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TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO PERÍODO PÓS ANOS 80 NO ESPAÇO
RURAL DE AMAPORÃ-PARANÁ
Autora: Cleusa Maria Pigozzo1
Orientador: Aníbal Pagamunici2
Resumo
O presente estudo surge como uma parceria entre o governo do estado do Paraná e a professora autora, através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Este artigo objetiva a análise das transformações ocorridas na ocupação e uso do espaço rural no período pós anos 80, no município de Amaporã-Pr. O estudo é amparado por observações e relatos de antigos moradores a respeito da preocupação com a atual forma de utilização do solo do município, em específico a crescente monocultura, principalmente de cana-de-açúcar. Este motivou a professora e alunos, sobretudo, os da oitava série a pesquisar o tema em questão. Após o estudo e análise, através de diversas fontes de pesquisa as tais mudanças ocorridas destacam-se em desmatamento, utilização de agentes químicos na prática da agricultura, a prática rotineira de queimadas que provoca a degradação dos solos e esgotamento de alguns recursos naturais. Percebe-se a diminuição de períodos de chuva, como também a hegemonia agrícola da monocultura da cana-de-açúcar, entre outros. Isso mostra que ações humanas pautadas na busca pelo aumento do capital financeiro tiveram grande contribuição para que tais situações pudessem ser observadas. Desse modo, informações e levantamentos como esse contribuem cada vez mais com a formação crítica e reflexiva dos educandos envolvidos com o estudo.
Palavras-chaves: Amaporã; Impactos Ambientais; Cana-de-açúcar.
1. Introdução
1 Pós Graduada em História e Geografia, Metodologia e Didática, Graduada em: Geografia e História
e professora de Geografia no Colégio Estadual Olavo Bilac- EF, EM. 2 Professor Adjunto no Colegiado de Geografia da Faculdade Estadual Ciências e Letras de
Paranavaí-Paraná
O presente estudo é resultado de ações do Programa de Formação
Continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) –2010/2011
que, entre outras ações, fornece a professores da rede estadual de ensino a
oportunidade de desenvolverem estudos em consonância com instituições de ensino
superior do Paraná, com o intuito de potencializar as investigações teórico/reflexivas
a respeito de suas praticas pedagógicas e suas ações junto ao ensino
aprendizagem.
Libânio (1998) destaca que os momentos de formação continuada estimulam
os professores a ações reflexivas. Uma vez que após o desenvolvimento da sua
prática, os professores terão a oportunidade de reformular as atividades para um
próximo momento, repensando os pontos positivos e negativos ocorridos durante o
desenvolvimento daquela aula. Para que, assim, possam buscar melhorias nas
atividades e exercícios que não se mostraram eficientes e eficazes no decorrer do
período de aula.
Para Shigunov Neto e Maciel (2009) é necessário que a pesquisa forneça
uma produção do conhecimento em prol da sociedade, e mais especificamente, no
caso educacional, em benefício da instituição escolar. Portanto, o professor
pesquisador deve produzir/construir conhecimentos e, mais importante que isso,
socializar sua transmissão, estando comprometida socialmente com a escola onde
atua na busca por melhorias na sociedade em que participa.
Neste contexto, o presente projeto, como conteúdo pedagógico aplicado
inicialmente aos alunos da 8ª série do ensino fundamental busca investigar as
“Transformações ocorridas no Espaço Rural” a partir do processo de “Modernização
da Agricultura” através de ações e reflexões críticas de educadores e educandos
frente a problemas vividos em sua sociedade, nesse caso, no uso do espaço rural
do município de Amaporã.
Sobre esse aspecto Balsan (2006) descreve que foi somente a partir da
década de 1960 que a agricultura brasileira iniciou o processo de modernização,
através da chamada ”Revolução Verde” que traz consigo novos objetivos e formas
de exploração agrícola, resultando em transformações tanto na pecuária, quanto na
agricultura do país. Como consequências desse processo destacam-se a acirrada
concorrência no que diz respeito à produção, os efeitos sociais, e principalmente, os
efeitos econômicos sofridos pela população envolvida com atividades rurais.
Essas transformações ocorridas, aliadas aos avanços tecnológicos aplicados
à agricultura, além dos problemas ambientais detectados nos anos 70
representaram um novo cenário agrícola na região noroeste do Paraná, na qual se
situa o município de Amaporã, foco deste estudo. Ribeiro e Endlich, (2010)
destacam que a mesorregião Noroeste do Paraná passou por diversas crises,
principalmente, por estar inserida numa área de solo muito arenoso, por isso a
pecuária extensiva foi a principal atividade desta região após 1970.
Todas essas características, aliadas aos problemas na agricultura
enfrentados pela região noroeste nas ultimas décadas, reforçados pela ausência de
políticas públicas agrícolas adequadas, fizeram com que os municípios do noroeste
do Paraná, entre esses, o de Amaporã se tornassem alvo de monoculturas,
sobretudo de cana-de-açúcar, devido às facilidades que esse tipo de plantio
apresenta, nesse caso, fornecendo matéria-prima para a fabricação de etanol e
açúcar.
Firmino e Da Fonseca, (2008) destacam que esses modelos de atividades
agrícolas, ocorridas principalmente com a modernização do campo, provocam
grandes impactos sobre o ambiente, tais como desmatamentos e expansão da
fronteira agrícola, queimadas em pastagens e florestas, poluição por dejetos animais
e agrotóxicos, erosão, degradação de solos e contaminação das águas. Portanto,
as consequências desses impactos seriam extinções de espécies e populações,
diminuição da diversidade biológica, perda de variedades, entre outras.
Sendo assim, o cenário agrícola do município de Amaporã merece atenção,
uma vez que observa aumento da monocultura, sobretudo de cana-de-açúcar, bem
como as mudanças e impactos trazidos com o avanço deste cultivo e da
modernização do campo. Por isso, este estudo buscou observar os quatro pontos
cardeais principais do município (norte, sul, leste, oeste) e através de informações
formais e informais notar essas possíveis mudanças.
Por vez, a fim de promover o confronto pedagógico frente aos anseios na
agricultura do município o objetivo geral deste estudo foi analisar as transformações
ocorridas na ocupação e uso do espaço rural no período pós anos 80, no município
de Amaporã-Pr.
2. Desenvolvimento: A Importância Educacional e Social Do Tema Em Questão
O PDE é um programa de formação continuada diferenciado que visa
aperfeiçoar a prática pedagógica dos professores da rede estadual de ensino,
através da parceria com instituições de ensino superior, as quais através de cursos e
atividades diversas, capacitam os professores em suas práticas docentes,
implementando melhorias na qualidade do ensino público. Este projeto tem também
como objetivo, subsidiar em teoria e metodologias o trabalho docente, ajudando os
educadores em suas praticas escolares, como também aprimorar nas discussões
sobre as questões de ensino e aprendizagem das escolas públicas.
Este processo de formação continuada, ao qual o professor PDE se submete
influencia de diversas maneiras sua ação docente, colocando-o como um importante
ser social e mediador de informação e conhecimento, Sobre essa relevante
influência, Imbernón afirma que:
A formação terá como base uma reflexão dos sujeitos sobre sua prática docente, de modo a permitir que examinem suas teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, suas atitudes etc., realizando um processo constante de auto-avaliação que oriente seu trabalho. A orientação para esse processo de reflexão exige uma proposta crítica da intervenção educativa, uma análise da pratica do ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes (IBERNÓN, 2001 p.48-49).
Sobre esse aspecto Silva e Araújo (2005) revelam que a formação continuada
dos professores, deve incentivar a aproximação e apropriação dos conhecimentos
pelos professores, rumo à autonomia docente, e ainda levar a uma prática crítica-
reflexiva, que abranja a vida cotidiana da escola, como também os saberes
derivados da experiência do professor.
Dessa maneira, este estudo apresenta uma preocupação social, no que diz
respeito ao atual cenário agrícola da região noroeste do Estado do Paraná, em
específico a cidade de Amaporã, na qual, através da disciplina de Geografia o
professor tem a oportunidade de despertar e promover ações e reflexões crítica nos
educandos, contribuindo com a própria formação e ação pedagógica, bem como
favorecer no processo ensino e aprendizagem ao estabelecer ligações entre a
realidade social a que é integrante e a de seus alunos.
O presente projeto que estuda “As Transformações ocorridas no Espaço
Rural e a Modernização da Agricultura” como conteúdo didático destinou-se
primariamente aos alunos de 8ª série do ensino fundamental do Colégio Estadual
Olavo Bilac - EF e EM, onde um dos objetivos foi subsidiar teoricamente os
educandos na compreensão das transformações ocorridas no período pós anos 80,
no espaço rural do município em que vivem e atuam, enquanto cidadãos.
A problematização do tema em questão leva em consideração as mudanças
de cenários ocorridas na agricultura do município a partir de 1980, onde,se
podenotar maiores alterações climáticas, ambientais e sociais, ocasionadas
sobretudo pelo avanço tecnológico que atingiu o campo, e então, estabelecer a
dimensão de seus impactos nos diversos segmentos da sociedade.
As referidas mudanças puderam ser abordadas através da
interdisciplinaridade formada pelos docentes do colégio e os alunos, principalmente
os participantes diretos deste estudo, e notados através das excursões pedagógicas
intituladas: “A Geografia Se Aprende é no Pé”, baseado na obra de Josué de Castro
(1984) nas quais os educandos e a professora realizaram visitas aos quatro limites
do município, (NORTE, SUL, LESTE, OESTE) nas áreas rurais a fim de coletar no
caminho, o maior número possível de informações que confrontassem com a
realidade agrícola e social, de 1980.
Para isso, foram realizadas excursões em duas etapas onde, na primeira
visita os alunos observaram o ambiente e coletaram fotos com informações
ambientais e climáticas das regiões, sempre partindo do conhecimento que tinham a
respeito do tema. Na segunda etapa, após estudarem os conteúdos que faziam
referências ao tema abordado nesta pesquisa, confrontavam com a realidade,
principalmente agrícola, vivida hoje no município, e então retornavam aos locais da
primeira visita, dessa vez mais “inteirados” com o tema.
Esse confronto com a realidade pode ocorrer, sobretudo devido a entrevistas
informais com antigos moradores e pioneiros do município e pelo estudo de fotos da
época, além de outras fontes teóricas ,as quais concederam informações que
pudessem aproximar os alunos de hoje, da realidade vivida em 1980 ou até antes
disto, levando-os a uma reflexão da problematização em questão.
Desta maneira, Gomes et al. (2006) observa que a pratica reflexiva possui um
caráter heterogêneo e plural no qual:
Possibilita a inter-relação dos diferentes saberes, produzindo conhecimentos em articulação com o contexto sócio-político, econômico e cultural, que resulta numa intervenção na realidade a partir da relação com o mundo da experiência humana, com sua bagagem de valores, interesses sociais, afetos, conotações diferenciadas e cenários políticos (GOMES Et Al. 2006, p. 234).
Sendo assim, observar essas mudanças ocorridas na agricultura de Amaporã
e analisá-las é um dos pressupostos para a compreensão da atual organização do
espaço do município, possibilitando a reflexão para a formação da consciência
crítica e cidadã, tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e de um
espaço rural mais humano.
Outras ferramentas usadas para dar subsídio teórico às informações
absorvidas pelos educandos a respeito de fatos climáticos, ambientais e históricos
de Amaporã, foram a criação de uma cartilha com textos explicativos que
abordavam as temáticas, também consultas a fotos cedidas pela prefeitura de
Amaporã e antigos moradores, além de entrevistas realizadas pelos alunos com
familiares e pioneiros do município.
Com a aplicação da cartilha, que continha informações acerca da formação
das nuvens, solos da região, agricultura, monoculturas, cana-de-açúcar e os
produtos fabricados a partir dela como matéria prima, diferenças climáticas, entre
outros conteúdos. Tudo isso, tendo como objetivo a formação mais crítica dos
educandos no que diz respeito à agricultura local, além de outros anseios que fazem
parte da sociedade em que vivem.
Por isso, na busca por essa formação, é necessário destacar também, a
interdisciplinaridade ocorrida com a pesquisa, na qual os demais docentes da
instituição utilizaram a temática abordada para realizar associações com suas
disciplinas, integrando ainda mais os alunos no contexto social e possibilitando-os
da compreensão do tema de uma maneira mais aprofundada.
Dentre as diversas observações ocorridas nesta pesquisa, uma das que mais
chamou a atenção e despertou ainda mais o interesse em investigar tal tema foram
os relatos informais, ouvidos em visitas, de antigos moradores do município, que por
várias vezes descreviam com certa nostalgia as transformações ocorridas desde o
tempo de sua infância até os dias atuais, sempre destacando a modernização
ocorrida, os avanços tecnológicos na agricultura e o atual cultivo de cana-de-açúcar.
Como nos relatos que seguem:
-“Hoje tá tudo acabado, a terra já não produz mais como antes, tudo virou só
cana”. Desabafo ouvido da pioneira senhora Hilda Mouro Pigosso, 85 anos.
Outro relato interessante foi o do morador pioneiro Manoel Arquilino Costa (78
anos) no qual dizia:
- Amaporã era muito diferente há uns 30 anos atrás, hoje tudo acabou, tudo tá
diferente. É só cana pra todo lado. Quando viemos para cá tudo que se plantava
dava, arroz, feijão, milho. Além do sustento da família ainda sobrava um pouco para
vender, era bonito de se ver a plantação tinha de tudo, hoje fico muito triste, pois
para onde eu olho vejo apenas pasto e cana para todo lado, todo mundo amontoado
na cidade e trabalhando de “boias frias”, isso quando acha serviço.
Em sala de aula, também é comum alunos reproduzirem conversas ouvidas
em casa como fez o Adevilson de Freitas (20 anos), aluno da 6ª série numa das
aulas sobre o meio ambiente:
- “Professora, meu avô falou que, hoje, acabou tudo, no tempo dele era tudo
diferente tinha muita fartura e a terra era boa”.
Em outro depoimento, Alam de Souza de (22 anos) declarou:
-“Professora, minha mãe conta que no quando ela morava no sítio, existia
uma fartura muito grande, até parecia que a gente era sitiante, tudo que se plantava
se colhia com fartura, hoje ela tem muita tristeza, pois não vê mais nada disso,
apenas uma paisagem única, cana e pasto”.
Esses relatos mostram a preocupação e o olhar críticos dos moradores a
respeito de seu município, porém, apesar de transformações importantes, sabe-se
que várias dessas mudanças citadas ocorrem de maneira natural também em outras
áreas, Entretanto, sempre há como grandes responsáveis as ações humanas,
através da chamada “evolução dos tempos” onde os anseios da sociedade
capitalista norteiam os rumos em que se tomar, refletindo, na maioria das vezes de
maneira negativa no que se diz respeito ao meio ambiente, ou seja, a degradação
da natureza em detrimento do ganho de capital.
Dessa maneira, torna-se necessário que embasamentos teórico/científicos
sejam levantados a fim de melhor identificar e qualificar essas chamadas
“transformações” para que se entenda o processo da evolução do uso do espaço
agrícola da região noroeste, sobretudo, do município de Amaporã.
2.1 O Processo De Modernização Da Agricultura e Suas Consequências
Teixeira (2005) relata que foi no fim da década de 1950 que se iniciou no
Brasil um processo chamado “modernização do campo”, acentuando-se na década
de 1960, nas regiões sul e sudeste, a qual se expandiu para outras regiões a partir
da década de 1970.
Com isso, o espaço agrário brasileiro sofreu significativas mudanças, o que
resultou num considerável aumento na produção agrícola, acentuando a exportação,
e também contribuiu para um crescimento da economia nacional. Por outro lado,
apresentando-se e atendendo ao interesse da elite rural, já que esse modelo de
modernização segue os moldes propostos pela sociedade capitalista, no qual tende
a beneficiar apenas determinados produtos e produtores, como consequência surge
a monopolização de culturas especificas em detrimento a outras variedades
agrícolas (TEIXEIRA, 2005).
Para Teixeira (2005) vários conceitos a respeito da modernização da
agricultura foram criados, como aqueles que consideram modernizada a produção
agrícola, pois faz uso intensivo de equipamentos e técnicas agrárias, de modo que
lhe permita maior rendimento no processo produtivo, tornando a modernização da
agricultura, sinônimo de mecanização e “tecnificação” da lavoura. Ou ainda, aqueles
que levam em conta todo o processo de modificações ocorrido nas relações sociais
de produção.
Ainda de acordo com os autores supracitados, uma das principais ameaças
ao meio ambiente não é a expansão da fronteira agrícola, mas sim, a tendência à
monocultura, ao uso de agrotóxicos e à consequente extinção de sistemas
tradicionais de cultivo. Portanto, essas áreas que são submetidas ao cultivo ou
pastoreio intensivo por longos períodos se degradam rapidamente, devido às
práticas que empregam o fogo na abertura de áreas. Dessa forma, ocorre a perda
dos agregados de matéria orgânica e argila.
Como consequência do estabelecimento de um “novo mundo rural” é notável
também duas realidades na agricultura, das quais uma classe da sociedade possui o
que há de mais moderno e rentável a níveis da agrícola e pecuária, enquanto a
outra, o agricultor familiar está cada vez mais distante de tais inovações, mesmo
representando a maioria dos agricultores.
Balsan (2006) destaca que esta segunda categoria se apresenta cada vez
mais próxima do limite de sobrevivência, por isso, atualmente tem merecido maior
preocupação por parte das políticas governamentais, tendo em vista o
desenvolvimento local sustentável no contexto de um “novo mundo rural”.
Entretanto, é uma utopia buscar o desenvolvimento local sustentável quando se
reflete sobre a ideia de que muitos agricultores familiares são privados, até mesmo
das condições dignas de sobrevivência.
Para Teixeira (2005) a modernização da agricultura segue os moldes
capitalistas, pois tende beneficiar apenas determinados produtos e produtores, o
que reforça cada vez mais o fortalecimento da monocultura. Ainda, segundo o autor
“Com a modernização ocorre o que vários autores denominam de industrialização da
agricultura”, visto que isso transforma a agricultura numa atividade nitidamente
empresarial.
A ausência de um ordenamento jurídico eficaz da estrutura fundiária
brasileira, capaz de controlar adequadamente os usos das propriedades, em
associação à disponibilidade de mão-de-obra barata, tem contribuído também para a
expansão das monoculturas.
Essas “práticas agrícolas monoculturais” em grandes extensões de terra –
como o plantio e cultivo de cana-de-açúcar - têm sido apontadas como as principais
geradoras de desigualdades no campo, bem como um entrave à reprodução social
de populações tradicionais. Dessa forma, são notados impactos sobre a agricultura
familiar e mudanças no padrão de produção agrícola (GUEDES et al, 2006). Esse
impacto em especial na região noroeste do Paraná, que ao longo do tempo tornou-
se especialista no plantio e cultivo de cana-de-açúcar.
Para Rodrigues e Ortiz (2006) ao observarem a cultura de cana, percebem a
opção pelo uso da mão-de-obra migrante, como sendo uma estratégia muito
utilizada para baixar os custos de produção do setor sucroalcooleiro, uma vez que,
na grande maioria a admissão desta mão-de-obra é feita sem registro trabalhista ou
por intermédio de contratantes ilegais denominados “gatos“.
Essas pessoas acabam sendo alojadas em casas, dentro dos canaviais ou
nas periferias das cidades das regiões canavieiras, longe dos familiares e sem
acesso às redes locais de proteção (sindicatos, pastorais da terra e migrantes, entre
outros). Esses trabalhadores ficam à mercê da vontade dos empregadores. Sendo
assim, tornam-se evidente os motivos para o crescente êxodo de trabalhadores
rurais (RODRIGUES e ORTIZ, 2006).
De acordo com Balsan (2006) outro resultado do processo de modernização
do campo é o aumento generalizado da pobreza nesse setor, pois a expansão da
grande propriedade com a mecanização e utilização de agroquímicos diminui a
necessidade de mão-de-obra permanente, nesse caso, ao mesmo tempo os
trabalhadores volantes (boias frias) veem sua oferta de trabalho diminuir cada vez
mais, por isso, ou, e assim, acabam se sujeitando a duros turnos no campo por
diárias cada vez mais irrisórias.
Graziano Neto (1982) resume que a desigualdade da modernização ocorre
em diferentes níveis, tais como: várias regiões do país, entre atividades
agropecuárias e entre os produtores rurais do país. E salienta ainda mais que as
regiões sul e sudeste são as que mais têm se modernizado, e dentre elas os
Estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Ainda sobre a modernização do campo, Martine (1987) destaca que foi na
década de 1970 que ocorreu o maior êxodo rural, já presenciado no Brasil pelo fato
da oscilação do ritmo de produção da força de trabalho, e também pela expansão da
oferta de emprego no campo.
Outro fator ocorrido no campo que contribuiu com o êxodo rural foi o fato de
que pequenas propriedades foram incorporados às grandes, tendo como exemplo a
região noroeste do Paraná, na qual o número de estabelecimentos agrícolas, passou
de 85410 existentes no ano de 1970, para apenas 30941 existentes no ano de 1996
(SERRA, 2010).
Isso pode ser explicado pela razão dos pequenos produtores não
conseguirem se inserir no processo de mecanização, por ser inviável à mecanização
em pequenas propriedades, já que é necessária uma grande produção para que os
produtores possam obter lucros, o que não é possível com as pequenas
propriedades. (PERISSATTO, 2009).
Partindo deste pressuposto, ao longo da história capitalista o baixo nível de
desenvolvimento das forças produtivas, permitiu uma ideia falsa de que existiam
recursos naturais em quantidades ilimitadas, que daria para suprir o crescimento das
sociedades humanas. (LAGO, 1984).
Outro impacto negativo trazido pelo avanço do capitalismo em consonância
com a modernização da agricultura é o que diz respeito à produção de alimentos –
pois à medida que agricultores capitalistas ocupam mais e mais terras nas
monoculturas de exportação, são reduzidas as áreas que cultivam alimentos
“gastando-se mais para comer menos e em pior qualidade”- isso ocorre pela
diminuição da produção de alimentos e pelos cultivos de monoculturas exportadoras
(AGUIAR, 1986).
Quanto mais se fala em desenvolvimento sustentável no mundo atual a vida
torna-se bem menos sustentável, pois o que se apresenta é um grande aumento da
pobreza e da desigualdade social e uma distância enorme entre ricos e pobres
(CAPRA, 2002).
Entendemos que à medida que a humanidade aumenta sua capacidade de
intervir na natureza para a satisfação e também necessidades e desejos crescentes,
especialmente econômicos surgem intenções, conflitos, discussões e apreensões
quanto ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia disponível. Esta
temática fica cada vez mais evidente também nos municípios de menor porte
econômico, como o de Amaporã, objeto do nosso estudo. E este reflexo como
vimos, também já pode ser notado pela população.
Assim sendo, é necessário que se conheça melhor o município em questão a
fim de que possa compreender um pouco mais os desafios pelos quais foi submetida
nos últimos anos. E assim, entender melhor a história de Amaporã.
2.2 Aspectos Históricos Do Município De Amaporã
A palavra Amaporã vem do Tupi Guarani e significa “Chuva Bonita” tendo sua
origem em 1955, em função da cafeicultura, apresentando como os primeiros
moradores os senhores “Justino Rodrigues” e “Manoel Tenório”. Quem nasce no
município de Amaporã é denominado Amaporãense.
Em 23 de agosto de 1955, de acordo com a Lei nº. 116 o município foi
elevado à categoria de Distrito sendo pertencente a Paranavaí. Nessa época foi
denominado com o nome de Jurema. Em 25 de julho de 1960, de acordo com a Lei
nº. 4245 foi elevada à categoria de Município. A instalação do móvel municipal deu-
se no dia 12 de novembro de 1961, portanto, os dois feriados municipais são
Emancipação Política (dia 12/11) e dia da Padroeira, Nossa Senhora de Fátima (dia
13/05) (AMAPORÃVIRTUAL.COM, 2010).
Em 13 de julho de 1965, de acordo com a Lei nº. 37 recebeu o nome de
Amaporã. Está localizado no extremo Noroeste do Estado do Paraná, na
microrregião do Norte Novíssimo de Paranavaí, possui como distrito Nordestina,
criado pela Lei Municipal nº 28 de 15 de maio de 1962. Geograficamente Amaporã
limita-se ao sudeste com o município de Paranavaí; ao sul com o município de
Mirador; ao noroeste com o município de Planaltina do Paraná e ao norte com o
município de Guairaçá. Está em média a 512 metros acima do nível do Mar e a 550
km distantes da capital do Paraná, Curitiba (AMAPORÃVIRTUAL.COM, 2010).
Amaporã possui uma área de 459,8 km2, sendo maior que alguns países no
mundo como, por exemplo: Barbados que possui 430 km2. Liechtenstein com 160
km2, Mônaco com 2 km2 e o Vaticano com 0,44 km2(NOVA ROMA, 2010).
O senso demográfico de 2007 constatou no município de Amaporã uma
população de 5.444 habitantes, esta já foi de 14.099 nos anos 50 e 60, época em
que predominava em suas terras a cultura do café (AMAPORÃVIRTUAL.COM,
2010).
O município tem como principais atividades a pecuária e a indústria de farinha
de mandioca, ou seja, fecularia e laticínio, possuindo um PIB a preços correntes de
48.784 mil reais, e um PIB per capta a preços correntes de 9.070,98 mil reais (IBGE,
2008), possui uma população discente de 1248 alunos e uma população de
docentes de 62 professores (IBGE, 2009), atuando em quatro estabelecimentos
diferentes de ensino, sendo a creche, pré-escola, escola de ensino fundamental e
escola de ensino médio.
A cidade também conta com três unidades de saúde pública, tendo como
principal local de lazer o Parque Estadual de Amaporã, o qual preserva um dos
últimos remanescentes da Floresta Pluvial Tropical do Terceiro Planalto (IPARDES,
2008). E abriga em seus 204,56 hectares espécies como quati, capivara, garça, pato
do mato, macaco-prego, lontra, tatu-galinha, paca e cotia. As espécies vegetais de
maior importância são: peroba, marfim, gurucaia, ipê roxo, cedro e ingá (NUNES,
2009). Um dos principais pratos típicos da cidade é a tapioca, iguaria feita a partir do
polvilho retirado da mandioca.
Quanto ao solo do município Muratori (1997) destaca que mesorregião
noroeste do Paraná, na qual Amaporã está situada, com sua base econômica na
agropecuária e seus solos constituídos por duas principais formações arenosas: no
capeamento a formação Paranavaí e logo abaixo a formação do arenito Caiuá.
Essas formações geológicas da região noroeste do Estado estão ligadas à dinâmica
da bacia sedimentar do Paraná, e foram formadas a partir de eventos químicos e
ambientais que ocorreram há cerca de 450 milhões de anos.
Essas características do solo favorecem o plantio e o cultivo de lavouras
como mandioca, milho e cana-de-açúcar. Esses tipos de cultivo têm aumentado
muito no decorrer dos anos, principalmente as lavouras de cana-de-açúcar que
expandiram em quase um mil alqueires seu cultivo do ano de 2007 a 2010,
tornando-se a monocultura predominante do município, como pode ser visto na
tabela que segue:
2.2.1 Tabela 1
Lavouras Lavoura
Área plantada (ha) 2006/2007
Área plantada (ha) 2007/2008
Área plantada (ha) 2008/2009
Área plantada (ha) 2009/2010
Arroz irrigado 280 280 280 280
Café 250 20 20 20
Feijão das águas 10 10 15 15
Feijão das secas 100 100 30 30
Mandioca 2600 2800 2300 2300
Milho 800 500 400 400
Milho safrinha 400 400 200 200
Soja - 0 92 92
Cana de açúcar - 2032 3010 3010
Pastagem - 31497 32190 32190
Tabela 1: Perfil agrícola do município de Amaporã nos períodos de 2006 a 2010.
Fonte: EMATER, perfil da realidade agrícola-2006/2010.
No quadro acima é possível observar que o plantio da cana-de-açúcar, em
relação às demais práticas agrícolas, foi a lavoura que teve o maior aumento em
relação à área plantada no período de 2007 a 2010, no município de Amaporã.
Essas perspectivas aumentam ainda mais, quando analisadas a nível
nacional, uma vez que o Brasil desponta atualmente no mercado financeiro como o
maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, sendo responsável por 45% da
produção mundial de etanol, como combustível. O cultivo de cana-de-açúcar
permitiu uma produção nacional de etanol de 14,5 bilhões de litros em 2005, mais de
2 bilhões dos quais destinados à exportação. A área dedicada a esse cultivo
abrange 6,2 milhões de hectares, 1,7% da área agriculturável e 18,3% da área
utilizada para culturas anuais (IBGE, 2005).
2.3 O Cultivo De Cana De Açúcar No Brasil e Suas Consequências
Originária do sudeste da Ásia, a cana-de-açúcar é melhor cultivada em
regiões de climas tropicais, por isso, foi trazida ao Brasil, em 1532 por Martim Afonso
de Sousa. Inicialmente, seu principal polo de produção era a Zona da Mata
nordestina, tendo, depois se expandido pela região sudeste, primariamente no
Estado de São Paulo, e posteriormente para as demais regiões do país, porém
permanece com maiores concentrações nas regiões sul e sudeste (MAPA, 2007).
Zoratto (2006) descreve que a cana-de-açúcar pode ser considerada uma
planta semi-perene, que apresenta um ciclo médio de quatro anos, desde o plantio
até a renovação das áreas plantadas. Sendo classificada também como uma
gramínea, termo que provém de "gramina", que designa plantas semelhantes à
grama.
O Brasil oferece um clima, solo e extensão territoriais adequados ao plantio e
cultivo de cana-de-açúcar, por isso lidera o ranking mundial de produção em
toneladas da planta, desde 1990 como pode ser visto na tabela a seguir:
2.3.1 Tabela 2
Tabela 2: Série Histórica dos Principais Países Produtores de Cana-de-Açúcar, em Milhões de Toneladas, nos Períodos de 1990 a 2008.
Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA AGROENERGIA, 2010.
A cana de açúcar pode ser considerada uma planta muito importante no
cenário nacional, devido à sua múltipla utilização, a qual pode ser empregada sob a
forma de forragem com a finalidade de alimentar animais, ou como matéria prima
para a fabricação de açúcar, álcool, rapadura, melado e aguardente. Atualmente, a
produção de álcool e açúcar é a principal destinação da cana-de-açúcar cultivada no
Brasil, por isso, o setor sucroalcooleiro destacado como parte importante do
agronegócio brasileiro. Além de ser referência para os demais países produtores de
açúcar e álcool (MAPA, 2007).
De acordo com o Ministério da Agricultura pecuária e Abastecimento do
Brasil, a cana-de-açúcar é uma matéria-prima que permite os menores custos de
produção de açúcar e álcool, devido à energia consumida no processo ser produzida
a partir dos seus próprios resíduos. O gráfico a seguir aponta a evolução brasileira
no plantio de cana-de-açúcar de 1948 a 2009:
2.3.2 Figura 1
Figura 1: Evolução Brasileira no Plantio de Cana-De-Açúcar de 1948 a 2009. Fonte: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA AGROENERGIA 2010
Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil (2012) o primeiro levantamento
da safra de cana-de-açúcar para a temporada 2012/13 indica um aumento na
produção de cana-de-açúcar de 5,4%, com uma recuperação do rendimento médio
das lavouras de 2,9%, que passará de 571,44 milhões de toneladas na safra
passada para 602,18 milhões de toneladas na nova safra. A área de corte também
apresentou uma pequena elevação passando de 8.368 mil hectares para 8.567,2 mil
hectares.
No entanto, esse cultivo não traz apenas benefícios para o país, Souza e
Borges (2008) apontam que a monocultura da cana-de-açúcar ou de outra cultura
qualquer prejudica a produção agrícola, pois reduz drasticamente a biodiversidade,
tornando a paisagem homogênea. Isso traz como consequência a perda do
equilíbrio natural aos ecossistemas, uma vez que “ações ambientais” deixam de
ocorrer, como por exemplo, a interação biótica entre as diferentes espécies. O
desequilíbrio do ecossistema também é um agravante, pois favorece o aparecimento
de pragas na produção.
Além disso, a prática das queimadas utilizadas nas colheitas da cana resulta
em diversos impactos ambientais, principalmente no solo, pois deixa-o sem
cobertura ,e assim aumentam as perdas por erosão, o que por sua vez reduz
substâncias necessárias à nutrição das plantas, pois consomem grande parte da
matéria orgânica que exterminam os microrganismos úteis do solo, diminuindo
dessa forma, a fertilidade e a produtividade das lavouras (PEREIRA et al., 2009).
Entretanto, existem os danos causados à fertilidade do solo. Zoratto, (2006)
descreve que o cultivo da cana-de-açúcar possui como principais impactos
ambientais: a erosão e a compactação do solo; os efeitos dos agrotóxicos sobre o
solo; rios e lençóis freáticos; os efeitos nocivos que podem causar a atmosfera, e
ainda os incômodos causados à população durante sua colheita por queimada. Há
ainda, os problemas com biomassa residual do cultivo de cana-de-açúcar, e também
o empobrecimento da fauna e flora em geral, devido aos impactos sobre os seres
vivos que estão envolvidos com a expansão da monocultura da cana.
Gonçalves, (2005) observa ainda que, no Brasil, a produção e o
processamento de cana-de-açúcar estão exclusivamente nas mãos do setor privado.
No entanto, o setor canavieiro alcança os menores custos de produção do mundo,
tanto de açúcar, como de álcool, despontando como altamente competitivo no
mercado internacional. Por outro lado apresenta-se como grande contribuinte para
decrescente mão de obra humana, uma vez que os baixos salários pagos aos
trabalhadores e os prejuízos à saúde destes, torna-se cada vez mais acentuado.
Todas essas características supracitadas podem ser observadas no município
de Amaporã e em outras regiões do Paraná, e essa “preocupação” com tal situação l
instigou outros professores a relatarem histórias e experiências semelhantes ao
vivido na atual formação agrícola do município, através do GTR.
2.4 As Contribuições Do GTR
O Grupo de Trabalhos em Rede (GTR) faz parte do PDE da Secretaria de
Educação (Seed) que acontece em ambiente virtual,l onde o principal objetivo do
grupo é a socialização do projeto de intervenção pedagógica elaborado pelo
professor PDE com os demais professores da rede, e proporciona a troca de
informações, debates e experiências. Através do ambiente, além de elaborar e
aplicar o projeto em sala, o professor PDE compartilha e interage com outros
professores acerca do assunto. Com isso, foi possível promover a interação com
outros professores da área de ensino e de outras áreas, que além de “interessados”
nas ações didáticas do projeto, também se preocupam com as ações sociais
promovidas pelo estudo.
Muitos relatos nos chamaram a atenção, pois evidenciaram a possibilidade de
ações interdisciplinares ao se desenvolver um tema importante para a sociedade e
também para o fato de que as monoculturas de cana e de outras lavouras estão
cada vez mais evidentes em nossa região e estado, bem como suas consequências,
e isso leva muitos profissionais da área de ensino e de outras áreas a manifestarem-
e demonstrarem apreensão com tais situações, como nos mostram os relatos
postados na página virtual do grupo.
Na maioria dos relatos percebe-se que durante viagens, ou até mesmo nos
municípios onde residiam os professores começavam a notar muitas mudanças na
agricultura e seus reflexos na sociedade. Nesse caso, a diversidade cultural dava
lugar às monoculturas, e assim, os pequenos proprietários de terra, “sofriam” para
acompanhar a “evolução agrícola”, enquanto os grandes latifundiários lucravam e
“cresciam” cada vez mais em termos de lucratividade, e também com áreas
empossadas. E, além disso, as nítidas ações sofridas pelo solo, cada vez menos
fértil e mais erosivo.
Os apontamentos e opiniões dos participantes deste grupo de estudos
puderam muitas vezes nortear ações pedagógicas frente ao trabalho desenvolvido
junto aos alunos e a escola, como também, contribuíram com experiências vividas
em outras realidades, distantes ou próximas a nossa. O que deixou claro a
importância de se desenvolver o GTR tanto no aspecto didático quanto social.
3. Conclusão
As transformações geradas no espaço rural de Amaporã nos anos 70, com a
substituição da lavoura cafeeira pelas pastagens e pela opção da lavoura de cana-
de-açúcar a partir dos anos 90, juntamente com as consequências sociais e
ambientais advindas desse processo de substituição de lavouras tornaram-se objeto
de estudos desta pesquisa, na qual procurou-se identificar os benefícios, as
mazelas sociais e ambientais geradas por esse modelo de uso, como também,a
ocupação do espaço rural do município.
Através das observações de professores e alunos, é notável as
transformações a que sofreu a agricultura do município de Amaporã, dos anos 70/80
para cá. As visitas realizadas aos quatro principais limites do município tornaram
ainda mais explícita a atual realidade monocultural (predominantemente de cana-de-
açúcar) e agrícola, onde posteriormente pode ser apresentada à sociedade, através
dos seminários e trabalhos realizados pelos alunos e professores envolvidos nesta
pesquisa.
De modo geral, dentre as mudanças perceptíveis a olho nu, podemos
observar: desmatamento, degradação dos solos e esgotamento de alguns recursos
naturais, prática rotineira de queimadas, utilização de agentes químicos na prática
da agricultura. Percebe-se, ainda, a diminuição de períodos de chuvas, além, da
hegemonia agrícola da monocultura da cana-de-açúcar, entre outros.
Portanto, acredita-se que este estudo, uma vez que, instigado a reflexões na
prática docente, pode contribuir significativamente para aprimorar o entendimento da
questão agrária do município de Amaporã. Dessa forma, professor e alunos tiveram
a oportunidade de observar, analisar, comparar e refletir sobre os impactos desse
processo, como também pensar em soluções no nível local. E assim, perceber que
esse fato não é um problema isolado, mas que faz parte de todo um processo de
ocupação do solo que privilegia o ganho excessivo do capital, muitas vezes em
detrimento do bem estar da sociedade.
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