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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LATERALIDADE: PERSPECTIVAS SOBRE SUA PRÁTICA, EM
UMA ABORDAGEM COM CRIANÇAS DE 2 A 5 ANOS.
Por: Leandro Machado da Silva
Orientador
Profa. Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LATERALIDADE: PERSPECTIVAS SOBRE SUA PRÁTICA, EM
UMA ABORDAGEM COM CRIANÇAS DE 2 A 5 ANOS.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicomotricidade
Por: Leandro Machado da Silva
AGRADECIMENTOS
A todos que me ajudaram a ter sucesso
na minha vida acadêmica.
DEDICATÓRIA
Dedico está obra à minha Mãe que
sempre esteve ao meu lado.
RESUMO
O processo educacional vivenciado atualmente demonstra a
importância cada vez maior de abrangentes áreas de conhecimento, afim de
que seja possível sustentar e legitimar a atuação do profissional de educação,
seja ele de qualquer campo de atuação. O presente estudo ira conduzir seu
leitor a uma análise mais apurada e reflexiva sobre uma prática consciente
dentro do processo educacional, visando dar base teórica para as práticas
cotidianas; analisando a prática psicomotora, em especifico a lateralidade,
dentro do processo de ensino-aprendizagem, contextualizando as possíveis
dificuldades que a má formação de lateralidade pode acarretar em crianças de
2 a 5 anos e apontar as possíveis saídas para a minimização dos problemas
apontados, dentro das aulas de Educação Física escolar.
METODOLOGIA
O presente estudo é uma pesquisa bibliográfica com fim de conhecer
e reconhecer a Lateralidade dentro do processo educacional, buscando dar
embasamento teórico para uma prática psicomotora consciente e segura
dentro do processo de ensino-aprendizagem.
Como instrumentos de consulta foram utilizados as referências
bibliográficas citadas abaixo.
FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. 1ªed Scipione, 2010 FARIA, Alcidia Magalhaes. Lateralidade: Implicações no Desenvolvimento Infantil – 2ªed Sprint, 2004 LE BOULCH, Jean. Rumo a uma ciência do movimento humano – Artes Médicas Sul Ltda. 1987
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos
Artes Médicas – Porto Alegre, 1992
PACHER, Luciana Andréia Gadotti. Lateralidade e educação Física. Instituto
Catarinense de Pós-Graduação – WWW.icpg.com.br, 2012.
FONSECA, Vitor da. Piscomotricidade: Perspectivas multidisciplinares
Editora Artmed – Porto Alegre, 2004
ROMERO, Eliane. Lateralidade e rendimento escolar. Revista Sprint, vol 6,
1988.
VIEIRA, Lenamar Fiorense; VIEIRA, José Lui. Estudo das principais correntes
teóricas do desenvolvimento da criança”. Revista de Educação Física, volume
5, pp55-62, 1996.
GESELL, Arnold. Acriança dos 0 aos 5 anos. São Paulo: Artes medicas, 1996.
NETO, Amarílio Ferreira. Lateralidade no pré-escolar. Rio da Janeir: Sprint.
1995
FLINCHUM, Betty M. Desenvolvimento motor da criança. Rio de janeiro.
Interamericana. 1981.
NEGRINE, Airton. Educação psicomotora: a lateralidade e a orientação
espacial. Porto Alegre: Palloti. 1986
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de Aprendizagem: as
Múltiplas Eficiências para uma Educação Inclusiva- 5 ed.- Rio de Janeiro: Wak
Ed, 2011.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Lateralidade 11
CAPÍTULO II – Má Formação de Lateralidade e Dificuldades de
Aprendizagem 18
CAPÍTULO III – Possíveis Saídas para Amenizar os Problemas de Má
Formação de Lateralidade, Dentro das Aulas de Educação Física 24
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA 29
ÍNDICE 31
.
9
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor é um processo contínuo e demorado que
ocorre em fases e estágios, obedecendo às mudanças biomecânicas
ocasionadas pelo crescimento físico, pela maturação neurologia e pelo
desenvolvimento cognitivo.
É através da lateralidade que a criança toma ciência das partes do
corpo e a posição dos objetos e das pessoas com relação a ela mesma.
“A definição de lateralidade está diretamente relacionada com o
conhecimento corporal, pois se entende por lateralidade, o predomino de um
lado do corpo sobre o outro”. (Faria 2004, p. 73)
O estudo e conhecimento da lateralização do individuo é de
fundamental importância para a compreensão dos fenômenos psicomotores e
entendimento dos processos de ensino aprendizagem, pois tal entendimento
possibilita ao professor criar estratégias de mobilização, a fim de suprir as
necessidades do educando, tornando sua aula mais produtiva e eficaz.
O conhecimento básico dos tipos de lateralização é fundamenta na pré-escola, pois é possível evitar ou diminuir as dificuldades e distúrbios , que vão desde a gagueira até a psicose, passando pelos tiques e a dislexia. É papel do professor de educação física, juntamente com o professor de sala de aula, contribuir para eliminar as dificuldades ligadas a lateralização. (FARIA, 2004 p. 64 e 65)
A educação física tem papel importante na prevenção, de possíveis
dificuldades de aprendizado, intervindo de forma positiva no desenvolvimento
da criança.
Segundo Le Boulch, (1987, pag. 107) é pelo corpo que ficamos
presentes em outrem e, com ele, no mundo. É através primeiramente do corpo
que nos comunicamos e expressamos. Que são pelos gestos e mímicas que,
por exemplo, nos primeiros anos de vida nos comunicamos com os outros. Por
isso que a Educação Física tem extrema importância para melhorar a
10
coordenação desses movimentos de comunicação e para que no futuro, as
crianças tenham mais facilidade de aprendizado no processo de alfabetização.
11
CAPÍTULO I
LATERALIDADE
O desenvolvimento infantil perpassa por diversas esferas, dentre
elas a lateralidade é uma significativa e importante ferramenta de
aprimoramento e desenvolvimento do conhecimento da criança, é através do
estudo da lateralidade que o entendimento dos fenômenos ocorrentes
durante o desenvolvimento infantil são mais facilmente compreendidos.
1.1 Desenvolvimento Infantil
O termo maturação possui diversas possibilidades, sendo definida
tanto no campo biológico como no campo psicológico. No biológico significa
alcançar o ponto máximo de desenvolvimento com referência a estrutura física.
Já no psicológico significa alcançar a plenitude mental.
Quando nos referimos ao desenvolvimento infantil, não podemos
deixar de mesurar os aspectos físicos e biológicos que acontecem no
organismo. É preciso observar que o desenvolvimento motor está intimamente
ligado ao crescimento, pois quando há crescimento do corpo,
consequentemente seu desenvolvimento motor aumenta.
A divisão do processo de crescimento caracteriza-se por vários períodos; neonatal, que compreende as primeiras semanas de vida, segundo é a primeira infância, que engloba os primeiros anos de vida sendo dividido em lactante e não-lactante, o terceiro corresponde à segunda infância, que corresponde aproximadamente dos dois aos seis anos, quarto período corresponde aproximadamente de seis até onze anos, quinto período é a fase da puberdade, sexto da adolescência até a vida adulta, o sétimo a idade adulta e por fim o oitavo período com a velhice. (FARIA, 2004, p. 36 e 37)
O período de desenvolvimento da criança caracteriza-se por
estágios, para Vieira (1996, pag. 64), o desenvolvimento considera tanto a
12
hereditariedade como o ambiente em que a criança vivi e dividi a sequência de
estágios do desenvolvimento cognitivo em quatro:
• Sensório-motor (de 0 a 2 anos)
• O pré-operacional (de 2 a 7 anos)
• O das operações concretas (de 7 a 12 anos) e
• O das operações formais (de 12 a 15 anos até a vida adulta).
Já a teoria de Gesell (1996, pag. 49) é maturacional, ou seja,
fundamentada na anatomia e fisiologia, o ambiente era meramente propiciador
do “despertar” contribuindo apenas com uma variação ou modificação no
desenvolvimento, assim ele dividiu o conceito maturativo em três princípios:
• Princípio da Direcionalidade
A maturação dirige o processo de desenvolvimento em contraposição
com as forças ambientais (céfalo-caudal e próximo-distal);
• O princípio da Assimetria Funcional
O organismo tende a desenvolver-se assimetricamente, o ser humano
possui um lado preferido e demonstra essa preferência lateral. Junto com
esta assimetria funcional, se manifesta uma assimetria neurológica,
assim, uma metade do cérebro é dominante sobre a outra;
• O Princípio de Flutuação Auto-reguladora
Neste princípio o desenvolvimento não se manifesta no mesmo ritmo em
todas as áreas, não atua simultaneamente, pois ainda que possam se
parecer, diferentes ares se desenvolvem em diferentes ritmos, podendo
esta velocidade alterar-se com o tempo. Para ele, o crescimento da mente
está profunda e inseparavelmente limitada pelo crescimento do sistema
nervoso e pelo passar do tempo, ou seja, a criança estará pronta
13
normalmente para fazer o que necessita à sua idade quando o seu
sistema nervoso estiver pronto.
No que diz respeito ao desenvolvimento motor é importante
observar que o ser humano antes mesmo de nascer, já realiza seus primeiros
movimentos, o cérebro já emite impulsos para a movimentação muscular.
O desenvolvimento motor é um processo contínuo e demorado e as
experiências vivenciadas pela criança nesse período determinarão, o tipo de
pessoa que ele se tornará. Nesse processo de desenvolvimento continuo,
deve-se considerar que o desenvolvimento é aproximadamente igual para
todas as crianças, sendo que a velocidade da progressão que tem grande
variação, pois está relacionada a maturação, às experiências, e às diferenças
individuais.
Para Neto (1995, pag. 32), o desenvolvimento humano é o produto
da complexidade e interação dinâmica de fatores genéticos, biológicos e do
desenvolvimento físico e social.
No ciclo de desenvolvimento da criança, os primeiros cinco anos de vida são os mais importantes devido a influencia que exercem sobre os posteriores. Neste parâmetro, enfatiza que o desenvolvimento de cada idade tem sua própria individualidade, a sua tarefa específica de desenvolvimento, o seu próprio clima e a própria maneira de ser. (GESELL, 1996, pag. 92)
Dentro da organização estrutural do desenvolvimento infantil é
importante ressaltar o surgimento da linguagem, as palavras substituem
algumas ações físicas, mas se considerarmos o ato da fala também como uma
ação física diríamos que certas ações físicas substituem outras. Uma criança
quando começa a falar pode deixar de realizar certas ações motoras, que
passam a ser simbólicas, a linguagem é fundamental para a estruturação de
um nível mais elevado de pensamento e estruturação de outros atos motores,
não podendo falar o recurso dessa criança para agir no mundo e o movimento.
Com o surgimento da linguagem, nasce-se para um novo mundo,
sem fronteiras.
14
1.2 Lateralização
O termo lateralidade vem do latim e quer dizer “lado”, a lateralidade
pode ser definida naturalmente durante o crescimento, por dominância
hemisférica cerebral ou até hábitos sociais. Os espaços motores
correspondentes ao lado direito e esquerdo do corpo terá sua composição
durante o transcorrer do desenvolvimento humano.
O cérebro humano está dividido em duas metades denominadas
hemisférios cerebrais, cada hemisfério está associado predominantemente a
um lado do corpo, sendo que o controle dos movimentos do cérebro para o
músculo é cruzado. O lado direito do cérebro domina o lado esquerdo e o lodo
esquerdo domina o lado direito do corpo.
Quando há dominância do hemisfério esquerdo, temos o individuo destro e, quando ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o individuo canhoto. “A dominância funcional de um lado do corpo é determinada não só pela educação, mas pela predominância da um hemisfério cerebral sobre o outro”. (FARIA, 2004, p. 56 e 57)
Para Faria (2004 p. 60 e 61) existem três tipos de lateralização:
• Os Direitos Integrais bem Lateralizados:
A dominância lateral é a esquerda , todas as realizações motrizes são à
direita. É de fato, o caso estatisticamente mais frequente; o hemisfério
esquerdo comanda o hemicorpo direito, o que leva o indivíduo a uma
utilização preferencial deste hemicorpo na realização prática;
• Os Esquerdos Integrais bem Lateralizados:
A dominância cerebral traduz uma especialização à direita dos
hemisférios. Segundo os autores, não se pode considerar o sinistro como
15
um individuo funcionando “em imagem espelhada” em relação ao
individuo destro;
• Os que Apresentam uma Predominância Vaga:
Certo número de crianças tem de inicio tendência a usar a mão
esquerda, porem, sob influencia do meio educativo, aprendem a usar a
mão direita em determinadas tarefas, particularmente no grafismo,
tornam-se aparentemente direitas, mas esta nova opção corre o risco de
ser vaga, e estas crianças podem permanecer esquerdas especialmente
no que diz respeito ao olho diretor ou ao pé. Há três tipos de
predominância vaga: direitos com um atraso de lateralidade; esquerdos
com algumas atividades, direitos em outras; e esquerdos contrariados que
aprendem a escrever com a mão direita.
Ainda segundo Faria ( 2004 p. 60 e 61) o respaldo teórico nos diz que
a lateralidade pode virtualmente estar determinada desde o nascimento, não
sendo essencialmente uma questão de educação. Por outro lado, esclarecendo
que neste nosso mundo tradicional destro, muitos aspectos favorecem a
utilização da mão direita, como, por exemplo: o uso de tesouras, do abridor de
latas, das maçanetas das portas e um incompatível número de objetos do dia-
a-dia que reforçam o uso do lado direito. Nosso posicionamento é de que a
lateralidade tem um determinante genético, porem se estabelece de acordo
com a educação.
Segundo Negrine (Faria, 2004 p. 70 e 72), lateralidade corporal
relaciona-se ao esquema do espaço interno do individuo, que o capacita a
utilizar um lado do corpo com maior facilidade que o outro, em atividades que
exijam habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. O autor
aborda três tipos de lateralidade:
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a) Lateralidade Homogenia Definida
É a predominância de um dos lados do corpo em todas as atividades
propostas quando à habilidade da mão, de pé e de olho. São
denominados destros aqueles com dominância do lado direito do corpo e
sinistros os que possuem dominância do lado esquerdo do corpo;
b) Lateralidade Definida Cruzada
É o domínio parcial de uma das partes do corpo. Mas que possui
dominância no segmento. Por exemplo, um indivíduo que é destro de pé e
de mão e sinistro de olho;
c) Lateralidade Indefinida
É a falta de definição em qualquer dos segmentos corporais, mão, pé ou
olho. Pó exemplo, uma pessoa que em três atividades a realizar com a
mão, usa em duas delas uma mão e na outra, a mão oposta.
Já Coste (1992) define quatro tipos de lateralização:
a) Destralidade Verdadeira
A dominância cerebral encontre-se a esquerda;
b) Sinistralidade Verdadeira
A dominância cerebral está à direita;
c) Falsa Sinistralidade
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É o caso em que o indivíduo adota a sinistralidade em consequência de
uma paralisia ou de uma amputação, que tornou impossível a utilização
do braço direito;
d) Falsa Destralidade
É o caso em que a organização é inversa da observada na falsa
sinistralidade.
A lateralidade não está ligada somente a dominância de umas das
mãos ou um dos pés, mas está intimamente ligada a todas as ações de um
individuo. Nela consiste; lateralidade manual, dominância de umas das mãos;
lateralidade pedal, dominância de umas das mãos; lateralidade ocular,
dominância de um dos olhos; lateralidade auditiva, dominância de um dos
ouvidos e lateralidade expressiva, dominância por membros nas atividades do
dia-dia, como por exemplo, utilizar uma tesoura, folhear um livro, pentear, entre
outros.
18
CAPÍTULO II
MÁ FORMAÇÃO DE LATERALIDADE E DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM
Atualmente muito se tem estudado a respeito das dificuldades de
aprendizado encontradas pelas crianças no período escolar, fato que não se
pode culpar uma única motivação para tal ocorrência, as dificuldades
encontradas geralmente são motivadas por fatores múltiplos, mas quando se
trata de desenvolvimento psicomotor, um fator relevante para que possamos
intender sobre essas dificuldades é o estudo da lateralização e a interferência
que a má formação dela pode acarretar ao desenvolvimento infantil.
2.1 Dificuldades de Aprendizagem
Os transtornos de aprendizagem podem gerar dificuldades
significativas para o desempenho do aluno, afetando habilidades específicas,
como a leitura, escrita e a matemática.
“Transtornos de aprendizagem compreende uma inabilidade específica, como leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual. O transtorno de aprendizagem pode ser suspeitado na criança que apresenta algumas características, tais como: -inteligência normal -ausência de alterações motoras ou sensoriais -bom ajuste emocional, porém “camuflado” -”nível socioeconômico e cultural aceitável.” (RELVAS, 2011, p 53)
Dificuldades de aprendizagem podem ser motivadas basicamente
por campos intrínsecos, baixa autoestima, ou disfunções no sistema nervoso
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central, ou extrínseco, pressão familiar, bulling, entre outros.
Tem sido uma preocupação constante para o futuro das crianças sem condições de aprender, pois existe a possibilidade de elas virem a desenvolver na adolescência problemas de conduta. Então, encarando o problema dessa forma, é possível chegar-se a uma hipótese diagnóstica que, a cada momento, a relação com a criança poderá ser ajustada. Sara Paín, em relação á aprendizagem, diz que devem-se estabelecer situações necessárias e adequadas internas e externas. As primeiras estão relacionadas com o corpo, com a integridade anatomofuncional cognitiva, com a estruturação e a organização dos estímulos. Já as externas estão relacionadas com o campo dos estímulos.(RELVAS, 2011 p57)
O processo de aprendizagem é um ato complexo, onde o ser
humano aprende ininterruptamente e depende de variáveis como, cognição,
motricidade e ainda aspectos sociais.
Dificuldades para a aprendizagem abrangem um grupo heterogêneo de problemas capazes de alterar as possibilidades de a criança aprender, independentemente de suas condições neurológicas para fazê-lo. A expressão transtornos da aprendizagem deve ser reservada para dificuldades primárias ou específicas, que se devem a alterações do SNC. Os fatores envolvidos nas dificuldades para a aprendizagem podem ser divididos em:
-fatores relacionados com a escola; -fatores relacionados com a família; -fatores relacionados coma criança. (RELVAS, 2011 P 59)
As dificuldades de aprendizagem estão intimamente ligadas ao
fracasso escolar, é preciso atentar-se para as diferentes formas de ensinar,
pois existem varias formas de aprender. Durante muitos anos os alunos foram
responsabilizados pelo fracasso escolar, mas hoje em dia não podemos nos
limitas a acreditar nisso, a dificuldade de aprendizagem não é uma questão de
vontade do aluno ou do professor, é uma questão muito mais complexa, onde
vários fatores podem interferir na vida escola e, como relacionamento
professor-aluno, ou até mesmo a metodologia e conteúdos aplicados no
20
colégio.
Segundo Relvas (2011, p 59) existem alguns fatores a serem
observados, a fim de que sorte o ambiente escolar mais acolhedor, como por
exemplo:
• Condições físicas da sala de aula, como higiene, boa iluminação, limite
aceitável de número de alunos/turma.
• Condições pedagógicas, disponibilidade de material didático adequado à
faixa etária e método pedagógico de acordo com realidade da criança.
• Condições do corpo docente, no que se refere à motivação, à dedicação,
à qualificação e à remuneração.
Ainda as crianças geralmente se traumatizam muito com a ida para a
escola, choram, principalmente por causa da separação das coisas e das
pessoas da sua casa.
A criança quando vai escola geralmente é um misto de alegria e ansiedade, tanto para as crianças como para os pais. As crianças reagem de forma diferentes umas das outras, a fobia escolar caracteriza-se por um ataque agude de ansiedade. É diferente do medo, pois, quando forçada a enfrentar a situação, a criança entra em pânico, ou seja, surge o medo irracional e incontrolável que pode levar a reações imprevisíveis de fuga, agressão ou autoagressão” (RELVAS, 2011, p 96)
Pensando em termos práticos. Imagine uma criança no período de
alfabetização, onde inicia-se o processo de escrita, sem saber diferenciar sua
mão de maior destreza, sem saber que seu corpo possui dois lados e que eles
funcionam independentemente, como ela se comportará ao pegar no lápis? Ou
ainda sem saber o significado de esquerda e direita, como se comportará ao
escrever uma frase eu seu caderno?
Ainda segundo Relvas (2011, p 59 e 60) a família também exerce
21
importante papel no processo de ensino/aprendizagem. Um dos fatores que
influencia o desempenho na estimulação da criança para um melhor
envolvimento com os estudos á a escolaridade dos pais. O hábito da leitura é
fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança. Outro importante
fator a ser observado é a história familiar de alcoolismo, drogas e outras
dependências, sendo estes fatores desagregadores da família.
A fim de responder essa e outras perguntas que vamos nos
aprofundar mais e entender como a lateralidade e a aprendizagem estão ligado
intimamente.
2.2 Lateralidade e Aprendizagem
Corpo e mente devem ser entendidas como componentes integrantes
de um mesmo organismo, ambos devem ter suas práticas vivenciadas na
escola, formando um só ponto de partida para o desenvolvimento integral do
indivíduo.
A lateralidade está intimamente ligada com o conhecimento corporal
e esse conhecimento é de grande importância nas relações do indivíduo com
seu próprio eu e o mundo externo.
Não é possível afirmar com certeza que a má formação de
lateralidade é fator crucial para as dificuldades de aprendizagem, pois durante
o processo de desenvolvimento a criança precisa experimentar e vivenciar
todas as possibilidades de aprendizado, não podemos nos prender a uma só
vivência, mas alguns autores defendem que a lateralidade apesar de não ser
fator único, é fator importantíssimo para a formação de criança e sem uma
lateralidade bem definida a possibilidade de no futuro essa criança vir a ter uma
dificuldade de aprendizagem é bem maior.
É importante ressaltar a diferença entre “prevalência” e “preferência”:
A prevalência depende das condições neuromusculares, enquanto que a
preferência está ligada a bagagem do indivíduo, ou seja, as influências
socioculturais. Portanto um indivíduo que nasce com um potencial para ser
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sinistro, mas devido a pressão que a família ou escola exerce sobre ele, acaba
utilizando a mão direita, assim essa pessoa sinistra contrariada, poderá ser
classificada no futuro como portadora de lateralidade cruzada.
Neste sentido a imposição do uso da mão direita para uma criança
cuja lateralidade congênita é esquerda, poderá produzir como efeitos a
disgrafia e a disortografia.
Negrine (1986, pag. 42) afirma que a lateralidade é um dos aspectos
mais importantes para o desenvolvimento das capacidades de aprendizagens.
Romero (1998, 57) aponta as seguintes considerações com relação
a lateralidade e aprendizagem:
a) Os problemas de leitura e escrita apresentam relação espacial entre o eu
e o seu meio e dentro da formação do universo da criança, é o fator de
lateralização, unido ao de orientação e estruturação do esquema corporal
e estruturação temporal, interferem diretamente nesses problemas;
b) A consciência da lateralidade e da descriminalização esquerda/direita
poderá auxiliar a criança a perceber movimentos do corpo no espaço e no
tempo, sendo através da educação do corpo que a criança irá afirmar
definitivamente a lateralidade.
c) Para o desenvolvimento adequado da criança é importante não forçá-la a
lateralização esquerda ou direita, mas deve-se deixá-la fazer a sua
escolha;
Já Fonseca (2004, pag.94), afirma que a não preferência manual
pode levar a problemas de dominância hemisférica, a que se unem os
problemas de linguagem.
Ainda Romero (1998, pag. 32), acredita que a questão da
lateralidade não é o único fator responsável pelos problemas
escolares(dislexia, disortografia, discalculia, entre outros), mas, geralmente, os
transtornos psicomotores são de certo modo responsáveis pela dislexia,
destacando-se entre eles, a lateralidade e a estruturação do esquema corporal.
23
“Em consequência da combinação e organização dos
movimentos numa intenção motora é que se impõe e justifica-
se a presença de um lado predominante, que ajustará a
motricidade. A partir dos dois anos de idade é que se começa a
elaborar, na criança, a predominância lateral. Não se deve
procurar definir a lateralidade de uma criança antes dos cinco
anos. A partir dos sete anos a criança será capaz de perceber
que direita e esquerda não dependem uma da outra, mas
também da posição de outras pessoas com relação a ela e de
seus deslocamentos, acontecendo, então, uma
descentralização de seus pontos de referencia. Também a
partir dessa idade, crianças que não apresenta uma
lateralidade definida certamente apresentaram dificuldades na
aprendizagem escolar. A lateralização está presente em todos
os níveis de desenvolvimento da criança, mas somente será
definida a medida que está criança atravessar todas as fezes
de seu desenvolvimento. ” (FARIA, 2004 p. 90 e 91)
24
CAPÍTULO III
POSSÍVEIS SAÍDAS PARA AMENIZAR OS PROBLEMAS
DE MÁ FORMAÇÃO DE LATERALIDADE, DENTRO DAS
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Em primeiro lugar é importante ressaltar que as aulas de Educação
Física não são obrigatórias nesta faixa etária, por esse motivo fica muito mais
difícil a intervenção desses profissionais, mas mesmo com essas dificuldade,
ainda existem instituições que se utilizam das aulas de Educação Física com
elemento facilitador do aprendizado e alfabetização.
Durante a escolarização, a criança oscila entre atividades lúdicas
livres e atividades de formação direcionadas para o aperfeiçoamento de certas
habilidades essências para o seu desenvolvimento biopsicossocial harmonioso.
O desenvolvimento das habilidades deve ocorrer de maneira gradativa,
respeitando o processo maturacional de cada criança. Um estágio não deve
ultrapassar o outro, pois cada criança tem seu próprio tempo de
amadurecimento.
Nos pré-escolares, a criança desenvolve os movimentos básicos
que serão necessários para o desenvolvimento posterior de outras habilidades
motoras, representando este um período critico para o correto desenvolvimento
das formas motoras básicas. A forma motora natural desenvolve-se nas criança
á medida que ela a explora e pratica. Assim, o andar é visto como uma ação
que se desenvolve em idade pré-escolar até o nível de naturalidade, sendo
que, o desenvolvimento das outras habilidades básicas até este nível,
dependerá da quantidade de atividades e estímulos oferecidos às crianças.
Desta forma, o estímulo proporcionado tanto pelo lar, quanto pela escola,
poderá assegurar um ótimo domínio das formas motoras básicas.
O movimento corporal deve ser considerado uma ação pedagógica
importantíssima e nessa fase a ação física e ação mental estão totalmente
25
associados, a Educação Física incorpora-se ao currículo escolar a fim de dar
possibilidades ao educando de vivenciar estímulos que vão além dos que eles
estão acostumados em sala de aula, oportunizando um desenvolvimento amplo
e integral, para que a mão escreva a mente precisa pensar e para que a
crianças esteja na sala efetuando essas tarefas ela precisa ser capaz do
convivo social, assim a as aulas de Educação Física além de outros, tem como
objetivo, harmonizar essas capacidades, tão necessárias a um bom
desenvolvimento.
Le Boulch(1992, pag. 96) diz, é pelo corpo que ficamos presentes
em outrem e, com ele, no mundo, é através primeiramente do corpo que nos
comunicamos e expressamos e não o que muitos estudos dizem, que sim
através da linguagem verbal por intermédio da palavra. Que são pelos gestos e
mímicas que, por exemplo, nos primeiros anos de vida nos comunicamos com
os outros. Por isso que a Educação Física tem extrema importância para
melhorar a coordenação desses movimentos de comunicação e para que no
futuro, as crianças tenham mais facilidade de aprendizado no processo de
alfabetização.
Nas aulas de Educação Física podem ser desenvolvidas diversas
atividades que favorecem o desenvolvimento integral, mas especificamente
quando se trata de lateralidade, existem uma gama surpreendente de
exercícios e jogos que podem ser propostos. É importante ressaltar que
durante esse período da infância, não podemos propor ao educando uma
prática de atividades direcionadas é importante deixar que a criança escolha o
lado do corpo que prefere realizar o exercício, essa escolha deve ser natural,
íntima e pessoal, a criança deve descobrir que com que mão segura melhor na
bola, com que perna se equilibra melhor, qual o olho de sua preferência, ela
precisa vivenciar e o papel do educado físico é esse, estimular de forma natural
e global, pra que no caso especifico da lateralidade, não sejam criados
indivíduos com lateralidade cruzada, como já vimos anteriormente.
A influência dos pais, por dominância de um lado do corpo nessa
criança, também pode atrapalhar seu processo de aprendizagem, por muitas
vezes os pais influenciam seus filhos a utilização de um dos lados do corpo,
sem leve em consideração, a preferência e facilidade dessa criança.
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Ao propor atividade e jogos para crianças dessa idade, o profissional
de Educação física deve se ater, na prática corporal consciente dessa criança,
danado a ela possibilidade de vivenciar os mais diferentes estímulos e
sensações, para que ela possa conhecer o seu corpo e o meio em que vive.
“As crianças necessitam fazer experiências com a utilização de ambos os lados do corpo. Agindo dessa forma, estaremos favorecendo um desenvolvimento máximo na eficiência dos movimentos. Não deve se impor à criança a escolha de umas das mãos e sim, favorecer a escolha feita pela criança.” (FARIA, 2004 p. 92).
Podemos ressaltar diversas atividades que promovem estímulos
laterais:
Lateralidade Pedal:
• Pisar sobre uma corda, equilibrando-se, em seguida, pular sobre ela com
somente um dos pés.
• Brincadeira popular de pular corda, utilizando-se somente de um dos pés.
• Chutar uma bola.
• Brincadeira da estátua, equilibrando-se com somente um dos pés.
Lateralidade Manual:
• Arremessar uma bolinha de papel.
• Jogar peteca.
• Brincar com massinha.
• Encaixar blocos.
Lateralidade Ocular:
• Olhar com luneta.
• Olhar com lupa.
• Olhar com canudo de jornal.
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Lateralidade Auditiva:
• Brincadeira do telefone feito com latas e barbante.
• Falar ao telefone.
• Identificar para qual lado a criança se vira ao escutar um sinal sonoro que
vem de trás.
Ainda é importante ressaltar a “lateralidade expressiva”, aquela que
a criança demostra nas suas atividades do dia-dia, como, folear uma revista,
abrir uma porta, utilizar uma tesoura, entre outros.
Assim fica clara a importância da Educação Física para uma prática
consciente e eficaz, dentro das escolas, proporcionando ao educando uma
vivencia segura, capaz de propor mudanças significativas na estruturação do
desenvolvimento infantil.
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CONCLUSÃO
Tendo em vista que a criança percebe seu próprio corpo por meio de
todos os sentidos, o corpo é o referencial, é a relação entre o individuo e o
meio em que vive. É através da lateralidade que nosso corpo se situa no meio
ambiente, manifestando-se ao longo do desenvolvimento e das experiências, a
criança compreende aquilo que vive, que concretiza na sua ação.
Como observado anteriormente, existem varias teorias que tentam
explicar a origem da lateralidade, alguns autores defendem a ideia que a
lateralidade tem origem genética, outros já apontam para a lateralidade por
dominância cerebral e ainda tem quem defenda a lateralidade por convívio
sociocultural.
Nossa cultura é orientada a favorecer o uso da mão direita
(tesouras, abridores de lata, cadeiras escolares, etc), e essas influências
podem provocar mudanças substanciais na definição de lateralidade.
Como pudemos observar neste estudo, a definição da lateralidade
antes da fase escolar é fundamental para o perfeito desenvolvimento das
aprendizagens da leitura, da escrita, justificando a importância do estudo. A
criança ingressaria na fase escolar já com a preferência lateral definida, o que
poderá vir evitar futuros transtornos em seu desenvolvimento e aprendizado.
29
BIBLIOGRAFIA
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30
VIEIRA, Lenamar Fiorense; VIEIRA, José Lui. Estudo das principais correntes teóricas do desenvolvimento da criança”. Revista de Educação Física, volume 5, pp55-62, 1996.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPITULO I – Lateralidade 11
1.1 Desenvolvimento Infantil 11
1.2 Lateralização 14
CAPITULO II - Má Formação de Lateralidade e Dificuldades de Aprendizagem 18
2.1 Dificuldades de Aprendizagem 18
2.2 Lateralidade e Aprendizagem 21
CAPITULO III- Possíveis Saídas para Amenizar os Problemas de Má Formação de Lateralidade, Dentro das Aulas de Educação Física 24
CONCLUSÃO 28
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29
ÍNDICE 31