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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
A ZONA GREISENIZADA PRINCIPAL DO MACIÇO ESTANÍFERO MANGA BEIRA (GO):
GEOLOGIA, PETROLOGIA E OCORRÊNCIA DE ÍNDIO (In)
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO N°83
MÁRCIA ABRAHÃO MOURA
Orientador: NILSON FRANCISQUINI BOTELHO
BRASÍLIA (DF) - 1993
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
A ZONA GREISENIZADA PRINCIPAL DO MACIÇO ESTANÍFERO MANGA BEIRA (GO):
GEOLOGIA, PETROLOGIA E OCORRÊNCIA DE ÍNDIO (In)
Dissertação de Mestrado em Prospecção e Geologia Econômica
apresentada por:
MÁRCIA ABRAHÃO MOURA
Orientador: NILSON FRANCISQUINI BOTELHO Examinador: LAURO VALENTIM STOLL NARDI Examinador: RAUL MINAS KUYUMJIAN
BRASÍLIA (DF) - 1993
A Pico e Tomás.
À minha mãe.
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação não teria sido realizada sem a colaboração de diversas pessoas e algumas entidades, às quais expresso meus sinceros agredecimentos.
Agradeço ao Professor Nilson F. Botelho, um orientador competente, sensato e extremamente dedicado, pelo seu ostensivo acompanhamento ao longo de todo o trabalho. Além dos significativos conhecimentos científicos que tive a oportunidade de com ele adquirir, ensinou-me, ainda, a atuar efetivamente nas diversas etapas de coleta de dados de uma pesquisa geológica.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) agradeço pela concessão de bolsa e auxílio, que permitiu a realização dos trabalhos de campo e de parte das análises químicas.
Devo toda minha formação acadêmica à Universidade de Brasília, que, apesar das crises por que passou e passa, consegue manter o elevado nível dos seus cursos de Geologia.
Expresso minha gratidão à Brumadinho S.A., mais especificamente ao Geólogo Gilmar, pela amigável hospedagem na cidade de Monte Alegre, de Goiás durante as etapas de campo.
Agradeço ao Dr. Onildo J. Marini por ter efetuado os primeiros contatos com o Professor Nilson F. Botelho.
Agradeço ao professor José Carlos Gaspar e ex-professor Antonio Joaquim pela disponibilidade e presteza durante a realização das análises de microssonda eletrônica na UnB. Agradeço, ainda, ao Professor Gaspar pelas correções de partes desta dissertação.
Meus agradecimentos aos professores Raul Minas Kuyumjian e Lauro Valentim Stoll Nardi por terem aceitado o convite para participar da Banca Examinadora.
Sou muito grata ao químico Geraldo Boaventura por ter facilitado o meu acesso ao laboratório de Geoquímica da UnB, pela sua fundamental coloboração para o desenvolvimento da metodologia de análise de F em rocha e pelas análises químicas de In, além das efetuadas em rotina. Agradeço também aos demais funcionários daquele laboratório, Osmar, Fernando, Ednaldo e Fortes, pela receptividade.
As análises de F não teriam sido realizadas sem as informações iniciais da aluna de Química Simone, a quem sou muito grata.
Agradeço ao professor responsável pelo laboratório de Química Analítica 018 da UnB, Antonio Carneiro Barbosa, que me permitiu o livre acesso àquele laboratório, onde tive
oportunidade de conviver com pesquisadores muito prestativos - Fátima, Carmen e demais membros do laboratório.
Agradeço aos alunos de Geologia Dulce e José Marcelo, respectivamente, pela coloboração na análise de F em rocha e pela realização dó levantamento plani-altimétrico da área mapeada, juntamente com o Professor Nilson Botelho.
Devo aos professores Reinhardt A. Fuck e Márcio M. Pimentel a sala que utilizei durante grande parte do curso de Mestrado. Agradeço, ainda, ao professor Márcio pelas frutíferas discussões, sempre com bom humor.
Agradeço à professora Maria do P. S. Adusummilli, por quem nutro, carinho especial, as oportunidades que me ofereceu, de monitora e bolsista de iniciação científica, responsáveis pela minha iniciação na pesquisa.
Agradeço à bibliotecária e grande amiga Tê pela correção das referências bibliográficas, em momento de grande descontração.
Agradeço ao funcionário do GEO Sérgio pela sua presteza e à sua esposa, Simone, pela confecção de alguns desenhos.
Às amigas e colegas de trabalho Gislene, Anete e Adalene, pelo companherismo e feliz convivência que tivemos ao longo do curso. Não poderia esquecer-me dos momentos de alegria com a Anete e nem da sessão de fotos noturna e das discussões sobre alteração hidrotermal e informática com a Adalene, uma grande amiga e incentivadora.
Às colegas de sala, Graça e Jô, pelo elevado espírito de cooperação. Agradeço também ao Renato e ao Rogério pelas valiosas colaborações na utilização da informática.
Agradeço ao Laerte pela sua contribuição na confecção dos slides utilizados na apresentação desta Dissertação.
Quero expressar meu profundo agradecimento ao meu marido e companheiro pela sua compreensão para que eu pudesse realizar este trabalho, dando-me a necessária tranquilidade emocional e suprindo minhas ausências como mãe.
Serei eternamente grata a meus pais por tudo que sou.
ABSTRACT
The Mangabeira Massif .is located at the Paranã Subprovince, which belongs to the Goiás Tin Province. It is constituted of an A-type mid-Proterozoic biotite granite, evolved granites and greisens.
The Main Greisenized Zone (ZGP) is composed of different granite facies (a purple granite, g2d; albite and topaz granite; and leucogranite) , greisens and of a quartz-topaz rock, with anomalous indium contents. The country rocks are granites and ultramylonites of granitic composition, probably of Arquean/low-Proterozoic age. Micas are important in the characterization of each facies and comprise three groups: A) zinnwaldite, B) aluminous phengite, and C) lithium phengite. These groups define a phengite-zinnwaldite series, so far only described in the Paranã Subprovince rocks.
The g2d granite contains aluminous phengite and represents the less evolved granitic facies of the g2 family. It has low F, Li, FeO, A1203, Rb, Zn and Sn and high Ba and Sr contents, when compared to the other ZGP rocks. It has a flat REE pattern with strong negative Eu anomaly.
The albite and topaz granite(GAT), similar to topaz - Li-mica granites kwown elsewhere, contains lithium phengite or zinnwaldite in its modal composition. It is rich in topaz, which can occur either as large grains or as small euhedral inclusions in albite crystals. The GAT has derived from the g2d granite by magmatic differentiation and is richer in F, Li, FeO, A1203, Rb, Zn, Sn and Ta than g2d. It also has lower Ba and Sr contents and a REE pattern showing depletion in heavy rare earth elements. Both g2d and GAT underwent a strong infiltration metassomatism, which transformed them in albitized and greisenized granites and greisens. Later on, during the Brasiliano cycle, the ZGP rocks were affected by shearing.
The g2d greisen has aluminous phengite, while that formed by the GAT transformation contains zinnwaldite.
The leucogranite (LGR) , gray, médium to gross grained, contains aluminous phengite. This granite cannot be classified neither as taking part of the g2 family nor of gl, and is yet poor kwown.
The quartz-topaz rocks occur together with the GAT and look like topazites. The rocks are mainly composed of quartz, topaz (as large grains or as small inclusions in quartz and topaz) , zinnwaldite, arsenopyrite and cassiterite, but can also contain scorodite, sphalerite, wolframite, loellingite, chalcopyrite, bismutinite, galena, stannite, tennantite and
hydrated arsenates: Sn, U, Ba, K, Pb and Bi arsenates. Geochemically, the RQT is characterized by having low Na20, K20, Rb, Ba, Sr. and Li, and high Si02, A1203, F and Cu. Íts REE pattern is similar to those obtained for the g2d granite.
The late/pos-magmatic processes that affected the ZGP rocks caused the mobility of many elements. FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb, Be, Sn, W, Si02, AI2O3, Fe2O3' P2O5' CaO,Y and Zr were gained during the transformations, while Ta- and Th behaved as less mobile elements. Other elements were sometimes gained and sometimes lost during the processes. Analysed REE had different degrees of mobility. The LREE, Yb and Lu were much mobile and Gd, Dy, Ho and Er had low mobility, being Gd the less mobile REE.
Anomalous In contents were found in the RQT (up to 0.4%), which are the highest indium contents in rock ever described. The main In carrier is scorodite, averaging 2%In and being widespread in RQT. Other important In carriers are cassiterite, sphalerite and stannite. Two In minerais were identified during the present study: yanomamite, an hydrated arsenate of In (InAs04.2H20) and roquesite, an indium-copper sulphide (CuInS2) . The first one is always related to scorodite (FeAs04.2H20) , suggesting a solid-solution between them. Roquesite is intergrown with sphalerite, possibily forming a solid-solution with it.
RESUMO
O Maciço Mangabeira localiza-se na Subprovíncia Paranã, pertencente à Província Estanífera de Goiás. Ele é predominantemente constituído de um biotita granito rosa, do tipo A, de idade médio-proterozóica, além de granitos evoluídos e greisens.
A Zona Greisenizada Principal (ZGP) do Maciço é composta de diferentes fácies de granitos (granito róseo g2d; granito à albita e topázio; e leucogranito) ; greisens e de uma rocha à quartzo e topázio, anómala em In. As rochas encaixantes são granitos e ultramilonitos de composição granítica, provavelmente do Arqueano/Proterozóico Inferior.
A distinção entre os fácies graníticos dá-se com base em dados petrográficos e químicos, sendo o estudo de micas fundamental na caracterização das rochas da ZGP, onde aqueles filossilicatos se dividem em três grupos: A, B e C, que definem a série fengita-zinnwaldita, somente identificada nas rochas da Subprovíncia Estanífera do Paranã. As micas do grupo A, representadas por zinnwalditas, são ricas em FeO (>8.9%), F (>6.0%), Rb, Li e Mn e pobres em Al. As micas do grupo B são fengitas aluminosas, com teores de FeO entre 5 e 9.5% e F, entre 0.5 e 4.5%. Possuem baixos conteúdos de Rb, Li e Mn e alto Al. O grupo C compreende as micas não classificadas dentro dos grupos A e B. São as fengitas litiníferas, com teores de F, FeO, Mn, Al, Li e Rb intermediários entre os daqueles dois grupos.
O granito g2d, róseo, equigranular médio, possui fengita aluminosa e representa o fácies menos evoluído da família de granitos g2 na ZGP. Quimicamente, caracteriza-se por ser pobre em F, Li, FeO, A1203/ Rb, Zn e Sn, e por ter altos teores de Ba e Sr. Seu padrão de terras raras é plano, com uma acentuada anomalia negativa de Eu.
O granito à albita e topázio (GAT), equivalente aos topázio - Li-mica granitos, contém fengita litinífera e/ou zinnwaldita e é rico em topázio, que pode ocorrer como grãos grandes ou sob a forma de diminutas inclusões em albita. Ele derivou do granito g2d por diferenciação magmática e seus teores de F, Li, FeO, A1203, Rb, Zn, Sn e Ta são mais elevados que os daquele granito. Possui, ainda, teores mais baixos de Ba e Sr é seus padrões de terras raras denotam um empobrecimento em terras raras pesadas.
O GAT e o granito g2d foram submetidos, a um forte metassomatismo de percolação, que os transformou em granitos greisenizados e albitizados e em greisens. Posteriormente, durante o ciclo Brasiliano, as rochas da ZGP foram submetidas a cisalhamento.
O greisen originado a partir do granito g2d contém fengita aluminosa na sua moda, enquanto a mica do greisen do GAT é .a zinnwaldita .
0 leucogranito (LGR), de cor cinza, granulação média a grossa, contém fengita aluminosa. Esse granito não apresenta características típicas da série g2 ou gl e ainda é pouco conhecido.
A rocha à quartzo e topázio (RQT), semelhante aos topazitos, ocorre associada ao GAT. Ela é composta de quartzo, topázio (como grãos grandes ou incluso em quartzo ou topázio) , zinnwaldita, arsenopirita e cassiterita, além de poder conter escorodita, esfalerita, wolframita, löllingita, calcopirita, bismutinita, galena, estanita, tennantita, yanomamita (InAs04. 2H20) e diversos arseniatos: de Sn, U, Ba, K, Pb ou Bi. Quimicamente, caracteriza-se por conter elevados teores de Si02, A1203, F e Cu e baixos teores de Na20, K20, Rb, Ba, Sr e Li. Seus padrões de terras raras são semelhantes aos do g2d.
Os processos tardi/pós-magmáticos que afetaram as rochas da ZGP provocaram a mobilidade de diversos elementos. Houve aumento de FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb, Be, Sn, W, Si02, A1203, Fe2o3, P205, CaO, Y e Zr durante as transformações dos granitos,- K20, MgO, Ba, Sr, Cu, Ti02, Na20 e Nb foram ora adicionados ao sistema ora dele retirados; e Ta e Th foram pouco móveis. Dentre as terras raras do granito g2d, apenas o Gd, Dy, Ho e Er foram pouco móveis, sendo que o Gd apresentou mobilidade praticamente nula.
Teores anômalos de In foram obtidos na RQT, os quais podem chegar a 0.4%. O elemento concentra-se na escorodita, esfalerita, cassiterita e estanita, bem como nos dois minerais de In identificados, yanomamita e roquesita (CuInS2) . A yanomamita ocorre sempre associada à escorodita, o que sugere a existência de solução sólida entre aqueles minerais, ao passo que a roquesita está intercrescida com a esfalerita, com quem possivelmente forma uma solução sólida. Esta relação foi anteriormente sugerida na literatura mas jamais havia sido observada.
VI.5.1 - A concentração do In na ZGP do Maciço Mangabeira 192 VI.5.2 - Potencial indífero da Zona Greisenizada Principal 198
CAPÍTULO VII
VII - CONCLUSÕES 202
CAPÍTULO VIII
VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 207
ANEXOS
ANEXO 1 - Mapa geológico da ZGP
ANEXO 2 - Análises químicas de rochas
ANEXO 3 - Análises químicas de micas
ANEXO 4 - Análises químicas de escoroditas
LISTA DE FIGURAS
CAPITULO I
Figura 1.1 - Mapa de localização e acesso do Maciço Mangabeira. 6
CAPÍTULO II
Figura II.1 - Mapa geológico da Região centro-oeste do Brasil. 9 Figura II.2 - Carta geológica da Subprovíncia Estanífera do Paranã. 11 Figura II.3 - Distinção entre as duas famílias de granitos, gl e g2, existentes na porção central da Subprovíncia Estanífera Paranã. 15 Figura II.4 - Mapa geológico em escala 1:10.000 do setor mineralizado da Apófise do Maciço Mangabeira. 19
CAPÍTULO IV
Figura IV.la - Relação entre AI2O3 e Li2O para as micas do grupo A em comparação com as do grupo I de Botelho(1992). 49 Figura IV.lb - Decomposição em duas retas da relação logarítimica entre F e LÍ2O dos diversos grupos de micas da Zona Greisenizada Principal e da literatura. 49 Figura IV.lc - Relação entre FeO(t) e Li20 para os diferentes grupos de mica da Zona Greisenizada Principal e para micas analisadas por Botelho(1992) . 52 Figura IV. Id - Ótima correlação positiva entre SiO2 e Li2O analisado de micas do grupo A deste trabalho e do grupo I de Botelho(1992). 53 Figura IV.le - Ótima correlação negativa entre A1203 e Li20 para as micas dioctaédricas do grupo B juntamente com a mica MG11G e os dados da literatura. 57 Figura IV. 2 - Comportamento das micas da ZGP em um diagrama Li-M2 + -A1, de Monier & Robert(1986). 59 Figura IV.3 - Caracterização das micas da ZGP em um diagrama Li-R3+-R2+, de Poster(1960). 59 Figura IV.4 - Relação entre Fe2+(t) e Li para as micas trioctaédricas (grupos A e IA) . 63 Figura IV.5 - Relação entre R2+ e Li para as micas da Zona Greisenizada Principal. 63 Figura IV.6 - Forte correlação negativa entre Al(VI) e Li para as micas dos grupos B e C e ausência de correlação para as micas do grupo A. 64 Figura IV.7 - Relação entre Si e Li para as micas trioctaédricas. 64 Figura IV.8 - Correlação negativa entre[]VI e Li para as fengitas estudadas. 67 Figura IV. 9 - Gráfico mostrando a correlação negativa entre R2+(= Fe2+(t)+Mg2++Mn2++Zn2+ )e Al(VI). 67 Figura IV.10 - Relação inversa entre F e AI2O3 para as micas analisadas. 69 Figura rv.ll - Gráfico mostrando o enriquecimento de rubídio nas micas da ZGP com o aumento progressivo de flúor. 70 Figura IV. 12 - Relação entre Li e F para as micas da ZGP. 71
Figura IV.13 - Relação positiva entre F e MnO das micas estudadas neste trabalho. 73 Figura IV.14 - Gráfico mostrando o aumento geral de Fe e F das micas, exceto para as mais ricas em flúor. 73 Figura IV. 15 - Relação entre FeO/MgO e Ti02 para a biotita do leucogranito (MG64B1) . 76 Figura IV.16 - Gráfico mostrando as substituições que ocorrem na biotita MG64B1, caracterizando-a como metamórfica, segundo Botelho (1992). 76 Figura IV.17 - Utilização do diagrama F x Rb20 para distinguir os diferentes tipos de rochas que ocorrem na ZGP do Maciço Mangabeira. 78
CAPÍTULO V
Figura V.l - Valores de fator de volume (fv) obtidos pela interseção das equações de composição-volume com a linha de ganho-perda igual a zero, segundo o método de Gresens (1967) . 108 Figura V.2 - Valores de fator de volume (fv) para o par MG2 6A-MG2 6B, segundo Gresens (1967) . 109 Figuras V.3A e B - Gráficos da rocha menos alterada versus o seu par mais alterado, segundo Grant (1986), para amostras do granito g2d. 111 Figura V.3C - Gráfico de MG8A1 x MG8A4, mostrando a isócona mais adequada, conforme a metodologia de Grant (1986) . 112 Figura V.4 - Gráfico do par de GAT estudado, par MG2 6A x MG2 6B, mostrando a isócona mais adequada, conforme a metodologia de Grant (1986) 112 Figura V.5 - Diagramas de valores de perdas e ganhos de terras raras em relação aos seus teores na amostra menos transformada do par, calculados pelo método de Gresens (1967) . 123 Figura V.6 - Padrões de terras raras para o granito g2d e seus fácies transformados. 132 Figura V.7 - Valores de terras raras para o granito g2d e seus fácies transformados, normalizados a Lu. 132 Figura V.8 - Diagrama MgO x Ti02 discriminando os diferentes tipos de granitos do setor central da Subprovxncia Paranã, segundo Botelho (1992). 140 Figura V.9 - Variação de K20 em função de Na20 para os granitos g2d, GAT, LGR e rocha à quartzo e topázio (RQT) . 143 Figura V.10 - Diagrama Al203 x FeO para os diferentes tipos de rocha da ZGP. 145 Figura V.ll - A12O3 x F para os diferentes tipos petrográficos da Zona Greisenizada Principal (ZGP). 147 Figura V.12 - Diagrama de F x FeO para as rochas estudadas. Existe um enriquecimento em FeO e F do fácies g2d para o GAT. 147 Figura V.13 -Gráfico de Th x Ta para amostras da ZGP deste trabalho, juntamente com amostras de LGR, GAT e granito g2d analisados por Botelho (1992) . 149 Figura V.14 - Gráfico de Nb x Ta para amostras da ZGP analisadas, incluindo dados de Botelho (1992) . 150 Figura V.15 - Li x Ta para as amostras da ZGP. 150 Figura V.16 - Ba x FeO para as amostras estudadas. 152 Figura V.17 - Sr x FeO para as amostras estudadas. 152 Figura V.18 - Li x FeO para as amostras da ZGP estudadas. 155
CAPÍTULO V
Tabela V.l - Discriminação dos métodos analíticos empregados no estudo das rochas da ZGP do Maciço Mangabeira. 99 Tabela V.2 - Resultados das análises de Zr, Y, Ba e Sr por ICP (UnB) e por fluorescência de raios-x. 100 Tabela V.3 - Valores relativos de perdas e ganhos de elementos. 116 Tabela V.4 - Resumo das diferenças químicas entre as famílias de granitos gl e g2, segundo Botelho (1992) . 141 Tabela V.5 - Comparação entre as análises de RQT com topazitos, ongonito e topázio riolitos. 167
CAPÍTULO VI
Tabela VI.1 - Principais propriedades do In. 173 Tabela VI.2 - Resultados analíticos de In em amostras de rochas da ZGP. 17 9 Tabela VI.3 - Análises químicas de yanomamita pura e de misturas yanomamita-escorodita. 180 Tabela VI.4 - Composições químicas de estanita, calcopirita e cassiterita da RQT. 183 Tabela VI.5 - Análises químicas das esfaleritas da RQT. 186 Tabela VI.6 - Análises químicas de esfalerita rica em In + roquesita + calcopirita. 187 Tabela VI.7 - Análises de arsenopirita da RQT. 187 Tabela VI.8 - Características estruturais de alguns sulfetos. 193 Tabela VI. 9 - Propriedades cristaloquímicas de alguns elementos. 194
PRANCHAS FOTOGRÁFICAS
PRANCHA III.1 30 PRANCHA III.2 34 PRANCHA III.3 41 PRANCHA IV.1 96 PRANCHA VI. 1 196
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
2
I - INTRODUÇÃO
I.1 - APRESENTAÇÃO
Esta Dissertação refere-se a um estudo de detalhe
realizado na Zona Greisenizada Principal do Maciço granítico
Mangabeira, situado no extremo nordeste do estado de Goiás.
0 Maciço está inserido no setor central da Subprovíncia
Estanífera do Paranã, que foi uma região muito explorada por
garimpeiros na década de 70, em função de conter importantes
concentrações de cassiterita.
A recente descoberta de anomalias de In na Zona
Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira (Botelho &
Roger, 1990a; Botelho, 1992) aumentou sobremaneira a
importância geológica daquele Maciço. Entretanto, a ausência
de estudos de detalhe na área de ocorrência do In
justificava a realização de um trabalho mais aprofundado
naquele local.
Além da sua possível importância econômica para
In, a Zona Greisenizada Principal (ZGP) suscita interesse
pela sua complexidade geológica: por conter diferentes tipos
de granitos, ter sido afetada por expressivas transformações
metassomáticas e pelo fato de algumas rochas que ali afloram
possuírem mineralogia pouco comum.
3
I.2 - OBJETIVOS
Os seguintes objetivos nortearam a execução do
presente trabalho:
i)definir e/ou detalhar as relações de contato entre o
granito g2d e o granito à albita e topázio na ZGP;
ii) definir a área de afloramento das rochas anômalas em In;
iii) realizar petrologia detalhada dos granitos e de suas
alterações;
iv) estudar a metalogenia do In: fazer mineralogia de
detalhe objetivando definir a metalogenia do índio e seu
comportamento durante a evolução dos - fenômenos tardi/pós
maqmáticos; definir os controles das concentrações do
elemento.
I.3 - METODOLOGIA
Para que os objetivos propostos no item I.2
pudessem ser cumpridos, foram realizadas duas etapas de
campo estudos clássicos de laboratório e microanálises de
minerais, segundo discriminação abaixo:
i) cartoqrafia da ZGP em escala l/l. 000;
ii) estudo petrográfico, que englobou:
a) confecção de lâminas delgadas comuns e polidas;
b) estudo de lâminas delgadas e seções polidas ao
microscópio;
c) preparação para as análises em microssonda eletrônica;
iii) separação de micas no separador magnético Frantz, no
laboratório de minerais pesados do Instituto de Geociências,
para análise de Li2O por via úmida;
iv) determinação de densidade das amostras utilizadas para
análise de mobilidade de elementos em rocha, com balança de
Jolly, no laboratório de minerais pesados do Instituto de
Geociências;
v) petrologia:
a) química mineral:
análise de micas, feldspatos e de minerais
selecionados, em microssonda eletrônica, no Instituto de
Geociências da Universidade de Brasília;
- determinação da concentração de In em minerais,
especialmente na escorodita e em sulfetos;
b) geoquímica:
- desenvolvimento de metodologia de análise de F em
rocha;
- preparação de amostras para análise química de rocha
total: a pulverização das amostras foi feita em panela de
ágata no LAGEQ;
c) preparação das soluções para a determinação da
concentração de In em rocha, no laboratório de Geoquímica
(LAGEQ) do Instituto de Geociências da Universidade de
Brasília;
vi) análise dos resultados e redação da dissertação.
I.4 - LOCALIZAÇÃO E ACESSO
O Maciço Mangabeira está localizado no extremo
nordeste do Estado de Goiás, próximo à fronteira com o
Estado de Tocantins(figura 1.1), na estrada que liga a
cidade de Terezina de Goiás a Monte Alegre.
A Zona Greisenizada Principal do Maciço situa-se
na sua porção sudoeste, nas margens do córrego Passa-e-Fica.
O acesso à região a partir de Brasília é feito
pela BR-060 até a proximidade de Formosa (GO) , onde se toma
a rodovia estadual GO-12 (figura 1.1). Aproximadamente 5 Km
após o Rio Paranã, chega-se à entrada para a ZGP, que dista
cerca de 1 Km para noroeste da rodovia.
CAPÍTULO II
GEOLOGIA REGIONAL
8
II - GEOLOGIA REGIONAL
II.l - INTRODUÇÃO
A abordagem regional aqui apresentada terá o
objetivo de situar a área de estudo no contexto geológico do
Estado de Goiás em que está inserida.
A área-objeto desta contribuição localiza-se na
apófise do Maciço Mangabeira, o qual situa-se a
aproximadamente 3 0Km para sudoeste da cidade de Monte Alegre
de Goiás, no extremo nordeste do Estado de Goiás. O Maciço
está inserido no setor central da Subprovíncia Paranã,
pertencente à Província Estanífera de Goiás (Marini &
:elho, 1986; Botelho, 1992), que, por sua vez, pertence à
Província Estrutural Tocantins (Almeida et al., 1977)
(figura II.l).
A geologia da Subprovíncia Paranã foi referida em
diversos trabalhos, sendo os mais significativos os de
Marini & Botelho (1986), Bilal (1991) e Botelho (1992).
Dados mais específicos sobre a Geologia do Maciço Mangabeira
podem ser obtidos em Padilha & Laguna (1981) e Botelho
(1992) .
Figura II.l (na página seguinte) - Mapa geológico da Região centro-oeste do Brasil, com destaque para a Província Estrutural Tocantins e Província Estanífera de Goiás com suas quatro Subprovíncias: A. Tocantins; B. Paranã; C. Pirenópolis-Goianésia; D. Ipameri (Modificado de Fuck et al., 1987) .
Figura II. 1 (na página seguinte) - Mapa geológico da Região centro-oeste do Brasil, com destaque para a Província Estrutural Tocantins e Província Estanífera de Goiás com suas quatro Subprovíncias: A. Tocantins; B. Paraná; C. Pirenópolis-Goianésia; D. Ipameri (Modificado de Fuck et al., 1987) .
II - GEOLOGIA REGIONAL
II.l - INTRODUÇÃO
A abordagem regional aqui apresentada terá o
objetivo de situar a área de estudo no contexto geológico do
Estado de Goiás em que está inserida.
A área-objeto desta contribuição localiza-se na
apófise do Maciço Mangabeira, o qual situa-se a
aproximadamente 3 0Km para sudoeste da cidade de Monte Alegre
de Goiás, no extremo nordeste do Estado de Goiás. 0 Maciço
está inserido no setor central da Subprovíncia Paraná,
pertencente a Província Estanífera de Goiás (Marini &
Botelho, 1986; Botelho, 1992), que, por sua vez, pertence à
Província Estrutural Tocantins (Almeida et al., 1977)
(figura II.l) .
A geologia da Subprovíncia Paraná foi referida em
diversos trabalhos, sendo os mais significativos os de
Marini & Botelho (1986), Bilal (1991) e Botelho (1992).
Dados mais específicos sobre a Geologia do Maciço Mangabeira
podem ser obtidos em Padilha & Laguna (1981) e Botelho
(1992).
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II.2 - A SUBPROVÍNCIA ESTANÍFERA DO PARANÁ
II.2.1 - Introdução
A Província Estanífera de Goiás é constituída de
maciços graníticos e pegmatitos do Proterozóico Médio,
mineralizados em estanho e nióbio-tantalatos, intrusivos em
rochas do Complexo Granito-Gnáissico (Arqueano/Proterozóico
Inferior) e da Formação Ticunzal (Proterozóico Inferior) , e
recobertos por metassedimentos dos Grupos Araxá, Serra da
Mesa e Araí, de idade proterozóica média (Marini & Botelho,
1986; Botelho, 1992). Divide-se em quatro subprovíncias:
Tocantins e Paranã ao norte, Pirenópolis-Goianésia no centro
E Ipameri ao sul(figura II.1). A única subprovíncia a ser
discutida neste trabalho é a do Paranã, por conter o Maciço
Mangabeira.
As unidades geológicas identificadas na
Subprovíncia Paranã são o Complexo Granito-Gnáissico, a
Formação Ticunzal, o Grupo Araí e os maciços graníticos e
pegmatitos estaníferos(figura II.2).
II.2.2 - O Complexo Granito-Gnáissico
Sob essa denominação incluem-se principalmente
gnaisses tonalíticos e granodioríticos que ocorrem em
extensas áreas de Goiás, Tocantins e oeste de Minas Gerais
(Marini et al., 1984). Caracterizam-se por uma grande
continuidade lateral e notável homogeneidade químico-
mine alógica.
Marini et al.(1984)atribuíram uma idade superior
a 3.000 M.a. aos terrenos granito-gnáissicos, embora
admitissem a existência de idades mais jovens em algumas
regiões, como uma isócrona Rb/Sr em rocha total de 2.100
M.a. e razão inicial igual a 0.708 obtida em migmatitos da
11
região do Rio Paranã(Hasui et a l . , 1 9 8 0 ) . Esta idade foi
interpretada como sendo da migmatização de uma rocha
original mais antiga.
Figura II.2 - Carta geológica da Subprovíncia Estanífera do Paranã. Mesozóico: 1. coberturas sedimentares (Grupo Urucuia) . Proterozóico Superior: 2. sequência metassedimentar de plataforma (Grupo Bambuí). Proterozóico Médio: 3.sequência metassedimentar encaixante dos granitos estaníferos (Grupo Araí). Proterozóico Médio/Inferior: 4. pegmatitos à Sn, Nb-Ta; 5. granitos estaníferos; 6. Formação Ticunzal. Arqueano (?): 7. Complexo Granito-Gnáissico. 8. Falha. 9. Principais ocorrências e minas de estanho.(Modificado de Botelho, 1992.)
Fuck et al. (1987), com base em isócronas Rb/Sr de
referência, distinguiram dos terrenos Granito-Gnáissicos
Arqueanos,terrenos granito-gnáissicos formados durante o
ciclo Transamazônico, Proterozõico Inferior, no Proterozóico
Médio e no Proterozóico Superior.Os autores atribuíram
idade proterozóica inferior aos terrenos granito-gnáissicos
12
da Subprovíncia Paranã, onde ocorreriam prováveis núcleos
arqueanos.
Botelho (1992) estudou o setor central da
Subprovíncia Paraná, no qual identificou dois grupos
distintos de rochas representantes do Complexo Granito-
Gnáissico,quartzo dioritos e granodioritos, aos quais
denominou GRA, e granitos cinza, denominados GRB. Nas
proximidades dos maciços graníticos, essas rochas
constituem-se em milonitos e ultramilonitos, localmente
enriquecidas em grafita, como na região do Maciço da Pedra
Branca e de Aurumina.
II.2.3 - A Formação Ticunzal
A Formação Ticunzal foi identificada em várias
localidades do norte-nordeste do Estado de Goiás.
Estratigraficamente, situa-se entre o Complexo Granito-
Gnáissico e os quartzitos da Formação Arraias do Grupo Araí.
Sua idade de deposição foi sugerida como sendo Proterozóico
Inferior, com metamorfismo e deformação no Ciclo
Transamazônico (Marini et al., 1978; Marini et al., 1984). É
composta de paragnaisses na base, com intercalações de mica
xistos e xistos grafitosos e, ocasionalmente, presença de
muscovita gnaisses e leptinitos, e de quartzo xistos e mica
xistos grafitosos na porção superior.
Na Subprovíncia Paranã, a Formação Ticunzal ocupa
uma ampla área entre as cidades de Monte Alegre de Goiás e
Campos Belos e é a encaixante dos pegmatitos da região de
Monte Alegre de Goiás (Marini et al., 1984; Marini &
Botelho, 1986) .
Padilha & Laguna (1981) identificaram xistos da
Formação Ticunzal dispersos nas áreas de afloramento dos
Granitos Pedra Branca, Mocambo, Mangabeira e Mendes. Botelho
(1992), entretanto, restringiu sua ocorrência ao nordeste da
cidade de Monte Alegre de Goiás, como encaixante dos
pegmatitos estaníferos. Para esse autor, o que fora
anteriormente chamado de Formação Ticunzal na região dos
maciços graníticos corresponde, na realidade, a zonas de
milonitos à grafita, pertencentes ao Complexo Granito-
Gnáissico. A Formação Ticunzal, então, não estaria
compreendida entre as rochas encaixantes dos maciços
graníticos do setor central da Subprovíncia Paranã.
II.2.4 - Maciços graníticos e pegmatitos
A Subprovíncia Estanífera do Paranã é composta
pelos Maciços Pedra Branca, Mocambo, Mendes,Mangabeira,
Sucuri, Soledade, São Domingos, Banhado e Aurumina(Marini &
Botelho, 1986; Pimentel et al.,1991; Botelho, 1992),
intrusivos em rochas do Complexo Granito-Gnáissico.
Topograficamente, eles se caracterizam por constituírem
altos circulares ou elípticos, com cotas máximas em torno de
950m, que se destacam do relevo mais suave das encaixantes,
onde a cota é de 450m, aproximadamente.
Os Maciços Mangabeira, Mocambo, Mendes e da Pedra
Branca estão alinhados segundo uma direção N 3 0 W ( f i g u r a
II.2), correspondente a zonas de cisalhamento antigas, que
aparentemente controlam sua i n t r u s ã o ( B o t e l h o , 1 9 9 2 ) . O s
contatos com as rochas do Complexo Granito-Gnáissico dão-se
em geral através de zonas de cisalhamento .
Até 1992, acreditava-se que os maciços graníticos
Subprovíncia Paranã eram constituídos por um único tipo
trográfico, um granito rosa à biotita, porfirítico, com
destaque para megacristais de feldspato potássico e quartzo
azulado.Esse único tipo de granito teria, através de
importantes processos de greisenização, albitização e
microclinização, originado granitos greisenizados e greisens
mineralizados a cassiterita(Botelho & Marini, 1984; Marini
& Botelho, 1986). Botelho (1992) , entretanto, distiguiu
duas famílias de granitos na porção central da Subprovíncia
13
14
Paranã, através de dados petrográficos e, principalmente,
químicòs,às quais denominou gl e g2 (Fig. II.3).
A família gl é constituída pelos granitos gla, glb
e glc, enquanto a família g2 é subdividida em g2a, g2b, g2c
e g2d. Outros dois tipos de granito, granito à albita e
topázio(GAT) e leucogranito, mais evoluídos que os demais,
não foram inseridos em qualquer das famílias, apesar de o
GAT aproximar-se bastante da família g2 (Botelho, 1992).
Processos metassomáticos atuaram sobre esses
granitos e produziram granitos greisenizados e greisens.
Entretanto, somente os granitos da família g2 deram origem a
greisens mineralizados a cassiterita e índio (Botelho,
1992) .
A NE de Monte Alegre de Goiás e nas proximidades
de Porto Real ocorrem pegmatitos mineralizados a cassiterita
e tantalita; os primeiros, encaixados nos xistos da Formação
Ticunzal e nos gnaisses e blastomilonitos do Complexo
Granito-Gnáissico, e os últimos, apenas nas rochas do
Complexo Granito-Gnáissico (Botelho, 1992).
Os dados geocronológicos- existentes para os
granitos são ainda escassos e divergentes. Uma idade Rb/Sr
em rocha total de 1.405 ± 21 M.a.. , com uma razão inicial
anômala de 0,7004 ± 0,006, foi obtida para o Granito Pedra
Branca (Marini & Botelho, 1986) .
Pimentel et al. (1991) encontraram idades U/Pb em
zircão de 1.769 ± 2 M.a. e 1.767 ± 10 M.a. para os granitos
Soledade e Sucuri, respectivamente. As dicrepâncias com os
dados mais antigos somente poderão ser elucidadas após a
realização de mais datações precisas.
Os granitos da Subprovíncia Paranã foram
interpretados por Marini et al. (1985) como tendo se
posicionado em um ambiente de rifteamento intracontinental,
com características . de granito tipo A, a exemplo dos
granitos Nigerianos, contemporaneamente à deposição de
sedimentos e extravasamento de lavas do Grupo Araí. Pimentel
et al.(1991)confirmaram tal idéia ao obterem idades
semelhantes para os meta-riolitos do Grupo Araí e os
Granitos Sucuri e Soledade.
Bilal (1991) estudou alguns maciços graníticos das
Subprovíncias Paranã e Tocantins e os dividiu em dois
grupos, por idade: um grupo constituído pelos granitos
Sucuri e Soledade, de 1.770 M.a., e o outro, pelos granitos
Serra Dourada, Serra da Mesa e Serra Branca, 'de 1.658-1.614
M.a.. Com base em dados geológicos e químicos, o autor
caracterizou esses granitos como do tipo intraplaca.
15
Figura n.3 - Distinção entre as duas famílias de granitos, gl e g2, existentes na porção central da Subprovíncia Estanífera Paranã,sequndo Botelho(1992) .
II.2.5 - O Grupo Araí
0 Grupo Araí foi definido por Barbosa et al.
(1969) como sendo constituído pelas Formações Arraias e
Traíras. A primeira, basal, com aproximadamente 110 m de
espessura, constitui-se de quartzito com intercalações de
metapelitos- e metassiltitos, metaconglomerado
intraformacional com seixos de quartzo, quartzito e do
embasamento gnáissico, e vulcanitos basalto-andesiticos
próximo à base. A Formação Traíras, com a mesma espessura da
outra, é constiuída de metassiltitos, filitos e calcifilitos
com intercalações de quartzitos e calcários.
Na Subprovíncia Paranã, o Grupo Araí é
representado pela Formação Arraias, que ocorre em contato
tectônico com os maciços graníticos (Araújo & Alves, 1971;
Marini & Botelho, 1986), tendo sua sedimentação e
metamorfismo ocorrido no Proterozóico Médio, após a intrusão
dos maciços graníticos (Marini & Botelho, 1986) . Padilha &
Laguna (1981) observaram domificações das rochas do Grupo
Arai nas adjacências dos granitos, enquanto Marini & Botelho
(1986) afirmaram que os metassedimentos do Grupo Araí não
formam estruturas dômicas.
Botelho (1992) incluiu um conglomerado basal e
rochas vulcânicas ácidas, variando de riolitos a dacitos, na
Formação Arraias. O conglomerado ocorre a sudoeste e
nordeste da Pedra Branca e contém seixos de granito e
granitos greisenizados do Maciço e de rochas vulcânicas, o
que atesta a deposição dos sedimentos do Grupo AraÍ após a
intrusão dos Granitos Estaníferos da Subprovíncia Paranã.
Os dacitos e riodacitos ocorrem a NE da Pedra
Branca, repousando sobre os milonitos do Complexo Granito-
Gnáissico, e os riolitos, a leste e sudeste do mesmo maciço,
intercalados com quartzitos da base do Grupo Araí.
Marini et al. (1985) sugeriram uma idade Rb/Sr em
torno de 1.400 M.a.' para os meta-riolitos da base do Grupo
Arai, a sudeste do Granito Pedra Branca, considerando-os
como contemporâneos aos maciços graníticos. Pimentel et al.
(1991) obtiveram uma idade de 1.771 ± 2 M.a. (U/Pb em
zircão) para os riolitos do Grupo Araí situados a nordeste
cio Granito Soledade e oeste do Granito Pedra Branca, idade
equivalente à dos maciços Soledade e Sucuri.
16
II.3 - O MACIÇO MANGABEIRA
O Maciço Mangabeira situa-se na margem noroeste da
rodovia GO-12, a aproximadamente 3 0 Km a sudoeste da cidade
de Monte Alegre de Goiás. O corpo possui uma forma circular,
com 3 Km de diâmetro, e um apêndice na sua extremidade
sudoeste, de 500m X 2Km, constituindo uma apófise(Padilha
& Laguna,1981;Botelho,1992).
O Maciço é dominantemente constituído de biotita
granito rosa equigranular a porfiróide, correspondendo ao
fácies glc de Botelho (1992). O granito é composto de
microclínio(40%),quartzo azulado(30%),albita(25%),
biotita intermediária entre annita e siderofilita (<5%),
fluorita, zircão, monazita e torita.
Na apófise, afloram o granito glc, o granito g2d,
o leucogranito, o granito à albita e topázio(GAT) , uma
rocha à quartzo e topázio(RQT),granitos metassomatizados e
'greisens. A parte sudoeste da apófise, Morro da Laranjinha,
, é composta do granito à albita e topázio e de greisens à
zinnwaldita e/ou fengita litinífera (figura II.4).
A parte centro-noroeste da apófise,designada Zona
Greisenizada Principal por Botelho (1992) , contém as fases
graníticas mais evoluídas, onde estão localizadas a
mineralização principal de cassiterita e a ocorrência de
índio. Essa porção da apófise foi extensamente trabalhada
por garimpeiros nas décadas de 70 e parte de 80, que
exploraram os aluviões ricos em cassiterita do Córrego
Passa-e-fica e abriram catas nos granitos greisenizádos e
greisens.Posteriormente, o minério foi explorado em lavra
mecanizada pela Goiás Estanho S:A..
No capítulo que se segue será apresentada a
geologia da Zona Greisenizada Principal do Maciço
Mangabeira, a qual constitui a parte do Maciço aqui estudada
(figura II.4).
17
Figura II.4 (na próxima página) - Mapa geológico em escala 1:10.000 do Betor mineralizado da Apófise do Maciço Mangabeira. Complexo Granito-Gnáissico: 1. gnaisse milonítico; 2. ultramilonitos de origem granítica; 3. granito GRB. 4. Granito Mangabeira (glc) . 5. Leucogranito (LGR) . 6. Granito g2d. 7. Granito à albita e topázio (GAT) . 8. Auréola de aetassomatismo. 9. Área de predominância da rocha à quartzo e topázio (RQT) . 10. Greisen à zinnwaldita ± fengita litinífera. 11. Greisen à quartzo + fengita litinífera ou muscovita. 12. Zona fortemente greisenizada. 13. Zonas de fraturas com feldspatização (fd),ou greisenização, com minerais de berílio (Be: berilo; He: helvita) ; 14. fraturas preenchidas por quartzo ou ametista (am); 15. foliação milonítica; 16. falha; 17. falha interpretada; 18. contato verificado; 19. contato interpretado. (Modificado de Botelho, 1992.)
18
CAPÍTULO III
GEOLOGIA E PETROGRAFIA DA PORÇÃO
NORTE DA APÓFISE DO MACIÇO
MANGABEIRA
III - GEOLOGIA E PETROGRAFIA DA PORÇÃO NORTE DA APÓFISE DO
MACIÇO MANGABEIRA
III.1 - GEOLOGIA
III.1.1 - Introdução
A apófise do Maciço Mangabeira foi mapeada por
Botelho (1992) em escala 1:10.000. No presente trabalho,
procedeu-se ao mapeamento da porção norte da apófise,
denominada Zona Greisenizada Principal, com o objetivo de
detalhar a geologia daquela área e fornecer subsídios para o
melhor entendimento da ocorrência de In do Maciço
Mangabeira. Realizou-se, então, um mapeamento geológico, e
um levantamento plani-altimétrico, da área em escala 1:1000.
(anexo 1) .
Diferentes tipos de granitos e greisens ocorrem na
área mapeada, além de uma rocha à quartzo e topázio. A
seguir, serão descritas as principais características
geológicas inerentes a cada tipo de rocha existente na área
mapeada.
III.1.2 - O Complexo Granito-Gnáissico
O Complexo Granito-Gnáissico aflora a norte e
oeste-sudoeste da apófise do Maciço Mangabeira e tem como
eu representante um granito cinza-rosado grosso.
A norte, o contato com a apófise é tectônico, onde
ouve desenvolvimento de ultramilonito branco.
No sul da área de afloramento do Complexo Granito-
Gnáissico, ocorre uma faixa de ultramilonitos cinza, com
foliação discordante da direção geral dos granitos.
Entretanto, os ultramilonitos foram greisenizados, tendo
teores de Sn, Rb e W anômalos. Devido a esses milonitos
estarem greisenizados, existe a possibilidade de o seu
21
22
contato,com o granito g2d ser ígneo naquela localidade; ou
os milonitos são alóctones e a greisenização deu-se
anteriormente a eles terem sido transportados para o seu
posicionamento atual.
III.1.3 - Granito g2d
O granito g2d é a rocha dominante na porção norte
apófise do Maciço Mangabeira, constituindo cerca de 50%
da área de estudo.
Na porção norte-nordeste da área mapeada, o
granito g2d está localmente bem preservado, - com estrutura
maciça e restos de biotita. Na parte sul-sudeste, em
contrapartida, a rocha apresenta-se, em geral, bastante
greisenizada e foliada, com direção geral N10E-N10W,
resultante do provável empurrão de idade Brasiliana, que
colocou o granito do Complexo Granito-Gnáissico sobre os
granitos e greisens da apófise.
III.1.4 - Leucogranito
O leucogranito (LGR) ocorre em toda borda leste da
área estudada, em contato com o granito g2d, constituindo
cerca de 10% da área. Suas relações de contato e de gênese
com o granito g2d carecem de mais estudo, mas essa é
certamente uma das rochas mais evoluídas da porção central
da Subprovíncia Paranã, conforme demonstrou Botelho (1992)
(figura II.3) .
III.1.5 - Granito à albita e topázio
Na parte centro-norte da área de afloramento dos
granitos estudados', aflora um granito branco foliado, que
sustenta o relevo, designado granito à albita e topázio.
Esse granito é intrusivo no granito g2d, no qual
provocou o desenvolvimento de uma auréola metassomática
(anexo 1) . Na porção centro-nordeste da área delimitada como
sendo do granito à albita e topázio, este está intercalado
com o granito g2d, que está desde pouco transformado a
totalmente greisenizado.
No extremo leste da área de ocorrência do granito
à albita e topázio, este desenvolveu um fácies de greisen
pegmatóide, onde encontram-se cristais de topázio verde
claro de até 10 cm de comprimento sendo substituídos por
zinnwaldita (MG22) ,
As mineralizações de cassiterita da região estão
relacionadas à intrusão do granito à albita e topázio e
ocorrem no seu interior e na auréola de metassomatismo no
granito g2d. Consequentemente, os trabalhos de extração
artesanal de cassiterita através de catas deram-se nas
porções mais transformadas daqueles granitos.
III.1.6 - Rocha à quartzo e topázio
Este é um tipo inusitado de rocha que ocorre no
interior da área delimitada no mapa como granito à albita e
topázio. Aflora como blocos dentro de uma faixa de direção
N45E, de 150m x 20m, e parece ter sua continuidade
interrompida por uma falha N60W. A rocha volta a aflorar no
extremo nordeste da área de ocorrência do granito à albita e
:opázio, na cata 11C (anexo 1) .
A rocha à quartzo e topázio (RQT) tem importância
petrológica fundamental na compreensão da evolução final dos
granitos estaníferos do Paranã.Entretanto,sua relação com
o granito à albita e topázio não pode ser totalmente
23
estabelecida, conforme será discutido no capítulo V. Além
disso, a RQT notabiliza-se por ser a portadora das anomalias
de índio da região.
III.2 - PETROGRAFIA DAS ROCHAS DA ZONA GREISENIZADA
PRINCIPAL
III.2.1 - Granito e milonitos do Complexo Granito-Gnáissico
O granito pertencente ao Complexo Granito-
Gnáissico aflora a oeste e a norte dos granitos
greisenizados e greisens da porção norte da apófise do
Maciço Mangabeira.
A rocha é cinza rosada, de textura granular
hipidiomórfica grossa, composição granodiorítica e
classificada como granito GRB por Botelho (1992) (Prancha
III.1, foto 1). Sua composição modal aproximada é: quartzo
(251), microclínio pertítico (10%), plagioclásio (45%),
biotita (7%) , muscovita (10%). O zircão é o mineral
acessório. - -
O granodiorito contém uma folição milonítica
incipiente, marcada pela orientação dos f ilossilicatos e
tendência à orientação de grãos de quartzo recristalizado.
Os feldspatos respondem à deformação de maneira rúptil,
fraturando-se. A geminação lei da albita do plagiclásio é
deformada.
O quartzo apresenta, em geral, extinção ondulante
co.itatos' serrilhados, mas também existem evidências de
processo de silicificação quando da desestabilização de um
plagioclásio mais cálcico.
O plagioclásio é um oligoclásio, Anl3,
xenomórfico, com até 1 cm, e possui alteração para epidoto,
24
25
biotita e sericita. Esta tem ± 0.02 mm e ocupa a maior parte
os grãos do plagioclásio.
O feldspato potássico micropertítico ocorre
preferencialmente " preenchendo espaços entre os grãos de
plagioclásio. Apresenta um início de albitização.
A biotita é verde, de 0.2 mm, em geral
caracterizada por massas anedrais limpas, sugerindo caráter
metassomático. A muscovita (até 0.1 mm) parece contemporânea
à biotita, havendo interdigitações locais entre ambas.
Associados à biotita e ao plagioclásio ocorrem
titanita, epidoto e massas de clorita, formados
provavelmente pela desestabilização de uma biotita precoce e
de um plagioclásio mais cálcico.
Na porção norte do contato com as rochas
greisenizadas, o granito GRB sofreu albitização (amostra
MG42) . Â rocha então resultante é equigranular, com poucos
grãos de plagioclásio precoce. Estes, quando persistem,
estão ligeiramente deformados, corroídos nas bordas e
alterando para epidoto + mica branca + albita + quartzo +
(titanita) . 0 epidoto, mais bem desenvolvido que no granito
não transformado (0.5 mm), associa-se a massas de fluorita,
biotita e magnetita martitizada. .A titanita associa-se à
biotita. A composição modal aproximada da rocha é quartzo
(5%), albita (70%), feldspato pertítico (5%), biotita verde
(10%) . 0 epidoto e a fluorita atingem cerca de 10% da rocha
e o zircão euédrico com alguma fluorita compõem a
mineralogia acessória.
Nos contatos entre o embasamento e os granitos
pertencentes à apófise, ocorrem milonitos e ultramilonitos.
No contato norte, essas rochas são bastante foliadas, finas,
brancas, constituídas essencialmente de quartzo e feldspato,
não apresentando indício de terem sido afetadas pelos
processos metassomáticos vigentes na região. Esses milonitos
derivaram do granito GRB, provavelmente após o alojamento
dos granitos da apófise.
26
No contato oeste, ocorrem ultramilonitos cinza
(prancha IIT.l, foto 2) . A biotita verde ainda persiste, mas
a mica branca (0.2 mm) tende a dominar. Há locais onde a
biotita é bastante subordinada à mica branca (MG25A) . O
epidoto ocorre localmente como traços.
Os ultramilonitos, ou filonitos cinza, podem
conter granada tardi a pós-tectônica.
Os filonitos cinza foram greisenizados, o que os
enriqueceu em K20, Rb, Sn e W, indicando que eles são
anteriores à intrusão dos granitos da Zona Greisenizada
Principal.
III.2.2 - Granito g2d
0 granito g2d é equigranular médio, róseo,
composto de quartzo (30%) , microclínio micropertitico (30-
35%), albita AnO (30-35%) e mica branca (5%) (prancha III. 1,
fotos 3 e 4) . Os minerais acessórios são o zircão, a
monazita, a magnetita martitizada e, localmente, ilmenita
(MM22) . Os minerais secundários que podem ocorrer são
martita, fluorita, malaquita e azurita. Quando greisenizado,
o granito contém cassiterita disseminada.
0 granito g2d apresenta-se desde pouco deformado
até completamente milonitizado, e desde bem preservado até
totalmente greisenizado. Os maiores níveis de deformação
ocorreram nas porções centro-sul e centro-sudeste da área
estudada (anexo 1) .
0 quartzo precoce ocorre preferencialmente com
extinção ondulante e contat.os serrilhados. Os grãos
neoformados preenchem fraturas que cortam os feldspatos e
golfos de corrosão no microclínio, fatos que comprovam a
existência de um processo de silicificação na rocha.
0 feldspato potássico é um microclínio
micropertitico, de 2.0 mm de diâmetro médio, com geminação
em farrapos e albitização incipiente nas bordas. Apresenta
uma pequena alteração para mica branca fina.
Localmente, a albitização do microclínio foi
expressiva, o que transformou o granito g2d em praticamente
um albitito (MG8A2, MG8B e MG31) .
A rocha contém um tipo de albita automórfica, de
2.5 mm, com fengita fina no seu núcleo- e planos de geminação
às vezes deformados, e um tipo que se forma nas bordas do
microclínio e da albita automórfica, mais precoce.
Nos fácies menos transformados, o granito g2d
contém biotita do tipo siderofilita (MM22,- Botelho, 1992)
Localmente, devido à existência de condições muito
oxidantes, a biotita foi substituída por estilpnomelano, com
martita associada (MG34) . Nos demais fácies, a mica presente
é uma fengita de cor verde clara.
Distinguem-se dois tipos de fluorita no granito
g2d.A que predomina é uma fluorita incolor que ocorre como
massas em geral associadas à a l b i t a . 0 outro tipo de
fluorita é lilás, de 0.02 mm, e parece conter inclusões de
minerais radioativos. Os dois tipos ocorrem associados a
magnetita.
0 zircão possui cerca de 0.05 mm, é prismático,
castanho e ocorre incluso nas micas e nos feldspatos.Em
geral, é pobre em U e Th.
A monazita ocorre associada às micas e suspeita-se
de que seja hidrotermal.
III.2.2.1 - Granito g2d greisenizado
A ocorrência de granito g2d pouco ou nada
transformado é muito restrita na Zona Greisenizada Principal
do Maciço Mangabeira. Em praticamente toda sua área de
afloramento, o granito g2d encontra-se pouco a muito
greisenizado.
27
28
O granito g2d greisenizádo caracteriza-se por ser
equigranular branco, foliado, com mica fina verde clara
'prancha III. 1, foto 5 ) . Ao microscópio,' diferencia-se do
granito g2d por conter maior quantidade de mica do tipo
fengita (10%) (prancha III. 1, foto 6) . A quantidade de
fluorita na rocha pode chegar a 5%. A monazita associa-se à
fluorita lilás e à mica, e parece, ser dominantemente
metassomática.
0 feldspato potássico é provavelmente um
microclínio micropertítico xenomórfico com extinção em
farrapos.Apresenta transformação para mica branca fina,
albita e quartzo. A albita desenvolve-se nas bordas do
feldspato e o quartzo forma golfos de corrosão.Por vezes,
assiste-se à albita sendo microclinizada.
A albita desse granito caracteriza-se por conter
inúmeras inclusões de mica branca fina, inclusões fluidas e,
mais subordinadamente, fluorita (prancha III. 2, fotos 1 e
2). Duas gerações de albita são distinguidas:
- albita precoce, de até 5.0 mm, em geral com os
planos de geminação deformados, submetida a neoformação de
albita nas bordas e alteração para mica branca fina;
- albita formada nas bordas da albita mais precoce
e às expensas da desestabilização do microclínio.
0 topázio é raro nessas rochas. Quando ocorre, não
ultrapassa 2% da rocha e apresenta-se xenomórfico 'com muitas
inclusões fluidas.
0 zircão é euédrico, com 0.04-0.05mm, e está em
geral incluso nas micas. Raramente é metamicto.
A cassiterita, quando presente, encontra-se
disseminada e geralmente associada à mica.
III.2.2.2 - Greisen do granito g2d
0 greisen formado a partir do granito g2d, ou
greisen à fengita, possui cor verde limão a verde escuro, em
Prancha III.l
Foto 1 - Granito do Complexo Granito-Gnáissico (GRB), grosso
(MG19), onde se destaca a biotita na massa cinza-rosada. O
tom róseo da borda da amostra deve-se a oxidação
superficial.
Foto 2 - Ultramilonito cinza de rocha granítica(MG2 5A) ,
fino, foliado.
I Foto 3 - Granito g2d, equigranular médio, róseo, cuja mica é
a fengita, não mais existindo biotita primária preservada
(MG8A1).
Foto 4 - Fotomicrografia de granito g2d (MG8A1) , composto de
quartzo, microclínio micropertítico com albitização nas
bordas, albita e de raras lamelas de fengita. NX (escala =
O.lmm) .
Foto 5 - Granito g2d geisenizado(MG8A3) pouco deformado,
branco com mica verde clara, equigranular.
Foto 6 - Fotomicrograf ia de granito g2d greisenizado
(MG11A), caracterizado pelo aumento da quantidade de micas
relativamente ao fácies g2 e extinção em farrapos do
microclínio. NX (escala = O.lmm).
31
virtude da abundância de fengita na sua moda (prancha III.2,
foto 3) . Ao microscópio de luz transmitida, a mica possui
pleocroísmo verde claro e está fortement orientada
paralelamente à foliação milonítica.
O greisen contém quartzo precoce com extinção
ondulante e quartzo sob a forma de agregados, resultante da
silicificação do granito.
A monazita é um mineral frequente nos greisens. Em
eral, predomina nas porções mais ricas em mica, o que
testa seu caráter metassomático. Localmente, porém,
ncontra-se monazita inclusa em mica, o que a credencia a
er de uma geração anterior.
Identificam-se traços de cassiterita nesses
[reisens.
0 topázio, quando presente, atinge no máximo 5% da
:ocha, é xenomórfico e fraturado, em decorrência da
leformação que afetou tais rochas (MG 7A3) .
A fluorita predominante nos greisens é a de cor
lilás, de 0.03mm de tamanho médio, com inclusões de minerais
radioativos. Associa-se à monazita e a massas amorfas
resultantes da transformação de mineral radioativo.
0 greisen à fengita pode ainda conter arseniatos
tardios, que englobam as micas e não apresentam qualquer
indício de deformação (MG7A3) . São arseniatos de Ba, Bi, Cu
e Pb, os quais serão discriminados no capítulo seguinte.
III.2.3 - Granito à albita e topázio
0 granito à albita e 'topázio (GAT) caracteriza-se
por sua cor branca, onde se destaca uma mica prateada.
Encontra-se em geral foliado, às vezes sacaroidal(prancha
III.2, foto 4) .
Seus minerais essenciais são quartzo (35%),
microclínio micropertítico (20%) ,albita(20%) , t o p á z i o ( 5 a
.01) e mica do tipo fengita ou zinnwaldita(10%) .
À semelhança do granito g2d, esse contém uma
geração de quartzo precoce com extinção ondulante e uma
outra, de quartzo formado pela silicificação do granito, que
se apresenta preenchendo golfos nos feldspatos.
0 microclínio mieropertítico está bastante
preservado, com geminação em farrapos. Sua transformação
incipiente dá-se para mica fina, albita e quartzo.
Duas gerações de albita são distinguidas. A albita
precoce caracteriza-se por ser automórfica e repleta de
inclusões de topázio automórfico em agulhas, de inclusões
fluidas e de mica fina, concentrados no seu núcleo (prancha
III.2, fotos 5 e. 6) .
A albita neoformada desenvolve-se nas bordas da
albita anteriormente formada e do microclínio. Essa geração
de albita também contém as agulhas de topázio (0.02 mm) .
Localmente, podem-se observar as agulhas associadas a
fraturas silicif içadas no microclínio (MG11B) . Esse topázio
é muito provavelmente metassomático .
0 fato de a albita neoformada conter inclusões de
topázio e de o microclínio que lhe deu origem não as conter
sugere uma origem metassomática também para esse topázio.
Outra forma de ocorrência do topázio é como grãos
grandes, hipidiomórf icos, com incipiente substituição por
mica. Esse tipo de topázio está em geral fraturado e
tendendo a orientar-se segundo a foliação milonítica.
A mica prateada tem composição de fengita
litinífera e/ou de zinnwaldita. Seu pleocroísmo é castanho
ou levemente esverdeado e/ou castanho,
respectivamente. Ocorre como lamelas de até 6.0 mm, como
ripas e também com hábito amebal, quando associada ao
quartzo neof ormado.
A monazita e a cassiterita ocorrem em traços,
disseminadas na rocha. 0 zircão é automórfico, castanho
claro, localmente metamicto. Muito raramente, encontra-se
martita nessas rochas.
A rocha contém ainda fluorita associada às micas.
32
Prancha III.2
Foto 1 - Inclusões fluidas e de fengita em um cristal de
albita do granito g2d greisenizado (MG11A) . N// (escala =
10m) .
Foto 2 - Inclusões fluidas e de fengita em um cristal de
albita do granito g2d greisenizado (MG11A).NX (escala =
lOjiin) .
Foto 3 - Greisen à fengita aluminosa (MG8A4) , verde,
desenvolvido a partir do granito g2d.
Foto 4 - Granito à albita e topázio (GAT) , branco, foliado,
na mica fina prateada (MG11B) .
Foto 5 - Fotomicrografia mostrando um cristal de albita do
GAT rico em inclusões fluidas e de topázio. N// (escala =
Foto 6 - Repetição da foto 5 com nicóis cruzados, onde se
destacam os cristais de topázio, das inclusões fluidas,
podendo-se observar também raras inclusões de mica na albita
e a ausência de inclusões no cristal de micropertita (escala
a 50jun) .
35
III.2.3.1 - Greisen do GAT
0 greisen formado a partir do granito à albita e
topázio pode ser macroscopicamente semelhante ao granito à
albita e topázio, quando aquele contém somente 10% de mica
do tipo zinnwaldita (MG05), sendo o restante da rocha
constituída de quartzo e topázio. Entretanto, nos greisens
monominerálicos, em que a mica litinifera de composição
zinnwaldita é o mineral dominante (greisens à zinnwaldita),
sua cor torna-se verde escuro a cinza escuro (prancha III. 3,
foto 1).
Os minerais principais do greisen do GAT são
quartzo, zinnwaldita, topázio (5 a 25%) , cassiterita e
monazita. 0 zircão constitui-se em um acessório raro, de
0.05 mm, automórfico, incluso em quartzo e em mica.
Localmente, encontra-se magnetita martitizada nessas rochas
(MG05) .
0 topázio ocorre tanto como grãos milimétricos
hipidiomórf icos, fraturados, com tendência a orientar-se
paralelamente à foliacão milonítica, . com pequena alteração
para mica, como sob a forma de inclusões automórficas em
quartzo e nos grãos de topázio maiores. Essas inclusões de
topázio tendem a ser mais arredondadas e ocorrem mais
isolaladamente que aquelas existentes nos grãos de albita do
granito à albita e topázio. Neste caso, não há evidência de
metassomatismo, mas por outro lado, não há dados suficientes
para descartar tal possibilidade.
A mica identificada como zinnwaldita apresenta um
forte pleocroismo; sua cor varia de incolor a castanho
amarelado.
A cassiterita ocorre tanto disseminada na rocha
como sob a forma de grãos grandes, por vezes com o núcleo
castanho avermelhado intenso. Localmente, esses greisens
podem conter até 10% de cassiterita (MG26B) .
A scheelita, com hábito esqueletal, ocorre em uma
amostra de greisen com 90% de zinnwaldita (MG22B) .
Localmente, esses greisens à zinnwaldita contêm
restos ' de albita e, em menor quantidade, de feldspato
pertítico. A albita encontra-se bastante fraturada, estando
as fraturas e os planos de clivagem percolados por um
material castanho amarelado, de composição, próxima à da
pirofilita.
III.2.4 - Leucogranito
O leucogranito (LGR)apresenta-se como uma rocha
equigranular média a grossa, de cor cinza escuro,em virtude
de o quartzo ter um tom acinzentado e a mica, prateado. Em
geral, seus representantes estão pouco milonitizados e com
baixo grau de alteração (prancha III. 3, foto 2) .
Os minerais que compõem a moda do leucogranito são
quartzo (30%) , feldspato potássico (35%) , a l b i t a ( 2 0 % ) ,
fengita(10%) e fluorita(5%) . Localmente, encontra-se no
LGR biotita intermediária entre annita e siderofilita em
processo de alteração para fengita (MG64B1) .
0 quartzo ocorre tanto como grãos pré-existentes
com extinção ondulante como sob a forma de grãos
recristalizados e neoformados, indicando que a rocha sofreu
silicificação.
0 feldspato potássico é branco, automórfico, chega
a medir 1.0 cm de comprimento, e caracteriza-se por ser
frequentemente geminado segundo a lei de Carlsbad (prancha
III.3, foto 3) . Os cristais são em geral micropertíticos e
alteram para albita, mica e quartzo. Este último ocorre
principalmente preenchendo golfos e fraturas do feldspato.
A mica, de composição fengítica, ocorre tanto na
matriz da rocha, onde apresenta um leve pleocroísmo
castanho, como substituindo os feldspatos, principalmente a
albita. Neste caso, a mica é muito mais pobre em Ti0 2,
FeO(t), Li20 e F e mais rica em A1 20 3 (anexo 3) .
36
A biotita é um mineral, raro nessa rocha. Quando
preservada, sua cor é verde e está em processo de
substituição para fengita. Essa biotita não parece ser
primária, em virtude de ser observada formando-se a partir
do feldspato potássico.
Dois tipos de fluorita são encontrados também no
leucogranito. A fluorita incolor forma-se pela
desestabilização de um plagioclásio mais cálcico e associa-
e à albita. A fluorita lilás, mais escassa, associa-se às
as e parece conter inclusões de minerais radioativos.
III.2.5 - Rocha à quartzo e topázio
A rocha à quartzo e topázio (RQT) é uma rocha
estante peculiar e é a mais interessante sob o ponto de
a mineralógico e da ocorrência de índio na área.
A rocha-tipo tem um aspecto maciço e cor branca a
tranco-ferruginosa, quando pobre em escorodita, e verde
quando muito rica em escorodita. Alguns raros exemplares não
contêm escorodita - a arsenopirita presente está totalmente
[preservada (MG8C1, MG8C2) (prancha .111.3, fotos 4 e 5).
A composição mineralógica essencial da rocha é
quartzo, topázio, zinnwaldita, arsenopirita e cassiterita,
em proporções variadas. Outros minerais que ocorrem são
monazita, zircão, fluorita, esfalerita, wolframita,
lôllingita, calcopirita, bismutinita, galena, estanita e
tennantita. Os minerais mais tardios da rocha são
escorodita, malaquita, covelita, arseniatos diversos e
hiróxidos de ferro.
O quartzo apresenta-se com extinção ondulante e
contatos serrilhados, com algum desenvolvimento de subgrãos.
Localmente, há um alto grau de recristalização do quartzo.
O topázio caracteriza-se por ser muito rico em
Dclusões fluidas. Ocorre sob a forma de grãos grandes,
37
hipidiomórficos(0.5 mm), em geral, bastante fraturados e com
alteração incipiente para mica do tipo zinnwaldita.
Também existe topázio como pequenos cristais
euédricos (0.03 mm) inclusos principalmente em quartzo, mas
também nos grãos de topázio maiores. Suspeita-se que pelo
menos esse topázio menor seja magmático, à exemplo do que
ocorre em topazitos e ongonitos. Neste caso, essas rochas
poderiam ser ígneas, talvez as mais evoluídas da região,
originadas a partir do GAT. Estudos de inclusões fluidas
nesses topázios poderão dar subsídios para a definição da
temperatura de formação dessas rochas.
A mica da RQT é a zinnwaldita, que ocorre ora como
mica fina substituindo o topázio, ora como ripas e como
lamelas maiores, de até 0.2 mm. Sua cor é castanho claro e
seus planos de clivagem contêm óxidos. As micas oríentam-se
segundo uma incipiente foliação milonítica e circundam os
grãos fraturados de topázio. Localmente, nas rochas muito
transformadas, onde já não mais existe arsenopirita e a
escorodita é o mineral dominante, observa-se fengita.
Parecem haver pelo menos duas gerações de
cassiterita na RQT. A primeira, de cor castanho avermelhado,
ocorre como grãos submilimétricos a milimétricos e também
inclusa em mica. A mais tardia, castanho amarelado, possui
cerca de 0.03 mm e associa-se às massas de escorodita.
A escorodita (Fe(As04)_2H20) ocorre em geral como
massas contínuas, formadas pela alteração da arsenopirita, e
preenchendo fraturas de topázio, quartzo e mica. Nos locais
onde há arsenopirita preservada, a escorodita ocorre como
auréolas de alteração sobre aquele mineral (prancha III. 3,
foto 6) .
A fluorita é um mineral acessório que se associa
em geral ao topázio. Também nesta rocha ocorrem os dois
tipos de fluorita, embora pareça haver fluorita incolor como
acessória além da neoformada.
A monazita está frequentemente associada ao
topázio, cassiterita e escorodita.
38
O zircão é prismático, castanho, com 0.02-0.05 mm,
e está incluso em arsenopirita, topázio, quartzo e mica.
Raramente é metamicto.
A yanomamita (In(As04).2H20), primeiramente
| descrita por Botelho (1992), foi identificada apenas nessa
variedade petrográfica. Ela ocorre associada à escorodita, à
I qual é bastante semelhante, principalmente nas amostras
| ricas em cassiterita.
A esfalerita ocorre como grãos xenomórficos de
0.02 mm, em geral inclusos na arsenopirita, mas também em
topázio e em cassiterita. Está frequentemente associada à
calcopirita. Duas variedades de esfalerita foram
identificadas - uma representada por esfalerita vermelha,
em In, que ocorre somente como inclusões; e uma
variedade amarelada, pobre em In, que ocorre não apenas como
inclusões, mas também sob a forma de grãos milimétricos
isolados na rocha.
Diversos arseniatos podem aparecer nessas rochas -
arseniatos de bismuto, bário, potássio, chumbo, urânio e de
estanho. São minerais caracteristicamente tardios, que
ocorrem geralmente como massas de cores variadas e também
preenchendo fraturas de minerais da rocha. Sua abordagem
dar-se-á no capítulo seguinte.
39
Prancha III.3
Foto 1 - Greisen à zinnwaldita, de cor cinza escuro(MG22) .
Foto 2 - Amostra de leucogranito (LGR) , de granulação média
(MG36) , cinza escuro, em virtude de o quartzo ser escuro.
Foto 3 - Fotomicrograf ia de leucogranito (LGR) , mostrando o
feldspato potássico geminado, feição característica do LGR
(amostra MG3 6) . A mica formada pela alteração do feldspato é
uma fengita aluminosa. NX (escala = 0. lmm) .
Foto 4 - Rocha à quartzo e topázio preservada (MG7A1) ,
maciça, branca com grãos de arsenopirita dispersos na massa
de quartzo e topázio.
Foto 5 - Amostra de rocha a quartzo e topázio onde a
arsenopirita foi substituída pela escorodita, conferindo uma
cor verde e um aspecto pulverulento à rocha (MG8) .
Foto 6 - Arsenopirita em processo de alteração para
escorodita, que percola fraturas de quartzo. N// (escala =
O.lmm)
CAPÍTULO IV
ESTUDO DE MINERAIS METASSOMÁTICOS
IV - ESTUDO DE MINERAIS METASSOMÁTICOS
IV.1 - INTRODUÇÃO
Neste capítulo, serão apresentados os estudos
sobre os principais minerais metassomáticos que ocorrem na
Zona Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira.
Inicialmente, serão estudadas as micas de
granitos, e de endogreisens, com o objetivo de auxiliar na
caracterização dos diferentes fácies graníticos que ocorrem
na área, bem como distinguir as micas metassomáticas de
prováveis restos de micas magmáticas.
Os arseniatos constituem o segundo grupo de
minerais metassomáticos a ser abordado, em virtude da sua
abundância na rocha à quartzo e topázio, portadora da
ocorrência de índio, e da variedade de espécies minerais
inusitadas que ocorrem nesse tipo de rocha.
43
IV.2 - AS MICAS
As micas de granitos e greisens são excelentes
marcadores da evolução magmática e pós-magmática dessas
rochas, pois possuem vários tipos de substituições
características das condições de temperatura, fugacidade de
oxigênio e da química do meio em que se desenvolveram
(Monier et al.,, 1987) .
O estudo das micas de granitos e greisens neste
trabalho terá a finalidade primeira de diferenciar as micas
dos diversos tipos de granitos, e rochas deles derivadas por
metassomatismo, que ocorrem na Zona Greisenizada Principal.
Será feita também uma tentativa de classificação
das micas utilizando os modelos disponíveis na literatura.
IV.2.1 - Métodos analíticos
As análises químicas das micas foram realizadas na
Microssonda Eletrônica CAMEBAX SX50 do Departamento de
Mineralogia e Petrologia da Universidade de Brasília. Os
resultados analíticos encontram-se no anexo 3.
Para a determinação dos valores de Li20, procedeu-
se à separação de micas de amostras previamente selecionadas
em um separador magnético Frantz, no laboratório de minerais
pesados do Departamento de Mineralogia e Petrologia da
Universidade da Brasília. Nos concentrados obtidos, com
pureza próxima de 100%, o Li foi analisado por absorção
atômica, no laboratório de Geoquímica (LAGEQ) da
Universidade de Brasília.
IV.2.2 - Determinação de Li20
A microssonda eletrônica não detecta lítio, água
nem distingue os estados de oxidação do ferro.
44
Conseqüentemente,os valores de ferro no anexo 3
correspondem a FeO total e os valores de H 20 foram
calculados com base em 22 átomos de oxigênio na fórmula
estrutural.
A obtenção de valores de lítio é muito importante
em micas de granitos e greisens para que sejam obtidas
análises mais completas das micas e, com isso,sua fórmulas
quimicas e classificações sejam mais precisas.
Diferentes métodos foram desenvolvidos para a
determinação do teor de lítio em micas.
Fonteilles (1987) utilizou o complemento a 100 do
total de óxidos, incluindo a água, das análises obtidas em
microssonda eletrônica para representar o teor de Li20 de
miças litiníferas do granito de Beauvoir. O autor ressaltou
que o tipo de estudo por ele efetuado não necessitava de
muita precisão no resultado de Li20.
0 método mais empregado na literatura é a
interpolação de composições baseada na correlação entre o
Li20 determinado por via úmida e outros óxidos analisados
por via úmida e/ou em microssonda eletrônica(Monier &
Robert, 1986; Stone et al., 1988; Tindle & Webb, 1990;
Belho, 1992) .
Monier & Robert (1986) obtiveram boa correlação
positiva entre Li20 e F, medidos por análise química úmida,
para micas tipo muscovita e biotita do granito Saint
Syvestre do Maciço Central, na França, e concluíram que o
lítio pode ser estimado pelo conteúdo de flúor das micas
determinado por microssonda eletrônica.
Stone et al.(1988) utilizaram valores de Li 20
analisado por via úmida para o estudo de micas
trioctaédricas do batólito da Cornuália. Entretanto, eles
mostraram a existência de uma ótima correlação positiva
entre os dados de Si02 e Li20 e negativa entre Li e Fe2 + e
entre Li e Al (VI) .
Tindle & Webb (1990) examinaram as relações entre
diversos óxidos e Li2O para 500 análises de micas
45
trioctaédricas de granitos da Inglaterra. A melhor
correlação obtida foi entre Si02 e Li20, para micas
trioctaédricas com teores de MgO inferiores a 8.0% e para
muscovitas litiniferas com teor de Li20 maior que 1.0%. Para
as micas pertencentes à série litinífera aluminosa
(muscovita, entre as dioctaédricas e polilithionita, entre
as trioctaédricas) , os autores concluíram que a correlação
e A1203 e Li20 é mais sensível que entre Si0 2 e Li 20 .
Botelho(1992)obteve ótima correlação entre Si0 2
e Li20 e entre A1 20 3 e Li 20 ; respectivamente para as micas
trioctaédricas e dioctaédricas dos maciços graníticos da
porção central da Subprovíncia Paranã. O autor utilizou
essas relações para calcular Li20 de micas não analisadas
por via úmida.
Neste trabalho, utilizaram-se os dados de Li 20
determinados por absorção atômica (tabela IV.1), sempre que
possível em conjunto com dados de Botelho (1992), em razão
da pequena quantidade de amostras analisadas neste trabalho
e devido às amostras estudadas por aquele autor serem da
Subprovíncia Paranã.Os dados foram plotados em relação a
outros componentes, analisados por microssonda eletrônica,
na tentativa de obterem-se equações para o cálculo do Li 20
não analisado.
Três grupos de micas podem ser distinguidos nas
rochas da Zona Greisenizada Principal. Essa distinção pôde
ser feita com base nas fórmulas estruturais das micas e nos
seus teores de FeO e F.
Grupo A - Engloba as micas trioctaédricas. N e s t a s , o s
teores de F e O ( t ) e F são superiores a 8.9% e 6.0%,
respectivamente. Correspondem às micas da rocha à quartzo e
topázio, localmente do granito à albita e topázio e dos
greisens originados a partir deste.Enquadram-se entre as
micas do grupo I de Botelho (1992).
A biotita do leucogranito foi incluída neste grupo
por ser trioctaédrica, mas foi destacada como grupo IA.
46
47
Grupo B - Compreende as micas dioctaédricas onde o FeO(t)
está entre 5.0 e 9.5% e o F varia de 0.5 a 4.5%.
Correspondem às micas verdes do granito g2d pouco ou muito
transformado e à mica do leucogranito. Enquadram-se no grupo
III de Botelho (1992) .
Grupo C (intermediário) - Inclui as micas que não pertencem
a qualquer dos outros grupos, mais especificamente a mica
metassomática do granito à albita e topázio. São micas
intermediárias entre dioctaédricas e trioctaédricas onde os
teores de FeO(t) e F são em média de 8.0 e 6.0%,
respectivamente. Elas aproximam-se um pouco das micas do
grupo II de Botelho (1992) , mas a pouca quantidade de dados
prejudica a sua melhor caracterização.
MG8 A3
MG8A4
MG9C
MG7A3 MG11G MG05
MG22B MG32
MG26B
- Resultados de
Amostra
Li20 de micas obtidos
Li20 1%)
0.818
0.663
0.637
0.241
1.989
2.135
3.121
2.519
3.509
por absorção atômica.
IV.2.2.1 - Estimativa de LÍ2O para as micas do grupo A
Com o objetivo de obter um método o mais preciso
possível para a determinação do Li20 a partir das análises
de microssonda eletrônica, foram verificadas as relações
entre os conteúdos de Li20 e de Si02, A1 20 3, F e FeO(t) para
as micas trioctaédricas das rochas da Zona Greisenizada
Principal (figuras IV. l) .
Al2o3 - Li20
A" figura IV.la demonstra que a correlação entre
Al2O3 e Li20 para as micas trioctaédricas é muito pobre,
descartando-se assim a utilização do A1 20 3 analisado na
microssonda eletrônica para calcular o Li20 não determinado.
F - Li20
Na figura IV.1b, a relação entre F e Li20 parece
ser logarítimica, à semelhança do gráfico obtido por Monier
& Robert (1986), e mostra uma boa correlação positiva entre
aqueles componentes. A curva obtida foi, entretanto,
desmembrada em duas retas distintas, A e B, traçadas na
figura IV. lb. As micas pertencentes ao grupo A concentram-se
na parte retilinea da curva logarítimica, representada pela
reta B na figura IV. lb, cuja equação ê:
Li20 = 0.518F - 0.870 (R2 = 92.09%) (1)
Essa equação aproxima-se da relação obtida por
Tindle & Webb (1990) para ' micas trioctaédricas
Li20=0.632F+O .202 (R2 = 61.70%). Entretanto, como O grau de
correlação obtido foi muito baixo, os autores desprezaram
essa relação.
48
Figura IV.lb - Decomposição em duas retas da relação logarítimica entre ? e Li2O dos diversos grupos de micas da zona Greisenizada Principal e de Botelho (1992), grupo I (1) e grupos II e III (2); e Bilal, 1991 (3).
Figura IV.la - Relação entre AI2O3 e LÍ2O para as micas do grupo A em comparação com as do grupo I de Botelho (.19 92) , mostrando baixa
correlação entre aqueles elementos.
49
Rieder (1970) atribuiu a boa correlação entre F e
Li para micas litiníferas ricas em Fe a uma possível
associação cristaloquímica entre F e Li,
Monier & Robert (1986) utilizaram a boa correlação
entre esses componentes para o cálculo de Li20 não
analisado. Entretanto, o F, por ser um elemento volátil, tem
dosagem pouco precisa. Além disso, como o valor de H 20, que
poderia auxiliar no controle de qualidade dos resultados de
F, não é medido pela microssonda eletrônica, a relação entre
F e Li20 pode apresentar imprecisões .
FeO - Li-20
A figura IV.1c mostra a boa correlação entre os
valores de FeO e Li20 para as micas do grupo A juntamente
com as do grupo I de Botelho (1992) (reta B no gráfico) . A
relação obtida é:
Li20 = 4.340 - 0..134FeO(t) (R2 = 94.00%). (2)
Essa relação assemelha-se à apresentada por Tindle
& Webb (1990) para os dados de Stone et al. (1988):
Li20=5.781-0.223FeO(t) (R2 = 91.50%).
Tindle & Webb (1990) obtiveram uma fraca
correlação entre Li20 e FeO(t) para as micas trioctaédricas
por eles estudadas, mas a relação também se aproxima das
demais: Li20 = 5.245 - 0,183FeO(t) (R2 = 84.20%).
A boa correlação entre Li20 e FeO(t) para as micas
trictaédricas da Subprovíncia Paranã e de outras
localidades explica-se pelo fato de haver uma substituição
entre Li e Fe2+ no sítio octaédrico dessas micas. Foster
(1960) sugeriu que a razão de substituição Li:Fe 2 + para
micas trioctaédricas classificadas como micas litiníferas
ferríferas está entre 2:1 e 1:1, .e deve ser em torno de
2:1.5.
A equação de regressão entre Li e Fe2+(t) para as
micas do grupo A, Li = 2.332 - 0.527Fe2+(t) (R2=93.68%),
50
resulta em uma razão 2:1, enquanto a de Stone et al. (1988) ,
Li= 3.05 - 1.03Fe2+ (R2 = 95.40), fornece uma razão 1:1.
Esses dados demonstram que o FeO é apropriado para
o cálculo de Li20 das micas não analisadas por via úmida.
Entretanto, nos resultados de FeO(t) obtidos na microssonda
eltrônica estão embutidos os dados de Fe 20 3. Apesar de
Foster (1960) afirmar que em micas litiníferas com mais de
3.5% de Li20 o Fe203 é geralmente baixo ou ausente, esses
baixos valores podem provocar a subestimação dos valores de
Li2O calculados, o que torna a utilização de FeO(t) para a
avaliação do Li20 pouco atraente enquanto não forem
conhecidos os teores de Fe 3 + nas micas do grupo A.
SiO - Li20
A figura IV.1d mostra uma clara correlação
positiva entre Si02 e Li20 para as micas trioctaédricas
analisadas neste trabalho juntamente com resultados de
Botelho (1992) . A linha de regressão sobre esses pontos
fornece:
Li20 = 0.215SiO2 - 7.119 (R2 = 92.54%). (3)
A mica MG11G foi incluída no gráfico simplesmente
para nmostrar que ela, apesar de não ser trioctaédrica,
aproxima-se, nesta situação, das micas do grupo A.
A correlação obtida é pior que aquela determinada
por Botelho (1992), Li20 = 0.260SiO2 - 8.82 (R2 = 99 .00%) ,
devido às micas com alto teor de Li20 sofrerem dispersão no
gráfico da figura IV. ld.
Todavia, a equação 3 está bem próxima daquela
por Stone et al. (1988), Li20 = 0.236SiO2 - 7.56
(R2=94.00%) , e não é muito diferente da descrita por Tindle
& Webb (1990), Li20 = 0.296SiO2 - 9.996 (R2=90.60%).
A boa correlação positiva entre Si0 2 e Li20 existe
em virtude de nas micas litiníferas aluminosas
51
trioctaédricas ocorrer aumento de Si, diminuição do Al (IV) e
Fe2+ com o aumento do Li (Stone et al. , 1988) .
Henderson et al. (1989) relacionaram a boa
correlação entre esses elementos com a correlação negativa
entre FeO e Li20 e a ausência de correlação entre Al 20 3 e
Li2O. Segundo os autores, para Li~micas trioctaédricas
contendo Fe, da série siderofilita - zinnwaldita
polilitionita, essas correlações explicam-se pelo seguinte
mecanismo de substituição-.
Li V I + Si I V = (Fe2+)VI + A1 I V . (4)
52
Figura IV.lc - Relação entre FeO(t) e L12O para os diferentes grupos de mica da Zona Greisenizada Principal e para micas analisadas por Botelho (1992): grupo I (1) e grupos II e III (2) .
Figura IV.ld - Ótima correlação positiva entre S i O 2 e L i 2 O a n a l i s a d o de
vidas do grupo À deste trabalho e do grupo I de Botelho (1992) .
IV.2.1.1 - Discussão
As relações entre Li20 e FeO, Si02 e F, obtidas
para as micas que constituem o grupo A, servem não apenas
como meio de obter uma fórmula para a estimativa de um
elemento não analisado pela microssonda eletrônica, mas
também para ajudar no ' entendimento das diversas
substituições que ocorrem nas estruturas dessas micas -
No que tange ao cálculo de Li20, o método a ser
ultilizado para as micas do grupo A deverá ser o que possui
credibilidade. sendo que os demais servem como parâmetros de
comparação. A tabela IV. 2 compara o Li20 calculado a partir
das equações 1, 2 e 3 com o Li20 das mesmas amostras
calculado a partir de equações de outros autores. Observa-se
que os valores determinados por Tindle & Webb (1990) são
sempre muito superiores aos demais. Esses autores,
entretanto, utilizaram dados de áreas bem distintas para
estimar os valores de Li20. As equações de Tindle & Webb
53
54
(1990) e de Stone et al. (1988) servem para que se possa
fazer uma comparação relativa com os dados obtidos para as
micas deste trabalho.
Conforme mencionado anteriormente, os valores de
Li2O estimados com base no FeO e no F podem conter
imprecisões superiores às decorrentes de erros analíticos.
Por essa razão, propõe-se utilizar a relação Si02 x Li 20
para determinar o Li20 de micas trioctaédricas pertencentes
ao grupo A, como também ao grupo IA, que ocorrem na Zona
Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira.
Tabela IV.2 - Comparação entre os valores de Li20 calculados neste trabalho com os obtidos por fórmulas publicadas na literatura.
Amostras
MG28
MG28
MG28
MG28
MG28
MG28
MG28
MG50
MG50
MG50
MG50
MG50
MG50
Si02 x Li20
2.816
2.6-18
2.775
3.111
2.891
2.934
2.835
2.717
2.777
3.150
3.530
3.370
3.390
Dados deste trabalho
FEO x Li20
2.878
2.775
2.897
2.999
2.987
2.979
2.874
2.626
2.606
2.760
2.938
3.069
2.902
F x Li20
3.650
3.576
3.318
3.861
2.846
2.557
3.064
3.850
3.709
3.871
4.244
4.213
4.156
Fotelho, 1992
(Si02 x Li20)
3.195
2.992
3.145
3.551
3.286
3.338
3.220
3.075
3.148
3.548
4.060
3.868
3.886
Stone et al, 1988
(Si02 x Ii20)
3.346
3.161
3.301
3.669
3.428
3.475
3.367
3.237
3.303
3.667
4.134 •
3.957
3.973
Tindle & webb, 1990
(Si02 x LÍ20)
3.710
3.486
3.656
4.103
3.811
3.868
3.736
3.578
3.659
4.101
4.669
4.454
4.474
IV.2.2 - Estimativa de Li20 para as micas dos grupos B e C
As micas pertencentes ao grupo B aproximam-se de
fengitas litiníferas. Como o comportamento do Li20 nessas
micas difere daquele das micas trioctaédricas, fez-se um
tratamento separado para as micas do grupo B. O objetivo
desse procedimento foi obter a melhor relação entre o lítio
e outro componente para o cálculo do Li20 das micas
analisadas na microssonda, bem como de melhor entender a
relação entre os elementos . principais que compõem esses
minerais.
F - Li20
Conforme salientado anteriormente, o diagrama F-
Li20 fornece uma boa correlação positiva tanto para as micas
dioctaédricas como para as trioctaédricas (fig. IV. lb) . As
micas do grupo B contêm valores de Li20 inferiores a 1% e
associam-se principalmente às micas do grupo III de Botelho
(1992), na parte inferior do gráfico. À semelhança do que
foi feito para as micas do grupo A, é possível traçar uma
reta passando por esses pontos (reta A no gráfico) ,
juntamente com aqueles correspondentes a micas dos grupos I
e II de Botelho (1992) . A reta obtida tem a seguinte
equação:
Li20 = 0.155F - 0.036 (R2=79.72).
Devido à regressão obtida ser muito pobre, o F não
será usado para obter o Li20 das micas do grupo B.
A mica MG11G situa-se, juntamente com algumas
micas do grupo II de Botelho (1992) e a muscovita litinífera
do Maciço Sucuri descrita por Bilal (1991) , na porção
intermediária do gráfico, "sobre a reta B, definida, pela
equação 1.
Como a mica MG11G pertence ao Grupo C, a equação 1
poderia ser utilizada para determinar o Li20 de micas que
se enquadrem naquele grupo. Entretanto, conforme salientado
anteriormente, o F é um elemento cuja análise exige cuidados
especiais, o que nem sempre ocorre, fazendo com que a sua
ultilização para a avaliação de Li20 não analisado seja feita
são restrições.
55
0 Fe, que substitui o Li nas micas trioctaédricas
litiníferas, parece ter um papel irrelevante nas
substituições com o Li nas micas dioctaédricas.
Uma fraca correlação positiva pôde ser detectada
entre esses dois elementos nas micas pertencentes ao grupo B
e aos grupos II e III de Botelho (1992) (reta A na figura
Li20 = 0.216FeO - 1.037 (R2=58.14%).
A mica MG11G, classificada como do grupo C, parece
ocupar uma posição intermediária entre os grupos A e B na
Uma forte correlação negativa existe entre Al203 e
Li2O das micas do grupo B. Essas micas definem uma reta de
inclinação um pouco diferente das descritas por Botelho
(1992), que obteve as seguintes relações para Li20 e A1203
de micas dioctaédricas:
Li20 = 10.22 - 0.37Al2O3 (R2 = 91.0%). (Grupo II)
Li20 = 2.74 - 0.085Al2O3 (R2=98.0%). (Grupo III)
A relação entre Li20 e A1203 obtida para as micas
do grupo B deste trabalho está próxima daquela encontrada
por Bilal (1991) para uma muscovita litinífera do Maciço
Sucuri, com composição que a coloca no grupo C, e de micas
aluminosas litiníferas de greisens do sudoeste da Inglaterra
descritas por Hall (1971) (figura IV.le):
Li20 = 4.813 -0.149Al2O3 (R2=93.60%).
56
57
Essa será a relação utilizada para calcular o Li 20
das análises por microssonda eletrônica para as micas do
grupo B. A mica da amostra MG11G situa-se completamente fora
da reta que comporta as micas do grupo B, o que serve para
corroborar a idéia de que essa mica não pertence àquele
[grupo.
A correlação negativa entre Li20 e Al 20 3 para
micas dioctaédricas foi assinalada por Henderson et al.
(1989) para muscovitas e micas ricas em Li do granito de St.
Austell, do aplito de Meldon e ' do Granito Tregonning-
Godolphin, no sudoeste da Inglaterra, e para granitos do
Maçiço Central, na França. Os autores utilizaram essa
relação para estimar valores médios de Li20 para micas de
amostras não analisadas para Li20.
Figura IV.le - Otima correlação negativa entre AI 2O 3 e Li 20 para as
micas dioctaédricas do grupo B juntamente com a mica MG11G e os dados da
literatura. Somente as micas do grupo B foram utilizadas no cálculo da
regressão linear. "
58
Henderson et al.(1989) constataram que as
seguintes substituições processam-se para as séries
muscovita litinífera aluminosa - trilitionita e muscovita -
polilitionita,respectivamente:
3LiVI = A1VI + 2[]VI(onde[] representa sítio vago),
4LiVI + 2SiIV = ( 2 A 1 V I + 2[]VI) + 2 A1IV.
IV.2.2.3 - Classificação das micas
As micas litiníferas ocorrem em granitos e
pegmatitos diferenciados e nas rochas metassomáticas a eles
:iados.
Sua nomenclatura foi abordada por diversos
autores, sendo os trabalhos mais expressivos os de Foster
(1960), Rieder (1970), Monier & Robert (1986) e Stone et al.
•::).
Será feito aqui um estudo comparativo das micas da
Zona Greisenizada Principal com as descritas na literatura
e, com isso, uma tentativa de caracterizar as micas com base
nos diagramas de classificação de micas litiníferas mais
ultilizados.
As micas pertencentes aos grupos A, B e C
distinguem-se claramente nos diagramas Li-M2+-Al e Li-R3+-
R2+(figuras IV.2 e IV.3, respectivamente). Entretanto, os
três grupos alinham-se segundo a junção fengita
zinnwaldita, o que pode caracterizar uma série isomórfica.
IV.2.2.3.1 - Micas trioctaédricas
-Grupo A
As micas do grupo A são as micas trioctaédricas
castanhas ou verdes escuras, com pleocroísmo de incolor a
castanho, que ocorrem no granito à albita e topázio (GAT) ,
Figura IV.3 - Caracterização das micas da ZGP em um diagrama Li-R3 + -R2 + ,
do Poster (1960). R3+ = A1VI; R2+ = Fe2+(t) + Zn + Mg + Mn. As micas
litiníferas analisadas têm composição próxima à das micas litinìferas
aluminosas ferrosas de Monier & Robert (1S86) .
Figura IV.2 - Comportamento das micas da ZGP em um diagrama Li-M +-A1,
fc Monier & Robert (1986). M2+ = Fe2+(t) + Zn + Mg + Mn; Al = A1VI
+A1IV . ANN: annita; CEL: celadonita; MU: muscovita; PHE: fengita; POL:
polilitionita; PRO: protolitionita; SID: siderofilita; TRI:
trilionita; ZINN: zinnwaldita.
nos greisens desenvolvidos a partir dele e na rocha à
quartzo- e topázio (RQT) .
Em um diagrama Li-M2 + -Al, de Monier & Robert
(1986), as micas do grupo A concentram-se no pólo da
zinnwaldita (figura IV. 2) . 0 mesmo ocorre no diagrama Li-
R3+ - R2+ de Foster (1960) (figura IV . 3 ) .
0 termo zinnwaldita é usualmente utilizado para
designar micas trioctaédricas representadas por uma série de
soluções sólidas com a seguinte fórmula (Bailey, 1984) .
K2 [Fe2 + 3 - 1Li 1 - 3(Al /Fe3 + )2] (Si7-5Al1-3) O20 (F,OH)4.
Rieder (1970) propôs a seguinte fórmula geral para
a zinnwaldita:
K2[Fe2+xLi4-x(Al,Fe
3+ )2] (Si8-xAlx) O20 (OH,F)4, com l<x<3 .
Para Stone et al. (1988), l<x<2.5 e a equação mais
apropriada seria:
K2[R2+xLi4-xR
3+ 2] (Si8-xAlx) O20 (0H,F)4.
0 pólo teórico da zinnwaldita nas figuras IV. 2 e
corresponde ao utilizado por Monier & Robert (1986) ,
K2(Al2Fe2+2Li2) (Si6Al2) O20 (OH,F)4.
Essa fórmula corresponde à interseção de várias
composições importantes - a linha annita-trilithionita
(Ann1/3 Tri2/3) com a linha polilitionita-siderofilita
(Pol1/2 Sid1/2) , além de ser o pólo das séries muscovita-
zinnwaldita e taeniolita-zinnwaldita.
60
As zinnwalditas da Zona Greisenizada Principal
analisadas apresentam as seguintes fórmulas estruturais
médias:
MG05: K1.76Rb0.O8
NaO.04Ba0.0l(A12.18Fe2+
1.68Li1.26MnO.llZnO.O3)5.2
(Si6.61A11.39) O20 (F,OH)4;
MG22B: K1-65Rb0-09Na0.04(Al2-36Fe2+ 1.l7Li1.75Mn0-12Zn0.02)5.42
(Si6.70Al1.30) O20 (F,OH)4;
MG26B: Kl.85Rb0.11Na0.03Ba0.01(Al2.22Fe2+
1.14Li2.01Mn0.14Zn0.02)5.54
(Si6.7A11.3) O20 (F,OH)4;
MG28: K1.85Rb0.13Na0.04(A12.22Fe2+
1.28Li1.66Mn0.l3Zn0.04)5.35
(Si6.70Al1.30) O20 (F,OH)4;
MG50:k1 .83Rb0.07Na0.02(Al2.l2Fe2 + 1 . 3 5Li 1 . 8 2Mn 0 . 1) 5 . 4 4 (Si6 . 85A11.15)
O20(F,OH)4.
-Grupo IA
As biotitas verdes do leucogranito, que compõem o
grupo IA, têm composição intermediária entre annita e
siderofilita (figuras IV.2 e IV. 3),.
A fórmula estrutural média obtida para essas micas
é a seguinte:
MG64B1: Kl.86Na0.02(Fe 2+
4.71A12.08Li0.08Mn0.08Mg0.03) (Si5.59Al2.41)
O20(F,OH)4, enquanto as de annita e siderofilita teóricas
(Bailey, 1984) são :
annita: K2Fe2+
6(Si6Al2) O 2 0 (OH,F)4 ;
siderofilita: K2(Al2Fe2+
4) (Si4Al4) O20 (OH,F)4.
61
62
- Características gerais.
O sítio octaédrico das micas do grupo A contém
5.12 e 5.7 átomos, com média e moda em torno de 5.4,
o que confirma o seu caráter trioctaédrico. Como as micas IA
também são trioctaédricas e as substituições entre elementos
são os fatores de caracterização das micas, elas se
assemelham às micas do grupo A nesse ponto. Entretanto,
devido a suas composições serem muito distintas, elas
situam-se em porções extremas nos gráficos de elementos
correlacionáveis, o que facilita a visualização do
comportamento desses elementos.
As figuras IV. 4 e IV. 7 mostram que os valores mais
elevados de Li são acompanhados por baixos valores de Fe 2 + e
altos valores de Si. A semelhança do que observaram Stone et
al.(1988) e Henderson et ai. (1989); essas associações
mostram que a substituição representada pela equação (4)
operou nas micas dos grupo A. e IA, que pode ser representada
Li V I + Si I V = (R 2 +) V I + A 1 I V .
De acordo com a relação acima, o Li substitui o
R2+ nos sítios octaédricos e o Ai V I não se envolve. A
relação de substituição entre Li e Fe 2 + pode ser comprovada
pelas figuras IV. 4 e IV. 5, pela correlação negativa entre Li
e Fe2+(t) e Li e R2+. A ausência de correlação entre A 1 V I e
Li na figura IV. 6 também serve para demonstrar a aplicação
da relação acima para as micas do grupo A.
As micas MG32 apresentam baixos valores de Li e
Fe(t) (anexo 3) . Macroscopicamente, elas destacam-se por ter
cor verde escura, enquanto as demais são castanhas ou
prateadas. Miscroscopicamente, entretanto, todas apresentam
um forte pleocroísmo de incolor a castanho.
As micas da amostra MG05, um greisen do GAT, rico
em quartzo e topázio, são as mais pobres em Li e Si e as
mais ricas em Fe, dentre as micas A, enquanto as MG2 6B são
as mais ricas em Li (anexo 3) .
63
Figura IV.4 - Relação entre Fe +(t) e Li para as micas trioctaédricas (grupos A e IA)
Figura IV.5 - Relação entre R 2+ e Li para as micas da Zona Greisenizada Principal, mostrando correlação negativa para as micas trioctaédricas e
positiva para as dioctaédricas.
Figura IV.7 - Relação entre Si e Li para as.micas trioctaédricas.
Figura IV.6 - Forte correlação negativa entre Al (VI) e Li para as micas dos grupos B e C e ausência de correlação para as micas do grupo A.
64
IV.2.3.2 - Micas dioctaédricas e intermediárias - grupos B
As micas pertencentes ao grupo B são as micas
verdes do granito g2d e de suas fácies greisenizadas, e as
micas levementes prateadas do leucogranito. As micas
prateadas do granito à albita e topázio, intermediárias
entre dioctaédricas e trioctaédricas, com leve pleocroísmo
de incolor a castanho, enquadram-se no grupo C
(intermediário) .
As micas do grupo B possuem de 4.2 a 4.5 átomos no
sitio octaédrico, ao passo que as do grupo C têm entre 4.7 e
5.1 aroximando-se bastante das zinnwalditas.
Nos diagramas Li-M2 + -Al e Li-R2+-R3+ (figuras IV. 2
e IV.3), as micas do grupo B dividem-se em dois grupos. As
micas do granito g2d são muito pobres em Li e situam-se
muito próximo ao pólo teórico da fengita, enquanto as das
fácies greisenizadas daquele granito e as micas do
leucogranito concentram-se em uma linha que une a fengita e
a zinnwaldita, sendo mais ricas em Li que a fengita.
As micas do grupo C situam-se em uma porção mais
litinífera da série fengita-zinnwaldita, mais próxima à
zinnwaldita (figuras IV.2 e IV.3 ).
As micas do grupo B podem ser denominadas fengitas
aluminosas, enquanto as do grupo C, fengitas litiní feras
(Botelho, 1992) .
A série fengita-zinnwaldita aproxima-se da série
muscovita-zinnwaldita de Monier & Robert (19 86) , que é
explicada através da seguinte substituição:
A1 V I + [ ] V I = (M 2 +) V I + Li V I (x)
Por essa substituição, o Li preenche o sítio vago
sa miscovita, o que aumenta a quantidade de átomos no sítio
octaédrico. Monier & Robert (1986) puderam, então,
representar a série muscovita-zinnwaldita por:
K2 [Al4-xM2+
2xLix[]2.x] (Si6Al2) O 2 0 (0H)4, onde o x
é nulo para a muscovita e 2 para a zinnwaldita.
65
As figuras IV. 5, IV. 8 e IV. 9 comprovam a
existência dessa substituição, uma vez que as correlações
negativas entre Li e [ ] V I e A1 V I e M 2 + indicam substituição e
a correlação positiva . entre Li-R2+ significa que há uma
associação entre Li e R2+.
Na figura IV.9, as micas do grupo C plotam em uma
reta paralela à do grupo B. e possuem valores mais baixos de
Al para os mesmos valores de R2+.
Conforme ressaltou Botelho (1992), a fórmula
desenvolvida por Monier & Robert (1986) não é suficiente
para explicar a influência do pólo fengítico nas micas da
série fengita-zinnwaldita da Sub-Província do Paranã. Faz-se
necessária a existência da substituição fengítica, que
explica a entrada de M 2 + no lugar do Al V I e o aumento de Si
em detrimento do Al no sítio tetraédrico:
A1 V I + A1 I V = M 2 + + Si (y)
Botelho (1992) representou a série fengita-
zinnwaldita pela seguinte fórmula:
K2 [Al4-x-yM2+
x+yLix[]VI
2-x] (Si6+yAl2-y) O 2 0 (OH,F)4,
onde x e y correspondem às equações x e y acima.
No pólo fengítico, x=0 e y=l, enquanto para a
zinnwaldita teórica, y=0 e x=2.
As micas dos grupos B e C podem ser
respectivamente exemplificadas por (anexo 3) : MG8A3: K 1 . 5Na 0 . 0 6 R b 0 . 05 [A13.14Fe
2+0 . 79Li0 . 46Mn0 . 07Zn0 . 02] 4 . 5
(Si6.7Al1.30) O20 (OH,F)4;
MG11G: K1.86Rb0.08Na0.04 [A12.70Li1.12Fe2+
0 . 95Mn0 . 07Zn0 . 02Ti0 . 02] 4 . 88
(Si6.63A11.370) O20 (0H,F)4.
66
Figura IV. 9 - Gráfico mostrando a correlação negativa entre R2+
(Fe2+(t)+Mg2 + +Kn2 + + Zn2 + ) e Al (VI)..
Figura IV.8 - Correlação negativa entre []VI e Li para as fengitas
estudadas. Os menores valores de Li são das fengitas do granito g2d e do
greisen MG7A3 .
67
IV.2.2.4 - Variações químicas nas micas
As micas dos granitos . e greisens da Zona
greisenizada principal apresentam importantes variações de
composição química, o que auxilia na caracterização dos
diferentes tipos de rochas a que pertencem As variações
mais significativas são as em A1 20 3 / F, Li20, Rb 20, FeO (t)
e MnO.
Como as micas dos grupos A, B e C constituem uma
série isomórfica, elas apresentam variações contínuas entre
aqueles elementos, ao passo que as micas do grupo IA
normalmente destacam-se das demais, como será mostrado
adiante.
- Flúor
Os teores de F das micas analisadas variam de 0.5
a 10%. Os maiores valores estão nas zinnwalditas (anexo 3;
figura IV.10) .
As fengitas aluminosas do granito g2d (grupo B)
possuem os mais baixos teores de F (menos de 1%) , enquanto
as do grupo C têm valores intermediários, entre 4 e 6%.
Essas diferenças de teores sustentam a hipótese de
Botelho (1992) de que o granito g2d representa a fácies
menos evoluída da Zona Greisenizada Principal e que o
granito à albita e topázio é a rocha magmática mais evoluída
do setor central da Subprovíncia Paranã, caso seja a rocha a
quartzo e topázio metassomática.
68
69
Figura IV.10 - Relação inversa entre F e AI 2O 3 para as micas analisadas.
- Alumínio
0 alumínio apresenta comportamento inverso ao do
F. As micas do grupo A possuem teores de A1 20 3 em torno de
20%, enquanto as do granito g2d (grupo B) apresentam teores
aproximados de 2 8% (figura IV. 10) .
As micas mais ricas em Al 20 3 são as fengitas
aluminosas da amostra MG7A3, que é um greisen com topázio e
arseniatos formado a partir do granito g2d.
A biotita do leucogranito destaca-se do trend
forrmado pelas micas A, B e C, por possuir baixos flúor e
alumínio.
- Lítio e Rubídio
O rubídio e o lítio apresentam comportamentos
semelhantes ao do flúor (figuras IV. 11 e IV. 12,
resectivamente) . De maneira geral, as micas mais ricas em
F, as zinnwalditas, possuem também os mais elevados teores
de Rb20 e Li20.
As micas do grupo IA possuem baixo Li20 e baixo F,
e são possuidoras dos mais baixos valores de Li20 dentre as
micas da Zona Greisenizada Principal analisadas.
70
Figura IV.ll - Gráfico mostrando o enriquecimento de rubídio nas micas com o aumento progressivo de flúor.
Figura IV. 12 - Relação entre Li e F para as micas da ZGP. A perfeita
correlação entre Li2O e F para as micas do grupo C deve-se ao fato de
ter sido utilizada uma relação linear entre aqueles componentes para o
calculo do Li2O.
•
- Manganês
De maneira geral, as micas estudadas possuem
valores de MnO crescentes com o aumento de F. Assim, as
zinnwalditas são as micas com os maiores teores de MnO,
enquanto as fengitas do granito g2d são as mais pobres em
MnO (figura IV. 13) .
As micas da rocha â quartzo e topázio analisada
MG50) são as mais ricas em flúor. Em contrapartida, seus
valores médios de MnO (0.6%) diferem dos apresentados pelas
demais zinnwalditas (1.1%) .
As micas IA possuem valores de MnO mais altos que
se apresentados por aquelas com valores de F semelhantes aos
seus.
71
- Ferro
Como as biotitas são micas trioctaédricas ricas em
ferro, as micas IA contêm os maiores valores de FeO dentre
as micas da Zona Greisenizada Principal (anexo 3) .
A figura IV. 14 mostra que nas micas da série
fergita-zinnwaldita, as do grupo -A sao as mais ricas em
FeO(t), enquanto as fengitas são as mais pobres.
As micas do greisen à zinnwaldita MG05 são as que
apresentam os valores mais elevados de ferro total.
Entretanto, macro e microscopicamente elas são semelhantes
às demais zinnwalditas, à exceção das micas MG32, conforme
já salientado.
IV.2.2.5 - Discussão
IV.2.5.1 - A série fengita -zinnwaldita
Foster (1960) distinguiu duas séries transicionais
entre micas sem lítio e micas litiníferas:
A série das micas litiníf eras aluminosas, entre muscovita
e polilitionita, cujas micas representantes situam-se ao
longo da linha Li-M2+ no diagrama Li-M2 + -Al (figura IV.2) .
A serie das micas litiníferas ferrosas, entre siderofilita
e Fe-lepidolita (figura IV. 2 ) , que corresponde à série
siderofilita-polilitionita de Rieder (1970) .
Monier & Robert (1986) identificaram uma terceira
série de micas litiníferas, próxima à junção muscovita-
zinnwaldita, a qual denominou de micas litiníferas
aluminosas ferrosas.' A observação da figura 4b de Monier &
Robert (1986) , entretanto, mostra que seus dados concentram-
se próximo ao pólo da muscovita.
72
Figura IV.14 - Gráfico mostrando o aumento geral de Fe e F das micas.
exceto para as mais ricas em flúor.
Figura IV. 13 - Relação positiva entre F e KnO das micas estudadas n e s t e
trabalho. As micas C ocupam posição intermediária entre os grupos A e B.
73
As micas estudadas neste trabalho formam uma série
entre fengita e zinnwaídita, identificada por Botelho (1992)
ao estudar micas da Subprovíncia Paranã. A série fengita-
zinnwaldita aproxima-se" da série muscovita-zinnwaídita de
Monier & Robert (1986) apenas próximo ao pólo zinnwaídita.
As micas intermediárias (grupo C) não têm similar na
literatura.
IV.2.5.2 - Micas magmáticas versus micas metassomáticas
As micas da Zona Greisenizada Principal dividem-se
em três grupos-. A, B e C.
0 grupo A é representado pelas zinnwalditas e
caracteriza-se pelos mais altos teores em F, Li, Rb, Fe e Mn
e baixos teores de Al, o que as credencia a serem as micas
mais evoluídas dentre as estudadas.
No granito à albita e topázio MG28, existe
zinnwaldita com 9.14% de F inclusa em pertita, o que pode
indicar uma origem magmática para essa mica. .As zinnwalditas
dos greisens são obviamente metassomáticas .
As micas dos grupos B e C são mais pobres em F,
Li20, FeO e MnO e mais ricas em Al203 que as do grupo A.
Essas fengitas ocorrem isoladas na rocha como também
formando-se a partir dos feldspatos. Esse fato sugere uma
origem metassomática para essas micas. As micas do grupo C,
entretanto, parecem derivadas de uma mica mais evoluída,
possivelmente uma zinnwaídita do tipo da amostra MG28.
Conforme salientou Botelho (1992), a influência da
substituição fengítica nas micas dos grupos B e C sem
mudança nos termos de Li20 e F pode ter ocorrido devido a um
reequilíbrio e recristalização em decorrência da atuação do
Ciclo Brasiliano nas rochas da região,- após a formação dos
granitos e das rochas tardi/pós-magmáticas da área.
74
75
IV.2.2.5-3 - Considerações finais sobre a biotita do
leucogranito
A biotita do leucogranito é verde e ocorre tanto
transformando-se para fengita como associada ao processo de
literação dos feldspatos da rocha. Trata-se, então, muito
provavelmente de uma biotita secundária.
Deer et al. (1966) salientam que os teores
elevados de Ti conferem uma cor castanha à biotita, enquanto
os de Fe férrico dão uma cor verde.
Em um diagrama FeO(t)/MgO x Ti0 2 (figura IV.15),
de Botelho (1992) , as micas MG64B1 possuem comportamento
semelhante ao de micas submetidas a metamorfismo, durante o
qual a razão FeO/MgO permanece praticamente constante
enquanto o Ti02 diminui.
Conforme ressaltou Botelho (1992), a diminuição do
TiO2 durante a transformação da biotita deve-se
principalmente à relação Si + A1 V I = Ti + Al I V, o que é
comprovado pela relação entre os dois membros da equação
(figura IV.16) . Neste gráfico, a disposição das biotitas
segundo uma reta paralela à reta definida pela equação de
substituição indica que as biotitas foram submetidas a um
reequilíbrio metamórfico, em ambiente isoquímico. No
metassomatismo, devido ao ambiente não ser isoquímico, esse
paralelismo não deve ocorrer.
Em vista do exposto, mesmo com a pequena
quantidade de dados existentes, pode-se sugerir que a
composição da biotita do leucogranito (MG64B1) não é
magmática, mas representa o reequilíbrio de uma biotita
magmática em condições de metamorfismo, provavelmente
relacionado ao evento Brasiliano que atuou na área estudada.
Figura IV.16 - Gráfico mostrando as substituições que ocorrem na biotita
MG64B1, caracterizando-a como metamórfica, segundo Botelho (1992). A:
Si+AlVI = Ti + A 1 I V .
Figura IV. 15 - Relação entre PeO/MgO e TiO2 para a biotita do leuogranito (MG64B1) .
76
IV.2.2.6 - Conclusões
0 estudo de micas mostrou ser uma ferramenta
fundamental na caracterização dos diferentes tipos de rochas
que ocorrem na Zona Greisenizada Principal do Maciço
Mangabeira e da sua evolução magmática e pós-magmática. O
gráfico F x Rb20 (figura IV. 17) ilustra com bastante clareza
essa afirmação.
As micas brancas do granito g2d, dos seus fácies
greisenizados e do leucogranito definem um grupo de micas
metassomáticas, aqui denominado B. São fengitas aluminosas,
pobres em F, Li, Rb e Fe e ricas em Al, sendo que as
fengitas do granito g2d possuem os mais baixos teores de F,
Rb,Li, Mn e Fe e os mais elevados conteúdos de Al .
A mica predominante do GAT é uma zinnwaldita
magmática, classificada neste trabalho como pertencente ao
grupo A juntamente com a mica da RQT. Essas micas são as
mais ricas em F, Rb, Li, Mn e Fe da área e as mais pobres em
Al. A zinnwaldita do GAT representa o estágio final de
evolucão magmática na ZGP, o mesmo acontecendo com a mica da
RQT caso seja atestada a sua origem magmática.
O GAT contém ainda uma fengita litinífera,
intermediária entre dioctaédrica e trioctaédrica, que define
o grupo C. Seus valores de Al, F, Li, Rb, Fe e Mn estão
entre os teores dos grupos A e B. Ê possível' que. essa
fengita litinífera seja na verdade uma mistura de
zinnwaldita com o seu produto de alteração, a fengita
aluminosa: Mais análises são necessárias, portanto,' para
melhor caracterizar o grupo C.
As micas dos grupos A, B e C mencionadas acima
descrevem a série fengita-zinnwaldita em um diagrama Li-M2 + -
Al, não descrita na literatura, a qual se aproxima da série
muscovita-zinnwaldita de Monier & Robert (1986) . A
existência do pólo fengita nas micas da ZGP deve-se a uma
substituição fengítica na muscovita, sem que haja aumento de
F e Li, o que não coaduna com o processo de greisenização
77
Figura IV. 17 - Utilização do diagrama F x RD2O para distinguir - os
diferentes tipos de rochas que ocorrem na ZGP do Maciço Mangabeira. Na
legenda: g2d metas, e greisen = granito g2d metassomatizado e greisen do
g2d.
0 leucogranito contém restos de biotita primária
reequilibrada posteriormente por metamorfismo, intermediária
entre arinita e siderofilita, classificada como IA neste
trabalho. Botelho (1992) identificou restos de biotita
primária no granito g2d. Essas micas estão em geral em fase
de substituição para fengita, comprovando mais uma vez a
origem metassomática destas e mostrando ser a biotita a mica
mais precoce da área.
que afetou as rochas estudadas. Por este motivo, a presença
da inusitada série fengita-zinnwaldita nas rochas da ZGP
bode estar relacionada com o Evento Brasiliano e não com a
evolução magmática ou greisenização dos granitos.
78
79
IV.3 - OS ARSENIATOS
IV.3.1 - Introdução
Conforme mencionado no capítulo. III, foram
indentificados diversos arseniatos hidratados na rocha à
quartzo e topázio e em um greisen à fengita aluminosa
(MG7A3), encaixante da rocha à quartzo e topázio na cata 7
(anexo 1) .
Como esses minerais possuem raras descrições na
literatura, decidiu-se pela sua inclusão com certo destaque
neste trabalho. Além disso, descrições preliminares das
ocorrências de In do Maciço Mangabeira indicam que os
arseniatos são potenciais concentradores de índio (Botelho,
Serão apresentados os resultados de observações ao
microscópio óptico e de análises feitas em microssonda
eletrônica. Esses dados são considerados preliminares, pois
faz-se necessária a obtenção de mais análises químicas e de
dados cristalográf icos .
IV.3.2 - Metodologia de estudo
Os minerais foram estudados ao microscópio de luz
transmitida e posteriormente analisados em uma microssonda
eletrônica CAMEBAX SX-50.
Como muitos dos arseniatos estudados são mal
cristalizados e hidratados, a obtenção de bons resultados
analíticos torna-se muito difícil, o que fez com que muitas
análises químicas fossem desprezadas. Por outro lado, alguns
resultados com baixo fechamento foram incluídos no trabalho
apenas para que se tenha um conhecimento qualitativo da
composição de alguns minerais.
Os valores de H20 apresentados nas tabelas que se
seguem referem-se ao complemento a 100% do valor total da
análise, já que a possibilidade de existência de elementos
são analisados em quantidades significativas foi verificada
qualitativamente na microssonda eletrônica.
A yanomamita, que é um arseniato hidratado de In
Btelho, 1992), não será aqui estudada, mas no capítulo VI.
-Condições analíticas
Os minerais foram analisados com voltagem de
aceleração de 15Kv, corrente de lOnA e tempos de contagem
entre 10 e 30 s. A abertura do feixe foi em geral de 1 um
mas também foram realizadas análises com 10 um de abertura.
Os padrões utilizados foram os seguintes:
aS:AsGa; Fe: FeS2 ou hematita; Pb: PbS, S: FeS2; In: InP;
Cu:Cu; -Zn: ZnSe; Sn: Sn02; Al: A1 20; . K: ortoclásio; Ba:
BaSO4:Y: YFeO; Bi: Bi.
IV.3.3 - Descrição dos arseniatos
IV.3.3.1 - Escorodita
Esse é o arseniato mais comum nas rochas da Zona
Greisenizada Principal . Ocorre em praticamente todas as
amostras da rocha à quartzo e topázio.
A escorodita apresenta-se sob a forma de massas
verdes ou, mais raramente, como pequenos cristais. Ao
microscópio, o mineral é marron claro, mal cristalizado e
possui birrefringência elevada. Está normalmente associado à
arsenopirita, a partir da qual se desenvolve por alteração
(prancha III.3, foto 6) .
Quando existe arsenopirita preservada, a
escordita ocorre bordejando esse mineral e/ou preenchendo
suas fraturas. Nos locais onde a arsenopirita foi totalmente
substituída por escorodita, esta ocorre como massas que
podem atingir dimensões centimétricas. Ocorrem grãos de
80
cassiterita submilimétricos misturados a essas massas, os
quais são aqui interpretados como sendo de cassiterita de
segunda geração.
A escorodita ocorre também preenchendo fraturas em
grãos de quartzo, topázio, micas e cristais de cassiterita
da primeira geração.
As análises químicas de escorodita revelam que ela
normalmente contém In, com teores médios de 1.0 %, podendo
chegar a 8% (anexo 4) . Entretanto, como será visto no
capítulo VI, algumas dessas massas de escorodita com teores
de In muito elevados podem ser, na realidade, misturas de
escorodita com yanomamita.
Os dados de microssonda obtidos para esse mineral
estão de acordo com os dados da literatura e com sua fórmula
estrutural teórica: FeAs04 . 2H20 .
IV.3.3.2 - Arseniato de Sn
Na amostra MG50(1), de rocha à quartzo a topázio,
identificou-se um grão de um mineral composto
predominantemente de Sn , As e Fe. 0 mineral tem cor amarela
intensa, é prismático, com aproximadamente 1 mm de
comprimento, relevo médio a alto, zonado (prancha IV.1, foto
1).Aparenta ser isométrico, mas a sua zonação dificulta uma
melhor definição dessa característica, fazendo-se
necessários estudos cristalográficos posteriores. Esse
mineral também ocorre na amostra MG50B.
A parte externa do grão apresenta-se com melhor
grau de cristalização e suas análises fornecem valores mais
elevados de Sn02 (tabela IV. 3) . 0 núcleo do mineral é mais
escuro e mal cristalizado, sendo mais rico em Fe 20 3 (t), S0 3
e H2O e mais pobre em Sn02. 0 mineral possui valores
elevados de In203, em torno de 1,5%.
A definição de uma fórmula estrutural para o
mineral em questão é uma tarefa complexa, decorrente de
dificuldades analíticas, já que se trata de um composto
81
hidratado com grau de cristalização desconhecido.
Entretanto, a relação As: Fe: Sn aproxima-se de 1:2:3, e a
fórmula [ (Sn02) 3Fe 2 (As04) (OH) 3] pode ser então uma sugestão
inicial.
0 único mineral descrito na literatura cujas
características físicas e químicas aproximam-se um pouco do
mineral aqui descrito é a varlamoffita.
Designa-se varlamoffita ao produto final da
alteração supergênica da estanita em clima equatorial.
Tratsa-se de um agregado amarelo, raramente com
características cristalinas; quando sim, com simetria
quadrática (Varlamoff, 1978) . 0 autor propõe que seja
classificado como varlamoffita um mineral que tenha a
seguinte composição química: Sn02 = 80%; Fe 20 3 = 10% e H20
=10%, com traços de Si02 e A1 20 3 .
A tabela IV.4 contém os dados de análise química
por via úmida das varlamof fitas do Zaire, a localidade-tipo
do mineral, em comparação com substâncias que foram
descritas sob o mesmo nome em outras regiões. Comparando-se
esses dados com os apresentados na tabela IV.3, conclui-se
que as semelhanças entre a varlamoff ita e o arseniato de Sn
identificado são muito pequenas. Entretanto,
substâcias com composições muito distintas têm sido
designadas varlamoffita (tabela IV,4), o que dificulta sua
exata definição.
IV.3.3.3 - Arseniato de U
0 arseniato de U foi identificado em uma amostra
da rocha à quartzo e topázio rica em arsenopirita e pobre em
escorodita (MG8C2) .
Ao microscópio de luz transmitida, o mineral é
verde claro, de 50 um, aspecto micáceo, birref ringência
elevada e, localmente, com auréola de óxidos, atestando o
seu carácter radioativo. Ocorre tanto isolado como associado
a micas e a topázio (prancha IV. l, foto 2) .
83
A presença de U na composição química do mineral
foi confirmada por EDS. A análise química do mineral, porém,
não incluiu U. Para efeito ilustrativo, a tabela IV. 5 mostra
a análise parcial do mineral.
Devido à análise do mineral estar incompleta, a
sua classificação não pode ser exata, mas os dados químicos
associados às características ópticas descritas acima
permitem afirmar que o mineral é zeunerita
[Cu(UO2)2 (As04) 2 . 10-16H2O] ou metazeunerita
[Cu(UO2)2(AsO4)2.8H2O] (tabela IV.5).
IV.3.3.4 - Arseniato de Bi
O arseniato de Bi ocorre na amostra MG9B1A. O
mineral é marron escuro, de relevo alto, tamanho médio de
0.2mm e ocorre isolado na rocha, entre grãos e subgrãos de
Nas amostras MM11C6 e MM11C7, foram identificados
minerais de Bi, As e Fe em fraturas na arsenopirita, através
Pela observação da tabela IV.6, nota-se uma certa
heterogeneidade nos dados, dificultando a proposição de uma
formula para o mineral. Entretanto, comparando-os com uma
análise de arsenobismita [Bi2(As04) (OH) 3] , verifica-se uma
grande semelhança química entre aqueles minerais.
IV.3.3.5 - Arseniatos de Pb
Dois arseniatos de Pb distintos foram
identificados nas amostras estudadas, os quais serão
apresentados separadamente.
-Arseniato de Pb I
Esse arseniato de Pb é amarelo claro, de relevo
médio e preenche fraturas de diversos minerais da amostra
84
MG50(1), como pertitas, quartzo e micas, ateis tanto o seu
caráter de mineral secundário (prancha IV. 1, foto 3) . Sua
característica óptica ' mais marcante é sua cor . de
interferência anômala azul celeste.
A tabela IV. 7 apresenta os dados de microssonda
eletrônica obtidos para esse mineral, onde se observa que o
arseniato de Pb I é anidro. Entretanto, conforme constatado
nas análises de escorodita, os teores de As 20 5 podem estar
superdosados, comprometendo o cálculo de H 20.
Comparando-se os dados obtidos com os da carminita
(PbFe2(As04) 2 (OH) 2] (tabela IV. 7), constatam-se semelhanças
químicas entre eles, apesar das discrepâncias ópticas (a
carminita é vermelha em luz transmitida) , o que indica que
esses minerais possam pertencer à mesma família.
Arseniato de Pb II (beudantita?)
Esse mineral foi identificado na amostra MG9B1A
associado a uma lamela de mica. Sua cor é marron claro e ele
tem o aspecto de uma massa de mineral secundário. Apenas um
grão de dimensões reduzidas (10/xm) foi encontrado nas
amostras estudadas e sua análise química encontra-se na
tabela IV. 8.
A comparação da análise do arseniato de Pb II com
dedos de beudantita de Palache et al. (1963)
(PbFe3(As04) (S04) (OH) 6] mostra que esses minerais são
estante semelhantes, podendo-se até sugerir que o mineral
aqui identificado é a' beudantita (tabela IV. 8) , apesar dos
valores superiores de As 20 5 e H20 e inferiores de S0 32 - .
Minerais identificados como beudantita, através de
raios-x, na Mina de ouro de Aurumina, Goiás, e em amostras
do Maciço Mangabeira mostraram ser também enriquecidos em
SO32-(tabela IV. 8) (N. Botelho, com. oral) .
87
IV.3.3.6 - Farmacossiderita
A farmacossiderita [Fe3(As04)2(OH)3.5H20] foi
observada em uma amostra da rocha à quartzo e topázio
7C1) . Sua cor é castanha esverdeada, seu relevo é médio a
alto e ocorre como massas posteriores às micas. O mineral é
geralmente isótropo, mas alguns grãos apresentam fraca
anisotropia, o que está de acordo com a descrição de Palache
et al. (1963). Segundo esses autores, a farmacossiderita
pode apresentar anomalias ópticas, tornando-se biaxial, com
birrefringência muito fraca. Difere opticamente da
escorodita pela cor e pela frequente isotropia (prancha
IV.1, foto 4) .
A tabela IV.9 compara os dados obtidos neste
trabalho com os de Palache et al. (1963) . Supondo-se que
ocorra substituição de A1203 por Fe203(t), pode-se sugerir a
fórmula da farmacossiderita teórica para expressar a
composição aproximada do mineral em questão.
IV.3.3.7 - Arseniato de Ba
0 mineral de Ba foi identificado em três amostras
a rocha a quartzo e topázio (MG7B1, MG8C2 e MM7C1) . Possui
cor amarela clara a castanha amarelada, relevo médio a alto,
é localmente euédrico (neste caso com 0. 5mm de comprimento)
e parece ser isótropo, apesar de serem observados grãos com
fraca anisotropia anômala cinza-azulada (prancha IV.1, foto
5) .
Na amostra MG8C2, o arseniato de Ba associa-se à
escorodita, juntamente com a qual bordeja um grão de
arsenopirita.
A tabela IV.10 apresenta os dados de análise
química obtidos para esse mineral. Notam-se discrepâncias
aos resultados, principalmente quanto aos teores de H20
calculada, o que pode ser reflexo de erros na determinação
88
de As2O5. Além disto, uma análise mostrou um alto teor de
Al2O3 (MM7C1) e outra, de BaO.
Essas discrepâncias podem também dever-se ao fato
desses arseniatos hidratados apresentarem estrutura aberta,
e por isso, facilmente preenchida por elementos com
comportamento móvel nos processos secundários que atingiram
as rochas da Zona Greisenizada Principal, como foi o caso do
Ba,K e Al, a ser visto no capítulo V.
Uma possível fórmula para esse mineral seria a da
escorodita Fe(As02) .2H20, o que pode explicar a estreita
associação entre esses dois minerais na amostra MG8C2 . O
minera1 poderia ser então denominado escorodita rica em Ba.
IV.3.3.8 - Chenevixita
A chenevixita [Cu2Fe2(As04)2(OH)4.H20] foi
identificada na amostra MG7A3 . Sua cor é castanha a marron e
ocorre como uma massa de aspecto amorfo envolvendo
arsenopirita ou mica.
Na tabela IV.11, nota-se que uma análise do
minera1 da amostra MG7A3 é praticamente idêntica às
publicadas por Palache et al. (1963) e Williams (1977) .
IV.3.3.9 - Agardita
0 mineral aqui denominado agardita possui cor
verde e ocorre como massas associadas a grãos de cassiterita
(prancha IV. 1, foto 6) ou como grãos isolados.
A agardita analisada possui cor verde clara, 50 um,
relevo médio a alto, muitas inclusões pontuais de opacos e
ocorre inclusa em fengita aluminosa.
Comparando-se a análise obtida para a agardita da
amostra MG7A3 com a descrita por Dietrich et al. (1969),
conclui-se que o mineral aqui descrito deve ser mesmo
agardita, apesar do baixo teor de Y 2 0 3 e dos altos teores de
As2O5 e A1 20 3 (tabela IV.12). Observa-se, entretanto, que a
90
soma Y2O3 + A1 20 3 aproxima-se do valor de Y 20 3 publicado, o
que sugere uma substituição entre aqueles componentes na
agardita da RQT.
A fórmula do mineral descrito por Dietrich et al.
(1969) é (Y,CaH)Cu6[(As04)3/(OH)6] .3H20.
IV.3,4 - Conclusões
Na Zona Greisenizada Principal (ZGP) do Maciço
Mangabeira foram identificados minerais poucas vezes
descritos na literatura, arseniatos, em geral hidratados, os
quais ocorrem quase que exclusivamente na RQT, a rocha
portadora de anomalias de In na área.
Esses minerais ocorrem em proporções e tamanhos
reduzidos. Além disso, em virtude de serem hidratados e
conterem em geral diversos elementos em sua composição, a
obtenção de bons dados químicos em microssonda eletrônica ê
muito difícil.
Os resultados preliminares aqui apresentados
mostram que vários arseniatos ocorrem na RQT, dos quais
predomina a escorodita, produto inicial da alteração da
arsenopirita.
0 arseniato de Sn, amarelo, aproxima-se da
varlomoffita, uma substância amorfa de composição química
ainda não claramente definida.
0 arseniato de U identificado pode ser
metazeunerita ou zeunerita. 0 de Bi, por sua vez, é uma
vprovável arsenobismita.
Dois arseniatos hidratados de Pb foram
idenficados. 0 primeiro, arseniato de Pb I, tem composição
química semelhente a da carminita, podendo constituir uma
série isomórfica com aquele mineral. 0 arseniato de Pb II é
uma provável beudantita.
Devido à abundância de ferro no sistema, formou-se
um outro arseniato de Fe além da escorodita - a
92
farmacossiderita, um arseniato hidratado de Fe que contém
potássio. De maneira semelhante, formou-se ainda um
arseniato de Fe hidratado rico em Ba.
0 único arseniato identificado fora da RQT foi a
chenevixita, um arseniato hidratado de Fe e Cu-que ocorre em
um greisen à fengita (MG7A3) .
0 Cu foi também utilizado para a formação de um
arseniato de Cu e Y, a agardita.
Os arseniatos identificados na Zona Greisenizada
principal mostraram ser ricos em elementos muito móveis
(cátulo V) , além de serem em geral mal cristalizados e
ocorrerem como massas. Essas observações sugerem origem
supergênica para esses minerais; entretanto, como existem
arseniatos preenchendo fraturas na rocha e ao longo de
clivagens de micas, e como não foi realizado estudo
termométrico nessas rochas, a hipótese de origem hidrotermal
não pode ser descartada.
93
PRANCHA IV.1
Foto 1 - Arseniato de Sn (mineral amarelo) subédrico,
zonado, associado a lamelas de zinnwaldita, localmente
percoladas por escorodita (esc) (amostra M G 5 0 ( D ) . N//
(escala = 50 um) .
Eoto 2 - Arseniato de U, de cor verde clara, metamicto,
associado a quartzo e topázio (top) na amostra MG8C2, o qual
ocorre tanto incluso em quartzo como sob a forma de grãos
maiores, uma característica da RQT. N// (escala = 10 um) .
Foto 3 - Arseniato de PbI (amarelo claro) preenchendo
fraturas da RQT (amostra M G 5 0 ( D ) . Associa-se a hidróxidos
de Fe e escorodita. N// (escala = 10um) .
Foto 4 - Massa de farmacossiderita, de cor castanha
esverdeada, juntamente com quartzo e topázio da RQT (amostra
MMPC1). N// (escala = 50 um) .
Foto 5 - Arseniato de Ba euédrico, zonado, em uma amostra de
RQT (MM7C1) . N// (escala = 50 um) .
Foto 6 - Grãos de agardita (verdes) inclusos em cassiterita
(amostra MM8E1) . N// (escala = 50 um) .
CAPÍTULO V
GEOQUÍMICA
98
V - GEOQUÍMICA
V.1 - INTRODUÇÃO
No capítulo que se inicia, será feito o tratamento
das análises químicas obtidas para amostras da ZGP.
A primeira parte do capítulo abordará os processos
tardi/pós-magmaticos que afetaram os granitos evoluídos
situados na Zona Greisenizada Principal do Maciço
Mangabeira. Ela contém os estudos realizados com o objetivo
de caracterizar o comportamento dos elementos durante a
transformação dos granitos e, em consequência, colaborar
para a definição dos processos que aí atuaram.
Na segunda parte do capítulo, proceder-se-á à
caracterização das rochas que ocorrem na ZGP com base nos
dadoS químicos, levando-se em consideração os resultados
obtidos na primeira parte do capítulo.
V.2 - MÉTODOS ANALÍTICOS
As análises químicas apresentadas no anexo 2 foram
realizadas no laboratório de Geoquímica (LAGEQ) do Instituto
de Geociências da Universidade de Brasília e no laboratório
Geolab da Geologia e Sondagens Ltda. (Geosol), conforme
discriminação na tabela V.l. Como pode ser visto nessa
tabela, os elementos Zr, Y, Sr e Ba foram analisados por ICP
e por fluorescência de raios-x.
Os valores de Zr e Y obtidos por fluorescência
são em geral, bem diferentes dos determinados via ICP
(tabela V.2) . Essa discrepância pode ser explicada pelo
método de ataque empregado para as análises desses elementos
em ICP, dissolução com HF, que não é adequado devido à
difícil dissolução dos minerais em que Zr e Y estão
normalmente alojados nas rochas, como o zircão, no caso do
99
Maciço Mangabeira. Por esse motivo, serão aqui utilizados os
dados de Zr e Y analisados por fluorescência.
Os valores de Sr e Ba obtidos por ICP e por
fluorescência de raios-x estão em geral abaixo dos limites
de detecção dos métodos utilizados (Tabela V.2) . Para
teores mais elevados, os valores de Sr por fluorescência são
em geral mais elevados que os obtidos por ICP, enquanto que
os de Ba são relativamente próximos uns dos outros. Opta-se
aqui pelos resultados do laboratório Geolab, apesar de seus
limites de detecção serem muito elevados, em virtude da
possível preciptação de hidróxidos de Sr e de Ba nas
soluções preparadas para análise química em ICP.
Tabela V.l - Discriminação dos métodos analíticos empregados no estudo
das rochas da Zona Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira.
Coponentes químicos
SiO2,Al2o3,TiO2,Fe2O3(t) MgO,Ca0,P2O5,Zn,Be,Cu
FeO
K2O,Na2O Li
Zr,Y,Sr, Ba
Th,Rb,Ta,Nb,Sn,W
terras raras
F
Métodos de análise
,MnO, ICP
Volumetria
Absorção atômica
ICP
Fluorescência de r-x
Fluorescência de r-x
ICP
Eletrodo seletivo
Laboratório
LAGEQ - UnB
LAGEQ - UnB
LAGEQ - UnB
LAGEQ - UnB
GEOLAB - GEOSOL
GEOLAB - GEOSOL
GEOLAB - GEOSOL
Preparação - LAGEQ
(UnB)
Leitura - Lab. de
química analítica
018, IQ (UnB)
101
V.2.1- 0 problema de MgO e Ti02
As rochas analisadas possuem valores de MgO e Ti0 2
muito baixos (anexo 2) , os quais permitem classificar esses
componentes como menores, apesar de eles constarem entre os
elementos maiores neste trabalho, por questão de praxe. O
método de preparação das amostras para análise utilizado no
LAGEQ não levou em consideração esse fato, o que fez com que
os resultados obtidos estivessem, em geral, abaixo do seu
limite de detecção.
Com o decorrer do trabalho, foi possível a
repetição de algumas análises de MgO e TiO2 com um limite de
detecção mais baixo, as quais foram: MG8A1, MG7A4, MG11B,
MG8A4, MG50A, MG36, MG7B, MG11A, MG40. Mesmo assim, como os
dados de MgO e Ti02 acima do limite de detecção do método
utilizado são em pequena quantidade, dois componentes que
seriam de extrema utilidade para o estudo das rochas da 2GP,
demonstrada pelos resultados de Botelho (1992) , não poderão
ser aqui explorados .
V.2.2 - 0 problema da perda ao fogo e os dados de F
Os valores de perda ao fogo (P.F.) refletem as
quantidades de voláteis (H20, C02, F, S e As) liberados das
rochas ao serem submetidas a um aquecimento de 1.200°C. Caso
essa liberação não seja completa, os valores de P.F. serão
inferiores aos esperados (Hutchison, 1974) .
A análise da amostra MG50A serve para bem ilustrar
essa assertiva (Anexo 2) . 0 estudo de lâmina delgada mostrou
que sua moda aproxima-se de 40% de quartzo, 35% de topázio,
10% de arsenopirita, 7% de escorodita, 5% de cassiterita e
3% de zinnwaldita. Essa moda estimada revela que o valor de
P.F. deveria aproximar-se de 10%, levando-se em conta que o
conteúdo de F do topázio dessa rocha, obtido por microssonda
eletrônica, é de 20%.
A discrepância entre o valor esperado de P. F. e o
obtido (5.07%) pode dever-se .a uma liberação apenas parcial
de voláteis durante a fusão da amostra. Entretanto, não se
pode afirmar quanto de um determinado volátil não está
computado no valor de P.F. obtido. Por essa razão, os
resultados de F são apresentados no Anexo 2 dentre os
elementos maiores sem, no entanto, . serem computados para a
obtenção da soma total das análises.
V.2.3 - 0 método de análise de F
A dosagem de fluoreto (F-) em rocha é
indispensável para o estudo de rochas graníticas evoluídas.
Devido a essa importância e ao fato de o LAGEQ (UnB) possuir
material suficiente (eletrodo seletivo de F-, medidor de pH
e reagentes) , mas não o método, para a análise de F, o
desenvolvimento de uma metodologia de determinação de
Fluoreto em rocha foi parte integrante da execução desta
dissertação.
A análise de F foi feita em amostras previamente
selecionadas, com massa entre 0,05 e 0,3g, dependendo da
composição modal das amostras. Para a sua fusão, utilizaram-
se NaOH como fundente e cadinho de níquel.
À massa fundida, diluída em água destilada e
desmineralizada, foi acrescentada uma solução-tampão de CDTA
Tro11 et al. , 1977) .
A função da solução-tampão é a de agir como forte
complexante de íons interferentes à leitura de F pelo
eletrodo, como Al 3 + , F e 3 + , T i 4 + e OH" (Edmond, 1 9 6 9 ; F i c k l i n ,
1970; Troll et al. , 1977) .
0 m é t o d o de leitura u t i l i z a d o foi o da c u r v a de
calibração. Constrói-se a curva com leituras de s o l u ç õ e s c o m
concentrações conhecidas de F e c o m p a r a m - s e as l e i t u r a s d a s
amostras cujo teor de F se quer d e t e r m i n a r com os v a l o r e s da
curva.
Os resultados obtidos e n c o n t r a m - s e no a n e x o 2.
102
Para as amostras MG50A e MG7A1 eram esperados
valores mais altos de F do que os obtidos, pela sua
quantidade de topázio + zinnwaldita. No entanto, essas
amostras também são muito ricas em Al3+, que é um forte
interferente. Mesmo sendo o CDTA um complexante muito
poderoso, conforme mostrado por Edmond (1969) e Troll et al.
(1977), pode ainda ter havido interferência de alguns
elementos (como Al3+ ) durante a leitura de F.
0 método de leitura de F utilizado neste trabalho,
apesar de considerado satisfatório, ainda carece de ser
aperfeiçoado para que sejam obtidos melhores resultados em
amostras ricas em Al3+. A solução para tal problema pode
estar na leitura de F pela técnica de adição padrão,
empregada por Troll et al. (1977) .
103
V.3 - A MOBILIDADE DE ELEMENTOS EM ROCHA
V.3.l - Introdução
Os processos de alteração hidrotermal provocam uma
reorganização química e de massa nas rochas. Como
conseqüência, alguns elementos comportam-se de maneira móvel
e tendem a entrar ou sair das rochas submetidas à alteração.
Outros, com maior dificuldade de formar complexos solúveis e
ser transportados, permanecem na rocha mesmo após sua
completa transformação; são os elementos imóveis.
Em locais onde o hidrotermalismo foi um processo
significativo, torna-se muito difícil o tratamento dos dados
químicos com credibilidade, pois elementos considerados
imóveis em regiões clássicas, e então utilizados como
indicadores petrogenéticos, não necessariamente comportam-se
da mesma forma em outras áreas. Deste modo, faz-se
necessário o conhecimento quantitativo das variações de
rassa ocorridas em decorrência da alteração da rocha para a
melhor compreensão do metassomatismo que atuou na região.
Nos itens a seguir, proceder-se-á ao tratamento
dos resultados de análise química de rocha com o objetivo de
compreender os processos metassomáticos ocorridos na área do
presente trabalho.
V.3.2 - Metodologia
Em áreas submetidas a intenso processo de
metassomatismo, uma das maiores dificuldades é a
identificação da rocha original e, com isso, dos ganhos e
perdas de material envolvidos no processo.
A identificação da rocha original depende de
amostragem bem sucedida e criteriosa. Para a definição
quantitativa do fluxo de material durante o proceso,
105
diferentes métodos foram desenvolvidos, com eficácias
variadas.
No presente trabalho, utilizaram-se os métodos de
Gresens (1967) e Grant (1986) para estudar a variação dos
elementos durante os processos de alteração que atuaram na
área.
Gresens (19 67) desenvolveu um método quantitativo
para a determinação de perdas e ganhos de material durante
processos de alteração baseado na relação entre variações de
composição e de volume que acompanharam tais processos. Para
aplicá-lo, necessita-se conhecer a composição química da
rocha original, a rocha alterada e a densidade de ambas.
Para o cálculo dos valores de perdas e ganhos de
um componente pelo método de Gresens (1967), utiliza-se a
seguinte equação:
Xn = [fv(gÀ/g0)CnA - Cn°].100, (V.l)
onde:
fv = fator de volume para a alteração: fv=(C0/CA)(g0/gA);
g = densidade (g/cm ); n = índice para componente; C = concentração do componente na amostra; 0 = índice para amostra original; A = índice para amostra alterada.
A escolha do fator de volume (fv) é relativamente
subjetiva. Para cada componente existe uma relação linear
entre Xn e fv. 0 ponto em que as linhas definidas para um ou
mais componentes cortam Xn=0 é considerado como sendo o fv
resultante da modificação de volume ocorrida na rocha
original em decorrência da sua alteração. Os componentes com
valores de fv próximo a esse são considerados praticamente
imoveis durante aquela alteração.
Grant (1986) utilizou o método de Gresens (1967)
para construir um diagrama de isócona (linha em que a
variação de concentração é igual a zero) . Para empregá-lo,
plota-se a rocha alterada contra a rocha precursora,
106
necessitando-se ou não do prévio conhecimento dos valores de
densidade das duas .
A equação definida por Grant (1986) para expressar
a variação de concentração de um componente em relação ao
seu teor antes da alteração é a seguinte:
Cn/Cn° = (MA/M°)(CnA/Cn°) - 1, (V.2)
onde:
M = massa da amostra;
MA /MO = l/inclinação da isócona.
Na Zona Greisenizada Principal do Maciço
Mangabeira, é possível observar-se a transição de uma rocha
pouco ou nada transformada para o seu fácies alterado. Em
vista disso, pôde-se fazer uma amostragem segura para a
aplicação dos métodos de Gresens e Grant. Foram escolhidas
as amostras MG8A1, MG8A3 e MG8A4 para o estudo da mobilidade
de elementos no processo de alteração do granito g2d e as
amostras MG26A e MG26B para estudar a alteração do granito à
albita e topázio.
A determinação de densidade foi feita em uma
balanca de Jolly, sendo a água destilada o meio líquido. Os
valores obtidos foram os seguintes, em g/cm3:
MG8A1: 2,66; MG8A3: 2,765; MG8A4: 2,85; MG26A: 2,58; MG26B: 3,14.
Para a escolha do fator de volume (fV) utilizado
para a determinação das perdas e ganhos de elementos pelo
método de Gresens (1967), optou-se pelo valor médio de fator
de volume dentre os pontos concentrados na porção central do
gráfico obtido pela interseção das 'equações de composição-
volume com a linha de ganho-perda igual a zero, excluídos os
elementos de comportamento sabidamente móvel. Deste modo, os
107
109
valores de fV obtidos foram 1.25, 1.645, 1.98 e 2.14,
respectivamente para os pares MG8A1-MG8A3, MG8A3-MG8A4,
MG8A1-MG8A4 e MG2 6A-MG2 6B (figuras V.l e V.2).
Com o objetivo de melhor caracterizar a perda ou
ganho de um determinado componente durante a alteração, a
equação V.l foi dividida pela concentração do componente na
rocha original, Cn°, quando da utilização do método de
Gresens (1967) nas rochas da ZGP. Assim:
XnA-Xn0 = Xn/Cn°, (V.3)
onde:
XnA -XnO = perda ou ganho de um componente em relação ao seu teor na rocha menos alterada.
Figura. V.2 - Valores de fator de volume (fv) para o par MG26A-MG26B obtidos pela interseção das equações de composição-volume com a linha de ganho-perda igual a zero, segundo Gresens (1967).
Na aplicação do método de Grant (1986), a escolha
da isócona mais adequada deu-se com o auxílio dos resultados
obtidos pelo método de Gresens (1967) e da petrografia,
110
dentro das possibilidades apresentadas. Procurou-se, sempre
que possível, incluir nas isóconas as terras raras mais
imóveis, cujo comportamento foi previamente determinado pelo
método de Gresens (1967) . Optou-se, assim, pelas isóconas
Fe2O3-Gd, Th-Ho-Dy, Ti02-Th-terras raras pesadas e Th-Ti02
Ura os pares MG8A1-MG8A3, MG8A3-MG8A4, MG8A1-MG8A4 e MG26A-
MG26B, respectivamente (figuras V.3A, V.3B, V.3C e V . 4 ) .
Para o cálculo das perdas e ganhos de componentes, utilizou-
se a equação V. 2 .
V.3.3 - Feições petrográfiças das amostras estudadas
- Granito g2d
As amostras selecionadas para o estudo da
mobilidade de elementos durante os processos metassomáticos
que atuaram sobre o granito g2d foram coletadas na cata 8A.
A amostra MG8A1 constitui um granito equigranular
pouco transformado e pouco ou nada milonitizado, composto de
quartzo (30%) , microclínio micropertítico (30%) , albita
(35%), fengita (3%) , fluorita incolor e lilás (2%) ,
cassiterita e magnetita martitizada.
Incipientes processos de alteração estão
registrados nessa rocha. O microclínio está sendo
substituído por albita nas bordas. Uma mica fina de
composição fengítica forma-se pela desestabilização da
albita pré-existente.
O granito sofreu uma silicificação inicial. O
quartzo preenche golfos nos feldspatos e ocorre ainda sob a
forma de agregados recristalizados ou neoformados.
Em geral, o quartzo apresenta-se com contatos
serrilhados e extinção ondulante, o que indica que após ou
concomitantemente ao processo de silicif icação houve uma
deformaçao pouco expressiva sobre essa rocha.
Uma intensa albitização atuou sobre o granito
MG8A1, transformando- o em granito bastante albitizado
(MG8A2). Neste, aparecem malaquita e monazita para compor a
mineralogia secundária da rocha. Quartzo e albita
neoformados são os minerais principais da matriz da rocha.
Uma fratura preenchida por mica completa o quadro de
alteração.
A amostra MG8A2 não foi incluída nos estudos de
mobilidade de elementos desenvolvidos neste trabalho, devido
a não haver dados químicos da mesma.
0 granito róseo albitizado (MG8A2) grada para um
granito branco onde o processo de greisenização parece
superior ao de albitização (MG8A3) . A quantidade de mica
chega a 10% da rocha e um cristal de zircão euédrico ocorre
incluso em mica.
A albitização e a transformação para mica atingem
granito o microclínio como a albita precoce. O quartzo
neoformado ocorre como agregados, juntamente com albita,
feldspato potássico neoformado e mica.
Também nesta rocha, os vestígios de deformação
restringem-se a grãos de quartzo com extinção ondulante, em
pequena quantidade. As lamelas de mica não possuem uma
orientação bem marcada. Tais fatos são evidências de que
essas rochas formaram-se por alteração hidrotermal e não
como consequência do cisalhamento que ocorreu na região
durante o Evento Brasiliano:
A monazita tem caráter tardio e associa-se à
fluorita lilás, que contém inclusões de minerais
radioativos, e à albita secundária.
0 último estágio de transformação por que passou o
granito g2d na cata 8 é representado pela amostra MG8A4, a
qual é um greisen verde constituído de mica fengítica (75%) ,
além de quartzo, relictos de feldspato e albita, fluorita,
hidróxidos de ferro e monazita.
113
- Granito à albita e topázio
A amostragem do granito à albita e topázio (GAT) e
bgreisen formado a partir dele realizou-se na cata 26.
A amostra 26A representa um milonito do granito à
albita e topázio já um pouco transformado. Constitui-se de
quartzo, microclínio micropertítico, albita, mica com
composição de fengita litinífera, aproximadamente 20% de
topázio e traços de cassiterita.
0 principal processo a que a rocha foi submetida
foi uma intensa milonitização, que resultou em forte
orientação da mica, quebramento e estiramento do topázio,
recristalização do quartzo, deformação e rotação dos
feldspatos. Feições tipo sombra de pressão e estruturas s-c
são comuns.
Essa intensa milonitização reforça a idéia de que
o processo de cisalhamento que atuou na área foi posterior à
implantação da mineralogia presente nessas rochas e não o
responsável pela sua constituição.
A passagem do GAT para o greisen à zinnwaldita
MG26B) é presenciada nas paredes da cata 26. A amostra 26B
dominantemente constituída de zinnwaldita (50%) , além de
quartzo topázio e cassiterita, esta chegando a 10% da
rocha. Muito localizadamente ocorre relicto de microclínio
sendo substituído por mica e, em quantidade mínima, por
A mica está fortemente orientada e o topázio
caracteriza-se por sua riqueza em inclusões fluidas e por
conter inclusão de topázio euédrico.
V.3.4 - Resultados
A seguir serão apresentados os resultados do
estudo de mobilidade de elementos em rocha obtidos para os
pares MG8A1-MG8A3, MG8A3-MG8A4 e MG8A1-MG8A4, representando
114
115
a alteração do granito g2d na cata 8A, e MG26A-MG26B,
correspondente à transformação do granito à albita e topázio
a cata 26 .
Para as análises dos resultados, os elementos
serão divididos em maiores, traços (excluídas as terras
raras) e, para o granito g2d , terras raras.
V.3.4.1 - Granito g2d
A tabela V.3 mostra as perdas e ganhos de cada
elemento, em relação ao seu teor na rocha menos
transformada, para os pares MG8A1-MG8A3, MG8A3-MG8A4 e
MG8A1-MG8A4 .
Os resultados obtidos pelos dois métodos
empregados são praticamente idênticos para os pares MG8A1-
MG8A3 e MG8A1-MG8A4. No primeiro caso, essa semelhança deve-
se ao fato de a escolha da isócona para aquele par ter-se
baseado nos dados extraídos da aplicação da equação de
Gresens (1967)
Para o par MG8A1-MG8A4, a quase total coincidência
dos resultados foi ocasional e é consequência da existência
de vários elementos com comportamento quase imóvel para esse
par, facilitando sobremaneira a escolha de parâmetros
acertados. Tal resultado mostra a validade dos métodos
empregados, em especial quando se podem utilizar vários
elementos para balizar a escolha da isócona e do fator de
volume a serem empregados nos cálculos de perdas e ganhos de
elementos. Deve-se -ressaltar, entretanto, que alguns
elementos que mostraram ser imóveis quando apenas as duas
rochas extremas foram consideradas (MG8A1 e MG8A4) foram
móveis ao longo do processo, como será visto adiante.
Em relação ao par MG8A3-MG8A4, os resultados da
ultilização dos dois métodos foram um pouco discrepantes
entre si, o que pode dever-se a pequenas divergências nos
parâmetros escolhidos para a obtenção dos valores de perdas
a ganhos de elementos.
117
V.3.4.1.1- Elementos maiores
Todos os elementos maiores analisados foram móveis
em pelo menos uma etapa do processo de alteração do granito
A tabela V.3 mostra que houve uma silicificação
crescente durante a alteração do granito g2d, sendo o
aumento total de Si02 superior a 80%.
A primeira fase da alteração provocou uma
diminuição de Ti02 na rocha (par MG8A1-MG8A3) . Em seguida,
houve um acréscimo muito grande de Ti0 2 (MG8A3-MG8A4) . Esse
comportamento diferenciado do Ti02 mostra que o estudo do
par M68A1-MG8A4 isoladamente poderia induzir a. uma conclusão
equivocada a respeito do comportamento do Ti0 2 durante a
alteração do granito g2d, de quase imobilidade.
0 MgO foi retirado das rochas em grande quantidade
ao longo do processo, o que demonstra a grande mobilidade
desse componente neste caso,
0 MnO e o P 20 5 foram introduzidos nas rochas
durante o processo de transformação do granito g2d em
greisen, sendo que o MnO está entre os componentes mais
móveis em todo o processo de alteração sofrido pelo granito
0 CaO sofreu um forte acréscimo na passagem do
granito g2d para o granito g2d greisenizado (MG8A1-MG8A3) e
um acréscimo um pouco menor na formação do greisen à fengita
(MG8A3-MG8A4) . Esse aumento inusitado em CaO pode estar
relacionado ao processo de albitização que ocorreu nessas
rochas, quando da intrusão do GAT.
0 Na20 aumentou durante a transformação do granito
g2d para o granito g2d greisenizado (MG8A1-MG8A3) , o que
ainda é reflexo da intensa albitização que envolveu a
formação da amostra MG8A2. Na passagem do granito
greisenizado para o greisen à fengita (MG8A3-MG8A4) , houve
perda de sódio. O aumento inicial de Na 20 seguido de
diminuição mostram que a greisenização da rocha seguiu uma
albitização anterior ou que a albitização pode ter ocorrido
como frentes, concomitantes ou posteriores à greisenização.
0 decréscimo 'final de Na20 foi inferior ao. seu
aumento inicial, o que fez com que o par MG8A1-MG8A4
apresentasse um aparente ganho de sódio após a alteração.
entretanto, como esse ganho é muito pequeno, caso não fosse
conhecido o comportamento do sódio nos estágios
intermediários da alteração do granito g2d, os resultados do
par MG8A1-MG8A4 induziriam à afirmação de que o Na 20 foi
praticamente imóvel na transformação do granito g2d em
greisen à fengita (tabela V.3) .
Em consonância com o que foi discutido no
parágrafo anterior, o K20 diminuiu na transformação inicial
do granito g2d (MG8A1-MG8A3) e aumentou durante a alteração
do granito greisenizado para o greisen à fengita (MG8A3-
GBA4), fazendo com que o balanço final da greisenização do
granito g2d represente um ganho de potássio (MG8A1-MG8A4 ;
(Tabela V.3) .
0 granito teve um ganho inicial de A1 20 3 para
trasformar-se em granito greisenizado e um acréscimo ainda
maior para a formação do greisen à fengita, o que reflete o
aumento da quantidade de mica durante o metassomatismo.
0 Fe 20 3 foi praticamente imóvel durante a
alteração inicial do granito g2d, tendo a rocha sofrido
apenas uma pequena perda de Fe 20 3 (tabela V.3) . Na passagem
do granito g2d greisenizado para o greisen à fengita (par
MG8A3-MG8A4) , houve um aumento muito acentuado de Fe 20 3
(mais de 10 vezes a sua quantidade em MG8A3) , o que pode ser
sultado das condições oxidantes do processo.
0. FeO foi incorporado à rocha em grandes
quantidades durante a alteração do granito g2d, o que se
deve à grande predominância de Fe 2 + sobre Fe 3 + na estrutura
da fengita.
118
119
V.3.4.1.2 - Elementos-traço
-Th, Ta, Nb, Y e Z r
Dentre os elementos menores, excluindo-se as
terras raras, o Th foi o componente mais imóvel, tendo
registrado um pequeno aumento inicial e uma ligeira queda no
final da alteração do granito g2d (tabela V.l) .
0 Ta apresentou mobilidade durante a alteração do
granito g2d na cata 8A. 0 granito sofreu um empobrecimento
inicial de Ta seguido de enriquecimento. Analisando-se
apenas os dois extremos, o granito e o greisen (par MG8A1-
MG8A4), tem-se a falsa idéia de ter havido somente um
pequeno enriquecimento no elemento em todo o processo, tendo
lado o Ta praticamente imóvel.
0 Nb comportou-se como elemento pouco móvel. Na
passagem do fácies g2d para o granito greisenizado, houve
etapa perda de aproximadamente 15% do Nb original, enquanto na
etapa seguinte (MG8A3-MG8A4) houve enriquecimento em Nb. A
análise do par MG8A1-MG8A4 é semelhante à descrita para o
0 Zr registrou uma elevação crescente durante o
hidrotermalismo. Entretanto, a existência de zircão primário
sito bem preservado nessas rochas atesta o caráter imóvel
do Zr contido no zircão. Existe, assim, a possibilidade de
e o Zr incorporado à rocha tenha-se alojado em outro
mineral, ou de que tenha havido problema analítico na
determinação do Zr.
0 Y foi praticamente imóvel durante a
trasformação do g2d para o granito greisenizado e bastante
móvel durante a transformação final do granito em greisen
(MG8A3-MG8A4) , aumentando no sentido do greisen. Este
comportamento é condizente com a presença de minerais de Y
hidratados em amostras de greisen à fengita coletadas em
outros pontos da área estudada, como a amostra MG7A3 .
-Zn, Li, Be, Rb, F'. Sn e W
Conforme o esperado nesse tipo de alteração
hidrotermal, o granito g2d sofreu grande enriquecimento em
Li, Rb, Sn, W, Zn, Be e F (tabela V.3) . Com exceção do Li,
em função de seu comportamento somente ser conhecido para o
par MG8A1-MG8A3, o enriquecimento nesses elementos foi muito
mais acentuado na fase final da greisenização do granito g2d
o ganho nesses elementos foi inferior a 50% na primeira
estapa da alteração e superior a 350% na etapa final (MG8A3-
MG8A4), tendo chegado a 3 500% para o Sn.
- Cu, Sr e Ba
0 Cu comportou-se de maneira bastante móvel
durante o processo, havendo uma diminuição inicial de Cu
seguida de um acentuado aumento (tabela V.3) .
0 granito g2d perdeu Sr durante a sua tranformação
em greisen, o que é compatível com o fato de o Sr ter saído
da estrutura dos feldspatos desestabilizados durante a
alteração hidrotermal.
A observação das perdas e ganhos de Ba para os
pares MC8A1-MG8A3 e MG8A3-MG8A4 (tabela V.3) leva à
inclusão de que o Ba saiu do sistema na primeira fase da
alteração e, em seguida, foi a ele incorporado em grandes
antidades. Essa incorporação de Ba deve-se provavelmente à
sua entrada na estrutura da fengita, em função da fácil
substituição de K por Ba.
V.3.4.1.3 - Terras raras
Com base nos resultados apresentados na tabela V.3
na figura V.5, algumas conclusões podem ser obtidas acerca
do comportamento geoquímico apresentado pelas terras raras
durante a alteração do granito g2d:
120
121
i) a mobilidade das terras raras foi baixa na transformação
do granito g2d em granito greisenizado, sendo o La, Yb e Lu
os elementos mais móveis, não ultrapassando entretanto 37%
de variação em relação aos seus teores na amostra MG8A1
(figura V.5a) . A passagem do granito g2d greisenizado para
greisen à fengita resultou em uma maior mobilidade das
terras raras,. a qual foi menor para as terras raras
intermediárias-pesadas e pesadas (tabela V.3 e figura V.5b);
ii) a observação isolada do par MG8A1-MG8A4 leva à conclusão
de que devido à formação de greisen à fengita a partir do
granito g2d na cata 8A, as terras raras foram incorporadas
ao sistema, muito acentuadamente no caso das terras raras
leves e para o Eu e em quantidades em geral decrescentes até
o Er, o qual foi praticamente imóvel, juntamente com o Yb e
o Lu;
iii) as terras raras leves (La ao Nd) apresentaram grande ,
mobilidade ao longo do processo. Houve pequena perda desses
elementos no estágio inicial da alteração e um ganho
expressivo na etapa subseqüente (MG8A3-MG8A4) , o que
resultou em um padrão de ganho para o par MG8A1-MG8A4 . 0 Ce
teve um comportamento discrepante daqueles apresentados pelo
La e Nd. A perda em Ce na primeira etapa foi muito menor que
as registradas para La e Nd e o seu aumento na etapa
seguinte foi equivalente ao ganho em La, quando o esperado,
pelos dados de La e Sm, era um comportamento decrescente do
La para o Sm. Esse comportamento do Ce pode dever-se a
problema analítico ou a uma mobilidade realmente
diferenciada do Ce em relação às demais terras raras durante
a passagem do granito para greisen;
iv) as terras raras intermediárias-leves (Sm e Eu) foram
retiradas do sistema na primeira etapa da alteração do
granito g2d (par MG8A1-MG8A3) e adicionadas em grandes
proporções na formação do greisen à fengita;
v)o Gd foi praticamente imóvel durante a transformação de
MG8A1 em MG8A3 e acrescido ao sistema em grande quantidade
em torno de 50% em relação ao seu teor em MG8A3) na etapa
seguinte ;
vi) as terras raras intermediárias-pesadas (Dy e Ho) e o Er
foram as menos móveis durante a greisenização do fácies g2d.
Elas foram inicialmente adicionadas à rocha, em proporções
inferiores a 2 0%, em média, e comportaram-se de maneira
praticamente imóvel na fase final do processo;
vii) o Yb e o Lu tiveram comportamento idêntico, tendo
havido um ganho inicial naqueles elementos seguido de uma
perda menor, o que resultou em valores de perdas e ganhos
praticamente nulos para o par MG8A1-MG8A4 (tabela V.3 e
figura V.5) .
V.3.4.2 - Granito à albita e topázio
Os valores de perdas e ganhos para o par MG26A-
MG26B calculados pelo método de Gresens (1967) foram obtidos
pós a escolha de um fator de volume de 2.1415, o que
significa que para a transformação do granito a albita e
topázio em greisen a rocha sofreu um aumento de volume
superior a 100%. A ausência dos dados de elementos terras
raras comprometeu uma escolha mais precisa do fator de
volume (fV) e, consequentemente, de um padrão de perdas e
ganhos ainda mais significativo.
Para a aplicação da equação de Grant (1986) na
obtenção das perdas e ganhos de componentes, foram
utilizados os resultados obtidos através de Gresens (19.67) ,
em virtude da pequena quantidade de elementos que pudessem
delinear a isócona e da ausência de dados de terras raras do
122
124
par MG26A-MG26B. Em razão desse fato, os dados obtidos pelos
dois métodos são coincidentes.
A seguir, será feita uma divisão dos elementos em
maiores e traços para a apresentação dos resultados . 0 F
será abordado juntamente com os elementos-traço devido ao
seu comportamento ser semelhante ao de Zn, Li, Rb e Be.
V.3.4.2.2 - Elementos maiores
Em geral, os elementos maiores foram incorporados
ao sistema durante a greisenização do GAT representado pela
amostra MG2 6B (tabela V.3) .
0 Ti02 foi o componente menos móvel dentre os
analisados, tendo aproximadamente 10% de Ti0 2 sido extraído
do sistema.
Fe203, FeO, MnO e MgO foram incorporados em
grandes quantidades durante o processo, em proporções
superiores a 1750%. O A1 20 3, o CaO, K20 e P 20 5 foram também
adicionados, em quantidades que variam de 300 a 500% em
relação aos seus teores na amostra MG2 6A.
0 sistema teve um ganho de aproximadamente 70% de
Os aumentos de A1 20 3, K20 e FeO estão diretamente
relacionados ao processo de greisenização que atuou sobre o
GAT, com formação de zinnwaldita.
A alteração do granito implicou em um incremento
de Fe203 inferior ao de FeO, o que é explicado pela presença
de Fe2+ em detrimento de Fe 3 + na estrutura da zinnwaldita.
0 Na20 foi retirado do granito à albita e topázio
durante a greisenização, o que é completamente previsível em
tal processo.
125
1.3.4.2.2 - Elementos-traço
- Th, Ta. Nb, Y e Zr
O Th, Ta, Nb, Y e Zr tiveram mobilidades
diferenciadas durante a formação do greisen à zinnwaldita
tabela V.3) . Dentre esses, o Th e o Ta foram os elementos
menos móveis, tendo havido extração de 22% de Th do sistema
e incorporação de 25% de Ta.
Cerca de 45% do Nb existente na amostra MG26A foi
subtraído durante a formação do greisen, enquanto a mesma
quantidade de Zr foi adicionada ao sistema (tabela V.3) . À
semelhança das observações feitas para o granito g2d, esse
comportamento do Zr não está de acordo com a existência de
zircão magmático nessas rochas.
0 acréscimo de Y foi superior a 10.000%, o que
demonstra a grande mobilidade do Y na Zona Greisenizada
- F, Zn, Be, Rb, Li. Sn e W
Conforme observa-se na na tabela V.3, o processo
de alteração proporcionou ganhos expressivos em F, Zn, Be
Li Rb, Sn e W, em especial em Sn e W. 0 acréscimo nesses
elementos está diretamente relacionado ao processo de
greisenização que sofreu o GAT.
- Cu, Ba e Sr
A tabela V.3 registra acréscimos entre 300 e 500%
em Cu, Ba e Sr. 0 aumento em Ba pode ser entendido pela sua
entrada na estrutura das micas e o acréscimo inusitado de
Sr, juntamente com o de CaO, pode dever-se à possível
incorporação de Sr do granito do Complexo Granito-Gnáissico,
encaixante dos granitos da ZGP, o qual está geograficamente
máximo à cata 26.
V.3.5 - Discussão e conclusões
V.3.5.1 - Comparação entre os dois métodos utilizados para a
avaliação da mobilidade de elementos
Através da análise dos resultados obtidos para
mobilidade de elementos devido à alteração dos granitos g2d
e à albita e topázio, constata-se que os resultados obtidos
pelos dois métodos são muito semelhantes, considerando-se os
mesmos elementos imóveis para os cálculos de perdas e
ganhos, conforme o esperado, visto que o método de Grant
(1986) corresponde â reformulação matemática da equação de
Gresens (1967) .
Comparando-se os resultados extraídos da aplicação
dois métodos com as observações petrográfiças e,
Dseqúentemente, com os resultados esperados tendo em vista
modificações petrográfiças ocorridas nas amostras
tildadas, conclui-se que os valores de perdas e ganhos
itidos com as fórmulas desenvolvidas por Gresens (1967) e
ant (1986) são muito coerentes entre si e com os processos
[alteração hidrotermal que ocorreram na porção norte da
ófise do Maciço Mangabeira.
V.3.5.2 - Análise comparativa dos resultados obtidos para os
diferentes tipos de granitos estudados
Os valores de perdas e ganhos calculados para o
GAT e granito g2d mostram que quase a totalidade dos
elementos analisados simultaneamente para os. dois tipos
petrográficos comportou-se de maneira semelhante, variando
apenas na quantidade de material transportado (tabela V.3) .
Apesar das- pequenas discrepâncias que ocorreram
entre os elementos móveis dos granitos estudados, o
comportamento geral dos elementos foi condizente com os
126
processos de greisenização, albitização e silicificação que
atuaram na área.
Nos dois tipos de rocha, sua alteração provocou
acentuado aumento de FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb, Be, Sn e W.
Houve enriquecimento em Si02/ Al203, K20, Fe203, P2O5 CaO,
Co, Y, Zr; e empobrecimento em Na20 e Nb.
0 Ti02, Ta e Th foram, pouco móveis durante a
transformação dos granitos.
Algumas diferenças de comportamento de elementos
durante a alteração hidrotermal dos granitos devem ser
destacadas. 0 Th, que mostrou-se praticamente imóvel na
alteração do granito g2d, sofreu uma diminuição de 22%
durante a alteração do GAT.
0 MgO foi retirado do sistema durante a alteração
do granito g2d e adicionado em grandes quantidades na
formação do greisen à zinnwaldita.
0 Sr foi retirado do sistema no caso da alteração
do granito g2d e adicionado ao granito à albita e topázio
durante a sua alteração. Esse acréscimo inusitado do Sr pode
ser consequência da influência do granito encaixante, do
complexo Granito-Gnáissico, rico em Sr, sobre o GAT da cata
26. situada próxima ao contato com o embasamento.
0 granito g2d sofreu perda inicial de Ba, seguida
de adição, enquanto na alteração do granito à albita e
topázio houve ganho de Ba.
A retirada inicial do Ba do g2d deve estar
relacionada ao início da quebra do feldspato potássico. A
sua incorporação nos estágios de formação de greisen deve-se
provavelmente à substituição de K por Ba nas estruturas das
micas
As análises de mobilidade de elementos efetuadas
neste trabalho restringem-se às amostras estudadas, mais
globalmente, às catas de onde foram retiradas. Não obstante,
devido à grande semelhança entre os resultados apresentados
para amostras coletadas em diferentes locais, pode-se
sugerir que o comportamento geral dos elementos na
127
128
greisenização do granito g2d e do GAT em toda a Zona
Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira tenha sido o
aqui apresentado.
V.3.5.3 - Avaliação do comportamento de elementos comumente
usados em petrogênese
Alguns elementos são normalmente considerados
imóveis e por este motivo utilizados em estudos
petrogenéticos e/ou para determinação de ambientes
tectónicos. São os elementos de elevado potencial iônico,
ou seja, Zr, Ti, Th, Nb, Y, Ta, Hf, Sc e terras raras.
No presente trabalho, ressalvando-se os problemas
analíticos que possam ter ocorrido, dentre os elementos
analisados, o Ti, Th, Ta e algumas terras raras foram
relativamente pouco móveis, os demais tendo sofrido
transporte em menor ou maior grau.
A grande mobilidade apresentada pelo Y é
ratificada pela existência de agardita, um arseniato
hidratado de Cu e Y, na área do trabalho (MG7A3).
0 Ta mostrou ser um elemento que pode ser móvel em
baixas proporções, ao passo que o Nb pode ter uma mobilidade
mais acentuada.
A possibilidade de o Zr ser móvel foi salientada
por Alderton et al. (1980), que mostraram que em soluções
ricas em flúor (como parece ter" sido o caso das soluções
responsáveis pela alteração dos granitos na porção norte da
apófise do Granito Mangabeira) , o Zr forma complexos de
ZrF62- o que aumenta consideravelmente sua mobilidade.
Em vista dos resultados aqui apresentados,
recomenda-se que em áreas onde processos tardi/pós-
magáticos tenham atuado, a utilização de elementos
normalmente considerados imóveis deve ser precedida de
estudos de mobilidade de elementos, para que não ocorram
interpretações equivocadas.
V.3.5.4 - Mobilidade das terras raras
Os resultados de perdas e ganhos de terras raras
durante a greisenização do granito g2d expressos nas figuras
V.5A, V.5B e V.5C demonstram que as terras raras leves, as
intermediárias-leves, o Yb e o Lu tiveram acentuada
mobilidade durante o processo de alteração, enquanto o Dy,
HO E Er comportaram-se como elementos pouco móveis. 0 Gd foi
praticamente imóvel na primeira etapa da transformação do
granito g2d e bastante móvel quando da formação do greisen à
fengita.
Observando-se apenas as duas fases extremas do
processo de alteração do granito g2d, par MG8A1-MG8A4, pode-
se concluir que a mobilidade das terras raras foi
praticamente decrescente com o aumento do seu peso atômico,
existindo apenas um ganho anômalo de Ce e Eu (tabela V.3 e
figura V.5C) .
A mobilidade das terras raras tem sido abordada em
diversos trabalhos, realizados em rochas que sofreram
alteração supergênica (Nesbitt, 1979), percolação pela água
do mar (Ludden & Thompson, 1979), alteração hidrotermal
Campell et al., 1984; Ludden et al., 1982; Ludden et al.
1984, Exley, 1980; MacLean, 1988; Alderton et • al. , 1980),
metamorfismo (Hellman et al. , 1979) ou outro tipo de
processo que possa ter provocado o transporte daqueles
elementos da rocha original (McLennan & Taylor, 197 9) .
Os padrões de terras raras das amostras MG8A1,
MG8A3 e MG8A4 foram plotados para a melhor visualização do
seu comportamento durante a alteração hidrotermal, do granito
g2d(figura V. 6) .
Apesar da grande semelhança entre os padrões,
nota-se que o granito g2d greisenizado (MG8A3) é mais pobre
em terras raras leves que o granito g2d (MG8A1) enquanto o
greisen à fengita (MG8A4) tem teores de terras raras leves e
médias superiores aos do granito. Os valores de terras raras
129
pesadas da amostra MG8A3 são praticamente idênticos aos do
granito e muito superiores aos do greisen. Essas semelhanças
e diferenças estão provavelmente relacionadas a variações de
volume das rochas como consequência da alteração (MacLean,
1988).
Outro ponto a ser ressaltado é o fato de as
amostras MG8A3 e MG8A4 apresentarem anomalia positiva de Ce,
enquanto o granito g2d não apresenta qualquer anomalia de
Ludden & Thompson (1979) explicaram o desvio do Ce
de um perfil de terras raras suave durante processos de
alteração em basaltos de fundo oceânico argumentando que o
Ce, em ambientes oxidantes, está normalmente presente como
Ce4+. A água do mar mostra um forte empobrecimento em Ce,
atribuído à oxidação do Ce para Ce 4 + e seu subsequente
Sfracionamento da água do mar, em particular para a formação
de depósitos ferromagnesianos. A oxidação do Ce explicaria
assim as anomalias negativas de Ce que ocorrem em rochas
percoladas pela água do mar e as anomalias positivas
refletiriam o fracionamento de Ce 4 + da água do mar para a
formação de componentes ferromagnesianos nos basaltos
alterados.
Helmann et al. (1979) explicam algumas anomalias
egativas de Ce em terrenos afetados por metamorfismo de
soterramento através da incorporação de terras raras pela
água do mar. 0 Ce aumentaria proporcionalmente „ à sua
abundância na água do mar, que é pequena. Consequentemente,
o Ce não teria sofrido empobrecimento preferencial, mas um
menor enriquecimento, comparativamente às outras terras
raras. Uma outra maneira de gerar anomalia negativa de Ce
seria a lixiviação preferencial de Ce da rocha para a
formação de um complexo de Ce 4 +.
Apesar de as amostras estudadas no presente
trabalho não se enquadrarem nas situações expostas acima,
esses exemplos servem para demonstrar que o comportamento
anômalo do Ce em comparação com as outras terras raras
130
131
(tabela V.3; figuras V.5 e V.6) também foi descrito em
outras localidades, onde - foi atribuído a processos
secundários e não a erros analíticos.
A figura V.6 .ressalta a anomalia positiva de Yb
nas três amostras estudadas. Essa anomalia, por ser
sistemática, pode dar-se devido ao fracionamento de Yb do
magma durante a formação do granito ou por problemas
analíticos. Com os dados existentes no momento não. é
possivel a solução de tal questão. Apesar de as rochas
presentarem anomalia positiva de Yb, os estudos de
mobilidade de terras raras mostraram que não houve
mobilidade anômala do Yb em relação a seus pares, tendo o Yb
apresentado mobilidade elevada, mas idêntica à do Lu (tabela
V.3 e figura V.5).
Conforme observado anteriormente, as terras raras
leves experimentaram uma elevada mobilidade durante o
processo, sendo que a maior mobilidade dentre todas as
terras raras foi a do La. Hellman et ai. (1979) interpretam
o enriquecimento preferencial em La como um simples reflexo
do maior enriquecimento das terras raras leves. Os autores
salientam, todavia, que podem haver casos em que o La pode
ser enriquecido por fatores não previsíveis para o
enriquecimento de Nd e Sm nas mesmas amostras, o que não
parece ser o caso das amostras estudadas neste trabalho.
0 Eu apresentou uma mobilidade muito elevada na
segunda fase da alteração do granito g2d (par MG8A3--MG8A4) ,
inferior apenas à mobilidade das terras raras leves, o que
está quase completamente de acordo com Campbell et al.
Para aqueles autores, o Eu 2 + é mais móvel que as
terras raras trivalentes. Dois .fatos contribuiriam para
isso. 0 primeiro se refere à hospedagem do- Eu 2 + nos
feldspatos, os quais' desestabilizam-se facilmente durante a
alteração, deixando o Eu 2 + altamente susceptível ao
transporte. 0 segundo é a premissa de que íons com carga
pequena são geralmente mais móveis que os de carga elevada,
134
V.3.5.4.1 - Mecanismos de transporte das terras raras
A mobilidade das terras raras, em condições
diversas, é normalmente explicada pela formação de complexos
solúveis, como carbonatos, sulfatos, cloretos, fluoretos,
fosfatos, hidróxidos (MacLennan & Taylor, 1979; Nesbitt,
1979; Alderton et al., 1980; Humphris, 1984; Flynn &
Burnham, 1978) ou como íons livres (Nesbitt, 1979) .
Entretanto, estudos experimentais sobre esses complexos
foram pouco efetuados, principalmente no que tange alteração
hidrotermal de granitos.
A mineralogia presente nas rochas da Zona
Greisenizada Principal do Maciço Mangabeira - topázio,
fluorita e micas ricas em flúor - e os altos teores de F
dessas rochas (anexo 2) indicam que o flúor foi uma fase
importante nos fluidos que atuaram sobre aquelas rochas.
Estudos experimentais em alteração hidrotermal de
granitos ricos em flúor do sudoeste da Inglaterra demonstram
que as terras raras formam complexos estáveis em fluidos
ricos em Cl e F (Alderton et al., 1980) . Naqueles ricos
apenas em Cl, as fases minerais que normalmente contêm as
terras raras, juntamente com Ti, Zr e P, permanecem
estáveis, ao passo que elas desestabilizam-se em soluções
ericas em F, fazendo com que se tornem móveis.. Os autores
salientam que os complexos com hidróxidos podem ter a mesma
ordem de estabilidade dos complexos fluoretados, mas são
menos prováveis de terem importância nas soluções
responsáveis pela alteração de granitos.
Com base nos conhecimentos atuais sobre mobilidade
de terras . raras, sugere-se que na Zona Greisenizada
Principal do Maciço Mangabeira ela está relacionada à
complexação das terras raras com o F..
A monazita é um mineral provavelmente
metassomático nas rochas da Zona Greisenizada Principal, e
ocorre em maiores quantidades nos greisens, o que pode estar
relacionado à atividade do F na mobilização da terras raras,
135
conforme salientado por Alderton et al. (1980). Entretanto,
devido a não terem sido realizadas análises químicas das
tonazitas, não se pode proceder a uma discussão a respeito
do comportamento das terras raras das monazitas da ZGP.
V.3.5.5 - Caracterização do metassomatismo que atuou na ZGP
0 granito g2d e o granito à albita e topázio (GAT)
que afloram na ZGP do Maciço Mangabeira foram afetados por
essos de metassomatismo significativos, responsáveis
pela formação de diferentes tipos petrográficos: granito g2d
albitizado, granito g2d greisenizado, greisen do granito g2d
e greisens do GAT. O processo de albitização incidiu somente
sobre o granito g2d e pode ser interpretado como resultante
da influência da intrusão do GAT, rico em Na 20, no granito
g2d.
Os produtos finais da greisenização do GAT e do
granito g2d são greisens monominerálicos à zinnwaldita e à
fengita, respectivamente. Quimicamente, em relação aos
granitos que lhes deram origem, os greisens são em geral
mais enriquecidos em K20, Si02, A1 20 3, Zn, Rb, FeO(t), Li,
Sn F e W, e mais empobrecidos em Na20.
Shcherba (1970) definiu a greisenização como uma
Lexa transformação pós-magmática de alta temperatura
(500 - 300°C) sob a influência de soluções acidas residuais,
ricas em sílica e voláteis (F, Cl, H20) , conectadas com
intrusões graníticas rasas, as quais são a fonte das
soluções.
Os principais minerais descritos em greisens de
as aluminossilicatadas são quartzo, mica branca,
fluorita, topázio e turmalina. Os feldspatos são
relativamente raros. Os minerais de minério são wolframita,
scheelita, cassiterita, molibdenita, berilo, helvita,
zircão, monazita e columbita (Shcherba, 1970) .
136
A greisenização imprime diversas modificações
pinicas nas rochas., entre as quais destacam-se o
enriquecimento em Li20, B, Rb, F, Sn, Mo, Be, e W e
empobrecimento em Na20_ (Shcherba, 1970; Stemprok, 19 87) .
durante o processo, podem ocorrer intercalações de
alterações metassomáticas potássicas e sódicas. Também pode
haver silicificação associada à greisenização de rochas, o
que é presenciado nas rochas da Zona Greisenizada Principal
Na crosta terrestre, todas as trocas de matéria ou
transportes químicos em uma escala superior à do grão
mineral individual envolvem um tipo de magma ou uma fase
fluida aquosa. Neste caso, as trocas ao nível da trama
sólida, à exclusão dos fenômenos metamórficos de hidratação
e de carbonatização/descarbonatização, são designadas pelo
termo geral de metassomatismo (Fonteilles, 1978) .
Korzhinskii (1970) definiu dois tipos de
metassomatismo - de difusão e de percolação.
No metassomatismo de difusão, a transferência de
elementos químicos deve-se à existência de gradientes de
potenciais químicos de um ou mais constituintes dentro de um
fluido imóvel, resultantes do desequilíbrio químico entre
duas rochas adjacentes.
No metassomatismo de percolação (ou de
infiltração) , a fase fluida movimenta-se relativamente â
trama sólida e impõe o seu potencial químico ao meio em que
ela penetra, o que ocorre à medida que os constituintes da
rocha tornam-se suficientemente solúveis na solução.
Por outro lado, os constituintes pouco solúveis
tem sua concentração de equilíbrio determinada pela
mineralogia da rocha percolada e não pela composição do
No metassomatismo de infiltração, durante as
relações entre o fluido e a encaixante, as soluções tendem a
se empobrecer em certos constituintes, que possuem um
potencial químico inferior àquele que elas tendem a
imprimir, e a se enriquecer em. outros, cujo potencial
químico' é mais elevado dentro da rocha que na solução
Forteilles, 1978)
Dentre outras diferenças entre os dois tipos de
metassomatismo, merecem destaque:
i) as zonas monominerálicas com composição constante se
desenvolvem frequentemente de maneira predominante no
metassomatismo de infiltração, jamais no metassomatismo de
confusão (Fonteilles, 1978) ;
ii) os minerais precipitados formados inteiramente a partir
de constituintes da fase fluida se desenvolvem correntemente
durante o metassomatismo de infiltração, o que reduz quase a
zero o interesse econômico pelas colunas metassomáticas de
difusão (Fonteilles, 1978) .
Segundo Stemprok (1987), dependendo do canal
contutor do fluido, os greisens podem ser diferenciados em
pervasivos ou controlados por juntas, os quais normalmente
acompanham sistemas de juntas regionais.
De acordo com as considerações teóricas aqui
presentadas, o processo de metassomatismo que predominou na
ZGP foi uma greisenização de infiltração pervasiva. A
transformação pós-magmática dos granitos deveu-se à atuação
de um fluido residual, relacionado à intrusão do granito à
albita e topázio (GAT) , rico em F, que não seguiu sistemas
de fraturas regionais. 0 evento de cisalhamento que afetou
as rochas da ZGP é claramente posterior à greisenização dos
granicos, tendo atuado sobre todas as rochas da ZGP.
137
139
4 - QUÍMICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS
V.4.1 - Introdução
As rochas graníticas da porção central da
Subprovíncia Estanífera do Paranã foram agrupadas em duas
famílias por Botelho (1992) , designadas gl (constituída
pelos granitos gla, glb e glc) e g2 (constituída pelos
granitos g2a, g2b, g2c e g2d) . Os fácies mais evoluídos
foram denominados leucogranito (LGR) e granito à albita e
topázio (GAT) , os quais podem pertencer a qualquer uma das
famílias. Entretanto, com base em dados químicos, Botelho
(1992) sugeriu que o granito LGR pertença à família gl e o
GAT, à família g2 .
As duas famílias são muito ricas em Fe, K, terras
raras, Zr, Th, Rb, Y, Nb, Ga e Sn. As principais diferenças
entre g1 e g2 estão resumidas na tabela V.4.
Em um diagrama MgO x Ti02, as séries gl e g2 são
muito bem discriminadas (Figura V.8) .
Na Zona Greisenizada Principal, afloram o granito
g2d, o GAT, porções greisenizadas desses granitos, greisens,
o LGR e uma rocha de origem desconhecida, denominada rocha à
quartzo e topázio (RQT) . Desse modo, as rochas estudadas
neste trabalho se enquadram entre os termos mais
diferenciados da série g2, e possivelmente da série gl, no
caso do LGR.
Essas rochas foram ainda submetidas a processos
metassomáticos tardi/pós-magmáticos, provocando a
mobilização de vários elementos, estudada no item V.3.
Posteriormente, provavelmente durante o Ciclo Brasiliano, as
rochas foram submetidas a eventos de deformação e
metamorfismo.
Em vista do exposto, o tratamento das análises
quimicas das rochas da ZGP não poderá seguir uma abordagem
clássica, ou seja, não serão empregados diagramas que se
140
ultilizam de índices de diferenciação, nem tampouco aqueles
radicionalmente aplicados em e.studos petrogenéticos.
Figura V.8 - Diagrama MgO x Ti02 discriminando os diferentes tipos de granitos do setor central da Subprovíncia Paranã, segundo Botelho (1992).
•
V.4.1.1 - Objetivos
Nesta segunda parte do Capítulo V, tentar-se-á
fazer uma distinção química entre o granito g2d e o GAT, bem
como verificar a que famílias pertencem os fácies GAT e LGR.
Na utilização dos dados químicos desses granitos,
procurou-se utilizar as rochas menos transformadas, pois
muitos elementos importantes para o estudo (como MgO, Th,
Nb, Zr e T.R.) mostraram-se móveis durante o metassomatismo
que atuou na área.
A rocha à quartzo e topázio também será abordada,
com O intuito de melhor entender a sua relação com o granito
141
albita e topázio (GAT) e a sua origem, se por
metassomatismo ou por diferenciação magmática do GAT.
Por fim, será feita uma tentativa de obterem-se
critérios químicos de distinção entre os greisens
desenvolvidos a partir do granito g2d e aqueles originados a
partir do GAT.
Tabela V.4 - Resumo das diferenças químicas entre as famílias de
granitos gl e g2, segundo Botelho (1992) .
g1
Quanto à Alcalina a subalcalina:
(*) saturação em AI2O3
- Th e Nb incompatíveis;
- alto K, Ba, Nb, Zr,
TR e Y;
- MgO/Ti02 <1;
- alto Fe.
Quanto à Cristalização fracionada
evolução
(*) - Critério de classificação química de Shand, 1943 (in Hyndman, 1972) .
g2
Metaluminosa a
peraluminosa:
- Th compatível;
- teores de Li, Rb, Sn e
Ta maiores que em gl;
- MgO/Ti02> 1;
- alto Fe, mas menor que
em gl para os mesmos
teores de. MgO.
Complexa: possível fusão
parcial inicial seguida
de cristalização
fracionada.
rochas ígneas adotado por
V.4.2 - Os elementos maiores
Conforme salientado anteriormente, a grande
mobilidade de praticamente todos os elementos maiores
durante os processos tardi/pós magmáticos que afetaram as
rochas da ZGP dificulta a utilização desses elementos para
os objetivos. propostos serem alcançados. Entretanto, uma
análise criteriosa dos dados permite a obtenção de
conclusões valiosas.
- Na20 e K2O
Das 6 amostras de granito à albita e topázio (GAT)
analisadas, três possuem Na20/K20>l e as outras três,
Na20/K2O<l (anexo 2; figura V.9). Apesar da intensa
greisenização ocorrida na área, o fato de existirem amostras
de GAT ainda com Na20>K20 pode indicar que o GAT tem uma
tendência a ser mais rico em sódio que em potássio.
0 granito g2d caracteriza-se por possuir teores de
K2O>Na20 (anexo 2; figura V.9). 0 elevado teor de K20 da
amostra MG4 0 deve-se a esta ter sofrido uma greisenização
incipiente.
Existe uma sobreposição de valores de K20 e Na 20
do g2d e do GAT. Entretanto, as três amostras de GAT onde
Na2O/K20>l são prontamente distinguidas do g2d na figura
I 9 0 leucogranito (LGR) possui valores d e K 20 e Na 20
intermediários entre os do g2d e GAT. Quanto à rocha à
quartzo e topázio (RQT) , seus teores de K20 e Na20 são muito
baixos, próximos apenas aos de. um greisen â topázio do GAT
(MG05; anexo 2) .
- TiQ2 e MgO
Os poucos dados de Ti0 2 e MgO permitem apenas
sugerir que seus valores decrescem do LGR para o granito
142
g2d deste para o GAT (anexo 2) . Finalmente, a RQT é a mais
pobre nesses componentes.. Esses dados estão em consonância
com os resultados obtidos por Botelho (1992), apresentados
na figura V. 8 .
143
Figura V.9 - Variação de K 2O em função de Na 20 para os granitos g2d, GAT LGR e rocha à quartzo e topázio (RQT) .
- FeO e Al2O3
Em um diagrama A1 20 3 x FeO, o GAT e o granito g2d
situam-se em campos bem distintos, mas segundo um mesmo
trend evolutivo, com enriquecimento nos dois componentes
(figura V.10) . Os valores de FeO e A1 20 3 do GAT são sempre
superiores aos do granito g2d. A amostra de LGR analisada
encontra-se um pouco acima daquele trend. Seu teor de A1 20 3
se compara aos do granito g2d, mas o de FeO assemelha-se aos
do GAT.
As diferenças em A1 20 3 e FeO apresentadas por
essas rochas devem-se sobretudo aos diferentes tipos de
micas que elas contêm, além da sua quantidade. A mica do
granito g2d, fengita aluminosa, é mais pobre em FeO e mais
rica em Al 20 3 que as micas do GAT, fengita litinífera e
zinnwaldita. Os maiores teores de A1 20 3 do GAT, entretanto,
são reflexo do seu alto conteúdo de topázio. A-mica primária
do granito g2d, biotita, não interfere nos resultados
apresentados, devido a somente ter sido identificada na
amostra MM22 .
A amostra MG40 não foi utilizada devido à sua
biotita primária ter-se transformado em estilpnomelano, o
que compromete o resultado de FeO.
As amostras de g2d greisenizado situam-se próximo
ao LGR, ao passo que as de greisen à fengita apresentam
valores bem mais elevados de FeO (MG11A1 e MG8A4) . As
amostras do granito g2d albitizado (MG31A e MG8B)
dispersam-se das do g2d pouco transformado em direção a
valores mais altos de A1 20 3 (figura V.10) .
Os greisens desenvolvidos sobre o GAT possuem
valores de A1 20 3 e FeO muito discrepantes. Entretanto, as
duas amostras de greisen puramente à zinnwaldita analisadas
MG32 e MG26B) possuem teores de FeO bem mais elevados que
os do greisen à fengita, desenvolvido sobre g2d, o que é um
bom critério químico de distinção entre os dois tipos de
greisen (figura V.10) .
A amostra MG7A1 (RQT) possui teores de A1 20 3 e FeO
bem mais elevados que aqueles dos fácies GAT e g2d, porém
incompatíveis com o alinhamento daqueles granitos no
gráfico. Esses altos teores refletem a forte presença de
topázio e arsenopirita na moda da RQT. A amostra MG5 0A não
foi plotada na figura V.10 devido a um provável erro no seu
resultado de A1 20 3, o que pode ter ocorrido em virtude de
uma fusão incompleta do topázio contido na amostra.
144
- Flúor
As rochas que afloram na ZGP são em geral ricas em
Fluor. Um diagrama A1 20 3 x F permite que seja feita uma boa
istinção entre os diferentes tipos de rochas graníticas
estudadas (figura V.ll) .
Um fato interessante é o de diferentes tipos
petrográficos estarem praticamente alinhados naquele
gráfico, incluindo-se aí os greisens.
145
Figura V.10 - Diagrama A I 2 O 3 x FeO para os diferentes tipos de rocha da ZGP.Na legenda: g2d metas. = granito g2d metassomatizado - sob essa denominação estão as amostras de g2d greisenizado, greisen à fengita (MG11A1 e MG8A4) e de g2d albitizado (MG8B e M G 3 1 A ) .
Os teores de F e A1 20 3 crescem linearmente na
seguinte ordem: granito g2d, LGR, GAT, greisen à fengita e
RQT e greisen à zinnwaldita. O granito g2d greisenizado
possui valores próximos aos do LGR (figura V.ll) .
Essa relação linear entre os granitos sugere,
juntamente com dados preexistentes, que o GAT é produto da
diferenciação magmática do granito g2d. A posição do LGR
poderia sugerir o mesmo, mas devido a essa rocha ser ainda
146
pouco conhecida, considera-se precoce qualquer conclusão
nesse sentido. .
A amostra de RQT plotada (MG7A1) situa-se,
juntamente com uma amostra de greisen à zinnwaldita, nas
porções mais ricas em Fe A1 20 3 da curva. Esses resultados
podem significar que a RQT é o fácies magmático mais
evoluído da família g2 ou que é um greisen formado a partir
do GAT. Os poucos dados existentes, entretanto, não são
suficientes para que se possa afirmar qual dos processos
prdominou na formação dessas rochas.
Os resultados obtidos na figura V.ll são úteis
também na distinção entre o greisen do g2d e o do GAT, este
ultimo sendo muito mais rico em F e A1 20 3 .
Em um digrama F x FeO (figura V.12), observa-se um
enriquecimento em F e FeO do granito g2d para o GAT. A
amosra de LGR, juntamente com uma amostra de granito g2d
greisenizado, está acima de um possível alinhamento daqueles
granitos. A RQT possui teores de F e FeO mais elevados que
os de GAT e g2d e situa-se completamente fora da reta que
une oS dois granitos.
Os greisens do GAT e do granito g2d dispersam-se
no diagrama, mas o greisen à zinnwaldita (do GAT; amostra
MG26B) é caracteristicamente mais enriquecido em F e FeO que
o greisen à fengita (do g2d; amostra MG8A4) .
147
figura V.ll - AI 2O 3 x F para os diferentes tipos petrográficos da Zona greisenizada Principal (ZGP) .
figura V.12 - Diagrama de F x FeO para as rochas estudadas. Existe um enriquecimento em FeO e F do fácies g2d para o GAT.
148
V.4.3 - Elementos-traço
Serão utilizados neste item os elementos-traço que
se mostraram úteis para que os objetivos propostos no item
V.4.1.1 possam ser atingidos. Elementos como Nb, Ta e Th
mostraram-se particularmente importantes na definição da
família a que pertencem os granitos estudados, apesar de nem
TODOS terem sido utilizados na distinção dos granitos.
Elementos como Li, Zn e Rb serão abordados dentre
os elementos-traço, apesar de muitas vezes seus teores os
colocarem entre os elementos maiores.
- Nióbio, tântalo e tório
0 gráfico Th x Ta (figura V.13) mostra que as
rochas estudadas estão mais próximas à reta definida por
Botelho (1992) para a família de granitos g2. Apesar da
grande superposição dos dados, nota-se que o GAT tende a ter
teores mais altos de Ta que o granito g2d. Em relação ao Th,
existe uma dispersão de dados no gráfico, principalmente os
do GAT. Essa observação demonstra a possível mobilidade do
Th nessas rochas e não permite confirmar as conclusões de
Botelho (1992), que sugeriu um comportamento compatível para
o Th durante a evolução dos granitos g2, onde os teores mais
baixos seriam os do GAT, a rocha mais evoluída da família.
0 LGR alinha-se novamente com as rochas da família
g2, porém a amostra analisada por Botelho (1992) está mais
proxima da família gl (figura V.13) . A escassez de dados não
permite que sejam feitas maiores considerações sobre o LGR
no momento.
0 Nb possui comportamento semelhante ao do Th, no
que tange às famílias de granitos. Entretanto, ao contrário
aquele, uma pequena variação de Nb corresponde a uma grande
variação inversa de Ta. Em um diagrama Nb x Ta (figura
V.14), as rochas da ZGP situam-se de maneira semelhante às
rochas definidas por Botelho (1992) como sendo da família
Com base nas figuras V.13 e V.14, pode-se sugerir
que o Nb tenha comportado-se como elemento compatível na
evolução do granito g2d para o GAT, ao passo que o Ta tenha
sido incompatível. 0 comportamento do Th é desconhecido.
A boa correlação positiva entre Ta e Li (figura
V.15) mostra que o GAT é mais rico em Li e Ta que o g2d e
que os dois fácies podem ter uma relação genética entre si,
com o GAT sendo o fácies mais evoluído. 0 teor anómalo de Ta
amostra MG8A1 pode dever-se a efeito pepita, ou seja, a
amostra pode conter algum mineral rico em tântalo, o qual
teria produzido um efeito anômalo no resultado da análise.
149
Figura V.13 - Gráfico de Th x Ta para amostras da ZGP deste trabalho, juntamente com amostras de LGR, GAT e granito g2d analisados por Botelho As retas gl e g2 representam as duas famílias de granitos
definicas por Botelho (1992) .
150
Figura V.14 - Gráfico de Nb x Ta para amostras da ZGP analisadas, incluindo dados de Botelho (1992) . As retas gl e g2 foram definidas p o r aquele autor.
Figura V.15 - Li x Ta para as amostras dá ZGP. Existe em geral um bom alinhamento dos pontos, mostrando enriquecimento em Li e Ta do granito g2d para o GAT.
A RQT situa-se no alinhamento dos pontos, porém as
duas amostras analisadas dispersaram-se uma da outra. Apesar
do inusitado valor de 1 ppm para a amostra MG7A1 (RQT) , essa
dispersão depõe a favor da atuação de um processo
metassomático sobre essa rocha ou para sua formação.
0 LGR situa-se abaixo da curva que une as demais
tochas analisadas, estando, neste caso, fora do trend g2d-
GAT, o mesmo acontecendo com a amostra MG11G de GAT.
- Estrôncio e bário
Os teores mais elevados de Ba e Sr pertencem ao
granito g2d, enquanto os das demais amostras analisadas
situam-se abaixo de 15 e 5 ppm, respectivamente os limites
de detecção para aqueles elementos (figuras V.16 e V.17).
Apesar do alto valor de detecção desses elementos para essas
rochas, algumas observações podem ser feitas com os dados
disponíveis .
Conforme lembram El Bouseily & El Sokkary (1975),
o Ba concentra-se nas rochas graníticas cristalizadas nos
primeiros estágios da diferenciação magmática.
Com base em concentrações de Ba, Sr e Rb, os
autores distinguiram diferentes grupos de rochas graníticas.
O valor mais baixo de Ba (140 ppm) , obtido para granitos
ditos extremamente diferenciados, é superior ao mais alto
teor obtido para uma amostra de g2d (100 ppm) . Pelo
raciocínio daqueles autores, o GAT e o LGR teriam atingido
um grau de diferenciação muito superior ao daqueles
granitos. Em contrapartida, a média dos teores de Sr do
granito g2d é maior que a média dos teores nos granitos
extremamente diferenciados, 20ppm, quando esperava-se o
contrário, o que pode significar entrada adicional de Sr no
granito g2d.
Pelo comportamento similar de Sr e Ba e pela quase
ausência de Ca nessas rochas, é provável que o Sr e o Ba
151
Figura V.16 - Ba x FeO para as amostras estudadas. A m a i o r i a das amostras concentra-se sobre o limite de detecção do método de análise de
Ba, 15 ppm.
Figura V. 17 - Sr x FeO para as amostras estudadas. 0 limite de detecção do método empregado para Sr é de 5 ppm.
estejam .substituindo o K nos feldspatos potássicos e que os
baixos teores desses elementos no GAT estejam refletidos na
preponderância de albita sobre feldspato potássico naquela
rocha.
- Lítio, rubídi-o, zinco e estanho
Os diagramas de LixTa, LixFeO, RbxFeO, ZnxFeO e
SnxFeO(figuras V.15 e V.18 a V.21, respectivamente) são
uteis na compreensão das características das -rochas da ZGP
do Maciço Mangabeira.
0 GAT é mais rico em Li, Rb, Zn, Sn e FeO que o
g2d, e o LGR possui teor de Li intermediário. 0 teor de Rb
do LGR aproxima-se dos do granito g2d, enquanto o de Zn é
bem inferior aos do granito g2d e o de Sn equivale aos do
g2d.
As duas amostras de RQT analisadas possuem valores
de Li bem distintos, mas inferiores aos do GAT. Os teores de
Rb são os mais baixos dentre as rochas analisadas (anexo 2 e
figuras V.18 e V.19), e os de Zn são muito discrepantes
entre si, sugerindo mobilidade desse elemento.
As amostras de granito g2d albitizado possuem
valores de Zn e Li na mesma faixa dos valores do granito
g2d, enquanto as amostras do g2d greisenizado aproximam-se
do campo delineado pelas amostras de GAT, apesar de os
valores de Zn tenderem a se dispersar.
0 greisen à fengita e o greisen à zinnwaldita
distinguem-se facilmente por este último ser muito mais
enriquecido em Li, Rb e FeO. Apesar de os teores de FeO do
granito g2d greisenizado aproximarem-se daqueles do GAT, os
teores de Li deste último caracterizam-se por serem mais
elevados. 0 enriquecimento em Li e FeO do GAT relativamente
o granito g2d deve-se ao fato de as micas do GAT, fengita
153
litinífera e zinnwaldita, serem mais ferrosas e litiníferas
que a mica do gra'nito g2d, fengita aluminosa, sendo, porém,
o enriquecimento em Li do GAT muito mais acentuado que o" seu
enriquecimento em FeO. Os teores de Rb do granito g2d
greisenizado tendem ao valor do LGR. 0 Zn não pode ser usado
na distinção dos greisens, devido à superposição de valores
de Zn nesses.
As amostras de g2d mostram uma dispersão
significativa dos seus teores de Li, a qual deve-se,
provavelmente, à atuação de um processo de greisenização
sobre elas, o que está de acordo com o fato de não terem
sido encontradas nessas amostras mica primária, ou seja,
bíotita. Das três amostras muito ricas em Li, duas são
milonitos do g2d (MG3A e MG44A) e a outra (MG40) possui
teores muito elevados de K20 e Rb, característicos de rocha
transformada. Por outro lado, os teores de Li das amostras
e GAT estão relativamente próximos entre si, o que
demonstra o menor nível de transformação dessa rocha na ZGP
do Maciço Mangabeira. Existe, entretanto, um claro
enriquecimento em Li do granito g2d para o GAT, o qual deve
estar relacionado à evolução magmática da família g2 .
De maneira semelhante ao que ocorre relativamente
ao Li, os teores de Sn do granito g2d apresentam uma forte
dispersão, enquanto os do GAT concentram-se próximo a 200
ppm. As fácies metassomatizadas do granito g2d foram ainda
mais enriquecidas em Sn. A diferença de comportamento entre
GAT e g2d mostra a grande mobilidade do Sn na área e que a
sua introdução no granito g2d deu-se provavelmente durante a
introdusão do fácies GAT, onde os teores de Sn parecem ser de
origem magmática. A diminuição em Sn com o aumento do FeO
para o GAT (figura V.21) pode, assim, indicar um
comportamento compatível para aquele- elemento no final da
evolução magmática da família g2.
Os teores muito elevados, e dispersos, de Sn das
demais rochas devem-se seguramente a metassomatismo. Devido
154
â sua grande dispersão, o Sn não pode ser usado para
distinguir os diferentes tipos de greisen estudados.
155
Figura V.19 - Rb x FeO para as amostras da ZGP estudadas Na legenda: g2d metas. = granito g2d metassomatizado - sob essa denominação estão as amostras de g2d greisenizado, greisen ã fengita (MG11A1 e MG8A4) e de g2d albitizado; as amostras MG32 e MG26B de greisen GAT representam o greisen ã zinnwaldita.
Figura V.18 - Li x FeO para as amostras da ZGP estudadas. Na legenda: g2d metas. = granito g2d metassomatizado.
156
Figura V.20 - Zn x FeO para as amostras da ZGP estudadas. Observa-se um alinhamento entre o GAT e o granito g2d.
Figura V.21 - Sn x FeO para as amostras da ZGP estudadas. Os valores de Sn do granito g2d apresentam uma grande variação.
157
V.4.4 - Terras raras
Os granitos da Zona Greisenizada Principal (ZGP)
são bastante enriquecidos em terras raras, em consonância
com os estudos realizados por Bilal (1991) no Granito
Sucuri, situado na Subprovíncia Estanífera do Paranã, e por
Botelho (1992) nos Maciços da mesma Subprovíncia.
0 granito g2d possui um padrão de terras raras
plano, com uma forte anomalia negativa de Eu (figura V.22) .
comportamento semelhantente têm suas fácies greisenizadas.
Duas amostras possuem uma pequena anomalia positiva de Ce e
de Yb, já discutida no item V.3.
A anomalia negativa de Eu é classicamente
interrpretada como devendo-se à incorporação de Eu no
reticulo de plagioclásio e/ou feldspato alcalino na forma de
Eu2+. Dois mecanismos são normalmente invocados para
aplicá-la (Emmermann et al., 1975) :
o magma granítico representa um líquido residual cujo
conteúdo de Eu é baixo como resultado de uma intensa
separação dos feldspatos durante a evolução do magma,
o magma granítico está empobrecido em Eu desde o início,
devido a ter-se originado por fusão fracionada, tendo sido
os feldspatos (plagioclásio) segregados como minerais
residuais.
No caso das rochas da área em estudo, nada se pode
afirmar a respeito do mecanismo que originou a anomalia
negativa de Eu. Entretanto, de acordo com os dados aqui
apresentados (figura V.24) e os resultados de Botelho
(1992), conclui-se que houve um empobrecimento progressivo
de Eu durante a evolução da família g2. Como exemplo, pode-
se citar o fato de os teores de Eu do GAT serem inferiores
aos das amostras de granito g2d pouco transformado (MM22 e
MG8A1).
Figura V.23 - Espectros de terras raras do GAT, onde ficam evidentes sua forte anomalia negativa de Eu e um empobrecimento nas TR p e s a d a s , localização feita a Boynton (1984).
Figura V.22 - Espectros de terras raras do granito g2d. N o r m a l i z a ç ã o feita a Boynton (1984) . Os menores valores de Eu correspondem à amostra de g2d um pouco greisenizada (MG40) .
158
159
Os conteúdos de TR do GAT aproximam-se daqueles do
g2d (anexo 2 ) ; entretanto, 'o GAT é mais. empobrecido em TR
pesadas (figura V.23), o que pode estar demonstrando que as
TR pesadas foram compatíveis durante a diferenciação do
granito g2d.
0 padrão de TR da rocha à quartzo e topázio (RQT)
é praticamente idêntico ao do granito g2d greisenizado
(figura V.24), onde observa-se um pequeno enriquecimento de
TR leves em relação às pesadas e forte anomalia negativa de
Relativamente às TR, o LGR é completamente
diferente das demais rochas estudadas. Seus teores de TR são
em média seis vezes superiores aos do GAT e g2d (anexo 2 e
figura V.24) . A somatória de terras raras do LGR é de 940,92
ppm, enquanto a das demais rochas analisadas varia de 107,67
a 1182,82 ppm, este último valor sendo da RQT. A razão La/Lu
do LGR é de 311,84, em contrapartida a valores entre 9,22
(MG8A3) e 43,83 (MG8A4) .
Em consequência dessas diferenças, o espectro de
TR do LGR é totalmente distinto do das outras rochas. Ele se
caracteriza por uma anomalia negativa de Eu muito
pronunciada, forte anomalia positiva de La e um padrão
composto por dois patamares, onde distingue-se um
enriquecimento em TR leves e um ligeiro empobrecimento em TR
pesadas.
V.4.5 - Discussão
V.4.5.1 - Os fácies g2d, GAT e LGR
- O leucogranito (LGR)
Nos diagramas ThxTa e NbxTa (figuras V.13 e V.14,
respectivamente) , utilizados por Botelho (1992) para
discriminar as famílias gl e g2, o leucogranito (LGR)
situa-se próximo aos granitos da família g2 . Entretanto, em
gráficos utilizados para discriminar os diferentes fácies, o
LGR localiza-se sempre fora do trend g2d-GAT. Além do mais,
seus valores e padrão de TR são completamente distintos dos
das demais rochas da ZGP, colocando-no dentre os granitos
160
Figura V.24 - Espectros de TR para os diferentes tipos de rochas da ZGP, estacando-se o padrão do LGR, completamente distinto dos demais.
Em relação ao índice de saturação em alumínio
ISA), o LGR é, como os demais granitos estudados,
peraluminoso.
Esses dados conflitantes entre si levam à
conclusão de que a relação do fácies LGR com os demais
granitos da família g2 ainda não pode ser definida.
- O GAT e sua relação com o granito g2d
0 granito à albita e topázio (GAT) é o fácies
granítico mais evoluído da série g2 na ZGP do Maciço
mangabeira. A sua mineralogia aliada à sua química tornam-o
em granito especial.
Apesar da sua relação Nb/Ta ser em geral superior
a 1, o GAT pode ser incluído entre os Ta granitos de
Raimbault et al. (1991), onde se classificaria entre os Ta
granitos da classe 2 (Si02 normal e baixo P2O5) , juntamente
com granitos de Ongon e Teeg UUla.
No gráfico Nb/Ta x FeO/MnO (figura V.25), o GAT
possui um enriquecimento simultâneo nas duas razões,
semelhante aos resultados obtidos por Raimbault et al..
(1991) para Ta-granitos de diversas regiões do mundo. Os
autores interpretam essa correlação global incluindo
granitos diferentes como devido a um processo comum para a
sua gênese.
Esse tipo de granito recebe diferentes
denominações na literatura, como rochas graníticas ricas em
volateis (Manning & Pichavant, 1988), granitos a metais
raros do tipo geoquímico Li-F (Kovalenko & Kovalenko, 1984)
ou topázio - Li-míca granitos (Pollard & Taylor, 1991). Ele
é considerado especial por ter uma ocorrência rara, por sua
mineralogia pouco comum e por estar geneticamente associado
a depósitos minerais do tipo Sn-W e Ta-Sn. Uma
característica marcante dessa rocha é a sua razão Na/K > 1,
o que é observado em 50% das amostras de GAT analisadas
neste trabalho.
A gênese desses granitos especiais é objeto de
duas posições controvertidas (Cocherie et al.., 1991;
Kovalenko & Kovalenko, 1984/ Manning, 1982) :
a) origem metassomática, por reequilíbrio subsolidus, sob
ação de fluidos pós-magmáticos (apogranitos) ;
161
Figura V.25 - Gráfico Nb/Ta x FeO/MnO para as amostras de GAT analisadas te trabalho e dados de Raimbault et al. (1991).
Em diversos gráficos AI2O3 x FeO; F x Al 20 3;
NbxTa; Li x Ta ; Li x FeO; e t c ) , o granito g2d e o GAT
descrevem um trend de evolução onde o GAT é mais evoluído
que o granito g2d. O GAT é mais rico em Li, Ta, F, Rb, Zn e
origem magmática, por cristalização fracionada sob alta
atividade do F, a qual permite que processos magmáticos
persistam a temperaturas inferiores a 630°C.
A mineralogia do granito à albita e topázio
(GAT), monótona em toda a sua área de afloramento,
juntamente com sua textura ígnea constituem-se no critério
petrográfico para designar tal rocha como ígnea.
O critério químico vale-se do fato de não haver
espalhamento de pontos desse granito nos diagramas, mesmo em
graficos construídos com componentes móveis, como Na 20, K 20,
Li, Zn e Sn. Os dados da mesma rocha transformada dispersam-
nos mesmos diagramas em que seus protolitos convergem.
162
163
FeO, é mais pobre em Ba e Sr e os seus padrões de TR são
semelhantes aos do g2d, embora com leve empobrecimento em TR
pesadas.
Os resultados apresentados nos dois últimos
parágrafos são claramente subsídios geoquímicos para que se
possa afirmar que o processo de formação do GAT foi
magmático (Schwartz, 1991) . Demonstram também ser o GAT
pertencente à família g2 e produto da diferenciação
magmática do g2d.
Para uma melhor ilustração da origem magmática do
GAT, as composições normativas CIPW do GAT foram piotadas em
um diagrama triangular Q-Ab-Or (figura V.26) juntamente com
os demais granitos, além das composições teóricas de magmas
dom F e Li20 à pressão de 1 Kbar (dados de Manning, 1982 e
Martin (1983) in Manning & Pichavant, 1984) . A quase
superposição dos pólos de granitos com 1 e 2%Li20 e a
distribuição não pontual dos dados dos granitos da ZGP
impedem qualquer conclusão a respeito do comportamento'
desses granitos no gráfico Q-Ab-Or relativamente a seus
teores de Li20.
Os pólos do GAT concentram-se em torno do ponto
correspondente a um magma com 0%F, ao invés de migrarem
aleatoriamente para o pólo Ab, o que também sugere origem
magmática para esse granito (Schwartz, 1991) .
As amostras menos transformadas do granito g2d
(MM22 e MG34) situam-se entre 0 e 1%F, enquanto os milonitos
de g2d migram para o pólo Q (MG3A e MG44A) .' Em conformidade
com observações anteriores atestando a greisenização que
afetou a amostra MG40, ela migra para o pólo Or. 0 GAT, mais
rico em F que o g2d, encontra-se próximo ao pólo 0%F. A
Licação para tal anomalia pode estar no fato desse
diagrama relacionar componentes móveis durante os processos
tardi/pós magmáticos, como metassomatismo e cisalhamento,
que atuaram sobre essas rochas.
Uma outra hipótese para explicar a anomalia é a
apresentada por Pichavant & Manning (1988) para os topázio
granitos do SW da Inglaterra, os quais, apesar de terem 1-
1,5%F, foram situam-se entre 0 e 1%F no diagrama Qz-Ab-Or.
Segundo a explicação daqueles autores, existe uma associação
entre Al e F, que propicia a formação de complexos do tipo
AIF63- no magma, o que tende a reduzir o efeito de um
determinado conteúdo de F no posicionamento da rocha dentro
do diagrama Qz-Ab-Or.
164
Figura V.2 6 - Diagrama Q-Ab-Or para amostras da ZGP e dados de Manning
(1981) e Manning & Pichavant (1984) .
V.4.5.2 - A Rocha à quartzo e topázio
A rocha à quartzo e topázio (RQT) possui modo de
ocorrência e características mineralógicas, texturais e
químicas que a tornam especial.
0 seu afloramento dá-se. de forma retilínea, quase
contínua em superfície, sempre associado ao GAT (anexo 1) .
Macroscopicamente, a rocha é maciça e sua
mineralogia, descrita no capítulo III, compreende quartzo,
topázio, arsenopirita (localmente associada a löllingita) ,
zinnwaldita, wolframita, esfaleríta, sulfetos de Cu e
arseniatos diversos, entre os quais a yanomamita. O topázio
ocorre como cristais subedrais milimétricos ou como pequenas
inclusões de cristais euédricos em quartzo e/ou nos grãos
maiores de topázio. Essas inclusões sugerem origem magmática
para o topázio de primeira geração.
0 topázio é comumente conhecido como produto de
alteração hidrotermal de alta temperatura e as rochas com
topázio são então consideradas como resultantes de processos
pós-magma ti cos, em geral, greisenização .
Quimicamente, a RQT distingue-se dos granitos e
greisens da Zona Greisenizada Principal (ZGP) por possuir
elevados teores de Si02, Al 20 3, F e Cu e baixos teores de
INa20, K20, Rb e Li, sendo os teores de Rb e Li sobremaneira
baixos quando comparados aos dos greisens. No diagrama Q-Ab-
Or(figura V.26), as duas amostras de RQT são plotadas
próximo ao pólo Q, o que se deve aos seus altos teores de
02 e baixos teores de álcalis.
A RQT assemelha-se aos topazitos da Nova
inglaterra (Austrália) , descritos por Eadington & Nashar
(1978), que ocorrem como diques e sills em um roof pendant
no Granito Mole. Seus constituintes principais são quartzo e
topázio (este compreendendo 18-27% da rocha) , além de 5% de
cavidades miarolíticas. Outros minerais presentes são
wolframita, muscovita e turmalina. Estudos de inclusões
fluidas em topázio indicaram temperatura de cristalização
das rochas entre 570-620°C.
Rochas semelhantes foram descritas em outras
localidades, como as rochas à quartzo-topázio-lõllingita de
Victoria, Austrália (Birch, 1984) , os diques de topazito do
Arizona, EUA (Kortmeier & Burt, 1988) e os topazitos de
North Queensland, Austrália (Johnston & Chappell, 1992) .
Pela classificação convencional, as rochas
Inominadas topazitos deveriam chamar-se quartzolito ou
silexito; porém essas denominações não registram a presença
de topázio na rocha. Por esse motivo, o termo topazito é
165
166
aplicado a rochas magmáticas compostas principalmente de
quartzo e topázio, sem restrição de percentual relativo
entre esses componentes (Eadington & Nashar, 1978; Birch,
(1984) .
A tabela V.5 compara as análises químicas de
topazitos de regiões distintas com as análises da RQT. Elas
têm em comum os altos teores de Si02, A1203, e F e baixos
conteúdos de Na20, K20, Rb e Li. Entretanto, algumas
peculiaridades são observadas na RQT, como altos FeO, Cu e
Sn, as quais podem ser atribuídas a características
específicas da rocha desta região.
Além de greisens, outras rochas com topázio foram
descritas na literatura, como os já mencionados topázio
granitos e os ongonitos ou topázio riolitos.
Os topázio granitos, ou Li-F granitos à metais
raros, são semelhantes ao GAT, portanto distintos da RQT,
principalmente em relação ao fato de a RQT não conter
feldspatos, reduzindo drasticamente seus teores de Na20 e
Os ongonitos foram inicialmente descritos na
Mongólia e são rochas subvulcânicas e lavas análogas aos
topázio granitos (Kovalenko et al., 1971), que consistem de
quartzo, albita, microclínio, topázio, Li-muscovita ou
lepidolita e vidro vulcânico. Os minerais acessórios são
lepidorita, cassiterita, tantalita, fenacita, granada e
mazita.
0 termo topázio riolito foi utilizado por
ristiansen et al. (1983) para rochas do oeste dos EUA
iènticas aos ongonitos.
Além dos ongonitos serem em geral rochas
vulcânicas, as suas composições mineralógica e . química
afastam totalmente a RQT de qualquer semelhança com eles
(tabela V.5) .
Kortmeier & Burt (1988) descreveram diques de
ongonito e topazito ocorrendo juntos, com transições
gradacionais de uma rocha para outra. A presença de uma ou
168
outra rocha foi explicada em função das concentrações de HF
nos diques. Altas concentrações de HF teriam favorecido a
cristalização exclusiva de quartzo + topázio, pois os
álcalis se particionariam para o fluido aquoso; o ongonito
se cristalizaria em condições de baixo HF.
Na ZGP, a rocha à quartzo e topázio ocorre sempre
associada ao GAT. Em se tratando de uma rocha magmática, um
topazito, a sua cristalização poderia estar relacionada, com
elevadas concentrações de HF no magma. Caso a sua origem
seja metassomática, a RQT seria produto da greisenização do
GAT.
Com base em dados de inclusões fluidas, Eadington
& Nashar (1978) propuseram que o topazito da Nova Inglaterra
teria derivado do biotita granito Mole ao qual se associa.
Nais de 99% do granito Mole teria cristalizado como um
granito normal, com menos de 0,3%F. 0 magma residual se
enriqueceria em F (e Cl) , resultando na cristalização do
topazito em detrimento do biotita granito. Os baixos teores
Na20, K20 e Cl do topazito dever-se-iam ao fato desses
componentes serem facilmente particionados para a fase
aquosa.
Os autores concluem que uma rocha sem feldspatos e
composta fundamentalmente por quartzo pode ter uma baixa
temperatura do solidus, menor que 6 5 0°C, e que o topázio
le então ocorrer como uma fase de liquidus.
Experimentos realizados no sistema granítico
sintético Qz-Ab-Or confirmam as hipóteses levantadas por
Badington & Nashar (1978) . A adição de F ao sistema, a uma
pressão de 1Kb e excesso de água, provoca uma redução
considerável das temperaturas do liquidus e o deslocamento
do minimum do sistema para o pólo Ab, aumentando o campo de
estabilidade do quartzo, onde se situam os topazitos no
diagrama (Manning, 1982; Pichavant & Manning, 1984; Manning
& Pichavant, 1988), de modo que um magma granítico com 4%F
se cristalizaria a 630°C.
Pichavant & Manning (1988) concluem que as baixas
emperaturas do solidus de magmas ricos em F sugerem que
aqueles tenham sido gerados como frações residuais durante a
diferenciação de um magma com composição de biotita granito
pobre em F.
V.4.5.3 - Ambiente tectônico
Apesar do elevado grau de transformação de várias
amostras da ZGP, a utilização de um diagrama Nb x Y de
Pearce et al. (1984), com o objetivo de situar os granitos
estudados em um contexto geotectônico, forneceu resultados
semelhantes aos já sugeridos para os granitos da
subprovíncía Estanífera Paranã (Marini & Botelho, 1986;
Bilal, 1991; Botelho, 1992), estando as rochas da ZGP
incluindo aquelas muito transformadas) situadas quase
exclusivamente no campo dos granitos intra-placa (figura
V.27) .
Segundo Pearce et al. (1984), a maioria dos
granitos classificados como intra-placa preenche a descrição
de granitos tipo A, os quais caracterizam-se quimicamente
por altos conteúdos de Si02, Na20 + K20, Fe/Mg, Ga/Al, Zr,
Nb, Ga, Y e Ce, e baixos CaO e Sr (Whalen et al., 1987). Os
granitos tipo A exibem mineralizações de Sn, Mo, Bi, Nb, W,
Ta e F. Várias dessas características são observadas nos
granitos da ZGP, como altos teores de Si02, Na 20 - + K 20,
Fe/Mg, Zr, Nb, Y e Ce, e baixos CaO e Sr, além da
mineralização de cassiterita.
Contrariamente ao proposto por Pearce et al.
(1984), para Whalen et al. (1987) os granitos tipo A ocorrem
em vários ambientes tectônicos, não indicando
necessariamente um ambiente anorogênico ou de rifteamento.
Entretanto, a associação de granitos não
deformados com rochas vulcânicas ácidas de mesma idade na
subprovíncia Paranã sugere um ambiente anorogênico para
esses granitos (Marini et al., 1985; Pimentel et al., 1991J .
169
170
Figura V.27 - Gráfico de Pearce et al. (1984) discriminando os granitos
por ambiente tectônico. syn-COLG = granitos sincolisionais; VAG =
granites de arcos vulcânicos; WPG = granitos intra-placa; ORG = granitos
de cadeias meso-oceânicas. As rochas da Zona Greisenizada Principal
situam-se no campo dos granitos intra-placa.
V.4.6 - Conclusões
As rochas graníticas que afloram na Zona
Greisenizada Principal (ZGP) do Maciço Mangabeira foram
submetidas a processos metassomáticos (albitização e
greisenização) , os quais provocaram a mobilidade de vários
componentes químicos .
A utilização dos dados químicos de rochas pouco
transformadas possibilitou o conhecimento de características
importantes dessas rochas.
Todas as rochas da ZGP, com exceção do
teucogranito, pertencem à família de granitos g2, descrita
Botelho (1992) , estando entre as mais evoluídas da
série. A família a que pertence o leucogranito (LGR) não foi
possível de ser estabelecida, bem como a relação desse
granito com as demais rochas estudadas.
O granito g2d possui baixos teores de F, Li, FeO,
Al2O3, Rb, Zn e Sn e altos teores de Ba e Sr,
comparativamente aos demais granitos da área. Seus espectros
de TR caracterizam-se por uma forte anomalia negativa de Eu.
0 granito à albita e topázio (GAT) derivou da
diferenciação magmática do granito g2d e assemelha-se aos
topázio granitos descritos na literatura. Ele é mais rico em
Li, F, Sn, Rb, Zn, Ta e FeO que o g2d, é mais pobre em Ba e
Sr e os seus padrões de TR diferem dos do fácies g2d por
mostrarem um empobrecimento em TR pesadas, o que sugere um
importamento compatível para as TR pesadas durante a
evolução da família g2 .
A amostra de LGR analisada possui FeO equivalente
os teores do GAT e seus conteúdos de A1 20 3 e Rb assemelham-
te aos do g2d. Os teores de F são intermediários entre os
dois fácies, os de Ta, Zn e Sn são baixos e os teores de Th
são elevados. Essa superposição de teores do LGR com o GAT e
o granito g2d e a quase ausência de dados desse granito são '
fatores que contribuem para o fraco entendimento da relação
do LGR com os demais granitos estudados. Além disso, o LGR
possui um padrão de TR completamente distinto do apresentado
pelo GAT e g2d.
Os greisens à zinnwaldita (do GAT) possuem
características químicas que os distinguem dos greisens à
fengita (do g2d) , como teores mais elevados de FeO, Li, Rb e
A rocha à quartzo e topázio é anômala na área,
sendo quimicamente distinta das demais. Possui elevados
teores de Si02, A1 20 3, F e Cu e baixos teores de Na 20, K 20,
Rb, Ba, Sr.e Li. Seu padrão de TR assemelha-se aos do g2d. 0
espalhamento de pontos da RQT em alguns diagramas pode
sugerir uma origem metassomática para essa rocha.
Entretanto, ela mantém muitas semelhanças petrográfiças e
químicas com os topazitos, descritos por Eadington & Nashar
(1978) como tendo origem magmática.
171
173
VI - ESTUDO DA OCORRÊNCIA DE ÍNDIO DO MACIÇO MANGABEIRA
VI.1 - INTRODUÇÃO
O índio, símbolo In, é um elemento químico do
grupo IIIA da Tabela Periódica, situado entre o gálio e o
cálio. Com exceção do boro, esse grupo é constituído por
elementos metálicos típicos (0'Connor, 1977) .
A tabela VI. 1 resume as principais propriedades
físicas e químicas do índio, onde se destaca o seu baixo
ponto de fusão.
Tabela VI.1 - Principais propriedades do In
Número atômico 4 9
Peso atômico 114,6
Proto de fusão (°C) 156,2
Densidade (g/cm3) 7,3
Fote : Weeks (1971) e 0'Connor (1977).
A sua utilização dã-se na indústria eletrônica, na
fabricação de instrumentos ópticos, em ligas de baixo ponto
de fusão, em ligas de suporte, ligas dentárias, em jóias,
como graxeta em aeronaves, como selante em juntas, para
realizar soldas delicadas, entre outras aplicações. (Weeks,
1971; Économie-Geographie, 1989) .
0 maior consumidor de índio atualmente no mundo é
o Japão, seguido dos Estados Unidos e da Europa . O preço do
metal foi de U$ 300/Kg em 1988 (Économie-Geographie, 1989) .
Na natureza, o In ocorre normalmente associado ao
Sn. Concentra-se, em geral, nos sulfetos, onde se destaca a
esfalerita (Burke & kieft, 1980/ Johan, 1988), mas também
ocorre em outros minerais, como calcopirita (Ivanov &
Lizunov, 1959; Boorman & Abbott, 1967; Kieft & Damman,
1990), cassiterita, principalmente do tipo "estanho-madeira"
Ivanov & Lizunov, 1959; Moore & Howie, 1979), estanita
Boorman & Abbott, 1967), tennantita-tetraedrita e
estanoidita (Shimizu & Kato, 1991).
Foram descritos na literatura cinco minerais de
índio - roquesita, CuInS2 (Picot & Pierrot, 1963; Picot,
1973); indita, FeIn2S4 (Genkin & MuraVeva, 1963);
dizhalindita, In(OH)3 (Genkin & Murav'eva, 1963); sakuraiita,
Cu,Zn,Fe,Ag) 3 (In, Sn)S4 (Kato, 1965; Kato & Shinohara, 1968)
e yanomamita, InAs04. 2H20 (Botelho, 1992).
Após uma compilação de dados geológicos de
diversas partes do mundo a respeito do In, Murao et al.
1991 concluíram que os seguintes fatores são importantes
para a formação de depósitos de índio:
1)magmatismo ácido;
2) granitos da série ilmenita,-
3) depósitos hidrotermais de Sn;
4) estrutura cauldron para alguns depósitos polimetálicos;
5)depósitos de Sn-polimetais subvulcânicos a plutônicos;
6) coexistência de cassiterita e sulf etos de Cu em depósitos
de Sn-polimetais;
7) remobilização do In para a concentração econômica do
minério.
Nos locais em que há extração de In, essa é feita
através do processamento de minério de zinco, não existindo
p
exploração direta de minerais de In ("Weeks, 1971; Économie-
Géographie, 19 89) .
Neste capítulo, serão apresentados os dados
existentes sobre a ocorrência de índio na Zona Greisenizada
principal (ZGP) do Maciço Mangabeira, quando serão mostradas
as análises de In em rocha e em minerais. Por último, far-
se-á a sistematização da hipótese sugerida para a
concentração do In na ZGP.
174
VI.2 - MÉTODOS ANALÍTICOS
As análises químicas de In em rocha foram feitas
em ICP, no Laboratório de Geoquímica da UnB (LAGEQ) , com
metodologia desenvolvida pelo Químico responsável pelo
laboratório, Geraldo Boaventura. Para a digestão das
amostras, utilizou-se água régia.
As análises de minerais foram efetuadas em
icrossonda Eletrônica CAMEBAX SX50, no Instituto de
Geociências, UnB.
VI.3 - 0 In NA ZONA GREISENIZADA PRINCIPAL
A existência de concentrações de In no Brasil foi
recentemente descoberta no Maciço Mangabeira, na área do
presente estudo. Além de o elemento estar presente em
sulfetos, escorodita e cassiterita, ele ocorre formando
minerais de índio: roquesita, dzhalindita e yanomamita
Botelho & Roger, 1990a; Botelho & Roger, 1990b; Botelho,
1992).
Na Zona Greisenizada Principal, o In concentra-se
na rocha à quartzo e topázio (RQT) (tabela VI.2) . Dentre os
granitos, a amostra de GAT- analisada é a que apresenta os
menores teores de In (<15 ppm) , enquanto os teores no LGR e
g2d são de 18 e 15 ppm, respectivamente. Os greisens possuem
concentrações superiores às dos granitos que os originaram
21 e 57 ppm, respectivamente para o greisen à fengita e à
zinnwaldita) , o que demonstra que existiu mobilização do In
durante a greisenização que ocorreu na ZGP.
O greisen à zinnwaldita (MG26B) possui teor de In
bem superior ao do GAT e greisen à fengita. Ele caracteriza-
se por ser muito rico em cassiterita.
Conforme mostraram os estudos petrográficos e
químicos, a RQT é bastante peculiar e contém cassiterita,
175
diversos sulfetos, destacando-se arsenopirita, esfalerita,
calcopirita, estanita e tennantita, e minerais de índio.
Devido à ZGP ter sido intensa e extensamente
explorada por garimpeiros em busca de cassiterita, o
mapeamento e a amostragem da rocha à quartzo e topázio
tornaram-se muito dificultados. Em superfície, entretanto, a
TQT parece ter uma ocorrência praticamente contínua, com
direção NE, até a falha inferida nas proximidades da cata 9
figura VI. 1) . A rocha volta então a aflorar a NE, na cata
As amostras de RQT pouco transformadas têm cor
branca e são compostas principalmete de quartzo, topázio,
arsenopirita, cassiterita e mica do tipo zinnwaldita. A
arsnopirita está localmente com início de alteração para
escorodita. Nessas amostras, o In ocorre principalmente nos
grãos de esfalerita inclusa em arsenopirita, cassiterita e
topázio (MG7A1) e o seu teor na rocha é baixo (tabela VI. 2,
amostras MG7A1 e MG8C2) .
Nos locais onde houve intensa alteração da
arsenopirita para escorodíta, a rocha tende a ser verde e
constitui-se principalmente de quartzo, topázio, escorodita,
restos de arsenopirita, cassiterita e zinnwaldita. Essas
amostras de RQT são as mais ricas em In, concentrado
principalmente nas massas de escorodita (tabela VI. 2,
amostras MG50(1) e MG7B1) .
A associação entre o In, sulfetos e cassiterita na
ZQP, e a presença de roquesita, levam a classificar a
ocorrência de In do Maciço Mangabeira dentre os depósitos de
sulfetos-cassiterita (com roquesita) de Vlasov (1964) .
Figura VI. 1 (página seguinte) - Mapa de parte da ZGP do M a c i ç o
mangabeira, mostrando teores de In em rocha. Os valores anômalos ocorrem
em amostras de RQT.
176
VI.4 - ESTUDO MINERALÓGICO
Na tentativa de melhor compreender a distribuição
do In na rocha à, quartzo e topázio, foram realizados estudos
em diversos minerais que compõem a paragênese do In na ZGP.
VI.4.1 - Minerais de índio
Dos cinco minerais de In conhecidos, três foram
encontrados na ZGP (Botelho, 1992) .
A dzhalindita foi identificada em uma amostra de
granito g2d albitizado da cata 11 .
A yanomamita tem a sua localidade-tipo na cata 11
da ZGP e ocorre associada a massas de escorodita.
A roquesita ocorre em filões à quartzo, topázio e
zinnwaldita, onde também ocorrem wolframita, cassiterita,
tennantita, calcopirita e bismuto nativo. Localiza-se na
vizinhança da tennantita (Botelho, 1992) .
No presente trabalho, identificaram-se yanomamita
e roquesita. A roquesita ocorre intercrescida com
esfalerita, juntamente com a qual será descrita.
VI.4.1.1 - Yanomamita
A yanomamita foi observada em amostras da rocha à
quartzo e topázio situadas nas catas 11, 7 e 50, sempre
associada à escorodita.
Somente em uma amostra, MM11C7, foram observados
cristais euédricos do mineral de In, os quais são bordejados
por escorodita (prancha VI. 1, fotos 1 e 2) . Essa amostra
caracteriza-se por ser rica em cassiterita e inclusões de
esfalerita em arsenopirita, cassiterita e topázio, e possui
os mais altos teores de In da área, 4.089ppm (tabelas VI. 2 e
VI.5).
Nas demais amostras, a yanomamita só pôde ser
identificada com o auxílio de microscopia eletrônica de
178
varredura,. em imagens de elétrons retroespalhados. 0 mineral
ocorre finamente disseminado ou como filonetes nas massas de
escorodita, substituindo antigos cristais de arsenopirita ou
(preenchendo clivagens da mica e fraturas do quartzo e do
topázio.
179
A estreita associação entre yanomamita e
escorodita é refletida nas análises químicas de minerais
opticamente semelhantes à yanomamita, e que são, na
realidade, misturas de yanomamita com escorodita (tabela
VI.3) .
A tabela VI.3 sugere a existência de substituição
entre In e Fe na yanomamita, de modo que a soma dos seus
números de átomos na fórmula estrutural tende a igualar-se
a 1.
Tabela V12 - Resultados analíticos de In em amostras de rochas da ZGP.
Rocha
g2d
greisen g2d
GAT
greisen GAT
LGR
RQT
Amostras
MG8A1
MG11B2
MG8A4
MG28
MG26B
MG36
MG7
MG7A1
MG7B1
MG8B
MG8C2
MG9B1
MG9B1A
10111C
MM11C1
MG11C1
I0U1C7
MG50(1)
MG50A
MG50A1
In (ppm)
15.31
15B.60
20.75
12.49
57.20
18.46
282.10
38.51
1374.00
152.30
31.83
274.20
1.43.10
625.00
63.50
224.30
4089.00
2609.00
1113.00
604.00
181
Localmente, a yanomamita ocorre como filmes com
l mm de largura nas massas de escorodita ou em zonações com
aquele mineral (ex. : amostras MG7B1 e MG50(l)a; e MM7C1,
respectivamente) . Análises químicas realizadas em um grão de
escorodita onde ocorrem zonações com yanomamita mostram a
dificuldade de distinção entre os dois minerais (tabela
VI.3, 2-4) .
VI.4.2 - Minerais portadores de In
A investigação de lâminas e seções polidas da RQT
sob a microssonda eletrônica revelou que os principais
minerais concentradores de In na ZGP são a escorodita e a
esfalerita. Em seguida vem a estanita e, por último, a
cassiterita e a calcopirita. Botelho (1992) identificou
ainda outros minerais que contêm In-, ou seja, digenita
(0,10% In) e enargita (0,07% In).
VI.4.2.1 - Escorodita
A escorodita desenvolve-se a partir da alteração
da arsenopirita e, muito localizadamente, da löllingita.
porre envolvendo e/ou percolando esses minerais nos locais
p que a transformação foi incipiente, ou como massas
proeminentes onde quase não mais existem restos do mineral
que a originou. Também preenche fraturas de quartzo, topázio
e zinnwaldita.
A distribuição do In nas massas de escorodita é
bastante errática (anexo 4) , mas é possível constatar que
quando o mineral bordeja restos de arsenopirita, seu teor é
baixo (ex.: 0.7% In 20 3 na amostra MM11C7) , e quando ocorre
bomo massas mal cristalizadas isoladas, chega a ter 11%
In203 (MG7B1) . O teor médio de In na escorodita é de 2,35%.
A investigação de massas de escorodita ricas em
In203 das amostras MG7B1 e MG50(l), por meio de imagens de
elétrons retroespalhados em microssonda eletrônica, revelou
182
que elas são heterogêneas e possuem zonações compostas de
filmes de yanomamita intercalados com escorodita. Na amostra
MG50(1)a, as zonações apresentam-se com textura coloforme.
A intrínseca associação escorodita-yanomamita
nessas zonações e a tendência a haver uma substituição entre
In e Fe naqueles minerais (anexo 4 e tabela VI. 3) podem
significar que exista um sistema binário FeAs04.2H20
InAs04. 2H20, de modo que quando as concentrações de In são
faixas, forma-se uma solução sólida entre os dois minerais.
A temperaturas baixas e/ou quando o sistema torna-se
supersaturdo em In, ocorre a desmistura.
Uma outra explicação para essa associação é a
simples cristalização conjunta, porém independente, dos dois
minerais. As texturas descritas anteriormente para as massas
de escorodita e os filonetes de yanomamita juntamente com os
resultados analíticos apresentados tornam esta possibilidade
pouco provável.
Sob o ponto de vista econômico, a escorodita é o
mineral mais importante para In da Zona Greisenizada
Principal, pois possui teores médios de In 20 3 elevados e
dhega a representar 2 0% da composição modal da RQT (amostra
MG11C) , além de tratar-se de um mineral hidratado e mal
cristalizado, o que facilita a recuperação do In.
VI.4.2.2 - Estanita
A estanita (Cu2 (Fe,Zn)SnS4) tem uma ocorrência
bastante limitada na ZGP, Apresenta-se em geral inclusa em
arsenopirita, mas também ocorre isolada na RQT.
Apesar da sua pouca frequência, a estanita é um
importante concentrador de In na área estudada, com teor
médio de 1,4% (tabela VI. 4 ) . Botelho (1992) obteve um teor
médio de l,98%In para estanitas da ZGP do Maciço Mangabeira.
A existência de In na estrutura da estanita foi
detectada nos depósitos de cassiterita-sulfetos de Yakutia,
ex-URSS, sendo o seu maior teor, 0,15%In (Ivanov & Lizunov,
183
1959). No depósito estanífero de Mount Pleasant, Canadá,
Boorman & Abbott (1967) identificaram uma estanita
hexagonal, pobre em In (0,04% In), e uma tetragonal, com
2,1% In. Murao & Furuno (1990) descreveram a estanita mais
rica em In do mundo, no Depósito polimetálico de Goka,
Japão. Seus teores máximos são de 9,63% In.
Botelho (1992) sugeriu uma possível solução sólida
entre estanita e sakuraiita para explicar a introdução de In
na estrutura da estanita do Maciço Mangabeira. Shimizu et
al. (1986) propuseram uma solução sólida contínua para
justificar a associação entre sakuraiita, estanita e
kesterita [ (Cu, Zn, Fe) 3SnS4] da Mina Ikuno, Japão. A variação
de composição entre os três minerais dever-se-ia a uma dupla
substituição, (Zn, Fe) In - CuSn, na estrutura daqueles
minerais .
Existem trabalhos que se referem à esfalerita para
explicar o enriquecimento em In da estanita, os quais serão
abordados no item seguinte.
Tabela VL4 -
S
Fe
Cu
Zn
In
Sn
Cd
AS
Total
Composições químicas
estanita
MM11C1 MG11C1
28.80 27.35
7.95 7.82
27.G3 23.22
6.86 8.65
1.63 1.33
25.36 23.16
0.27 0.00
0.00 8.94
98.50 100.48
de estanita , calcopirita (a); e cas
MG 11 Cl
27.35
7.82
23.22
8.65
1.33
23.16
0.00
8.94
100.48 .
calcopirita
MM11C MG7A1
34.07 34.83
29.50 30.22
32.78 34.54
0.12 0.00
0.09 0.05
0.01 0.01
0.01 0.00
0.00 1.27
9G.58 100.93
siterita (b) da RQT.
MG50(1)
33.65
30.43
35.03
0.07
0.16
0.05
0.00
0.42
99.81
b)
As205
Fe203
In203
ZnO
Sn02
Total
MG11C
0.72
1.38
0.34
0.00
98.35
100.79
MG11C
0.37
0.22
0.21
0.06
98.99
99.85
184
VI.4.2.3 - Esfalerita
Dois tipos distintos de esfalerita ocorrem na
rocha à quartzo é topázio, no Maciço Mangabeira. 0 tipo I é
representado por esfalerita de cor vermelha- intensa em luz
transmitida, que ocorre como pequenas inclusões na
arsenopirita, topázio e cassiterita (prancha VI.1, foto 3 ) .
Caracteriza-se quimicamente por ser rica em In, com teores
variando de 2 a 6%In (tabela VI.5). Botelho (1992) descreveu
esfalerita com ll%In na RQT.
Análises espectográfiças realizadas por Deer et
a1. (1966) sugerem que a cor vermelha da esfalerita deve-se
à presença de Sn, In, Ag e Mo na sua estrutura.
A esfalerita II possui cor castanha amarelada e
ocorre tanto inclusa em arsenopirita como sob a forma de
grãos isolados na rocha, com até 1,5 mm' de diâmetro (prancha
VI.1, foto 4) . Ao contrário da esfalerita I, esta é pobre em
In, com teor máximo de l%In. (tabela VI. 5) .
Um grão de esfalerita distinto das esfaleritas I e
II ocorre na amostra MM7C1. 0 mineral é opaco, mais pobre em
Fe e mais rico em In que as demais esfaleritas analisadas
(tabela VI. 5 e figura VI. 2) .
Independentemente de que tipo de esfalerita está
incluso na arsenopirita, esta é sempre muito pobre em In, o
que deixa claro que a arsenopirita não é um mineral portador
de In na Zona Greisenizada Principal (tabela VI.7) .
Kieft & Damman (1990) também descreveram dois
tipos distintos de esfalerita, nos escarnitos da Área
Gàsborn, Suécia. 0 tipo pobre em In contém menos de 0.1%In e
o outro, 0,1 a 2%In. Suas cores entretanto são idênticas,
marron avermelhado intenso em luz transmitida.
Em uma seção polida da amostra MG7A1, a esfalerita
associa-se a tennantita, calcopirita e bismutinita + galena,
todos inclusos em arsenopirita (prancha VI. 1, foto 5 ) . Seu
conteúdo de In é maior que 15%. Entretanto, a imagem de
elétrons retroespalhados desse grão revelou que a esfalerita
está intercrescida com roquesita (CuInS2) e calcopirita
tabela VI. 6). O sulfeto de. In ocorre segundo os planos de
clivagem da esfalerita, (011) , e segundo outras direções
prancha VI. 1, foto 6 ) , onde suas lamelas são mais largas,
com até 2 um de largura.
Outros minerais significativos nessa amostra são
cassiterita, wolframita e löllingita. Esta ocorre como grãos
de 200/xm de diâmetro, isolados na ganga, praticamente sem
alteração.
Quimicamente, a esfalerita da rocha à quarzto e
topázio apresenta uma forte correlação positiva entre In e
Cu (figura VI. 2a) e sua razão atômica In/Cu iguala-se a 1
(tabelas VI. 5 e VI. 6) . A roquesita analisada também possui a
mesma relação entre In e Cu (tabela VI. 6) .
A relação entre In e Fe nas esfaleritas da ZGP é
complexa. Enquanto na "esfalerita" MG7A1, o teor de In varia
e o Fe permanece constante, nas demais esfaleritas
estudadas, o In varia muito pouco para variações acentuadas
no teor de Fe (figura VI. 2b) .
As misturas identificadas na amostra MG7A1 mostram
uma fraca correlação negativa entre In e Fe e estão entre as
mais pobres em Fe, de maneira semelhante aos resultados de
Kieft & Damman (1990) (tabela VI. 6 e figura VI.2b). Essa
correlação negativa pode significar a existência de
substituição entre In e Fe na roquesita e nas misturas
esfalerita-roque sita.
Por outro lado, as esfaleritas I e II possuem uma
fraca correlação positiva entre aqueles elementos, sendo as
esfaleritas mais pobres em In (tipo II) também muito
empobrecidas em Fe. Essa relação pode estar sugerindo a
introduçao simultânea de In e Fe nas estruturas dessas
esfaleritas, hipótese já descrita na literatura, mas em
geral descartada (Zabarina et al., 1961; Oen et al. , 19 80;
Johan, 1988; Kieft & Damman, 1990) .
185
189
Uma forte correlação negativa existe entre o In e
o Zn das esfaleritas estudadas, sendo mais proeminente para
a "esfalerita" MG7A1 (figura VI. 2c).
Relações semelhantes às aqui apresentadas entre
In, Cu, e Zn foram relatadas por Oen et al. (1980), Johan
(1988) e Kieft & Damman (1990) em esfaleritas indíferas de
outras regiões do mundo. As conclusões a que chegaram tais
pesquisadores podem ser muito valiosas nas interpretações
das observações extraídas das esfaleritas da ZGP e por essa
razão serão aqui discutidas.
- Relação esfalerita - roquesita - estanita
Oen et al. (1980) analisaram uma esfalerita
euedricamente zonada, intercalada com zonas de estanita, do
Depósito subvulcânico-hidrotermal de chumbo-zinco de
Cartagena, Espanha, cujas temperaturas de formação variam de
320 a 150°C.
Com base nas suas observações e nas correlações
positivas entre In, Cu e Sn e ausência de relação entre In e
Fe, os autores sugeriram a existência de soluções sólidas
•escontínuas no sistema (Zn,Fe)S - Cu2FeSnS4 - CuInS2/
esfalerita - estanita - roquesita.
A temperaturas mais elevadas, teria havido
cristalização alternada de esfalerita e estanita, sendo que
a estanita representaria a fase de mais alta temperatura. Um
decréscimo na temperatura do fluido teria provocado a
cristalização de esfalerita rica em In. Finalmente, no
estágio de mais baixa temperatura, teria havido
cristalização de esfalerita quase pura, com baixo Fe, Cu, Sn
Johan (1988) afirmou que o único mecanismo
possível para explicar a introdução de In na estrutura da
esfalerita é a seguinte substituição:
Cu(I) + In(III) = 2Zn(H) .
Segundo o autor, a incorporação de In na
esfalerita não pode ser simplesmente atribuída a uma solução
sólida limitada com roquesita, como apregoaram Oen et
al. (1980) .
Johan (1988) não conseguiu explicar a razão da
concentração preferencial de In e Cu nas zonas de
crescimento (111) de alguns cristais de esfalerita. Na
amostra MG7A1, entretanto, a concentração de In e Cu segundo
planos da esfalerita deve-se à existência de roquesita
nessas direções. Essa observação favorece a hipótese de Oen
et al. (1980) .
Burke & Kieft (1980) constataram a existência de
roquesita associada com Cu-In esfalerita, em Langban,
Suécia. Na esfalerita, há intercalações de porções ricas em
In (9-10%In), marron escuras, com porções contendo 0-5,5%In,
incolores a marron claras. Essas intercalações, juntamente
com a razão atômica Cu/In igual a 1 nas esfaleritas, fizeram
com que os autores propusessem a existência de uma solução
sólida primária parcial descontínua entre esfalerita e
roquesita, cuja fórmula seria Zn2_2xCuxInxS2 de acordo com a
proposição de Oen et al. (1980).
Kieft & Damman (1990) também utilizaram a
proposição de Oen et al. (1980) para explicar os dois tipos
de esfalerita de Gasborn, Suécia. Eles sugeriram que as
análises de esfalerita rica em In representariam uma mistura
de esfalerita pobre em Fe com calcopirita e roquesita.
Juntamente com essa mistura, existe uma fase desconhecida,
rica em In e Zn. Essa mistura sugerida, mas não comprovada,
na Suécia equivale à observada na amostra MG7A1.
Com base nas observações extraídas da esfalerita
MG7A1 e nas descritas na literatura, a hipótese mais
provável no momento para explicar a associação esfalerita-
roquesita na amostra MG7A1 é a da existência de uma solução
sólida descontínua entre aqueles minerais. As lamelas de
exsolução de roquesita observadas na esfalerita devem-se à
supersaturaçao de In na esfalerita.
190
Kieft & Damman (1990) estipularam em 2% In o
limite máximo de solubilidade de In em esfalerita rica em
Fe. Nas amostras aqui estudadas, entretanto, observa-se que
esfaleritas com 6%In • não apresentam qualquer outra fase
visível, indicando que na ZGP esse limite deve ser pelo
menos três vezes superior ao das esfaleritas da Suécia.
As conclusões de Oen et al. (1980) podem ser
aplicadas aos dois tipos de esfalerita observados na ZGP. A
esfalerita II, quase pura, pobre em In e Fe, seria de mais
baixa temperatura que a do tipo I, conforme sugeriu Botelho
(1992) .
A proposta de Oen et al. (1980) pode ser
extrapolada para explicar os altos teores de In nas
estanitas da ZGP. Os autores avaliaram a possibilidade da
existência de uma solução sólida descontínua entre roquesita
e esfalerita, dentro de um sistema estanita-esfalerita-
roquesita, mas não avançaram relativamente à relação
roquesita-estanita.
Apesar da ausência de estudos experimentais nesse
sistema, a frequente associação entre In e estanita pode
significar que realmente existe uma solução sólida
roguesita-estanita.
VI.4.2.4 - Calcopirita
A calcopirita é um mineral pouco frequente na RQT
e ocorre inclusa na arsenopirita, juntamente com esfalerita.
Seus teores de In são baixos, mesmo quando o mineral está
associado a esfaleritas muito ricas em In, como na amostra
MG7A1. Localmente, entretanto, seus teores chegam a 0,l6%In
amostra MG50(1); tabela VI. 4 ) .
Em outras regiões do mundo, a calcopirita é um
concentrador de In de importância mediana. As calcopiritas
de Mount Pleasant, Canadá, por exemplo, contêm 0,16 a
0,98%In (Boorman & Abbott, 1967) e as da Mina Goka, Japão,
0,34 a 0,48%In (Murao & Furuno, 1990).
191
VI.4.2.5 - Cassiterita
Pelo menos duas fases distintas de cassiterita
formaram-se na RQT. A primeira fase é representada por grãos
isolados de cassiterita, por vezes inclusos em arsenopirita,
de cor castanha avermelhada, esporadicamente com inclusões
de esfalerita.
A outra fase de cassiterita, tardia, menos
avermelhada, é representada por grãos submilimétricos do
mineral na massa de escorodita, os quais são contemporâneos
à escorodita.
Poucas análises foram realizadas em cassiterita,
mas servem para mostrar que o mineral é um importante
concentrador de In, com teores semelhantes aos obtidos por
Botelho (1992), 0,3% In 20 3 (tabela VI. 4) .
Os teores mais elevados de In em cassiterita até o
momento são os teores semiquantitativos de l,21%In obtidos
por Murao & Furuno (1990) na Mina Goka, Japão.
VI.5 - DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
VI.5.1 - A concentração do In na ZGP do Maciço Mangabeira
Comparando-se os fatores geológicos importantes
para que haja formação de depósitos de In enumerados por
Murao et al. (1991) com as características geológicas da
ZGP, conclui-se que' a área avaliada possui todas as
condições suficientes para conter um depósito de In.
A mineralização da ZGP enquadra-se entre os
depósitos de cassiterita-sulfetos (com roquesita) de Vlasov
(1964).
A rocha hospedeira do In na área estudada é a RQT,
que pode ser tanto um produto de alteração hidrotermal do
granito à albita e topázio (GAT) como a fase mais tardia de
cristalização do magma que originou os granitos g2. Nessa
192
rocha, o In concentrou-se inicialmente em esfalerita (e
estanita) e posteriormente, devido à rocha ter sido
submetida a processos de alteração, em escorodita e
yanomamita.
A explicação para a concentração de In nos
sulfetos está na possível existência de soluções sólidas
limitadas no sistema esfalerita-estanita-roquesita, onde o
Zn da esfalerita seria substituído por In + Cu para originar
a roquesita.
A incorporação de In nas estruturas de esfalerita
estanita deve-se às semelhanças químicas e
cristaloquímicas entre o In3+, o Zn 2 + e o Sn 4 + e seus
sulfetos.
193
Tabela V I .
ZnS
CuFeS2
Cu2FeSnS4
Cu3AsS4
Cu3SbS3
CuInS2
Fonte dos
(1967) .
8 - Características
Mineral
Esfalerita
Calcopirita
Estanita
Enargita
Tetraedrita
estruturais de alguns
Distância
interatômica
Zn-S
Fe-S
Cu-S
Cu-S
Fe-S
Sn-S
Cu-S
As-S
Cu-S
Sb-S
2,35
2,28
2,28
2,31
2,36
2,43
2,31
2,24
2,1-2,23
2,43
Roquesita sintética M-S (média) 2,39
dados : Anderson (1953) e Berry (1956)
sulfetos.
Coordenação
Tetraédrica
Tetraédrica
Tetraédrica
Tetraédrica
•
Tetraédrica
Tetraédrica
in Boorman & Abbott
Tabela V I .
El emento
Ldio
jinco
rabre
lestanho
1 [erro
Fonte dos
9 - P r o p r i e d a d e s
Raio
a t ó m i c o
1,66
1,39
1,28
1,58
1,27
fon
l n 3 +
Zn 2 *
Cu+
Cu2*
Sn 2 *
S n 4 *
Fe 2 +
F e 3 *
dados: Zâbarina
c r i s t a l o q u í m
e t
i ç a s de
Raio P o t e n c i a l
i ô n i c o
0, 92
0 ,83
0 ,96
0 ,80
1, 04
0,74
0 ,83
0 ,67
ai. (1961)
a l g u n s
de
i o n i z a ç ã o
9 ,28
9, 02
7 , 6 7
10 ,17
7 ,28
10 ,18
7 ,95
10 ,56
•
e l e m e n t o s .
E l e t r o n e g a t i v i d a d e
-
. tons em coordenação
1,60
1,50
1,80
2 , 0 0
1,65
1 ,80
1,65
1,80
octaédrica.
A roquesita é isoestrutural à calcopirita (Picot &
Pierrot, 1963), ao mesmo tempo que tennantita-tetraedrita,
estanita e calcopirita são estruturalmente semelhantes à
lesfalerita. Esses minerais têm superestruturas derivadas da
estrutura da esfalerita, baseada em um empacotamento cúbico
apertado de átomos de S, com os átomos de metais em
coordenação tetraédrica (Wuensch, 1974) (tabela VI. 8 ) .
Os sulfetos concentradores de In possuem
distâncias de ligação M-S semelhantes (tabela VI.8).
Temperaturas elevadas fazem com que eles adquiram uma
estrutura pseudo-esfalerita e apresentem uma considerável
miscibilidade entre si, favorecendo a incorporação do In
(Anderson, 1953) . Em condições de baixa temperatura, essa
miscibilidade não ocorre e o In consegue entrar apenas na
esfalerita, pois as constantes cristaloquímicas de Zn e In
são muito semelhantes (tabela VI. 9) (Anderson, 1953;
Zabarina et al., 1961).
194
PRANCHA VI.1
Foto 1 - Cristais euédricos de yanomamita em uma lâmina de
rocha à quartzo e topázio (MM11C7) . N// (escala = 5 0/um) .
Foto 2 - Imagem de elétrons retroespalhados para os grãos da
foto 1, onde se observam os cristais de yanomamita (y)
bordejados por escorodita (e) . (c: cassiterita) .
Foto 3 - Esfalerita vermelha, rica em In (tipo I) , inclusa
em arsenopirita, que está sendo alterada para escorodita, à
qual associa-se cassiterita (amostra MM11C7) . N// (escala =
50 /um) .
Foto 4 - Esfalerita amarela, pobre em In (tipo II) , inclusa
em arsenopirita. N// (escala = 50 um) .
Foto 5 - Seção polida de RQT (MG7A1) , mostrando um grão de
arsenopirita com inclusão de bismutinita (bi) + tennantita
(ten) + calcopirita (cp) + esfalerita (esf) e roquesita (r) .
No alto da fotomicrografia, observa-se escorodita alterando
a arsenopirita. N// (escala = 10/um) .
Foto 6 - Imagem de elétrons retroespalhados da inclusão
ilustrada na foto 5, mostrando a roquesita (rq) em planos
cristalográficos da esfalerita (esf) .
197
Segundo Boorman & Abbott (1967), a substituição do
In nas estruturas dos sulfetos deve ser governada
principalmente pelo tipo de empacotamento do S. A valência e
o tamanho dos átomos substituídos seriam de importância
secundária.
Na Zona Greisenizada Principal, as condições de
cristalização das esfaleritas e estanitas ricas em índio da
RQT são desconhecidas. Entretanto, os elevados, teores de In
nas esfaleritas do tipo I, associada a wolframita e
löllingita, sugerem condições de temperatura elevada para a
sua formação.
De acordo com resultados obtidos por Botelho
(1992), a cristalização de uma paragênese da RQT constituída
por cassiterita, wolframita e lòllingita teria ocorrido a
temperaturas intermediárias a 490 e 530°C. Desse modo,
sugere-se que a entrada do In nos sulfetos inclusos em
arsenopirita da RQT tenha ocorrido em um primeiro estágio de
formação da rocha. A desmistura de roquesita teria ocorrido
no estágio subsequente, de temperatura mais baixa.
Posteriormente, a RQT foi submetida a um processo
de alteração, causando a mobilização do In para as massas de
escorodita e formação de yanomamita. Esses dois minerais
estão frequentemente associados, às vezes em zonações dentro
de massas de escorodita, as quais podem dever-se a
desmistura dentro do sistema escorodita-yanomamita ou ter-se
formado separadamente da escorodita.
Localmente, é possível observar-se ligação entre
esfalerita rica em In. e escorodita. Apesar de o conteúdo de
In nessa escorodita específica ser baixo (0,75%In2O3,
amostra MM11C7) , a associação mostra que parte do In
presente na escorodita da RQT migrou de minerais como
esfalerita durante a alteração das paragêneses mais precoces
da rocha.
A pequena quantidade de esfalerita e estanita nas
amostras de RQT pouco alterada e os baixos teores de In
nessas rochas induzem à hipótese de que houve entrada
adicional de In na RQT durante a sua alteração, de modo que
os seus fácies alterados sejam portadores de elevados teores
de In.
0 tipo de alteração que resultou na formação da
escorodita rica em In e yanomamita, se hidrotermal ou
supergênica, ainda é fruto de especulações. A presença de
textura coloforme na associação esçorodita-yanomamita sugere
uma origem supergênica para esses minerais. Entretanto, o
fato de ocorrer yanomamita bem cristalizada e de esses
arseniatos percolarem extensamente microfraturas em outros
minerais, como topázio, quartzo e zinnwaldita, sugere a
atividade de um fluido de mais alta temperatura para
originar esses arseniatos hidratados.
VI.5.2 - Potencial indífero da Zona Greisenizada Principal
0 estudo da ocorrência de In em concentrações
anômalas em amostras da ZGP mostrou que a área é
potencialmente rica em In.
0 In possui uma distribuição geográfica bem
delimitada na ZGP, concentrando-se especificamente na rocha
à quartzo e topázio (figura VI.1; tabela VI.2).
No greisen à zinnwaldita analisado (MG26B), rico
em cassiterita, originado a partir do GAT, o teor de In pode
ser considerado razoável (57 ppm), não se aproximando
entretanto dos altos teores encontrados na RQT alterada
tabela VI.2). Nas demais rochas da ZGP - granito g2d, GAT,
LGR e greisens à fengita - os teores de In são muito baixos,
o que significa que a concentração de In deu-se no líquido
mais residual ou durante o mais intenso processo de
greisenização do GAT, caso a RQT seja metassomática.
Uma exceção aos baixos teores de In nos granitos é
a amostra de granito g2d, MG11B2, que possui 158.6ppm In
tabela VI.2). Ela diferencia-se das demais amostras de
granito por ser rica em sulfetos e malaquita, onde pode ter-
198
se concentrado o índio. Botelho (1992) identificou
dzhalindita em uma amostra semelhante à MG11B2.
Os minerais- mais importantes para In na área
estudada são, em ordem decrescente, escorodita, yanomamita,
cassiterita, esfalerita, estanita e calcopirita.
A escorodita é o principal mineral a ser explorado
para In na Zona Greisenizada Principal em função de seus
teores elevados (2,35% In 20 3, em média), sua ocorrência em
proporções elevadas na RQT e devido a ser um mineral mal
cristalizado, proporcionando fácil recuperação do In.
A yanomamita também é de grande importância
econômica, porém ocorre em menor quantidade que a
escorodita.
A cassiterita torna-se importante por ser
razoavelmente abundante na RQT.
A esfalerita, apesar de possuir teores de In muito
elevados e estar intercrescida com a roquesita, é menos
frequente que os arseniatos, o que a torna um mineral de
interesse econômico secundário. Além disso, o fato de
ocorrer em pequenos cristais inclusos em arsenopirita
dificulta muito a sua extração.
As amostras MG7A1 e MG7B1 exemplificam de maneira
clara o que foi afirmado acima. Apesar de a primeira ser
portadora de esfalerita + roquesita inclusas em
arsenopirita, ela possui apenas 38,5 ppm de In, enquanto a
amostra MG7B1, sem esfalerita mas com quantidades
expressivas de escorodita ( + yanomamita) , contém 13 74ppm In
(tabela VI.2), o que demonstra a importância económica da
escorodita na área.
Nos locais onde ocasionalmente estão presentes
esfalerita rica em In, yanomamita e escorodita rica em In,
os teores de In em rocha chegam a 4000 ppm (MM11C7; tabela
VI.2) .
0 In ocorre em baixos teores nos demais minerais
concentradores do elemento, que, por sua vez, são escassos
199
na RQT, o que torna esses minerais quase inexpressivos em
termos econômicos, relativamente ao In.
Apesar de o estudo realizado em superfície servir
apenas como subsídio para o real conhecimento de um
depósito, a investigação sobre a importância econômica do In
na ZGP revelou a existência de teores expressivos na rocha à
quartzo e topázio. Entretanto, para que se tenha uma
mensuração quantitativa da existência ou não de um depósito
de In na área estudada, fazem-se necessárias avaliações
tridimensionais do comportamento da RQT.
200
CAPÍTULO VII
CONCLUSÕES
VII - CONCLUSÕES
A Zona Greisenizada Principal (ZGP) do Maciço
Mangabeira, situada no seu extremo sudoeste, na porção norte
da apófise definida por Padilha & Laguna (1981) e Botelho
(1992), é composta de diferentes fácies de granitos (granito
g2d, granito à albita e topázio e leucògranito) e de
greisens, de idade médio-proterozóica, e de uma rocha à
quartzo e topázio, anômala em In. As rochas encaixantes são
o granito GRB do Complexo Granito-Gnáissico
(Arqueano/Proterozóico Inferior) e ultramilonitos de rocha
granítica.
A distinção entre os fácies graníticos pôde ser
feita com a utilização de dados petrográficos e químicos. O
estudo de micas mostrou-se também fundamental na
caracterização dos diferentes tipos de rochas da ZGP, onde
aqueies filossilicatos se dividem em três grupos - A, B e C,
definindo a série fengita-zinnwaldita, somente identificada
na Subprovíncia Paranã.
As micas do grupo A, trioctaédricas, representadas
•por zinnwalditas, são ricas em FeO (>8.9%), F (>6.0%), Rb,
Li e Mn e pobres em Al.
As micas do grupo B, dioctaédricas, são fengitas
aluminosas, com teores de FeO entre 5 e 9.5% e conteúdos de
F entre 0.5 e 4.5%. Possuem baixos conteúdos de Rb, Li e Mn
e alto Al.
O grupo C compreende as micas não classificadas
dentro dos grupos A e B. São as fengitas litiníferas,
intermediárias entre dioctaédricas e tríoctaédricas, com
teores de F, FeO, Mn, Al, Li e Rb intermediários entre os
valeres daqueles dois grupos.
O granito g2d, róseo, equigranular médio, composto
de quartzo, microclínio micropertítico, albita e fengita
aluminosa (grupo B) , representa o fácies menos evoluído da
família de granitos g2 na ZGP. Quimicamente, caracteriza-se
por ser pobre em F, Li, FeO, Al 20 3, Rb, Zn e Sn, e por ter
202
altos teores de Ba e Sr. Seu padrão de terras raras é plano,
com uma acentuada anomalia negativa de Eu.
0 granito à albita e topázio (GAT), composto de
quartzo, microclínio micropertítico, albita, fengita
litinífera e/ou zinnwaldita e topázio, também pertencente à
família g2, derivou do granito g2d por diferenciação
magmática. Seus teores de F, Li, FeO, A1 20 3, Rb, Zn, Sn e Ta
são mais elevados que os do granito g2d, possui teores mais
baixos de Ba e Sr e seus padrões de terras raras denotam um
empobrecimento em terras raras pesadas, sugerindo um
comportamento compatível para aqueles elementos durante a
evolução da família g2 na ZGP.
0 GAT equivale aos topázio - Li-mica granitos
descritos na literatura, os quais têm ocorrência rara,
mineralogia pouco comum e estão geneticamente associados a
depósitos minerais do tipo Sn-W e Ta-Sn. Eles apresentam
elevada razão Na/K, o que ocorre em 50% das amostras de GAT
da ZGP.
0 GAT e o granito g2d foram submetidos a um forte
metassomatismo de percolação, causado provavelmente pela
intrusão do GAT, rico em F, o qual se expressa pela
greisenização daqueles granitos e pela albitização local do
granito g2d. Posteriormente, provavelmente durante o Ciclo
Brasiliano, as rochas da ZGP foram submetidas a um evento de
cisalhamento, comprovado pela deformação indiscriminada das
rochas da ZGP.
Os processos tardi/pós-magmáticos que afetaram as
rochas da ZGP provocaram a mobilidade de diversos elementos.
FeO, MnO, F, Zn, Li, Rb, Be, Sn, W, Si02, A1 20 3, Fe 20 3, P 20 5,
CaO, Y e Zr foram acrescidos ao sistema durante as
transformações dos granitos, ao passo que K 20, MgO, Ba, Sr,
Cu, Ti02, Na20 e Nb foram ora adicionados ora dele
retirados, e os elementos Ta e Th foram pouco móveis. Dentre
as terras raras do granito g2d, apenas o Gd, Dy, Ho e Er
foram pouco móveis, sendo que o Gd apresentou mobilidade
praticamente nula.
203
Para um estudo criterioso da mobilidade de
elementos, a realização de amostragem adequada é
fundamental, o que ficou comprovado durante a avaliação da
mobilidade das terras raras dos fácies g2d, onde os
resultados obtidos para os pares extremos (granito menos
alterado e greisen) sugerem um comportamento quase imóvel
para as terras raras pesadas, diferentemente do que ocorreu
ao longo do processo de greisenização.
0 greisen originado a partir do granito g2d,
verde, contém fengita aluminosa na sua moda (grupo B ) ,
enquanto a mica do greisen do GAT é a zinnwaldita (grupo A) .
Consequentemente, este possui teores mais elevados de FeO,
Li, Rb e F.
0 leucogranito (LGR), de cor cinza, granulação
média a grossa é composto de quartzo, feldspato potássico,
frequentemente geminado, albita e fengita aluminosa (grupo
B) . Ele não apresenta características típicas da série g2 ou
gl e ora se aproxima do granito g2d ora do GAT - seu teor de
FeO equivale aos do GAT, enquanto os de A1 20 3 e Rb permitem
classificá-lo como granito g2d. Seus teores de F são
intermediários entre os daqueles granitos, os de Ta, Zn e Sn
são mais baixos e os de Th, mais elevados. Seu padrão de
terras raras, composto por dois patamares, com um
enriquecimento nas TR leves e empobrecimento nas pesadas,
além de forte anomalia negativa de Eu e positiva de La, é
completamente distinto dos apresentados pelas demais rochas
da ZGP.
- Um tipo petrográfico inusitado ocorre na ZGP, a
rocha à quartzo e topázio (RQT) , composta de quartzo,
topázio, zinnwaldita, arsenopirita e cassiterita, além de
poder conter, em quantidades variáveis, escorodita,
esfalerita, wolframita, lõllingita, calcopirita,
bismutinita, galena, estanita, tennantita e yanomamita
(InAs04.2H20) , entre outros minerais, como os diversos
arseniatos que foram identificados - arseniato de Sn, de U,
de Ba, de K, de Pb e de Bi.
204
Uma característica petrográfica marcante dessa
rocha é o fato de o topázio, ocorrer sob a forma de grãos
submilimétricos a milimétricos hipidiomórficos ou como
pequenos cristais isolados, inclusos em quartzo e nos grãos
maiores de topázio.
Quimicamente, a RQT caracteriza-se por conter
elevados teores de Si02, Al 20 3, F e Cu e baixos teores de
Na20, K20, Rb, Ba, Sr e Li. Seus padrões de terras raras são
semelhantes aos do g2d.
Essa rocha mantém semelhanças químicas e
Ipetrográfiças com os topazitos, descritos por Eadington &
Nashar (1978) como sendo rochas magmáticas. Entretanto, não
deve ser descartada a hipótese da RQT ser produto da
greisenização do GAT.
Teores anômalos de In foram obtidos na RQT,
podendo chegar a 0.4%, o maior teor de In em rocha já
descrito. 0 elemento concentra-se na escorodita, esfalerita,
cassiterita e estanita, bem como nos dois minerais de In
identificados, yanomamita e roquesita (CuInS2) . Os estudos
realizados mostraram a constante associação entre escorodita
e yanomamita, sugerindo a existência de soluções sólidas
entre aqueles minerais.
A roquesita identificada está intercrescida à
esfalerita. Essa relação está de acordo com sugestões feitas
na literatura, mas jamais comprovadas, de que existe uma
solução sólida esfalerita-roquesita.
205
CAPÍTULO VIII
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO 1
MAPA GEOLÓGICO VA ZGP
ANEXO 2
ANÁLISES QUÍMICAS DE ROCHAS
ANEXO 3
ANALISES QUÍMICAS DE MICAS
ANEXO 4
ANALISES QUÍMICAS DE ESCORDITAS