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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
“A UNIVERSIDADE TRABALHANDO PARA MANTER O
PARAÍSO”
COMO A UNIVERSIDADE PODE CONTRIBUIR PARA
MINIMIZAR O IMPACTO NEGATIVO DO TURISMO DE
MASSA NA ILHA GRANDE?
Por Carla Santos da Silva
Orientador
Professor Dr. Fernando Gouvêa
Rio de Janeiro
2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
“A UNIVERSIDADE TRABALHANDO PARA MANTER O
PARAÍSO”
COMO A UNIVERSIDADE PODE CONTRIBUIR PARA
MINIMIZAR O IMPACT NEGATIVO DO TURISMO DE
MASSA NA ILHA GRANDE?
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino
Superior.
Por Carla Santos da Silva.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a meu Pai Carlos, meu
exemplo de perseverança e superação;
a minha mãe Janete, meu exemplo de
organização e responsabilidade e meu
Professor Fernando Gouvêa, por me
encaminhar para a conclusão do
trabalho com segurança, tranqüilidade
e muito bom humor.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas
que amam e se preocupam com a
preservação da Ilha Grande, meu
“Pequeno Paraíso”, especialmente meu
marido Mário, um eterno amante do lugar,
responsável por me apresentar e
proporcionar uma convivência com a
comunidade de moradores.
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RESUMO
Os profetas não são homens ou mulheres desarrumados, desengonçados, barbudos, cabeludos, sujos, metidos em roupas andrajosas e pegando cajados. Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história do seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que advinham, realizam... Eu diria aos educadores e educadoras, ai daqueles e daquelas, que pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e agora, se atrelem a um passado, de exploração e rotina. Paulo Freire. In:Brandão, C.R. (Org). Educador:vida e morte
Este trabalho visa o entrosamento Universidade/Escola/Comunidade da Ilha
Grande- Angra dos Reis/RJ/ Orgãos Governamentais/Companhia de
Transportes.
Tem como objetivo principal, levar educação para a comunidade local, turistas
eventuais, comerciantes, trabalhadores, ou seja, todas as pessoas que
participam da vida ativa da Ilha para o equilíbrio entre a preservação da
natureza e o bem- estar dos moradores, objetivos bastante conflitantes
atualmente.
Envolver a população local da Ilha Grande nos projetos acadêmicos e de
defesa do meio ambiente, não deixando de preservar a memória da cultura
local.
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Trazer propostas para a melhoria dos serviços oferecidos aos turistas, que são
a principal fonte de renda dos moradores, através da educação e cultura para
a preservação do meio ambiente.
Depois de conviver mais de 20 anos com a comunidade local, tenho a certeza
que sem o turismo, a comunidade passará por sérias dificuldades.
Também coloca as implicações do turismo de massa e o ecoturismo:controle e
repressão, apontando caminhos para o desenvolvimento ordenado do turismo
de qualidade na localidade, que por estar situada bem próxima ao continente,
tem sofrido muitas alterações, não somente de seu ecossistema, mas também
uma transformação cultural.
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METODOLOGIA
Este trabalho foi idealizado a partir da preocupação com a preservação
e o bem-estar da Ilha Grande e das pessoas que vivem e visitam a Ilha.
Foram utilizadas pesquisas bibliográficas em livros, documentos
oficiais do Ministério da Educação e Cultura, Constituição Federal, Prefeitura
Municipal de Angra dos Reis, projetos elaborados pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, pesquisas em sites da internet, relatórios operacionais e
entrevista realizada com o chefe de estação de barcas de Mangaratiba/Angra
dos Reis e Ilha Grande da empresa Barcas S/A, além de artigos de jornais da
cidade do Rio de Janeiro.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - Turismo de Massa 11
CAPÍTULO II - Educação Ambiental 25
CAPÍTULO III – Universidade-Extensão 39
CONCLUSÃO 51
ANEXOS 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60
ÍNDICE 62
FOLHA DE AVALIAÇÃO 64
9
INTRODUÇÃO
A Ilha Grande, distrito do município de Angra dos Reis/RJ, é
constituída de 106 praias, sendo 49 de média e grande porte, 34 pontas que
formam as 14 enseadas; sacos; 04 lagos; 10 rios; 10 quedas d’água; e 3
grutas, inserida na zona de domínio ecológico de Mata Atlântica.
Em 1940 foi construído em Dois Rios o Instituto Penal Cândido Mendes,
com capacidade para mil presos de alta periculosidade, que ficou ativo até
1994, quando foi implodido.
A Ilha teve na década de 1950 o auge com atividade pesqueira, que cedeu
para o turismo na década de 1970 o mérito de ser a principal atividade e fonte
de renda dos moradores locais.
A expropriação causada pela especulação imobiliária, fez com que os
“caiçaras” vendessem suas propriedades, dando lugar aos grandes complexos
turísticos. Construções novas aparecem a todo instante, os caiçaras que não
venderam suas propriedades, sublocam suas casas e quartos e alugam
espaços nos seus terrenos para utilização de campings. Cada vez mais rios
são desviados, matas arrancadas, valas negras podem ser vistas correndo
para o mar.
O turismo de massa, sazonal, com grande fluxo de turistas nos grandes
feriadões, é infelizmente praticado hoje na Ilha Grande, ou seja, o caos se
instalou no local.
Precisamos mudar o comportamento do homem em relação à natureza,
no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável, a
prática econômica rentável, a conservação do ambiente, gerando qualidade de
vida para todos.
Tanto a população local quanto os visitantes, precisam se conscientizar de que
a natureza é um bem que se não cuidarmos, acaba.
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O turismo é uma das atividades econômicas que mais tem se destacado
na geração de emprego e renda na Ilha Grande. Como atividade embasada no
desenvolvimento, a preservação do meio ambiente é fundamental para garantir
a sobrevivência dessa atividade. Para tanto, a educação ambiental surge como
uma das ações para solucionar e/ou minimizar os impactos negativos
ocasionados pelo turismo de massa.
A educação ambiental se propõe atingir todos os cidadãos, além de
transmitir conhecimento sobre a natureza, possibilita a participação política
através de um processo pedagógico que procura incutir no estudante uma
consciência crítica sobre o problema ambiental. É um processo educativo que
envolve ciência e ética e uma nova filosofia de vida, um link entre sabedoria
popular e consciência científica.
Através da Universidade, com cursos de extensão para estudantes,
grupos de estudos, programas de iniciação científica, palestras realizadas em
escolas, locais ou centros comunitários, organização de eventos para se
discutir o tema, visitas as famílias, dias de campo, poderemos promover a
educação ambiental e manter vivo o “pequeno paraíso” que é a Ilha Grande.
Alguns projetos que foram idealizados pelo departamento de extensão
da Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro, estão em prática e
trouxeram uma melhoria imensa para a população local, visitantes e para o
meio ambiente.
Este trabalho coloca a educação como um fator importante para
mantermos a cultura local e a preservação do meio ambiente com crescimento
econômico, sustentável e um Turismo brando, consciente.
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CAPÍTULO I
TURISMO DE MASSA
“Cuidar das coisas implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las, respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é entrar em sintonia com, auscultar-lhes o ritmo e afinar-se com ele. A razão analítico-instrumental abre caminho para a razão cordial, o “espirit de finesse”, o espírito de delicadeza, o sentimento profundo. A centralidade não é mais ocupada pelo “logos” razão, mas pelo “pathos” sentimento”
Leonardo Boff, Saber cuidar, p. 96.
Após a Segunda Grande Guerra, o turismo aparece como
atividade econômica do setor terciário, de conseqüências amplas, profundas e
imediatas. Eclodiu pelo advento de férias pagas, criação de instituições e
associações turísticas, pela redução dos valores dos meios de transportes,
pelo aumento no nível de vida e expansão do tempo para as viagens.
Arrilaga,(1976).
A maioria das pessoas entende que turismo é o ato de viajar, mas
na verdade, representa uma manifestação social importante e dinâmica, das
mais expressivas e crescentes da nossa atualidade.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio, Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, p. 1421, turismo é definido como “viagem ou excursão feita
por prazer a locais que despertem interesse”. Isso não expressa o seu real
significado, pois a viagem é apenas um dentre os diversos aspectos que
envolvem o turismo.
A Wikipédia define Turismo de massa como turismo de sol e praia.
É o mais convencional, passivo e sazonal tendo a sua criação vinculada à
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consolidação do capitalismo o que propicia o surgimento do seu público alvo a
classe média. É normalmente menos exigente e desprovido de um maior
conforto e tem como característica principal o seu baixo custo. A Organização
Mundial do Turismo (OMT) constata que o turismo de massa ainda está na sua
“infância”, pois, diferentemente do turismo “elitista”, conserva ainda uma
importante demanda latente, dependendo, portanto da conjuntura econômica e
particularmente do aumento do poder aquisitivo da população.
Como fato de natureza humana individual e social, é através do
turismo, com a realização das viagens, que o homem – de instinto nômade e
turista em potencial – consegue sair do seu dia-a-dia nos aglomerados urbanos
aos quais foi obrigado a adaptar-se. Turismo representa uma força vital de
integração entre as diversas comunidades humanas.
Diante dessa realidade, o mercado sempre se apresentou
segmentado em duas classes: alta – consome turismo individual – e média –
turismo de massa.
De acordo com o Bureau International Du Turisme Social (BITS),
artigo 3 do estatuto, Turismo Social é: “conjunto de relações e fenômenos
resultantes da participação no turismo das camadas sociais menos
favorecidas, participação que se torna possível ou facilitada por medidas de
caráter social bem definidas, mas que implicam predomínio da idéia de serviço
e não de lucro“.
O turismo “brando”, ecológico, naturalista, personalizado e
realizado em grupos pequenos de pessoas tende a caracterizar os fluxos
turísticos do futuro. As atividades seletivas realizadas em equipamentos
qualitativamente estruturados, tanto nos serviços prestados como em sua
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arquitetura e em seu tamanho, constituem o potencial dos movimentos
turísticos para o próximo milênio. (Ruschmann, 2001, p. 17).
Mas, infelizmente, o turismo de consumo, de massa, próprio da
nossa sociedade, tem se caracterizado por ser predatório, provocar danos a
riquezas naturais e ao patrimônio cultural e, algumas vezes, criar nos espaços
turísticos os chamados não-lugares, onde tudo passa a ser objeto de consumo,
inclusive o próprio espaço. Da mesma forma, os turistas transformam-se em
consumidores de um produto que é comum a qualquer ponto turístico do
planeta, uma vez que ele se torna uma simples mercadoria que perdeu as
características do local visitado, por lhe terem sido retiradas as peculiaridades
que o tornam único e próprio daquele lugar. O valor turístico é dado justamente
pela singularidade da cultura e também pela natureza do lugar. Preservá-lo é
uma questão de necessidade, uma vez que o sucesso do negócio turístico, tal
como está se difundindo em larga escala hoje em dia, pode vir a ser o motivo
da destruição desses atrativos.
A demanda de turismo para as áreas naturais e selvagens é
grande, e cresce todo o tempo, mas os empresários que exploram essa
atividade não se preocupam em planejar, preservar, garantir a sobrevivência
do lugar e da comunidade local.
Com base nas colocações mencionadas, inicio este capítulo com
uma descrição e histórico do “pequeno paraíso ameaçado”, a Ilha Grande.
1.1 Localização:
A Ilha Grande está localizada no quinto distrito do município de
Angra dos Reis (RJ), região sul do Estado do rio de Janeiro, entre as latitudes
23º 05’S e 23º 14’S e longitudes 44º 05’ e 44º 23’ W, cujo ponto culminante é o
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Pico Pedra D’água, com 1031 m de altitude e o Pico do Papagaio, com 982 m
e com uma área de 193 km2, é a maior ilha do litoral sul do nosso Estado e a
terceira do país.
É constituída de 106 praias, sendo 49 de médio e grande porte, 34
pontas que formam as 14 enseadas; sacos; 04 lagos; 10 rios; 10 quedas
d’água; e 3 grutas.
Sendo uma Ilha oceânica, tem influência marinha acentuada no
clima local, ombrófilo, sem déficit hídrico. De acordo com o Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET), a temperatura tem média anual de 22,5º, sendo
fevereiro o mês mais quente (25,7º) e julho o mais frio (19,6º), precipitações
médias de chuvas de 2.242mm, sendo janeiro o mais chuvoso e julho o mais
seco.
A Ilha se situa nos domínios da “suíte” intrusiva Serra dos Órgãos,
pertence ao mesmo grupo do Morro do Pão de açúcar, Pedra da Gávea e
Morro do Sumaré (dados: Projeto RADAM Brasil, 1983).
Está inserida na zona de domínio ecológico de Mata Atlântica (das
terras baixas, montanhas e submontanhas) e em menor proporção, as áreas
de formação pioneira de influência marinha (restinga) e fluviomarinha
(mangue), um dos ecossistemas mais importantes na manutenção da
biodiversidade, exercendo, dessa maneira, influência direta na pesca
econômica da região.
A cobertura vegetal faz parte do maciço remanescente da Mata
Atlântica, sendo parte integrante do Patrimônio nacional (artigo 228, inciso VII,
parágrafo 4º). Está tombada pelo Estado do Rio de Janeiro. Abriga rica fauna e
flora representativas da região, com algumas espécies já ameaçadas de
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extinção, o caso do Alouatta fusca L, popularmente conhecido como macaco
bugio (Relatório da Base de dados para Estudo de Análise Econômica do
ordenamento do Turismo na Ilha Grande/RJ”, publicado pela Secretaria de
Desenvolvimento Econômico/secretaria de Planejamento – Divisão de Meio
ambiente da Prefeitura de Angra dos Reis/RJ – 1988)
1.2 História:
Dois anos após o Descobrimento do Brasil, o navegador Gonçalo
Coelho que já havia batizado o Rio de janeiro, descobriu em 06 de Janeiro a
Ilha Grande. A princípio eles pensavam que a Ilha fosse um continente e ao
seu leste, a desembocadura de um grande rio. O nome surgiu por índios
Tamoios que a chamavam de “Ipaum Guaçu”, expressão que significa Ilha
Grande.
Local preferido pelos navegantes portugueses, espanhóis,
ingleses, franceses e holandeses, foi palco da história do Brasil desde a época
do seu descobrimento. Em meados do século XVI, começa uma longa guerra
de resistência à colonização européia, a Confederação dos Tamoios (1554-
1567). Os Tamoios tiveram ajuda dos franceses contra os portugueses que
foram ajudados pelos Tupiniquins; bateram-se ao longo do litoral brasileiro
numa surpreendente extensão do Espírito Santo até São Paulo, tendo sido a
região de Angra dos Reis um dos principais redutos da resistência indígena,
fato que retardou a sua colonização por mais de meio século. Em 1803 o
povoado obtém uma identidade jurídica: Freguesia de Santana da Ilha Grande
de Fora. Tornou-se um importante entreposto do tráfico ilegal de escravos até
a abolição da escravatura em 1888. Somente depois de proclamada a
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República, em 1891, foram criados os dois primeiros distritos: Abraão e Sítio
Forte, hoje Araçatiba.
No período de 1725 a 1764, com o avanço da cultura de cana-de-
açúcar começa acontecer a colonização da Ilha Grande. O café, introduzido
um pouco mais tarde, perdurou entre 1772 e 1890, chegando inclusive a ser
exportado para a Europa. Com o término da escravidão a cultura do café ficou
inviável e foi abandonada. A Ilha Grande entrou num período de decadência.
No mesmo período, ocorreu o fim da “Invencível Armada” Lusitana. Desse fato
resultou a intensificação do Pau-Brasil e muitos outros tipos de contrabando.
No século XIX, D. Pedro II visitou a Ilha Grande e ficou encantado, resolvendo
adquirir a Fazenda do Holandês (hoje vila do Abraão) e a de Dois Rios. Na
Fazenda do Holandês foi construído o Lazareto, que serviu de centro de
triagem e quarentena para os passageiros enfermos que chegavam ao Brasil
(mais especificamente nos casos de cólera) chegando a atender mais de
quatro mil embarcações durante seus 28 anos de funcionamento. A água para
abastecer o Lazareto foi desviada do Córrego do Abraão, sendo para tanto
construída uma barragem e o Aqueduto, um dos monumentos de maior
importância histórica da Ilha Grande. Existe, ainda hoje, perto da barragem, o
banco de pedra, denominado “Banco de D. Pedro”, utilizado pelo Imperador
para descanso. Em 1903 foi criada a Colônia Correcional de Dois Rios. Por
outro lado, o Lazareto foi desativado, passando a funcionar como presídio
político. No final da revolução Constitucionalista de 1932, seus internos
passaram para a Colônia Correcional de Dois Rios. Posteriormente, o Lazareto
chegou a ser demolido, perdendo assim, a ilha Grande, o seu mais importante
patrimônio histórico e cultural.
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Em 1940 foi construído em Dois Rios o Instituto Penal Cândido
Mendes, com capacidade para mil presos de alta periculosidade. A convivência
dos presos políticos do regime militar com os presos comuns, dentro dos
muros do presídio, é atribuída uma das origens do chamado “crime
organizado”, pontuando com acontecimentos marcantes, tais como, fugas de
helicóptero e outros, com ampla cobertura da mídia nacional e internacional; a
presença do presídio vem notorizar a Ilha Grande, por aspectos
diametralmente opostos à sua beleza natural e importante significação
histórica.
Com a construção da BR 101 que liga o Rio de Janeiro a Santos,
no inicio da década de 1970, a especulação imobiliária multiplicou e o espaço
urbano redefiniu o perfil da população e das atividades socioeconômicas. Na
história da Ilha Grande repercutiram todos os ciclos econômicos reconhecidos
na história do Brasil, com a formação do que se considera como cultura
caiçara. E no último século a Ilha Grande esteve marcada por duas atividades
às quais toda a população estava referida e que eram: a pesca e as
instituições carcerárias situadas na vila do Abraão e Dois Rios e
simbolicamente condensadas na prisão da Vila de Dois Rios, referida por todos
como “o Presídio”.
A atividade pesqueira veio substituir a agricultura decadente, e teve
inicio na década de 30 do século XX, com a salga de peixe. Na década de 50,
a pesca chega ao auge, quando chega a vinte o número de “fábricas de
sardinha” instaladas na Ilha Grande. Houve então uma mudança do eixo
econômico da atividade da pesca para o eixo econômico da atividade do
turismo. Algumas das antigas fábricas de sardinha hoje transformadas em
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pousadas. Fisicamente adaptados e apropriados a uma nova função, os
simpáticos prédios com um padrão arquitetônico todo peculiar indicam
concretamente essa passagem: da pesca ao turismo. Mas em correlação com
tal passagem, deve ser considerado um fato mais recente, e marcante na vida
da Ilha, que foi em 1994, a desativação seguida da implosão do Presídio – o
Instituto Penal Cândido Mendes – fato este visto pela maioria dos moradores e
freqüentadores da Ilha como responsável por uma grande intensificação do
turismo.
Hoje atribui-se à eliminação do presídio não só o que se diz ser
essa explosão do turismo, como também o que se diz ser a exposição da Ilha a
uma verdadeira invasão.
O declínio da atividade pesqueira, o desenvolvimento do turismo, o
fim do presídio e a especulação imobiliária, são os 3 maiores fatores que
influenciaram a instalação de grandes complexos turísticos e condomínios
fechados para veranistas.
ANEXO I – FOTO DO INSTITUTO PENAL CÂNDIDO MENDES
1.3 A terra:
Alem da expropriação causada pela especulação imobiliária, os
caiçaras, também sofrem com a expropriação pela legislação. A legislação
ambiental restringe a expansão urbana desenfreada, mas também restringe a
utilização dos recursos naturais pelos caiçaras, criando um conflito entre leis
de preservação ambiental e preservação do modo de vida caiçara.
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A terra passou a ser encarada como mercadoria, acessível
somente mediante compra. Grande parte da população local migrou ou ligou-
se a atividades urbanas como caseiros, empregados da construção civil dos
órgãos públicos e dos serviços relacionados ao comércio. Venderam suas
propriedades para os empresários, geralmente vindos do eixo Rio - São Paulo
e estrangeiros, tornando-se empregados (bares, restaurantes, lojas e
pousadas construídas em suas antigas terras).
A pesca praticamente está extinta, quase tudo que se consome
vem do continente e os antigos pescadores, seus filhos e netos passaram a
usar seus barcos pesqueiros para o transporte alternativo entre a Ilha e
Angra/Mangaratiba, praias distantes/Vila do Abraão e passeios turísticos.
No inicio da década de 1970, foram criadas diversas áreas de
proteção ambiental. Hoje são cinco com diferentes unidades de conservação.
Este fato impôs uma serie de restrições em termos de ocupação e uso do
território, mas também por se tratar de diferentes órgãos (federal, estadual e
municipal) temos diferentes legislações, tornando tudo mais confuso, mais
lentidão na tomada de decisões e um certo “jogo de empurra” na
responsabilidade de cada um.
O Parque Estadual da Ilha Grande foi criado por decreto em 1971 e
demarcado em 1973, sobre uma área de 15.000(quinze mil)hectares em terras
que exclui a terrenos da antiga Colônia Penal Candido Mendes e da Colônia
Agrícola do Estado da Guanabara, única área de domínio do Estado, foi
transferida para a União em 1966. Em 1978 outro decreto afirma que o
Parque Florestal seria implantado em terrenos sem benfeitorias de
propriedade do Estado situado na Ilha. Em 1979, porém novo decreto
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coloca que não deveria abranger terrenos e benfeitorias ocupados por órgãos
sediados no local.
O real objetivo das áreas protegidas é de preservar espaços com
atributos ecológicos importantes. (Apontamentos para servir à História
Fluminense: Ilha Grande. Angra dos Reis: Conselho Municipal de Cultura de
Angra dos Reis. Carl Egbert H. V. de Mello- 1987).
ANEXO II - MAPA COM ESPECIFICAÇÃO DOS PARQUES.
1.4 Turismo de massa na Ilha Grande:
Com a desativação e em seguida a implosão do Instituto Penal
Candido Mendes na Vila de Dois Rios em 1994, pelo então Governador Nilo
Baptista(RJ), e a transferência dos detentos, o crescimento populacional ficou
bem mais evidente, ou seja, acredita-se que o presídio tenha sido um “freio”
no crescimento do turismo da localidade.
Na visão da população local, existe um consenso sobre esta
questão, atribuindo-se à eliminação do presídio a explosão do turismo,
colocando a Ilha sob uma verdadeira invasão de turistas.
A presença da população usuária está representada por turistas e
veranistas, o que é inclusive previsto em unidades de Parques Nacionais.
De acordo com o Plano Diretor de Turismo da Ilha Grande – PDT,
publicado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de
Angra dos Reis, no ano passado, apontou o publico que freqüenta a Ilha,
predominantemente adulto, meia idade, faixa etária entre 25 a 50 anos, de
classes “media e média baixa”.
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O fato é que o turismo acontece de forma totalmente desordenada,
ocasionando pressão sobre a área, grande produção de lixo, apropriação ilegal
de recursos naturais, falta de água e muita poluição no mar (óleo diesel das
embarcações que não são vistoriadas pela Capitania dos Portos por serem
ilegais) e rios.
Construções novas aparecem a todo instante, os caiçaras que não
venderam suas propriedades, sublocam suas casas e quartos e alugam
espaços nos seus terrenos para utilização de campings. Cada vez mais rios
são desviados, matas arrancadas, valas negras podem ser vistas correndo
para o mar.
Isto acontece principalmente na Vila do Abraão, “capital” da Ilha ,
local de chegada do transporte regular, ponta de maior afluxo de turistas, que
passam um dia somente ali, ou permanecem um período maior, pernoitando
em pousadas e campings.
Campings podem ser vistos a cada esquina na Vila do Abraão
como também em praias mais afastadas como Araçatiba, Bananal, Aventureiro
(camping selvagem sem nenhuma infra-estrutura e legalização). Na sua
maioria são irregulares, geralmente com instalações precárias, movimentando
um turismo de baixo padrão, gerando grande impacto ambiental e social.
O número de pousadas vem aumentando e de acordo com a
Prefeitura de Angra, existem cerca de 90 pousadas só na Vila do Abraão.
Algumas delas com características bem familiares e outras sofisticadas. Tem
até um Spa que recebe turistas estrangeiros vindo direto dos Estados Unidos e
Europa direto para Ilha Grande sem nenhuma parada no Rio ou São Paulo.
Este tipo de turismo é minoria na Ilha.
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O transporte regular é feito pela empresa Barcas S/A através de
embarcações com capacidade para 1.000 passageiros e carga, com uma
saída diária de Mangaratiba (exceto na sexta-feira com mais uma)e uma saída
diária de Angra dos Reis .
ANEXO III - PLANILHA COM TOTAL TRANSPORTADO POR
ESTAÇÃO.
O transporte alternativo vem crescendo assustadoramente com
pequenas embarcações sem conforto e segurança, feito pelos antigos
pescadores e moradores locais, com valores bem mais baixos de passagem e
saveiros de empresários vindos de fora da Ilha com horários alternativos e
extras sem nenhum controle pelos órgãos competentes. Foi inaugurado em
julho deste ano um catamarã com capacidade para 500 passageiros, bem mais
veloz que as barcas tradicionais do transporte regular e valores mais
acessíveis.
A Capitania dos Portos está tentando coibir este transporte
alternativo, colocando um maior numero de barcos/lanchas militares para
fiscalizar, mas de acordo com o Supervisor das estações de
Mangaratiba/Angra/Ilha Grande de Barcas S/A, Sr. Cláudio, hoje existem cerca
de 10 saveiros com capacidade de transportar 300 passageiros cada e uma
infinidade de embarcações menores (traineiras pesqueiras transformadas para
transporte de passageiros). Com isso fica muito difícil a fiscalização efetiva
pela Capitania dos Portos.
O problema aumenta ainda mais nos feriadões, Reveillon,
Carnaval, Semana Santa e na alta temporada do verão, com grande número
23
de ambulantes que vendem bebidas, sorvetes, comidas, artesanatos e tudo
mais que podemos imaginar, sem nenhum controle.
De acordo com a Prefeitura de Angra a produção de lixo também
varia de acordo com a época do ano em função do turismo. No período normal,
a produção media diária é de 2.200 kg de lixo na Ilha, enquanto na temporada
turística é de mais de 5.000 kg. A Prefeitura criou um programa de coleta
seletiva de lixo desde 1993, mas existe um impasse entre a Prefeitura e o
IEF(Instituto Estadual de Florestas) sobre a área utilizada para a destinação
final do lixo produzido na Ilha. Existe um lixão dentro do Parque e o lixo é
queimado lá. O lixo reciclável é transportado para Angra dos Reis.
“A Ilha tem 5.000 habitantes e 140 estabelecimentos comercias que
aumentam a cada instante, e chega a produzir durante o verão 2,4 milhões de
litros de esgoto, dos quais apenas 420 mil são tratados”.
“Os cardumes de paratis e robalos disputam espaço com sacos de
plástico, rolos de papel higiênico à deriva no mar. As cachoeiras viraram
duchas publicas, onde se destaca a espuma de sabonetes e xampu. na praia
entulhada de garrafas de cerveja e latas de conservas, o esgoto in natura abre
caminho em direção ao mar. Este é o rastro de passagem de 12 mil turistas em
cada feriadão, quase três vezes a população da Ilha no resto do ano. O
turismo predatório tomou conta das praias. E o paraíso virou terra de ninguém.
Em vez de se tornar fantástico pólo turístico, a Ilha se tornou paraíso dos
urubus que disputam com os assustados visitantes estrangeiros e os alegres
farofeiros brasileiros cada palmo de suas belas praias” – (JORNAL DO
BRASIL, OUTUBRO DE 2001).
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“Com a entrada não planejada do turismo, implica em questões a
serem enfrentadas pelos diferentes segmentos sociais presentes. Todos têm
algo a dizer, algo a sugerir uma solução para dar a cada problema (poluição de
um modo geral; infra-estrutura que não agüenta o afluxo de gente; capacidade
de carga x a complexidade da situação para ser controlada em termos de
quem entra; turismo de massa x ecoturismo; controle e repressão x educação
ambiental, alem de interesses diversos igualmente relacionados a tais
problemas”. Prado, Rosane M. Instituto Virtual de Turismo, Vol. 3 No 1 (2003).
Penso que a Ilha Grande até agora não se preparou para um
turismo popular, de massa. A continuar assim, seu futuro será sombrio!
Há muito que a relação “Turismo x Educação” se constitui numa
ótima e necessária parceria. Se por um lado a crescimento do turismo gera
lucro para a população, pressupõe mudanças de comportamento e
conscientização para as questões de preservação do local e manutenção dos
atrativos, por outro, a educação é um instrumento valioso, ou seja, a melhor
alternativa para o alcance desses objetivos com total sucesso.
25
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se do poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (Art. 225 da Constituição Federal do Brasil)
1.1 -Definindo Educação Ambiental
A maior parte dos desequilíbrios ecológicos está relacionada a
condutas humanas inadequadas impulsionadas por apelos consumistas, frutos
da sociedade capitalista, que geram desperdício, e ao uso descontrolado dos
bens da natureza. Os homens são responsáveis diretos pelo que acontece a
sua volta e, a menos que haja uma mudança grande nos valores e hábitos dos
seres humanos, não haverá saída para o planeta.
Acredito que o trabalho educacional é um dos principais meios
para garantirmos a preservação da vida.
Para Reigota(2001), educação ambiental é educação política,
no sentido de que ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir justiça
social, cidadania nacional e planetária, autogestão e ética nas relações sociais
e com a natureza. Ela enfatiza antes a questão “por que” fazer do que “como”
fazer e a ética ocupa um papel de importância fundamental.
Para Pardo Díaz((2002), educação ambiental é, de fato, levar à
descoberta de uma certa ética , fortalecida por um sistema de valores, atitudes,
26
comportamentos, destacando, entre os primeiros, questões como a tolerância,
a solidariedade ou a responsabilidade, permitindo o progresso na busca dos
valores mais adequados a um verdadeiro desenvolvimento(desenvolvimento
sustentável).
Penso que a educação ambiental é uma forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, além de transmitir
conhecimento sobre a natureza, possibilita a participação política através de
um processo pedagógico que procura incutir no estudante uma consciência
crítica sobre o problema ambiental. É um processo educativo que envolve
ciência e ética e uma nova filosofia de vida, um link entre sabedoria popular e
consciência científica.
Precisamos mudar o comportamento do homem em relação à
natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento
sustentável, a prática econômica rentável, a conservação do ambiente,
gerando qualidade de vida para todos, começando em casa, na escola,
universidade até atingir o mundo.
A escola, a universidade, além de outros meios de comunicação são
responsáveis pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade,
uma vez que há o repasse de informações. A população está a cada dia que
passa mais envolvida com novas tecnologias e com cenários urbanos
perdendo a relação natural que tinham com a terra e suas culturas.
Anexo IV- Política Nacional de Educação Ambiental
Lei 9.795, de 27 de Abril de 1999
27
1.2- Breve histórico da Educação Ambiental
Em Roma, 1968, foi realizada uma reunião de cientistas dos países
desenvolvidos para se discutir o consumo e as reservas de recursos naturais e
o crescimento da população mundial até meados do século XXI.
As conclusões do “Clube de Roma” deixam clara a necessidade
urgente de se buscar meios para conservação dos recursos naturais e
controlar o crescimento da população, além de se investir numa mudança
radical na mentalidade de consumo e procriação. Dessa reunião publicaram o
livro ‘Limites do Crescimento” (Ed. Perspectiva, São Paulo, 1978), que foi
durante muitos anos uma referência internacional às políticas e projetos a
longo termo e também alvo de críticas dos intelectuais latino-americanos, que
liam nas entrelinhas a indicação de que para se conservar o padrão de
consumo dos países industrializados era necessário controlar o crescimento
nos países pobres, mas também tivemos o lado positivo de se colocar o
problema ambiental em nível planetário e como conseqüência disso, a
Organização das Nações Unidas realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia,
a Primeira Conferência Mundial de meio Ambiente Humano.
O grande tema em discussão na conferência foi a poluição
ocasionada pelas indústrias. O Brasil e a Índia, que viviam na época “milagres
econômicos”, defenderam a idéia de que “a poluição é o preço que se paga
pelo progresso”. Com esse posicionamento, abrimos as portas para
instalações de indústrias multinacionais poluidoras, que por esse motivo,
estavam impedidas de operar em seus países de origem.
28
Uma resolução importante da Conferência de Estocolmo foi a de que
se deve educar o cidadão para solução de problemas ambientais. Surge então,
a Educação Ambiental.
A UNESCO começa a realizar seminários em todos os continentes,
divulgando a nova perspectiva educativa, promovendo vários textos, artigos,
livros em diversas línguas.
Exemplos são:
1- O Seminário de Belgrado em 1975, com especialistas em educação, biologia,
geografia e história, definindo os principais objetivos da Educação Ambiental,
com a “Carta de Belgrado”.
2- Tibilissi, na Georgia(ex-URSS), em 1977, Primeiro Congresso Mundial de
Educação Ambiental, onde foram apresentados os primeiros trabalhos
desenvolvidos sobre o tema.
3- Moscou , em 1987, o Segundo Congresso de Educação Ambiental
4- Reuniões nesse mesmo período são patrocinadas pela primeira ministra
norueguesa Gro-Brundtland e através dessas reuniões, as conclusões são
publicadas em várias línguas, inclusive português o livro “O Nosso Futuro
Comum”, também conhecido como “Relatório de Brundtland” que fornece
muitos subsídios temáticos para a nossa ECO -92. É a partir desse livro que o
conceito de desenvolvimento sustentável se torna mais conhecido e a
Educação Ambiental é enfatizada como solução para nossos problemas.
5- Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Rio 92), foi tida como um momento marcante em contribuição à evolução da
educação ambiental. Além dos debates oficiais, houve eventos paralelos como
a 1ª Jornada Internacional de Educação Ambiental e o Workshop sobre
29
Educação Ambiental, organizado pelo MEC. Foram esses eventos os
responsáveis pela criação dos documentos que são, atualmente, componentes
das principais referências para o desenvolvimento prático da educação
ambiental:
5.1 Agenda 21 – subscrita pelos governantes de mais de 170 países,
dedicou todo o Capítulo 36 a Promoção do Ensino, da Conscientização e do
Treinamento. Neste capítulo encontram-se propostas que ratificam as
recomendações de Tbilisi, reforçando a importância em envolver todos os
setores da sociedade através da educação formal e não formal. Além disso, a
conscientização e o treinamento são mencionados em outros capítulos, já que
estas são necessidades que permeiam todas as áreas.
5.2 Carta Brasileira para a Educação Ambiental – produzida no workshop
coordenado pelo MEC, destaca a necessidade de um compromisso real do
poder público federal, estadual e municipal para se cumprir a legislação
brasileira visando à introdução da educação ambiental em todos os níveis de
ensino. Também propõe o estímulo à participação das comunidades direta ou
indiretamente envolvidas e das instituições de ensino superior.
5.3 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global – resultante da Jornada de Educação Ambiental,
explica o compromisso da sociedade civil para a construção de um modelo
mais humano e harmônico de desenvolvimento.
A mudança na concepção de meio ambiente pode ser reparada nesses 20
anos que separam as conferências mundiais de Estocolmo e Rio de Janeiro,
pois na primeira se pensava basicamente na relação homem e natureza; na
segunda, o enfoque é a idéia de desenvolvimento econômico.
30
1.3 Objetivos da Educação Ambiental
Na Carta de Belgrado foram definidos seis objetivos indicativos da
educação ambiental, que são:
1- Conscientização
Levar os indivíduos a tomarem consciência do meio ambiente de seus
problemas
2- Conhecimento
Levar os indivíduos a adquirir uma compreensão essencial do meio ambiente
global, dos problemas que estão a ele interligados e o papel e lugar da
responsabilidade crítica do ser humano.
3- Comportamento
Levar os indivíduos a adquirir o sentido dos valores sociais, um sentimento
profundo de interesse pelo meio ambiente e a vontade de contribuir para sua
proteção e qualidade.
4- Competência
Levar os indivíduos a adquirir habilidade/capacidade técnica à solução dos
problemas.
5- Capacidade de Avaliação
Levar os indivíduos a avaliar medidas e programas relacionados ao meio
ambiente em função de fatores de ordem ecológica, política, econômica,
social, estética e educativa.
6- Participação
31
Levar os indivíduos a perceber suas responsabilidades e necessidades de
ação imediata para a solução dos problemas ambientais.
Segundo Dias (2000), a educação ambiental na escola deve ter
como objetivos a sensibilização e a conscientização; a busca de mudança
comportamental; a formação de cidadãos mais atuantes; a sensibilização do
professor, principal agente promotor da educação ambiental; a criação de
condições para que, no ensino formal, a educação ambiental seja um processo
contínuo e permanente, através de ações interdisciplinares globalizantes e da
instrumentação dos professores; a integração entre escola e comunidade,
objetivando a proteção ambiental em harmonia com o desenvolvimento
sustentado, entre outros.
Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve
promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes
e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade
ambiental. Utiliza-se como laboratório o metabolismo urbano e seus recursos
naturais e físicos, iniciando pela escola e a aprendizagem será mais efetiva se
as atividades estiverem adaptadas as situações da vida real da comunidade,
no caso, Ilha Grande.
A Educação Ambiental é uma das mais importantes exigências
educacionais contemporâneas, e deve ser considerada como uma grande
contribuição filosófica e metodológica à educação em geral e está divida em:
Formal- é um processo institucionalizado que ocorre nas unidades de
ensino, abrange alunos do fundamental, médio e universitários, bem como
professores, e profissionais de treinamento em meio ambiente. Na escola,
32
molda-se uma nova mentalidade a respeito das relações ser
humano/ambiente.
Segundo Dias (2000), a incorporação da dimensão ambiental no
ensino formal (programas) deve incluir uma revisão dos conteúdos
programáticos, retirando os entulhos dos acordos MEC/Usaid (aquele mesmo
que nas décadas de 1960/1970 tornou nossa educação inócua, sem sintonia
com a realidade, reprodutora de desigualdades e subserviência; aquela que
inculcou a baixa auto-estima na alma do brasileiro, a auto-
depreciação...lembram? Tudo que é de fora é melhor, tudo que é brasileiro,
não serve). Segue-se a incorporação de conteúdos representativos da região
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que são um exemplo referencial
considerando as características, problemas e desafios regionais.
Essa fase é executada por uma equipe multidisciplinar (sem esquecer a
participação dos professores de artes e de educação física, normalmente e
injustamente relegados).
Busca-se, em seguida, o tratamento dos temas de forma transversal, ou
seja, reunindo ações de diferentes disciplinas, em torno de um tema
Não Formal ou Informal- se caracteriza por sua realização fora da escola,
envolvendo flexibilidade de métodos e de conteúdos e um público alvo muito
variável em suas características (faixa etária, nível de escolaridade, nível de
conhecimento da problemática ambiental). É composto por jovens e adultos,
individual e coletivamente, de todos os segmentos da população, tais como
famílias, trabalhadores, administradores, ou seja, todos os indivíduos.
Segundo Dias (2000) a não-formal pressupõe um caminho diferente.
Recomenda-se a elaboração do perfil ambiental da comunidade ou instituição
33
para a qual será planejado, executado e avaliado um projeto ou programa de
educação ambiental. O perfil ambiental, sob uma abordagem da ecologia
humana, fornece subsídios importantes para um planejamento seguro, mais
próximo das carências reais. Além dos aspectos sociais, econômicos, culturais
e outros, deve traçar o mapa político local (quem é quem, quais lideranças
comunitárias expressivas) e sua teia de interações, influências e hierarquias. O
perfil ambiental termina revelando as prioridades da comunidade, e estas a
determinação dos objetivos. Nomeiam-se as estratégias e elabora-se o
programa (formados por diversos projetos, se for o caso) Os métodos e
técnicas são nomeados em seguida, quando se elegem também os recursos
instrucionais que serão necessários para empreendimento das ações
previstas.
Tanto a educação ambiental formal quanto a não formal, tem como
objetivos principais:
-conscientizar (informar, sensibilizar) a comunidade local sobre a
importância do turismo sustentável;
- formar a comunidade local para o desenvolvimento do turismo;
-elaborar instrumentos e métodos que ajudem a planejar
adequadamente o turismo;
-desenvolver o turismo respeitando os aspectos sócio-culturais e
ambientais, evitando impactos e gerando novas divisas e postos de trabalho.
34
1.4- Educação Ambiental e o Turismo na Ilha Grande
1.4.1 – Ecoturismo
Segundo a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), o
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de forma
sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca
a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do
ambiente, promovendo o bem estar das populações envolvidas.
Para o Instituto de Ecoturismo do Brasil, ecoturismo “é a prática de
turismo de lazer, esportivo ou educacional, em áreas naturais, que se utiliza de
forma sustentável dos patrimônios natural e cultural, incentiva a sua
conservação, promove a formação de consciência ambientalista e garante o
bem estar das populações envolvidas.
O turismo na Ilha Grande deveria ser o ecoturismo, é o que
defende um segmento de pessoas interessadas nos destinos da Ilha:
ambientalistas, técnicos dos órgãos de controle ambiental, alguns empresários
do turismo, professores e alunos da unidade universitária estabelecida na Vila
de Dois Rios (UERJ), e grande parte da população local. É o turismo praticado
em localidades com potencial ecológico, desenvolvido de forma
conservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meio
ambiente, harmonizando as ações com a natureza e oferecendo aos turistas
um contato íntimo com os recursos naturais e culturais da região, por meio da
busca da formação de uma consciência ecológica. È difícil de implantar tal
forma de turismo, pois como já mencionei no capítulo anterior, a Ilha Grande é
uma área de proteção ambiental com cinco diferentes unidades de
conservação (federal, estadual e municipal), cada qual com sua legislação.
35
Os principais problemas são a falta de um centro de visitantes,
com informações deficientes; ausência de uma biblioteca e de um museu; falta
de pessoal formado e qualificado para o ecoturismo; falta de sinalização nas
trilhas.
1.4.2- Educação Ambiental na Ilha Grande
O presente trabalho coloca a importância da prática de Educação
Ambiental, e a relação entre os saberes dos educadores com os saberes dos
educandos. Pretende-se refletir sobre a “troca simbólica” entre a educação
ambiental, de maneira geral, com os saberes locais sobre meio ambiente de
comunidades e grupos alvos de programas/projetos nesta área e avaliar a
importância de se levar em consideração os saberes destes grupos e de seu
sistema de vida.
Tem como aspectos positivos os benefícios sociais (intercâmbio
cultural, valorização da cultura local, trabalho saudável, fixação da população,
melhoria na saúde, saneamento básico e nos meios de comunicação locais);
benefícios econômicos (geração de renda, trabalho e emprego, diversificação
da economia local, desenvolvimento sustentável); benefícios pessoais
(integração com o ambiente e aumento de cultura); estímulo ao voluntariado.
Não existe Educação Ambiental que não pretenda modificar o
hábito e a percepção da relação do homem com a natureza. Esta prática
educativa se apresenta como uma forma de “regularizar” esta relação para
garantir uma sustentabilidade com qualidade de vida. No entanto, mudar os
hábitos e a percepção dos grupos não é uma atividade que possa ignorar suas
visões de mundo e suas relações socais locais
36
O turismo é uma das atividades econômicas que mais tem se
destacado na geração de emprego e renda na Ilha Grande. Como atividade
embasada no desenvolvimento, a preservação do meio ambiente é
fundamental para garantir a sobrevivência dessa atividade. Para tanto, a
educação ambiental surge como uma das ações para solucionar e/ou
minimizar os impactos ocasionados pelo turismo de massa.
O turismo depende da educação, instrução e organização da
população de maneira geral e da comunidade local e do estado de
conservação do meio ambiente, dos patrimônios naturais, históricos e culturais.
Através da Universidade, com cursos de extensão para estudantes,
grupos de estudos, programas de iniciação científica, palestras realizadas em
escolas locais ou centros comunitários, organização de eventos para se
discutir o tema, visitas as famílias, dias de campo, poderemos promover a
educação ambiental e manter vivo o “pequeno paraíso” que é a Ilha Grande.
1.4.3- Plano de Desenvolvimento Sustentável da Ilha Grande
Até bem pouco tempo atrás, não existia uma ação efetiva para
melhoria da qualidade de vida ou preservação da Ilha Grande, o que existia
eram ações isoladas de grupos de empresários do turismo, de ONGs(projeto
Brigada Mirim), e alguns pequenos projetos do pólo da UERJ na Vila de Dois
Rios.
O Plano de Desenvolvimento Sustentável para a Ilha Grande – PDS
Ilha Grande, acabou de ser finalizado, a região foi planejada de uma forma
sustentável, e foram analisadas as potencialidades e vocações do território que
poderiam promover o desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida
para todos que lá moram. Esse projeto é uma iniciativa do Conselho de
37
Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha Grande – CONSIG - e um
investimento da Fundação Vale.
Este processo, iniciado em 2006, foi todo feito com a participação
direta de mais de 500 integrantes das comunidades, representantes do poder
público, empresários e instituições locais.
“A adoção do parque foi anunciado pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, que
também preside o Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha
Grande (Consig). O Consig mobilizou 25 jovens para entrevistar 200
moradores, 90 empresários e 20 entidades, e, assim, conhecer a realidade da
ilha.
O PDS prevê investimento de R$ 4,8 milhões no reflorestamento de áreas
degradadas; sinalização das trilhas; melhoria dos serviços de saúde, da coleta
e destino final do lixo, da telefonia e da energia; plano diretor da Ilha Grande;
incentivo à maricultura; e capacitação dos jovens
Como resultado direto do PDS Ilha Grande e da atuação do CONSIG na
região, estão sendo desenvolvidos os seguintes projetos e iniciativas:
- Adoção do Parque Estadual da Ilha Grande pela Vale (Investimento de R$ 5
milhões)
- Construção de quatro estações de tratamento de esgoto (Investimento de R$
4,8 milhões da Prefeitura de Angra dos Reis e do Governo do Estado do Rio
de Janeiro)
- Restauração de 18 hectares da Mata Atlântica – parceria IEF e Instituto
Ambiental Vale
- Incentivo à maricultura
- Capacitação de jovens
38
- Reforma do Posto de Saúde do Abraão
- Sinalização das Trilhas (parceria com a Brigada Mirim Ecológica da Ilha
Grande
O lançamento deste Plano aconteceu no dia 01 de novembro, na
Praça Cândido Mendes, a principal da Vila de Abraão. A solenidade teve a
participação do Sérgio Cabral - Governador do Estado, Carlos Minc - Ministro
do Meio Ambiente, Marilene Ramos - Secretária do Meio Ambiente, Celso
Castilho - Secretário Executivo do CONSIG, além de Roger Agnelli e Silvio Vaz
- presidentes da Vale, e da Fundação Vale respectivamente(publicado em
05/12/2008 em WWW.globo.com, acessado em 14/12/2008.
39
CAPÍTULO III
UNIVERSIDADE-EXTENSÃO
A consciência ecológica levanta-nos um problema duma profundidade e duma vastidão extraordinárias. Temos de defrontar ao mesmo tempo o problema da Vida no planeta Terra, o problema da sociedade moderna e o problema do destino do Homem. Isto nos obriga a repor em questão a própria orientação da civilização ocidental. Na aurora do terceiro milênio, é preciso compreender que revolucionar, desenvolver, inventar, sobreviver, viver, morrer, anda tudo inseparavelmente ligado. Edgar Morin, in LAGO e PÁDUA, 1994, p.6
1.Universidade
Dentro da definição moderna, as primeiras universidades surgiram na Europa
medieval, durante o renascimento do Século XII.
Numa definição mais abrangente, a Academia, fundada em 387 a.C. pelo
filósofo grego Platão no bosque de Academos próximo a Atenas, pode ser
entendida como a primeira universidade. Nela os estudantes aprendiam
filosofia, matemática e ginástica.
As primeiras universidades da Europa foram fundadas na Itália e na França
para o estudo de direito, medicina e teologia. Antes disso, instituições
semelhantes existiam no mundo islâmico, sendo a mais famosa a do Cairo. Na
Ásia, a instituição de ensino superior mais importante era a de Nalanda, em
Bihar, Índia, onde viveu no século II o filósofo budista Nagarjuna.
40
Na Europa rapazes encaminhavam-se à universidade após completar o estudo
do trivium: as artes preparatórias da gramática, retórica e lógica; e do
quadrivium: aritmética, geometria, música e astronomia.
A instituição portuguesa UMC mais antiga é a Universidade de Coimbra
fundada inicialmente em Lisboa em 1290, sendo uma das 10 mais antigas da
Europa em funcionamento continuo.
Universidades são normalmente instituídas por um estatuto ou carta. No Reino
Unido, uma universidade é definida por uma carta real e apenas instituições
com tal documento podem oferecer diplomas de quaisquer tipos (Wikpédia).
Os últimos anos têm sido marcados por importantes transformações mundiais.
A globalização veio acompanhada de políticas perversas, sobrepondo as leis
do mercado às questões internas das economias nacionais, em detrimento das
prioridades sociais, tornando ainda mais difícil a situação de países como o
Brasil. Existe um modelo que exige o ajuste de demandas sociais a uma
dinâmica técnico-econômica que deixa para trás cada vez mais os excluídos.
Aumentam então, de um lado, os que apenas ficam mudos, e de outro, os que
gritam, mas sem educação não sabem para quem apelar. Podem virar alvos
fáceis para os mais instruídos, mas de caráter duvidoso ou para aqueles que
podem pagar. Os que se isolam assistem às cenas de um mundo que passa,
com líderes em geral mal preparados e improvisados.
Penso que especialmente por isso, para deixarmos de ser “gado, é importante
o papel da universidade. É preciso que ela se envolva intensa, crítica e
permanentemente no diagnóstico dos problemas locais, nacionais e mundiais,
procurando encontrar soluções e caminhos.
41
Em 1998 na Conferência Mundial sobre o Ensino Superior, realizada em Paris,
foram identificadas três grandes tendências mundiais nesse nível de ensino:
. Extraordinária expansão quantitativa (em regra acompanhada por
desigualdades continuadas de acesso entre países e regiões).
. Diversificação de estruturas institucionais, programas e formas de estudo.
. Dificuldades financeiras.
Pressionadas pela massificação do ensino superior, pelo processo de
globalização e reestruturação produtiva, e severas restrições financeiras, as
universidades mergulharam em grande crise, da qual apenas agora começam
a emergir em alguns países, com feições bastante diferenciadas.
No Brasil, o processo de discussão sobre esse tema está atrasado nas
próprias universidades, ainda fortemente abaladas e atônitas com as
mudanças, especialmente no setor público. Foi recomendado pela Unesco três
palavras-chave para repensar a universidade:
. Relevância
. Qualidade
. Internacionalização
Relevância para lembrar o papel e o lugar do ensino superior na sociedade.
Isso inclui o ensino, a pesquisa e a extensão. O ensino deve ser atualizado e
capaz de gerar profissionais competentes e criativos. Então precisamos dar um
salto por cima da prática mais simples de manutenção do conhecimento para
uma posição criativa e inovadora, sempre muito perto da sociedade e em
42
parceria permanente com todos os seus setores de atividade e isso inclui o
relacionamento com o Estado.
O artigo 207 da Constituição Brasileira afirma que “as universidades gozam de
autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão”
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases 9394 de 20 de dezembro de 1996,
capítulo IV
Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do
pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que
43
vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
Temos que usar essa ferramenta tão importante que são os universitários e
universidades para tentar minimizar ou mesmo solucionar alguns dos nossos
maiores problemas que é o desenvolvimento sustentável.
As universidades através da extensão estão conseguindo colocar em prática
vários projetos sociais, culturais, ambientais, de saúde.
2. O que é extensão?
Ensino, pesquisa e extensão constituem as três funções básicas da
Universidade. A palavra extensão, nesse contexto, significa estender-se, em
levar algo a algum lugar, ou até alguém.
No meio universitário se confunde o termo extensão com cursos de extensão
universitária.
Os cursos de extensão universitária, geralmente acadêmicos e com pequena
carga-horária, destinam-se a complementar conhecimentos em áreas
específicas. Já as atividades de extensão, dever constitucional das
universidades são bastante amplas, complexas e não se confundem com
cursos de extensão.
44
A extensão universitária é na realidade uma forma de interação que deve
existir entre a universidade e a comunidade na qual está inserida. É uma
espécie de ponte permanente entre a universidade e os diversos setores da
sociedade. Funciona como uma via de mão dupla, em que a Universidade leva
conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e recebe dela informações,
aprendendo com o saber dessas comunidades. O que acontece na realidade é
uma troca de conhecimentos, em que a Universidade também aprende com a
própria comunidade sobre os valores e a cultura local.
É uma forma de socializar o conhecimento, assim, o conhecimento não é
privilégio apenas da minoria que passa no vestibular, mas difundido pela
comunidade, de acordo com os próprios interesses dessa mesma comunidade.
2.1 Tipos de ações que caracterizam a extensão
. Cursos, palestras e conferências;
. Cursos de ensino a distância;
. Cursos de verão, ou sazonais;
. Cursos por correspondência;
. Viagens de estudo;
. Campus avançados;
. Associações de ex-alunos;
. Aciso – Ações Cívico-Socias;
. Apresentações musicais, feiras e teatrais;
. Campanhas orientativas e assistências;
. Programas e eventos culturais e esportivos;
45
. Universidades volantes;
. Escolas e hospitais flutuantes.
A prestação de serviços deve atender a demandas sociais, culturais e
tecnológicas. Como exemplos: espaços de ciência e tecnologia; museus;
bibliotecas; espaços culturais; conservação e recuperação de bens culturais e
ambientais e hospitais, ambulatórios e clinicas universitárias.
Do ponto de vista operacional, devem ser estabelecidas linhas de extensão
relacionadas a grandes temas: desenvolvimento urbano, desenvolvimento
regional, educação ambiental e meio ambiente, desenvolvimento de sistemas
sociais.
3. Como a Universidade pode minimizar o impacto do turismo de massa na Ilha
Grande através da educação ambiental/extensão?
3.1 A Conferência de Tbilisi (1977) deixou orientações para a estratégia da
educação e informação para o público ao acentuar que há uma necessidade
de programas de Educação Ambiental que promovam a sensibilização desse
público em relação ao seu próprio ambiente, envolvendo-o na resolução dos
problemas da sociedade.
Nesta Conferência foi acentuado que a educação ambiental seria necessária
para estudantes de todos os campos, não apenas das ciências técnicas e
naturais, mas também sociais e artísticas dadas as relações entre natureza, a
tecnologia e a sociedade, que determinam o desenvolvimento desta.
46
Em Moscou, buscando-se a incorporação mais efetiva da dimensão ambiental
na educação universitária, forma estabelecidas as seguintes prioridades de
ação:
. Desenvolvimento de sensibilização para autoridades acadêmicas;
. Desenvolvimento de programas de estudo;
. Treinamento de professores;
. Cooperação institucional
Os programas de treinamento especializado, nas várias disciplinas ligadas ao
ambiente, são considerados de alta prioridade na promoção da
conscientização sobre os problemas ambientais ligados ao futuro da
humanidade. É necessário que se entenda o impacto das atividades humanas
sobre o ambiente e contribuir efetivamente para a implementação de
programas de desenvolvimento capazes de manter o equilíbrio ambiental.
Com o objetivo de promover o conceito de desenvolvimento sustentável, que
permite a satisfação das necessidades atuais enquanto preserva a qualidade e
o potencial produtivo do ambiente, garantido a satisfação das necessidades
das gerações futuras, foi estabelecida as seguintes prioridades:
. Treinamento para especialistas ambientais
. Treinamento para profissionais;
. Treinamento por meio de pesquisa;
. Desenvolvimento de programas de estudos específicos;
47
. Utilização das unidades de conservação;
. Fortalecimento da capacidade regional de treinamento.
Dias, Genebaldo (1991)
3.2 Em 1998, a UERJ inaugurou na Ilha Grande o Centro de Estudos
Ambientais e Desenvolvimento Sustentável (Ceads), pois obteve o direito de
cessão das áreas e benfeitorias remanescentes com a implosão do antigo
presídio na Vila de Dois Rios.
O Ceads desenvolve investigações científicas e tecnológicas, ensino para
alunos de graduação e pós-graduação e atividades de extensão.
Esses projetos estão distribuídos por diversas áreas de conhecimento e foram
gerados muitos trabalhos científicos e tecnológicos. Envolvem professores
doutores, doutorandos, mestrandos, bolsistas de iniciação científica e
estudantes de graduação, além de nível médio. Atividades de extensão são
realizadas procurando dar apoio aos moradores. Alguns projetos, como de
criação de mexilhões em mar aberto, estão diretamente voltados para o
desenvolvimento auto-sustentável da Ilha.
Dois exemplos de trabalhos de extensão realizados com sucesso na Ilha
Grande:
1. Ecomuseu
Um dos objetivos do Ecomuseu Ilha Grande é articular a preservação do meio
ambiente ao bem-estar dos moradores, dando noção de patrimônio
48
comunitário e coletivo que envolve o meio ambiente e substituindo a noção de
uma coleção permanente.
Foi criado em parceria da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ, com o
Comitê de Defesa da Ilha Grande (Codig), e ainda, às diretorias do IEF e da
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA),e contou com a
participação da Associação de moradores da Vila de Dois Rios, da Vila do
Abraão.
A partir da desativação do Instituto Penal Cândido Mendes e da implosão de
parte de suas edificações, criou-se o Ecomuseu a céu aberto, depois se
ampliando para o Centro de Informações, Museu do Cárcere, Museu do Meio
Ambiente e Centro Multimídia.
Uma das propostas do Ecomuseu é envolver a população local na produção e
divulgação das pesquisas realizadas no âmbito da universidade. Grupos de
estudantes acompanham algumas fases dos trabalhos de campo realizados
pelos pesquisadores. Resultados parciais sobre pesquisas realizadas sobre a
flora e fauna da Ilha são acompanhados pelo público e trabalhadas nas
escolas locais.
Preservação da memória histórica e cultural, degradação do meio ambiente,
reciclagem de lixo, são abordagens bastante significativas do trabalho
desenvolvido, articulando-se interesses defendidos pelos professores e
pesquisadores universitários, moradores, ambientalistas e membros das
organizações governamentais e não-governamentais. Todos trabalhando para
levar conhecimento a população, preservando a história, a cultura local, e o
meio ambiente, de uma forma sustentável e conscientizando os visitantes.
49
O impacto que o aumento do turismo traz ao meio ambiente, pode ser
compensado pelo aumento da visibilidade da importância de preservar a área
(www.sr3.uerj.br).
2. Videoteca
Projeto realizado pelo Centro de Tecnologia Educacional – CTE/EURJ,
vinculada a Sub-Reitoria de Extensão e Cultura – SR3, iniciado em 1999 a
principio na Vila de Dois Rios e estendido para a Vila do Abraão.
Tem como objetivo principal, levar o conhecimento em vídeo, disponível na
Videoteca do CTE, às comunidades externas à UERJ, possibilitando o uso de
novas tecnologias na Educação e o desenvolvimento de um olhar mais crítico e
sensível sobre produtos audiovisuais, oferecidos pela mídia, buscando atingir o
maior número possível de estudantes em todas as faixas etárias do ensino
formal e não-formal.
Visa ao entrosamento Universidade/Escola/Comunidade Ilha Grande, com
destaque para as questões educacionais, culturais e cidadania:
Levar para as salas de aula das escolas da comunidade este tipo de
ferramenta proporciona discussões dirigidas sobre diversos temas que
envolvem a sociedade local, segundo programação organizada em conjunto
com as comunidades externas, assim como oferecer atividades culturais e de
lazer para a comunidade.
A riqueza do vídeo reside na possibilidade de estimular a percepção por vários
canais e assim, poder envolver e estabelecer contatos mesmo com aqueles
que aparentemente não conseguem acompanhar o fluxo do raciocínio verbal.
50
Foi feita uma pesquisa com os ilhéus, educadores e representantes de
entidades ligadas ao meio ambiente sobre os temas mais importantes. Logo
após, foi entregue as escolas um catálogo simplificado com o acervo de
videoteca, com temas específicos, iniciando-se o processo de apresentação
dos vídeos, combinados com orientações, palestras e discussões com alunos e
professores. Devido o enorme sucesso deste projeto, a Prefeitura de Angra
dos Reis, solicitou que o projeto fosse ampliado para todas as escolas
municipais.
Este projeto despertou na comunidade local através das crianças e jovens, a
conscientização para a valorização da cidadania, para a preservação do meio
ambiente e para a importância do desenvolvimento sustentável
(www.cte.uerj.br).
Esses são apenas dois bons exemplos de como a Universidade através de
seus projetos de extensão pode ajudar na educação, na conscientização dos
moradores locais para a preservação do meio ambiente em que vivem e dando
condições de sobrevivência justa no local onde nasceram através do
desenvolvimento sustentável, do turismo consciente, sem degradar ainda mais
o nosso “pequeno paraíso”.
51
CONCLUSÃO
Da visão do turista, indiferente a sua renda, ao ir à Ilha Grande ele busca um
local selvagem, rústico, com a natureza altamente conservada, o que poderia
levar a uma opção por um desenvolvimento sustentável muito forte baseado na
conservação radical dos recursos ambientais.
Mas, para a comunidade residente na ilha, essa postura poderia impedir seu
crescimento, principalmente econômico.
Em relação aos visitantes, se controlarmos o acesso a Ilha, vai haver um
impacto negativo muito grande. Implantar uma medida de controle deve ser
acompanhada de uma estratégia de divulgação massiva das medidas, de
forma que exista a compreensão que a idéia é organizar o fluxo dos turistas e
não caçar os direitos de ir e vir dos cidadãos.
Para a empresa de Transporte marítimo que tem a concessão do Governo
Estadual, também não é interessante, mas um projeto em conjunto com o
governo, associação de moradores, ONGs e universidades, pode organizar o
fluxo de turistas, deixando de ser uma massa nos grandes feriados, para um
fluxo continuo durante todo o ano. Barcas S.A. poderá otimizar os horários, o
tipo de embarcação e um possível aumento de passagem e diferenciação nos
valores para moradores e transportes de cargas.
O transporte alternativo e irregular também deverá ser fiscalizado, e para isso
teremos que contar com uma atenção maior da Capitania dos Portos.
52
O turismo desordenado que ocorre atualmente ma Ilha degrada o meio
ambiente e gera uma economia instável e sazonal. Os turistas vêm apenas
durante a alta estação, gastam pouco, sujam muito e deixam os ilhéus
frustrados.
Acredito que conciliar esses aspectos é um grande desafio.
Com o investimento da Vale, a infra-estrutura da Ilha(rede de esgoto e
tratamento; coleta de lixo e reciclagem; saúde) vai melhorar muito e
conseqüentemente a vida dos moradores também.
Os projetos das Universidades também estão ajudando muito e será a saída
para a educação e o progresso dos moradores, tanto a educação ambiental
como a cultura geral que só traz benefícios e qualidade de vida para a Ilha
Grande e seus moradores e turistas.
53
ANEXOS
ANEXO I – RUINAS DO PRESÍDIO DE DOIS RIOS
54
ANEXO II – MAPAS GEOGRÁFICO E DOS PARQUES
55
ANEXO III- RELATÓRIO DE PASSAGEIROS DO MÊS DE
FEVEREIRO DE 2008(CARNAVAL DIAS 01-11)-MANGARATIBAXABRAÃO-
ANGRAXABRAÃO – ABRAÃOXMANGARATIBA E ABRAÃOXANGRA
RELATÓRIO PAGANTES MÊS FEVEREIRO 2008
MANXABR ABRXMAN ANGXABR ABRXANG DIVISUL TOTAL
PASS PASS PASS PASS CARGAS PASSAGENS
01 sexta-feira 1.443 81 326 383 21 2.254
02 sábado 612 114 141 7 6 880
03 domingo 212 147 48 67 3 477
04 segunda-
feira 142 303 92 230 3 770
05 terça-feira 180 339 37 91 3 650
06 quarta-feira 93 825 191 349 2 1.460
07 quinta-feira 88 322 327 412 13 1.162
08 sexta-feira 381 253 308 393 13 1.348
09 sábado 208 63 107 109 6 493
10 domingo 126 158 70 105 459
11 segunda-
feira 211 211 226 349 18 1.015
12 terça-feira 305 291 167 104 13 880
13 quarta-feira 254 272 478 203 17 1.224
14 quinta-feira 238 183 288 238 16 963
15 sexta-feira 682 110 424 473 18 1.707
16 sábado 257 54 61 108 6 486
17 domingo 323 265 82 141 2 813
18 segunda-
feira 157 257 286 347 14 1.061
19 terça-feira 148 179 208 286 11 832
20 quarta-feira 152 149 265 222 19 807
21 quinta-feira 88 130 211 290 16 735
22 sexta-feira 292 116 168 265 26 867
23 sábado 237 41 58 89 8 433
24 domingo 219 140 71 81 1 512
25 segunda-
feira 75 171 176 261 12 695
26 terça-feira 92 136 194 199 18 639
27 quarta-feira 78 104 236 192 12 622
28 quinta-feira 80 124 162 223 14 603
29 sexta-feira 561 102 218 169 20 1.070
0
0
TOTAL 7.934 5.640 5.626 6.386 331 25.917
56
ANEXO IV
Política Nacional de Educação Ambiental Lei 9.795, de 27 de Abril de 1999
Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
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II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
58
Art 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar, a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10 A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.
§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11 A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12 A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, na rede pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.
59
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13 Entende-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Editora Rio, 1975
CARVALHO, Vilson Sérgio. Educação Ambiental Consciente. Rio de janeiro:
WAK, 2003
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental. Princípios e Práticas. -8.ed. –
São Paulo: Gaia, 1991
DÍAZ, Alberto Pardo. Educação Ambiental como Projeto. Trad. Fátima Murad.
2. Ed. Porto Alegre: Artmes, 2002
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Nova Fronteira, 1975
MELLO, CARL Egbert H.V. Apontamentos para servir à história fluminense:Ilha
Grande. Angra dos Reis: Conselho Municipal de Cultura de Angra dos Reis,
1987
MORIN.Edgar. Os saberes necessários a Educação do Futuro SP. Cortez,
2000.
MORIN,Edgar. Cultura de massas no século XX: volume I- Rio de Janeiro,
Forense Universitária, 1997
PRADO, Rosane M. Tensão no Paraíso: aspectos da intensificação do turismo
na Ilha Grande. In: Caderno Virtual do Turismo n. 7. Rio de Janeiro: Instituto
Virtual do Turismo /COPPE/UFRJ, 2003
61
REIGOTA, Marcos. O que é educação Ambiental, São Paulo. Editora
Brasiliense, 1994
RUSCHMANN, Dóris. Turismo e Planejamento Sustentável: A Proteção do
Meio Ambiente. Campinas: Papirus, 2001
Bereau Internacional Du Turisme Social (BITS)
Organização Mundial do Turismo (OMT),
Relatório de Base de Dados para Estudo de Análise Econômica do
Ordenamento do Turismo na Ilha Grande/RJ, publicado pela Secretaria de
Desenvolvimento de Econômico/Secretara de Planejamento – Divisão de Meio
Ambiente da Prefeitura de Angra dos Reis, 1998
Entrevista com chefe de estação Mangaratiba/Angra/Ilha Grande e ralatório
cedido pelo departamento de marketing/arrecadação de Barcas S/A, setembro
2008.
Artigo: SOS Ilha Grande, Jornal do Brasil
http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/editorialistas/2001/10/07/joredl2001100700
2.html, acessado em 20 de setembro de 2008
WWW.ilhagrande.org acessado em 10 de dezembro de 2008
WWW.wikpedia.com.br acessado em 20 de setembro de 2008
WWW.sr3.uerj.br acessado em 10 de dezembro de 2008
WWW.cte.uerj.br acessado em 10 de dezembro de 2008
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm, acessado em 20 de outubro
de
Educação Superior e Extensão. http://portal.mec.gov.br, acessado em 15 de
dezembro de 2008
62
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
Turismo de Massa 11
1.1 – Localização 12
1.2 – História 15
1.3 – A Terra 18
1.3 – Turismo de Massa na Ilha Grande 20
CAPÍTULO II
Educação Ambiental 25
1.1 – Definindo Educação Ambiental 25
1.2 – Breve Histórico da Educação Ambiental 27
1.3 – Objetivos da Educação Ambiental 30
1.4 – Educação Ambiental e o Turismo na Ilha Grande 34
1.4.1 – Ecoturismo 34
1.4.2 – Educação Ambiental na Ilha Grande 35
1.4.3 – Plano de Desenvolvimento Sustentável 36
CAPÍTULO III 39
1.1 – Universidade 39
1.2 - O que é extensão? 43
1.2.1 - Tipos de Ações que caracterizam a extensão 44
63
1.3 – Como a universidade pode minimizar o impacto
Do Turismo de massa na Ilha Grande 45
CONCLUSÃO 51
ANEXOS 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60
ÍNDICE 62
FOLHA DE AVALIAÇÃO 64
64
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
65