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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDAE INTEGRADA A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA REDE REGULAR DE ENSINO Por: LÍLIAN HORTA DA COSTA TEIXEIRA DA FONSECA Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDAE INTEGRADA

A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA

REDE REGULAR DE ENSINO

Por: LÍLIAN HORTA DA COSTA TEIXEIRA DA FONSECA

Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira

RIO DE JANEIRO

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDAE INTEGRADA

A INCLUSÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN NA

REDE REGULAR DE ENSINO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Especial e Inclusiva

Por: Lilian Horta da Costa Teixeira da Fonseca

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente

ao meu maior instrutor que é Deus,

minhas crianças dos orfanatos que fui

voluntária: ÚNICA e CASA LAR DONA

MECA, meus pais Pedro e Maria pela

educação que me deram, a família que

os céus me deram de presente, família

FEIC AMOR e ao maior fã do meu

trabalho, meu amor, meu companheiro,

meu marido Avalci S. N. Fonseca.

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DEDICATÓRIA

Dedico inteiramente esse trabalho ao meu

anjo da guarda , meu amado filho Gabriel

Teixeira de Melo.

Uma estrela linda que foi brilhar no ceú no

ano em que eu realizava esse trabalho.

Um anjo que mesmo doente e antes de

partir foi meu maior incentivo, dizendo que

adorava meu trabalho com crianças

especiais e que quando crescesse iria

trabalhar comigo.

Para você meu filho amado dedico com

muito amor e carinho essa obra e prometo

a você sempre me dedicar a essas

crianças dando a elas toda atenção e

dedicação necessárias, como se

estivesse dando a você.

Obrigada por ter sido meu filho, por ter me

feito uma pessoa melhor e por ter me

escolhido como mãe.

Te amarei por toda a eternidade.

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RESUMO

O presente trabalho,relata a história, as características, os desafios

encontrados pela família, pela escola e pela criança na inclusão da criança com

Síndrome de Down na rede regular de ensino.

Este trabalho tem como objetivo alertar sobre as alternativas encontradas nos

dias de hoje para incluir essas crianças.

E por fim provar que com dedicação, trabalho e muito estudo podemos obter

sucesso na inclusão, que infelizmente já se encontra em atraso em nosso país.

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METODOLOGIA

Na condição de princípio científico, a pesquisa se apresenta como um

instrumento teórico metodológico para a construção de informações. Enquanto

princípio educativo, ela é o questionamento sistemático, crítico e criativo, ou

seja, completa uma peça essencial da educação emancipatória. (DEMO, 1997).

Nesse sentido a pesquisa tem como finalidade buscar a partir de uma série de

indagações, conhecer e explicar os fenômenos, que ocorrem em diferentes

manifestações e a forma como os seus aspectos estruturais e funcionais se

processam.

A pesquisa de campo origina-se das observações de fatos e fenômenos, á

coleta dos dados referentes aos mesmos e, á análise e interpretação desses

dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando

compreender e explicar o problema que está sendo pesquisado. Conforme as

técnicas de coletas de dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada

como abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa.

Nesse estudo foi realizado um tipo de pesquisa quantitativa, ou seja várias

práticas pedagógicas que deram certo no contexto de inclusão da criança com

Síndrome de Down em escolas da rede regular de ensino.

Identificaremos aqui casos e práticas de sucesso de crianças que tiveram o

apoio a determinação e o profissionalismos de educadores e pais.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – O QUE É SÍNDROME DE DOWN 09 CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A SÍNDROME DE DOWN 18 CAPÍTULO III – OS DESAFIOS ENCONTRADOS POR UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN 28

CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 41 INDICE 44

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1 - Introdução

Estudar sobre a Inclusão das Crianças com Síndrome de Down, tem sido um

grande desafio para profissionais da área de educação. Pude compartilhar uma

experiência que tive no orfanato em que fui voluntária, o nome o orfanato é

ÚNICA – Unidade Integrada Camatiá, que abriga crianças portadoras de

necessidades especiais, que são entregues por suas famílias ou por suas

mães já na maternidade, quando descobrem sua necessidade especial.

Hoje fazendo alguns estudos de caso e também sendo voluntária em um novo

orfanato , o Casa Lar Dona Meca posso dar continuidade nos estudos sobre

inclusão.

Julguei por muito tempo essas pessoas, esses familiares, hoje depois de mais

ou menos treze anos procuro não julga-los mais, pois vejo que muitos não tem

condições financeiras e principalmente psicológicas para criar essas crianças

que precisam de muitos tratamentos médicos, terapias e diversas medicações.

Esses dois orfanatos abrigam crianças com diversas síndromes: autismo, tgd,

paralisia cerebral e diversos downs.

Nossa sociedade se encontra em um momento apaixonada pela síndrome de

down, que apesar de ser uma síndrome que entre suas características retardo

o desenvolvoimento cognitivo, também rompe muitas barreiras com sua força

de vontade, alegria, carisma e doçura.

Quando pequena gostei do contato com crianças especiais, meu primeiro

contato foi com meu primo Felipe. Ele era filho (digo era pois faleceu em

01/2009) de uma prima bem próxima, Felipe nasceu sem nenhum problema,

mas pegou meningite no hospital que acabou afetando seu cérebro. Ele não

andava, não falava (só balbuciava algumas coisas) e só tinha 40% da visão.

Mesmo com todas essas dificuldades era um menino (dentro do possível),

alegre que recebia muito amor de toda a sua família e principalmente sua mãe

que era uma guerreira.

Ver minha prima cuidando do filho com tanto amor era tocante, e eu mesmo

criança ficava me perguntando:

- Porque será que ele é assim ?

- Será que algum dia levará uma vida normal ?

E principalmente ,

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- Será que algum dia ele irá a escola ?

Sempre tive curiosidade e vontade de estar perto dessas crianças e toda vez

que isso acontecia as mesmas perguntas voltavam.

Os anos se passaram, e eu tive vontade de estar próxima a essas crianças, foi

entãoque no centro espírita que frequento a FEIC , vi fotos de um grupo que

frequentava o ÚNICA e tive vontade de me unir a eles, foi a oportunidade que

estava esperando.

Logo já estava interada das atividades desenvolvidas no grupo, 2 anos depois

D. Eliete a dirigente do grupo precisou se afastar pois também tem um filho

especial, como o Felipe e me colocou a frente dos trabalhos.

Senti uma enorme alegria por sua confiança em meu trabalho, mas também

uma responsabilidade muito grande e uma sensação maravilhosa de desafio.

Tive naquele mesmo mês a certeza do que queria para a minha vida

profissional: Ser Pedagoga e trabalhar com a educação especial,

principalmente com a síndrome de down.

Os mêses no orfanato passaram e eu comecei a notar que as crianças

cresciam e precisavam de atividades novas, foi então que comecei a pensar na

incluão pois até o momento e tratavámos como crianças do maternal.

A experiência deu certo, e eu percebi que massificando as atividades mesmo

que lentamente eles conseguiam acompanhar, uns com mais dificuldades

outros com nem tantas.

Achei que era hora de mudar.

Temos então aqui um novo desafio chamado: “INCLUSÃO”.

Não podemos fechar nossos olhos a inclusãopois nossas crianças estão aqui

batendo a nossa porta e dizendo: “Eu existo e quero aprender !” - depoimento

de uma criança com down.

Nossa sociedade agora tem novos desafios na inclusão escolar e um deles é a

inclusão da criança com síndrome de down na rede regular de ensino.

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CAPÍTULO I

O QUE É SÍNDROME DE DOWN

A síndrome de Down (SD) é uma alteração genética presente na espécie

humana desde a sua origem, ou seja significa que um bebê tem um

cromossomo extra em cada de suas milhões de células. Em vez de 46 ele tem

47 cromossomos.

Segundo reportagem do portal GLOBO.COM em 23 /03/09 o Brasil até a

presente data tinha 300 mil pessoas com Síndrome de Down.

As informações são do pediatra e geneticista Zan Mustacchi, chefe do

Departamento de Genética do Hospital Estadual Infantil Darcy Vargas e

responsável pelo tratamento de 20% da população com a síndrome no país.

Segundo o médico no Brasil acontecem cerca de 5.000 nascimentos por ano

de crianças com Síndrome de Down.

Essa síndrome ocorre tanto em meninos como em meninas, é um dos defeitos

congênitos mais comuns em todas as raças, etnias, classes econômicas e

nacionalidades ou seja pode acontecer a qualquer pessoa.

O médico inglês John Langdon publicou em 1866 um trabalho no qual

descreveu as características clássicas da síndrome que hoje leva o seu nome,

distinguindo-a de outros tipos de deficiência mental.

A Síndrome de Down, também conhecida como 'Mongolismo' ou trissomia 21

é uma condição genética não progressiva e nem contagiosa, causada por um

acidente que pode ocorrer no óvulo, no espermatozóide ou após a união dos

dois (ovo), provocando uma alteração cromossômica. Ocorre quando ao invés

de nascer dotada de dois cromossomos 21, como é o normal, o bebê nasce

com três; o que leva a produção exagerada de proteínas, acabando por

desregular a química do seu organismo e provocando sérios problemas.

No Brasil a sua incidência é estimulada em um a cada seiscentos

nascimentos, o que significa cerca de oito mil bebês com Síndrome de Down

por ano. A Síndrome de down não é uma doença e também não é contagiosa;

ela é um acidente genético que ocorre na divisão celular, um processo

inatingível aos pais, já que nada que ocorra durante a gestação pode ser seu

causador. (BRASIL,1994).

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O desenvolvimento intelectual da pessoa com Síndrome de Down é limitado;

sendo a deficiência mental, em diferentes graus, uma das principais

características. Não há 'cura' para está condição genética, entretanto através

de atendimento psico-educacional adequado, a qualidade de vida desses

indivíduos só tende a melhorar.

As diferenças entre as pessoas com Síndrome de Down , tanto no aspecto

físico quanto no desenvolvimento, decorrem de aspectos genéticos individuais,

intercorrências clínicas, nutrição, estimulação, educação, contexto familiar

social e meio ambiente. Apesar dessas diferenças, há um consenso da

comunidade científica de que não se atribuem graus.

A Síndrome de Down é a primeira causa conhecida de discapacidade

intelectual, representando aproximadamente 25% de todos os casos de atraso

intelectual, traço presente em todas as pessoas portadoras da síndrome. Em

relação a síndrome, devem-se ter claros dois pontos:

1- Não se deve tratar de uma doença, mas de uma síndrome genética que

pode condicionar ou favorecer a presença de quadros patológicos.

2- Entre as pessoas portadoras existe grande variabilidade, mas nunca se deve

falar em graus ( leve, moderado ou severo), existe grande variação de alguns

indivíduos em relação a outros, assim como acontece na população geral.

Para que possamos entender melhor a respeito da origem da Síndrome de

Down, vamos falar de conceitos básicos relacionados a genética.

Podemos entender pelos estudos feitos até o momento que a Síndrome de

Down é gerada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21 em

todas as células do organismo. Em seu mecanismo conhecido como disfunção

que aparece de forma espontânea e tem relação com a idade da mãe, que

quanto mais idade tem, maior será o risco de se ter um filho com Síndrome de

Down.

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1.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Durante vários anos, os pais de crianças com Síndrome de Down recebiam a

recomendação de entregar as crianças a instituições que passariam a cuidar

delas (pela vida toda).

Há indícios de que à Síndrome de Down existe há milhares de anos. As

evidências históricas indicam que é provável que sempre tenha avido pessoas

com Síndrome de Down na humanidade.

Os registros mais antigos mostram pessoas com as características físicas da

síndrome de Down em um altar na cidade de Aachen, na Alemanha, de 1505.

Segundo alguns pesquisadores, como Siegfried M. Pueschel, autor de livros

como “ A Parent's Guide to Down Syndrome – Toward a Brighter Future, muitos

artistas da Idade Média e do Renascimento usaram pessoas que nasceram

com a síndrome de down na hora de pintar figuras angelicais e o menino

Jesus.

O uso de pessoas com Síndrome de Down como modelos de seres celestiais

teria siso um hábito tão comum como usar rapazes na hora de retratar figuras

femininas, como fez, por exemplo, Leonardo da Vinci.

Entre obras de arte que mostrariam anjos e o menino Jesus com traços da

Síndrome de Down estão, por exemplo, a Virgin With Child, do artista italiano

Andrea Mantegna (1431-1506, quadro expostono Fine Arts Museum, em

Boston. Nesta pintura, o menino Jesus apresenta traços comuns entre as

pessoas que nasceram com a Síndrome de Down como o formato dos olhos, o

tamanho do pescoço, a posição das orelhas e , principalmente , a distância

maior entre o dedão do pé dos demais dedos.

Pueschel volta ainda no tempo na hora de coletar evidências sobre a existência

de pessoas com Down na humanidade.

Também temos em histórico esculturas de OLMEC que viveram no México

entre 1500 AC e 300 DC são as primeiras evidências do conhecimento da

Síndrome de Down.

Coube a JOHN LANGDON DOWN a primeira descrição clínica da Síndrome

em 1866.

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Influenciado pelo racismo, denominou mongolóides aqueles indivíduos com o

grupo de características observadas, nome nunca utilizado na Rússia, território

de origem da raça mongol. Lá eles eram chamados de “DOWN'S'.

Em face da discordância quanto ao termo, considerado como ofensivo tanto

por pesquisadores orientais como por pais de pacientes no ocidente, bem

como pela delegação da Mongólia junto à Organização Mundial de Saúde, a

denominação mongolismo foi excluída da Revista Lancet em 1964, das

publicações da OMS em 1965 e do Index Medicus em 1975. Hoje este termo é

considerado arcaico.

Após a descrição de Down começou uma grande controvérsia sobre a etiologia

da Síndrome. Ela foi atribuída inicialmente a causas infecciosas como

tuberculose e sífilis; os pacientes chegaram a ser considerados “crianças

inacabadas”.

Posteriormente foi atribuída a doenças da tireóide.

A não disjunção, cromossómica foi sugerida inicialmente por Waardenburg em

1932. Em 1959, Lejeune e colaboradores demonstraram que se tratava de uma

anormalidade cromossómica, identificando a presença do cromossomaextra

nos afectados. Em 1960, foram descritos os primeiros casos translocação por

Polani e colaboradores e em 1961, o primeiro caso de mosaicismo. Hoje se

sabe que a trissomia da parte distal do braço longo do cromossoma 21 (banda

q22) é a responsável pela síndrome.

A história do tratamento e do prognóstico dos pacientes com Síndrome de

Down pode, sucintamente, ser dividida em três grandes períodos:

- Período que antecede a identificação da alteração cromossómica,

quando os pacientes eram rejeitados, institucionalizados e mesmo os

cuidados básicos de saúde lhes eram, muitas vezes, negados. O auge

deste período coincide com a eutanásia, praticada pelos nazistas.

- Com a descoberta da anomalia cromossómica inicia-se uma fase

de interesse e pesquisa nas áreas médica e educacional.

- O terceiro período começa com o reconhecimento, nos países

desenvolvidos, do direito de toda criança, independentemente de sua

capacidade mental.

Começaram a ser instituídos programas educacionais adequados.

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Hoje a institucionalização caminha para sua extinção e as pessoascom

Síndrome de Down demonstram muito melhor desempenho quanto integradas

à família e a sociedade.

(Fonte ; GRUPO DE GENÉTICA DO DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA DA

UFMG e pelo NÚCLEO DE GENÉTICA MÉDICA)

Segundo Mrech (1999) , a inclusão tem suas raízes em movimento anterioresa

própria década de 1960 e seus eixos básicos se formaram a partir de 4

vertentes: a Emergência da Psicanálise, a luta pelos Direitos Humanos, a

Pedagogia Institucional e o Movimento de Desinstitualização Manicomial.

1.2 Principais características da Síndrome de Down e particularidades

clínicas

A Síndrome de Down apresenta características semelhantes, independente da

raça: baixa estatura; crânio mais largo que comprido, com o occipital achatado;

pavilhão das orelhas pequeno e disfórmico; face achatada e arredondada,

olhos que mostram fendas palpebrais e exibem Manchas de Brushfild ao redor

margem da íris; boca aberta (muitas vezes mostrando a língua sulcada e

enrugada); alterações no alinhamento dos dentes; mãos curtas e largas,

frequentemente com uma única prega palmar transversa (cruzando a palma)

chamada de prega simiesca; pés com um amplo espaço entre o primeiro e o

segundo dedo; músculos hipotônicos e articulações com flexibilidade

exageradas; reflexo de Moro fraco; excesso de pele atrás do pescoço (ALVES,

2007).

Algumas das características físicas das crianças com síndrome de Down

segundo a cartilha do ministério da saúde de 2013 são:

- Achatamento da parte de trás da cabeça,

- Inclinação das fendas palpebrais,

- Pequenas dobras de pele no canto interno dos olhos,

- Língua proeminente,

- Ponte nasal achatada,

- Orelhas ligeiramente menores,

- Boca pequena,

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- Tônus muscular diminuído,

- Ligamentos soltos,

- mãos e pés pequenos,

- Pele na nuca em excesso.

Quase metade, cerca de 50% das crianças com Síndrome de Down tem uma

linha que cruza a palma das mãos (linha simiesca), e em alguns casos há, um

espaço aumentado entre o primeiro e segundo dedos do pé.

Outra característica bem marcante nas crianças com Síndrome de Down é a

má formação congênita, as principais são as do coração (30-40% em alguns

estudos), especialmente canal atrioventricular, e as mal-formações do trato

gastrointestinal, como estenose ou atresia do duodeno, imperfuração anal, e

doença de Hirschsprung.

Atualmente existem exames que podem detectar a Síndrome de Down durante

a gravidez, através das características do feto como: altura, tamanho das

pernas e dos braços, movimentos etc. Entretanto essa suspeita de alteração

somente é confirmada pela análise dos documentos cromossômicos do feto.

O ministério da saúde recomenda que o bebê com síndrome de down seja

alimentado nos primeiros meses de vida, como todas as crianças, através do

leite materno. Para esse bebê o leite é ainda mais importante uma vez que

fortalece a sua musculatura que é mais flácida do que a de outras crianças

(BRASIL,1994).

Os problemas cardíacos congênitos representam uma causa importante de

morte na síndrome de down, além disso, as malformações congênitas as

infecções respiratórias, combinadas com doenças e/ou insuficiência cardíaca

também são infermidades que levam a mortalidade dessas crianças na infância

(ALVES, 2007).

Características da Síndrome de Down como a hipotonia dos músculos da

faringe da língua, o tamanho reduzido das estruturas da cavidade oral e da

faringe, combinados com infecções repetidas das vias aéreas, as quais levam

à hipertrofia das amídalas e adenóides, favorecem a apnéia do sono, que

ocorrendo de forma crônica, tem como consequencias a redução do ganho de

peso e a hipertensão pulmonar, resultando na hipertrofia , a dilatação e

eventualmente, o colapso (ALVES, 2007).

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O ministério da saúde também montou uma tabela com as patologias

associadas a síndrome de down e sua prevalência, como mostra a tabela

abaixo:

Entretanto com cuidados médicos, essas crianças tem aumentato

significantemente sua longetividade. Por isso como lembra Alves (2007) é

necessário, portanto a peridicidade ao médico para que o desenvolvimento e

estado geral de saúde da criança possam ser acompanhados e também para

serem oferecidos procedimentos preventivos adequados.

Existe também segundo o ministério da saúde uma classificação para a

síndrome de Down.

Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) a SD recebe o código Q -

90. Por estar classificada no capítulo Q00 - Q99 das malformações,

deformidades e anomalias cromossômicas. Dentro deste capítulo se encontra

no grupo Q 90 - Q99 das anomalias cromossômicas e na categoria Q90 da

Síndrome de Down.

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Na categoria Q90 existem os seguintes subgrupos:

Q 90.0 - Síndrome de Down, trissomia do 21, por não disjunção meiótica

Q 90.1 - Síndrome de Down, trissomia do 21, mosaicismo por não

disjunção mitótica

Q 90.2 - Síndrome de Down, trissomia 21, translocação

Q 90.9 - Síndrome de Down, não específica.

Outra coisa pouco falada é que cerca de 5% a 9% das crianças com Síndrome

de Down também sofrem de Autismo. Nesses casos os sintomas podem ficar

confusos no início por conta do retardo evolutivo atribuído as necessidades

especiais da criança, como a fala que na Síndrome de Down tem início com

alterações na linguagem , na comunicação e nas relações sociais.

Podemos nos confundir com a falta de motivação e, inclusive com a surdez.

Por isso o diagnóstico tardio de Autismo em crianças com Síndrome de Down.

Devemos ficar alertas pois segundo Flores (2011) quando aparecem sintomas

de Autismo , costumamos atribui-lo a um atraso maior que a criança com

Síndrome de Down já apresenta, pois ela afeta a sua capacidade cognitiva,

simbólica, a comunicação, o raciocínio, a compreensão e a capacidade de

relacionar-se socialmente. Assim também podemos dizer que são afetadas

crianças com Autismo, cujos sintomas começam a se manifestar a partir do

segundo anos de vida e devem ser considerados um sinal de alerta do

transtorno.

Outros sinais são que ao contrário da criança com Síndrome de Down a

criança que agrega o Transtorno Aspectro Autista não fixa o olhar, não

compartilha interesses, não desenvolve a linguagem, repete inúmeras vezes as

palavras, não organiza um jogo simbólico, faz movimentos repetitivos, não

aceita mudanças seja ela repentinas ou em sua rotina e não aceita o toque.

Mostra-se extremamente irritada com o toque.

Quando isso acontece é preciso consultar um profissional especializado na

área, já que algumas das características do Autismo podem aparecer nas

crianças com Down e não se trata de Autismo, e, ao contrário o atraso mental

pode mascarar o Autismo, que será tardiamente diagnosticado. Crianças com

Síndrome de Down apresentam atraso e déficits no uso comunicativo da

linguagem, no jogo simbólico e na hora de estabelecer relações sociais, mas

se, próximo dos 3 ou 4 anos, essas capacidades não aparecerem , convém

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levar a um especialista que vai pedir para realizar um exame mais preciso de

diagnóstico para descartar plepsia um Transtorno do Aspectro Autista.

Outro ponto a ser tocado é que a Epilepsia tem maior incidência em crianças

com Síndrome de Down do que no restante da população, porém a incidência é

menor do que em outras síndromes de atraso intelectual.

Segundo Flores (2011) de 2% a 13% das crianças com Síndrome de Down

apresentam o quadro de epilepsia. As causas são vinculadas a alteração do

desenvolvimento cerebral, assim descartadas as causas relacionadas a

transtornos vasculares cerebrais secundários, a cardiopatias congênitas ou a

Síndrome de Moyamoya (doença vascular que ocasionao estreitamento

progressivo da artéria carótida interna, encarregada de levar sangue para o

cérebro.) , assim como a asfixia perinatal. Podemos destacar com frequência

altíssima crises epiléticas nos primeiros anos de vida da criança com Síndrome

de Down. Mais de 80% dos casos antes dos 5 anos , mesmo que entre 15 e 20

anos ainda seja possível nos depararmos com outro pico.

Convulsões febris, são menos frequentes nas Crianças com Síndrome de

Down cerca de 1%, pois quando comparadas á população em geral em mesma

idade cerca de 3% a 5%.

Podemos destacar que crianças com Síndrome de Down apresentam boa

resposta ao tratamento, e a longo prazo o controle da Epilepsia é melhor qua

nas crianças da população em geral.

Infelizmente quando não é possível controlar a Epilepsia com crianças com

Síndrome de Down, com clareza encontramos um atraso maior no

desenvolvimento psicomotor, precisando assim de uma atenção maior nesse

sentido.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A SÍNDROME DE DOWN

A sociedade brasileira sempre foi regida por um modelo de normalidade, que

compreendiam as pessoas com necessidades especiais como fora no âmbito

social. (BRASIL; 2004, p.29).

Entretanto, nas últimas décadas, a educação vem passando por diversas

transformações, visando uma escola à disposição de todos os indivíduos em

igualdade de condições e de uma comunidade com dever de proporciona-lhes

um programa público e gratuito de educação adequado às suas necessidades.

Segundo a lei n° 9394/96 Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional

(LDBN):

Art. 58- “Entende-se por educação especial, para os

efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar

oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos portadores de necessidades

especiais.” (BRASIL, 1996).

Com isso, observamos que a Educação Especial de acordo com a Lei trata-se

de uma dentre as várias modalidades de Educação Escolar, e um fator que não

impede a participação do indivíduo dentro da sociedade, mas que visa:

(...) sua afetiva integração na vida em sociedade,

inclusive condições adequadas para os que não

revelarem capacidade de inserção no trabalho

competitivo... (Art.59, inciso II)

O processo de inclusão visa estender ao máximo a capacidade da criança com

necessidades especiais a permanecer na escola, na classe regular,

necessitando de um permanente suporte dos profissionais da área de

Educação Especial, por se tratar de um processo que exige observações e

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avaliações contínuas para que sejam revistos métodos e procedimentos

conforme o necessário.

Para autores como Castanho e Freitas (2006):

(...) a inclusão é um processo complexo inserido na

organização da educação nacional que necessita de

ações transformadoras de perspectivas realistas

frente a importância de fazer do direito de todos à

educação num movimento que deve ser

coletivo.(p.89)

Tais responsabilidades exigem da escola e do sistema educacional,

modificações no processo de ensino aprendizagem, buscando oferecer a todos

os indivíduos uma educação de qualidade que observe as necessidades

individuais. De acordo com Ferreira (2007), a inclusão de pessoas com

necessidades especiais é gradativa e demanda mudanças estruturais e

administrativas da instituição.

Notamos, porém que isso ainda está bastante distanciado da realidade vigente

no tocante á formação especializada do professor, à quebra de preconceitos e

tabus, as barreiras arquitetônicas dos prédios escolares e ao oferecimento de

serviços especializados.

Os professores e as escolas na maior parte das vezes se julgam

despreparados para a proposta da inclusão. Então as crianças agrupadas

nesta situação permanecem dentro de sala de aula isoladas, isso porque

dentro desse contexto, contraria á proposta da inclusão, a escola não busca se

adaptar para atender á necessidades da classe regular. Para Castanho e

Freitas (2006), o educador:

(...) precisa de capacitação, preparação que garanta

o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos

necessários a uma ação segura por parte desses

profissionais. (p.90).

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Cabe ressaltar que na maior parte das vezes a escola regular não estará

pronta realmente a receber um aluno especial dependendo da sua

necessidade, porém é imprescindível entender que a inclusão não é algo fácil e

que a escola á medida que recebe um aluno com necessidades especiais,

precisará buscar formas de adaptar todo o ambiente escolar para conseguir

atendê-lo. Por isso é preciso oferecer aos educandos uma educação de

qualidade, que nesse contexto significa fazer adaptações e promover a

interação social.

Apesar de a legislação prever o direito à educação para todos, pais e crianças

com Síndrome de Down ainda encontram grandes obstáculos no momento em

que seus filhos atingem a idade de frequentar a escola. Pois mesmo com

maiores probabilidades atualmente de a escola aceitar uma criança com

Síndrome de Down ou qualquer outra deficiência em relação há alguns anos

atrás, na maioria dos casos, isso não ocorre, e muitos pais aceitam as

situações de recusa como naturais. Isso evidencia que a inclusão ainda não foi

incorporada com naturalidade pela comunidade escolar e que não temos uma

sociedade inclusiva.

A escola que nega á vaga a pessoas com necessidades especiais está

violando o direito

garantido em lei à educação incontestável a todos os indivíduos. A constituição

Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o

bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação” (art 3°, inciso IV), definindo ainda no artigo

206, inciso I como um princípio para o ensino a “igualdade de condições de

acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1998). O Estatuto da Criança e do

Adolescente – Lei n°.8.069/90, artigo 55, reforça os dispositivos legais

supracitados, ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de

matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino” (BRASIL, 1990).

Assim sendo, colocar uma criança com Síndrome de Down na rede regular é

dar-lhe a mesma chance que todas as crianças tem de desenvolver o seu

potencial cognitivo e sócio-afetivo.

Quando a inclusão é bem feita, a entrada da criança com Síndrome de Down

na Educação Infantil regular é positiva, pois a sua socialização começa a se

dar de maneira muito fluida. Neste momento a criança terá que brigar pelos

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brinquedos e tentar se expressar nas mesmas condições das crianças

consideradas “normais”, o que ajuda muito no seu desenvolvimento,

principalmente no que diz respeito á cognição, a linguagem, as habilidades

motoras e a socialização.

No entanto, quando o aluno com Síndrome de Down sai da Educação Infantil e

entra no Ensino Fundamental, começam a surgir novas questões que

sensibilizam pais e educadores. Isto porque com o passar dos anosa

deficiência intelectual fica evidente e, por mais estimulada que a criança tenha

sido, irá enfrentar alguns obstáculos na fase do ensino formal, como, por

exemplo, na alfabetização.

As funções cognitivas da pessoa com Síndrome de Down podem se

desenvolver de maneira diferente; sua atenção, concentração e memória

podem ter um tempo diferente em relação ás crianças consideradas “normais”.

Neste momento, muitos pais ficam em dúvida entre a escola de ensino regular

e a escola especial.

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E

INCLUSÃO

A educação especial é prevista na Constituição da Federal e é dever do Estado

com a educação a garantia de: atendimento educacional especializado aos

portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino.(art.

208, caput, III, CF).

A inclusão dos alunos portadores de necessidades especiais em classes de

ensino regular vem sendo recomendada desde a Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) em 1996, mas o que vemos geralmente como diz CAMPBELL (2009) é

uma “pseudoinclusão”:

Situações de pseudo inclusão acontecem quando o aluno,

embora presente em sala de aula, não participa da s

mesmas atividades pedagógicas ou lúdicas de sua turma,

sendo deixado a parte.(p.115)

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Isso podemos chamar de integração e não inclusão. A integração é mais fácil

de ser posta em prática , pois não requer nenhum tipo de esforço ou estudos

por parte da escola.

Na compreensão da natureza dos processos de aprendizagem a inclusão

também se faz com o professor adaptando sua ação perante a Criança com

Necessidades Especiais, de forma a obter melhores resultados que com isso

facilitem seu trabalho e o aprendizado da criança.

Nossa política nacional de educação especial consiste de objetivos gerais e

específicos necessários a crianças com deficiências, que ajudam e orientam no

processo de educação especial, garantindo o atendimento educacional

necessário ao aluno com necessidades especiais

Os principais objetivos políticos da educação especial são: promover a

interação social; desenvolver práticas de educação física, atividades físicas e

sociais; promover direito de escolha; desenvolver habilidades lingüísticas;

incentivar autonomia e possibilitar o desenvolvimento social, cultural, artístico e

profissional, das crianças especiais.

Mas algumas medidas precisam ser tomadas para assegurar uma educação

inclusiva de qualidade como: aumento da oferta de serviços de educação

especial dentro das escolas regulares com equipamentos, equipe qualificada,

material didático especializado que o ajude nessa inclusão e espaço físico

adequado às necessidades especiais, como: rampas, escadas com corrimão e

chão anti-derrapante. Podemos também citar a criação de programas de

preparo para o trabalho, estímulo a aprendizagem informal e orientação à

família.

Podemos concluir que com os principais objetivos da Educação Especial em

nosso país que a Inclusão depende de uma série de fatores, mas

principalmente, de uma organização, conscientização e participação de todos.

Mas infelizmente não é o que vemos. A falta de um atendimento especializado

principalmente em pré-escolas, carência de recursos e equipe qualificada,

ambiente físico inadequado, falta de propostas de ensino, descontinuidade de

planejamento e ações, desigualdade de recursos e oportunidades, vem

dificultando o acesso de muitas crianças especiais ao ensino especializado.

(REVISTA NOVA ESCOLA – 2007)

E neste contexto é que temos a confirmação, pois segundo Campbell (2009):

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Mesmo depois de quase duas décadas da promulgação

da constituição, que prevê “igualdade de condições para o

acesso e permanência na escola”, alguns diretores e

professores acreditam que estudantes com deficiências

mentais não conseguem aprender e, em classe, devem

apenas brincar ou passar o tempo.(p.116)

Segundo Florez (2011) é essencial a inserção da criança com Síndrome de

Down na creche, pois precisamos levar em contas mesmas considerações que

para o restante das crianças em fase de educação infantil.

Na creche, a criança vai ter seu primeiro contato com outras crianças e com

isso iniciar seu processo de socialização favorecendo assim seu

desenvolvimento cognitivo e emocional.

Na hora de decidir matricular uma criança com Síndrome de Down na creche,

devemos levar em conta que essas crianças necessitam de um referencial de

normalidade e que, em sua grande maioria , se adaptam perfeitamente a um

centro comum e não precisam de uma creche especial, até porque hoje em dia

é crime diferenciar qualquer tipo de criança .

No gráfico abaixo como mostra a Revista Educação de Janeiro de 2012

podemos ver um aumento significativo de matrículas de crianças com

necessidades especiais nas escolas regulares de ensino.

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2.2 A família do aluno com Síndrome de Down e a escola no contexto da educação inclusiva. Um dos maiores desafios da atualidade é a transformação da escola

tradicional, criada para a educação dos alunos considerados “normais” em

escola inclusiva. Como nos fala Portes (1993):

(...) uma escola tanto pode se tomar o lugar de

produção do fracasso, de perda de auto-estima, de

desilusões e desesperanças, quanto o ambiente que

acolhe, respeita as diferenças, valoriza a curiosidade

e a originalidade, desvenda os caminhos do prazer

em aprender.(p.6)

Observando os índices de evasão e fracasso escolar no nosso país, uma das

grandes preocupações de pais de crianças ou jovens com deficiências é a falta

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de alternativas educacionais de qualidade disponíveis para os seu filhos. As

escolas especiais, que cada vez são mais escassas, apesar de trabalhar o

aprendizado do aluno com recursos e professores especializados, tem a

desvantagem de proporcionar um ambiente muito protegido e algumas vezes

até segregador.

Como durante muito tempo acreditou-se que os sujeitos que apresentassem

alguma dificuldade, deficiência ou distúrbio eram considerados “anormais” e

estariam fora do sistema regular de ensino; democratizar a escola, ou torna-la

inclusiva, é um grande desafio, pois excluir ou segregar certos tipos de alunos

já faz parte da história.

É evidente o despreparo da escola para lidar com essas situações. Se os

responsáveis pelo aluno portador de deficiência mental não forem firmes em

seus propósitos, acabam desistindo de lutar pelo direito legítimo á educação de

qualidade, e a escola deixa de ser o lugar do conhecimento e do convívio e

passa a se tornar um mero passatempo CAMPBELL (2009).

Esse desafio, como diz Portes (1993;p.6) “se torna mais complexo

considerando que esta escola traz em si conflitos e contradições presentes na

sociedade que a criou e a mantém”.

Baseadas no senso comum as pessoas tem desenvolvido a ideia que a escola

pública brasileira é de má qualidade e que as instituições privadas oferecem

melhores recursos aos alunos com necessidades especiais. Embora o sistema

público de ensino em nosso país tenha sérias carências, como afirmam Glat e

Duque (2003), “há instituições e escolas públicas de excelente padrão, tanto

federais quanto municipais, que apesar de todas as dificuldades desenvolvem

um trabalho de qualidade, reconhecido pelas famílias dos alunos”. (p.77).

O despreparo dos professores para receber, em sala de aula, os alunos

especiais tem sido outro aspecto exaustivamente denunciado em relação à

inclusão de alunos em escolas regulares (Glat, 2000). De acordo com essa

autora, os conteúdos programáticos referentes à esses alunos, apesar de

serem privilegiados pelo MEC, não são ainda presentes nos cursos de

formação de professores; e por saberem disso, muitos pais de crianças com

necessidades especiais questionam a validade de enviarem os filhos para

escolas regulares.

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Outra questão necessária de ser abordada são os preconceitos sociais, que

ainda ocorrem com frequência, seja por parte da direção da própria escola ou

por parte dos pais das outras crianças consideradas “normais”. Eles “atingem a

criança na sua auto-imagem, o que pode significar um prejuízo ainda maior

para a superação das dificuldades no âmbito escolar” (BEYER, 2000, p.27).

Agindo de maneira preconceituosa o meio social pode agravar ainda mais a

situação da diferença, por tanto o que se pretende em um processo inclusivo é

a admissão de que somos únicos e diferentes e que devemos aceitar as

pessoas como elas são.

A inserção de um aluno especial em uma escola regular, embora em primeiro

momento possa ser difícil, também pode ser um fator de enriquecimento se

bem aproveitado. A experiência de conviver com uma pessoa com Síndrome

de Down é riquíssima para qualquer criança ou adolescente, já que os

“normais” aprendem na prática conceitos como diversidade, solidariedade,

ética e respeito, e todos saem ganhando.

Como todas as pessoas, as crianças com Síndrome de Down são muito

diferentes entre si, por isso não existe uma regra para nortear o caminho que

os pais devem percorrer. Para escolherem o tipo de escola que colocarão os

seus filhos, eles terão que pensar nas habilidades e interesses da criança,

tendo coerência com sua crenças e seu modelo familiar, embora às vezes com

uma apoio de profissionais qualificados da área de psicologia ou pedagogia

que de acordo com o modelo de família e levando em conta a singularidade do

aluno, os ajudem a fazer sua escolha de forma mais coerente.

Por isso, a Educação Inclusiva é um desafio, é tarefa dos educadores, dos

representantes governamentais e de todos os cidadãos, tornando-se imperativo

assumir um compromisso com a reciprocidade como dizem Glat e Duque

(2003; p.84):

(...) de um lado a família que se despe do papel de

“culpada” para funcionar como um elemento estratégico

no processo de escolarização, de outro lado a escola que

passa da posição de “cobradora” para a de colaboradora,

abrindo suas portas às famílias, de forma a ampliar, cada

vez mais, o espaço de uma verdadeira participação. Só

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através dessa parceria poderemos garantir um futuro

existencialmente significativo para os nossos filhos e

alunos.

Segundo Alves (2011) as crianças e jovens com Síndrome de Down podem

alcançar estágios avançados de desenvolvimento . Claro que eles precisam ser

acompanhados por fisioterapeutas, fonoudiólogos, psicólogos e mais alguns

profissionais por conta da hipotonia generalizada, presente desde o seu

nascimento com origem no sistema nervoso central apresentam certa lentidão

no seu aprendizado, mas isso não que dizer que eles não irão aprender.

Segundo a autora todo acompanhamento evolutivo da criança precisa ser

acompanhado por um profissional que irá direcionar o caminho a ser trilhado

pela criança.

Como já havia mencionado, a Síndrome de Down é

classificada como uma deficiência mental, a qual não

podemos preestabelecer o limite do indivíduo, mas existe

a grande possibilidade de desenvolvimento cognitivo. A

educação da pessoa com Síndrome de Down deve

atender ás suas necessidades especiais, sem se desviar

dos princípios básicos da educação proposta ás demais

pessoas.(p.40)

A autora ainda conclui dizendo que a criança com Síndrome de Down pode se

desenvolver , executar tarefas e ainda se formar profissionalmente.

A família tem o direito e o dever de investir nessa criança, o que precisamos

entender para que se faça uma inclusão de qualidade é que aprender não é o

mesmo que ensinar, pois é um processo que acontece na criança.

Toda criança tem seu tempo para aprender e cabe aos pais e a escola darem

base para que ela consiga aprender de forma tranquila e alegre no seu tempo.

Cada criança é única seja ela com Síndrome de Down ou não.

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CAPÍTULO III

OS DESAFIOS ENCONTRADOS POR UMA CRIANÇA

COM SÍNDROME DE DOWN

O choque da notícia: “Seu filho tem Síndrome de Down”, realmente não é dos

melhores, porem ficamos nos perguntando se é o fim.

Não é fácil aceitar essa realidade, mas aceitar a Síndrome é a melhor forma de

ajudar uma criança com Síndrome de Down a vencer seus inúmeros desafios.

Segundo especialistas do Movimento Down o primeiro passo é amar a criança

que você acabou de receber, depois com muito empenho e ajuda de

profissionais especializados as coisas irão tomando um rumo.

O primeiro desafio de uma criança com Síndrome de Down é ser aceita pelos

pais. Como diz Alves (2011) uma família quando idealiza uma criança, idealiza

um sonho. Sua aparência , com quem ela irá parecer, o que ela vai querer ser

quando crescer entre outras coisas e quando isso não acontece principalmente

a mãe se pergunta: O que faço agora?

Dentro deste contexto, o nascimento de uma criança com Síndrome de Down

irá exigir um processo de adaptação muito maior por parte dos pais e mães,

pois ela apresenta atraso em seu desenvolvimento e limitações em suas

aquisições, precisando de mais tempo para desenvolver habilidades tais como

andar, controlar os esfíncteres e falar. Desse modo, cada momento terá suas

peculiaridades, o que pode exercer impacto sobre a família, em especial sobre

os genitores. Assim sendo, o objetivo do presente artigo é examinar algumas

questões teóricas e achados de estudos recentes acerca do impacto da SD

sobre a família, em especial, sobre pais e mães.

Atualmente, ainda encontramos algumas confusões sobre esse conceito, pois

“a

síndrome de Down é decorrente de um erro genético presente desde o

momento da

concepção ou imediatamente após[...]”(SCHWARTZMAN, 1999, p. 3)

No entanto, como descreve Schwartzman (1999), sabemos atualmente que se

trata de

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uma alteração genética e que as pessoas com a síndrome, embora

apresentem algumas

dificuldades podem ter uma vida normal e realizar atividades diárias da mesma

forma que

qualquer outra pessoa. Não nego a afirmação de que o Down apresenta

algumas limitações e até mesmo precise de condições especiais para

aprendizagem, mas digo que através de estimulações adequadas apresentam

avanços nos aspectos motores, cognitivos e sociais.

As primeiras e principais estimulações devem ser feitas no ambiente familiar e

acompanhadas por uma equipe multiprofissional.

Depois da aceitação da família vem um novo desafio, a estimulação precoce

desse bebê com Síndrome de Down. O quanto antes os tratamentos

começarem melhor para essa criança. Esse trabalho deve começar o mais

cedo possível , buscando atendimento para o desenvolvimento motor, social e

cognitivo. Segundo a cartilha do ministério da sáude para pessoas com

Síndrome de Down é muito importante que nos primeiros meses a família tenha

uma ligação direta com a equipe de profissionais que acompanham o bebê. A

equipe fará a orientação e o aconselhamento necessário para a o convívio

adequado de todos os integrantes da família com o bebê.

Essa equipe deixará claro que segundo Alves (2011) o desenvolvimento dessa

criança será o mesmo de uma criança dita normal, haverá apenas uma lentidão

em todos os aspectos pois ainda não sabemos qual será o seu limite.

Também se faz necessário que como diz Alves (2011) a família saiba que não

tem cura para a Síndrome de Down:

É importante que a família saiba que não há tratamento

medicamentoso para a cura da Síndrome, mas deve

haver um acompanhamento multiprofissional para facilitar

o convívio sociale, em seu desenvolvimento, faz-se

necessário o carinho da família.(p.38)

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3.1 A família da criança com Síndrome de Down .

Cada família devido a sua visão pessoal, tem suas defesas e seu modo de

encarar seus problemas.

O nascimento de um filho constitui um grande acontecimento na vida de uma

família, exigindo mudanças e reestruturação de papéis, especialmente dos pais

e mães, para o recebimento de um novo membro. Isso tudo representa uma

mudança na associação e no funcionamento dos membros da família,

modificando o equilíbrio entre trabalho, amigos, irmãos, pais e mães.

A primeira notícia e os primeiros vislumbres são fundamentais para fazer brotar

a angústia ou a esperança, o desespero ou a fé. Depois do susto se formam as

defesas:

• A desilusão: Todo um futuro arruinado, só nos resta a vergonha, o que

as pessoas vão dizer, não pode haver nada pior do que isso...

• A culpa: Não sei o que dizer, tenho um sentimento de culpa por ter dado

ao meu marido um filho assim, isso é um castigo de Deus...

• O aspecto religioso: É a cruz que tenho que carregar, já que Deus me

deu devo aceitar obrigatoriamente, quando será que terminarei de

carregar minha cruz etc...

Depois passa o tempo, os primeiros dias, aqueles preciosos dias em que um

filho deve adquirir um sentimento de confiança em si mesmo e no mundo, mas

a pancada ainda não foi absorvida; e assim, a habilitação preventiva que

deveria começar logo no primeiro momento , no primeiro dia, já está atrasada.

Depois os primeiros erros, as primeiras carências, são sempre mais difíceis.

A relação mãe e filho nos primeiros dias deve ser estimulada, encorajada e

orientada.

Pais bem orientados , estimulados, e concientes já são meia batalha vencida.

Será muito difícil tirar da mente das pessoas os preconceitos ligados à criança

Down, tanto que, às vezes , o próprio especialista, falando com pessoas leigas

no assunto, prefere usar a mongoloide por ser mais compreensível que outras.

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Segundo DANIELSKI (2001) alguns fatores negativos das crianças com Down

que em alguns momentos deixam seus pais com “certa vergonha” são:

1- Teimosia, ainda que muito condicionada ás primeiras relações educativas,

especialmente pela maior ou menor coerência educativa da família;

2- Pouca confiança na própria capacidade mental;

3- Lentidão;

4- Ingenuidade;

5- Tendência ao infantilismo pela dinâmica de dependência que mantém;

6- Tendência ao emudecimento mental;

7- Hiperatividade;

8- Falta de autocontrole;

9- Vários medos;

10-Visão muito analítica das coisas

11-Fuga na fantasia com objetos autísticos ou não;

12-Falar sozinha, como mecanismo de fuga de realidade;

13-Ás vezes manifestações afetivo-sexuais muito excessivas;

14-Eu oscilante entre complexos de inferioridade e momentos de exaltação;

15-Vontade de fazer muito volúvel;

16-Comportamento ou postura que denotam um mecanismo de fuga;

17-Cansaço e apatia;

18-Inabilidade de atenção e de concentração: todo seu mundo interior é

sempre solicitado por engramas externos, pelos quais ela se distrai facilmente

e não se concentra ao longo da tarefa que está executando;

19-Indisciplina, mas que não é típica das crianças com Down.

Ou seja podemos dizer que uma criança com Síndrome de Down ou até qual

criança com necessidades especiais acabam por muitas vezes causando

algum tipo de trauma momentâneo na família. Por esse motivo torna-se um

evento traumático e desestruturador, que interrompe o equilíbrio familiar (Brito

& Dessen, 1999). A reação dos pais e mães diante do diagnóstico, entretanto,

se apresenta de formas variadas. Alguns manifestam sentimentos de

incredulidade, chegando, muitas vezes, a expressar medo e também desejo de

escapar dessa situação. Pode ser ainda que depositem esperanças na

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possibilidade de um erro de diagnóstico, que será esclarecido por meio do teste

cromossômico (Murphy, 1993). Outros expressam tristeza, estranheza e

preocupação sobre como será a criança (Silva & Dessen, 2003). Muito dessa

reação será determinado pelos significados sociais e as crenças dos pais e

mães a respeito da deficiência. A recorrência a estes significados e crenças é

necessária, e os ajuda a adquirir alguma compreensão sobre o que está

acontecendo com eles (Casarin, 2003).

Assim torna-se muito importante a hora em que a notícia é dada para os pais.

O momento é de uma delicadeza extrema, o diagnóstico é comunicado e

considerado de fundamental importância para o decorrer das primeiras

relações entre os pais e mães e seu bebê (Casarin, 2003; Oliveira, 2001; Silva

& Dessen, 2003).

Muitos pais relatam a falta de preparo de diversos profissionais na hora de

darem a notícia , isso fez crescer infelizmente um aumento significativo nas

“fantasias” sobre a Síndrome de Down.

Nesse sentido vemos a importância de um médico bem preparado para dar a

notícia, pois no momento os pais estão muito vulneráveis psicologicamente

falando e entendem por muitas vezes palavras distorcidas pelo choque da

notícia.

Desde o momento do diagnóstico, então, até se chegar à aceitação da criança

com deficiência mental, a família passa por um longo processo. Os sentimentos

vão desde o choque, negação, raiva, revolta e rejeição, até a construção de um

ambiente familiar mais preparado para incluir essa criança (Silva & Dessen,

2001). Tais sentimentos, entretanto, parecem ser dominados à medida que eles

passam a estabelecer um contato maior com seu bebê (Murphy, 1993).

Diversos estudos ligados a família de crianças com Síndrome de Down foram

feitos, alguns investigaram a presença de estresse entre pais e mães.

Uma pesquisa americana foi feita em 1999. Essa pesquisa apontou as

diferenças na adaptação de pais e mães de crianças com SD e de crianças

com desenvolvimento típico.

Os resultados demonstraram que os pais e mães de crianças com Síndrome de

Down, além de tenderem a perceber seus filhos como mais distraídos,

necessitados de atenção e mais inaceitáveis, também apresentavam mais

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estresse relacionado à parentalidade quando comparados com pais e mães de

crianças sem deficiência.

A reação e o comportamento de pais e mães frente ao nascimento de uma

criança com Síndrome de Down nem sempre ocorre da mesma maneira.Não

podemos deixar de relatar outro fator muito importante que essa pesquisa nos

apontou que respeito às reações da família a cada etapa do desenvolvimento

da criança, pois, à medida que a criança com SD cresce, as diferenças em

relação às outras crianças podem se tornar maiores (Casarin, 2003). Sendo

assim, as preocupações dos pais e mães também se mostram diferentes

conforme o momento do ciclo vital em que a família se encontre. Segundo a

autora, pais e mães que receberam recentemente a notícia do diagnóstico

vivenciam a fase do luto, em que a família precisa ressignificar a síndrome para

permitir a construção de um relacionamento saudável com o filho com

Síndrome de Down. Já os pais e mães de crianças pequenas, que passam pela

etapa das aquisições, trazem queixas relacionadas ao relacionamento do casal

e dúvidas quanto ao melhor tipo de educação e posterior escolarização para a

sua criança. Sendo assim, pode-se considerar de grande importância a

realização de estudos que permitam avaliar melhor as reações dos pais e mães

nas diferentes fases de desenvolvimento das crianças com Síndrome de Down.

Outra pesquisa parecida foi feita na Inglaterra sobre o efeito que a criança com

Síndrome de Down exerce sobre a família e também o efeito que a família tinha

sobre a criança. Dentre os principais resultados ressalta-se que, embora

tenham vivenciado um trauma considerável em seguida ao nascimento, a

maioria das famílias participantes do estudo foi considerada harmoniosa, com

altos níveis de coesão familiar, satisfação com a vida e níveis relativamente

normais de estresse. No período da adolescência, entretanto, houve um

decréscimo da satisfação com a vida percebida pelas mães, associado a um

declínio na satisfação com o apoio social recebido e a uma tendência de mais

mães perceberem efeitos negativos do filho(a) com Síndrome de Down sobre a

família. Os irmãos apresentaram uma adaptação positiva, tendo bom

relacionamento com seus pais, mães e com os irmãos com Síndrome de Down.

Além disso, houve uma melhora deles no comportamento pró-social. Embora

com as limitações cognitivas, a maioria das crianças conseguiu desenvolver

uma ampla gama de habilidades, devido ao apoio da família e das

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oportunidades de educação recebidas. A família também foi de extrema

importância no que diz respeito à vida social das crianças. Em suma, o autor

enfatizou que, embora algumas famílias estivessem vulneráveis e sob risco, a

impressão geral foi de normalidade, com efeitos positivos sobre a família em ter

um membro com Síndrome de Down.

Ao lêr o livro Muito prazer eu existo de Werneck (1993) me deparei com um

parágrafo que é primordial no que diz respeito a família da criança com

Síndrome de Down, ele diz:

“Antes de se deixar levar por modelos preestabelecidos ,

o casal deve conversar muito entre si, tentando descobrir

o que realmente deseja para o filho. Vale ir fundo em

todas as questões, sem medo de se colocar, de chorar,

de gritar. Sem fingir.”(p.119)

Podemos então concluir que o nascimento de uma criança com Síndrome de

Down afeta consideravelmente toda a família, porém afetando mais que

diretamente pais e mães.

3.2 A parceria entre escola X família da criança com Síndrome de Down . A parceria estabelecida entre família x escola no desenvolvimento de uma

criança com Síndrome de Down, tem demonstrado um alto índice de sucesso.

Porém, o papel da escola e da forma como esta se organiza, tanto no sentido

de suas respostas às necessidades educacionais dos alunos, quanto no

sentido de sua própria identidade enquanto instituição social. Assim é que as

instituições escolares têm também passado por uma transformação de seu

status: o daquela que muitas vezes acaba ocupando um lugar que ultrapassa

os limites da ação pedagógica e da relação ensino-

aprendizagem, para ocupar espaços de ordem pessoal que influi diretamente

no cotidiano de seus alunos.

A escola passa ser um lugar se suma importância para a criança com

Síndrome de Down, assim como a sua casa.

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Os pais ficam inseguros na hora de entregar seus filhos, mas também sabem

seu papel e suas obrigações de pais como por exemplo:

* Garantir a escolarização; * Garantir uma criação voltada para a cidadania e uma vida digna; * Garantir carinho, proteção e afeto. Dando contra-partida na insegurança de alguns pais , também temos

profissionais que reclamam "apatia ou indiferença" dos pais, bem como da falta

de compreensão e comprometimento dos mesmos no processo de

desenvolvimento e inclusão de seus filhos, além do não reconhecimento do

trabalho realizado pela escola em "benefício" de seus filhos.

Entretanto, precisamos começar a desmistificar e melhorar os problemas de

relacionamento entre as famílias/ professores e profissionais do ensino em

geral, deixando de enfatizar apenas as dificuldades ou deficiências dos alunos,

passando a enfatizar mais seus pontos fortes. É deixarmos de buscar atender

às dificuldades de aprendizagem, para explorarmos mais suas potencialidades.

É preocuparmos mais com seus "sucessos" do que com seus "fracassos".

Para poder ajudar uma criança com Síndrome de Down a se desenvolver

podemos sitar os Estágios Descritos por Piaget, ALVES(2011)

Pesquisadores franceses mostraram a seguinte evolução da criança quanto

aos estágios descritos por Piaget:

* DO nascimento até os cinco ou seis meses , a criança está nos estágios I e II

e ainda não sabe brincar com objetos.

* Dos 12 aos 24 meses, a criança está no estágio IV e percebe que um objeto

pode ser posto dentro do outro; sem saber juntar os objetos e colocar dentro de

alguma coisa.

* Dos 24 meses aos três anos, a criança começa a combinar os objetos

juntando os parecidos , distribuindo-os em coleções, o que mostra que ela está

no estágio V.

* Depois dos três anos, ela entra no estágio VI e, além de colecionar os objetos

semelhantes, faz correspondências, agrupa-os, dividindo-os como grandes e

pequenos.

Ou seja a criança com Síndrome de Down pode alcançar grandes níveis de

desenvolvimento.

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Segundo MANTOAN (1997), tanto a valorização, quanto o conhecimento das

características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que compõem a

sociedade e a crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes,

também têm indicado que novos caminhos devam ser traçados nas instituições

e nas famílias.Para esse autor os novos caminhos são:

* Respeito aos diversos tipos de estrutura familiar;

* Acolhida das diferentes culturas, valores e crenças sobre educação infantil;

* Inclusão do conhecimento da família no trabalho educativo;

* Estabelecimento de canais de comunicação para troca constante entre família

e escola;

* Acolhida de famílias com filhos deficientes e/ou com necessidades educativas

especiais.

De acordo com a "Declaração de Salamanca", no que se refere ao papel da

família nesse processo de inclusão, demanda que se:

“encoragem e facilitem a participação de pais,

comunidade e organizações de pessoas portadoras de

deficiências nos processos de planejamento e tomada de

decisões concernentes à provisão de serviços para

necessidades educacionais especiais”(1994, p.2).

Assim, com certeza, as famílias ditas como "funcionais"- que se mobilizam pelo

sucesso de seus filhos- estarão cada vez mais envolvidas, participativas e

incluídas no processo de "tomadas de decisões": sobre o ensino de seus filhos,

sobre os procedimentos que serão utilizados, bem como sobre as condutas a

serem adotadas. Com novas alternativas de envolvimento da família, maior

preocupação com a qualidade dos serviços oferecidos e com mais diálogo

aberto e franco, essa situação de descomprometimento e descompromisso

com o sucesso dos alunos, só tende a mudar!

A Declaração de Salamanca estabelece a necessidade de parceria entre

família, professores e profissionais da escola, com a finalidade de maximizar os

esforços para a inclusão, da melhor forma possível, dos alunos com

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necessidades educativas especiais no ensino regular. Ela também especifica

como deve ser essa parceria entre família e escola inclusiva. Essa parceria

propicia:

1- Maior apoio aos pais para que assumam seus papéis de pais de alunos com

necessidades especiais;

2- Oportunidade de escolha do tipo de provisão educacional que os pais

desejam para seus filhos;

3- Que pais sejam parceiros ativos nos processos de tomadas de decisões e

planejamento educacional de seu filho.

Sem o desenvolvimento dessa relação de "parceria" família/ escola e

profissionais, não serão alcançados o nível e a qualidade de envolvimento

necessário para assegurar ganhos educacionais possíveis para “todos” os

alunos.

É preciso que todos (família/sociedade/escola) tenham consciência de que

alunos da Educação Especial: são vivos, sentem, observam, têm as mesmas

necessidades que outros alunos e não se pode confiná-los num mundo à parte.

Infelizmente, o deficiente, o diferente é produzido pelo ambiente de carências

afetivas, sociais, econômicas... "Nem um louco, nem um bobo"... Mas um ser

humano que requer talvez mais carinho/ atenção que outros "ditos normais"

Família e Escola devem encontrar formas criativas e de convivência, levando a

comunidade a participar de parcerias, para a manutenção da

integração/inclusão. A Família é o primeiro e talvez o principal grupo social em

que vivemos. É nela que aprendemos a construir nossa individualidade e

independência. Por isso, é muito importante o convívio com outras famílias que

enfrentam, ou não, problemas com necessidades especiais.

Pais precisam estar conscientes e mobilizados para participar, apoiar

, trabalhar com união e harmonia. Devem também cuidar para que não haja,

em relação ao filho com necessidades especiais, superproteção, posto que

esta em pouco contribuir para o desenvolvimento da autonomia da pessoa. Há

muito que fazer, uma vez que a escola brasileira ainda não está

suficientemente pronta para atuar com alunos da classe especial. Cada caso é

um caso diferente. Para o professor é um "grande desafio", mas com

competência e boa vontade da família, muito se fará pela Educação Especial.

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Na certeza de que todos precisam de apoio, compreensão e amadurecimento,

principalmente pessoas especiais, é que a comunidade deve mudar seu

pensamento e ajudar os mais necessitados.

Se a Escola X Pais estão determinados a trabalhar na inclusão da criança com

Síndrome de Down elas podem contar com diversos tipos de apoio como

mostra a pesquisa abaixo feita pela Revista Educação de Janeiro de 2012

mostrando como a legislação brasileira está preocupada com a inclusão.

Podemos ver que a partir do ano de 2007 vários decretos foram assinados para

facilitar e auxiliar no que diz respeito a aprendizagem das crianças com

Síndrome de Down, ou qualquer outra que apresente Necessidades

educacionais especiais.

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O aluno com Síndrome de Down é tão especial quanto qualquer pessoa.

A família é aprincipal responsável pelas ações do seu filho.

Contando com o apoio da escola essas crianças tendem a progredir

significativamente.

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CONCLUSÃO

A partir dessa pesquisa foi possível refletir sobre diversos aspectos importantes

para o processo de inclusão educacional da criança com Síndrome de Down.

Os motivos que dificultam sua inclusão que são diversos.

As pesquisas, os dados obtidos nos levam a conclusão de que a família é

um dos fatores primordiais para a aquisição de linguagem oral, principalmente

nos primeiros anos de vida. Quando essa criança encontra-se em período de

maturidade orgânica á na família que ela se apoia para começar a construir seu

comportamento e a modelar seu cognitivo. A estimulação da criança com

Síndrome de Down na fase inicial da vida é extremamente importante para seu

desenvolvimento normal, e minimiza as ocorrências déficits de linguagem na

primeira infância, que poderão trazer sérias conseqüências futuras.

Vimos também a importância de um bom profissional de educação bem

preparado para incluir. O professor passa a ser um dos “principais

norteadores”, dessas crianças.

A educação inclusiva é determinante no processo de estimulação inicial e

cabe ao professor trabalhar suas crianças desenvolvendo nestas capacidades

de praticarem atividades diárias, participar das atividades familiares,

desenvolver seu direito de cidadania e até mesmo desenvolver uma atividade

profissional. Para isso profissionais especializados e cuidados especiais devem

ser tomados, a fim de facilitar e possibilitar um maior rendimento e

desenvolvimento educacional dos portadores de tal síndrome.

Pesquisamos como as instituições devem trabalhar e agir para que essas

crianças possam realmente se sentir incluídas.

Enfim, a grande importância da estimulação se dá pela grande necessidade

da criança de vivenciar experiências permitiram seu desenvolvimento,

respeitando suas deficiências, seus limites e explorando suas habilidades.

Podemos constatar nesse estudo que pais, educadores, sociedade... , tem sua

responsabilidade para que possamos ter sucesso.

Enfim a inclusão é uma prática cada vez mais freqüente em vários países,

apesar de ainda carecer de uma política específica para o desenvolvimento

pleno desse processo.

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http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/oenvolvimentodafamilia.htm

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INDICE

FOLHA DE ROSTO.......................................................................................01

AGRADECIMENTO .........................................................................................02

DEDICATÓRIA.................................................................................................03

RESUMO...........................................................................................................04

METODOLOGIA...............................................................................................05

SUMÁRIO..........................................................................................................06

INTRODUÇÃO...................................................................................................07

CAPÍTULO I O QUE É SÍNDROME DE DOWN................................................................... 09

1.1 –CONTEXTO HISTÓRICO........................................................................ 11

1.2 – Principais características da Síndrome de Down e particularidades

clínicas............................................................................................................. 13

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A SÍNDROME DE DOWN............................... 18

2.1 -POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO........21

2.2 A família do aluno com Síndrome de Down e a escola no contexto da educação inclusiva..........................................................................................24 CAPÍTULO III

OS DESAFIOS ENCONTRADOS POR UMA CRIANÇA COM SÍNDROME DE

DOWN............................................................................................................. 28

3.1 A família da criança com Síndrome de Down . ......................................31 3.2 A parceria entre escola X família da criança com Síndrome de Down ........................................................................................................................ 34 CONCLUSÃO................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 41

INDICE.............................................................................................................. 41