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Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Efeitos cardiovasculares da anestesia local com vasoconstritor durante exodontia convencional em coronariopatas Valéria Cristina Leão de Souza Conrado São Paulo 2005 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública. Área de Concentração: Serviços de Saúde Pública Orientador: Prof. Dr. Januário de Andrade

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Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública

Efeitos cardiovasculares da anestesia local com vasoconstritor durante exodontia convencional

em coronariopatas

Valéria Cristina Leão de Souza Conrado

São Paulo 2005

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública.

Área de Concentração: Serviços de Saúde Pública Orientador: Prof. Dr. Januário de Andrade

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Efeitos cardiovasculares da anestesia local com vasoconstritor durante exodontia convencional

em coronariopatas

Valéria Cristina Leão de Souza Conrado

São Paulo 2005

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública.

Área de Concentração: Serviços de Saúde Pública Orientador: Prof. Dr. Januário de Andrade

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DEDICATÓRIAS

Ao meu marido Marcello, um homem apaixonante e envolvente, um

pai sensível, paciente e extremamente dedicado. O seu amor, carinho,

amizade e companheirismo fazem-me viver com mais alegria e ter a vontade

de estar ao seu lado eternamente.

Ao meu querido filho Felipe, razão maior de minha existência. Com

ele aprendi a ceder, amadurecer, amar incondicionalmente e a emocionar-

me com cada sorriso, conquista e demonstração de carinho.

À minha mãe Diva (in memoriam): as boas lembranças de familiares e

amigos e a maneira bondosa, feliz e vibrante, com qual conduzia sua vida,

torna-a eterna em nossos corações.

Ao meu pai Eduardo, sempre presente em minha vida: nos momentos

difíceis, com muito apoio, incentivo e amor; nos alegres, com felicidade e um

sorriso contagiante e, nas conquistas, com vibração. Exemplo de profissional

talentoso e determinado e de pai amoroso, amigo e dedicado, sempre

disposto a ajudar e a ensinar a maneira correta de enfrentar os desafios da

vida.

À querida Amanda, mãe maravilhosa, defensora da união e do bem-

estar das nossas famílias. O carinho e o amor com que nos trata e sua

postura e capacidade profissional faz com que eu a admire, dia após dia.

À minha avó Nhazinha, mãe infinitas vezes. As suas rezas, o seu

apoio, o carinho e sobretudo a força do seu amor iluminam o meu caminho e

fortalecem-me para conquistas futuras.

Ao meu avô Luis (in memoriam), pessoa simples e discreta. O seu

amor, o carinho, os ensinamentos, os mimos e a sua dedicação diária

contribuíram com a minha formação, deixando muitas saudades.

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Aos queridos avós, Nereu e Armanda, pelo apoio e carinho. Exemplo

de casal amoroso, companheiro e vitorioso, nas diversas fases da vida.

Aos meus irmãos, Patrícia, Eduardo, Andrea, Fábio e Adriana. As

boas risadas e o saber que podemos contar uns com os outros, nos une

para sempre.

Aos meus sogros Caio e Cecília, pelos bons momentos que

passamos juntos e porque, mesmo distantes, fazem questão de acompanhar

e participar das etapas da minha vida.

Aos meus cunhados Dawton, Patrícia, Alexandre, Guilherme, Mariana

e Mário pela alegria de tê-los em nossa família e pelo apoio constante.

À minha sobrinha e colega de profissão Renata. A sua habilidade e

capacidade profissional são capazes de tornar trabalho em arte.

Aos meus sobrinhos e afilhados Matheus e Pedro. Foi com muita

responsabilidade e alegria que me tornei tia e madrinha ao mesmo tempo.

Podem contar sempre com o meu apoio e a minha amizade.

Aos meus sobrinhos Anna Carolina, Anna Eliza, Gustavo, Marcella e

Giovanna. A presença de vocês alegra e renova o convívio familiar.

À minha tia avó Memê, pessoa sempre disposta a ajudar. Agradeço o

seu amor, carinho e alegria nas minhas conquistas.

Aos meus tios Ana Cristina, Homero, Ana Lúcia e Gabriel pelo

harmonioso convívio e amizade.

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AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Prof. Dr. Januário de Andrade, por sua sabedoria,

proficiente orientação e incentivo constante, não apenas desta dissertação,

mas de várias outras atividades científicas.

À Prof. Dra. Amanda Guerra de Moraes Rego Sousa, diretora da

Divisão de Diagnóstico e Terapêutica do Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia e ao Prof. Dr. José Eduardo Moraes Rego Sousa, ex-diretor do

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Agradeço de coração os

ensinamentos, as críticas construtivas e a dedicação incansável na

elaboração e revisão desta obra.

Ao Prof. Dr. Leopoldo Soares Piegas, diretor do Instituto Dante

Pazzanese de Cardiologia, pelo apoio e pela oportunidade de desenvolver

esta investigação.

À cirurgiã-dentista Dra. Lilia Timerman, chefe da Seção de

Odontologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Agradeço a

receptividade e a confiança no início da minha carreira profissional; a

amizade ao longo desses anos e o exemplo e o incentivo para a confecção

deste estudo.

Às cirurgiãs-dentistas Gabriella Avezum Mariano da Costa de Angelis

e Ana Carolina Porrio de Andrade da Seção de Odontologia do Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia, pelo companheirismo, amizade e

cooperação na inclusão de pacientes que compõem a presente casuística.

À secretária, advogada e sempre amiga Rose Oliveira da Costa, da

Seção de Odontologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, pessoa

com um alto e admirável astral; lutadora por seus ideais e de uma bondade

ímpar. Agradeço o agradável convívio e a amizade sincera.

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À Dra. Mercedes Maldonado Andrade, cardiologista da Seção Médica

de Ecocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Agradeço

os vários atendimentos realizados com tamanha competência e dedicação e

ainda com muito carinho e grande disposição.

Ao Dr. Dalmo Ribeiro Moreira, chefe da Seção Médica de

Eletrofisiologia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, profissional

competente e atencioso. Agradeço a análise minuciosa dos resultados dos

exames eletrocardiográficos, imprescindível para esta pesquisa.

Aos Drs. Luiz Fernando Leite Tanajura, Marinella Patrizia Centemero,

Áurea Jacob Chaves, Ana Cristina de Seixas Silva, Ibraim Pinto, Andrea

Sousa Abizaid da Seção Médica de Angioplastia Coronária do Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia pelo grande auxílio e apoio na seleção dos

casos incluídos nesta dissertação.

Aos membros da banca de qualificação Prof. Dr. Leopoldo Soares

Piegas e Prof. Dr. Paulo Capel Narvai, pela avaliação pormenorizada e pelas

sugestões efetuadas nesta dissertação.

Aos auxiliares de enfermagem do Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia, José Carlos da Silva e Zilda Claro da Silva, pelas inúmeras

aferições de pressão arterial, sempre muito atenciosos e eficientes.

À secretária Lúcia Botelho Siqueira da Divisão de Diagnóstico e

Terapêutica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Um

agradecimento especial pela sua amizade, dedicação, organização e perfeita

diagramação desta dissertação.

Às secretárias Janeide Alves do Santos, Simone Freitas, Emery

Lotufo da Divisão de Diagnóstico e Terapêutica e às secretárias Elizabeth

Andrade, Valéria Terezinha Ranieri, Maria Helena Boarate Matos, Roseli

Pereira da Silva e Elaine Cristina Geraldi da Seção Médica de Angioplastia

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Coronária do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, pela amizade e

colaboração nas diversas fases desta pesquisa.

À bibliotecária Helena Teixeira de Oliveira do Instituto Dante

Pazzanese de Cardiologia. Agradeço a detalhada revisão das referências

bibliográficas deste estudo.

À secretária Lívia Mara Silva Rosa do Departamento de Prática de

Saúde Pública e às secretárias Maria Aparecida Mendes, Márcia Aparecida

Garcia da Silva e Renilda Maria de Figueiredo Shimono da Comissão de

Pós-Graduação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo, pelo auxílio e constante disposição desde o início do curso de pós-

graduação.

Ao Laboratório Clínico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia,

em especial às biomédicas Nívea Aparecida de Campos Salvarani e

Fernanda Cavalheiro Fernandes, pela dedicação, eficiência e organização

dos resultados laboratoriais essenciais a esta investigação.

À senhorita Camila Sarteschi do Laboratório de Epidemiologia e

Estatística do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, pelo auxílio

fundamental e preciso na análise e cálculos estatísticos.

Aos nossos pacientes, pela confiança e colaboração na realização de

tantos exames, contribuindo para um melhor atendimento odontológico e

avanço da Ciência.

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SUMÁRIO

Resumo Summary 1 Introdução ............................................................................................... 1

1.1 Procedimentos odontológicos em coronariopatas............................... 2

1.2 Doença coronária e Saúde Pública ...................................................... 3

1.3 Atendimento odontológico do cardiopata............................................. 7

1.4 A saúde bucal – aspectos especiais.................................................... 8

1.5 Indicações de exodontia convencional................................................. 10

1.6 Anestésicos locais em Odontologia....................................................... 12

1.7 Características das principais soluções anestésicas para uso

odontológico.......................................................................................... 14

1.8 Anestésicos com vasoconstritores em coronariopatas........................ 16

1.8.1 Contra-indicações ao uso do vasoconstritor.............................. 17

1.8.2 Riscos hemodinâmicos............................................................. 20

1.9 Hipótese da presente investigação........................................................ 21

2 Objetivos.................................................................................................. 22

3 Casuística e métodos.............................................................................. 24

3.1 Casuística.............................................................................................. 25

3.2 Critérios de inclusão.............................................................................. 25

3.3 Critérios de exclusão............................................................................. 26

3.4 Consentimento livre e esclarecido......................................................... 26

3.5 Métodos................................................................................................. 27

3.5.1 Fluxograma do estudo.............................................................. 27

3.5.2 Avaliação pré-intervenção odontológica................................... 29

3.5.3 No laboratório de Doppler-ecocardiografia................................ 29

3.5.4 No consultório odontológico...................................................... 30

3.5.5 Avaliação e recomendações pós-exodontia............................. 30

3.5.6 Sistema Holter.......................................................................... 31

3.5.7 Exame Doppler-ecocardiográfico.............................................. 33

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3.5.8 Marcadores bioquímicos de mionecrose.................................. 34

3.5.8.1 Métodos laboratoriais para a dosagem desses

marcadores............................................................................ 35

3.5.9 Análise estatística..................................................................... 37

3.5.9.1 Cálculo do tamanho da amostra............................................ 37

3.5.9.2 Análise descritiva................................................................... 38

3.5.9.3 Análise inferencial.................................................................. 38

4 Resultados............................................................................................... 40

4.1 Características clínicas.......................................................................... 41

4.2 Características eletrocardiográficas....................................................... 45

4.3 Características técnicas da exodontia convencional e sintomatologia

no consultório odontológico.................................................................... 46

4.4 Características de eletrocardiografia contínua pelo sistema Holter....... 49

4.5 Características ecocardiográficas.......................................................... 50

4.6 Comportamento dos marcadores bioquímicos...................................... 54

5 Discussão................................................................................................. 55

5.1 Características demográficas e medicações em uso............................. 57

5.2 Resultados principais da investigação.................................................. 58

5.2.1 Do eletrocardiograma pelo sistema Holter................................ 58

5.2.2 Do Doppler-ecocardiograma ..................................................... 62

5.2.3 Das dosagens bioquímicas....................................................... 62

5.3 Outros resultados: pressão arterial, freqüência cardíaca e

arritmias cardíacas................................................................................ 64

5.4 Limitação............................................................................................... 66

5.5 Implicações para a clínica..................................................................... 66

6 Conclusões............................................................................................... 68

7 Referências bibliográficas....................................................................... 70

Legendas Anexos

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RESUMO

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Conrado VCLS. Efeitos cardiovasculares da anestesia local com vasoconstritor durante exodontia convencional em coronariopatas. São Paulo, 2005 (Dissertação de Mestrado – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo). Os pacientes portadores de afecções ateroscleróticas das artérias coronárias, que necessitam tratamento odontológico sob anestesia local com vasoconstritor, constituem um grupo especial de manejo por múltiplos aspectos. Trata-se de doença que pode apresentar, nestas circunstâncias, complicações com potencial de gravidade como: arritmias, angina instável e até mesmo infarto agudo do miocárdio. O cirurgião-dentista diante destes riscos deve conhecer as soluções anestésicas, bem como as interações medicamentosas e eventuais repercussões cardiovasculares. Objetivos: avaliar a ocorrência das seguintes variáveis detectoras de isquemia miocárdica durante ou após o tratamento odontológico:1) alterações do segmento ST avaliadas pelo sistema Holter; hipocontratilidade do ventrículo esquerdo pela Doppler-ecocardiografia e elevação dos marcadores bioquímicos; 2) precordialgia, arritmias e insuficiência mitral. Métodos: Os pacientes coronariopatas eram submetidos à exodontia sob anestesia local com ou sem vasoconstritor, divididos em dois grupos (sorteio por envelope). Em todos praticava-se monitoração eletrocardiográfica com Holter por 24 horas; Doppler-ecocardiograma antes e após intervenção odontológica e dosavam-se os marcadores bioquímicos antes e 24 horas após a exodontia (CKMB massa, CKMB atividade e troponina T). Aferia-se, também, a freqüência cardíaca e a pressão arterial nas fases pré, pós-anestesia e pós-exodontia. A Doppler-ecocardiografia avaliava a contratilidade segmentar do ventrículo esquerdo e a eventual ocorrência de insuficiência mitral. Resultados: 54 pacientes com doença coronária comprovada por cinecoronariografia e com indicação de extração dentária foram incluídos no estudo, no período de maio de 2004 a maio de 2005. Os casos foram divididos em dois grupos: grupo I com 27 pacientes tratados sob anestesia local com vasoconstritor e grupo II, 27 casos sem vasoconstritor. A média das idades no grupo I foi 58 (DP 7,98) anos e no grupo II de 55 anos (DP 8,57); 59,3% eram do sexo masculino no grupo I e 66,7% no grupo II; 66,6% apresentaram infarto do miocárdio prévio com ou sem supradesnivelamento do segmento ST no grupo I e 77,7% no grupo II. No grupo I a média de dentes extraídos foi de 1,6 dentes por paciente (DP 0,96) e 1,8 dentes por paciente (DP 1,21) no grupo II e a média de tubetes anestésicos por paciente no grupo I foi 1,5 tubetes (DP 0,87) e 1,8 tubetes (DP 0,79) no grupo II. Três pacientes do grupo I apresentaram depressão do segmento ST (1,0 mm), durante a aplicação da anestesia, e em nenhum deles verificou-se presença de isquemia avaliada pelos outros métodos; dois outros pacientes do mesmo grupo I tiveram elevação da CKMB massa. No estudo não se observou ocorrência ou agravamento de hipocontratilidade

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segmentar do ventrículo esquerdo, precordialgia, arritmias ou insuficiência mitral. Conclusão: Exodontia praticada sob uso de anestesia com epinefrina 1:100.000 não implica em riscos isquêmicos adicionais, uma vez que realizada com boa técnica anestésica e manutenção do tratamento farmacológico prescrito pelo cardiologista.

Descritores: vasoconstritor, exodontia, doença arterial coronária.

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SUMMARY

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Conrado VCLS. Cardiovascular effects of local anesthesia with vasoconstrictor agents during conventional dental extractions in patients with coronary artery disease. São Paulo, 2005 (Dissertação de Mestrado – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo). Background: Patients with coronary artery disease, needing odontological treatment under local anesthesia with vasoconstrictor agents, comprised a special group to manage because of multiple aspects. In this situation, cardiovascular disease can be presented with serious complications, such as: arrhythmias, unstable angina and even acute myocardial infarction. The dental practioner facing these controversies must know the anesthesical solutions, drug interactions and possible cardiovascular repercussions. Objectives: To evaluate the occurrence of myocardial ischemic parameters during or after the odontological treatment such as: 1) ST-segment changes evaluated by Holter system, left ventricular hypocontractility by Doppler-echocardiography and serium biomarkers elevation; 2) angina pectoris, arrhythmias and mitral insufficiency.

Methods: The coronary patients were submitted to dental extractions under local anesthesia with or without vasoconstrictor and were divided into two groups according to randomization. All patients were monitor with Holter throughout 24 hours; Doppler-echocardiograms were done before and after odontological interventions and the biochemical markers were measured before and 24 hours after the dental extractions (CKMB mass, CKMB activity and Troponin T). Besides that, cardiac rate and blood pressure were also measured pre and post-anesthesia and post-dental extractions. The Doppler-echocardiograms were done to evaluate the left ventricular contractility and possible mitral insufficiency.

Results: Between May 2004 and May 2005, fifty-four patients with coronary artery disease and with indication for dental extraction were included in this study. Patients were equally divided into two groups: 27 patients treated with local anesthesia with vasoconstrictor (group I) and 27 patients without vasoconstrictor (group II). The mean age of group I was 58 years old (SD 7.98) and of group 2 was 55 years old (SD 8.57); male gender was 59.3% in group I and 66.7% in group II; 66.6% had previous myocardial infarction with or without ST elevation in group I and 77.7% in group II. In group I the mean dental extraction was 1.6 teeth per patient (SD 0.96) and 1.8 teeth per patient (SD 1.21) in group II. The mean number of anesthesic tubes per patient were 1.5 tubes (SD 0.87) and 1.8 tubes (SD 0.79) for groups I and II, respectively. Three patients from group I had ST-segment depression (1.0 mm) during the anesthesia application, and in none of these patients were observed any other ischemic method. Two other patients from group I had CKMB mass elevation. In none of the patients was observed left ventricular hypocontractility, angina pectoris, arrhythmias or mitral insufficiency.

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Conclusions: The dental extraction performed under the use of anesthesia with epinephrine 1:100,000 do not cause additional ischemical risks, since it is done with good anesthesical technique and maintenance of the pharmacological treatment prescribed by the cardiologist. Descriptors: vasoconstrictor, dental extraction, coronary artery disease.

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1 INTRODUÇÃO

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2

1.1 Procedimentos odontológicos em coronariopatas

Os pacientes portadores de doença arterial coronária e que

necessitam tratamento odontológico constituem um grupo especial por

múltiplos aspectos. Trata-se de afecção que pode apresentar, durante

procedimento odontológico, complicações graves como: arritmias;

desencadeamento de angina instável e até mesmo infarto agudo do

miocárdio. Além disso, não são infreqüentes as crises hipertensivas.

Por estas razões, é comum, em nosso meio que mais e mais

cardiopatas sejam encaminhados para serviços odontológicos de instituições

públicas, dedicadas ao manejo desses casos, desde que os dentistas em

suas atividades particulares não se sentem habilitados para tratar com

segurança este grupo de pacientes(15).

Para realizar tratamento odontológico nestes cardiopatas, o

profissional necessita estar familiarizado com alguns aspectos concernentes

à área médica, como: as interações medicamentosas; o tipo de doença

cardíaca e sua gravidade; as repercussões cardiovasculares desse

acometimento; além do perfeito conhecimento da hemostasia(31).

Isto explica porque os riscos e as complicações cardiovasculares

relacionadas às doenças dentárias, assim como os procedimentos

odontológicos nas cardiopatias são assunto multidisciplinar, envolvendo a

Clínica Médica, a Cardiologia e a Odontologia. Como e quando instituir o

tratamento dentário nestes pacientes; como definir os riscos e como prevenir

as complicações cardíacas e odontológicas são preocupações para todos os

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3

profissionais envolvidos nesse processo(18). Além disto, é da rotina prática

que o cirurgião-dentista depare-se com pacientes cardiopatas que,

necessitando de extração dentária, tragam a observação do cardiologista

para que o tratamento indicado seja realizado sob anestesia local sem uso

de vasopressores, particularmente adrenalina e noradrenalina(3).

Esta situação clínica traz ao profissional de Odontologia um impasse:

se não atender à recomendação médica, estará assumindo os riscos

presumíveis que as soluções anestésicas com vasoconstritores possam

eventualmente impor aos portadores de doenças isquêmicas do coração; por

outro lado, se não utilizar este tipo de anestésico terá um procedimento em

que as hemorragias serão mais abundantes e a analgesia menos profunda e

menos duradoura(3).

Assim, o cirurgião-dentista deve buscar conhecer profundamente as

propriedades farmacológicas de cada uma das soluções anestésicas; bem

como as complicações e reações sistêmicas decorrentes do uso desses

anestésicos locais associadas aos vasoconstritores.

1.2 Doença coronária e Saúde Pública

A doença coronária configura-se num grave problema de Saúde

Pública, no mundo ocidental, sendo a maior causa de mortalidade, em

ambos os sexos(19) (tabela 1).

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4

Tabela 1. Óbitos segundo causas de morte e sexo no Brasil, 1999

SexoMasculino

Feminino

Total

Causas de morte

I. Doenças do aparelho circulatório

N (%)

135.497 (53)

N (%)

121.553 (47)

257.050 II. Causas externas 98.028 (84) 18.750 (16) 116.778 III. Neoplasias 62.399 (54) 53.240 (46) 115.639 IV. Doenças do aparelho respiratório 49.702 (56) 39.322 (44) 89.024 V. Doenças infecciosas e parasitárias 28.412 (61) 18.032 (39) 46.444 VI. Afecções originadas no período perinatal 20.847 (57) 15.730 (43) 36.577

TOTAL 394.885 266.627 661.512 Fonte: Anuário Estatístico de Saúde do Brasil 2001. Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde - Funasa/Centro Nacional de Epidemiologia - Cenepi. Sistemas de Informações sobre Mortalidade - SIM.

Cumpre destacar que, entre 1980 e 1999, observou-se considerável

variação no perfil das causas de óbito da população brasileira, segundo

pesquisa do Ministério da Saúde(19) (figura 1). Por exemplo, ocorreu, neste

período, aumento na mortalidade por doenças do aparelho circulatório de

25% para 32%; por causas externas de 9% para 15%; por neoplasias de 8%

para 14% e por doenças do aparelho respiratório de 8% para 11% (figura 1).

Já as doenças infecciosas e parasitárias contribuíram com menor proporção

no número de óbitos, decrescendo de 9% para 6%; bem como as afecções

originadas no período perinatal, de 7% para 5%.

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5

Por outro lado, nos Estados Unidos em 2001, verificou-se que a

mortalidade por doenças cardiovasculares ocorreu em torno de 60%, ou

seja, dos 2.400.000 óbitos de todas as causas, a doença cardiovascular

contribuiu com 1.408.000 certificados de óbitos(53). A figura 2 demonstra o

aumento significativo do número de óbitos devido às cardiopatias, naquele

país, no último século (1900-2001) (53).

Doenças infecciosas e parasitáriasNeoplasias Doenças do aparelho respiratório

Afecções originadas no período perinatalCausas externas (homicídios, acidentes de transporte)Demais causas definidas

Fonte: Anuário Estatístico de Saúde do Brasil 2001.Ministério da Saúde / Fundação Nacional de Saúde / Funasa / Centro Nacional de Epidemiologia - Cenepi.Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM.*Refere-se à porcentagem de óbitos em cada grupo de causas sobre o total de óbitos.

Figura 1: Mortalidade Proporcional de acordo com as Causas Selecionadas*, Brasil, 1980 – 1999.

Doenças do aparelho circulatório

34%

9%

7% 8%

25%

8%9% 17%

15%

5%11%

32%

14%6%

19991980

Doenças infecciosas e parasitáriasNeoplasias Doenças do aparelho respiratório

Afecções originadas no período perinatalCausas externas (homicídios, acidentes de transporte)Demais causas definidas

Fonte: Anuário Estatístico de Saúde do Brasil 2001.Ministério da Saúde / Fundação Nacional de Saúde / Funasa / Centro Nacional de Epidemiologia - Cenepi.Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM.*Refere-se à porcentagem de óbitos em cada grupo de causas sobre o total de óbitos.

Figura 1: Mortalidade Proporcional de acordo com as Causas Selecionadas*, Brasil, 1980 – 1999.

Doenças do aparelho circulatório

34%

9%

7% 8%

25%

8%9% 17%

15%

5%11%

32%

14%6%

19991980

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6

Dentre estas causas, predominam as coronariopatias, responsáveis

por 54% do total de óbitos (figura 3) (53).

800

700

600

500

400

300

200

100

01900 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2001

Figura 2: Óbitos de origem cardíaca nos Estados Unidos (1900-2001)

Óbi

tos

/ Mil

Paci

ente

s

Anos

Fonte: Heart Disease and Stroke Statistics – 2004 Update, American Heart Association

800

700

600

500

400

300

200

100

01900 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2001

800

700

600

500

400

300

200

100

01900 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2001

Figura 2: Óbitos de origem cardíaca nos Estados Unidos (1900-2001)

Óbi

tos

/ Mil

Paci

ente

s

Anos

Fonte: Heart Disease and Stroke Statistics – 2004 Update, American Heart Association

Coronariopatias 54%

Outras Causas13%Cardiopatias Congênitas 0,4%

Febre Reumática 0,4%

Arteriopatias 4%

Hipertensão 5%

Insuficiência Cardíaca 6%

AVC 18%

Fonte: Heart Disease and Stroke Statistics – 2004 Update, American Heart Association

Figura 3: Mortalidade cardiovascular (%) segundo as causas de óbito, em 2001, nos Estados Unidos

Coronariopatias 54%

Outras Causas13%Cardiopatias Congênitas 0,4%

Febre Reumática 0,4%

Arteriopatias 4%

Hipertensão 5%

Insuficiência Cardíaca 6%

AVC 18%

Fonte: Heart Disease and Stroke Statistics – 2004 Update, American Heart Association

Figura 3: Mortalidade cardiovascular (%) segundo as causas de óbito, em 2001, nos Estados Unidos

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7

1.3 Atendimento odontológico do cardiopata

O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC) é um hospital

público de Administração Direta da Coordenadoria de Assistência Hospitalar

da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, e entidade associada da

Universidade de São Paulo, desde 1991 e subsidiado pela Fundação Adib

Jatene. A Instituição dedica-se basicamente à atenção aos pacientes

cardiopatas, incluindo, além do diagnóstico e tratamento, pesquisas

epidemiológicas, clínicas e experimentais. Além disso, tem intenso programa

de ensino, desde sua fundação, com residência médica implantada desde

1959 e cursos de aprimoramento em outras áreas de apoio ao atendimento

médico, tais como: Enfermagem, Psicologia, Nutrição, Odontologia,

Fisioterapia dentre outras.

O Serviço de Odontologia do Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia foi criado no ano de 1989, com o objetivo precípuo de atender

apenas os pacientes cardiopatas matriculados na Instituição. Os

encaminhamentos são feitos ao Serviço de Odontologia pelos próprios

médicos ao identificarem problemas na saúde bucal ou por queixa dos

pacientes, que exibem sintomas decorrentes de afecções dentárias. Além

disso, a avaliação odontológica é realizada como rotina do pré-operatório da

cirurgia cardíaca para correção de malformações congênitas do coração,

das valvopatias, cirurgia coronária, implante de marcapassos e transplantes

renais e cardíacos.

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8

Na Instituição, o tratamento é praticado não só nos consultórios

odontológicos, mas também no centro cirúrgico, naqueles casos que

necessitam anestesia geral e correção cirúrgica.

O Serviço conta hoje com quatro cirurgiãs-dentistas especializadas no

manejo de procedimentos odontológicos em cardiopatas, além de

aprimorandos e estagiários. O Serviço funciona oito horas diárias, em dois

consultórios odontológicos, munidos de infra-estrutura adequada para a

prática de assistência qualificada, atendendo cerca de 20 pacientes por dia.

1.4 A saúde bucal – aspectos especiais

Um interessante estudo, conduzido por Pucca Jr, analisa questões

epidemiológicas relacionadas à saúde bucal do idoso, realçando que o

quadro precário identificado nesta faixa etária relaciona-se mais às

condições sócio-econômicas do que às doenças crônicas degenerativas(45).

Discute ele que a saúde bucal, parte integrante e inseparável da saúde geral

dos indivíduos, tem sido relegada ao completo esquecimento, no caso

brasileiro, quando se discutem as condições de saúde da população idosa. A

perda total dos dentes é aceita pela sociedade e pelos odontólogos como

algo normal e natural com o avanço dos anos, o que evidentemente é falso.

Além disso, os Serviços Odontológicos públicos possuem extrema limitação

de atendimento também para crianças e gestantes. Realça, no que tange às

ações programáticas de saúde bucal voltadas para a terceira idade, que

estas são praticamente inexistentes em nosso país.

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9

Sob o ponto de vista epidemiológico, ainda, dentre as pesquisas no

Brasil que estudam a problemática da saúde bucal do idoso, vale citar o

“Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal”, realizado em 1986 (zona

urbana) (Ministério da Saúde, 1988), em que a faixa etária mais avançada

pesquisada variou de 50 a 59 anos(38). O estudo de Pucca Jr(45), o primeiro

na América Latina com características longitudinais, acompanhou o

segmento de idosos por quatro anos e verificou que: o fato de ser mulher

aumenta em 65% a chance de edentulismo, se comparado aos homens; a

cada ano de idade, após os 65 anos, o acréscimo da chance de não ter

dentes é da ordem de 5%; a cada 250 reais a mais na renda, a chance de

não ter dentes sofre uma redução de 7,6%; as doenças crônicas como, o

diabetes melito, não se mostraram associadas ao edentulismo; no primeiro

inquérito, 54,9% dos idosos apresentaram falta total de dentes e 86,3%

usavam próteses; no segundo inquérito, a prevalência de edentulismo foi de

56% e de uso de prótese foi de 84,8%. Por outro lado, o presente estudo

parece indicar que o quadro de edentulismo na terceira idade no Brasil não

se explica pelo aumento da prevalência das doenças crônico-degenerativas

e parece sim ser mais conseqüência do quadro sócio-econômico do que

biológico dos idosos(45). Mesmo com uma amostra inteiramente urbanizada,

os dados do levantamento mostraram condições bastante críticas neste

grupo etário: 27 dentes atacados pela cárie por pessoa, com 86% dos

dentes já extraídos e 3% com extração indicada. Do ponto de vista

periodontal, cerca de 1% foi considerado sadio, ao passo que 50% eram

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10

edêntulos e 72% usavam ou necessitavam de pelo menos uma prótese

total(38).

1.5 Indicações de exodontia convencional

De acordo com HADDAD et al(22), as principais causas determinantes

para exodontia variam de acordo com a região estudada. Embora a cárie

seja a principal, em algumas áreas, em outras a doença periodontal é a

causa mais prevalente. Contudo, estas são as duas principais causas

apontadas pela maioria dos estudos.

MARZOLA(37), ao descrever as indicações mais abrangentes de

exodontias, cita as seguintes situações:

dentes decíduos que retardam o irrompimento do dente permanente:

esta situação pode levar ao irrompimento do dente permanente fora

da sua posição normal, sendo então uma indicação profilática das

más oclusões;

periodontopatias avançadas: nos casos de reabsorção óssea alveolar

muito acentuada (mais de um terço em relação à raiz do dente), é

necessário avaliação criteriosa, clínica e radiográfica precedente à

exodontia;

dentes não restauráveis: situações nas quais o dente apresenta lesão

de tal extensão que torna impraticável qualquer forma de restauração;

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11

dentes retidos e impactados, pela situação incorreta no arco dentário:

o dente irá exercer ação mecânica sobre os dentes vizinhos, podendo

levar à reabsorção de suas raízes;

dentes supranumerários, por influírem na articulação normal,

causando má-oclusão ou mesmo retenção de determinados dentes;

razões ortodônticas: é indicada a extração de um ou mais dentes

quando a Ortodontia necessita criar espaço para corrigir uma má-

oclusão ou evitar seu aparecimento;

dentes com raízes fraturadas, nos quais se observa fratura da raiz do

dente nas porções média ou apical: nestes casos a linha de fratura

pode levar à instalação de processo infeccioso, sendo indicada a

exodontia após a verificação da impossibilidade do tratamento

endodôntico;

raízes residuais;

dentes incluídos em neoplasia benignas devem ser extraídos: dentes

contidos no interior da neoplasia, ou mesmo aqueles adjacentes que

estejam em área que deva ser removida para o tratamento adequado

da lesão;

dentes localizados em regiões que sofrerão radioterapia: nestes

casos é necessária uma avaliação bastante criteriosa quanto às

condições que o dente apresentará a longo prazo, devido às

alterações que podem ocorrer após iniciada a radioterapia: diminuição

da irrigação sangüínea com conseqüente aumento do risco de

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12

osteorradionecrose e da salivação, causadores de maior risco de

cáries.

1.6 Anestésicos locais em Odontologia

Os anestésicos locais possuem três componentes bem definidos em

sua molécula: uma extremidade hidrofílica, geralmente uma amina terciária,

que permite sua injeção nos tecidos; uma outra lipofílica, com estrutura

aromática e uma cadeia intermediária que, de acordo com a estrutura

química, permite classificar estas substâncias em ésteres ou amidas.

Os ésteres foram os primeiros anestésicos locais a serem

sintetizados, tendo como precursor a cocaína. Como exemplos deste grupo

podem ser citadas: a procaína, a cloroprocaína, a tetracaína e a benzocaína.

Destas, a única com uso clínico em Odontologia no Brasil é a benzocaína,

empregada como anestésico de superfície em mucosas, na forma de

pomadas ou geléias.

As amidas surgiram a partir de 1948, com a síntese da lidocaína. A

menor capacidade alérgica deste grupo foi determinante para o seu sucesso.

Além da lidocaína, compõem este grupo: a prilocaína, a mepivacaína, a

bupivacaína, a ropivacaína, a etidocaína e a articaína, sendo que as duas

últimas não são comercializadas no Brasil. A ropivacaína está disponível

apenas para anestesia peridural(2).

No Brasil, a lidocaína, a mepivacaína e a bupivacaína são

comercializadas em tubetes contendo 1,8 ml, sob várias as denominações

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13

comerciais, associadas ou não aos vasoconstritores do grupo das aminas

simpatomiméticas: adrenalina, noradrenalina, fenilefrina e levonordefrina. A

prilocaína, por sua vez, é apresentada no país associada à felipressina, um

vasoconstritor estruturalmente e farmacologicamente diferente do do grupo

das aminas simpatomiméticas. O quadro 1 ilustra as principais soluções

anestésicas disponíveis no mercado farmacêutico brasileiro.

Quadro 1 - Principais soluções anestésicas locais disponíveis no Brasil, na forma de tubetes anestésicos para uso odontológico(2)

Lidocaína

Prilocaína

Mepivacaína

Bupivacaína

Alphacaíne 2%

(adrenalina 1: 100.000)

Biopressin 3%

(felipressina - 0,03UI/mL)

Mepivacaína 2%

(adrenalina 1: 100.000) Neocaína 0,5% (adrenalina 1: 200.000)

Alphacaíne 2%

(adrenalina 1: 50.000)

Citanest 3%

(octapressin - 0,03UI/mL)

Mepivacaína 2%

(noradrenalina 1: 100.000) Neocaína 0,5% (sem vasoconstritor)

Xylocaina 2%

(Norepinefrina 1: 50.000)

Citocaína 3%

(felipressina - 0,03UI/ml) Mepivacaína 2%

(adrenalina 1: 100.000)

Xylestesin 2%

(Noradrenalina 1: 50.000)

Scandicaíne 2%

(adrenalina 1: 100.000)

Biocaína 2%

(Fenilefrina 1: 2.500)

Scandicaíne 2%

(noradrenalina 1: 100.000)

Novocol 2%

(Fenilefrina 1: 2.500)

Carbocaíne 2%

(neo-cobefrin 1: 20.000)

Xylocaina 2%

(sem vasoconstritor)

Mepivacaína 3% (sem vasoconstritor)

Xylestesin 2%

(sem vasoconstritor)

Scandicaíne 3% (sem vasoconstritor)

Carbocaíne 3% (sem vasoconstritor)

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14

1.7 Características das principais soluções anestésicas para uso

odontológico

Os grupamentos químicos constituintes de cada anestésico local

sem vasoconstritor associado conferem características próprias com relação

à sua ação vasodilatadora e aos tempos de latência e duração da anestesia

(quadro 2).

Quadro 2 - Tempo de latência e duração dos anestésicos locais do grupo amida, associados ou não a vasoconstritores Duração de Ação sem vasoconstritor com vasoconstritor Anestésico Concentração Latência Pulpar Tecidos Moles Pulpar Tecidos moles Local sal anestésico (min) (min) (h) (min) (h) Lidocaína 2% 2 a 3 5 a 10 1 a 2 60 3 a 5

Prilocaína 3% 2 a 4 ND ND 27 1,5 a 4

Mepivacaína 2%

3%

1,5 a 2

1,5 a 2

ND

20 a 40

ND

2 a 3

45 a 60

ND

2 a 4

ND

Bupivacaína 0,5% 5 a 10 ND ND 90 a 180 4 a 12

ND - não determinado Fonte: Eduardo Dias de Andrade. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia, 1ª Ed, pg. 59, cap. 7, 1999.

A lidocaína, usada há quase 50 anos, continua a ser o anestésico

local padrão. Possui tempo de latência (início de ação) curto, de dois a três

minutos e duração também curta (cinco a dez minutos de anestesia pulpar e

uma a duas horas de anestesia nos tecidos moles), devido à sua ação

vasodilatadora. Quando associada a um agente vasoconstritor, a duração da

anestesia aumenta consideravelmente, passando para uma hora na polpa

dental e três a cinco horas nos tecidos moles(2).

Já a prilocaína apresenta toxicidade menor, mas potência e tempo de

latência semelhantes aos da lidocaína.

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15

Assim como a lidocaína e a prilocaína, a mepivacaína é um

anestésico local de média duração. Como a prilocaína, sua ação

vasodilatadora é menor que a da lidocaína. Desta forma, na concentração de

3% sem vasoconstritor leva a anestesia pulpar à duração de 20 minutos na

técnica infiltrativa e 40 minutos na técnica de bloqueio. O início de ação é

rápido (um a dois minutos) e a toxicidade é semelhante à da lidocaína. Além

da solução sem vasoconstritor, a mepivacaína pode ainda ser encontrada,

em nosso meio, na concentração de 2% associada à adrenalina; ou à

noradrenalina na concentração de 1:100.000 ou ainda associada à

levonordefrina na de 1:20.000(2) (quadro 1).

Como anestésico local de longa duração, o único medicamento

disponível para uso odontológico é a bupivacaína. No bloqueio dos nervos

alveolar inferior e lingual, produz uma anestesia pulpar por até três horas e,

em tecidos moles, por até 12 horas, diminuindo inclusive a necessidade de

analgésicos no período pós-operatório(40,47). Seu início de ação, entretanto é

um pouco mais lento que o das demais amidas descritas (entre cinco a dez

minutos). Devido à sua maior potência, apresenta também toxicidade maior

e por isto é utilizada na concentração de 0,5%. Na forma de tubetes para

uso odontológico, é encontrada nas apresentações sem vasoconstritor, e

também associada à adrenalina em diluições de 1:200.000(2) (quadro 1).

As principais complicações advindas da anestesia local são: síncope,

angina do peito, hipotensão postural, broncoespasmo, reação anafilática e

infarto do miocárdio(36,50).

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16

1.8 Anestésicos com vasoconstritores em coronariopatas

Todos os anestésicos locais injetáveis com eficácia clínica possuem

certo grau de atividade vasodilatadora. O grau da vasodilatação varia de

intenso (procaína) a mínimo (prilocaína, mepivacaína), de acordo com o

local da injeção e com a resposta individual de cada paciente. Com a

dilatação dos vasos sangüíneos, há um aumento do fluxo de sangue para a

região. Este aumento da perfusão determina as seguintes reações(35):

1. maior velocidade de absorção do anestésico local para o sistema

cardiovascular, o que causa sua mobilização do loca-alvo;

2. níveis plasmáticos elevados desse anestésico local, com maior

risco de toxicidade;

3. menor duração de ação e diminuição da profundidade da

anestesia, uma vez que o anestésico difunde-se para longe do

local de interesse com muita rapidez;

4. maior sangramento no local da administração do anestésico local,

devido à vasodilatação e ao aumento da perfusão.

Estas são as razões pelas quais os vasoconstritores são

habitualmente adicionados à solução do anestésico local. Esses agentes são

medicamentos que contraem os vasos sangüíneos e, assim, diminuem a

perfusão do tecido. Seus efeitos são os seguintes:

1. retardam o seqüestro do anestésico local para o sistema

cardiovascular, o que resulta em níveis mais baixos do mesmo no

compartimento sangüíneo(10,52). O quadro 3 mostra os níveis de

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17

anestésico local com e sem vasoconstritor no sangue, para que se

apreciem as diferenças;

2. diminuem o risco de toxicidade sistêmica, devido aos níveis

menores de anestésico local no sangue;

3. aumentam (em certos casos significativamente, em outros

minimamente) a duração da ação de muitos anestésicos locais,

pois volumes maiores do anestésico local permanecem no nervo e

à sua volta por períodos mais longos(8,16);

4. reduzem o sangramento local e, portanto, são úteis quando se

prevê hemorragia importante, como nos procedimentos cirúrgicos

de maior porte(11,39).

Quadro 3 - Efeito do vasoconstritor (adrenalina 1: 200.000) no nível máximo

sangüíneo do anestésico local

Nível Sangüíneo Máximo (g/ ml) Anestésico Dose Sem Com Local (mg) Vasoconstritor Vasoconstritor Mepivacaína 500 4,7 3,0 Lidocaína 400 4,3 3,0 Prilocaína 400 2,8 2,6 Etidocaína 300 1,4 1,3

Fonte: Stanley F. Malamed. Manual de Anestesia Local, 4ª Ed, pg. 34, cap. 3, 1997.

1.8.1 Contra-indicações ao uso do vasoconstritor

No Brasil, o cirurgião-dentista dispõe de soluções anestésicas locais

que contém basicamente dois tipos de vasoconstritores: as aminas

simpatomiméticas ou a felipressina (octapressin). As aminas

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18

simpatomiméticas podem apresentar ou não em sua estrutura química um

núcleo catecol, sendo então classificadas em catecolaminas e aminas não-

catecólicas.

As catecolaminas são representadas pela adrenalina (epinefrina),

noradrenalina (norepinefrina) e levonordefrina (neo-cobefrina) e são

incorporadas às soluções anestésicas locais em diferentes concentrações,

que contém como sal: a lidocaína, mepivacaína ou bupivacaína. Entre as

catecolaminas, a adrenalina é o vasoconstritor mais eficaz e mais utilizado

em Odontologia, associado a vários sais anestésicos(2).

A fenilefrina, por sua vez, é a única amina simpatomimética não-

catecólica e está associada exclusivamente à lidocaína.

Na prática odontológica, os vasoconstritores são apresentados em

quantidades mínimas, diluídos em 1:100.000 ou 1:200.000, ou seja

0,01mg/ml ou 0,005mg/ml de solução respectivamente(34).

A adrenalina é usada na Medicina quase sempre em situações de

emergência, em que a dose empregada é muito maior que aquela utilizada

em Odontologia. Segundo Malamed(33), a média das doses de adrenalina

intramuscular ou endovenosa (na concentração de 1:100.000 ou 1:10.000),

empregada no tratamento da anafilaxia ou da parada cardíaca é de 0,5 a

1mg, enquanto um tubete anestésico com adrenalina contém apenas

0,018mg. Portanto, nesta dose, apresenta muitas vantagens e poucas

desvantagens, sendo contra-indicada apenas em casos bastante

específicos, tais como(43,44):

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19

1. hipertensão grave não tratada ou não controlada (PA acima de

200/115mmHg);

2. doença cardiovascular grave:

após infarto do miocárdio menos de seis meses;

após o acidente vascular cerebral menos de seis meses;

recente revascularização cirúrgica do miocárdio;

angina do peito instável;

arritmias cardíacas refratárias, apesar do tratamento adequado;

insuficiência cardíaca congestiva não tratada ou não

controlada;

3. diabetes melito não controlado;

4. hipertireoidismo não controlado;

5. feocromocitoma;

6. sensibilidade aos sulfitos;

7. pacientes tomando antidepressivos tricíclicos, compostos

fenotiazínicos ou beta-bloqueadores não seletivos;

8. usuários de drogas ilícitas.

Segundo Hersh, Condouris e Jeske(25,27), quando houver contra-

indicação absoluta para a utilização de vasoconstritores, pode-se optar pela

mepivacaína a 3%, um anestésico local quimicamente similar à lidocaína,

que além de apresentar baixa toxicidade, possui menor ação vasodilatadora,

podendo ser empregada sem estar associada aos vasoconstritores, em

procedimentos com duração de até 30 minutos.

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20

1.8.2 Riscos hemodinâmicos

Durante o estresse provocado pela dor, catecolaminas endógenas

(adrenalina, noradrenalina) são liberadas de seus locais de armazenamento

para o sistema cardiovascular, em um nível aproximadamente 40 vezes

maior que na situação de repouso (quadro 4) (34).

Quadro 4 - Níveis sangüíneos de catecolaminas

Condição

Adrenalina (μg/min)

Noradrenalina (μg/min)

Secreção da medula supra-renal em repouso

7 1,5

Estresse 280 56 Anestesia Local (adrenalina 1:50.000 em 1,8 ml)

< 1 --

Fonte: Stanley F. Malamed. Manual de Anestesia Local, 4ª Ed, pg. 270, cap. 20, 1997.

A liberação de adrenalina e noradrenalina para o sangue aumenta o

trabalho cardiovascular e incrementa a demanda de oxigênio pelo miocárdio

podendo causar, em conseqüência, fenômenos isquêmicos nos

coronariopatas (arritmias, angina e até mesmo infarto do miocárdio).

Portanto, é de grande importância, reduzir a liberação endógena de

catecolaminas durante o tratamento odontológico, pela redução da resposta

do estresse. Por outro lado, um anestésico local sem vasopressor produz

anestesia pulpar de menor duração que o mesmo medicamento com

vasopressor. O controle profundo da dor, por tempo adequado é menos

provável quando o vasopressor é excluído da solução de anestésico local e,

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21

se o paciente apresenta dor durante o tratamento, observa-se uma resposta

de estresse exagerada(34).

Contudo, a prática tem demonstrado que o uso apropriado (aspiração

e injeção lenta) de um anestésico local com concentração mínima de

vasopressor exógeno (por ex. 1:100.000 ou 1:200.000), associa-se ao

controle da dor por período longo, evitando-se assim resposta exagerada ao

estresse. E ainda que os níveis sangüíneos de catecolaminas possam estar

pouco mais elevados quando se administra adrenalina exógena, estes níveis

não têm demonstrado significado clínico(34). Por isto, uma afirmação

freqüentemente repetida, é que o paciente com comprometimento

cardiovascular corre maior risco em virtude das catecolaminas liberadas

endogenamente que em virtude da adrenalina exógena administrada de

forma apropriada(34).

Apesar dessas observações clínicas pontuais, a literatura é pobre em

investigações que definam, com certeza, se o uso dos anestésicos com

vasoconstritores é de fato inócuo para os cardiopatas, em particular, os

portadores de doença coronária.

1.9 Hipótese da presente investigação

A hipótese em que se baseia esta pesquisa é a de que a anestesia

local com vasoconstritor, praticada com técnica adequada, não causa efeitos

clínicos deletérios para o sistema cardiovascular.

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2 OBJETIVOS

_____________________________________________________________

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23

Para testar esta hipótese, investigamos pacientes coronariopatas

submetidos à exodontia sob anestesia local com ou sem vasoconstritor,

avaliando-se, como objetivo primário a ocorrência das seguintes variáveis

detectoras de isquemia miocárdica, durante ou após o tratamento

odontológico:

1. alterações do segmento ST-T, avaliadas pelo sistema Holter;

2. hipocontratilidade segmentar do ventrículo esquerdo, pela

Doppler-ecocardiografia;

3. elevação dos marcadores bioquímicos.

Como objetivo secundário buscou-se detectar a ocorrência de:

1. precordialgia, durante o procedimento odontológico;

2. arritmias, pelo sistema Holter, e

3. insuficiência mitral, pela Doppler-ecocardiografia.

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3 CASUÍSTICA E MÉTODOS

_____________________________________________________________

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25

3.1 Casuística

Constituíram a casuísta desta investigação 54 pacientes portadores

de doença arterial coronária crônica, com diagnóstico comprovado pela

cinecoronariografia e em tratamento na Seção de Angioplastia Coronária do

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo, no

período de maio de 2004 a maio de 2005. O protocolo desta investigação Nº

3022/2001 foi aprovado pelas Comissões de Ética em Pesquisa do Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia e da Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo, em 10/05/2004, estando de acordo com a

Declaração de Helsinque para pesquisa em humanos e a Resolução 196/96,

do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta, em nosso país, pesquisas

envolvendo seres humanos.

3.2 Critérios de inclusão

Os critérios de inclusão foram:

pacientes de ambos os sexos, sem restrição quanto a faixa etária;

portadores de doença arterial coronária crônica comprovada por

cinecoronariografia prévia (lesão obstrutiva nos vasos da rede

coronária > 50% - avaliação visual);

portadores de angina estável aos esforços físicos;

pacientes com indicação de exodontia.

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26

3.3 Critérios de exclusão

Foram excluídos os pacientes com:

angina instável;

infarto agudo do miocárdio com < 3 meses de ocorrência;

indicação iminente de cirurgia cardíaca ou angioplastia;

cardiopatias associadas à doença coronária (valvopatias graves,

miocardiopartias, etc.);

insuficiência cardíaca;

acidente vascular cerebral recente (< 3 meses);

hipertensão arterial grave (PS > 180 mmHg e/ou PD > 110 mmHg);

diabetes melito descompensado;

que não tenham condições de entendimento ou de adesão ao

consentimento livre e esclarecido.

3.4 Consentimento livre e esclarecido

Os pacientes eram consultados sobre o desejo de participar do

estudo. Após a exposição da finalidade da investigação proposta, e

esclarecimento das dúvidas, os mesmos, se concordaram, deveriam assinar

um termo de consentimento, aprovado previamente pelas Comissões de

Ética em Pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e da

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27

Faculdade de Saúde Pública. Uma cópia deste documento era fornecida ao

paciente e outra era anexada ao prontuário médico (anexo I).

3.5 Métodos

Uma vez preenchidos os critérios de inclusão e o fornecimento do

consentimento para participar da pesquisa, os pacientes seguiram os passos

do fluxograma do estudo.

3.5.1 Fluxograma do estudo

As diferentes etapas do estudo eram realizadas em três locais

distintos: consultório odontológico, Sessão de Eletrofisiologia e laboratório

de Doppler-ecocardiografia (figura 4).

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Figura 4 - Fluxograma do estudo dos 54 pacientes coronariopatassubmetidos à exodontia convencional com ou sem vasoconstritor. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Pacientes com doença arterial coronária crônica e indicação de extração dentária (n= 54)

Exames laboratoriais, eletrocardiograma e 1ª aferição da pressão arterial

Instalação do sistema Holter

Sorteio por envelope do tipo de anestésico local

Anestésico com vasoconstritor

(Grupo controle) Anestésicosem vasoconstritor

Sala de ecocardiografiaEcocardiograma pré -anestésico

Anestesia local com ou sem vasoconstritor

Dois minutos após a aplicação do anestésicoEcocardiograma pós -anestésico

Consultório odontológicoExtração dentária e 2ª aferição da pressão arterial

Sala de ecocardiografiaEcocardiograma pós -extração dentária e

3ª aferição da pressão arterial

Alta do paciente para o domicilio

Após uma semana remoção de sutura

Pacientes com doença arterial coronária crônica e indicação de exodontia

Marcadores bioquímicos de mionecrose, eletrocardiograma e 1ª aferição da pressão arterial

Instalação do sistema Holter

Sorteio do tipo de anestésico local por envelope

Grupo I - Anestésico com vasoconstritor

Grupo II (Controle) - Anestésicosem vasoconstritor

Laboratório de Doppler-ecocardiografia:ecocardiograma pré-anestésico

Anestesia local

Dois minutos após a aplicação do anestésico:ecocardiograma pós-anestésico

Consultório odontológico:exodontia e 2ª aferição da pressão arterial

ecocardiograma pós-exodontia e3ª aferição da pressão arterial

Alta do paciente para o domicílio

Após uma semana: remoção da sutura local

Laboratório de Doppler-ecocardiografia:

24 horas após: retirada do Holter e dosagem dosmarcadores bioquímicos de mionecrose

Figura 4 - Fluxograma do estudo dos 54 pacientes coronariopatassubmetidos à exodontia convencional com ou sem vasoconstritor. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Pacientes com doença arterial coronária crônica e indicação de extração dentária (n= 54)

Exames laboratoriais, eletrocardiograma e 1ª aferição da pressão arterial

Instalação do sistema Holter

Sorteio por envelope do tipo de anestésico local

Anestésico com vasoconstritor

(Grupo controle) Anestésicosem vasoconstritor

Sala de ecocardiografiaEcocardiograma pré -anestésico

Anestesia local com ou sem vasoconstritor

Dois minutos após a aplicação do anestésicoEcocardiograma pós -anestésico

Consultório odontológicoExtração dentária e 2ª aferição da pressão arterial

Sala de ecocardiografiaEcocardiograma pós -extração dentária e

3ª aferição da pressão arterial

Alta do paciente para o domicilio

Após uma semana remoção de sutura

Pacientes com doença arterial coronária crônica e indicação de exodontia

Marcadores bioquímicos de mionecrose, eletrocardiograma e 1ª aferição da pressão arterial

Instalação do sistema Holter

Sorteio do tipo de anestésico local por envelope

Grupo I - Anestésico com vasoconstritor

Grupo II (Controle) - Anestésicosem vasoconstritor

Laboratório de Doppler-ecocardiografia:ecocardiograma pré-anestésico

Anestesia local

Dois minutos após a aplicação do anestésico:ecocardiograma pós-anestésico

Consultório odontológico:exodontia e 2ª aferição da pressão arterial

ecocardiograma pós-exodontia e3ª aferição da pressão arterial

Alta do paciente para o domicílio

Após uma semana: remoção da sutura local

Laboratório de Doppler-ecocardiografia:

24 horas após: retirada do Holter e dosagem dosmarcadores bioquímicos de mionecrose

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29

3.5.2 Avaliação pré-intervenção odontológica

Antes da realização da intervenção odontológica, os pacientes eram

submetidos à realização de eletrocardiograma (ECG), era feita a coleta de

sangue para os exames de bioquímica geral (hemograma, contagem de

plaquetas, coagulograma, dosagens de uréia, creatinina, sódio, cloro,

potássio, glicemia de jejum); e para as dosagens dos marcadores

bioquímicos de mionecrose (CKMB atividade, CKMB massa e troponina T);

praticava-se a instalação do sistema Holter, para obtenção do ECG durante

o procedimento odontológico e era feita a primeira aferição da pressão

arterial.

3.5.3 No laboratório de Doppler-ecocardiografia

Após a obtenção dos exames pré-intervenção odontológica, o

paciente era encaminhado para o laboratório de Doppler-ecocardiografia,

onde era realizado o ecocardiograma pré-anestésico para a análise das

medidas do ventrículo esquerdo, e avaliação da função ventricular e do fluxo

mitral.

Na própria sala de Doppler-ecocardiografia, era realizada a anestesia

local no paciente com sal anestésico mepivacaína a 2%, associada ao

vasoconstritor adrenalina na concentração 1:100.000, ou mepivacaína a 3%

sem vasoconstritor, utilizados conforme sorteio prévio de envelope, no dia da

extração.

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30

Após os 2 minutos de latência do sal anestésico mepivacaína, aferia-

se a freqüência cardíaca e realizava-se o ecocardiograma pós-anestésico

para análise das mesmas medidas e da função ventricular.

3.5.4 No consultório odontológico

O paciente então era encaminhado para o consultório odontológico,

localizado a cem metros do laboratório de Doppler-ecocardiografia, para a

realização da exodontia convencional (anexo II).

A segunda aferição da PA era obtida durante a extração e após a

sutura do local com fios de seda 4.0.

3.5.5 Avaliação e recomendações pós-exodontia

O paciente era então reconduzido à sala de Doppler-ecocardiografia,

onde obtinha-se novo estudo ecocardiográfico para aquisição das mesmas

medidas anteriores e terceira aferição da PA, praticada pelo mesmo auxiliar

de enfermagem.

Prescreviam-se então os medicamentos rotineiros, quando

necessários: analgésicos, antiinflamatórios, antibióticos além das atuais

recomendações dos cuidados pós-operatórios locais, seguidas da alta

hospitalar.

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31

Vinte e quatro horas após a extração dentária, procedia-se à retirada

do aparelho de Holter e realizava-se nova coleta do sangue para

mensuração dos marcadores bioquímicos de mionecrose.

Orientava-se o paciente para retornar ao Serviço de Odontologia, uma

semana após, para nova avaliação clínica e remoção da sutura local.

3.5.6 Sistema Holter

Para a obtenção da monitoração eletrocardiográfica contínua pelo

sistema Holter (anexo III), os eletrodos eram fixados na região anterior do

tórax, nas seguintes posições:

a. eletrodo branco – região alta do manúbrio esternal;

b. eletrodo preto no quinto espaço intercostal, na linha axilar anterior

(equivalente à posição V5 do eletrocardiograma convencional);

c. eletrodo vermelho, no quarto espaço intercostal no bordo esternal

direito (equivalente à posição V1 do eletrocardiograma

convencional);

d. eletrodo verde ou indiferente, colocado no quinto espaço

intercostal, na linha axilar anterior à direita. O par de eletrodos,

que inclui o do manúbrio e do quinto espaço intercostal,

corresponde à derivação bipolar toráxica MC5; o par de eletrodos,

que inclui o eletrodo do manúbrio e o do quarto espaço intercostal

direito, corresponde à derivação bipolar MC1.

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32

A seguir, os pacientes eram encaminhados para o consultório

dentário. Durante o procedimento, eram anotados os horários em que era

aplicada a anestesia e realizada a extração dentária.

As gravações eram realizadas em gravadores especiais da marca

Dynamis®, modelo 3000, fabricado pela Cardio Sistemas Com. Ind. Ltda.,

utilizando-se fitas cassete com rotação de 1,0 mm por segundo. Esse

sistema permite gravação de sinais tanto de baixa, quanto de alta

freqüência, compreendida entre 0,05 e 100 Hz. A gravação em freqüência

modulada (FM) garante um registro confiável do segmento ST, permitindo

dessa forma a identificação de episódios isquêmicos fortuitos.

As gravações eram realizadas na ocasião em que ia se proceder ao

tratamento dentário e prosseguia-se até 24 horas após o procedimento. Em

seguida, as fitas eram trazidas ao laboratório para análise dos resultados,

avaliados por um único observador, que não tinha conhecimento do grupo a

que pertenciam os pacientes. Os dados analógicos eletrocardiográficos

contidos na fita cassete eram convertidos em sinais digitais e transferidos

para o computador, que continha um software específico de análise e edição

dos resultados. Era utilizado analisador DMI® modelo Hospital, fabricado

pela Burdick Inc. Com software V508B.

Os resultados da gravação do Holter eram apresentados em forma de

tabelas, que incluíam o total de batimentos correspondente ao número de

complexos QRS; freqüências cardíacas mínima, média e máxima; oscilações

do segmento ST; total de ectopias atriais e ventriculares; total de pausas

e eventuais taquicardias, atriais ou ventriculares apresentadas pelo

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33

paciente. A apresentação gráfica das variações do segmento ST permitia a

quantificação da duração, intensidade de variação e do número de episódios

isquêmicos apresentados pelo paciente.

Na análise dos resultados eram incluídos os períodos pré-intervenção,

logo após a administração do anestésico e também durante a extração

dentária.

Os episódios isquêmicos eram definidos pela presença das seguintes

manifestações eletrocardiográficas: depressão do segmento ST, horizontal

e/ou descendente, igual ou superior a um milímetro (mm), medido a 80

milissegundos (ms) após o ponto J, com duração maior ou igual a um

minuto; supradesnivelamento maior ou igual a um mm, com duração mínima

de um minuto e intervalo mínimo de um minuto entre dois episódios. As

eventuais alterações do segmento ST, observadas após a anestesia ou

durante a extração dentária, eram comparadas com as características do

segmento ST observadas na fase pré-anestesia. Nenhum dos pacientes

avaliados nesse estudo estava em uso de digital, fármaco esse que pode

causar alterações do segmento ST, prejudicando sua análise com relação à

presença de isquemia.

3.5.7 Exame Doppler-ecocardiográfico

Durante esse exame, os pacientes permaneciam em decúbito lateral

esquerdo, com monitoração contínua da freqüência cardíaca, por meio de

uma derivação eletrocardiográfica.

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34

Os estudos ecocardiográficos eram efetuados também por um único

observador, que não tinha conhecimento do grupo a que pertenciam os

pacientes; o equipamento utilizado era um Ecocardiógrafo VIVID 7® da GE –

General Ultrasound, dotado de transdutor ultra-sônico multifreqüêncial de

2,0-3,5 MHz e sistema de registro de imagens.

As imagens eram obtidas seguindo-se as recomendações da

American Society of Echocardiography, a partir de cortes ecocardiográficos

convencionais e gravadas em fita de vídeo, pelo sistema VHS em vídeo

Sony MD 950®, para análise posterior. Foram obtidos os seguintes dados

em seqüência:

a. diâmetro sistólico final do átrio esquerdo; diâmetros diastólico final

e sistólico final do ventrículo esquerdo; espessuras diastólicas do

septo ventricular e de parede posterior do ventrículo esquerdo e

cálculos: da fração de ejeção, da fração de encurtamento e dos

volumes diastólico e sistólico finais do ventrículo esquerdo;

b. função sistólica global;

c. análise segmentar da contratilidade do ventrículo esquerdo;

d. análise do grau de refluxo valvar mitral, por meio do mapeamento

com fluxo com cores e Doppler pulsátil.

3.5.8 Marcadores bioquímicos de mionecrose

Realizavam-se duas mensurações desses marcadores bioquímicos. A

primeira, duas horas antes da extração dentária e, a segunda mensuração,

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35

24h após. As alterações dependendo da magnitude, poderiam traduzir

presença de isquemia miocárdica.

3.5.8.1 Métodos laboratoriais para a dosagem desses marcadores

a. CKMB atividade

Os valores da CKMB atividade eram

determinados pelo método imunoenzimático colorimétrico, por

meio do reativo Starter (Roche Diagnostics Corp - Mannhein,

Alemanha) no aparelho BM/Hitachi 912 (Roche - Suíça).

Como já mencionado, a CKMB é constituída por duas

subunidades: CKM e CKB. A subunidade CKM é inibida por um

anticorpo específico, sem que este influa na atividade da CKB.

O restante da atividade da CKB, que corresponde à metade de

CKMB, é determinado pelo método CK NAC ativado. Os

valores considerados normais para CKMB atividade, a uma

temperatura de 25ºC, variam de 0 a 10 UI/I.

b. CKMB massa

Era medida pelo método imunométrico, que

determina de forma quantitativa os níveis circulantes da CKMB

no soro, utilizando anticorpos monoclonais e policlonais,

associados a reações de quimioluminescência, sendo seus

resultados expressos em unidades de massa (ng/ml). O valor

normal máximo de referência utilizado pelo laboratório do

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36

Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia era de 4,45 ng/ml. O

teste diagnóstico emprega o Immulite Analyser, pertencente à

DPC (Diagnostic Products Corporation - Los Angeles, USA).

c. Troponina T

As concentrações de troponina T eram dosadas

pelo método do imunoensaio de eletroquimioluminescência,

utilizando o equipamento Elecsys, pertencente à Roche

Diagnostics Corp (Mannhein, Alemanha). Estes testes,

denominados de terceira geração, empregam dois anticorpos

monoclonais marcados com biotina e quelato de rutênio,

especificamente dirigidos contra a troponina T cardíaca

humana. Ao aplicar-se uma determinada corrente elétrica,

produz-se uma reação de quimioluminescência, cuja emissão

de luz é captada e medida por um fotomultiplicador. Os

resultados obtidos eram comparados com a curva-padrão,

cujos limites mínimos e máximos são respectivamente 0,010

e 25 ng/ml. Considera-se que valores > 0,1 ng/ml são

clinicamente relevantes.

d. Medicações

Todos os pacientes eram estimulados a

manterem suas medicações, inclusive no dia do procedimento

odontológico (anexos IV e V).

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37

3.5.9 Análise estatística

3.5.9.1 Cálculo do tamanho da amostra

Para a obtenção de uma estimativa do tamanho da amostra (n) foi

utilizada a fórmula para a estimação de uma proporção, pois o objetivo

desse trabalho era determinar a ausência de isquemia miocárdica, durante

exodontia sob anestésico local com vasoconstritor.

Fórmula

n = p (1 – p)

d = precisão absoluta para proporção, indica o quanto a estimativa

deve se distanciar da verdadeira proporção.

Z1-/2 = distância da média na curva normal padrão associada a ,

onde (1-) % é o coeficiente de confiança.

p = proporção na população.

Aplicando essa fórmula, obtivemos o seguinte resultado:

proporção na população: 26% (proporção de pacientes cardíacos com

alteração do segmento ST)(24)

precisão absoluta: 13%

nível de significância: 5%

tamanho da amostra calculado: 44 pacientes.

z2 1-/2 d2

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38

3.5.9.2 Análise descritiva

Inicialmente para conhecer as características dos elementos do

estudo eram apresentadas as estatísticas descritivas segmentadas

pelos dois grupos em forma de tabelas ou gráficos, nos quais, para as

variáveis quantitativas eram utilizadas médias e medianas para

resumir as informações e desvios-padrão, e valores mínimo e máximo

para indicar a variabilidade dos dados. Para as variáveis qualitativas

eram apresentadas as distribuições de freqüências relativas e

absolutas.

3.5.9.3 Análise inferencial

Para a comparação dos grupos com relação às variáveis qualitativas

foi utilizado o Teste Qui-Quadrado de Pearson(51). Esse teste baseia-se nas

diferenças entre valores observados e esperados e avalia se as proporções

em cada grupo podem ser consideradas semelhantes ou não. O teste exato

de Fisher foi utilizado nas situações nas quais os valores esperados eram

inferiores a 5.

Com relação às variáveis quantitativas, foi realizada, inicialmente,

uma análise por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov(46), para testar a

hipótese de que os dados seguiam uma distribuição normal e auxiliar na

escolha entre testes paramétricos e não paramétricos. Dessa forma,

verificou-se que apenas as variáveis: fração de ejeção (FE) e algumas

variáveis bioquímicas (TP, INR, TTPA, glicemia, creatinina e leucócitos) não

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39

apresentaram distribuições normais, necessitando assim, métodos não

paramétricos para a análise desses dados.

Para as variáveis com distribuição normal, utilizamos o teste

t-Student(51) quando o objetivo foi comparar os dois grupos entre si e o

método de análise de variância - ANOVA com medidas repetidas(41), para a

análise das variáveis das pressões arteriais sistólica e diastólica, freqüência

cardíaca e medida do átrio esquerdo, entre os três períodos do estudo (pré,

pós-anestesia e pós-exodontia), em cada grupo separadamente (análise

intragrupo). No caso da ANOVA, para as variáveis cujo valor do teste foi

significante (valor de p < 0,05), procedeu-se a uma análise de comparações

múltiplas, por meio do método de Bonferroni(41), com a finalidade de

determinar em quais pares de grupos encontrava-se a diferença.

Para as variáveis que não apresentaram distribuição normal e nos

casos em que o objetivo foi comparar os dois grupos entre si, utilizamos o

teste não paramétrico de Mann-Whitney(4); e o teste de Friedman(4) para a

análise da variável FE, entre os três momentos avaliados (pré, pós-anestesia

e pós-exodontia), em cada grupo separadamente (análise intragrupo).

Eram considerados estatisticamente significantes os resultados cujos

níveis descritivos (valores de p) fossem inferiores a 0,05. Os

processamentos eram realizados através dos softwares MSOffice Excel

versão 2000® para o gerenciamento do banco de dados e SPSS for

Windows versão 10.0® para a execução dos cálculos estatísticos,

elaboração e edição de gráficos.

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4 RESULTADOS

_____________________________________________________________

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41

4.1 Características clínicas

Cinqüenta e quatro pacientes com doença coronária crônica

comprovada por cinecoronariografia e com indicação de extração dentária

foram selecionados para esta investigação, no período de dezembro de

2004 a maio de 2005, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, na

cidade de São Paulo.

Após o recrutamento, todos os pacientes foram submetidos a

exodontias convencionais divididos em dois grupos: grupo I com 27 casos,

nos quais foram aplicadas anestesias locais com vasoconstritor e grupo II,

controle, também com 27 casos, nos quais foram aplicadas anestesias sem

vasoconstritor, conforme sorteio prévio por envelope. As características

clínicas destes casos estão descritas na tabela 2.

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42

Tabela 2 - Dados clínicos dos 54 pacientes divididos conforme o tipo de anestésico, Grupo I (com vasoconstritor) e Grupo II, controle (sem vasoconstritor). Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005

Variáveis

Grupo I - com vasoconstritor

n=27

Grupo II - sem vasoconstritor

n=27

p

Idade em anos (média da idade e 58 (7,98) 55,3 (8,57) 0,236t

desvio padrão)

Variação (idades mínima e máxima) 46 a 71 43 a 73

Idosos (>70 anos) 1 1

Sexo 0,5732 Masculino (n/%) 16 (59,3) 18 (66,7)

Feminino (n/%) 11 (40,7) 9 (33,3)

Eventos cardiovasculares prévios 0,3622 Infarto do miocárdio com 13 (48,1) 14 (51,8)

supradesnivelamento do segmento ST (n/%)

Infarto do miocárdio sem 5 (18,5) 7 (25,9)

supradesnivelamento do segmento ST (n/%)

Quadro Clínico

Insuficiência coronária (n/%) 27 (100) 27 (100) -

Hipertensão arterial (n/%) 26 (96,3) 26 (96,3) 1,000f

Diabetes melito (n/%) 7 (26) 9 (33,3) 0,5512

Dislipidemia (n/%) 14 (51,8) 9 (33,3) 0,2682

Tipos de intervenção coronária

Implante de stents

- artéria descendente anterior (n/%) 20 (74,1) 15 (55,5) 0,1542

- artéria circunflexa (n/%) 5 (18,5) 4 (14,8) 1,000f

- artéria coronária direita (n/%) 5 (18,5) 10 (37) 0,1292

- artéria marginal (n/%) 1 (3,7) 1 (3,7) 1,000f

Angioplastia com cateter balão

- artéria circunflexa (n/%) 1 (3,7) - (-) 1,000f

- artéria descendente anterior (n/%) - (-) 2 (7,4) 0,491f

t = teste t-student; 2 = teste qui-quadrado; f = teste exato de Fischer

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43

Quanto às medicações utilizadas pré-intervenção, todos os casos

faziam uso de aspirina e de outras medicações listadas na tabela 3,

enquanto que os resultados dos exames de bioquímica pré-procedimento de

ambos os grupos estão descritos na tabela 4.

Tabela 3 - Medicações utilizadas pelos 54 pacientes pré-procedimento

odontológico. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São

Paulo, 2004/2005

Grupo I - com vasoconstritor

n=27

Grupo II - sem vasoconstritor

n=27

p

Medicações N (%) N (%)

Aspirina 27 (100,0) 27 (100,0) -

Tienopiridínicos 2 (7,4) 1 (3,7) 1,000f

β-Bloqueador 18 (66,7) 23 (85,2) 0,111(2)

Inibidor da ECA 19 (70,4) 17 (63) 0,564(2)

Hipoglicemiantes orais 5 (18,5) 8 (29,6) 0,340(2)

Insulina - (-) 3 (11,1) 0,236f

Estatinas 22 (81,5) 16 (59,2) 0,074(2)

Nitratos 5 (18,5) 6 (22,2) 0,735(2)

Bloqueador dos canais cálcio - (-) 2 (7,4) 0,491f

β = beta; ECA = enzima conversora de angiotensina; 2 = teste qui-quadrado; f = teste exato

de Fischer.

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44

Tabela 4 - Resultados dos exames bioquímicos pré-procedimento a que se

submeteram os 54 pacientes investigados nesta série. Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005

Grupo I – com vasoconstritor n=27

Grupo II - sem vasoconstritor

n=27

p

Variáveis Bioquímicas média desvio padrão média desvio padrão

Uréia (mg/dl) 41,33 (14,19) 38,54 (10,82) 0,425t

Creatinina (mg/dl) 1,06 (0,31) 1,09 (0,32) 0,900mw

Sódio (mEq/l) 140,63 (3,84) 138,04 (2,54) 0,006t

Potássio (mEq/l) 4,48 (0,41) 4,45 (0,35) 0,791t

Hemoglobina (g/dl) 13,89 (1,14) 14,00 (1,55) 0,766t

Hematócrito (%) 40,34 (3,09) 41,38 (5,33) 0,387t

Hemácias (106/mm3) 4,65 (0,43) 4,76 (0,57) 0,421t

Leucócitos (103/mm3) 7,39 (2,30) 7,88 (2,77) 0,640mw

Plaquetas (103/mm3) 219,19 (52,69) 236,33 (51,96) 0,223t

Glicemia (mg/dl) 116,78 (40,93) 121,92 (42,44) 0,702mw

TP (%) 87,96 (18,51) 87,60 (17,41) 0,402mw

INR 1,08 (0,26) 1,20 (0,71) 0,174mw

TTPA 1,05 (0,16) 1,07 (0,35) 0,544mw

Fibrinogênio (mg/dl) 355,33 (65,98) 367,69 (85,85) 0,558 t

TP = Tempo de Protrombina; INR = International Normatized Ratio; TTPA = Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado; t = Teste t-student; mw = Teste de Mann-Whitney.

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45

4.2 Características eletrocardiográficas

As características eletrocardiográficas dos dois grupos avaliados são

mostradas na tabela 5. Não houve diferença significativa intergrupos em

nenhuma das características analisadas (anexos VI e VII).

Tabela 5 - Características eletrocardiográficas pré-intervenção odontológica dos 54 pacientes submetidos a exodontia convencional com ou sem vasoconstritor. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005

Variáveis

Grupo I (com vasoconstritor )

n=27

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=27

p

Freqüência cardíaca

Média (desvio padrão) 71,81(15,06) 66,81 (13,63) 0,206t

Ritmo sinusal (n/%) 27 (100) 27 (100) -

Onda T 1,000f

Negativa (difusa) (n/%) 3 (11,1) 4 (14,8)

Negativa (antero lateral) (n/%) 1 (3,7) - (-)

Negativa nas derivações V1 a V6 (n/%) 1 (3,7) - (-)

Negativa nas derivações v4 a v6 (n/%) - (-) 1 (3,7)

Infarto do miocárdio prévio 1,000f

Anterior (n/%) 5 (18,5) 6 (22,2)

Inferior (n/%) 4 (14,8) 3 (11,1)

Antero-septal (n/%) 4 (14,8) 4 (14,8)

Ínfero-lateral (n/%) - (-) 1 (3,7)

Bloqueio de ramo 0,607f

Direito (n/%) 1 (3,7) 3 (11,1)

Esquerdo (n/%) 1 (3,7) - (-)

Arritmia (n/%) - (-) - (-) -

t = Teste t-student; f = Teste exato de Fischer.

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46

4.3 Características técnicas da exodontia convencional e

sintomatologia no consultório odontológico

As características técnicas e os sintomas clínicos dos pacientes nas

exodontias realizadas nos dois grupos de coronariopatas são mostradas na

tabela 6, sendo as médias de dentes extraídos muito semelhantes: 1,67

dentes (DP = 0,96) no grupo com vasoconstritor, e 1,81 dentes (DP 1,21) no

grupo sem vasoconstritor. No grupo II, foi utilizado maior número de tubetes

anestésicos do que no grupo I [1,89 tubetes (DP 0,79) vs 1,56 tubetes

(DP 0,87), p = 0,161] contudo, sem significância do ponto de vista

estatístico.

Com relação aos sintomas clínicos, nenhum dos 54 pacientes relatou

precordialgia durante as exodontias. No entanto, com relação à dor no local-

alvo durante a luxação dental, 26 dos 27 (26/27 = 96,3%) pacientes do grupo

I não tiveram sintomatologia e 9 (9/27 = 33,3%) do grupo II relataram dor

durante o procedimento odontológico (p = 0,005). O caso do grupo I, que

teve sintomatologia dolorosa, tinha raiz dentária anquilosada, o que

provocou prolongamento do tempo da extração dentária, causando em

conseqüência, manifestação dolorosa.

Nenhum paciente dos dois grupos relatou dispinéia, palpitação ou

sudorese, durante as exodontias.

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47

Tabela 6 - Características técnicas e sintomas clínicos dos 54 pacientes

coronariopatas nas exodontias convencionais. Instituto Dante

Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005

Variáveis

Grupo I (com vasoconstritor)

n=27

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=27

p

Exodontia convencional 1,000f

Um dente extraído (n/%) 15 (55,5) 15 (55,5)

Dois dentes extraídos (n/%) 8 (29,6) 7 (25,9)

Três ou mais dentes extraídos (n/%) 4 (14,8) 5 (18,5)

Média e desvio-padrão 1,67 (0,96) 1,81 (1,21)

Nº tubetes anestésicos 0,1612

2 (n/%) 24 (88,9) 20 (74,1)

2 (n/%) 3 (11,1) 7 (25,9)

Média e desvio padrão 1,56 (0,87) 1,89 (0,79)

Sintomatologia (periprocedimento)

Precordialgia (n/%) - (-) - (-) -

Dor na luxação denta (n/%)l 1 (3,7) 9 (33,3%) 0,0052

Palpitação (n/%) - (-) - (-) -

Sudorese (n/%) - (-) - (-) -

= menor ou igual a; = maior que; f = Teste exato de Fischer; 2 = Teste qui-quadrado.

As variações da PA são mostradas na tabela 7. Não houve diferença

significativa intergrupos, nas três fases do estudo: pré, pós-anestesia e pós-

exodontia (anexos VIII e IX).

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48

Tabela 7 – Variações da PA sistólica e diastólica dos pacientes dos grupos I

e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo,

2004/2005

Grupo I (com vasoconstritor) n=27

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=27

p t

Variáveis média desvio padrão média desvio padrão

Pressão arterial sistólica

Pré-anestésico 133,15 (24,07) 135,56 (19,03) 0,685

Pós-anestésico 149,44 (21,23) 147,41 (24,74) 0,747

Pós-exodontia 142,04 (24,74) 142,89 (26,11) 0,903

Pressão arterial diastólica

Pré-anestésico 81,48 (12,54) 84,26 (11,15) 0,394

Pós-anestésico 87,59 (10,32) 89.26 (9,87) 0,547

Pós-exodontia 84,07 (11,27) 89.07 (11,52) 0,113

t = teste t-student.

A figura 5 evidencia as variações das médias das pressões arteriais

sistólica e diastólica durante o tratamento odontológico nos 54 pacientes

coronariopatas dos grupos I e II, com comparação intragrupos.

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49

4.4 Características da eletrocardiografia contínua pelo sistema

Holter

Os resultados da tabela 8 e da figura 6 mostram a ocorrência de

depressão do segmento ST (1,0 mm), em três pacientes, nos quais se fez

uso de adrenalina, todos na fase da injeção do anestésico. No entanto, não

se observou alteração no segmento ST quando se utilizou anestésico sem

vasoconstritor, nas duas fases do tratamento odontológico: anestesia e

exodontia (anexos X e XI).

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 5: Variações das médias das pressões arteriais sistólica e diastólica nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dosgrupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo,2004/2005.

Grupo IGrupo IIPressão sistólicaPressão diastólica

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150135135

133133

147147

149149142142

142142

8484

8181

8989

8787

8989

8484

P = 0,001P = 0,001 P = 0,523P = 0,523

P < 0,001P < 0,001 P = 0,028P = 0,028

P = 0,045P = 0,045 P < 0,999P < 0,999

P = 0,021P = 0,021 P = 0,260P = 0,260

Pres

são

arte

rial (

mm

Hg)

Pres

são

arte

rial (

mm

Hg)

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 5: Variações das médias das pressões arteriais sistólica e diastólica nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dosgrupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo,2004/2005.

Grupo IGrupo IIPressão sistólicaPressão diastólica

60

70

80

90

100

110

120

130

140

150135135

133133

147147

149149142142

142142

8484

8181

8989

8787

8989

8484

P = 0,001P = 0,001 P = 0,523P = 0,523

P < 0,001P < 0,001 P = 0,028P = 0,028

P = 0,045P = 0,045 P < 0,999P < 0,999

P = 0,021P = 0,021 P = 0,260P = 0,260

Pres

são

arte

rial (

mm

Hg)

Pres

são

arte

rial (

mm

Hg)

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50

Tabela 8 – Alteração do segmento ST, traduzindo ocorrência de isquemia

miocárdica (depressão > 1,0 mm) durante anestesia ou

exodontia, comparada com a fase pré-anestésica. Instituto

Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005 Grupo I

(com vasoconstritor) n=25

Grupo II (sem vasoconstritor) n=24

Variável Anestesia N (%)

Exodontia N (%)

AnestesiaN (%)

Exodontia N (%) Total

Depressão do segmento ST

Sim

3 (12)

- (-)

- (-)

- (-)

3

Não 22 (88) 25 (100) 24 (100) 24 (100) 49

Total 25 25 24 24

4.5 Características ecocardiográficas

A tabela 9 demonstra que não ocorreu modificação significativa da

freqüência cardíaca, da fração de ejeção e do tamanho do átrio esquerdo

Segmento STDepressão -1,0 mm

Segmento STDepressão -2,0 mm

EletrocardiogramaPré-Anestesia

EletrocardiogramaPós-Anestesia

Figura 6: Mostra o aumento da depressão do segmento ST (1,0 mm), após a anestesia, traduzindo ocorrência de isquemia miocárdica (caso 32 do grupo I). Instituto Dante Pazzanesede Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Segmento STDepressão -1,0 mm

Segmento STDepressão -2,0 mm

EletrocardiogramaPré-Anestesia

EletrocardiogramaPós-Anestesia

Figura 6: Mostra o aumento da depressão do segmento ST (1,0 mm), após a anestesia, traduzindo ocorrência de isquemia miocárdica (caso 32 do grupo I). Instituto Dante Pazzanesede Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

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51

nas três fases do estudo (pré-anestesia, pós-anestesia e pós-exodontia) nos

pacientes dos grupos I e II.

Tabela 9 - Características ecocardiográficas dos 54 pacientes pré, pós-

anestésico e pós - exodontia nos dois grupos. Instituto Dante

Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Grupo I

(com vasoconstritor ) n=26

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=26

p

Variáveis Média (desvio padrão) Média (desvio padrão)

Freqüência cardíaca

Pré-anestésico 71,27 (12,29) 67,35 (7,79) 0,175t

Pós-anestésico 71,27 (12,40) 72,65 (10,63) 0,667t

Pós-exodontia 67,27 (10,84) 67,58 (8,42) 0,909t

Fração ejeção (%)

Pré-anestésico 56,72 (9,39) 57,35 (10,19) 0,551mw

Pós-anestésico 57,85 (10,27) 57,08 (9,61) 0,776mw

Pós-exodontia 57,92 (9,78) 57,19 (9,46) 0,741mw

Átrio esquerdo (mm)

Pré-anestésico 40,38 (5,05) 39,92 (4,74) 0,736t

Pós-anestésico 40,96 (4,48) 40,08 (4,54) 0,483t

Pós-exodontia 40,41 (5,05) 40,04 (4,56) 0,783t

t = Teste t-student; mw = Teste de Mann-Whitney.

As figuras 7 e 8 evidenciam as variações das médias das freqüências

cardíacas e da fração de ejeção intragrupos durante o tratamento

odontológico nos 54 pacientes coronariopatas dos grupos I e II.

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52

A tabela 10 mostra as variáveis ecocardiográficas analisadas, nos

54 pacientes, antes da administração do anestésico. Estes mesmos dados

foram obtidos no período pós-anestésico e pós-exodontia. Não houve

50

60

70

80

50

60

70

80

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 7: Variações da freqüência cardíaca nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dos grupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Grupo IGrupo II

71,2771,27

71,2771,27

67,2767,2767,3567,35

72,6572,65

67,5867,58

P = 1,000P = 1,000

P < 0,001P < 0,001P = 0,001P = 0,001

P = 0,043P = 0,043

Freq

üênc

ia C

ardí

aca

(bpm

)Fr

eqüê

ncia

Car

díac

a (b

pm)

P = 0,010P = 0,010

50

60

70

80

50

60

70

80

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 7: Variações da freqüência cardíaca nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dos grupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Grupo IGrupo II

71,2771,27

71,2771,27

67,2767,2767,3567,35

72,6572,65

67,5867,58

P = 1,000P = 1,000

P < 0,001P < 0,001P = 0,001P = 0,001

P = 0,043P = 0,043

Freq

üênc

ia C

ardí

aca

(bpm

)Fr

eqüê

ncia

Car

díac

a (b

pm)

P = 0,010P = 0,010

50

55

60

50

55

60

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 8: Variações da fração de ejeção nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dos grupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Grupo IGrupo II

56,7256,72

57,8557,8557,3557,35

57,0857,08 57,1957,19

P = 0,068P = 0,068 P = 1,000P = 1,000

Fraç

ão d

e Ej

eção

(%)

Fraç

ão d

e Ej

eção

(%)

57,9257,92

P = 1,000P = 1,000 P = 1,000P = 1,000

P = 0,009P = 0,009

50

55

60

50

55

60

Pré Pós-anestesia Pós-exodontia

Figura 8: Variações da fração de ejeção nas três fases do tratamento dentário em todos os 54 pacientes dos grupos I e II. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, 2004/2005.

Grupo IGrupo II

56,7256,72

57,8557,8557,3557,35

57,0857,08 57,1957,19

P = 0,068P = 0,068 P = 1,000P = 1,000

Fraç

ão d

e Ej

eção

(%)

Fraç

ão d

e Ej

eção

(%)

57,9257,92

P = 1,000P = 1,000 P = 1,000P = 1,000

P = 0,009P = 0,009

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53

nenhuma modificação significativa dessas variáveis, nas três fases do

estudo: pré, pós-anestésico e pós-exodontia (anexos XII e XIII).

Tabela 10 - Características ecocardiográficas dos 54 pacientes pré-

anestésico nos dois grupos. Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia, São Paulo, 2004/2005

Grupo I

(com vasoconstritor ) n=26

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=26

p

Variáveis N(%) N(%)

Função sistólica global 1,000f

Normal 19 (73,1) 18 (69,2)

Déficit discreto 3 (11,5) 4 (15,4)

Déficit moderado 4 (15,4) 4 (15,4)

Análise segmentar da contratilidade 0,851f

Normal 11 (42,3) 8 (30,8)

Acinesia apical 3 (11,5) 3 (11,5)

Acinesia anterior 3 (11,5) 2 (7,7)

Acinesia inferior 1 (3,8) 3 (11,5)

Hipocinesia discreta anterior 1 (3,8) 3 (11,5)

Hipocinesia moderada anterior - (-) 1 (3,8)

Hipocinesia discreta apical 3 (11,5) 2 (7,7)

Hipocinesia moderada apical - (-) 1 (3,8)

Hipocinesia discreta inferior 3 (11,5) 3 (11,5)

Hipocinesia moderada difusa 1 (3,8) - (-)

Refluxo mitral 0,0392

Ausente 14(53,8) 21(80,8)

Mínimo 12(46,2) 5(19,2)

f = Teste exato de Fischer; 2 = teste qui-quadrado.

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54

4.6 Comportamento dos marcadores bioquímicos

A tabela 11 demonstra os níveis dos marcadores bioquímicos de

mionecrose pré e pós-intervenção odontológica, nos dois grupos de

pacientes. Os anexos XIV e XV listam os valores desses marcadores

bioquímicos, em todos os casos e em ambos os grupos.

Tabela 11 – Níveis séricos dos marcadores bioquímicos de mionecrose

verificados pré e pós-intervenção odontológica nos

54 pacientes estudados. Instituto Dante Pazzanese de

Cardiologia, São Paulo, 2004/2005 Grupo I

(com vasoconstritor) n=27

Grupo II (sem vasoconstritor)

n=27

Marcador bioquímico

Normal (n/%)

Anormal (n/%)

Não apurado (n/%)

Normal (n/%)

Anormal (n/%)

Não apurado (n/%)

CKMB massa 18(66,7) 2(7,4) 7(25,9) 10(37,0) - (-) 17(62,9)

CKMB atividade 24(88,9) - (-) 3(11,1) 24(88,9) - (-) 3(11,1)

Troponina T 21(77,8) - (-) 6(22,2) 10(37,0) - (-) 17(62,9)

Níveis de normalidade: CKMB massa = < 4,45 ng/ml; CKMB atividade = 0-10 Ul/l; Troponina T = < 0,100 ng/ml.

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5 DISCUSSÃO

_____________________________________________________________

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56

A alta prevalência de doenças cardiovasculares na população,

particularmente doenças cardíacas isquêmicas, demonstra que o cirurgião-

dentista atenderá cada vez mais este tipo de paciente(28).

Segundo Chapman(13), a emergência na cadeira odontológica mais

comum de se encontrar é a angina do peito, seguida de anafilaxia,

hipoglicemia, apreensão e medo ao tratamento dentário.

Peacock e Carson(42) também relatam que a grande maioria dos

pacientes atendidos em clínicas odontológicas tem uma história médica

importante, com predomínio de doenças cardiovasculares. Muitos destes

pacientes não têm um risco cardíaco significante e podem realizar

tratamento odontológico com alguns cuidados do cirurgião-dentista.

Portanto, para se iniciar um tratamento dentário, deve-se realizar uma

história médica completa do paciente e nos casos de doenças

cardiovasculares ou outras doenças sistêmicas, deve-se contactar o médico

responsável para eventuais dúvidas e assim garantir atendimento seguro.

A doença cardíaca isquêmica é uma condição decorrente da

obstrução gradual das artérias coronárias por placas ateromatosas, que

acarretam diminuição do fluxo sangüíneo para o miocárdio. Em situações

nas quais é exigido um aumento do trabalho do músculo cardíaco e,

conseqüentemente, de irrigação sangüínea (taquicardia prolongada devido

ao estresse, exercícios físicos, etc), a diminuição do fluxo de sangue torna-

se mais crítica, resultando em isquemia do miocárdio. A presença de um

trombo plaquetário ou o espasmo arterial na região do ateroma pode levar à

isquemia cardíaca mesmo durante o repouso(23).

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57

5.1 Características demográficas e medicações em uso

Nesta série de 54 pacientes submetidos à exodontia com anestésico

local com ou sem vasoconstritor, salientamos: a homogeneidade dos grupos,

quanto a: sexo, idade, quadro clínico de apresentação, eventos

cardiovasculares prévios e tipos de tratamento intervencionista (tabela 2).

Acresce-se ainda que todos os pacientes eram coronariopatas, com doença

comprovada pela coronariografia, e com características de complexidade

clínica pelo menos moderada, em especial se a compararmos aos casos

atendidos rotineiramente nas clínicas odontológicas.

Por outro lado, todos os casos desta investigação faziam uso diário de

antiagregante plaquetário, sem descontinuidade (tabela 3). Embora, na

literatura, alguns autores ainda defendam a suspensão deste grupo de

medicamentos (aspirina e tienopiridínicos) uma semana antes de

procedimentos dentários(12), no nosso estudo a terapêutica farmacológica

com aspirina foi mantida, pela observação prévia de que não há riscos

maiores de sangramento, durante e após tais procedimentos, quando se

pratica adequada hemostasia.

Em relação aos demais medicamentos, é interessante analisar,

brevemente, o uso dos beta-bloqueadores. Como se pode observar, na

tabela 3, 66,7% dos pacientes do grupo I e 85,2% do grupo II, faziam uso

dessa medicação que, como se sabe, bloqueia a ação vasodilatadora dos

receptores β2, aumentando os efeitos pressóricos da epinefrina(26).

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58

Entretanto, no presente estudo, apesar da elevação verificada, não houve

danos clínicos desde que, conforme descrito, efeitos graves ocorrem apenas

quando a dose de epinefrina é muitas vezes maior do que as usadas em

procedimentos odontológicos (0,04 mg)(18). Além do mais, já na fase pós-

exodontia, a pressão retornou próximo aos valores pré-procedimento,

evidenciando que a elevação pressórica não só não tem significado clínico

como é passageira.

5.2 Resultados principais da investigação

5.2.1 Do eletrocardiograma pelo sistema Holter

O uso de anestésicos locais com vasoconstritores em coronariopatas

ainda é muito controverso na literatura. Em 1955, a New York Heart

Association recomendou e estipulou que o máximo de dose de epinefrina

deveria ser 0,2mg em anestésico local, quando usado em pacientes

cardíacos(48).

Esta recomendação foi aprovada pelas associações “American

Dental Association” e “American Heart Association” (1964)(1), que

especificam que os vasoconstritores não são contra-indicados em

portadores de cardiopatias, desde que seja feita uma técnica anestésica

segura, com mínima quantidade de dose anestésica e com aspiração prévia,

porém resultando que se deve evitar o uso de vasopressores em pacientes

com doença cardiovascular de alto risco.

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Malamed(32) e Bennet(5) e, mais recentemente, Budentz(9) em 2000,

recomendam doses menores de 0,04mg de vasopressor, o que corresponde

a aproximadamente um tubete de adrenalina 1:50.000; dois tubetes de

adrenalina 1:100.000 ou 4 tubetes de adrenalina 1:200.000, em cada sessão

de tratamento dentário, para pacientes com graves doenças

cardiovasculares; porém estes autores não especificam critérios para

categorizar as cardiopatias graves.

O objetivo desta investigação foi avaliar a ocorrência de isquemia

miocárdica durante exodontia, sob uso de anestesia com vasoconstritores

em coronariopatas. A isquemia miocárdica foi investigada pela ocorrência de

um ou vários dados obtidos nas fases pré, durante e após intervenção

odontológica, tais como: a) depressão do segmento ST ≥ 1,0 mm no

eletrocardiograma, monitorado por Holter durante 24 horas; b) ocorrência ou

agravamento de hipocontratilidade segmentar do ventrículo esquerdo, pela

Doppler-ecocardiografia; e/ou c) elevação dos marcadores de mionecrose

(CKMB massa, CKMB atividade e Troponina T).

No presente estudo, apenas três pacientes (12,0%) do grupo I (casos

27, 30 e 32) tiveram depressão isquêmica do segmento ST de discreta

magnitude (1,0 mm), observada apenas no período inicial de ação do

anestésico (tabela 8). No grupo II, nenhum caso exibiu alteração do

segmento ST. Não houve, diferença significante entre os dois grupos, em

relação à incidência desse desnível do segmento ST (p = 0,235).

Cumpre notar que nos três casos com depressão do segmento ST,

não se observou ocorrência simultânea de nenhum dos outros dados

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60

considerados detectores de isquemia miocárdica (hipocontratilidade

ventricular esquerda e elevação dos marcadores de mionecrose). Todos

eram assintomáticos e tinham stents previamente implantados: caso 27, três

stents nas artérias descendente anterior, circunflexa e coronária direita;

casos 30 e 32, stents liberados na artéria descendente anterior. Os três

pacientes eram hipertensos controlados com medicação e dois (casos 30 e

32) apresentavam passado de infarto do miocárdio.

Hasse e col.(24) estudaram 37 pacientes (19 cardiopatas) durante

tratamento dentário com anestesia local com vasoconstritor (epinefrina

1:100.000). No grupo dos cardiopatas, foi observada depressão isquêmica

do segmento ST em 12 (63%) dos 19 pacientes, especialmente na fase

inicial, durante o procedimento anestésico e, menos freqüentemente, na

vigência do ato cirúrgico, sugerindo que o uso de anestésico local com

vasoconstritor é tão estressante quanto a própria extração dentária. Porém,

os autores estipularam, como critério para a definição de isquemia, a

depressão de ST > 0,5mm ao invés de 1,0mm, conforme estabelecido pelos

cardiologistas, para os testes ergométricos convencionais, por exemplo.

Com isso eles ampliaram a sensibilidade de detecção, mas houve queda da

especificidade, pois observaram maior incidência de falso – positivos. Se

fosse utilizado o critério aqui definido para mensuração da depressão do

segmento ST (> 1,0mm), o número de casos positivos teria sido reduzido

para somente cinco (26%) dos cardiopatas.

Em um outro estudo, Blinder e col.(6) avaliaram 40 cardiopatas durante

exodontias com e sem vasoconstritor (lidocaína 2% com epinefrina

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61

1:100.000). Os pacientes foram monitorados com Holter durante 24 horas e

raramente foi encontrada alteração do segmento ST, após aplicação do

anestésico com vasoconstritor, e em apenas três casos, foram identificadas

anormalidades do segmento ST no grupo tratado sob anestesia sem

vasopressor.

Vanderheyden e col.(49) do Centro Médico da Administração dos

Veteranos de Los Angeles realizaram também investigação na qual

avaliaram os efeitos do tratamento odontológico sob anestesia local com

adrenalina 1:100.000 em 20 pacientes coronariopatas e não demonstraram a

ocorrência de isquemia miocárdica (depressão do segmento ST > 1,0 mm)

durante as diferentes fases do procedimento. Estes autores observaram

também discreto aumento das pressões sistólicas e diastólicas, bem como,

da freqüência cardíaca após administração da anestesia local e estas

alterações não foram significativas do ponto de vista clínico. Utilizando,

portanto, critério eletrocardiográfico adequado, conforme a experiência

cardiológica, ou seja, depressão do segmento ST > 1,0 mm, verificamos que

os resultados da presente investigação se surperpõem aos achados desta

pesquisa que, também, incluiu pela primeira vez, na literatura, outros

métodos de detecção de isquemia, como a Doppler-ecocardiografia e a

mensuração de marcadores bioquímicos de mionecrose.

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62

5.2.2 Do Doppler-ecocardiograma

Por outro lado, sabe-se que a Doppler-ecocardiografia tem se

mostrado sensível na detecção da isquemia miocárdica, pela análise da

contratilidade segmentar do ventrículo esquerdo, durante estresse físico ou

farmacológico. Na dependência do montante e da localização da isquemia

miocárdica pode ocorrer também, em tais circunstâncias, algum grau de

insuficiência mitral. Conforme demonstrado, incluímos, nesta pesquisa, estas

duas variáveis ecocardiográficas na análise da ocorrência de isquemia

miocárdica, durante as exodontias. Não se observou, contudo (tabelas 9 e

10) alterações significativas intergrupos nestes dados, em nenhuma das

fases do estudo.

5.2.3 Das dosagens bioquímicas

Ainda com relação aos objetivos primários da nossa investigação,

destacamos a mensuração dos marcadores bioquímicos, cujas alterações

podem ser manifestação de isquemia miocárdica.

Foram avaliados três marcadores: CKMB atividade, CKMB massa e

troponina T. Começamos o estudo aferindo apenas a CKMB atividade dos

pacientes incluídos, pré e pós-procedimento.

Porém, durante esta investigação passou-se a saber que a troponina

é muito mais sensível e específica, comparativamente aos outros

marcadores cardíacos para identificar, com mais precisão, os episódios de

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63

mionecrose. Assim, a ocorrência de troponina T é de fundamental

importância no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio, elevando-se

quatro a seis horas após o dano muscular, permanecendo alterada até

sete horas após o episódio isquêmico agudo. Entre as enzimas cardíacas, a

CKMB massa apresenta melhor sensibilidade e especificidade, quando

comparada com a CKMB atividade, por ser um teste que detecta

imunologicamente as enzimas ativas e inativas. É detectada a partir de três

horas após o episódio isquêmico agudo, com um pico de 9 a 30 horas,

retornando aos níveis basais dentro de 48 a 72 horas(30).

Sendo assim, optou-se por incluir estas duas novas mensurações, a

partir do vigésimo caso. Neste estudo (tabela 11), apenas dois pacientes do

grupo I (casos 28 e 34), apresentaram uma discreta elevação da CKMB

massa versus nenhum caso do grupo II (p = 0,540). Entretanto, nenhum dos

dois casos exibiu outras manifestações de isquemia miocárdica,

considerando os outros dados analisados na pesquisa. Os dois pacientes

eram assintomáticos e foram tratados com implante de stent na artéria

descendente anterior. A pressão arterial estava bem controlada com

medicamentos e ambos usavam, também, beta-bloqueadores. O caso 28

exibia diabetes e ambos tinham infarto do miocárdio prévio. Durante a

exodontia não apresentaram dor precordial.

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64

5.3 Outros resultados: pressão arterial, freqüência cardíaca e

arritmias cardíacas

Durante o tratamento dentário, a resposta hemodinâmica está

relacionada à ansiedade e à presença ou não de dor. A dor é um potente

mecanismo acionador do sistema nervoso simpático.

É verificado que o tratamento dentário feito sem anestesia traz efeitos

hemodinâmicos mais acentuados que aqueles realizados com anestésico e

vasoconstritor, devido à dor, que conforme mencionado, funciona como

desencadeador das modificações hemodinâmicas(21). A resposta pressórica

e da freqüência cardíaca é definitivamente mais acentuada em pacientes

cujo procedimento é acompanhado de dor(7,20).

A figura 5 mostra as médias das pressões arteriais sistólicas e

diastólicas, obtidas nas fases pré, durante anestesia e pós-exodontia no

estudo. Pode-se observar nessa figura que a pressão sistólica teve algum

aumento após aplicação do anestésico local (p < 0,001), em ambos os

grupos, e após a exodontia a pressão regrediu, aproximando-se dos valores

de controle. A pressão diastólica também teve elevação na fase pós-

anestesia comparando-se com a pré-anestesia (p < 0,05), e não sofreu

modificações significativas entre as fases 2 e 3 do estudo (p > 0,05).

Quanto às outras variáveis, observações de Chernow e col.(14)

identificam que a freqüência cardíaca cai imediatamente após o uso de

anestésico sem vasoconstritor, porém mantém-se aumentada em dois a dez

batimentos por minuto, com o uso de vasoconstritor. Já um outro estudo

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65

acrescentou que se forem usadas doses maiores de vasoconstritor, a

elevação da freqüência cardíaca será ainda maior(29). Este achado foi

confirmado no estudo, no qual a freqüência cardíaca diminuiu (figura 7) no

grupo I, na fase pós-exodontia comparada com os períodos pré e pós-

anestesia (67,27 vs 71,27, p < 0,001); contudo, a fração de ejeção (figura 8)

teve aumento significativo no período pós-exodontia em relação à fase pré-

anestesia (57,92 vs 56,72, p = 0,009). Esta observação é sumamente

importante desde que a presença de isquemia causa queda da fração de

ejeção e não o seu aumento. Ainda, no grupo I, o tamanho do átrio esquerdo

manteve-se semelhante, nos três períodos (40,38 vs 40,96 vs 40,41,

respectivamente, p = 0,197).

No grupo II, a freqüência cardíaca (figura 7) teve aumento,

comparando-se o período pós-anestésico com o pré-anestésico (72,65 vs

67,35, p = 0,001) e diminuiu também significativamente no período pós-

exodontia (72,65 vs 67,58, p = 0,043); a fração de ejeção (figura 8) e o

tamanho do átrio esquerdo não sofreram modificações significativas, durante

as três fases do estudo (57,35 vs 57,08 vs 57,19, p = 0,988; 39,92 vs 40,08

vs 40,04, p = 0,796, respectivamente).

Não se deve deixar também de avaliar o risco de aparecimento de

arritmias durante tratamento dentário, especialmente em coronariopatas.

Arritmias cardíacas foram descritas em 37,5% dos indivíduos normais

submetidos a exodontias com anestésicos com vasopressor(17). Isto se

explica pelo fato do estresse físico e psicológico do paciente provocar o

aparecimento destas alterações do ritmo cardíaco, que são geralmente do

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66

tipo supraventricular. Aliás, é interessante notar a completa ausência de

arritmias durante todo o período da gravação do eletrocardiograma pelo

sistema Holter, nos 49 pacientes em que este exame foi obtido.

5.4 Limitação

As observações desta investigação referem-se a um grupo

selecionado de pacientes coronariopatas crônicos de moderada

complexidade clínica e anatômica. Portanto, não devem ser extrapoladas

para portadores de doença coronária de alto risco, como por exemplo: os

com angina instável ou arritmias complexas; os com doença triarterial

coronária e os com grave disfunção do ventrículo esquerdo.

5.5 Implicações para a clínica

O emprego rotineiro de anestésicos locais com vasoconstritores em

consultórios odontológicos requer cuidados e avaliação cuidadosa por parte

do cirurgião-dentista, visto que existem contra-indicações absolutas para o

uso de vasopressores particularmente nos cardiopatas de alto risco. Por

outro lado, os resultados desse estudo, como outros trabalhos na literatura,

não demonstraram, sistematicamente, presença de isquemia miocárdica nas

avaliações durante as exodontias, reafirmando que o benefício do uso

destes anestésicos é maior do que o risco de alguma complicação cardíaca.

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67

Desta forma sugere-se um contato entre o cirurgião-dentista e o

cardiologista do paciente, para perfeito conhecimento de sua cardiopatia,

das suas medicações habituais, para que se tenha a certeza que ele está

controlado do ponto de vista cardíaco, e liberado para a realização do

tratamento odontológico.

Cabe salientar ainda a importância da aferição da pressão arterial pré-

procedimento; medidas para a redução do estresse do paciente durante as

exodontias, por meio de uma boa técnica anestésica e a monitoração dos

exames laboratoriais para detecção de alguma alteração clínica.

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6 CONCLUSÕES

_____________________________________________________________

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69

Os resultados deste estudo permitem concluir que:

1. A eletrocardiografia contínua pelo sistema Holter, o Doppler-

ecocardiograma e a avaliação dos marcadores bioquímicos de

mionecrose, durante e após o tratamento odontológico, não

detectam presença de isquemia miocárdica significativa em

nenhum paciente coronariopata crônico de moderada

complexidade, sob anestesia local com ou sem o uso de agentes

vasoconstritores;

2. Outras variáveis detectoras de isquemia miocárdica, tais como:

precordialgia, arritmias e insuficiência mitral não são observadas

durante o tratamento dentário, em ambos os grupos investigados;

3. Exodontia praticada sob uso de anestesia com epinefrina

1:100.000 não implica riscos isquêmicos adicionais, uma vez que

realizada com boa técnica anestésica e manutenção do tratamento

farmacológico prescrito pelo cardiologista.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Legendas

Sexo: M = masculino

F = feminino

Idade: em anos Diagnóstico: ICO = Insuficiência coronária

HAS = hipertensão arterial sistêmica DM = diabetes melito DLP = dislipidemia IAM = infarto agudo do miocárdio ATC = angioplastia transluminal coronária Artéria tratada: DA = descendente anterior CD = coronária direita CX = circunflexa Mg = marginal FC = freqüência cardíaca em bpm ECG = eletrocardiograma s = ritmo sinusal n = negativa

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n aVL = negativa na derivação aVL V1-V6 = derivações do plano horizontal V4-V6 = derivações do plano horizontal brd = bloqueio completo de ramo direito do feixe de His bre = bloqueio completo de ramo esquerdo do feixe de His PA = pressão arterial em mmHg Fase 1 = fase pré-anestésica Fase 2 = fase pós-anestésica Fase 3 = fase pós-exodontia Pré = pré-procedimento odontológico Pós = pós-procedimento odontológico < = menor do que alteração de ST –T = alterações da repolarização ventricular nap = não apurado FE = fração de ejeção em % AE = átrio esquerdo em mm

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nl = normal dm = déficit moderado dd = déficit discreto hmdif = hipocinesia moderada difusa hdap = hipocinesia discreta apical aap = acinesia apical aant = acinesia anterior hdinf = hipocinesia discreta inferior hdant = hipocinesia discreta anterior ainf = acinesia inferior hdinf = hipocinesia discreta inferior hmant = hipocinesia moderada anterior hpma = hipocinesia moderada apical vs = versus

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ANEXOS

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Anexo I)

EFEITOS CARDIOVASCULARES DA ANESTESIA LOCAL COM

VASOCONSTRITOR DURANTE EXODONTIAS CONVENCIONAIS EM

CORONARIOPATAS

É necessário que você leia atentamente e entenda o estudo antes de assinar

este documento. Por isso, se você não entender qualquer palavra ou

informação, por favor, peça ao seu dentista que explique.

1 Introdução

Você está sendo convidado a participar de um estudo que tem por objetivo

realizar uma extração dentária com um anestésico com vasoconstritor

substância que aumenta o tempo anestésico, diminui a dor e o sangramento.

É importante que você leia e entenda alguns princípios gerais que se

aplicam a todos os pacientes deste estudo: (a) a sua participação é

totalmente voluntária; (b) você poderá se retirar do estudo a qualquer

momento sem prejuízo ou perda de qualquer benefício a que você tenha

direito e (c) você pode ou não obter benefícios pessoais de sua participação

no estudo, mas com certeza conhecimentos serão obtidos que beneficiarão

outros. A natureza do estudo, os benefícios, os riscos, os desconfortos e

outras informações estão discutidas abaixo.

Neste estudo serão avaliados 54 (cinqüenta e quatro) pacientes com doença

coronária crônica que se encontram em tratamento no Instituto Dante

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Pazzanese de Cardiologia que necessitem de extração dentária. A solução

anestésica será escolhida através de um envelope fechado no dia da

extração dentária.

2 Propósito

O propósito deste estudo é a de que quando a cirurgia for realizada com

anestesia local, mesmo que o anestésico contenha vasoconstritor ocorrerão

vantagens para o paciente e para o dentista.

3 Procedimento

O procedimento começa no dia da cirurgia marcada pelo dentista, no qual

serão realizados alguns exames pré-intervenção (eletrocardiograma e

exames laboratoriais). O paciente tomará sua medicação cardiovascular

habitual e fará a instalação do sistema Holter por 24 horas, iniciando uma

hora antes da cirurgia. Esta extração dentária dura em média 15 minutos e a

aferição da pressão arterial e o ecocardiograma serão obtidos em três

momentos: antes e após a anestesia e após a extração dentária. O paciente

terá alta para o domicílio após a realização do último ecocardiograma e

retornará um dia após para a retirada do Holter e nova coleta de sangue.

O paciente retornará uma semana após a extração dentária para avaliação

clínica e remoção de sutura.

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4 Riscos Potenciais

Devido ao mecanismo de ação do anestésico com vasoconstritor

eventualmente podem ocorrer arritmias que serão imediatamente

diagnosticadas e tratadas desde que o paciente se encontra monitorizado, o

que diminuem riscos desta natureza.

5 Consentimento do Paciente

Eu li a explicação sobre este estudo e tive a oportunidade de discuti-lo e

fazer as minhas perguntas. Eu, por meio deste, dou meu consentimento para

minha participação neste estudo, declarando que:

a) fui suficientemente informado pelo meu dentista sobre o estudo

(objetivos, procedimento, riscos e benefícios) e o anestésico que será

utilizado, mas que posso, a qualquer momento, solicitar a ele mais

informações;

b) estou ciente de que a confidencialidade dos dados será mantida, mas

que, no entanto, os resultados do estudo poderão ser publicados;

c) tive tempo para ler as informações e decidir se quero participar ou

não do estudo

d) concordo em participar deste estudo desenvolvido pelo Instituto Dante

Pazzanese de Cardiologia.

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_____________________ _______________

Assinatura do Paciente Data

___________________________________

Nome do paciente (letra de forma)

6 Ao Cirurgião Dentista

Expliquei o procedimento do estudo, os riscos e as complicações

associadas. O paciente parece ter entendido claramente e concordou em

participar do estudo. Uma cópia do formulário de consentimento foi dada ao

paciente.

__________________________ ___________

Assinatura do Cirurgião Dentista Data

______________________________________

Nome do Cirurgião Dentista (letra de forma)

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Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria de Saúde da Região Metropolitana da Grande São Paulo

Instituto “Dante Pazzanese” de CardiologiaFundação Adib Jatene

Trabalhos Realizados Dentição Permanente e Decídua

Matrícula Nome: RG Odontológico

Patologia de Base:Profilaxia: SIM ( ) NÃO ( ) Tipo de Antibiótico:

Data de Nasc.: Telefone: Data de Atendimetno: HS

Anticoagulante: SIM ( ) NÃO ( ) Qual?

DataTPINR

Medicamentos em uso:Problema com cicatrização: SIM ( ) NÃO ( ) Hemodiálise: SIM ( ) NÃO ( )

Diabetes melitus Glicemia:

Gestante: SIM ( ) NÃO ( ) Período: Alergia a medicamentos:

OBS:

Data Dente Tratamento Realizado

Assinatura e Carimbodo Responsável CRO:

Anexo II – Ficha Odontológica

Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria de Saúde da Região Metropolitana da Grande São Paulo

Instituto “Dante Pazzanese” de CardiologiaFundação Adib Jatene

Trabalhos Realizados Dentição Permanente e Decídua

Matrícula Nome: RG Odontológico

Patologia de Base:Profilaxia: SIM ( ) NÃO ( ) Tipo de Antibiótico:

Data de Nasc.: Telefone: Data de Atendimetno: HS

Anticoagulante: SIM ( ) NÃO ( ) Qual?

DataTPINR

Medicamentos em uso:Problema com cicatrização: SIM ( ) NÃO ( ) Hemodiálise: SIM ( ) NÃO ( )

Diabetes melitus Glicemia:

Gestante: SIM ( ) NÃO ( ) Período: Alergia a medicamentos:

OBS:

Data Dente Tratamento Realizado

Assinatura e Carimbodo Responsável CRO:

Secretaria de Estado da Saúde Coordenadoria de Saúde da Região Metropolitana da Grande São Paulo

Instituto “Dante Pazzanese” de CardiologiaFundação Adib Jatene

Trabalhos Realizados Dentição Permanente e Decídua

Matrícula Nome: RG Odontológico

Patologia de Base:Profilaxia: SIM ( ) NÃO ( ) Tipo de Antibiótico:

Data de Nasc.: Telefone: Data de Atendimetno: HS

Anticoagulante: SIM ( ) NÃO ( ) Qual?

DataTPINR

DataTPINR

Medicamentos em uso:Problema com cicatrização: SIM ( ) NÃO ( ) Hemodiálise: SIM ( ) NÃO ( )

Diabetes melitus Glicemia:

Gestante: SIM ( ) NÃO ( ) Período: Alergia a medicamentos:

OBS:

Data Dente Tratamento Realizado

Assinatura e Carimbodo Responsável CRO:

Anexo II – Ficha Odontológica

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INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIASETOR DE ELETROFISIOLOGIA E ARRITMIAS CARDÍACAS

Av. Dr. Dante Pazzanese, 500 - IbirapueraFone: (11) 5085-4078 Fax: (11) 5085-4046

Anexo III – Ficha Padrão do Eletrocardiograma Contínuo pelo Sistema Holter

1- Dados do ExameNº do Exame: Data do Exame: Código:

2- Dados do PacienteNome: Idade:Sexo: Altura: Peso: Fumante: Medicação:Diagnóstico:Sintomas:

3- Médico SolicitanteNome: Tel:Clínica: Fax:

4- Resumo EstatísticoTotais: Freqüência Cardíaca:

Duração (h): Min: bpm àsNº Total de QRS’s: Média: bpmEctópicos Ventriculares: (<1%) Máx: bpm àsEctópicos Supraventriculares: (<1%)Artefatos (%): F. C >= 120 bpm durante

Arritmias Ventriculares: Pausas:

Isoladas, das quais em Pausas (>= 2.0.s)0 episódios de BigeminismoEpisódios em ParesTaquicardias Depressão do ST:

Arritmias Ventriculares: C1: episódiosIsoladas C2: episódiosPareadas C3: episódiosTaquicardias

Elevação do ST:C1: episódiosC2: episódiosC3: episódios

2003 - Cardio Sistemas Coml. Indl. Ltda – www.cardios.com.br - Todos os direitos reservados – Versão 4.1.380.32.

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIASETOR DE ELETROFISIOLOGIA E ARRITMIAS CARDÍACAS

Av. Dr. Dante Pazzanese, 500 - IbirapueraFone: (11) 5085-4078 Fax: (11) 5085-4046

Anexo III – Ficha Padrão do Eletrocardiograma Contínuo pelo Sistema Holter

1- Dados do ExameNº do Exame: Data do Exame: Código:

2- Dados do PacienteNome: Idade:Sexo: Altura: Peso: Fumante: Medicação:Diagnóstico:Sintomas:

3- Médico SolicitanteNome: Tel:Clínica: Fax:

4- Resumo EstatísticoTotais: Freqüência Cardíaca:

Duração (h): Min: bpm àsNº Total de QRS’s: Média: bpmEctópicos Ventriculares: (<1%) Máx: bpm àsEctópicos Supraventriculares: (<1%)Artefatos (%): F. C >= 120 bpm durante

Arritmias Ventriculares: Pausas:

Isoladas, das quais em Pausas (>= 2.0.s)0 episódios de BigeminismoEpisódios em ParesTaquicardias Depressão do ST:

Arritmias Ventriculares: C1: episódiosIsoladas C2: episódiosPareadas C3: episódiosTaquicardias

Elevação do ST:C1: episódiosC2: episódiosC3: episódios

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