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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADES INTEGRADAS AVM O DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS ORGANIZAÇÕES Por: Clici Francisca Teixeira Orientadora Profª: Fabiane Muniz Niterói, 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADES INTEGRADAS AVM

O DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS

ORGANIZAÇÕES

Por: Clici Francisca Teixeira

Orientadora

Profª: Fabiane Muniz

Niterói, 2011

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADES INTEGRADAS AVM

O DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS

ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pedagogia Empresarial

Por: Clici Francisca Teixeira

3

AGRADECIMENTOS

Aos amigos da Associação Niteroiense de

Deficientes Físicos que contribuíram para

realização deste trabalho, a Deus, por ter me

concedido força e sabedoria para concluir esta

etapa de minha vida, a minha mãe pelo apoio

necessário para que eu alcançasse mais esse

objetivo, ao meu namorado, pelo apoio e

paciência.

4

DEDICATÓRIA

Dedica-se a todos que me ajudaram direta ou

indiretamente para conclusão deste trabalho.

5

RESUMO

A representatividade das pessoas que possuem pelo menos um tipo de

deficiência é muito alta diante da população total do Brasil, cerca de 14,5%. Para tanto,

existe uma lei que rege especificamente os direitos de acesso ao mercado de trabalho

para esses profissionais e as obrigações para a contratação dos mesmos, que fazem

parte da responsabilidade das grandes empresas.

No entanto, essas empresas não estão preparadas para receber esses

profissionais e acabam não os aproveitando dentro das organizações por falta de um

programa de capacitação que considere suas limitações, mas desenvolvam suas

potencialidades visando sua permanência e crescimento na empresa.

O presente estudo pretende desenvolver uma análise do processo de inserção

das pessoas com deficiência nas organizações buscando avaliar se estas estão

preparadas não apenas para receber esses profissionais, mas para desenvolver suas

potencialidades através de programas de treinamento e desenvolvimento que permita a

esses colaboradores crescimento profissional e conseqüentemente crescimento

organizacional.

6

METODOLOGIA

Será realizado um estudo exploratório, através de pesquisa bibliográfica acerca

dos pressupostos teóricos que balizam a temática do treinamento e desenvolvimento.

Um estudo de caso de como são desenvolvidas as habilidades do profissional com

deficiência nos programas de treinamento e desenvolvimento realizados pela

Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos.

Como instrumento de coleta de dados será aplicado uma entrevista do tipo

estruturada através de questionários dirigidos a seis pessoas com deficiência, inseridas

no mercado de trabalho através da Instituição.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------------08

CAPÍTULO I – PESSOA COM DEFICIÊNCIA, CONCEITOS E LEGISLAÇÕES-------10

1.1 Conceitos de pessoa com deficiência: mudanças e legislações -----------------------10

1.2 Pessoa com deficiência e o mercado de trabalho ------------------------------------------13

CAPÍTULO II – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO -----------------------------------17

2.1 Treinamento e desenvolvimento: Breve análise ---------------------------------------17

2.2 Treinamento e Desenvolvimento como fator de crescimento organizacional------22

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DISCURSOS---------------------26

3.1 Origem E Evolução Do Terceiro Setor --------------------------------------------------------26

3.2 Histórico e Estrutura da ONG: Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos--32

3.3 Análises dos discursos ----------------------------------------------------------------------------35

CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------------46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA --------------------------------------------------------------------48

ÍNDICE -----------------------------------------------------------------------------------------------------52

FOLHA DE AVALIAÇÃO ------------------------------------------------------------------------------53

8

INTRODUÇÃO

Diante de um cenário em que se discute a inserção de pessoas com deficiência

no mercado de trabalho e se analisa os 20 anos da Lei 8.213/91 a “Lei de Cotas” que

determina que as empresas com 100 ou mais funcionários destinem um percentual de

2% a 5% de suas vagas para ser ocupada por pessoas com deficiência, sabemos que

ainda é falho o processo de inserção desses profissionais nas organizações sendo

permeada muitas vezes pelos pensamentos e atitudes limitados do empregador que vê

na colocação de profissionais com deficiência um mero cumprimento de uma legislação

e/ou saída para o não pagamento de multas. O Profissional com deficiência é colocado

como parte de uma obrigação legal ou dentro dos discursos de responsabilidade social

e não é valorizado em seu potencial humano e nem tampouco viabilizado o

aproveitamento de sua capacidade produtiva.

Isto decorre não somente, devido aos mitos e preconceitos, aspectos estes,

relacionados à cultura organizacional, mas também pela falta de conhecimento no que

se refere às especificidades sobre a deficiência, além de uma visão mais ampliada das

organizações sobre as práticas e políticas inclusivas.

A discussão levantada no presente trabalho é que esse tipo de contratação não

pode ser encarado pelas grandes organizações apenas como uma obrigação legal. É

necessário que ocorra a elaboração de um programa abrangente de treinamento,

capacitação e desenvolvimento desses recursos humanos, para que exista não apenas

a inserção, mas a manutenção e retenção do profissional com deficiência na

organização e garanta oportunidades iguais a todos os funcionários.

Frente a isto, mais do que apenas inserir as pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, é preciso verificar como estão sendo planejados os

procedimentos para a sua permanência no cargo a que foram destinados, se realmente

9

existe uma preocupação em aprimorar as capacidades destes funcionários e os meios

utilizados.

Diante desse contexto, este trabalho apresenta como problema de pesquisa: A

inserção de pessoas com deficiência nas organizações tem como parte do processo o

treinamento e desenvolvimento?

As organizações estão preocupadas somente com inserção desse profissional

no seu quadro de funcionários ou existem programas de treinamento e desenvolvimento

voltados para o crescimento profissional da pessoa com deficiência e da organização?

Para a realização desta discussão organizamos o trabalho em três capítulos.

No primeiro, a partir de pesquisa bibliográfica, faremos uma breve discussão sobre a

conceituação de pessoa com deficiência e as legislações pertinentes.

No segundo apresentamos pressupostos teóricos que balizam a temática do

treinamento e desenvolvimento e buscamos aspectos voltados para treinamento e

desenvolvimento de pessoas com deficiência. Finalizando, realizamos um estudo a

cerca de como são desenvolvidas as habilidades do deficiente nos programas de

treinamento e desenvolvimento nas organizações tendo como base a Associação

Niteroiense de Deficientes Físicos.

Acreditamos que este trabalho contribui para que sejam discutidos os

processos de inserção de pessoas com deficiência nos ambientes organizacionais e

dos programas de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Observando que mais

do que apenas inserir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho, é preciso

verificar como estão sendo planejados os procedimentos para a sua permanência no

cargo a que foram destinados.

10

CAPITULO I

PESSOA COM DEFICIÊNCIA: CONCEITOS E LEGISLAÇÕES

1.1 – Conceitos de pessoa com deficiência: mudanças e legislações De acordo com D`Amaral a sociedade tem idéia de que ser deficiente sempre foi,

sempre significou a mesma coisa. No entanto a palavra “deficiente” tem um sentido

negativo e excludente em relação às pessoas a quem se aplica essa designação.

O sentido negativo, muitas vezes pejorativo da palavra “deficiente”, vem sendo

alterado ao longo da história. Na da Idade Média, com o fortalecimento do cristianismo,

a deficiência era considerada um déficit e essas pessoas eram dignas de pena por

serem vítimas da própria incapacidade.

No final do século XIX com a afirmação do saber médico, as pessoas com

deficiência passaram a ser compreendidas a partir de problemas orgânicos que

precisavam ser curados. Passam a ser consideradas como doentes, são “pacientes”

tratadas como clientela cuja problemática individual estava subentendida segundo a

categoria de deficiência à qual pertenciam. Fazia-se todo o esforço terapêutico para que

melhorassem suas condições de modo a cumprir as exigências da sociedade.

Nas últimas décadas, a deficiência passa a ser entendida a partir da interação

entre o individuo e o modo como a sociedade está organizada. Quem deve ser tratada

agora, em que pese à extrema importância da continuidade das pesquisas cientificas

que visam minorar limitações, é a sociedade. A doença, na expressão pejorativa da

palavra, não está mais centrada na pessoa, mas sim na sociedade que tem profundas

dificuldades de lidar com as diferenças, com qualquer pessoa que destoe dos padrões

vigentes.

11

Segundo Ribas (2003), deficiência é “um estado físico ou mental eventualmente

“limitador” que deve ser entendido a partir do ambiente sociocultural e físico em que o

indivíduo está inserido e, também, de como a própria pessoa se vê.

A busca por novas denominações reflete a intenção de rompimento com as

premissas de menos-valia que até então embasavam a visão sobre a deficiência.

Termos genéricos como “inválidos”, “incapazes”, “aleijados” e “defeituosos” foram

amplamente utilizados e difundidos até meados do século XX, indicando a percepção

dessas pessoas como um fardo social, inútil e sem valor.

Ao se organizarem como movimento social, as pessoas com deficiência

buscaram novas denominações que pudessem romper com essa imagem negativa que

as excluía.

De acordo com o livro “História do Movimento Político das Pessoas com

Deficiência no Brasil” alguns Eufemismos foram adotados, tais como “pessoas com

necessidades especiais” e “portadores de necessidades especiais”. Esses foram muito

criticados pelos movimentos das pessoas com deficiência por considerarem esse

adjetivo “especial” uma categoria que não combinava com a luta por inclusão e por

equiparação de direitos que se iniciava, onde busca era por cidadania e não por ser

“especial”.

Outra terminologia utilizada foi “pessoa portadora de deficiência” esta condição

de “portador” também passou a ser questionada pelo movimento por transmitir a idéia

de que a deficiência seria algo que se portava e, portanto, não fazia parte da pessoa.

Atualmente a terminologia utilizada por este grupo social é “Pessoa com

deficiência” em oposição à expressão “pessoa portadora”. Considerando que a

12

expressão “pessoa com deficiência” demonstra que a deficiência faz parte do corpo, da

pessoa humanizando esta denominação.

Segundo a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, elaborada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, pessoa com deficiência é aquela:

“incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as

necessidades de uma vida individual ou social normal, em

decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas

capacidades físicas ou mentais”.

A convenção da Guatemala estabeleceu no artigo 1º que:

“o termo deficiência significa uma restrição física, mental ou

sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a

capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida

diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”.

(BRASIL, CORDE,1997).

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo

Facultativo assinados pelo Brasil, sem reservas, em 30 de março de 2007, e ratificados

pelo Congresso Nacional em 9 de julho de 2008 definiram o termo deficiência da

seguinte forma:

“pessoa com deficiência são aquelas que têm impedimentos de

longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os

quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua

participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas”.

Já Organização Mundial de Saúde (OMS) distingue deficiência, incapacidade e

invalidez. Assim, deficiência é toda perda ou anomalia de uma estrutura ou função

13

psicológica, fisiológica ou anatômica; incapacidade é toda é toda restrição ou ausência

(devido a uma deficiência), para realizar uma atividade de forma ou dentro dos padrões

considerados normais para o ser humano e invalidez corresponde a uma situação

desvantajosa para um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou

de uma incapacidade que limita ou impede o desempenho de uma função. (BRASIL,

CORDE, 1997)

Os conceitos propostos pela OMS reforçam que a desvantagem pode ser a

resultante de fatores físicos, culturais e sociais que se transformam em obstáculos ou

dificuldades para a integração das “pessoas portadoras de deficiência” na sociedade

em igualdade de condições com os outros.

1.2 Pessoa com deficiência e o Mercado de Trabalho

A inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e sua inclusão na

sociedade está relacionada à busca dos mesmos por direitos sociais no que se refere

ao emprego, a e alternativas de renda, direito de poder transitar livremente no meio

social, bem como de ter acesso a bens e serviços públicos. A preocupação com a

colocação do portador de deficiência no âmbito profissional começou a se estender

para o meio empresarial somente a partir da aprovação de leis específicas que tentam

assegurar esse direito (TANAKA e MANZINI, 2005; RIBAS, 2007).

Atualmente, o Brasil conta com ampla legislação sobre o direito de acesso de

pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho, seja em instituição privada

seja em instituição pública. Alguns dos principais documentos existentes são: a

Convenção nº. 159/1983, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificada

pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº. 51, de 28 de agosto de 1989;

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – Decreto nº. 129, de 22 de

maio de 1991; Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990; Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro

de 1990; e Lei nº. 8.213, art. 93, de 24 de julho de 1991.

14

A Convenção 159/1983 visa “assegurar medidas adequadas de reabilitação

profissional e promover às pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidade com

as demais pessoas, emprego no mercado formal de trabalho” (BRASIL, 2004, p. 114).

Trata-se de seu recrutamento e acesso ao emprego, da manutenção do posto de

trabalho, da ascensão profissional e das condições seguras e salubres de trabalho. A

Constituição Federal/1988 “veta a discriminação no tocante a salários e critérios de

admissão para os trabalhadores com qualquer tipo de deficiência” (art. 7, XXXI) e

“institui a reserva de 20% de cargos e empregos públicos para pessoas com

deficiência” (art. 37, VIII) (BRASIL, 2004, p. 159). A Lei nº. 8.069/1990 “dispõe sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente, e dá outras providências” (BRASIL, 2004, p. 45),

assegurando, no art. 66, ao adolescente com deficiência, o trabalho protegido.

Por fim, mas não menos importante, a Lei nº. 8.213/1991 – Lei de Cotas – define

que “empresas com 100 ou mais empregados são obrigadas a preencher de 2% a 5%

dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitadas”

(BRASIL, 2004, p. 55).

Mesmo havendo legislações referentes à garantia de direito ao trabalho às

pessoas com deficiência, esses profissionais ainda enfrentam barreiras para sua

participação efetiva na sociedade, particularmente em termos de discriminação de

estruturas de acesso aos diferentes espaços sociais (FREITAS, 2007, p. 27).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (apud BRASIL, 2007a, p. 10), existem

aproximadamente 650 milhões de pessoas com deficiência no mundo, o que representa

uma de cada dez pessoas. Dessas, 82% vivem abaixo da linha da pobreza nos países

do terceiro mundo, o que corresponde a 426 milhões de pessoas de acordo com a

Organização das Nações Unidas (2007). Estima-se que 386 milhões de pessoas com

deficiência em todo o mundo tenham as condições mínimas de se integrarem à

15

população economicamente ativa, embora, muitas vezes, estas sejam erroneamente

consideradas parte da População Não Economicamente Ativa (PNEA).

No Brasil, de acordo com o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (apud BRASIL, 2007a, p. 09), residem cerca de 24,6 milhões de pessoas

com deficiência, o que significa 14,5% da população. Dessas, 15,22 milhões tinham

entre 15 e 59 anos, e 15,14 milhões tinham condições de integrarem o mercado formal

de trabalho. Naquele ano, porém, 51% estavam empregadas, o que corresponde a 7,8

milhões de pessoas. Desse contingente, 10,4% possuíam carteira de trabalho assinada,

o equivalente a 2,05% do total. A pesquisa revelou que 23% das pessoas com

deficiência em idade de trabalhar sobreviviam com uma renda mensal de até um salário

mínimo.

Segundo Pastore (2000, p. 07), “apesar de o Brasil possuir uma das maiores

populações de pessoas com deficiência do mundo, possui, também, uma das menores

taxas de participação desses cidadãos no mercado de trabalho”. Ainda segundo este

autor, “nos países mais avançados, a proporção de pessoas com deficiência no

mercado formal de trabalho fica entre 30% a 45% do total de trabalhadores”.

Embora essa não seja o foco desta pesquisa apresentaremos algumas das

possíveis causas para pouca contratação da pessoa com deficiência. Alguns autores

reforçam que a maioria das empresas contrata apenas porque se vêem obrigadas a

cumprir a lei e acabam contratando poucos, de forma totalmente fora dos padrões

estabelecidos na legislação, sem muitos critérios e sem planejamento e, portanto, sem

real comprometimento com a empregabilidade.

O segundo aspecto de acordo trata sobre as questões ligadas à legislação não

só em relação à chamada “Lei de Cotas”, mas também à legislação

trabalhista/previdenciária. Existem algumas barreiras que impedem que alguns

empregos sejam ocupados por pessoas com deficiência, além das questões culturais

16

relacionadas ao preconceito e discriminação, muitas vezes fruto da falta de informação

e insegurança, durante muito tempo prevaleceu a opção de buscar benefícios e

aposentadorias para aqueles que adquiriam uma deficiência.

Neste a pessoa que solicita este tipo de benefício tem sua incapacidade para o

trabalho atestada e não pode exercer funções formais, a não ser que

abra mão da aposentadoria.

O fortalecimento da inclusão escolar e das possibilidades de

qualificação profissional, inclusive dentro das empresas, é o terceiro

aspecto. A educação e qualificação profissional são fundamentais para suprir o déficit

existente e, também, para o desenvolvimento pessoal da pessoa com

deficiência, rompendo com situações de dependência que ainda existem.

O quarto aspecto aborda a acessibilidade como conceito síntese de uma

sociedade inclusiva, o termo sugere muito mais que rampas ou adaptações de

ambientes, significam criar condições para que as pessoas com deficiência possam se

utilizar de produtos, serviços e informações como qualquer outro cidadão, refere-se ao

respeito à diminuição de barreiras arquitetônica, comunicacional, metodológica,

instrumental, atitudinal e programática.

Por fim, o quinto e último aspecto trata da consolidação de novos

paradigmas e formas de pensar a temática da deficiência, na sociedade

em geral, mas especialmente entre os empregadores (empresários ou

gestores públicos) e as próprias pessoas com deficiência.

Não basta apenas inserir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho

seja por cumprimento ou não da legislação é necessário que se pense em promover

transformações sociais mais significativas no tocante à permanência desses

profissionais nos postos de trabalho e o seu crescimento no âmbito do trabalho.

17

CAPÍTULO II

TREINAMENTO E DESENVOVIMENTO

2.1 Treinamento e desenvolvimento: Breve Análise

Influenciadas principalmente pelas mudanças geradas pela globalização, as

organizações estão cada vez mais buscando o melhor desempenho profissional para

conseguirem se inserir no mercado competitivo atual. Boog (1994) argumenta que

nosso momento histórico é caracterizado por altíssima e crescente velocidade de

transformação, que faz com que tenhamos de estar abertos e flexíveis para questionar

e modificar nossos paradigmas, para sobrevivermos num mundo em transformação.

Considerando que o treinamento uma forma de educação voltada para o

aprimoramento profissional, tornou-se historicamente, imprescindível no âmbito do

trabalho. (GOULART JR, 1999).

Sendo assim as organizações estão cada vez mais conscientes de que seu

sucesso será influenciado pela qualificação de seus colaboradores, e por isso passaram

a atribuir maior relevância à gestão estratégica de pessoas, principalmente no que diz

respeito ao desenvolvimento de competências humanas e profissionais.

Treinar pessoas vai além de transmitir informações com o intuito de que realizem

tarefas, refere-se a formar conceitos ou idéias que proporcionem aprendizado e

mudança de atitudes. O desenvolvimento das pessoas é imprescindível e as

organizações bem sucedidas são conduzidas a investir, trazendo benefícios diretos

para o seu crescimento.

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De acordo com Chiavenato (1994), as pessoas constituem o principal patrimônio

das organizações. O capital humano é também o principal diferencial competitivo para o

sucesso organizacional, pois as pessoas são as responsáveis por conduzirem os

processos, produzir os produtos e prestar os serviços.

Atualmente, o conceito de treinamento não se assemelha ao de décadas atrás,

apesar de que na prática, muitas empresas ainda utilizam-se de conceitos anteriores na

hora de planejar seus programas de treinamento. (Chiavenato (1999), p.294) aponta

algumas concepções ultrapassadas de treinamento: “meio para adequar cada pessoa

ao seu cargo e desenvolver a força de trabalho da organização a partir dos cargos

ocupados” ou “programas de formação de mão-de-obra qualificada para o empregado

melhorar o desempenho no cargo”. Podemos observar que esses conceitos estão

associados ao interesse da organização em adequar a pessoa para o cargo que já

exerce que está pré-definido, e não como um processo de aprendizagem onde a

pessoa desenvolva suas habilidades auxiliando-a adquirir eficiência no seu trabalho

presente ou futuro.

Pontual (1980) apresenta a evolução do treinamento considerando cinco fases:

subdesenvolvimento, em desenvolvimento, após o início da industrialização,

industrialização avançada e pós-industrialização. De acordo com o autor há empresas

atuais que estão na segunda ou terceira fase de evolução, por isso o autor afirma que

“a evolução histórica do treinamento é difícil de ser traçada nos padrões comuns,

cronológicos ou de menção de fatos.” (Pontual, 1980, p.12). Assim a evolução

aconteceu de maneira e em tempos diferentes de empresa para empresa.

O autor apresenta as principais características de cada fase, na primeira delas, o

subdesenvolvimento, tem ênfase no capital e não na mão-de-obra, na técnica ao invés

da capacitação e no aumento contínuo de produção para um mercado em massa.

Neste contexto, as estratégias de treinamento eram baseadas no operacional, onde um

supervisor transmitia as informações para seus subordinados através de um método

puramente demonstrativo.

19

Na segunda, em desenvolvimento a característica é a divisão do trabalho por

atividade e supervisão, o que aumenta a responsabilidade do pessoal administrativo.

Cria-se um estudo sobre métodos e tempos, estabelecendo padrões e avaliação de

desempenho. Nesta fase surgem os programas de treinamento de supervisores, com os

métodos de “Ensino Correto de um Trabalho”, “Relações Humanas no Trabalho”,

“Métodos no Trabalho e o “Desenvolvimento de Programas de Treinamento”. Estes

métodos eram destinados a melhorar as habilidades administrativas relacionadas com o

cargo, com problemas de produção e necessidades de treinamento. É marcada pela

evolução da chamada “Seção Pessoal”, que evoluiria para “Relações Industriais” e a

seguir para Recursos Humanos.

A terceira fase, denominada de após o inicio da industrialização, tem enfoque

nas vendas e no desenvolvimento de novos produtos, e por conseqüência, a visão das

empresas passa a ser enfatizada no lucro. A eficiência torna-se a meta das

organizações, sendo preocupação de todos aqueles que estavam envolvidos com

qualidade, tempo, supervisão e nas relações de trabalho. São realizados nesta fase os

programas de treinamento com vendedores, a fim de desenvolver este pessoal para a

criatividade, comportamento e relação com clientes, e também para os gerentes que

recebem tratamento especial com cursos voltados ao conhecimento e a tomada de

decisão.

Após as primeiras concepções de adequação das pessoas vistas nestas três

primeiras fases, o treinamento tem o seu conceito ampliado, sendo visto pelas

empresas como uma forma de melhorar um determinado setor. Fazendo com que o

melhor desempenho naquele nível contribua de forma indireta para a organização.

(Chiavenato, 1999)

A quarta fase é a industrialização avançada onde à produção passa a ser mais

diversificada, assim como as atividades que envolvem todo o negócio. O planejamento

20

é considerado a base de qualquer empresa bem-sucedida e a informação é

centralizada para a área administrativa com o intuito de avaliar o desempenho, passam

a existir sistemas de participação de lucros. O planejamento de treinamento e

desenvolvimento torna-se de longo prazo, visando estudos de mudanças

organizacionais e possíveis inovações tecnológicas. O planejamento de Recursos

Humanos, neste contexto, esta associado ao planejamento estratégico da organização,

e sua elaboração contempla desde a captação de mão de obra e recursos até o

desenvolvimento das pessoas.

Na quinta é ultima fase, denominada de pós-industrialização as preocupações

passam a ser com a responsabilidade social, trabalho em grupo, motivação para o

trabalho, comunicação entre as pessoas e realização pessoal. Começam a se

desenvolver estratégias para o desenvolvimento organizacional através do

desenvolvimento das pessoas e grandes investimentos de recursos direcionados para

estas áreas.

O treinamento passa a ser considerado uma forma de proporcionar

desenvolvimento às pessoas através das competências, para que elas se tornem mais

produtivas, criativas e inovadoras, visando uma melhor contribuição para os objetivos

organizacionais.

Desta forma, há uma troca entre organização e empresa, onde se agrega valor

às pessoas, colabora-se com a organização, e por conseqüência, com os clientes. O

treinamento para atingir estes efeitos precisa ser estruturado de tal forma que possa

atender os objetivos organizacionais, e os objetivos pessoais. (Chiavenato, 1999).

Com base em Chiavenato (1999) e Pontual (1980) podemos afirmar que o

treinamento passa a caminhar lado a lado com o desenvolvimento de pessoas. A

diferença entre as duas categorias esta na consistência e na perspectiva de tempo: o

treinamento é relacionado ao momento e a necessidade, tendo o foco no cargo,

21

habilidades e capacidades específicas para execução imediata. O desenvolvimento de

pessoas, por sua vez, focaliza o futuro, é algo mais amplo e sem direcionamento

especifico para o cargo. As novas habilidades adquiridas no desenvolvimento

contribuem para a pessoa profissionalmente independente do cargo ou empresa, no

entanto a empresa ou organização é beneficiada diretamente pelo desenvolvimento das

pessoas que nelas trabalham.

Segundo Davel e Vergana (2001:31):

“(...) pessoas não fazem somente parte da vida produtiva das

organizações. Elas constituem o principio essencial de sua

dinâmica, conferem vitalidade às atividade e processos, inovam,

criam, recriam contextos e situações que podem levar a

organização a posicionar-se de maneira competitiva, cooperativa e

diferenciada com clientes, outras organizações e no ambiente de

negócios em geral”.

Neste sentido é importante salientar a importância dos programas de treinamento

e desenvolvimento voltados para as pessoas com deficiência que são inseridas na

empresa seja através da Lei de Cotas ou da terceirização. Para a perfeita integração do

empregado com deficiência no ambiente de trabalho, este precisa também ser

desenvolvido em suas habilidades, atitudes e comportamentos.

Chiavenato (1994, p.117), considera que os trabalhadores são criaturas sociais

complexas, com sentimentos, desejos e temores; as pessoas são motivadas por certas

necessidades e alcançam suas satisfações através dos grupos com os quais interagem,

a supervisão e liderança influenciam o comportamento das pessoas e, as normas do

grupo funcionam como mecanismos reguladores do comportamento dos membros.

Assim a contratação de pessoas com deficiência deve estar associada

administração do potencial humano tendo como objetivo desenvolver e mantê-las na

organização, motivando-as alcançar objetivos pessoais e organizacionais.

22

O treinamento ainda de acordo com Chiavenato e tido como um processo

educacional que leva o indivíduo a adquirir competências para exercer um cargo ou

função em uma organização. Diante desta afirmativa podemos considerar que o

treinamento pode ser um diferencial no que tange a desenvolvimento de profissionais

com deficiência, visto que muitos são inseridos no mercado de trabalho sem

experiência anterior, com baixa escolaridade e muitas vezes despreparado para atender

as necessidades organizacionais.

O desenvolvimento de competências, ou seja, de um dado conjunto de

conhecimentos, capacidades e aptidões – ou habilidades e atitudes- em uma pessoa

com deficiência representa conforme a visão de Beaupré (1997) que esta pessoa terá o

mesmo potencial de desempenho de uma pessoa considerada sem deficiência para a

mesma atividade. Jupp (1998) complementa esta visão colocando a aprendizagem

como um dos fatores fundamentais para a inclusão das pessoas com deficiência na

sociedade e no mundo do trabalho. A aprendizagem acorre a partir do momento em que

o indivíduo tem reconhecido seus dons e talentos.

Assim se faz necessário que as organizações que contratam pessoas com

deficiência realizem programas treinamento e desenvolvimento que leve esse indivíduo

a ser inserido de forma completa e satisfatória.

2.2 – Treinamento e Desenvolvimento como fator de crescimento organizacional

O cenário competitivo e incerto em que as organizações estão inseridas

demonstram a necessidade de constante adaptação e diferenciação, de modo a

garantir maior competitividade e manutenção das atividades.

O crescimento do uso das tecnologias da informação nos processos gerenciais e

produtivos têm tornado o trabalho mais complexo, o que requer maior qualificação

profissional dos trabalhadores. O conteúdo do trabalho passa a envolver não apenas as

23

experiências adquiridas pela execução de atividades, mas também por habilidades

cognitivas.

O perfil profissional requerido exige não apenas a capacidade de execução das

atividades rotineiras, mas também a aplicação de habilidades e atitudes de modo que

este não se configure apenas como executante, mas também como um sujeito ativo,

um colaborador que possua uma visão sistêmica da organização na qual ele está

inserido.

Em função disso as organizações têm investido cada vez mais em treinamento e

desenvolvimento, em ações de aprendizagem a curto, médio e longo prazo, as quais

possam ser aplicadas de imediato em suas atividades operacionais bem como possam

levar o colaborador ao crescimento pessoal e profissional.

Segundo Vargas (1996) treinamento e desenvolvimento são aquisições

sistemáticas de conhecimentos capazes de provocar, a curto ou longo prazo, uma

mudança na maneira de ser e de pensar do indivíduo, através da internalização de

novos conceitos, valores ou normas e da aprendizagem de novas habilidades.

Chiavenato (1999) aponta que o treinamento é vantajoso para as empresas

porque permite que os participantes tenham uma visão de longo prazo mais ampla da

organização na qual esta inserido, conseguindo visualizar seu próprio futuro como

colaborador.

O treinamento também é uma ferramenta introdutória, pois através dele é

possível transmitir ao recém-contratado a cultura organizacional, para isso os

treinamentos precisam ser planejados e bem conduzidos, pois a partir deles o novo

funcionário forma as primeiras impressões sobre a empresa. Um treinamento mal

executado ou despreparado pode não criar no funcionário a dedicação e o respeito

necessários para com a empresa, não desenvolvendo comportamentos para o bom

24

andamento do trabalho. Portanto, um treinamento auxilia na solução de muitos

problemas na organização como: absenteísmos, desperdícios de materiais, retrabalho,

ausência de motivação entre outros.

Quando se treina uma pessoa, pode se estimular nela um sentimento de

prestigio perante a empresa uma vez que a organização demonstra sua preocupação

em capacitar bem seus profissionais oferecendo-lhes a oportunidade de crescimento

pessoa e profissional.

Para Chiavenato (1999.p.294) “o treinamento é uma maneira eficaz de agregar

valor às pessoas e as organizações”.

O treinamento constitui-se num instrumento administrativo de importância vital

para o aumento da produtividade do trabalho, ao mesmo tempo em que proporciona ao

treinando auto-satisfação de estar aprendendo novas habilidade e interagir com outros

organismos. Como outros benefícios verificam-se a definição das características e

atribuições dos empregados, racionalização de métodos de trabalho, melhor

aproveitamento das aptidões, maior estabilidade do pessoal e elevação do moral da

empresa. O treinamento pode trazer um grande retorno para o profissional e para a

empresa, pois um profissional mais qualificado estará mais motivado e o resultado da

execução das tarefas será maior e mais produtivo, conseqüentemente a maior

produtividade do empregado poderá contribuir efetivamente para os resultados da

organização.

O treinamento, afirmativa de Esculápio (2003) funciona como o principal

catalisador da mudança da gestão de pessoas nas organizações, confrontando o

desempenho passado e atual com novos patamares que se pretende alcançar no

futuro, comenta ainda, que a capacitação contínua das pessoas para níveis cada vez

mais elevados de desempenho deve ser incentivada, pois a busca da excelência e da

perfeição deve ser uma jornada infinita, tanto das pessoas, quanto das organizações.

25

A superação do despreparo em todos os níveis organizacionais poderá, portanto,

ser equacionada por meio do treinamento e desenvolvimento pessoal. Campos (2004)

justifica que o treinamento vem sendo utilizado pelas empresas com o objetivo geral de

desenvolver pessoas, tanto na aprendizagem de novas habilidades quanto na

ampliação daquelas já existentes, uma vez que as pressões sócio-culturais,

tecnológicas, econômicas e políticas direcionam as organizações contemporâneas a se

adaptarem às exigências que o mercado impõe, focando mais intensamente seu capital

humano.

A importância do treinamento e desenvolvimento envolve as dimensões da

produtividade, das relações e da qualidade. Do ponto de vista da produtividade,

procurando atingir as metas e os melhores resultados tanto pessoais quanto da

organização; do ponto de vista das relações, estabelecendo vínculos e a boa

comunicação, inspirando e motivando os funcionários a fazer emergir o melhor deles e

da organização; e finalmente, do ponto de vista do desenvolvimento da qualidade,

auxiliando indivíduos e organizações a preencherem demandas e expectativas da

qualidade global da empresa (SILVEIRA, 2004). Sousa (2001) complementa que com

treinamento adequado, as equipes de trabalho podem atacar problemas complexos e

crônicos, descobrindo soluções eficazes e permanentes.

26

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DISCURSOS

3.1 Origem e Evolução do Terceiro Setor

As práticas de trabalho com segmentos antes marginalizados vem crescendo

com a multiplicação das ONGs numa tentativa de resgatar a cidadania e garantir

direitos, minimizando a produção e reprodução de tantas desigualdades sociais.

O terceiro setor se estabeleceu para tentar ajustar a diferença e as

desigualdades entre os setores da sociedade, a fim de tentar quebrar paradigmas

estabelecidos e buscar um equilíbrio para todos os cidadãos.

Para um melhor entendimento a respeito do terceiro setor e sua importância para

inclusão social das pessoas com deficiência física, faz-se necessário retratar sobre o

crescimento e as limitações do terceiro setor no Brasil, exemplificando com o nosso

estudo de caso: Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos. O terceiro setor tem

sua origem na filantropia e na solidariedade para com as classes menos favorecidas na

sociedade. No Brasil, surgiu no intermédio da igreja católica com os Jesuítas no século

XVI, sem nas atuações das atividades de cunho assistências e caritativas.

Em 1534 em São Paulo surge à primeira organização filantrópica no Brasil, que

foi a Santa casa de Misericórdia, movida pelo trabalho voluntario, conforme atuação em

Portugal.

Em 1738 no Rio de Janeiro foi criada a Santa Casa de Misericórdia com a

finalidade de acolher pelas irmãs de caridades, crianças abandonadas. Assim dizem

que esta foi à primeira fundação instituída no Brasil, mesmo que nunca tenha tido

registros jurídicos. No Brasil, as fundações só passam a ser reconhecidas juridicamente

por volta do século XX com a Lei nº 173 de 10 de setembro de 1903.

27

Por volta dos anos 70, no Brasil as Santas Casas de Misericórdias e as obras

sociais formam o ponto de referência do marco do terceiro setor e, como representantes

mais recentes, as organizações não governamentais, que são a expressão dos

movimentos sociais.

A legislação que compõe o terceiro setor foi elaborada entre o primeiro governo

de Getulio Vargas (1930) e o regime militar (1964). Dentre as várias legislações

podemos destacar: a lei nº 91 de 1935 que retrata a utilidade pública para as entidades,

associações sem fins lucrativos, o decreto lei nº 4.830 de 1942 que é a criação da

Legião Brasileira de Assistência - LBA e o projeto Rondon que é a conscientização do

jovem universitário no engajamento ao atendimento as comunidades carentes sediadas

no interior do país.

Embora no Brasil não tenha ocorrido uma crise do welfare state9, pois não

tivemos um Estado de bem-estar social. Este princípio também proporcionou uma

cobertura a toda população, cujo modelo desenvolvimentista e centralizador não

viessem proporcionando necessidades sociais para toda população, passando e

perpetuando uma ineficiência do Estado em prestar os serviços sociais. No Brasil a

Constituição de 1988 e as diversas legislações acabaram por gerar a tendência mundial

da construção de um novo paradigma que é o terceiro setor, que tenta atuar na

elaboração e execução de políticas públicas fundamentadas nos Direitos Sociais.

Segundo Falconer (1993: 3):

“as organizações que compõem o terceiro setor

evidentemente não são novas. Têm-se no Brasil, como

exemplos tradicionais deste setor, as Santas Casas de

Misericórdia e as obras sociais e, como representantes mais

recentes, as organizações não-governamentais resultantes

dos novos movimentos sociais que emergem a partir dos

anos 70. Nova é a forma de olhá-las como componentes de

28

um “setor” que pleiteia igualdade em relação ao Estado e ao

Mercado”.

O terceiro setor é uma maneira ou forma de ser visto como um setor da

sociedade que esta buscando ser igual ao Estado e ao Mercado, tendo sempre a busca

da parceria intersetorial, seu ponto de equilíbrio. Ele não entende suas atividades de

forma isolada, mas sempre interligada com os outros setores, e assim entendemos ser

mesmo um no setor como relata Falconer, pois este tem uma singularidade que é

atender uma classe que não tem onde buscar orientações e

resoluções das suas demandas.

Diversos autores dizem que o terceiro setor veio para enfrentar os problemas

sociais de uma sociedade. As Organizações Não Governamentais – ONGs se

organizaram de forma coletiva para enfrentar ao assistencialismo, apresentando de

forma profissional sua identidade e seus valores sempre baseados na defesa de direitos

sociais para prover os mínimos sociais.

Outros autores tratam da sociedade civil como sendo o próprio terceiro setor.

Percebemos que a própria sociedade já destaca o terceiro setor como mais um setor e

não como ela é representada, mas a representação de grupos sociais das associações,

e por isso, cobram atitudes e formas de resolver suas demandas como se este fosse

um setor próprio. Para isso, distante do Estado e do setor

privado, surge uma nova forma de atuação, que muitas das vezes não tem forma

institucional, porém tem forma singularizada e próxima de cada ser humano.

Para Souza (1999), o Terceiro Setor, se fundamenta na valorização e no

fortalecimento da sociedade civil representada institucionalmente pelas entidades

que compõem este fenômeno social. Diante das dificuldades estatais em prover os

cidadãos das mínimas condições socioeconômicas garantidas pelo Estado Social, e

sabendo-se das mazelas decorrentes da não intervenção absoluta do Estado, como era

29

no Estado Liberal, propõe-se a participação da sociedade civil na complementação a

estas necessidades, seja através dos próprios cidadãos organizados ou das instituições

do mercado.

Segundo Martin (2004):

“O terceiro setor deve fazer com que o cidadão consiga

participar diariamente e ativamente dos seus destinos e da

sua comunidade, constituindo-se em um protagonista nas

ações que efetivamente alteram sua realidade, e os fazem

sentir-se mais próximo da cidadania tão Almejada”.

Entendemos também que a grande contribuição do terceiro setor é desenvolver

meios em que as pessoas possam ser consideradas cidadãos e que consigam constituir

suas vidas em suas ações.

O debate sobre o terceiro setor vem a buscar uma resposta ao modelo de Estado

Social que não foi capaz de suprir com os objetivos de uma sociedade completa de

questões sociais. Assim o papel verdadeiro do terceiro setor é simplesmente a

efetivação dos direitos sociais fundamentais a qual, qualquer cidadão, em qualquer

esfera da sua vida. Porém o terceiro setor se caracterizou como sendo considerado à

margem da sociedade, que nem o primeiro setor nem o segundo, oferecem serviço a

estas pessoas, cabendo assim ao terceiro setor toda esta clientela, que não tem outro

lugar para buscar soluções para suas mazelas.

O terceiro setor cresce na década de 90 do século XX como uma solução para

reparação dos direitos das pessoas que se encontram desprestigiada pelos órgãos

públicos. Assim aparecendo às entidades de cunho voluntaristas e filantrópicas, que

tem uma roupagem mais empresarial tentando resgatar a solidariedade e cidadania.

30

O Programa comunidade solidária e o Programa de reforma administrativa são

as formas de “publicização e criação de organizações sociais”, formando assim o

principal meio de ligação e intermediação entre o governo federal e a sociedade civil no

Brasil, sendo este a forma mais visível de caracterizar e mostrar a cara de um novo

setor.

O segundo setor chega ao terceiro setor pela Responsabilidade social ou

cidadania empresarial. Onde empresas mudam a visão em relações ao social e passam

a dotar estratégias em defesa de uma imagem institucional positiva ou o

fortalecimento do seu mercado. As empresas passam a integrar o mundo das ONGs

não mais como meros doadores no sentido de caridade, mas como parceiro e

colaboradores das atividades e projetos das entidades sociais, mesmo que sejam de

interesse próprio, as empresas passam a enxergar uma nova sociedade civil como

sendo também de responsabilidades do segundo setor.

O terceiro setor brasileiro tem um grande desafio que é o da sua gestão, pois

poucas são as organizações não governamentais que são auto-sustentáveis sendo na

sua grande maioria mal geridas, amadoras e assistencialistas nas suas atuações.

A grande fragilidade dessas organizações vem do seu histórico, onde foram

criadas com o intuito de fazer caridades e não de suprir necessidades que não estão

mantidas pelo governo no seu âmbito de atuação. Assim podemos perceber

um grande déficit na sua sustentabilidade, na falta de recursos humanos qualificados e

capacitados e uma falta de intermediação entre as entidades e o próprio Estado e

principalmente na eficiência de suas atividades.

Segundo Salamom (2002), o grande desafio do terceiro setor esta em encontrar

soluções para os problemas públicos através da gestão de relacionamentos

colaborativos complexos que se estabelecem entre os setores e que tendem a se tornar

mais comuns em todo o mundo.

31

Podemos então dizer que as principais necessidades do terceiro setor brasileiro

estão em conseguir sustentabilidade, alta qualidade de serviços e articulações com

outros setores e prestar contas com transparência de suas atividades.

A sustentabilidade é percebido como a capacidade de auto-gerir, de captar

recursos tanto financeiros como humanos para obter os objetivos propostos pela

organização social e não permanecer como “pires na mão” como era a atuação nos

primórdios do assistencialismo nas organizações sociais. A entidade social deverá ter

profissionais capacitados para fazer captação de recursos, podendo ser de forma

pontual ou de longo prazo, tanto pode ser financiado pelos programas do

Estado como pelo setor privado. Porém é de grande relevância lembrar que a

sustentabilidade não é só a captação de recursos, principalmente a eficiência de utilizá-

los para assegurar os objetivos e demonstrar a sociedade sua competência na

utilização dos mesmos.

Com a qualidade na efetivação dos serviços, o terceiro setor passa a demonstrar

um papel importante para sociedade, onde cada vez mais assume o papel dos outros

setores. Quando falamos em qualidade de serviços estamos dizendo que prestação de

serviços é oferecer o melhor naquilo proposto para sociedade. A qualidade de serviços

vem com a quebra de paradigmas escritos nas associações, vem a substituir a forma

assistencial e formando valores a respeito de um setor que vem crescendo com o

profissionalismo das entidades, que presta serviços a sociedade e que principalmente

forma cidadãos conscientes dos direitos e deveres.

O terceiro setor também é causa importante na formação de redes sociais. Não é

mais possível entender um grupo trabalhando de forma isolada sem fazer conhecer sua

atuação e sem conhecer a atuação dos outros setores.

O olhar para comunicação também mudou o espaço institucional e os problemas

passaram a ser visto de forma mais diverso, onde a questão social passou a ser

32

discutida de todos os âmbitos e visões. E isso ocorreu pela cobertura de parcerias, de

composição de coalizões dos segmentos sociais articulados.

Entendemos então que a comunicação eletrônica tem demonstrado uma maior

relevância no terceiro setor do que nos outros setores, pois percebemos um grande

aumento de organizações formais, associações, conselhos, fóruns, grupos de trabalhos

dentre outras formas de articulações.

Entendemos que esses quatros recursos: transparência, qualidade de serviços,

sustentabilidade e a capacidade de articulação na gestão do terceiro setor, formam as

normas para se ter conhecimento adequado para uma organização sem fins lucrativos,

mas com desenvolvimento para guiar seus objetivos e metas e de forma justa com os

seus princípios e com dignidade para classe que representa

3.2 – Histórico e Estrutura da ONG: Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos

O objeto deste estudo é a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos,

fundada em 1981 em decorrência do Ano Internacional da Pessoa com Deficiência tem

como propósito desenvolver ações de garantia e promoção de direitos das pessoas

com deficiência física. Sem fins lucrativos, filiação religiosa ou partidária, a Andef é

reconhecida nacional e internacionalmente como uma das maiores entidades de

representação do segmento que atua.

Empenhada em efetivar ações concretas que contribuam para a melhoria da

qualidade de vida do segmento que representa, a Andef tem por principais estratégias

de trabalho a elevação da auto-estima e o aumento dos níveis de autonomia da pessoa

com deficiência. Dessa maneira, busca evidenciar uma nova concepção sobre a pessoa

com deficiência, rompendo preconceitos acerca do seu potencial de integração social.

33

Para efetivação de seus objetivos a Andef atua em três focos principais para

Inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. Através do Programa de

Reabilitação Integrada: que é um processo de reabilitação que atua na parte da saúde,

reabilitando a pessoa que sofreu alguma lesão que o levou a torna-se uma pessoa com

deficiência, oferecendo tratamento de fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional entre

outros. Também atua na parte de qualificação através do convênio com a escola

técnica Armando Valle Leão, em parceria com a Fundação de Apoio à Escola Técnica

(FAETEC), visando manter esse paciente num processo de aprendizagem e

qualificação mesmo durante seu tratamento. Aliado a esses dois processos a

Organização entende que o esporte também auxilia no processo de inclusão social, por

isso, é oferecido aos pacientes atividades esportivas para melhorar seu

condicionamento físico e qualidade de vida. Em suma o objetivo do PRI é oferecer a

pessoas com deficiência física a verdadeira oportunidade de inclusão na sociedade,

pois através dele o cidadão poderá restabelecer suas condições de saúde através da

reabilitação; estudar para se capacitar profissionalmente melhorando suas

oportunidades de emprego e segurança financeira e praticar uma atividade física por

lazer, com foco na qualidade de vida ou profissionalmente trilhando como atleta

paraolímpico.

A prática esportiva é encarada de maneira profissional pela ANDEF que

desenvolve um amplo programa de formação de atletas paraolímpicos e é sede de

muitos campeonatos de diversas modalidades.

O último, e foco desta análise é a inserção das pessoas com deficiência, no

mercado de trabalho, desde 1989 celebra parcerias para a inserção de pessoas com

deficiência em empresas públicas e privadas através da terceirização. Atualmente são

geridos pela Organização cerca de 700 funcionários. Quanto ao perfil dos associados

que são beneficiados pelas atividades de encaminhamento para o mercado de trabalho,

em geral, são pessoas de baixo poder aquisitivo, e com significativa dificuldade de ser

34

absorvidas pelo mercado formal, tanto em função da deficiência que tem, quanto pelo

baixo índice de escolaridade que apresentam.

Para que consiga diante do perfil apresentado anteriormente, incluir cada vez

mais pessoas no mercado de trabalho, a Andef mantém parcerias para qualificação

profissional e escolarização. No âmbito da educação básica conta com o apoio da

escola técnica Armando Valle Leão, em parceria com a Fundação de Apoio à Escola

Técnica (FAETEC) que oferece os sistemas supletivos para conclusão do ensino

fundamental e médio, além de cursos de informática e recepção. Em termos de

qualificação mais especializada as parcerias são com o Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial-Senac, que formam profissionais na área de ascensorista,

auxiliares administrativos, secretariado entre outros.

Para coroar os esforços para qualificar e inserir as pessoas com deficiência, a

Organização entende que também é necessário investir em ações focadas na retenção

e promoção desses colaboradores.

Assim, a Andef desenvolve um processo de acompanhamento do empregado

com deficiência, com objetivo de favorecer sua integração com os demais funcionários

“sem deficiência” e a chefia, além das adaptações às rotinas de trabalho. Considera que

a formação profissional no caso de pessoas com deficiências não deve ter por

finalidade apenas a qualificação das pessoas, mas também devem estar ligada a

atividades relacionadas com a colocação e acompanhamento em termos de trabalho.

Para garantir o sucesso da inserção profissional, deve haver uma ligação estreita, entre

a contratante e as parceiras que recebem esses profissionais.

Muito se discute a importância da formação profissional para pessoas com

deficiência para que consigam uma colocação no mercado de trabalho, havendo por

parte das empresas apenas uma preocupação com o bom desempenho na atividade

profissional, no saber fazer da profissão, ou seja, com as competências técnicas dos

empregadores, o que no caso das pessoas com deficiência já precisa ser bem

35

desenvolvidas. Mas não há preocupações significativas com o desenvolvimento de

competências pessoais e sociais desses colaboradores.

De acordo com Godinho, 2009:36:

“Parece assistir-se a um perfil de valorização orientado para uma

maior enfatização das competências pessoais, sociais e relacionais

(_) e não tanto de competências técnicas e profissionais”.

Neste sentido a Organização busca realizar treinamentos voltados para o

desenvolvimento de competências pessoais e sociais. Entendendo que para o mercado

de trabalho, além das competências técnicas também é importante desenvolver nas

pessoas com deficiência competências pessoais e sociais tais como a capacidade de

comunicação, organização e gestão do tempo, trabalho em equipe, gestão de conflitos,

stress frente a situações de discriminação entre outras.

Busca que as empresas parceiras entendam a importância de se pensar não

apenas na qualificação técnica e profissional, mas que se pense também na promoção

e desenvolvimento de competências como forma de ajudar a pessoa com deficiência a

lidar com os problemas pessoais, sociais e profissionais que lhe são colocadas tanto na

fase de entrada na empresa como no decorrer de suas atividades.

Desenvolver nas pessoas com deficiência a capacidade de identificar e formular

objetivo, ultrapassar obstáculos, resolver problemas, descobrir suas capacidades

individuais, faz com que esse profissional torne-se mais apto para responder

adequadamente às exigências e desafios do mercado de trabalho.

3.3 Análises dos discursos

Tendo como objetivo identificar se são desenvolvidos programas de treinamento

e desenvolvimento profissional das pessoas com deficiência dentro das organizações e

tomando como base a Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos, foram realizadas

36

entrevistas estruturadas, com análise dos discursos por entendermos que esta seria a

forma mais presente e próxima de transcrevermos as falas dos entrevistados.

Nesse sentido a análise das falas nos orientou e incentivou para

compreendermos melhor os entrevistados no que diz respeito à questão da inclusão

das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e seu desenvolvimento. A escolha

dos entrevistados se deu a partir de um grupo de seis rofissionais que participam

ativamente dos processos de qualificação e treinamento oferecidos pela Andef, sendo

funcionários lotados em três diferentes parceiros que não serão mencionados

diretamente nesta análise. Em termos de perfil quatro são homens e duas são mulheres

na faixa etária de 25 à 35 anos.

As entrevistas foram realizadas individualmente com os profissionais com

deficiência, no que se refere ao tipo de deficiência avaliado temos: 1 com poliomielite

nos membros inferiores andando com auxílio de muletas, 1 com amputação de membro

inferior direito com uso de prótese, 2 com hemiplegias direita, 1 com malformação no

membro superior direito e o último com e lesão no membro inferior esquerdo.

Os mesmos foram identificados nesta pesquisa por pseudônimos para preservar

o sigilo e garantir a privacidade dos entrevistados. Foram avaliados quatro aspectos:

1. A causa da deficiência;

2. O processo de Inclusão no Mercado de Trabalho;

3.Fale sobre sua relação com as pessoas com quem trabalha e do acompanhamento

que recebe no ambiente de trabalho.

4. O que você falaria para as empresas que contratam pessoas com deficiência.

Para cada bloco, foram reproduzidos trechos das falas dos entrevistados, que

concordaram em gravar todas as entrevistas, intercalados com os comentários e

subsídios dos autores que foram utilizados na pesquisa, todas as análises foram feitas

com o objetivo de obter conhecimento sobre a inclusão e desenvolvimento das

competências das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

37

As falas foram transcritas na integra, sem correções gramaticais, para com isso

não interferir no resultado das observações.

A causa da deficiência:

Primeira entrevistada que denominamos de Joana, 33 anos, ensino médico

incompleto:

“(...) Tive poliomielite aos 02 anos de idade, ficando com

seqüela nas pernas, fui andar aos 16 anos por esforço de

minha mãe, hoje consigo andar bem com as muletas.”

O segundo entrevista denominamos de Pedro, 29 anos, ensino fundamental

completo:

“Eu tive paralisia no parto, minha mãe diz que foi porque

demorei a nascer por isso fiquei com o braço e a perna mais

finos e tenho pouca força (...).”

O terceiro denominado de Luiz, 35 anos, ensino fundamental incompleto:

“tive paralisia infantil, morava no interior não tinha muita

vacina (...), mas pelo menos foi numa perna só, tem colega ai

que tem nas duas né (risos).”

O quarto é o Marcelo, 27 anos, ensino médico completo:

“Tenho uma paralisia cerebral causada pelo atraso de parto e

devido eu fiquei com seqüelas, meu parto era para ser

cesariana e foi forçado um parto normal e ai causou lesão no

meu cérebro. Meu lado esquerdo é comprometido não

consigo segurar as coisas por exemplo.”

38

A quinta entrevistada foi a Andrea, 26 anos, ensino médio completo:

“(...) eu nasci assim, e os meus pais não sabem qual foi à

causa, onde tenho a amputação do ante-braço e mão direita

(...) mas me adaptei bem, isso nunca me atrapalhou.”

O último chamamos de Carlos, 27 anos, ensino médio completo:

“(...) perdi minha perna num acidente, tava na moto o cara

me fechou (...) era pra eu ta morto, mas graças a Deus perdi

só a perna. Andei de muleta fazendo fisioterapia na Andef,

depois coloquei a prótese que fica mais fácil pra sair,

trabalhar (...).”

Nas passagens reproduzidas das entrevistas, as pessoas com deficiência

contam um pouco sobre suas vidas e como adquiriram as suas deficiências todas, tanto

as que adquiriram a deficiência sejam por acidente ou vírus da poliomielite quanto as

que nasceram com a deficiência, demonstraram estar muito bem resolvidos com a sua

deficiência falando de forma muito natural sobre sua limitação física.

No caso dos que sofreram paralisia no parto tiveram maior dificuldade de explicar

as causas de suas lesões, no caso da Joana o fato de ter andado somente aos 16 anos

gera nela um desejo muito grande de produzir e demonstrar que pode se superar a

cada dia. No caso do Luiz o mesmo demonstrou bastante tranqüilidade ao relatar a

causa da sua deficiência, falando até com muito humor sobre o assunto.

Podemos perceber que cada um apresenta as suas individualidades e

diferenças quanto a sua forma de lidar com a deficiência.

Como se deu o processo de inclusão ao mercado de trabalho?

A Joana inicia colocando:

“Eu trabalhava em casa de família, fui vendedora por conta

própria, até que um colega falou da Andef. Aí fui lá passei na

entrevista, me falaram dos cursos e de que era bom eu voltar

39

a estudar (...) eu tinha só 8º serie, aí comecei a fazer o

supletivo, logo me chamaram para vaga. Isso tem 3 anos,

agora estou no 2º ano e já fiz curso de informática e

recepção, era copeira, agora faz 7 meses que fui promovida

a recepcionista. Foi meu primeiro emprego na carteira.”

Para o Pedro não foi muito diferente:

“Eu trabalhava já, mas era um serviço muito pesado no

mercado (...) tava sentindo muita dor na perna, aí um amigo

da igreja falou da Andef fui lá e me mandaram pro curso de

ascensorista. Depois do curso fiquei uns quatro meses

esperando e me chamaram. Hoje trabalho seis horas só por

dia e quero agora fazer esporte também.”

O Luiz demonstra sua gratidão ao trabalho realizado com ele:

“Eu tinha muita dificuldade de parar em serviço, eu não

aceitava bem minha deficiência, não gostava quando os

colegas caçoava e acabava arranjando poblemas. Fiquei 6

anos sem trabalho (...) não tenho muito estudo e as coisas

ficaram difícil(...). Na Andef entrei em 2008, aqui a gente

trabalha com outros colega deficiente, tão curso pra gente,

querem que volte estudar, mas acho que não tenho cabeça

mais. Também tem uns trabalhos com a psicóloga e hoje sou

porteiro, levo tudo numa boa e até agradeço minha

deficiência porque ela me deu muitos direito (...).”

O caminho do Marcelo foi diferente:

“Bem eu entrei na Andef pra fazer esporte, tava com uns 17

anos e recebi alta da fisioterapia em outra associação e

minha mãe me levou pra Andef. Fiz natação, futebol, curso

40

de informática (...) depois fui ser estagiário no departamento

pessoal onde aprendi muito e quando teve uma vaga eles me

mandaram pro convênio, hoje sou auxiliar administrativo e

quero fazer faculdade de psicologia.”

A Andrea coloca:

“(...) estou na Andef a três anos entrei como recepcionista,

mas como tinha o curso de telemarketing e informática fui

logo para um a vaga de telefonista. Hoje já fiz o curso de

espanhol da Faetec e o de auxiliar administrativo do Senac.”

O caso de Carlos também foi diferente:

“fui para Andef fazer fisioterapia, tava muito deprimido,

trabalhava por conta própria, então não tive direito a nada,

entrei com seguro, mas sabia que ia demorar tava com uma

filhinha pequena (...) fiz um ano e meio de tratamento com a

psicologia e a fisioterapia, aprendi a usar a muleta. Mas não

sabia o que ia fazer porque sempre trabalhei com moto e

agora não dava mais. Aí me mandaram fazer o curso de

informática, no inicio achei que não tinha nada haver, mas

depois me interessei, entrei na natação o que melhorou

minha força e depois de uns dois anos lá me chamaram para

trabalhar como auxiliar administrativo.”

Percebemos em todas as falas que eles aproveitaram os projetos de qualificação

oferecidos pela Associação que direta ou indiretamente favoreceram a sua inserção no

mercado formal de trabalho.

Na fala de Luiz fica claro também a importância do desenvolvimento de

competências sociais, o mesmo tinha problemas em se relacionar e trabalhar em

41

equipe após sua inserção no mercado de trabalho e os treinamentos pelos quais

passou considera-se uma pessoa melhor.

Fale sobre sua relação com as pessoas com quem trabalha e do

acompanhamento que recebe no ambiente de trabalho.

Para Joana:

“(...) É uma boa relação, normal como toda e qualquer

relação dos seres humanos. Algumas pessoas a primeira

vista têm algum preconceito só que com o passar do tempo

com a convivência vão quebrando essas barreiras, e até já

ouvi algum depoimento sobre isso, tipo, onde uma pessoa

me disse assim: as pessoas lhe respeitam porque você se

impõe sem agredir ninguém, então a gente acaba lhe

respeitando. Eu achei isso o máximo da parte dela, mas é

normal como em qualquer lugar. Os treinamentos ajuda, nos

ensinam como agir em certas situações, também tem vezes

que fazem reciclagem, como se agente aprendesse de novo

nosso trabalho e isso ajuda a melhorar.”

Para Pedro:

“Minha relação é boa apesar das pessoas serem todas iguais

com qualidades e defeitos, eu não tenho nenhuma

dificuldade e nós vamos aceitando as pessoas e elas nos

aceitam, e a partir daí mantemos uma boa relação com as

pessoas. Dos treinamentos eu gosto, mas acho que tem que

dar mais oportunidade para pessoas crescerem porque às

vezes tem, mas a gente fica na mesma função”.

O que demonstrou mais satisfação com a pergunta foi o Luiz:

42

“Minha relação é muito boa (risos) todo mundo gosta de

mim. Eu brinco muito e eles também brincam comigo, então

eu posso dizer que é maravilhosa, eu acho que quando há

respeito tudo corre bem, é importante que todos respeitem a

minha dificuldade e a minha limitação, então tudo isso é bom

e o ambiente fica maravilhoso. Se fala dos cursos né (...) eu

gosto sim me ensinaram que a gente tem que respeitar o

outro e se respeitar também, quando tenho dificuldade aqui

no meu serviço o supervisor vem e me explica, isso é legal.”

O Marcelo afirma:

“minha relação com todos aqui é ótima, me sinto como se

estivesse em família, aprendi na Andef a lutar pelos meus

direitos, no meu local de trabalho todos também me

respeitam e me ajudam quando tenho dificuldades. Em

relação aos cursos e treinamentos, nem sei (...) é tudo

porque foi através deles que estou aqui hoje.”

A Andrea também considera boa sua relação com os colegas:

“eu não tenho problema com ninguém, tenho uma relação

ótima com todos os meus colegas de trabalho com meu

supervisor (...). Eles acompanham a agente sim, incentiva a

estudar a crescer, depende muito da gente também, a

oportunidade aparece nós temos que saber aproveitar.”

Para Carlos:

“As pessoas são muito receptivas comigo e não tem

discriminação, temos uma comunicação muito boa e respeito

que é fundamental. Aqui eu sou muito cobrado, ninguém me

trata como coitadinho é ralação mesmo. Tem curso, às vezes

43

tem os treinamentos de postura, apresentação (...) eu já fiz

dois e legal, a gente ta sempre aprendendo.”

Todas as falas aqui apresentadas demonstram amadurecimento em relação à

forma como as pessoas com deficiência são vistas pela sociedade e principalmente no

ambiente de trabalho, todos ressaltam que são respeitados por que se respeitam e

conhecem suas potencialidades e limitações. Todos também consideram importante o

aprendizado continuo como parte de seu crescimento profissional e desenvolvimento

humano.

O que você falaria para as empresas que contratam pessoas com deficiência?

Para Joana:

“A minha queixa, o meu desabafo, é que apesar de ter a lei

de cotas e as associações, eu ainda acho que é pouco

desenvolvido os trabalhos para a gente, as empresas

precisam saber que nós somos trabalhadores normais como

qualquer outra pessoa, que a gente vive, trabalha, namora,

come, dorme e temos alegria e tristeza ai a sociedade vai

começar a nós ver com outros olhos. E a gente poderá ter os

mesmos direitos.”

A fala de Pedro reafirma sua insatisfação em não terem as mesmas

oportunidades que as pessoas sem deficiência:

“Eu gostaria que tivesse mais respeito, que as empresas

tratassem a gente da mesma forma que tratam os outros

funcionários, que os cargos oferecidos não fossem sempre

inferiores. Acho que ainda não somos vistos de igual para

igual no mercado de trabalho, queria mais respeito.”

44

O Luiz ressalta a importância das Associações:

“Eu gostaria de falar que as pessoas venham conhecer a

associação e que as pessoas botem na mente que somos

eficientes principalmente para o mercado de trabalho e pros

deficiente que tão sem trabalho que venha procurar aqui

porque assim como eu consegui você também consegue.”

O Marcelo coloca:

“O mercado de trabalho claro ainda tem muitas dificuldades

e o deficiente ainda é aceito com um coitadinho, a gente não

vê muito as empresas preocupadas com o nosso

crescimento. Bem ainda bem que existem as associações

que ajudam a lutar pelos nossos direitos (....).”

A Andrea também demonstra sua indignação quando afirma:

“O que eu posso falar sobre mercado de trabalho é que a

gente percebe que mesmo com a lei de cotas as vagas que

são oferecidas são muito aquém da capacidade das pessoas

e os salários são baixos e acho que isso também é

discriminação uma vez que muitos deficientes estão

preparados para mercado de trabalho e as oportunidades

são sempre com salários muito baixos. Eu não quero ficar

aqui pra sempre quero melhores oportunidades, mas tenho

medo de lá fora não conseguir.”

O Carlos ressalta a importância das organizações:

“Quando fiquei deficiente eu não sabia que ia acontecer

comigo, por isso a Andef foi muito valiosa para que eu

conseguisse uma oportunidade no mercado de trabalho. Mas

acho que a pessoa que não tem essa força tem muita

45

dificuldade para trabalhar e mostrar seu valor e as empresas

emprega somente por causa da lei, mas ta preocupada com

gente.

Ao concluirmos as entrevistas e a análise, percebemos nas falas ou porque não

dizer nos desabafos de cada entrevistado que esses se sentem fortalecidos por estar

assegurados por uma Instituição que trabalha em prol da inserção no mercado de

trabalho e desenvolvimento profissional, mas que sabem que as empresas ainda não

estão preparadas para recebê-los de igual modo e a aquelas que recebem não sabem

desenvolver seus potenciais de forma a valorizar suas potencialidades.

46

CONCLUSÃO

O processo de exclusão historicamente imposta às pessoas com deficiência deve

ser superado por intermédio da implantação de leis constitucionais, mas elas somente

não garantem o desenvolvimento deste profissional para o mercado de trabalho. E

necessário que haja a conscientização da sociedade sobre as potencialidades desses

indivíduos e neste contexto que se insere as organizações não governamentais que

atuam na luta pela garantia dos direitos sociais, mas também do desenvolvimento da

cidadania do segmento que representa.

Esta pesquisa buscou colocar em pauta, questionamentos e dúvidas acerca

desse assunto sem a pretensão de esgotá-los. Ao contrário, espera-se que os aspectos

abordados sirvam também para incentivar outras análises e indagações.

No ambiente organizacional deve ser observado à integração da pessoa com

deficiência não somente sob a ótica das suas qualificações, e suas restrições para o

trabalho, mas do seu desenvolvimento.

Observamos que o treinamento e o desenvolvimento tem papel fundamental na

inserção do profissional com deficiência nas organizações, não basta apenas a

execução da política afirmativa de exigência de contratação de pessoas com

deficiência, não só no que se refere à verificação do cumprimento da lei, mas há de

haver uma preocupação no âmbito do desenvolvimento profissional no que se refere as

competências técnicas, pessoais e sociais.

De modo geral, entende que, as pessoas com deficiência, estão a cada dia,

mais próximas da igualdade em termos de capacitação, competência e pró-atividade.

No Brasil, as organizações do terceiro setor têm intensificado sua atuação

buscando ocupar as lacunas existentes na articulação dos esforços dos atores de

outros setores no campo da inserção profissional de pessoas com deficiência, a

inserção profissional de pessoas com deficiência embora tenha alcançado avanços

importantes nos últimos anos, ainda constitui um grande desafio, que exige

47

aprendizagem pela prática, ação e reflexão imbricadas, sistematização de

conhecimentos e engajamento de diversos atores sociais.

Mas, ainda é preciso avançar em aspectos da cultura corporativa e quebrar

paradigmas como o da baixa produtividade deste tipo de profissional. Para isso, é

importante preparar as empresas para receber este funcionário, e preparar este

funcionário para o mercado de trabalho de modo que pessoas com deficiência possam

ocupar um cargo cujo perfil seja compatível com as suas habilidades e com as reais

necessidades da empresa, e não fiquem restritos às funções do imaginário social.

Para que esse aproveitamento acorra acreditamos que é necessário dentro das

organizações programas sérios de capacitação e treinamento que considere limitações

físicas, mas não incapacitantes e desenvolva suas habilidades para a função que irá a

exercer e as futuras.

Capacitar, treinar e desenvolver as habilidades das pessoas com deficiência para

as organizações vai além de inseri-las no mercado de trabalho, refere-se ao respeito à

diversidade e a oportunidade que deve ser constituída a todo ser humano de se

desenvolver técnica, pessoal e socialmente.

48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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52

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – PESSOA COM DEFICIÊNCIA, CONCEITOS E LEGISLAÇÕES 10

1.1 Conceitos de pessoa com deficiência: mudanças e legislações 10

1.2 Pessoa com deficiência e o mercado de trabalho 13

CAPÍTULO II – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO 17

2.1 Treinamento e desenvolvimento: Breve análise 17

2.2 Treinamento e Desenvolvimento como fator de crescimento organizacional 22

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO E ANÁLISE DOS DISCURSOS 26

3.1 Origem E Evolução Do Terceiro Setor 26

3.2 Histórico e Estrutura da ONG: Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos 32

3.3 Análises dos discursos 35

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

53

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: AVM FACULDADES INTEGRADAS

Título da Monografia: O Desenvolvimento das Pessoas com

Deficiência nas Organizações

Autora: Clici Francisca Teixeira

Data de Entrega: 25/07/2011

Avaliado por: Fabiane Muniz CONCEITO: