universidade cÂndido mendes pÓs … as ações com vistas a propiciar um sistema que colocasse o...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PATRIMONIALISMO NA POLÍTICA BRASILEIRA: UM MAL QUE CORRÓI O ESTADO BRASILEIRO
Por: Marco Antonio Cozer Pinto
Orientador Ana Paula Alves Ribeiro
Rio de Janeiro 2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PATRIMONIALISMO NA POLÍTICA BRASILEIRA: UM MAL QUE CORRÓI O ESTADO BRASILEIRO
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Pública.
Por: Marco Antonio Cozer Pinto
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família e à Sônia, minha companheira,
por terem me dado forças na
busca de meus objetivos.
5
RESUMO
O tema abordado tratará do patrimonialismo na política brasileira.
Mostrará como o Estado Moderno surgiu, de como esse processo histórico se
deu em Portugal, de que modo a formação do estado português propiciou o
surgimento do patrimonialismo, suas origens e como se difundiu na sociedade
brasileira colonial. Apontará como essa prática perniciosa, mais atual do que
nunca, está inserida em várias frentes, prejudicando o desenvolvimento do país
ao colocar interesses particulares à frente do interesse público quando da
implantação de políticas públicas.
6
METODOLOGIA
Uma vez definido o objeto de pesquisa, tratamos de realizar um
levantamento bibliográfico preliminar, concomitantemente recolhemos artigos
de jornais que abordavam o tema. A metodologia foi baseada na leitura e
interpretação da bibliografia e das fontes jornalísticas, bem como o
fichamento.das partes mais significativas. Tais leituras dos vários aspectos do
problema contribuíram para que houvesse um amplo entendimento que
permitiu a análise do problema, desde sua origem colonial até nossos dias. A
leitura de artigos de jornais possibilitou ainda um maior aprofundamento do
tema ao destacar sua atualidade e recorrência.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Estado moderno, origens e características 09
CAPÍTULO II – A formação do Estado português e a
origem do patrimonialismo 17
CAPÍTULO III - Formas do patrimonialismo no Estado
Brasileiro contemporâneo 24
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 37
8
INTRODUÇÃO
Esse estudo inicialmente tratará do Estado Moderno, seu
surgimento, características e as formas desenvolvidas historicamente na
concepção de pensadores que influenciaram em sua formação e
nortearam as ações com vistas a propiciar um Sistema que colocasse o
Estado a serviço do bem comum.
Inserido nesse contexto, Portugal servirá como base da análise
sobre o patrimonialismo como um Sistema originado durante a formação
e consolidação do Estado Português e que encontrou meios e condições
para se estabelecer e se solidificar na sociedade brasileira desde a sua
colonização.
Serão demonstradas as formas de patrimonialismo que se
expandiram no Brasil e se apresentam até os dias atuais, demonstrando
sua presença em todos os níveis, através de práticas tais como
fisiologismo, clientelismo, nepotismo, coronelismo e outras, em que o
Estado passa a ser usado para benefícios particulares e não para fins
coletivos, onde por vezes não há separação entre o público e o privado,
prejudicando as ações e objetivos do Estado.
O objetivo maior será demonstrar como a herança lusitana deixou
na sociedade brasileira uma marca profunda nas relações entre
sociedade e Estado, onde este é usado para fins diversos daqueles para
os quais foi concebido.
9
CAPÍTULO I
ESTADO MODERNO, ORIGENS E CARACTERÍSTICAS
O Estado Moderno foi uma forma de ordenamento político, surgido na
Europa a partir do século XIII até fins do século XVIII, a partir do
desenvolvimento do capitalismo mercantil em detrimento do poder feudal aliado
com o fortalecimento das monarquias e da definição das fronteiras que
ajudaram na unidade de cada povo. Segundo o verbete “Estado Moderno”,
elaborado por Pierangelo Schiera, para o Dicionário de Política,
[...]
É só com a fundação política do poder, que se seguiu às lutas religiosas, que os novos atributos do Estado – mundaneidade, finalidade e racionalidade – se fundam para dar a este último a imagem moderna de única e unitária estrutura organizativa formal da vida associada, de autêntico aparelho da gestão do poder, operacional em processos cada vez mais próprios e definidos, em função de um escopo concreto: a paz interna do país, a eliminação do conflito social, a normalização das relações de força, através do exercício monopolístico do poder por parte do monarca (2007, p.427).
O Estado Moderno é definido como possuidor do monopólio da força
legítima com atuação em três níveis: jurídico, político e sociológico.
No nível jurídico, sua atuação se baseia na afirmação do conceito de
soberania, em que o Estado tem o monopólio da produção das normas
jurídicas, onde não existe direito algum acima do Estado que possa limitar sua
vontade. No nível político, o Estado Moderno representa o desaparecimento do
pluralismo, característico da sociedade corporativista, pois sua atuação
constante elimina todos os centros de autoridade de funções políticas, tais
como as cidades, os Estados e as corporações. No nível sociológico, ele se
apresenta como Estado administrativo, pois o Rei tem à disposição um
instrumento operacional que é a moderna burocracia, que age de forma
racional e eficiente para alcançar seus objetivos. Esse período se inicia com as
monarquias e se estende até os dias atuais, com diferentes formas de Estado.
10
A Monarquia Tradicional é o Estado em que os reis governam enfrentando
inúmeras resistências dos poderes locais, sejam elas dos nobres ou senhores
feudais, das administrações municipais e da burguesia, ou da Igreja e do direito
natural. É o Estado que se mantêm através do equilíbrio destas forças. Ela foi a
primeira forma de Estado-Nação dos séculos XII ao XVII. Foi uma época de
apogeu das artes, literatura e das ciências, pois compreendeu o período da
Renascença ou Renascimento.
Já na Monarquia Constitucional, o monarca enfrentando as resistências
dos poderes locais se vê obrigado a pactuar normas que regulamentam o
exercício do seu próprio poder. Tais normas que visavam a limitar o poder do
Rei passaram a ser conhecidas como “constituições”, daí o nome “Monarquia
Constitucional”, pois o Rei devia governar de acordo com a Constituição. Além
da Constituição, surgem as Câmaras ou Parlamentos, que são a expressão do
poder local no poder central ou junto ao Rei, daí o fato de a monarquia, neste
caso, ser também conhecida como “Monarquia Parlamentar”. A Inglaterra foi a
primeira Monarquia Constitucional e considera-se a “Magna Carta” de 1215 a
primeira Constituição Moderna que a história da humanidade já conheceu.
Promulgada durante o reinado de João sem Terra, irmão de Ricardo Coração
de Leão, ela possui 63 artigos. Na Inglaterra, surge também a 1ª Câmara
moderna que se consolida nos séculos XIV e XV: A “Câmara dos Lordes”, e
posteriormente, a “Câmara dos Comuns”.
A Monarquia Absoluta aparece com três nomes na história: Monarquia
Absoluta, Estado Absolutista e Absolutismo Monárquico. É o Estado em que o
monarca pretende destruir todos os poderes locais (dos senhores feudais, das
comunas ou municípios, da Igreja) e governar de forma absoluta sem enfrentar
resistências. É o momento em que o Rei vai destruir o equilíbrio instituído no
final da Idade Média, destruindo os poderes que restringiam sua atuação, mas
ao mesmo tempo mantinham a monarquia tradicional. Nesse sentido o
Absolutismo é a destruição da Monarquia Tradicional. Isso será conseguido,
em grande medida, cooptando todos os expoentes dos poderes locais e
oferecendo-lhes cargos na burocracia do Estado. Esta é uma das principais
11
causas da grande burocratização dos Estados atuais. Temos como exemplos
de absolutismo monárquico: Portugal, França, Espanha etc.
O Estado Moderno foi estudado e discutido por pensadores em seus
livros por várias épocas com o objetivo de determinar suas prerrogativas,
necessidades, obrigações e outros conceitos em relação à sociedade e a
outros Estados. Esses estudos contribuíram para a reflexão sobre o Estado nas
sociedades moderna e contemporânea e suas inúmeras interpretações levaram
às argumentações necessárias para a constituição do Estado moderno e até
hoje repercutem nos países, enquanto se busca um modelo ideal de relação
Estado/sociedade.
Serão analisados alguns dos mais importantes estudiosos e seus olhares
sobre o Estado pela perspectiva de sua formação e consolidação. A
importância desses conceitos, configurando a argumentação para a
constituição do Estado Moderno, começa por Nicolau Maquiavel (1469-1527)
que lança as bases para a formação do Estado soberano em oposição ao
poder dos feudos e da Igreja, em uma Itália dividida por pequenos principados
governados tiranicamente e que se socorriam às monarquias européias para
solucionar disputas internas. Sua principal preocupação é com a necessidade
de se formar um instrumento político que organize a sociedade.
Maquiavel percebeu a necessidade da criação de um Estado nacional que
impusesse o poder soberano. Ele é tido como fundador da Ciência Política,
pois separou pela primeira vez, a moral da política. O emprego da palavra
Estado é usual principalmente com a obra “O Príncipe” em Florença no ano de
1513. Ela começa com a seguinte frase: “Todos os Estados, todos os domínios
que imperaram e imperam sobre os homens, foram e são, ou Repúblicas ou
Principados”. Nela, Maquiavel formula uma série de lições de como o Príncipe
deve agir para tomar o poder e conservá-lo.
Segundo Francisco Williams Gonçalves em seu artigo “Teoria política e
Estado: a construção da ordem moderna”, a principal contribuição de
Maquiavel foi colocar a política fora do campo da divindade e situa-la na esfera
das relações entre os homens, inaugurando uma nova racionalidade,
expressando uma ordem moderna que se iniciava. Para ele, o Estado além de
12
ser capaz de garantir a paz e defender-se nas guerras, é o fundador da ordem
moderna.
Outro pensador que influenciou a teoria política foi Thomas Hobbes
(1588-1679) que afirma que o Estado surge por um amplo acordo de vontades,
um amplo pacto social, que retira o homem do estado de natureza e o conduz
à vida civil. No estado de natureza, os homens não têm um poder central que
dite as regras e execute as leis. Ao contrário, é um estado em que cada
indivíduo busca sua sobrevivência mesmo que à custa da eliminação de outros.
Devido a essa instabilidade, os homens procuram a paz, conferindo ao Estado
– Leviatã - amplos poderes. Por esse pacto, eles saem do estado de natureza
e instituem um poder governante, que teria como característica, a instauração
do Estado como figura política que estabeleceria leis para a convivência entre
os homens. Para que esse processo tivesse sido alcançado, foi preciso que
cada homem abdicasse de seu poder para que todos juntos pudessem ter paz
e prosperidade.
Hobbes enxerga em sua teoria, a fundação do Estado como saída para a
convivência entre os homens e, pelo pacto firmado entre eles, a conquista da
liberdade de escolha entre a garantia de vida a todos ou a barbárie, embora um
Estado com todos os poderes sobre os indivíduos, devido à idéia de um Estado
soberano e todo-poderoso, um Estado Absolutista.
Já John Locke (1632-1704) abordaria o tema de maneira distinta da de
Hobbes, principalmente na oposição ao Absolutismo. Para garantir suas
integridades físicas e a defesa de suas propriedades, os homens estabelecem
um contrato, no qual surge uma sociedade civil regida por leis, embora
controlada pelo Estado que aparece ao mesmo tempo. Esse contrato iria se
caracterizar pela aceitação das leis pelos homens, tendo o Estado como árbitro
e sendo um corpo político unitário. Além disso, duas características importantes
marcariam o contrato: as garantias do direito de propriedade e a liberdade
individual.
Na concepção de Locke, o Executivo seria controlado pelo Legislativo,
mas ambos necessitariam de respaldo popular. Caso contrário, o povo retiraria
os governantes do poder, mostrando sua força no sentido de impor ao Estado a
13
tarefa de reconhecer e proteger os direitos e liberdades individuais. Por essas
concepções, Locke influenciou aqueles que pensavam a política e contribuiu
diretamente nas Constituições Americana (1787) e Francesa (1789), sendo
considerado também como pai do Estado Liberal, no qual o Estado se basearia
no controle do Executivo pelo Legislativo, do Governo pela sociedade, na
proteção do direito de propriedade pelo Governo, na aceitação da sociedade na
formulação do Governo, entre outros.
Montesquieu (Charles de Secondat) (1689-1755) ao se preocupar com a
governabilidade dos governos e sua legitimidade para regular as relações na
sociedade, destaca a idéia de que o regime republicano é o único regime em
que é possível demarcar a moderação do poder pela liberdade política, pois
esta limita as liberdades individuais pelas leis. Isso se deve pelo fato da
República se dividir nos três Poderes que são o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário. Em sua visão, o Estado estruturado nesses Poderes vai permitir a
esse mesmo Estado cumprir suas funções delegadas pela sociedade para
manter o equilíbrio social, formular e aplicar as leis e um sistema de pena
sociais.
A obra de Montesquieu se revela importante ao propor a estruturação da
forma burocrática do Estado, uma forma moderna que até hoje é utilizada e
que se baseia na separação dos Poderes e o que cada Poder pode e deve
fazer para manter o interesse público acima dos interesses particulares.
Outro pensador que teve influência na discussão da teoria política foi
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que propôs o Estado Democrático. Assim
como Hobbes, Locke e Montesquieu, ainda que por caminhos diferentes,
Rousseau afirma que o Estado surge de um contrato social como origem da
sociedade política e civil. Esse contrato leva à instituição de um poder político,
que regula as relações entre aqueles que firmam um pacto na direção da
representação política em benefício da sociedade.
É importante salientar que os principais teóricos contratualistas viveram
no período de ascensão da burguesia e, nessa classe, a idéia e a prática de
contratos é muito freqüente, o que teria influenciado todo o pensamento político
dessa época. Os Estados modernos europeus (Inglaterra, Portugal, França,
14
Holanda etc.) seriam exemplos de como o alcance dessa teoria serviu para
formar as bases de uma sociedade.
Já o enfoque dado por Rousseau é no sentido de mostrar que a vontade
geral é soberana. O povo participa do processo de elaboração do contrato e
também obedece às leis desse contrato. Portanto, o povo é ao mesmo tempo
livre e soberano. E os Governos, caso não respeitem a vontade geral, em favor
de interesses alheios, podem ser depostos.
Realidades como povo, soberania, Governo, Estado, com Rousseau
seriam pensadas de forma com que um dos fundamentos da política moderna
– a democracia – fosse colocado como condição para que o povo pudesse ver
seus interesses colocados e defendidos pelo Estado, resultado de um pacto
estabelecido pela coletividade.
Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), a sociedade capitalista
moderna tem uma nova racionalidade. Seus estudos contemplam a cultura, a
política, a economia e buscam entender a inter-relação entre elas e as causas
da dominação nas sociedades, levantando questões sobre o poder e o Estado.
Weber caracteriza as sociedades a partir do modo como elas organizam
suas estruturas, entre elas, as de dominação. Ele afirmou existirem três tipos
puros ou ideais de dominação legítima: a tradicional, a carismática e a legal. A
tradicional se baseia nos costumes de determinado povo que dá legitimidade
ao poder daquele que se constitui seu líder. É uma característica das
sociedades tradicionais a que o poder está associado. A dominação baseada
no carisma diz respeito à capacidade individual com que certo indivíduo exerce
seu fascínio e consegue seduzir e conduzir as massas e que se converte em
certo tipo de poder sobre os outros. Para ele, o nível mais organizado de
dominação corresponde a um nível mais elevado da racionalidade humana. É a
dominação legal, fundamentada na lei e que despersonifica e despatrimonializa
a prática da dominação e do poder, transferindo essas atribuições a um ente
superior, que irá encontrar na forma burocrática da vida social a sua melhor
representação. Dessa maneira, Weber designa a burocracia como o tipo ideal
de dominação legal e que será a expressão da sociedade moderna.
15
A dominação legal se constitui pela legitimidade dada pelo
reconhecimento de que há necessidades de leis e normas impessoais que
regulem a vida dos homens. Ela representa a moderna sociedade que põe o
Estado como figura política central, responsável por organizar a sociedade e
instituir regras e leis aplicáveis indistintamente a todos os cidadãos.
Weber afirma também que o Estado é a única instituição nas sociedades
contemporâneas a quem é permitido o uso da violência legítima. Além desse
direito, o Estado organiza seu corpo burocrático com o intuito de exercer sua
dominação, isto é, para poder desempenhar suas funções inerentes que
consistem em tributar, legislar, regular, controlar, sancionar e executar políticas
que lhe atestem legitimidade.
Para Weber, o Estado Moderno controla os meios de organização política
e será o instrumento que produzirá a eficácia devido ao seu elevado grau de
legitimidade social, pois é aquele que representa o poder político dirigido
impessoalmente.
Enquanto vários pensadores apresentaram teoria sobre o poder do
Estado como o defensor da coisa pública e dos direitos, o alemão Karl Marx
(1818-1883), que viveu em uma época de forte crescimento industrial, de
grande avanço científico, de eficiente produção teórica e crises revolucionárias,
influenciado por esse contexto além de sua imensa leitura e das idéias e
polêmicas travadas com seus contemporâneos, vai demonstrar que a principal
função do Estado no capitalismo é a defesa dos interesses das classes
dominantes.
Marx afirma que o ponto central da sociedade capitalista é o fato de que,
em sua estrutura, ela está dividida em duas classes fundamentais e
antagônicas: a burguesia e o proletariado. Sua crítica ao Estado reside no fato
de que ele assegura que o Estado é classista, isto é, o Estado como
instrumento de dominação de classe, defende os interesses das classes que
dominam a sociedade. Essa dominação é fruto da posse dos meios de
produção que seria a marca característica das classes dirigentes do Estado.
Embora aparentasse autonomia, o Estado seria dirigido por quadros ligados às
classes dominantes.
16
O pensamento de Marx tem influência até hoje e se baseia no
entendimento de que as classes sociais estão ligadas diretamente às fases de
desenvolvimento da produção; que a luta de classes levará o proletariado ao
poder; e esse governo do proletariado levaria à sua negação, pois seus atos
levariam à própria extinção. A inexistência das classes implicaria uma
sociedade sem Estrado.
Todos os teóricos reconheceram o Estado como eixo central da
sociedade moderna, pois é quem administra jurídica e politicamente os
conflitos de classes e a convivência social além de atuar decisivamente na
dominação política.
17
CAPÍTULO II
A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS E A
ORIGEM DO PATRIMONIALISMO
A origem do Estado nacional português aconteceu com a formação do
condado portucalense em 1080, sob domínio de Dom Henrique de Borgonha.
Sua consolidação porém não foi tão simples e durante esse período houve a
expulsão dos mouros da península ibérica e a luta contra os reinos de Leão e
Castela que desembocaram na independência portuguesa a partir da vitória
militar em Aljubarrota (1385) e dos tratados posteriores.
O imenso caráter religioso surgido pela reconquista cristã fez com que a
Igreja de Roma se interessasse pelo sucesso das forças cristãs. As vitórias dos
exércitos de Dom Henrique mostraram à Igreja a importância destes nos
objetivos alcançados nas lutas militares. Tal convergência de interesses levaria
ao reconhecimento da autonomia portucalense ante o reino de Leão. Através
do Tratado de Zamora (1143), firmado entre Dom Afonso Henriques (1128-
1185) e Dom Afonso VII, Imperador de Leão, foi reconhecida por este a
independência do antigo condado, a partir daí Reino de Portugal. O novo reino
tinha a proteção da Santa Sé, garantindo a mediação do Papa em caso de
violação do tratado. Esse processo foi finalizado com o reconhecimento pelo
Papa Alexandre III em 1179 de Dom Afonso Henriques como Rei de Portugal.
Após sua emancipação, Portugal participou do movimento que iria
desembocar na formação dos Estados Modernos ocidentais, sendo
considerado como o primeiro Estado-Nação europeu (absolutista e
mercantilista). Durante seu processo de formação, Portugal assistiu à primeira
revolução burguesa européia que foi a Revolução de Avis (1383-85), luta
político-militar pela sucessão do trono entre o Rei de Castela e D. João. Após
sua vitória, D. João centralizou o poder e favoreceu a expansão marítima
portuguesa, apoiado por uma burguesia ascendente e dominante.
18
Enquanto isso, as ordens militares, fundadas com o intuito primordial de
combater os mouros na península ibérica, devido à essa atuação receberam
doações de terras. As ordens dos Templários, de Avis e de Santiago foram as
mais beneficiadas e contribuíram também no povoamento, já que no entorno
de suas fortalezas se desenvolveram atividades agrícolas que fixaram as
populações e possibilitaram a criação de novas zonas de povoamento.
A nobreza, cujo poder era originado da propriedade, também teve
importância na formação do Estado português através do apoio na expulsão
dos árabes recebendo em contrapartida amplos privilégios, que com o tempo
foram diminuindo.
A Coroa porém com a intenção de centralizar mais seu poder, deu
autonomia aos concelhos, considerados a origem do município. Esse apoio
tinha o objetivo de enfraquecer o poder da nobreza em seus domínios. A
realeza buscava a aliança com o povo, pois tinha verificado a força deste ao
enfrentar um poderoso bispo. Os forais, pacto entre o Rei e o povo,
determinavam que a terra não teria outro senhor senão o Rei.
Desde suas lutas pela independência, a Coroa conseguiu formar um
grande patrimônio rural, surgido através de guerras contra os mouros, de terras
confiscadas de pessoas acusadas de crimes e traições, aquelas herdadas de
vilões que morriam sem herdeiros, terras que geravam rendas para sustentar
os guerreiros e a corte.
O Rei era o maior proprietário e o centro de todas as decisões. Ele manda
e os súditos obedecem. Acima dele, só o Papa. Com isso, a nobreza territorial
e o clero, proprietários de terras, não tinham independência. Além disso, havia
o comércio que sempre esteve ligado aos destinos do reino, financiando as
guerras da reconquista e da independência. As trocas com a Inglaterra e
Holanda e demais países do mediterrâneo foram o ponto de partida de um
caminho que levaria às grandes navegações.
Embora na Idade Média a maior parte da população portuguesa viver da
agricultura, foi o povoamento costeiro que propiciou o incremento da pesca e
as trocas dos produtos da terra. Com o desenvolvimento marítimo, os
comerciantes portugueses puderam expandir seus comércios com outros
19
países. Durante esse período, surge uma burguesia sem vínculo com a terra,
financiadora exclusiva do comércio. Nesse contexto surge um organismo que
iria controlar as operações como se fosse sua empresa: a Coroa. Nenhuma
exploração foge a seu controle. Ela mantém sob seu domínio a burguesia
através de privilégios e concessões.
Com as grandes navegações, o Estado se transforma numa empresa da
Coroa que intervém em todos os níveis. Surge daí o capitalismo de Estado. A
classe que dirigia o país com o Rei como chefe supremo, tendo no comércio a
razão de sua supremacia, terá na estrutura patrimonial a base do capitalismo
comercial com que fará do Estado uma gigantesca empresa. Mas quando o
capitalismo tomar o lugar do feudalismo, não encontrará terreno fértil no
patrimonialismo português para se desenvolver.
Nos países onde o feudalismo deu lugar ao capitalismo industrial, sua
economia se desenvolveu integrando a sociedade e o Estado, o qual passa a
ser uma expressão da sociedade civil em que a separação entre o bem público
e o bem privado se traduz na separação entre direito público e direito privado,
em impostos para as despesas do governo, na formação de uma burocracia
funcional, no surgimento de um exército mantido por rendas públicas, na
separação das rendas e patrimônios dos governantes e funcionários, tudo isso
como resultado de um processo que definiria a abrangência e a
responsabilidade do Estado para com a sociedade.
Enquanto isso em Portugal, a atividade industrial quando aparece é
devido a favores e privilégios, já que o controle da economia pelo Estado
contrariava os princípios da Revolução Industrial. Essas relações que
dominavam a economia e a administração foram a base do sistema
patrimonialista onde a mistura entre a coisa pública e a privada, sem limites de
separação, é sua principal característica, além de que as relações entre o
homem e o poder não têm vínculos como em uma relação contratual que
impõe limites ao soberano e assegura a possibilidade de resistência se houver
abusos no comando. No domínio do patrimonialismo, o soberano se sobrepõe
ao cidadão, além do Estado criar e incentivar monopólios e concessões
impedindo autonomia e liberdades econômicas.
20
A Coroa direcionava seus negócios na navegação oceânica para
aumentar suas rendas, estruturada em uma poderosa organização político-
administrativa livremente recrutada e que era edificada em uma comunidade: o
estamento. A origem dessa palavra incorporada ao português por via do
espanhol, é derivada da mesma raiz da palavra Estado e foi introduzida na
sociologia moderna por Max Weber, jurista e sociólogo alemão.
O estamento, cuja elite administrava os negócios reais convertida em uma
burocracia política, leva seus integrantes, pela distribuição de poder, a se
sentirem livres para agir como bem entenderem para alcançar seus objetivos e
não serem importunados pelas leis. Eles conseguem através de negociações e
troca de benefícios na atividade pública, convergirem seus interesses para o
bem de si próprios e comandam, dirigem, governam, não somente o curso da
economia, mas toda ação que possa beneficiá-los com mais poder. Não existe
separação entre o público e o privado para essa “comunidade fechada”.
Conforme assinala Faoro em “Os donos do poder”
O patrimônio do soberano se converte, gradativamente,
no Estado, gerido por um estamento, cada vez mais burocrático. No agente público – o agente com investidura e regimento e o agente por delegação – pulsa a centralização, só ela capaz de mobilizar recursos e executar a política comercial. O funcionário é o outro eu do rei, um outro eu muitas vezes extraviado da fonte de seu poder. Um cronista do início do século XVII já define, em termos de doutrina, a projeção do soberano no seu agente: “os amigos do rei, seus viso-reis e governadores e mais ministros hão de ser outro ele, hão de administrar, governar e despender como o mesmo rei o fizera, que isto é ser verdadeiro amigo; mas quando a cousa vai por outro rumo, que o governador e ministro não pretende mais que governar para si e para os seus, então não sinto eu mor imigo do rei que este, porque poderá ele dizer polo tal governador. – Este que aqui está é outro si, ou outro para si. Em toda parte isto tem lugar ( FAORO, 2001, p.197).
O patrimonialismo português, que emergiu da decadência da aristocracia
proprietária de terras e caracterizado pela forte presença do Estado na vida da
população, iria desembarcar no Brasil levando consigo sua ideologia e seus
estamentos burocráticos como forma de concentração de poderes políticos,
21
econômicos e sociais, e iria influenciar a sociedade brasileira do período
colonial até os dias de hoje.
Durante a colonização do Brasil, o sistema consolidado em Portugal e
levado para os trópicos – o poder patrimonialista – iria servir de padrão para a
constituição do governo e suas relações com a sociedade e que seria
intensificado com a transferência da Coroa portuguesa para terras brasileiras
em 1808. Tal estrutura de poder serviu como base sobre o qual se assentaram
também o Império e a República.
A economia na época da colônia se sustentava no plantio da cana, na
extração de madeiras, na exploração de minas e as famílias que
comercializavam os produtos foram o núcleo de uma elite senhorial, os quais
seus descendentes se transformaram nas “melhores famílias”. Suas fortunas
se constituíram através de práticas oriundas da sociedade portuguesa, tais
como: a conquista de terras, que na colônia seria representada pela posse das
terras indígenas; a administração real com direito ao poder que seria o controle
da câmara para intervir quando julgasse necessário e outros benefícios pelo
sistema de mercês. Cabe informar que o sistema de mercês era um velho
costume lusitano que teve sua origem na reconquista de Portugal contra os
muçulmanos na Idade Média e que consistia na concessão pelo Rei, de terras
e privilégios como recompensa por serviços prestados à Coroa.
Uma das conseqüências dessas práticas seria a formação de uma
nobreza constituída principalmente por beneficiários dos favores reais. Essa
elite iria monopolizar os principais cargos e ofícios da colônia. Além dessas
benesses, havia outra vantagem, como o uso dos postos doados pela Coroa
para fins não tão nobres. Segundo afirma Fragoso em O Antigo Regime nos
Trópicos: A Dinâmica Imperial Portuguesa (séculos XVI-XVIII):
Quanto ao Rio de Janeiro, o quadro não era tão diferente. João Rodrigues Bravo, em 1635, recebia por cinco anos a fortaleza de São Bento, cuja construção fora feita “à sua custa”. Apesar de tais custos, sublinhava a carta régia que ele não receberia ordenado, podendo, no entanto, retirar emolumentos daquele ofício. Coincidentemente, João era comerciante, em 1637, arrematava os dízimos reais da capitania. Quase cem anos depois, entende-se por que a capitania de uma fortaleza era um posto tão cobiçado. Fazendo menção aos vencimentos do capitão da fortaleza da Ilha das Cobras, na baía da
22
Guanabara, o rei determinava que eles fossem retirados “dos emolumentos que as embarcações pagão às fortalezas da Barra de Santa Cruz e São João que hoje eram muito importantes”. Portanto, para João Bravo, além do status de seu posto,o que lhe interessava também, como homem de negócios, eram os emolumentos de sua capitania (FRAGOSO, 2001, p. 45).
Em relação aos privilégios na forma de ofícios, o que interessava não era
somente o salário, mas principalmente os emolumentos advindos. Ainda
segundo Fragoso:
Cabe sublinhar que, para as benesses na forma de ofícios, o que estava em jogo não eram tanto os salários pagos pela fazenda real, mas sim, e principalmente, os emolumentos que deles, entre outras possibilidades, podiam-se auferir. O provedor da fazenda do Rio de Janeiro, por exemplo, recebia dos cofres da Coroa apenas 80$000 por ano; conduto, tal quantia, somada às propinas e, principalmente, aos emolumentos, chegava a algo estimado por Lisboa, em 1697, em 800$000. Além disso, por meio de seus postos de ministro e oficiais do Rei, segundo recorrentes cartas enviadas a Lisboa – como as denúncias, em 1669, feitas pelo procurador da Câmara e abade do Mosteiro de São Bento -, utilizavam de seus postos para realizar estanques de mercadorias como “refinados mercadores”, usufruir em proveito próprio o dinheiro do juízo dos órfãos e da provedoria dos defuntos e ausentes e intervir na arrematação de impostos etc (Ibidem, p.45-46).
Além disso, como remuneração pelos serviços, essa elite receberia novas
concessões que poderiam ser acumuladas e ainda adquirir a administração de
outros bens da Coroa. Essa prática não era exclusiva da aristocracia, pois
pessoas não nobres também podiam receber ofícios e serventias como forma
de remuneração de seus serviços. Havia ainda o controle da Câmara, que em
nome do bem comum, intervinha no mercado através do controle de preços e
serviços relativos ao abastecimento da cidade. Tudo isso para beneficiar
aqueles que já tinham participação em negócios. Tais concessões serviram
para aprofundar uma economia política de privilégios que seria sempre
alimentada com o propósito de se manter intactos os elos do governo
português com os responsáveis pela administração da Colônia.
No período colonial, dominado pela burguesia mercantil e patriarcal, o
Brasil passou por ciclos de expansão passageiros devido à exploração do
açúcar e posteriormente do ouro e diamantes. Seu desenvolvimento porém não
23
foi alcançado plenamente, evidenciando o fracasso da colonização mercantil
em implantar um capitalismo moderno que trouxesse benefícios duradouros,
como ocorreu nos países avançados da Europa e na Nova Inglaterra. O
latifúndio escravista e mercantil era incompatível com o processo sustentável
de acumulação capitalista. Caio Prado Jr. Em História Econômica do Brasil
mostrou seu caráter de colonização de exploração mercantil ao invés de
colonização de povoamento, como aconteceu na Nova Inglaterra.
Durante o Império, houve a ascensão política da burocracia
patrimonialista devido à crise da velha burguesia mercantil e patriarcal com
pretensões aristocráticas, da qual se originara. Ela era formada por políticos
civis, oficiais militares do exército em formação, além de bacharéis, médicos e
outros profissionais, se constituindo em um estamento burocrata cujos
rendimentos não derivavam da renda da terra, mas dos ordenados e pensões
do Estado. Com isso gerou-se uma elite com interesses próprios e que no
futuro essa conjuntura seria representada por atos de nepotismo e corrupção.
Em meados do século XIX, surgiu a aliança entre a burocracia
patrimonialista e a burguesia cafeeira originária do Vale do Paraíba, escravista
e retrógrada tal qual a dos donos de engenhos. A abolição da escravatura e a
Proclamação da República não prejudicaram essa aliança e fez com que
surgisse no oeste de São Paulo uma nova burguesia cafeeira, mais moderna e
que usava o trabalho assalariado do imigrante visando o aumento da
produtividade capitalista. A depressão mundial, após a crise de 1929, e a
Revolução de 1930, marcaram o fim do domínio exercido pela aliança das
elites patrimonialistas e cafeeiras e a formação da nova aliança dominante,
representada por setores do latifúndio mercantil voltado para o mercado
interno, pela nova burguesia industrial e pela moderna burocracia.
24
CAPÍTULO III
FORMAS DO PATRIMONIALISMO NO ESTADO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Nenhum homem nesta terra é repúblico, Nem vela ou trata do bem comum, Senão cada um do bem particular.
Pe. Simão de Vasconcelos, jesuíta – 1663.
Na atualidade, algumas formas de expropriação/apropriação do Estado
originadas em períodos anteriores da nossa história, quando o patrimonialismo
foi constituído como tradição lesiva à forma republicana de governo, se
manifestam em vários setores onde a coisa pública é tratada como se privada
fosse por aqueles que, ironicamente, deveriam ser os primeiros a protegê-la.
Uma das formas recorrentes é o fisiologismo. De acordo com o
dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, seu significado é: Prática política
voltada para o interesse e proveito personalizados do praticante, mercê de atos
de prevaricação e corrupção ou afins. Praticado no parlamento brasileiro por
partidos ditos fisiológicos, tais como o DEM (antigo PFL), PMDB etc, resume
sua “filosofia” na máxima “é dando que se recebe”, uma paráfrase ao princípio
franciscano preconizado por São Francisco de Assis.
Na atividade política brasileira, infelizmente, o fisiologismo está presente
e tem se destacado por alcançar praticamente todos os órgãos
governamentais. Os partidos políticos e o Governo estimulam essa prática de
desvio de conduta política através de alianças e acordos entre eles, cujo
objetivo principal é o de garantir cargos, emendas parlamentares (muitas vezes
de interesses públicos duvidosos) para seus redutos eleitorais, favores e outros
benefícios privados, ao invés de legislarem visando melhorar as condições de
vida em geral da população.
O clientelismo é outra das formas de patrimonialismo em que os políticos
de profissão se colocam acima dos cidadãos, oferecendo em troca de
legitimação e apoio eleitoral, toda a sorte de ajuda pública que têm ao seu
25
alcance, tais como cargos e empregos públicos, financiamentos, autorizações,
etc.). Essa forma de clientelismo tem como resultado, uma rede de fidelidades
pessoais que passa, quer pelo uso pessoal por parte da classe política dos
recursos estatais, quer pela apropriação de recursos “civis” autônomos. Outra
forma de patrimonialismo é o nepotismo, no qual a concessão de empregos ou
contratos públicos não é baseada no mérito, mas nas relações de parentesco.
Como exemplo bem/mal acabado, temos a crise pela qual passou (e
ainda passa, eticamente falando) o Senado brasileiro no ano de 2009. É um
exemplo do que acontece em todo o país, quer na esfera federal, quanto na
estadual e municipal. O presidente do senado, José Sarney, foi acusado de
desmandos administrativos, nepotismo e tráfico de influência.
Conforme Merval Pereira no artigo “Suicídio institucional” do jornal O
Globo de 09/08/2009, 1º caderno, pág.4:
O arquivamento sumário das denúncias e representações contra o presidente do Senado, José Sarney, sem que nem mesmo o Conselho de Ética tenha se reunido, por decisão unilateral do senador sem votos do PMDB do Rio Paulo Duque, e o desaparecimento dos anais do Senado do trecho da fala do senador Renan Calheiros em que ele se dirige com palavrões ao senador tucano Tasso Jereissati são faces da mesma moeda, a truculência política em favor da manutenção da situação atual, a política arcaica tentando impedir a renovação dos costumes.
Quatro dias antes, Sarney tinha feito um pronunciamento da tribuna do
Senado para dizer que não renunciaria e para se defender das acusações e
dividir responsabilidades com os colegas. Ao rebater as denúncias, cometeu
imprecisões, entre as quais, podemos destacar, conforme reportagem do jornal
O Globo de 06/08/2009, 1º caderno, pág.4:
[ ]...Sarney disse que não ter nada a ver com a nomeação de parentes seus pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Cafeteira é aliado de Sarney há muitos anos, e, ao contratar um neto seu, estava, em última instância, prestando um favor ao presidente do Senado. João Fernando Michel Gonçalves Sarney foi assessor do Senado e recebia R$7,6 mil por mês.
[ ]... Afirmou também que Isabella Murad Cabral Alves dos Santos não é sua parente. A moça é prima de Jorge Murad, genro de Sarney, morava em Barcelona, na Espanha, mas ganhava salário da Liderança do PTB no Senado desde fevereiro de 2007.
26
[ ]... A firmou que não sabe quem é Rodrigo Cruz, que foi funcionário da Diretoria Geral da Casa. Rodrigo Cruz é genro do ex-diretor Agaciel Maia. Em junho, em pleno escândalo dos atos secretos, Sarney foi padrinho de casamento de Rodrigo Cruz com a filha de Agaciel.
[ ]... Negou que tenha chamado parentes para sua assessoria. Nos anos 80, a sua filha, hoje governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), foi efetivada como servidora do Senado por um trem da alegria.
Ao lado da citada reportagem, Merval Pereira destaca em seu artigo que
[...] revelou um político retrógrado cuja noção de ética pública não lhe permite entender a gravidade das atitudes que vem tomando na sua longa vida política. [ ] Manteve no plano nacional os mesmos métodos arcaicos de fazer política que mantém o Maranhão e o Amapá como seus feudos eleitorais. Em sua defesa, disse que as acusações “são coisas que não representam nenhuma queda de qualquer padrão ético”, o que é mais do que discutível e vai de encontro ao que pensa a grande maioria dos cidadãos. [...] Mas aqui no Brasil, ao contrário, a mentira, as insinuações maldosas, já estão incorporadas à prática política e são facilmente esquecidas, até mesmo pelos adversários atingidos por elas, como é o caso presente em que o senador Fernando Collor tornou-se o mais fiel aliado do presidente Lula, a quem fez as piores acusações de cunho privado.
Infelizmente, na política brasileira os políticos, com o intuito de continuar
a usufruir das prerrogativas inerentes ao cargo e de outras advindas de
acordos feitos para obtenção de vantagens, ignoram as acusações que pesam
sobre os adversários de ontem, pois esses quando passam a ser os aliados do
momento, são bem tratados não importando o quão graves são as denúncias
sobre eles. Ricardo Noblat, em sua coluna no O Globo de 20/07/2009 (1º
caderno, p.2)
[...] Lula não discrimina entre aliados fiéis, aliados nem tão confiáveis assim, adversários moderados e adversários históricos. Se vir alguma vantagem em enxaguá-los até que recuperem parte da pureza perdida ou se livrem de nódoas comprometedoras, ele se entrega à tarefa com gosto. Do controverso Roberto Jefferson, na época presidente do PTB, Lula disse que se tratava de um homem a quem daria um cheque em branco. O homem merecedor de tamanha prova de confiança deflagrou o escândalo que quase derrubou o governo (crise do mensalão de 2005, na qual houve acusações de compra de votos dentro do Congresso Nacional em troca de apoio ao governo Lula). [...] A Lavanderia Lula presta
27
inestimáveis serviços ao seu fundador e único dono, e também aos que dela precisam. Mas bem não faz – pelo contrário – ao avanço entre nós de uma prática política decente e justa, capaz de atrair gente interessada em servir à coisa pública, e não em se servir dela. Essa será a herança maldita de Lula.
Em que pese os inúmeros casos de corrupção descobertos e noticiados,
a perspectiva da impunidade é, para especialistas, uma das principais razões
para que os políticos brasileiros continuem fazendo uso de bens públicos como
se fossem privados. Em reportagem publicada no jornal O Globo de 24/07/2009
(1º caderno, p.8), o professor titular de Filosofia e Ética da Universidade
Estadual de Campinas – Unicamp, Roberto Romano, diz que a prática vem da
formação do Estado brasileiro, construído sob o domínio absolutista, onde não
existe separação do “tesouro do rei do tesouro público”. Os nossos políticos se
consideram pequenos nobres. Sobretudo os capitães de oligarquias, que agem
como se fossem proprietários da coisa pública – afirma Romano.
Na mesma reportagem, o cientista político David Fleischer, da
Universidade de Brasília, faz referência à conversa gravada pela Polícia
Federal entre o presidente do Senado, José Sarney, e seu filho, que tratava de
ato secreto para contratação pelo Senado. Na gravação, fica provada a falta de
decoro parlamentar cometida pelo senador. Essa conversa evidencia que eles
acham que o Brasil é deles. Pensam assim: “Vamos usar nosso poder e
influência para manipular a máquina federal em favor da família, dos amigos.
Vou fazer com essa propriedade o que quiser– diz Fleischer, ressaltando que a
confusão entre público e privado é comum nos três níveis de governo.
Os dois professores fazem críticas aos mecanismos de proteção jurídica
a que têm acesso os políticos:
- A mistura do público com o privado deveria dar cadeia, mas, no Brasil,
não dá, infelizmente. Temos aqui o conceito de trânsito e julgado, foro
privilegiado, réu primário. O jurídico está cheio de lacunas que faz com que o
rico leve até vinte anos para ser julgado em última instância – lamenta
Fleischer.
Para Romano, os políticos não teriam essa ousadia de tratar de coisas
públicas como se fossem coisas deles se não fosse o privilégio do foro. Com
28
essa ficção de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, eles estão livres e
soltos para definir o limite de território da casta deles.
Para Fleischer, Sarney ao deixar a Presidência da República, procurou
se eleger senador para se proteger, evitar processos, perpetuar seu clã no
poder e abrir novos negócios. – Agora estamos vendo a teia que ele formou. É
como se fosse uma história sem fim.
Romano acredita que o Brasil só conseguirá se livrar dessa prática com
uma reforma econômica, fiscal, que garanta aos estados e municípios maior
participação na arrecadação.
Do jeito que é, com os políticos como responsáveis por levar verbas para suas cidades, seus estados, o poder regional deles é grande. O eleitor pensa que ele traz recursos para sua região. Isso explica a permanência do Jader Barbalho, o império do Antonio Carlos Magalhães, Sarney, grupos que todo presidente da República tem que enfrentar. Permanece o “é dando que se recebe”. Faltam palavras para descrever a degradação e a corrupção ética do Estado brasileiro (Ibidem).
Essa crise do Senado brasileiro levou um dos maiores especialistas em
Direito Constitucional do país, o jurista Dalmo de Abreu Dallari, a defender sua
extinção por achá-lo desnecessário e a adoção do sistema unicameral, por
meio de um plebiscito. Já para o cientista político Francisco de Oliveira,
professor emérito da Universidade de São Paulo, o fato de o Senado estar
ocupado por figuras deletérias da política brasileira não justifica sua extinção.
Para ele, a solução depende dos partidos políticos, pois estes deveriam
qualificar o debate político e adotar critérios mais rigorosos na escolha dos
candidatos, do contrário não melhorará nunca.
Todos esses fatos mostram a necessidade de se fazer uma ampla
reforma política que leve a população a acreditar que a classe política
realmente trabalhe no sentido de encontrar soluções para os problemas
nacionais, e não que o objetivo ao se eleger representante em qualquer nível
governamental, seja pura e simplesmente de enriquecer à custa do Estado.
Para João Ricardo Moderno, presidente da Academia Brasileira de
Filosofia e professor de filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, -
dentro do artigo de Merval Pereira publicado no jornal O Globo em 08/08/2009
(1º caderno, p.4), - a origem da crise está na mudança da capital para Brasília,
29
e tem base filosófica, que é a interpretação que se deu ao positivismo de
Augusto Comte: o poder não pode ficar próximo da população, tem que ficar
longe para pensar as melhores soluções para os problemas nacionais.
Para Moderno, “a capital federal tem que coincidir com a capital cultural,
que requalifica o poder”. Para ele, o que está acontecendo é que o “neo-
patrimonialismo brasileiro criou uma capital estatal, com todas as mordomias e
benefícios, criou-se uma cultura local de que é um sacrifício ir para Brasília e
que você tem que ter vantagens para estar lá, compensar o sacrifício”.
Essa política provocou “uma multiplicação das benesses, que criou uma
cultura do benefício legal e uma paralela, do benefício ilegal, que se
confundem”. O privado invadindo o público foi incentivado por medidas como o
salário dobradinha, o apartamento funcional, acabando por criar “uma categoria
extremamente especial, a dos servidores públicos. Brasília é a capital que tem
o maior poder aquisitivo do país e não produz nada”, diz ele.
Em relação ao serviço público, uma radiografia da máquina estatal no
âmbito do poder executivo nacional está registrada no livro “A elite dirigente do
governo Lula”, da cientista política Maria Celina D´Araujo, com participação da
também cientista política Camila Lameirão. Citado em coluna de Merval Pereira
no jornal O Globo de 23/01/2010 (1º caderno, p.4), o trabalho define as
principais características da máquina pública federal hoje, em que a maior
parte é formada por pessoas altamente escolarizadas, com experiência
profissional, na maioria proveniente do serviço público, com fortes vínculos com
movimentos sociais, partidos políticos, especialmente com o Partido dos
Trabalhadores e de sindicatos e centrais sindicais.
Das pesquisas, dados oficiais indicam que no governo Lula todas as
nomeações passaram a ser concentradas na Casa Civil. “Um número
excepcional de indicações concentrado nas mãos do presidente e de seus
ministros, o que revela não só a alta centralização da administração pública no
país, mas também uma contradição gritante e desconfortável do ponto de vista
da boa gestão pública: de um lado, um grande número de cargos e posições
preenchidos por critérios de confiança política, de outro, regras praticamente ad
hoc para preenchê-los”, afirma o estudo da cientista. Dessa pesquisa, diz ela,
30
um dos aspectos mais preocupantes é a ausência de regras estáveis para
definir os critérios de nomeação dos dirigentes públicos no Brasil.
Em geral predomina a falta de transparência nos processos de seleção. [...] A administração pública nem sempre é tratada de forma impessoal e profissional e, portanto, pode mudar a cada governo, segundo critérios e interesses de ocasião”. Como conseqüência, o setor público “pode facilmente ser capturado por interesses organizados”, situação na qual “o patrimonialismo e o corporativismo podem ser acentuados.
O funcionalismo público das três esferas de poder também é alvo nos
períodos eleitorais. Em reportagem do jornal O Globo de 26/10/2009 (1º
caderno, p.3), é mostrado que das 27 unidades da federação, em 15 o
funcionalismo responde por mais de 10% da economia. Há casos extremos
como Acre (23,9%), Amapá (24,2%), Roraima (27,1%) e Piauí (16,7%), onde a
máquina pública é estratégica para a atividade econômica. O aumento do
número de funcionários públicos e da folha salarial nos últimos anos em todo o
país poderá ser trunfo eleitoral para os atuais governantes.
Na visão de analistas políticos, em vários estados do Norte e Nordeste
esse fenômeno corresponde a uma versão moderna dos antigos currais
eleitorais, predominantes no início do século XX, em que coronéis do interior
dominavam a política local em troca de favores, o chamado coronelismo, que
era um sistema de poder político que teve seu auge durante a República Velha
(1889-1930) e se baseava no imenso poder concentrado nas mãos de um
poderoso local, geralmente um grande proprietário de terras, um fazendeiro ou
um rico senhor de engenho, e que determinava em qual candidato os
moradores teriam que votar, o chamado voto de cabresto. Nas palavras de
Victor Nunes Leal, no clássico Coronelismo, Enxada e Voto, o coronelismo é
um fenômeno circunscrito ao cenário do governo local e se apresenta como
“certa forma de incursão do poder privado no domínio político”. Sua
característica nuclear é o de ser sistema político “dominado por uma relação de
compromisso entre o poder privado decadente e o poder público fortalecido”
(LEAL,1975, p.251-252).
Essa estratégia agora surge pelo aumento da máquina, de cargos de
confiança e a concessão de reajustes. Segundo o cientista político Octaciano
31
Nogueira, da Universidade de Brasília, “É um mecanismo histórico de
cooptação eleitoral, não mais pelos coronéis, mas pelos cofres públicos. O
surpreendente é que continue no século XXI”.
O professor destaca a política de fortalecimento do funcionalismo
adotada pelo governo federal nos últimos anos, que autorizou o ingresso de
57,1 mil novos servidores no Executivo desde 2003 e criou, por concurso
público, mais de 160 mil novas vagas, além do aumento do número de cargos
de confiança os quais podem ser contratados sem concurso. Além disso, o
governo vem dando reajustes periodicamente às mais variadas categorias,
fazendo que, no fim das contas, suas ações não sejam contestadas pelas
partes favorecidas.
Como foi visto até aqui, essas diferentes práticas patrimonialistas têm
propiciado um aumento no nível de corrupção. O historiador e cientista político
José Murilo de Carvalho em entrevista publicada no jornal O Globo de
23/05/2009 (1ºcaderno, seção História, p.36), faz observações sobre o tema e
discorre sobre as raízes da corrupção no Brasil:
[...] A corrupção certamente não é igual em todos os países, sobretudo os protestantes, em que a ética pública é mais rigorosa. Mas é comum aos países de origem ibérica por conta do patrimonialismo, em que a distinção entre o público e o privado é pouco nítida. A distinção que existe é de que ou é meu ou é do Estado, e, se for do Estado, eu posso meter a mão. A idéia de que o público é de todos os que pagam impostos não faz parte da nossa cultura. Isso ocorre pela própria formação das monarquias ibéricas, caracterizadas por um Estado intervencionista e protetor. Uma pesquisa da qual participei há uns anos mostrou que os brasileiros não têm grande consciência de seus direitos civis e políticos, mas conhecem bem seus direitos sociais, que é exatamente aquilo que o Estado provê: saúde, educação etc. É diferente dessa outra tradição, em que o Estado é o produto da ação dos indivíduos, em que há a idéia de um pacto entre o cidadão que paga impostos e o Estado que devolve em serviços. Essa nossa tradição dificulta a criação de uma ética no serviço público.
[...] Boa parte da elite de hoje foi formada durante a ditadura, período em que várias instituições eram democráticas só na fachada, e reinava um clima de impunidade, com a imprensa censurada. A corrupção depende também do tamanho do Estado, e ele cresceu muito nos últimos tempos. Então, de um lado você tem a falta de formação de uma elite
32
política pouco responsável, por conta da ditadura. E, de outro, a imprensa livre de hoje, com mais transparência, mais denúncia.
[...] O governo Lula tem muitos méritos, mas trata várias dessas práticas com condescendência, o que, de certa forma, as naturaliza e reduz a reação. Ninguém estranha mais o que está acontecendo. A conseqüência é uma desmoralização enorme, principalmente do Legislativo, mas também do Judiciário e do Executivo. Eu me pergunto como esse sistema pode sobreviver. Não deixa de ser um risco para o amadurecimento democrático.
[...] Quando Lula foi eleito, eu usei a expressão “um grande orgasmo político nacional”. Era gente diferente no poder, gente mais próxima do povo. Era um partido que se diferenciava dos demais por ter uma ideologia e por defender uma ética política. Mas a verdade é que para vencer, para passar daquele patamar histórico de 35% dos votos, Lula teve que assumir determinados compromissos, sobretudo com a manutenção da política econômica do governo anterior. No escândalo do mensalão, ficou claro que a chegada ao poder tinha corroído a tão trombeteada ética petista, e que as posições ideológicas do PT estavam sendo abandonadas. O escândalo o colocou no mesmo saco dos demais. O que, na verdade, é só mais uma evidência dessa nossa forte tradição clientelista.
José Murilo de Carvalho em artigo intitulado “Ser republicano” publicado
no jornal O Globo de 06/07/2009 (1º caderno, pág.7), destaca, na sua ótica, o
que vem a ser republicano, considerando que o termo não se enquadra ao jeito
brasileiro de viver/entender as coisas do seu mundo:
Ser republicano é crer na igualdade civil de todos, sem distinção de qualquer natureza.
É rejeitar hierarquias e privilégios. É não perguntar: “Você sabe com quem está falando?” É responder: “Quem você pensa que é?” É crer na lei como garantia da liberdade. É saber que o Estado não é uma extensão da família, um
clube de amigos, um grupo de companheiros. É repudiar práticas patrimonialistas, clientelistas,
familistas, paternalistas, nepotistas, corporativistas. É acreditar que o Estado não tem dinheiro, que ele
apenas administra o dinheiro pago pelo contribuinte. É saber que quem rouba dinheiro público é ladrão do
dinheiro de todos. É considerar que a administração eficiente e transparente
do dinheiro público é dever do Estado e direito seu. É não praticar nem solicitar jeitinhos, empenhos,
pistolões, favores, proteções. Ser republicano, já dizia há 346 anos o jesuíta Simão de
Vasconcelos, É NÃO SER BRASILEIRO.
33
Os casos recentes envolvendo essas práticas lesivas à coisa pública,
trazidos à lume pela imprensa, mostram o quanto o patrimonialismo em suas
diferentes vertentes e formas está entranhado na política brasileira. Mostra que
o Estado brasileiro é continuamente usado para os mais variados fins que não
somente propiciar o desenvolvimento social e econômico do país.
34
CONCLUSÃO
Na análise do Estado Moderno, foram apontadas as características que
foram marcantes durante sua formação e consolidação. Cada país seguiu seu
próprio rumo e procurou por diversos meios atingir o desenvolvimento e a
prosperidade. Portugal foi um deles e, através de diferentes processos,
construiu um Estado em que uma de suas marcas adquirida durante esse
caminho foi introduzida nos países colonizados por sua conquista oceânica e,
após passados tantos séculos, ainda faz parte da cultura desses países.
Essa marca recebeu o nome de patrimonialismo e, no Brasil, chegou e
se desenvolveu com a colonização, se aprofundou com a chegada da corte
portuguesa e continuou durante o Império e posteriormente na República, se
constituindo em diferentes formas e nomes, criando raízes que até hoje
permitem que o Estado brasileiro seja usado por interesses alheios à sua
função. A classe política traduz bem o quanto nefasto ele representa para a
sociedade. No fim das contas, o Estado se torna apenas um gerador de lucros
para poucos e não um distribuidor de oportunidades para todos.
35
BIBLIOGRAFIA
1- BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO,
Gianfranco. Dicionário de Política. 13 ed. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 2007.Vols.1 e 2.
2- BOBBIO, Norberto; BOVERO, Michelangelo. Sociedade e
Estado na Filosofia Política Moderna. São Paulo: Editora
Brasiliense, 1986.
3- CARVALHO, José Murilo de. Agruras Democráticas. Entrevista
no Jornal O Globo, Rio de Janeiro, de 23/05/2009, p.36.
4- _______. Ser republicano, Jornal O Globo, Rio de Janeiro,
06/07/2009, p.7.
5- FAORO, Raimundo. Os Donos do Poder. 3 ed., São Paulo:
Editora Globo, 2001.
6- FERREIRA, Fabio Paino Leal. Resumo de Ciência Política e
Teoria. 3 ed. São Paulo: W4 Endonet Comunicação, 2000.
7- FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVEA,
Maria de Fátima. O Antigo regime nos trópicos: A dinâmica
imperial portuguesa (séculos XVI - XVIII). Rio de Janeiro:
Editora Civilização Brasileira, 2001.
8- GONÇALVES, Francisco Williams de Assis Soares. Teoria
Política e Estado: a construção da ordem moderna. In:
BITTENCOURT, Agueda Bernardete; OLIVEIRA JÚNIOR,
Wenceslau Machado de. Estudo, pensamento e criação.
Campinas, SP: Gráfica da Faculdade de Educação/UNICAMP.
2005, Vol.2.
9- LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. 2 ed. São
Paulo: Alfa-ômega, 1975.
10- NOBLAT, Ricardo. Lavanderia Lula, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, 20/07/2009, p.2.
11- PEREIRA, Merval. Fora do tempo, Jornal O Globo, Rio de
Janeiro, de 06/08/2009, p.4.
36
12- _____.. A ética de cada um, Jornal O Globo, Rio de Janeiro,
08/08/2009, p.4.
13- ______. Máquina politizada, Jornal O Globo, Rio de Janeiro,
23/01/2010, p.4
14- WEBER, Max. Ciência e Política: Duas vocações. São Paulo:
Editora Cultrix, 2005.
37
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Estado moderno, origens e características 09
CAPÍTULO II
A formação do Estado português e a
Origem do patrimonialismo 17
CAPÍTULO III
Formas do patrimonialismo no Estado
Brasileiro contemporâneo 24
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 35
ÍNDICE 37