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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” CURSO: SUPERVISÃO ESCOLAR SUPERVISÃO ESCOLAR E A INTERATIVIDADE EDUCACIONAL POR. SOLANGE NEVES GOMES DUARTE Orientadora Prof. Maria Esther Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

CURSO: SUPERVISÃO ESCOLAR

SUPERVISÃO ESCOLAR E A INTERATIVIDADE EDUCACIONAL

POR. SOLANGE NEVES GOMES DUARTE

Orientadora

Prof. Maria Esther

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

SUPERVISÃO ESCOLAR E A INTERATIVIDADE EDUCACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes, como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Supervisão Escolar.

Por: Solange Neves Gomes Duarte.

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AGRADECIMENTOS

A minha família, aos meus

amigos que colaboraram de alguma

forma para o meu desenvolvimento

nesses anos de graduação.

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DEDICATÓRIA

Dedico este livro ao meu marido Duarte

e a minha família, que colaboraram para a

realização deste trabalho.

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RESUMO

Compreender os estudos de Jean Piaget, Vygotsky, Diva Maranhão entre

outros no intuito de auxiliar docentes e discentes na ação educativa é à base

deste trabalho. Procurei contextualizar os capítulos, dentro da importância que

cada tema representa para a compreensão e formação do profissional na área

da Supervisão Escolar.

Entretanto busco mostrar que a educação é, em suma, feita de

características diversificadas e interativas, o que permite ao Supervisor, ter uma

visão ampla e dinâmica num momento de grande transformação que passa o

mundo atual. Entrando, é no mundo da pesquisa que vamos fazer da

Supervisão Escolar, mais uma contribuição para o desenvolvimento da

educação.

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METODOLOGIA

Na realização deste trabalho, tive a oportunidade de conhecer e

aprofundar meus conhecimentos no mundo da educação. A maior parte desta

pesquisa foi elaborada na biblioteca pública de Araruama, embora seja uma

biblioteca com um pequeno acervo; lá encontrei bons livros sobre a educação,

mesmo não tendo conseguido muitos títulos específicos sobre a Supervisão

Escolar, os poucos que consegui, me proporcionaram esta singela pesquisa, na

qual, passo a passo fui mencionando no desenvolvimento deste trabalho.

O que pode ser observado na última página, onde estão todas as fontes,

as quais consultei, e procurei fazer; respeitando as normas técnicas e as falas

dos autores, dentro do possível.

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SUMÁRIO

Introdução 08

1 - A construção do conhecimento; análise teórica 10

1.1 - O desenvolvimento do pensamento e do raciocínio do discente 13

2 - Piaget e suas descobertas no pensamento intuitivo 20

2.1 - Piaget, a psicomotricidade e a criatividade 26

3 - Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal 34

3.1 - A criatividade na aprendizagem da criança 36

3.2 - A aprendizagem cotidiana; uma ação supervisora 40

Conclusão 42

Bibliografia 43

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Introdução

O objeto específico da supervisão escolar em nível de escola é o

processo de ensino aprendizagem. O objeto da ação supervisora em alguns

dos seus elementos, inicia-se pelo currículo. Neste trabalho, vamos falar da

evolução da criança, passo a passo nas mais variadas idades em que elas são

trabalhadas, segundo Moacyr Gadotti, Eliana Herzberg, Paulo Freire, Diva

Maranhão e outros excelentes autores que estão citados no contexto desta

monografia.

No primeiro capítulo, iniciamos com a história da disciplina e a

importância do docente em sua aplicação e entendimento. Entramos no mundo

da criança, falamos da diferença de ritmos que cada criança tem; em particular,

destacamos o conceito de corpo que a criança vai adquirindo a medida em que

começa a questionar o seu próprio ser, destacamos a importância da atenção

dada pelo professor, inclusive incentivando e aguçando a criatividade da

criança.

No segundo capítulo, Jean Piaget, nos destaca algumas fases e estágios

do pensamento e do raciocínio das crianças nos primeiros anos de vida; a

associação que as crianças fazem através dos símbolos e de suas

comparações. Diva Maranhão e Piaget, nos falam da criatividade que a criança

trás consigo mesma, a qual revela -se já nos primeiros anos de vida.

Os autores fazem algumas críticas, a forma com que a educação é

concebida por muitos professores e escolas tradicionais que ainda ensinam,

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moldados nos programas do passado, esquecendo de que o futuro da criança

poderá ser melhor se ela tiver no presente, uma educação atualizada e

desmistificada. É no estágio do pensamento intuitivo, que a criança dá um

grande passo em relação ao seu crescimento mental.

No terceiro capítulo, Vygotsky, aborda a questão em que o individuo não

se desenvolve plenamente sem o suporte de outros indivíduos de sua espécie.

finalizamos este trabalho, falando da necessidade do supervisor escolar estar

sempre atualizado no processo evolutivo educacional, para que o mesmo possa

contribuir com desenvolvimento escolar, e não apenas ser um telespectador em

busca de críticas, mas, um colaborador do enriquecimento do sistema

educacional.

Falamos do cotidiano e o papel do supervisor no processo educacional,

na visão piagetiana do conhecimento da criança através da observação e do

comportamento psicológico da mesma.

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1 - A construção do conhecimento; análise teórica.

A disciplina, fundamento da educação, abrange o estudo e os diversos

aspectos psicológicos, sociológicos e filosóficos que atuam no desenvolvimento

e na educação do homem, a disciplina recebe, portanto contribuições da

psicologia, sociologia e da filosofia, pois os fundamentos da educação visam a

integração aos modos de se estudar, o educando e o processo social.1

A disciplina dos fundamentos faz parte da formação especial do

professor, e tem como principal objetivo ajudar-nos a compreender o aluno como

pessoa e as influências que sobre ela atuam tanto em seu desenvolvimento,

quanto em sua adaptação ao meio.

A história de cada ser humano, cada homem; de cada pessoa, obedece a

um ciclo que é, nascer, crescer, reproduzir-se e morrer, este é um ciclo vital da

vida, biologicamente, o homem tem um corpo, uma estrutura física e funcional

de se alimentar, coordenar suas diversas funções orgânicas, movimentar-se,

reproduzir-se, mas o homem não é apenas um organismo biológico, é também

um ser psicológico, capaz de funções abstratas, como pensar, perceber, sentir,

criar, desejar, imaginar e aprender, o homem dispõe de uma vida mental que lhe

permite um comportamento inteligente e motivado.

O homem é um ser vivo, social e atuante de um ambiente físico, e em um

grupo de semelhantes, pois o homem resulta da evolução da sua espécie e de

seu próprio processo particular de desenvolvimento, sua história pessoal é a

1 Texto extraído do livro, fundamentos de psicologia educacional. pp 34- 45.Ática 1991.

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história de sua educação, da própria busca de integração, de participação e

ajustamento, na escola nós convivemos com os nossos alunos, este contato

torna-se mais fácil se você conhece alguma razão que oriente o comportamento

humano.

O homem é ainda, um ser gregário, sua sobrevivência depende de uma

vida em grupo, ao nascer, o homem é totalmente dependente da ação de outras

pessoas para tornar-se verdadeiramente um ser humano, é preciso das trocas

estabelecidas com os outros membros de seu grupo. (Idem).

Pela convivência, a criança aprende a comunicar-se, a amar-se, a

trabalhar, a responsabilizar-se e atuar de acordo com as regras sociais

estabelecidas e a contribuir para o desenvolvimento social, criando, inovando e

fazendo as descobertas.

Para facilitar o estudo do ser humano, podemos observar e analisar

particularmente, em seu aspecto biológico, em seus componentes psicológicos,

em sua manifestação social, esta é, porém, uma sistematização didática, mas só

podemos realmente compreender o indivíduo, se nós o considerarmos como um

ser total, sendo um produto integrado de todas as áreas.

A maioria dos professores está interessada em promover a aprendizagem

e mudanças na educação, portanto, é necessário saber como as pessoas vivem,

quais as suas características e motivações, só assim, o docente pode

compreender e favorecer o desenvolvimento dos alunos.

Os vários fatores que atuam na formação do indivíduo são

interdependentes; cada um de nós, não importa, o sexo, a idade, é um todo

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ordenado, globalmente organizado, pois o comportamento de cada pessoa é o

resultado da interação de todas as partes, seja ela biológica social ou até

mesmo psicológica.

O homem é um todo, pois ele integra os aspectos biológicos, como as

condições de saúde e o funcionamento do organismo e os aspectos psicológicos

expressos por emoções afetividade, desejos e capacidades para aprender e

englobar, ainda, há aspectos sociais em seu relacionamento com a família, e

com a comunidade; é um mundo complexo que o docente precisa compreender.

(Ibidem)

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1.1 – O desenvolvimento do pensamento e do raciocínio do discente.

O pensamento é uma atividade mental que integra as experiências dos

indivíduos e trabalham sobre palavras, permitindo a formação de conceitos que

não podem ser percebidos apenas pelos sentidos, os conceitos com direita e

esquerda, centro, longe, perto etc, noções de causa e efeitos; de quantidades e

números, derivam da ação da pessoa sobre os objetos e da descoberta de

determinadas relações entre seu corpo e os objetos ou dos objetos em si.2

De acordo com Jean Piaget, o desenvolvimento do pensamento pode ser

dividido em fases ou estágios, até um ano e meio ou dois anos

aproximadamente, a criança tem uma atividade mental intimamente relacionada

às sensações e movimentos. É a fase da inteligência sensório motor, que serve

como ponto de partida para o desenvolvimento da linguagem. No início da fase,

até os seis meses de idade a criança apresenta basicamente reflexos e

desenvolve hábitos motores.

Ao acompanhar o desenvolvimento do ser humano, notamos que ocorrem

mudanças significativas no comportamento e na aprendizagem, paralelamente

ao crescimento físico. Progressivamente a criança vai-se tornando capaz de

executar melhor as suas atividades e de atingir, com mais facilidade, novos

níveis de aprendizagem.

Esta melhoria no desempenho e na aprendizagem é propiciada, em

grande parte, pelas experiências vividas, as quais promovem as redescobertas

2 Texto extraído de, Equilibração das estruturas cognitivas e para onde vai a educação, pp 45 67 Zahar, José Olympio 1976/1988.

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das propriedades e das qualidades das coisas, quando a criança age sobre os

objetos e percebe as relações entre eles e o seu corpo, aumenta a sua

capacidade de aprender; em outras palavras, a eficiência da capacidade de

cada pessoa amplia-se em função de vários fatores; progresso de maturação

orgânica aumento da capacidade de transferência de aprendizagem e do

processo de aprender, do desenvolvimento da linguagem e das experiências

anteriores.

Primeiro a criança aprende que o botão entra na casa mas, só

posteriormente verifica que cada botão corresponde a uma determinada casa e

que para encontrar essa correspondência precisa colocar a duas partes da blusa

em determinada posição, essa descoberta exige aplicação do raciocínio lógico

que depende de certo grau de maturação. Todos esses fatores contribuem para

o desenvolvimento da ação mental, para o jogo de idéias que utilizamos na

solução de um problema. Neste jogo de idéias, está a ação mental que

constituem o pensamento. (Ibidem).

Os conceitos e os símbolos são instrumentos do pensamento;

possibilitam estabelecer relações e produzir soluções novas para os problemas

que a pessoa vivencia. O pensamento depende dos demais aspectos do

desenvolvimento intelectual. a inteligência, a aprendizagem, a memória. Por

tanto, assim como estes aspectos, o pensamento desenvolve-se com o ser

humano.

O comportamento inteligente pressupõe que a criança compreenda certas

relações e seja capaz de coordena-las, a partir dos seis meses a criança

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começa a manifestar novos comportamentos; combina os reflexos e os

processos sensoriais e motores, que se tornam cada vez mais complexos. Esse

comportamento é em geral, ações repetidas sobre objetos para fazer perdurar

uma experiência agradável. Por exemplo: A criança segura um chocalho e o

balança, ao acaso, o chocalho faz o ruído, a criança percebe a relação entre os

movimentos, ouve o ruído repete o movimento e assim sucessivamente, num

padrão de comportamento denominado, reação circular. (Piaget:1988)

É diferente a ação da criança de doze ou quinze meses que perceba uma

caneta sobre a mesa, mas não consegue pegá-la, e então puxa a toalha de

forma que o objeto fique ao alcance de sua mão. Neste estágio a criança

estabeleceu relações entre o objeto e a toalha, percebeu que puxando,

aproximaria o objeto e coordenou sua ação para atingir o objeto desejado, pega

então a caneca.(Ibidem).

Na reação circular a criança percebe a relação, mas a ação é simples e

direta. O objetivo de fazer durar o prazer não é predeterminado, mais

simultâneo, à percepção. Dos dois até aproximadamente os sete anos

desenvolve-se o estágio do pensamento pré-operacional.

O pensamento está intimamente ligado ao desenvolvimento da

linguagem, com aquisição da palavra, surgem as funções simbólicas do

pensamento, o uso da linguagem permite a relação entre o símbolo e a

realidade, isto é, a palavra e o objeto que esta representa.

No início da fase, não há conclusões lógicas nem conceitos formados. A

criança esta armazenando suas experiências simbólicas, entre as quais, há

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ainda, poucas relações. Na ação coordenada, à percepção dirige-se, a fins

imediatos; se a criança deseja um brinquedo que está nas mãos de outra, ela

simplesmente toma-o, sem importar-se com a outra ou com a noção de

propriedade.

Ainda neste início da fase pré-operacional do pensamento, até mais ou

menos quatro anos de idade, a criança não lida comparativamente com os

objetos em suas brincadeiras, os brinquedos são utilizados indiscriminadamente

sem preocupações, com tamanho, forma, cor, ou combinações possíveis entre

eles. A criança começa a pensar, a usar o seu pensamento, mas ainda não

raciocina, não é capaz de lidar comparativamente com os objetos.

Entre os quatro o os sete anos, há um crescente aumento da capacidade

de pensar, agindo sobre o ambiente, a criança amplia as suas experiências e

tenta estabelecer relações lógicas entre elas. No entanto, ainda não

compreende todos os dados das situações que vivem; suas conclusões são

intuitivas, a criança prende-se mais à percepção das aparências do que à

realidade 3.

Por exemplo: Se na sua presença colocarmos igual quantidade de água

em dois copos de formatos diferentes, um baixo e largo e outro alto e estreito, lá

poderá dizer que o segundo copo contém mais água porque o seu nível está

mais elevado, e isto, em aparência é mais no pensamento pré-operacional. A

criança reage ao efeito ilusório da percepção. No pensamento intuitivo não são

objetivas as relações entre tamanho e distância, tempo e velocidade, espaço e

3 Texto extraído do livro de Jean Piaget, ao alcance dos professores pp 54 57. C.M. Charles. 1985.

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tamanho, espaço e velocidade, ou quantidade e forma. A criança conclui

baseada em um único aspecto da realidade, o que tem maior destaque para ela,

na situação citada acima, a altura da água no copo foi mais significativa que a

quantidade de água.

Apesar destas limitações do pensamento, no raciocínio começa a

manifestar-se, pois ele é a capacidade para lidar comparativamente com os

objetos, discriminando as suas semelhanças, correlacionando classes e

relações até a elaboração do conceito de número e de outros conceitos

matemáticos. (Ibidem).

Neste estágio a criança começa a comparar os objetos em seus jogos e

brinquedos, mas a comparação envolve, de cada vez, apenas um dado ou

qualidade, os objetos podem ser agrupados pelo tamanho ou pela forma ou pela

função, uma coisa curiosa ocorre no agrupamento de cor, a criança primeiro

separa os objetos de uma mesma cor, não importando as outras cores, e depois

sucessivamente vai separando as outras de cada vez.

Por volta dos sete anos de idade, a criança já é capaz de agir por mais de

um dado da realidade concreta, percebe que a quantidade se conserva,

independentemente da forma, no citado exemplo dos copos admite que eles

contenham a mesma quantidade de água.

Apesar da visível diferença de níveis. Ao adquirir o domínio da noção de

conservação da realidade, a criança passa a dispor da base para o pensamento

operacional concreto que se desenvolve dos oito até os doze anos de idade

aproximadamente, coincidindo com a fase escolar.(Ibidem)

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A criança pode então coordenar as relações mais, menos e igual, a

coordenação dessas operações comparativas com as suas experiências

concretas, permitem compreender as noções de espaço, tempo, número, forma,

dentre outras.O pensamento operacional concreto prende-se a experiência

sensível e objetiva, se for proposta apenas oralmente, uma questão padrão por

exemplo: Ana é mais alta que Helena, João é mais baixo que André. Qual deles

é o mais alto? E qual deles é o mais baixo? 4

A criança entre nove e doze anos de idade se confundirá, a questão será

facilmente resolvida se acompanhada de um exemplo. No estágio operacional

concreto a criança domina a noção de conservação da realidade, mas ainda não

consegue compreender situações exclusivamente verbais, simbólicas, tudo é

uma questão de nível de desempenho do pensamento.

No início deste estágio a criança regula a noção de todos e alguns e

estabelece a relação entre elas. Em um buquê de rosas, e outros de margaridas

a criança percebe que todas são flores e que algumas são rosas e outras

margaridas. A criança começa a classificar e a seriar os objetos e descobre que

uma operação pode ser feita de maneiras diferentes, passa a compor e a

decompor a realidade, sabendo que não se altera a sua essência. As operações

lógico-matemática e o raciocínio só podem desenvolver-se quando, além da

noção de conservação, a criança domina o principio da reversibilidade e o aplica

às operações mentais, toda a operação pode ser realizada de diferentes

maneiras sem que se altere a sua essência .

4 Livro de Claudino Piletti, Didática Geral pp34 37. Ática 1995.

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É o início do levantamento de hipóteses que vai caracterizar o período de

operações formais do pensamento, a partir dos treze ou quatorze anos de idade,

as operações formais de pensamento permitem o raciocínio lógico dedutivo, a

atividade mental essencialmente simbólica, a critica e o julgamento do

pensamento, em sua turma você trabalha com crianças que estão em transição

do pensamento intuitivo, para os das operações concretas e com outras que

estão no estágio de operações concretas de pensamento propriamente dito.

(Ibidem).

As atividades escolares envolvem noções que são fatos estabelecidos

como o movimento de rotação da terra em torno do sol; mas deva-se considerar

se a criança está pronta ou não para aceitá-los. A criança precisa construir estas

noções a partir de experiências concretas e reais.

A ação didática deve ser, portanto, de coordenação e orientação das

atividades infantis, sempre estimulando a criança a prosseguir em suas

investigações e fazer as suas descobertas. Jogos de raciocínio, linhas de tempo,

materiais de qualidades diferentes que ampliem as suas experiências facilitando

a manipulação e a pesquisa. O progresso de pensamento e do raciocínio é

diferente para cada criança por isso deve haver flexibilidade de atividades para

que as crianças se sintam estimuladas; na aprendizagem, as atividades

escolares devem provocar o raciocínio e a compreensão, não a simples

memorização mais o raciocínio realista e progressista.(Ibidem).

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2 - Piaget e suas descobertas no pensamento intuitivo.

As descobertas importantes de Piaget nos mostram a educação como

principal importância para o nosso dia-a-dia, estas descobertas nos mostram

muitas coisas que podemos esperar de todos os estudantes em vários estágios

e de seus desenvolvimentos intelectuais, dentre elas estão incluídas a

linguagem, regras de jogos, o pensamento e até mesmo o nosso raciocínio etc.5

Passamos a observar estas características como realmente elas são,

como elas ocorrem tipicamente nos estágios do pensamento intuitivo, operações

concretas e operações formais.

No estágio do pensamento intuitivo este ocorre antes da idade de mais ou

menos quatro anos, na qual a criança da enorme passo no seu crescimento

mental, formando-se assim, os símbolos mentais o qual é representado por

objetos reais, como usar palavras para se referir a objetos e de raciocinar num

nível muito simples, provavelmente usando imagens mentais em vez de

palavras.

As crianças começam a entrar mais ou menos no estágio do pensamento

intuitivo por volta dos quatro anos de idade, fizemos uma observação que por

volta mesmo antes deste nível, as crianças raciocinam e dão explicações na

base da intuição ou pressentimentos, ao invés de faze-lo na base do adulto.

5 Adriana Flávia de O Lima pré-escola, uma proposta baseada em Paulo Freire e Jean Piaget pp 45 78 Vozes 1999.

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Observamos que apesar do grande progresso intelectual que fizeram, ainda são

muito fracas, em coisas tais, como: Compreender a ordem dos eventos, explicar

relações, compreender os números etc. (Idem).

As linguagens verbais das crianças, são de dois tipos, comunicativos e

egocêntricos, a linguagem comunicativa, consiste em falar com a intenção de

transmitir informações a outros e fazer perguntas. A linguagem egocêntrica é

não comunicativa, pode consistir em mímica de sons e de palavras, ou pode ser

um monólogo, a criança simplesmente fala enquanto brinca, sem a intenção de

se comunicar com os outros.

A linguagem egocêntrica pode abranger cerca de quarenta por cento da

linguagem total de uma criança, neste estágio os professores que se dedicam à

educação de crianças, deveriam compreender que isto é perfeitamente normal,

pois elas conversam consigo mesmas, mesmo estando com outras crianças.

(Ibidem).

Na linguagem comunicativa, as crianças têm dificuldades de

compreenderem umas as outras, elas tem problemas de relembrar mais de um

passo ou instrução ao mesmo tempo, no entanto estão começando a usar

palavras para verbalizar imagens mentais e a linguagem, então passa a ser

reflexos do pensamento.

Estas crianças pequenas argumentam muito, todos os pais e professores

deveriam saber disto, seus argumentos são disputas verbais. Há pouco

interesse em persuadir ou convencer.seus argumentos, neste estágio, têm

efeitos poderosos, as palavras e a realidade não são bem diferenciadas.

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Seus jogos, regras e competições, tornam-se cada vez mais sociais,

anteriormente egocêntrico e espontâneo, torna-se agora cada vez mais

relacionados e dependente dos outros, os favoritos incluem correr para pegar

outras crianças, esconder e achar, procurar objetos que estão faltando e jogos

de adivinhação. Estão ligados ao tipo de jogo e não a quem venceu ou perdeu,

está é a razão pela qual a criança tão facilmente quebra regras, embora ela não

a faça, mal intencionada.

Os professores devem lembrar de manter regras muito simples de

conduta e em números reduzidos, as crianças quebrarão as regras, isso não

significa que elas estão sendo impertinentes ou provocadoras, elas não

conseguem lembrar as regras ao mesmo tempo em que estão pensando sobre o

que querem fazer (Ibidem).

O seu pensamento e raciocínio. Devemos lembrar continuamente de que

as crianças não pensam como os adultos. Neste estágio elas não podem efetuar

operações em suas cabeças, operações como adicionar, subtrair, seguir passos

na resolução de um problema. São incapazes em vários aspectos de uma

situação, podemos pensar no todo ou em algumas partes mas nem em ambos

ao mesmo tempo.

Alguns atos são resultados e vice e versa, suas propriedades e resultados

são vistos como absolutos, certo ou errados, melhor ou pior, elas fazem juízos

de valores na base das primeiras impressões, sobre intuições e conforme o

prazer ou desprazer pessoal.

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Já na classificação e relações, neste estágio, a criança progride

rapidamente da habilidade de classificar adequadamente. Além disso, é capaz

de fazer subdivisões ou subgrupos de dentro de um grupo maior. No entanto

quando solicita a considerar tanto o grupo maior como o menor dentro dele, é

capaz de fazê-lo.

A maioria das crianças de quatro e cinco anos; não são capazes de dispor

objetos em ordem, como o do menor para o maior, o mais curto para o mais logo

e assim por diante, pelos seis anos de idade, no entanto, a maioria é capaz de

executar esta tarefa corretamente, embora geralmente o façam através de

ensaio e erro, colocando e recolocando os objetos conforme os comparam aos

objetos adjacentes.

Através dos números Jean Piaget demonstrou que a criança não pode

conceituar adequadamente o número até que compreenda, classes e relações.

Com outras palavras, a criança tem de ser capaz de “conversar”, para

compreender que a quantidade permanece a mesma independente de como é

dividida em partes, antes que adquira o conceito de números, esta observação

toma muitos de surpresa, por acharem que tão logo a criança seja capaz de

contar, ela esta pronta para começar a trabalhar com os números. (Ibidem)

As investigações de Jean Piaget, mostram que a contagem e a

conservação de números são operações distintas e que o conceito de número

não segue imediatamente a habilidade de contar. Jean Piaget, nota esta

habilidade, também, mas mantém o seu ponto de vista de que as crianças

podem efetuar operações numéricas com compreensão somente quando se

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tornam capazes de estabelecer correspondências isto é, compreender que o

número não muda quando os objetos são re-agrupados.

Na competição e na honestidade, foi nos mostrado, estudo em que os

professores consideram a desonestidade, um aspecto muito sério do caráter,

eles acham que mentir por exemplo, indica um estado depravado e que isto

jamais pode ser tolerado. Piaget lembra que mentir é comum às crianças no

estágio do pensamento intuitivo, talvez mentir não seja a palavra a ser usada,

porque raramente a criança tem intenção de enganar.

Os fatos se confundem em sua mente; ela ainda não pode diferenciar

completamente o fato de ficção; a história pode apenas soar melhor desta forma,

ou seja uma criança relata a sua experiência, outras afirmarão que fizeram o

mesmo.

A competição em jogos e no trabalho virtualmente não significa nada para

crianças deste estágio. Elas têm uma idéia muito limitada de ganhar e perder ou

de superar os outros, cada criança joga ou trabalha para si mesma e pelo prazer

da atividade.

Na autoridade e obediência das crianças de quatro ou cinco anos de

idade, a maioria das crianças é muito obediente aos adultos. As maneiras dos

adultos são justas, ser bom e ser obediente, e ser mal é ser desobediente. É

simplesmente uma violação da autoridade adulta e como tal é bastante aceitável

de que ela deva trazer punição. A criança que se comporta mal raramente se

sente culpada de suas ações, no entanto, a reprovação do adulto por seu mau

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comportamento; são esperadas ações erradas de outras crianças sempre

exigem punições de pessoas adultas.

As crianças começam a notar inconsistências nas maneiras de comportar-

se, apesar disso a maioria das crianças ainda aceita a autoridade do adulto. No

comportamento social, culpa e opinião, como temos observado, a culpa nada

mais é do que ser apanhado fazendo algo de errado, e o mau comportamento,

na maioria das vezes, e meramente a desobediência à regra adulta, não há

nada de errado no mau comportamento como tal, no entanto, punição é uma

conseqüência natural do mau comportamento e é esperada.

Vimos anteriormente que a grande parte da linguagem da criança, é

egocêntrica; envolve-se em uma linguagem bem mais comunicativa e menos

egocêntrica, embora este último tipo apareça e reapareça por vários anos. Os

jogos também, tornam-se cada vez mais sociais, outros participantes são

exigidos e não simplesmente tolerados. As crianças deste estágio, imitam cada

vez mais as outras, se alguém faz um ruído ou um gesto engraçado, outras

repetirão. Para Piaget, este é um comportamento natural.

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2.1 - Piaget, a psicomotricidade e a criatividade.

.

Entre o pensamento, emoção e ação existem uma relação que chamamos

e conhecemos como psicomotricidade, esta decorre da vivência que a crianças

tem de seu próprio corpo, o desenvolvimento psicomotor, permite à criança

conhecer e controlar o seu corpo.6

Cada criança tem um ritmo e um tempo próprio para se desenvolver, o

seu desenvolvimento psicomotor depende na maioria das vezes, do seu

amadurecimento, do sistema nervoso, de sua idade e de seus interesses, o

conhecimento do corpo envolve três aspectos que são intimamente ligados, são

eles; o esquema corporal, o conceito do corpo, e a imagem do corpo.

A imagem do corpo é o sentimento que o indivíduo possui, de como é

fisicamente e o resultado da própria experiência com o seu corpo, entretanto a

criança pode sentir-se, bonita ou feia, fraca ou forte, grande ou pequena. Essa

imagem que ela desenvolve do corpo, pouco a pouco, pode alterar-se com o

tempo e com as próprias modificações físicas, qualquer que seja essa imagem

interfere na segurança básica da criança na qualidade de suas relações com as

outras pessoas.

O conceito do corpo é a idéia que o indivíduo tem do que é o corpo, suas

funções e suas partes; as brincadeiras nas quais as crianças devem dizer o

nome e para que servem, por exemplo: Mãos e olhos Auxiliando assim, a

formação de conceito de corpo.

6Texto extraído do Livro, Ministério da Educação e Cultura, Qualificação Profissional pp 55 57. 1991.

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A criança constrói o conceito de corpo, fazendo uma observação de si

mesma e de outras pessoas. O conceito de corpo depende muito das

informações obtidas, da imagem do corpo e da elaboração do esquema corporal

aos pouco, à medida que a criança amplia sua experiência e aprende e também

fazer o controle de seus movimentos. (Idem)

Conhecendo e controlando o corpo, vivendo experiências sensoriais e

motoras, a criança estabelece a base para as suas aprendizagens; o

conhecimento do corpo é indispensável ao desenvolvimento do pensamento e

ao ajustamento ao meio. O pensamento da criança constrói-se pouco a pouco, a

partir das suas experiências, o corpo é o intermédio entre o meio e a criança, do

contato do ambiente com o corpo, surgindo as sensações e vendo, tocando,

ouvindo e sentindo diversas sensações, através dessas sensações, a criança

aprende a se conhecer melhor e a conhecer o mundo que a cerca, e através

desse conhecimento com o mundo que a criança age, se emociona e começa a

pensar.(Ibidem).

O esquema corporal é a organização das sensações do corpo em relação

com o mundo interior, é construído progressivamente, de acordo com o

amadurecimento do sistema nervoso e das experiências sensoriais e motoras; à

inter-relação do corpo com o ambiente, oferece sensações variadas decorrentes

das posições adotadas pelo próprio corpo, do relaxamento a contração dos

diferentes músculos, e da integração das diferentes partes do corpo.

A imagem que a criança tem de seu corpo corresponde ao que ela sente

e não à opinião de outras pessoas, as crianças se revelam quando sente o seu

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corpo representado na pintura e no desenho. A sua representação do corpo será

mais rica e precisa na medida em que a criança conheça particularmente os

detalhes do seu corpo, essa representação nos das informações sobre a

imagem que a criança faz do seu corpo naquele momento, informações estas,

que cabe ao professor utilizar para ampliar o seu conhecimento sobre os seus

alunos, com atitudes de aceitação, afeto e atenção etc. (Ibidem)

Para favorecerem a formação de uma imagem do corpo, a elaboração do

esquema corporal obedece às leis gerais do desenvolvimento, é contínua,

gradual, manifestá-se da cabeça para os pés e do centro para as extremidades,

sua construção realizá-se numa relação entre o eu, o mundo dos objetos e o

mundo dos outros.

Da elaboração do esquema corporal dependem o equilíbrio e a

coordenação motora, que regulam todas as ações motoras. Manter-se em pé na

vertical, sentado sem cair, passar de uma posição a outra, correr, ler e escrever,

por exemplo; são comportamentos que só são aprendidos quando o estágio de

elaboração do esquema corporal o permite, o esquema corporal por tanto

possibilita a coordenação sensorial e motora do organismo, permitindo o

controle e uso do corpo. (Nelson Piletti:1993).

A criança deve aprender a controlar o corpo como um todo, relacionando

suas diferentes partes, ora se contraindo ora se relaxando; ela pode ser um

soldado de chumbo e logo depois um boneco de pano. A ação adequada

permite a harmonia necessária ao equilíbrio corporal, integrando contrações e

relaxamentos musculares, as crianças podem manter-se em movimentos ou

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paradas. A base de toda organização do esquema corporal é uma atividade livre

da criança, pois o seu corpo é um brinquedo, sua atitude é espontânea e

essencialmente lúdica, serve para divertir e dar prazer7.

Daí pode se dizer que os jogos e as brincadeiras ajudam a criança, a

conhecer melhor o seu corpo, como brincar de mandraque e virar cambalhota,

etc. A criança precisa agir, falar, manipular, observar e ter várias relações com o

ambiente físico-social, só depois vai interiorizar, pensar e refletir. (Jean

Piaget:1998).

As experiências, nas mais variadas sensações, a criança descobre o seu

corpo, não é um todo uniforme que ele possui, diferentes sensibilidades nas

diferentes partes que ele compõe de duas partes simétricas, descobrindo o lado

direito e o esquerdo, que são iguais e a frente e as costas que são diferentes.

As atividades rítmicas são lúdicas, agradam e divertem os discentes, no

entanto contribuem para o desenvolvimento de movimentos harmoniosos da

percepção da atenção a socialização. Para o professor o conhecimento das

relações entre pensamento, ação e emoção torna-se importante, já que a

atividade da criança depende de quanto conhece sobre o seu corpo e do quanto

pode controlá-lo.(Idem).

As atividades que permitem identificar a imagem que a criança faz de seu

corpo, favorecem o desenvolvimento do esquema corporal, ampliam a idéia do

corpo e de suas partes, de como se combinam e para que servem, são

essenciais à aprendizagem escolar; os brinquedos e as atividades, livres e

7 Texto extraído do livro; Psicóloga Educacional pp34 50 Ática 1991.

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espontâneas, exercícios rítmicos tornam a aprendizagem escolar mais

interessante e produzem melhores efeitos nos desenvolvimentos psicomotores e

intelectuais. Já na criatividade, o potencial criativo começa a revelar-se desde a

primeira etapa do desenvolvimento infantil. Nos primeiros anos de vida, período

sensorial e motor, a criança experimenta todas as suas potencialidades e

possibilidades de movimentação, com isto, descobre e inventa, novos

comportamentos. (Ibidem)

Assim, ao buscar o domínio de sua capacidade de atuação no ambiente,

a criança exerce uma ação criativa; entre os três e os seis anos de idade,

predomina o jogo simbólico, a criança usa todo o seu jogo de símbolos, pois a

criança usa toda a sua imaginação criadora e expressa em palavras e

comportamentos, sua percepção do mundo, seus sentimentos e emoções.

O homem é um ser criador, capaz de utilizar os recursos da natureza para

facilitar e prolongar sua vida, torna-la mais atraente, além da verbalização, o ser

humano dispõe de muitas outras formas de manifestar-se seus sentimentos,

interesses necessários e conhecimentos de relacionamento com o mundo;

podendo explorar o seu próprio eu, e o meio que o envolve.

Entre os cinco e os oitos anos, a criança começa a submeter sua

imaginação e sua atitude sensória motora às regras da realidade, procura, no

entanto preservar a sua criatividade, buscando soluções originais que alteram a

regra geral, está sempre à procura de um modo diferente de fazer as coisas.

(Ibidem).

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A imaginação criadora revela-se em atividade espontânea como

dramatizações, brinquedos, trabalhos manuais etc. As atividades lúdicas servem

para as crianças liberarem a criatividade e aprender novas formas de lidar com a

realidade. A fase do jogo simbólica é ultrapassada quando a criança, pelo

desenvolvimento do pensamento; evolui das soluções egocêntricas para as

soluções coletivas, as crianças juntam as suas experiências, trocam idéias e

opiniões, procurando em conjunto novas formas de resolver seus problemas.

O professor deve aceitar que a criatividade decorre da experiência e do

nível de desenvolvimento da criança; a manifestação criadora infantil pode

revelar-se através de um comportamento aparentemente lógico para o adulto ou

ainda, de uma solução errada, por falta de experiências das crianças, esta

inventa, cria palavras, utilizando uma lógica muito própria.

Por exemplo: O colador; homem que cuida de coelhos, alguns fatores

podem interferir na expressão criativa, em qualquer área do comportamento, a

liberdade ou inibição da criatividade, dependem de condições do ambiente

físico, das experiências afetivas vividas e os valores sociais que as crianças

absorvem e transformam em atitudes.

O professor deve estimular a criatividade infantil, permitindo que a criança

viva todas as etapas do processo criador, para isso deve ser proporcionada

oportunidades de planejar atividades e liberdades para escolher materiais,

formas de execução e meios de expressão. Deve também lhes oferecer

estímulos para comunicar as suas soluções ao grupo e avaliar o próprio

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desempenho, isto porque o pensamento produtivo pode ser compartilhado por

todos, embora seja individual.8

A criança deve ser estimulada a desenvolver atividades criativas,

atividades estas que se relaciona com a ação, o dinamismo, a produção,

atitudes criativas que abrangem receptividade e sensibilidade, uma

disponibilidade para experimentar e inovar.

Um antigo jogo de dominó, no qual a figura de uma panela devia ser

combinada com a tampa, foi utilizado criativamente por um grupo de crianças,

mudando as regras do jogo, poderiam combinar quais quer figuras desde que a

apresentasse uma relação entre elas.

Por exemplo: Tampa combina com navio, porque os dois são de metais, o

ovo combina com a panela, porque a panela serve para cozinhar o ovo.

A criatividade não se relaciona apenas com as atividades artísticas,

embora nesta área se torna mais evidente, no esporte, na culinária, na

construção civil ou em qualquer outra área do comportamento humano, o

homem pode ser criativo, é uma forma produtiva de pensar e resolver um

problema, quando uma criança tenta utilizar uma varinha para alcançar algo

distante, está sendo criativa, encontrando uma forma produtiva de resolver

problemas, pode ser uma invenção, ou uma descoberta.

Por volta dos nove ou dez anos de idade, numa seqüência em seu

processo criativo, a criança aceita as regras do jogo, aprende, então, o jogo da

vida. Mas a aceitação dessas regras não é necessariamente passiva. A criança

8Ver em; Na formação do Educador de Maria Joanete.pp 76 97 Vozes.2000.

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dispõe de recursos para co-existir com regras, compreendê-las e mudá-las se

for necessário, procurando encontrar um equilíbrio entre as regras

estabelecidas, as condições de vida e a sua expressão pessoal. (Ibidem).

Na escola o desafio é bem colocado, o estímulo à curiosidade, o estímulo

à crítica e à autocrítica são elementos fundamentais para que acriança

mantenha a disposição criativa que possui, as atividades artísticas, embora não

sejam as únicas, constituem um campo fértil para a expressão criativa. Através

da dança, do canto, do ritmo, do desenho ou de qualquer outro tipo de arte ou

forma, a criança libera as suas tensões e se aventura, mais espontaneamente

na produção do novo.

À medida que a criança se desenvolve, muda a sua maneira de se

expressar, sua relação com o mundo, evolui sua manifestação artística, mas é

importante lembrar e fazer uma observação que tudo o que a criança faz é um

meio natural de expressão. (Ibidem).

O importante é que o ser humano tenha a oportunidade de vivenciar o

processo criador; quando o homem exprime uma idéia ou faz algo novo para si

ou para o seu meio esta criando, o pensamento criador, produtivo inovador,

implorativo e automotivo, atraído pelo desconhecido.

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3 - Vygotsky e a zona de desenvolvimento proximal.

Através da concepção de que é o aprendizado que faz com que possibilite

despertar os processos internos do indivíduo, liga o desenvolvimento da pessoa,

a sua relação com o ambiente sócio cultural em que vive e sua situação de

organismo que não desenvolve plenamente sem suporte de outros indivíduos de

sua espécie.9

É essa importância que Vygotsky dá ao papel do outro social no

desenvolvimento dos indivíduos, cristalizá-se na formulação de um conceito

especifico dentro de sua teoria, essencial para a compreensão de suas idéias

sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizado: este é o conceito de

zona de desenvolvimento proximal.

Normalmente, quando nos referimos ao desenvolvimento de uma criança,

o que buscamos compreender e “até onde a criança já chegou,” em termos de

um percurso que supomos, será percorrido por ela. Assim, observamos seu

exemplo. Ela já sabe andar? Quando dizemos que a criança já sabe realizar

determinada tarefa, referimos a sua realidade de realizá-la sozinha.

Por exemplo, se observamos que a criança “já sabe amarrar os cadarços

dos sapatos”, está implícita a idéia de que ela sabe amarrar o mesmo sozinha,

sem necessitar da ajuda de outra pessoa. Vygotsky, denomina essa capacidade

de realizar tarefas de forma independente de nível de desenvolvimento real.

9 Texto extraído do livro Vygotsky- Aprendizado e desenvolvimento- um processo sócio- histórico pp 68 69. Spcione 1993.

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Para ele, o nível de desenvolvimento real da criança, caracteriza o

desenvolvimento de etapas já alcançadas, já conquistadas pela criança.

Vygotsky, chama a atenção para o fato de que, para compreender

adequadamente o desenvolvimento, devemos considerar não apenas o nível de

desenvolvimento real da criança, mas também seu nível de desenvolvimento

potencial, isto é, sua capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de

adultos ou de companheiros mais capazes.

Há tarefas que uma criança não é capaz de realizar, se alguém lhe der

instruções, fazer uma demonstração, fornecer pistas, ou der assistência durante

o processo. (Idem). Essa possibilidade de alteração no desempenho de uma

pessoa pela interferência de outra é fundamental.

Em primeiro lugar porque representa de fato, um momento do

desenvolvimento; não é qualquer indivíduo que pode, a partir da ajuda de outro,

realizar qualquer tarefa. Isto é, a capacidade de se beneficiar de uma

colaboração de outra pessoa vai ocorrer num certo nível de desenvolvimento,

mas não antes de receber orientação e ajuda de outra pessoa.

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3.1 - A criatividade na aprendizagem da criança.

O potencial criativo começa a revelar-se desde a primeira etapa do

desenvolvimento infantil. Nos primeiros anos de vida a criança experimenta

todas as suas possibilidades de movimentação e com isto descobre e inventa

novos comportamentos, assim ao buscar o domínio de sua capacidade de

atuação no ambiente, a criança exerce uma ação criativa.

Para Piaget, todo o ser humano tem um potencial de criatividade, uma

disposição para inventar e criar formas de atuar no ambiente, o comportamento

criativo é aquele que inova, que permite o indivíduo produzir soluções novas ou

originais para solucionar problemas que surjam.10

A criança é por natureza criativa, o homem é um ser capaz de utilizar os

recursos da natureza para facilitar e prolongar sua vida. Temos que identificar os

procedimentos de ensino que levam ao desenvolvimento da criatividade,

conceituando assim a criatividade como capacidade humana de se comportar

construtivamente, produzindo e conduzindo a autoconfiança, ao conhecimento e

a integração social. (Idem).

A imaginação criadora, revela-se em atividades espontâneas, como

dramatização, brinquedos e trabalhos manuais, as atividades lúdicas servem

para a criança liberar a criatividade e aprender novas formas de lidar com a

realidade, a criança começa a subestimar-se sua imaginação e sua atividade

sensório motora, as regras da realidade.

10texto extraído do livro de Diva Maranhão. Ensinar brincando pp 34 36 W. A. K. 2001.

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A criança usa toda a sua imaginação criativa e expressa em palavras, o

seu comportamento e a sua percepção com o mundo, através de seus

sentimentos e emoções. De modo geral, todas as crianças são criativas embora

em diferentes circunstâncias, a criança se faz o investigador e descobrindo

assim o que lhe interessa.(Ibidem).

A criatividade deve estar presente em todas as atividades, pois não há

momento específico para a criança criar algo, todas as oportunidades nas

diferentes áreas, podem ser transformadas em momentos criativos. A escola

deve aproveitar desta disposição das crianças para oferecer-lhes atividades,

através das quais os alunos sejam preparados para solucionar as próprias

coisas que lhes aparecem.11

O professor deve aceitar que a criatividade decorra da experiência e do

nível de desenvolvimento da criança, a manifestação criadora infantil pode ser

revelada através de um comportamento lógico, isso podemos observar na

linguagem infantil, pois a criança cria, inventa, utiliza uma lógica própria para

perder a inibição de mostrar a sua criatividade, dependendo muita das vezes, do

ambiente em que a mesma se encontra, das experiências afetivas, vividas e dos

valores sociais que as crianças absorvem e transformam em atitudes. (ibidem).

A criatividade é inerente ao ser humano e pode manifestar-se de

diferentes formas, podendo a escola, criar situações que favoreçam o

desenvolvimento da capacidade, para a criança manifestar-se, mais

11 Ver em; Psicologia Educacional pp55 57 Nelson Piletti. Ática 1993.

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autenticidade, originalidade e as atividades através de uma forma produtiva de

pensar e resolver os seus problemas sem inibição.

Quando o ser humano exprime uma idéia ou faz algo novo para o seu

meio de convívio esta criando o pensamento criativo produtivo e inovador, cabe

ao professor estimular a criatividade infantil, para que a criança mais tarde viva

todas as etapas do processo e assim desenvolver oportunidades de planejar

atividades e liberdade a fim de escolher materiais necessários a sua criatividade

do momento.

A criança deve ser estimulada a desenvolver atividades e atitudes

criativas, as atividades criativas relacionam-se com a ação, o dinamismo, a

produção de atitudes criativas que fazem uma abrangência à receptividade, e a

sensibilidade. À medida que a criança se desenvolve, muda a maneira de

expressar a sua relação com o mundo, fazendo assim a sua criatividade vir à

tona.

Os jogos e os brinquedos contribuem para a criatividade da criança ao

mundo que a envolve, pois fazem parte do ajustamento do discente mantendo a

sua motivação sendo assim, uma forma de expressão mais criativa das crianças

ao mundo que as envolvem, obtendo a motivação para a criatividade e o prazer.

Trabalhando no âmbito da educação, podemos perceber que não existe

um conceito pré-estabelecido entre os professores, de formação e informação,

no que diz respeito à criatividade. Outra característica antiga do ensino atual é

de que a educação ainda esta voltada para o passado, para o domínio de fatos

já conhecidos.

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Será que esquecemos de que o nosso aluno viverá a maior parte de sua

vida no século XXI e de que terá de se apropriar cada vez mais rapidamente das

informações, da tecnologia, para vencer os desafios, se conseqüentemente, terá

de desenvolver a capacidade de pensar de forma mais elaborada?

Quantas vezes os nossos alunos encontram nas suas escolas, espaços

para explorar, para descobrir, para pensar criativamente? Consagrou-se a idéia

de que as habilidades inseridas nas diferentes linguagens artísticas, musicais,

dramáticas etc, são privilégios de poucas pessoas e que a maioria não é capaz

ou não tem jeito para isso.(Ibidem).

Em conseqüência não se dá às pessoas nenhuma chance de aprender ou

de experimentar as suas próprias capacidades. O papel do professor é

fundamental para desmistificar a idéia de que, ser criativo é um dom divino. O

professor, exerce um papel de mediador privilegiado no processo de ensino

aprendizagem, no crescimento de seu aluno e no desenvolvimento das suas

habilidades criativas. 12

Para Diva Maranhão, o processo criativo possibilita ao homem realizar

uma nova combinação daquilo que já existe, sem que seja apenas uma

reorganização do velho, mas possibilite efetivamente a emergência de uma nova

estrutura mental

12 Texto extraído do Livro, Ensinar Brincando, a aprendizagem pode ser uma grande brincadeira, p p34 36 W. A K. 2001.

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3.2 - A aprendizagem cotidiana; uma ação supervisora.

A forma pela a qual os indivíduos satisfazem habitualmente as suas

necessidades, é relativamente específica, mas os objetivos propostos para a sua

satisfação, variam de pessoa para pessoa e assim sucessivamente. Os

comportamentos que levam à situação de uma necessidade, também são

resultantes de uma aprendizagem, no entanto, uma criança faminta pode chorar,

pedir comida a mãe ou ir simplesmente direto para a geladeira .13

A motivação, portanto fornece a energia para a ação e torna o indivíduo

receptivo a certos estímulos ambientais. A aprendizagem por sua vez é

responsável; pelo aparecimento das atividades, adequadas para a satisfação

das necessidades. Todo o indivíduo tem múltiplas necessidades a serem

satisfeitas e várias formas para satisfazê-la, como não pode satisfazer todas ao

mesmo tempo, nem alcançar diferentes objetivos de uma só vez, ele

obrigatoriamente deve ser seletivo e hierarquizar suas necessidades. (Idem)

Sua conduta mostra que o sucesso nos estudos é o objetivo mais

importante naquele momento; da mesma forma, uma moça que faz regime para

manter-se magra, está demonstrando a aprovação social, para ela, é o objetivo

mais importante do que o alimento. As necessidades podem ser genericamente

classificadas em duas categorias; filosóficas e psicológicas, as necessidades

fisiológicas, também denominadas primárias, estão ligadas à manutenção da

vida do indivíduo ou da espécie.

13 Texto extraído do livro de Lauro de Oliveira Lima. Escola do futuro-o ato de aprender pp 45 57. Jose Olympio 1974.

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As necessidades psicológicas estão ligadas a sua auto-realização, isto é,

à atualização de suas potencialidades e à conquista de sua autonomia. Portanto,

as necessidades fisiológicas estão ligadas à manutenção da vida orgânica e as

necessidades psicológicas, da vida emocional e social. (Ibidem).

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Conclusão

Estudar o comportamento humano, o desenvolvimento da criança, já é

uma continuidade de uma cultura milenar, sabemos que, desde que o homem

veio ao mundo, com ele, veio às ciências, as pesquisas e outros

conhecimentos; a busca do eu, segundo o conceito de filosofia, a incessante

busca da verdade.

Pesquisada pelos filósofos, enfim, a educação cresce junto com o

homem; o mesmo formou a sociedade a qual fazemos parte; fazer esta

pesquisa é satisfatório pois me permitiu conhecer um pouco mais deste mundo

de sábios e do saber; estou certa que este será para mim um novo caminho e

com certeza incansável e muito gratificante.

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