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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
GUIGUIOLA EVELIN FUENTES DA SILVA
ESTRESSE NO TRÂNSITO URBANO: Uma Proposta de
Classificação de Níveis em Motoristas de Ônibus em Sorocaba (SP)
MACEIÓ - AL
2013
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GUIGUIOLA EVELIN FUENTES DA SILVA
ESTRESSE NO TRÂNSITO URBANO: Uma Proposta de Classificação de Níveis
em Motoristas de Ônibus em Sorocaba (SP)
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a Conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Souza Riscado
MACEIÓ - AL
2013
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GUIGUIOLA EVELIN FUENTES DA SILVA
ESTRESSE NO TRÂNSITO URBANO: Uma Proposta de Classificação de Níveis
em Motoristas de Ônibus em Sorocaba (SP)
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a Conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
_________________________________________________________
PROF. DR. JORGE LUÍS DE SOUZA RISCADO
ORIENTADOR
_________________________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
4
DEDICATÓRIA
A minha família....
Aos meus pais...
Aos meus mestres...
A minha amiga...
Ao meu marido
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela oportunidade de trilhar esse caminho tão significativo
para nossa existência, bem como por esta oportunidade de expressar as nossas
idéias e aprendizados...
6
“Daquilo que eu sei / Nem tudo me deu clareza / Nem
tudo foi permitido / Nem tudo foi concebido.
Daquilo que eu sei / Nem tudo foi proibido / Nem tudo
me foi possível / Nem tudo me deu certeza.
Não fechei os olhos / Não tapei os ouvidos / Cherei,
toquei, provei / Ah! Eu usei todos os sentidos / Só não
lavei as mãos / E é por isso que eu me sinto cada vez
mais limpo... “
(Daquilo que eu sei. Rio de Janeiro: Polygram/Philips, 1981.)
7
RESUMO
Nesta pesquisa considera-se que os acidentes de trânsito são as principais causas de mortalidade no mundo e que apesar dos esforços os números ainda são preocupantes, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. No Brasil estes dados são mais densos na região metropolitana de São Paulo que é formada por 39 municípios. Em Sorocaba-SP, onde o estresse é tido como sendo um dos principais problemas do mundo do trabalho e em combinação com o trânsito exorbita-se em resultados altamente danosos para motoristas profissionais. Tem-se como objetivo geral a classificação em níveis de Estresse dos motoristas do transporte urbano do município de Sorocaba. E como objetivos específicos tem-se o mensurar do percentual de motoristas com problemas de envolvimento em acidentes de transito; o observar de possíveis correlações entre o estresse do motorista e variáveis endógenas e exógenas. Utiliza-se uma metodologia de revisão de literatura hibridizada com pesquisa de campo histórica e documental lastreada da fenomenologia específica da região com lastro nas bases de dados online do SCIELO e DATASUS, com descritores com horizonte cronológico dos últimos 10 anos de publicação. Com isto a autora aplica o questionário exploratório de pesquisa que reflete o perfil do universo de pesquisa eleito e com a isto a mesma conclui sobre as colaborações das mesmas ao Estresse dos motoristas em análise. Por fim a autora conclui o trabalho apresentando um restropécto da análise teórica do mesmo e sugere-se recomendações mínimas no trato do tema em questão. Palavras-chave: Estresse. Motorista de ônibus. Sorocaba.
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ABSTRACT
This research considers that traffic accidents are the leading causes of mortality worldwide and despite efforts the numbers are still worrying, especially in underdeveloped and developing countries. In Brazil these data are more dense in the metropolitan region of São Paulo, which is formed by 39 municipalities. In Sorocaba-SP, where estresse is thought to be a major problem in the workplace and in combination with traffic exceeds results in highly damaging for professional drivers. Has the general objective of the classification in estresse levels of drivers of urban transport in the city of Sorocaba. And the specific objectives has become the measure of the percentage of drivers with issues involved in car accidents, observe the possible correlations between estresse and the driver endogenous and exogenous variables. Uses a methodology of literature review hybridized with field research and historical documentary backed phenomenology region specific backed in online databases and the SCIELO DATASUL with descriptors with time horizon of the past 10 years of publication. With this the author applies the questionnaire exploratory research that reflects the profile of the research universe and elected to this same conclusion about the collaborations of the same estresse analysis of drivers. Finally the author concludes the paper presenting an restropécto theoretical analysis of the same and it is suggested minimum recommendations in the treatment of the topic. Keywords: Estresse. Bus driver. Sorocaba.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Burnout emocial: fases e características......................................... 28
Gráfico 1 - Distribuição percentual segundo sexo dos motoristas participantes
da pesquisa....................................................................................... 35
Gráfico 2 - Distribuição percentual referente a utilização de medicamentos
pelos motoristas participantes da pesquisa...................................... 36
Gráfico 3 - Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado
nas últimas 24 horas, pelos motoristas............................................. 37
Gráfico 4 - Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado
na última semana, pelos motoristas................................................. 38
Gráfico 5 - Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado
no último mês, pelos motoristas....................................................... 39
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LISTA DE SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas;
CTB - Código de Trânsito Brasileiro;
DETRAN - Departamento Nacional de Trânsito;
EAD - Eduação a Distância;
OMS - Organização Mundial da Saúde;
UTI - Unidades de Terapias Intensivas;
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 REVISÃO DE BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 16
2.1 A Atuação do Psicólogo de Trânsito na Atualidade....................................... 16
2.2 Definição de Trânsito ........................................................................................ 17
2.3 Histórico Sobre Estresse .................................................................................. 18
2.4 Estresse: Origens, Terminologia e Definições no Ambiente de Trabalho ... 20
2.5 Fases do Estresse ............................................................................................. 22
2.6 Agentes Estresseores ....................................................................................... 25
2.7 Sintomas do Estresse ....................................................................................... 26
2.8 Sindrome de Burnout ........................................................................................ 27
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 32
3.1 Ética .................................................................................................................... 32
3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 32
3.3 Universo ............................................................................................................. 32
3.4 Sujeitos e Amostra ............................................................................................ 32
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 33
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 33
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados ......................................................... 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 35
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 42
APÊNDICE ................................................................................................................ 48
ANEXO ..................................................................................................................... 49
12
1 INTRODUÇÃO
Os acidentes de transporte, ou acidentes de trânsito, já ocupam o posto de
uma das principais causas de mortalidade no mundo. Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1, 2 milhões de pessoas morrem
anualmente vítimas de acidentes de transporte, e entre 20 e 50 milhões de pessoas
são vítimas de lesões não fatais resultantes desses acidentes (OMS, 2009)1.
Apesar dos esforços em diversos países no sentido de reduzir os acidentes
de transporte, os números ainda são preocupantes, principalmente nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, sendo, na faixa etária entre 15 e 29 anos,
a principal causa de morte no mundo (OMS, 2009).
No Brasil, os dados não são diferentes e são também bastante inquietantes,
em especial no estado de São Paulo, que é o mais populoso do Brasil, os dados do
DENATRAN demonstram números preocupantes e crescentes.
Na região metropolitana de São Paulo (RMSP), que é formada por 39
municípios, onde o Estado é dividido em 25 meso regiões, e em uma dessas
encontra-se em especial o município de Sorocaba, onde a frota de veículos está a
cada dia maior e mais densa, proporcionando assim um maior desgaste psicológico
aos seus partícipes.
Na região de Sorocaba, segundo o IBGE (2012), tem-se uma indústria
responsável por 45% dos empregados formais do município de região, sendo,
portanto, o setor mais importante no aspecto econômico. Destaca-se também a
metalurgia básica (4,3% dos empregados), as indústrias automobilística (3,8%),
vestuário (3,2%), alimentos e bebidas (3,2%), máquinas e equipamentos (3,2%) e a
indústria têxtil (3,2%).
Ainda de acordo com o IBGE (2012), no setor Serviços, com 35,7% dos
empregados da região, destacam-se os serviços prestados às empresas com quase
17% do total de empregados da região, participação relativa equivalente ao dobro da
média deste setor no conjunto do Estado de São Paulo (QL de empregados igual a
1 É importante ressaltar que este trabalho utiliza-se da definição de acidente de transporte que está presente na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde 10ª revisão (CID - 10). Segundo a qual “acidente de transporte é todo acidente que envolve um veículo destinado, ou usado no momento do acidente, principalmente para o transporte de pessoas ou de mercadorias de um lugar para o outro”.
13
2). Neste setor, também se destacam os serviços de transportes terrestres, de
saúde, os serviços pessoais e os serviços de alojamento/alimentação.
Assim, de uma forma geral, o município de Sorocaba é um pólo regional,
crescendo continuamente nos últimos anos e desdobrando-se com os problemas
tradicionais das áreas densamente urbanizadas.
Paralelamente ao exposto, verifica-se que, o Estresse tem sido também um
dos principais problemas do mundo atual, e se constitui em valor para a Organização
Mundial da Saúde, pois, o mesmo deve e pode agir, minimamente, na qualidade de
vida do ser humano, o que significa prejuízos para a saúde física e mental,
problemas de interação social, familiar, falta de motivação para atividades em geral,
doenças físicas e psicológicas, além de problemas no trabalho (LIPP, MALAGRIS,
2000).
Assim, em especial, quando verifica-se o acometimento da enfermidade,
recomenda-se, de imediato, um conjunto de providencias mínimas lastreando-se nos
preceitos fundamentais da qualidade do serviço em oferta, e, quando não
obedecidas, associa-se de imediato ao aumento do quadro do Estresse e seus
desdobramentos em aumento dos acidentes.
No caso específico do Estresse em motoristas profissionais tem sido uma
preocupação crescente, visto que, estes mesmos motoristas têm contribuído com o
aumento dos acidentes nas áreas urbanas, do Brasil, em especial de Sorocaba (SP).
Assim, com estes cenários, pretende-se abordar a pesquisa sobre o nível de
Estresse em motoristas de transporte urbano na cidade de Sorocaba, São Paulo.
O objeto de pesquisa é o estresse no trânsito urbano no município de
Sorocaba, São Paulo, com um viés de proposta de classificação de níveis para
motoristas de ônibus no mesmo município.
Com a sujestão da criação de níveis pretende-se customizar à cultura locall
um padrão de níveis que sejam adequados às realidades do município.
A questão da pesquisa na análise da viabilidade da proposta da divisão em
níveis do Estresse em motoristas de ônibus urbanos no município de Sorocaba
utilizou-se como questionamento: O nível de Estresse em motoristas de ônibus
urbanos encontra-se favorável para que os mesmos possam exercer plenamente as
suas atividades?
Podemos entender a dinâmica e todo modelo sequencial a partir dos cenários
global, brasileiro e local (Sorocaba) quando estresse e seus níveis correlaciona-se
14
com a possibilidade de acidentes de trânsito urbano. Portanto, pode-se verificar, a
partir da pesquisa local, em Sorocaba, e com essa perspectiva localizar, classificar
em níveis de estresse nos motoristas de ônibus urbanos em Sorocaba, SP.
Desta maneira também registra-se questionamentos secundários e
complementares que vão desdobrar-se na pesquisa.
Partimos do pressuposto que existe uma correlação entre o Estresse no
trânsito e a sua descrição em níveis hierarquizados com padrão de
acompanhamento da atuação de motoristas urbanos profissionais em Sorocaba,
São Paulo.
Justifica-se este trabalho pela lacuna de conhecimento a temática,
principalmente no que tange ao município de Sorocaba.
Tendo em vista que os motoristas de ônibus urbano desempenham um papell
profissional de alto impacto social, pois são responsáveis pelo transporte de milhares
de pessoas diariamente na cidade de Sorocaba e estão presentes no trânsito da
cidade durante quase vinte horas por dia, a identificação dos níveis de Estresse,
bem como dos seus efeitos para os mesmos, poderão proporcionar uma melhor
clareza com respeito a real situação enfrentada por esta categoria profissional.
Ficou evidenciado, a partir dos vários estudos citados e lastreados na revisão
de literatura da área, tais como evidencia Almeida (2002), que, o ato de dirigir é uma
tarefa altamente estresseante, principalmente para os motoristas profissionais do
transporte coletivo e, são vários os fatores que podem influenciar a qualidade do seu
desempenho.
As pesquisas também demonstram que todos esses fatores podem contribuir
para o aumento de comportamentos inadequados no trânsito; riscos maiores de
envolvimento em acidentes de trânsito e o aparecimento de doenças ocupacionais
como: Estresse, fadiga, ansiedade, depressão; bem como doenças
cardiovasculares, gastrointestinais, músculo-esqueléticas, entre outros.
Objetivamos com a presente investigação classificar em níveis de Estresse o
status vivendi laboral dos motoristas do transporte urbano, do município de
Sorocaba, São Paulo.
Enquanto objetivos específicos, atentamos quanto a) carctareização dos
sujeitos estudados; b) detectar os motoristas com problemas de envolvimento em
acidentes de transito; c) verificar as possíveis correlações entre o estresse do
motorista e variáveis endógenas tais como: ambiente familiar, saúde etc e suas
15
eventuais influências nos respectivos ambientes; d) observar possíveis correlações
entre o estresse do motorista e variáveis exógenas, tais como: trafego intenso, carga
horária ou poluição sonora.
Este trabalho está construído da seguinte maneira: faz-se uma introdução ao
trabalho, apresentando o objeto de conhecimento, as justificativas e os objetivo geral
e específicos.; No capítulo 2, discorre-se sobre uma completa revisão de literatura
sobre o tema, abordando-se os aspectos conceituados na literatura sobre o Estresse
em motoristas no Brasil e em particular no cenário eleito como pesquisa, ou seja, o
município de Sorocaba-SP. Já no capítulo 3 apresenta-se a metodologia e passos
que foram desenvolvidos para o alcance dos objetivos. Quanto ao capítulo 4
apresentamos os dados tabulados e discutidos em consonância com a revisão de
literatura na área; e, por último apresentam-se as conclusões a análise dos dados
coletados que por fim, conclui este trabalho de pesquisa com considerações acerca
do trabalho descritivo desenvolvido,
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2 REVISÃO DE BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Atuação do Psicólogo de Trânsito na Atualidade
A Psicologia do trânsito é um ramo da psicologia experimental que investiga,
analisa e estuda os comportamentos humanos de deslocamentos individual ou
coletivo (motorizados ou não) em função de um conjunto de normas, regras, leis ou
convenções que visam assegurar a segurança e a integridade daqueles que se
locomovem tanto em ambiente natural quanto construído.
Esta mesma autora diz que a psicologia do trânsito surgiu com o objetivo de
redução do número de acidentes, e em 1910 passa a ser pré-requisito para a
condução de veículos, sendo obrigados a se submeterem a uma bateria de testes de
inteligência.
Hoje a avaliação psicológica passa a ser mais completa e de acordo com a
resolução 80/98, são avaliadas obrigatoriamente as áreas Percepto-Reacional,
Motora e de Equilíbrio Psíquico. A Psicologia do Trânsito trabalha em sintonia com
outras ciências como e Engenharia, o Direito, a Ergonomia, o Urbanismo e a
Medicina.
O Conselho Federal de Psicologia - CFP de acordo com a resolução 02/01,
que aprova a concessão do título de especialista ao psicólogo do trânsito, determina
que a área de atuação do psicólogo inclua o estudo de processos internos e
externos do homem no que se refere à exposição ao trânsito; a relação do usuário
das vias com o ambiente, incluindo fatores sociais e políticos; o desenvolvimento de
estudos, pesquisas e a elaboração diagnóstica da estrutura dinâmica dos indivíduos
e grupos nas questões cognitivas, comportamentais, afetivas; análise dos acidentes
de trânsito; a atuação como perito em exames de habilitação, reabilitação ou
readaptação profissional (CFP, 2008).
Considerando que o motorista reage às condições de trânsito a partir de
aspectos relacionados às suas condições motoras e cognitivas que estão atreladas
aos seus valores, atitudes, hábitos e crenças, surge a necessidade de intervenção
por meio de ações educativas para o trânsito que permitam a educação para a
cidadania, onde o individuo torna-se responsável pela própria sobrevivência e
manifesta respeito aos demais e, principalmente às normas sociais, como o pedestre
condutor e passageiro (HOFFMANN, 2003).
17
Assim, a Psicologia do Trânsito pode ser definida como um estudo científico
do comportamento humano das pessoas envolvidas no trânsito, seus fatores e
processos internos e externos, consciente ou inconscientes que os provocam ou os
alteram, ou seja, todos que estão direta ou indiretamente na malha viária são
sujeitos dessa ciência, os motoristas, passageiros, ciclistas e pedestres. Desta
forma, a psicologia procura investigar os fatores determinantes do comportamento
neste espaço, de que maneira se manifestam. Bem como os diversos aspectos
psicológicos, culturais, sociais, econômicos políticos que estão relacionados a esses
comportamentos, tendo como objetivo colaborar para o bem estar e para a
segurança das pessoas em seus deslocamentos (ROZESTRATEN, 1988).
Portanto, Rozestraten (1988) considera que a psicologia do Trânsito investiga
o comportamento humano no trânsito de forma a não excluir ninguém. Ela é mais
abrangente e inclui mais categorias de indivíduos do que outras áreas da Psicologia.
Hoffman (2005), baseando-se em Rozestraten, considera que a psicologia do
Trânsito também pode ser definida como uma área da Psicologia que investiga o
comportamento do usuário das vias e os fenômenos psicossociais.
O comportamento do condutor tem sido estudado através de variáveis
considerando a procura visual, dependência de campo; estilo de percepção;
atitudes; percepção de risco; estilo de vida, procura de emoções, atribuição, excesso
de trabalho, trabalho penoso; representação social e Estresse.
2.2 Definição de Trânsito
Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,
isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,
estacionamento e operação de carga ou descarga. (Art. 1º, § 1º do CTB-Código de
Trânsito Brasileiro).
Etimologicamente transito deriva do latim transitu e significa ação de transitar;
marcha, trajeto. Segundo o dicionário Aurélio trânsito significa tráfego; movimento de
veículos motorizados ou não e pedestres numa via.
Ferreira (1975) define Trânsito como ato ou efeito de caminhar, envolvendo
movimento, circulação, afluência de pessoas e/ou veículos.
Rozestraten para ele trânsito é: “O conjunto de deslocamento de pessoas e
veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem
18
por fim assegurar a integridade de seus participantes”. (ROZESTRATEN, 1988, pág.
4).
Esta definição foi ampliada pelo mesmo autor como sendo um conjunto de
deslocamentos, em que os envolvidos são: “O homem, o carro e via, não sendo
necessário ter um objetivo. Considerando que o homem é o ser mais complexo,
neste contexto, tem maior probabilidade de desorganizar o sistema como um todo”
(ROZESTRATEN, 1988, p.5).
Ferreira (1975) define Trânsito como ato ou efeito de caminhar, envolvendo
movimento, circulação, afluência de pessoas e/ou veículos
Definição de trânsito, segundo Vasconcelos, é: “... conjunto de todos os
deslocamentos diários, feitos pelas calçadas e vias da cidade e que aparece nas
ruas na forma da movimentação geral de pedestres e veículos” (VASCONCELOS,
1985, p.11)
Segundo Tolentino (2008), trânsito é um conjunto de deslocamentos diários
de pessoas pelas calçadas e pelas vias, é a movimentação de pedestres e de
veículos. O trânsito reflete o movimento de múltiplos interesses, acontecendo em
espaço público, atendendo as necessidades de lazer, trabalho, saúde e outros,
ocorrendo de maneira intensa e com alguns conflitos.
Igor Madeira, (2009), considera o trânsito como sendo a utilização das vias
por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para
fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.
2.3 Histórico Sobre Estresse
O termo Estresse originou-se da palavra em latim stringere, que quer dizer,
promover tensão, foi utilizado tecnicamente pela primeira vez no século XIV, quando
se referiam a obstáculos, lutas e adversidades (PAVÓN, 2004, apud LIMA;
NOBREGA; CORTEZ, 2008).
O Estresse é algo que vem desde os nossos ancestrais, destinado naquela
época como forma de sobrevivência aos perigos constantes. Era um modo de
defesa as ameaças sofridas, com animais ferozes, nas disputas tribais, nas
calamidades do tempo, na busca pelo alimento e pelo espaço geográfico etc. No
homem moderno, essas ameaças tomaram outra conotação foram modificadas na
19
sua natureza, e freqüência, porém esse equipamento biológico continuou existindo o
que permitiu reagirmos diante das ameaças (BALLONE, 1997).
Ainda segundo este autor, com a mudança do modo de vida, outros perigos
acabaram por substituir aqueles que ameaçavam nossos ancestrais. Hoje “...
tememos a competitividade e a segurança social, a competência profissional, a
sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaças
abstratas e reais.” (BALLONE, 1997, p.2).
Enfim, sofre-se as mesmas ameaças que as antigas civilizações só que de
forma diferente, ou seja, na antigüidade as ameaças eram concretas, pois se sabia o
objeto a combater (fugir ou atacar), hoje em dia esse objeto de perigo vive dentro de
nós de forma simbólica, mas nem por isso menos agressiva. Naquela época o
coração acelerava, a respiração ofegava e transpirávamos diante de um animal feroz
a atacar, ficava-se estresseado diante de uma disputa sobre a tribo inimiga, hoje em
dia ficamos ansiosos diante de problemas sociais como a falta de emprego, preços
altos, dificuldades para educar os filhos, das perspectivas de um futuro incerto, dos
muitos compromissos econômicos e assim por diante (BALLONE, 1997, p.2).
Segundo Lima, Nóbrega e Cortez (2008), o período industrial merece
destaque quando se fala sobre Estresse, pois foi um momento de mudanças
significativas na vida dos trabalhadores, advindo das modificações nos modelos de
produção. Essas mudanças trouxeram consigo novas exigências e adaptações no
meio de produção, dando espaço ao surgimento do taylorismo, que visava apenas o
alcance da produtividade, através de um criterioso processo de readaptação, e
reorganização do processo de trabalho, e que até os dias atuais baseiam as gestões
empresariais.
Ainda segundo Wood, (1995) apud Lima; Nóbrega; Cortez (2008),
antigamente por volta dos anos de 1900, não se imaginava que os trabalhadores
eram portadores de necessidades que precisavam ser sanadas, para um bom
desempenho em seu ambiente de trabalho.
Baseado no trabalho de Taylor, Ford adotou várias mudanças no processo de
produção o que resultou em uma redução significativa de custos e aumento da
produtividade preservando a qualidade final do produto. As ações dos trabalhadores
eram executadas de forma mecânica, de forma a tornar harmoniosa a linha de
montagem. Essas mudanças trouxeram progresso e lucros, mais trazia aos
operários um grande desgaste físico, pelos trabalhos repetitivos, exaustivos, sem
20
nenhuma participação ativa no processo de trabalho, o que levou ao surgimento de
diversos problemas de saúde relacionado ao Estresse (LIMA; NOBREGA; CORTEZ,
2008).
Desde então o Estresse passou a ser alvo de discussões, pois percebeu-se
que se tratava de uma condição que comprometia o desenvolvimento econômico
das grandes empresas se fazendo necessário soluções emergentes. Essa
necessidade permitiu compreender que se tratava de algo complexo, de modo que
hoje várias vertentes e linhas de pesquisas buscam explicar e entender melhor seu
comportamento na sociedade, estudando formas de prevenir e controlar seus efeitos
danosos.
2.4 Estresse: Origens, Terminologia e Definições no Ambiente de Trabalho
a) Origens - Baseado nas mudanças do modelo produtivo, em 1936, Hans
Selye, emprega pela primeira vez a palavra inglesa estresse como terminologia
médica, que teve sua origem da física, passando a ser aplicada para caracterizar
agentes estresseores capazes de gerar no organismo alterações neuroendócrinas
que levam a um processo fisiológico de adaptação (JACQUES, 2003 apud LIMA;
NÓBREGA; CORTEZ, 2008).
Hans Selye, apud Figueiras e Hippert, (1999), foi o primeiro que buscou
conceituar o Estresse na dimensão biológica, alegando que o Estresse faz parte de
todas as doenças, levando a modificações na estrutura física e química, manifestada
segundo Selye pela Síndrome Geral de Adaptação, através da distensão do córtex
da supra-renal, redução dos órgãos linfáticos, perda ponderal entre outros.
Ballone expressa muito bem às fases de Estresse, descritas por Hans Selye
ao citar:
Inicialmente a reação de alarme subdivide-se em fase de choque, onde o indivíduo experimenta alterações como o aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial [...] e a fase de contrachoque, onde a pessoa sucumbiria emocionalmente diante de situações não tão ameaçadoras a outras pessoas. A fase de resistência surge quando persiste a ação do estímulo agressor [...] e na fase de esgotamento quando começam a falhar os mecanismos de adaptação [...] é uma fase grave (BALLONE, 1997, p. 6).
Voltando-se para esfera psicológica, Lazarus e Folkman (1984) apud Lima,
Nóbrega e Cortez (2008), o caracterizam o Estresse, como “... uma relação entre
21
pessoa e o ambiente, que é avaliado como prejudicial para os seu bem estar”
(LAZARUS; FOLKMAN, 1984, p. 3), o que torna o meio que o indivíduo esta inserido
como um fator relevante para o desenvolvimento do Estresse.
b) Terminologias - Nos anos 70, o Estresse passou a adotar novas vertentes
respaldadas por uma avaliação criteriosa de psicólogos, que se fundamentaram
através dos trabalhos de Selye, que sugere que o Estresse é estabelecido pela
relação de “demanda versus capacidade do indivíduo”, ou seja, a resposta ao
Estresse esta baseada na condição individual de resposta aos estímulos que os
indivíduos estão expostos (ARAÚJO; GRAÇA, 2003, apud LIMA; NÓBREGA;
CORTEZ, 2008, p.3).
Seguindo essa mesma vertente, Cox (1978) apud Lima, Nóbrega; Cortez
(2008), apresenta o Estresse ocupacional como uma intranqüilidade entre as
demandas do trabalho e a capacidade individual de perceber e atender a essas
demandas, reforçando a idéia dos psicólogos, que cada indivíduo pode responder de
forma diferente a níveis diferentes de Estresse.
Ainda segundo Hans Selye apud Siqueira et al. (2002), quando o organismo
sofre estímulos que alteram seu equilíbrio, ele tenta responder reagindo com
respostas direcionadas, independente do agente estresseor, o que desencadeia
uma resposta negativa no caso de um processo adaptativo ineficaz, ou até mesmo
doenças, sendo assim denominado de diestresse, ou gerando uma adaptação
positiva, provocando uma sensação de prazer e bem-estar sendo nesse caso
denominado de euestresse.
Logo, a resposta aos agentes estresseores pode ser do tipo “... fisiológico,
físicos e psicossociais. Os físicos incluem o frio, o calor e agentes químicos, o
fisiológico engloba dor e fadiga e os exemplos de estresseores psicossociais, são: o
medo de falhar em um exame e perder um emprego.” (BRUNNER; SUDART 2005,
p. 86).
Ballone (1997) ainda enfatiza que, os agentes estresseores podem ter duas
origens, externas e internas. Os estresseores externos representam as ameaças do
dia-a-dia de cada um, seja ela uma ameaça física, moral ou econômica, entre outras.
Enfim, são ameaças exteriores à pessoa. Já as ameaças internas são oriundas dos
conflitos pessoais de cada um, e refletem sempre nossa sensibilidade afetiva diante
da vida, das expectativas futuras, da situação atual e até mesmo das desarmonias
passadas.
22
Verifica-se isto em:
Como se suspeita, no ser humano os estímulos internos são aqueles que desempenham maior papel no desenvolvimento e manutenção do Estresse. Essas ameaças normalmente são interiores, abstratas, continuamente presentes e freqüentemente invencíveis (BALLONE, 1997, p.11).
Existe ainda, uma questão de gênero envolvendo o Estresse que coloca a
mulher, como mais predisposta ao desenvolvimento do Estresse, causado pelos
múltiplos papéis assumidos por elas, além de exercer uma atividade profissional o
que a remetem a determinadas situações em que se sentem impotentes e frustradas
por não conseguirem harmonizarem suas diversas atividades (PAFARO; MARTINO
2004).
c) Definições no Ambiente de Trabalho - No que se refere ao Estresse
envolvendo o ambiente de trabalho, hoje surge o conceito da síndrome de Burnout,
desenvolvido na década de 70 por psicólogos, considerado como um
desenvolvimento mais importante do Estresse profissional, principalmente aqueles
que atuam no contato com outras pessoas. Os autores consideram essa síndrome
uma resposta emocional a situações de Estresse crônico, causados através das
relações muito próximas no ambiente de trabalho e nas expectativas criadas que
muitas vezes não são alcançadas, resultando em total exaustão decorrente de
esforço excessivo e continuo (SIQUEIRA et al., 2002).
Portanto, a etiologia do Estresse envolve uma dimensão biopisicosocial, que
precisa ser entendida e explorada para que se possa ser trabalhada de forma mais
efetiva, na sua prevenção evitando assim os seus efeitos danosos.
2.5 Fases do Estresse
De acordo com Lipp (2000), o estresse pode ser determinado como uma
reação do organismo, que mistura componentes físicos, psicológicos, mentais e
hormonais, que ocorre quando desperta a necessidade de uma adaptação grande a
um evento ou situação de importância. Este evento pode ter um sentido negativo ou
positivo.
A primeira pessoa no meio científico, a utilizar o termo “estresse” na área de
saúde, foi o médico endocrinologista Hans Selye, na década de 30, após notar que
23
muitas pessoas sofriam de doenças físicas e reclamavam de sintomas comuns. Tais
observações o levaram a investigações científicas em laboratórios, com animais, e,
em 1936, a definir "estresse" como "o resultado inespecífico de qualquer demanda
sobre o corpo, seja de efeito mental ou somático, e "estresseor", como todo agente
ou demanda que evoca reação de Estresse, seja de natureza física, mental ou
emocional” (SELYE apud CAMELO; ANGERAMINI, 2004).
O sentido clássico da palavra Estresse fica claro na seguinte afirmação:
A palavra Estresse, com esse sentido, determina o total de todos os efeitos não-específicos de fatores (atividade normal, agentes produtores de doenças, drogas etc) que podem agir sobre o corpo. Esses agentes são denominados estresseores quando tratamos de sua característica de produzir Estresse (COSTA, LIMA; ALMEIDA, 2003).
Recentemente, muitos pesquisadores da área da saúde têm corrido atras de
estudar e entender melhor os efeitos relacionados ao estresse, em função da
preocupação com os prejuízos que ele possa vir a causar para a qualidade de vida
do ser humano. (STRAUB apud MALAGRIS; FIORITO, 2006).
O estresse contribui para o organismo se adaptar frente a situações de risco,
sendo a princípio uma reação orgânica benéfica. Porém quando em excesso, este
processo adaptativo pode se tornar perigoso para o indivíduo (LIPP; MALAGRIS
apud MALAGRIS; FIORITO, 2006).
Fundamentado em seus estudos, Selye (apud CAMELO; ANGERAMINI,
2004) descreveu ainda a Síndrome Geral de Adaptação (SAG), que pode ser
definida como o conjunto de reações do organismo, em reposta a exposição
prolongada a agentes estresseores. Esta síndrome foi caracterizada por Selye, como
um processo trifásico, composto pelas fases de alerta, resistência e exaustão.
No entanto, Lipp (2000, p. 13), durante a padronização do Inventário de
Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp identificou tanto em nível clínico quanto
estatístico, uma quarta fase de estresse, a qual denominou de quase-exaustão,
encontrando-se entre a fase de resistência e exaustão.
Conforme descrito a seguir, o modelo quadrifásico de Lipp é uma extensão do
modelo trifásico de Selye. Cada fase possui um conjunto próprio de sintomas físicos
e psicológicos que as distinguem entre si quanto à gravidade do processo (LIPP,
2000).
24
Neste sentido os modelos devem ser considerados sempre com a análise das
suas incompletudes, ou seja, com a consideração de que são modelos e que não
necessariamente representam a realizadade por completo e sim um ensaio sobre a
mesma.
a) Fase de Alerta
É a fase positiva do estresse, quando o ser humano se confronta inicialmente
com um agente estresseor e o seu organismo se prepara automaticamente para a
ação. Nesta fase, ocorre o mecanismo de luta ou fuga, caracterizado pela produção
e ação de adrenalina e noradrenalina, que tornam a pessoa mais atenta, mais forte e
mais motivada. Sintomas característicos desta fase incluem: tensão muscular, mãos
frias e suadas, sensação de nó no estômago aumento da transpiração, taquicardia e
entusismo súbito. Quando o estresseor tem uma duração curta, a adrenalina é
eliminada, ocorre a restauração da homeostase e a pessoa sai dessa fase sem
complicações para o seu bem-estar.
b) Fase de Resistência
Se a fase de alerta é mantida por períodos muito prolongados ou se novos
estresseores se acumulam, o organismo vai agir para impedir o desgaste completo
de energia entrando na fase de resistência, quando se resiste aos agentes
estresseores e se busca, inconscientemente, restabelecer o equilíbrio interior
(homeostase) que foi quebrado na fase de alerta. Quando o organismo obtém
sucesso, os sintomas iniciais desaparecem e a pessoa tem a impressão de que está
melhor. Quando não consegue, a grande quantidade de energia utilizada para
restabelecer a homeostase interior, faz com que a produtividade do indivíduo caia
dramaticamente e ele passe a apresentar sintomas como: problemas com a
memória, mal estar generalizado sem causa específica e cansaço constante. Outra
particularidade desta fase é a produção de cortisol. Além disso, a vulnerabilidade da
pessoa a vírus e bactérias se acentua e várias doenças já começam a surgir nesta
fase, dentre elas, picos de hipertensão, herpes simples, psoríase e até o diabetes
nas pessoas geneticamente predispostas a ele.
c) Fase de Quase-exaustão
Quando a tensão imposta pelos agentes estresseores ultrapassa o limite do
gerenciável, a resistência física e emocional do indivíduo começa a se
deteriorar.Ainda há momentos que a pessoa consegue pensar lucidamente, tomar
decisões, rir de piadas e trabalhar, porém tudo isso é feito com esforço e estes
25
momentos de funcionamento normal, são intercalados com momentos de total
desconforto. Há bastante ansiedade nesta fase. O cortisol passa a ser gerado em
maior quantidade e começa a ter o efeito negativo de acabar com as defesas
imunológicas. As doenças que surgem na fase de resistência tendem a aumentar e
novas doenças começam a surgir.
d) Fase de Exaustão
É a fase mais negativa do estresse. É patológica e ocorre quando o
estresseor dura por mais tempo ou quando outros estresseores ocorrem,
simultaneamente, evoluindo o processo de estresse. Nesse percurso, instala-se a
exaustão psicológica, em forma de depressão. A pessoa não consegue concentrar
ou trabalhar. A exaustão física se manifesta e as doenças aumentam, inclusive
doenças graves. É caracterizada pelo aparecimento dos sintomas da primeira fase,
além de outros tais como: insônia, problemas dermatológicos, estomacais,
cardiovasculares, instabilidade emocional, apatia sexual, ansiedade aguda,
inabilidade de tomar decisões, vontade de fugir de tudo, autodúvida, irritabilidade.
Na área física, caracteriza-se com a presença de hipertensão arterial, úlceras
gástricas, retração de gengivas, psoríase, vitiligo e em casos mais graves, poderá
ocorrer, inclusive, a morte (LIPP, 2000).
2.6 Agentes Estresseores
Lipp e Rocha (apud MALAGRIS; FIORITO, 2006), definem os agentes
estresseores, como “qualquer evento que confunda, amedronte, ou excite a pessoa”,
podendo ser de origem interna ou externa ao individuo. De acordo com Lipp e
Malagris (2001, p. 480), os estímulos internos são:
[...] tudo aquilo que faz parte do mundo interno, das cognições do indivíduo, seu modo de ver o mundo, seu nível de assertividade, suas crenças, seus valores, suas características pessoais, seu padrão de comportamento, suas vulnerabilidades, sua ansiedade e seu esquema de reação à vida. (LIPP, MALAGRIS, 2001, p. 480).
Malagris (2001) cita ainda como fatores estresseores internos as expectativas
irrealistas, cognições distorcidas, perfeccionismo, sonhos inalcançáveis, desejos e
fantasias que passam a ser vistos como realidades que cada ser humano muitas
vezes tem para si próprio e para os outros ao seu redor, a relação do indivíduo com
26
o meio em que vive, como enfrenta as dificuldades e mudanças no trabalho e sua
limitações (LIPP; MALAGRIS, 2001, p. 481).
Já os estímulos externos se referem aos fatos que estão relacionados ao dia
a dia da pessoa, tais como: dificuldades financeiras, acidentes, mortes, doenças,
conflitos, questões político-econômicas do país, ascensão profissional, desemprego
e problemas ligados a atividade profissional exercida (LIPP; MALAGRIS, 2001, p.
481).
O aumento de estresse excessivo acaba sendo determinado pela junção de
estímulos externo e internos. A interpretação inadequada destes eventos
estresseores pelo indivíduo é um dos principais fatores que contribuem para o
desenvolvimento do Estresse excessivo, embora alguns acontecimentos sejam
realmente estresseantes, tais como calor, frio, fome e dor (EVERLY apud
MALAGRIS; FIORITO, 2006).
2.7 Sintomas do Estresse
A lista de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp (LIPP, 2000) nos
permite a identificação da sintomatologia apresentada pelo paciente, verificando a
presença ou não de sintomas de estresse, o tipo presente (somático ou psicológico)
e em qual fase do estresse se encontra o indivíduo. Essa lista tem embasamento
nos princípios de Selye, sendo de grande importância no nível clínico, uma vez que
possibilita um diagnóstico rápido de estresse, proporcionando uma ação terapêutica
imediata.
De acordo com Carvalho e Serafim (apud MARTINS, 2005), o sistema
nervoso central promove diversas transformações químicas no corpo do paciente
com estresse, produzindo uma variada sintomatologia. Além disso, os autores citam
que os centros nervosos do corpo se informam a respeito da ação dos agentes
estresseores, sejam eles internos ou externos, através de mensagens originarias de
terminações nervosas sensitivas. Quando estes sinais sensitivos alcançam a
glândula supra-renal, ocorre a produção de adrenalina, responsável direta por uma
grande parte dos sintomas relacionados ao estresse.
A maioria dos sintomas do estresse, como os provocados pela produção
elevada de adrenalina, entre os quais taquicardia, sudorese excessiva e respiração
rápida e ofegante são de fácil identificação. Porém, outras manifestações como
27
dúvidas quanto a si próprio, hipersensibilidade emotiva, dificuldade de
relacionamento interpessoal e pensamento constante sobre um único assunto, se
manifestam de forma mais sutil, dificultando o diagnóstico da sua apresentação
(LIPP e MALAGRIS, 2001).
2.8 Sindrome de Burnout
a) Características
Recentemente, alguns autores a (KRISTENSEN, 2002; COVOLAN, 1996;
HERNÁNDEZ, 2003; MALAGRIS, 2004; VOLPATO et al., 2003, apud CARVALHO;
MALAGRIS, 2007) têm se mostrado preocupados com a evolução do estresse
ocupacional para a síndrome do burnout. De acordo com Freudenberger (apud
SEGANTIN; MAIA, 2010), o burnout pode ser caracterizado como um estado de
esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade ocupacional.
Essa síndrome prejudica principalmente profissionais que mantêm uma
relação constante e direta com outras pessoas durante o serviço, como é o caso de
profissionais de saúde, policiais, carcereiros, assistentes sociais e professores.
(COSTA, LIMA; ALMEIDA, 2003), ou seja, não é uma síndrome de uma profissão
específica e sim de um conjunto de quadros que convergem para os mesmos tipos
de acometimentos.
Como citam Borges, Argolo, Pereira, Machado e Silva, 2002: ajudar outras
pessoas sempre foi reconhecido como objetivo nobre, mas apenas recentemente
tem sido dada atenção para os custos emocionais da realização do objetivo. O
exercício destas profissões implica uma relação com o cliente permeada de
ambigüidades, como conviver com a tênue distinção entre envolver-se profissional e
não pessoalmente na ajuda ao outro.
Delvaux, citado por França e Rodrigues (apud (apud SEGANTIN; MAIA, 2010)
caracteriza o Burnout emocional da seguinte forma:
28
Quadro 1 Burnout emocial: fases e características
Fases Características
Exaustão emocional
Ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros. Surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, sinais de ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças, principalmente daquelas denominadas de adaptação ou psicossomáticas.
Despersonalização Corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha tratando-as como objetos.
Diminuição da realização e
produtividade profissional
Geralmente conduz a uma avaliação negativa e baixa de si mesmo.
Depressão Sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta os pensamentos, sentimentos e o comportamento social. Estas podem ser breves, moderadas ou até graves.
Fonte: Adaptado de Benevide-Pereira (2007).
Deve-se envidenciar que estes acometimentos são os mais prevalentes o que
não obsta a ação de outros em concomitancia ou não.
Os principais estresseores ocupacionais, em profissionais de saúde,
associados ao desenvolvimento da síndrome de burnout são (BENEVIDES-
PEREIRA, apud SEGANTIN e MAIA, 2007):
b) Quanto a organização do trabalho
Conflito e ambigüidade de papéis, falta de participação nas decisões, plantões
(principalmente os noturnos), longas jornadas de trabalho, rodízio de horários,
número insuficiente de pessoal, recursos escassos, sobrecarga de trabalho, falta de
treinamento notadamente às novas tecnologias, mudança constante deregras,
excesso de burocracia, excesso de horas extras, clima tenso de trabalho.
c) Quanto ao convívio profissional
Relacionamento muitas vezes conflituoso com outras equipes - como por
exemplo, com as equipes de suporte e até mesmo com a equipe administrativa das
empresas de transporte envolvidas.
d) Quanto a agentes físicos
Ambiente propício a riscos químicos, físicos (ruídos, radiações, etc.) e
biológicos (bactérias, fungos, vírus, etc.), mecânicos (transporte e/ou movimentação
29
e posicionamento de passageiros; acondicionamento e preparo de materiais e
equipamentos), psicossociais, enfim, um cenário de alta periculosidade e exposição
para o motorista.
e) Quanto à vida pessoal
Turnos rotativos que dificultam a convivência social e familiar, dificuldade em
conciliar o trabalho com atividades extra-profissionais, inclusive de aperfeiçoamento
e crescimento profissional, conflito entre os valores pessoais.
f) Quanto à atividade profissional
Interação próxima com o paciente, contato constante com o sofrimento, a dor
e muitas vezes a morte, complexidade de alguns procedimentos, responsabilidade
muitas vezes implicando manutenção da vida de outrem.
Estresse ocupacional é o termo utilizado quando a principal fonte de Estresse
encontra-se no trabalho. O trabalho ocupa o lugar central na vida das pessoas e o
ambiente organizacional é uma forma potencial de Estresse (COOPER; COOPER;
EAKER, apud LIPP, 1988).
Reinhold (1984) define o Estresse ocupacional como um estado desagradável
que advém de aspectos do trabalho que o indivíduo considera ameaçadores à sua
autoestima e ao seu bem-estar.
Para Lipp e Malagris (2001, p. 483), “O Estresse ocupacional pode ser
decorrente de uma variedade de fontes, algumas delas pertencentes ao ambiente de
trabalho e as condições e outras decorrentes do próprio individuo. As fontes
estresseoras do ambiente podem ser: chefia autoritária, falta de apoio dos colegas,
horário inadequado, condições físicas inapropriadas entre outras. As fontes
decorrentes da própria pessoa estão relacionadas aos [...] eventos que adquirem a
capacidade de estressear uma pessoa ou não em função de sua historia de vida, o
que fara que haja uma grande variação de um individuo para outro “.
Segundo Jex (1998), as definições de estresse ocupacional podem referir-se
a três aspectos. No primeiro deles o Estresse refere-se aos estímulos estresseores.
Ou seja, o Estresse ocupacional deriva dos estímulos do ambiente de trabalho que
exigem respostas adaptativas por parte do empregado e que ultrapassam a sua
habilidade de enfrentamento; estes estímulos são comumente denominados de
estresseores organizacionais. O Estresse ocupacional também pode constituir-se
como respostas aos eventos estressores sendo as respostas (psicológicas,
fisiológicas e comportamentais) que os indivíduos fornecem quando são submetidos
30
a situações de trabalho que excedem sua habilidade de enfrentamento. E por último
têm-se os estímulos estresseores-respostas. É quando o estresse ocupacional
refere-se ao processo geral em que demandas do trabalho impactam nos
empregados (JEX, 1998).
Mesmo entre a diversidade de definições e modelos, a grande maioria das
abordagens concorda com o pressuposto de que as percepções são mediadoras do
impacto do ambiente de trabalho (JEX, 1998; LAZARUS, 1995).
Caplan (1983) considera o estresse ocupacional como o resultado de um
desajuste entre o que a pessoa tem e o que o trabalho lhe fornece, isto é, entre os
recursos pessoais que ela dispõe para desempenhar as tarefas que lhe competem e
as demandas do contexto de trabalho. O estresse ocupacional pode ser definido,
portanto, como um processo em que o indivíduo percebe exigências do trabalho
como estresseores, os quais, ao exceder sua habilidade de enfrentamento,
provocam no sujeito reações negativas (ALBRECHT, 1998). De acordo com Albrecht
(1988) os fatores que mais frequentemente contribuem para o estresse podem ser
agrupados em três tipos de fatores: físicos, sociais e emocionais. Dentre os fatores
físicos o autor inclui quantidade excessiva de calor, frio, umidade, secura, barulho,
vibração, poluidores do ar, lesões físicas, sol forte, radiação ultravioleta ou
infravermelha, máquinas perigosas, animais perigosos e substâncias potencialmente
explosivas ou tóxicas. Quanto aos fatores sociais encontram-se chefia, colegas de
trabalho, clientes, pessoas perigosas ou potencialmente perigosas, investigação
pública das atividades da pessoa, grupos (comitês ou “judiciais”) aos quais se deva
prestar contas. E por último estão os fatores emocionais, que podem ser prazos,
risco percebido de lesão física, risco financeiro pessoal, medo de perder status ou
auto-estima, expectativa de fracasso e expectativa de desaprovação de outras
pessoas importantes.
Erosa (2001) enumera algumas condições estresseantes no ambiente laboral:
sobrecarga de trabalho, excesso ou falta de trabalho, rapidez em realizar a tarefa,
necessidade de tomar decisões, fadiga por esforço físico importante, excessivo
número de horas de trabalho e mudanças no trabalho. Como foi descrito, existem
inúmeros fatores que podem ser avaliados como estresseores no ambiente
organizacional. E, em algumas profissões, em virtude da própria natureza do
trabalho os indivíduos ficam expostos a um maior número de estresseores, tanto
físicos quanto psicossociais.
31
Dentre as profissões consideradas estresseantes destaca-se a do motorista e,
em particular, a do motorista de ônibus urbano (CORONETTI, 2006).
Neste sentido o estresse ocupacional em motoristas de ônibus urbano
encontra-se entre os perfis de estresses mais densos na atualizade no Brasil não
apenas por sua alta desensidade de agentes estressores mais também e sobretudo
por sua constante exposição aos mesmos.
De acordo com Perkins (apud SADIR; COLS, 2010), o estresse ocupacional
pode ser descrito como o estado emocional resultante das relações entre o individuo
e o seu ambiente de trabalho. Quando há divergência entre e o nível de exigência
profissional e a capacidade do organismo de gerenciar essa carga de trabalho,
ocorre um desgaste orgânico excessivo, que resultará em diminuição da
produtividade e o surgimento de sintomas relacionados ao estresse.
Entre as principais demandas ocupacionais consideradas estresseantes
estão: sobrecarga de trabalho, condições de periculosidade, trabalho por turnos e
trabalho noturno, interação constante com outras pessoas igualmente ou
superiormente estressadas, exposição a ruídos, insalubridade, intoxicação,
iluminação, clima e disposição do espaço físico para o trabalho (ergonomia), falta de
condições de trabalho, insegurança, intempéries etc; ou seja, todas as condições
que habitam o universo de trabalho dos motoristas de ônibus urbano, não apenas no
município de Sorocaba, mas também em todo o Brasil.
Além deste cenário, motoristas de ônibus ainda estão freqüentemente
expostos a estresseores ocupacionais adicionais, como o fato de trabalhar em
contato direto com pessoas que estão, geralmente, igualmente estressadas, e isto
faz com que a forma como esses profissionais lidam com tais sentimentos e
emoções constitui um importante fator de motivação para aliviar o sofrimento alheio
e oferecer um atendimento qualificado. Desta maneira, o estresse relacionado à
interação pessoas igualmente estressadas pode desencadear determinados
comportamentos e emoções de modo a gerar implicações em sua capacidade de
trabalho, seu bem-estar e sua vida pessoal (BEVERLY, BRIAN, 1991).
32
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia da pesquisa pode ser dividida nas seguintes categorias e
classificações, a citar:
3.1 Ética
Os preceitos éticos apregoados pela Bio-ética foram respeitados – sigilo e
voluntariado, beneficência, não-malefício e equidade/justiça social. A Resol 196/96
do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, do Conselho Nacional de
Saúde, do Ministério da Saúde assinala para o repeito às normatizações. Em
especial no que refere-se ao preenchimento dos Termos de Consentimento Livre e
Esclarecido da mesma por parte dos entrevistados e o respeito e integridade das
informações constantes nos questionários de pesquisa e opiniões dos entrevistados.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal numa abordagem
quantitativa.
3.3 Universo
O universo dos motoristas, na ativa, de ônibus urbano no município de
Sorocaba, na grande São Paulo.
Como sujeitos da pesquisa e amostras utilizou-se o conjunto representativo
de alunos em avaliação psicológica em uma escola de treinamento para o trânsito e
que enquadram-se no perfil do universo amostral eleito na pesquisa, ou seja, o
conjunto aleatório de motoristas de ônibus urbano no município de Sorocaba na
grande São Paulo.
3.4 Sujeitos e Amostra
A amostra, por conveniência, foi constituída por 27 sujeitos, de ambos os
sexos.
33
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
A coleta de dados ocorreu com o uso dos seguintes instrumentos, a citar:
Na avaliação do Estresse foi utilizado “Inventário de Sintomas de Estresse de
Lipp” (ISS) que já é devidamente validado para sujeitos a partir de 15 anos, o que
em si é minimamente superior ao nosso universo amostral, visto que a faixa etária é
superior à base do ISS.
O ISS está lastreado no que se constitui de uma lista de sintomas físicos, tais
como: boca seca, tensão muscular, formigamento das extremidades etc, bem como
sintomas psicológicos, a citar: dúvida quanto a si mesmo, aumento súbito de
motivação, perda do senso de humor etc, que, em si, são divididos em 3 quadros.
Onde cada quadro a ser preenchido corresponde a uma das fases do modelo. O
respondente deve indicar primeiro quais os sintomas do primeiro quadro que
experienciou nas últimas 24 horas. A seguir deve assinalar que sintomas sentiu na
última semana dentre os apresentados no quadro 2 e finalmente deve assinalar,
dentre os sintomas físicos e psicológicos do quadro 3, quais experienciou no último
mês (DEJOURS, 1992).
O ISS permite diagnosticar se a pessoa tem estresse, em que fase do
processo se encontra (alerta, resistência e exaustão) e se sua sintomatologia é mais
típica da área somática ou cognitiva (CALAIS, 2003, p. 260).
3.6 Procedimentos para Coleta de Dados
Os procedimentos de coleta de dados refletem a forma aleatória da escolha
dos entrevistados após a detecção de que trata-se de que o mesmo pertença ao
universo amostral eleito.
3.7 Procedimentos para Análise dos Dados
As etapas previstas para a pesquisa preconizam a elaboração do projeto de
pesquisa, elaboração de questionário de pesquisa específico, definição de universo
de pesquisa e espaço amostral bem como o tamanho da amostra. Isto posto, tem-se
a etapa de aplicação dos questionários, filtragem de questionários em
34
inconformidade, tabulação e gráficos dos quesitos inquisitados, e, por fim, os
comentários dos itens elencados.
A análise dos dados foi realizada através do micro-software Excel 2010, para
o tratamento dos dados e com leitura crítica dos comentários dos entrevistados.
35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o intuito de detectar a existencia do estresse e da síndrome de burnout
nos motoristas de ônibus urbano no município de Sorocaba aplicou-se em um
universo amostral aleatoriamente escolhido de motoristas que enquadravam-se no
perfil da pesquisa e que tenham concordado com a mesma em conformidade aos
ditames do termo de livre esclarecimento apenso à mesma os questionamentos que
refletem a detecção de algumas variáveis tais como:
Registra-se que todos os entrevistados preencheram de forma coerente estes
dados de forma que pode afirmar que a maioria dos mesmos são do sexo masculino,
pois, dos vinte e sete entrevistados apenas 3 são mulheres, conforme verifica-se no
gráfico 1.
Gráfico 1 Distribuição percentual segundo sexo dos motoristas participantes da pesquisa.
Fonte: Dados da Pesquisa. Sorocaba/SP. 2013.
Tendo-se verificado que a maioria dos entrevistados tinha uma faixa etária de
32 anos, onde tem-se apenas um deles com 61 anos e o mais jovem com 28 anos,
Desta forma o perfl retradado é de uma faixa etária média de 32 anos para os
motoristas de ônibus urbano do município de Sorocaba, São Paulo.
Registra-se que a grande maioria declarou-se não portador de deficiência
física e apenas um dos entrevistados fez o registro de portador apresentando a
declaração de deficiente.
36
Este cenário evidencia que a, em geral, os motoristas de ônibus urbano não
são portadores de deficiência física ou quando o são a mesma não compromete o
trabalho ou a ação correta do mesmo.
Os resultados apresentados no gráfico 2, demonstra que, dos entrevistados,
apenas 5 dos mesmos declararam a administração de medicamentos, ou seja, 25%
dos mesmos, o que pode ser considerado normal em um universo finito e limitado de
análise.
Registra-se também que este perfil de análise nos permite associar a
administração de medicamentos a potencias enfermidades associadas ao cenário de
trabalho em análise.
Gráfico 2 Distribuição percentual referente a utilização de medicamentos pelos motoristas participantes da pesquisa.
Fonte: Dados da Pesquisa. Sorocaba/SP. 2013.
Observou-se, analisando o gráfico 3, que 7, dos 20 entrevistados,confessam
já terem sofrido alguma forma de tontura, vertigens ou desmaios, o que determina
um grande percetual no universo pesquisado, visto que, estes sintomas não
deveriam acometer a pessoas no ambiente salutar de trabalho, quiçá no dia a dia
das mesmas.
37
Gráfico 3 Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado nas últimas 24 horas, pelos motoristas.
Fonte: Dados da Pesquisa. Sorocaba/SP. 2013.
Desta maneira este indicador já nos alerta para um quadro anormal no
ambiente de trabalho em análise, pois verifica-se a prevalência de alguns
acometimentos anormais, e que também podem ser notados em um horizonte
cronológico maior, gráfico 4.
38
Gráfico 4 Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado na última semana, pelos motoristas.
Fonte: Dados da Pesquisa. Sorocaba/SP. 2013.
Pode-se verificar também o mesmo quadro em um horizonte cronológico de 1
ano, conforme verifica-se no gráfico 5.
39
Gráfico 5 Distribuição percentual segundo sintomas que tem experienciado no último mês, pelos motoristas.
Fonte: Dados da Pesquisa. Sorocaba/SP. 2013.
Apenas um dos entrevistados declara-se já tendo usufruído de algum tido de
tratamento psiquiátrico, o que registra um indicativo de análise mais cuidadosa do
mesmo não descartando a possiblidade do tratamento já ter obtido êxito e o mesmo
não mais o demandar. Não obstante trata-se de indicativo de baixo percentual no
universo pesquisado. E, apenas um dos entrevistados registra algum tipo de
acometimento das enfermidades descritas neste item, não obstante a prática dos
periódicos na área é altamente recomendada para que as mesmas, quando
detectadas a tempo, sejam bem administradas permitindo-se uma qualidade de vida
mais aceitável de quando o seu conhecimento prévio. Entretanto, mais da metade
dos entrevistados registram algum tipo de cirurgia já praticada, ou seja, dos vinte
entrevistados, treze indicam a prática de cirrurgia de algum tipo, o que indica um
percentual alto no universo estudado e demonstra um alto grau de intervenção
cirúrgica neste universo.
40
Quase metade dos entrevistados são usuários de álcool ou algum tipo de
droga, ou seja, nove, dos vinte entrevistados declaram-se usuários de algum tipo de
droga, lícita ou ilícita. Esta informação configura-se de forma preocupante para os
gestores do processo, visto que, além de outros agravantes, o uso de algum tipo de
droga é fator catalizador de diversos tipos de problemas para o mesmo e para os
usuários do sistema bem como de transeuntes no município.
Neste sentido este indicador também é fator sinalizador do estresse no
sistema, pois, muitos adotam o uso de drogas como atenuante aos fatores
estressores e afns.
Verificou-se também que mais da metade dos entrevistados já sofreram
algum tipo de acidente de trânsito, ou seja, dos vinte entrevistados, treze declaram já
ter sofrdo algum tipo de acidente de trânsito.
Considera-se mais da metade um alto percentual para acidentados em
trânsito, em especial quando trata-se de motoristas profissionais e com gabarito para
o trato da condução no trânsito.
Quanto a opinião dos motoristas sobre a redução de acidentes de trânsito.
Neste item, que trata de pergunta objetiva para resposta em aberto, objetivando que
cada entrevistado possa opinar sobre o mesmo, verificam-se sugestões indexadas
ao aumento da rigidez das regras do trânsito, o aumento das exigências e
treinamentos bem como a sugestão da proibição do pagamento de fianças para os
causadores de acidentes. Também fica registrado a demanda de um maior espaço
de tempo de descanso entre as jornadas, o que por si só já indica um forte
componente estressor, pois, jornadas longas e com pouco espaço de tempo para o
descanso entre as mesmas levam a fadiga e a longa exposição a ambientes com
altas doses de elementos estressores.
Por fim registra-se também uma forte demanda por treinamento e educação
continuada para o trânsito.
Os principais sintomas para o último dia de trabalho registrado indicam em
altos percentuais dos entrevistados: mãos e pés frios, boca seca, nó ou dor no
estomago, tensão muscular em demasia, diarréia passageira, irritabilidade
excessiva, mudança de apetite repentina, vontade subida de iniciar novos projetos
formigamento nas extremidades, vontade de fugir de tudo, cansaço constante.
Este cenário, não apenas para o último dia, semana ou mês de trabalho
indica a presença de elementos estressores de forma a consubstanciar um ambiente
41
fortemente tendendioso à explosão do estresse por parte dos funcionários
envolvidos nesta realidade.
42
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o exposto, na revisão de literatura posta e consultada bem como na
pesquisa de campo consolidada o que pode-se verificar é que, para motoristas
profissionais de ônibus urbanos da cidade de Sorocaba, na grande São Paulo,
verificas-se, com a amostra analisada, um cenário heterogêneo com regstros de
exaustão emocional, despersonalização das atividades laborais dos motoristas, com
a externalização de ações e desejos exógenos ao ambiente de trabalho culminando
com a diminuição da realização profissional de cada um dos trabalhadores
analisados e também com a redução de produtividade profissional dos mesmos, e,
em muitos casos expondo ao risco e ao perigo iminente de acidentes e mãos tratos
no dia a dia do transporte urbando consubstanciando-se assim um cenário
retroalimentado de depressão para todos os envolvidos, ou seja, não apenas os
motoristas analisados, como também os usuários de todo o sistema.
Este cenário proporciona um conflito constante bem como ambigüidades de
papéis, falta de participação nas decisões, plantões ou turnos de trabalho longos
(principalmente os noturnos), um conjunto de rodízio de horários que desproporciona
as ações sociais dos indivíduos além de um número insuficiente de pessoal,
recursos escassos, sobrecarga de trabalho, enfim, toda a sorte de circusntancias
que prejudcam a curto, médio e a longo prazo a vida destes trabalhadores,
proporcionando um relacionamento muitas vezes conflituoso com outras equipes -
como por exemplo, equipe de manutenção ou até mesmo dos setores
administrativos das empresas envolvidas.
Além disto, registra-se também que o ambiente de trabalho é altamente
propirico a riscos químicos, biológicos, físicos (ruídos, radiações, etc.), mecânicos
(transporte e/ou movimentação), psicossociais, enfim, a acidentes de uma maneira
geral.
A partir da pesquisa realizada, pode-se então concluir que o Estresse dos
motoristas de transporte urbano já se configura como um problema de saúde
pública. É uma situação que envolve direta, ou indiretamente muitas pessoas, que
são familiares, profissionais de saúde, passageiros, pedestres. Com embasamento
na pesquisa bibliográfica, conseguimos apresentar informações que contribuíram
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para o nosso conhecimento sobre o assunto específico, Estresse em motoristas de
transporte urbano, esclarecendo dúvidas sobre a temática.
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