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0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Empresarial com ênfase em Marketing e Recursos Humanos Thaís Helena Navarro Colli Badini MARKETING AMBIENTAL Os Impactos do cultivo da cana-de-açúcar LINS – SP 2008

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Empresarial com ênfase em Marketing e Recursos

Humanos

Thaís Helena Navarro Colli Badini

MARKETING AMBIENTAL Os Impactos do cultivo da cana-de-açúcar

LINS – SP 2008

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THAÍS HELENA NAVARRO COLLI BADINI

MARKETING AMBIENTAL Os Impactos do cultivo da cana-de-açúcar

Lins – SP 2008

Monografia apresentada á Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista em Gestão Empresarial com ênfase em Marketing e Recursos Humanos, sob a orientação da Professora Mestre Heloisa Helena Rovery da Silva e Professor Mestre Irso Tofoli.

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THAÍS HELENA NAVARRO COLLI BADINI

THAÍS HELENA NAVARRO COLLI BADINI

MARKETING AMBIENTAL: Os Impactos do cultivo da cana-de-açúc

Badini, Thais Helena Navarro Colli

Marketing Ambiental: Impactos da cultura da cana-de-açúcar/ Thais Helena Navarro Colli Badini – – Lins, 2008.

118p. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Administração com ênfase em Marketing e Recursos Humanos, 2008

Orientadores: Irso Tofoli; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Marketing Ambiental. 2. Cana-de-açúcar. 3. Impactos Sócio-ambientais. I Título.

CDU 658.8

B125m

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Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para a obtenção do título de especialista em Gestão Empresarial com ênfase

em Marketing e Recursos Humanos.

Aprovada em ___/___/____.

Banca Examinadora

Profa. M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

Prof. M.Sc. Irso Tofoli

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA - MG

_______________________________________________________________

LINS – SP

2008

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que acreditaram em mim e me ajudaram a vencer mais esta etapa da vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar a oportunidade de cursar uma pós-graduação. A minha família por ter me ajudado durante os dezoito meses de curso e mais os meses de conclusão do trabalho. Agradeço com muito carinho a minha mãe que em todos os finais de semana de aula estivera junto de mim na estrada e sempre, sempre junto ao meu pai me estimularam a concluir a mais essa etapa da minha vida. A meus amigos, querido, amados e inesquecíveis amigos que conheci cursando na pos graduação que jamais me negaram ajuda em momento algum, mesmo sendo estes momentos difíceis ou momentos de bobeiras, em torno de muitas risadas. Ao professor Lourenço que me mostrou os primeiros caminhos a seguir para a conclusão desta monografia A professora Helô que em momentos turbulentos sentou-se ao meu lado me ouviu, ajudou e acreditou na minha capacidade, ao professor Irso que sempre esteve pronto para tirar minhas duvidas e me mostrar os caminhos a seguir para concluir essa monografia. A todos vocês meus agradecimento sincero.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01- Síntese de análise do setor..................................................... 39

Quadro 02- Análise SWOT do ambiente externo....................................... 41

Quadro 03- Análise SWOT do ambiente interno........................................ 42

Quadro 04- Custo do cultivo da soqueira................................................... 53

LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Produtividade............................................................................ 45

Figura 02- Qualidade da cana-de-açúcar.................................................. 47

LISTA DE TABELA

Tabela 01 Indicadores de desempenho.................................................. 46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATR - Açúcar total recuperado

BID - Banco internacional de desenvolvimento

BNDES - Banco nacional do desenvolvimento econômico e social

CATI - Coordenadoria de assistências técnicas integral

cm - centímetros

CONSECANA - Conselho dos produtores de cana-de-açúcar, açúcar e

álcool do Estado de São Paulo

COPERSUCAR - Cooperativa de cana, açúcar e álcool do Estado de São

Paulo

CTC - Capacidade total de cátions

ha - Hectares

IAC - Instituto agronômico

IDEA - Instituto de desenvolvimento econômico agroindustrial

INPE - Instituto nacional de pesquisas especiais

m - metros

ONG - Organização não governamental

ORPLANA- Organização de plantadores de cana do Estado de São

Paulo

PC - Percentual do teor de açúcar

PH - Grau de acides

POL - Percentual do teor de açúcar

PROALCOOL - Programa nacional do álcool

PROCANA - Programa de melhoramento genético de cana

SEADE - Fundação de análise de dados

ton - Tonelada

TC - Tempo de queima

ÚNICA - União da agroindústria canavieira do Estado de São

Paulo

PH Concentração de íons de hidrogenio

WWF - World Wildlide Fund

R$- Real

Nº - Número

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SWOT - Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats

V% Valor por cento

Km - Quilometro

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RESUMO

O destino da humanidade é o aprimoramento, e a vida em sociedade é um grande exercício para o desenvolvimento contínuo da espécie humana através da cidadania, do consumo, do trabalho, etc.,a atividade econômica mundial, baseada na produção de massa e no consumismo (mercado globalizado) acaba definindo e impondo estilos e comportamentos que interferem diretamente na qualidade de vida da população. Esta situação se expressa através das tendências e preferências de consumo. No caso dos grandes centros urbanos a questão qualidade de vida (determinada por fatores sócio-ambientais) é considerada uma demanda urgente. Dentro deste cenário é que surgiu o chamado marketing verde, produtos e serviços direcionados a um segmento específico que valoriza e consome produtos ecologicamente corretos. Sendo que o Marketing é uma função fundamental da empresa voltada para a identificação das necessidades, carências e valores de um mercado-alvo, visando a sua satisfação com rapidez, qualidade e eficiência. As principais ofensivas do mercado são: oferta X procura, descobertas tecnológicas, políticas protecionistas e alianças estratégicas. Considerando estas variáveis é que as estratégias são montadas para vencer a acirrada guerra de mercado que as empresas travam entre si na luta pela conquista e manutenção de clientes. Para exemplificar tudo isto, a pesquisa apresenta o trato cultural da cana-de-açúcar mostrando passo a passo suas atividades e seus impactos ambientais e sociais.

Palavras-chave: Marketing Ambiental. Cana-de-açúcar. Impactos Sociais e Ambientais.

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ABSTRACT

The destiny of mankind is the improvement, and the social life is a great exercise to the continuous development of human specie through the citizenship, the consumption, the work, etc.. The world´s economic activity, based on the mass production and the consumption (globalized market) finish defining and imposing styles and behaviors that interfere directly on the quality of life. This situation is expressed through tendencies and preferences of consumption. Talking about the big urban centers the question “quality of life” (determined by the social environment factors) is considered an urgent demand. Inside this scenario emerged “green marketing”, products and services directed to a specific segment that valorizes and consumes products that are ecologically correct. Marketing is a fundamental function of the enterprise directed to the identification of the necessities, lack and values of a target-market, aiming your satisfaction quickly, with quality and efficiency. The main offensives of the market are: offer X demand, technological discoveries, political support and strategic alliance. Considering these variables is that the strategies are mounted to win the stimulant market war that the enterprises fight between themselves on the fight to the conquest and maintenance of clients. For example of all this, was used the cultural trait of the sugar cane showing step by step its activities and the environmental and social impacts.

Keywords: Green marketing. Sugar cane,.Ecologically and social impacts.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 15

CAPÍTULO I- MARKETING AMBIENTAL................................................. 19

1 DIFERENTES CONCEPÇÕES ATÉ O MARKETING

VERDE......................................................................................................... 19

1.1 A área do marketing ambiental........................................... 20

1.2 O marketing verde amadurece........................................... 22

1.3 Nicho verde......................................................................... 22

1.4 Tendência verde................................................................. 24

1.5 A fundamentação do marketing verde................................ 24

1.6 Novos mercados................................................................. 25

1.7 Criando e desenvolvendo produtos ambientalmente cor-

retos.............................................................................................................. 26

1.8 Produzindo produtos ambientalmente corretos.................. 27

1.9 Vantagens competitivas através de benefícios ambien-

tais............................................................................................................... 28

1.10 Alguns (bons) motivos para que sua empresa adote um

programa de marketing ambiental................................................................ 29

1.11 Marketing e o descarte do produto..................................... 30

CAPÍTULO II- MODELO DE MERCADO................................................... 32

2 DEFINIÇÕES DE NEGÓCIO.............................................. 32

2.1 Core business atual............................................................ 33

2.2 Missão................................................................................ 33

2.3 Visão.................................................................................. 34

2.3.1 Planejamento estratégico................................................... 34

2.4 Análise do ambiente externo.............................................. 35

2.4.1 Análise de cenários............................................................ 38

2.4.2 Análise SWOT - ambiente externo..................................... 41

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2.5 Análise do ambiente interno............................................... 41

2.5.1 Análise SWOT - ambiente interno...................................... 42

CAPÍTULO III- ESPECÍFICAÇÕES DE PRODUTOS E SERVIÇOS.......... 43

3 O PRODUTO...................................................................... 43

3.1 Indicadores de desenvolvimento setorial............................ 44

3.1.1 Produtividade agrícolas...................................................... 45

3.2 Índice de maturação da cana-de-açúcar............................ 45

3.2.1 Tempo de queima (TQ )..................................................... 46

3.3 Qualidade da cana-de-açúcar (ATR )................................. 46

3.4 Sistema de produção agrícola............................................ 47

3.4.1 Sistema de produção agrícola da Agrícola Canavieira....... 47

3.4.2 Sistema de planejamento e controle agrícola..................... 47

3.5 Arrendamentos................................................................... 49

3.5.1 Seleção das áreas para arrendamento.............................. 50

3.5.2 Demarcação da área útil..................................................... 51

3.6 Preparo do solo.................................................................. 51

3.6.1 Tratos culturais em soqueiras............................................. 52

3.6.2 Enleiramento do palhiço..................................................... 54

3.6.3 Limpeza da área................................................................. 55

3.6.4 Amostragem do solo........................................................... 55

3.6.5 Aplicação de herbicidas no solo......................................... 55

3.6.6 Levantamento topográfico................................................. 56

3.6.7 Gradagem e/ ou aração..................................................... 56

3.6.8 Conservação do solo......................................................... 57

3.6.9 Correção do solo............................................................... 57

3.7 Plantio................................................................................ 58

3.7.1 Construção de talhões....................................................... 59

3.7.2 Corte das mudas............................................................... 59

3.7.3 Carregamento das mudas................................................. 60

3.7.4 Transporte de mudas......................................................... 60

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3.7.5 Sulcação e adubação........................................................ 60

3.7.6 Distribuição das mudas..................................................... 61

3.7.7 Cobrimento dos sulcos...................................................... 62

3.7.8 Recobrimento manual........................................................ 62

3.7.9 Tratos culturais na cana-planta......................................... 63

3.7.10 Aplicação de herbicidas nas plantas................................. 63

3.7.11 Monitoramento de ervas daninhas.................................... 63

3.7.12 Monitoramento de pragas.................................................. 64

3.8 Colheita.............................................................................. 64

3.8.1 Colheita manual e o programa de redução da queima...... 65

3.8.2 Estimativa de produção..................................................... 66

3.8.3 Plano de colheita............................................................... 66

3.8.4 Amostragem de pré-colheita.............................................. 66

3.8.5 Aplicação de maturadores................................................. 67

3.8.6 A queima da cana-de-açúcar............................................. 67

3.8.7 A mecanização.................................................................. 70

3.8.8 Cana crua X cana queimada............................................. 74

3.9 Avaliação de reforma......................................................... 83

3.10 Conservação de estradas e asfalto................................... 84

CAPÍTULO IV- IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS.............................. 86

4 IMPACTOS AMBIENTAIS................................................. 86

4.1 Meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.............. 86

4.1.1 A queima e suas conseqüências....................................... 87

4.1.2 A regulamentação das queimas no Estado de São Pau-

lo.................................................................................................................. 88

4.1.2.1 Eliminação gradativa das queimas.................................... 90

4.2 Impactos sociais................................................................ 91

4.2.1 Impactos causados para os trabalhadores rurais.............. 93

4.2.2 A mecanização e o desemprego....................................... 96

4.2.3 As cargas laborais do processo de trabalho do corte me-

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canizado...................................................................................................... 99

4.2.4 Condições de vida do trabalhador rural com a mecaniza-

ção.............................................................................................................. 101

4.3 Transformações no campo................................................ 102

4.3.1 Mudanças na visão ambiental........................................... 103

4.3.2 Mudanças na visão das usinas.......................................... 104

4.3.3 As mudanças na visão dos sindicatos de trabalhadores

rurais............................................................................................................ 106

4.3.4 Mudanças na visão dos trabalhadores rurais.................... 107

4.3.5 Como o Estado e os Municípios têm enfrentado as mu-

danças......................................................................................................... 109

CONCLUSÃO.............................................................................................. 111

REFERÊNCIAS........................................................................................... 113

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a situação do marketing

ambiental, identificando seus impactos nos negócios do cultivo da cana-de-

açúcar, isto é passado mediante a relatação de todos os passos do

desenvolvimento detalhado de todas as etapas desta plantação, desde o

preparo do solo até a entrega da matéria prima na indústria sucroalcooleira,

porém o marketing ambiental não afeta somente o meio ambiente natural,

abrange também os impactos sociais onde ele é utilizado, as rotinas do

cotidiano nas negociações para o trato da cultura também.

Durante a produção deste trabalho surgiu a pergunta sobre o tema: O

marketing ambiental influencia estrategicamente nos processos produtivos da

cultura de cana-de-açúcar?

Para isso o desenvolvimento foi realizado mediante pesquisa de revisão

bibliográfica sobre o marketing e sobre a cultura canavieira. Portanto, a

pesquisa basicamente constituída em pesquisa bibliográfica pretende mostrar

que o cultivo de cana-de-açúcar é hoje um dos assuntos mais falados em todas

as mídias, se feita com base no marketing ambiental, os impactos negativos

causados diminuiriam e este marketing verde agrega à empresa mais um

diferencial à indústria sucroalcooleiro.

O Marketing esta presente em todos os atos e na vida, constantemente

tudo se envolve pelas técnicas de marketing, sem mesmo perceber-se.

Em uma visão atual, o marketing é uma estratégia empresarial que tem

como objetivo desenvolver novas oportunidades de forma a gerar

necessidades e desejos de comprar.

Philip Kotler e Armstrong (1998) afirmam que pode-se definir marketing

como o processo social e gerencial através do quais indivíduos e grupos obtém

aquilo que desejam e necessitam, criando e trocando produtos e valores uns

com os outros.

O marketing não é apenas uma filosofia é uma estratégia empresarial

que engloba todos os setores, colaboradores e organizações, deve-se saber

quais as necessidades dos consumidores e achar a melhor solução para estes

ficarem satisfeitos através de valores, qualidades e serviços prestados.

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No Brasil se pratica vários tipos de marketing simultaneamente, cada um

distintamente a um segmento de mercado. Por outro lado, as formas mais

avançadas do marketing estão mudando rapidamente decorrente a abertura

externa e o aumento do grau de competitividade existente no país. O tipo de

marketing do país reflete acima de tudo o desenvolvimento socioeconômico o

grau de competitividade e a abertura do mercado exterior, porém no Brasil

existem outros fatores levados em consideração que são a desigualdade

social, geográficas e culturais. (COBRA, 1997)

Com o enfoque dado nas últimas décadas com os números alarmantes

das pesquisas e fatos vividos com o aquecimento global, foi destinada ao

combustível etanol uma atenção e foco de todos os países, pois este é

reconhecido como um biocombustível, sendo sustentável e renovável, uma vez

que sua base é constituída pela planta Saccharum officinarum L., popularmente

conhecida como cana-de-açúcar. Já que grande porcentagem das causas do

efeito estufa se da à emissão de gases poluentes saídos dos escapamentos

dos carros na queima do combustível na maioria utilizado o metanol,

proveniente do petróleo. (PLANTAMED, 2007)

Como uma técnica para ajudar a conter os problemas sofridos no mundo

todo, as empresas utilizam o marketing para melhor desenvolver métodos para

conseguir reduzir os impactos no meio ambiente.

Com a preocupação do desequilíbrio ecológico sobrepõem às idéias do Barão Georg Heinrich, que viveu no Brasil de 1813 a 1829, foi o primeiro cônsul russo aqui no país, este chefiou uma expedição cientifica que observou a fauna e a flora brasileira, bem como a grupos étnicos e suas formações geográficas. Ele defendia a tese de desenvolvimento socioeconômico auto-sustentável, que esta raiz dos conceitos atuais de progressos com o desequilíbrio ambiental. Por isso Georg é considerado o pai da ecologia. (VAZ,1995 p.341)

Com essa preocupação, atualmente surgiu mais um segmento de

marketing ambiental, que se desencadeou uma nova dimensão que o meio

ambiente passou a ocupar, como fator de condicionamento mercadológico dos

negócios.

Marketing ecológico ou marketing verde, o marketing ambiental é uma modalidade que visa enfocar as necessidades de consumidores ecologicamente conscientes e contribuir para a criação de uma sociedade sustentável. (VALÉRIO, 2007)

Para demonstrar isso, criou-se uma empresa a empresa Agrícola

Canavieira, uma empresa fictícia que será usada neste trabalho para ilustrar as

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atividades e irá receber pela cana que produz mediante as regras impostas

pela CONSECANA, o que significa que não existe negociação no valor entre

vendedor e comprador. A Agrícola não tem como interferir no preço do seu

produto, as únicas ações que pode fazer é subir o preço sobre ordem

agroindustrial, que envolve tecnologia agronômica e qualidade total nas

operações de colheita. Buscando produzir uma cana com maior índice de

sacarose, a empresa pode com esta ação, alterar o preço de seu produto,

porém é algo limitado; a principal forma que a empresa tem para aumentar seu

lucro é reduzir ao máximo os custos de sua produção. Entender isso se faz

fundamental para que se possa entender e analisar a empresa. É também

importante para se compreender o porquê a Agrícola apenas forneça a cana-

de-açúcar e não produza açúcar e álcool. Como objetivos desta empresa, a

utilização do marketing ambiental para identificar e minimizar os impactos

positivos e negativos da cultura canavieira, aqui apresentada com a descrição

de todas as atividades que engloba a cana, desde a preparação do solo até a

entrega da matéria prima na indústria sucroalcooleira. Com está descrição se

da um enfoque nas negociações e regulamentos de compra e venda da cana.

Decorrente a essa grande explosão agroindustrial da cana, se faz

necessário desvendar o mundo canavieiro, pretendendo-se nesse trabalho

mostrar toda rotina do cultivo da planta, manejo, qualidades, classificações,

corte e transporte da matéria prima para a base da usina sucroalcooleira, para

isso o trabalho é demonstrado em meio a um plano de negócio de uma

empresa que é fictícia somente para poder esclarecer e exemplificar as

transações do agro negócio da moda. (ÚNICA, 2007)

Como toda cultura, as plantações de cana-de-açúcar mudam a

paisagem de onde ela predomina, causando assim impactos ambientais devido

às alterações no ecossistema local, no lançamento de insumo em suas terras,

no desequilíbrio da fauna, na aparição de pragas e insetos não comuns nestes

locais. As queimadas provocam um maior uso de agrotóxicos e herbicídas,

para controlar essas pragas e do aparecimento de plantas invasoras, com isso

a pratica agrava a questão ambiental afetando diretamente os micro-

organismos do solo e contaminando o lençol freático e seus mananciais, afirma

Ferreira (2006).

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Mas a cana-de-açúcar não causa impacto somente no meio ambiente,

também tem um efeito impactante nas áreas sociais, já que a cana é

considerada um cultivo semi-perene, tendo maior safra em alguns meses do

ano, isso consiste em um efeito multiplicador na geração de empregos

temporários para a colheita da cana-de-açúcar, feita pelos conhecidos bóias

frias. Onde nessas regiões canavieiras acaba sendo invadido pelos migrantes

vindos na maioria das vezes das regiões norte e nordeste do país em busca de

uma nova chance de emprego. (DEL GRANDE, 2007)

Os impactos sociais vão muito além da migração dos trabalhadores

rurais, com o modo primitivo de atear fogo nas plantações para facilitar a

colheita surgem problemas de saúde para a população residente nestas áreas,

pelo lançamento de fuligem no ar, e a mortandade da fauna local que por

muitas vezes as queimadas ocorrerem em forma de círculos não dando chance

para que estes fujam das chamas e agora com o surgimento da mecanização

da colheita, surgem novos impactos na classe rural canavieira mais uma vez

alterando a vida do trabalhador. (BONACELLI et al, 2007)

O presente trabalho está dividido em quatro capítulos sendo:

Capítulo I – Marketing ambiental. Mostra a evolução do marketing

através dos tempos até chegar ao conceito de marketing ambiental.

Capítulo II – Modelo de negócio. Simula as atividades de uma empresa

fictícia criada para exemplificar as rotinas de negociação no setor.

Capitulo III – Especificações de produtos e serviços. Neste capítulo é

colocado passo-a-passo de todas as etapas da produção de da mão de obra

nas lavouras canavieiras.

Capítulo IV – Impactos ambientais e sociais. Para o desenvolvimento

deste capítulo fora utilizado os temas de desenvolvimento sustentável,

mecanização no campo e as mudanças na visão de todo traide envolvido no

setor e as populações das regiões onde se planta cana-de-açúcar.

Obviamente que este estudo é apenas mais um trabalho sobre o debate

deste assunto, mas acaba por abrir mais algum caminho para ponderações

sobre os envolvimentos daqueles que tratam do meio ambiente como um todo.

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CAPÍTULO I – MARKETING AMBIENTAL

1 DIFERENTES CONCEPÇÕES ATÉ O MARKETING VERDE

Para se entender o conceito de marketing verde ou marketing ambiental,

torna-se necessário o conhecimento da evolução das filosofias de

administração de marketing. Ressalta-se que esse não é um modelo único para

todos os mercados, pois diferentes mercados vivem realidades e influências

ambientais diferentes. De modo geral, entretanto, essa evolução apresenta o

papel da concorrência no processo de entrega de produtos/serviços de valor ao

cliente.

Kotler e Armstrong (1998) apresentam inicialmente o conceito de

produção nos quais os consumidores estão sensíveis a produtos baratos.

Sendo assim, as empresas deveriam procurar melhorias constantes no

processo produtivo para baratear seus produtos.

Com o desenvolvimento da concorrência, surge o conceito de produção,

em que, ainda segundo Kotler e Armstrong (1998), as organizações passam a

diferenciar seus produtos/serviços através de aspectos inovadores, com melhor

qualidade e desempenho frente aos seus concorrentes.

Já Churchill e Peter (2000) apresentam uma terceira filosofia de

administração de marketing, ou seja, a orientação para vendas aplicada a

ambientes em que a concorrência é acirrada, sendo a oferta maior que a

demanda pelo produto. Assim, torna-se necessário um grande esforço em

vendas, ou seja, vendedores capacitados e constantes promoções ao

consumidor.

Kotler (2000) apresenta a quarta filosofia, ou seja, a orientação para o

marketing, em que a empresa deve ser mais eficaz que a concorrência na

criação, comunicação e entrega de valor ao cliente. Busca-se entender quais

são as necessidades e desejos dos consumidores alvo, para, em seguida,

elaborar produtos/serviços que realmente venham a atendê-las.

Mas, atualmente, devido à intensa concorrência em determinados

mercados, apenas a orientação para o marketing não é garantia de sucesso.

Nickels e Wood (1999) afirmam que é necessário criar relacionamento com o

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cliente. Assim, surge o Marketing de Relacionamento, que busca estabelecer

relacionamentos duradouros com os vários clientes da organização.

Kotler (2000) comenta que, em época na qual a deterioração do meio

ambiente, a escassez de recursos naturais, a fome e a miséria são presentes,

não basta atender as necessidades e desejos dos clientes; torna-se necessário

também respeitar e preservar o ambiente no qual o consumidor está inserido.

Assim, surge a orientação de marketing societal.

Kotler (2000) afirma, ainda, que o marketing societal preocupa-se com

questões ambientais e sociais, como apoio a entidades beneficentes,

arrecadação de fundos para causas sociais e também com a preservação do

meio ambiente. Nessa perspectiva, Churchill e Peter (2000) assinalam que

marketing verde consiste em atividades de marketing destinadas a minimizar

os efeitos negativos sobre o ambiente físico ou melhorar a sua qualidade.

De modo complementar, define marketing verde como “(…) um processo

administrativo holístico responsável por identificar, antecipar e satisfazer as

exigências dos consumidores e da sociedade, de uma forma lucrativa e

sustentável”. (PEATTIE, 1995)

O Marketing verde, ou ambiental, surge, então, como ferramenta de

apoio e monitoramento, desde o processo de desenvolvimento, produção,

entrega, até o descarte do produto, buscando atender as necessidades e

desejos dos consumidores e apresentando aos seus vários públicos a busca

pelo lucro com responsabilidade ambiental. Trata-se, portanto, de uma nova

orientação.

Diante do exposto até o momento, percebe-se que o marketing verde

pode colaborar de modo fundamental no processo de desenvolvimento de

produtos ambientalmente corretos. A próxima seção busca apresentar

exemplos de organizações nacionais e internacionais que fazem uso dessa

prática.

1.1 A área do marketing ambiental

O avanço do marketing ambiental ou marketing ecológico foi

desencadeado pelas novas atuações nas dimensões que o meio ambiente

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sofreu onde esta passou a ocupar com a globalização que o mundo sofre hoje

em dia e para o meio ambiente, isso virou um fator mercadológico é parte

importante dos negócios. (VAZ, 1995).

No marketing convencional utilizado há muitos anos, a natureza afeta os

negócios em função de seus imprevistos, como exemplo podendo prejudicar a

safra, de forma que o clima e os fatores geográficos dão características

especificas as produções, podendo encarecer os custos da matéria prima, ou

torná-la farta. De qualquer forma, é estranho considerar em um conjunto

econômico o fator de que a natureza seja como um todo seja algo

comprometedor para as negociações mercadológicas.

Conforme Vaz (1995), no marketing ambiental, o ambiente natural

assume essa condição máxima de risco. Passa, com isso, a posição

predominante, uma vez que pode comprometer toda a atividade econômica.

Essa sensibilidade ambiental veio se firmar com a progressiva

constatação de ameaças sofridas pelo meio ambiente depois da década de

setenta se agravando até os dias de hoje.

Vaz (1995), afirma que a primeira destruição da natureza por catástrofes

causadas pelas mãos do homem foi à desertificação do Mar de Aral, que

retiraram toda a água para utilizar na irrigação, as queimada na floresta

amazônica comprometem seriamente o equilíbrio climático no planeta de uma

forma geral. A segunda diz respeito às extinções da fauna. O derramamento de

petróleo na costa litorânea do Alaska e nas regiões do Golfo Pérsico, durante o

ano de 1991 na guerra que acontecera nesta região. A terceira ameaça diz

respeito à qualidade de vida , bem como tudo que gira em torno de qualidade,

tanto de vida, quanto de produção. Com os níveis de poluição atmosférica, em

1984, a cidade do México, o leste europeu, as chuvas acidas sobre os Estados

Unidos e o Canadá, a explosão de um tanque da Union Carbide em Bhopal na

Índia, espalhando uma nuvem tóxica que matou mais de duas mil pessoas e

deixou centenas de feridos e com seqüelas. E em 1986, a explosão de um

reator nuclear levou sua nuvem radioativa por toda a Europa.

O grande perigo apresentado por essas três catástrofes provocou

reações através grupos organizados, onde exigiam a tomada de medidas

drásticas de reparações dos impactos ambientais que causaram esses

desastres, de preservação da fauna e flora, dos minerais que corre risco de

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extinção e de preservação mesmo para evitar algo mais impactante e

irreparável.

1.2 O marketing verde amadurece

Uma vertente ilustrada do empresariado, é que estes passaram a se

adaptar gradativamente a apoiar atividades voltadas a melhoria das condições

ambientais ou mesmo a desenvolver iniciativas próprias para isso.

Esse mecanismo de apoio se encaixa dentro de outro setor de marketing

empresarial o marketing social desenvolvido por elas.

Com a grande repercussão da gravidade dos problemas ecológicos, a

consciência ambiental foi aos poucos indo alem dos conceitos sociais, pura e

simplesmente. Não estava se discutindo mais apenas a qualidade de vida.

Segundo Vaz (1995), a própria vida da humanidade e a sobrevivência do

planeta corriam perigo e a um prazo não muito longo, se não fossem tomadas

providencias para diminuir o ritmo de exploração desenfreada dos recursos

naturais e o comprometimento das condições de vida pela emissão de

poluentes e situações que geram riscos de acidentes ecológicos de

conseqüências irreversíveis.

1.3 Nicho verde

Do escambo a globalização, a essência da troca (moeda por um bem ou

produto) é a mesma: necessidades baseadas em valores e cultura definindo

critérios de consumo e produção.

No caso do marketing verde, trata-se de um nicho (pequeno segmento

da sociedade) crescente do mercado. É considerado nicho porque é ainda

incipiente o que determina baixo volume de produção e consumo, e é

crescente, porque está dentro da necessidade urgente de melhores indicativos

de qualidade de vida (LAVORATO, 2007).

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A cultura da qualidade surgiu do mundo corporativo, mais

especificamente na fabricação de bens e serviços, e invadiu nossas casas para

determinar níveis de exigência de consumo.

O nicho verde é um segmento específico do mercado que valoriza

produtos e serviços ecologicamente corretos por conhecer, compreender e não

aceitar as conseqüências das atividades extrativistas e não sustentáveis que

provocam o esgotamento de recursos naturais para as atuais e próximas

gerações (LAVORATO, 2007).

Os seres humanos consumem recursos naturais vitais renováveis (ar,

água, alimento) e não-renováveis (petróleo, minerais, etc.). Tudo que se

consume vem da natureza, e no caso de bens e serviços na sua grande

maioria são oriundos de recursos naturais não renováveis.

Como o sistema atual de produção e consumo em massa, a velocidade

para o esgotamento é alto, o que significa um desequilíbrio na lei da oferta e

procura.

Não se pode esquecer que só pode-se discutir qualidade de vida após

termos assegurado às condições básicas para a própria vida no planeta. Tudo

que colocar em risco a vida no planeta, não fará sentido algum para a

qualidade de vida, pois a situação óbvia para demanda de qualidade de vida é

a própria vida. (LAVORATO, 2007)

Vive-se uma equação que não se fecha: um planeta limitado fisicamente,

uma população crescente (6 bilhões), um estilo de vida extrativista (recursos

não-renováveis) e poluidor (descartável) determinando um rápido esgotamento

de tudo aquilo que nos proporciona vida (água, ar, solo, fauna e flora) e

qualidade de vida (petróleo, minerais, energia, espaço, etc.). A possibilidade de

extinção da vida vem nesta seqüência: Primeiro são as plantas, depois os

animais e depois o próprio homem é que sentirá os efeitos negativos da

devastação e da poluição ambiental.

Segundo Lavorato (2007), a humanidade está usando 20% a mais de

recursos naturais do que o planeta é capaz de repor. Com isso, está

avançando sobre os estoques naturais da Terra, comprometendo as gerações

atuais e futuras segundo o Relatório Planeta Vivo 2002, elaborado pelo WWF (

World Wildlide Fund) e lançado em 2002 em Genebra. De acordo com o

relatório da WWF, o planeta tem 11,4 bilhões de hectares de terra e espaço

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marinho produtivo - ou 1,9 hectares de área produtiva per capita. Mas a

humanidade está usando o equivalente a 13,7 bilhões de hectares para

produzir os grãos, peixes e crustáceos, carne e derivados, água e energia que

consome. Cada um dos 6 bilhões de habitantes da Terra, portanto, usa uma

área de 2,3 hectares. Essa área é a pegada ecológica de cada um. O fator de

maior peso na composição da pegada ecológica hoje é a energia, sobretudo

nos países mais desenvolvidos.

1.4 Tendência verde

Segundo uma pesquisa realizada na Europa, os países que mais

valorizam produtos ecologicamente corretos são: Espanha (83%), Rússia

(76%) e Alemanha (73%) (LAVORATO, 2007).

a) o mercado verde ainda é jovem. Portanto apresenta características

diferenciadas em relação aos mercados maduros;

b) mercado jovem: Baixa concorrência, alto investimento de penetração

(construção da cultura de consumo), baixo volume de consumo,

faturamento baixo;

c) mercado maduro: Alta concorrência, Investimentos de manutenção

de imagem, alto volume de consumo, faturamento Alto.

Nesta grande teia social definem-se: crescimentos econômicos,

oportunidades de mercado, produtos melhores, consumidores mais

responsáveis.

A fundamentação do marketing verde

Segundo afirmações de Lavorato (2007), a fundamentação do marketing

ambiental divide-se em três partes:

Lei da oferta e da procura: Vive-se num modelo econômico que acelera

o esgotamento de recursos naturais vitais e não vitais:

a) produção extrativista (matéria prima) X Recursos naturais finitos

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b) produção massa (alta produção de resíduos) X Recursos naturais

contaminados (poluição)

c) consumo massa (Alta Produção descarte) X Espaços reduzidos

(volume de lixo)

Leis protecionistas: As leis são determinadas pela sociedade segundo suas

necessidades e valores. No caso do meio ambiente desde 1992 (ECO 92) o

mundo está atento e interessado. Vários outros encontros, debates e acordos

mundiais têm se estabelecidos. Como exemplos têm o Protocolo de Kyoto que

determina índices de redução na emissão de CO2 na atmosfera. Este

posicionamento global de preservação ambiental se traduz em incentivo à

adoção de novos hábitos de produção e consumo. A legislação, as políticas de

importação, campanhas e procedimentos incentivando e impondo a mudança

de mentalidade e valores.

Inovações tecnológicas: Por outro lado, acesso a tecnologias mais

limpas e a própria tecnologia de informação e difusão de conhecimentos

agilizam processos e mudanças de hábitos e atitudes. Hoje, já se reconhece a

receptividade da atual geração por uma nova ordem de consumo.

1.6 Novos mercados

O nicho verde trabalha com tendências atuais e futuras, com novos

hábitos de consumo, novos produtos e novos mercados.

Cada geração avança 1 passo em comparação a anterior. Nos próximos

20 anos terá que ser tomada decisões mais precisas, escolhas mais

responsáveis.

Hoje já existem nas prateleiras opções de produtos ecológicos como o

alimento orgânico, produtos reciclados, carros menos poluidores,

equipamentos elétricos com menor consumo de energia, detergentes

biodegradáveis, serviços de coleta seletiva de lixo, etc (LAVORATO, 2007).

O marketing verde é também um up grade da relação empresa X

mercado, na medida em que aprimora a relação da empresa X consumidor,

empresa X comunidade e empresa X meio ambiente.

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Lavorato (2007) comenta que a partir do momento que se tem como pré-

requisito a questão: custo X benefício, fatores tangíveis como qualidade, preço,

conveniência devem estar resolvidos, e o diferencial ficar por conta do

intangível: desejo de pertencer a uma tribo, de consumir sem remorsos, de

fazer parte de um processo que melhora as condições de vida em sociedade

(que volta para o indivíduo), de responsabilidade social, de proteção ao meio

ambiente, enfim de aprimoramento da qualidade humana na prática

compulsória do consumo.

1.7 Criando e desenvolvendo produtos ambientalmente corretos

Para Smith, Roy e Potter (1996), as empresas podem desenvolver

produtos considerados verdes para aumentarem sua participação de mercado

ou para ingressarem em novos mercados, o que representa uma postura

empresarial pró-ativa. Por outro lado, obviamente, e com uma posição

contrária, as empresas podem apenas assumir uma postura reativa às

pressões da legislação e dos consumidores. Essa é uma possibilidade sempre

presente, porém significativamente menos promissora.

De modo complementar, Kärnä, Hansen e Juslin (2007), interpretam que

uma postura empresarial pró-ativa em relação ao meio ambiente representa

muito mais uma busca por competitividade do que uma posição de bom

relacionamento com comunidades e consumidores. Sob esse aspecto, valores

ambientais, estratégias de marketing verde, bem como estrutura e funções

empresariais estão logicamente interligados dentro de um processo maior de

planejamento.

Churchill e Peter (2000), afirmam que as organizações precisam

desenvolver novos produtos para sobreviver e prosperar. A grande competição

mundial pode levar as empresas que não inovarem a perderem mercado para

as organizações inovadoras.

Por sua vez, Kotler (2000), pondera que, ao mesmo tempo em que

inovar é preciso, o desenvolvimento de um novo produto tornou-se um negócio

arriscado. Tanto é que, segundo dados presentes no texto do próprio Kotler

(2000), 80% dos novos lançamentos fracassam num curto espaço de tempo.

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São muitas as discussões em torno das razões para um elevado índice

de fracassos.

Kotler (2000), por exemplo, sustenta que um dos diferentes motivos para

que esse índice seja alto é o fato dos novos produtos se depararem com

restrições sociais e governamentais. Em outras palavras, isso significa que os

novos produtos devem atender aos requisitos ambientais e de segurança.

Devem, portanto, conter um planejamento que em algum momento envolva

uma concepção ou, no mínimo, aspectos relacionados ao marketing verde.

1.8 Produzindo produtos ambientalmente corretos

O marketing verde também se preocupa com o processo produtivo e os

rejeitos desse processo. Uma empresa que libera resíduos tóxicos que agridem

o meio ambiente estará não só prejudicando as comunidades próximas, como

também desgastando sua imagem perante seus clientes. E conforme lembra

Wasik (1997), além das empresas serem responsáveis pela venda, são

também responsáveis pela produção dos produtos.

Churchill e Peter (2000), destacam que vários estudos mostram números

relevantes sobre a vinculação da decisão de compra com impacto ambiental.

Tais autores apontam, por exemplo, que 93% dos adultos consideram que o

impacto ambiental causado por um produto é um fator importante para eles ao

tomarem decisões de compras. Por outro lado, mencionam que dois terços dos

adultos têm uma expectativa de que produtos não prejudiciais ao ambiente não

custem mais que os seus concorrentes.

Considerações como essas que são feitas por consumidores norte-

americanos, apontadas por Churchill e Peter (2000), já há algum tempo, vêm

encontrando correspondência no mercado brasileiro. Isso é fruto de uma maior

conscientização que, segundo Vieira (2001), está relacionada à elevação da

renda de parte dos consumidores brasileiros, aumento do grau de instrução da

população, leis de proteção ambiental e ao consumidor, e ainda à crescente

percepção de deterioração do meio ambiente no Brasil.

Assim, além das punições pela agressão ao meio ambientes aplicadas

pelos órgãos governamentais, às empresas poderão ser punidas pelos próprios

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consumidores, os quais podem deixar de consumir os seus produtos. Estudo

desenvolvido por Motta e Rossi (2003), mostra que o fator ecológico está

começando a estar presente em decisões de compra no Brasil.

Tais ações levaram ao reconhecimento de outras organizações através

da outorga do prêmio Fritz Muller no ano de 2002, concedido pela Fundação do

Meio Ambiente de Santa Catarina. Outros prêmios também lhe foram

atribuídos, como Ação Verde, Expressão Ecológica e Água e Cidade. No

conjunto, essas premiações expressam um bom relacionamento da empresa

para com seus vários públicos, o qual é indicado por Robbins (2000), como

fundamental para o desenvolvimento das organizações.

1.9 Vantagens competitivas através de benefícios ambientais

Segundo Boone (1998), o produto é um agregado de atributos físicos,

simbólicos e de serviço, concebidos para aumentar a satisfação desejada pelo

consumidor.

Já para Nickels e Wood (1998), afirmam que o produto é um bem, um

serviço ou uma idéia que um consumidor adquire através de uma troca de

marketing para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Esses últimos

autores afirmam, ainda, que os consumidores valorizam os benefícios dos

produtos e não suas características. Pode-se apresentar como diferença entre

características e benefícios o seguinte exemplo: quando o consumidor adquire

um sabão em pó com amaciante, ele adquire um produto que possui como

característica conter amaciante, e como benefício às roupas macias

decorrentes do uso do produto.

Levitt (1991), desenvolveu a compreensão e a especificação

mercadológica de que os produtos envolvem três níveis. O primeiro nível, que

corresponde ao produto básico, e que é o mínimo que o consumidor obtém

pela aquisição de um produto ou serviço; o segundo nível que diz respeito ao

produto real e referem-se as suas características, à qualidade, ao design, à

marca e à embalagem; e, por fim, o terceiro nível, que concerne ao produto

ampliado, o qual implica na oferta de benefícios adicionais ao comprador, em

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que muitas vezes a empresa consegue diferenciar-se do concorrente, podendo

levar a uma vantagem competitiva.

Assim, através da utilização desses produtos, o consumidor obtém um

ganho financeiro e também colabora para a preservação da água no planeta.

Tais produtos, portanto, caracterizam-se como uma espécie de vantagem

competitiva da empresa em relação aos seus concorrentes, ao mesmo tempo

em que se constituem em claros benefícios ambientais.

1.10 Alguns (bons) motivos para que qualquer empresa adote um programa

de marketing ambiental

Segundo Rabelo(2007), as empresas têm alguns bons motivos para se

tornarem ecologicamente corretas, sendo estes motivos os seguintes:

a) funcionários e acionistas sentem-se melhor por estarem associados

a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode

até mesmo resultar em aumento de produtividade da empresa

b) redução de custos: Ocorre na medida que a poluição representa

materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a

maior parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não

aproveita completamente os materiais utilizados. Além disso, a

simples auditoria ambiental, pode identificar custos desnecessários

que a empresa pode eliminar.

c) facilidades na obtenção de recursos: Bancos e, principalmente,

organizações de desenvolvimento (como o BNDES e o BID)

oferecem linhas de crédito específicas para projetos ligados ao meio

ambiente com melhores condições, tais como maior prazo de

carência e menores taxas de juros. Além disso, a maior parte dos

bancos analisa a performance ambiental das empresas no momento

de conceder financiamentos. Dessa forma, empresas mais

agressivas ao meio ambiente podem precisar pagar juros mais altos

ou até mesmo ver negado seu pedido de financiamento.

d) pressão governamental: Os diversos Governos no mundo, através

de legislação, vem buscando punir através de multas e proibições,

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práticas das empresas que tenham impactos ambientais

significativos. A legislação vem sendo cada vez mais rigorosa na

busca pelo Impacto Ambiental Zero. O Governo ainda pode atuar

através de suas compras, ou seja, proibindo a aquisição, por parte de

suas empresas e orgãos, de produtos que afetem significativamente

o ambiente físico e estimulando a consumo de produtos

ecologicamente corretos.

e) pressão das ONGs - As diversas ONGs pressionam empresas

através de campanhas veiculadas na imprensa e lobby junto a

legisladores. Empresa sob a mira de uma das principais ONGs será

bombardeada na imprensa e provavelmente passará a ser percebida

pela população como ambientalmente irresponsável, o que

representa forte publicidade negativa

1.11 Marketing Ambiental e o descarte do produto

Para Engel, Blackwell e Minard (2000), o problema de descarte do

produto depois do consumo sempre existiu, mas agora torna-se crítico a partir

do aumento das preocupações ambientais por parte dos consumidores. Engel,

Blackwell e Minard (2000), dividem a possibilidade de descarte em três

categorias: descarte direto, reciclagem e remarketing.

O descarte direto, mais comum, ocorre quando o produto ou as sobras

deste são simplesmente abandonados na natureza, indo parar nos lixões ou

aterros sanitários. A reciclagem ocorre quando os produtos ou parte deles são

reutilizados ou reaproveitados em um novo processo produtivo, aumentando

sua vida útil e reduzindo a extração de produtos naturais e o remarketing que

ocorre na forma de venda de produtos usados, tais como roupas e carros, entre

outros.

A reciclagem tem obtido cada vez mais adesão entre as empresas e os

consumidores e tem sido bastante estimulada pela mídia através de

campanhas vinculadas à educação ambiental. Desde produtos simples, como

plástico, papel e papelão, até produtos mais complexos, como automóveis,

várias têm sido as experiências.

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Dessa forma, e tendo em vista o conjunto de suas ações em diferentes

frentes, a empresa não só busca assinalar para o consumidor a sua

preocupação com o meio ambiente, como também procura mostrar que seus

produtos podem ser reciclados de forma a não agredir o meio ambiente.

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CAPÍTULO II - MODELO DE NEGÓCIOS

2 DEFINIÇÃO DO NEGÓCIO

Com a desregulamentação do setor sucroalcooleiro, com o término do

Instituto de Açúcar e do Álcool, a liberação dos preços da cana-de-açúcar,

ocorrida em 1997, a Organização de Plantadores de Cana do Estado de São

Paulo - ORPLANA e a União da Agroindústria Canavieira do Estado de São

Paulo – ÚNICA criou-se um órgão auto-regulamentador, composto por

representantes de usinas e destilarias e representantes de produtores de cana-

de-açúcar, o Conselho dos produtores de cana-de-açúcar, açúcar e álcool do

Estado de São Paulo – CONSECANA. A função deste é coordenar o

relacionamento entre fornecedores e compradores. Parte muito importante

desta instituição foi definir um modelo de remuneração da cana fornecida às

usinas e destilarias pelos produtores rurais. A cana é formada pelo teor de

sacarose da matéria prima, medido em laboratórios fiscalizados pela

ORPLANA, através do açúcar total recuperável – ATR, dos preços de

comercialização do açúcar e do álcool e pelo mix de produção da indústria na

entrega do produto.

A Empresa Agrícola Canavieira, uma empresa fictícia que será usada

neste trabalho para ilustrar as atividades desenvolvidas ao longo do trabalho irá

receber pela cana que produz mediante as regras impostas pela

CONSECANA, o que significa que não existe negociação no valor entre

vendedor e comprador. A Agrícola não tem como interferir no preço do seu

produto, as únicas ações que esta pode fazer é subir o preço sobre ordem

agroindustrial, que envolve tecnologia agronômica e qualidade total nas

operações de colheita. Buscando produzir uma cana com maior índice de

sacarose, a empresa pode com esta ação, alterar o preço de seu produto,

porém é algo limitado; a principal forma que a empresa tem para aumentar seu

lucro é reduzir ao máximo os custos de sua produção. Entender isso se faz

fundamental para que se possa entender e analisar a empresa. É também

importante para se compreender o porquê a Agrícola apenas forneça a cana-

de-açúcar e não produza açúcar e álcool.

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2.1 Core business atual

A empresa almeja o posicionamento de otimização da estrutura já

existente, visando cada vez mais maximizar a produção por safra. Com um

contrato de fornecimento de cana-de-açúcar com a indústria, que prevê a

garantia de toda a entrega da safra, qualquer ampliação na área de produção

requer uma nova negociação com a indústria compradora.

Atualmente, a empresa, fornece a matéria-prima para apenas uma

usina, porém não consta em seu contrato a cláusula de exclusividade de

compra e venda da mercadoria, podendo assim expandir sua carteira de

clientes.

2.2 Missão

A noção de que as organizações devem ter sua própria missão que

reflete na visão de que elas são muito mais do que simplesmente normas

técnicas administrativas. Elas são instituições com personalidade e propósitos

próprios. A declaração da missão da empresa é o mesmo que declarar a sua

razão principal e o motivo de sua existência. É identificar a função que a

instituição desempenha para a sociedade, como seu caráter básico e filosófico.

A virtude de se pensar com clareza a missão de uma organização é que

se conhecem os valores e essências propositadas, contribuindo para a

unificação da organização com a aquisição e manutenção da integridade.

A missão de uma organização tem como um de seus principais tópicos a

orientação das atividades futuras, ela deve ser compreendida como uma

identidade a ser seguida como objetivos que norteiam o desenvolvimento

empresarial e competitivo.

A missão da empresa é: produzir cana e entregá-las a usina, buscando

sempre aperfeiçoar e otimizar a produtividade agrícola, da qualidade da cana-

de-açúcar e de seus recursos utilizados, sem causar graves danos ao meio

ambiente.

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2.3 Visão

Atuar no setor agroindustrial, em suas atividades, os seguintes princípios

são utilizados:

a) atingir no segmento o máximo que se pode oferecer, tanto no setor

agrícola e administrativo/financeiro;

b) comprometimento dos funcionários envolvidos, para alcançar os

objetivos estabelecidos, mas jamais esquecendo os valores

humanitários.

2.3.1 Planejamento estratégico

O diagnóstico estratégico ambiental corresponde à primeira fase do

processo de planejamento estratégico, que corresponde a qual a real situação

da empresa no âmbito interno e externo?, para sempre verificar se a empresa

está com um processo administrativo bom, regular ou ruim.

Na empresa, o diagnóstico deve ser feito tanto da forma externa como

interna, podendo-se assim afirmar que as projeções se completam, pois da

somatória dos resultados obtêm-se a projeção base correspondente às

projeções futuras, com base na situação atual. (HAMPTON, 2000)

Com a análise estratégica do diagnóstico, apresentam-se algumas

premissas básicas, conforme Hampton (2000).

a) sempre considerar o ambiente e suas variáveis relevantes no qual

está inserida a empresa;

b) este ambiente proporcionará à empresa novas oportunidades que

deverão ser usufruídas e ameaças deverão ser evitadas;

c) para enfrentar a situação ambiental, a empresa deverá ter pleno

conhecimento de seus pontos fortes e fracos;

d) a análise destes processos deverá ser integrada, continua e

sistêmicas para os processos interno e externo.

Zaccarelli (2000), relata que o diagnóstico apresenta os seguintes

componentes:

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a) pontos fortes estão nas variáveis internas e controláveis que formam

uma condição favorável ao ambiente de relacionamento da empresa;

b) pontos fracos estão nas variáveis internas e controláveis que provocam

uma situação desfavorável para a empresa, em relação ao ambiente que

se trabalha;

c) oportunidades são as variáveis externas e não controláveis pela

empresa, que podem criar condições favoráveis a ela, desde que a

mesma tenha condições e/ou interesses de utilizá-las;

d) ameaças são as variáveis externas e não controláveis pela empresa que

podem criar condições desfavoráveis para a mesma.

Pontos fortes e fracos compõem a análise interna da empresa, e as

oportunidades e ameaças a análise externa.

Os pontos fortes e fracos representam as variáveis controláveis,

enquanto as oportunidades e as ameaças representam as variáveis não

controláveis pelo executivo. Fica evidente que os problemas maiores são as

variáveis sobre as quais não se tem controle.

Para o diagnóstico estratégico ser executado é necessário ter acesso a

uma série de informações, estar preparado para executá-lo, saber quais

informações deseja, quais as informações são pertinente e como obtê-las.

Essas informações podem ser obtidas internamente como externamente da

empresa.

2.4 Análise do ambiente externo

Segundo Daft (1999), a sobrevivência de qualquer empresa depende,

em primeiro lugar da própria capacidade de integração com o meio envolvente.

Acredita-se que os primeiros passos para a formulação estratégica consistem

na identificação das tendências do meio envolvido contextual e transacional e

no reconhecimento das suas implicações para os segmentos planejados. Desta

forma, consegue-se ter a visão completa do enquadramento do negócio e dos

desafios que se colocam a todos os concorrentes.

Chiavenato (2000) relata que a análise externa tem por finalidade

estudar a relação existente entre a empresa e seu ambiente em termos de

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oportunidade e ameaça, bem como a sua atual posição de produção no

mercado e, prospectiva, quanto à sua posição produto-mercado desejável para

o futuro.

O executivo deve identificar os componentes relevantes do ambiente e,

em seguida analisar as situações de oportunidades e ameaças para a

empresa.

Conforme Daft (1999), considerando que as oportunidades certas serão

escolhidas, deve-se:

a) o foco deve residir na maximização de oportunidades e não na

minimização das ameaças e de riscos;

b) todas as principais oportunidades forem analisadas conjunta e

sistemicamente;

c) forem bem compreendidos quais são as oportunidades que se

adaptam à atividade da empresa;

d) houver equilíbrio entre as oportunidades de formas imediatas e em

longo prazo.

A oportunidade ou a ameaça causa um impacto que pode ser muito forte

no desempenho de uma empresa. Assim, uma oportunidade devidamente

usufruída pode alavancar os resultados da empresa, enquanto a ameaça mal

administrada pode acarretar sérios prejuízos ou mesmo comprometer a sua

sobrevivência.

Em relação à empresa Agrícola Canavieira, a desregulamentação de

preços deixou o setor sucroalcooleiro à mercê do mercado. Mas, como tratar a

cana-de-açúcar como um produto de mercado, se ela sequer é controlada e

vendida durante o período da safra. Se não for será perdida, entra em processo

de deteriorização e perde seu valor comercial. No máximo pode ser transferida

para a safra seguinte, porém nessa situação sua desvalorização devido à

queda crescente na sua qualidade, por ter passado do tempo correto de se

colhida. Além disso, a cana-de-açúcar que não foi cortada teve custos de

manutenção no ano anterior sem a receita que não se concretizou. Não é

possível, portanto estocar a cana para esperar um melhor preço.

A desregulamentação repentina de um setor que viveu durante anos sob

a tutela do governo gerou uma crise que chegou ao seu ponto máximo em

1999. O preço da tonelada da cana, que era de R$16,00 em julho de 1997,

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chegou a R$11,09 em agosto de 1999, não cobrindo se quer os custos com a

produção. (ÚNICA, 2007)

No Estado de São Paulo, tentou-se resolver essa questão através do

Consecana, que reúne fornecedores e usineiros em busca de um bom acordo

para todos. A tese é perfeita fora elaborada por uma ligação entre preços do

açúcar e álcool com o da cana-de-açúcar. Os trabalhos técnicos de adaptação

foram conduzidos com grande competência e encontrou-se uma fórmula

adequada, sob a tese referida. Essa forma de remuneração, conforme já

explicada acima, a partir do teor de sacarose da cana-de-açúcar, dos preços de

comercialização dos derivados da cana e pelo mix de produção da indústria na

qual a cana é entregue.

Os motivos pelos quais os preços de seu produto são limitados e a

forma que a empresa tem de aumentar seu lucro são minimizando os custos de

produção, com a busca de alternativas para os insumos e práticas agrícolas

para assim melhorar seu lucro.

Há ainda outras questões a serem discutidas e que modificam o cenário

no qual se insere a cana de açúcar. As mais importantes dizem respeito à

mudança no perfil em que as usinas vêm sofrendo. De produtoras de açúcar e

álcool, agora também estão se transformando em geradoras de energia. Os

outros produtos que compõem esse mix de novos produtos, das agora centrais

energéticas, precisam passar a compor a remuneração da cana. Além disso, a

progressiva eliminação das queimadas para o corte da cana-de-açúcar vai

deixar nas lavouras uma quantia enorme de palha, que podem prejudicar o

rebroto da cana e, por outro lado, é matéria-prima de alto potencial energético,

que pode ser queimada nas caldeiras das usinas, co-gerando mais energia. A

solução técnica para isso está ainda em estudo, a discussão envolve desde

manejo da palha, custo do seu transporte, adequação das caldeiras para a

queima de um produto que tem características diferentes do bagaço da cana-

de-açúcar que hoje é queimada nas caldeiras. Ainda em discussão está uma

política de adequação de remuneração da energia gerada pelas usinas, que

não podem trabalhar com a atual perspectiva de preços que, nos últimos quatro

anos oscilaram de R$680,00 a R$4,00, para um custo de produção de

R$70/MW. (ÚNICA, 2007). Isso, sob o ponto de vista das usinas. Na outra

ponta estão os fornecedores de cana-de-açúcar, como é o caso da Empresa

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38

que atualmente no mix de produção sobre o qual é feito o pagamento da cana

inclui apenas às diversas modalidades de açúcar e álcool produzidos pelas

usinas. Uma vez criada a regra para pagamento dos outros produtos, e desde

que eles passem a significar um volume importante no faturamento das

indústrias, será preciso redefinir esse mix, incluindo esse novo produto.

2.4.1 Análise de cenários

A análise do cenário nos leva a avaliar a indústria canavieira brasileira e

no mundo em geral, fazendo disso uma tentativa para descobrir as novas

tendências a partir dos ângulos de visão do otimista, normal e pessimista.

A análise do negócio cana-de-açúcar passa necessariamente pela

análise dos negócios açúcar e álcool, que geram a demanda e compõem o

preço da cana. A transformação da indústria, de usinas produtoras de açúcar e

álcool em companhias energéticas, a progressiva eliminação da queima da

palha da cana e provável ampliação da mecanização das operações agrícolas

sinalizam como novas mudanças no mercado de cana-de-açúcar, além de que

isso pode fazer com que haja uma remodelação evolutiva no modelo da

Consecana de remuneração.

Está em discussão a utilização do palhiço deixado nas lavouras para a

geração de energia através da queima nas caldeiras das usinas. Caso isso se

viabilize, um componente da cana-de-açúcar hoje descartado passará a ter

aproveitamento econômico. Está em estudos a análise de uma composição

mais adequada da remuneração da cana-de-açúcar ao produtor, uma vez que

atualmente a remuneração é feita somente pela base dos preços do açúcar e

do álcool, sem levar em consideração os subprodutos comercializados, no caso

aqui a produção de energia produzida com a queima do palhiço, devendo

salientar que a produção de energia elétrica, que hoje se dá em muitas usinas,

através da queima do bagaço da cana, não somente a energia elétrica comum

vendida pelas distribuidoras convencionais.

Não se pode esquecer que há um impacto social gerado pela

mecanização da colheita da cana-de-açúcar e em outras operações agrícolas,

que são grandes consumidoras de mão-de-obra, o que a mecanização irá

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39

causar um aumento significativo na taxa de desemprego das cidades movidas

pelo setor canavieiro. A eliminação gradual e continua da queima da palha da

cana-de-açúcar exigida pela Lei Estadual SP. Nº. 11.241, de 19 de Setembro

de 2002 que impele para a mecanização de seu corte, que é econômica e

operacionalmente mais adequada do que o corte manual da cana crua com a

mão-de-obra humana, pois estas correm riscos de saúde com o contato de

animais peçonhentos existentes nas lavouras.

Com relação aos fornecedores, o foco de consumo dos produtores de

cana-de-açúcar é de insumos agrícolas, sendo que o setor tem um grande

potencial para consumir cerca de 1,8 milhões de toneladas ao ano por safra de

fertilizantes, 3,4 milhões de toneladas de corretivo de solo e U$250 milhões em

defensivos agrícolas. (ÚNICA, 2007).

Os quadros a seguir sintetizam essa análise da empresa.

ASPECTOS OTIMISTA NORMAL PESSIMISTA

SOCIEDADE

Mantendo-se atual nível de mecanização, mantendo-se o grau de empregabilidade direta e indireta no município e na região.

Emprega grande quantidade de mão-de-obra. Empregabilidade. É uma das poucas alternativas ainda existentes para empregar grande quantidade de contingente de mão-de-obra pouco qualificada. Das 1.146,8 mil pessoas trabalhando na agricultura paulista em 2001, 36% estavam atuando nas lavouras de cana.

Se for necessário ampliar a mecanização, haverá significativa diminuição no numero de empregos oferecidos no estado. Pois uma máquina substitui cerca de 100 pessoas no corte da cana.

ECONÔMIA

Haverá novos incentivos econômicos para a produção rural, especialmente para os setores que são grandes empregadores de mão-de-obra. Crescimento da economia agrícola brasileira.

Manter-se a atual política econômica com relação a financiamentos para produtores rurais. Nível de inflação controlada. A açúcar deve manter-se entre os 3 principais produtos primários

Diminuição dos incentivos fiscais para os produtores rurais, com limitações nos programas já existentes, do financiamento ou extinção total dos mesmos.

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40

com maior numero de geração de divisas da pauta de exportação do país.

MERCADOS

E

PRODUTOS

Álcool: aumento da participação nos mercados externos. Criação de um programa regulador de estoque para a credibilidade ao produto no consumo interno. Lançamento do carro flex, que provocou o aumento da procuro pelo produto. Redução hostil da produção de açúcar para exportação devido às altas tarifas de exportação.

Álcool: manutenção da atual participação no mercado externo e consumo no mercado interno. Retorno às taxas habituais de mistura do álcool a gasolina. O Brasil mantém a posição de produtor de açúcar com menor custo de produção.

Álcool: havendo falta do produto no mercado, montadoras e consumidores colocarão o álcool combustível mais uma vez em descrédito. Diminuição da taxa na mistura com a gasolina. Manutenção da hostil proteção ao mercado internacional, aos produtores de açúcar dos países ricos (tarifas, cotas, subsídios a exportação).

MERCADOS

E

PRODUTOS

Açúcar: abertura de novos mercados externos com preço altamente competitivos, quebra da produção em outros países, a desvalorização do real em relação ao dólar será mantida. Cana-de-açúcar: os preços atraentes de açúcar e álcool praticados nas ultimas safras incentivam a ampliação da capacidade instalada das usinas, aumentando a demanda por matéria prima.

Açúcar: os atuais níveis de produção e de consumo deverão ser mantidos. Cana-de-açúcar: os níveis de produção se mantêm relativamente semelhantes aos dos últimos anos, equilibrando a produção de matéria prima e demanda das usinas.

Açúcar: não abertura de novos mercados, superprodução externa, valorização do real em relação ao dólar. Aumento do consumo de adoçantes artificiais. Cana-de-açúcar; os preços atraentes das ultimas safras incentivam o plantio exagerado, gerando um excesso de produção, superior à capacidade instalada de moagem das usinas.

FORNECEDORES

Os fornecedores de insumos agrícolas esperam manter nos próximos anos a atividade econômica igual a dos anos anteriores em termos de volume de venda. Esperam também, porem uma

Estão acompanhando o mercado, ou seja, vendendo volumes proporcionais a demanda de produção, porem sua margem de lucro no faturamento foi

Desaquecimento do mercado em função da queda do preço da tonelada de cana-de-açúcar ou do aumento exagerado dos preços dos insumos, que acompanham muito

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estabilização da moeda norte americana, devido ao fator que eles não estarem conseguindo repassar a alta para os seus compradores.

menor devido a não conseguir repassar todo o aumento do dólar para os compradores, portanto tiveram que renegociar.

de perto as oscilações do dólar.

Fonte: FERRAZ, 2000

Quadro 01- Síntese de análise do setor

2.4.2 Análise SWOT – ambiente externo

AMEAÇAS OPORTUNIDADES

1- Mudança na política econômica do governo que dificultem as linhas de financiamento.

2- Superprodução de açúcar no mercado externo.

3- Excesso desgovernado da produção de cana-de-açúcar.

4- Política de regulamentação da queima da palha da cana-de-açúcar indefinida.

5- Aumento do valor das terras, causado pelo bom desempenho da agricultura, dificultando a aquisição de terras e encarecendo o preço dos arrendamentos.

1-Abertura do mercado externo ao álcool e ampliação do mercado de açúcar.

2-Aumento da mistura de álcool na gasolina. 3-Aumento de produção de carros a álcool e o inicio de produção dos carros bi-combustível (flex).

4-Possível guerra no Oriente Médio pode elevar excessivamente o preço do petróleo, ampliando o potencial do mercado do álcool.

5-Potencial para aumento de consumo de açúcar dos países do leste europeu e da China.

Fonte: FERRAZ, 2000

Quadro 02 Análise SWOT do ambiente externo

2.5 Análise do ambiente interno

A finalidade da análise interna tem por evidenciar as deficiências e

qualidades da empresa que esta sendo analisada, sendo que seus pontos

fracos e fortes que deverão ser determinados diante da sua atual posição no

mercado. Com esses dados desta análise a empresa deve tomar como

perspectiva para comparação as outras empresas do setor atuante, sendo elas

concorrentes diretas ou apenas concorrentes potenciais.

É muito importante que o desenvolvimento estratégico dado pelo

diagnóstico, consolide as opiniões e pontos de vista das diversos elementos

informantes, gerando uma situação de concretização das idéias comuns e

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aceitas pela empresa, pois somente dessa forma existirá uma situação de

concentração de esforços e recursos para resultados otimizados a serem

alcançados pela empresa por um todo. O tratamento mais adequado dos

pontos fortes e fracos da empresa, bem como das oportunidades e ameaças

ambientais possibilitam a visão geral da empresa a seu ambiente, para que se

possa começar a estabelecer onde ela deverá chegar e como chegar às

posições que se deseja.

O conceito que a Agrícola Canavieira mantém junto a todas as partes

interessadas é a vantagem competitiva importante que detém. Isso se

manifesta na facilitação de contratação de mão-de-obra e nas negociações

com a usina, com bancos, fornecedores e com proprietários de terras para

arrendamento. Sua situação financeira lhe permite uma facilidade para

conseguir crédito a taxas bem baixo para melhorar a posição mediante a

competitividade e negociação de valores como nos insumos agrícolas,

maquinários, equipamentos, veículos e implementos, dando assim uma

condição bem favorável.

2.5.1 Análise SWOT – ambiente interno

FORÇAS FRAQUEZAS

1-Capacidade de investimento. 2-Equipe competente, antiga e experiente. 3-Boa situação de crédito. 4-Clima adequado

1-Dificuldade de expansão 2-competitividade por área produtiva. 3-Pouco treinamento especializado da mão-de-obra.

4-Condições favoráveis à mecanização. 5-60% do negocio é dependente de terra de terceiros.

Fonte: FERRAZ, 2000

Quadro 03 – Análise SWOT do ambiente interno

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43

CAPÍTULO III - ESPECIFICAÇÕES DE PRODUTOS E SERVIÇO S

3 O PRODUTO

A cana-de-açúcar é uma gramínea (Saccarum Officinarum), originaria da

Ásia. Hoje os maiores produtores são Brasil, Índia e Austrália.

A cana de açúcar e cultivada em todos os estados brasileiros, mas e no

estado de São Paulo que se encontra a maioria das lavouras:

São Paulo: 40%

Nordeste:37%

Minas Gerais e Rio Janeiro:15%

Demais áreas:8%

A importância econômica da cultura da cana de açúcar e grande, visto

que ela produz diversos alimentos para o homem e animais isso sem falar no

caso brasileiro, da produção de álcool combustível para a indústria

automobilística.

Cana-de-açúcar e uma planta semi-perene e o seu sistema radicular

compreende:

Raízes temporárias (e o primeiro órgão da planta que se desenvolve e

dura menos de trinta dias) que supre a planta de alimento no primeiro estágio

de seu desenvolvimento.

Raízes permanentes: que partem do ponto abaixo do colo e

acompanham a planta durante todo seu ciclo.

Raízes adventícias ou aéreas: que partem dos primeiros colmos.

Com grande potencial de eficiência, por cada tonelada possuir o

equivalente a 1,2 barris de petróleo. Ela é a força por trás das mais de

trezentas centrais energéticas existentes no país, das quais um terço se

encontra no Estado de São Paulo. São usinas e destilarias que processam a

biomassa proveniente da cana-de-açúcar e que alimenta um circulo virtuoso:

produzem açúcar como alimento, energia elétrica vinda da queima do bagaço

nas caldeiras, álcool hidratado para movimentar automóveis, álcool anidro para

melhorar o desempenho energético e ambiental da gasolina, além de diversos

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44

outros subprodutos como torta de filtro e vinhaça que são utilizados nas

lavouras como adubo.

No ano de 2002, 41% da cana-de-açúcar brasileira virou álcool e 59% foi

transformada em açúcar, mas esse mix de produção varia de ano para ano em

função do mercado, preço e demanda (ÚNICA, 2007).

No Brasil, a cana é plantada no centro-sul e no nordeste, o que permite

dois períodos de safra. No centro-sul a safra é em abril ou maio com termino

entre setembro e dezembro. Plantada, a cana-de-açúcar demora por volta de

um ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. Depois de

colhida ela rebrota e a mesma cana, em media é colhida quatro a cinco vezes,

chegando a uma excepcional colheita de 10 safras, mas a cada safra devem

ser feitos investimentos para manter a qualidade da produtividade. Quanto à

produtividade da área cai abaixo de determinados patamares a área é

reformada, ou seja, é efetuado nela novo plantio de cana. Se o plantio for

realizado entre os meses de setembro, a cana poderá ser colhida após um ano,

sendo esta classificada como cana de ano, se for realizada entre os meses de

janeiro e abril, será colhido com mais de doze meses, neste caso a cana é

classificada como, cana de um ano e meio. A cana de um ano apresenta menor

produtividade agrícola, em contrapartida, é plantada no mesmo ano em que foi

realizada a ultima colheita do ciclo anterior, gerando um maior faturamento

durante todo o ano. Já a cana de um ano e meio, que apresenta maior

produtividade agrícola, é plantada no ano seguinte da ultima colheita, portanto,

ela não gera lucros no ano de plantio.

Permitindo vários cortes de um único plantio, a cana-de-açúcar é

classificada como uma cultura semi-perene. Normalmente se reforma a lavoura

de 18% a 20% da área total, mas as decisões sobre as reformas e qual a

melhor época de plantio são feitas de formas estratégicas, envolvendo uma

análise de diversos fatores.

3.1 Indicadores de desempenho setorial

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Há vários indicadores reconhecidos como importantes pelo setor, que

servem para mostrar qual a capacidade competitiva da empresa. Selecionando

quatro deles que se julga mais importante e que vai ser analisado:

3.1.1 Produtividade agrícola

A produtividade agrícola é medida em toneladas (TON) de cana-de-

açúcar produzida por hectares (HA), é um dos principais indicadores. O gráfico

a seguir faz uma análise comparativa entre a produtividade agrícola da Agrícola

Canavieira e a produtividade agrícola média dos produtores de cana-de-açúcar

da região, o que mostra que a Agrícola Canavieira, é uma empresa bem

sucedida dentro do setor, tendo alcançado, ao longo dos últimos anos uma

produtividade média de 5% acima do setor regional.

Fonte : ORPLANA 2007

Figura 01 – Produtividade

3.2 Índice de maturação da cana-de-açúcar

0,00

50,00

100,00

TON/HA

ANO

PRODUTIVIDADE

Região 86,00 80,00 69,00 77,00 79,00 78,20

Agrícola Canavieira 90,64 87,72 67,60 81,83 82,58 82,07

2000 2001 2002 2003 2004 médi

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Uma das medidas de qualidade da cana é o pol ou o PC, que é a medita

em percentual do teor de sacarose do caldo da cana-de-açúcar, que indica o

seu teor de maturação. Esse dado é obtido somente sob uma análise de um

laboratório industrial, através da análise de material retirado de alguns pontos

diferentes da carga da cana e feita em pelo menos 50% das cargas diárias. O

ponto de maturação da cana depende de vários fatores, como: variedade,

fatores climáticos, momento do corte e utilização de maturadores químicos.

Cana-de-açúcar mais madura significa maior produção de açúcar e, portanto,

maior faturamento.

3.2.1 Tempo de queima (TQ)

Representa quantas horas que a cana-de-açúcar queimada permaneceu

cortada até a entrega na usina. Quanto maior esse tempo, pior a qualidade do

produto. Existe, na fórmula de remuneração do CONSECANA, uma

desvalorização no preço da cana-de-açúcar para a cana com TQ superior a 60

horas.

O IDEA, em seus anuários indicadores de desempenho referente às

safras de 2002/2003 e 2003/2004, classifica as empresas segundo o tempo de

queima de acordo com a seguinte tabela.

CLASSIFICAÇAO

DAS EMPRESAS

REGIONAL AGRICOLA

CANAVIEIRA

REGIONAL AGRICOLA

CANAVIEIRA

2002/2003 2003/2004

ÓTIMA 31,43 a 40,90 35,54 a 40,00

BOA 40,91 a 52,98 40,01 a 51,65

REGULAR 52,99 a 80,49 53,60 51,66 a 63,46 47,02

RUIM Acima de

80,49

Acima de

63,46

Fonte:IDEA, 2005

Tabela 01 - Indicadores de desempenho

3.3 Qualidade da cana-de-açúcar (ATR)

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47

ATR ou açúcar total recuperado é o calculo médio feito a partir de uma

formula já definida pelo CONSECANA, e mede a quantidade de quilos de

açúcar gerado por tonelada de cana. Da amostragem retirada no momento da

entrega da cana-de-açúcar na usina, são realizadas várias análises no

laboratório industrial, das análises o ATR, é um dos mais importantes, pois

engloba o pol e fibras da cana-de-açúcar.

Fonte : ORPLANA, 2005

Figura 02 – Qualidade da cana-de-açúcar

3.4 Sistema de produção agrícola

3.4.1 Sistema de produção agrícola da Agrícola Canavieira

Em seu sistema de produção, a Agrícola Canavieira, opera

essencialmente com veículos, equipamentos e implementos próprios. Todos os

equipamentos utilizados em todas as etapas são dimensionados a cada uma

delas para o sistema de produção, em função da sazonalidade das atividades

durante o decorrer do ano todo.

3.4.2 Sistema de planejamento e controle agrícola

120

130

140

150

ATR

ANO

QUALIDADE DA CANA -DE-AÇÚCAR

Região 130,16 136,38 136,2

Agrícola canavieira 144,53 141,08 138,42

2002 2003 2004

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48

O sistema de produção e industrialização da cana-de-açúcar se

caracteriza dentro que se chama de agroindústria. O segmento agroindustrial

de açúcar, álcool e outros produtos não diferem de outros produtos tipicamente

industrializados, com exceção feita a sazonalidade das safras, à perecibilidade

da matéria prima e a intervenção do mercado no setor sucroalcooleiro.

(PARANHOS, 1987)

O segmento agrícola, entretanto, tem uma série de características

típicas e específicas. A produção da matéria-prima dá-se, tanto pelas próprias

empresas agroindustriais, quanto por seus fornecedores, como é o caso da

Agrícola aqui demonstrado.

Somando os fatores de que a cana exige uma área considerável para

seu plantio, um volume proporcional de máquinas para o manuseio de seu

canavial, insumos e pessoas, ao lado de épocas relativamente definidas para

as operações agrícolas, a administração deste complexo agrícola, necessita

munir-se de técnicas que permitem caminhar em direção aos objetivos básicos

de que a qualidade, quantidade da matéria-prima, prazos e custos adequados

são essenciais. O trabalho envolvendo a combinação e a coordenação da

utilização de recursos necessários para se atingir objetivos específicos chama-

se administração. Esta inclui o planejamento, organização, direção e controles

e sua tarefa é a de fazer as coisas através de seus funcionários. O trabalho

gerencial não é executar as tarefas propriamente, mas antes, prover as

condições necessárias para que elas possam ser executadas com perfeição.

Isso implica em um trabalho tecnológico, pessoal, material e financeiro, num

esforço para conseguir com que tudo seja conciliado e feito com o máximo de

rendimento possível. (FIGUEIROA, 1996)

O gerenciamento do planejamento consiste na ampliação de técnicas de

elaboração de plano de produção. O planejamento antecipado possibilita

diagnosticar problemas futuros e as formas de resolvê-los a um custo mais

baixo.

Na Agrícola Canavieira são elaborados dois planejamentos um à curto

prazo para as safras de cana de um ano e outro em médio prazo com duração

de cinco anos, que se denomina um plano que permite projetar a direção que a

empresa vai seguir em termos de produção.

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Entretanto, no nível operacional são feitos planos de safra mais curtos

como semanais e diários. É bem distinto o planejamento de acordo com o nível

de decisões envolvidas no momento. Nos níveis mais altos da hierarquia

produtiva, o planejamento estratégico é mais abrangente, centralizado e crítico,

tornando-se, conforme diminui esta escala de poder da estrutura

organizacional, mais específico, descentralizado e rotineiro.

Conforme Oliveira (1998), os princípios básicos utilizados são:

a) racionalidade: refere-se principalmente a seqüência lógica que

devem respeitar entre si às ocorrências do processo produtivo,

dando uma maior atenção às múltiplas interdependências. Por

exemplo, as duas atividades que mais consomem a atenção

gerencial são plantio e colheita, dado o grande volume de recursos

humanos e materiais envolvidos, além do sincronismo exigido pela

colheita.

b) elasticidade: os planos são elaborados com margem de segurança

para enfrentar os imprevistos, um exemplo, se refere ao rendimento

operacional em uma atividade de aração no preparo do solo for de

1,0ha/hora, e o rendimento real for de 1,2ha/hora, o pior que pode

acontecer é a operação acabar antes do prazo estabelecido.

c) exeqüibilidade: os planos são realistas, utilizados em suas

formulações estimativas baseadas em informações práticas próprias,

nas recomendações de casa pesquisa ou com a experiência de

outras pessoas que tenha já trabalhado em condições semelhantes.

Oliveira (1998), afirma que as informações principais que têm que estar

disponíveis para se iniciar um planejamento são: diretrizes e metas, dados da

unidade empresarial, dados do meio ambiente que vai ser trabalhado,

informações jurídicas e legais, informações sócio econômico e dados de

natureza técnica. Mediante essas informações pode se inicializar o

planejamento, inserindo-se a adoção de pressupostos, estabelecimento de

objetivos, determinação de ação e elaboração de um cronograma que depois

de aprovado pelo comitê agrícola é encaminhado para operacionalização.

3.5 Arrendamentos

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50

Por se tratar de um sistema produtivo que depende de propriedades

rurais, que são ativas com alto valor imobiliário e baixa liquidez, é costume

adotar-se de um sistema misto de produção entre propriedades próprias e

terras arrendadas.

Os contratos de arrendamento são feitos por toneladas de cana

produzida por hectare ou alqueires, convertidas em reais na data do

pagamento. É costume na região convencionar-se que o preço a ser pago será

chamado de cana padrão, que é a cana com 118,6Kg de ATR por tonelada. O

preço do ATR é sempre o divulgado pelo CONSECANA para o mês

imediatamente anterior ao pagamento previsto no contrato. A maioria dos

contratos de arrendamento é de um ciclo completo da cana-de-açúcar,

prevendo que um pagamento no ano do plantio da cana e outro para cada um

dos anos de colheita. Há contratos para dois ou mais ciclos da cana, e também

aqueles que a renovação se dá automaticamente se não for expressamente

rescindido por uma das partes com a antecedência prevista no próprio contrato,

porém esses são mais raros. Os fatores de maior importância na definição da

quantidade de toneladas de cana a ser paga por alqueire são: a qualidade da

terra, o que vai assegurar o maior ou menor índice de produtividade e a

distância que está da planta da usina, pois o custo do transporte tem um

impacto de quase 60% do preço final da cana-de-açúcar. Um contrato típico

pode prever, por exemplo, o pagamento de 32 toneladas de cana por

alqueire/ano. (ÚNICA, 2007)

3.5.1 Seleção das áreas para arrendamento

Nesta fase, ocorre a escolha das áreas disponíveis para arrendamento e

exploração da cana, sendo que nem sempre as áreas mais interessantes para

a indústria se encontram disponíveis para o arrendamento. Além disso, na

região da empresa existem outros produtores de cana competindo por estas

propriedades. Existe também a concorrência com outras culturas, ou mesmo

com a pecuária.

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51

3.5.2 Demarcação da área útil

Após a negociação ser finalizada segue-se o procedimento de medição

da área que será demarcada com aparelhos topográficos específicos para este

fim, executado por técnicos diplomados na tarefa. É nesse momento que são

excluídas as áreas que não são passíveis de exploração, atendendo as normas

ambientais e legislação de conservação, como um exemplo, sob as redes de

energia elétrica ou no leito de rios. Através deste procedimento obtém-se a

área real do arrendamento, na qual estão incluídas estradas e carreadores de

servidão para a produção.

3.6 Preparo do solo

Esta etapa é muito importante já que as etapas seguintes têm forte

correlação com ela. Diz-se que é a etapa que dá embasamento de

prosperidade e de produtividade agroindustrial e tem por finalidade exclusiva a

de preparar o solo para receber a cultura e readequá-lo da melhor forma para

garantir sua conservação no tocante ao meio ambiente.

Os objetivos principais pretendidos num preparo do solo são os

seguintes: atenuar o nível de compactação, reduzir o percentual de torrões,

darem uma condição razoável para sulcação e melhorar os efeitos dos

herbicidas, auxiliar no controle de ervas daninhas assim como das pragas do

solo, incorporar corretivos e fertilizantes, melhorarem a infiltração de água e a

aeração do solo.

O bom preparo do solo contribui em alta porcentagem para o sucesso da

cultura, garantindo o melhor índice de germinação e o maior contato da cana

com o solo, com o melhor aproveitamento do clima e do índice de umidade do

solo. Isso favorece a formação de um sistema radicular de maior abrangência e

profundidade, permitindo assim o melhor aproveitamento, pelas raízes, da

fertilidade do solo. Outra característica desejável do plantio é conseguir uma

maior eficiência nas operações de cultivo e melhor condição para as operações

de corte, carregamento e transporte da cana-de-açúcar.

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No preparo do solo há duas situações. A primeira é quando a cana vai

ser plantada pela primeira vez. Faz-se uma aração mais profunda bem antes

de começar a lavoura para destruir e decompor os restos culturais, seguidas de

gradagem para completar o trabalho, com o solo compactado utiliza-se a

subsolagem, entre 20 e 50 cm de profundidade, e com solo seco. Às vésperas

do plantio, uma nova gradagem para o acabamento e preparo do terreno.

A segunda situação é a destruição das soqueiras já instaladas, através

de culturas anteriores. Essa operação deve ser realizada logo após a colheita,

por meio da aração rasa entre 15 a 20 cm, nas linhas de cana, seguida de

gradagem pesadas, enxadas rotativas e aplicação de herbicida. Caso o solo

esteja compacto, é necessária a subsolagem. Antes de dar início a lavoura,

procede-se uma aração profunda por meio de grade pesada de 25 a 30 cm e

continua a arar e gradar, mantendo o terreno apto ao plantio e desterroado.

As desvantagens decorridas de um mau preparo do solo favorecem a

erosão, fator que também ocorre com o preparo feito em épocas erradas.

3.6.1 Tratos culturais em soqueira

O rendimento agrícola tende a diminuir à medida que se sucedem os

cortes nas soqueiras. O custo é altamente elevado, já que são feitos

investimentos em todos os anos, pois a cultura, entre o quarto ou quinto corte,

começa a cair à rentabilidade.

Falando em cultivo de soqueiras, é bom lembrar que o aspecto da

compactação do solo é bastante relevante, devido ao intenso trafego de

veículos pesados. A compactação dos solos e a baixo oxigênio levam as raízes

da cana apresentam como deficiência, conforme Paranhos (1987), como:

a) reduzida multiplicação de pequenas raízes;

b) conseqüentemente redução na capacidade de absorção de água e

nutrientes;

c) estrangulamento e torções nos feixes vasculares, impedindo a

translocação para a parte aérea de água e nutriente;

d) problemas fisiológicos provocados por baixo teor de oxigênio.

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53

Outro fator importante no cultivo das soqueiras é a localização dos

fertilizantes em relação à linha da cana e a época da realização do cultivo.

Estudos realizados por Oliveira (1998), apontam que:

a) maiores produções são obtidas quando da localização do fertilizante

em profundidade na cana soca.

b) para aplicação do fertilizante no início da safra, em terra roxa

estruturada, onde as condições de baixa precipitação são maiores, a

localização profunda parece surtir melhor efeito.

O controle do total químico, no cultivar da soqueira, representa 56,30%.

A mão-de-obra custa R$75,00 no processo de controle químico. Já os

equipamentos para o cultivo mecânico estão fixados em 30,66% do custo total

do cultivo da soqueira, que acarreta R$235,77.

Continua*

CUSTO DO CULTIVO DA SOQUEIRA

Fase/ Atividades Total (R$/ha) Equipamento h/há Tipo

Custo (R$/há) Implemento Tipo

Custo (R$/há)

1 Cultivo mecanizado 74,98 72,29 2,69 Enleiramento do palhiço 15,62 Trator B 0,5 2 15,06 Enleir. 2 0,56

Sulcação e adubação 23,43 Trator B 0,75 2 22,59 Triplice 2 0,84 Adubação de cobertura 35,93 Trator B 1,15 2 34,64 Adub 2 1,29 2 Fertilização da soqueira 7,13 5,61 1,57

Fertilização 2,93 Motobomba 1,5 3 2,93

Aplicação de fertilização 4,25 0,85 1 2,68 Tanque 2 1,57

3 Controle químico 132,7 23,33 2,4 Água para herbicidas 3,75 Caminhão 1,5 3 2,93 Tanque 3 0,83

Aplicação de herbicidas 53,97 Trator A 0,85 3 20,4 Bomba 1 1,57

Capina manual 75

4 Administração /supervisão 20,88 0 0

Gerente 0,88

Técnico 20

Custo do cultivo da soqueira 235,8 101,2 6,66

CUSTO DO CULTIVO DA SOQUEIRA

Fase/ Atividades mao de obra H/h/há Custo (R$/há) Insumo Kg L/há Custo (R$/há)

1 Cultivo mecanizado 0 0

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Enleiramento do palhiço

Sulcação e adubação

Adubação de cobertura

2 Fertilização da soqueira 0 0

Fertilização

Aplicação de fertilização 3 Controle químico 75 32

Água para herbicidas

Aplicação de herbicidas Herbicida 4 32

Capina manual Rural 15 75

4 Administração /supervisão 20,88 0

Gerente Gerente 0 0,88

Técnico Técnico 1 20 Custo do cultivo da soqueira 95,88 32

Fonte: Única, 2007)

Quadro 04 – Custo do cultivo da soqueira

3.6.2 Enleiramento do palhiço

A palha remanescente da queima da cana pode também ser queimada

ou enleirada.

A queima do palhiço não é a melhor opção, pois o palhiço queima

parcialmente e os resíduos que sobram serão incorporados ao solo,

prejudicando a operação e conseqüentemente a aplicação de herbicidas.

O enleiramento deve ser aplicado de forma mecanizada, visto que a

forma manual é extremamente pesada e fora de uso. O enleiramento deve ser

feito, de forma que a palha não fique dobre a linha de cana, dificultando desta

forma a brotação das soqueiras.

A enleiradeira é composta por rodas dentadas que giram em função do

deslocamento do trator, riscando levemente o solo. De modo a acompanhar

todas as suas irregularidades.

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55

3.6.3 Limpeza da área

No início da exploração do solo para a implantação agrícola específica

no caso da cana, encontram-se restos de outras culturas já exploradas na área,

que se tornam indesejadas para o cultivo e mecanização da lavoura. Neste

instante é feito à chamada toalete do terreno, que é a retirada dos restos das

culturas anteriores na deterioradas, tocos, raízes, remanesceram de outros

vegetais, eliminando assim tudo que seja pertinente para possibilitar a melhor

exploração do terreno.

3.6.4 Amostragem do solo

Esta operação se dá para fazer levantamento e posteriormente um

mapeamento do solo em termos de correção de PH, estado nutricional e

características químicas. Com esses dados, recomenda-se fazer um

embasamento técnico com critérios agronômico que visa corrigir o solo em

termos de balanço de acidez, adicionar nutrientes que a cultura irá absorver

para a produção e também para a manutenção dos teores dos nutrientes no

solo.

3.6.5 Aplicação de herbicida no solo

Em determinadas situações a necessidade é apelar para a eliminação

química de ervas daninhas ou tigüeras, que são plantas indesejáveis que

absorvem os nutrientes do solo e diminuem a eficiência no momento da

mecanização do solo. Para isto utiliza-se o recurso de aplicação de herbicidas

que têm a função de matar as plantas que se encontram e estados vegetativo,

conduzindo-as ao estado de matéria seca. São utilizados produtos que não

deixem resíduos no solo, sendo biodegradáveis quando em contato com o solo

levemente úmido.

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3.6.6 Levantamento topográfico

Após todas as áreas da plantação previamente demarcadas e

mapeadas é que as áreas são geograficamente referidas, ou seja, a posição

desde módulo de produção é demarcada no globo terrestre em função das

coordenadas geográficas. Estes dados coletados no campo são digitalizados e

contém informações alturas e planícies, possibilitando assim o estudo de

critérios e planejamentos conservacionistas integrados no layout da malha

viária que será utilizada para o escoamento da safra e a circulação de

equipamentos e veículos ligados às atividades correlatas à produção.

3.6.7 Gradagem e/ou aração

Consiste em uma operação basicamente realizada por tratores que

neste momento são acoplados a um implemento chamado grade ou arado, que

serve para eliminar restos de vegetação, descompactação do solo e

incorporação a ele de misturas químicas para a correção do solo.

Em áreas cultivadas de cana-de-açúcar pela primeira vez, a primeira

aração deve ser feita dois ou três meses antes do plantio das mudas, isso é

feito para enterrar todas as vegetações anteriores ali existidas. Esta aplicação

é seguida pela aplicação de calcário, fazendo uma gradagem pouco antes do

plantio.

Quando no terreno já foi cultivada a cana-de-açúcar, a primeira aração

deve ser feita logo após o ultimo corte do ciclo anterior, para arrancamento

extirpação das soqueiras velhas, antes que a cana volte a brotar, neste caso a

segunda aração também é feita pouco antes do plantio.

As gradagens devem ser profundas principalmente em solos de origem

argilosas e, após estas, devem ser feitas duas gradeações cruzadas para

destruição de torrões de terra existentes e uniformização da área, isso muda

quando o solo é arenoso leve, caso em que essas aragens não são

necessárias.

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3.6.8 Conservação do solo

Com as recomendações feitas pelo laudo técnico dos levantamentos

topográficos, são confeccionadas as curvas de níveis para a retenção da água

das chuvas, fazendo com que o volume desta água de determinada áreas

infiltre na mesma proporção de extensão, evitando que as águas, no momento

das precipitações pluviométricas, sigam seu percurso natural e atinjam

velocidades maiores, arrastando partículas nutricionais do solo. Existem várias

formas de confeccionar estas curas, porém é pertinente para qualquer modelo

que sejam feitas respeitando o nível do terreno, ou seja, a declividade do

mesmo, suas características físicas, a época do plantio e as demais operações

que o plantio da cana-de-açúcar requer.

Quando se trata de uma área destinada à colheita mecanizada, as

praticas convencionais são associadas a critérios que visam o melhoramento

da colheitabilidade na área, para o que será necessária sua sistematização

criando-se talhões compridos que melhores o potencial a eficiência das

colheitas, minimizando as manobras que consomem tempo e pisoteiam o

canavial, podendo até danificar as soqueiras, embutindo-se as curvas de nível

a fim de se evitar a operação da máquina em maiores declividades,

implementando-se, enfim, o que for necessário para tornar a colheita

mecanizada mais produtiva, eficiente e segura.

3.3.9 Correção do solo

O objetivo principal desta operação é adicionar ao solo produtos

químicos que têm por finalidade suprir as deficiências e balancear o solo em

termos de PH em produtividade de até 40cm, que é onde oitenta e cinco por

cento dos sistemas radicular da cana-de-açúcar está instalado e atua na

absorção de água e nutriente.

A calagem tem como objetivos básicos neutralizar a acidez do solo e

suprir as deficiências de cálcio e magnésio que ele possa ter.

O PH do solo dá uma indicação da sua acidez e para calculo da

quantidade de produto a ser aplicada levá-se em consideração os resultados

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obtidos na análise de solo. Baseando-se na saturação de bases (v%) para

elevá-lo a 70% os cálculos são feitos com o objetivo de garantir o sucesso

duradouro da aplicação. Normalmente essa operação é realizada em área total

pelas carretas distribuidoras de calcário, que realizam também a aplicação de

fósforo e gesso agrícola que tem por finalidade semelhante à do calcário,

porém atua na camada do subsolo a mais ou menos de 20 cm a 100 cm de

profundidade.

3.7 Plantio

Com o desenvolvimento da planta é que se dá o início do plantio, não

constitui a etapa inicial do processo produtivo, já que é percebido pelo preparo

do solo. É uma etapa de extrema importância pelo caráter semi-perene da

cultura, que permite mais de um ano de safra, apenas recebendo tratos

superficiais de ação.

A preparação do plantio é entendida como um projeto, onde se prevê o

formato, traçado e dimensões de talhões e caminhos. Existem variações para

as atividades de plantio, devido ao fato das operações serem feitas com

plantadeiras mecânicas ou manualmente, porém, basicamente, compreendem

três etapas: o corte das mudas, sua distribuição nos sulcos e cobertura. A

cana-de-açúcar necessita de elevadas temperaturas e grande abastecimento

de água durante sua fase de desenvolvimento. No Estado de São Paulo, os

meses de outubro a março são os mais adequados para que se tenha essa

condição climática para corresponder uma melhor germinação. O clima perfeito

é aquele que apresente duas estações distintas: a primeira quente e úmida,

proporcionando melhor germinação, perfilhamento e desenvolvimento

vegetativo; logo a seguir, uma fria e seca, promovendo a maturação e a

sacarose acumulada nos colmos.

Em função do intervalo de tempo, podem existir duas épocas diferentes

de plantio. Aquele feito nos meses de janeiro a março produz as chamadas

cana de ano e meio, esse plantio é mais feito por recomendação de técnicos,

além de que não apresenta os inconvenientes da outra época, permitindo um

maior aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas. Em algumas

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59

regiões como, por exemplo, a região oeste do Estado de São Paulo, essa

época se estende para os meses subseqüentes, desde que haja umidade

suficiente para isto.

3.7.1 Construção de talhões

É a menor divisão da terra para o plantio da cana. Com a topografia

regular, os talhões giram em torno de 15 há. Já em regiões acidentadas

adotam-se dimensões menores de 10 há.

Para construir talhões, consideram os seguintes fatores: capacidade

diária de moagem, relevo, propriedade do solo e tipo de colheita.

A capacidade diária de moagem influi no tamanho dos talhões por

aspectos ligados à quantidade de cana a ser queimada. O ideal é permitir que

a cana diária dê um número necessário e satisfatório para um dia de moagem.

O relevo condiciona a dimensão dos talhões, devido a aspectos de

conservação dos solos. É preferível que os veículos alcancem logo os

carreadores, pois oferecem condições melhores de tráfego.

As propriedades do solo influenciam na delimitação de talhões, devido a

aspectos ligados à fertilidade natural, induzindo os vários níveis de

produtividade física. A compactação mais intensa em solos argilosos influi no

comprimento dos talhões. Quando maior o comprimento, maior o acumulo de

transito no final dos sulcos.

3.7.2 Corte das mudas

Neste momento é providenciado o material que dará origem a uma nova

planta e após desenvolvimento vegetativo e maturação incidirá na produção no

momento da colheita. As mudas usadas são oriundas dos colmos de cana-de-

açúcar já adultos e esta programação de espécie se dá por toletes, onde a

planta deve estar em pleno estado vegetativo, isentos de qualquer tipo de

doenças e praga, o que garantirá uma boa germinação da planta. Escolhida a

espécie ou variedade adequada as características do local que irá receber a

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muda, procedem-se o corte dos colmos na base da planta, rente ao solo e em

seguida faz-se a despalha dos colmos para facilitar o plantio, colocando-os

então em disposição em montes uniformes que obedecem a um padrão já pré-

determinado de volume para cada montante.

3.7.3 Carregamento de mudas

Os colmos cortados que virarão mudas para o novo canavial são

carregados através de um sistema mecânico utilizando-se de um trator com um

equipamento acoplado a ele chamado carregadeira, que tem por sua função

atender essa operação.

Essas mudas são carregadas por caminhões canavieiros que por

particularidade são adaptados para facilitar o plantio dessa cultura.

3.7.4 Transporte de mudas

As mudas carregadas são transportadas por caminhões e carretas

canavieiras para os locais onde será plantada a nova lavoura de cana-de-

açúcar. Lá são devidamente descarregadas de forma manual diretamente nos

locais aonde irão germinar.

3.7.5 Sulcação e adubação

O solo uma vez preparado para as condições de receber a sulcação,

que consiste na abertura de sulcos no terreno para facilitar e tornar

mecanizável as operações de transportes, distribuição de mudas, de adubos

químicos e orgânicos, de inseticidas e cobertura das mudas. Pode ser

realizada com o auxílio de sulcadores simples, duplos ou até mesmo triplos,

geralmente associados à adubadeiras, que reduzem a uma só operação a

sulcação e adubação.

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A sulcação para o plantio apresenta padrões técnicos específicos que se

referem ao espaço entre um sulco e outro, á profundidade e comprimento. O

espaçamento é adotado atualmente é de 1,40m devido ao tamanho do

maquinário usado durante o plantio, nos tratos culturais e na colheita

mecanizada. Este fator acaba influenciando a quantidade de fertilizantes a ser

aplicada por área de cultivo.

A profundidade dos sulcos oscila entre 25 e 30 cm, de acordo com o tipo

de solo, sulcos rasos apresentam dois inconvenientes: dão origem a touceiras

muito sujeitas ao tombamento, quando sob efeito do vento e da chuva e

ocasionam nas soqueiras subsoqueiras brotações superficiais que determinam

quebras na produção a partir do segundo corte.

3.7.6 Distribuição da muda

Após o local estar sulcado e adubado, as mudas devem ser distribuídas

nos sulcos e os processos mais utilizados são através de carretas ou

caminhões.

Para o plantio realizado através de carretas deve-se começar a

distribuição das mudas com o auxílio de duas pessoas na parte dianteira do

implemento, uma de cada lado, que suprirão cada uma dois sulcos, enquanto

que seis pessoas caminham, atrás da carreta ajeitando as canas-de-açúcar

nos sulcos. Depois de distribuídas, duas ou três pessoas, munidas de facão,

irão picar a cana no sulco em toletes de três gemas, andando por cima da

cana, apoiando-a com o pé e realizando o corte no entrenó. (PARANHOS,

1987)

Para a realização do plantio utilizando-se de caminhões a diferença se

dá tanto na sulcação quanto no número de pessoas envolvidas na operação, já

que se deve deixar um espaço maior para o trânsito dos caminhões. O

caminhão entra nessa banqueta que ficou sem sulcar com quatro pessoas em

cima que distribuem a cana para oitos sulcos, sendo que, para os sulcos que

não foram feitos, a cana-de-açúcar é arrumada ao lado posteriormente

acomodada e picada. No caminhão as cargas de muda devem ser feitas com

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muito cuidado, sendo feita uma carga do meio para frente e outra do meio para

trás para facilitar a distribuição, sem que as mudas fiquem trançadas.

Para o plantio com plantadeiras no sistema semi-mecanizado, a

diferença se faz na quantidade de pessoas despendidas e no gasto para o

plantio, pois nesse caso o aumento do rendimento da operação é visível. Para

essas plantadeiras, não a necessidade de mão de obra manual atrás do

implemento, já que esse joga no sulco a muda de cana já cortada e realiza o

cobrimento simultaneamente, além da aplicação de inseticidas, adubos e

sulcação.

3.7.7 Cobrimento dos sulcos

A cobertura das mudas pode ser feita manualmente utilizando a

enxada ou com alguma forma mecanizada com cobridores especiais. Quando

aparecem problemas com pragas de solo, pode-se optar na cobertura de

toletes, por realizar a aplicação de inseticidas para combater esses problemas

com aplicadores acoplados aos cobridores, reduzindo assim duas operações

em apenas uma.

A quantidade ideal de terra a ser colocada em cada muda varia de 5 a

15 cm dependendo da época do plantio e do tipo de muda escolhida. Se a

época é chuvosa pode-se utilizar menos terra, porém se a época é de estiagem

convém usar mais terra para conservar a umidade para as mudas.

3.7.8 Recobrimento manual

Essa operação é decorrente de uma cobrição de muda insatisfatória, se

os toletes ficaram superficiais de mais e descobertos, pois estes devem ficar

envoltos por terra para garantir a germinação, pois, expostas ao sol, a muda

desidrata e morre. Esta operação acontece manualmente, recobrindo-se os

toletes com o auxilio de uma enxada.

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3.7.9 Tratos culturais cana-planta

A cana, apesar de ser considerada uma cultura rústica, depende de

cuidados especiais no pós-plantio, no estágio inicial do seu desenvolvimento.

Nesse período do ciclo que vai até cerca de 90 dias aproximadamente, a

plantação pode ser muito afetada por complicações causadas por uma

competição com ervas daninhas e ataques de outras pragas, doenças e outras

anomalias. A plantação é monitorada para verificar se há alguma anomalia

maléfica à cultura que atinja o nível de danificar economicamente o produtor,

caso apresente algo, deve ser dado o devido tratamento conforme

recomendações dos técnicos agrícolas.

3.7.10 Aplicação de herbicidas nas plantas

A finalidade da aplicação de herbicidas é eliminar as plantas invasoras,

popularmente conhecidas por mato, da cultura predominante. Herbicida quer

dizer que o produto que mata as ervas, portanto é um procedimento realizado

por produtos químicos e normalmente essa operação é mecanizada.

Os herbicidas aplicados em pré-emergência são aplicados à superfície

do solo após o plantio, antes do surgimento das daninhas. De modo que

geralmente são herbicidas que dependem de unidade disponível no solo para

que possam ser lixiviadas na camada superficial do mesmo, onde germina a

maioria das sementes das plantas invasoras.

Recomenda-se, que os herbicidas sejam aplicados sempre em pré-

emergência. Caso se impossibilite isso, a fase mais tolerante à aplicação dos

herbicidas em pós-emergência é a fase inicial do crescimento da vegetação.

3.7.11 Monitoramento de ervas daninhas

Para um controle de plantas daninhas é necessário um planejamento

bem conhecido por técnicos, pois se leva em consideração a fisiologia da

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cultura, a biologia das invasoras, modo de ação e seletividade dos herbicidas, à

tecnológica de aplicação, além das implicações ambientais.

As medidas preventivas para evitar a introdução na área de invasoras

como tiriricas, grama seda, capim colchão, colonião, baqueária, são

extremamente importantes, pois essas são plantas que apresentam um

controle mais difícil devido sua genética.

3.7.12 Monitoramento de pragas

A cultura da cana-de-açúcar é sujeita há diversas pragas importantes

sob o aspecto econômico, algumas inclusive com danos de perda de

produtividade de até 50%. As pragas têm, em geral, um ciclo biológico de

programação e este está altamente relacionado com as condições climáticas

que podem ser favoráveis a picos populacionais de pragas ou acentuar seu

aparecimento. Embora o trabalho de controle de pragas seja feito por histórico

de ocorrência e probabilidade, faz-se necessário realizar alguns levantamentos

periódicos para mapear a praga e para tomar decisão de introduzir ou não um

controle que pode ser químico ou biológico.

As principais pragas que atacam a cultura no centro sul do Brasil, onde a

cana se destaca são: cigarrinhas, sugadora de raízes e folhas, formigas

cortadeiras, cupins subterrâneos, larva de solo e nematóides.

3.8 Colheita

A colheita da cana consiste em um processo dinâmico, que permite o

fornecimento da matéria-prima à indústria sucroalcooleira, e envolve desde o

planejamento da queima e corte até a entrega da cana na esteira de moagem

da usina.

A colheita é a etapa final do processo produtivo, e a que geralmente

envolve o maior emprego de mão-de-obra. Essa etapa do processo é também

uma das principais em termos de custos de produção na medida em que

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determina diretamente os resultados e a rentabilidade da cultura. Dela fazem

parte 3 operações sincronizadas: o corte, o carregamento e o transporte.

3.8.1 Colheita manual e o programa de redução de queima

O setor sucroalcooleiro da região decidiu pela disponibilização de mão-

de-obra volante, ao contrário de muitos outros setores agrícolas, que aceitam a

mecanização e foram logo extinguidos os trabalhadores rurais. Não é que a

usina não esteja sendo automatizada, obviamente ela evolui como todas as

outras, porém, por decisões administrativas, optou-se em valorizar também os

funcionários. Diversas máquinas agrícolas foram desenvolvidas para satisfazer

as razões financeiras e produtivas dos usineiros, tirando principalmente os

serviços dos trabalhadores.

Há de se lembrar de que a colheita tem como função à capacidade diária

de moagem, não podendo existir excesso ou falta de matéria prima para a

indústria, levando a mesma a trabalhar com a capacidade total, com cana

fresca e de boa qualidade.

No trabalho manual, os trabalhadores sofrem com os acidentes de

trabalho, pois são obrigados a praticar a política de remuneração por

produtividade, causando-lhes esforços em excesso e fadiga.

Em todas as fases da colheita, o trabalhador é ameaçado, começando

pela questão do transporte, que na maioria dos casos é usado para transportar

juntos, trabalhadores e ferramentas, utilizadas na lavoura.

Na colheita da cana queimada, a fuligem pode causar danos à visão e o

sol, na maior parte das vezes, é causador de insolação. Já na colheita da cana

crua as palhas provocam arranhões e podem prejudicar as mãos, braços e

olhos. E tudo somado à fadiga física, leva o corte da cana manual a ser um

trabalho árduo e perigoso.

Através de pesquisas elaboradas pela Cooperativa de Produtores de

Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo - Copersucar chega-se a um

percentual de 55% dos acidentes ocorridos na lavoura de cana, em decorrência

do uso das ferramentas manuais. (ÚNICA, 2007)

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66

3.8.2 Estimativa de produção

Meses antes da colheita é feita uma estimativa de produção de cada

unidade de produção. Normalmente o estimador visita estas unidades desde o

plantio ou corte e acompanha todo o desenvolvimento da cultura para que se

possa ter um parâmetro comparativo e de potencial de produtividade de cada

área. Essa produtividade varia em função do estágio do desenvolvimento da

cana, variedade, condições climáticas, características do solo, tratos culturais,

tecnologias empregadas entre outras.

É extremamente importante que se tenha uma previsão detalhada de

cada unidade produtiva para elaborar um planejamento de colheita que se

equalize operacionalmente e otimize a melhor solução buscando a melhor

qualidade agroindustrial.

Esta estimativa que antecede o início da safra também servirá para o

setor financeiro fazer uma previsão da receita, bem como elaborar um fluxo de

caixa.

3.8.3 Plano de colheita

Uma fase importantíssima dentro do sistema de colheita é o

planejamento da época ideal para se colher. Nesta época do processo

produtivo é feito o planejamento de colheita que visa atender à demanda da

indústria, ou cota estabelecida de entrega de matéria prima, bem como estudar

através de simulações de colheita qual a solução que apresenta o melhor

retorno financeiro. Este plano é constituído pelo planejamento da atividade

inerente à colheita bem como pela seqüência de colheita das unidades

produtivas, sempre incluindo um cronograma completo de todas as operações.

Como qualquer planejamento, ele deve ser revisto diariamente, sempre

procurando buscar a melhor solução para atender ao objetivo principal que é o

de maximização da produção agroindustrial.

3.8.4 Amostragem de pré-colheita

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67

Para iniciar a colheita faz-se necessário saber o estágio de maturação

em que se encontra o canavial, ou pelo menos parte dele. Estas análises

confirmam um pré-planejamento ou redimensionam a seqüência de colheita

das unidades.

Vários são os fatores que influenciam na maturação da cana. Para se

determinar com precisão quando a cana esta maturada é preciso fazer uma

análise tecnológica. Essa análise leva em consideração o brix, que é a

porcentagem de sólidos solúveis no caldo extraído da cana, a pol, que é a

porcentagem de sacarose aparente no caldo e a pureza que é quanto de

sacarose aparente existe no caldo. Os açúcares redutores, que são açúcares

não cristalizáveis, também são medidos e, quando presentes em quantidade

elevada, indicam a imaturidade da cana.

3.8.5 Aplicação de maturadores

A cultura da cana-de-açúcar permite a utilização de técnicas de

maturação artificial para incrementar a sacarose ou mesmo antecipar a

maturação da matéria-prima para a colheita. Esta operação se dá num período

anterior à colheita, quando a cultura já está encerrando o processo vegetativo e

iniciando sua fase de maturação natural. A aplicação é feita por via aérea,

através de aviões agrícolas.

Os maturadores encontrados são vários e cada um deles tem suas

características próprias e especiais de moléculas, diferentes na formulação,

como também no modo de aplicação e nas condições climáticas exigidas. Em

todos os casos se deve as recomendações dos técnicos e recomendações dos

próprios fabricantes.

A principal função dos maturadores químicos é a de interromper o

desenvolvimento dos internódios e folhas em formação, induzindo a planta a

transformar, com mais intensidade os seus açúcares redutores em sacarose,

armazenando-a no colmo.

3.8.6 A queima da cana-de-açúcar

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68

Em termo de qualidade de matéria-prima, a cana cortada, sem queimar,

limpa e processada o mais rápido possível, representa as condições ideais. A

queima se tornou uma operação limitante da colheita, pois antecipa a limpeza

parcial do canavial, facilitando as operações de corte tanto manual como

mecânico.

No passado, com a expansão da cultura, tornou-se necessário queimar

a palha da cana para facilitar o corte manual. Segundo Szmrecsányi (1994),

essa prática se tornou habitual na grande maioria dos estabelecimentos

agrícolas, tendo por principal objetivo facilitar e baratear o corte da cana, que

ainda prevalece em nosso Estado.

Quando praticada, a queima deve ser executada por equipes

especializadas que possuem medidas de segurança, como equipamentos,

protetores e técnicas operacionais. Essas técnicas aconselham queimas a

tarde e a noite, sem vento, com menores riscos de alastramento do fogo a

maior facilidade de localizar focos de incêndios causados por fagulhas

incontroláveis. A queima provoca uma exsudação pelo colmo, sendo

responsável após o corte por uma grande aderência de terra, bem como por

perdas de açúcares, quando submetida à lavagem na indústria. Após a queima,

a cana deve ser cortada, transportada e processada o mais rápido possível, em

um prazo de 24 a 36 horas, dentro dos quais as perdas não são muito

significativas.

Na maioria das vezes, a decorrência do prazo de 24 a 36 horas, gera

deterioração de proporções elevadas, comprometendo totalmente a qualidade

da matéria-prima. Quando a cana queimada e já cortada fica exposta ao

tempo, sofre a desidratação, perdendo peso e açúcar, em conseqüência do

aumento na intensidade da respiração do colmo.

A queima provoca periodicamente a destruição e a degradação de

ecossistemas inteiros, tanto dentro como junto das lavouras canavieiras, além

de gerar intensa poluição atmosférica, que é prejudicial à saúde e afeta os

centros urbanos mais próximos, bem como as áreas urbanas adjacentes.

Segundo Szmrecsányi (1994), as implicações ecológicas, econômicas e

sanitárias das queimadas dos canaviais andam sendo muito discutidas no

interior paulista, dando origem a processos jurídicos que visam proibir a prática.

A queimada, além da ação biocida em relação à fauna, à flora e aos

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microorganismos, aumenta a temperatura e diminui a umidade natural dos

solos, causando uma maior compactação e perda de porosidade desses, assim

como perda de nutrientes, seja para a atmosfera, via combustão, sejam as

águas, através da lavagem e lixiviação.

Conforme Nery (2000), atualmente o Brasil apresenta uma área superior

a 5 milhões de hectares de cana plantada, sendo que a maioria é queimada, a

fim de facilitar a operação de colheita, principalmente o corte e o carregamento.

Quando a queima do canavial é feita antes do corte, o rendimento de um

trabalhador cortando cana pode ser triplicado ou mesmo quadruplicado, ao se

comparar quando ele trabalha manualmente com a cana crua.

Uma série de trabalhos citados por Nery (2000), alerta para os graves

riscos que a queima do canavial representa para a saúde humana. Diversos

problemas respiratórios são causados, principalmente, por compostos

orgânicos gerados na combustão da palha, como compostos cancerígenos

encontrados entre os gases que compõem a fumaça da queima do canavial.

Segundo Abramo Filho (1993), ao mesmo tempo em que o álcool

combustível é preferível por ser menos poluente que a gasolina, as queimadas

que ocorrem nos canaviais são criticadas por serem prejudiciais à qualidade de

vida, principalmente pelo desconforto causado pela fuligem da palha queimada,

que caem sobre as cidades.

Sparovek (1997), apresenta em sua obra que a sociedade se preocupa,

cada vez mais com a sobrevivência do homem no planeta, concretizando

conceitos como produção sustentável, onde se preocupa adequar a atividade

agrícola a uma ação ambientalmente correta, socialmente justa e

economicamente viável.

A produção de cana tem sido apontada como prejudicial ao meio

ambiente, por levar à diversos processos de degradação das terras, além de

poluir o ar através das queimadas realizadas antes das colheitas e da poluição

das cidades por cinzas, que também são vistas como restritivas a essa

atividade. Assim, a legislação vem sendo cada vez menos tolerante, proibindo

definitivamente em algumas regiões a queima da cana-de-açúcar, enquanto

que em outras a queima continua sendo utilizada, haja vista que tais regiões

encontram-se distantes, ainda que minimamente, dos centros urbanos.

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70

3.8.7 A mecanização

Nas últimas duas décadas, tem-se presenciado nos países capitalistas

profundas transformações no mundo do trabalho, as quais refletem tanto nos

formas de inserção na estrutura produtiva, como nas formas de representação

sindical e política da classe trabalhadora. Tais mudanças têm atingido não só a

materialidade, mas também repercutindo profundamente na subjetividade do

trabalho. Os sindicatos distanciam-se cada vez mais do sindicalismo de classe

e de movimentos sociais anti-capitalistas, aderindo ao sindicalismo de

participação e de negociação, aproximando-se do ideal neoliberal.

Nesse contexto, em que as inovações tecnológicas como a robótica, a

automação e microeletrônica se inserem e se desenvolvem no seio das

relações de trabalho e produção de capital, invadindo o universo fabril, que o

modo de produção capital busca novas formas de organização da produção,

muitas empresas do setor sucroalcooleiro vêm buscando estratégias de ação

para se sobressaírem as diferentes situações que tem se apresentando.

(ALVES, 1991)

A reestruturação produtiva e organizacional vem ocorrendo de forma

significativa. São sofisticados mecanismos de gestão e controle do processo

produtivo e da força de trabalho, como a utilização da informática no controle

produtivo e da força de trabalho, o uso de técnicas modernas de

gerenciamento e a utilização de novos equipamentos, a intensificação do corte

mecanizado da cana e mesmo a ampliação do processo de terceirização, tem

sido algumas medidas adotadas por empresas do setor, cujos reflexos recaem

diretamente sobre as relações de trabalho, sinalizando novos desafios para o

movimento sindical. (ALVES, 1991)

A tendência é ocorrer, também, mudanças induzidas por razões

externas à necessidade de reestruturação produtiva do capital sucroalcooleiro,

mas que podem vir a contribuir com este processo. Pode-se dizer que isso à

verificação no contexto mundial de um progressivo pressionamento no que

concerne à agricultura de um modo geral, no sentido de que esta modifique

suas bases técnicas, incorporando a preocupação com o meio ambiente. Para

alguns autores, essas exigências são decorrentes do fornecimento da

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consciência ambiental e do poder político que os ambientalistas adquiriram na

sociedade moderna.

O uso de máquinas para o corte e o carregamento de cana teve início

em 1956 no Brasil com equipamentos importados.

De acordo com Ripoli e Villanova (1992), os marcos da mecanização do

corte na lavoura canavieira brasileira foram parcialmente os transportes, o

preparo do solo e o plantio.

O carregamento da cana no final da década de 1960 passou a ser

mecanizado, substituindo os trabalhadores braçais por guinchos mecânicos,

que empilhavam e carregavam a cana do chão para as carrocerias dos

caminhões. Com o crescimento da lavoura no início da década de 1970 houve

a carência da mão de obra, incentivando bastante a mecanização do corte.

A mecanização é um processo produtivo agrícola considerado como a

principal fonte de crescimento depois da expansão da área. Isso pode ser

observado na mecanização do corte da colheita, onde se pode proporcionar

redução dos custos de produção agrícola e industrial, aumentando na

produtividade do trabalho, e viabilizar a alternativa de colher a cana crua.

(VEIGA FILHO, 1999)

A queima prévia do canavial facilita o corte da cana-de-açúcar,

resultando em aumentos no desempenho dos sistemas semi-mecanizados e

mecanizados de colheita. A capacidade de uma colhedora em cana queimada

esta por volta de 60t/h. (RIPOLI; VILLANOVA, 1992)

Segundo Abramo Filho (1993), a pressão da sociedade, no final dos

anos 80, para abolir a colheita da cana queimada de maneira paulatina, através

da colheita mecanizada da cana crua, já estava sendo seriamente considerada,

mesmo porque essa prática já vinha sendo adotada por outros países. O

mesmo autor acrescenta as seguintes vantagens da colheita da cana crua:

diminuição da compactação do solo nas operações de colheita e tratos

culturais e fornecimento, através da palha, de substância agregante ao solo,

tornando-o grumoso, com bioestrutura estável, aumentando a CTC

(capacidade de troca catiônica) e, também, o poder do tampão, especialmente

importante para as terras quimicamente adubadas.

Além disso, a palha que permanece sobre o solo contribui para reduzir a

temperatura e manter a umidade. Entretanto, segundo alguns autores, a

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presença da palha no solo pode retardar a brotação das soqueiras de algumas

variedades, o que tem sido apontado como principal entrave biológico à

expansão dos sistemas de colheita de cana crua nas regiões de clima mais frio.

Segundo Magro (1998), esse sistema é considerado economicamente

viável, mais requer certo período de estudo, adaptações e mudanças, mas que

proporcionarão grandes benefícios para toda a sociedade, principalmente

porque o meio ambiente relacionado à cultura será quase totalmente

preservado.

O corte mecanizado requer a utilização de meios e instrumentos de

trabalho tais como caminhões e tratores rebocadores, caçambas para conter a

cana cortada, caminhões oficina, caminhões tanque para a água e para

combustível, além das colhedeiras. Ele se torna economicamente viável

somente a partir da utilização de um número de colhedeiras, que é entre 3 e 5.

(SCOPINHO, 1995)

Esse processo de mecanização também pressupõe a existência de

alguns inconvenientes para o processo produtivo, como por exemplo, a

necessidade de novas variedades de cana adaptadas ao corte mecanizado e

sem queima; de um destino adequado da biomassa gerada pelo corte da cana

crua; de um manejo adequado do solo, para que a máquina não elimine

terraços e curvas de nível, estimulando assim um processo erosivo; a

necessidade de investimentos em colheitadeiras mais potentes, adaptadas ao

corte da cana crua; a readaptação dos equipamentos para o transporte e

recepção da cana picada na unidade processadora; bem como a criação ou

melhoria da estrutura de manutenção com pessoal capacitado para dar suporte

técnico a tais máquinas e equipamentos.

Mesmo com esses inconvenientes, a intensificação do corte mecanizado

da cana poderá ser revertida em ganhos para o grande empresário

sucroalcooleiro, ao se traduzir em redução de custos de produção agrícola e

industrial e aumento na produtividade do trabalho.

Frente ao contexto, a principal preocupação recai sobre o âmbito social,

em virtude do aumento do desemprego.

Gonçalves e Souza (1998) afirmam que o aprofundamento da

mecanização da lavoura canavieira, com a intensificação da colheita

mecanizada, literalmente dispensará um enorme contingente de trabalhadores.

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Porém, esses autores também acreditam que isso reduzirá a sazonalidade do

emprego, abrindo espaço para empregos mais estáveis, fazendo emergir, face

ao padrão técnico das novas máquinas, uma nova categoria de trabalhadores

rurais qualificados, como por exemplo, os operadores de máquinas.

Segundo Tomas Junior (1996), a raiz da questão para o corte

mecanizado de cana queimada ou crua consiste na nova divisão técnica e

territorial do trabalho, ou seja, o capital, ao mecanizar o corte da cana, não só

elimina trabalhadores do processo, mas também redefine e recriam novos

atores sociais, reenquadrando-os em novas funções operativas para o

processo de trabalho em novas atividades.

Para Alves (1992), o processo técnico da agricultura canavieira

obedeceu ao mesmo padrão de modernização conservadora que teve a

agricultura nacional. A partir da década de 60, sendo introduzido de forma lenta

e heterogênea nas diferentes faces do ciclo produtivo da cana.

Na agricultura canavieira o progresso técnico manifesta-se através de

um conjunto de inovações do tipo fisioquímica, biológica e mecânica, trazendo

inúmeras transformações quantitativas e qualitativas para os processos e para

a organização do trabalho. Em conjunto, as inovações acarretam inúmeras

mudanças no processo e na organização do trabalho, principalmente porque

diminuem o tempo de execução da atividade ao mesmo tempo em que

permitem reduzir o número de trabalhadores.

Na agroindústria canavieira o desenvolvimento do progresso técnico, por

um lado, tem significado e, por outro, a intensificação do ritmo de trabalho, o

que tem afetado seriamente a saúde e a segurança no trabalho. (SCOPINHO,

1995)

Segundo Romanach e Caron (1999), além de mecanização da colheita,

existe uma grande tendência da mecanização do plantio, diminuindo, ainda

mais, a força de trabalho envolvida na cultura.

A mecanização no plantio já é uma realidade no país, a qual busca

eliminar a sazonalidade na contratação de mão de obra, conforme Costa

(2000).

Devido a isso, o baixo custo relativo das máquinas tem sido um atrativo

fundamental para o desenvolvimento da atividade no setor. A usina cuja

Agrícola Canavieira entrega sua produção, possui 6 transbordos e 2

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plantadeiras que realizam todo o ciclo de plantio em uma só operação, que são

a sulcação, a adubação, a distribuição de toletes de cana, a aplicação de

cupinicida e a cobertura, processo que reduz em mais de 50% o custo de

plantio em relação ao convencional. (MECANIZAÇÃO, 1999)

A terceirização de operação também tem tido uma boa aceitação como

redução de custo. Estão surgindo empresas especializadas em operação para

cultivo de cana-de-açúcar, em algumas regiões do Estado, que atendem tanto

as usinas como fornecedores, permitindo que o contraste gaste apenas com a

operação desejada.

Muitas usinas já estão aderindo a esse sistema, terceirizando o

transporte e até a colheita mecanizada, apontando uma forte tendência para a

total terceirização das operações agrícolas.

Está sendo feito um grande investimento nesse setor e, em um futuro

próximo, se suas perspectivas se concretizem, os departamentos agrícolas

serão reduzidos a apenas um escritório administrativo, de planejamento e

gerenciamento da lavoura, que se relacionará com a empresa prestadora de

serviços, reduzindo ainda mais os custos de produção agrícola, devido à

competição entre as prestadoras de serviços.

De acordo com Araújo e Macedo (1998), a abolição da prática da

queima nos canaviais antes da colheita e a introdução da mecanização

implicarão várias mudanças, com conseqüências ainda desconhecidas para o

produtor e mesmo para os pesquisadores.

Uma questão que terá de ser reestruturada, dentre muitas, é a

entomofauna nos canaviais, envolvendo tanto insetos nocivos (pragas) como

os benéficos (predadores e decompositores de matéria orgânica). A queima no

canavial na pré e na pós colheita é prejudicial aos artrópodes, inimigos naturais

da broca da cana-de-açúcar, resultando em desequilíbrio biológico, com

significativos aumentos da população da praga.

3.8.8 Cana crua X cana queimada

A mecanização da colheita de cana tem gerado muitas discussões,

colocando em conflito empresários, técnicos, ambientalistas, governos e

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sindicatos, levando as questões duvidosas e gerando, até mesmo, argumentos

contraditórios.

Os sindicalistas, em sua maioria, defendem o trabalho na lavoura da

cana como sendo a ultima opção para as famílias de trabalhadores rurais,

antes expulsos pela mecanização do cultivo de grão e algodão somado à

redução de áreas de plantio para implementação da pecuária extensiva. Dizem

que com o fim desse trabalho devido à mecanização, esses trabalhadores

rurais migraram para as grandes cidades.

Os ambientalistas defendem a colheita da cana crua por se basearem

nos problemas causados pelas queimas, como doenças respiratórias, poluição

das cidades vizinhas, expulsão da fauna pelo fogo, incêndios em reservas e

áreas de preservação próximas a canaviais, perda da qualidade industrial da

matéria-prima, destruição de ecossistemas, poluição atmosférica, prejuízos aos

solos, dentre outros. (ABRAMO FILHO, 1993)

Muitas pesquisas e experimentos estão sendo desenvolvidos para se

evitar a queima, devido à preocupação em preservar o meio ambiente e

fornecer às indústrias matéria-prima de melhor qualidade, melhor produtividade

e menores custos.

Segundo Ripoli e Villanova (1992), as pesquisas desenvolvidas têm

mostrado as vantagens agronômicas da não queimada dos canaviais, que são:

a diminuição de herbicidas, aumento da manutenção do grau de umidade do

solo, eficiente mecanismo de controle de erosão, aumento da quantidade de

matéria orgânica no solo, menores perdas de sacarose e diminuição dos

problemas de tratamento de água de lavagem.

Ao mesmo tempo, surgem sérias dúvidas em relação às desvantagens

as colheitas da cana crua: esforço físico dos trabalhadores braçais, aumento

dos riscos de acidentes e redução no desempenho operacional que implicará

no aumento do custo por tonelada.

Segundo Magro (1998), as perspectivas e viabilidade do sistema de

cana crua com corte mecanizado são aconselhadas por proporcionar melhoria

a atividade canavieira, ao meio ambiente e ao bem estar social. O sistema de

colheita manual é inviável tanto na parte econômica como na social, devido ao

perigo que representa a segurança das pessoas que teriam que fazer parte a

operação de corte. Recomenda-se também, o sistema de cana crua ao invés

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da cana queimada para melhor conservação do solo, com supedâneo no efeito

dos restos das culturas de rotação e da palha da cana, que protegem o solo

das gotas de chuva e favorece a infiltração da água e a retenção da umidade

no solo.

Em relação ao pisoteio sobre as touceiras, Magro (1998) afirma que se

deve evitar o máximo possível o transito na faixa onde haverá a brotação da

soqueira e o desenvolvimento da maior parte do sistema radicular da cultura.

Existem outras vantagens do sistema que refletem na redução das

despesas com o cultivo mecânico da soqueira e com herbicidas, promovendo o

aumento de matéria orgânica no solo, aumento da produtividade agrícola,

viabilização de canaviais ao lado de habitações, cidades, matas, rodovias,

ferrovias, mananciais de água e nascentes. Parte da palha da cana pode ser

usada para produzir vapor e eletricidade, além de promover equilíbrio ecológico

ambiental.

No corte mecanizado da cana crua o risco de incêndio durante a

operação é muito grande. As palhas secas que permanecem no talhão podem

incendiar porque entram em contato com as partes da máquina que, devido ao

funcionamento quase ininterrupto, estão superaquecidas, ou porque pode ser

alvo de um cigarro acesso atirado. Como medidas de prevenção, permanecem

no talhão um caminhão tanque carregado com água, que é utilizado para

apagar possíveis focos de incêndios e para lavar as partes das máquinas onde

se acumulam as palhas secas.

Além do risco de incêndio e de explosões que podem atingir os

trabalhadores no ambiente de trabalho, as queimadas da cana representam um

risco ambiental de grandes proporções. A fuligem se espalha pelas cidades,

causando incomodo as populações pela sujeira que deixa nas residências.

Além disso, as partículas respiráveis das fuligens contribuem, em muito, para

aumentar a incidência de doenças respiratórias, atingindo principalmente as

crianças e os idosos durante o período de safra. (FRANCO, 1992)

A fauna que habita os canaviais também é prejudicada pelas queimadas.

Depois que o fogo se apaga, na medida em que as máquinas cortam e retiram

a cana, é possível observar as aves de rapina na caçada de pequenos

roedores, cobras e outros animais peçonhentos que a queimada dizimou.

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Segundo Ripoli e Villanova (1992), as implicações da colheita da cana

crua caracterizam-se em evitar um desperdício de energia produzido pela

queima do palhiço, isto é, pontas, folhas verdes e palha da cana-de-açúcar,

que representa em média, 32,5% do total da cana produzido em um canavial.

De acordo com os vários argumentos apresentados por esses autores,

entre outros, pode-se observar os pós e os contras da colheita mecanizada da

cana crua apontados por esses pesquisadores aqui apresentados.

Os principais argumentos de Ripoli e Villanova (1992), contra a colheita

de cana crua, de acordo com esses autores, são:

a) o aumento do desemprego devido à exigência da mecanização do

corte;

b) diminuição dos rendimentos operacionais das colheitas aumento do

desgaste mecânico;

c) possível aumento de perdas de matéria prima, em caso em que a

máquina não esteja bem regulada para cortar a cana rente ao solo;

d) se manual, a colheita torna-se difícil e perigosa em função da palha,

de insetos e animais peçonhentos que antes eram afugentados pelo

fogo;

e) aumento das impurezas vegetais, aumento do custo com transporte

quanto à limpeza da palha não for eficientemente realizada pela

colheita; perigo de incêndio durante e depois da colheita;

f) diminuição dos rendimentos operacionais das colhedoras e aumento

do desgaste mecânico;

g) proliferação de pragas nos resíduos deixados no solo;

h) necessidade de variedades melhor adaptadas a nova situação, o que

pode exigir alguns anos de estudos e pesquisas;

i) os implementos para o cultivo e adubação deverão ser adaptados

para que consigam trabalhar no solo com palha;

j) exigências de terrenos mais bem preparados e planos na busca do

melhor rendimento operacional das máquinas;

k) apenas 45% a 55% das terras do Estado de São Paulo são aptas à

mecanização da colheita, considerando declividade de até 15% e os

tipos de solo do Estado;

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Tem-se, por outro lado, os principais argumentos favoráveis a colheita

da cana crua, que são:

a) o fim dos problemas decorrentes das queimadas de cana-de-açúcar;

b) melhoria da qualidade tecnológica industrial da cana;

c) melhor conservação física do solo graças a palha deixada no campo;

d) melhoria nas características do solo, como matéria orgânica,

umidade, atividade microbiana, compactação;

e) redução no uso de herbicidas devido ao controle de ervas daninhas

pela palha;

f) possibilidade de redução de custos industriais referente a lavagem

da cana-de-açúcar;

g) por não haver queimada, há um volume maior de bagaço e palha na

moagem com maior percentual de fibras, o que as torna mais

resistentes ao tombamento no campo, facilitando o corte

mecanizado;

h) emprego de tratores de menor potencial na operação do cultivo

devido à melhoria das características físicas do solo;

i) redução de custos com o fim de operação da queima;

j) promoção do equilíbrio biológico ambiental;

k) possibilidade de aumentar o volume de resíduos para fins

energéticos com a queima da palha e do bagaço nas caldeiras.

Dentre os aspectos favoráveis da prática da cana queimada,

destaca-se a facilidade nas operações de preparo do solo e do

cultivo, eliminando pragas da cultura e animais peçonhentos;

fornecimento da matéria prima com menos matérias estranhas

vegetal, e um aumento do teor de cinzas no solo. Nos aspectos

econômicos, a colheita fica mais barata e fácil, tanto no processo de

corte mecanizado como no manual. No corte manual o custo chega a

ser em torno de 30% a 50% maior e requer um menor contingente de

mão de obra. Quanto aos aspectos desfavoráveis da cana queimada,

pode-se dizer que essa prática destrói os inimigos naturais da broca

da cana-de-açúcar, dificulta a conservação e purificação do caldo,

aumenta o teor da fibra em virtude do ressecamento do colmo,

provoca um desperdício médio de 10t/ha de massa vegetal, que

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poderia ser incorporado ao solo melhorando suas propriedades ou

mesmo ser utilizada como fonte de energia elétrica na agroindústria,

além do aumento da poluição, riscos de incêndios e danificação nas

redes de transmissão de energia elétrica;

l) corte da cana-de-açúcar: A cana queimada deve ser cortada o mais

rápido possível e moída imediatamente após o corte, pois perde

qualidade progressivamente a partir da queima, interferindo no

processo industrial e na qualidade do açúcar produzido. A cana deve

ser cortada rente ao chão, pois seus internódios (gomos) mais ricos

em concentração de açúcar são os inferiores, e também para evitar a

brotação das soqueiras remanescentes acima da superfície do solo,

as quais podem se constituir em focos de pragas, que se alojam nos

restos das canas. O colmo deve ser desfolhado e privado de seus

ponteiros, cuja composição é pobre em sacarose e rica em gomas,

pectinas, etc. Uma alta porcentagem destes palmitos pode acarretar

dificuldade no processamento do açúcar e no processo de

fermentação na destilação do álcool. A Agrícola Canavieira utiliza

técnicas mistas para a colheita, acompanhando a tabela da lei de

extinção da queima gradual da cana-de-açúcar;

m) corte da cana-de-açúcar manual: O corte manual é feito por

trabalhadores rurais munidos de facões de corte, de diferentes tipos,

formatos e tamanhos. O corte se dá em cinco linhas paralelas de

cana, queimada ou não, e o local onde ele ocorre e denominado

como eixo de corte. O corte manual processa-se principalmente na

base dos colmos, rente ao solo e posteriormente se faz a desponte

superior para eliminar os ponteiros. Pode-se, para garantir um maior

aproveitamento do corte basal. Corte em um só movimento, dois ou

três colmos de uma vez só. Existem várias formas e critérios de corte

podendo ser: cana esteirada com corte na ponta no chão, cana

esteirada com corte de pé e ponta e cana amontoada. O rendimento

de corte de um trabalhador pode variar de 4 a 14ton/homem/dia o

que varia em função das condições físicas da pessoa, da sua

habilidade, do tipo de corte utilizado, da ergonomia da planta, de sua

produtividade, de condições climáticas, entre outras;

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n) corte da cana-de-açúcar mecanizado: A colheita mecanizada é uma

realidade irreversível no processo produtivo canavieiro, tanto no

aspecto de avanços tecnológicos, como para suprir a escassez da

mão de obra, no atendimento da legislação ambiental no que diz

respeito à eliminação da queimada palha da cana, além de um outro

fator predominante que é o fator econômico. A adoção da colheita

mecânica contribui para a melhoria da matéria-prima entregue na

usina, uma vez que há sensível redução de impurezas vegetais e

minerais na cana-de-açúcar entregue. Esta situação é fácil de

entender visto que a matéria prima colhida com máquinas combina

sistema corta-pica-limpa-carrega, é bem diversa da colhida manual.

O comportamento de uma colhedora autopropelida depende das

características de seus componentes mecânicos e o seu trabalho é a

função de fatores técnicos, administrativos e das condições do

canavial onde irá operar, pois a sistematização do terreno é

fundamental no processo. O sistema de colheita utilizado é o corte de

cana picada, no qual ocorre o corte do palmito por um cortador

superior ou um despontador, levantamento das canas acamadas,

através de espirais alimentadores ou cone frontal, corte basal com

discos cortantes, limpeza da terra, corte da cana em toletes com

facas específicas, limpeza das impurezas vegetais através de

extratores ou ventiladores, elevação dos colmos por rolos ou esteiras

e em seguida a descarga dos colmos em transbordos, que são

carretas fechadas e teladas puxadas por tratores que andam ao lado

das colhedoras durante o processo da colheita. Cada trator puxa dois

transbordos que, quando estão cheios, são substituídos por outra

composição. A composição cheia dirige-se para o carregador onde

está parado aguardando o caminhão de transporte da cana e,

através do acionamento dos mecanismos hidráulicos dos

transbordos, realiza o trasbordamento dos toletes de cana para os

caminhões e suas carretas, conhecidas popularmente de julietas.

Assim, cada frente de corte mecanizado é composta por uma

colhedora de cana, dois tratores agrícolas e quatro transbordos, além

dos caminhões e carretas necessárias para o transporte da matéria-

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prima para a usina, cujo esse dimensionamento dependerá da

distancia entre a frente de corte e a usina e do tempo e a usina e do

tempo de espera na fila da mesma;

o) carregamento da cana-de-açúcar mecânico: Quando feito o corte

manual, o carregamento da cana amontoada no solo se dá

mecanicamente, quando os montes ou esteiras são capturados por

implementos acoplados a um trator. Essas máquinas carregam os

caminhões apanhando a cana cortada no solo e ajeitando-a na

carroceria do caminhão. As carregadeiras são acopladas a tratores

de porte médio. Elas possuem na frente um rastelo acionado

hidraulicamente, que amontoa a cana-de-açúcar e, através de uma

lança que possui uma garra hidráulica na extremidade, apanha a

cana amontoada pelo rastelo. Tal garra consegue levantar de 400 a

900 quilos por vez, a uma altura de até 5 metros. Uma carregadeira

consegue carregar em torno de 600 toneladas por dia. O

carregamento mecânico contribui para o aumento da quantidade de

matéria estranha como no caso as impurezas enviadas as usinas,

sendo que esse volume pode chegar até a 15% em dias de chuva,

com isso essa operação esta ligada diretamente a qualidade a

matéria prima na entrega final nas usinas;

p) transporte de cana-de-açúcar: Entende-se que é o fornecimento

continuo da matéria-prima para moagem de uma usina. O total

entregue deve estar de acordo com a programação diária de

moagem, elaborada conjuntamente pelos setores agrícola e industrial

do local. No início, ao longo da safra, podem ser realizadas

reestimativas de produção e redimensionamento dessa cota. O

dimensionamento de caminhões deve atender à cota diária do

fornecimento de cana-de-açúcar, a distância média das unidades

produtoras, logísticas em si do transporte, dados de tempo de

carregamento, saída e entrega da palhada, pesagem, descarga,

malha viária de escoamento, eficiência de disponibilidade de

caminhões, etc. A totalidade do transporte da cana é efetuada

através de transporte rodoviário por meio de caminhões. A Agrícola

Canavieira utiliza treminhões, tanto para a cana cortada

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manualmente quanto à cortada mecanicamente. As carrocerias que

transportam cana picada são fechadas apresentando orifícios através

dos quais é introduzida a broca que colhe a amostragem para o

laboratório. As carrocerias que transportam cana-de-açúcar inteira

podem ser abertas, possuindo barras de metal verticais em suas

laterais, chamadas de fueiros. Cada composição formada por um

caminhão puxando duas carretas, transporta aproximadamente 50

toneladas por viagem. A frota de transporte de cana da empresa é

totalmente própria. Indiscutivelmente, o custo de transporte da cana

hoje representa por volta de 60% do total do seu preço, sendo um

dos principais fatores do custo global da matéria-prima colocada na

indústria;

q) levantamento de brocas: O momento da colheita é oportuno para

realizar um levantamento de um das principais pragas de cana. Este

levantamento consiste em rachar colmos de cana e verificar a

presença de pragas, bem como a quantidade de colmos e

internódios afetados por esta praga, não importando se a praga esta

presente ou não, mas sim se houve danos à lavoura. Este

levantamento auxilia no direcionamento e alocação do controle da

praga, bem como prevenção por parte da indústria na recepção e

assepsia, pois afeta isso interfere diretamente na industrialização do

açúcar devido à alteração em sua qualidade. Os prejuízos causados

podem ser diretos, pela redução do peso da planta, ou indiretos, pois

pelo orifício de penetração da lagarta, adentram fungos e bactérias

que causam diversas doenças e afetam a qualidade da matéria-

prima.

r) levantamento de perdas: O objetivo desta operação é minimizar

perdas operacionais. O monitoramento destas perdas consiste em

levantar quanto de cana-de-açúcar se perdeu em cada etapa do

processo de colheita, podendo assim ser avaliadas detalhadamente

suas causas e tomadas medidas para atenuá-las e maximizar a

produção. Este levantamento consiste basicamente em coletar

manualmente, através de critérios pré-estabelecidos, os restos de

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matéria-prima descartada em cada operação e pesá-las,

determinando assim o índice de perdas de cada operação.

s) entrega da cana-de-açúcar para a usina: Ao chegar à unidade

industrial, a cana transportada pelos caminhões passa por uma

triagem que serve para registrar todas as ocorrências em relação à

carga. Cada carga possui uma identificação da sua origem. Existe

um fluxo organizado de entrada do caminhão na indústria: eles

passam primeiro pelo registro da carga através de um sistema

eletrônico (código de barras e transponder) e em seguida pela

balança que importa os dados do peso já descontando a tara para

compartimento registrado; seguem então para um pátio estruturado

onde são coletadas, através de sondas hidráulicas, amostras

representativas da matéria-prima da carga e são feitas análises

laboratoriais para a determinação da qualidade do produto. Estes

dados também são informatizados e passam a fazer parte do registro

da carga. Os resultados do peso e da qualidade da matéria-prima,

determinada através da análise tecnológica da sacarose, são

inseridas no sistema para o cálculo de pagamento da cana-de-açúcar

entregue, em função de seu ATR conforme definido pelo sistema

CONSECANA. Depois da coleta das amostragens, o caminhão

descarrega sua carga na usina.

3.9 Avaliação de reforma

A cultura da cana-de-açúcar é classificada como semi-perene, devido a

ter um ciclo que dura em média, cinco anos, podendo em casos excepcionais a

chegar até dez anos. O primeiro ano é utilizado para a instalação da cultura,

quando se precede ao plantio, e os anos subseqüentes são para a exploração

da plantas nas safras anuais. Cada uma das produções seguintes da cana,

depois de realizado o primeiro corte, é chamada de soqueira ou de soca.

O desempenho da longevidade da cultura de cana-de-açúcar é

influenciado por vários fatores, alguns dos quais são limitantes de produção,

enquanto que outros contribuem para regressão da produtividade. Em geral,

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conforme Bertoli (2002) cita-se os mais comuns, que são: qualidade do plantio,

problemas com pragas e doenças, tipo de solo, variedade da planta, trato

cultural e tecnologias empregadas na lavoura. O custo de implantação de um

canavial é bastante representativo no ciclo todo, de forma que é amortizado ao

longo dos cortes, por isso vale salientar que o começo de novo sem ter

amortizado o ciclo anterior é remontar dividas. Existem exceções no sistema de

produção, caso em que alguma área por razões específicas não obedecem a

esta regra, mas essas exceções devem ser diluídas dentro do contexto global

de produção da empresa.

O estudo de viabilidade econômica de reforma da área é que vai ditar

as regras e ser decisória. É claro que esta viabilidade está atrelada a custos de

produção e preço da cana-de-açúcar, assim como as perspectivas de mercado.

Muitas vezes a decisão tem forte correlação com estratégias da empresa em

função de oferta e demanda do produto no mercado.

3.10 Conservação de estradas e asfalto

A malha viária utilizada pela Agrícola Canavieira é constituída por vias

de acesso a usina e por carreadores que delimitam os talhões, obedecendo a

um traço convergente para a indústria e, sempre que possível, as vias são

colocadas nas partes mais altas, com largura de 8 metros. As estradas

principais são ligeiramente erguidas permitindo o escoamento da água das

chuvas para as laterais e daí para os talhões, são também de cascalho e bem

compactadas. As vias secundárias fluem em direção as vias principais, sendo

mais estreitas, em torno de 6 metros. Somente parte do fluxo de escoamento

da safra se dá por vias asfáuticas.

A localização das estradas deve levar em conta os seguintes fatores,

conforme Merico (1996):

a) dimensão e distribuição da área física;

b) relevo, acidentes geográficos e povoações;

c) rede viária;

d) localização da planta da usina.

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Essa atividade visa à manutenção das estradas para a conservação do

solo e para conservação e sustentação do sistema viário que possibilita o

escoamento da produção.

Esta operação é feita constantemente, principalmente no período das

safras, para garantir a eficiência do transporte, bem como a preservação dos

caminhões e equipamentos que circulam por estas.

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CAPÍTULO IV – IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS

4 IMPACTOS AMBIENTAIS

4.1 Meio ambiente e o desenvolvimento sustentável

Os recursos naturais têm se tornado cada vez mais escassos, devendo-

se levar em consideração sua possível exaustão. Com essa ameaça, buscam-

se alternativas para que o desenvolvimento sócio-econômico seja sustentável.

Com o impacto do setor agroindustrial na deterioração ambiental é significativo,

devem ser consideradas as externalidades ambientais do processo da

produção e as necessidades internas do fenômeno econômico dessa atividade.

A entrada do capital natural nas análises financeiras faz-se necessária já

que os custos do desgaste ambiental e do consumo natural não têm sido

adicionados nesse processo. Quando essas organizações industriais abrangem

uma grande área produtiva do país, como é o caso do setor sucroalcooleiro, os

problemas ocasionados pela queima da palha da cana-de-açúcar se tornam

fundamentais.

Atualmente, há uma emergente mudança no paradigma na sociedade,

em que é preciso perceber o conjunto de valores que direcionam nosso

desenvolvimento econômico e nossa relação com o meio ambiente. O emprego

da sustentabilidade é o grande desafio da humanidade nos próximos anos.

O primeiro requisito de um modelo de processo econômico

ecologicamente sustentável pede que se saiba de que forma o sistema

econômico está interligado ao meio natural, seja na função deste último como

fonte de recursos, seja como cesta de lixo, depósito ou fossa dos resíduos da

dissipação da matéria e energia. (CAVALCANTI, 1998)

No momento em que o sistema econômico criado pelo homem não é

mais compatível com o ecossistema que o meio ambiente oferece, existe a

necessidade de uma nova adaptação das relações entre o homem e a

natureza. Surge desta forma uma proposta de avaliação econômica do meio

ambiente, que não tem como objetivo dar um preço a certo tipo de ecossistema

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e sim mostrar o valor econômico que a natureza pode oferecer e o prejuízo

irrecuperável que pode haver caso seja destruído. (FIGUEROA, 1996)

Segundo Merico (1996), não há dinheiro ou tecnologia capaz de

substanciar os serviços ambientais proporcionais pela biodiversidade,

regulação climática, ciclo hidrológico, proteção da camada de ozônio, etc. Os

custos de degradação ambiental e consumo de recursos naturais não têm sido

computados no processo econômico. Para que esse processo econômico

continue a ser produtivo um preço terá que ser pago.

A valorização ambiental é essencial, caso se pretenda que a

degradação dos recursos ambientais seja interrompida antes que ultrapasse o

limite de ser irreversível.

Em nível mundial a pressão cresce, pois existe a cobrança sobre as

organizações industriais para que adotem medidas de proteção ambiental, faz

com que as empresas, dependendo do seu contexto atuante, reformulem suas

estratégias competitivas incluindo a variável ambiental. (MIRANDA et al., 1997)

Quando essas organizações industriais abrangem uma área produtiva

do país, o problema do gerenciamento ambiental torna-se essencial, como é o

caso do complexo sucroalcooleiro do Brasil, pois a cana para a indústria é uma

das mais importante lavoura do país, tanto quando se visualiza sua

contribuição para o valor a produção contribuindo em valores para a economia,

quanto a sua geração de emprego.

No setor sucroalcooleiro são bastante evidentes as exigências de grupos

ambientalistas e da opinião pública em todo mundo para que se privilegiem

formas de energias renováveis e menos poluentes que os combustíveis

fósseis.

Esses problemas são abordados do ponto de vista ambiental, sendo a

queima dos canaviais acusada de provocar poluição atmosférica, invasão dos

centros urbanos pelo carvão e destruição da fauna e flora local. As regiões

tradicionalmente canavieiras vêm sofrendo crescentes pressões ambientalistas

para o controle da emissão de poluentes resultantes da queima da cana.

4.1.1 A queima e suas conseqüências

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Conforme Marinho (2007), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

- INPE, o projeto Fogo iniciado em 1987, foi realizado com o objetivo de

estudar o efeito das queimadas da palha da cana-de-açúcar sobre os gases

atmosféricos, ozônio (O3), monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono

(CO2).

O gás carbônico é um gás de extrema importância dentre os gases

produzidos na queima da cana, pois ele é o grande responsável pelo

crescimento das plantas e pelas mudanças climáticas. O aumento da

concentração de dióxido de carbono na atmosfera é de grande interesse, pois

ele é o principal contribuinte para o efeito estufa. Além do que, em grandes

concentrações o dióxido de carbono é nocivo a saúde humana.

4.1.2 A regulamentação das queimadas no Estado de São Paulo

A prática da queima da cana tornou-se habitual na maioria dos

estabelecimentos agrícolas dedicados ao cultivo da cana-de-açúcar, a fim de

facilitar e baixar os custos da mão de obra. (SZMRECSÁNYI, 1994)

Grandes discussões geradas em meio aos problemas da queima da

cana já são questões antigas e polemicas. A lei de política ambiental número

6.938, de 1981, proíbe a queimada de cana ao ar livre, por considerar que

produz impactos negativos ao meio ambiente e a saúde humana.

O Decreto Estadual número 28.848, de 1988, do Estado de São Paulo,

proibia a queima de cana com método de despalhamento de um raio de 1 Km

de áreas urbanas, liberando-a no restante das áreas. Contudo, foi com o

decreto Estadual número 42.056, de 1997 que a questão da queima da cana

passou ter maior impacto no setor. No geral, este decreto estabeleceu o Plano

de Eliminação de Queimadas, regulamentando a prática da queimada nos

canaviais, prevendo sua eliminação gradativa em até oito anos nas áreas

mecanizáveis e em quinze anos nas não mecanizáveis.

Esse decreto estabeleceu que a mecanização da colheita fosse adotada

de modo gradual para eliminar a espalha por queima, uma vez que sua adoção

de forma rígida causaria um imenso problema de ordem social, pois nessa

atividade de corte de cana-de-açúcar é empregada a mão-de-obra rural no

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Estado. Admitia-se que o tempo previsto para esta eliminação seria suficiente

para a absorção desta mão-de-obra para outros setores da economia, mas não

foi isso que aconteceu, devido a situação macroeconômica do país, agravando

ainda mais a situação de desemprego na zona rural e nas cidades.

O Governo do Estado, buscando solucionar esse problema da melhor

forma, uniu-se aos donos de usinas, trabalhadores e fornecedores e lançou um

Pacto pelo emprego no agronegócio Sucroalcooleiro, em 17 de agosto de

1999. Este pacto atribuiu responsabilidade aos industriais, produtores e

fornecedores de cana, às federações, ao governo federal e estadual, aos

municípios canavieiros e a todos os que estão envolvidos com o traide

canavieiro, buscando melhorar as perspectivas de emprego quanto para o

setor de produção.

Os industriais se comprometeram em garantir o abastecimento do

mercado, respeitado o meio ambiente, investindo em tecnologia, manter os

empregos e direitos dos trabalhadores e limitar a mecanização apenas as

áreas de cana crua. Os fornecedores comprometeram-se em garantir o

fornecimento, investir em pesquisas, respeitar e recuperar o meio ambiente e

também em manter os empregos.

Pode-se observar que tanto as empresas como os fornecedores se

comprometeram em contratar somente trabalhadores da região onde se

encontra instalada a propriedade, resultando de longa batalha pelos sindicatos

contra a contratação de migrantes do Estado.

As Federações de Trabalhadores, em parceria com o governo,

produtores e industriais, comprometeram-se e elaborar um programa específico

de requalificação profissional com os profissionais.

As montadoras de veículos e distribuidoras de combustível ficaram

responsáveis pelos veículos e pelas políticas para manutenção do setor

automobilístico, como por exemplo, a promoção para facilitar a venda de carros

a álcool e a criação da frota verde de veículos públicos.

No entanto, grande parte dos compromissos que foram firmados na

ocasião não se concretizou. A frota verde fraquejou diante dos longos prazos

de entrega e da escassez de modelos oferecidos pelas montadoras. A

mecanização continuou a avançar em áreas de cana queimada. As turmas de

trabalhadores migrantes continuaram a trabalhar nos canaviais paulistas. O

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90

programa de especialização da mão-de-obra foi realizado apenas por algumas

usinas. (BERTOLI, 2002)

4.1.2.1 Eliminação gradativa das queimadas

O maior impacto da mudança de sistema está relacionado ao preparo

dos talhões de cana. Em função disto a cana crua sendo colhida de forma

mecanizada, os talhões precisam ser previamente preparados para receber as

máquinas, a fim de obter um melhor aproveitamento operacional e menor

desperdício de matéria-prima para a usina.

Esse ajuste significa preparar os talhões com o solo plano e uniforme,

para que a máquina possa colher o mais rente possível do solo, e dimensionar

talhões longos e contínuos, para que a máquina consiga operar o maior tempo

possível sem precisar fazer manobras dentro do canavial, reduzindo assim o

rendimento da colheita por hora/dia da cana.

Essa adaptação se torna um tanto quanto difícil tem levado as usinas a

abandonar áreas com a sua geografia acidentada. Em regiões onde são

comuns solos com essa característica questionam-se a sustentabilidade do

canavial. (BERTOLI, 2002)

O efeito da palha, tanto para o solo como para a própria planta, é uma

questão séria levantada pelas empresas. O agricultor que pratica o plantio

direito, gerado pela palha no solo, traz uma série de vantagens, como a

redução da erosão, manutenção da umidade do solo em períodos de estiagem,

manutenção da temperatura do solo, redução de plantas daninhas, entre

outras. Contudo, isso leva a proliferação de pragas e doenças, principalmente

quando se trata de monocultura que é o caso da plantação de cana-de-açúcar.

Esse efeito pode alterar a temperatura do solo e a incidência de

luminosidade, o que faz com que a brotaça das soqueiras apresente

comportamentos adversos em cada região, causando uma preocupação para

os usineiros e pesquisadores. O problema maior acontece nas regiões onde o

clima é mais frio, onde muitas variedades utilizadas pelas usinas simplesmente

não chegam a obter o resultado esperado.

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O risco de incêndios nos canaviais também preocupa muito as usinas.

Nas regiões mais secas do Estado, a preocupação é em relação à palha

deixada no campo após a colheita, pois se ocorrer no estágio em que as

plantas ainda não possuem vigor isso levará a perda da brotação

comprometendo todo o ciclo produtivo.

As mudanças tecnológicas também preocupam muito os usineiros, mas

especificamente em relação à aquisição de maquinário e a mão-de-obra que

terá que ser qualificada para o uso correto destas máquinas.

Nas indústrias, as dificuldades têm sido observadas logo quando a cana

chega, pois a maior parte delas construiu estruturas de recebimentos feitas

apenas para o descarregamento de cana inteira e queimada, e que não são

apropriadas para receber a cana crua e picada. Para o deslocamento da cana

inteira, os sistemas com melhor eficiência e praticidade encontrados foram

respectivamente, os sistemas de elevação por cabos ou correntes colocados

diretamente ao caminhão para a estrutura de lavagem e o sistema de ponte

rolante com garras, que descarregam o caminhão em porções para as esteiras.

O maior problema é que o custo destas mudanças, assim como as

especificidades e irreversibilidades, pois, uma vez alteradas a estrutura de

recebimento da usina não terá mais como reestruturá-la como era

anteriormente.

Outras mudanças sentidas pelas usinas, estão relacionadas para o

positivo, é quanto à qualidade do produto. Com a colheita mecanizada, torna-

se possível reduzir a zero os estoques de cana colhida, o que representa

consideravelmente uma redução nos custos e espaços ociosos. Outra

característica importante é que a cana colhida crua, não sofre o efeito da

exsudação causada pela queima, dispensando uma etapa da produção que é a

lavagem, representando uma grande conquista para as usinas, tanto por

eliminar um dos pontos mais críticos de perda da matéria-prima, quanto por

solucionar o principal problema com afluentes das usinas, que obrigava a

manter um sistema de abastecimento e de tratamento gigantesco de água com

custos altíssimos e problemáticos.

4.2 Impactos sociais

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O padrão de crescimento econômico estabelecido na sociedade

capitalista contemporânea repousa em particular nesta fase de afirmação

global e hegemônica das idéias e práticas neoliberais, nas grandes empresas

capitalistas multinacionais, ainda que estas tenham origens nacionais bem

determinadas.

A avaliação de impactos da pesquisa se apresenta cada vez mais como uma ferramenta essencial para a gestão da inovação tecnológica e como elemento de legitimação junto à sociedade da alocação de recursos para as atividades de ciência, tecnologia e inovação. Entretanto, há, em geral, limitações importantes nas metodologias de avaliação de impacto mais usualmente difundidas, muitas delas baseadas em relações lineares do processo inovativo e em uma ótica predominantemente econômica. A ampliação do escopo da avaliação, por meio da agregação de outras dimensões além da econômica (social, ambiental e criação de capacitação, por exemplo) e da construção daquilo que se compreende por impacto a partir dessas diferentes dimensões, permite, entre outros, ações mais coordenadas de planejamento e de estratégias de atividades de pesquisa, sejam públicas ou privadas, e uma visão mais abrangente do processo de inovação, via introdução dos diferentes atores envolvidos nesse processo. (BONACELLI et al., 2003)

A partir dessa premissa de Bonacelli et al (2003), os principais

elementos metodológicos considerados para a construção de um instrumental

para avaliação de impactos sociais da pesquisa vem de ações coordenadas e

planejadas mediantes propostas inovadoras. No presente caso, a metodologia

desenvolvida foi aplicada a dois programas tecnológicos agrícolas no Estado

de São Paulo: o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar

(Procana) e o Programa de Produção de Borbulhas e Mudas Sadias de Citros.

Partiu-se da construção da estrutura de impactos sociais, com a identificação

de elementos ou componentes que mais fortemente correspondessem aquilo

que se define por impactos sociais dos programas. As principais contribuições

dizem respeito à integração de diferentes dimensões para avaliação de

impactos de programas tecnológicos na área agrícola e além da econômica, a

social, ambiental e de criação de capacitação e também a geração de

subsídios para tomada de decisão, em diferentes níveis de atuação e por

diferentes agências de fomento, instituições de pesquisa, universidades,

empresas etc, envolvidos no processo de inovação.(BONACELLI et al., 2003)

Em São Paulo, a queima da palha de cana é regulamentada pela Lei

11.241 e pelo Decreto 47.700, de março de 2003, que determinam que a

queima seja totalmente substituída em 30 anos. Apenas, a partir desse prazo

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será obrigatório o cultivo mecanizado de cana crua. Porém, as secretarias

estaduais da Agricultura e do Meio Ambiente trabalham em conjunto para

eliminar em dez anos a queimada que antecede o corte de cana. (DEL

GRANDE, 2007)

A colheita mecanizada é uma tendência irreversível no processo de aumento da produção de açúcar e álcool, seguindo a explosão da demanda mundial por novas fontes de combustíveis. Mas há o temor das conseqüências disso. Não basta criar leis que consigam amenizar um problema — como a difícil questão ambiental. O que não pode acontecer é o agravamento da tão complexa questão do desemprego, um dos causadores da pobreza e da violência. (DEL GRANDE, 2007)

4.2.1 Impactos causados para os trabalhadores rurais

Historicamente, a condição de vida do trabalhador rural brasileiro tem

sido extremamente precária. Isto como conseqüência do modo como o espaço

agrário foi sendo produzido e organizado. Desde o início da colonização ele se

constituiu em um espaço subordinado. Inicialmente, ao capital mercantil e, mais

recentemente, passa por uma subordinação real ao capital. Assim, pelas

condições históricas e objetivas de sua produção, o espaço agrário é também

um espaço de exploração, determinando um ambiente de vida tecido pelas

diversas articulações existentes entre as variáveis econômicas, sociais,

políticas e culturais que é gravoso à sobrevivência da classe trabalhadora.

A forma que assume a exploração tem sofrido alterações ao longo do

tempo, à medida que o espaço agrário se transforma e se reestrutura. Assim, o

escravo, o morador, o bóia-fria são expressões que assumem a exploração no

campo, correspondentes a diferentes momentos do processo de acumulação

de capital na agricultura, impingindo modificações na organização do processo

produtivo e no espaço agrário.

Ao se afirmar que o espaço agrário brasileiro tem sido, historicamente,

do ponto de vista do trabalhador, um espaço de exploração, não se nega que

as condições de vida não tenham sofrido mutações profundas.

Ser livre é qualitativamente diferente de ser escravo. Ser assalariado também se diferencia profundamente do ser morador de condição. Diferenças do conjunto das relações que envolvem o trabalhador no

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seu cotidiano. Por outro lado, não se quer afirmar que haja uma melhoria linear nesse processo evolutivo. A perda do acesso a terra por parte do assalariado, em relação à sua antiga condição de morador é algo sentido, enquanto o controle sobre a sua força-de-trabalho e a de seus familiares é algo enaltecido em diferentes testemunhos de agricultores. Não se deve esquecer também que as formas concretas que assumem a passividade/luta dos trabalhadores, em diferentes momentos da história, têm sido de fundamental importância para o quadro em que se circunscreve a vida do trabalhador (MOREIRA, 1997).

Assume-se, aqui, que as condições de vida do trabalhador rural, aí

incluindo a sua saúde, são fortemente influenciadas pela forma de organização

da produção agrícola e, em conseqüência, do espaço agrário.

A questão da saúde dos trabalhadores rurais envolve um conjunto

complexo de fatores socialmente determinados. Por isso, o processo saúde-

doença no campo exige uma reflexão da parte dos profissionais de saúde e do

governo, que contemple os aspectos sociais que venham determinar os

agravos à saúde dos trabalhadores rurais e de suas famílias. Isto é relevante,

sobretudo, porque envelhecer, adoecer e morrer possuem uma historicidade, e,

ao fim e ao cabo, esta historicidade corresponde ao modo como os

trabalhadores se relacionam com a terra, os instrumentos de trabalho e o

próprio trabalho, enquanto sujeitos sociais .

Marcada basicamente por três grandes eixos (a mecanização, a

quimificação e a engenharia biogenética), a modernização tecnológica da

agricultura brasileira realizada no bojo do processo de subordinação real da

agricultura ao capital, com a conivência do Estado e sem um controle social

adequado por parte da sociedade civil organizada, tem contribuído tanto para

agravar as condições de vida da classe trabalhadora, como para multiplicar as

situações de risco à saúde. Isto, seja através das novas situações criadas

pelas mudanças levadas a efeito na organização e no processo de trabalho,

seja pelos impactos promovidos sobre o meio ambiente que rebatem sobre a

saúde da população.

Os efeitos perversos desse processo sobre a população rural

provocaram uma reação organizada dos trabalhadores rurais em duas frentes

de luta: a luta por melhores condições de trabalho e salário e a luta pela terra.

Em suma, a modernização conservadora da agricultura brasileira

implicou na intensificação da concentração de terra, na expulsão da população

rural, no crescimento do trabalho assalariado, sobretudo do trabalho

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assalariado temporário, no agravamento da questão migratória nacional, no

enfraquecimento da pequena propriedade, na expansão de atividades

poupadoras de mão-de-obra (monocultura mecanizada e pecuária), na

intensificação do processo de mecanização da agricultura e do uso de

agroquímicos, na retração da produção de alimentos e de outros produtos do

mercado interno, contribuindo para a crescente elevação do custo de vida e

para a intensificação das tensões sociais no campo.

É indiscutível que a modernidade como experiência social, efetuada a

partir da subsunção real da agropecuária ao processo de acumulação, foi de

fundamental importância para a quebra de relações de cunho explorador

paternalista que mantinham o trabalhador aprisionado às vontades dos

senhores de terra. Muitos trabalhadores exprimem esta realidade quando

identificam, por exemplo, o período em que eram moradores como tempo da

servidão, considerando-se libertos pelo fato de agora morarem fora dos limites

das propriedades rurais.

Por outro lado, não se pode negar que o processo de modernização

revelou-se incapaz de solucionar a miséria rural. Ao contrário, reforçou os

mecanismos de pauperização dos trabalhadores rurais. Os empregos que

criou, via de regra sazonais, deveram-se à destruição de empregos

permanentes pré-existentes; em lugar de modificar o papel excludente da

distribuição da renda, acentuou a sua concentração; ao invés de fixar a

população, expulsou-a. A população rural, portanto, não foi contemplada com

os benefícios materiais da modernização agrícola. Os efeitos desse processo

se fazem sentir, de um lado, através da deterioração das condições de vida,

saúde e trabalho da classe trabalhadora e, de outro lado, no avanço da

organização dos trabalhadores. Isso será melhor compreendido a partir do

estudo realizado sobre os impactos da modernização recente da agricultura,

em particular, da atividade canavieira, sobre o meio ambiente e a população

rural (ALVES, 2002).

A conjugação de fatores, tais como: a necessidade de terras para o

cultivo, a redução da demanda de mão-de-obra nas fases do plantio e dos

tratos culturais e a regulamentação das relações de trabalho pelos Estatutos da

Terra e do Trabalhador Rural têm contribuído para a extinção progressiva do

sistema de morada e a sua substituição pelo trabalho assalariado, sobretudo

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pelo temporário. Essa trajetória se deu, no mais das vezes, de forma violenta.

Algumas vezes encontrou a resistência organizada dos trabalhadores, dando

origem aos conflitos pela posse da terra. À expropriação segue-se a expulsão

do trabalhador das propriedades rurais. Tem-se, assim, uma mobilidade

forçada da força-de-trabalho que se deslocou para as periferias urbanas ou

para as agrovilas (habitat rural concentrado). Expulsos do campo, tais

trabalhadores continuaram atrelados à atividade agrícola na condição de

assalariados temporários. As casas em que residem, não correspondem às

suas necessidades individuais ou coletivas: 20 a 30 metros quadrados para,

em média, 6 pessoas, não oferecem um espaço de sociabilidade, conforto,

repouso, etc; a inexistência de saneamento básico favorece as doenças de

transmissão hídrica. Além da expulsão dos trabalhadores das propriedades, a

estratégia de contratação de mão-de-obra por parte dos usineiros e

fornecedores tem sido a utilização, em grande quantidade, de trabalhadores da

região policultora, reelaborando e fortalecendo os antigos fluxos migratórios

sazonais, por ocasião do corte de cana. Esses trabalhadores apresentam uma

série de vantagens: são agrupados em galpões, encontrando-se integralmente

disponíveis para os trabalhos agrícolas; à medida que representam um

acréscimo à força de trabalho local, contribuem para o achatamento salarial;

por não serem do município, os seus contatos com o sindicato são mais

tênues, dificultando a ação da fiscalização das entidades sindicais, bem como a

capacidade de mobilização por ocasião de greves e de dissídios; normalmente

são trabalhadores jovens, muitos deles menores e, portanto, com maior

resistência física e menor grau de exigências. (AGROBYTE ,2007 )

4.2.2 A mecanização e o desemprego

Desde 1973, quando as colhedoras iniciaram a operação comercial em

canaviais paulistas, houve forte reação por parte da mídia, bem como dos

sindicatos de trabalhadores rurais, que temiam o desemprego para um grande

contingente de mão-de-obra.

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Alves (1991) afirma que o processo de modernização da agricultura no

país e a dinâmica populacional se encarregaram de resolver o problema, pondo

a disposição do setor um enorme contingente de mão-de-obra.

Segundo Veiga Filho (1999), o período de vigência do Proálcool foi

marcado por abundância de trabalhadores de baixa qualificação e de baixo

custo, o que favoreceu o atraso na adoção da mecanização da lavoura

canavieira.

É importante ressaltar que as constantes greves dos trabalhadores nos

anos 80 foram decisivas para decidir a favor da mecanização do corte da cana

crua, tendo pesado mais as diferenças entre o custo de operação das

máquinas e o salário pago por unidades colhidas. (ALVES, 1991)

Conforme Veiga Filho (1999), a colheita mecanizada é uma realidade

com impactos negativos ao mercado de trabalho. Uma estimativa mostra que

as exigências de mão-de-obra caem pela metade com a colheita mecanizada,

passando-se de 37.82 dias/ homem para 18.25 dias/ homem por hectare.

Essa estimativa é feita com base em matrizes de coeficientes técnicos, o

que dá margem a interpretação de que o desemprego seria uma projeção

desses números, extrapola para toda a área com a cultura. Esquece-se, assim,

da restrição física determinada pela declividade dos terrenos, que limita as

projeções de mecanização para algo entre 44% e 55% da área no Estado de

São Paulo, e também, dos componentes estruturais como mercado de

trabalho, transformações técnico-econômicas, impactantes na qualidade da

matéria-prima, avaliada de custos e investimentos nas alternativas exigências e

transformações na estrutura social.

Segundo Gonçalves e Souza (1998), o impacto da proibição da despalha

de cana é grande sobre a demanda de força de trabalho agropecuário.

Significa desempenhar algo entre 18% e 64% da mão de obra da lavoura

canavieira e diminuir cerda de 10% a 29% da demanda de trabalhos rurais na

área paulista. As economias das regiões produtoras do setor sucroalcooleiro

dificultam a permissão da reinserção dessa mão-de-obra desqualificada no

mercado de trabalho, a não ser mediante a um intenso processo de

treinamento.

A mecanização do corte da cana crua, embora seja uma inovação

importante, à medida que aumenta a produtividade do trabalho e colabora para

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a racionalização do processo produtivo agrônomo, tem efeitos ruins na geração

de empregos, levando a questão para muitos além do aspecto econômico.

Iniciando um processo de negociação para assegurar medidas estruturais,

como o de cursos profissionalizantes, planos de saúde, revisão na política

tributaria, e flexibilidade dos encargos sociais sobre os salários e algumas

medidas de emergências.

No entanto, alguns autores alertam que o desemprego gerado pelo

avanço tecnológico não é uma exclusividade da classe canavieira nacional,

mas sim um fenômeno global que acontece desde o final do século XX.

De acordo com dados da Fundação de Análise de Dados (Seade), as

quatro atividades principais agrícolas do Estado de São Paulo, por demanda de

força de trabalho, são: cana-de-açúcar, café e laranja, que juntas chegam a

gerar mais de 75% do total dos empregos agrícolas do estado, no ano de 1997

e tiveram uma queda para 70% no ano de 1999. (SEADE, 2007)

Isso demonstra que o volume empregado na agricultura não está

diretamente relacionado a extensão da área produzida. A absorção da mão-de-

obra é uma característica inerente a cultura, que pode ser mais intensa ou

menos intensa, a como, por exemplo, é um dos cultivos que menos requer

mão-de-obra por hectare.

De acordo com a Fundação Seade, a redução do emprego esta

relacionada à queda do número de estabelecimento e da área total, e à

modernização dos modos de produção, marcada pelo maior índice de produtos

químicos e mecanização do sistema produtivos, com destaque a pós-colheita

das grandes culturas. A incorporação de tecnologia poupou a mão-de-obra

acabando por excluir enorme contingente de produtores e trabalhadores rurais

do processo. (SEADE, 2007)

Além do problema gerado pelo avanço desse tipo de tecnologia, o bóia

fria enfrenta, ainda, a baixa qualidade do serviço prestado. De acordo com

Osakabe (1999), boa parte dos bóias frias da cana-de-açúcar trabalharam

como diaristas, cuja característica é a sazonalidade na contratação do serviço ,

e época de safra, que vai de maio a novembro. Os trabalhadores são

normalmente demitidos na entressafra que em sua maioria permanecem

desempregados nesse tempo.

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4.2.3 As cargas laborais do processo de trabalho do corte mecanizado

O processo de corte mecanizado da cana crua demonstra que os

operadores de colhedeiras estão submetidos a um conjunto de cargas laborais

que podem ser classificadas, conforme Cavalvanti (1998):

a) cargas físicas: a radiação do sol, as mudanças climáticas ruídos e

vibrações causadas pelas máquinas e iluminação insuficiente no

horário noturno;

b) cargas químicas: poeira, fuligem da cana queimada, neblina e névoa

decorrentes das mudanças bruscas do tempo, resíduos de produtos

químicos usados nos tratos da cultura;

c) cargas biológicas: picadas de animais peçonhentos e contaminação

por bactérias ingeridas com água e alimentos deteriorados;

d) cargas mecânicas: acidentes de trajeto e acidentes em geral

provocados pelo manuseio de máquinas de pequeno a grande porte,

pelos diversos tipos de equipamentos, implementos e ferramentas,

riscos de incêndio e explosões;

e) cargas fisiológicas: postura incorreta, movimentos repetitivos,

trabalho noturno e alternância de turnos; e

f) cargas psicológicas: atenção e concentração constante, supervisão

com pressão, consciência da periculosidade e ausência do controle

do trabalho, ritmos intensos, ausência de pausas regulares,

subordinação aos movimentos das maquinas, monotonia e

repetitividade, responsabilidade, ausência de treinamento adequado,

ameaça de desemprego e de redução de salários.

Esses conjuntos de cargas laborais inerentes ao processo de trabalho

no corte mecanizado da cana-de-açúcar aumenta durante a jornada noturna. O

rendimento do corte mecanizado é maior no turno porque, por medidas de

segurança, reservam-se as áreas mais e menos acidentes entre o trabalho

noturno e diurno, tudo depende da qualidade da cana, e a cana estiver muito

emaranhada, o operador pode confundir as ruas e sair da reta, porque a

visibilidade é muito menor.

Embora as máquinas possuam sistemas essenciais de iluminação

dianteira e traseira, o risco de ocorrência de acidentes, como colisão de

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veículos e picadas de animais peçonhentos, é redobrado na jornada noturna. O

campo de visibilidade fica limitado e nublado porque, além da iluminação ser

insuficiente, a safra ocorre no inverno, estação e que as madrugadas é coberta

de neblinas e névoas. Além da monotonia e a repetitividade dos movimentos

podem fazer dormir ao volante os operadores e os motoristas.

As medidas de proteção contra essas cargas são precárias e

insuficientes. O uso de equipamentos de proteção individual é considerado a

forma mais eficiente de controle e monitoramento dos riscos ambientais e,

praticamente, a única maneira de proteger o trabalhador contra os riscos de

acidentes e doenças do trabalho.

No processo de trabalho do corte da cana crua mecanizado ocorre certa

diminuição das cargas do tipo física e química em relação ao corte manual,

devido a uma proteção oferecida pela cabine da máquina. No entanto, se a

máquina não dispõe de cabine, a poeira continua sendo um sério elemento de

risco.

O perfil de adoecimento dos operadores de máquinas agrícolas é

semelhante ao do cortador de cana manual, mas sobressaem as doenças

psicossomáticas. A organização de trabalho em turnos noturnos e alternados,

associados à atenção e a concentração que a atividade requer, provoca uma

intensificação do trabalho e fazem aumentar as queixas de doenças que

afetam, principalmente, os sistemas cardiovasculares e gastrintestinais. As

dores de cabeça e azias são as queixas mais comuns entre os operadores e os

motoristas.

Alguns trabalhadores afirmam que os problemas gástricos são

provocados pela poeira e pelo cheiro de óleo queimado que os motores exalam

sem parar. Outros relatam que o apetite fica muito alterado porque as refeições

são feitas em horários irregulares e locais inadequados. Quando a jornada é

realizada e alternada, os ritmos biológicos ficam alterados de tal forma que

muitos indivíduos têm os processos relacionados ao apetite a ao sono

seriamente afetado.

Os operadores de máquinas agrícolas continuam sendo bóias frias, no

sentido mais popular do termo, que é o de designar aquele trabalhador que

transporta a sua própria comida em marmitas para o local de trabalho, onde faz

as refeições. Por terem que levar a bóia, estão sempre expostos ao risco de

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uma contaminação por agentes biológicos que podem proliferar devido as altas

temperaturas.

Os trabalhadores têm dificuldade para dormir, principalmente quando

quaisquer interferências domésticas atrapalham o horário ou impede o silencio

necessário para sua tranqüilidade.

O convívio social e as atividades de lazer, em geral, ficam prejudicados

na safra. O cansaço impede a diversão, além de que o tempo livre é muito

curto.

Quando as cargas mecânicas, Scopinho (1995) verifica que no corte

manual da cana crua predominam acidentes leves, com tempo de afastamento

menor do que quinze dias, que não necessitam de internações e não deixam

seqüelas. Os ferimentos atingem, principalmente, os membros superiores e

inferiores e são provocados por instrumentos de trabalho.

No corte mecanizado parece que a introdução das máquinas provoca

uma diminuição no número de acidentes, mas ocorre um aumento na sua

gravidade.

Os acidentes ocorrem com mais freqüência quando são realizados os

concertos e limpezas das máquinas. Eles são mais raros e mais graves e,

geralmente, trata-se de cortes provocados pelo manuseio de laminas afiadas

sem o devido uso dos materiais de segurança requeridos. É raro, mas pode

ocorrer a perda de membros inferiores e/ou superiores quando ocorre uma

colisão, tombamento e quando as atividades de manutenção necessitam ser

feitas com o motor em funcionamento.

Segundo Scopinho (1995), a mecanização nas lavouras de cana-de-

açúcar tem trazido importantes mudanças nas relações e condições de

trabalho. Porém, tais mudanças não têm logrado melhoras nas condições de

vida e seus trabalhadores rurais.

4.2.4 Condições de vida do trabalhador rural com a mecanização

Na década de 90, a região produzia cerca de 65 milhões de toneladas

de cana. Passou para cerca de 90m milhões na safra passada. No mesmo

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período, os bóias frias passaram a cortar em media 12 toneladas ao dia de

cana, contra 8 toneladas nos anos 80. Atualmente se mostra que, para cortar

10 toneladas de cana por dia, um trabalhador precisa desferir 9700 golpes de

podão, instrumento de corte. A situação vivida por estes trabalhadores é

próximo ao que viviam os escravos. (ÚNICA, 2007)

A raiz do problema é a intensidade da exploração. Eles precisam

trabalhar cada vez mais para tentar ter uma renda. Cada tonelada queimada de

cana, em média vale R$ 2,20 pagos ao trabalhador rural. Um cortador eficiente

ganha cerca de R$ 600,00 brutos por mês. Os bóias frias vivem cansados e

têm problemas de saúde referentes a sua atividade.

Os trabalhadores viajam quase uma hora por rodovias vicinais

esburacadas e estradas de terra, até chegarem ao canavial definido para o

corte daquele dia. No meio do trajeto, o ônibus pode quebrar e os

trabalhadores têm que esperar outro ônibus, que é enviado pela usina. Eles se

alimentam de arroz, feijão, carne e salada. A bóia fria, ainda quente é ingerida

pela primeira vez ainda por volta das 7 horas da manhã, antes do corte da cana

começar. O almoço é às 10 horas, de forma improvisada, em que os

trabalhadores ficam sentados em um cantil no meio do canavial. O prato

sempre é o mesmo.

Uma bóia fria que acumula as funções da lavoura e do lar argumenta

que é um trabalho muito cansativo, que já se ouviu falar em muitas mortes no

campo onde o trabalhador morre agarrada a cana .

4.3 Transformação no campo

Segundo Bertoli (2002), várias serão as transformações no campo com a

mecanização, e vários serão os setores que sofrerão mudanças. O meio

ambiente, as usinas, os trabalhadores, os produtores e o Estado, cada uma

com uma visão referente às mudanças trazidas pela cana-de-açúcar e sua

nova tecnologia.

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4.3.1 Mudanças na visão ambiental

Não há nenhum índice comprovado de que a regulamentação das

queimadas no Estado de São Paulo representa um avanço nas relações entre

produção agrícola canavieira e o meio ambiente. Todavia, o regime

monocultural de cultivo contínuo representando um forte entrave a essa

questão, que ainda está muito longe de ser resolvida, principalmente se

considerarmos o sistema de colheita mecanizada como padrão para o futuro.

Não se pode dizer que seja impossível tornar a plantação de cana um

cultivo agroecológico, mas se pode afirmar que é possível conduzir um sistema

monocultural de cana-de-açúcar sem provocar grandes impactos ao meio

ambiente, como, por exemplo, o cultivo da cana crua.

Em 1996, pesquisadores de uma organização não governamental a

IMAFLORA, em cooperação com diversas entidades nacionais e internacionais,

escolheram a cana-de-açúcar para a aplicação de um projeto piloto sócio

ambiental no Brasil e concluíram ser possível sua certificação, desde que

respeitadas algumas normas, dentre as quais a não utilização do fogo nos

canaviais. (IMAFLORA, 2007)

É impossível ressaltar que o cultivo de cana sem queima da palha é um

sistema diferente, cuja, presença da palha sobre o solo é o aspecto

fundamental, impondo certos limites e restrições importantes. (BERTOLI,

2002).

O primeiro deles está relacionado ao risco de incêndios, que aumenta

muito quando não se retira a palha do campo. O segundo é benéfico e se

relaciona diretamente com o efeito da palha sobre a proliferação de ervas

daninhas. O terceiro diz respeito às pragas nesses novos ambientes, em

função da maior disponibilidade de elementos favoráveis a eles, como

alimento, abrigo ou mesmo a extinção de seus predadores. Em quarto lugar

aparece o aumento considerável da umidade do solo e a constituição de canais

preferenciais de infiltrações líquidas, por intermédio da melhor estrutura do

solo, o que aumenta seriamente as chances de contaminação nos lençóis

freáticos e aqüíferos pelos produtos químicos lançados na plantação.

Segundo Bertoli (2002), é importante acrescentar os avanços obtidos na

legislação ambiental brasileira, principalmente quanto às fiscalizações e multas.

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104

Quando tratados em conjunto a regularização das queimadas no Estado de

São Paulo, compõe uma situação institucional muito favorável a melhoria da

qualidade da natureza em relação aos tratos culturais da cana-de-açúcar.

Quando as normas são respeitadas fazendo-se as manutenções das

áreas de preservação permanentes, manutenção de aceiros, manutenção de

áreas de preservação legal e a distância mínima para o uso das queimadas

mediante a lei vigente da localidade, é possível afirmar que o saldo ambiental

fica muito alto, trazendo mais benefícios do que malefícios para o homem. E a

medida que o sistema de colheita da cana crua cresce nas áreas aptas a essa

técnica e a diversificação nas atividades agrícolas avançam em áreas inaptas,

o resultado poderá ser maior ainda.

4.3.2 Mudanças na visão das usinas

O maior impacto da mudança de sistema está relacionado ao preparo

dos talhões de cana. Em função disto a cana crua sendo colhida de forma

mecanizada, os talhões precisam ser previamente preparados para receber as

máquinas, a fim de obter um melhor aproveitamento operacional e menor

desperdício de matéria-prima para a usina.

Esse ajuste significa preparar os talhões com o solo plano e uniforme,

para que a máquina possa colher o mais rente possível do solo, e dimensionar

talhões longos e contínuos, para que a máquina consiga operar o maior tempo

possível sem precisar fazer manobras dentro do canavial, reduzindo assim o

rendimento da colheita por hora/dia da cana.

Essa adaptação se torna um tanto quanto difícil tem levado as usinas a

abandonar áreas com a sua geografia acidentada. Em regiões onde são

comuns solos com essa característica questionam-se a sustentabilidade do

canavial. (BERTOLI, 2002)

O efeito da palha, tanto para o solo como para a própria planta, é uma

questão séria levantada pelas empresas. O agricultor que pratica o plantio

direito, gerado pela palha no solo, traz uma série de vantagens, como a

redução da erosão, manutenção da umidade do solo em períodos de estiagem,

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manutenção da temperatura do solo, redução de plantas daninhas, entre

outras. Contudo, isso leva a proliferação de pragas e doenças, principalmente

quando se trata de monocultura que é o caso da plantação de cana-de-açúcar.

Esse efeito pode alterar a temperatura do solo e a incidência de

luminosidade, o que faz com que a brotaça das soqueiras apresente

comportamentos adversos em cada região, causando uma preocupação para

os usineiros e pesquisadores. O problema maior acontece nas regiões onde o

clima é mais frio, onde muitas variedades utilizadas pelas usinas simplesmente

não chegam a obter o resultado esperado.

O risco de incêndios nos canaviais também preocupa muito as usinas.

Nas regiões mais secas do Estado, a preocupação é em relação à palha

deixada no campo após a colheita, pois se ocorrer no estágio em que as

plantas ainda não possuem vigor isso levará a perda da brotação

comprometendo todo o ciclo produtivo.

As mudanças tecnológicas também preocupam muito os usineiros, mas

especificamente em relação à aquisição de maquinário e a mão-de-obra que

terá que ser qualificada para o uso correto destas máquinas.

Nas indústrias, as dificuldades têm sido observadas logo quando a cana

chega, pois a maior parte delas construiu estruturas de recebimentos feitas

apenas para o descarregamento de cana inteira e queimada, e que não são

apropriadas para receber a cana crua e picada. Para o deslocamento da cana

inteira, os sistemas com melhor eficiência e praticidade encontrados foram

respectivamente, os sistemas de elevação por cabos ou correntes colocados

diretamente ao caminhão para a estrutura de lavagem e o sistema de ponte

rolante com garras, que descarregam o caminhão em porções para as esteiras.

O maior problema é que o custo destas mudanças, assim como as

especificidades e irreversibilidades, pois, uma vez alteradas a estrutura de

recebimento da usina não terá mais como reestruturá-la como era

anteriormente.

Outras mudanças sentidas pelas usinas, estão relacionadas para o

positivo, é quanto à qualidade do produto. Com a colheita mecanizada, torná-

se possível reduzir a zero os estoques de cana colhida, o que representa

consideravelmente uma redução nos custos e espaços ociosos. Outra

característica importante é que a cana colhida crua não sofre o efeito da

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exsudação causada pela queima, dispensando uma etapa da produção que é a

lavagem, representando uma grande conquista para as usinas, tanto por

eliminar um dos pontos mais críticos de perda da matéria-prima, quanto por

solucionar o principal problema com afluentes das usinas, que obrigava a

manter um sistema de abastecimento e de tratamento gigantesco de água com

custos altíssimos e problemáticos.

Por outro lado, o ganho em produtividade esperado com essa conquista

esbarra na aumento das fibras e impurezas vegetais na cana colhida crua,

frustrando tal expectativa. Com a redução das impurezas minerais de caldo,

obtém-se um caldo de melhor qualidade, o que pode, inclusive, reduzir a

quantidade de insumo utilizado em sua clarificação.

A colheita de cana crua tem agradado a maior parte das usinas que se

localizam em regiões onde a combinação palha-clima não atrapalha a

germinação dos canaviais e contrariando as usinas que se localizam em

regiões onde esse problema ocorre. As usinas estão convictas de que a

mecanização tornou-se um caminho sem volta e que, vencidos os obstáculos

iniciais, esse novo sistema de produção tende a trazer muitas conquistas ao

setor. Porém, enquanto for possível e econômico utilizar a mão-de-obra na

colheita, ela será utilizada. (BERTOLI, 2002)

4.3.3 As mudanças na visão dos sindicatos de trabalhadores rurais

O desempregado gerado pela mecanização da colheita de cana-de-

açúcar é um problema que envolve, pelo menos, três análises muito delicadas

e não excludentes: encarar o desemprego como uma conseqüência ruim do

uso da tecnologia, encarar a tecnologia como uma forma de colocar fim ao

penoso trabalho de corte da cana queimada ou crua, e/ou encarar o

desemprego como um mal necessário em defesa ao meio ambiente.

Foi estipulado que os prazos para a eliminação das queimadas,

considerando-se tempo suficiente para o sistema econômico nacional absorver

essa mão-de-obra de baixa qualificação. O problema é quem ficaria

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responsável por essa absorção, haja vista que a lei não definiu, como cita no

decreto.

Portanto, a responsabilidade recai, novamente, sobre a sociedade, por

intermédio do Estado, das Ong’s, das instituições, etc.

O problema das queimadas foi substituído pelo problema do

desemprego e, há quem diga, pelo problema da violência e da criminalidade.

Se o Estado ou município, com determinado volume de recursos, desloca-se

verbas para determinados setores que necessitam de certa emergência, como

o desemprego, podem faltar recursos para outros setores, como saúde,

educação e saneamento.

Os sindicatos demonstraram indignação, incapacidade, desesperança

diante dessa situação. Apenas do grande número de desempregado pela

mecanização, poucos têm retornado aos sindicatos, pois estão conscientes da

extinção de seus empregos e não acreditam no poder de reação das entidades

que os representam.

O desemprego adquire perfil diferente em cada região do Estado. O

emprego no corte de cana-de-açúcar não será totalmente extinto, pelo menos

em curto prazo. Enquanto for econômico em algumas áreas colher a cana

manualmente haverá emprego na cultura. Algumas usinas estão aproveitando

uma parte da mão-de-obra, oferecendo treinamento e preparando-os para

outras funções, como um exemplo, um operador de colhedeira. Em algumas

cidades há programas de requalificação da mão-de-obra que será dispensada,

porém mesmo assim, não é possível atender todos os interessados.

De qualquer modo, a mecanização do plantio tem se mostrado

promissora em algumas usinas, e tende a se alastrar por todas as cidades,

extinguindo outro grande número de postos de trabalho no setor. (COSTA,

2000)

A situação do trabalho rural no Estado é muito grave e requer ação

muito mais efetiva de todos os segmentos da sociedade. Fica evidente o quão

é necessário um sério de requalificação e recolocação dos trabalhadores rurais

no mercado de trabalho.

4.3.4 Mudanças na visão dos trabalhadores rurais.

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108

A mudança para o sistema de colheita da cana crua, tem afetado de

forma diferenciada, os produtores cooperados e autônomos do Estado de São

Paulo. O problema está na capacidade de que o produtor acompanhar as

mudanças tecnológicas no processo seletivo, capacidade que deve ser dividida

em técnicas e financeiras.

A capacidade técnica engloba as questões topográficas, com o tamanho

e estruturação da propriedade rural. Já a capacidade financeira leva em

consideração se o fornecedor é autônomo ou cooperado.

Se a relação entre o fornecedor e a indústria sucroalcooleira é apenas

de entrega da matéria prima, sem nenhuma prestação de serviço por parte da

ultima, e não há na região empresas de suporte técnico as novas máquinas, a

responsabilidade pela transformação da colheita recai unicamente sobre o

fornecedor, que se vê obrigado a investir em maquinário e equipamentos, ou

optar pela colheita manual, cujo custo também é muito elevado, podendo até

inviabilizar a produção.

Os pequenos e médios plantadores de cana têm sido orientados a

formar pequenas associações, ou sociedades, para a aquisição de máquinas e

equipamentos, assim dividindo os altos custos. Esse tem sido o caso mais

complicado de conversão para o sistema de colheita de cana crua, pois os

fornecedores se encontram descapitalizados e muitas vezes endividados, sem

condições nenhuma de enfrentar as mudanças exigidas. Para os fornecedores

cujas terras são inaptas a mudança da colheita, a única opção até o momento

é a colheita manual para aqueles produtores que se manterem no setor

canavieiro.

Quando a relação entre fornecedor e usina inclui outras prestações de

serviços, a conversão do sistema de colheita torna-se mais vantajosa e fácil,

pois os fornecedores não precisam investir em equipamentos e maquinários, e

o custo das operações e compensado no pagamento da cana. A usina é quem

opta por adquirir o equipamento ou se necessário faz um contrato terceirizado

para essa operação, sem qualquer custo para o fornecedor.

Em terras e propriedades impossibilitadas ao novo sistema de colheita

da cana crua, onde, inclusive ocorre o abandono da atividade canavieira, a

diversificação de plantio tem se mostrado a melhor saída.

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O maior problema no caso da diversificação de cultura mostra-se muito

complexo para os produtores de cana-de-açúcar, tanto pela tradição como pela

carência de programas mais amplos, como linhas de financiamentos e planos

diretores, já que muitos fornecedores encontram-se descapitalizados e muitas

vezes falidos, sem nenhuma condição de investimento.

4.3.5 Como o Estado e os Municípios têm enfrentado as mudanças

Como a cultura de cana-de-açúcar representa a base da economia de

muitos municípios do Estado de São Paulo, tanto pelo mercado de trabalho

quanto pela estruturação agrícola, que envolve todo traide que envolve o setor

se faz necessário observar o papel dos municípios e do Estado em toda essa

mudança.

Em relação aos municípios, poucos se mostram otimistas diante do

futuro do setor canavieiro, quer pela redução da área plantada ou pelo novo

método de colheita da cana crua.

O setor tornou-se a base econômica de muitas cidades do interior

Paulista, as quais passaram a depender do sucesso a produção

sucroalcooleira para seu crescimento. Hoje, com o setor apresentando grandes

crises, algumas cidades têm procurado a diversificação econômica, buscando

apoio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão estatal

vinculado à secretaria da agricultura, em conjunto com a secretaria municipal

da agricultura.

É importante ressaltar que o movimento de variação de atividades

econômicas tem sido bem diferenciado para cada região do estado, de acordo

com a expectativa que a mudança para o sistema de colheita tem feito à

economia. Dentre as principais vertentes do programa de diversificação

econômica, destacam-se a agropecuária, os incentivos a industrialização e o

turismo. (BERTOLI, 2002)

Muitos municípios têm ampliado sua assistência social para atender a

grande demanda de famílias que são atingidas pela mecanização da colheita

da cana. Suas ações vão desde a adoção de alimentos até o encaminhamento

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dos trabalhadores para novos empregos temporários, como as frentes de

trabalho e cursos de qualificação da mão-de-obra.

Os programas municipais não têm conseguido atender a todos os

desempregados, assim muitas cidades reivindicam suas ações integradas

dentro de suas regiões. Essas reivindicações se baseiam no fato de que os

programas de algumas cidades não estão sendo bem sucedidos devido a

ausência de programas semelhantes aos dos municípios vizinhos. Como

resultado, há a migração interna de desempregados dentro das regiões,

sobrecarregando os programas sociais alheios. Com isso ocorre um prejuízo

para diversas políticas públicas nos últimos anos, principalmente na área de

habitação.

Quanto ao governo Estadual, além do pacto pelo emprego e a criação

de atendimento ao trabalhador em alguns municípios, a maior parte dos

esforços tem se voltado à parcela empresarial do setor. Ao lado da assistência

técnica promovida pelos órgãos estatais (CATI e IAC), os esforços do governo

do Estado estão voltados a uma tentativa de salvar o programa do Proálcool.

Essas medidas, como a formação de frotas verdes, isenção de impostos, entre

outros, não têm surtido grande efeito. O Estado procura manter certo nível de

controle sobre o setor, ainda que fiscal, o que sido importante para a

estabilidade econômica do país.

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CONCLUSÃO

Acompanhando a evolução em que o mundo vive hoje em dia, o

marketing também sofre algumas mudanças para se adequar as inovações

globais.

Hoje em dia não se usa mais somente o conceito básico do marketing

sozinho, mas sim uma combinação de conceitos inovadores que nasceram da

junção das novas atividades evolutivas do mundo.

Dentre essas novas ramificações surge o marketing ambiental ou

marketing verde para suprir as necessidades e preocupações com o meio

ambiente em que vivemos, pois dependemos diretamente dele.

As alarmantes notícias sobre o aquecimento global fizeram com que se

optasse por novas técnicas de subsistência no cultivo de cana-de-açúcar e por

isso o marketing verde mostra com clareza no decorrer do trabalho como que

se deve trabalhar com as inovações tecnológicas nas lavouras

Com as implicações que o mundo global vem exercendo sobre o setor

sucroalcooleiro, faz do marketing ambiental, ou no caso marketing verde termo

mais apropriado para utilizar neste caso, uma ferramenta muito importante para

sua subsistência.

Para o setor considerado ecologicamente para o uso do ecomarketing,

as mudanças aplicadas no setor têm que ser feitas de forma racional e

cuidadosa, e a agricultura canavieira é muito ampla e delicada, pois envolve a

complexividade do trato especial, uma vez que a cana-de-açúcar possui uma

diversidade de tipos que estão diretamente ligados a geografia e ao clima de

onde está sendo cultivada e ao tempo que se quer colher a safra dando assim

possibilidade de alavancar alguns municípios economicamente sozinhos.

A aplicação do selo verde na indústria fornecedora de cana-de-açúcar

gera um efeito multiplicador nas áreas em que são aplicadas, já que a queima

da cana causa grandes impactos negativos a flora e a fauna local, e também a

saúde da população dos municípios, causando distúrbios respiratórios causado

pelo auto nível de fuligem lançado no ar.

Porém o trabalho não mostrou somente a preocupação com os impactos

ambientais, pois um cultivo subsistencial também se preocupa com os

impactos sociais que poderá causar nas vidas de onde se trabalha.

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O marketing verde está para solucionar grandes problemas futuros e traz

a atualidade um diferencial profissional muito grande devido a preocupação

com as gerações futuras e a qualificação de seus produtos em todas as etapas.

A demonstração passo-a-passo do cultivo da cana-de-açúcar mostra

claramente os pontos críticos e pontos positivos da atividade, para assim

reduzir os impactos negativos na natureza e na sociedade local e também dá

enfoque às oportunidades que surgem com a lavoura canavieira podem

agregar valores no setor sócio econômico natural das regiões produtoras.

Para se ter um produto ecologicamente correto a manter-se em um

ecossistema equilibrado e preservado, o marketing ambiental se faz necessário

não somente como uma atividade promocional, mas sim como uma técnica

responsável de administração.

O marketing ecológico está diretamente ligado às influências não só

mercadológicas mas também ao meio ambiente, as técnicas de marketing

verde aplicadas no cultivo canavieiro, são positivos para qualquer atividade

exercida nas regiões produtoras, fazendo disso uma estratégia alavancadoura

para as empresas que adotarem esta nova visão do marketing para que o

planeta sinta menos os impactos da atividade humana.

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