um comentário da confissão de fé batista de 1689, por gary marble, capítulo 6, sobre a queda
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UM COMENTÁRIO DA CONFISSÃO DE FÉ
BATISTA DE 1689, POR GARY MARBLE
CAPÍTULO 6,
SOBRE A QUEDA DO HOMEM,
O PECADO E O CASTIGO DESSE
Issuu.com/oEstandarteDeCristo
Traduzido do original em Inglês
A Layman’s Commentary of the 1689/1677 Second London Baptist Confession of Faith
By Gary Marble
Este volume é composto do Capítulo 6,
Sobre a Queda do Homem, o Pecado e o Castigo Desse, da obra supracitada
Tradução e Capa por William Teixeira
Revisão por Camila Almeida
1ª Edição: Dezembro de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a graciosa
permissão do autor, Gary Marble (1689Commentary.org), sob a licença Creative Commons
Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
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nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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Um Comentário Da Confissão De Fé Batista De 1689
Por Gary Marble
Capítulo 6*, Sobre a Queda do Homem, o Pecado e o Castigo Desse
Este Capítulo tratará da desobediência de Adão e Eva, e a drástica mudança que esta trou-
xe a eles e à sua posteridade. O parágrafo começa analisando o estado da humanidade
antes da Queda, como indicado no capítulo 4, Sobre a Criação. Deus criou o homem justo
e perfeito, e lhe deu uma lei justa (ou seja, a lei moral) escrita em seu coração e uma lei
particular para não comer do fruto proibido, que seria para a vida se ele a tivesse
guardado ou para morte, se a desobedecesse. Este é o contexto em que ocorreu a Que-
da. Apesar de aparentemente se encontrarem na melhor das circunstâncias, e de recebe-
rem a mais clara instrução, Adão não manteve por muito tempo a sua honra. Não sabe-
mos quanto tempo Adão e Eva permaneceram obedientes, mas o sentido da narrativa do
Gênesis é que isto não foi aconteceu por muito tempo.
O que precipitou esta Queda? Satanás valeu-se da astúcia da serpente para seduzir
Eva; em seguida, esta seduziu a Adão. Observe as conexões: Satanás enganou Eva,
então, Eva seduziu a Adão. Nós sabemos a partir de Gênesis 3:1-6 que Satanás usou, nas
palavras da Confissão, de astúcia para seduzir a Eva. Astúcia significa ser astuto usando
argumentos sutis1. Paulo se referiu a essas astutas ciladas de Satanás para com Eva
quando ele disse aos Coríntios: “que não sejamos vencidos por Satanás; porque não
ignoramos os seus ardís” (2 Coríntios 2:10-11). Paulo novamente refere-se à astúcia de
Satanás em relação a Eva: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a
__________
* Para ler o Primeiro Capitulo e a Introdução deste Comentário acesse oEstandarteDeCristo.com.
[1] The Compact Edition of the Oxford English Dictionary [Edição Compacta do Dicionário de Inglês de Oxford],
2 vols. (New York: Oxford University Press, 1971).
1. Deus criou o homem justo e perfeito, e lhe deu uma lei justa, que seria para a vida se
ele a tivesse guardado, ou para morte, se a desobedecesse1. Porém o homem não
manteve por muito tempo a sua honra. Satanás valeu-se da astúcia da serpente para
seduzir Eva, em seguida, esta seduziu a Adão, que, sem qualquer compulsão, delibera-
damente transgrediram a lei de sua criação, e a ordem dada a eles, de não comer o fruto
proibido2, do que Deus foi servido permitir este pecado deles, de acordo com Seu conse-
lho sábio e santo, havendo determinado ordená-lo para a Sua própria glória (1 Gênesis
2:16-17 • 2 Gênesis 3:12-13; 2 Coríntios 11:3).
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sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se
apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Coríntios 11:3). Satanás, por meio de seu
uso astuto de argumentação sutil, seduziu a Eva. Ela foi enganada por estes argumentos
astutos, submetendo-se a eles, o que ocasionou sua desobediência. Eva, então, seduziu
Adão. Como ela fez isso? Vamos olhar para a narrativa: “E viu a mulher que aquela árvore
era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento;
tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gênesis
3: 6). A narrativa não especifica as ações de Eva ou o que ela falou a Adão. Ela diz que
Eva deu o fruto a seu marido, que estava com ela2. Será que o texto bíblico que dizer que
Adão estava presente quando Satanás estava enganando a Eva? Calvino argumenta que
isto não é provável, já que Paulo diz que “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão” (1 Timóteo 2:14)3. É mais provável que Adão estivesse
por perto, e Eva transmitiu-lhe a conversa que teve com a serpente — comunicando-lhe
seu pondo de vista enganado e distorcido.
Em relação a Adão e Eva, a Confissão indica que, sem qualquer compulsão, deliberada-
mente transgrediram a lei de sua criação, e a ordem dada a eles, de não comer o fruto
proibido. Adão não estava sob qualquer compulsão ou poder que o movesse ao pecado.
Em outras palavras, Adão ainda tinha a capacidade de obedecer perfeitamente à lei de
Deus; ele tinha o “poder para cumpri-la” (veja CFB 4:2). Mas, apesar deste “poder para
cumprir” o mandamento de Deus, Adão voluntariamente transgrediu a lei de sua criação.
Transgredir significa agir positivamente contra algo proibido por lei. Adão voluntariamente
transgrediu a lei de sua criação4. Transgredir significa agir positivamente fazendo algo que
seja contra a “lei” de Deus escrita no coração do nosso primeiro pai em sua criação. Assim,
ao comer o fruto proibido, Adão e Eva também violaram a lei escrita em seu coração em
__________
[2] Calvino afirma: “Outros se referem a partícula (immah), ‘com ela’ ao vínculo conjugal, que pode ser
recebida”. João Calvino, Commentaries on The First Book of Moses called Genesis [Comentários Sobre o
Primeiro Livro de Moisés Chamado Gênesis]. Traduzido do original em latim, e comparação com a edição
francesa, pelo Rev. John King, MA, vol. 1 (Grand Rapids: Baker Books, 2009), pg. 152.
Não estou convencido que a Confissão quis inferir que Eva seduziu Adão pelo “vínculo conjugal”, no entanto,
está é uma possível interpretação do texto bíblico. Embora, este seja um possível significado do texto bíblico
não significa que este é o significado. Eu vejo que a Confissão aqui diz que Eva persuadiu Adão por uma
argumentação sedutora — provavelmente os mesmos argumentos usados Satanás para enganá-la. Adão
não foi, no entanto, enganado como Eva, e como tal a sua desobediência era mais condenável do que a de
Eva.
[3] João Calvino, Comentários Sobre o Primeiro Livro de Moisés Chamado Gênesis. Traduzido do original em
latim, e comparação com a edição francesa, pelo Rev. John King, MA, vol. 1 (Grand Rapids: Baker Books,
2009), pg. 152.
[4] A “lei de sua criação”, esta frase não está presente na Confissão de Westminster. Ela está presente na
Declaração de Savoy, e, portanto, os autores da Confissão Batista parecem ter adotado a partir daí; mas eles
também adicionada à “lei da criação” a frase: “e a ordem dada a eles”.
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sua criação. Calvino declara que com base na “repreensão que logo depois se segue, ‘Eis
que Adão é como um de nós’, mostra claramente que [Adão] também tolamente cobiçou
mais do que aquilo que era lícito, e deu mais crédito às lisonjas do Diabo do que à Sagrada
Palavra de Deus”5. Thomas Vincent declarou: “Este pecado de comer o fruto proibido era
um pecado tal que incluía muitos outros pecados, como foi circunstanciado”6. Watson
escreveu: “Um pecado pode ter muitos pecados em si mesmo. Estamos aptos a ter peque-
nos pensamentos a respeito do pecado, e dizer que ele é algo pequeno. Quão grandes
foram os pecados de Adão! Oh, tome cuidado com qualquer pecado! Assim como em um
volume pode haver muitas obras reunidas, assim também podem haver muitos pecados em
um só pecado”7. Adão voluntariamente transgrediu a “lei de sua criação”, e a ordem dada
a eles. Adão foi expressamente proibido de comer o fruto proibido. Mas a ordem de não
comer do fruto proibido foi exatamente aquilo que Adão transgrediu, e não havia dúvida
quanto à culpa de Adão a este respeito.
Chegamos a uma dificuldade real aqui, pois a humanidade foi feita justa e santa, e ainda
assim eles agora pecaram. O que aconteceu dentro de nossos primeiros pais? R. C. Sproul
afirma: “Se Adão e Eva escolheram de acordo com os seus desejos, e se eles escolheram
uma ação má, então eles devem ter tido um desejo mal. De onde ele veio? Eles nasceram
com maus desejos? Deus fê-los com maus desejos? Se assim for, então Deus é o autor do
mal. Se um desejo mal nasce espontaneamente dentro da alma de uma criatura justa, te-
mos um salto quântico inexplicável, o que Karl Barth chama de: die unmogliche Moglichkeit,
‘a possibilidade impossível’. É por isso que eu lavo minhas mãos. Eu não tenho ideia do
que motivou Adão e Eva. De alguma forma a boa vontade foi confundida e produziu um
resultado ruim”8. Devemos notar este salto quântico, mesmo se não o pudermos explicar
totalmente, pois é uma importante reviravolta dos acontecimentos.
Dado o devastador julgamento de Deus sobre Adão e Eva e toda a sua posteridade, é im-
portante para nós olharmos para a preponderância de provas contra Adão. Moisés apre-
senta as evidências em Gênesis, de tal forma que não há dúvida de que Adão foi totalmente
__________
[5] João Calvino, Comentários Sobre o Primeiro Livro de Moisés Chamado Gênesis. Traduzido do original em
latim, e comparação com a edição francesa, pelo Rev. John King, MA, vol. 1 (Grand Rapids: Baker Books,
2009), pg. 152.
[6] Thomas Vincent, The Shorter Catechism of the Westminster Assembly Explained from Scripture [O Breve
Catecismo da Assembléia de Westminster Explicado a Partir da Escritura] (1674; reimpresso, Edimburgo, The
Banner of Truth Trust, 2004), 58.
[7] Thomas Watson, A Body of Divinity [Um Corpo de Teologia] (1692, reimpresso, Edimburgo, The Banner of
Truth Trust, 1997), 142.
[8] R. C. Sproul, Truths We Confess: A Layman’s Guide to the Westminster Confession of Faith [Verdades
Que Nós Confessamos: Um Guia Para Leigos Para a Confissão de Fé de Westminster, vol. I, The Triune God
[O Deus Triuno] (Phillipsburg, Nj.: P&R Publishing, 2006), 182.
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culpado por sua desobediência. O Novo Testamento confirma a obstinada transgressão de
Adão. O peso de evidência contra Adão apenas torna insensata a sua tentativa para remo-
ver a falha. Primeiro, ele tentou culpar Eva (i.e., “ela me deu da árvore, e comi”), e em se-
gundo lugar, culpar a Deus (i.e., “A mulher que me” [Gênesis 3:12]). Deus deu uma ordem
clara que foi totalmente compreendida. A desobediência de Adão não foi uma mera questão
do engano de Satanás. Foi uma transgressão voluntária, e, como tal Deus, que é justo em
todos os Seus juízos (Apocalipse 19:2), enviou o Seu juízo sobre os nossos primeiros pais,
e neles, sobre toda a sua posteridade.
No meio do drama, somos propensos a pensar que tudo se deu por causa da Queda. Esta
é, de fato, uma situação devastadora; no entanto, a Confissão nos lembra que, mesmo na
Queda: Deus foi servido permitir este pecado deles, de acordo com Seu conselho
sábio e santo, havendo determinado ordená-lo para a Sua própria glória. A História
épica de Deus tem propósito; Deus tem um plano nesta tragédia — um que envolve um
bem maior. Deus manifestará a Sua gloriosa justiça e misericórdia, trazendo glória à
Santíssima Trindade por redimir os eleitos de Deus em meio a essa devastação para o
louvor da glória de Sua graça.
Nossos primeiros pais, por este pecado, decaíram. Eles estavam em uma elevada
posição de perfeição, sendo santos, justos, com conhecimento e comunhão com Deus. A
perda de tudo isso somente reforça a tragédia da Queda. Dificilmente podemos superesti-
mar a perda que adveio como resultado de seu pecado. A extensão dessa perda é o tema
do restante deste Capítulo, e à medida que prosseguirmos, vamos aprender que o seu esta-
do caído foi imputado e transmitido à toda a sua posteridade. Como resultado disto, temos
um grande interesse em compreender a Queda e suas consequências, não apenas como
um fato histórico sobre Adão e Eva, mas como uma realidade presente para toda a huma-
nidade. Se entendermos o grau em que a raça de Adão caiu, então vamos entender a
necessidade radical da redenção. Muitos Cristãos hoje não compreendem a magnitude da
corrupção da humanidade — tratando-a como se fosse uma mera ferida superficial. E
embora todos os verdadeiros Cristãos venham a entender que o pecado é o problema,
muitos não compreendem a extensão e a profundidade do mesmo. Entretanto, por não
compreenderem o alcance da Queda, involuntariamente são levados a discorrer sobre a
2. Nossos primeiros pais, por este pecado, decaíram de sua retidão original e da comu-
nhão com Deus, e nós neles, e por isso a morte veio sobre todos3: todos nos tornamos
mortos em pecado4 e totalmente corrompidos em todas as faculdades e partes da alma
e do corpo5 (3 Romanos 3:23 • 4 Romanos 5:12, etc. • 5 Tito 1:15; Gênesis 6:5; Jeremias
17:9; Romanos 3:10-19).
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profundidade e a amplitude do Evangelho, como se ele fosse apenas a porta de entra-
da para o Cristianismo, em vez da substância deste.
A Confissão declara que nossos primeiros pais decaíram de sua retidão original. Sabe-
mos a partir do Capítulo 4 que nossos primeiros pais foram criados em retidão. Sua justiça
era inerente; esta não consistia somente em serem considerados justos por Deus, mas que
eles eram total e realmente retos em palavra, pensamento e ação. Esse tipo de justiça é
tão estranho para nós que mal podemos compreendê-lo. Mas nossos primeiros pais a
possuíam, e descair dela significou que eles deixaram de possuir aquela retidão original.
Co-mo resultado disto, nossos primeiros pais decaíram... de sua... comunhão com Deus.
Esta é certamente a perda mais devastadora de todas. Esta perda é observada na narrativa
de Gênesis: “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia;
e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus” (Gênesis 3:8). A
comunhão havia sido quebrada, e eles estavam agora afastados de Deus.
A Confissão de 1689 agora mostra que a ameaça de morte não era uma ameaça vazia; ele
de fato os alcançou, mas não apenas a Adão e Eva: e nós neles, e por isso a morte veio
sobre todos. Deus havia ameaçado com a morte em caso de desobediência, mas Satanás
mentiu para Eva, dizendo: “Certamente não morrereis” [Gênesis 3:4]. Eva deveria ter reco-
nhecido essa contradição direta. E agora a realização das palavras de Deus foi confirmada:
a morte realmente veio. Será que esta morte se aplica apenas a Adão e Eva? Não, ela veio
sobre toda a sua posteridade também. A Escritura declara: “Portanto, como por um homem
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos
os homens por isso que todos pecaram” (Romanos 5:12). Nossa Queda neles (ou seja, nós
neles), significa que a morte veio sobre todos: todos nos tornamos mortos em pecado.
O Parágrafo 3 discutirá a imputação do pecado à posteridade de nosso primeiro pai, e por
isso vamos discutir esse tópico importante mais especificamente em seguida. A morte foi
uma ameaçada por Deus se referia especificamente à dissolução da alma em relação ao
corpo. Esta dissolução (i.e., separação) da alma e do corpo não era o estado que Deus
intentou para a humanidade. Por causa do pecado, por ocasião da morte de uma pessoa a
alma e o corpo serão apartados, mas esta dissolução será apenas temporária, pois a Escri-
tura nos diz que haverá uma ressurreição final para todos: “há de haver ressurreição de
mortos, assim dos justos como dos injustos” (Atos 24:15b, veja também João 5:28-29). Esta
ressurreição vai reunir a alma e o corpo no momento da morte; o justo será ressurreto em
honra (Filipenses 3:21; 1 Coríntios 15:43), e os ímpios para a condenação (João 5:28-29).
Se você estiver interessado em olhar para o futuro, o Capítulo 31 trata da Ressurreição dos
Mortos, mas por agora eu simplesmente quero salientar que a dissolução do corpo e da
alma nunca teria surgido, senão pelo pecado, e até mesmo pelo fato de Deus permitir a
Queda, e, posteriormente, a morte, Ele, contudo, resolverá esse estado não-natural de dis-
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solução. Pois o justo será glorificado, mas os ímpios serão por fim julgados e condenados,
tanto o corpo como a alma serão lançados no inferno (Lucas 12:5). Pelo termo na Confis-
são: todos nos tornamos mortos em pecado, também entendemos que todos morreram
espiritualmente — mesmo antes da morte física.
Além tanto da morte física quanto da eventual morte espiritual, todos estão totalmente cor-
rompidos em todas as faculdades e partes da alma e do corpo. Com a perda da retidão
original, todas as faculdades e partes da alma e do corpo ficaram totalmente corrompidas.
As faculdades e partes referem-se aos vários aspectos do corpo e da alma: mente, emo-
ções, vontade, e assim por diante. Não há nenhuma parte do homem, e nenhuma facul-
dade, não afetada pela Queda. Esta é a Doutrina da Depravação Total. A Escritura diz de
todos aqueles agora convertidos: “estando vós mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:1).
Até nos convertermos, estamos mortos em nossos pecados. Semelhantemente em Tito
está escrito: “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contamina-
dos e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que
conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e
reprovados para toda a boa obra” (Tito 1:15-16). A Escritura aponta que não há nenhuma
exceção — todos são totalmente depravados: “Como está escrito: Não há um justo, nem
um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”
(Romanos 3:10-12). Mais será dito sobre as ramificações da morte em pecado e da
depravação total nos Parágrafos 3, 4 e 5 por isso vamos expandir ainda mais estes temas
à medida que prosseguirmos.
O Parágrafo indicou que por nossos primeiros pais haverem pecado toda a humanidade
pecou, mas não explicou por que isto aconteceu assim. Este Parágrafo explica o porquê, e
nos dá mais detalhes sobre o impacto deste pecado sobre sua posteridade. A Confissão
indica: Sendo eles os ancestrais [do Inglês root: raiz] e, pelo desígnio de Deus, os re-
presentantes de toda humanidade. O “eles”, é claro, refere-se aos nossos primeiros pais.
Não significa apenas que Adão e Eva foram os pais, mas que eles foram os primeiros pais,
3. Sendo eles os ancestrais e, pelo desígnio de Deus, os representantes de toda humani-
dade, a culpa do pecado foi imputada à toda a sua posteridade, e a corrupção natural
passou a todos os seus descendentes que deles procedem por geração ordinária6.
Sendo estes agora concebidos em pecado7, e por natureza filhos da ira8, escravos do
pecado, sujeitos à morte9 e a todas as outras misérias espirituais, temporais e eternas,
a menos que o Senhor Jesus os liberte10 (6 Romanos 5:12-19; 1 Coríntios 15:21, 22, 45,
49 • 7 Salmos 51:5; Jó 14:4 • 8 Efésios 2:3 • 9 Romanos 6:20, 5:12 • 10 Hebreus 2:14-
15; 1 Tessalonicenses 1:10).
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e como tal, eles são literalmente os pais de toda a humanidade, os ancestrais de toda a
humanidade. Nenhuns outros pais podem ser nossos representantes. O fato de que eles
foram os primeiros pais os colocou em uma posição única, uma posição que era especi-
ficamente pelo desígnio de Deus. A relação destes primeiros pais com a sua posteridade
não era meramente natural, mas era também legal. Foi legal porque Deus designou nossos
primeiros pais para representar toda a humanidade por meio de um pacto — um acordo
legal. Formalmente, esta representação de toda a humanidade é chamada de uma relação
de cabeça federal. O Dicionário de Teologia de Baker [Baker’s Dictionary of Theology] afir-
ma: “Assim como a cabeça natural, ele [Adão] estava em uma relação federal (do Latim,
foedus: “aliança”) com toda a sua posteridade. Sua obediência, se tivesse sido mantida,
teria transmitido bem-aventurança para eles; sua desobediência os envolveu em com ele
na maldição que Deus pronunciou sobre os transgressores da sua lei”9. A. W. Pink disse
muito bem: “Adão não agiu simplesmente como uma pessoa particular, os resultados de
sua conduta afetaram não somente a si mesmo, mas ele estava na posição como uma
pessoa pública, de modo que o que ele fez envolveu diretamente judicialmente a outros.
Adão era muito mais do que o pai da raça humana: ele também era seu agente legal, seu
representante. Seus descendentes não estavam nele apenas seminalmente como seu
cabeça natural, mas estavam nele também moral e legalmente como sua cabeça moral e
forense. Em outras palavras, por constituição e arranjo pactual Divino, Adão atuou como
representante federal de todos os seus filhos. Por um ato de sua vontade soberana,
aprouve a Deus ordenar que a relação de Adão com a sua posteridade natural fosse
semelhante à que Cristo mantinha com a Sua descendência espiritual — aquele agindo em
nome de muitos”.10
Porque os nossos primeiros pais são a cabeça federal de toda a humanidade, a culpa do
pecado foi imputada à toda a sua posteridade, e a corrupção natural passou a todos
os seus descendentes que deles procedem por geração ordinária. A culpa do pecado
refere-se à declaração legal de que Adão havia transgredido por comer o fruto proibido. A.
A. Hodge afirma: “Pela palavra ‘culpa’ significa, não a disposição pessoal que levou ao ato,
nem a contaminação moral pessoal que resultou dele, mas simplesmente a suscetibilidade
para a punição que merecia aquele pecado”11. Imputação significa ter algo judicialmente
declarado e contabilizado a alguém. Tal pronunciamento judicial pode não ter nada a ver
com as ações reais da pessoa assim declarada culpada. A posteridade de Adão não chegou
__________
[9] Baker’s Dictionary of Theology [Dicionário de Baker de Teologia] (Grand Rapids: Baker Book House, 1983),
217-18.
[10] A. W. Pink, Doctrine of Human Depravity [A Doutrina da Depravação Humana] (Pensacola, Fl.: Capela
Library), 15.
[11] A. A. Hodge, The Westminster Confession: A Commentary [A Confissão de Westminster: Um Comentário]
(1869; reimpresso, Carlisle, Pa.: Banner of Truth Trust, 2002), 112.
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a pecar como ele fez, mas mesmo assim a culpa de Adão foi imputada a eles como se eles
tivessem pecado. Assim, no momento do nascimento, ou, mais precisamente no momento
da concepção, cada um que faz parte da posteridade de Adão é considerado culpado do
primeiro pecado de Adão.12
Enquanto a culpa do nosso primeiro pai foi imputada a toda a sua posteridade, a natureza
corrupta do nosso primeiro pai não foi imputada, pois a imputação não muda a disposição
de alguém. Antes, aquela natureza corrupta foi passada (i.e. transmitida) para sua poste-
ridade. Esta transmissão de uma natureza corrupta é baseada na posição dos nossos
primeiros pais como nossos representantes. Assim, todo o seu ser sendo contaminado, é
transmitido ou passado para a sua posteridade. Isso é transmitido por geração ordinária,
em outras palavras, na concepção, ou como é mais vulgarmente referido, no momento do
nascimento. As implicações desta corrupção transmitida a todos da posteridade de Adão e
de Eva dificilmente podem ser superestimadas. Tudo que temos a fazer é olhar para o Livro
de Gênesis; uma vez que a posteridade do nosso primeiro pai veio à existência imediata-
mente o pecado se fez presente: Caim matou Abel, civilizações corruptas inteiras foram
desenvolvidas, e no capítulo 6, Deus viu que a maldade do homem se multiplicara na terra
— toda a intenção do pensamento, do coração era só má continuamente (Gênesis 6:5).
Não há nenhuma exceção implícita nas palavras: deles procedem por geração ordinária.
A todos da posteridade de Adão naturalmente gerados (ou seja, produzidos naturalmente)
é imputada a culpa e recebem esta natureza corrupta. Mas, o Senhor Jesus Cristo não
descende de Adão e Eva por geração ordinária. Jesus é a verdadeira Semente da mulher,
mas Ele não é da semente do homem. Uma vez que Jesus nasceu de uma virgem, Ele não
era de Adão, e não caiu sob sua representação federal; como tal, Jesus não herdou a culpa
de Adão nem recebeu sua natureza pecaminosa. Falaremos mais sobre isto quando che-
garmos ao Capítulo 8, Sobre Cristo, o Mediador.
O resultado da imputação da culpa e da transmissão da corrupção para todos da posteri-
dade de nossos primeiros pais implica que os que fazem parte daquela posteridade são
agora concebidos em pecado, e por natureza filhos da ira, escravos do pecado,
sujeitos à morte e a todas as outras misérias espirituais, temporais e eternas, a me-
nos que o Senhor Jesus os liberte. As consequências, então, para a raça de Adão são
bastante extensas. Vamos falar brevemente sobre cada uma delas. A posteridade de Adão
agora é concebida em pecado. Davi disse: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado
me concebeu minha mãe” (Salmos 51:5). Cada pessoa depois de Adão e Eva, exceto
__________
[12] Catecismo Batista, Resposta 21 afirma: “A pecaminosidade do estado em que o homem caiu consiste na
culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original e na corrupção de toda a sua natureza, que é
comumente chamado de pecado original, juntamente com todas as transgressões atuais que procedem dele”.
Veja O Catecismo Batista, como Publicado pela Associação Charleston, em 1813].
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Cristo, é nascido no pecado original de Adão. Como resultado disto, eles são por natureza
filhos da ira. Isso não significa que eles são, por natureza filhos irados, obviamente. Isso
significa que sua própria natureza está em inimizade para com Deus e, como tal, a ira de
Deus permanece sobre eles. A Escritura afirma: “Entre os quais todos nós também antes
andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos;
e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2:3). A corrupção
transmitida para a posteridade de nossos primeiros pais no momento do nascimento,
significa que eles são escravos do pecado. Desde que estes efeitos da corrupção afetam
todas as faculdades e partes, estas não podem libertar-se da escravidão do pecado e,
portanto, eles são escravos do pecado, Jesus disse: “Em verdade, em verdade vos digo
que todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (João 8:34). Como escravos do
pecado, eles são sujeitos à morte. Em outras palavras, cada um deles receberá a morte.
Presumivelmente, a Confissão está especificamente falando da dissolução do corpo e da
alma pela morte do corpo. Eles também estão sujeitos a todas as outras misérias. Estas
misérias são colocadas em três categorias: espirituais, temporais e eternas. Espirituais,
refere-se às misérias infligidas à alma, e até mesmo às misérias do corpo que resultam de
questões espirituais. Misérias temporais são aquelas que nos acometem nesta vida tem-
poral. De todas estas as maiores são as misérias eternas, porque nunca terminam e serão
experimentadas nas chamas eternas do Inferno. Graças a Deus pelo seu dom inefável,
porque todas essas misérias seriam maldições inescapáveis para todos da posteridade de
Adão, a menos que o Senhor Jesus os liberte. A soma de todas essas coisas nos lem-
bram que a esperança do Evangelho é de fato uma boa notícia. Nós estamos olhando para
a má notícia do pecado neste Capítulo, mas até o final deste, vamos, pela graça de Deus,
estar prontos para voarmos novamente para a esperança do Evangelho livremente
oferecido.
Vamos, agora, nos concentrar na causa do pecado atual (ou seja, ações pecaminosas) na
humanidade. O significado central deste Parágrafo é melhor visto por olhar para a primeira
e a última frase: “Desta corrupção original... é que procedem todas as transgressões
atuais”. A cláusula entre estas frases explica as características da corrupção original, e
pelo uso do pronome plural oculto “nós”, explica que a corrupção está em toda a posteridade
de Adão e Eva. Em outras palavras, o “ficamos” está se referindo a nós. O termo “corrup-
ção original” refere-se à corrupção que veio a Adão e Eva quando eles pecaram. Vamos
lembrar, a partir do Parágrafo 2, que pelo fato de nossos primeiros pais haverem pecado,
4. Desta corrupção original pela qual ficamos totalmente indispostos, incapacitados e
adversos a todo o bem, e inteiramente inclinados a todo o mal11, é que procedem todas
as transgressões atuais12 (11 Romanos 8:7; Colossenses 1:21 • 12 Tiago 1:14-15;
Mateus 15:19).
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eles decaíram de sua justiça original, e nós, neles, todos nos tornamos mortos em pecado
e totalmente corrompidos em todas as faculdades e partes da alma e do corpo. Assim, este
Parágrafo explica a total corrupção que é vista na posteridade de Adão; e particularmente,
mostra que essa corrupção leva a todo o pecado atual.
Ficamos totalmente indispostos... a todo o bem. O que indisposto significa? Significa
estar “pouco disposto, inclinado, ou adverso a fazer alguma coisa”13. Nós não estamos
inclinados para o bem, ou para colocar isto de forma positiva: somos adversos a fazer o
bem. Não estamos apenas indispostos, mas totalmente indispostos. Isto significa que
estamos completamente, plenamente e totalmente inclinados a não fazer qualquer bem.
Mas isso levanta a questão: se a humanidade está indisposta a fazer o bem, porque é que
vemos as pessoas fazendo o “bem” neste mundo? Precisamos definir o que se entende por
“bem”, a fim de responder a essa pergunta. A Confissão define aqui o tipo de “bem” que
atinge o padrão de um Deus santo — o qual inclui a motivação. Este “bem” não é definido
pelos padrões humanos. Antes da Queda, Adão e Eva foram capazes de cumprir esse
padrão de um Deus santo, mas depois da Queda, a corrupção original tornou este padrão
impossível de ser alcançado. A Escritura deixa claro: “Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram,
e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Romanos
3:10-12). Ser indisposto é não “procurar o bem” e “desviar-se” dele.
Não é apenas que somos contrários ao bem, mas nós somos pessoas incapacitadas... a
todo o bem. Somos completa e totalmente incapazes de fazer o bem. Paulo em Romanos
declara: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei
de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar
a Deus” (Romanos 8:7-8). Não apenas que a carne (ou seja, a natureza pecaminosa) não
está interessado em submeter-se à lei de Deus, é que literalmente ela não pode. Não é
somente que a raça corrupta de Adão é formada por pessoas totalmente indispostas, e
incapazes de fazer o bem, mas pior, eles são totalmente adversos a fazer o bem. A
Confissão acrescenta a isso — como que no mesmo fôlego — que somos inteiramente
inclinados a todo o mal. O que significa ser inclinado? Para que algo seja inclinado, deve
ser inclinado em direção a algo. Poderíamos pensar em um plano inclinado — um objeto
plano, muitas vezes usado como uma rampa (um simples mecanismo). Se tivéssemos que
colocar uma esfera de mármore em um plano inclinado, para que direção você acha que
ela vai rolar? Irá, naturalmente, rolar para a parte inferior do plano inclinado. Da mesma
maneira, nós somos inclinados na direção do mal. Ser inclinado tem a ver com o desejo. A
__________
[13] Edição Compacta do Dicionário de Inglês de Oxford, 2 vols. (New York: Oxford University Press, 1971).
Veja sentido 5.
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natureza humana é tal que nós fazemos escolhas com base no que nós desejamos. Se
refletirmos sobre a razão por que escolhemos uma coisa em detrimento de outra, devemos
concluir que isso foi baseado no desejo. Talvez, algumas pessoas possam objetar a essa
nossa conclusão indicando que várias vezes nesta semana se levantaram cedo para ir
trabalhar e, “Certamente”, dizem, “isso era contrário ao nosso desejo”. Não, porque mesmo
quando nós escolhemos algo contrário ao que desejamos, ainda assim a razão para isso
era que nós desejávamos um salário mais do que continuar a dormir. Não há como escapar
da conexão desejo-escolha. Nossa natureza é pecaminosa, é uma fábrica de desejo
pecaminoso, e é aberta 24 horas, 7 dias por semana, e durante todo o ano.
Por que após a conversão, nós já não éramos totalmente desejos pelo pecado, mas co-
meçamos a experimentar um novo desejo de fazer a vontade de Deus? É porque Deus
mudou nossa natureza: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). Como resultado disto,
nossas inclinações (ou seja, os nossos desejos) mudam o que nos leva a escolher a
obediência. Esta é uma obra unicamente do Espírito sobre a natureza de uma pessoa; a
regeneração muda nossa disposição e nossa inclinação. Quando as pessoas não-
regeneradas fazem o “bem” elas não fazem o que é realmente bem. Se um descrente sacia
a fome de alguém, ele faz o bem, e não há nenhuma razão racional para negar que essa é
uma coisa boa. Mas seu desejo de agir de uma boa maneira, no entanto, vem de uma
natureza pecaminosa não-regenerada; uma natureza inteiramente inclinada a todo o mal,
e como tal, o que lhe motivou a esta boa ação é, em última análise, algo mau. Admitamos,
é ofensivo dizer a uma pessoa não-convertida que a sua boa ação é, em última análise,
pecaminosa, mas se eles considerassem a sua “boa ação” à luz de um Deus santo contra
o Qual eles estão em rebelião, eles poderiam veriam ver as coisas de modo diferente. Isaías
64:6a declara: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como
trapo da imundícia”. Os injustos não podem produzir justiça, mais do que uma árvore ruim
pode produzir bons frutos. Como veremos no próximo Parágrafo, até mesmo o regenerado
tem em si uma corrupção remanescente, e, por causa disto, suas boas obras também são
misturadas e contaminadas com desejos pecaminosos, mas em Cristo e por Cristo, Deus
aceita nossas boas obras.
A Confissão conclui que a partir da corrupção original é que procedem todas as trans-
gressões atuais. O pecado atual é a ação individual, voluntária e pessoal de violar a lei de
Deus. Há uma diferença entre culpa imputada e pecado atual. A culpa imputada não estri-
tamente resulta em pecado atual; no entanto, a corrupção transmitida sempre resulta em
pecado atual. A corrupção original penetrou de tal modo em cada aspecto da natureza
humana, produzindo maus desejos, e maus desejos levam a escolhas voluntárias do mal.
A vontade do homem está tão conectada com estes desejos pecaminosos a ponto de estar
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cativeiro. A vontade do homem não pode escolher livremente contra a sua natureza; não
tem interesse, habilidade ou concepção de fazê-lo. É esta escravidão da vontade aos dese-
jos da natureza pecaminosa que está no centro da controvérsia Arminiana. A alegação
Reformada é de que a Escritura mostra que a vontade do homem está em tal escravidão à
sua natureza pecaminosa que não pode escolher livremente fazer o bem, a menos que
Deus intervenha sobrenaturalmente. O Arminiano afirma que a vontade não é tão severa-
mente escravizada aos desejos pecaminosos da natureza, e que ela pode escolher livre-
mente fazer o bem e abraçar a Cristo sem a intervenção da regeneração14. Vamos deixar
este assunto para uma discussão mais aprofundada no capítulo 9, Sobre o Livre-Arbítrio, e
no Capítulo 10, Sobre o Chamado Eficaz.
A corrupção da natureza — como foi apropriadamente abordada no Parágrafo 4: total-
mente indispostos, incapacitados e adversos a todo o bem, e inteiramente inclinados a todo
o mal — persiste durante esta vida naqueles que são regenerados. Será que esta cor-
rupção continua a ser exatamente a mesma que era antes da regeneração, ou é apenas
algo dela que permanece? À luz dos Capítulo 9 e 10 por vir, nós sabemos que a Confissão
não ensina que a corrupção não é alterada pela regeneração, por isso, então nós entende-
mos que apenas algo da corrupção continua após a regeneração. A questão, então, é:
“quanto desta corrupção ainda resta?”. Esta é uma questão extremamente importante para
respondermos por ela se relaciona com áreas muito críticas da nossa vida, tais como: con-
versão, arrependimento, santificação e segurança. Talvez possamos ter uma melhor com-
preensão quanto à continuação da corrupção lendo as próprias palavras do Apóstolo Paulo,
que descrevem sua luta contra a corrupção remanescente: “Acho então esta lei em mim,
que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior,
__________
[14] Para ser justo, o Arminiano não nega que a vontade torna-se escrava depois da Queda; em vez disso,
ele afirma que Deus dá igualmente a toda a humanidade a graça preveniente que, então, liberta a vontade
para que a ela possa, em seguida, abraçar livremente Cristo no Evangelho. Passagens como João 1:9; 6:8;
12:32 e até 6:44 são erroneamente interpretadas para apoiar este ponto de vista. Essa graça preveniente
ainda não explica por que algumas pessoas vêm a Cristo e algumas não, apesar de cada um receber esta
graça de forma igual. Só posso concluir que, finalmente, aqueles que vêm a Cristo devem ter algo de bom em
si mesmos que é melhor do que aqueles que não veem. A graça preveniente, então, é uma cooperação entre
Deus e o homem na salvação (i.e. sinergismo). Em última análise, então, essa visão da salvação é centrada
no homem, pois a salvação não é dada como resultado do decreto da eleição, e chamado eficaz como
consequência do decreto, mas como consequência da livre escolha da vontade de salvação pelo homem.
5. A corrupção da natureza persiste durante esta vida naqueles que são regenerados13;
e, embora ela seja perdoada e mortificada através de Cristo, todavia tanto ela mesma
como seus primeiros impulsos são verdadeira e propriamente pecado14 (13 Romanos
7:18, 23; Eclesiastes 7:20; 1 João 1:8 • 14 Romanos 7:23-25; Gálatas 5:17).
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tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a
lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus mem-
bros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a
Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei
de Deus, mas com a carne à lei do pecado” (Romanos 7:21-25)15. Penso que podemos
concluir, baseados na experiência de Paulo, que o grau de corrupção remanescente é
significativo. Paulo não está usando uma hipérbole; pelo contrário, ele está sendo sincero
e expressando honestamente a real e grande luta que ele, e todos os regenerados, tem
contra a corrupção remanescente.
Vemos outras passagens nas Escrituras que confirmam a existência desta corrupção
remanescente: “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca
peque” (Eclesiastes 7:20). “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós
mesmos, e não há verdade em nós” (1 João 1:8). “Porque a carne cobiça contra o Espírito,
e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que que-
reis” (Gálatas 5:17). Nós não podemos determinar a percentagem matemática de corrupção
remanescente, mas podemos ver que ele afeta a nossa capacidade e consistência de obe-
decer plenamente à lei de Deus. Este conhecimento não nos dá uma desculpa para desobe-
decermos a Deus (1 João 2:1a), mas é a razão pela qual muitas vezes não conseguimos,
e é fundamental que entendamos isso. Isso deve nos trazer conforto em nossa luta contra
o pecado, sabendo que nós não precisamos questionar a nossa conversão cada vez que
pecamos16. Paulo conclui após Romanos 7: “Portanto, agora nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). É a esperança de Cristo no Evangelho que
nos salva do desespero à medida que lembramos que: “se alguém pecar, temos um
Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo” (1 João 2:1b).
Pode ser útil olhamos brevemente para o Capítulo 9, parágrafo 4, para que nós não subesti-
memos a mudança operada pela regeneração: “Quando Deus converte um pecador e o
transporta para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado e, por
Sua graça, o habilita a livremente querer e fazer aquilo que é espiritualmente bom; ainda
__________
[15] Paulo está falando de sua própria experiência como uma pessoa regenerada, pois como poderia Paulo
em seu estado de não-regenerado reivindicar que “segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus?”.
Eu achei o Comentário de John Murray especialmente útil sobre esta passagem. John Murray, New
International Commentary on the New Testament: Romans [Novo Comentário Internacional Sobre o Novo
Testamento: Romanos], edição de um volume (Grand Rapids, 1968), 239-273.
[16] Isto não exclui o conselho inspirado do apóstolo para que os crentes examinem a si mesmos (2 Coríntios
13:5; 2 Pedro 1:10-11, etc.). Sobre os temas de mortificação e corrupção remanescente, eu recomendo a
leitura de J. C. Ryle. Holiness [Santidade], e John Owen, Mortification of sin [Mortificação do Pecado]. [Estas
duas grandes obras foram publicadas em Português respectivamente pelas Editoras Fiel e PES — N. do T.].
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assim, em razão de sua corrupção remanescente, ele não o faz perfeitamente, nem apenas
deseja o que é bom, mas também o que é mau”. A regeneração de fato, muda-nos! Não
quero esquecer isso, mas voltemos ao nosso presente parágrafo 5, o ponto é que, não
obstante haja tanto transformação como regeneração, isso não elimina a corrupção original
inteiramente. Se nós temos esperança de que a nossa luta contra o pecado terminará nesta
vida, ficaremos muito desapontados. É melhor encarar o fato de que a corrupção original
persiste durante esta vida. Isto significa que até morrermos, ou o Senhor vir, essa corrup-
ção permanecerá em nós. Mais tarde, veremos que mesmo na obra da santificação, que
faz com que vivamos mais e mais em justiça, esta corrupção não é inteiramente removida
(veja CFB 13:1). O fato desta corrupção permanecer durante toda esta vida pode parecer
óbvio, mas alguns vêm de igrejas onde a doutrina da plena santificação (perfeccionismo)
nesta vida é ensinada. Hoje, as igrejas associadas ao movimento de santidade tendem a
abraçar ou ter simpatia, em diferentes graus, a este ensinamento antibíblico. A Confissão
nos guarda contra este ponto de vista em seu próprio tempo, pois algum ponto de vista
sobre o perfeccionismo sempre existiu de uma forma ou de outra ao longo da História da
Igreja.17
A Confissão declara que esta natureza corrupta é perdoada e mortificada através de
Cristo. Em Cristo, essa corrupção remanescente é perdoada. Cristo morreu por todos os
pecados dos eleitos; portanto, a corrupção ainda remanescente é perdoada pela Sua obra
perfeita. Através da morte e ressurreição de Cristo (e nossa união com Ele nestas) nós
somos habilitados a mortificar a corrupção remanescente (veja Romanos 6). Mas em rela-
ção à esta corrupção remanescente, embora seja perdoada e mortificada em Cristo, tanto
ela mesma como seus primeiros impulsos são verdadeira e propriamente pecado.
Isto significa que o restante da corrupção em si é verdadeira e propriamente pecado. Como
assim, os primeiros impulsos são verdadeira e propriamente pecado, o que se entende por
“primeiros impulsos”? Uma vez que a corrupção original é a causa do pecado atual, a
Confissão chama esta causa primária o primeiro impulso [ou movimento] do pecado. Então
não é só a pecaminosidade do pecado atual, mas a corrupção que conduz a este também
é pecaminosa. Uma versão moderna da Confissão 1689, A Faith to Confess [Uma Fé Para
Confessar], afirma: “a corrupção em si e todos os seus aspectos são verdadeira e pro-
priamente pecado”. Este é um esclarecimento atualizado útil. É verdadeiramente pecami-
noso, não apenas teoricamente pecaminoso. E é apropriadamente chamado de pecado,
pois verdadeiramente é pecado. Samuel Waldron afirma: “O ponto específico do parágrafo
é... que as corrupções dos crentes são pecado. Isso provavelmente é afirmado como em
oposição àqueles que no tempo dos Puritanos eram muitas vezes conhecidos como ‘antino-
__________
[17] Veja Gregg R. Allison, Historical Theology: An Introduction to Christian Doctrine [Teologia Histórica: Uma
Introdução à Doutrina Cristã] (Grand Rapids: Zondervan, 2011), 520-41.
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mianos’. Uma das suas características era, então, enfatizar a graça e, assim, interpretar a
doutrina da justificação de modo a negar que os Cristãos pecavam ou possuíam alguma
natureza pecaminosa”.18
À medida que chegamos ao final deste Capítulo, devemos agora compreender mais plena-
mente a magnitude da Queda. Podemos ver que a Queda deixou o homem culpado diante
de Deus e totalmente corrupto. A nossa natureza corrupta é a causa de nós pecarmos, e
até mesmo o regenerado mantém um grau de corrupção que nunca será totalmente erra-
dicada até a sua morte ou à volta do Senhor. Compreender o grau de depravação ao qual
a Queda nos trouxe é que nos leva a dizer com os discípulos: “Quem poderá pois salvar-
se? E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tu-
do é possível” (Mateus 19:25-26). As verdades neste Capítulo fornecem uma base funda-
mental para os próximos Capítulos. Tal como acontece com cada Capítulo, é necessário
que nós tomemos tudo o que aprendemos, e o tragamos conosco para os próximos
Capítulos.
Sola Scriptura! Sola Gratia! Sola Fide!
Solus Christus! Soli Deo Gloria!
__________
[18] Samuel Waldron, 1689 Baptist Confession of Faith: A Modern Exposition [A Confissão de Fé Batista de
1689: Uma Exposição Moderna], 3ª ed. (Webster, Ny.: Evangelical Press, 1999), 103.
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10 Sermões — R. M. M’Cheyne
Adoração — A. W. Pink
Agonia de Cristo — J. Edwards
Batismo, O — John Gill
Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo
Neotestamentário e Batista — William R. Downing
Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon
Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleição
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos
Cessaram — Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da
Eleição — A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida
pelos Arminianos — J. Owen
Confissão de Fé Batista de 1689
Conversão — John Gill
Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel
Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins
Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink
Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne
Eleição Particular — C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —
J. Owen
Evangelismo Moderno — A. W. Pink
Excelência de Cristo, A — J. Edwards
Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon
Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink
In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah
Spurgeon
Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação
dos Pecadores, A — A. W. Pink
Jesus! – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon
Livre Graça, A — C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield
Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill
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— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —
John Flavel
Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston
Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.
Spurgeon
Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.
Pink
Oração — Thomas Watson
Pacto da Graça, O — Mike Renihan
Paixão de Cristo, A — Thomas Adams
Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards
Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —
Thomas Boston
Plenitude do Mediador, A — John Gill
Porção do Ímpios, A — J. Edwards
Pregação Chocante — Paul Washer
Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon
Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado
Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200
Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon
Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon
Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.
M'Cheyne
Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer
Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon
Sangue, O — C. H. Spurgeon
Semper Idem — Thomas Adams
Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
Owen e Charnock
Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de
Deus) — C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.
Edwards
Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina
é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen
Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
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Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Downing
Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.