universidade estadual de ponta grossa · 2016. 3. 10. · ponta grossa, ____ de _____ de 2010...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
FÁBIO ANTÔNIO BURNAT
NOTORIEDADE, CREDIBILIDADE E OPINIÃO PUBLICADA
Uma análise de conteúdo de cinco meses de cobertura do
Caso Carli Filho no jornal Gazeta do Povo
Ponta Grossa
2010
FÁBIO ANTÔNIO BURNAT
NOTORIEDADE, CREDIBILIDADE E OPINIÃO PUBLICADA
Uma análise de conteúdo de cinco meses de cobertura do
Caso Carli Filho no jornal Gazeta do Povo
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Especialização em Mídia, Política e Atores
Sociais, da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação. Módulo Metodologia de Pesquisa.
Orientador: Prof. Dr. Emerson Urizzi Cervi
Ponta Grossa
2010
Ponta Grossa, ____ de __________ de 2010
Prezado Senhor,
Venho, por meio deste, encaminhar a versão definitiva do Trabalho de
Conclusão de Curso intitulado NOTORIEDADE, CREDIBILIDADE E OPINIÃO
PUBLICADA: uma análise de conteúdo de cinco meses de cobertura do Caso Carli
Filho no jornal Gazeta do Povo, apresentado pelo aluno FÁBIO ANTÔNIO BURNAT como
requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Mídia, Política e Atores Sociais,
curso oferecido pelo Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta
Grossa.
Atenciosamente,
_______________________________________
Emerson Urizzi Cervi
Prof. Orientador
AO PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Benjamin de Melo Carvalho
NESTA UNIVERSIDADE
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Especialização em Mídia, Política e Atores Sociais – 2ª Edição
TERMO DE RESPONSABILIDADE
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ÉTICO COM A
ORIGINALIDADE CIENTÍFICO-CULTURAL
Responsabilizo-me pela redação de trabalho do Projeto Experimental em Mídia,
Política e Atores Sociais sob o título NOTORIEDADE, CREDIBILIDADE E OPINIÃO
PUBLICADA: uma análise de conteúdo de cinco meses de cobertura do Caso Carli
Filho no jornal Gazeta do Povo, atestando que todos os trechos que tenham sido transcritos
de outros documentos (publicados ou não) e que não sejam de minha exclusiva autoria estão
citados entre aspas e está identificada a fonte e a página de que foram extraídos (se transcritos
literalmente) ou somente indicados fonte e ano (se utilizada a idéia do autor citado), conforme
normas e padrões da ABNT vigentes.
Declaro, ainda, ter pleno conhecimento de que posso ser responsabilizado legalmente caso
infrinja tais disposições.
Ponta Grossa, 21 de Junho de 2010.
______________________________________________________________
Assinatura do estudante
Nome: Fábio Antônio Burnat
RA: 2091092
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Especialização em Mídia, Política e Atores Sociais – 2ª Edição
Ata de Avaliação de Projeto Experimental em Mídia, Política e Atores
Sociais
Aos..............dias do mês de...........................................do ano de dois mil e dez, nas
dependências do Curso de Mídia, Política e Atores Sociais – 2ª Edição da UEPG, situado no
Campus Central da Universidade, reuniu-se a Banca Examinadora composta pelos
professores.................................................................................................................(orientador)
...........................................................................................(convidado/a) e ..................................
............................................................ (professor indicado pelo Curso), para análise do Projeto
Experimental em Mídia, Política e Atores Sociais, sob o título NOTORIEDADE,
CREDIBILIDADE E OPINIÃO PUBLICADA: uma análise de conteúdo de cinco meses
de cobertura do Caso Carli Filho no jornal Gazeta do Povo, de autoria de Fábio Antônio
Burnat, aluno do Curso de Mídia, Política e Atores Sociais – 2ª Edição da Universidade
Estadual de Ponta Grossa.
Após a apresentação e questionamentos pelos membros da Banca, chegou-se ao seguinte
resultado:
NOTAS Professor orientador/a:...............................................
Convidado/a:..............................................................
Professor do Curso:...................................................
NOTA FINAL:.........................................................
( ) aprovado
( ) reprovado
( ) indicado para reapresentação
Ponta Grossa, .........de......................................de 2010
_________________________________________________________________________
Professor/a Orientador/a Convidado Professor do Curso
“Com quem a dor partilharei? ...”
Anton Pavlovitch Tschecov
In memoriam de minha avó Isabel
Rodrigues da Luz
Aos meus pais Antonio e Ondina
Burnat e ao meu irmão Fabiano
1
Agradeço aos meus pais.
Aos professores do curso de
Comunicação Social – Jornalismo
da UEPG, e de maneira pontual a
Emerson Urizzi Cervi, pelas
orientações e incentivos, Marcelo
Engel Bronosky, pelas indicações
de leitura, e Hebe Maria Gonçalves
de Oliveira, pelas críticas
necessárias.
RESUMO
O Caso Carli Filho, como fica conhecido na imprensa paranaense, relaciona a política à
violência no trânsito ao reportar um acidente automobilístico em Curitiba/Pr., que envolve um
ex-parlamentar da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e dois jovens. A cobertura
jornalística é observada a partir dos critérios de noticiabilidade notoriedade e morte violenta.
Para a pesquisa, analisam-se 335 unidades de textos, no decorrer de cinco meses de cobertura
impressa (8 mai. 2009 a 8 out. 2009) do jornal Gazeta do Povo. Às unidades, afere-se
frequência (análise de conteúdo) e aplicam-se métodos quantitativos. Reunidas em frames, as
citações passam por uma análise temporal (22 semanas).
Palavras-chave: Opinião Publicada. Jornalismo impresso. Notoriedade. Gazeta do Povo.
Deputado Carli Filho.
LISTA DE CHARGE, GRÁFICOS E TABELAS
CHARGE 1
GRÁFICO 1. HISTOGRAMA DA CENTIMETRAGEM
GRÁFICO 2. CENTIMETRAGEM POR TIPO DE UNIDADES EM SEMANAS
GRÁFICO 3. DIAGRAMA DE DISPERSÃO – FRAMES NOTORIEDADE E MORTE GRÁFICO 4. DIAGRAMA DE DISPERSÃO – FRAMES CARLI FILHO E MORTE
GRÁFICO 5. DIAGRAMA DE DISPERSÃO – FRAMES JOVENS MORTOS E MORTE
GRÁFICO 6. ANÁLISE TEMPORAL DOS FRAMES NOTORIEDADE E MORTE
GRÁFICO 7. ANÁLISE TEMPORAL DOS FRAMES CARLI FILHO E MORTE
GRÁFICO 8. ANÁLISE TEMPORAL DOS FRAMES JOVENS MORTOS E MORTE
GRÁFICO 9. ANÁLISE TEMPORAL DOS FRAMES MORTE E DIREÇÃO
TABELA 1. QUADRANTE – PÁGINA ÍMPAR
TABELA 2. QUADRANTE – PÁGINA PAR
TABELA 3. CATEGORIAS AGREGADAS DA CENTIMETRAGEM (EM ANEXO)
TABELA 4. CENTIMETRAGEM POR TIPO DE UNIDADE EM SEMANAS (EM ANEXO) TABELA 5. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE PEARSON – FRAME
NOTORIEDADE
TABELA 6. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES NOTORIEDADE E MORTE
TABELA 7. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES NOTORIEDADE E DIREÇÃO
TABELA 8. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES NOTORIEDADE E ÁLCOOL
TABELA 9. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE PEARSON – FRAME CARLI FILHO
TABELA 10. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES CARLI FILHO E MORTE
TABELA 11. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES CARLI FILHO E ÁLCOOL
TABELA 12. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES CARLI FILHO E GAZETA DO POVO
TABELA 13. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE PEARSON – FRAME JOVENS
MORTOS
TABELA 14. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES JOVENS MORTOS E MORTE TABELA 15. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES JOVENS MORTOS E DIREÇÃO
TABELA 16. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE PEARSON – PAPÉIS CRUZADOS
TABELA 17. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES CARLI FILHO E NOTORIEDADE
TABELA 18. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES JOVENS MORTOS E CARLI FILHO
TABELA 19. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES JOVENS MORTOS E NOTORIEDADE
TABELA 20. COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO LINEAR DE PEARSON – FRAMES DE
COBERTURA E GAZETA DO POVO
TABELA 21. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES MORTE E DIREÇÃO
TABELA 22. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES – FRAMES MORTE E ÁLCOOL
TABELA 23. CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES NOTORIEDADE E CARLI FILHO (EM
CATEGORIAS) TABELA 24. CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES NOTORIEDADE E MORTE (EM
CATEGORIAS) POR SEMANA (EM ANEXO)
TABELA 25. CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES CARLI FILHO E MORTE (EM
CATEGORIAS) POR SEMANA (EM ANEXO)
TABELA 26. CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES JOVENS MORTOS E MORTE (EM
CATEGORIAS) POR SEMANA (EM ANEXO)
TABELA 27. CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES MORTE (EM CATEGORIAS) E DIREÇÃO
(VARIAVEL DICOTÔMICA)
13
31
32
36 38
40
46
47
48
48
29
30
35
36
37
37
37
38
39
39
39
40 40
41
41
41
42
42
42
43
44
46
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 UM JOGO TEÓRICO DE ESTRATÉGIAS PARA VISIBILIDADE?
1.1 PIERRE BOURDIEU E O CAMPO JORNALÍSTICO
1.1.1 O Agendamento Temático
1.1.2 A Hierarquização De Fatos Através Da Notoriedade E Da Morte
1.2 A PUBLICIDADE MIDIÁTICA DA POLÍTICA
1.3 A ALEP E A EXPOSIÇÃO MIDIÁTICA
2 O ARCABOUÇO PARA UMA OPINIÃO PUBLICADA
2.1 A OBJETIVAÇÃO DO PERÍODO PESQUISADO
2.2 A VISIBILIDADE DAS UNIDADES
2.3 AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO E O FRAME
2.4 A CORRELAÇÃO ENTRE OS FRAMES
2.5 A ANÁLISE TEMPORAL DAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO E OPINIÃO
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 ABSTRACT
5 REFERÊNCIAS
5.1 REFERÊNCIAS CONSULTADAS
5.2 PERIÓDICOS
5.3 DOCUMENTOS ON LINE
5.4 CURSO DE EXTENSÃO
5.5 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL E PUBLICAÇÃO DE TEXTO
APÊNDICES
A – APÊNDICE METODOLÓGICO
B – CATEGORIAS DE ANÁLISE
C – TABELAS
09
13
14
17
20
22
26
28
28
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52
53
53
56
56
57
57
9
INTRODUÇÃO
Por meio desta pesquisa pretende-se refletir sobre o reportar de um acidente de trânsito
no Paraná que passa a ser tratado como um caso de jornalismo político. O objeto pesquisado é
a identificação de elementos na cobertura (unidades informativas e opinativas) sobre o Caso
(da política paranaense) Carli Filho que tenham o potencial de estruturar, pela reiteração ao
longo do tempo, uma opinião publicada1 no jornal Gazeta do Povo
2. O corpus de pesquisa é
formado por 335 unidades de texto, que circularam entre 8 de maio de 2009 e 8 de outubro de
2009, distribuídas em 175 unidades de informação das editorias de informação e 160
unidades de opinião das páginas de opinião do veículo. A distinção das unidades foi feita de
acordo com a editoria pertencente. Ela compreende o acidente de trânsito, ocorrido na
madrugada de 7 de maio e publicado a partir do dia seguinte, em Curitiba/Pr., no qual dois
jovens morreram e deixou ferido Luiz Fernando Ribas Carli Filho, (naquele momento)
deputado estadual. A cobertura foi chamada pelo jornal Gazeta do Povo de Caso Carli Filho.
O dia 8 de outubro de 2009 marca cinco meses do acidente e compreende o término do
inquérito policial. O período foi distribuído em 22 semanas, de 7 dias cada.
Ao relacionar elementos reincidentes das unidades de informação e elementos
reincidentes das unidades de opinião do jornal, pode-se dizer que o veículo nutre e forma uma
opinião publicada acerca do caso Carli Filho? Imprime-se assim a questão de pesquisa,
mesmo considerando que não foi apenas o jornal Gazeta do Povo que publicou textos sobre o
assunto, assim como outros tipos de mídia também repercutiram fatos relacionados ao
acidente. Os leitores podem responder a textos informativos do jornal Gazeta do Povo através
da Coluna do Leitor e, assim, estabelecer-se uma relação entre as unidades de informação e as
de opinião, para além de uma mera associação de repetições (causa e efeito)?
A pesquisa tem como objetivo geral apontar, no decorrer de cinco meses da cobertura
pesquisada, elementos que podem reiterar uma opinião sobre o caso Carli Filho. Como
objetivos específicos: procura-se também estabelecer uma distribuição dos textos de maneira a
se ter clareza do decorrer da cobertura, bem como da temática abordada [1]; definem-se
frames, observados nos textos de informação e opinião por meio de frequência [2]; ao
comparar elementos das unidades de informação com os das unidades de opinião em um
espaço temporal, esmiúça-se a relação existente (ou não) entre elas.
1 Opinião socialmente predominante, embasada em informações expostas e disponíveis sobre a atualidade. 2 Fez-se apresentação oral e artigo para o VII Encontro Paranaense de Pesquisa em Jornalismo e II Simpósio de
Comunicação em Ambiente Digital – UEPG/Cesumar, Maringá/Pr., 6 nov. 2009 (BURNAT, 2009), além de
textos, entregues como forma de avaliação de módulos da presente especialização.
10
Como justificativa, procura-se com a pesquisa refletir sobre um acontecimento do
jornalismo paranaense que relaciona política com violência no trânsito, uma vez que envolve
a imagem de um representante político (do Poder Legislativo) e a morte de dois jovens.
Almeida de Paula (2010, p. 1) afirma que pesquisas sobre o Legislativo local, municipal (ou
municipais) e estadual paranaenses, são raras, apontando apenas algumas exceções; o que se
permite concluir (e justificar) a necessidade de pesquisas sobre o assunto ainda que de
maneira secundária, como se aborda nesta pesquisa, uma vez que o foco central está sobre a
cobertura do impresso Gazeta do Povo.
Na madrugada de 7 de maio de 2009, Luiz Fernando Ribas Carli Filho conduzia um
Volkswagen Passat preto na rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi, bairro Mossunguê, Curitiba/Pr.,
quando se acidentou com um Honda Fit prata que acabara de convergir da rua Paulo Gorski.
Na colisão, morreram o estudante Gilmar Rafael Souza Yared (filho de Gilmar Yared e
Christiane de Souza Yared), 26 anos, estudante de psicologia da Universidade Tuiuti, e Carlos
Murilo de Almeida (filho de Carlos Fogaça de Almeida e Vera Lúcia de Carvalho Almeida),
20 anos, que trabalhava no cinema do Park Shopping Barigui.
Luiz Fernando Ribas Carli Filho (filho de Luiz Fernando Ribas Carli e Ana Rita
Slavieiro Guimarães Carli), 26 anos, de Guarapuava/Pr., estava no primeiro mandato público,
deputado estadual pelo PSB. Estudou publicidade e propaganda na Universidade Positivo.
Eleito em 2006 com 46.686 votos (mandato 2007-2011), presidia a Comissão do Mercosul e
Assuntos Internacionais da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), além de ser membro ou
suplente de outras comissões. O pai, Luiz Fernando Ribas Carli (PP), é ex-deputado estadual
e federal, ex-chefe da casa civil [Governo Lerner (DEM) (1995-1998 e 1999-2002)] e prefeito
de Guarapuava/Pr. pela segunda vez. Carli Filho é sobrinho do deputado estadual Plauto Miró
Guimarães (DEM), de Ponta Grossa/Pr.; ambos estavam em um restaurante antes do acidente.
Embora o acidente tenha ocorrido em Curitiba/Pr. (1.851.215 habitantes), envolve
personagens políticos de Ponta Grossa/Pr. (314.681 habitantes) e, pontualmente,
Guarapuava/Pr. (172.728 habitantes).
O jornal Gazeta do Povo é o único veículo estadual a possuir sucursal em Ponta
Grossa para cobrir a região que se estende até Guarapuava3. Ele faz parte da Rede Paranaense
de Comunicação (RPC), criada em novembro de 2000, que além deste impresso, possui O
Jornal de Londrina, o Portal RPC (que publica informações da rede), o Jornal de Maringá
(on-line), rádios 98 FM e a Mundo Livre FM, uma rede formada por oito tevês que
3 Leitor de Guarapuava/Pr. escreve ao jornal, em 13 de agosto de 2009, “[m]e envergonho de morar em
Guarapuava. Aqui notícias sobre o acidente com o filho do prefeito Carli somente através da Gazeta do Povo.
Parabéns pela cobertura isenta e sem medo de represálias do político em questão” (CARLI FILHO 2, 2009, p. 3).
11
retransmite a programação da Rede Globo, e o Instituto RPC (organização não governamental
que atua em projetos, programas e ações sociais) (DE SEIS PÁGINAS, 2010, p. 8). A cidade
de Guarapuava conta com a TV Guairacá, afiliada a RPC.
Em paralelo à cobertura do Caso Carli Filho, o jornal Gazeta do Povo desenvolveu a
Campanha RPC Trânsito – respeito ou morte: você escolhe o caminho. Lançada em 28 de
junho de 2009, três cartas de leitor na segunda semana ao acidente (1,9% de unidades de
opinião) sugeriram movimentação semelhante. A campanha estendeu-se por três meses,
encerrando-se em 23 de setembro de 2009, durante a Semana do Trânsito (de 18 a 25)4. Não é
possível estabelecer relação entre a campanha realizada no impresso e o Caso Carli Filho.
Porém, a existência do evento sugere como questão secundária uma preocupação com a
credibilidade do que se reporta e o envolvimento do veículo de comunicação em um fato. De
acordo com Oliveira Filha (2008), transcrevendo as palavras do impresso sobre as campanhas
realizadas, foram lutas “em defesa dos interesses do Paraná”, semelhante ao editorial
veiculado quando Francisco Cunha Pereira Filho (falecido em 18 de março de 2009) e
Edmundo Lemanski assumem o jornal em 1962 (UM COMUNICADOR, 2009, p. 4-5). O
veículo nasce, em 3 de fevereiro de 1919, enquadrado no segundo período da história da
imprensa (em que a comercial predomina). “O jornal era mais independente dos laços
políticos na medida em que vendia um novo produto [as notícias como informação] para obter
lucro. Os conceitos eram jornalismo como serviço público e com fidelidade aos fatos”
(OLIVEIRA FILHA, 2008). Porém traços da imprensa de opinião e da imprensa comercial
conviviam em um período de transição (OLIVEIRA FILHA, 2008).
Na edição comemorativa de 3 de fevereiro de 2009, o gerente de marketing do jornal,
Axeu Aislan Beluca (O FUTURO, 2009, p. 7), aponta os princípios da marca Gazeta do Povo,
“a bandeira por causas relevantes, o respeito ao cidadão e a responsabilidade de fazer a
diferença na vida do leitor”; segundo ele, o desafio agora “é galgar posições, investindo em
atributos fundamentais como credibilidade e a inovação”. Em 2004, conforme o jornalista
Arnaldo Cruz (apud OLIVEIRA FILHA, 2008), diretor de redação, a tiragem chegava a 90
mil exemplares aos domingos, 40 mil às segundas-feiras e 70 mil às quartas. A redação do
jornal possui 214 pessoas, dos quais 153 são jornalistas (GAZETA DO POVO, 2010, p. 8).
De acordo com Oliveira Filha (2008), a consolidação da RPC no estado se deve à
transformação do impresso no “principal jornal de classificados e de anúncios imobiliários de
Curitiba” e a retransmissão de programas da Rede Globo a partir de 1973 na TV Paranaense.
Logo, por ser o maior jornal em circulação na região enfocada, com jornalistas neste mesmo
4 Conforme dispõe o art. 326 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
12
lugar, promover uma campanha de combate à violência no trânsito, manter mecanismos de
interação (enquetes e cartas de leitor) e um histórico de pertencimento a um grupo que
entende a informação como produto, ao redor do qual se constrói credibilidade, optou-se pela
análise do material publicado pela Gazeta do Povo. Considera-se apenas, Gentilli (2005, p.
149) afirma, que uma sociedade é mais informada quanto maior é o número de jornais
existentes, porém, a lógica do mercado e o movimento geral da política de ampliação dos
direitos de cidadania (BOBBIO, 1997) têm levado a uma diminuição do número de jornais e,
concomitantemente, obrigado estes jornais a serem mais pluralistas. O pluralismo é reflexo do
embate de estratégias de interesse presentes no mercado (GENTILLI, 2005, p. 151).
O trabalho monográfico se constitui de dois capítulos e as considerações finais. No
primeiro, delineiam-se conceitos de campo jornalístico, credibilidade e agendamento
temático. Finaliza-se o capítulo com a relação de mediação jornalística da política através de
um integrante da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em um acidente de trânsito. No
segundo capítulo, apresentam-se os procedimentos metodológicos que envolvem métodos
quantitativos, técnicas de análise de conteúdo e de frames. Neste capítulo também se descreve
o objeto pesquisado, aponta-se o problema de pesquisa e analisam-se os dados obtidos. Dada
a apresentação da estrutura do trabalho, passa-se ao capítulo teórico.
13
1 UM JOGO TEÓRICO DE ESTRATÉGIAS PARA VISIBILIDADE?
Charge 1. Em 6 de fevereiro de 2010,
circula a única charge do Caso Carli Filho
na Gazeta do Povo (190 KM, 2010, p.
17). Judiciário avalia provas para decidir
se ex-parlamentar irá a júri popular.
O jornalismo político constitui-se por “um sistema bastante hostil em face do campo
político”, isso quando autônomo, uma vez que desconfia de artimanhas e procura revelar fatos
que se desejavam permanecer em silêncio (GOMES, 2004, p. 70). No Brasil, o jornalismo
político desenvolveu-se a partir de impérios da comunicação, onde o excessivo poder do
“patrão”, refletido nas decisões editoriais e reforçado por períodos de governos autoritários,
retardou a formação de campos profissionais autênticos, até a redemocratização (GOMES,
2004, p. 81). Inserido em um processo de globalização5, a produção jornalística se aproxima
do terceiro modelo de imprensa, a indústria do conhecimento – setor industrial competitivo,
voltado ao consumo em grande escala de cultura e entretenimento (GOMES, 2004, p. 49-50).
O referencial teórico parte deste cenário para o que Wolf (1987, p. 123-225) descreve como
tendências da communication research – teorização do agendamento temático e newsmaking.
Nestes pensamentos, há aproximação com o campo da sociologia do conhecimento6 (WOLF,
1987, p. 125). Por isso, delineia-se o conceito de campo de Bourdieu (2004) e, dele, segue-se
5 “¿Qué es la globalización? Es la desreglamentación general que pretende que cuanto más interdependientes
sean las economías más intercambios comerciales se realizarán entre los países, más se desarrollará el comercio
exterior y mejor irá la economía y mejor irán las cosas para todos” (RAMONET, 2002, p. 13). 6 A disciplina centra-se “na importância e no papel dos processos simbólicos e comunicativos como pressupostos
de sociabilidade (...)” (WOLF, 1987, p. 125).
14
para a credibilidade no jornalismo, em Gomes (2004), e a hipótese do agendamento temático,
em Traquina (2000) e Martins da Silva (2007), como forma de pautar temas. Assim, passa-se
pela mediação7 jornalística da política e público/eleitores em Fausto Neto (2003). Ressalta-se
uma incursão na política, para se definir Estado, sociedade civil e espaço público, em Weber e
Bobbio (2000), e Gomes (2009). São explorados conceitos weberianos por se entender o caso
reportado como uma possível luta na sociedade civil, mas luta por visibilidade. Já a mediação
de assuntos políticos é fundamentada a partir de Almeida de Paula (2010), autora que trata no
artigo consultado sobre a opinião de jornalistas e como se dá a cobertura nos veículos da Rede
Paranaense de Comunicação (RPC), em específico o jornal Gazeta do Povo. Através deste
percurso idiossincrásico dedutivo procura-se argumentar a cobertura sobre o Caso Carli Filho
no impresso paranaense, em que se dá uma luta em um campo de disputa por visibilidade.
1.1 PIERRE BOURDIEU E O CAMPO JORNALÍSTICO
No universo simbólico8, dão-se lutas simbólicas para a estruturação do mundo social,
assim como para saber quem é o mandatário ou está fundamentado para dizer a verdade
(BOURDIEU, 2004, p. 116). “A verdade é um jogo de lutas em todo campo” (BOURDIEU,
2004, p. 46).
O campo científico que tenha chegado a um alto grau de autonomia tem essa
particularidade que é o fato de só termos alguma possibilidade de triunfar nele sob a
condição de nos conformarmos às leis imanentes desse campo, isto é, reconhecer praticamente a verdade como valor e respeitar os princípios e os cânones
metodológicos que definem a racionalidade no momento considerado, bem como de
investir nas lutas de concorrência todos os instrumentos específicos acumulados no
decorrer das lutas anteriores (BOURDIEU, 2004, p. 46).
Estrutura-se um campo científico, lugar de lutas simbólicas. Bourdieu (2004, p. 121)
compreende que todos fazem parte do campo de lutas, em que ocorre a manipulação
simbólica “da condução da vida privada e a orientação da visão de mundo”. No campo
jornalístico, as lutas se referem à apropriação das condições de produção e de elementos
geradores de processos de noticiabilidade; estes elementos garantem o funcionamento e a
legitimidade de formas de existência de fatos (FAUSTO NETO, 2009, p. 2). Posicionados
desta forma, indivíduos ou outros campos, no campo jornalístico (que pelo grau de autonomia
que detém, impõe condições, tidas como verdade – racionalidade – a serem respeitadas pelos
7 Entende-se mediação a visibilidade de um assunto através de meios de comunicação (SILVA, 2007, p. 98). 8 Universo simbólico é uma legitimação teorizada, matriz que integra áreas de significação e abrange a ordem
institucional em uma totalidade simbólica de significados construídos através de objetivações sociais. Nele, toda
a sociedade histórica ou mesmo a biografia individual (ainda que nas “mais solitárias experiências”), tidas como
fatos, estão inscritos (BERGER e LUCKMANN, 2003, p. 131-132).
15
demais), formam “pontos de contatos” nos quais se estruturam estratégias de reconhecimento
(FAUSTO NETO, 2009, p. 2) (BOURDIEU, 2004, p. 46). Estas estratégias fundamentam a
vida social, onde se acumula capital simbólico – reputação, prestígio, reconhecimento –, é
uma prática, “produto do senso de honra enquanto senso desse jogo particular que é o jogo da
honra; a ideia de que existe uma lógica da prática, cuja especificidade reside sobretudo em sua
estrutura temporal” (BOURDIEU, 2004, p. 35-36). Bourdieu (2004, p. 126-127) explica que
“a existência de um campo especializado e relativamente autônomo é correlativa à existência
de alvos que estão em jogo e de interesses9 específicos”. A partir de agentes que reúnem
determinado habitus (práticas), são realizados jogos. O habitus “fornece a direção e a
especialização da atividade que faltam no equipamento biológico do homem”, deste modo,
alivia-se o acúmulo de tensões oriundas de impulsos não dirigidos (BERGER e
LUCKMANN, 2003, p. 78) (BOURDIEU, 2004, p. 84).
Sendo produto da incorporação da necessidade objetiva, o habitus, necessidade
tornada virtude, produz estratégias que, embora não sejam produto de uma aspiração
consciente de fins explicitamente colocados a partir de um conhecimento adequado
das condições objetivas, nem de uma determinação mecânica de causas, mostram-se objetivamente ajustadas à situação (BOURDIEU, 2004, p. 23).
O habitus como disposição regrada para gerar condutas regulares e regradas se
caracteriza por práticas (BOURDIEU, 2004, p. 84). Fausto Neto (2009, p. 2) aponta que “a
natureza da finalidade do trabalho do jornalismo, a oferta da atualidade, parece escapar das
fronteiras dos habitus deste campo”. A notícia emerge de uma consequência de subordinação
de fatos “a um certo conjunto de regras e operações intrínsecos ao trabalho de produção
jornalística” (DARNTON apud FAUSTO NETO, 2009, p. 2)10
. Reconhece-se assim, o
jornalismo, como uma prática social “regida por certos postulados [noticiabilidade] internos à
cultura desta matriz de produção de sentido” (FAUSTO NETO, 2009, p. 3). Existe um poder
simbólico de fazer as coisas com palavras; à medida que se adéqua às coisas, descreve-as. O
campo jornalístico detém o poder de nomear o inominável (BOURDIEU, 2004, p. 179). “O
poder de „fazer crer‟ está ligado a imagem de credibilidade do jornalismo”, que monopoliza
instrumentos de produção e difusão de fatos influentes nos demais campos (ADGHIRNI,
2009, p. 271). Este modo de fazer „restringe‟ a capacidade de organizar realidades diversas
(agendamento temático); antes, porém, deve-se considerar a credibilidade de quem fala, que
marca a produção.
9 Interesse é tido como pretensão de validade de ação comunicativa em um grupo social (GOMES, 2009, p. 22).
10 As notícias são textos que reportam fatos (regras do comportamento humano e institucional), referem-se a
dados apresentados como fenômenos ou eventos (GOMES, 2009, p. 29) (TRAQUINA, 2005 v2, p. 95).
16
O jornalismo é sustentado por consumidores de informação e anunciantes11
, e para
cativar esta audiência, que “afiança ao anunciante possuir”, embasa a produção na
credibilidade, oriunda da verdade, transparência e objetividade – alguns quesitos (GOMES,
2004, p. 49-51). A credibilidade fundamenta a marca da empresa jornalística, a partir da qual
atores políticos12
estruturam o discurso e a massa13
de espectadores recebe as informações
(FAUSTO NETO, 2003, p. 144). Rosnay (2002, p. 27) acrescenta que a fidelidade da
informação vem da marca; a marca de quem a emite. E, inversamente, apoiada na
credibilidade, a produção de informação exige cota idêntica de notícias em um período
homogêneo (GOMES, 2004, p. 67); por exemplo, cinco páginas de texto sobre política em um
jornal diário14
. Estabelecem-se operações padronizadas e critérios de seleção e organização de
rotina de produção para a visibilidade de um jornalismo empresarial (GOMES, 2004, p. 67).
Como campo, o jornalismo é um espaço social de busca, controle e distribuição da
autoridade jornalística – na qual está presente prestígio, reconhecimento e lugar de fala – em
função da qual as práticas e representações se ordenam “como um sistema” (de conflito)
(GOMES, 2004, p. 52-53). Os agentes que dele fazem parte são responsáveis por obter
informações de qualidade, relevante e com rapidez, bem como pela redação apropriada e
publicação (GOMES, 2004, p. 53). As informações reconhecidas como importantes e
interessantes pelos jornalistas (dada a legitimidade para a atividade desempenhada) têm maior
chance de serem reconhecidas como importantes e interessantes pelos outros, lembra
Bourdieu (apud GOMES, 2004, p. 55).
Como em qualquer campo social, no jornalismo a legitimidade se conquista. Essa
conquista dependerá, por outro lado, da estrutura de distribuição daquele capital que
produz reconhecimento no campo. Quanto mais forte for, em geral, um campo social, maior a sua autonomia face a outros campos e maior o zelo na defesa dos
seus valores e princípios de distribuição de capital (GOMES, 2004, p. 56).
Entretanto estas escolhas, decisões e preferências pelos agentes do campo jornalístico
são realizadas a partir da perspectiva de lucro (GOMES, 2004, p. 55).
O jornalismo como sistema – ou campo jornalístico – é, então, uma arena de luta
concorrencial pela autoridade jornalística, pela acumulação do capital jornalístico
que dá ao seu portador individual ou institucional a competência jornalística. A
11 Publicidade comercial e publicidade governamental (SEVERO e FAUSTO NETO, 2010, p. 14). 12 Apoiado na ideia de ator social, Bernal (2002, p. 301-302) o define como alguém que defende direitos e
necessidades próprias, “cuanto más este atrapado en una situación social, histórica y de su herancia cultural, es
cuando se hace más partícipe de un espacio público, de un espacio político y de una acción colectiva”. 13 “A comunicação e a cultura são de „massa‟ [escala extremamente ampla] quando se destinam a públicos muito
amplos, sendo, portanto, codificadas de forma a que tais públicos (no extremo „qualquer um‟) possam decifrá-las
ou consumi-las porque todos dominam o código da emissão” (GOMES, 2004, p. 61). 14 Observou-se edições em uma semana aleatória do jornal Gazeta do Povo com circulação diária de textos sobre
política que varia entre 4 e 6 páginas. Não houve variação entre domingo e outros dias de semana.
17
autoridade jornalística é o equivalente da credibilidade, só que voltada para dentro
do campo e não para os consumidores e assinantes – muito embora a credibilidade
sirva para alimentar a autoridade e vice-versa (GOMES, 2004, p. 54).
A autoridade jornalística (acumulada) assegura ao detentor o poder sobre a própria
estrutura e mecanismos constitutivos do jornalismo, ou seja, as regras do jogo; além do
prestígio, disputa-se também as regras de disputa do prestígio. A autoridade é a competência
jornalística, capacidade de falar e agir de modo legítimo – autorizado e com autoridade – pelo
campo social do jornalismo (GOMES, 2004, p. 54). A mídia institucionaliza um lugar no
qual as discussões sobre política, por exemplo, transcorrem (FAUSTO NETO, 2003, p. 90-
91). Fausto Neto (2003, p. 91) entende que os atores políticos “são transformados de
convidados em „funcionários da economia midiática‟”. A fala política não é apenas delegada
por uma representação, mas nela se operam condições de uma nova “economia do contato”.
Conforme o autor, não há apenas mediação da política, os atores políticos integram-se à
enunciação (asserção) midiática. A informação veiculada pela imprensa, em alguns casos, é o
“único” contato das pessoas com a política (TRAQUINA, 2000b, p. 47-48). A mídia é a
guardiã do contato (FAUSTO NETO, 2003, p. 91).
Avança-se com Traquina (2000b, p. 48), “os mass media obrigam à concentração da
atenção em certas questões”. Assim, exerce-se controle e regula-se segundo regras internas
sentidos do campo político (FAUSTO NETO, 2003, p. 124). A definição de agendamento
temático é um modo de entender como há a organização pelos profissionais do jornalismo de
fatos, oriundos de estratégias, na vida midiática e social.
1.1.1 O Agendamento Temático
O jornalismo, de modo ideal, segundo Marcondes Filho (apud ADGHIRNI, 2009, p.
269), “é acima de tudo denúncia e desmascaramento de escândalos, negociatas, imoralidades
públicas” (watchdog). Parte-se desta ideia para entender a hipótese do agendamento. Traquina
(2000a, p. 127) e Correia (2004, p. 184) expõem que a hipótese surgiu como hipótese da ação
da mídia, ao apresentar ao público temas e pessoas sobre os quais se debaterá, relacionando-se
a agenda da imprensa à agenda pública (1ª hipótese). Lippmann (apud SILVA, 2007, p. 84)
escreve sobre o fenômeno do agendamento já em 1922. Em 1972, a hipótese é formalizada
por McCombs e Shaw. A hipótese do agendamento temático também refletiu sobre condições
contingentes que intensificam ou limitam o agendamento da mídia (2ª hipótese). Em uma 3ª
hipótese, preocupou-se com características dos políticos noticiados e preocupações pessoais; e
em estudos recentes (4ª hipótese), enfatizam-se as fontes na agenda da mídia (TRAQUINA,
18
2000a, p. 127). Segundo Silva (2007, p. 84), “o agendamento pode partir da sociedade para a
mídia, sendo, assim, o reverso do que se teve em conta ao longo de várias décadas”; o que
representa dizer, produção de efeitos a partir de alguém além do costumeiro emissor. Existe
“uma constelação de sujeitos coletivos e de respectivos lugares de fala, mas, não isolados ou
encastelados em nichos corporativos, e sim, inter-sujeitos argumentativos, promotores e
advogados de direitos e causas” (SILVA, 2007, p. 84), como teria sido Christiane Yared, mãe
de um dos jovens mortos, ao se pautar nos meios de comunicação. Há uma pluralidade de
sujeitos coletivos e de lugares de fala.
Sousa (apud GADINI, 2009, p. 95) e Traquina (2000a, p. 131) definem agendamento
temático como a capacidade da imprensa de selecionar temas que serão objeto de debate
público (o que pensar), bem como de orientar (enquadrar) a atenção de leitores para
determinados temas (como pensar). O enquadramento de um fato pode estabelecer uma
agenda de atributos e “influenciar o modo como pensamos sobre a questão em foco”
(TRAQUINA, 2000a, p. 132). Nesta linha, Correia (2004, p. 189) complementa,
(...) os media não dizem como pensar, mas sobre o que pensar nas condições de uso
e descodificação das mensagens pelos agentes sociais que as recebem, e de acordo
ainda com a capacidade de resposta e de interatividade de que os receptores
disponham (CORREIA, 2004, p. 189).
Os fatos15
são recepcionados através da imprensa, espaço que guarda dissonâncias e
controvérsias (CORREIA, 2004, p. 184). Neste ponto, está uma lacuna.
a existência de uma outra agenda-setting, na contramão da primeira, um fenômeno
que denominaremos de contra-agendamento, sob a hipótese de trabalho, a de que a
sociedade também tem a sua pauta ou, no plural, as suas pautas, e as deseja ver
atendidas pela mídia e tenta, diariamente, e sob as mais variadas maneiras, incluir
temas nesse espaço público16 que é a mídia; e na esfera pública que se constitui da
tematização polêmica das questões de uma atualidade (SILVA, 2007, p. 85).
Espaços em que existem grupos de pressão e indivíduos detentores de estratégias
midiáticas para intervir na seleção da agenda da mídia (CORREIA, 2004, p. 186-187). Para o
agendamento temático, a estratégia de construção de sentido da informação vai além do
reportar, está na seleção dos fatos e em como são pautados (GADINI, 2009, p. 95). Silva
15 Por fato, entende-se um complexo de eventos sobre coisas, pessoas e textos. O que o caracteriza é a atividade
(consequência da ação), a relação (entre coisas, “conexão unitária” de coisas, pessoas, textos) e a temporalidade
(“relevo de movimento isolado por intervalos de quietude”) (GOMES, 2009, p. 30-31). Notícia é um conjunto de
asserções sobre fatos e deve ser julgada a partir da capacidade de dar a conhecer o fato (GOMES, 2009, p. 34). 16 Silva (2007, p. 85) distingue espaço público em parte física (praça) e abstrata (imprensa) e esfera pública,
definida a seguir. A imprensa age como espaço público (ou para a “publicidade”, como publicização), embora
seja privada, e hospeda a esfera pública; ela sustenta “condições e contexto para que existam discurso e
polêmica, argumentatividade, debate e deliberação”.
19
(2007, p. 85-86) argumenta que o contra-agendamento vem da mobilização social como a que
teria ocorrido em relação à família Yared, e enumera fases:
1 – seleção de temas para a publicação na imprensa – visita da família Yared à
Assembleia Legislativa do Paraná ou envolvimento do Ministério Público no caso;
2 – elaboração de produtos midiáticos – organização de passeatas no bairro
Mossunguê (local do acidente) e calçadão da rua XV de Novembro, pela família
Yared; cabe também as entrevistas da família Ribas Carli ou de Carli Filho;
3 – consolidação de um relacionamento mútuo de fontes– advocacy (informação e
visibilidade) – família Yared concede constantes entrevistas;
4 – galgar influência nas instâncias de decisão da imprensa (redação) – em 6 de
fevereiro de 2010 circula a primeira charge sobre o Caso Carli Filho, estampando frase
repetida pela família Yared, “190 km por hora é crime”;
5 – monitoramento e análise das informações publicadas;
6 – replanejamento de novas ações de advocacia, visando aprimorar a quantidade e a
qualidade dos conteúdos publicados na imprensa (sem comprovação pelo jornal);
7 – aprimoramento dos espaços midiáticos conquistados a partir de ações de
sensibilização e de mobilização social – novas entrevistas da família Yared e
acompanhamento do julgamento de casos semelhantes, com visibilidade na imprensa.
Silva (2007, p. 86-87) distingue três formas de agendamento na imprensa, o autônomo
(auto-agendamento, iniciativa da própria imprensa), o heterônomo (circunstancial, vem de
fora das redações e respeita o formato de fatos noticiáveis) e o institucional (permanente e
sustentável, resulta de estratégias para a melhor visibilidade e tratamento de temas
institucionalizados). O fato de o Caso Carli Filho ser um acidente, implica ter um
agendamento heterônomo, porém, as constantes passeatas e eventos realizados pela família
Yared se aproximam de um agendamento institucional. Como o jornal Gazeta do Povo
realizou uma campanha, embora não tenha relação com a cobertura factual do acidente, pode
ter havido também agendamento autônimo, ao tratar assuntos relacionados. Para Silva (2007,
p. 100), o agendamento institucional relaciona-se ao advocacy – “uma agência privilegiada de
produção de sentido”, focada em temas de interesse social, pretende sensibilizar gestores
públicos e a sociedade civil. A advocacia de direitos pôde surgir do incidente negativo
ocorrido (SILVA, 2007, p. 101). A hipótese do agendamento, conforme apresentada, embasa
20
o campo jornalístico, sobre o qual está o jornalista, que ocupa um lugar na rede de estratégias
(ADGHIRNI, 2009, p. 271). Por meio destas ideias, passa-se à hierarquização dos fatos.
1.1.2 A Hierarquização De Fatos Através Da Notoriedade E Da Morte
Tuchman (1983, p. 226) teoriza que a produção de notícias é estruturada pelo
desenvolvimento de fatos de instituições legitimadas, em meio à rotina jornalística. Porém o
jornalista vê-se diante da dissolução da profissão com o enevoamento de atividades ligadas à
produção da notícia e abertura a profissionais de outras áreas (ADGHIRNI, 2009, p. 270)17
.
Conforme Bourdieu (apud ADGHIRNI, 2009, p. 270-275), há o embaralhamento do campo
com a profissionalização das fontes e racionalização estratégica que antecipa as rotinas e
práticas jornalísticas, fornecendo material “pronto-a-publicar”. Aspecto que influi na
produção jornalística diária, marcada por tensões e disputas simbólicas para a construção da
realidade social (GADINI, 2009, p. 96) e histórica, pois chega “a nova geração como tradição
e não como memória biográfica” (BERGER e LUCKMANN, 2003, p. 88).
O jornalista tem para si “(...) métodos de identificar hechos, incluyendo a los métodos
de identificar a las fuentes apropiadas, objetivan a la vida social y, a veces, reifican a los
fenómenos sociales” (TUCHMAN, 1983, p. 227). Estes métodos auxiliam na rotinização
(habitus) da dinâmica social, estabilizando-a em acontecimentos-tipo, comportamentos
previsíveis e erupções controladas (CORREIA, 2004, p. 168) (TUCHMAN, 1983). Para
Fausto Neto (2009, p. 10), “os fatos não estão à mercê dos próprios fatos e, nem tão pouco
apenas das rotinas e dos valores-notícias jornalísticos”. A construção do que vem a ser notícia
perfaz um processo complexo, além da redação, em que estratégias midiáticas asseguram o
agendamento de fatos, porém “tanto na situação de produção como de recepção dos discursos,
só se sabe depois um pouco a cerca delas e dos seus efeitos” (FAUSTO NETO, 2009, p. 13).
Os produtos midiáticos traduzem modos de ser, pensar e viver dos receptores, “efetuando
assim uma forma de produção singular do conhecimento humano no meio social onde ele é
produzido, circula e é consumido” (GADINI, 2009, p. 80-81). Deste modo, segundo
COELHO (apud GADINI, 2009, p. 88), “[a] notícia, mas do que nunca, está impregnada de
valor, havendo possibilidades de escolha muito amplas para a pauta de cada dia”.
17 Deixa-se de exigir o diploma universitário para o exercício do jornalismo nas empresas de comunicação (fim
de exigência legal em 2009) e projetos de lei no Congresso Nacional pretendem reformular os cursos no país.
21
Os jornalistas usam tipificações18
diante de fatos idiossincráticos, de maneira a
orientar o uso de técnicas jornalísticas apropriadas (TUCHMAN, 1983, p. 72) e fornecer
relatos considerados interessantes e significativos (WOLF, 1987, p. 178). O profissional deve
selecionar fatos a partir de sistematizações, de modo a tornar possível o reconhecimento de
um fato desconhecido como um fato noticiável, a ser organizado temporal e espacialmente e
esboçado planificadamente (TUCHMAN apud WOLF, 1987, p. 167-168). Esta
sistematização se define como critérios de noticiabilidade, ou seja, um conjunto de requisitos
exigidos de um fato (valores-notícia, operações e instrumentos dependentes da opinião
expressa do veículo e do profissional), para que receba tratamento jornalístico e se reporte
como notícia (TRAQUINA, 2005) (WOLF, 1987, p. 168). A noticiabilidade do fato se refere
ao processo de rotinização e estandardização de práticas, ao tornar o fato factível e
objetivamente hierarquizável, estabilizando o processo de produção, porém não deixa de ser a
interpretação feita por jornalistas de fatos a serem noticiados (TUCHMAN, 1983).
Seguindo nesta ideia, dois critérios de noticiabilidade são selecionados na cobertura do
Caso Carli Filho, a morte e a notoriedade (BURNAT, 2009, p. 3). Traquina (2005, p. 61-101)
explica que há regularidade de atenção da imprensa sobre os valores-notícia19
morte e
personagem notória no decorrer dos séculos. “[A] morte é um valor-notícia fundamental para
esta comunidade interpretativa e uma razão que explica o negativismo do mundo jornalístico”,
já a notoriedade (“estrelas políticas”) tem valor como notícia pela posição hierárquica
(TRAQUINA, 2005, p. 79-80). “Como norma, coloque sempre em primeiro lugar a
designação do cargo ocupado pelas pessoas e não o seu nome... É em função do cargo ou
atividade que, em geral, elas se tornam notícia”20
(MARTINS FILHO, 1990, p. 18). Ou seja,
[o] cargo ocupado pela pessoa é que define, na maioria dos casos, a importância que
ela merece no noticiário e o peso que será atribuído aos seus atos ou declarações.
Por isso, mencione sempre em primeiro lugar a qualificação e não o nome dela...
[e continua] Se a pessoa não estiver exercendo nenhum cargo de relevo no
momento, mas tiver ocupado função de destaque, identifique-a por essa atividade...
Quando necessário à melhor compreensão dos acontecimentos, lembre outros cargos
que ela eventualmente tenha ocupado (MARTINS FILHO, 1990, p. 61).
18 Por tipificação, entende-se uma conduta ou modo de fazer objetivado e rotinizado que parece natural, ao ser
recorrente, pode ser repetido por qualquer ator do tipo adequado (BERGER e LUCKMANN, 2003, p. 101). 19 Os óculos particulares por meio dos quais os jornalistas vêm os fatos noticiáveis, escreve Traquina (2005, p.
77-78), os valores-notícia são componentes da noticiabilidade. Eles agem como critérios de seleção de fatos
dignos de serem cobertos e publicados, bem como são linhas-guia ditando realces ou omissões no texto final
apresentado ao público; são regras condensadas em um corpus de conhecimento prático-profissional dos
procedimentos operativos redatoriais (GOLDING e ELLIOTT apud WOLF, 1987, p. 173-174). 20 Conforme o editor regional da TV Esplanada/Ponta Grossa, da RPC, Jeferson de Souza, o impresso analisado
segue o Manual de Redação e Estilo do Jornal O Estado de S. Paulo. Conversa telefônica em 8 de julho de 2009.
22
Adghirni (2009, p. 272) escreve que é “através do jornalismo que os políticos atingem
a notoriedade pública”. Em entrevista, um dos editores do jornal Gazeta do Povo responde,
sobre critérios de noticiabilidade, que o jornalismo “surgiu para discussões políticas,
fiscalização do poder político. Os jornais buscam noticiar os desvios das funções da política, o
que está errado e é polêmico” (ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 7). O reconhecimento
objetivo do que é noticiável permite que agentes (mais bem organizados) dos demais campos
elaborem estratégias para que se conquiste visibilidade na mídia e, assim, influenciem os
mecanismos de decisão (WEBER, 2006, p. 120-121) (NOGUEIRA, 2001, p. 92). Desta
maneira, assuntos que se conflitam no campo político ou social, por exemplo, através dos
próprios agentes, podem tomar forma midiatizável, ainda que se mantenham conceitos dos
campos de origem, conforme são esboçados nos próximos tópicos.
1.2 A PUBLICIDADE MIDIÁTICA DA POLÍTICA21
Antes de se discutir a publicidade da política na imprensa, há que se entender
conceitos de Estado, sociedade civil e espaço público. Isso porque, o Caso Carli Filho
envolve o Estado, ou melhor, um integrante da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Luiz
Fernando Ribas Carli Filho, ex-deputado pelo PSB. De outro lado estão indivíduos
pertencentes à sociedade civil – família Yared, mobilizada sobre o assunto violência no
trânsito. E o espaço que transmite estas discussões – jornal Gazeta do Povo, que ao publicizar
compõe parte da Öffentlichkeit (“publicidade”, também traduzida por “esfera pública”).
Salienta-se a mudança intencional da linha de pensamento apenas para se entender conceitos
do campo político. Segue-se por Weber (apud COHN, 1979) e Bobbio (2000b) para descrever
o Estado e a sociedade civil. Em seguida, retorna-se à linha de raciocínio com Gomes (2006)
e um conceito de publicidade. Assim, forma-se o cenário político onde se desencadeiam
relações de poder, e que o jornal é instrumento (credível) e gerador de visibilidade.
Gomes (2009, p. 105) escreve que o campo da política “orienta-se pela conquista e
exercício do poder de conduzir o Estado e de legislar sobre a coisa pública”, o que leva a
pretensão de validade particular a valor comum e vinculante socialmente. Para Weber (apud
BOBBIO, 2000b, p. 133-134), o Estado é definido como o “monopólio da força legítima”
(Herrschaft), e “somente um poder legítimo está destinado a durar no tempo e somente um
21 Política ou Poder Político “é a exclusividade de uso da força em relação a todos os grupos que agem em um
determinado contexto social, exclusividade que é o resultado de um processo que se desenvolve, em toda
sociedade organizada na direção da monopolização da posse e do uso dos meios com os quais é possível exercer
a coação física” (BOBBIO, 2000a, p. 164).
23
poder duradouro e contínuo pode constituir um Estado” (WEBER apud BOBBIO, 2000b, p.
136-137). As relações de poder (de luta e conquista) são resolvidas, em última instância, pelo
recurso da força legítima (BOBBIO, 2000b, p. 136-137). Considera-se o Poder Legal
(impessoal e ordinário)22
legítimo ao ser exercido por meio da supremacia da lei e estruturar-
se através de um aparato burocrático despersonalizado (BOBBIO, 2000b, p. 148-149). Esta
legitimidade é conferida a Luiz Fernando Ribas Carli Filho, representante de um processo
eleitoral. A esfera pública (sem público, mas escolhidos dele) institucionaliza-se no interior
do Estado, no Parlamento (importante politicamente pela eleição) (GOMES, 2009, p. 75).
A relação entre comando e obediência pode ser observada pelo aspecto externo (força
monopolizada) e pelo aspecto interno (consenso). No aspecto externo, escreve Bobbio
(2000b, p. 140), é que o poder de fato se transforma em poder de direito, próprio do Estado
sobre determinado território. O aspecto interno expressa um direito (comandar) e um dever
(obedecer), fundamento do princípio de legitimidade (BOBBIO, 2000b, p. 140-141). O
aspecto interno, em que o poder de fato se transforma em poder de direito (BOBBIO, 2000b,
p. 140), representa um contínuo relacionamento entre Estado e sociedade civil. Enquanto o
Estado é o espaço de relações de poder legítimo (de direito), a sociedade civil23
, de acordo
com Weber (apud BOBBIO, 1998, p. 1210), é o espaço onde se dão as relações de poder de
fato. Weber (apud COHN, 1979, p. 16-25) entende luta como um componente fundamental de
toda a relação social. Entre afinidades e tensões, a luta se refere ao controle das próprias
condições de existência (WEBER apud COHN, 1979, p. 17-18), a exemplo o agendamento na
imprensa da família Yared sobre um representante do Legislativo paranaense.
Voltando à discussão sobre jornalismo, ele, como qualquer outra instituição (mercado,
esfera pública) que se estrutura no século XVIII fruto da classe burguesa europeia em
antagonismo à nobreza absolutista, tem como propósito a legitimação social. Através de
textos e imagens, organiza convicções a partir do campo social que as origina, buscando
produzir legitimidade (GOMES, 2009, p. 67-68) (HABERMAS apud GOMES, 2009, p. 72)24
.
“Contra o segredo, a publicidade; contra o arbítrio, a argumentação; contra as investiduras do
direito de sangue ou do direito divino, a soberania do público; contra a clausura da decisão, a
22 Foram desconsideradas as outras duas formas weberianas de poder. 23 “Sociedade civil é representada como o terreno dos conflitos econômicos, ideológicos, sociais e religiosos que
o Estado tem a seu cargo resolver, intervindo como mediador ou suprimindo-os; como a base da qual partem as
solicitações às quais o sistema político está chamado a responder; como o campo das várias formas de
mobilização, de associação e de organização das forças sociais que impelem à conquista do poder político”
(BOBBIO, 1998, p. 1210). 24
De acordo com Habermas (apud MATTELART, 2002, p. 82) (GOMES, 2006, p. 57), a “esfera pública” ou
“espaço público” medeia a sociedade civil e o Estado (sociedade política), em um confronto racional de ideias e
opiniões (tirocínio) esclarecidas (Aufklärung).
24
esfera da discussão pública” (GOMES, 2009, p. 73). Intimamente ligado a esta ideia está o
interesse público, que é o serviço à “opinião pública”, à coisa pública, ao cidadão comum,
mantendo-se inalterada a ideia de que aquilo que for do interesse e da concernência
da cidadania25 será objeto eminente do serviço que o jornalismo presta à sociedade.
O importante é assegurar que o jornalismo não deve ser concebido como um ramo
de negócios ou de serviços industriais quaisquer, pois “comporta certas tarefas
essenciais para o mais amplo benefício da sociedade, especialmente no que respeita
à vida cultural e política” (McQUAIL apud GOMES, 2009, p. 70).
A autolegitimação do jornalismo se faz pelo ideal de interesse público, “entendido
aqui como o direito que o público tem de saber determinadas coisas do seu próprio interesse”;
já público26
refere-se à esfera civil, que precisa encontrar um canal para se fazer valer diante
do Estado e da sociedade em geral (GOMES, 2009, p. 71-72). A imprensa, modo da
manifestação de opinião de homens livres e privados, nasce polêmica em relação ao Estado e
a favor da esfera civil (GOMES, 2009, p. 73-74). “A meta é reduzir os nichos do segredo,
possivelmente sequestrando para o domínio do público aquilo que o Estado ou o campo
político gostariam de manter reservado”, mas também pretende formar uma opinião pública
(GOMES, 2009, p. 74). E Habermas (GOMES, 2006, p. 53) avança no conceito ao implicar
uma mudança estrutural nela, ao fazer uma crítica acerca da comunicação e da cultura de
massa, como uma perda de autenticidade da “esfera pública”, arena pública.
[a] publicidade política burguesa se realiza, portanto, através do comentário público,
da conversa nos espaços de sociabilidade27, da fala coletiva sobre as decisões da
esfera reservada da política e sobre o funcionamento do Estado (HABERMAS apud
GOMES, 2006, p. 53).
Ao passo que a esfera de discussão pública se reduz ao Parlamento, o jornalismo adota
o modelo empresarial, sistema industrial que provê o mercado de informação, baseado na
audiência (GOMES, 2009, p. 75-76). Ele oferece repertórios de informação a cidadãos,
o trabalho de redução das zonas de segredo da política e a exibição, nos seus fluxos informativos à disposição de todas as audiências, daquilo que o mundo da política
preferiria que fosse reservado e preservado, certamente prestam um enorme serviço
à esfera civil, no mínimo para a formação do seu voto (GOMES, 2009, p. 78).
25 Para Nogueira (2001, p. 83), cidadania tem íntima relação com direitos associados à liberdade, à participação
política e à igualdade, direitos e garantias que ainda estão a se completar. “Os processos de organização da cidadania, porém, não avançam de modo harmonioso e pacífico, mas sim através de recuos, saltos,
irregularidades, e sempre em meio a fortíssimas tensões políticas e sociais” (NOGUEIRA, 2001, p. 84). 26 “O «público», o povo, é a esfera da cidadania, daqueles que têm soberania na sociedade de direito, daqueles
que produzem a decisão que concerne à cidade (cf. Muller, 1998). É a esfera civil” (GOMES, 2009, p. 73). 27 Por espaços de sociabilidade faz-se uma relação, explica Bonavides (1997, p. 268), com a democracia
exercida de maneira direta em Atenas, no Ágora (praça pública), ainda que como “privilégio de ínfima minoria
social de homens livres [considerados cidadãos] apoiados sobre a esmagadora maioria de homens escravos”.
Essa relação entre espaço e esfera pública é feita por Ekecrantz (2006, p. 98-99), ao criticar a visão que limita a
comunicação a simples capacidade técnica. Para o autor, a imprensa molda contextos e direciona discursos.
25
O interesse público consiste em garantir que a esfera civil tenha influência na
produção de decisão política, por meio da produção e circulação de informações (GOMES,
2009, p. 79-80). Para o jornalismo, público traduz-se por audiência e converte-se em
consumidores para o mercado ou eleitores para a política (GOMES, 2009, p. 83). “A
imprensa, da mesma forma que o parlamento, tem entradas e saídas para todos os lados da
sociedade, do mercado e dos demais poderes públicos” (SILVA, 2007, p. 85). Enquanto no
campo político, a opinião pública é uma grandeza, na qual se incluem no raio de dadas
consequências os concernidos por uma matéria qualquer, a opinião publicada tem natureza
outra (GOMES, 2009, p. 95-97). A palavra Öffentlichkeit (“publicidade”) constitui uma
circunstância da vida social em que se expõem opiniões em público e ao mesmo tempo para
uma faixa extensa de cidadãos (GOMES, 2006, p. 52). A “publicidade” da opinião
socialmente predominante se vincula à exposição e disponibilidade de informações sobre a
atualidade, qualificando-se como opinião publicada (GOMES, 2009, p. 97). Gomes (2009, p.
98) escreve que os opinadores na mídia não precisam de qualquer propriedade particular
(informação ou inteligência)28
, bastando conhecer os mecanismo de produção midiática. Mais
que opinadores, são “formadores de opinião”, têm a capacidade de influenciar a opinião de
outros em face de disputas (GOMES, 2009, p. 98). Os debates ocorrem com a apresentação de
posicionamentos (o estado de saúde de Carli Filho e o clamor de “justiça” da família Yared),
seguido de discussões, réplica e tréplicas. Porém, “o debate é considerado realmente público
se ele tiver à sua disposição um volume „satisfatório‟ de audiência. Isso faz com que o debate
especializado precise, de algum modo, frequentar a mídia” (GOMES, 2009, p. 99). Para
Gomes (2009, p. 101), a opinião pública é a população (manipulada e conduzida), sem o
desejo de que entenda o debate; mas para o convencimento de uma elite social, dotada de
poder de decisão e influência, força-se um debate.
O acesso ao debate público (esfera de exibição pública) é realizado através de
estratégias de intervenção nas páginas do jornal por meio de dispositivos propagandísticos e
da fabricação de imagens (eventos) (GOMES, 2009, p. 102-103). “Antes de tudo, é preciso
„formar a opinião pública‟, leia-se, fazer com que quantidades demograficamente importantes
de públicos tenham certa opinião sobre atores, instituições, temas e questões”29
(GOMES,
2009, p. 104). O público deve adotar a opinião publicada, “selecionando-a dentre as outras
posições oferecidas no debate público”, aponta Gomes (2009, p. 104).
28 Diferente da ideia de “esfera pública”, relacionada a um debate racional (tirocínio) (GOMES, 2006, p. 55-56). 29
Jornalismo, mundo político e público se integram em nossos dias numa espécie de sistema de produção,
circulação e consumo de opinião política no interior do qual ganham sentido e possibilidade a política de opinião
e todo processo de conversão da opinião particular em opinião do público (GOMES, 2009, p. 105).
26
Jornalismo, mundo político e público se integram em nossos dias numa espécie de
sistema de produção, circulação e consumo de opinião política no interior do qual
ganham sentido e possibilidade a política de opinião e todo processo de conversão da
opinião particular em opinião do público (GOMES, 2009, p. 105).
De posse do público, vende-o como consumidor ou eleitorado (GOMES, 2009, p.
106). Lembra-se que a política de opinião procura emitir opiniões que respeitem expectativas
do público que deseja agradar; ao identificar matéria específica que um público aprovaria,
produz-se opinião em conformidade (GOMES, 2009, p. 108). Há uma diversidade de opiniões
publicadas, consequência da individualização de interesses (BOBBIO, 1997, p. 93-95), mas
que pode representar a pluralidade de agendamentos de agentes capazes de produzir
tematizações de realidade, “o que seria próprio de uma verdadeira esfera pública, sinônimo de
esfera argumentativa” (SILVA, 2007, p. 97). Adentra-se, a seguir, na discussão sobre a
visibilidade da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
1.3 A ALEP E A EXPOSIÇÃO MIDIÁTICA
A visibilidade é o fim a ser alcançado pela opinião publicada. Para Almeida de Paula
(2010, p. 4), citando Chaia & Azevedo, e Fuks & Cervi, tanto a imagem do Legislativo
nacional, quanto paranaense é geralmente negativa. A baixa visibilidade se deve a um sistema
presidencialista, em que o Executivo tem amplas possibilidades legiferantes. Em entrevista
com jornalistas da RPC sobre a cobertura política da Assembleia Legislativa do Paraná
(Alep), Almeida de Paula (2010, p. 4-6) aponta para a relação entre jornalista e personagem
político (visibilidade e informação), em um espaço que deve tender ao equilíbrio e oferecer
opiniões contraditórias, segundo os próprios entrevistados. Fuks e Cervi (apud ALMEIDA
DE PAULA, 2010, p. 11) constatam a prevalência de atores estatais na cobertura política do
jornal Gazeta do Povo. Fato que Almeida de Paula (2010, p. 11) justifica, através de
entrevistas, pelo número de parlamentares30
. Já a respeito do tratamento negativo, dentre os
três poderes, o Legislativo é o que mais se expõe ao trabalho jornalístico – que, segundo os
entrevistados, amplia-se e melhora ao preocupar-se “em revelar e divulgar os escândalos e
corrupções da esfera política” (watchdog) (ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 13).
A pergunta “jornalistas têm credibilidade junto ao público? e junto aos deputados?”
permitiu que identificássemos qual seria a base de sustentação para a autoridade jornalística. Segundo os entrevistados, a boa imagem que acreditam dispor junto ao
público é o que lhes permite desfrutar do respeito dos membros da classe política, já
que possuem um vínculo próximo, até mesmo influente, com o principal objeto de
30 A Alep possui 54 deputados estaduais (ALMANAQUE ABRIL 2009, 2009, p. 690).
27
desejo dos deputados: os cidadãos/eleitores. Entretanto, estes podem a qualquer
momento romper o tal vínculo com os jornais e telejornais se sentirem que aquilo
que precisam, a informação, não lhe satisfaz (ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 13-
14).
Há uma dependência mútua – informações que políticos dispõem e acesso pelos
jornalistas a potenciais eleitores (ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 14). O próprio nome
Gazeta do Povo, para Severo e Fausto Neto (2010, p. 3), remete a um espaço de mediação da
opinião ao povo. Por meio dos conceitos de campo (representado pelo jornal Gazeta do
Povo), credibilidade (do jornalista ou outrem, que detém o poder de fala), notoriedade (um
dos critérios de quem desempenha um dos papéis31
do fato reportado por jornalistas) e morte
(que impõe negatividade ao fato coberto, e permite o agendamento), pretende-se relacioná-los
à ideia central da pesquisa, a formação de uma opinião publicada (ou seja, o produto final das
rotinas jornalísticas) no impresso Gazeta do Povo, mediador, no campo político, do ex-
parlamentar da Alep, Luiz Fernando Ribas Carli Filho (pelo PSB), e, na sociedade civil, de
Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, mortos no acidente de trânsito de 7 de maio
de 2009. Para isso, é necessário ter em mente a disposição temporal de 22 semanas
compreendidas pela pesquisa, justificada pela hipótese do agendamento temático, na qual há a
alocação de fatos em espaços de visibilidade. A partir destas ideias, no próximo capítulo,
esboçam-se os referenciais metodológicos e analisam-se os dados da pesquisa.
31 Conceito elucidado adiante, refere-se a expectativas estereotipadas abstratas já estabilizadas em tarefas
específicas em um meio social, ou seja, uma máscara social do indivíduo (GOFFMAN, 1985, p. 27; p. 34).
28
2 O ARCABOUÇO PARA UMA OPINIÃO PUBLICADA
(…) under what circumstances do we think things
are real? (JAMES, 1950)
Os textos informativos e opinativos distribuem-se em 22 semanas de maneira a
compor uma análise temporal. O período analisado da cobertura do jornal Gazeta do Povo
sobre o Caso Carli Filho se delimita entre 8 mai. 2009 e 8 out. 200932
. Nele, estão
compreendidos de relatos e desdobramentos do acidente, a finalização do inquérito de Carli
Filho. Através desta distribuição, esmiúçam-se tabelas de frequências estruturadas em frame
(vide Categorias de Análise) e, a estes dados, aplicam-se coeficientes de testes estatísticos
baseados na hipótese da probabilidade estatística33
.
2.1 A OBJETIVAÇÃO DO PERÍODO PESQUISADO
Inicialmente, fez-se um mapeamento de 584 unidades (textos) que poderiam tratar do
Caso Carli Filho. Ao se contabilizar as unidades iniciais a partir da frequência das palavras
Carli, (ex)Deputado, (ex)Parlamentar(es), Político, Yared, Almeida, Dois e Jove(m/ns)
(Gilmar, Carlos Murilo e Carli Filho), seguindo o princípio da exaustividade, o corpus foi
enxuto em 335 unidades. Elas se distribuem em unidades de informação (52,2%) e de opinião
(47,8%), segundo a editoria pertencente.
Desde 30 de março de 2008, o jornal Gazeta do Povo circula reformulado, gráfica e
editorialmente, em comemoração aos 90 anos (ESPECIAL GAZETA DO POVO, 2008, p.1-
4). A divisão de editorias Paraná, Brasil e Política foi substituída pelos cadernos Vida e
Cidadania e Vida Pública34
. A área de opinião passou a compor as páginas 2 e 3. Nela, estão
32 O período se divide da seguinte forma: 8 a 14 mai. (1ª semana), 15 a 21 mai. (2ª semana), 22 a 28 mai. (3ª
semana), 29 mai. a 4 jun. (4ª semana), 5 a 11 jun. (5ª semana), 12 a 18 jun. (6ª semana), 19 a 25 jun. (7ª semana),
26 jun. a 2 jul. (8ª semana), 3 a 9 jul. (9ª semana), 10 a 16 jul. (10ª semana), 17 a 23 jul. (11ª semana), 24 a 30
jul. (12ª semana), 31 jul. a 6 ago. (13ª semana), 7 a 13 ago. (14ª semana), 14 a 20 ago. (15ª semana), 21 a 27 ago.
(16ª semana), 28 jul. a 3 set. (17ª semana), 4 a 10 set. (18ª semana), 11 a 17 set. (19ª semana), 18 a 24 set. (20ª
semana), 25 set. a 1º out. (21ª semana), 2 a 8 out. 2009 (22ª semana). Ele foi determinado de tal forma que o
número de meses de cobertura (5 meses) coincidisse com a divisão de semanas de sete dias (22 semanas), de
maneira exata, uma vez que há variação entre meses de 30 e 31 dias. 33 São usadas técnicas de análise de conteúdo, desenvolvidas por Bardin (2006), e rediscutidas por Stemler
(2008), Herscovitz (2007) e Fonseca Júnior (2005), para a coleta de freqüência de palavras. Por meio de
Goffman (1985) e König (2010), as palavras, selecionadas para o acompanhamento de frequência, são
estruturadas em temas, que formam frames. Usou-se também o programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) para os cálculos estatísticos das variáveis definidas (CUNHA, 2009, p. 171) (CERVI, 2010). 34 A editoria de Vida Pública, segundo caderno, trata de temas ligados aos Poderes constituídos (Executivo,
Legislativo e Judiciário), na esfera local, estadual e federal. Já a editoria Vida e Cidadania possui páginas
temáticas: Saúde (segunda-feira), Educação (terça-feira), Meio Ambiente (quarta-feira), Terceira Idade (quinta-
feira), Justiça (sexta-feira) e História (sábado) (REFORMA GRÁFICA, 2008, p.2-3).
29
editoriais, pontos de vista (artigos e colunistas), coluna do leitor e charge (REFORMA
GRÁFICA, 2008, p.2-3)35
. Respeitando-se a regra da homogeneidade (FONSECA JÚNIOR,
2005, p. 292-293), o corpus está distribuído em 175 unidades de informação nas editorias
Vida Pública (86,9%) e Vida e Cidadania (13,1%); e 160 unidades de opinião das páginas 2 e
3, em que se publicam Coluna do Leitor (96,3%), Pontos de Vista (1,9%) e Editorial (1,9%).
As unidades informativas reúnem textos informativos (171) e argumentativos (4); escritos por
jornalistas, os textos argumentativos tecem comentário sobre a forma jornalística de cobertura
ou interpretam fatos (SILVA, 1985, p. 38) do Caso Carli Filho. As unidades pesquisadas têm
origem majoritária de leitores (45,4% do total)36
. Os textos assinados por jornalistas
representam 37,3% do total. Textos informativos não assinados correspondem a 11,9%. As
unidades informativas assinadas pela redação representaram 3%. Os textos assinados por
jornalistas, não-assinados e de informação do jornal/redação podem ser reunidos na mesma
porcentagem, por se tratarem de textos informativos, perfazendo um total de 52,2%.
2.2 A VISIBILIDADE DAS UNIDADES
Ao se observar as zonas de visualização da página (SILVA, 1987, p. 46-49)37
, nota-se
que as unidades de informação, que circularam em página ímpar, prevalecem nos quadrantes
inferiores (47,8%) (baixa à média visibilidade), em relação aos quadrantes superiores (31,9%)
(média à alta visibilidade) (Tabela 1).
Quadrante – Página Ímpar em Tipo da unidade
Tipo da unidade
Total Informação Opinião
Quadrante Toda a página Frequência % 2 2,9% 0 0,0% 2 0,9%
À direita Frequência % 7 10,1% 0 0,0% 7 3,2%
À esquerda Frequência % 5 7,2% 0 0,0% 5 2,3%
Quadrantes inferiores Frequência % 33 47,8% 147 100,0% 180 83,3%
Quadrantes superiores Frequência % 22 31,9% 0 0,0% 22 10,2%
Total Frequência % 69 100,0% 147 100,0% 216 100,0%
Tabela 1. Quadrante – Página Ímpar.
35 Não há charge no período pesquisado. A primeira charge circula um ano depois do acidente. 36 A origem da unidade se distingue em: leitor (152 unidades ou 45,4%), assinado por jornalista (125 ou 37,3%),
não-assinado (40 ou 11,9%), informação da Gazeta/ Redação (10 ou 3,0%), opinião da Gazeta (4 ou 1,2%),
especialista (3 ou 0,9%), assessoria (1 ou 0,3%) e agência (0,0%) (vide Categorias de Análise). 37 As unidades, divididas em páginas par e ímpar, foram localizadas nos quadrantes: para a página par, superior à
esquerda [13] (alta visibilidade), inferior à direita [24] (média), superior [1] (média à alta), inferior [2] (baixa à
média); para a página ímpar, superior à direita [24] (alta visibilidade), inferior à esquerda [13] (média), superior
[1] (média à alta), inferior [2] (baixa à média) (SILVA, 1987, p. 47-48). A unidade que ocupou toda a página
(par ou ímpar) [1234] teve maior destaque.
30
Também há uma maior publicação no lado direito da página (10,1%) (alta
visibilidade). Estes dados descrevem área de menor visibilidade. Já as unidades de opinião de
página ímpar estão todas (100%) nos quadrantes inferiores, espaço em que se destina a
Coluna do Leitor (área de baixa à média) (Tabela 1). Considerando páginas pares, as unidades
de informação também se concentram nos quadrantes inferiores (42,5%) (baixa visibilidade),
sobre os quadrantes superiores (35,8%) (Tabela 2). Por sua vez, as unidades de opinião de
página par prevalecem nos quadrantes superiores (61,5%) (média à alta) em face dos
quadrantes inferiores (23,1%) (baixa) e do alinhamento à esquerda (15,4%) (alta).
Quadrante – Página Par em Tipo da unidade
Tipo da unidade
Total Informação Opinião
Quadrante Toda a página Frequência % 2 1,9% 0 0,0% 2 1,7%
À direita Frequência % 19 17,9% 0 0,0% 19 16,0%
À esquerda Frequência % 2 1,9% 2 15,4% 4 3,4%
Quadrantes inferiores Frequência % 45 42,5% 3 23,1% 48 40,3%
Quadrantes superiores Frequência % 38 35,8% 8 61,5% 46 38,7%
Total Frequência % 106 100,0% 13 100,0% 119 100,0%
Tabela 2. Quadrante – Página Par.
As fotografias (73 elementos) e os olhos (35)38
prevalecem como recursos para a
visibilidade. Das 111 unidades com recursos, 90,1% (100 delas) são textos de informação. As
unidades de informação também contam com 18,9% de chamadas na capa (33 unidades),
contra 8,1% para as de opinião (13). A maioria das unidades (informação e opinião) não teve
chamada (86,3%). Deste total de unidades, apenas 4,5% delas (15) tiveram chamada de capa
com fotografia ou imagem. Todas elas correspondem a unidades de informação.
Os 63 dias de cobertura com unidades analisadas (22 semanas) representaram 151
páginas standard (3,21% de um total de 4.630 páginas). Para entender qual o espaço que estas
unidades ocupam nas páginas do impresso, efetuou-se a centimetragem39
. Deste modo,
verificou-se que elas possuem grande amplitude (1.767) e se concentram em unidades
pequenas, como apontam a mediana (57,00) e a moda (23,00) (Gráfico 1)40
.
38 Circularam também 16 imagens, 11 enquetes, 8 notas de redação, 7 gráficos/estatísticas, 6 cronologias, 3
chamadas para material extra on-line (3) e 2 indicações de serviço (endereços e horários de eventos). Houve
ainda 41 propagandas e 30 informes (publicitários ou governamentais) (vide Nota 41). 39 O total da área de diagramação da página é de 1478,1 cm²; a largura da coluna, 4,6 cm; a largura da página,
29,8 cm e a altura, 49,6 cm. Para determinar as categorias de centimetragem, usou-se a Fórmula de Sturges [K=1
+ (3,32 x logN)] e se obteve o valor 9,38 (9 classes). A amplitude de classe (H = R/K) é de 188,3163. 40
A moda representa o valor da série com maior frequência. Já a mediana é o valor que indica o lugar central de
uma série de valores ordenados. A média (aritmética), por sua vez, diz respeito à somatória dos resultados
dividido pelo total do número de ocorrências. A amplitude mostra a margem de variação de valores na série. A
31
Gráfico 1. Histograma da Centimetragem.
Por não haver unidades nas classes 7 e 8 (“Grande” e “Muito Grande”), as categorias
foram agregadas por vizinhança (vide Tabela 3, em Anexo). Ainda assim, as unidades se
concentram na categoria pequena (91,34% do total). Ao relacionar a centimetragem por tipo
de unidade, nota-se que as unidades de opinião estão na categoria pequena (160 unidades ou
100%). E somente 11 delas (9,9%) circulam com algum recurso de visibilidade41
. Já as
unidades de informação, em maior parte, são pequenas (146 unidades ou 83,4%). As unidades
de informação médias representam 16% (28) e grande, 0,6% (1). Porém, 100 (57,1%) das 175
unidades possuem algum recurso (vide Nota 38). Considerando as 22 semanas, 61,6% de toda
a centimetragem das unidades analisadas se concentram nas primeiras quatro após o acidente
(vide Tabela 4). Há linha ascendente na 1ª e 2ª semanas, coincidindo as linhas de unidades de
informação e do total (Gráfico 2). Percebe-se igual coincidência a partir da 3ª semana, em que
existe linha descendente até a 6ª. São relatados acidente e desdobramentos, como estado de
saúde de Carli Filho, eventos relembrando os jovens mortos, foro por prerrogativa de função,
indícios de embriaguez ou pontuação na carteira de habilitação do ex-deputado.
Há cumes para as linhas de unidades de informação e total entre a 7ª e 11ª semanas, e a
12ª e 15ª, com porcentagens que variam de 1,2% a 6% da centimetragem total. A linha
referente às unidades de opinião tem cumes entre 1ª e 7ª semanas, e 8ª e 10ª, bem como uma
normal apresenta quanto um determinado valor se afasta da média em unidades de desvio-padrão (compreendido
como medida do grau de dispersão em relação à média em igual medida que a média). Na pesquisa, a mediana
está muito abaixo da média, o que significa que esta foi puxada artificialmente para cima pela ocorrência de
poucos casos com tamanho muito maior que o normal (CERVI, 2010). 41 As unidades de opinião contaram com: 2 notas de redação, 6 gráficos/estatísticas, 6 olhos e 4 imagens.
32
elevação nas 14ª e 15ª semanas (Tabela 4) (Gráfico 2). Neste período, reporta-se sobre
carteiras suspensas de figuras públicas, a falha do radar no local do acidente, informações
sobre o inquérito policial e o excesso de velocidade; Carli Filho também concede a primeira
entrevista ao jornal e desfilia-se do PSB. As cartas de leitor abordam o acidente e a conduta
do ex-parlamentar. Já os cumes para as linhas de unidades de informação e total entre 17ª e
19ª, e 20ª e 22ª semanas são inferiores a 1% da centimetragem total (Tabela 4) (Gráfico 2).
Neste momento, finaliza-se o inquérito policial e abre-se período para a defesa de Carli Filho;
a família Yared assiste a julgamento com caso de acidente semelhante; e as imagens do posto
de combustível próximo ao local da colisão são analisadas por peritos.
Gráfico 2. Centimetragem por Tipo de Unidades em Semanas.
Pontualmente, nota-se a tendência de queda de cobertura ao longo do tempo (Gráfico
2). A distinção feita entre a centimetragem semanal para as unidades de informação e de
opinião repousa sobre o fato de haver registro ininterrupto de centimetragem (excetuando-se a
16ª semana) para a primeira, havendo seis cumes na cobertura (Tabela 4). Já a centimetragem
registrada para as unidades de opinião, das quais as cartas de leitor representam 96,3%,
concentra-se em dois espaços delimitados: 1ª a 10ª semana, e 14ª e 15ª semanas (Tabela 4).
2.3 AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO E O FRAME
A partir dos cumes de cobertura expressos pela centimetragem, fez-se uso de técnicas
de análise de conteúdo, que se caracteriza pela inferência (“variáveis inferidas a partir de
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª 13ª 14ª 15ª 16ª 17ª 18ª 19ª 20ª 21ª 22ª
cm²
Semanas
Centimetragem por Tipo de Unidade em Semanas
Informação Opinião Total
33
variáveis de inferência ao nível da mensagem”) e a frequência (“regularidade quantitativa de
aparição”42
) (BARDIN, 2006, p. 109) 43
. Para a análise, apura-se frequências de palavra44
e de
tema45
. O tema é usado para estudar motivações de atitudes e crenças (BARDIN, 2006, p. 99).
Na pesquisa, pretende-se verificar se o tema Carli Filho, envolvido em acidente que resultou
na morte de dois jovens está presente no decorrer de 22 semanas. O tema, neste caso, será tido
como uma estrutura que representa parte da realidade (KOENIG, 2010, p. 1), a ser medido
como frequência de palavras nas unidades do corpus. O conceito de tema é relacionado ao de
frame46
, “quadro” de uma situação construída socialmente por indivíduos que desempenham
um papel47
(KÖNIG, 2010). São estruturas básicas cognitivas que guiam a percepção e a
representação da realidade48. De acordo com Koenig (2010, p. 1), os frames são adotados
inconscientemente no curso do processo de comunicação; em um nível banal, estruturam as
partes da realidade que serão percebidas. Eis o elo com o jornalismo, ao agendar a realidade,
impõe-se o que deve ser percebido por um grupo social, como que critérios de noticiabilidade.
A notoriedade de Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que cumpria papel de deputado
estadual, é tomada como pressuposto para a análise e justificada por ser um critério de
noticiabilidade do veículo (MARTINS FILHO, 1990, p. 18). A partir dela, pensam-se master
frames, como define Benford (apud KOENIG, 2010, p. 3), estruturas que se focam no
conteúdo; persuasivos, são usados em mais de uma situação [1], e possuem uma credibilidade
42 Isso porque, as palavras (e sinônimos) que mais são repetidas representam consenso (STEMLER, 2008). 43 Segundo Bardin (2006, p. 107), a análise de conteúdo é “um instrumento de diagnóstico, de modo a que se
possam levar a cabo inferências específicas ou interpretações causais sobre um dado aspecto da orientação
comportamental do locutor”. Adotada desde o séc. XVIII, teve ascensão (Segunda Guerra Mundial) e declínio
(anos 70, entre pesquisadores marxistas). “Neste caso, um dos principais argumentos era que a análise de
conteúdo, devido à sua origem positivista, não permitiria uma aproximação crítico-ideológica suficiente dos
meios de comunicação de massa. Essa colocação viria depois a ser contestada por outros autores marxistas, ao
afirmarem que o trabalho crítico não se define pelas técnicas de pesquisa utilizada” (LOZANO apud FONSECA JÚNIOR, 2005, p. 281). São expoentes: Kientz, Bardin e Krippendorff. Vide Apêndice Metodológico. 44 É “a unidade de significação a codificar e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de
base, visando a categorização e a contagem frequencial” (BARDIN, 2006, p. 98). 45 Unidade que inclui sujeito (agente), verbo (ação) e objeto (alvo da ação) (HERSCOVITZ, 2007, p. 134). Para
d‟Unrug (apud BARDIN, 2006, p. 99), “(...) uma unidade de significação complexa, de comprimento variável; a
sua validade não é de ordem linguística, mas antes de ordem psicológica: podem constituir um tema tanto uma
afirmação como uma alusão; inversamente, um tema pode ser desenvolvido em várias afirmações (ou
proposições). Enfim, qualquer fragmento pode remeter (e remete geralmente) para diversos temas (...)”. 46 Quadro, enquadramento e forma não expressam o sentido dado por Goffman (apud VELHO, 2010, p. 146). 47 Entende-se papel quando o individuo assume expectativas estereotipadas abstratas já estabilizadas em tarefas
específicas em uma “fachada”, ou seja, atua em um papel social estabelecido (uma máscara que representa a concepção formada do próprio indivíduo) (GOFFMAN, 1985, p. 27; p. 34). A fachada é a parte do desempenho
(com forma geral e fixa) individual que se mostra aos outros, que veem “o equipamento expressivo de tipo
padronizado intencional ou inconsciente empregado pelo indivíduo durante sua representação” (GOFFMAN,
1985, p. 29). Goffman (1985, p. 29) entende representação como a atividade individual contínua em um período
determinado diante de um grupo de observadores, tendo sobre eles influência. A fachada e o papel são algumas
das características da representação (GOFFMAN, 1985, p. 65). 48
Goffman (apud KOENIG, 2010, p. 1) assim caracterizou frame inicialmente, “I assume that definitions of a
situation are built up in accordance with principals of organization which govern events (…) and our subjective
involvement in them; frame is the word I use to refer to such of these basic elements as I am able to identify”.
34
“superior” pela possível comprovação empírica [2]. Koenig (2010, p. 3) explica que a
metodologia consiste na escolha de palavras-chave ou frases-chave de partes de frames
latentes em textos. Pelo fato do político Carli Filho ter-se envolvido em um acidente que
provocou mortes, pressupõe-se que as palavras acidente, colisão, morte, crime e justiça farão
parte da cobertura jornalística, reiterando-se no decorrer de 22 semanas. Para a escolha,
Koenig (2010, p. 3-4) indica o mapeamento de palavras ou frases mais frequentes no corpus49
.
Como master frames (vide Categorias de Análise), e a partir do critério de
noticiabilidade notoriedade, definiram-se Carli Filho [1], Jovens Mortos [2], Credibilidade [3]
e Acidente [4]. O master frame Carli Filho [1] se distinguiu em dois frames: Notoriedade
(referência ao cargo ocupado) e Carli Filho (citação simples do nome). O frame Notoriedade é
formado pela reunião das frequências das palavras (ex)deputado(s), (ex)parlamentar(es) e
político50
. Para se estruturar o master frame Jovens Mortos [2]51
, formou-se o frame de
mesmo nome com as frequências das palavras Yared (Gilmar Rafael), Almeida (Carlos
Murilo), Jove(m/ns) (ambos ou apenas um deles) e Dois52
. Já o master frame Credibilidade
[3]53
, com frame de igual nome, relaciona a frequência das palavras Gazeta do Povo no
interior do texto analisado (“entrevista concedida à Gazeta do Povo” ou “a Gazeta do Povo
apurou”). Por fim, o master frame Acidente [4], que pode impor negatividade à cobertura
pesquisada (TRAQUINA, 2005, p. 61-101), abarca os frames Morte, Álcool e Direção54
. O
frame Morte reúne as citações Acidente, Colisão, Mor(te/tos/rer), Crime, (in)Justiça,
Inquérito, 584444-2 (número do inquérito) e Mossunguê (local do acidente). Em Álcool,
verificam-se as frequências de 7,8 (decigramas de álcool no sangue), Embriag(uez/ado),
Álcool(izado) e Bêbado. E o frame Direção é formado pela reiteração das palavras
Velocidade, Direção, 190 (km/h) e Racha. Apresentados os frames, neles, realizou-se estudo
de correlação para embasar uma possível análise, como se expressa no próximo tópico.
2.4 A CORRELAÇÃO ENTRE OS FRAMES
A partir dos frames estabelecidos para a pesquisa, aplicaram-se o coeficiente de
correlação linear de Pearson e o cálculo de grau de significância (coeficiente de Pearson em
49 Uma maior frequência pode significar uma palavra-chave; e ao encontrá-la, sinônimos dela podem ser
procurados (KOENIG, 2010, p. 5). 50 O frame Origem constituído pelas palavras Guarapuava e PSB, embora contabilizado, foi excluído por não
contemplar o foco da pesquisa (vide Categorias de Análise). Já o frame Visibilidade 1 teve menos de 40 citações. 51 O frame Advogado Assad (família Yared) e o frame Visibilidade 2 foram excluídos pela baixa frequência. 52 Justifica-se pela palavra formar tais expressões: dois jovens, dois ocupantes, dois rapazes, entre outras. 53
O frame Visibilidade 3 foi excluído por baixa visibilidade. Também não é possível estabelecer relação entre a
Campanha RPC Trânsito ou morte, organizada pelo veículo, e a cobertura do Caso Carli Filho. 54 Excluiu-se o frame Multa por ter Grau de Significância superior a 0,01 em relação aos outros frames.
35
função do número de unidades)55
. De maneira a se rejeitar uma possível correlação espúria,
utilizou-se também o coeficiente de determinação e o coeficiente de alienação56
.
A tabela 5 traz os coeficientes da correlação linear de Pearson57
entre frame
Notoriedade, e frames Morte, Direção, Multa, Álcool e Gazeta do Povo. O coeficiente de
correlação entre o frame Notoriedade e Morte é de 0,715, tendo coeficiente de determinação
de 51,12% e de alienação, 48,88%. O grau de significância fica abaixo do limite crítico. O
coeficiente de correlação para o frame Direção (em relação ao frame Notoriedade) é de 0,459,
também abaixo de 0,01 de significância, e tem o coeficiente de determinação de 21,07% e o
coeficiente de alienação de 78,93%. O coeficiente de correlação linear para o frame Álcool é
de 0,452 e o grau de significância é semelhante aos anteriores; já o coeficiente de
determinação corresponde a 20,43% e tem um coeficiente de alienação de 79,57% (Tabela 5).
Coeficiente de Correlação Linear de Pearson – Frame Notoriedade
Frame
NOTORIEDADE
Coeficiente de
Determinação
Coeficiente de
Alienação
Frame MORTE Correlação de Pearson 0,715* 51,12% 48,88%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 226
Frame DIREÇÃO Correlação de Pearson 0,459* 21,07% 78,93%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 107
Frame MULTA Correlação de Pearson 0,299 8,94% 91,06%
Grau de significância 0,021
Número de unidades 59
Frame ÁLCOOL Correlação de Pearson 0,452* 20,43% 79,57%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 85
Frame GAZETA
DO POVO
Correlação de Pearson 0,231 5,34% 94,66%
Grau de significância 0,035
Número de unidades 83
* A Correlação é significante em nível 0,01.
Tabela 5. Coeficiente de correlação linear de Pearson – frame Notoriedade.
55 O grau de significância indica a partir de quais valores é possível se rejeitar a hipótese nula (para correlação).
Estabelece como válida a correlação que está abaixo do nível 0,05. Para a pesquisa, adotou-se o nível 0,01. 56 Indicados em porcentagem, o coeficiente de determinação se refere à proporção da variabilidade de uma
variável dependente, explicada pela variabilidade de uma variável independente; sendo o oposto (a não
explicação), o coeficiente de alienação (CERVI, 2010). 57 Ele resulta em um valor compreendido entre -1 e +1 (CERVI, 2010). Quanto mais próximo o valor se
aproximar de um – positivo ou negativo –, maior será a correlação. O coeficiente com valor negativo indica
correlação com direção oposta, já positivo significa correlação na mesma direção. A forma mais comum de
interpretação do coeficiente de correlação linear de Pearson estabelece correlação (positiva ou negativa) perfeita
para r=1; muito alta, para 0,80 < r < 1; alta, para 0,60 < r < 0,80; moderada, para 0,40 < r < 0,60; baixa, para 0,20
< r < 0,40; muito baixa, para 0,00 < r < 0,20; e nula, para r=0 (CERVI, 2010).
36
A existência de relação entre os frames Notoriedade, e Morte, Direção e Álcool
permite que se explore a existência de predições – Regressão linear simples (quanto maior a
correlação, maior será a predição) –, ou seja, a estimativa de valores para a variável
dependente, considerando a variável independente (CERVI, 2010)58
. O procedimento sobre os
frames Notoriedade e Morte aponta B de 0,97459
; valor relacionado, neste caso, a um alto
grau de significância (0,000) (Tabela 6). A estatística t reforça a validade da dependência
(15,286), acima do valor crítico aproximado três (CERVI, 2010).
Regressão linear simples
a – frame Notoriedade sobre o frame Morte
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,408 0,323 4,359 0,000
Frame NOTORIEDADE 0,974 0,064 0,715 15,286 0,000 a Variável Dependente: Frame MORTE
Tabela 6. Regressão linear simples – frames Notoriedade e Morte.
O diagrama de dispersão apresenta, por meio da nuvem de pontos, uma correlação
positiva (predição), reforçada pela linha do coeficiente de determinação (0,511) (Gráfico 3).
Gráfico 3. Diagrama de Dispersão60 – frames Notoriedade e Morte.
A regressão linear simples dos frames Notoriedade e Direção apresenta B de 0,176 e
significância, de 0,000. A estatística t é de 5,289, acima do valor crítico três (Tabela 7).
58 A predição é representada por uma linha reta sobre a nuvem de pontos do diagrama de dispersão e tem como
objetivo prever valores de uma variável em relação a outra; a linha sintetiza a nuvem de pontos (CERVI, 2010). 59 Quanto a variação da variável independente gera de mudança na variável dependente. 60 Fez-se o diagrama de dispersão para as correlações com maior grau de significância e no foco da pesquisa.
37
Regressão linear simplesa – frame Notoriedade sobre o frame Direção
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,251 0,214 5,843 0,000
Frame NOTORIEDADE 0,176 0,033 0,459 5,289 0,000 a Variável Dependente: Frame DIREÇÃO
Tabela 7. Regressão linear simples – frames Notoriedade e Direção.
Para os frames Notoriedade e Álcool, a regressão linear simples tem B de 0,353,
significância de 0,000, e estatística t de 4,615 (Tabela 8).
Regressão linear simplesa – frame Notoriedade sobre o frame Álcool
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,117 0,504 2,219 0,029
Frame NOTORIEDADE 0,353 0,076 0,452 4,615 0,000
a Variável Dependente61: Frame ÁLCOOL
Tabela 8. Regressão linear simples – frames Notoriedade e Álcool.
O coeficiente de correlação linear de Pearson entre o frame Carli Filho e Morte é de
0,665, tendo coeficiente de determinação de 44,22% e de alienação de 55,78% (Tabela 9).
Coeficiente de Correlação Linear de Pearson – Frame Carli Filho
Frame CARLI FILHO
Coeficiente de Determinação
Coeficiente de Alienação
Frame MORTE Correlação de Pearson 0,665* 44,22% 55,78%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 211
Frame DIREÇÃO Correlação de Pearson 0,218 4,75% 95,25%
Grau de significância 0,032
Número de unidades 97
Frame MULTA Correlação de Pearson 0,190 3,61% 96,39%
Grau de significância 0,182
Número de unidades 51
Frame ÁLCOOL Correlação de Pearson 0,323* 10,43% 89,57%
Grau de significância 0,004
Número de unidades 78
Frame GAZETA
DO POVO
Correlação de Pearson 0,419* 17,56% 82,44%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 76
* A Correlação é significante em nível 0,01.
Tabela 9. Coeficiente de correlação linear de Pearson – frame Carli Filho.
61 A variável independente (X) é o fator explicativo para a variável dependente (Y), que pretende ser explicada.
38
O grau de significância está abaixo do limite crítico. Embora o coeficiente de
determinação corresponda a 10,43% e tenha um coeficiente de alienação de 89,57%, o frame
Álcool em relação ao frame Carli Filho tem coeficiente de correlação de 0,323 e significância
de 0,004 (Tabela 9). A regressão linear simples sobre os frames Carli Filho e Morte tem B de
0,934, alto grau de significância (0,000) e estatística t de 12,873 (Tabela 10).
Regressão linear simplesa – frame Carli Filho sobre o frame Morte
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,664 0,362 4,591 0,000
Frame CARLI FILHO 0,934 0,073 0,665 12,873 0,000
a Variável Dependente: Frame MORTE
Tabela 10. Regressão linear simples – frames Carli Filho e Morte.
Com o diagrama de dispersão entre os frames Carli Filho e Morte, nota-se semelhante
correlação positiva como a que ocorre entre os frames Notoriedade e Morte (Gráfico 4). Por
meio do coeficiente de determinação (0,442), estabelece-se linha que representa proporção da
variabilidade da variável contínua dependente frame Morte predeterminada pela variável
contínua independente frame Carli Filho.
Gráfico 4. Diagrama de Dispersão – frames Carli Filho e Morte.
A regressão linear simples entre os frames Carli Filho e Álcool possui estatística t de
2,971 e aponta que a validade da relação de regressão está muito próxima do valor crítico (3)
(Tabela 11), por isso, foi desconsiderada para a análise.
39
Regressão linear simplesa – frame Carli Filho sobre o frame Álcool
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
T Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,621 0,606 2,672 0,009
Frame CARLI FILHO 0,274 0,092 0,323 2,971 0,004 a Variável Dependente: Frame ÁLCOOL
Tabela 11. Regressão linear simples – frames Carli Filho e Álcool.
Já a regressão linear simples entre os frames Carli Filho e Gazeta do Povo possui B de
0,419 e significância, de 0,000. A estatística t é de 3,971 (Tabela 12).
Regressão linear simplesa – frame Carli Filho sobre o frame Gazeta do Povo (texto analisado)
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 0,980 0,055 17,860 0,000
Frame CARLI FILHO 0,036 0,009 0,419 3,971 0,000
a Variável Dependente: Frame GAZETA DO POVO (texto analisado)
Tabela 12. Regressão linear simples – frames Carli Filho e Gazeta do Povo.
Ao considerar o coeficiente de correlação linear para frame Jovens Mortos,
expressam-se as correlações entre Jovens Mortos e Morte (0,638), e Jovens Mortos e Direção
(0,310) (Tabela 13). O grau de significância é de 0,000 e 0,006, respectivamente.
Coeficiente de Correlação Linear de Pearson – Frame Jovens Mortos
Frame JOVENS
MORTOS
Coeficiente de
Determinação
Coeficiente de
Alienação
Frame MORTE Correlação de Pearson 0,638* 40,70% 59,30%
Grau de significância 0,000
Número de unidades 138
Frame DIREÇÃO Correlação de Pearson 0,310* 9,61% 90,39%
Grau de significância 0,006
Número de unidades 78
Frame MULTA Correlação de Pearson 0,009 0,01% 99,99%
Grau de significância 0,958
Número de unidades 40
Frame ÁLCOOL Correlação de Pearson -0,046 0,21% 99,79%
Grau de significância 0,729
Número de unidades 60
Frame GAZETA
DO POVO
Correlação de Pearson 0,095 0,21% 99,79%
Grau de significância 0,544
Número de unidades 43
* A Correlação é significante em nível 0,01.
Tabela 13. Coeficiente de correlação linear de Pearson – frame Jovens Mortos.
40
A regressão linear simples entre os frames Jovens Mortos e Morte apresenta B de
1,428 e significância, de 0,001. A estatística t é significativa, com valor de 9,666 (Tabela 14).
Regressão linear simplesa – frame Jovens Mortos sobre o frame Morte
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 2,049 0,598 3,426 0,001
JOVENS MORTOS 1,428 0,148 0,638 9,666 0,000
a Variável Dependente: Frame MORTE
Tabela 14. Regressão linear simples – frames Jovens Mortos e Morte.
O diagrama de dispersão (nuvem de pontos) aponta correlação positiva entre Jovens
Mortos e Morte; simplificada na linha do coeficiente de determinação (0,407) (Gráfico 5).
Gráfico 5. Diagrama de Dispersão – frames Jovens Mortos e Morte.
Não há regressão linear entre os frames Jovens Mortos e Direção, pois o valor t é
inferior a três (2,839). O coeficiente B é 0,269 e a significância, 0,006. (Tabela 15).
Regressão linear simplesa – frame Jovens Mortos sobre o frame Direção
Coeficientes Não-Padronizados Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 1,370 0,372 3,684 0,000
Frame JOVENS MORTOS 0,269 0,095 0,310 2,839 0,006 a Variável Dependente: Frame DIREÇÃO
Tabela 15. Regressão linear simples – frames Jovens Mortos e Direção.
Antes de seguir para análise final, efetuou-se o cruzamento entre os frames (Tabela
16) Notoriedade, Carli Filho e Jovens Mortos; e os frames de Cobertura (Tabela 20).
41
Coeficiente de Correlação Linear de Pearson – Papéis Cruzados
Frame
NOTORIEDADE
Frame CARLI
FILHO
Frame JOVENS
MORTOS
Frame
NOTORIEDADE
Correlação de Pearson 1 0,736* 0,442*
Grau de significância 0,000 0,000
Número de unidades 294 246 134
Frame CARLI
FILHO
Correlação de Pearson 0,736* 1 0,409*
Grau de significância 0,000 0,000
Número de unidades 246 264 128
Frame JOVENS
MORTOS
Correlação de Pearson 0,442* 0,409* 1
Grau de significância 0,000 0,000
Número de unidades 134 128 145
* A Correlação é significante em nível 0,01.
Tabela 16. Coeficiente de correlação linear de Pearson – Papéis Cruzados.
Obteve-se como resultado significante relações entre os frames Notoriedade e Carli
Filho (correlação de 0,736), Notoriedade e Jovens Mortos (0,442), e Carli Filho e Jovens
Mortos (0,409) (Tabela 16). A regressão linear entre os frames Carli Filho e Notoriedade tem
significância de 0,000, B de 0,777, e a maior validação pela estatística t, 16,999 (Tabela 17).
Regressão linear simplesa – frame Carli Filho sobre o frame Notoriedade
Coeficientes Não-Padronizados
Coeficientes Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 0,911 0,215 4,231 0,000
Frame CARLI FILHO 0,777 0,046 0,736 16,999 0,000
a Variável Dependente: Frame NOTORIEDADE
Tabela 17. Regressão linear simples – frames Carli Filho e Notoriedade.
Para os frames Jovens Mortos e Carli Filho, a regressão linear simples tem B de
0,679, significância de 0,000 e A estatística t de 5,034 (Tabela 18).
Regressão linear simplesa – frame Jovens Mortos sobre o frame Carli Filho
Coeficientes Não-
Padronizados
Coeficientes
Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 2,462 0,554 4,441 0,000
Frame JOVENS MORTOS 0,679 0,135 0,409 5,034 0,000 a Variável Dependente: Frame CARLI FILHO
Tabela 18. Regressão linear simples – frames Jovens Mortos e Carli Filho.
O coeficiente B para a relação entre os frames Jovens Mortos e Notoriedade é de 0,740
e a significância é de 0,000 (Tabela 19). O valor t é de 5,662.
42
Regressão linear simplesa – frame Jovens Mortos sobre o frame Notoriedade
Coeficientes Não-
Padronizados
Coeficientes
Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 2,372 0,534 4,442 0,000
Frame JOVENS MORTOS 0,740 0,131 0,442 5,662 0,000
a Variável Dependente: Frame NOTORIEDADE
Tabela 19. Regressão linear simples – frames Jovens Mortos e Notoriedade.
Ao aplicar o coeficiente de correlação linear para os frames de Cobertura, obtém-se a
relação entre Morte e Direção (coeficiente de 0,562); e Morte e Álcool (0,312) (Tabela 20). O
grau de significância é de 0,000 e 0,003, respectivamente.
Coeficiente de Correlação Linear de Pearson – Frames de Cobertura
Frame GAZETA
DO POVO
Frame
MORTE
Frame
DIREÇÃO
Frame
MULTA
Frame
ÁLCOOL
Frame GAZETA
DO POVO
Correlação de Pearson 1 0,218 0,050 0,100 -0,091
Grau de significância 0,079 0,774 0,656 0,671
Número de unidades 90 66 35 22 24
Frame MORTE Correlação de Pearson 0,218 1 0,562* 0,125 0,312*
Grau de significância 0,079 0,000 0,396 0,003
Número de unidades 66 258 103 48 87
Frame DIREÇÃO Correlação de Pearson 0,050 0,562* 1 0,017 0,233
Grau de significância 0,774 0,000 0,921 0,068
Número de unidades 35 103 117 36 62
Frame MULTA Correlação de Pearson 0,100 0,125 0,017 1 0,173
Grau de significância 0,656 0,396 0,921 0,361
Número de unidades 22 48 36 60 30
Frame ÁLCOOL Correlação de Pearson -0,091 0,312* 0,233 0,173 1
Grau de significância 0,671 0,003 0,068 0,361
Número de unidades 24 87 62 30 92
* A Correlação é significante em nível 0,01.
Tabela 20. Coeficiente de correlação linear de Pearson – Frames de Cobertura e Gazeta do Povo.
A regressão linear simples para os frames Morte e Direção gera como coeficiente B o
valor de 0,166 e significância de 0,000 (Tabela 21). A estatística t é de 6,829.
Regressão linear simplesa – frame Morte sobre o frame Direção
Coeficientes Não-
Padronizados
Coeficientes
Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 0,952 0,217 4,378 0,000
Frame MORTE 0,166 0,024 0,562 6,829 0,000
a Variável Dependente: Frame DIREÇÃO.
Tabela 21. Regressão linear simples – frames Morte e Direção.
43
O valor t para os frames Morte e Álcool está um pouco acima do valor crítico, é de
3,028. O coeficiente B para a relação é de 0,493 e a significância é de 0,003 (Tabela 22).
Regressão linear simplesa – frame Morte sobre o frame Álcool
Coeficientes Não-
Padronizados
Coeficientes
Padronizados
t Significância B Erro Padrão Beta
1 (Constante) 5,263 0,746 7,054 0,000
Frame MORTE 0,493 0,163 0,312 3,028 0,003
a Variável Dependente: Frame ÁLCOOL.
Tabela 22. Regressão linear simples – frames Morte e Álcool.
Através da aplicação da regressão linear simples, selecionaram-se as relações entre
frames com estatística t significativa, bem como (para se comprovar ou não regularidade)
uma mesma correlação de frame de cobertura com os frames de papéis: Notoriedade e Morte
(15,286); Carli Filho e Morte (12,873); e Jovens Mortos e Morte (9,666). Lembra-se da
existência de forte relação de validade entre os frames Notoriedade e Carli Filho, com
estatística t de 16,999; e da relação entre Morte e Direção, com o valor t de 6,829. Destaca-se
ainda que pelo gráfico 2 apresenta-se a tendência de forte queda na cobertura jornalística do
impresso Gazeta do Povo sobre o caso Carli Filho no decorrer das 22 semanas pesquisadas,
assim como, pelo quadrante, aponta-se a prevalência das 335 unidades de baixa a média
visibilidade tanto em páginas pares, quanto ímpares, e na categoria agregada (de
centimetragem) pequena (91,34% do total) (vide Tabela 3). Tomando nota destas
informações, segue-se para a análise temporal da cobertura analisada.
2.5 A ANÁLISE TEMPORAL DAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO E OPINIÃO
Para efetuar a análise temporal, transformaram-se as variáveis contínuas dos frames
Notoriedade62
, Carli Filho63
, Jovens Mortos64
e Morte65
em categóricas. O frame Direção66
62 A variável contínua frame Notoriedade tem amplitude 20, com valor mínimo 1 e máximo 21; compõe-se por
294 unidades. Por meio da Fórmula de Sturges, obteve-se K=9,1949 e H=2,1751. Reuniram-se por vizinhança as
9 categorias em quatro grupos: sem citação (41 unidades); 1 a 7 (257); 8 a 13 (34); e 14 a 21 (3). 63 A variável contínua frame Carli Filho, formada por 264 unidades, possui amplitude 19, valor mínimo 1 e
máximo 20. Tem-se K=9,0397 e H=2,1018 através da Fórmula de Sturges. As 9 categorias foram reunidas por
vizinhança em quatro grupos: sem citação (71 unidades); 1 a 6 (230); 7 a 13 (28); e 14 a 20 (6). 64 A variável contínua frame Jovens Mortos apresenta amplitude 17, valor mínimo 1 e máximo 18. É formada
por 145 unidades. Com a Fórmula de Sturges, tem-se K=8,1757 e H=2,0793. Agruparam-se por vizinhança as 8
categorias em quatro grupos: sem citação (190 unidades); 1 a 6 (132); 7 a 12 (12); e 13 a 18 (1). 65
A variável contínua frame Morte – de amplitude 24, valor mínimo 1 e máximo 25 – é composta por 258
unidades. A Fórmula de Sturges gera K=9,0066 e H=2,6647. As 9 categorias foram dispostas em quatro grupos
por vizinhança: sem citação (77 unidades); 1 a 8 (209); 9 a 16 (41); e 17 a 25 (8).
44
passou a ser constituído por variável dicotômica construída (sem citação, e 1 a 8 citações).
Antes da análise das 22 semanas, demonstra-se que a correlação de 73,5% do total de
unidades entre os frames Notoriedade e Carli Filho prevalece com baixa citação (Tabela 23).
Cruzamento entre os frames NOTORIEDADE e CARLI FILHO (em Categorias)
Frame CARLI FILHO em Categorias
Total sem citação 1 a 6 citações 7 a 13 citações 14 a 20 citações
Frame NOTORIEDADE em Categorias
sem citação 23 6,9% 18 5,4% 0 0,0% 0 0,0% 41 12,2%
1 a 7 citações 48 14,3% 200 59,7% 7 2,1% 2 0,6% 257 76,7%
8 a 13 citações 0 0,0% 12 3,6% 18 5,4% 4 1,2% 34 10,1%
14 a 21 citações 0 0,0% 0 0,0% 3 0,9% 0 0,0% 3 0,9%
Total 71 21,2% 230 68,7% 28 8,4% 6 1,8% 335 100,0%
Tabela 23. Cruzamento entre os frames NOTORIEDADE e CARLI FILHO (em Categorias).
A correlação corresponde a 59,7% do total geral das unidades, que possuem de 1 a 6
citações do frame Carli Filho e de 1 a 7 citações do frame Notoriedade (Tabela 23). Destaca-
se ainda que 5,4% do total de unidades (ou 18) apresentam de 8 a 13 citações de Notoriedade
e de 7 a 13 citações de Carli Filho. Por meio destes dados, fortalece-se a frequência textual
entre os frames Notoriedade e Carli Filho, e, assim, o critério de noticiabilidade notoriedade.
Durante as 22 semanas, circulam 89 unidades (26,57% do total) abordando, de
maneira correlacionada, os frames Notoriedade e Morte (em categorias) (Tabela 24). Delas,
60 são unidades de informação e 29, de opinião. Não existem unidades na categoria “17 a 25
citações” do frame Morte. O frame Notoriedade é o único a se relacionar com todos os outros
frames – Carli Filho (estatística t de 16,999), Jovens Mortos (5,662), Direção (5,289), Álcool
(4,615), além de Morte (15,286) –, excetuando Credibilidade. Ao explorar a correlação entre
os frames Notoriedade e Morte, nota-se que predominam citações nas unidades de
informação em ambas categorias de menor frequência (de “1 a 7”, e “1 a 8”,
respectivamente); elas estão distribuídas com regularidade durante as 22 semanas (Tabela 24).
A quantidade de frequência das unidades de informação dos dois frames oscila nas três
categorias de Morte (bem como em pelo menos duas de Notoriedade) nas primeiras cinco
semanas, bem como, de maneira pontual, na 14ª semana. Já as unidades de opinião
predominam na categoria de “1 a 8 citações” do frame Morte, sendo todas elas pertencentes à
categoria de “1 a 7 citações” do frame Notoriedade (Tabela 24). Intercaladas por espaços sem
registro de frequência, as citações se concentram entre 1ª e 10ª semanas, e 14ª e 15ª (face à
presença contínua de frequências nas unidades de informação no decorrer do período de
66 Não é possível aplicar a Fórmula de Sturges para o frame Direção (K=7,8664). O frame possui 117 unidades,
amplitude 7, valor mínimo 1 e máximo 8.
45
pesquisa). As primeiras três semanas após o acidente e a 9ª e 10ª semana reúnem a maior
quantidade de unidades de opinião (19 delas). Nestas duas últimas semanas, são reportadas a
primeira entrevista de Carli Filho no impresso (em 7 de julho, há dois meses do acidente)
(PRECISO ENTENDER, 2009, p. 16); o político se desfilia do PSB; e espalham-se outdoors
em Guarapuava/Pr., a cidade de origem, em favor do jovem não mais hospitalizado.
Já ao correlacionar os frames Carli Filho e Morte (em categorias), obtêm-se 93
unidades (27,86% do total). Circulam 67 unidades de informação e 26 de opinião (que não
registra casos nas categorias “9 a 16 citações” e “17 a 25 citações” do frame Morte) (Tabela
25). Assim como ocorreu na correlação anterior, há uma maior distribuição das citações pelas
três categorias do frame Morte na 1ª e 2ª, e 7ª, 9ª e 14ª semanas (Tabela 25). Na 2ª, 3ª, 9ª, 14ª,
18ª e 21ª semanas, categoria de “1 a 8 citações” (Morte), ocorre frequência em duas das
categorias do frame Carli Filho. Já na 4ª, 9ª e 20ª semanas, existem entre 9 e 16 citações de
Morte em mais de uma categoria do frame Carli Filho. Cabe lembrar a existência de
correlação entre este frame e Credibilidade (estatística t de 3,971). O frame Carli Filho
também se relaciona com Jovens Mortos (estatística t de 5,034). Sobre as unidades de
opinião, observa-se a existência regular de casos até a 15ª semana67
, ainda que da categoria de
baixas citações de ambos frames, diferente do que acontece na primeira correlação (Tabela
25). Ou seja, o nome Carli Filho é citado nas cartas de leitor, nos artigos de opinião ou de
colunistas e nos editoriais, e mais, relacionado com a ideia (frame) de morte.
São 68 unidades ou 20,30% do que total, que expressam correlação entre os frames
Jovens Mortos e Morte, predominantes na categoria de “1 a 8 citações” (Morte) (Tabela 26).
O frame Jovens Mortos também se correlaciona com Notoriedade (estatística t de 5,662) e
Carli Filho (5,034). Há interrupções na frequência entre 11ª e 13ª semanas, 15ª e 16ª, e na 19ª.
Do total, 56 são as unidades de informação, que possuem ocorrência, ininterrupta, da 1ª a 10ª
semana (categoria de “1 a 8 citações” de Morte) e, pontual, na 10ª, 14ª, 17ª e 18ª, e da 20ª a
22ª (categoria de “9 a 16”, em Morte) (Tabela 26). Há, ainda, variação nas três categorias do
frame Morte na 1ª e 2ª semanas; assim também ocorre na 7ª, 9ª e 14ª. As 12 unidades de
opinião existentes estão dispostas da 1ª a 5ª semana, categorias de “1 a 6” e “9 a 16” citações
de Morte, e de 8ª a 10ª, na de menor categoria (Tabela 26). A frequência de citações coincide,
de maneira geral, com a que acontece nas demais correlações feitas, em momentos
semelhantes, atrelando ao frame Morte também os jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos
Murilo de Almeida, através de pronunciamentos da família Yared ou eventos produzidos por
ela para rememorar o acidente, por exemplo, como aponta a hipótese do agendamento.
67 Aponta-se que não há frequência em unidades de opinião na 13ª semana.
46
Cruzamento entre os frames MORTE (em Categorias) e DIREÇÃO (Variável Dicotômica)
Frame DIREÇÃO Variável Dicotômica
Total sem citação 1 a 8 citações
Frame MORTE Categorias sem citação 63 18,8% 14 4,2% 77 23,0%
1 a 8 citações 144 43,0% 65 19,4% 209 62,4%
9 a 16 citações 10 3,0% 31 9,3% 41 12,2%
17 a 25 citações 1 0,3% 7 2,1% 8 2,4%
Total 218 65,1% 117 34,9% 335 100,0%
Tabela 27. Cruzamento entre os frames MORTE (em Categorias) e DIREÇÃO (Variável Dicotômica).
Ressalta-se que 30,8% (ou 103) do total de unidades pesquisadas correlacionam os
frames Direção e Morte, prevalecendo as baixas frequências (de 1 a 8 citações ou 19,4%)
(Tabela 27). Além do frame Morte se relacionar com os representantes de papéis (Carli Filho,
Notoriedade e Jovens Mortos), há relação com o conteúdo abordado, que se refere a eles,
indiretamente. Infere-se, assim, reforço à cobertura negativa em torno do jovem político e dos
outros dois envolvidos no acidente de 7 de maio de 2009, formando uma opinião publicada.
Gráfico 6. Análise Temporal dos frames Notoriedade e Morte.
47
Através do gráfico 6, que estabelece relação entre Notoriedade e Morte em semanas e
distingue em tipo de unidade, reitera-se que a cobertura jornalística cai ao longo do tempo, no
entanto permanece a frequência relacionada dos frames até a última semana, ou seja, quando
há citações ao critério de noticiabilidade notoriedade também há citação do critério morte, de
maneira expressiva, uma vez que também se acompanha a centimetragem. Considera-se,
contudo, que para ambas unidades (de informação e opinião), prevalece a baixa frequência (de
1 a 8 citações), ocorrendo uma pluralidade de categorias de citações da 1ª a 9ª semana.
Gráfico 7. Análise Temporal dos frames Carli Filho e Morte.
O gráfico 7 também apresenta aspectos semelhantes, entretanto a relação se dá entre os
frames Carli Filho e Morte. Os gráficos 6 e 7 demonstram também que há uma pluralidade de
categorias de citação na 14ª semana, quando se reporta a respeito da finalização do inquérito
policial do caso Carli Filho. Em ambos os gráficos (6 e 7), percebe-se respeito aos cumes da
centimetragem no decorrer do tempo (Gráfico 2), apontando para uma cobertura factual.
48
Gráfico 8. Análise Temporal dos frames Jovens Mortos e Morte.
O gráfico 8 demonstra o aparecimento da frequência dos frames relacionados Jovens
Mortos e Morte no decorrer das 22 semanas. Não há citação nas semanas 11ª a 13ª, 15ª e 16ª,
e 19ª. Assim como nos gráficos anteriores, a maior incidência se concentra até a 9ª semana,
embora haja frequência até o final do período analisado (unidades de informação).
Gráfico 9. Análise Temporal dos frames Morte e Direção.
49
Importante a consideração anterior, para demonstrar a correlação existente entre os
frames Jovens Mortos e Morte durante o período de agendamento do tema no veículo
analisado. Por fim, o gráfico 9 aponta para a relação entre os frames Morte e Direção, que
também apresenta frequência em todo o espaço temporal analisado (unidades de informação).
Assim como nos demais gráficos, há pluralidade de categorias de citações até a 9ª semana e
na 14ª e as frequências baixas (de 1 a 8 citações) predominam (Gráfico 9). O ponto em
comum entre os quatro gráficos, que correlacionam frames, está no fato de a frequência
relacionada deles permanecer do início ao final do período de análise, com frequência baixa,
seguindo pelos mesmos dados do gráfico de centimetragem no decorrer do período
pesquisado (Gráfico 2). Ao mesmo tempo em que estes dados apontam para um agendamento
factual do caso Carli Filho, leva-se à fundamentação de uma opinião publicada em um
campo, conforme Bourdieu (2004, p. 179), de disputa por visibilidade, já que o poder
simbólico está em construir coisas com palavras; este é “o exercício do poder [no jornalismo]
sobre a interpretação da realidade” (TRAQUINA, 2005, p. 197-202).
Dada a constatação, faz-se a inferência central de que há relação entre a hipótese de
pesquisa de que existe a reiteração do tema Carli Filho, (ex)parlamentar que esteve envolvido
na morte de dois jovens no bairro Mossunguê em Curitiba (respeitando variações), ao longo
das 22 semanas pesquisadas, construindo assim uma opinião publicada no impresso Gazeta
do Povo (mesmo que a única charge que circula aproximadamente um ano após o acidente
permita aprofundar a afirmação), e relacionando o critério de noticiabilidade de notoriedade
com o de morte, o que impõe negatividade à cobertura jornalística de um membro da
Assembleia Legislativa do Paraná, mas também implica na visibilidade de pelos menos uma
das famílias das vítimas, que “clama” por justiça ou não apagamento ou não reforço de uma
imagem favorável ao ex-deputado. Entretanto não se pode estabelecer uma relação (causa e
efeito) entre as unidades de informação e de opinião, ao se considerar peculiaridades no
período de análise, dada a necessidade, para isso, de um maior número de elementos
(unidades) de maneira a ser possível testar a existência ou não desta correlação.
50
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a pesquisa, verifica-se a negatividade, imposta pela morte de dois jovens, à Carli
Filho que cumpre (até o acidente) um papel público no estado, assim como embasa a
visibilidade de uma das famílias das vítimas (agendada na imprensa), dado que o frame Morte
se relaciona com todos os frames de papéis. Este visibilidade está adstrita a uma cobertura
factual. Como reforço da credibilidade (Tabela 12) e, por consequência, do critério de
noticiabilidade notoriedade, nota-se a relação entre o frame Carli Filho e a frequência do
nome do jornal Gazeta do Povo68
(estatística t de 3,971), no decorrer do período. Há também
forte relação entre os frames Notoriedade (cargo desempenhado) e Carli Filho (estatística t de
16,999) (Tabela 17), e aponta-se que tanto o frame Notoriedade, quanto Carli Filho tem
relação com Jovens Mortos (Tabelas 18 e 19). Estes dados fundamentam a ideia de uma
opinião publicada. Isso porque, como foco da pesquisa, percebe-se forte relação, de caráter
temporal, entre os frames Notoriedade e Carli Filho com o frame Morte (estatística t de
15,286 e 12,873, nesta ordem) (Tabelas 6 e 10) (Gráficos 6 e 7). Assim como há relação do
frame Notoriedade com os frames Direção e Álcool (estatística t de 5,289 e 4,615,
respectivamente) (Tabelas 7 e 8). Existe relação entre as citações dos jovens Gilmar Rafael
Yared e Carlos Murilo de Almeida (frame Jovens Mortos), e a referência à morte provocada
pelo acidente de 7 de maio de 2009 (Tabela 14), o que também argumenta a favor de uma
cobertura negativa em torno do nome do ex-deputado estadual paranaense Luiz Fernando
Ribas Carli Filho.
Salienta-se que não se podem comparar as unidades de informação com as unidades de
opinião, que formam o corpus da pesquisa e circularam nas 22 semanas analisadas. Há uma
diferença considerável na ocorrência de unidades, que se alternam em aparecimentos pontuais
ou com regularidade, havendo peculiaridades em cada tipo de unidade sobre cada uma das
correlações encontradas (Tabelas 24, 25, 26 e 27). Implica-se independência entre elas, não
havendo uma motivação direta de uma sobre a outra, acerca do que foi publicado. Ambas
constituem um único corpus e assim, sem relação, podem ser mais bem compreendidas69
.
A análise temporal aponta para a regularidade nas citações cruzadas durante as 22
semanas, mesmo havendo uma maior concentração de registro de frequência dos frames no
início do período analisado, quando ocorre o acidente; nas primeiras três semanas, por
exemplo, circulam 34,83% das unidades que correlacionam Notoriedade e Morte (Tabela 24).
68 Entre todos os frames construídos, o frame Gazeta do Povo faz apenas esta correlação. 69 Não se considerou para a afirmação o processo porque passa as cartas publicadas na Coluna do Leitor.
51
A queda na cobertura demonstrada na análise temporal dos frames, porém, afirma-se com a
centimetragem, uma que a frequência dos frames segue os mesmos cumes de centimetragem,
tanto em altas (fatos novos), quanto em quedas. A reiteração das frequências nos frames
durante as 22 semanas em que se distribui o corpus da pesquisa (Tabelas 24, 25, 26 e 27),
justificada as relações entre eles pelos coeficientes de correlação linear de Pearson e
regressão linear simples, permite que se infira a existência de uma opinião publicada –
concebida como opinião socialmente predominante e relacionada à exposição e
disponibilidade de informação a uma elite social, que possui poder de decisão e influência
(GOMES, 2009, p. 97-101).
Porém, os dados não possibilitam que se vislumbre uma disputa por visibilidade de
três personagens – o jornal Gazeta do Povo (credibilidade do reportar), a família Yared (busca
por justiça ou não esquecimento) e a família Ribas Carli (manutenção de imagem política
favorável, mediada pelo veículo de comunicação) –, já que os frames definidos para este
propósito não obtêm frequência considerável (Visibilidade 1, Visibilidade 2 e Visibilidade 3,
conforme se expressa na Categorias de Análise). A hipótese, deste modo, precisa ser
reformulada. No entanto, os resultados condizem com o esboçado no referencial teórico, uma
vez que os próprios editores de política do jornal Gazeta do Povo afirmam (sobre os critérios
de noticiabilidade) colocar-se diante do campo político como um fiscalizador de desvios (o
errado e o polêmico) (ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 7); concernente à negatividade
alcançada na cobertura do caso Carli Filho e recorrente ao se tratar do Poder Legislativo,
conforme Chaia & Azevedo, e Fuks & Cervi (apud ALMEIDA DE PAULA, 2010, p. 4), a
esfera mais exposta ao trabalho jornalístico.
Pode-se inferir, desta maneira, que o contexto, expresso pela frase-ideia “(...) ex-
deputado [Luiz] Fernando Ribas Carli Filho, (...) responde pela morte de dois jovens em um
acidente de trânsito, que segundo a acusação, teria sido provocado pelo ex-parlamentar”
(LIGEIRO, 2009, p. 18)70
, esteve presente ao longo dos cinco meses de cobertura do jornal
Gazeta do Povo, tanto em unidades de informação, quanto de opinião (sem relação entre elas).
A pesquisa não esgota discussões a respeito do Caso Carli Filho ou da formulação de uma
opinião publicada, assim como pode levantar questionamentos a respeito da visibilidade
alcançada pela família Yared em um espaço midiático de disputa e fortalecer ou tencionar o
próprio espaço de visibilidade do jornal. Reflexões futuras.
70 Esta frase circulou no dia 2 de outubro de 2009, quinto mês da ocorrência do acidente com Carli Filho.
52
VISIBILITY, CREDIBILITY AND PUBLISHED OPINION
A content analysis of five months of journalistic coverage
of Carli Filho case in the Gazeta do Povo newspaper
ABSTRACT
The Carli Filho Case, as known by the press of Paraná, relates politics to the violence in the
traffic. It reports an automobile accident at Curitiba/Pr. between an ex-representative from
Paraná Legislative Assembly (Alep) and two young men. The journalistic coverage is
observed by the newsworthiness visibility and violent death. In this research, it is examined
335 unities of texts along five months of press coverage (from May 8th 2009 to Oct. 8
th 2009)
of the Gazeta do Povo newspaper. It is applied quantitative analysis and techniques of content
analysis to the frequencies of frames. A temporal analysis (22 weeks) is used to analyze the
data from the research.
Key words: Published opinion. Press journalism. Visibility. Gazeta do Povo. Carli Filho
representative.
53
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WEFFORT, F. C. Marx: política e revolução. In: WEFFORT, F. C. (Org.) Os clássicos da
política. São Paulo: Ática, 1989. p. 225-251.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo.
Lisboa, Presença, 1987.
56
5.2 PERIÓDICOS
190 KM é crime. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 92, n. 29.307. 1. ed., p. 17, Vida Pública –
Charge/Benett, 6 fev. 2010.
DE SEIS PÁGINAS a maior jornal do Paraná. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 92, n. 29.304.
1. ed., p. 8, Vida e Cidadania, 3 fev. 2010.
ESPECIAL GAZETA DO POVO. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 90, n. 28.635. 1. ed., p. 1-4,
Especial Gazeta do Povo, 30 mar. 2008.
GAZETA DO POVO 91º aniversário marca o ano da integração. Gazeta do Povo, Curitiba,
ano 92, n. 29.304. 1. ed., p. 8, Vida e Cidadania, 3 fev. 2010.
LIGEIRO. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 91, n. 29.184. 1. ed., p. 18, Vida Pública, 2 out.
2009.
O FUTURO de presente para o leitor. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 91, n. 28.943. 1. ed., p.
8, Vida e Cidadania, 3 fev. 2009.
PRECISO ENTENDER qual é a minha missão. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 91, n. 29.097.
1. ed., p. 16, Vida Pública, 7 jul. 2009.
REFORMA GRÁFICA deixa o jornal mais atraente e facilita a leitura. Gazeta do Povo,
Curitiba, ano 90, n. 28.635. 1. ed., p. 2-3, Especial Gazeta do Povo, 30 mar. 2008.
UM COMUNICADOR em praça pública. Gazeta do Povo, Curitiba, ano 91, n. 28.943. 1.
ed., p. 4-5, Vida e Cidadania, 3 fev. 2009.
5.3 DOCUMENTOS ON LINE
ADGHIRNI, Zélia Leal. O jornalismo entre a informação e a comunicação: como as
assessorias de imprensa agendam a mídia. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/
adghirni-zelia-jornalismo-informacao-comunicacao.pdf>. Acesso em: 18 out. 2009.
ALEXA, Melina. Computer-assisted text analysis methodoly in the social science. ZUMA
Arbeitsbericht, Zentrum für Umfragen, Methoden und Analysen (ZUMA), Mannheim
(Alemanha), n. 7, out. 1997. Disponível em:
<http://www.gesis.org/fileadmin/upload/forschung/publikationen/gesis_reihen/zuma_arbeitsb
erichte/97_07.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2010.
ALMEIDA DE PAULA, Carolina. O Poder Legislativo e os jornalistas: a cobertura política
de uma Assembleia Legislativa Estadual. Revista Estudos Legislativos, n. 3, 2009.
Disponível em: <http://submissoes.al.rs.gov.br/index.php/estudos_legislativos/
article/.../17/26>. Acesso em: 3 fev. 2010.
GOVERNO solidariza-se com familiares de Yared. Jornale Curitiba. Disponível em:
<http://jornale.com.br/content/view/19662/54/>. Acesso em: 3 fev. 2010.
57
KOENIG [KÖNIG], Thomas. Reframing Frame Analysis: systematizing the empirical
identification of frames using qualitative data analysis software. ASA Annual Meeting, San
Francisco/CA (United States of America), 14 a 17 ago. 2004. Disponível em:
<http://www.restore.ac.uk/lboro/research/methods/Frames_and_CAQDAS_ASA.pdf>.
Acesso em: 30 mar. 2010.
KÖNIG, Thomas. Frame Analysis: theoretical preliminaries. Texas A&M University
(TAMU). Disponível em: <http://agnews.tamu.edu/saas/riechert.htm>. Acesso em: 30 mar.
2010.
KÖNIG, Thomas. Identification and Measurement of Frames. Texas A&M University
(TAMU). Disponível em: <http://agnews.tamu.edu/saas/riechert.htm>. Acesso em: 30 mar.
2010.
OLIVEIRA FILHA, Elza Aparecida de. Apontamentos sobre a história de dois jornais
curitibanos: “Gazeta do Povo” e “O Estado do Paraná”. Rede Alçar. Disponível em:
<http://www.redealcar.jornalismo.ufsc.br/cd3/midia/elzaaparecidadeoliveirafilha.doc>.
Acesso em: 14 ago. 2008.
PERFIL COMPLETO. Vigilantes da democracia: sistema de monitoramento e avaliação dos
eleitos. Disponível em: <http://www.vigilantesdademocracia.com.br/ribascarlifilho/
FreeComponent7497content37123.shtml>. Acesso em: 3 fev. 2010.
PERFIL DOS MUNICÍPIOS. IBGE. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 1 fev. 2010.
SEVERO, Ana Karla da Silveira; FAUSTO NETO, Antônio. Um olhar sobre três jornais
paranaenses e suas relações de comunicação, consumo e práticas sociais. Revista Anagrama
– Revista Científica Interdisciplinar da Graduação/USP, ano 3, ed. 2, dez. 2009 – fev.
2010. Disponível em: <http://www.usp.br/anagrama/ Severo_jornaisparanaenses.pdf>. Acesso
em: 3 fev. 2010.
STEMLER, Steve E. An overview of content analysis. Electronic journal Practical
Assessment, Research & Evaluation, v. 7, n. 17, 2001. Disponível em:
<http://PAREonline.net/getvn.asp?v=7&n=17>. Acesso em: 10 abr. 2008.
5.4 CURSO DE EXTENSÃO
CERVI, Emerson Urizzi. Treinamento intensivo em métodos quantitativos para as
ciências sociais. Ponta Grossa, 19 a 21 fev. 2010. Curso de Extensão, Universidade Estadual
de Ponta Grossa (UEPG), Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais, Departamento de
Comunicação.
5.5 APRESENTAÇÃO DE TRABALHO ORAL E PUBLICAÇÃO DE TEXTO
BURNAT, Fábio Antônio. Visibilidade na mídia hegemônica: a Gazeta do Povo e seus 21
dias de cobertura sobre o caso Carli Filho. VII Encontro Paranaense de Pesquisa em
Jornalismo, CESUMAR, Maringá/PR., 5 a 7 nov. 2009. Disponível em:
<http://www.uepg.br/eventos/secom>. Acesso em: 8 nov. 2009.
9
APÊNDICES
1
A – APÊNDICE METODOLÓGICO
Para que melhor se compreenda a metodologia, faz-se um apanhado geral dos métodos
e técnicas aplicadas. Usaram-se técnicas de Análise de Conteúdo com aferição da frequência
de palavras71
e a estruturação de tema, ou seja, uma unidade de sentido, que inclui sujeito,
verbo e objeto. A estruturação do trabalho escrito seguiu do universal a um caso particular,
que é o “indivíduo”, de acordo com o modelo aristotélico, tanto em relação à discussão
teórica, quanto à de métodos e resultados.
As 61 palavras acompanhadas são estruturadas em temas, que formam 13 frames, dos
quais quatro são os principais (a partir da aplicação do Coeficiente de Correlação Linear de
Pearson e o Grau de Significância), 6 deles foram cortados e 3 são secundários. As palavras
são reunidas em 4 master frames, estruturas que focam o conteúdo; são usados em mais de
uma situação. Os master frames foram distribuídos em frames, estruturas básicas cognitivas
que guiam a percepção e a representação da realidade, como que um quadro de uma situação
construída socialmente; os frames estruturam as partes da realidade que serão percebidas,
como que critérios de noticiabilidade (Notoriedade e Morte).
Aos frames, aplicaram-se coeficientes de testes estatísticos. As medidas são calculadas
automaticamente pelo Excel, como o Coeficiente Linear de Pearson, que indica correlação
entre os frames, e Grau de Significância, que indica a validade de uma correlação. O Teste
estatístico T reforça a validade da dependência, sendo o valor crítico aproximado “três”. Para
se evitar falsas correlações, aplicaram-se o Coeficiente de Alienação, que aponta o quanto um
frame é não explicado pela variabilidade de outro frame, e o Diagrama de Dispersão
(Regressão Linear Simples), que tem como objetivo prever valores de um frame em relação a
outro. O Diagrama de Dispersão apresenta, por meio da nuvem de pontos, uma correlação
positiva, neste caso, ou seja, uma predição (prever valores de um frame em relação a outro);
ela é reforçada pela linha do Coeficiente de Determinação, que aponta o quanto um frame é
explicado pela variabilidade de outro frame.
Para a análise temporal (22 semanas) transformaram-se as variáveis contínuas dos
frames Notoriedade, Carli Filho, Jovens Mortos e Morte em variáveis categóricas, por meio
da Fórmula de Sturges. Os gráficos de barra estabelecem relação entre os frames Notoriedade
e Morte em semanas e se distingue em tipo de unidade; o mesmo ocorre entre os frames Carli
Filho e Morte, Jovens Mortos e Morte, e Morte e Direção.
71
A palavra “corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização
e a contagem frequencial” (BARDIN, 2006, p. 98).
1
B – CATEGORIAS DE ANÁLISE
(01 de 02)
CATEGORIAS DE ANÁLISE
Caso Carli Filho/ Gazeta do Povo – 8 mai. 2009 a 8 out. 2009 (22 semanas)
DE
SC
RIÇ
ÃO
GE
RA
L
CÓDIGO DA UNIDADE: nº
Data: dd/mm Semana: nº / dd/mm - dd/mm
SE
MA
NA
Número de Páginas do Corpus: nº Total de Páginas do Jornal: nº
Número de Unidades: nº
TIP
O
Título: Xxx Tipo de Unidade: 1 Informação 2 Opinião
Número da Página: nº Número de Páginas da Unidade: nº
Centimetragem da Unidade: cm²
Chamada de Capa: Chamada: 1 Sim Fotografia/ Imagem: 1 Sim
- Não - Não
Espaço publicitário*: Propaganda: 1 Sim Informe: 1 Sim
- Não - Não
* Para que não seja contado múltiplas vezes, cita-se apenas a primeira aparição na página.
UN
IDA
DE
Editoria: 1 Vida e Cidadania 3 Editorial 5 Coluna do Leitor
2 Vida Pública 4 Pontos de Vista
Obs.: Não houve charge sobre o assunto durante o período pesquisado.
Origem do Texto: 1 Assinado por jornalista 5 Informação da Gazeta/ Redação
2 Não-assinado 6 Opinião da Gazeta
3 Agência (não houve registro) 7 Especialista
4 Assessoria 8 Leitor
Página: 1 Par Quadrante: Toda a Página À Esquerda Superior
2 Ímpar À Direita Inferior
Tamanho: 1 pequeno – 8,00 a 588,94 cm² 3 grande – 1177,90 a 1775,00 cm²
2 médio – 588,95 a 1177,90 cm²
Obs.: Total de área de diagramação da Página: 1478,1 cm²
1 coluna: 4,6 cm/ Largura: 29,8 cm/ Altura: 49,6 cm
Recursos no Texto: Fototografia: nº Material extra no site: nº
Imagem: nº Serviço: nº
Gráfico/ Estatística: nº Enquete: nº
Olho: nº Nota da Redação: nº
Cronologia: nº
2
(02 de 02)
MASTER FRAME FRAME SINÔNIMO SENTIDO EXCLUÍDO
Carli Filho [1] NOTORIEDADE (ex)Deputado(s) Carli entre outros e apenas Carli Outro(s)
(PAPEL) (ex)Parlamentar(es) Carli entre outros e apenas Carli Outro(s)
Politico Carli entre outros e apenas Carli Outro(s)
CARLI FILHO Carli Filho Família*
Caso*
ORIGEM EXCLUÍDO Cidade Guarapuava*
- Outro
EXCLUÍDO Partido Socialista Brasileiro PSB*
VISIBILIDADE 1 - EXCLUÍDO Visibilidade para Carli Filho Outdoor [6]**
Jovens Mortos [2] JOVENS MORTOS Yared Gilmar Família*
(PAPEL) Almeida Carlos Murilo Família*
Outro(s)
Jove(m/ns)
Gilmar e Carlos Murilo, ou apenas um
deles Carli Filho [7]**
Outro(s)
Dois Jovens (Gilmar e Carlos Murilo) Outros
ADVOGADO
ASSAD - EXCLUÍDO Advogado da família Yared Assad [36]**
VISIBILIDADE 2 - EXCLUÍDO Visibilidade para as vítimas Passeata [6]**
Credibilidade [3]
(COBERTURA) CREDIBILIDADE¹ Gazeta Citação no texto analisado Crédito(s)*
VISIBILIDADE 3 -
EXCLUÍDO Visibilidade para Gazeta do
Povo Campanha (RPC)[3]**
Outra(s)
Acidente [4] MORTE Acidente Carli Outro
(COBERTURA) Colisão Carli (não há citação de outro caso)
Mor(te/tos/rer) Mortes no trânsito Outro
Crime Carli Outro
(in)Justiça Sentimento de justiça e não instituição Outro
Inquérito Inquérito
584444-2 Número do inquérito
Mossunguê Local do acidente
ÁLCOOL 7,8 Decigramas de álcool no sangue
Embriag(ado/uez) Embriaguez/Embriagado
Alcool(izado) Alcoolizado
Bebado Bêbado
DIREÇÃO² Velocidade No acidente Outro
Direção Estar na direção do veículo Outro
190 km/h
Racha Racha
MULTA [0,182]³ EXCLUÍDO Carli Multa
Outro
-
Pontos na Carteira Nacional de
Habilitação 130
Multas de trânsito em seis anos 30
Multas por excesso de velocidade 23
* Excluída por não constituir foco da pesquisa.
** Número da frequência de citações; excluída por ser inferior a 40, considerando todo o período pesquisado.
¹ Correlação possível apenas com o frame Carli Filho; Grau de Significância de 0,000.
² Correlação possível apenas com os frames Notoriedade e Jovens Mortos e Morte; Grau de Significância de 0,000, 0,006 e 0,000,
respectivamente.
³ Excluído por Grau de Significância superior a 0,01, o que indica baixa correlação para os frames comparados.
1
C – TABELAS
Tabela 3 – CATEGORIAS AGREGADAS DA CENTIMETRAGEM ............................................................. 29
Tabela 4 – CENTIMETRAGEM POR TIPO DE UNIDADE EM SEMANAS ................................................. 29
Tabela 24 – CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES NOTORIEDADE E MORTE (EM CATEGORIAS) POR
SEMANA ............................................................................................................................................................ 43 Tabela 25 – CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES CARLI FILHO E MORTE (EM CATEGORIAS) POR
SEMANA ............................................................................................................................................................ 43 Tabela 26 – CRUZAMENTO ENTRE OS FRAMES JOVENS MORTOS E MORTE (EM CATEGORIAS)
POR SEMANA ............................................................................................................................... .................... 44
Categorias Agregadas da Centimetragem
Classe Amplitude
Real
Categoria Categoria Agregada
Classe 1 8,00 cm² Extremamente Pequeno (236) Pequeno (306) 91,34%
Classe 2 196,32 cm² Muito Pequeno (43) Classe 3 392,63 cm² Pequeno (27)
Classe 4 588,95 cm² Médio Pequeno (19) Médio (28)
Classe 5 785,27 cm² Médio (5) 8,36%
Classe 6 981,58 cm² Médio Grande (4)
Classe 7 1177,90 cm² Grande (0) Grande (1) 0,30%
Classe 8 1374,21 cm² Muito Grande (0)
Classe 9 1570,53 cm² Extremamente Grande (1)
Tabela 3. Categorias Agregadas da Centimetragem; calculadas com a Fórmula de Sturges e agrupadas por
vizinhança, haja vista a inexistência de casos em determinadas categorias.
Centimetragem por Tipo de Unidade em Semanas
Tipo de Unidade
Informação Opinião Total
Frequência % Frequência % Frequência % % Acumulada
Semanas 1ª 8812,23 16,0% 969,7 13,5% 9781,93 15,7% 15,7%
2ª 11075,2 20,2% 1105,03 15,4% 12180,23 19,6% 35,4%
3ª 5799,78 10,6% 2000,91 27,9% 7800,69 12,6% 47,9%
4ª 7180,13 13,1% 1299,71 18,1% 8479,84 13,7% 61,6%
5ª 4528,47 8,2% 350,77 4,9% 4879,24 7,9% 69,4%
6ª 949,16 1,7% 85,66 1,2% 1034,82 1,7% 71,1%
7ª 1811,88 3,3% 59,17 0,8% 1871,05 3,0% 74,1%
8ª 3618,2 6,6% 125,05 1,7% 3743,25 6,0% 80,1%
9ª 3203,6 5,8% 423,65 5,9% 3627,25 5,8% 86,0%
10ª 728,48 1,3% 539,35 7,5% 1267,83 2,0% 88,0%
11ª 356,6 0,6% 0 0,0% 356,6 0,6% 88,6%
12ª 775,9 1,4% 0 0,0% 775,9 1,2% 89,8%
13ª 1775,02 3,2% 0 0,0% 1775,02 2,9% 92,7%
14ª 2409,48 4,4% 121,09 1,7% 2530,57 4,1% 96,8%
15ª 59,18 0,1% 92,81 1,3% 151,99 0,2% 97,0%
16ª 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 97,0%
17ª 199,18 0,4% 0 0,0% 199,18 0,3% 97,3%
18ª 553,01 1,0% 0 0,0% 553,01 0,9% 98,2%
19ª 41,28 0,1% 0 0,0% 41,28 0,1% 98,3%
20ª 437,76 0,8% 0 0,0% 437,76 0,7% 99,0%
21ª 563,75 1,0% 0 0,0% 563,75 0,9% 99,9%
22ª 56,64 0,1% 0 0,0% 56,64 0,1% 100,0%
Total 54934,93 100,0% 7172,9 100,0% 62107,83 100,0%
Tabela 4. Centimetragem por Tipo de Unidade em Semanas.
2
Cruzamento entre os frames NOTORIEDADE e MORTE (em Categorias) por Semana
SE
MA
NA
S
Frame NOTORIEDADE
em Categorias
Tipo de unidade
Informação Opinião
Frame MORTE em Categorias Frame MORTE em Categorias
1 a 8 citações 9 a 16 citações 17 a 25 citações 1 a 8 citações 9 a 16 citações
Unid. % Unid. % Unid. % Unid. % Unid. %
1ª 1 a 7 citações 3 9,4% 0 0,0% 0 0,0% 4 14,3% 1 100,0% 8 a 13 citações 1 3,1% 0 0,0% 1 12,5% 0 0,0% 0 0,0%
14 a 21 citações 0 0,0% 2 10,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
2ª 1 a 7 citações 2 6,3% 0 0,0% 1 12,5% 3 10,7% 0 0,0% 8 a 13 citações 1 3,1% 1 5,0% 1 12,5% 0 0,0% 0 0,0% 14 a 21 citações 0 0,0% 0 0,0% 1 12,5% 0 0,0% 0 0,0%
3ª 1 a 7 citações 3 9,4% 1 5,0% 0 0,0% 4 14,3% 0 0,0% 8 a 13 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
4ª 1 a 7 citações 1 3,1% 1 5,0% 0 0,0% 1 3,6% 0 0,0% 8 a 13 citações 0 0,0% 2 10,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
5ª 1 a 7 citações 2 6,3% 1 5,0% 0 0,0% 2 7,1% 0 0,0% 8 a 13 citações 0 0,0% 4 20,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
6ª 1 a 7 citações 1 3,1% 2 10,0% 0 0,0% 2 7,1% 0 0,0%
7ª 1 a 7 citações 1 3,1% 1 5,0% 1 12,5% 1 3,6% 0 0,0%
8ª 1 a 7 citações 1 3,1% 1 5,0% 0 0,0% 1 3,6% 0 0,0%
9ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 4 14,3% 0 0,0%
8 a 13 citações 0 0,0% 1 5,0% 1 12,5% 0 0,0% 0 0,0%
10ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 3 10,7% 0 0,0%
11ª 1 a 7 citações 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
12ª 1 a 7 citações 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
13ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
14ª 1 a 7 citações 4 12,5% 0 0,0% 1 12,5% 2 7,1% 0 0,0% 8 a 13 citações 0 0,0% 1 5,0% 1 12,5% 0 0,0% 0 0,0%
15ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 1 3,6% 0 0,0%
17ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
18ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 8 a 13 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
19ª 1 a 7 citações 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
20ª 1 a 7 citações 1 3,1% 2 10,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
21ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 8 a 13 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 22ª 1 a 7 citações 1 3,1% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
Total 32 100,0% 20 100,0% 8 100,0% 28 100,0% 1 100,0%
Tabela 24. Cruzamento entre os frames NOTORIEDADE e MORTE (em Categorias) por Semana.
3
Cruzamento entre os frames CARLI FILHO e MORTE (em Categorias) por Semana
SE
MA
NA
S
Frame CARLI FILHO em Categorias
Tipo da unidade
Informações Opinião
Frame Morte em Categorias
Frame Morte em Categorias
1 a 8 citações 9 a 16 citações 17 a 25 citações 1 a 8 citações
Unidades % Unidades % Unidades % Unidades %
1ª 1 a 6 citações 4 11,1% 0 0,0% 1 14,3% 2 7,7% 7 a 13 citações 0 0,0% 2 8,3% 0 0,0% 0 0,0%
2ª 1 a 6 citações 2 5,6% 1 4,2% 1 14,3% 1 3,8% 7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 1 14,3% 0 0,0%
3ª 1 a 6 citações 3 8,3% 1 4,2% 0 0,0% 3 11,5%
7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
4ª 1 a 6 citações 3 8,3% 1 4,2% 0 0,0% 2 7,7% 7 a 13 citações 0 0,0% 2 8,3% 0 0,0% 0 0,0% 14 a 20 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
5ª 1 a 6 citações 2 5,6% 1 4,2% 0 0,0% 2 7,7% 7 a 13 citações 0 0,0% 3 12,5% 0 0,0% 0 0,0% 14 a 20 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
6ª 1 a 6 citações 1 2,8% 1 4,2% 0 0,0% 2 7,7% 7 a 13 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
7ª 1 a 6 citações 1 2,8% 1 4,2% 1 14,3% 1 3,8% 14 a 20 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
8ª 1 a 6 citações 1 2,8% 1 4,2% 0 0,0% 1 3,8%
9ª 1 a 6 citações 1 2,8% 2 8,3% 0 0,0% 4 15,4% 7 a 13 citações 1 2,8% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0% 14 a 20 citações 0 0,0% 0 0,0% 1 14,3% 0 0,0%
10ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 5 19,2%
13ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
14ª 1 a 6 citações 4 11,1% 0 0,0% 1 14,3% 2 7,7% 7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 1 14,3% 0 0,0% 14 a 20 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
15ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 1 3,8%
17ª 7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
18ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
19ª 1 a 6 citações 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
20ª 1 a 6 citações 1 2,8% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
7 a 13 citações 0 0,0% 1 4,2% 0 0,0% 0 0,0%
21ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 7 a 13 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
22ª 1 a 6 citações 1 2,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
Total 36 100,0% 24 100,0% 7 100,0% 26 100,0%
Tabela 25. Cruzamento entre os frames CARLI FILHO e MORTE (em Categorias) por Semana.
4
Cruzamento entre os frames JOVENS MORTOS e MORTE (em Categorias) S
EM
AN
AS
Frame JOVENS MORTOS em
Categorias
Tipo da unidade
Informação Opinião
Frame MORTE em Categorias Frame MORTE em Categorias
1 a 8 citações 9 a 16 citações 17 a 25 citações 1 a 8 citações 9 a 16 citações
Unid. % Unid. % Unid. % Unid. % Unid. %
1ª 1 a 6 citações 3 11,5% 2 8,7% 0 0,0% 3 27,3% 1 100,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 3 13,0% 1 14,3% 0 0,0% 0 0,0%
2ª 1 a 6 citações 1 3,8% 0 0,0% 1 14,3% 1 9,1% 0 0,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 1 4,3% 1 14,3% 0 0,0% 0 0,0%
3ª 1 a 6 citações 3 11,5% 1 4,3% 0 0,0% 1 9,1% 0 0,0% 7 a 12 citações 1 3,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
4ª 1 a 6 citações 1 3,8% 1 4,3% 0 0,0% 1 9,1% 0 0,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 1 4,3% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
5ª 1 a 6 citações 1 3,8% 4 17,4% 0 0,0% 1 9,1% 0 0,0%
13 a 18 citações 0 0,0% 1 4,3% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
6ª 1 a 6 citações 1 3,8% 1 4,3% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 1 4,3% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
7ª 1 a 6 citações 1 3,8% 1 4,3% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 1 4,3% 1 14,3% 0 0,0% 0 0,0%
8ª 1 a 6 citações 1 3,8% 1 4,3% 0 0,0% 1 9,1% 0 0,0%
9ª 1 a 6 citações 1 3,8% 1 4,3% 0 0,0% 2 18,2% 0 0,0% 7 a 12 citações 0 0,0% 0 0,0% 1 14,3% 0 0,0% 0 0,0%
10ª 1 a 6 citações 1 3,8% 0 0,0% 0 0,0% 1 9,1% 0 0,0%
14ª 1 a 6 citações 5 19,2% 1 4,3% 2 28,6% 0 0,0% 0 0,0%
17ª 1 a 6 citações 1 3,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
18ª 1 a 6 citações 2 7,7% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
20ª 1 a 6 citações 1 3,8% 2 8,7% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
21ª 1 a 6 citações 1 3,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
22ª 1 a 6 citações 1 3,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0%
Total 26 100,0% 23 100,0% 7 100,0% 11 100,0% 1 100,0%
Tabela 26. Cruzamento entre os frames JOVENS MORTOS e MORTE (em Categorias) por Semana.
1
ANEXOS