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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A NEUROCIÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA
ADOLESCÊNCIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Por: Fabiana de Oliveira Lima de Mesquita
Orientador
Prof.ª Marta Relvas
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A NEUROCIÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA
ADOLESCÊNCIA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Fabiana de Oliveira Lima de Mesquita.
3
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus por suas misericórdias
e fidelidade, meus pais, meu marido
Pedro Paulo pelo incentivo, minha filha
e amiga Julia.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao Senhor Jesus,
aos meus pais, meu marido Pedro Paulo
e minha filha Julia.
5
RESUMO
O Presente trabalho tem como propósito o estudo entre a Neurociência
à fase da adolescência, sua dimensão cultural ocidental contemporânea na
escola, às transformações químicas e neurológicas, frente uma fase de
lapidação e amadurecimento do cérebro. Discute ainda uma fundamentação
teórica de autores que buscam a humanização da prática pedagógica, pautada
nas contribuições da neurociência para essa prática. Confronta a teoria com a
prática docente.
Palavras chaves: adolescência, neurociência, conflitos, mudanças biológicas,
valores sociais.
6
METODOLOGIA
Adotou-se como procedimentos metodológicos para análise: uma
pesquisa bibliográfica de obras como: Neurociência e Educação de Ramon M.
Cosenza e Leonor B. Guerra; O Cérebro em transformação de Suzana
Herculano-Houzel, Vigostky de Teresa Cristina Rego; O Cérebro emocional de
Joseph LeDoux; O Estilo do Cérebro Emocional de Richard J. Davidson e
Sharon Begley, consultas a artigos via internet, revistas da área da psicologia.
Que possibilitou a compreensão que o processo de adolescer passa por uma
gama de fatores hormonais, químicos, fisiológicos. Permeados pela lapidação e
refinamento do cérebro.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - As Neurociências e a Adolescência 10
CAPÍTULO II - Humanizando a Prática Pedagógica 20
CAPÍTULO III – Entre a teoria e a sala de aula 30
CONCLUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
ANEXOS 58
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
8
INTRODUÇÃO
Em tempo algum se tem percebido adolescentes tão bem informados
como nos dias atuais, entretanto muitos sem perspectivas de futuro.
Nas civilizações tribais ou historicamente opostas a cultura ocidental,
não se propicia ao indivíduo uma separação entre a infância e a vida adulta, o
que ocorre por meio de rituais de passagem, pensava-se que a adolescência
era apenas uma produção cultural de nossa sociedade.
Aos 10 ou 11 anos de vida o cérebro já possui o tamanho adulto,
todavia esse cérebro do adolescente não se comporta como um cérebro
amadurecido. Esse comportamento se dá pelo novo período de transformações
do cérebro. Em contra partida algumas estruturas crescem outras, entretanto
encolhem, sofrendo reorganizações químicas e estruturais, permitindo que elas
amadureçam funcionalmente.
Herculano (2005) enfatiza que a reorganização estrutural do cérebro e
do papel direcionador das experiências vividas, tanto quanto a infância, o
ambiente e os pais podem exercer uma grande influência sobre os caminhos
que o cérebro toma de forma positiva ou negativa.
As sociedades ocidentais atravessam um processo de degradação da
adolescência que, mesmo com o acesso a ferramentas tecnológicas como
internet, revistas, jornais, e-mail, sites de relacionamento, entre outros, sofrem
as consequências de uma globalização curricular que valoriza a classe
dominante, internalizando o “habitus” destes para uma realidade que não
condiz com os educandos das classes menos favorecidas.
Ideologicamente se tem visto no Brasil um jovem de 16 anos com
direito de votar, porém não sendo responsabilizada por seus atos antes dos 18
anos, uma ambiguidade na organização das leis que permite cada vez mais ao
jovem seguir sem uma diretriz.
Outros agravantes enfrentados na sociedade contemporânea na vida
dos adolescentes são as relações familiares conturbadas, as influências do
divórcio, a violência, as drogas, os conflitos e as crises, o afeto e a
9
solidariedade ou a falta destes, além dos distúrbios de aprendizagem e seus
fatores geradores.
É relevante a ressignificação do espaço escolar na vida atual do
adolescente, pois nesta busca de transformação, está intrínseca a mudança
das práticas pedagógicas no Ensino Médio, com a reversão de uma educação
tradicional para um processo dialógico e humanístico.
Essa intervenção ocorre através de um aprendizado significativo.
Á luz de Ausubel ( 1978, p.159) o aprendizado significativo acontece
quando uma informação nova é adquirida mediante um esforço deliberado por
parte do aprendiz em ligar a informação nova com conceitos ou proposições
relevantes preexistentes em sua estrutura cognitiva.” (Ausubel, 1978, p.159).
Segundo Rego (1995) a escola desempenhará bem seu papel, na
medida em que, partindo daquilo que a criança já sabe (o conhecimento que
ela traz de seu cotidiano, suas ideias a respeito dos objetos, fatos e
fenômenos, suas “teorias” acerca do que observa no mundo), ela for capaz de
ampliar e desafiar a construção de novos conhecimentos.
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CAPÍTULO 1
AS NEUROCIÊNCIAS E A ADOLESCÊNCIA
O indivíduo não nasce com um caráter já estabelecido
geneticamente, este será formado por meio de convívio, das relações
interpessoais, com sua história de vida, além da bagagem cultural que carrega.
A partir Henri Wallon, o indivíduo passa por estágios ao longo da vida,
desde o nascimento até a maturação do indivíduo. Estágio Impulsivo
Emocional, que ocorre do nascimento até aproximadamente 1 ano, marcado
principalmente pelo afeto, onde a criança interage com o meio através das
manifestações de suas emoções. Estágio Sensório-Motor e Projetivo, que
ocorre dos 3 meses até aproximadamente aos 3 anos de idade, nesta fase a
inteligência predomina e os fatores externos contribuem para aquisição da
aprendizagem pela imitação e o contato físico com os objetos. Estágio do
Personalismo, dos 3 anos aos 6 anos, caracterizado pelo afeto, formação de
personalidade e autoconsciência, o que provoca algumas vezes a oposição à
figura adulta. Estágio Categorial, dos 7 aos 10 anos, nesta fase ocorre a
predominância da inteligência sobre os sentimentos, promove o
desenvolvimento das capacidades de memória e atenção voluntária. E por fim
o Estágio da Adolescência, que segundo Wallon ocorre aproximadamente aos
11 anos, onde se iniciam as transformações físicas e psicológicas,
caracterizado como um estágio afetivo, onde o indivíduo enfrenta conflitos
internos e externos, buscando uma autoafirmação e passa ainda por mudanças
no amadurecimento e na sexualidade.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) a definição do
período da adolescência está entre os 10 e os 19 anos. Em um contexto de
produção cultural, algumas culturas mantêm rituais de passagem da infância
para a idade adulta, como o Bar Mitzavah (para os meninos) com 13 anos de
idade ou Bat Mitzvah (para as meninas) com 12 anos de idade, entre os
judeus. Tribos indígenas realizam cerimônias para simbolizarem esta
passagem: Timbira, Kaiapós, Apinajé, entre outros. Nesse sentido, a criança já
11
passava direto para o estágio adulto, sem passar pelo processo de
desenvolvimento psicológico que hoje é concebido de adolescência.
Na Grécia Antiga as crianças cresciam no gineceu, escutando as
canções, as fábulas moralizantes e as histórias da mitologia. A
responsabilidade familiar com relação à criança e o adolescente eram deixados
de lado, passando para instituições, como a escola, por exemplo, encarregadas
de tal missão, formar a moral e a personalidade das crianças e jovens.
Em diferentes nações e culturas as crianças eram submetidas a
diversos ritos de passagens, como por exemplo, no Império Romano, tanto o
menino como a menina tinham seus destinos separados, até poder abandonar
suas vestimentas infantilizadas e serem denominados adultos. Ocorria que, aos
doze anos, os cursos de vida dos meninos e meninas eram afastados, bem
como os miseráveis e abastardos. Famílias nobres romanas, aos doze anos,
deixavam o ensino elementar; sob os cuidados de um “gramático” ou professor
de literatura, e estudavam os autores clássicos e a mitologia, com o objetivo de
enfeitar o espírito. Aos catorze anos, se desfaziam das roupas infantis tendo o
direito de fazer tudo o que o jovem gostasse de fazer.
Segundo Knobel e Aberastury (1992), o adolescer passa pela
Síndrome do Adolescer normal, que apresenta as seguintes características:
busca de si mesmo e identidade adulta, a tendência grupal, necessidade de
intelectualizar e fantasiar, crises religiosas, deslocação temporal, evolução
sexual, atitude reivindicatória, contradições sucessivas em todas as
manifestações de condutas, separação progressiva dos pais, constantes
flutuações de humor.
O início da puberdade no sexo feminino tem relação direta com o teor
de gordura corporal, devido a isso a menarca ocorria em diferentes idades se
for comparado as várias épocas da história. Na Europa, a menarca em 1830
era em meninas de 17 anos, atualmente com 13 anos. Com os consumos de
alimentos industrializados e com alto teor de açúcar e gorduras se dá a essa
diferença encontrada na comparação com os anos.
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1.1 A Neurociência no processo do adolescer.
Por meio do cérebro, que coordena a porção mais importante do
sistema nervoso, o comportamento humano é direcionado pela função de
atividades dos circuitos neuronais que funcionam em diversas áreas do sistema
nervoso. As mudanças transformam o cérebro infantil em um cérebro adulto.
Através de várias mudanças o sistema de recompensa, que tem por
função identificar para as outras áreas do cérebro que algo ocorreu como o
esperado e/ ou não. Possibilitando o aumento do funcionamento de dois
componentes cerebrais importantes: a área Tegmental Ventral (acionada
quando recebe no córtex pré-frontal, um sinal de que algo interessante e
positivo acaba de acontecer, ou talvez, tenha grandes chances de acontecer
em breve, nesse momento os neurônios desta área despejam dopamina sobre
o núcleo acumbente).
A dopamina é uma substância neuromoduladora que é capaz de
modificar as atividades elétricas dos neurônios quando as recebe. As
mudanças decorrentes desse Sistema de Recompensa culminam em
mudanças de gostos, e com isso, desejos, vulnerabilidade quanto aos vícios,
transtornos de humor.
Responsável pela coordenação das mudanças ocorridas, o hipotálamo,
nesse processo de adolescer, também é confrontado por fatores externo, que
implicam nesse processo.
Segundo Relvas:
“Existe a necessidade de se reconhecer a emotividade
envolvida implicitamente nos jovens. Há tendências às
angústias e aos sofrimentos devido a uma inadaptabilidade
correlacionada ao contexto que os jovens vivem hoje.
Provavelmente pela falta de referências, demonstram
insatisfações através de manifestações agressivas, sem a
menor preocupação com perdas e danos que possam causar,
numa falta de maturidade cognitiva e emocional. ”
13
(Internet via WW. URL:
http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2014-01-16/marta-relvas-
rolezinho-nao-e-brincadeira.html, p.32). Arquivo
consultado em 18/04/2014.
A gordura corporal reflete nas mudanças que iniciam a adolescência o
contrário disto retarda esse processo. Os hormônios sexuais são produzidos
nas gônadas, órgãos esses que produzem gametas, o hipotálamo produz
pulsos do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) que atua sobre a
glândula pituitária (denominada por hipófise), e permite que esta produza o
Hormônio do Crescimento (GH).
Fatores externos e internos permeiam por esse processo do adolescer,
evidenciando emocionalmente a construção do ser.
À luz de LeDoux e suas pesquisas mostrando que, enquanto o
hemisfério direito do cérebro faz a ação o esquerdo tende a explicar com
alguma situação relevante que se encaixe no movimento. O comportamento
é uma atitude sem consciência das razões, pois é produzido por sistemas
cerebrais de atividades inconscientes, uma vez que uma das atividades
centrais da consciência é fazer na vida do indivíduo uma história coerente.
Partindo deste conceito o cérebro, com base na autoimagem do
indivíduo em lembranças do passado, em expectativas futuras, lembranças
de experiências sofridas e vivenciadas, na situação presente e no meio
ambiente físico em que está inserido afetará positiva ou negativamente
neste processo emocional.
Durante o processo de adolesce a busca pela satisfação imediatista
se faz mais constante, ativando o sistema de recompensa, ou seja, o
aumento do funcionamento de dois de seus componentes mais importantes:
a área tegmentar ventral e o núcleo acumbente. Os neurônios da área
tegmentar ventral despejam dopamina sobre o núcleo acumbente.
A vontade do adolescente está associada às alterações de
comportamento motivado por fatores fisiológicos, pois o núcleo acumbente
perde cerca de um terço dos seus receptores para dopamina do início até o
término do processo adolescer.
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As inconstantes trocas de gostos, ideias e humor se dá pela perda da
dopamina. Uma atividade infantil encontra um número reduzido de
receptores, a ativação resultante do núcleo acumbente é menor, a atividade
causa, portanto uma satisfação menor, acarretando o típico tédio nessa
fase.
Entretanto, o interesse por outras atividades aumentam, como ouvir
música em som alto. Devido o sistema de recompensa e uma estrutura do
ouvido interno denominado Órgão Vestibular. Para essa estrutura ser
estimulada é necessário sons entre 100 e 200Hz e muitos intensos como 90ª
110dB, proporcionando ao indivíduo o balançar do corpo, como em estilos
musicais de Rock’n’Roll.
Segundo Herculano (2005) correr pequenos risco é norma da
adolescência, buscar novidades, em roedores de laboratórios buscam
objetos novos e exploram novas áreas (para o animal corresponde ao risco),
com mais intensidade de animais mais velhos.
1.2 A Adolescência e o funcionamento cerebral
A inteligência pode ser considerada como a habilidade de se adaptar ao
ambiente e aprender através de experiências. Essa inteligência permeia pela
capacidade de planejar, raciocinar, resolver conflitos; não meramente conceitos
acadêmicos, sendo mais amplo, dar sentido ao contexto, antecipar o curso das
ações.
Em busca de ocupar postos mais elevados dentro da sociedade, o
homem busca quantificar o raciocínio e suas habilidades físicas e emocionais.
Em meados do século XIX o inglês Francis Galton levantou uma
discussão, onde os dotes mentais seriam transmitidos hereditariamente. No
início do século XX, o governo da França cria um grupo de estudiosos para que
desenvolvessem um método que pudessem recuperar educandos com
dificuldades relacionadas aos conteúdos escolares. O método em questão
avaliava a cognição, através de atividades de cópias de desenhos e
memorização de algarismos seriados, esse grupo foi liderado por Alfred Binet.
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Concluíram que para um indivíduo se sair bem em todas as atividades
propostas deveriam possuir uma capacidade diferenciada.
Surgiram outros testes de inteligência, entre eles: a escala de Weschler
e as Matrizes Progressivas de Reven, ainda em uso no Brasil.
Os testes de inteligência têm média 100, praticamente 95% da
população alcança 70 a 130 (os cálculos estatísticos permitem um desvio
padrão de 15). Os resultados nesses testes são chamados de QI ( quociente
de inteligência), utilizavam o cálculo dividindo a idade mental pela idade
cronológica e multiplicando por 100. Porém atualmente esse método não seja
mais utilizado.
Durante o processo de adolescer e mesmo na fase adulto o ser humano,
as pessoas diferem em suas habilidades, ocorrem propostas para um modelo
hierárquico da inteligência em que o fator G (inteligência geral) sintetiza o
resultado geral, o que expressam fatores específicos.
O adolescente tendo a expressar seus sentimentos de forma mais
enérgica, devido às transformações hormonais que atravessa, entretanto para
o adolescente é possível apresentar a capacidade de lidar com problemas
novos, que é denominada de inteligência fluida, e em outros é possível
demonstrar as habilidades já existentes e o conjunto de informações
acumuladas, que é denominada por inteligência cristalizada.
Embora o indivíduo humano seja um ser social e também produto do seu
meio, é inegável que um adolescente que tenha a mesma idade de outro possa
ter mais habilidades para a música ou desenho, para a escrita e oratória, e ou a
corporal-cinestésica. Howard Gardner propôs a teoria das inteligências
múltiplas.
O conceito de inteligência mesmo para o adolescente ou para qualquer
faixa etária da vida humana está associado não meramente a umas
localizações cerebrais específicas, entretanto ao resultado de um
funcionamento de sistemas cerebrais interligados que dependem da eficácia da
substância branca, promovendo a conexão entre diversos centros nervosos.
Todavia, o que mostra um indivíduo que sofre um acidente, a estrutura
cortical é importante para a inteligência, porém existe uma grande plasticidade
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na estrutura e no funcionamento cerebral. Áreas motoras se expandem com
treinamento, o hipocampo aumenta de volume em pessoas com muita
habilidade na orientação espacial, nos músicos o aumento ocorre no córtex
motor, auditivo e visual.
À luz de Consenza além das conexões cerebrais, a dedicação e o
esforço podem modificar as condições trazidas por fatores genéticos.
Possibilitando que o indivíduo possa se destacarem em uma atividade por meio
de sua dedicação, disciplina e trabalhos contínuos, não são seres
predeterminados a essa ou aquelas habilidades.
Durante a adolescência dar-se a ausência da identidade corpórea,
devido à perda da identidade social. Pois o adolescente não é mais criança
nem tão pouco adulto, entretanto apresenta necessidades e carências
semelhantes a um adulto. Comparando ao um mamífero que num passado
primitivo, o seres juvenis se afastavam de seus bandos para formar novos
bandos ou migrando para novas regiões. A puberdade e o período da
adolescência eram momentos decisivos para ser convidado a se retirar do
bando.
Decorrentemente do processo de adolescer a perda de 30% das
sinapses do núcleo acumbente, área do córtex relacionada a satisfação,
regozijo. Essa diminuição de sinapses dopaminérgicas pode ser associada ao
fato do adolescente se colocar em situações consideradas de risco como: não
basta imaginar uma relação sexual, mas efetivar o ato, não dá mais satisfação
brincar de roda, mas sim a participação em esportes radicais, uso de drogas
psicoestimulantes, comportamentos desafiadores com responsáveis e
autoridades, entre outros.
Para Suzana Herculano:
“O interesse recém-descoberto pelo sexo aliado à
impulsividade e à incapacidade de antecipar as consequências
dos próprios atos é uma das misturas mais potencialmente
explosivas da adolescência, e é tudo fruto das transformações
no cérebro. Mas essas transformações no cérebro. Mas essas
transformações também trazem ótimas coisas como: raciocínio
abstrato, raciocínio lógico aguçado, grande capacidade de
17
concentração e aprendizado, idealismo, sede de novidades,
disposição para correr riscos, vontade de realização e
relacionamentos sociais cada vez mais bem sintonizados.”
(Internet via WW. URL:
htttp://www2.uol.com.br/vyaestelar/entrevista_suzana.htm).
Arquivo consultado em 30/06/2014.
Isto é, 30% menos sinapses do prazer significa atividades que possam
liberar uma quantidade maior de dopamina para suprir as demandas de do
cérebro desse indivíduo adolescente em busca destas sensações.
O Cérebro que passa pela diminuição das áreas de recompensa expõem
adolescentes aos comportamentos impulsivos próprios da idade, mas
principalmente ao uso de drogas de abuso, entre elas o álcool, as drogas
estimulantes, que aumentam as concentrações de dopamina na fenda sináptica
e o tabaco, que coopta amplas áreas do cérebro, incluindo os sistemas de
recompensa e apresenta alto potencial aditivo. Alterações de humor conforme
a sensibilidade do sistema de recompensa.
Durante a adolescência ocorre o processo de mielinização axônica,
deste modo, depois da poda sináptica é chagada a hora de reforçar aquelas
vias neurais que continuaram a ser usadas, afinal, se estão sendo usadas
deverão continuar servindo no futuro.
Uma forma a exemplificar este processo de desenvolvimento neural é
comparando-o a busca pelo prazer se aprendemos desde pequeno a sentir
satisfação em atividades ou situações simples, formamos sinapses para estes
prazeres, mesmo que diminua a quantidade destas no cérebro adolescente, as
que sobram podem ser mielinizadas, portanto, reforçadas e mais rápidas ao
longo do processo, originando adultos também mais simples nas suas buscas
pelo regozijo. Nesse processo de mielinização se formas capas de bainha de
mielina, como camadas isolantes ao redor dos axônios, que é o que permite
maior fidelidade e rapidez na transmissão de informações no cérebro, que se
estende por toda a adolescência e chega até os 25 ou 30 anos de idade do
indivíduo.
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Outro fator a ser considerado nesta fase de desenvolvimento é o ganho
de peso e altura do adolescente de até 25 kg e 30 cm a mais no tamanho em
dois ou três anos, é mais especificamente no giro pós-central e no córtex
parietal, que nos informa a extensão, posição e amplitude de nosso corpo.
Torna-se comum o adolescente esbarrar em mesas ou bater forte uma porta,
por não terem a dimensão exata de seu tamanho.
A região Pré-frontal só termina de amadurecer por volta dos 30 anos, é
onde se processa o controle mais racional de impulsos (ponderar frente aos
riscos de uma determinada situação), a flexibilidade mental, motivação,
tomadas de decisões (escolhas). Como esta área ainda não está pronta, ela
fica mais ávida por buscar excitação e novidades em detrimento de se controlar
diante de algo que foi ponderado. Porém, este equilíbrio de decisões Isto é
realizado por um cérebro de um adulto. Esta área num adolescente é
semelhante alguém que busca meramente a felicidade pela felicidade. A região
frontal do cérebro também tem uma participação muito ativa no que é chamado
de capacidade de controle inibitório, que ajuda o indivíduo focar a atenção
numa palestra ou numa aula, por exemplo, e inibir outros estímulos, como
pessoas conversando ou o barulho de um ventilador.
Devido essa região que se desenvolver por um grande período após o
nascimento, não é que a criança ou o adolescente não preste atenção em
nada, mas sim pode estar prestando atenção em tudo ao mesmo tempo.
Embora a intensidade imersa neste processo o adolescente devido ao
seu desenvolvimento permite o pensar em possibilidades, isto é, o pensamento
não se limita mais à realidade, mas atinge também hipóteses irreais e permite
ao indivíduo gerar novas possibilidades de ação.
Nesta fase a Metacognição também é possível a esse indivíduo, o
próprio pensamento é alvo de reflexão, permitindo o direcionamento consciente
da atenção, a reflexão e a avaliação de pensamentos passados, abrindo assim
caminho para as capacidades de auto reflexão e introspecção.
A maturação nesse processo se inicia através maturidade se inicia nas
partes mais profundas e antigas, próximas do tronco cerebral, como os centros
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da linguagem, e naquelas ligadas ao processamento de emoções como o
medo. Após essa ligação, essa onda vai subindo rumo às áreas mais recentes
do cérebro, ligadas ao pensamento complexo e à tomada de decisões. Entre
elas estão o córtex pré-frontal, o sulco temporal superior e o córtex parietal
superior, envolvidos na integração de informações enviadas por outras
estruturas do órgão.
No término da adolescência o cérebro adquire a capacidade de prever,
ou seja, antecipar as consequências de seus atos escolhas, o que pode dar
errado, além de conseguir se colocar no lugar dos outros, desenvolvendo a
empatia e a teoria da mente, que é incluir o que o outro indivíduo pode estar
sentindo ou pensando. Reformulando hipóteses sobre a mente do outro.
A atenção melhora a capacidade de processar informações de maneira
abstrata, que o faz ter interesse por filosofia, religião, entre outros.
O Círculo social expandido, testando suas habilidades possibilita ao
adolescente escolher e planejar, sendo esses fatores cruciais para seu
desenvolvimento.Com o amadurecimento do córtex pré- frontal o indivíduo
adquire o controle executivo.
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CAPÍTULO 2
HUMANIZANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA
Desde a Antiguidade Clássica surgiu o conceito de unir estudantes em
um local para que ocorra a aprendizagem de um determinado conteúdo, o
Ensino Fundamental existe desde a Grécia Antiga, Roma Antiga, Índia Antiga e
China Antiga.
No continente Europeu, entre os séculos XIV e XV surgiu a expansão
das escolas, sob a influência, em sua maioria dos catequistas em busca de
fiéis. Devido a isto, os dois últimos séculos da Idade Média presenciaram a
expansão da escrita. Essas escolas eram administradas por um eclesiástico
(scholasticus), originando o nome escolástica, dado à doutrina e à prática do
ensino.
No período da exploração inicial pelos portugueses no Brasil, os
esforços educacionais foram dirigidos aos indígenas, submetidos à chamada
"catequese" promovida pelos missionários jesuítas que vinham ao novo país
difundir a crença cristã entre os nativos. O padre Manuel da Nóbrega chefiou a
primeira missão da ordem religiosa em 1549. A expulsão dos jesuítas ocorreu
em 1759, à legislação mostra o interesse do Estado em assumir a educação
passando a ser instituído o ensino laico e gratuito.
Surge no final do Século XIX a Escola Nova, que propunha novos
caminhos para a educação, O movimento ganhou impulso no Brasil na década
de 1930, após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Pois, até então o acesso ao ensino era destinado aos herdeiros da classe
dominante, bem como a possibilidade da escolaridade prolongada até a
universidade, estavam destinados aos filhos de sistemas privilegiados.
Após diversos anos de implantação das escolas se percebe um ensino
estagnado, salas de aula com mobiliário e disposição semelhantes ao início do
Séc XIX.
Entretanto os educandos da atualidade tem acesso a uma gama de
conhecimentos e tecnologias, através da internet que oferece a oportunidade
de conectá-lo a informações de diversas partes do mundo.
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Porém, o ensino no Brasil permeia pelas dificuldades encontradas pelos
educadores, como falta de: recursos tecnológicos, preparação e estudos
continuados, políticas públicas adequadas às realidades dos educandos,
acesso as famílias e a comunidade escolar.
Segundo um levantamento pelo IPEA (O Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), tendo como base o PNAD (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), 49,7 milhões de jovens no país, 26,2% da população,
os jovens brasileiros estudam mais, porém poucos chegam à universidade. Em
1998, a média de anos de estudo entre pessoas de 15 a 24 anos era 6,8. No
ano passado, a média era de 8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos.
No grupo de 25 a 29 anos, a média chegou a 9,2 a 3,2 anos de estudo a mais
do que entre a população acima dos 40 anos. O acesso ao ensino superior é
ainda mais restrito, com frequência de apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24
anos. Uma boa parcela dos que têm mais de 18 anos, cerca de 30% conseguiu
completar o ensino médio, mas sem buscar a continuidade de estudos no
ensino superior.
Ou seja, ocasionando um ensino repetitivo e enfadonho, reprovações e
culminando na evasão escolar.
Para Herculano até o melhor dos concertistas começa a sofrer de fadiga
cerebral ao cabo de uns 60 ou 90 minutos de atividade.
A fadiga cerebral está associada ao acúmulo de adenosina, uma
pequena molécula liberada pelas células da glia, vizinhas aos neurônios, em
resposta aos neurotransmissores que estes usam para trocar informações
entre si. Se uma atividade de uma determinada região do cérebro for mais
intensa, mais neurotransmissores serão liberados pelos neurônios e mais
adenosina será liberada de volta sobre os neurônios. A Adenosina para as
atividades dos neurônios e impede que eles fiquem excessivamente ativos.
O fato do educando passar diversas horas estudando um determinado
conteúdo, a fadiga é específica, limitada aos circuitos que trabalharam demais.
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2.1 As Relações Humanas na Prática Pedagógica.
O processo de ensino e aprendizagem ocorre através da mediação do
educador e sua relação direta com educando.
À luz de Ausubel, o conhecimento prévio do aluno é a chave para uma
aprendizagem significativa.
A maneira como se recebe os estímulos pelos sentidos aos canais
sensoriais está diretamente ligada ao aprendizado. Essas informações chegam
ao tálamo, uma estrutura do cérebro que possui a finalidade de receber os
estímulos e enviá-los para as áreas específicas que são responsáveis na
elaboração, decodificação e associação.
Para Consenza e Guerra podemos simplesmente decorar uma nova
informação, mas o registro se tornará mais forte se procurarmos criar
ativamente vínculos e relações daquele conteúdo com o que já está
armazenado em nosso arquivo de conhecimentos.
Ou seja, repensar a prática pedagógica é altamente relevante para o
educando alcançar um conhecimento que não seja apenas transitório,
entretanto um saber para a vida. Não há como desassociar aprendizagem com
as emoções de quem as recebem.
LeDoux acredita que emoção e cognição são mais bem compreendidas
como função mentais interativas, mas distintas, mediadas por sistemas
cerebrais interativos embora distintos. Segundo o autor, a emoção é excluída, a
mente não existe sem a emoção, as criaturas sem a emoção tornam-se o que
ele chama de almas de gelo.
A memória operacional (ou memória de trabalho), onde as informações
na consciência ficam por algum tempo, todavia quando bem estimulada em
sala de aula pelo educador, criando um ambiente favorável para a construção
do saber, possibilita as condições para seu armazenamento permanente.
Embora o educando do Séx XXI permeie por vários ambientes e
estímulos de informações, existem no sistema educacional aulas altamente
condicionadas à decoração de disciplinas.
23
A memória pode ser denominada de curta duração, onde está
encarregada de armazenar acontecimentos recentes ou memória de longo
prazo ou de longa duração, onde esses registros passam a fazer lembranças
permanentes para o indivíduo. Esse último processo transforma a informação
em representação duradoura capaz de ser evocada para novas conexões.
A repetição pode favorecer o entendimento de um conteúdo, desde que
seu fim não esteja em si mesmo.
Para Consenza e Guerra (2011) é importante exercer controle sobre a
quantidade e a qualidade da informação que queremos ou devemos passar.
Na aprendizagem significativa existem duas categorias altamentes
relevantes, ou seja, o conteúdo deve ser ensinado de maneira potencialmente
reveladora ao educando, (principalmente na fase da adolescência) precisa
estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária.
Perceber, identificar e conhecer a história do sujeito educando favorece
a uma interação maior, uma vez que o adolescente tem por necessidade de
uma referência que ele possa confiar e não apenas que se imputem regras.
Partindo desses pressupostos, percebe-se que o conteúdo não pode ser
meramente depositado, partir do conhecimento que o adolescente favorece e
estimula seu interesse pela disciplina ministrada, o planejamento deve ser
flexível, pois o estudante que determina se ocorreu ou não a compreensão.
Este ambiente motivador necessita ser construído juntamente com
educador e educando, além de favorecer a interação da comunidade escolar,
pois embora sendo adolescente se faça necessário à aproximação das
famílias, repensar que educando o sistema de ensino forma.
Cada educando possui um estilo emocional, é dirigido por circuitos
específicos, influenciam as condições de humor e das emoções. Não
considerar o indivíduo como único é perder grandes oportunidades de
interdisciplinar saberes e de favorecer a construção de um ensino sólido que
seja base para outros que ainda serão construídos.
O estilo emocional pode também ser denominado como a personalidade
do sujeito, que se baseia em mecanismos neurológicos, além do meio e
24
formação em que está inserido, suas vivências. Consiste em um conjunto de
qualidades, traços e estilos muito peculiares a esse sujeito.
Segundo Sharon Begley e Richard J. Davidson os estilos emocionais
têm uma correlação muito mais próxima com sistemas cerebrais subjacentes
do que os estados ou traços e por isso podem ser considerados traços
emocionais e de humores.
Sendo assim, como planejar uma aula pra 40 ou 50 adolescentes e
despejar todo o conteúdo da mesma forma, uma educação que apenas adestra
para concursos e provas, uma quantidade massiva de conteúdos,
caracterizando assim uma educação sem sentido, de puro interesse material.
Segundo Paulo Freire (2002) ensinar não é transferir conhecimento,
ensinar é uma especificidade humana.
Considerando que o indivíduo é um ser único até um medicamento
oferece reações diferentes ao organismo desse sujeito. Através de pesquisas
científicas, pode-se perceber que as reações de cada organismo estão
associadas às diferenças no DNA, nos traços emocionais e nos padrões de
atividades cerebrais. A resiliência apresentada por um adolescente diante dos
estresses apresentados no processo de adolescer poderá ser diferente se
comparado a outro sujeito da mesma idade.
Considerar que o estilo emocional tem seis dimensões (resiliência,
atitude, intuição social, autopercepção, sensibilidade ao contexto, atenção)
possibilita ao educador traçar estratégias de ensino, mas impactantes e
estimuladoras, atenção do adolescente está associada às experimentações e
riscos apresentados pelas atividades.
Sendo assim uma ressignificação da prática pedagógica se faz
necessária a tal ponto de cativar o aluno e permitir um ensino integral da figura
humana, em todos os aspectos. Possibilitar o pleno desenvolvimento.
À luz de Relvas aprender é uma questão de foco, organização e ritmo
neural. Somos o que vivenciamos, experimentamos e pelo que lembramos.
Oferecer ao educando estímulos corretos nos momentos adequados
possibilitando ao aluno o pensar sobre o pensar, integrando, associando e
compreendendo o propósito do saber ministrado.
25
É altamente relevante a função da escola, pois oferece e transmite
valores e idéias que servem como referencial para o convívio em sociedade,
mostrando como se fazer as relações intersubjetivas e intrassubjetivas e as
culturas inseridas do sujeito.
Os estímulo associados à emoção favorecem a aprendizagem do aluno.
2.2 Desinteresses pela aprendizagem e evasão escolar na
adolescência.
Em diversos espaços escolares, um mesmo aluno que sempre
apresentou médias altas nas disciplinas, começa destoar ao chegar na
adolescência. Sujeitos que tinham grandes afinidades com a figura do
professor começam a não acatar comandos ou atividades relacionadas à suas
competências nas escolas.
A fuga pelos exemplos, que em alguns momentos podem ser através de
exemplos inadequados de outros os neurônios do córtex Pré-motor, além de
comandar movimentos específicos do corpo, respondem à visão de um mesmo
movimento executado por outro indivíduo, denominado por neurônios-espelhos.
Esses neurônios podem ser o alicerce para o fenômeno desde a comunicação
gestual até a intuição de intenções alheias e a empatia. Uma experimentação
no cérebro o que o outro sujeito está fazendo.
Essa ativação dos neurônios-espelhos não está relacionada na decisão
do indivíduo querer repetir o mesmo comportamento inadequado de outro,
porém outra parte do cérebro se encarrega em decidir, ou seja, a imitação é
inerente ao cérebro.
Porém, a imitação é uma das diretrizes para o aprendizado. A função
dos neurônios-espelhos está associada a ativação de uma comparação direta
entre a um desempenho observado, executado pelo sujeito, que pode ser o
educador e a ação executada pelo educando ou outro sujeito.
O Córtex órbito-frontal (OFC) realiza interconexões com amígdala e o
sistema de recompensa, por uma parte, e com o DLPFC (córtex dorso-lateral),
por outra, colocando-a num território privilegiado, para exercer suas funções de
26
interventor emocional na tomada de decisões. Essa ligação permite com
sistema de recompensa, que ele represente o restante do córtex pré-frontal o
valor positivo ou negativo das situações vivenciadas pelo indivíduo.
A influência de amigos adolescentes no uso de entorpecentes, abuso de
bebidas alcoólicas, falta de apoio familiar e convívio com os responsáveis,
culmina em uma imitação pura e simples do que o reforço social e transmissão
de valores aplicados nos espaços de instituições escolares.
Para Herculano (2005) não se trata de mau-caratismo, ou inventar, com
o questionamento das suas razões o indivíduo, não encontra na memória de
registros de objetivos razoáveis que guiassem a ação tomada.
Certas decisões tomadas durante o processo de adolescer se dá pela
parceria do sistema de recompensa e o córtex dorso-lateral, o DLPFC ainda
imaturo necessitando de novidades e sensações fortes para encontrar prazer, o
próprio sistema de recompensa leva ao sujeito buscar em alguns momentos
atitudes inadequadas, como: abandonar os estudos, velocidade, drogas, brigas
entre turmas, oposição as autoridades (seja no ambiente escolar quanto
residencial), pequenos furtos, entre outros.
Entretanto, esses impulsos são resolvidos com o tempo, ocasionando o
amadurecimento do córtex pré-frontal e as experiências do indivíduo.
À luz de Herculano (2003): “Pode parecer um contrassenso o cérebro
gostar de experiências estressantes, mas a euforia pós-estresse tem sua
função (...). O estresse voluntário e previsível, por sinal, é o que tem maior
chance de causar prazer.” (p. 23).
Outro agravante é a necessidade de começar o ingresso no mercado de
trabalho devido desestrutura familiar, gravidez na adolescência e/ou repetição
de hábitos incorporados pela família do indivíduo. A atividade sexual pode estar
associada ao sistema de recompensa. Entretanto, as consequências do ato
sem as devidas precauções leva em algumas situações o jovem ao
desinteresse e abandono dos estudos.
A consequência não está apenas para este educando que para com os
avanços de seus estudos, entretanto gera um risco social para os filhos de
27
adolescentes, como revela o Estudo de Dunedin, através de Herculano (2005,
apud Terrie Moffitt, 1993, p.187,188), fatores de riscos sociais para o
comportamento anti-social:
“Nascer de mãe adolescente, com dificuldades de leitura ou
com problemas mentais, ou pais com histórico de
criminalidade, e crescer exposto a críticas negativas, disciplina
rígida demais ou inconsistente, em ambiente de conflito familiar
e dificuldades socioeconômicas, e manter um mau
relacionamento com os pais na adolescência.”
Esse mesmo estudo aponta para uma taxa elevada de comorbidade de
distúrbios de comportamentos com problemas mentais.
Apesar de a aprendizagem ocorrer no cérebro, em algumas vezes ele é
a causa original das dificuldades, ou seja, um indivíduo com boa saúde,
funções cognitivas preservadas e sem alteração estrutural ou funcional do
sistema nervoso, pode apresentar dificuldades par aprender.
Porém, devem-se considerar os transtornos de aprendizagem que
podem atingir alguns indivíduos, como: Síndrome de Down, Autismo, Síndrome
de Asperger, TDAH (Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade. Pode-
se definir transtorno da aprendizagem alterações geneticamente determinadas
em circuitos específicos, prejudicando a aquisição de habilidades cognitivas
como a escrita, a leitura ou o raciocínio lógico-matemático. Ainda está
associado ao desempenho baixo esperado a uma determinada idade do
indivíduo, nível intelectual e de escolaridade.
A síndrome de Down é de natureza genética, decorrente de uma falha
na distribuição dos cromossomos durante a formação do embrião, denominada
de trissomia do cromossoma 21. Em sua maioria dos casos de deficiência
mental e pode ocorrer de 1 a cada 800 nascimentos. Produz ainda alterações
no tamanho de estruturas do sistema nervoso, no número de neurônios e na
taxa de formação de sinapses, prejudicando várias funções cognitivas
importantes na aprendizagem como: linguagem, memória, função executiva,
entre outras.
28
Outro transtorno neurobiológico é o autismo, em alguns casos pelas
notas satisfatórias dos educandos, vem ser percebido na adolescência. Tem
uma origem genética poligênica que pode afetar muitos órgãos, mas com
predomínio da alteração do funcionamento do sistema nervoso central.
Algumas estruturas como o córtex cerebral, o cerebelo e áreas do sistema
límbico, parecem ser prejudicadas. É caracterizado por anormalidades no
comportamento envolvendo a interação social, a linguagem e a cognição, com
retardo mental em alguns casos e convulsões. Sendo uma desordem da
organização neuronal cortical, levando a deficiências no processo de
informações, com alterações dos dendritos e das sinapses.
A Síndrome de Asperger está associada ao grupo de doenças
conhecidas como transtornos do espectro autista, tem características
semelhantes ao autismo, com dificuldades na comunicação social, entretanto
com uma inteligência preservada acima da média, possui ainda interesse nas
regrais sociais e esses indivíduos se comunicam muito bem verbalmente.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) causa
alterações nos sistema nervoso alterando alguns circuitos cerebrais
relacionados ao comportamento socioemocional.
A que se relevarem tantos conflitos e transtornos presentes em um
espaço educacional, de maneira que se faz necessário uma atualização
constante dos educadores e dos recursos utilizados na sala de aula, atendendo
diferentes necedades físicas, motoras, emocionais e cognitivas do educando.
Sendo um desafio para os professores atingir de maneira satisfatória um
grupo heterogênio de problemas que alteram a capacidade do sujeito em sua
aprendizagem.
A abordagem interdisciplinar permite abranger uma demanda de
educandos, pois as dificuldades de aprendizagem tem um estudo de causa
multifatorial, na qual o educador precisa recorrer também à intervenção em
alguns momentos de uma equipe técnica e interagir com a família e ou a
comunidade escolar. Permitindo que o educando, mesmo que possua um
desses transtornos, venha atingir a plenitude do seu funcionamento.
29
Para Consenza e Guerra (2011) que todo fracasso escolar está
associado a um problema na saúde do aprendiz e que é preciso ter cuidado
para não medicalizar toda dificuldade na aprendizagem.
Devido a muitos conflitos nas dependências escolares é comum, que
alguns professores transfiram toda a responsabilidade para a área da saúde.
Consequentemente, as dificuldades de aprendizagem podem estar
relacionadas a saúde do educando, porém não deve ser a única esfera de
atuação para a aquisição e regulação.
As dificuldades de aprendizagem devem ser analisadas em conjunto
com profissionais de diferentes atuações como: orientadores educacionais,
psicopedagogos, pediatras, neuropediatras, educadores, fonoaudiólogos,
neuropsicólogos, psicólogos, fisioterapeutas. Em caso de maiores
necessidades ter acesso a suas intervenções e ou diagnósticos.
Uma educação que propicie uma interação dinâmica e
consequentemente eficaz, uma vez que não se há fórmulas para a realização
de educação com excelência, sobretudo há uma parceria que venha a
promover um desempenho satisfatório na construção do saber.
Através de uma dialogicidade e partindo de uma confiança com o sujeito
educando, combatendo a violência dentro e fora do espaço escolar.
Para Paulo Freire não é possível refazer este país, democratizá-lo,
humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente.
30
CAPÍTULO 3
ENTRE A TEORIA E A SALA DE AULA
Considerar que o indivíduo passa por diferentes transformações
possibilita ao educador adequar diferentes métodos e técnicas pertinentes a
cada faixa etária.
Segundo Henri Wallon, que desenvolveu uma teoria centrada na
psicogênese da pessoa, a partir de integração organismo-meio e integração
cognitiva-afetiva-motora, através de estágios: Estágio Impulsivo- Emocional (0-
1 ano), caracterizado por vários fatores, como uma coordenação motora
desordenada e a necessidade de se expressar através de algum tipo de
emoção. Estágio Sensório-Motor e Projetivo, (1-3 anos) a exploração do
indivíduo se torna voltada para a exploração sensório motora, as aquisições de
marcha e de preensão lhe favorecem a uma maior autonomia na manipulação
de objetos e reconhecimento de espaços. Personalismo, (1- 5anos), em que a
criança constrói uma imagem externa, um esquema corporal de si. Estágio
Categorial, (10 -12 anos), movimento voltado para o mundo externo, maior
evidência do fator cognitivo. Estágio caracterizado pelo fato do indivíduo
perceber uma diferenciação entre si própria e o mundo externo. Puberdade e
Adolescência, (a partir dos 15 anos)o adolescente busca uma identidade
autônoma, mesmo frente a questionamentos e confrontos, estágio marcado por
mudanças corporais e hormonais.É altamente relevante a contextualização dos
conteúdos utilizados em sala de aula para a faixa etária do adolescente.
Segundo Galvão:
[...] a crise pubertária rompe a “tranquilidade” afetiva
que caracterizou o estágio categorial e impõe a necessidade de
uma nova definição dos contornos da personalidade,
desestruturados devido às modificações corporais resultantes
da ação hormonal. Este processo traz à tona questões
pessoais, morais e existenciais, numa retomada da
predominância da afetividade. (GALVÃO, 2007, p.44-45).
31
Muito se discute em relação a afetividade, emoções e espaços físico na
primeira infância, devido ser a base para uma sólida educação continuada em
toda a vida acadêmica do educando. Porém, em um processo que demanda
tantos conflitos biológicos, fisiológicos, emocionais, entre tantos outros pouco
ainda são os recursos encontrados para esses alunos.
Percebe-se que um aluno do Fundamental 1, recebe em algumas
instituições espaços diversificados, uma grade de horários que favorece uma
maior interação motora e funcional (devido as necessidades notórias da idade),
todavia aos adolescentes que se confrontam com um imenso conflito com o
meio e interno, poucos currículos diferenciados. Como por exemplo: dança,
aulas percussão, esportes (além das aulas de Ed. Física), curso de
aperfeiçoamento (mesmo para escolas que não ofereçam ensino técnico),
entre diversas possibilidades, adequadas as realidades das regiões em que o
indivíduo está inserido. Trabalhos de formas variadas, que possam envolver a
criticidade, investigação e atuação efetiva dos alunos, a partir de situações
problemas enfrentadas dentro do cotidiano da sociedade, trazendo
responsabilidade, empenho e sintonia com o meio.
À luz de Jean Piaget o conceito de epigênese, o conhecimento não
procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação inata
pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações
constantes de estruturas novas. Os estágios para Jean Piaget são: Sensório-
Motor,(0-2 anos), A partir de reflexos neurológicos básicos, o indivíduo começa
a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Pré-
Operatório ou Inteligência Simbólica, (2-7 anos), caracteriza-se, principalmente,
pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior
(sensório-motor). Operatório-Concreto, A criança desenvolve noções de tempo,
espaço, velocidade, ordem, casualidade, sendo capaz de relacionar diferentes
aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação
imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração.
Operatório-Formal, (12 anos em diante), as estruturas cognitivas da criança
alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a
aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas.
32
Torna-se vital para a construção do conhecimento durante o processo do
adolescer quebra de paradigmas.
3.1 Salas de aula e transtornos escolares.
Em tempos passados, crianças e adolescentes não podiam expressar
suas opiniões e eram formados para se tornarem miniadultos, a começar por
suas roupas que eram idênticas às usadas pelos adultos. O fato de o termo
família estar ligado à fidelidade dos servos ao senhor feudal no século XVII,
favorecia a falta da conotação sentimental que está inserida no contexto
familiar atual. Porém, posteriormente ao termino do feudalismo, no Século
XVIII, com a chegada da Revolução industrial, o âmbito familiar passar a ter
uma conotação de núcleo unificador de valores morais e éticos, a criança
passa a ser mais valorizada.
Nos tempos atuais, a avaliação comportamental de uma criança e ou
adolescente está atrelada a uma avaliação criteriosa de investigação, que
permite um estudo clínico detalhado. Passando por cinco etapas: avaliação
com pais e ou responsáveis, avaliação da escola, avaliações complementares,
aplicação complementar de escalas padronizadas e avaliação da criança ou
adolescente.
Diversos ambientes conflituosos são identificados nas salas de aula, que
dificultam o processo de ensino aprendizagem. Para Teixeira combater
preconceitos referentes a questões que podem impedir os desenvolvimentos
dos alunos, permite um avanço para a educação.
Comportamentos agressivos dentro de espaços escolares tem sido um
fator alarmente. Atos de agressão física, verbal ou moral que ocorrem de forma
repetitiva é denominado Bullying. Esse fenômeno tem sido identificado em
espaços escolares por todos continentes, de forma até corriqueira.
Segundo uma pesquisa através de Teixeira (2013, apud Plan
International Brasil, 2008, p.28), dados apontados por uma organização não
governamental de proteção à infância, que pesquisou cerca de 12 mil
educandos de escolas brasileiras. Foi constatado que 70% dos alunos
33
entrevistados afirmaram ter sido vítimas dessa violência escolar, em contra
partida 84% do total da pesquisa relata que suas escolas são ambientes
violentos e conflituosos.
As emoções estão atreladas e estimuladas quando o indivíduo é
agredido ou acarinhado, quando sente prazer ou na repulsa. Segundo Lent:
“Do ponto de vista biológico, a emoção pode ser definida como
um conjunto de reações químicas e neurais subjacentes à
organização de certas respostas comportamentais básicas e
necessárias à sobrevivência [...].Este conceito talvez seja
amplo e incompleto, mas aborda dois aspectos relevantes: (1)
a emoção possui um substrato neural que organiza tantos
respostas aos estímulos. [...] (2) As emoções têm uma função
biológica”
Os casos de bullying em sua maioria estão relacionados aos meninos,
que buscam artifícios violentos de intimidação física ou ameaças, as meninas,
por sua vez, se utilizam na maioria das vezes de agressões verbais, porém
existam casos de violência física entre elas.
Esses comportamentos agressivos visam subjulgar os outros e
demonstrar uma falsa superioridade, pois acreditam na impunidade dos seus
atos. Percebe-se que em sua maioria, esses agressores, também são
vitimados por lares desestruturados, com pais opressores, agressivos e
violentos.
Os adolescentes que sofrem bullying expressam grande sofrimento que
geram consequências como: baixa autoestima, queda no rendimento escolar,
resistência ou recusa a ir à escola, frequente troca de Instituição Escolar,
abandono dos estudos, episódios depressivos, quadros de fobia escolar, em
situações mais graves tentativas de suicídio.
No Brasil, a expressão bullying obteve imensa repercussão após o caso
conhecido como Massacre de Realengo. Onde um jovem Wellington Menezes
de Oliveira, adentrou disfarçado em sua antiga escola (Escola Municipal Tasso
da Silveira), em Realengo, no estado do Rio de Janeiro, onde alvejou diversos
34
disparos contra os estudantes, que vitimou fatalmente 11 alunos. Cometendo
suicídio após a interrupção de um policial militar. As investigações apontaram
que Wellignton sofria de esquizofrenia e durante sua adolescência sofreu
bullying nessa mesma instituição escolar, nada que justifique ato tão desumano
e insano.
A identificação do bullying nas escolas possibilita uma intervenção
terapêutica, possibilitando evitarem prejuízos acadêmicos e no relacionamento
social dos educandos envolvidos nesses casos.
Em uma sociedade tão bem informada e com acesso há diversas
mídias, constatou-se, adolescentes e crianças com quadros depressivos, tal
alteração não era esperada nos anos anteriores nessas faixas etárias.
A depressão infantil atinge aproximadamente 1% das crianças em idade
pré-escolar, 2% das crianças em idade escolar e aumenta para 6% nos
adolescentes. A equivalência entre os sexos é semelhante durante a infância,
aumentando as taxas no sexo feminino em relação ao sexo masculino ao longo
do processo do adolescer.
As características apresentadas nos adolescentes e crianças são:
frequente tristeza, falta de motivação, solidão e humor deprimido; contudo é
comunmente observado um humor irritável ou instável. Esses adolescentes
podem apresentar diferenças súbitas de comportamento com explosões de
raiva, mostrando-se irritados, e podem comumente envolver-se em brigas no
ambiente escolar ou durante a prática desportiva.
Dentro da sala de aula ou no recreio, o adolescente que apresentava
bom relacionamento com o grupo de alunos, e passa a se isolar. Bem como, o
aluno em outrora, tinha um excelente desenvolvimento acadêmico, passa a
apresentar uma queda, pois não conseguem se concentrar em sala de aula,
afetando suas memórias.
À luz de Lent:
“As memórias, assim como as dos outros animais, provêm da
experiência. Por isso é mais sensato falar de memórias e não
de memória. [...] Ao converterem a realidade em um complexo
código de sinais elétricos e bioquímicos, os neurônios realizam
uma tradução. Durante a evocação, ao reverterem essa
35
informação para o meio que os rodeiam, os neurônios
reconverteram sinais bioquímicos e estruturais em sinais
elétricos, de maneira que novamente os sentidos e a
consciência possam vir a interpretá-los como pertencentes ao
mundo real.”
Queixas físicas, como cansaço, falta de energia, dores de cabeça, ou
dores de barriga. Além de insônia, preocupações, sentimentos de culpa, baixa
autoestima, choro excessivo, hipoatividade, fala em ritmo devagar e de forma
monótona e monossilábica, pensamentos recorrentes de morte, além de atos
suicidas esses fatores são encontrados em adolescente com depressão.
Segundo Teixeira muitos dos episódios depressivos identificados em
pacientes adultos é na verdade, recorrentes de um transtorno depressivo
iniciado na adolescência, que vivenciaram lares desestruturados, convivendo
com pais agressivos ou negligentes.
Os transtornos associados à depressão estão entre 30% e 60% dos
casos, sendo mais comuns, os ansiosos ao de déficit de atenção/
hiperatividade, o de conduta, o desafiador opositivo e o abuso de álcool ou de
outras drogas.
O trabalho psicoeducativo entre educadores e responsáveis se faz
fundamental, embora seja comum a resistência quanto aos diagnósticos,
porém a necessidade de tratamento da depressão na adolescência se faz
altamente relevante.
O desafio de educar, estimular o conteúdo e promover uma educação
integral e igualitária se faz necessário para a transformação de um sistema de
ensino, que começa na sala de aula, através do educador.
3.2 Práticas escolares à luz das neurociências.
O cerebelo humano ocupa cerca de 30% do volume cerebral, entretanto
possui a maioria de neurônios cerebrais (cerca de 70%), organizados de forma
regular. Formando módulos de processamento. O padrão das conexões faz a
diferenciação entre os módulos cerebelares, que demonstra que o cerebelo
36
realiza operações computacionais semelhantes a partir de informações
distintas.
O sistema nervoso pó sua vez é formado durante o desenvolvimento
embrionário e pós-natal, segundo o genoma de cada espécie, porém fica
suscetível as mudanças dos genomas ambientes.
Durante o processo de adolescer e também na vida adulta, a
neuroplasticidade pode manifestar-se simultaneamente com frequência, além
de se apresentar de três formas diferentes: morfológica, funcional e
comportamental.
Morfológica, através de alterações dos axônios, das sinapses e nos
dentritos; funcional mediante alterações na fisiologia neuronal e sináptica,
detectáveis também, em situações experimentais por meio de técnica
eletrofisiológicas; e comportamental, através das alterações relacionadas com
os fenômenos da aprendizagem.
Na última década emergiu o conceito de que o cérebro humano é todo
formado durante a vida embrionária, que o ser humano iria desfrutar
meramente as capacidade congênitas para aprimorá-las.
Conforme Lent, através de Santiago Ramón y Cajal, (2014, apud
Santiago Ramón y Cajal, Ciência Hoje, online):
“Essa concepção conservadora do cérebro como um órgão
rígido, pré-formado sob estrita ordenação genética, agride o
senso comum, mas possivelmente se cristalizou no século 20
pela grande influência de Santiago Ramón y Cajal (1832-1934),
pesquisador espanhol que estabeleceu a doutrina do neurônio
como unidade básica do sistema nervoso.
Cajal analisou ao microscópio – e revelou ao mundo por meio
de belíssimas ilustrações a bico de pena que ele mesmo fazia
milhares de neurônios de variadas formas, e centenas de
circuitos neurais de diferentes composições, em cérebros de
diversas espécies de animais, inclusive humanos.”
(Internet via www. URL:
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/a-
ducacao-muda-o-cerebro). Arquivo consultado em 19/07/2014.
37
A regeneração de um tecido após uma grave lesão, está associada a
quantidade de células-tronco disponíveis nas proximidades, pode-se ser
denominado como cérebro mutante.a neuroplasticidade, que sintetiza a
capacidade dinâmica, mutante, transformadora.
Com o treinamento da aprendizagem é possível que ocorram os
fenômenos neuroplásticos mais duradouros, nesses acontecimentos os
circuitos neuronais envolvidos tornam-se mais fortes e permanentes. Durante a
emergência de novos circuitos e o fortalecimento daqueles mais utilizados,
o hardware cerebral se modifica. Essa informação permanecerá na memória
por muito tempo, em alguns casos durante toda uma vida.
Um educando que tem o acesso à construção do saber junto ao
educador certamente terá mais oportunidades de receber uma informação e da
memória de trabalho, e por meio de um sistema de repetição, essa saber com
significado para o aluno torna-se uma memória de longo prazo.
À luz de Consenza e Guerra:
“É importante exercer controle sobre a quantidade e a
qualidade da informação que queremos ou devemos passar.
No ambiente do estudo, faz diferença a criação de uma rotina e
a utilização de locais com poucos estímulos distraidores.
Lembrar, contudo, que o cérebro estará disposto processar o
que percebe como significante e gratificante. O descanso e a
higiene mental podem ajudar a manter a memória de trabalho
menos sobrecarregada e pronta a processar as informações
importantes.”
As duas regiões do cérebro, geralmente localizadas no hemisfério
esquerdo, especializadas para a linguagem falada: a área de Broca, no lobo
frontal, e a área de Wernicke, na junção temporo-parietal. O desenvolvimento
de novos circuitos especializados do cérebro para aquisição da leitura, embora
não exista uma programação genética, atua diretamente na aprendizagem
escrita e verbal.
38
Durante o processo do adolescer a leitura passa se consolidar com as
tendências e escolhas do educando, o aluno que desde da primeira infância é
estimulado a ler, ou que mesmo antes do letramento seus pais contam
histórias, tendem a ser leitores assíduos durante a fase da adolescência e
adulta .
Através de a leitura o pensar sobre o pensar se consolida, pois o
educando se estimula a ser autor de suas escolhas e criticidade, atuando na
formação acadêmica escolhida.
Segundo Consenza e Guerra:
“A inteligência não tem uma localização cerebral específica,
mas é fruto do funcionamento de sistemas cerebrais
interconectados que dependem da eficiência da substância
branca que promove a conexão entre os diversos centros
nervosos. Quanto ao funcionamento cognitivo, sabe-se ser
importante para a inteligência a velocidade mental, a memória
de trabalho, a atenção e também a executiva.”
Os desafios encontrados pelos educadores no Séc. XXI vem se
tornando uma das tarefas mais incômodas para o professor. Fatores como a
falta de atenção, brincadeiras inconvenientes ou provocações, os alunos que
não param quietos em seus lugares, outros que tem facilidade em manter
indisciplina e ainda estimular o grupo para que façam o mesmo, ruído de
comunicação, entre tantos outros. Além desses casos, percebem-se alunos
com limitações sensoriais, como visual e auditiva, desarranjos ou diferenças no
comportamento social, cognitivo motor, cuja evolução no processo de
aprendizagem é bastante distinto dos demais estudantes.
Mesmo dentro de um meio, onde crianças e adolescentes saudáveis,
com suas funções cognitivas preservadas, em alguns desses casos podem
apresentar baixo desempenho escolar, devido estratégias pedagógicas
inadequadas, falta de recursos necessários.
39
A aprendizagem efetiva envolve um processo que caracteriza a
aprendizagem mediada pelas propriedades estruturais e funcionais do sistema
nervoso, principalmente do cérebro.
Para Consenza e Guerra uma interface entre neurociências e educação
emergem desafios como a divulgação adequada das neurociências para os
educadores e o público em geral, os estudos dos mecanismos de
aprendizagem em indivíduos com dificuldades educacionais especiais e
inclusão das neurociências na educação.
A prática pedagógica pode ser fundamentada pela neurociência, de
maneira tal a possibilitar estratégias de ensino que orientam ideias para
intervenções, que respeitam a forma como o cérebro trabalha.
À luz de Marta Relvas:
“Aprende-se com o cérebro, e todas as ações perpassam como
um filme na máquina fotográfica, ou comparando a um
hardware, onde vários softwares são “rodados” por meio de
impulsos elétricos, e pela centelha dos afetos ou desafetos
existentes e recebidos ao longo da vida dos indivíduos.
O cérebro sozinho não possui função nenhuma, ele só
estabelece um funcionamento quando em conjunto com outros
sistemas que se interconectam, recebem e respondem aos
estímulos para realizar um potencial de atividades elétricas e
químicas.” (Internet via www. URL:
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/cerebro_aprende_pela_emo
cao.htm). Arquivo consultado em 19/07/2014.
O processo do aprendizado se dá a maneira como o estímulo é
oferecido ao educando, esses estímulos são recebidos pelos canais sensoriais,
chegam ao tálamo, que os reenvia para áreas específicas.
Embora a repetição se faça oportuno em alguns momentos para passar
as informações e ou conteúdos, as aulas necessitam ser reflexivas,
possibilitando ao educando adolescente receber um ensino significativo,
atuando sobre si e sendo um multiplicador crítico deste saber.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações finais nesse estudo são o retrato da consequência, de
um estudo bibliográfico e o contraste com a prática docente de alguns
educadores.
Transformações decorrentes do adolescer são fatores que determinam
comportamentos, personalidades, mudança corpórea, entre outros. Entretanto,
algumas instituições escolares ao se depararem com isto, adestram
condicionam e reprimem. Um espaço que deveria ser de debates de ideias, se
torna a fuga delas.
Segundo Joseph LeDoux o controle das emoções é vital sobretudo para
garantir a saúde orgânica. Não é possível ter uma experiência emocional
contínua sem feedback do corpo. Os indivíduos são tomados por uma emoção
quando sentem que algo põe em risco a vida do ser humano e os recursos do
cérebro são convocados para resolver o problema.
Esta mobilização do cérebro resulta numa redução dos níveis de
neurotransmissores fundamentais ao bem-estar mental e orgânico, em alguns
casos a serotonina. Daí a crescente importância dos suplementos vitamínicos e
estimulantes de serotonina para a manutenção da saúde orgânica.
Por sua vez, a Instituição Escolar tem o papel fundamental para a
democratização, porém não ocorre como deveria. O discurso democrático fica
apenas na verbalização, as ações ainda são medidas e premeditadas para que
o andamento das aulas ocorra dentro de um padrão, considerado adequado
aos valores da escola.
Quão vazio e tem percebido o ensino de algumas escolas ao lidarem
com adolescentes ao lidarem com educandos que se encontram nesse
processo do adolescer, como se fosse tão somente deixá-los em um canto e
esperar o tempo passar. Todavia o ócio não transforme e tão pouco educa.
Tempos meramente perdido com discursos e debates, contudo
efetivamente se faz necessário que o educador perceba e conheça seu
educando, principalmente nessa faixa etária, cativa o sistema límbico do
ouvinte. De maneira tal que se torne um participante ativo na construção do
saber, proporcionando uma aprendizagem significativa altamente eficaz e
41
duradoura, para a vida e contextualizada com o ambiente em que este
educando está inserido.
Uma dialogicidade franca, se apropriando do contexto e das
perspectivas de mundo do aluno, promovendo estímulos envolventes ao saber,
ainda que sofrendo o risco da aceitação do novo. Essa participação do
educando favorece a construção do conhecimento propicia que uma memória
de trabalho possa se tornar uma memória de longo prazo e traz ressignificação
dos conteúdos ministrados, possibilitando a aplicação ao cotidiano do aluno.
Segundo Marta Relvas:
“Para que ocorra maior conhecimento de como a
aprendizagem ocorre no cérebro e em todo corpo. E
principalmente, como esta aprendizagem é exposta ou pode
ser estimulada. Algo que possa facilitar e ampliar a
compreensão dos processos percorridos pela informação no
meio externo e interno humano. Algo que implique numa
revisão séria sobre as formas de resolver conflitos e situações
pedagógicas na escola ou sala de aula com mais coerência,
afetividade e paciência. É preciso reconhecer que a emoção é
a centelha da vida, ou melhor, é o estímulo desencadeador e
fixador da informação na memória. Em outras palavras: é
através da emoção que o cérebro seleciona o que é importante
ou não, transformando em uma aprendizagem significativa o
tempo todo. Um professor ‘emocionado’ demanda do aluno
novas emoções e isto gera dúvidas, experimentações e
aprendizagens. É o cérebro em plasticidade para aprender,
criar competências.”
(Internet via www. URL:
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/cerebro_aprende_pela_emo
cao.htm). Arquivo consultado em 28/07/2014.
Humanizando assim a prática pedagógica, o educador precisa respeitar
os saberes do educando e compreender que não absolutamente o saber,
deixar de lado a máscara da supremacia dos conhecimentos e buscar através
42
dos conhecimentos das Neurociências a possibilidade se tornar uma
pesquisador, um eterno aprendiz, auto avaliando-se.
A realidade choca-se com a teoria, a verbalização dos educadores ainda
está distante dos desafios que o esperam nas salas de aula, sendo necessário
transformar criticamente este educador para que isto seja efetivamente
fundamentado por toda a escola.
43
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CONSULTADA
CONSEZA, Ramon M. GUERRA, Leonor B. Neurociência e educação- Como
o cérebro aprende. Porto Alegre. Editora Artmed. 2011
DAVIDSON, Richard J, BEGLEY, Sharon.O Estilo do Cérebro Emocional do
Cérebro.Editora Sextante. 2013
HERCULANO-SOUZEL, Suzana. Houzem Cérebro em transformação
Editora Objetiva 2005 Rio de janeiro
LeDOUX, Joseph.O Cérebro Emocional – Os Misteriosos Alicerces da Vida
Emocional. Rio de Janeiro: Editora Objetiva Ltda.1998.
REGO, Tereza Cristina. Vygotsky, Uma Perspectiva Histórico Cultural da
Educação.Petrópolis, RJ. Editora Vozes 1995.
44
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CITADA
AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Paralelo, 2002.
GALVÃO, Isabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do
desenvolvimento infantil. 16 ed. Petrópolis: RJ: Vozes, 2007.
Herculano-Houzel, Suzana.Sexo, Drogas, Rock'n'Roll... & Chocolate.O
Cérebro e os prazeres da vida cotidiana. Vieira & Lent Casa Editorial, Rio de
Janeiro, 2003. 2ªEdição.
LENT, Roberto. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de
Janeiro.Editora Guanabara Koogan.2008
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Artigos consultados via internet:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2310200805.htm
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/surgimento-da-escola-e-as-suas
http://revistaescola.abril.com.br/formacao/david-ausubel-aprendizagem-
significativa-662262.shtml
http://www.unicef.org/brazil/pt/media_14931.htm
http://www.pedagobrasil.com.br/psicologia/quandooadolescente.htm
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/a-educacao-muda-o-cerebro http://www2.uol.com.br/vyaestelar/cerebro_aprende_pela_emocao.htm
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - As Neurociências e a Adolescência 10
1.1 A Neurociência no processo do adolescer. 12 1.2 A Adolescência e o funcionamento cerebral 14 CAPÍTULO II - Humanizando a Prática Pedagógica 20
2.1 As Relações Humanas na Prática Pedagógica. 22 2.2 Desinteresses pela aprendizagem e evasão 25 escolar na adolescência. CAPÍTULO III – Entre a teoria e a sala de aula 30
3.1 Salas de aula e transtornos escolares. 32 3.2 Práticas escolares à luz das neurociências. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43
BIBLIOGRAFIA CITADA 44
ARTIGOS DE INTERNET 45
ÍNDICE 46