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UNINGÁ UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA EDUARDO CARVALHO DA SILVA MÉTODOS DE REMOÇÃO DE PINOS INTRARRADICULARES PASSO FUNDO 2007

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UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ

FACULDADE INGÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENDODONTIA

EDUARDO CARVALHO DA SILVA

MÉTODOS DE REMOÇÃO DE PINOS INTRARRADICULARES

PASSO FUNDO

2007

EDUARDO CARVALHO DA SILVA

MÉTODOS DE REMOÇÃO DE PINOS INTRARRADICULARES

Monografia apresentada à Unidade de Pós-Graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Orientador: Dr. José Roberto Vanni

PASSO FUNDO

2007

EDUARDO CARVALHO DA SILVA

MÉTODOS DE REMOÇÃO DE PINOS INTRARRADICULARES

Monografia apresentada à Unidade de Pós-Graduação da Faculdade Ingá-UNINGÁ-Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Endodontia. Orientador: Dr. José Roberto Vanni

Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. José Roberto Vanni

Prof. Ms. Mateus Silveira Martins Hartmann

Prof. Ms. Cristiano Magagnin

PASSO FUNDO

2007

RESUMO

Frente à necessidade de retratamento endodôntico em um dente portador de pino intrarradicular, torna-se indispensável a remoção deste, para o posterior esvaziamento do canal radicular, a reinstrumentação e a reobturação. A remoção de pinos intrarradiculares é um procedimento que exige o conhecimento das variadas modalidades e instrumentos existentes, e de suas respectivas indicações e contra-indicações, a fim de que se possa proceder da forma mais segura possível. A presente revisão de literatura, realizada através de levantamento bibliográfico, teve como objetivo o conhecimento de diferentes metodologias, assim como o relacionamento entre suas respectivas abordagens e indicações. O desenvolvimento deste trabalho permitiu concluir que muitos dentes, portadores de pino intrarradicular, têm necessidade de retratamento endodôntico, fazendo com que o conhecimento dos vários dispositivos de remoção se torne imprescindível na prática odontológica. O uso adequado de cada método, com sua técnica corretamente aplicada, ajuda o profissional a realizar um procedimento mais seguro, confortável e em menor tempo. Palavras-chave: Endodontia. Métodos. Remoção. Pinos dentários.

ABSTRACT

When endodontic retreatment is necessary in teeth with intracanal post, its post removal is essential for further cleaning, reshaping and refillment. Intracanal posts removal is a procedure that needs the knowledge of different existing techniques and its respective indications and contraindications so that it can proceed with most possible safety. The present project, made through a literature review, had as objective the acknowledgement of different kinds of methods, as well as the relationship of its respective techniques and indications. The work development allowed concluding that many teeth with intracanal posts have the necessity of endodontic retreatment, making knowledge of its methods to become essential in the daily practice. The proper use of each method with its technique correctly applied helps the professional to carry a safer, comfortable and faster procedure. Keywords: Endodontics. Methods. Removal. Dental Pins.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 06

2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 07

3 CONCLUSÃO................................................................................................ 27

REFERÊNCIAS................................................................................................ 28

6

1 INTRODUÇÃO

Muitos dentes tratados endodonticamente têm recebido pinos

intrarradiculares com a finalidade de aumentar a retenção da posterior restauração

coronária.

Apesar dos elevados índices de sucesso nos tratamentos endodônticos

atuais, ainda existem casos de fracasso, principalmente em dentes portadores de

pinos intrarradiculares. Durante muito tempo, esse insucesso era tratado com

cirurgia parendodôntica ou exodontia. Porém, segundo alguns autores, a opção

inicial após o fracasso do primeiro tratamento é o retratamento endodôntico, desde

que realizado de modo criterioso (VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000). Outro

motivo pelo qual se indica, preferencialmente, a remoção do pino intrarradicular e

posterior retratamento endodôntico é o fato de certos pacientes possuírem

condições sistêmicas desfavoráveis que contra-indicam o tratamento cirúrgico.

A necessidade do retratamento endodôntico sugere, primeiramente, a

remoção do pino, posterior desobturação do canal radicular e sua reinstrumentação

(VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000). Porém, normalmente, o clínico depara-se

com situações onde a remoção do pino é extremamente difícil ou até impossível,

devido ao risco de fratura ou de perfuração do remanescente radicular (ALMEIDA,

ALVARES, 1991; ESTRELA, BIFFI, DIRCEU, 2004).

Com a finalidade de viabilizar a reinstrumentação e a reobturação, dispõe-

se de uma variedade de métodos para remover retentores intrarradiculares que,

realizados dentro da técnica, servem para auxiliar este procedimento, diminuindo

assim, o risco de fratura à estrutura dental remanescente (IMURA, ZUOLO, 1997).

Assim, o presente trabalho tem como objetivo conhecer os diferentes

métodos de remoção de pinos intrarradiculares, relacionar as diversas técnicas e

suas respectivas indicações para cada sistema removedor e, também, analisá-las

em relação à segurança, ao tempo de trabalho e conforto do paciente.

7

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neaverth Jr., Kahn (1968) relataram um caso de remoção de núcleo

metálico fundido, no qual foi utilizado um instrumento semelhante ao Pequeno

Gigante (Figura 1). O controle de ação que este instrumento proporciona permite

que o núcleo seja removido lentamente do canal em uma linha de direção vertical,

sem a possibilidade de fratura radicular ou perda dentária. Este aparelho possui um

par de mordentes que agarram a porção coronária do núcleo, após a redução

circunferencial com brocas, e um par de batentes que atuam no topo radicular,

promovendo a tração do núcleo pela ativação do parafuso, na parte superior do

mesmo. Após a remoção da coroa protética, a área cervical do dente deve ser

preparada para criar uma superfície plana e suportar uma placa de metal perfurada,

onde os batentes do instrumento imprimem sua força. O uso deste dispositivo

proporciona ao cirurgião-dentista o retratamento de dentes portadores de pinos

intrarradiculares, com o mínimo risco de fratura radicular.

Figura 1. Pequeno Gigante

VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000

O “Post Puller” foi citado por Warren, Gutmann (1979) como um método

simplificado para a remoção de núcleo metálico fundido. Não apenas altamente

eficiente, como também de risco reduzido, comparado com outras modalidades de

tratamento (Figura 2). Dentre as vantagens deste método, citadas pelos autores,

estão: a possibilidade de retratamento não cirúrgico em dentes restaurados

insatisfatoriamente com pinos, a conservação de estrutura dental ao evitar desgaste

do núcleo com brocas e a diminuição dos riscos de fratura pela distribuição de força

igual e balanceada. De outra forma, o tamanho do aparelho é um fator que o contra-

8

indica no uso em dentes posteriores, sendo a principal desvantagem deste

equipamento. A técnica é descrita da seguinte forma:

­ Exposição do núcleo metálico fundido e redução do diâmetro da porção

coronária do mesmo;

­ Aplainamento da face oclusal da raiz até que as superfícies mesial e distal

estejam no mesmo plano e perpendicular ao pino;

­ Acoplamento do extrator ao pino até que os batentes do mesmo estejam

em firme contato com a face radicular. A rosca é apertada para segurar os

mordentes ao pino;

­ Acionamento do botão serrilhado no final do instrumento para a aplicação

da força na direção apical ao longo dos batentes, enquanto os mordentes

movem-se coronalmente, deslocando o pino.

Figura 2. “Post Puller”

http://www.fmdrabat.ac.ma/wjd/N2V1/Photos/Photosoc/Fig2.jpg

A técnica Masseran, citada por Williams, Bjorndal (1983), é considerada

como um sistema que pode tornar possível o aproveitamento de um dente

estratégico, que já fora considerado perdido, pela presença de um pino

intrarradicular, fraturado no interior do canal. Dentre as vantagens desta técnica

estão sua simplicidade, a pouca geração de calor, o menor risco de fratura radicular

e de empurrar fragmentos além do ápice. A técnica consiste na utilização de

trépanos – tubos ocos com final cortante – que cabem sobre a extremidade do pino

e deslizam para baixo de sua parte externa (Figura 3). O instrumento é girado à

mão, cortando uma pequena camada de dentina ao redor do pino. O fragmento

serve como um guia na remoção de dentina ou de cimento. Após agir de 1/3 a ½ do

comprimento do pino, o trépano é substituído por outro de calibre maior, que

apreenderá o final do pino, para extraí-lo do canal radicular. Se necessário, os

9

trépanos podem ser usados para estender a parte mais inferior, do pino,

promovendo uma remoção mais fácil.

Figura 3. Kit Masseran

http://www.micro-mega.com/allemand/produits/masseran/index.php

Bando et al. (1985) descreveram a confecção de um dispositivo para o

uso na remoção de núcleos metálicos fundidos, c o m o Pequeno Gigante. O

Pequeno Gigante é um sistema de mecanismo de tração que possui dois mordentes

que agarram o pino e dois batentes, os quais aplicam uma força contra a estrutura

radicular, promovendo a força extratora pelo acionamento de um parafuso presente

no topo do aparelho. Inicialmente, faz-se a remoção da coroa protética e a redução

circunferencial do núcleo, para adaptação dos mordentes. Quando a estrutura

dentária exposta nas áreas cervical, mesial e distal se encontrarem desniveladas ou

muito finas, é aconselhável pelos autores a confecção de um dispositivo

suplementar, através de uma moldagem em cera e fundição. Apesar da

necessidade de mais de uma sessão para a remoção do pino com este dispositivo,

os autores concluíram que o mesmo proporciona um método mais seguro de

remoção. Este dispositivo, que auxilia no nivelamento da estrutura radicular,

prevenindo a sua fratura, no momento de ação do aparelho, apresenta requisitos

para seu emprego:

­ A superfície do dispositivo deve se adaptar à superfície radicular, evitando

a aplicação da força no sentido errado;

­ As bordas desniveladas da superfície dental exposta devem ser

aplainadas para prevenir a fratura radicular;

­ A localização dos batentes do Pequeno Gigante é marcada no padrão de

cera, para uma direção mais precisa no momento da aplicação do

aparelho;

10

­ Podem ser feitas extensões oclusais, nos dentes adjacentes, para

estabilizar o dispositivo na cavidade bucal.

Outro sistema de remoção de pinos metálicos fundidos, o Alicate Saca

Pinos, é descrito por Lopes et al. (1985) como um instrumento muito eficaz e

seguro, desde que utilizado de forma criteriosa. O mecanismo de ação deste

aparelho resume-se na apreensão dos mordentes do alicate no pino, para realizar a

tração, em conjunto com a ação dos batentes do mesmo alicate, no topo radicular,

para realizar uma força de sentido contrário à de tração sobre a raiz, com o objetivo

de não a avulsionar do alvéolo (Figura 4). Anteriormente a este procedimento de

remoção do pino, deverá ser realizada: a remoção da coroa ou do material

restaurador que possa existir sobre o núcleo; o desgaste do núcleo com brocas, nas

faces vestibular e palatal/lingual, conferindo superfícies planas, para facilitar a

apreensão dos mordentes no núcleo; e o preparo do topo radicular que deverá ter

um plano mésio-distal, rigorosamente perpendicular ao longo do eixo do pino, para

que a ação dos batentes do alicate, nesta região, seja simultânea, evitando a fratura

radicular. Os acidentes com o Alicate Saca Pinos podem ser evitados, segundo

esse autor, observando-se o mecanismo de ação do aparelho.

Figura 4. Alicate Saca Pinos

VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000

O uso do ultrassom foi sugerido por Krell et al. (1986), para remoção de

pinos de estoque e núcleos metálicos fundidos, fraturados no interior do canal.

Como vantagens do seu uso, os autores citaram a preservação da estrutura

dentária, evitando perfurações e posterior reparo cirúrgico, além de economia de

tempo durante as consultas de retratamento. Para os pinos que se estendem à

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câmara pulpar, a vibração da escala ultrassônica é capaz de quebrar a união do

cimento com o pino e as paredes do canal, e sua aplicação é benéfica na remoção

do cimento de fosfato de zinco, que pode estar obstruindo a câmara pulpar. Se isto

falhar, pode-se agarrar o núcleo com um hemostato e, então, aplicar uma ponta

ultrassônica diretamente nele ou no pino ativando-a durante a tração na direção

coronal.

Segundo o mesmo autor, a maior dificuldade ocorre quando o pino não

pode ser aprisionado. Neste caso, primeiro se tenta limpar a área ao redor do

orifício do canal, usando a vibração ultrassônica. Jateia-se o cimento e os debris

perdidos no espaço do canal para permitir uma melhor visualização do pino. Então,

tenta-se introduzir uma lima tipo K nº 15 ou 20, ao lado do pino metálico. Logo que

uma lima nº 25 possa ser introduzida de 2 a 3 mm, introduz-se a Hedstroem, do

mesmo comprimento, e dá-se ¼ de volta para envolver o dente e o pino. Coloca-se

a ponta do ultrassom na lima Hedstroem e ativa-se a vibração, mantendo as duas

em contato, enquanto se puxa na direção coronal, podendo ser necessário utilizar

uma lima maior ou tentar envolver mais o pino.

Ainda, se o pino estiver quebrado e fixado de tal maneira que uma lima

não possa ser inserida ao redor dele, os autores aconselham o uso do kit Masseran.

Utiliza-se um trépano apropriado para formar uma trincheira ao redor do pino. Ele

pode ser agarrado com um trépano pequeno ou com o tubo extrator Masseran. Se o

tubo extrator for utilizado, coloca-se a ponta ultrassônica no mesmo, ativa-se a

escala ultrassônica, e remove-se este na direção coronal. Se um trépano é usado

para envolver o pino, cumpre-se o mesmo procedimento novamente, e tenta-se

remover o trépano com a escala ultrassônica ativada.

Glick, Frank (1986) também apresentam um relato sobre o uso do

ultrassom como sistema principal ou auxiliar na remoção de um pino intrarradicular.

O uso deste dispositivo ultrassônico tem como objetivo a interrupção da integridade

do cimento pela vibração, facilitando a posterior remoção do pino, sendo muito útil

quando este for metálico fundido, principalmente nos casos em que há dificuldade

de aprisioná-lo com algum tipo de alicate, por estar fraturado no interior do canal.

Este dispositivo, quando empregado corretamente, é um excelente método na

remoção de um pino ou também como um meio auxiliar para outro sistema. Um

fator complicador nesse aparelho seria a geração de calor. Uma anestesia local

pode ser usada, mas é indispensável a refrigeração constante, através de jato

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d’água, para não lesionar o periodonto adjacente. A técnica do ultrassom é descrita

pelos autores da seguinte forma:

­ A vibração deve ser transferida no pino a ser removido, e o mesmo deve

estar com a face totalmente exposta, livre de cimento, amálgama e resina

composta;

­ Quando o pino estiver no interior do canal, deve-se criar um espaço

próximo a ele, com broca em baixa rotação, para aumentar o contato com

a ponta vibratória. Este espaço deve ser adequado, pois se a ponta

estiver muito apertada dentro do canal, pode-se não obter o efeito

desejado da vibração.

­ Não há tempo estipulado para este procedimento, pois alguns pinos

desalojam em pouco tempo, enquanto outros são mais resistentes. O

pino, quando desalojado, pode ser removido com um fórceps apropriado.

Bernardineli et al. (1986) lembraram a importância de uma avaliação

criteriosa do tipo e extensão de pino. Núcleos metálicos de liga de ouro são mais

fáceis de ser desgastados, do que núcleos compostos por outras ligas. Da mesma

forma, pinos pré-fabricados têm a remoção favorecida por apresentar uma linha

maior de cimento em relação aos pinos metálicos, que ocupam toda a luz do canal.

O tipo de dente em relação ao número de raízes também tem fundamental

importância na seleção do caso, pois sendo multirradicular, pode apresentar mais

de um pino que, associado à dificuldade de acesso, anatomia radicular e pouca

visibilidade, dificulta ainda mais a sua remoção.

Casos de dentes unirradiculares, com pinos pequenos ou fios de aço

reembasados ou não, em acrílico, são considerados de fácil remoção pelos mesmos

autores. Nessas situações, pode-se utilizar apenas o alicate ou a alavanca para a

sua retirada do interior do canal. Já nos casos de pinos pré-fabricados, não muito

longos, com linha de cimento visivelmente espessa, pode-se fazer a remoção por

tração, utilizando tanto o Alicate Saca Pino, como o Pequeno Gigante, desde que o

remanescente radicular apresente uma estrutura intacta e nivelada para apoio dos

batentes destes aparelhos.

Quando um núcleo metálico fundido apresentar considerável

profundidade no interior do canal radicular, e estrutura frágil com risco de fratura, ou

até mesmo falha na tentativa de remoção por método de tração, os mesmos autores

ainda aconselham a remoção do núcleo por desgaste com brocas. Este é um

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procedimento que necessita de várias tomadas radiográficas e apurada

sensibilidade táctil, pois, à medida que o desgaste vai se aprofundando, a

visibilidade vai diminuindo. Realizado com broca esférica carbide ou de Vídea, e

com diâmetro ligeiramente inferior ao do canal, exige visão direta do campo,

refrigeração ar-água, e direcionamento correto da broca, para não desgastar a

dentina. Estes mesmos procedimentos até aqui relatados, também são aplicados

nos casos de dentes multirradiculares que possuam pino único. Se o elemento

dental apresentar mais de um pino em seus canais, deve-se individualizá-los para

então proceder à remoção como pino único, facilitando o procedimento e evitando a

remoção em conjunto, o que seria muito complicado.

Em relação ao uso do Ultrassom, Machtou, Sarfati, Cohen (1989)

relataram o seu uso como um auxiliar útil na desintegração do cimento para

remoção do retentor, no uso do sistema removedor de pinos Gonon. Este dispositivo

pode ser comparado com um saca-rolha, em que a oposição entre o pino e o dente

cria força capaz para romper a cimentação. O dispositivo Gonon é um sistema

eficaz, que preserva a integridade da estrutura dental remanescente, e que pode ser

indicado para pinos metálicos fundidos, tanto em dentes anteriores, quanto

posteriores, onde geralmente a aplicação de um sistema removedor de pinos se

torna difícil, devido a distância intermaxilar, segundo os autores. O kit Gonon

também apresenta trépanos com sentido anti-horário, os quais auxiliam a remoção

de pinos rosqueados e serrilhados.

Figura 5. Kit Gonon

http://www.dentcorp.com/Productos.html

14

A técnica consiste em:

­ Liberar a cabeça do pino de restaurações ou coroa, e reduzi-la

circunferencialmente com brocas diamantadas em alta rotação;

­ Utilizar o ultrassom para desintegração do cimento;

­ Centralizar o trépano com auxílio de uma broca especial incluída no kit

Gonon;

­ Ultrapassar a parte exposta do pino no comprimento exato do mandril

correspondente;

­ Posicionar três anéis no topo radicular, para amortecer e espalhar as

forças na superfície da raiz, no momento da extração;

­ Fixar o alicate extrator no mandril e acioná-lo, apertando o botão

serrilhado.

Girolamo Neto, Matson (1990) destacam em um estudo, que a maioria

dos métodos de remoção de núcleos ou pinos intrarradiculares tem um aspecto

traumático, que pode levar à trepanação ou à fratura radicular. Neste mesmo

estudo, foi apresentado um caso clínico em que um primeiro molar inferior, portador

de pino intrarradicular, necessitava de retratamento endodôntico. Após a remoção

da coroa protética, foi encontrado um núcleo de preenchimento de resina acrílica

com um pino intrarradicular. A resina acrílica foi removida cuidadosamente,

principalmente na região de assoalho da câmara pulpar, até a exposição completa

do pino metálico. Decidiu-se então, após exame detalhado da localização deste

pino, removê-lo através do uso do ultrassom. Foi realizado um alívio na interface do

pino, próximo à entrada do conduto radicular na porção distal, evitando a

possibilidade de perfuração na região de furca. Este alívio foi posicionado

paralelamente ao longo eixo do pino, para melhor aplicação do ultrassom que, após

a ativação da sua vibração, durante o tempo mínimo necessário, teve seu

desprendimento fácil. Com tudo isso, os autores relataram que o uso do ultrassom

tem propiciado ao paciente uma técnica segura, simples e confortável.

Stamos, Gutmann (1991) relatam que, freqüentemente, a cirurgia

periapical é o tratamento escolhido frente a uma necessidade de retratamento

endodôntico, em dente portador de pino intrarradicular. Porém, este procedimento

cirúrgico normalmente não aborda os problemas relacionados ao pino, tal como

infiltrações ao redor do mesmo ou porções contaminadas no sistema do canal

radicular. Além disto, considerações anatômicas e médicas podem contra-indicar a

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cirurgia para determinados pacientes. Dessa forma, a remoção do pino e posterior

retratamento endodôntico, ou seja, o tratamento não-cirúrgico se torna uma

importante alternativa ou, até mesmo, a primeira opção para a resolução de

problemas periapicais em dentes portadores de pinos.

Os mesmos autores ainda citam vários outros métodos para remoção de

pinos intrarradiculares, entre eles a técnica Masseran, o dispositivo de ultrassom e o

próprio sistema Gonon. Mas, o foco deste estudo foi o “Post Puller”, referido pelos

autores como um instrumento seguro e eficaz na remoção de retentores

intrarradiculares, proporcionando ao clínico uma alternativa que facilita o

retratamento de um dente portador de pino. O “Post Puller” é mais indicado para

pinos metálicos fundidos intrarradiculares, na região de dentes anteriores e pré-

molares, pois devido ao seu volume, fica difícil de ser empregado na região de

molares. A principal contra-indicação deste instrumento é para pinos rosqueados e

pinos serrilhados. O mecanismo de ação foi retratado em um caso clínico, em que

os autores relatam:

­ Uso de anestesia local para o conforto do paciente;

­ Remoção prévia de coroa ou restaurações;

­ Preparo do núcleo com seus desgastes vestíbulo-palatino, para melhor

adaptação dos mordentes do extrator;

­ Preparo do topo radicular para a distribuição das forças no longo eixo

radicular diminuindo, assim, o risco de fratura;

­ Ativação do extrator e remoção do pino.

Gettleman et al. (1991) escreveram um artigo demonstrando casos que

foram resolvidos com o uso do “Endo Extractor”, após os métodos convencionais

terem falhado. Este sistema é muito útil para o caso de pinos metálicos pré-

fabricados ou fundidos fraturados, onde a porção mais coronária do pino se

encontra dentro do canal. É constituído de uma broca para preparar um espaço

estimado de 2 mm ao redor da obstrução, procedimento realizado com isolamento

absoluto (Figura 6). Após este preparo, o pino intrarradicular recebe um tubo

extrator oco, com uma gota de adesivo M-50, que necessita a espera de 5 minutos

para adesão ao pino, que então é removido.

16

Figura 6. Sistema “Endo Extractor”

www.almore.com/.../Endo%20Extractor%20System.gif

Almeida, Álvares (1991) sugeriram duas formas para remoção de pinos

metálicos fundidos, em dentes com necessidades de retratamento endodôntico. A

primeira seria por tração mecânica, utilizando o mesmo Alicate Saca Pino descrito

por Lopes et al. (1985). Na utilização deste sistema, é lembrado que, em caso do

núcleo metálico possuir estojamento, o mesmo deve ser removido, para que os

batentes do alicate extrator tenham apoio na dentina radicular podendo, desta

forma, realizar a força contrária à de tração do alicate. Esta porção remanescente,

denominada topo radicular, deve ser preparada de forma que se apresente toda no

mesmo plano e perpendicular ao longo eixo do pino a ser removido. Encaixando o

alicate na porção coronal, sua fixação se dará pela pressão de todos os dedos da

mão, exceto o indicador, que movimentará a pequena alavanca responsável pelo

movimento de tração do pino.

Uma segunda forma de remoção de pino metálico fundido, sugerida pelos

referidos autores, seria por desgaste com brocas carbide em alta rotação. Para a

realização deste procedimento, a porção coronária pode ser desgastada com brocas

esféricas nº6, ou brocas cilíndricas nº560. Quando o desgaste se inicia na porção

intrarradicular, deve-se utilizar somente brocas esféricas e de menor diâmetro que o

pino. Este desgaste deve ser paulatino, com visão direta e direcionada ao centro do

metal, evitando a dentina, sendo possível o uso de tomadas radiográficas para

auxiliar na orientação do desgaste do pino. A porção final de 1 a 2 mm de metal

pode ser removida com o auxílio de uma sonda reta, aplicada entre a dentina e o

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metal, com movimentos de alavanca. Uma radiografia final é necessária para

comprovar a total remoção do pino.

Berbert et al. (1992) realizaram um estudo em que foi testada a influência

do u ltrassom na remoção por tração de núcleos metálicos fundidos. Pelos

resultados obtidos, percebeu-se que a força de tração, nos grupos onde foi utilizada

a vibração ultrassônica, foi de 30 a 35% menor que no grupo que não a utilizou.

Salientou-se, também, o uso deste sistema como um auxiliar importante na remoção

de núcleos metálicos fundidos, já que estes apresentam uma maior adaptação às

paredes do canal, e seu uso, além de evitar o risco de perfurações por brocas,

minimiza o tempo e o risco de fratura na remoção mecânica.

Com o objetivo de comparar o tempo despendido na remoção de núcleos

metálicos fundidos, Lopes et al. (1992) realizaram outro estudo. Compararam dois

sistemas: remoção mecânica, com o Alicate Saca Pinos e remoção por vibração

ultrassônica. Ficou ressaltado, no trabalho, que o objeto da pesquisa era focalizar o

tempo no ato específico de remoção, desconsiderando o tempo empregado em

outros procedimentos clínicos. Os resultados apontam o Alicate Saca Pinos como

um método extremamente rápido, comparado ao emprego do ultrassom. Isto se

deve ao fato de que a fragmentação do cimento que envolve o núcleo não é

imediata, com a vibração ultrassônica. Porém, todos os pinos utilizados foram

removidos de suas raízes, o que revela a eficiência destes aparelhos.

Retomando a técnica do uso do ultrassom já descrita, Glick, Frank (1986),

e Johnson, Leary, Boyer (1996), realizaram um estudo com a proposta de avaliar o

efeito da vibração ultrassônica na remoção de pinos de aço inoxidáveis (Parapost),

e determinar o tempo de vibração necessário para o desalojamento do pino. Os

pinos foram cimentados com fosfato de zinco e a amostra foi dividida em 4 grupos: o

primeiro não recebeu nenhuma vibração, o segundo recebeu vibração ultrassônica

durante 4 minutos, o terceiro durante 12 minutos e o último, durante 16 minutos. O

resultado demonstrou diferença na força de tração necessária na remoção do pino

entre os grupos. Os pinos que receberam vibração ultrassônica durante 16 minutos

exigiram, aproximadamente, metade da força de tração necessária para a remoção,

comparando-se aos demais grupos, indicando que a aplicação do ultrassom durante

16 minutos é um método efetivo na remoção de pinos de aço inoxidáveis (Parapost).

Imura, Zuolo (1997), descrevem a técnica do ultrassom, salientando ser

um sistema que possui excelentes vantagens, como o desgaste mínimo de estrutura

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dentária, diminuindo o risco de perfuração; aplicação possível em qualquer ponto, e

economia de tempo, podendo ser usado como meio auxiliar em outros sistemas, ou

isoladamente. A técnica descrita consiste na divisão prévia de núcleos metálicos

fundidos, nos dentes posteriores, para a sua individualização. Normalmente, o pino

mais curto desaloja facilmente com o ultrassom. No pino maior, assim como no

núcleo de dentes unirradiculares, deve ser feito um desgaste circunferencial na

porção coronária, para exposição do cimento. Este deve ser desgastado o mais

profundamente possível sem desgastar, no entanto, a dentina radicular, para

aplicação da ponta ultrassônica, com o intuito de dissolver o cimento mais

apicalmente. Após alguns minutos, faz-se a tentativa de remoção do pino com uma

pinça hemostática, com movimentos leves de tração e rotação. Se todas as

tentativas falharem, corta-se o núcleo com brocas e começa o desgaste do pino por

brocas esféricas. Os pinos pré-fabricados, principalmente os rosqueáveis, podem

ser removidos facilmente, girando-os no sentido anti-horário com o h emostato.

Porém, quando bem cimentados, esta remoção é mais difícil e o uso do ultrassom

se torna útil. Já na remoção de pinos pré-fabricados, fixados com cimento resinoso,

após o uso do ultrassom e a obtenção de espaço entre a parede do canal e o pino,

aplica-se broca de baixa rotação na extremidade mais alta do pino ou, então, se

desgasta a porção coronária deste pino com brocas LN, para que a vibração o solte

(IMURA, ZUOLO, 1997).

Um estudo experimental com 60 dentes foi realizado por Altshul et al.

(1997), para comparar a freqüência de rachaduras radiculares, após a remoção de

pinos de aço inoxidáveis, cimentados com fosfato de zinco, usando o ultrassom, ou

o sistema Gonon. Os resultados apontaram que não houve diferença significante na

incidência de rachaduras entre o grupo que utilizou o ultrassom, e o grupo que

preferiu o sistema Gonon, para a remoção do pino, mas foi significante o aumento

do tempo despendido com o uso do ultrassom, comparado ao sistema Gonon. Este

estudo também demonstrou que a vibração ultrassônica, durante a remoção do

pino, causou significantemente mais rachaduras na superfície radicular, ou na

junção amelo-cementária, comparando-se ao grupo de dentes tratados

endodonticamente e sem pino, que serviu de controle. Este é um fator que deve

aumentar o potencial para a produção de fratura vertical radicular.

Vanni, Fornari, Estrela (2000) ressaltaram a importância da determinação

de um diagnóstico clínico provável nos casos onde há a necessidade de remoção

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do retentor intrarradicular. Uma tomada radiográfica inicial, pela técnica do

paralelismo, onde possa ser visualizado o tipo e comprimento do pino a ser

removido, auxilia na seleção do método mais apropriado para a remoção deste.

Dentre os vários métodos citados pelos autores, o uso de brocas carbide tem sua

indicação destacada em casos de pinos metálicos rosqueados, pinos não-metálicos

e, principalmente, nos casos de pinos fraturados que se encontram no interior do

canal radicular. Para um desempenho seguro deste método é necessário ter visão

direta do campo operatório, usar uma broca de diâmetro menor que o do pino,

controlar corretamente a direção desta broca e manter refrigeração constante. Caso

o pino em questão seja muito longo, e possua dentes adjacentes, torna-se

necessário o uso de uma broca carbide longa de 28 mm.

Os mesmos autores citaram o ultrassom como um método bastante eficaz

na remoção de pinos com grande quantidade de cimento ao seu redor, uma vez que

seu princípio é baseado na desintegração do cimento, através de sua vibração. O

tempo despendido para tal remoção pode variar de acordo com a forma do pino

intrarradicular. Assim, pinos mais longos e cilíndricos necessitam de uma maior

aplicação da vibração, devido a sua maior retenção, o que os difere de pinos mais

curtos e cônicos. É um sistema que não apresenta contra-indicações, podendo ser

usado em qualquer dente da cavidade oral, e pode servir como auxiliar prévio na

utilização de algum método, por reduzir a força necessária de tração.

Vanni, Fornari, Estrela (2000) também citaram outro método que pode ser

utilizado sem restrições. Consiste no Aparelho Acionado por Mola, que utiliza a força

de tração para a remoção de núcleos metálicos fundidos. O corpo do aparelho é

uma haste com mola que possui diferentes níveis de graduação e, na parte superior,

apresenta uma mesa, onde é rosqueada a ponta extratora (Figura 7). A pressão,

normalmente utilizada no nível 1, varia de acordo com a situação clínica, podendo

atingir no máximo o nível 2. Seu uso é descrito da seguinte forma:

­ Como todos os demais métodos, faz-se necessária a remoção prévia da

coroa protética;

­ Em seguida, com o uso de brocas carbide, confecciona-se nas superfícies

livres da porção coronária do pino, e de acordo com o seu volume,

canaletas horizontais de 1 mm de profundidade, onde será adaptada a

ponta extratora do referido aparelho;

20

­ Com o aparelho graduado, deve-se adaptar a ponta extratora nas

canaletas prontas, com leve pressão digital, e orientar o aparelho no

mesmo eixo, pino e raiz;

­ Aciona-se, então, o gatilho, para liberar a força extratora da mola.

Figura 7. Aparelho Acionado por Mola

VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000

Seguindo os métodos por tração, os referidos autores ainda relataram o

uso do Alicate Saca Pinos e do Pequeno Gigante. [Ambos] Os dois aparelhos

possuem um sistema de ação semelhante, em que é conferido um desgaste prévio

na porção coronária do pino, para o alojamento adequado dos mordentes dos

aparelhos. O nivelamento da porção radicular, nas regiões proximais, é de relevante

importância para a aplicação dos batentes que promovem a força de afastamento

do pino, em relação à raiz. Estes dois sistemas também possuem limitações em

comum, que seriam os dentes com pequena distância mésio-distal, em relação aos

dentes adjacentes e dentes posteriores, devido à dificuldade de aplicação destes

aparelhos. Porém, a diferença está na forma de ativar o aparelho. O primeiro se dá

pelo fechamento manual do alicate, aprisionando a porção coronária do núcleo e,

em seguida, ativando a alavanca menor, que imprime a força extratora com o dedo

indicador; já no segundo, deve-se rosquear, primeiramente, um parafuso menor,

para apreensão dos mordentes na coroa do núcleo e, posteriormente, acionar o

parafuso maior, situado na extremidade oposta, para promover a força de tração do

pino.

O aparelho acionado pneumaticamente – Sistema Coronaflex (Kavo), é

um método que utiliza a força de tração mecânica, através da compressão do ar,

pelo acoplamento ao equipo odontológico (Figura 8). Não oferece limitações, porém

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o custo deste é mais elevado (VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000). É utilizado da

seguinte forma:

­ Remoção prévia de coroa protética:

­ Confecção de sulcos profundos nas faces livres, com brocas carbide;

­ Caso a estrutura coronária do pino não permita tais sulcos, cria-se uma

perfuração nesta porção, no sentido vestíbulo-palatino;

­ Adaptação de alça de fio metálica, que acompanha o equipamento nestes

sulcos ou perfuração e, posteriormente, o aparelho;

­ Acionamento do botão para liberação de força de tração.

Figura 8. Aparelho Acionado Pneumaticamente (Coronaflex – Kavo)

https://decs.nhgl.med.navy.mil/DIS52/sec3.htm

O Alveolótomo, também descrito neste artigo, é um importante sistema na

remoção de pinos pré-fabricados, cuja porção radicular se apresenta cilíndrica e não

rosqueada (Figura 9). Deve-se fazer um aplainamento das faces livres do pino, com

brocas carbide, para melhor apreensão dos mordentes. Adaptado ao pino, faz-se

movimentos de ¼ de volta para esquerda e ¼ de volta para direita e, logo em

seguida, alternam-se movimentos de tração leve, no sentido horário/anti-horário, até

o completo desprendimento do pino. Em casos de interferências com coroas de

dentes vizinhos, pode-se fazer uso de instrumentos semelhantes, como a pinça

hemostática ou o alveolótomo infantil. Ressalta-se, ainda, o cuidado com

movimentos bruscos que podem ocorrer no momento da remoção do pino, podendo

haver choque do cotovelo do operador com o equipo odontológico, ou com outras

estruturas próximas.

22

Figura 9. Alveolótomo

http://www.tbsdentmex.com.mx/04-extrac2.htm

O último método descrito neste artigo é o Aparelho Acionado por Pêndulo,

que consiste numa haste cilíndrica, com uma mesa que funciona de batente para o

pêndulo (Figura 10). A ação extratora se dá no encontro deste pêndulo com a mesa

da haste, que é controlada pela força do operador. Há necessidade de remoção

prévia da coroa protética e confecção de canaletas na porção coronária do pino,

para adaptação da haste extratora. Ao se usar o aparelho, deve-se procurar orientá-

lo no mesmo sentido do pino, em relação à raiz, diminuindo assim o risco de fratura

e o desconforto do paciente. Este aparelho também pode ser usado em qualquer

região da cavidade oral, e para diferentes tipos de pinos, sendo que aqueles mais

volumosos e longos oferecem maior resistência.

Figura 10. Aparelho Acionado por Pêndulo

VANNI, FORNARI, ESTRELA, 2000

Inagaki (2000) revelou que o principal objetivo da remoção de retentores

intrarradiculares é a viabilização do canal radicular, para posterior reinstrumentação

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e reobturação. Dentre as técnicas existentes, o cirurgião-dentista pode escolher

aquela que utilize o menor tempo e ocasione menos desgaste na estrutura dental,

além de maior segurança durante a aplicação. O autor citou o ultrassom como um

coadjuvante na remoção de pinos intrarradiculares, pois ele proporciona, além da

capacidade de dissolução do cimento através das vibrações ultrassônicas, inúmeras

vantagens, como a aplicação em qualquer ponto da cavidade oral, perda mínima de

estrutura dentária, economia de tempo e menores riscos de acidente.

Com o objetivo de determinar se a vibração ultrassônica reduz o

somatório da força de tração, requerida para remover pinos pré-fabricados de

titânio, Bergeron et al. (2001) realizaram um estudo em que 96 caninos humanos

extraídos foram preparados e obturados com guta percha e cimento obturador,

contendo eugenol (Roth´s 801 Elite) ou cimento obturador, sem eugenol (AH26). Os

pinos foram cimentados, no canal radicular, com cimento de fosfato de zinco, ou

com cimento resinoso. Metade da amostra foi submetida à vibração ultrassônica,

durante 16 minutos, e a outra metade serviu de controle, não recebendo tal

vibração. Cada combinação foi submetida a uma força de tração, utilizando uma

máquina de teste. Os resultados demonstraram que houve diferença nas forças

necessárias para desalojar os pinos, conforme o tipo de cimento obturador utilizado.

O uso do AH26 aumentou a retenção dos pinos, comparado com o grupo obturado

com o cimento contendo eugenol. Já em relação ao tipo de agente cimentante do

pino, não houve diferença.

Ainda conforme os mesmos autores, o uso do ultrassom foi sugerido para

romper a integridade do cimento pela vibração, a fim de facilitar a remoção do pino.

Interessante observar, neste estudo, que os grupos submetidos à vibração

ultrassônica exigiram valores de força de tração mais altos do que aqueles em que a

vibração não foi usada. A combinação de um pino adaptado intimamente às paredes

do canal radicular, com uma espessura mínima de cimento, e comprimento

adequado, deve ter contribuído na resistência ao enfraquecimento do cimento, pela

vibração ultrassônica. O não uso da refrigeração durante a aplicação da vibração

ultrassônica, como foi realizado neste estudo, também pode ter permitido

significante formação de calor no pino e no cimento utilizado, o que poderia ter

afetado a força necessária para a remoção do pino intrarradicular. Os mesmos

autores ainda restringem o uso do ultrassom quando os pinos não estão bem

adaptados às paredes do canal radicular, sendo possível observar um espaço para

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a sondagem, com limas manuais e transmissão da vibração ultrassônica. Da mesma

forma, em casos de pinos bem adaptados no interior do canal radicular, e com uma

porção coronária passível de ser agarrada por um hemostato, ou outro dispositivo,

será transmitida a vibração ultrassônica durante a execução simultânea ou

intermitente de força de tração. Entretanto, em casos em que o pino se apresente

bem adaptado às paredes do canal radicular, com comprimento e diâmetro

adequados, e acesso coronal limitado para apreensão de algum dispositivo, o efeito

da vibração ultrassônica, sozinha, pode ser insuficiente ou até abortado. Deve-se,

então, considerar outra opção de tratamento, como o dispositivo de remoção de

pinos Masseran, Gonon, ou até mesmo a cirurgia parendodôntica em certos casos.

Berbert et al. (2002) realizaram um estudo onde avaliaram a força

extratora necessária à remoção por tração, de núcleos metálicos fundidos, após o

efeito do ultrassom, isoladamente, e em associação ao desgaste na linha de

cimento, com aplicação da energia ultrassônica na porção coronária do pino, ou na

linha remanescente de cimento. Os resultados demonstraram que, qualquer uma

das manobras executadas, anteriormente à tração, favoreceu estatisticamente a

diminuição da força necessária para a remoção do pino intrarradicular. Porém, no

grupo onde foi feito o desgaste da linha de cimento, em conjunto com a aplicação da

vibração ultrassônica, na fenda formada, atingindo a camada mais profunda de

cimento, a efetividade da técnica, favorecendo a remoção, foi mais significativa que

nos outros grupos onde não se aplicou a ponta do ultrassom diretamente na linha de

cimento.

Hauman, Chandler, Purton (2003) realizaram um experimento que visava

determinar se o tipo de metal, o tipo de cimento e o uso da vibração ultrassônica

influenciam no resultado da força de tensão necessária para remover,

paralelamente, pinos metálicos pré-fabricados das raízes radiculares. O teste foi

realizado com o uso de 90 caninos humanos extraídos, sendo que 6 grupos

receberam pinos de aço inoxidável e 3 grupos receberam pinos de titânio. Apenas 3

grupos que receberam pino de aço inoxidável (cada grupo cimentado com fosfato de

zinco, ionômero de vidro e cimento resinoso) não receberam vibração ultrassônica.

Os demais grupos a receberam durante 16 minutos, e foram cimentados com os 3

tipos de cimentos porém, o mesmo tipo de cimento foi utilizado num grupo que

continha pino de aço inoxidável, e em outro, que continha pino de titânio. Como

resultado, nenhuma diferença foi identificada entre os valores de força de tração

25

necessária na remoção dos pinos de aço inoxidável e nos pinos de titânio, após a

aplicação do ultrassom. Da mesma forma, o tipo de cimento não foi um fator

significante para a retenção do pino.

Gessi et al. (2003) avaliaram o tempo necessário à remoção de 3 tipos de

pinos de fibra (Carbono, Quartzo, Vidro), com 2 diferentes métodos de remoção

(uso do Kit de brocas RTD, para remoção de pinos de fibra, ou uso de brocas

diamantada e largo). Do ponto de vista clínico, as médias de tempo necessárias à

remoção dos pinos de fibra pareceram satisfatoriamente curtas, apesar do seu tipo

e do Kit de brocas usadas serem diferentes. Como resultado, o tempo necessário

para a remoção foi menor nos 3 grupos, com o uso de brocas diamantada e largo.

Entre os tipos de pinos, o de fibra de carbono foi o que consumiu menor tempo para

a remoção, em relação aos outros 2 tipos. Os autores ainda sugeriram mais testes

com outros tipos de brocas na remoção de pinos de fibra.

Garrido et al. (2004), em um estudo a respeito da vibração ultrassônica na

remoção de núcleos metálico fundidos, observaram que a presença ou ausência de

refrigeração interfere na eficiência da vibração do ultrassom, de acordo com o tipo

de cimento utilizado para sua fixação. Nos grupos cimentados com cimento

resinoso, a ausência de refrigeração, durante a aplicação do ultrassom, reduziu em

71% a força de tração necessária para a remoção do retentor; ao contrário, nos

grupos cimentados com fosfato de zinco, a aplicação do ultrassom, com

refrigeração, apresentou os melhores resultados na diminuição da força de tração

necessária para deslocamento do pino do interior do canal.

O surgimento dos diversos tipos de sistemas removedores de pinos

intrarradiculares, segundo Estrela, Biffi, Dirceu (2004), deve-se à alta prevalência do

insucesso endodôntico em dentes portadores de pinos. Uma correta avaliação sobre

o tipo de pino e de cimento utilizado é auxiliar importante no planejamento,

diminuindo, dessa forma, o risco de acidentes no ato operatório da remoção do

retentor intrarradicular. Nos casos de pinos curtos e cônicos, como os pré-

fabricados, a utilização do ultrassom, por aproximadamente 5 minutos, distribuídos

um minuto em cada face, muitas vezes é suficiente para o total desprendimento

deste retentor do interior do canal. Previamente à aplicação da vibração

ultrassônica, remove-se a coroa protética. Associado a esse procedimento, com

broca de aço carbide cilíndrica, desgasta-se circunferencialmente o núcleo, com a

finalidade de diminuir seu diâmetro para uma possível visualização da linha de

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cimento na entrada do canal, facilitando a remoção do pino. Já em situações de

pinos longos e cilíndricos, a aplicação do ultrassom, por um período maior de tempo

(5 a 10 minutos), se torna necessária, alternando-o com a utilização da broca

carbide e uma técnica de tracionamento.

O desgaste por brocas carbide tem sido empregado, segundo os mesmos

autores, em casos de pinos metálicos rosqueados e pinos não-metálicos, como os

de fibra de carbono. Trata-se de um método que exige um apurado exame

radiográfico (radiografias orto, mésio e distorradial), análise da inclinação do dente

no arco, em conjunto com a inclinação correta da broca, em uso lento, direcionada

ao centro do pino, e com refrigeração constante, além de apresentar diâmetro

inferior ao do pino. O acompanhamento de tomadas radiográficas torna-se

importante auxiliar neste procedimento, para verificar o direcionamento do desgaste

e evitar, assim, uma perfuração radicular. Caso o dente, com o pino a ser removido,

possua elementos adjacentes, faz-se necessário a utilização de uma broca carbide

longa (28 mm).

O tema proposto no estudo de Lindemann et al. (2005) foi a determinação

da efetividade e eficiência das várias técnicas de remoção de pinos de fibra, já que

muitos clínicos têm encontrado dificuldades para executá-la, de forma completa, em

pinos intrarradiculares. Realizado sob condições estandardizadas, 4 tipos de pinos

intrarradiculares, sendo 3 pinos de fibras e 1 de aço inoxidável, para controle, foram

cimentados em 4 grupos de 20 pré-molares inferiores cada. Dez pinos de cada

grupo foram removidos com seu respectivo kit de remoção e os outros dez com

brocas diamantadas e ultrassom. Os resultados deste estudo demonstraram, em

todos os grupos, que a remoção de pinos intrarradiculares foi mais eficiente com

seus respectivos kits. Porém, apesar de levar mais tempo para efetuá-la, o uso do

ultrassom e de brocas diamantadas retiraram de forma mais completa o cimento e

as fibras do interior do canal radicular. Foi sugerido então, pelos autores, que uma

melhor performance poderia ser obtida se os pinos de fibra fossem removidos com

seu kit de remoção e subseqüente instrumentação ultrassônica.

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3 CONCLUSÃO

A partir da presente revisão de literatura, pode-se concluir que:

­ É comum a necessidade de remoção do retentor intrarradicular em dentes

tratados endodonticamente;

­ O conhecimento dos vários métodos e instrumentos de remoção de pinos

intrarradiculares se torna necessário para definir o sistema mais indicado,

em cada uma das diferentes situações clínicas encontradas pelo cirurgião

dentista, diminuindo assim os riscos referentes a tal procedimento;

­ O ultrassom é o aparelho mais utilizado e permite um procedimento

seguro e conservador, seja como sistema principal ou associado a outro

método.

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