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7Wi UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NO PROCESSO DE MATURAÇÃO NEURONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL Sônia Pabst ORIENTADORA: Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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7Wi

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NO

PROCESSO DE MATURAÇÃO NEURONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Sônia Pabst

ORIENTADORA: Profª Marta Relvas

Rio de Janeiro 2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica. Por: Sônia Pabst.

Rio de Janeiro 2014

A IMPORTÂNCIA DA ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA NO

PROCESSO DE MATURAÇÃO NEURONAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

3

AGRADECIMENTOS

Aos professores e colegas que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste trabalho e pelas horas agradáveis, durante a execução do curso.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu esposo, Daniel Marcelo, que sempre está presente, se dedicando e valorizando cada passo da minha vida e ao meu filho, Juan, que muito compreensivo, pelas horas indisponíveis.

5

RESUMO

Este estudo busca uma forma de conscientização e mostrar a

aplicabilidade e a importância das atividades psicomotoras favorecendo a

maturação e desenvolvimento do sistema nervos para a educação infantil a fim

de favorecer a melhorara da qualidade das conexões sinápticas e

consequentemente as competências e as habilidades infantis, desta forma

como fator de estruturação corporal para o desenvolvimento psicomotor para

que haja consciência dos movimentos corporais integrados e expressados com

a emoção determinando o desenvolvimento do sujeito de forma harmônica e

integrada.

Palavras-Chave: maturação neuronal, desenvolvimento infantil, estimulação

psicomotora.

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa descritiva e qualitativa a fim de provar a

importância da estimulação psicomotora com atividades e aulas integradas

auxiliando no desenvolvimento das estruturas e conexões cerebrais no

processo de maturação cerebral da criança durante a fase da educação infantil

e ensino fundamental. Este estudo visa demonstrar a importância da inserção

de atividades psicomotoras direcionadas em contexto de classe escolar como

um programa de didático - pedagógico, possibilitando com que a criança

perceba o seu corpo por meio dos sentidos e através dos estímulos externos,

estimulando o processo de desenvolvimento cognitivo e corporal favorecendo o

desenvolvimento neurolinguístico e a escrita, através de atividades corporais a

criança progride e descobre o mundo que a rodeia. A tomada de consciência

do corpo é necessária para a execução e controle dos movimentos precisos

que vão ser executados para escrever, falar, andar, correr, etc.

A psicomotricidade trabalha pela custa da percepção do mundo,

fala-se da relação afetiva do envolvimento e integração na sociedade, do

controle, conscientização e domínio corporal e da linguagem que é

estabelecida através desse corpo, passando ser a mola fundamental para

impulsionar o processo de desenvolvimento.

A estimulação psicomotora não deseja ser exclusiva nem tão pouco

pretende solucionar todos os problemas surgidos no processo de

desenvolvimento, contudo o domínio da criança pelo seu próprio corpo tem um

papel fundamental, nas relações com o ambiente e em todo o seu

desenvolvimento psicomotor e cognitivo e educacional e emocional.

Será realizada uma revisão bibliográfica em livros e artigos onde

abordaremos primeiramente o processo de desenvolvimento e maturação

cerebral, posteriormente serão abordados as etapas do desenvolvimento

infantil, mostrando como se processa o desenvolvimento da criança, definindo

a forma de apropriação das capacidades e habilidades evoluindo da

7

representação simbólica e a aquisição do desenvolvimento da inteligência, da

afetividade, das relações sociais das capacidades motoras em geral, o que

determina em grande parte as capacidades futuras. Qualquer perturbação

poderá também, se não detectada a tempo e tratada de maneira adequada,

diminuir consideravelmente as capacidades futuras.

Serão abordados no capítulo III os aspectos importantes do

desenvolvimento psicomotor como o desenvolvimento da escrita, fala,

percepção espacial e temporal, coordenação global e coordenação fina,

regulação do tônus muscular e Tônus postural, equilíbrio, a imagem corporal,

lateralidade e o domínio corporal.

Finalizando no capítulo IV com a exemplificação de um programa

com condutas de exercícios terapêuticos, proporcionando uma melhora

desenvolvimento da criança, que será abordado de forma mais detalhada nos

capítulos subsequentes.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I – Aspectos Neurobiológicos do Sistema Nervoso 13

CAPÍTULO II – Desenvolvimento Infantil e Aspectos do Desenvolvimento

Neuro-motor do Ensino e da Aprendizagem 24

CAPÍTULO III – Psicomotricidade como Essência para o Desenvolvimento

Neuro-infantil e a Aprendizagem 45

CAPÍTULO IV – Atividades e Exercícios Psicomotores para o

Desenvolvimento Neuro-infantil e a Aprendizagem 61

CONCLUSÃO 75

BIBLIOGRAFIA 76

ÍNDICE 80

9

INTRODUÇÃO

A virada do milênio traz um balanço sobre as práticas pedagógicas e

teorias que atravessam a atualidade. Falar das perspectivas atuais da

educação é também falar, discutir, identificar o objetivo presente no campo das

ideias dos valores e das práticas educacionais perpassando pelo passado,

vivenciando o presente e criando possibilidades para o futuro.

Pode-se observar hoje, educadores e políticos contextualizando uma

educação globalizada, informatizada e voltada para a sustentabilidade. Os

sistemas educacionais trazem grande impulso para o sistema educacional

igualitário não como justiça social, mas como parâmetro curricular comum,

criam-se bases e diretrizes curriculares buscando a hegemonia da formação

pedagógica nas escolas.

É preciso por meio deste aspecto, racionalizar as questões práticas:

se todos são iguais, crescem, pensam e racionalizam da mesma forma, será

capaz este sistema a construção de uma didática pedagógica centralizada

apenas na figura de matrizes curriculares.

É necessário que a criança chegue à adolescência e

consequentemente a fase adulta possuindo a capacidade de alcançar a

possibilidade de compreensão do mundo, que permitirá então ao jovem adquirir

ideias construir e lutar por objetivos e planejamento futuro. Essa construção

dos reflexos endógenos e com reflexo nos seus pensamentos permitirá de

forma consciente fazer as escolhas de futuro dos seus projetos de vida e

construção dos seus preceitos.

Atualmente o objetivo da escola não é mais a estocagem de um

acervo cultura, e sim criar condições para que ela cresça de forma plena com

possibilidades de construção de estruturas que ampliam as suas capacidades

de aprendizagem e estruturação do mundo.

10

O papel da escola é revestido de tal relevância, que seja difícil

imaginar a existência do ser humano sem tal estrutura, mesmo com a grande

necessidade de mudanças escolares que verificamos na atualidade. A própria

escola se sente limitada de tão grande é a necessidade de transferência de

conhecimento científico onde o próprio alunado não consegue fazer ver as

grandes necessidades de tais fatos.

Já em estudos de Piaget, Paulo Freire e outros teóricos mostram a

grande preocupação deste caminhar. Piaget com suas referências: para onde

vai à educação; psicologia e pedagogia; sobre a pedagogia; demonstra que

projetos vão muito além da sala de aula.

Piaget fez descrições dos processos evolutivos abordando a

embriogênese e a ontogênese e descreve que cada estágio de

desenvolvimento embriológico mental é necessário para a fase seguinte.

Segundo Piaget “as sucessões de conduta seja constante,

independentemente das acelerações e atrasos que possam modificar a idade

cronológica média da criança em função das experiências adquiridas do meio

social. Cada estágio seja definido não apenas por uma característica simples

dominante, mas por uma estrutura de conjuntos que caracterize todas as

condutas novas de uma etapa” (Montoya, 2011).

As crianças já nascem com suas características hereditárias e

biológicas, no momento iniciam o seu desenvolvimento motor é definido em

grande parte pelo desenvolvimento de respostas reflexas, contudo com o

processo de maturação do sistema nervoso, esse processo deixa de ser em

grande parte reflexo para começar a tornarem-se voluntários e coordenados,

porém para tal fato é necessário exercícios para consolidar e se afirmar.

Para a criança ler e escrever são necessários o desenvolvimento de

um nível intelectual, afetivo, social e motor, além do desenvolvimento da

linguagem. A aprendizagem escolar é uma etapa essencial ao desenvolvimento

intelectual da criança, é nesse momento que a criança recebe conhecimento

que a tornará apta a ingressar plenamente no contexto social. Por meio do

11

processo de alfabetização a aprendizagem matemática, a percepção espacial e

temporal e o domínio corporal, formarão as ferramentas básicas para acessar

conhecimentos cada vez mais complexos acerca deste mundo segundo Heber

Maia (2011).

Partindo deste princípio é que quando a criança não vem

desenvolvendo de forma satisfatória dentro das unidades escolares,

precisamos estar mais focados na construção de suas competências do saber

acadêmico e da internalização da construção do sujeito. O fracasso escolar na

civilização industrializada representa o fracasso social e um fracasso na saúde,

vista hoje que identificamos a preocupação de prescrever e criar diagnóstico

para as incapacidades infantis. Incapacidades estas traduzidas como

justificativas da incapacidade da família e do sistema educacional, que não

consegue visualizar a criança como um ser individualizado e sim como

parâmetros estatísticos como justificativas políticas os nossos governantes.

Para a criança adquirir a linguagem verbal e escrita é necessário

que ela utilize os gestos para se comunicar, que faça do movimento a sua

própria forma de linguagem para poder então representar a linguagem

simbólica. Para que ocorra a aprendizagem facilitada, faz se necessário a

passagem pela ação corporal. O desenvolvimento psicomotor determina a

condição necessária para a aprendizagem pré-escolar.

A evolução revela que nos seres humanos, a motricidade e a

linguagem, e concomitantemente o cérebro e sistema funcionais se

desenvolvem em conjunto. (Fonseca 2011). Dentro desta visão mais integrada

que dentro da escola a educação psicomotora é concebida com uma série de

técnicas e jogos destinados a desenvolver as capacidades potenciais da

criança. O trabalho deverá ser dirigido pelo profissional especialista como o

pedagogo o educador físico definindo atividades pedagógicas.

Para compreender os aspectos globais do desenvolvimento infantil é

importante o entendimento dos aspectos, cognitivos, emocionais e afetivos.

12

Considerando estes aspectos, este trabalho visa demonstrar os

benefícios da estimulação psicomotora para a melhoria da qualidade do ensino

exercícios nas escolas.

13

CAPÍTULO I

ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO SISTEMA

NERVOSO

1.1. Importância do Conhecimento do Sistema Nervoso

Conhecer o funcionamento do sistema nervoso é conhecer as

possibilidades e as capacidades de desenvolvimento da criança. Entender de

que forma o sistema nervoso capta as informações sensoriais, como processa

e codifica as informações, é dar possibilidade de entender as dimensões das

funções, cognitivas, sensoriais, motoras, emocionais e sociais no

direcionamento do sujeito que aprende e a forma como ele interage neste

meio.

A estruturação do sujeito é dependente da estruturação deste

biológico, do social e do emocional, a estruturação sadiamente deve ser a partir

de um ambiente facilitador onde o indivíduo deverá constituir um potencial

suficientemente satisfatório para este desenvolvimento. É preciso reconfigurar

esse ambiente de forma que se possa promover maior convergência dessas

tecnologias como interfaces possíveis de manutenção das aprendizagens

segundo (Relvas 2009).

A sala de aula deve ser um lugar prazeroso e motivador para o

desempenho e desenvolvimento das potencialidades infantis e todo o processo

de interação família e escola, fazem se necessários para o desenvolvimento

pleno. O educador com o um olhar mais crítico e se sensibilizando para uma

visão neurobiológica e não apenas pedagógico produzirá uma nova vertente

para o processo do ensino-aprendizagem. Henri Wallon buscava demonstrar

que a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como sujeito

crítico e reflexivo são fatores fundamentais para uma integração e construção

do sujeito.

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A neurociência busca mostrar o embasamento neurofisiológico para

a explicação de diversas dificuldades de aprendizagem, e através do

conhecimento da estruturação e maturação do sistema nervoso, é possível

perceber que as etapas de aprendizagem podem sim ser distintas mesmo nas

crianças estando no mesmo ano escolar, para que desta forma possa

estabelecer rotas alternativas para o processo de aquisição da aprendizagem

reestruturando o processo pedagógico modificando sequências didáticas

estabelecidas. Para Almeida (2011) estas sequências na educação infantil

possibilitam um trabalho organizado em torno do potencial neurológico da

criança, permitindo o crescimento e o aprofundamento em conceitos, e saberes

de acordo com a curiosidade e o desenvolvimento infantil.

A teoria da retrogênese, citada nos estudos de Victor da Fonseca é

a teoria onde aborda as mudanças do desenvolvimento neuropsicomotor, ele

faz um estudo dentro do desenvolvimento filogenético e a evolução das

espécies bem como o processo do envelhecimento, percebe-se a ocorrência

das mudanças nas habilidades e capacidades no processo de desenvolvimento

natural da espécie, aonde o indivíduo de forma progressiva vai maturando e

desenvolvendo as suas capacidades e habilidades de acordo com o meio

social e a evolução da espécie, portanto o processo de desenvolvimento e

maturação do sistema nervoso desenvolverá da mesma forma dependente do

meio social e os estímulos recebidos neste processo.

1.2. Plasticidade Neuronal e Aprendizagem

Muitos são os estudos realizados para demonstrar a capacidade de

adaptação e estruturação do sistema nervoso. Antigamente acreditava-se que

o sistema nervoso não recuperava as funções perdidas pós-lesão ou se a

criança apresentasse problemas de aprendizagem era fadado ao insucesso e

desestruturação pessoal e social. A reparação neuronal e das funções jamais

seria possível. Tendo em vista os comprometimentos o cérebro não daria conta

e nunca poderia ter o desenvolvimento pleno.

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As crianças seriam submetidas às atividades com menor capacidade

cognitiva e intelectual, e o sujeito direcionaria suas atividades trabalho onde

não houvesse necessidade do uso das funções intelectuais e sim a força

motriz, era uma exclusão fundamentada pela própria ciência.

Hoje é entendido que o cérebro não trabalha de forma estática, ele é

mutável não como estrutura macroscópica e sim como capacidades conectivas

e criação de novas sinapses as funções microscópicas. A plasticidade é a

capacidade que o cérebro possui de se remodelar a partir de novas

experiências. Reformulando, criando e fortalecendo suas conexões neurais em

função das suas necessidades e fatores do meio ambiente seja ela para

estruturação pós-lesional ou para uma nova aprendizagem mesmo na terceira

idade.

Acreditava-se que a estruturação cerebral era determinada

geneticamente e não tinha capacidade de regenerar. Na atualidade a

neurogênese mostra que realmente existe uma vida microbiológica

acontecendo continuamente no nosso cérebro. Hoje se sabe que o neurônio é

capaz de migrar para áreas onde ocorreu morte celular ou até mesmo o

crescimento de prolongamento dos neurônios, efetivando conexões e

restabelecendo as funções, teorias estas definidas como desmascaramento e

brotamento colateral. (Doretto, 1996)

1.3. Células Localizadas no Sistema Nervoso

O sistema nervoso é formado por um conjunto de células, onde

trabalham de forma integrada.

Neurônio - a principal célula do sistema nervoso. O neurônio está

dividido em partes: corpo celular ou soma (armazena o código genético da

célula neuronal – área que não possui capacidade de regeneração pós-lesão),

axônio – feixe nervoso por onde é transmitido o impulso elétrico por um

mecanismo denominado de potencial de ação; dendritos (pequenas

arborizações por aonde o estímulo e o impulso elétrico chega ao corpo celular

e os telondendros formam o botão terminal para comunicação com outra célula

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nervosa, glândula ou músculo). O neurônio possui uma característica

diferenciada das outras células neuronais, que é a capacidade de processar e

armazenar as informações (característica esta muito particular e essencial para

o funcionamento do SN).

As células da glias ou também conhecidas como células da

neuróglias são células de apoio e sustentação ao neurônio são elas:

Células de Schwann - produz a bainha de mielina no sistema

nervoso periférico, que é uma camada de gordura que envolve o axônio que

atua como um isolante acelerando o potencial elétrico da membrana (passará

apenas nos nódulos de Ranvier Local onde não apresenta a bainha de

mielina).

Oligodendrócito - produz a bainha de mielina nos axônios

localizados no sistema nervoso central, sustentam os neurônios, funcionam

“lixeiros”, removendo fragmentos após lesão e morte celular, servem para guiar

neurônios em migração e direcionam o crescimento de axônio, atuam na

barreira hematoencefálica, liberam fatores de crescimento e ajudam a nutrir as

células nervosas.

Astrócitos - atuam na regulação do transporte de substância pelo

sangue em direção aos neurônios e ajudam a regular as atividades sinápticas

pela remoção do transmissor. Produzem fatores tróficos (NGF) Essas

proteínas atuam diretamente na proliferação e diferenciação de diferentes tipos

celulares, sendo capazes de promover reparo tecidual e recuperação funcional.

Fatores neurotróficos são polipeptídios que auxiliam no processo regenerativo

do sistema nervoso periférico segundo Sebben AD et al. 2011.

Microgliócios – atuam no sistema fagocitário, produzem

proteínas que bloqueiam a regeneração do axônio.

1.4. Morfologia dos Neurônios

Os neurônios são divididos nas seguintes partes:

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a) Corpo celular – área responsável onde se encontra as

informações genética DNA localizado no núcleo do neurônio, onde sintetizam

proteínas para o processo de sinapse (Lent 2004), os estímulos chegam ao

corpo celular pelos dendritos e levados para os axônios.

b) Dendritos – apresenta a formação de arborizações aonde

chegam os estímulos aos neurônios.

c) Axônios – são prolongamentos que partem do corpo celular que

levam os estímulos para as terminações denominados de telodendros.

d) Telodendros - formam os botões terminais por onde o estímulo

será gerado para outro neurônio ou estrutura (músculo, glândula).

1.5. Classificação Funcional dos Neurônios

a) Neurônio aferente – são os neurônios que captam estímulos

sensoriais como estímulos táteis, visuais, auditivos, somestésicos, etc. Estes

estímulos ao serem levados ao sistema nervoso central primeiramente a

medula espinal e vias feixes ascendentes, estes estímulos são levados a

regiões do tálamo onde irá processar e interpretar as informações e serem

levadas para as áreas do córtex cerebral específicas.

b) Neurônios eferentes – são neurônios motores que trazem

respostas aos estímulos sensoriais levando estímulos aos músculos

produzindo a contração muscular ou a liberação de secreções por glândulas.

c) Neurônios de associação, interneurônios ou neurônios de

projeções – são neurônios que conectam e interligação as áreas cerebrais ou

um neurônio aferente com um neurônio eferente, ou conectando áreas da

medula espinal ou encefálicas ou conectar a medula espinal em diferentes

topografias da medula.

18

1.6. Sinapse e Conexões Neuronais

A principal célula do sistema nervoso que é responsável pelo

armazenamento e processamento de informações é os neurônios. Os

neurônios são conectados entre si por uma rede neuronal onde bilhões de

neurônios são interligados. Os estímulos são conduzidos por comunicações

entre os neurônios, um neurônio denominado pré-sináptico leva o estímulo ao

neurônio pós-sináptico. Na grande maioria das vezes os neurônios não se

encontram em contatos, apresenta um espaço denominado de fenda sináptica

por onde serão liberadas substâncias denominadas de neurotransmissores

para dar continuidade ao estímulo ou inibir o estímulo, dependendo da

necessidade. Esta é uma sinapse química (Lent, 2004).

Na sinapse onde os neurônios estão em contato direto, é

denominada de sinapse elétrica, Esta sinapse elétrica não permite a

capacidade de neuromodulação isto é possibilidade de inibição do estímulo.

A quantidade de sinapse enviada para os neurônios e áreas

cerebrais é diferenciada de indivíduo para indivíduo que podem varia de pouco

mil para mais de um milhão de sinapses; o que determinará a quantidade de

conexões é a quantidade de estímulo e informações que precisam ser

processadas e sempre será dependente da quantidade de estímulo recebido e

de informações que serão processadas, portanto é dependente das

experiências vividas.

Desta forma podemos avaliar a importância da estimulação

principalmente nas primeiras etapas da vida onde poderemos estabelecer e

criar grandes possibilidades das conexões sinápticas, não que este processo

não ocorra posteriormente, pois ele é verificado constantemente em todas as

etapas da vida, mas sim na primeira infância ocorrerá de forma mais intensa.

1.7. Funções dos Neurotransmissores

Os neurotransmissores são substâncias químicas produzias no

interior do corpo celular dos neurônios carregado pelo citoesqueleto do

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neurônio até a membrana pré-sináptica a atua com a função de biossinalizador,

que pode enviar informações a outras células produzindo ativação e

continuidade da propagação do estímulo original ou interrupção do mesmo,

sendo liberado na fenda sináptica. Essas substâncias atuam no encéfalo na

medula espinal e nos nervos periféricos além da placa motora.

Neurotransmissores foram mapeados nas estruturas cerebrais, sendo

classificados em quatro categorias: Colinas, aminas, aminoácidos e

neuropeptídios (Rotta, 2007).

1) Colina - o neurotransmissor mais importante é a acetilcolina que

controla as atividades cerebrais relacionados à atenção, aprendizagem e

memória, tônus muscular e emoções, além de atuarem no controle das funções

viscerais via SNA, é o neurotransmissor encontrado em maior quantidade no

SNC; a baixa produção dos mesmos pode interferir na concentração e

esquecimento. O corpo humano sintetiza acetilcolina a partir de alimentos com

lecitina, vitaminas C, B1, B5, B6, zinco e cálcio.

2) Aminas – podem ser: adrenalina (atua no SNA preparando para a

realização de atividade física), serotonina (possui forte efeito no humor,

memória e aprendizagem a ausência desse neurotransmissor é a causa de

inúmeras patologias como: emagrecimento, enxaqueca, depressão profunda e

insônia. A realização de exercícios físicos, controle alimentar favorecem a

produção deste neurotransmissor); noradrenalina (induz a excitação física e

mental e bom humor produzido no lócus cerúleos, que é a área conhecida

como centro do prazer), dopamina (regula os níveis do controle, em níveis

mais baixos reduz os movimentos funcionais denominado de bradicinesia).

3) Aminoácidos - o glutamato (são implicados como protagonistas

em processos cognitivos que envolvem a destruição de células) e

o aspartato é os transmissores excitatórios bem conhecidos, enquanto que o

ácido gama-aminobutírico (GABA), aglicina e a taurina são

neurotransmissores inibidores;

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4) Neuropeptídeos - têm sido implicados na modulação ou na

transmissão de informação neural, encefalinas e endorfinas são substâncias

que atuam na neuromodulação da dor reduzindo o estresse.

1.8. Divisão Macroscópica do Sistema Nervoso

O sistema nervoso está dividido em sistema nervoso central que

está protegido por um arcabouço ósseo dentro da cavidade craniana o encéfalo

e dentro do canal vertebral a medula espinal, e sistema nervoso periférico

localizado fora do sistema nervoso central.

1.8.1. Sistema Nervoso Central (SNC)

O sistema nervoso central é formado pela medula espinal, que

possui a função de captar as informações sensoriais e levadas ao encéfalo por

meio de vias ascendentes (neurônios aferentes). Estas informações são

levadas ao tálamo que é o centro de recepção das informações sensoriais,

onde irá processar as informações e levadas para as áreas cerebrais

específicas.

Da mesma forma a medula é responsável por trazer as respostas

motoras pelas vias descendentes da medula espinal, levando estímulos aos

músculos, vísceras e glândulas.

O tronco encefálico está dividido em três áreas mesencéfalo, ponte e

bulbo, localizado superiormente a medula espinal e inferiormente ao diencéfalo.

O tronco encefálico é a áreas mais primitivas do sistema nervoso localizado

nas espécies mais inferiores. O tronco encefálico controla as funções mais

primitivas como centro do controle da fome, sede, sono, vigília, centro das

funções cardiorrespiratórias, centro reflexo do vômito, etc. além a saída dos

nervos cranianos. O tronco encefálico também possui a função de produção

dos neurotransmissores, apresentando a função de neuromodulação Isto é,

conduzir ou interromper o impulso elétrico entre os neurônios.

21

O cerebelo está localizado posteriormente ao tronco encefálico e

possui a função de controle do músculo esquelético, coordenando os

movimentos aumentando o tônus muscular controlando e regulando as funções

motoras, além de estar interligado com as estruturas do ouvido interno

responsáveis pela captação da posição da cabeça no espaço regulando o

equilíbrio corporal por meio do sistema límbico. O cerebelo está localizado

posteriormente a ponte e apresenta como importantes funções no equilíbrio,

controlando o tônus muscular buscando adaptação das posturas para a

manutenção do equilíbrio corporal, além de atuar na coordenação dos

movimentos; movimentos estes que são imprescindíveis para a linguagem

gráfica, fundamental na sociedade em que vivemos, pois serve de memória,

como via de comunicação, como fonte de informação, construção do

conhecimento, de aprendizagem e como objeto expressivo segundo (Maia

2011).

O cérebro está subdividido em diencéfalo e telencéfalo. O diencéfalo

é responsável pelo controla de funções e produções hormonais orgânicas

como hormônios de crescimento, hormônios tireoidianos, sexuais, etc. pela

hipófise, além de atuar na regulação das funções viscerais pelo sistema

nervoso autônomo e em conjunto com estruturas do sistema límbico atuando

no controle das funções emocionais.

Segundo Cosenza,(2013) o telencéfalo está dividido em lobos como:

frontal, parietal, temporal, occipital e ínsula. Cada uma das áreas cerebrais é

responsável pelas funções específicas. Temos as seguintes funções:

a) Lobo frontal – é o lobo responsável pelas funções motoras e

planejamento das funções motoras, área da fala (verbalização), áreas

responsáveis pelas funções executivas funções estas de processa, planejar

atitudes e comportamentos, elaboração do pensamento, planejamento e

programação das necessidades individuais e emoção, área de controle motor e

planejamento motor.

22

b) Lobo parietal – área de captação das informações sensoriais

primárias como tato, pressão vibração, etc. além da área somestésica

secundária onde o cérebro irá interpretar as informações sensoriais.

c) Lobo temporal – área relacionada à audição reconhecimento de

tons musicais, intensidade do som, reconhecimento de faces. Atua também no

processamento da memória e emoção com estruturas do Hipocampo.

d) Lobo occipital – responsável pelo processamento e captação das

informações visuais.

e) Lobo ínsula – atuam em conjunto com o sistema límbico no

controle das emoções.

O cerebelo está localizado posteriormente a ponte e apresenta como

importantes funções no equilíbrio corporal, controlando o tônus muscular

buscando adaptação das posturas para a manutenção do equilíbrio corporal,

além de atar na coordenação dos movimentos; movimentos estes que são

imprescindíveis para a linguagem gráfica, fundamental na sociedade em que

vivemos, pois serve de memória, como via de comunicação, como fonte de

informação, construção do conhecimento, de aprendizagem e como objeto

expressivo segundo (Maia 2011).

1.8.2. Sistema Nervoso Periférico (SNP)

Formado pelos nervos cranianos e espinais, cranianos controlam as

funções somáticas e motoras de cabeça e pescoço, como: visão, olfato

audição, motricidade da língua e músculos da laringe e da face, alem da

sensibilidade da face, língua, equilíbrio corporal, etc. Já os nervos periféricos

conectam as vias medulares com as estruturas periféricas como: pele,

músculos, ligamentos, tendões etc.

Também localizado no SNP as terminações nervosas localizadas na

derme, músculo, ligamentos e tendões que são responsáveis de detectar as

informações táteis, termia, dolorosa, vibração, pressão, etc. e os gânglios onde

está localizado o corpo do neurônio sensitivo, na saída do canal vertebral.

23

É fundamental o seu entendimento do sistema nervoso e dos

neurotransmissores, para obter a relação entre o seu desequilíbrio seja para

aumento da sua produção, bem como a baixa da mesma, levando ao

surgimento de sintomatologia, transtornos que podem afetar o desenvolvimento

e o crescimento infantil, além de explicar o grande aumento das possibilidades

de diagnóstico em crianças que apresentam patologias como transtorno de

déficit de atenção, hiperatividade, depressão, baixa interesse em realização de

atividades esportivas, etc. por meio desta análise crítica e cuidadosa podemos

apresentar um novo estado de alerta para as observações das crianças em

desenvolvimento, determinando estratégias de condutas e para facilitar o

processo de aprendizagem, permitindo o crescimento da criança de forma

satisfatória com equilíbrio das suas capacidades físicas, psíquicas e

emocionais, além de melhor socialização. Tendo em vista estes parâmetros, é

possível consentir a construção dos alicerces para o entendimento do próximo

capítulo onde será abordado a etapas de desenvolvimento cerebral e a sua

relação com o processo de aprendizagem.

24

CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO INFANTIL E ASPECTOS DO

DESENVOLVIMENTO NEURO-MOTOR

DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM

2.1. Desenvolvimento do Sistema Nervoso

O sistema nervoso é formado pelo desenvolvimento celular do

folheto ectoderma ocorre à proliferação neural controlada, a migração de

células jovens resulta na formação das diferenças regiões do sistema nervoso

e a diferenciação celular, com a aquisição da forma e das propriedades das

células maduras e a formação de circuitos neurais.

A partir da célula ovo a proliferação celular; de uma célula, surge

todo o embrião, o sistema nervoso é formado a partir da 3ª e 4ª semana após a

fecundação, a proliferação celular formará o tubo neural. A parede do tubo se

torna mais espessa, seu comprimento se alonga adquirindo dobraduras e de

forma cilíndrica original vão se formando as três vesículas primitivas. A vesícula

mais anterior é chamada de prosencéfalo a do meio mesencéfalo, e a mais

posterior rombencéfalo. O prosencéfalo dará origem ao telencéfalo e ao

diencéfalo, o mesencéfalo permanecerá como mesencéfalo e a Rombencéfalo

formará duas vesículas o metencéfalo originando o cerebelo, ponte e bulbo e

mielencéfalo originando o bulbo. (LENT, 2004, p.33-35).

Logo que a célula precursora de um neurônio para de se dividir,

inicia-se o um movimento migratório que leva o neurônio juvenil para o local

definitivo, os neurônios vão se desenvolvendo até que a configuração de cada

tipo celular se torna estabelecido, como é característica do adulto. Cada

neurônio ocorre á emissão de um axônio, que cresce numa direção

determinada para buscar alvos sinápticos próximos ou distantes. As células

começam a sintetizar a moléculas que garantirão a função neuronal madura,

especialmente as enzimas que participam do metabolismo de

25

neurotransmissores e neuromoduladores fundamentais para o processo de

aprendizagem.

2.2. Como o Cérebro Aprende

As principais funções do sistema nervoso são as funções cognitivas,

motora, equilíbrio, sensibilidade e controle das funções viscerais. As funções

cognitivas estão relacionadas com o pensamento e as emoções, processos

mentais complexos como pensamento, raciocínio, compreensão da linguagem,

memória e aprendizagem.

Inúmeros são os vínculos entre a cognição, afetividade,

sensibilidade e motricidade e são dependentes das conexões neuronais e suas

sinapses. O processo de aquisição de novas informações que vão sendo

retidas na memória é que podemos chamado de aprendizagem, através dele é

possível se tornar capaz de orientar o comportamento e o pensamento. A

aprendizagem ocorre quando uma rede neuronal atinge uma solução

generalizada para uma classe de problemas. A memória é o processo de

arquivamento seletivo das informações na qual podemos evocá-las sempre que

desejamos de forma consciente ou inconscientemente. De uma forma geral, a

memória pode ser vista como um conjunto de processos neurobiológicos e

neuropsicológicos que permitam a aprendizagem (LENT, 2004).

Diferentes aprendizados se dão em diferentes locais, e também são

consolidadas em diferentes épocas são as chamadas “janelas de

oportunidades” segundo Maia (2011), as habilidades de cada indivíduo

favorecem as novas potencialidades e o conhecimento que está adquirindo

baseiam-se nas funções neuropsicológicas.

Para a aprendizagem ocorre um estímulo externo onde ocorre a

seleção do evento para a aquisição da informação. Ocorrerá a retenção

temporária, onde a informação poderá cair no esquecimento ou consolidação

da informação para evocação, é desta forma podemos simplificar o processo

de aprendizagem.

26

Toda elaboração das atitudes e comportamento envolve processos

neurais específicos, que ocorrem desde a captação dos estímulos sensoriais

até a interpretação dos mesmos. Esses processos neurais possibilitam o

desenvolvimento motor e da aprendizagem, a maturação das áreas corticais e

a atenção na aprendizagem acontecem de maneiras diferentes no cérebro.

Desde que nascemos à maturação do sistema nervoso possibilita o

aprendizado progressivo de habilidades. Á medida que as áreas cerebrais

amadurecem, a criança exibe comportamentos correspondentes àquela área

cerebral de amadurecimento, desde que este cérebro seja estimulado.

A expressão da aprendizagem depende de sinapses (ROSE, 1984,

p.87) e não basta ter neurônios; é preciso que estas células estabeleçam

conexões entre si formando uma rede neuronal. Dentro dos estímulos mais

simples como bocejar, chorar, sugar, sorrir até os mais complexos a linguagem,

planejamento atividade motora e o raciocínio lógico, daí se entender facilmente

porque não há diferença estatisticamente significante entre o número de

neurônios de um indivíduo dito intelectualmente superior (superdotado, com

altas habilidades) e um dito de inteligência normal ou mediana.

Desta forma, o desenvolvimento comportamental é restringido pela

maturação das células cerebrais, como exemplo, considera-se que embora os

bebês e as crianças sejam capazes de fazer movimentos complexos, os níveis

de coordenação e controle motor fino só serão alcançados após o término da

formação da mielina, na adolescência (Kolb e Whishaw, 2002).

A aprendizagem é a mudança de comportamento viabilizada pela

plasticidade dos processos neurais cognitivos. Considerando que a

aprendizagem motora é complexa e envolve praticamente todas as áreas

corticais de associação, é necessário compreender o funcionamento

neurofisiológico na maturação a fim de fornecer bases teóricas para a

estruturação de um plano de ensino que considere as fases de

desenvolvimento neural da criança, maximizando assim o aprendizado.

Cada fase do processamento de informação depende de muitas

variáveis (Schimidt e Wrisberg, 2001), como da atenção e percepção do

27

estímulo e do resgate da memória no processamento central, que é a busca

das informações necessárias para a decisão da resposta.

Muitos fatores podem influenciar no processamento de informações,

entre eles a ansiedade. Esta é uma variável que atua prejudicando no resgate

de informação, promovendo um aumento excessivo na ativação do sistema

límbico, que é fundamental para um bom funcionamento da memória.

2.3. Funções Cognitivas e a Aprendizagem

O processo de aprendizagem requer da criança condições

neurobiológicas, cognitivas, emocionais e pedagógicas, além dos estímulos

necessários em cada um das fases de desenvolvimento. A criança aprende

suas primeiras etapas do desenvolvimento envolvidas no contexto social e

primeiramente familiar e as funções cognitivas determinarão grande parte da

capacidade e habilidade para a criança buscar soluções e criar padrões de

desenvolvimento, favorecendo o processo de maturação para chegar à vida

adulta com controle equilíbrio cognitivo e afetivo.

Pensar que ensino não é sinônimo de aprendizagem, por melhor que

se tenha a estrutura física, didática pedagógica de uma unidade escolar, ainda

assim não determinará que os alunos que sairão desta escola serão excelentes

profissionais, adultos felizes e equilibrados. Faz- se necessário a identificação

das necessidades educacionais para as práticas pedagógicas onde a criança

precisa ter uma visão do saber-fazer da auto-reflexão crítica e saber ser; a

reflexão pela busca da autonomia do ser é determinante a verificação do

significado da aprendizagem no contexto sócio-cultural. “Ensinar não é

transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria

produção ou a sua construção”. (Freire, 2006, p. 25)

Reconhecer o processo cognitivo e como o cérebro aprende é o

primeiro passo para uma adaptação pedagógica, se verifica também a forma

como cada criança processa as informações de forma diferenciada, dará

possibilidade de também enxergarmos que a criança apresenta a sua forma

própria de aprendizagem e que existe a necessidade de inserção do sujeito

28

inacabado num permanente processo social de busca do conhecimento, do

mundo que se alonga, de liberdades, escolhas, opções, decisões que

permearam o crescimento ou não do social e intelectual da criança. Segundo

Paulo Freire (2006) educar exige respeito à autonomia do educando, o

respeito, a autonomia e a dignidade de cada um é solidificação ética que deve

ser fornecida por cada participante do processo educacional. É este respeito e

acreditar nas possibilidades e capacidades individuais juntamente com um

educador comprometido, buscando novas propostas e experiências darão as

bases necessárias para o processo o crescimento e a aprendizagem.

2.4. Bases Necessárias para o Processo de Aprendizagem e

Desenvolvimento Cognitivo

Cinco são as bases necessárias para o processo de aprendizagem,

bases essas que ocorrendo problemas no processamento de alguma destas

etapas trará transtornos para o processo de aprendizagem.

2.4.1. Sensação

Sensação é o nível mais primitivo do comportamento, referindo-se

unicamente à ativação de estruturas sensoriais. È a partir das sensações pelas

quais o indivíduo pode perceber o mundo que cerca.

O sistema sensorial está relacionado com a capacidade do cérebro

de receber as informações vindas do meio externo por meio dos órgãos dos

sentidos. Primeiramente as informações entram via sistema sensorial, onde as

informações passaram via neurônios aferentes levados para a medula espinal

até o tálamo, onde ele selecionará e conduzirão as informações as áreas

específicas do córtex cerebral, por exemplo, se as informações forem visuais,

irão para o lobo occipital, se forem estímulos auditivos será conduzido para o

lobo temporal. Os estímulos serão levados para as áreas associativas que são

as áreas secundárias (visual, auditivas e somestésicas) dos lobos parietal e

occipital; áreas límbicas mediais onde estão relacionados ao sistema.

29

É por intermédios destas vias sensoriais o cérebro receberá os

estímulos para serem interpretados dando uma significância a estes estímulos.

2.4.2. Percepção

A Percepção constitui-se na tomada de consciência relativa à

sensação em progresso. A eficiência da percepção depende de que o aparato

neurológico seja capaz de converter, adequadamente, as sensações em

impulsos elétricos e por meio da percepção que ocorrerá a formação das

imagens.

A perda da capacidade de reconhecimento dos estímulos nas

modalidades sensoriais visual, auditiva e na somestésica e na ausência de

comprometimento do nível de consciência e da sensibilidade trazem

transtornos denominados de agnosias. As estruturas anatômicas essenciais

para os processos normais de percepção incluem os córtex primários visual,

auditivo e somestésico e as respectivas áreas de associação.

Existem dois tipos de agnosias:

1) Perceptiva – interfere a via sensorial e em seus estímulos, dificultando a

percepção da forma do objeto ou de suas propriedades elementares.

2) Associativa – dificuldade de associação pelo estímulo soméstésico

primário.

2.4.3. Memorização

A capacidade que o homem e os animais apresentam de armazenar

informações que possam ser recuperadas e utilizadas posteriormente é o que o

que diversos autores determinam de memória. Durante a aquisição dos

eventos ocorre à seleção, dos fatos mais marcantes, focalizaram mais atenção,

mais fortes sensorialmente ou foram priorizados. Os registros dos aspectos das

experiências vividas são as informações recebidas e percebido é o que está

relacionado ao processo de memorização.

A memória é importante para a noção e a capacidade de conceituar

e adaptar-se às ao mundo, ela permite a conceituação básica de realidade.

30

Tudo que a criança armazena ao respeito do mundo é a memória, as

lembranças, as letras as palavras e números além dos sentimentos e

afetividade e esta capacidade de armazenamento das informações é que

determina a aprendizagem e melhores condições de vida.

Diversos são os fatores determinantes para rotulara a dificuldade

que a criança apresenta de aprendizagem, determinando que muitos fossem os

aspectos que favoreçam estas realidades ou dos aspectos relacionados é a

diminuída capacidade de memorização e retenção de informações o que

acarreta a dificuldade de reprodução por parte da criança de conceitos pré-

existente e, portanto a dificuldade de evocação.

Esta condição de armazenamento anterior percebido e organizado

pode-se dizer que a memória depende da atenção da percepção e da

motivação, para juntos permitir um armazenamento integrado com os

conhecimentos existente. È por meio deste complexo mental que envolve a

capacidade de abstração, classificação e categorização permitindo estabelecer

conceitos e representações simbólicas necessárias para evocação quando

solicitado.

A memória permite a aquisição da escrita, fala, grafismo e

construção de pensamentos flexíveis capazes de reverter a agrupar situações

característica esta necessária para o desenvolvimento da aprendizagem (Alves

2012).

O desenvolvimento das habilidades do indivíduo se dá em diversos

níveis gradativamente e estará em dependência do desenvolvimento físico,

cognitivo e afetivo do sujeito, encontrado nas seguintes dimensões: organismo

– corpo – inteligência – desejo.

2.4.4. Atenção

A atenção permite a escolha e codificação da informação que o

cérebro determina como informações relevantes, isto é o cérebro realiza os

seus processos mentais para o controle das informações em um determinado

31

foco que foi gerado, com a continuação dos estímulos a capacidade de

retenção de informações é aperfeiçoada e a melhora da seleção das

informações poderá facilitar a antecipação das respostas. A atenção é uma

das principais competências cognitivas que garantirá o sucesso da criança nas

unidades escolares. Ao mesmo tempo, a atenção é uma habilidade cognitiva

indissociável de um conjunto de funções cerebrais controladas pelo lobo frontal

denominadas de funções executivas, que são as funções mentais superiores e

complexas que capacitam os indivíduos tomarem resoluções e ações

orientadas.

A atenção pode ser dividida em: atenção passiva, atenção

sustentada, atenção seletiva e atenção dividida ou de alternância.

A atenção passiva - está relacionada às atividades mentais

automáticas sem nos darmos conta das mesmas, mas estando consciente de

sua execução para que os ajustes sejam realizados em caso do desvio do

planejamento original, como, por exemplo, quando estamos andando,

escrevendo, dirigindo, tocando um instrumento etc.

Atenção sustentada - é aquele que deve ser mantida por um

longo período e direcionada ao foco é o que se define por concentração.

Atenção seletiva - é a capacidade de direcionarmos a atenção

para determinado foco, mesmo quando outras atividades ocorrem ao mesmo

tempo no mesmo ambiente, os outros estímulos precisam ser ignorados. É o

que verificamos o professor dizendo que é preciso ter atenção.

Atenção dividida ou alternância - é a capacidade de atender a

duas ou mais fontes de solicitações ao mesmo tempo com igual interesse e ao

mesmo tempo.

Manter a atenção ao desenrolar da aula corresponde à atenção

sustentada, selecionar as informações expostas mais importantes é a atenção

seletiva, comparar continuamente as informações geradas pelo professor com

32

as informações memorizadas anteriormente e fazendo compreender a nova

exposição é a atenção alternada.

Vários são os fatores que naturalmente determina a força motriz da

atenção e interesse pelo assunto abordado, complexidade da tarefa (quanto

mais complexo para criança e mais dificuldade ela tem para realizar a tarefa vai

gerando um sentimento de menos valia e descontentamento perdendo o

interesse a motivação e consequentemente a atenção), número de estímulos

simultâneos (o ambiente deve ser apropriado) para a aprendizagem sem muito

barulho, luminosidade excessiva ou diminuída, ambiente com “poluição visual”,

método pedagógico utilizado, maturidade neurológica, integridade das vias

sensoriais, integridade das funções cognitivas, nível de consciência e aspectos

afetivos.

2.4.5. Motivação

O diferente interesse percebido entre as crianças permite a

aceitação que nem todos fazem a mesma coisa pelas mesmas razões, e é

nessa diversidade que reside à fonte de entendimento dos aspectos que

buscam a motivação do ser humano. Como as pessoas são todas diferentes

uma das outras, devido o aspecto biológico, genética, emocional, estímulos

recebidos, vivências obtidas ao longo das etapas do amadurecimento é o que

fará a diferenciação dos aspectos de estimulam e determinam a busca pela

aprendizagem.

2.5. Controle Emocional na Aprendizagem

Existe uma íntima relação do processo de aprendizagem com as

emoções, são essas emoções que gerenciam o comportamento humano, Tudo

que está inserido nas emoções que se convive diariamente como raiva, alegria,

medo ansiedade que são aspectos positivos ou negativos determinarão a

forma de comportamento.

A parte do sistema nervoso que controla a emoções é denominada

de sistema límbico, abrange estruturas do lobo límbico e estruturas vizinhas

33

como amígdalas cerebrais, hipotálamo, tálamo, corpo mamilar, fórnice,

hipocampo, giro cingulado e o septo pelúcido que são responsáveis pelo

sistema das emoções e expressão e componentes afetivos. A afetividade é

uma experiência subjetiva acompanhada de manifestações fisiológicas

detectáveis. As emoções podem admitir três grandes utilidades segundo Lent

(2004): sobrevivência das espécies, sobrevivência do indivíduo e comunicação

social.

O processo de comunicação social está pautado nas emoções, é

pelas emoções e comportamentos humanos que é possível desenvolver as

noções claras da personalidade, seus objetivos, suas possibilidades, sua

história e a qualidade das relações que são estabelecidas, e para

aprendizagem essas relações não são diferentes. São a partir deste

conhecimento que as relações afetivas se tornam importantes no contexto

social, pois é a través dela que o ato de aprender, em meio às diversidades,

pode viabilizar as aprendizagens necessárias para que as crianças possam

crescer e fazer as suas escolhas de forma consciente.

Aprender está relacionado, dentre outras coisas, a um clima

emocional em que favorecem a troca, o crescimento, a qualidade da relação, a

fraternidade, mas o professor, a família escola precisa buscar formar de

harmonizar essa manifestação, é por meio destas expressões afetivas que o

educador comprometido e atento cria um olhar crítico e buscar pistas para o

entendimento das incapacidades e limitações, desde simples expressões,

faciais, agitações corporais, respiração aumentada, olhares até mobilizar o

outro para garantir a atenção e o cuidado.

Para Wallon, a afetividade tem papel imprescindível no processo de

desenvolvimento da personalidade e se constitui sob alternância dos domínios

funcionais: orgânico e social, que é dependente das ações entre eles. (Galvão

1998). Conforme a criança vai maturando as emoções vão deixando de ser

orgânicas para se tornarem mais sociais, a inserção cultural é determinante

para o pleno desenvolvimento psíquico e emocional da criança. Os conflitos

que podem ser gerados da relação da criança com seu ambiente ou com o seu

34

sistema nervoso ainda não maturado e sem muito controle das emoções

podem propelir um desenvolvimento e uma construção progressiva. O controle

afetivo e o desenvolvimento motor se faz presente em todas as fases de

desenvolvimento e a inteligência se expressa por este meio.

Na perspectiva Walloriana, sem vínculos afetivos não há

aprendizagem, já que aprender é um investimento que o sujeito empreende, e

o sujeito aprendiz surge a partir da qualidade e do clima emocional que se

estabelece com seus educadores. Dantas (1992, p. 90) relata “isto significa que

a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da

inteligência e vice-versa”.

O importante é que todo o vínculo criado e desenvolvido durante o

processo de aprendizagem busquem a positivação dos laços afetivos, tornando

a sala de aula um momento de prazer e busca do crescimento. Nem todo o

estímulo negativo representa aspecto desfavorável, a sensação de frustração e

medo podem sim ser um estimulante para o crescimento e a superação,

dependo do próprio substrato biológico de cada criança.

As amígdalas (lobo temporal) são o botão de disparo das reações

emocionais, elas recebem os estímulos aferentes causadores do medo, levam

conexões ao hipotálamo e núcleo bulbar, onde ativa o comando do SNA,

endócrino e imunitário, além de ativar os núcleos descendentes do sistema

motor e ativa o sistema ascendente do tronco encefálico, trazendo os ajustes

fisiológicos proporcionados do medo.

2.6. Controle das Funções Executivas na Aprendizagem

As funções executivas são um conjunto de funções responsáveis por

iniciar e desenvolver uma atividade com um objetivo final determinado envolve

um espectro amplo de processos cognitivos: estado de alerta; atenção

sustentada e seletiva; tempo de reação ao estímulo; influência e flexibilidade de

pensamento e integração de informações (memória de trabalho e arquivadas).

Tais aspectos atuam possibilitando a busca de soluções para novos problemas,

35

favorecendo o planejamento e regulando o comportamento adaptativo, com

objetivo final.

As funções executivas forma o sistema de gerenciamento dos

recursos cognitivo-emocionais, cuja principal tarefa é a resolução de

problemas. Tem o papel de organizar capacidades perceptuais, de memória e

práxicas em um determinado contexto. A atuação da “memória de trabalho” é

imprescindível para que seja possível contar com um funcionamento adequado,

isto é, conservar a informação, bem como resgatar informações arquivadas. O

lobo frontal possibilita um espaço de trabalho no qual a representação mental

das informações que não mais existam sejam mantidas para realização da

tarefa proposta.

As crianças na fase inicial do seu desenvolvimento cognitivo e

afetivo não apresentam capacidade de controle das suas funções executivas,

capacidade de gerenciamento e tomadas das suas próprias decisões, portanto

e o educador a família e a escola que criam formas apropriadas para tais

propriedades, criando possibilidades para este desenvolvimento. Conforme a

maturação o discernimento entre as emoções positivas e negativas vão sendo

possibilitadas a criança caminhar pelas suas próprias condutas de forma

equilibrada.

2.7. Desenvolvimento Humano

Principal enfoque atualmente da neurociência, da neuropsicologia e

da psicomotricidade é o entendimento do desenvolvimento do comportamento

humano baseado no funcionamento e desenvolvimento normal do cérebro,

podendo criar bases para o entendimento do funcionamento normal e as

alterações do seu desenvolvimento, objetivando a identificação de forma

precoce de qualquer alteração que possa impossibilitar o desenvolvimento

cognitivo, comportamental, motor e afetivo de forma plena.

Para Vygostsky o desenvolvimento das funções cerebrais está

relacionado com as funções psicológicas superiores, que são adequadas ao

longo da história social do homem. O desenvolvimento se dá das relações

36

sociais mediados pelos instrumentos simbólicos cultivados pelo

desenvolvimento pela cultura de onde a homem está inserido. Na criança

pequena o desenvolvimento do cérebro nas funções mais elementares é

fundamental para o seu funcionamento psicológico, social e cognitivo,

necessário para o processo de aprendizagem (Costa, 2007).

A aprendizagem é um processo passa por etapas. Primeiramente

ocorre a captação da informação pelos sistemas sensoriais, visão, olfato,

paladar, tátil, proprioceptivo e audição, sendo um estímulo mecânico

necessitando a repetição. Após a captação destes estímulos serão

encaminhadas vias neurônios aferentes ao sistema nervoso central para serem

processados e codificados em áreas cerebrais específicas do telencéfalo além

de associarem as informações as trajetória e histórias vivenciadas pela criança

pelo sistema límbico e diencéfalo.

Contudo as novas diretrizes educacionais mostram que esta

aprendizagem precisa ser significativa, ter uma objetividade da sua

importância. Apesar de a aprendizagem significativa ser um processo subjetivo

isto é o que é de interesse para mim não necessariamente será para o outro,

pois estará relacionado com as construções emocionais e afetivas, relacionado

ao aspecto vivenciado.

O estímulo para o desenvolvimento infantil se torna coerente quando

este contexto está relacionado com as experiências à memória, e o cérebro

verifica a importância da informação e desta forma estes estímulos não ficam

apenas no sensorial, é necessário provocar a emoção e o despertar do

interesse para o emolduramento do contexto pedagógico.

O professor é a representação simbólica deste processo de

aprendizagem como o pai e a mãe, ele favorecerá o despertar do desejo de

aprender.

Diversos estudos já foram realizados a cerca do processo de

desenvolvimento infantil. Teóricos como Arnold Gessel e Jean Piaget

37

realizaram pesquisas com crianças desde o nascimento até os seis anos de

idade.

Todo o processo embriológico é iniciado com a fertilização de uma

célula, onde passará por etapas de divisões celulares, chegando ao processo

de formação do embrião. Cada fase já estudada por diversos autores são

necessário para um desenvolvimento critérios de todas as estruturas corporais.

No período pós-parto a trajetória de desenvolvimento de uma

criança começa pela dependência total até a começar a se transformar em um

ser independente e autônomo e todos os bebês apresentam também uma

ordenação cronológica do desenvolvimento, podendo ora está mais acelerados

ora amenos. Esta ordenação cronológica é determinada por fatores biológicos

bem como aqueles externos proporcionados pelo espaço familiar e social como

a escola onde ele interage.

Cada Idade não é meramente a soma das coisas que a criança

é capaz de fazer nesta fase. Pelo contrário, cada idade tem a

sua própria individualidade, a própria tarefa de

desenvolvimento, seu próprio clima, sua própria maneira de ser

(GESSELL, 1999, p. 38).

O movimento bem como o exercício é de fundamental importância

no desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. (Alves, 2012). O

movimento permite a exploração do mundo externo para a criança desenvolver

a noção do concreto possibilitando as capacidades de abstração futura.

Os primeiros anos de vida têm importância para o desenvolvimento

da afetividade, inteligência e as relações sociais da criança determinando ou

favorecendo as capacidades futuras tanto para aspectos positivos quanto

negativos. A maturação normal favorece o desenvolvimento da inteligência e

vários fatores são determinantes. A família possui o papel primordial neste

processo além da qualidade da relação mãe-filho e a consequência do

processo materno para o desenvolvimento infantil, a privação de estímulos

adequados, relações de afetividades além de estímulos de superproteção,

38

pode resultar em atraso e inadequado desenvolvimento infantil. Em segundo

lugar a escola, apresenta também um aspecto importante, de como ela recebe

e enxerga esta criança.

Potencialidade do cérebro, o aprender está no neurônio nas

conexões, cada neurônio possui a formação dos arquivos. O aprendizado é um

processo neural pela qual a experiência modifica o comportamento

centralmente regulado (Santos, citado por Relvas 2012).

O aprender passa pela estrutura macrocerebral, porém é

armazenado no micro (neurônio). O potencial elétrico é convertido para

formação de funções químicas, produção de sai proteínas, esta será

armazenada no neurônio,

Victor da Fonseca em seus estudos busca demonstrar interação do

desenvolvimento filogenético do ser humano com o desenvolvimento das suas

capacidades linguísticas e cognitivas, Piaget introduz o conceito de o

conhecimento não precede unicamente das experiências únicas dos objetos,

nem mesmo de uma programação genética, mas de uma construção sucessiva

de novas estruturas psíquicas e emocionais, segundo Freitas 2000. A

interação biológica com a influência externa é que permitem nortear o

desenvolvimento e o equilíbrio interno frente ao externo.

2.8. Etapas do Desenvolvimento Infantil

É preciso o entendimento que o desenvolvimento infantil não ocorre

de forma linear, portanto a mudanças vão sendo produzidas de forma gradual e

em período contínuos que vão se sucedendo e se superpondo, portanto não é

possível criar regras fixa criança as e amarradas sobre esse processo de

desenvolvimento, durante a evolução a criança experimenta avanços e

retrocessos, vivendo seu desenvolvimento de modo particular, é preciso

acompanhar a construção e sua personalidade respeitando que em casa idade

há um jeito próprio de a criança manifestar e antecipar etapas ou mesmo não

39

estimular o desenvolvimento da criança pode ser um fator determinante para

futuros conflitos, portanto é fundamental a observação e acompanhamento do

desenvolvimento infantil com um olhar crítico por parte da família e da escola.

As fases de desenvolvimento motor da criança podem serem

subdivididos em quatro etapas:

1) Movimentos Reflexos - início dos reflexos aparece durante a 8ª semana

de vida intrauterina até +- 4 á 6 meses.

2) Movimentos Rudimentares – vai dos 4 meses até +- 2 anos.

Predominância das primeiras formas de movimentos voluntários que

permitem controle postural, manipulação e locomoção.

3) Movimentos Fundamentais - início por volta dos 2 anos até +- 6 anos.

Atinge formas de movimentos bem, eficientes, porém com menor índice

de rendimentos que o adulto depende de diversas capacidades que

serão desenvolvidas após o crescimento.

4) Movimentos Especializados - início por volta de 6anos e vão se

especializando de acordo com o crescimento e as experiências de cada

indivíduo.

2.8.1. Desenvolvimento Infantil de 0 aos 6 meses

Quanto ao desenvolvimento neuromuscular, à criança apresenta

uma evolução dos padrões reflexos e primitivos para padrões mais voluntário e

controlado, os músculos vão fortalecendo de forma gradual de acordo com a

maturação cerebral. Nos primeiras semanas a criança adota um padrão flexor

de membros e tronco e baixo tônus extensor, portanto apresenta grande

dificuldade de sustentação de cabeça. Por volta da oitava semana à criança

apresenta condições de sustentar a cabeça sozinha por alguns segundos até o

terceiro mês o bebê apresenta simetria corporal onde as mãos estão centradas

na linha média, aonde gradativamente vai reduzindo o padrão flexor podendo

adquirir redução da flexão dos membros adotando a extensão e afastamento

da linha média. O bebê inicia o rolamento e sustentação da cabeça quando é

40

puxada para sentar e seus movimentos passam a se tornar involuntários,

contudo bastante rudimentares.

Do quarto ao quinto mês o bebê começa a perder alguns padrões

reflexos, rola com dissociação de cinturas e interage mais com o meio, leva a

mão para o centro do eixo corporal para pegar objetos, leva a mão aboca e

inicia o sentar permitindo uma visão de 180º. Nets etapa a criança já reconhece

a mãe e dorme menos além da emissão dos sons guturais.

2.8.2. Desenvolvimento Infantil dos 6 aos 12 meses

Dos seis aos sete meses o bebê apresenta rotações corporais mais

elaboradas passa para a postura sentada e desenvolve resposta reflexa de

proteção para frente, inicia o arrastar.

Já aos oito e nove meses é possível verificar a reação de proteção

para os lados, melhora o equilíbrio sentado, maior dissociação dos membros

superiores e inferiores, já se se coloca de pé tracionado pelas mãos e

engatinha com bastante desenvoltura, além de permanece de pé com apoio.

Com dez a doze meses ocorre a reação de proteção trás, aumenta o

equilíbrio sentado, já a criança passa para a postura de pé, pois já apresenta

maior força nas pernas e permanece em pé se apoio, além de agachar para

pegar objetos, segura e solta objetos.

Desenvolvimento intelectual e emocional infantil dos 6 aos 12 meses

A aprendizagem nos primeiros meses faz-se sobre tudo através dos

sensorial e principalmente através da boca, “conversas” fazendo a expressão

pro meio das manifestações corporais e o movimento. A partir dos oito meses a

vocalização da criança já participa da interação com os adultos, os objetos e

inicio de formação de palavras já começam a ser nomeados e a memorização

sendo progressivamente capaz de associar com as ações. Aos já anos a noção

de causa e efeito já passa a ser reconhecido, além de aumentar a capacidade

de associação de ações com o seu fim e vai aperfeiçoando a vocalização.

41

O desenvolvimento emocional vai se formando um forte laço afetivo

com a figura materna inicialmente e posteriormente com a s pessoas que

passam a maior parte do tempo com a criança criando vínculos afetivos, a

criança vai desenvolvendo maior ansiedade ao afastamento das pessoas de

maior vínculo com seu afastamento, bem como com pessoas estranhas.

Gradativamente a criança vai adquirindo consciência do seu “eu” de forma

desvinculada da mãe, onde a mãe e a criança não fazem parte de uma peça

única.

2.8.3. Desenvolvimento Infantil de 1 a 2 anos

Neste período a motricidade fica mais refinada a criança começa a

deixar a fase de desenvolvimento rudimentar para a fase de desenvolvimento

fundamental onde amadurece até os seis anos de idades segundo Gallahue.

A criança começa a andar, sobe e desce escadas mesmo com o

equilíbrio sendo bastante instável, uma vez que os músculos das pernas ainda

não estão bem fortalecidos, contudo a criança com 2 anos já é capaz de

caminhar e ficar em pé com segurança e movimentos mais controlados, a

motricidade fina vai gradativamente se refinando podendo desenvolver a

marcha em conjunto com o manuseio de objetos.

Desenvolvimento intelectual e emocional infantil de 1 á 2 anos

Neste período a criança desenvolve mais a memória devido à

repetição das atividades, permite- lhe antecipara os acontecimentos e voltar

uma atividade momentaneamente interrompida, a qual já apresenta capacidade

de dedica-se um maior tempo. Come a ter maior curiosidade para exploração

do ambiente sendo fundamental este período a estimulação favorecendo o

desenvolvimento. Já consegue a compreensão de ordens simples, inicialmente

acompanhadas de gestos e as experiências físicas vão favorecendo o

desenvolvimento cognitivo devido à relação que começa a criar entre objetos e

utilidades e comportamentos.

42

Gradativamente acriança vai gerando mais autonomia e

independência funcional e social, sente satisfação de estar independente em

atividades em grupo, porém ainda necessita a presença dos pais. À medida

que começa a ter mais consciência de si próprio, fisicamente e

psicologicamente acaba desenvolvendo mais empatias e afetividades mesmo

ainda apresentando um sentimento de possessividade e se tornam mais

sensível à provação e reprovação dos adultos.

2.8.4. Desenvolvimento Infantil de 2 a 4 anos

À medida que ocorre a maturação das funções motoras a criança

começa a correr, salta pular, subir escadas e caminhar com mais desenvoltura,

melhor domínio corporal, facilmente manipula objetos com as mãos, já é capaz

de comer sozinho, vai melhorando a motricidade manual e pedal apresenta

controle de esfíncter.

Desenvolvimento intelectual e emocional infantil de 2 á 4 anos.

Inicia a fase de grande curiosidade dos “por que”, á medida que

desenvolve suas competências linguísticas, a criança já se manifesta de outras

formas que não seja a exploração física favorecendo o desenvolvimento

cognitivo. Já é capaz de produzir pequenas frases, apresenta melhor

consciência de si, já apresenta a noção da primeira pessoa “eu”, a memória e

capacidade de concentração aumentam e come a formar imagem mental das

coisas o que leva a compreensão de conceitos utilizando bastante à

imaginação e começa ter mais experiência de diferentes sentimentos como

raiva, alegria, medo e maior capacidade de manipulação dos adultos e já

começa a ter noção de causa e efeito, vais e tornando bastante curioso e

investigativo, mas com dificuldade de compartilhar e cooperar.

Começa a perceber diferenças comportamentais entre homens e

mulheres, começa a desenvolver independência e autoconfiança e começa a

conhecer seus próprios limites e pedir ajuda, já possui noção do que é certo e

errado.

43

2.8.5. Desenvolvimento Infantil de 4 a 6 anos

Apresenta melhor desenvolvimento muscular as atividades motoras

são mais controladas consegue realizar atividades como se vestir, escovar

dentes e cabelo etc., sozinho, a preferência manual e a lateralidade estão

definidos. A coordenação motora fina está se tornando cada vez mais

habilidosa. Já corre pula, vira cambalhota com maior desenvoltura e os

desenvolvimentos das habilidades fundamentais devem estar estabelecidos até

os 6 anos de idade.

Desenvolvimento intelectual e emocional infantil de 4 á 6 anos

A criança já apresenta um vocabulário alargado manifesta grande

interesse pela linguagem, compreende ordens e frases negativas, faz a

construção de frases bem estruturadas, apresenta grande curiosidade o que

permite fazem constantes pergunta, começa a compreende a diferença entre

fantasia e realidade, reconhece que os símbolos podem trazer objetos reais, é

capaz de agrupar objetos tendo noção de tamanho, cores, formas grandezas

etc.

Brinca bem com outras crianças, já consegue esperar pelo seu

momento, maior sensibilidade aos sentimentos, envergonha-se facilmente,

testa o poder e o limite do outro.

2.8.6. Desenvolvimento Infantil a partir de 7 anos

A criança adquire uma nova imagem de si, mais próxima da

realidade, substituindo o pensamento mágico pelo pensamento lógico, já se

expressa por meio do diálogo e sente necessidade de explicar logicamente a

suas ideias, também descobre questões do mundo adulto, como mentira,

culpa, a morte, compreende melhor as regras, come a perceber que ela não é

o centro do mundo e que é composto por outras pessoas trabalha em grupo

com mais facilidade e frequência, se torna mais criativa e esta curiosidade

precisa ser estimulada pelos pais e pela escola.

44

Entendendo o processo de desenvolvimento infantil e a grande

necessidade da estimulação devido o processo maturacional cerebral,

determina a possibilidade de construção de um processo de desenvolvimento

infantil mais competente, segundo estes princípios a psicomotricidade busca

este aperfeiçoamento buscando um crescimento e uma aprendizagem de

forma mais produtiva e significativa, fazendo com que a criança cresça em seu

equilíbrio psíquico, físico e mental. É com esta proposta que será abordado no

capítulo III a características e habilidades motoras a serem desenvolvidas pela

criança com o enfoque psicomotricidade.

45

CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE COMO ESSÊNCIA PARA O

DESENVOLVIMENTO NEURO-INFANTIL

A APRENDIZAGEM

3.1. Prática Educacional no Novo Milênio

A virada do milênio traz um balanço sobre as práticas pedagógicas e

teorias que atravessam a atualidade. Falar das perspectivas atuais da

educação é também falar, discutir, identificar o objetivo presente no campo das

ideias dos valores e das práticas educacionais perpassando pelo passado,

vivenciando o presente e criando possibilidades para o futuro.

Observar hoje, educadores e políticos contextualizando uma

educação globalizada, informatizada e voltada para a sustentabilidade. Os

sistemas educacionais trazem grande impulso para o sistema educacional

igualitário não como justiça social, mas como parâmetro curricular comum,

criam-se bases e diretrizes curriculares buscando a hegemonia da formação

pedagógica nas escolas.

É preciso por meio deste aspecto, racionalizar as questões práticas:

todas as crianças são diferenciadas, crescem, pensam e racionalizam de forma

diferenciada, será capaz este sistema a construção de uma didática

pedagógica centralizada apenas na figura de matrizes curriculares. Será o

cumprimento de uma grade curricular recheada de conteúdo a certificação do

sucesso da criança? As potencialidades dos indivíduos são determinadas pelas

notas 7, 8, 9 ou 10 no boletim escolar?

È necessário que a criança chegue à adolescência e

consequentemente a fase adulta possuindo a capacidade de alcançar a

possibilidade de compreensão do mundo, que permitirá então ao jovem adquirir

ideias construir e lutar por objetivos e planejamento futuro. Essa construção

dos reflexos endógenos e com reflexo nos seus pensamentos permitirá de

46

forma consciente fazer as escolhas de futuro dos seus projetos de vida e

construção dos seus preceitos.

Atualmente o objetivo da escola não é mais a estocagem de um

acervo cultura, e sim criar condições para que ela cresça de forma plena com

possibilidades de construção de estruturas que ampliam as suas capacidades

de aprendizagem e estruturação do mundo.

O papel da escola é revestido de tal relevância, que seja difícil

imaginar a existência do ser humano sem tal estrutura, mesmo com a grande

necessidade de mudanças escolares que verificamos na atualidade. A própria

escola se sente limitada de tão grande é a necessidade de transferência de

conhecimento científico onde o próprio alunado não consegue fazer ver as

grandes necessidades de tais fatos.

Já em estudos de Piaget, Paulo Freire e outros teóricos mostram a

grande preocupação deste caminhar. Piaget com suas referências: para onde

vai à educação; psicologia e pedagogia; demonstra que projetos vão muito

além da sala de aula.

Piaget fez descrições dos processos evolutivos abordando a

embriogênese e a ontogênese e descreve que cada estágio de

desenvolvimento embriológico mental é necessário para a fase seguinte, para

ele “as sucessões de conduta seja constante, independentemente das

acelerações e atrasos que possam modificar a idade cronológica média da

criança em função das experiências adquiridas do meio social. Cada estágio

seja definido não apenas por uma característica simples dominante, mas por

uma estrutura de conjuntos que caracterize todas as condutas novas de uma

etapa” (Montoya, 2011).

As crianças já nascem com suas características hereditárias e

biológicas, no momento iniciam o seu desenvolvimento motor é definido em

grande parte pelo desenvolvimento de respostas reflexas, contudo com o

processo de maturação do sistema nervoso, esse processo deixa de ser em

47

grande parte reflexo para começar a tornarem-se voluntários e coordenados,

porém para tal fato é necessário exercícios para consolidar e se afirmar.

Para a criança ler e escrever são necessários o desenvolvimento de

um nível intelectual, afetivo, social e motor, além do desenvolvimento da

linguagem. A aprendizagem escolar é uma etapa essencial ao desenvolvimento

intelectual da criança, é nesse momento que a criança recebe conhecimento

que a tornará apta a ingressar plenamente no contexto social. Por meio do

processo de alfabetização a aprendizagem matemática, a percepção espacial e

temporal e o domínio corporal, formarão as ferramentas básicas para acessar

conhecimentos cada vez mais complexos acerca deste mundo segundo Heber

Maia (2011).

Partindo deste princípio é que quando a criança não vem

desenvolvendo de forma satisfatória dentro das unidades escolares,

precisamos estar mais focados na construção de suas competências do saber

acadêmico e da internalização da construção do sujeito. O fracasso escolar na

civilização industrializada representa o fracasso social e um fracasso na saúde,

vista hoje que identificamos a preocupação de prescrever e criar diagnóstico

para as incapacidades infantis. Incapacidades estas traduzidas como

justificativas da incapacidade da família e do sistema educacional, que não

consegue visualizar a criança como um ser individualizado e sim como

parâmetros estatísticos como justificativas políticas os nossos governantes.

Para a criança adquirir a linguagem verbal e escrita é necessário

que ela utilize os gestos para se comunicar, que faça do movimento a sua

própria forma de linguagem para poder então representar a linguagem

simbólica. Para que ocorra a aprendizagem facilitada, faz se necessário a

passagem pela ação corporal. O desenvolvimento psicomotor determina a

condição necessária para a aprendizagem pré-escolar.

A evolução revela que nos seres humanos, a motricidade e a

linguagem, e concomitantemente o cérebro e sistema funcionais se

desenvolvem em conjunto. (Fonseca 2007). Dentro desta visão mais integrada

que dentro da escola a educação psicomotora é concebida com uma série de

48

técnicas e jogos destinados a desenvolver as capacidades potenciais da

criança. O trabalho deverá ser dirigido pelo profissional especialista como o

pedagogo o educador físico ou psicomotricista definindo atividades

pedagógicas e para compreender os aspectos globais do desenvolvimento

infantil é importante o entendimento dos aspectos, cognitivos, emocionais e

afetivos.

A psicomotricidade é vista como uma ação educativa e integradora

para o desenvolvimento infantil, fundamentada na integração e socialização da

criança, fundamentando na linguagem, movimentos corporais naturais e

conscientes, permitindo a espontaneidade da criança permitindo a integração,

a desenvolvimento intencional, harmonioso e global do corpo, além de apoio as

experiências sensório-motoras, emocionais, afetivas, cognitivas como um todo.

3.2. Objetivando a Psicomotricidade para o Desenvolvimento

da Criança

A psicomotricidade apresenta um enfoque de educação, reeducação

psicomotora e terapia psicomotora, que atuam de forma integrada ao

desenvolvimento psicomotor e a vida psíquico-emocional, fundamentando na

comunicação global. A educação psicomotora visa à estimulação do

desenvolvimento das etapas e habilidades motoras, a reeducação psicomotora

trabalha com reestruturação do desenvolvimento psicomotor e a terapia

psicomotora enfoca o corpo em sofrimento que manifesta por meio do corpo

em sofrimento. A base do desenvolvimento psicomotor é “aquilo que não se vê

não se toca, porém se sente” Rego Barros 2000.

O conhecimento das dificuldades específicas da criança, buscar

possibilitar a criança emergirem em novas atitudes e comportamentos

permitindo compreender melhor suas emoções e buscar as respostas

adequadas.

As técnicas psicomotoras apresentam sob dois enfoques segundo

Ferreira (2011), a técnica psicomotora de expressão – favorece a

capacidade de comunicação com o outro, a criatividade e a expressão

49

emocional, por meio da dança, mímica, jogos dramáticos, expressão artística,

grafismos, modelagem, técnicas de expressão corporais, teatro etc. e a técnica

da psicomotricidade de impressionabilidade - onde é visto a influência dos

sistemas sensoriais, favorecendo a as respostas sensório-motoras,

proprioceptivas, exteroceptivas favorecendo o relaxamento e a busca do

conhecimento.

A prática psicomotora na educação infantil apresenta um caráter

preventivo ela engloba o desenvolvimento infantil a partir do corpo com

representações, possibilidades de englobar a fase não verbal da criança que se

caracteriza por um período fundamental na construção do sujeito, por meio da

experiência vivida, nesta fase a criança vai interagindo, fazendo

transformações no pensamento e no corpo. Integrando as experiências vividas

anteriores como um processo de formação de base e alicerce para as novas

construções do saber; como um a trama na construção de um tear, caso não

seja feito os primeiros fios de forma tensionada para as treliças que surgirão, o

tear não ficará perfeito, portanto a psicomotricidade favorece o

desenvolvimento da aprendizagem e por ser entendida como um percurso que

a criança deseja percorrer para buscar a sua auto realização. Viver

intensamente as fases sensório-motoras permite que a criança descubra por

meio da manipulação e da exploração, as coisas que estão ao seu redor, às

pessoas e o espaço, por isso a criança precisará interagir e dar sentido as

experiências vivenciadas formando a base da construção do conhecimento. O

aprender precisa ser instigante, motivador e desejaste onde o prazer da

descoberta e da conquista estimule ainda mais a busca pelo novo, pelo

desconhecido e o agir fazer estabelecer conecção com a transformação do

meio, e o meio transformado o sujeito, é preciso o ajustamento dos modelos

mentais para interferir e organizar as experiências vividas; criança deve

vivenciar seus ideais seus sentimentos e vontades, buscando desta forma o

estímulo necessário para o processo de aprendizagem.

Se o organismo estiver preparado, ele estabelece a conexão

favorecendo com o estímulo a sua reação e resposta para o desenvolvimento,

caso o organismo não esteja maturado a aprendizagem ficará de forma

50

desagradável se tornando um aspecto negativista no processo de formação da

criança.

A educação psicomotora deve ser praticada desde a tenra idade:

conduzida com perseverança permitindo prevenir inadaptações difíceis de

corrigir quando já estruturadas (Le Bouch, 1988).

3.3. Psicomotricidade no Desenvolvimento Infantil

O movimento, bem como o exercício é fundamental para o

desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança, estimula a

respiração e o sistema vascular além de fortalecer os músculos e permitir que

os ossos se desenvolvam e torne mais densos, além de permite à criança

explorar o mundo exterior por meio de experiências concretas sobre as quais a

construção das noções básicas para o desenvolvimento intelectual vivenciando

o concreto (Alves 2012).

O importante não é a criança realizar uma atividade e terminar em

primeiro, segundo ou terceiro, mesmo sabendo que as crianças em grande

parte gostam da sensação de disputar a atividade, pois passa a ser

estimulante, o importante é se ela realiza a atividade com bom desempenho,

controle motor e qual foram à relação afetiva para a realização da mesma.

Segundo Alexander Luria a áreas de desenvolvimento cerebral são

integradas e indissociáveis, e acaba desenvolvendo as áreas cerebrais e áreas

funcionais de acordo com os tipos de desenvolvimento motor. A primeira

unidade funcional é determinada pelo controle do equilíbrio corporal e

regulação do tônus, a segunda unidade funcional determina a percepção

espacial, temporal, esquema corporal, lateralidade, dominância lateral e a

terceira unidade funcional regulam a praxia global e fina.

3.4. Atividades Utilizadas em Psicomotricidade

A psicomotricidade aborda importantes aspectos para o

desenvolvimento infantil como: controle motor que está relacionado ao

equilíbrio corporal e tônus muscular a coordenação motora fina e coordenação

51

motora global que, além do conhecimento do corpo e o domínio do corpo no

espaço.

3.4.1. Tonicidade

O desenvolvimento neuropsicomotor normal caracteriza-se pela

aquisição gradual do controle postural, como surgimento das reações de

retificação e das reações de equilíbrio. O tônus muscular é representação do

estado de tensão permanente dos músculos do corpo. Controlado vias arco-

reflexo medular além da resposta dos centros superiores controlados pelo

cerebelo. A função tônica é fundamental na abordagem psicomotora da criança

em função dos diversos aspectos atingidos como controle de atividades

posturais, sustentação dos membros e cabeça, postura estática e dinâmica e

equilíbrio corporal em circunstâncias normais contra a ação da gravidade.

O tônus harmonioso permite gestos com qualidade e bem regulados

o que edifica os esquemas sensoriais e motores para a representação dos

gestos e postura. Para Wallon citado por Nicola 2004, a função tônica também

é influenciada pelo psiquismo, são por meio dos gestos, expressões faciais e

corporais o que fornece significância afetiva e social de forma consciente ou

inconsciente a criança manifesta seu estado emocional sendo por meio do

tônus de repouso ou em relaxamento, ou seja, por meio do tônus de ação,

podendo ser uma forma de comunicação.

O Tônus muscular não aparece ao acaso além do processo de

desenvolvimento e maturação cerebral também apresenta um importante

aspecto com as reações emocionais, a boa evolução da afetividade é expressa

pela postura, atitudes, expressões faciais, a linguagem corporal, transmitindo

sensações de dor medo, raiva, insegurança, alegria, tristeza, etc. Uma criança

que é muito insegura onde não possuí autoestima levada apresenta um estado

de tensão permanente em seu corpo onde seus músculos estão contraídos em

excesso comprometendo o balanço dos segmentos durante a marcha,

escrevem segurando o lápis com muita força apresenta dificuldade de realizar

movimentos mais finos e delicados, fazendo com que se sinta ameaçada e

podendo apresentar quadros de dores musculares difusas principalmente em

52

região das costas, ombros e dores de cabeça. È possível observar também

crianças apresentando um tônus postural baixo, levando a dificuldade de

manter-se em pé por períodos mais longos, dificuldade de fazer atividades de

saltar e pular apresenta quedas com facilidade o que acaba gerando medo e

maior insegurança para realização das atividades.

O tônus muscular, portanto, depende muito também da estimulação

que a criança recebe do meio por meio da utilização de exercícios e atividade

esportiva, bem como pela estimulação de um psicomotricista, educador físico o

que permitirá a criança confiar mais nas suas possibilidades e passar a agir no

meio ambiente de forma mais segura.

3.4.2. Equilíbrio

O equilíbrio corporal regulado pelas vias aferentes e eferentes do

cerebelo para o tronco encefálico, medula espinal onde por meio do controle do

tônus postural favorecerá a manutenção do equilíbrio corporal e o controle dos

movimentos corporais bem como a marcha que um dos sentidos mais nobres

do corpo humano e à medida que a criança cresce e evolui o equilíbrio passa a

ser cada vez mais fundamental é à base de sustentação para a harmonia dos

movimentos corporais. Com a efetivação do equilíbrio corporal a criança vai

gerando domínio do seu corpo criando capacidades e habilidades para andar,

correr, pular, saltar, girar e executar tantos outros movimentos sofisticados. A

colocação perfeita do centro de gravidade e a combinação com as respostas

cerebrais e o controle muscular permitem a combinação perfeita para o

crescimento motor infantil.

O equilíbrio pode ser dividido em equilíbrio estático e dinâmico; o

equilíbrio estático é um movimento não locomotor, isto é o aumento do tônus

muscular para manter uma posição ou postura. Fundamental para manuseio e

realização de atividade de coordenação motora global ou fina. Já o equilíbrio

dinâmico é o que permitirem à marcha e a movimentação corporal no espaço.

53

3.4.3. Esquema Corporal

O corpo é uma forma de expressão individual a criança percebe a

coisas ao seu redor por meio do seu corpo e tendo um domínio e conhecimento

deste corpo apresenta maior possibilidade de ação e habilidades diferenciadas,

ajuda a verifica a organização de si mesmo como ponto de partida para

descobertas das possibilidades de ação. É a tomada de consciência por parte

da criança das possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de se

expressa, por meio da construção do desenho permite verificar conhecimento

do seu corpo.

Para a criança agir através de seus aspectos psicológicos,

psicomotores, cognitivos e sociais é preciso ter um corpo organizado, e está

organização de si mesmo é o ponto de partida que a criança descubra as

diversas possibilidades de ação.

Nos primeiros meses do período pós-parto a criança ainda não

apresenta esta percepção corporal que ela é um ser independente da mãe, e

gradativamente ela vai identificando e reconhecendo as feições faciais

conhecidas como a da mãe e pai ou pessoas que convivam, mai descobrindo o

seu próprio corpo e roso por meio de movimentos e gestos em frente ao

espelho, e consegue gradativamente apresentar controle motores corporais de

forma voluntária, isto é a criança a prende a conhecer e a diferenciar seu corpo

do corpo do outro e seu corpo como um todo e adquirir conhecimento das

possibilidades de ação deste corpo e um bom domínio e independências dos

diferentes segmentos corporais.

Para Shilder, citado por Oliveira (2007) o conceito de imagem

corporal é uma representação mental de nosso corpo e não uma mera

percepção envolve um conhecimento intelectual e consciente do corpo e da

função dos órgãos.

A denominação das partes do corpo confirma o que é percebido,

reafirma o que é conhecido e permite verbalizar aquilo que é vivenciado. A

criança apresenta uma representação gráfica do seu corpo, podendo explicitar

54

por meio de figuras da imagem de si mesmo, e o domínio deste corpo ajuda a

posicionar este corpo no espaço e serve como referência para interagir com o

mundo e ele é a base para o desenvolvimento cognitivo e estabelecimento de

conceitos mais abstratos.

A criança apresenta o conhecimento do seu corpo por meio das

experimentações, é testando o seu corpo, que a criança vai desenvolvendo

este domínio, conforme vai ocorrendo à maturação cerebral, primeiramente por

meio do sistema sensorial que a criança vai desenvolvendo as suas

percepções corporais, pelas vivências, experimentações, descobertas e as

representações corporais. Le Boulch segundo Oliveira 2007, traduz a teoria

psicomotora em três etapas: até os 3 anos de idade é o corpo vivido, dos 3 aos

7 anos é o corpo percebido ou descoberto e dos 7 aos 12 anos é o corpo

representado.

Existem crianças que não apresentam um bom domínio do seu

corpo, apresentam dificuldades perceptivas, controle corporal, incapacidades

respiratórias, dificuldades com o equilíbrio, dificuldade de locomoção em

espaços físicos limitados, não percebem a posição dos seus membros

apresentando dificuldade na coordenação dos movimentos e do seu corpo e

com harmonia, e como a criança apresenta dificuldade de planejar os seus

movimentos acaba desprendendo tanta energia para realizar as tarefas,

apresentando um cansaço físico e mental grande o que leva a não realização

das atividades e tarefas. Uma perturbação do esquema corporal, portanto,

pode levar a uma impossibilidade de se adquirir os esquemas dinâmicos que

correspondem ao hábito viso-motor e acaba interferindo na leitura e na escrita.

onde Ajuriaguerra (Fonseca, 1998, p.65) afirma: “(...) sem um verdadeiro

conhecimento do corpo e do investimento sobre o mundo dos objetos e das

pessoas, não se atinge, consequentemente a linguagem”.

3.4.4. Lateralidade

A dominância corporal como a criança realiza e procura a s suas

preferências para o desenvolvimento das habilidades corporais, manual, pedal,

ocular e visão são determinados pela lateralidade cerebral. A dominância

55

corporal está relacionada com a dominância cerebral, onde este hemisfério

cerebral acaba tornando um hemisfério “maior”, com maior conexão sináptica,

também determinada geneticamente e pela quantidade de estimulação que a

criança recebe para aquele dimidio corporal. Quando há dominância do

hemisfério cerebral esquerdo temos o indivíduo destro, quando predominância

é do hemisfério cerebral direito temos o indivíduo canhoto. Contudo não

podemos descartar a colaboração dos dois hemisférios cerebrais, até mesmo

porque existem atividades que são processadas em hemisférios específicos.

A lateralidade é determinada pela noção e reconhecimento do seu

corpo segundo Riesgo, citado por Alves (2012 pag. 72) o conhecimento do

próprio corpo e como a criança lida com esse corpo é a questão principal do

processo de desenvolvimento neuro-motor, e definirá a relação do “eu” e o

mundo externo, o que segundo Wallon é um elemento fundamental

indispensável na constituição da personalidade.

A lateralidade também é determinada pela capacidade da criança

desenvolver mais força muscular, precisão e rapidez é o segmento que na

maior parte inicia a execução inicial do movimento. A dominância para

Guillarme (1983, p.37) é a prevalência com que a criança realiza alguma

atividade com aquele segmento, com qual mão pega a tesoura, escova os

dentes, pentear o cabelo, segura o lápis, etc. com as suas implicações

psicológicas e sociais, já a dominância apresenta uma implicação orgânica que

significa a preferência para segurar um prato como, por exemplo, e o

predomínio cerebral. Muitas vezes a criança apresenta como preferência para

execução de atividade um das mãos, porém não é o lado do cérebro

dominante, isto muitas vezes por motivos de imposição com qual mão à criança

segura o lápis o garfo, etc. Passamos a dizer que esta preferência é

contrariada. Já a lateralidade cruzada é quando a criança utiliza segmentos

corporais opostos, como por exemplo: pé esquerdo, mão direita, ouvido

esquerdo e olho direito.

São diversos os motivos que determinam o desvio da lateralidade,

uma lesão provoca no segmento trauma, paralisia, amputações, por

56

identificação e vontade de imitação de comportamentos ou por imposição de

pais, professores, motivos afetivos, e até mesmo acredita que características

de vascularização dos hemisférios cerebrais podem determinar a hemisfério

cerebral dominante (Brandão 1984).

A criança nos primeiros meses apresenta um padrão de tônus flexor

e gradativamente vai apresentando um domínio manual para segurar objetos,

entre quatro e sete meses à criança não consegue segurar dois objetos ao

mesmo tempo, um em cada mão, quando vê um objeto novo, o tônus flexor

relaxa e ele larga o que tinha na mão e troca de objeto, somente no final deste

período e que o bebê pode executar a preensão de um objeto sem largar o que

tinha. Se a criança for estimulada com os objetos e brinquedos sempre

próximos de um dimidio corporal é possível que a criança desenvolva aquele

lado como sendo o dominante por ser mais próximo. Até um ano de idade a

criança não apresenta dominância ou preferências, mas vai gradativamente

testando o lado de sua dominância, a lateralidade começa a evidenciar neste

período, mas só podemos falar de dominância propriamente dita entre os 5 e 7

anos.

A criança precisa experiência os dois lados sem interferência, ela

precisa se descobrir e não sofrer interferência, a partir do momento que esta

lateralidade passa a ser contrariada a criança poderá apresentar perturbações,

como dificuldade de aprender a direção gráfica, dificuldade de identificação

entre direita e esquerda, dominância de um dos lados do corpo, a

representação corporal de direita e esquerda, ritmo de escrita mais lento,

dificuldade na coordenação motora fina, dificuldade de discriminação visual,

perturbações afetivas que podem ocasionar reações de insucesso uma vez que

a criança sinta que está sendo diferente podendo gerar autoestima diminuída e

aparecendo maior número de sincinesia, e se com esta dificuldade a criança

poderá ter dificuldade de orientação espacial e a relação das coisas existentes

em seu meio.

A lateralidade na criança pode ser dividida em: manual, pedal, ocular

e auditiva.

57

3.4.5. Percepção Espacial

A estruturação espacial é fundamental para o direcionamento do

indivíduo no espaço e a sua convivência no meio social, é a través das

relações espaciais que a criança se situa no meio e permitem a relação com os

objetos as comparações verificando as semelhanças e diferenças. Por meio de

um trabalho mental é feito as observações às separações, extrações,

agrupando e classificando e estabelecendo conceitos dos objetos. “É esta

formação de categorias que leva à generalização e à abstração” (Kephart,

1986, p.123).

O cérebro estabelece e cria os conceitos espaciais à medida que a

criança possui a capacidade de abstração e por meio das percepções

sensoriais, a criança movimenta o braço para pegar um lápis ou um biscoito

por meio da percepção espacial e por meio da cinestesia, o cérebro e o

cerebelo calculam a distância para levar o braço, a força que precisa ser

aplicada e o sincronismo com o controle motor determinará a produção do

movimento, e esta estruturação espacial é elaborada pela construção mental

que se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão

em seu meio, mas para que a criança perceba a posição dos objetos no

espaço precisará ter uma imagem corporal, pois utilizará seu corpo como ponto

de referências, e a criança só irá se organizar quando possui domínio do seu

corpo no espaço, isto é aprende o conhecimento do espaço pelo seu

movimento e a partir daí situa a relação com o mundo que a circunda. É por

meio desta percepção espacial que a criança estabelece conceitos como: dia

noite, dentro, fora, em cima, em baixo, frente, atrás, alto, baixo, longe, perto,

sentado, deitado, em pé, cheio, vazio, pouco muito, etc. Com a assimilação

destes conceitos a criança atine a etapa de orientação espacial, isto é “um

espaço orientado a partir do seu próprio corpo multiplicando as suas

possibilidades de ações eficazes (Le Boulch, 1984, p.162)”.

3.4.6. Percepção Temporal

Para a criança apresentar a noção espacial é preciso que

desenvolva a noção de tempo, elas são indissociáveis. O corpo coordena,

58

movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado, em função do

tempo, em relação a um sistema de referência, corpo, espaço e tempo têm que

estar intimamente ligadas se quiser entender o movimento e o domínio

corporal, por isso determinamos espaço-temporal.

A estruturação dos conceitos temporais está relacionada à

representação de passado, presente e futuro. Passados são acontecimentos

vivenciados pela criança, onde o hipocampo armazenará as informações

consideradas importantes, para facilitar o desenvolvimento das questões do

presente, podendo harmonizar ou não os comportamentos do futuro, e esta

orientação temporal que garantirá uma experiência de localização dos

acontecimentos passados, e uma capacidade projetarem-se para o futuro,

fazendo planos e tomando decisões para o futuro do seu comportamento.

A criança vivencia seu corpo, tentando harmonizar seus

movimentos, mas o corpo não existe isoladamente no tempo e espaço e

gradativamente com as experiências ela vai adotando estas noções e

ajustando seus gestos e movimentos, e com o desenvolvimento a criança vai

adotando a consciência das relações no tempo, definindo conceitos de inicio,

fim, instante, momento exato, simultaneidade, sucessão, ordem, sequência,

duração de intervalos, renovação cíclica como dias da semana, meses e ano, a

percepção de ritmos favorecendo por meio de atividades de musicalidade.

Uma criança com dificuldade temporal, pode não identificar

diferenciações em relação a intervalo de tempo, confusão na ordenação e

sucessão podendo afetar a escrita, gramática, matemática sem a ordenação

silábica e de numerais, dificuldade de leitura de texto, dificuldade de iniciar e

concluir atividades em períodos determinados de tempo.

3.4.7. Coordenação Motora Global

A coordenação motora global está relacionada ao controle das

atividades dos grane músculos, para a criança saber se movimentar no espaço

com desenvoltura, habilidade e equilíbrio e tiver domínio dos gestos é preciso

que tenha domínio do seu corpo e dos seus movimentos é determinado pelas

59

contrações musculares e controle neural o que depende da maturação deste

sistema nervoso. Através da movimentação e das experimentações a criança

procura seu eixo corporal, vai se adaptando e buscando o seu equilíbrio, com

isso coordenando os seus movimentos e conscientização do seu corpo leva a

dissociação de movimentos, e quanto maior o equilíbrio e o controle do tônus

muscular menor será o gasto energético, melhor serão as suas possibilidades

de ação.

Diversas atividades levam a conscientização global do corpo como

andar, correr, pular, saltar pegar e lançar objetos é os atos que levam a

coordenação motora global.

3.4.8. Coordenação Motora Fina

A coordenação motora fina está relacionada às habilidades de

destreza e precisão, é um refinamento da coordenação motora global, é com o

desenvolvimento das habilidades manuais e uma coordenação de dedos mais

elabora facilita a aquisição de novos conhecimentos e através do ato de

preensão que a criança vai descobrindo pouco a pouco os objetos do seu meio

e com isso descobrindo o mundo que a cerca e de sua inteligência. Com tudo a

coordenação motora fina está relacionada à coordenação motora visual,

denominado coordenação visomotora e ela determinará a capacidade e sua

habilidade manual favorecendo a realização de atividades como a escrita. O

domínio corporal.

Este trabalho visa demonstrar os benefícios da psicomotricidade

para a melhoria da qualidade do ensino exercido nas escolas, o bom

desenvolvimento mental, aliado ao motor, poderá levar a criança à exploração

do mundo exterior, saindo de si e começando a observar a exploração do

mundo por meio de experiências concretas. Para que a criança tenha uma

maturação normal e que sua inteligência seja desenvolvida, é necessário que

exista um ambiente favorável, por isso as escolas precisam ter consciência da

importância para que forneçam uma estimulação adequada e proporcionem um

desenvolvimento harmonioso, para um equilíbrio físico, psíquico cognitivo e

emocional. Portanto no capítulo próximo serão abordadas atividades a serem

60

realizadas com as crianças na educação infantil e ensino fundamental,

respeitando as etapas de desenvolvimento neuro-motor.

61

CAPÍTULO IV

ATIVIDADES E EXERCÍCIOS PSICOMOTORES PARA O

DESENVOLVIMENTO NEURO-INFANTIL

E A APRENDIZAGEM

4.1. Ambiente Favorável

O ambiente para a realização das atividades psicomotoras deve ser

um ambiente favorável e estimulante, um ambiente que proporcione prazer e

momento de alegria, local que permita a criança expandir, sentir, internalizar as

suas emoções e desenvolver o corpo de forma concreta. Um ambiente, amplo,

claro e areja, do para trazer a percepção, da luz, do espaço do ambiente, com

a utilização de utensílios que favoreçam o desenvolvimento e aprendizagem

como, bolas, cones, bambolês, apitos, chocalhos, pandeiros, fitas, cones,

colchonetes, blocos de madeiras, ioiô, totó, quebra-cabeça, cordas, coleção de

figuras. Giz, lápis, lego, garrafas pet, tinta, papel, tapetes coloridos etc.

4.2. Ludicidade como Aspecto Fundamental para a Estimulação

Psicomotora

A ludicidade é tão fundamental para a saúde mental do ser humano,

é o espaço de expressão das crianças permite viabilizar a integração das

atitudes e comportamentos favorecendo a formação e estruturação da

personalidade da criança. Por meio das atividades lúdicas e dos jogos, a

criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra

e estimula a socialização favorecendo o desenvolvimento físico e cognitivo e

sua integração na sociedade. O mundo do lúdico é um mundo onde a criança

está em constante exercício, é o mundo da fantasia, da imaginação, do faz de

conta do jogo e da brincadeira, e é por meios destas atividades que a criança

faz a descoberta de si mesmo e do outro e, portanto aprende-se, é pro meio do

brincar que a criança está livre para criar e pela criatividade a criança descobre

62

o seu eu, possui a livre escolha de sentir, perceber como o estímulo

desenvolve o seu corpo e o aspecto afetivo, criando vínculos de afetividade.

É por meio das atividades que a criança vai recebendo a noção de

regras, limites, esperarem o seu momento, aceitar os resultados, lidar com as

frustrações da perda e as alegrias das vitórias que são aspectos fundamentais

para a estruturação dos aspectos emocionais.

O educador e o psicomotricista precisam estar integrados neste

aspecto do desenvolvimento, conhecendo as fases e etapas de

desenvolvimento o educador pode contribuir muito, em todos os níveis para a

estimulação do desenvolvimento cognitivo, das aptidões a das habilidades e

para a formação das atitudes por meio de uma relação afetiva saudável e

estável, dentro de uma atmosfera de segurança e bem estar. A análise e o

planejamento das ações estruturadas visam estabelecer uma pedagogia das

relações humanas para vida pessoal, educacional e do trabalho,

proporcionando vivências relacionais segundo Machado (2011).

4.3. As Relações Afetivas no Contexto Escolar

Tendo em vistas as mudanças relacionadas ao contexto social e o

papel primordial das escolas, determinam o desenvolvendo e a

responsabilidade do contexto social, aspecto antes determinado pelas relações

familiares. É fundamental que os primeiros anos escolares e a relação de

afetividade sejam de forma positiva, uma vez que a escola passa a ser uma

extensão do ambiente familiar em busca de segurança e afeto, tendo em vista

as famílias que também sofre com a sua degradação e desestruturação e o

adoecimento das relações familiares, é necessário que a escola cumpra mais

uma função buscando a estruturação dos aspectos sócio-emocionais. O aluno

precisa de um ambiente acolhedor e humanizado e esta relação professor-

aluno é de suma importância para o processo de ensino-aprendizagem, é

preciso o desenvolvimento de uma aprendizagem afetiva.

Podem desenvolver entre as relações as os sentimentos de atração

ou repulsão e são esses sentimentos que poderão aumentar os laços afetivos

63

favorecendo a aprendizagem ou criar bloqueios e criar os crescimentos de

muros de afastamento e separando, criando obstáculos intransponíveis.

Quando o professor se dispõe a ensinar e o aluno a aprender, vai se tornando

um elo afetivo, que proporciona uma troca entre ambos, onde a motivação, a

boa vontade e o cumprimento dos deveres acabam deixando de serem tarefas

árduas aos alunos, é na conquista sedutora, carregada de energia e afetividade

que o professor transmite seus conhecimentos escolares e o aluno aprende,

entretanto esse vínculo afetivo precisa ser desenvolvido e trabalhado a cada

dia com o grupo de crianças.

4.4. Atividades Psicomotoras

A importância de desenvolver exercícios direcionados e com

propostas efetivas é o que determinará a realização de um bom projeto

psicomotor e trará as respostas necessárias para o desenvolvimento das

habilidades motoras, cognitivas e afetivas.

Todas as atividades lúdicas bem elaboradas e planejadas e com um

olhar crítico e comprometido com o processo pedagógico permitirá o

desenvolvimento de diversas atividades favorecendo os aspectos psicomotores

abordado no capítulo III. As atividades desenvolvidas neste capítulo são

precisam estar presas às ideias criadas e sim captar a essência dos objetivos

das atividades e permitir que a criatividade e as necessidades de cada público,

façam do professor o papel principal para este desenvolvimento e criação de

atividades.

4.5. Exercícios Abordados em Psicomotricidade

Alongamento;

Exercícios de estimulação do esquema corporal e imagem

corporal;

Exercícios de atenção e concentração;

Exercícios lateralidade;

64

Exercícios orientação espacial;

Exercícios orientação temporal;

Coordenação motora fina e grossa;

Exercícios de equilíbrio corporal;

Caminhada;

Dança;

Toque;

Relaxamento.

Serão abordados exercícios individualizados para cada atividade

psicomotora.

4.5.1. Exercícios para o Desenvolvimento da Tonicidade e

Equilíbrio

Caminhada superfícies rígidas, macias, diferentes alturas;

Caminhada direcionada pisando em uma fixa, desenhos, círculos

pintados ao chão, caminhar com a utilização de comando verbal,

para frente, de costas, lado direito, esquerdo;

Pular;

Saltar comum pé, dois pés, dentro e fora de círculos, amarelinha,

cruzando as pernas à frente e a trás, abrindo e fechando as

pernas;

Escalar, subir diferentes degraus;

Rastejar no solo;

Rolamento no solo;

65

Virar cambalhotas;

Exercícios sentados na bola – com apoio bipodal apoio unipodal,

exercícios de braços associado e alternado com as pernas, elevar

perna direita e braço esquerdo, elevar perna direita e braço

direito. Elevar o braço para cima, para frente;

Deslocar no espaço sentado na bola sozinho e segurando ação

do colega.

4.5.2. Exercícios para o Desenvolvimento da Imagem Corporal

Criar com a massinha de modelar imagem corporal de si própria

de personagem, da família;

Nomear as partes do corpo em si próprio e no outro;

Identificar as partes do corpo em si próprio e no colega;

Girar bambolê em diferentes partes do corpo – cintura, braço,

perna;

Montar figuras de personagens;

Montar quebra-cabeça de personagens;

Trabalhar modulações com gesso;

Brincar de estátua;

Brincar de pega-pega;

Pular corda;

Andar sobre cordas;

Brincar de corda;

Passar por baixo da corda em diferentes alturas;

Atividade com dança;

Jogar queimado – devendo atingir partes específicas;

Brincadeira da cadeira – sentar quando parar a música;

Teatro escolar.

66

4.5.3. Exercícios para o Desenvolvimento da Lateralidade

Colocar a mão no contorno da mão que está desenhada em

cartolinas ou na parede - mão direita com direta e esquerda com

esquerda;

Colocar pés sobre contornos desenhados no solo;

Lançar bola com a mão direita e esquerda;

Chutar a bola com pé direito e esquerdo;

Fazer imitação de gestos, levantarem braço direito e depois o

esquerdo, elevar perna direita e depois esquerda, etc.;

Fazer trabalhos manuais;

Bater tambor;

Quicar a bola com a mão direita e depois com a esquerda;

Passar a bola por trás das costas e voltá-la à frente do corpo sem

deixá-la cair no chão;

Passar a bola por baixo das pernas, fazendo quique da bola no

chão com a mão direita e com a mão esquerda;

Jogar a bola de uma mão para outra;

Dar comandos verbais ao realizara marcha, direita, esquerda,

anda, para, frente trás, etc.;

Pedir para criança fazer desenhos e dar orientações sobre

desenho colocar uma piscina, uma bola a direita, uma cadeira à

esquerda;

Reconhecer em desenhos quem está à direita ou a esquerda de

determinados objetos;

67

Montar blocos lógicos com mão direita e esquerda;

Brincar de rodas e cirandas com comando verbais;

Jogar bola vermelha com a mão direita no cesto jogar a bola azul

com a mão esquerda;

Chutar a bola verde com pé direito e a bola branca com pé

esquerdo.

4.5.4. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção

Espacial

Entrar e sair de círculos desenhados no chão ou uma casa ou

cabana, obedecendo ao comando verbal. Podendo ainda associar

a percepção de cores, por exemplo, quem está com a fita

vermelha do lado de fora, quem está com a fita azul do lado de

dentro;

Distribuir fitas de cores variadas aos integrantes desde que

tenham cores repetidas, eles deverão formar em duplas de acordo

com o comando verbal unir os integrantes de fitas azuis,

amarelas... Formar trios e quartetos, etc.;

Rolar uma bola sobre uma linha desenhada no solo. Associar

batidas de palmar ao passar em determinado ponto definido pelo

psicomotricista;

Realizar atividades simples que necessitem uma sequencia

ordenada de ações como arrumar uma mesa, escovar dentes,

etc.;

Colocar uma bola em diversas posições em relação uma caixa de

papelão. Seguindo a orientação verbal;

Formar figuras com palitos de sorvete;

68

Trabalhar com recortes de papel e criar um desenho, a partir

destes recortes e depois relatar sobre o seu desenho;

Iniciar uma sequencia de histórias aonde cada integrante vai

criando fatos para a história;

Colocar cubos e figuras geométricas em posições determinadas;

Modificar a posição dos cubos de acordo com a orientação verbal

– o cubo vermelho em baixo do cubo amarelo, etc.;

Apresentar um mapa de atividades e o participante deverá

reproduzir a atividade representada no mapa – pegar a bola

colocar dentro da caixa e a bandeira da caixa entregar ao colega

que está sentado a sua direita etc.;

Compor quebra-cabeça;

Brincar de “escravos de Jô”;

Ordenar objetos atendendo a um determinado ritmo, forma e cor;

Jogar a bola ao colega e apará-la obedecendo ao comando

verbal, em cima, em baixo, direita esquerda;

Completar desenhos mantendo a sequencia;

Arrumar gravuras obedecendo à ordem dos fatos;

Completar a forma de acordo com os modelos;

Mostrar em uma folha em branco onde posicionar os objetos que

estão alocados em uma gravura;

Unir pontos para formar uma gravura exatamente igual a do

modelo;

Realizar exercícios de simetria em papel quadriculado;

69

Desenhar tiras de papel quadriculado, modificando sinais e cores;

Apanhar no armário determinado material;

Separar objetos de acordo com a forma e cores;

Nomear as figuras que vê, estando elas entrelaçadas ou

superpostas;

Reconhecer figuras em imagens de fundo estruturado;

Colorir um desenho com as mesmas cores do desenho original;

Trabalhar com mapas, identificar ruas, lojas, comércios pontos

cardeais etc.;

Brincar de caça-palavras;

Trabalhar com bússolas;

Trabalhar com dobraduras;

Retalhos, montagem de roupas;

Pular-cordas;

Costurar tabuleiros;

Fazer diferentes pontos e nós em um barbante etc.

4.5.5. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção

Temporal

Faça desenhos de cada parte da história e depois faça perguntas

do fato;

Faça atividades de ordenar fatos, do dia, estações dos anos,

meses do ano;

70

Dizer palavras de um determinado assunto;

Dizer uma palavra e identificar uma música que tenha a palavra;

Dizer os produtos que são comprados em determinadas casas

comerciais, remédios, alimentos, tijolos etc.;

Dizer o que se pode guardar em um determinado compartimento;

Dizer onde se usa um determinado objeto;

Identificar um animal e o seu habitat;

Identificar os utensílios de determinadas profissões;

Dizer o que se pode fazer com determinados objetos;

Dizer onde determinadas pessoas trabalham;

Organizar álbuns com gravuras separadas de assuntos;

Organizar a frase correspondente com a figura;

Dizer o nome do produto fornecido por animais;

Relacionar aços que acontecem na rua e na casa;

Apontar a palavra ou desenho que não faz parte da gravura;

Dizer o quê pertence a um determinado preço;

Exercícios de socialização anotar, transmitir.

4.5.6. Exercícios para o Desenvolvimento da Compreensão e do

Raciocínio

Cumprir ordens simples as mais complexas;

Fazer desenhos sobre histórias ouvidas;

71

Identificar gravuras e frases;

Reunir cartões que se relacionam;

Fazer jogo da velha;

Jogar jogo como “ligue quatro”, sudoku etc.;

Dizer certo e errado nas frases apontadas;

Resolver problemas aritméticos;

Responder adivinhações;

Dispor de palavras soltar e formar frases;

Completar histórias com palavras que faltam;

Completar histórias de acordo com o sentido;

Decifrar enigmas;

Classificar objetos de acordo com alguns critérios estabelecidos.

4.5.7. Exercícios para o Desenvolvimento da Memória

Jogar jogo da memória;

Enunciar todos os objetos de uma determinada gravura;

Repetir a sequencia de palavras citadas, frutas, números, carros,

etc.;

Dizer o que foi acrescentado ou retirado da figura;

Colocar objetos na mesma ordem apresentadas anteriormente;

Escrever objetos e gravuras observadas anteriormente;

72

Caminhar sobre desenhos ou linhas feitas no chão, apagar e

repetir o movimento;

Repetir frase em graus diferentes de complexidade;

Olhar uma cena e repetir a pergunta sobre ela;

Apontar na mesma ordem, três ou mais gravuras;

Fazer um movimento corporal e reproduzir;

Transmitir recados;

Reproduzir histórias simples;

Responder perguntas de acordo com a história ouvida;

Escolher entre três sentenças a que tem relação com uma figura

vista ou fato ocorrido.

4.5.8. Exercícios para o Desenvolvimento da Atenção

Fazer passeios de observação e após comentar o que viram e

qual foi à atividade ou paisagem que mais agradou e por quê;

Mostrar gravuras com diversos desenhos e objetos, e depois

perguntar aonde este localizado determinado ou objeto, ou o quê

o personagem da figura estava fazendo;

Bater palmas em quanto ouve um determinado som, parando ao

cessar o estímulo;

Repetir as batidas de mãos e pés que o orientador for realizar;

Andar em círculos, obedecendo às ordens, usando movimentos

imitativos;

Reconhecer de olhos fechados às vozes dos colegas;

73

Andar de olhos fechados, em direção a som da voz de um

participante ou apito.

4.5.9. Exercícios para o Desenvolvimento da Coordenação

Motora Geral e Fina

Realizar atividade que envolva: visão, braços e mãos, como rolar

com uma bola, enrolar uma corda, arremessar um saquinho,

passar um objeto ao colega ao lado;

Acompanhar com os olhos um objeto sem movimentas a cabeça;

Enfiar contas e sementes chapinha furadas;

Perfurar com um alfinete grosso o contorno de uma figura;

Fazer dobraduras, tecelagem e alinhavos etc.;

Cobrir desenhos tendo cuidado de não ultrapassar o contorno;

Fazer colagens com papel, purpurinas etc.;

Pintura em papel e materiais madeira, tecido etc.;

Seguir com uma caneta o contorno do desenho;

Seguir com um lápis o pontilhado;

Copiar desenhos simples usando papel vegetal;

Colar barbantes com cola em uma superfície de desenhos;

Enumerar desenhos da esquerda para direita;

Realizar atividades criadoras;

Realizar movimentos como abotoar, desabotoar, amarrar, dar nó,

dar laço, tirar o laço e o nó fechar e abrir um zíper;

74

Criar pulseira com clips e miçangas;

Corrida em sacos;

Brincar de malabarismo;

Correr em trios ou em duplas;

Correr com objeto na colher sem deixar cair;

Pela quadra ou espaço determinado movimentar em direções

ordenadas;

Fazer desenhos contornados no papel;

Desenhar espaços delimitados;

Fazer bateria de nós com um barbante;

Usar recortes e colagem;

Colar peças de pequenos tamanhos;

Encher bolas de gás e fazer figuras como cachorro, flor etc.

4.5.10. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção Tátil

Reconhecer objetos;

Reconhecer texturas;

Reconhecer pessoas;

Unir dois a dois pedaços de papeis de mesma textura;

Separar objetos de mesma forma e cor e textura;

Retirar objetos de um saquinho sem a utilização visual;

Reconhecer entre cartões os que são de mesmo material.

75

CONCLUSÃO

No Brasil o desenvolvimento da neurociência em conjunto a um novo

olhar ao processo educacional, proporciona um novo enfoque favorecendo o

entendimento das dificuldades de aprendizagem, pois a dificuldade de

aprendizagem escolar era associado às disfunções neurológicas denominadas

de disfunções cerebrais mínimas (DCM) que serviu como camuflagem para

problemas sociopedagógicos. (Bossa, 2000- p. 48-49).

É necessário a busca do conhecimento da neurociência e o

entendimento dos aspectos psicomotores, cognitivos e emocionai s que

envolvam a aprendizagem para que possam estruturar as escolas e favoreçam

o processo educacional do séc. XXI. Em décadas anteriores o processo

educacional era realizado de uma forma não integrativa, onde o aluno era

colocado como uma peça da engrenagem e submisso a um processo que lhe

era imposto e no qual tinha pouco ou quase nenhuma participação.

Atualmente a aprendizagem infantil necessita de um olhar do sujeito como um

todo, no qual o contexto na qual a criança está inserida como uma criança que

aprende, reaprende, adquire, elabora e transforma o pensamento integrando

saberes e o conhecimento fazendo a necessidade do crescimento de uma

aprendizagem significativa como relata Relvas (2012).

O processo de desenvolvimento educacional está estruturado no

processo de aprendizagem humanizada com seus padrões evolutiva normal e

patológica bem como a influência do meio, como família, a sociedade e a

escola no desenvolvimento. Dentro desta visão a psicomotricidade favorece

com um olhar crítico em prol do desenvolvimento infantil e consequentemente

da aprendizagem.

76

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80

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I Aspectos Neurobiológicos do Sistema Nervoso 13 1.1. Importância do Conhecimento do Sistema Nervoso 13 1.2. Plasticidade Neuronal e Aprendizagem 14 1.3. Células Localizadas no Sistema Nervoso 15 1.4. Morfologia dos Neurônios 16 1.5. Classificação Funcional dos Neurônios 17 1.6. Sinapse e Conexões Neuronais 18 1.7. Funções dos Neurotransmissores 18 1.8. Divisão Macroscópica do Sistema Nervoso 20 1.8.1. Sistema Nervoso Central (SNC) 20 1.8.2. Sistema Nervoso Periférico (SNP) 22 CAPÍTULO II Desenvolvimento Infantil e Aspectos do Desenvolvimento Neuro-motor do Ensino e da Aprendizagem 24 2.1. Desenvolvimento do Sistema Nervoso 24 2.2. Como o Cérebro Aprende 25 2.3. Funções Cognitivas e a Aprendizagem 27 2.4. Bases Necessárias para o Processo de Aprendizagem e Desenvolvimento Cognitivo 28 2.4.1. Sensação 28 2.4.2. Percepção 29 2.4.3. Memorização 29 2.4.4. Atenção 30 2.4.5. Motivação 32 2.5. Controle Emocional na Aprendizagem 32 2.6. Controle das Funções Executivas na Aprendizagem 34 2.7. Desenvolvimento Humano 35

81

2.8. Etapas do Desenvolvimento Infantil 38 2.8.1. Desenvolvimento Infantil de 0 aos 6 meses 39 2.8.2. Desenvolvimento Infantil dos 6 aos 12 meses 40 2.8.3. Desenvolvimento Infantil de 1 a 2 anos 41 2.8.4. Desenvolvimento Infantil de 2 a 4 anos 42 2.8.5. Desenvolvimento Infantil de 4 a 6 anos 42 2.8.6. Desenvolvimento Infantil a partir de 7 anos 43 CAPÍTULO III Psicomotricidade como Essência para o Desenvolvimento Neuro-infantil e a Aprendizagem 45 3.1. Prática Educacional no Novo Milênio 45 3.2. Objetivando a Psicomotricidade para o Desenvolvimento da Criança 48 3.3. Psicomotricidade no Desenvolvimento Infantil 50 3.4. Atividades Utilizadas em Psicomotricidade 50 3.4.1. Tonicidade 51 3.4.2. Equilíbrio 52 3.4.3. Esquema Corporal 53 3.4.4. Lateralidade 54 3.4.5. Percepção Espacial 57 3.4.6. Percepção Temporal 57 3.4.7. Coordenação Motora Global 58 3.4.8. Coordenação Motora Fina 59 CAPÍTULO IV Atividades e Exercícios Psicomotores para o Desenvolvimento Neuro-infantil e a Aprendizagem 61 4.1. Ambiente Favorável 61 4.2. Ludicidade como Aspecto Fundamental para a Estimulação Psicomotora 61 4.3. As Relações Afetivas no Contexto Escolar 62 4.4. Atividades Psicomotoras 63 4.5. Exercícios Abordados em Psicomotricidade 63 4.5.1. Exercícios para o Desenvolvimento da Tonicidade e Equilíbrio 64 4.5.2. Exercícios para o Desenvolvimento da Imagem Corporal 65 4.5.3. Exercícios para o Desenvolvimento da Lateralidade 66 4.5.4. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção Espacial 67 4.5.5. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção Temporal 69 4.5.6. Exercícios para o Desenvolvimento da Compreensão e do

82

Raciocínio 70 4.5.7. Exercícios para o Desenvolvimento da Memória 71 4.5.8. Exercícios para o Desenvolvimento da Atenção 72 4.5.9. Exercícios para o Desenvolvimento da Coordenação Motora Geral e Fina 73 4.5.10. Exercícios para o Desenvolvimento da Percepção Tátil 74 CONCLUSÃO 75 BIBLIOGRAFIA 76