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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO FABIO LEANDRO CERÍCOLA LOPES O NOVO PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO NITERÓI 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS

INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE BACHAREL EM BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

FABIO LEANDRO CERÍCOLA LOPES

O NOVO PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO

NITERÓI 2004

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FABIO LEANDRO CERÍCOLA LOPES

O NOVO PERFIL DO BIBLIOTECÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação.

Orientadora: Profª MARÍLIA ALVARENGA ROCHA MENDONÇA

Niterói 2004

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L753 Lopes, Fabio Leandro Cerícola. O novo perfil do bibliotecário / Fabio Leandro Cerícola Lopes. – Niterói, 2004. 42 f. ; 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Gradua- ção em Biblioteconomia e Documentação)- Uni- versidade Federal Fluminense, Niterói, 2004. Bibliografia: f. 40-42.

1. Bibliotecário. 2. Biblioteconomia

I. Título. CDU 023-051::37

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RESUMO

Presente a trajetória do processo de trabalho, destacando o trabalho bibliotecário com sua visão clássica e contemporânea. Enfoca o surgimento e o impacto causado pelas tecnologias no trabalho em bibliotecas e o surgimento de novo perfil profissional, capaz de atender às demandas contemporâneas. Tece comentários de formação profissional que na sua origem se forma no interior da biblioteca com a função de zelar pelo acervo acompanha o desenvolvimento da sociedade e se transforma em um ser humano polivalente que além de desta primeira função citada passa a ser o responsável pela preservação da memória humana sem perder de vista o objetivo primordial que é a disseminação do conhecimento e da informação. O profissional nessa sociedade amplia as suas competências para dar conta do seu papel nos sistemas de informação. Ele, no contexto atual, deve ser um indivíduo que faz experiências e é sensível a aprendizagem sendo a sua presença insubstituível nas organizações, além de ser um mediador, entre usuário e acervos. Esse profissional representa o elemento humano nas relações com o meio em um mundo em transformação, com um modelo de economia global baseada no conhecimento.

Palavras-chave: Perfil do bibliotecário, Formação profissional.

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ABSTRACT

Appear the trajectory of the work process, detaching the librarian work with your classic and contemporanian vision. Focalize the sighting and the impact caused for the technolog in works in library and the sighting of new professional profile, capable of attend the contemporanian lawsuit. To comment of the formation professional who in your begining is constitute inside of the library with the function of the protect the heap accompany the society development and moved in one polyvalent human that over this first function cited pass to be answerable for the preservation of the human memory without to lose sight of the primordial objective what is the dissemination of the knowledge and the information. The professional in this society amplify your role in the informations system. He, in actual context, must be a person who do experiment and is sentive to apprenticeship turned your presence irreplaceble in organizations, over than be a mediator, between heap and usuary. These professional sits the human element in connections with the middle in one world in transformations, with a model of the global economic based in knowledge. Key words: Librarian profile; Professional formation

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Aos meus pais, presente em todos os dias de minha vida. Por dedicarem suas vidas a minha educação e, a dos meus irmãos. Sem suas presenças seria impossível buscar o meu lugar ao sol, reencontrar minha esperança e meu orgulho. Aos meus avós, por me mostrarem o caminho da humildade, do caracter, da alegria, da fraternidade e principalmente da solidariedade com o próximo.

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“Qualquer garoto da classe média domina bancos de dados simples enquanto o bibliotecário, atado ao seu antigo catálogo, torna-se anacrônico e frágil, sem mesmo sustentar a velha dignidade que o domínio das fichas lhe dava. O instrumento mais poderoso de armazenamento e organização das informações, o computador, ficou à margem do ensino da Biblioteconomia, afastando mais ainda o profissional do papel que dele se esperava na sociedade contemporânea. O bibliotecário viu o seu poder catalográfico ruir sem ter o que pôr no lugar. Esses fatos exigem que se repense a profissão e se procure um lugar para ela, mesmo que seja preciso recriá-la." (MILANESI, [2003], p. 2)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 09

2 AS TRANSFORMAÇÕES NO PROCESSO DO TRABALHO.............. 12

2.1 VISÃO CLÁSSICA DO TRABALHO BIBLIOTECÁRIO........................ 15

2.2 VISÃO CONTEMPORÂNEA......................................................... 17

3 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS AO TRABALHO EM BIBLIOTECAS.................................................... 20

3.1 CONSEQÜÊNCIAS DOS NOVOS SUPORTES NO TRABALHO DOS BIBLIOTECÁRIOS..................................................................... 24 4 PERFIL PROFISSIONAL............................................................ 30

4.1 BIBLIOTECÁRIO TRADICIONAL VERSUS BIBLIOTECÁRIO DAS TECNOLOGIAS......................................................................... 31

4.2 A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ATUALIDADE........................ 33

4.3 O NOVO PERFIL PROFISSIONAL................................................. 36

5 CONCLUSÃO............................................................................. 37

REFERENCIAS.......................................................................... 38

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da informática e das telecomunicações está

permitindo uma mudança expressiva nos serviços de informação e, por

conseguinte, no trabalho bibliotecário. No século XXI, os serviços de

informação fundados na indústria da informática, associada às

telecomunicações, deverão se consolidar como o principal motor do

desenvolvimento econômico, social e cultural. As novas técnicas de

produção, captação, classificação, armazenamento e difusão da informação

estão transformando o perfil do mercado de trabalho.

Isso nos leva a acreditar ser, a Biblioteconomia, uma das profissões

mais antigas da nossa sociedade, na medida em que sempre houve

alguém responsável pela guarda e organização das informações.

A Biblioteconomia, no Brasil, começou a ser estruturada com a criação

do 1º Curso de Biblioteconomia realizado pela Biblioteca Nacional, em 1910.

Este curso enfatizava a visão humanista tendo como função social a

preservação e a vigilância do uso das coleções, ou seja, como nos primórdios,

o bibliotecário continua sendo preservador de documentos.

Somente na década de 60 do século passado, é que a profissão de

bibliotecário passa a ser reconhecida oficialmente como de nível superior. O

primeiro currículo foi implantado no ano de 1962 e, caracterizava-se pela

união de influências francesa e norte-americana, esta segunda enfatizando a

formação técnica do profissional.

Nos anos 90, com o crescimento editorial e com o avanço das novas

tecnologias de informação e comunicação, a realidade começa a mudar de

forma radical, constante e rápida. Os processos tecnológicos, a globalização,

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dentre outras transformações, leva-nos a repensar se o perfil do bibliotecário

estabelecido, até então, responde às novas exigências da sociedade.

Atualmente, os profissionais da informação, em especial os

bibliotecários, já não podem mais ignorar a presença e a convivência com

o computador e as tecnologias de telecomunicações e teleprocessamento

de dados. Os sistemas automatizados já estão sedimentados nos bancos,

na indústria, no comércio, nas grandes e pequenas empresas e nas

universidades. Tais tecnologias são também identificadas como condições

essenciais para a modificação de sistemas, visando a qualidade de seus

produtos e serviços, reduzindo custos e aumentando lucros.

Essa nova dimensão da informação, aliada ao desenvolvimento

tecnológico, desvincula a informação de espaços restritos e de monopólios

profissionais, possibilita autonomia aos usuários e demanda uma nova

postura dos bibliotecários que passam a ter seu campo de atuação

ampliado e redimensionado.

Com o desenho deste cenário, o objetivo deste trabalho é mostrar os

impactos das tecnologias da informação no trabalho bibliotecário, no

sentido de delinear um novo perfil profissional que possibilite a esse

profissional ocupar um espaço significativo no meio social.

Desde a automação de tarefas até o período atual, caracterizado

pela convergência tecnológica. Para dar conta deste objetivo, este trabalho

é dividido em partes, onde são apresentadas as características do trabalho

bibliotecário anteriores ao processo de automação, estudos sobre os

impactos da automação no trabalho bibliotecário, apontando as mudanças

provocadas pela aplicação das tecnologias da informação em cada setor da

biblioteca, buscando o perfil ideal do profissional. Na conclusão mostra-se

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a importância em estudar os impactos da automação no trabalho

bibliotecário, procurando, não apenas verificar a melhoria dos serviços,

mas verificar as mudanças no processo de trabalho.

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2 AS TRANSFORMAÇÕES NO PROCESSO DO TRABALHO

Como conseqüências do processo de reestruturação produtiva, a sociedade vem passando por mudanças significativas no mundo do trabalho, conforme salienta Castel (1998, p. 151):

A regulamentação do trabalho assalariado, que teve início no século passado e alcançou seu apogeu no Estado Providência, está sendo desmoronada sem que o modelo de compromisso social entre capital e trabalho tenha alcançado a totalidade dos países e o conjunto dos trabalhadores. O redimensionamento da relação capital/trabalho e a revisão dos direitos trabalhistas passam a ser parte integrante da estratégia dotada pelos países para superação da crise econômica e implementação do novo modelo econômico, produzindo modificações na organização do trabalho e a aparente subtração do trabalho, principalmente do trabalho assalariado, como forma de integração social, de mobilidade ascendente e de garantia de um futuro melhor para o indivíduo e sua família.

Continuando seu pensamento, Castel (1998, p. 154) salienta que:

Estaríamos diante não do desaparecimento do trabalho, mas de um movimento de crescente precarização do mesmo, manifesto pela diminuição da oferta do pleno emprego, pelo aumento de contratos de trabalho por tempo determinado, pela desabilitação de uma parcela da população para o emprego e pela crescente dificuldade de absorção dos jovens pelo mundo do trabalho...

O que se observa é o incremento do emprego temporário do trabalho, este último caracterizado pelo aumento de tarefas, horas trabalhadas e pela imbricação do trabalho no tempo livre dos indivíduos. O empregado é levado a pensar no trabalho fora da situação real e tenta garantir-se contra uma má avaliação superinvestindo no trabalho, confirmando o pensamento de Arruda (2000, p. 16), reforça e amplia a opinião de Castel em relação ao novo perfil profissional, informando:

O trabalhador, além de conviver com a precarização do emprego, como novos arranjos de trabalho, com o desemprego, tem de responder à exigência de maior

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qualificação. Ampliam-se os requisitos profissionais. Em adição às qualificações formais, são exigidas capacitações tácitas que permitam ao trabalhador atuar como agente integrador na dinâmica pesquisa/produção/vendas, o que leva a um novo perfil profissional que privilegia a criatividade, a interatividade, a flexibilidade e o aprendizado contínuo.

O novo modelo econômico interpõe um novo perfil profissional que

requer, além de maior qualificação profissional, maior envolvimento

emocional e social do trabalhador. Elege-se como ideal o profissional que

potencialize a comunicação, a interpretação de dados, a flexibilidade, a

integração funcional e a geração, absorção e troca de conhecimento. Em

vez de ser responsável por uma só tarefa, o que caracterizava a

especialização, solicita-se que ele cumpra diversas tarefas, que seja

polivalente ou multifuncional, demonstrando responsabilidade pelo seu

processo de trabalho.

Contudo, a demanda por um profissional mais integrado e responsável não necessariamente se apresenta como contrapartida para a ampliação de sua participação no processo decisório da organização. A análise de Arruda (2000, p. 17), mostra que:

[...] longe de oferecer uma transição para uma forma de organização do trabalho que torne possível o enriquecimento da tarefa, os novos modelos de gestão estabelecem, a partir de estudos científicos e acadêmicos, ferramentas organizacionais que permitem tirar proveito de maneira metódica e sistemática de todas as possibilidades que a ambigüidade do trabalho oferece objetivamente às estratégias patronais.

Muda-se a roupagem, mas a essência de controle e dominação

permanece subjacente sob a forma de desemprego, de precarização do

emprego e das condições de trabalho, Segundo Arruda (2000, p. 18).

As alterações no perfil profissional não se restringem ao âmbito da qualificação profissional e da gestão do trabalho, mas abrangem o conteúdo e a forma como o trabalho é realizado, como o trabalhador se relaciona e se socializa no ambiente de trabalho. Atingem a subjetividade do sujeito,

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invadindo seu espaço social, seu comportamento individual e coletivo. Necessita-se de um profissional flexível, apto a atuar em situações de trabalho diferenciadas e a mobilizar seu conhecimento em prol da organização.

Os profissionais da informação estão sendo interpelados a reafirmar

sua importância e seu valor para o mundo do trabalho, em meio à

transição para um novo modelo organizacional. Dentro de uma perspectiva

da indústria da informação, os bibliotecários são instados a rever sua

formação profissional, em um momento em que as bibliotecas se orientam

mais para clientes, para a geração de recursos, sendo necessário um

profissional voltado mais para problemas sociais, como o acesso e

disponibilização democrática de informação. Na verdade convivemos com

os dois lados, a indústria da informação, onde os bibliotecários têm muito

a contribuir para a gestão da informação de que as empresas precisam e,

os problemas humanísticos, como, informação para a cidadania, auxilio ao

desenvolvimento de hábito de leitura, memória cultural do país, apoio aos

programas educacionais e muitos outros. Os bibliotecários têm que ter em

mente que precisam dar a sua contribuição em todas essas áreas e não

apenas seguir o rumo do discurso dominante da Sociedade da Informação.

A Federação Internacional de Documentação, em 2001, realizou uma

pesquisa mundial entre os profissionais da área para identificar o perfil do

moderno profissional da informação:

No item da pesquisa, relativo às mudanças que estão ocorrendo no

conteúdo do trabalho nos últimos cinco anos, a tecnologia desponta como

propulsora das principais modificações, seguida por elementos de gestão

organizacional e do trabalho, tais como intensificação do trabalho,

aumento da responsabilidade individual, influência do mercado

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internacional e da competitividade e outros. No que diz respeito às

qualificações necessárias para ascensão profissional, as respostas mais

freqüentes foram as seguintes: domínio das tecnologias da informação,

aquisição de mais de um idioma, capacidade de comunicação e de

relacionamento interpessoal, de gerenciamento etc.

No Brasil, na categoria mudanças e tendências do perfil profissional,

a tecnologia é indicada como principal fator de mudanças nos últimos

anos. No que tange ao conhecimento técnico e habilidades necessárias

para a virada do milênio, destacam-se o desenvolvimento de produtos e

serviços, a trabalhos em redes e as novas tecnologias. Quanto às

qualificações necessárias para o desenvolvimento profissional, desponta,

em primeiro lugar, a capacitação para a inovação e desenvolvimento de

produtos e processos, seguido pelo treinamento para as novas tecnologias,

treinamento para a qualidade e em recursos e disponibilidade

informacionais, treinamento para a competitividade, ordenamento da

informação eletrônica por meio de cadastros na WWW e outros.

2.1 VISÃO CLÁSSICA DO TRABALHO BIBLIOTECÁRIO

A natureza inteiramente nova assumida pela biblioteca depois do

Renascimento comprova-se por um fato singular, antes dessa época não

existia a figura do bibliotecário. Até então, o livro não tinha existência

social. O livro vai ser o sinal característico da civilização ocidental, e o

bibliotecário, como personagem autônomo na comunidade, fará também

sua aparição.

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Podemos distinguir, na história do trabalho bibliotecário, duas

grandes fases: da renascença até meados do século XIX, "o bibliotecário

sendo considerado um profissional contratado por instituições particulares,

sem formação especializada, quase sempre um erudito ou um escritor a

quem se oferecia oportunidade de realizar sua obra" (ARAÚJO, 1998, p.

12). A partir de meados do século XIX, o Estado reconhece o bibliotecário

como representante de uma profissão socialmente indispensável. Nesta

segunda fase, surge a necessidade de fazer do bibliotecário um funcionário

especificamente treinado para exercer as suas funções. Em conseqüência

disso, o bibliotecário tornou-se um técnico puro, com todos os

inconvenientes e virtudes dessa condição. Entre essas últimas, destacam-

se a sua maior eficiência, garantida pela organização racional do trabalho;

a exclusividade da atenção que consagra ao seu ofício, o que evita as

sempre deploráveis dispersões de interesse; a sua consciência profissional

cada vez mais desenvolvida.

Segundo recomendações aprovadas no V Congresso Brasileiro de

Biblioteconomia e Documentação, realizado em 1965:

Cabe ao bibliotecário, no mundo moderno, a missão de conservar, organizar, difundir e favorecer os conhecimentos. Sua ação é eminentemente pedagógica, visando não apenas manter, mas estender e desenvolver a educação de base. Sendo encarregado de estimular o interesse pelos livros, de encorajar o hábito de leitura, de contribuir para o desenvolvimento intelectual de cada um em benefício de todos. O bibliotecário não gozará na sociedade da consideração que merece se não possuir sólidos conhecimentos administrativos e técnicos e uma cultura geral igual à que exigem as demais profissões liberais.

Tradicionalmente o trabalho bibliotecário é dividido entre os

setores de processamento técnico, referência, desenvolvimento de

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coleções e administrativo. Essa divisão pode ser percebida nos

currículos escolares dos curso de biblioteconomia e na literatura da

área. A biblioteca vista como um sistema de informação pode ser

dividida, de acordo com Araújo (1998, p. 10), em subsistemas de

entrada e subsistema de saída assim representados:

a) Os subsistemas de entrada são: ● Seleção/aquisição; ● Descrição e representação; ● Organização de arquivos; ● Armazenamento. b) Os subsistemas de saída são:

● Análise e negociação das questões; ● Estratégia de busca/recuperação; ● Disseminação/acesso ao documento.

O setor de referência é o responsável pelos subsistemas de saída e

atendimento ao usuário.

Esta divisão da biblioteca em subsistemas promove uma especialização dos

bibliotecários de acordo com o setor onde eles trabalham. Geralmente nas

bibliotecas há os responsáveis pela seleção, pela aquisição, pela

catalogação pelo atendimento ao usuário e pela administração. Essa

divisão de trabalho é percebida em todas as profissões e é uma

característica do modo taylorista de trabalho em escritório e visa uma

maior produtividade do trabalho.

O desenvolvimento da microeletrônica e a aplicação da automação

nas bibliotecas têm proporcionado mudanças substantivas no processo de

trabalho bibliotecário, surgindo daí uma nova visão de gestão para as

organizações.

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2.2VISÃO CONTEMPORÂNEA

Os novos modelos de organização visam aumentar a dinâmica

interna nas instituições, como salienta Mendonça e Maciel (2000, p. 90):

a) identificação das principais funções da biblioteca, reduzindo ao máximo a verticalização da estrutura;

b) utilização do modelo matricial representado por programas e projetos multidisciplinares propostos pela instituição, abrindo, inclusive, a possibilidade de participação externa em seu desenvolvimento;

c) instituição, em nível colegiado, de um grupo gestor, com papel de assessoramento à direção, no sentido de assegurar a unidade administrativa da biblioteca, evitar a sua fragmentação, propor políticas de atuação, objetivos e metas, sempre orientadas pela missão as instituição.

Sendo assim, é muito importante a valorização de trabalhos em

grupos e com a dinâmica de projetos solidários em equipe. Que os novos

bibliotecários percebam que os benefícios do trabalho com o modelo

horizontal figurará nas relações trabalhistas.

As inovações tecnológicas proporcionaram um avanço no sistema de

comunicação. Essas mudanças, ocorridas na sociedade, influenciam as

organizações como um todo, exigindo flexibilidade para acompanhar as

mudanças.

Surgem novos modelos de gestão; aumentar a flexibilidade nas

organizações, entre as quais pode-se destacar a gestão pelo QT, a gestão

participativa.

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3 PRINCIPAIS TECNOLOGIAS APLICADAS AO TRABALHO EM BIBLIOTECAS

Uma das peculiaridades do trabalho do bibliotecário é seu objeto: a

informação, registrada em vários tipos de suportes seja ela impressa em

livros, periódicos ou digitalizada numa plataforma microeletrônica e

optoeletrônica. Com efeito, ao manusear a informação, realizando uma

série de operações de seleção, aquisição, registro, catalogação,

organização, armazenamento, controle das transações de empréstimo e

devolução de documentos, os bibliotecários lidam diretamente com essa

mercadoria: a informação materializada em algum suporte. Ao contrário do

setor industrial, o trabalho bibliotecário não se concretiza em um produto e

sim em serviços visando a diferentes objetivos, de acordo com a

especificidade da biblioteca ou centro de informação onde o profissional

atuar.

1A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO 2002) coloca o

bibliotecário como integrante da família ocupacional dos Profissionais da

Informação ao lado do Documentalista e do Analista de Informações ou

Pesquisador de informações em rede. O exercício dessas ocupações requer

bacharelado em Biblioteconomia e Documentação com a formação sendo

1 A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO 2002 é o documento normalizador do reconhecimento, da nomeação e da codificação dos títulos e conteúdos das ocupações do mercado de trabalho brasileiro

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complementada com o aprendizado tácito no local de trabalho e cursos de

extensão, tendo como funções:

Disponibilizar informação em qualquer suporte; gerenciar

unidades como bibliotecas, centros de documentação,

centros de informação e correlatos, além de redes e

sistemas de informação. Tratam tecnicamente e

desenvolvem recursos informacionais; disseminam

informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do

conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam

difusão cultural; desenvolvem ações educativas e podem

prestar serviços de assessoria e consultoria. Trabalham em

bibliotecas e centros de documentação e informação na

administração pública e nas mais variadas atividades do

comércio, indústria e serviços, com predominância nas

áreas de educação e pesquisa.

Essencialmente, o trabalho do bibliotecário consiste em organizar as

informações e viabilizar o seu acesso pelos usuários, visando sempre à

satisfação dos usuários através de serviços de qualidade.

No âmbito da sociedade da informação, em que se verificam novas

práticas de produção, comercialização e consumo de bens e serviços,

cooperação e competição entre os agentes, assim como de circulação e de

valorização do capital, a partir da maior intensidade no uso de informação

e conhecimento nesses processos, os bibliotecários adquirem crescente

importância na economia mundial.

Atualmente, mudaram-se as formas de execução e organização do

trabalho do bibliotecário, diante da intensificação das inovações

tecnológicas e organizacionais implementadas nas bibliotecas. A tradicional

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matéria-prima do bibliotecário, o papel, vai sendo acrescida de novos

suportes advindos da digitalização da informação, baseados em redes de

computadores. Transmutados em textos, imagens e dados diversos

arquivados em discos e memórias dos computadores. O trabalhador

bibliotecário, já não manipula mais, somente papéis em seu cotidiano de

trabalho, e a digitação de dados toma o lugar das anotações manuais ou

mecânicas das informações.

Nos últimos quarenta anos, computadores e tecnologias relacionadas

vieram permear as operações nas bibliotecas. Segundo Lancaster (1994, p.

10), considerando o que ocorreu nesse período, salienta que: “é

conveniente dividir as atividades afetadas pela tecnologia em dois grandes

grupos: atividades de controle de inventário, associadas mais claramente

com as funções de circulação e serviços técnicos; e atividades associadas

com recuperação de assunto”.

Muito tem acontecido na automação de serviços internos de

bibliotecas e suas atividades de distribuição de recursos. Mesmo uma

pequena biblioteca pode ter agora seu próprio computador para a

circulação e outras atividades de controle, ou pertencer a uma rede de

comunicação que ofereça esses serviços. Serviços multifuncionais

fornecem dados completos sobre a situação dos materiais bibliográficos,

desde quando são pedidos até quando são descartados. As bibliotecas

estão agora conectadas por vastas redes on-line, que fazem da

catalogação cooperativa uma proposta viável, que fornecem catálogos

nacionais atualizados, e que facilitam o empréstimo entre bibliotecas.

Atualmente temos softwares no mercado que são projetados para

controlar as atividades essenciais de uma biblioteca, desde o processo de

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seleção e aquisição, passando pelo processamento técnico, processo de

empréstimo e devolução de documentos, recuperação de informação,

divulgação da informação e gerenciamento de todas as atividades da

biblioteca. Os sistemas de gerenciamento de bibliotecas permitem uma

padronização, integração, compatibilidade e intercâmbio de um grande

volume de informações. Para Lancaster (1994, p. 11) :

No caso da recuperação da informação, passamos da virtual inexistência das bases de dados em formato eletrônico até a realidade de milhares delas, muitas delas acessíveis através de redes on-line. As chamadas interfaces amigáveis foram criadas para ajudar o usuário inexperiente a fazer pesquisa em base de dados. A ficha catalográfica está extinta ou está se extinguindo, catálogos on-line dos acervos de bibliotecas, ou das redes de bibliotecas, podem ser também pesquisados a partir das salas de trabalho ou de casa. Algumas bibliotecas estão hoje expandindo seus catálogos para incluir materiais como artigos de periódicos, ou permitir o acesso às bases de dados de recursos locais especializados compilados pela própria biblioteca.

A inteligência artificial e/ou sistemas especialistas é uma tecnologia

que é vista, algumas vezes, como a solução de todos os problemas da

biblioteca e dos serviços de informação. A inteligência artificial tenta

desenvolver sistemas que executam algumas tarefas normalmente

implementada por especialistas em algumas áreas. Na biblioteconomia, o

exemplo mais claro da tentativa de utilizar estes sistemas, é o

processamento técnico, com a catalogação descritiva e a indexação

automática.

Alguns autores, como Milanesi [2003], acreditam que certas tarefas

especializadas de catalogação descritiva poderiam se beneficiar a partir de

um tratamento de sistemas especialistas. Outras abordagens advogam o

uso da Inteligência artificial ou técnicas de sistemas especialistas para a

indexação automática ou indexação computadorizada. Entretanto, é difícil

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compreender como sistemas designam termos para documentos baseados

na similaridade de palavras contidas no texto do documento em palavras

de perfil associados aos termos, possam ser vistos como um exemplo de

utilização de Inteligência artificial.

Lancaster (1994, p. 21), resumiu o que ele chama de os benefícios

em potencial de sistemas especialistas que têm sido descritos na literatura

como se segue:

a) Tornar expertises escassas mais amplamente disponíveis, ajudando assim os leigos a atingirem resultados como os especialistas;

b) Liberar parte do tempo de especialistas humanos para outras atividades;

c) Promover a padronização e consistência em tarefas relativamente não estruturadas;

e) Incentivar a criação de uma base de conhecimentos em um formato permanente (por exemplo, não dependente da disponibilidade de indivíduos);

f) Ter um desempenho a níveis consistentemente altos (por exemplo, sem a influência da fadiga ou da falta de concentração).

Outra mudança importante é a digitalização da informação. Os

serviços de desenvolvimento de coleções das bibliotecas sofrem algumas

transformações com o surgimento de documentos no formato digital. No

final dos anos 80, coleções de periódicos, diretórios e enciclopédias

passaram a estar disponíveis tanto em papel como em suporte digital.

Porém, nos últimos anos, com os periódicos eletrônicos, determinados

títulos tornaram-se acessíveis somente por intermédio de um terminal.

Cunha (1999, p. 261) salienta que, nesse novo cenário, algumas

modificações poderão ocorrer no ambiente bibliotecário. São elas:

a) A variedade de formatos, o especialista em desenvolvimento de coleções precisará considerar os diversos formatos, desde o impresso, como também

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arquivos bibliográficos, arquivos de textos completos, arquivos numéricos, multimídia e programas aplicativos;

b) Os bibliotecários privilegiarão as necessidades dos usuários e não a completeza dos assuntos. Para atender a essas novas necessidades, serão utilizados não somente os recursos documentários locais, mas também o acervo virtual acessível via comutação bibliográfica, consórcios, rede e vendedores comerciais;

c) Pagamento da informação, a possibilidade de pagamento pelo acesso deverá ser uma rotina;

d) Esforços cooperativos para se reduzir custos advindos da duplicação de acervos eletrônicos;

e) Novas mídias e equipamentos para otimizar o uso do documento digital, será necessário maior conhecimento de hardware e software por parte dos bibliotecários.

Completando as informações de Cunha (1999), (Apud ALFORD, 2000), acredita que:

[...]todos os bibliotecários responsáveis pela seleção de material devem cobrir todos os formatos consultados dando atenção a facilidade de uso e compatibilidade. Eles devem estar familiarizados com as características de qualquer banco de dados de interesse aos seus usuários e serem capazes de interpretar e dar publicidade a essas fontes. Eles também são responsáveis por criar acesso pela rede para outros recursos que podem estar distantes, mas também pertinentes. Eles devem ser os bibliotecários de acesso eletrônico, ajudando os usuários a descobrir o potencial dos recursos disponíveis.

O papel do selecionador permanece fundamental, assegurando que o

conteúdo do banco de dados seja apropriado em termo de custo-benefício,

necessário para o apoio ao ensino e pesquisa, e às necessidades da

comunidade que a biblioteca atende.

Para Alford (2000, p. 66), “O bibliotecário de aquisições tem que se

tornar perito em condições legais e condições de licenciamento e

administração de informação eletrônica”. Estas licenças são contratos para

serviços de utilização de banco de dados. Autorizar quem poderá utilizar

essas informações é um dos assuntos mais críticos que o bibliotecário

responsáveis pelas aquisições enfrentará. Bibliotecários, esses, também

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serão os negociadores da instituição para autorizar produtos eletrônicos.

Eles têm que desenvolver habilidades de negociação para definir o preço e

as licenças dos produtos eletrônicos.

À medida que a informação digital se expande, as bibliotecas

enfrentam os desafios de prover fácil acesso a esses documentos para

seus usuários. O setor de processamento técnico é desafiado a prover

novos meios de descrever o registro e o conteúdo de itens com estruturas

informacionais e manipulação bem diferentes daqueles tradicionalmente

arrolados pelo controle bibliográfico.

"Com o advento da Internet, surgiram novos tipos de documentos

que devem ser processados pelos serviços técnicos. São por exemplo, as

home pages, os periódicos eletrônicos, livros eletrônicos e as listas de

discussão" (CUNHA, 2000, p. 80). Esses recentes tipos de documentos

estão provocando a criação de novos padrões para a perfeita descrição dos

formatos e melhorar os requisitos para seus acessos e usos. Assim, os

catalogadores, além de conhecer seus instrumentos de trabalho, também

necessitam dominar modernos instrumentos, como os metadados e

marcação de textos. A catalogação e classificação dos recursos digitais

deve levar em conta a natureza dinâmica desses materiais. Tanto as

normas de catalogação como os catalogadores deverão estar preparados

para lidar com esses documentos.

Muito tem sido discutido sobre o provável desaparecimento do

bibliotecário de referência, tendo em visto a expansão da informação

digital. Contudo, devido à precariedade das ferramentas de busca na

Internet em recuperar informações relevantes, o intermediário da

informação será sempre necessário. Segundo Cunha (2000, p. 83):

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O bibliotecário de referência precisa adaptar-se às mudanças advindas da utilização da informação digital. O bibliotecário ainda terá a responsabilidade de ensinar às pessoas a utilizar os recursos informacionais existentes em uma biblioteca ou mesmo na Internet, mas os métodos e os enfoques utilizados para informar e instruir os usuários sofrerão mudanças provocadas pelas tecnologias da informação.

O bibliotecário precisa se adaptar `as mudanças e se tornar capaz

de utilizar as novas ferramentas. Bibliotecário de referência surge,

caracterizando um tipo de profissional que não mais realiza seu trabalho

usando apenas obras em papel e bases em CD-ROM.

3.1CONSEQÜÊNCIAS DOS NOVOS SUPORTES NO TRABALHO DOS BIBLIOTECÁRIOS

Nos últimos trinta anos, computadores e tecnologias relacionadas

vieram permear as operações nas bibliotecas conforme relatado no item

anterior. Segundo Lancaster (1994), considerando o que ocorreu nesse

período, é conveniente dividir as atividades afetadas pela tecnologia em

dois grandes grupos: atividades de controle e serviços técnicos; e

atividades associadas com recuperação de assunto.

Muito tem acontecido na automação de serviços internos de

bibliotecas e suas atividades de distribuição de recursos. Mesmo a menor

das bibliotecas pode ter agora seu próprio computador para a circulação e

outras atividades de controle, ou pertencer a uma rede de comunicação

que ofereça esses serviços. Serviços multifuncionais fornecem dados

completos sobre a situação dos materiais bibliográficos, desde quando são

pedidos até quando são descartados. As bibliotecas estão agora

conectadas por vastas redes on-line, que fazem da catalogação

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cooperativa uma proposta viável, que fornecem catálogos nacionais

atualizados, e que facilitam enormemente o empréstimo entre bibliotecas e

outras atividades de distribuição de recursos.

No caso da recuperação da informação, passamos da virtual

inexistência da bases de dados em formato eletrônico até a realidade de

milhares delas, muitas delas prontamente acessíveis através de redes on-

line.

Vive-se atualmente uma transição tão importante quanto a passagem

do texto manuscrito para o impresso. Todas as atividades relacionadas

com a manipulação, edição, armazenamento, distribuição e recuperação da

informação, assim como todas as formas de trabalho que lidem

diretamente com dados textuais, simbólicos, numéricos, visuais e até

mesmo auditivos, precisam agora se adequar à forma digital.

Esta transformação torna-se particularmente importante para as

bibliotecas, uma vez que cria novas necessidades e altera velhos e sólidos

paradigmas. Ao longo desta transição a informação torna-se cada vez

menos ligada ao objeto físico que a contém.

As mídias digitais estão substituindo o papel em uma variedade de

aplicações e em uma velocidade vertiginosa. Este novo suporte permite

que o conceito de leitura linear do texto seja alterado, com a introdução de

uma nova forma eletrônica alternativa, não seqüencial, de produção de

textos: o hipertexto.

Lancaster (1994, p. 27) traça o desenvolvimento das publicações

eletrônicas desde seu aparecimento, conforme demonstrado a seguir:

a) O uso do computador para gerar publicação impressa;

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b) A distribuição do texto na forma eletrônica quando a versão eletrônica é a exata equivalência da versão impressa e pode gerar a versão impressa;

c) A distribuição somente da versão eletrônica;

d) A geração de novas publicações que exploram a verdadeira capacidade eletrônica.

Paralelamente às modificações do suporte da informação, convém

analisar os aspectos quanto à organização e o armazenamento desta. O

ritmo acelerado da produção do conhecimento e as transformações da

sociedade exigiram que as bibliotecas implantassem infra-estrutura

compatível com a demanda crescente, incorporando novos processos que

proporcionassem o acesso mais rápido à informação bibliográfica. Rosseto

(1997, p. 42) identifica essas transformações em três grandes etapas:

"Organização tradicional, até o início da automação; Organização moderna

ou biblioteca automatizada; Biblioteca eletrônica (ou virtual ou sem

paredes ou digital)".

No momento, as bibliotecas encontram-se, principalmente, no

segundo estágio, mas caminhando aceleradamente para o terceiro. Em

paralelo, a indústria editorial vem oferecendo uma grande variedade de

documentos nas mais diversas áreas do conhecimento e meios de acesso.

Esses novos meios de acesso exigem da biblioteca uma redefinição de

formas de gerenciamento dos recursos materiais, humanos e, também,

das atividades a serem desempenhadas.

A administração exige a avaliação de tecnologias e, principalmente, a

análise de qualidade das mais variadas formas de informação. A missão da

biblioteca continuará sendo a mesma, mas não será apenas depositária,

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esta será também ponto de acesso entre muitos pontos de acesso na rede

eletrônica.

A característica da biblioteca tradicional é que, tanto a coleção

quanto o seu catálogo, utilizam o papel como suporte de registro da

informação. Mesmo ultrapassando suas paredes para obter outros recursos

informacionais que seus usuários demandavam, obtê-los dependia de sua

localização física e da provisão de cópias. Em decorrência disso, ela

desenvolveu os mecanismos de acesso que permitiam encontrar esses

documentos. Com as publicações eletrônicas, internet, hipertexto, que

caracterizam as biblioteca digitais, muda-se o paradigma, por não precisar

ter uma localização física. Como conseqüência, "bibliotecas digitais são um

conjunto de mecanismos eletrônicos que facilitam a localização da

demanda informacional, interligando recursos e usuários", (MARCONDES,

1994, p. 67). Ao invés de enfrentar os problemas inerentes à localização,

aquisição, catalogação e armazenamento dos documentos, a biblioteca

digital vai existir no ciberespaço.

De acordo com Cunha (2000, p. 78), os principais pontos que

devem ser levados em conta quando da implementação de processos

digitais em uma biblioteca, são:

a) Desenvolvimento de coleções e comutação bibliográfica; nesse novo cenário caracterizado pela introdução dos acervos eletrônicos, algumas modificações poderão ocorrer no ambiente bibliotecário; ● o especialista em desenvolvimento de coleções precisará considerar os diversos formatos, desde o impresso, como também arquivos bibliográficos, arquivos de textos completos, arquivos numéricos, multimídia e programas aplicativos; ● A nova biblioteca existirá mais como um conceito abstrato e não tanto como uma realidade física. O desenvolvimento de coleções privilegiará as necessidades dos usuários e não a completeza do assunto. Às tarefas típicas do especialista em desenvolvimento de coleções hão

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de incluir, também, as funções relativas às atividades de fazer hiperligações para mapear os recursos informacionais externos; ● Esforços cooperativos para se reduzir os custos advindos da duplicação de acervos eletrônicos. O compartilhamento de recursos será uma ação crítica, e a comutação bibliográfica passará a ser uma função essencial na nova estrutura da biblioteca; ● Novas mídias e equipamentos para otimizar o uso do documento eletrônico será necessário maior conhecimento de hardware e software por parte especialistas em desenvolvimento de coleções. b) Catalogação, classificação e indexação; à medida que a informação eletrônica se expande, as bibliotecas enfrentam os desafios de prover fácil acesso desses documentos a seus usuários. O setor de processamento técnico é desafiado a prover novos meios de descrever o registro e o conteúdo de itens com estruturas informacionais e manipulação bem diferentes daqueles tradicionalmente arrolados pelo controle bibliográfico.

Com o advento da Internet, surgiram novos tipos de documentos que

devem ser processados pelos serviços técnicos. Esses recentes tipos de

documentos estão provocando a criação de novos padrões para a perfeita

descrição dos formatos e melhorar os requisitos para seus acessos e usos.

Assim, os catalogadores, além de conhecer seus instrumentos de trabalho,

também necessitam dominar modernos instrumentos, como os metadados

e marcação de textos. A catalogação e classificação dos recursos digitais

deve levar em conta a natureza dinâmica desses materiais. Tanto as

normas de catalogação como os catalogadores deverão estar preparados

para lidar com esses documentos.

Atualmente, centenas de termos podem ser incluídos e diversos

níveis de representação podem ser criados nas bibliotecas. Em alguns

casos, com o auxilio de modernos programas de indexação, pode-se fazer

a varredura de todas as palavras do texto. Tais características agregam

alto grau de flexibilidade e qualidade à busca e recuperação da informação.

Page 31: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

Até então, a unidade primária de informação é o livro e não os seus

capítulos. Com a coleção eletrônica, a representação do conteúdo desce a

detalhes inimagináveis, podendo ser um mapa, um filme, um slide, um

capítulo ou mesmo um verbete de uma obra de referência. A política de

indexação seguida pela biblioteca é que irá delinear quais os níveis de

representação da informação que serão adotados num determinado

acervo. Obviamente, essas decisões terão consideráveis implicações na

representação do conteúdo a ser utilizada com reflexos no tamanho do

arquivo invertido e nos mecanismos de busca.

Segue dizendo Cunha (2000, p.78):

c) Serviço de referência; Muito tem sido discutido sobre o provável desaparecimento do bibliotecário de referência, tendo em visto a expansão da informação digital. Contudo, devido à precariedade das ferramentas de busca na Internet em recuperar informações relevantes, o intermediário da informação ainda tem muito que fazer.

O bibliotecário de referência precisa adaptar-se às mudanças

advindas da utilização da informação digital. O bibliotecário ainda terá a

responsabilidade de ensinar às pessoas a utilizar os recursos

informacionais existentes em uma biblioteca ou mesmo na Internet, mas

os métodos e os enfoques utilizados para informar e instruir os usuários

sofrerão mudanças provocadas pelas tecnologias da informação. Os

bibliotecários podem utilizar as novas tecnologias no treinamento dos

usuários, tais como:

Tutoriais: Novos pacotes tutoriais em linha úteis para prover

informações básicas, como também aquelas específicas de uma biblioteca.

Eles podem instruir o usuário a conduzir uma busca de informações para

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um trabalho escolar, bem como oferecer instruções mais elaboradas a

respeito do uso de fontes específicas, impressas ou digitais;

Serviço de referência eletrônica: O correio eletrônico é um meio de

comunicação, rápido, simples e barato. Pode-se por meio dele, enviar lista

de livros novos, perfis de usuários e cópia de documentos;

Videoconferência: A videoconferência permite uma interação em

tempo real entre os participantes, assim, essa tecnologia pode ser usada

para treinamento à distância ou mesmo para resolver questões de

referência. O que foi dito aqui irá se refletir no próximo capítulo.

Page 33: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

4 PERFIL PROFISSIONAL

Segundo Andrade (2000), os bibliotecários são profissionais

responsáveis pela preservação e organização de acervos de bibliotecas e

centros de documentação. Todavia, “com o surgimento de novas

tecnologias da informação, a imagem de guardador de livros que era

associada ao bibliotecário ficou para trás. Agora, por trás de um

computador, ele ainda é o elo indispensável” (ANDRADE, 2000, p. 150),

entre o usuário e a informação - o objeto de estudo, as pesquisas, as

atividades profissionais e o ensino na área deslocaram-se, historicamente,

do eixo livro (suporte) para informação (conteúdo), do controle do acervo

de uma biblioteca para o acesso à informação por meio de canais de

comunicação “formais” (documentos) e “informais” (pessoas, redes

eletrônicas, colégios invisíveis) -. Já há algumas décadas, os profissionais

desta área vêm trabalhando com a informação independentemente de seu

suporte físico (discos, patentes, cds, vídeos, anais de congressos,

manuscritos, cartazes, fotografias, histórias em quadrinhos, mapas,

relatórios técnicos...) e da instituição que a possui.

Uma definição proposta pela 2ALA (American Library Association), em

1992, afirma que:

o caráter essencial da Biblioteconomia e da Ciência da Informação volta-se para a informação e o conhecimento registrado ou registrável, bem como para os serviços e tecnologias para habilitar sua gestão e uso, abrangendo a criação, comunicação, identificação, seleção, aquisição, organização e descrição, armazenagem e recuperação, preservação, análise, interpretação, avaliação, síntese, processamento, disseminação e gestão da informação e do conhecimento, esteja em que suporte estiver.

2 A American Library Association - ALA. Resolução da Conference Actions on legislative Issues. Chicago, 1992.

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Aos profissionais desta área cabe, então, interagir e agregar valor aos

processos de geração, análise, controle, acesso e utilização de informações

e documentos, em todo e qualquer ambiente, conscientes da importância

dos mesmos para a atuação em empreendimentos, serviços e produtos de

informação, com vistas ao desenvolvimento sócio-econômico, político e

cultural da humanidade, acompanhando suas transformações.

Em um levantamento realizado pelo Library Curriculum Study da ALA

(American Library Association), foram arroladas conhecimento, funções,

tarefas, atividades de um bibliotecário, destacando-se:

a) Alcançar rapidamente o que foi solicitado e saber onde procurá-lo, cumprindo sua tarefa a tempo;

b) Fazer indexação e inserção corretas, dando informação cuidadosa e certa;

c) Conhecer e identificar assuntos e saber onde obter a informação; d) Possuir conhecimentos especializados em um ou dois

assuntos e dominar línguas estrangeiras, obrigatoriamente o inglês;

e) Ter conhecimento em informática — automação dos serviços das bibliotecas — uma vez que o conhecimento encontra-se em livros, sites na Web, etc, utilizando as novas tecnologias para redefinir as tarefas;

f) Ter uma visão estratégia e econômica, iniciativa e flexibilidade; g) Saber trabalhar em equipes multidisciplinares; h) Saber manipular e disseminar as novas tecnologias da informação; i) Ser gestor e não guardião da informação; j) Ser autodidata, criativo e empreendedor; k) Dominar as técnicas de controle e recuperação da informação.

A sociedade necessita, atualmente, de profissionais que

acompanhem o avanço acelerado das Tecnologias da Informação, assim

como as mudanças sociais, econômicas e políticas ocorridas nesta

sociedade.

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4.1 BIBLIOTECÁRIO TRADICIONAL VERSUS BIBLIOTECÁRIO DAS TECNOLOGIAS

Segundo Eggert (1996), comenta-se muito sobre a passividade do

bibliotecário tradicional, passividade esta encontrada no trabalho cotidiano

realizado por esse profissional mas, também, presente no desinteresse

pela necessidade de atualização profissional exigida pelo surgimento das

novas tecnologias da informação. Tal fato fica mais evidente a medida em

que se observam as influências que essa profissão recebeu ao se

desenvolver no Brasil: influências da biblioteconomia européia que já

apregoava “uma formação tecnicista, generalista e operacional” (EGGERT,

1996, p. 47).

Porém, Antônio (1991), afirma que essa imagem do profissional

bibliotecário vem mudando e, inicia-se, pela percepção de que, com o uso

das novas tecnologias informacionais, o profissional dessa área passa de

simples guardador e conservador de livros, com a função de zelar e

organizar tais objetos nas estantes, para um importante gerenciador de

informações e de conhecimentos tanto em bibliotecas quanto em outros

diversos tipos de organização. Surge assim, o perfil de um novo

profissional da informação ligado à interdisciplinaridade, a especialização,

ao conhecimento da teoria da informação e de técnicas e habilidades

gerenciais, adaptabilidade em relação às novas transformações aos seus

usuários, a preparação básica sólida, ao engajamento à pesquisa na sua

área de atuação e com aguçadas habilidades intelectuais e de

comunicação. Essas características encontram semelhante nos dizeres de

(ANTÔNIO, 1991, p. 80), quando destaca: “Adaptabilidade, especialização

Page 36: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

e capacidade intelectual são características fundamentais do agora

chamado agente da informação”.

O surgimento desse novo perfil profissional está vinculado à

necessidade de uma nova posição frente à biblioteconomia que teve suas

atividades e meios de execução modificados pelo surgimento das novas

tecnologias informacionais. E essas tecnologias facilitam as atividades do

profissional, trouxeram-lhe também “o desafio de transformar-se de figura

estática e passiva em um profissional agressivo e dinâmico” (EGGERT,

1996, p.52) que ao fazer uso das novas ferramentas de trabalho que o

mercado lhe oferece, abre o leque para o surgimento de inéditos campos

de atuação.

Assim, conforme Guimarães (1997), os novos profissionais de

informação, diferentemente dos tradicionais, são todos aqueles que estão

envolvidos com a atualização das novas tecnologias e dispostos a se

adaptarem às constantes mudanças e inovações que cada vez estão

surgindo na sua área de atuação.

4.2 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ATUALIDADE

Visando trabalhar o aluno, no sentido de permitir alcançar o novo

perfil a instituição universitária, em países pobres, e mantida por recursos

públicos, quase sempre aquém do imprescindível, deve, com rigor,

perseguir as metas de servir a sociedade que a mantém. Ela, nesse

esforço, passa ser a formadora da elite pensante e crítica, de profissionais

competentes e referenciais.

Page 37: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

Sendo assim, é preciso estabelecer um plano mínimo para a

formação do bibliotecário. Para essa tarefa, é impossível não estabelecer

conceitos básicos de universidade, bem como, currículos mínimos e plenos,

conforme regulamenta a 3Lei de Diretrizes e Bases através dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (LDB/PCNs).

Salienta, MILANESI [2003]:

Durante décadas, o ensino da Biblioteconomia dividia as disciplinas entre "técnicas" e "culturais". Há duas hipóteses para explicar essa situação. A primeira indica que, ao sair de um simples treinamento para entrar na esfera do ensino superior, os cursos, precisando de um perfil superior, inclusive para atingir o número de horas regulamentares que as universidades, pela legislação, exigiam, recebeu o recheio de disciplinas como "Evolução do Pensamento Filosófico e Científico". A Segunda explicação aponta para um sincero desejo de obrigar o futuro bibliotecário a tomar conhecimento das disciplinas de caráter humanístico como a Filosofia e a História, uma vez que isso seria fundamental para o exercício da profissão.

O resultado foi uma justaposição de disciplinas isoladas, entre as quais

não seria possível construir pontes. A biblioteconomia não ultrapassava o

treinamento para execução de tarefas rotineiras das bibliotecas. O

resultado foi que mesmo na universidade, permanecendo um curso técnico

por muitos anos.

É importante ressaltar que o corpo docente por muitos anos foi

formado a partir de seleção de bons profissionais que tinham apenas

conhecimentos práticos. Entretanto, as mudanças operadas pela inovação

tecnológica nos setores de informática, de rede de computadores e de

telecomunicações vêm afetando a concepção tradicional de bibliotecas e,

consequentemente, introduzindo mudanças na formação do bibliotecário, a

3 Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n◦ 9.394 de 20/dez/1996 - MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais onde verificam-se os novos princípios básicos do currículo no Ensino Superior.

Page 38: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

fim de que este possa desempenhar melhor suas novas funções e fazer

face aos desafios inerentes à era da informação eletrônica. De acordo com

VIEIRA (1993, p. 111):

alguns elementos podem ser apontados como determinantes da demanda por um novo profissional da informação para esse tempo de mudanças: novos tipos de usuários, novos assuntos interdisciplinares, novas tecnologias da informação e da comunicação, novas categorias de informação introduzidas pela associação da informática com os sistemas óticos, novos estilos de trabalho propiciados pela telemática, novas responsabilidades éticas no lidar com a informação, novos ambientes de trabalho marcados pela ergonomia.

Os novos meios informacionais, comunicação e, em especial, a

informática, permitem a Biblioteconomia disponibilizar seus serviços de

maneira prática, ágil e eficiente. No entanto, parece-nos que essas

tecnologias ainda não estão sendo utilizadas de forma estratégica e

eficiente nas Unidades de Informação. Em geral, a estrutura curricular dos

cursos de Biblioteconomia oferecem carga horária reduzida sobre esse

assunto, cabendo ao estudante buscar aprofundar os seus conhecimentos

em informática, se deseja ser um profissional diferenciado.

A Biblioteconomia nos mostra atualmente, que está trabalhando com

suportes informacionais convencionais e não convencionais e que

profissionais anacrônicos estão perdendo espaço nessa Sociedade da

Informação. As escolas de Biblioteconomia têm pouca experiência em

ensinar assuntos como automação, os currículos tradicionalmente

enfatizam as humanidades.

Ainda de acordo com (MCCARTHY, 1989, p. 18), "os computadores

oferecem aos bibliotecários a possibilidade de atualizar a imagem da sua

profissão e das suas instituições".

A implantação da tecnologia do futuro oferece carreiras cheias de

Page 39: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

desafios, mas as oportunidades douradas serão reservadas aos

profissionais da informação com base, tanto em informática, como em

Biblioteconomia. Afinal, a informação não está apenas no livro tradicional,

mas também nos sites da Web etc, e o bibliotecário, como profissional da

informação, precisa dominar as ferramentas do computador, para

gerenciar a informação eletrônica.

Segundo Guimarães (1997, p. 127), as atividades do novo

profissional concentram-se nos seguintes pontos:

1- Gerência de Unidade de Informação: o profissional da informação mais do que nunca, necessita manejar a racionalização do trabalho, diminuindo os custos para a instituição à qual está ligado, através da integração interinstitucional, a partir de parcerias que compartilharão de forma satisfatória os recursos existentes nas Unidades de Informação com os avanços tecnológicos e outros recursos existentes fora da instituição para orientar seus clientes assegurando a recuperação da informação e ao mesmo tempo a qualidade dos serviços. 2- Tratamento da Informação Relativa: antes de qualquer atividade, o profissional deverá saber qual a informação que realmente satisfará as necessidades dos seus usuários. Em seguida, com o auxílio do processo técnico, esse profissional terá todas as condições de reunir as coleções relevantes à comunidade, encontrando-as de maneira rápida e assim, tornando-se qualitativamente intermediário entre as fontes de informação e quem delas se utilizar. 3- Ação Social: é importante que o profissional da informação assuma sua cidadania, já que esses profissionais além de serem intermediários entre a informação/conhecimento e os usuários/consulentes, são parte integrante do meio em que vivem.

Como se pode observar, o profissional da informação, em

decorrência de seu papel intermediário, não pode ficar alheio à realidade

social que o cerca e sua formação deve, portanto, refletir essas mudanças.

Sua função está evoluindo e suas competências não serão avaliadas

somente em termos da quantidade e qualidade da informação fornecida,

mas, sobretudo, a partir do tempo economizado para os usuários. Ele será

Page 40: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

o “refinador” da informação com a função de criar informação com valor

agregado para serviços específicos. Além disso, a utilização crescente das

novas tecnologias pelos serviços de informação indica uma tendência de

transformar o posicionamento do bibliotecário, de profissional passivo para

agente disseminador da informação, tornando-o apto a usar os recursos

tecnológicos disponíveis, capaz de promover, de forma ativa, a

transferência da informação para os seus usuários e não apenas como um

mero repassador desta.

4.3 O NOVO PERFIL PROFISSIONAL

As novas tecnologias de informação são inúteis sem os meios de

localizar, filtrar, organizar e resumir os seus produtos. Para dar conta

destas necessidades um novo profissional esta surgindo: o gerente de

informações. Estes agentes humanos irão trabalhar com agentes de

software, cuja especialidade será manipular a informação, fazendo uso das

ferramentas que ajudem a navegar na Internet.

Segundo Mccarty (1989), com o advento da informática e das novas

tecnologias da informação, o novo profissional da informação necessita

cada vez mais aprofundar os seus conhecimentos em computação. E

segundo Lucas (1996), caberá aos bibliotecários (com um novo perfil)

explorar as ferramentas de software, que sejam capazes de recuperar

informação ou realizar outras tarefas de forma automatizada. Uma das

tarefas emergentes para o novo bibliotecário será a de ajudar a dar

sentido ao labirinto de fontes de informações que estão disponíveis na

rede. Para isso devem combinar habilidades de cientista da computação,

Page 41: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

de administrador, dos bibliotecários, dos editores e dos especialistas em

base de dados.

Mas só se aprende a lidar com micro-computadores através de

longos períodos de uso direto. Isso constitui uma atividade bastante

inusitada para o bibliotecário, com uma base em humanidades, pouca

experiência de sistemas de precisão ou de trabalho com máquinas.

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5 CONCLUSÃO

Como conclusão, faz-se necessário acrescentar que este trabalho de

pesquisa, não pretendeu concluir as discussões/reflexões acerca do novo

profissional bibliotecário, bem como, do futuro profissional, e da relação

destes com o novo leitor. O objetivo, foi de despertar e fomentar nos

estudantes e profissionais as possibilidades para o futuro que pode-se dar

à profissão e ao curso de biblioteconomia.

Cabe a cada bibliotecário, estudante e docente do curso de

biblioteconomia, decidir sobre qual a condição que melhor lhe convêm, e

também refletir sobre o futuro da profissão. Cabe ao leitor decidir se quer

realmente suprir suas necessidades informacionais, e, juntamente com os

três primeiros, mudar os rumos do país.

Vê-se que a situação não é das melhores mas, ainda a tempo para

que no mínimo ela não piore. Não será esse trabalho que mudará os rumos

da profissão mas, espera-se que possa servir de reflexão profunda e crítica

da situação. Deseja-se ainda que sirva de estimulo para que outros

estudantes, sigam este exemplo e produzam discussões acerca da situação

atual e relatem essas experiências, gerando um ciclo de mudanças

positivas e proveitosas para o curso, de formação profissional e o futuro da

profissão.

Page 43: UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO

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