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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ LUIZ COSTA ROLIM ESTUDO COMPARATIVO DE PROJETO DE BOMBEAMENTO A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO CEARÁ FORTALEZA 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

LUIZ COSTA ROLIM

ESTUDO COMPARATIVO DE PROJETO DE BOMBEAMENTO A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO CEARÁ

FORTALEZA

2006

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LUIZ COSTA ROLIM

ESTUDO COMPARATIVO DE PROJETO DE BOMBEAMENTO

A ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO CEARÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Planejamento e Políticas Públicas.

Orientador: Profº. Dr. Paulo Cesar Marques de Carvalho

FORTALEZA 2006

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LUIZ COSTA ROLIM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Planejamento e Políticas Públicas.

Data da Aprovação: 18/12/2006

Banca Examinadora

________________________________________________ Profº Dr. Paulo Cesar Marques de Carvalho (Presidente)

Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________________ Profo Dr. Francisco Horácio da Silva Frota (Membro Efetivo)

Universidade Estadual do Ceará - UECE

_________________________________________________ Profo Dr. Fernando Pinto Ramalho (Membro Efetivo)

Universidade Estadual do Ceará - UECE

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Carência material é a casca externa da desigualdade social, cujo cerne está na ‘pobreza política’; tal reconhecimento seria suficiente para perceber que o combate a pobreza não passa em primeiro lugar pela assistência, mas pela reinvidicação da cidadania do excluído.

(Pedro Demo, 2002)

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A Deus, “Com Ele tudo... Sem Ele nada”.

A minha mulher Karla, pelo amor, companheirismo, incentivo e dedicação à minha busca pelo conhecimento.

Aos meus amados filhos Luiz Alexandre e George. Estar com eles é uma bênção de Deus.

Aos meus pais, Luiz e Judite, por tudo que sou hoje, pelo exemplo de dedicação e carinho, compromisso e perseverança que souberam me transmitir ao longo da minha vida.

Aos meus irmãos, pelo amor e pelo cuidado a mim dispensado.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Profº. Dr. Paulo Cesar Marques de Carvalho, pelo incentivo e orientação demonstrada na construção de mais este trabalho.

Aos Profs. Drs. Francisco Horácio da Silva Frota e Fernando Pinto Ramalho, pela cordialidade e simpatia com que aceitaram o convite para participar da Banca Examinadora.

Ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Ceará, que proporcionou nosso crescimento pessoal, profissional e científico, viabilizando momentos de reflexão crítica.

Ao Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará – SEINFRA, pelo apoio a este trabalho cuja realização proporcionou um marco em minha vida pessoal e profissional.

À Coordenadoria de Energia e Comunicações da SEINFRA, na pessoa do Eng. Adão Linhares Muniz, pelo apoio, incentivo e disponibilidade para a realização desse projeto.

Aos moradores das comunidades de Cardeiros e Queixada, pela disponibilidade em nos prestar informações que propiciaram a realização deste trabalho, aqui representados pela Sra. Maria Deusiran e o Sr. Zé Luca respectivamente.

A todos que, diretamente ou indiretamente, colaboraram na realização desta pesquisa, o meu muito obrigado.

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RESUMO

Os sistemas de geração de energia fotovoltaica têm recebido grande

atenção por parte da comunidade técnica internacional e, têm sido apontados como uma das grandes oportunidades no setor energético nesta virada de século. Objetivamos com a pesquisa realizar um estudo comparativo da fonte alternativa de energia solar e os desdobramentos da implantação do abastecimento de água com sistema a energia solar fotovoltaica (SFVB's), nas comunidades rurais de Cardeiros e Queixada, passados 12 anos de sua implantação; comparar as comunidades beneficiadas com os sistemas, verificando sua adaptabilidade ou não ao projeto, bem como o funcionamento do mesmo. A pesquisa foi realizada por meio de uma visita a duas comunidades, nos meses de setembro e outubro de 2006. Como trajetória metodológica e análise dos resultados tivemos como base a Participatory Rural Appraisal. Abordamos as formas de energia alternativa, solar e eólica, no mundo, no Brasil e no Ceará. Como resultados, da análise comparativa das comunidades de Cardeiros e Queixada entre 1994 e 2006, concluímos que estas se beneficiaram e progrediram em todos os aspectos. A tecnologia é aplicável e está com seu custo em permanente tendência decrescente, seu uso associado poderia ser disseminado através de incentivo de políticas públicas. A rede de distribuição das concessionárias jamais atenderá 100% da demanda de universalização dos seus serviços. Neste ponto, o custo de implantação de sistemas isolados torna-se competitivo e recomendável tecnicamente, assim como seu uso em comunidades ou instituições que pretendem se livrar de uma conta de energia de equipamentos ou dispositivos de uso comunitário. Acreditamos que as conclusões decorrentes da análise desse estudo, possa se transformar em informações úteis para a adoção de modelos em regiões isoladas onde, com aplicação ampla, o sistema de distribuição da rede da concessionária, não atenderá essas comunidades, por impossibilidade técnica ou inviabilidade financeira, ou seja, o consumidor deverá ser atendido com sistema isolado.

Palavras-Chave: Energia Fotovoltaica; Comunidade; Políticas Públicas.

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ABSTRACT

Systems for generation of photovoltaic energy have received great attention on the part of the international technical community and have been highlighted as one of the great opportunities in the energetic area in this century. We aimed to conduct a study comparing the alternative source of solar energy and outcomes of the implementation of water supply through the photovoltaic solar energy (SFVB’s), in the rural communities of Cardeiros and Queixada, after 12 years of its implementation; compare the communities benefited by the systems, verifying if they adapt to the project or not, as well as its functioning. The research was conducted through a visit to the two communities, in the months of September and October, 2006. As methodological trajectory and results analysis we had as base the Participatory Rural Appraisal. We approached the alternative sources of energy, solar and eolic, in the world, in Brazil and in Ceara. As results, from the comparative analysis of the communities of Cardeiros and Queixada between 1994 and 2006, we concluded that these benefited and progressed in all aspects. The technology is applicable and has its cost in permanent decrescent tendency, its use associated could be spread through the incentive of public policies. The distribution net of electric utility industries will never accomplish 100% of the need to universalize their services. In this point, the cost of implementing the system in isolation becomes competitive and recommendable technically, as well as its use in communities and institutions that intend to get rid of an energy bill for equipments and devices of common use. We believe that the conclusions resulting from the analysis of this study can become useful information for the adoption of models in isolated regions where, with extensive application, the system of the electric utility industry will not attend these communities, due to technical impossibility or financial problems, that is, the customer will be attended by the isolated system.

Keywords: Photovoltaic Energy. Community. Public Policies.

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SIGLAS ABREVIATURAS

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional de Petróleo

CCF Fundo Cristão para Crianças (Christian Children Found)

CEC Coordenadoria de Energia e Comunicações da SEINFRA

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco

CIPP Complexo Industrial e Portuário do Pecém

COELCE Companhia Energética do Ceará

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito, Eletrobrás.

DEGER Departamento de Geração, COELCE até 1998.

ECOA Ato de Oportunidade de Igualdade de Credito (Equal Credit Opportunity Act)

ECO 92 Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio de Janeiro, Brasil 1992.

EEUU Estados Unidos da América do Norte

Eletrobrás Centrais Elétricas Brasileiras SA

EMATERCE Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

FIBGE Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos

FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural

GTZ Cooperação Técnica Alemã (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit)

GW 1 Milhão de vezes 1 Watt (energia)

GWh Consumo de 1 Milhão 1 Watt (energia) por hora

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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IDE Instituto de Desenvolvimento Econômico do Banco Mundial

IDER Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis

IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

IPLANCE Fundação Instituto de Pesquisa e Informação do Ceará

kWh Consumo mil Watt (energia) por hora

kW Mil vezes 1 Watt (energia)

MME Ministério de Minas e Energia

NCAR Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos da América (National Center for Atmospheric Research - USA )

NRELL Sustainability Report: National Renewable Energy Laboratory

OMS Organização Mundial da Saúde

PMA Programa de Alimentação Mundial

PNAD Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio

PPA Plano Plurianual de Investimentos

PRA Avaliação Rural Participativa (Participatory Rural Appraisal)

PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energético de Estado e Municípios

PROINFA Programa de Incentivo ás Fontes Alternativas de Energia

PVP Bomba de água a energia Solar Fotovoltaica (Photo Voltaic Pamping)

SEAGRI Secretaria de Agricultura

SEINFRA Secretaria de Energia e Comunicações do Governo do Ceará

SEPLAN Secretaria de Planejamento e Coordenação

SESA Secretaria de Saúde do Governo do Ceará

SFVB's Sistemas Foto Voltaico de Bombeamento

UNFCCC Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (United Nations Framework Convention on Climate Change)

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1

Comunidades atendidas pelo projeto Coelce/Gov. do Ceará/GTZ, entre 1991 a 1994.

51

Quadro 2

Análise comparativa das comunidades de Cardeiros e Queixada 1994 – 2006

76

LISTA DE FIGURAS

1 Localização do Município de São Gonçalo do Amarante ......................... 55

2 Localização da Comunidade de Cardeiros................................................ 55

3 Localização do Município de Itapiúna....................................................... 56

4 Localização da Comunidade de Queixada................................................ 57

5 Componentes de um sistema residencial de energia solar fotovoltaica... 62

6 Célula fotovoltaica de silício policristalino, fab. Kyocera........................... 63

7 Painéis de células fotovoltaicas, fab. Siemens......................................... 63

8 Comunidade de Cardeiros – 2006............................................................. 68

9 Reservatório, chafariz, e conjunto de bombeamento a energia solar fotovoltaica da Comunidade de Cardeiros, set. 2006................................

69

10 Comunidade de Queixada......................................................................... 73

11 Reservatórios e bebedouro em Queixada, set. 2006............................... 74

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SUMÁRIO

RESUMO………………………………………………………………………….. 6

ABSTRACT ……………………………………………………………………….. 7

LISTA DE ABREVIAÇÃO ……………………………………………………….. 8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ……………………………………………………… 9

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

1.1 A descoberta da temática ............................................................ 13

1.2 O problema do suprimento de energia e sua importância para o abastecimento de água ........................................................................

20

2 OBJETIVOS .............................................................................................. 33

3 ENERGIA SOLAR E SUSTENTABILIDADE ............................................. 35

4 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................ 48

4.1 Área geográfica do estudo ............................................................ 48

4.2 Área de utilização das tecnologias energéticas ........................... 54

4.3 Caráter da pesquisa ........................................................................ 58

4.4 O desenvolvimento da pesquisa ................................................... 60

4.5 Fundamentação da pesquisa .............................................................. 61

4.6 Fonte de dados ............................................................................... 64

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................. 66

5.1 Análise Comparativa da Comunidade de Cardeiros em 1994 e 2006 .....................................................................................................

66

5.2 Análise Comparativa da Comunidade de Queixada em 1994 e 2006 ......................................................................................................

71

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 75

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 86

APÊNDICES ................................................................................................. 91

ANEXO - DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA ............................................ 107

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INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

1.1 A descoberta da temática

O aparecimento da espécie humana no Planeta Terra a milhões de anos,

aconteceu a partir da evolução da espécie “Cro Magno” para o “Homo Sápies” e

seguiu avançando em seu desenvolvimento com o domínio do fogo, instrumentos de

auto-sobrevivência e organização em pequenos grupos e modelos primitivos de

sociedade”. Neste contexto de consolidação da sua existência, a energia também

em sua forma mais primitiva já aparece como parceira decisiva nessa evolução.

Considere-se, portanto, que desde os seus primórdios a energia é a maior parceira e

“amiga” da evolução da espécie que domina o planeta terra.

Na atualidade a energia se apresentada sob diversas formas, e sempre

seguindo uma cadeia de fases até a disponibilidade para seu uso, a energia é cada

vez mais a responsável pela sobrevivência humana e provavelmente será a

responsável pelo seu desaparecimento. A humanidade na forma como se apresenta

atualmente é refém das várias formas de energia e esta pode ser associada, em

importância, a elementos presentes na natureza responsáveis pela sua própria

existência, tais como a água e o ar.

Quando o sol emite sua luz e calor sobre o nosso planeta, 1,5x1018 kWh

de energia ao ano (Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de

Salvo Brito - CRESESB, Internet) ele está ao mesmo tempo nos disponibilizando

energia que pode ser utilizada sob diversas formas, dentre as quais destacamos tais

como a energia solar fotovoltáica, energia dos ventos (energia eólica), e a energia

solar térmica.

A energia eólica provém de diferentes níveis de radiação solar, e logo de

aquecimento sobre regiões distintas do planeta provocando deslocamento de

camadas de ar que são os ventos. A energia cinética contida nestas massas de ar

(energia eólica) pode ser captada pelas pás de uma turbina e logo convertida em

energia mecânica rotacional e, posteriormente, em eletricidade nos terminais de um

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gerador elétrico.

Como uma das principais fontes alternativas de energia, a energia eólica

tem se destacado pelo reduzido impacto sobre o meio ambiente e comunidades

vizinhas, pela sua base tecnológica industrial, pela experiência e confiabilidade

adquiridas nestes últimos 20 anos de operação de grandes sistemas de geração

eólica no mundo e pelo imenso potencial energético, estimado para o Brasil em

cerca de 143,47 GW em potência utilizável (BRASIL, 2001).

A energia solar pode ser captada na forma de calor por coletores solares,

que a armazenam pelo aquecimento de fluídos (líquidos ou gasosos). A energia

solar fotovoltáica, fruto da conversão direta em eletricidade é a que tem apresentado

o impulso mais notável nos últimos anos. O surgimento de uma diferença de

potencial elétrico nas faces opostas de uma junção semicondutora quando da

absorção da luz, efeito fotovoltáico, constitui o princípio básico de funcionamento de

uma célula fotovoltáica.

Os sistemas de geração de energia fotovoltáica têm recebido grande

atenção por parte da comunidade técnica internacional e, como conseqüência, tem

sido apontados como uma das grandes oportunidades no setor energético nesta

virada de século. A produção mundial de painéis fotovoltáicos vem crescendo

expressivamente, tendo ultrapassado um total de 200 MW, no ano de 2000 com uma

diminuição de 20% no custo médio desde 1975 (E+CO ENERGIA, 2006).

A expectativa é que esta forma de geração de energia elétrica atinja

níveis comparáveis ao consumo mundial em torno do ano 2010. Este cenário aponta

na direção de um grande esforço tecnológico e político, no sentido de reduzir custos,

aumentar a eficiência e confiabilidade e promover a geração da energia elétrica

através de painéis fotovoltaicos. Portanto, a maioria dos especialistas que trabalham

na área de energia reconhece que os próximos anos deverão se caracterizar por um

uso diversificado das fontes de energia. O conceito de geração distribuída,

começando a ser difundido na engenharia de sistemas energéticos, aponta para

uma participação mais significativa das fontes de energia alternativa na geração de

eletricidade para a sociedade moderna.

Diante da constatação da importância da energia sob suas diversas

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formas e usos descobrimos, também, que essa dependência é a responsável pelo

desenvolvimento de regiões e países, subdesenvolvimento e pobreza de outras,

assim como pano de fundo do quadro de dominações e conflitos.

Após a virada do século XX para o XXI o mundo, de u ma maneira geral, tem apresentado números positivos de progresso e desenv olvimento social e particularmente em algumas regiões e países. Esse desenvolvimento dife renciado decorre de vários fatores dentre eles a adoção de modelos de desenvolvimento e polít icas. Durante as ultimas décadas do século passado, a chamada política ”neoliberal” que defend e e menor presença do estado na economia e a premissa de que o mercado regula a economia, as d emandas, além de propiciar a distribuição equânime das riquezas.

Este modelo colocado pelo cientista político e econ omista americano, Milton Fredman (WIKIPÉDIA, 2006) teve seu experimento mais notório durante a ditadura política imposta à nação Chilena entre os anos de 1973 e 199 4 (WIKIPÉDIA, 2006) por um regime de exceção. Aconteceram naquela nação, ganhos sociais e econômicos inquestionáveis, porém a um custo sócio-político negativo, ainda não mensurado mas nem por isso, reconhecidamente elevado.

Outra experiência a ser destacada nesta área que nã o foi lavada a cabo nas proporções chilenas foi o período de 1979 a 1990 em que governou a Inglaterra a 1ª Ministra da Inglaterra Margaret Thatcher (WIKIPÉDIA, 2006). Nes te caso não houve o aprofundamento na aplicação dos fundamentos teóricos do neo-liberaris mo, porém a aplicação de alguns desses fundamentos promoveram mudanças positivas, equilibr adas e profundas numa sociedade que vive bem próximo de estado de direito pleno.

Um modelo de desenvolvimento surgido nos anos 80 do século passado, adotado com sucesso por vários países assume alguns paradigmas do neo-liberarismo, no entanto não abre mão da presença do estado como planejador e detentor do controle áreas consideradas estratégicas tais como educação, saúde pública, energia, água e suas reservas, e mais recentemente, o controle ambiental. Nesse contexto, se destaca o co ntinente asiático com suas economias emergentes e no caso de algumas delas, esse crescim ento se refletiu de tal forma na conjuntura de alguns países tais como Taiwan, Singapura e Coré ia do Sul, que promoveu a ascensão destes países a padrões de desenvolvimento próximos de pai ses considerados desenvolvidos.

Nesse início de século, o que vivenciamos é o recru descimento desse modelo com suas variantes levadas ao extremo. A forte presença do estado, inclusive como financiador e o fomentador da expansão da economia privada a qualqu er custo, desconhecendo direitos sociais contemporâneos em nome da ascensão social por meio do emprego, geração de renda e principalmente da competitividade. As nações mais r epresentativas na aplicação dessa política são Malásia, Vietnã e têm como expoentes máximos, a Índia e a China.

Esses dois últimos exemplos eram economias de

histórico econômico e social de subjugo, agora desp ontam como

modelos de desenvolvimento, apresentando taxas de c rescimento

elevadas a um custo social ainda não mensurado, vis to que

esse modelo se por um lado acumula riquezas nos cen tros

urbanos alem de inserir esses países no contexto da economia

mundial, por outro não consegue o mesmo resultado n o campo,

sem promover a distribuição, como já citamos equâni me dessa

riqueza.

O modelo, portanto, embora esteja firmemente

estabelecido, já conta com um número considerável o positores

no sentido de que precisa ser repensado, para que, possa

beneficiar um número maior de pessoas, leve em cont a uma

questão que agora se apresenta como urgente que são o

equilíbrio e uso racional de recursos naturais, aí incluídos

o equilíbrio ambiental e fontes de insumos esgotáve is.

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A adoção dessa política, a rigor, só está pontuada de sucessos, podemos

citar como exemplo além de pequenas economias satélites do mundo desenvolvido

e rico a Índia e China, que ainda têm um longo caminho a trilhar até que alcancem

índices satisfatórios de distribuição da riqueza gerada pelo sucesso da adoção

desse modelo econômico (PEARCE, 1990). Aproximando-nos mais da nossa região

e realidade, observamos como positiva a condição isolada do Chile, que ao adotar o

neoliberalismo, numa condição de exceção política e no início da sua concepção na

prática (PRONK; HAG, 1992).

O academicismo, no mundo inteiro, tem alertado para o problema da

dicotomia da opção para o desenvolvimento industrial limpo e “sujo”. Nesse sentido,

surgiu o Contrato de Quioto que criou um documento, onde os países signatários do

acordo se comprometiam a tomar uma série de medidas visando a coibir ações que

se traduzisse em prejuízo ao meio ambiente (ASIAN PACIFIC DEVELOPMENT

CENTER, 1991). Constitui-se no contrato de um tratado internacional com

compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que provocam o

efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas,

como causa do aquecimento global.

Discutido e negociado em Quioto no Japão em 1997, foi aberto para

assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. O

Contrato de Quioto é conseqüência de uma série de eventos iniciada com a Toronto

Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida

pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que

culminou com a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática

(UNFCCC) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Também reforça

seções da UNFCCC. Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005,

depois que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004 (NCAR, 2006).

Na contramão dessa posição elogiável, encontramos a República Popular

da China e os Estados Unidos da América que contribuem segundo dados de 2006,

com 15% e 25% respectivamente do índice mundial de emissão de poluentes e se

recusam a aderir ao contrato alegando perda de competitividade do seu parque

industrial. Há ainda o crescimento dos índices da emissão desses países, República

Popular da China com 8 a 9% e EEUU com 1%. O crescimento menor deste índice

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dos EEUU não se trata de atenuante e sim pela elevada taxa de importação de

insumos por que passa a economia daquele país (NCAR, 2006). Sem a adesão

desses países a esse protocolo, continuaremos suscetíveis a índices de emissão de

poluentes significativamente elevados e comprometedores. É relevante destacar a

da adesão da Rússia ao Protocolo de Quioto se constitui em marco histórico e um

avanço considerável às ações que se antecipam aos problemas decorrentes da falta

de controle e a convivência harmônica com o meio ambiente.

No caso do Brasil, a maior concentração industrial acontece na região

sudeste e mais especificamente região metropolitana da Grande São Paulo, no

Estado de São Paulo. Nessa região com mais de 20 milhões de habitantes se

incluirmos a baixada santista e o eixo São Paulo - Campinas, estão instalados

grandes conglomerados industriais, constituídos de pólos de indústria petroquímica e

metal mecânica, que já foram no passado uma das regiões mais poluídas do mundo,

e que diante dos problemas decorrentes daquela situação exigiu medidas

emergenciais que transformaram os pontos críticos daquela área, num ambiente co-

habitável (IBGE, 2000).

As demais regiões do país onde se encontram os parques industriais de

porte significativo não apresentam índices de emissão comprometedores, dentre as

quais poderíamos citar a Baixada Fluminense no Estado do Rio de Janeiro, Grande

Belo Horizonte incluindo a região de Betim, Vale do Aço em Minas Gerais, Pólo

Industrial e Petroquímico de Porto Alegre, Recôncavo Baiano dentre outras de

menor expressão.

À exceção de São Paulo, e diante da pulverização

dessas regiões industriais emissoras de poluentes e

consumidoras de energia em larga escala, podemos co nsiderar

que estamos na outra ponta do processo, ou seja, di spomos de

crédito e isso poderá ser utilizado como moeda de t roca em

negociações, conforme prevê o contrato.

Para mover esses parques industriais que produzem o s

bens de que dependem as sociedades modernas, a ener gia e um

insumo indispensável. O acesso à energia é, portant o,

essencial à satisfação das necessidades básicas com o

alimentação, vestuário, habitação, de mobilidade e de

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comunicação. A dependência mundial da queima de com bustíveis

fósseis tanto para a geração de energia como para o

suprimento de uma demanda cada vez crescente afeta a

estabilidade ecológica da Terra.

Desse modo, a velocidade com que a humanidade conso me

as fontes energéticas, a destruição da natureza e a

distribuição desigual no acesso e consumo de energi a,

principalmente nos países industrializados, represe nta 21% da

população mundial, que consomem 70% das fontes não

convencionais de energia, sendo 75% da eletricidade , enquanto

os dois bilhões de habitantes restantes ficam priva dos do

acesso à energia nos países em desenvolvimento. Dia nte do

agravamento das desigualdades sociais e do fracasso das

políticas desenvolvimentistas, os economistas, assi m como

outros cientistas sociais vêm intensificando as dis cussões à

procura de soluções viáveis para reverter esse quad ro, e é

nesse contexto que a idéia de um desenvolvimento su stentável

se fortalece (WORLD BANK, 1992).

As preocupações com o meio ambiente, com a conscientização social e com

o fortalecimento da participação popular no processo de tomada de decisão são agora o

foco do novo modelo, que busca um crescimento eficiente e racional, através de ações

que possam suprir as necessidades de todos no presente, sem tirar das gerações

futuras o direito de também terem suprido as suas (CAPRA, 1991).

Nesse contexto, as fontes renováveis e de eficiência energética são cada

vez mais viáveis e necessárias, pois poderão reduzir desperdícios e ampliar o

acesso à energia, contribuindo para a inserção econômica e social de populações

excluídas, gerando emprego e renda com custos ambientais locais e globais

reduzidos comparados com as formas tradicionais e insustentáveis de geração e uso

da energia (ZICA, 2006).

A possibilidade de aplicar tecnologias de geração renováveis de energia é

considerada um dos vetores estratégicos de desenvolvimento econômico e social

das comunidades isoladas e dispersas dentro da nossa vasta extensão territorial,

mas também em regiões remotas e desprovidas de infra-estrutura do Brasil, neste

caso encontramos a região da floresta amazônica. Estas iniciativas promovem a

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sustentabilidade do desenvolvimento e a democratização do acesso à energia.

Entendendo este último como a universalização do acesso à energia, política

defendida pela ANEEL, cujas metas prevêem que até o fim do ano de 2008 mais de

dois milhões de domicílios cearenses (consumidores das classes rurais e outras)

serão ligadas à rede elétrica, em cumprimento as políticas definidas pela Lei n°

10.438/2002 que determinou a universalização do atendimento de energia elétrica,

em todo o país até 31 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2006).

1.2 O problema do suprimento de energia e sua impor tância para o

abastecimento de água

O avanço da ocupação humana se deu lenta e gradualmente, pois havia

os obstáculos naturais a serem vencidos. As dificuldades naturais foram sendo

superadas quando o homem conseguiu dominar os primeiros processos de

convivência com o meio ambiente onde ele co-habitava com espécies vegetais e

animais por todo o planeta. Num estágio posterior, juntamente com o

desenvolvimento da navegação e da industrialização, embora que não fossem na

mesma proporção. Esse progresso ocorreu durante séculos, porém o resultado não

pode ser obtido somente pelo aumento da natalidade e redução da mortalidade, mas

também pelas migrações que gerou uma mistura de raças e uma desigual

distribuição da população em seu espaço.

A evolução das civilizações levou o homem a dominar a natureza

fazendo-lhe um juízo de valores de modo a submetê-la a sua racionalidade gerando

uma natureza artificial. Esse resultado pode ser observado pelo elevado número de

pessoas no campo que devido à mecanização da agricultura foi reduzindo o

contingente de trabalhadores. A miscigenação da população foi um fator importante

para a urbanização da população e, conseqüentemente, a desigualdade da área

urbana e rural e o aumento das cidades populosas, principalmente em países do

terceiro mundo (KLABIN, 1993).

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Consoante o autor, a participação dos países do terceiro mundo ou do

hemisfério Sul em relação aos impactos ambientais da industrialização é menor que

dos países desenvolvidos. As divergências dos níveis de degradação ambiental, os

problemas ecológicos em importância e gravidade estão relacionados ao

crescimento populacional. Esse raciocínio deve-se ao fato dos padrões de consumo

e produção dos países desenvolvidos, o grau de aceitação dos padrões de consumo

e produção dos países subdesenvolvidos e a adoção de tecnologias e políticas

relacionadas ao meio ambiente e ao bem estar ambiental dos países.

O Plano Plurianual de Investimento-PPA-2000/2003 estabeleceu o

macroobjetivo Promover o Desenvolvimento Integrado do Campo o qual define

campo como sendo uma atividade produtiva baseada no manejo de recursos

naturais, e no controle do processo vitais de plantas e animais com destinação

econômica. Neste local as pessoas vivem, trabalham, relacionam-se, produzem

valores e bens culturais, divertindo-se de modo diferente do meio urbano. A natureza

apresenta-se com muita intensidade no processo produtivo (ciclos biológicos,

topografia, épocas apropriadas – chuva, sol, calor e frio). Atualmente, a polêmica se

reflete sobre a má distribuição dos alimentos devido ao crescimento populacional

provocado pela insustentabilidade da questão população, meio ambiente e

desenvolvimento.

O mundo rural não se delimita apenas ao campo e nem às atividades

agropecuárias. É um lugar onde muitas pessoas se reúnem para viver e trabalhar sob

formas e propósitos variados. O governo federal, as comunidades locais e o poder

público local promoverão com o objetivando valorizar o pequeno produtor rural por meio

do desenvolvimento local integrado estratégias entre as quais, viabilizar o agronegócio

mediante o desenvolvimento local integrado, dar continuidade à reforma agrária com o

desenvolvimento de novos modelos de reestruturação fundiária, promover a

emancipação dos assentamentos rurais e apoiar a pequena agroindústria com

treinamento, qualificação e incentivo á sua inserção na cadeia produtiva para ampliar a

competitividade da agricultura familiar no agronegócio.

O meio rural supõe a existência de uma comunidade que faça dele um

local de vida, trabalho e não apenas um campo de investimento ou reserva de valor.

Para nós, se a estrutura fundiária inibe o acesso à terra de grande parcela da

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população que trabalha na atividade agrícola, também dificulta qualquer meta que

tente aproximar-se da paridade social, tornando a população rural vítima da pobreza,

do isolamento e da submissão política.

Em contraponto e esta condição perversa, encontramos regiões do país

com grande desenvolvimento no Agro-Negócio e praticando, através de tecnologias

de ponta, o uso da terra de forma tecnicamente correta. O sucesso do

desenvolvimento nessa área tem um preço elevado, a fronteira agrícola esta

destruindo, principalmente através de queimadas e desmatamentos irregulares,

grande parte da vegetação natural do cerrado e já se encontra penetrando, célere,

na floresta amazônica.

Esta área, hoje, representa a zona de maior conflito de interesses do

nosso país, onde podemos citar como atores principais desse processo, grandes,

médios e pequenos fazendeiros, posseiros, grileiros, mineradores, indígenas,

madeireiras além pessoas ou grupos que agem à margem da lei. Nesse contexto,

temos a presença destacada dos chamados Movimentos Sociais que contam com o

apoio de instituições e do poder público.

A promoção de tecnologias limpas pelos países subdesenvolvidos pode

provocar uma devastação ambiental e até tornar-se um problema, se não forem

adotadas políticas para minimizarem os efeitos do aumento da população que afeta

diretamente o desmatamento, na favelização, no acesso limitado à água e alimentos

e na exploração de recursos naturais. Esse problema ambiental é crônico no Brasil,

pois ele prioriza políticas/ações para as populações urbanas em detrimento da rural,

provocando um êxodo rural crítico nas regiões que estão fora do processo de

consolidação de ocupação da área citado no parágrafo anterior.

Para o atendimento da demanda energética de pessoas que aderiram a

esse fluxo migratório a produção de energia elétrica no Brasil baseia-se, atualmente,

em 83% de energia hidroelétrica e o restante provém de usinas térmicas que operam

com carvão, diesel, gás natural e usinas nucleares.

A utilização da biomassa é relevante tanto no aperfeiçoamento da energia

elétrica como na forma de combustível biológico; embora represente uma parcela

pequena ao ser comparado com o uso dos combustíveis fósseis no sistema de

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transporte do país, priorizando o sistema rodoviário e o uso de derivados de

petróleo. O maior desafio para o setor energético no Brasil é a ampliação do acesso

à energia para garantir o abastecimento de 20 milhões de pessoas (sendo 1.757.249

domicílios cearenses segundo a ANEEL) que vivem no meio rural e uma

considerável parte desse grupo, em condições de pobreza (BRASIL, 2006).

Anteriormente aos anos noventa, a fonte hidrelétrica era considerada

limpa e seus impactos ambientais eram, de certa forma desconsiderada, pois a

priorização das demandas se sobrepunha a questões ambientais e sociais. Hoje

questões ambientais são extremamente relevantes e dentre elas podemos citar

questões como emissão de gases que provocam o efeito estufa, desmatamentos

para a formação de reservatórios na expulsão ou deslocamento compulsório de

famílias, terras inundadas gerando perda de terra agriculturáveis, de qualidade e

disponibilidade de água doce, de biodiversidade e de recursos pesqueiros, estes

difíceis de ser mensurados (SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE FONTES

ALTERNATIVAS DE ENERGIA ELÉTRICA, 2002).

Por outro lado, a recente crise energética alertou o país para o potencial

em termos de fontes renováveis alternativas de energia elevando a pressão dos

setores da sociedade para executar megaprojetos de geração de energia baseados

nas fontes convencionais e a participação da termoeletricidade a carvão, petróleo,

gás e nuclear para a possibilidade de economizar e reduzir os impactos por meio de

medidas de eficiência energética.

O país estará criando meios para expandir a oferta de energia com a

aceleração e simplificação dos processos de licenciamento ambiental para a

construção de novas usinas, conforme dispõe o artigo oito da Medida Provisória nº.

2147 de 15 de maio de 2001 (BRASIL, 2002). Este artigo estabelece um prazo de

seis meses para o licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas e quatro meses

para gasodutos, oleodutos e usinas termelétricas.

Para atender as demandas de energia, há uma clara intenção de adoção

de políticas públicas de racionalização do uso da água em reservatórios formados

para geração de energia por fonte hidrelétrica, combustível de usinas térmicas tais

com gás ou carvão, além das propostas de uso de fonte alternativa. Ao fazermos a

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opção do uso prioritário da água temos que ter a clara dimensão do potencial dos

mananciais úmidos. No caso de virem as secas, haverá déficit ou teremos que

gastar mais combustível das térmicas ou de outras fontes; caso contrário, estocar

água para atender o mercado atual usando-a como combustível, provocaria nas

afluências futuras um desperdício.

O estudo de períodos de afluências secas e úmidas serão o diferencial

entre a opção do uso de modelos de geração e participação na matriz energética.

Vale ressaltar que os reservatórios brasileiros são grandes e conseguem guardar

água por até cinco anos, assim o sistema de energia exige um planejamento de

longo prazo (BRASIL, 2002).

A energia pode ser vista pela sociedade de várias formas, dependendo do

nível de decisão, e necessidades inerentes a cada grupo social. O entendimento

dessas diferentes maneiras é fundamental para o planejamento energético. As

visões de que a energia é uma mercadoria cotada em moeda estrangeira

(commodity), uma necessidade social ou um recurso estratégico é fato presente

(BAER, 1998).

Analisando os efeitos de uma menor disponibilidade energética para a

população brasileira, Baer (1988) verificou que a comunidade rural é pouco intensiva

em energia ou utilizam pouca energia nos meios de comunicação (televisão, rádio,

jornal e geladeira) devido ao custo de distribuição da energia elétrica nas

comunidades distantes.

A necessidade de energização do meio rural, portanto, está relacionada

ao consumo de energia e ao crescimento econômico, pois uma maior produção de

bens e serviços e uma elevação no padrão de vida da população requerem mais

energia, assim como, quanto mais desenvolvida é a região, mais energia ela

consome. Os impactos imediatos da intensificação do uso da energia na área rural

são: elevação na produção e produtividade agrícolas com um aumento na oferta de

alimentos e uma redução do êxodo rural com a fixação do homem ao campo através

da elevação das oportunidades de trabalho e melhora nas condições de vida

acompanhada do crescimento da industrialização rural (OLIVEIRA; CHACON;

LÓCIO, 1994).

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A energia solar, assim se apresenta como uma opção

que merece ser analisada em que pese seu custo de g eração

fotovoltaica ainda se encontrar por volta de US$200 ,00/MWh, o

que a torna pouco competitiva, porém diante do quad ro que se

apresentará diante das várias etapas dos programas de

expansão da rede de distribuição convencional das

concessionárias de energia elétrica, o custo de imp lantação

se sistemas isolados alimentados por painéis solar

fotovoltaicos, pode se aproximar do custo de atendi mento

através da rede convencional e em alguns caso ser m ais barato

(ARVIZU, 2005).

O enfrentamento dos impasses diante de conceitos, teoremas e preceitos

da realidade social contemporânea, nos remete à busca das respostas que

procuramos, buscando as conexões entre esses processos de adequação e

equilíbrio, fazendo com que as soluções e o enfrentamento dessas questões

estejam em equilíbrio, e tenham a necessária sustentabilidade.

O conceito em destaque nesse estudo é sustentabilidade, nele o enfoque

social tem como premissa básica à distribuição eqüitativa de bens e serviços que

proporcionam o mínimo necessário para se ter uma vida com qualidade, ou seja, que

todos tenham acesso a alimentação, vestuário, moradia, transporte, energia, água

potável, educação, saúde e informação.

Contudo, a efetivação desse estado de bem-estar social está em função

dos recursos disponíveis e de como estes são usados pela sociedade. Então, um

desenvolvimento realmente sustentável é aquele capaz de atender às necessidades

da geração presente, sem prejudicar as gerações futuras, para tanto o uso racional

dos recursos e a participação da população no processo de tomada de decisão

mostram-se como fatores decisivos.

Nesse sentido temos cristalizado o conceito de que insumos básicos de

produção de bens e fatores produtivos são essencialmente finitos, havendo assim a

necessidade de promover arranjos de tal forma que atendam às necessidades

sempre ilimitadas dos indivíduos. Mesmo na condição, hipotética, de que alguns

poucos desses recursos são finitos como é o caso do potencial solar, os

desdobramentos do seu uso devem ser analisados para que seja edificada uma

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consciência em relação a outras fontes finitas. Exemplos não faltam, tais como a

utilização de recursos hídricos, fósseis e principalmente em relação à questão

ambiental.

A dinâmica nos processos de desenvolvimento tem

alterado sobremaneira a gestão desses recursos, mai s

notadamente na área das concessões de serviços públ icos

(BRÜHL, 1991). O modelo em vigor quando da implanta ção do

projeto de abastecimento de água e energia elétrica s nessas

comunidades, tinha viés inteiramente estatal, quer se

tratasse de gestão de água ou energia. Havia exceçõ es, mas

estas não caracterizavam a pluralidade de agentes p romotores

de um cenário competitivo que encontramos hoje.

Na situação atual o Estado implantou modelos de controle de gestão de

recursos onde o setor privado está atuando através da concessão de serviços, e

instituiu mecanismos tais como, agências de controle e regulação que observam

parâmetros estabelecidos pela concessão e regulam os investimentos de tal maneira

que, pode-se prever para o médio prazo uma forte presença de agentes (players) do

setor privado nos sistemas de produção, distribuição e comercialização quando

falamos especificamente de energia elétrica.

O governo federal através do Programa de Incentivos às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA) e do Programa de Desenvolvimento

Energético de Estados e Municípios (PRODEEM) está procurando soluções para

levar energias às populações distante e carente desse instrumento de inclusão

social. O PRODEEM busca suprir à demanda quanto ao fornecimento de energia por

empresas privadas no mercado sustentável de serviços de energia renovável nas

comunidades isoladas no Brasil, comparando energia de empresas privadas

geradoras de energia que ofertam este insumo (BRASIL, 1998).

O PROINFA objetiva integrar ao Sistema Elétrico Interligado o montante

máximo de 3.300 MW de potência instalada incluindo energia eólica, biomassa e

outras fontes alternativas, ou seja, promover o uso de fontes alternativas de energia

de modo a garantir o abastecimento (BRASIL, 2002).

Para aumentar o potencial energético no país as soluções apontam para

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a fonte de energias alternativas como a energia solar e eólica cujas vantagens são

tidas como alternativas, pois são consideradas abundantes e limpas principalmente

no Ceará.

Consoante CEMIG (2000), as vantagens de utilizar a energia solar na

eletrificação rural cearense são:

� Atender à população de baixa renda;

� Reduzir os custos de manutenção em relação à tecnologia convencional; leva

energia a locais isolados, como ilhas, reservas ambientais, parques, etc;

� Atender as necessidades básicas do ruralista;

� A indústria fotovoltaica estar em franca expansão e o preço da energia

decresce ano a ano; os sistemas fotovoltaicos são considerados como

ambientalmente corretos;

� Com o uso adequado, poderá ter uma baixa taxa de manutenção.

� Salvo raras exceções, teremos manutenção de baixo custo.

Há esforços desenvolvidos no sentido de que se promova alteração na

matriz energética do país, nesse sentido está sendo inserido o gás natural como um

recurso decisivo nessa mudança. Esse insumo é uma commodity, finita e mesmo

que em menor proporção, cobra sua cota de emissão de poluentes.

Nesse sentido destacamos como adequada e pertinente a política pública

do programa do Governo Federal – PROINFA que descrevemos a seguir: Esses

esforços passam pela auto-suficiência de petróleo, perseguida há décadas pelo país

é prevista para acontecer em 2006, consoante o Anuário da Agência Nacional de

Petróleo - ANP (BRASIL, 2004).

Em Paralelo as propostas desses programas há a inserção do “Gás

Natural” como ator no processo de insumo para produção de energia, seu consumo

massificado além do programa de “Biodíesel”, dará a condição diante da produção

atual de óleo, da formação de um excedente considerável nessa produção, que

poderá transformar o Brasil, no médio prazo, num player importante no cenário

desse recurso que tem gerado, ao longo dos anos, grandes dificuldades e

instabilidade econômica, no equilíbrio da nossa balança comercial.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para o uso, manejo e

consumo sustentável das fontes de energia visando evitar a contaminação ambiental

e respeitar os limites recomendáveis. A dependência de fonte não renovável tem

conseqüência como as mudanças climáticas, contaminação atmosférica, danos à

saúde das populações e diminuição da qualidade ambiental (ECOA, 2006).

Anteriormente à chegada da Hidroelétrica de Paulo Afonso, o interior do

Ceará era abastecido por médios e grandes produtores independentes de energia

baseados nos cataventos ou moinhos de ventos (energia eólica) que forneciam a

quantidade de energia suficiente para bombear água ou suprir as necessidades

básicas de uma propriedade rural. Esse tipo de energia é devido ao fato de que os

ventos da região das secas, ao contrário que as chuvas, são reconhecidos pela sua

constância e sopram predominantemente no sentido de nordeste-sudeste, seja nos

anos secos seja nos chuvosos, apresentando velocidades constantes e nunca

excessivas, enquanto no Ceará existem ventos de rajada (ECOA, 2006).

A característica básica da região cearense é o índice de radiação solar

em torno de 365 dias/ano, sendo que no Nordeste é em torno de três mil a quatro mil

horas de sol por ano, o que favorece um potencial de energia solar na região. O

interior do Ceará apresenta, segundo a SEINFRA, uma condição favorável como céu

claro com níveis de radiação solar com mais de 3.000 horas de sol e ventos

abundantes na ordem de 7m/s a 9m/s (CEARÁ/SEINFRA, 2001; AMBIENTE

BRASIL, 2006).

A questão se traduz em promover o surgimento das energias renováveis

no estado cearense no sentido de melhorar a qualidade de vida das populações sem

afetar o meio ambiente (WORLD BANK, 1992). Pensando em manter o agricultor

cearense em seu meio, o governo do Estado, a COELCE e a GTZ – Deustsche

Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit, firmaram um convênio de cooperação

técnica de modo a atender às comunidades rurais não assistidas pela energia

elétrica.

Esta equipe de Cooperação Técnica Brasil Alemanha buscava amenizar o

problema e foram analisadas 16 comunidades rurais cearenses. O convênio de

cooperação técnica entre a COELCE e a GTZ em setembro de 1990, foi encerrado

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em setembro de 1994, subsidiado pelo Acordo Geral dos Governos do Brasil e

Alemanha no qual procurava atender às comunidades rurais não eletrificadas.

Através deste convênio, buscava-se promover o acesso a energia às populações

rurais não assistidas pela energia convencional, atendendo às metas do PRODEEM

de levar energia às populações rurais excluídas.

Capra (1991) considerava as tecnologias alternativas como tecnologias

brandas por serem de baixo impacto sobre o meio ambiente e pelo uso constante de

reciclagem de materiais. E, segundo o autor, incorporam os princípios nos

ecossistemas naturais, pois as novas tecnologias não são, em absoluto, menos

sofisticadas que a antigas, mas seu refinanciamento é uma espécie diferente. À

proporção que os recursos tornam-se escassos, torna-se necessário investir mais

nas pessoas, pois é considerado um recurso em abundância. Toda essa

abordagem, além de ambientalmente benigna e ecologicamente equilibrada

combinaria com uma política energética mais eficiente (aumentar a eficiência

energética no consumo através da co-geração de calor e eletricidade) e mais barata.

Segundo o autor, num horizonte futuro, a energia eficiente e

ambientalmente benigna seria a energia solar. As energias eólica e hidráulica

derivariam da energia solar. A energia eólica tem origem no fluxo de ar provocado

pelo aquecimento das massas de ar e a energia hidráulica, em que as quedas

d’água que aciona as turbinas é parte de um ciclo de água formada pela radiação

solar. A energia solar provem de fontes renováveis e inexauríveis, possuía efeitos

benignos com em relação às células fotovoltaicas, cujo material – o silício – é

comumente encontrado na areia comum e os processos de manufaturas parecidos

com os usados na indústria de semicondutores para construir transistores e circuitos

integrados.

No caso da água, foi instituída em 2000 a Agência Nacional de Águas –

ANA que está funcionando em substituição ao antigo "Código das Águas", de 1934.

Segundo o Guia Rural (1991) os avanços necessários ao pleno funcionamento

desse importante instrumento de regulação ainda são tímidos e encontram sérias

dificuldades de regulamentação. Contudo há o instrumento, uma parcela

considerável de pontos já regulamentados e outros tantos ainda por o serem. O

histórico da problematização do uso da água no Brasil, esse recurso finito e

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essencial para nossas vidas, por ser abundante no nosso caso, sempre foi tratado

com desleixo secular pelas autoridades com competência para sua gestão.

A realidade atual é que hoje, o Brasil, que tem em seu território cerca de

20% de todos os recursos hídricos existentes no mundo, não os usa de maneira

adequada, com geração de conflitos, principalmente em área de escassez, como por

exemplo, o semi-árido nordestino (GUIA RURAL, 1991).

Tal fato leva a uma série de conflitos pela posse d a

água, constantemente privatizada, principalmente no Nordeste.

Além disso, essa ingerência gera um constante despe rdício. Na

região semi-árida do Estado do Ceará, a água, pelas próprias

características geológicas, geográficas e climática s, é um

bem escasso sendo adquirida, via de regra, de forma precária,

em cisternas, cacimbões ou açudes, que na época mai s seca

tornam-se grandes poças de lama. Outra forma de se obter água

são os carros-pipa, que, fornecem água de qualidade duvidosa

de acordo com critérios políticos.

O presente estudo pretende analisar a implantação de sistemas

fotovoltaicos de bombeamento de água (SFVB's), como uma opção sustentável para

duas comunidades rurais, que tinham deficiência na disponibilidade desses bens

essenciais à sobrevivência digna de qualquer ser humano, que são energia e água.

Esse tipo de tecnologia apresenta-se com garantia de durabilidade média

da célula fotovoltaica, em torno de 20 anos, propiciando manutenção acessível,

permitindo que, com o mínimo de treinamento, os próprios usuários pudessem

responsabilizar-se por sua conservação. Além disso, esse tipo de energia usada tem

duas vantagens: ser energia limpa que não degradasse o ambiente e era gerada de

forma pontual, ou seja, no próprio local onde fosse necessária.

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OBJETIVOS

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2 OBJETIVOS

Geral

� Realizar um estudo comparativo da fonte alternativa de energia solar e os

desdobramentos da implantação do abastecimento de água com sistema

a energia solar fotovoltaica (SFVB's), nas comunidades rural de Cardeiros

e Queixada, passados 12 anos de sua implantação.

Específico

� Comparar as comunidades beneficiadas com os sistemas, verificando sua

adaptabilidade ou não ao projeto de abastecimento de água e energia

elétrica solar fotovoltáica (SFVB's), bem como o funcionamento do

mesmo.

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ENERGIA SOLAR E SUSTENTABILIDADE

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3 ENERGIA SOLAR E SUSTENTABILIDADE

O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1987, quando a

Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento o lançou, defendendo que

as necessidades geradas no presente devem ser atendidas, tendo-se sempre em

mente que as necessidades do futuro não podem deixar de ser atendidas também

(WORLD BANK, 1992). Muitas discussões têm sido suscitadas nos últimos anos, e a

maioria delas usa este conceito como ponto de partida. No Brasil, a Declaração de

Fortaleza seguiu também a mesma linha quando determinou os critérios para a

obtenção de um desenvolvimento sustentável (PESSOA, 1993).

Um momento de fortalecimento dessa idéia foi a ECO 92, realizada no

Brasil, onde foi lançada a Declaração do Rio de Janeiro, que contém preceitos

básicos para se alcançar o desenvolvimento sustentável, entre eles, a proteção

ambiental deve constituir-se em ponto fundamental para qualquer processo de

desenvolvimento, e todos, nações e indivíduos, devem cooperar com o objetivo de

erradicar a pobreza (KABLIN, 1993).

O que constatamos é que, por séculos, a humanidade utilizou e geriu os

seus recursos naturais de maneira irresponsável, em favor das diferentes políticas de

crescimento propostas ao longo de sua história e através da geração de tecnologias

pouco comprometidas com a conservação do meio-ambiente (CAPRA, 1991).

A dicotomia entre o crescimento econômico e a preservação ambiental,

ainda é um problema, e um problema de difícil solução, pois equacionar

corretamente os aspectos ambientais ainda não foi totalmente possível, até porque

esta preocupação é muito recente (MARGULIS, 1990). Nesse sentido, os aspectos

social e ambiental mostram-se como essenciais, devendo, portanto, ser levados em

conta por todos os modelos de desenvolvimento e incorporados ao processo de

planejamento e avaliação de projetos.

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O desenvolvimento sustentável implica, segundo Pronk e Haq (1992) em

um novo conceito de crescimento econômico, que levaria justiça e oportunidades a

todos no mundo, sem continuar a destruir os recursos naturais. Percebemos, assim,

a amplitude desse processo, que deve abranger todas as facetas da vida humana,

requerendo uma série de mudanças profundas nas formas de planejar a gerência

dos recursos e, também, uma nova ética mundial, donde todos deveriam ter

consciência da necessidade de cooperação mútua, para assim promover uma nova

ordem social, quando se melhoraria a qualidade de vida no planeta, havendo uma

melhor distribuição dos recursos existentes e desaparecendo, aos poucos, a

concentração e má distribuição dos mesmos.

As tecnologias que aumentam a produtividade e, por conseguinte, a

produção tem sido colocada como a solução para os problemas da humanidade, no

entanto, somente neste século, enquanto avançamos de forma extraordinária no

campo da ciência e tecnologia, regredimos, de forma não menos extraordinária, em

termos de qualidade de vida, fato demonstrado pelo grande aumento da degradação

ambiental, depredação dos recursos, da fome, da miséria, das desigualdades sociais

e da violência em todo o mundo.

De acordo com Buarque (1993), antes de terminar, o século realizou o

que se propunha em termos técnicos e científicos, e mostrou que esta realização

não preenche os sonhos que a civilização tinha sonhado. Portanto, a capacidade de

organização social do ser humano não acompanhou a velocidade da evolução das

ciências, de tal modo que foi retirado da sociedade o poder de decidir sobre o rumo

de sua sobrevivência, sendo a decisão colocada nas mãos daqueles que dominam

as altas tecnologias.

Quando Capra (1991) fala do impasse da economia nos dias de hoje,

coloca que, em busca de aceitação e respeitabilidade, os cientistas sociais, dentre

eles os economistas, criaram modelos baseados em um paradigma cartesiano, que

se mostraram fora da realidade por não terem uma visão mais dinâmica e sistêmica

da sociedade, que deveria ser objeto de estudo primordial. Ao invés disso, pegar-se

a modelos quantitativos que deixaram de fora aquele que deveria ser o principal

elemento: o homem e suas relações com seus semelhantes e com a natureza, ou

seja, com o meio ambiente, sempre mutável, em que está inserido.

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Os cientistas analisam uma pseudo-realidade a partir de modelos

numéricos e encontram soluções matemáticas perfeitas para os problemas

propostos. Contudo, por deixarem de fora o dinamismo das relações humanas e do

meio-ambiente, esses modelos mostram-se, no presente, cada vez mais

ultrapassados tendo em vista que os problemas a que eles se propuseram resolver

continuam e somam-se agora a outros já causados por esta falta de visão dinâmica

e sistêmica.

A resposta a esse impasse não é retroceder ou negar os benefícios

também gerados pela ciência. Devemos, ao contrário, procurar meios para

racionalizar o uso de todos os benefícios modernos e reverter o quadro negativo,

evitando custos com as externalidades não previstas e, principalmente, levando a

todos, sem distinção, a oportunidade de participar do resultado positivo do uso das

novas tecnologias e dos modelos de desenvolvimento. Este é o grande desafio. E é

baseado nisto que a idéia de sustentabilidade tem ganhado impulso.

Para alcançarmos, então, essa meta um passo é indis pensável: modificar a maneira de planejar. Os planejadores atualmente ainda basei am-se em idéias de que a escassez dos recursos naturais e a menor das preocupações, assim como, o papel produtivo desses recursos naturais. Isto os leva a confundir a destruição de ativos valiosos, como a biodiversidade, com a geração de renda, promovendo assim a idéia de que um crescimento rápido e sustentado pode ser conseguido pela exploração da base dos recursos .

Essa maneira de planejar necessita ser modificada p or levarmos em consideração o uso racional e eficiente dos recursos, para isso é essencial uma visão integrada e global de cada problema a ser solucionado, procurando-se prev er as conseqüências futuras de cada ato, não procurando apenas resultados imediatos. Por con seguinte, um planejamento em longo prazo se faz necessário.

A participação é outro elemento chave para alcançarmos as metas da

sustentabilidade. Em termos de planejamento, a participação dos futuros

beneficiários das medidas em estudo é fundamental, pois são justamente eles os

que mais sabem sobre suas carências. Além do que já foi colocado é importante

destacar alguns pontos específicos que surgem com a discussão sobre

desenvolvimento sustentável, relativos aos recursos energéticos e hídricos.

Um dos pontos mais fortes levantado por todos que falam sobre o assunto é

relativo à matriz energética e modelos de geração de energia elétrica assumida pelo

planeta, resultante de políticas de desenvolvimento oriundas ainda da Revolução

Industrial, que priorizam o uso de combustíveis fósseis, um os maiores responsáveis

pela situação de deterioração em que se encontra o meio ambiente. Apenas 18% do

consumo mundial provem de fontes renováveis (energia hidroelétrica, solar, eólica,

biomassa) enquanto que 78% advêm de combustíveis fosséis, tipo de energia não

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renovável. O restante da energia (4%) é fornecido por usinas nucleares, que é também

um tipo de energia proveniente de fonte não renovável (COSTA, 1992).

Além de não renováveis os dois últimos tipos de energia são altamente

prejudiciais ao meio ambiente, provocando sua degradação. Esse estado é

agravado, segundo Hobbelink (1990), pelo fato de que hoje, não só as indústrias,

mas também a agricultura, a partir da Revolução Verde é também forte consumidora

de energia, aumentando assim os agentes degradantes do meio ambiente.

Modelos de crescimento baseados em energias cujas fontes são

esgotáveis e não renováveis, além de degradarem o meio ambiente, representam

um fator de insegurança para a população. Conforme Turrini (1993) tal premissa foi

comprovada na década de 1970, com a crise do petróleo, que mostrou o grau de

dependência do mundo moderno dessa fonte energética.

Como se isto não bastasse para comprovar a insustentabilidade da matriz

energética baseada nos combustíveis fósseis, na década de 1980 os cientistas

detectaram sérios danos na atmosfera terrestre, causados, principalmente, pelas

emissões massivas de gás carbônico.

No Brasil, em particular, a matriz energética tem uma conformação um

pouco diferenciada do resto do mundo, pois 40% da energia consumida aqui é de

origem hidráulica, enquanto os combustíveis fósseis representam 46% desse

consumo. Contudo, isso não minimiza nossos problemas energéticos, pois, apesar

de renovável, o potencial hidráulico é limitado. Metade desse potencial já foi

aproveitada e o uso da outra metade implicaria em custos ambientais altíssimos,

além do custo econômico de oportunidade, não menos baixos, relativos aos usos

alternativos das áreas a serem inundadas pelas barragens (BATISTA, 1993).

Pelo exposto, a necessidade de se aumentar o uso das fontes alternativas

e renováveis de energia, mostra-se como um dos pré-requisitos básicos para a

obtenção de um processo de desenvolvimento contínuo e benigno a toda sociedade

e ao meio-ambiente. Outro ponto a ser ressaltado para a melhor compreensão do

desenvolvimento sustentável diz respeito aos recursos hídricos.

A diminuição da sua disponibilidade é algo por si só grave, mas quando

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contraposto ao fato de que os usos para esses recursos são múltiplos e cada vez

maiores, o quadro se agrava mais e a preocupação de encontrar formas mais

racionais de utilização e preservação desse bem se mostra urgente (MOTA, 1988).

Com o crescimento populacional e desenvolvimento tecnológico a

necessidade de todos os recursos aumentou, e não foi diferente para os recursos

hídricos, cuja demanda tem sofrido grandes acréscimos, relativamente à sua oferta

limitada. O problema da oferta de água torna-se maior quando se percebe que não é

só questão de quantidade disponível, mas muito mais de qualidade adequada para

cada uso. Nesse contexto a idéia de desenvolvimento sustentável tem levado a uma

maior preocupação com a conservação dos recursos hídricos e a melhoria de sua

qualidade, diminuindo as fontes de poluição e procurando formas adequadas de

geri-los e distribuí-los.

De acordo com Carvalho e Riffel (2003) e Carvalho, Freire, Montenegro e

Riffel (2004), vale salientar o papel cada vez mais importante ocupado a nível

mundial pela dessalinização como alternativa de abastecimento de água potável. No

Nordeste do Brasil, um cenário futuro pode ser imaginado com unidades de osmose

reversa acionadas por painéis fotovoltaicos para dessalinização da água de poços

no semi-árido e plantas de osmose reversa acionadas por geradores eólicos no

litoral dessalinizando a água do mar para o abastecimento de água potável das

capitais nordestinas.

Um melhor e adequado programa de abastecimento de água potável e de

saneamento, principalmente nos países em desenvolvimento, tornou-se uma prioridade

para as instituições mundiais comprometidas com a melhoria da qualidade de vida no

planeta. Em 1981 as Nações Unidas lançaram o Decênio Internacional de Água Potável

e de Saneamento, para 1981-1990 (NOTICIAS DEL IDE , 1991).

Esse programa tinha como preocupação especial o melhor provimento

dos serviços de abastecimento de água e saneamento no meio rural, tendo em vista

que os programas desenvolvidos pelos governos, normalmente, não priorizam esse

setor, mas sim a zona urbana. Isso ocorre devido ao próprio enfoque institucional

dado ao problema, ou seja, não há diferenciação quando se promove programa

desse tipo, as áreas rurais são avaliadas da mesma forma que as urbanas, com isso

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há um desestímulo em promoverem-se melhorias no campo, pois, além de requerer

investimentos maiores, pelas distâncias e pouca infra-estrutura, apresenta poucos

retornos, pois, via de regra, as populações rurais possuem rendas muito baixas, não

havendo previsão de retorno adequado através de tarifas.

Devido a essa falta de investimento nas zonas rurais, o que verificamos é

uma piora constante da qualidade de vida dessas populações, tendo como principal

efeito os problemas com saúde. Mota (1988) ao discorrer sobre as características da

água destaca a sua facilidade em servir como veículo de transmissão de doenças

para o homem, são as chamadas "doenças de veiculação hídrica", que podem

ocorrer por ingestão ou pelo contato da pele ou das mucosas. Das doenças

transmitidas por ingestão de água contaminada, a diarréia é a mais devastadora.

Mais de 900 milhões de doenças decorrentes da ingestão de água

poluída são registrados anualmente, em todo mundo, resultando na morte de mais

de três milhões de crianças, sendo que cerca de dois milhões dessas mortes

poderiam ser evitadas se houvesse um adequado saneamento e acesso à água

potável. Os países em desenvolvimento, como o Brasil, são os grandes

responsáveis por esses números, pois nesses países mais de 1 bilhão de pessoas

não tem ainda acesso à água potável e 1,7 bilhão nunca pode desfrutar de um

serviço adequado de saneamento (WORLD BANK , 1992).

Diante do que foi colocado a respeito dos recursos hídricos, sua gestão e

distribuição, verificamos não só sua importância para o processo de

desenvolvimento sustentável, mas, também, detectamos outro problema grave a ser

solucionado: a pobreza e a miséria de grande parte da população. Os custos sociais

de um quadro como esse é de difícil aferição. As pessoas desprovidas de condições

dignas de sobrevivência, especialmente no meio rural, perdem sua condição de

cidadãs, e, aos poucos o estímulo para produzir e tentar reverter sua sina.

O conformismo leva à degradação não só do ser humano, mas de todo o

meio em que ele se insere. Essa parcela marginalizada e improdutiva da população

acaba por depredar e exaurir os recursos que são de todos e os custos gerados por

essas ações são pagos pela sociedade produtiva e pelas gerações futuras.

Comumente é colocado que o custo de melhorar a qualidade de vida e proteger o

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meio ambiente é muito elevado, mas nesse cálculo não são levados em

consideração, custos como a morte de tantas crianças por doenças como a diarréia.

Se essa visão fosse incorporada, ver-se-ía que os benefícios e ganhos futuros

seriam muito maiores em termos de crescimento econômico.

Pensar em desenvolvimento com um quadro de carência como esse é

inconcebível. O problema da pobreza e da miséria deixa de ser apenas um

imperativo moral, sua solução passa a ser um pré-requisito essencial para se

conquistar um estado sustentável de crescimento e conservação ambiental, pois um

homem com fome não pensará na importância de se conservar coisa alguma, só

pensará em matar a sua fome. Em suma, todas as colocações anteriores destacam,

na verdade, quatro vertentes que devem ser fortalecidas no sentido de se obter um

estado sustentável de desenvolvimento, quais sejam: a social, a ambiental, a

técnica-científica e a política, sendo que todas têm laços de interdependência.

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Os pontos destacados abaixo podem esclarecer melhor essa premissa:

1. Gestão racional dos recursos naturais e conservação da biodiversidade;

diminuição gradativa da pobreza e melhoria da qualidade de vida no planeta;

2. Alteração de percentuais na matriz energética, diminuindo o uso de energia

prejudicial ao meio ambiente;

3. Socialização dos recursos hídricos, potáveis e ao saneamento, melhorando as

condições a saúde;

4. Conscientizar pela educação, que a atitude individual reverte em benefício de todos;

5. Incentivar a pesquisa, na busca de processos racionais e eficientes de produção,

para trocas mais equilibradas entre produtores e natureza;

6. Promover cooperação internacional, com de transferência de tecnologias

permitindo o desenvolvimento de todas as nações, com a participação de

instituições públicas e privadas;

7. Implantar processos de conscientização da população, por meio de exercícios

comunitários e da participação de todos os envolvidos na descoberta de soluções

para cada problema, sobrepondo-se a idéia de social e coletivo à idéia de

individual e privado;

8. Reavaliar processos de planejamento e avaliação de projetos, de modo a que

passem a incorporar variáveis ambientais e sociais, tendo uma visão dinâmica e

sistêmica de cada problema.

Vemos bem como cada um desses pontos está ligado a mais de uma das

quatro vertentes colocadas acima, sendo que a vertente política está presente em

cada um deles: os pontos 1 e 3, englobam dois aspectos, o ambiental e o político; os

pontos 2, 4, 5, e 8, aspectos sociais e políticos; os pontos 6 e 9, aspectos técnico-

científicos e políticos e o 7 é eminentemente político.

Concluindo, portanto, que a melhoria da qualidade de vida, a preservação

dos recursos naturais e, conseqüentemente, a conquista de um estado de bem estar

social sustentável dependem, em última instância, dos tomadores de decisão,

fazedores de políticas e implementadores. Contudo, esse processo de melhoria deve

começar pela população, enquanto agente gerador de necessidades e

impulsionador de mudanças.

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O acesso à eletricidade constitui um recurso imprescindível a programas

que promovam o desenvolvimento das regiões e a melhoria da qualidade de vida da

população rural cearense. Neste estudo, trata-se apenas das duas fontes de energia

alternativas usadas no estado: solar e eólica, que não emitem resíduo como gás

carbônico na atmosfera provocando o efeito estufa, com enfoque num estudo de

caso de experiência de uso de energia solar fotovoltáica para abastecimento de

comunidades distantes da rede elétrica convencional acontecido em 1994 em

comparação com a situação de hoje. Os geradores fotovoltaicos são responsáveis

pelo fornecimento de energia elétrica para residências ou local pré-estabelecidos

que utilizam coletores solares através das células fotovoltaicas, como as unidades

de bombeamento de água e iluminação pública de casas e escolas.

A energia solar é utilizada por coletores solares para o aquecimento de

água, estufas ou fornos solares. Neste processo de obtenção de energia elétrica do

sol, utilizam-se células fotovoltaicas ou foto-pilhas. Devido ao elevado custo

comparado com a energia convencional, antigamente, seu uso não era muito

difundido. Uma das vantagens das células solares é a de não terem partes móveis

que se desgastem, pois requerem pouca manutenção e não são poluentes. O silício,

material utilizado no fabrico é muito comum.

A energia eólica teve grande utilização desde os tempos do

descobrimento, onde existiam os moinhos de vento para moer os cereais ou tirar

água dos poços. Hoje, existem os aerogeradores que devem ser instalados em

zonas que possuem vento de força e direção constantes existindo todo o ano. Estas

condições são encontradas no litoral. A aplicação de energia eólica no estado

cearense contemplou cata-ventos antigos e semimodernos.

Em 1993, possuía três estações de medição do vento e no ano seguinte

15 estações de medição, sendo que o primeiro o convênio era entre COELCE/GTZ e

o segundo entre COELCE/Sponsor. Pela COELCE em parceria com a Alemanha

tiveram 04 turbinas de 300kW(1997); e em parceria com a Wobben 30 turbinas de

500kW (1999) e 4 de 600kW sendo total instalada de 17,5 MW e planejada em torno

de 2000 MW (CEARÁ/SEINFRA, 2002).

O projeto sustentável de energia de aplicação da energia eólica

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contemplava, em 1997, 495.000 residências rurais, sendo 190.000 residências

eletrificadas e 305.000 residências rurais sem energia elétrica. A maioria das

fazendas era eletrificada (70.000). As comunidades rurais (9.750) possuíam as

eletrificadas (1.250) e sem energia (8.500). A meta do governo do Estado é

eletrificar, pela expansão da rede convencional, 87% de domicílios rurais até

dezembro de 2006 (CEARÁ/SEINFRA, 2006).

Direcionamos agora o foco do nosso estudo para o objeto principal que foi

o projeto SFVB que instalou seus sistemas, no Ceará, em pequenas comunidades

do seu sertão semi-árido. Tais comunidades vivem em luta diária pela sobrevivência,

através da busca contínua de água. Nessa região a água é o ponto central de suas

vidas e pode significar e diferença entra sua sobrevivência naquele local e sua

migração: sobrevivência com a qualidade adequada; ou migração na medida em que

a fonte disponível é imprópria para o consumo, mas mesmo assim utilizada.

O modo de vida no meio rural do Ceará baseia-se quase que

exclusivamente na agricultura, de tal maneira que a terra e água são elementos

fundamentais na conformação social. O fato do agricultor, na grande maioria das

vezes, não estar vinculado de forma definitiva a terra onde trabalha leva a que os

laços formados com esta sejam fracos e, se advém um período de estiagem, não há

muitas motivações para sua permanência no Sertão. E mesmo aqueles pequenos

proprietários, sem recursos para enfrentar a estiagem, vêm-se obrigado a vender

suas terras e, também, migrar.

Além dos efeitos naturais sobre o setor agrícola da região, o que ocorre é

que a seca, aliada à conformação da estrutura fundiária (posse e uso da terra e

relações de produção), provoca, de forma mais acentuada, a desagregação das

famílias, cujos membros migram em busca de locais mais propícios à sua

sobrevivência, desmantelando assim toda a comunidade e gerando uma série de

problemas outros que terão reflexos não só no campo, com a desestruturação do

sistema familiar e produtivo, e dos valores culturais, como também no meio urbano,

para onde normalmente se dirigem os movimentos migratórios.

Neste ponto abordamos a questão cultural. O homem do campo, muitas

vezes, aceita resignado à seca, e suas privações decorrentes desse fator climático.

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As ações do Poder Público levam a uma acomodação ainda maior, sendo

perceptível o comportamento passível para a solução do seu problema.

Segundo Demo, (1991) a população internaliza, com o tempo, certo tipo

de expectativa, de modo conformista, compondo-a no seu quadro de valores

fundamentais, incluindo também horizontes religiosos, místicos e míticos. A restrição

física da falta de água torna-se sina, vontade superior, algo mais ou menos imutável,

bem como seu manejo político clientelista.

Depois de esgotadas as condições de sobrevivência, o habitante rural

opta por migrar. A migração como uma conseqüência da estiagem, é vista aqui

como um fenômeno não só climático, mas também social toma a dimensão de um

grande problema para os centros urbanos e para a sociedade em geral, pois

provoca o "inchamento" das cidades que não têm estrutura para suportar esses

fluxos cada vez maiores de pessoas.

Isso gera uma série de outras complicações como o aumento do

contingente de desempregados, já que haverá muito mais gente a procura de

emprego do que a economia formal possa absorver, levando, também, à baixa dos

salários; aumento da economia informal, ou seja, as atividades econômicas que

atuam clandestinamente e não pagam impostos, diminuindo assim a arrecadação, e,

por conseguinte os recursos a serem empregados em obras sociais; aumento dos

preços dos alimentos devido à diminuição da oferta, pela desestruturação do sistema

produtivo do meio rural; aumento da fome, da miséria, da mortalidade infantil e dos

problemas de saúde, gerando aumento da marginalização e perda dos valores

culturais e morais.

Os custos sociais gerados são pagos pela sociedade produtiva à medida

que a estrutura econômica da região não permite que seja absorvido todo o

contingente de pessoas expulsas do meio rural, levando a que as condições de vida

deteriorem-se para a população em geral e, em maior grau, para os migrantes. Os

recursos gastos em programas que tentam resolver ou minimizar o problema têm

promovido mudanças no perfil de comunidades, com destaque para o aumento da

renda de famílias numerosas, com membros nas diversas faixas etárias.

Há, no entanto, políticas públicas ainda em fase de aprendizado e

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aprimoramento no sentido de encontrar a harmonia de convivência este ente, e o

poder público. Estas ações tentam estabelecer como premissa, a convivência com a

adversidade climática, ou seja, neste caso a “convivência com o semi-árido”. Além

da agricultura, as outras fontes de renda das comunidades são raras e irregulares:

as mulheres contribuem para a renda familiar, em algumas comunidades,

costurando ou fazendo trabalhos de artesanato em renda ou barro; e alguns idosos

são aposentados pelo FUNRURAL.

Essas atividades geram uma renda mínima de subsistência, e, com isso,

até resquícios de uma economia de escambo acham-se presente. Na época mais

crítica de estiagem a maioria das pessoas que permaneceram nas comunidades foi

alistada nas Frentes de Emergência, política pública ainda adotada no início da

década de 1990, lhes proporcionava uma renda quase insignificante.

No bojo dessas ações está a perfuração de poços, abastecimento de

energia elétrica, construção de cisternas, pequenos reservatórios e ações de

retenção do provável fluxo migratório. Neste último caso com ações de promoção de

cursos de qualificação e distribuição de suprimentos, além de programas sociais de

grande amplitude e alcance social tais como, Bolsa Família. Alguns desses

programas têm alcançado resultados questionáveis e neste contexto o último

exemplo é o que melhor se enquadra.

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MATERIAL E MÉTODOS

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área geográfica de estudo

No Estado do Ceará, uma parcela ainda significativa da população, vive

na zona rural em pequenos municípios. Segundo o IPECE e a PNAD a taxa de

urbanização do Ceará é de 75,1% (IPECE em 2002) e projetada pela PNAD/IBGE

para 2006 para 78%. Na época da implantação esse índice era de aproximadamente

66%.

Para serem alcançadas pelo projeto as comunidades deveriam se

enquadrar dentro de algumas premissas que discorremos a seguir: se dispuser a

utilizar energia alternativa solar fotovoltáica, situar-se na região semi-árida e: a)

encontrar-se a uma distância máxima de 100 km de Fortaleza, esta premissa tinha

por objetivo prover de maior sustentabilidade os equipamentos, facilitando sua

manutenção e levantamento de dados; b) estar a uma distância de, no mínimo, 3 km

da rede elétrica da Concessionária, neste caso a Companhia Energética do Ceará –

COELCE; c) ter já implantado um poço profundo tubular com vazão adequada e teor

de pureza da água dentro dos limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde do

Governo Federal – MS que adota o máximo 1.000ppm (MS), que é o volume de

soluto disperso e indesejável, neste caso, em ml, existentes em 1m3 (1 bilhão de ml)

de solução; c) dispor de equipamento de ensino fundamental e programas de

alfabetização e treinamento para a comunidade adulta; e) ter um núcleo comunitário

constituído e; f) dispor de acesso, por via terrestre rodoviário durante todo o ano.

Essas comunidades foram escolhidas para o estudo do uso de

tecnologias energéticas alternativas, neste caso específico solar fotovoltáica,

aplicadas ao setor rural principalmente às propriedades mais distantes da rede de

distribuição de energia elétrica. O projeto de implantação de sistemas de

bombeamento d’água movidos à energia solar foi instalado, mediante convênio entre

o Governo Alemão e o Governo Estadual Cearense para atender a 16 comunidades

rurais distantes dos centros urbanos (CHACON, 1994).

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Os condicionantes para essa seleção eram relativamente extensos,

contudo havia muitas comunidades que se enquadravam no perfil e requisitos do

projeto. O projeto PVP / GTZ, envolveu 16 comunidades, utiliza o método ZOOP,

metodologia já utilizada em outros projetos do GTZ, e possui um objetivo superior,

um objetivo do projeto e vários resultados. A parceria prosperou com a formalização

de um convênio entre o governo Alemão através da Sociedade Alemã de

Cooperação Técnica (GTZ - órgão responsável), o governo do Estado do Ceará,

através da COELCE - Companhia Energética do Ceará (órgão executor), visando a

implantação de Sistemas de Bombeamento d’água movidos a Energia Solar

Fotovoltaica – SBF´s localizados nas comunidades rurais da região semi-árida

cearense, distantes em média de 127 km da capital Fortaleza (CHACON, 1994).

Os objetivos gerais do projeto eram implementar,

utilizar e manter em conjunto com as famílias rurai s

beneficiadas os sistemas de bombeamento d’água de m odo a

permitir a transferência de tecnologia dos sistemas as

indústrias e entidades técnico-científicas locais. Os

objetivos específicos contemplavam o gerenciamento do projeto

assegurado, os sistemas instalados e funcionando, o s

processos educativos aplicados, a tecnologia transf erida, as

famílias assistidas no modo de se organizarem e a a valiação

técnica-operacional dos sistemas assegurados. O pro jeto

preocupava-se com a educação e saúde das famílias e

disseminação de noções de higiene e saúde, integraç ão do

homem do campo ao projeto, estimulando a participaç ão desde a

implantação até a construção da infra-estrutura nec essária

através de hortas comunitárias e manutenção dos sis temas.

A comunidade de Cardeiros foi selecionada por se tratar de um cenário

com distância relativamente pequena da capital cearense, por ser bem próxima ao

litoral e próxima à sede municipal e, por manter ainda características rurais

marcantes.

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A comunidade de Queixada, foi incluída por situar-se na região de

fronteira entre o micro-clima litorâneo e o sertão central ou semi-árido, com

prevalência de caatinga. Essa localização propicia à comunidade características

mais marcantes no tocante aspecto rural interiorano visto que está mais suscetível

aos aspectos climáticos que caracterizam o sertão da caatinga. Não obstante a essa

característica, a base da economia local é o extrativismo, notadamente a castanha

de caju, insumo de elevado valor comercial porem de sazonalidade inconstante e

cultura agrícola predominante na faixa litorânea.

A seleção das comunidades, também, incluiu o fato do número total de

moradores e de residências nessas comunidades era significativamente diferente,

não possuindo características sociais, econômicos e culturais semelhantes como

tamanho das famílias, residências, qualidade de vida, higiene, educação, saúde e

aspectos da habitação.

Como ponto de destaque, vale citar a receptividade e disponibilidade das

populações dessas comunidades serem receptivas à adoção de métodos e

tecnologias desconhecidas e alternativas, na medida em que sabemos das

limitações de ordem cultural desses grupos relativamente homogêneos e

organizados através do índice de escolaridade, associação comunitária ou religiosa.

De uma maneira geral, as comunidades se enquadravam quase que

totalmente nos pré-requisitos do projeto assim como tinham, também, características

semelhantes a milhares de outras localizadas na zona rural do nordeste brasileiro.

As comunidades beneficiadas durante pelo projeto, estão relacionadas no

Quadro 1, que mostra, também, os municípios onde estão inseridos no Estado do

Ceará, o número de domicílios (casas), equipamentos de uso comunitário

disponíveis e a data de implantação.

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QUADRO 1 - Comunidades atendidas pelo Projeto COELC E/GOV. DO CEARÁ/GTZ, entre 1991 a 1994.

Município Comunidade Nº de

Casas

Escola Posto

de

Saúde

Ilum.

Pública Bomb.

D’água m³/dia Data

São Gonçalo Cardeiros 35 01 - 04 05 04/93

Pentecoste Cacimbas 10 01 - 01 10 04/93

Apuiarés Lajes 14 01 - 04 15 11/91

Gal. Sampaio Cajazeiras 10 01 - 01 25 11/91

Gal. Sampaio Riacho das

Pedras 07 01 - 02 10 11/91

Itapipoca Lagoa da Cruz 71 01 - 04 25 04/93

Itapipoca São Tomé 37 01 01 04 10 10/93

Canindé Bonitin 74 01 - 04 25 11/93

Canindé São Serafim 44 01 - 04 10 11/93

Quixadá Lagoa do Feijão 33 01 - 04 10 11/93

Alto Santo Baixio Grande 57 01 - 04 15 11/93

Itapiúna Queixada 55 01 - 04 05 11/93

Itapipoca Bastiões (-56)1 01 - 04 15 04/93

Itapipoca Jeriquaquara - - - - 70 -

Pentecoste Irapuá (-61) (-61) - - 15 04/93

Apuiarés Lagoa das Pedras (-35)8 (-35)8 - - 10 11/91

Fonte: DEGER/COELCE, Fortaleza, 1994.

Nota: Todas estas comunidades são atendidas pela rede da concessionária desde 2000 (COELCE).

Projeto: Convênio GTZ/COELCE e Governo do Estado do Ceará/SEPLAN/IPLANCE.

Atlas do Ceará. Fortaleza: IPLANCE, 1989. DEGER/COELCE, Executor.

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As localidades não contavam com um abastecimento regular de água,

tendo os habitantes que se deslocarem até 3 km para conseguir uma água que, na

maioria das vezes, não possuía a menor condição de consumo, situação esta que se

agravava durante o período seco, que vai, normalmente, de maio a novembro. Além

disso, as comunidades estavam distantes de 7 a 24 km da rede elétrica da

Companhia de Energia do Ceará - COELCE, o que inviabilizava, pelo menos em um

curto espaço de tempo, sua ligação à rede elétrica. As comunidades de Cardeiros e

Queixada apresentavam na época da pesquisa alguns aspectos em comum.

Cardeiros, em São Gonçalo do Amarante era uma comunidade carente

que vivia da agricultura, possuía, à época, uma população de 128 pessoas, 35

residências e de edificação apenas 1 escola e uma igreja católica, as eram casas de

taipa e sem saneamento básico. As famílias eram associadas à Associação

Comunitária de São Gonçalo do Amarante, filiada à entidade americana CCF (Fundo

Cristão para Crianças), que mantinha uma creche na comunidade, e fornecia boa

alimentação e assistência médica e dentária para crianças. A comunidade tinha duas

agentes de saúde e uma escola, mantida pela Prefeitura, a professora lecionava da

educação infantil (alfabetização) ao ensino fundamental – primeiro segmento (1ª e 2ª

séries) contava, também, com uma merendeira. Cardeiros era visitada

freqüentemente por turistas, técnicos, curiosos interessados em conhecer de perto

os kits solares, devido à proximidade da capital cearense.

São Gonçalo do Amarante está a 57 km da capital cearense e na

microrregião do Médio Curu. Servida pelas rodovias estadual CE 423 e federal BR

222, a população estimada, segundo o Censo Demográfico de 1991 era de 29.286

habitantes distribuídos em 782 Km2. A comunidade fica a uma distância de 3,5km da

sede municipal.

Queixada, localizada no município de Itapiúna era u ma

comunidade de maior população de uma maneira geral com um

nível de rendo superior. As casas na sua maioria er am de

alvenaria, cobertas com telhas de barro e piso de c imento.

Não havia associação comunitária o que aconteceu co m a

chegada do projeto. Havia uma escola de 1º grau cus teada pela

prefeitura e freqüentada somente por crianças. A co munidade

não era assistida por nenhuma ONG que suprisse as

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deficiências de serviços que eram de obrigação da P refeitura.

A base da economia local era a agricultura rudiment ar de

sobrevivência e o extrativismo de castanha, esta at ividade é,

ainda hoje, a principal base da economia local e o seu

diferencial em relação à renda.

Está situada na microrregião da confluência do Rio Castro com o Rio

Choró, a 5,5km a sudeste deste ponto. Conta com acesso pelo lado oeste pela

rodovia CE-060, que corta o município de Itapiúna e pelo lado leste pela BR-122 que

liga a cidade de Quixadá ao km 70 da BR116, da com acesso vacinal terciário. A

população estimada do município de Itapiúna segundo a PNAD de 2004 era de

17.829 habitantes em uma área de 598 Km2 e uma projeção de 18.593 em 2006,

dada pelo IBGE. A comunidade fica a uma distância de 17 km da sede municipal,

possui 327 pessoas atualmente, distribuídas em 71 famílias, conta ainda com 1

escola, 3 mercearias, 1 igreja católica, associação comunitária e telefone público.

Os resultados obtidos pela pesquisa foram:

� As comunidades estudadas possuíam características g erais

semelhantes, asseguradas suas peculiaridades, que

levariam a resultados diferentes do projeto;

� O projeto tinha condições plena e satisfatória de

continuidade, sem os promotores;

� Algumas comunidades poderiam sozinhas gerir o proje to;

outras não;

� O projeto ampliou a capacidade de sustentação a par tir da

ação decisiva das orientações promovidas pela asses soria

social;

� Os objetivos do PVP, com base no critério de

sustentabilidade, foram alcançados parcialmente, ex ceto

pelos critérios de transferir tecnologia ‘as indúst rias e

entidades técnico-científicas locais;

� Estimular parceiros empresários e entidades financi adoras

a investirem no desenvolvimento da tecnologia local ;

� Com a adoção da tecnologia limpa, o projeto permiti u que os

beneficiários fossem inseridos no processo de imple mentação

e manutenção do projeto, estimulando as comunidades locais

a se organizarem e descobrirem seu valor.

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Atualmente o Município de São Gonçalo do Amarante é um das regiões

detentoras das maiores taxas de crescimento do Estado do Ceará. Contanto com

forte influência de recursos aplicados em âmbito municipal, estadual e federal na

infra-estrutura do Complexo Industrial e Portuário do Pecém – CIPP, neste período a

região passou por transformações significativas nos aspectos de qualificação de

mão de obra e geração de emprego e renda.

O município de Itapiúna se caracteriza por uma área de importância sócio-

econômica e política de pouca expressão e está situado, praticamente à mesma

distancia dos municípios de Baturité, sede da Macro-Região 6 (designação

SEPLAN), Maciço de Baturité onde está inserido, e o município de Quixadá que é

sede regional da Macro-Região 5 (designação SEPLAN), Sertão Central e que

exerce juntamente com Quixeramobim forte influência sobre essa região.

Neste contexto, Itapiúna encontra suas dificuldades para promover o seu

desenvolvimento e atrair os investimentos públicos e privados, necessários ao seu

crescimento.

4.2 Área de utilização das tecnologias energéticas

As comunidades estudadas localizam-se nos municípios de São Gonçalo do

Amarante e Itapiúna, estão respectivamente, ao oeste da capital do Estado e na

zona de interseção entre a zona litorânea e o sertão do Ceará.

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• Comunidade de Cardeiros

FIGURA 1 - Localização do município de São Gonçalo do Amarante no Ceará e Brasil.

FIGURA 2 - Localização da comunidade de Cardeiros, no município de São Gonçalo do Amarante.

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O município de São Gonçalo do Amarante possui uma latitude 3° 36’

26’’(S) e uma longitude de 38° 58’ 06’’(WG), área d e 845, 8 km2, os limites são: ao

norte - Oceano Atlântico, Paracuru e Paraipaba; ao sul – Pentecoste e Caucaia, a

leste – Caucaia e a oeste – Trairi, São Luis do Curu e Pentecoste. O clima tem uma

temperatura média em torno de 26 °C. A topografia é formada por solos podzólico

vermelho-amarelo, solos aluviais, areias quartzosas marinhas, planossolo solódico, e

solonchak. A grande maioria da população encontra-se na área urbana (61%) e os

39% restantes habitam o meio rural (CEARÁ/IPLANCE, 2000).

• Comunidade de Queixada

FIGURA 3 - Localização do município de Itapiúna no Ceará e Brasil.

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FIGURA 4 - Localização da comunidade de Queixada, n o município de Itapiúna.

O município de Itapiúna possui uma latitude 4° 33’ 52’’(S) e uma longitude

de 38° 55’ 20’’(WG), área de 588,684 km 2, os limites são: ao norte - com os

Municípios de Aratuba e Capistrano; ao sul – Choro e Quixadá; a leste – Baturité e

Ibaretama; a oeste – Canindé, São Luis do Curu e Pentecoste. O clima tem uma

temperatura média em torno de 26 °C. A topografia é formada por solos podzólico

vermelho-amarelo, solos litólitos, solos aluviais e planossolo solódico. A população

se divide entra a área rural e urbana na seguinte proporção, área urbana (52%) e os

48% restantes habitam o meio rural (BRASIL/PNAD, 2004).

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4.3 Caráter da pesquisa

Ao longo da história de desenvolvimento do Nordeste, várias iniciativas

têm resultado em fracassos sucessivos em termos sociais, devido ao lançamento de

programas sem cuidados com a preparação do público-meta. O relatório de Tendler

sobre a avaliação de projetos de desenvolvimento rural integrado (DRI) no Nordeste

do Brasil, implementados pelo Banco Mundial, cita como causas principais do

fracasso de tais projetos o excesso de complexidade, a falta de preocupação com os

pequenos produtores e a ausência da participação do beneficiário no desenho e

implementação do projeto (TENDLER, s/d).

Participação, aqui, significa que a comunidade local é sujeito e não objeto

de seu destino, de tal forma que ela deve ser a primeira a aprovar ou desaprovar um

projeto a ser empreendido em seu meio-ambiente. Bhatnagar & Williams (1992)

oferecem uma crítica sobre as lições aprendidas nos últimos anos com técnicas de

participação. Eles enfatizam a habilidade das elites locais em tirar proveito de

projetos que têm a população pobre como público-meta. Assim, sugerem ao Banco

Mundial que incentive uma forma de cultura participativa a fim de evitar tais

problemas.

Da mesma forma, Cernea (1979), após analisar a experiência mexicana

com participação, realça os profundos traços que esta metodologia deixa nas

comunidades onde é efetivamente utilizada. Ela promove maior transparência e

ajuda no aperfeiçoamento do processo democrático e econômico.

Observamos, não só, do ponto de vista técnico, mas também sócio-

econômico, em relação às transformações nas comunidades de Cardeiros no

município de São Gonçalo do Amarante e Queixada no município de Itapiuna,

ambas no Estado do Ceará. Com a chegada do projeto de suprimento com energia

solar fotovoltáica, sua sustentabilidade, transformação quanto à qualidade de vida e

promoção social, passando pela abordagem do modelo de gestão e análise crítica

do modelo de concessão.

Diante da realidade encontrada, detectamos a visão precoce e inovadora

dos gestores que implantaram o projeto, quando da utilização de sistemas isolados

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de abastecimento de energia elétrica com o uso de energia solar, pelo fato desse

tipo de suprimento ser desconhecido agregar em muitas comunidades, limpo,

renovável e abundante na nossa região.

A utilização de energia solar como elemento de suporte ao abastecimento

de água em comunidades, que à época não tinham horizonte para serem atendidas

pela rede convencional, foi incontestavelmente uma iniciativa, além de pioneira,

ousada. É diante dos resultados dessa iniciativa que vamos desenvolver nossa

reflexão. A necessidade dessa avaliação é incontestável por se tratar de um projeto

que, apesar de receber subsídios de atores externos, se valeu de recursos públicos

e isso gera a necessidade de aferição da eficiência dessa ação, que como já

enfatizamos, trata-se de uma Política Pública.

Assim, o ponto central da presente análise se deslo cou para o estudo de duas comunidades, de Cardeiros, no município de São Gonç alo do Amarante e Queixada, no município de Itapiuna, ambas no Estado do Ceará, onde os SFVB's foram inicialmente implantados para verificar seu funcionamento e efeitos, objetivando- se identificar: quais os fatores que contribuíram para o sucesso ou insucesso dos sistem as; como está seu funcionamento; quais os efeitos negativos e positivos da introdução dos sis temas; quais são as comunidades que apresentaram melhor desempenho; e qual a reação e a ceitação do público-meta.

Utilizamos como base da metodologia e análise das comunidades, a

Participatory Rural Appraisal (PRA), também utilizada por Oliveira, Chacon e Lócio

(1994). A PRA é uma metodologia simples, normalmente aplicada em pequenas

aldeias, visando o desenvolvimento rural através da capacitação dos habitantes para

participar do planejamento da administração dos recursos do local. Essa

administração deve levar a um uso racional dos recursos naturais, promovendo a

sustentabilidade do ecossistema local (integração entre o homem e o meio-

ambiente).

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A PRA pressupõe, ainda, que o desenvolvimento suste ntável pode ser melhor alcançado, através do fortalecimento das instituiçõ es locais; integrando a extensão, ou seja, os transmissores de novas tecnologias, diretamente com a comunidade, planejando e implementando novas ações em estrita concordância. Além disso, devemos atentar para o uso de tecnologias adequadas ao local, de tal modo que os habitantes possam administrá-las e mantê-las naturalmente.

4.4 O desenvolvimento da pesquisa

A pesquisa foi realizada por meio de uma visita a duas comunidades, nos

meses de setembro e outubro de 2006, sendo que a PRA foi adotada de forma

limitada, tendo-se em vista que ela é uma metodologia simples, mas que engloba

técnicas de planejamento, implementação e avaliação de projetos, enquanto aqui, o

foco principal se projeta na avaliação. Assim, no presente trabalho, a PRA foi

aplicada de forma parcial, e seguiu as seguintes etapas:

� Uma visita em cada comunidade;

� Coleta de dados primários sobre as comunidades;

� Síntese e análise dos dados, para a identificação dos efeitos positivos e

negativos do projeto e possíveis razões de cada um.

A idéia de nos basearmos na PRA está muito mais ligada à visão que a

metodologia transmite, ou seja, a busca de integração entre planejadores,

implementadores, avaliadores e beneficiários do projeto e a consciência que pode

surgir dos dados a serem coletados: como melhor administrar os recursos locais e

conseguir a sustentabilidade para a comunidade e para o projeto.

Na PRA, o interesse é fazer análise do ponto de vista daquela

comunidade em particular, e não da sociedade como um todo. É comum verificar

que projetos considerados vitais do ponto de vista de gestores públicos, como

Governos e outras Instituições, podem ser vistos até com desdém pelas

comunidades. Da mesma forma, as comunidades tendem a realçar detalhes que não

aparecem como prioritários no planejamento inicial.

Outro ponto fundamental a ser ressaltado na PRA, é que é um método de

análise que coloca a necessidade do técnico incorporar, tanto quanto possível, o

modo de vida dos entrevistados locais. Ou seja, não podendo analisar suas reações

do ponto de vista de um ser urbano, tendo que levar em consideração o ambiente e

as especificações estruturais e culturais da região onde se implementou o projeto.

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Nesse sentido, nossa maior preocupação foi não influenciar as pessoas, em

questão, com as quais interagimos. Os contatos foram informais, as conversas

fluíram naturalmente, de modo que os beneficiários ficaram à vontade para criticar

ou elogiar o projeto.

Os dados coletados se constituíam em dados secundários sobre o lugar e

dados primários ou de campo, que se subdividem em dados espaciais relativos ao

local, dados relativos ao tempo, dados sociais e dados técnicos. A coleta de dados

buscou dar conhecimento ao pesquisador sobre a situação encontrada, os

benefícios e problemas decorrentes da implantação do projeto, além de ajudá-lo a

investigar a situação da comunidade através da variedade de dados reunidos no

período, coletados basicamente através de observações neutras e conversas

informais.

4.5 Fundamentação da pesquisa

O acesso à eletricidade constitui um recurso imprescindível a programas

que promovam o desenvolvimento das regiões e a melhoria da qualidade de vida da

população rural cearense. Neste estudo, trata-se apenas das duas fontes de energia

alternativas usadas no estado: solar e eólica, que não emitem resíduo como gás

carbônico na atmosfera provocando o efeito estufa.

Consoante Chacon (1994), os geradores fotovoltaicos são responsáveis

pelo fornecimento de energia elétrica para residências ou locais pré-estabelecidos

que utilizem coletores solares através das células fotovoltaicas, como as unidades

de bombeamento de água e iluminação pública de casas e escolas.

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FIGURA 5 - Componentes de um sistema residencial de energia solar fotovoltaica

Os instrumentos de medir o potencial solar são as termopilhas e as

células de silício monocristalino. A termopilha mede a diferença entre duas

superfícies, sendo pintada de preto e de branco, igualmente iluminadas. A célula de

silício monocristalino possui como vantagem o baixo custo de utilização (cerca de

10% a 20% do custo dos instrumentos que usam termopilhas).

A energia solar é utilizada por coletores solares para o aquecimento de

água, estufas ou fornos solares. Neste processo de obtenção de energia elétrica do

sol, utilizam-se células fotovoltaicas ou foto-pilhas. Devido ao elevado custo

comparado com a energia convencional, antigamente, seu uso não era muito

difundido. Uma das vantagens das células solares é a de não terem partes móveis

que se desgastem, pois requerem pouca manutenção e não são poluentes. O silício,

material utilizado no fabrico é muito comum.

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FIGURA 6 - Célula fotovoltaica de silício policrist alino, fab. Kyocera.

FIGURA 7 - Painéis de células fotovoltaicas, fab.Si emens.

Por se tratar de projetos pilotos com mais de dez anos de implantação,

nos foi permitido utilizar metodologias como o PRA de forma mais objetiva. Hoje a

preocupação com a viabilização, por projetos deste tipo, de um novo tipo de

organização social da comunidade assistida, do surgimento de novos produtos, de

economias com a fixação do homem no seu "habitat", dadas às melhorias de vida,

além da redução de custos sociais no meio urbano causados pelos movimentos

migratórios, são variáveis que devem ser levadas em consideração na abordagem

metodológica para avaliação de projetos sociais. Assim é possível aquilatar melhor

os efeitos reais de projetos dessa natureza.

O Banco Mundial, através Instituto de Desenvolvimento Econômico - IDE,

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vem promovendo numerosos debates e cursos sobre a integração dos elementos

que se referem ao meio-ambiente (homem e natureza) no processo de

desenvolvimento, mostrando assim a importância dessa nova visão. Segundo o

World Bank (1992), nessas discussões, aspectos como a participação direta da

comunidade em projetos de desenvolvimento, por meio da interação no processo de

planejamento e manutenção, assim como a incorporação de variáveis ambientais na

teoria de custo-benefício tradicional, têm sido uma constante. Além da revisão

bibliográfica, os dados utilizados neste estudo foram oriundos, basicamente, de

pesquisa de campo a ser realizada junto a duas comunidades assistidas pelo

projeto, dentre outras, e conversas com a equipe técnica do convênio GTZ/COELCE

(1991) responsável pela implantação dos SFVB's no Ceará.

Outros dados, que dizem respeito à região de estudo e aos aspectos

técnicos relacionados com o estudo dos SFVB's e de alternativas, foram colhidos em

literatura especializada; conversas com técnicos, especialistas e usuários; e em

diversas instituições: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

FIBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Instituto de Pesquisa e

Estratégia Econômica do Ceará – IPECE.

4.6 Fonte de dados

A fonte de dados foi secundária e primária, onde a secundária constituiu

de documentos públicos oficiais em relação ao tema em estudo e jornais, revistas,

monografias, dissertações, teses, material coletado na Internet, etc., e a primária que

foi constituída de entrevista com especialistas na área de energia renováveis que

trabalham ligados a área de energias renováveis do Projeto GTZ como a Geóloga

Suely Chacon, técnicos da Secretaria da Infra-Estrutura do Governo do Estado do

Ceará – SEINFRA, ANEEL, Eletrobrás, CHESF, COELCE, e principalmente em

diálogos colhidos e gravados nas duas comunidades além do preenchimento parcial

dos questionários, que se mostraram extensos, diante da adoção da metodologia do

PRA.

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ANÁLISE E RESULTADOS

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5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Análise Comparativa da Comunidade de Cardeiros em 1994 e 2006

• Situação em 1994

O sistema PVP foi implantado em abril de 1993. A época possuía 42

famílias cujas casas eram feitas de taipa revestida e sem saneamento básico. Havia

uma escola pública onde funcionava a 1ª e 2ª séries do ensino fundamental, sob o

regime multiseriado, e uma creche comunitária mantida pela CCF – Fundo cristão

para Crianças. Em relação às fontes de emprego e renda, excetuando os

funcionários da escola, a agente de saúde e um comerciante, os moradores desta

comunidade tinham uma atividade basicamente agrícola e, devido à seca ocorrida

no Estado, muitos moradores percebiam uma remuneração em torno de

CR$1.800,00 cruzeiros reais por mês (unidade monetária usada na época). A

comunidade não dispunha de igreja e nem de associação comunitária, porém

possuía uma casa de farinha que embora de propriedade particular, funcionava

através de um sistema de arrendamento com os demais moradores.

Foi a primeira comunidade a ser beneficiada pelo sistema de

beneficiamento fotovoltaico de energia solar na segunda fase do projeto. Foram

instalados 10 sistemas residenciais, uma escola e 4 postes para iluminação pública

inicialmente. Posteriormente, foram beneficiadas mais 12 casas. Este trabalho

contou com a parceria dos representantes do NREL (Instituto Americano doador dos

sistemas) e autoridades locais e estaduais. Atuam em conjunto com estes órgãos, a

EMATERCE e a Associação de Moradores de São Gonçalo (COELCE, 2002).

Devido a problemas técnicos com o cata-vento o consumo de água nos

primeiros meses de implantação do sistema não foi favorável, pois o gosto da água

era ruim, o que levou a população local a buscar alternativas de abastecimento de

água em um açude distante 1 km da comunidade. Porém, desde a instalação do

sistema definitivo até sua conclusão, população passou a consumir uma água de

qualidade satisfatória, pois antes a água era proveniente dos cacimbões era usada

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apenas para banho, lavagem de roupas e consumo das crianças da escola. Embora

a água fosse satisfatória, ocorreu na comunidade um processo de mudança de

hábitos e conscientização de padrões culturais e sociais. Foi criada a lavanderia

comunitária e os banheiros comunitários permitindo, dessa forma, que tanto as

mulheres pudessem lavas as roupas por detrás da escola onde havia disponibilidade

de água e aos jovens que tomavam banho nos chafarizes estragando água.

Na escola municipal, única existente em Cardeiros, possuía uma sala de

aula, dois banheiros, uma cozinha e um aparelho de TV. Foram feitas apresentações

e dinâmicas com a participação de crianças que resultaram numa boa aceitação do

projeto. Sobre a saúde da comunidade, verificou-se a incidência de doenças ligadas

a questões sociais como a verminose, a gripe, a desnutrição, etc. Na época a

comunidade tinha 2 agentes de saúde (D. Nilce e D. Antonia) com esta parceria foi

promovido o projeto de flúor nas crianças da escola e imunização além de remédios

para vermes, vitaminas, etc. Uns moradores receberam material para construção de

banheiros com a ajuda do CCF, pois de acordo com um estudo de uma série história

de dados, foi constado a existência de 22 óbitos durante o ano de 1993 e, em 1992,

2524 casos de cólera no estado com 43 óbitos. Nos anos de 1993 e 1994, houve

casos de cólera (sendo que 340 casos e um óbito e 1994, 29 casos e nenhum óbito).

Como a comunidade não dispunha de uma liderança comunitária, o

projeto foi realizado através da associação dos moradores, pois os moradores

filiados ao sindicato dos trabalhadores rurais gozavam apenas de benefícios como:

assistência odontológica e aposentadoria rural. Sendo que foi observada a

contribuição da líder D. Maria, merendeira da escola, como líder informal ao projeto

nas ações positivas e negativas, necessárias à implementação.

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• Situação em 2006

FIGURA 8 - Comunidade de Cardeiros, set. 2006.

Uma nova realidade se apresenta com a introdução nessas comunidades

de programas federais de cunho social, assistencial, tais como, bolsa família, que

unificou outros programas como bolsa escola, vale gás, visando o aprimoramento do

seu controle.

A comunidade conta com 46 famílias sendo que apenas 11 delas foram

entrevistadas. Grande parte destas possui entre dois e cinco membros. Os chefes de

família têm entre 50 a 65 anos de idade (54%dos entrevistados) e o tempo de

permanência nas escolas é de aproximadamente quatro anos, sendo que 23% dos

entrevistados estudam de três a oito anos (oito anos - tempo necessário para

conclusão do ensino fundamental). Os alunos da comunidade estudam em São

Gonçalo do Amarante e o seu deslocamento acontece em transporte pago pela

prefeitura. A permanência na escola esta diretamente ligada à questão do programa

bolsa escola e da merenda escolar que assume a condição, em muitos casos, de 1ª

e 2ª refeições quando não raro a única do dia para aquelas jovens.

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O prédio existente que se destinava à escola é utilizado como sede da

Associação Comunitária de Cardeiros e atualmente abriga uma turma de

alfabetização de jovens e adultos com 33 alunos, no período noturno. É importante

relatar que o sistema de bombeamento instalado a 13 anos, continua em pleno

funcionamento, e é a principal fonte de abastecimento de água da comunidade.

FIGURA 9 - Reservatório, chafariz, e conjunto de bo mbeamento a energia solar fotovoltaica da Comunidade de Cardeiros, set. 2006.

A posse do terreno é própria, embora sem registro (39%) e posse/doado

(31%), o tipo de parede é de taipa e a cobertura das casas é de telha e o piso das

casas é de cimento. A forma de abastecimento d’água é feita através de

cacimba/cacimbão (28%) e chafariz (72%) que se encontra do terreno da escola. A

água consumida é a filtrada e não filtrada o que permite um grande índice de doenças,

pois poucas famílias têm caixa d’água. Com instalações sanitárias precárias, a solução

para esta questão em Cardeiros ainda é pendente nos dias de hoje.

Segundo informação da Sra. Maria Deusiran, ex-presidente da Associação

Comunitária, visando a preservação dos kits residenciais remanescentes, com a chegada

da energia convencional em 2000, a Associação tomou a iniciativa de remanejar os

sistemas ainda ativos, em número de nove, para domicílios mais à frente da comunidade

e que ainda não têm como se ligar à rede, o uso desses sistemas, portanto, é outorgado

pela Associação de tem registro legal.

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A renda familiar media é de R$ 100,61 (valores monetários de 2006), e

provém da agricultura, 66% das famílias entrevistadas está na faixa de até R$

100,00 (valores em 2006). Os bens variam de rádio a pilha, equipamento de som,

ferro a brasa, ferro elétrico e máquina de costura, embora dessas apenas 16%

possuem televisor P&B, 42% TV, a cores, e 46% possuem fogão a gás butano.

Os aspectos positivos do uso da energia fotovoltaica, segundo os

moradores:

� Pode ser usado como sistema alternativo para iluminação;

� Não dá choque;

� Bombeamento d’água sem conta de energia;

Os aspectos negativos que provocaram o abandono e sucateamento dos

sistemas instalados pelo programa são: a falta de manutenção dos equipamentos, a

reposição dos equipamentos, a impossibilidade de uso de eletroeletrônicos de maior

porte, a produção limitada de energia, bateria fraca. No núcleo principal de

Cardeiros, todas as famílias estão conectadas à rede da concessionária.

É sempre importante lembrar que as famílias relatam que quando usavam

a energia solar fotovoltaica, esta se limitava à iluminação, uma pequena TV P&B, um

rádio e três pontos de luz, além do sistema de bombeamento de água da escola.

Desejavam dispor desse tipo de energia, também, para o motor de irrigação,

forrageira e no uso do eletrodoméstico de maior porte.

Segundo o balanço anual da Coelce de 2004 em estudo comparativo de

1994 a 2006, verifica-se que as comunidades consumem energia, em torno de

32MWh/mês e o nº. de consumidores é de aproximadamente 200 pessoas em

Cardeiros e 370 em Queixada, representando uma média de 3,57 MWh por

consumidor (COELCE, 2004).

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As comunidades que foram objeto do nosso estudo já estão, por assim

dizer, acostumadas com a energia convencional e parâmetros como o uso e pilhas e

gás não se aplicam a esse estudo por serem, hoje, incipientes no contexto da

pesquisa.

Vale ressaltar que mesmo nas áreas rurais mais distantes desses núcleos

ou aglomerados rurais, essa mudança vem acontecendo gradativamente por conta

do avanço da rede elétrica convencional que já atinge 87% dos domicílios rurais no

Estado do Ceará (CEARÁ/SEINFRA, 2006).

É corriqueiro o comentário nessas comunidades de que muitos painéis

foram adquiridos por alguns sitiantes mais abastados, sejam por aquisição direta do

antigo usuário ou adquiridos como produto de furto, e são ainda hoje utilizados para

recarga de baterias comuns que posteriormente alimentavam pequenos aparelhos

de TV P&B, isso era o motivo de valorização do dispositivo mais vulnerável do

sistema, o painel solar fotovoltáico, que se presta a esse papel com muita eficiência

com uma simples ligação entre os pólos do painel e da bateria. Esta prática também

está se exaurindo pelo mesmo motivo, e tende a acabar quando da universalização

do atendimento de energia elétrica pela concessionária.

5.2 Análise comparativa da comunidade de Queixada e m 1994 e 2006.

� Situação em 1994

O projeto foi iniciado desde outubro de 1991 em outras comunidades

(Quadro 1), sendo que a implantação definitiva ocorreu somente entre abril e novembro

de 1993. Assim consideramos os dados comparativos a partir de janeiro de 1994.

Queixada possuía 71 domicílios, sendo que era composta de um núcleo

central com aproximadamente 55 casas, possuía uma escola pública, através do

sistema multiseriado, e atendia ao Ensino Fundamental I (1ª a 4ª séries). No prédio

da escola havia duas salas de aula, dois banheiros funcionando precariamente por

falta d’água, uma cozinha e um terraço. O ano de 1993 foi de seca, praticamente

não houve safra e a população só tinha as frentes de serviço para auferir alguma

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renda (valor: CR$ 2.500,00 cruzeiros reais por mês) e alguns trabalhos esporádicos

e informais.

O abastecimento de água era feito através da uma caminhada de 500m

até um pequeno açude e o transporte por galões ou em lombo de animais abastecia

uma ou mais residências que partilhavam de alguma forma algum relacionamento.

A comunidade foi beneficiada com kits de energia solar fotovoltáica com

um sistema de bombeamento, 71 sistemas residenciais, telefone público, escola que

passou a receber uma geladeira e uma televisão, em convênio CEPEL/NREL. A

EMATERCE foi à única empresa pública a atuar na região no sentido de gerenciar e

fiscalizar os serviços do Programa de Alimentação Mundial – PMA.

O sistema de bombeamento instalado contava com 4 reservatórios num

terreno doado pela Prefeitura de Itapiúna, pois antigamente funcionava uma bomba

manual e, em seguida uma bomba solar. A comunidade passou a usufruir o sistema

de bombeamento com horta comunitária, lavanderias, bebedouros de animais e um

poço com vazão de 5000 litros por hora.

Com a seca, o carro-pipa atendia as necessidades de consumo de água e

aliado a isso e a queda no uso da água do poço que já não era satisfatória

recomendou-se o uso de água de rios e açudes como medida de precaução a

doenças. A escola funcionava num sistema de multiseriada de ensino fundamental

pela manhã. Com 32 alunos matriculados, cuja sistemática passou das cartilhas para

o sistema à distância através da TV educativa do Ceará, com acompanhamento

mediante convênio COELCE/NRELL.

Na área da saúde, com a inexistência de posto de saúde a população

contava com o acompanhamento de agentes de saúde e visita, uma vez por semana,

de um médico que atendia precariamente na escola, e nenhuma assistência

odontológica. As doenças mais comuns eram gripe, diarréia, verminoses, doenças da

pele, desnutrição e hipertensão. Pela intervenção dos agentes de saúde e reuniões

visando a prevenção de doenças e noções básicas de higiene, houve uma significativa

redução no quadro de doenças na comunidade. Verificou-se em Itapiúna que, segundo

relatório da Secretaria de Saúde do Estado – SESA, entre os anos de 1992 e 1994 os

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casos de doenças decorrentes da inexistência de saneamento e falta de higiene, não

passaram 50, e sem ocorrência de óbitos.

O projeto promoveu a criação da primeira associação local e desenvolveu

nas lideranças o sentimento de comunitarismo e a sensação de que com a união e a

representatividade se conseguiria benefícios coletivos com mais facilidade.

O primeiro a assumir a presidência da associação recém criada foi o Sr.

José Luís de Castro ou, popularmente, Zé Luca, este marcou sua passagem como

um bom articulador e durante a sua gestão a comunidade construiu 68 banheiros em

regime de mutirão, ampliou a capacidade do açude, assegurou a regularidade do

atendimento médico e facilitou a chegada da energia convencional. O senhor Zé

Luca afirma que muitos dos que se desfizeram dos kits residenciais se arrependem,

pois poderiam economizar na conta de energia que hoje pagam à concessionária.

Percebe-se na conversa com as pessoas um sentimento de perda e abandono de

algo que tinha seu valor e não poderia ser descartado como aconteceu.

� Situação em 2006

FIGURA 10 - Comunidade de Queixada, no município de Itapiúna, set. 2006.

Em 2006 o núcleo central já conta com mais de 80 residências As casas

em geral são próprias e já há documentação de titularidade na maioria delas, quase

todas são em parede de tijolo, coberturas com telhas de barro e piso de cimento

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queimado. O abastecimento das residências é feito pelo chafariz que foi implantado

na época do projeto e hoje é alimentado por uma bomba que recalca água do poço

onde estava instalado o bombeamento do projeto.

A qualidade da água do poço imprópria para o consumo humano, o

abastecimento das residências é feito individualmente através de galões e carroças

com pipa, abastecidos com água do açude próximo, que é considerada de muito boa

qualidade, tão boa quanto a água das cisternas, como disseram as pessoas com

quem conversamos. A água não é tratada e as casas não possuem caixa d’água,

praticamente todas as casas contam com banheiro e instalações sanitárias

individuais. Com a chegada da energia elétrica no ano 2000 todos da comunidade

se desfizeram dos kits por algo em torno de R$ 300,00 dependendo das condições.

FIGURA 11 - Reservatórios e bebedouro em Queixada, set. 2006.

Os kits já estavam em grande parte inativos por conta a falta de

manutenção preventiva e corretiva que era prestada pela COELCE, e diante da

expectativa da chegada da energia convencional, perderam o valor que tinham.

Naquela ocasião o convênio havia expirado o prazo e o departamento da COELCE

que prestava esse serviço estava sendo desativado.

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Por conta de posicionamento político divergente, surgiu uma segunda

associação que dividiu a comunidade e conseqüentemente a enfraqueceu. Não há

mais associação pioneira e a segunda não conta com o apoio unânime da

comunidade que assim tem seu poder de reivindicação comprometido. A renda

familiar varia em torno de R$ 130,00 embora a faixa de renda das famílias esteja na

faixa de R$ 100,00 a R$ 200,00. Em época colheita de castanha de caju, os

rendimentos médios são alterados substancialmente para melhor e algumas famílias

chegam a juntar mais de R$ 2.000,00, o que repercute fortemente na condição vida

das pessoas.

Essa condição propicia a aquisição de bens duráveis tais como geladeira,

TV em cores (22%), TV P&B (16%), sistema de som (60%), ferro elétrico (27%) de

engomar, fogão a gás butano (48%) e máquina de costura (22%). Cerca de 48% da

comunidade via a energia solar fotovoltáica como muita simpatia e se dispunham a

continuar usando caso esta estivesse disponível. Entendem como muito boa para

iluminação, pois ela não “dá choque” e não é paga.

Os residentes das comunidades vêem as limitações como a

impossibilidade de uso dos equipamentos de grande porte, a reposição de

equipamentos e o aumento da capacidade das células. Em geral a qualidade de vida

das pessoas deu dois saltos significativos, o primeiro foi com a chegada da energia

solar fotovoltáica e posteriormente com a energia convencional. Para 93% das

famílias entrevistadas, a qualidade de vida melhorou, pois, passaram a dispor de

energia nessas duas fases e terem a seu dispor o conforto que esse bem propicia.

SÍNTESE DOS RESULTADOS

QUADRO 2 - Análise comparativa das comunidades de C ardeiros e Queixada

1994 - 2006

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MUNICÍPIOS 1994 2006

CARDEIROS

* O sistema PVP foi

implantado em abril de 1993.

QUEIXADA

* O sistema PVP foi

implantado entre abril e

novembro de 1993.

Famílias : 42.

Remuneração : CR$1.800,00.

Fonte de renda : Agricultura.

Instalação : 10 sistemas - 12 casas.

Água : Consumo em quantidade satisfatória.

Criados : lavanderia e banheiros comunitários.

Saúde : Nos anos de 1993 e 1994, houve casos de

cólera (sendo que 340 casos e um óbito e 1994,

29 casos e nenhum óbito).

Famílias : 71.

Remuneração : CR$ 2.500,00.

Fonte de renda : Trabalhos esporádicos e

informais.

Instalação : 71 sistemas residenciais.

Água : Caminhada de 500m pequeno açude.

Criados : Horta comunitária, lavanderias,

bebedouros de animais e um poço com vazão de

5000 litros por hora.

Saúde : Entre os anos de 1992 e 1994, os casos

de doenças decorrentes da inexistência de

saneamento e falta de higiene, não passaram 50,

e sem ocorrência de óbitos.

Famílias : 46.

Remuneração : R$ 100,61.

Fonte de Renda : Agricultura e programas

federais (Bolsa Família, Aposentadoria

Funrural).

Água : Consumo de água não filtrada de

cacimba/cacimbão e chafariz.

Saúde: Índice de doenças caudadas pelo

consumo impróprio da água.

Bens : Rádio a pilha, equipamento de som,

ferro a brasa, ferro elétrico e máquina de

costura, televisor e fogão a gás butano.

Famílias : 80.

Remuneração : R$ 130,00.

Fonte de Renda : Agricultura, extrativismo

de castanha de caju e programas federais

(Bolsa Família, Aposentadoria Funrural).

Água : Consumo de água através de

galões e carroças com pipa.

Saúde : Índice de doenças caudadas pelo

consumo impróprio da água.

Bens : Geladeira, televisor, sistema de

som, ferro elétrico, máquina de costura e

fogão a gás butano.

Síntese comparativa das mudanças provocadas pela chegada da energia

através de fonte alternativa de energia solar e os desdobramentos da implantação

do abastecimento de água com sistema a energia solar fotovoltaico (SFVB’s), nas

comunidades rurais de Cardeiros e Queixada, passados 12 anos de sua

implantação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sistemas de geração de energia fotovoltáica têm sido propostos e

utilizados em localidades remotas, que não contam com o fornecimento de energia

elétrica através do sistema convencional ou em locais de difícil acesso à rede de

energia, sistemas fotovoltáicos isolados podem ser utilizados, mas no Estado do

Ceará estas experiências cessaram.

No Ceará, as comunidades onde esses sistemas foram instalados, foram

desativadas em função da chegada da energia elétrica convencional. Essa situação

não desabilita a proposta de projetos dessa natureza ao constatarmos que além da

boa receptividade da comunidade a possibilidade da convivência dos dois sistemas

é plenamente possível como já foi amplamente demonstrado.

Nesta situação, a energia gerada pelos painéis deve ser parcialmente

armazenada em bancos de baterias. A idéia aqui é que o excesso de energia

elétrica gerada durante períodos de elevada irradiação solar ou de baixo consumo

seja armazenada para utilização em períodos de baixa irradiação e durante a noite.

Sistemas fotovoltáicos deste tipo podem ser utilizados como fonte principal de

energia para iluminação residencial e outras atividades, como por exemplo, o

bombeamento de água da fonte para um reservatório elevado num sistema de

irrigação.

O sistema de geração fotovoltáica apresenta vantagens específicas tanto

para o consumidor como para o próprio sistema de energia elétrica, além dos

ganhos ambientais associados à fonte de energia renováveis. Do ponto de vista do

consumidor, a vantagem é a redução direta do custo da conta de energia elétrica.

Do ponto de vista do sistema de energia, as vantagens são a liberação da

capacidade de geração e transmissão de energia, o nivelamento da curva de carga,

a redução de custos e a descentralização da geração, entre outros.

Entre as aplicações típicas para sistemas de geração de energia

alternativa, o bombeamento de água para uso humano, animal ou para irrigação se

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destaca destas soluções pelo seu apelo ambiental e social. O uso de geração diesel,

para acionar bombas, apesar de simples e inicialmente de baixo custo, demanda

constante manutenção e suprimento de combustível, além de constituir uma solução

geradora de poluição sonora e do ar, no entanto no Estado do Ceará não

conhecemos nenhum exemplo de aplicação de geração a diesel.

O uso de sistemas fotovoltáicos para bombeamento de água, além de se

constituir em uma fonte limpa, sem ruído e sem peças móveis, possui uma

característica única na relação natural entre a disponibilidade de energia solar e a

demanda de água. Estes sistemas geralmente não demandam baterias de

acumuladores e a energia gerada nos painéis em corrente contínua é convertida

através de um inversor estático para corrente alterada que alimenta a bomba. A

operação da bomba à velocidade variável, devido à alimentação a freqüência

variável permite a absorção máxima da energia convertida pelo painel fotovoltáico.

Sistemas de bombeamento de água alimentados por painéis fotovoltáicos

vêm sendo utilizados em diversas localidades e países. No entanto, esta diferença

no custo da energia gerada por estes sistemas vem diminuindo. Os painéis

fotovoltaicos são produtos de alto valor agregado e se inserem na categoria de

dispositivos eletrônicos, assim em função da produção em larga escala, segue a

tendência do setor: redução de custos com o aumento da produção e o

aperfeiçoamento da tecnologia de produção.

Os sistemas de bombeamento de água baseados em fontes alternativas

de energia se mostram competitivos em locais onde os insumos energéticos são

abundantes (ventos e radiação solar) e as fontes tradicionais de eletricidade

inexistem ou são economicamente inviáveis. O crescente aumento da eficiência e

redução dos custos destes sistemas são frutos de um avanço tecnológico real e

vertiginoso, subjugando a tecnologia a serviço do homem e em integração com o

meio ambiente.

Nesta pesquisa comparamos os impactos e mudanças provocadas pela

chegada da energia através de fonte alternativa de energia solar e os

desdobramentos da implantação do abastecimento de água com sistema a energia

solar fotovoltaico (SFVB’s), nas comunidades rurais de Cardeiros e Queixada,

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passados 12 anos de sua implantação. As comunidades estudadas localizam-se nos

municípios de São Gonçalo do Amarante e Itapiúna, estão a oeste da capital do

Estado e na zona de interseção entre a zona litorânea e o sertão do Ceará.

Observamos e analisamos, não só, o ponto de vista técnico, mas também, sócio-

econômico, em relação às transformações nas comunidades.

Como trajetória metodológica e análise dos resultados tivemos como base

a Participatory Rural Appraisal (PRA). A PRA é uma metodologia simples,

normalmente aplicada em pequenas aldeias, e pressupõe, ainda, que o

desenvolvimento sustentável pode ser mais bem alcançado através do

fortalecimento das instituições locais; integrando a extensão, ou seja, os

transmissores de novas tecnologias, diretamente com a comunidade, planejando e

implementando novas ações em estrita concordância. Além disso, devemos atentar

para o uso de tecnologias adequadas ao local, de tal modo que os habitantes

possam administrá-las e mantê-las naturalmente.

Como fonte de dados, secundária e primária, utilizamos documentos

públicos oficiais em relação ao tema em estudo e jornais, revistas, monografias,

dissertações, teses e material coletado na Internet, bem como, entrevista com

especialistas na área de energia renováveis que trabalham ligados à área de

energias renováveis do Projeto GTZ, COELCE, CHESF, CEPEL, PRODEEM, MME,

SOHIDRA, SEINFRA e IDER.

Como resultados, da análise comparativa da comunidade de Cardeiros e

da comunidade de Queixada entre 1994 e 2006, concluímos que estas se

beneficiaram e progrediram em todos os aspectos. A tecnologia é aplicável e está

com seu custo em permanente tendência decrescente, seu uso associado poderia

ser disseminado através de incentivo de políticas públicas.

Percebe-se também que há o sentimento de que o projeto poderia

enfocar suas ações, após a implantação dos sistemas, em um modelo de

sustentabilidade através da criação de dispositivos que gerassem compromisso com

o bem no sentido da sua preservação.

Ressaltamos que colocamos de lado aspectos técnicos dos sistemas, de

forma proposital, visto que o foco principal da nossa investigação comparativa

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observa a aplicação de Políticas Públicas, no abastecimento de água, na questão

ambiental, na promoção da saúde e, nas mudanças que os projetos provocaram nos

hábitos de vida e convivência dessas comunidades.

As conclusões a que chegamos ao fim deste estudo poderão ser

utilizadas de como ferramenta e subsídio ao surgimento de projetos, que atenderiam

tanto a propostas para sistemas isolados como o uso em paralelo aos sistemas

convencionais. Assim abrangendo todo o espectro de demanda, os sistemas de

energia alimentados por painel solar fotovoltaicos podem e devem desempenhar seu

papel de parceria com largo alcance.

É fato que a rede de distribuição das concessionárias jamais atenderá

100% da demanda de universalização dos seus serviços. Neste ponto, o custo de

implantação de sistemas isolados torna-se competitivos e recomendáveis

tecnicamente, assim como seu uso em comunidades ou instituições que pretendem

se livrar de uma conta de energia de equipamentos ou dispositivos de uso

comunitário.

Assim, ousamos recomendar o aprofundamento de estudos que detectem

o real potencial de utilização de sistemas de geração isolados ou consorciados com

a rede da concessionária. Já existem tecnologias consolidadas e amplamente

utilizadas que habilitam o uso de sistemas de energia alimentados por painéis solar

fotovoltaicos conectados à rede de distribuição da concessionária.

Esse levantamento é necessidade premente para que tenhamos em mão

dados precisos, que irão subsidiar projetos de políticas publicas nesta área.

Dispomos de instituições públicas que tem instrumentos, tecnologia e capilaridade,

para realizar esse levantamento tais como IPECE, SEAGRI, FUNCEME, CPRM e

IBGE. O momento para a realização desse trabalho é particularmente favorável visto

que deveremos ter um residual de demanda quando da universalização do

atendimento da rede da concessionária que deverá acontecer, por força de decreto

governamental até o final do ano de 2008.

Essa opção pode em dado momento dispensar e até fornecer excedentes

de energia ao sistema propiciando dois benefícios imediatos, seriam eles a

diminuição da conta de energia do usuário e a diminuição do custo da energia

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distribuída e seu transporte se pensarmos nesta solução em larga escala.

Acreditamos, também, que impulsionados por uma política de incentivo,

através da isenção de tributos em suas diversas instâncias para componentes

desses sistemas, incentivos de médio e longo prazo à implantação de empresas

produtoras desses componentes na região, muitos usuários privados também

adotariam essa solução para seus sistemas de bombeamento ou remanejamento de

volumes de água bruta ou tratada além de sistemas iluminação.

Não é impossível imaginar no futuro, residências utilizando esses

sistemas para iluminação decorativa ou mesmo de seus espaços internos,

condomínios residenciais da mesma forma, além do bombeamento para os

reservatórios superiores que tem custo reconhecidamente oneroso, industrias e

prédios de porte considerável com grandes áreas cobertas por painéis fotovoltaicos

disponibilizando energia para iluminação de pátios e áreas comuns, além uma

infinidade de aproveitamentos.

No caso específico do nosso Estado, o projeto poderá contemplar uma

importante vertente de integração a programas de dessalinização de poços de

grandes vazões que abastecem comunidades. Só esta vertente da utilização da

energia solar, seria suficiente para produzir outro estudo propositivo em face da

qualidade da água disponível nos mananciais subterrâneos na região do semi-árido

nordestino, que ocupa mais de 80% (ANA, 2006) do território cearense.

A pulverização de sistemas dessa natureza já é incentivada em vários

países, a maioria deles não dispõe de condições tão favoráveis quanto o nosso

Estado no que diz respeito à taxa de insolação anual. Como exemplo poderemos

citar países como os Estados Unidos da América, que incentiva o usuário residencial

a instalar painéis fotovoltaicos com compensação na conta de energia. Na

Alemanha, Espanha e Japão há situações em que o desconto na conta de energia

pode chegar a 30%. Na China, que é um país de dimensões continentais e tem

grandes áreas sem abastecimento por rede convencional, os sistemas estão

disponíveis a preços populares em pequenos estabelecimentos comerciais em vilas

e lugarejos remotos (WIKIPÉDIA, 2006).

A não utilização desse potencial, assim entendemos, se constitui num

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equivoco e até omissão por parte dos detentores da formalização de políticas

públicas.

Acreditamos firmemente que, diante do que demonstramos ao longo da

exposição desse estudo, e diante das conclusões a que chegamos, conseguimos

destacar a relevância do assunto e apresentar uma proposta que propicia ganhos

ambientais, utilização de tecnologia de ponta e alto valor agregado, aproveitamento

do grande potencial de geração em função da elevada taxa de insolação que

dispomos na região, na utilização de células fotovoltaicas. Nossa sugestão de uma

“Política Pública” de aproveitamento de sistemas de geração de energia, através da

tecnologia de painéis solar fotovoltáico é, portanto, viável, factível, recomendável e

correta.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

MESTRADO PROFISSIONAL EM

PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

PESQUISA: ESTUDO DE VIABILIDADE DE PROJETO DE BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO NO CEARÁ

Avaliação sócio-econômica do Projeto

Questionário para o CHEFE DE FAMÍLIA

Localidade: _______________________ Município: ____________________( )

Nome do(a) entrevistador(a):____________________________ data: ___/___/______

Nome do (a) entrevistado(a): ____________________________________________

Gênero: M ___ F ___ Idade: ____ anos Estado civil: ______________

Há quanto tempo mora na localidade? _____ anos

1. Idade e escolaridade dos membros e agregados que moram em casa com a família

Especificação Idade Escolaridade* Série que está cursando

Pai

Mãe

Filho 1

Filho 2

Filho 3

(*) Exemplos: 1º grau completo, 2º grau incompleto, analfabeto etc.

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2. Quantidade de bens duráveis e eletrodomésticos d a família

Especificação Antes

do projeto

Após o projeto Características

Geladeira

Fogão

Liquidificador

Rádio

Aparelho de som

Televisor

Ventilador

Outros (quais?)

3. Energia domiciliar e fundo rotativo

a) Antes do projeto, como era resolvido o problema da iluminação em sua casa?

Lamparina ____ Lampião ____ Vela ____ Bateria ____ Pilha ____

Outro ____ Qual? ______________________________________________________

b) Quanto a família gastava, a preços de hoje, com os diversas itens de energia

(querosene, gás, velas, aluguel de baterias, pilhas etc.)1? R$ ________________

c) Atualmente, quanto a família gasta com itens de energia, incluindo, se for o caso, a

contribuição ao fundo rotativo? R$ ________________

d) Você contribui para o fundo rotativo? ______. Se sim, quanto paga?

R$_______________________

e) Já atrasou o pagamento alguma vez? _____. Em caso afirmativo. Por quê?

__________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

f) Sabe em que este dinheiro está sendo utilizado?

__________________________________________

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g) Está satisfeito em participar do fundo? _____. Se não está, explique:

__________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4. Abastecimento d’água

h) Antes do projeto, qual era a fonte de água de sua família?

Chafariz [____] Cacimba [____] Açude [____] Caminhão-pipa [____]

Cisterna [____] Outra fonte (Qual?)

__________________________________________________

A que distância ficava a água? _________ . Qual era o tempo perdido? _____________

No caso de caminhão-pipa, qual era o preço da água? R$ ________/lata

i) Atualmente, onde você se abastece de água?

___________________________________________

j) Você tem alguma queixa em relação à água que consome?

________________________________

Em caso afirmativo, qual?

__________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5. Esgoto domiciliar

k) Antes do projeto, como era o esgotamento sanitário em sua casa?

Banheiro com latrina e fossa séptica, interno [___] Idem, externo [___]

Latrina com fossa negra [___] No solo natural [___] Outro (qual?) _____________

l) Atualmente, como é o esgotamento sanitário em sua casa?

Banheiro com latrina e fossa séptica, interno [___] Idem, externo [___]

Latrina com fossa negra [___] No solo natural [___] Outro (qual?)

____________________________________________________________________

m) Caso persista o problema da ausência de fossa séptica, existe algum projeto para

adoção dessa alternativa? _____

Em caso afirmativo, qual?

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________________________________________________________________________

6. Atividades econômicas da família

Atividade Pai Mãe Filho 1

Filho 2

Filho 3

Lavrador

Criador

Comerciante

Operário

Trabalhador autônomo

Técnico autônomo

Artesão

Aposentado

Do lar

Outros

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7. Renda familiar

n) Estimar a renda familiar mensal, antes e depois do projeto.

Itens

Antes do

projeto (R$)

Após o projeto

(R$) Observações

Salários e gratificações

Renda trabalho autônomo

Renda das ativ. produtivas (agricultura familiar)*

Aposentadoria e pensões

Bolsa família

Auto-consumo**

(*) – Para este item, estimar o valor da renda anual e calcular a respectiva média mensal.

(**) – Estimar o valor de tudo o que é produzido e consumido diretamente pela família.

8. Avaliação pessoal do projeto

o) O que melhorou em sua família com esse sistema de energia?

Especificação sim Justificativa

Saúde

Educação

Renda

Lazer /

Entretenimento

p) O que foi mais importante para sua família neste projeto?

__________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

q) Você tem alguma queixa em relação a esse sistema de energia? ______

Em caso afirmativo, quais os principais problemas? ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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r) Quando acontece uma pane, quem o conserta? ________________________________________

Quanto ele cobra por visita? R$ _________.

Você está satisfeito com a qualidade do serviço desse técnico? _______

Em caso negativo, por quê? _________________________________________________________

________________________________________________________________________

s) Antes do projeto, o (a) senhor(a) desejava partir para morar noutro lugar? ______

Em caso afirmativo, por quê?

_________________________________________________________

________________________________________________________________________

A vontade de ir embora era:

Muito forte [____] Forte [____] Média [____] Fraca [____]

Para onde desejava ir? ____________________________________

t) Atualmente, ainda deseja partir para morar noutro lugar? ______

Em caso positivo, a vontade de ir embora é:

Muito forte [____] Forte [____] Média [____] Fraca [____]

Em caso negativo, por que deseja ficar? _________________________________________________

9. Perguntas complementares

u) Quantas horas diárias a família costuma utilizar a energia solar? _____________________________

Se houvesse possibilidade, que outros aparelhos gostariam de utilizar?

________________________

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v) Principais doenças na família?

Antes do projeto: ___________________________________________________________________

Depois do projeto: __________________________________________________________________

w) Qual é a maior necessidade da comunidade neste momento?

________________________________________________________________________

y) Gostaria de ter energia da rede convencional da COELCE para as necessidades não atendidas pelo sistema solar como, por exemplo, geladeira, ferro de passar, etc.?

________________________________________________________________________

10. Observações sobre a moradia

x) Tipo de moradia

Especificação Características

Paredes (alvenaria, taipa, etc.)

Coberta (telha, palha, etc.)

Piso (cimento,tijolo,areia, etc.)

Esquadrias (madeira, zinco, etc.)

z) Existência e quantidade de cômodos

Especificação Existência ou quantidade

Sala

Cozinha

Banheiro

Quarto de dormir (quantos?)

Varanda

Outro (qual?)

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APÊNDICE B

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

MESTRADO PROFISSIONAL EM

PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

PESQUISA: ESTUDO DE VIABILIDADE DE PROJETO DE BOMBEAMENTO

FOTOVOLTAICO NO CEARÁ

Avaliação sócio-econômica do Projeto

Questionário para o LÍDER DA COMUNIDADE

Localidade: _______________________ Município: ____________________( )

Nome do(a) entrevistador(a):____________________________ data: ___/___/______

Nome do(a) entrevistado(a): ____________________________________________

Gênero: M ___ F ___ Idade: ____ anos Estado civil: ______________

Há quanto tempo mora na localidade? _____ anos

1. Abastecimento de água comunitário

aa) Antes do projeto de energia solar, como era o abastecimento de água na comunidade?

_________________________________________________________________________________

_____

Que distância que era necessário percorrer para se obter

água?___________________________________

Quantos litros de água eram obtidos por família, em média?

_____________________________________

Em caso de caminhão-pipa, qual era o preço cobrado por lata?

___________________________________

bb) Atualmente, como é o abastecimento de água na comunidade?

____________________________

_________________________________________________________________________________

_____

Capacidade da caixa d’água: ______ m3 Localização do Chafariz:

____________________________

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Quantos litros de água, em média, são colhidos por família em um dia?

____________________________

cc) Existem problemas com o sistema de bombeamento? ______

Em caso afirmativo,

explique:______________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_____

O que é feito para repará-lo?

______________________________________________________________

2. Escola pública

Antes do projeto, havia algum curso noturno na escola?_____ Qual?

_________________________________________________________________________________

_

dd) Em caso afirmativo, qual era a fonte de energia? _____________________________

Quantas pessoas estudavam? Jovens [____] Adultos [____] Idosos [____]

ee) Atualmente, como é a iluminação da escola?

_________________________________________________________________________________

_

Quantas luminárias existem na escola? ____ Tipo de luminária:

_________________________________________________________________________________

_

Quais são os tipos de cursos noturnos oferecidos, atualmente?

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

Quantas pessoas estudam nesses cursos? Jovens [____] Adultos [____] Idosos [____]

ff) Atualmente, utiliza-se alguma aparelhagem elétrica na escola? ______

Em caso afirmativo, quais?

retro-projetor [____] televisão [____] vídeo-cassete [____] computador [____]

outros (quais?)

____________________________________________________________________

g) Existem problemas com o sistema de energia da escola? _______

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Em caso afirmativo, explique:

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

3. Posto de saúde

h) Antes do projeto, havia refrigeração de vacinas no posto de saúde? _________

Em caso afirmativo, como era?

_________________________________________________________________________________

_

Atualmente, existe alguma forma de refrigeração de vacinas? ______

Qual é a fonte de energia?

_________________________________________________________________________________

_

Quantas luminárias? _______ Aparelhos elétricos utilizados:

_________________________________________________________________________________

_

Existem problemas com o sistema de energia do posto de saúde? ______

Em caso afirmativo, explique:

__________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_

4. Salão comunitário

i) Antes do projeto, havia iluminação no salão comunitário?______

Em caso afirmativo, como era?

_________________________________________________________________________________

_

Atualmente, existe iluminação no salão comunitário? ______

Em caso afirmativo, qual é a fonte?

_________________________________________________________________________________

_

Quantas luminárias? _______ Aparelhos elétricos utilizados:

_________________________________

j) Existem problemas com o sistema do salão comunitário? ______

Em caso afirmativo,

explique:__________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_

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5. Telefone público

k) Antes do projeto, havia telefone comunitário?______ Tipo:

__________________________________

Em caso afirmativo, qual era a fonte de energia?

_____________________________________________

Em caso negativo, como as pessoas faziam para se comunicar à distância?

_________________________________________________________________________________

_

Atualmente, existe telefone comunitário?______ Tipo:

_________________________________________________________________________________

_

l) Em caso afirmativo, qual é a fonte de energia?

_________________________________________________________________________________

_

Qual a sua localização?

_________________________________________________________________________________

_

Existem problemas com o sistema do telefone comunitário? ______

Em caso afirmativo, explique:

_________________________________________________________________________________

_

6. Iluminação pública

m) Antes do projeto, havia algum tipo de iluminação pública?______

Em caso afirmativo, qual era a fonte de energia?

_________________________________________________________________________________

_

Atualmente, existe iluminação pública? _____ Onde se situam?

_______________________________

Qual é a fonte de energia?

________________________________________________________________

Quantas luminárias existem? _______ Tipo de luminária:

_________________________________________________________________________________

_

Existem problemas com os sistemas de iluminação pública? _____

Em caso afirmativo, explique:

_________________________________________________________________________________

_

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_________________________________________________________________________________

_

7. Outros equipamentos comunitários

n) Atualmente, que outros equipamentos comunitários adotam energia solar fotovoltaica?

(se for necessário, utilize o verso desta folha, para detalhar)

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

o) Antes do projeto, como era a fonte de energia desses equipamentos?

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

8. Fundo rotativo

p) Ainda existe o fundo rotativo que foi criado com o projeto para garantir a manutenção e reposição

dos sistemas solares? _______

Caso ainda exista, indique o valor atual da contribuição: R$ ________.

q) Dê sua opinião sobre o funcionamento desse fundo.

(Manifestação livre, qualquer que seja a resposta ao item anterior. Se necessário utilizar o verso

desta folha.)

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

9. Outros formas de energia utilizadas em equipamen tos da comunidade

r) Que outras formas de energia são atualmente utilizadas em equipamentos da comunidade?

Indique onde são utilizados.

Tipo de energia Equipamento que a utiliza Localizaç ão

Gerador eólico ou cata-vento

Motor a combustão

Lenha ou carvão

Outras (quais?)

10. Demanda de ampliação do projeto

y) Indique a quantidade de famílias atendidas ou não pelo projeto de energia solar e quantas

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desejariam ser incluídas.

Situação das famílias em relação ao projeto Número

Famílias atualmente com sistema de energia solar

Famílias atualmente sem sistema de energia solar

Famílias que participaram e depois desistiram do projeto

Famílias que gostariam de aderir ao projeto

11. Avaliação pessoal do projeto

z) Em sua opinião, o que melhorou na comunidade com esse projeto de energia?

Especificação sim Justificativa

Saúde

Educação

Renda

Lazer /Entretenimento

Convivência social

Outros (quais?) _____

aa) O que acha de funcionamento do sistema? bom [____] regular [____] ruim [____]

Comente:

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

bb) O que acha do seu custo de manutenção? alto [____] médio [____] baixo [____]

Comente:

__________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_

cc) Existe pessoal qualificado para resolver os problemas que surgem? ______

Comente:

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_

dd) Existe dificuldade de adquirir peças de reposição? ______

Comente:

___________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

_

ee) No seu modo de ver, o que há de errado no projeto?

_________________________________________

_________________________________________________________________________________

_

O que o(a) senhor(a) faria para melhorá-lo?

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

ff) Quais as principais virtudes e vantagens do projeto?

_________________________________________________________________________________

_

_________________________________________________________________________________

_

12. Programas governamentais existentes na comunida de, antes e depois do projeto.

gg) Assinale os programas sociais beneficiando a comunidade, detalhando se sua adoção se deu antes

ou depois da implantação do projeto de energia.

Programas Antes do projeto Após o projeto Observações

Bolsa família

Agentes de saúde

Plano Saúde da Família

Merenda escolar

Transporte escolar

Outros (quais?) _________

13. Atividades Econômicas da comunidade

hh) Informe, por ordem de importância, as três principais atividades econômicas praticadas na

comunidade.

Ordem Atividade econômica Produtos Detalhamento

Agricultura de sequeiro

Criação extensiva de animais

Pesca ou aqüicultura

Beneficiamento de produtos

agropecuários ou pesqueiros

Apicultura

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Artesanato

14. Informações complementares sobre os equipamento s comunitários existentes

ii) Informe a localização e as características dos equipamentos comunitários.

Equipamentos Localização Características*

Escola

Posto de saúde

Centro comunitário

(*) Exemplo: características da escola: tipo de piso, coberta e paredes, instalações sanitárias, número de

salas etc. (fazer fotos)

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APÊNDICE C UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

MESTRADO PROFISSIONAL EM PLANEJAMENTO E POLÍTICAS PÚBLICAS

PESQUISA: ESTUDO DE VIABILIDADE DE PROJETO DE BOMBEAMENTO

FOTOVOLTAICO NO CEARÁ Levantamento Preliminar do Projeto

Roteiro para entrevista com o LÍDER DA COMUNIDADE Localidade: _______________________ Município: ____________________( ) Nome do(a) entrevistador(a): ____________________________ data : ___/___/______ Nome do(a) entrevistado(a): ____________________________________________ Os itens abaixo são apenas um roteiro para orientar a entrevista a ser feita pelo técnico junto ao líder da comunidade. A finalidade é colher informações como, por exemplo, número de casas atendidas, funcionamento da bomba de água, iluminação da escola, do posto de saúde, existência e funcionamento do fundo rotativo, estado e forma de manutenção dos sistemas, grau de satisfação da comunidade, problemas mais comuns, expectativa de atendimento futuro com energia da rede convencional, programas sociais existentes na comunidade (PSF, bolsa-família etc.), entre outras observações do técnico sobre a efetividade do projeto. � Iluminação residencial � Bombeamento de água para abastecimento comunitário � Iluminação da escola pública � Iluminação do posto de saúde � Iluminação do salão comunitário / igreja � Iluminação de outros equipamentos comunitários � Existência de fundo rotativo � Outras formas de energia utilizadas em equipamentos da comunidade � Demanda de ampliação do projeto � Avaliação pessoal do projeto � Programas governamentais existentes na comunidade � Atividades econômicas da comunidade.

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ANEXOS

ANEXOS

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Transporte de água, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Chafariz, bombeamento, painéis fotovoltaicos, reservatórios, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Bombeamento e dispositivos de controle, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Dispositivos de controle do bombeamento, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Painéis solar fotovoltaicos instalados sobre o reservatório, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Ex-escola municipal, atual sede da associação comunitária, Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Casa isolada, a 1,1km da rede elétrica convencional da Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Representantes da Comunidade de Cardeiros, setembro de 2006 (foto Luiz Rolim)

Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

Reservatórios, cocho, bebedouro para animais, casa de bombas e catavento desativado, Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Reservatório instalado pelo projeto do estudo, ainda em uso, Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

Telefone Público alimentado por energia solar fotovoltaica, Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Casa de fazenda, ligada à rede convencional, com sistema a energia solar fotovoltaica, a 4km da Comunidade de Queixada, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

Interior da casa de fazenda com sistema a energia solar fotovoltaica, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Controlador de carga e caixa distribuidora do sistema fotovoltaico da casa de fazenda, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

Bateria acondicionada em caixa própria, para armazenamento de energia do sistema fotovoltaico da casa de fazenda, agosto de 2006 (foto Luiz Rolim)

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Representantes da Comunidade de Queixada, setembro de 2006, (foto Luiz Rolim)

R744e Rolim, Luiz Costa

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Estudo comparativo de projeto de bombeamento a energia solar fotovoltaica no Ceará/

Luiz Costa Rolim. _ Fortaleza, 2006.

118 p.

Orientador: Profº. Dr. Paulo César Marques de Carvalho.

Dissertação (Mestrado Profissional de Planejamento e Políticas Públicas) – Universidade Estadual do Ceará. Centro de Estudos Sociais Aplicados.

1. Energia fotovoltaica. 2. Comunidade. 3. Políticas

Públicas. I. Universidade Estadual do Ceará, Centro de Estudos Sociais Aplicados.

CDD: 333.7

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