um diÁlogo bibliogrÁfico acerca da violÊncia que … · a aproximação do tema surgiu de...
TRANSCRIPT
1
VIOLÊNCIA NO FUTEBOL PARAENSE UM DIÁLOGO BIBLIOGRÁFICO ACERCA DA VIOLÊNCIA QUE ENVOLVE AS
TORCIDAS DE FUTEBOL DE CAMPO EM BELÉM DO PARÁ
Theophilo Anthunes Santos de Oliveira
Milton Matheus de Souza
RESUMO
O presente estudo explana a violência envolvendo as torcidas de futebol de campo em Belém do Pará. Baseando-se em uma pesquisa bibliográfica, com materiais destinados a discutir esta violência no futebol do Brasil, faz-se uma análise de conteúdo de noticias jornalística da seção “Bola”, do jornal digital “Diário do Pará” em um recorte de 4 anos (2009 – 2012) em Belém do Pará. Tenta reconhecer a situação do torcedor perante a sociedade, tentando demonstrar as causas e efeitos da ferocidade das Torcidas. O estudo toma como base uma pesquisa exploratória reunindo fontes para o embasamento de que a violência coletiva do futebol se deve a fatores sociais. Conclui que a violência é um reflexo social de uma coletividade e um fato presente no futebol de campo em Belém do Pará, principalmente nos clássicos da capital.
Palavras-Chave: Futebol; Torcida; Belém; Violência.
INTRODUÇÃO
O futebol se tornou uma paixão para os brasileiros, que, gradualmente,
referem-se ao país como "a pátria de chuteiras" ou o "país do futebol". Segundo
pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, o futebol movimenta, em torno, de R$
16 bilhões por ano, contendo, em média, trinta milhões de praticantes (profissionais
ou não) (LEOCINI; Da SILVA, 2005). Por que o futebol é uma paixão nacional? Uma
resposta que parece fácil, mas acaba por não ser objetiva. Para Lima (2002) o
futebol está na sociedade brasileira como para cada brasileiro. Mesmo os que não
gostam tem um time de preferência, e sempre torcem pela seleção nacional na Copa
do Mundo, daí, desde seu nascimento o brasileiro é vestido pelo futebol.
Com essa cultura futebolística inserida na sociedade que Daólio (2005 apud
NETTO, 2005, p.2) afirma que “o ato de torcer, como o de jogar futebol e de jogar
com certo estilo não é genético, mas social. Segundo ele, o futebol permite uma
Discente do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Universidade do Estado do Pará. e-mail: [email protected] Professor orientador, Mestre em Educação pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).
Professor do Curso de Educação Física da UEPA – e-mail: [email protected]
2
violência simbólica, absolutamente saudável”. Configuram-se como violência
simbólica os tipos de cantos, xingos e gestos dos torcedores, que acabam sendo
consentidos pelos brasileiros e estão amplamente representados no futebol. Acaba
por ser acolhida diante das regras, normas e valores socialmente aceitos, porque
xingamentos e gestos são banais e visto de forma agradável nos estádios. Nesse
espaço são permitidas condutas que não são aceitos em outros locais, sendo
analisados como uma manifestação de violência “afetiva”, já que são
emocionalmente satisfatórios e agradáveis (REIS; ESCHER, 2006).
No Brasil a torcida se apresenta como elemento festivo, emotivo e impulsivo,
tanto para os atletas, para os clubes e para a mídia. E o fato da torcida estar
presente nas vitórias e derrotas do seu clube são evidenciados nos momentos
históricos exaltando seus feitos. Mas nas últimas décadas têm se prevalecido os
atos violentos das torcidas e neste artigo se dá importância a estes últimos atos.
A aproximação do tema surgiu de experiências pessoais e acadêmicas, tal
como o ingresso no Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará
(CEDF/UEPA), em 2008, momento que se compreende o futebol como um
fenômeno sócio cultural, percebendo-o de forma critica e reflexiva, assim como
percebeu este associado à violência, atitude tão evidenciada pelos meios de
comunicação.
O quadro problemático já mencionado é o fato das torcidas, em meados da
década de 1980 até atualmente, conforme tem crescido, tem mais noticias de atos
violentos praticados pelas mesmas, e o presente estudo tenta entender o que
colabora para tais eventos que só fazem diminuir o espetáculo em si, que deve ser o
futebol.
A pesquisa busca compreender a relação “violência x futebol” existente em
Belém do Pará com os estudos e pesquisas feitas no Brasil a respeito da violência
no futebol. O presente estudo tenta, de maneira qualitativa, buscar reflexões e
relações da violência presente no futebol, em especial no que tange torcida
organizada em Belém do Pará, pois, segundo Melim (2009), a imprensa esportiva
consolida na opinião publica a imagem de que torcedor organizado é “um sujeito
violento e vagabundo”.
3
Considerando a delimitação supracitada temos como problema de pesquisa o
seguinte: Quais são os principais fatores apresentados no jornal eletrônico Diário do
Pará sobre a recorrência de atos de violência no futebol belenense, especificamente
aqueles referentes aos jogos entre Clube do Remo e Paysandu Sport Club? A
importância para que os dois clubes citados sejam referência é de ordem histórica
como dizia Costa (2009) em seu livro “Remo x Paysandu - O Clássico mais
disputado do futebol mundial” onde se conta a história deste clássico que é chamado
pelo autor de “Clássico-Rei da Amazônia”.
O objetivo geral pretende: Analisar os fatores apresentados no jornal Diário do
Pará sobre a recorrência de atos de violência no futebol paraense, especificamente
aqueles referentes aos jogos realizados em Belém do Pará. E para alcançar o
objetivo geral, traçamos como objetivos específicos: Identificar a violência existente
no futebol de campo em Belém do Pará; relacionar os atos violentos das torcidas
encontrados nas pesquisas com o material especializado neste tipo de estudo.
O estudo se apresenta como publicidade da atualidade no futebol, haja em
vista que um dos principais temores urbano-social são as torcidas organizadas e os
atos de violência que envolve os mesmos (MURAD, 2007). A partir desse
pressuposto o tema é de suma importância para a sociedade, até como referencial
teórico, para saber como, em Belém do Pará, estão os atos violentos envolvendo
torcedores de clubes rivais de times de futebol de campo.
Para melhor compreensão do assunto, dividimos a discussão do artigo da
seguinte forma: O presente estudo está organizado, basicamente, em quatro seções.
Na primeira fazemos um levantamento histórico das torcidas no mundo e no Brasil,
para entrarmos no mérito da questão: a violência das torcidas de futebol de campo.
Na seção seguinte imprimimos a questão metodológica que perpassou o trabalho,
onde o cunho científico fica presente, para o artigo científico não se perder em
visões populares. Na terceira estabelecemos a analise dos dados expondo-os em
quadro e temáticas. Na ultima seção temos a conclusão que imperando os
resultados finais da pesquisa, os anseios, as respostas que poderemos fomentar a
partir dos questionamentos feitos aqui no inicio.
4
GÊNESE E HISTÓRICO DA TORCIDAS DE FUTEBOL DE CAMPO E SUAS
PRATICAS VIOLENTAS
Ao tratar de violência no futebol iremos recobrar do episódio mundialmente
conhecido, que se sucedeu no Brasil no dia 20 de agosto de 1995 intitulado pela
mídia como “Batalha Campal do Pacaembu” (PIMENTA, 2001). Um jogo teve os
portões abertos ao público, não cobrando ingresso. Silva, V. (2011) em seu artigo
explicita:
Mais uma vez no mesmo estádio, agora no de 1995, em 20 de agosto, ao final da partida válida pela Copa São Paulo de Futebol Júnior entre as equipes do São Paulo F.C. (SP) e S.E. Palmeiras (SP) houve invasão por parte dos torcedores são-paulinos a um setor onde existia grande quantidade de entulho. As torcidas confrontaram-se, resultando em 22 policiais militares lesionados, 87 civis feridos e um torcedor morto por espancamento. Nessa época, não existia óbice à entrada de hastes de bandeiras em estádios e esse tipo de material foi violentamente utilizado pelos torcedores contra os policiais, fato que dificultou a ação de restabelecimento da ordem e contribuiu para a piora dos resultados (SILVA, V., 2011)
Este foi um fato noticiado em âmbito mundial e que fez as autoridades
brasileiras pensarem em políticas direcionadas para as torcidas organizadas. As
torcidas organizadas brasileiras chamavam a atenção da mídia, anteriormente a
esse fato, pela festa que produziam durante os jogos, podendo citar a “Invasão
Corinthiana” no Maracanã, em 1976. Para Melim (2009, p. 5):
Com o surgimento das torcidas organizadas no final dos anos 60, a imprensa passa a dar notoriedade a esse processo de organização através de coberturas que ressaltavam e incentivavam as festas nas arquibancadas. Essa mesma cobertura abriu espaço para a consequente referência e caracterização do torcedor apaixonado, guerreiro, capaz de acompanhar o time em qualquer circunstância. [...] A imprensa passa, então, a dar grande destaque aos recursos estéticos e às festividades que a juventude organizada proporciona nos estádios, apoiando o time com uma fidelidade nunca vista antes. Em paralelo, utilizam dos sentimentos e das relações inerentes ao futebol, como paixões e excessos, para estabelecer o tipo de torcedor conveniente à cobertura esportiva. Os torcedores, deste modo, são considerados meros consumidores do produto futebol.
Porém com a violência gerada pelos Hooligangs nos anos de 1980 na Europa,
a visão em relação às torcidas organizadas foi sendo deturpada. E nos anos de
1990, depois da “Batalha Campal do Pacaembu” (PIMENTA, 2001) culminou em
uma transformação da imagem para a sociedade. Neste sentido, Lima (2002) afirma
que:
5
[...] Tal esporte é parte essencial na construção da identidade das pessoas e dos diversos grupos. A exemplo disso hoje vemos as enormes torcidas dos clubes espalhadas pelo mundo que se juntam, e de certa forma se identificam, formando um grupo social. Infelizmente, como é comum entre diferentes grupos identificados com objetos diferentes, a situação descamba para a violência (LIMA, 2002, p.7).
E com esses fatos no país acontecendo a partir de 1996, os torcedores
paraenses também se enquadrem na lógica nacional. Para Murad (2007, pag.11) “o
tema violência começou a ganhar espaço no noticiário e a preocupar a sociedade
brasileira nos idos dos anos 1960, período do regime militar. Vinte anos depois, o
fenômeno também atingiu o futebol de forma mais pronunciada”. E na Europa esse
fenômeno corre muito tempo antes.
Tudo começou com a invenção do futebol na Inglaterra (no século XIX), se
separando do rúgbi. Já nesse período havia certa rivalidade entre burgueses –
dominantes do esporte na época - e os operários. Lima (2004) fala desse começo
de rivalidade na Europa:
Os jogadores destes times eram os próprios funcionários destas fábricas, que disputavam jogos, geralmente nos sábados a tarde (tradição existente até hoje no Campeonato Inglês de Futebol) no dia em que tinham folgas. Muitas pessoas iam assistir esses jogos. Geralmente eram também operários das fábricas as quais os times representavam, e também a família e a comunidade desses jogadores. É nesse período que começam a surgir as grandes rivalidades entre os diferentes times das cidades da Grã Bretanha. É nesse momento que surgem as disputas entre o Manchester City e o Manchester United, o Glasgow Celtic e o Glasgow Rangers, e o Arsenal, o Chelsea e o Cristal Palace em Londres. Como podemos perceber, inicia-se neste momento a identificação por parte da população pelos clubes de futebol, seja por razões comunitárias, culturais e até mesmo religiosas. Tal massificação do futebol fez com que o historiador inglês Eric Hobsbawn chamasse o jogo de futebol como "a religião leiga da classe operária" (LIMA, 2004; p.6).
Essas rivalidades supracitadas foram efervescentes para a criação das torcidas
e confrontos entre elas. Um momento histórico em 1985, auge do Holliganismo que,
segundo Silva (2008, p.3) “trata-se de um fenômeno Europeu, com origem na
Inglaterra, que modifica drasticamente o comportamento do espectador de futebol
em relação a um conjunto de atitudes, valores pessoais e sociais e visões de
mundo”. Os Hooligans foram a massa da torcida na Europa mais inflamada, mais
violenta e, por algum tempo, a mais temida. Para Cunha (2009, p.2) o Holliganismo
é o “conceito que designa a violência organizada e premeditada nos espetáculos
6
desportivos, em especial os de futebol surgiram nos finais dos anos 1950 na Grã-
Bretanha”.
Com a violência constante nas arquibancadas, a Europa visou elitizar os
espectadores de futebol. Nesse processo, os ingressos ficaram mais caros, as
arquibancadas em alguns países europeus foram extintos, e o policiamento foi
reforçado e especializado contra práticas violentas nos estádios de futebol (CUNHA,
2009). Este é um método que está chegando ao Brasil.
Para atingirmos patamares maiores na nossa discussão devemos elencar o
histórico das torcidas brasileiras. Lima (2004), afirma que Charles Miller trouxe para
os brasileiros o futebol, em 1894. Ele Apresentou o esporte à elite paulistana e a sua
aceitação foi rápida pelas associações atléticas, clubes etc. Diferentemente, nas
comunidades foi aceito somente quando os proletários começaram a praticar, dez
anos mais tarde. “Aos poucos, o futebol vai se popularizando e sendo jogado nos
campos de várzea, nas periferias dos grandes centros urbanos, como São Paulo e
Rio de Janeiro, por exemplo” (SOBRINHO; CESAR, 2008). A partir disso sempre
houve torcedores para apoiar o time:
A primeira forma dessa manifestação, por exemplo, é denominada, por alguns pesquisadores, de torcidas voluntárias. Torcidas que, no início da nossa história do futebol, se reuniam única e exclusivamente em consequência dos jogos e tinham como elemento unificado a paixão, ou a simpatia, que nutriam por um ou por outro clube (SOBRINHO; CESAR, 1997, p. 02).
Ainda com ideias de Sobrinho e César (2008), estes nos falam que “nesse
momento, os laços de identidade e de solidariedade ficariam restritos ao espaço de
duração dos jogos, podendo ser revividos em momentos do cotidiano desses
torcedores, como em bares e rodas de amigos”. Em meados dos anos 1940 surgem
as primeiras manifestações de organização de torcedores: as Charangas. Estas
consistiam, segundo Toledo (1996) em uma estrutura simples – um dono – e
pessoas ligadas aos clubes através de políticos, dirigentes, funcionários, etc. Davam
um tom carnavalesco nas arquibancadas com suas bandas musicais.
Depois desse período chegando aos anos 1960 começa a proliferação das
torcidas jovens que, para Hollanda (2007), eram dissidentes das torcidas
organizadas pré-estabelecidas, mas que queria fazer “revolução”. Hollanda (2007),
7
ainda afirma que o sucesso foi tanto que várias torcidas se dividiam e multiplicavam-
se conforme os ideais dos participantes, como evidenciado no excerto:
Gaviões da Fiel foram os primeiros que realmente se organizaram, com o propósito de ajudar a ser clube (Sport Club Corinthians). Sua história começa no dia 01 de julho de 1969, data em que o clube estava, mais uma vez, fora da disputa do título (DIAFÉRIA, 1992, p.214)
Para Diaféria (1992) o Gavião da Fiel, torcida organizada do Sport Club
Corinthians Paulista, foi a primeira torcida a se organizar de forma estrutural.
Segundo Pimenta (2001):
[...] Os Gaviões representam a primeira torcida a ter uma estrutura organizativa regida por regras estatutárias e com característica burocrática/militar, compondo-se de presidente e vice, conselheiros e diretores, eleitos periodicamente, formando instituição privada sem fins lucrativos e seus sócios são tratados de forma impessoal. A torcida foi fundada em 01/07/1969, com o objetivo de fiscalizar e apontar todos os erros praticados pelos dirigentes do S. C. Corinthians Paulista, auto-intitulando-se os representantes da nação corintiana junto à Instituição-Clube. A identificação desses grupos é percebida pela vestimenta, pela virilidade e masculinidade, pelos cânticos de guerra, pelas transgressões das regras legais, pelas coreografias, pelo sentimento de pertencimento ao grupo e pela necessidade de auto-afirmação (PIMENTA, 2001, p.127)
Nos anos 1980, para Pimenta (2001) no Brasil:
[...] o comportamento do torcedor nas arquibancadas dos estádios de futebol modificou-se consideravelmente. Isso se deu pelo surgimento de configurações organizativas com característica burocrática/militar fenômeno essencialmente urbano que cria uma nova categoria de torcedor, ou seja, o chamado “torcedor organizado” (PIMENTA, 2001, p.123)
A torcida do Corinthians Paulista é a segunda mais popular do Brasil, de
acordo com o divulgado pelo IBGE em Dezembro de 2007. O clube ganhou seu
primeiro titulo nacional em 1990. O Clube de Regatas Flamengo tem a maior torcida
do Brasil, porém suas conquistas de expressão nacional e mundial estão no
passado (entre os anos de 1970 e 1980). O fato de a torcida organizada ter um
nome forte e uma estrutura intensa parece significar um modelo para os jovens de
hoje em dia, corroborando com essa afirmação Pimenta (2000) afirma:
O torcedor, no modelo organizado, não é mais um mero espectador do jogo. No grupo ele é parte do espetáculo, ele é o espetáculo. No grupo ele expressa sua masculinidade, seus sentimentos de solidariedade, de companheirismo e de pertencimento em um grupo que o acolhe (PIMENTA, 2001, p.4).
Elucidando o conceito do jovem torcedor evidenciado por Murad (2007), em
que o jovem torcedor se sente inserido em uma comunidade. E essa imagem que o
8
jovem tem perante a torcida é reforçada também pelos jogadores dos clubes, que
saldam a torcida com alguma simbologia que identifique a torcida homenageada. Ou
provocam a outra torcida com atos premeditados.
Depois dessas discussões vamos observar como é o trato da violência entre as
torcidas organizadas de Belém do Pará.
RELAÇÃO DA VIOLÊNCIA COM AS TORCIDAS ORGANIZADAS PARAENSES
A paixão, emoção que o futebol traz para seus adeptos ou, simplesmente,
torcedores é contagiante, aflora a pele, e, por vezes, um estado de graça que não é
compreendido por alguns, que transforma sua tristeza ou angústia, em violência e
transtorno para os que são contra suas ideias futebolísticas.
Os torcedores do Paysandu e Remo se orgulham da sua história também. O
Paysandu foi criado por atritos entre agremiações que queriam chegar a final para
disputar o campeonato paraense contra o Remo. Uniram-se e formaram o clube,
como descreve Costa (2003):
A rivalidade entre Paysandu e Remo já nasceu na fundação do alvi-celeste. Os fundadores do Paysandu se revoltaram contra a Diretoria da Liga Paraense de Foot-Ball, que se recusou a anular a partida Norte Club 1 x 1 Guarany, realizada a 15 de novembro de 1913, cujo resultado deu ao Grupo do Remo (atual Clube do Remo), o título de campeão paraense de futebol daquele ano. O Norte Club realizava uma boa campanha e tinha sérias aspirações ao título. Para tanto, teria que derrotar o Guarany naquela partida. A vitória daria chance ao Norte Club de disputar o título de campeão com o Remo, em partida extra. Os integrantes do Norte Club, inconformados com o resultado da partida contra o Guarany, solicitaram à Liga "a anulação da mesma, por diversas irregularidades havidas. A Diretoria da Liga Paraense de Foot-Ball, porém, julgou improcedente o recurso, validando para todos os efeitos o resultado de 1 x 1. A decisão não agradou nem um pouco aos integrantes do Norte Club, que decidiram tomar posição para que sua associação se tornasse mais forte, capaz de enfrentar em igualdade de condições os seus adversários. Hugo Manoel de Abreu Leão, que jogava no Norte Club, era o líder do movimento destinado a fundar a nova agremiação. Os integrantes do Grupo do Remo chegaram até a convidá-lo para ingressar no clube, idéia que foi repelida, de imediato, com a seguinte frase: - Vou fundar um clube para superar o Grupo do Remo! Reuniões se sucederam e os componentes do Norte Club acabaram por se decidir pela extinção da agremiação, e pela fundação de outra, mais forte e com nova denominação: Paysandu Sport Club (COSTA, 2003, p.28).
Temos aqui o primeiro atrito histórico entre as agremiações. Sendo o maior
rival criado pelos exaltados e mortificado dissidentes dos clubes que não
concordavam com tal soberania. Mesmo com valor histórico, há autores que afirmam
9
que as torcidas só zelam pela rivalidade sem contexto histórico. Segundo estudo de
Hidaka, Santos Araújo e Souza Araújo (2007):
[...] a rivalidade é alimentada com uma satisfação de ver o clube rival em má situação, derrotado, endividado, eliminado e rebaixado é uma alegria comparada à vitória do time do coração. Os azulinos relembram o fato do maior rival não ter conseguido passar para a próxima fase do Campeonato Brasileiro da série C. (HIDAKA; SANTOS ARAÚJO; SOUZA ARAÚJO, 2007, p.11)
Essa afirmação nos leva a remeter se o valor histórico-cultural é valorizado
pelas torcidas do Brasil, principalmente as de Belém do Pará. Nesse contexto, os
clubes do Pará, que no presente momento se encontram nas divisões que não são a
elite do futebol, estão batalhando para manter equipe que, por vezes, deixam de
entrar em campo para uma partida oficial por mais de 7 meses. Nesse sentido a
torcida, que na década de 1990 e começo dos anos 2000 viviam os “louros da
vitória” dos seus times, torcendo e se vangloriando das suas conquistas, em campo
e fora dele. Porém a outro lado do amor, da paixão, a linha tênue que separa a
razão da emoção: os atos de violência em dias de clássicos no futebol do Pará.
O que é supracitado por Hidaka, Santos Araújo e Souza Araújo (2007, p.11) diz
respeito da opinião do torcedor de Belém. Também podemos ressaltar que a
violência é gerada pelos próprios esportistas e envolvidos com o mundo do futebol, a
exemplo disso temos sempre uma confusão ou outra em clássicos de futebol de
campo. Outra perspectiva que pode gerar confusão nas arquibancadas e fora dele é
salientada por Pimenta (2001):
O argumento mais recorrente utilizado por representantes de “torcidas” é que atos de violência podem ser gerados em face de inúmeros fatores intimamente ligados às teias de relações desenvolvidas no evento esportivo, abrangendo desde a estrutura dos estádios até a ação da polícia. Paulo Serdan sintetizou a justificativa: “[...] um detalhe do juiz, um detalhe do bandeirinha, um detalhe do policiamento. É uma série de detalhezinhos que vai insuflar a ‘torcida’ e vai criar um clima de guerra. Você chega num estádio e não tem água para beber, não tem banheiro para ir (...), um guarda que é um pouco violento [...], um bandeirinha que vira para trás e tira um barato com a cara da ‘torcida’ ou o próprio diretor de clube que o seu time faz gol, ele vira para a ‘torcida’ e tira um barato, então é uma série de detalhes que faz você sair do sério [...] (PIMENTA, 2001, p.125).
Este argumento feito pelo antigo presidente da Mancha verde (torcida
organizada da Sociedade Esportiva Palmeiras) Paulo Serdan é recorrente. No Pará
já houve e acontecem esses problemas mencionados acima. Veremos mais com a
organização e a análise dos fatos em que ocorre violência no âmbito do futebol de
10
campo em Belém do Pará no caderno esportivo “Bola” do periódico digital “Diário do
Pará”.
MÉTODO E MATERIAL
Para se atentar e direcionar este estudo como uma pesquisa cientifica,
devemos estruturá-la por sua metodologia. Define-se método como "o caminho para
se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento" (GIL, 1994, p. 27).
Nesse sentido, nossa pesquisa vincula-se ao critico-dialético, que, segundo
Martins (1994, p. 27):
Privilegiam experiências práticas, processos/históricos, discussões filosóficas ou análises contextualizadas. Suas propostas são marcadamente críticas e pretendem desvendar mais que o "conflito das interpretações", o conflito dos interesses. Manifestam interesses transformadores. Buscam inter-relação do todo com as partes e vice-versa, da tese com a antítese, dos elementos da estrutura econômica com os da superestrutura social, política, jurídica e intelectual. A validade da prova científica é fundamentada na lógica interna do processo e nos métodos que explicitam a dinâmica e as contradições internas dos fenômenos, e explicam as relações entre homem-natureza, entre reflexão-ação e entre teoria-prática.
A pesquisa é definida em um estudo bibliográfico relevante por elencar a
produção do conhecimento a respeito do tema. Por ser um estudo bibliográfico
Cervo, Bervian e Da Silva (2007, p. 60) explicitam seu conceito e importância:
A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir das referencias teóricas publicadas em artigos livros, dissertações e teses. [...] busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema.
Para reforçar a pesquisa e inserir o trato com fontes jornalísticas como jornais e
meios eletrônicos, Gil (2002, p. 46) diz:
Nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental, já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos para determinado público. Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultadas nas pesquisas documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, pode ser tratada como fontes bibliográficas. Nesse sentido, é possível até mesmo tratar a pesquisa bibliográfica como um tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de material impresso fundamentalmente para fins de leitura.
11
Daí se apresentar uma pesquisa bibliográfica pelo trato de documentos
impressos em jornais. No caso desta pesquisa vai se valer dos artigos jornalísticos
da seção esportiva (especificamente Bola) do jornal eletrônico “Diário do Pará”, pois,
segundo a ANJ - Associação Nacional de Jornais – o presente jornal é um dos
maiores jornais do Brasil de circulação paga, por ano (segundo pesquisa feita em
2011) ficando em 42º lugar de todos os jornais do Brasil – que reuni mais de 154
jornais no Brasil. Por tal proeza, ela assume importância por fazer com que suas
notícias sejam mais difundidas no estado do Pará.
A coleta de dados foi feita na rede mundial de computadores (internet), no site:
http://diariodopara.diarioonline.com.br/, fazendo um recorte material e histórico.
Iremos coletar e analisar todos os artigos que tem como tema o futebol de campo e
violência em Belém no diário esportivo eletrônico “Bola” do Diário do Pará. Tratamos
dos dados de 04 anos (2009 - 2012), pois em 2009 é o ano em que a Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) criou e realizou o primeiro campeonato brasileiro serie D
(4º divisão), com participações efetivas de algumas equipes do Pará. Ano
importante, também, por constatar que nenhuma equipe paraense estava na elite do
futebol de campo nacional, transformando seus “tempos de glórias” (década de 1990
e começo do novo milênio) em dias de “trevas” (NOGUEIRA, 2011).
Por consequência da evolução das pesquisas, a Análise de Conteúdo perde
um pouco do seu caráter descritivo, e passa a tomar-se consciência de que sua
função e objetivo é também descrever o texto jornalístico (DA SILVA, 2011).
Limitando-se a analisar somente dados envolvendo futebol de campo em Belém do
Pará e violência, pois como é do trato de conteúdo exploratório, não iremos nos
aprofundar na questão.
A abordagem apresentada se estrutura na forma qualitativa, pois, segundo
Chizzotti (1995, p. 52) a pesquisa qualitativa “fundamentam-se em dados coligidos
nas interações interpessoais, na coparticipação das situações dos informantes,
analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos. O pesquisador
participa, compreende e interpreta”. Com a reunião de estudos de autores
especialistas no assunto que aborda a violência no futebol, iremos dialogar com os
eventos que acontecem em Belém do Pará, qual será os problemas para que haja
violência nos estádios em dias de clássico de futebol em Belém do Pará.
12
Elencamos, para a investigação do tema a ser pesquisado fatos jornalísticos
para comprovar que pesquisas dos autores tem o respaldo necessário para ajudar,
ou não, a analisar as noticias veiculadas. Neste sentido usamos, também, as bases
da pesquisa exploratória que, para Soares (1994, p.1): “o objetivo de uma pesquisa
exploratória é familiarizar-se com um assunto ainda pouco conhecido, pouco
explorado. Ao final da pesquisa, você conhecerá mais sobre aquele assunto, e
estará apto a construir hipóteses. Neste sentido a pesquisa é de cunho exploratório.
Como técnica de análise de dados, utilizamos a analise de conteúdo, que
segundo Bardin (1977, p. 31) consiste em um “conjunto de técnicas de análise das
comunicações” (quantitativos ou não) que aposta na rigidez do método como forma
de não se perder na diferença de seu objeto, visa obter, por procedimentos,
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores e
conhecimentos relativos às condições de variáveis inferidas na mensagem. Uma
analise de conteúdo baseada no contexto e no que foi apreendido conforme a
estruturação do trabalho com pré-análise dos documentos reunidos, exploração do
material e a inferência e/ou interpretações dos dados (BARDIN, 1977).
Salientando que o estudo tem como conjectura “familiarizar-se com o
fenômeno ou obter uma nova percepção dele e descobri novas ideias” (CERVO,
BERVIAN; DA SILVA, 2006, p. 69), ou seja, transformar o trabalho de conclusão de
curso em uma pesquisa que poderá ser analisada pela comunidade acadêmica.
RESULTADO E DISCUSSÃO
No total da pesquisa foram consultados 13 artigos jornalísticos (APÊNDICE)
diferentes na seção “Bola” do jornal eletrônico “Diário do Pará” envolvendo violência
e futebol de campo em Belém do Pará em seu titulo e/ou subtítulo.
Na pesquisa fica latente a violência presente em jogos de futebol de campo em
Belém do Pará, envolvendo torcidas, torcidas organizadas, policiais e jogadores
profissionais. Nos artigos encontramos na fala dos jornalistas, “jovens arruaceiros”,
“torcida jovem”. Termos esses que nos fazem remeter nos autores das seções
anteriores que dizem a respeito da relação do jovem com a sociedade, evidenciada
no excerto abaixo:
13
Urge mudar essa realidade! É evidente de que as instituições do Estado e principalmente a família estão falhando sistematicamente na educação e proteção do desenvolvimento dos jovens. É inadmissível que um jovem para se identificar com um determinado grupo tenha que se impor fisicamente e o que é pior, todos seus atos configurem ilícitos penais e que venha causar danos gravíssimos a outro jovem, quando não raras vezes acabe com a morte do próximo (SILVA, G., 2008, p. 14).
Na pesquisa a maioria dos artigos falavam que o consumo de bebidas
alcoólicas antes de adentrar nos estádios é um fator catalizador para o aumento da
violência entre torcedores (MURAD, 2008). Nos artigos 02, 03, 10 e 11 está latente
esse problema. A decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) – órgão
máximo do futebol brasileiro – perante aos riscos que estavam envolto decretou,
juntamente com o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais do Ministério Público
dos Estados e da União, a proibição de bebidas alcoólicas durante eventos
esportivos oficializados pela CBF na Resolução 01/2008.
Também que a policia faz um trabalho especial visando a diminuição dos atos
de violência em jogos de futebol de campo. Para Reis (2006), a polícia se
especializou para combater um “mal urbano” que aflora em dias de clássico. Como é
visto nos artigos “PM radicaliza contra vandalismo nos estádios”, “Walmir Rodrigues
fala sobre briga de torcidas”, “PM que efetuou disparo será investigado”, “Briga de
torcedores rivais termina com tiros”, “Torcedores são baleados em briga na Curuzu”,
“Violência entre Águia e Remo teve repercussão”, “PM tentou conter a violência no
estádio Mangueirão”, “Polícia fala sobre violência no Mangueirão” e “Torcidas
organizadas extrapolam limites”. Porém devemos ressaltar que a preparação do
policiamento, principalmente no norte do país, não tão eficaz, por apresentar artigos
mostrando abuso de autoridade e violência excessiva por parte dos policiais que
estavam para manter a ordem, como é analisado nos artigos “PM radicaliza contra
vandalismo nos estádios”, “PM que efetuou disparo será investigado”, “Torcedores
são baleados em briga na Curuzu”, “PM tentou conter a violência no estádio
Mangueirão” e “Polícia fala sobre violência no Mangueirão”.
Outro ponto importante a se ressaltar é o artigo “Enquete aponta torcidas as
causadoras da violência” que fez uma enquete entre os leitores do diário eletônico
Diário do Pará, os internautas colocaram as torcidas organizadas (com 58.73%)
como principal culpado pela violência no Campeonato Paraense de 2012,
totalizando 2.858 votos, entre outras entidades votadas. A torcida organizada está
14
presente também de forma negativa nos artigos em quase que a totalidade dos
artigos presentes no estudo. Ficando o registro do artigo jornalístico número 13
É comum os casos de violência entre torcedores rivais no Brasil. Nos últimos clássicos, foram registradas mortes e muito vandalismo por parte das organizadas. Em Belém, nos últimos dois jogos envolvendo Remo e Paysandu, houve vários registros policiais em Belém de brigas entre esses torcedores, antes mesmo de chegarem ao estádio do Mangueirão. Os recentes casos de violência entre algumas torcidas organizadas são combinadas pelas redes sociais (RELVAS/DOL, 2012)
Para Murad (2007), porém, é duvidoso considerar a violência arrolada ao
futebol brasileiro como um caso separado da coletividade, assim como é um erro
culpar as torcidas organizadas pelos atos violentos praticados no estádio ou no seu
entorno. De maneira geral, fica latente a visão midiática demonstrada pela
população que votou na enquete (PIMENTA, 2000; REIS, 2006).
Também é notório, nos aspectos gerais dos artigos encontrados, a violência
recorrente fora dos estádios, no seu entorno, onde, quase na totalidade dos artigos
jornalísticos (exceção do “Enquete aponta torcidas as causadoras da violência”), há
a presença de brigas, xingos, e violência urbana fora dos estádios, antes ou depois
dos jogos de futebol, principalmente aqueles com maior clamor popular.
CONCLUSÃO
Depois de todas as argumentações e a colaboração dos subsídios teóricos dos
pesquisadores usados no trabalho, concluímos que a violência gerada pelas torcidas
em dias de clássico em Belém do Pará sai do campo da violência simbólica para a
violência física (DAMATTA, 1982; DAOLIO, 1997; REIS, 2006; MURAD, 2007),
mesmo quando as duas equipes não jogam. Essa violência é provocada pelos
anseios coletivos inseridos nos atores sociais, como situa Reis (2006), pois a torcida
organizada é uma manifestação social e deve ser entendida e compreendida como
tal. Nos dias de clássico em Belém do Pará, se inflama o sentimento descrito por
Hidaka, Santos Araújo e Souza Araújo (2007) que exalta que a melhor vitória para
alguns torcedores é a derrota da equipe rival, não a vitória da equipe que torce.
O real motivo encontrado nos estudos para a violência causada pelas torcidas
organizadas em dias de jogos em Belém do Pará é o sentimento da vitória plena, a
vitória dentro de campo e, conseguintemente, a vitória extra-campo, demonstrando o
15
poder que alimenta a torcida organizada, impondo respeito perante as torcidas
rivais. Como é percebido nas falas dos autores Hidaka, Santos Araújo e Souza
Araújo (2007) e Pimenta (2001), além de ser encontrado manifestos dessa vitória em
3 artigos jornalísticos.
A mídia também tem relação direta com as atitudes violentas quando: divulga
aquele jogo como a ”batalha do ano” para sagrar-se campeão; quando estampa
fotos de maus torcedores agredindo o rival; promove “bate-boca” entre atletas das
equipes adversárias, como forma de propagandear o jogo; alimentam a rivalidade,
como é sempre visto no caso de seleções nacionais (Brasil e Argentina).
No passado exaltavam as torcidas organizadas pelo brio que praticavam nos
jogos, ora por vez descriminavam suas ações violentas, sem entender seu contexto,
apenas queria analisar o fim. As torcidas organizadas são retratadas como
“vândalos”, “vagabundos” e “arruaceiros”, e é essa a imagem que o senso comum
carrega, desde meados dos anos 1990.
E por serem atores sociais, se manifestam de forma grupal as relações sociais
impostas pelo meio, como elenca Reis (2006), “a baixa qualidade do ensino publico,
a alta taxa de desemprego, a impunidade e no desrespeito aos direitos do torcedor”
(de acordo com o estatuto do torcedor, vigente desde 2010). Todos esses e outros
fatores são e podem ser a resposta para os atos de violência gerados pelos
torcedores (de organizadas ou não).
Compreendendo que os atores sociais (torcedores) reproduzem a sua situação
social, devemos também exigir deveres e direitos. As torcidas têm direitos a serem
conquistados, mas também tem deveres a serem zelados. A violência só gera
violência, com o policiamento despreparado para eventos de grande porte ou para
um grande público, estas propostas servem também para as principais medidas a
serem adotadas em 2014, antes, durante e depois da copa do mundo Federação
Internacional de Futebol Associados (FIFA) no Brasil.
Reis (2006) nos seus estudos elenca seis propostas para que os conflitos
sociais acabem ou diminuam. Possuindo conhecimento adequado quanto a
pesquisa, nos apossamos de algumas dessas propostas e concluímos que para os
conflitos diminuam (pois só acaba quando houver igualdade entre as coletividades, o
16
que o sistema capitalista não proporciona) é necessária uma política educacional
eficiente e eficaz; políticas públicas de emprego e distribuição de renda e de
moradia que façam, ao menos, diminuir a fronteira entre a pobreza e uma vida
digna; um sistema de saúde de qualidade na rede publica, com medicamentos e
pessoal qualificados, tendo como principal característica o atendimento preventivo;
uma politica nacional direcionada ao lazer para que os brasileiros mantenham o
padrão de qualidade de vida e uma artifício para a vigilância da violência em
momentos de grande aglomeração, sejam esportivos ou não (REIS, 2006). Todas
essas características são fundamentais para a mudança de postura politico, social e
coletiva.
Concluindo o trabalho, nos deparamos com algumas incógnitas a serem
respondidas, lacunas a serem preenchidas em outros estudos, se fatores
socioeconômicos estão inseridos nos atos violentos entre torcedores, a questão para
uma pesquisa mais aprofundada em várias seções de varias fontes jornalísticas, ou
relações que as políticas públicas poderiam desenvolver para a diminuição dos atos
violentos nas praticas desportivas, principalmente o futebol de campo, entre outros
fatores. Porém, vale ressaltar que esta pesquisa é um estudo introdutório para
outras pesquisas.
Contemplamos este estudo para a comunidade acadêmica para futuros
estudos e para somar com futuras contribuições no que tange futebol, torcida,
violência.
Violence in Soccer Paraense
Bibliographic a dialogue about violence involving the twisted football field in Belém of
Pará
ABSTRACT
This study explains the violence involving supporters of football field in Belém do Pará Based on a literature search, with materials to discuss this football violence in Brazil, it is a content analysis of newspaper news section "Ball", the digital newspaper "Diário do Pará" in a cut of 4 years (2009-2012) in Belém do Pará tries to recognize the situation of the fans towards the company, trying to show the causes and effects of the ferocity of the Twisted. The study builds on an exploratory gathering sources for the foundation of the collective violence of football is due to
17
social factors. We conclude that violence is a reflection of a social collectivity and a present football field in Belem, the capital especially in games
Keywords: Football, Fans, Bethlehem, Violence.
REFERENCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.
CERVO. Amando L.; BERVIAN, Pedro A.; DA SILVA. Roberto. Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 162 pag.
CONDURÚ, Marise Teles; MOREIRA, Maria da Conceição. Produção científica na universidade: normas para apresentação. Belém: EDUEPA, 2004. 126p.
COSTA, Ferreira da. A História do Clássico Re x Pa. História dos confrontos Remo x Paysandu, 2003.
________________. Enciclopédia do Futebol Paraense, 2000 a partir da 2ª edição
________________. Remo x Paysandu - 700 jogos - O Clássico Mais Disputado do Futebol Mundial, 1ª Edição, Edição do Autor, 2009,p. 266
CUNHA, Fabio Aires da. Futebol - Origem, Evolução E Composição Das Torcidas. Cooperativa do Fitness. Jan/ 2009. Disponivel em: <http://www.cdof.com.br/futebol15.htm>. Acesso em dez. 2011.
DA SILVA, MATHEUS KERN BOMFIM, Critérios de Noticiabilidade : uma análise de conteúdo do caderno de esportes do jornal Zero Hora, Trabalho de conclusão de graduação, Disponivel em: http://hdl.handle.net/10183/33680. Acesso em 04 de dezembro de 2011
DAÓLIO, Jocimar. Cultura: Educação física e futebol. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1997.
______________. Futebol, cultura e sociedade; Autores Associados, 2005 - 150 pág.
DA MATTA, Roberto et. al. O universo do Futebol: esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982.
DIAFÉRIA, L. Coração Corinthiano: grandes clubes do Futebol Brasileiro e seus maiores ídolos. São Paulo: fundação Nestlé de cultura, 1992. V.02
Diário do Pará, PM radicaliza contra vandalismo nos estádios, Disponível em:<http://www.diariodopara.com.br/N-64587.html>. Data de acesso: maio 2012
(I.M.), (Diário do Pará), Rodrigues fala sobre briga de torcidas, Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-64786-WALMIR+RODRIGUES+FALA+SOBRE+BRIGA+DE+TORCIDAS.html>. Data de acesso: maio 2012
18
Diário do Pará, Consumo de bebidas em estádios volta ser discutido, Disponível em: <http://www.diariodopara.com.br/impressao.php?idnot=92679>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, PM que efetuou disparo será investigado, Disponível em: < http://www.diariodopara.com.br/impressao.php?idnot=126034>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Briga de torcedores rivais termina com tiros, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-168089-.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Torcedores são baleados em briga na Curuzu, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-168093-torcedores-sao-baleados-em-briga-na-curuzu;-veja.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Violência entre Águia e Remo teve repercussão, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-187786-.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, PM tentou conter a violência no estádio Mangueirão, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticias-interna.php?nIdNoticia=195803>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Reunião discutirá extinção de torcidas organizadas, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-195719-reuniao-discutira-extincao-de-torcidas-organizadas.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Polícia fala sobre violência no Mangueirão, Disponível em: <http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-153892-POLICIA+FALA+SOBRE+VIOLENCIA+NO+MANGUEIRAO+.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Torcidas organizadas extrapolam limites, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-196255-torcidas-organizadas-extrapolam-limites.html>. Data de acesso: maio 2012
Diário do Pará, Bebida alcoólica ainda é realidade em estádios, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-196723-bebida-alcoolica-ainda-e-realidade-em-estadios.html>. Data de acesso: maio 2012
ESCHER Thiago de Aragão; REIS, Heloisa Helena Baldy dos. Futebol E Televisão: Fechem Os Portões Liguem As Câmeras - O Show Vai Começar! Revista brasileira Conexões, v. 3, n. 1, 2005.
FILHO, Manuel Alves. Por que a violência embola o meio-de-campo. Jornal da Unicamp; Universidade Estadual de Campinas – 7 a 13 de maio de 2007 Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2007/ju357pag11.html>. Acesso em: 04 de dezembro de 2011
GIL, Antonio Carlos, 1994, Como elaborar projetos de pesquisas, Editora Atlas S. A., São Paulo
19
_______________. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002
HIDAKA, Ana Tereza Tomiko Vicente, ARAÚJO, Hortência Keize Dos Santos. ARAÚJO, Paulo Sérgio De Souza. O Brasil É O “País Do Futebol”: O Futebol E Suas Relações De Poder Através Da Política. IV Simpósio Nacional Estado E Poder: Intelectuais. 8 a 11 de outubro de 2007. Universidade Estadual do Maranhão. São Luís/MA
HOLLANDA, Bernardo Borges Buarque de. Torcidas Organizadas De Futebol: Entre Memória E História; 2007.
LEONCINI, Marvio Pereira; DA SILVA, Márcia Terra, Entendendo O Futebol Como Um Negócio: Um Estudo Exploratório, Gestão e Produção, v.12, n.1, p.11-23, jan.-abr. 2005
LIMA, Marco Antunes de. As origens do futebol na Inglaterra e no Brasil. Site NetHistória. Brasília, ago. 2004. Sessão Ensaios. Disponível em: <http://www.nethistoria.com.br/index.php?secao=ensaios.php&id=450>. Acesso em: mai. 2012.
LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Metodologias Convencionais e Não-Convencionais e a Pesquisa Em Administração. Caderno De Pesquisas Em Administração, São Paulo, V. 00, Nº 0, 2º Sem./1994.
_________________________. Manual de elaboração de monografias e dissertações; São Paulo; Atlas; 1994, 116 pág.
MELIM, Tatiana. Especial Futebol (V): Torcidas organizadas e a cobertura da imprensa esportiva. 18 de Junho de 2009 Disponível em: <http://passapalavra.info/?p=8662>. Acesso em: 04 de dezembro de 2011
MURAD, Maurício ; A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje; FGV Editora, 2007, 194 pág.
NETO, Francisco Soares Chagas. AMARO, Keisy Ferreira. Artigo Acadêmico – Copa Do Mundo De 2014: Comparação da Hospitalidade das Cidades de Belém e Manaus e a Relação da Escolha de Manaus como Cidade Sub-Sede. . Universidade Federal Do Pará, Instituto De Ciências Sociais Aplicadas, Curso de Bacharel em Turismo. Belém 2010.
NETTO. C.G. O futebol como fenômeno social. Jornal da Unicamp. 12, 2005. Disponível em: www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2005/ju295. Acesso: out/2011.
PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Torcidas Organizadas de Futebol: violência e auto-afirmação, aspectos da construção das novas relações societárias.. Taubaté, SP: Vogal Editora, 1997. v. 1. 160 p.
20
___________________________. Violência entre Torcidas Organizadas de Futebol. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, p. 122-128, 2001.
RELVAS, Fábio; Diário do Pará, Enquete aponta torcidas as causadoras da violência, Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticia-197407-enquete-aponta-torcidas-as-causadoras-da-violencia.html>. Data de acesso: maio 2012
REIS, Heloisa Helena Baldy dos. Futebol E Violência , Ed 01, AUTORES ASSOCIADOS, 2006 , 109 pág.
REIS, Heloisa Helena Baldy dos; ESCHER, Thiago Aragão; Futebol E Sociedade. 1. ed. Brasília: Liber Livros Editora, 2006. v. 1. 99 p.
SIMÕES, Irlan. O mito do torcedor violento. Le Monde Diplomatique Brasil. 03/08/2011. Disponivel em: <http://pontodepauta.wordpress.com/2011/08/03/o-mito-do-torcedor-violento/>. Acesso em: 04 de dezembro de 2011
SILVA, S. R. A construção social da paixão no futebol: o caso do Vasco da Gama. In: DAOLIO, Jocimar. As contradições do futebol brasileiro. Revista Digital, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 3, n.10, maio 1998. Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 11 dez. 2011.
SILVA, Gustavo Serafim de Aguiar. Futebol e a fúria das torcidas organizadas - Aspectos sociológicos e jurídicos; Publicado em 27.05.2008 Disponível em: <http://www.duplipensar.net/artigos/2008-texto/futebol-furia-torcidas-organizadas-conclusao.html>. Acessado em: 11 de dezembro de 2011.
SOARES, Antônio Jorge G. Futebol, malandragem e identidade. Vitória: SPDEC/UFES, 1994.
SOBRINHO, José Correia (in memorian). CÉSAR, Iran Hermenegildo. Torcidas Organizadas De Futebol: Metamorfoses De Um Fenômeno De Massa. Revista Eletrônica Inter-Legere – Número 03 (Jul/Dez 2008).
TEIXEIRA, R. da C. Torcidas Jovens Cariocas: símbolos e ritualizações. Revista Esporte e Sociedade. Rio de Janeiro, nº2, p. 1-26, Mar. 2006.
TOLEDO, Luiz Henrique de; Torcidas organizadas de futebol; Autores Associados, 1996 - 176 pág.
21
APÊNDICE
NÚMERO DATA DA
PUBLICAÇÃO TÍTULO
01 Quinta-feira, 15/10/2009
PM radicaliza contra vandalismo nos estádios
02 Sexta-feira, 16/10/2009 Walmir Rodrigues fala sobre briga de torcidas
03 Quarta-feira, 6/1/2010 Consumo de bebidas em estádios volta ser
discutido
04 Quinta-feira, 27/01/2011
PM que efetuou disparo será investigado
05 Domingo, 25/09/2011 Briga de torcedores rivais termina com tiros
06 Domingo, 25/09/2011 Torcedores são baleados em briga na Curuzu
07 Terça-feira, 14/02/2012 Violência entre Águia e Remo teve
repercussão
08 Sexta-Feira, 06/04/2012
PM tentou conter a violência no estádio Mangueirão
09 Quinta, 05/04/2012 Reunião discutirá extinção de torcidas
organizadas
10 Sexta-feira, 06/04/2012 Polícia fala sobre violência no Mangueirão
11 Terça-feira, 10/04/2012 Torcidas organizadas extrapolam limites
12 Sexta-feira, 13/04/2012 Bebida alcoólica ainda é realidade em estádios
13 Terça-Feira, 17/04/2012
Enquete aponta torcidas as causadoras da violência