um trabalho colaborativo na formaÇÃo continuada … · trabalho colaborativo na luta contra o...
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UM TRABALHO COLABORATIVO NA FORMAÇÃO CONTINUADA
PARA A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES MATEMÁTICOS
Ana Maria Villela Grecco [email protected]
Sandra Regina de Oliveira de Souza [email protected]
Silvia Teresinha Frizzarini Valenzuela [email protected]
Resumo
Esta comunicação oral é a experiência de um projeto de extensão, intitulado “O uso
de softwares Matemáticos como ferramenta de ensino e aprendizagem de
Matemática no Ensino Fundamental e Médio”, desenvolvido com professores de
uma escola pública de Dourados e estagiários do curso de licenciatura em
Matemática da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD. O projeto visou
auxiliar os participantes a utilizar os computadores em suas práticas pedagógicas,
apresentando os aspectos teóricos e práticos para a manipulação de softwares
matemáticos, como ferramenta no ensino e aprendizagem de Matemática. O projeto
esteve focalizado em buscar subsídios junto ao campo de trabalho futuro de nossos
alunos como também oportunizar aos professores, já atuantes na área, uma reflexão
e capacitação em novas práticas pedagógicas, procurando sanar as dificuldades
tanto da formação quanto do ensino de Matemática. O projeto passou de um
trabalho cooperativo, onde apenas nós, pesquisadores, preparávamos quais
softwares que fariam parte das aulas, para no final, todos participarem
colaborativamente na escolha dos softwares, de acordo com as necessidades dos
professores, para que pudessem trabalhar os conteúdos do plano de aula. O
professor do ensino fundamental e médio, ao introduzir os softwares com seus
alunos, foi acompanhado por um dos pesquisadores da universidade, ou a bolsista.
Houve, com isto, o compartilhamento de saberes e experiências, com confiança e
respeito mútuo. Acreditamos que esses softwares, quando bem selecionados e
utilizados, contribuem como meio de luta contra o insucesso escolar, motivando os
alunos e permitindo-lhes revelar seus talentos.
Introdução
Um grupo de professores de Matemática de uma escola pública de Dourados
solicitou à sua direção que entrasse em contato com a Coordenação do Curso de
Matemática-LP, da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologias - FACET/
Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD, a fim de que houvesse um
trabalho colaborativo na luta contra o insucesso escolar, especificamente no
aprendizado da Matemática, motivando os alunos e permitindo-lhes revelar seus
talentos.
Tendo em vista a grande importância das novas tecnologias na Educação
atual e com a recente implantação de laboratórios de informática nas escolas
públicas do Mato Grosso do Sul e a pedidos de seus professores, nós,
pesquisadores da UFGD junto com esses professores interessados, preparamos um
projeto de extensão com o intuito de apresentar-lhes, softwares que têm ligação com
os conteúdos trabalhados em sala de aula. Desta forma, a apresentação desses
softwares educacionais e aplicativos foram de preferência gratuitos, para maior
acessibilidade de todos e assim poder executar as ações previstas no projeto. Logo,
nos permitiu instituir o intercâmbio entre a escola e a universidade, bem como, entre
os professores da universidade e os professores da Escola Estadual Ministro João
Paulo do Reis Veloso, buscando aprimorar a formação inicial e continuada.
O projeto esteve focalizado em buscar subsídios junto ao campo de trabalho
futuro de nossos alunos como também oportunizar aos professores, já atuantes na
área, uma reflexão e capacitação em novas práticas pedagógicas, procurando sanar
as dificuldades tanto da formação quanto do ensino de Matemática. Desta forma, o
projeto esteve em consonância com o objetivo do curso de Licenciatura em
Matemática, que é a formação de professores que atuarão no Ensino Fundamental e
Médio e a responsabilidade de oferecer em seu currículo o desenvolvimento das
habilidades e competências, segundo as Diretrizes Curriculares para os Cursos de
Matemática (2001, p. 3): “capacidade de aprendizagem continuada, sendo sua
prática profissional também fonte de produção de conhecimento”.
Levando-se em consideração, também, aspectos das atuais propostas
educacionais, tais como as indicações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN,
1998) e do Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) relativa à
Informática Educativa, a idealização deste projeto teve por fundamento a
contribuição de maneira ativa para a melhoria da qualidade do Ensino Fundamental
e Médio nessa escola.
Com um grande contingente de softwares matemáticos (freewares,
sharewares e demos) disponíveis para ensino e aprendizagem de Matemática no
Ensino Fundamental e Médio, decidimos oferecer um curso que ressaltasse suas
características técnicas e didáticas, a fim de discutir e refletir as condições e a
importância do uso de cada um deles.
Lembramos que os termos demo, freeware e shareware têm as seguintes
conotações respectivamente (PROGRAMAS, 2007):
“Demo de demonstration”, demonstração é aplicado a jogos. Geralmente é uma versão mais curta do jogo, que permite a sua instalação e utilização, possibilitando que seja experimentado e que se decida por sua compra. Freeware para programa de distribuição livre. Notar que a língua inglesa tem apenas a palavra free para designar os termos “gratuito” e “livre”, que têm significados diferentes em português. Assim sendo, o termo freeware não significa necessariamente que o programa é grátis, isso só ocorrerá se o software tiver uma licença GPL. Shareware programa criado por autor independente. Uma cópia de avaliação, que se pode instalar gratuitamente, é disponibilizada, possibilitando ao usuário a instalação e o conhecimento do que o programa é capaz de fazer. Entretanto, a cópia pode ter um prazo para utilização ou pode não ser completa: - funciona durante um certo tempo, o período de avaliação, (geralmente 30 dias), ou possui apenas algumas de suas funções ativadas.”
Acreditamos que, mesmo com o crescimento constante da indústria
tecnológica e consequentemente a variação na qualidade dos softwares, as
tecnologias de informações e comunicações (TIC) podem ser bons recursos
didáticos, se forem selecionadas e utilizadas adequadamente. Elas podem ser
usadas como meio que auxilie os professores, na produção e construção do
conhecimento, desenvolvendo novas maneiras e materiais didáticos.
Com tais pressupostos, estabelecemos como objetivos principais no projeto
os seguintes itens:
- Apresentar aos participantes do projeto alguns softwares, de preferência
freewares ou shareware, para o ensino de Matemática, bem como ensinar a
manipulá-los e a fazerem uma ligação entre o uso de softwares e o conteúdo
trabalhado em sala de aula;
- Discutir e avaliar os usos dessa tecnologia como ferramenta no ensino de
Matemática e propor metodologias alternativas para inserção da informática no
ensino de Matemática;
- Reforçar a prática dos professores na escola usando os softwares;
- Produzir materiais didáticos para o uso de softwares de Matemática a partir
das práticas realizadas pelos professores no laboratório de informática;
- Oportunizar o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na
Educação – TICE, na práxis do ensino e na perspectiva de aproximar os professores
das mesmas.
A partir de tais objetivos destacamos as ações trabalhadas.
Referencial Teórico-Metodológico
O grupo de extensão iniciou o projeto com uma prática cooperativa, no
sentido de buscar subsídios que auxiliassem os professores da escola pública, na
inserção do laboratório de informática em suas práticas pedagógicas e com isso
melhorar o rendimento de seus alunos.
Após longo período de trabalho conjunto passou de uma prática cooperativa,
de relações desiguais, para uma prática colaborativa, em que todos trabalhavam
conjuntamente de igual para igual. No início de um trabalho cooperativo, apenas
nós, pesquisadores, preparávamos quais softwares que fariam parte das aulas, no
final, todos participavam colaborativamente na escolha dos softwares, de acordo
com as necessidades dos professores, para que pudessem trabalhar os conteúdos
do plano de aula.
Nesta visão, o nosso referencial teórico-metodológico voltou-se para um
Trabalho Colaborativo em que não nos reduzimos a simples auxiliares ou
fornecedores de dados e materiais, como considera Fiorentini (2004, p. 34):
“Todos os integrantes de um grupo colaborativo assumem um mínimo de protagonismo no grupo, não se reduzindo a meros auxiliares ou fornecedores de dados e materiais, mas como sujeitos que não apenas aprendem, mas também produzem conhecimentos e ensinam os outros”.
A participação foi voluntária, tanto dos professores quanto dos pesquisadores
e bolsista de Ensino de Graduação. O grupo foi composto por quatro professores do
ensino fundamental e médio, apesar de termos começado com um número maior,
além dos cinco pesquisadores da universidade e com uma bolsista de licenciatura
em Matemática.
O projeto foi executado em dez meses, dos quais seis meses serviram para a
apresentação e manipulação dos softwares:
- Graphequation (shareware): destinado ao estudo de funções e gráficos,
curvas e regiões no plano;
- Winplot (freeware): destinado ao estudo de funções e gráficos em 2D e 3D;
- Poly (shareware): permite explorar família de poliedros convexos, onde é
possível aplicar movimentos e planificá-los;
- Régua e Compasso (freeware): destinado ao estudo das construções
geométricas;
- Excel (software): usado como ferramenta no estudo de estatística.
Os outros quatro meses foram destinados à assessoria, reflexões e
avaliações das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos participantes em suas
aulas, referentes aos softwares apresentados. A metodologia adotada seguiu o
seguinte percurso:
- Encontros semanais de capacitação para o uso de softwares;
- Assessoria aos professores da escola, sobre as facilidades e dificuldade do
uso da informática no ensino e aprendizagem da matemática;
- Produção e implementação de material didático para as aulas;
- Elaboração de relatórios finais onde constarão as atividades desenvolvidas,
as dificuldades encontradas, os encaminhamentos, etc.
Nesse tempo de assessoramento, a negociação de metas e objetivos era
comum, co-responsabilizando-se para atingi-los. O professor do ensino fundamental
e médio, ao introduzir os softwares com seus alunos, foi acompanhado por um dos
pesquisadores da universidade, ou a bolsista. Houve, com isto, o compartilhamento
de saberes e experiências, com confiança e respeito mútuo. Tais aulas foram
gravadas e filmadas, com o intuito de, mais tarde em encontros quinzenais,
reflexionarmos sobre nossos êxitos e fracassos, onde nos sentimos a vontade de
expressar livremente nossas críticas e o mais importante, sentindo-nos dispostos as
mudanças.
Nesses encontros se fez presente o bate-papo informal, reciprocidade afetiva
e confraternizações, mas respeitando sempre diferentes interesses e ponto de vista.
Ao final destinamos a leitura de textos e produção do relatório final, num processo
de sistematização e socialização dos conhecimentos adquiridos, que são expostos
mais a frente.
A seguir, apresentaremos um breve relato dos softwares trabalhados e seus
respectivos conteúdos desenvolvidos, tanto, nos encontros semanais de
capacitação, quanto, na prática do grupo ao levar os alunos no laboratório de
informática.
Conteúdos Desenvolvidos
Dentre os conteúdos trabalhados, destacamos as funções e seus gráficos,
equações, inequações, sistemas lineares, geometria plana, geometria espacial,
estatística, entre outros. Esses conteúdos, que fazem parte do plano de ensino das
escolas públicas, se desenvolveram na dinâmica de conhecimento, utilização e
avaliação de cada software.
Colocamos, a seguir, uma breve descrição de cada um desses softwares e
alguns exercícios utilizados com os professores que fizeram parte do curso e seus
alunos. Também relatamos, de forma reflexiva, as principais características
educacionais inerentes aos softwares com relação aos conteúdos trabalhados,
especificamente em cada um deles.
Graphequation
Programa que permite “desenhar” paisagens através de representação gráfica
de funções e relações. Para construir uma paisagem pensamos em certas “formas” e
a elas devemos associar relações matemáticas. Tomando como ponto de partida
uma função bastante simples, aplicamos operações algébricas sobre sua expressão,
produzindo diferentes transformações no seu gráfico - translações, reflexões,
dilatações, contrações - de modo a obter a “forma” desejada.
Para construção de desenhos como no exercício abaixo (figura 1), é preciso
saber as relações matemáticas que serão utilizadas em cada parte do desenho, para
escrevê-las no graphequation.
Exercício: Desenhar a seguinte flor:
Figura 1: Construção de uma flor no Tabelas 1: Inequações das pétalas da flor no
Graphequation Graphequation
Tabela 2: Inequação do miolo da flor no Tabela 3: Inequações do caule e da folha no
Graphequation. Graphequation
Este exercício permite verificar como os alunos puderam trabalhar na sala de
informática, com inequações e suas relações dentro de uma perspectiva artística,
estimulando-os a encontrar a melhor inequação que estabelece uma harmonia da
figura pedida. Os alunos foram orientados a iniciar com desenhos mais simples, que
apresentassem apenas retas, para depois trabalharem com outros tipos de
equações, dependendo do grau de conhecimento dos alunos.
Consideramos este software muito importante na aprendizagem das funções,
o qual possibilita aos alunos pesquisar as inequações e suas relações matemáticas,
de tal maneira que formarão os desenhos desejados no gráfico. Desta forma,
permite ao professor utilizá-lo como uma ferramenta, a mais, em suas aulas para
uma maior visualização das principais características das inequações e de onde
podem ser aplicadas.
Winplot
Programa livre, desenvolvido por Rick Parris (Phillips Exeter Academy) para
sistemas Windows, destinado à construção de gráficos de funções de primeiro e
segundo grau, polinomiais, logarítmicas, exponenciais, trigonométricas, entre outras.
O Winplot gera gráficos de 2D e 3D a partir de funções ou equações matemáticas.
Você obtém resultados rápidos, diretos e excelentes. Os menus do sistema são
simples, sendo que existe uma opção de ajuda em todas as partes. Aceita funções
matemáticas de modo natural.
Este software ainda lhe oferece a possibilidade de criar órbitas planetárias
para realizar cálculos de objetos no espaço. Todos os gráficos podem ser
personalizados, com alteração de cores de fundo, fontes, tabelas etc. O Winplot é
um programa completo com versão em português que facilita seu manuseio por
parte do usuário, visto que é uma ferramenta educacional simples de utilizar.
Um dos exercícios utilizados com este software teve por objetivo a exploração
de gráficos de equações do 2º e 3º graus, como mostra a seguir:
Faça o gráfico das seguintes funções explícitas:
a) g(x) = x^2-2x+1 b) g(x) = (x+1)^3-2
O Winplot é um programa muito útil, pois ajuda tanto o professor quanto o
aluno na construção e na visualização rápida das principais características dos
gráficos, como o estudo do coeficiente angular e linear, pontos de crescimento e
decrescimentos, os zeros da função, ponto de mínimo e máximo, concavidade, entre
outras propriedades, na exploração de qualquer tipo de função.
1 2 3 4 5 6
-1
-2
12
1
2
3
4
1 2 3 4
-1
-2
-3
-1-2-3-4
1
2
3
Assim, consideramos que este software contribuiu para o desenvolvimento da
capacidade de observação e do senso crítico dos alunos, além de possibilitar a
associação de idéias evitando a simples memorização.
Régua e Compasso
O aplicativo “Régua e Compasso” (C.a.R.), desenvolvido pelo professor René
Grothmann, é um excelente laboratório de aprendizagem da geometria. O aluno (ou
o professor) pode testar suas conjecturas através de exemplos e contra-exemplos
que ele pode facilmente gerar. Uma vez feita a construção, pontos, retas e círculos
podem ser deslocados na tela mantendo-se as relações geométricas (pertinência,
paralelismo, etc.) previamente estabelecidas, permitindo assim que o aluno (ou o
professor), ao invés de gastar o seu tempo com detalhes de construção repetitivos,
se concentre na associação existente entre os objetos.
Existem vários outros softwares de geometria dinâmicos disponíveis no
mercado, apesar de algumas diferenças, o princípio de funcionamento é
basicamente o mesmo, de modo que as atividades desenvolvidas com qualquer um
deles possam facilmente ser adaptadas para o software “Régua e Compasso”.
O exercício 1, a seguir, em que se utiliza o software Régua e Compasso, teve
por objetivo a exploração de uma perpendicular a uma reta dada.
Exercício 1 - Construir a perpendicular a uma reta AB passando por um ponto
P com o uso do software Régua e Compasso.
Resolução:
Figura 4: Resolução do exercício 1, no Régua e Compasso.
Com este software o aluno tem a possibilidade de mudar de lugar o ponto P
sobre a reta perpendicular a AB e verificar que as circunferências de centro em A e
em B acompanham este ponto, aumentando ou diminuindo seus raios, conforme a
posição escolhida para P, mais distante ou mais perto da reta AB respectivamente.
No entanto, o próximo exercício 2 com a construção de um triângulo, onde
seus lados são fixos, as circunferências utilizadas, para tal, não mudam de tamanho
ao manipular um dos vértices deste triângulo, vejamos a seguir:
Desta forma, o aluno consegue manipular suas construções diretamente na
tela do computador, observando as propriedades de suas construções geométricas.
Ou seja, este software permite um ambiente de geometria dinâmica, com micro
mundos que concretizam um domínio teórico, no caso da geometria euclidiana, pela
construção de seus objetos e de representações que podem ser manipuladas. Além
de oferecer uma base inicial de menus que pode ser expandida com a inclusão de
automatização de rotina de construção – a macroconstrução.
Na figura 4 do exercício, pode-se verificar no lado esquerdo desta, uma caixa
de diálogo que apresenta as ações tomadas, de forma clara e objetiva. Fácil de usar,
o software favorece uma interface agradável, bem didática que permite a realização
de construções geométricas bem simples até construções bastante complexas,
estimulando a criatividade e o questionamento.
Polly
O software Polly permite explorar famílias de poliedros convexos: os
platônicos, os arquime-dianos, os prismas e antiprisma, os poliedros duais. É
possível aplicar movimento aos poliedros e também planificá-los. O Polly é essencial
para uma maior visualização do conteúdo que esta sendo aplicado, pois as figuras
são prontas, tem planificações e tem movimento.
Exercício: Figura tridimensional e sua planificação (prisma pentagonal):
Figura 6 e 7: Visualização e planificação do sólido geométrico no Polly.
No caso do exercício anterior, do prisma, pode ser feita a comparação com o
anti-prisma regular. Ao manipulá-lo, o aluno poderá perceber juntamente com a
orientação do professor que além dos poliedros platônicos e arquimedianos, os
prismas e anti-prisma completam a família de poliedros convexos que tem como
faces polígonos regulares e que são uniformes.
As principais características do prisma podem ser destacadas como o que
tem duas faces congruentes dispostas em planos paralelos e de tal forma que as
arestas unindo vértices a vértices, nestas faces, formam as demais faces quadradas
(figura 6). Já os anti-prisma tem duas faces congruentes dispostas em planos
paralelos, mas com um giro tal que os vértices de uma delas se localizam no “meio”
de vértices consecutivos da outra, e são unidos por aresta, formando as demais
faces triangulares eqüiláteras.
Excel
O Microsoft Excel (nome completo Microsoft Office Excel) é um programa, de
planilha eletrônica, desenvolvido pela Microsoft. Seus recursos incluem uma
interface intuitiva e capacitadas ferramentas de cálculo e de construção de gráficos
que, juntamente com marketing agressivo, tornaram o Excel um dos mais populares
aplicativos de computador. O Excel foi o primeiro programa de seu tipo a permitir ao
usuário definir a aparência das planilhas (fontes, atributos de caractere e aparência
da célula). Também introduziu recomputação inteligente de células, na qual apenas
células dependentes da célula a ser modificada são atualizadas (programas
anteriores recomputavam tudo o tempo todo ou aguardavam um comando específico
do usuário). O Excel tem capacidades avançadas de construção de gráficos.
Um dos exercícios trabalhados no Excel, junto ao conteúdo de Estatística, foi
o seguinte:
Exercício 1 - Com os dados a seguir construa um gráfico de SETORES
CIRCULARES: Produção de Óleo Cru (Petróleo do Mundo) - Fonte: Dep. de Energia
dos EUA
América Latina África China Ásia
Oriente
Médio Outros
10 10,5 4,7 5,1 31 38,7
Tabela12: Tabela do exercício realizado no Excel.
Figura 8: Gráfico de pizza do exercício realizado no Excel.
Com o Excel, os alunos do Ensino Fundamental e Médio, podem trabalhar
com o conteúdo de estatística: moda, média e mediana além de construírem os
gráficos dos dados de uma pesquisa realizada por eles próprios. Através de
diferentes gráficos construídos com o auxílio do Excel, os alunos podem ter uma
melhor visualização dos dados recolhidos durante suas pesquisas. Além de
perceber que cada tipo de gráfico lhes permitem leituras diferentes, ou seja, através
de porcentagem como no gráfico de setores, comparando categorias no gráfico de
barras, entre outras.
Os softwares foram apresentados aos professores com intuito de ensinar a
manipulá-los, e fazer uma ligação entre o seu uso e o conteúdo trabalhado em sala
de aula. Cada procedimento foi avaliado, numa perspectiva de tornar as aulas
diferenciadas da sala de aula em que se utilizam apenas os materiais comuns como
o caderno, lápis e borracha.
As experiências obtidas variaram com o passar do tempo e novas
expectativas foram se adquirindo, como veremos a seguir.
Experiências Finais
Até o sexto mês desta experiência foram trabalhados os softwares citados
acima. Neste período, tanto os professores da escola quanto os acadêmicos da
UFGD tiveram seus primeiros contatos com softwares educativos por meio do
projeto.
Passados seis meses de apresentação e manipulação dos softwares os
outros quatro meses, que faltavam para completar o projeto, foram destinados à
assessoria, reflexões e avaliações das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos
demais participantes em suas aulas referentes aos softwares apresentados.
Nas reuniões quinzenais, foi discutido o artigo: ”Grupo de estudo sobre o uso
de softwares educacionais para o ensino de Matemática no ensino Médio: uma
formação continuada” (Dolurdes Vôos, 2008). Foram levantados várias questões
prós e contras a utilização da sala de informática pelos professores.
Algumas destas questões, contra, discutidas e analisadas foram: a dificuldade
de agendamento da sala de informática; o número grande de alunos por
computador; a falta de computador em casa para o professor planejar suas
atividades; falta de comunicação entre professores de turmas diferentes dificultando
a realização de projetos. E as questões levantadas, a favor foram que os
professores se sentem mais seguros depois do projeto, porém conscientes da
necessidade de atualização constante. Sentem também o entusiasmo do
conhecimento dos softwares educacionais e de um trabalho colaborativo em
estabelecer a continuidade deste projeto. Os professores reconhecem que muitas
dificuldades existem no ensino e aprendizagem, mas que com o esforço e
colaboração essas dificuldades podem ser amenizadas.
Constatamos neste tempo que alcançamos alguns resultados relevantes
sendo que um deles é o desejo de mudança em suas práticas pedagógicas, mas
que segundo Brito e Purificação (2006) “quando falamos na organização
educacional, existe um fenômeno comum a todos os participantes...: o medo dessa
mesma mudança”.
Essa é uma realidade que se apresenta aos participantes, principalmente com
os professores já atuantes, mas de certa forma está sendo revertido conforme
relatos de uma dessas professoras, no que diz respeito a sua prática com seus
alunos. A professora também relata que nas poucas vezes trabalhada na sala de
informática já surgiram mudanças no aprendizado e no interesse dos alunos
referente aos conteúdos trabalhados como mostra a seguir:
“As turmas sempre “cobram” para levá-las ao laboratório. Os alunos estão tendo mais interesse. Eu acho assim: aquela parte de variação de sinal, eu tiro experiência pelos outros anos, nunca ninguém entendia, por mais que eu me esforçasse, agora com o auxílio do software Graphquation eles tem essa visão, que antes poucos alunos tinham, e isso é um grande passo para nós, pelo menos essa dificuldade de “enxergar” eles não têm mais. A sala que eu levei no laboratório não tem mais esse problema”.
Além disso, observamos que já havia uma mudança de comportamento
referente à sua forma de avaliar: “... hoje vou fazer isso, vou dar a função para eles,
eles vão ter que me dizer qual a raiz daquela função, quem é o vértice, por que a
concavidade é voltada para cima ou para baixo vou começar a avaliar de forma
diferente”. Almouloud (apud Brito e Purificação, 2006) ressalta essa utilização do
computador em “tratar no tempo real uma parte da avaliação e em diminuir o efeito
emocional da avaliação”. A professora demonstrou também a necessidade de um
trabalho em conjunto, com os demais colegas da escola, sugerindo assim que todos
participem de projetos como este, destacando a necessidade de mudança no
planejar por meio da interdisciplinaridade.
Essa conscientização da professora foi além de nossos objetivos. Assim
concluímos que ainda há uma grande necessidade na formação e conscientização
de todos os professores no que diz respeito às novas tecnologias.
Ao final, todos os professores levaram seus alunos para a sala de informática,
uns com mais timidez que outros, mas todos com a certeza de poder somar mais
conhecimento aos seus alunos. Cada professor levou de duas a quatro turmas,
conforme as possibilidades de agendamento na sala, onde trabalharam com cada
software estudado.
Foram produzidos vídeos da prática de cada professor no laboratório de
informática e, através destes, houve momentos de discussão sobre a utilização de
todos os softwares juntamente aos conteúdos trabalhados, bem como as
metodologias utilizadas.
Do material elaborado para o curso prático, foram feitas sugestões de
elaboração de materiais didáticos para o uso em aula prática no laboratório. Dessa
forma, foi possível oportunizar o uso e aproximação das tecnologias da informação e
comunicação na educação - TICE; na práxis do ensino, na perspectiva de aproximar
os professores das mesmas.
A partir deste projeto de extensão dar-se-á seqüência em um novo projeto,
agora de pesquisa, em que serão avaliados, nos anos subseqüentes, os resultados
das práticas docentes no laboratório de informática.
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