et all ,  Muratore et all (1997), Cardinalli-Neto 2006, Di Toro et all, Martinelli et all),

apenas um (Cardinalli-Neto et all (2011)) referiu maior parte do grupo analisado em uso de beta

bloqueador. A indicação de uso da medicação parece ser bem aceita mesmo em pacientes em uso de

terapias não exclusivamente medicamentosas, como é o caso do implante de CDI. Nos casos que a

amiodarona foi suspensa após o implante do aparelho, achou-se melhor reintroduzir a droga no

momento da primeira intervenção elétrica. Entretanto, como ainda não está bem delimitada o

impacto dessas medicações na ocorrência de choques aconselha-se que esses pacientes sejam

acompanhados com frequência em centros especializados.  

Dentre as outras medicações citadas nos estudos algum destaque deve ser dado ao uso de enzima

conversora de angiotensina já que Martinelli et all (2012), sugeriu que o uso desta medicação parece

estar associado a menores taxas de mortalidade. Entretanto, não foram descritas maiores

características a respeito desta associação.

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21 VII. CONCLUSÕES

1. A alta frequência de processos arrítmicos em pacientes com chagas parece refletir a

patogênese da doença.

2. Pacientes chagásicos costumam manifestar as primeiras arritmias malignas mais

precocemente do que os pacientes não chagásicos.

3. A maioria dos pacientes com chagas recebem intervenções do CDI logo nos primeiros seis

meses de implante, principalmente no primeiro mês. Entretanto apresentam sobrevida

esperada melhor do que portadores de outras cardiopatias. Tais achados indicam maior

necessidade de implante precoce de CDI em chagásicos.

4. A prevalência de TV ou FV parece estar associada ao tipo de indicação para o implante de

CDI. Pacientes em uso do aparelho para prevenção secundária parecem evoluir apresentando

mais frequentemente episódios de FV.

5. Pacientes chagásico necessitam em maior monta de cardioversão elétrica para encerrarem os

processos arrítmicos

6. As taxa de terapias inapropriadas não reveleram significância estatística para a população

chagásica. Entretanto as principais causas foram identificadas como origem das terapias

inapropriadas foram: taquicardia supraventriculares mal discriminadas, fibrilação atrial com

resposta ventricular rápida e barulho.

7. O número de choques (cardioversão) mensal mostrou-se como o único preditor de

mortalidade em paciente chagásicos em uso de CDI. Sendo o ponto de corte oferecido como

mais de 4 intervenções eletricas no mês.  

8. Não houve consenso entre os estudos a respeito da associação de FEV e ocorrência de

arritmias malignas. Entretanto já que parte dos pacientes chagásicos apresentaram FV na

ausencia de disfunção sistólica estimula-se a indicação de implante de CDI em pacientes

chagásicos independente do indice de FEV.  

9. Observou-se que a maioria dos óbitos são causados por falencia cardíacae não morte súbita,

demonstrando degeneração ventricular com o passar do tempo. É portanto, imprescindível, o

acompanhamento de perto dos pacientes em uso de CDI em relação a função ventricular.

10. Poucos estudos descreveram o uso de CDI como forma de prevenção primária em pacientes

chagásicos, refletindo a falta de conhecimento sobre o tema e apouca aplicabilidade na prática

clínica.

11. Um estudo mostrou que a presença de tempesta arritmica requer hospitalização prolongada,

entretanto não houve significância entre as taxas de mortalidade dos grupos com TA e sem

TA. Também não houve esclarecimento se pacientes com TA apresentam maior risco de

deteriorização da função cardíaca e elevado risco de morte.

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12. A indicação de uso da medicação parece ser bem aceita mesmo em pacientes em uso de

terapias não exclusivamente medicamentosas, como é o caso do implante de CDI. Entretanto,

como ainda não está bem delimitada o impacto dessas medicações na ocorrência de choques

aconselha-se que esses pacientes sejam acompanhados com frequência em centros

especializados.  

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23 VIII. SUMMARY

Introduction: The chronic phase of Chagas' disease is one of the pathologies of wider distribution in the Americas. Among the causes of death identified in these patients, sudden death appears as the major. It is estimated to be responsible for about 55-65% of the deaths. In this context includes the use of implantable cardioverter-defibrillator (ICD) as a suggestion to forms of primary or secondary prevention of this event. Objective: To clarify the main features associated with the use of ICD in patients with Chagas cardiomyopathy. Methods: A systematic literature review was conduced on the main databases using the search strategy structured in accordance with the descriptors "Chagas Disease"; "Chagas Cardiomyopathy", "Defibrillator, Implantable," and "Defibrillator". Results: Eleven articles were included for analysis. The variables examined were "time to first shock", "type and number of arrhythmias developed", "characteristics of electrical cardioversion and antiarrhythmic therapies presented", "presence and classification of systolic dysfunction (FEV)," primary or secondary prevention, "presence or absence of electrical storm" and "use of drugs (amiodarone or beta blocker)." Discussion: High frequency of arrhythmic processes was identified in patients with Chagas and these seem to reflect the disease pathogenesis. Moreover, chagasic pacients used to express the first malignant arrhythmias earlier than patients without Chagas' disease and needed in greater amounts of electrical cardioversion to end the arrhythmic processes. Limitations: More studies need to be developed on the subject, especially in a long-term approach in Chagas’ disease population.

Keywords: 1. Chagas disease. 2.Miocardio - Diseases. 3. Sudden death.

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24 IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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