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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM PEDAGOGIA EMPRESARIAL NA PRÁTICA DO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

PEDAGOGIA EMPRESARIAL NA PRÁTICA DO

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

2

Por: Cláudia Aparecida Siqueira

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

3

PEDAGOGIA EMPRESARIAL NA PRÁTICA DO

RECRUTAMENTO E SELEÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Pedagogia

Empresarial.

Por: Cláudia Aparecida Siqueira

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por mais uma

conquista em minha vida. A Gerente de

Recursos Humanos da empresa Jaffé

Artigos para Propaganda, Fabíola

Pinheiro e seu assistente Ricardo

Menezes, pela oportunidade de estágio

enriquecendo meus conhecimentos.

5

DEDICATÓRIA

Ao meu namorado Gabriel pela paciência

e apoio. Aos meus amigos Baltasar

Noronha e Maria Assunção pelas suas

amizades, como também a todos os

amigos que me apoiaram nesta

caminhada. Aos meus sobrinhos e meus

afilhados Giovane, Juliana e Maria

Antonia.

6

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo, analisar o processo de atração,

desenvolvimento e a retenção de talentos dentro das empresas, mostrando a

nova forma de gerir recursos humanos nos dias de hoje. Também foi um dos

objetivos dessa pesquisa, apresentar a contextualização do Recrutamento e

seleção e enfatizar a importância das pessoas no ambiente empresarial.

A pesquisa buscou mostrar também a tendência relacionada à

dificuldade na captação de talentos qualificados, como também como as

empresas tem se flexibilizado a fim de suprir as demandas.

Esta obra procurou demonstrar que o crescimento e desenvolvimento de

uma organização no mundo empresarial da atualidade, dependem de diversos

fatores, e entre eles, um dos que têm mais se destacado é o fator humano,

que é valorizado através do investimento nas pessoas que constituem a equipe

de atuação da organização, já que os colaboradores das empresas têm se

destacado como um importante diferencial das instituições, trazendo

excelentes resultados às empresas que desenvolvem políticas de valorização

de recursos humanos, tendo em vista que a valorização do capital humano não

caracteriza um gasto, mas sim um investimento, que trará retornos para a

organização através dos resultados gerados pelos colaboradores.

7

METODOLOGIA

A seguinte obra foi feita através de um levantamento bibliográfico de

diversos autores. Como também pesquisas em jornais, revistas, relacionados

à área de recrutamento e seleção de pessoas. Os principais autores e teóricos

utilizados para a realização do trabalho foram Idalberto Chiavenato, Ieda Maria

Vecchioni Carvalho, Thomas Davenport e Gary Dessler.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I 12

CONTEXTUALIZAÇÃO DO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CENÁRIO

DAS ORGANIZAÇÕES 12

1.1 – A evolução do processo de Recrutamento e Seleção de pessoas 13

1.2 – Um novo cenário, uma nova realidade. 17

CAPÍTULO II 19

A PROCURA POR TALENTOS COM COMPETITIVIDADE E ECONOMIA

AQUECIDA 19

2.1 – Recrutamento no Brasil em destaque no mundo. 20

2.2 – Previsões de contratações e características dos processos seletivos para

2011. 20

2.3 – Eficiência e Agilidade nos Processos Seletivos 21

2.4 – Quantidades de oferta de emprego versus profissionais qualificados 22

2.4.1 – Os desafios das organizações em recrutar e selecionar pessoas 23

2.4.2 – Falta de Investimento 25

2.4.3 – Boa formação não basta 26

2.4.4 – Idade e salário também pesam 27

9

CAPÍTULO III 29

UM NOVO MODELO DE CAPTAÇÃO E SELEÇÃO DE TALENTOS 29

3.1 – Atração e Retenção de Talentos 31

3.1.1- Programas de Trainees 31

3.1.2- Programas de Estágios 33

3.1.3- Treinamento e Desenvolvimento de Talentos 37

3.1.4- Retenção de Talentos 40

3.1.5- Compensação (Administração de Salários) 42

3.1.6- Planos de Benefícios Sociais 45

3.1.7- Segurança no Trabalho 47

3.1.8 – Relações Trabalhistas 49

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54

ÍNDICE 57

10

INTRODUÇÃO

O propósito deste trabalho é mostrar que, diante das mudanças

comerciais e econômicas que vêm ocorrendo no país desde o início da década

de 90, surgiram novos desafios na capacitação e especialização de mão de

obra. Mostraremos que o subsistema de recrutamento e seleção se tornou

uma área estratégica e agora voltada para o capital humano. Veremos o

desafio dessa área em lidar com uma demanda nunca vista de vagas e com

pouca gente qualificada. Isto em pleno XXI e a ao meio de uma economia cada

vez mais aquecida

Veremos que escolher as pessoas mais aptas para executar atividades

específicas é um grande desafio para profissionais na área de Recursos

Humanos. Observaremos que, segundo a pesquisa que será apresentada

nesta obra, a concorrência na busca por funcionários qualificados e exigência

cada vez maior de que os processos seletivos sejam mais eficientes e rápidos.

No capítulo I, falaremos da contextualização do recrutamento e

seleção no cenário das organizações. Abordaremos a evolução do processo

de recrutamento e seleção de pessoas e o cenário atual.

No capítulo II, abordamos a procura por talentos, como se dá o

recrutamento de no Brasil e no mundo e a qualidade e eficiência dos

processos seletivos. Também falaremos do desafio da quantidade de ofertas

diante da escassez de profissionais qualificados.

Falaremos também de soluções e isso é tratado no capítulo |||. Nele

falaremos em atração e retenção de talentos, programas de trainees e estágios

e a qualidade na relação entre patrões e empregados.

11

No último capítulo, apontaremos diversas conclusões a respeito do

tema tratado neste trabalho.

12

CAPÍTULO I

Contextualização do recrutamento e seleção no cenário das

organizações

O conceito

...vivendo história e traçando estratégias.

Podemos dar inúmeras definições para Recrutamento e Seleção. Uma

delas, de Idalberto Chiavenato (2004), é a seguinte: “recrutamento e seleção é

um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos

potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da

organização, e escolher o que apresentar o melhor perfil” (p.89). Outra, mais

diretamente relacionada com a seleção, conforme Maria Odete Rabaglio diz

que:

“A Seleção ou Atração de talentos Humanos é uma área que busca

solução na identificação e na captação de talentos específicos para

necessidades específicas de cada cargo, o que demanda profissionais

qualificados, que tenham domínio de metodologias, técnicas e ferramentas que

13

possam gerar excelência em resultados” (GESTÃO POR COMPETÊNCIA,

2008, p.35).

1.1 – A evolução do processo de Recrutamento e Seleção de

pessoas

De acordo com Rabaglio (2008, p.7), o recrutamento e a seleção

de pessoas é um processo antiquíssimo, sendo observado assim que se

iniciou a organização dos povos, onde começou a existir uma preocupação em

avaliar as pessoas com a intenção de escolher as mais aptas para executar

atividades específicas. Tanto no mundo antigo, quanto na idade moderna

esses processos estavam direcionados principalmente para as forças militares,

sendo que o principal critério para a avaliação das pessoas residia em

aspectos anatômicos, como os de compleição e força física. Esta tendência só

começa a mudar com a Revolução Industrial, no século XVIII.

Os meios de produção do mundo ocidental,

preponderantemente agrícola, a partir do século XVIII passam por uma

transformação, sendo que é deflagrado, nesta época, um surto de

industrialização. Esse movimento cria a necessidade de se realizarem estudos

sobre as organizações, destacando-se o pensamento econômico de Adam

Smith. Os estudos realizados neste período direcionavam-se principalmente

para a sistematização de mecanismos capazes de promover maior eficiência e

produtividade, devido à concorrência e competição que cresciam rapidamente.

14

A maior característica da Revolução Industrial no que tange ao mundo

do trabalho é a fragmentação de tarefas, estudada por diversos pensadores

marxistas, e que tem como consequência a alienação do trabalhador, que não

via o resultado de seu trabalho, dominando apenas parte de um todo. Este

modelo tinha como foco a otimização da execução do trabalho, destacando-se

a individualização do posto de trabalho, o tempo-padrão e a separação das

tarefas, com o objetivo de alcançar maior eficiência.

A consequência desta prática para o processo de recrutamento e

seleção é que ele passa a ser determinado pelas demandas específicas das

tarefas a serem realizadas na organização, baseando-se na qualificação e na

especialização do segmento operacional. Emerge, neste período, uma nova

classe de operários, que eram recrutados, na maioria das vezes, por meio de

forças coercitivas, para ocupar cargos de baixos escalões. Em alguns

momentos, observa-se, inclusive a imposição escravocrata. Como

consequência deste movimento surge a administração científica, representada

principalmente por Frederick Winslow Taylor (1856-1915) e Jules Henri Fayol

(1841-1925), que acreditavam na possibilidade de se alcançar maior

produtividade no trabalho através de estudos sobre a eficiência organizacional,

sobretudo no nível operacional. Porém Taylor critica a administração das

organizações centrada apenas na operacionalização, refletindo sobre a

importância dos recursos humanos.

No que tange ao processo de recrutamento e seleção, Taylor destaca o

desequilíbrio entre a oferta e a procura de pessoal qualificado e a demanda de

funcionários melhores e mais capazes, bem como a necessidade de se

capacitação e treinamento dos colaboradores efetivos. Neste momento surge a

necessidade de maiores estudos acerca dos processos de recrutamento,

seleção e treinamento.

15

Nessa mesma época Taylor inclui a seleção de pessoal entre os

quatro princípios da administração científica: desenvolvimento de uma

verdadeira ciência; seleção científica do trabalhador; sua instrução e

treinamento específico; cooperação íntima e cordial entre a direção e os

trabalhadores. A seleção, agora como parte integrante da administração

entende que o candidato a ser admitido deve ser aquele que possui aptidões

compatíveis com a tarefa a ser executada por ele, o que resultará em maior

produtividade e aumento de lucros para a organização. Dessa forma os

requisitos básicos do profissional requerido são definidos com maior clareza e

o critério das habilidades requeridas soma-se definitivamente ao da força

física.

Apesar de Taylor ter ressaltado a importância do processo seletivo, foi a

partir de Fayol, com a publicação de Administração industrial e geral, em 1915,

que os conceitos de recrutamento e seleção se definiram como campos

próprios e significativos numa organização. Este autor voltou seus estudos

para a questão organizacional de uma forma mais ampla, onde os

conhecimentos relacionados a administração não deveria ser um privilégio

apenas dos gestores, mas ser repartida entre todos os funcionários. Assim,

Fayol elaborou um quadro onde avaliava a importância das capacidades que

constituem o valor do pessoal da empresa, para vários cargos; o que se

constitui na primeira aparição da ideia de competências, tão utilizada nas

práticas de recrutamento e seleção atuais. Fayol também foi pioneiro ao

preocupar-se especificamente com as relações humanas nas organizações,

mas a questão comportamental ainda era tida em um plano amplo, apreendida

somente sob a perspectiva do funcionamento global da organização. Esta

tendência traz para o processo seletivo a preocupação em escolher candidatos

que possuíssem a capacidade de se submeter às regras impostas pela

empresa, sem criar conflitos.

16

Até este momento, apesar de haver uma admissão a respeito da

importância das relações humanas nas empresas, o trabalho ainda era

“desumanizado”, sendo que os trabalhadores deveriam se submeter aos

métodos científicos. Somente a partir da década de 20 do século passado é

que começam a surgir as primeiras preocupações com os aspectos humanos

nas organizações, com o início da escola de relações humanas.

Neste período destaca-se Elton Mayo, cujos estudos incluíram desde

o exame das influências físicas e ambientais no trabalho, até as perspectivas

psicológicas (1927 e 1932). Destes estudos, Mayo conclui que a produtividade

de uma organização é mais determinada pela integração social do que pela

capacidade física dos operários e dos ambientes de trabalho, destacando três

aspectos que deveriam ser enfatizados pelos gestores: a importância do

espírito de grupo; a necessidade de se dar status às pessoas; o estilo de

liderança baseado em consideração, descentralização e participação.

Neste mesmo período surgem as teorias sobre a motivação, que a

colocavam como a força motriz de todas as ações de um organismo e como o

que determina a intensidade, direção e persistência dos esforços de um

indivíduo rumo aos seus objetivos. Dentre os autores que mais se destacaram

relacionados a teoria da motivação estão Abraham Maslow, Frederick

Herzberg e David McCleand.

A partir destas teorias a escola de relações humanas transforma-se

em um marco de transformação no mundo do trabalho, indo de encontro a

desumanização que se encontrava até então, neste setor. Passou-se a dar

importância à satisfação e à motivação do trabalhador, como geradores da

eficiência no trabalho. Surgem então novos conceitos na administração de

pessoal, como planos de carreira e capacitação de pessoal. Uma maior

autonomia também começa a ser permitida aos funcionários. Os processos de

17

recrutamento e seleção, que antes se voltavam exclusivamente para requisitos

técnicos dos cargos passaram a dar o mesmo valor aos traços de

personalidade. Além dos aspectos operacionais foram integrados ao perfil do

profissional requerido aspectos relacionados as relações humanas e aos

comportamentos cooperativos.

1.2 – Um novo cenário, uma nova realidade.

Todas estas transformações que vimos até agora servem de base

para o surgimento da psicologia organizacional, primeiramente denominada

psicologia industrial. Ela surge da necessidade de um conhecimento maior a

respeito dos fenômenos psicológicos presentes nas organizações e encaminha

a área de recursos humanos para a forma como os vemos hoje. As principais

áreas de atuação dos psicólogos organizacionais neste período eram o

recrutamento, a seleção de pessoal, o treinamento e o diagnóstico

organizacional. Destacando-se o uso de testes nos processos seletivos, bem

como de dinâmicas de grupo e entrevistas.

A principal característica do mundo atual é, sem dúvida, a

globalização. Esta nova maneira de se relacionar com o mundo vem afetando

a vida de todos e trazendo muitas mudanças no mundo trabalho. A

competição, hoje, adquiriu nível global, sobrepondo-se a eficiência. Sendo que

não basta mais ser eficiente, sendo que é preciso estar sempre atualizado em

relação às inovações, que surgem numa velocidade nunca vista antes. Assim,

nos processos seletivos não basta mais encontrar colaboradores bem

qualificados, e sim os que tenham um maior potencial, que sejam flexíveis e

proativos. A idéia de que as pessoas influenciam o funcionamento da

18

organização hoje não é mais posta em dúvida, levando as empresas a saírem

de um modelo de centralização e autoritarismo para gestões que envolvem os

conceitos de competências e profissionalismo. Atualmente, podemos encontrar

no Brasil, empresas nos mais variados níveis de desenvolvimento, e

consequentemente uma mescla de modelos administrativos. As corporações

burocráticas e hierarquizadas ainda existem, mas vão dando lugar a empresas

com poucos níveis hierárquicos e consequentemente mais flexíveis. Este

cenário exige que o processo seletivo atual deva estar alinhado com os

paradigmas empresariais e com a cultura organizacional, procurando

funcionários que possuam comportamentos e atitudes adequadas à missão, à

visão e aos objetivos organizacionais.

Com isso, o processo seletivo evoluiu à medida que foi agregando

novas exigências, ao tempo em que a administração passou a considerar que

as pessoas que integram a organização não podem ser consideradas apenas

como peças de uma engrenagem. De um modelo estritamente operacional,

aos poucos se foi acrescentando novos parâmetros, à medida que se foi

percebendo a importância das relações humanas dentro das empresas. Hoje,

quando os profissionais de recursos humanos procuram um novo colaborador

eles avaliam muito mais do que seus conhecimentos e habilidades técnicas

sendo que a tendência atual é a seleção por competências.

19

CAPÍTULO II

A procura por Talentos com Competitividade e

Economia Aquecida

Conforme publicação postada pela Revista MELHOR, edição

maio de 2011 (pag 18,19 e 20), a Confederação Nacional da Indústria (CNI)

divulgou uma nova pesquisa que reforça o apagão de mão de obra. O

levantamento mostra que 62% das indústrias de transformação ouvidas

afirmam ter dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados para cargos

gerenciais. O dado pode indicar, então, que o mercado de recrutamento e

Seleção anda aquecido, com uma demanda nunca vista neste país – para usar

uma expressão bem conhecida dos brasileiros.

Alguns dados confirmam isso. No primeiro trimestre de 2011,

por exemplo, o grupo Selpe Recursos Humanos, empresa de consultoria em

Recrutamento e Seleção, teve aumento de 30% de demanda por vagas de

processos seletivos em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Dentre

as vagas existentes, as maiores demandas foram para a indústria automotiva,

mineração, construção civil e serviços. Ao longo deste ano, o grupo espera

ampliar ainda mais os números atuais, conforme adianta Hegel Botinha, diretor

da consultoria. No setor agronegócio, a demanda por executivos cresceu 20%

de janeiro a março deste ano ante o mesmo período de 2010. A constatação é

da Abrahams Executive Search, consultoria especializada em recrutamento

para esse setor. “Para nós, esse aquecimento na busca por executivos para o

agro fez com que o ano de 2011 começasse já em dezembro passado, com

busca de profissionais para cargos de destaque em plena véspera de Natal”,

20

afirma Jeffrey Abrahams, fundador da consultoria e diretor da América latina da

Agilium Worldwilde – rede de consultores Executive Search presente em mais

de 30 países.

2.1 – Recrutamento no Brasil em destaque no mundo.

A boa fase por que passa a economia brasileira tem atraído à atenção

de empresas globais de recrutamento, que estão apostando no mercado

aquecido e na grande demanda por profissionais qualificados. Prova disso é

que o Brasil ganhou destaque no Hays Journal, publicação internacional

lançada pela Hays Recruiting Experts Worldwide, consultoria de origem

britânica com foco no recrutamento para média e alta gerência. O artigo Big in

Brazil (Hays Journal - 2011) traz o cenário das oportunidades no país,

destacando o aquecimento na oferta de vagas, e lança dúvidas se será

possível supri-las internamente.

2.2 – Previsões de contratações e características dos

processos seletivos para 2011.

Basta acessar o GOOGLE e colocar em buscar “vagas” e veremos a

grande demanda de vagas atualmente, mas para isso a Robert Half,

consultoria em Recrutamento especializado, desenvolveu uma pesquisa

exclusiva sobre as previsões de contratações e características dos processos

seletivos para 2011.

21

O levantamento foi realizado com 500 executivos brasileiros entre

presidentes, diretores, gerentes, coordenadores, analistas e especialistas. Do

total, 75% dos profissionais consultados têm participação nos processos de

contratação de suas empresas e 61% atuam em companhias multinacionais. O

estudo revela que 80% dos executivos entrevistados acreditam que em 2011

será melhor para negócios do que o anterior. Para 89%, as empresas em que

atuam crescerão fortemente neste ano. A boa perspectiva de negócios faz com

que muitos profissionais vislumbrem novas oportunidades de trabalho. Mais de

45% dos participantes da pesquisa pretendem mudar de emprego em 2011.

Para 40% dos entrevistados, as contratações serão motivadas pelo

crescimento ou expansão dos negócios.. Além disso, a publicação aponta que

as empresas nacionais estão em crescimento e planos engavetados durante a

crise voltam a ser executados.

Por outro lado, o bom momento deverá provocar uma relação

desproporcional entre a quantidade de profissionais qualificados disponíveis.

Para 60 dos executivos a contratação de profissionais qualificados será um

problema para 2011.

2.3 – Eficiência e Agilidade nos Processos Seletivos

A concorrência na busca por funcionários qualificados exige cada vez

mais que os processos seletivos sejam mais eficientes e rápidos. De acordo

com a pesquisa da Consultoria Robert Half, publicada na revista MELHOR,

edição Maio 2011 (pag 20) para 77% dos entrevistados os processos seletivos

de suas empresas são realizados em até dois meses, sendo que 25% deles

22

são concluídos em três ou quatro semanas. A pesquisa revela ainda que 77%

dos entrevistados participaram pelo menos de um processo seletivo nos

últimos seis meses. Outra constatação do estudo é de que o mercado

brasileiro de recrutamento já incorporou as novas mídias no dia a dia do

processo seletivo. Antes de contratar, 40% dos executivos revelam consultar

perfis dos candidatos nas redes sociais.

2.4 – Quantidades de oferta de emprego versus profissionais

qualificados

Através dos dados apresentados acima, percebe-se a quantidade de

oferta de emprego e as boas previsões para os próximos anos. Todavia, o bom

momento deverá provocar uma relação desproporcional entre a quantidade de

profissionais qualificados disponíveis.

Segundo o autor Gumae Carvalho, em sua publicação na revista

MELHOR, edição Julho 2010 (pag 34), o tal apagão de profissionais

qualificados apresenta-se como um dos principais desafios a serem vencidos

pelo RH nesse momento pós-crise, ao menos no Brasil.

23

2.4.1 – Os desafios das organizações em recrutar e selecionar

pessoas

Conforme já mencionado, um dos principais desafios do subsistema

recrutamento e seleção são atender as demandas de vagas com a baixa de

profissionais qualificados. Ou seja, uma quantidade grande de oferta de

emprego, surgindo assim uma alta competitividade entre as organizações

devido à falta de mão de obra capacitada.

Nem mesmo a crise de 2009 e a desaceleração da economia foram

capazes de fazer os executivos de recursos humanos deixarem de se

preocupar com a atração e a retenção de talentos. Esse é o desafio que está

no topo da lista dos profissionais da área. Para revelar quais são suas maiores

preocupações para este ano – e como enfrentá-las –, o diretor de Recursos

Humanos da empresa COSAN, diz:

“O principal desafio é atrair os talentos que estão no mercado,

em razão das demissões que já foram geradas pela crise, para

alcançar resultados ainda melhores para a companhia. A

retração da economia gerou esse cenário incomum, em que

muitos profissionais de alto desempenho estão disponíveis por

aí.”. (Luis Carlos Veguin – COSAN – Entrevista revista

Você RH – 2011 )

24

Por outro lado, outros especialistas acreditam que a idéia de um apagão

não faz sentido. Na realidade acreditam que esta dificuldade de se encontrar

talentos esta relacionado à dificuldade para casar formação dos candidatos

com exigência do mercado. Em uma reportagem postada no site IG, por

Danielle Assalve e Ilton Caldeira, em 20/06/2011, o químico industrial Jaime

Rodrigues diz que este fato “é um grande incógnita”. “Dizem que faltam

profissionais qualificados, mas como isso acontece se tantas pessoas com

formação não encontram trabalho?”.

Segundo especialistas, essa aparente contradição é exatamente o que

define o apagão da mão de obra. “De um lado, há um grande contingente de

pessoas procurando emprego. Do outro, as empresas seguem em busca de

profissionais qualificados”, diz Luiz Edmundo Rosa, diretor de educação da

Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

Levantamento recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

revela que 69% dos empresários têm dificuldades para contratar funcionários,

principalmente para cargos técnicos e especializados. Ao mesmo tempo, 6,4%

da população economicamente ativa do Brasil está desempregada – quase 1,5

milhão de pessoas, segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) em seis capitais do país em abril. A maior

dificuldade é casar a formação dos candidatos com as exigências das

empresas. “Às vezes a escolha por formação é mal direcionada e não leva em

conta as necessidades do mercado de trabalho”, diz Luis Hartmann,

especialista em recrutamento e seleção, no artigo: “Sobram vagas, mas

profissionais qualificados procuram emprego” (disponível no site:

http://www.ig.com.br).

Entre as carreiras de nível superior, o destaque é a falta de engenheiros

em praticamente todas as áreas, que muitas vezes é suprida com a importação

25

de profissionais. “De um total de 424 mil pessoas estudando engenharia no

Brasil, apenas 48 mil se formam por ano. Isso indica que a carência de

profissionais vai continuar” diz Edmundo Rosa (revista Você RH, 2011).

Segundo estimativa da CNI, o país precisaria formar pelo menos 60 mil

engenheiros por ano para atender à demanda do mercado. Enquanto isso, o

curso de administração é o campeão de popularidade no país: 1,1 milhão de

pessoas fizeram matrícula para esta graduação em 2009.

Porém esse descasamento não se restringe à formação superior.

Segundo a gerente de atração e seleção de pessoas da Vale, Renata Romeiro

(revista Você RH, 2011), o Brasil ainda valoriza muito o diploma universitário,

mas deixa de investir em técnicos, o que vai na contramão do mercado.

“Temos milhares de oportunidades de nível técnico, mas muitas vezes não é

possível identificar o profissional com perfil adequado”, diz.

2.4.2 – Falta de Investimento

Para Claudio Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp

e especialista em relações do trabalho, “o crescimento da economia brasileira

pegou o País, as empresas e a sociedade de surpresa” (site:

http://www.ig.com.br – “Sobram vagas, mas profissionais qualificados procuram

emprego”). Desde 1980, empresas e governo deixaram de investir em

qualificação profissional, em especial de nível técnico. O resultado é que hoje

faltam torneiros mecânicos, armadores para construção civil e azulejistas, por

exemplo.·.

26

Diante desse quadro, restam poucas alternativas às empresas a não ser

ampliar investimentos para contratar, treinar e reter mão de obra. Nos últimos

cinco anos, a Vale capacitou 70 mil funcionários. Em 2011, a mineradora

planeja contratar 14 mil pessoas, mil a mais que no ano passado.

“Investir no pessoal da empresa é melhor e mais barato. Faz muito mais

sentido treinar um funcionário para determinada função que ficar seis meses

com uma vaga em aberto procurando alguém para contratar”, diz Edmundo

Rosa, da ABRH. Além de programas de capacitação dentro das empresas, ele

afirma que iniciativas em parceria com universidades também costumam ter

bons resultados.

2.4.3 – Boa formação não basta

O rápido avanço tecnológico observado nos últimos anos trouxe

mudanças importantes para todas as áreas – do agricultor que passou a

operar máquinas para realizar a colheita de cana ao engenheiro que se vê às

voltas com complexos programas de computador para fazer seus projetos.

No artigo: “Sobram vagas, mas profissionais qualificados procuram

emprego” (disponível no site: http://www.ig.com.br), Luis Hartmann,

especialista em recrutamento, diz: “Às vezes o profissional tem uma formação

de primeira linha, mas isso já não basta. A busca por atualização e

especialização tem de ser constante para quem quer uma recolocação

profissional”. Cursos de pós-graduação e mestrado não necessariamente são

27

o melhor caminho. “Às vezes as aulas são muito teóricas e agregam pouco

valor ao desempenho profissional”, afirma Carina Budin, sócia-gerente da

empresa de recrutamento Asap, no mesmo artigo citado.

2.4.4 – Idade e salário também pesam

Continuando no artigo, segundo Ferdinando Credidio, executivo da área

financeira, “algumas empresas preferem profissionais mais novos”. Mesmo

quando o currículo é bom e a atualização é constante, pode não ser tão

simples conseguir recolocação profissional. Para Ferdinando Credidio,

executivo da área financeira, algumas empresas preferem profissionais mais

novos. “Tenho 50 anos de idade. Estão surgindo oportunidades, mas quem

tem até 40 anos costuma receber um número maior de convites para

entrevistas”, diz. Há cinco meses em busca de uma vaga, ele conta que

encontrou algumas ofertas, mas nenhuma adequada a seus objetivos

profissionais. “A missão e estratégia da empresa precisam ser avaliados”,

afirma Credidio.

O salário também pode ser um problema. As pesquisas mostram que

áreas mais carentes de mão de obra, como engenharia, possuem os melhores

rendimentos. Segundo levantamento da Catho Online, das dez profissões que

tiveram maior aumento salarial no último ano, sete são ligadas à engenharia,

com alta de até 38%. Mas o dia a dia de quem procura novo emprego pode ser

um pouco diferente. “Já cheguei a receber uma proposta para trabalhar na

mesma função e com as mesmas atribuições, mas ganhando metade do meu

antigo salário”, diz Jaime, químico industrial. “Assim fica difícil”, diz no artigo.

28

A falta de mobilidade entre diferentes segmentos também constitui um

empecilho para a contratação de mão de obra. “Ainda existe preconceito em

empresas com relação a contratar funcionários tecnicamente habilitados, mas

que têm a maior parte de sua experiência em outras áreas”, afirma Gutemberg

Macedo, consultor de recolocação.

Para Hartmann, no mesmo artigo, mesmo com as dificuldades o

mercado continua aquecido. “As empresas continuam crescendo e seguem

buscando profissionais. Fazem investimentos para selecionar, treinar e reter

talentos.”, diz. “Isso só reforça a ideia de que as empresas querem

profissionais qualificados e há vagas. Agora é a hora de correr atrás”,

completa.

Este cenário exige muito mais do setor de Recursos humanos, em gerir

um sistema de gestão de pessoas atrativa e diferenciada, a fim de obter maior

atração de talentos. Apesar de baixa de mão de obra, o processo seletivo deve

ser criterioso e somente contratar o profissional que apresentar as

competências técnicas e comportamentais devidamente requeridas pelo cargo

e isto muitas vezes dificulta mais ainda para o fechamento da vaga.

Sendo assim, o próximo capitulo abordará sobre algumas práticas de

organizações bem sucedidas dentro do processo de recrutamento e seleção,

como também apresentará algumas propostas tendo como base ferramentas

em gestão de pessoas divulgadas por grandes autores de recursos humanos.

29

CAPÍTULO III

Um novo modelo de Captação e Seleção de Talentos

Se por um lado a demanda por profissionais aquece o mercado de

seleção, em alguns casos, as empresas preferem dar conta desse processo

internamente. É o caso da GRSA, companhia de soluções em alimentação e

em serviços de suporte, que recentemente inaugurou um centro de R&S, na

capital paulista. Com cerca de 30 colaboradores da empresa, que atuam no

local nos processos de recrutamento e seleção, admissionais e demissionais, o

espaço atende cerca de 1 mil pessoas todo mês, das quais, em média, 800

são contratadas. Segundo a diretora de RH da GRSA, Leia Moreli, na revista

Melhor (2011), a companhia emprega em São Paulo e Grande São Paulo

cerca de 10 mil pessoas em 400 unidades. “O propósito do centro é utilizar, de

forma estruturada, as ferramentas dos processos de captação, seleção,

admissão e integração em um único local”. A centralização dos processos

aperfeiçoa o tempo e os recursos e oferece aos candidatos rapidez no

processo seletivo.

Para Deise Grosso, gerente de treinamento e seleção da GRSA,

também na Revista Melhor (2011), ter um espaço dedicado aos processos

seletivos é vital para atrair as pessoas certas para os lugares certos. “O Brasil

está vivendo um momento muito importante, o mercado está aquecido e temos

vagas para diversos cargos operacionais e de liderança”. “Contratamos quase

36 pessoas por dia, só em São Paulo”. "Portanto, o centro proporciona mais

eficiência aos processos, além de contarmos também com um espaço

adequado para a preparação destas pessoas",

30

Um dos modos mais seguros de atrair e manter os melhores talentos

são oferecer aos trabalhadores amplos caminhos para a evolução de suas

carreiras. Bob Prosen, em seu livro “Kiss Theory Good Bye”, sublinha a

importância de conversar com os candidatos não somente sobre o emprego

que eles postulam, mas também aonde eles podem levar. Discutir

oportunidades de carreira com os candidatos mostra a eles que existe futuro

na sua organização.

Oferecer um pacote de benefícios atrativos é um excelente caminho

para as organizações no processo de atração de talentos. Tornar a empresa

conhecida e diferenciada, alavanca a empresa nomeio de uma competitividade

e obtém excelente resultados no que se trata ao recrutamento e seleção de

pessoas. Segundo o SEBRAE, na publicação postada em 16/02/2011 em seu

portal, como não existem profissionais qualificados no mercado, as empresas

estão se voltando para o mercado interno, o ambiente empresarial, “pescar no

aquário” como dizem alguns. Essa estratégia é possível para aquelas

empresas que cultivaram os seus “peixes”.

Tanto para o mercado interno como os externos ainda valem as

ferramentas já conhecidas. O que muda é a etapa do treinamento,

desenvolvimento e acompanhamento onde o envolvimento do gestor direto,

como líder coach, é fundamental. O objetivo é acompanhar e efetuar

reciclagem constante a fim de manter o profissional um passo a frente das

necessidades. Trabalha-se no presente visando o futuro e não apenas

corrigindo o passado.

31

3.1 – Atração e Retenção de Talentos

Diante da importância que o capital humano vem ganhando no cenário

empresarial, as corporações têm buscado formas de atrair pessoas com alto

potencial profissional para integrarem suas equipes de atuação. Essa atração

acaba por ser bastante focada em jovens talentos, pois dessa forma, a

empresa pode treiná-los e capacitá-los de acordo com a missão, visão e

valores da organização.

Nessa busca por jovens talentos, os programas de trainees, estágio e

outras ferramentas internas têm se destacado na identificação e atração de

jovens com grande potencial profissional, além de trazer excelentes resultados

às empresas.

3.1.1- Programas de Trainees

Os programas de trainees são uma forma utilizada pelas empresas para

atrair e identificar jovens talentos. Os processos de seleção de trainees são

comumente extensos e rigorosos, avaliando diversos itens, como

relacionamento interpessoal, poder de persuasão, conhecimentos gerais e

técnicos, iniciativa, liderança, entre outros atributos.

Os candidatos escolhidos são contratados pelas empresas em regime

de CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, porém diferem dos demais

32

colaboradores por receberem treinamento intensivo, a fim de desenvolverem o

potencial identificado no candidato durante o processo seletivo, para que e

num curto espaço de tempo, esses talentos ocupem cargos estratégicos e de

decisão dentro da empresa.

No trecho a seguir, Chiavenato (2004, p. 378) faz uma abordagem dos

programas de trainees:

As organizações bem-sucedidas estão investindo

fortemente em programas de trainees, como um

mecanismo de enriquecimento planejado do capital

humano a longo prazo e um verdadeiro programa de

melhoria contínua da qualidade do pessoal estendido a

longo prazo. Uma espécie de investimento no sucesso

futuro da empresa. Os participantes do programa

desenvolvem um estágio programado; recebem

treinamento planejado e contínuo, ministrado por

profissionais de alto nível da empresa; participam

ativamente de certas atividades previamente

estabelecidas, enquanto são continuamente monitorados

e avaliados quanto ao seu desempenho.

Chiavenato (2004, p. 378) define programas de trainees da seguinte

forma: “Os programas de trainees representam uma espécie de curto-circuito

dos antigos programas de encarreiramento profissional, uma vez que os

33

treinados são posicionados, após sua formação e desenvolvimento, em

determinados pontos já avançados ao longo da empresa. Geralmente, os

programas de trainees estão voltados para universitários recém-formados, ou

no último ou penúltimo ano de sua formação escolar. Algumas empresas

fazem convênios com escolas de alto nível para acompanhamento da

formação escolar dos seus melhores alunos para depois integrá-los em seus

quadros de funcionários”.

Os programas de trainees estabelecem uma relação de

crescimento e ganho mútuo entre empresa e trainee, onde ambos são

beneficiados. De um lado o jovem colaborador é contemplado, por ter acesso a

uma formação de alta qualidade, baseada em treinamentos e capacitações

intensivas e constantes. Do outro lado, a empresa também ganha, por ter um

profissional de alto nível integrando a sua equipe. Entretanto, há de se

destacar a importância de que o trainee se identifique com o perfil da

instituição, a fim de que ele possa colocar seu potencial em prática, focado nos

mesmos objetivos e valores da organização, evitando assim possíveis

frustrações, tanto para a empresa quanto para o colaborador, pois em muitos

casos, o trainee não consegue sucesso no local de trabalho por ter um perfil de

atuação profissional que se distingue muito da área de atuação da empresa.

3.1.2- Programas de Estágios

Os programas de estágio caracterizam mais uma oportunidade que

as empresas têm de identificar e atrair talentos para dentro da organização.

34

Sua importância e benefícios são bilaterais, trazendo vantagens tanto para

estagiário quanto para a unidade concedente.

A experiência em estágio é importante para os estudantes que estão

iniciando sua carreira, principalmente em se tratando de jovens talentos, já que

esses promissores profissionais têm, no estágio, uma grande oportunidade de

mostrarem sua capacidade de aprender e desenvolver atividades com muita

competência e qualidade. O conceito de estágio está baseado na formação do

profissional, daquela pessoa que está ingressando no mercado de trabalho, e

que quer colocar em prática o seu potencial.

Entretanto, ainda hoje, nos deparamos com situações em que a

atividade do estagiário é desempenhada de forma deturpada, deixando de lado

o princípio de formação profissional, para se enquadrar em um cenário de

substituição de mão-de-obra. Não é difícil se deparar com situações em que os

estagiários são contratados para desempenharem atividades que deveriam ser

exercidas por colaboradores que atuem em regime de CLT – Consolidação das

Leis do Trabalho.

Porém, para reduzir custos, muitas empresas deixam de empregar

pessoas com registro em Carteira de Trabalho, para contratarem estagiários,

que acabam por ser uma mão-de-obra mais barata, já que os estagiários

implicam em menos encargos trabalhistas para as empresas, além de

ganharem bolsa-auxílio com valor abaixo do que é pago para um colaborador

com carteira assinada. Como se não bastasse serem muitas vezes tratados

como substituição de mão-de-obra, existe um conceito extremamente infeliz,

de que estagiários não desempenham as suas atividades com qualidade.

É claro que existem diferentes perfis de estagiários, desde aqueles

menos até os mais qualificados. Estes últimos acabam, por muitas vezes,

35

desempenhando um trabalho de forma muito melhor de que um colaborador

efetivo. Mesmo diante dessas dificuldades, o estágio ainda é uma ótima forma

de ingressar no mercado de trabalho, e de surpreender, através da qualidade e

compromisso na realização das atividades designadas.

Abaixo, Santos (s.d., s.p.) discorre sobre a importância do estágio na

carreira de um profissional:

De aprendiz a proficiente. É do início desta transformação

que se trata o estágio: uma etapa no processo de

aprendizagem, da verdadeira formação profissional na vida

real. Talvez até um ritual de passagem de jovens estudantes

a profissionais. Estes estudantes que deixam o ambiente

protegido das salas de aula para enfrentar a barra pesada da

vida profissional. Saem jovens carregados de conhecimento e

de ideais, ávidos por testá-los na prática, e encontram um

crivo mais temido do que o próprio vestibular – o temido

mercado de trabalho.

Além dos benefícios para o profissional em formação, o estágio traz vantagens

também para e empresa, que consegue atrair e identificar jovens talentos para

fazerem parte de suas equipes de atuação. É crescente o número de

empresas que tem investido em programas de estágio, que quando

desenvolvidos de forma séria e compromissada, tendem a gerar ótimos

resultados.

36

Esses benefícios são abordados por Nascimento (s.d., s.p.):

Cada vez mais se observa que as empresas estão investindo

na formação de seus profissionais estratégicos. Uma das

formas de expressão desse investimento, e que tem

contribuído para o desenvolvimento de equipes envolvidas e

produtivas, são os programas de estágio. Organizações que

elaboram programas de estágio têm como um de seus

objetivos a formação de profissionais mais capacitados e

identificados com seu estilo e seus valores. Os programas

não só ajudam a capacitar estudantes para a atuação, mas

também contribuem para o desenvolvimento da organização

que pensa o seu futuro e a sua permanência no mercado.

Mas as vantagens não são apenas para as empresas. Há

também muitas vantagens para os estagiários. A atividade de

estágio ajuda a construir competências fundamentais para o

futuro profissional dos estudantes. Programas bem

estruturado permitem trocas de experiência entre os

estagiários e o contato deles com vários setores da

organização, enriquecendo sua formação. Além disso,

promovem a ampliação de conhecimentos teóricos e reflexão

sobre sua relação com a prática.

Dessa forma, pode-se observar a importância dos programas de estágio na

carreira de um profissional, e também na gestão das organizações.

37

3.1.3- Treinamento e Desenvolvimento de Talentos

Tão importante quanto identificar talentos, é investir no seu

treinamento e desenvolvimento. De acordo com Dessler (2003, p. 140) o

treinamento pode ser definido como “o conjunto de métodos usados para

transmitir aos funcionários novos e antigos as habilidades necessárias para o

desempenho do trabalho”. Os métodos de treinamento também têm

acompanhado o desenvolvimento das técnicas de gestão de pessoas. Os

treinamentos têm deixado de serem apenas teóricos e técnicos, para

assumirem uma metodologia que proporcione maior aplicabilidade dos

conceitos que foram abordados durante o processo de capacitação.

Essa nova visão das formas de treinamento é abordada por Dessler

(2003, p. 140) no trecho a seguir:

As áreas de enfoque do treinamento têm se expandido nos

últimos anos. O treinamento costumava concentrar-se no

ensino de habilidades técnicas, como o treinamento de

montadores na soldagem de fios e o treinamento de

professores na preparação de aulas. Hoje em dia,

treinamento também pode significar educação complementar,

porque os programas de melhoria de qualidade partem do

38

pressuposto de que os funcionários sabem produzir tabelas e

gráficos e analisar dados. Os funcionários de hoje podem

também necessitar de treinamento em formação de equipes,

tomada de decisões e capacidade de comunicação.

É necessário salientar a importância do treinamento, não somente para

os jovens talentos das empresas, mas para os colaboradores da organização

como um todo, sempre se levando em consideração as necessidades reais de

cada colaborador, buscando qualificar cada integrante da equipe, de modo a

aprimorar os pontos que devem ser desenvolvidos, e fortalecer ainda mais os

pontos fortes de cada profissional.

Ainda tratando sobre treinamento, Dessler (2003, p. 151) destaca

também que “o treinamento no trabalho não serve apenas para não gerentes:

é um método popular de desenvolvimento gerencial também”, ou seja, de fato,

é interessante que o treinamento e a capacitação dos colaboradores atinjam

desde a base até o topo da escala hierárquica.

Dentro da organização, além do treinamento do capital humano, é

necessário que as empresas invistam também no desenvolvimento dos seus

colaboradores, abordando os vários aspectos profissionais. Treinamento e

desenvolvimento parecem, e realmente são muito semelhantes. Entretanto, há

uma sutil distinção entre um e outro, já que desenvolvimento é uma espécie de

derivação de treinamento.

39

O desenvolvimento do capital humano é uma capacitação mais ampla

e aprofundada dos colaboradores, e que tende a gerar resultados ainda mais

satisfatórios do que os obtidos através dos simples treinamento. A importância

e a amplitude de atuação contida nos processos de desenvolvimento de

recursos humanos são abordadas a seguir por Dessler (2003, p. 150-151):

A globalização e o aumento da competitividade enfatizam a

importância de programas de desenvolvimento de liderança

organizacionalmente relevantes e efetivos. Há, por exemplo,

maior ênfase no esclarecimento dos objetivos de negócio e

dos resultados esperados do programa; ligação mais clara

entre o programa e a missão da empresa; envolvimento dos

gestores de alto escalão; especificação de competências e

conhecimentos concretos em lugar de simples atitudes; e

complementação dos métodos tradicionais de

desenvolvimento (como palestrar, grupos de estudo de caso e

simulações) com métodos mais realistas, como os projetos de

aprendizagem de ação.

Logo, pode-se observar a importância de se qualificar as pessoas que

fazem parte da organização, visando preparar a empresa para enfrentar a

nova realidade do mercado global, bem como as tendências futuras, de ênfase

cada vez maior no capital humano e no diferencial das pessoas dentro da

organização.

40

No trecho a seguir, Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 219-220)

fazem uma explanação sobre o treinamento do capital humano da

organização, e mostram se essa qualificação deve ser considerada como custo

ou investimento para a empresa:

Até a década passada, o treinamento era visto pelos

administradores como um centro de custos entre as muitas

rubricas que sinalizavam o apoio à realização das atividades-

fim da organização. Porém, com o advento da qualidade total

e a busca incessante da excelência, os gastos com

treinamento deixaram de equiparar-se aos de material de

consumo, por exemplo, passando a figurar entre as rubricas

de investimento.

Dessa forma, vale ressaltar que treinamento e desenvolvimento

humano, não devem ser encarados pela empresa como gastos, mas sim como

investimento no capital humano, o qual trará retorno para a própria instituição.

3.1.4- Retenção de Talentos

Após atrair e desenvolver talentos, a organização deve preocupar-se

também em retê-los, evitando o aumento da rotatividade dentro da empresa, já

que quando a instituição perde um talento para o mercado, perde também

capital humano, além de todo o tempo e os recursos que foram investidos

nesse colaborador, o qual leva consigo também a experiência profissional

adquirida durante o seu período de atuação dentro da organização. Nessa

abordagem, Mayo (2003, p. 101) diz:

41

É claro que as pessoas continuarão a deixar seus empregos.

Em mercados que são competitivos por qualificações

escassas, pessoas e grupos serão cortejados e seduzidos.

Em uma empresa comercial, perder um ativo vital para um

competidor é um prejuízo duplo – não somente não teremos o

benefício, como ainda poderia trabalhar ativamente contra

nós. Alguns dizem que, quanto mais concorrentes estiverem

tentados a contratar o seu pessoal, maior será o conceito

externo sobre o valor do capital humano da empresa. O que,

se por um lado pode ser verdade, por outro poderia estar

sinalizando fatores negativos, como, por exemplo, sua

inabilidade de oferecer oportunidades atraentes. Algumas

empresas são notoriamente mais capazes de manter seu

pessoal do que outras, mesmo em setores que empregam

habilidades altamente vendáveis no mercado de trabalho. O

dinheiro, por si só, pode não ser motivo suficiente para que as

pessoas se mudem. Lealdade, relacionamentos, um tipo

especial de trabalho ou o fato de se sentir confortável como a

cultura da organização pode ser suficiente para manter o

funcionário. Entretanto, quanto mais as pessoas se mudam

de um trabalho para outro, mais se acostumam a essas

mudanças. A primeira mudança é sempre a mais difícil.

Diante dessa realidade, este item abordará algumas medidas que

visam minimizar a perda de capital intelectual. De acordo com Chiavenato

(2003, p. 19) “a organização viável, do ponto de vista de recursos humanos, é

42

aquela que não apenas capta e aplica seus recursos humanos

adequadamente, mas também os mantém na organização.” Logo, é realmente

necessário que a empresa invista também na retenção de talentos. O

comprometimento com a organização e a identificação com a filosofia de

trabalho da empresa, também são fatores que contribuem para a permanência

das pessoas na instituição, como diz Davenport (2001, p. 210), no trecho a

seguir:

Um acordo equilibrado que pondere os interesses de ambos,

indivíduo e organização, é o cerne de qualquer estratégia

bem-sucedida de retenção de pessoal. O equilíbrio reforça

não só o envolvimento no trabalho, como também esta outra

contribuição (diversa, mas relacionada) que é o

comprometimento com a empresa. É necessário

comprometimento e envolvimento para unir as pessoas à

empresa e manter o interesse delas em investir no seu capital

humano sem restrições.

Nessa busca pela permanência dos profissionais na instituição, temos

alguns aspectos, como compensação (administração de salários), planos de

benefícios sociais, higiene e segurança do trabalho e, finalmente, relações

sindicais, que são fundamentais para o êxito da política de manutenção de

talentos.

3.1.5- Compensação (Administração de Salários)

43

Investir nas políticas de remuneração é algo que inevitavelmente

influência a permanência ou a saída dos colaboradores, pois vivemos em uma

sociedade plenamente capitalista, onde o dinheiro é essencial para a

manutenção da vida cotidiana.

A política de salários é destacada por Chiavenato (2003, p. 34) no

trecho a seguir:

Um dos aspectos mais importantes da filosofia de uma

organização é o que se relaciona com a política de salários. O

nível de salários é o elemento essencial na posição

competitiva da organização no mercado de trabalho, como

nas relações da organização com seus próprios empregados.

Entretanto, não existe uma forma ideal de gerir a remuneração dos

colaboradores dentro de uma empresa. Cada caso é individual, cada empresa

tem uma área de atuação e um perfil de profissionais. Diante disso, é

necessário que a política de remuneração da instituição esteja alinhada com as

necessidades e pretensões dos colaboradores, a fim de que ambos

estabeleçam uma relação profissional duradoura. Lorsch e Tierney (2003, p.

131) abordam esse aspecto no trecho a seguir:

Questões ligadas à remuneração não têm respostas certas

(ou erradas). Uma política perfeita para uma empresa pode

44

ser um desastre para outra. O teste da verdade é o

alinhamento, isto é, se os incentivos previstos no sistema de

remuneração geram os resultados de desempenho que a

empresa deseja recompensar.

Dentro das políticas de remuneração, temos na compensação, uma

forma de retribuir os esforços dos colaboradores. O conceito de compensação

é abordado abaixo por Chiavenato (2003, p. 35):

Assim, damos o nome de compensação ao sistema de

incentivos e recompensas que a organização estabelece para

remunerar e recompensar as pessoas que nela trabalham.

Dessa maneira, a compensação envolve a remuneração sob

todas as suas formas possíveis.

Além do conceito de compensação, Chiavenato (2003, p. 35-36)

destaca também sua importância para os colaboradores:

A compensação é provavelmente a maior razão pela qual as

pessoas buscam um emprego. Ela é importante do ponto de

vista de cada pessoa, como uma necessidade vital.

Pagamento é o meio pelo qual uma pessoa proporciona

satisfação de suas necessidades e de sua família. Para

muitas pessoas com atitude instrumental quanto ao trabalho,

45

ela é a maior razão para trabalhar. Entretanto, o trabalho

pode ser mais do que um elemento que proporcione

satisfação para as necessidades fisiológicas das pessoas.

A compensação define o nível de importância de uma pessoa para sua

organização. A compensação é uma das ferramentas mais poderosas na

busca pela retenção de talentos, já que aborda o aspecto financeiro, o qual é

um forte atrativo para os colaboradores. Entretanto, a permanência dos

funcionários na organização não se restringe apenas à remuneração salarial,

mas vai, além disso, abrangendo também bens intangíveis, como condições de

trabalho, perspectiva profissional, relacionamento interpessoal com a equipe

de atuação, entre outros.

3.1.6- Planos de Benefícios Sociais

Além da remuneração salarial, é importante também que as empresas

tenham uma visão ampla, a qual aborde inclusive as políticas de benefícios, a

fim de que estes benefícios complementem a remuneração do colaborador e

caracterize mais um fator de retenção de talentos. Essa tendência de

concessão de benefícios sociais para os colaboradores e os cuidados que se

devem ter com essa política são assuntos abordados a seguir por Gil (2006, p.

193-194):

46

Tem sido comum em muitas empresas a concessão de

benefícios em lugar de aumentos, como forma de evitar a

tributação. Não há dúvida de que constitui medida bastante

adequada para a saúde financeira da empresa. Todavia,

quando essa política de benefícios não é bem orientada,

pode provocar no empregado a sensação de que não está

recebendo um benefício, mas algo dado em troca de um

aumento de salário.

A seguir, Chiavenato (2003, p. 99) também discorre sobre a

importância dos planos de benefícios sociais para a organização e para os

colaboradores:

O salário pago em relação ao cargo ocupado constitui

somente uma parcela do pacote de compensações que as

organizações costumam oferecer a seus empregados. A

remuneração geralmente é feita de muitas outras formas,

além do pagamento de salário: considerável parte da

remuneração total é constituída de benefícios sociais e de

serviços sociais. Esses serviços e benefícios sociais

constituem custos de manter pessoal que pesam sobre as

organizações. Aliás, um dos custos de maior relevância e

importância para as organizações é representado pela

remuneração – direta ou indireta – de seus empregados, em

todos os níveis hierárquicos. A remuneração direta – isto é, o

salário -, dentro dessa abordagem, é proporcional ao cargo

47

ocupado, enquanto a remuneração indireta – isto é os

serviços e benefícios sociais – é geralmente comum para

todos os empregados, independentemente do cargo ocupado.

Investir em planos de benefícios sociais é mais um fator de extrema

importância na busca da retenção de talentos.

3.1.7- Segurança no Trabalho

A segurança do trabalho está ligada à higiene do trabalho, e também é

de grande importância no que tange à retenção de talentos. Ligada à

segurança na realização das atividades por parte dos colaboradores, ela visa

diminuir a ocorrência de acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais

decorrentes do exercício das atividades profissionais, como descrito por

Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001, p. 229) no trecho a seguir:

Criar e manter um ambiente de trabalho seguro e saudável é

fundamental para as empresas que zelam pela sua imagem e

preocupam-se com os crescentes custos decorrentes dos

acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Não resta

dúvida de que o investimento aplicado à área do ambiente de

trabalho resulta em maior produtividade e melhor qualidade

de vida para os empregados.

48

A importância da segurança no trabalho também é ressaltando por

Chiavenato (2003, p. 127) no trecho que se segue:

Segurança e Higiene do Trabalho são atividades interligadas

que repercutem diretamente sobre a continuidade da

produção e sobre o moral dos empregados. Segurança do

Trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais,

médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes,

quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer

instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de

práticas preventivas.

Higiene e segurança do trabalho juntas contribuem de forma muito

importante para a retenção de talentos, já que visam o bem-estar e a

segurança do colaborador no seu ambiente de trabalho, valorizando a vida e

dando enfoque nas pessoas.

49

3.1.8 – Relações Trabalhistas

As relações trabalhistas também caracterizam um importante meio de

reter o talento humano nas organizações, principalmente nos inovadores

modelos de gestão de pessoas e nas novas relações existentes entre

empregador e empregado.

Sobre isso, Lessi (2009, s.p.) diz que:

As novas relações entre empresas e empregados pedem

modelos de gestão mais democráticos, incentivando a

utilização do trabalho em equipe, negociação sobre a

duração da jornada de trabalho, novas formas de

remuneração, horário maleável, entre outros.

Relações trabalhistas pacíficas e amistosas entre colaboradores,

empresas, sindicatos e órgãos mediadores, tendem a gerar benefícios para

todos os envolvidos, uma vez que relações pacíficas aperfeiçoam as tomadas

de decisão, evitando processos judiciais, que na grande maioria das vezes são

lentos, além de estabelecer uma relação de integração e ganho mútuo para as

partes participantes. Diante disso, pode-se observar a importância de valorizar

esse tema na busca pela retenção de talentos.

50

A importância das relações trabalhistas é assunto abordado por

Chiavenato (2003, p. 150) a seguir:

O subsistema de manutenção dos recursos humanos de

uma organização envolve também e principalmente o

relacionamento da própria organização com as entidades

representativas de seus empregados, isto é, com os

sindicatos. Assim, essas relações são chamadas relações

trabalhistas por envolver questões geralmente ligadas ao

trabalho do pessoal e que são negociadas e acordadas

como os sindicatos. Em outras palavras, as relações

trabalhistas baseiam-se em políticas da organização em

relação aos sindicatos, toados como representantes dos

anseios, aspirações e necessidades – pelo menos

teoricamente – dos próprios empregados. As relações

trabalhistas constituem, no fundo, uma política de

relacionamento da organização com seus próprios membros

ou, em outros termos, uma especialidade política, pois o

conflito entre Capital e Trabalho em uma sociedade em

transição só pode ser resolvido mediante uma inteligente

negociação política.

Com a valorização da compensação, dos planos de benefícios sociais,

da higiene e segurança do trabalho, e também das relações trabalhistas, as

empresas tender a reter uma maior parcela de talentos do que se não tivessem

essas políticas de manutenção do capital humano, já que dessa forma, a

51

instituição passa a valorizar seus colaboradores, demonstrando que as

pessoas são fundamentais no desempenho pleno e satisfatório das atividades

da empresa, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da

organização.

52

CONCLUSÃO

O subsistema de Recursos Humanos, Recrutamento e Seleção deverá

passar por alguns anos ainda tendo como variável a falta de mão de obra

qualificada. Pode se concluir isso, através dos indicadores que apontam forte

crescimento na economia brasileira nos próximos anos, causando assim um

desequilíbrio entre a oferta de emprego e a mão de obra qualificada. Com isso,

caberá ao setor de captação de talentos, adotar uma postura agressiva e

competitiva, a fim de atrair e reter talentos.

Diante da análise da atração, desenvolvimento e retenção de talentos

dentro das organizações, o presente trabalho analisou as novas tendências da

gestão de pessoas no ambiente empresarial, bem como o novo papel

desempenhado pelos colaboradores dentro das organizações, já que as

pessoas têm adquirido maior importância no crescimento e desenvolvimento

das empresas e são fundamentais para o seu funcionamento.

Para que tenham grandes profissionais em seus quadros de

colaboradores, as empresas procuram formas de atrair talentos para a

organização. Nessa busca por grandes profissionais, os programas de trainee

e estágio se destacam, por serem bastante eficazes na identificação e atração

de jovens talentos, que uma vez dentro da organização, tem grande

possibilidade de desenvolverem grandes carreiras dentro da empresa.

53

Além de identificarem, atraírem, treinarem e desenvolverem talentos, as

empresas precisam buscar formas de não deixarem que esses grandes

profissionais sejam levados pelo mercado de trabalho, ou seja, minimizar a

saída desses colaboradores da empresa, tendo em vista que essas pessoas

têm um grande potencial, e foram investidos muitos recursos no seu processo

de capacitação.

Também é importante que a organização preze pela higiene e

segurança do trabalho, garantindo condições seguras de trabalho e um

ambiente profissional agradável, que vise o bem-estar do colaborador. Depois

disso, existe também o fator das relações trabalhistas, que é um ponto a ser

valorizado pela organização, já que os colaboradores esperam uma relação

trabalhista amistosa com o empregador, e os sindicatos e órgãos reguladores

buscam também essa relação amigável, de ganho mútuo para empregador e

empregado.

Com este cenário, caberá às organizações se flexibilizarem com novos

modelos de gestão de pessoas, adotando políticas inovadoras e pacotes de

remuneração e benefícios mais atrativos, oferecendo aos colaboradores mais

qualidade de vida, para uma atração de talentos num mercado competitivo e a

retenção dos mesmos na organização.

54

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empresários. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informese/

Informativo/a-flexibilizacao-das-relacoes-trabalhistas-na-percepcao-

dosempresarios/19854/> Acesso em: 22 de Julho de 2011.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I 12

CONTEXTUALIZAÇÃO DO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CENÁRIO

DAS ORGANIZAÇÕES 12

1.1 – A evolução do processo de Recrutamento e Seleção de pessoas 13

1.2 – Um novo cenário, uma nova realidade. 17

CAPÍTULO II 19

A PROCURA POR TALENTOS COM COMPETITIVIDADE E ECONOMIA

AQUECIDA 19

2.1 – Recrutamento no Brasil em destaque no mundo. 20

2.2 – Previsões de contratações e características dos processos seletivos para

2011. 20

2.3 – Eficiência e Agilidade nos Processos Seletivos 21

2.4 – Quantidades de oferta de emprego versus profissionais qualificados 22

2.4.1 – Os desafios das organizações em recrutar e selecionar pessoas 23

2.4.2 – Falta de Investimento 25

2.4.3 – Boa formação não basta 26

2.4.4 – Idade e salário também pesam 27

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CAPÍTULO III 29

UM NOVO MODELO DE CAPTAÇÃO E SELEÇÃO DE TALENTOS 29

3.1 – Atração e Retenção de Talentos 31

3.1.1- Programas de Trainees 31

3.1.2- Programas de Estágios 33

3.1.3- Treinamento e Desenvolvimento de Talentos 37

3.1.4- Retenção de Talentos 40

3.1.5- Compensação (Administração de Salários) 42

3.1.6- Planos de Benefícios Sociais 45

3.1.7- Segurança no Trabalho 47

3.1.8 – Relações Trabalhistas 49

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54

ÍNDICE 57