universidade estadual de maringÁ curso normal … · quadro histórico dos progressos do espírito...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CURSO NORMAL SUPERIOR – EAD
CAPACITAÇÃO DE TUTORES 12/08/2006
DISCIPLINA
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I
Livro 9 Sociologia da Educação: Múltiplos
olhares
Professoras Responsáveis
Profa. Débora Giselli Bernardo [email protected]
Profa. Regina Maria Zanatta
Profa. Tatyana Murer Cavalcante [email protected]
Obs: este roteiro – um resumo - foi
elaborado para facilitar a apresentação na capacitação. O trabalho com o mesmo não substitui a leitura dos capítulos do livro 9.
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1. TRANSFORMAÇÕES NA SOCIEDADE CAPITALISTA E O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
O contexto histórico
As transformações ocorridas na Europa, desde o
século XVI, tomaram um grande impulso no século
XVIII atingindo o sistema capitalista;
• este período foi chamado por Marx como a primeira
grande crise do Capital;
Fenômenos que expressavam a necessidade da
reorganização do sistema capitalista:
• forte expansão demográfica e deslocamento da massa
populacional para os centros urbanos em busca de
trabalho;
• formação de um contingente de desempregados (mão
de obra barata para os burgueses capitalistas e
deteriorização da condição de vida dos trabalhadores);
• nova dinâmica no modo de produção com a utilização
do maquinário industrial;
• organização da produção pela divisão do trabalho;
• envolvimento do mercado mundial;
• mecanismos novos para o escoamento da produção
(navio a vapor e utilização das ferrovias);
• desigualdade social.
Este período é caracterizado por muitos historiadores
como Revolução Industrial (1770-1870). Foi, também,
diante destes fenômenos que se deu a Revolução Francesa,
uma reação da burguesia e do povo contra os privilégios da
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aristocracia e que desencadeou forte repercussão política
por toda a Europa propagando as idéias socialistas.
O movimento político social, deflagrado diante da crise
do sistema, denuncia a necessidade de um novo pensar
sobre a sociedade e sobre o seu próprio sistema de
produção.
O surgimento da Sociologia
É diante deste contexto que a Sociologia desponta
como uma nova ciência para estudar os fenômenos e fatos
sociais e explicar as transformações que vinham
acontecendo.
A Sociologia nasceu sob a esteira das transformações que o sistema capitalista vinha sofrendo, culminado pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa. Estas transformações impulsionam os homens para uma reflexão sobre a sociedade, sobre as mudanças, os problemas e as contradições sociais.
A designação de Sociologia foi dada por Comte na obra intitulada Cours de Philosophie Positive.
As primeiras expressões do pensamento sociológico se projetam:
• pela crítica da secularização de atitudes e modos de
compreender a natureza humana e da origem e
fundamento das instituições;
• pela necessidade da instituição de um processo de
racionalização que projeta para a esfera da ação
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coletiva a ambição de conhecer, explicar e dirigir os
acontecimentos e a vida social.
Representante do pensamento sociológico:
August Comte (1798 – 1857)
• frente aos problemas da sociedade (desorganização
social) propõe o estabelecimento de uma nova ordem
social para a superação da crise social;
• uma forma de progresso simultânea ao
desenvolvimento natural da sociedade;
• a tarefa da Sociologia era de encontrar caminhos para
a reconstrução e o progresso das formas e estruturas
sociais.
O papel do sociólogo:
• identifica os fatos, analisa, procura compreender e os explica (cientista social) por meio de uma interpretação imparcial.
Objeto da Sociologia
• envolve todas as atividades humanas e suas relações
sociais.
• Durkheim explica que a proporção dos ramos da
Sociologia se faz pela variedade dos fatos sociais
A divisão da sociologia:
• Sociologia Geral;
• Sociologia econômica;
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• Sociologia política;
• Sociologia industrial;
• Sociologia da linguagem;
• Sociologia da Educação e outras.
A sociologia da Educação:
Dewey
• Primeiro pensador que menciona a relação entre
escola e sociedade;
• propunha que o papel da escola e da Igreja deveria
ser o de incutir na criança a consciência sobre a
sociedade que crescia ao seu redor para que pudesse
dela participar (pensamento democrático);
• concebia a escola como uma comunidade em
miniatura que refletia a sociedade mais ampla;
• manifestava que o ambiente familiar o meio ambiente
deveriam se explicitar no processo educacional.
Durkheim (1858 – 1917)
1) Considerava a sociedade como um todo e cada milieu
social particular determina o ideal que a educação
realiza;
2) a sociedade só sobrevive quando existe um certo grau
de homogeneidade entre os homens;
3) a educação perpetua e reforça essa homogeneidade
ao fixar na criança as semelhanças essenciais que a
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vida coletiva exige mas assegura, também, a
necessária diversidade;
4) não existe um tipo ideal de educação mas uma educação própria às exigências de cada sociedade;
5) cada sociedade determina o tipo de educação necessária à sua existência e manutenção;
6) a educação deve corresponder às transformações
ocorridas na sociedade.
Mannheim (1893 – 1947).
• Compreendia a educação como um dos elementos
dinâmicos da Sociologia;
• a educação era, em si mesma, uma técnica social e
um meio de controle social.
• percebeu que a abordagem sociológica dos problemas
educacionais era um meio de ajudar a estabelecer,
para a própria educação, um conteúdo e um método;
Origem e desenvolvimento da Sociologia da
Educação
• inicialmente chamada de Sociologia Educacional
(ênfase seria nas questões educacionais e sociais,
aplicação de princípios da Sociologia aos processos de
educação);
• Sociologia da Educação (ênfase nos problemas
sociológicos envolvidos no interior da instituição
educacional);
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• Fundamentos Sociais da Educação (campo de estudo
que inclui História, Filosofia e Sociologia da Educação
e Educação Comparada).
A disciplina
A Sociologia da Educação é uma disciplina com que se
preocupam tanto os sociólogos da educação quanto os
pedagogos: tanto uns como outros têm valiosas
contribuições a oferecer.
Discussões atuais sobre a Sociologia da
Educação.
Dermeval Saviani, Pablo Gentili, José Carlos Libâneo,
Moacir Gadotti, Gaudêncio Frigotto esclarecem que esta
área de conhecimento procura tratar das relações entre
escola e sociedade de forma crítica, analisando as causas e
as conseqüências da interferência de questões sociais no
cenário educacional. Diferente da concepção defendida por
Durkheim (a escola era uma forma de reproduzir a
sociedade), estes autores propõem o desenvolvimento
crítico dos professores e alunos para a compreensão das
transformações sociais e a busca de caminhos que superem
a reprodução.
Conteúdos da Sociologia da Educação.
• Interesses por conceitos como: sociedade, cultura,
comunidade, classe, meio ambiente, socialização,
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interiorização, acomodação, assimilação, defasagem
cultural, status etc.;
• estudos, como: o efeito da economia sobre o tipo de
educação ofertada pelo Estado; as forças e
determinantes sociais que influenciam as mudanças
educacionais e culturais; as instituições sociais
envolvidas no processo educacional, como a família, a
escola e a igreja; os problemas de desestruturação
social que contribuem para o desenvolvimento de
problemas educacionais; democratização e elitismo
educacional; as relações entre classe social, cultura e
linguagem, e entre educação e ocupação;
• temas que implicam a relação entre escola, educação
e sociedade.
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2. AUGUSTE COMTE (1798-1857): SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO POSITIVISTA.
O período
O sistema capitalista vinha se transformando desde o
século XVI, com o ressurgimento do racionalismo, a
revolução científica e tecnológica e a revolução das idéias
culminando, no século XVIII com a necessidade da sua
reestruturação;
as transformações descortinavam um novo conteúdo
para a sociedade e instituía novos significados;
O pensamento sócio-político
Compreender a natureza do agir político, a essência
política da realidade concreta;
discutir sobre a existência e o momento, o homem e a
realidade (formaram os pilares do pensamento de Comte,
determinando seu método e estilo);
reavaliar as instituições do Estado Liberal e tudo o que
a ele estava relacionado;
as idéias absolutistas, liberais e socialistas disputavam
espaço e aceitação.
O objetivo
Indagar a essência (não o porquê das coisas) pelas
leis e pelas relações existentes entre os fenômenos;
observar os mecanismos que regem o mundo.
Influência de pensadores nas idéias de Comte
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Fundava-se nas concepções de pensadores,
“ideólogos” iluministas, dos teóricos da economia política,
dos filósofos e historiadores como Turgot (1723-1789) (a
obra Plano de Dois Discursos sobre a Historia (1751)
que focalizava a lei dos três estados: o estudo do progresso
humano e o exame das causas que contribuíram para tal
progresso) e Condorcet (1743-1794) (Esboço de um
Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano
(1794) que abordava o desenvolvimento da humanidade
pelos descobrimentos e inventos da ciência e da tecnologia,
levando o homem a alcançar um estágio em que a
organização social e política seria produto das luzes da
razão);
influência e identificação do pensamento com o de
Saint-Simon que afirmava a chegada de uma nova ordem
social, em todo o Ocidente, em substituição ao catolicismo
feudal e apontava que a indústria capitalista e a ciência
substituiriam a guerra e a Teologia. A reorganização da
sociedade acabaria com os padres, com os nobres e com
os soldados, fazendo surgir em seu lugar engenheiros,
chefes industriais, capitalistas e operários. Os capitais
seriam utilizados para cultivar a terra, fabricar, expandir o
comércio e, principalmente, fazer surgir e manter os
cientistas e artistas, por meio da indústria capitalista que
seria guiada pela ciência.
A motivação de Comte
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Inspirava-se no ambiente de lutas entre o proletariado
e a burguesia, designando-o como um estado de “anarquia”
e de “desordem”, um caos social em que a sociedade
européia mergulhava. As idéias religiosas não exerciam
mais força na conduta dos homens e não serviam mais de
parâmetros para a reorganização da nova sociedade. As
idéias iluministas somente levavam à desunião entre os
homens e à desintegração social. A filosofia tendo perdido a
independência reduzia-se a uma disciplina auxiliar da
ciência e restringia-se aos métodos e aos resultados.
Idéias políticas de Comte:
Unir a política com a ciência como instrumento de
neutralização das contradições;
tornar científico o estudo da política, torná-la ciência
racional e estabelecer a influência da ciência sobre os
estadistas, guiados pelo empirismo vulgar (Separação
geral entre Opiniões e Desejos (1817));
focalizar a história como caminho para conhecer o
passado, dirigir o presente e oferecer processos superiores
aos práticos da política;
analisar o curso histórico da humanidade, interpretá-lo
como uma evolução natural e harmônica revelando à
indústria o seu poder e o seu futuro, tal como Saint-Simon
fizera com a origem da indústria e dos seus agentes
(manufatura, comerciantes, banqueiros), partindo do
período moderno;
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adotar uma nova forma de poder, baseado na
capacidade científica e industrial, para substituir o antigo
poder medieval, de caráter espiritual-teológico e temporal-
militar (indústria, capital e trabalho), seguindo o
pensamento de Turgot e Condorcet (Sumaria Apreciação
do Conjunto do Passado Moderno (1820));
Idéias sociais: a Sociologia
Curso de Filosofia Positiva (1830) obra em que
menciona a Sociologia pela primeira vez. No prefácio do
último volume (seis) revela que havia chegado o tempo de
os biólogos e sociólogos ocuparem o posto principal do
mundo intelectual;
após 1846 Comte desenvolve um programa de
reforma social e propõe uma nova religião, Religião da
Humanidade proclamando-se sumo sacerdote;
focado na coesão e no equilíbrio entre os homens
desejava restabelecer a ordem nas idéias e nos
conhecimentos e criar um conjunto de crenças comuns a
todos os homens (proposta religiosa);
afirmava que o Positivismo (posição contrária aos
iluministas que expressavam certo negativismo diante da
sociedade) deveria generalizar a ciência real e sistematizar
o estado social começando a reorganização social pelos
proletários e pelas mulheres, sabedores de uma forma
muito particular e eficaz de imposição sobre as demais
classes (Sistema de Política Positiva -1851);
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contrário aos partidos: conservador e socialista, no
movimento dos proletários (1848) descreve outro partido
unindo os fundamentos destes;
entendendo que a reorganização da sociedade exigia a
elaboração de uma nova maneira de conhecer a realidade,
estabeleceu princípios de orientação do conhecimento
humano e defendeu que uma verdadeira filosofia poderia se
posicionar diante da realidade de forma “positiva”.
Objetivo
realizar uma reforma espiritual capaz de reorganizar a
sociedade e a política por meio do “espírito positivo”;
opunha-se, desta forma, à filosofia iluminista “negativa”,
que contestava as instituições sociais.
A sociologia
sociologia e positivismo aparecem estritamente
ligados;
a criação da sociologia como ciência marcaria o triunfo
final do positivismo no pensamento humano;
o advento da sociologia representava o ponto alto da
evolução do conhecimento cientifico que se iniciou com a
matemática, a astronomia, a física, a química e a biologia,
sucessivamente;
faltava fundar uma “física social”;
a sociologia deveria seguir os mesmos procedimentos
das ciências naturais em suas investigações: a observação,
a experimentação, a comparação, e assim por diante.
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o papel da sociologia
dedicar-se à busca dos acontecimentos constantes e
repetitivos da sociedade, ou seja, as leis que a regiam.
Princípios da filosofia comtiana
Estrutura-se em três temas básicos:
na filosofia da história pautada na lei dos três estados,
mostrando as razões porque a concepção positiva da
história poderia imperar (organizada com base na lógica
formal, predominância do pensamento comum);
na fundamentação e na classificação das ciências,
observando-se a periodização da evolução de cada ciência
com base na lei dos três estados;
na sociologia que determinaria a estrutura e os
processos de modificação da sociedade até a reforma
prática institucional, vista como o “fim essencial de toda a
filosofia positiva”.
Estes princípios resultaram dos estudos sobre o
desenvolvimento da inteligência humana, dos primórdios
até o seu tempo. Pretendia descobrir a lei fundamental que
regia a inteligência humana e como as ciências e o espírito
humano se desenvolveram por meio de três fases distintas
(do estado teológico e metafísico até ao estado positivo).
No estado teológico, a imaginação desempenha um
papel primordial. O homem, diante da natureza, só
consegue explicá-la mediante a crença na intervenção de
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agentes sobrenaturais: deuses e espíritos explicam as
anomalias aparentes do universo.
No estado metafísico a idéia de “força”: força física,
força química, força vital, explica os fenômenos em
substituição às divindades. A idéia de força está alicerçada
na natureza, que corresponde à idéia de Deus único.
Procura soluções absolutas para a explicação da natureza
como faz a teologia. A diferença está na substituição do
concreto pelo abstrato e a argumentação toma o lugar da
imaginação.
No estado positivo encontra-se a preocupação de
descobrir, por meio da razão e da observação, as leis
efetivas, as relações invariáveis de sucessão e de
similitude. Neste estado renuncia-se a busca dos fins
últimos das causas e os “porquês”. Daí partiria a
organização das ciências como investigação do real, do
certo incontestável, do precisamente determinado. Nos
domínios do social e do político, marcaria a passagem do
poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do
poder material para o controle dos industriais.
O desenvolvimento da Sociologia representaria o ápice
do conhecimento humano e formularia um sistema
filosófico que reestruturaria e manteria a sociedade com
base na ordem e no progresso. Propiciaria a harmonia entre
as idéias de existência e as idéias de movimento, à
correlação permanente das idéias de organização com as
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idéias de vida e a correlação entre as idéias de ordem e as
de progresso.
A Sociologia adquiriu amplo sentido vinculando-se a
outras ciências: à psicologia, à economia política, à ética e
à filosofia da história.
Ordem social e progresso
Ordem social denominada de estática social,
responsável pela preservação dos elementos permanentes
da organização social, das instituições que mantêm a
coesão e garantem o funcionamento da sociedade (família,
religião, propriedade, linguagem, direito), é o mais
importante;
o progresso, é o desenvolvimento da sociedade,
denominado de dinâmica social, representa a passagem
para formas mais complexas de existência, como a
industrialização;
o progresso aperfeiçoa os elementos da ordem sem
destruí-la;
sociedade burguesa industrial deveria ser defendida
em seu próprio interior;
O Positivismo buscava justificar por meio de um
método cientifico adequado, os padrões burgueses
industriais de organização social e resolver os conflitos
sociais por meio da exaltação à coesão, à harmonia natural
entre os indivíduos e a um suposto bem estar do todo
social.
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A desordem social
As idéias governam e subvertem o mundo;
os mecanismos sociais se assentam em opiniões;
a situação social reflete a desordem das inteligências
apoiadas em três filosofias incompatíveis: a filosofia
teológica, a metafísica e a positiva.
A solução
sobreposição da filosofia positiva às demais filosofias.
O papel da Sociologia na Educação
Preocupação com os “fins sociais” da educação e a
necessidade de se preparar a criança para a vida na
sociedade burguesa;
relaciona o bem-estar social à estabilidade, ao
progresso e à capacidade de transformação sem revolução;
O objetivo
Formar o cidadão para viver harmoniosamente em
sociedade;
enobrecer a obediência e consolidar o comando.
O papel da educação diante da sociedade
a educação como caminho para acabar com a crise
política e moral da sociedade capitalista, a reforma moral
pela qual deveria passar a sociedade européia de sua época
só seria alcançada por meio de uma reforma no sistema de
ensino;
propunha a reforma da sociedade e a reforma geral do
sistema de educação;
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ampliação do sistema para atender as massas
populares e atingir um conteúdo geral nos seus
descendentes, contribuindo para o progresso social;
alcançar as diferentes classes sociais: do proletariado
aos detentores do capital.
Divisão da Educação
Espontânea: educação física, moral e estética; ocorre
nos primeiros meses de vida e acontece na família, com a
direção da mãe. Educação afetiva, na qual a educação física
da cultura dos sentidos deve prevalecer. O aspecto
intelectual é essencialmente para representar o mundo
exterior no cérebro. Na educação moral, a criança deveria
desenvolver o instinto de conservação. A educação estética
se faria pela sistematização de uma série gradual de
estudos regulares: leitura, escrita, canto, desenho e
línguas;
sistemática, educação intelectual. Inicia na
adolescência instituindo-se a lógica universal do ensino
abstrato com as leis científicas. Procura desenvolver a
razão abstrata, ou seja, sistematizar os conhecimentos já
adquiridos, incluir o estudo das leis naturais que regem a
natureza e o homem, instruir para a vida ativa com
inclusão da aprendizagem de um oficio e preparar para um
trabalho na sociedade. Assim, o adolescente seria instruído
a se conhecer, a conhecer sua personalidade e sua função
no organismo social. Para essa fase seria fundamental a
existência de um sistema de educação pública, universal,
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que atendesse às necessidades do mundo moderno. A
sistematização da educação deveria seguir a mesma ordem
de classificação das ciências positivas, que qualifica a
ordem universal, partindo da mais simples para mais
complexa. Todos deveriam concluir a educação geral, cujo
objetivo era completar a ordem interior estabelecida pela
educação afetiva e estética e culminar com a aquisição do
conhecimento da ordem exterior, ou seja, das leis naturais.
A educação, em seu conjunto, deveria ao final determinar
convicções fixas e comuns, tendendo para a ordem moral.
O aperfeiçoamento dos estudos deveria ser realizado nos
locais de trabalho por meio de cursos de especialização.
As universidades não seriam para todos, serviria como
complemento do ensino integral.
Educação da mulher
A mulher como principal motor educacional da nova
ordem: “a principal força da mulher consiste em superar a
dificuldade de obedecer”;
o pilar sobre o qual se fundaria a nova ordem social, o
Estado Positivo.
educá-la segundo os preceitos da boa moral positiva;
a mulher proletária seria o alvo da pedagogia comteana.
A burguesia e o proletariado
visão otimista da sociedade industrial;
admitia os conflitos existentes entre a burguesia e o
proletariado;
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a burguesia poderia atenuar os conflitos por meio de
medidas repressivas ou da elaboração de novas normas
que orientassem a conduta individual;
combinação entre as classes;
a melhoria de vida dos trabalhadores deveria ser de
responsabilidade da elite industrial e dos cientistas, a
reforma moral asseguraria a ordem social;
a ordem social seria alcançada por meio da
transformação do proletariado em “cidadãos” e
“funcionários sociais”, sua utilidade estaria na atividade
prática, essencial para o progresso capitalista.
a conciliação entre as classes, o aperfeiçoamento
moral e a conquista do conhecimento só seriam alcançados
pela intervenção da sociedade na vida do individuo, pela
influência da vida coletiva na individual, de forma a educar
a conduta individual para subordinar o egoísmo ao
altruísmo, para “viver para outrem”;
a harmonia social é o fim último do Positivismo,
conquistada por meio de um “sentimento” de solidariedade
que objetivaria a ordem e o progresso e alcançada pela
formação integral do homem, cultivando sua aptidão para
viver em solidariedade com os demais cidadãos, aparente
igualação atendia aos interesses da burguesia;
o povo não poderia dispensar a sua participação na
ordem moral, embora o pudesse na ordem política.
Questões para reflexão:
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• De que maneira você considera que o pensamento
positivista influencia na educação na atualidade?
• Qual deve ser o papel do professor para superar o
positivismo na sala de aula?
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3. HERBERT SPENCER E O DARWINISMO SOCIAL
Herbert Spencer (1820-1903), filósofo e sociólogo da
Inglaterra;
Positivista e fundador da filosofia evolucionista;
seus escritos estavam voltados para a biologia, a
política, a economia e a sociedade.
construiu uma teoria baseada no darwinismo social e
pelas idéias de progresso e positivismo de August Comte
(1798-1857).
Idéias de Darwin (1809-1882)
Origem do homem sob o olhar científico, descendência
da humanidade;
explica a evolução do homem pela seleção natural,
como ocorreu com os outros seres vivos;
o homem, independentemente de sua vontade, passou
por modificações em seu aspecto físico e mental;
as espécies mais fortes prevaleceram, pela adaptação
e reprodução;
no homem, o desenvolvimento da inteligência foi um
dos fatores que possibilitaram sua sobrevivência,
favorecendo a sua defesa dos animais mais fortes e
distinção entre os alimentos que eram comestíveis ou não.
O darwinismo social
Teoria de grande influência no pensamento europeu
do século XIX até o final da Segunda Guerra Mundial;
os cientistas positivistas ajustaram as perspectivas
organicistas e evolucionistas de Darwin, até então aplicada
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à Biologia, tornando-as um meio de estudo da sociedade e
fundaram o darwinismo social;
fundamentou-se na crença de que as sociedades
mudariam, evoluiriam, no sentido da passagem de um nível
menos elevado, simples, para um nível superior.
as sociedades estariam sujeitas à lei da seleção
natural, como ocorria com o desenvolvimento biológico do
homem;
as sociedades mais fortes, mais capazes
prevaleceriam; as menos fortes se extinguiriam por meio
de lutas e pela dificuldade em superar os obstáculos
impostos pela natureza;
essa concepção respaldou as forma de dominação
européia sobre outras sociedades, a colonização;
justificou os diferentes sistemas sociais impostos pelo
capitalismo, as desigualdades sociais, as teses de eugenia
(campo da ciência que estuda as condições mais propícias à
reprodução e ao melhoramento genético da espécie
humana) e as doutrinas raciais difundidas pelo mundo.
Os princípios teóricos de Spencer
o determinismo poderia ser utilizado para elucidar a
natureza e a moralidade humana;
considerava o mundo como um sistema de relações
entre meios e fins, no qual o homem e a sociedade
possuíam um início, que seria a sua formação, e um fim,
que seria, nesse caso, o progresso final, momento em que
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homem e a sociedade sobrevivente chegariam à
“perfeição”, à “civilização, à “plena felicidade”;
o homem sofria modificações em sua natureza
adaptando-o à condição social;
adquiriria a liberdade por meio do progresso;
o mal desapareceria naturalmente e o homem
alcançaria a plena felicidade com a ajuda da ciência;
o homem que melhor se adaptasse ao mundo em que
vivia seria valorizado como “o homem civilizado” (europeu),
em detrimento dos “não civilizados”(costumes rústicos,
primitivos) aqueles que não haviam “evoluído”. Os
civilizados estariam adiantados na marcha progressiva do
homogêneo para o heterogêneo.
A sociedade e os seus princípios
Assemelha-se a um organismo biológico vivo, suas
partes desempenham funções definidas para funcionamento
do todo;
o processo de conhecimento acompanha a
complexidade da estrutura social com divisões internas e
interdependentes;
a religião torna-se também complexa, à medida que
há a separação entre o civil e o religioso, entre o rei e o
clero;
o rei adota a divisão administrativa;
o clero hierarquiza sua organização eclesiástica;
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a massa social divide-se em classes: umas mais
privilegiadas, outras menos;
uns governantes, outros governados;
a língua se multiplica, as palavras evoluem do oral
para o escrito;
as artes passam da pintura para a escultura e à
arquitetura;
a poesia, para a música até chegar na dança.
estes fenômenos têm o seu momento de
fragmentação até se constituir uma parte.
formula a lei da evolução: tanto a sociedade como o
organismo biológico, passam de um estágio primitivo,
caracterizado pela simplicidade de estrutura e pela
homogeneidade, para estágios de crescente complexidade,
marcados por uma progressiva heterogeneidade das partes.
Os estágios apresentam novas maneiras de integração e
revelam um momento em que a sociedade atingiria um
nível elevado de civilização.
a história das sociedades demonstra a progressiva
diferenciação pela qual passaram;
pequenas coletividades, sem organização política e
com reduzida divisão de trabalho, se transformaram em
sociedades complexas, heterogêneas, compostas por
grupos diferentes e numerosos, com uma política
organizada e diferenciada e com uma multiplicidade de
funções econômicas e sociais, o que exigia uma crescente
divisão do trabalho.
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o progresso social consistiria na maior e mais
diversificada produção dos objetos imprescindíveis à
satisfação das necessidades humanas, na segurança
pessoal e da propriedade, como também na crescente e
ampla liberdade de ação do indivíduo.
semelhantemente aos organismos vivos, as
civilizações possuíam os seus próprios ciclos de vida;
a Biologia e a Ciência Social seriam os instrumentos
básicos para explicar esses ciclos tanto na escala biológica
quanto na social.
Idéias positivistas de Spencer
a ciência é o instrumento imprescindível para a
explicação de tudo o que há no Universo;
tomou a ciência como um dogma atingindo sua
concepção de educação e o seu modelo de indivíduo;
justificou a importância do estudo da ciência em favor
de uma disciplina mental e da fundamentação de uma
moral laica;
o trabalho científico proporcionaria ao indivíduo um
conjunto de valores semelhantes aos da moral cristã,
como: dedicação, perseverança, sinceridade, honestidade
intelectual etc.
criticou o ensino clássico defendendo os
conhecimentos úteis na formação do homem de negócios
que poderiam produzir o bem-estar individual (De
l’éducation intellectuelle, morale et physique (1878))
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as escolas deveriam adotar conteúdos científicos,
desde os primeiros estágios da educação infantil;
o ensino das ciências permitiria a realização de
atividades que possibilitariam ao indivíduo e à sociedade
alcançar o grau da civilização, patrocinariam o bom êxito
das atividades industriais e dariam subsídios a uma
disciplina intelectual e moral;
a ciência, como disciplina intelectual, exercitaria a
memória e desenvolveria o juízo do indivíduo;
a disciplina moral apelaria para a razão, dando-lhe
liberdade de análise;
a ciência propiciaria o desenvolvimento de um caráter
independente facilitando a formulação de conclusões
individuais e próprias e a formação de um indivíduo capaz
de liderar e não de ser liderado.
O Estado e a educação
Posicionou-se contra a interferência do Estado na
educação da população e defendeu a implementação de
estudos úteis e práticos;
o Estado deveria assumir o menor número de tarefas
dentro da sociedade; os males naturais seriam corrigidos
por meio da adaptação do indivíduo;
a função do Estado era de manter a ordem e defender
os direitos naturais dos homens e suas correspondentes
propriedades;
a finalidade da educação seria a de formar homens
aptos para governar a si mesmos e não para serem
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governados por outros e pelo Estado. Tem como
perspectiva que primeiro o homem evoluiu, para depois
criar o Estado; assim ele não é fruto do Estado, e sim o
Estado é que é fruto do homem;
A educação spenceriana
os problemas existentes na sociedade originavam-se
dos próprios indivíduos e que não conseguiam se adaptar,
por isso era necessário consertar o indivíduo por meio de
sua correção moral (incumbência da escola);
a escola por meio do ensino das ciências despertaria o
indivíduo para a moral;
O Estado, excluído desse processo, deixaria de
conceder escolas públicas, obrigatórias e gratuitas à
população;
a educação seria regulada pelas leis do mercado;
o determinismo social spenceriano faria dos indivíduos
mais aptos, os mais privilegiados financeiramente, mais
prósperos por meio da educação, em detrimento de
indivíduos inferiores, entendidos como a população mais
pobre que não tinha condições financeiras para estudar.
concebe o processo educativo como gradativo e
paralelo ao ritmo das competências e habilidades do
educando;
somando-se à cultura acumulada pelas gerações
anteriores, que se encontra depositada no cérebro do
educando, o processo educativo tem a finalidade de
desenvolver as habilidades natas;
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o conhecimento promove a permanência e a
disposição de prudência e possibilita a integração do
indivíduo no Estado, sociedade e família;
o conhecimento mais útil é o científico é o que
promove a autopreservação da espécie humana e sua
continuidade;
a vida coletiva, nacional e artística depende da
aquisição do conhecimento científico elevando o nível
intelectual, moral e até religioso do homem;
todo o processo educativo, que visa formar o homem
civilizado, é dependente da ciência.
aprendizagem deve se desenvolver de acordo com o
grau de evolução da ciência, partindo dos conhecimentos
mais simples e homogêneos para os mais compostos e
heterogêneos, do menos conhecido para o certo, do
concreto para o abstrato;
o procedimento educacional deve recolocar o
educando nos caminhos que a própria humanidade trilhou
em seu processo de evolução;
A contemporaneidade do pensamento de Spencer
o mercado como grande regulador social;
o Estado como mantenedor de políticas públicas que visam não a igualdade mas a eqüidade;
o Estado, atendendo a normas impostas pelos organismos internacionais (FMI, BIRD e Banco Mundial) sacrifica as políticas de atendimento ás áreas sociais mais necessitadas.
30
4. ÉMILE DURKHEIM E SUA INFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO
Aparecida Meire Calegari-Falco
Claudinéia Justino Franchetti
* Importância do autor para a consolidação da Sociologia
como disciplina científica:
- ocupou a primeira cátedra de Sociologia criada na França;
- fundou a Escola Sociológica Francesa, ao reunir um grupo
de cientistas voltados para a análise da sociedade;
* Foi bastante influenciado pelo contexto histórico (viveu
entre 1858-1917), discutido anteriormente; tal influência se
deixa transparecer nos temas de seus estudos.
Definição de Sociologia, para Durkheim: “[...] ciência
das instituições, tanto de sua gênese como de seu
funcionamento.” (CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, p. 44).
Objeto próprio da Sociologia, para Durkheim: os fatos
sociais;
Fatos Sociais: são “[...] as maneiras de agir, de pensar e
de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de
coerção em virtude do qual se lhe impõem.” (DURKHEIM
apud CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, p. 44). Desse modo,
são fatos sociais, por exemplo: as regras jurídicas, morais e
religiosas, a moda, a língua, as taxas de casamento,
31
mortalidade e natalidade (no sentido de que exprimem um
determinado estado da alma coletiva), dentre outros.
EXEMPLO: o idioma; não somos obrigados a nos comunicar
em português, mas desde cedo aprendemos que, se não o
fizermos, não teremos sucesso nas relações sociais (poder
coercitivo).
Nesse sentido, toda atitude individual tem algo de social,
pois reproduz, de certo modo, o modelo coletivo no qual
estamos inseridos. Daí, apreendemos que Durkheim explica
a sociedade através do aspecto coletivo, e não do aspecto
individual.
Método próprio da Sociologia, para Durkheim:
1) considerar os fatos sociais como “coisas” exteriores aos
indivíduos, afinal eles não são um produto da nossa
vontade, mas sim “[...] moldes de acordo com os quais
somos obrigados a formar nossas ações”. (CALEGARI-
FALCO; FRANCHETTI, p. 46).
2) buscar a objetividade científica, destituindo-se de
subjetividade (paixões) e pré-conceitos;
* Para a análise dos fatos sociais, Durkheim considera
indispensáveis os seguintes conceitos:
32
- consciência coletiva: encontra-se na sociedade, e não
no indivíduo; é formada pelo conjunto de crenças e valores
partilhados por uma mesma sociedade; “Apesar de todos os
indivíduos possuírem ‘consciências individuais’, suas formas
de se comportar e de observar a vida, seguem formas
padronizadas de conduta e pensamento no interior de
qualquer grupo ou sociedade [...]”. (CALEGARI-
FALCO;FRANCHETTI, p. 46).
A sociedade, no pensamento de Durkheim, prepondera
sobre os indivíduos, e a coesão entre eles só é alcançada
através da solidariedade, que pode ser mecânica ou
orgânica.
- solidariedade mecânica: ocorre em sociedades
primitivas, nas quais ainda não ocorreu a divisão econômica
do trabalho e ainda não surgiu a propriedade privada;
nesse tipo de sociedade, a consciência dos indivíduos é
semelhante, e a solidariedade ocorre por conta dessa
semelhança compartilhada;
- solidariedade orgânica: caracteriza as sociedades
modernas (divisão do trabalho e propriedade privada); a
complexidade dessas sociedades possibilita maior
desenvolvimento das individualidades, no entanto, a
solidariedade entre eles não é menor, pois todos fazem
parte de um mesmo “corpo”, sendo interdependentes (os
33
indivíduos são como órgãos que, com suas funções
distintas, precisam funcionar em harmonia para o bem do
corpo).
Continuando a comparação da sociedade com o organismo
vivo, Durkheim considera que existem:
- fatos sociais normais: são todos aqueles que estão
disseminados na sociedade e nela desempenham função
importante; EX.: o crime é um fato social normal na
medida em que serve para enfatizar condutas que devem
(ou não) serem seguidas.
- fatos sociais patológicos: são todos aqueles que fogem
ao controle da sociedade; EX.: o crime é um fato social
patológico na medida em que ocorre em um nível acima do
aceito socialmente, gerando uma situação de caos e
ausência de controle.
As paixões individuais devem ser contidas para que não
venham a abalar o equilíbrio do coletivo. Para tanto,
Durkheim propunha as
- regras morais: implicam a noção de dever para com os
outros; pressupõem que os indivíduos não nortearão suas
atitudes pelos impulsos egoístas, mas sim pela noção de
solidariedade.
34
DURKHEIM E A EDUCAÇÃO
* Função social da Educação
Segundo Calegari-Falco e Franchetti, em Durkheim a
educação “[...] é fundamental para manter a coesão social,
na medida em que, desde criança, o ser humano adquire os
hábitos que são comuns na sociedade. [...] Pela educação,
para que possa crescer em sociedade, os fatos exteriores
ao indivíduo precisam ser internalizados por ele desde a
infância, ou seja, a educação serve para socializar a
criança.” (p. 51).
Para Durkheim, existem 2 indivíduos em cada ser humano:
o ser individual e o ser social. O primeiro é composto
pela personalidade, pelos estados mentais particulares; o
segundo, é formado por idéias, hábitos e valores
socialmente construídos e introjetados. A Educação deve
voltar-se à construção do SER SOCIAL, ou seja, em síntese:
“[...] o homem que a educação deve realizar, em cada um
de nós, não é o homem que a natureza fez, mas o homem
que a sociedade quer que ele seja; [...]”. (DURKHEIM apud
CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, p. 52).
35
5. KARL MARX: EDUCAÇÃO E TRABALHO
Éder Fernando dos Santos
Edna A. Ferreira Benedicto
* Marx (1818-1883) foi um grande (senão o mais
importante) pensador do século XIX; fundador de um
método de análise da história humana (materialismo
histórico e dialético) que inspiraria, em sua época e
posteriormente, inúmeras ações políticas de cunho
revolucionário;
* A importância de estudar o seu pensamento, no âmbito
da Sociologia, reside justamente no fato de ele ter criado
uma explicação para o desenvolvimento da sociedade ao
longo da História (modos de produção).
Objetivo do estudo da sociedade, para Marx: dominar a
teoria para dirigir a prática (contexto em que escreve é
revolucionário);
“[...] o conhecimento da realidade social deve se converter
em um instrumento revolucionário, capaz de orientar os
grupos e as classes sociais para a transformação da
sociedade.” (SANTOS; BENEDICTO, p. 60).
* A sociedade para a qual Marx se volta, em suas análises,
é a capitalista;
36
* Diferentemente de Durkheim, Marx não via na divisão do
trabalho no sistema capitalista uma forma de solidariedade
entre os homens, e sim uma das formas pelas quais se
realizava a exploração de uma classe (proletariado) pela
outra (burguesia) e, consequentemente, se criavam
antagonismos insuperáveis.
* EXEMPLO DE ANTAGONISMO NA SOCIEDADE
CAPITALISTA: o avanço da tecnologia permitiu aos homens
o domínio da natureza, gerando enriquecimento de alguns
(burguesia) e empobrecimento de muitos (proletariado);
logo, os empobrecidos tendem a lutar para transformar tal
realidade (luta de classes);
* Na análise sociológica de Marx, o proletariado aparece,
então, como sujeito histórico responsável pela superação
do capitalismo;
* Como mencionamos, o socialismo científico (nome dado à
teoria desenvolvida por Marx e Engels), veio a servir de
instrumento de luta para a classe operária no século XIX e
posteriormente. Desse modo, “[...] cumpriu o papel de
demonstrar e desvendar a essência das relações
capitalistas, analisando os seus aspectos fundamentais
sempre na direção superadora” (SANTOS; BENEDICTO, p.
62).
37
Trabalho e Conhecimento em Marx
* O trabalho ocupa posição central nas obras de Karl Marx.
É através do trabalho (produção material), segundo esse
autor, que o homem faz o intercâmbio com a natureza e
com os outros homens (relações sociais de produção). É a
forma de organização do trabalho pelo homem que
determina o tipo de organização da sociedade (modos de
produção).
* Na sociedade capitalista, que Marx busca entender, a
propriedade privada dos meios de produção fez surgir a
seguinte divisão do trabalho: trabalho manual e trabalho
intelectual. Essa divisão se consubstancia no ato de “isolar
os responsáveis pela concepção e criação daqueles que
simplesmente executam o trabalho. [...] O operário perde a
relação existente entre conhecimento e trabalho. A esse
processo de separação entre pensar e executar, somado à
apropriação dos resultados dos trabalhos por outro que não
o trabalhador [mais-valia], Marx chamou de alienação.”
(p.65).
* TRÊS TIPOS DE ALIENAÇÃO
- da natureza: o homem se “coisifica” ao transformar sua
força de trabalho em mercadoria e ao desconhecer o
produto de seu próprio trabalho (afinal, é através de sua
38
produção material que ele conhece e se relaciona com o
mundo e com os homens).
- de si mesmo: o trabalho deixa de ter a finalidade do
conhecimento e da relação com o mundo, e passa a ser um
sofrimento imposto como meio de sobrevivência.
- da espécie: o trabalho deixa de ser um vínculo do homem
com a humanidade, passando a ser um meio individual de
garantir a própria sobrevivência.
* Segundo Marx, as instituições sociais (família, escola,
leis, meios de comunicação, etc.) estão impregnadas pela
ideologia capitalista, acentuando a alienação;
* A EDUCAÇÃO, do modo como está organizada na
sociedade capitalista, serve, segundo Marx, “[...] como um
elemento de manutenção da hierarquia social e da
hegemonia ideológica da burguesia”. (SANTOS;
BENEDICTO, p. 66).
PROPOSTA DE MARX PARA A EDUCAÇÃO
* Embora não tenha escrito muito sobre o assunto, Marx
apresentava uma concepção de educação, que
transpareceu em algumas de suas obras. Para esse autor,
uma das formas de emancipar o ser humano e livrá-lo da
39
alienação, seria integrar ensino e trabalho _ o que ele
chamou de ensino politécnico ou formação
omnilateral. Tal ensino se constituiria em:
1) instrução intelectual;
2) educação física;
3) treinamento tecnológico, que transmita os fundamentos
científicos gerais de todos os processos de produção
(observar o contexto).
* “O processo de ensino e aprendizagem começaria na
infância, tendo por base que a educação é para todos e
gratuita. Portanto, o ensino intelectual (cultura geral), o
desenvolvimento físico (ginástica e esporte) e o
aprendizado profissional polivalente (técnico e científico)
comporiam o novo ensino formal que contribuiria para a
construção de um mundo não mais mediado pela
propriedade privada.” (SANTOS; BENEDICTO, p. 67).
* Nesse sentido, a educação tem, em Marx, um grande
potencial transformador, desde que ela abandone a
formação unilateral e alienante proposta pela burguesia e
adote o caráter totalizante produzido pela união entre
conhecimento e trabalho (trabalho intelectual e trabalho
manual).
40
6. MAX WEBER E A ÉTICA PROTESTANTE
Ana Lúcia Sales de Lima
Aparecida Meire Calegari-Falco
* Max Weber (1864-1920): grande pensador alemão, que
colaborou para o desenvolvimento da Sociologia moderna.
Sua formação intelectual ocorreu no período em que as
disputas sobre a metodologia das Ciências Sociais
começavam a surgir na Europa, sobretudo na Alemanha.
CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO DE WEBER
* Contexto: viveu no período da Unificação Alemã (que se
deu oficialmente em 1871) e vivenciou, portanto, as
dificuldades e crises desse processo (heterogeneidade das
opiniões políticas, de dialetos, de religiões nos 36 Estados).
Vivenciou, também, a época de auge da Alemanha, que
durou da década de 1880 a 1914, quando se inicia a 1º
Guerra Mundial. Foi um momento de crescimento
econômico, industrial e tecnológico e, conseqüentemente,
também de intenções imperialistas.
* A obra que as autoras se propõem a analisar, “A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo”, seria, segundo
elas, uma tentativa de Weber de entender as origens desse
capitalismo agressivo de início do século XX; Em tempo:
Weber vinha de uma família protestante;
41
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PENSAMENTO DE
WEBER
* Ao contrário de Durkheim, Weber centrava sua análise no
indivíduo, e não na coletividade; considerava que a prática
científica poderia levar ao desenvolvimento da
racionalidade; Também diferentemente de Durkheim, não
considerava a Sociologia como ciência, no sentido de que o
sociólogo manifestaria apenas uma explicação conceitual, e
não um retrato fiel do fato estudado;
* Em relação a Marx, Weber não rejeitou o materialismo
histórico; no entanto, embora não negasse o papel das
lutas de classes no desenrolar da história da sociedade, ele
considerava outros elementos importantes para a
transformação social.
ANÁLISE DE A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO
CAPITALISMO, SEGUNDO LIMA E CALEGARI-FALCO
* Weber se propõe a estudar as origens do capitalismo
do século XVI. Segundo o autor, a ânsia pela riqueza já
existia nas sociedades antes do capitalismo, mas o
espírito capitalista (valorização do trabalho, prática de
virtudes como: pontualidade, honestidade, sobriedade,
42
etc) teria surgido no contexto do desenvolvimento das
religiões protestantes no século XVI.
* Qual seria a relação entre esse “espírito capitalista” e
as religiões protestantes? Bem, Weber destaca que,
antes da Reforma Protestante, a Igreja Católica detinha
o monopólio religioso e moral no Ocidente, e que nessa
religião o lucro (a usura, por exemplo) era condenado.
(TRADICIONALISMO). Com o surgimento das novas
religiões cristãs, uma nova moral se estabelece entre
seus seguidores, e nela temos a valorização do trabalho
secular, dos lucros alcançados com tal trabalho, e da
idéia de vocação.
* VOCAÇÃO: é através do cumprimento de tarefas aqui
na terra que o homem glorifica a Deus, portanto a
tendência humana ao trabalho é uma vocação divina,
que deve ser seguida.
* Teria sido, então, a partir da difusão dessa nova
moral, que o espírito capitalista teria encontrado brecha
para se desenvolver, derrotando o seu inimigo: o
tradicionalismo.
* Lima e Calegari-Falco observam que em Martinho
Lutero, primeiro grande expoente da Reforma
Protestante, a idéia de vocação existe, mas há a
43
condenação do lucro. Foi apenas com a difusão da
doutrina calvinista (elaborada por João Calvino) que o
espírito capitalista conseguiu se desenvolver.
* Preceitos religiosos do Calvinismo:
- proibição do culto aos santos e imagens;
- combate à autoridade do Papa;
- o trabalho como forma de “amor ao próximo”;
- apenas 2 sacramentos: batismo e eucaristia;
- princípio da predestinação, segundo o qual os
homens já nascem predestinados ou não à salvação,
sendo que o acúmulo de riquezas por meio de trabalho
honesto seria um dos sinais dos “eleitos de Deus”;
* No entanto, segundo ressaltam as autoras, embora o
acúmulo de bens não fosse condenado pelos calvinistas,
o uso indevido da riqueza era considerado um pecado.
“Sua aquisição é má somente quando é feita com o
propósito de uma vida posterior feliz e sem
preocupações. Mas, como o empreendimento de um
dever vocacional, ela não é apenas moralmente
permissível, como diretamente recomendada” (WEBER
apud LIMA; CALEGARI-FALCO, p. 77);
* Desse modo, as autoras ressaltam que não devemos
afirmar que a ética protestante criou o capitalismo, mas
44
sim que ela abriu possibilidades para que o espírito do
capitalismo se manifestasse;
45
7. O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
Aparecida Meire Calegari-Falco.
Claudinéa Justino Franchetti.
Trabalho: no dicionário etimológico, vem da palavra
trepalium
Tripalium: instrumento feito de três paus aguçados, às
vezes com pontas de ferro, usado para bater o trigo. Na
maior parte dos dicionários, liga-se ao verbo tripare
(torturar).
Segundo as autoras, para Marx “o trabalho é
resultante do dispêndio de energia física e mental, direta ou
indiretamente direcionado à produção de bens e serviços,
que contribui para a reprodução da vida humana individual
e social” (CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, 2005, p.81).
Hannah Arendt distingue labor de trabalho: enquanto
labor corresponde a atividade biológica; trabalho ao
artificialismo da existência humana.
Historicamente, trabalho assume conceitos e
importâncias distintas.
Hoje, fruto da modernidade, de concepções que
emergem no processo de Revolução Industrial, está no
centro da vida individual e social.
Na Antiguidade Grega era visto de forma negativa
(dedicação ao ócio intelectual). Só faziam parte da polis
(vida pública) aqueles que estivessem livres do trabalho. O
trabalho era fator de inferiorização.
46
Ex. Aristóteles: dois elementos fundantes: corpo e
alma (a alma deveria governar).
Na Idade Média destacam-se os pensamentos de
Santo Agostinho (séc.V) e Santo Tomás de Aquino
(séc.XIII). Para as autoras:
Estes filósofos traduziam o credo cristão por meio das referências aos filósofos gregos Platão e Aristóteles, os quais influenciavam suas reflexões sobre o homem. Com isso, o trabalho era pensado de forma semelhante, mas com algumas alterações, pois, para Santo Tomás de Aquino, o trabalho era árduo, embora não deixasse de ser um bem. O labor acentuava, sobretudo, a pena física e moral, sendo uma conseqüência do pecado original, ou também, uma oferenda a Deus de todo o esforço humano (Idem, p.82-83).
Na transição do feudalismo ao capitalismo (até a
Rev. Industrial), ganha força a classe burguesa: a partir do
século XV, um amplo movimento (filosófico, científico,
artístico-cultural) lança bases para uma concepção positiva
de trabalho.
No âmbito religioso, a Reforma Protestante contribui:
o trabalho era a melhor forma de servir a Deus.
No âmbito tecnológico: passagem do sistema de
produção agrário/artesanal para industrial (do
Renascimento ao Séc. XVIII).
O trabalho, no contexto da Revolução Industrial,
adquire caráter glorioso na vida humana.
- John Locke (1632-1704): trabalho é fonte de toda
propriedade; ele cria um novo objeto; é fonte de valor;
engaja o físico e o moral.
47
- Adam Smith (1723-1790): retoma as idéias de
Locke; afirma que só o trabalho produz riqueza. Rompendo
com o mercantilismo (política econômica que guiava o
comércio, regulado pelo Estado), esclarece que a “riqueza
das nações se originava do trabalho dos indivíduos” (Idem,
p.84).
São John Locke e Adam Smith que desfazem a imagem negativa do trabalho como patrimônio da pobreza, como fardo exclusivo dos que não possuem propriedade, e o definem como fonte de toda a atividade criadora de riqueza (BRESCIANI, 1994, p. 80, Apud CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, 2005, p. 80).
- Karl Marx foi além ao elaborar a teoria da mais
valia: valorizou o caráter social do trabalho, “soou o
primeiro alarme de alerta em meio a toda a glorificação do
trabalho” (Idem, p. 85). Encontrou a alienação do
trabalhador no modo de produção capitalista, ligado
estritamente à propriedade privada. Evidenciou o fetichismo
da mercadoria. Entendendo o trabalho como um processo
entre homem e natureza, afirmou que o trabalhador
assalariado aliena-se da sua relação com a natureza;
torna-se objeto e produto do seu trabalho, distanciando-se
da ligação entre natureza e trabalho. Para Marx, no
capitalismo, o trabalho converte-se num meio de vida,
ligando-se estritamente à sobrevivência: “Ao alienar-se de
atividades capazes de humanizá-lo, ele aliena a si
próprio” (p. 85, grifos nossos). Por fim, aliena-se de sua
espécie: o trabalho, vendido como mercadoria, afasta o
homem dos vínculos que o unem a sua espécie. A tese do
48
trabalho-valor exprime a idéia de que o capital nada mais é
do que a mais-valia capitalizada (mais-valia corresponde ao
excedente de horas do trabalho operário).
Para as autoras, o trabalho, envolto pelo capitalismo,
torna o homem cada vez mais alienado, gerando
conseqüências cruéis ao trabalhador.
- Georg W. Friedrich Hegel (1770-1831),
contribuição no âmbito filosófico: define o trabalho como
ação específica do homem, diferenciando-o do animal. É
fundamental ao processo de aquisição da consciência de si
mesmo: “Em sua concepção, por meio do trabalho, os
homens conseguem ser livres e conscientes de si” (idem,
p.86).
Passagem do Capitalismo Concorrencial ao
Capitalismo Monopolista (final do séc. XIX): surgem os
grandes bancos, que, através de empréstimos passam a
controlar indústria, comércio, agricultura e pecuária;
formam-se poderosas empresas internacionais.
É elementar aplicação de novos conhecimentos
científicos e tecnológicos, automatização e informatização,
bem como de novos modelos de gestão, organização do
trabalho para aumento de produtividade e disciplinarização
do operariado. Destacam-se Frederick Winslow Taylor
(1856-1915) e Henry Ford (1886-1947).
- Taylor: método científico para aumentar a
produtividade e evitar perda de tempo (taylorismo).
Baseia-se em: 1. planejamento das tarefas de execução:
49
“operários com iniciativa e afeitos ao trabalho intelectual
são excluídos das oficinas e levados com exclusividade à
administração superior (Idem, p.87). 2. divisão do trabalho
intensificada pelo estudo dos tempos e movimentos,
decompondo o trabalho em parcelas elementares. 3.
Controle de tempos e movimentos dos operários. Somam-
se estímulo por empenho individual e estratificação da
estrutura de produção.
Para as autoras, o taylorismo expandiu-se
extensivamente entre o final da 1ª Guerra Mundial e o final
da década de 70. Foi muito criticado por humanistas e
Marxistas.
- Henry Ford: avançou nas idéias tayloristas.
Introduziu as linhas de montagem: as esteiras ditam o
ritmo do trabalho.
Após a 2ª Guerra Mundial, emerge um novo conjunto
de técnicas de gerenciamento. O principal desenvolvedor foi
Taiichi Ohno (112-1990), da Toyota.
- Toyotismo: a proposta é enxugar a produção, na
qual a automatização é a chave. Um trabalhador passa a
ser responsável por várias máquinas, diminuindo a
quantidade de trabalhadores. Outro aspecto diz respeito à
produção para venda efetiva (de acordo com a demanda do
mercado e enxugando os estoques). A multifuncionalização
da mão-de-obra é fundamental: o trabalhador precisa ser
polivalente, dominar todo o processo de produção. É
também importante o trabalho em equipe, sob a orientação
50
de um líder, que trabalha junto com os demais
coordenando e substituindo qualquer membro faltante:
“Quanto às relações entre capital e trabalho estabelecidas
nesse sistema, o centro é a cooperação” (p. 89).
As autoras lembram que o avanço da sociedade
capitalista coloca cada vez mais o trabalho no centro da
sociedade: “como motor da sociedade, como base da
dignidade, satisfação e liberdade humana, como
possibilidade de ascensão social” (p. 85). PARTICIPAR DO
MUNDO DO TRABALHO É A GARANTIA DA CIDADANIA.
Estar excluído dele é estar a margem da sociedade.
Lembram também a importância do relógio regulando o
ritmo de vida. No século XIX, propagandeia-se o uso
econômico do tempo aos trabalhadores.
A crescente utilização das máquinas, associada a
utilização do trabalho feminino e infantil (crescimento da
oferta de trabalhadores) contribui para a desvalorização do
trabalho humano.
Contemporaneidade: globalização, neoliberalismo,
avanço tecnológico (principalmente informatização),
indissociação das ciências aos processos produtivos,
substituição da mão-de-obra humana pela robótica. Um
mundo em constante mutação que exige aprendizado
constante.
- desemprego estrutural: atinge tanto países
desenvolvidos quanto subdesenvolvidos. Fragmentação da
classe trabalhadora. Mercado formal e informal. Caráter
51
destrutivo das transformações nas últimas décadas:
subemprego, deteriorização da relação entre o homem e a
natureza.
No mundo atual, com os Programas de Qualidade
Total, só estão aptos indivíduos capazes de:
- aprender constantemente;
- trabalhar em equipe;
- ter visão geral;
As conseqüências englobam: detrimento da reflexão e
distanciamento da solidariedade. O trabalho ocupa o centro
da vida das pessoas, depois vêm a família e os amigos. A
preocupação constante é o desemprego. “Hoje, alguns
estudos já veiculam a idéia de que caminhamos para uma
sociedade sem trabalho” (Idem, p.91).
As autoras afirmam que para Jeremy Rifkin “estamos
presenciando uma Terceira Revolução Industrial, que traz
em seu bojo elevados cortes da força de trabalho humana,
com a redução e a eliminação de funções e categorias
inteiras de trabalho” (p. 91). A cada dia os trabalhadores se
tornam menos necessários. Além de substituir a fora física
humana, a tecnologia promete também substituir a mente
humana.
Segundo as autoras, a reengenharia do ambiente de
trabalho, com a ajuda do computador, reduzem categorias
de cargos. As equipes dinamizam o trabalho, conseguindo
resultados surpreendentes. A Inteligência Artificial tende a
tornar irrelevante o trabalho do administrador. Citam
52
novamente Rifkin, para quem a redução da carga de
trabalho poderia libertar as pessoas das longas jornadas,
tornando-as livres para o lazer. Entretanto, poderia causar
uma depressão econômica global, uma vez que sem
trabalhadores não há consumidores.
Em síntese, é perceptível que o trabalho, num primeiro momento, foi visto com preconceito. À medida que emergiam as estruturas capitalistas ele passou a ser positivado no interior das sociedades, especialmente as da Europa e depois em quase todo o mundo. O próprio trabalho do homem criou máquinas cada vez mais eficazes em relação à produtividade, as quais substituíam, de forma crescente, o trabalho humano. Hoje nos deparamos com um avanço tecnológico impressionante a ponto de parecer trilhar seu destino independente da grande maioria dos homens, os quais, por sua vez, ficam subtraídos de um prego bem remunerado, que lhes forneceria direitos e principalmente estabilidade (CALEGARI-FALCO; FRANCHETTI, 2005, p.92).
53
8. EDUCAÇÃO E TRABALHO NO BRASIL
Maria Estela Gozzi Camillo.
Sheila Cristina Pedroso.
A educação básica na Colônia
A retrospectiva história é importante para
compreender as medidas governamentais para a educação
nas últimas décadas. Privilegiam as principais
características econômicas que impulsionam a educação
nos três períodos (nos modelos: agro-exportador; de
substituição das importações; de internacionalização do
mercado interno, resultou na globalização).
Colônia
1549: início da educação sistematizada, com a
chegada de quatro padres e dois jesuítas (vieram com o 1º
governador geral, Tomé de Souza). Vinculada a política de
colonização, cujo sucesso dependia da aculturação do índio.
Os jesuítas dedicaram-se à catequeses e à instrução do
gentio. Os objetivos, pautados em valores morais e
espirituais da civilização ocidental, visavam o lucro de
exploração da mão-de-obra.
Missões ou Reduções: regime político autoritário e
econômico comunitário. Conservava-se a língua indígena,
mas explorava-se racionalmente o trabalho.
Colonização: Obrigatória para a produção de
Mercadorias (povoamento e cultivo da terra). Escravidão
54
(indígena e negra): necessária. Função da população
colonial: propiciar lucros à metrópole.
Até o século XVII, prevaleceu a produção açucareira
(monocultura latifundiária). A força de trabalho era quase
exclusivamente composta de escravos de origem africana.
Não havia função de reprodução da força de trabalho a ser
produzida pela escola. A educação escolarizada só era
conveniente à camada dirigente. As escolas dos jesuítas
preenchiam as necessidades, tanto na colônia, quando na
metrópole. A Igreja Católica assumia a hegemonia da
sociedade civil e, de certa forma, na própria sociedade
política, “por meio de uma arma pacífica: a educação”
(CAMILLO; PEDROSO, 2005, p.97). Os jesuítas administram
o sistema educacional brasileiro até meados do séc. XVIII.
Marques de Pompal expulsou os jesuítas de Portugal e
seus domínios (1759), desmontando seu sistema
educacional. “As reformas pombalinas constituíram uma
violenta e sistemática reação jesuíta” (p.97). Como
Portugal se distanciava das novas idéias econômicas e
culturais européias, fizeram dos jesuítas os responsáveis
por seus males. A proposta de Pompal quer recuperar a
economia, a partir da concentração do poder real e da
modernização da cultura. Suas realizações não tiveram
longo alcance. Portugal foi se tornando dependência
agrícola da Inglaterra. Para as autoras, modifica-se, no
Período Pombalino, apenas o foco de erradicação de
influência européia, e também que “Desde a expulsão dos
55
Jesuítas até a vinda da Corte portuguesa para o Brasil, a
educação da Colônia passou por um período de segregação
e decadência” (p.98).
A educação básica no Império
- 1808: vinda da família real. Tomam-se medidas para
prover defesa militar do Reino: criação da Academia da
Marinha (1808) e Academia Militar (1810). Cria-se cursos
de Cirurgia, Anatomia e outras organizações superiores. A
instrução elementar não recebe cuidados.
-1822: independência. Uma nova política de instrução
popular começa. Constituição de 1824: garantia da criação
de colégios, universidades e promessa de instrução
primária gratuita. 1827: lei que dispunha sobre a escola
primária (fixava o currículo e instituía ensino primário para
o sexo feminino).
Apesar da abertura de algumas escolas, o quadro da
instrução pública não teve alteração significativa.
Descentralizada à partir de 1835, as províncias ficaram
desamparadas financeiramente e pouco fizeram pela
instrução popular.
As autoras lembram que o modelo econômico agro-
exportador (extremamente vulnerável), implantado na
Colônia, persistiu até a crise do café, em 1929. Também
afirmam que, apesar da expulsão dos jesuítas, a Igreja
preservou sua força sobre a sociedade civil, tanto no
Império, como na 1º República: ela continuou a controlar
as instituições de ensino. A força de trabalho foi apenas
56
parcialmente substituída pelos imigrantes, permanecendo a
mesma estrutura social e a não-necessidade de se
qualificar o trabalho do imigrante pela escola.
Persistiu a dependência econômica em relação à
Inglaterra. Mas o novo contexto trouxe a necessidade de
formação de quadros técnicos e administrativos. A
independência cria a necessidade de fortalecimento da
sociedade política (surgimento de escolas militares
superiores), entretanto, as instituições de ensino não
confessionais se restringem, apenas, à reprodução dos
quadros das camadas dirigentes. Muitas iniciativas jurídicas
não passam de letra morta:
A situação deplorável das poucas escolas destinadas a formar professores existentes no País acabou por levar ao descrédito a própria instituição. Couto Ferraz, o ministro que reformou em meados da década de 50 todo o ensino na Corte e a instrução superior no Império, não cuidou da criação de uma Escola Normal na capital do País. Considerando o baixo nível do ensino normal provincial e atribuindo tal resultado à inexistência de pessoal devidamente capacitado para manter estabelecimentos dessa natureza, preferiu formar em exercício, sob a supervisão de mestres experientes, o professorado para as escolas elementares da Corte. Somente em 1880 teria a capital do Império sua primeira escola normal mantida e administrada pelos poderes públicos (HAIDAR, 1999, p. 67-68, Apud CAMILLO; PEDROSO, 2005, p. 101).
República
A educação na Primeira República
- 1889 – queda da monarquia; 1991 – primeira
constituição republicana
57
República Velha ou Oligárquica (governo de poucos)
- fortalecimento de instituições da sociedade política:
importância dos aparelhos jurídicos e repressivos do
Estado, mediadores do processo econômico. Limitava-se
praticamente à produção de café para o mercado externo,
articulando interesses de cafeicultores e o mercado.
Incentivava a imigração para atender às demandas de
trabalho nas lavouras.
Lenta mudança no modelo após a 1ª Guerra Mundial:
nascimento da industrialização, início da nacionalização da
economia, nascimento da burguesia industrial urbana.
Organização de sindicatos, sob a influência anarquista.
Muitas greves e protestos, bem como revoltas tenentistas.
O Estado encarrega-se de amenizar perdas
econômicas durante a crise de superprodução cafeeira
(início da década de 20). Conseqüência: aumento ilimitado
da dívida externa.
Crise mundial de 1929: encaminha mudanças
estruturais que caracterizam o modelo de substituição de
importações. A baixa nos preços do café leva a necessidade
de investimento de capitais em outros setores. A
substituição produz uma diversificação na produção, reativa
o poder econômico dos cafeicultores e fortalece outros
grupos econômicos (burguesia urbano-industrial). Essas
mudanças reestruturam o poder estatal (sociedades política
e civil). Reorganizam-se os aparelhos repressivos do
Estado.
58
-1930: Vargas assume o poder, auxiliado por grupos
militares e pela classe burguesa. Implanta o Estado Novo
em 1937, subordinando a sociedade civil à política.
Durante a República Velha poucos foram os avanços
no setor educacional, muito restrito à divulgação dos
princípios e ideais da escola renovada. Somente em 1930
cria-se o Ministério da Educação e da Saúde.
A Igreja Católica também se posicionava contra os
ideais positivistas manifestados no governo republicano
(separação dos poderes e laicização do ensino).
“Os anos 20 caracterizaram-se pelo movimento de
valorização do ensino e pela influência das novas idéias
provenientes da Europa e dos EUA” (p. 103). O período,
conhecido como “entusiasmo educacional”, via a educação
como área técnica que merecia consideração.
A progressiva centralização política repercutiu também
na educação.
A educação básica após 1930
Intensa atividade do Estado nas instâncias da
superestrutura:
- criação do Ministério da Educação e Saúde;
- fundação das primeiras universidades;
- elaboração de um Plano Nacional de educação:
implantação da gratuidade e obrigatoriedade da educação
primária, tornou-se facultativo o ensino religioso (muitas
elaborações foram absorvidas pela constituição de 1937).
59
- sistema educacional pensado para atender às
mudanças macro-estruturais (na infra-estrutura e nas
instâncias de poder). Introduz-se o ensino
profissionalizante (para classes menos privilegiadas);
obriga indústrias a criarem escolas na área de sua
especialização para filhos de seus empregados; tornam-se
obrigatórias as disciplinas de Educação Moral e Política da
Constituição.
- mudança de modelo: conscientização da importância
do sistema educacional para assegurar e consolidar
mudanças em andamento.
Política do Estado Novo: transformar o sistema
educacional em um instrumento eficaz de manipulação das
classes subalternas. Mutações na infra-estrutura
(diversificação da produção) abrem o acesso ao sistema
educacional: exigência de maior qualificação e
diversificação de mão-de-obra. O Estado atende aos
interesses privados.
As escolas técnicas tornam-se a única via de ascensão
permitida ao operário. De nível médio, o ensino técnico não
habilitava para o nível superior, criando uma dualidade no
sistema educacional: produz e reproduz a mão-de-obra
qualificada, garantindo a consolidação da reprodução de
classes.
- a economia de substituição de importações (1930),
fortalecida pela conjuntura internacional pós 2ª Guerra,
desloca o centro das decisões de fora para dentro do país
60
(mercado consumidor e desenvolvimento da indústria
nacional). Entre 1945 e o início dos anos 60: aceleração e
diversificação do processo de substituição de importações.
Nível político: estado populista-desenvolvimentista.
Momento de euforia econômica. Investimento estrangeiro é
bem vindo. Ao final desse período, o conflito latente aflora.
Política educacional: reflete ambivalência dos grupos
do poder. A constituição de 1946 prevê a necessidade da
elaboração de novas leis. As autoras apresentam a
tramitação dos projetos de lei (o primeiro, em 1948) que
expressam a disputa dos diferentes grupos para a educação
brasileira. O texto definitivo da LDB só é sancionado em
1961 (15 anos depois da constituição!). Segundo as
autoras, aa Lei 4.024, expressa um compromisso entre
duas tendências: prevê ensino público e particular e é
omissa quando à gratuidade do ensino. Não deixa de ter
caráter eletista: quebra a dualidade do ensino, mas instala
a barreira, assegurando ao setor privado a continuidade e
controle do ensino médio. Afirmam que essa lei já estava
ultrapassada quando entrou em vigor. E, de fato, passa a
materializar-se no ensino na década seguinte.
- golpe militar de 1964: destrói o estado de direito.
Desnacionaliza a economia. Novas exigências são postas à
educação, tornando necessário alterar a legislação.
Revogou-se a anterior através das leis 5.540/68 (reforma
universitária) e 5.692/71 (ensinos primário e médio). Os
dois projetos foram apreciados em regime de urgência e
61
mudaram substancialmente o ensino. Ao detalhá-los, as
autoras inferem que refletem o contexto político: passam
pelo crivo dos interesses do grupo militar-tecnocrático,
excluindo professores e demais representantes do debate:
deveriam apenas seguir. Não tardam as críticas (entre o
final da década de 70 e o início dos anos 80).
Nesse período, o regime militar dá sinais de
enfraquecimento. Segue um lento processo de
democratização (sociedade política e civil). Reavivam-se as
mobilizações, o debate pedagógico é reavivado.
- 1988: nova constituição. Não se afasta muito da
divisão de competências proposta pela Constituição de
1934, entretanto, reconhece e admite a competência dos
Sistemas Municipais de ensino. A nova LDB, lei 9.394, só
foi aprovada em 1996:
Esta lei não significa somente avanços para os sistemas educacionais, mas também retrocessos. O que não deixa dúvida é que a luta democrática continua; cabe a nós, educadores, conhecer a lei que temos, assim como o contesto social em que ela se insere, para continuar a luta em prol de uma educação digna e de qualidade para todos (CAMILLO; PEDROSO, 2006, p. 111).
62
9. As principais teorias da educação no Brasil
Aparecida Meire Calegari-Falco.
Érica Mieko Ohara Itoda.
Segundo as autoras, no Brasil, desde o descobrimento
prevaleceu o ensino denominado tradicional, voltado para a
formação da elite. Afirmam que, apenas no século XIX
intensifica-se o debate sobre a função social da educação
(concepção burguesa), de postura ora revolucionária, ora
reacionária.
Afirmam fundamentar-se nas idéias de Saviani. As
principais teorias dividem-se em dois grupos: “não-críticas”
e “crítico-reprodutivista”. Trata também de um terceiro
grupo, denominado “teorias da resistência”; lembram que a
reflexão crítica sobre a instituição de ensino tem início em
1960.
Teorias não-críticas
- não colaboram com a transformação social;
- a função da educação é corrigir o homem.
Pedagogia Tradicional
- meados do século XIX: reeducar o homem para o
trabalho
- objetivo: perpetuar a sociedade (direitos e força de
trabalho)
- privilegia o conhecimento enciclopédico e contribui
para a consolidação da burguesia como classe dominante;
- busca a padronização dos indivíduos;
63
- educação aparece como remédio para todos os
males: ao proporá igualdade entre os homens, tornou-se
democrática.
- organizador: o professor é o detentor do
conhecimento. Fundamentada em Herbart. Não favorece o
desenvolvimento autônomo, educa para o trabalho:
homens obedientes, que não conhecem suas determinações
históricas.
- alcançou um grande contingente e colaborou para a
elevação intelectual do povo. Como não propõe crítica à
sociedade, é denominada Tradicional.
Pedagogia Nova
A pedagogia tradicional foi considerada incapaz de
cumprir seu papel a partir do final do séc. XIX. Foi muito
critica e, entre essas críticas, emergiu uma nova teoria: A
Escola Nova, Pedagogia Nova ou Escolanovismo.
- principal defesa brasileira: Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova (1932).
- criticam a escola tradicional, diziam que o problema
da tradicional era ter como pressuposto a igualdade entre
os homens;
- novo discurso: descoberta e aceitação das diferenças
individuais; trabalho com a subjetividade;
- cabe à educação corrigir diferenças sociais;
- papel da educação: transpor barreiras de diferenças,
para alcançar um estado social plenamente nivelado;
64
- o professor deixa de ser o centro; o instrumento
fundamental passa a ser o ambiente e a organização da
aula.
- as autoras lembram que esta proposta aumentou a
desigualdade: o custo para manutenção dessa escola era
muito algo, restringindo-se às escolas privadas (ocorreu o
fortalecimento das mesmas)
- O escolanovismo tornou-se reacionário (em
comparação à Pedagogia Tradicional), ao destacar a
desigualdade entre os homens.;
- mostra-se ineficaz, uma vez que sua prática só
favoreceu níveis mais altos da sociedade.
Pedagogia Tecnicista
- ditadura militar: valorização da técnica fabril norte-
americana. Técnica incorporada à escola (2a metade do
século XX).
- abandona-se o aspecto subjetivo e centraliza-se o
trabalho no professor;
- enfoque: padronização e burocratização do ensino;
formar pessoas eficientes e produtivas; preocupação com
técnicas e resultados.
AS TRÊS VERTENTES TERIAM O SEGUINTE OBJETIVO:
Do ponto de vista pedagógico, conclui-se que, se para a pedagogia tradicional a questão central é aprender e para a pedagogia nova, aprender a aprender, para a pedagogia tecnicista o que importa é aprender a fazer (SAVIANI, 2003, p. 14, Apud CALEGARI-FALCO; ITODA, 2005, p. 117).
65
Teorias Críticas
- desfaz-se a falsa afirmação de que a educação é
garantia da igualdade e da universalidade do conhecimento,
à medida que se torna evidente que nem todos conseguiam
ingressar no ensino, ou ainda que nem sempre alcançavam
o êxito prometido (SAVIANI).
- teorias críticas surgem a partir da compreensão
sociológica que leva em conta as lutas de classe;
fundamentam-se na relação dominantes X dominados.
- Giroux: interpretação da razão à época Iluminista
enobreceu a causa capitalista; no entanto, na continuidade
do processo, a razão (positivistas) tornou a ideologia
iluminista reacionária. As teorias não críticas, quando
negam a luta de classes, enaltecem a cultura dominante
(reacionária).
- dividem-se em dois grupos: “crítico-reprodutivistas”
e “críticas da resistência”.
Teorias Crítico-Reprodutivistas
- analisam a educação com base nas relações de
produção;
- escola tem suma importância na reprodução da
cultura dominante;
- Giroux, na obra Pedagogia Radical, distingue duas
variações da teoria crítico-reprodutivista:
1. a teoria da reprodução social (Louis Althusser,
Baudelot e Establet, Bowles e Gintis)
66
1. a teoria da reprodução cultural (Bourdieu e
Passeron).
As duas variações apresentam a escola como
subordinada à sociedade vigente.
Mérito dos estudiosos: análise, crítica e teorização da
função social da escola na sociedade capitalista.
Teorias de Reprodução Social
- Althusser (1970). A ideologia e os aparelhos
ideológicos de Estado. Escola, religião, família, mídia, entre
outras, constituem aparelhos ideológicos, por se
caraterizarem como instituições culturais de massa. Não
desafiam o capitalismo. Mecanismos de disseminação da
ideologia dominante são tão engendrados que sua alteração
é praticamente impossível. A escola é relativamente
autônoma (dependência econômica).
- Baudelot e Establet (1971). A escola capitalista na
França: comprovação empírica da tese de Althusser na
França. Escola defende a sociedade capitalista da ideologia
proletária.
- Bowles e Gentis (1976). A escola capitalista na
América. A escola capacita para o trabalho (embora nem
todos sejam absorvidos).
Teorias da Reprodução Cultural
- Bourdieu e Passeron. Destaque: A reprodução
(1970). Enfocam a dominação na esfera cultural: a cultura
ensinada na escola é a cultura dominante, vista pelos
autores como uma forma de violência simbólica. A cultura
67
dominante é imposta; esta imposição é oculta e vista como
natural. A escola privilegia os alunos que já possuem pré-
requisitos culturais.
- As autoras avisam que essa teoria é tratada por
Saviani como Teoria do Sistema de Ensino como Violência
Simbólica.
Teoria Crítica da Resistência
- baseadas nos estudos das teorias crítico-
reprodutivistas;
- aqui, a escola é agente reprodutor, mas também
comporta mecanismos de instrumentalização para as
classes populares para a realização da transformação. A
escola, ao mesmo tempo, reproduz e resiste. As autoras
destacam: Dermeval Saviani, Paulo Freire, Henry Giroux.
Paulo Freire – Conscientizar para mudar e mudar para
trnasformar
Destacam: Educação como prática da liberdade
(1967), A Pedagogia do oprimido (1970) e Educação e
mudança.
- mudança é precedida pela tomada de consciência.
- “A educação para Freire não é apenas ensinar a ler e
a escrever: é criar condições para que a massa possa ter
uma participação crítica na sociedade” (p. 121).
- papel do professor: instiga a mudança por meio do
diálogo.
- processo de conscientização: na alfabetização é
essencial entender o significado social das palavras;
68
- sociedade da mudança co-existe com a sociedade da
estabilidade.
Segundo as autoras, Giroux concorda com Paulo
Freire: ambos expõem a necessidade do diálogo na escola:
valorizam os contextos históricos e sociais. Por meio da
alfabetização o homem pode reafirmar sua posição na
sociedade.
Dermeval Saviani e a pedagogia histórico-crítica
(ou pedagogia crítico-social dos conteúdos)
Para Saviani, “a função primordial da educação é a
transmissão de conhecimento historicamente acumulados a
todos os grupos sociais” (p.122). Principais obras: Escola e
Democracia (1983) e Pedagogia Histórico-Critica, primeiras
aproximações.
- valoriza os conhecimentos dos alunos e do professor;
importa que o aluno “adquira o conhecimento total e tenha
acesso a toas as visões possíveis de um mesmo conteúdo”
(p. 122).
- o enfoque é o direto do aluno de: - conhecer as
relações de produção do conhecimento; que qualquer
assunto tratado na escola tem origem na sociedade;
reconheça-se como sujeito em construção; seja um cidadão
crítico e reflexivo.
- não desvaloriza nem exalta nenhum dos elementos
educacionais, aluno, professor ou recursos;
- propõe a democratização do conhecimento;
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- NÃO se volta para a mudança de postura do
indivíduo e, consequentemente para a transformação
social; mas, em fornecer meios de desenvolver uma
postura crítica, que acaba auxiliando na transformação.