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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES O ESPAÇO DE BANDAS EMERGENTES DE ROCK, POP ROCK E INDIE NA PROGRAMAÇÃO DE FM'S E WEBRADIOS CAXIAS DO SUL 2014

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES

O ESPAÇO DE BANDAS EMERGENTES DE ROCK, POP ROCK E INDIE NA

PROGRAMAÇÃO DE FM'S E WEBRADIOS

CAXIAS DO SUL 2014

 

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YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES

O ESPAÇO DE BANDAS EMERGENTES DE ROCK, POP ROCK E INDIE NA PROGRAMAÇÃO DE FM'S E WEBRADIOS

Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Ms. Marcell Bocchese

CAXIAS DO SUL 2014

 

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YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES

Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. __________ em julho/2014.

Banca Examinadora _______________________________

Prof. Ms. Marcell Bocchese (Orientador)

Universidade de Caxias do Sul - UCS

_______________________________

Prof. Ms. Leyla M. P. C. Thomé

Universidade de Caxias do Sul – UCS

_______________________________

Prof. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista

Universidade de Caxias do Sul - UCS

 

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Dedico este trabalho à minha família.

 

 

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, ao meu orientador Prof. Ms. Marcell Bocchese por

toda o apoio, atenção, disponibilidade, calma e interesse, desde o início do projeto,

até a finalização da monografia.

Agradeço também à minha família, especialmente a minha mãe Nadia

Tannous por toda a paciência, especialmente em momentos de grande nervosismo.

Ao meu pai Édison Borges “In Memoriam” também agradeço, com a certeza de que

ficaste me cuidando lá de cima.

Aos meus amigos agradeço por estarem sempre dispostos a ajudar, a me

acalmar e a me distrair em momentos de ansiedade.

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A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não

compreende.

Arthur Schopenhauer

 

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RESUMO

A presente monografia tem como objetivo mostrar se há espaço para bandas autorais da Serra Gaúcha dos estilos rock, pop rock e indie em grades de programação de emissoras FM e webradios de Caxias do Sul. A pesquisa também verifica como é feita a seleção dessas bandas. O referencial teórico envolve os conceitos de rádios em frequência modulada, webradios, programação radiofônica e gêneros musicais. Para fundamentar este trabalho, foram utilizados os métodos de pesquisa quantitativa, qualitativa e revisão bibliográfica, com entrevistas semi-estruturadas como técnicas metodológicas. Tais entrevistas foram realizadas com coordenadores de programação de emissoras, com o objetivo de verificar como é feita a seleção musical de bandas novas da região para que ingressem na programação. Como principais resultados, verificou-se que tais grupos emergentes têm sua produção veiculada em maior quantidade em webradios e ainda que a qualidade sonora de suas produções é facilitadora da participação de bandas emergentes em emissoras.

Palavras-chaves: Rádio FM. Webradio. Produção musical. Programação

radiofônica.

   

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ABSTRACT The following monograph has the purpose of revealing if there is room for rock, pop rock and indie bands that play their own material and originated in Serra Gaúcha to play on the music radio broadcasts of FM radios and webradios from Caxias do Sul. The research also verifies how the selection of these bands is done. The theoretic references involve the concepts of radios of frequency modulation, webradios, radio programming and music genres. The quantitative and qualitative research methods, as well as bibliographic revision, were used to found this paper, with semi-structured interviews as methodological technics. Such interviews were made with the music programming coordinators of the radio broadcasters, with the aim of showing how the musical selection from new regional bands is done, so they enter the programming. As the main results, it was verified that such emerging groups have their productions broadcasted more on webradios and also that the sound quality of the productions facilitates the participation of the emerging bands on the broadcasters. Keywords: FM Radio. Webradio. Music production. Radio programming.

   

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 2 RÁDIO: O VEÍCULO E A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA ......................... 12 2.1 RÁDIO FM ....................................................................................................... 17 2.2 PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA .................................................................. 23 2.2.1 Programação radiofônica no rádio FM ..................................................... 30

3 A WEBRADIO .................................................................................................... 35 3.1 O NOVO FORMATO RADIOFIÔNICO ............................................................. 38 4 OS GÊNEROS MUSICAIS E AS EMISSORAS DE RÁDIO .............................. 51

5 O ESPAÇO DOS GÊNEROS NAS FM’S E WEBRADIOS ................................. 60 5.1 METODOLOGIA ............................................................................................... 60 5.2 A PRODUÇÃO MUSICAL, AS FM’S E AS WEBRADIOS ............................... 63 5.2.1 Bandas emergentes e o FM ........................................................................ 63 5.2.2 Webrarios e as bandas autorais ................................................................. 76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 95 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 97 ANEXO A – PROJETO DE MONOGRAFIA ......................................................... 103

 

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1 INTRODUÇÃO

O rádio noticía através de ondas eletromagnéticas em formato AM e FM,

sendo este, transmitido através da modulação das ondas. A primeira emissora de

rádio a iniciar suas transmissões foi a KDKA, dos Estados Unidos, em 1920. No

Brasil, o rádio consolidou-se em 1923 com a Rádio Sociedade do Rio, através de

Roquete Pinto e Henry Morize. Cerca de duas décadas depois, o rádio trazia

noticiários como o Repórter Esso, programas de auditório, transmissão de novelas e,

mais tarde, uma programação com mais música e entretenimento no FM. Assim,

passou a reproduzir e introduzir hits em suas programações.

Segundo a pesquisa Ibope ConectMídia de 2009, citada por Lopez (2010), a

televisão, o celular e o computador com acesso à internet, além do rádio, são meios

de comunicação mais usados pelos brasileiros. Com os avanços tecnológicos, nos

anos 90 surge também a webradio, a rádio com presença apenas na internet.

Segundo Lopez (2010), graças à convergência, o rádio pode ser ouvido em qualquer

um dos dispositivos antes citados. Conforme a autora, a digitalização “[...] permitirá

ao rádio a integração neste processo, fazendo com que ele deixe de ser um meio de

comunicação deslocado do processo de tecnologização da informação” (LOPEZ,

2010, p.11.). A webradio é um espaço onde há a possibilidade de ser criativo e

executar músicas que podem não ser tocadas em rádios FMs por não serem hits.

A presente monografia tratará do tema Rádios FM e webradios de Caxias do

Sul: o espaço de divulgação para bandas emergentes de rock, pop rock e indie na

programação. Assim, a questão norteadora deste trabalho foca em como se

estabelece a oportunidade para que grupos autorais dos estilos rock, pop rock e

indie (alternativo) façam parte da grade musical de emissoras. Foram estudadas as

emissoras1 de rádio FMs A, B e C, e webradios D, E, F e G.

O objetivo deste trabalho é responder como é feita a seleção musical de

bandas novas da região nas rádios e webradios já citadas, bem como verificar o

espaço dedicado às produções musicais nas programações. Desta forma, os

objetivos específicos visam mapear e comparar a quantidade de produção da região

que é transmitida pelas rádios FMs e Webradios de Caxias do Sul, além de estudar

o conceito de rádio, webradio e de programação radiofônica. O trabalho também vai                                                                                                                          1 Todas as emissoras estudadas na presentes pesquisa serão, por motivo de privacidade, referidas por letras, em maiúsculo.

 

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verificar qual dos dois segmentos, sendo emissoras tradicionais do FM e Webradios

destina mais espaço a essas produções musicais mais novas. Esta pesquisa visa

mostrar se o rádio FM e webradio dão espaço para que bandas emergentes

mostrem seu trabalho.

Com o avanço da tecnologia, muitos destes artistas podem divulgar a música

através de redes sociais, onde o retorno pode vir rapidamente do público. A

webradio também é um dos meios de divulgação das bandas. Por se tratar de um

veículo emergente, será importante mostrar como funciona a grade musical de uma

webradio, assim como a programação do FM. Além de servir como um possível

auxílio teórico para as bandas emergentes que desejarem divulgar sua produção

musical em rádios FM e webradios.

A pesquisa fará o seguinte roteiro: no Capítulo 2, será tratado o tema rádio,

com foco no FM e na programação radiofônica, com base em autores consagrados

como Luiz Artur Ferraretto (2001; 2008), dentre outros, e André Barbosa Filho

(2003). No Capítulo 3, será abordada a webradio, utilizando o conhecimento de

autoras como Nair Prata (2008), Debora Lopez (2010) e Nelia Del Bianco (2012). O

Capítulo 4 vai abordar os gêneros musicais escolhidos, sendo rock, pop rock e indie,

além de um pequeno histórico sobre as sete emissoras, entre FMs e webradios.

Já no Capítulo 5 será feita a análise da grade musical de sete dias das rádios

e webradios já citadas, baseada nas hipóteses desta monografia. A primeira

hipótese é o espaço para artistas emergentes divulgarem seu trabalho existe,

efetivamente, apenas pela oportunidade proveniente das grades de programação de

webradios. A boa qualidade sonora das produções é facilitadora da entrada dessas

produções na grade de emissoras de rádio, tanto em webradios, quanto em FMs, é

outra hipótese. A última hipótese é a programação musical das webradios segue um

modelo de programação do rádio FM que, em sua grande maioria, veicula hits

musicais, tendo a audiência como foco principal.

A monografia trará inicialmente a pesquisa bibliográfica, com a seleção de

fontes e transcrição de dados. Após, será realizada a pesquisa quantitativa, para

levantar a quantidade de produção das bandas emergentes presente nas

programações. Assim como a pesquisa qualitativa, com coleta de dados e

realização de entrevistas semi-estruturadas com os cordenadores de programação

de cada emissora. Desta maneira, cada pergunta será aprofundada conforme a

resposta do entrevistado, chegando à resposta específica sobre o tema.

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2 RÁDIO: O VEÍCULO E A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA

Neste capítulo será explicado o que é e como funciona o rádio, apontando

diferenças entre o formato AM e o FM, priorizado nesta pesquisa. Bem como a

programação da rádio FM.

O rádio é um meio de comunicação que noticia sonoramente por meio de

ondas eletromagnéticas em formato AM e FM. Na sua programação há noticiários,

programas de entretenimento, prestação de serviços, propagandas, entrevistas,

boletins, entre outros. Segundo Ferraretto (2001), o rádio possui uma audiência

ampla, heterogênea e anônima, por ser considerado um meio tradicionalmente de

comunicação de massa.  

De acordo com Prata (2008), o rádio era usado como fins militares durante a

Primeira Guerra Mundial, em 1914. Este formato de comunicação ganhou

perspectivas civis a partir de 1918. A tecnologia a ser utilizada pelo rádio se

desenvolvia com base nas pesquisas sobre a existência de ondas eletromagnéticas

e nos avanços obtidos pelo telégrafo e telefone, no século 20, segundo Ferraretto

(2001). Para o autor, a invenção do rádio é dada erroneamente ao italiano Guglielmo

Marconi, mas a radiodifusão foi sim o resultado de vários pesquisadores de diversos

lugares ao longo do tempo. No entanto, para Prata (2008), a história do rádio

começa com o italiano da Bolonha, que estudou a fundo os ensinamentos de Hertz e

Maxwell e

[…] passou a realizar transmissões de rádio a pequenas distâncias e com sinais relativamente fracos.[…] Em 1896 apresentou seu invento ao registro inglês de patentes, que seria destinado à exploração de um sistema de rádio-comunicação. A partir daí, continuou o trabalho de irradiações a distâncias cada vez maiores. Mas só o fim da Primeira Guerra Mundial trouxe um rápido desenvolvimento da radiofonia em todo o mundo. O rádio alastrou-se pelo mundo, e também no Brasil, com grande velocidade. (PRATA, 2008, p. 22).  

    Assim como para Prata (2008), para Ferraretto (2001), a aparelhagem criada

por Marconi incluía um oscilador parecido com o criado por Heinrich Hertz, que

depois foi aperfeiçoado pelo pesquisador Augusto Righi e seguia o modelo

atualizado pelo russo Aleksandr Popov.

 

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Além disso, Marconi empregava coesores como os de Brandly e tinha conhecimento do trabalho de Lodge. Não se tire, no entanto, o mérito do pesquisador italiano que empregou esses equipamentos em suas tentativas, fazendo soar uma pequena campainha ligada aos equipamentos de recepção em transmissões que chegavam, gradativamente, à distância de um quilômetro. Mais tarde, já na Grã-Bretanha, começa a, sistematicamente, ampliar o raio de ação de seus aparelhos até que, em 27 de julho de 1896, realiza a primeira demonstração pública confirmada da radiotelegrafia. (FERRARETTO, 2001, p. 82).

Segundo Birch (1993), “[...] quando tudo estava pronto, Guglielmo Marconi

pressionou a chave Morse. A cerca de um quilômetro no terraço de outro edifício, a

mensagem começou a surgir na impressora Morse, à vista de todos!” (BIRCH, 1993,

p. 42). Em 1897, transmitiu sinais a uma distância de 14,5 quilômetros e em 1901,

enviou o primeiro sinal radiotelegráfico transoceânico.

Antes de Marconi, o padre gaúcho Roberto Landell de Moura também fazia

pesquisas que, segundo os divulgadores, às vezes eram superiores aos dos

cientistas estrangeiros. As primeiras experiências com transmissão e recepção de

sons através de ondas eletromagnéticas teriam ocorrido entre 1893 e 1894, segundo

Ferraretto (2001). Ernani Fornari registrou o desenvolvimento de uma lâmpada de

três eletrodos, semelhante à que Lee DeForest criaria em 1906 e indispensável para

a transmissão da voz humana. Lee DeForest, por sua vez, desenvolveu uma válvula

amplificadora que aumentava as características do sinal, estabilizando-o. A

transmissão de sons sem o uso de fios era um problema para os pesquisadores, já

que a voz humana necessitava de uma certa estabilidade no fluxo das ondas

eletromagnéticas somente obtida pelo norte-americano Lee DeForest, com base no

diodo inventado dois anos antes pelo inglês John Ambrose Fleming. Este passo é

internacionalmente aceito como definitivo para o surgimento da radiodifusão sonora.

A primeira transmissão comprovada e eficiente ocorreu na noite de 24 de dezembro de 1906. Usando um alternador desenvolvido pelo sueco Ernest Alexanderson, o canadense Reginald A. Fessenden transmitiu o som de um violino, de trechos da Bíblia e de uma gravação fonográfica. (FERRARETTO, 2001, p. 86).

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O uso da tecnologia utilizada para transmitir sons por ondas eletromagnéticas

foi um advento da radiotelefonia. No formato de rádio, o seu uso começa a se traçar

dez anos após a experiência de Reginald Fesseden. Em 1916, o russo que vivia nos

Estados Unidos David Sarnoff vê as possibilidades de utilizar a tecnologia existente

para a criação de um novo produto que pudesse atingir a massa. De acordo com Gil

(1994), o rádio nasceu como um meio de comunicação bidirecional, na qual a sua

função era servir como um elo de ligação entre duas pessoas fisicamente

separadas, mas que precisavam estar em constante comunicação.

A transmissão e a recepção atuavam entre os dois, havendo comunicação propriamente dita entre ambos. Em 1916, David Sarnoff intuiu a possibilidade de transformar o rádio em um meio de comunicação massiva. Os avanços técnicos tornaram possível que o rádio perdesse sua bidirecionalidade constituindo-se em um meio de comunicação massiva unidirecional. (GIL, 1994, p. 35).

Quatro anos depois, é formada a companhia Radio Corporation of America

(RCA), na qual Sarnoff apresentaria a ideia, mas sem sucesso. A sua experiência foi

possível graças a indústria Westinghouse Eletric and Manufacturing Company e a

sua KDKA.

Em 2 de novembro de 1920, na cidade de Pittsburgh, ao começar suas transmissões, nascia com a KDKA oficialmente a indústria de radiodifusão, no sentido de produção e transmissão de conteúdos, um novo campo para investimento de capital. (FERRARETTO, 2001, p. 89).

Segundo Ferraretto (2001), a partir da RCA, surge a primeira rede norte-

americana, a National Broadcasting Corporation (NBC). Foi em 15 de novembro de

1926 e era subdividida em duas: a Red Network, mais popular e difundia os

programas de maior apelo comercial; e a Blue Network, que seguia a linha mais

cultural e refinada na sua programação, definida como intelectual.

A primeira transmissão radiofônica no Brasil ocorreu na festa de Centenário

da Independência, dia 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro. A transmissão

teve o discurso do presidente Epitáfio Pessoa e como trilha sonora peça “O

Guarani”, de Carlos Gomes, executada no Teatro Municipal. Embora sem frequência

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ou continuidade, a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, foi a primeira a existir.

Ela foi fundada no dia 6 de abril de 1919, por jovens da elite recifense liderados por

Augusto Pereira e João Cardoso Aires. Com um aparelho radiotelegráfico adaptado

à emissão de sons, mais um amplificador e um transmissor de 10 watts da indústria

norte-americana, transmitem de modo irregular a partir de 17 de outubro de 1923,

conforme Ferraretto (2001).

Por ser caro, apenas a elite brasileira tinha o aparelho radiofônico. Segundo

Barbosa Filho (2003), mesmo que inovação do rádio no Brasil tenha provocado

grandes expectativas, as transmissões não tiveram continuidade por falta de

projetos e recursos. Somente com a radiodifusão que o rádio se consolida em terras

brasileiras. Em 20 de abril de 1923, na sede da Academia Brasileira de Ciências, foi

criada por Edgard Roquete Pinto, conhecido por ser o pai do rádio brasileiro e Henry

Morize a Rádio Sociedade do Rio. A rádio tinha uma característica educadora (p.

39). Com empréstimo do governo, conseguiram transmissores da Praia Vermelha

por uma hora por dia, iniciando as transmissões no dia 1º de maio do mesmo ano.

Segundo Ortriwano (1985), durante a década de 20, as classes populares foram

proibidas de participar da programação radiofônica, caracterizando o rádio como um

veículo individualista, familiar ou particular. Então, Roquete Pinto pensou na

radiodifusão como meio pelo qual o rádio tivesse popularização e educação.

Após, o rádio começa a se estruturar como um veículo de comunicação.

Buscava o lucro, então procurava por anunciantes. Para isso, dois momentos em

1932 são fundamentais, de acordo com Ferraretto (2001). No dia 1º de março, o

governo organizou a veiculação da publicidade nas emissoras com o Decreto nº

21.111, que definia o papel do governo federal na radiodifusão sonora. Com os

comerciais podendo ocupar 10% das transmissões, foram captados os recursos que

poderiam ser reinvestidos em uma programação para garantir a audiência e a

atração dos anunciantes.

O rádio deixa de ser uma atividade amadora e passa definitivamente ao profissionalismo. Com os recursos advindos da publicidade, as emissoras adquirem nova infra-estrutura e podem contratar mais profissionais e melhorar suas instalações. Inicia-se a fase de programas variados nas emissoras, provocando concorrência acirrada. (BARBOSA FILHO, 2003, p. 42).

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Com os recursos ganhos da publicidade, as emissoras puderam adquirir uma

nova infra-estrutura e contratar mais profissionais, tornando o rádio profissional e

não mais amador. A partir de 1932, o rádio passou a utilizar propagandas. Assim a

indústria e o comércio passaram a definir a programação das rádios. Os decretos do

então presidente brasileiro Getúlio Vargas foram essenciais para a expansão do

rádio nacional, segundo Costa e Noleto (1997). A partir de 1937, o presidente

utilizou o rádio para fazer propaganda da sua ideologia política, criando o programa

A Voz do Brasil, que, na época, era chamado de Hora do Brasil. O programa seria

divulgador oficial do governo, reproduzindo principalmente discursos presidenciais,

explicado em um manual do Ministério da Educação.

Transmitido de segunda a sexta-feira em cadeia nacional de rádio, o programa logo se tornou de transmissão obrigatória. Nos anos 30, os minutos finais da Hora do Brasil eram culturais, dedicados à transmissão de sucessos da música popular brasileira. A participação de artistas de prestígio no programa foi uma maneira encontrada por Getúlio para estar sempre presente junto à população. O programa é veiculado até hoje, em forma de cadeia obrigatória de rádio. (COSTA; NOLETO, 1997, p. 12).

Para Barbosa Filho (2003), as fases iniciais do rádio foram importantes para

que ele fosse considerado como o grande meio de comunicação da sociedade

brasileira. O Repórter Esso, em 1941, foi resultado dessa fase. O programa foi uma

contribuição pra o rádio e para o jornalismo, já que era apresentado um noticiário

adaptado para o rádio brasileiro. Quando a guerra acabou, em 1945, as notícias

transmitidas eram sobre o desenrolar da guerra. Os dois slogans do programa eram:

“O primeiro a dar as últimas” e “Testemunha ocular da história”. O Reporter Esso

entrava ao vivo quatro vezes ao dia: 8h, 12h55, 19h55 e 22h55, além de algumas

edições extras. Anteriormente ao surgimento do Repórter Esso, o radiojornalismo no

Brasil era caracterizado pela ausência de uma redação específica para o veículo, ou

seja, “[...] as notícias eram selecionadas e recortadas dos jornais e lidas ao

microfone pelo locutor que estivesse presente no horário. Tesoura e cola eram, na

época, os únicos recursos disponíveis para o jornalismo radiofônico” (MOREIRA,

1991, p. 26).

Além do Repórter Esso, em 1941 houve o lançamento da primeira radionovela

da história do Brasil Em Busca da Felicidade, que ficou no ar entre junho de 1941 e

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maio de 1943 na Rádio Nacional, pertencente à Empresa Brasil de Comunicação.

Segundo Ferraretto (2013), a Rádio Nacional pode ser vista como o símbolo máximo

dos programas de auditório e de radionvelas dentro da história do rádio brasileiro. A

era de ouro do rádio brasileiro, traz o momento em que ele começa a se definir mais

claramente para o jornalismo com a chegada do transistor, que livrou o aparelho de

fios e tomadas. Segundo Barbosa Filho (2003),

[...] o transistor tornou-se uma importante saída para que o potencial do rádio fosse explorado em suas várias possibilidades, com a vantagem de serem mais baratas, ágeis e noticiosas, inaugurando uma nova fase para o meio (do ponto de vista tecnológico o rádio passa por três fases: a primeira com o transistor, a segunda com o uso de FM e a terceira com os satélites e a digitalização). Com o transistor tornou-se possível ouvir rádio a qualquer hora e em qualquer lugar, sem precisar mais ligá-los a tomadas. Sua dinâmica de transmissão cresceu enormemente. (BARBOSA FILHO, 2003, p. 43).

2.1 RÁDIO FM

Anteriormente à Segunda Guerra Mundial, o pesquisador norte-americano

Edwin Howard Armstrong desenvolveu a tecnologia utilizada nas emissões em

frequência modulada no rádio. A frequência modulada é a transmissão de sinais

através da modulação das ondas, segundo Ferraretto (2001), que ainda afirma que

essa forma de transmissão permite uma qualidade muito superior às AM em

emissão e recepção de som, já que não sofre interferências. “Seu alcance, no

entanto, é limitado a um raio máximo de 150km” (FERRARETTO, 2001, p. 67).

Após fazer demonstrações práticas e elaborar a teoria necessária, Armstrong

começou a operar, em 1939, a W2XMN, uma estação experimental em Alpine, Nova

Jersey. Em 1941, a Federal Communication Commision (FCC) autorizou o uso da

banda de 42 a 50 MHz para transmissões em FM, que, em 1942, foi alterada

novamente para de 88 a 108 MHz, passando a ser uma referência internacional.

Nesta época, há haviam 50 emissoras transmitindo para 500 mil receptores nos

Estados Unidos, segundo Ferraretto (2001). Conforme o autor, em 1961, a Federal

Communication Commision regulamentou a transmissão com o som estereofônico,

estando presente em alguns modelos já no ano seguinte. Os Diários e Emissoras

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Associados inauguraram a Rádio Difusora FM, em São Paulo, no dia 2 de dezembro

de 1970. Ferraretto (2001) que explica que a Rádio Difusora FM foi a primeira no

país a transmitir exclusivamente em frequência modulada.

A programação incluía música popular brasileira, internacional e erudita, transmitida das 7 às 22h, quando iniciava um programa dedicado ao jazz. Havia ainda dois noticiários pela manhã, as 7h e às 8h, e um boletim sobre a Bolsa de Valores no final da tarde. (FERRARETTO, 2001, p. 156).

Trazendo mudanças para o rádio, três cientistas da Bell Telephone

Laboratories, de New Jersey, Estados Unidos, criaram uma nova tecnologia, o

transistor. No dia 23 de dezembro de 1947, William Shockley, John Bardeen e

Walter Brattain apresentaram o novo componente eletrônico a ser utilizado pelo

rádio: o transistor de ponto de contato que usava germânio (material semicondutor).

Segundo Ferraretto (2001), a evolução obtida por Shockley depois com o transistor

bipolar mostrava a chance de substituir as válvulas, que ocupavam muito espaço e

precisavam utilizar uma voltagem grande para que funcionasse. Anos depois, os

transistores poderiam funcionar com pilhas como fonte de energia. De acordo com

Mello (1998), em entrevista para Ferraretto (2001), os rádios transistorados ficaram

populares ao longo dos anos 1960 no Brasil.

O rádio a transistor começou a se tornar conhecido no Brasil no final dos anos 50, quando a indústria brasileira iniciou a produção em território nacional. Antes disto, somente a burguesia possuía recursos para tal. Porém, só ele atingiu seu apogeu em meados da década de 60, devido às transmissões dos jogos das Copas do Mundo de Futebol, em 1962 e 1966. (MELLO, 1998, In: FERRARETTO, 2001, p. 138).

Costa e Noleto (1997) ainda explicam que a transmissão por frequência

modulada foi feita primeiramente pela Rádio Imprensa do Rio de Janeiro. Em 1955,

lançou dois canais: um comercial, feito com uma programação para uma rede de

supermercados e outro não-comercial com músicas. Até esta época, o uso do FM

era uma forma de comunicação entre o estúdio e a antena de retransmissão da

emissora. A partir dos anos 60, a rádio FM foi regulamentada pelo governo federal.

As primeiras emissoras em FM começaram a operar na década de 1960, fornecendo

inicialmente “música ambiente”. A primeira emissora a atuar exclusivamente nas

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ondas de frequência modulada foi a Rádio Difusora de São Paulo-FM. A rede

Bandeirantes foi a primeira emissora brasileira a transmitir sua programação via

satélite com 70 emissoras FM e outras 60 em AM, em mais de 80 regiões do país.

De acordo com Ferraretto (2001), tanto no Brasil, como em vários países, o

surgimento da televisão foi um grande fator na decadência do rádio espetáculo

(p.135). Em 1923, o russo Vladmir Zworykin patenteou um aparelho chamado

iconoscópio, que, segundo Luz e Santos (2013), era “[...] um tubo a vácuo com tela

de células fotoelétricas, percorridas por feixes de luz” (LUZ; SANTOS, 2013, p. 36).

Segundo Mattos (2002),

[...] em 1931, a Eletric and Music Industries (EMI), da Inglaterra, tentou padronizar o número de linhas e de quadros transmitidos por segundo no sistema de televisão [...] naquela época, em vários países, eram produzidos aparelhos com diferentes padrões e definição. Atualmente, há dois padrões básicos: o norte americano (525 linhas e 30 quadros por segundo) e o europeu (625 linhas e 25 quadros por segundo). No que diz respeito à televisão em cores, existem três sistemas: o norte-americano NTSC (National Television System Committee), o francês Secam (Sequenttiellemente ET à Memorie) e o alemão PAL (Phase Alternation Line). O Brasil usava o padrão norte-americano preto e branco; quando introduziu a televisão em cores passou a compatibilizar o sistema de 525 linhas americano com o sistema a cor alemão gerando assim o sistema PAL-M. (MATTOS, 2002, p. 166).

Através da televisão a cores, foi possível a transmissão de acontecimentos

históricos como a coroação do Rei Jorge VI na Inglaterra em 1936, através da BBC

(British Broadcast Corporation), e a Feira Mundial em 1939 nos Estados Unidos,

mostrada pela CBS (The Columbia Broadcasting Company) e pela NBC (National

Broadcasting Company). No mesmo ano, devido a II Guerra Mundial (1939-1945), as

transmissões foram interrompidas e voltaram em 1944, de acordo com Luz e Santos

(2013). Já em 1950, a televisão estava consolidada. No Brasil, em 18 de setembro

do mesmo ano, a TV Tupi-Difusora, de São Paulo, iniciou as transmissões.

Conforme Ferraretto (2001), haviam apenas 200 aparelhos na cidade, que foram

contrabandeados por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. No dia

21 de janeiro de 1951, surge a TV Tupi no Rio de Janeiro. Segundo Prata (2008), na

década de 60, os aparelhos de TV fazia com que famílias e vizinhos se reunissem

para acompanhar uma programação que incluía novelas e noticiosos. Conforme

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20  

Virilio (1993), além de ouvir, era possível ver à distância, “[…] como declarou John F.

Kennedy, pouco antes de ser assassinado em uma rua de Dallas, ‘a câmera tornou-

se nosso melhor inspetor’” (VIRILIO, 1993, p. 14).

Com a publicidade indo para a televisão, o rádio foi perdendo espaço, até

meados dos anos 60. Conforme Ferraretto (2012), radinhos a pilha se tornaram

comuns e foram surgindo mais estações em AM e FM. Nesta época, o aparelho se

tornaria companheiro inseparável de toda uma geração. Uma geração, segundo

Kischinhevsky (2007), que se tornaria característica no final dos anos 70,

comungando uma cultura pop que tomava o país. Na época, as indústrias

cinematográfica e fonográfica contavam com a cumplicidade das grandes redes de

tv e das incipientes redes de rádio – estas apostando suas fichas no então novo

formato da Frequência Modulada.

Com a cisão do rádio entre FM e AM, ficaria evidenciada uma aproximação do novo formato com a estética televisiva. As FMs tenderiam à homogeneização, com seus apresentadores assumindo, por toda parte, um estilo tipicamente carioca de locução. (Kischinhevsky, 2007, p. 2).

Nesta fase, quatro elementos são fundamentais segundo Ferraretto (2012):

[...] (1) a sociedade de consumo que começa a se conformar em paralelo ao chamado Milagre Econômico Brasileiro, ao final do qual vai restar o crédito pessoal como forma consolidada de aquisição de bens; (2) a população urbana superando a rural, de acordo com o censo de 1970, com 66% dos habitantes do país; [...] (3) a ascensão do jovem ao status de categoria social ao longo da década de 1960; e (4) a revogação do Ato Institucional no 5, em 31 de dezembro de 1978, e o processo de redemocratização do país, com a promulgação de uma nova Constituição Federal, em 1988, e as eleições presidenciais no ano seguinte. De um lado, a sociedade de consumo, mesmo que mais no plano do imaginário [...] cria parte das condições para a consolidação das indústrias culturais. De outro, as condições sociais apontam para a possibilidade de voltar o conteúdo das emissoras a parcelas do público. (FERRARETTO, 2012, p. 14).

Assim, se deram três opções conforme Ferraretto (2012): voltada aos

ouvintes com mais de 25 anos de classes C, D e E, que tivessem escolaridade

inferior à conclusão do ensino fundamental, fazendo surgir o rádio popular, com uma

programação com constante prestação de serviços, exploração de noticiário policial,

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coloquialidade dos comunicadores e sucesso nas músicas veiculadas; o rádio

musical jovem para um público de até 25 anos, das classes A e B, de nível

secundário ou universitário, que surge na segunda metade dos anos 1960 e se

consolida ao longo da década de 1970; e emissoras começam a se dedicar ao

jornalismo e focam em um público adulto, das classes A e B, com ensino médio ou

superior.

O rádio FM trazia um formato não menos jornalístico, mas mais musical, que

chamava a atenção principalmente dos jovens. Em 1977, entra no ar a Cidade FM,

do Rio de Janeiro, ligada ao grupo do Jornal do Brasil, um dos principais da cidade.

Segundo Ferraretto (2001), a rádio tinha como alvo o jovem, que gostava de música.

A rádio mudou de dono e investia em novos talentos da música. Tinha um playlist2

pequeno de canções e fazia promoções.

Com a mudança de proprietários, os 102,9MHz passam a ter como alvo o jovem em uma programação inspirada nos modelos norte-americanos. […] Entre as músicas, os comunicadores, com humor, começam a brincar com os ouvintes em um estilo que se pretende descontraído. […] Em pouco tempo, a Cidade obtém a liderança na audiência. Emissoras de todo o país copiam seu formato de programação. (FERRARETTO, 2001, p. 158).

Conforme Ferraretto (2008), a Rádio Cidade FM do Rio de Janeiro introduziu

o “[...] modelo de repetição de sucessos baseado no formato conhecido como Top

40, comum às estações dos Estados Unidos” (FERRARETTO, 2008, p. 152). O

formato tocava as 40 músicas mais famosas repetidamente. Um dos responsáveis

pela programação da emissora nos anos 80, Alberto Carlos de Carvalho, explica

como era feita a programação:

Dentro desse modelo Rádio Cidade, não podem entrar muitas músicas de uma só vez, nem serem mudadas a todo instante, porque senão não acontece nenhuma. O grande público leva certo tempo para se acostumar com elas. (E depois que acostuma quer ouvir mais para poder acompanhá-las cantando ou dançando.) Segundo pesquisas, a maioria dos ouvintes quer ouvir as mesmas músicas que estão fazendo sucesso, senão mudam de rádio. Às vezes, a música está acabando de tocar e já ligam pedindo para ouvir de novo. (MANSUR, 1984, p. 44-45).

                                                                                                                         2 Termo em inglês utilizado para se referir a uma lista de músicas tocadas em sequência ou embaralhadas.

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Conforme Prata (2008), desde o início da radiodifusão, existiam emissoras

clandestinas, mas foi a partir da década de 70, as estações ganharam impulso na

França e na Itália. No Brasil, o movimento das rádios livres começou nos anos 80,

na cidade paulista de Sorocaba, que chegou a abrigar 42 emissoras clandestinas de

FM durante o verão de 82. Nesta época, iniciou um processo de divisão de público,

no qual o rádio se reestrutura e aparece no mercado.

Há quem diga que o rádio FM é mais “leve” em se tratando de conteúdo. Por

tocar músicas e não ser informativo 24 horas, o FM pode ser julgado como uma

rádio para jovens. “De um modo geral, as emissoras de FM aceitam apenas notícias

engraçadas, descomprometidas, otimistas, dirigidas ao ‘público jovem’” (PRADO,

1989, p. 11). Atualmente, muitas rádios AM migram para o FM por ter uma maior

sonoridade, o que faz com que a estação volte a fazer jornalismo 24 horas, agora na

frequência modulada. Segundo a autora, há uma tendência a queda da audiência

que prefere o AM no Brasil. Uma das razões é a baixa qualidade de som do AM, que

apresenta ruídos constantes. Um outro fator, de acordo com Prata, é que o FM, com

som de qualidade, fazem uma programacão muito parecida com a do AM, “[...] então

os ouvintes aliam o bom som aos programas de entrevistas, auto-ajuda, prestação

de serviços, informação e entretenimento que as FMs passaram a oferecer”

(PRATA, 2008, p. 28). Em Belo Horizonte, as rádios CBN e Itatiaia, começaram a

transmitir em AM e FM. “Com o processo de digitalização das emissoras de rádio,

essa diferença entre AM e FM já não existirá mais” (PRATA, 2008, p. 29).

As emissoras AM vão migrar para FM a partir do ano de 2014. A migração foi

autorizada pela presidente Dilma Rousseff em novembro de 2013, no decreto

presidencial nº 8139. As regras foram definidas pelo Ministério das Comunicações

na portaria nº 127, de 12 de março de 2014. Segundo o Ministério das

Comunicações3, a expectativa é que a partir de agosto, sejam anunciadas as

primeiras emissoras autorizadas a fazer a migração, e que, até o fim do ano, já

comecem a operar na nova faixa. O objetivo é permitir a continuidade das emissoras

na nova faixa, devido a má qualidade das AM e aumentar a audiência, além de não

ser acessível em dispositivos como celulares e tablets. A medida é uma antiga

                                                                                                                         3 Dados disponíveis em http://www.mc.gov.br/acoes-e-programas/radiodifusao/migracao-das-radios-am.

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reivindicação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT)

e das Associações Estaduais de Radiodifusão.

Atualmente, 1.772 emissoras operam na frequência de AM no Brasil e estão

divididas de acordo com o alcance (local, regional ou nacional). Na mudança, os

canais 5 e 6, hoje ocupados por canais de TV analógicos, serão destinados à FM.

Hoje, as FMs são sintonizadas na faixa de 87.9 MHz a 107.9 MHz. Com a liberação

dos canais, a frequência vai aumentar de 76 MHz a 107.9 MHz.

2.2 PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA Toda emissora de rádio deve ter uma programação, que é a unidade básica

da rádio. A programação é formada por gêneros, formatos e programas. Os gêneros

radiofônicos, segundo Barbosa Filho (2003) “[...] estão relacionados em razão da

função específica que eles possuem em face das expectativas de audiência”

(BARBOSA FILHO, 2003, p. 89). Conforme o autor, há o gênero jornalístico, o

educativo-cultural, o gênero de entretenimento, o gênero publicitário,

propagandístico, de serviço e o gênero especial, que, segundo ele, “[...] não possui

função específica como os dos outros gêneros. [...] Gênero multifuncional”

(BARBOSA FILHO, 2003, p. 138).

Já o formato representa “[...] uma espécie de filosofia de trabalho da

emissora, marcando a maneira como ela se posiciona mercadologicamente no plano

das ideias”, afirma Ferraretto (2001, p. 61). Segundo o autor, os formatos podem ser

divididos em dois grupos: Puros (informativo, musical, comunitário, educativo-cultural

e místico-religioso) e híbridos (de participação do ouvinte e música-esporte-notícia).

Em relação ao programa, Ferraretto (2001) afirma que pode ser gravado, ao

vivo ou as duas juntas, sendo apresentado do estúdio, de um auditório ou direto do

palco de ação dos fatos. Quanto aos seus objetivos, dividem-se em dois grandes

grupos: informativos (noticiário, programa de entrevista, programa de opinião, mesa-

redonda e documentário) e de entretenimento (programa humorístico, dramatização,

programa de auditório e programa musical).

Para que fique no ar, as emissoras de rádio precisam do apoio de

anunciantes, através de propagandas. A programação deve atrair os ouvintes, para

que a rádio possa funcionar. “A programação, para os nossos propósitos, diz

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respeito simplesmente à seleção e ao arranjo de música, locução e outros

elementos do programa, de maneira atraente aos ouvintes da emissora” (HAUSMAN

et all, 2010, p. 391).

Conforme explica Ferraretto (2001), “[...] a programação é o conjunto

organizado de todas as transmissões de uma emissora, constituindo-se no fator

básico de diferenciação de uma rádio em relação à outra” (FERRARETTO, 2001, p.

59). O autor cita as formas mais comuns:

Linear: programação homogênea em que os programas no seu conjunto, mesmo que com características próprias, seguem uma linha semelhante. São exemplos as grandes emissoras brasileiras dedicadas ao jornalismo 24 horas por dia. Em Mosaico: constituindo-se em um conjunto eclético de programas, extremamente variados e diferenciados, a programação em mosaico é comum em emissoras de mercados menos desenvolvidos do ponto de vista econômico. Há, de certo modo, neste caso, uma segmentação de horários. Em fluxo: forma de fazer rádio estruturada em uma emissão constante em que se encara toda a programação como um grande programa dividido em faixas bem definidas. As mudanças de uma para outra são calcadas na troca do âncora ou do comunicador do horário. (FERRARETTO, 2001, p. 59-60).

No início, a programação radiofônica trazia sinfonias, que tocavam ao vivo e

faziam trilhas sonoras, telenovelas também feitas ao vivo, além de cobertura de

eventos. Para Rabaça e Barbosa (1987), a programação de radiodifusão transmite

programas de entretenimento, educação e informação.

Música, notícias, discussões, informações de utilidade pública, programas humorísticos, novelas, narrações de acontecimentos esportivos e sociais, entrevistas e cursos são os gêneros básicos dos programas. Serviço prestado mediante concessão do Estado, que o considera de interesse nacional, e deve operar dentro de regras preestabelecidas em leis, regulamentos e normas. (RABAÇA; BARBOSA, 1987, p. 491).  

Em meados de 1930, os estúdios de produção das emissoras de rádio eram

primitivos, de acordo com Keith (2003). A maior parte dos efeitos de som eram

improvisados entre programa e programa, ou entre anúncio e anúncio, e, em alguns

casos, os empregavam-se os objetivos reais com que os sons se identificavam. O

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responsável era o sonoplasta, que trazia efeitos e trilhas. Hausman et al (2010)

exemplifica os efeitos em um comercial de venda de ingresso para jogo de futebol:

O som de um chute inicial, seguido pelo rugido da multidão, apoiado por uma música rápida e vibrante. Para criar este exemplo, o produtor precisa saber como obter esses efeitos sonoros. […] O produtor usa suas habilidades de produção para montar e formar a estrutura do comercial, mas é preciso saber como criar um efeito para produzir a mensagem sutil, as nuanças que são responsáveis pelo impacto e pela dramatização da mensagem. (HAUSMAN et al, 2010, p. 236).

Na época, quando a luz do estúdio acendia, era possível ouvir cristais sendo

quebrados, soavam buzinas, disparavam pistolas ou se derrubavam móveis. “Um

dos encarregados de som podia pedir um jogo de tesouras e criar a ilusão sonora de

alguém caindo ao solo de uma grande altura, ou esfarelar um papel de celofane para

produzir o som do fogo” (KEITH, 2003, p. 24). A partir das décadas de 1930 e 1940,

na chamada Era de Ouro do rádio, as produções radiofônicas atingiram seu auge.

Os programas eram produzidos em grandes estúdios, com produção de produtos

sonoros, dependentes de técnicas sofisticadas de produção. As telenovelas tinham

transmissões ao vivo e a música era feita através de orquestras que estavam dentro

do estúdio e tocavam ao vivo durante a transmissão dos programas.

A programação dos rádios começou como uma tentativa original de levar a oferta cultural das grandes cidades às salas de estar de toda a América. Aos poucos, o veículo assumiu seu status como um companheiro pessoal. A programação inicial das emissoras consistia na transmissão de sinfonias aos vivo, na leitura de poemas e cobertura ao vivo de grandes eventos, juntamente com outros gêneros, como drama, comédia de situação, e outros programas que compõem muitas das atuais grades das emissoras de televisão. (Hausman et al, 2010, p. 4).

Segundo Prata (2008), uma tendência importante é a segmentação das

emissoras, caminho que toda a indústria cultural buscou como forma de atender ao

Mercado. No caso da radiodifusão, o caso cresceu a partir da implantação e do

desenvolvimento das emissoras FM. Ortriwano (1985) destaca que duas correntes

podem ser identificadas dentro desta especialização:

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1. Emissoras que se especializam, como um todo, em oferecer programação para uma faixa determinada de público, dando opção aos anunciantes cujos produtos possam interessar aquele público; 2. Emissoras especializando diferentes horários de sua programação para diferentes faixas, visando atingir o maior público possível, ou seja, oferecendo opções para todo tipo de anunciante. (ORTRIWANO, 1985, p. 30).

A programação de rádio é feita para um público segmentado, ou seja, as

emissoras percebem o interesse dos ouvintes e adaptam uma parte da programação

e das propagandas para este mesmo público. E tudo isso é feito por um operador,

que monta a programação pelo computador, cuidando das músicas, dos comerciais

e colocando o locutor no ar. Isto faz parte dos chamados dayparts, os diferentes

horários de um dia de transmissão que fazem parte da grade de programação, que

pode ser ao vivo ou gravada. De acordo com Hausman et al (2010), para a produção

do programa, “[…] o equipamento mínimo geralmente inclui algum tipo de mesa, um

computador, um microfone, talvez um MiniDisc e um tocador de CDs” (HAUSMAN et

al, 2010, p. 163).

Para a programação ao vivo, Hausman et al (2010) afirmam que a produção é

feita por três tipos de funcionários: um locutor que opera uma mesa multifuncional,

um técnico que opera a mesa para locutor ou um operador de mesa numa emissora

que pode ter automatizado parte de sua programação.

A principal responsabilidade do produtor que está no ar é apresentar uma programação que reforce o formato e os objetivos da emissora. As características que identificam a emissora de rádio são abrangentes e expressas no que é conhecido, amplamente, como o som da emissora. Os elementos do som não são apenas os tipos de música tocados. Definindo também o som, temos o ritmo, o conteúdo, o tipo de locução e a mistura das fontes do programa. (HAUSMAN et al, 2010, p. 189).

O planejamento de um programa de rádio inicia com a reunião de conteúdos,

onde serão decididos os temas, o tempo e os meios. A produção começa a partir

daí, chamando convidados, proporcionando transporte, caso preciso, elaborando

reportagens e informes. Segundo Ortiz e Marchamalo (2005), após isso é feita a

elaboração da seleção musical e da utilização de estúdios para gravação dos

pilotos. Depois, é feito o roteiro ou espelho. Conforme afirmam os autores, as

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dificuldades da produção são envolvidas de duas maneiras diferentes: a produção

em médio prazo e imediata.

Um programa de rádio apresenta temas e convidados da atualidade, que será preciso gerir praticamente de um dia para o outro, quando não no mesmo dia, mas também outros temas ou seções de caráter atemporal. Esses temas podem ser antecipados na reunião de conteúdos […] o normal é que a área de produção trabalhe com um ou dois programas adiantados, o que lhe permite certa margem de versatilidade na hora de estabelecer os encontros com os convidados. (ORTIZ; MARCHAMALO, 2005, p. 94).

A programação radiofônica é divida por gêneros. Ferraretto (2001) afirma que

o rádio se concentra em um devido segmento para que possa englobar programas e

transmissões. O autor da o exemplo da rádio Liberdade FM, que atende a Região

Metropolitana de Porto Alegre. Ela é voltada exclusivamente ao tradicionalismo

gaúcho, então tem como ouvintes pessoas que gostem desse estilo de música.

Caso o público que ouvisse não gostasse do estilo musical, não ouviria a música,

prejudicando o sucesso do empreendimento.

Resumindo, portanto, defini-se segmentação como um processo em que, a partir dos interesses dos ouvintes e dos objetivos da empresa de radiodifusão sonora, se adapta parte ou a totalidade de uma programação a um público específico. Considera-se, assim, não apenas classe social, faixa etária, sexo e nível de escolaridade, mas sim interesses de determinados como, por exemplo, as preferências do grupo ao qual o indivíduo pertence. (FERRARETTO, 2001, p. 54).

Dentro do gênero jornalístico, que, segundo Eduardo Vicente (2012), “[…]

busca levar ao ouvinte a informação forma mais abrangente e atualizada”

(VICENTE, 2012, p. 2), existe: nota, um informe curto que dura até 30 segundos;

boletim, que traz uma síntese das notícias mais relevantes do dia, como faz o

Correspondente Ipiranga, da Rádio Gaúcha Sat de Porto Alegre, em quatro edições

diárias de 10 minutos, de segunda-feira a sábado, às 8h, 12h50, 18h50 e 20h, e aos

domingos às 12h50 e 20h; reportagem, matéria específica que pode levar

entrevistas, opinião; entrevista com convidados no estúdio ou for a dele; externa,

que traz a informação direto do local de onde há o acontecimento; crônica, onde o

autor tem liberade para expressar sua opinião; debate ou mesa redonda, que reúne

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convidados que trazem o seu ponto de vista; radiojornal; que abrange todos os antes

citados divididos em seções; documentário radiofônico, incluindo entrevistas,

opiniões, dramatizações; programas esportivos, que abrange todos e também narra

jogos de futebol, como, por exemplo, a Rádio Caxias, que traz programas esportivos

como o Campo Neutro, com comentários sobre os times da cidade. Segundo

Newman (1966), “[...] os programas de notícias ocupam geralmente o lugar mais

elevado na preferência dos ouvintes” (NEWMAN, 1966, p. 148).

O gênero musical é o mais presente em rádios FM, onde o foco é a música,

como é visto na Rede Atlântida, por exemplo. De acordo com Barbosa Filho (2003),

o programa musical é o que tem como mote a música e que traz conteúdo e plástica

diferenciados, abrindo espaço para difusão de músicas de vários gêneros.

Consolidou-se com a emergência da frequência modulada (FM). Os exemplos marcantes desde formato são: os programas para segmentos de público cujo conteúdo privilegia a discussão de tendências, de performances de músicos e artistas, de seus repertórios; e os “especiais”, em que os textos fundem temas artísticos e de caráter pessoal. (BARBOSA FILHO, 2003, p. 115).

O gênero dramático ou ficcional utiliza todos os recursos da linguagem sonora

e radiofônica, como a voz, a música e os efeitos. Assim formando um uma história

real ou fictícia. Dentro dele estão: rádio-novela, “[…] dramas radiofônicos de longa

duração divididos em capítulos que, no Brasil, fizeram imenso sucesso nas décadas

de 30 e 50” (VICENTE, 2012, p. 3); seriado, peças independentes; peça radiofônica,

com produção original ou uma adaptação de texto, bastante feito na Europa;

poemas dramatizados, que trazem voz, efeitos e trilha; e o sketch, um pequeno

quadro cômico que pode ser transmitido durante os intervalos.

O gênero educativo-cultural, que, segundo Vicente (2012), é pouco utilizado

no Brasil, tem os formatos de: documentário; autobiografia; e programa temático,

com um tema específico.

Conforme Mcleish (2001), documentários e programas especiais são

sinônimos. As distinções básicas entre eles são com a seleção e com o tratamento

do material-fonte. Se por um lado o documentário apresenta somente fatos,

baseados em evidência documentada, o programa especial não precisa ser

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totalmente verdadeiro no sentido factual, é um programa de entretenimento e

informação.

O programa especial não precisa ser totalmente verdadeiro no sentido factual, podendo incluir canções folclóricas, poesia ou uma peça radiofônica de ficção com ilustrações sobre o tema. O especial tem uma forma bastante livre, geralmente enfatizando qualidades humanas, estados emocionais ou as atmosferas mais indefiníveis. As distinções nem sempre são demarcadas, a existência de híbridos contribuindo para a confusão de termos – o documentário especial, o semi-documentário, a peça-ducumentário, e assim por diante. (MCLEISH, 2001, p. 191).

Além destes, há ainda programas infantis que, para Prado (1998), são raras

as atrações radiofônicas para crianças que fiquem no ar por muito tempo. A

programação era feita com músicas infantis de apresentadoras de tv e de músicas

em geral. Para Barbosa Filho e Adami (2005), os programas infantis preencheram o

espaço do rádio. Entre os pioneiros estão “Tia Brasília”, da Educadora Paulista,

“Hora Infantil”, da Record, e “Pequenópolis”, de Mary Buarque. Após, surgiram “Tia

Justina”, sob a direção da professora Virginia Rizzardi e “Clube Papai Noel”, de

Homero Silva. A rádio Difusora foi quem teve mais sucesso com o gênero infantil,

citando “As Aventuras de Dick Peter”.

Já os programas de variedades são considerados um gênero misto, afirmam

Ortiz e Marchamalo (2005). Dentro do gênero, pode haver todo o tipo de gêneros

programáticos e, assim, com vários formatos de realização, como espaços

dramáticos, mesas-redondas, monografias, documentários, entre outros. O principal

diferenciador é o apresentador, “[…] cuja personalidade e notoriedade o convertem

em autêntico ponto de referência para a audiência” (ORTIZ; MARCHAMALO, 2005,

p. 107). Além do apresentador, a variedade de seções e os colaboradores são

aspectos que definem o gênero de variedades.

Os autores Ortiz e Marchamalo (2005), acreditam que os avanços

tecnológicos permitiram uma redução dos custos de produção e maiores

expressões. Assim, os desafios do rádio atual e do futuro seguem juntos com uma

tecnologia avançada, como a

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[…] digitalização de equipamentos de emissão e produção de som, emprego de ordenadores nas redações informatização dos arquivos de música e de palavra, o cabo, o satélite, as Redes Digitais de Serviços Integrados (RDSI) etc. Sem dúvida, essa inovação tecnológica trará consigo uma nova forma de comunicar em rádio, com maiores possibilidades de expressão. (ORTIZ, MARCHAMALO, 2005, p. 25).

2.2.1 Programação radiofônica no rádio FM

Como dito anteriormente, o gênero musical é o mais presente nas rádios FM,

especialmente nas rádios FM jovens. Os formatos que mais contribuíram para este

gênero foram os programas de listas de sucessos ou rádio-fórmulas, e os programas

especializados. Para Ortiz e Marchamalo (2005), o mais popular era a lista de

sucessos. O objetivo era promover a música, principalmente do estilo pop rock, na

qual eram apresentados diferentes discos, que variavam de semana em semana,

conforme a preferência dos ouvintes.

Na rádio-fórmula, as músicas são repetidas na programação durante vários

momentos do dia. A estrutura é definida pela proporção de números um, novas

incorporações, candidatos a música favorita. É similar por segmentos ou blocos

horários. A maneira correta de apresentar uma canção ou um álbum neste tipo de

programa deve ter apenas um comentário que deve durar o tempo da introdução

musical do tema. “O locutor terá escutado previamente cada canção e cronometrado

o tempo de introdução de que dispõe para conseguir uma sincronização perfeita”

(ORTIZ; MARCHAMALO, 2005. p. 104). Assim, vai manter uma programação

homogênea e praticamente sem alterações ao longo dela. Mcleish (1985) afirma que

ninguém pode agradar a todos, mas se a emissão de rádio manter a mesma política

e atitude, pode ter uma audiência significativa.

Duas emissoras foram as primeiras principais na FM. Conforme

Kischinhevisky (2007), em 1974 a rádio Cidade, de Niterói, no Rio de Janeiro, entrou

no ar e estabeleceu o que seria o padrão FM nos anos seguintes. A rádio era

carregada de “[...] trejeitos carioquíssimos e absolutamente informal, o que fez

grande sucesso e trouxe uma enxurrada de prêmios” (KISCHINHEVISKY, 2007, p.

47). Mostrando que tinha vindo para ficar, o formato logo ganhou o país e,

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[...] nos anos 80, o padrão Cidade se tornaria sinônimo de FM transformando-se no próprio estilo mainstream4 do rádio, com seus previsíveis play-lists, brincadeiras com ouvintes e ritmo frenético de locução, repleta de maneirismos. A banalização desde modelo levou certas emissoras com baixa audiência a apostarem em alternativas. (KISCHINHEVISKY, 2007, p. 47).

Então surgiu, em março de 1982, a Fluminense FM (também conhecida como

“Maldita”), que trazia uma programação voltada para o público rock do Rio de

Janeiro. No início, tocava rock internacional da década de 1970, mas logo variaram

para diversos estilos, como as experimentações da MPB (música popular brasileira)

e do Rock Brasil, que, segundo Kischinhevisky (2007), eram grupos pop que não

tinham espaço nas rádios mainstream. Em 1985, a rádio já era a terceira FM mais

ouvida do Rio de Janeiro, segundo o Ibope. A partir daí, houve uma divisão entre os

modelos do rádio FM.

De um lado, as emissoras autoproclamadas alternativas, isoladas economicamente e com bases frágeis de audiências – entre elas, destaques para a Fluminense, de Niterói, a Estácio, do Rio, a Estação Primeira, de Curitiba, a Liberdade, de Belo Horizonte, 89 FM, Brasil 2000, Nova FM e 97 FM, de São Paulo, 94,9 FM de Vitória, e Itapema, de Porto Alegre, quase todas originadas nos anos 80 e extintas no início dos anos 90. De outro, as rádios mainstream, as comerciais, submissas às cartilhas de modelos que já haviam obtido sucesso – boa parte delas integrava as principais redes nacionais da época, como a L&C (56 AMs e 26 FMs), Sistema Globo de Rádio (13 AMs e cinco FMs), Rede Brasil Sul (cinco Ams e oito FMs), Rede Manchete de Rádio (uma AM, cinco FMs), Rede Transamérica (28 emissoras, entre próprias e afiliadas), Rede Capital (oito AMs e duas FMs) e Sistema de Rádio Jornal do Brasil (oito FMs). (KISCHINHEVISKY, 2007, p. 50).

Conforme o autor, a batalha foi perdida pelas emissoras alternativas, então,

em outubro de 1994, a Fluminense FM foi arrendada para servir de repetidora da

emissora mainstream paulistana Jovem Pan.

Durante a programação musical, o apresentador deve estar atualizado sobre

as bandas que participam da emissora. Ao falar, ele utiliza o BG (background5), que

serve para ilustrar a fala. A música escolhida, segundo Prado (2006), deve combinar

com o assunto do programa e não deve ser vocal para não interferir com a voz do                                                                                                                          4 Termo em inglês. Gosto da maioria das pessoas, tendência predominante. 5 Fundo musical. Conforme Ferraretto (2001), é uma “[...] música geralmente instrumental, em volume inferior ao do texto lido por um locutor ou apresentador (FERRARETTO, 2001, p. 287).

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locutor. O mais utilizado é a música instrumental, ou parte da música em que ainda

não entrou a voz do cantor.

Projetar a programação musical num mostrador de relógio que indica um período de uma traz várias vantagens: permite ao produtor/apresentador ver o equilíbrio entre música e locução, tipos de música e a distribuição dos comerciais; ajuda bastante a manter a coerência quando outro apresentador assume o comando: e permite mudanças de formato com um mínimo de ruptura. Esse é o método conveniente, não importando a duração do programa. O relógio proporciona uma sólida estrutura a partir da qual o apresentador pode fazer variações e retomar novamente a forma anterior com a mesma facilidade. Impõe uma disciplina mas permite liberdade. (MCLEISH, 2001, p. 132).

Entre os formatos musicais, existem programas especializados por gêneros

ou épocas, como música cantada no idioma da emissora. Um exemplo é a Rádio

Olé, da Espanha, que transmite música espanhola durante 24 horas. Para Gomes et

al (1996), o ouvinte procura uma emissora de rádio para ter informação, música e

companhia, o que faz parte da programação musical. “O rádio tem um papel

importantíssimo na divulgação da música” (GOMES et al, 1996, p. 37). Dentro da

programação, os blocos são divididos por músicas, com até 12 minutos de duração,

anúncios, chamadas, serviços jornalísticos e de entretenimento, segundo Barbosa

Filho (2003).

Mas não é só de música e entretenimento que é feita a emissora em

frequência modulada. O jornalismo em FM é bastante presente também. Um

exemplo é a rádio CBN (Central Brasileira de Notícias), “a rádio que toca notícia”,

como diz o slogan. Ela surgiu no dia 1º de outubro de 1991 e foi pioneira nesse estilo

de programação somente com notícias jornalísticas. Hoje conta com quatro

emissoras próprias em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, e mais

28 afiliadas. “A rádio CBN, essencialmente jornalística, oferece em seu site grande

quantidade de material informativo, inclusive entrevistas em seus boletins. As

matérias são disponibilizadas em podcast6 (PRATA, 2008, p. 206). Esse formato de

jornalismo é caractezado como all-news, apenas notícias. Ferraretto (2013) explica:

                                                                                                                         6 Distribuição de programas em MP3 ou outro formato. O termo provém do dispositivo iPod, da Apple, com a expressão broadcasting.

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O formato all-news, exclusivo em notícias, apresentava uma sequência continua de irradiação de notícias na forma de textos e reportagens, repetidas e atualizadas em períodos de tempo variando de 7 a 30 minutos. As emissoras dedicadas 24 horas por dia à notícia, mesmo que se assumindo como all-news ou apenas news, em realidade, desenvolveram um formato intermediário mais próximo do talk-news. Ao optarem pelo jornalismo em tempo integral, rádios como a Gaúcha, do Grupo RBS, de Porto Alegre, já o fazem assumindo-se dentro de um híbrido, com entrevistas, noticiário puro e reportagens. (FERRARETTO, 2013, p. 59).

Uma das coberturas mais focadas em acontecimentos cotidianos pode ser

percebida na rádio BandNews, que, na sua programação, utiliza o formato Relógio,

que, segundo Lopez (2010), apresenta faixas horárias de informação e não faz uso

de programas. De 20 em 20 minutos, há uma entrada de manchetes e uma inserção

local de noticiário.

A organização da programação obriga a definir e desenhar os princípios e estruturas sobre as quais se constroem as técnicas de inserção dos distintos programas, quando se trata de uma grade generalista, ou as mudanças no relógio das fórmulas. (MARTÍ MARTÍ apud MARTÍNEZ COSTA, 2004, p. 22).

Lopez (2010) lembra ainda que, segundo o chefe de jornalismo da emissora,

André Luiz Costa, a proposta da BandNews FM é se indentificar com o seu público,

de classe AB, com novidades divulgadas pelos âncoras e apresentadores que

trazem a dinâmica de atualização da informação a ser apresentada. A programação

em blocos, por outro lado, era organizada por editorias, havendo programas com

profissionais, pautas e fontes específicas. Este tipo de formato de programação

informativa no rádio com 100% de notícias surgiu nos Estados Unidos há 50 anos,

porém no Brasil ainda está em processo de solidificação, segundo Lopez (2010). Um

dos nomes no jornalismo 24 horas por dia é o americano Gordon Mclendon, que, no

dia 6 de maio de 1961, fez algo inédito no radiojornalismo, conforme Marangoni

(1999):

Diretor de uma emissora em Xetra, estado de Tijuana, México, com programação voltada para Los Angeles, a XEAC especializada em transmitir rock-and-roll, resolveu fazer uma experiência nova. Como era grande o volume de informações que recebia na redação,

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transformou a então programação musical em jornalística e o resultado foi que passou para a história sendo provavelmente a primeira bem sucedida deste gênero no mundo. (MARANGONI, 1999, p. 5).

Desde o seu surgimento como alternativa para a comunicação na Primeira

Guerra Mundial até o presente, o rádio passou por várias mudanças, como, por

exemplo a adição das FM como opção além das AM. Com a programação variada, o

rádio FM é mais musical e focada nos jovens, porém não deixa de prestar serviços e

noticiar os acontecimentos diariamente. Além das rádios ouvidas pelo dial, surgiu a

rádio via internet como uma nova opção para o ouvinte.

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3 A WEBRADIO Para somar às rádios já existentes, a internet trouxe mais uma maneira de

ficar informado. Surgiram as webradios, rádios que estão apenas na internet,

podendo trazer uma programação específica ao vivo e/ou também gravada em

podcast. O capítulo presente vai abordar essa última novidade no meio radiofônico,

presente desde os anos 90.

Com a aparição da internet, houve uma convergência nos veículos de

comunicação. Os jornalistas responsáveis por sites precisavam adaptar os

conteúdos feitos nos meios de comunicação tradicionais. Segundo Erdal (2009), a

convergência começou com as emissoras de rádio e televisão, com o surgimento da

internet e depois dos celulares. No rádio hipermediático, conforme Lopez (2010),

[...] uma característica é crucial: a espinha dorsal da narrativa é sonora e, portanto, seu perfil multiplataforma envolve uma narrativa que, embora importante, é complementar. Mantém-se, assim, a identificação com o rádio, ainda um meio de comunicação próprio e que, aos poucos, atualiza-se. [...] Como reitera Faus Belau (2001), os novos canais de distribuição de informação e as novas tecnologias no processo produtivo obrigam a radiodifusão – tanto na gestão quanto nas redações – a melhorar qualitativa e quantitativamente seus serviços e conteúdos, adaptando-se ao novo ambiente tecnológico e comunicacional. (LOPEZ, 2010, p. 27-28).

Webradio é a rádio com presença apenas na internet. “Por webradio entende-

se a emissora radiofônica que pode ser acessada através de uma URL (Uniform

Resource Locator7), um endereço na internet, não mais por uma frequência

sintonizada no dial de um aparelho receptor de ondas hertzianas”, segundo Prata

(2008, p. 60). Assim como pelo rádio AM e FM, a webradio também transmite uma

programação, que pode ser ao vivo ou gravada em podcast. Diferentemente do rádio

convencional, a webradio é feita através da internet, o que torna o endereço global,

com a possibilidade de poder ser ouvida de qualquer lugar. A webradio é uma rádio

específica para internet, que não é transmitida em nenhum outro local. Já a rádio na

web é a versão da rádio em frequência modulada com versão transmitida pela

internet. A transmissão da webradio é como a rádio convencional, com música,

notícia, serviços e programas.                                                                                                                          7 Localizador padrão de recursos. Tradução livre da autora.

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Carmen Gómez Mont (2000), diz que há três tipos de emissoras de rádio na

internet: A emissora propriamente radiofônica, que traduz em linguagem digital o que

já existe na forma hertziana; A emissora que é embrionariamente digital, isto é, que

já nasceu na web; A rádio pirata, que encontra na web o espaço para a livre

expansão. Mas Prata (2008) não concorda em relação a rádio pirata. Para ela, não é

um tipo de webradio.

Pirata é toda emissora sem concessão e, como na internet não existe esse pressuposto, então não há rádios piratas na web. Poderíamos falar que na internet existem rádios pequenas e sem expressão que não conseguem a licença estatal e se abrigam na grande rede de computadores. Assim, o mais correto é afirmar que na web existem dois modelos de radiofonia: emissoras de rádio hertzianas com presença na internet e emissoras de rádio com existência exclusiva na internet, que chamamos de webradios. (PRATA, 2008, p. 53).

Segundo Barbeiro e De Lima (2001), o rádio via internet impõe

transformações qualitativas. A mudança está principalmente focada em ser um meio

de comunicação diferente do usado como forma de se comunicar durante as

guerras. Os autores mostram que as transformações sociais provocadas pelas

Guerra Fria e pelo capitalismo no final do século XX foram essenciais para mostrar

que os novos meios de comunicação eram nessessários para ajudá-los. Conforme

os autores, o rádio na internet trouxe transformações qualitativas.

Peritos militares incentivaram os técnicos a desenvolverem uma rede de comunicações que não dependesse só de um núcleo central, que em caso de guerra pudesse ser destruído. Daí nasce uma rede de comunicação totalmente fora de controle de quem quer que seja. Este princípio tira o rádio do alvo de ataque militar, como tantas vezes a história registrou ao longo do século XX. No transcorrer de invasões de tropas inimigas, golpes de estado, intentonas e quarteladas, estúdios e transmissores eram alvos prioritários. [...] com o rádio via Internet isto desaparece. Ele deixa de ser alvo preferencial. (BARBEIRO; DE LIMA, 2001, p. 35).

Para Prado (2006), os vários formatos de rádio fora do dial convencional

surgiram para atrair os internautas. “Desde as simples listas de músicas divididas em

gêneros ou artistas, passando pela mera transmissão do áudio de uma rádio do dial

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comum, até rádios criadas especialmente para a internet, com programas e

locutores” (PRADO, 2006, p. 157).

Hoje, até mesmo pequenas emissoras já preparam seus sites e testam disponibilização do áudio, bem como conteúdo complementar sobre notícias de interesse do target da emissora. Uma rádio segmentada em rock gera nas páginas do site históricos de bandas de rock; notícias atualizadas sobre a carreira e a vida pessoal dos músicos; serviços de utilidade pública, como lista de números de telefone úteis, endereços de locais públicos etc. Esse contexto provoca a reformulação do modo de fazer rádio hoje em dia. Não basta ter apresentadores, noticiaristas e programação musical. O surgimento das rádios na Web incita radialistas a pensarem de modo abrangente, que inclua a versão na Internet, evitando que sejam passados para trás pelas demais. (PRADO, 2006, p. 158).

Em um site na internet, a webradio traz na homepage (página inicial), o nome

da emissora, um slogan que resume o tipo de programação feita e links8 para outros

sites que abrigam as atividades desenvolvidas pela webradio, conforme Prata (2008,

p. 60). Por estar na internet, o site deve ser atrativo, além de trazer novidades.

Várias novidades são oferecidas pelas webradios, como serviço de busca, previsão do tempo, chats, podcasts, biografias de artistas, receitas culinárias, fóruns de discussão, letras cifradas de músicas, etc. Há também fotografias na homepage e nas outras páginas, tanto imagens publicitárias, quanto fotos de artistas e de funcionários da emissora. Há também vídeos e infografia. [...] Um detalhe, porém, difere o site da webradio de tantas outras páginas da internet: um botão para a escuta sonora da rádio. Ao clicar nesse ícone, o usuário poderá ouvir a transmissão radiofônica. Mas, para entender a mensagem transmitida, não é preciso o auxílio visual da página, que pode ser minimizada. A mensagem tem sentido apenas pelo áudio. (PRATA, 2008, p. 60-61).

Em julho 1995, o boletim eletrônico iRADIO foi lançado para acompanhar o

crescimento da internet e do rádio. No primeiro volume, informava que "algumas

estações" estavam realizando testes com a veiculação de seus sinais na rede,

segundo Kuhn (2001). Para Meneses (2012),

[...] a Internet está a mudar tudo, oferecendo – de diversas formas – mais e melhor música (do ponto de vista dos consumidores, que

                                                                                                                         8 Ligações entre documentos na internet. Pode ser entre textos, imagens, sons ou vídeos.

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passaram a ter o controlo da situação. A rádio não musical parece abrigada desta turbulência, podendo, até, tirar da internet grandes benefícios (a internet é, por isso, e em simultâneo, uma oportunidade e uma ameaça). Abrigada por quê? Ganha quem tiver os conteúdos, é outra máxima que se vai ouvindo. E se a internet tem a música, não tem a voz, não tem a espontaneidade do directo, não tem sentimentos nem emoções. (MENESES, 2012, p. 83).

Conforme o autor, a internet não é o FM do novo milênio. O FM é um modo

de emissão, enquanto a internet é ela mesma, servindo de emissão e de recepção

do rádio, “[...] influenciando outros dois elementos do processo comunicativo: a

mensagem e o feedback9” (MENESES, 2012, p. 85). Ele afirma que o FM e o

transistor são iniciativas exclusivas para servir a própria rádio, fazendo com que a

utilidade seja esgotante. Já a internet, não apareceu por causa do rádio. A rádio usa

a internet mas também suspeita dela.

3.1 O NOVO FORMATO RADIOFÔNICO A webradio teve sua primeira transmissão ao vivo com a rádio Klif, do Texas,

nos EUA, em setembro do mesmo ano. Conforme Prata (2008), a criação da

emissora foi um pulo em relação ao que era conhecido até então sobre radiodifusão,

“[...] como necessidade de concessão, presença de elementos visuais, interação em

tempo real e, é claro, a ausência do bom e velho aparelho de rádio (PRATA, 2008,

p. 62)". De acordo com Kuhn (2000), entre abril de 1996 e abril de 2000, houve um

salto de 56 emissoras para 3.763 nos Estados Unidos. Kischinhevisky (2007) afirma

que o rádio virtual, [...] “timecast, pioneiro portal da RealNetworks, oferecia serviços

de informação online, chat, listas de discussão e permitia, em 1999, a recepção de

1.222 emissoras de rádio e TV de todo o mundo” (KISCHINHEVISKY, 2007, p. 114).

No Brasil, a rádio na web teve início com a rádio Itatiaia, segundo Barbosa

Filho (1996). A rádio na web pode ser entendida como uma constelação de gêneros

que abriga formatos antigos, novos e híbridos, de acordo com Nair Prata (2008). A

rádio Itatiaia, também conhecida como a Rádio de Minas, foi fundada em 1952 pelo

jornalista e radialista Januário Laurindo Carneiro e é transmitida pelas frequências

610 kHz – AM e 95,7 MHz – FM, além do site10, do canal 411 de rádio da Sky e 174

                                                                                                                         9 Expressão em inglês. Significa dar uma resposta, um retorno, uma crítica. 10 Disponível em http://www.itatiaia.com.br/.

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da Claro TV, e de aplicativos para smartphones e tablets. A programação é voltada

para esportes, com coberta em eventos, jornalismo, prestação de serviços e

entretenimento.

Segundo Prata (2008), “[...] no dia cinco de outubro de 1998 entrou em

funcionamento a rádio Totem, a primeira emissora brasileira com existência apenas

na internet” (PRATA, 2008, p. 62). O criador da rádio Totem, Eduardo Oliva, explicou

em entrevista a Álvaro Bufarah Júnior (2003) que, inicialmente, a emissora

disponibilizava áudio de uma programação ao vivo de um pequeno estúdio em São

Paulo. Com o passar do tempo, surgiram novos serviços,

[...] como a criação de 11 canais, contendo programação diversificada, abrangendo vários estilos musicais, como dance, sertanejo, samba e pagode, pop, rock, urban, latino, MPB, axé, reggae e top, sendo este último o único apresentado ao vivo com músicas, programas e notícias. Os usuários também podiam acessar canais de vídeo com clipes e entrevistas, além de serviços de e-mail e atendimento via rede. (BUFFARAH JUNIOR. In: HAUSSEN; CUNHA; 2003, p. 59).

Segundo dados da ABERT, em setembro de 1997, já haviam 29 rádios

virtuais nacionais. Em 2014, o número subiu para 2769, segundo o site Rádios.com.

Para que fosse possível a transmissão via internet, Kischinhevisky (2007) afirma que

foi “[...] graças ao surgimento da tecnologia RealAudio, um plug-in (incremento) para

o browser (software11), desenvolvido pela empresa norte-americana Progressive

Networks, que permitiu a audição de gravações via internet em tempo real”

(KISCHINHEVISKY, 2007, p. 116) e não mais horas para que o download12 fosse

feito.

Com o RealAudio, o som é digitalizado e convertido para um formato comprimido, que pode ser enviado através de modems com velocidade acima de 14.400bps. Na maioria das rádios virtuais, há links para o site do software, que pode ser “baixado” gratuitamente. Mas foi um formato, o MPEG Layer 3, ou simplesmente MP3, que intensificou ainda mais esse trânsito virtual radiofônico na rede, permitindo a compressão do som em até 12 vezes e agilizando a recepção. Com o lançamento do Rio PMP300, um walkman digital da

                                                                                                                         11 Navegador na rede. Sequência de instruções escritas para serem interpretadas por um computador, a fim de executar tarefas específicas. Tradução livre. 12 Baixar, em uma tradução livre. Ação que transfere dados de um computador remoto para um computador local.

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Diamond Multimedia Systems, que baixava músicas da internet em formato MP3, a popularização ganhou contornos de coqueluche. Um salto e tanto para uma rede de computadores que, até 1989, permitia apenas trocas de arquivos de textos e que só em 1996 passou a comportar vídeo. (KISCHINHEVISKY, 2007, p. 116).

Além destes, Jorge Guimarães Silva, autor do blog “A Rádio e Portugal”,

explica que a transmissão via internet pode ser feita pelo WMA (Windows Media

Auto), desenvolvido pela Microsoft e que gera arquivos de áudio cerca de um terço

menores que o concorrente MP3. E também pelo Quick Time13, da marca Apple, que

precisa do aplicativo Quick Time Player e traz a qualidade do áudio superior ao do

MP3 (PRATA, 2008, p. 64).

A webradio por ser ouvida de qualquer lugar do mundo. Segundo

Kischinhevisky (2007), o rádio via internet é essencialmente desterritorializado e

não-massivo, e beneficia diretamente pessoas que moram fora de seus países de

origem. “Ele estabelece uma descontinuidade nas relações entre emissor-receptor,

possibilitando o surgimento de audiências assincrônicas e a recuperação de

programas, entrevistas e especiais que já foram ao ar” (KISCHINHEVISKY, 2007, p.

116-117).

Mesmo como a possibilidade de atingir pessoas de todo o mundo, a webradio

não pode ser acessada por um número muito grande de usuários, já que o número

de acessos é limitado conforme o servidor. Fernando Kuhn (2000) diz que os sinais

são divididos em dados, que são enviados em intervalos. Os programas usam a

bufferização (carregam dados que sustentem a apresentação por um tempo para os

ouvintes) assim, quando a primeira parte chega para o ouvinte, a segunda parte vai

carregando, fazendo com que a transmissão tenha uma continuidade. Isso é feito

através do streaming14, ou seja, pela veiculação de fluxo contínuo (DEL BIANCO,

2012, p. 61).

Moreira (1999) afirma que, “[...] para ouvir qualquer emissora com

programação disponível via internet, o navegador precisa possuir um micro equipado

com placa de áudio e modem com velocidade de 28.8kbps”. (MOREIRA, 1999, p.

215). Segundo Kuhn (2000), a conexão com a internet, a qualidade da placa

                                                                                                                         13 Estrutura de suporte multimídia que pode manipular formatos de video, áudio, texto, animação, entre outros. 14 Distribuição de dados apenas pela internet. Consiste em colocar no ar um sinal digital em tempo real.

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instalada no computador e as interrupções são outros fatores que podem atrasar a

receptividade do ouvinte:

Quando a rede está congestionada, podem ocorrer defasagens no recebimento do pacote. Se ele é recebido de forma lenta e incompleta e o seguinte teve melhor sorte, o software vai direto para o segundo, causando saltos na recepção. Se também o segundo tem sua apresentação inviabilizada, a consequência é um longo intervalo. A falta de dados leva à interrupção da transmissão. (KUHN, 2000, p. 31).

Prata (2008) também cita que

[...] o mercado mundial oferece hoje vários tipos de aparelhos receptores de rádio digital tanto portáteis, quanto aqueles para serem utilizados em automóveis e até combinados com computador. Mas para a visualização de dados é preciso um decodificador de imagens e, para os textos, uma tela capaz de representar caracteres alfanuméricos. (PRATA, 2008, p. 59).

A rádio na internet pode fazer com que ouvintes migrem da rádio

convencional devido a um sistema que chame atenção. A notícia agora não é só

ouvida e a interação com o locutor é maior. Ogliari e Souza (2012) afirmam que

existe a consciência de que o número de pessoas conectadas à rede aumenta numa

escala grande, dando importância ao estudo do processo de migração da rádio

tradicional para o webradio.

Um fator a ser levado em conta nessa transição diz respeito à necessária análise do design do site onde será inserida a rádio web, já que as páginas da web adquiriram popularidade justamente por serem gráficas, e a orientação e referência para sua estruturação é buscada em outras mídias, principalmente no meio impresso. (OGLIARI; DE SOUZA, 2012, p. 1).

Moreira (1999) cita que, na época, as webradios se autopromoviam e, no site,

anunciavam concursos, recebiam pedidos de musicas e divulgavam as que haviam

tocado, além de organizar arquivos de programas.

Praticamente todos os sites dispõem de uma homepage contendo informações textuais sobre a programação (com horários, destaques,

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chamadas para atrações do dia ou da semana) e dados sobre o funcionamento da própria emissora. Entre as emissoras brasileiras que podem ser “lidas” e ouvidas na internet, algumas – como as rádios Jovem Pan e Bandeirantes (de São Paulo), Gaúcha (de Porto Alegre) e Imprensa (do Rio de Janeiro) – mantêm à disposição do usuário homepage com histórico, serviços (tempo, estradas, etc), textos atualizados de notícias, equipe, lista dos valores vigentes para comerciais e informação sobre outras emissoras que funcionam em rede (caso da Jovem Pan e Gaúcha, entre as rádios citadas), além de um botão para acionar a programação ao vivo e em tempo real. (MOREIRA, 1999, p. 215).

A webradio vem crescendo com o passar do tempo. Para Prata (2008), a

internet está se tornando um espaço virtual amplo para a proliferação de emissoras

comunitárias, graças a dificuldade de conseguir uma concessão governamental na

rádio hertziana. As emissoras que vão para a web, mesmo tendo a concessão,

sabem que é possível fazer qualquer tipo de programação sem interferência na

internet. “O novo rádio é digital, multimídia e interativo, mas apresenta saturação de

informação, ausência de hierarquização e até perda e desorientação do usuário”

(PRATA, 2008, p. 226). Mas, segundo a autora, a proliferação das webradios e a

entrada no mercado de todos os tipos de emissores, podem oportunizar ao público

vivenciar o papel de produtor de conteúdo.

Também na webradio o conteúdo é dirigido a interlocutores imaginados [...] para a programação tradicional do rádio e da TV. Talvez ainda com mais força na internet que na transmissão hertziana, os públicos tenham cada vez uma segmentação maior. A webradio é, com certeza, o rádio dos conteúdos especializados voltados para as [...] comunidades determinadas que compartilham objetivos comuns. (PRATA, 2008, p. 225).

Segundo Ferraretto (2007),

[...] constitui-se rádio aquilo ao qual o ouvinte atribui esta caracterização, aquilo que ele necessita, identifica e utiliza como tal. Em termos da forma e do conteúdo da mensagem, a referência tem de ser a presença de elementos que conformam a chamada linguagem radiofônica: a voz humana, a música, os efeitos sonoros e o silêncio. (FERRARETTO, 2007, p. 8).

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Para Fuentes et al (2013), a linguagem na rádio hertziana é feita apenas

sonoramente. Contrariamente, a webradio

[...] permite agregar ao som outras potencialidades, nomeadamente texto, imagem e vídeo, que, não substituindo o poder do som o complementam. Assim, a transmissão e a percepção da mensagem tornam‐se processos facilitados, não só para quem produz e emite a mensagem como também para quem a recebe. (FUENTES et al, 2013, p. 118).

Prata (2008) afirma que a radiofonia continua sendo oral na internet,

permanecendo o diálogo mental com o ouvinte,

[...] mas também é textual e imagética; continua a ser transmitida no tempo da vida real do usuário, mas agora tem alcance mundial e permite o acesso posterior aos conteúdos transmitidos. E com o avanço da tecnologia, a webradio vai ganhar autonomia, mobilidade e baixo custo. [...] Na webradio, obviamente, permanece a existência do contrato entre emissor e receptor e continuam sendo firmados os dois compromissos apontados por Salomão (2003): o reconhecimento e a adesão. Isso porque o meio digital não tira dos encontros entre locutor e ouvinte a condição de operação de linguagem, mesmo que estes não se dêem mais apenas essencialmente em forma sonora. (PRATA, 2008, p. 5-6).

A autora ainda conclui que os novos gêneros da webradio são:

[...] chat, o e-mail, o endereço eletrônico, a enquete e o fórum, nascidos genuinamente em meio digital. Mas também são novos, no suporte internet, os tradicionais gêneros radiofônicos hertzianos, como a notícia, a reportagem, os programas diversos, o spot15, o jingle16 e todos os outros elencados por Barbosa Filho (2003) e encontrados nas webradios pesquisadas. Tratam-se de formas híbridas, nascidas da complexa tessitura digital da webradio. Mas, como um todo, a webradio pode ser entendida como uma

                                                                                                                         15 Surgiu como uma maneira de divulgar mercadorias. Utiliza fundos musicais e efeitos sonoros, havendo a possibilidade de ser sem acompanhamento sonoro. Dura entre 15 e 90 segundos, porém a mais frequente é de 30 segundos, segundo Reis (2008). 16 Conforme Reis (2008), o jingle é uma peça publicitária feita por composição musical, utilizando melodias criadas exclusivamente ou provenientes de outras canções. Os jingles são veiculados durante o intervalo comercial e, em geral, duram 30 segundos. Está presente em todos os modelos de programação radiofônica.

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constelação de gêneros que abriga formatos antigos, novos e híbridos. (PRATA, 2008, p. 13).

Diferentemente do rádio FM, rádios na internet oferecem uma proximidade

maior com o ouvinte, que pode enviar emails ou recados pelo computador para a

produção e para o apresentador. Às vezes, o ouvinte pode ser o produtor de um

devido programa, dando ideias de pautas durante conversas com os radialistas, ou,

se for um programa musical, pode pedir a música que gostaria de ouvir. Essa

interatividade é utilizada pela emissora tanto para corrigir uma notícia, quanto para

dar uma complementação e até fazer um comentário em cima do que o ouvinte

disser.

Em dois campos, principalmente, a webradio chama a atenção. Primeiramente na questão dos gêneros, já que são muitas as novidades nesta área. A notícia, só para citar um exemplo, antes apenas sonora, agora agrega também elementos de outras mídias, como o texto e a imagem, além de ser também possível recuperar uma informação por meio de um banco de arquivos permanentes. Outro campo é o da interação, onde o impacto da tecnologia provoca fortes mudanças, com os usuários comunicando-se de novas formas entre si e com a emissora [...] gerando uma quebra paradigmática que transforma o receptor em produtor de conteúdo. (Prata, 2008, p. 189).

O rádio sempre foi um meio de comunicação que conversa com o seu

ouvinte. “No início, a convergência se deu com o auditório e as cartas de ouvintes.

Num segundo momento, foi com o telefone, o que criou um novo gênero de

programas, o popular phone-in17” (RIBEIRO; MEDITSCH, 2006, p.02). Com o

surgimento das webradios, a interatividade entre locutor e ouvinte mudou. “Se até o

início dos anos 90 a carta e o telefone eram os formatos mais utilizados na

radiofonia, neste início de século XXI as interações por e-mail são soberanas nas

emissoras, tanto hertzianas, quanto via internet” (PRATA, 2008, p.198).

Como a web é um ambiente heterogêneo, que permite mais manipulação que o rádio hertziano, é importante destacar que as webradios disponibilizam a seus usuários várias ferramentas interativas com o objetivo de atrair e fidelizar o seu público. A

                                                                                                                         17 Participação dos ouvinte pelo telefone.

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principal delas, com certeza, é o próprio site [...] marcado por vozes não apenas sonoras, como no rádio hertziano, mas também estruturalmente formado por textos e imagens. [...] poderíamos destacar a existência de uma nova modalidade de interação presente na webradio: o encontro entre usuários. Pelo chat, ouvintes que fazem parte da comunidade da emissora interagem entre si. [...] Numa emissora hertziana, não há a possibilidade desse tipo de interação, uma novidade que só a digitalização pode proporcionar. (PRATA, 2008, p. 14).

Segundo Lopez (2010):

Os ouvintes têm uma função crucial no rádio. O ouvinte participa, a cada dia mais, ativamente da programação. Tanto a participação emitindo sua opinião em programas jornalísticos quanto a interação através do contato com a equipe de produção sugerindo pautas configuram-no como fonte. Além, claro, dos ouvintes entrevistados pelos repórteres no trabalho de campo ou através de telefone. (LOPEZ, 2010, p. 78).

É possível perceber que o rádio e a internet possuem maneiras diferentes de

interatividade. Há uma complementação da mensagem no uso destas duas mídias

como facilitadoras do relacionamento com clientes e ouvintes, segundo Bruner

(2001).

A questão é que a Internet faz com que fique mais fácil para as pessoas realizarem o desejo de se sentirem envolvidas e no controle da situação. Apenas oferecer um endereço eletrônico para contato com o webmaster18 não é verdadeira interatividade, a não ser que tudo que o cliente deseje fazer seja reclamar. As pessoas querem saber que suas opiniões estão sendo ouvidas. Querem fazer uma diferença. Adoravam ver seus nomes e suas palavras impressos, mesmo que apenas no brilho tênue de seus monitores. Elas querem ser parte do processo. (BRUNER, 2001, p. 55).

Anderson (2006) cita que nas décadas de 1950 e 1960, quase todas as

pessoas tinham ouvido a mesma programação radiofônica na noite anterior, o que é

improvável hoje devido à grande quantidade de opções. Segundo Anderson (2006),

“[...] o conceito de hit19 é substituído pelo de micro hit. Em lugar da estrela solitária,

surge um enxame de micro-estrelas, e um número minúsculo de elites de mercados                                                                                                                          18 Dono do site. Tradução livre. 19 Música que faz/fez bastante sucesso.

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de massa converte-se em número ilimitado de demi-elites ou quase-elites”

(ANDERSON, 2006, p. 198). O autor afirma que, nessa época, o rádio era uma

máquina de produção de sucessos, tendo como pico de audiência, o momento de

veiculação das dez melhores músicas. A música é um dos meios que mais trazem a

interatividade, já que o ouvinte tem seu próprio gosto musical e gostaria de ouvir o

que escuta na própria casa. Del Bianco (2012) mostra que cada pessoa cria a sua

própria lista, com base nos seus próprios gostos.

É o formato da cauda longa, onde se tem uma hiper segmentação da audiência por causa da grande oferta de conteúdo presente na radiofonia presente na internet. Na webradio brasileira, os 65 gêneros diferentes presentes nas emissoras do portal Rádios exemplificam bem essa hipersegmentação, com um número ilimitado de micro hits para todos os gostos e todos os públicos. (DEL BIANCO, 2012, p. 233).

Entre os gêneros no site rádios.com.br hoje estão: adulta, alternativa,

automobilismo, Bluegrass20, Bossa Nova, Blues, Brega, Classic Rock (rock clássico),

Contemporary Hit Radio (Top 40), Católica, Comedy Show (comédia), Classic Hits

(hits clássicos), Christian Country (country gospel), Christian Rock (rock gospel),

Community Radio (rádio comunitária), Creole (música folk), Classical (clássicos),

College (colegial), Comunitárias, Christian Music (música gospel), Christian

Contemporary (gospel contemporâneo) Country, Dance, Escuta Radioamador,

Escuta Aérea, Easy Listening (música orquestrada), Eclética, Escuta Diversas,

Étnica, Escuta Ferroviária, Esportes, Futebol, Flashback, Financial-Business

(negócios), Free Form (estilo livre), Forró, Funk Carioca, Fado, Flamenco, Folk

Music (música folk), Farm Radio (música de campo), Folclore, Gospel, Gauchesca,

Hip-Hop, Hits, Hits Africanos, Infantil, Instrumental, Indian Music (música indiana),

Islâmica, Judaica, Jammin21, Jornalismo, Jazz, Jovem, Jamz22, Latin Hits (hits

latinos) Multi Cultural, MPB, Nostalgia, New Age (música da Nova Era), Natalinas,

New Rock (rock novo), Old School (bandas que faziam sucesso antigamente),

Ópera, Oldies (músicas antigas), Pop Português, Pública, Popular, Pop-Rock,

Positive Radio, Punk, Polskie Radio (música polaca), Programação Italiana, Turca,

                                                                                                                         20 Música de raiz americana, vertente do country. Costuma utilizar instrumentos acústicos de cordas como banjo, violão, bandolim, baixo e violino. Pode ser com ou sem voz. 21 Deriva de Jam Session, encontro de músicos que tocam o que vier à mente para se divertir. 22 Mesca de soul, jazz e R&B.

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Persian (persa), Árabe, Portuguese (portuguesa), Middle East (música do oriente

médio), Brazilian (brasileira), Asiática, Espanhola, Grega, Polish (polonês) e Basca,

Rumba23, Rock, Ranchera (música mexicana) Românticas, Ritmo Caribenho, R&B,

Reggae, Religiosa-Espírita, Rock n’ Roll, Roi, Spanish (músicas espanholas), Soul,

Salsa, Soft Rock (rock leve), Sertaneja, Samba-Pagode, Smooth Jazz (jazz suave),

Talk News (de notícias), Tribal, Top 40, Techno, Tropical, Tango, Trilhas Sonoras,

Trance, Underground Music (músicas menos conhecidas), University (músicas

universitárias), Urban Contemporary (urbana contemporânea), Variety (de

variedades) e World Music (músicas mundiais).

Prado (2006) diz que “[...] quando a música for ao ar, uma das dezenas de

informações colhidas é dita com o anúncio do nome da música, o nome de quem a

compôs e de quem a interpreta. Detalhe: nem todas as emissoras exigem que se

fale o nome do compositor” (PRADO, 2006, p. 36). Porém, há apresentadores que

preferem falar sem fundo musical.

Um exemplo trazido por Prata (2008) é a webradio Phoenix24, do Japão. A

programação musical é definida pelo internauta a partir de uma lista pré-

determinada. E o ouvinte ainda pode ver o locutor operando a mesa e falando,

através de uma webcam ao vivo no estúdio da rádio, além de poder conversar com

ele pelo chat, que é a interação direta com o locutor.

É muito comum nas emissoras hertzianas a visita de ouvintes, que sonham em conhecer o estúdio de perto e ver os locutores trabalhando. Na web isto se torna possível e, mesmo virtualmente, o ouvinte pode acompanhar o dia-a-dia dos comunicadores. (PRATA, 2008, p. 158).

Em 2001, Barbeiro e De Lima (2001) citavam que as rádios via internet não

eram apenas transmissoras de programas. As webradios têm que agradar os

internautas que querem mais, como consultar arquivos, ouvir programas que já

foram ao ar, conversar com a direção da rádio, além dos apresentadores e

programadores.

                                                                                                                         23 De origem africana, levadas por tribos até Cuba. Dança em compasso binário que foi incorpada ao flamenco. 24 Disponível em http://www.radiophoenix.jp/

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A nova rádio terá que desenvolver uma grande e excelente quantidade de serviços se quiser que internautas-ouvintes estejam conectados. O núcleo de produção da rádio para a Internet vai ser maior ou igual ao núcleo que produz a divulgação sonora na rede. Com isso, o rádio perde sua velha vocação auditiva, à medida que agrega arquivos, dados, textos e imagens na programação normal. O novo rádio vai ter que disponibilizar na rede as imagens dos seus apresentadores e entrevistados e até mesmo dos anúncios veiculados. (BARBEIRO; DE LIMA, 2001, p. 38).

Por estarem na internet, as webradios podem ter um site criativo, que esteja

sempre atualizado com informações. Em comparação com a rádio convencional, a

webradio traz um grande diferencial, o podcast. Ele foi criado para que a pessoa

ouça na hora que quiser. Conforme Foschini e Taddei (2007), o podcast é uma fusão

de iPod (tocador de arquivos digitais de áudio da Apple) e broadcast, que significa

transmissão em inglês. O podcast fica na internet e é dividido em uma série de

programas, que podem chegar até o computador da pessoa através de download.

Rádios convencionais viram no podcast uma forma de aumentar sua audiência. Oferecem sua programação em "fatias", segmentada, dando oportunidade aos ouvintes de escolher os programas e até qual parte dos programas ouvir. A BBC, sólida referência jornalística mundial, foi uma das que logo incorporaram a novidade. Nos Estados Unidos, os podcasts da National Public Radio tornaram-se uma referência de sucesso. (FOSCHINI; TADDEI, 2007, p. 13).

Para que o podcast funcione, existe o RSS (Real Simple Syndication), que

traz um link para os arquivos de variados endereços da internet. Os arquivos podem

ser músicas, fotos, vídeos, etc. Se o ouvinte se interessar pelo conteúdo, ele pode

assinar o podcast e ser avisado quando algo novo for ao ar. Assim, é fechado o ciclo

de como os sons se propagam pelo ciberespaço, desde o computador onde foi

produzido o podcast, até o computador que o ouvinte utiliza para baixar o programa,

segundo Foschini e Taddei (2007). Para Fuentes et al (2013),

[...] a introdução da webadio e, mais especificamente da tecnologia podcast, veio modificar a questão da instantaneidade (ou efemeridade) da rádio hertziana, permitindo que cada ouvinte possa fazer uma gestão personalizada da programação, definindo o que ouvir e quando ouvir, tendo ainda controle sobre o processo de acesso aos conteúdos: pode parar, fazer pausa, voltar atrás, avançar e repetir sempre que desejar. (FUENTES et al, 2013, p.119).

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Kischinhevisky (2001) afirma que o podcasting se diferencia da rádio

comercial online por existir qualquer tipo de transmissão sendo veiculada sem ter

que necessariamente seguir um padrão.

Evidentemente, a maioria se caracteriza pela programação musical, ainda como se os podcasters25 estivessem ocupados demais em responder às emissoras convencionais, afirmando gostos pessoais e estabelecendo sistemas simbólicos de identificação cultural, de pertencimento a uma determinada comunidade ou tribo. [...] no Live365, um dos mais populares diretórios, as emissoras que se enquadram em 23 categorias, como “rock”, “folk”, “alternative”, “hip-hop/rap”, “classical”, “country”, “latin” e “eletronic/dance”, ganham destaque na ferramenta de busca. Apesar disso, o internauta interessado em outros segmentos não vai se frustrar com a falta de opções, como no dial analógico: há outros 263 gêneros listados, em ordem alfabética, com temáticas que vão dos debates políticos aos serviços religiosos, passando por assuntos governamentais, humor, sexo e guerra. (KISCHINHEVISKY, 2001, p. 118).

Conforme o Kischinhevisky (2001), o podcast também chegou nas rádios

comerciais, que oferecem agora no site, alguns programas específicos da grade de

programação como uma alternativa à programação normal online.

Del Bianco (2012) afirma que nas emissoras de rádio, o produto oferecido ao

público é a programação gratuita, mas na internet o produto ganha novas

dimensões, como oferta de cursos, gravações de comerciais, vendas de camisetas e

ingressos, e eletroeletrônicos. Como na internet as transmissões são gratuitas, a

publicidade se torna bastante complexa porém, pode ser bastante eficaz e de baixo

custo se a rede for focada em um segmento específico de público. Para Del Bianco

(2012),

[...] o cliente na radiofonia é o público, também chamado de ouvinte. Já na webradio, o público é o usuário, já que, além de ouvir, tem uma postura mais ativa do ponto de vista internacional. O produto, isto é, a programação e todas as novas ofertas presentes em meio digital devem ser pensadas em função desse usuário, cada vez mais segmentado. (DEL BIANCO, 2012, p. 237).

                                                                                                                         25 Quem faz o podcast. Tradução livre.

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Conforme a autora, na webradio, o internauta deve ter “[...] navegabilidade

confortável e intuitiva, acesso irrestrito a todas as páginas e informações detalhadas

sobre as práticas e procedimentos da emissora” (DEL BIANCO, 2012, p. 238). Por

trazer uma programação musical, o internauta deve ter como opção a mais o clipe

da banda ou a letra da música.

Uma das diferenças na rádio hertziana e na webradio é que esta precisa de

um computador com internet para acessar o conteúdo, o que não acontece no

aparelho transistorado. Porém, através da evolução tecnológica surgiram

dispositivos com acesso à internet, principalmente os dispositivos móveis, como

smartphones e tablets, que permitem acessar a webradio sem precisar de um

computador. Assim, o rádio não vai acabar tão cedo, porque através de várias

possibilidades é possível ouvi-lo, seja por aplicativos das webradios ou por podcasts,

ou ainda pelas emissoras tradicionais no dial.

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4 OS GÊNEROS MUSICAIS E AS EMISSORAS DE RÁDIO Uma programação radiofônica, segundo Hausman et all (2010), diz respeito

simplesmente à seleção e ao arranjo da música, locução e outros elementos do

programa de maneira atraente aos ouvintes da emissora. Para isso, o programador

e o gerente de produção precisam levar em consideração a concorrência, as

mudanças demográficas e os formatos na hora de criar o som da emissora.

Segundo Mcleish (2001),

[...] muitas emissoras regulam a utilização das músicas de maneira totalmente sistemática, por exemplo, para evitar que as mesmas faixas sejam usadas em programas em horários adjacentes. Entrando com os títulos das músicas, o computador pode ser programado para fornecer a combinação certa de estilos, artistas, compositores etc., que aparecerão na frequência desejada. A escala fica então nas mãos do programador que decide sobre a alternância, a frequência em que uma faixa será tocada num dado período, o tipo de música e qual a duração apropriada para diferentes horas do dia. O computador registra um histórico da música tocada, não só indicando quando ela voltará a ser apresentada, mas servindo como fonte para responder às perguntas dos ouvintes. (MCLEISH, 2001, p. 134).

Conforme Mcleish (2001), há algumas regras básicas nas emissoras que os

programadores devem seguir:

[...] ao programar uma música nova ou desconhecida, coloque canções de sucesso ou material conhecido antes e depois. Ocasionalmente, interrompa a sequência locução-música-locução e toque um disco atrás do outro, ou seja, passe de uma música para a outra sem interrupção, com ou sem talk-over26. (MCLEISH, 2001, p. 133).

O autor ainda afirma que existe um sistema informatizado que é utilizado para

gerar uma lista semanal obrigatória para os apresentadores que não escolhem as

músicas. Assim, “[...] os apresentadores selecionam dada porcentagem de seu

próprio programa a partir do material que lhes é fornecido: o restante, eles próprios                                                                                                                          26 Falar sobre ou em cima da música. Tradução livre.

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escolhem” (MCLEISH, 2001, p. 134). Sobre os pedidos musicais dos ouvintes, ele

aconselha: “[...] não toque menos de um minuto do pedido de alguém, ou o ouvinte

se sentirá enganado” (MCLEISH, 2001, p. 136).

Neste trabalho, o gênero abordado é o musical, que, para Hausman et al,

(2010) é o que ocupa a maior parte da programação na maioria das rádios

comerciais do país. Segundo Janotti Junior (2013),

[...] de acordo com o gênero musical, os elementos sonoros, como distorção, altura e ritmo ganham contornos e importâncias diferenciadas. Assim, os gêneros musicais envolvem então: retras econômicas (direcionamento e apropriações culturais), regras semióticas (estratéfias de produção de sentido inscritas nos produtos musicais) e regras técnicas e formais (que envolvem a produção e a recepção musical em sentido estrito). (JANOTTI JUNIOR, 2013, p. 6).

E, dentro dos gêneros, os autores Hausman et al (2010) citam o Adult

Contemporary27, um formato que geralmente inclui hits populares (currents), hits

recentes (recurrents) e músicas antigas (oldies). Este formato geralmente é indicado

para ouvintes em geral, não àqueles dedicados a apenas um gênero musical. Há

também o Adult Standards28, frequentemente encontradas na faixa AM. O formato é

quase o mesmo que o “[...] middle-of-the-road29. Em todo caso, adult standards

geralmente significa música como a de Tony Bennett30. Entretanto, este formato não

é mais sinônimo de música da Segunda Guerra Mundial” (HAUSMAN et al, 2010, p.

403). Outros formatos são o Classical (música clássica), que normalmente traz

música orquestrada, ópera e shows, tendo um público caracteristicamente muito

rico, e o Classical Rock (rock clássico), que era o formato originário de álbuns de

rock, mas, que hoje, traz sua própria identidade segundo os autores. Este formato

traz os maiores hits dos melhores 100 álbuns de rock de todos os tempos, sem

novidades.

O Conteporary Hits Radio, também conhecido como Top 40 ou Current Hit

Radio traz as 40 músicas mais tocadas repetidamente na programação.

                                                                                                                         27 Adulto contemporário. Tradução livre. 28 Padrões adultos. Tradução livre. 29 Música de estrada. Tradução livre. 30 Nome artístico de Anthony Dominick Benedetto. É um cantor norte-americano, tido como uma lenda do jazz e da música pop, emplacando sucessos nos anos 50.

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As rádios CHR/Top 40 atuais têm como característica dividir sua programação com formatos especialmente adequados ao público que muda ao longo do dia. Algumas emissoras de CHR/Top 40 também ampliam sua playlist para conquistar um público mais amplo, enquanto outras tocam Top 40s rítmicos para atrair o público mais jovem. Esses formatos geralmente fazem uso de muita promoção para consolidar seu público. (HAUSMAN et al, 2010, p. 404).

Segundo Ferraretto (2008),

Tanto o Top 40 e seus derivados como o jabá31 atestam o extremo poder das indústrias culturais para definirem o que é ou não sucesso em termos musicais. A realidade recente das trocas de arquivos em formato .mp3 por meio da internet, piratarias à parte, vai, de fato, contra essas imposições e faz com que a rede mundial de computadores comece a substituir o rádio no lançamento e na fixação de hits musicais. (FERRARETTO, 2008, p. 153).

Já o Country não foca somente nos ouvintes do campo. Os autores Hausman

et al (2010) exemplificam que o público country não é visto como rico, mas o formato

faz sucesso entre ricos e jovens, graças ao aparecimento de várias estrelas de

country crossover32. Mudando para o Modern Love (amor moderno), que também é

conhecido como New Rock, traz muitas músicas progressivas, com tendência a

serem atuais, com bandas que ganharam destaque nos últimos cinco anos. O New

AC/Smooth Jazz tem jazz e vocais compatíveis, levando músicas agradáveis para

ouvir, também é conhecida como New Adult Contemporary. Já o formato Oldies é

discutível.

Para a maioria dos produtores, um oldie é uma faixa lançada há pelo menos dois ou três anos, e, logicamente, muitos oldies datam de muito mais tempo. Algumas emissoras fazem rodízio de todas as épocas de música gravada, mas o mercado oldie também é segmentado. [...] a maioria dos rodízios em emissoras em formatos oldie se concentra num período identificável de 15 anos. (HAUSMAN et al, 2010, p. 405).

                                                                                                                         31 Prática pela qual as gravadoras pagam às emissoras ou aos comunicadores pela veiculação insistente de uma música específica, segundo Ferraretto (2008). 32 Canções que apresentam junções de dois ou mais gêneros musicais.

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Há também o formato Religious (religioso), com o nome autoexplicativo e o

Rock, denominado album-oriented rock (AOR), que toca canções de heavy rock

mais longas, músicas mais antigas e sem parar, é essencialmente voltado para um

público masculino jovem. Conforme Fornatale e Mills (1980),

[...] o rádio e o rock foram feitos um para o outro. A relação entre as gravadoras e as emissoras tornou-se mutuamente benéfica. Ao oferecer os últimos sucessos, as gravadoras proporcionaram custos menores de operação às estações. Estas, por sua vez, proporcionaram às gravadoras o equivalente à propaganda gratuita. (FORNATALE; MILLS, 1980, p. 44).

Além deles, há o formato Spanish, uma grande variedade de formatos de

música espanhola, que se tornou famosa devido ao grande número de latinos nos

Estados Unidos, e os formatos Urban, com uma junção de R&B, rap, hip-hop, hard

rock e outros. Foram feitos para atrair públicos jovens, muitas vezes negros e

latinos, que residem em cidades. “Muitas emissoras urban também têm uma boa

dose de faixas Top 40 e são apelidados de “churbands”, ou rhythmic Top 40”

(HAUSMAN et al, 2010, p. 405).

As rádios FM jovens de Caxias do Sul a serem pesquisadas são A, B e C. Já

as webradios são D, E, F e G. As emissoras foram escolhidas devido aos estilos

musicais presentes nas suas programações musicais, tais como rock, pop rock e

indie (alternativo).

O rock é uma mistura de estilos. Segundo Marques (2005), “[...] o rock'n'roll

tem suas origens no misto de rhythm'n'blues', country music americana e boogie-

woogie dos anos 1940 e 1950” (p. 102). O site musical Last.fm33 afirma que rock é

um termo abrangente, um gênero que se desenvolveu a partir da década de 1950.

Além do blues, da música country e do rhythm and blues já citados, o site também

inclue o folk, o gospel, o jazz e a música clássica.

Suas raízes se encontram no rock and roll e no rockabilly que emergiu e se definiu nos Estados Unidos no final dos anos quarenta

                                                                                                                         33 Disponível em http://www.last.fm/.

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e início dos cinquenta. No final dos década de 1960 e início dos anos setenta, o rock desenvolveu diferentes subgêneros. Quando foi misturado com a folk music ou com o blues ou com o jazz, nasceram o folk rock, o blues-rock e o jazz-rock respectivamente. Na década de 1970, o rock incorporou influências de gêneros como a soul music, o funk e de diversos ritmos de países latino-americanos. Ainda naquela década, o rock gerou uma série de outros subgêneros, tais como o soft rock, o glam rock, o heavy metal, o hard rock, o rock progressivo e o punk rock. Já nos anos oitenta, os subgêneros que surgiram foram a New Wave, o punk hardcore e rock alternativo. E na década de 1990, os sub-gêneros criados foram o grunge, o britpop, o indie rock e o nu metal. (Last.fm).

O site diz que o estilo pop rock é um híbrido de música pop e rock que usa o

estilo pop cativante, com letras leves gravadas em cima de piano e guitarra, por

exemplo.

Existem diferentes definições do termo, desde que está sendo classificada como uma "variedade bem humorada da música rock" a um subgênero da música pop ou de rock. Estudiosos notaram que pop e rock são normalmente descritos como opostos; os detratores do pop, muitas vezes ridicularizam como um produto liso, comercial, juntamente com os defensores do rock que afirmam que a música rock é uma forma mais autêntica, sincera de música. (Last.fm).

Já o indie teve início nos anos 1990 na Inglaterra. Conforme Marques (2005),

“[...] o tipo de música que faria parte desse novo e amplo gênero musical era um tipo

de rock chamado de alternativo (ou underground), produzido, em sua maioria, fora

do mainstream por selos independentes” (MARQUES, 2005, p. 94). A autora afirma

que o rock é diferente do rock alternativo.

Se o rock dos anos 80 era produzido predominantemente por jovens artistas brancos, de classe média, com formação universitária e oriundos de Brasília e de capitais do sul e do sudeste, ele ressurgia nos anos 90 a partir de uma configuração bem distinta: forte presença das periferias urbanas, principalmente de capitais do nordeste; influência importante da música negra, especialmente do funk e do rap – predominante em grupos como Rappa e Cidade Negra, entre outros; questionamentos sociais mais vigorosos e vinculação de algumas bandas a causas específicas (como a da

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legalização da maconha defendida, entre outros, pelo Planet Hemp34). (MARQUES, 2005, p. 94).

A autora acredita que os argumentos que justificam a preferência pelo indie

mais trazidos pelo público e pelos artistas críticos e artistas, são pelo fato de que a

música seria “[...] fruto de uma criação livre de imperativos mercadológicos e,

exatamente por isso, mais verdadeira em comparação com os outros tipos de

música” (MARQUES, 2005, p. 95). Assim, prezando pela independência da

expressão musical em relação ao comércio.

Conforme o site musical Last.fm,

[...] Indie é um referência musical que caracteriza bandas que não são lançadas por grandes gravadoras, porém o grande sucesso de algum desses grupos os lançaram diretamente para gravadoras de grande porte, embora o som na maioria dos casos, não perca a identidade, fazendo com que tais bandas, mesmo com o sucesso de público e grande repercussão na mídia, sejam consideradas bandas alternativas. (Last.fm).

Entre as rádios a serem analisadas está a emissora A, uma emissora filial. A

sua programação é voltada ao público jovem de 15 a 29 anos. Atualmente,

trabalham na rádio três locutores. A emissora A está também na internet, nas redes

sociais Facebook e Twitter, além de um blog, sempre trazendo com novidades do

meio musical. Na sua programação, há músicas no gênero pop, pop rock, reggae,

dance e, mais recentemente, trouxe pagode para os ouvintes.

Já a emissora B tem, além dos estilos que também tocam na emissora A, o

sertanejo, que hoje é o ritmo mais tocado na emissora. O ouvinte é de classe A, B e

C, com idade entre 15 e 49 anos, tendo em sua maioria mulheres. A emissora B

também retransmite o seu sinal na internet e pode ser encontrada nas redes sociais

Twitter e Facebook, além da comunicação via email e torpedo.

A emissora C, assim como as emissoras A e B, também está presente em

cidades do Rio Grande do Sul. Em 2010 a emissora C iniciou um novo projeto

contratando profissionais de comunicação para elaborar uma programação que

                                                                                                                         34 Banda brasileira de rap e rock criada em 1993 por Marcelo D2 e Skunk. Composta também pelos integrantes Rafael Crespo, BNegão, Formigão e Bacalhau.

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fosse competitiva no mercado publicitário. Através de campanha institucionais,

conquistou novos ouvintes e apoiadores culturais, tendo como objetivo atingir além

da comunidade acadêmica a comunidade em geral. Entre as músicas, estão o rock,

o pop rock e o indie.

A emissora D já existe há 3 anos e tem programação musical 24 horas, além

de programação jornalística. Dentre os programas, estão os essencialmente

musicais, que trazem hits; os jornalísticos; os que trazem drops envolvendo

comunicação em geral; os que abordam notícias de entretenimento; os voltados ao

cinema e seriados, além de outros. Todos os programas trazem músicas no

segmento pop rock, com uma exceção, o que veicula música dance.

A emissora E está no ar há 4 anos. A programação vai do blues ao nativismo

gaúcho, passando por sucessos do momento e bandas de rock menos conhecidas

do Rio Grande do Sul. Entre os programas da emissra, estão os que veiculam

somente músicas rock do Estado; ópera; Country e músicas latinas; música

moderna argentina e mexicana; canções italianas; blues; música brasileira, samba e

jazz.

Já a webradio F tem programação voltada aos jovens e traz músicas

variadas, tantos de artistas famosos, quanto de novos, entre rock, pop rock, indie e

até MPB. Dentre os programas da emissora, há os que abordam conteúdos

dedicado às mulheres; mix de músicas nacionais e internacionais; músicas latinas;

canções de bandas novas; programa humorístico; canções clássicas, alternativas e

novidades dentro do mundo cultural platino e sul-americano; música nativista;

conversas descontraídas com músicos independentes; surf music; programas que

possuem parcerias de outras emissoras webradios da região, dentre outros. A

emissora F está presente para interação no Twitter e Facebook.

Na programação da emissora G, há programas que veiculam músicas do

estilo rock, jazz, blues e reggae, além de muita informação e entrevistas. Participam

da programação em torno de seis locutores. A emissora G está presente para

interação no Twitter e Facebook, além do site.

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5 O ESPAÇO DOS GÊNEROS NAS FM’S E WEBRADIOS Neste capítulo serão observadas as grades musicais das rádios FM e

webradios citadas anteriormente. Assim, notar a quantidade de produção de bandas

emergentes da Serra gaúcha, que tenham no máximo dois CDs gravados, que

fazem parte das programações. Além de explicar como é feita a seleção de músicas

que vão passar a compor a grade musical, respostas que foram adquiridas através

de entrevistas realizadas com os coordenadores e programadores das devidas

emissoras.

5.1 Metodologia Segundo Paviani (2006), o método possui dois significados: “[...] o primeiro, o

modo de conhecer (analisar, descrever, sintetizar, explicar, interpretar, etc.), e o

segundo, o conjunto de procedimentos e de instrumentos (questionário, entrevista,

documentos, etc.) para obter dados e informações” (PAVIANI, 2006, p. 43).

Ainda segundo Paviani (2006):

[...] os modos de conhecer podem ser divididos, a partir da história da ciência e da filosofia ocidental, entre modos básicos e modos derivados. Entre os básicos situam-se o analítico (de origem aristotélica), o dialético (de origem platônica) e o hermenêutico (que provém originalmente do estudo dos textos sagrados, jurídicos e lingüísticos). Os modos derivados de conhecer provêm de diferentes combinações dos modos básicos e são conhecidos como método funcionalista, estruturalista, fenomenológico, positivista, etc. (PAVIANI, 2006, p. 43).

Para a análise desta monografia, foram feitas entrevistas para um maior

aprofundamento. De acordo com Da Cas (2008), são seis os tipos de pesquisas

específicas. A pesquisa experimental é observada e trabalhada diretamente com os

fatos, fazendo um estudo entre a causa e o efeito do fato. Na pesquisa de

laboratório, são empregados recursos para criar fenômenos, fazendo com que seja

possível realizá-los. Já a pesquisa bibliográfica apresenta uma “[...] resultante dos

estudos sistemáticos, reflexivos e críticos sobre um determinado assunto, mediante

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consulta às fontes documentais (fontes primárias, arquivos) e às fontes bibliográficas

(fontes secundárias, bibliotecas)” (DA CAS, 2008, p. 35). Em uma pesquisa

descritiva, a partir de um fato, o pesquisador analisa os elementos da pesquisa e os

consolida para chegar à resultante final de acordo com o objeto a ser pesquisa. Os

dois últimos tipos de pesquisa são a quantitativa, onde se trabalha com dados que

possam ser medidos, quantificados ou dimensionados, e a qualitativa, que trabalha

com a diversidade de dados do objeto de pesquisa. Gaskell (2002), afirma que “[...] a

finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao

contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o

assunto em questão” (GASKELL, 2002, p. 68). Para o autor, a entrevista qualitativa,

a ser abordada nesta pesquisa, é uma metodologia de coleta de dados amplamente

empregada. Conforme Barros e Duarte (2005),

[...] em verdade, todo procedimento, seja qualitativo, seja quantitavo, é em grau maior ou menor reducionista. Esta redução da complexidade do real é realizada com certa diversidade em casa língua natural e, mais ainda, nas linguagens específicas de cada disciplina científica. Nenhum procedimento analítico deixa de ser reducionista. Há então a necessidade de fazer um exame cuidadoso dos procedimentos analíticos quantitativos e qualitativos mais adequados para cada caso particular e em relação aos objetivos pretentidos. (BARROS; DUARTE, 2005, p. 26).

Segundo Allum (2002), há muita discussão sobre as diferenças entre as

pesquisas quantitativas e qualitativas.

A pesquisa quantitativa lida com números, usa modelos estatísticos para explicar os dados. [...] Em contraste, a pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais [...] o protótipo mais conhecido é, provavelmente, a entrevista em profundidade. (ALLUM, p. 23 in BAUER; GASKELL, 2002).

Assim, foi analisada a quantidade de músicas de bandas emergentes

presentes nas programações das sete emissoras em sete dias e a qualidade sonora.

Após realizada a revisão bibliográfica, foi feita a entrevista em profundidade semi-

estruturada. De acordo com Stumpf (2005), a pesquisa bibliográfica

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[...] é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou, de forma a evidenciar o entendimento do pensamento dos autores acrescido de suas próprias ideias e opiniões. (STUMPF, 2005, p. 51).

Ainda segundo Stumpf (2005), uma pesquisa bibliográfica tem várias etapas:

a identificação do tema e dos assuntos a serem abordados, a seleção das fontes, a

forma como conseguir o material a ser utilizado e a leitura e transcrição de dados.

Marconi (1995) afirma que realizar uma pesquisa bibliográfica é “[...] colocar o

pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”

(MARCONI, 1995, p. 14).

Para uma maior profundidade, foi realizada uma pesquisa semi-estruturada

com coordenadores de programação de emissoras de rádio FM e webradio. Duarte

(2005) diz que “[...] o uso de entrevistas permite identificar as diferentes maneiras de

perceber e descrever os fenômenos” (DUARTE, 2005, p. 63) a serem estudados.

Para o autor, uma das qualidades dessa abordagem é a flexibilidade de permitir que

o informante defina como responder e ao entrevistador ajustar as perguntas

livremente.

A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer. (DUARTE, 2005, p. 62).

Duarte (2005) afirma que são três os tipos de entrevistas: aberta ou informal,

semi-aberta ou semi-estruturada e fechada ou estruturada. A entrevista aberta ou

informal é exploratória e flexível, sem que seja preciso haver uma sequência

predeterminada de questões ou parâmetros de respostas. A semi-aberta ou semi-

estruturada, busca tratar da amplitude do tema, apresentando cada pergunta de

forma mais aberta possível.

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As questões, sua ordem, profundidade, forma de apresentação, dependem do entrevistador, mas a partir do conhecimento e disposição do entrevistado, da qualidade das respostas, das circunstâncias da entrevista. [...] O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão. Somente então passa para a segunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão dando origem a específicas. (DUARTE, 2005, p. 66).

E a fechada ou estruturada é feita a partir de questionários estruturados, onde

as perguntas são as mesmas para todos os entrevistados, para que depois seja

possível comparar as respostas. No trabalho, a pesquisa é feita face a face, porque,

segundo Gil (1999), pode haver maior quantidade de informações e não haverá

interrupções, como se fosse por telefone, por exemplo. Após, é feita uma análise,

que segundo Paviani (2006), “[...] consiste em definir conceitos, estabelecer

categorias, codificações, tubulações, dados estatísticos, generalizações de dados,

relações entre variáveis, etc” (PAVIANI, 2006, p. 53) para que possa chegar à

conclusão esperada e à resposta da questão norteadora.

5.2 A PRODUÇÃO MUSICAL, AS RÁDIOS FM’S E AS WEBRADIOS

Foram realizadas entrevistas com os coordenadores de programação das

emissoras. Inicialmente, os responsáveis pelas rádios FM, as emissora A, C e B.

Após, os coordenadores de programação das webradios D, F, E e G. Somado a

isso, perceber nas grades musicais a quantidade de bandas emergentes da região

presentes nas programações.

5.2.1 BANDAS EMERGENTES E O FM A emissora A é uma rádio pop. Conforme35 o coordenador de programação da

emissora A36,

                                                                                                                         35 Neste capítulo, diferenciam-se as citações provenientes de entrevistas com locutores/programadores/coordenadores das emissoras estudadas neste trabalho das citações

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[A emissora A] hoje é uma rádio do cenário pop e é uma tendência do jovem. Quando eu digo jovem, o jovem mesmo, desde a galera teenager, até a galera do espírito jovem. Hoje, muitos adultos consomem a rádio devido [a um programa de humor] [...] que abriu muito o leque da programação da rádio. Muita gente quer consumir esse humor, essa energia da emissora. (COORDENADOR A)

Por fazer parte de uma rede de rádio, a emissora A traz uma grade musical

proveniente da emissora cabeça de rede. A emissora, em sua programação local,

mescla as músicas com as opções que os locutores escolhem, em conjunto com o

que eles percebem do gosto do público. Isto demonstra o que já afirmava Mcleish

(2001), ao dizer que “[...] os apresentadores selecionam dada porcentagem de seu

próprio programa a partir do material que lhes é fornecido: o restante, eles próprios

escolhem” (MCLEISH, 2001, p. 134).

[...] a gente percebe muito o que [...] realmente as grandes emissoras de rádio mundiais estão fazendo e até mesmo a referência da Billboard37. Mas a batida é junto com o ouvinte, é da mesma forma que o ouvinte também absorve o que está pegando lá fora. […] Quando a gente ouve uma música, a gente normalmente percebe se a galera está notando ela na internet, nos seus depoimentos, nas suas preferências, a gente cuida muito isso e é isso que também determina a entrada das músicas. (COORDENADOR A).

Com a referência da Billboard, que traz as novidades no mundo musical, a

emissora A segue o que Mcleish (2001) citava, de que “[...] ao programar uma

música nova ou desconhecida, coloque canções de sucesso ou material conhecido

antes e depois” (MCLEISH, 2001, p. 133). Porém, por seguir uma linha mais Top 40,

a emissora A insere músicas novas na programação de pouco em pouco, fazendo

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           bibliográficas utilizando-se textos em itálico. Os entrevistados serão referidos, ao final das citações, sempre pelo termo "locutor", "programador" ou "coordenador, seguindo de uma letra, em maiúsculo .Todas as entrevistas utilizadas para a elaboração desta monografia de conclusão de curso foram concedidas à entrevistadora Yasminne W. T. Borges, na cidade de Caxias do Sul, no ano 2014, entre os meses de março e julho de 2014. 36 O coordenador trabalha em rádio há 10 anos. 37 Revista semanal norte-americana especializada em informações sobre a indústria musical mundial e lançamentos musicais.

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com que, às vezes, a canção já não seja realmente uma novidade, o lançamento já

não é lançamento.

O coordenador e programador A da rádio em Caxias do Sul afirma que a

emissora A recebe tantos pedidos musicais diariamente que não consegue atender

todo mundo. “Os contatos são […] no clássico email38, onde a galera se sente solta,

muito mais a vontade pra escrever, [...] também através do Facebook e do Twitter”,

afirma o coordenador A. Mesmo um grande número de pedidos musicais, os

locutores da emissora A fazem o que aconselha Mcleish (2001): “[...] não toque

menos de um minuto do pedido de alguém, ou o ouvinte se sentirá enganado”

(MCLEISH, 2001, p. 136).

Devido ao estilo mais pop da programação, a abertura para bandas autorais de

outros estilos (rock, pop rock e indie) é pouca. Conforme o coordenador A, há um

programa transmitido aos sábados que permite que músicas de bandas emergentes

toquem.

[...] a gente toca bandas da região, bandas parceiras da emissora A, bandas que estão buscando seu trabalho, seu espaço [...]. Muitas vezes até tivemos presença delas aqui no estúdio fazendo um som ao vivo. […] [Há um programa em que] a gente toca outros tipos de sons, a gente abre um pouco mais a programação, desde tocar um rock gaúcho. […] A gente acha que tem muito a ver o lance de banda local no sábado à tarde. (COORDENADOR A).

Mesmo oportunizando as bandas emergentes a participarem da programação,

o coordenador A acredita que os artistas deveriam se interessar mais por essa

parceria. "Acho que é muito importante também a banda demonstrar seu interesse,

vir até o encontro da emissora. Algumas bandas fazem um contato muito tímido,

apenas deixando trabalho”, cita o coordenador A. Para que façam parte da grade

musical, “[...] a gente pede um trabalho com a qualidade estúdio, [...] no nível do som

FM estéreo. Essa é uma exigência”, complementa o coordenador A.

Além disso, a emissora A realiza eventos, em que, normalmente, há a

presença de uma banda emergente da Serra gaúcha. De acordo com o coordenador

A, é preciso que a banda tenha interesse em gerar uma sinergia com a rádio, de se

envolver nos eventos e estar em contato com o público da emissora A. “A gente tem

um relacionamento legal com as bandas locais nos nossos eventos, nas nossas                                                                                                                          38 Cada apresentador recebe pedidos musicais pelo email pessoal.

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realizações da emissora A, tanto em Caxias quanto na Serra gaúcha toda”, afirma o

coordenador da rádio. O coordenador A exemplifica citando a banda pop rock

caxiense Dinamite Joe39:

Foi uma banda que começou assim. Entrou em contato com a rádio, gerou sinergia, começou a participar dos eventos, esteve mais em contato com o nosso público, com a nossa audiência. Então é um ciclo. É ela entrar nesse ciclo e todos ganham. A emissora ganha, a banda ganha e o público consumidor ganha. [...] Durante a semana na programação, por enquanto, a gente ta preferindo trazer mais o cenário pop mundial, que o pessoal ta mais solicitando, mais absorvendo. (COORDENADOR A).

Conforme o coordenador A, o público que ouve a emissora A tem entre 13 e 33

anos. Porém, ele afirma que existe uma galera de “[...] quarentões, tanto elas como

eles, gente muito mais velha” que também participa da programação. Segundo o

coordenador e locutor A, “[...] ela é uma rádio para espírito jovem. [...] A gente tem

muito o retorno da audiência. A audiência é um importante feedback em relação do

que a gente vai tocar”.

A emissora A tem o formato de rádio-fórmula, onde as músicas são repetidas

ao logo da programação em um mesmo dia, conforme Ortiz e Marchamalo (2005). A

emissora segue o que Ferraretto (2008) considera como “[...] modelo de repetição de

sucessos baseado no formato conhecido como Top 40, comum às estações dos

Estados Unidos” (FERRARETTO, 2008, p. 152). O que se refere ao que disse o

locutor e programador A anteriormente, ao citar que utiliza músicas citadas pela

Billboard. Hausman et al (2010) explica que

[...] algumas emissoras de CHR40/Top 40 também ampliam sua playlist para conquistar um público mais amplo, enquanto outras tocam Top 40s rítmicos para atrair o público mais jovem. Esses formatos geralmente fazem uso de muita promoção para consolidar seu público. (HAUSMAN et al 2010, p. 404).

                                                                                                                         39 Fundada em 2003, a banda é composta por Jorge Flores (vocal), Jô (baixo), Xande (guitarra, harmônica e sax), Nei Tomazi (guitarra) e Stig (bateria). O grupo tem o estilo pop rock e já lançou cinco trabalhos. Entre eles os álbus “Pavio Curto” (2006) e “Na Estrada” (2009), o EP “Dinamite Joe” (2011) e o CD e também DVD “O Outro Lado” (2013), em comemoração aos 10 anos de existência da banda. 40 Contemporary Hit Radio.

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De acordo com esta citação, é possível perceber que a emissora A faz uso

dos Top 40’s rítmicos, já que executa mais de uma vez a mesma música durante o

dia. Desta maneira, mesmo com a opção de programa com uma programação mais

voltada para o rock gaúcho e bandas do mesmo gênero porém emergentes, o foco

da rádio é a consolidação de hits. Tal programa é transmitido apenas uma vez por

semana. No sábado observado não foi executada nenhuma música de artistas

autorais emergentes da Serra gaúcha. Ou seja, não houve espaço para que estas

bandas aparecessem na grade musical durante o período observado, indo de

encontro ao que disse o coordenador A. Na programação observada, realmente só

participaram consagrados grupos gaúchos, como as bandas Ultramen, Cachorro

Grande e Bidê ou Balde. Assim, a rádio tem um pico maior de audiência, já que os

grupos musicais são bem conhecidos no Rio Grande do Sul. E como foco da rádio é

a audiência, ela toca o que já é reconhecido, fazendo com que as bandas menores

praticamente não tivessem chance de aparecer na programação.

Como o coordenador A afirmou, a emissora A realiza vários eventos com

promoções citadas por Hausman et al (2010), bastante utilizadadas em

programações Top 40s rítmicos para consolidar o público jovem. Os locutores fazem

promoções de ingressos para o cinema, ingressos para os eventos realizados em

parceria com a rádio, CDs, camisetas, entre outros. Além dessa parceria, a emissora

e os anunciantes percebem o interesse da audiência e adaptam parte da

programação e as propagandas para este mesmo público.

Ao participarem ao vivo da programação, nos seus devidos horários, os

locutores citam o nome do programa que está no ar no momento, as formas de

interação e a primeira música que vai iniciar a programação. Tudo isso é feito sob

um BG, que deve ser instrumental, sem a participação de um cantor para não

interferir com a voz dos locutores, conforme afirmou Prata (2006). O que os

locutores da emissora também fazem é apresentar a canção a ser executada

enquanto ela inicia, aplicando o que dizem Ortiz e Marchamalo (2005): “O locutor

terá escutado previamente cada canção e cronometrado o tempo de introdução de

que dispõe para conseguir uma sincronização perfeita” (ORTIZ; MARCHAMALO,

2005. p. 104).

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No ar há menos tempo, a emissora C iniciou as atividades em 2003 e tem

filiais em outras cidades. Participam fazendo a locução em torno de 5 locutores,

sendo um deles o coordenador41 da emissora.

Conforme o coordenador e programador musical da emissora C, houve uma

pesquisa para decidir qual o tipo de gênero musical que faria parte da programação

da rádio. Antes de atuar na rádio caxiense, o programador trabalhou na rádio Pop

Rock42, em Canoas. Lá, segundo ele, o foco era o adolescente, o que o jovem com

menos de 20 anos gostava de ouvir. E, desde 2010, quando iniciou o trabalho em

Caxias, fez uma leitura do que era feito e se o foco era o público mais adolescente

ou adulto. A ideia, segundo o coordenador C foi apostar, primeiramente, no jovem de

17 anos mas, ao mesmo tempo, no jovem de 25 anos que pode estar no mercado de

trabalho mas também envolvido no meio acadêmico.

Então a gente focou nos anos 80 e anos 90 porque, de alguma forma, esse público vai se identificar com essas músicas que fizeram parte dos anos 90 e lógico, nos anos 90 se falava muito ainda dos anos 80, das músicas dos anos 80, então a gente foi nesse foco aí. A partir daí, a gente foi ver o que ia acontecer e a gente começou a ver que começou a aparecer um tipo de ouvinte na faixa dos 25, 30, 40 anos, e que é hoje basicamente o nosso foco. (COORDENADOR C).

Como o coordenador C cita, “[...] se falar em anos 80 e 90, tem vários estilos

de música”. A aposta então da emissora C foi o pop rock, porque muitas bandas são

consideradas pop rocks, mesmo que mescle outro estilo de música. O programador

e coordenador C diz que viu no Google43 um infográfico sobre diferentes bandas de

diferentes estilos e cita o exemplo de um álbum do Pearl Jam44:

Ele é colocado ali como música do início dos anos 90 e esse álbum faz parte de um gênero alternativo, mas também faz parte do outro gênero que é o pop rock. E têm várias bandas que aparecem em vários estilos, porque, às vezes, dentro de um álbum de uma banda tem vários estilos de som. Então a gente apostou nas músicas dos

                                                                                                                         41 O coordenador é formado em Rádio e TV pela Fundação Feplam de Comunicações em Porto Alegre e acadêmico de Publicidade e Propaganda na Universidade de Caxias do Sul. 42 Estação de rádio que fez parte da rede de comunicação Ulbracom, da Universidade Luterana do Brasil, localizada em Canos. A programação era voltada para o público jovem. Hoje foi substituída pela Mix FM. 43 Empresa de serviços online dos Estados Unidos. Foi fundada em 4 de setembro de 1998 por Larry Page e Sergey Bin. 44 Banda norte-americana de rock alternativo, formada no ano de 1990 em Seattle, Washington.

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anos 80 e 90 [...] e o estilo pop rock, ora um pouco mais pop, ora um pouco mais rock, mas sem criar esse rótulo. A [emissora C] [...] não é uma rádio alternativa, não é uma rádio rock nem clássicos do rock. (COORDENADOR C).

Ao fazer a seleção de canções que vão passar a compor a grade de

programação, a qualidade sonora é o principal fator para a decisão da entrada ou

não. O coordenador da emissora C costuma dizer que ela oferece um “cardápio” de

músicas para os ouvintes, para que os pedidos não fujam do que é executado na

programação.

Eu gosto de fazer essa comparação de cardápio porque eu acho que tu não vais entrar num restaurante vegetariano e pedir picanha. E no rádio funciona mais ou menos assim, as pessoas se identificam de alguma maneira. “Ah, eu gosto desse estilo de música” e começa a escutar. [...] A diferença não é tão grande assim do que a gente vem tocando, então a gente não sofre tanto com isso na hora de selecionar o que o ouvinte quer ouvir, mas existe essa seleção. Às vezes a gente consegue negociar. (COORDENADOR C).

O locutor e coordenador C acredita que o ouvinte da emissora C sabe o estilo

de música que vai ouvir caso sintonize a rádio. Porém, há casos em que a audiência

pede uma canção na rádio e ela pode não tocar devido o horário. “O ouvinte na

tarde às vezes quer ouvir um AC/DC45, por exemplo, ou de manhã. Não dá por

causa do horário, não que não toque na rádio”, comenta o coordenador C. O rock do

AC/DC, por exemplo, tem suas músicas veiculadas na parte da noite da

programação.

O ouvinte tem como opções na hora de fazer o pedido musical: o telefone, o

torpedo SMS, o Whatsapp46, o Twitter e o Facebook. Conforme o coordenador C,

antigamente a rádio utilizava o MSN Messenger47 e o Skype48 também. Mas ele

confirma que hoje, a divulgação é feita bastante nas duas redes sociais e os pedidos

                                                                                                                         45 Banda de rock formada em 1973 em Sydney, na Austrália, pelos irmãos Angus e Malcolm Young. Atualmente é composta por Angus Young, Brian Johnson, Cliff Williams e Phil Rudd. 46 Aplicativo de mensagens multiplataforma que permite trocar mensagens pelo celular sem ter que pagar pelo SMS. 47 MSN é a sigla de "Microsoft Service Network", que significa "Rede de Serviços da Microsoft". Portal online de serviços da empresa Microsoft, lançado em 1995, juntamente com o Sistema Operacional Windows 95. O MSN Messenger era um programa de mensagens instantâneas na internet. O programa acabou no ano de 2013. 48 Software que permite ao usuário fazer de chamadas com vídeo e chamadas de voz, enviar mensagens de chat e compartilhar arquivos com outras pessoas sem custo.

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musicais chegam mais pelo torpedo SMS e Whatsapp, devido a imediatividade.

Além do “[...] telefone, lógico. O pessoal ainda usa o telefone, o pessoal ainda liga.

Tem uns que gostam de conversar mais com o comunicador”, complementa o

coordenador C.

O também locutor C acredita que existem boas bandas novas na região, mas

pensa que elas precisam ter talento, além de ter um diferencial para que possam ser

reconhecidas. Um exemplo de cantora de músicas alternativas que ele cita é a

Brenda Valer, que ele descobriu um dia vendo vídeo que ela postou dela cantando

no quarto através da webcam do seu computador e notou que tinha algo de

diferenciado no seu som.

[...] ela grava suas músicas e não está participando de fundo nenhum de cultura, indo com o dinheiro dela, com o pai dela, indo no estúdio gravando música por música. Foi o que aconteceu, aí o Luciano Balen, que é um produtor, produziu um clipe pra ela porque farejou o talento da menina, jogou na internet, e muita gente viu. [...] Tem que despertar alguma coisa, porque tem muitas bandas também que acabam fazendo mais do mesmo, como eu chamo. Bandas de rock tem várias, agora, o que que vai diferenciar uma da outra? É justamente esse plus49 aí que acho que só o talento que proporciona pra cada um. (COORDENADOR C).

A cantora lançou duas composições próprias no Youtube no anos de 2013,

“Em Todas As Minhas Vidas” com mais de sete mil visualizações e “Cedo”, com

mais de vinte mil visualizações. Nos vídeos, é possível perceber as letras amorosas

e tristes, acompanhadas de um violão, o que faz o estilo alternativo de Brenda

mesclar com o folk50. Em abril de 2014, a cantora lançou seu primeiro videoclipe

para a música “Quase”, onde aparece tocando ukulele51, um instrumento também de

cordas. Além de músicas de sua autoria, no seu canal também há covers das

músicas “Moving On”, da banda americana Paramore e “Use Somebody”, do grupo

Kings Of Leon. Brenda Valer vai lançar seu primeiro EP em 2014. Assim como no caso da Brenda Valer, outras bandas que fazem parte da

grade musical da emissora C foram descobertas através da internet pelo

                                                                                                                         49 A mais. Tradução livre. 50 Também conhecido por música folclórica. Conforme o termo adotado no século XIX, era a música feita para o povo, independente da classe social. As canções utilizam bastante o violão, como, por exemplo, o cantor Bob Dylan faz. Disponível em www.portalrockpress.com.br. 51 Instrumento quatro cordas que surgiu no século XIX. É utilizado em músicas tradicionais havaianas e populares americanas.

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coordenador C. “Lógico que as bandas também têm que procurar o espaço, tem que

dar a cara pra bater”, complementa o coordenador C. Ele lembra do caso da banda

de rock caxiense Vendettas. O coordenador de programação C lembra do primeiro

trabalho que o grupo levou até a emissora C:

[...] era bem ruim tecnicamente. Até eu disse, “o caminho é esse. Eu não tenho como tocar isso na programação, porque vai queimar o filme de vocês, porque a qualidade técnica não ta boa. Mas o caminho é esse, continuem, procurem aprimorar”. Aí eles acabaram sendo contemplados no Financiarte52, foram para um estúdio, contrataram o Fernando Costa, da Lucille53, para produzir, apresentaram e eu disse “nossa!”. Aí tu já consegues perceber violões, solos de guitarra, vocalizes dentro do material deles, são outros. Tá na programação da rádio. (COORDENADOR C).

A Vendettas surgiu em 9 de janeiro de 2011 em Caxias do Sul. A banda se

define como uma banda de rock, mas que mescla também o blues e o folk em suas

composições. O grupo vai lançar o primeiro álbum da carreira em 2014.

Além da Brenda Valer e da Vendettas, na programação da rádio o

coordenador C prefere veicular músicas de no máximo dez grupos autorais da

região fazendo parte grade musical. Ele acredita que às vezes é complicado inserir

as bandas menores no meio de outras mais conhecidas pelo cenário musical

nacional e internacional. “Não adianta eu receber um trabalho para agradar o

músico, a banda, já vou ali, toco na rádio e nunca mais toco”, diz o coordenador C.

Assim como já disse o coordenador A, da emissora A, para o da emissora C, o

interessante é que haja uma troca de favores entre rádio e banda. Para ele, o

essencial é que, a cada vez que toque a música da banda autoral emergente, os

integrantes da banda divulguem para os amigos nas redes sociais dizendo “[...] ó

pessoal, a música tá tocando na emissora C” (COORDENADOR C).

Então, se está lá no Twitter, coloca o @ a #, porque daí pra mim é um bom negócio isso, porque as pessoas que não conhecem a rádio passam a conhecer através desse boca a boca. [...] As bandas vão conquistando o espaço delas dessa forma, então hoje eu prefiro ter um casting de bandas autorais que tão no início de carreira de no máximo dez bandas dentro da programação e trabalhar bem essas

                                                                                                                         52 Financiamento da Arte e Cultura Caxiense. Presta apoio financeiro a projetos de produção artística e cultural no município de Caxias do Sul. O Financiarte cobre integralmente o custo de cada projeto. 53 Banda caxiense de rock. Em 2013 realizou shows comemorativos aos 20 anos de carreira.

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dez bandas. De fazer com que elas cheguem no mesmo nível das outras bandas que já existem, que já são consagradas, que já têm gravadora. (COORDENADOR C).

Em sete dias de programação observados na emissora C, cinco artistas

emergentes da região da Serra participaram da grade musical. Apenas na quinta-

feira não houve presença de nenhum destes músicos na programação, porém,

houve dias em que um mesmo artistas teve sua música executada mais de uma vez.

Nos sete dias, foram executadas até 308 músicas por dia (domingo), sendo o

mínimo de 269 em outro (quinta-feira). A cantora que mais aparece na programação

é a Brenda Valer, que apenas não participou da programação na quinta-feira e na

segunda-feira. Sendo que, na quarta-feira, por exemplo, a música “Cedo” de Brenda

Valer foi executada quatro vezes durante todo o dia. A única outra banda que teve

sua canção executada mais de uma vez em um dia foi a banda de rock caxiense

Vendettas, com duas participações em um domingo, além de mais duas vezes ao

longo da semana. Também participaram da programação semanal da emissora C as

bandas alternativas caxienses Velho Hippie (1 execução) e Cuscobayo (5

execuções), além da cantora também de Caxias do Sul Fran Duarte (5 execuções),

que faz músicas no estilo pop rock.

Mesmo que sejam tocadas 308 músicas de bandas mais reconhecidas e que

os artistas emergentes possam ter o seu trabalho apenas divulgado uma vez

durante a programação diária, há esse espaço na emissora C. Não são muitos os

grupos autorais da região que tocam na rádio, porém, a emissora C faz o que já

afirmou o coordenador C, que prefere ter um número reduzido de artistas para que

eles possam ser bem trabalhados. Como no caso de Brenda Valer, que tem sua

música bastante pedida pela audiência e fez uma parceria com a rádio, sendo a

trilha sonora de um spot sobre o inverno na emissora C.

Na rádio B, desde o início, em 1999, a programação é baseada em pesquisa,

conforme explica o coordenador B54 da rádio em Caxias do Sul: “O que tu queres

ouvir, que horas tu queres ouvir, como é que tu queres notícia, se tu queres ela

inteira, dois parágrafos, só a manchete, o que tu gostas de ouvir de noite, o que tu

gostas de ouvir de manhã”. Assim, as músicas que vão ser executadas na rádio são

decorrentes do resultado desta pesquisa, que é feita anualmente. “A emissora B

                                                                                                                         54 O locutor e programador cursou Administração e trabalha em rádio há 31 anos.

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sempre teve mais o lado popular, popular que eu digo sertanejo. Então se a música

se encaixa dentro desse perfil da pesquisa qualitativa, a gente toca a música, se não

se encaixa, a gente não toca”, explica o coordenador B. Ele ainda lembra que há

“[...] um tempo atrás, a revista Veja fez uma pesquisa em todo o Brasil sobre o

gênero musical que ouvinte mais queria. 53, 54% de quem escuta FM no Brasil

escuta sertanejo. Tu vais contra isso aí?”, questiona o coordenador B.

Conforme o coordenador da emissora B, hoje, as músicas estão muito

misturadas e a programação musical da rádio é uma espécie de saladão.

Na minha época antiga, era o roqueiro era o roqueiro, o pagodeiro o pagodeiro, o sertanejo sertanejo, hoje está tudo muito misturado. E [a emissora B] é esse saladão. Eu costumo falar que a emissora B mixa U2 com Zezé Di Camargo e Luciano. Aí os mais entendidos de rádios podem falar assim “ah, mas tem que botar uma musiquinha no meio, botar um Skank ali pra dar aquele quebra e depois entrar com Zezé”, não, é direto. [...] Então tu podes ver que é uma música pop, uma popular, uma pop, uma popular. É essa a programação da rádio. (COORDENADOR B).

Segundo o coordenador B, toda a programação da emissora B obedece os

critérios de um manual interno, cujo o objetivo é consolidar os processos de

renovação e qualificação das redes de rádio do grupo. Sobre a programação

musical, estão citadas regras como cuidar com músicas de duplo sentido e

preconceituosas. Segundo o coordenador B, "tem certas músicas que eu não posso

tocar e certas notícias que eu não posso falar na rádio [...] e não tocar essas

baixarias” (COORDENADOR B).

Mesmo que a programação passe por toda uma pesquisa para ver o que

tocar e o que não tocar, o coordenador B diz que a rádio abre espaço para que

novas bandas se oportunize. De acordo com o coordenador B, as bandas enviam o

material por email e entregam CDs na emissora, mas é preciso que tenham uma boa

qualidade sonora para que façam parte da grade musical.

Hoje qualquer um grava num estúdio em casa e acha que pode tocar numa rádio. Tem que ter qualidade. Qualidade musical, harmonia, instrumento bem tocado, enfim, se não tiver qualidade, eu não vou tocar. Já veio artista aqui que tinha um investidor junto e ele “te dou uma TV, te dou um iPhone55 pra tu sorteares na rádio, toca minha

                                                                                                                         55 Linha de celulares comercializados pela marca Apple.

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música”, não é por aí. Eu não vou tocar. [...] E rock muito pesado, uma guitarra muito forte a gente não toca. Isso na pesquisa mostrou que o ouvinte não gosta de rock muito pesado e uma guitarra muito forte. O ouvinte predominante [da emissora B] [...] é a mulher e mulher não gosta. (COORDENADOR B).

A emissora B é uma rádio comercial. Conforme o coordenador B, há retorno

para os anunciantes, que “[...] vendem o produto deles. Porque a gente criou esse

conceito da qualidade, tanto das músicas, das informações, como da questão da

qualidade sonora da rádio” (COORDENADOR B). Ou seja, a rádio precisa de

anunciantes. Isso vai ao encontro do que já disse Ortriwano (1985, p. 30): “[...]

emissoras que se especializam, como um todo, em oferecer programação para uma

faixa determinada de público, dando opção aos anunciantes cujos produtos possam

interessar aquele público". O coordenador B afirma que, segundo pesquisa de Ibope,

em Caxias do Sul a audiência da rádio é 73% de mulheres entre 15 e 39 anos, das

classes B e C.

Na semana analisada, a participação das bandas emergentes da Serra

gaúcha não foi muito grande na programação, a prioridade é aquilo que já é hit, já é

conhecido pelo grande público. “Eu diria mais ou menos, nem pouco, nem muito.

Porque tem que dar prioridade também para aquilo que sucesso nacional. A pessoa

que muito ouvir o que está em destaque. Eu toco mas não com aquela frequência

toda”, explica o coordenador B sobre as bandas menores.

Devido ao hit que está em destaque, em sete dias de programação da rádio B

não foi executada nenhuma música de bandas emergentes dos gêneros rock, pop

rock ou indie. A programação trouxe um “saladão” de músicas famosas nacionais e

internacionais dos gêneros pop rock, indie e bastante sertanejo, como já afirmou o

coordenador B, que é o que as pessoas mais querem ouvir na rádio. Segundo o

coordenador B, a boa qualidade sonora é um fator que ajuda na entrada das

bandas, mas a emissora B não veicula músicas menos conhecidas pelo público.

Em uma semana, por exemplo, a música “Só vejo você”, da cantora de

MPB/pop Tânia Mara, foi executada 25 vezes. Isso porque a música está presente

na novela “Em Família”, da Rede Globo. Ou seja, toca todas as noites, tirando o

domingo, em rede nacional, o que faz com que as pessoas que assistem a novela, já

conheçam a música e passem a gostar e querer ouvir na rádio. Logo depois entre as

mais tocadas está a banda gaúcha de reggae Chimarruts, com 23 execuções da

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música “Marujo”, o que mostra que os caxienses também pedem bastante os grupos

gaúchos. Entre os artistas internacionais mais executados estão o grupo de música

eletrônica da Inglaterra Clean Bandit, com a música “Rather Be” e o cantor de rap e

produtor musical Pharrel Williams, com “Happy”, ambas executadas 13 vezes. O Top

40 também é o formato utilizado na emissora B, com um pouco mais de música.

Mesmo com uma maior quantidade de músicas, várias canções são executadas em

um mesmo dia, sendo assim uma rádio-fórmula como a emissora A.

Assim como na emissora A, na emissora B não houve o espaço para músicas

de bandas emergentes da região no período observado. Mesmo que os

coordenadores das emissoras digam que executam as músicas, em sete dias

nenhuma fez parte da programação. As duas rádios têm como foco a audiência em

primeiro lugar, o que faz com que elas veiculem apenas aquilo que é conhecido pelo

público, as bandas mais famosas da atualidade.

5.2.2 WEBRADIOS E AS BANDAS AUTORAIS

Como já dito anteriomente, a emissora D é uma webradio que apresenta

diversos programas que envolvem notícias, sejam elas jornalísticas ou de

entretenimento, com blocos de músicas do estilo pop rock. Quem faz a programação

musical é o coordenador de programação D56 da emissora. Segundo ele, existem

alguns fatores para que as músicas façam parte da grade musical. Um deles é que

as músicas estejam em uma parada musical, com um grande número de pedido do

público.

Como não há uma pesquisa muito definida de qual que é o público [alvo da emissora], eu trabalho com dois tipos de formatos de programação misturados, que é o Top 40 e o Adulto Contemporâneo. Eu pego uma lista de músicas que são bastante pedidas nesses gêneros aí no mundo todo, [...] vejo o que que combina mais com a programação da rádio, que é o pop rock, e toco. E vejo que se elas são comentadas por quem ouve ou se as pessoas tão gostando delas, elas acabam ficando. Se elas não caírem no gosto ou não começarem a tocar em outras rádios, depois de um tempo eu tiro, porque geralmente a gente lança antes das outras rádios, então o

                                                                                                                         56 O programador é publicitário formado pela Universidade de Caxias do Sul e um aficcionado por rádio.

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termômetro é, também, se vão tocar em outras rádios. (COORDENADOR D).

O coordenador D afirma que há músicas que ficam mais de um ano na

programação, porque agradam os ouvintes e também porque depois começam a

tocar em outras rádios, o que leva a audiência a solicitar pela canção. Outro critério

apontado por ele são as músicas tocadas em festas, já que existe um programa

específico com músicas que tocam em baladas. Assim, a música deve estar tocando

em festas ou em rádios que tenham uma programação mais dance.

Sobre a escolha das músicas que fazem parte dos clássicos, o coordenador e

programador D afirma que são músicas que já fizeram sucesso no passado dentro

do gênero pop rock. Os clássicos somam certa de 30% da programação total da

emissora D.

Segundo o coordenador e programador D (2014), a emissora D tem como

foco o pop rock e é necessário que a programação tenha um gênero definido, até

para que o ouvinte não fique incomodado. Assim, segue o que foi dito anteriormente

por Prata (2008), que “[...] a webradio é, com certeza, o rádio dos conteúdos

especializados voltados para as [...] comunidades determinadas que compartilham

objetivos comuns. (PRATA, 2008, p. 225).

Se a gente não levar em consideração o gênero, a gente ia estar tocando sertanejo no meio da programação e tem rádio que faz isso, quer agradar todo mundo e mistura. [...] Mas aqui a gente acha que o público é meio preconceituoso. Se a gente chegar a tocar [...] um funk57 e um sertanejo, eles vão reclamar. [...] É difícil ter uma música que é unânime, que todo mundo fica pedindo. Geralmente eles pedem já o que é o ritmo da rádio. [...] Aqui, o que geralmente pedem é o pop rock mesmo. Mas às vezes têm músicas que são [pop rock] e que não tocam, então a gente vê se tem mais de um pedido dessa música, aí a gente já tem um olhar diferente pra essa música e, dependendo de quantas pessoas pedirem, a gente coloca na programação. Se eu não conheço a banda também vou pesquisar. (COORDENADOR D).

Além das grandes bandas nacionais e internacionais já conhecidas, o

programador D diz que a emissora D dá espaço para que bandas autorais da região                                                                                                                          57 Funk carioca, diferentemente do fuck americano. O funk carioca nasceu na década de 1980, nas favelas do Rio de Janeiro. Tem influência do freestyle (estilo livre) e do Miami bass (som de Miami), com batidas e eletrônicas.

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divulguem sua música. Porém, cita que falta ter uma produção mais ativa na cidade,

que mesmo que as bandas sejam qualificadas, são poucas as que vão até a rádio

mostrar o trabalho. Ele explica que as músicas das grandes bandas são divulgadas

através de sites específicos para esse tipo de trabalho. As gravadoras enviam os

novos hits e os sites divulgam o tempo inteiro. “Por exemplo, eu quero uma música

nova de lançamento da [cantora] Lorde, tu vais ter uns dez sites te indicando que ela

é um lançamento, Cool New Music58” (COORDENADOR D).

O coordenador de programação da emissora D acredita que para ter contato

com as bandas de Caxias do Sul, é preciso conhecer os músicos e que eles possam

ir até a rádio. Ele cita que não existe na cidade um site de lançamentos das bandas

caxienses, ou mesmo um encontro de pessoas que gostem e divulguem as músicas.

Aqui tem espaço, é só vir com o material. Várias bandas a gente já tocou, como o Dinamite Joe, que foi lançado aqui e no segundo cd, o primeiro lugar que trouxeram foi aqui, porque ele lembrou que nós antes das outras. Depois começou a tocar na emissora A, na emissora B. Teve uma aluna [Brenda Valer] daqui, [da Univerisdade de Caixas do Sul], que a gente gravou em estúdio [...] e botou pra tocar na rádio uma versão acústica. Agora, ela foi procurada por um produtor de Porto Alegre, lançou um clipe. Então a gente dá abertura antes mesmo de eles terem cd, se a gente conhecer o músico e ver que ele tem talento e música própria, de preferência. (COORDENADOR D).

Para que as bandas emergentes da região possam fazer parte da grade

musical da rádio, o que coordenador e programador D mais pede é que elas levem o

material até a emissora. Ele acredita que assim não será demonstrado, talvez, que a

rádio dá preferência ao gosto pessoal ou porque é amigo de algum integrante da

banda. Segundo ele, isso mostra que o espaço para artistas emergentes divulgarem

seu trabalho existe através da oportunidade das grades de programação das

webradios. Além disso, o essencial é ter uma gravação de boa qualidade. “Eu vou

tocar qualquer um [artista] que traga aqui o cd e a gente perceber que tem a ver com

a proposta da rádio”, afirma o coordenador e programador D. Conforme ele, toda a

programação musical da emissora D é de boa qualidade, logo, as bandas

emergentes devem ter a mesma qualidade, o que facilita a entrada das mesmas na

grade das emissoras.                                                                                                                          58 Lançamentos de músicas que podem vir a ser sucesso.

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Tem que ter uma gravação boa, porque o restante [das músicas] da programação está bem gravada, então no meio tu não podes inserir. Agora a gente até achou um meio de inserir, [em um programa que] [...] "vale tudo": qualquer tipo de música. Já teve gente que pediu cinco músicas de bandas de Caxias, aí veio uma qualidade meio estranha, não estava 100%, mas tem essa desculpa. Mas na programação normal ia ficar estranho, vem uma música bem gravada e no meio uma mal gravada. Tem que manter uma qualidade. (COORDENADOR D).

No primeiro programa citado, dia 25 de abril de 2014, a aluna de Publicidade

e Propaganda Aline Chaves escolheu as bandas caxienses indie Catavento,

Domingos e Descartes, e as de rock Slow Bricker e Dones Primata. O novo

programa é onde as bandas emergentes estão presentes na programação da rádio.

O coordenador de programação da emissora D cita que as bandas autoriais já

estiveram em maior quantidade na grade musical. Houve uma época em que existia

um programa chamado Musicaxias, no qual o apresentador, o jornalista Ricardo

Dini, levava uma banda diferente da cidade a cada semana para ser entrevistada.

“Chegou a existir 60 bandas de Caxias tocando num programa só de bandas de

Caxias”, lembra o coordenador de programação da emissora D. Porém, quando o

programa chegou ao fim, as bandas não foram mais à procura da emissora e

[...] eu não vou ficar tocando as mesmas pra sempre! Eles [os músicos e produtores musicais] têm que ir se atualizando também. Se eles querem ter um mercado ativo, eles têm que manter o mercado, não podem ficar esperando tudo acontecer. Teria que existir um site [...] dos lançamentos, um selo, mesmo que não seja uma gravadora, mas alguém que reúna tudo e divulgue. Acho que falta isso pra emplacar, porque há músicas boas que ninguém fica sabendo. Aqui tinha Descartes, agora possivelmente vamos rodar uma nova deles. A Volux59 tocamos bastante. Dinamite Joe, Faiver60, Rutera61, que é muito boa, Brenda Valer também. Só que eles demoram pra lançar, porque acho que deve ser difícil lançar. Então não vamos ficar sempre nas mesmas porque é uma rádio de

                                                                                                                         59 Banda de pop rock de Caxias do Sul. Participam do grupo Filipe Mello, Gustavo Prezzi, Zack Duarte e Guido Ângelo. A Volux tem um CD homônimo e se prepara para lançar o segundo álbum. 60 Banda de rock de Caxias do Sul, formada por Alexandre Cornelli Junior, André Velho, Francisco Maffei e Rodrigo Bonetto. Já lançaram “O Lado Frio do Travesseiro Pt. 1 & 2”, um álbum dividido em dois CDs. 61 Banda de reggae caxiense. Seea Rasta, Oiram Seraos, Gabriel Abreu, Isma Dubens e Mateus Mussatto lançaram os CDs “Fogo do Criador” e “Do Interior”.

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lançamentos de pop rock. Estamos sempre trazendo novidades. (COORDENADOR D).

Durante a semana em que o presente trabalho observou as grades de

programação das emissoras, – a que antecedeu a estreia do programa em questão,

a emissora D não executou a música de nenhuma banda emergente da Serra

gaúcha. Como o coordenador D afirmou anteriormente, a emissora D está sempre

trazendo novidades, seguindo o que já previa Ferraretto (2008), quando comentou

que a rede mundial de computadores começou a substituir o rádio hertziano no que

se refere ao lançamento e na fixação de hits. Pode-se acreditar que as webradios

estejam, até mesmo inconscientemente, seguindo uma tradição do Rádio FM, que

há décadas predomina. Assim, houve uma contingência entre o que o coordenador

D afirmou, ao dizer que vai veicular qualquer banda que levar o material até a rádio,

e o que foi visto nos sete dias de programação. Por ser um período curto, é possível

que a grade musical mude a cada semana.

A programação diária da webradio pode ser separada por: uma música de

lançamento, um hit já conhecido, um artista nacional e um clássico. Por exemplo,

lançamento: cantora pop Sara Beirelles, com I Chose You; hit: grupo indie

Grouplove, com Ways To Go; artista nacional: os músicos da tecnobrega62 pop

Banda Uó, com Faz Uó; e clássico: cantor de R&B63 John Legend, com All Of Me. A

não ser em programas específicos, como de clássicos. Ou seja, os gêneros

específicos desta pesquisa fazem parte da programação musical, porém não com as

bandas menos conhecidas pelo público. Isso mostra que a emissora D está

tencionada a seguit uma tradição de programação de uma grande maioria de

emissoras de FMs, que veiculam sucessos em sua grande maioria.

Com exceção de que a emissora D realmente lança hits antes das rádios

FMs, a construção da programação musical da webradio pode ser entendida como

muito semelhante à do rádio FM de fato. Pode-se afastar tal tendência à já exposta

por Prata (2008), que afirmou que a webradio é o lugar de trazer novidades. A

emissora D procura trazer as novidades do pop rock mundial como já citado, o que

                                                                                                                         62 Fusão entre a tradicional música brega e a música eletrônica, com mistura de intrumentos como guitarra, sintetizadores e tambores. Surgiu no início dos anos 2000 no estado do Pará. Disponível no site Lastfm.com.br. 63 Termo criado pela Billboard em 1940, também conhecido por Rhytm and Blues. Conforme o Last FM, é uma versão negra de um predecessor do rock.

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faz com que os pedidos musicais sejam, em sua maioria, por bandas mais

reconhecidadas e não bandas emergentes. Entretanto, também pode-se observar a

procura de bandas querendo que sua música entre na programação, como fez a

banda caxiense de rock Zava64, que divulgou seu trabalho no Twitter da rádio.

Já a emissora F, surgiu através do casal65 de coordenadores de programação

F66. Os dois trabalham com prestação de serviços em informática e internet, e

tiveram a ideia de um projeto paralelo, uma webradio. A programação é voltada aos

jovens e traz músicas que variam entre rock, pop rock, indie e até MPB.

Assim como na emissora D, na emissora F o estilo musical é um fator

decisivo para que a música entre na programação, conforme explica um dos

coordenadores de programação da webradio F: “O primeiro fator mesmo é o estilo

musical que [...] é bem amplo, mas alguns a gente não toca, fica fora do contexto do

projeto, da proposta. Depois, a qualidade do áudio mesmo em si” (COORDENADOR

F).

Na programação musical da emissora F é possível encontrar vários estilos

musicais. Segundo a coordenadora de programação da webradio F, o gênero vai

“[...] desde MPB até rock mais pesado”, porém, reitera que não entram musicas

sertanejas ou de pagode. Inclusive, há um programa específico que executa

músicas tradicionalistas do Rio Grande do Sul”, transmitido aos domingos.

As bandas autorais da Serra têm uma boa “ajuda” da emissora F, porque a

webradio dá espaço para que elas divulguem os trabalhos. Para que a produção

musical faça parte da programação, a coordenadora F afirma que, assim como a

programação em geral, as bandas emergentes também devem ter uma boa

qualidade. “A gente avalia a qualidade sonora, até do material que nos é mandado,

porque às vezes as bandas mandam mas é uma gravação muito ruim, aí tu não tens

como passar” (COORDENADORA F, 2014). Além da qualidade do produto, o

coordenador F cita que a banda somente vai fazer parte da programação se entrar

em contato com a emissora F e enviar material.

A gente não vai atrás de nenhum músico, nenhuma banda, até porque não adianta a gente tentar dar força pra quem não está

                                                                                                                         64 Banda de rock de Caxias do Sul formada em 2003 por André Quadros (bateria), Daniel Terribile (baixo) e João Perez (voz e guitarra). O grupo já lançou o álbum “Dual” (2009) e o EP “Zava” (2013). 65 O coordenador é técnico em informática (programação). 66 A coordenadora de programação é formada em Jornalismo pela Universidade de Caxias do Sul.

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interessado. [...] Tem bandas que mandam pra gente assim “ah, essa é nossa banda” [...] e joga ali um monte de link. [...] A gente não vai muito atrás, porque não é nossa função estar indo atrás de dez links e catando material. A gente coloca o canal aí, que é um expositor pra eles, só que eles têm que nos enviar os materiais. (COORDENADOR F).

Segundo a coordenadora F, a emissora F também divulga informações sobre

eventos das bandas.

[...] quando lançam cd, quando vão fazer algum show mais especial, daí a gente coloca no site, coloca no Facebook, ajuda a divulgar e tudo. Mas aí depende do interesse deles também em mandar, porque [...] a gente tem a nossa empresa de informática e tem a rádio em paralelo, mas que toma mais tempo do que a nossa empresa mesmo. Então se formos atrás de pegar todo o material deles, de site em site fazendo download, a gente ia perder muito tempo. Então fica aberto um espaço pra eles mandarem. (COORDENADORA F).

Mesmo sendo uma webradio de Caxias do Sul, a emissora F não limita o

espaço para bandas autorais apenas da cidade. Conforme o coordenador F,

[...] a gente não limita nada, só que como temos trabalhado mais aqui e o nosso alcance até da divulgação é maior aqui, então a gente está com mais bandas daqui. Mas a gente trabalha com o Brasil inteiro. [...] A cada 20, 30 minutos no máximo vai tocar uma banda independente. (COORDENADOR F).

A coordenadora e também locutora F completa: “[...] vão tocando músicas

normais, assim, de bandas mais conhecidas, e a gente vai inserindo elas ali junto no

meio, então toca bastante”. Em sete dias de programação, o maior número de

músicas de bandas emergentes da região a serem veiculadas foi 40, o que ocorreu

em dois dias, segunda e quarta-feira. Na quinta-feira, 39 músicas das produções

foram transmitidas na emissora F. Já na sexta-feira, 38 canções foram executadas

na programação, enquanto no sábado, foram veiculadas 37 músicas. O dia com

menor número de aparições de bandas emergentes foi no domingo, com 29 músicas

veiculadas. Em uma terça-feira, 32 músicas de grupos autorais da Serra foram

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executadas. Neste dia, a programação da emissora F é mesclada com outra

webradio da região. Há um programa que traz 1 hora e 30 minutos de programação

da webradio, com música e informação, apresentado pelo coordenador da referida

webradio.

Tal emissora possui programação que veicula músicas de rock nacionais,

internacionais e também de músicos menos conhecidos da região. Durante o dia

observado, apenas grupos mais conhecidos mundialmente e nacionalmente tiveram

suas canções executadas. Nomes como AC/DC, Green Day, Paramore, dos Estados

Unidos e Ultraje a Rigor, Raimundos e Tequila Baby do Brasil.

Durante os sete dias, as bandas emergentes que participaram da grade

musical da F faziam parte do gêneros rock, pop rock e indie (alternativo), das

cidades de Caxias do Sul e Carlos Barbosa. As bandas de rock foram: Willie Wonka,

Hard Breakers, Fighter, Dones Primata, Vendettas, Bob Shut, Grandfúria, Izzi

Louise, Os Oitavos, Lacross, Mindgarden, C3PO, Stripper Jack, Paris Hotel, de

Caxias e Código Zen, de Carlos Barbosa. Os grupos de rock foram vistos em maior

número se comparado aos outros gêneros, seguindo o que já disse Fornatale e Mills

(1980): “[...] o rádio e o rock foram feitos um para o outro” (FORNATALE; MILLS,

1980, p. 44). No estilo pop rock participaram as bandas caxienses Volux, Plano

Secreto e Fullgas. Já no caso do indie, ou rock alternativo, apareceram os grupos

caxienses Cuscobayo, Descartes, Catavento, Barracuda Project e Velho Hippie.

Confira as aparições dos grupos durante os sete dias observados na tabela a

seguir.

BANDA GÊNERO Nº de veiculações

DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB

Willie Wonka

Rock 11 1 2 1 2 2 1 2

Hard Breakers

Rock 13 1 2 2 2 2 2 2

Fighter Rock 13 1 2 2 2 2 2 2 Dones Primata

Rock 13 1 2 2 2 2 2 2

Vendettas Rock 13 1 2 2 2 2 2 2 Código Zen Rock 13 1 2 2 2 2 2 2 Bob Shut Rock 12 1 2 1 2 2 2 2 Grandfúria Rock 10 1 2 1 1 2 1 2 Izzi Louise Rock 11 1 2 1 2 1 2 2 Os Oitavos Rock 11 2 2 1 2 1 2 1

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Lacross Rock 11 2 2 1 2 1 2 1 Mindgarden Rock 11 2 1 2 2 1 2 1 C3PO Rock 11 2 1 2 2 1 2 1 Stripper Jack

Rock 9 2 1 1 1 2 1 1

Paris Hotel Rock 2 ~ 1 ~ ~ 1 ~ ~ Volux Pop Rock 11 2 1 2 1 2 1 2 Plano Secreto

Pop Rock 10 1 2 1 1 2 1 2

Fullgas Pop Rock 11 1 2 1 2 2 1 2 Cuscobayo Indie 11 2 1 2 2 1 2 1 Descartes Indie 13 1 2 2 2 2 2 2 Barracuda Project

Indie 13 1 2 2 2 2 2 2

Catavento Indie 11 1 2 1 2 2 1 2 Velho Hippie

Indie 13 1 2 2 2 2 2 2

Essas aparições mostram que as bandas emergentes ainda se preocupam

com a divulgação em outros meios que não sejam suas próprias páginas na internet,

por onde compartilham as músicas. Já que, como o coordenador de programação F

(2014) afirmou anteriormente, quem trabalha na emissora F não vai atrás de

nenhuma banda, são elas quem devem procurar pela webradio, existe mesmo essa

procura. Desta forma, quem gosta do som das bandas, vai ouvir a emissora F, que

faz o que já citava Prata (2008), “[...] a webradio é, com certeza, o rádio dos

conteúdos especializados voltados para as [...] comunidades determinadas que

compartilham objetivos comuns” (PRATA, 2008, p. 225).

A grade de programação da emissora F oportuniza as bandas emergentes a

divulgarem as músicas, tanto que os artistas citados participam da grade musical

com mais de uma música. Um exemplo é a banda Dones Primata, que teve várias

canções diferentes executas, como “A do Rubi”, “Mandolato” e “A Maior e Melhor

História Erótica do Mundo Inteiro”. Se o artista já tocou no dia, a música executada

não é a mesma. Já a interação com o público é feita através das redes sociais

Twitter e Facebook, pelas quais recebem pedidos musicais, como Prata (2008)

afirmou que é algo que o ouvinte por fazer em uma programação musical. Lopez já

dizia que “[...] o ouvinte participa, a cada dia mais, efetivamente da programação”

(LOPEZ, 2010, p. 78). Mas, sobre os pedidos, conforme o coordenador F “[...] nas

programações ao vivo tem bastante pedido, já no playlist de vez em quando rola

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alguma coisa, mas não é muito”. Nas redes sociais também divulgam informações

do meio musical e também de eventos que envolvam música. Além do email,

trazendo novamente o soberanismo já citado por Prata (2008). Outro detalhe da

emissora F é que ela traz a opção do clipe das bandas no site, algo importante que

já foi citado por Del Bianco (2012), ao afirmar que o internauta deve ter “[...]

navegabilidade confortável e intuitiva, acesso irrestrito a todas as páginas e

informações detalhadas sobre as práticas e procedimentos da emissora” (DEL

BIANCO, 2012, p. 238).

A emissora F dá espaço para músicas de artistas autorais da região serem

executadas durante a programação diária da webradio. Inclusive, com mais de uma

canção de cada banda. Na grade musical, há a participação de 23 grupos

emergentes, o que é considerado um bom número de bandas, se comparado às

emissoras citadas anteriormente, tanto as FMs quanto a webradio.

Outra webradio pesquisada foi a emissora E, que existe há quatro anos, mas

mais especificamente um programa que traz bandas de rock gaúchas, feito pelo

locutor E do programa67. Entre toda a programação, o programa foi escolhido devido

ao estilo de música que toca, que é o rock feito no Rio Grande do Sul. Assim, é o

único programa da webradio que entra nos gêneros priorizados por esta pesquisa.

Conforme o locutor E, a emissora E é “[...] uma rádio de amigo que a gente toca o

que gosta”. Segundo locutor E, o programa existe há três anos, transmitido aos

Sábados, às 18h e às terças, às 21h.

É um programa bairrista. Ontem mesmo me pediram Sepultura, para fazer propaganda. [...] Se tu me pedires pra divulgar a tua banda, o show da tua banda, música da tua banda, na hora que tá rolando o programa, me manda inbox68 no Facebook pedindo pra tocar tal música, tendo tempo eu rodo. Agora, gaúcho. Internacional e nacional já tem mídias pra isso, já tem toda uma preparação. [...] Meu foco é rock gaúcho. Sempre gostei, ouço 98% de rock gaúcho, 1% de rock nacional e 1% de rock internacional. Não que eu não goste, mas eu dou mais valor, mais crédito ao local, ao cara que vai apertar minha mão. (LOCUTOR E).

                                                                                                                         67 O locutor é acadêmico em Tecnologia em Sistema da Qualidade e Gestão Ambiental na Universidade de Caxias do Sul. 68 Caixa de mensagens privadas no Facebook.

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Por ter trabalhado por dez anos com a banda Os Replicantes69 e o cantor

Wander Wildner70, o locutor E está integrado no rock e pode conhecer várias

bandas. Bandas essas, que estão presentes na sua programação. Mas, segundo o

locutor E, não é só rock n’ roll que a audiência vai ouvir nos programas.

É, a pessoa vai saber que vai tocar rock gaúcho e nesse rock gaúcho entram vários estilos. O rock é como se fosse a base, mas a característica pode não ser o rock cru, o rock n’ roll, mas vai ser o reggae puxado para o rock, o eletrônico com pitadas de guitarra, com elementos de rock, com pegadas mais viscerais, mais fortes. [...] o que eu chamo de rock gaúcho é a produção independente do Estado. [...] Aqui em Caxias tem a Barracuda Project, que é eletrônico mas é rock. Rock gaúcho. Por isso eu sempre tento respeitar e entender que não adianta, tu não vais ouvir só rock n’ roll. (LOCUTOR E).

O locutor e programador E faz o programa de casa, através de dois

computadores, onde está o acervo musical. Ele afirma que as músicas que vão tocar

em cada programa também dependem da inspiração do dia.

Um dia eu estou mais inspirado em ouvir coisa mais agressiva, mais Power71, outro dia mais balada, então as quatro primeiras músicas geralmente eu escolho. A não ser alguma música que eu lembrei que alguém pediu e eu não consegui tocar. Mas eu aviso, hoje não vai dar tempo, mas semana que vem, no próximo programa, entra cedo e pede que roda. [...] as coisas acontecem muito rápido, porque quando eu disparo no Facebook que vai começar o programa, então as quatro primeiras já estão ali. E aí conhecidos meus do Facebook, não digo que 80%, mas muito músico fala “bah72, roda meu som”. Está pedindo, já está na lista. [...] Claro, tentando agrupar, pelo menos que sejam dois sons, não digo parecidos, mas ritmos semelhantes para não destoar tanto. Dou preferência para som mais roots73, mais coisas demo74. (LOCUTOR E).

Por ter a preferência pelo demo tape, as músicas não precisam ter sido

gravadas em um ótimo estúdio, estarem com uma qualidade perfeita para que                                                                                                                          69 Banda de rock formada em 16 de maio de 1983 em Porto Alegre. Fazem parte do grupo Júlia Barth (vocal), Cláudio Heinz (guitarra), Heron Heinz (baixo) e Cleber Andrade (bateria). A banda já lançou oito álbuns de estúdio, um ao vivo e participou de cinco coletâneas. 70 Ex-vocalista de Os Replicantes. Lançou “Baladas Sangrentas”, primeiro disco solo, em 1996. 71 Músicas de rock mais pesadas. Tradução livre. 72 Expressão utilizada por gaúchos para expressar tristeza, alegria, alívio, surpresa, dúvida. 73 Raiz em inglês. Vem do reggae de raiz, o que vem de origem. 74 Deriva da demo tape (fita, em inglês), uma gravação musical amadora feita em estúdio ou não. Pode servir como portfólio para as bandas ao levarem o material para gravadoras.

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entrem na programação. “O critério é me mandar o som se eu não tiver”, afirma

locutor E, que costuma procurar sempre por mais bandas. O apresentador e

programador responde a preferência pelo formato demo e não por músicas

comerciais, como visto nas rádios FMs e também webradios:

Porque é diferente da que tu conheces. Se fosse para botar uma igual a que tu conheces, de repente pode ser [...] horrível. Só que geralmente nas gravações demo mostrava a veracidade da música, porque quando tu entras em estúdio para gravar tudo certinho, tu gravas canal por canal, instrumento por instrumento. Mas daí no lance das gravações demo de antigamente, às vezes era ao vivo, então o registro mostrava a energia da música, a energia do momento naquela música. (LOCUTOR E).

O locutor e produtor E complementa:

Uma banda, acho que de São Leopoldo, ouviu meu programa um dia e disse “toca meu som?”. “Toco”. Eles mandaram um mp3 muito ruim. [...] Não é a minha ideologia, mas a proposta deles era tão bacana, mas a qualidade sonora era tão ruim que eu toquei uma vez. Eu tenho vontade de tocar outras vezes mas eu tento selecionar pelo menos uma qualidade sonora para que quem esteja em casa consiga entender o que o cara está cantando, o que ele está falando, e a qualidade dele não dava para ouvir. [...] É só me mandar e, no dia do programa, dentro do horário, me pede que, se eu conseguir encaixar no tempo que ainda resta, roda, não tem problema. É um programa feito para quem está ouvindo, senão seria uma imposição eu botar o que eu quero que vocês ouçam. (LOCUTOR E).

Assim como já citou o coordenador de programação da emissora D, que a

cidade de Caxias do Sul precisa auxiliar na divulgação das bandas, o locutor E

também acredita que precisa acontecer uma união maior entre elas. O dono do

programa de bandas gaúchas diz que “[...] muito músico grava para si, grava para

dar o cd para a família e dizer bah, eu tenho um CD e acaba não divulgando”

(LOCUTOR E). Para ele, as rádios menores podem ajudar bastante na divulgação

de bandas emergentes.

Se houvesse mais união em pró do rock, em pró do som, facilitaria e, de repente, criariam-se mais opções para tocar [...] é muito simples, basta querer. O problema é esse, as pessoas não têm a cultura mais punk, que é a do “faça você mesmo”. Começam a fazer, acham difícil

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e acabam desistindo. [...] Por isso que eu digo, Caxias, como eu notei em Porto Alegre, falta união. Onde tu te unires com várias parcerias de bandas, “o que vocês precisam? Estúdio.”, tenta criar estúdio. [...] Só que às vezes eu noto que muita banda toca para auto ego, “ah, eu sou roqueiro, sou popstar”, e aí acaba querendo rodar o som na emissora A, o som na emissora C, que é importante, mas, cara, abre teu olho que várias menores podem te ajudar muito mais do que uma maior. (LOCUTOR E).

No programa, o locutor E é quem procura por bandas autorais. Quando o

programa inicia, o locutor E toca duas músicas, faz a abertura do programa, toca

mais duas e posta no Facebook que o programa está no ar. Assim vão chegando os

pedidos musicais e até bandas pedem para que ele divulgue as músicas.

Como eu tenho essa amizade influente no rock, então quando começa meu programa, eu vou disseminando para toda a minha lista do Facebook “ó, ta no ar”, e aí amigos meus acabam compartilhando esse link. Através desse compartilhamento, “bah, ouvi o programa, eu tenho uma banda”, manda pra cá. É do Rio Grande do Sul? Manda pra cá o som que se tu pedires, roda. (LOCUTOR E).

Por ser transmitido apenas duas vezes por semana, o programa traz em

média 18 músicas por programa, que tem uma hora de duração. Por ser transmitido

poucas vezes, não são muitas as músicas presentes na programação. Nos dois

programas observados durante os sete dias, foram executadas 37 canções, sendo

que apenas uma banda emergente de Caxias do Sul esteve presente. O grupo

Dones Primata teve uma música participando do programa. Já as outras 36 músicas

são de bandas gaúchas, na grande maioria já conhecidas no Rio Grande do Sul,

como Graforréia Xilarmônica75, Júpiter Maçã76, Cartolas77, Tequila Baby78, entre

outras. Como locutor E afirma, “[...] hoje, 80% do programa é pedido”, constatando o

                                                                                                                         75 Banda de rock gaúcha formada em 1987, em Porto Alegre. Lançou dois álbuns de estúdio: “Coisa de Louco II” (1995) e “Chapinhas de Ouro” (1998); um álbum ao vivo: Graforréia Xilarmônica: Ao Vivo (2006); e os singles: "Fazendeiros Ricos e Pobres Adultos"/"O Sapato e A Meia" (2008), "Chacundum Brega"/"Tantas Tendências" (2012). 76 Nome artístico do cantor, compositor, cineasta e gruitarrista porto alegrense Flávio Basso. Participou das bandas de rock TNT e Os Cascavelletes. 77 Banda de rock formada em 2003 em Canoas, no Rio Grande do Sul. Lançou três álbuns de estúdio: “Original de Fábrica” (2007), “Quase Certeza Absoluta” (2010) e “Apavorando o Flashback” (2013). 78 Banda de punk rock formada em 1994, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Lançou nove álbuns: “Fiesta, Sombrero y Rock'n'Roll” (1995), “Tequila Baby” (1996), “Sangue, Ouro e Pólvora” (1999), “Ao Vivo no Dia Mundial do Rock” (2002), “Punk Rock até os Ossos” (2002), “A Ameaça Continua” (2004), “Tequila Baby & Marky Ramone Ao Vivo” (2006), que também foi lançado em DVD, “Lobos Não Usam Coleira” (2008) e “Por Onde Você Andava?!” (2012).

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que já afirmavam Lopez (2010), de que “[...] o ouvinte participa, a cada dia mais,

ativamente da programação” (LOPEZ, 2010, p. 78) e Fuentes et al (2013), que

ouvinte pode definir o que quer ouvir e quando quer ouvir.

Entre os pedidos, o locutor E só aceita se for banda gaúcha. Tenta executar

o máximo de pedidos musicais que recebe, porém, muito da programação é de

bandas de Porto Alegre, talvez por ter vivido na cidade por bastante tempo e ter

conhecido gente envolvida no rock da cidade. Os pedidos musicais do programa

podem ser feitos pelo email, pela página do programa no Facebook e pelo perfil do

locutor. O Facebook é onde o locutor mais interage e divulga o programa, ao dizer

que o programa iniciou, colocando o link para audição e, após o término de cada

programa, divulga todas as músicas que foram executadas. O programa é voltado

para um público que gosta de rock gaúcho, tanto que, todas as vezes que o

programa inicia, o locutor E escreve na sua página e na página do programa no

Facebook “uma hora de rock gaúcho”, relembrando o que já foi citado por Prata

(2008), que a webradio tem conteúdos voltados à comunidades que compartilham

um objetivo comum, como nesse caso, o rock gaúcho.

O também coordenador de programação E afirma que muito do que é

veiculado musicalmente no programa, é feito por pedidos musicais e que ele toca

tudo o que for pedido, desde que seja do gênero rock e do Rio Grande do Sul, com

espaço para bandas da Serra. Porém, esse espaço foi mínimo nos dois programas

observados na semana, já que apenas um grupo emergente teve participação e em

apenas uma noite. Um música de 36, se somando os dois programas, é pouco para

uma webradio. Ainda mais uma que toca canções de bandas que, conforme o

coordenador de programação do programa, não precisam ter uma boa qualidade

sonora. Assim, deveria ser a webradio que mais executa bandas emergentes, que,

muitas vezes, não têm como gravar as músicas em um grande estúdio para ter uma

ótima sonoridade.

Por ser apenas um programa, não tem muito destaque no site da webradio

emissora E. O site em si apresenta um breve resumo do que é o emissora E,

deixando claro que “continuamos não tocando só grandes sucessos do momento”.

Ao lado, foto dos locutores que participam da programação, mas sem informações.

Em alguns é possível clicar na foto e um novo link abre com, por exemplo, a página

do perfil da pessoa no Facebook. Na mesma página inicial, há a programação

completa com a explicação dos dez programas presentes na webradio. Além disso,

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há uma “prateleira de ofertas” com objetos e roupas de um personagem de

quadrinhos, notícias repostadas de outros sites, como O Bairrista79 e os meios de

contato.

Diferentemente das webradios já citadas, o emissora E não traz a opção de

podcast. Ou seja, se o ouvinte perdeu o programa, não poderá ouvir no momento

que quiser, não “[...] pode parar, fazer pausa, voltar atrás, avançar e repetir sempre

que desejar” (FUENTES et al, 2013, p. 119). Também não há fotos, vídeos, chat ou

serviço de busca, o que, para Prata (2008), tornam o site mais atrativo.

A última webradio observada foi a emissora G. Ela surgiu há pouco mais de

um ano e meio e foi idealizada pelo diretor executivo e coordenador de programação

G80. A emissora G mescla de gêneros, como rock, jazz, blues e reggae. o

coordenador mostra que há uma mescla entre “[...] rock, blues, folk, jazz, milonga,

MPB, funk rock, rap” (COORDENADOR G). Segundo ele, a emissora G trabalha

com o rock de uma maneira mais abrangente, usando o conceito da palavra da

maneira como foi fundada na língua inglesa.

Na língua inglesa, na expressão popular, quando eles querem dizer que uma coisa é bacana [...] eles dizem “this thing rocks my mind”, como se fosse assim, aquilo ali é bom, aquilo ali faz parte do meu dia a dia. Para o inglês e para o americano, qualquer cara que estiver em cima do palco é uma banda de rock. Desse conceito baixo, guitarra e bateria, a gente tem aqui na America Latina, em função da colonização da mídia americana, mas pra eles, qualquer artista que está em cima de um palco está roqueando, qualquer cara que está em cima de um palco é um artista que está trazendo música popular. [...] Entra na programação um conceito mais abrangente de rock, se faz a cabeça de alguém, é rock, se é rock, toca [emissora G]. (COORDENADOR G).

Conforme o coordenador de programação da emissora G, as músicas que

tocam na webradio não precisam ter nenhum critério pré-estabelecido. “Não tem um

critério de ‘ah, qualidade sonora’. Entra na programação por existir a programação.

Então quem fizer contato, mandar o material, autorizar a veiculação, entra pra

programação”, afirma o coordenador G. Ele conta que, no início, a webradio

veiculava músicas de fora do Rio Grande do Sul e que os artistas de Caxias do Sul e

                                                                                                                         79 Site que satiriza notícias sobre o Rio Grande do Sul. Disponível em http://www.obairrista.com.br/. 80 O coordenador de programação é formado em Marketing pela Universidade Norte do Paraná, é radialista pelo SENAC e Programador FM pela Unisinos.

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região foram os últimos a entrarem na programação. “Caxias começou a entrar

quando a gente estava quase beirando um ano de atividade já. E já tinha vínculo

com gente de São Paulo, de Santa Catarina, [...] de fora do país, o pessoal do The

Muggs, de Detroit mandando material”, lembra o coordenador G. Ele diz que o

menor contato que tem hoje é ainda com as bandas da região.

Eu converso com eles via grupo de Facebook, tento aparecer nos eventos, divulgar os eventos, mas eles mandam muito pouco material para a rádio. [...] De Caxias eu acredito que tenha umas 15 que mandaram material, fizeram contato “oh, a gente quer tocar aí”. Inclusive até entrevistas, eu acho que entrevistas com caras daqui só com o Le Daros, Bob Shut, C3PO, Mindgarden, o pessoal do Cuscobayo e eu acho que só. Os outros que eu tentava marcar entrevista não rolava. Tem uma certa refração ainda. (COORDENADOR G).

O coordenador G cita que não são muitos os pedidos musicais que ele recebe

na webradio, são mais elogios. “Eu recebo muito feedback via email. Então se uma

banda não agrada, automaticamente alguém vai fazer algum tipo de reclamação”,

afirma o coordenador G. Como são mais elogios que ele recebe, os pedidos

musicais aparecem em menor número: “Geralmente eles me mandam email pelo

canal de contato ou pelo pedido de música que está na parte de cima do site81, mas

muito raramente” (COORDENADOR G). Desta maneira, não vai ao encontro ao que

já foi dito anteriormente por Lopez (2010), ao afirmar que “[...] o ouvinte participa, a

cada dia mais, ativamente da programação”, (LOPEZ, 2010, p. 78) e Prata (2008),

que diz que, sendo um programa musical, o ouvinte pede a música que gostaria de

ouvir.

Na emissora G, as músicas têm qualidades variadas. Há canções gravadas

em estúdio, em boa qualidade, assim como gravações de shows. Conforme o

coordenador G, quem vai dizer se é bom ou não é o ouvinte. Um exemplo que ele da

é a banda Repolho, de Santa Catarina. O grupo grava com dois microfones e,

durante as canções, é possível ouvir um ruído de fundo, um latido de um cachorro, a

buzina de um carro, mas a música, para ele, é boa. Ou seja, a boa qualidade não é

a principal facilitadora da entrada das produções nas programações

                                                                                                                         81 É mural de recados, pelo qual o público faz elogios, críticas e pedidos musicais.

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A principal característica diferente [da emissora G] [...] para uma emissora de FM, [...] ao contrário do que se imagina que um FM vai educar, não, ela restringe e doutrina. Se tu fores analisar a programação da maioria das FMs que a gente tem na cidade, todas elas têm [...] ícones dos anos 80, dos anos 90 tocando, bombando. [...] O conceito de qualidade está baseado neles. Então [...] tu não consegues ouvir esses novos artistas, esses caras que estão lá no Rio, que estão em São Paulo, que estão aqui no Rio Grande do Sul. Tu não sabes quem são, do que que evoluiu, qual é a fusão e que tipo de linguagem eles estão trabalhando hoje em dia. Então quando eu fundei [a emissora G] [...] foi justamente para extrapolar esse conceito, não tem mais um portão de regulação dentro. Quem vai fazer a regulagem é quem ouve, não quem está colocando para tocar. (COORDENADOR G).

Sobre os novos artistas, o coordenador de programação da emissora G diz

que eles entram na programação diariamente, entre manhã, tarde, noite e

madrugada.

São 12 blocos para cada turno, então eu divido e sempre coloco. Cada bloco da em média de 7, 8 músicas, então em cada bloco tu vais ter sempre de 4 a 5 músicas de artistas independentes, sendo daqui ou se fora, então de qualquer maneira eles vão sempre tocar de manhã, de tarde e de noite. (COORDENADOR G).

Porém, ao contrário do que afirma o coordenador G, os artistas emergentes

dos gêneros escolhidos nesta pesquisa, apareceram na programação em poucas

ocasiões. As bandas que participaram da grade musical são as caxienses Lacross,

Elixir Inc. e Slow Bricker, todas de rock. Quando apareciam, tinham suas músicas

veiculadas na programação apenas uma vez por dia, sendo que não foram em todos

os dias. Entre as três citadas, a Elixir Inc. foi a que mais teve participação na

programação, com quatro execuções. Pelo menos nos sete dias observados, nem

as bandas que o coordenador G já entrevistou, como a indie Cuscobayo e as de

rock C3PO e Mindgarden, apareceram entre as músicas tocadas. Estavam

presentes muitos artistas consagrados nacional e internacionalmente, como o

roqueiro americano Eric Clapton e os brasileiros Raimundos. Ou seja, o espaço

dedicado às bandas emergentes da Serra é mínimo, já que não foi veiculada pelo

menos uma banda por dia.

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Mesmo que na emissora G o espaço seja pequeno, o coordenador G acredita

que as bandas ainda querem divulgar seu material nas rádios e webradios, não

somente nas próprias páginas na internet.

Eu ouço muitos relatos de ter muitos problemas em acessar emissoras de FM tradicionais e eles estarem conseguindo acesso mais fácil de emissoras de rádio online. Inclusive a gente formou um grupo de emissoras online que talvez vá virar um tipo de associação de emissoras online, onde tem a emissora G, tem a emissora F aqui de Caxias, a [webradio] lá de Farroupilha, a Dinâmico FM, do Cláudio Cunha, ex-Ipanema, e a rádio Elétrica, [...] para debater o veículo rádio online e para poder ver como é que a gente vai trabalhar essa questão do acesso e programação, e o debate artista e rádio. Uma coisa que acontece muito melhor do que acontece com o FM, tem um bate bola muito mais franco e aberto entre o artista e a emissora de rádio. (COORDENADOR G).

Talvez seja através deste grupo de webradios que exista mais ideias de como

ajudar as bandas na divulgação, assim como também citaram os coordenadores de

programação das emissoras D e E.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta monografia, foi realizada uma pesquisa que visou descobrir se

existe espaço nas programações de algumas rádios em frequência modulada e

webradios de Caxias do Sul para que bandas emergentes da Serra Gaúcha

divulguem seu material.

Pôde-se observar que as hipóteses desse trabalho foram comprovadas quase

que em sua totalidade: A primeira hipótese, que afirma que o espaço para artistas

emergentes divulgarem seu trabalho existe, efetivamente, apenas pela oportunidade

proveniente das grades de programação de webradio, foi parcialmente comprovada.

Entre as webradios observadas dentro do período proposto pela presente pesquisa,

a emissora G e a emissora E, com o programa de músicas de rock, veicularam um

número muito pequeno de bandas, mas a emissora F oportunizou uma grande

quantidade de grupos emergentes na grade musical. A emissora D não deu espaço

algum para a veiculação dessas bandas na programação. Entre as FMs, a emissora

C executou um bom número de artistas locais, dentro do planejamento da emissora,

diferentemente das emissoras A e B que não veicularam nenhuma.

Já a segunda hipótese, a boa qualidade sonora das produções é facilitadora

da entrada dessas produções na grade de emissoras de radio, tanto em webradios,

quanto em FMs, foi confirmada na maioria das emissoras pesquisadas. As

emissoras A e a B, mesmo não veiculando bandas autorais da região, só executam

músicas em boa qualidade e seus coordenadores de programação afirmam que só

músicas que estejam bem gravadas farão parte da grade musical. Tal

posicionamento também foi verificado na emissora C, que foi a única emissora em

frequência modulada que transmitiu canções das bandas emergentes. Já nas

Webradios, as emissoras D, F e G, pedem por uma boa qualidade, com exceção do

programa da emissora E, que preza pela versão em formato demo da banda, sem

que ela precise ter uma ótima sonoridade.

A programação musical das webradios segue um modelo de programação do

rádio FM que, em sua grande maioria, veicula hits musicais, tendo a audiência como

foco principal, terceira hipótese da presente pesquisa, foi confirmada com mais

intensidade em relação à emissora D, já que a mesma prioriza hits e lançamentos

mundiais.

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A partir das análises com aplicação das hipóteses, é possível concluir que

existe, sim, um espaço para que bandas emergentes de Caxias do Sul e região

tenham suas músicas transmitidas em emissoras de rádio em frequência modulada

e em webradios. Por poder trazer mais variedades musicais do que as FMs, as

webradios têm mais liberdade para escolher o que colocar para que o público ouça.

Assim, das quatro emissoras selecionadas para análise durante o período proposto,

pôde-se concluir que três delas auxiliam de forma mais efetiva as bandas.

Mesmo que tenha-se percebido que o dircurso de alguns coordenadores de

programação afirmasse que há esse espaço para novas bandas, tal constatação não

foi confirmada em sua essência. Dentre as FMs, a emissora A, com o programa

Control A, é a emissora que mais se aproxima da tendência de dar oportunidades à

aparição de bandas emergentes na sua grade de programação. Porém, tal aparição

não foi constatada.

É possível, portanto, confirmar que o espaço em frequência modulada é muito

inferior ao espaço que as webradios destinam às bandas emergentes. Muita coisa

pode mudar nas programações de semana a semana, mas percebe-se que ainda há

o interesse das bandas para que seu trabalho toque em uma rádio FM e em uma

webradio. O que falta, porém, é apoio das emissoras às bandas na divulgação de

suas músicas. Infere-se que tal apoio pode, inclusive, ser algo benéfico às próprias

rádios, já que, assim que as músicas fossem veiculadas, comentários em redes

sociais poderiam fazer com que a audiência aumentasse, por exemplo.

Por se tratar de um tema ainda incipiente no que se refere às pesquisas que

envolvem o rádio local, almeja-se que tal pesquisa possa ter uma sequência e que,

talvez, torne-se um auxílio para que bandas emergentes e produtores musicais

reflitam sobre as práticas concertentes ao assunto.

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ANEXO A – PROJETO DE MONOGRAFIA

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES

O ESPAÇO DE BANDAS EMERGENTES DE ROCK, POP ROCK E INDIE NA PROGRAMAÇÃO DE FM'S E WEBRADIOS

Caxias do Sul

2013

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

YASMINNE WARDE TANNOUS BORGES

O ESPAÇO DE BANDAS EMERGENTES DE ROCK, POP ROCK E INDIE NA PROGRAMAÇÃO DE FM'S E WEBRADIOS

Projeto de trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I.

Orientador(a): Marcell Bocchese

Caxias do Sul

2013

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

2 TEMA .................................................................................................................. 5 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 5 3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 6

4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 7

5 HIPÓTESES ....................................................................................................... 8

6 OBJETIVOS ....................................................................................................... 9 6.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 9 6.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................ 9 7 METODOLOGIA DA ANÁLISE ........................................................................... 10

8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 13 8.1 RÁDIO FM ....................................................................................................... 13 8.2 WEBRADIO ..................................................................................................... 16 8.3 PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA .................................................................. 19 8.4 INTERATIVIDADE ........................................................................................... 23 8.5 PROGRAMAÇÃO MUSICAL ........................................................................... 26 9 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................. 30

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 31

11 CRONOGRAMA ............................................................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

Os meios de comunicação tradicionais sempre foram a maneira de como as

pessoas conseguiam informações sobre o que acontecia no mundo. Eram o jornal, a

revista, a televisão e o rádio. Segundo a pesquisa Ibope ConectMídia de 2009,

citada por Lopez (2010), a televisão, o celular e o computador com acesso à

internet, além do rádio, são meios de comunicação mais usados pelos brasileiros.

Com os avanços tecnológicos, surgiu também a webradio. Segundo Lopez (2010),

graças à convergência, o rádio pode ser ouvido em qualquer um dos dispositivos

antes citados.

A digitalização, lembra Nelia Del Bianco (2009), permitirá ao rádio a integração neste processo, fazendo com que ele deixe de ser um meio de comunicação deslocado do processo de tecnologização da informação. […] (BIANCO, 2009 apud LOPEZ, 2010, p. 11).

Assim, o rádio é fortalecido pela internet e a digitalização da informação. Com

o surgimento da rádio na web, as emissoras aumentaram as possibilidades de

chegar até os ouvintes, criando páginas na internet. A primeira rádio a transmitir pela

internet foi a rádio Klif, do Texas, em 1995. No Brasil, a primeira emissora com

programação apenas na internet foi a rádio Totem, segundo Nair Prata (2008). As

rádios utilizadas apenas na internet são chamadas webradios. As webradios podem

ser ouvidas em qualquer lugar com acesso à internet, porém, funciona com número

limite de ouvintes. Nesta pesquisa, será apresentado o lugar que as bandas

emergentes têm dentro da programação musical das rádios FM A, B e C, e das

webradios D, E, F e G de Caxias do Sul.

  Os capítulos serão divididos em partes. A primeira parte mostrará o rádio FM

e o que ele aborda de conteúdo. O mesmo será feito com a webradio. Como será

um trabalho com enfoque musical, o que é a produção musical será explicado.

Como, por exemplo, o papel do produtor musical dentro de uma banda emergente,

que é muito importante no processo de divulgação e viabilização das músicas dentro

das emissoras.

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2 TEMA

 

O espaço de produções musicais emergentes dos estilos rock, pop rock e indie em

emissoras de rádio FMs e Webradios de Caxias do Sul.

 

2.1 Delimitação do tema

O processo de escolha de grupos musicais regionais emergentes para a composição

das grades de programação musical de emissoras FMs e Webradios da cidade de

Caxias do Sul.

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3 JUSTIFICATIVA

Esta pesquisa visa mostrar se o rádio FM e webradio dão espaço para que

bandas emergentes mostrem seu trabalho. Com o avanço da tecnologia, muitas

desses artistas podem divulgar a música através de redes sociais, onde o retorno

pode vir rapidamente do público. A webradio é um dos meios de divulgação, por

também se tratar de um veículo emergente, por isso será interessante mostrar como

funciona uma webradio, assim como a programação do FM.

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104  

4 QUESTÃO NORTEADORA

 

Em uma cidade que já foi capital da cultura, há de se acreditar que existam

artistas talentosos e competentes. Mas, por muitas vezes, estes talentos podem não

estar recebendo o seu devido reconhecimento por parte da mídia sonora, tendo um

espaço reduzido.

A questão norteadora da presente pesquisa é: Como se estabelece o espaço

para produções musicais regionais emergentes dos estilos rock, pop rock e indie em

Webradios e Rádios FM jovens em Caxias do Sul?

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5 HIPÓTESES

 

O espaço para artistas emergentes divulgarem seu trabalho existe,

efetivamente, apenas pela oportunidade proveniente das grades de programação de

webradio;

A boa qualidade sonora das produções é facilitadora da entrada dessas

produções na grade de emissoras de radio, tanto em webradios, quanto em FMs;

A programação musical das webradios segue um modelo de programação

do rádio FM que, em sua grande maioria, veicula hits musicais, tendo a audiência

como foco principal.

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106  

6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo geral Responder como é feita a seleção musical de bandas novas da região, grupos

musicais que ainda estão em desenvolvimento;

Verificar qual é o espaço dedicado a essas produções nas programações de

Webradios e Rádios FMs.

6.2 Objetivos específicos Mapear e comparar a quantidade de produção da região que é transmitida por

algumas rádios FMs e Webradios de Caxias do Sul.

Estudar o conceito de webradio e de programação radiofônica.

Entre emissoras tradicionais do FM musical e WebRadios, verificar qual dos dois

segmentos destina mais espaço a essas produções musicais mais novas.

PALAVRAS-CHAVE Rádio FM; Webradio; produção musical; programação radiofônica; interatividade.

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7 METODOLOGIA DA ANÁLISE

A metodologia de pesquisa estuda os métodos que serão utilizados no

desenvolvimento do projeto. “Assim como não há ciência sem pesquisa, não pode

haver pesquisa sem método”, afirma Andrade (2007). Para Paviani (2006), o método

designa um modo básico de conhecer no sentido estrito. Em um sentido

complementar geral, indica um conjunto de regras, de instrumentos, de técnicas e de

procedimentos. Segundo o autor,  o método possui dois significados:

[...] o primeiro, o modo de conhecer (analisar, descrever, sintetizar, explicar, interpretar, etc.), e o segundo, o conjunto de procedimentos e de instrumentos (questionário, entrevista, documentos, etc.) para obter dados e informações. (PAVIANI, 2006, p. 43).

Ainda segundo Paviani (2006):

os modos de conhecer podem ser divididos, a partir da história da ciência e da filosofia ocidental, entre modos básicos e modos derivados. Entre os básicos situam-se o analítico (de origem aristotélica), o dialético (de origem platônica) e o hermenêutico (que provém originalmente do estudo dos textos sagrados, jurídicos e lingüísticos). Os modos derivados de conhecer provêm de diferentes combinações dos modos básicos e são conhecidos como método funcionalista, estruturalista, fenomenológico, positivista, etc. (PAVIANI, 2006, p. 43).

A pesquisa geral pode ser feita de duas maneiras segundo Da Cás (2008):

teórica (pura ou básica) e aplicada (ou prática). Através da teórica, “[...] o

pesquisador busca o saber, a descoberta, as generalizações, a definição de leis ou

de suas ampliações” (DA CÁS, 2008, p. 34). Já na aplicada, “[...] o pesquisador

aplica as leis e teorias gerais a casos específicos para produzir novos

conhecimentos e abrir caminhos para novas descobertas” (DA CÁS, 2008, p. 34).

De acordo com o autor, são seis os tipos de pesquisas específicas. A

pesquisa experimental é observada e trabalhada diretamente com os fatos, fazendo

um estudo entre a causa e o efeito do fato. Na pesquisa de laboratório, são

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empregados recursos para criar fenômenos, fazendo com que seja possível realizá-

los. Já a pesquisa bibliográfica apresenta uma “[...] resultante dos estudos

sistemáticos, reflexivos e críticos sobre um determinado assunto, mediante consulta

às fontes documentais (fontes primárias, arquivos) e às fontes bibliográficas (fontes

secundárias, bibliotecas)” (DA CÁS, 2008, p.35). Em uma pesquisa descritiva, a

partir de um fato, o pesquisador analisa os elementos da pesquisa e os consolida

para chegar à resultante final de acordo com o objeto a ser pesquisa. Os dois

últimos tipos de pesquisa são a quantitativa, onde se trabalha com dados que

possam ser medidos, quantificados ou dimensionados, e a qualitativa, que trabalha

com a diversidade de dados do objeto de pesquisa. Gaskell (2002), afirma que “a

finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao

contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o

assunto em questão” (p.68). Para o autor, a entrevista qualitativa é uma metodologia

de coleta de dados amplamente empregada.

Tanto a pesquisa quantitativa quanto a qualitativa vão estar presentes nesta

pesquisa. Segundo Bauer, Gaskell e Allum (2002), há muita discussão sobre as

diferenças entre as pesquisas quantitativas e qualitativas.

A pesquisa quantitativa lida com números, usa modelos estatísticos para explicar os dados. [...] Em contraste, a pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais [...] o protótipo mais conhecido é, provavelmente, a entrevista em profundidade. (ALLUM, in: BAUER; GASKELL; 2002, p. 23).

Também será feita a pesquisa bibliográfica, com revisão bibliográfica e

entrevista em profundidade semi-estruturada. De acordo com Stumpf (2005), a

pesquisa bibliográfica

[...] é o planejamento global inicial de qualquer trabalho de pesquisa que vai desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto até a apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o aluno examinou, de forma a evidenciar o entendimento do pensamento dos autores acrescido de suas próprias ideias e opiniões. (STUMPF, 2005, p. 51).

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Ainda segundo a autora, uma pesquisa bibliográfica tem várias etapas: a

identificação do tema e dos assuntos a serem abordados, a seleção das fontes, a

forma como conseguir o material a ser utilizado e a leitura e transcrição de dados.

Lakatos e Marconi (1995) afirmam que realizar uma pesquisa bibliográfica é “[...]

colocar o pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado

assunto” (MARCONI, 1995, p.14).

Para uma maior profundidade, será realizada uma pesquisa semi-estruturada

com produtores de bandas emergentes e programadores de emissoras de rádio e

webradio. Duarte (2005) diz que “[...] o uso de entrevistas permite identificar as

diferentes maneiras de perceber e descrever os fenômenos” (DUARTE, 2005, p. 63)

a serem estudados. Para o autor, uma das qualidades dessa abordagem é a

flexibilidade de permitir que o informante defina como responder e ao entrevistador

ajustar as perguntas livremente.

A entrevista em profundidade é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer. (DUARTE, 2005, p. 62).

Duarte (2005) afirma que são três os tipos de entrevistas: aberta ou informal,

semi-aberta ou semi-estruturada e fechada ou estruturada. A entrevista aberta ou

informal é exploratória e flexível, sem que seja preciso haver uma sequência

predeterminada de questões ou parâmetros de respostas. A semi-aberta ou semi-

estruturada, busca tratar da amplitude do tema, apresentando cada pergunta de

forma mais aberta possível:

As questões, sua ordem, profundidade, forma de apresentação, dependem do entrevistador, mas a partir do conhecimento e disposição do entrevistado, da qualidade das respostas, das circunstâncias da entrevista. [...] O pesquisador faz a primeira pergunta e explora ao máximo cada resposta até esgotar a questão. Somente então passa para a segunda pergunta. Cada questão é aprofundada a partir da resposta do entrevistado, como um funil, no qual perguntas gerais vão dando origem a específicas. (DUARTE, 2005, p. 66).

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E a fechada ou estruturada é feita a partir de questionários estruturados, onde

as perguntas são as mesmas para todos os entrevistados, para que depois seja

possível comparar as respostas. No trabalho, a pesquisa semi-estruturada será feita

face a face com os coordenadores de programação das emissoras de rádio FM e

webradios, porque, segundo Gil (1999) pode haver maior quantidade de informações

e não haverá interrupções, como se fosse por telefone, por exemplo. Após, será feita

uma análise, que segundo Paviani (2006), “[...] consiste em definir conceitos,

estabelecer categorias, codificações, tubulações, dados estatísticos, generalizações

de dados, relações entre variáveis, etc” (PAVIANI, 2006, p. 53) para que possa

chegar à conclusão esperada e que resposta a questão norteadora. Serão

analisadas as grades das emissoras por sete dias.

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8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA RÁDIO FM

O rádio é um meio de comunicação que noticia sonoramente por meio de

ondas eletromagnéticas. O rádio pode ser AM, FM, webradio ou a versão rádio na

web. Na sua programação há noticiários, programais musicais e de entretenimento,

prestação de serviços, propagandas, entrevistas, boletins, entre outros. A primeira

transmissão radiofônica ocorreu na festa de Centenário da Independência, dia 7 de

setembro de 1922, no Rio de Janeiro. A transmissão teve o discurso do presidente

Epitáfio Pessoa e como trilha sonora peça “O Guarani”, de Carlos Gomes,

executada no Teatro Municipal. Por ser caro, apenas a elite brasileira tinha o

aparelho. A implementação do rádio no Brasil se deu em 1923, quando foi criada

Rádio Sociedade do Rio, fundada por Roquete Pinto e Henry Morize.

Segundo Ortriwano (1985), durante a década de 20, as classes populares

foram proibidas de participar da programação radiofônica, caracterizando o rádio

como um veículo individualista, familiar ou particular. Então, Roquete Pinto pensou

na radiodifusão como meio pelo qual o rádio tivesse popularização e educação (p.

43). A partir de 1932, o rádio passou a utilizar propagandas. Assim a indústria e o

comércio passaram a definir a programação das rádios. Os decretos do então

presidente brasileiro Getúlio Vargas foram essenciais para a expansão do rádio

nacional, segundo Costa e Noleto (1997). Na chamada era de ouro do rádio1

brasileiro, a programação é definida para o jornalismo com a chegada do Reporter

Esso, em 1941. O programa foi uma contribuição pra o rádio e para o jornalismo, já

que era apresentado um noticiário adaptado para o rádio brasileiro. O Reporter Esso

entrava ao vivo quatro vezes ao dia: 8h, 12h55, 19h55 e 22h55, além de algumas

edições extras.

Além do Reporter Esso, em 1941 houve o lançamento da primeira radionovela

da história do Brasil Em Busca da Felicidade, que ficou no ar entre junho de 1941 e

maio de 1943 na Rádio Nacional, pertencente à Empresa Brasil de Comunicação.

Segundo Ferraretto (2013), a Rádio Nacional pode ser vista como o símbolo máximo

dos programas de auditório e de radionvelas dentro da história do rádio brasileiro.

Costa e Noleto (1997) ainda explicam que a transmissão por frequência modulada

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foi feita primeiramente pela Rádio Imprensa do Rio de Janeiro. A partir dos anos 60,

a rádio FM foi regulamentada pelo governo federal. As primeiras emissoras em FM

começaram a operar na década de 1960, fornecendo inicialmente “música

ambiente”. A primeira emissora a atuar exclusivamente nas ondas de frequência

modulada foi a Rádio Difusora de São Paulo-FM. A rede Bandeirantes foi a primeira

emissora brasileira a transmitir sua programação via satélite com 70 emissoras FM e

outras 60 em AM, em mais de 80 regiões do país.

Com a publicidade indo para a televisão, o rádio foi perdendo espaço, até

meados dos anos 60, quando o rádio se tornaria companheiro inseparável de toda

uma geração. Uma geração, segundo Kischinhevsky (2007), que se tornaria

característica no final dos anos 70, comungando uma cultura pop que tomava o país.

Na época, as indústrias cinematográfica e fonográfica contavam com a cumplicidade

das grandes redes de tv e das incipientes redes de rádio – estas apostando suas

fichas no então novo formato da Frequência Modulada.

Com a cisão do rádio entre FM e AM, ficaria evidenciada uma aproximação do novo formato com a estética televisiva. As FMs tenderiam à homogeneização, com seus apresentadores assumindo, por toda parte, um estilo tipicamente carioca de locução. (Kischinhevsky, 2007. p. 2).

Trazendo mudanças para o rádio, três cientistas da Bell Telephone

Laboratories, de New Jersey, Estados Unidos, criaram uma nova tecnologia, o

transistor. No dia 23 de dezembro de 1947, William Shockley, John Bardeen e

Walter Brattain apresentaram o novo componente eletrônico a ser utilizada pelo

rádio: o transistor de ponto de contato que usava germânio (material semicondutor).

Segundo Ferraretto (2001), a evolução obtida por Shockley depois com o transistor

bipolar mostrava a chance de substituir as válvulas, que ocupavam muito espaço e

precisavam utilizar uma voltagem grande para que funcionasse. Anos depois, os

transistor poderiam funcionar com pilhas como fonte de energia. De acordo com

Mello (1998), os rádios transistorados ficaram populares ao longo dos anos 1960 no

Brasil.

O rádio a transistor começou a se tornar conhecido no Brasil no final dos anos 50, quando a indústria brasileira iniciou a produção em território nacional. Antes disto, somente a burguesia possuía recursos para tal. Porém, só ele atingiu seu apogeu em meados da

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década de 60, devido às transmissões dos jogos das Copas do Mundo de Futebol, em 1962 e 1966. (MELLO, 1998 apud FERRARETTO, 2001, p. 138).

O rádio FM trazia um formato não menos jornalístico, mas mais musical, que

chamava a atenção principalmente dos jovens. Em 1977, entra no ar a Cidade FM,

do Rio de Janeiro, ligada ao grupo do Jornal do Brasil, um dos principais da cidade.

Segundo Ferraretto (2001), a rádio tinha como alvo o jovem, que gostava de música.

A rádio mudou de dono e investia em novos talentos da música. Tinha um playlist

pequeno de canções e fazia promoções.

Com a mudança de proprietários, os 102,9MHz passam a ter como alvo o jovem em uma programação inspirada nos modelos norte-americanos. […] Entre as músicas, os comunicadores, com humor, começam a brincar com os ouvintes em um estilo que se pretende descontraído. […] Em pouco tempo, a Cidade obtém a liderança na audiência. Emissoras de todo o país copiam seu formato de programação. (FERRARETTO, 2001, p. 158).

Há quem diga que o rádio FM é mais “leve” em se tratando de conteúdo. Por

tocar músicas e não ser informativo 24 horas, o FM pode ser julgado como uma

rádio para jovens. “De um modo geral, as emissoras de FM aceitam apenas notícias

engraçadas, descomprometidas, otimistas, dirigidas ao “público jovem” (PRATA,

1989, p. 11). Hoje, muitas rádios AM migram para o FM por ter uma maior

sonoridade, o que faz com que a estação volte a fazer jornalismo 24 horas, agora na

frequência modulada.

Mas não é só de música e entretenimento que é feita a emissora em

frequência modulada. O jornalismo em FM é bastante presente também. Um

exemplo é a rádio CBN (Central Brasileira de Notícias), “a rádio que toca notícia”,

como diz o slogan. Ela surgiu no dia 1º de outubro de 1991 e foi pioneira nesse estilo

de programação somente com notícias jornalísticas. Hoje conta com quarto

emissoras próprias em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, e mais

28 afiliadas. “A rádio CBN, essencialmente jornalística, oferece em seu site grande

quantidade de material informativo, inclusive entrevistas em seus boletins. As

matérias são disponibilizadas em podcast” (PRATA, 2008, p. 206). Esse formato de

jornalismo é caractezado como all-news, apenas notícias. Ferraretto (2013) explica:

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O formato all-news, exclusivo em notícias, apresentava uma sequência continua de irradiação de notícias na forma de textos e reportagens, repetidas e atualizadas em períodos de tempo variando de 7 a 30 minutos. As emissoras dedicadas 24 horas por dia à notícia, mesmo que se assumindo como all-news ou apenas news, em realidade, desenvolveram um formato intermediário mais próximo do talk-news. Ao optarem pelo jornalismo em tempo integral, rádios como a Gaúcha, do Grupo RBS, de Porto Alegre, já o fazem assumindo-se dentro de um híbrido, com entrevistas, noticiário puro e reportagens. (FERRARETO, 2013, p. 59).

WEBRADIO

Webrádio é a rádio online, que pode ser acessada por uma URL (Uniform

Resource Locator), um endereço na internet. Assim como pelo rádio AM e FM, a

webradio também transmite a programação ao vivo ou gravada em podcast, com

partes da programação disponíveis para audição. Diferentemente do rádio

convencional, a webradio é feita através da internet, fazendo com que o endereço

seja global, podendo ser ouvido de qualquer lugar. A webradio é uma rádio

específica para internet, que não é transmitida em nenhum outro local. Já a rádio na

web é a versão da rádio em frequência modulada só que transmitida pela internet. A

transmissão da webradio é como a rádio convencional, com música, notícia, serviços

e programas.

A webradio teve sua primeira transmissão ao vivo com a rádio Klif, do Texas,

EUA, em setembro de 1995. No Brasil, a rádio na web teve início com a rádio

Itatiaia, Segundo Barbosa Filho (1996). Ela pode ser entendida como uma

constelação de gêneros que abriga formatos antigos, novos e híbridos, de acordo

com Nair Prata (2008). Segundo a autora, no dia cinco de outubro de 1998 entrou

em funcionamento a rádio Totem, a primeira emissora brasileira com existência

apenas na internet. Segundo a autora, existem três modelos de rádio: Emissoras

hertzianas (com transmissão analógica ou digital); Emissoras hertzianas com

presença na internet (com transmissão digital); e Emissoras (obviamente digitais)

com presença exclusiva na internet, a webradio. Aqui no Brasil, a webradio só

chegou três anos depois dos Estados Unidos.

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Diferentemente do rádio FM, rádios na internet oferem uma aproximidade

maior com o ouvinte, que pode enviar emails ou recados pelo computador para a

produção e para o apresentador. Às vezes, o ouvinte pode ser o produtor de um

devido programa, dando ideias de pautas durante conversas com os radialistas, ou,

se for um programa musical, pode pedir a música que gostaria de ouvir. Essa

interatividade é utilizada pela emissora tanto para corrigir uma notícia, quanto para

dar uma complementação e até fazer um comentário em cima do que o ouvinte

disser.

Em dois campos, principalmente, a webradio chama a atenção. Primeiramente na questão dos gêneros, já que são muitas as novidades nesta área. A notícia, só para citar um exemplo, antes apenas sonora, agora agrega também elementos de outras mídias, como o texto e a imagem, além de ser também possível recuperar uma informação por meio de um banco de arquivos permanentes. Outro campo é o da interação, onde o impacto da tecnologia provoca fortes mudanças, com os usuários comunicando-se de novas formas entre si e com a emissora […] gerando uma quebra paradigmática que transforma o receptor em produtor de conteúdo. (Prata, 2008, p. 189).

Mesmo havendo a possibilidade de atingir pessoas de todo o mundo, a

webradio não pode ser acessada por um número muito grande de usuários, já que o

número de acessos é limitado conforme o servidores. Fernando Kuhn (2000) diz que

os sinais são divididos em dados, que são enviados em intervalos. Os programas

usam a bufferização (carregar dados que sustentem a apresentação por um tempo

para os ouvites) assim, quando a primeira parte chega para o ouvinte, a segunda

parte vai carregando, fazendo com que a transmissão tenha uma continuidade. Isso

é feito através do streaming, ou seja, pela veiculação de fluxo contínuo (DEL

BIANCO, 2012, p. 61). Segundo Kuhn (2000), a conexão com a internet, a qualidade

da placa instalada no computador e as interrupções são outros fatores que podem

atrasar a receptividade do ouvinte:

Quando a rede está congestionada, podem ocorrer defasagens no recebimento do pacote. Se ele é recebido de forma lenta e incompleta e o seguinte teve melhor sorte, o software vai direto para o segundo, causando saltos na recepção. Se também o segundo tem sua apresentação inviabilizada, a consequência é um longo intervalo. A falta de dados leva à interrupção da transmissão. Desde 1995, uma profusão de softwares de áudio e vídeo para Internet vêm

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chegando ao mercado, especialmente os desenvolvidos pela RealNetworks, criadora do RealAudio Player, e pela Microsoft, que compete com a linha Windows Media. (KUHN, 2000, p. 31)1.

A rádio na internet pode fazer com que ouvintes migrem da rádio

convencional devido a um sistema que chame atenção. A notícia agora não é só

ouvida e a interação com o locutor é maior. Ogliari e Souza (2012) afirmam que

existe a consciência de que o número de pessoas conectadas à rede aumenta numa

escala grande, dando importância ao estudo do processo de migração da rádio

tradicional para o webradio.

Um fator a ser levado em conta nessa transição diz respeito à necessária análise do design do site onde será inserida a rádio web, já que as páginas da Web adquiriram popularidade justamente por serem gráficas, e a orientação e referência para sua estruturação é buscada em outras mídias, principalmente no meio impresso. (OGLIARI; DE SOUZA, 2012, p. 1).

Por estarem na internet, as webradios podem ter um site criativo, que esteja

sempre atualizado com informações. Em comparação com a rádio convencional, a

webrádio pode oferecer serviço de busca, previsão do tempo, fotos, videos,

infográficos, além do bate-papo citado anteriormente. Além de um grande

diferencial, o podcast. Ele foi criado para que a pessoa ouça na hora que quiser.

Conforme Foschini e Taddei (2007), o podcast é uma fusão de iPod (tocador de

arquivos digitais de áudio da Apple) e broadcast, que significa transmissão em

inglês. O podcast fica na internet e é dividido em uma série de programas, que

podem chegar até o computador da pessoa através de download.

                                                                                                                         1 Disponível em http://www.intercom.org.br/papers/viii-sipec/gt01/31%20-%20Fernando%20Kuhn%20-%20trabalho%20final.htm.

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Rádios convencionais viram no podcast uma forma de aumentar sua audiência. Oferecem sua programação em "fatias", segmentada, dando oportunidade aos ouvintes de escolher os programas e até qual parte dos programas ouvir. A BBC, sólida referência jornalística mundial, foi uma das que logo incorporaram a novidade. Nos Estados Unidos, os podcasts da National Public Radio tornaram-se uma referência de sucesso. (FOSCHINI; TADDEI, 2007, p. 13).

 

Para que o podcast funcione, existe o RSS, que traz um link para os arquivos

de variados endereços da internet. Os arquivos podem ser músicas, fotos, vídeos,

etc. Se o ouvinte se interessar pelo conteúdo, ele pode assinar o podcast e ser

avisado quando algo novo for ao ar. Assim, é fechado o ciclo de como os sons se

propagam pelo ciberespaço, desde o computador onde foi produzido o podcast, até

o computador que o ouvinte utiliza para baixar o programa, segundo Foschini e

Taddei (2007).

  A webradio vem crescendo ao passar do tempo. Para Prata (2008), a internet

está se tornando um espaço virtual amplo para a proliferação de emissoras

comunitárias, graças a dificuldade de conseguir uma concessão governamental na

rádio hertziana. As emissoras que vão para a web, mesmo tendo a concessão,

sabem é possível fazer qualquer tipo de programação sem interferência na internet.

“O novo rádio é digital, multimídia e interativo, mas apresenta saturação de

informação, ausência de hierarquização e até perda e desorientação do usuário”

(PRATA, 2008, p. 226). Mas, segundo a autora, a proliferação das webradios e a

entrada no mercado de todos os tipos de emissores, podem oportunizar o público de

vivenciar o papel de produtor de conteúdo.

Também na webradio o conteúdo é dirigido a interlocutores imaginados […] para a programação tradicional do rádio e da TV. Talvez ainda com mais força na internet que na transmissão hertziana, os públicos tenham cada vez uma segmentação maior. A webradio é, com certeza, o rádio dos conteúdos especializados voltados para as […] comunidades determinadas que compartilham objetivos comuns. (PRATA, 2008, p. 225).

PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA

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Toda emissora de rádio deve ter uma programação, que é a unidade básica

da rádio. A programação é formada por gêneros, formatos e programas. A emissora

de rádio quer colocar no ar algo que atraia uma audiência, fazendo com que

anunciantes se interessem e façam parte da programação fazendo propagandas e

mantendo a rádio no ar. A programação deve atrair os ouvintes, para que a rádio

possa funcionar. No início, a programação radiofônica trazia sinfonias, que tocavam

ao vivo e faziam trilhas sonoras, telenovelas feitas ao vivo, além de cobertura de

eventos.

Durante as décadas de 1930 e 1940, na chamada Era de Ouro do rádio, as

produções radiofônicas atingiram seu auge. Os programas eram produzidos em

grandes estúdios, com produção de produtos sonoros, dependentes de técnicas

sofisticadas de produção. As telenovelas tinham transmissões ao vivo e a música

era feita através de orquestras que estavam dentro do estúdio e tocavam ao vivo

durante a transmissão dos programas.

A programação dos rádios começou como uma tentativa original de levar a oferta cultural das grandes cidades às salas de estar de toda a América. Aos poucos, o veículo assumiu seu status como um companheiro pessoal. A programação inicial das emissoras consistia na transmissão de sinfonias aos vivo, na leitura de poemas e cobertura ao vivo de grandes eventos, juntamente com outros gêneros, como drama, comédia de situação, e outros programas que compõem muitas das atuais grades das emissoras de televisão. (HAUSMAN et al, 2010, p. 4).

A programação de rádio é feita para um público segmentado, ou seja, as

emissoras percebe o interesse dos ouvintes e adapta uma parte da programação e

as propagandas que para este mesmo público. E tudo isso é feito por um operador,

que monta a programação pelo computador, cuidando das músicas, dos comerciais

e colocando o locutor no ar. Isto faz parte dos chamados dayparts, os diferentes

horários de um dia de transmissão que fazem parte da grade de programação, que

pode ser ao vivo ou gravada. De acordo com Hausman et al (2010), para a produção

do programa, “[…] o equipamento mínimo geralmente inclui algum tipo de mesa, um

computador, um microfone, talvez um MiniDisc e um tocador de CDs” (HAUSMAN et

al, 2010, p. 163).

Para a programação ao vivo, Hausman et al (2010) afirma que a produção é

feita por três tipos de funcionários: um locutor que opera uma mesa multifuncional,

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um técnico que opera a mesa para locutor ou um operador de mesa numa emissora

que pode ter automatizado parte de sua programação.

A principal responsabilidade do produtor que está no ar é apresentar uma programação que reforce o formato e os objetivos da emissora. As características que identificam a emissora de rádio são abrangentes e expressas no que é conhecido, amplamente, como o som da emissora. Os elementos do som não são apenas os tipos de música tocados. Definindo também o som, temos o ritmo, o conteúdo, o tipo de locução e a mistura das fontes do programa. (HAUSMAN et al, 2010, p. 189).

A programação radiofônica é divida por gêneros. Ferraretto (2001) afirma que

a rádio se concentra em um devido segmento para que possa englobar programas e

transmissões. O autor da o exemplo da rádio Liberdade FM, que atende a Região

Metropolitana de Porto Alegre. Ela é voltada exclusivamente ao tradicionalismo

gaúcho, então tem como ouvintes pessoas que gostem desse estilo de música.

Caso o público que ouvisse não gostasse do estilo musical, não ouviria a música,

prejudicando o sucesso do empreendimento.

Resumindo, portanto, defini-se segmentação como um processo em que, a partir dos interesses dos ouvintes e dos objetivos da empresa de radiodifusão sonora, se adapta parte ou a totalidade de uma programação a um público específico. Considera-se, assim, não apenas classe social, faixa etária, sexo e nível de escolaridade, mas sim interesses de determinados como, por exemplo, as preferências do grupo ao qual o indivíduo pertence. (FERRARETTO, 2001, p. 54).

Dentro do gênero jornalístico, que, segundo Eduardo Vicente (2012) “[…]

busca levar ao ouvinte a informação forma mais abrangente e atualizada”

(VICENTE, 2012, p. 2), existe: nota, um informe curto que dura até 30 segundos;

boletim, que traz uma síntese das notícias mais relevantes do dia; reportagem,

matéria específica que pode levar entrevistas, opinião; entrevista com convidados no

estúdio ou for a dele; externa, que traz a informação direto do local de onde há o

acontecimento; crônica, onde o autor tem liberade para expressar sua opinião;

debate ou mesa redonda, que reúne convidados que trazem o seu ponto de vista;

radiojornal; que abrange todos os antes citados divididos em seções; documentário

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radiofônico, incluindo entrevistas, opiniões, dramatizações; programas esportivos,

que abrange todos e também narra jogos de futebol, por exemplo.

O gênero musical é o mais presente em rádios FM, onde o foco é a música.

De acordo com Barbosa Filho (2003), o programa música é o que tem como mote a

música e que traz conteúdo e plástica diferenciados, abrindo espaço para difusão de

músicas de vários gêneros.

Consolidou-se com a emergência da frequência modulada (FM). Os exemplos marcantes desde formato são: os programas para segmentos de público cujo conteúdo privilegia a discussão de tendências, de performances de músicos e artistas, de seus repertórios; e os “especiais”, em que os textos fundem temas artísticos e de caráter pessoal. (BARBOSA FILHO, 2003, p. 115).

Para Gomes et al (1996), o ouvinte procura uma emissora de rádio para ter

informação, música e companhia, o que faz parte da programação musical. “O rádio

tem um papel importantíssimo na divulgação da música (GOMES et al, 1996, p. 37).

“O rádio está indissoluvelmente ligado à música (GOMES et al, 1996, p. 60). Dentro

da programação, os blocos são divididos por músicas, com até 12 minutos de

duração, anúncios, chamadas, serviços jornalísticos e de entretenimento, segundo

Barbosa Filho (2003, p. 117).

O gênero dramático ou ficcional utiliza todos os recursos da linguagem sonora

e radiofônica, como a voz, a música e os efeitos. Assim formando um uma história

real ou fictícia. Dentro dele, conforme Vicente (2012) estão: rádio-novela, “[…]

dramas radiofônicos de longa duração divididos em capítulos que, no Brasil, fizeram

imenso sucesso nas décadas de 30 e 50” (VICENTE, 2012, p.3); seriado, peças

independentes; peça radiofônica, com produção original ou uma adaptação de texto,

bastante feito na Europa; poemas dramatizados, que trazem voz, efeitos e trilha; e o

sketch, um pequeno quadro cômico que pode ser transmitido durante os intervalos.

O gênero educativo-cultural, que segundo Vicente (2012) é pouco utilizado no

Brasil, tem os formatos de: documentário; autobiografia; e programa temático, com

um tema específico.

Segundo Mcleish (2001), documentários e programas especiais são

sinônimos. As distinções básicas são tem a ver com a seleção e com o tratamento

do material-fonte. Se por um lado o documentário apresenta somente fatos,

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baseados em evidência documentada, o programa especial não precisa ser

totalmente verdadeiro no sentido factual, é um programa de entretenimento e

informação.

O programa especial não precisa ser totalmente verdadeiro no sentido factual, podendo incluir canções folclóricas, poesia ou uma peça radiofônica de ficção com ilustrações sobre o tema. O especial tem uma forma bastante livre, geralmente enfatizando qualidades humanas, estados emocionais ou as atmosferas mais indefiníveis. As distinções nem sempre são demarcadas, a existência de híbridos contribuindo para a confusão de termos – o documentário especial, o semi-documentário, a peça-ducumentário, e assim por diante. (MCLEISH, 2001, p. 191).

Além destes, há ainda programas infantis e de variedades.

INTERATIVIDADE

O rádio sempre foi um meio de comunicação que conversa com o seu

ouvinte. “No início, a convergência se deu com o auditório e as cartas de ouvintes.

Num segundo momento, foi com o telefone, o que criou um novo gênero de

programas, o popular phone-in” (RIBEIRO; MEDITSCH, 2006, p. 2). A interação com

o público acaba sendo fundamental para a programação radiofônica, porque o

ouvinte que escuta pelo rádio no carro, por exemplo, pode enviar uma mensagem

para a emissora avisando sobre um acidente que viu. O radialista pode informar o

público na mesma hora. Com o surgimento de rádios pela internet, a interatividade

entre locutor e ouvinte mudou. “Se até o início dos anos 90 a carta e o telefone eram

os formatos mais utilizados na radiofonia, neste início de século XXI as interações

por e-mail são soberanas nas emissoras, tanto hertzianas, quanto via internet”

(PRATA, 2008, p. 198).

A interação é parte importante. Com o surgimento de webradios, ela ficou

maior ainda. Com a possibilidade de conversar diretamente com o locutor/produtor

via chat, email ou por redes sociais, o ouvinte passou a, além de dar sua opinião,

sugerir pautas. As ferramentas de interação são utilizadas pelas emissoras durante

o programa ao vivo, seja para complementar a notícia ou para fazer correções,

assim, há uma maior proximidade entre os lados. Segundo Lopez (2010):

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Os ouvintes têm uma função crucial no rádio. O ouvinte participa, a cada dia mais, ativamente da programação. Tanto a participação emitindo sua opinião em programas jornalísticos quanto a interação através do contato com a equipe de produção sugerindo pautas configuram-no como fonte. Além, claro, dos ouvintes entrevistados pelos repórteres no trabalho de campo ou através de telefone. (LOPEZ, 2010, p. 78).

Em relação ao conteúdo, persistem formatos consolidados na programação

das emissoras desde 1980. Mesmo com o avanço das plataformas digitais, como

Twitter e Facebook, é difícil não encontrar um comunicador de rádios AM e FM ou

um programa que não utilizem seus perfis em mídias sociais para realizar a

interação, como afirma Del Bianco (2012).

Essas propiciam não apenas novas formas de interação, mas também franqueiam a circulação de conteúdos radiofônicos, produzidos tanto por emissoras AM/FM quanto por web rádios ou podcasters individuais e veiculados em ondas hertzianas ou diretamente via internet. A circulação, potencializada pelas redes sociais de comunicadores e dos próprios ouvintes, proporciona audiências de alcance indeterminado e estabelece novo foco de concorrência para os tradicionais atores estabelecidos no mercado da radiodifusão sonora. (DEL BIANCO, 2012, p. 57).

“A função do rádio não se esgota em apenas transmitir informações sobre os

acontecimentos. É necessário que o rádio promova, efetivamente, o intercambio

entre a fonte e o destinatário para que o processo de dupla mão-de-direção se

efetive” (ORTRIWANO, 2008, p. 63). Segundo Thompson (1998), há três tipos de

interação. A interação cara a cara, a interação mediada (uso de um meio técnico:

cartas, telefone) e a quase-interação mediada (relações sociais estabelecidas por

meios de comunicação de massa). No rádio, acontece a quase-interação mediada,

com as formas simbólicas sendo produzidas para um número indefinido de

receptores potenciais.

É possível perceber que o rádio e a Internet possuem maneiras diferentes de

interatividade. Há uma complementação da mensagem no uso destas duas mídias

como facilitadoras do relacionamento com clientes e ouvintes, segundo Baldo

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(2007). Para Bruner (2001), as pessoas querem fazer parte de todo o processo que

envolve a internet.

A questão é que a Internet faz com que fique mais fácil para as pessoas realizarem o desejo de se sentirem envolvidas e no controle da situação. Apenas oferecer um endereço eletrônico para contato com o webmaster não é verdadeira interatividade, a não ser que tudo que o cliente deseje fazer seja reclamar. As pessoas querem saber que suas opiniões estão sendo ouvidas. Querem fazer uma diferença. Adoravam ver seus nomes e suas palavras impressos, mesmo que apenas no brilho tênue de seus monitores. Elas querem ser parte do processo. (BRUNER, 2001 p. 55).

A ferramenta mais utilizada nas rotinas da emissora hoje em dia é a internet,

seja para buscar informações, para que os jornalistas se comuniquem entre si e com

as fontes ou ainda para interagir com o ouvinte. Esse comprometimento com o

ouvinte faz com que busque participar cada vez, auxiliando as programação, assim

como aumentando a audiência. Mas mesmo que seja a mais frequentada por existir

um número grande de pessoas conectadas à internet, as emissoras devem se

adaptar a ela.

A música é um dos meios que mais trazem a interatividade, já que o ouvinte

tem seu próprio gosto musical e gostaria de ouvir o que escuta na própria casa. Del

Bianco (2012) afirma que hoje, cada pessoa cria a sua própria lista, com base nos

seus próprios gostos.

É o formato da cauda longa, onde se tem uma hiper segmentação da audiência por causa da grande oferta de conteúdo presente na radiofonia presente na internet. Na webradio brasileira, os 65 gêneros diferentes presentes nas emissoras do portal Rádios exemplificam bem essa hipersegmentação, com um número ilimitado de micro hits para todos os gostos e todos os públicos. (DEL BIANCO, 2012, p. 233).

Um exemplo trazido por Prata (2008) é a webradio Phoenix2, do Japão. A

programação musical é definida pelo internauta, a partir de uma lista pré-

determinada. E o ouvinte ainda pode ver o locutor operando a mesa e falando,

                                                                                                                         2 Disponível em http://www.radiophoenix.jp/.

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através de uma webcan ao vivo no estúdio da rádio, além de poder conversar com

ele pelo chat, que é a interação direta com o locutor.

É muito comum nas emissoras hertzianas a visita de ouvintes, que sonham em conhecer o estúdio de perto e ver os locutores trabalhando. Na web isto se torna possível e, mesmo virtualmente, o ouvinte pode acompanhar o dia-a-dia dos comunicadores. (PRATA, 2008, p. 158).

 

 

De acordo com Jenkins (2006), os consumidores estão interagindo cada vez

mais, tanto entre produtor e consumidor, quanto consumidor e consumidor. Segundo

o   autor, “[...] se os antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos

consumidores são ativos” (JENKINS, 2006, p. 46).  

 

Consumidores estão aprendendo a utilizar as diferentes tecnologias para ter um controle mais completo sobre o fluxo da mídia e para interagir com outros consumidores. As promessas desse novo ambiente de mídia provocam expectativas de um fluxo mais livre de ideias e conteúdos. Inspirados por essas ideias, os consumidores estão lutando pelo direito de participar mais plenamente de sua cultura. Às vezes, a convergência corporativa e a convergência alternativa se fortalecem mutuamente, criando relações mais próximas e mais gratificantes entre produtores e consumidores de mídia. (JENKINS, 2006, p. 46).

 

 

Os consumidores, que é para quem a empresa produz, estão mais unidos

querendo um bom produto, seja qual ele for. “Consumidores fiéis estão definindo

seus gostos juntos, como uma comunidade. É uma mudança revolucionária”, afirma

Kozinets (1999, p. 12).

 

PRODUÇÃO MUSICAL

Os jesuítas foram os primeiros professores da música européia no Brasil,

segundo Kiefer (1976). Para o autor, no campo da música, a ação dos jesuítas tinha

uma finalidade catequética e visava os indígenas. O músico tem como objetivo fazer

com que as pessoas ouçam seu trabalho, quer ser reconhecido e ter sucesso, tanto

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no profissional quanto no pessoal. O artista pode ter vários objetivos durante a sua

carreira, como compor, tocar, interpretar, vender composições, fazer shows e

mechandising. Para isso se concretize, ele precisa de um bom produto. Produto este

que precisa de um produtor musical para que seja efetuado o processo.

Tudo começa com a criação da música. Como diz Kiefer (1976) “[...] nem toda

composição é criação. Havendo suficiente seriedade, domínio técnico e formal,

pode-se no entanto, falar em tendências criadoras” (KIEFER, 1976, p. 75). Há vários

elementos que compõe a criação da música. Segundo Napolitano, existem dois

parâmetros, o verbo-poéticos: os motivos, as categorias simbólicas, as figuras de

linguagem, os procedimentos poéticos; e os musicais de criação de harmonia, ritmo

e melodia, além de interpretação (arranjo, coloração timbrística, vocalização).

Na perspectiva histórica, essa estrutura é perpassada por tensões internas, na medida em que toda obra de arte é produto do encontro de diversas influências, tradições históricas e culturais, que encontram uma solução provisória na forma de gêneros, estilos, linguagens, enfim, na estrutura da obra de arte. Na canção, a sua “dupla natureza” verbal e musical acirra o caráter instável do equilíbrio estrutural da obra (seja uma canção ou mesmo uma peça instrumental). Nesta perspectiva, a estrutura não contém em si todas as possibilidades de sua apropriação em outro momento histórico ou sob outros procedimentos de performance. (NAPOLITANO, 2001, p. 79).

Ao compor uma música, o autor deve ter a garantia de que vai poder usufruir

dos direitos das futuras propriedades. Para isso, o primeiro passo é publicar a

composição, sendo assessorado por um editor musical.

A função do editor é promover a música para apresentações ao vivo, gravações, publicações de qualquer natureza, tais como inserções gráficas, publicitárias por meios digitais e audiovisuais e monitorar sua divulgação para efeitos de controle de pagamentos dos direitos autorais3. (ALKMIN et al, 2005. p. 34).

Antes de ir para o estúdio produzir a música, ela passa por uma pré-

produção. De acordo com Alkmin et al (2005), três fatores são importantes para que                                                                                                                          3 Escritório Central de Arrecadação e Distribuição é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que visa centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de músicas executadas publicamente.

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o produto musical saia com qualidade: a formação acadêmica para o profissional da

música, compositores e intérpretes, responsáveis pela criação e execução; a

formação de técnicos de som, eletrônica, iluminação, manutenção de equipamentos

e instrumentos musicais, além de executivos para administração dos processos da

produção e de eventos; e a formação de platéias através de ensino escolar, para

garantir um mercado consumidor de maior exigência, compatível com a qualidade da

produção (2005, p. 71). Após a pré-produção do material, vem a produção da

música com todos os detalhes sendo decididos.

A produção de uma gravação nova inicia quando a composição/criação da

música está pronta. Na fase de gravação deste novo produto, a gravadora e o

produtor musical se juntam e organizam a produção musical, que envolve mixagem,

masterização do repertório e gravação dos instrumentos e voz. Para auxiliar nas

gravações, o produtor musical é uma figura essencial. De acordo com Zasnicoff4 o

produtor deve trazer suas habilidades, já que é um profissional que estudou durante

anos o processo de produção musical, além de ter analisado casos de sucessos

para inspiração.

Uilizando seu background artístico, o cenário musical e técnicas de produção, o produtor tem a função de transformar a obra musical em um veículo de mensagens e emoções universais, consistentes, claras e interessantes. Assim como uma boa produção não se sustenta sem uma grande composição, a concepção musical depende de um cuidadoso processo produtivo para se transformar num produto e abrir portas para o artista. (ZASNICOFF, s/a)

Em paralelo com as várias etapas de gravação, são obtidas as licenças junto

a autores e editores para gravação das obras. Além disso, também é feita a

produção gráfica: o desenho da capa do álbum, o texto do álbum e impressão.

Também fazem parte da produção as atividades ligadas à fabricação dos

suportes viagens, onde será prensada a gravação contida no suporte matriz. A

fabricação dos suportes virgens pode ser feita em instalações pertencentes à

gravadora ou em unidades produtivas de terceiros.

Para Vicente (2006), a produção independente vive um momento de

crescimento.

                                                                                                                         4 Disponível em http://www.audicaocritica.com.br/o-que-e-producao-musical.

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Além de algumas delas participarem atualmente da ABPD, onde estão representadas todas as majors, a cena constituiu uma associação própria, a ABMI, Associação Brasileira de Música Independente, criada em 2002. Ela conta atualmente com aproximadamente 100 sócios e oferece, entre outros benefícios, contratos coletivos de distribuição digital, melhores condições de negociação com editoras (acerca dos direitos de regravação de músicas) e certificados de volume de vendas (discos de ouro, prata e platina). (VICENTE, 2006, p. 16).

 

 

  Com a tecnologia avançando cada vez mais, o produtor musical deve estar

sempre ligado nas novidades, tanto no meio musical quanto na forma de divulgação.

O rádio continua sendo um ponto forte para a divulgação. O produtor deve ficar

atento na programação radiofônica para que a banda tenha uma boa visibilidade no

mercado. Hoje, as redes sociais são as formas mais fáceis de disponibilizar e

também de fazer com que as pessoas conheçam seu trabalho. Segundo o professor

Luis Antonio Galhego Fernandes, coordenador do curso de tecnologia Produção

Fonográfica da Fatec Tatuí, em São Paulo:

O profissional tem de ficar atento às tendências do mercado, às novas formas de divulgação e distribuição de música, o que inclui as redes sociais e as várias formas de parceria com outros setores, como telefonia móvel. (FERNANDES, Produção Fonográfica5).

                                                                                                                         5 Disponível em http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/comunicacao-informacao/producao-fonografica-687260.shtml.

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9 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 2 RÁDIO: O VEÍCULO E A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA ......................... 12 2.1 RÁDIO FM ....................................................................................................... 17 2.2 PROGRAMAÇÃO RADIOFÔNICA .................................................................. 23 2.2.1 Programação radiofônica no rádio FM ..................................................... 30

3 A WEBRADIO .................................................................................................... 35 3. O NOVO FORMATO RADIOFÔNICO ............................................................... 38 4 OS GÊNEROS MUSICAIS E AS EMISSORAS DE RÁDIO .............................. 51

5 O ESPAÇO DOS GÊNEROS NAS FM’S E WEBRADIOS ................................. 60 5.1 METODOLOGIA ............................................................................................... 60 5.2 A PRODUÇÃO MUSICAL, AS FM’S E AS WEBRADIOS ............................... 63 5.2.1 BANDAS EMERGENTES E O FM ................................................................ 63 5.2.2 WEBRADIOS E AS BANDAS AUTORAIS ................................................... 76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 94 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 97 ANEXO A – PROJETO DE MONOGRAFIA ......................................................... 103

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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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11 CRONOGRAMA

MÊS ATIVIDADE DATA DE ENTREGA 04/04 a 11/04 Revisão cap. Webradio

e introdução Cap. 4 ( Conceitos de gêneros musicais, conceito de produtor musical e histórico das 3 (FM) e 5 (webradios) do corpus.

11/04/14

12/04 a 18/04 Levantar grade de programação das 8 emissoras durante uma semana e formular as perguntas para as 8 entrevistas.

18/04/14

19/04 a 02/05 Realização de entrevistas e decupagem dos resultados.

02/05/14

03/05 a 16/05 Revisão do falta para o método e redação do capítulo de análise

16/05/14

17/05 a 23/05 Continuação do capítulo de análise

23/05/14

24/05 a 30/05 Redação de Introdução 30/05/14 31/05 a 13/06 Correção de análise e

Conclusão 13/06/14

13/06 a 20/06 Correção: Conclusão e análise e (bibliografias)

20/06/14

20/06 a 27/06 Correções finais gerais e resumo

27/06/14

27/06 a 01/07 Impressão 01/07/14