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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA MARÇAL DOUGLAS AMARAL PROPOSTA DE UM PLANO DE INSPEÇÃO PREDIAL EM CONFORMIDADE COM A LEI N° 2805/2008 DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC Tubarão 2019

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ALIX VIEIRA MARÇAL

DOUGLAS AMARAL

PROPOSTA DE UM PLANO DE INSPEÇÃO PREDIAL EM CONFORMIDADE

COM A LEI N° 2805/2008 DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC

Tubarão

2019

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ALIX VIEIRA MARÇAL

DOUGLAS AMARAL

PROPOSTA DE UM PLANO DE INSPEÇÃO PREDIAL EM CONFORMIDADE

COM A LEI N° 2805/2008 DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa

Catarina como requisito parcial à obtenção do título de

Engenheiro Civil.

Profa. Esp. Norma Beatriz Camisão Schwinden (Orientadora).

Tubarão

2019

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ALIX VIEIRA MARÇAL

DOUGLAS AMARAL

PROPOSTA DE UM PLANO DE INSPEÇÃO PREDIAL EM CONFORMIDADE COM A

LEI N° 2805/2008 DO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado

adequado à obtenção do título de Engenheiro Civil e

aprovado em sua forma final pelo Curso de Engenharia

Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 26 de Novembro de 2019.

______________________________________________________

Profa. Esp. Norma Beatriz Camisão Schwinden. Orientadora

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Profa. Daiana Saviam da Silva

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________

Eng. Raphael Santos Gomes

Mariot Construções

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4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a Deus.

Somos gratos aos nossos pais por sempre nos incentivarem e acreditarem que seríamos capazes

de superar os obstáculos que a vida nos apresentou.

Agradecemos nossa orientadora, Norma Beatriz Camisão por sempre estar presente para indicar

a direção correta que o trabalho deveria tomar.

Também agradecemos todos os nossos colegas de curso e amigos próximos, que de alguma

forma fizeram parte de nossa vida acadêmica e nos incentivaram.

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5

“ Não espere o futuro mudar sua vida, porque o futuro é a consequência do presente”

(Racionais MC’s)

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta como tema "Proposta de um plano de Inspeção

Predial em conformidade com a Lei nº 2805/2008 do município de Balneário Camboriú/SC."

Acontecimentos como, explosões, quedas e incêndios, envolvendo edificações regularizadas e

formais em grandes centros urbanos, com graves consequências, reforçam a importância de se

discutir a relevância do planejamento e estratégias de manutenção, bem como a aplicação de

leis que obrigam a vistoria periódica das edificações. Portanto, questiona-se: de que maneira é

possível elaborar um planejamento de reforma ou manutenção para edificações a partir da

obrigatoriedade legal baseado na inspeção predial no contexto urbano na cidade de Balneário

Camboriú/SC, levando-se em conta a Lei no 2805/2008? Portanto, apresenta-se como objetivo

de estudo, propor a elaboração de um plano de reforma ou de manutenção em edificações

residenciais em conformidade com a Lei no 2805/2008 de Inspeção Predial do município de

Balneário Camboriú/SC, com intuito de verificar e evitar possíveis anomalias, contribuindo no

processo de gerenciamento. Optou por um estudo bibliográfico, realizado com uso de artigos

científicos, periódicos, dissertações, teses, trabalhos acadêmicos, livros, legislação, normas

técnicas, dentre outros. Com estudo, foi possível verificar que, uma inspeção predial bem

elaborada, é ferramenta essencial para qualquer edificação, pois garante a segurança e a

qualidade de vida e moradia dos moradores ou usuários gerais nos casos de edifícios comerciais

ou prestadores de serviços.

Palavras-chaves: Inspeção predial. Edificações. Segurança.

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7

ABSTRACT

This Course Conclusion Paper presents as its theme "Proposal of a Building Inspection plan in

accordance with Law No. 2805/2008 of the municipality of Balneário Camboriú / SC." Events

such as explosions, falls and fires, involving regular and formal buildings in large urban centers,

with serious consequences, reinforce the importance of discussing the relevance of planning

and maintenance strategies, as well as the application of laws that require the periodic

inspection of the buildings. Therefore, the question is: how is it possible to elaborate a

renovation or maintenance planning for buildings based on the legal obligation based on

building inspection in the urban context in the city of Balneário Camboriú / SC, taking into

account Law No. 2805 / 2008? Therefore, the objective of this study is to propose the

elaboration of a plan of renovation or maintenance of residential buildings in accordance with

the Law 2805/2008 of Building Inspection of the municipality of Balneário Camboriú / SC, in

order to verify and avoid possible anomalies, contributing to the management process. It opted

for a bibliographic study, conducted using scientific articles, journals, dissertations, theses,

academic papers, books, legislation, technical standards, among others. With study, it was

found that a well-designed building inspection is an essential tool for any building, as it ensures

the safety and quality of life and housing of residents or general users in the case of commercial

buildings or service providers.

Keywords: Building Inspection. Buildings. Safety.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Novo método de diagnóstico ................................................................................... 32

Quadro 2: Metodologia para a Inspeção Predial ...................................................................... 34

Quadro 3: Documentos administrativos ................................................................................... 35

Quadro 4: Documentação técnica ............................................................................................. 35

Quadro 5: Documentação de manutenção e operação .............................................................. 36

Quadro 6: Nível de complexidade da edificação ...................................................................... 36

Quadro 7: Classificação das anomalias e falhas ....................................................................... 37

Quadro 8: Itens básicos do Laudo de Inspeção ........................................................................ 38

Quadro 9: Análise percentual das causas de problemas patológicos em estruturas de concreto

.................................................................................................................................................. 42

Quadro 10: Limites de periodicidade de inspeção predial ....................................................... 50

Quadro 11: Entrevista para obtenção de informações preliminares da edificação ................... 53

Quadro 12: Falhas apresentadas ............................................................................................... 54

Quadro 13: Falhas apresentadas ............................................................................................... 54

Quadro 14: Falhas apresentadas ............................................................................................... 55

Quadro 15: Lista de verificação utilizada na inspeção de campo............................................. 56

Quadro 16: Tópicos da inspeção de campo .............................................................................. 57

Quadro 17– Ponderação dos critérios. ...................................................................................... 65

Quadro 18 – Lista de prioridades. ............................................................................................ 66

Quadro 19 - Demonstrativo do cálculo dos pontos percentuais ............................................... 71

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Critérios do grau de risco e pesos referentes a metodologia utilizada para a

classificação da ordem de prioridades das irregularidades ....................................................... 48

Figura 2: Outras informações da inspeção de campo. .............................................................. 57

Figura 3 - Esquema da visão Sistêmica Tridimensional........................................................... 67

Figura 4 - Valores e cores atribuídas às classificações ............................................................. 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de classificação por critérios técnicos ......................................................... 49

Tabela 2- Tabela de classificação por critérios de manutenção ............................................... 49

Tabela 3 - Tabela de classificação por critérios de uso ............................................................ 49

Tabela 4 - Grau de Importância dos elementos da área civil.................................................... 68

Tabela 5 - Grau de Importância dos elementos da área elétrica ............................................... 68

Tabela 6 - Grau de Importância dos elementos da área mecânica............................................ 69

Tabela 7 - Peso dos critérios no resultado da inspeção ............................................................ 69

Tabela 8 - Demonstrativo de cálculo dos pesos dos elementos ................................................ 70

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13

1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................ 14

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 15

1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 16

1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 16

1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 16

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 17

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 18

2.1 CONCEITO DE INSPEÇÃO .......................................................................................... 18

2.2 CONTEXTO E CONCEITO DE INSPEÇÃO PREDIAL ............................................... 19

2.3 PRECEITOS LEGAIS DA INSPEÇÃO PREDIAL ........................................................ 21

2.4 NORMAS PERTINENTES A INSPEÇÃO PREDIAL ................................................... 25

2.5 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÍVEL DE INSPEÇÃO .......................................... 27

2.6 INSPEÇÃO PREDIAL E MANUTENÇÃO ................................................................... 29

2.7 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................. 31

2.7.1 Metodologia de Diagnóstico........................................................................................ 32

2.8 METODOLOGIA PARA A INSPEÇÃO PREDIAL ...................................................... 34

2.9 CONTEÚDO BÁSICO DO LAUDO DE INSPEÇÃO ................................................... 38

2.10 PATOLOGIAS NA INSPEÇÃO PREDIAL ................................................................... 39

2.11 PRINCIPAIS PROBLEMAS PATOLÓGICOS ENCONTRADOS EM EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS ....................................................................................................................... 40

2.12 LISTA DE VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) ................................................................... 43

2.13 ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO AVALIADOR (INSPETOR PREDIAL) ..................... 44

2.14 INDICAÇÃO DE PRIORIDADE (GERAL E POR SISTEMA) .................................... 47

2.15 PLANILHA DE INSPEÇÃO ........................................................................................... 48

2.15.1 Critério de classificação .............................................................................................. 49

2.16 LEI MUNICIPAL DE INSPEÇÃO PREDIAL DE BALNEÁRIO CAMBURIÚ - LEI N°

2805/2008 ................................................................................................................................. 49

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 52

4 PROPOSTA DE ROTEIRO DE INSPEÇÃO PREDIAL ............................................. 53

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APRESENTA-SE NESTE CAPÍTULO UMA PROPOSTA DE INSPEÇÃO PREDIAL COM

BASE NA LITERATURA INVESTIGADA. .......................................................................... 53

4.1 NÍVEL DE INSPEÇÃO ................................................................................................... 53

4.1.1 Obtenção de informações............................................................................................ 53

4.1.2 Verificação e análise da documentação ..................................................................... 55

4.1.3 Formulário da inspeção de campo ............................................................................. 56

4.1.3.1 Tópicos da inspeção de campo ................................................................................... 57

4.2 ORDEM DE PRIORIDADE ............................................................................................ 64

4.3 ÍNDICE DA QUALIDADE TOTAL ............................................................................... 67

4.3.1 Grau de importância ................................................................................................... 68

4.3.2 Cálculo dos Resultados e Nota da Edificação ........................................................... 69

4.4 MODELO DE LAUDO PROPOSTO .............................................................................. 72

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75

ANEXOS ................................................................................................................................. 78

ANEXO A – FORMULÁRIO DE INSPEÇÃO TÉCNICA DA LEI N° 2805/2008 DE

BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC ............................................................................................ 79

ANEXO B – FORMULÁRIO REFERENTE A DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS

IMEDIATAS DE SEGURANÇA (LEI N° 2805/2008) ........................................................ 81

ANEXO C – FORMULÁRIO REFERENTE A FICHA TÉCNICA DA EDIFICAÇÃO

(LEI N° 2805/2008) ................................................................................................................. 82

ANEXO D - EXEMPLO DE LAUDO DE INSPEÇÃO PREDIAL.................................83

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1 INTRODUÇÃO

As vias públicas, edifícios, e todos os equipamentos que compõem o cenário urbano,

devem ser criados para o eficiente exercício de funções como: moradia, trabalho, circulação e

lazer. Os edifícios, em específico, têm importante papel na construção das cidades, constituindo

importante parcela do patrimônio edificado de uma nação (VIEIRA, 2015).

Nas grandes cidades, há um grande número de edifícios com idades bem avançadas, e

que já apresentam defasagem em sua edificação levando-se em conta seu projeto inicial, ou

apresentam degradação precoce por falta de manutenção, interferindo negativamente na

segurança dos moradores, paisagem e até mesmo valorização do ambiente urbano. Esses fatores

demandam obras de reparo ou reconstrução, que podem acarretar custos bastante elevados,

diretos e indiretos, e não raramente colocar em risco a segurança de quem neles vive e do seu

entorno (SILVA, 2016).

Todas as edificações, sejam elas compostas de elementos estruturais e construtivos, tem

um tempo de vida útil, e esse precisa ser respeitado. Para isso é essencial que a manutenção

preventiva seja executada com o andamento desse ciclo de utilização.

Vieira (2015, p. 15), salienta que, "conservar, manter, reparar, restaurar e reabilitar

edifícios, são formas de manter o passado presente, e permitir tornar o patrimônio edificado

presente no futuro". Segundo a autora, o perfil materialista do ser humano e a vontade de passar

testemunhos a gerações futuras, contribui para a implementação de ações de preservação de

edifícios.

Com o avanço da engenharia diagnóstica e a conscientização para a importância da

manutenção predial, cresce cada vez mais a preocupação quanto às condições de conservação,

uso e manutenção das edificações. As manifestações patológicas estão presentes em um número

elevado de edificações e suas consequências vão muito além de problemas estéticos. São em

parte responsáveis pela queda do desempenho de edificações (estanqueidade à água,

durabilidade, isolação acústica e térmica, etc.), desvalorizam imóveis, alteram a salubridade,

provocam constrangimento psicológico e, em alguns casos, representam riscos à segurança

estrutural do edifício, ou das pessoas, dentre outros efeitos indesejados para uma edificação

(SOUZA, 2017).

Para solucionar ou evitar esses problemas, há necessidade de diagnóstico das

edificações por profissionais capacitados que possam identificar estas anomalias e falhas, bem

como suas causas. Para isso, se torna necessário a aplicação de um método científico de análise

desses problemas, além, é claro, do conhecimento e habilidade do técnico para que se possa

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chegar às causas das manifestações e, posteriormente, às possíveis soluções.

Visando analisar e identificar esses problemas que poderão acontecer em quaisquer

edificações, são realizadas as inspeções prediais. Nelas são identificados e averiguados o estado

de qualidade, eficiência e desempenho de projeto do elemento, observando se o mesmo atende

às características e funções para o qual foi projetado, podendo citar conservação,

funcionamento, segurança e estética.

A seguir, apresenta-se a delimitação do problema de pesquisa, objetivos, justificativa e

metodologia.

1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

São vários os motivos que levam a degradação dos materiais e dos elementos que

constituem a construção das edificações. Podem ser citadas, a presença de agentes químicos ou

biológicos, umidade ou condições de exposição climática. Outros danos nas edificações podem

estar associados a aspectos ligados a ação do homem, como, por exemplo, a falta de

conservação preventiva e as intervenções indevidas. Muitas vezes, as circunstâncias,

frequentemente, não permitem que sejam realizados os devidos trabalhos de conservação.

Mesmo alguns feitos sem a devida orientação, acabam por gerar danos ainda maiores.

Segundo Capello et al.(2010), a origem dos problemas patológicos na construção civil

pode decorrer de projetos mal feitos, da má qualidade dos materiais empregados na construção,

assim como, a falta de controle tecnológico, problemas relacionados ao concreto, falha na etapa

de construção, equipe sem preparação para execução de projetos mais elaborados, falta de

fiscalização por parte dos gestores ou responsáveis pela execução do empreendimento,

edificações utilizadas para outros propósitos do que o inicial (de projeto) ou mesmo pelo seu

uso inadequado e a falta de manutenção.

Os acidentes prediais decorrentes de falhas na construção ou na manutenção predial

segundo a IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (2005) vêm

causando mortes e prejuízos injustificáveis, como: desabamentos, incêndios, quedas de

marquises e fachadas, vazamentos, infiltrações e tantas outras patologias provenientes dos

descuidos com a edificação e que podem ser evitados com medidas preventivas simples, de

longo prazo.

Acredita-se que há a necessidade, técnica ou mesmo econômica, de uma mudança

cultural em relação aos hábitos de manutenção das edificações. A questão é que mudanças

naturais de conduta envolvem um processo educacional demorado e gradual, que não se

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15

compatibiliza com a situação de algumas de nossas edificações. Normalmente, as mudanças de

conduta podem ser aceleradas através da imposição de leis.

Segundo Silva Filho (2008), a adoção de leis claras, que tornem obrigatória a execução

de inspeções periódicas em edificações ou elementos mais expostos a riscos de colapso ou mau

funcionamento, pode se constituir em um forte incentivo à adoção de estratégias de manutenção

preventiva, contribuindo para melhorar o estado de conservação do patrimônio edificado e para

incrementar a segurança de usuários.

Para Leite (2009), a manutenção de edifícios é muitas vezes caracterizada apenas pela

existência de intervenções imediatas atendendo às necessidades urgentes consequentes das

reclamações dos utilizadores, é uma atividade muitas vezes desenvolvida sem planejamento e

previsão de encargos, contribuindo, em muitos casos, para um acréscimo significativo dos

custos globais.

Cada elemento constituinte de um edifício tem um envelhecimento específico, com

formas e ritmos diferentes. Para que todos os elementos não deixem de cumprir a sua função

dentro das exigências funcionais atribuídas é necessário a criação de uma metodologia objetiva

de políticas de intervenção, mediante critérios fundamentados em bases técnicas e científicas.

Acontecimentos como, explosões, quedas e incêndios, envolvendo edificações

regularizadas e formais em grandes centros urbanos, com graves consequências, reforçam a

importância de se discutir a relevância do planejamento e estratégias de manutenção, bem como

a aplicação de leis que obrigam a vistoria periódica das edificações. Portanto, questiona-se: de

que maneira é possível elaborar um planejamento de reforma ou manutenção para

edificações a partir da obrigatoriedade legal baseado na inspeção predial no contexto

urbano na cidade de Balneário Camboriú/SC, levando-se em conta a Lei no 2805/2008?

1.2 JUSTIFICATIVA

Após a entrega de uma edificação, é necessário que ela atenda o desempenho projetado

para sua vida útil, de modo a garantir aos usuários o conforto e qualidade de uso.

Segundo a ABNT NBR 5674 (2012, p. 6) que trata da manutenção das edificações como

requisita para o sistema de gestão e manutenção, traz em seu escopo o seguinte fundamento:

a) preservar as características originais da edificação;

b) prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação dos seus sistemas,

elementos ou componentes;

Edificações existentes antes da vigência desta Norma devem se adequar ou criar os

seus programas de manutenção atendendo ao apresentado nesta Norma.

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16

A inspeção predial é uma ferramenta útil para verificação das condições de uso,

conservação e correta manutenção das edificações em geral. Visto que, de forma técnica, busca

garantir vistorias com periodicidades pré-determinadas como ferramenta de preservação da

integridade e garantia do imóvel, atrelado ao plano de manutenção em questão. É importante

que os serviços de manutenção não sejam realizados de maneira improvisada e informal, mas

sim por profissionais devidamente habilitados.

Não basta, portanto, inspecionar materiais e sistemas construtivos, é necessário que o

uso e a manutenção sejam analisados. A Inspeção Predial é uma ferramenta para este tipo de

análise, permitindo o diagnóstico mais abrangente de uma edificação. Trata-se de uma

ferramenta da engenharia diagnóstica cuja finalidade é a qualidade predial, que auxilia na

manutenção, uma vez que indica conformidades e não conformidades de uma edificação,

fazendo recomendações técnicas na maioria dos casos.

O fato relevante desta pesquisa está justamente no motivo do Estado de Santa Catarina,

apenas o município de Balneário Camboriú ter uma Lei municipal de Inspeção Predial. Isso é

de grande preocupação, levando-se em conta a importância de seu papel.

Assim sendo, o presente trabalho busca reunir os quesitos necessários para o realização de uma

inspeção, presentes em normas específicas, e analisar sobre as condições técnicas de uso,

manutenção e desempenho que as edificações devem atender, a fim de orientar o

desenvolvimento dos trabalhos de inspeção predial.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Propor a elaboração de um plano de reforma ou de manutenção em edificações

residenciais em conformidade com a Lei no 2805/2008 de Inspeção Predial do município de

Balneário Camboriú/SC, com intuito de verificar e evitar possíveis anomalias, contribuindo no

processo de gerenciamento.

1.3.2 Objetivos específicos

a) Elaborar um roteiro lógico que oriente a análise das condições das edificações;

b) Elaborar um modelo de laudo que possa ser utilizado para apresentar os resultados

das inspeções, de acordo com as normas técnicas;

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17

c) Reunir um acervo de normas e leis pertinentes à inspeção predial, com as condições

técnicas e legais a serem observadas durante a vistoria.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:

O capítulo um trata da introdução, o qual compreende a apresentação do tema de

pesquisa, problema, justificativa, os objetivos de trabalho e a estrutura do trabalho.

O capítulo dois, apresenta-se a revisão da literatura dentre os quais estão os principais

conceitos em torno de Inspeção Predial.

No capítulo três apresenta-se o caminho metodológico apresentado neste estudo. Por se

tratar de uma pesquisa de cunho bibliográfico, apresentaremos as características e estrutura de

um edifício fictício com a Legislação do município de Balneário Camboriú/SC, por ser o único

município a apresentar a Lei de Inspeção Predial.

O capítulo quatro apresenta-se a proposta de um planejamento de inspeção predial com

base na Legislação vigente.

Por fim, o capítulo cinco, são as considerações finais, que tratarão das considerações

relevantes consideradas nesse estudo, assim como a apropriação dos conceitos pelos

pesquisadores.

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18

2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo apresenta a revisão de literatura realizada nesta pesquisa. Tem como

objetivo orientar o desenvolvimento da proposta de Inspeção Predial voltada para o atendimento

do objetivos.

2.1 CONCEITO DE INSPEÇÃO

De acordo com a NBR 5674: 1999, inspeção significa "[...] avaliação do estado da

edificação e de suas partes constituintes, realizada para orientar as atividades de manutenção".

(p. 3).

As inspeções são essenciais para o processo de manutenção. Segundo a NBR 14037:

2011, as inspeções devem ser feitas em intervalos regulares, extraordinariamente, quando

necessário. A realização de laudos de inspeção da manutenção, uso e operação, deverão ser

realizados periodicamente, por profissionais habilitados registrados nos conselhos profissionais

competentes, para serem anexados à documentação e registros da edificação. Tais laudos podem

ser solicitados pelo incorporador, construtor, proprietário ou condomínio.

De acordo com NBR 5674 de 2012, as inspeções deverão ser realizadas por meio de

modelos elaborados e ordenados de forma a facilitar os registros e sua recuperação,

considerando:

a) um roteiro de inspeções dos sistemas, subsistemas, elementos, equipamentos e

componentes da edificação;

b) as formas de manifestação esperadas da degradação natural dos sistemas,

subsistemas, elementos e equipamentos ou componentes da edificação associadas à

sua vida útil, conforme indicações do manual e que resultem em risco à saúde e

segurança dos usuários;

c) as solicitações e reclamações dos usuários ou proprietários (ABNT, NBR 5674,

2012, p. 9).

Segundo a norma mencionada anteriormente, os relatórios das inspeções devem:

a) descrever a degradação de cada sistema, subsistema, elemento ou componente e

equipamento da edificação;

b) apontar e, sempre que possível, estimar a perda do seu desempenho;

c) recomendar ações para minimizar os serviços de manutenção corretiva; e

d) conter prognóstico de ocorrências (ABNT, NBR 5674, 2012, p. 9).

Silva (2016) menciona que toda edificação, para manter um funcionamento satisfatório,

deve ser submetida a uma rotina de inspeção e manutenção, de tal forma que eventuais

processos de degradação sejam constatados e tratados precocemente e que o envelhecimento de

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19

seus componentes seja compatibilizado, permitindo que a vida útil de projeto da edificação seja

alcançada ou até ultrapassada.

Consideram-se as inspeções periódicas essenciais na realização de um serviço eficaz de

manutenção. As inspeções fornecerão dados importantes em relação ä degradação dos

componentes da edificação. Cada componente da edificação é afetado de maneira diferente

pelos agentes agressores do meio ambiente, exigindo programação da manutenção, visando

evitar falhas que venham a afetar o desempenho de todo um sistema (OLIVEIRA, 2013).

Os profissionais da área da construção civil estão cada vez mais conscientes, ao

conceberem seus empreendimentos, da importância que um sistema de manutenção tem dentro

do processo de gerenciamento de risco que envolve suas atividades. As hipóteses de projeto são

normalmente cercadas de uma grande incerteza, que aumenta quando se necessita estimar o

desempenho futuro. As inspeções regulares, começando com a inspeção as-built, são

fundamentais para verificar a validade destas hipóteses e para corrigir estimativas, se

necessário. Durante as inspeções, se busca identificar problemas de desempenho e determinar

o grau de degradação de cada componente do sistema construtivo, fornecendo subsídios para

que os administradores possam fazer a análise das prioridades nos serviços de manutenção

(VIEIRA, 2015).

Considera-se como um princípio fundamental de um sistema estruturado de

inspeção/manutenção, a prevenção ou evitar possíveis riscos e gastos incorridos durante a vida

útil da edificação, derivados dos custos das inspeções, dos custos devido às atividades de

manutenção e de reparo, e dos custos devidos às falhas. Eliminar completamente os riscos em

termos econômicos aceitáveis é impossível, mas diminuir a chance de acidentes é possível e

necessário. Para tanto as inspeções regulares tem um importante papel (SILVA, 2016).

2.2 CONTEXTO E CONCEITO DE INSPEÇÃO PREDIAL

A Inspeção Predial foi trazida para o Brasil no ano de 1999, através de um trabalho

técnico apresentado no X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia -

COBREAP, sendo que após esta data, os estudos sobre o tema foram aprofundados, novas

técnicas foram introduzidas e algumas adaptações foram realizadas, com o objetivo de adequar

a Inspeção Predial às necessidades do nosso mercado (NEVES; BRANCO, 2009).

Com intuito de padronizar a Inspeção Predial, no ano de 2001, o Instituto Brasileiro de

Avaliações e Perícias do estado de São Paulo - IBAPE/SP lançou a primeira norma técnica

sobre o tema, proporcionando ao profissional responsável pela elaboração do serviço, um

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20

balizador das atividades a serem executadas. Desde o seu lançamento esta norma tem passado

por diversas atualizações, segundo Neves e Branco (2009).

A inspeção predial ou "checkup da edificação” é uma ferramenta da engenharia

diagnóstica cuja finalidade é a qualidade predial, visa auxiliar na manutenção predial, uma vez

que indica conformidades ou não, de uma edificação, fazendo recomendações técnicas na

maioria dos casos (GOMIDE et al., 2006). Classifica não conformidades constatadas na

edificação quanto à sua origem, grau de risco e indica orientações técnicas necessárias à

melhoria da Manutenção dos sistemas e elementos construtivos (IBAPE, 2012).

Segundo a IBAPE/SP (2013, p. 13):

A Inspeção Predial possibilita atendimento à vida útil do sistema e de seu

desempenho. Se realizada de forma planejada e com periodicidades pré-estabelecidas,

assegura a confiabilidade e disponibilidade à instalação no seu funcionamento e

operação, evitando surpresas, imprevistos e situação de pânico.

Para Castro (2007), a inspeção predial pode ser entendida como uma vistoria periódica

para avaliar as condições gerais da edificação, segundo aspectos de desempenho, vida útil,

segurança, estado de conservação, exposição ambiental, utilização, operação e manutenção,

observando sempre o cumprimento das expectativas do usuário. Vistoria é definida pela Norma

de Inspeção Predial do IBAPE-SP como a constatação de um fato em imóvel, mediante exame

circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem, objetivando sua

avaliação ou parecer sobre o mesmo (IBAPE, 2012).

Segundo a IBAPE (2012), as Inspeções Prediais, doravante denominadas IP, deverão

ser realizadas apenas por profissionais, engenheiros e arquitetos, devidamente registrados no

CREA e CAU e dentro das respectivas atribuições profissionais, conforme resoluções do

CONFEA e CAU-BR, preferencialmente membros do IBAPE, treinados e capacitados

mediante cursos específicos promovidos pelo Instituto.

Parissenti (2016, p. 2), menciona que,

[...] os sistemas e os elementos construtivos necessitam de atividade de manutenção

ao longo de sua vida útil, para garantirem condições de segurança, confiabilidade e o

desempenho para os quais foram criados. É grande a lista de problemas que podem

ocorrer em uma edificação, tanto no momento da concepção como no decorrer da sua

vida útil. Os problemas podem nascer na prancheta, em um erro de concepção, na

execução da obra; por causas extrínsecas; por inexistência ou falhas no plano de

manutenção; por mau uso; entre outras possibilidades. Dessa forma, entende-se que a

inspeção predial se configura como um instrumento essencial para a detecção, o

monitoramento e a correção desses problemas, os quais vêm ocorrendo com

frequência.

Compreende-se também que a referida inspeção é um instrumento fundamental para a

criação de um Plano de Manutenção, que, por sua vez, é capaz de antecipar e identificar

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21

inconformidades que possam vir a existir; tornando, assim, a edificação mais protegida

(PARISSENTI, 2016).

As IPs possuem características multidisciplinares, consoante a complexidade dos

sistemas e subsistemas construtivos a serem inspecionados. O profissional responsável pela

realização do trabalho pode convocar profissionais de outras especialidades para assessorá-lo,

conforme o nível de inspeção predial contratado, cuja comprovação deve ser anexada ao laudo

através das competentes ARTs e RRTs (IBAPE, 2012).

2.3 PRECEITOS LEGAIS DA INSPEÇÃO PREDIAL

Os edifícios constituem importante parcela do patrimônio edificado de uma nação.

Muitos edifícios e obras viárias em concreto armado estão atingindo suas vidas úteis limites,

ou apresentando degradação precoce, demandando obras de reparo ou reconstrução, que podem

apresentar custos bastante elevados, diretos e indiretos. A adoção de medidas de prevenção e

manutenção antes que a degradação avançasse poderia ter levado ao desembolso de quantias

menores, parceladas e principalmente, previsíveis dentro de um orçamento pré-aprovado, não

demandando medidas de urgência, onde não há tempo nem espaço para negociações de valores.

(OLIVEIRA, 2013).

Situações como estas, evidenciam necessidades de mudanças técnicas, econômicas e

culturais, em relação aos hábitos de manutenção de edificações. O único problema está na

velocidade que as mudanças naturais de conduta envolvem no processo educacional, o que não

se compatibiliza com a situação de algumas edificações. Algumas mudanças de conduta podem

ser aceleradas através da imposição de leis. Ou seja, adoção de leis claras, que tornem

obrigatória a execução de inspeções periódicas em edificações ou elementos mais expostos a

riscos de colapso ou mal funcionamento, poderia se constituir em um forte incentivo a adoção

de estratégias de manutenção preventiva, o que poderia contribuir o estado de conservação do

patrimônio edificado e incrementar sua segurança, o que beneficia todos os seus usuários,

inclusive os transeuntes (OLIVEIRA, 2013).

Oliveira (2013), menciona que as leis são instrumentos que obrigam os responsáveis a

atentar para o estado de suas edificações, sob pena de responsabilização civil. As mesmas

muitas vezes são o primeiro e indispensável passo para promover mudanças culturais. Acredita-

se que, ao se dotar o Brasil de leis adequadas, tecnicamente e financeiramente viáveis, se pode

gerar uma maior consciência nos gestores e usuários sobre a importância de adotar políticas de

conservação e manutenção.

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22

No Brasil, o meio técnico vem fazendo sua parte com a elaboração de normas técnicas

e treinamentos. Já o poder público, no entanto, caminha a passos lentos e pouco tem colaborado

para a disseminação e implementação dessa relevante fiscalização técnica, sendo poucos os

municípios que adotaram legislação específica para a implantação da inspeção predial

(MOURA, 2017).

A acessão da legislação sobre inspeção predial no Brasil começou com a cidade de Porto

Alegre em 1988 com Lei Municipal nº 6.323/88, ano em que uma marquise desabou matando

9 pessoas no dia da comemoração do dia das crianças. A lei ficou conhecida como “A lei das

Marquises”, estabelecendo que os responsáveis pela edificação deverão apresentar laudos de

estabilidade estrutural de marquises, porém, a lei não fazia exigências sobre os demais

elementos da edificação (MOURA, 2017).

Existem cidades brasileiras em que a inspeção predial rotineira é obrigatória para certas

edificações, como: Jundiaí/SP (Lei nº 278/99), Bauru/SP (Lei nº 4444/99), Salvador/BA (Lei

nº 5907/01), Santos/SP (Lei nº 441/01), Ribeirão Preto/SP (Lei nº 1.669/04), Balneário

Camboriú (Lei nº 2805/08), Porto Alegre/RS (Decreto nº 17.720/2012), São Vicente/SP (Lei nº

2854/12), Cuiabá/MT (Lei nº 5587/12), Canoas/RS (Lei nº 5737/13), Fortaleza/CE (Decreto nº

13.616/15) e Vitória/ES (Lei nº 170/2016) (MOURA, 2017).

Embora muitas cidades ainda sofrem com a omissão pública no sentido da segurança da

população. Para regular essa questão, tramita o Projeto de Lei do Senado nº 491, de 2011, de

autoria do Senador Marcelo Crivella (PRB/RJ), o qual cria a exigência de inspeção prévia e

periódica em edificações. Esse PL traz o seguinte objetivo:

[...] destinada a verificar as condições de estabilidade, segurança construtiva e

manutenção; estabelece que o objetivo da inspeção é efetuar o diagnóstico da

edificação por meio de vistoria especializada, utilizando-se de Laudo de Inspeção

Técnica de Edificação (LITE) para emitir parecer acerca das condições técnicas, de

uso e de manutenção, com avaliação do grau de risco à segurança dos usuários

(SENADO FEDERAL, PL n° 491, de 2011).

Desde 19/11/2018, este PL encontra-se arquivado na coordenação de arquivos da

Câmara dos Deputados. Com propósito semelhante, porém focado na análise da manutenção

predial, não somente na inspeção técnica da edificação, tramita no Congresso Federal o Projeto

de Lei nº 3.370-C de 2012, o qual é assim descrito:

Estabelece a Política Nacional de Manutenção Predial; cria o Plano de Manutenção

Predial; institui a obrigatoriedade de inspeções técnicas visuais e periódicas em

edificações públicas ou privadas, residenciais, comerciais, de prestação de serviços,

industriais, culturais, esportivas e institucionais, destinadas à conservação e/ou à

recuperação da capacidade funcional das edificações; e dá outras providências

(CÂMARA DOS DEPUTADOS. PL 3370/2012).

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23

Todos esses projetos de lei não estão em vigor, mas, caso aprovados, serão um avanço

para garantir a segurança pública, uma vez que ampliam a conscientização da população no

sentido da segurança das edificações. Estes projetos reforçam a obrigatoriedade de atendimento

das normas reguladoras, como NBR 5674 de manutenção nas edificações e estabelecem o

acompanhamento das edificações por meio de inspeções técnicas, que fiscalizam a edificação

e orientam a correção de patologias prediais, e desta forma, reduzem possibilidades de acidentes

e suas indesejáveis consequências (SOUZA, 2017).

A elaboração destas leis de inspeção exige muito cuidado por parte das autoridades, pois

ao se tratar de uma abordagem técnica, pode ocorrer a elaboração de uma legislação mal

embasada, que não atenda a demanda real de controle dos acidentes com edificações e cause

uma falsa impressão de segurança na população (VIEIRA, 2015).

Oliveira (2013) menciona que a elaboração de leis é uma tarefa relativamente fácil

quando comparada com a dificuldade de fazer cumprir as leis. Muitas vezes a lei existe, mas

não há um órgão na prefeitura da cidade com perfil adequado para implantá-la, além de muitas

cidades terem edificações muito antigas, que exigem maiores atenções e maiores recursos para

sua adequada manutenção. Estes fatores, somados a falta de recursos tanto do poder público

como dos condomínios responsáveis pelas edificações, dificultam que a lei seja obedecida.

Leis de inspeção predial precisam ser constantemente avaliadas e aperfeiçoadas,

acompanhando a evolução das técnicas de inspeção e a realidade da comunidade em que está

inserida. A promulgação de leis ineficientes ou de difícil cumprimento, somado as dificuldades

de fiscalização, pode gerar uma falsa sensação de segurança na sociedade, que passa a acreditar

na eficiência do sistema de leis vigente, considerando estar protegida da possibilidade da

ocorrência de tragédias que envolvam a instabilidade de suas edificações. A mesma pessoa que

cumpre rigorosamente com as leis de inspeção em relação ao seu imóvel pode ser vítima da

ineficiência da fiscalização em alguma outra edificação que apresente situação irregular perante

as mesmas leis (OLIVEIRA, 2013).

Para a elaboração de uma inspeção predial no Brasil, é necessário embasar-se nos

seguintes parâmetros legais, das quais podem ser destacadas:

a) Constituição Federal

b) Código Civil

c) Código de Processo Civil

d) Código Penal

e) Código Comercial

f) Código de Águas

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g) Código de Defesa do Consumidor

h) Código Sanitário Estadual

i) Legislação Ambiental

j) Código Florestal;

k) Lei Federal Nº. 5.194 de 21/12/1966 que regula o exercício das profissões de

Engenheiro e Engenheiro Agrônomo e dá outras providências;

l) Resoluções do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e

particularmente: Resolução Nº 205, de 30/09/1971, que adota o Código de Ética

Profissional; Resolução Nº 218, de 27/06/1973, que fixa as atribuições do Engenheiro e

Agrônomo nas diversas modalidades; Resolução Nº 345, de 27/07/1990, que dispõe

quanto ao exercício por profissionais de nível superior das atividades de Engenharia de

Avaliações e Perícias de Engenharia.

m) Resoluções do CAU

n) Resolução 1010 do CONFEA

o) Lei nº 12.378 de 31/12/2010 que regulamenta o exercício da Arquitetura e

Urbanismo;

p) Código de Obras e Edificações (COE) e Leis Complementares ao COE do Município;

q) Decreto Federal 24714 de 7/10/87, 27.011 de 30/09/88;

r) Decreto Federal 24767 de 14/10/87 - Regulamenta o sistema de fiscalização,

disposições gerais para utilização de gás combustível nos edifícios e construções em

geral;

s) Relatório de Danos ambientais

t) Licença da Vigilância Sanitária

u) Leis de Ocupação, parcelamento e uso do Solo do Município.

Segundo Vieira (2014), leis de inspeção predial precisam ser constantemente avaliadas

e aperfeiçoadas, acompanhando a evolução das técnicas de inspeção e a realidade da

comunidade em que está inserida. A promulgação de leis ineficientes ou de difícil cumprimento,

somada as dificuldades de fiscalização, pode gerar uma falsa sensação de segurança na

sociedade, que passa a acreditar na eficiência do sistema de leis vigentes, considerando estar

protegida da possibilidade da ocorrência de tragédias que envolvam a instabilidade de suas

edificações. A mesma pessoa que cumpre rigorosamente com as leis de inspeção em relação ao

seu imóvel pode ser vítima da ineficiência da fiscalização em alguma outra edificação que

apresente situação irregular perante as mesmas leis.

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25

Para isso, Oliveira (2013) lembra que as exigências em relação às inspeções obrigatórias

por lei devem ser condizentes com a realidade dos profissionais que estarão habilitados a

realizá-las, e que apresentem custos finais compatíveis com a realidade da sociedade que será

beneficiada pelas leis. Assim como os órgãos responsáveis pelo recebimento dos laudos

oriundos das inspeções deve ter capacidade técnica para interpretá-los e avaliá-los, sabendo em

quais situações deve tomar medidas preventivas e, principalmente, atuar quando a situação

exigir medidas urgentes, evitando que sinistros ocorram.

2.4 NORMAS PERTINENTES A INSPEÇÃO PREDIAL

Levando-se em conta as normas pertinentes a manutenção predial, podem ser

destacadas: a NBR 5462 - Confiabilidade e mantenabilidade, NBR 14.037 – Manual de

operação, uso e manutenção das edificações – conteúdo e recomendações para elaboração e

apresentação, NBR 5674 - Manutenção de edificações – Procedimento e ainda a NBR 15.575

– Norma de Desempenho.

A seguir apresenta-se o objetivo geral de cada uma delas:

NBR 5462:1994 - Confiabilidade e Mantenabilidade: lançada em 1994 introduziu o

conceito de confiabilidade de um item de maneira que este possa desempenhar sua

função requerida, por um intervalo de tempo estabelecido, sob condições definidas de

uso e de manutenabilidade. Conceitua sobre a facilidade de um item ser mantido ou

recolocado no estado no qual ele pode executar suas funções requeridas, sob condições

de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e

mediante os procedimentos e meios prescritos. Esta norma trata também de conceitos

importantes como falha, defeito, pane, estados de um item e definições de termos

relacionados a manutenção (ABNT, NBR 54, 1994).

NBR 14.037:2011 - Manual de Operação, Uso e Manutenção das Edificações –

Conteúdo e Recomendações para Elaboração e Apresentação: lançada em 1998 e

atualizada em 2011, contém um manual de operação, uso e manutenção das edificações

que descreve diretrizes, procedimentos e requisitos que devem estar presentes nos

manuais dos edifícios, inclusive em termos de manutenção. Pela NBR 14.037, os

manuais devem apresentar informações sobre procedimentos recomendáveis para a

manutenção da edificação, contendo procedimentos gerais para a edificação como um

todo e procedimentos específicos para a manutenção de componentes, instalações,

equipamentos e revestimentos. Além disso, os manuais devem identificar os

Page 26: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

26

componentes mais importantes da edificação em relação à frequência ou riscos

decorrentes da falta de manutenção, descrevendo consequências prováveis da não

realização das atividades de manutenção. A importância desta norma reside nos

seguintes pontos: o manual define as responsabilidades do construtor, constitui-se em

uma garantia legal para os usuários, fornece aos usuários informações sobre uso e

manutenção corretos nas edificações (contribuindo para a redução dos custos na fase de

uso do edifício) e propicia a elaboração de um plano de manutenção (ABNT, NBR

14.037, 2011).

NBR 5674:1999 - Manutenção de Edificações – Procedimento / NBR e 5674:2012 -

Manutenção de Edificações - Requisitos para o Sistema de Gestão de Manutenção:

lançada em 1999 definiu e obrigou a manutenção das edificações, esboçando

genericamente os procedimentos para a produção de sistemas de manutenção. Pela NBR

5674, manutenção é o conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou

recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes a fim de

atender às necessidades e segurança dos seus usuários. As ações de manutenção têm

como objetivo o prolongamento da vida útil das edificações, em condições adequadas

de durabilidade e de segurança estrutural. A norma NBR 5674 possui uma nova revisão,

com data de publicação de 27 de julho de 2012 o qual, proporciona uma melhoria

significativa na abordagem do assunto em relação à versão anterior de 1999 ao

esclarecer e delinear a metodologia de implantação além de explorar os aspectos

associados à gestão do programa de manutenção nas edificações. A Norma fala sobre a

necessidade de se prever a infraestrutura material, técnica, financeira e de recursos

humanos que será capaz de atender as diferentes tipologias de manutenção, tais como:

rotineira, corretiva e preventiva. É ressaltado ainda o fato que a gerência da Manutenção

deve promover a realização coordenada dos diferentes tipos de manutenção das

edificações. Segundo Villanueva (2015), a Norma é responsável por definir os requisitos

para a gestão do sistema de manutenção de edificações. Em seu escopo é determinado

que a gestão do sistema de manutenção deve preservar as características originais da

edificação além de prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação dos seus

sistemas, elementos ou componentes. (ABNT, NBR 5674, 1999, 2012).

NBR 15575:2013- Edificações Habitacionais – Desempenho: o conjunto normativo

NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho, traz como novidade o conceito

de comportamento em uso dos componentes e sistemas das edificações, sendo que a

construção habitacional deve atender e cumprir as exigências dos usuários ao longo dos

Page 27: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

27

anos, promovendo o amadurecimento e melhoria da relação de consumo no mercado

imobiliário, na medida em que todos os partícipes da produção habitacional são

incumbidos de suas responsabilidades; projetistas, fornecedores de material,

componente e/ou sistema, construtor, incorporador e usuário (ABNT, NBR 15575,

2013). Foi redigida segundo modelos internacionais de normalização de desempenho.

Ou seja, para cada necessidade do usuário e condição de exposição, aparece a sequência

de Requisitos de Desempenho, Critérios de Desempenho e respectivos Métodos de

Avaliação (VIEIRA, 2015).

O instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo - IBAPE/SP,

visando disciplinar a atividade de inspeção predial, publicou, em 2011, a Norma de Inspeção

predial. O instituto considera que a adequada manutenção e conservação predial somente

podem ser atingidas com base em diagnósticos técnicos realizados por profissionais habilitados,

embasados em normas técnicas (IBAPE, 2012).

Segundo Oliveira (2013), mudanças de paradigma fazem parte da evolução de um povo.

Destaca o autor que o Brasil precisa aprender a valorizar a manutenção de suas edificações e

não permitir que o tempo venha a demolir suas obras históricas. O descaso cultural que ocorre

com as atividades de manutenção é um contrassenso, uma vez que o estoque de edifícios é um

dos maiores patrimônios nacionais, e sua reconstrução exigiria muito tempo e investimento.

Infelizmente, o poder público que tenta incentivar através da regulamentação a inspeção e

manutenção das edificações privadas, muitas vezes deixa que obras públicas cheguem ao estado

de ruína, como escolas, hospitais, pontes, rodovias e outras edificações.

2.5 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÍVEL DE INSPEÇÃO

A classificação dos níveis de inspeção pode seguir em conformidade com a norma da

IBAPE (2012) ou pelo Instituto de Engenharia (2016).

Os níveis de classificação segundo a IBAPE (2012) apresentam-se conforme a

complexidade dos sistemas construtivos, pela execução de testes instrumentados no local e pela

equipe disponível para inspeção, ou em laboratório. Estes níveis de inspeção são definidos na

contratação dos serviços e implicam no dimensionamento das equipes e custos envolvidos.

São eles:

6.1.1 Nível 1: Inspeção Predial realizada em edificações com baixa complexidade

técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos.

Normalmente empregada em edificações com planos de manutenção muito simples

ou inexistentes. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por profissionais

habilitados em uma especialidade.

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28

6.1.2 Nível 2: Inspeção Predial realizada em edificações com média complexidade

técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas construtivos, de

padrões construtivos médios e com sistemas convencionais. Normalmente empregada

em edificações com vários pavimentos, com ou sem plano de manutenção, mas com

empresas terceirizadas contratadas para execução de atividades específicas como:

manutenção de bombas, portões, reservatórios de água, dentre outros. A Inspeção

Predial nesse nível é elaborada por profissionais habilitados em uma ou mais

especialidades.

6.1.3 Nível 3: Inspeção Predial realizada em edificações com alta complexidade

técnica, de manutenção e operação de seus elementos e sistemas construtivos, de

padrões construtivos superiores e com sistemas mais sofisticados. Normalmente

empregada em edificações com vários pavimentos ou com sistemas construtivos com

automação. Nesse nível de inspeção predial, obrigatoriamente, é executado na

edificação um Manutenção com base na ABNT NBR 5674. Possui, ainda, profissional

habilitado responsável técnico, plano de manutenção com atividades planejadas e

procedimentos detalhados, software de gerenciamento, e outras ferramentas de gestão

do sistema de manutenção existente. A Inspeção Predial nesse nível é elaborada por

profissionais habilitados e de mais de uma especialidade. Nesse nível de inspeção, o

trabalho poderá ser intitulado como de Auditoria Técnica (IBAPE, 2012, p. 14).

Gomide et al, (2006), salienta que são raras as inspeções feitas no nível 1, mais raro

ainda são as de nível 3. Segundo o autor é mais comum ocorrerem as inspeções de nível 2.

Portanto, é necessário que se monte uma equipe previamente à contratação, formada pelo

Engenheiro Civil ou Arquiteto, um Engenheiro Elétrico e um Engenheiro Mecânico, com

desejável formação em Engenharia de Segurança. O acompanhamento por estes profissionais

se justifica devido aos diferentes sistemas especializados nos quais improvisos não seriam

aceitáveis.

A classificação dos níveis segundo o Instituto de Engenharia (2016) determina

primeiramente a tipologia das edificações, dentre as quais poderão ser: comerciais (lojas e

prédios), residenciais (casas e prédios), industriais (galpões), rurais (galpões), especiais de uso

privado (Shoppings, hipermercados, agências bancárias e outras), especiais de uso público

(escolas, hospitais, repartições públicas, universidades), temporárias (estandes, coberturas),

outros (portuárias, ferroviárias, rodoviárias e aeroportuárias).

O mesmo Instituto (2016) recomenda ainda que antes de se contratar uma inspeção,

recomenda a visita técnica na edificação. Só então, as edificações poderão ser classificadas nos

seguintes modelos, ou classes: edificação normal (N), edifícios com instalações e equipamentos

básicos; e edificação especial (E), edifícios com instalações e equipamentos complexos e/ou

automação, obras de arte especiais e demais construções com estruturas e fundações especiais.

Desse modo, o nível de inspeção será definido de acordo com a tipologia e a

complexidade da edificação, da seguinte forma:

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29

1) Nível de Inspeção N (normal) - inspeção por um ou mais especialistas, voltada

principalmente para edificações de modelo normal.

2) Nível de Inspeção E (especial) - inspeção de equipe com dois ou mais especialistas,

voltada principalmente para edificações de classe especial, podendo em sua análise

conclusiva recomendar serviços adicionais, tais como ensaios tecnológicos, auditorias,

perícias e consultorias.

2.6 INSPEÇÃO PREDIAL E MANUTENÇÃO

Segundo a IBAPE (2014), não podemos confundir o conceito de inspeção com

manutenção da edificação. Trata-se de uma ferramenta que auxilia na elaboração ou revisão do

plano de manutenção e no processo de gestão predial.

Vieira (2015) salienta que em 2001, o IBAPE/SP lançou a primeira norma técnica

tratando especificamente de inspeção predial. A aplicação da norma foi amplamente difundida

no meio técnico pericial com excelentes resultados. Suas mudanças se dá em virtude dos

avanços tecnológicos e necessidade do mercado.

A NBR 5674: 2012 orienta o profissional para proceder às avaliações necessárias ao

diagnóstico do estado da qualidade da manutenção, bem como indica as criticidades e

providências que deverão ser encaminhadas no âmbito da manutenção e segurança patrimonial

das edificações voltada à inspeção predial. Esta norma busca fixar as diretrizes, conceitos,

terminologias, convenções, notações, critérios e procedimentos relativos à inspeção predial,

dentre os quais tem a função de:

a) classifica a sua natureza;

b) institui a terminologia, as convenções e as notações a serem utilizadas;

c) define a metodologia básica aplicável;

d) estabelece os critérios a serem empregados nos trabalhos;

e) prescreve diretriz para apresentação de laudos e pareceres técnicos.

De acordo com Neves e Branco (2009), a inspeção predial deve atuar em três aspectos

essenciais:

1) a incidência de anomalias endógenas detectadas em análise de projetos, desempenhos

previstos, dados de fabricantes;

2) aspectos de uso, como dados funcionais, condições de uso e ocupação, obsoletismos,

degradação;

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30

3) e aspectos de manutenção, tais como plano de manutenção, níveis de desempenho

atingidos, custos envolvidos, atendimentos às expectativas dos usuários, níveis de

deterioração, operação dos sistemas e elementos construtivos.

Essas três dimensões torna a inspeção predial uma ferramenta de auditoria técnica,

possibilitando seu emprego na avaliação da manutenção (NEVES; BRANCO, 2009).

As falhas e anomalias originam-se no uso e nas etapas das edificações, mesmo estando

relacionadas às etapas de projeto e execução. Desse modo, é essencial que a inspeção predial

atente para os tipos e origens dos problemas constatados, buscando proceder orientações

pertinentes ao plano de manutenção ou a própria manutenção. Acredita-se que as anomalias

originem-se já nas etapas do projeto, execução ou especificação de materiais, porém as falhas

estão relacionadas a deficiência na etapa de uso, operação e/ou manutenção. Quando as

anomalias são funcionais, ainda podem existir origens em processos de obsolescência, perda

funcional ou degradação (GOMIDE, 2006).

A viabilidade técnica dos serviços de manutenção dependente de um correto diagnóstico

dos problemas existentes nas edificações. Portanto, é necessário que haja a avaliação periódica

das instalações, para o sucesso de um plano de manutenção.

Gomide (2006, p. 78) salienta que,

[...] a inspeção Predial não avalia somente a conservação do imóvel ou o estado de

conservação das instalações e sistemas construtivos. Conservação é o ato de

conservar, manter em bom estado, resistir ao desgaste causado pelo tempo. É um

estado físico, uma situação pontual, uma consequência.

Considera-se a conservação como parte da manutenção e ainda é possível desvincular

essa ação, da atividade do plano de manutenção. A NBR 5674: 2012 define conservação como

"ato ou efeito de se resguardar de danos, decadências, prejuízos e outros riscos, mediante

verificação atenta do uso e condições de permanência, das características técnicas e funcionais

da edificação, suas instalações e equipamentos".

Gomide (2006) salienta ao pensar com foco apenas na conservação, poderá não ocorrer

o comprometimento entre desempenho e vida útil x uso x operação x manutenção, além de

ganho no tempo de vida útil da edificação, redução de custos, sustentabilidade, dentre outros

aspectos. Desse modo, é possível diagnosticar a edificação em bom estado de conservação, mas

sem qualidade na manutenção.

Segundo a IBAPE/SC (2011) uma adequada manutenção e conservação predial somente

podem ser atingidas com base em diagnósticos técnicos realizados por profissionais habilitados,

embasados em normas técnicas.

Desse modo, a seguir falaremos do diagnóstico.

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31

2.7 DIAGNÓSTICO

Os mecanismos de manutenção de edifícios estão intimamente ligados à definição de

procedimentos de resolução de anomalias, que devem ser estabelecidos mediante um

diagnóstico caracterizador de cada caso, determinando as causas e efeitos, com base na

avaliação do elemento e das condições a que está sujeito (VIEIRA, 2015).

Segundo Lichtenstein (1986, p. 15),

[...] o diagnóstico do problema patológico pode ser entendido como a explicação

científica dos fenômenos e seu desenvolvimento em decorrência das condições de

exposição e sua interação com o edifício. O desempenho com o qual a edificação

cumpre suas funções depende diretamente da capacidade com que resiste a estas

condições.

Segundo o autor supracitado, o problema patológico ocorre quando as ações dos agentes

agressivos superam a resistência do edifício, ou de suas partes e geram o problema a partir desse

quadro de causas, que podem ser:

a) causas eficientes (ou operantes) são as principais, que provocam alteração nos

componentes, ligadas a agentes físicos, químicos e biológicos;

b) causas coadjuvantes (ou predisponentes) são secundárias e estão relacionadas a

situações como a idade do edifício, a manutenção falha, a falta de limpeza entre outras.

Uma manifestação patológica pode ser evolutiva pelo seu agravamento ao longo do

tempo, ou quando atinge outros componentes gera manifestações secundárias, que por sua vez,

podem gerar manifestações de terceira ordem e assim por diante, enquanto não houver a correta

intervenção. Portanto, é necessário alcançar o entendimento de todo o desenvolvimento do

problema patológico e não somente da situação instantânea da situação (LICHTENSTEIN,

1986).

A ação de intervenção só é executada após realizado um diagnóstico e este é efetuado

após a ação de inspeção. De um diagnóstico errado resulta a aplicação de medidas desajustadas

e consequentemente um agravamento econômico do custo de intervenção. A concepção de um

diagnóstico correto e conciso é um fator determinante para a seleção e execução de uma solução

adequada (CALEJO; CORREIA 2004). Existem casos em que se pode ter variados graus de

certeza para formular o diagnóstico, mesmo que haja possibilidade de incorreção esta deve ser

reduzida ao máximo durante o levantamento de subsídios, formulando-se assim um diagnóstico

muito provável para o caso (SOUZA, 2017).

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

32

2.7.1 Metodologia de Diagnóstico

Calejo e Correia (2004) sugerem uma proposta metodológica para a execução de um

diagnóstico em cinco fases:

• Primeira fase: análise dos resultados da inspeção;

• Segunda fase: caracterização da(s) patologia(s);

• Terceira fase: determinação da(s) causa(s);

• Quarta fase: definição de soluções para a eliminação da (s) causa(s);

• Quinta fase: definição de propostas de intervenção.

Levando-se em conta a análise dos resultados obtidos na inspeção, que surge a

identificação das patologias ou mesmo fenômenos de pré-patologias capazes de permitir as

causas associadas. As causas podem ser de diversas maneiras, desde causas associadas ä

utilização do próprio edifício, causas naturais, erros de projetos e/ou de execução, etc. No

entanto, com intuito de facilitar a realização de um diagnóstico e uma possível solução para a

intervenção, é positivo que se crie um banco de causas naturais, acidentais e relativos à

utilização, etc., que estejam na origem dos fenômenos patológicos (CALEJO; CORREIA,

2004).

Lanzinha (2006) propõe uma nova Metodologia Exigencial de Reabilitação - MEXREB,

que permite comparar os desempenhos dos diversos elementos do edifício, as exigências

técnicas documentadas do seu funcionamento, além de efetuar as análises e ensaios necessários

para a sua correta avaliação. O autor menciona que a maioria dos métodos desenvolvidos de

diagnóstico eram subjetivos, baseados em opiniões sem a realização de qualquer tipo de

verificação técnica.

O quadro 1 apresenta os passos de estruturação deste novo método de diagnóstico:

Quadro 1: Novo método de diagnóstico

Ação Tipo de

intervenção Objetivos Tarefas a desenvolver

A

Visita completa aos

diversos níveis que

compõem o

edifício.

Inquérito aos

residentes.

a) Detectar problemas

sistemáticos que mostrem não

conformidades de funcionamento

dos elementos da construção

relativos à envolvente;

a) Produção de relatório de nível

1

b) Não sendo detectado qualquer

problema que exija intervenção

urgente, o processo continua com

a execução da ação B.

Page 33: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

33

b) Conhecer as expectativas dos

residentes e detectar eventuais

problemas.

B Inspeção visual do

exterior do edifício.

Caracterizar o estado de

degradação física dos elementos

da envolvente

a) Poderão ser detectadas algumas

situações de degradação que

exijam intervenção imediata.

b) Produção de relatório de nível 2

c) Não sendo detectado qualquer

problema que exija intervenção

imediata, o processo continua com

a execução da ação C.

C

Análise da

documentação

relativa ao projeto

ou recurso a

métodos de ensaio

não destrutivo.

Caracterização dos elementos da

envolvente e avaliar a sua

conformidade com as exigências

regulamentares ou de qualidade

definidas.

a) Poderão ser detectadas

situações que exijam a

intervenção imediata, quando o

nível de qualidade esteja baixo do

nível mínimo exigido.

b) Produção de relatório de nível

3

c) Não sendo detectado qualquer

problema que exija intervenção

urgente, o processo fica

concluído.

D Execução de

ensaios destrutivos.

Verificar a existência de

problemas graves que não foi

possível diagnosticarem nas fases

anteriores.

a) Produção de relatório

Complementar;

b) Esta análise aprofundada

indicará a necessidade de

intervenção imediata.

Fonte: Lanzinha (2006).

Para além da análise comparativa do estado de degradação utilizada nos diversos

métodos estudados, esta metodologia proposta permite comparar os desempenhos dos diversos

elementos do edifício, com as exigências técnicas do seu funcionamento, estabelecidas em

documentos regulamentares ou exigenciais, realizando sempre que possível análises técnicas,

cálculos, medições e eventualmente ensaios in situ. Será importante referir, que se excluí uma

possível classificação dos elementos construtivos de edifícios construídos anteriormente e que

podem não cumprir os requisitos regulamentares de referência, que têm vindo a ser atualizados

periodicamente (LANZINHA, 2006).

Lanzinha (2006, p. 45) menciona que,

[...] Com a utilização da referida metodologia de diagnóstico e de intervenção em

edifícios, não se pretende criar mais um programa de simulação ou mais um sistema

pericial, pretende-se efetivamente a criação de uma ferramenta de apoio à reabilitação

de edifícios existentes, que permita, de forma expedita, diagnosticar a qualidade de

elementos construtivos e avaliar os níveis de qualidade das soluções de reabilitação a

propor.

Page 34: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

34

De acordo com Vieira (2015), selecionar um diagnóstico requer a realização de

procedimentos de identificação do mecanismo causa/efeito o qual deve compreender o

cumprimento de tarefas que permitam a definição das causas sobre a qual se deverá definir

exatamente uma proposta de intervenção com vista a resolver a patologia em causa.

2.8 METODOLOGIA PARA A INSPEÇÃO PREDIAL

A IBAPE/SP (2014) fornece subsídios para assessorar as vistorias nas edificações

prediais, das quais estabelece etapas para a realização da Inspeção Predial. O quadro 2 apresenta

a metodologia para a inspeção predial.

Quadro 2: Metodologia para a Inspeção Predial

ETAPAS TAREFAS

1 Levantamento de dados e documentos da edificação: administrativos, técnicos, de manutenção e

operação (plano, relatórios, históricos etc).

2 Entrevista com gestor ou síndico para averiguação de informações sobre o uso da edificação,

histórico de reforma e manutenção, dentre outras intervenções ocorridas.

3 Realização de vistorias na edificação, realizadas com equipe multidisciplinar ou não, dependo do

tipo de prédio e da complexidade dos sistemas construtivos existentes.

4 Classificação das deficiências constatadas (anomalias e falhas) nas vistorias, por sistema

construtivo, conforme sua origem.

5 Classificações dos problemas, de acordo com grau de risco.

6 Elaboração de lista de prioridades técnicas, conforme a classificação do grau de risco de cada

problema constatado. Essa lista é ordenada do mais crítico ao menos crítico.

7

Elaboração de recomendações ou orientações técnicas para a solução dos problemas constatados.

Essas orientações podem estar relacionadas à adequação do plano de manutenção ou aos reparos

e reformas para solução de anomalias.

8

Classificação da qualidade de manutenção e uso encontrada nos sistemas prediais. Ela pode ser

classificada em: atende, não atente ou atende parcialmente. Para essa classificação, consideram-

se as falhas constatadas na edificação, as rotinas e execução das atividades de manutenção e as

taxas de sucesso.

9

Avaliação do Uso da Edificação. Pode ser classificada em regular ou irregular. Observam-se as

condições originais da edificação e os seus sistemas construtivos, além de limites de utilização e

suas formas.

Fonte: IBAPE/SP (2014).

Segundo a IBAPE/SP (2014) o levantamento de informações referente aos dados e

documentos da edificação, conforme mencionado na etapa 1, a Norma estabelece a relação das

documentações que uma edificação deve possuir, porém essa relação pode se alterar de acordo

com o nível de complexidade do empreendimento. Desse modo, há uma listagem de

documentos a serem providenciados e estabelecido pelo inspetor predial em conformidade do

tipo e da complexidade da edificação, assim como suas instalações e sistemas construtivos.

A norma de inspeção predial da IBAPE/SP (2012) divide os documentos em três

tipologias: Administrativos, Técnicos e Manutenção e Operação. Os documentos

Page 35: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

35

administrativos são aqueles referentes ao controle administrativo e gerencial e que tratam das

regularizações e legalizações da edificação perante os órgãos competentes, bem como a sua

organização interna junto aos seus usuários, conforme apresentado no quadro 3.

Quadro 3: Documentos administrativos

DOCUMENTOS ADMINISTRATIVOS

Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio;

Regimento Interno do Condomínio;

Alvará de Construção;

Auto de Conclusão;

IPTU

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);

Alvará do Corpo de Bombeiros;

Ata de instalação do condomínio;

Alvará de funcionamento;

Certificado de Manutenção do Sistema de Segurança;

Certificado de treinamento de brigada de incêndio;

Licença de funcionamento da prefeitura;

Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual;

Cadastro no sistema de limpeza urbana;

Comprovante da destinação de resíduos sólidos, etc.

Relatório de danos ambientais, quando pertinente;

Licença da vigilância sanitária, quando pertinente;

Contas de consumo de energia elétrica, água e gás;

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional;

Alvará de funcionamento;

Certificado de Acessibilidade.

Fonte: IBAPE (2012).

Além da documentação solicitada e descrita no quadro 3, há ainda a necessidade de

apresentação da documentação técnica. Ou seja, trata-se do registro, em forma de plantas e

memoriais descritivos e de cálculos, das características físicas e dos sistemas construtivos da

edificação. E uma documentação de grande importância para a avaliação e analise da

complexidade dos subsistemas existentes, conforme apresentado no quadro 4.

Quadro 4: Documentação técnica

DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

Memorial descritivo dos sistemas construtivos;

Projeto executivo;

Projeto de estruturas;

Projeto de Instalações Prediais;

Instalações Hidráulico-sanitárias, e de água pluviais;

Instalações de gás;

Instalações elétricas;

Instalações de cabeamento e telefonia;

Instalações do Sistema de Proteção Contra Descargas;

Instalações de ar condicionado;

Projeto de Impermeabilização;

Projeto de Revestimentos;

Projeto de Pintura;

Projeto de Paisagismo.

Fonte: IBAPE (2012).

Page 36: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

36

Os documentos de manutenção e operação são aqueles que descrevem e/ou atestam as

atividades realizadas com o propósito de prevenção ou correção de alguns elementos passíveis

de manutenção. A existência desses documentos mostra o grau de comprometimento dos

gestores da edificação com a segurança e o desempenho dos seus sistemas (IBAPE, 2012). O

quadro 5 apresenta a listagem de documentos necessários para a manutenção e operação.

Quadro 5: Documentação de manutenção e operação

DOCUMENTAÇÃO DE MANUTENÇAO E OPERAÇÃO

Manual de uso, operação e manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico);

Plano de Manutenção e Operação e Controle (PMOC);

Selos dos Extintores;

Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA);

Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA;

Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios;

Relatório das análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e da rede;

Certificado de ensaios de pressurização em mangueiras;

Laudos de Inspeção Predial anteriores;

Certificado de ensaios de pressurização em cilindro de extintores;

Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral;

Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais como: ar condicionado,

motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos eletromecânicos e demais componentes.

Relatórios de ensaios da água gelada e de condensação de sistemas de ar condicionado central;

Certificado de teste de estanqueidade do sistema de gás;

Relatórios de ensaios preditivos, tais como: termografia, vibrações mecânicas, etc.;

Relatórios dos Acompanhamentos das Manutenções dos Sistemas Específicos, tais como: ar condicionado,

motores, antenas, bombas, CFTV, Equipamentos eletromecânicos e demais componentes.

Cadastro de equipamentos e máquinas.

Fonte: IBAPE (2012).

Na etapa 3 o nível da inspeção a ser realizada é definida através do número de

profissionais envolvidos na inspeção predial assim como a complexidade da edificação. É

preciso levar em conta o modo de como a NBR 14037 determina o modo de como as inspeções

devem ser feitas, além do programa de manutenção de cada edificação.

O quadro 6 apresenta o nível de complexidade da edificação em conformidade com a

IBAPE (2012).

Quadro 6: Nível de complexidade da edificação

NÍVEL DE COMPLEXIDADE DA EDIFICAÇÃO

Nível 1 Para edificações mais simples, normalmente sem a necessidade de equipe multidisciplinar. Por

exemplo: casas, galpões, edifícios até 3 pavimentos, lojas etc.

Nível 2

Para edifícios multifamiliares, edifícios comerciais sem sistemas construtivos mais complexos

como climatização, automação etc. Normalmente envolve equipe multidisciplinar com

engenheiros civis ou arquiteto, mais engenheiros eletricistas.

Nível 3

Para edificações complexas, onde há sistema de manutenção implantado conforme a ABNT NBR

5674. Sempre realizada por equipe multidisciplinar, envolvendo: engenheiro civil ou arquiteto,

engenheiro eletricista e engenheiro mecânico.

Fonte: IBAPE (2012).

Page 37: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

37

Segundo Vieira (2015), é necessário que as inspeções sejam realizadas através de

modelos elaborados e ordenados visando facilitar os registros e sua recuperação, o qual devem

ser considerados um roteiro de inspeções e as formas de manifestações esperadas da degradação

natural dos sistemas, subsistemas, elementos e equipamentos ou componentes da edificação

associadas à sua vida útil, conforme indicações do manual e que resultem em risco à saúde e

segurança dos usuários e também as solicitações e reclamações dos usuários ou proprietários.

Conforme a etapa 4, as deficiências são classificadas em: anomalias construtivas ou

endógenas quando relacionadas aos problemas da construção ou projeto do prédio; anomalias

funcionais quando relacionadas à perda de funcionalidade por final de vida útil –

envelhecimento natural e falhas de uso e manutenção quando relacionadas à perda precoce de

desempenho por deficiências no uso e nas atividades de manutenção periódicas. Todas as

deficiências devem ser cadastradas por fotografias e constar no Laudo de Inspeção Predial.

A Norma da IBAPE (2014) apresenta uma Classificação das Anomalias e Falhas,

conforme apresentada no quadro 7, são passíveis de serem encontradas pelo inspetor durante

uma inspeção predial:

Quadro 7: Classificação das anomalias e falhas

ANOMALIA FALHA

Endógena Planejamento

Exógena Execução

Natural Gerenciais

Funcional Operacionais

Fonte: IBAPE (2012).

A quinta etapa da inspeção, a classificação consiste na análise do grau de risco, dentre

os quais devem ser considerados: fatores de conservação, rotinas de manutenção previstas,

agentes de deterioração precoce, depreciação, riscos à saúde, segurança, funcionalidade e

comprometimento de vida útil. Os graus de risco são definidos como crítico, regular e mínimo.

(IBAPE, 2012).

A classificação quanto ao Grau de Risco de uma anomalia ou falha deve sempre ser

fundamentada, conforme limites e os níveis da inspeção predial realizada, considerando o grau

de risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente e ao patrimônio (IBAPE, 2012).

A sexta etapa elabora-se uma lista de prioridades para as ações de manutenção. Quanto

à ordem de prioridades de execução das correções necessárias, recomenda-se que seja disposta

em ordem decrescente quanto ao grau de risco e intensidade das anomalias e falhas, apuradas

através de metodologias técnicas apropriadas ou ainda, pela listagem de criticidade decorrente

da inspeção predial (IBAPE, 2012).

Page 38: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

38

Na etapa 7 levando-se em conta a Norma, as recomendações técnicas para as anomalias

e falhas constatadas na inspeção predial devem ser apresentadas de forma clara e simples,

possibilitando ao gestor, síndico ou proprietário a fácil compreensão destas. Vieira (2015)

recomenda a indicação de manuais, ilustrações e normas pertinentes para facilitar as futuras

providências do contratante.

Na etapa 8, a classificação da qualidade da manutenção e uso, deve ser fundamentada

nos graus de risco e perdas precoce de desempenho dos sistemas, frente as constatações das

anomalias e, especialmente das falhas encontradas. A classificação da qualidade da manutenção

em cada sistema poderá ser: atende, atende Parcialmente ou não atende (IBAPE, 2012).

A etapa 9, trata da avaliação das condições de uso, é parametrizada pela análise das

condições de uso da edificação e de seus sistemas construtivos; consoante aspectos técnicos

previstos em projeto e conforme níveis de desempenho estimados. A eventual inexistência de

qualquer parâmetro de referência que impossibilite a análise do inspetor deverá ser devidamente

registrada no Laudo Final. A classificação da condição de uso poderá ser: Regular ou Irregular.

O uso regular é aquele onde a edificação é ocupada e utilizada dentro dos parâmetros previstos

no projeto. Contribui para a sua longevidade da edificação, e observa aspectos técnicos de

segurança e habitabilidade. O uso irregular da edificação está sujeito aos riscos não previstos

em projeto que poderão comprometer a segurança e habitabilidade (IBAPE, 2012).

2.9 CONTEÚDO BÁSICO DO LAUDO DE INSPEÇÃO

De acordo com a norma de inspeção predial do IBAPE/SP (2014), um laudo não é

apenas um relatório ou lista de checklist contendo “sim ou não”, “atende ou não atende”,

“verificado ou não verificado”, “existente ou inexistente”. Não é lista de preenchimento de

lacunas. Laudo é um documento que segue diretriz técnica para ser elaborado, visando

demonstrar todas as etapas do trabalho e fundamentar a conclusão. Contudo, os relatórios das

inspeções devem descrever a degradação de cada sistema, subsistema, elemento ou componente

e equipamento da edificação, apontar e, sempre que possível, estimar a perda do seu

desempenho, recomendar ações para minimizar os serviços de manutenção corretiva e conter

prognóstico de ocorrências.

O quadro 8 apresenta os itens básicos que devem constar em um Laudo de Inspeção

predial, segundo a IBAPE/SP (2014).

Quadro 8: Itens básicos do Laudo de Inspeção

ITENS BÁSICOS DO LAUDO DE INSPEÇÃO PREDIAL

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

39

1 Identificação do solicitante;

2 Classificação do objeto da inspeção;

3 Localização;

4 Datas das vistorias e equipe;

5 Descrição técnica do objeto - Tipologia e padrão construtivo, utilização e ocupação e Idade da

Edificação;

6 Nível utilizado de inspeção (nível 1, 2 ou 3);

7 Documentação analisada;

8 Critério e Metodologia da Inspeção;

9

Lista de verificação dos elementos construtivos e equipamentos vistoriados com a descrição e

localização das respectivas anomalias e falhas. - Classificação e análise das anomalias e falhas quanto

ao grau de risco (crítico, regular ou mínimo);

10 Lista de recomendações técnicas;

11 Lista de prioridade;

12 Classificação da qualidade de manutenção (atende, não atende ou atende parcialmente);

13 Lista de recomendações gerais e sustentabilidade;

14 Relatório Fotográfico (pode ser anexo ao Laudo ou, ainda, junto de cada problema constatado e descrito

no item 9);

15 Recomendação do prazo para nova Inspeção Predial;

16 Data do Laudo;

17 Assinatura do(s) profissional(ais) responsável(eis), acompanhado do nº do Crea;

18 Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), emitida pelo CREA.

Fonte: IBAPE/SP (2014).

O profissional de Inspeção Predial tem a Responsabilidade única e exclusivamente pelo

escopo e pelo nível de inspeção contratada. Este se exime de qualquer responsabilidade técnica,

quando as observações e orientações existentes no Laudo, não forem implementadas pelo

responsável legal da edificação, bem como por qualquer anomalia e falha decorrente de

deficiências de: projeto, execução, especificação de materiais, e/ou deficiência de manutenção,

bem como qualquer outra alheia ao trabalho de inspeção procedido. O profissional se exime

também, sobre a análise de elementos, componentes, subsistemas e locais onde não foi possível

executar a Inspeção Predial (VILLANUEVA, 2015).

2.10 A PATOLOGIA NA INSPEÇÃO PREDIAL

Para a elaboração do laudo final de inspeção, o profissional deve se ater em desenvolver

conhecimento sobre as patologias relacionadas à construção civil.

Dentro da engenharia a patologia envolve a análise dos sintomas evidenciados pelos

defeitos que se manifestam nas estruturas, pesquisa sua origem e as prováveis causas e

mecanismos de ação dos agentes envolvidos (SOUZA; RIPPER, 1998).

A patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os sintomas, os

mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das

partes que compõem o diagnóstico do problema (OLIVEIRA, 2013).

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40

Patologia das edificações é a ciência que estuda as origens, as formas de apresentação,

os aspectos e as possíveis soluções de anomalias nas edificações e como evitar que qualquer

componente de uma edificação deixe de atender aos requisitos mínimos para os quais foi

projetado. Anomalias podem ocorrer em consequência de um projeto não adequadamente

detalhado ou falhas na execução (VIEIRA, 2015).

Segundo Klein (2015), o concreto armado é o método construtivo mais utilizado no

Brasil, por possuir grande aceitação no mercado devido as suas qualidades de vencer grandes

vãos e grandes alturas além de se moldar facilmente a diferentes tipos de peças estruturais e

facilidade de execução. Por esse motivo, é onde se concentram a maioria das patologias no que

diz respeito à construção civil.

A NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, estabelece

diretrizes quanto à durabilidade do concreto, exigindo que

[...] as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que sob as

condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme

preconizado em projeto conservem suas segurança, estabilidade e aptidão em serviço

durante o período correspondente à sua vida útil. (ABNT, NBR, 6118: 2014).

Em geral, os fenômenos patológicos, cujo tipo e incidência são variáveis, apresentam

manifestações externas características, a partir das quais se pode deduzir sua natureza, origem

e mecanismos envolvidos, bem como suas prováveis consequências. O estudo dessas

manifestações envolve a observação de sintomas que comprometem algumas exigências das

construções, seja no que concerne à estabilidade, capacidade mecânica, situação funcional e de

serviço, estética e na durabilidade. Como a avaliação das patologias depende do comportamento

do edifício em uso, tal função abrange aspectos que lhe são essenciais, como tempo e condições

de exposição, o que a torna associada aos conceitos de durabilidade, vida útil e desempenho das

edificações (VIEIRA, 2015).

2.11 PRINCIPAIS PROBLEMAS PATOLÓGICOS ENCONTRADOS EM EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS

Apresentado por Olivare (2003), as causas mais comuns quando se relaciona patologia

à construção civil são:

a) Recalque das fundações;

b) Movimentação térmica;

c) Excesso de deformação das peças estruturais;

d) Sobrecargas ou acúmulo de tensões;

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41

e) Retração do cimento;

f) Carbonatação;

g) Expansão de armadura (corrosão);

h) Reações químicas internas;

i) Defeitos construtivos.

Azevedo (2011) ressalta que o processo de construção de um empreendimento, se divide

em três fases, sendo elas: “Fase de projeto”, onde ele diz ter por objetivo definir os métodos a

serem seguidos no andamento da construção da edificação; A “Fase de execução”, onde se

localiza a maior parte da mão de obra na execução de um empreendimento. E por fim a “Fase

de utilização”, onde após concluída a construção, o proprietário do imóvel ficará responsável

pelo seu bom uso.

Segundo Helene (2003), os fenômenos patológicos são evolutivos e tendem a agravar-

se com o passar do tempo. As correções serão mais efetivas, mais fáceis de execução e mais

baratas quanto mais cedo forem realizadas. A necessidade de manutenção predial surge em

função da perda de durabilidade, da presença de patologias e de mudanças para atender as

demandas dos usuários.

Do ponto de vista físico ou técnico, destacam-se as patologias adquiridas, que, mesmo

presentes na maioria dos edifícios (a incidência de patologias, em maior ou menor intensidade,

ocorre em todo o mundo) e originadas em outras fases do ciclo de vida da edificação, poderiam

ser evitadas com a manutenção (ABREU, 2012).

Abreu (2012) destaca as manifestações patológicas mais frequentes encontradas em

prédios:

a) Danificação ou desagregação de elementos estruturais;

b) Trincas, fissuras e rachaduras visíveis, causadas pelo desgaste natural de materiais;

c) Carbonatação (reação ao gás carbônico que conduz a micro fissuras);

d) Infiltrações, que causam patologias na pintura, como descascamento e bolhas;

e) Corrosão e erosão (devido principalmente a infiltrações, retenção de água e umidade);

f) Ataque de agentes agressivos, por exemplo, agentes biológicos como fungos, que se

interceptam nas fissuras da edificação.

Consideram-se, ainda, os efeitos colaterais devido ao agravamento dessas patologias,

pois pequenos problemas patológicos podem evoluir para situações que comprometem

seriamente a edificação, como a sua estabilidade. E também manutenções inadequadas

(corretivas e não planejadas), com técnicas deficientes, que, em geral, originam a reincidência

de ocorrências patológicas ou o aparecimento de outras anomalias (ABREU, 2012).

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42

Ainda destacam-se os problemas patológicos ocasionados por manutenção inadequada

ou mesmo ausência total de manutenção:

[...] têm sua origem no desconhecimento técnico, na incompetência, no desleixo e em

problemas econômicos. A falta de alocação de verbas para manutenção pode vir a

tornar-se fator responsável pelo surgimento de problemas estruturais de maior monta,

implicando gastos significativos e, no limite, a própria demolição da estrutura

(SOUZA; RIPPER, 2005, p. 27).

Souza e Ripper (1998) elaboraram um levantamento de dados onde observaram o

pensamento de diversos pesquisadores quanto às principais causas dos problemas patológicos

em estruturas de concreto. O quadro 9 apresenta as causas dos problemas patológicos em

estrutura de concreto.

Quadro 9: Análise percentual das causas de problemas patológicos em estruturas de concreto

CAUSA DOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS EM ESTRUTURAS DE

CONCRETO

FONTES DE

PESQUISA

Concepção e

projeto Materiais Execução

Utilização e

outras

Edward Grunau

Paulo Helene (1992) 44 18 28 10

D.E Allen (Canadá)

(1979) 55 49

C.S.T.C (Bálgica)

Verçosa (1991) 46 15 22 17

C.E.B, Boletim 157

(1982) 50 40

Faculdade de

Engenharia da Fundação

Armando Álvares

Penteado

Verçosa (1991)

18 6 52 24

B.R.E.A.S

(Reino Unido) (1972) 58 12 35 11

Bureau Securitas

(1972) 88 12

E.N.R. (U.S.A.)

(1968 - 1976) 9 6 75 10

S.I.A (Suíça)

(1979) 46 - 44 10

Doy Kminetzky

(1991) 51 40

Jean Blévot (França)

(1974) 35 - 65 -

L.E.M.I.T. (Venezuela)

(1966-1975) 19 5 57 19

Fonte: Souza e Ripper (1998).

O estudo dessas manifestações envolve a observação de sintomas que comprometem

algumas exigências das construções, seja no que concerne à estabilidade, capacidade mecânica,

situação funcional e de serviço, estética e na durabilidade. A terapia objetiva a correção dos

problemas patológicos. Como a avaliação das patologias depende do comportamento do

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43

edifício em uso, tal função abrange aspectos que lhe são essenciais, como tempo e condições

de exposição, o que a torna associada aos conceitos de durabilidade, vida útil e desempenho das

edificações (ANDRADE; COSTA E SILVA, 2009).

Considera-se patologias prediais aquelas configuradas pela queda (ou a possibilidade)

no desempenho dos sistemas construtivos e consequente impacto negativo na vida útil. Os

elementos desempenho, segundo IBAPE (2012), são: a segurança estrutural, dos usuários e do

meio ambiente; funcionalidade e operacionalidade; a saúde dos usuários; o conforto térmico,

acústico e de iluminação; a acessibilidade, a durabilidade dos edifícios e seus componentes,

bem como a vida útil, e demais definida hoje nas normas da série ABNT NBR 15575.

Verificou-se, portanto, que nem todos os pesquisadores presentes na lista compartilham

do mesmo posicionamento quanto às causas dos problemas patológicos em estruturas de

concreto. Segundo os autores, motivos esses podem ser explicados pelo fato de que nem todas

as fontes de pesquisa são de uma única região, e porque há situações onde os problemas

patológicos podem ter ocorrido por diversas causas, que acaba dificultando a realização de um

parecer com certeza (SOUZA; RIPPER, 1998).

2.12 LISTA DE VERIFICAÇÃO (CHECKLIST)

O checklist serve como parâmetro para a fiscalização de obras do órgão o que exigir das

construtoras e o que exatamente acompanhar na execução de cada serviço. É claro que o

conhecimento técnico do fiscal em cada assunto do checklist é fundamental e, além disso, ser

elaborado um relatório de acompanhamento dos serviços executados e como estão sendo

executados, é de fundamental importância para uma boa fiscalização e também uma forma de

registro sobre o andamento da obra (NASCIMENTO, 2014).

Saldanha (2012) salienta que o checklist é uma lista de verificação que serve como uma

ferramenta de inspeção e deve ser aprovada no ato da contratação. Descreve as áreas objeto a

serem inspecionada.

Segundo IBAPE (2012), o checklist deverá abranger os tópicos a serem vistoriados. Para

isso descreve os itens mínimos que deverão ser considerados durante a vistoria que, lembrando,

deverá ser sistêmica, abrangendo os três pilares básicos: 1) Condições construtivas (ou

técnicas); 2) Condições de manutenção e 3) Condições de uso.

Estes três sistemas construtivos, assim como seus elementos, deverão inspecionar a

estrutura, a impermeabilização, as instalações hidráulicas e elétricas, revestimentos externos

em geral, esquadrias, revestimentos internos, elevadores, climatização, exaustão mecânica,

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44

ventilação, coberturas, telhados, combate a incêndio e SPDA (Sistemas de Proteção contra

Descargas Atmosféricas).

A ABNT (2012) e IBAPE/SP (2012) declaram que o checklist deve orientar a inspeção,

considerando:

a) Um roteiro de inspeções dos sistemas, subsistemas, elementos, equipamentos e

componentes da edificação, ou seja, uma ordem cronológica da vistoria;

b) As formas de manifestações patológicas esperadas por causa da degradação natural

da edificação associados à sua vida útil. Deve-se observar as características de projeto

dos elementos construtivos e o Manual de Operação, Uso e Manutenção.

c) Os itens inspecionados devem verificar se as necessidades e exigências dos usuários

estão sendo atendidas pelos sistemas construtivos e pelo plano de manutenção.

A Norma indica que a inspeção predial deve incluir, minimamente, os seguintes

sistemas construtivos e elementos: estrutura, impermeabilização, instalações hidráulicas e

elétricas, revestimentos externos em geral, esquadrias, revestimentos internos, elevadores,

climatização, exaustão mecânica, ventilação, coberturas, telhados, combate a incêndio e SPDA

(IBAPE/ SP. 2012).

O Instituto de Engenharia (2016, p. 91), ao mencionar o checklist, ressalta que,

[...] a listagem deverá abranger os sistemas construtivos das áreas comuns (externas e

internas), bem como dos equipamentos e instalações visando determinar a condição

técnica tridimensional, com anotação dos padrões de qualidade (I, M e S) [inferior,

médio, ou superior]. A listagem deve relacionar as patologias prediais (anomalias

construtivas, falhas de manutenção e irregularidades de uso) com a indicação da

numeração da ilustração fotográfica.

Para níveis de inspeção 3 (três), ou Especial, é importante que se apresentem, também,

listagens de verificação dos equipamentos eletromecânicos, tendo em vista a necessidade de

contar com profissionais de diferentes áreas. Cada edificação deve ter a sua listagem de

verificação considerando suas peculiaridades e sistemas construtivos. Recomendam-se listas de

verificação independentes ou anexos para: elétrica, elevadores, ar condicionado, segurança

contra incêndio etc. (SOUZA, 2017).

Vale ressaltar que o preenchimento do checklist pode variar de fiscal para fiscal, e que

a presença deste no local de obra periodicamente é de fundamental importância para que o

preenchimento deste documento seja fidedigno (NASCIMENTO, 2014).

2.13 ATRIBUIÇÕES DO TÉCNICO AVALIADOR (INSPETOR PREDIAL)

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45

Lichtenstein (1986, p. 4), ressalta que na prática profissional, além de um procedimento

prático baseado no método científico, existem fatores como a habilidade pessoal intuitiva, ou a

experiência, os quais talvez não sejam suficientes para exercer a função de inspetor predial, isto

é, de realizar o checklist e elaborar o laudo. O autor menciona que “o sucesso na resolução [...]

depende do alcance, abertura e plenitude da capacidade do técnico de perceber e vivenciar a

própria experiência.”

Gomide et al. (2006), menciona que as aptidões necessárias para o desempenho da

função podem ser distribuídas em duas vertentes: a técnica e a pessoal.

Segundo a Lei Federal Nº 5.194 de 21/12/1966, e a Lei nº 12.378 de 31/12/2010, que

atribui as funções a serem realizadas pelo Engenheiro Civil e Arquitetos garantem o respectivo

registro profissional, pois a atividade de inspeção predial é exclusiva desses profissionais

(BRASIL, 1966; BRASIL, 2010).

Considera-se ainda que estes profissionais tenham conhecimentos específicos em

[...] Patologias de edificações, Ensaios Tecnológicos, Técnicas de diagnóstico,

Qualidade Total, Perícias de Engenharia, Engenharia de Manutenção sem embargo da

utilidade dos conhecimentos em Avaliações Imobiliárias, das normas técnicas de

ABNT e legislações relativas à área imobiliária”. Consideram-se também importantes

os conhecimentos de técnicas de administração, de procedimentos para análise de

documentação condominial (GOMIDE et al., 2006, p.13).

Além dessas habilidades ‘e preciso ter conhecimento sobre rotinas de vistorias prediais

e a elaboração de laudos técnicos. Assim como um bom conhecimento e larga experiência, são

necessárias para a Inspeção Predial, uma vez que muitas das questões técnicas citadas compõem

currículos de cursos de pós-graduação específicos, ou de variados eventos técnicos, além, é

claro, da demanda por constante atualização do profissional.

Outro fator relevante, segundo Gomide et al, (2009) é saber lidar com experiência em

fotografia e bons equipamentos para os registros das informações em campo e principalmente

para a fundamentação de laudos, uma vez que, muitas das informações coletadas serão

demonstradas e devidamente registradas permanentemente, portanto, devendo ser o máximo

esclarecedoras dos fatos.

Gomide et al, (2006) ressaltam ainda alguns atributos pessoais, como o espírito

investigativo e o interesse na apuração de causas e recomendação de soluções para problemas

técnicos em edificações. Os autores listam os seguintes traços de personalidade:

a) Comunicabilidade: importante a facilidade de comunicação e exposição de ideias,

pois são necessárias palestras para a exposição dos resultados da Inspeção Predial e suas

recomendações;

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46

b) Sociabilidade: para tratar pessoas de diversos níveis sociais e culturais;

c) Determinação: para investigar e pesquisar, visando à confiança indispensável no

próprio trabalho;

d) Serenidade: para manter a calma em situações de conflito;

e) Objetividade: na exposição das avaliações técnicas;

f) Pragmatismo: para planejar e cumprir programação;

g) Senso de observação: para explorar todos fatos técnicos;

h) Liderança: para bem orientar os demais membros da equipe;

i) Disposição física: pois as vistorias exigem vigor;

j) Desprendimento: para enfrentar situações inusitadas e improvisações.

Gomide et al, (2006, p. 15) mencionam outras importantes características que o

profissional da engenharia ou da arquitetura deverão apresentar quando for realizar um trabalho

de inspeção predial, é a ética profissional em que a competência e imparcialidade são

imprescindíveis, além de alguns aspectos como:

a) Confiabilidade: no relacionamento com o cliente, informando e orientando tudo que

possa interessar para a Qualidade Predial Total;

b) Isenção: ausência de vinculação anterior ou outros interesses com o cliente ou

construtor da edificação;

c) Independência: para utilização da metodologia técnica mais adequada ao caso em

estudo;

d) Confidencialidade: das informações técnicas e gerais do condomínio, à exceção

daquelas que possam causar danos se não forem divulgadas;

e) Divulgação: das informações técnicas e gerais do condomínio, desde que autorizado

pelo cliente;

f) Treinamento continuado: para se manter atualizado tecnicamente;

g) Colaboração: técnica para o desenvolvimento da profissão;

h) Lealdade: com os colegas, principalmente nas concorrências.

O código de ética profissional para engenheiro, Resolução Nº 1002 (CONFEA, 2002),

do qual se destaca o artigo 9º, pertinente a este tipo de trabalho, onde se verifica que é

imprescindível agir de forma imparcial e impessoal, ou seja, sem considerar questões pessoais

ou visar benefício ilícito para qualquer parte.

Da mesma forma, harmonizar interesses pessoais aos coletivos de modo a garantir o

bem público, da profissão e dos profissionais por meio de ações justas e comprometidas com a

técnica, sem que haja prejuízo ao sigilo das informações prestadas por moradores, proprietários

Page 47: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

47

e demais envolvidos. É preciso, portanto, ter a capacidade de superar desafios oferecidos pela

Inspeção Predial atuando sempre com consciência, dignidade e zelo necessários para executar

esta tarefa de grande utilidade pública (SOUZA, 2017).

2.14 INDICAÇÃO DE PRIORIDADE (GERAL E POR SISTEMA)

Após o levantamento das anomalias e falhas, torna-se necessário priorizar as ações

corretivas para melhor aproveitamento dos recursos e diminuição dos impactos de redução do

desempenho (CARVALHO; ALMEIDA, 2017).

Sotille (2014) ressalta uma ferramenta importante que é a matriz de priorização GUT

utilizada na solução dos problemas patológicos para definir prioridades as ações encontradas.

Segundo o autor,

[...] a Matriz de Priorização de GUT (Gravidade x Urgência x Tendência) foi proposta

por Charles H. Kepner e Benjamin B. Tregoe, em 1981 como uma das ferramentas

utilizadas na Solução de Problemas. É uma ferramenta de Qualidade usada para

definir prioridades dadas as diversas alternativas de ação. O objetivo desta ferramenta

é priorizar as ações de forma racional, levando em consideração a gravidade, a

urgência e a tendência do fenômeno, permitindo escolher a tomada de ação menos

prejudicial (SOTILLE, 2014, p.1).

Sotille (2014, p. 1), descreve de que maneira caracteriza-se a gravidade, urgência e

tendência, nesta ferramenta:

GRAVIDADE: a intensidade, profundidade dos danos que o problema pode causar se

não se atuar sobre ele.

URGÊNCIA: o tempo para a eclosão dos danos ou resultados indesejáveis se não se

atuar sobre o problema.

TENDÊNCIA: o desenvolvimento que o problema terá na ausência de ação.

O autor supracitado, ainda menciona que esta ferramenta responde racionalmente as

seguintes questões: O que devemos fazer primeiro? Por que? Por onde devemos começar?

Desse modo, é importante lembrar que a GUT pode ser aplicada individualmente, porém, o

resultado é melhor quando um grupo de pessoas a executa, já que há um aprimoramento quando

os valores são obtidos por consenso (consenso = Conformidade, acordo ou concordância de

ideias, de opiniões). Para preenchê-la, segue-se as seguintes etapas:

1) Listar os problemas ou os pontos de análise;

2) Pontuar cada tópico;

3) Classificar os problemas;

4) Tomar decisões estratégicas.

Page 48: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

48

Para adequar o uso da GUT na inspeção predial, Costa e Zancan (2012) salientam que

é preciso “atribuir pesos a cada anomalia existente e fazer a multiplicação entre eles obtendo-

se assim, o total de pontos”. Desse modo, Gomide et al, (2009) propuseram a adaptação do

sistema GUT para manutenção predial, conforme Figura 1:

Figura 1 - Critérios do grau de risco e pesos referentes a metodologia utilizada para a

classificação da ordem de prioridades das irregularidades

Fonte: Gomide et al, (2009).

Quanto maior o valor final maior a criticidade e prioridade. Pode-se então facilmente

elencar as prioridades, com menor subjetividade no trabalho. Esta ordenação servirá para

avaliar e auxiliar o plano de manutenção da edificação, bem como verificar não conformidades

concentradas em um sistema, subsistema ou área específica. Para facilitar as ações de

manutenção, o checklist prevê a organização das irregularidades por sistemas (CARVALHO;

ALMEIDA, 2017).

2.15 PLANILHA DE INSPEÇÃO

A Planilha de Inspeção possui por função primordial avaliar as condições técnica, de

manutenção e de uso dos elementos construtivos, maquinário e equipamentos da edificação.

Page 49: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

49

Cada elemento é avaliado através de uma planilha específica, a qual reúne todos os elementos

de uma mesma área (civil, elétrica e mecânica) (SUMAN, 2016).

2.15.1 Critério de classificação

Para Suman (2016), todos os elementos são avaliados em relação a 7 critérios (projeto,

sustentabilidade, preventiva, corretiva, integridade, desempenho e segurança) que independem

da área relacionada ao elemento, sendo classificados em Inferior (I), Regular (R) ou Superior

(S) conforme as tabelas 1, 2 e 3 apresentadas a seguir:

Tabela 1 - Tabela de classificação por critérios técnicos

TÉCNICA

Critérios Projeto Sustentabilidade

Inferior não existe não atende a critérios de sustentabilidade

Regular incompleto / desatualizado atende a critérios de sustentabilidade ultrapassados

Superior completo e atualizado atende aos critérios modernos de sustentabilidade

Fonte: SUMAN (2016).

Tabela 2- Tabela de classificação por critérios de manutenção

TÉCNICA

Critérios Preventiva Corretiva

Inferior não existe alta frequência / tempo resposta longo

Regular não eficaz média frequência / tempo de resposta médio

Superior eficaz baixa frequência / tempo de resposta curto

Fonte: SUMAN (2016).

Tabela 3 - Tabela de classificação por critérios de uso

USO

Critérios Integridade Desempenho Segurança

Inferior vida útil exaurida / avarias que inviabilizam reparo não funcional risco grave / iminente

Regular avarias reparáveis / não interferem no

funcionamento parcialmente

funcional risco leve /

a longo prazo

Superior Superior compatível com a vida útil / tempo de

instalação funcional não há risco aparente

Fonte: SUMAN (2016).

2.16 LEI MUNICIPAL DE INSPEÇÃO PREDIAL DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ - LEI N°

2805/2008

A Lei Municipal n° 2805 de 12 de março de 2008 estabelece a obrigatoriedade de

realizar vistorias técnicas nas edificações existentes no município de Balneário Camboriú/SC,

com exceção das edificações unifamiliares e conjunto de duas ou mais unidades habitacionais,

agrupadas horizontalmente. Conforme apresenta o artigo primeiro do dispositivo a seguir:

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50

Art. 1º Os proprietários, responsáveis ou gestores das edificações privadas e públicas

existentes no município deverão, às suas expensas, promover nestas, vistorias

periódicas, para detecção de irregularidades na parte física do imóvel, registradas em

um Parecer Técnico, no qual deverão ser obrigatoriamente anexados o Formulário de

Inspeção Técnica e a Ficha Técnica da Edificação.

§ 1º - Estabelece-se a obrigação de preencher o Formulário de Inspeção Técnica, o

qual deve reunir informações sobre as condições de segurança, salubridade,

desempenho e habitabilidade, especialmente no que se refere aos elementos de

fachada em espaços de uso público, estabilidade estrutural, impermeabilização de

coberturas e instalações primárias; segundo o modelo que se apresenta nesta Lei como

Anexo I;

§ 2º - Estabelece-se a obrigação de preencher a Ficha Técnica da Edificação, a qual

deve reunir informações sobre a situação jurídica, arquitetônica e urbanística segundo

o modelo que se apresenta nesta Lei como Anexo II;

§ 3º - Os Pareceres Técnicos de que trata o caput, deverão ser elaborados por

Engenheiros, Arquitetos com registro no Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina - CREA-SC;

§ 4º - Os responsáveis, proprietários ou gestores, das edificações de que trata esta lei,

deverão manter a Ficha Técnica da Edificação e o formulário de inspeção técnica em

local visível e franqueado ao acesso da fiscalização municipal (BALNEÁRIO

CAMBORIÚ, Lei n° 2805, 2008).

A vistoria técnica tem como objetivo verificar as condições de segurança, salubridade,

desempenho e habitabilidade, especialmente no que se refere aos elementos de fachada em

espaços de uso público, estabilidade estrutural, impermeabilização de coberturas e instalações

primárias. Institui a periodicidade de vistorias técnicas, sendo o prazo máximo apresentado no

quadro 10.

Quadro 10: Limites de periodicidade de inspeção predial

LIMITES MÁXIMOS DE PERIODICIDADE A PARTIR DA PRIMEIRA VISTORIA

Idade Real (anos) Prazo (anos)

Até 6 6

6 a 11 5

11 a 15 4

Acima de 15 3

Fonte: Balneário Camboriú (Lei n° 2805, 2008).

A lei exige que o laudo seja elaborado segundo as disposições da NBR 13.752: 2018 e

que seja orientado quanto ao conteúdo mínimo que deve constar no laudo, como: descrição

detalhada do estado geral da edificação e/ou dos equipamentos; os pontos sujeitos à manutenção

preditiva, preventiva, corretiva ou substituição; as medidas saneadoras a serem utilizadas;

prazos máximos para conclusão das medidas saneadoras propostas; e formulário de inspeção

técnica e ficha técnica da edificação (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, Lei n° 2805, 2008). Para

este último há um modelo a ser seguido, que está disponibilizado nos Anexos A, B e C.

O profissional responsável pela emissão do Parecer Técnico fica obrigado a comunicar

à secretaria municipal de planejamento urbano do município quaisquer danos que afetem o uso

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51

e a segurança das edificações. Os responsáveis, proprietários ou gestores, das edificações,

devem manter a ficha técnica da edificação e o formulário de inspeção técnica em local visível

e franqueado ao acesso da fiscalização municipal (MOURA, 2017).

A seguir, apresenta-se a metodologia utilizada para o desenvolvimento do planejamento

de uma inspeção predial.

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52

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo procurou-se desenvolver um estudo bibliográfico.

Uma pesquisa bibliográfica segundo Gil (2008) é desenvolvida a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa

bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos

muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Porém, em contrapartida,

muitas vezes as fontes secundárias apresentam dados coletados ou processados de forma

equivocada. Assim, um trabalho fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo a

ampliar seus erros.

Para Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os

principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer

dados atuais e relevantes relacionados com o tema. Segundo os autores, não é mera repetição

do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo

enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Para o desenvolvimento da proposta de um planejamento de inspeção predial, foi

adotada a Lei Municipal no 2805/2008 do município de Balneário Camboriú/SC o qual

estabelece a obrigatoriedade de realizar periodicamente vistorias técnicas nas edificações

existentes, com exceção das edificações unifamiliares e conjunto de duas ou mais unidades

habitacionais, agrupadas horizontalmente.

A vistoria técnica tem como objetivo verificar as condições de segurança, salubridade,

desempenho e habitabilidade, especialmente no que se refere aos elementos de fachada em

espaços de uso público, estabilidade estrutural, impermeabilização de coberturas e instalações

primárias.

Page 53: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

53

4 PROPOSTA DE ROTEIRO DE INSPEÇÃO PREDIAL

Apresenta-se neste capítulo uma proposta de inspeção predial com base na literatura

investigada.

4.1 NÍVEL DE INSPEÇÃO

A primeira etapa para iniciar o processo de inspeção predial, é identificar o nível de

inspeção, do qual se trata a edificação inspecionada. Conforme mencionado anteriormente,

nesse trabalho, o IBAPE classifica os níveis em três, com conformidade com a complexidade

da edificação, a profundidade do diagnóstico e a pluralidade de área de atuação dos

profissionais. Tendo como referência legal a Lei de Inspeção Municipal no 2805/2008 do

município de Balneário Camboriú/SC, buscou-se elaborar uma proposta de inspeção predial

baseado num prédio com característica de nível 2.

Um dos fatores que deve ser levado em conta para classificar o nível da edificação são

os valores atribuídos a partir da complexidade da construção e o nível de exatidão do

diagnóstico. Atribuir o nível da inspeção, serve como suporte que contribui com a formação do

orçamento do serviço.

A proposta elaborada é com base num edifício de 15 pavimentos, com dois elevadores

de carga e um elevador de pedestres. Essa análise dará insumos para planejar quanto à alocação

dos profissionais, equipamentos e realização de testes.

4.1.1 Obtenção de informações

Após definir o nível de inspeção, o primeiro passo, é a busca de informações sobre a

edificação (edifício). E esta se dá a partir de entrevista preliminar com síndicos e/ou

funcionários. Essa entrevista serve para fornecer informações importantes quanto às possíveis

modificações e reformas da edificação original, assim como permitir melhor entendimento das

práticas rotineiras de conservação e manutenção.

Quadro 11: Entrevista para obtenção de informações preliminares da edificação

ENTREVISTA PRELIMINAR

Responsável: Data:

Item Anomalias apresentadas Localizações Observações

1 Trincas/rachaduras em fachadas/paredes

2 Desprendimento de revestimento de

fachadas/paredes.

3 Desprendimento de revestimento de tetos e forros.

4 Trincas/rachaduras em pisos.

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5 Desprendimento/afundamento dos pisos.

6 Caimento irregular dos pisos.

7 Desgaste anormal de piso cimentado.

8 Vazamentos pelas prumadas no subsolo ou áreas

comuns do térreo.

9 Infiltrações pelas paredes do subsolo.

10 Esquadrias soltas, desalinhadas ou outro.

11 Ferragens e metais avariados.

12 Falta de energia elétrica/água.

13 Curto-circuito/sobrecarga elétrica.

14 Problemas no funcionamento dos elevadores

15 Problemas no funcionamento do sistema de

abastecimento de água.

16 Problemas no funcionamento do ar-condicionado.

17 Problemas no funcionamento do sistema de

segurança.

18 Problemas de funcionamento do gerador.

19 Problemas de funcionamento da pressurização.

20 Problemas de funcionamento das bombas.

21 Problemas de funcionamento dos portões.

22 Outros:

23 Outros:

24 Outros:

25 Outros:

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

Após a entrevista, o engenheiro anota as possíveis falhas apresentadas, irregularidades

e possíveis reformas que devem ser providenciadas, conforme apresentado no quadro 12 e 13.

Quadro 12: Falhas apresentadas

Item Falhas apresentadas Localizações Observações

1 Ausência/precariedade de repintura.

2 Ausência/precariedade de limpeza.

3 Ausência/precariedade de lubrificação.

4 Ausência/precariedade de revisão das esquadrias.

5 Ausência/precariedade de revisão elétrica.

6 Ausência/precariedade de revisão hidráulica.

7 Ausência/precariedade de revisão paisagismo.

8 Outros:

9 Outros:

10 Outros:

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

Quadro 13: Falhas apresentadas

Item Irregularidades/reformas Localizações Observações

1 Coleta de lixo em local indevido.

2 Simultaneidade de chamadas de elevadores.

3 Antenas instaladas em locais indevidos

4 Vagas de garagens insuficientes.

5 Dificuldade de comunicação.

6 Pichações em paredes.

7 Sujidades na piscina.

8 Reformas não previstas/autorizadas na garagem.

9 Reformas no térreo.

10 Reformas na cobertura.

Page 55: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

55

11 Outros:

12 Outros:

13 Outros:

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

O segundo passo é a verificação e análise da documentação.

4.1.2 Verificação e análise da documentação

A verificação documental tem por objetivo identificar não conformidades técnicas e

legais. As documentações administrativas, técnicas e de manutenção e operação devem ser

solicitadas pelo inspetor predial para verificação, antes mesmo da inspeção propriamente dita.

Após análise, devem ser registradas como orientações técnicas as possíveis ressalvas

encontradas a documentação. Vale destacar, porém, que a inspeção predial não almeja legalizar

a edificação (CARVALHO; ALMEIDA, 2017).

A norma NBR 14037:2011, “Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e

manutenção das edificações”, apresenta uma tabela que relaciona os principais documentos que

devem fazer parte da documentação do condomínio, sendo que alguns deles são entregues pela

construtora ou incorporadora e os demais devem ser providenciados pelo condomínio.

O quadro 14 lista as documentações necessárias para o funcionamento legal do prédio

que deve ser apresentada pelo responsável pela edificação.

Quadro 14: Falhas apresentadas

ENTREVISTA PRELIMINAR

Responsável: Data:

DOCUMENTAÇÃO Renovação/atualização Possui? Observações

Relação de proprietários e moradores. A cada alteração

Regimento interno do Condomínio. Quando necessário

Livro de atas de assembleias/presença. A cada alteração.

Ata de eleição do síndico (última). -

Inscrição do condomínio na Receita Federal

(CNPJ)

A cada alteração do

síndico

Manual de Uso, Operação e Manutenção

(Manual do Proprietário e do Síndico) -

Plano de Manutenção e Operação e Controle

e seus relatórios (PMOC). Quando necessário

Projetos legais -

Memorial descritivo dos sistemas

construtivos. -

Atestado de Regularidade do Corpo de

Bombeiros (LEI Nº 4183). Anualmente

N° Val.: / /

Selos dos extintores (INMETRO) e validade

da recarga. -

Val.: / /

Relatório de manutenção dos extintores Anualmente Val.: / /

Relatório de manutenção das mangueiras dos

hidrantes. Anualmente

Val.: / /

Page 56: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

56

Relatório de inspeção das mangueiras dos

hidrantes. 6 meses

N° Val.: / /

Relatório de Inspeção Anual de Elevadores

(RIA). Anualmente

N° Val.: / /

Atestado do Sistema de Proteção a Descarga

Atmosférica – SPDA. Anualmente

N° Val.: / /

Atestado de medição ôhmica 5 anos N° Val.: / /

Certificado de limpeza e desinfecção dos

reservatórios. 6 meses

Relatório do acompanhamento de rotina da

Manutenção Geral. -

Relatórios dos acompanhamentos das

manutenções dos sistemas específicos

(elevador, gerador, bomba, ar condicionado,

etc)

-

Apólice de seguro de incêndio ou outro

sinistro que causa destruição

(obrigatório - Lei n° 4.591)

Anualmente

N° Val.: / /

Laudos de vistorias/inspeções anteriores 5 anos

Legenda: S - Sim N - Não NA - Não se Aplica

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

4.1.3 Formulário da inspeção de campo

A inspeção de campo tem por objetivo constatar as condições do edifício, através do

preenchimento do checklist e do registro fotográfico dos aspectos relevantes. O inspetor deve

elaborar uma lista de verificação dos sistemas e subsistemas construtivos, adequando-a a

complexidade da edificação. Os itens da lista serão, portanto, os tópicos inspecionados.

O formulário desenvolvido por Carvalho e Almeida (2017) contém o roteiro da vistoria

por sistemas, para ambientes internos, e por áreas da edificação, para ambientes externos. Esta

parte do checklist também inclui itens de avaliação da manutenção e do uso, assim como das

recomendações gerais e de sustentabilidade, por considerar que as informações requeridas por

estes tópicos devem ser obtidas durante a inspeção de campo.

O quadro 15 apresenta a lista de verificação utilizada na inspeção de campo.

Quadro 15: Lista de verificação utilizada na inspeção de campo

CHECK-LIST INSPEÇÃO PREDIAL

Responsável pela inspeção: Data:

Nome do edifício:

Endereço: Bairro:

Complemento: CEP:

CNPJ: Responsável pela edificação:

Fone: E-mail:

Tipologia: ( ) Residencial ( ) Comercial ( ) Industrial ( ) Outros:

N° de pavimentos: Ano de construção:

Construtora: Administradora:

Responsável pelo acompanhamento:

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57

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

A figura 2 apresenta a complementação deste formulário:

Figura 2: Outras informações da inspeção de campo.

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

4.1.3.1 Tópicos da inspeção de campo

Os tópicos da inspeção que se propõe realizar no prédio fictício proposto neste estudo

são: estruturas, fundação, vedação, revestimento (forro, parede, piso, fachada), esquadrias,

impermeabilização, instalação hidrossanitária, instalação de gás, instalação elétrica,

mecanização (elevadores, climatização, ventilação e exaustão mecânica, motor elétrico, bomba

hidráulica), cobertura, combate a incêndio (extintores, hidrantes, saída de emergência,

chuveiros automáticos), SPDA, Área de Lazer (piscina, playground, quadra esportiva e salão

de jogos. Por fim, a avaliação da manutenção, avaliação do uso, recomendações de

sustentabilidade e recomendações gerais.

O quadro 16 apresenta os tópicos de inspeção de campo que servirão como orientação

para a execução do checklist.

Quadro 16: Tópicos da inspeção de campo

Page 58: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

58

1. ESTRUTURAS

( ) Concreto armado ( ) Madeira ( ) Metálica

( ) Alv. Estrutural

Local Foto n° Observação

Fissuras

Destacamento/desagregação/ desplacamento

Armadura exposta

Corrosão

Peça estrutura com deformação excessiva

Irregularidades geométricas, falhas de concretagem

Eflorescência/ lixiviação/ infiltração

Outro:

2.FUNDAÇÃO Local Foto n° Observação

Erosão do solo

Recalque diferencial

Outro:

3. VEDAÇÃO Local Foto n° Observação

Fissura/trinca

Eflorescência

Infiltração

Irregularidades geométricas (esquadro/ prumo/

nível/ planeza)

4. REVESTIMENTO

4.1. Forro ( ) PVC ( ) Gesso ( ) Madeira ( ) Outro:

Local Foto n° Observação

Deformação excessiva

Fissura

Desencaixe

Utilização de material sujeito a corrosão

Deficiência no dimensionamento ou inexistência de

alçapões.

Outro:

4.2. Parede

( ) Argamassado ( ) Pintura ( ) Cerâmico

( ) Gesso

Local Foto n° Observação

Fissura

Destacamento / desagregação / descolamento

Infiltração

Eflorescência / manchas de mofo / bolor

Falta ou deficiência nas juntas de trabalho e rejunte

Descascamento / bolhas / enrugamento

Falha rejunte

Abertura improvisada para passagem de cabos

Som cavo

Outro:

4.3. Piso

( ) Argamassado ( ) Cerâmico ( ) Alta resist.

( ) Outro:

Local Foto n° Observação

Fissura

Falta ou deficiência nas juntas de trabalho e rejunte

Destacamento / descolamento

Caimento inadequado nas áreas molháveis ou

laváveis

Escadas sem proteção antiderrapante e pisos externos

escorregadios

Manchas decorrentes de umidade ascendente do solo

/ Eflorescência

Abatimento do piso

Som cavo

Page 59: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

59

Outro:

4.4. Fachada ( ) Pintura ( ) Cerâmico ( ) Outro:

Local Foto n° Observação

Fissura

Destacamento / desagregação / descolamento

Descascamento / bolhas / enrugamento

Eflorescência / manchas de mofo / bolor

Falta ou deficiência nas juntas de trabalho e rejunte

Deficiência na pintura, oxidação e corrosão das

esquadrias

Desgaste (fissuras, escurecimentos, perda de cor)

das esquadrias

Ataque de pragas nas esquadrias

Vidros soltos ou quebrados

Rompimento ou descolamento do material selante

Caixa de ar condicionado danificada

Outro:

5. ESQUADRIAS

( ) Argamassado ( ) Cerâmico ( ) Madeira

( ) Outro:

Local Foto n° Observação

Deficiência na pintura, oxidação e corrosão

Ataque de pragas

Perda de mobilidade e/ou deficiências na abertura e

fechamento

Folga na fixação dos vidros, vidros soltos ou

quebrados

Rompimento ou descolamento do material selante /

Infiltração

Componentes danificados

Outro:

6. IMPERMEABILIZAÇÃO Local Foto n° Observação

Infiltração

Descolamento da manta

Sistema de impermeabilização perfurado

Ressecamento e/ou craqueamento do sistema

impermeabilizante por falta de proteção mecânica

Falta de junta de dilatação em proteção mecânica

Falta de caimento para os ralos

Falta de impermeabilização no teto dos reservatórios

Outro:

7. INSTALAÇÃO HIDROSANITÁRIA Local Foto n° Observação

Vazamento

Deterioração / deformação nas tubulações

Tampas de reservatórios de água inadequadas

Não conformidade na pintura das tubulações

Falta de identificação nos registros do barrilete

Tubulações obstruídas

Entupimento / extravasamento de calhas / ralos

Outro:

8. INSTALAÇÃO DE GÁS Local Foto n° Observação

Vazamento

Deterioração / corrosão das tubulações

Não conformidade na pintura das tubulações

Não conformidade nas dimensões mínimas do abrigo

Falta de abertura inferior do abrigo

Abertura do abrigo permitindo acesso pela via

pública

Falta de sinalização obrigatória

Page 60: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

60

Outro:

9. INSTALAÇÃO ELÉTRICA Local Foto n° Observação

Lâmpadas queimadas / ausência de lâmpadas

Ataque de pragas urbanas em quadros elétricos e de

telefonia com fundo de madeira

Modificações das instalações elétricas / improvisos

Superaquecimento

Fiações e cabos elétricos aparentes / com muitas

emendas / partes vivas expostas

Curto circuito

Quadro de luz obstruído / trancado / sem

identificação dos circuitos

Ausência proteção barramento

Falha de tomada / interruptor

Cerca elétrica danificada

Outro:

10. MECANIZAÇÃO

10.1. Elevadores Local Foto n° Observação

Cabina desprovida de corrimão

Quebra de botões da cabina / pavimentos

Porta da cabina abre em movimento ou não fecha

totalmente

Falha de funcionamento do alarme / interfone /

iluminação / ventilação

Movimento do elevador com trepidações ou paradas

bruscas

Desnível entre o piso da cabina e o pavimento maior

que 5mm / 20mm (com inclinação)

Poço de elevador molhado / sujo / obstruído / com

falha do sistema de iluminação

Vazamento óleo das máquinas

Outro:

10.2. Climatização Local Foto n° Observação

Filtro de ar com excesso de sujeira

Ruídos anormais durante funcionamento dos

condicionares

Aparelho subdimensionado

Ar condicionado não ajustado conforme a ABNT

NBR 6401

Outro:

10.3. Ventilação e exaustão mecânica Local Foto n° Observação

Erros no dimensionamento / instalação do sistema

Falta de testes periódicos

Aparelho subdimensionado

Falta de treinamento de operadores locais

Presença de contaminantes próximos às tomadas de

ar

Falta de limpeza periódica dos filtros e caixas de

gordura

Outro:

10.4. Motor elétrico Local Foto n° Observação

Aquecimento excessivo do motor

Partidas demoradas

Falha do funcionamento do quadro de comando

elétrico

Degradação da fiação e dos isolantes elétricos

Local com excesso de poeiras

Ataques por vapores ácidos e corrosivos

Page 61: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

61

Vazamentos de óleos e graxas

Outro:

10.5. Bomba Hidráulica Local Foto n° Observação

Problemas de vedação

rda de lubrificação

Materiais armazenados inadequadamente na casa de

bomba

Óleo degradado / contaminado

Níveis de ruído / vibração muito altos

Vazamentos na carcaça da bomba

Outro:

11. COBERTURA

Estrut.: ( ) Madeira ( ) Metálica

( ) Laje imperm. ( ) Outro:

Telha: ( ) Cerâmica ( ) Metálica

( ) Fibrocimento ( ) Outro:

Local Foto n° Observação

Deformações excessivas

Abertura de frestas

Umidade na estrutura

Deslocamentos, desalinhamentos e quebras de telhas

Corrosão de parafusos de fixação / rufo metálico /

calha metálica

Ressecamentos das borrachas de vedação / vedantes

de calhas e rufos

Destacamentos de rufos

Transbordamento e entupimento de calha / ralo

Ausência da grelha do ralo

Ausência de extravasor da calha

Caimento do telhado insuficiente

Falta de condições de segurança

Outro:

12. COMBATE A INCÊNDIO

12.1. Extintores Local Foto n° Observação

Descarregados / prazos de validade vencidos

Lacre violado / vencido

Sem indicação da sua classe

Quadro de instruções ilegível ou inexistente

Quantidade insuficiente / instalados acima de 1,60m

/ abaixo de 0,20m do piso acabado

Mangueira de descarga apresenta danos /

deformação / ressecamento

Sinalização incorreta

Outro:

12.2. Hidrantes Local Foto n° Observação

Falta de conservação e sinalização da bomba de

incêndio

Dispositivo de comando da bomba quebrado / em

mau estado de conservação

Mau estado de conservação das caixas de hidrantes

Mangueira do hidrante enrolada inadequadamente /

furada / cortada / ausente

Registro emperrado/com vazamento

Mangueira conectada

Ausência da mangueira

Ausência do esguicho

Outro:

12.3. Saída de emergência Local Foto n° Observação

Ausência de sinalização das rotas de fuga e saídas de

Page 62: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

62

emergência

Portas obstruídas

Portas corta-fogo em mau estado de funcionamento

das fechaduras

Portas corta-fogo abertas e travadas com objetos

Falha de iluminação autônoma

Portas que abrem para o interior do edifício

Saídas com menos de 1,20m de largura

Escada sem corrimão

Outro:

12.4. Chuveiros automáticos Local Foto n° Observação

Detectores sujos / pintados

Área de atuação prejudicada por obstáculos

Materiais como fios e encanamentos amarrados nas

tubulações do sistema

Outros:

13. SPDA Local Foto n° Observação

Ausência do sistema (A>1500m² ou H>12m)

Queda de haste / antenas

Corrosão em cabos / conexões / hastes

Descidas insuficientes (exigência de uma descida a

cada 20m de perímetro)

Ausência de luz de topo na haste do SPDA

Outro:

14. ÁREA DE LAZER

14.1. Piscina Local Foto n° Observação

Falha da impermeabilização

Afundamento / trinca / descolamento / desgaste do

revestimento / piso

Falha no rejunte

Equipamento de apoio / proteção com folga / solto /

corrosão / ausente

Armazenar cloro em local não ventilado

Outro:

14.2. Playground Local Foto n° Observação

Falha na estrutura

Afrouxamento / rompimento de pinos / porcas /

parafusos

Peças ausentes / dobradas / rompidas / afrouxadas

e/ou ganchos gastos / corrosão

Arestas ou cantos vivos

Falta de lubrificação / emperramento / movimento

anormal

Barra de segurança / corrimão / barreira ausentes,

rompidas ou afrouxadas

Piso / degrau quebrado ou sem superfície

antiderrapante

Problema de escoamento da água pluvial

Outro:

14.3. Quadra esportiva Local Foto n° Observação

Desgaste da pintura / do piso

Corrosão da estrutura do alambrado de fechamento

ou das cestas

Furos no piso para encaixe de postes sem tampas

Piso com falha no caimento

Outro:

14.4. Sala de jogos Local Foto n° Observação

Tomadas baixas desprotegidas

Page 63: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

63

Quinas vivas em paredes / mobiliários

Pisos desprotegidos / com emborrachado danificado

Outro:

15. AVALIAÇÃO DA MANUTENÇÃO Há plano de manutenção? ( ) Sim ( ) Não

CRITÉRIOS Grau de atendimento

Superior Regular Inferior

Plano de manutenção coerente em relação ao

especificado pelos fabricantes, Normas e instruções

técnicas.

Adequação de rotinas e frequências dos serviços à

idade das instalações, ao uso, exposição ambiental.

Condições mínimas necessárias de acesso aos

equipamentos e sistemas, permitindo a plena

realização das atividades propostas no Plano de

Manutenção.

Condições de segurança para o mantenedor e

usuários da edificação, durante a execução da

manutenção.

Documentos pertinentes à manutenção

Atendimento à ABNT NBR 5674

Observações:

A MANUTENÇÃO: ( ) ATENDE ( ) ATENDE PARCIALMENTE ( ) NÃO ATENDE

16. AVALIAÇÃO DO USO

Condições de uso da edificação coerentes com as estabelecidas em projeto: ( ) SIM ( ) NÃO

Observações:

17. RECOMENDAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

Medidores de consumo de água individuais ( ) SIM ( ) NÃO

Medidores de consumo de energia individuais ( ) SIM ( ) NÃO

Instalação de lâmpadas eficientes ( ) SIM ( ) NÃO

Coleta seletiva de lixo ( ) SIM ( ) NÃO

Treinamento dos funcionários e usuários para evitar desperdício e poluição ( ) SIM ( ) NÃO

Observações:

18. RECOMENDAÇÕES GERAIS

Situações de interdição parcial ou total de sistemas e da própria edificação ( ) SIM ( ) NÃO

Situações administrativas que envolvam interdições pelos órgãos públicos e

multas

( ) SIM ( ) NÃO

Falta de acessibilidade em determinados locais ou sistemas ( ) SIM ( ) NÃO

Existência de plano de manutenção ( ) SIM ( ) NÃO

Mudanças significativas no uso que causem deficiências futuras ( ) SIM ( ) NÃO

Periodicidade das inspeções prediais ( ) SIM ( ) NÃO

Observações:

Fonte: Carvalho e Almeida (2017).

Após o levantamento de todos os tópicos da inspeção de campo, verifica-se se há plano

de manutenção e se este atende os critérios de forma, superior, regular ou inferior ao necessário.

Os critérios de avaliação segundo Carvalho e Almeida (2017) da seguinte forma:

- Plano de manutenção coerente em relação ao especificado pelos fabricantes, Normas

e instruções técnicas;

- Adequação de rotinas e frequências dos serviços à idade das instalações, ao uso,

exposição ambiental;

- Condições mínimas necessárias de acesso aos equipamentos e sistemas, permitindo a

Page 64: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

64

plena realização das atividades propostas no Plano de Manutenção;

- Condições de segurança para o mantenedor e usuários da edificação, durante a

execução da manutenção;

- Documentos pertinentes à manutenção;

- Atendimento à ABNT NBR 5674 dentre outras observações.

Realizado o levantamento, busca-se avaliar o uso da edificação. Desse modo, verifica-

se se as condições de uso são coerentes com as estabelecidas no projeto. Após o processo de

avaliação, aponta-se as recomendações de sustentabilidade e recomendações gerais, que podem

variar de cada edificação.

Com as informações contidas na listagem de verificação, a equipe de inspeção terá

insumos para realizar a análise do estado de qualidade que a edificação se encontra no momento

da inspeção. A classificação dos sistemas determinará a exatidão em que a edificação é

apresentada (MOURA, 2017).

Os dados estão sujeitos a criticidade do profissional que fizer a listagem. Para ter maior

homogeneidade de resultados, é importante que a equipe tenha clareza e conhecimento das

normas que regem o sistema inspecionado (MOURA, 2017).

4.2 ORDEM DE PRIORIDADE

Uma das últimas ações da inspeção predial é a ordem de prioridade. Trata-se de uma

forma de organizar as falhas e anomalias constatadas durante a inspeção quanto à criticidade,

urgência e tendência. Essa lista tem como objetivo informar a prioridade de intervenção das

quais devem ser levadas em conta, os critérios pré-estabelecidos (MOURA, 2017).

Segundo Moura (2017, p.44) “a ordem de prioridade auxilia a administração da

edificação no gerenciamento da manutenção, sendo possível programar a alocação de recursos

seguindo um método lógico. As intervenções com maior gravidade, urgência e tendência serão

atendidas antes do que as com menor.”

A metodologia utilizada para a classificação da ordem de prioridade das irregularidades

prediais é o sistema G.U.T (figura 1 deste Tcc). A Norma de Inspeção Predial do IBAPE

Nacional traz como critério técnico, a análise do risco oferecido aos usuários, ao meio ambiente

e ao patrimônio, levando em conta as condições técnicas, de uso, operação e manutenção da

edificação, bem como da natureza da exposição ambiental (FERNANDES, 2019).

Para a elaboração da análise de risco é preciso se basear na classificação das anomalias

e nas falhas identificadas nos diversos componentes de uma edificação, quanto ao seu grau de

Page 65: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

65

risco relacionado com fatores de manutenção, depreciação, saúde, segurança, funcionalidade,

comprometimento de vida útil e perda de desempenho. Pode-se ainda basear-se numa análise

tridimensional definida pelas condições técnicas, de uso e operação e de manutenção das

edificações, além de estar mais alinhado ao escopo da inspeção. Portanto, recomenda-se a

utilização deste critério para a realização da inspeção predial (FERNANDES, 2019).

Segundo Moura (2017), a descrição da anomalia deve ser apresentada em linguagem

simples para que o usuário possa entender o que está ocorrendo no sistema em questão. A etapa

5 do método da IBAPE, caracteriza as anomalias e falhas conforme sua origem. Essa

classificação técnica serve para guiar a equipe de inspeção na análise dos sistemas, no entanto,

para a lista de prioridades é proposto a descrição de fácil entendimento.

A consequência é o prognóstico da anomalia, que sucintamente descreve o que pode ser

esperado para ocorrer caso não seja realizada intervenção no sistema. O profissional adverte da

possibilidade de riscos maiores, demonstrando a importância da anomalia. O comprometimento

com a segurança, estético e financeiro deverão ser empregados. A devida orientação deve ser

feita de modo sucinto, recomendando reparos, estudos e testes. Caso a recomendação precise

ser mais detalhada, ou caso necessário algum estudo ou teste, aconselha-se anexar o documento

ao laudo.

A nota de avaliação da anomalia é classificada segundo cores, que vão do verde para

avaliações brandas até o vermelho intenso em avaliações críticas. A intenção é utilizar a

ferramenta visual para auxiliar os usuários a entenderem as prioridades. (MORAES, 2017).

A ordem de prioridade é organizada conforme a soma dos valores ponderados de

gravidade, urgência e tendência. O profissional deve avaliar de 0 a 10 cada critério, segundo as

definições vistas na etapa 7 do IBAPE. O método proposto indica ponderar os critérios

conforme apresentado no quadro 17.

Quadro 17– Ponderação dos critérios.

GUT

Critério Gravidade Urgência Tendência

Peso 40% 40% 20%

Fonte: Moura (2017).

A gravidade e a urgência são consideradas mais importantes do que a tendência. Visando

a segurança, quando uma anomalia for avaliada com gravidade dez e urgência dez, ela

automaticamente recebe a avaliação de tendência dez.

O quadro 18 apresenta um modelo desenvolvido por Moura (2017) de como organizar

a lista de prioridades.

Page 66: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

66

Quadro 18 – Lista de prioridades.

PLANILHA DE RESUMO DAS ANOMALIAS ENCONTRADAS

Nota Localização Anomalias Fotos Consequências Orientação G U T

88 Rampa de acesso na entrada Antiderrapante degradado 1 Comprometimento da segurança Reparar as fitas antiderrapantes 8 10 8

88 Abaixo dos extintores Pintura deteriorada 2 Comprometimento da segurança,

não adequação a norma Pintar a sinalização 10 8 8

80 Primeiro pavimento, fachada

leste Umidade na parede 4

Umidade, deteriorização do

substrato, insalubridade

Proposta de intervenção para

cessar a

umidade, pintar

8 8 8

76 Fachada sul do décimo terceiro

pavimento Umidade na parede 3

Deteriorização do substrato e da

pintura, insalubridade

Verificar a origem da infiltração

e reparo na pintura 6 8 10

74 Escadas Iluminação manual Comprometimento em caso de

urgências Instalar sensores de movimento 10 8 1

74 Banheiro térreo Instalação precária da

iluminação 5

Comprometimento da segurança,

comprometimento estético Manutenção da instalação 8 10 1

72 Décimo terceiro pavimento Sujidade nas paredes

internas 6

Deteriorização da pintura,

insalubridade

Aumentar a insolação e

circulação de ar, recuperação da

pintura e limpeza periódica

6 8 8

72 Pilar na frente dos elevadores de

carro Fissuração 7 e 8

Entrada de umidade com

deterioração da estrutura do

substrato

Realizar teste de estaticidade nas

fissuras, reparo das fissuras 6 8 8

72 Paredes norte a frente do

elevador de carros Manchas de umidade 9

Corrosão de armadura,

deteriorização do equipamento,

comprometimento estético

Estudar origem da umidade,

analisar proposta de intervenção

para cessar a umidade, pintar

8 6 8

64 Telhado Junção da cordoalha

enfraquecida 10 Comprometimento da segurança Fazer a manutenção 10 3 6

Fonte: Moura (2017).

Page 67: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

67

4.3 ÍNDICE DA QUALIDADE TOTAL

Com intuito de buscar um bom índice de qualidade total é de extrema importância que

o vistoriador tenha um olhar tríplice, ou seja, técnico, funcional e de manutenção, exigindo uma

visão sistêmica tridimensional.

Conforme apresentado na figura 3.

Figura 3 - Esquema da visão Sistêmica Tridimensional

Fonte: Gomide; Pujadas; Fagundes Neto (2006).

Gomide, Pujadas e Fagundes (2006) mencionam que a qualidade total da edificação está

diretamente relacionada a qualidade da Inspeção Predial, visto que esta, propicia a preservação

patrimonial e contribui para a racionalização dos gastos com as manutenções a serem realizadas.

Direciona as manutenções necessárias de acordo com o grau de risco e urgência apresentado,

desta forma, garantindo a segurança dos moradores e propiciando uma melhor orientação na

condução dos negócios imobiliários.

Page 68: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

68

A etapa número 9 de inspeção predial referenciada na norma do IBAPE nacional de

2012, classifica a qualidade da manutenção e do uso da edificação (IBAPE, 2012). Moura

(2017) elaborou um índice de qualidade total capaz de quantificar a qualidade quanto a

manutenção, uso e técnica. O autor utilizou os resultados obtidos na lista de prioridades,

utilizando a avaliação aplicada aos sistemas em cada um dos critérios apresentados.

4.3.1 Grau de importância

Vieira (2015), menciona que o peso de cada fator deve ser estabelecido mediante o grau

de importância que os usuários consideram para o edifício, sem descuidar das exigências

funcionais e legais em vigor.

Segundo a SUMAN (2016), levando em conta a finalidade de classificar

comparativamente a importância de cada elemento na edificação, foi introduzido o Grau de

Importância, no qual cada elemento recebe uma nota variando em uma escala de 1 a 10. A

pontuação de cada elemento independe da edificação avaliada, sendo previamente definida pela

área responsável de acordo com os seguintes critérios: impacto no funcionamento da edificação

ou impacto na atividade do usuário, e risco à integridade da edificação ou à segurança do

usuário. As tabelas 4,5 e 6 apresentam o Grau de Importância de cada elemento por área são

apresentadas a seguir.

Tabela 4 - Grau de Importância dos elementos da área civil

SISTEMAS GRAU DE IMPORTÂNCIA

Estrutura 10

Alvenaria 6

Divisórias 6

Pisos 6

Tetos 6

Fachadas 6

Pinturas 2

Esquadrias 6

Instalações hidrossanitárias 6

Impermeabilização de calhas / rufos 8

Telhados 8

Guarda-corpos 10

Escadas 10

Sinalizações 6

Pavimentações 4

Calçamentos 4

Fonte: SUMAN (2016).

Tabela 5 - Grau de Importância dos elementos da área elétrica

SISTEMAS DE EQUIPAMENTOS GRAU DE IMPORTÂNCIA

Subestação 10

Page 69: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

69

Distribuição 8

Iluminação e tomadas 6

SPDA 2

Sistema Ininterrupto de Energia 8

Fonte: SUMAN (2016).

Tabela 6 - Grau de Importância dos elementos da área mecânica

SISTEMAS DE EQUIPAMENTOS GRAU DE IMPORTÂNCIA

Ar Condicionado - Pequeno e Médio Porte 5

Ar Condicionado - Multisplit VRF/VRV 5

Ar Condicionado Central 6

Arquivo Deslizante 1

Elevador 5

Plataforma 2

Monta-carga 1

Grupo gerador 8

Portões e cancelas 1

Est. Tratamento Esgoto 3

Sistemas de Combate a Incêndio e Bombeamento Predial 10

Fonte: SUMAN (2016).

4.3.2 Cálculo dos Resultados e Nota da Edificação

De acordo cvom a SUMAN (2016), para efetuar o cálculo dos resultados e nota da

edificação é preciso levar em consideração dois tipos de pesos. O primeiro refere-se aos

critérios de inspeção, o segundo aos elementos inspecionados. O peso atribuído a cada critério

de inspeção tem por objetivo quantificar a contribuição individual do critério na totalidade da

inspeção. Os pesos foram definidos em conjunto pela área técnica previamente à inspeção e

independem da edificação, conforme apresentados na tabela 7.

Tabela 7 - Peso dos critérios no resultado da inspeção

CRITÉRIOS PESO

Técnica Projeto 1

Sustentabilidade 0,5

Manutenção Preventiva 1

Corretiva 1,5

Uso

Integridade 1

Desempenho 2

Segurança 3

Fonte: SUMAN (2016).

Levando-se em conta os elementos inspecionados, o peso atribuído a cada elemento está

diretamente relacionado ao seu Grau de Importância. Cabe ressaltar que cada planilha de

inspeção deve ser preparada com apenas os elementos presentes no edifício a ser inspecionado.

O peso de cada elemento dependendo da área (civil, elétrica ou mecânica) é calculado dividindo

o seu Grau de Importância pela soma dos Graus de Importância de todos os elementos presentes

Page 70: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

70

na edificação. Como resultado, os elementos possuem pesos diferenciados nos edifícios, porém

mantêm a mesma relação de proporcionalidade entre si para qualquer edifício. Com o intuito

de aprofundar a inspeção, cada elemento pode ser dividido em subelementos. Nesse caso, o

peso de cada elemento é distribuído igualmente entre os seus subelementos.

A tabela 8 exemplifica o peso de cada elemento da área mecânica na inspeção:

Tabela 8 - Demonstrativo de cálculo dos pesos dos elementos

ELEMENTOS GRAU DE

IMPORTÂNCIA PESO SUBELEMENTOS PESO

Ar condicionado

pequeno e médio

porte

5 17%

Self Contained 6%

Split - Condensadoras 6%

Split - Evaporadoras 6%

Elevador 5 17% Cabine 9%

Casa de máquinas 9%

Grupo Gerador 8 28% Grupo Gerador 28%

Portões e Cancelas 1 3% Motor e mecanismo 3%

Sistemas de

Combate a

Incêndio e

Bombeamento

Predial

10 34%

Acionadores manuais 7%

Bombas 7%

Central de alarme 7%

Detectores de incêndio 7%

Hidrantes 7%

Somatório 29 100 100%

Fonte: SUMAN (2016).

Para a realização dos cálculos que fornecem o resultado da inspeção, utilizam-se as

“planilhas espelho”, dentre as quais atribuem pontos percentuais para cada combinação de

critério e elemento avaliada. O cálculo do ponto percentual associado a cada combinação é

realizado através da multiplicação dos pesos do critério pelo elemento. O quadro 18 exemplifica

o cálculo dos pontos percentuais para as combinações dos elementos “Elevador” e “Grupo

Gerador” com cada um dos critérios da planilha de inspeção (SUMAN, 2016).

Page 71: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

71

Quadro 19 - Demonstrativo do cálculo dos pontos percentuais

TÉCNICA MANUTENÇÃO USO PESO DO

ELEMENTO Projeto Sustentabilidade Preventiva Corretiva Integridade Desempenho Segurança

Elevador

Cabine 9% 4,5% 9% 13,5% 9% 18% 27% 9%

Casa de

máquinas 9% 4,5% 9% 13,5% 9% 18% 27% 9%

Grupo

gerador

Grupo

gerador 28% 14,0% 28% 42% 28% 56% 84% 28%

Peso critério 100% 50% 100% 150% 100% 200% 300%

Fonte: SUMAN (2016).

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72

O somatório de pontos percentuais associados às classificações Inferior (I), Regular (R)

e Superior (S) utiliza-se para produzir os gráficos que indicam a distribuição percentual de

classificações por critérios e elementos.

Após a definição dos resultados apresentados no quadro 10, apresenta-se a Nota do

Edifício. Com essa nota é possível comparar rapidamente e de forma direta, quaisquer edifícios

avaliados através de uma escala comum. Essa comparação somente é possível pelo fato do Grau

de Importância e dos Pesos dos Critérios serem definidos previamente à inspeção, sendo

comuns a todos os edifícios avaliados. (SUMAN, 2016).

A Nota do Edifício é calculada através da atribuição de valores a cada uma das

classificações: Inferior (I), Regular (R) e Superior (S). Após o cálculo da distribuição percentual

das classificações, os valores indicados na tabela a seguir são atribuídos a cada classificação,

gerando a Nota do Edifício. Em razão dos valores utilizados para o cálculo, a nota pode variar

entre 33% e 100%. (SUMAN, 2016).

A figura 4 apresenta os valores e as cores atribuídos às classificações.

Figura 4 - Valores e cores atribuídas às classificações

Fonte: SUMAN (2016).

4.4 MODELO DE LAUDO PROPOSTO

Procurou-se produzir uma ferramenta que possa agregar as orientações e os

procedimentos para elaboração de um laudo de inspeção, levando-se em conta a metodologia

da Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE/NA assim como os princípios da inspeção

predial mencionados nesse estudo.

O checklist proposto é de fácil aplicação, e contribui significativamente o trabalho do

engenheiro responsável pela inspeção. O conhecimento deste profissional é de grande

relevância durante o processo da inspeção e dependendo da experiência deste profissional,

checklist pode ser aprimorado em cada caso.

Buscou-se utilizar o modelo de laudo proposto por Carvalho e Almeida (2017), que

encontra-se disponível no Anexo D deste TCC.

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73

5 CONCLUSÃO

A fiscalização de uma obra não é um papel fácil de ser realizado, pois além dos diversos

serviços a serem realizados nas obras, a economia e a boa qualidade na execução é primordial

para qualquer cliente.

A inspeção predial bem elaborada é uma ferramenta essencial para qualquer edificação,

pois garante a segurança e a qualidade de vida e moradia dos moradores ou usuários gerais nos

casos de edifícios comerciais ou prestadores de serviços.

A sequência natural de uma inspeção predial é o plano de manutenção, por isso, é

indicado o estudo das diretrizes e metodologia para formular um plano de manutenção básico

seguindo as normas.

O ponto de maior interesse no trabalho é a análise do Índice de Qualidade Total e da

Prioridade utilizando os critérios de gravidade, urgência e tendência (GUT). Acredita-se que,

por esse índice ser exposto visualmente na edificação, ao passar do tempo, o usuário ficará mais

interessado nas necessidades de intervenções preventivas e curativas na edificação, cobrando

dos administradores ações para manter o bom estado e funcionamento. Principalmente, quando

se diz do Índice de Qualidade Total, que poderá ser acompanhado ao passar do tempo, o usuário

poderá ver entre uma vistoria e outra a evolução do índice. Poderá também, comparar o índice

da sua construção com edificações vizinhas, facilmente distinguindo a qualidade da técnica, uso

e manutenção com maior precisão.

A construção civil brasileira é considerada vagarosa em relação às políticas públicas

voltadas à segurança predial, porém avança constantemente em relação ao processo evolutivo

tecnológico. Mesmo diante dessa ótica, percebe-se larga preocupação quando se trata de

investimento na inspeção predial e nas iniciativas de prevenção.

A iniciativa privada principalmente, aos poucos, descobre que os benefícios voltados à

manutenção e pequenos reparos, podem servir como prevenção da segurança e de possíveis

prejuízos. Mesmo com o investimento numa inspeção predial, nem sempre essa atitude ocorre

em todos os prédios. O que pode causar muitos problemas futuros. Desse modo, cabe ao poder

público, oferecer seus serviços de fiscalização, na elaboração de Leis que estabeleçam prazos e

normas de vistoria, para que estas edificações sejam acompanhados no dia a dia das construções

prediais. É preciso perder o hábito de tomar providências sérias só após acontecer grandes

desastres e calamidades.

É lamentável salientar que ainda há muito descaso por parte do Poder Público, em

legalizar a obrigatoriedade de inspeção predial em Santa Catarina/SC, salvo o município de

Page 74: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

74

Balneário Camboriú, o qual já possui uma Lei de Inspeção Predial. Desse modo, fica a mercê

dos profissionais da área da construção a importante missão de disseminar a conscientização

em relação às medidas preventivas e de inspeção, quando esse papel deveria partir,

principalmente das políticas públicas.

Levando-se em conta esse cenário, é essencial que haja uma conscientização dos

cidadãos, em preservar e investir na iniciativa, junto aos governantes, a elaboração de projetos

de lei que garantam assegurar a obrigatoriedade do Laudo Técnico de Certificação Predial.

Este trabalho apresenta uma proposta de um plano de inspeção predial, apresentando

quadros e tabelas, com os elementos que devem ser observados em uma edificação, para

garantir a segurança e a qualidade de vida de seus usuários. Para isso, é de grande importância

a parceria com o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), o CAU (Conselho

de Arquitetura e Urbanismo) e o IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de

Engenharia), o qual demonstra grande preocupação com intuito de concretizar essa

transformação, fomentando a implantação da obrigatoriedade da inspeção predial, entre tantas

outras ações cabíveis e necessárias.

Nesse sentido, tornam-se relevantes estudos futuros voltados para essa questão, ou seja,

trabalhos que pesquisem e que proponham formas eficientes de desenvolver, junto à população

em geral, essa conscientização que se faz tão imprescindível, por ser capaz, entre tantos outros

benefícios, de diminuir o número de acidentes nas construções. Outro possível estudo consiste

em procurar explicitar e analisar o que vem, de fato, impedindo que a inspeção predial se

efetive, enquanto obrigatoriedade.

Page 75: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

75

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Page 79: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALIX VIEIRA …

79

ANEXO A – Formulário de inspeção Técnica da Lei n° 2805/2008 de Balneário

Camboriú/SC

FORMULÁRIO DE INSPEÇÃO TÉCNICA

NOME DO EDIFÍCIO:

ENDEREÇO:

BAIRRO:

CEP:

ANÁLISE PATOLÓGICA DA EDIFICAÇÃO

ELEMENTOS OBSERVAÇÕES BOM

ESTADO

PROBLEMA

PONTUAL

PROBLEMA

GENERALIZAD

O

PERIGO

EMINENTE

1. ESTRUTURA

1.1 Fundação

1.2 Pilares

1.3 Vigas

1.4 Lajes

1.5 Escadas/Rampas

1.6 Sacadas

1.7 Arcos

1.8 Paredes

2. FACHADAS, ESPAÇOS DE USO PÚBLICO

2.1 Pintura

2.2 Rev. Cerâmico

2.3 Reboco

2.4 Calçada

2.5 Muros/Cercas

2.6 Placas/Postes

2.7 Central GLP

2.8

2.9

3. COBERTURA

3.1 Telhado

3.2

Impermeabilização

3.3

3.4

4. INSTALAÇÕES COMUNS

4.1 Água

4.2 Esgoto

4.3 Elétrica

4.4 Gás

4.5 Extintores

4.6 Hidrantes

4.7

4.8

5. ELEMENTOS ANEXADOS AO IMÓVEL

5.1 Toldos

5.2 Antenas

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5.3 Chaminés

5.4 Máquinas

5.5

5.6

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ANEXO B – Formulário referente a descrição das medidas imediatas de segurança (Lei

n° 2805/2008)

DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS IMEDIATAS DE SEGURANÇA (CASO NECESSÁRIO)

ELEMENTOS COM PROBLEMAS DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS A SEREM TOMADAS URGÊNCIA

ELEMENTOS QUE OFERECEM PERIGO

EMINENTE

DESCRIÇÃO DAS MEDIDAS IMEDIATAS A SEREM

TOMADAS

OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

OBSERVAÇÕES

RESPONSÁVEL TÉCNICO: TÍTULO: CREA-SC:

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, de de 20___

________________________ ______________________________

RESPONSÁVEL TÉCNICO RESPONSÁVEL PELA EDIFICAÇÃO

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ANEXO C – Formulário referente a ficha técnica da edificação (Lei n° 2805/2008)

FICHA TÉCNICA DA EDIFICAÇÃO

NOME DA EDIFICAÇÃO / ESTABELECIMENTO:

ENDEREÇO: BAIRRO: CEP:

DADOS DO RESPONSÁVEL PELA EDIFICAÇÃO / ESTABELECIMENTO

NOME COMPLETO:

CPF: RG:

ENDEREÇO: E-MAIL:

FONE RESIDENCIAL: FONE COMERCIAL: FONE CELULAR:

DADOS DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DA EDIFICAÇÃO

PROJETO/SERVIÇO NOME DO RESPONSÁVEL CREA-

SC CONTATO

ARQUITETÔNICO

ESTRUTURAL

FUNDAÇÕES

HIDRO-SANITÁRIO

PREVENTIVO DE

INCÊNDIO

ELÉTRICO

EXECUÇÃO

PARECER TÉCNICO

DADOS JURÍDICOS DA EDIFICAÇÃO / ESTABELECIMENTO

INCORPORAÇÃO DO EDIFÍCIO: HABITE-SE:

ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO: CORPO DE BOMBEIROS:

CNPJ: INSC. ESTADUAL:

DATA DA ENTREGA OU INÍCIO DE OPERAÇÃO DA EDIFICAÇÃO:

DADOS ARQUITETÔNICOS E DE OCUPAÇÃO

TIPO DE EDIFICAÇÃO: ÁREA DO TERRENO: ÁREA CONSTRUÍDA:

N° DE APARTAMENTOS: N° DE ESTABELECIMENTOS:

OBSERVAÇÕES

DATA DA VISTORIA REALIZADA: PRAZO MÁXIMO PARA A PRÓXIMA VISTORIA:

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, de de 20___

______________________

RESPONSÁVEL TÉCNICO

Prefeitura:

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ANEXO D – Exemplo de laudo de inspeção predial

1. Informações gerais

– Identificação do solicitante

Com o propósito de manter em sigilo a identidade do imóvel, não serão divulgados

dados do solicitante e acompanhante da inspeção, assim como detalhes da localização.

– Classificação do objeto da inspeção

Imóvel.

– Localização

Xxxxxxxxxx

– Data da diligência

A inspeção ocorreu nos dias ______________

– Descrição técnica do objeto

Edifício residencial construído na cidade de xxxxxxxxx, composto por 1 bloco com 12

andares, sendo 4 unidades residenciais por andar, e pavimento térreo.

Prédio executado em estrutura de concreto armado, com alvenaria de vedação em bloco

cerâmico, telhamento de fibrocimento e fachadas em revestimento cerâmico e pintura.

Possui 2 elevadores, piscina, salão de festas, copa, bicicletário, casa de lixo, casa de gás,

casa de bombas, casa do gerador e centro de medição de energia elétrica.

– Tipologia e padrão construtivo

Prédio residencial multifamiliar - padrão normal.

– Idade da edificação

Aproximadamente 35 anos.

2. Nível de inspeção

Em razão da idade da edificação, complexidade de sistemas, tipologia construtiva e

padrão construtivo, classifica-se a inspeção como Nível 2 – edificações de média complexidade,

com vários pavimentos e participação de empresas especializadas para manutenção de

equipamentos específicos.

3. Documentação solicitada, entregue e analisada

Antes da vistoria, foram solicitados e analisados os principais documentos técnicos e

legais que requerem atenção por parte do condomínio. A lista de documentos é compatível com

a norma nacional de inspeção predial, adaptada para a edificação, em concordância com o tipo

e complexidade, instalações e sistemas construtivos a serem inspecionados, a seguir descrita:

- Relação de proprietários e moradores

- Regimento interno do Condomínio

- Livro de atas de assembleias/presença

- Ata de eleição do síndico (última)

- Inscrição do condomínio na Receita Federal (CNPJ)

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- Manual de Uso, Operação e Manutenção (Manual do Proprietário e do Síndico)

- Plano de Manutenção e Operação e Controle e seus relatórios (PMOC)

- Projetos legais

- Memorial descritivo dos sistemas construtivos

- Atestado de Regularidade do Corpo de Bombeiros (Lei nº XXXX)

- Selos dos extintores (INMETRO) e validade da recarga

- Relatório de manutenção dos extintores

- Relatório de manutenção das mangueiras dos hidrantes

- Relatório de inspeção das mangueiras dos hidrantes

- Relatório de Inspeção Anual de Elevadores (RIA)

- Atestado do Sistema de Proteção a Descarga Atmosférica - SPDA

- Atestado de medição ôhmica

- Certificado de limpeza e desinfecção dos reservatórios

- Relatório do acompanhamento de rotina da Manutenção Geral

- Relatórios dos acompanhamentos das manutenções dos sistemas específicos (elevador,

gerador, bomba, ar condicionado, etc.)

- Apólice de seguro de incêndio ou outro sinistro que causa destruição (obrigatório - Lei

n° 4.591)

Constatou-se a ausência dos manuais de operação e manutenção, entre os quais os

manuais do síndico e do proprietário, assim como não existe plano de manutenção, condição

severamente prejudicial para os serviços de manutenção predial, haja vista que o condomínio

executa apenas a manutenção corretiva ao invés da preventiva. Consequentemente, há um

desgaste precoce de algumas partes do imóvel e os custos com a manutenção são elevados.

Destaca-se que o imóvel não possui projeto de prevenção de combate a incêndio, bem

como Atestado de Regularidade do Corpo de Bombeiros. Como resultado, há deficiências e

falhas no sistema de combate a incêndio, tais como: ausência de iluminação de emergência,

sinalização precária da rota de fuga, apenas um extintor por andar, tipo BC (exigência de no

mínimo dois, sendo um do tipo A e outro do tipo BC, ou um do tipo ABC), assim como caixas

dos hidrantes e mangueiras comprometidas (sem registro de manutenção). Esta situação coloca

em risco a vida dos moradores e a integridade da edificação, pois em caso de incêndio não terá

as condições mínimas exigidas para combate-lo. Além disso, o condomínio está suscetível a

sofrer penalidades em caso de fiscalização do Corpo de Bombeiros. O imóvel pode ainda

receber sanções do Corpo de Bombeiros por não dispor de registro de medição ôhmica do

SPDA. Este teste é essencial para comprovar a eficiência do sistema de para-raios.

Vale acentuar que o Regimento Interno se encontra desatualizado. Sua revisão é

necessária para favorecer um convívio harmonioso entre os moradores e proprietários.

Por fim, ressalta-se a importância dos cuidados com o arquivo, com a necessidade de

preservação da documentação e transferência formal a cada mudança de síndico.

4. Informações obtidas

Com a finalidade de conhecer melhor as práticas rotineiras de manutenção, bem como

a situação geral de conservação do prédio, foi realizado uma entrevista preliminar com a

zeladoria, seguindo um roteiro preestabelecido. Além disso, a síndica do condomínio forneceu

informações relevantes sobre o histórico da edificação.

5. Planejamento da inspeção

Nos dias 15 e 16 de abril de 2017 foram realizadas a entrevista com a zeladoria e a

análise da documentação, respectivamente. A inspeção de campo foi feita no dia 20 de março

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de 2017, desenvolvida no sentido da cobertura para os pavimentos inferiores, incluindo todas

as áreas comuns, com acompanhamento parcial da zeladoria.

Foram levantadas todas as falhas e anomalias aparentes da edificação, através do

preenchimento do checklist e registro fotográfico.

6. Lista de verificação dos elementos construtivos

Para auxiliar a anotação das não conformidades foi utilizada uma lista de verificação

(checklist), com base nas orientações da Norma Nacional de Inspeção Predial, levando em

consideração a tipologia, padrão e as manifestações patológicas esperadas.

7. Relatório fotográfico

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8. Indicação de prioridade

8.1. Geral

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8.2. Separado por sistemas

9. Avaliação da manutenção

A manutenção é avaliada como: ATENDE, ATENDE PARCIALMENTE ou NÃO

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ATENDE.

Para sua classificação, leva-se em conta que a maioria das irregularidades encontradas

são falhas, ou seja, referem-se à deficiência ou inexistência da manutenção. A ausência do Plano

de Manutenção é uma das razões para esta situação, pois através deste as atividades preventivas

de manutenção podem ser planejadas. Como consequência desta falta, boa parte dos serviços

executados são corretivos ao invés de preventivos, fato que aumenta consideravelmente o custo

com a manutenção.

Além disso, a análise estatística ainda demonstra que boa parte das não conformidades

são grau de risco crítico, ou seja, colocam em risco a saúde e segurança das pessoas e a

integridade do patrimônio, além de comprometer a vida útil dos sistemas.

Destaca-se também que a cobertura contém áreas sem condições adequadas de

segurança para os mantenedores.

Portanto, a manutenção é classificada como NÃO ATENDE.

Sugere-se que o condomínio promova ações para atendimento à NBR 5674.

10. Avaliação das condições de uso

O uso da edificação pode ser classificado como uso regular ou irregular. Verifica-se que

as condições de uso do condomínio são coerentes com as instruções técnicas pertinentes, logo

classifica-se como uso regular.

11. Recomendações gerais e de sustentabilidade

A edificação deve consultar um profissional habilitado para elaborar projeto de

prevenção de combate a incêndio, em seguida sua legalização junto ao Corpo de Bombeiros,

através da obtenção do Atestado de Regularidade do Corpo de Bombeiros, em cumprimento da

Lei estadual n° XXXX.

O condomínio necessita realizar vistorias técnicas periódicas, a cada 5 anos, em

observância às Leis municipais n° XXXX e n° XXXX. Além do caráter legal, há benefícios

para a segurança das pessoas, manutenção do imóvel, economia a longo prazo, aumento da vida

útil e valorização patrimonial.

Recomenda-se a contratação de um engenheiro civil para elaborar um plano de

manutenção, adaptado para a idade e manifestações patológicas do prédio. Esta ferramenta é

fundamental para o planejamento das atividades de manutenção e facilitará a rotina dos

serviços. A longo prazo, a realização da manutenção preventiva significará economia.

Sugere-se a instalação de medidores de água individuais. Vários estudos demonstram

que esta ação promove o uso consciente, com redução significativa no consumo de água, além

de diminuição da taxa condominial geral (pois a água passa a ser cobrada individualmente).

Ainda na perspectiva sustentável, é interessante que o condomínio incremente a coleta

seletiva de lixo e conscientize os funcionários e usuários para evitar o desperdício e poluição.

12. Responsabilidades

A responsabilidade é limita-se exclusivamente ao escopo da inspeção predial, eximindo-

se o profissional de análises de problemas ocultos ou de projeto, de construção, manutenção,

bem como implementação das orientações mencionadas neste Laudo, sendo esta de

responsabilidade do síndico e proprietários.

A ordenação das irregularidades deverá ser reavaliada periodicamente, uma vez que as

avarias e os riscos oferecidos são evolutivos e sofrem influências externas diárias.

Pontua-se que não foi possível acessar parte da cobertura que, segundo depoimentos da

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zeladoria e síndica, apresenta infiltração que atinge apartamentos, por falta de condições

mínimas de segurança.

13. Ressalvas

Durante a aplicação do checklist desenvolvido neste trabalho não foi possível

a entrega de questionários aos moradores e proprietários, assim como não obteve-se

informações sobre reformas dentro dos apartamentos.

Este laudo se trata de um trabalho acadêmico, sem valor legal.

Tubarão, 26 de Novembro de 2019