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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS ALINE LOPES GARCIA LEAL AVALIAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DE LESÕES DE PARTES MOLES UTILIZANDO PET/CT COM FDG- 18 F CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

ALINE LOPES GARCIA LEAL

AVALIAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DE LESÕES DE PARTES MOLES UTILIZANDO PET/CT COM FDG-18F

CAMPINAS

2016

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ALINE LOPES GARCIA LEAL

AVALIAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DE LESÕES DE PARTES MOLES UTILIZANDO PET/CT COM FDG-18F

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Ciências na Área de Concentração em Clínica Médica.

ORIENTADOR: ELBA CRISTINA SÁ DE CAMARGO ETCHEBEHERE ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA ALINE LOPES GARCIA LEAL E ORIENTADA PELA PROFa. Dra. ELBA CRISTINA SÁ DE CAMARGO ETCHEBEHERE

CAMPINAS

2016

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 11/50255-0

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências MédicasMaristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Leal, Aline Lopes Garcia, 1983- L473a LeaAvaliação da agressividade de lesões de partes moles utilizando PET/CT

com FDG-18F / Aline Lopes Garcia Leal. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

LeaOrientador: Elba Cristina Sá de Camargo Etchebehere. LeaTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Ciências Médicas.

Lea1. Tomografia por emissão de pósitrons. 2. Fluordesoxiglucose F18. 3.

Sarcoma. 4. Neoplasias de tecidos moles. I. Etchebehere, Elba Cristina Sá deCamargo. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de CiênciasMédicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Evaluation of soft tissue lesion aggressiveness with 18F-FDGPET/CTPalavras-chave em inglês:Positron-emission tomographyFluorodeoxyglucose F18SarcomaSoft tissue neoplasmsÁrea de concentração: Clínica MédicaTitulação: Doutora em Clínica MédicaBanca examinadora:Elba Cristina Sá de Camargo Etchebehere [Orientador]Celso Dario RamosJosé Barreto Campello CarvalheiraMarcelo Tatit SapienzaAndré Mathias BaptistaData de defesa: 19-02-2016Programa de Pós-Graduação: Clínica Médica

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO DE ALINE LOPES GARCIA LEAL

ORIENTADOR:ELBACRISTINASÁDECAMARGOETCHEBEHERE

MEMBROS:

1.PROFa.DRa.ELBACRISTINASÁDECAMARGOETCHEBEHERE

2.PROF.DRCELSODARÍORAMOS

3.PROF.DR.JOSÉBARRETOCAMPELLOCARVALHEIRA

4.PROF.DR.MARCELOTATITSAPIENZA

5.PROF.DR.ANDRÉMATHIASBAPTISTA

ProgramadePós-GraduaçãoemClínicaMédicadaFaculdadedeCiênciasMédicasdaUniversidadeEstadualdeCampinas.

Aatadedefesacomasrespectivasassinaturasdosmembrosdabancaexaminadoraencontra-senoprocessodevidaacadêmicadoaluno.

Data:DATADADEFESA19/02/2016

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DEDICATÓRIA

Aosmeuspaiseameuirmão,portodoamoreincentivo.

Aomeumarido,portodoapoioeinspiração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeçoimensamenteatodosquemeajudaramparaodesenvolvimentodesteprojetoeparaessaminhaconquista,contribuindocomensinamentos,

trabalhoesuporte.

“Ninguémétãograndequenãopossaaprender,nemtãopequenoquenãopossaensinar.”

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RESUMO

Introdução: A ressonância magnética (RM) é rotineiramente utilizada

para avaliação da ressecção de tumores de partes moles, porém ela não ésempre

capaz de diferenciar lesões malignas de benignas. Ressecções inadequadas e,

possivelmente, biópsias executadas antes da ressecção aumentam o risco de

recorrência local de sarcomas de partes moles. O PET/CT com FDG-18F poderia

ajudar a diferenciar tumores benignos e malignos e, assim, evitar ressecções

inadequadas e reservar biópsias para casos selecionados. O propósito deste estudo

prospectivo foi avaliar a utilidade do PET/CT com FDG-18F na diferenciação de

lesões de partes moles sólidas dos membros e das paredes torácica e abdominal.

Metodologia: Pacientes com lesões de partes moles sólidas dos

membros e das paredes torácica e abdominal, detectadas pela RM, realizaram

PET/CT com FDG-18F. A intensidade de captação (SUVmax) das lesões foi utilizada

para diferenciar tumores malignos de benignos. Todos os pacientes foram

submetidos a biópsia e, quando necessária, também a cirurgia, independentemente

do resultado do PET/CT com FDG-18F.

Resultados: A RM foi adquirida em 86 pacientes, porém 16 pacientes

foram excluídos por apresentarem lesões puramente lipomatosas ou císticas. Sendo

assim, o PET/CT com FDG-18F foi realizado nos 70 pacientes restantes. O estudo

anatomopatológico revelou 41 (58,6%) lesões benignas e 29 (41,4%) lesões

malignas. Foi observada uma diferença significativa entre os valores de SUVmax

das lesões benignas e malignas. Utilizando-se um valor de corte de SUVmax de 3,0

foi possível diferenciar lesões benignas de malignas com 93,1% de sensibilidade,

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80,0% de especificidade, 77,1% de valor preditivo positivo (VPP), 94,1% de valor

preditivo negativo (VPN) e 85,5% de acurácia.

Conclusão: Neste estudo prospectivo, o PET/CT com FDG-18F pode

diferenciar lesões de partes moles benignas de lesões malignas com elevada

sensibilidade, VPN e acurácia. Incorporando o PET/CT com FDG-18F no algoritmo

diagnóstico destes pacientes pode-se evitar ressecções inadequadas e minimizar o

número de biópsias para casos selecionados.

Palavras-chave: PET/CT. FDG-18F. Sarcomas. Tumores de partes moles.

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ABSTRACT

Background and Objectives: Although MRI is utilized for planning

resection of soft tissue tumors, it is not always capable of differentiating benign from

malignant lesions. The risk of local recurrence of soft tissue sarcomas is increased by

biopsies that are performed prior to resection and by inadequate resections. 18F-FDG

PET/CT may help differentiate between benign and malignant tumors, thus avoiding

inadequate resections and reserving biopsies to selected situations. The purpose of

this study was to evaluate the usefulness of 18F-FDG PET/CT in differentiating

benign from malignant solid soft tissue lesions.

Methods: 18F-FDG PET/CT was performed in patients with solid lesions of

the limbs and body wall detected by MRI. The SUVmax cutoff was determined to

differentiate malignant from benign tumors. Regardless of the 18F-FDG PET/CT

results all patients underwent biopsy. Surgery was performed in all patients when

indicated.

Results: Seventy patients performed MRI and 18F-FDG PET/CT.

Histopathology revealed 41 (58.6%) benign and 29 (41.4%) malignant soft tissue

lesions. SUVmax values were significantly different among benign and malignant soft

tissue lesions. The SUVmax value cutoff of 3.0 differentiated malignant from benign

lesions with 93.1% sensitivity, 80.0% specificity, 77.1% PPV, 94.1% NPV and 85.5%

accuracy.

Conclusions: 18F-FDG PET/CT was able to differentiate benign from

malignant soft tissue lesions with high sensitivity, accuracy and NPV. Incorporating

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18F-FDG PET/CT into the diagnostic algorithm of these patients may avoid

inadequate resections and minimize biopsies to selected situations.

Key words: PET/CT. 18F-FDG. Sarcoma. Soft tissue tumors.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Fluxograma dos resultados.

Figura 2. Paciente masculino, 26 anos, notou uma massa na panturrilha direita e foi

submetido ao PET/CT com FDG-18F. A) O corte sagital mostrou uma lesão primária

hipermetabólica no músculo gastrocnêmico com SUV = 8,3 (seta azul) e linfonodo

hipermetabólico metastático na cadeia poplítea (seta amarela). Os cortes axiais

mostraram B) outro linfonodo hipermetabólico secundário na cadeia ilíaca interna

direita (seta amarela pontilhada) e C) múltiplos nódulos pulmonares secundários. A

avaliação histopatológica da lesão primária demonstrou um sarcoma sinovial.

Figura 3. A) Curva ROC e B) Tabela dos pontos de corte do SUV com a

sensibilidade e a especificidade correspondentes.

Figura 4. Paciente masculino, 66 anos, apresentou uma massa na coxa esquerda.

A) O corte axial da RM (T1 com saturação de gordura) mostrou uma formação

expansiva lipomatosa com septações e áreas nodulares sólidas (seta pontilhada). B)

O corte axial do PET/CT mostrou que não havia captação de FDG-18F nesta lesão,

inclusive nas áreas suspeitas a RM. A avaliação histopatológico demonstrou tratar-

se apenas de um lipoma.

Figura 5. Paciente masculino, 67 anos, apresentou tumoração no braço direito. A) O

corte axial da RM (T1 contrastado com saturação de gordura) mostrou uma lesão

fusiforme sólida no feixe neurovascular braquial (seta vermelha cheia). B) O corte

axial do PET/CT mostrou discreta captação de FDG-18F nesta lesão (SUV = 2,7)

(seta vermelha cheia). Os cortes coronais de imagem C) PET/CT e de D) PET

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revelaram não somente a lesão do braço direito (seta vermelha pontilhada), mas

também outra lesão de características semelhantes localizada na região sacral (SUV

= 3,1) (seta azul). A análise histopatológica da lesão do braço direito demonstrou

tratar-se de schwannoma.

Figura 6. Paciente masculino, 26 anos, com queixa de edema doloroso na coxa

esquerda. A imagem da RM mostrou lesão nodular sólida com características

suspeitas para natureza neoplásica. O PET/CT com FDG-18F demonstrou no A)

corte axial da CT uma lesão com características tomográficas de miosite ossificante.

B) O corte axial do PET mostrou hipermetabolismo nessa lesão com SUV = 6,8 e

SUV2 = 3,7 (uma redução da captação na imagem tardia). A análise histopatológica

demonstrou tratar-se de miosite ossificante.

Figura 7. Paciente masculino, 46 anos, notou massa de crescimento lento na coxa

direita. A) A imagem da RM (corte axial T1, contrastado, com saturação de gordura)

mostrou uma lesão expansiva sólida localizada nos tecidos moles profundos com

captação heterogênea do contraste. B) O corte axial do PET/CT mostrou acentuada

hipercaptação de FDG-18F nessa lesão (SUV = 5,6). A análise histopatológica

demonstrou tratar-se de um lipossarcoma pleomórfico.

Figura 8. Paciente masculino, 68 anos, apresentava lesão dolorosa no antebraço

direito. A) O corte axial da RM (T2 com saturação de gordura) mostrou uma massa

heterogênea profunda envolvendo os tecidos moles e região inter-óssea proximal do

antebraço, com alteração de sinal na ulna adjacente. B) O corte axial do PET/CT

mostrou hipercaptação de FDG-18F nessa lesão (seta azul) (SUV = 7,4), porém sem

captação na ulna. A análise histopatológica demostrou tratar-se de angiossarcoma,

sem infiltração óssea.

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Figura 9. Paciente masculino, 63 anos, apresentava pequeno nódulo na coxa

esquerda. A imagem da RM mostrou uma formação nodular medindo 2,5 cm,

heterogênea e com acentuada impregnação do contraste, sugestiva de

hemangioma. O paciente foi submetido a PET/CT com FDG-18F aqui representados

pelos cortes: A) axial da CT, B) axial do PET, C) axial da fusão das imagens de PET

e CT e pela D) imagem PET 3D dos membros inferiores. O PET/CT com FDG-18F

evidenciou hipermetabolismo no nódulo de 2,5 cm com SUV = 4,1 (seta vermelha).

O estudo histopatológico demonstrou um sarcoma indiferenciado.

Figura 10. Paciente masculino, 74 anos, notou um nódulo no terço proximal da coxa

direita. A) O corte axial da RM (T2 com saturação de gordura) mostrou uma lesão

superficial no tecido celular subcutâneo, com intenso sinal, medindo 3,0 cm (seta

cheia). B) O corte axial do PET/CT mostrou acentuada hipercaptação de FDG-18F

nessa lesão (SUV = 12,8) (seta pontilhada). A análise histopatológica demonstrou

um sarcoma indiferenciado.

Figura 11. Gráficos demonstrando a correlação entre o valor do SUV e o tamanho

das lesões através do coeficiente de correlação de Spearman (ρ), sendo: A) a

correlação analisando todas as lesões (ρ = 0,37 e p < 0,05), B) a correlação

analisando apenas as lesões benignas (ρ = 0,03 e p = 0,83) e C) a correlação

analisando apenas as lesões malignas (ρ = 0,06 e p = 0,76).

Figura 12. Algoritmo diagnóstico proposto.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Achados histopatológicos, valores do SUV e número de lesões.

Tabela 2. Média e desvio-padrão (DP) do SUVmax das lesões.

Tabela 3. Valor do “p” comparando o SUVmax das lesões.

Tabela 4. Performance diagnóstica do PET/CT com FDG-18F utilizando-se o valor

de corte de SUV de 3,0 para diferenciar lesões benignas de malignas.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

RM Ressonância magnética com contraste

PET Positron Emission Tomography – Tomografia por emissão de pósitrons

CT Computed Tomography – Tomografia computadorizada

PET/CT Positron Emission Tomography / Computed Tomography

FDG-18F Flúor-deoxi-glicose marcada com flúor-18

SUVmax Maximum standardized uptake value

MBq Megabecquerel

mCi Milicurie

RI Índice de retenção

SUV Valor do maximum standardized uptake value obtido na imagem de 1

hora

SUV2 Valor do maximum standardized uptake value obtido na imagem de 2

horas

ROC Receiver operator characteristic

VPP Valor preditivo positivo

VPN Valor preditivo negativo

IC Intervalo de confiança

ρ Coeficiente de correlação de Spearman

SPSS v17 versão 17 do software: “Statistical Package for the Social Sciences”

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SUMÁRIO

Introdução ..................................................................................................... 17

Objetivos ....................................................................................................... 21

Metodologia .................................................................................................. 22

Resultados .................................................................................................... 26

Discussão ..................................................................................................... 38

Conclusão ..................................................................................................... 43

Referências ................................................................................................... 44

Anexos .......................................................................................................... 48

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INTRODUÇÃO

Sarcoma é um conjunto heterogêneo de tumores que inclui dois grupos

principais: sarcomas de partes moles e sarcomas ósseos. Sarcomas de partes

moles são tumores malignos que se desenvolvem predominantemente na

mesoderme, mas podem também surgir na ectoderme (como o tumor da bainha de

nervo periférico). As células mesodérmicas originam o tecido conectivo do corpo,

incluindo músculos, gordura, tecido fibroso, endotélio de vasos sanguíneos,

cartilagem, sinóvia, pericárdio e pleura.

Os sarcomas de partes moles apresentam discreta predominância no

sexo masculino e ocorrem predominantemente nas extremidades (50%) e

retroperitônio (40%), com incidência variando de 1,8 a 5 em 100.000 por ano [1]. Há

muitos subtipos histológicos de sarcomas, podendo ser de baixo grau, intermediário

ou de alto grau. Na Europa, os sarcomas tem uma incidência combinada de cerca

de 6 por 100.000, com 28.000 casos novos por ano [2]. Em 2008, os sarcomas de

partes moles representaram cerca de 87% de todos os sarcomas [3].

Como as lesões benignas de partes moles são muito mais comuns do que

os tumores malignos de partes moles, é frequente a ressecção não-planejada das

lesões malignas, podendo atingir mais de 40% dos casos [4]. E uma ressecção

inadequada destes tumores aumenta o risco de recorrência local [5][6]. Para evitar

ressecções não-planejadas e obter margens livres, a ressonância magnética com

contraste (RM) deve ser realizada rotineiramente antes da cirurgia. A realização da

RM permite identificar lesões de alto risco e direcionar biópsias para obter

confirmação histológica adequada. Os critérios usados na RM para avaliar as lesões

de partes moles são baseados na localização e tamanho da lesão, na quantidade de

edema adjacente ao tumor, na extensão da massa nos compartimentos musculares,

no envolvimento neurovascular e na presença de extensão para tecido ósseo ou

articulação adjacente [7]. Em geral, lesões de partes moles sólidas maiores do que 4

cm são consideradas provavelmente malignas, quando não há sinal de gordura ou

se houver necrose central.

Entretanto, em muitos casos estes critérios são insuficientes e a

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caracterização destas lesões pode ser difícil. Por exemplo, alguns tumores

agressivos de partes moles que apresentam regiões de hemorragia podem ser

erroneamente diagnosticados como hematoma intramuscular; a miosite ossificante

pode ser confundida com osteossarcoma de partes moles na RM. A avaliação de

pequenas lesões sólidas de partes moles pela RM é ainda mais difícil, pois o

principal critério utilizado, o tamanho da lesão, não se aplica.

A principal razão para realizar a biópsia das lesões de partes moles é

excluir malignidade, já que a maioria dos tumores de partes moles requerem

tratamento cirúrgico agressivo. Devido ao fato de as imagens anatômicas serem

ineficazes em predizer as características histológicas dos tumores de partes moles,

o diagnóstico dos sarcomas depende da análise tissular microscópica. O tecido é

tipicamente obtido por core-biópsia ou por biópsia incisional. A biópsia é indicada

principalmente em lesões maiores do que 4,0 cm, enquanto as lesões menores do

que 4,0 cm podem ser seguidas com imagens anatômicas ou serem submetidas a

biópsia excisional quando são também superficiais [7]. Outra razão para realizar a

biópsia é determinar o tipo histológico para planejar a quimioterapia neoadjuvante se

indicada em casos selecionados.

Por outro lado, a disseminação de lesões tumorais pode ocorrer com a

manipulação das lesões de partes moles. Estudos mostraram que pacientes com

sarcomas que foram submetidos a biópsia antes da ressecção tiveram pior

prognóstico do que os pacientes com lesões malignas que foram removidas com

margens adequadas sem a biópsia prévia [6] [8] [9]. Em função deste possível risco,

a biópsia de lesões de partes moles deve ser reservada para situações nas quais é

essencial para definir o planejamento terapêutico.

A tomografia de corpo inteiro por emissão de pósitrons (PET) acoplada a

tomografia computadoriza (CT) utilizando-se como radiofármaco a flúor-desoxi-

glicose marcada com flúor-18 (FDG-18F) (PET/CT com FDG-18F) pode ser um

método diagnóstico apropriado para resolver esta questão, considerando-se que já é

utilizada rotineiramente em outros casos oncológicos.

A molécula de FDG-18F é análoga da molécula da glicose na qual o grupo

hidroxila (-OH) é substituído por um átomo de hidrogênio (H). Assim, o

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comportamento biológico deste radiofármaco é semelhante ao da glicose. Após a

administração venosa, as moléculas de FDG-18F atravessam a membrana das

células através dos transportadores de proteína da glicose. No interior da célula, a

molécula de FDG-18F é fosforilada pela enzima hexoquinase, transformando-se em

FDG-18F-6-fosfato, que não irá prosseguir na via glicolítica, permanecendo no

interior das células tempo suficiente para realização das imagens. As células

neoplásicas malignas apresentam elevadas taxas de metabolismo glicolítico e,

portanto, apresentam maior concentração de FDG-18F do que as células normais ou

células de lesões benignas, explicando a extensa aplicabilidade do PET/CT com

FDG-18F na oncologia.

Na imagem do PET/CT, a principal ferramenta para quantificar a captação

do FDG-18F nas células é o standardized uptake value, mensurando-se o valor

máximo de captação da lesão, isto é, maximum standartized uptake value

(SUVmax).

Na literatura e na prática clínica são diversas as indicações consolidadas

do uso do PET/CT no acompanhamento de pacientes oncológicos, como: direcionar

local de biópsia, estadiamento, avaliação de resposta terapêutica, diferenciação de

lesão residual/fibrose de lesão ativa, reestadiamento e predição de prognóstico.

O PET/CT com FDG-18F também é utilizado para diferenciar lesões

benignas de malignas em uma variedade de situações, como nódulo pulmonar

solitário, lesões hepáticas, lesões gástricas, tumores pediátricos etc. [10] [11] [12]

[13] [14], avaliando-se o valor do SUVmax e também a variação deste valor ao longo

do tempo, isto é, a variação da captação de FDG-18F entre imagens precoce e

tardia (dual-time-point imaging).

Também já foi demonstrado que o PET/CT com FDG-18F é útil no manejo

dos pacientes com sarcomas de partes moles para estadiamento, reestadiamento,

predição de prognóstico e avaliação de resposta terapêutica a quimioterapia

neoadjuvante destes pacientes [15] [16] [17] [18] [19] [20]. Contudo, a aplicação

deste método para avaliar a agressividade destas lesões antes do estadiamento não

está definida, especialmente com estudos prognósticos.

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Se confirmado que o PET/CT com FDG-18F é capaz de diferenciar lesões

musculoesqueléticas benignas de malignas como demonstrado em alguns estudos

retrospectivos [21], este exame poderá ser utilizado na avaliação inicial destes

pacientes contribuindo na seleção dos pacientes que devem ser submetidos a

biópsia antes da cirurgia, proporcionando que os pacientes com sarcomas de partes

moles tenham seus tumores removidos com margens adequadas, reduzindo o risco

de recorrência local e de metástases à distância.

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OBJETIVOS

O objetivo deste estudo foi avaliar a utilidade do PET/CT com FDG-18F no

diagnóstico diferencial de malignidade de lesões de partes moles dos membros e

paredes torácica e abdominal.

• Objetivo primário: avaliar se o PET/CT com FDG-18F pode diferenciar

as lesões benignas das malignas através do SUVmax.

• Objetivos secundários:

• Avaliar se protocolo dual-time-point imaging contribui para a

diferenciação entre lesões benignas e malignas.

• Avaliar se a inclusão do PET/CT com FDG-18F no diagnóstico

diferencial destas lesões contribui com informação adicional

para selecionar quais pacientes devem ser submetidos a biópsia

prévia, comparando o valor do SUVmax com a medida das

lesões.

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METODOLOGIA

Casuística

O ambulatório de ortopedia oncológica do Hospital das Clínicas da

Universidade Estadual de Campinas avaliou prospectivamente 86 pacientes com

lesões de partes moles entre fevereiro de 2011 e dezembro de 2013. Todos os

pacientes assinaram o termo de consentimento informado aprovado pelo Comitê de

Ética (CEP 1157/2010).

Todos os pacientes foram submetidos ao atendimento clínico e exame

físico de lesões de partes moles dos membros superiores, membros inferiores,

cinturas escapular e pélvica, região dorsal ou parede abdominal. Após esta

avaliação inicial, todos estes pacientes foram encaminhados para realização de RM.

O critério de inclusão do estudo foi: lesões de partes moles classificadas

pela RM como sólidas/não-lipomatosas ou lipomatosas com algum componente

sólido (não puramente lipomatosas).

Os critérios de exclusão do estudo foram: lesões puramente lipomatosas

ou císticas sem nenhum componente sólido; pacientes com alergia ao contraste da

RM; pacientes com lesões localizadas na cabeça e pescoço, intratorácicas, intra-

abdominais ou pélvicas; pacientes com insuficiência renal; mulheres grávidas;

pacientes com coagulopatia e pacientes claustrofóbicos.

Pacientes que permaneceram nos critérios de inclusão após a realização

da RM foram então submetidos ao PET/CT com FDG-18F.

Independentemente do resultado do PET/CT com FDG-18F, todos os

pacientes foram submetidos a core-biópsia guiada por ultrassonografia ou a biópsia

excisional da lesão, uma a três semanas após a realização do PET/CT com FDG-18F. De acordo com o resultado histopatológico, os pacientes foram submetidos a

cirurgia ou a tratamento clínico. Pacientes com lesões malignas determinadas na

análise anatomopatológica seguiram o estadiamento convencional com CT de tórax

sem contraste [22] e foram tratados cirurgicamente, ressecando-se o tumor com

margens adequadas. Os pacientes apresentando lesões não-cirúrgicas (por

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23

exemplo, linfomas) foram encaminhados para tratamento específico de acordo com

o tipo histológico da lesão.

Ressonância magnética (RM)

Os exames de RM foram realizados em equipamento de ultra-alto campo

magnético com bobinas dedicadas (Siemens 3.0 T magneto Verio). O estudo

dinâmico foi obtido antes e após a injeção intravenosa de contraste paramagnético

(gadolinio 0,1 mmol/kg). Foram adquiridas imagens de subtração e anatômicas

pesadas em T1 e T2, com e sem saturação do sinal de gordura.

Um radiologista experiente analisou as imagens e determinou se as

lesões continham componente sólido.

PET/CT com FDG-18F

Para realização dos exames de PET/CT com FDG-18F, os pacientes

permaneceram em jejum de 6 horas, com glicemia abaixo de 140 mg/dl, antes da

administração venosa do radiofármaco.

Inicialmente foram adquiridas imagens do corpo inteiro 60 minutos após a

injeção de FDG-18F na dose de 7,0 MBq/kg (0,18 mCi/Kg). Essas imagens foram

obtidas com 5 minutos por “bed”, logo após a aquisição de CT de baixa-dose, em

equipamento de alta resolução, com cristais BGO (Biograph Siemens).

Todos os pacientes também realizaram imagem adicional de CT do tórax

no equipamento PET/CT, com protocolo específico para avaliação do parênquima

pulmonar, para detecção de possíveis nódulos pulmonares, que poderiam não ser

identificados na imagem CT com respiração livre do PET/CT do corpo inteiro.

Posteriormente, 2 horas após a injeção do radiofármaco, foram adquiridas

imagens do local da lesão (imagem denominada dual time-point imaging).

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24

O grau máximo de captação, mensurado pelo maximum standardized

uptake value (SUVmax), foi definido para cada lesão. O cálculo do SUVmax,

determinado de forma semi-automática e baseado no peso, é obtido pela atividade

do radiofármaco na área avaliada multiplicada pelo peso do paciente e divido pela

dose injetada. Nos casos em que o paciente apresentou múltiplas lesões, foi

considerada a lesão primária que o levou ao ambulatório para análise estatística.

Dois médicos nucleares e um radiologista analisaram estas imagens.

Biópsia e anatomopatológico

As biópsias foram realizadas guiadas por ultrassonografia com introdução

de agulha do tipo core, de 14 ou 18 gauge, em uma área sólida do tumor, retirando-

se de 2 a 5 fragmentos. As amostras foram colocadas em frascos com formol a 10%,

identificados e encaminhados ao departamento de patologia. Todos os pacientes

foram submetidos a este procedimento com assepsia adequada e após a realização

de anestesia local da pele (com lidocaína a 2% sem vasoconstritor).

Nos casos de lesões pequenas e superficiais ou de difícil acesso a

biópsia incisional por agulha, foi realizada biópsia excisional pelo cirurgião

ortopédico.

As amostras das biópsias, bem como as peças cirúrgicas, foram avaliadas

coradas com hematoxilina e eosina e marcadores imuno-histoquímicos foram

utilizados para aumentar a especificidade diagnóstica. Nas peças cirúrgicas também

foram avaliadas as margens obtidas.

A análise foi cega em relação aos exames de imagem e realizada por

médico patologista com experiência em tumores musculoesqueléticos que

determinou o grau das lesões e o tipo histopatológico, classificando as lesões de

acordo com critérios da Organização Mundial da Saúde [23].

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25

Análise estatística

O resultado histopatológico foi usado como padrão-ouro. As lesões foram

classificadas como benignas, malignas de baixo grau e malignas de alto grau. Não

houve lesão maligna de grau intermediário.

A variação entre os valores de SUVmax obtidos na imagem de 1 hora

após a injeção (SUV) e da imagem de 2 horas após (SUV2) foi determinada

calculando o índice de retenção (RI), de acordo com a seguinte fórmula:

RI = [SUV2 – SUV / SUV] x 100%

O SUV e o SUV2 foram comparados entre os três grupos (benigno,

maligno de baixo grau, maligno de alto grau), bem como entre as lesões benignas e

os sarcomas, usando teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Os valores foram

considerados significantes quando p < 0,05.

O valor de corte do SUV que melhor diferenciou lesões benignas de

lesões malignas foi estabelecido através da curva ROC (área abaixo da curva). A

performance do PET/CT com FDG-18Fpara diferenciar estas lesões também foi

avaliada calculando a sensibilidade, a especificidade, o valor preditivo positivo

(VPP), o valor preditivo negativo (VPN) e a acurácia diagnóstica. Um intervalo de

confiança (IC) de 95% foi usado para a validação destes indicadores.

O tamanho das lesões, aferido no maior eixo transverso destas, também

foi comparado com o valor do SUV. Esta comparação foi realizada considerando-se

todas as lesões, e também, considerando-se isoladamente os grupos de lesões

benignas e malignas. Foi aplicado o coeficiente de correlação de Spearman (ρ) para

avaliar a correlação entre estes dados.

As análises estatísticas foram realizadas em programa SPSS v17.

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26

RESULTADOS

Inicialmente foram atendidos 86 pacientes. Após a realização da RM, 16

pacientes foram excluídos do estudo por apresentarem lesões puramente

lipomatosas ou císticas. Assim, o PET/CT com FDG-18F foi realizado nos 70

pacientes restantes (Figura 1).

Este grupo de 70 pacientes era composto de 38 (54,3%) homens e 32

(45,7%) mulheres, com idade entre 15 e 88 anos (média de 50,1 anos). A

distribuição das lesões de acordo com a localização era: 26 (37%) nos membros

superiores e cintura escapular, 43 (62%) nos membros inferiores e cintura pélvica e

1 na parede abdominal.

A análise anatomopatológica revelou 41 (58,6%) lesões benignas e 29

(41,4%) tumores malignos (Tabela 1). Os resultados histopatológicos das peças

cirúrgicas foram todos concordantes com os resultados prévios das biópsias.

Figura 1. Fluxograma dos resultados.

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Tabela 1. Achados histopatológicos, valores do SUV e número de lesões.

Histopatológico SUV

Número

(Frequência) Variação

dos valores Média

Maligno 2,3 – 40,4 11,6 29 (41,4%)

Sarcoma – alto grau 4,1 – 24,4 10,6 13 (18,6%)

Sarcoma – baixo grau 2,3 2,3 1 (1,4%)

Lipossarcoma – alto grau 3,4 – 5,6 4,5 4 (5,7%)

Tumor maligno de bainha neural 3,9 3,9 1 (1,4%)

Linfoma 8,6 – 40,4 20,7 5 (7,1%)

Metástase 2,4 – 25,6 14,4 5 (7,1%)

Benigno 0 – 10,8 2,2 41 (58,6%)

Tumores adipocíticos (lipoma e

hibernoma) 0 – 1,8 0,3 9 (12,8%)

Tumores de bainha neural 0,6 – 6,3 2,6 9 (12,8%)

Hemangioma 0 – 1,9 1,1 7 (10%)

Tumores pericíticos 1,0 – 1,6 1,3 2 (2,8%)

Miosite ossificante 6,8 6,8 1 (1,4%)

Sinovite vilonodular pigmentada 9,1 9,1 1 (1,4%)

Tumor tenossinovial de células gigantes 10,8 10,8 1 (1,4%)

Outros tumores fibroblásticos 1,8 – 5,0 3,1 11 (16,0%)

Dentre as lesões malignas, 18 eram sarcomas, sendo 17 de alto grau e

um de baixo grau. Também houveram cinco pacientes com Linfoma Não-Hodgkin

(dois de baixo grau e três difusos de grande células B) e cinco pacientes com

metástase em partes moles de neoplasia primária desconhecida (14% de tumores

malignos não relacionados a lesões isoladas de partes moles). Ademais, houve um

caso de tumor maligno de bainha neural periférica. Em geral, das lesões malignas

26 eram tumores de alto grau e apenas 3 eram tumores de baixo grau.

Dos pacientes com sarcomas, sete pacientes (38,8%) apresentaram

metástases diagnosticadas no PET/CT com FDG-18F, sendo dois pacientes com

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metástases linfonodais e pulmonares (Figura 2), quatro pacientes com metástase

apenas linfonodal e um paciente com metástase apenas pulmonar. Um dos

pacientes com metástase linfonodal e pulmonar, diagnosticado com sarcoma

sinovial, também apresentou no PET/CT com FDG-18F múltiplas lesões

hipermetabólicas hepáticas, além de trombose da veia porta, sugestivas de lesões

secundárias.

Figura 2. Paciente masculino, 26 anos, notou uma massa na panturrilha direita e foi submetido ao PET/CT com FDG-18F. A) O corte sagital mostrou uma lesão primária hipermetabólica no músculo gastrocnêmico com SUV = 8,3 (seta azul) e linfonodo hipermetabólico metastático na cadeia poplítea (seta amarela). Os cortes axiais mostraram B) outro linfonodo hipermetabólico secundário na cadeia ilíaca interna direita (seta amarela pontilhada) e C) múltiplos nódulos pulmonares secundários. A avaliação histopatológica da lesão primária demonstrou um sarcoma sinovial.

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A Tabela 2 mostra os valores de SUV e SUV2 das lesões benignas, das

lesões malignas de baixo grau, das lesões malignas de alto grau e dos sarcomas. O

valor de SUV (média ± DP) foi de 2,2 ± 2,5 no grupo de lesões benignas, de 7,8 ±

5,1 nos tumores malignos de baixo grau e de 12,1 ± 9,2 no grupo de lesões malignas

de alto grau. O valor de SUV2 (média ± DP) foi de 2,1 ± 2,6 no grupo de lesões

benignas, de 8,0 ± 4,9 nos tumores malignos de baixo grau e de 12,6 ± 8,8 no grupo

de lesões malignas de alto grau.

Tabela 2. Média e desvio-padrão (DP) do SUVmax das lesões.

Benigno Maligno de baixo grau

Maligno de alto grau

Sarcoma

SUV SUV SUV2 SUV SUV2 SUV SUV2 SUV SUV2

Média

(DP)

2,2

(2,5)

2,1

(2,6)

7,8

(5,1)

8,0

(4,9)

12,1

(9,2)

12,6

(8,8)

8,7

(5,8)

9,7

(6,3)

Total 41 3 26 18

Estes valores de SUV e SUV2 foram significativamente diferentes entre as

lesões benignas e as lesões malignas (p < 0,001). Da mesma forma quando

comparadas lesões benignas e sarcomas que apresentaram os seguintes valores:

SUV = 8,7 ± 5,8; SUV2 = 9,7 ± 6,3 (p < 0,001). Entretanto, não foi significativa a

diferença entre os valores de SUV e SUV2 de lesões benignas e lesões malignas de

baixo grau, nem entre lesões malignas de baixo grau e lesões malignas de alto grau

(Tabela 3).

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Tabela 3. Valor do “p” comparando o SUVmax das lesões.

SUV SUV2

p-valor*

Benigno vs Maligno de baixo grau 0,094 0,062

Benigno vs Maligno de alto grau < 0,001 < 0,001

Benigno vs Maligno < 0,001 < 0,001

Benigno vs Sarcoma < 0,001 < 0,001

Maligno de baixo grau vs de alto grau 1,000 1,000

*teste não-paramétrico Mann-Whitney.

A média do índice de retenção do SUVmax entre as imagens de 1 e de 2

horas foi de -6,8% nas lesões benignas, 5,6% nas lesões malignas de baixo grau e

6,3% nas lesões malignas de alto grau. A diferença entre estes valores para

discriminar lesões benignas e malignas não foi significativa (p= 0,076). Entretanto, a

média do índice de retenção dos sarcomas foi de 11,3% e este valor é

significativamente diferente do índice do grupo de lesões benignas (p = 0,011).

Avaliando a curva ROC notamos que o SUV possui desempenho melhor

do que o acaso para determinar se a lesão é benigna ou maligna, sendo a área

abaixo da curva de 0,933 (Figura 3). Os pontos de corte de SUV entre 2,50 a 3,15

apresentam sensibilidade maior que 90% e especificidade entre 70% e 80% (1 -

especificidade está entre 20% e 30%). Assim, o valor de corte de SUV com melhor

desempenho é o de 3,0.

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Figura 3. A) Curva ROC e B) Tabela dos pontos de corte do SUV com a

sensibilidade e a especificidade correspondentes.

Empregando-se este valor de corte de SUV = 3,0 para discriminar lesões

benignas (SUV < 3,0) de lesões malignas (SUV > 3,0) obtivemos sensibilidade de

93,1%, especificidade de 80,0%, VPP de 77,1%, VPN de 94,1% e acurácia de

85,5% (Tabela 4).

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Tabela 4. Performance diagnóstica do PET/CT com FDG-18Futilizando-se o valor de corte de SUV de 3,0 para diferenciar lesões benignas de malignas.

Performance diagnóstica (%) Intervalo de confiança 95%

Sensibilidade 93,1 83,9 –100

Especificidade 80,0 67,6 –92,4

VPP 77,1 63,2 –91,1

VPN 94,1 86,2 – 100

Acurácia 85,5 77,2 –93,8

As lesões benignas que apresentaram SUV < 3,0 incluem: lipomas

(Figura 4), hibernoma, hemangiomas, alguns schwannomas (Figura 5), alguns

tumores fibroblásticos e tumores pericíticos. Algumas lesões benignas apresentaram

SUV > 3,0, como: alguns schwannomas, miosite ossificante (Figura 6), sinovite

vilonodular pigmentada, tumor de células gigantes tenossinovial e outros tumores

fibroblásticos.

Entretanto, nenhuma lesão maligna de alto grau apresentou SUV inferior

a 3,0, incluindo os quatro casos de lipossarcomas (SUV= 3,4, 3,7, 4,4 e 5,6) (Figura

7) e um caso de tumor maligno de bainha neural periférica (SUV = 3,9). Dentre os

sarcomas, apenas o subtipo sarcoma fibromixóide de baixo grau (tumor de Evans)

apresentou SUV = 2,3. Os outros subtipos histológicos de sarcoma, todos com SUV

> 3,0, foram: sinovial (dois casos com SUV = 4,3 e 8,3), angiossarcoma (um caso

com SUV = 7,4) (Figura 8), sarcoma de Ewing extraesquelético (um caso com SUV =

6,2) e sarcomas indiferenciados (nove pacientes com SUV entre 4,1 e 18,1) (Tabela

1).

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Figura 4. Paciente masculino, 66 anos, apresentou uma massa na coxa esquerda. A) O corte axial da RM (T1 com saturação de gordura) mostrou uma formação expansiva lipomatosa com septações e áreas nodulares sólidas (seta pontilhada). B) O corte axial do PET/CT mostrou que não havia captação de FDG-18F nesta lesão, inclusive nas áreas suspeitas a RM. A avaliação histopatológico demonstrou tratar-se apenas de um lipoma.

Figura 5. Paciente masculino, 67 anos, apresentou tumoração no braço direito. A) O corte axial da RM (T1 contrastado com saturação de gordura) mostrou uma lesão fusiforme sólida no feixe neurovascular braquial (seta vermelha cheia). B) O corte axial do PET/CT mostrou discreta captação de FDG-18Fnesta lesão (SUV = 2,7) (seta vermelha cheia). Os cortes coronais de imagem C) PET/CT e de D) PET revelaram não somente a lesão do braço direito (seta vermelha pontilhada), mas também outra lesão de características semelhantes localizada na região sacral (SUV = 3,1) (seta azul). A análise histopatológica da lesão do braço direito demonstrou tratar-se de schwannoma.

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Figura 6. Paciente masculino, 26 anos, com queixa de edema doloroso na coxa esquerda. A imagem da RM mostrou lesão nodular sólida com características suspeitas para natureza neoplásica. O PET/CT com FDG-18F demonstrou no A) corte axial da CT uma lesão com características tomográficas de miosite ossificante. B) O corte axial do PET mostrou hipermetabolismo nessa lesão com SUV = 6,8 e SUV2 = 3,7 (uma redução da captação na imagem tardia). A análise histopatológica demonstrou tratar-se de miosite ossificante.

Figura 7. Paciente masculino, 46 anos, notou massa de crescimento lento na coxa direita. A) A imagem da RM (corte axial T1, contrastado, com saturação de gordura) mostrou uma lesão expansiva sólida localizada nos tecidos moles profundos com captação heterogênea do contraste. B) O corte axial do PET/CT mostrou acentuada hipercaptação de FDG-18F nessa lesão (SUV = 5,6). A análise histopatológica demonstrou tratar-se de um lipossarcoma pleomórfico.

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Figura 8. Paciente masculino, 68 anos, apresentava lesão dolorosa no antebraço direito. A) O corte axial da RM (T2 com saturação de gordura) mostrou uma massa heterogênea profunda envolvendo os tecidos moles e região inter-óssea proximal do antebraço, com alteração de sinal na ulna adjacente. B) O corte axial do PET/CT mostrou hipercaptação de FDG-18F nessa lesão (seta azul) (SUV = 7,4), porém sem captação na ulna. A análise histopatológica demonstrou tratar-se de angiossarcoma, sem infiltração óssea.

As dimensões das lesões variaram de 1,0 cm a 27,2 cm, com média de

10,4 cm. Apenas duas das lesões malignas apresentaram tamanho inferior a 4,0 cm

(sarcomas indiferenciados pleomórficos com SUV = 4,1 e 12,8) (Figuras 9 e 10),

enquanto 21 lesões com mais de 4,0 cm eram benignas. Houve correlação positiva,

porém fraca, entre a medida e o SUV das lesões, demonstrado pelo coeficiente de

Spearman: ρ = 0,37 com p < 0,05. Entretanto, não houve correlação entre o

tamanho das lesões e o SUV quando analisadas isoladamente as lesões benignas e

as leões malignas: ρ = 0,03 no grupo benigno e ρ = - 0,06 no grupo maligno (Figura

11).

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Figura 9. Paciente masculino, 63 anos, apresentava pequeno nódulo na coxa esquerda. A imagem da RM mostrou uma formação nodular medindo 2,5 cm, heterogênea e com acentuada impregnação do contraste, sugestiva de hemangioma. O paciente foi submetido a PET/CT com FDG-18F aqui representados pelos cortes: A) axial da CT, B) axial do PET, C) axial da fusão das imagens de PET e CT e pela D) imagem PET 3D dos membros inferiores. O PET/CT com FDG-18F evidenciou hipermetabolismo no nódulo de 2,5 cm com SUV = 4,1 (seta vermelha). O estudo histopatológico demonstrou um sarcoma indiferenciado.

Figura 10. Paciente masculino, 74 anos, notou um nódulo no terço proximal da coxa direita. A) O corte axial da RM (T2 com saturação de gordura) mostrou uma lesão superficial no tecido celular subcutâneo, com intenso sinal, medindo 3,0 cm (seta cheia). B) O corte axial do PET/CT mostrou acentuada hipercaptação de FDG-18F nessa lesão (SUV = 12,8) (seta pontilhada). A análise histopatológica demonstrou um sarcoma indiferenciado.

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Figura 11. Gráficos demonstrando a correlação entre o valor do SUV e o tamanho das lesões através do coeficiente de correlação de Spearman (ρ), sendo: A) a correlação analisando todas as lesões (ρ= 0,37 e p < 0,05), B) a correlação analisando apenas as lesões benignas (ρ= 0,03 e p = 0,83) e C) a correlação analisando apenas as lesões malignas (ρ= - 0,06 e p = 0,76).

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DISCUSSÃO

Pacientes com lesões de partes moles devem ser encaminhados para

realização de RM quando há suspeita de sarcoma. Este exame, apesar de ser útil e

importante para o planejamento cirúrgico, não distingue com boa acurácia lesões

sólidas benignas de malignas, na maioria dos casos. Assim, estes pacientes devem

realizar biópsia antes da cirurgia para descartar malignidade. No nosso estudo,

realizamos PET/CT com FDG-18F antes da biópsia para diferenciar as lesões

benignas e malignas de partes moles.

Estudos retrospectivos relataram que lesões musculoesqueléticas

benignas e malignas apresentam diferentes valores de SUV e, portanto, o PET/CT

com FDG-18F pode distinguir estas lesões [21] [24], assim como foi demonstrado em

recente metanálise que avaliou o papel do PET/CT e do PET com FDG-18F no

diagnóstico de lesões de partes moles malignas [25].

Charest et al. demonstrou em um estudo retrospectivo com 212 pacientes,

incluindo sarcomas ósseos e de partes moles, que utilizando o valor de corte do

SUV de 2,5, pode-se diferenciar sarcomas de alto e de baixo grau [26]. Além disso,

estudos demonstraram que o grau de metabolismo glicolítico, representado pelo

SUVmax, está fortemente correlacionado com características histopatológicas de

sarcomas de partes moles e ósseos, como a contagem mitótica, a presença de

necrose [27] e o grau de diferenciação [28].

Em nosso estudo prospectivo, com valor de corte do SUV de 3,0

verificamos que se pode diferenciar lesões de partes moles benignas de malignas.

Em nossa análise, 17 pacientes com sarcomas de alto grau apresentaram lesões

com SUV variando de 3,4 a 24,4.

Shin et al. reportou casos falso-negativos de lipossarcomas [21],

entretanto na nossa casuística não houve nenhum caso de lipossarcoma falso-

negativo (o SUV dos 4 casos de lipossarcomas variou entre 3,4 e 5,6) (Figura 7). Já

em sete casos de tumores adipocíticos benignos o valor do SUV foi igual a 0 (Figura

4). Estes lipomas foram incluídos no estudo, pois na imagem da RM apresentavam

áreas de sinal suspeitas (como nodulações ou septações), não usualmente

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observadas em lipomas. Da mesma forma, Suzuki et al. demonstrou que imagens de

PET dedicado com FDG-18F podem diferenciar tumores lipomatosos benignos de

lipossarcomas [29]. O tratamento cirúrgico do lipoma típico, de lipomas benignos

atípicos e de lipossarcomas de baixo grau são semelhantes. Assim, o fato de

apenas alguns casos de falso-negativos de lipossarcomas de baixo grau serem

reportados, sugere que o PET/CT com FDG-18Fé uma ferramenta eficaz para ser

aplicada nestes pacientes.

Casos falso-positivos tem sido descritos como em hibernomas e tumores

desmóides [21]. Porém, em nosso estudo estas lesões apresentaram SUV baixo. As

lesões benignas com maior valor de SUV foram as que apresentam componente

inflamatório ou agressividade local, como sinovite vilonodular pigmentada, tumor de

células gigantes tenossinovial (tipo difuso) e miosite ossificante. E apesar desses

três casos serem classificados como falso-positivos devido ao elevado SUVmax, as

características tomográficas da imagem eram compatíveis como o correto

diagnóstico, principalmente no caso de miosite ossificante (Figura 6). A RM tem

dificuldade em distinguir miosite ossificante de osteossarcoma, porém a CT esta

separação é possível já que na miosite ossificante há calcificação na periferia da

lesão, enquanto que osteossarcomas apresentam calcificação central.

Na nossa casuística, não foi possível diferenciar tumores malignos de

baixo grau de lesões benignas, apesar de as lesões benignas apresentarem, em

média, valores de SUVmax inferior a estas lesões malignas de baixo grau,

especialmente quando observamos o SUV2. Consequentemente, quando a dúvida

clínica é se a lesão é benigna ou é maligna de baixo grau, a imagem tardia pode ser

útil. Outro ponto a ser observado é a pequena amostra de casos de tumores

malignos de baixo grau pode comprometer esta análise, visto que houve apenas 1

caso de sarcoma de baixo grau, diante de 41 casos de lesões benignas e de 26

tumores malignos de alto grau.

A imagem dual time do PET/CT com FDG-18F tem sido reportada em

diversos estudos como sendo útil na diferenciação de benignidade e malignidade,

visto que em muitas patologias as lesões benignas apresentam redução da captação

de FDG-18Fna imagem tardia (SUV2), enquanto lesões malignas apresentam

aumento do valor do SUV2 (decorrente do progressivo aumento da captação do

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FDG-18F) [10] [11] [12] [13] [14]. Entretanto, na nossa análise da variação entre SUV

e SUV2, apesar de observada tendência de aumento do valor do SUV2 nos casos de

lesões malignas e de decréscimo do valor no caso de lesões benignas (Figura 8), a

variação destes valores não foi significativa, exceto nos casos dos sarcomas. Assim,

não recomendamos que esta imagem seja realizada rotineiramente na prática

clínica.

O alto valor preditivo negativo (94%) utilizando-se o valor de corte de

SUV=3,0 é um importante aspecto a ser considerado na aplicabilidade clínica do

PET/CT com FDG-18Fnestes casos, pois nenhum sarcoma maligno de alto grau

apresentou SUV abaixo de 3,0. Nesta situação, o cirurgião poderia proceder a

ressecção cirúrgica adequada, sem biópsia prévia.

A aplicação rotineira do PET/CT com FDG-18F na avaliação inicial destes

pacientes pode reduzir o número de biópsias desnecessárias, porém não as exclui

do algoritmo diagnóstico em alguns casos. Por exemplo, quando é necessário

realizar quimioterapia ou radioterapia neoadjuvantes para preservação cirúrgica do

membro.

Uma segunda situação em que permanece necessária a realização de

biópsia mesmo após o PET/CT com FDG-18Fé na suspeita de doença metastática ou

linfoproliferativa, pois o tratamento cirúrgico não está indicado. Em nossa casuística

prospectiva, um total de 10 (7%) pacientes com apresentação clínica inicial de lesão

de partes moles foi diagnosticado com lesão de outra natureza (metástase ou

linfoma) após a biópsia.

Além disso, casos de lesões múltiplas só são corretamente

diagnosticados e estadiados com um estudo de corpo inteiro como PET/CT com

FDG-18F, que também acrescenta informação para a decisão do melhor local para

realizar a biópsia [27] [30].

Não há consenso na literatura sobre quando indicar a biópsia na

avaliação das massas de partes moles. Em geral, a biópsia é indicada quando a

lesão demonstra atividade biológica, quando apresenta tamanho maior do que 4 cm

ou aumento progressivo das dimensões, ou ainda, quando é sintomática [31]. Nós

recomendamos que a imagem metabólica (PET/CT com FDG-18F) seja utilizada de

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rotina como ferramenta para guiar o manejo destes pacientes e direcionar a

necessidade da biópsia, além da medida da lesão (Figura 12). Em nossa casuísta,

não houve correlação linear entre o SUV e o tamanho da lesão.

PET/CT com FDG-18F pode ser especialmente útil para avaliar lesões

profundas, onde a abordagem cirúrgica ou a execução da biópsia possam

potencialmente disseminar células tumorais. Na presença de alto valor de SUV, o

cirurgião pode proceder a ressecção cirúrgica com margens, sem manipulação

prévia da lesão. Isto também é válido para casos opostos, com lesões com muito

baixo SUV, podendo-se proceder diretamente para a cirurgia ou para

acompanhamento clínico da lesão (Figura 12).

Figura 12. Algoritmo diagnóstico proposto.

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Destacamos como limitações de nosso estudo, assim como de outros na

literatura, a variedade histológica destes tumores e o relativo pequeno número de

pacientes devido a baixa incidência de sarcomas de partes moles.

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CONCLUSÃO

Este estudo prospectivo demostrou que o PET/CT com FDG-18F é um

exame capaz de diferenciar lesões de partes moles dos membros e paredes

benignas de malignas com excelente sensibilidade e VPN, utilizando-se o SUVmax.

Apesar de adicionar informação em casos selecionados, o protocolo dual-time-point

imaging não parece ser útil na diferenciação destas lesões rotineiramente.

Incorporando o estudo de PET/CT com FDG-18F no algoritmo diagnóstico dos

pacientes com lesões de partes moles, estes pacientes podem ser apropriadamente

conduzidos para o tratamento adequado e, em muitos casos, evitar biópsias e

ressecções inadequadas.

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ANEXOS

1. Parecer CEP (Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas) número 1157/2010 de aprovação do projeto de pesquisa.

2. Resultados parciais do projeto foram apresentados como Tema Livre no Annual Meeting of the Society of Nuclear Medicine and Molecular Imaging, em2013, em Vancouver, Canadá.

3. Neste congresso, o trabalho recebeu o prêmio “Alexander Gottschaldk”, da “The Education and Research Foundation for Nuclear Medicine and Molecular Imaging”, para melhor abstract de PET em oncologia clínica, apresentado por um país membro da ALASBIMN (Sociedade Latino-Americana de Biologia e Medicina Nuclear).

4. Artigo publicado com os resultados parciais na Nuclear Medicine Communications: Leal A, Etchebehere M, Santos A, Kalaf G, Pacheco E, Amstalden E, Etchebehere E. Evaluation of soft-tissue lesions with 18F-FDG PET/CT: initial results of a prospective trial. Nucl Med Commun. 2014 Mar;35(3):252-9. doi: 10.1097/MNM.0000000000000041.

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ANEXO 1.

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ANEXO 2.

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ANEXO 3.

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ANEXO 4.