universidade cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo … · presença da supervisão no contexto...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MÉTODOS DE SUPERVISÃO NA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO
E SUPERVISÃO ESCOLAR
Por: Alessandra Balbino Barbosa
ORIENTADOR:
Mary Sue
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MÉTODOS DE SUPERVISÃO NA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO
E SUPERVISÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
e Supervisão Escolar.
Por: Alessandra Balbino Barbosa
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AGRADECIMENTOS
A todos que me ajudaram e torceram
para a concretização deste trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que
lutam por uma Educação de Qualidade
ainda melhor!
“Que a educação seja para cada
pessoa um começar a viver. Vivendo
numa doação de si próprio aos
grandes ideais da humanidade, todos
contribuirão para o surgir de uma
sociedade mais humana.”
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RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido visando contribuir com estudantes de
Pedagogia para verificar quais as funções do pedagogo supervisor dentro da
instituição escolar, e também a importância do pedagogo e as principais áreas
de atuação do pedagogo como supervisor na escola tendo como enfoque
principal a abrangência e objeto da função supervisora dentro da escola. Por
meio de pesquisas bibliográficas de diferentes estudiosos, entre eles: Alarcão,
Ferreira, Gramsci, Silva, Vasconcelos, percebeu-se crescente preocupação em
torno das atividades que o pedagogo supervisor realiza ou deve realizar dentro
da escola; pois esse profissional é um elemento importante partindo do ponto
que ele participa do Projeto Político Pedagógico da escola da sua elaboração
com os componentes estruturais, conceituais, os fundamentos e finalidades; e
da utilização do que é, e do que se pretende que seja o trabalho educativo. O
supervisor é responsável em atuar com o grupo de educadores coordenando e
promovendo reflexão no sentido da construção de uma competência docente
coletiva. A supervisão tem um papel político, pedagógico e de liderança no
espaço escolar e é necessário ressaltar sem desconsiderar o restante da
equipe, que o supervisor escolar deve ser inovador, ousado, criativo e,
sobretudo um profissional de educação comprometido com seu grupo de
trabalho.
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METODOLOGIA
O trabalho monográfico a seguir falará sobre Métodos de Supervisão na
Gestão da Administração e Supervisão Escolar e tomaremos como exemplo
de pesquisa uma instituição de educação privada. Iremos estar em todo
momento dialogando com autores que irão nortear este conteúdo como
Gadotti, Gramsci, Paulo Freire entre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................08
CAPÍTULO I - QUE MECANISMOS E FERRAMENTAS O SUPERVISOR ESCOLAR PODERÁ UTILIZAR PARA EFETIVAR SUA PRÁTICA E QUAIS SABERES SERÃO NECESSÁRIOS PARA TAL? .........................................................................................................................12
CAPÍTULO II – ALGUMAS DIFICULDADES DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.............................................................................................................18 CAPÍTULO III - ABRANGÊNCIA E OBJETO DA FUNÇÃO SUPERVISORA................................................................................................28
CONCLUSÃO ..................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA................................................................................................39
ÍNDICE..............................................................................................................41
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INTRODUÇÃO
Escrever sobre Supervisão Escolar é escrever sobre Educação. Pode-se
mesmo partir do princípio de que muita coisa já mencionada terá de ser
repetida. Certamente as idéias introdutórias não constituem novidade.
Bibliografia abundante e especializada existe ao alcance de todos os
estudiosos e práticos da Educação, mas, mesmo incorrendo em repetições,
estas colocações iniciais são básicas à continuidade das idéias que se
pretende expor sobre Supervisão Escolar.
Iniciaremos o estudo sobre a história, o perfil e a atuação de um
profissional da Educação bastante conhecido: o supervisor educacional –
chamado também de supervisor escolar –,tendo como base o pedagogo de
grande importância na história educacional de nosso País, Paulo Freire que
teve várias nuances diferentes e muitas vezes foi cercada de polêmicas.
Antes de se visitar o amanhã – com suas propostas e possibilidades de
atuação – é preciso olhar para o passado, para a história desse profissional.
Não se pode falar do supervisor educacional sem retroceder no tempo e
observar os processos de surgimento da supervisão educacional e de
formação do pedagogo no Brasil. Vamos mostrar o nascimento desse
profissional e as mudanças pelas quais ele passou ao longo da história.
Na Antiguidade, a ação supervisora era percebida como a vigilância,
praticada por nobre e sacerdotes, em relação à vida escolar. Na Grécia Antiga,
a ação supervisora consistia no acompanhamento, realizado por especialistas,
do funcionamento dos espaços escolares; já em Roma, havia os censores que,
além de possuírem atribuições relativas ao recenseamento, fiscalizavam os
espaços escolares.
Na Idade Moderna, surgiu o inspetor de ensino, que avaliava as tarefas
pedagógicas do professor. O inspetor técnico apareceu com a Revolução
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Francesa, e tinha como função promover o progresso educacional e vigiar a
atividade do professor, visando a melhorar o desempenho do docente.
Então, pode-se perceber que a idéia de controle sempre estava
presente nas ações de supervisão. Etimologicamente, a palavra supervisão é
composta pelo prefixo super (“sobre”) e pelo substantivo visão (“ação de ver”);
assim o significado da palavra é “olhar de cima”, no sentido de controlar a ação
do outro.
O curso de Pedagogia surgiu em nosso País como consequência da
preocupação com a formação de professores para a escola secundária; seu
aparecimento foi concomitante ao das licenciaturas, ao ser criada a Faculdade
Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei 1.190, de
1930. Essa faculdade formava bacharéis e licenciados em várias áreas –
inclusive a pedagógica –, utilizando a fórmula conhecida como “3 + 1”: às
disciplinas de conteúdo, com duração de três anos, eram acrescidas as
disciplinas pedagógicas, com duração prevista de um ano. Assim, formava-se
o bacharel nos três primeiros anos do curso; após a conclusão do módulo
didático ou pedagógico, o estudante recebia o diploma de licenciado no grupo
de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.
E o pedagogo? Como bacharel, ele podia ocupar o cargo de técnico de
educação do Ministério da Educação, como licenciado, o campo de trabalho
era o curso normal, que não era exclusivo dos pedagogos, pois, pela Lei
Orgânica do Ensino Normal, para se lecionar nesse curso bastava possuir,
diploma do Ensino Superior.
O modelo de curso de que se falou acima durou até 1969; então, deixou
de existir a distinção entre bacharelado e licenciatura, e foram criadas as
“habilitações”, cumprindo o que determinava a Lei 5.540/68. Essa reforma do
Ensino Superior, ao instituir a habilitação de supervisor escolar, consolidou a
presença da supervisão no contexto educacional brasileiro.
Em 1969, o Parecer CFE 252 indicava como finalidade do curso
preparar profissionais da Educação, assegurando a possibilidade de obtenção
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do título de especialista por meio da complementação dos estudos. No mesmo
ano, a Resolução CFE 2 determinava que “a formação de professores para o
ensino normal e de especialistas para as atividades de orientação,
administração, supervisão e inspeção” fosse feita “no curso de graduação em
Pedagogia, de que resultava o grau de licenciado”. (BRASIL, 2007).
Na década de 1970, surgiram as Associações de Supervisão
Educacional no Brasil, e o supervisor passou a ter diversas denominações:
supervisor escolar, supervisor pedagógico, supervisor de ensino, supervisor de
educação e supervisor educacional. Nogueira (1989) afirma que os
supervisores educacionais, por meio de suas associações e somando acertos
e erros, estão caminhando na busca de se fazerem sujeitos do processo
histórico.
Em 1971, a formação dos supervisores – por meio da habilitação
específica em Supervisão Escolar – passou a ser oferecida pelas faculdades
de Educação. Assim, percebe-se que os dispositivos legais, bem como as
diretrizes emanadas dos organismos supervisores da educação, influenciaram
decisivamente as características da função de supervisor e, que foi definida
como o exercício de um pedagogo, devidamente habilitado em Supervisão
Escolar.
No final da década de 1980, enquanto o contexto político, econômico e
social do Brasil mudava, ampliavam-se as condições de acesso à escola e
cresciam as demandas relacionadas à atuação do supervisor educacional.
Com o desenvolvimento social e econômico do País, e a consequente
ampliação do acesso ao sistema escolar, cresceram as exigências de
qualificação docente para atender às crianças e jovens que oriundos de
classes populares, ingressavam na escola.
Para autores como Gadotti (1998), o fato de o curso de Pedagogia ter
sido regulamentado no Brasil em 1969, no período da ditadura militar, levou à
formação de um educador passivo, apolítico, técnico e sem preocupações
sociopolíticas, com um agir desvinculado da realidade na qual se inseria.
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Dessa forma, os termos pedagogia e pedagógico passaram a ser
utilizados apenas para se referir aos aspectos metodológicos do ensino e
organizativos da escola. A ação do supervisor educacional era fortemente
criticada como reprodutora de status quo existente, e como promovedora da
separação entre teoria e prática. Gadotti (1998, p.74) afirma que não há uma
educação somente reprodutora do sistema, nem uma educação somente
transformadora do mesmo sistema: essas duas tendências coexistem no plano
educacional, em uma perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim, “ há
uma contradição interna na educação, própria da sua natureza, entre a
necessidade de transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa
conservadora da educação – e a necessidade de criação de uma nova cultura,
sua tarefa revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada é que uma das
duas tendências é sempre dominante.”
Dessa forma, afirma-se que é necessário repensar o papel dos
profissionais da educação eles não podem atuar de forma neutra em uma
sociedade conflituosa.
Por outro lado, é preciso reconhecer que, embora exista a divisão em
“habilitações” a ação do pedagogo, segundo Martelli (2006. p. 251-252). “As
ações de administrar, orientar e supervisionar no sentido literal das palavras,
surgiram com a vida em sociedade desde a época primitiva. Percebeu-se na
literatura pesquisada a relação de dependência e influência dos diferentes
períodos históricos e sociais, nas funções atribuídas aos profissionais da
educação. Assim, optou-se em analisar as funções do pedagogo (supervisão,
orientação, coordenação e administração) de forma separada, embora tendo
conhecimento de que não há como compreendê-las fora das suas relações de
influência e de interdependência”
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CAPÍTULO I
Que Mecanismos e Ferramentas o Supervisor Escolar poderá utilizar para Efetivar sua Prática e quais saberes serão necessários para tal?
“[...] ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem
com sua capacidade de sonhar, de inventar a sua
coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e
daquelas que em lugar de visitar de vez em quando
o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com
o hoje, com o aqui e com o agora. Ai daqueles que
em lugar desta viagem constante ao amanhã, se
atrelam a um passado de exploração e de rotina”.
Paulo Freire
Acredita-se que um supervisor cônscio de suas responsabilidades,
possibilidades e limitações, poderá desenvolver seu trabalho com qualidade. A
qualidade desse trabalho perpassa o comprometimento com a humanização
da administração escolar.
É necessário que o supervisor escolar tenha uma visão macro de
todo o processo ensino-aprendizagem, de tal forma que o possibilite perceber
que para se alcançar os objetivos de um trabalho, não podemos perder a
dimensão humanística que reveste qualquer atividade trabalhista, ou seja, que
trabalhamos com pessoas e para pessoas, e portanto, temos que saber lidar
com as diversas situações do cotidiano das relações sociais que ocorrem no
interior da escola e da comunidade adjacente, articulando e mediando
conflitos, gerando oportunidades de participação e acesso na comunidade
escolar, esta entendida como professores, zeladores, merendeiras,
funcionários da secretaria, a Direção, a comunidade do bairro, etc. Enfim, a
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prática da supervisão deve possibilitar ao outro o sentimento de inclusão no
processo; o sentimento de estar vivo e fazer parte da escola.
A função do pedagogo como supervisor escolar, depara-se com a
multiplicidade das tarefas pelas quais respondem habitualmente o supervisor,
em realidade, à razão maior de sua dificuldade em compartilhar com os demais
educadores grande tarefa da organização coletiva do trabalho nas unidades
escolares sob sua responsabilidade.
Seus problemas se iniciam muitas vezes com a não delimitação de
seu próprio local de trabalho, necessariamente móvel e variável conforme as
tarefas a desempenhar, e crescem com a ausência habitual da necessária
localização do trabalho de seus companheiros professores, visando contribuir
para a qualidade do ensino na formação de profissionais competentes e
compromissados com uma atuação voltada para a melhoria do ensino-
aprendizagem.
Observando durante os estágios da disciplina de Prática Pedagógica
sobre o trabalho que desenvolvem os pedagogos supervisores nas escolas
sobre as participações em projetos realizados em dois diferentes Colégios
sendo a primeira observação sobre o Projeto de Seminário de Orientação
Vocacional e a segunda sobre o Projeto de Pesquisa “A Participação dos Pais
na Vida Escolar de seus Filhos”.
No trabalho discorreu-se brevemente sobre a Importância da
Pedagogia e o papel do pedagogo. Partindo desse conhecimento iniciou-se o
texto sobre supervisão com os títulos: Algumas Dificuldades da Supervisão
Escolar no Brasil; Abrangência e Objeto da Função Supervisora; Setor de
Supervisão Educacional. Atualmente utilizam-se as integrações setoriais, onde
juntos formam a equipe pedagógica nas instituições escolares nas quais
trabalham para obterem sucessos no desempenho da multiplicidade de suas
tarefas.
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A palavra pedagogia traz sempre ressonâncias metodológicas,
processuais que a própria etimologia da palavra pedagogia explica com seu
significado conduzir (por um caminho) até determinado lugar (SAVIANI, 1985).
Com base em palavras de Saviani, (apud Ferreira, 2002) podemos
entender que Pedagogia literalmente significa: a condução da criança.
A função supervisora pode ser encontrada na figura do pedagogo tal
como se configurou na Grécia, o ato através do qual o escravo conduzia as
crianças até o local onde os preceptores lhes ministravam ensinamentos.
Considerando o fato que os escravos obtidos nas conquistas bélicas
frequentemente eram mais cultos que seus senhores, ser pedagogo passa a
significar o próprio preceptor, o educador, não apenas porque em muitos
casos ele passou a se encarregar do próprio ensino das crianças, mas também
porque de fato, sua função desde a origem, era a de estar constantemente
presente junto às crianças, tomando conta delas, isto é, vigiando, controlando,
supervisionando, todos os seus atos.
A escola é uma palavra derivada do grego que significa
etimologicamente, o lugar do ócio e era privilégio das classes abastadas,
enquanto a educação da maioria continuava a coincidir com o processo de
trabalho. A função supervisora também se fazia presente na educação dos
trabalhadores (escravos) por intermédio do intendente que era quem
administrava e alentava os seus trabalhadores, assim os escravos eram
educados no trabalho, ao mesmo tempo para o trabalho e para a submissão.
Dessa forma a pedagogia significa também condução à cultura,
processo de formação cultural. E pedagogo é aquele que possibilita o acesso à
cultura, organizando no processo de formação cultural, aquele que domina as
formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio
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do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. O pedagogo é, portanto
um formador de homens (SAVIANI, 1985).
Foi a partir da pedagogia escolar predominante no horizonte
profissional que favoreceu a possibilidade de especificação das
diferentes modalidades de ação pedagógica. Usando dizeres de Gramsci
(1982 p. 124):
“é na escola que se deve ser concebida e
organizada a fase decisiva, onde se tende a criar
valores, autodisciplina intelectual e a autonomia
moral necessárias a uma posterior especialização,
seja de caráter científico ou prático-produtivo”.
1.1 - Método Clínico: Uma reflexão sobre a prática da Supervisão
Método Clínico é um dos métodos mais recentes introduzido nas
Universidades e pretende discutir e refletir sobre a prática de supervisão, para
graduandos de psicologia. Os alunos de graduação em psicologia costumam
buscar a área clínica como campo de estágio, tanto dentro como fora da
universidade, desde muito cedo, como lugar passível de construção de um
saber acerca da subjetividade e dos processos mentais. Alguns espaços,
normalmente, sem vínculo com a formação acadêmico-profissional
propriamente dita, oferecem a possibilidade de alunos estagiarem em
instituições cujo viés, a princípio, é a psicanálise, ou melhor, as teorias ditas de
inspiração psicanalítica, que têm como objeto de seu discurso a subjetividade
do paciente. Mas há aí um problema que se interpõem, fazendo-se presente
na supervisão: a questão do método clínico e de sua transmissão. Assim, este
trabalho pretende refletir acerca de tais questões, a partir da prática
profissional como supervisora em clínica com crianças e adolescentes, nas
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disciplinas de estágio supervisionado curricular, que se realizam intra-muro
universitário – na clínica escola.
Normalmente, as universidades, em seus Serviços de Psicologia
Aplicada – (SPAs) oferecem uma área de estágio em clínica, que é bastante
procurado pelos alunos. No que chamamos de clínica se inserem as mais
diversas vertentes de psicoterapias, tanto individuais quanto em grupo –
dependendo de cada instituição, de sua proposta pedagógica.
Este espaço (SPA), previsto no artigo 25 da Resolução de 2004, com as
“funções de responder às exigências para a formação do psicólogo”, é um
lugar potencial para a construção de um saber acerca da subjetividade e dos
processos mentais e deveria pretender trabalhar sustentando seu método: a
saber, o método clínico.
Ele deveria ser um espaço de articulação entre a teoria, a práxis e a
supervisão, objetivando, concomitantemente, atendimento à comunidade e a
formação do aluno – futuro psicólogo clínico, sinalizando/legitimando a
radicalidade de seu método, diante dos métodos experimental e probabilístico
tão largamente discutidos durante a sua estada na universidade.
O estágio é, por definição própria, um conjunto de atividades –
construção de conhecimento teórico, atividade prática e supervisão – que
deveria prover condições do aluno enocntrar condições de compreender o
sofrimento humano, ou, nas palavras de Gromann (2005): “compreender o
sofrimento humano em sua mais profunda expressão: desde a compreensão
ética de seu trabalho até a práxis e a sua técnica” (p. 3).
Assim, quando convocamos o aluno para uma discussão sobre sua
prática, alicerçado nestes estágios de formação, normalmente se perguntado
sobre o que faz, ele prontamente responde: “escuto”.
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Escutar é uma forma rápida de concluir. Escutar vira, então, sinônimo de
atendimento. Mas, escuta o quê? Para quê? Assim, o aluno emudece... Tudo é
muito apressado... Ao aluno, falta serenidade para refletir...
Em duas ou três sessões já são capazes de dizer que o paciente
melhorou, que a transferência foi estabelecida. Afinal, não é incomum
referirem-se aos seus “outros estágios” como modelos de compreensão sobre
o sofrimento humano. Esquecem que no campo do psíquico não há modelo...
Os estagiários querem respostas e são tomados pelo furor sanandi,
literalmente como pontuado por Freud. A angústia que afeta aquele que clinica
não é trabalhada... fica de fora, como se o método clínico não convocasse as
afetações... Tratamentos pessoais... também ficam de fora. É na supervisão
que eles esperam aprender e aprender, fazendo da transmissão é uma palavra
incompreensível...
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CAPÍTULO II
Algumas Dificuldades da Supervisão Escolar no Brasil
Enfatizar os nossos problemas, alertar com os dados de nossa realidade
e desafiar os nossos especialistas em Educação para a criação do nosso
modelo, do nosso know-how, assegurando autenticidade e seriedade no
tratamento de nossa problemática educacional.
A função de Supervisão é hoje exigida em qualquer empresa humana. A
divisão do trabalho, a complexidade dos instrumentos e a precisão do que se
deseja para resultado constituem exigências para a Supervisão. Nenhum
trabalho pode ser mais complexo nem mais importante aos destinos humanos
que a Educação – daí a importância da Supervisão também em Educação. O
estudo, a sistematização da Supervisão Escolar, a reflexão sobre dados
concretos, a divulgação de experiências vinculadas à nossa realidade
educacional.
Educação é função social. Historicamente, a Educação tem-se
compatibilizado com o desenvolvimento social da humanidade. Cada
sociedade humana exige um tipo de Educação, de acordo com os seus
sistemas integrativos e sua especifica determinação de valores. Importa hoje
compatibilizar a Educação com as exigências do desenvolvimento. A
educação, segundo a ótica dominante, tem como finalidade habilitar técnica,
social e ideologicamente os diversos grupos de trabalhadores, para servir ao
mundo do trabalho. Segundo Frigotto (1999, p. 26), “trata-se de subordinar a
função social da educação de forma controlada para responder às demandas
do capital”.
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Qualquer estrutura social modificada em suas bases econômicas de
produção (relacionamento homem/coisas) tem de ser igualmente alterada em
seus sistemas e valores sociais (relacionamento homens/homens). O
desenvolvimento em si, como processo social e histórico, tem de ser global;
supõe mudança e superação contínua, o que constitui uma ruptura estrutural.
É muito difícil obter uma visão realista da Escola, embora seja bem fácil
pintar retratos da situação, em termos teóricos.
Seja alguém simplista, alienado da gravidade do problema, e usará
termos-chavões e a Escola será descrita como continuadora da família na
tarefa de educação dos filhos.
Seja alguém otimista, baseado em dados numéricos e expectativas
válidas, e fará descrições em termos de quadros demonstrativos do aumento
de vagas, em números absolutos e percentuais, nos diferentes sistemas e
níveis; percentuais do PNB e dos orçamentos estaduais e municipais
empregados na Educação.
Seja Alguém pessimista e, embora existam dados objetivos, confrontará
tais dados com as deficiências e revelará problemas como o aumento de
déficits, apesar da efetiva ampliação quantitativa, causados pela explosão
demográfica e pelas novas aspirações de classes sociais até então à margem
do processo educativo.
A percepção da realidade para uma visão realista da Escola deve
abranger grande número de variáveis, como recursos materiais e humanos;
instalações e equipamentos; dinâmica da situação demográfica; expectativas;
processos e técnicas de atuação; influências culturais.
Feitas as colocações referentes à qualidade da Escola exigida pelo
Desenvolvimento, bem como à visão da Escola na realidade brasileira, torna-
se claro o desafio com que se defronta a Supervisão Escolar.
A supervisão deve procurar conseguir uma Escola melhor, não fazendo
milagres de criação do nada, mas racionalizando os recursos disponíveis para
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maior rentabilidade. Tem de persuadir os responsáveis pelos sistemas
educacionais das trágicas consequências da evasão, da repetência, da falta de
resultados positivos.
A Supervisão Escolar deve, antes de tudo, mudar a mentalidade, que,
por sua vez, repercutirá nos diversos processos que são interligados em sua
essência, a ponto de serem causa e consequência simultaneamente.
Constata-se um verdadeiro círculo vicioso: falta de recursos à deficiências
no processo educacional à falta de formação e qualificação para o
trabalho à falta de recursos.
Situação gravíssima, de profundas conotações que levam à tensão
social, e que, por isto, não pode ser deixada como está para ver como fica.
Algum aspecto tem que ser rompido para que haja mudança de sentido na
espiral característica da causação circular. Cabe, sem dúvida, nesta situação,
uma função específica à Educação. E é o cumprimento eficiente desta função
o grande desafio à Supervisão Escolar.
Conforme Silva (1985), a caracterização e compreensão da função
supervisora no contexto educacional brasileiro decorre do sistema social,
econômico e político. A supervisão escolar se justifica como um meio de
garantir a execução do que foi planejado. Esclarece que a responsabilidade do
supervisor, como especialista da educação é de trabalhar em função do
desenvolvimento do homem, da promoção humana.
O supervisor escolar deverá ser capaz de desenvolver e criar métodos
de análise para detectar a realidade e gerar assim estratégias para agir, pois
como afirma Silva (1985, p.68):
“É o supervisor Educacional um criador de
cultura e de aprendizagens não apenas intelectual
e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e
política, que se questiona e questiona o
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circunstancial, definindo e redefinindo propriedades
em educação no momento histórico brasileiro.”
Ao falar de Supervisão Escolar no Brasil (Silva Junior, 1997), ressalta
que poucas práticas profissionais pagaram um tributo tão alto quanto ocorreu
com a Supervisão Escolar.
No parecer do autor (op. Cit.) inicialmente a Supervisão Escolar foi
praticada no Brasil em condições que produziam o ofuscamento e não a
elaboração da vontade do supervisor. Pretendia-se com essa atitude ter
um supervisor controlado para ser controlador, obtendo dessa forma uma
educação controlada e consequentemente uma sociedade controlada.
Para que esse supervisor se fizesse possível foi lhe sugerido que o
controle, a decisão é sempre atributo dos que detêm o poder, e que a melhor
maneira de servir aos homens seria ensiná-los a submeterem-se ao poder,
uma forma de dominação do dominante nesse caso o supervisor.
A esse respeito Silva Junior (1997, p.96) acrescenta:
Se não cabe ao supervisor impor soluções ou
estabelecer critérios obrigatórios de interpretação,
cabe-lhe, sem dúvida, por ser brasileiro e por ser um
educador responsável, ajudar na construção da
consciência histórico-política necessária à luta
contra a dominação. Isso implica uma posição de
profunda atenção aos fatos do cotidiano escolar e
do cotidiano da sociedade que lhe assegure
condições de análise adequada do significado das
ocorrências que se vão acumulado.
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No entanto, educadores sejam professores ou supervisores, para
avançar na construção de um mundo e de uma educação adequada à
necessidade da luta contra a dominação tem sido uma tarefa delicada, árdua,
que necessita de tempo, não tem sido fácil o caminho percorrido por
educadores para conseguir tal objetivo.
Para mudar também se faz necessário que haja no sistema escolar um
maior número de supervisores e que estes sejam bem preparados. E como diz
Silva Junior (1997.p.100):
Ensinar supervisão no Brasil hoje significa
necessariamente pesquisar supervisão. Pesquisar
“a” e “para” a supervisão. Significa
conseqüentemente, examinar criticamente à prática
que se desenvolve e investiga as situações e as
condições que possam contribuir para o
desenvolvimento qualitativo dessa prática. A ciência
da supervisão, já o disse também anteriormente,
será construída sem abrigar a pretensão da
objetividade absoluta.
As instituições que oferecem cursos com habilitação em supervisão se
defrontam com problemas com os acadêmicos que buscam se preparar para o
exercício da futura profissão.
Por estarem sobrecarregados pelo excessivo número de seus encargos,
os futuros pedagogos supervisores não podem se dedicar ao curso de
formação, o tempo e o empenho indispensáveis a uma preparação criteriosa à
nova função que aspiram.
Em função dessa reflexão, acrescenta Silva Junior (1997 p.102) é: “que
supervisionar uma escola é orientar sua administração para a realização do
ensino, seu objetivo precípuo”. Dessa forma aspira-se que com a sua práxis o
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supervisor possa superar as deficiências de sua formação desenvolvendo
assim seu papel de articulador do projeto pedagógico.
Com base nas palavras (op. Cit. 1997), vale ressaltar que quando o
supervisor se forma seus problemas continuam com a necessidade de estar
trabalhando muitas vezes em mais de uma escola, dificultando ainda mais com
a necessidade da multiplicação dos locais de trabalho dos professores
obrigados à fragmentação de sua jornada, pois muitas vezes assim se faz
necessário com remuneração por hora-aula. Muitos educadores assumem
aulas em várias escolas para atingir o número de aulas que lhes são
estipuladas, outros para garantir uma remuneração que lhes dêem uma
estabilidade econômica além de seu padrão assumem aulas extras.
Enredado na multiplicidade das tarefas que lhe são estipuladas para
desenvolver e aquelas que deve estipular e cobrar parece impossível
direcionar seu trabalho de forma a desenvolvê-las atendendo as necessidades
desejadas pelos professores, que muitas vezes esperam do supervisor apoio
para desenvolver sua práxis.
Pode-se afirmar, para que tal trabalho seja possível é importante que o
supervisor se torne um organizador de reflexões educativas com os demais
educadores, repensando sua relação com os professores de modo a ter
desses, sua confiança e prestígio.
Inicialmente, face ao exposto, torna-se claro que a visita é uma
oportunidade para efetivar a supervisão. Ela oportuniza ao supervisor o
conhecimento da situação da classe, possibilitando ajuda específica na
solução dos problemas com consequente crescimento técnico-docente do
professor.
Uma primeira abordagem deve situar as possibilidades de realização de
visitas. Ainda sem detalhar as barreiras emocionais existentes contra a visita
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do supervisor, é necessário levantar a situação real de cada sistema de
supervisão. Para isto são necessários os seguintes dados:
• Índice da relação Supervisor/Professor;
• Tipos de unidades escolares atingidas pela supervisão;
• Acesso às escolas em termos de custo e tempo;
• Disponibilidades financeiras do programa de supervisão.
A partir destas constatações é que a teoria sobre visitas de supervisão
pode ser conhecida, analisada e concluída. Para tornar mais claro o que se
pretende colocar, cabe uma comparação baseada em aspectos da bibliografia
existente sobre o assunto. Autores como Arturo Lemus dissecam realmente a
visita de supervisão (no caso realizada pelo Diretor da escola), conceituando-a,
caracterizando-a, analisando seus obstáculos, apontando seus tipos e a
maneira de realizar cada uma. No entanto, um trabalho como o de Muriel
Crosby (A Moderna Supervisão do Ensino Primário) não apresenta tais
colocações a respeito das visitas. As válidas exemplificações de observações,
conferências, demonstrações, estudo conjunto de problemas etc. quase que
anulam a “visita” como oportunidade de supervisão, pois o supervisor trabalha
dentro das classes. Certamente, exagerando, tem-se quase a impressão de
uma relação Professor/Supervisor igual a 1/1. Observe-se a citação.
“... as crianças tornaram-se amigas da Sra. X
(supervisora) e sua chegada à sala era sempre bem
aceita. Na véspera da demonstração passou o dia
inteiro na classe. Notou o interesse especial das
crianças, as rotinas que haviam estabelecido, os
problemas que levantaram durante cada atividade e
os planos que foram feitos...”
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Compare-se a teoria existente sobre visitas, às situações explícitas ou
implícitas na citação com as possibilidades de “visitas”, muitas vezes
planejadas mas não realizadas pelos serviços de supervisão, na base de duas
por mês nas classes mais privilegiadas, quanto ao atendimento pelo
supervisor.
Tal reflexão não visa a um pessimismo face à precariedade de
condições da supervisão. Pelo contrário, tenta estimular a própria supervisão a
descobrir a maneira própria de tornar válidas as possíveis visitas dentro de sua
condição específica.
Cabe agora uma segunda reflexão introdutória sobre a já referida
barreira emocional existente contra a visita. Historiando-se, sabe-se que a
supervisão substituiu, em Pernambuco, por exemplo, apenas a partir de 1963
(Primeiro Curso para supervisores: INEP/SEEC), a Inspeção Escolar. Existe
toda uma mentalidade de fiscalização por um lado e de criação de uma
aparência, a ser mostrada, por outro. Quando na visita, o supervisor é o fiscal
e o professor tem algo preparado para demonstrar que tudo vai bem em sua
classe, nega-se toda e qualquer possibilidade de ajuda e crescimento
profissional – negando-se a própria supervisão.
Pesquise-se, entre professores, ou mesmo entre supervisores,
revivendo suas experiências na regência de classe, sem demonstrar os
objetivos a que se quer chegar, como, na prática, agiriam face à visita de
supervisão. Dariam oportunidade de aparecer ao aluno mais ou menos
adiantado? Realizariam atividades em que sentissem mais ou menos seguros?
Gostariam de que fossem vistos os aspectos melhores ou piores de sua
atuação em classe? Apresentariam as dificuldades ou gostariam que o
supervisor levasse boa impressão?
Toda uma imagem da mentalidade existente a respeito da supervisão
poderia ser constatada a partir das respostas às questões acima sugeridas. E,
26
possivelmente, na grande maioria, não existiria a consciência da supervisão
como ajuda e a decorrente necessidade de apresentar a classe como
realmente é, pronta para sofrer um verdadeiro raios X.
É exatamente a falta de mentalidade e de clima que se constatam.
Mentalidade de trabalho cooperativo; clima de bom relacionamento com
consciência clara de objetivos comuns que devem ser atingidos pela ação
educativa.
A terceira reflexão básica recai na incapacidade técnica do supervisor.
Compare-se o que se exige do supervisor ao dar orientação, para a qual se
prepara e na qual é válida a teoria, com o que é necessário, em competência,
para observar um problema real – concreto como são concretos uma sala de
aula e seu equipamento, um professor e sua maneira própria, uma turma de
crianças em que as diferenças individuais são palpáveis e determinantes de
um sem-número de comportamentos – e... dentro de tal situação real, junto
com o professor, num diálogo de descobertas, ajudá-lo a encontrar a melhor
solução.
Considerando-se a visita como a oportunidade de contato direto com a
situação ensino-aprendizagem e visando ao maior conhecimento, para maior
ajuda, torna-se evidente toda a sua importância. Tal ajuda é caracterizada pela
solução cooperativa dos problemas práticos encontrados.
A visita possibilita a individualização de toda a teoria sobre a qual a
supervisão se apóia e que constitui tema de estudo e reuniões com o
professorado. Na visita há a possibilidade de ajuda técnica mais significativa
porque adequada à realidade da classe, atendendo aos reais interesses e
necessidades.
Para o supervisor, a visita é, o único instrumento de precisão para aferir
os resultados de sua atuação. Estudos, reuniões, reciclagens deixam de ter
27
valor se não são sentidos seus reflexos na situação da classe. A visita
proporciona a criação de um “centro de atividades docentes” – alunos,
professor e supervisor em trabalho comum com um único objetivo.
28
CAPÍTULO III
Abrangência e Objeto da Função Supervisora
Dentro desta perspectiva, Nérici (1974, p. 29), afirma que
Supervisão Escolar:
“ E a visão sobre todo o processo
educativo, para que a escola possa alcançar os
objetivos da educação e os objetivos específicos da
própria escola”. Este olhar exclui os sujeitos
envolvidos no processo educativo, ou seja, a ‘escola’
e os ‘objetivos da educação’ são o foco do trabalho,
sem que sejam considerados os professores,
alunos, especialistas, demandas sociais ou qualquer
outra variável dentro desse processo.
Segundo Rangel, (apud Ferreira , org 2002) o objeto específico da
função supervisora em nível escolar é o processo de ensino-aprendizagem. E
a abrangência do processo de ensino-aprendizagem inclui: a supervisão do
currículo, a supervisão dos programas, a supervisão da escola de livros
didáticos, a supervisão do planejamento de ensino, a supervisão dos métodos
de ensino, a supervisão da avaliação, supervisão da recuperação, supervisão e
projeto da escola, supervisão e pesquisa.
3.1 - A Supervisão do Currículo
O currículo da escola básica – Ensino Fundamental e médio – tem
parâmetros legais, e pedagógicos reformulados no fim dos anos 90. Os
29
parâmetros legais do currículo no Ensino Fundamental encontram na
Resolução no 2/98 do Conselho Nacional de Educação (CNE) uma das
principais referências normativas.
É interessante observar os termos da Resolução no 2, de 7/4/98, do
Conselho Nacional de Educação, ao focalizar a práxis da função do supervisor,
conforme cita Rangel (apud Ferreira, 2002, p. 78-79) o Inciso IV, que diz:
“Em todas as escolas deverá ser garantida a
igualdade de acesso para alunos a uma base
nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e
a qualidade da ação pedagógica na diversidade
nacional. A base comum nacional e sua parte
diversificada deverão integrar-se em torno de
paradigma curricular que vise a estabelecer a
relação entre a educação fundamental.”
3.2 - A Supervisão dos Programas
Os programas de cada disciplina são construções coletivas de
professores. O sentido da supervisão dos programas é que o supervisor
incentive e planeje oportunidades nas quais possam se reunir professores de
diversas disciplinas de uma mesma série e de uma mesma disciplina em
diversas séries. Os valores da vida entre outros temas relevantes ao
desenvolvimento sociocognitivo serão referências para a integração de
conteúdos e tratamento interdisciplinar e contextualizado. Dessa forma
também deve ser a escolha de livros didáticos adotados como material de
apoio ao estudo dos alunos.
30
3.3 - A Supervisão da Escolha de Livros Didáticos
A escolha de livros didáticos deve ser coletiva com os demais
educadores que ministram a mesma disciplina, em todas as séries, decidindo
sobre os livros a serem adotados. É importante que no momento de escolher
os livros didáticos a decisão ocorra com cuidado, atenção, com a participação
e critério de grupo. Não se pode limitar apenas no livro didático o
conhecimento de alunos e professores. Ele é um dos meios didáticos para o
trabalho. Sendo assim os docentes e discentes podem e devem buscar outros
meios além do livro para aquisição de conhecimento. Essas orientações fazem
parte da função supervisora na escolha dos livros didáticos.
3.4 - A Supervisão do Planejamento de Ensino
O planejamento de ensino prevê as ações didáticas, inclui-se nele:
os objetivos, o conteúdo, os procedimentos, a avaliação, a bibliografia. O plano
é um encaminhamento de ações refletidas em conjunto. Orientar critérios e
conceitos, procurando, uma vez mais garantir oportunidades de sua construção
coletiva é orientar, supervisionar e avaliar o planejamento.
3.5 - A Supervisão dos Métodos de Ensino
Técnicas e métodos de ensino são meios didáticos que na
aprendizagem encontram sentido e finalidade e se fazem de acordo com
conteúdos, previstos no currículo escolar. A função supervisora deve estar
atenta às técnicas e métodos aplicados nas aulas pelos professores e, no
momento em que observar a monotonia, a forma tradicional de ensino,
disponibilizar cursos, palestras, reuniões interativas para relatos e trocas de
31
experiências. Assim procedendo pode-se verificar alunos motivados e a
aprendizagem mais significativa.
3.6 - A Supervisão da Avaliação
O supervisor que concretamente tem na prática, a vivência das
dificuldades, dos desdobramentos pedagógicos e sociais da avaliação, pode
tentar melhorar através de reformulações dos conceitos da forma de avaliar os
alunos, prevista no Projeto Pedagógico da Escola.
Reavaliando os conceitos, procedimentos e instrumentos com que se
verificam os produtos da aprendizagem, procura meios de qualificar e
contextualizar a avaliação, através de um todo, avaliando assim, não só o
conhecimento dos alunos, atividades realizadas do dia-a-dia, os níveis de
participação trazidas da experiência de cada um, e procurar elaborar uma
avaliação institucional.
“O ideal da supervisão deve ser
exatamente o de estimular a liberdade, a
competência profissional, a clareza de
posicionamento, o conhecimento da realidade, a fim
de que cada pessoa dentro de seu grupo alcance a
sua identidade para a felicidade de todos”.
Gandin,1985
3.7 - Supervisão da Recuperação
Supervisionar a recuperação é coordenar atividades que no dia-a-dia
se explique, exemplifique todo o conteúdo que o professor observar que o
aluno apresente dificuldades e buscar recuperar os alunos nesses conteúdos
com métodos mais significativos e associados as suas experiências.
32
3.8 - Supervisão e Projeto da Escola
O supervisor deve participar da construção do Projeto Pedagógico,
pois ele é um documento de suma importância da escola, onde está contido
tudo o que se fez, está fazendo e se pretende desenvolver dentro da escola de
maneira clara e objetiva de modo que todos, ao consultarem possam
compreendê-lo.
Para esclarecer um pouco mais, pode-se dizer que a supervisão
participa efetivamente do Projeto Pedagógico da escola, desde a sua
elaboração, implementação, utilização e avaliação e, anualmente a reavaliação
de sua aplicabilidade e funcionalidade, a fim de acompanhar todo o trabalho
educacional da escola.
No projeto está a finalidade da educação, da escola, o histórico, a
origem, o percurso, o contexto do bairro, da cidade, do estado, os objetivos
específicos do trabalho educativo a que a escola se propõe, a comunidade, os
pais e sua participação, organização estrutural e funcional; os planos dos
setores, o currículo, o processo de avaliação e recuperação entre outros
elementos.
“ A supervisão escolar compete dinamizar
e assistir na operacionalização do sentido do
processo educativo na escola”. Luck, 1999
33
3.9 - Supervisão e Pesquisa
A pesquisa é objetivo comum que motiva, mobiliza e aproxima
professores e setores. A pesquisa é focalizada pela supervisão, de modo a
entender que o professor é participante de investigações, e que a escola é
instância de ensino e de produção de conhecimento. A coordenação
supervisora incorpora a coordenação de pesquisa ampliando a compreensão
do processo didático, das ações e relações que nele tem curso, propiciando
decisões fundamentais, perspectivas de avanços do conhecimento e das
práticas.
Algumas escolas, devido à necessidade de mudança, criaram novos
serviços entre eles o SSE (Setor de Supervisão Educacional). O SSE é um
setor que atende às necessidades dos professores, dando apoio no que diz
respeito à sua prática e realizando mediações entre direção e professores,
para que possa ser formada uma educação democrática, coletiva e de
qualidade.
“Supervisão é uma função que atua
organizando a instrução, desenvolvendo o currículo,
selecionando e treinando o pessoal, providenciando
condições de trabalho e recursos didáticos...
acompanhando o desenrolar do processo
ensino/aprendizagem avaliando resultados, pessoas
programas, processos”. (Castilho, 1971)
O serviço de supervisão escolar deve trabalhar em conjunto com
serviço de orientação que também é um setor existente dentro da escola que
se envolve com os alunos, realizando mediações entre professores alunos e
34
pais para que problemas relacionados à aprendizagem, a determinados
comportamentos, à inclusão de alunos portadores de deficiência entre outras,
possam ser mediados de maneira efetiva e qualitativa e participar na
construção do Projeto Político Pedagógico da escola.
“A supervisão educacional consiste numa
série de comportamentos razoáveis envolvidos na
situação do ensino e classificados de acordo com as
tarefas típicas”. (Harris, 1963)
Para que juntamente supervisão e orientação busquem realizar a
construção de uma educação de qualidade, é seu objetivo, através de um
trabalho em conjunto, procurar conhecer o contexto no qual a escola está
inserida, dar suporte e assessoramento à direção, professores, alunos e
comunidade, assim como atender às necessidades da escola.
É também função do supervisor escolar construir o Projeto Político
Pedagógico da escola, envolvendo direção, orientação, comunidade,
funcionários e professores, pois todos serão responsáveis pela educação dos
futuros cidadãos que constituirão uma nova concepção de mundo. E para que
isso aconteça é preciso que o setor pedagógico seja assumido por pessoas
qualificadas para se ter qualidade no serviço oferecido; qualidade essa
merecida pela educação, como nos aponta Vasconcellos (2002, p. 71):
“[...] é preciso ter pessoas altamente qualificadas
neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da
travessia, não como o ‘iluminado’, dono da verdade,
mas naquela perspectiva que apontamos do
intelectual orgânico: alguém que ajuda o gruo na
35
tomada de consciência do que está vivendo para
além das estratégias de intransparências que estão
a nos alientar.”
36
CONCLUSÃO
Gadotti (1998, p.74) afirma que não há uma educação somente
reprodutora do sistema, nem uma educação somente transformadora do
mesmo sistema: essas duas tendências coexistem no plano educacional, em
uma perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim, há uma contradição
interna na educação, própria da sua natureza, entre a necessidade de
transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa conservadora da
educação – e a necessidade de criação de uma nova cultura, sua tarefa
revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada é que uma das duas
tendências é sempre dominante.”
Dessa forma, afirma-se que é necessário repensar o papel dos
profissionais da educação eles não podem atuar de forma neutra em uma
sociedade conflituosa.
Por outro lado, é preciso reconhecer que, embora exista a divisão
em “habilitações” a ação do pedagogo, segundo Martelli, as ações de
administrar, orientar e supervisionar no sentido literal das palavras, surgiram
com a vida em sociedade desde a época primitiva. Percebeu-se na literatura
pesquisada a relação de dependência e influência dos diferentes períodos
históricos e sociais, nas funções atribuídas aos profissionais da educação.
Assim, optou-se em analisar as funções do pedagogo (supervisão, orientação,
coordenação e administração) de forma separada, embora tendo
conhecimento de que não há como compreendê-las fora das suas relações de
influência e de interdependência.
O curso de Pedagogia visa possibilitar aos participantes a
compreensão da estrutura organizacional do trabalho pedagógico da escola,
refletindo sobre a prática integrada a partir dos diferentes paradigmas de
educação e repensando a organização interna da escola diante das exigências
participativas na construção do seu Projeto Político-Pedagógico.
37
Cabe à Supervisão escolar assessorar a Direção Pedagógica quanto
à metodologia do ensino e prestar contínua assistência didático-pedagógica
aos docentes, pois, o mundo está passando, num ritmo acelerado, por grandes
transformações e os educadores devem estar à frente dessa nova realidade,
com o desafio de transmitir conhecimentos, informações e valores que
conduzirão o aluno para uma sociedade mais culta, justa e consciente dos
seus direitos e deveres.
O fazer pedagógico diário deve ser acompanhado e incentivado
através de textos, sugestões de bibliografia, intervenções e participações
sistemáticas da Supervisão Escolar, sempre ciente da importância de seu
papel para promover um trabalho conjunto da escola como sujeito ativo na
formação de sociedade moderna e mais humana.
A supervisão faz parte do processo, da educação. Então: “a escola
participativa só poderá existir, a partir do processo dinâmico que a supervisão
proporcionará”. Educação se faz com discernimento, ousadia, pesquisa,
determinação, trabalho participativo, visando dar aos educandos instrumentos
educacionais que são importantes para o exercício da cidadania. Portanto, se
devem mobilizar os futuros educadores em Pedagogia independente da
especificidade a formar uma consciência crítica da sociedade com vistas à
adoção de procedimentos educativos transformadores.
Para que o papel do supervisor torne-se eficaz se faz necessário que
os pedagogos supervisores ocupem no Sistema Educacional um espaço de
intermediação e articulação entre a condução da política educacional e as
instituições escolares, atuando com a equipe de gestão, auxiliando quanto à
elaboração e implementação das propostas pedagógicas, facilitando o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e a melhoria da qualidade
de ensino. Enfim, sua atuação deve estar voltada para promover a integração
dos profissionais da educação verificando as facilidades e dificuldades
38
encontradas pelos mesmos e incentivando e promovendo a formação em
serviço das equipes escolares.
Hoje a escola assume a responsabilidade pelo desenvolvimento
integral do aluno, em seus múltiplos aspectos: físico, intelectual, escolar,
social, emocional, moral, vocacional, etc. Portanto diante de toda globalização
atual, a supervisão não pode passar despercebida. É sempre muito saudável
uma observação aqui, outra ali, para que tudo ocorra bem. O bom, o melhor
está para acontecer sempre. Por isso, a supervisão foi, é e será sempre
necessária.
Enfim a supervisão tem um papel político, pedagógico e de liderança
no espaço escolar é necessário ressaltar sem desconsiderar o restante da
equipe, que o supervisor escolar deve ser inovador, ousado, criativo e,
sobretudo um profissional de educação comprometido com seu grupo de
trabalho.
Sobre o método clínico, trabalhar com estágio e supervisão convoca
uma discussão sobre um método que segue em direção a uma verdade. O
método é o caminho a ser percorrido, voltado para a compreensão de um
único caso, reconhecendo-se em sua singularidade. Segundo Berlinck, em
suas discussões sobre o método clínico, deixa claro que este método é uma
narrativa de uma singularidade a dois, verossímel e ficcional, capaz de produzir
um afeto.
39
BIBLIOGRAFIA
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AZEVEDO, Fernando de, Educação e Seus Problemas. 4ª ed. São Paulo,
Melhoramentos, s/d. BERLINCK, Manoel Tosta. “O método clínico – 3”. In. Revista Latinoamericana
de Psicopatologia Fundamental. Vol. 11, no 02, julho 2008. p. 191-194. BOYNARD, Aluízio Peixoto, A Reforma do Ensino – Lei no 5.692 de 11 de
agosto de 1971. São Paulo, Lisa, 1971. CROSBY, Muriel, A Moderna Supervisão do Ensino Primário. Programa de
Publicações Didáticas, USAID, Rio de Janeiro, 1966. CURI, Paula Land. Método Clínico: uma reflexão sobre a prática da supervisão.
E-mail: [email protected] FERREIRA, Naura Syria Carapeto org. Supervisão Educacional Para uma
Escola de Qualidade da formação à ação. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a Organização da Cultura. 4ª ed. RJ:
Editora Civilização Brasileira, 1982. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? 8ª ed. São Paulo:
Cortez, 2005. REVISTA – Nova Escola. Parceiros na Aprendizagem. Ano XXI; No 193.
Junho/julho: de 2006. SÁ, Virgínio. A não Participação dos Pais na Escola; A Eloqüência das
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da ANDE, São Paulo, no 9, 1985, p. 27-28. SILVA, Naura Syria F. Correa da. Supervisão Educacional uma Reflexão
Crítica. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985. SILVA JUNIOR, C.A. da. Organização do trabalho na escola pública; o
pedagógico e o administrativo na ação supervisora. In: JUNIOR, C.A. da S. e RANGEL, M. (orgs). Nove olhares sobre a Supervisão. Campinas, SP: Papirus, 1997. p. 91-901.
40
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do Projeto Político-Pedagógico ao Cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Que Mecanismos e Ferramentas o Supervisor Escolar poderá utilizar para Efetivar sua Prática e quais saberes serão necessários para tal? 12 1.1 – Método clínico: uma reflexão sobre a prática da supervisão 15
CAPÍTULO II
Algumas Dificuldades da Supervisão Escolar no Brasil 18
CAPÍTULO III
Abrangência e Objeto da Função Supervisora 28
3.1 – A supervisão do currículo 28
3.2 – A supervisão dos programas 29
3.3 – A supervisão da escolha de livros didáticos 30
3.4 – A supervisão do planejamento de ensino 30
3.5 – A supervisão dos métodos de ensino 30
3.6 – A supervisão da avaliação 31
3.7 – A supervisão da recuperação 31
3.8 – Supervisão e projeto da escola 32
3.9 – Supervisão e pesquisa 33
42
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41