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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL FRENTE
AOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Por: THAIS DE MELO MOREIRA
Orientador
Professora Geni Lima
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL FRENTE
AOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em orientação educacional e
pedagógica.
Por: . Thais de Melo Moreira.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus amores, a
todo apoio que sempre me dão em tudo o
que faço.
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RESUMO
Este trabalho visa à discussão da importância do orientador
educacional, bem como a especificação de seu papel no âmbito escolar.
Algumas considerações foram apresentadas sobre esse educador, que participa
da formação de indivíduos e cidadãos, e como tal, pode agir como sujeito
transformador de realidades. Sua especificidade profissional está também
diretamente ligada aos desafios de nosso tempo. Para melhor entendimento, as
questões da globalização e da sociedade capitalista, as formas alternativas de
educação e o fracasso e evasão escolares foram elucidados, a fim de
compreender como o orientador pode trabalhá-las em seu campo. O orientador
deve estar atento às transformações no campo tecnológico e social, mantendo-
se sempre atualizado, elevando sua prática educacional. Sendo assim, essas
questões foram abordadas para melhor entendimento do contexto histórico e da
sociedade em que estamos inseridos, para justamente afirmarmos aqui a
importância do O.E.
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METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica. Traçar diálogos comparativos entre os autores:
Mírian P.S.Zippin Grinspun ("A Orientação Educacional: Conflito de Paradigmas
e Alternativas para a Escola", "Supervisão e Orientação Educacional", entre
outros), Heloísa Luck ("Ação Integrada"), Regina Leite Garcia ("Orientação
Educacional: o Trabalho na Escola"), Nietzsche, que em seu tempo já pensava
em novas formas de educar ("Nietzsche e a Educação", Jorge Larrosa), Carlos
Brandão (“O que é Educação?”) elucidando o conceito de educação. Fazendo
uma comparação culminando na ideia que define o papel e a importância do
O.E.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - A Orientação Educacional: Uma Breve História 11
CAPÍTULO II - Enfrentando os Desafios Atuais 24
CAPÍTULO III - A Importância do Orientador Educacional 38
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47
ÍNDICE 48
FOLHA DE AVALIAÇÃO 49
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INTRODUÇÃO
A presente monografia intitulada “A Importância do Orientador
Educacional Frente aos Desafios da Educação” tem como questão fundamental
definir o papel do orientador educacional traçando um diálogo com expoentes da
orientação educacional como Mírian Grinspun, Regina leite Garcia, Heloísa
Luck, entre outros. Ambas destacam a tarefa de mediador do O.E na
comunidade escolar. Buscaremos definir essa questão fundamental para
justamente ampliar o fazer na escola.
Para tanto, no primeiro momento, foi feita uma pesquisa sobre a
história da orientação educacional no Brasil a fim de compreender a tarefa do
orientador educacional e sua especificidade.
Outra questão fundamental, que está atrelada ao fazer do O.E, são
justamente os desafios de nossa era. Os problemas se tornam muito mais
evidentes porque a relação do aluno com esse profissional se torna mais
estreita. Como solucionar esses problemas? Ou melhor, como identifica-los?
O papel do orientador vem crescendo e se aprimorando de acordo
com as necessidades do nosso tempo. O mercado de trabalho está em
constante mutação e a educação, para ser um processo transformador,
necessita dessa reciclagem de práticas e pensamentos de forma permanente.
Precisamos de uma formação continuada, situada com as necessidades de
nossa era.
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Para que o trabalho do O.E seja eficaz, é necessária a investigação e
a pesquisa constantes, principalmente do contexto social-político em que o
alunado está inserido. A internet, por exemplo, com a disseminação das redes
sociais, pode tornar-se uma grande aliada nesse processo se utilizada de
maneira correta, como uma forma alternativa de educação.
Precisamos estar atentos aos seres humanos que estamos formando.
Hoje vemos surgir uma nova mentalidade, com o objetivo de alcançar uma
formação completa, holística do indivíduo, ao mesmo tempo em que a sociedade
e o mercado de trabalho exigem cada vez mais conhecimentos específicos em
determinadas áreas, cristalizando dessa forma o conhecimento. A globalização,
fato agora decisivo para o desenvolvimento de competências, precisa ser
entendida como um processo integrador de culturas, seu lado positivo. O lado
negativo é a diminuição da especificidade dos povos. A integração se faz tão
presente e necessária que vemos alguns aspectos culturais desaparecerem uns
nos outros. E é justamente essa especificidade que precisamos reconhecer e
valorizar enquanto educadores.
Vemos a importância do surgimento de uma nova consciência de
mundo ao mesmo tempo em que a ideologia dominante quer indivíduos não
conscientes e não reflexivos. O mercado impõe o trabalho em “fábricas” e a
formação de “operários”, de mão de obra qualificada. Como lidar com esse
paradoxo? O que ensinar aos sujeitos em formação escolar? Como orientar o
indivíduo desenvolvendo suas competências?
O O.E é um mediador entre o aluno e a escola e entre a escola e os
pais. Muitos problemas são identificados pelos professores em sala de aula e
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trabalhados pelo O.E. Cabe a este encaminhar o aluno a especialistas nas
diversas áreas
.
O trabalho quando bem feito faz toda a diferença no cotidiano escolar.
O aluno sabe a quem recorrer quando surge um problema. A escola tem um
representante atento e atuante, consciente de seu papel. Os pais sabem com
quem conversar sobre seus filhos. O O.E torna-se cada vez mais necessário e
fundamental para fomentar uma educação reflexiva e transformadora, formadora
de indivíduos que saibam exercer sua liberdade intelectual.
Nesse contexto torna-se imprescindível delimitar a importância e o
papel do orientador educacional para que sua prática se evidencie e para que os
novos orientadores possam se guiar nessa rede de relações interpessoais.
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CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UMA BREVE HISTÓRIA
No início desse trabalho para que possamos nos localizar no tempo e
espaço, algumas considerações sobre a história da orientação educacional são
analisadas. Fundamentamos a argumentação de acordo com Mírian Grinpun,
em sua obra “A Orientação Educacional Conflito de Paradigmas e Alternativas
para a Escola”. Sabemos que a história da orientação educacional no Brasil
passa por altos e baixos, até que se possa realmente definir a tarefa do O.E. O
que pretendemos é elucidar esse caminho que ainda está sendo percorrido.
Inicialmente, como é sabido pelos orientadores educacionais, sua
função específica recebia cunho psicológico. Esse profissional deveria basear-se
em sua neutralidade no processo educacional e somente direcionar os jovens
em sua formação. O orientador deveria se preparar para lidar e solucionar os
problemas presentes no “mundo” dos adolescentes, sem levar em consideração,
por exemplo, seu contexto social e familiar. O trabalho do orientador ganhava
também um cunho terapêutico e corretivo para tratar alunos “problema”. A
preocupação não estava em buscar a origem do problema, mas nele em si e o
quanto afetava o jovem.
A característica marcante da história da orientação educacional está
na orientação profissional e vocacional. Por isso a preocupação em fazer com
que o jovem se ajustasse para encaminha-lo para o mercado de trabalho. No
início o que se esperava do orientador educacional era justamente a missão de
levar o jovem a escolher uma profissão. Daí o cunho psicológico tão marcado
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nesse ofício, já que era necessário avaliar as aptidões naturais e características
que formavam a personalidade de cada um.
Segundo Mírian Grinspun, em sua obra “A Orientação Educacional:
Conflito de paradigmas e alternativas para a escola”, Roberto Mange foi o
responsável por trazer as primeiras experiências voltadas para a orientação
vocacional no país. Engenheiro Suíço, Mange, foi o primeiro a implantar um
serviço de seleção e orientação profissional para os alunos do curso de
mecânica, em São Paulo na década de 20.
Em 1930, Juntamente com seu colaborador Italo Bologna, Mange dá
início a um serviço de orientação profissional a jovens aprendizes na Estrada de
Ferro Sorocaba, o que mais tarde deu origem ao centro ferroviário de ensino e
seleção profissional (CFESP). O enfoque de seu processo seletivo era baseado
no conhecimento das aptidões funcionais e características de cada indivíduo
para determinar em que funções os trabalhadores atuariam.
O Brasil passava por um momento em que se acreditava que a
educação era redentora ou salvadora, principalmente para a população mais
pobre. Ter educação significava alcançar um bom emprego e ascensão social.
Nesse panorama vemos surgir a orientação educacional. O interesse do governo
era meramente político. Oferecendo educação de qualidade a todos, a grave
crise social e política da década de 20 ficariam abafada. Começaram a surgir
movimentos liderados por intelectuais em prol da educação para o povo.
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A orientação educacional vocacional valoriza as aptidões naturais dos
indivíduos e num primeiro momento foi utilizada como instrumento político.
Como diz Mírian Grinspun:
A orientação também atendia aos desejos da época, uma vez que se voltava para as aptidões naturais como forma de endosso e valorização nas atividades sociais. Fundamentada em um referencial basicamente psicologizante, a orientação reforçaria a ideologia das aptidões naturais, fazendo crer que todos teriam a mesma oportunidade nas escolhas efetuadas e nas decisões tomadas. ( GRINSPUN, 2011, p. 27)
Os orientandos seriam levados a crer que estariam fazendo o melhor
para si mesmos, enquanto o que acontecia era a propagação da ideologia e a
manutenção do poder estabelecido. A orientação foi criada para servir ao
sistema. Segundo Regina Leite Garcia:
A orientação educacional reforça, assim, a ideologia da mobilidade social individual via escola, pela sua ação na formação – qualificação para o trabalho. Assegurando a igualdade de oportunidades, a escola dissimula os mecanismos de discriminação da própria educação. Se a escola garante as mesmas oportunidades para todos, a responsabilidade pelo fracasso ou sucesso escolar e social é do próprio indivíduo, aluno ou profissional. (Regina Leite Garcia, 1984)
Em 1932, face ao descontentamento com a falta de interesse pela
educação, alguns intelectuais e educadores deram vida ao “manifesto dos
pioneiros” que cobrava mais atenção das autoridades em relação ao processo
educacional. Já em 1934, é ministrado o primeiro curso de extensão em
orientação educacional direcionado a professores interessados. Discutiu-se a
técnica e teoria específicas. Dotados desse material, esses professores
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formularam os objetivos e os conceitos próprios que posteriormente apareceriam
nas Leis Orgânicas do Ensino, em 1942.
A história da orientação educacional no Brasil é marcada pelos
momentos políticos que se seguem. Enquanto a elite buscava o ensino superior,
as classes menos favorecidas voltavam-se para o ensino técnico e
profissionalizante visando o mercado de trabalho. Era um momento de
indefinição quanto ao papel do orientador.
As leis orgânicas do ensino declaram a função do orientador
educacional, como cita Mírian Grinspun:
A regulamentação da Orientação Educacional a partir de 1942 está significativamente ligada à sua origem na área da Orientação Profissional. O orientador poderia ser considerado como “ajustador”, isto é, caberia a ele ajustar o aluno à escola, à família e à sociedade, a partir de parâmetros eleitos por essas instituições como sendo os de desempenhos satisfatórios. (GRINSPUN, 2011,p.28-29).
Tanto o SENAI quanto a Lei Orgânica do Ensino Industrial foram
criados em 1942 fortalecendo o campo da orientação profissional, que passa a
ser legalmente constituída. Em 1961, com a LDB a orientação ganha status e.
agora, inclui-se um capítulo específico destacando a orientação nos cursos
primário e secundário. É bom notar que a orientação educacional entremeia-se o
tempo todo com a orientação profissional, por serem, no início, basicamente a
mesma coisa.
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Pela Lei n. 5.564/68, fica regulamentada a profissão e o caráter
psicologizante fica mais uma vez marcado. A função da orientação seria
desenvolver a personalidade do aluno identificando suas aptidões naturais.
A obrigatoriedade da orientação educacional no primeiro e segundo
graus se deu através do artigo 10 da lei n.5.692/71. O objetivo era aconselhar
vocacionalmente os jovens para a inserção no mercado de trabalho e direcionar
os mesmos para o ensino técnico. O ensino profissionalizante necessitava do
apoio do orientador, que dando seu aval, permitia que os jovens se sentissem
seguros em relação às suas escolhas e decisões tomadas.
Em 1973 através do Decreto Lei n. 72.846/73, as atribuições do
orientador ficam determinadas. O atendimento individual e pessoal confirma,
nesse momento, um viés psicológico.
Com o advento dos ideais democráticos na década de 80, surge a
necessidade de se repensar os fazeres da orientação, bem como o conceito de
educação. O que se buscava era manter o poder estabelecido por um governo
autoritário. A orientação era um instrumento desse governo quando destacava a
orientação vocacional e o caráter psicológico. O momento democrático leva à
busca de novas formas de se educar, um refresco para tanto tempo de
opressão.
A questão da escola como reprodutora do sistema social começou a ter uma repercussão muito grande em nossa realidade, e a Escola passou a ser questionada quanto a seus objetivos e propósitos. A exclusão social ganha espaço em termos de discussão e reflexão. (GRINSPUN, 2011, p. 31)
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Percebendo-se como um agente transformador, o orientador
educacional busca nesse momento, onde encontra espaço para isso, repaginar
sua prática embasando sua teoria em discussões e reflexões sobre sua própria
atuação. Procurando entender a realidade social e o quanto ela influi na vida do
aluno e buscando também entender os conceitos de liberdade e autonomia
como atitudes éticas e sociais, o orientador questiona agora essa realidade.
O orientador, que já havia sido concebido como um agente de mudança, um terapeuta que deveria rogerianamente atender os alunos-problema, um “psicólogo” que só deveria trabalhar as relações interpessoais dentro da escola, um facilitador da aprendizagem, vai, pouco a pouco, deixando essas funções/denominações para assumir, com mais competência técnica, seu compromisso político na e com ela. (IDEM, IBIDEM)
Na década de 90, houve uma tentativa de formar um sindicato único
que reunisse todos os profissionais da educação, reivindicando os direitos. Na
prática, o que vimos foi o enfraquecimento dessas entidades. Faltava um lugar
dedicado ao estudo e à reflexão de tudo o que estivesse relacionado à
orientação educacional. Por ser uma profissão relativamente nova, ainda
trilhando e buscando seu lugar, a orientação educacional contava com poucos
recursos.
Hoje, no Rio de Janeiro, os orientadores contam com a ASFOE
(Associação Fluminense de Orientadores Educacionais), inclusive o próprio
website traz informações sobre o que acontece no âmbito da orientação
educacional. A nova LDB (Lei 9394/96) não traz a obrigatoriedade da profissão.
O profissional busca acima de tudo a integração com os outros profissionais da
educação, marcando o caráter mediador e interdisciplinar da orientação
educacional.
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1.1 – O conceito de educação que buscamos
Um dia virá em que só se terá um único pensamento: a educação. (Friedrich Nietzsche In: DIAS, 1993).
Para entendermos a importância e o papel do orientador educacional
no âmbito escolar, é necessário que entendamos seu papel de educador. É
preciso que compreendamos o conceito de educação que queremos alcançar.
Em concordância com o educador Carlos Brandão, a educação que
buscamos é um processo de desenvolvimento integral e holístico do indivíduo.
Todas as suas potencialidades podem e devem ser exploradas para que haja o
autoconhecimento e crescimento da autonomia do sujeito. Somente pela
educação somos capazes de construir nossa visão de mundo e fundamentar
nossos pensamentos mais complexos.
Entendemos a educação, num primeiro momento, como um processo
natural ao ser humano. A partir do momento em que nascemos, nos
desenvolvemos e crescemos, estamos nos educando. Esse processo educativo
passa do natural ao formal quando começamos a notar a presença do outro
como mestre de saberes. A família, a sociedade e a escola são instituições que
nos educam, ao mesmo tempo. A educação está em todos os lugares. Segundo
Carlos Brandão:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços de vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver todos os dias misturamos a vida com a educação. (BRANDÃO, 2007, p.7)
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Buscamos uma educação de qualidade, que transforme realidades.
Muitos veem na educação um instrumento de ascensão social, como já foi visto
no início do capítulo. O que é levado em Conta é a quantidade e não a qualidade
do que se aprende. Os conteúdos, fixados pelo currículo mínimo nacional, vistos
nas escolas, são muitas vezes vazios e sem significado para quem aprende.
Estão fora do contexto das realidades sociais. A busca pela formação e o
diploma é o que se tornam importantes. A formação do sujeito reflexivo e
pensante fica esquecida no mundo capitalista que visa o lucro a qualquer preço.
A educação acaba se tornando uma ferramenta de reprodução da ideologia e
poder estabelecidos.
Paulo Freire diz que “o destino do homem deve ser criar e transformar
o mundo”. Para isso é necessário que a educação formal vise o conhecimento
transformador e profundo do mundo em que estamos inseridos. Sempre há
esperança na educação:
Porque a educação sobrevive aos sistemas e, se um dia ela serve à reprodução da desigualdade e à difusão de ideias que legitimam a opressão, em outro pode servir à criação da igualdade entre os homens e à pregação da liberdade. (BRANDÃO, 2007, p.99)
É preciso que o verdadeiro educador atente para o instrumento de
seu trabalho. Pensar de forma crítica seu próprio fazer. Somente dessa forma a
transformação pela educação pode ocorrer. Segundo Adelina dos Santos
Brandão, Neuza Gomes Barbosa et al:
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Ao escolher o tema educação, trabalho e cidadania visamos, primeiramente, levar os alunos de Orientação Educacional a aprofundarem sua reflexão sobre o assunto. É essencial que tomem consciência da necessidade de que o educador desenvolva uma percepção crítica sobre ele, compreenda sua natureza histórica e torne-se capaz de identificar os preconceitos, as contradições, os falsos moralismos, as discriminações que acompanham, frequentemente, as concepções de educação. (In: GRINSPUN,1996, p. 81)
Cabe ao orientador educacional zelar pela qualidade do ensino e a
demonstrar aos jovens a verdadeira importância do conhecimento para que se
tornem sujeitos conscientes. O esquema ilusório de que a educação é um
passaporte para a melhoria de vida se evidencia nas condições de trabalho a
que estamos sujeitos. Quem aprende de fato a pensar, busca aquilo que lhe
completa enquanto ser humano. A educação como produto, mercadoria, por ser
pobre de reflexão, não nos realiza profissionalmente. Essa é a educação que
cultivamos em nossas escolas, salvo raríssimas exceções.
Para Carlos Brandão, a força da educação está justamente no seu
poder de criação de ideias, de estruturação de sociedades. Cria tipos de homens
de acordo com a necessidade de cada povo. É preciso entender esse processo
educacional que está presente de inúmeras formas.
A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem uns dos outros. (BRANDÂO, 2007, p.12)
Para ilustrarmos e entendermos melhor o conceito de educação que
buscamos, falaremos um pouco de Nietzsche (1844-1900). Filósofo alemão e
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grande influência do pensamento contemporâneo, pensava sua realidade, sua
sociedade, seu contexto histórico numa Alemanha que atravessava uma crise de
inversão de valores. Mas a ideia que tinha de educação é exatamente aquela
que buscamos. Apesar de não escrever sobre educação diretamente como um
tema específico, fica claro em Nietzsche o conceito que deveria ser
desenvolvido e considerado.
De acordo com Nietzsche, para que a educação seja de fato
transformadora de realidades é necessário que tenhamos a vida como valor
supremo. Na história da filosofia temos Nietzsche como o filósofo da vida,
justamente por trazer em sua teoria a valorização da existência e de tudo o que
é humano. Buscamos, enquanto orientadores e pensadores, uma formação
integral do indivíduo, a ascensão do sujeito reflexivo e pensante. “Como a tua
vida, que é individual, adquire o mais alto valor, o mais profundo significado?”
(NIETZSCHE, 1983). Essa consciência de que a vida, a existência, é tudo o que
temos, é essencial. A valorização do indivíduo, da personalidade singular é a
base para a educação que buscamos.
Educar para ser aquilo que vamos ser. Tirar de nós nossas próprias
potencialidades é tarefa do bom educador. Educar não para sermos medianos,
mas para sermos gênios, completos e complexos em nossa formação.
Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. A vida que transporta de uma espécie para a outra, dentro da história da natureza, de uma geração a outra de viventes, dentro da história da espécie, os princípios por meio dos quais a própria vida aprende e ensina a sobreviver e a evoluir em cada tipo de ser. (BRANDÂO, 2007, p.13)
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“Tornar-se aquilo que se é”, é uma das máximas de Nietzsche, um
ensinamento de valorização da vida e de si mesmo presente em sua obra
“ECCE HOMO: Como Alguém se Torna o que é”.
Sabemos enquanto educadores que não existe um modelo de
educação. Que ela está em todos os lugares, que não acontece só na escola e
que cabe a nós direcionar os jovens rumo ao desenvolvimento de si mesmos.
Mas, estamos comprometidos a esse ponto?
Os principais autores que discutem o tema da orientação educacional
e sua importância nas escolas concordam que a educação que buscamos tem
caráter libertário e é desenvolvida em todos os lugares.
Na espécie humana, a educação não continua apenas o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas: de símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder. Mas, a seu modo, ela continua no homem o trabalho da natureza de fazê-lo evoluir, de torná-lo mais humano. (BRANDÃO, 2007, p.14)
A atmosfera humana por si só envolve o processo ensino-
aprendizagem, já que enquanto tais, somos eternos aprendizes. A educação se
dá de inúmeras maneiras e acontece o tempo todo. Quando somos lançados na
aventura da existência nossos instintos nos ensinam a sobreviver e assim nos
educamos intermitentemente, independentemente do meio em que estejamos
inseridos.
Como já foi dito existem várias formas de aprender e ensinar, não
existe a receita de como educar.
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Vista em seu voo mais livre, a educação é uma fração da experiência endoculturativa. Ela aparece sempre que há relações entre pessoas e intenções de ensinar-e-aprender. Intenções, por exemplo, de aos poucos “modelar” a criança, para conduzi-la a ser o “modelo” social de adolescente e, ao adolescente, para torna-lo mais adiante um jovem e, depois, um adulto. Todos os povos sempre traduzem de alguma maneira essa lenta transformação que a aquisição do saber deve operar. Ajudar a crescer, orientar a maturação, transformar em, tornar capaz, trabalhar sobre, domar, polir, criar, como um sujeito social, a obra, de que o homem natural é a matéria-prima.(BRANDÃO, 2007, P.24)
Carlos Brandão acredita que a educação não acontece somente na
escola e na família. Ela é um processo sem fim que faz parte do existir no
mundo. Sabedoria é diferente do conteúdo que se aprende na escola. A
educação é um conceito muito maior do que aquilo que estamos acostumados
de chamar de educação. É muito mais que aprender boas maneiras, ou
aprender a respeitar o próximo. Educar é desenvolver o sujeito e elevá-lo a sua
máxima potência, é levá-lo a conhecer a si mesmo, pois somente dessa forma,
alguém pode dizer que é realmente educado. Na escola somente tornamos esse
fato natural do homem em algo formal, sistematizado:
A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar-e-aprender. O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação), cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos e constitui executores especializados. É quando surgem a escola, o aluno e o professor. (BRANDÃO, 2007, p.26)
O que pretendemos elucidar nesse tópico é a importância de entender
o conceito de educação como processo natural do indivíduo humano, que
valoriza acima de tudo a vida e o meio em que está inserido. A vivência é o
aprendizado maior e esses valores devem ser incorporados pela escola para
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que o conteúdo dado seja importante de fato e faça sentido para aquele que se
propõe aprender.
Para que isso ocorra, é necessária a participação de todos numa
escola aberta e viva. O corpo docente, o corpo discente, a direção, a
comunidade, os pais devem participar de tudo o que é feito dentro da escola
para que haja significado. O orientador educacional, enquanto educador e líder
de uma equipe dentro da escola, precisa ter esse papel de mediador entre as
esferas educacionais. Precisa unir todas as pontas para que um bloco coeso
exista, porque a união faz a força.
Se queremos formar sujeitos pensantes, esclarecidos quanto as suas
potencialidades precisamos fazer da escola uma extensão de suas vidas.
Significar a escola é tarefa de todos e reinventá-la depende de nós mesmos.
A educação com vista a uma participação cidadã, requer uma prática interdisciplinar e integradora tendo em vista uma ação coletiva na transformação da sociedade. Assim, pretende superar uma visão fragmentada do conhecimento para uma visão integrada às temáticas socioculturais. (GRINSPUN, 2006, p.62)
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CAPÍTULO II
ENFRENTANDO OS DESAFIOS ATUAIS
A escola hoje é um espaço não só de aprendizado, mas de
transformação. O sujeito quando tem a chance de se ver no mundo como
indivíduo gerador se seu próprio projeto de vida, dedica seu tempo a construir o
conhecimento necessário para isso. O modelo tradicional de ensino já deveria
ter sido ultrapassado, mas ainda memoriza-se e reproduz-se o conteúdo
passado na escolar. É necessário que busquemos o desenvolvimento de uma
nova consciência do que chamamos escola.
Segundo Mírian Grinspun, em sua obra “Supervisão e Orientação
Educacional” destaca-se o papel da escola frente às mudanças que estamos
enfrentando. É tarefa da escola hoje formar indivíduos críticos e reflexivos
porque vivemos numa sociedade altamente tecnológica e avançada nesse
sentido, onde se não tomarmos cuidado passaremos a trabalhar como
máquinas, que não necessitam de pensamentos para funcionarem.
Mas do que nunca se faz necessária uma discussão sobre a
importância da escola na formação dos cidadãos, bem como a importância de
entender os desafios atuais que está enfrentando. Essa instituição pode
transformar a vida de seu público e é imprescindível o comprometimento dos
educadores.
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O desafio maior é educar crianças, jovens num mundo em crise, com mudanças substanciais, hoje ampliada por uma nova sociedade que é a virtual, onde entrecruzam como redes, teias e valores diferenciados, exigências múltiplas... Precisamos priorizar o enfrentamento desses desafios, mas precisamos procurar entender porque e como esses desafios se apresentam. (GRINSPUN, 2006, p.71)
A escola disputa o espaço hoje com a internet, por exemplo. Os
jovens utilizam esse meio de comunicação para se encontrarem no mundo,
numa nova situação. Muita coisa mudou num pequeno espaço de tempo e a
evolução virtual cresce numa velocidade incrível.
Nesse capítulo elucidaremos os desafios pelos quais passa a escola
e os profissionais da educação. Nos atentaremos aos mais importantes,
diretamente ligados à prática do orientador educacional: globalização e
sociedade capitalista, evasão, fracasso escolar e formas alternativas de
educação. A argumentação foi fundamentada nas obras “Supervisão e
Orientação Educacional” e “A Prática dos Orientadores Educacionais” de Mírian
Grinspun.
2.1- Globalização e Sociedade Capitalista
Vivemos em uma sociedade capitalista cuja grande meta é sempre o
lucro, o mercado. Em muitas escolas vemos a reprodução destes valores e
jovens correndo contra o tempo para entrarem no mercado de trabalho. Num
mundo tão competitivo, o que vem em primeiro lugar: a vocação ou um emprego
que garanta uma vida confortável?
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Muitos são os dilemas enfrentados pelos jovens em idade escolar. A
responsabilidade de buscar uma formação adequada, muitas vezes parece cruel
para a maioria. A sociedade cobra, o sistema capitalista, também. Para quem
está inserido nesse meio, o mercado de trabalho é o próximo passo, e se torna
necessário estar preparado.
A educação pode interferir de uma forma saudável na vida dos
jovens. É possível unir as duas partes, vocação e mercado de trabalho, basta
desenvolver um bom trabalho no âmbito escolar. Porém, ouvimos muitos jovens
nas escolas, principalmente nas públicas dizerem: “estudar para quê se o que
vale mesmo é ganhar dinheiro?” Ou então: “estudar pra quê se eu não tenho
chance lá fora?” O ranso de culpa que o jovem carrega pelo seu próprio fracasso
é enorme, já que faz parte de uma tradição e de uma educação que prioriza a
formação para a manutenção da ordem vigente e prega ainda hoje, que cada um
é responsável pelo seu próprio fracasso, independente do contexto social e das
condições a que estão submetidos.
Nessa perspectiva a educação torna-se uma necessidade para a existência efetiva do cidadão, para enfrentar as transformações que o mundo atravessa. A globalização, assim nos leva a refletir as relações interpessoais, onde a necessidade de viver e negociar com pessoas de diversas culturas requer tolerância, ética, cooperação, solidariedade e, sobretudo respeito às diferenças. (ELMA CORREA DE LIMA In: GRINSPUN, 2006, p.99)
Essa preocupação com o sujeito, com sua formação deve, portanto,
partir dos educadores, principalmente do orientador educacional. Cabe ao
educador mostrar ao aluno que ele é fruto de um meio, de condições que muitas
vezes não podem ser mudadas se não houver esclarecimento. E mais
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do que nunca é necessário que encontrem seu papel numa sociedade
globalizada.
Colocando dessa forma, a própria sociedade capitalista é um
empecilho para o desenvolvimento de indivíduos pensantes e reflexivos. O
problema maior não está nas pessoas, mas no sistema. A educação também se
transforma em produto e muitas escolas tem sua filosofia baseada nessa ideia.
Os alunos compram uma mercadoria para terem o melhor resultado num
sistema capitalista. A formação do cidadão consciente e autônomo fica em
segundo plano. Essa discussão é muito bem colocada por Elma Correa de Lima,
em seu artigo intitulado “Refletindo Políticas Públicas e Educação”:
É interessante, lembrar que na atualidade o homem vive num tempo que também tem que saber lidar com as contradições, em que suas ideias são condicionadas por necessidades de variações e avanços, porém a rapidez dessas mudanças não representa qualitativamente uma evolução social. (ELMA CORREA DE LIMA In: Grinspun, 2006, p.100)
A ideologia neoliberal induz silenciosamente a modelos de
comportamento. E é assim que age um sistema capitalista. Tirando do indivíduo
toda a sua capacidade de discernir qualidade de quantidade. Quando não
aprendemos em casa e na escola a pensar de fato, somos manipulados.
Nessa perspectiva, “a nova ordem” requer que sejam extintas do pensamento coletivo temáticas como: noções de cidadania, bem comum, solidariedade, igualdade, que fazem parte de uma sociedade mais justa. ((ELMA CORREA DE LIMA In: Grinspun, 2006, p.101)).
28
É necessário entender a educação como processo transformador de
consciências, porque somente por esse viés, poderemos mudar alguma coisa.
Uma sociedade mais justa depende muito do poder que as pessoas tem de lutar
por seus direitos.
A educação tem uma função social muito grande quando por ela o indivíduo deve ter acesso – com a mesma igualdade dos demais – aos códigos, normas e conhecimentos da sociedade em que vive. Quando a escola trabalha com o todo, não repetindo no seu interior as diferenças encontradas no sistema social, a escola está exercendo seu real papel pedagógico. (GRINSPUN,1996, p.151)
Não deveria haver na escola a reprodução de desigualdades de uma
sociedade de classes. Deveria ser mostrado que todos podem alcançar aquilo
que buscam desenvolvendo suas próprias capacidades. Escola é lugar de ideais
igualitários e não de fomentar as diferenças sociais.
2.2 - Fracasso e Evasão Escolar
Diretamente ligados, esses dois fatores influem diretamente na vida
do orientador educacional enquanto profissional da educação. É tarefa do O.E
investigar o porquê da ocorrência desse fracasso e da desistência de se estudar.
Além dos fatores físicos e psicológicos, (não entraremos
especificamente nesse mérito, pois o trabalho ficaria muito extenso), sabemos
dos fatores sociais. O O.E investiga se o aluno possui algum distúrbio de
29
aprendizagem, pode identificar algum transtorno de ordem psicológica e assim
encaminha o aluno para o tratamento específico.
A orientação educacional, como integrante do sistema escolar, por força da legislação oficial, observa, analisa, reflete e realimenta o processo educacional que ocorre na turma, na escola e na comunidade, considerando os fatores psicológicos e sociais que o envolvem, tendo como ponto de referência o aluno como pessoa. (IVANITA GIL VILLON In: GRISNPUN, 1996, P.97)
Quando esses fatores são de ordem social, fica mais difícil a ação do
O.E. porque são problemas que a própria estrutura da escola traz e que são
alterados somente com uma mudança de comportamento e de ação
propriamente dita em relação ao projeto político pedagógico da escola e da
comunidade escolar.
Um dos fatores que concorrem para que essa situação permaneça é o afastamento que a escola mantém da comunidade onde se insere, apesar de estar comprovada a relevância da valorização da cultura do grupo no sucesso do processo de aprendizagem e na realização de projetos. (IVANITA GIL VILLON In: GRISNPUN, 1996, P.97)
O desinteresse do alunado muitas vezes é consequência da falta de
interesse de seus pais pela escola, num meio em que o estudo não é muito
valorizado. O modelo é sempre muito forte. Pode ainda existir uma falta de
comprometimento do professor em querer mudar suas práticas ou adequá-las à
realidade desses alunos. Eles precisam entender o que lhes é dito. Precisa
30
fazer sentido para eles para que possam ter prazer em aprender. É preciso estar
atento às necessidades do aluno enquanto ser humano.
Há que se discutir, ainda, a relevância dos conteúdos e a importância do diálogo professor--aluno, que nem sempre acontece no interior das salas de aula. Em muitos casos, além do fracasso escolar, essa conduta dos professores gera a indisciplina e o desinteresse. (NÍZIA DE ASSIS In: GRINSPUN, 1996, p. 127)
O orientador educacional estuda e identifica os problemas da escola e
aquilo que pode ser mudado. Através de sua visão e do comprometimento da
equipe é possível mudar e diminuir os índices de evasão escolar. O aluno
desiste de estudar por diversos motivos, mas é dever da escola lutar para que
não desistam por simplesmente não gostarem de estudar. É preciso dar
significado ao que aprendem.
Inúmeros são os desafios que a escola hoje tem que enfrentar, pois, inúmeros são os desafios da própria sociedade, em ritmo crescente de mudança em todos os seus segmentos. Na sociedade contemporânea, as rápidas transformações devidas a uma série de fatores incidiram sobremaneira nas instituições e, portanto, na escola, ampliaram ainda mais os seus desafios numa busca não só da democratização de seus meios para superar as questões da exclusão social, mas também, para efetivar a melhor qualidade do processo ensino aprendizagem no interior da mesma. (GRINSPUN, 2006, p.71)
O fracasso escolar está diretamente ligado à dificuldade de
aprendizado do aluno oriundo de camadas populares. No livro “A Orientação
Educacional: Conflito de paradigmas e alternativas para a escola” Mírian
Grinspun cita Maria Helena Patto, que analisa as raízes do fracasso escolar e
31
chega a três fatores fundamentais: os sistemas nacionais de ensino, as teorias
racistas e a psicologia diferencial.
A suposta origem do fracasso escolar estaria nos distúrbios de
aprendizagem e os portadores desses distúrbios eram considerados “anormais
escolares”. Eram discriminados e excluídos do processo ensino-aprendizagem.
Por uma questão político-ideológica, o fracasso escolar era buscado no aluno e ,
e não no contexto social.
Analisando a evolução histórica do fracasso escolar encontramos
algumas teorias referentes ao assunto, listadas uma a uma no livro “A
Orientação Educacional: Conflito de Paradigmas e Alternativas para a Escola”,
de Grinspun. Falaremos um pouco de cada uma.
- Teoria psicológica: os alunos possuem características únicas que
são as responsáveis pelo sucesso ou fracasso escolar. Essas características
seriam medidas a partir de testes de QI e aptidões intelectuais. A função da
orientação educacional seria adaptar esses alunos aos valores sociais vigentes.
A incapacidade de ajustar-se acusava o fracasso escolar.
- Teoria de carência cultural: Surge nos EUA nos anos 60 e 70. Diz
que o fracasso escolar devia-se a alguns fatores fora da escola que
influenciavam diretamente no rendimento dos alunos de camadas mais baixas
da sociedade. A causa do problema era primeiro do próprio aluno, segundo da
escola por não se adaptar a esse aluno. Essa teoria não foi muito bem aceita, já
que não existem culturas melhores ou piores. As soluções para os problemas
32
deviam ser buscadas pela escola, já que sua tarefa seria suprir as “carências
culturais” desses alunos.
- Teoria das diferenças culturais: o aluno quando entra na escola
encontra determinados padrões e valores já estruturados e fracassa porque
esses valores não são os seus. Ele não se reconhece porque são padrões da
classe dominante. Aqui o fracasso cabe à escola que é incapaz de transformar o
meio educacional. Existe a discriminação às diferenças.
- As Teorias crítico reprodutivistas e a pesquisa do fracasso escolar:
Com a influência principalmente de Bourdier e Passeron, a escola passou a ser
vista “como o lugar no qual se exerce a dominação cultural”. Algumas ideias
passaram a ser analisadas: a relação professor-aluno, a discriminação e
dominação no âmbito escolar e na relação ensino-aprendizagem, a possibilidade
de a escola ser pensada em seu contexto social.
- Teorias estruturais: o fracasso escolar é do aluno, dos professores,
da escola, do sistema, na medida em que as soluções para esse problema não
são devidamente pensadas.
A evasão escolar é uma consequência do fracasso escolar, e é cada
vez maior no Brasil.
O orientador educacional, assim como todos os profissionais da
escola, precisa estar comprometido em buscar soluções para o fracasso escolar.
33
A discussão sobre a dimensão social, aliada à dimensão pedagógica,
precisa ser feita, o desenvolvimento de trabalhos de apoio, grupos de estudos,
monitorias; reconhecer o próprio fracasso da instituição, para dessa forma
elaborar um novo PPP, mostrar aos alunos que são capazes trabalhando a sua
autoestima, disponibilização de atividades extraclasses estimulando novas
potencialidades, tudo isso precisa ser pensado pela equipe escolar e efetivado
na prática das escolas.
Cabe aos orientadores criar, descobrir e propor novas formas, viáveis e efetivas, de eliminação do fracasso escolar, tanto no nível de variáveis intraescolares, que às vezes o mantêm, como no de variáveis extraescolares, que ainda não encontram meios de suprimi-lo. (GRINSPUN, 2011,p.90)
2.3 - Formas Alternativas de Educação
Segundo Mírian Grinspun, são formas alternativas de educação
aquelas que possuem autonomia, tanto em sua estrutura como em seu
funcionamento, além de espaço próprio para o desenvolvimento de seus
objetivos.
Foram originadas dos movimentos sociais nos anos 80, que visavam
formas de educação informal, criadas a partir da prática de alguns grupos
sociais. Esse tipo de educação leva em conta outros meios de aquisição dos
saberes diferentes dos procedimentos formais. Geralmente o que se tem é o
domínio da prática, e os conhecimentos são desenvolvidos a partir daí.
34
Não há hábitos, comportamentos, rotinas ou procedimentos preestabelecidos. Há princípios norteadores, assimilados por todo o grupo, que constroem a metodologia de ação, segundo as necessidades que a conjuntura lhes impõe. O importante é estar junto; a construção é coletiva. (GRINSPUN, 2011, p.160)
As formas alternativas de educação ocorrem tanto dentro como fora
da escola. A educação acontece em outros espaços e o que vemos é a criação
de múltiplas escolas. A tecnologia hoje influi de maneira decisiva na vida das
pessoas. A internet se tornou o canal de comunicação com o mundo inteiro, e a
troca de saberes é absurdamente grande e rápida.
Torna-se impossível hoje ignorar a “força” dos meios de comunicação, a presença de uma TV interativa, a utilização da informática na educação, os avanços obtidos com as “leituras” e conhecimentos proporcionados pela Internet, em níveis mundiais, as mudanças de hábitos e atitudes obtidas a partir do conhecimento e do controle de dados dispostos no computador, acionado dentro da própria casa, enfim, uma série de modificações que levam o indivíduo a ser, outra vez, alfabetizado; dessa vez, tecnologicamente. (GRINSPUN, 2011, p. 161)
2.3.1 - Educação à distância:
O que caracteriza a educação à distância é sua forma permanente,
aberta e flexível. Qualquer pessoa em qualquer lugar pode cursar uma
universidade, por exemplo. As barreiras do tempo e do espaço não existem
nessa modalidade de ensino. Existe uma dose de autodidatismo e é o sujeito
que constrói seu próprio conhecimento.
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O meio de comunicação é a via pela qual se dá a troca de
conhecimentos entre professor e aluno. Pode ser formal, ligado a alguma
instituição com regras próprias de ingresso e metodologia e pode ser não formal.
Muitas pessoas que antes não tinham acesso ao ensino superior devido
à localidade ou distância das universidades, hoje tem a chance de estudar em
cursos de qualidade. Atende a um número enorme de estudantes. O uso da
tecnologia neste caso é extremamente benéfico.
A educação que se abre para novas formas alternativas de obtenção de seus objetivos nega a autossuficiência das instituições regulares e ditas convencionais, indo em busca de parcerias com outras instituições, envolvendo profissionais e pessoas de diferentes áreas e organizações dispostos ao trabalho de formação do cidadão.(GRINSPUN, 2011, p.171)
A orientação educacional apoia e incentiva a educação à distância já
que o objetivo maior é facilitar o meio de chegada ao estudo. Se queremos
formar indivíduos pensantes, toda forma de educação que faça com que esses
indivíduos desenvolvam conhecimentos por méritos próprios, é bem vinda.
2.3.2 - Educação Comunitária
Dando significado aos conteúdos, conscientizando a comunidade e
visando a transformação da realidade desenvolve-se a educação comunitária.
Um grande número de pessoas se envolvem para que os mais necessitados
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tenham acesso a um novo conhecimento, sem o medo da discriminação e da
exclusão.
Em uma educação comunitária, a reflexão sobre a vida cotidiana se impõe, uma vez que ação cultural e educativa se entrelaçam; não se pode polarizar um dos aspectos em detrimento do outro. Há necessidade de se ter uma compreensão do contexto social por parte dos indivíduos e dos grupos. (GRINSPUN, 2011, p.166)
A superação de uma situação existente, que não agrada a maioria,
geralmente é o que move a educação comunitária. O objetivo sempre é informar
para formar cidadãos conscientes de sua realidade e de sua capacidade de
transformá-la. O interesse para que a melhora aconteça é coletivo e tem muito
mais força.
Nesse caso a educação desenvolve a cidadania que é construtora de
indivíduos pensantes para exercer seus direitos de alguma forma. Os sujeitos
históricos são construídos e as lutas geram as identidades político-culturais de
determinados movimentos.
A formulação de um projeto geralmente é a mola mestre para o início
da educação comunitária. A partir dele são definidos os objetivos, as estratégias
e possíveis soluções.
A importância do educador envolvido nesse trabalho é percebida quando ele tem que mobilizar os diferentes grupos para que tomem parte, façam parte do projeto como sendo algo deles e para eles. Há que se redimensionar as formas tradicionais de
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participação, de modo a torná-las mais ativas, autônomas, críticas e criativas. (GRINSPUN, 2011, p.167)
O papel do orientador, mais uma vez, é levar os sujeitos envolvidos
no processo a se conhecerem melhor e a conhecerem seu meio, entendendo os
objetivos a serem alcançados.
As associações de moradores, o movimento sem-terra e as
associações de movimentos comunitários são fortes exemplos de educação
comunitária.
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CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
Segundo os grandes teóricos da orientação educacional Mírian
Grinspun, Regina Leite Garcia, Heloísa Luck, Nízia de Assis, entre outros
citados no trabalho, bem como os grandes educadores como Carlos Brandão e
Paulo Freire, há a concordância de que a educação deve ser transformadora e
libertária, e que somente através da consciência de que somos seres pensantes
e autônomos é que somos capazes de exigir nossos direitos e lutar por uma
sociedade mais justa.
Enquanto profissional da educação engajado, agindo dentro da
escola, o O.E trabalha desenvolvendo suas habilidades e delimita seu campo de
ação. Trabalhando diretamente com alunos e professores mediando suas
relações, o grande mérito do O.E é poder se locomover entre as esferas docente
e discente e ajudar nessa relação propondo algumas mudanças. O orientador
identifica as dificuldades e problemas tanto dos alunos quanto dos professores e
pode ser um facilitador desse processo ensino-aprendizagem.
Para Mírian Grisnpun, atualmente o exercício do orientador
educacional na escola deixou de ter aquele caráter psicológico, que somente
lidava com alunos-problema e tinha a tarefa de adequar esses mesmos alunos à
realidade da escola, para se focar num trabalho pedagógico de fato.
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O orientador educacional tem o dever de interferir e orientar as bases
do PPP da escola direcionando soluções para alguns problemas. Como está em
constante contato tanto com alunos quanto com professores e equipe
pedagógica, tem uma visão ampla das situações que ocorrem na escola. Este
privilégio coloca o O.E numa posição de líder, onde suas funções são levadas
em consideração tanto pela gestão, quanto pela equipe escolar como um todo.
Seu trabalho no âmbito escolar, portanto, é de suma importância.
O campo da orientação se re-dimensionou, sendo que sua concepção engloba desde a questão epistemológica – seu objeto de conhecimento – à questão filosófica, antropológica e social. Nosso papel, no contexto atual, deslocou-se dos alunos-problemas para todos os problemas dos alunos/ da escola e refletindo, analisando interferindo sobre esses problemas em tempos da globalização e da pós-modernidade. (GRINSPUN, 2006, p.73)
Claro que não esgotaremos nesse trabalho a importância do O.E no
âmbito escolar, mas elucidaremos as grandes contribuições que esse
profissional pode nos oferecer. Trabalhando com os desafios atuais para
elaborar e melhorar sua prática o O.E deve estar atento ao que ocorre no seu
contexto social.
O orientador atua junto com os demais professores da escola, participando de um projeto coletivo, de uma formação de um homem coletivo, procurando identificar as questões da relação de poder, das resistências dentro e fora da escola e do como e do por que devemos agir juntos em prol de uma educação transformadora e, especialmente junto aos alunos no desenvolvimento do que caracteriza sua subjetividade. (GRINSPUN, 2006, p.89)
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O orientador educacional tem o papel de levar o aluno a se conhecer
melhor e descobrir suas potencialidades. Ajudá-lo a desenvolver um projeto de
vida e se autoconhecer, conhecer as especificidades de seu meio e de seu
contexto social.
Em meio às exigências da globalização e do neoliberalismo, faz-se
necessária uma nova consciência de mundo e uma nova consciência de escola,
de educação. Justamente porque estamos vivendo num sistema cada vez mais
cruel, precisamos formar cidadãos, sujeitos reflexivos, por mais paradoxal que
possa parecer.
Em concordância com Regina Leite Garcia, na obra “Uma Orientação
Educacional Nova para uma Nova Escola”. essa nova escola tem valores
holísticos de formação completa dos indivíduos, para que estes sejam capazes
de escolher o melhor para si mesmos, entendendo seu lugar no mundo. A
prática do O.E deve ser repensada nesse contexto. Para Regina Leite Garcia, a
função social e política da escola é gritante, pois ela tem a função de manter
uma ordem vigente, ou de lutar contra isso.
Nessa nova ótica, é preciso repensar toda sua prática e toda a teoria que a fundamenta, não isoladamente, mas ligada à dos demais profissionais que atuam na escola. Quando percebem isso, passam a se reunir com supervisores, professores e pais para, juntos, agora com o objetivo de buscar caminhos novos, poderem viabilizar esta forma nova de pensar Educação. (ENY MARISA MAIA E REGINA LEITE GARCIA, 1984, p.48)
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O trabalho do O.E é dinâmico, segundo Mírian Grinspun, de
pesquisador da realidade. Cabe a ele elaborar estratégias que transformem o
processo ensino-aprendizagem em algo satisfatório para seu público.
Para Regina Leite Garcia, em escolas populares, por exemplo, a partir
da própria vivência dos alunos elaborar um currículo adequado a essa realidade.
As experiências, os movimentos particulares, a linguagem própria dos grupos,
seus entendimentos da realidade devem ser levados em conta para que o
caminho para o conhecimento faça sentido para eles.
Adequar o currículo ao aluno exige conhecer o aluno, investigar o seu mundo, para, a partir daí, todo o processo de intervenção pedagógica. Não o conhecimento tradicionalmente baseado na psicologia, que definia as fases do desenvolvimento, que predeterminava o processo de aquisição do conhecimento, que estabelecia critérios de prontidão para a aprendizagem, que determinava níveis de maturidade, mas o conhecimento criado da percepção do aluno real, enquanto ser histórico. (ENY MARISA MAIA E REGINA LEITE GARCIA, 1984, p.48)
O papel do orientador é ajudar o aluno a construir sua própria
identidade, a partir de seus conhecimentos do mundo, enquanto ser social.
Como tem a mobilidade nas esferas educacionais, propor projetos para
solucionar problemas é uma tarefa facilitada.
Segundo Heloísa Luck, a integração do corpo técnico- administrativo
é fundamental para o sucesso do projeto político pedagógico de uma escola.
Pensar e repensar os fazeres da comunidade escolar com todos os indivíduos
comprometidos para tanto, garante o caráter democrático. Fazendo parte desse
grupo o O.E é ouvido e respeitado.
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A ação do corpo técnico-administrativo deve ser não só integrada, mas também integradora. Para tanto, deve pautar-se por atitudes, direções e objetivos comuns, o que estabelecerá a coerência interna necessária para se garantir a unidade preconizada. (HELOÍSA LUCK, 1994, p.32)
O foco do trabalho do orientador educacional é o aluno. É com ele
que trabalha diretamente e é ele que a escola forma. Partindo desse ponto, a
importância fundamental do O.E é ajudar na educação para a vida. Mostrando
ao aluno que ele é capaz de desenvolver suas potencialidades, impulsiona a
construção de projetos de vida.
O centro de atenção máxima da escola deve ser o aluno. A escola existe em função dele, e, portanto, para ele. A sua organização, em qualquer dos seus aspectos, deve ter em vista a consideração do fim precípuo a que a escola se destina : a criação de condições e de situações favoráveis ao bem estar emocional do educando, e seu desenvolvimento em todos os sentidos: cognitivo, psicomotor e afetivo, afim de que o mesmo adquira habilidades, conhecimentos e atitudes que lhe permitam fazer face às necessidades vitais e existenciais. (HELOÍSA LUCK,1994, p.63)
O orientador educacional procura traçar um diálogo com os diversos
campos presentes na escola. Valoriza as relações interpessoais e a discussão
coletiva sobre os temas. Busca soluções para os problemas elaborando projetos
específicos. Cabe ao O.E identificar o que pode ser melhorado na prática
pedagógica como um todo.
O orientador valoriza a dinâmica das relações e nesse sentido estão presentes conflitos, tensões, divergências; estão presentes os saberes e as emoções; estão presentes as diferenças, as igualdades, os limites e as possibilidades. (GRINSPUN,2006, p.79)
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O trabalho do orientador como já foi dito, é dinâmico. E segundo os
grandes teóricos da orientação educacional que foram mencionados nesse
trabalho, ele precisa observar sua escola, conhecer sua história e necessidades,
os movimentos ali presentes, seu público, identificar o que é preciso
desenvolver, quais os objetivos são necessários alcançar. Não existe uma
receita pronta, mas sim muita flexibilidade e comprometimento por parte desse
profissional.
A dimensão atual caminha para a construção de uma nova prática da Orientação, para um novo fazer do orientador, que não está pronto e acabado na escola, e sim deverá ser gerado e iniciado na escola, com o aluno, a partir de suas reais necessidades. O eixo condutor do trabalho do orientador é construir, junto com o aluno, as condições facilitadoras e desejáveis ao seu desenvolvimento, o mais pleno possível. (GRINSPUN, 1996, p.148)
A maior preocupação do O.E é com o aluno e daí sua importância
fundamental no âmbito escolar. São sujeitos sendo formados, desenvolvendo
suas ideias sobre o mundo e a vida. Incentivá-los a desenvolverem seus
pensamentos é a grande importância do orientador educacional. O aluno é
entendido como um ser em construção e sua liberdade para tanto é
fundamental.
A Orientação Educacional não integrará mais os planejamentos pedagógicos das escolas, de forma desvinculada ou reducionista, nem corroborá os ditames legais, como forma de se abster de suas reais intenções e possibilidades. Não somos alienistas nem “donos do mundo”. Somos educadores que procuram caminhar na estrada solidária do conhecimento, da afeição. (IDEM, p.27)
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A profissão de Orientador Educacional é de suma importância, pois
nunca deixará de existir. Sua tarefa está diretamente ligada ao educar, e a
educação nunca deixará de existir. Sempre teremos sujeitos sendo formados e
forças de resistência à ideologias que castram a liberdade de pensamento.
Sempre teremos alunos que necessitam de orientação para se conhecerem
melhor enquanto seres que existem no mundo. O orientador é um humanista,
pois aposta numa ideia de homem livre, capaz de desenvolver tudo aquilo que
suas potencialidades lhe permitirem. Valoriza a vida e a experiência enquanto
conhecimento.
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CONCLUSÃO
Partindo da ideia de que o papel do orientador educacional é de suma
importância no âmbito escolar, este trabalho foi desenvolvido de forma a
constatar essa afirmação. Acreditamos termos chegado à resposta para a
hipótese, Já que foi constatado que o orientador, no âmbito escolar, exerce o
papel e é um educador, responsável por orientar jovens a construírem seus
projetos de vida e suas identidades.
Para melhor entendimento da estrutura do trabalho, num primeiro
momento, no capítulo I, uma breve história da orientação no Brasil foi contada
para melhor entendermos a profissão. Todas as dificuldades foram abordadas
nesse contexto. No mesmo capítulo, o conceito de educação foi elucidado de
maneira a fundamentar a prática desse educador mostrando de qual educação
estamos falando.
Para fundamentar o papel do orientador educacional, no capítulo II
abordamos os desafios da educação. Foi necessária a elucidação desses
desafios para delimitar as tarefas da orientação frente às mudanças atuais, além
daquelas dificuldades sempre presentes numa sociedade de classes como a
nossa, injusta e cruel com os menos favorecidos.
Finalmente no capítulo III chegamos à questão da importância do
orientador educacional. Acredito que a hipótese tenha sido elucidada
satisfatoriamente, já que chegamos à conclusão que o trabalho do O.E é
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imprescindível no âmbito escolar como articulador entre professores e alunos e
entre estes e a escola. Foi mostrado que a grande responsabilidade do
orientador é com o aluno, já que é este que precisa desenvolver um projeto de
vida para se autoconhecer e ter uma formação de qualidade para a vida.
O trabalho de pesquisa bibliográfica foi desenvolvido de maneira a
atender os objetivos colocados no plano de pesquisa, fundamentando as ideias
baseadas nos maiores expoentes em matéria de orientação educacional e
educadores abaixo citados.
Para fecharmos o trabalho, respondemos e fundamentamos a
questão proposta com a ajuda essencial e fundamental dos grandes educadores
Carlos Brandão, Mírian Grinspun, Regina Leite Garcia, Heloísa Luck, Nietzsche
(que apesar de não ser um educador, pensava o conceito de educação para a
vida com maestria) entre outros citados.
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BIBLIOGRAFIA
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação? São Paulo: Brasiliense,
2007. (Coleção Primeiros Passos)
DIAS, Rosa Maria. Nietzsche Educador. Série Pensamento e Ação no
Magistério. São Paulo: Scipione, 1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 35 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2003.
GARCIA, Regina Leite (org.). Orientação Educacional: O trabalho na escola. São
Paulo: Loyola, 1994.
GRINSPUN, Mírian P.S. Zippin (org.).A Prática dos Orientadores Educacionais.
São Paulo: Cortez, 1996.
. A Orientação Educacional: Conflito de
Paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2011.
____________________________. Supervisão e Orientação Educacional. São
Paulo: Cortez, 2006.
LARROSA, Jorge. Nietzsche e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
LUCK, Heloísa. Ação Integrada.11 ed., Petrópolis: Vozes, 1994.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UMA BREVE HISTÓRIA 11
1.1 – O conceito de educação que buscamos 17
CAPÍTULO II
ENFRENTANDO OS DESAFIOS ATUAIS 24
2.1 – Globalização e Sociedade Capitalista 25
2.2 – Fracasso e Evasão Escolar 28
2.3 – Formas Alternativas de Educação 33
2.3.1 – Educação à Distância 34
2.3.2 – Educação Comunitária 35
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL 38