universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · 2010-08-29 · ... voltada para o que ocorre...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
LEITE – CUSTO DE PRODUÇÃO
Por: Darwin Monteiro da Silva Filho
Orientador
Prof. Ana Cláudia Morrissy Machado
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
LEITE – CUSTO DE PRODUÇÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Engenharia da
Produção.
Por: Darwin Monteiro da Silva Filho
3
AGRADECIMENTOS
....à minha esposa Carla, à minha filha
Bianca aos meus sogros e à minha
cunhada, agradeço pelo incentivo e
apoio.
4
DEDICATÓRIA
.....à minha mãe (in memoriam) pelo
esforço e dedicação para que, através
dos estudos, eu pudesse adquirir
conhecimentos necessários para bem
executar a profissão escolhida por mim.
5
RESUMO
Em épocas passadas a produção pecuária de leite e corte era feita de
forma extensiva não se levando em conta os custos de produção. Hoje em
uma economia de escala e globalizada, somente uma produção bastante
tecnificada e com seus custos controlados sobrevive. O presente trabalho
monográfico tem como objetivo apresentar a importância da escrituração e de
uma assistência técnica competente para o sucesso de uma fazenda produtora
de leite a pasto pois, em um país com as dimensões e as características do
Brasil esta parece ser a forma mais adequada. O principal argumento para
utilização do pastejo para se produzir leite está centrado na redução dos
custos de produção. Isso se dá pela diminuição das despesas com alimentos
concentrados, combustíveis e mão-de-obra, sem contar com a dispensa de
investimentos em instalações, especialmente aquelas destinadas ao abrigo de
animais e maquinaria. O pesquisador da Embrapa-Gado de Leite, Leovegildo
Lopes de Matos, argumenta que "apesar de a receita do leite produzido a
pasto ser menor que a do sistema em confinamento, a margem bruta de lucro
tem se mostrado superior" nos estudos comparativos que tem feito. Dentro do
ambiente econômico de busca da eficiência para competir no mercado, ele
sugere uma mudança na velha fórmula do sistema confinado "produção
máxima = lucro máximo" para "nível de produção ótimo = lucro máximo", do
sistema a pasto.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a confecção desta monografia foi um trabalho de
pesquisa em sites especializados (EMBRAPA, EMATER-MG, ESALQ/USP,
EPAMIG), em livros acadêmicos cujos principais autores utilizados foram Otaliz
de Vargas Montardo, Breno Kirchof, A. Engel / L. M. Antunes, Nelson Ignácio
Hadler Pupo, Walter Cazelatto Batistton e Paulo Mário B. Vasconcellos, em
revistas acadêmicas ou informativas da área tais como Balde Branco, DBO e
Mundo do Leite e através de experiências vividas no dia-a-dia em minha
fazenda ou em fazendas vizinhas gerando com isso, muitas vezes de forma
dolorosa, a percepção da necessidade da coleta de dados através da
escritução para aí sim podermos analizar os custos de produção de uma
fazenda produtora de leite a pasto.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Produção de Leite 10
CAPÍTULO II - Principais Raças Leiteiras 16
CAPÍTULO III - Ações do Produtor Além da Porteira 19
CAPÍTULO IV - Planejamento da Produção de Leite a Pasto 21
CAPÍTULO V – Custos e Receitas na Produção de Leite a Pasto 27
CONCLUSÃO 39
ANEXOS 45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 59
ÍNDICE 61
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
8
INTRODUÇÃO
A atividade leiteira está presente em um grande número de
propriedades, onde a inexistência de registros técnicos e econômicos, a
ocorrência de pastagens degradadas, baixa produtividade leite (1.200
L/ha/ano) e baixa taxa de lotação (1,2 UA/ha/ano) são aspectos comumente
observados.
Para produzir leite é preciso ter como elementos básicos o produtor, o
clima, a propriedade com forragens, a vaca em lactação, algumas instalações
muito básicas e utensílios.
Para produzir leite com controle da atividade e consciente de suas
possibilidades de sucesso a complexidade aumenta. Para ter sucesso pode-se
dividir as iniciativas do produtor em relação a sua propriedade em duas.
Primeira iniciativa - Voltada para o que ocorre além da porteira.
Segunda iniciativa - Diz respeito às atividades do produtor dentro da
propriedade. Envolve as funções de administração, isto é, planejamento,
organização, direção e controle, para gerir lucrativamente seu
empreendimento. O controle será a função da administração mais focada.
O acompanhamento dos custos de produção e da eficiência zootécnica
é fundamental para se avaliar a rentabilidade econômica do empreendimento.
Se o preço do leite se mantiver abaixo do custo de produção por longo
período, o produtor é forçado a melhorar a eficiência produtiva, principalmente
pela adoção de novas tecnologias, sob pena de ter de trocar de atividade
econômica (Alves & Assis, 2000).
Nos sistemas de produção de leite predominantemente a pasto, com
mão-de-obra familiar, deve-se dar especial atenção à receita advinda da venda
de bezerros e matrizes de descarte que, normalmente, é maior que a oriunda
da venda de leite.
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Sendo assim, é importante analisarmos o custo de produção além de
verificarmos os modelos de escrituração adotados, com a análise financeira
decorrente.
A disponibilização de dados e informações, através da transferência de
tecnologia dos órgãos governamentais de extensão rural, melhora a interface
entre pesquisa – extensão – produção.
Exemplos: 1) Programa Balde Cheio da EMBRAPA Pecuária Sudeste;
2) Programa Minas Leite da SEAPA-MG / EMATER – MG.
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CAPÍTULO I
A PRODUÇÃO DE LEITE
“Na natureza não há punição nem recompensa, há consequência” (GR nº198,
abril/02).
O leite é considerado o mais nobre dos alimentos e indispensável para
alimentação de jovens e velhos. Quando de boa qualidade, pode ser
conservado, mantendo gosto e valor nutritivo. Um leite de boa qualidade é
essencial para a produção industrial e para estimular o consumo dos
habitantes das grandes cidades.
Para produzir leite de boa qualidade, observe as seguintes sugestões:
1) Utilize sempre recipientes bem lavados e mantidos de boca para baixo, para
que fiquem bem secos;
2) Verifique se a vaca a ser ordenhada não apresenta mastite, pois seu leite
poderá contaminar o produto pelo elevado número de microorganismos que
contém;
3) Faça a limpeza das tetas e das mãos;
4) Evite a queda no balde de qualquer substância que possa contaminar o
leite.
5) Use um coador apropriado para evitar sujeiras no leite colocado no latão;
6) Havendo refrigeração, resfrie o leite o mais rápido possível, ou deixe os
latões em locais frescos, sombrios, fora dos raios do sol;
7) Lembre-se que acidez indica que houve contaminação do leite com
microorganismos;
8) Leite puro, limpo e bem conservado significa garantia de colocação e melhor
aceitação pelo consumidor;
9) Nenhum produto químico deve ser adicionado ao leite, pois pode ser
prejudicial a saúde, afetando a indústria e a qualidade final do produto.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
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Existem basicamente três (3) sistemas de produção de leite a pasto:
a) Sistema extensivo: onde os bovinos buscam o seu alimento
(pastejo);
b) Sistema semi-confinado: onde parte do alimento e trazido até os
bovinos (pastejo e cocho);
c) Sistema confinado: onde todo o alimento é trazido até os bovinos
(cocho).
Quanto ao tipo de alimento, podemos considerá-los como:
a) Volumosos: quando o teor de fibra bruta é superior a 18% na matéria
seca (capins verdes, silagens, fenos, palhadas, etc.);
b) Concentrados: quando o teor de fibra bruta é inferior a 18% na
matéria seca. Estes podem ser classificados como protéicos (quando
tem mais de 20% de proteína na matéria seca) ou energéticos
(quando tem menos de 20% de proteína na matéria seca).
1.1 – A produção de leite a pasto
Será adotado como parâmetro para que uma propriedade rural seja
considerada como produtora de leite a pasto aquela em que este constitui o
principal volumoso (mais de 50% da matéria seca) consumido pelo rebanho.
O Brasil é considerado o país com o mais baixo custo e o de maior
competitividade mundial na produção de leite a pasto (Assis, 1997; Brookes,
1996).
Para a produção de forragens tropicais dependemos da fertilidade do
solo, da água, da luz e da temperatura. Na região sudeste do Brasil, mesmo
que a fertilidade do solo seja alta, 75% ou mais da produção do pasto
concentra-se nos meses quentes e chuvosos (Rolim, 1980), sendo necessárias
alternativas “de cocho” para a complementação da alimentação do rebanho.
As forrageiras tropicais mesmo com irrigação e boa fertilidade do solo
têm sua produçao, em quantidade e qualidade, bastante diminuida nos
períodos de “inverno” pela menor luminosidade com dias mais curtos, bem
como pelas temperaturas inferiores a 15ºC durante a noite (Rolim,1980).
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No sul de Minas Gerais o pasto é normalmente abundante de
novembro até abril, podendo com irrigação aumentar este período em
aproximadamente um (1) mês, ou seja, podemos utilizar o pastejo de forma
plena por até sete (7) meses do ano. Nos outros cinco (5) meses restantes é
necessário que o produtor complemente de forma significativa a alimentação
do gado. Esta complementação pode ser feita com silagem (normalmente de
milho), cana com uréia, capineira, etc.
Consideraremos, portanto como sistema de produção a pasto aquele
em que utilizamos o sistema extensivo no verão e o sistema semi-intensivo no
inverno porém, ambos com baixa utilização de alimentos concentrados tendo
como consequência direta uma diminuição nos custos de alimentação e de
mão-de-obra, itens de maior impacto financeiro na pecuária leiteira.
1.2 – Exigências nutricionais
Para produzir, a vaca tem que sintetizar os compostos que fazem parte
do leite, precisa mobilizar nutrientes do próprio corpo e ter sua atividade
metabólica alterada. Por esses motivos é que a alimentação, a saúde e o bem-
estar do animal são fatores muito importantes para se obter leite de uma vaca
leiteira. O bom trato da vaca deve ser caracterizado pelo esforço de oferecer
ao animal tudo que ele necessita, para que dê em troca bezerros e leite, que
serão vendidos para a formação da receita bruta da fazenda.
Preste atenção nos seguintes pontos para saber se a vaca está sendo
bem manejada:
1) Após o parto, a boa vaca perde peso, porque tem a necessidade de
retirar nutrientes de seu corpo para ajudar na secreção do leite. Por
esse motivo é essencial que, antes do parto, esteja com boas reservas
corporais, o que se consegue alimentando bem a vaca durante toda a
lactação anterior.
2) Se depois da parição a vaca for bem alimentada, o cio deve retornar de
1 a 2 meses e, mesmo emagrecendo as funções reprodutivas estarão
bem restabelecidas. A manutenção do bezerro mamando tende a
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retardar a volta ao cio, mas não impede seu aparecimento dentro de um
período de 3 meses.
3) O período adequado para o fornecimento de ração é no início da
lactação época em que a vaca é mais eficiente, produz mais leite e
precisa receber um ajuda. Se o alimento volumoso for de boa qualidade
, basta fornecer um quilo de ração para cada 3 litros de leite produzidos.
4) Combata bernes, carrapatos, vermes e procure oferecer à vaca, água e
sombra para repouso. Não faça o animal correr, para economizar
energia e evite caminhadas muito longas. O bem-estar é importante
para a produção de leite. Faça com o Médico Veterinário um bom
programa sanitário para o rebanho.
5) Em qualquer sistema de produção o sal mineral de boa qualidade é
considerado fundamental, na seca ou nas águas, para a manutenção da
produção, da sanidade e da fertilidade dos bovinos. Forneça sal mineral
de boa qualidade durante todo o ciclo e, se possível procure forçar a
ingestão desse suplemento, colocando quantidades especificadas nas
rações ou sobre qualquer alimento disponível no cocho.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
1.3 – Controle sanitário
VACINAÇÕES - O estado sanitário do rebanho deve ser mantido o
melhor possível, assim devemos utilizar as vacinas, as quais são ótimos
aliados na prevenção das doenças.
Começando com a vacina contra agentes da febre aftosa, que deverá ser
aplicada de acordo com o calendário oficial do governo . A vacina contra os
agentes do carbúnculo sintomático ou manqueira, deve ser aplicada a partir
dos 2 meses de idade e repetida a cada 6 meses até os 2 anos de idade.
Contra a leptospirose, de 6 em 6 meses, no gado adulto, e contra a brucelose,
deverá ser feita nas fêmeas na idade entre 3 a 8 meses no gado mestiço e
entre 3 a 6 meses no gado puro. Outras vacinações deverão ser realizadas
somente em caso de surto.
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VERMINOSE - O combate a verminose deverá ser realizado em animais
jovens até os 2 anos de idade, com quatro aplicações de produto de amplo
espectro, sendo 3 aplicações na época seca (abril, julho e setembro), e uma de
segurança na época das águas (dezembro). Os animais adultos devem
receber duas aplicações, sendo uma em abril e outra em setembro.
HEMOPARASITAS - Grandes prejuízos tem sido atribuídos aos agentes
causadores da Tristeza parasitária. A convivência com esses agentes, nos
torna atentos aos primeiros sintomas, pois são doenças que de um modo geral
acometem todos os animais. A partir do momento que ocorrem, quando
medicados em tempo hábil, os animais recuperam-se e adquirem a condição
de premunidos, passando a ter resistência aos agentes da doença. A
premunição natural, por meio de um carrapateamento lento e crescente dos
bezerros, desde cedo, permite que adquiram imunidade, sem sofrerem
severamente com a doença.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
1.4 – A ordenha
A mamite é um dos pontos de estrangulamento dos mais importantes da
atividade leiteira. A ordenha bem realizada diminui o risco de aparecimento
deste mal que acarreta enormes prejuízos. Desta forma, existem normas que
devem ser seguidas para que tenhamos um manejo correto:
1) Começamos com a lavagem do úbere com água corrente para retirar o
excesso de sujeira, principalmente nas tetas. Em seguida deve-se
enxugar com papel toalha;
2) As mãos do ordenhador deverão ser lavadas com água e sabão para
evitar contaminação dos animais;
3) A ordenhadeira deve estar regulada e as peças em perfeito estado, sem
acúmulo de sujeira, que poderá ser fonte de contaminação;
4) Deve-se realizar o teste "CMT" mensalmente, para detecção de mamite
subclínica, pois é um indicativo para o nível sanitário do rebanho;
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5) A cada ordenha deve-se realizar o teste com a caneca telada ou de
fundo escuro, para detecção de mamite clínica. Se o animal apresenta-
se positivo a este teste, não deve ser ordenhado mecanicamente.
Deverá ser levado a outro local e ser ordenhado a mão e o leite não
deve ser despejado no recinto do curral;
6) A ordenha deve ser contínua e bem feita, para que não haja
traumatismos e nem interrupção da descida do leite;
7) Ao final da ordenha, o quanto antes, deve ser usada uma solução iodo-
glicerinada para a prevenção da mamite;
8) Vacas que apresentam mamites incuráveis, mesmo que seja em um só
quarto, devem ser eliminadas do rebanho, pois tornam-se transmissoras
da doença.
OBS.: Em rebanhos controlados, deve ser realizado antibiograma
semestral, para a escolha do antibiótico mais eficaz a ser utilizado.
As vacas em final de lactação deverão ser secas completamente antes de
serem levadas ao pasto de descanso dessa categoria.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
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CAPÍTULO II
PRINCIPAIS RAÇAS LEITEIRAS
2.1 – As raças puras
As principais raças européias especializadas para leite são a Holandesa,
a Parda-Suíça, a Jersey, a Guernsey e a Ayrshire (Anexo 1). Elas também
apresentam uma alta produção de leite no Brasil, desde que recebam manejo
adequado, ou seja, tenham uma condição semelhante ou aproximada daquela
que recebem estas raças nos países mais desenvolvidos. Indiscutivelmente,
elas são as raças preferidas e recomendadas para as boas condições de
manejo. Já as raças zebus como a Gir, a Guzerá e a Sindi são mais resistentes e
adaptáveis às condições adversas de manejo (Anexo 1), mas, em geral,
apresentam um potencial menor de produção, exceto naqueles criatórios onde
se vêm fazendo criteriosos trabalhos de seleção. O teste de progênie, nas
raças Gir e Guzerá, coordenado tecnicamente pela Embrapa Gado de Leite
tem sido a principal ferramenta para se obter uma população zebuína de maior
potencial de produção. Um número significativo de touros provados já se
encontra disponível na raça Gir e tem contribuído muito para a melhoria dos
rebanhos puros e mestiços.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
2.2 – As raças cruzadas (Europeu x Zebu)
O cruzamento nada mais é do que o acasalamento entre animais de
raças diferentes, e tem como finalidade reunir em um só animal as
características desejáveis de duas ou mais raças (Anexo1). Neste caso, as
raças européias, geralmente a Holandesa, contribuem com genes para
produção de leite, enquanto as raças zebus, geralmente a Gir ou Guzerá,
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contribuem para adaptação e resistência. Neste tipo de acasalamento ocorre o
fenômeno da heterose, também chamado de vigor híbrido, no qual os
descendentes dos cruzamentos apresentam maior vigor geral do que a média
dos pais. Quanto mais distantes ou diferentes as duas raças em cruzamento,
na origem e parentesco, maior é o nível de heterose, o que é altamente
vantajoso. A heterose se manifesta em diversas características, principalmente
nas de reprodução, produção e resistência a doenças e parasitas, e deve ser
explorada em seu máximo.
O "meio-sangue" europeu x zebu, também chamado F1 , é o grupo
genético que apresenta o grau máximo de heterose, 100%, e seu desempenho
produtivo e econômico vem sendo comparado a outros cruzamentos,
objetivando atender principalmente aos criadores de gado "mestiço" ou
"cruzado", ou seja, naquelas propriedades onde o manejo não é totalmente
adequado para a exploração de raças puras especializadas. Baseado nos resultados de pesquisa, conclui-se que a utilização de
animais F1 é uma alternativa recomendada para aqueles produtores cujo
manejo não é suficiente para se explorar as raças puras especializadas.
A maior vantagem para o produtor de leite é a boa produtividade e
lucratividade das fêmeas F1, principalmente no nível "baixo" de manejo. Uma
desvantagem pode ser a dificuldade na reposição destas fêmeas, tornando-se
necessária a sua aquisição de terceiros. Entretanto, o seu bom desempenho
justifica economicamente o seu maior custo na aquisição. Existem também os
riscos sanitários devido à comercialização intensa, o que pode ser contornado
através de uma vigilância sanitária efetiva nos rebanhos produtores de F1.
O cruzamento alternado, ou seja, o uso de touros ou sêmen de uma
raça em uma ou mais gerações, geralmente a Holandesa, e a "volta" com
touros zebus leiteiros, Gir ou Guzerá, é também uma alternativa viável e
apresenta um bom desempenho. O uso de touros mestiços facilita em muito o
manejo reprodutivo, mas só será vantajoso se utilizar touros mestiços
comprovadamente superiores, ou seja, touros provados e positivos através de
testes de progênie, para compensar a grande perda de heterose que ocorre na
bimestiçagem.
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A utilização de gado “mestiço” é bastante comum nas fazendas
produtoras de leite a pasto pois, além de ser um gado resistente e produtivo os
seus machos são mais adequados para a comercialização do que os das raças
puras européias.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
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CAPÍTULO III
AÇÕES DO PRODUTOR ALÉM DA PORTEIRA
No Brasil em geral, coexistem dois tipos de mercado de lácteos, ambos
de grande expressão econômica, conhecidos como informal e formal em que,
no primeiro, o leite e seus derivados não sofrem praticamente qualquer tipo de
fiscalização sanitária ou tributária por parte do governo.
Indústrias de lácticínios de médio e grande porte coletando
principalmente médios e grandes volumes de leite, transformando-os no tipo
"longa vida", leite em pó, iogurtes, bebidas lácteas e outros produtos
industrializados convencionais, frequentemente convivem ao lado de centenas
de pequenas "fabriquetas" artezanais, além da venda de leite crú a domicílio,
esta ainda bastante significativa pelas cidades de médio e pequeno porte.
É interessante notar que, onde ocorre fortemente, essa coexistência se
reflete favoravelmente na formação do preço do leite para o produtor, uma vez
que o conjunto das fabriquetas, com sua grande capilaridade e oferta de
benefícios indiretos ao produtor (pagamento em espécie, sem retenção, coleta
na porteira da fazenda e devolução de 50% do soro para criação de suinos),
exerce forte competição na coleta de leite, contrapondo-se ao poder de
monopólio das grandes indústrias. Além do que essas fabriquetas estão
simbioticamente associadas á suinocultura o que permite o uso
ambientalmente não danoso do soro resultante da fabricação queijeira.
Assim é que, como alternativa à integração ao setor industrial de grande
porte, que para o pequeno produtor de leite significa associar-se de modo a
tornar-se um grande fornecedor - análises do setor indicam que pequenos
volumes serão progressivamente recusados no processo de implantação da
coleta granelizada. Para tanto, padrões de qualidade precisam ser
regulamentados, cujo estabelecimento requer ações de apoio governamental
para redução do custo da formalização, nelas incluindo redução de impostos,
financiamentos para melhoria da infraestrutura, com compra de equipamentos
e revisão da legislação sanitária quando existente.
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A diferenciação e a valorização do produto incorporando fundamentos
da produção agroecológica de leite e derivados, poderá se constituir, a médio e
longo prazos, em outra via de sustentabilidade para a pequena e média
produção. Neste sentido, a produção de leite a pasto naturalmente favorável à
saúde animal, e com menor requerimento de insumos para correção da
fertilidade dos solos, oferece vantagens comparativas relevantes. Obviamente
que a organização e a capacitação dos produtores será de fundamental
importância para a obtenção da qualificação necessária para a acesso a um
mercado mais exigente.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
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CAPÍTULO IV
PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO DE LEITE A PASTO
4.1 – Formação e manejo de pastagens
Uma forragem que cresce em solo pobre também é pobre e não
agüenta um número elevado de animais por unidade de área. Adotando um
conceito diferente, os níveis de produtividade começam a ser definidos pela
fertilidade do solo destinado às pastagens. Para a formação de um bom pasto,
faça o seguinte:
1) Analise o solo, aplique calcário e prepare a gleba com capricho na
época adequada. Antes, mate formigas e cupins, não se esquecendo da
vizinhança.
2) Escolha a espécie a ser plantada. Se usar capim elefante ou colonião,
os resultados serão melhores, porque são forragens de alta produção. A
área a ser formada será pequena e os custos de formação reduzidos.
3) Utilize análise de solo para definir como adubar e que quantidade de
fertilizante deve ser aplicada no solo, antes e durante o plantio.
4) Espere a chegada das chuvas para garantir um bom estabelecimento
dos pastos.
5) Se o plantio for de capim elefante, escolha mudas de 90 a 120 dias de
idade, com gemas protuberantes e sem brotação. Não retire as palhas
que envolvem os colmos.
6) Faça sulcos com 10 a 15 cm de profundidade e espaçados de 80 cm a 1
metro e distribua o adubo de plantio no fundo. Coloque 10 a 15 gemas
por metro linear e cubra as mudas com 5 cm de terra.
7) Para semeadura do colonião, o solo deve estar bem destorrado para
permitir o bom contato da semente com a terra. Adquira sementes
certificadas para garantir um bom estabelecimento do pasto. A
quantidade de semente utilizada depende do valor cultural.
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8) A semeadura deve ser superficial, pode ser feita a lanço ou
preferencialmente com semeadura de pasto com espaçamento de 15 a
20 cm entre linhas. Somente o adubo fosfatado de plantio pode ser
misturado - ou não - com a semente.
9) A compactação do solo após a semeadura é de importância
fundamental, deve ser feita com a finalidade de proporcionar maior
contato do solo com a semente, utilizando-se rolos de concreto, de
pneus ou do próprio trator. Não use grade para cobrir a semente.
10) O pasto estando bem formado, pode começar a ser utilizado de 45 a 60
dias após o plantio. O início requer cuidados especiais, adequando o
uso ao manejo recomendado para a espécie a ser utilizada.
TABELA DE CATEGORIA ANIMAIS CORRESPONDENTE A UNIDADES
ANIMAIS (UA) PARA CÁLCULO DA LOTAÇÃO EM PASTAGENS:
Touro - 1,5 UA
Vaca - 1 UA
Novilhas 0 a 1 ano - 0,5 UA
Novilhas 1 a 2 anos - 0,75 UA
Novilhas 2 a 3 anos - 1 UA
Uma vez que os pastos foram bem estabelecidos, deve-se agora utilizá-
los de maneira correta e racional, a fim de manter níveis ótimos de fertilidade
do solo, evitando a sua degradação e contando com eles para sempre. Um
bom pasto significa produção econômica e lotações elevadas por unidade de
área.
Para um bom manejo siga as seguintes recomendações:
1) O pastejo rotativo possibilita o uso uniforme da gleba, garante ao animal
forragem de alta qualidade e possibilita tempo de recuperação para a
planta. Use cerca elétrica para dividir a gleba com economia. Cada
espécie forrageira tem período ideal de repouso após cada pastejo.
2) No início do período chuvoso, deve-se estabelecer uma altura de
pastejo de 30 a 40 cm para o capim elefante e de 20 a 30 cm para o
colonião, de maneira a estabelecer uma base para o chamado "pastejo
alto". Com essa proposta, procura-se eliminar os pontos de crescimento
dos perfilhos.
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3) A uniformização do pastejo depende do número de animais por unidade
de área. Recomenda-se iniciar com o oferecimento de 60 a 70 m2 de
pasto por vaca/por dia de pastejo. Realizar o ajuste de maneira que,
após o pastejo, ainda existia um pouco de folhas no perfilho.
4) Verifique se houve eliminação do ponto de crescimento e se a altura do
pasto não está acima de 30-40 cm. Havendo necessidade, acerte a
altura com uso de facão.
5) Logo após a saída dos animais, adube o pasto com N-P-K somente no
período de outubro a março; não há necessidade de esperar a chuva
para adubar.
6) Na seca, a produção do pasto pasto cai, havendo necessidade de
suplementação com volumoso. Mesmo assim, continue utilizando os
pastos com um número menor de animais ou por menor tempo.
7) Providencie água, sal mineral e sombra para os animais em pastejo,
destinando uma área fora dos piquetes para tal fim.
8) No início das chuvas do ano seguinte, rape e adube um piquete por dia.
Só use roçadeira se o piquete estiver muito alto e a touceira muito
densa. Obedeça o período de descanso para iniciar o uso de cada
piquete.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
4.2 – Controle leiteiro
A caracterização de uma fazenda boa produtora de leite só pode ser
feita se o fazendeiro controlar quanto e como a vaca produz. Olhando ou
examinando a matriz, não existe a possibilidade de saber a sua capacidade. O
conhecimento de sua maior produção é essencial para avaliar o animal. O
controle leiteiro é uma medida eficaz para conhecer, avaliar e tratar cada vaca,
porque:
1) Pesando o leite todo mês, pode-se verificar não só a qualidade, mas
também se a vaca é capaz de segurar o leite por pouco ou muito tempo.
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2) Torna-se possível identificar a persistência de produção, que é uma
característica das mais importantes da vaca leiteira, pois, sendo alta,
garante a produção elevada e período de lactação mais longo.
3) A persistência é uma característica genética e cada animal apresenta
uma característica própria de produzir e, assim sendo, não há
necessidade de oferecer uma nova chance às vacas que não
conseguem segurar o leite com o passar do tempo.
4) As vacas com boa persistência são também boas produtoras e, por isso,
merecem receber um trato especial para que possam também
reproduzir e, assim, participar de maneira mais eficiente no processo
produtivo.
5) As vacas de baixa persistência, caracterizadas pelo controle leiteiro,
devem ser descartadas do rebanho.
6) Colete todos os dados, guarde-os para haver possibilidade de calcular a
produção e analisar o comportamento da vaca durante a lactação.
7) Na ocasião de seleção, o conhecimento das produções auxilia as
decisões para a venda ou manutenção das vacas no rebanho da
fazenda.
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
4.3 – Índices zootécnicos
Somente com todos os índices zootécnicos na mão, seria possível
detectar o que vai bem e o que vai mal no seu rebanho. Ou melhor, eles irão
dizer onde estão os erros e os acertos no manejo e facilitar o seu trabalho no
ajuste da reprodução e produção do seu sistema.
No entanto é essencial que você faça todas as anotações das datas de
cobrição, diagnóstico de gestação, data da desmama (secagem), controle
leiteiro, data da parição e pesagem de animais em crescimento.
Fichas do Programa Itambé de Aumento da Produtividade do Rebanho
Leiteiro, o SCRIIT (Sistema de Controle de Índices do Rebanho Leiteiro
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Informatizado Itambé) e também esta caderneta de campo podem auxiliar
nessa tarefa.
E agora, com todas essas datas, vamos fazer cálculos:
1) Intervalo entre partos (IP): é o tempo que decorre entre duas parições
de uma vaca. Para calcular o intervalo entre partos, faça a diferença, em
dias, entre as datas dos dois partos.
Você pode ser auxiliado pela seguinte fórmula:
B1 = A1 X 365 + M1 X 30 + D1
B2 = A2 X 365 + M2 X 30 + D2
IP = B2 - B1
A1 = Ano do parto 1
A2 = Ano do parto 2
M1 = Mês do parto 1
M2 = Mês do parto 2
D1 = Dia do parto 1
D2 = Dia do parto 2
IP = Intervalo entre partos.
Após calcular os intervalos entre partos ocorridos num determinado
mês, tire a média daquele mês e transfira os números para o mês
correspondente no painel de controle de índices zootécnicos.
2) PERÍODO DE SERVIÇO: é o tempo que uma vaca gasta para
emprenhar após uma parição. Calcule o número de dias entre as datas
de parição e a data de cobrição em que realmente houve prenhês num
determinado mês, tire a média e transfira o número para o painel de
controle. Para seu auxílio, utilize a fórmula do item 1.
3) PERÍODO DE LACTAÇÃO: é o tempo que uma vaca permanece
dando leite até secar . Calcule o número de dias entre as datas de
parição e secagem, tire a média de todas as lactações encerradas
naquele mês e transfira para o painel de controle. Para seu auxílio,
utilize a fórmula do item 1.
4) IDADE DAS NOVILHAS AO 1° PARTO: é o tempo que decorre entre
o nascimento da novilha e seu primeiro parto. Calcule o número de dias
entre as datas de nascimento e primeiro parto, tire a média de todas as
26
novilhas que tiveram parto num determinado mês e transfira para o
painel de controle. Para seu auxílio, utilize a fórmula do item 1.
5) PRODUÇÃO DE LEITE NA LACTAÇÃO: é o total de leite que uma
vaca produz numa lactação. Tire a média de todas as lactações
encerradas num determinado mês e transfira para o painel de controle.
6) PRODUTIVIDADE DE ATIVIDADE LEITEIRA: é o total de leite
produzido na propriedade num ano, dividido pela área que está sendo
efetivamente utilizada no processo de produção de leite (pastagens +
cana-de-açúcar + silagem + feno, etc). Faça estes cálculos todos os
meses e acompanhe as melhorias que estão ocorrendo na propriedade.
7) PORCENTAGEM DAS VACAS EM LACTAÇÃO: é o número de
vacas, que estão dando leite, dividido pelo número total de vacas no
rebanho.
ÍNDICES IDEAIS
Intervalo entre partos................ 12 meses
Período de serviço máximo........ 83 dias
Período de lactação................. 10 meses
Porcentagem das vacas em lactação 83%
Produtividade da atividade leiteira 4.000 a 10.000 lts leite / hc / ano
Idade das novilhas ao 1° parto 24 meses
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
27
CAPÍTULO V
CUSTOS E RECEITAS NA PRODUÇÃO DE LEITE A
PASTO
5.1 – Coeficientes Técnicos
Coeficientes técnicos são valores numéricos que expressam uma
relação física entre a quantidade de insumo gasta para produzir uma certa
quantidade de leite. Em geral, no cálculo dos coeficientes técnicos, tanto os
insumos como o leite são quantificados, tendo por base o período de um ano.
Este é o tempo que é normalmente considerado para analisar os resultados
técnicos e econômicos de uma empresa com a produção de leite estabilizada.
Alguns exemplos podem esclarecer este conceito. Suponhamos que os
números abaixo foram anotados em uma fazenda para o período de um ano:
Produção total de leite: 547.500 litros;
Mão-de-obra usada nos serviços de rotina tais como trato e cuidados com o
rebanho, ordenha, limpeza de instalações e máquinas e equipamentos etc.: 3
adultos diariamente (3 x 365 dias = 1095 d.h.); d.h. significa um dia-homem ou
um dia de serviço prestado por um trabalhador adulto.
Ração (concentrados) para 75 vacas em lactação : 246.375 kg
Fertilizantes para a produção de 1600 t de silagem e para as forragens verdes:
sulfato de amônio – 4.000 kg; superfosfato simples – 14.000 kg; cloreto de
potássio – 3.600 kg; calcário – 40.000 kg
Considerando apenas estes insumos, a título de exemplo têm-se os seguintes
coeficientes técnicos:
Mão-de-obra de rotina (manejo do rebanho): 1.095 d.h./547.500 litros = 0,002
d.h./litro;
Sulfato de amônio:14.000 kg/547.500 litros = 0,0255 kg/litro;
Superfosfato simples: 14.000 kg/547.500 litros = 0,0225 kg/litro;
Cloreto de potássio: 3.600 kg/547.500 litros = 0,0066 kg/litro;
28
Calcário: 40.000kg/547.500 litros = 0,073 kg/litro.
Semelhantemente aos exemplos acima, pode-se calcular todos os
coeficientes técnicos para os mais diversos e numerosos insumos utilizados
no sistema de produção de leite objeto de análise. De posse da lista de todos
os coeficientes técnicos, pode-se calcular e atualizar o custo de produção de
leite por meio de planilhas de custo.
Não se deve confundir o coeficiente técnico, que é uma relação de
insumo gasto para produzir certa quantidade de produto, com o índice ou
indicador de produtividade. Neste caso a relação, também física, é da
quantidade produzida por unidade de insumo. No exemplo acima o índice de
produtividade da mão-de-obra é de 500 litros por 1 d.h. Em outras palavras, o
trabalho de 1 d.h. resulta na produção de 500 litros de leite.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
5.2 – Custos e receitas na produção de leite
O cálculo dos custos totais para as diferentes atividades agrícolas
sempre foi assunto controverso, principalmente por causa do desconhecimento
a respeito dos critérios adotados e os itens de custos considerados pelos
inúmeros estudos encontrados, frutos do competente trabalho de inúmeras
universidades e instituições de pesquisa.
No caso do leite, esta constatação é ainda mais relevante, graças à
complexidade das atividades que envolvem a sua produção primária e às
profundas mudanças que o Sistema Agroindustrial do produto vem tendo nos
últimos anos. O interesse pelo cálculo do chamado "custo do leite" extrapolou
o âmbito universitário e acadêmico e chegou aos agentes privados, indústrias e
produtores que buscam principalmente a racionalização de suas atividades e a
economia em custos, ganhando competitividade nos mercados finais.
Com relação aos objetivos dos cálculos do custo de produção de leite,
devem ser esclarecidos os seguintes aspectos:
Deve ser claramente definido o objetivo do cálculo do custo de
produção. Aqui a pergunta básica é porque calcular o custo? O cálculo
29
de custo tem três objetivos básicos: (1) para fazer comparações com o
custo de outras fazendas; (2) para fazer comparações com o preço
recebido pelo leite; e (3) para corrigir falhas e alterar metas no
processo produtivo;
Deve ser claro o tipo de custo que está sendo calculado, se o custo da
atividade leiteira, considerando criação de animais, produção de
alimentos e produção de leite como um único centro de custos, ou o
custo do leite, separando a atividade de produção propriamente dita da
criação de animais e produção de alimentos.
Para identificação da metodologia para o cálculo, são assumidos as as
seguintes premissas:
Será calculado o custo total da atividade leiteira, considerando, desta
forma, a produção de leite, a produção de alimentos e a criação de
animais como um único centro de custos. Ao fim dos cálculos será
usado mecanismo para obtenção do custo do leite.
O período mínimo para cálculo do custo de produção é de 1 (um) ano.
Será realizado o cálculo do custo depois de realizada a atividade
produtiva, ou seja, de um período passado.
No caso dos insumos para produção e alimentos do rebanho, assume-
se trabalhar apenas com os totais efetivamente consumidos pelas
atividades produtivas. Desta forma, não serão considerados, para efeito
de cálculo, eventuais estoques de insumos e/ou alimentos (esta
observação é válida, embora o pressuposto inicial de cálculo anual dos
custos diminua a importância dos estoques na atividade leiteira).
Todos os cálculos devem ser realizados com valores deflacionados (isto
é, valores reais) devendo o índice de preços e o mês-base utilizados
para o deflacionamento estarem explicitados na metodologia do
trabalho.
Os cálculos devem ser realizados considerando o preço bruto pago
pelos insumos e pelo leite.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
30
5.2. 1 - Itens componentes do custo total da atividade leiteira
Para cálculo do custo total da atividade leiteira, devem ser considerados
todos os seguintes itens:
Alimentos concentrados: rações completas e/ou componentes para
elaboração de rações completas (como farinhas e farelos) adquiridos nos
mercados de insumos. Componentes para elaboração de rações completas
produzidos na própria fazenda (neste caso, devem ser considerados todos os
insumos utilizados para produção dos referidos alimentos, como fertilizantes,
defensivos, sementes e outros).
Alimentos volumosos: alimentos produzidos na propriedade e utilizados
como volumosos na alimentação do rebanho (neste caso, devem ser
considerados todos os insumos utilizados para produção dos referidos
alimentos, como fertilizantes, defensivos, sementes e outros). Alimentos
adquiridos para finalidade de utilização como volumosos na alimentação dos
rebanhos, como fenos e outros.
Leite para bezerros: o volume de leite destinado à alimentação de
bezerros deve ser considerado como item de custo, a preços idênticos aos
recebidos pelo produtor na venda do produto.
Suplemento mineral: suplementos minerais completos ou componentes
para elaboração de suplementos minerais.
Medicamentos e vacinas: todos os itens relacionados à prevenção e/ou
tratamento de doenças e/ou problemas sanitários no rebanho.
Energia/combustível: neste item são considerados energia elétrica e
combustíveis (álcool, gasolina e óleo diesel) desde que usados nas atividades
relacionadas à atividade leiteira.
Inseminação artificial: todos os materiais empregados para a realização
da inseminação artificial, assim como o sêmen e o nitrogênio para reposição
nos botijões de armazenamento do produto.
Manutenção e reparos:
31
De máquinas e implementos: peças de reposição, óleo lubrificante,
filtros, correias e outros componentes adquiridos para manutenção e reparos
em máquinas e implementos agrícolas. Consideram-se também serviços de
terceiros para reparos nos mesmos equipamentos.
De benfeitorias: material e mão-de-obra para reformas de instalações
usadas na produção de leite, como estábulos, salas de ordenha, bebedouros e
outros.
De pastagens: insumos, material e mão-de-obra contratada na reforma
de pastagens perenes.
BST: gastos com todos os materiais referentes à aplicação da
Somatotropina Bovina, hormônio utilizado em alguns rebanhos para
incremento da produção leiteira.
Material de ordenha: detergentes, toalhas de papel, reagentes e outros
destinados à realização da ordenha.
Despesas administrativas: despesas com telefone, material de consumo
de escritório e outros empregados no gerenciamento da atividade leiteira.
Impostos e taxas: todos os impostos incidentes sobre a atividade leiteira,
além de outros eventualmente presentes, como taxa cobrada por associações
de criadores e taxas de associações de representação de classe. O preço
bruto pago pelo leite, todos os impostos pagos pelo produtor e descontados já
em sua nota mensal a partir do laticínio devem ser considerados e agregados
neste item.
Mão-de-obra permanente: refere-se a todos os salários e encargos
trabalhistas de funcionários contratados de forma permanente e destinados a
toda e qualquer atividade vinculada à atividade leiteira.
Mão-de-obra familiar: é considerada de duas formas concomitantes:
No desempenho das atividades produtivas: isto é, substituindo a mão-
de-obra contratada em funções como ordenha, manejo de rebanho, produção
de forragens e outras. Neste caso, para cada uma das atividades
desempenhadas por membros da família, atribui-se salário compatível à
remuneração encontrada no mercado para a atividade realizada.
Na atividade empresarial: outra forma de remuneração da mão-de-obra
do fazendeiro é a sua retirada monetária da atividade, como empresário. Neste
32
caso, atribui-se valor compatível a cada caso estudado, caso haja efetivamente
algum tipo de retirada por parte do empresário.
Transporte do leite: admitindo que as receitas com a venda do leite
estão considerando o preço bruto pago pelo laticínio, é agregado ao cálculo de
custo total o valor descontado na folha de pagamento referente ao frete do
leite.
Mão-de-obra eventual/serviços prestados: qualquer tipo de serviço
prestado por terceiros e que não se refira a manutenção e/ou reparos de
máquinas, equipamentos e benfeitorias. Neste item são considerados serviços
de assistência técnica, contratação eventual de serviços de máquinas e outros.
Material de consumo: qualquer tipo de material utilizado na mão-de-obra
destinada à atividade leiteira e que não se relacione especificamente a
nenhum item até aqui relacionado.
Depreciação: reserva contábil destinada a gerar fundos necessários
para substituição de bens de produção de longa duração. Determinou-se que
entre os bens passíveis de depreciação constarão todas as máquinas, todos
os implementos, todas as benfeitorias e todos os animais de serviço. Em caso
de separação entre as atividades de criação de animais e produção de leite, é
possível realizar a depreciação das vacas em lactação. O método para cálculo
da depreciação não foi determinado, já que todos os métodos resultam (e
devem resultar) num mesmo valor final a ser depreciado; de qualquer forma,
definiu-se que qualquer que seja o método utilizado este deve estar explicitado
na metodologia do trabalho. Um dos métodos que pode ser utilizado é o
método de depreciação linear, cuja fórmula é a seguinte:
em que:
Valor inicial: valor do bem no início do período. No caso de bens já
usados, este valor deve ser estimado de acordo com a percepção do produtor
e/ou a sinalização do mercado (no caso de existir mercado para bens usados,
como tratores e alguns implementos);
33
Vida útil: normalmente medida em anos ou horas (no caso de tratores).
Para o caso de bens já com algum período de uso, a quantificação da vida útil
dependerá da percepção do produtor e do padrão de manutenção utilizado em
cada um dos casos estudados;
Valor de sucata: assume-se um valor residual, representado por um
percentual do valor inicial do bem, o qual pode ser visto na Tabela 5.
Tabela 5 – Valor de sucata de alguns bens de capital usados na
atividade leiteira.
Item do Ativo Valor residual (em %)
Veículos 10
Máquinas 10
Implementos 05
Equipamentos 05
Construções 05
Cavalos 0
Burros e jumentos 0
Touros Venda com 20 arrobas a R$ 22,00/arroba
Vacas Venda com 13 arrobas a R$ 18,00/arroba
Fonte: Noronha et al. (1999).
Remuneração do capital investido: valor referente à remuneração anual
do capital médio investido na atividade leiteira. Para este cálculo, é usada a
seguinte fórmula:
Remunera-se o capital médio investido em máquinas, implementos,
benfeitorias (estábulos, salas de ordenha e outras) e rebanho (vacas em
lactação, vacas secas, novilhas, bezerras e animais de serviço). A taxa usada
para remuneração do capital médio investido nestes bens de capital deve ser
de 6% ao ano.
Com relação à remuneração do capital investido em terras, a recomendação
inicial é de que não seja utilizada. No entanto, fica a ressalva de que, sendo
considerada, deve ser explicitada a taxa de juros utilizada.
34
Remuneração do capital de giro: Entende-se como capital de giro o
montante de recursos necessários para o desenvolvimento da atividade leiteira
no período em que não exista entrada de capital na forma de receitas
provenientes da referida atividade. Considerando que o produtor aufere pelo
menos uma receita mensal com a atividade, o capital de giro necessário seria
o capital médio gasto em desembolsos efetivos na atividade durante o mês.
Assume-se que se este for capital próprio deve ser remunerado à taxa de 6%
ao ano; em caso de ser capital emprestado, deve ser remunerado à taxa obtida
no empréstimo ou, no limite, à taxa média de mercado, explicitando-se a taxa
utilizada. De qualquer forma, devem ser observadas em cada caso a dimensão
e a necessidade do capital de giro, para posterior remuneração deste. O
cálculo da remuneração sobre o capital de giro deve ser realizado segundo a
seguinte fórmula:
Seguro: valor acrescido aos custos totais como pagamento de seguro
sobre o capital investido na atividade leiteira. Representa uma taxa anual
aplicada sobre o capital médio anual investido, de acordo com a fórmula:
Como regra, assume-se a taxa anual de 0,65% sobre o capital médio investido
em máquinas, implementos, benfeitorias, animais de serviço e rebanho.
Qualquer outro valor utilizado para a taxa anual de seguro deverá ser
explicitado na metodologia do trabalho realizado (por exemplo, para veículos, a
taxa anual normalmente utilizada é de 5% do valor do bem).
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
35
5.2. 2 - Itens componentes da receita total da atividade leiteira
Leite para bezerras: assim como faz parte do custo total da atividade
leiteira, o volume de leite destinado à alimentação de bezerros deve ser
considerado como item de receita, a preços idênticos aos recebidos pelo
produtor na venda do produto.
Leite: o volume de leite comercializado no período deve ser multiplicado
pelo preço bruto constante na nota fornecida pelo laticínio.
Variação do inventário em rebanho: consideram-se como receita os
animais produzidos na fazenda e incorporados ao rebanho, não devendo ser
considerados os animais adquiridos no mercado e incorporados ao rebanho. O
valor a ser atribuído aos animais criados e incorporados ao rebanho deve ser o
de mercado para o período, assumindo-se o mesmo valor para as diferentes
categorias animais no início e no fim do período (na verificação da variação de
inventário animal).
Venda de animais: receitas provenientes da comercialização e/ou
descarte de matrizes, novilhas e bezerras.
Outras receitas: toda e qualquer receita proveniente da atividade leiteira,
como venda de esterco, venda de animais de serviço, venda de sobras de
alimentos concentrados e/ou volumosos e outras.
Critérios para rateio de custos: Sabe-se que, na maioria das vezes, a
propriedade rural não tem no leite a sua única atividade. Desta forma, deve
existir um critério para rateio dos itens de custo incidentes em outras atividades
além do leite, principalmente componentes como máquinas, implementos,
energia elétrica e combustíveis. Os critérios mais empregados para realização
deste rateio são os seguintes:
De acordo com o tempo de uso: principalmente para máquinas e
implementos agrícolas, é considerado o critério ideal, pois reproduz
fielmente a quantidade utilizada de cada máquina em cada atividade. No
entanto, a mensuração do tempo utilizado em cada atividade pode ser
difícil e tornar-se imprecisa, o que constitui-se numa limitação do
método.
36
Participação na renda bruta da propriedade: faz-se o rateio dos gastos
com componentes comuns a várias atividades de acordo com a
participação percentual destas na renda bruta da propriedade agrícola.
Participação na área total: no mesmo princípio do mecanismo anterior, o
rateio pode ser realizado de acordo com a participação das atividades
na ocupação da área total da propriedade.
Participação na movimentação financeira da propriedade: usando o
mesmo princípio, o rateio pode ser realizado de acordo com a
participação percentual das atividades no total da movimentação
financeira (Custos Totais + Receitas Totais) da propriedade.
Seja qual for o método empregado para o rateio, deve ser clara a idéia de
que ele tem de ser realizado e estar claramente explicitado na metodologia do
trabalho.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
5.2. 3 - Custo total da atividade e custo do leite
O custo total da atividade leiteira (CT), dado em Reais por ano, é a
soma de todos os custos apurados nos itens descritos neste trabalho.
Para efetuar o cálculo do custo do leite, deve-se procurar isolar a
produção dos demais setores que fazem parte da atividade leiteira. Propõe-se
o uso da seguinte fórmula:
É importante observar que, principalmente em relação a itens
correspondentes a desembolsos efetivos, como por exemplo gastos com
alimentos, medicamentos, administração e outros, a nomenclatura empregada
para cada item é irrelevante e sua inclusão no custo totais é imediata e
indiscutível. No entanto, deve-se ter mais atenção em itens como depreciação,
remuneração sobre capital e seguro, que não representam desembolsos
efetivos e cuja metodologia de cálculo é menos homogênea.
(Fonte: Embrapa – Gado de Leite).
37
5.3 – Fluxo de caixa
Depois de ter calculado todos os índices zootécnicos e de produtividade
da fazenda, é importante, agora, avaliar a rentabilidade da propriedade de
forma geral. Faça isto anotando suas receitas e despesas mês a mês, junto
com o saldo mensal acumulado. Cada item está indicado nos quadros a seguir.
Após fazer as anotações corretamente, será possível saber onde
realmente estão seus gastos e se eles estão corretos e coerentes, pois o gasto
com cada setor da produção tem uma certa porcentagem sobre o total.
FLUXO DE CAIXA MÊS MÊS MÊS MÊS
1- RECEITAS
1.1. Venda de leite
1.2. Venda de animais
1.3. Outras receitas
TOTAL DA RECEITA
2- DESPESAS
2.1. Mão de obra
2.2.Combustíveis e lubrificantes
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2.3. Horas de máquinas
2.4. Manutenção de equipamentos
2.5. Rações e minerais
2.6. Medicamentos
2.7. Adubos - pastagens
2.8. Adubos - outras culturas
2.9. Inseticidas - herbicidas - inseticidas
2.10. Construções
2.11. Inseminação artificial
2.12. Energia elétrica
2.13. Compra de animais
2.14. Outras despesas
TOTAL DAS DESPESAS
SALDO DO MÊS
SALDO ACUMULADO
(Fonte: Departamento Técnico – Emater - MG).
39
CONCLUSÃO
Dentro da evolução da produção de leite no Brasil, o sistema de
exploração a pasto tem provado que alguns de seus conceitos antigos, quando
devidamente revistos e avaliados, podem se transformar na opção mais
moderna e eficiente para assegurar ganhos econômicos e de produtividade na
exploração. De uma maneira geral, esta foi a tese que norteou as discussões
ocorridas em outubro último, no simpósio promovido pela Embrapa-Gado de
Leite, em Goiânia-GO, reunindo pesquisadores, técnicos e produtores. A
comparação com o sistema de produção por confinamento foi inevitável, o que
serviu para reforçar este como ideal para as regiões próximas aos grandes
centros de consumo, onde se valorize a comercialização do leite tipo
pasteurizado.
O principal argumento para utilização do pastejo para se produzir leite
está centrado na redução dos custos de produção. Isso se dá pela diminuição
das despesas com alimentos concentrados, combustíveis e mão-de-obra, sem
contar com a dispensa de investimentos em instalações, especialmente
aquelas destinadas ao abrigo de animais e maquinaria. O pesquisador da
Embrapa-Gado de Leite, Leovegildo Lopes de Matos, argumenta que "apesar
de a receita do leite produzido a pasto ser menor que a do sistema em
confinamento, a margem bruta de lucro tem se mostrado superior" nos estudos
comparativos que tem feito. Dentro do ambiente econômico de busca da
eficiência para competir no mercado, ele sugere uma mudança na velha
fórmula do sistema confinado "produção máxima = lucro máximo" para "nível
de produção ótimo = lucro máximo", do sistema a pasto.
Matos cita os Estados Unidos como exemplo de busca do "nível ótimo
de produção". Naquele país, onde os sistemas confinados são largamente
utilizados, uma avaliação da utilização de pastagens por produtores do estado
de Nova Iorque mostrou que, em média, eles conseguiram redução anual nos
custos de produção de U$ 153,00 por vaca, o que significa uma poupança de
US$ 0,03 por litro de leite produzido. "A redução nos custos de produção com
a utilização de pastagens foi devida, principalmente, à menor dependência do
40
uso de máquinas e menor consumo de energia e combustíveis, além de
redução do tempo gasto com o manuseio dos dejetos animais", analisa.
O pesquisador diz ainda que a tendência de intensificação da produção
por animal e por área não deve continuar. E ele não está falando só de Brasil.
"Esta tendência vale também para os países da Comunidade Econômica
Européia, onde tal intensificação tem sido suportada às custas de pesados
subsídios". Nos países europeus há também o peso do fator ecologia. "O
impacto dos sistemas intensificados sobre o meio ambiente tem levado a
reformas das políticas ambientais", afirma Matos. Esta preocupação já começa
a fazer parte da realidade brasileira. Em Santa Catarina, estado produtor de
suínos, o governo criou uma rígida inspeção para projetos de confinamento, na
qual o manejo adequado do esterco está entre os quesitos da avaliação feita
pela Fundação de Meio-Ambiente do estado.
É consenso entre pesquisadores e técnicos que o setor leiteiro está
sendo pressionado a se modernizar. A adoção do sistema de produção de leite
a pasto necessita, porém, de planejamento e controle. A atividade deve sair do
modelo tradicional e extrativista que predomina na maioria das propriedades e
adotar um modelo profissional e mais empresarial. Dentre os principais
problemas a serem solucionados está a questão do baixo índice de irrigação
das pastagens e a eficiência dos solos. Na maioria das regiões produtoras, os
solos dedicados a produção de forragem se apresentam degradados e
erodidos. Além disso, as áreas ocupadas por pastagens em geral são
marginais quando comparadas àquelas usados pela agricultura de grãos.
Nesta condição, apresentam problemas de fertilidade natural, acidez,
topografia, pedregosidade ou limitações de drenagem.
O pesquisador da Embrapa-Gado de Corte, Manuel Cláudio Macedo, diz
que a não observação de práticas agronômicas adequadas e de manejo
animal inapropriado tem acelerado o problema de degradação. Explica que
utilização de pastagens dos gêneros braquiária, panicum e andropogon,
principalmente nos Cerrados, tem representado um grande avanço para a
pecuária da região. Um exemplo disso é o estado de Goiás, onde a produção
de leite cresceu 76% nos últimos nove anos, classificando o estado de quinto
para segundo maior produtor de leite do país, só perdendo para Minas Gerais.
41
Mas, "se por um lado a introdução dessas espécies proporcionou aumento de
produtividade, trouxe também sérios problemas decorrentes do mal manejo
das pastagens, gerando queda da sustentabilidade da produção animal", diz
Macedo.
Irrigação em pasto e cana garante dieta com muita economia: O
pesquisador define a degradação das pastagens como um processo dinâmico
de degeneração ou de queda relativa da produtividade. Nesse sentido, ele
observa que, após a implantação ou renovação de uma pastagem, a
produtividade é maior no primeiro e segundo ano de exploração. Quando o
potencial produtivo não é limitado por problemas de clima, solo ou manejo
animal inadequado, estima-se que a produção das pastagens e a produção
animal sejam de 30% a 40% superiores no primeiro ano de exploração em
relação aos quatro anos posteriores. Macedo informa que entre as causas da
degradação estão a má formação inicial das pastagens, sendo comum
constatar práticas inadequadas de conservação e preparo do solo, nos
sistemas e métodos de plantio, na correção de acidez e adubação, além de
manejo errado dos animais na fase de formação. O uso de fogo como rotina,
ausência de adubação de manutenção e excesso de lotação, são outros
fatores apontados por ele.
Práticas como essas podem levar a grandes prejuízos. "Quando o
processo de degradação está avançado, os custos de recuperação das
pastagens podem exceder a U$ 220 por ha". Quando as pastagens encontram-
se no estágio inicial de degradação, elas podem ser recuperadas com a
simples aplicação superficial de fertilizantes e corretivos. Num estágio mais
avançado, pode-se utilizar a recuperação direta, que consiste nas práticas
mecânicas e químicas adotadas, sem substituir a espécie forrageira existente.
Entre as práticas mecânicas estão a aplicação de insumos, escarificação,
subsolagem, gradagem e aração. Nas opções químicas, relacionam-se a
calagem, gessagem e adubação.
A renovação direta de pastagens é uma prática mais drástica e de alto
custo, que consiste na substituição da forrageira existente por outra. "Esta
alternativa deve ser restrita, pois as forrageiras tropicais, mesmo quando a
pastagem está em degradação, possuem um elevado banco de sementes no
42
solo e taxas altas de crescimento relativo", analisa Macedo. Isto significa que
nem sempre as ações mecânicas de preparo do solo ou a dessecação das
plantas por herbicidas são eficientes para permitir a implantação de uma nova
espécie.
O pesquisador Leovegildo Matos, difusor do sistema de produção a
pasto, ressalta que o produtor de leite que pretende ser grande, além de um
bom pecuarista, deve ser também um grande agricultor. "Cuidar bem da
pastagem, como quem cuida de uma lavoura, representa muito em termos de
lucratividade", diz. Isso porque o leite entra pela boca da vaca, assim como
boa parte dos custos da produção. "A alimentação das vacas em lactação
responde por 40% a 60% desses custos", avalia o engenheiro agrícola Carlos
Augusto Brasileiro Alencar, que trabalha no centro e no leste de Minas. Se
uma boa pastagem depende de chuvas e delas depende a alimentação do
rebanho, na época da seca, a produção decai sensivelmente. "No período seco
do ano, no Brasil, a produção de leite é de apenas 60%, em relação ao das
águas", completa Brasileiro.
Ele também argumenta que a irrigação é um processo economicamente
viável. Os custos de produção de matéria seca (MS) da cana-de-açúcar - uma
das alternativas de alimentação dos bovinos para o período da seca - e das
pastagens sem irrigação estão em torno de R$ 0,003/kg de MS e R$ 0,002/kg
MS, respectivamente. Com a irrigação, estes valores são acrescidos de R$
0,001. Brasileiro ressalta, porém, que a resposta à irrigação de gramíneas
tropicais tem sido controvertida, principalmente em função da região, da
espécie forrageira, do nível de insumos e do sistema adotado. No entanto,
aponta experiências de sucesso econômico. Na região leste de Minas Gerais,
a irrigação, tanto da cana-de-açúcar quanto do pasto de braquiária mostraram
viabilidade. Lá, a produção média de leite é de 10 litros por vaca/dia numa taxa
de lotação de cinco vacas/ha. O custo da produção que era em média de R$
0,30, está hoje em torno de R$ 0,18 o litro.
O fator que ajudou a reduzir os custos foi a opção pela irrigação por
aspersão fixa de baixa pressão. "Esse tipo de irrigação tem sido um dos
métodos mais difundidos na região", afirma Brasileiro. Nesse modelo, as linhas
principais, secundárias e laterais se apresentam como suficientes para irrigar
43
toda a área, com aspersores de pressão de serviço. A condução da água da
moto-bomba até os aspersores é efetuada por meio de tubulações de diversos
tipos de material, tais como aço zincado, alumínio e PVC rígido, o que torna a
montagem do equipamento menos onerosa. Apesar das tubulações serem
suficientes para irrigar ao mesmo tempo a área inteira, a irrigação é feita com
funcionamento de um determinado número de aspersores por vez, de acordo
com o turno da rega. Para isso, o sistema é dotado de um tampão com rosca
com controle manual nos pontos de irrigação.
Por necessitarem de baixa pressão, muitos sistemas são instalados com
pressão por gravidade, proveniente da diferença de nível entre a fonte de água
e a área a ser irrigada. Brasileiro ressalta que "a diferença deste sistema tem
sido grande em razão da baixa demanda de energia e de vazão". Outro fator é
o baixo custo do equipamento que está em torno de R$ 700/ha, enquanto o
convencional fica em torno de R$ 2 mil. Segundo Brasileiro, a mão-de-obra
também é otimizada. "No sistema convencional, é necessário mobilizar um
trabalhador em tempo integral para cuidar do equipamento; nesse sistema, o
próprio vaqueiro que faz a ordenha pode realizar o serviço", conclui.
O exemplo da Nova Zelândia: A Nova Zelândia, um dos maiores exportadores
de leite do mundo, respondendo por cerca de 30% do comércio internacional
de lácteos, tem recebido notoriedade pela eficiência na produção de leite a
pasto a baixo custo. A indústria de laticínios daquele país processou em 1998,
10,651 bilhões de litros de leite. Deste total, cerca de 95% do volume foi para o
mercado externo. O país goza de características climáticas que ajudam nesta
eficiência. O clima temperado favorece o crescimento de gramíneas durante
todo o ano. Nicolas Lopez-Villalobos, pesquisador do Institute of Veterinary,
Animal and Biomedical Sciences, realça que "as boas práticas de manejo e
tecnologias avançadas adotadas por produtores bem treinados" ajudam em
muito a fazer a diferença.
O país tem mais de 3 milhões de vacas em lactação, distribuídas em um
espaço com 1,2 milhões de ha. As fazendas leiteiras estão, geralmente,
confinadas em áreas com potencial mínimo de produção de 10 t de matéria
seca de pasto/ha. A produção de leite na Nova Zelândia é baseada quase
inteiramente em pastagens de azevém perene e trevo branco. Para otimizar a
44
alimentação do rebanho, o país adotou o modelo de estação de partos
concentrados que se tornou a característica mais marcante da sua produção.
Os partos são planejados para se iniciarem no final do inverno, com uma
grande parte do rebanho parindo nas primeiras quatro semanas e o restante
nas próximas seis a 12 semanas. Assim, as parições estariam encerradas
quando atingisse o pico de demanda de forragem com o pasto na sua
plenitude de crescimento.
"O sistema adotado garante uma necessidade mínima de conservação
do excedente de forragem do pasto sob a forma de feno ou silagem e
praticamente dispensa a utilização de suplementos energéticos ou protéicos",
diz Villalobos. Apesar da grande produção, o país enfrenta problemas de
rentabilidade no setor. O valor que os produtores recebem pelo leite é quase
inteiramente dependente dos preços de exportação. A grande disputa pelo
mercado tem feito os preços caírem nos últimos anos. "Os valores pagos no
mercado externo têm sido consideravelmente inferiores aos que podem ser
conseguidos no mercado interno.
Isso tem feito com que os retornos financeiros para os produtores da
Nova Zelândia sejam consideravelmente menores do que aqueles em outros
países", reclama Villalobos. Para sobreviver, o setor leiteiro tem sido forçado a
fazer ajustes em seu modelo de produção. Entre eles está o aumento da
escala de operação com o aumento do rebanho, ganhando pela quantidade
produzida. Embora as características da Nova Zelândia e do Brasil sejam
diferentes, a fórmula para superar o obstáculo do baixo preço do produto é a
mesma em qualquer parte do mundo: aumentar a produção reduzindo custos.
Uma receita que o sistema de produção a pasto absorve muito bem.
(Fonte: Revista Balde Branco - Número 422 - Dezembro/1999).
45
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Algumas das principais raças leiteiras;
Anexo 2 >> Projeto Balde Cheio;
Anexo 3 >> Projeto Minas Leite.
46
ANEXO 1
ALGUMAS DAS PRINCIPAIS RAÇAS LEITEIRAS
1) Gir Leiteiro (Zebu Puro):
2) Holandês (Europeu Puro):
47
3) Girolando (Gir x Holandês):
4) Pardo-Suíço (Europeu Puro):
48
5) Giropar (Gir x Pardo-Suíço):
6) Jersey (Europeu Puro):
49
ANEXO 2
PROJETO BALDE CHEIO
OBJETIVO
Promover o desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira na região de
atuação via transferência de tecnologia para os técnicos extensionistas locais,
quer sejam de instituições públicas ou privadas.
INTRODUÇÃO
Um dos problemas da pecuária leiteira do Brasil é que muitas das informações
geradas nas instituições de ensino e pesquisa não chegam aos produtores,
principalmente os de pequeno porte. Uma das causas dessa não aplicação de
técnicas é o desconhecimento pela maioria dos extensionistas sobre o
significado de produzir leite de forma intensiva e sustentável. O objetivo do
projeto é o de promover o desenvolvimento da pecuária leiteira na região de
atuação de extensionistas vinculados a instituições públicas ou privadas, por
meio de transferência de tecnologia, utilizando uma metodologia inovadora, na
qual uma propriedade leiteira de cunho familiar transforma-se numa “sala de
aula prática”, denominada UD (Unidade de Demonstração), onde o
conhecimento de todos os envolvidos (pesquisadores, extensionistas e
produtores) é atualizado. A partir do implantação do projeto a UD passa a ser
50
uma referência na região, permitindo que outro produtores acompanhem o
trabalho de viabilização da produção de leite sob vários aspectos: técnico,
econômico, social e ambiental.
HISTÓRICO
O Projeto Balde Cheio cresceu muito desde sua concepção em 18 de
setembro de 1997 na cidade de Quatis (RJ), quando ao final de um encontro
organizado pelo técnico Alexandre Galvão, com a presença de extensionistas e
produtores, o saudoso Sr. Francisco Fonseca interpelou o palestrante (Artur
Chinelato de Camargo) perguntando-lhe se ele iria ajudá-lo a fazer o que tinha
falado na palestra. Diante da resposta negativa do palestrante, questionou-o se
alguém naquele recinto sabia fazer o que ele havia falado na palestra. A
resposta desta vez, foi a de desconhecia. O produtor fez então, uma última
pergunta:
- então para que você veio?
Diante do espanto do palestrante, em razão de tanta sinceridade embutida na
pergunta, o produtor continuou:
- era melhor que não tivesse vindo, pois eu estava sossegado na minha santa
ignorância (falta de conhecimento) achando que pecuária leiteira era aquela
porcaria mesmo. Agora você veio, falou uma porção de coisas mostrando que
produzir leite pode ser um negócio, me deixou com vontade de mudar o rumo
das coisas no meu sítio e agora você vai embora me deixando sozinho e sem
ninguém para me ajudar. Era melhor que não tivesse vindo! - repetiu.
No retorno a São Carlos e durante um longo período de gestação, essa
questão foi muito discutida: como fazer com que as tecnologias geradas nas
instituições de ensino e pesquisa, chegassem aonde deveriam chegar, ou seja,
no produtor de leite. Após muitas idas e vindas, uma metodologia inovadora foi
51
concebida e decidiu-se utilizar pelo menos uma propriedade leiteira no
município, como uma espécie de “sala de aula prática”, onde além dessas
tecnologias, os conceitos que norteiam uma produção leiteira intensiva
pudessem ser repassados aos extensionistas de entidade públicas e/ou
privadas. A preferência por propriedades pequenas em tamanho e de cunho
familiar objetivou torná-la também, um exemplo aos outros produtores da
região. Surgia então o Projeto Balde Cheio e a data considerada como de
“nascimento” foi o dia 10 de setembro de 1998 na primeira visita a campo
ocorrida na cidade paulista de Jales em trabalho conjunto com técnicos da
CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral) do Estado de São
Paulo.
No início este trabalho era chamado de Projeto de Agricultura Familiar – Leite e
posteriormente mudou para Projeto de Viabilidade Leiteira em Propriedades
Familiares. A seguir ficou conhecido como Projeto de Viabilidade da Produção
de Leite em Pequenas Áreas e por fim Projeto de Viabilidade da Produção de
leite em Pequenas Áreas de Propriedades Familiares, praticamente um
resumo do projeto e não um título, até surgir o nome Balde Cheio sugerido
pelo extensionista, o engenheiro agrônomo Adalberti Stivari da regional de
Dracena da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), entidade da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua
de modo semelhante à EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural) nos demais Estados brasileiros.
METODOLOGIA
Uma propriedade por município é selecionada pelo extensionista interessado,
devendo ter preferencialmente o seguinte perfil: ser de pequeno porte (a partir
de 0,5 ha), que tenha na atividade leiteira sua principal fonte de renda, para
que sirva como exemplo a outros produtores na mesma situação, e que seja
de cunho familiar, para que não haja interferência no aprendizado das pessoas
envolvidas.
52
Selecionada a propriedade e em sendo aprovada pela equipe do projeto, o
proprietário deverá responder um questionário que identificará além de seu
sistema de produção, aspectos relacionados à situação sócio-econômico da
família, bem como questões referentes ao ambiente. A visita de um instrutor
credenciado pelo Projeto Balde Cheio ocorrerá a cada quatro meses durante
quatro anos (tempo do projeto), totalizando doze visitas de acompanhamento.
Nessas visitas, além do instrutor credenciado deverão estar presente: o
extensionista responsável pela UD e o produtor. A presença de mais pessoas,
ou seja, outros técnicos e produtores de leite da região, deverá ser incentivada.
O extensionista responsável deverá visitar UD na frequência mínima de uma
vez por mês.
O produtor de leite que aceitar ser uma UD, terá o direito de ser assistido pelos
técnicos do Projeto, desde que cumpra com as seguintes obrigações: (a)
realizar de imediato, exames para detecção de brucelose e tuberculose,
descartando animais positivos; (b) permitir que sua propriedade seja visitada
por outros produtores e outros técnicos; (c) fazer sempre o que for combinado
entre os envolvidos e (d) passar a anotar controles básicos relativos ao clima
(chuvas, e temperaturas máxima e mínima), às finanças(despesas e receitas
com a atividade leiteira) e ao rebanho (parições, coberturas, pesagens mensais
de fêmeas em crescimento e controles leiteiros, que nada mais são do que as
pesagens ou medições, uma vez ao mês, do leite produzido por cada uma das
vacas em lactação).
Técnicas adequadas a cada propriedade serão propostas e discutidas por
todas as pessoas presentes na visita quadrimestral. Desta forma,
possivelmente a solução mais viável será encontrada e a cada visita os
problemas vão sendo solucionados e novas perspectivas acabam sendo
vislumbradas.
Para que o acompanhamento das UDs seja eficaz e a evolução do trabalho
possa ser mensurada, alguns materiais serão necessários:
53
1. planilhas para preenchimento no campo pelo produtor, referentes aos
controles climáticos, econômicos e zootécnicos;
2. análise do solo
3. exames para detecção de brucelose e tuberculose;
4. levantamento plani-altimétrico detalhado da propriedade;
5. identificação dos animais via brincos numerados;
6. fita para pesagem de animais;
7. pluviômetro;
8. termômetro de máxima e mínima;
9. quadro circular para gerenciamento da reprodução do rebanho e
10. quadro circular para gerenciamento do desenvolvimento das fêmeas em
crescimento.
Os itens 1 e 2 ficarão sob responsabilidade do proprietário da UD. Como
contrapartida por permitir que sua propriedade seja transformada numa “sala
de aula prática”, as despesas decorrentes dos itens 3 a 10, ficarão a cargo do
extensionista responsável pela UD ou da instituição ou empresa ao qual esteja
vinculado, lembrando que o item 3 somente será pago no primeiro exame.
O desempenho do extensionista será avaliado pela número de Propriedades
Assistidas (PAs) exclusivamente por ele e pela qualidade do trabalho nessas
propriedades. No grupo das PAs incluem-se todo tipo de propriedades,
independentemente do porte, tamanho do rebanho ou da condição sócio-
econômica do proprietário.
PARCERIAS
Uma das principais estratégias do Projeto Balde Cheio são as parcerias
efetuadas com diversos tipos de instituições públicas (órgãos de assistência
técnica e extensão rural vinculados às Secretarias Estaduais de Agricultura,
54
prefeituras, departamentos de agricultura municipais e instituições de ensino e
pesquisa, instituições financeiras, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento) e privadas (cooperativas, laticínios, associações, federações
de agricultura, SEBRAE, instituições de ensino e pesquisa, profissionais
autônomos).
O envolvimento de parceiras distintas entre diferentes elos da cadeia produtiva
do leite, confere ao projeto uma base sustentável e dinâmica, colaborando
para a formação de uma rede de trabalho onde ocorre uma intensa troca de
informações e conhecimentos.
SITUAÇÃO ATUAL
Até o final do mês de outubro de 2009, dezenove Estados brasileiros, de
alguma forma, já faziam parte do Projeto Balde Cheio, totalizando mais de 360
municípios e mais de 3.500 propriedades rurais.
No quadro abaixo a relação de Estados participantes e as respectivas
parcerias:
ESTADO INSTITUIÇÕES PARCEIRAS
ACRE MAPA, SEAP, UFAC
BAHIA FEAB, SENAR, SEBRAE, laticínios
DISTRITO FEDERAL FAPE, SEBRAE
ESPÍRITO SANTO Escola Agrotécnica Federal de Santa Tereza
GOIÁS UFG, Laticínios Piracanjuba e prefeituras
MARANHÃO SEBRAE, SENAR e prefeituras
MATO GROSSO SEBRAE
MATO GROSSO DO SUL COOPERIDEAL
MINAS GERAIS FAEMG
PARANÁ COOPERIDEAL
PARAÍBA SEBRAE
55
PIAUÍ SEBRAE
RIO DE JANEIRO SENAR, FAERJ, SEBRAE, EMATER e
cooperativas
RIO GRANDE DO SUL EMATER
RONDÔNIA Casa da Lavoura, ITALAC, Campo e lavoura
Agropecuária
SANTA CATARINA COOPERIDEAL e CRAVIL
SÂO PAULO CATI, CLG, COONAI, SEBRAE
SERGIPE COHIDRO e ENDAGRO
TOCANTINS SEBRAE e SEAP
OBS: Os Estados de Alagoas e Pernambuco Iniciarão os trabalhos até o final
de 2009.
COMO PARTICIPAR?
Produtores e técnicos interessados em participar do projeto deverão entrar em
contato com a equipe da Embrapa Pecuária Sudeste pelo telefone (16) 3411-
5600 ou pelo e.mail: [email protected], onde ficarão sabendo de mais
detalhes para inclusão de seu município ou de sua região no Projeto Balde
Cheio.
(Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste).
56
ANEXO 3
PROJETO MINAS LEITE
Minas Leite nas regionais Emater-MG de Juiz de Fora e Cataguases
Extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas
Gerais (Emater-MG) de 13 municípios, vão escolher propriedades rurais para
trabalhar a gestão da atividade leiteira. Um produtor em cada cidade vai contar
com assistência técnica voltada para a qualidade do leite, melhoria genética do
rebanho e da alimentação bovina, diminuição do custo de produção, entre
outros itens.
O Minas Leite é um programa da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), executado pela Emater-MG. Na
etapa que se inicia o programa vai atender produtores dos municípios de Bom
Jardim de Minas, Chácara, Chiador, Oliveira Fortes, Paiva, Passa Vinte, Rio
Preto, Santa Rita de Jacutinga e Simão Pereira. Todos situados na unidade
regional da Emater-MG em Juiz de Fora. Os demais, Silverânia, Mercês,
Tabuleiro e Cataguases, pertencem à regional de Cataguases. A previsão é
que as atividades do programa sejam concluídas até dezembro 2012.
57
Execução
A execução do Minas Leite será feita a partir da escolha de uma propriedade
familiar, em cada um dos municípios participantes. Extensionistas da Emater-
MG, devidamente capacitados, irão visitar o local eleito, duas vezes por mês,
para prestar assistência. A proposta é que seja feito o acompanhamento do
gerenciamento da pecuária leiteira, por meio do manejo de pastagens,
alimentação estratégica do gado no período de seca, prevenção e controle
sanitário dos rebanhos, implementação de Boas Práticas Agropecuárias (BPA)
e melhoramento genético. Além disso, as propriedades selecionados vão
abrigar unidades demonstrativas para receber visitas técnicas e sediar dias de
campo. A intenção é que sirvam de modelo para outros produtores rurais.
De acordo com o assessor do programa na Seapa, Rodrigo Puccini Venturin, o
Minas Leite é um bom negócio para o produtor. “Vamos dar auxílio na gestão
da propriedade do pequeno produtor de leite por meio da assistência técnica.
Além disso, vamos centrar na qualidade do leite e nas boas práticas de
produção”, diz, acrescentando que, com leite de qualidade, o excedente
poderá ser exportado.
O gerente regional da Emater-MG em Juiz de Fora, Paulo Carvalho Fonseca,
relata que há uma preocupação com a qualidade do leite, pois na região não
existia nenhum programa voltado especificamente para essa demanda.
“Temos muita esperança nos resultados. A intenção é criar pontos estratégicos
para difundir tecnologia. Assim, o que é feito em uma propriedade pode ter
repercussão em todas as outras do município”, argumenta.
Fonseca ressalta ainda a importância das parcerias para a execução do
programa. O Minas Leite conta com o apoio do Polo de Excelência do Leite e
Derivados, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
prefeituras municipais, associações de produtores e sindicatos rurais. Também
auxiliam o programa, as indústrias de laticínios, empresas de insumos e
cooperativas de produção, segundo o gerente da Emater-MG.
58
O gerente executivo do Polo de Excelência de Leite e Derivados, Airdem
Gonçalves de Assis, representante das instituições parceiras, acredita que o
projeto vai fortalecer a liderança do estado mineiro no produto. “Nossa
intenção é fortalecer a liderança de Minas em suas capacidades e o leite é
uma delas. O Minas leite vai ajudar no desenvolvimento desta capacidade”,
ressalta.
Já o coordenador estadual do projeto na Emater-MG, Elmer Ferreira Luiz de
Almeida, destaca que o Minas Leite foca não só a técnica, mas também a
pesquisa e que, a junção de teoria e prática é importante. “Pesquisa não se
valida se não for aplicada. E é o extensionista quem faz isso. Ao mesmo
tempo, a extensão precisa de um estudo para ser colocada em prática”,
fundamenta.
Para o extensionista de Rio Preto, Jorge Daud Meireles, o projeto vai melhorar
a qualidade de vida e aumentar de renda do produtor. “Vamos fazer trabalhos
de base, voltados para a tecnologia de baixo custo, em uma unidade
demonstrativa. Outros produtores vão poder acompanhar e a tecnologia vai ser
expandida. Além disso, o Minas Leite é um projeto piloto que vai auxiliar outros
programas”, complementa.
Opinião semelhante tem o colega, do município de Mercês, Fabrício Ferreira
Nunes. “Conseguir melhorar as condições do leite no município, aumentar a
produtividade e reduzir os custos de produção”, enumera confiante sobre o que
espera dessa atividade do programa.
(Fonte: Portal do Agronegócio – CENTEV/UNV).
59
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
A) Pesquisa bibliográfica em sites especializados, em revistas acadêmicas ou
informativas da área e em livros acadêmicos:
1) Sites:
- EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária;
- SARLE – Serviço de Análise de Rebanhos Leiteiros;
- REDVET - Revista Eletrônica de Veterinária;
- Sítio do Cedro;
- EMATER – MG;
- EMATER – PR;
- ESALQ/USP;
- EPAMIG;
- Custos e @gronegócios on line;
- Associação Brasileira de Criadores de Zebu;
- Associação Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço.
2) Revistas impressas e eletrônicas:
- Balde Branco;
- DBO;
- Mundo do Leite;
- Globo Rural;
- Portal do Agronegócio;
- Revista da Terra;
- A Granja.
3) Livros acadêmicos:
- Alimentos e Alimentação do Rebanho Leiteiro (Otaliz de Vargas Montardo);
- Alimente Seus Pastos... com Seus Animais (Nilo Ferreira Romero);
- Manejo Fisiológico dos Pastos Nativos Melhorados (Nilo Ferreira Romero);
- Tecnologia do Leite (M. L. Arruda Behmer);
- Administração Rural a Nível de Fazendeiro (Jairo Silveira Barbosa);
60
- Exploração Leiteira Para Produtores (Breno Kirchof);
- Alimentação da Vaca Leiteira (Breno Kirchof);
- Manual de Adm. Rural - Custos de Produção (A. Engel e L. M. Antunes);
- Agribusiness – Contabilidade e Controladoria (Jesiomar Antônio de
Medeiros);
- Manual de Pastagens e Forrageiras (Nelson Ignácio Hadler Pupo);
- Gado Leiteiro (Walter Cazelatto Batistton);
- Guia Prático Para o Fazendeiro (Paulo Mário B. Vasconcellos);
- Guia Prático Para o Confinador (Paulo Mário B. Vasconcellos);
- Guia Prático Para o Inseminador e Ordenhador (Paulo Mário B.
Vasconcellos);
- Criação de Bezerras em Rebanhos Leiteiros (Embrapa).
B) Estudo de casos:.
1) Projeto Balde Cheio da EMBRAPA Pecuária Sudeste;
2) Projeto Minas Leite da SEAPA-MG / EMATER – MG.
61
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A Produção de Leite 10
1.1 - A Produção de Leite a Pasto 11
1.2 - Exigências Nutricionais 12
1.3 - Controle Sanitário 13
1.4 - A Ordenha 14
CAPÍTULO II
Principais Raças Leiteiras 16
2.1 - As Raças Puras 16
2.2 - As Raças Cruzadas (Europeu x Zebu) 16
CAPÍTULO III
Ações do Produtor Além da Porteira 19
CAPÍTULO IV
Planejamento da Produção de Leite a Pasto 21
4.1 - Formação e Manejo de Pastagens 21
4.2 - Controle Leiteiro 23
4.3 - Índices Zootécnicos 24
CAPÍTULO V
Custos e Receitas na Produção de Leite a Pasto 27
5.1 - Coeficientes Técnicos 27
5.2 - Custos e Receitas na Produção de Leite 28
5.2.1 - Itens Componentes do Custo Total da Atividade Leiteira 30
62
5.2.2 - Itens Componentes da Receita Total da Atividade Leiteira 35
5.2.3 - Custo Total da Atividade e Custo do Leite 36
5.3 - Fluxo de Caixa 37
CONCLUSÃO 39
ANEXOS (Índice de Anexos) 45
Anexo 1 - Algumas das Principais Raças Leiteiras 46
Anexo 2 - Projeto Balde Cheio 49
Anexo 3 - Projeto Minas Leite 56
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 59
ÍNDICE 61
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
63
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: