trabalhos da extensão rural com uso de geoprocessa

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TRABALHOS DA EXTENSÃO RURALCOM USO DE GEOPROCESSAMENTO

Organizado por Milton Satoshi Matsushita *

Curitiba - PR

2014

* Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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GOVERNO DO PARANÁInstituto Emater - Vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento

Organização Instituto Emater:Engenheiro Agrônomo Milton Satoshi Matsushita, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected]

Revisão: Licenciado Letras-Português José Renato Rodrigues de CarvalhoCapa: Marlene Suely Ribeiro Chaves Diagramação: José R. R. de Carvalho

1ª Edição Tiragem: 2.000 exemplares

Trabalho publicado com recursos do Programa de Gestão do Solo e da Água em Microbacias

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER Serviço de Atendimento ao Cliente SACRua da Bandeira, 500 Cabral - CEP 80035-270 - Caixa Postal 1662 Fone (41) 3250 2166 - Curitiba - Paraná - BrasilE-mail: [email protected] http://www.emater.pr.gov.br

Todos os direitos reservados. Reprodução autorizada desde que citada a fonte: Instituto Emater.

M662 MATSUSHITA, Milton Satoshi

Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa- mento / Organizador Milton Satoshi Matsushita. -- Curitiba: Instituto Emater, 2014.

439 p. : il. color. ISBN 978-85-63667-37-3 1. Geoprocessamento. 2. Sistemas de Informações Geográficas.3.DesenvolvimentoMunicipal.4.Desenvolvi- mentoRural.5.MicrobaciasHidrográficas.6.Assentamen- tos. 7. Propriedades Rurais. 8. Biodiversidade. 9. Gestão de Solo e Água I. Matsushita, Milton Satoshi. II. Título.

CDU 528

Maria Sueli da Silva Rodrigues - 9/1464

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AUTORES

Adalberto Telesca Barbosa (Capítulo XV) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Instituto Emater, Toledo, Paraná, Brasil - [email protected]

Adelson Raimundo Angelo (Capítulo VI) Geógrafo, Especialista em Gestão de Recursos Hídricos, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Astrogildo José Gomes de Mélo (Capítulo XIII) Engenheiro de Pesca, Especialista em Aquicultura, Instituto Emater, Parana-guá, Paraná, Brasil - [email protected]

Belmiro Ruiz Marques (Capítulo V) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo e Administração de Recursos Naturais, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - [email protected]

César Roberto Silva Paz (Capítulo IX) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Geomática - Tecnologia da Geoinformação, Instituto Emater, Realeza, Paraná, Brasil - [email protected]

Cirino Corrêa Júnior (Capítulo XI) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Horticultura, Instituto Emater, Curitiba, Para-ná, Brasil - [email protected]

Edilson Moreira (Capítulo XII) Técnico Agropecuário e Gestor em Agronegócios, Instituto Emater, Guarapua-va, Paraná, Brasil - [email protected]

Edivan José Possamai (Capítulo VIII) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia Produção Vegetal, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil - [email protected]

Edson Luiz Diogo de Almeida (Capítulo V) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia, Instituto Emater, Maringá, Para-ná, Brasil - [email protected]

Edson Roberto Vaz Ronque (Capítulo I) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Entomologia, Instituto Emater, Pinhalão, Paraná, Brasil - [email protected]

Emerson Pedro Baduy (Capítulo VI) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Administração Pública, Instituto Ema-ter, Balsa Nova, Paraná, Brasil - [email protected]

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Ênio Antônio Bragagnolo (Capítulo XV) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Tupãssi, Paraná, Brasil - [email protected]

Enio Giotto (Capítulo IX) Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal e Professor Titular da UFSM, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, Rio Gran-de do Sul, Brasil - [email protected]

Erni Limberger (Capítulo IV) Engenheiro Florestal, Mestre em Agronomia, Área de Concentração Produção Vegetal, Instituto Emater, Paranavaí, Paraná, Brasil [email protected]

Gracie Abad Maximiano (Capítulo IV) Geógrafa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Curitiba, Paraná, [email protected]

Herivelto Holowka (Capítulo VIII) Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil [email protected]

Hernani Alves da Silva (Capítulo XII) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Produção Vegetal, Instituto Emater, Paraná, Brasil - [email protected]

Itamar Antonio Bognola (Capítulo X) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal, Área de Concentra-ção em Solos Florestais e Silvicultura de Precisão. Embrapa, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Jonas Daniel Ribas da Cruz (Capítulo VI) Técnico Agrícola, Instituto Emater, Rio Negro, Paraná, [email protected]

José Américo Righetto (Capítulo VI) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Comercialização de Hortigranjeiros, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

José Antonio Nunes Vieira (Capítulo VIII) Médico Veterinário, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil,[email protected]

José Francisco Lopes Júnior (Capítulo II) Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Instituto Emater, Nova Esperança, Paraná, Brasil - [email protected]

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José Kalusz (Capítulo VII) Técnico Agrícola, Instituto Emater, Fernandes Pinheiro, Paraná, [email protected]

Leila Aubrift Klenk (Capítulo VI) Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo, Instituto Emater, Lapa,Paraná, Brasil - [email protected]

Lúcio Tadeu Araújo (Capítulo VI) Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, [email protected]

Luiz Antonio Caldani (Capítulo VI) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Fertilidade e Manejo de Solos, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Luiz Danilo Müehlmann (Capítulos XIII e XIV) Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba,Paraná, Brasil - [email protected]

Luiz Eduardo Guimarães de Sá Barreto (Capítulo XIV) Engenheiro de Pesca, Mestre em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continen-tais, Instituto Emater, Cambé, Paraná, Brasil - [email protected]

Luiz Marcos Feitosa dos Santos (Capítulos IV, VII e X) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentra-ção Irrigação e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected]

Marco Antonio Igarashi (Capítulo XIV) Tecnólogo em Aquicultura, Ph.D. em Engenharia de Pesca, Ministério da Pescae Aquicultura, Londrina, Paraná, Brasil - [email protected]

Marcos Campos de Oliveira (Capítulo XIII) Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal, Instituto Emater, Parana-guá, Paraná, Brasil - [email protected]

Marcia de Andrade (Capítulo VI) Economista Doméstico, Instituto Emater, Chopinzinho, Paraná, Brasil [email protected]

Michele Cristina Lang (Capítulo VI) Engenheira Agrônoma, Especialista em Agronegócio com ênfase em Merca-dos, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil - [email protected]

Milton Satoshi Matsushita (Capítulos I, II, IV, VI, VII, X, XI, XII e XIII) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, InstitutoEmater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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Nelma Pereira Cunha (Capítulos II e IV) Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, [email protected]

Nelson Harger (Capítulo XV) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fertilidade do Solo, Instituto Emater, Apuca-rana, Paraná, Brasil - [email protected]

Oromar João Bertol (Capítulos II, VI e VII) Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Paulo Augusto de Andrade Lima (Capítulo VI) Engenheiro Florestal, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Paulo Roberto Fiorillo (Capítulo VI) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão de Recursos Naturais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - paulofi [email protected]

Reinaldo Tadeu Oliveira Rocha (Capítulo VII) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento e Solos, Instituto Emater, Irati, Paraná, Brasil - [email protected]

Roberto Tuyoshi Hosokawa (Capítulo XI) Engenheiro Florestal, Ph.D., UFPR, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Rodolfo Mayer (Capítulo III) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - [email protected]

Rosane Dalpiva Bragatto (Capítulo VIII) Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Regional, Instituto Ema-ter, Saudade do Iguaçu, Paraná, Brasil - [email protected]

Sérgio Mudrovitsch de Bittencourt (Capítulo VII)Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

Udo Bublitz (Capítulo XII) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo dos Recursos Naturais eEstradas Rurais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected]

Valdir Tambosetti (Capítulo XII) Zootecnista, Especialização em Pecuária Leiteira, Instituto Emater, Guarapua-va, Paraná, Brasil - [email protected]

Viviana dos Santos (Capítulo VI) Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil - [email protected]

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................9

PREFÁCIO .....................................................................................................11

CAPÍTULO 1 - MODELO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL COM APOIO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS: PINHALÃO - PR .................................................................13

CAPÍTULO 2 - USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕESGEORREFERENCIADAS (SIG) COMO FERRAMENTA DE APOIONA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE DESENVOLVIMENTO RURALE URBANO - NOVA ESPERANÇA - PR .........................................................45

CAPÍTULO 3 - PROCESSO DE GESTÃO MUNICIPAL COM USODE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO MEIO RURAL: MARIALVA - PR ..............................................................................................77

CAPÍTULO 4 - PROJETO PARANÁ BIODIVERSIDADE: PROPOSIÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DE USO DO SOLO RURAL .......................................103

CAPÍTULO 5 - GEOPROCESSAMENTO EM APOIO AO ESTUDO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO NO PROJETO REDES DE REFERÊNCIAPARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO NOROESTE DO PARANÁ ............131

CAPÍTULO 6 - PLANO DE RECUPERAÇÃO DO ASSENTAMENTOCONTESTADO: LAPA - PR ..........................................................................145

CAPÍTULO 7 - METODOLOGIA PARA DAR SUPORTE AOPLANEJAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS NO PROGRAMADE GESTÃO DE SOLO E ÁGUA EM MICROBACIAS.................................173

CAPÍTULO 8 - GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS NA REGIÃODE PATO BRANCO ......................................................................................199

CAPÍTULO 9 - SIG - CONSEQUÊNCIAS SOCIOECONÔMICASDA ADEQUAÇÃO AMBIENTAL EM PROPRIEDADES RURAIS NOCONTEXTO DE MICROBACIA HIDROGRÁFICA ........................................235

CAPÍTULO 10 - APTIDÃO E POTENCIAL DE USO DOS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ .................................................................................265

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CAPÍTULO 11 - OCORRÊNCIA E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES DE PLANTAS MEDICINAIS DE UM FRAGMENTO FLORESTAL DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA RIO VERDE ..............................................365

CAPÍTULO 12 - ESTUDOS DOS CAMINHOS DO LEITE NO MUNICÍPIODE CAMPINA DO SIMÃO COM USO DO GEOPROCESSAMENTO ..........393

CAPÍTULO 13 - O USO DE FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES DE AQUICULTURA NOLITORAL PARANAENSE .............................................................................415

CAPÍTULO 14 - PISCICULTURA EM TANQUES-REDE NA BACIA DO PARANAPANEMA ........................................................................................433

CAPÍTULO 15 - AGRICULTURA DE PRECISÃO APLICADA ÀAGRICULTURA FAMILIAR: A EXPERIÊNCIA DE TUPÃSSI-PR .................443

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APRESENTAÇÃO

O livro “Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa-mento” apresenta 15 casos de sucesso de aplicação do geoprocessa-mento nos trabalhos de extensão rural no estado do Paraná, descritos por 47 autores que compõem equipes multidisciplinares e interinstitu-cionais.

Os relatos das atividades práticas dos extensionistas do Instituto Emater apresentam um conjunto variado de aplicações que contem-plam trabalhos de diagnóstico, planejamento, gestão e monitoramen-to em propriedades rurais, microbacias, assentamentos e municípios, contribuindo na elaboração de planos de ação de microbacias, planos de recuperação de assentamentos e planos de desenvolvimento mu-nicipal.

Alguns trabalhos abordam áreas específi cas relacionadas à classi-fi cação da aptidão e potencial de uso agrícola dos solos, levantamento de propriedades rurais produtoras de leite com caracterização dos sis-temas de produção e infraestrutura para transporte e armazenagem da produção, ação na área de abastecimento de água, melhoria econô-mica e social das propriedades familiares através da exploração sele-tiva e sustentável dos produtos da sociobiodiversidade nos fragmentos fl orestais existentes.

O livro descreve o uso das ferramentas do georrefenciamento na defi nição de áreas para elaboração de projetos e instalação correta dos empreendimentos de piscicultura continental, piscicultura em tanques-rede e na maricultura. A prática da agricultura de precisão demonstra o conhecimento detalhado da fertilidade dos solos dos produtores as-sistidos, além de facilitar a inserção de práticas como a rotação de culturas e o manejo integrado de pragas e doenças, entre outras boas práticas agrícolas.

A publicação que apresentamos traz importante contribuição da Extensão Rural Ofi cial para o desenvolvimento sustentável, com utili-

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zação de ferramentas de geoprocessamento que permitem quantifi car e qualifi car alternativas socioeconômicas e ambientais capazes de aliar os interesses do setor produtivo rural que busca a sustentabilidade das propriedades e da sociedade em geral que defende a conservação da qualidade ambiental e a preservação dos serviços da natureza neces-sários às gerações atuais e futuras.

Rubens Ernesto NiederheitmannEngenheiro Agrônomo

Diretor-Presidente do Instituto Emater

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PREFÁCIO

O termo Geoprocessamento está relacionado à disciplina do conhe-cimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfi ca, ou seja, conjunto de técnicas relacionadas ao tratamento da informação espacial, com crescente utilização nas áreas de cartografi a, análise e monitoramento de recursos naturais e ambientais, fi scalização agrária, previsão meteorológica, zoneamento ecológico econômico, planejamento rural, urbano e regional, gestão do uso do solo, agricultura de precisão, trabalhos de extensão rural, entre outras.

A história do geoprocessamento iniciou-se nos EUA e na Inglaterra na década de 50 com as primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com características espaciais com o intuito de otimizar a produção e manutenção de mapas. Os primeiros Sistemas de Informação Geográfi ca surgiram na década de 60, no Canadá, comoparte de um programa governamental para criar um inventário de recur-sos naturais. Entretanto, o conceito de GIS (Geographic Information System) ou SIG (Sistemas de Informações Geográfi cas) só foi empre-gado na década de 70, quando começaram a surgir os primeiros sistemas comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador) que serviram de base para os primeiros sistemas de cartografi a automatizada.

A década de 80 representa o início de um período de avanços e massifi cação da microinformática, acelerando o crescimento na tecnologia de sistemas de informação geográfi ca que perdura até o momento atual.

A introdução do Geoprocessamento no Brasil ocorreu no início dos anos 80 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com a criação do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geografi a.

Em 1984, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) esta-beleceu um grupo específi co para o desenvolvimento de tecnologia de geoprocessamento e sensoriamento remoto denominado Divisão de Processamento de Imagens (DPI). De 1984 a 1990 a DPI desenvolveu o SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) e o SIG (Sistema de In-formações Geográfi cas) e, a partir de 1991, o SPRING (Sistema paraProcessamento de Informações Geográfi cas) com resultados signifi ca-

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tivos na área agrícola e ambiental, sendo distribuído gratuitamente via Internet a partir de 1997.

Atualmente o uso do geoprocessamento tem-se multiplicado em todas as áreas, principalmente com a massifi cação de ferramentas como o Google Earth, Google Maps, Google Street, Goolzoom, Bing Maps, GPS veicular, GPS em celular, dentre outras.

A partir de 1998 o Instituto Emater passou a utilizar o geopro-cessamento como ferramenta de apoio aos trabalhos de extensão rural, inicialmente contando com apoio de técnico da coordenação da região metropolitana de Curitiba (COMEC) para orientar as açõesdesenvolvidas e recebendo capacitações técnicas do Instituto Para-naense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), INPE e instituições privadas.

Ao longo desses 16 anos de uso de geoprocessamento nas ativi-dades do Instituto Emater, foram desenvolvidas ações integradas com as instituições federais, estaduais e municipais, públicas, privadas e não-governamentais que atuam com geoprocessamento nas atividades rurais, compartilhando dados, ferramentas e metodologias de trabalho nas áreas afi ns, possibilitando o aprimoramento de conhecimentos e desenvolvimento de trabalhos integrados com uso de softwares livres e proprietários, agilizando trabalhos e obtendo resultados com alto padrão de qualidade, reduzindo custos e facilitando a tomada de decisões.

Este livro apresenta vários casos de sucesso de aplicação do geo-processamento nos trabalhos de extensão rural, descritos por equi-pes multidisciplinares através de relatos das atividades práticas dosextensionistas do Instituto Emater em parceria com diversos profi s-sionais, pesquisadores e professores de instituições parceiras.

Agradecemos a todos os colaboradores e autores deste livro que, com suas experiências, contribuem democratizando as informações e permitindo que estas tecnologias possam ser conhecidas, melhoradas, adequadas à sua realidade e aplicadas por outros profi ssionais

Organizador:Milton Satoshi Matsushita

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política FlorestalInstituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil

[email protected]

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CAPÍTULO ICAPÍTULO ICAPÍTULO I MODELO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVEL COM

APOIO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS: PINHALÃO - PR

Milton Satoshi Matsushita 1

Edson Roberto Vaz Ronque 2

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Entomologia, Instituto Emater, Pinhalão, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Os anos 90 no Brasil foram marcados por um ambiente de forte competição gerada pela estabilização da economia nacional e pela globalização dos mercados. A agricultura, principalmente a produção familiar, foi atingida por uma concorrência internacional, num contexto de forte protecionismo por parte dos EUA, da Europa e do Japão. In-ternamente, foi afetada pela alta taxa dos juros, pouca disponibilidade de crédito, impossibilidade de produção em escala e difi culdade de acesso às tecnologias.

Conforme análise realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1998), baseada em dados da FAO (1998), em relação à agricultura familiar, vários fatores contribuíram para que este modelo desenvolvimentista e produtivista se mostrasse pouco efi -caz para o desenvolvimento agropecuário na América Latina e Caribe: modelo baseado em alta produtividade e com alto consumo energéti-co, provocando problemas de desequilíbrio ecológico e degradação dos recursos naturais; ênfase especial à tecnologia por produto, ne-gligenciando a importância da diversifi cação para os sistemas produ-tivos, buscando maximizar seu rendimento pontual/específi co, em de-trimento dos ingressos globais da unidade produtiva, objetivo principal do agricultor familiar; pouca importância às tecnologias poupadoras de recursos de capital e de insumos de baixo custo e de fácil adoção; pouco valor à capacidade agregadora do agricultor e do extensionis-ta, considerando ambos como simples benefi ciários fi nais do processo de geração e não como parceiros ativos, com papeis fundamentais a desempenhar em todo o processo. Esses estudos apontam para as limitações e os insucessos de modelos de planejamento e desenvol-vimento rural centrados na produção agrícola, concebidos na forma apontada.

Este modelo desenvolvimentista e produtivista em um ambiente globalizado e competitivo resultou em aumento global na produção, porém, causou aumento de desigualdades, gerando concentração de terras e renda, acelerando o processo de degradação dos recursos na-turais, colocando em risco a sustentabilidade, tanto econômica como social e ambiental, e não resultou no esperado desenvolvimento rural.

O cenário atual caracteriza-se por acentuado ambiente concor-rencial e acelerada evolução tecnológica. Cada vez mais as decisões precisam ser tomadas com agilidade, rapidez e precisão (POZZEBON

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& FREITAS, 1996), com base em informações precisas que proporcio-nem agilidade no processo.

Os desafi os crescentes que a modernidade e a globalização intro-duziram nas empresas só poderão ser superados através da melhoria na qualidade e na velocidade das informações a serem utilizadas de forma profi ssional.

Conforme dados do levantamento do Instituto Brasileiro de Geo-grafi a e Estatística - IBGE (1996) e do PARANACIDADE (2001), o mu-nicípio de Pinhalão - PR tem na agropecuária sua principal atividade econômica e de ocupação da mão-de-obra, com forte integração entre os setores urbano e rural. A leste, o município de Pinhalão possui divi-sa seca com o município de Tomazina, o que resulta na subdivisão de muitas propriedades rurais que pertencem aos dois municípios, porém estão integrados e são assistidos por Pinhalão. Para que seu setor agropecuário continue produtivo, com capacidade de gerar riquezas e ser autossustentável, necessita de instrumentos facilitadores para administrar com efi ciência as informações disponíveis, os recursos fi -nanceiros, naturais e humanos.

Em 2000, a Prefeitura Municipal, com a participação da comunida-de, buscou a sustentabilidade econômica, social, político-institucional e ambiental do município, melhorando o desempenho do setor agrope-cuário através da elaboração e execução de planos de desenvolvimen-to, incorporando a tecnologia de informação de precisão às demais atividades executadas pelos empresários rurais, extensionistas rurais e gestores municipais.

A tecnologia de informação de precisão, que congrega as áreas de tecnologia de comunicação, ciência da computação, ciência da infor-mação e sistemas de informação, gera progressos sociais e econômi-cos substanciais e tem evoluído muito nos últimos anos, com possibi-lidades de uso no setor agropecuário. Este setor, geralmente, trabalha com informações subjetivas e desatualizadas, com baixa confi abilida-de, as quais são obtidas junto aos produtores, técnicos e comercian-tes. O setor agropecuário, mesmo com a necessidade de manejar um grande volume de informações, apresenta grau maior de resistência a mudanças, não conseguindo acompanhar a evolução dos demais setores, fi cando marginalizado dos avanços da informática aplicada.

O presente trabalho, desenvolvido em 2000, propõe um modelo para o fornecimento de informações de forma mais rápida, segura e de fácil interpretação, propiciando ao município estudos mais confi áveis

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para priorização de áreas para aplicação de recursos e elaboração de planos de desenvolvimento que permitam o equilíbrio econômico, social e ambiental, buscando as soluções de forma participativa e in-tegrada entre o governo municipal e instituições formais e informais.

O poder público e a comunidade têm como objetivo promover a modernização da agricultura e o desenvolvimento rural.

O ponto de partida para caracterização deste trabalho é a defi -nição de alguns conceitos ligados ao desenvolvimento, desenvolvi-mento sustentável, geoprocessamento e desenvolvimento municipal sustentável com apoio de sistema de informações geográfi cas. Para Boisier (1992 e 2000), o conceito de desenvolvimento deve ser en-tendido como multidimensional e dinâmico, cuja direção e velocidade das mudanças nos planos econômico, político, social, ambiental, tec-nológico e territorial estão associadas a processos e questões como o crescimento da produção, o progresso técnico, a distribuição do poder, a distribuição da riqueza, a distribuição das oportunidades individuais e coletivas, a preservação dos recursos e do meio ambiente e a orga-nização da sociedade.

O desenvolvimento sustentável refere-se aos processos de mu-dança sociopolítica, socioeconômica e institucional que visam assegu-rar a satisfação das necessidades básicas da população e a equidade social, tanto no presente quanto no futuro, promovendo oportunidades de bem-estar econômico que, além do mais, sejam compatíveis com as circunstâncias ecológicas de longo prazo (JARA 1998).

Ainda, segundo a Comissão Brundtland (1987), Desenvolvimento Sustentável é “desenvolvimento que supre as necessidades do pre-sente sem impedir que gerações futuras supram as suas próprias ne-cessidades”. É sustentável aquilo que tem uma continuidade infi nita. Por isso, talvez, a adaptabilidade seja uma característica mais impor-tante para a sustentabilidade do que a imutabilidade.

Para Buarque (1999), os objetivos do desenvolvimento sustentável envolvem relações bastante complexas entre as diversas dimensões da realidade – econômica, social, ambiental, tecnológica e institucio-nal, cujos indicadores globais são equidade, governabilidade, susten-tabilidade e competitividade – com processos e dinâmicas nem sempre convergentes e combinados no tempo e no espaço. Na verdade, esta relação entre as dimensões contém tensões e confl itos, de modo que, em determinadas condições estruturais do modelo de desenvolvimen-to, os ganhos de cada dimensão podem levar, ao contrário, a perdas

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e declínios em outras, especialmente na relação entre a economia e o meio ambiente, na qual existem fortes restrições estruturais, que levam à relação de ganhos e perdas.

Ainda Buarque (1999) considera que a compatibilização entre os objetivos sociais, econômicos e ambientais torna-se uma possibilidade concreta com os avanços científi cos e tecnológicos - mediador funda-mental das relações da economia e da sociedade com a natureza - e com a consciência ambiental da humanidade. A combinação destes dois fatores permite uma redefi nição das interações entre a dinâmica econômica, a estrutura social e os ecossistemas, reestruturando, por-tanto, o próprio modelo de desenvolvimento. A consciência ambiental confere sustentação política para as mudanças, e as inovações tecno-lógicas redefi nem e podem moderar as tensões entre a economia e a natureza.

A integração participativa do cidadão na vida política e social é fator importante também para a sustentação política, assegurando a efeti-vidade e a continuidade das decisões. Por outro lado, a qualidade de vida é melhorada pela participação, representando objetivo adicional a ser perseguido pelo desenvolvimento sustentável, pelo que representa em realização humana e social.

Conforme Weber (1995), a manipulação de informação geocodi-fi cada vem sendo também designada como geoprocessamento, fre-quentemente induzindo ao uso desse termo como sinônimo de Siste-ma de Informações Geográfi cas (SIG). Todavia, em muitos países o geoprocessamento é um conceito mais global, considerando desde a aquisição da informação até a obtenção do produto gráfi co fi nal, sendo o SIG uma ferramenta para efetuar o geoprocessamento.

Para Câmara & Medeiros (1999), o termo SIG refere-se àqueles sistemas que efetuam tratamento computacional de dados geográfi -cos. Um SIG armazena a geometria e os atributos dos dados que estão georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e numa projeção cartográfi ca qualquer. Os dados tratados em geoprocessa-mento têm como principal característica a diversidade de fontes gera-doras e de formatos apresentados.

Devido à sua ampla gama de aplicações, na qual estão incluídos temas como agricultura, fl oresta, cartografi a, cadastro urbano e redes de concessionárias (água, energia e telefonia), há pelo menos três grandes maneiras de utilizar um SIG: Como ferramenta para produção de mapas; como suporte para análise espacial de fenômenos; ou como

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banco de dados geográfi cos, com funções de armazenamento e recu-peração da informação espacial.

O SIG possibilita a defi nição de um planejamento que obtenha a máxima efi ciência, utilizando melhor combinação dos recursos produ-tivos e estabelecendo equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos e ambientais. Ainda facilita a formação de grupos de produtores para realização de atividades em conjunto, defi nindo os melhores roteiros para distribuição de insumos, uso de equipamentos coletivos, coleta e comercialização da produção. O controle pode ser realizado com maior precisão através do uso de SIG, no qual é possível avaliar os resulta-dos obtidos por atividade, por propriedade, por bacia hidrográfi ca ou por município, além de permitir cruzamento com dados físicos, econô-micos, sociais e ambientais.

O que caracteriza um SIG é a integração de hardware, software (tecnologia e metodologia) e pessoas a uma base de dados com in-formações espaciais provenientes de diversas fontes geradoras e for-matos de apresentação (bases cartográfi cas, fotografi as aéreas, ima-gens de satélites) com dados de censo e cadastro urbano ou rural. O SIG oferece mecanismos para combinar essas informações através de módulos de coleta, armazenamento, manipulação e análise, que permitem consultas, recuperação, atualização e visualização do conte-údo da base de dados com precisão, velocidade e qualidade, além da geração de mapas, relatórios e gráfi cos, em formato analógico e digital.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada é um processo de construção conjunta e participativa, utilizando como referencia os trabalhos específi cos de-senvolvidos pelo INPE e pela EMBRAPA, que orienta os passos a serem seguidos para compreender e interpretar a realidade e propor soluções que atendam ao interesse da sociedade.

1 Dados originais

Foram utilizadas diversas fontes de dados originais para caracteri-zação física e socioeconômica do município de Pinhalão:

- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela

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Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável pelo cadastro fundiário no estado do Paraná.

- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM, elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986 e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.

- Base cartográfi ca (cartas topográfi cas) do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em escala 1:50.000, elaboradas a partir de fotografi as aéreas de julho de 1980, restituídas e dese-nhadas em 1990, e impressas em 1992. Foram utilizadas as cartas MI-2786/2 (Conselheiro Mairinck), MI-2786/4 (Ibaiti) e MI-2787/3 (Wenceslau Brás).

- Imagem de satélite LANDSAT 7 TM, órbita ponto WRS 221-76, em formato digital, gravada em outubro de 1999, com composição co-lorida 3 (azul), 4 (verde) e 5 (vermelho), e pancromática, distribuída no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

2 Método

O método adotado é o estudo de caso. De acordo com Gil (1996:59-60),

“a maior utilidade do estudo de caso é verifi cada nas pesquisas exploratórias. Por sua fl exibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para construção de hipóteses ou reformulação do pro-blema. ... No estudo de caso, o pesquisador volta-se para a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo. ... Os procedimentos de coleta e análise de dados adotados no estudo de caso, quando comparados aos exigidos por outros tipos de delineamento, são bastantes simples.”O método “estudo de caso” consistiu no uso de Sistema de Informações Ge-ográfi cas para se conhecer as potencialidades e limitações dos recursos na-turais, humanos, sociais e econômicos do município de Pinhalão, a fi m de se propor alternativas ambientais e economicamente sustentáveis.

2.1 Defi nição da área de abrangência - delimitação da unidade deestudo

O município de Pinhalão é o limite geográfi co do estudo proposto, tanto nos aspectos naturais, quanto nos econômicos e sociais.

Segundo Silva (1999), o município é um lugar privilegiado onde os fatos se originam (nascem) e acontecem (se materializam). É uma

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unidade ecológica heterogênea, capaz de se auto-organizar, ou seja, de defi nir e decidir seu próprio destino social, político, econômico, etc. Relaciona-se com o resto do mundo, não apenas com o mercado, mas com a sociedade, com os demais níveis de poder e, enfi m, com o mun-do em sua totalidade.

O município tem uma escala territorial adequada à mobilização das energias sociais e integração de investimentos potencializadores do desenvolvimento, seja pelas reduzidas dimensões, seja pela aderência político-administrativa que oferece, através da municipalidade e instân-cia governamental. BUARQUE (1999)

Com objetivo de detalhar e facilitar as análises, o município foi subdividido em bacias hidrográfi cas que, segundo Osaki (1994), são unidades naturais de planejamento agrícola e ambiental, onde podem ser implantados novos padrões técnicos de uso e manejo integrado de solos e recursos hídricos. O fato de se trabalhar em unidades rela-tivamente homogêneas quanto aos ecossistemas, permite defi nir uma metodologia de trabalho vantajosa para a preservação dos recursos naturais, mas também favorece uma integração com outras questões de caráter social, econômico, ambiental e político-institucional.

2.2 Procedimentos para caracterização física e socioeconômicaa) Coleta de dados

Este estudo de caso aborda a integração de várias formas de da-dos (primários e secundários), através da utilização de tecnologia de precisão como instrumento de apoio.

Segundo Mattar (1996), dados primários: são aqueles que não fo-ram antes coletados, não estando ainda de posse dos pesquisadores, e que são coletados com o propósito de atender às necessidades es-pecífi cas da pesquisa em andamento. Dados secundários: são aque-les que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até ana-lisados e que estão catalogados à disposição dos interessados.

A busca foi realizada a partir da especifi cação das necessidades de dados e determinação das suas fontes:

b) Dados secundáriosb.1) Documento da EMATER-Paraná e Prefeitura Municipal de Pi-

nhalão, denominado de “Levantamento de Dados Municipais-LDM”, obtido através de entrevistas com todos os produtores rurais do muni-cípio, tendo como base o ano agrícola de 1998 (julho de 1997 a junho de 1998).

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b.2) “Realidade Municipal” elaborada anualmente pela EMATER-Paraná, contendo dados do setor agropecuário municipal.

b.3) Documentos existentes na prefeitura e nos diversos órgãos ligados ao setor agropecuário do município (planos municipais, relató-rios, dados do IBGE, INCRA).

c) Dados primáriosc.1) Seleção das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos, observan-

do-se as questões sociais (concentração de pequenos produtores), im-portância econômica e áreas de riscos e necessidade de preservação ambiental. Elaboração de questionário para levantamento de dados complementares, com a participação de diversos setores da socieda-de local. Realização de levantamentos de dados complementares das propriedades rurais, através de visitas às propriedades e entrevistas estruturadas realizadas com seus proprietários.

c.2) Georreferenciamento da área da sede principal das proprie-dades rurais das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos, áreas com atividades de risco ambiental e estradas rurais do município com uso de GPS de navegação.

d) Preparação e armazenamento de dadosOs dados coletados foram organizados, digitados, vetorizados e

armazenados, em formato que facilite o processamento, recuperação e integração com uso de programas específi cos. As etapas referentes ao uso do SIG foram realizadas usando-se como referencial as orien-tações contidas no manual do SPRING desenvolvido pelo INPE (2000) e em experiências desenvolvidas por diversas instituições e descritas no livro Sistema de Informações Geográfi cas: aplicações na agricultura da EMBRAPA, coordenado por Assad et al. (1998).

d.1) Geração do mapa municipalO mapa digital do município em coordenadas UTM foi gerado a

partir do mapa político do estado do Paraná, com uso do software Ar-cView.

d.2) Escaneamento das cartas topográfi casAs cartas topográfi cas, em meio analógico (papel) foram conver-

tidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.

d.3) Registro das cartas topográfi casOs registros das cartas topográfi cas digitais foram realizados no

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software SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográfi cos no siste-ma de coordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizon-tal: SAD-69 e datum vertical: Imbituba-SC.

Para o registro das cartas foram utilizados pontos conhecidos, com latitude e longitude, coletados diretamente na carta topográfi ca origi-nal, sendo estas coordenadas transferidas ao software SPRING e ajus-tadas aos pontos geográfi cos escolhidos na imagem.

As cartas topográfi cas registradas em formato digital foram expor-tadas pelo SPRING para o formato tiff, para terem compatibilidade com o software AutoCad.

d.4) Vetorização das cartas topográfi casAs cartas topográfi cas foram vetorizadas com uso do software Au-

toCad, usando como base as cartas topográfi cas escaneadas e re-gistradas (imagem raster contínua em formato analógico), no qual os temas hidrografi a, sistema viário, curvas de nível com equidistância de 20 metros, pontos e textos foram vetorizados em camadas (layers) distintas.

As camadas foram vetorizadas e ajustadas com as coordenadas planas UTM (x e y), sendo que na camada curvas de nível e pontos, in-seriu-se posteriormente as altitudes das curvas e dos pontos (cotas z).

Após a vetorização das três cartas topográfi cas, as mesmas foram unidas e recortadas no perímetro do município, e exportadas em for-mato DXF (Drawing interchange fi le) para serem abertas no software SPRING, no qual foram geradas as classes de declividade, classes de altimetria e classes de exposição ao sol.

d.5) Geração do mapa de bacias hidrográfi casO mapa digital das bacias hidrográfi cas foi elaborado com base

nos critérios defi nidos pela SEAB (1992) e Osaki (1994), levando-se em consideração a hidrografi a, as curvas de nível e os pontos cotados, localizando-se as nascentes, os rios e o sentido para onde convergem as águas, unindo a outros rios até formarem as cinco bacias hidrográ-fi cas do município. A vetorização foi realizada com uso do software AutoCad, criando o perímetro de cada bacia, traçando-se uma linha imaginária nos pontos mais elevados, que são os divisores de água.

As cinco microbacias hidrográfi cas do município são: Pedrilha com 1.699,82 ha; Santos com 2.734,70 ha; Lavrinha com 4.271,18 ha; Tri-ângulo com 4.392,95 ha e Decol com 8.895,98 ha, além da área da sede com 35,34 ha, totalizando a área do município com 22.029,97 ha.

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e) Processamento das cartas topográfi casO software SPRING possibilitou o uso da base cartográfi ca vetori-

zada, a partir da qual foi gerado o modelo numérico do terreno, utiliza-do na elaboração dos mapas de classes de declividade, classes hipso-métricas (altitude) e carta de exposição ao sol que, em conjunto com o mapa de solos e mapa de preservação permanente, contribuíram para defi nição da aptidão dos solos do município e para subsidiar com informações científi cas as decisões quanto às melhores alternativas técnicas, econômicas e ambientalmente sustentáveis.

e.1) Geração das classes de declividadeO mapa de declividade do município foi gerado automaticamente

com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas re-gistradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de elevações e rios como linhas de quebra, sendo o seu resultado clas-sifi cado em porcentagem, segundo as classes de relevo reconhecidas pela EMBRAPA (1999).

e.2) Geração das classes de altimetriaO mapa de classes de altimetria foi gerado automaticamente com

uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas regis-tradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros. Em função das cotas das curvas de nível existentes no município, as classes de altimetria foram divi-didas com intervalos de 100 em 100 metros, conforme faixas abaixo defi nidas: 501 a 600, 601 a 700, 701 a 800, 801 a 900 e acima de 900 metros de altitude em relação ao nível do mar.

e.3) Geração das classes de exposição ao solO mapa de classes de exposição ao sol foi gerado automaticamen-

te com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas registradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos localizados em áreas elevadas e rios como linhas de quebra, classifi cadas conforme exposi-ção aos pontos cardeais: leste, oeste, norte e sul.

As faces foram classifi cadas conforme o seu ângulo de exposição ao sol, sendo face leste de 45º a 135º, face sul de 135º a 225º, face oeste de 225º a 315º e face norte de 0º a 45º e de 315º a 360º.

Após a criação do mapa digital de classes de exposição ao sol do município foi realizado o cruzamento deste com o mapa digital das bacias hidrográfi cas, gerando automaticamente o mapa digital de clas-

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ses de exposição ao sol das bacias hidrográfi cas, através do uso do software ArcView.

Em função deste trabalho ser realizado em vários ambientes de SIG, faz-se necessária a integração dos arquivos digitais, exportando-se os arquivos gerados no SPRING (classes de declividade, classes de altimetria e classes de exposição ao sol) no formato E00, para que possa ser convertido pelo software IMPORT71 da ESRI em um formato aceito pelo ArcView.

f) Geração de mapas temáticosf.1) Geração das classes de solosCom base no mapa digital de solos elaborado pela EMBRAPA

Solos em 1999, ajustado através de trabalho a campo e convertido para o atual Sistema Brasileiro de Classifi cação de Solos (1999), fo-ram identifi cadas no município de Pinhalão nove unidades de mapea-mento de solos que, através da utilização de critérios de agrupamento por classes de solos, foram unidos em quatro classes: associação de Argissolos Vermelho-Amarelos Alumínicos com Latossolos Vermelhos Aluminoférricos; Latossolos Vermelhos Aluminoférricos; Argissolos Vermelho-Amarelos Alumínicos e Neossolos Litólicos Eutrófi cos, atra-vés do uso de características do perfi l do solo (profundidade efetiva do solo, textura do perfi l do solo e permeabilidade do perfi l do solo) e fatores limitantes específi cos (pedregosidade e hidromorfi smo).

f.2) Geração das áreas de preservação permanenteO município de Pinhalão possui 425 nascentes, entre as perenes e

as temporárias, distribuídas nas bacias de Pedrilha (20), Santos (30), Lavrinha (87), Triângulo (119) e Decol (170). Além de rios que se ori-ginam no município ou que percorrem suas extensões territoriais, cuja largura máxima é inferior a 10 metros, com exceção do rio das Cinzas que possui largura entre 10 e 50 metros.

As áreas de preservação permanente foram calculadas em uma faixa de 50 metros na margem esquerda (município de Pinhalão) do rio das Cinzas, em 30 metros nas demais margens dos rios e num raio de 50 metros nas nascentes, além das áreas com declividade superior a 100% de inclinação (existentes somente nas áreas já consideradas de preservação permanente). Estas áreas de preservação permanente foram geradas automaticamente com uso dos rios, nascentes, curvas de nível e pontos cotados das cartas topográfi cas registradas e vetori-zadas com coordenadas.

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f.3) Geração das classes de aptidão dos solosCom base nas citações de Lepsch et al. (1983) e Osaki (1994),

elaborou-se um quadro para grupamento de classes de aptidão de so-los, baseado em classes de solos e classes de declividade.

Quadro 1 - Grupamento de classes de aptidão de solos

Classes de SoloClasses de declividade (%)

0 a 3 3,1 a 8 8,1 a 20 20,1 a 45 > 45Associação Culturas anuais mecanizadas Cultura perene SilviculturaLatossolos Culturas anuais mecanizadas Cultura perene Pastagem

Argissolos Culturas anuaismecanizadas

Culturaperene Pastagem Silvicultura

Neossolos Pastagem Silvicultura

Fonte: Lepsch et al. (1983) e Osaki (1984), adaptado pelos autores (2000)

Uma vez defi nidos os critérios para o grupamento de classes de aptidão de solos, gerou-se automaticamente o mapa digital através do cruzamento do mapa digital de classes de solos com o mapa digital de classes de declividade. Esta intersecção formou diversos polígo-nos segmentados por classes de solos e classes de declividade, que foram unidos através de mecanismos de busca baseados em álgebra booleana.

g) Recuperação de dados, processamento e emissão de relatóriosOs dados levantados, processados e armazenados foram rela-

cionados, integrando-se o banco de dados aos mapas, possibilitando análise das informações sociais, econômicas e ambientais com apoio do software ArcView, que gera relatórios, gráfi cos, análises estatísticas e mapas temáticos com alto nível de precisão, facilitando e agilizando a tomada de decisão. Outros softwares também permitem este tipo de trabalho, porém a opção pelo uso do ArcView foi para viabilizar a integração dos dados e informações com os demais órgãos ligados ao governo do estado do Paraná.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia estruturada possibilita a coleta e o processamento, de forma automatizada, estabelecendo relações entre informações fí-sicas, econômicas, sociais e ambientais, com a utilização do SIG para obter o desenvolvimento municipal sustentável.

Defi niu-se um modelo referencial de desenvolvimento municipal sustentável com apoio de SIG e participação social, quanto ao uso dos fatores de produção, dos recursos naturais e humanos, em um projeto-piloto no município de Pinhalão.

Através deste modelo de SIG podem ser analisados os dados es-pacializados em mapas das propriedades rurais, microbacias hidro-gráfi cas e do município. As propriedades rurais são representadas por pontos levantados por GPS, enquanto as microbacias hidrográfi cas possuem mapas com as divisas físicas e o município possui mapa com divisa política, todos relacionados a banco de dados, que pode ser facilmente atualizado.

A implementação deste modelo ocorre com a integração dos da-dos, das instituições e das pessoas, para que as tecnologias disponí-veis possam ser aplicadas em benefícios da sociedade, facilitando o acesso às informações e ao conhecimento.

1 Núcleo de informaçõesPara apoiar o processo de desenvolvimento municipal sustentável,

o município de Pinhalão criou o Núcleo de Informações, que tem por objetivo ser um agente catalizador entre as forças do governo e da comunidade local, organizando e facilitando o acesso dos indivíduos, grupos e instituições formais e informais às informações e tecnologias, dando-lhes a possibilidade de participar nas decisões de interesse da coletividade.

A organização dos atores individuais, atores coletivos e atores cor-porativos no Conselho de Desenvolvimento Municipal fortalece as suas decisões, tornando as ações executadas pelo Núcleo de Informações compatíveis com os interesses dos moradores e outros agentes rela-cionados com as microbacias hidrográfi cas

2 Modelo de desenvolvimento municipal sustentávelO processo de desenvolvimento municipal sustentável inicia-se a

partir de demandas provenientes da comunidade local (rural e urbana), na busca de melhores condições de vida.

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O processo possui três grandes áreas de ação que são desenvol-vidas simultaneamente:a) Caracterização dos recursos naturais disponíveis

A caracterização dos recursos naturais inicia-se com a seleção de materiais, compostos por cartas topográfi cas (analógico), mapa políti-co do estado (digital) e mapa de solos (digital).

As cartas topográfi cas devem ser transformadas de formato ana-lógico (papel) para o formato digital. Este processo inicia-se pelo es-caneamento das cartas, seguido de seu registro e vetorização. Após a conclusão desta etapa, todos os materiais estão em um mesmo forma-to, possibilitando a geração de outros mapas temáticos através do uso de softwares específi cos.

A partir destes materiais são elaborados: mapa de áreas de preser-vação permanente, mapa de classes de declividade, mapa de classes de altimetria, mapa de classes de exposição ao sol e mapa de solos. E com o uso de GPS são elaborados: mapas de áreas de risco ambien-tal, estradas rurais e propriedades rurais.

A combinação destes mapas permite a geração do mapa de ap-tidão de solos, e, posteriormente, o mapa de proposição de uso dos solos. Estas informações permitem analisar tecnicamente as melhores alternativas agropecuárias a serem desenvolvidas no município.b) Organização de uma base de dados

Existe no município uma grande quantidade de dados, distribuídos em diversos órgãos, armazenados em diferentes formatos, o que difi -culta a sua utilização. O primeiro passo é a organização destes dados no núcleo de informações, em um formato padrão para que possa ser utilizado pelos indivíduos e pelas instituições. Levantamentos de da-dos primários somente são realizados para complementar as informa-ções necessárias.c) Organização dos atores locais

As participações dos atores individuais, coletivos e corporativos são fundamentais num processo de desenvolvimento, uma vez que as propostas surgem das bases e geram um comprometimento entre os diversos setores da comunidade.

E a integração de mapas sobre os recursos naturais, dados socio-econômicos e a participação da comunidade permite defi nir um modelo de desenvolvimento municipal sustentável, conforme demonstrado na Figura 1.

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FIGURA 1 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DE MODELO DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL SUSTENTÁVELFonte: Elaborado pelos autores (2000)

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3 Tabulação e análise de dados secundáriosA tabulação e análise dos dados secundários iniciaram-se a partir

de um documento denominado “Levantamento de Dados Municipais-LDM”, obtido através de entrevistas com todos os produtores rurais do município, tendo como base o ano agrícola de 1997/1998 (julho de 1997 a junho de 1998).

Este levantamento foi realizado nas cinco microbacias hidrográ-fi cas do município, abrangendo 416 propriedades e um total de 948 produtores (proprietários, arrendatários e parceiros). As informações gerais referentes à área, população e renda das bacias hidrográfi cas do município estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização geral das microbacias hidrográfi cas

Microbacia Hidrográfi ca Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol Nº total de produtores 363 159 152 158 116 Nº total de proprietários 183 52 47 56 78 Nº total de arrendatários 219 96 110 101 54 Área total da microbacia (ha) 1.699 2.734 4.271 4.392 8.895 Área média por produtor (ha) 4,68 17,20 28,10 27,80 76,69 População rural total 1.191 470 538 514 387 Densidade demográfi ca (hab/km2) 70 17 13 12 4 População rural - 18 a 65 anos 689 280 292 303 219 R.B. total da bacia (US$/ano) 2.581.469 2.51.545 1.574.074 961.528 690.440 R.B. total por produtor (US$/ano) 7.526 17.765 10.636 6.724 6.703 Renda bruta (US$/ha/ano) 1.519 897 369 219 78 Renda bruta (US$/adulto/ano) 3.451 8.254 5.127 2.828 2.818 Renda bruta (US$/habitante/ano) 2.167 5.216 2.926 1.871 1.784 Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

O sistema de colonização do município de Pinhalão concentrou as pequenas propriedades e os produtores nas microbacias hidrográfi cas mais próximas à sede do município, apresentando a seguinte distri-buição: bacia Pedrilha com 363 produtores (38,3% do total do municí-pio), dos quais 183 são proprietários e 219 são arrendatários; destes existem 39 que além de serem proprietários também são arrendatá-rios, ampliando a área de produção e a renda familiar; bacia Santos com 159 produtores (16,8%), dos quais 52 são proprietários e 96 são

Itens

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arrendatários; bacia Lavrinha com 152 produtores (16,0%), dos quais 47 são proprietários e 110 são arrendatários; bacia Triângulo com 158 produtores (16,7%), dos quais 56 são proprietários e 101 são arrenda-tários; e bacia Decol com 116 produtores (12,2%), dos quais 78 são proprietários e 54 são arrendatários, destes existem 16 que além de serem proprietários também são arrendatários.

A área agrícola total do município é de 21.994,63 ha, distribuídos nas bacias hidrográfi cas: Pedrilha com 1.699,82 ha (7,7% da área total do município), Santos com 2.734,70 ha (12,4%), Lavrinha com 4.271,18 ha (19,4%), Triângulo com 4.392,95 ha (20,0%) e Decol com 8.895,98 ha (40,4%). A área média por produtor nas microbacias é de: Pedrilha com 4,68 ha por produtor, Santos com 17,20 ha, Lavrinha com 28,10 ha, Triângulo com 27,80 ha e Decol com 76,69 ha.

A distribuição dos produtores nas microbacias Pedrilha e Santos está demonstrada na Figura 2, na qual pode-se observar produtores/propriedades pertencentes aos municípios de Pinhalão e Tomazina.

Pode-se observar que existe uma relação inversa entre o número de produtores e a área da bacia hidrográfi ca, como se verifi ca na bacia Pedrilha que possui a menor área e o maior número de produtores, consequentemente resultando na menor área média por produtor, en-quanto a bacia Decol possui a maior área e o menor número de produ-tores e a maior área média por produtor.

As informações geradas demonstram uma grande variação nas áreas médias das propriedades, segundo a qual as microbacias de Pedrilha e Santos apresentam as menores áreas, demonstrando a ne-cessidade ainda maior de uma assistência técnica mais concentrada, devido à necessidade de desenvolver atividades com intensa utiliza-ção de mão de obra e alta renda por área, permitindo a viabilização destas propriedades.

A densidade demográfi ca por microbacia apresenta uma maior concentração populacional em Pedrilha com 70 habitantes por km2, Santos com 17 habitantes por km2, Lavrinha com 13 habitantes por km2, Triângulo com 12 habitantes por km2 e Decol com 4 habitantes por km2.

Existe uma correlação entre o número de produtores e a população rural total de 3.100 habitantes no município, distribuídos nas bacias hi-drográfi cas: Pedrilha com 1.191 habitantes (38,4% da população rural total do município), Santos com 470 habitantes (15,2%), Lavrinha com 538 habitantes (17,4%), Triângulo com 514 habitantes (16,6%) e Decol com 387 habitantes (12,5%).

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FIGURA 2 - MAPA DE NÚMERO DE PRODUTORES POR MICROBACIA HIDROGRÁFICAFonte: Elaborado pelos autores (2000)

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A população adulta, entre 18 e 65 anos, é a mais representativa no município com 1.783 habitantes (57,4% da população rural total), dis-tribuídos nas bacias hidrográfi cas: Pedrilha com 689 habitantes (57,9% da população rural total da bacia), Santos com 280 habitantes (59,6%), Lavrinha com 292 habitantes (54,3%), Triângulo com 303 habitantes (58,9%) e Decol com 219 habitantes (56,6%). Estas informações con-fi rmam a existência de mão de obra em fase produtiva para desenvol-ver atividades com grande utilização de mão de obra por área.

As atividades que necessitam uso intensivo de mão de obra e com maior retorno econômico são perfeitamente viáveis no município, visto que a maior concentração de mão de obra está na faixa de 18 a 65 anos e que, somados aos jovens de 14 a 17 anos que atuam na ativi-dade agropecuária, mesmo que parcialmente, este percentual repre-senta 68,5% da população total do município. Como estas atividades também exigem maior preparo técnico, é necessário levar em consi-deração o grau de instrução destes produtores, entre os quais 14,1% são analfabetos e outros 56,8% possuem, no máximo, até o 4º ano do ensino fundamental, portanto, necessitam de uma capacitação ade-quada quanto aos métodos e conteúdos, para que possam ter sucesso em seus empreendimentos.

O município possui renda bruta de 375 dólares por ha ano, enquan-to as microbacias que possuem as pequenas propriedades rurais ge-ram maior renda bruta por área: Pedrilha com 1.519 dólares por ha/anoe Santos com 897 dólares por ha/ano, muito superior à média do mu-nicípio.

Como resultado deste melhor rendimento por área, as microbacias que possuem a maior concentração de pequenas propriedades são as que possuem os maiores volumes globais de renda do município, ou seja, as bacias Pedrilha e Santos com apenas 20,1% da área são responsáveis 60,9% da renda bruta agropecuária municipal.

As principais explorações produtivas estão apresentadas na Tabe-la 2.

As principais explorações produtivas do município são cultivadas principalmente em pequenas propriedades rurais, nas quais o café se apresenta como exploração de maior importância no município, levan-do-se em consideração os aspectos econômicos, uso da mão de obra e uso do solo, seguido pelo milho, feijão e morango.

As criações são exploradas no município, principalmente com ob-

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jetivo de subsistência e comercialização do excedente, conforme de-monstra a Tabela 3.

Tabela 2 - Caracterização das explorações produtivas

Bacia Hidrográfi ca

Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol

Café em produção - ha/bacia 439,82 52,32 155,65 187,35 59,04 Café em produção - ha/propriedade 3,05 1,69 2,51 3,07 2,46 Café em produção - produtor/bacia 144 31 62 61 24 Café novo - ha/bacia 56,75 93,63 65,11 34,3 412,81 Café novo - ha/propriedade 1,26 5,85 1,25 1,14 45,87 Café novo - produtores/bacia 45 16 52 30 9 Milho safra normal - ha/bacia 161,17 70,25 95,61 63,07 126,78 Milho safra normal - ha/bacia 161,17 70,25 95,61 63,07 126,78 Milho safra normal - produtor/bacia 81 16 34 38 28 Morango - ha/bacia 16,47 20,99 4,94 0,45 3,94 Morango - ha/propriedade 0,24 0,33 0,62 0,11 0,23 Morango - produtores/bacia 68 64 8 4 17 Feijão das águas - ha/bacia 114,87 25,24 3,41 10,34 103,06 Feijão das águas - ha/propriedade 1,77 2,8 0,85 1,15 2,34 Feijão das águas-produtores/bacia 65 9 4 9 44 Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

Tabela 3 - Criações das bacias hidrográfi cas do município de Pinhalão

Bacia Hidrográfi ca

Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol

Tanque piscicultura - m2/bacia 47.595 12.713 20.035 3.152 14.734 Tanque piscicultura-m2/propriedade 951 1.589 1.054 350 1.637 Piscicultura - produtores/bacia 50 8 19 9 9 Vacas em lactação - cabeças/bacia 865 148 130 78,2 281 Vacas em lactação - cab./propried. 10,95 4,77 4,48 2,17 11,71 Vacas em lactação - produtor/bacia 79 31 29 36 24 Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

Itens

Itens

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As áreas com práticas de conservação de solos são pequenas, representando apenas 3,1% da área do município. Enquanto 35,52% realizam cultivo mecanizado com equipamentos próprios ou alugados, 66,75% realizam o cultivo com tração animal e 91,08% realizam o culti-vo manualmente. As produtividades das principais explorações produ-tivas do município estão apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4 - Produtividade das explorações nas microbacias do municí-pio de Pinhalão

Bacia Hidrográfi ca

Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol

Produtividade milho normal - sc/ha 34,59 48,79 42,49 28,40 40,56 Produtividade feijão águas - sc/ha 14,01 19,75 7,92 10,98 17,61 Produtividade do café - sc/ha 46,79 55,64 31,19 49,90 35,94 Produtividade morango - kg/ha 32.742,08 32.324,54 20.799,6 32.500 51.805,07 Produtividade leite-l/vaca lact./ano 209,15 817,74 1.065,88 333,68 12,17 Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

Analisando-se o conjunto de tabelas já descritas, a bacia Santos possui os melhores índices do município, apresentando as melhores produtividades e, consequentemente, o melhor retorno econômico. En-quanto a bacia Pedrilha, exceto para o morango, possui produtividades apenas médias, refl exo da concentração de pequenas propriedades com uso da baixa tecnologia.

Os produtores do município de Pinhalão apresentam baixo nível de organização. Instituições como cooperativas e associações de pro-dutores possuem baixa representatividade, sendo a área de comércio (compra e venda de produtos agropecuários) dominada por empresas particulares (intermediários legalizados e intermediários não legaliza-dos).

Pela Tabela 5, percebe-se que uma grande parcela de produto-res são atendidos pelo Instituto Emater, que concentra os trabalhos nos pequenos produtores rurais das bacias Pedrilha e Santos. Há ne-cessidade de ampliar o atendimento porque ainda existe uma grande parcela de produtores que não recebe qualquer assistência técnica, enquanto alguns recebem assistência de mais de uma organização.

Itens

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Tabela 5 - Assistência técnica recebida pelos produtores rurais das ba-cias hidrográfi cas do município de Pinhalão

Bacia Hidrográfi ca

Pedrilha Santos Lavrinha Triângulo Decol

Instituto Emater 55,65 43,40 35,53 20,89 35,34 Cooperativa 7,71 6,29 9,21 8,86 17,24 Profi ssional Autônomo local 5,79 8,81 9,87 12,03 6,90 Profi ssional Autônomo de fora 7,44 8,81 5,92 7,59 7,76 Outros 5,51 3,14 4,61 6,33 15,52 Não recebe assistência técnica 45,13 43,4 74,34 74,68 68,97

Fonte: EMATER-Paraná (1999b)

4 Tabulação e análise de dados primários das baciashidrográfi cas Pedrilha e Santos

Em complemento aos dados secundários existentes realizou-se, através do Núcleo de Informações, uma pesquisa com os proprietá-rios sobre as principais atividades agrícolas das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos, a partir da qual foram geradas informações mais detalhadas. A escolha das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos foi devido ao fato de terem maiores concentrações de mão de obra e de pequenos produtores rurais, com as menores rendas e áreas por pro-priedade, com necessidade, portanto, de informações mais precisas e atendimento mais intensivo para sua viabilização.

As principais atividades que permitem a viabilização das proprieda-des rurais do município exigem uma participação constante do proprie-tário, portanto, realizou-se um estudo sobre a localização da moradia do proprietário, apresentada na Tabela 6.

O planejamento de novas atividades nas propriedades rurais deve levar em consideração, além da residência dos proprietários, a situ-ação legal das propriedades para realização de investimentos, tanto com recursos próprios como fi nanciados. Constatou-se que 95,3% dos produtores da bacia Pedrilha e 95,1% de Santos possuem uma situa-ção legal (com escritura e com documento formal de partilha), sem ne-nhum fator impeditivo para implantação de novas atividades que per-mitam realizar o desenvolvimento das propriedades e dos produtores.

Importante para o planejamento das atividades a serem desenvol

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vidas, a distribuição das áreas das propriedades rurais é apresentada na Tabela 7.

Tabela 6 - Residência dos proprietários rurais das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos

Bacias Hidrográfi cas Pedrilha Santos nº % nº % Propriedade rural 78 41,1 68 41,0 Outra propriedade rural 27 14,2 28 16,9 Sede de Pinhalão 48 25,3 48 28,9 Outros 37 19,5 22 13,3 Total 190 100,0 166 100,0

Tabela 7 - Distribuição das áreas das propriedades rurais das bacias hidrográfi cas Pedrilha e Santos

Bacias Hidrográfi cas Pedrilha Santos nº % área (ha) nº % área (ha) < a 5,0 ha 75 39,5 231,84 50 30,1 156,74 5,1 a 10,0 25 13,2 187,74 40 24,1 312,85 10,1 a 15,0 29 15,3 365,06 20 12,0 254,83 15,1 a 20,0 22 11,6 404,67 29 17,5 489,95 20,1 a 25,0 11 5,8 249,02 10 6,0 230,34 > que 25,0 ha 28 14,7 1.639,70 17 10,2 1.127,14 Total 190 100,0 3.078,03 166 100,0 2.571,85

A área total da bacia Pedrilha é de 3.078,03 ha e a área média é de 16,20 ha, enquanto da bacia Santos é de 2.571,85 ha e a área média é de 15,49 ha. Estas duas bacias possuem uma grande concentração de pequenas propriedades com áreas inferiores a 10,0 ha, representando 52,7% na bacia Pedrilha e 54,2% na bacia Santos.

A cultura do café, sendo a principal atividade quanto à geração

Residência doProprietário

Classes de áreadas propriedades

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de renda e ocupação de mão de obra do município, mereceu estu-dos mais detalhados sobre a situação atual nas microbacias Pedrilha e Santos. As lavouras mais antigas (com mais de 8 anos) são das cultivares Catuaí Amarelo (39,1%), Mundo Novo (37,0%) e Catuaí Vermelho (18,7%), enquanto entre as mais novas (menos de 2 anos) destacam-se a Catuaí Vermelho (66,6%), Catuaí Amarelo (12,8%) e Mundo Novo (8,3%). Na medida em que as lavouras são renovadas está ocorrendo um aumento de cultivares de menor porte (Catuaí), melhor produtividade (Catuaí Vermelho) e aumento de população por área, resultando maior produção e menor vida útil das plantas. A ap-tidão agrícola do solo permite o seu cultivo em 79% da área da bacia Pedrilha e em 73% da área da bacia Santos e, para realizar uma am-pliação e/ou renovação da exploração, consultou-se o interesse dos produtores, segundo o qual 124 manifestaram o interesse no plantio de 707.500 novas covas.

O município de Pinhalão apresenta 22,9% de suas áreas próprias para exploração de culturas anuais mecanizadas como morango, oleri-cultura, fl oricultura, milho e feijão; 27,1% são próprias para exploração de culturas perenes como café, uva comum de mesa, pêssego, ameixa e maracujá; 27,2% são próprias para pastagens perenes; 9,4% devem ser utilizadas para silvicultura e 13,48% devem ser mantidas como áre-as de preservação permanente.

A compatibilização entre a aptidão dos solos, a proposição de uso e o interesse dos produtores é uma forma técnica e democrática de defi nir e obter sucesso nas atividades agrícolas a serem implantadas nas bacias. Os trabalhos já desenvolvidos no município demonstram o nível de conscientização dos produtores, buscando opções que per-mitam o uso racional dos recursos naturais com uso intensivo de mão de obra qualifi cada, obtendo bom retorno econômico e permitindo a melhoria na qualidade de vida.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

1) ConclusõesO modelo de desenvolvimento municipal sustentável com apoio de

sistemas de informações geográfi cas, demonstrado na Figura 1, é a contribuição central deste trabalho. O modelo foi obtido através do uso adequado dos recursos naturais e ambientais, organização das infor-mações e pela participação comunitária.

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FIGURA 3 - MAPA DE CLASSES DE APTIDÃO DOS SOLOS PORMICROBACIA HIDROGRÁFICAFonte: Elaborado pelos autores (2000)

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As informações analisadas demonstram que no município de Pi-nhalão as propriedades localizadas nas microbacias com menores áre-as médias possuem atividades mais intensivas, apresentando maior utilização dos solos e da mão de obra, gerando maiores receitas glo-bais ao município.

E a necessidade de manter estas propriedades produtivas, utilizan-do adequadamente os recursos humanos e naturais disponíveis, gerou demanda para elaboração de um modelo de desenvolvimento muni-cipal sustentável, estabelecendo equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos e ambientais, mantendo e viabilizando estas propriedades através de atividades que valorizem o uso da mão de obra e gerem alta renda por unidade de área.

Os resultados constituem subsídios para a capacitação de técni-cos no uso de sistemas de informações geográfi cas com objetivo de desenvolvimento municipal sustentável e no processo de interpretação e democratização das informações.

As informações genéricas serão disponibilizadas na Internet nos sites da Prefeitura Municipal (nomes da(s) prefeitura(s) e do Instituto Emater.

As informações gerais de cada setor serão disponibilizadas nos de-partamentos da prefeitura (nomes da(s) refeitura(s) e nas instituições públicas e privadas.

As informações mais detalhadas que necessitam de tratamentos estão disponíveis no Núcleo de Informações do município de Pinhalão.

2) Modelo de desenvolvimento municipal sustentávelO modelo possui três grandes linhas de ação que são desenvolvi-

das simultaneamente com apoio do SIG:

2.1) Caracterização dos recursos naturais e produtivos disponíveisA elaboração de vários mapas temáticos permite distinguir as áre-

as com necessidade de serem preservadas ou utilizadas com restri-ções, identifi cadas através do mapa de aptidão de solos e do mapa de proposição de uso dos solos.

Estas informações permitem identifi car alternativas de melhoria no uso dos recursos naturais, humanos e fi nanceiros das bacias hidro-gráfi cas e das propriedades rurais, adequando e aumentando a lucra-tividade de seus sistemas de produção, atendendo às necessidades sociais e preservando o meio ambiente.

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2.2) Organização de uma base de dadosA existência no município de uma grande quantidade de dados,

distribuídos em diversos órgãos e armazenados em diferentes forma-tos, difi culta a sua obtenção e utilização. No núcleo de informações estes dados são organizados em um formato padrão, possibilitando através do SIG a sua integração com os dados referentes aos recursos naturais, facilitando o acesso, a interpretação e sua utilização pelos indivíduos e pelas instituições.

2.3) Organização dos atores locaisA participação dos atores individuais, coletivos e corporativos é

fundamental neste processo de desenvolvimento, uma vez que as pro-postas são discutidas nas bases e geram comprometimento entre os diversos setores da comunidade.

A instituição de um núcleo de informações que visa mediar as for-ças do governo e da comunidade local, produzindo efeitos sinérgicos na realização de objetivos comuns, facilita o acesso dos indivíduos, grupos e instituições formais e informais às informações e tecnologias, que passam a ter a possibilidade de participar nas decisões de interes-se da coletividade, garantindo o uso correto dos recursos e a transpa-rência da gestão pública.

O modelo permite estruturar mecanismos de participação social, tais como:- Criação do núcleo de informações, que facilita a integração entre o

governo municipal e a comunidade local (individual ou grupal).- Reestruturação de vários conselhos existentes no município, com a

criação de um único Conselho de Desenvolvimento Municipal com vários subconselhos, responsáveis por projetos ou ações específi -cas, o que propicia a concentração de esforços visando o objetivo comum ao município.

- Apoio às associações de moradores das comunidades rurais, que facilita o acesso a informações e tecnologias, bem como permite aos produtores a manifestação de seus desejos através de seus representantes nos conselhos municipais, eleitos de forma direta e democrática.

- Fortalecimento das associações de produtores existentes, que contribui para obtenção de melhores preços, tanto na venda de seus produtos, como na aquisição de seus insumos.

- Apoio aos grupos de referência técnica de cafeicultores e fruticulto-res, que constitui um processo planejado e organizado de aprimo-ramento técnico na agricultura.

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Este modelo referencial de desenvolvimento municipal sustentável distingue-se dos modelos clássicos de desenvolvimento e dos traba-lhos normais de extensão rural pela participação social, integração de diversas fontes e formatos de dados, além da utilização do SIG como instrumento de apoio. Contribui para gerar propostas de interesse dos produtores, da comunidade e da sociedade, observando o melhor aproveitamento dos recursos humanos, utilização adequada dos solos e demais recursos naturais da propriedade, obtendo retorno econômi-co, social e preservando o meio ambiente.

A automação dos processos de análise melhora a qualidade, a velocidade e a disponibilidade das informações para os produtores, empresários rurais e instituições do setor, tornando-a cada vez mais impessoal, agilizando as tomadas de decisão.

3) Limitações do estudoOs municípios possuem características diferentes quanto aos re-

cursos naturais e humanos, às atividades econômicas e à organização social. Mas como os objetivos e as atividades produtivas são desen-volvidos de forma semelhante, os resultados da pesquisa, que são es-pecífi cas para Pinhalão, servem de referência para outros municípios, cuja agropecuária é a base da economia, repetirem este trabalho com vistas ao desenvolvimento municipal sustentável.

4) RecomendaçõesCom relação às divisas intermunicipais defi nidas por linhas imagi-

nárias (secas), e que historicamente são motivos de discussão com os municípios vizinhos, foram identifi cados erros nos mapas das divisas municipais, portanto, a sugestão é que os municípios (Pinhalão, Ibaiti, Japira e Tomazina) em conjunto com o órgão competente e responsá-vel pelas questões fundiárias no estado do Paraná, Secretaria Estadu-al do Meio Ambiente (SEMA), procurem legalizar esta situação.

Devido ao interesse do município de Pinhalão em ampliar a área de cultivo de produtos orgânicos, o Conselho de Desenvolvimento Municipal deve promover discussões participativas de esclarecimen-to, conscientização e orientação dos produtores, buscando soluções conjuntas quanto às alternativas técnicas, econômicas e ambientais corretas para criar um produto com qualidade reconhecida na região, estado e país.

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CAPÍTULO IICAPÍTULO IICAPÍTULO IIUSO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES

GEORREFERENCIADAS (SIG) COMO FERRAMENTA DE APOIO

NA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL E

URBANO - NOVA ESPERANÇA - PR José Francisco Lopes Júnior 1 Milton Satoshi Matsushita 2 Nelma Pereira Cunha 3 Oromar João Bertol 4

1 Zootecnista, Mestre em Zootecnia, Instituto Emater, Nova Esperança, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Ao se pensar em planejamento urbano, o Estatuto das Cidades (2001) nos remete a pensar tanto o rural quanto o urbano. Não po-demos mais nos limitar a pensar o urbano e ignorar o rural, já que as decisões aplicadas em um ambiente infl uenciam diretamente o outro (CARVALHO, 2010).

Para Kohlsdorf (1985), o Planejamento Urbano possui dois fatores cruciais no modo de pensar e agir sobre a cidade. O primeiro é as-sumir a cidade como um processo contínuo. O planejamento, dentro dessa concepção, é entendido como um processo-subsídio a tomadas de decisões que têm a função de transformar o município de acordo com objetivos preestabelecidos. O segundo é a entrada em cena de contribuições vindas de outras áreas, tais como a sociologia, a geogra-fi a e a economia. Assim o Planejamento Urbano assumiu característica multidisciplinar ao longo do tempo.

O meio rural sempre viveu grandes transformações em sua dinâ-mica produtiva e social. Em maior ou menor escala, essas transforma-ções têm sido devidas a intervenções mais ou menos planejadas por agentes que estavam, de alguma forma, vinculados a esse universo denominado rural (OLIVEIRA, 2011).

Um plano de trabalho é uma ferramenta de planejamento em que se identifi cam os pontos positivos, negativos e os problemas a serem resolvidos, apontando ainda as formas de como resolvê-los. É uma ferramenta-modelo do processo de gestão. Toda a equipe municipal participa da gestão e, em parceria com as instituições públicas e enti-dades privadas locais, prepara o ambiente para que as soluções ocor-ram dentro do prazo estipulado, de forma democrática, participativa, economicamente viável e socialmente justa, respeitando a cultura local e a legislação em vigor (INSTITUTO EMATER, 2012).

O processo de planejamento e gestão requer o uso de instrumen-tos que resultem na efi ciência do serviço público. Para isto, há neces-sidade de resgatar a essência das políticas públicas e seus objetivos de desenvolver o Estado, contribuindo para a sustentabilidade. Entre outras medidas adotadas cita-se o Sistema de Informação Geográfi ca - SIG e sua capacidade de contribuir para o processo de planejamento (DIAS JÚNIOR et al., 2009).

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Tofl er (1985) acredita que a informação é mais importante que os fatores terra, trabalho, capital e matéria-prima.

O cenário atual caracteriza-se por acentuado ambiente concor-rencial e acelerada evolução tecnológica. Cada vez mais as decisões precisam ser tomadas com agilidade, rapidez e precisão (POZZEBON et al., 1996), com base em informações precisas que proporcionem agilidade no processo.

Segundo Laudon & Laudon (2001), informação é entendida como os dados que precisam ser formatados de um modo signifi cativo e uti-lizável nas atividades humanas e, em contraste, dados são fl uxos de fatos brutos que representam eventos ocorridos em organizações ou no ambiente físico antes que tenham sido organizados de modo que as pessoas possam compreendê-los e utilizá-los.

Segundo Freitas et al. (1997), a efi cácia no tratamento da informa-ção depende, em grande parte, da forma com que ela é administrada e do bom entendimento de certos conceitos e relações. Não é concebí-vel que um importante e “caro” recurso não seja tratado com um grau de seriedade e competência que assegure à organização, na fi gura dos usuários, um bom suporte informacional.

O surgimento dos SIGs propiciou uma solução natural para resol-ver grande parte dos problemas das administrações públicas munici-pais na medida em que permite uma interação com a informação de maneira intuitiva e real, agregando informações específi cas, quando for conveniente, e mantendo uma visão global da realidade analisada (OLIVEIRA, 1997).

Os SIGs permitem a realização de análises espaciais complexas através da rápida formação e alternação de cenários que propiciam aos planejadores e administradores em geral, subsídios para a tomada de decisões. A opção por esta tecnologia busca melhorar a efi ciência operacional e permitir uma boa administração das informações estra-tégicas, tanto para minimizar custos operacionais quanto para agilizar o processo decisório (SCHOLTEN, 1991).

Os SIGs são sistemas computacionais, usados para o entendimen-to dos fatos e fenômenos que ocorrem no espaço geográfi co. A sua ca-pacidade de reunir uma grande quantidade de dados convencionais de expressão espacial, estruturando-os e integrando-os adequadamente, torna-os ferramentas essenciais para a manipulação das informações geográfi cas (PINA, 1994).

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Um SIG pode ser defi nido a partir de três propriedades: a capaci-dade de apresentação cartográfi ca de informações complexas, uma sofi sticada base integrada de objetos espaciais e de seus atributos ou dados, e um engenho analítico formado por um conjunto de procedi-mentos e ferramentas de análise espacial (MAGUIRRE et al., 1991).

De acordo com Carvalho (2000), o geoprocessamento é um ter-mo amplo que através de programas computacionais engloba diversas tecnologias de tratamento e manipulação de dados geográfi cos. Den-tre essas tecnologias, destacam-se o sensoriamento remoto, a digitali-zação de dados, a automação de tarefas cartográfi cas, a utilização de Sistemas de Posicionamento Global - GPS e os Sistemas de Informa-ções Geográfi cas - SIGs.

Maguirre et al. (1991) classifi cam as aplicações dos SIGs em; a) socioeconômicas, envolvendo o uso da terra, seres humanos e a in-fraestrutura existente; b) ambientais, enfocando o meio ambiente e o uso de recursos naturais, e c) de gerenciamento, envolvendo admi-nistrações públicas, regionais e nacionais, tanto para a defi nição de novas políticas de planejamento quanto para a avaliação de decisões tomadas.

A implementação de um SIG é um processo caro e de médio e longo prazo. A decisão de implementá-lo, ou não, deve ser baseada na análise de custo-benefício (CARVALHO et al., 2000).

Alguns dos benefícios mais comuns de um SIG são:- melhor armazenamento e atualização dos dados;- recuperação de informações de forma mais efi ciente;- produção de informações mais precisas;- rapidez na análise de alternativas; e- vantagem de decisões mais acertadas.

Compreender a distribuição espacial de dados oriundos de fenô-menos ocorridos no espaço constitui hoje um grande desafi o para a elucidação de questões centrais em diversas áreas do conhecimento, seja em saúde, em ambiente, em geologia, em agronomia, entre tantas outras (DRUCK et al., 2004).

O uso da geoinformação e de geotecnologias, como SIG, auxilia o planejamento estratégico municipal, aumentando a efi ciência da ges-tão territorial, pois podem apoiar várias ações no município relativas à educação, transporte, saúde, zoneamentos, planos de desenvolvimen-to, análise de riscos etc. (PIEROZZI JUNIOR, 2006).

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Nos estudos ambientais os dados geomorfológicos são essenciais para análises integradas do meio. A geomorfologia permite conhecer e compreender os tipos e formas de relevo, a hipsometria, a declivi-dade, processos atuantes, fragilidades e potencialidades de sistemas ambientais, entre outros, quando se quer usar e/ou ocupar o solo e a água, visando ações futuras (BERGAMO et al., 2006).

A declividade relaciona-se com a velocidade de escoamento su-perfi cial, afetando, portanto, o tempo que leva a água da chuva para concentrar-se nos leitos fl uviais que constituem a rede de drenagem das bacias, sendo que os picos de enchente, infi ltração e susceptibi-lidade para erosão dos solos dependem da rapidez com que ocorre o escoamento sobre os terrenos da bacia (VILLELA e MATTOS, 1975).

A modifi cação rápida do uso do meio físico, decorrente da inten-sifi cação tanto para uso agrícola como para áreas urbanas, requer a adoção de técnicas de avaliação e diagnóstico que acompanhem a dinâmica espaço-temporal do uso do solo (ASSAD, 1995 e CANEPA-RO, 2000).

Atualmente, o forte dinamismo do entorno geopolítico, social, eco-nômico, tecnológico e administrativo está produzindo implicações de grande magnitude para o desenvolvimento urbano. Essas implicações, por sua vez, obrigam a transformação e renovação dos instrumentos tradicionais de planejamento urbano. As propostas de planejamento físico-territorial representam uma das últimas mudanças culturais no conceito de planejamento, em grande parte, devido ao surgimento do movimento ecológico. Em todo o mundo, o movimento ambientalista encontra-se, em grande medida, no cerne de uma reversão drástica das formas pelas quais pensamos a relação entre economia, socie-dade e natureza, propiciando, assim, o desenvolvimento de uma nova cultura. O objetivo do planejamento passa a ser, então, alcançar um maior desenvolvimento econômico e uma melhor qualidade de vida, considerando a dimensão física do território, mas, igualmente, contem-plar a questão ambiental e a complexidade socioeconômica e política da comunidade, minimizando, assim, as contradições e fraturas habitu-ais nos planos setoriais (GUELL, 1997 e CASTELLS, 1999).

O presente trabalho tem como objetivo gerar instrumentos, através da integração do geoprocessamento com banco de dados municipais, para auxiliar no diagnóstico e elaboração de planos de desenvolvimen-to e revisões no município de Nova Esperança - PR.

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MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no município de Nova Esperança, localiza-do na microrregião de Astorga, parte integrante da Região Geográfi ca Norte Central Paranaense, estado do Paraná (Figura 1). O relevo onde está localizado o município faz parte das seguintes bacias hidrográfi -cas: do rio Pirapó, Ivaí e Paranapanema IV (Figura 2).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR.

FIGURA 2 - BACIAS HIDROGRÁFICAS DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR.

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A implantação do SIG no município de Nova Esperança iniciou-se em janeiro de 2002, sendo que o processo de aprimoramento do siste-ma continua até os dias atuais.

MaterialForam utilizadas diversas fontes de dados originais para caracteri-

zação física e socioeconômica do município de Nova Esperança:- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do

estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável pelo cadastro fundiário no estado do Paraná.

- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM, elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986 e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.

- Base cartográfi ca (cartas topográfi cas) do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em escala 1:50.000.

- Cartas MI-2756/2 (Nova Esperança), MI-2756/3 (Floraí) e MI-2756/4 (Mandaguaçú), elaboradas a partir de fotografi as aéreas de julho de 1980, restituídas, desenhadas e impressas em 1990.

- Carta MI-2756/1 (Paranavaí), elaborada a partir de fotografi as aé-reas de 1996, restituídas, desenhadas e impressas em 2000.

- Imagem de satélite LANDSAT 7 TM, órbita ponto WRS 223-76, em formato digital, imageada em março de 2.002, com composição co-lorida 3 (azul), 4 (verde) e 5 (vermelho), e pancromática, distribuída no Brasil pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Métodos

A elaboração de um plano de desenvolvimento deverá buscar a in-tegração de várias formas de dados (primários e secundários), através da utilização de tecnologia de geoprocessamento como instrumento de apoio.

a) Preparação e Armazenamento de Dados

Os dados coletados foram organizados, digitados, vetorizados e armazenados, em formato que facilita o processamento, recuperação e integração com uso de programas específi cos.

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a.1) Escaneamento das Cartas Topográfi cas

As cartas topográfi cas, em meio analógico (papel) foram conver-tidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.

a.2) Registro das Cartas Topográfi cas

Os registros das cartas topográfi cas digitais foram realizados no software SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográfi cos no siste-ma de coordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizon-tal: SAD-69 e datum vertical: Imbituba-SC.

Para o registro das cartas foram utilizados pontos conhecidos, com latitude e longitude, coletados a campo e diretamente na carta topográfi ca original, sendo estas coordenadas transferidas ao software SPRING através do teclado do computador e ajustadas aos pontos geográfi cos escolhidos na imagem.

As cartas topográfi cas registradas em formato digital foram expor-tadas pelo SPRING para o formato tiff, para terem compatibilidade com o software AutoCad 14.

a.3) Vetorização das cartas topográfi casAs cartas topográfi cas foram vetorizadas na tela do computador

com uso do software AutoCad 14, usando como base as cartas topo-gráfi cas escaneadas e registradas (imagem raster contínua em forma-to analógico), onde os temas hidrografi a, sistema viário, curvas de ní-vel com equidistância de 20 metros, pontos e textos foram vetorizados em camadas (layers) distintas.

As camadas foram vetorizadas e ajustadas com as coordenadas planas UTM (x e y), sendo que na camada curvas de nível e pontos, in-seriu-se posteriormente as altitudes das curvas e dos pontos (cotas z).

Após a vetorização das quatro cartas topográfi cas, as mesmas fo-ram unidas e recortadas no perímetro do município, e exportadas em formato DXF (Drawing interchange fi le) para serem abertas no softwa-re SPRING, onde foram geradas as classes de declividade, classes de altimetria e classes de exposição ao sol.

a.4) Geração do mapa de bacias hidrográfi cas

O mapa digital das bacias hidrográfi cas foi elaborado levando-se em consideração a hidrografi a, as curvas de nível e os pontos cotados,

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localizando-se as nascentes, os rios e o sentido para onde conver-gem as águas, unindo a outros rios até formarem as cinco microba-cias hidrográfi cas do município. A vetorização foi realizada com uso do software AutoCad 14, criando o perímetro de cada bacia, traçando-se uma linha imaginária nos pontos mais elevados, que são os divisores de água, levando-se em consideração a organização social da comu-nidade.

a.5) Processamento das cartas topográfi cas

O software SPRING possibilitou o uso da base cartográfi ca vetori-zada, a partir da qual foi gerado o modelo numérico do terreno, utiliza-do na elaboração dos mapas de classes de declividade, classes hipso-métricas (altitude) e carta de exposição ao sol que, em conjunto com o mapa de solos e mapa de preservação permanente, contribuíram para defi nição da aptidão dos solos do município e para subsidiar com informações científi cas as decisões quanto às melhores alternativas técnicas, econômicas e ambientalmente sustentáveis.

a.5.1) Geração das classes de declividade

O mapa de declividade do município foi gerado automaticamente com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas re-gistradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de elevações e rios como linhas de quebra, sendo o seu resultado clas-sifi cado em porcentagem, segundo as classes de relevo reconhecidas pela EMBRAPA (0 a 3%, 3 a 8%, 8 a 20%, 20 a 45%, 45 a 100% e maior que 100%).

a.5.2) Geração das classes de altimetria

O mapa de classes de altimetria foi gerado automaticamente com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas regis-tradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros. Em função das cotas das cur-vas de nível existentes no município, as classes de altimetria foram divididas com intervalos de 50 em 50 metros, conforme faixas abaixo defi nidas: 301 a 350, 351 a 400, 401 a 450, 451 a 500, 501 a 550 e 551 a 600 metros de altitude em relação ao nível do mar.

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a.5.3) Geração das classes de exposição ao sol

O mapa de classes de exposição ao sol foi gerado automaticamen-te com uso do software SPRING, utilizando-se as cartas topográfi cas registradas, vetorizadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de nível espaçadas de 20 em 20 metros, pontos localizados em áreas elevadas e rios como linhas de quebra, classifi cadas conforme exposi-ção aos pontos cardeais: leste, oeste, norte e sul.

As faces foram classifi cadas conforme o seu ângulo de exposição ao sol, sendo face leste de 45º a 135º, face sul de 135º a 225º, face oeste de 225º a 315º e face norte de 0º a 45º e de 315º a 360º.

b) Levantamentos com uso de GPS

Georeferenciamento de áreas das principais explorações, ativi-dades de risco ambiental, estradas federais, estaduais e municipais, postos de saúde, escolas e pontos turísticos do município, com uso de GPS de navegação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O SIG municipal permite a visualização, consulta e análise dos te-mas mapeados, otimizando o acesso à informação no intuito da toma-da correta de decisão para uma gestão territorial mais efi caz.

Através deste modelo de SIG podem-se analisar os dados espa-cializados em mapas das propriedades rurais, comunidades e do mu-nicípio. As propriedades rurais foram representadas através do mapa fundiário, enquanto as comunidades em mapas com as divisas físicas e o município em mapa com divisa política, todos relacionados a banco de dados, que podem ser facilmente atualizados.

A seguir são mostrados alguns exemplos de utilização do sistema de informações geográfi cas, para consulta e análise dos dados georre-ferenciados disponíveis no mesmo.

a) Localização Geográfi ca

O gerenciamento do território municipal dá-se por meio de conhe-cimento de seus limites, assim, qualquer ação sobre o município deve ter como base o mapa municipal, que é um documento sistemático de

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características político-administrativas e geográfi cas.O município de Nova Esperança está entre sete municípios con-

frontantes, apresentados na Figura 3.

FIGURA 3 - MUNICÍPIOS CONFRONTANTES AO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

A localização privilegiada faz do município um ponto de convergên-cia dos municípios vizinhos, permitindo o fácil acesso a importantes rodovias estaduais que fazem a ligação do município com os principais mercados consumidores do estado e do país, com facilidade de acesso à hidrovia Tietê, à ferrovia e ao porto de Paranaguá.

b) Sistema Viário MunicipalO SIG pode ser utilizado para auxiliar o gerenciamento de infra-

estrutura, logística, administração de frotas e diversas outras tarefas relacionadas a transporte.

Utilizando-se essa tecnologia, pode-se elaborar um mapa atualiza-do de todas as estradas rurais municipais e acessos (Figura 4), sendo utilizado como ferramenta de apoio pela prefeitura municipal de Nova

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Esperança - PR, em parceria com o Instituto Emater, na elaboração de projetos de readequação de estradas.

FIGURA 4 - SISTEMA VIÁRIO DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

O Município é transpassado por quatro rodovias e uma estrada municipal asfaltadas: a BR 376 (para Paranavaí, a nordeste), a PR 555 (para São Carlos do Ivaí e Floraí, a oeste), a PR 218 (para Ata-laia, a nordeste), a PR 463 (para Unifl or e Presidente Prudente - SP, a noroeste) e a estrada Inglesa (ligação do perímetro urbano com a PR 463). Existem ainda muitas estradas não pavimentadas na sua área geográfi ca (Tabela 1).

Tabela 1 - Tipos de pavimentos, quantidade e respectiva quilometra-gem do sistema viário do município de Nova Esperança, Paraná.

Tipo de Pavimento Estradas (Nº) km

Asfalto 5 59.35

Terra 49 174,09

Total 54 233,44

Fonte: Instituto Emater, 2012

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c) Comunidades Rurais

Segue abaixo (Figura 5) a representação espacial das comunida-des rurais do município de Nova Esperança.

FIGURA 5 - COMUNIDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR

As treze comunidades para a realização do planejamento são: Ba-rão de Lucena com 3.709,08 ha; Bela Vista com 4.424,60 ha; Bom Jesus com 1.501,24 ha; Ivaitinga com 4.747,82 ha; Jangada com 1.577,10 ha; Paracatú com 5.254,12 ha; Paulista com 1.688,31 ha; Pirapitinga com 1.851,58 ha; Placa Zacarias com 4.270,73 ha; Santa Terezinha com 2.328,57 ha; Sede com 3.793,16 ha; União com 934,63 ha e Vila Dossi com 5.584,48 ha, totalizando a área do município com 40.221,11 ha.

d) Estrutura FundiáriaO município de Nova Esperança, bem como grande parte das cida-

des da região norte e noroeste do estado do Paraná tiveram sua colo-nização realizada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) de capital inglês.

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O mapa base é formado pela representação gráfi ca das fronteiras entre as propriedades e pela distribuição dos imóveis rurais no território municipal (Figura 6).

O mapa da estrutura fundiária permite uma visão panorâmica e simultânea de todos os imóveis rurais e de outros atributos existentes no banco de dados, tais como a área total de cada imóvel rural, o perí-metro, o proprietário, bem como a identifi cação dos imóveis limítrofes.

FIGURA 6 - ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR

O município é composto principalmente por pequenas proprieda-des rurais com área média de 34,43 ha distribuídas no município de Nova Esperança - PR.

A Tabela 2 apresenta a distribuição das áreas, de acordo com a área dos lotes rurais.

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Tabela 2 - Distribuição das áreas do município de Nova Esperança, Paraná

Classes Nº de Lotes Área Total(ha)

Área Média (ha) % Lotes % Área

0 a 15 ha 552 4.595,18 8,33 48,72 11,7815 a 30 ha 279 6.067,19 21,75 24,62 15,5530 a 50 ha 118 4.888,03 41,42 10,41 12,5350 a 100 ha 108 7.812,71 72,34 9,53 20,03100 a 200 ha 48 6.610,23 137,71 4,24 16,95200 a 300 ha 18 4.211,20 233,96 1,59 10,80300 a 400 ha 5 1.699,64 339,93 0,44 4,36400 a 500 ha 2 932,83 466,42 0,18 2,39500 a 1000 ha 3 2.190,20 730,07 0,26 5,61

Total 1.133 39.007,22 34,43 100 100

Fonte: Emater, 2003

A concentração de pequenas propriedades pode ser observada através da ordenação dos lotes em classes (Tabela 2), onde verifi ca-se que os lotes até 50,0 ha representam 83,76% com uma área total de 15.550,41 ha (39,87% da área total), enquanto os lotes com áre-as superiores a 50,0 ha representam 16,24% com uma área total de 23.456,81 ha (60,13% da área total).

O SIG permitiu a elaboração do mapa do município de Nova Espe-rança - PR, em meio digital, subsidiando o conhecimento geográfi co e áreas de confl itos de divisas intermunicipais (Figura 7).

Através da confrontação do mapa fundiário (digitalizado), dados de matrículas do Cartório de Registro de Imóveis de Nova Esperança - Comarca de Nova Esperança - PR, e do mapa da divisão político-admi-nistrativa do Paraná (ITCG/SEMA, 2013), pode-se constatar a neces-sidade de revisão ou atualização da delimitação da divisa municipal.

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FIGURA 7 - DIVISAS MUNICIPAIS COM NECESSIDADE DE REVISÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

e) Altimetria

A Altimetria se refere à representação das elevações do terreno através do fatiamento do relevo em cotas altimétricas que visam de-monstrar através de classes coloridas sua distribuição espacial (Figura 8).

As altitudes de modo geral, variam de 300 a 550 metros nas áreas próximas aos ribeirões.

Nota-se que a separação das classes de altimetria é pouco acen-tuada já que as partes mais elevadas representam somente 2,96% da área total da bacia (550m até 600m), como pode ser observado na Tabela 3.

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FIGURA 8 - CLASSES DE ALTIMETRIA DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR

Tabela 3 - Distribuição espacial da altimetria do município de Nova Es-perança, Paraná

Classes de Altimetria Área (ha) Área (%)300 a 350 116,64 0,29350 a 400 3.857,11 9,59400 a 450 9.327,95 23,19450 a 500 16.657,50 41,42500 a 550 9.070,05 22,55550 a 600 1.189,82 2,96

Total 40.219,07 100,00Fonte: Instituto Emater, 2014

f) DeclividadeA declividade foi dividida em 5 classes de acordo com o sistema

brasileiro de classifi cação de solos da Embrapa (1999), como pode ser visualizado no mapa abaixo (Figura 9).

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FIGURA 9 - CLASSES DE DECLIVIDADE DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPE-RANÇA - PR

O município de Nova Esperança possui 66,19% de sua área com declividade até 8%, sendo plana (19,67%) ou suavemente ondulada (46,52%). A Tabela 4 apresenta os dados mensurados sobre a distri-buição espacial desta variável.

Tabela 4 - Distribuição espacial da declividade do município de Nova Esperança, Paraná

Relevo Classes (%) Área (ha) Área (%)Plano 000 a 003 7.911,16 19,67Suave ondulado 003 a 008 18.710,44 46,52Ondulado 008 a 020 13.011,17 32,35Forte ondulado 020 a 045 576,72 1,43Montanhoso > 045 8,43 0,02

TOTAL 40.217,92 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014

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As contribuições dos mapas de hipsometria, declividade e outras representações, que representam a estrutura do relevo, proporcionam inúmeros subsídios para desenvolvimento de diagnósticos e outros tra-balhos para o planejamento urbano e rural. Um dos subsídios foi no diagnóstico de microbacia do Ribeirão Paracatu, manancial de abaste-cimento de água da cidade de Nova Esperança, que possui uma área de drenagem de 51,50 km2 e perímetro de 34,28 km (Figura 10).

FIGURA 10 - ÁREA DE DRENAGEM DA MICROBACIA PARACATU,MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

f) Pedologia

A identifi cação e mapeamento dos solos subsidiam os planejamen-tos agrícolas, levantamentos do uso da terra, estudos de terras para irrigação, monitoramentos ambientais e outros.

Os resultados obtidos foram satisfatórios na identifi cação dessa classe temática, a partir da quantifi cação e da espacialização dos di-versos tipos de solos encontrados na área do município. Foram iden-tifi cadas as seguintes ordens de solos: Latossolos, Argissolos e Nitos-solos.

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A Figura 11 apresenta o mapa da área contendo a representação geográfi ca das diversas classes de solos no município de Nova Espe-rança.

FIGURA 11 - DISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS NO MAPEAMENTO DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

Com base neste mapa foram calculadas as áreas e as porcenta-gens das classes de solos, conforme exibido na Tabela 5.

Tabela 5 - Classes de solos, área em hectares e porcentagem da área no município de Nova Esperança, Paraná

Classes de Solos Área (ha) Área (%)ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co típico 4.851,48 12,06ARGISSOLO VERMELHO Eutrófi co abrúptico 13.726,36 34,13ARGISSOLO VERMELHO Eutrófi co típico 1.075,05 2,67LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico 18.579,89 46,20LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico 605,35 1,51NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico 1.380,93 3,43TOTAL 40.219,06 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014

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g) Hidrogeologia

No município de Nova Esperança, ocorrem duas Unidades Aquífe-ras, a Unidade Caiuá e a Serra Geral Norte (Figura 12).

FIGURA 12 - MAPA DAS UNIDADES AQUÍFERAS SITUADAS NO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR

A Formação Caiuá abrange 79,50% toda a área do município (Ta-bela 6). Essa unidade apresenta características litológicas relativamen-te homogêneas, sem grandes quantidades de argilas oferecendo con-dições para que o aquífero Caiuá seja considerado livre, decorrente da homogeneidade e da permeabilidade, o que é de suma importância para a disponibilidade hídrica do município.

Tabela 6 - Distribuição espacial das Unidades Aquíferas no município de Nova Esperança - PR

Unidade Aquífera Área (ha) Área (%)Arenito Caiuá 31.974,51 79,50Serra Geral Norte 8.244,55 20,50TOTAL 40.219,06 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014

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g) Hidrografi a

Os cursos d´água são bem distribuídos e a quase totalidade dos lotes rurais, está situada às margens de um córrego ou ribeirão (Figura 13).

FIGURA 13 - HIDROGRAFIA DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR

O município é drenado por 08 (oito) ribeirões e 212 (duzentos e doze) córregos (Tabela 7).

Tabela 7 - Quantidade e comprimento dos córregos e ribeirões no mu-nicípio de Nova Esperança - PR

Cursos d'água Quantidade (nº) Comprimento Total (m)Córregos 212 250.841,22Ribeirões 8 123.450,01TOTAL 220 374.291,23

Fonte: Instituto Emater, 2012

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A distribuição espacial dos cursos d´água, em função da localizaçãodas bacias hidrográfi cas do Paraná, estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Distribuição espacial dos Cursos d´água, em função das bacias hidrográfi cas do Paraná

Bacias Hidrográfi cas Cursos d'água (nº)

Cursos d'água (%)

Comprimento (m)

Comprimento (%)

Ivaí 141 64,09 226.339,21 60,47Paranapanema IV 60 27,27 96.532,95 25,79Pirapó 19 8,64 51.419,07 13,74TOTAL 220 100,00 374.291,23 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014

h) Uso do Solo

O uso do solo identifi ca o propósito econômico ou social para o qual a terra é utilizada e a ocupação identifi ca a cobertura física ou bio-lógica do solo. Com o auxílio do geoprocessamento e levantamento de campo, foi possível elaborar o mapa de uso e ocupação do solo para o município de Nova Esperança (Figura 14).

FIGURA 14 - USO E OCUPAÇÃO DO SOLO, DO MUNICÍPIO DE NOVA ESPERANÇA - PR, 2003

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Na Tabela 9, apresentam-se as ocorrências em área (ha) e porcen-tagem (%) do uso e ocupação do solo no município de Nova Esperan-ça - PR.

Tabela 9 - Distribuição da área (ha) e porcentagem (%) das ocupações do solo mapeadas no município de Nova Esperança - PR, 2003

Uso e Ocupação do Solo Área (ha) Área (%)

Amoreira 4.084,19 10,15

Áreas urbanizadas 1.238,48 3,08

Cana-de-açúcar 1.116,56 2,77

Cultivos fl orestais 475,57 1,18

Culturas anuais (grãos) 5.127,30 12,74

Culturas anuais (outras) 1.466,37 3,64

Culturas permanentes 929,96 2,31

Florestas nativas 4.217,55 10,48

Pastagens cultivadas 21.581,04 53,63

TOTAL 40.237,02 100,00

Fonte: Emater, 2003

i) Planejamento e Gerenciamento Urbano

O planejamento é um instrumento fundamental em todas as áreas da administração, seja ela pública ou privada. No entanto, sem infor-mações corretas, atuais e consistentes, não é possível planejar e ge-renciar adequadamente.

Na Figura 15, temos um exemplo de uma aplicação do SIG, para o planejamento e gerenciamento urbano.

Através do geoprocessamento, pode-se criar um banco de dados com informações funcionais do município. Como exemplo, a espaciali-zação do sistema viário urbano (Tabela 10).

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FIGURA 15 - SISTEMA VIÁRIO URBANO DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA/PR

Tabela 10 - Distribuição espacial do sistema viário urbano, no municí-pio de Nova Esperança - PR

Descrição nº Área (m2) Área (%)Alameda 1 1.246,51 0,08Avenida 17 320.498,51 21,59Praça 9 23.332,94 1,57Rua 207 1.139.268,31 76,75TOTAL 234 1.484.346,27 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2014

A análise de indicadores socioeconômicos permite uma leitura da realidade capaz de gerar subsídios para o planejamento urbano e a gestão municipal. Este trabalho objetiva mostrar algumas possibilida-des na espacialização de dados demográfi cos disponíveis por setor censitário do Censo 2000.

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A Figura 16 apresenta os setores censitários do município de Nova Esperança.

FIGURA 16 - SETORES CENSITÁRIOS DO MUNICÍPIO DE NOVAESPERANÇA - PR, 2000Fonte: IBGE, 2003

Tabela 11 - Taxa de pessoas residentes alfabetizadas, no município de Nova Esperança - PR, 2000

Setor Censitário Pessoasresidentes (nº)

Pessoasalfabetizadas (nº)

Pessoasalfabetizadas (%)

Barão de Lucena 1.336 995 74,48Bela Vista 659 504 76,48Bom Jesus 675 521 77,19Cidade 20.820 16.798 80,68Ivaitinga 746 557 74,66Paracatu 433 313 72,29Pedreira 400 317 79,25Placa Zacharias 388 289 74,48Vila Dossi 272 196 72,06TOTAL 25.729 20.490 79,64

Fonte: IBGE, 2003

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Como resultado da aplicação dos dados demográfi cos sobre a ma-lha digital dos setores censitários (rural e urbano) pode-se citar como exemplo, a taxa de alfabetização da população do município por setor censitário (Tabela 11).

CONCLUSÃO

As técnicas de Geoprocessamento, por apresentarem-se multidis-ciplinares, podem ser aplicadas em diversos estudos, como se pode observar no presente capítulo, pelo qual os subprodutos gerados a partir da coleta, espacialização e posteriores análises desses da-dos, complementados com trabalho de campo, permitem uma melhor compreensão do espaço geográfi co permitindo, assim, a interface do contexto geral acerca de temas que possibilitem a dinâmica regional, regionalização de áreas, sejam elas unidades político-administrativas (municípios) ou áreas de expansão produtiva, entre outros, que po-dem, perfeitamente, utilizar esse instrumental tecnológico para seus estudos.

O geoprocessamento, como ferramenta de apoio no planejamento, contribuiu para o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilida-des e competências para o aprimoramento da atuação profi ssional do Instituto Emater no município.

Os resultados propiciaram o estudo teórico dos principais conte-údos disciplinares do geoprocessamento, relacionado a uma com-preensão inicial de seu signifi cado social estratégico e das suas mais diversas aplicações em estudos do espaço rural e urbano, do meio ambiente e nos correspondentes processos de planejamento.

O Sistema de Informações Geográfi cas - SIG promoveu um enten-dimento abrangente da realidade social e da organização do espaço rural e urbano no município de Nova Esperança, o que inclui as pro-blemáticas de ordem econômica, política e cultural, bem como aquelas que retratam a desordenação do espaço construído e os desequilíbrios ambientais.

O SIG pode ser usado pela prefeitura municipal de Nova Esperan-ça, mediante os ajustes necessários, para melhorar os serviços ofereci-dos e as decisões tomadas em benefício público. Os resultados quanto ao uso dos recursos naturais, dos fatores de produção (capital e mão

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de obra) e das informações sociais (saúde, educação, etc.), devem colaborar na elaboração do diagnóstico e planejamento adequado da administração direta do município (prefeitura e secretarias municipais), poder legislativo, órgãos da administração indireta, Instituto Emater e de outras empresas, na revisão, implementação e monitoramento do plano diretor municipal.

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CAPÍTULO IIICAPÍTULO IIICAPÍTULO IIIPROCESSO DE GESTÃO MUNICIPAL

COM USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO

MEIO RURAL: MARIALVA - PRRodolfo Mayer *

* Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas os avanços tecnológicos e a disponibilida-de de hardwares e softwares, imagens de satélite mais acessíveis e de baixo custo, aliados ao georreferenciamento levaram ao desen-volvimento de ferramentas denominadas de Sistema de Informação Geográfi ca - SIG. Os SIGs permitem processar, manipular, visualizar, dimensionar e analisar os dados espaciais no meio rural, defi nido nes-te trabalho, em questões relativas à agropecuária, ao meio-ambiente, aos recursos hídricos, estradas e infraestrutura, além de inúmeras ou-tras possibilidades.

O sistema permite a elaboração e gerenciamento de banco de da-dos georreferenciados que possibilita: - Avaliação do valor venal do imóvel: o banco de dados permite vi-

sualizar tanto a área rural indicada, sua localização, proprietário, área cultivada e demais dados, podendo servir de atualização para cobrança de impostos;

- Transações imobiliárias: da mesma forma citada acima, as transa-ções imobiliárias, podem ser facilitadas pelo fácil acesso às infor-mações disponíveis no sistema;

- Parceria com outros órgãos: podemos citar como usuário a Se-gurança Pública, na qual os órgãos de repressão (polícias civil, militar ou federal) podem localizar de onde parte o pedido de aten-dimento, identifi cando a propriedade que, em geral, é de difícil lo-calização em caso de sinistro, reduzindo o tempo de atendimento e eliminando chamadas improdutivas. O trabalho permite tanto a localização da propriedade pelas coordenadas geográfi cas como também pelo cadastro atualizado dos proprietários e respectivos endereços;

- Gerenciamento de catástrofes naturais: a defesa civil, em situa-ções de emergência, precisa de dados atualizados, permitindo iso-lar regiões ou estabelecer prioridades de atendimento;

- Gerenciamento de projetos governamentais: o banco de dados do SIG permite melhor planejamento para a expansão de projetos como estradas, urbanas ou rurais, programas de microbacias, cré-dito rural, moradia, além de outras;

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- Gerenciamento de projetos ambientais: o meio-ambiente é priori-dade social e o banco de dados do SIG permite evitar depredação ambiental, ampliando a possibilidade de aplicação de projetos am-bientais específi cos;

- Utilização por ONG/OSCIP: essas organizações não governamen-tais também se servem do banco de dados do SIG para sua atu-ação através do incentivo ao turismo rural como, por exemplo, a criação da “estrada da uva”, no município de Marialva no estado do Paraná;

- Gerenciamento de Cooperativas: planejamento e atendimento aos associados, ágil e imediato, pelo acesso à área cultivada e a seus produtos;

- Aplicação em instituições fi nanceiras: na concessão de Crédito Ru-ral ou aplicações de recursos destinados aos agricultores;

- Planejamento Agrícola: expansão e controle da área de cultivo de culturas específi cas (café, uva, cana de açúcar), identifi cadas como próprias do município.O rol elencado acima não se esgota em si, e o SIG pode ser utili-

zado por municípios, órgãos não-governamentais ou empresas, com a fi nalidade de gerar informações atualizadas que servirão de subsídios para tomada de decisões imediatas e para planejamentos futuros, com a elaboração e execução de projetos e cartas cartográfi cas, e mais es-pecifi camente no meio rural, servindo no acompanhamento da evolu-ção fundiária das pequenas propriedades, geração de emprego, novas moradias, carreadores de acesso, expansão da viticultura, etc.

Para uma melhor compreensão do trabalho, segue uma fundamen-tação teórica dos principais conteúdos abordados.

Sistema de Informações Geográfi cas - SIGA evolução histórica do Sistema de Informações Geográfi cas - SIG

começou a destacar-se a partir de 1960.Segundo Paredes (1994),

“em 1962, surge o Sistema de Informação Geográfi ca no Canadá. Este sistema permitiu analisar dados de áreas com recobrimento de diferentes assuntos, com o propósito do inventário de terras; [...] em 1964, STORET, do Serviço de Saúde Pública de USA, automatiza a Divisão de fornecimento de água e controle de poluição. Nesse projeto, uniformizaram-se os dados dos diferen-tes órgãos e fornecem-se dados como qualidade de água, cursos, processo

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de tratamento e localização, etc. ligados em rede; [...] em 1964, MIDAS, no Serviço Florestal de USA, desenvolve-se o primeiro SIG para gerenciamento dos recursos naturais; [...] em 1968, o Departamento de Censo de USA, desen-volve o DIME (Dual Independent Map Encoding) para a representação digital das redes de estradas e zonas de limites censitários; [...] na década de 70, desenvolveram-se defi nições de uso da cartografi a e de estrutura topológica dos dados; [...] na década de 80, realizaram-se diferenciações criticas entre CAD, DBMS, SIG, etc. Em HARVARD, a computação gráfi ca e a análise es-pacial implementam o desenvolvimento do SIG. Muitos pioneiros e softwares de SIG são criados e distribuídos para construir os mais diversos aplicativos; [...] a década de 90 promete caracterizar-se, não apenas pelo avanço de har-dware (especialmente quanto à “mips” e os meios de armazenamento a nível de gigabytes), mas, sobretudo, a nível de modelos e metodologias dos aplica-tivos, evidenciando o domínio do uso da informação nos diferentes campos da atividade humana.”

O SIG nos dias de hoje é extremamente necessário para o desen-volvimento e estudos em diversas áreas.

“O geoprocessamento utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento de informações geográfi cas e tem sido cada vez mais utilizado para a análise de recursos naturais. Essa ferramenta é especialmente útil para pa-íses de grande dimensão e com defi ciência de informações em escalas ade-quadas, pois apresenta um grande potencial para a tomada de decisões sobre planejamentos urbanos e ambientais, principalmente por ser uma tecnologia que apresenta um custo relativamente baixo” (ASSAD & SANO, 1998; FLO-RENZANO, 2002).

O SIG é um sistema computacional que permite armazenar e in-tegrar feições gráfi cas e atributos dos dados que estão georreferen-ciados, ou seja, localizados na superfície terrestre e numa projeção cartográfi ca qualquer (ASSAD & SANO, 1998; FLORENZANO, 2002). Tal sistema engloba programas, procedimentos e módulos, ou subsis-temas, inteirados e projetados para dar suporte ao armazenamento, processamento, análise, modelagem e exibição de dados e/ou infor-mações espacialmente referenciadas, constituídas numa única base de dados.

Dispondo de um conjunto de ferramentas e operações que per-mitam a integração e análise dos dados, de maneira a transformá-los em informações úteis para tomada de decisões, o SIG normalmente integra outros sistemas, como o processamento digital de imagens, análise estatística, análise geográfi ca, digitalização (para ser capaz de realizar estas operações) e ainda dispor de entrada e saída de dados em diversos formatos, tendo como ponto central um banco de dados (LAMPARELLI, ROCHA & BORGHI, 2001).

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Com esses módulos é possível realizar uma série de modelagens, entre as quais se pode destacar o modelo digital de elevação (MDE), que é uma representação matemática contínua da distribuição espa-cial das variações de altitude numa área. Ele é construído a partir das curvas de nível e pontos altimétricos (GEPLAN, 2007).

“Existem diversas formas de entrada de dados nesse sistema, das quais as principais são aquelas oriundas dos equipamentos de posicionamento por sa-télite e sensoriamento remoto, que é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e do registro da energia refl etida ou emitida pela superfície. A obtenção dos dados é feito à distância, isto é, sem que haja o contato físico entre o sensor e a superfície terrestre” (FLORENZANO, 2002).

As plataformas mais utilizadas de sensoriamento remoto são os aviões (plataforma aérea) e satélites (plataforma espacial), podendo também ser utilizadas plataformas terrestres. O termo sensoriamen-to remoto se refere especifi camente aos métodos que se utilizam da energia eletromagnética na detecção e medida das características de objetos, incluindo-se as energias relativas a luz, calor e ondas de rá-dios (LAMPARELLI, ROCHA & BORGHI, 2001; CENTENO, 2003).

Características do SIGO SIG possibilita a defi nição, mensuração, classifi cação, enumera-

ção de elementos geográfi cos no mundo real e, a partir destas ativida-des, é possível analisar o mundo real de maneira a viabilizar atuações sobre ele mesmo, seja por meio de operações, manutenções, geren-ciamento, construção, entre outros.

São funções do SIG: aquisição, gerenciamento, análise e exibição de resultados. A aquisição se dá por meio da conversão de informações analógicas em digitais. Podem ser citadas como fontes de aquisição as fotografi as aéreas, mapas, cartas, imagens de satélite entre outras. Já a função de gerenciamento está relacionada à inserção, remoção ou modifi cação de dados. Por sua vez, a função de análise permite o exame de dados conexos através das tarefas de seleção e agregação de informações, controle da geometria e topologia, conjugação de in-formações temáticas e extração de informações estatísticas. Por fi m, a função de exibição de resultados está ligada à representação de dados manipulados podendo ser constituída somente de dados não-gráfi cos.

O SIG, para permitir que as funções supradescritas atinjam suas

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fi nalidades, efetua as chamadas operações espaciais, essenciais do SIG, uma vez que é fundamental que ele permita operações espaciais sobre os dados. Sobre a união de dados convém relembrar que so-mente o SIG pode unir dados gráfi cos e não gráfi cos (ou conjunto dos mesmos).

Acerca da manipulação de dados é necessário destacar alguns as-pectos. Um SIG precisa propiciar a recuperação de informações, seja em razão de critérios tanto espaciais quanto não-espaciais. A mani-pulação de dados vetoriais recai sobre dados de características posi-cionais e topológicas. São operações deste tipo de manipulação: de-terminação do polígono envolvente, união de áreas (por meio da qual transforma áreas contíguas numa única área), intersecção (calcula objetos a partir da intersecção de objetos contidos em um ou mais ma-pas), cálculo de distância e área entre dois objetos e manipulação de conexões entre pontos (soluciona problemas de cálculo de custos de deslocamento e defi nição de caminhos mínimos numa rede). Destaca-se ainda a manipulação de dados raster baseada na implementação de operações mais simples.

Sistema de Posicionamento Global - GPSEm toda a história da humanidade sempre houve a necessidade de

localizar-se, estabelecer caminhos e orientar-se para seguir a direção correta e, ao longo dos tempos, foram os avanços tecnológicos que permitem alta precisão à localização e orientação. Pode-se dizer que o início do desenvolvimento do sistema deu-se em 1957, ano em que a União Soviética lançou o primeiro satélite artifi cial da história, fato que deu início aos primeiros estudos sobre o uso de satélites na localização de pontos sobre a superfície terrestre. Contudo, foram os americanos que, de fato, criaram o sistema. A base dessa criação foi o projeto NAVSTAR, desenvolvido na década de 1960 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O sistema oferece diversas informações sobre qualquer parte e hora do dia no planeta, algo que é de grande importância para o uso militar. O GPS foi um verdadeiro sucesso, fato que fez com que os Estados Unidos disponibilizassem as informações, antes somente de uso militar para o uso civil.

Estrutura fundiária A distribuição da terra no Brasil é produto histórico, resultado do

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modo de como ocorreu no passado, tendo início ainda no período co-lonial com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, caracteri-zada pela entrega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi desigual e os refl exos são percebidos até os dias de hoje, sendo uma questão extremamente polêmica e que divide opiniões.

Portanto a estrutura fundiária é como as propriedades rurais es-tão organizadas, sendo que esta organização pode ser pelo tamanho, exploração, função social, áreas de preservação ambiental e outras formas de estrutura. Em relação a sua dimensão pode-se classifi car em minifúndios, que são áreas extremamente pequenas e insufi cien-tes para o sustento da família em relação às necessidades básicas de vida e alimentação e, por outro lado, os latifúndios, que são as grandes áreas que muitas vezes exploram o extrativismo, tendo a necessidade de mudança de comportamento, pela perda da capacidade produtiva e degradação das áreas em relação ao ambiente, comprometendo a sustentabilidade da atividade.

O sistema de informações geográfi cas contribui para identifi car, dimensionar e localizar as propriedades rurais, classifi cando-as pelo número de módulos rurais, facilitando o planejamento de atividades que permitam absorver a força de trabalho do agricultor e sua família, garantindo a sua subsistência e o progresso econômico e social.

MATERIAIS E MÉTODOS

Localização

O Município de Marialva situa-se na região metropolitana de Ma-ringá ao noroeste do estado do Paraná a uma distância de 410 km de Curitiba, capital do estado, sendo a viticultura o seu destaque no sistema agropecuário, conhecido como a capital da uva fi na de mesa. Esta cultura possui relevante importância na constituição histórica do município uma vez que promoveu mudanças socioeconômicas. Os pri-meiros pés de uva foram plantados no ano de 1962 por japoneses, produtores de café, atraídos pelos bons resultados econômicos obti-dos com a cultura no estado de São Paulo. A partir de 1975, com os ca-fezais paranaenses dizimados pela grande geada, a uva fi na de mesa tornou-se uma opção viável para os pequenos produtores.

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Marialva encontra-se sobre o divisor de águas das bacias do Rio Ivaí ao sul e o Rio Pirapó ao norte, sendo que a sede do município está localizada nas áreas mais elevadas, situando-se sobre rochas basálti-cas com relevo suavemente ondulado recobertas com solos bastante desenvolvidos, provenientes da litologia local, os quais apresentam forte presença de argila em sua constituição e distribuem-se entre os LATOSSOLOS VERMELHOS Distroférricos, LATOSSOLOS VERME-LHOS Eutroférricos, NITOSSOLOS VERMELHOS Eutroférricos, NE-OSSOLOS LITÓLICOS Eutrófi cos e os Hidromórfi cos, sobretudo ao longo das margens dos córregos, rios e áreas drenadas.

Sistema e método de posicionamento utilizadoO sistema de navegação por satélite utilizado neste trabalho foi o

americano conhecido como GPS - Global Positioning System que a partir dos dados coletados com receptor GPS de navegação Garmin V pelo método de posicionamento absoluto que consiste na determina-ção da posição parado na superfície terrestre com apenas um receptor em tempo real por meio de coordenadas determinadas em relação a um referencial (Datum) no sistema de referência Sad69 (South Ame-rican Datum). Este método de posicionamento é muito utilizado em levantamentos de baixa precisão usando a pseudodistância derivada do código C/A (Coarse Acquisition), sendo utilizado para diversos fi ns, entre eles o uso para levantamentos cadastrais por meio do georrefe-renciamento. Os levantamentos cadastrais levaram ao desenvolvimen-to de ferramentas denominadas de “Sistema de Informação Geográfi ca - SIG” evidenciando o domínio do uso da informação em diferentes áre-as de atuação, que permitem realizar análises complexas na área rural do município de Marialva nos mais diversos segmentos como agrope-cuária, cartografi a, meio ambiente, topografi a, infraestrutura e outras áreas conforme a aplicação de interesse do usuário.

Num país de dimensões como o Brasil, com a aplicação das diver-sas tecnologias, entre elas o geoprocessamento, tornou-se possível armazenar e representar em ambiente computacional informações adequadas para a tomada de decisão na gestão pública, auxiliando o planejamento na análise e execução de projetos de desenvolvimento integrado e sustentável que possam atender aos interesses da maioria da população.

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Materiais utilizados

Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os seguin-tes equipamentos, softwares e arquivos digitais:- Computador;- Impressora;- Software ArcView GIS® 3.2;- Software GPS Trackmaker;- Quatro GPS de navegação Garmin V;- Quatro motocicletas;- Pranchetas e cadastros;- Mapa fundiário impresso (formato analógico) do município de Ma-

rialva;- Mapa político em formato digital em coordenadas planas UTM, do

estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), órgão responsável pelo cadastro fundiário no estado do Paraná;

- Mosaico de imagem de satélite SPOT 5 (Satellite Pour l’Observation de la Terre) - Satélite francês SPOT com imagens em alta resolu-ção, adquirida pelo estado do Paraná com resolução espacial de 5 metros referentes ao imageamento em 2005, com capacidade de identifi car diversos usos do solo e outros tipos de objetos;

- Mapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM, elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Solos), em 1986 e vetorizado pela EMBRAPA Solos em 1999.

Preparo de materiaisa) Escaneamento do mapa fundiárioO mapa fundiário, em meio analógico (papel) foi convertido em ar-

quivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em uma reso-lução de 300 dpi (dots per inch - pontos por polegada) e salvas como imagem com formato tiff.

b) Registro do mapa fundiário digitalO registro do mapa fundiário digital foi realizado no software

SPRING, utilizando-se os parâmetros cartográfi cos no sistema de co-

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ordenadas planas UTM e modelo da Terra no datum horizontal: SAD-69 e datum vertical: Imbituba-SC.

O registro do mapa fundiário foi realizado com a utilização de pon-tos conhecidos e bem distribuídos no campo, com latitude e longitude, coletados diretamente em locais de fácil localização e identifi cação no campo e no mapa fundiário, sendo estas coordenadas transferidas ao software SPRING através do teclado do computador e ajustadas aos pontos geográfi cos identifi cados no mapa fundiário.

O mapa fundiário registrado em formato digital foi exportado pelo SPRING para o formato tiff, para ter compatibilidade com o software AutoCad 14 e ArcView 3.2.

c) Vetorização do mapa fundiárioO mapa fundiário foi vetorizado na tela do computador com uso

do software AutoCad 14 e ArcView 3.2, usando como base o mapa fundiário escaneado e registrado (imagem raster contínua em formato analógico), no qual os temas hidrografi a, sistema viário e divisa de lo-tes foram vetorizados em camadas (layers) distintas.

d) Preenchimento da tabela do mapa fundiárioApós a vetorização do mapa fundiário, foi preenchida a tabela com

as informações referentes às glebas e número dos lotes, que são os campos-chaves para integrar com os dados coletados através de le-vantamento a campo.

Preparo da equipe de trabalho e levantamento a campo

A equipe de trabalho e execução contou a participação de enge-nheiros agrônomos do Instituto Emater (unidades municipal, regional e estadual), estagiários de geografi a da Universidade Estadual de Marin-gá (UEM) e estagiários de agronomia do Centro Universitário CESU-MAR (CESUMAR).

A equipe de estagiários, para execução dos trabalhos no campo, foi capacitada com ensinamentos dos princípios básicos de cartografi a e o uso da tecnologia “Global Positioning System - GPS”, agregando conhecimento técnico e prático, além de carga horária curricular na formação acadêmica.

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Para a coleta dos dados em campo, contou-se com uma equipe formada por 4 estagiários de Geografi a da Universidade Estadual de Maringá e de Agronomia da CESUMAR. Esses estudantes efetuaram os trabalhos de georreferenciamento e cadastramento dos imóveis ru-rais, fazendo croqui das áreas levantadas, com a indicação das co-ordenadas em cada ponto, com as anotações de uso e ocupação do solo, com os dados pessoais dos proprietários e de suas propriedades.

Em um período de três anos e meio (março de 2006 a outubro de 2010), todos os imóveis rurais dentro do perímetro do município de Marialva foram georreferenciados, assim como as culturas de explo-ração agropecuária, áreas de reserva legal e fl orestas permanentes, sendo baixados quase 27.000 pontos do GPS em 1954 propriedades. Neste período ocorreu alta rotatividade de estagiários, contando com quatro estagiários efetivos e participação total de 16 estagiários con-tratados pela prefeitura municipal.

O acompanhamento diário dos trabalhos ocorria no fi nal da tarde ou no início da manhã seguinte, quando os estagiários preenchiam, com canetas coloridas e com uma cor pré-estabelecida a cada um, o mapa fi xado em uma mesa com a fi nalidade de preencher os espaços já levantados no campo das propriedades cadastradas e georreferen-ciadas, facilitando a identifi cação do trabalho individual de cada um, tanto em rendimento, quanto no planejamento diário das ações a se-rem desenvolvidas no retorno ao campo.

Para a obtenção das coordenadas em campo com uso do GPS, deu-se preferência a motocicletas, devido à versatilidade, baixo custo e à facilidade de acesso dentro das propriedades. Primeiro foi feito um SIG da estrutura fundiária, alimentando o banco de dados do sistema com dados pessoais dos proprietários e dos imóveis rurais de todo o município como glebas, número dos lotes, áreas dos imóveis em hec-tares e outras informações pré-defi nidas no cadastro.

Após fi nalizar o SIG da estrutura fundiária, foi feita uma cópia do arquivo, na qual foi trabalhado o uso e ocupação do solo em todas as propriedades com a fi nalidade de gerar informações quantifi cando todas as explorações por cultura em hectares, além da visão espacial digitalizada na tela do computador.

Importante, ainda, ressaltar que os estagiários tiveram a oportu-nidade de atuar diretamente com os proprietários dos imóveis rurais pequenos, médios e grandes, o que lhes proporcionou situações que

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testaram suas habilidades e vocações na prática do dia a dia e estimu-laram gradativamente a sua mentalidade empreendedora, seu com-portamento ético-profi ssional e a formação de sua identidade cidadã.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os softwares de geoprocessamento disponíveis no mercado faci-litam a elaboração dos mapas digitais e a estruturação de banco de dados, possibilitando atualizações rápidas conforme os fatores de anexação, subdivisão ou desapropriação de áreas que podem ocorrer, permitindo gerar informações atualizadas para o processo de tomada de decisão, tornando-se uma ferramenta essencial para elaboração e execução dos mais diversos tipos de projetos como infraestrutura, meio ambiente, planejamento rural e tantos outros conforme a neces-sidade dos trabalhos a serem desenvolvidos no município.

Estrutura fundiária A Estrutura Fundiária representa a distribuição espacial das pro-

priedades dentro de um determinado espaço, possibilitando a visuali-zação e estudo das atividades econômica, social e ambiental no meio rural. O mapa da Figura 1 apresenta a visualização espacial da estru-tura fundiária atualizada por este trabalho com quase 2.000 imóveis rurais com suas glebas diferenciadas por cores, destacando-se, tam-bém, suas estradas e as áreas urbanizadas como a sede do município e seus distritos.

Com uso de ferramenta de SIG correlacionou-se o mapa da distri-buição espacial das propriedades (Figura 1) com o banco de dados, do qual selecionou-se todas as propriedades da gleba Keller para visua-lizar na tela do computador todos os campos que contém as informa-ções básicas de cada propriedade. A partir do banco de dados é possí-vel realizar outras consultas (Figura 2), obtendo os dados estatísticos como a somatória total em hectares, número de propriedades, a maior e a menor área em hectares e outras informações da gleba Keller.

Possibilita também gerar gráfi cos, relatórios por ordem alfabética dos proprietários, por tamanho dos imóveis em hectares, pelo número do lote, selecionar no banco de dados o imóvel para localizar na tela do computador tendo a visão espacial da área e tantas outras informa-ções que sejam de interesse do gestor.

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FIGURA 1 - MAPA DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

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FIGURA 2 - CONSULTA DE TODOS OS IMÓVEIS DA GLEBA KELLER, MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

GRÁFICO 1 - ESTRATIFICAÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

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Com o aumento da agricultura familiar, é necessário um planeja-mento em toda a cadeia produtiva para promover a utilização de tec-nologias que permitam identifi car estas áreas. O SIG, por integrar um banco de dados junto a uma base digital cartográfi ca, permite, de for-ma rápida, a visualização espacial das informações relativas às áreas de interesse. Assim, por meio do Sistema (correlacionado com a Figura 1 mapa da estrutura fundiária), foi possível obter o gráfi co de estrati-fi cação que evidencia a estrutura fundiária do município de Marialva (Gráfi co 1).

Observa-se pelo gráfi co que a maior concentração de imóveis (719 propriedades) possui área inferior a 5,00 ha totalizando 1.486,00 ha, ou seja, um pouco mais de 3% das áreas dos imóveis do município, o que caracteriza, em sua maioria, a subdivisão de propriedades rurais em pequenas chácaras, adquiridas por famílias que fazem parceria com produtores maiores, até conquistaram o seu espaço na atividade para trabalhar por conta própria, ampliando a agricultura familiar. Em relação às propriedades entre 5,00 ha e 100,00 ha a diversifi cação de explorações é bem ampla, pois os imóveis maiores são explorados por grandes culturas e pastagem, enquanto que os menores são explora-dos por fl ores, horticultura, avicultura, fruticultura e outras espécies, sendo a principal a uva fi na de mesa.

As propriedades acima de 100,00 ha são minoria, 69 imóveis, mas que acumulam uma área de 13.099,00 ha, exploradas por pastagem, cana de açúcar e culturas anuais. Buscando visualizar a disposição espacial dessas áreas, gerou-se o mapa da Figura 3, que apresenta a distribuição espacial das propriedades.

Observa-se pelo mapa que a maioria das pequenas propriedades estão distribuídas próximas ao perímetro urbano da cidade de Marialva e, também, nos distritos de Aquidaban, São Miguel do Cambuí e São Luis e que as grandes propriedades encontram-se espacialmente loca-lizadas nas regiões limítrofes do município.

Para compreender a estrutura fundiária, faz-se necessário, além de analisar a distribuição estratifi cada das áreas no município, obser-var outros fatores que infl uenciam no uso e ocupação do solo.

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FIGURA 3 - MAPA DE ESTRATIFICAÇÃO DAS PROPRIEDADES, MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

Uso e ocupação do soloA cultura da uva é a de maior importância no município. O SIG con-

tribuí no acompanhamento e orientação da expansão, tanto na visão espacial de ocupação do solo, como no fornecimento de informações da infraestrutura e técnica para o desenvolvimento do setor como: ade-quação de estradas e carreadores, construção de moradias e barra-cões, poços artesianos de água para consumo humano e irrigação, localização dos imóveis, mão de obra necessária à expansão da vi-ticultura, questões ambientais, saúde publica, segurança pública, co-mercialização, transporte escolar, energia elétrica e tantas outras ne-cessidades.

O mapa da Figura 4 apresenta a visualização espacial das áreas exploradas pela cultura da uva, nas quais é possível observar que se encontram próximas ao perímetro urbano da sede. Correlacionan-do com o mapa da distribuição espacial dos imóveis, observa-se que

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grande parte das pequenas propriedades possui como uso do solo o cultivo da uva. Verifi ca-se no município a subdivisão das áreas maio-res em chácaras para a implantação de novas parreiras e moradias aumentando a população no meio rural.

FIGURA 4 - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA ÁREA DE VITICULTURA NO MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

O banco de dados que integra o SIG é de fundamental importância para o trabalho, permitindo que sejam geradas inúmeras informações e propiciando que um ou mais banco de dados resultem nas informa-ções esperadas pelo usuário, a exemplo da análise da logística de uma empresa ou cooperativa em sua área de atuação, tanto na organização da entrega de insumos, quanto na recepção da produção das culturas anuais perenes e demais atividades desenvolvidas nas propriedades rurais.

As informações proporcionadas pelo SIG possibilitam quantifi car e localizar as propriedades em que estas culturas são desenvolvidas.

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Os dados coletados e inclusos no banco de dados permitem que todas essas informações possam ser trabalhadas através do software de ge-oprocessamento gerando mapas e relatórios precisos.

As culturas anuais estão distribuídas por todo o município e, con-frontando com a distribuição estratifi cada das propriedades, observa-se que coincidem quase em sua totalidade com as propriedades com área acima de 10,00 ha. As principais culturas anuais cultivadas no município de Marialva são a soja e o milho, com ciclo médio de cinco meses. As culturas anuais são exploradas em 24.055 ha, representan-do mais de 50% da área do município, num total de 1.094 proprieda-des.

Também a cana-de-açúcar, que é uma cultura bianual com área expressiva de 4.691 ha, é cultivada em 120 propriedades rurais, in-fl uenciadas pela usina de açúcar e álcool instalada no município de Marialva, no distrito de São Miguel do Cambuí.

Outra informação signifi cativa é que as maiores concentrações das áreas de pastagem estão localizadas margeando a bacia hidrográfi ca do Rio Pirapó ao norte do município e margeando a bacia hidrográfi ca do Rio Ivaí na região Sul. Também é possível, além da localização das áreas, quantifi car que 8.220 ha de área do município são ocupados por pastagem num total de 560 propriedades. Correlacionando com a distribuição estratifi cada, observa-se a correspondência das áreas de pastagens com as propriedades com áreas superiores a 100,0 ha. Tais informações possibilitam a elaboração de programas de desenvolvi-mento e infraestrutura na pecuária do município.

Por meio dos mapas de altimetria e hipsometria elaborados neste trabalho, pode-se observar que o norte da bacia hidrográfi ca do Rio Pi-rapó e o sul da bacia hidrográfi ca do Rio Ivaí, no município de Marialva, são as regiões de altitudes mais baixas, nas quais os recursos d’água são abundantes e essenciais para o desenvolvimento da pecuária, pois estas áreas, com variações acentuadas em relação à altitude, apresentam altas declividades do terreno, difi cultando a mecanização e tornando mais viável o manejo de pastagens.

Pode-se observar que nas divisas ao sul está a segunda maior concentração de pastagens, com as mesmas características físico-químicas e topográfi cas da região norte, que permitem desenvolver projetos pecuários com o manejo correto destas áreas em relação à

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capacidade de lotação e os efeitos do tempo de utilização que pro-vocam a compactação do solo, planejamento das reservas legais em áreas das encostas com alta declividade e reservas permanentes para proteção de nascentes, beira de córregos e rios.

Como a área de maior concentração de pastagens tem as mesmas características, a maioria das ações para o desenvolvimento da pecuá-ria serão similares, o que só é possível com o Sistema de Informações Geográfi cas - SIG, que se torna uma ferramenta indispensável para empresas com atuação no setor agropecuário como cooperativas de leite, laticínios, sindicatos e o próprio Estado nas suas diversas atua-ções.

A existência de passivos ambientais pode ser observada no mapa de uso e ocupação do solo. Portanto as questões ambientais que estão em evidência no dia a dia dos meios de comunicação, nas empresas, em organizações não-governamentais, nas instituições de ensino e pesquisa, enfi m, no mundo todo podem ser analisadas com uso do SIG, com geração de propostas sustentáveis à exploração agropecuá-ria, buscando tecnologias alternativas menos agressivas ao meio am-biente, principalmente nas culturas de grandes extensões de terra por meio do plantio direto, práticas de conservação do solo, preservação de reservas legais, preservação das matas ciliares, proteção de minas d’água, abastecedouros comunitários, readequação de estradas e car-readores, manejo de pragas e controle biológico, através de uma ação integrada entre os órgãos brasileiros de pesquisa em conjunto com a assistência técnica e produtores rurais.

A malha hídrica do município, com seus rios e córregos, nascen-tes, minas e fundos de vale permite aferir que o município é rico em recursos naturais, em especial, a água, que está se tornando escassa no mundo. O SIG permite ao gestor, a partir das informações e dados inseridos neste sistema, obter informações, por exemplo, de que o mu-nicípio possui 689 km de córregos e rios e que alguns fazem divisa com municípios vizinhos, auxiliando o gestor na elaboração de projetos de preservação ambiental de forma a conservar essas riquezas naturais com a preservação destes mananciais.

O Sistema permite, além da visualização espacial das áreas de re-serva legal e áreas de preservação permanente, quantifi car a área total que corresponde a 5,41%, valor bem abaixo do ideal que é aproxima-

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damente 10% da área total dada à extensão dos córregos e rios. Este défi cit denota a necessidade de desenvolver projetos ambientais para restabelecimento das áreas pois, segundo a legislação brasileira, as APPs são mais abrangentes, não se limitando somente ao longo dos cursos d’água e nascentes e sim em áreas de altitude acima de 1800 metros, topo de morros, nas encostas com declividade superior a 45 graus como é na mata atlântica, na serra do mar e em outros biomas como restingas e o pantanal.

O Sistema de Informação Geográfi ca permite a elaboração de mapas-síntese, organizando as informações por propriedades, gle-bas, comunidades, microbacias e explorações, gerando indicadores técnicos como produção, produtividade, área total, área média, etc. A combinação destas representações é de fundamental importância para compreender a relação entre a estrutura fundiária, o meio físico e bi-ótico e a dinâmica socioeconômica para conhecer a realidade atual e planejar as intervenções necessárias para obter um desenvolvimento rural e municipal sustentável.

GRÁFICO 2 - NÚMERO DE PROPRIEDADES EM RELAÇÃO À ÁREA POR CULTURAFonte: Instituto EMATER (2010)

O Gráfi co 2, apresenta o número de propriedades em relação à área por cultura do município de Marialva e a Figura 5 possibilita a

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visualização espacial do uso e ocupação do solo, dando oportunidade de observar o grande número de pequenas propriedades em relação às áreas das culturas exploradas.

FIGURA 5 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE MARIALVA - PARANÁFonte: Instituto Emater (2010)

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Alguns produtores vêm diversifi cando sua agricultura com cultivos de uvas rústicas para a industrialização e processamento de suco con-centrado e geléia, através de agroindústrias, agregando valor a sua produção e aproveitando melhor a mão de obra familiar.

Ademais, foi fundada uma cooperativa para produção de vinho, o que deverá delinear o perfi l futuro da viticultura no município com o incremento de novas tecnologias em todos os setores produtivos até a comercialização.

O desenvolvimento altera o meio ambiente e, devido a essas mu-danças, vão surgindo outras possibilidades de investimentos. Assim, o SIG torna-se, neste processo, uma ferramenta que possibilita diversas aplicabilidades em várias áreas de atuação em que cada segmento pode tirar o proveito conforme a sua visão empreendedora.

Um banco de dados bem estruturado permite o acompanhamen-to e análise temporal das áreas em estudo, fornecendo informações importantes, além da estrutura espacial para a tomada de decisão no planejamento e administração em todos os segmentos da cadeia pro-dutiva que atuam no município, passando pelo agricultor, assistência técnica, cooperativas, comércio de insumos, órgãos estadual, órgãos federal e principalmente a administração municipal.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este trabalho foi desenvolvimento a partir da criação de um banco de dados georreferenciado pelo Instituto Emater da área rural do muni-cípio de Marialva, integrando dados de diversas fontes de informação, que permitem gerar relatórios e mapas temáticos claros e objetivos, conforme a pesquisa de interesse do usuário como regularização am-biental, ocupação do solo e outros segmentos, dando agilidade para obter os documentos necessários em qualquer processo, seja de crédi-to rural, ambiental ou planejamento das propriedades. O trabalho gera relatórios claros sobre o diagnóstico dos imóveis rurais dando agilidade e padronização nos documentos e mapas necessários para o processo de elaboração do projeto e/ou regularização da propriedade.

Os Sistemas de Informações Geográfi cas (SIGs) processam os dados espaciais do meio rural permitindo ao gestor municipal o conhe-cimento da estrutura fundiária do município, identifi cando as explora-ções nos mais variados segmentos agropecuários.

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O Sistema de Informações Geográfi cas é uma ferramenta impor-tante para visualizar, analisar e conhecer a estrutura fundiária do mu-nicípio de Marialva e contribuir com a gestão pública municipal. Os resultados mostraram que no município de Marialva as culturas anu-ais, as pastagens e a cana-de-açúcar são exploradas em 36.966 ha, o que corresponde a 82,67% da área total ocupada pela agropecuá-ria, sendo que a viticultura corresponde a 2,57%, destacando-se pela infl uência socioeconômica no município. A viticultura está distribuída espacialmente nas regiões próximas à malha urbana e vem alterando as características territoriais das explorações, principalmente com as subdivisões de imóveis rurais adquiridos por pequenos agricultores, aumentando a população e fi xando o homem no campo, em um pro-cesso inverso ao que ocorre na região de Maringá, principalmente com a exploração das culturas da cana-de-açúcar, além do milho e soja que associadas à modernização do agronegócio e avanço tecnológico no campo, provocam o êxodo rural.

Em Marialva, além de proporcionar a fi xação do homem no campo e empregos, pela grande quantidade de mão de obra necessária em todo o ciclo da cultura com duas safras anuais, a viticultura, como ati-vidade econômica, gera maior renda por área ocupada, sem levar em consideração que a área ocupada atualmente é de menos de 3% (três por cento) em relação às culturas anuais, dentro do município.

O convênio entre o Instituto Emater e prefeitura municipal foi con-cluído com a disponibilização e repasse de todo o SIG na secretaria municipal da agricultura de Marialva para utilização no dia-a-dia de suas atividades, porém, de nada adianta este trabalho se a adminis-tração municipal não der continuidade e manter atualizado o sistema, pois os processos de transações imobiliárias e mudanças no uso e ocupações do solo são contínuas e é preciso alimentar o banco de dados.

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REFERÊNCIAS

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GEMAEL, C. e ANDRADE, J.B. Geodésia Celeste. Curitiba: Ed. da UFPR, 2004.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Diretoria de Geociências (DGC) - Coordenação de Geodésia (CGED). Padronização de Marcos Geodésicos. Rio de Janeiro: 2008.

MATOS, J.L. Fundamentos de informação geográfi ca. 3 ed. Lisboa: LIDEL, 2001.

MARTINELLI, M. Mapas da Geografi a e Cartografi a Temática. 4 ed. São Paulo: Editora Contexto, 2007.

MEIRELLES, M.S.P.; CÂMARA, G. e ALMEIDA, C.M. Geomática: modelos e aplicações ambientais. 1 ed. Brasília, DF: EMBRAPA, 2007.

PAREDES, E.A. Sistema de Informação Geográfi ca. São Paulo: Editora Érica, 1994.

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CAPÍTULO IVCAPÍTULO IVCAPÍTULO IVPROJETO PARANÁ BIODIVERSIDADE: PROPOSIÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DE

USO DO SOLO RURAL Luiz Marcos Feitosa dos Santos1 Milton Satoshi Matsushita2 Nelma Pereira Cunha Hagemaier3 Gracie Abad Maximiano4 Erni Limberger5

1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irrigação e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Administradora, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Geógrafa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Florestal, Mestre em Agronomia, Área de Concentração Produção Vegetal, Instituto Emater, Paranavaí, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Entender as forças propulsoras das mudanças de uso do solo tem sido o grande desafi o do século XXI (Projeto do Milênio, 2005). Desde tempos remotos o ser humano interage com a natureza para suprir suas necessidades básicas. Antes, apenas coletando produtos do am-biente, posteriormente, estabelecendo sistema de produção e armaze-namento de forma a depender menos das intempéries. Quase sempre desprovido de prognóstico e conhecimento que o orientem no sentido de evitar consequências maiores dos impactos de suas ações sobre a natureza, hoje está obrigado a ter mais cautela na exploração e uso dos recursos naturais.

No Paraná os vários ciclos do desenvolvimento econômico, no ini-cio com extração da madeira, ouro, erva-mate seguido do estabeleci-mento das atividades agropecuárias colonizadoras e expansionistas, têm modifi cado o uso e ocupação do solo ao longo dos séculos dentro da mesma lógica que hoje busca o melhor desempenho econômico e social.

O modelo de agricultura adotado no Paraná, tal qual o adotado na maioria dos países, a partir da segunda metade do último sécu-lo, na qual a preocupação com o resultado econômico norteava toda a ação dos agricultores, gerou um grande passivo ambiental para a sociedade. Hoje, existe o consenso de que é preciso mudar essa rea-lidade, com a aplicação de uma nova matriz tecnológica que assegure resultados econômicos satisfatórios com sustentabilidade ambiental da atividade agrícola. O uso racional do solo, sem dúvida, é indispensável para que esses dois objetivos sejam alcançados. Entretanto é preciso que se cuide ainda da restauração das condições mínimas que permi-tam aos agroecossistemas desempenharem serviços ambientais, mais próximos possível dos prestados pelos ecossistemas naturais, para que esses objetivos se perpetuem em benefício das gerações futuras.

Este capítulo traz uma importante contribuição para aqueles que buscam a promoção de uma agricultura mais correta do ponto de vista ambiental. Ele reúne estudos de diversas microbacias hidrográfi cas da região de Paranavaí, parte do Corredor Caiuá-Ilha Grande no estado do Paraná. O espaço estudado é uma das áreas prioritárias do Projeto

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Paraná Biodiversidade fi nanciado pelo Banco Mundial, com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e pelo governo do Pa-raná (PARANÁ, 2004).

O Projeto Paraná Biodiversidade contempla três áreas que repre-sentam os corredores de biodiversidade. No noroeste do Paraná o cor-redor Caiuá-Ilha Grande ao longo dos rios Paranapanema e Paraná. No extremo oeste o corredor Iguaçu Paraná na junção dos rios Iguaçu e Paraná. Na porção do sul do Estado o corredor Araucária situado no médio Rio Iguaçu (Figura 1).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DOS CORREDORES DO PROJETO PARANÁBIODIVERSIDADE E SUAS MICROBACIAS DE CONEXÃO E AMORTECIMENTO.Fonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

O capítulo traz uma orientação capaz de aliar os interesses do setor produtivo rural e da sociedade em geral, que defende a conservação da qualidade ambiental e a preservação dos serviços da natureza, necessários às gerações atuais e futuras. Certamente deverá, ao longo do tempo, receber atualizações em função da dinâmica do agronegócio, da evolução tecnológica e do aparecimento de novas alternativas econômico-sócio-ambientais mais sustentáveis.

Sua elaboração foi resultado do trabalho incansável de profi ssionais do Instituto Emater com o apoio da Unidade de Gerenciamento do Projeto Paraná Biodiversidade e Serviço Social Autônomo Paranacidade da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano - SEDU.

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MATERIAL E MÉTODOS

1. Caracterização do Corredor Caiuá-Ilha Grande - região de Paranavaí

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

A região norte do Corredor Caiuá-Ilha Grande, na região de Paranavaí, situa-se no terceiro planalto paranaense, entre os rios Paraná, Paranapanema e Ivaí. Localiza-se entre as coordenadas 22º 33’ a 23º 18’ latitude Sul e 52º 30’ a 53º 43’ longitude Oeste (Figura 2), e possui uma área de 436.848 ha. Cortada pelo Trópico de Capricórnio, esta região de clima quente enquadra-se na classifi cação climática

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de Köppen tipo Cfa, em que predomina o clima subtropical com temperatura média no mês mais frio inferior a 18ºC (mesotérmico) e a temperatura média no mês mais quente acima de 22ºC, com verões quentes, geadas pouco frequentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, contudo, sem estação seca defi nida (IAPAR, 2000).

Apresenta solos derivados da formação Arenito Caiuá muito vulneráveis à erosão e à lixiviação. A cobertura vegetal predominante desta região é a fl oresta estacional semidecidual, que tem como característica forte a dupla estacionalidade climática, ou seja, está fortemente ligada ao clima que tem estação seca no inverno e chuvas no verão (IVANAUSKAS, 1999).

As microbacias hidrográfi cas da região do Corredor Caiuá-Ilha Grande na região de Paranavaí apresentam uma média de 4.413 ha e foram delimitadas dentro de cada município, fazendo com que em alguns casos os limites delas fossem os próprios rios ou estradas, conforme a divisão municipal. A menor área estudada pelo Projeto Paraná Biodiversidade na região de Paranavaí foi Itaúna do Sul, com 12.678,99 ha e a maior, a de Querência do Norte, com 83.789,23 ha.

Os sistemas de produção historicamente desenvolvidos na região foram de característica extrativista com severa degradação do meio ambiente, principalmente da fl ora, fauna, solos e água. Os colonizadores entendiam e utilizavam os recursos fl orestais como fonte fi nanciadora do desenvolvimento agrícola incentivado por governos e outros setores da economia. O valor ambiental e ecológico da fl oresta não foi levado em conta de forma que está reduzida a pequenos fragmentos dispersos na paisagem ou representada em algumas unidades de conservação (CAMPOS, 1999).

A estratégia de atuação do Projeto defi niu a microbacia hidrográfi ca como unidade de planejamento, constituída por um rio principal e seus afl uentes, delimitada pelos divisores de água desta rede de drenagem, fechando a sua área de abrangência na foz do rio principal.

O conjunto das microbacias e corredores selecionados busca assegurar a conexão de elementos da biodiversidade através de uma faixa central ao longo dos rios, cercada por áreas destinadas às práticas sintonizadas com os princípios agroecológicos e uso agropecuário de menor impacto ao ambiente.

Para consolidar os corredores é necessário identifi car a função de cada microbacia na paisagem. Algumas microbacias fazem a função de conexões ao longo do corredor e outras, a de amortecimento dos

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impactos resultantes de atividades agropecuárias intensivas:a) microbacias de conexão: são aquelas localizadas ao redor

das Unidades de Conservação e às margens dos rios, eixos centrais dos corredores (rios Iguaçu, Paraná e Paranapanema) e afl uentes formadores de conexões locais com potencial de fl uxos biológicos entre remanescentes da vegetação nativa.

b) microbacias de amortecimento: ao redor das bacias de conexão estão as microbacias de amortecimento, cuja função é responder como zona de transição entre uma área com uso ajustado à conservação da biodiversidade para uma área sem restrição para o uso intensivo das tecnologias de produção e uso de insumos industrializados.

2 Material

2.1 Imagens de Satélite SPOT

Para identifi car classes de uso e cobertura vegetal foram utilizadas as imagens do satélite SPOT ortorretifi cadas, composição colorida nas bandas R(1), G(2), B(3) com resolução espacial de 10 metros e banda pancromática com resolução espacial de 5 metros, obtidas em 2004 e 2005, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Meridiano Central 51º Oeste (Fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South American Datum) em formato tiff.

2.2 Aplicativos de desenvolvimento e análise

a) Software Spring 5.0, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

b) Software AutoCAD 2002c) Software Arc View 3.2d) Software ArcGis 9.0e) Software Global Mapper 5.0f) Software Track Maker Pro 4.0g) Planilha eletrônica Excel 2002

2.3 Arquivos vetoriais

a) Divisão política dos municípios do estado do ParanáMapa com as divisas municipais elaborado pela Secretaria de

Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA).

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b) Hidrografi aMapa hidrográfi co elaborado pela Secretaria de Estado do Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA);Mapa hidrográfi co do Paraná Cidade; Os rios e nascentes foram defi nidos a partir da base hidrográfi ca

existente, verifi cados e ajustados com as imagens de satélite SPOT, considerando as curvas e pontos cotados, complementado com verifi cação de campo.

c) Cartas topográfi casCartas topográfi cas digitais registradas e ortorretifi cadas com

coordenadas e altitudes, contendo curvas de níveis com espaçamento vertical de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de elevações e hidrografi as, obtidos do Paraná Cidade.

O trabalho de levantamento de campo, com a identifi cação de coordenadas usando GPS de navegação e a plotagem destes pontos sobre as cartas topográfi cas e imagens de satélite, permitiu corrigir o traçado de rios e estradas em algumas cartas topográfi cas. Mesmo conscientes destas imperfeições, optou-se por trabalhar com a base cartográfi ca disponível com prévio ajuste de seus traçados.

3 Métodos

A metodologia aplicada possibilita elaborar um conjunto de mapas que permite caracterizar as Microbacias, Classes de Declividade, Classes de Paisagem, Uso Atual e Ocupação do Solo, Confl ito de Uso e gerar proposições para adequação do uso do solo.

A elaboração do planejamento de uso da terra com apoio do Sistema de Informações Geográfi cas (SIG) está baseada no desenvolvimento das seguintes etapas:

3.1 Preparação de material e da equipe de atuação

a) preparo do materialIdentifi cação de recursos cartográfi cos disponíveis/existentes

(cartas topográfi cas em meio digital e analógico)Aquisição de GPS (Global Position System)Obtenção de imagens de satélite, para a elaboração de mapas

temáticos.

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Obtenção de programa de SIG, sensoriamento remoto e Sistema de Posicionamento Global (GPS).

b) preparo da equipe de atuaçãoCapacitação da estrutura técnica em SIGCapacitação da estrutura técnica em sensoriamento remoto Capacitação da estrutura técnica em uso de GPSDefi nição do modelo metodológico a ser adotado para o uso de

SIGCapacitação da estrutura técnica para aplicação do modelo

metodológico defi nido.

3.2 Defi nição e divisão das bacias hidrográfi cas

O limite das microbacias hidrográfi cas foi feito a partir da base hidrográfi ca existente, curvas de níveis e pontos cotados, levando-se em consideração os contornos naturais das bacias hidrográfi cas, adaptando-as a estrutura viária, limites das propriedades e municípios.

As microbacias hidrográfi cas delimitadas com áreas em torno de 3.000 ha foram classifi cadas em microbacias de conexões e microbacias de amortecimento, em função da sua importância para formação e preservação da biodiversidade nos corredores.

3.3 Classes de declividade

As classes de declividade foram agrupadas com intervalos defi nidos, gerados a partir das cartas topográfi cas digitais registradas e ortorretifi cadas com coordenadas e altitudes, contendo curvas de níveis com espaçamento vertical de 20 em 20 metros, pontos cotados em topos de elevações e hidrografi as, obtidos do Paraná Cidade.

As classes de declividade adotadas para este modelo foram estabelecidas obedecendo aos seguintes intervalos: 0-3, 3-8, 8-12, 12-15,15-20, 20-25, 25-45, 45-100 e mais que 100%. Estes intervalos foram adotados para obter um número maior de classes e um melhor detalhamento de informações sobre a paisagem.

3.4 Identifi cação das Áreas de Preservação Permanente (APP)

As Áreas de Preservação Permanente foram mapeadas tendo como base a hidrografi a e as cartas topográfi cas digitais. Ao longo

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dos rios, foram elaborados mapas de distância (buffer) de 30 metros até o limite estabelecido pela legislação ambiental, e de 50 metros para as nascentes. Este procedimento, acrescido do mapeamento de outras áreas de preservação previstas, tais como as áreas com declividade superior a 100%, as áreas localizadas no terço superior dos morros e montanhas e com altitudes superiores a 1.800 metros, permite delimitar as áreas de preservação permanente, de acordo com legislação ambiental.

3.5 Classes de Paisagem

Lepsch et al. (1983) citam que a capacidade de uso da terra pode ser conceituada como a sua adaptabilidade para fi ns diversos, sem que sofra depauperamento pelos fatores de desgaste e empobrecimento, através dos cultivos anuais, perenes, pastagens, refl orestamento ou vida silvestre.

As classes de paisagem foram delimitadas a partir da legislação ambiental que trata das áreas de preservação permanente, mapa de classes de declividade, com apoio do mapa de solos existente em meio digital EMBRAPA (1999) e mapa de aptidão agrícola das terras, Ministério da Agricultura (1981), ajustado com maior detalhamento para a área de interesse, levando-se em consideração a geomorfologia, hidrografi a e geologia. O cruzamento digital destes mapas temáticos permitiu elaborar o mapa próprio de classes de paisagem com respectiva aptidão, conforme apresentado a seguir:

a) Classe de paisagem 1: Indicada para preservação permanente; b) Classe de paisagem 2: Indicada para exploração fl orestal sob

manejo sustentável; c) Classe de paisagem 3: Inapta para cultivo de ciclo longo e

silvicultura;d) Classe de paisagem 4: Inapta para mecanização;e) Classe de paisagem 5: Inapta para cultivo de ciclo curto;f) Classe de paisagem 6: Disponível para cultivo sob manejo

adequado.

3.6 Uso atual do solo

O levantamento do uso atual do solo foi realizado tendo por base as imagens de satélite SPOT, de 2004/05, adquiridas pelo Paraná Cidade.

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E, em algumas situações específi cas, foram utilizadas imagens do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), fornecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Estas imagens foram utilizadas nas áreas sem imagem SPOT ou com objetivo de obter informações mais atualizadas ou de um período que permita visualizar uma determinada fase vegetativa das culturas.

A precisão da interpretação das imagens aumenta à medida que se repete esta interpretação com imagens de épocas diferentes da mesma área. Por exemplo: a classifi cação da fl oresta é facilitada por essa apresentar o mesmo padrão de textura nas diferentes épocas do ano. Já a lavoura, ao contrário, apresenta padrões diferentes ao longo do ano. Ou seja, em uma época apresenta solo exposto e na sequência, cobertura vegetal homogênea.

O mapa de uso do solo foi gerado através da interpretação visual de imagens de satélite na escala 1:25.000, considerando a área de 1,0 ha como menor elemento identifi cado. As visitas a campo foram realizadas para confi rmação do uso do solo, especialmente em locais com classifi cação duvidosa. O uso e ocupação do solo é representado nas seguintes classes: agricultura anual, agricultura perene, pastagens e campos, cultivo fl orestal, vegetação de várzea, fl orestas, área urba-nizada e corpos d’água.

3.7 Confl ito

O termo “confl ito”, utilizado neste trabalho, refere-se à ocupação do solo na área rural em discordância com o Código Florestal, bem como com a aptidão agrícola das terras e que pode comprometer a conservação e uso sustentável dos recursos naturais, particularmente nas áreas das microbacias prioritárias para a conservação e formação de Corredores da Biodiversidade no Estado do Paraná, conforme Decreto Estadual n° 3.320, de 12/07/2004.

A combinação digital dos mapas de classe de paisagem com o mapa de uso do solo permitiu elaborar o mapa de confl itos e de proposições.

O mapa de confl itos do uso do solo possibilita a visualização espacial do uso e ocupação das áreas e, ao mesmo tempo, facilita a geração de proposições para solução destes confl itos.

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O mapa de confl ito identifi ca áreas com ocupação inadequada na microbacia, como por exemplo, a falta de mata ciliar nas margens dos rios e nascentes, devido à utilização com agricultura, pastagem ou cultivo fl orestal com espécies exóticas. Ainda verifi cam-se confl itos em áreas exploradas com culturas anuais, inaptas para este tipo de cultivo.

O mapa de confl ito é composto pelas seguintes classes: agricultura anual em APP, agricultura perene em APP, pastagens e campos em APP, cultivo fl orestal em APP, cultura anual em área inapta para ciclo curto, cultura anual em área inapta para mecanização, cultura inapta para ciclo longo, pastagens e campos em área de cultivo fl orestal e áreas sem confl ito de uso.

3.8 Proposição

Por último, com base nos confl itos mapeados, foram defi nidas as proposições para adequação do uso da terra gerando o mapa de proposições.

O mapa de proposição apresenta alternativas para solução dos confl itos, sendo composto pelas seguintes proposições: converter agricultura anual em fl oresta, converter agricultura perene em fl oresta, converter pastagens e campos em fl oresta, converter cultivo fl orestal em fl oresta, converter o uso atual em silvipastoril ou sistema agrofl orestal, evitar preparo do solo com uso de mecanização, converter o uso para pastagem, converter uso em cultivo fl orestal e manter uso com manejo adequado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O resultado do trabalho foi organizado por corredor de biodiver-sidade, com subdivisão por região administrativa do Instituto Emater, município e microbacia para toda área de abrangência do Programa Paraná Biodiversidade. E neste trabalho como frisado anteriormente são apresentados os resultados e ilustrações do Corredor Caiuá-Ilha Grande, região de Paranavaí e ilustrações com mapas do município de Diamante do Norte, Guairaçá, Itaúna do Sul, Loanda, Marilena, Nova Londrina, Paranavaí, Porto Rico, Querência do Norte, Santa Cruz do Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, São Pedro do Paraná e Terra Rica.

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2 Classes de Declividade

A drenagem do Corredor Caiuá-Ilha Grande, região de Paranavaí, faz parte da Bacia do Paraná que por sua vez compõe a bacia hidrográfi ca do Rio da Prata. A baixa declividade predominante no relevo apresenta 76,9% da área com variação entre 0 a 8%, e quando se amplia esta faixa para 0 a 15% contempla-se 95,0% da área. Esta confi guração do relevo permite que as águas corram com facilidade, esculpindo assim longos rios retilíneos, em algumas áreas sem afl uentes.

Os vales apresentam vertentes alongadas, confundindo-se com os topos achatados com declividade no intervalo de 0 a 3%.

Declividades com mais de 100% quase não são observadas nesta região. No município de Terra Rica está concentrada a maior área de altas declividades, ocupando aproximadamente 6 ha. Poucos morros são vistos nesta região. São os morros testemunhos, elevações que se destacam em uma região de relevo aplainado devido à maior resistência das rochas que não sofreram o processo de intemperização. Estes morros são constituídos por rochas que resistiram na paisagem.

No sul do município de Querência do Norte estão localizadas as terras mais planas desta região. É uma área de várzea situada nas margens do Rio Paraná, divisa com Mato Grosso do Sul. A classe de declividade de 0 a 3% é predominante, e ocupa mais de 60% do município de Querência do Norte.

Existe um padrão homogêneo quanto à declividade das bacias, com exceção do município de Querência do Norte, que apresenta maior área no relevo no intervalo de declividade de 8 a 15%, seguido de uma área de quase 10 ha na declividade de 25 a 45%. De um modo geral, todos os municípios apresentam maior área de declividade no intervalo 3 a 8%, como mostra a Figura 3, seguido da declividade 0 a 3%. Além de Querência do Norte, que sai deste padrão, os municípios de Santa Cruz do Monte Castelo e Santa Izabel do Ivaí apresentam maiores áreas na declividade 0 a 3%, distinguindo-se da predominância de 8 a 15% da região de Paranavaí.

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FIGURA 3 - CLASSES DE DECLIVIDADE DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

4.1.3 Classes de Paisagem

A classe de paisagem “indicada para preservação permanente” identifi ca áreas nas quais a cobertura vegetal nativa deve ser pre-servada, e representa 3,7% da área total. Estas áreas apresentam critérios específi cos e foram defi nidas por lei como áreas de interesse ecológico com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fl uxo gênico de fauna e fl ora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Resolução do CONAMA 303/2002) (BRASIL, 2002). Esta classe é encontrada nas margens de rios (mata ciliar), entorno de nascentes, encostas íngremes e topos de morros.

A classe de paisagem “indicada para exploração fl orestal” repre-senta 0,1% da área total e está situada em áreas de relevo íngreme ou solo empobrecido, embora possa ser realizada em locais indicados para atividades agropecuárias, como cultivos e pastagens. Esta classe visa proteger e recuperar o solo de processos erosivos.

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A classe de paisagem “inapta para cultivo de ciclo curto” é composta por áreas frágeis e representa 6,2% da área total, na qual existe um processo relativamente acelerado de acomodação da terra caso haja uma constante mudança da cobertura do solo. Este tipo de paisagem deve ser protegido se outros tipos de uso da terra, que não de ciclo curto, for adotado.

A classe de paisagem “inapta para cultivo de ciclo longo e silvicultura” representa 0,7% da área total e indica as áreas nas quais o cultivo de ciclo longo e plantio fl orestal para exploração não devem ser utilizados. Elas são aptas para cultivo de ciclo curto por estarem localizadas em relevo plano com solos bem desenvolvidos, de um modo geral. O rotineiro manejo de solos necessário para cultura de ciclo curto não afeta estas áreas, permitindo que a produção agrícola ocorra sem causar danos ao ambiente natural.

A classe de paisagem “área urbanizada/benfeitorias” foi identifi cada como áreas nas quais predominam um agrupamento de edifi cações com arruamento e representa 0,6% da área total. Com intenso uso e ocupação do solo, elas modifi caram o ambiente natural transformando a região em uma paisagem antropizada. As edifi cações avulsas, como silos, paiol ou casa de agricultor, foram mapeadas nesta classe por tratar de paisagem antropizada, que é o ambiente natural modifi cado pelo homem.

A classe de paisagem “inapta para mecanização” é constituída pelas áreas de solos rasos. Estas áreas geralmente apresentam um solo pedregoso muito próximo ao subestrato rochoso e quase não são observadas nesta região. São áreas típicas de topo de morro, encostas íngremes ou solos formados sobre uma rocha resistente na qual o processo de intemperismo da rocha ainda é recente.

A classe de paisagem “disponível para cultivo sob manejo adequado” é a principal classe com 88,2% da área total, caracterizado por uma classe em que os cultivos devem ser realizados obedecendo as indicações de manejo para aquela área a exemplo dos sistemas integrados lavoura-pecuária e fl orestas em suas diversas modalidades. A princípio, esta classe não oferece maiores riscos de uso do solo, desde que sejam respeitadas as limitações de uso e adotadas as medidas necessárias para manter o equilíbrio natural da paisagem.

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FIGURA 4 - CLASSES DE PAISAGEM DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

4.1.4 Uso Atual do Solo

Observando o uso e ocupação do solo, em relação à área estudada, verifi ca-se que predomina o uso com pastagens em 276.077,30 ha (63,2% da área estudada), seguido de agricultura anual com 104.149,64 ha (23,8%), ocupação com fl orestas em diversos estágios em 34.899,38 ha (8%), vegetação de várzea em 14.416,47 ha (3,3%), área urbanizada/benfetorias em 2.481,67 ha (0,6%), corpos d’água em 2.138,10 ha (0,5%), uso com agricultura perene em 1.590,99 ha (0,4%), cultivo fl orestal em 1.023,54 ha (0,2%) e em percentuais pouco signifi cativos solo exposto em 58,56 ha e área de mineração em 12,89 ha. O conjunto totaliza 436.848,53 ha, ou 100% da área estudada.

Saliente-se que os dados de uso com pastagens e agricultura anual são bastante dinâmicos em função, principalmente, da reforma do pasto no período em que as áreas são usadas, temporariamente, com lavoura, em especial de milho e mandioca.

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Excetuando-se casos particulares de modernização em função do cultivo da cana-de-açúcar e de grãos sob plantio direto, hoje predominam na região os sistemas com manejo tradicional que têm na pecuária o principal componente, completado com lavouras temporárias principalmente desenvolvidas por ocasião da reforma do pasto. No geral, são de baixo rendimento (produção em torno de 4 arrobas de carne/ha/ano e lotação menor que 1,2 unidades animal/ha).

Contrariamente à trajetória para a sustentabilidade, inúmeras áreas apresentam produtividade decrescente na medida em que a fertilidade decai com o esgotamento da matéria orgânica, tudo em função do manejo inadequado do solo, da erosão e, principalmente, por degradação de áreas frágeis dos ambientes de cabeceiras e ao longo de córregos e rios com formação de solos de estrutura fraca como os latossolos arenosos, os solos quartzarênicos e os argissolos ocorrentes naquele ambiente.

Mesmo nos casos de sistemas mais produtivos não é prevista a conservação da biodiversidade como fator de sustentabilidade. Quando bem planejados apenas contemplam a manutenção das áreas de preservação permanente como disponíveis para a conservação ambiental. Entretanto, mesmo que despretensiosamente, a maioria acaba contribuindo para a desejada formação de conectividades internas do corredor da Rede da Biodiversidade da região.

4.1.5 Confl ito de Uso do Solo

A Mesorregião Noroeste, onde estão situadas as microbacias estudadas, é a mais antropizada e ambientalmente degradada do Paraná. Apresenta cobertura fl orestal nativa praticamente exaurida, solos fortemente erodidos e cursos d’água assoreados. Esta situação decorre do desmatamento indiscriminado e posterior uso inadequado dos solos.

Considerando o exposto, não seria exagero dizer que, no geral, a forma do uso e manejo das terras da referida Mesorregião estaria em confl ito com os princípios mais moderno para uma agricultura sustentável. Entretanto, com este trabalho procurou-se localizar e dimensionar de forma particularizada parte das situações de confl itos do uso das terras na área estudada, o qual mostra serem necessários estudos mais detalhados para melhor avaliação deste quadro geral.

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FIGURA 5 - USO ATUAL DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

Para a verifi cação da existência de confl ito com o Código Florestal foram utilizados parâmetros desse mesmo código, Brasil (1965), referentes às áreas de preservação permanente para matas ciliares, pendentes acentuadas e topo de morro.

Quanto à verifi cação de confl ito com a aptidão agrícola das terras, usou-se um comparativo do uso atual do solo com a aptidão agrícola da paisagem, defi nida por um sistema de classifi cação interpretativo com suporte na ecologia da paisagem e na Aptidão Agrícola das Terras do Paraná (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 1981). Para outras informações que disciplinam o uso do solo sugere-se o Planejamento Conservacionista previsto no Decreto Estadual n° 6.120.

Em relação à área estudada verifi ca-se que predomina o confl ito cultura anual em área inapta para ciclo curto em 5.156,53 ha (1,2% da área total estudada), seguido de pastagens em APP com 4.423,30 ha (1,0%), agricultura anual em APP com 1.546,04 ha (0,4%), e em percentuais pouco signifi cativos verifi ca-se: cultivo fl orestal em APP

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FIGURA 6 - CONFLITO DE USO DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

com 47,85 ha, Agricultura perene em APP com 7,75 ha e Cultura anual em área inapta para mecanização em apenas 3,10 ha.

Em relação à Reserva Legal - RL e Áreas de Preservação Perma-nente - APP, o Código Florestal estabelece: a necessidade de se man-ter, a título de reserva legal, vinte por cento da propriedade rural com área de fl oresta ou outra forma de vegetação nativa, Brasil (1965) e considerando a área total estudada e a cobertura fl orestal existente nos estágios de desenvolvimento não mais passíveis de corte raso, existe um passivo ambiental de aproximadamente 58.568,08 ha de fl oresta a ser recuperado para a recomposição da Reserva Legal. É um cálculo estimado a ser confi rmado com o planejamento individual das propriedades, objetivo não previsto neste trabalho. Providenciado o planejamento das propriedades, diferença signifi cativa pode ser encontrada visto que a lei permite ao órgão ambiental autorizar, em alguns casos, Brasil (1965), a inclusão da APP no cômputo da Reserva Legal e, ainda, pode vir a ser computado como Reserva Legal parte da

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área com vegetação de várzea. Referente às classes de uso, as áreas com vegetação de várzea somam 14.416,47 ha, dos quais 3.614,72 ha constam como APP. Restando 10.801,75 com potencial de sanar parte do passivo da RL apurado (Tabela 1). Portanto, o passivo fl orestal da Reserva Legal - RL na área estudada fi ca entre 58,60 mil ha e 47,80 mil ha (54,98% a 67,40% do exigível), enquanto que o passivo da APP é de 6.503,65 ha (38,40% do exigível), conforme Tabela 2.

Tabela 1 - Dados para estimativa da Reserva Legal

Área de Preservação Permanente - APP e Reserva Legal - RL ÁREA (%)Reserva Legal exigida em função da legislação (20% da área rural) 86.873,37 100,00Cobertura fl orestal existente (fora da APP) 28.305,29 32,60Reserva Legal faltante (58.568,08) (67,40)Vegetação de várzea com potencial para Reserva Legal 10.801,75 12,52Reserva Legal faltante (subtraindo várzea fora de APP) (47.766,33) (54,98)

Fonte: Elaborado pelos autores (2009)

Tabela 2 - Dados da Área de Preservação Permanente - APP

Área de Preservação Permanente - APP e Reserva Legal - RL ÁREA (%)APP necessária em função da Legislação 16.935,70 100,00APP existente 10.432,05 61,60 - APP (Existente com Floresta) 6.817,33 40,25 - APP (Esistente com Vegetação de Várzea) 6.503,65 38,40APP Confl ito (Faltante) 6.503,65 38,40

Fonte: Elaborado pelos autores (2009)

A separação dos confl itos por classe de uso da terra se fez pertinente visto diversas possibilidades de solução, em função da realidade de cada bacia ou conjunto de bacias. Os confl itos nas áreas com pecuária têm signifi cado diferente e exigem medidas diferentes das áreas com agricultura. Da mesma forma, os confl itos em áreas de agricultura intensivamente mecanizada requerem tratamento diferente daqueles ocorrentes em áreas de agricultura familiar em sistema de manejo menos desenvolvido ou menos agressivo ao meio ambiente. De outro lado, o conjunto de confl itos de uma mesma natureza, constituindo um passivo para um determinado setor, pode auxiliar no mapeamento

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de fontes de recursos ou desenvolvimento de oportunidades como as apontadas no item sobre proposições.

É importante salientar que, em função da escala, este estudo não é sufi ciente para o dimensionamento dos passivos ambientais individualizados por propriedade, nem aponta passivos decorrentes de empreendimentos que não sejam rurais, a exemplo de hidroelétricas, processos industriais, loteamentos urbanos, dentre outros. Entretanto, traz informação do conjunto das microbacias que pode servir de apoio ao planejamento de ações para a formação dos corredores da biodiversidade e adequação de uso dos solos para minimizar as ameaças aos últimos remanescentes do ambientes naturais da região.

4.1.6 Proposição

A solução dos confl itos de uso das terras e dos passivos diag-nosticados nas microbacias estudadas exige estratégias diversas em função dos interesses envolvidos e dos modelos de agricultura pelos quais os mesmos evoluíram.

Até meados da revolução verde, aplicada em países em desen-volvimento, a agricultura tradicional contemplava a derrubada da mata, muito incentivada para abertura de fronteiras agrícolas; contemplava a destoca e uso do fogo para limpeza do terreno, visando melhor desempenho das operações de preparo do solo, tratos culturais e colheita. Mais recentemente, o uso da mecanização, principalmente uso do arado e das grades no preparo do solo, fazia parte dos pacotes tecnológicos.

Hoje, o uso intensivo de insumos industrializados é tido como indispensável para a manutenção dos níveis de produtividade já alcan-çados e necessários ao equilíbrio econômico das atividades agrícolas e fornecedores.

Indistintamente, todas essas práticas dos tempos passados e as mais recentes, muito incentivadas por governos, instituições de ensino e pesquisa e outros setores da economia, contribuíram para a geração dos confl itos de uso do solo e de passivos ambientais a serem sanados.

Por tudo são confl itos e passivos de solução complexa, visto a necessidade de se reverter um processo fortemente estabelecido de se fazer agricultura. Aumentando a complexidade, tem-se uma realidade

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que se apresenta dinâmica, a começar pela legislação ambiental vi-gente, teoricamente reconhecida como avançada, porém de pratici-dade, por muitos, questionável. Por isso mesmo essa legislação tem sofrido mudanças muito frequentes ao longo do tempo, o que tende a deixar todos no aguardo e protelando decisões frente a tais passivos. Como exemplos têm-se as últimas discussões no Estado sobre a recuperação da Reserva Legal e, no âmbito federal, as propostas de mudanças do Código Florestal Brasileiro. Tem-se notícia de que há pelo menos uma dúzia de projetos de lei relacionados à questão ambiental em tramitação no Congresso Nacional (BOURSCHEIT, 2008).

Cientes da possível necessidade de complementação e revisão em função da dinâmica do ambiente, listam-se neste trabalho um conjunto de proposições com potencial de atender aos diversos interesses e, portanto, capazes de avanço na solução de tais confl itos. As mais promissoras são as que recomendam a inserção do componente fl orestal nos sistemas de produção. Colaboram com esta afi rmativa os trabalhos apresentados por diversos autores no Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP, 2008) e o Projeto de Implantação e Manejo de Florestas em Pequena Propriedade no noroeste do Estado do Paraná, Schaitza (2008), que se mostra positivo para o meio ambiente inclusive global pela fi xação do carbono, por exemplo.

As principais proposições passam pelas seguintes recomendações, em função da natureza do confl ito observado:

i) APP com confl ito de uso, porem com potencial de regeneração: isolar a área, visando regeneração natural da cobertura fl orestal nativa.

ii) APP com confl ito de uso e sem potencial de regeneração: isolar a área e efetivar o refl orestamento com espécies nativas locais.

iii) Áreas com vegetação nativa excedente da APP: manter o fragmento fl orestal para servir de trampolim ecológico em linha de conectividade com outros fragmentos. Juntamente a estas áreas e sempre que possível, deve-se projetar a recuperação do passivo referente às áreas destinadas à formação de reserva legal na região. Verifi car possibilidade de uso econômico com manejo sustentado, e/ou formação de Reserva Legal em condomínio administrada sob regime de Servidão Florestal, instituto que permite ao proprietário de um imóvel rural abrigar reserva legal de imóvel rural de terceiro.

iv) Área com uso em confl itos com o potencial das terras: converter o uso atual para sistemas mais apropriados. Orientações para terras

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de baixa aptidão podem ser encontradas na Circular Técnica n° 108 do Iapar (CASTRO FILHO, 1999).

v) Área sem confl ito, porém com potencial de melhorias do sistema bem como no manejo das terras: informações para suporte técnico a sistemas sustentáveis são disponibilizadas por diversos autores tratando de proposição para implementação de sistemas que integram lavoura, pecuária e fl oresta em Sistema de Plantio Direto na Palha - SPDP (FEBRAPDP, 2008).

vi) Decorrente da legislação ambiental, toda conversão do uso das áreas de APP em fl oresta deve ser realizada com espécies nativas.

FIGURA 7 - PROPOSIÇÃO DE USO DO SOLO DO CORREDOR CAIUÁ-ILHA GRANDE, REGIÃO DE PARANAVAÍFonte: Projeto Paraná Biodiversidade (2004)

A área estudada mostra a predominância da proposição para se manter o uso atual das terras com manejo adequado em 420.885,34 ha (96,3% da área estuda), seguido das proposições: converter o uso em silvipastoril ou sistema agrofl orestal em 5.156,53 ha (1,2%); converter pastagens e campos em fl oresta com 4.423,30 ha (1,0%);

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converter agricultura anual em fl oresta com 1.546,04 ha (0,4%) e, em percentuais pouco signifi cativos, converter cultivo fl orestal em fl oresta em 47,85 ha, converter agricultura perene em fl oresta em 7,75 ha e evitar preparo do solo com uso de mecanização em 3,10 ha.

Portanto, o grande desafi o é a mudança no manejo das terras que deve passar por melhor combinação de práticas e atividades que possam conciliar produção e uso mais racional do meio ambiente incluindo, recuperando e mantendo a Reserva Legal como estratégia de sustentabilidade em torno de 58,57 a 44,15 mil ha.

As proposições serão mais facilmente adotadas na medida em que os diversos interessados tomem conhecimento e possam dimensionar as relações de suas causas e efeitos. Para tanto, o trabalho da Exten-são Rural deve continuar ajustando, atualizando e difundindo as mais promissoras junto aos produtores rurais e suas lideranças.

O passo seguinte a este trabalho deve ser a programação das ações com a participação do público nas microbacias e propriedades, promovendo-se revisões e detalhamentos necessários. Nesta oportuni-dade, a alocação da Reserva Legal deve receber prioridade a ser discutida com o órgão ambiental a quem cabe a responsabilidade de instruir, acompanhar e registrar sua implantação conforme o conjunto das normas e procedimentos do SISLEG.

Não é demais lembrar que projetos bem dimensionados facilitam a captação e alocação de recursos, inclusive com apoio governamental. A exemplo, cita-se o apoio do Projeto Paraná Biodiversidade para 69 projetos de módulos agroecológicos, com adesão de 1.800 produtores, entre os quais destacam-se os módulos de caráter ambiental para a recuperação da Reserva Legal e fi xação de carbono, e outros que associam os interesses ambiental e econômico como os de apoio à implantação de sistema silvipastoril.

CONCLUSÕES

Este trabalho possibilitou a visualização espacial das microbacias hidrográfi cas da área estudada do Corredor Caiuá-Ilha Grande, na região de Paranavaí, permitindo a análise, interpretação e quantifi cação de uso e ocupação das terras, apontando propostas para conservação da biodiversidade e produtividade através de um uso sustentável dos recursos naturais.

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Em relação à Área de Preservação Permanente - APP o passivo ambiental a ser resolvido representa 38,40% da área exigível pelo Código Florestal Brasileiro (16.935 ha) no Corredor Caiuá-Ilha Grande na região de Paranavaí. Esta porcentagem representa 6.503,65 ha, considerando que 10.432,05 ha já constam como APP, com vegetação nativa em diversos estágios.

Em relação à Reserva Legal - RL, considerando a vegetação existente, conforme a consideração feita no item “Confl ito de Uso do Solo do resultado regional”, este passivo fi ca entre 54,98% a 67,40% da área exigível que é de 86.873,37 ha.

A metodologia desenvolvida para este trabalho, em função dos resultados obtidos, mostrou-se efi caz para este propósito. O planejamento de uso da terra utilizado mostrou-se aplicável, rápido, replicável e economicamente viável por utilizar o sensoriamento remoto e sistema de informação geográfi ca. O uso de imagens de satélite possibilitou o mapeamento de áreas de difícil acesso, racionalizando tempo nos levantamentos de campo.

O trabalho atende uma escala para o planejamento regional e ainda apóia o agricultor no planejamento de sua propriedade.

A instrumentalização dos executores dos Centros de Planejamento de Uso da Terra, através do apoio fi nanceiro do Fundo Mundial do Meio Ambiente - GEF e Banco Mundial viabilizou a execução do trabalho, sem os quais não teria sido possível executar este planejamento.

REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO VCAPÍTULO VCAPÍTULO VGEOPROCESSAMENTO EM APOIO AO ESTUDO DE SISTEMA DE PRODUÇÃO NO PROJETO REDES DE REFERÊNCIA PARA A AGRICULTURA FAMILIAR NO

NOROESTE DO PARANÁ Belmiro Ruiz Marques 1

Edson Luiz Diogo de Almeida 2

1 Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo e Administração de Recursos Naturais, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia, Instituto Emater, Maringá, Paraná, Brasil [email protected]

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INTRODUÇÃO

A cerca de dez mil anos, o homem deixou de ser extrativista e pas-sou a produzir seu próprio alimento com o surgimento da agricultura. Com o passar do tempo, a ciência pode desenvolver ferramentas que aumentaram a efi ciência das operações e a produtividade das lavou-ras e criações.

Segundo Motta & Watzlawick (2000), a construção de mapas para representar o espaço geográfi co é uma prática tão antiga como a própria civilização humana. Estudos realizados principalmente por historiadores e arqueólogos têm descoberto muitos exemplos de ma-pas que foram deixados por civilizações antigas, como por exemplo o mapa de Çatal Höyük, considerado o mapa mais antigo já encontrado. Outros exemplos de mapas antigos são citados na bibliografi a histórica da Cartografi a demonstrando que a produção desse tipo de represen-tação gráfi ca fazia parte das atividades dos povos desde os tempos mais remotos.

Nos dias atuais, estamos vivenciando a era do conhecimento, da modernidade, da tecnologia, falamos em agricultura de precisão, em geoprocessamento, em planejamento rural. Mas o que é geoprocessa-mento e qual sua ligação ao planejamento e a agricultura de precisão? Geoprocessamento é a tecnologia que abrange o conjunto de proce-dimentos de entrada, manipulação e análise de dados espacialmente referenciados (MOTTA & WATZLAWICK, 2000)

O Sistema de posicionamento Global (GPS) surgiu em 1960, cria-do pela marinha e força aérea americana para uso militar e de nave-gação. Com o lançamento do satélite Sputinik I pelos russos em 1957, começou a utilização de satélites para o posicionamento geodésico. Em 1958 os americanos lançaram o satélite Vanguard marcando as-sim o início do desenvolvimento do sistema Navstar (Navigation Sa-tellite with Timing and Ranging). A partir de 1967 foi liberado para uso civil, o sistema denominado Navy Navigation Satellite System (NNSS) também chamado de Transit, possibilitando através do uso de satélites obter a posição instantânea, bem como a velocidade e o horário de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre num referencial tridimensio-nal (LETHAM, 1996).

Desde o lançamento dos primeiros receptores GPS, tem havido grande avanço na utilização do sistema por sua precisão, rapidez, ver-satilidade e economia. Considerando suas aplicações, não demorou

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muito para que seu uso fosse disseminado na agricultura e utilizado na obtenção de imagens, medição e identifi cação de áreas, locação de pontos, confecção de mapas, levantamento de produtividades, agricul-tura de precisão e outros usos.

Planejar adequadamente uma propriedade rural é uma tarefa im-prescindível para quem quer usar a terra. Diversas soluções técnicas existem para que se possa conhecer a propriedade como um todo, a fi m de não tomar decisões inadequadas. O geoprocessamento asso-ciado a outras técnicas, torna possível a aquisição de mapas temáticos e a quantifi cação de áreas. Pode-se, assim, obter dados de áreas de agricultura, pastagem, campo nativo, refl orestamentos/fl orestamentos, fl orestas nativas, reserva legal, áreas de preservação, afl oramentos rochosos, áreas inundadas, áreas sujeitas a alagamento, açudes, bar-ragens, áreas erodidas ou em processos de erosão, estradas, divisas e áreas degradadas, defi nindo o uso do solo.

Já no ano de 1998, com a implantação do Projeto Redes de Re-ferência para a Agricultura Familiar (Redes), a pesquisa e a extensão sentiram a necessidade de algum instrumento que possibilitasse a vi-são espacial das propriedades, identifi cando as áreas utilizadas por cada exploração, de forma a ser um instrumento de apoio ao diagnós-tico e planejamento das propriedades dos colaboradores de maneira instantânea. Até este momento, os esforços eram de se ter croqui, em sua maioria manuscritos, ou feitos no computador, no intuito de se ter uma visão espacial das explorações da propriedade (Figura 1).

FIGURA 1 - CROQUI MANUSCRITO E EM MICROSOFT EXCEL DE ÁREAS ACOMPANHADASFonte: Elaborado pelos autores (2006)

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O georreferenciamento, apesar de ser ferramenta muito difundida no meio agrícola, só há pouco mais de 15 anos foi introduzido na prá-tica extensionista como ferramenta de trabalho. Uma ferramenta de apoio durante as intervenções tornou-se necessária para acompanhar o desenvolvimento dos sistemas de produção e os resultados obtidos com o trabalho.

O Projeto Redes de Referência para a Agricultura Familiar (Redes), pioneiro nesta introdução, foi implantado no Paraná através de uma experiência francesa do Institut de L’Élevage, tendo como objetivo es-tudar os sistemas de produção de agricultura familiar. Baseados numa tipifi cação regional de propriedades, considerando os principais siste-mas agrícolas presentes que tenham viabilidade técnica e econômica, efetua-se um trabalho de seleção de propriedades e produtores que sejam representativos destes sistemas. Após a seleção, inicia-se um trabalho de diagnóstico, planejamento e intervenção, numa atuação conjunta de extensionistas, pesquisadores e produtores, que fazem ajustes no sistema de produção buscando a melhoria de seus índices técnicos e econômicos. Quando estas propriedades começam a ex-pressar o seu máximo potencial, são utilizadas para a difusão/transfe-rência e criação de referências, de maneira que os ajustes efetuados possam ser verifi cados e postos em prática por outros produtores que representam o mesmo sistema de produção, melhorando seus resulta-dos e desenvolvendo os sistemas prioritários da região na busca do de-senvolvimento rural. Resumindo, estas propriedades são basicamente conjuntos de propriedades representativas de determinado sistema de produção familiar que, após processo de otimização visando am-pliação de sua efi ciência e sustentabilidade, servem como referência técnica e econômica para as outras unidades por elas representadas.

Como principais objetivos tem-se:

- Disponibilizar informações e propor métodos para orientar os agri-cultores na gestão da propriedade agrícola;

- Levantar demandas de pesquisa a partir de diagnósticos e acom-panhamento nas propriedades integrantes das redes;

- Ofertar tecnologias e/ou atividades que ampliem a efi ciência dos sistemas de produção;

- Realizar testes, ajustes e validação de tecnologias;

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- Servir como polo de difusão e capacitação de técnicos e agriculto-res.

- Propor políticas públicas que benefi ciem estes sistemas e suas fa-mílias.

A estratégia de trabalho do Projeto Redes, pode ser resumida na Figura 2.

FIGURA 2 - METODOLOGIA DE TRABALHO EM PROPRIEDADES DEREFERÊNCIAFonte: Projeto Redes (2008)

Foi através desta necessidade que houve a introdução do geor-referenciamento no momento do diagnóstico, possibilitando maior co-nhecimento destas áreas em tempo real, verifi cando a sua dimensão, discutindo com a família através do mapa georreferenciado o planeja-mento das intervenções dentro da propriedade, e fazendo o controle e checagem do que foi trabalhado para obter uma melhor leitura da realidade destas propriedades. Conhecer a propriedade é fundamental para melhor aproveitamento da terra e bom gerenciamento dos recur-sos produtivos.

O trabalho foi importante também para apresentar a propriedade

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do produtor colaborador e os resultados obtidos a outros produtores nos momentos de difusão e transferência de tecnologia. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apresentar a utilização e os resultados ob-tidos com o georreferenciamento no acompanhamento e intervenção em sistemas de produção de agricultura familiar assistidos pela exten-são rural do Paraná, em especial na região noroeste do Paraná, que compreende 5 regiões: Campo Mourão, Cianorte, Maringá, Paranavaí e Umuarama.

MATERIAL E MÉTODOS

Defi nida a necessidade de se ter um mapa georreferenciado das propriedades acompanhadas no Projeto das Redes, passou-se a se-lecionar ferramentas e métodos necessários para a realização dos le-vantamentos a campo.

A organização do Projeto Redes no noroeste do Paraná era com-posta por um coordenador macrorregional, que tinha entre outras fun-ções o acompanhamento dos trabalhos realizados pelos executores presentes nas 5 regiões abrangentes no projeto.

Inicialmente diagnosticou-se que a grande maioria dos técnicos do Instituto Emater envolvidos no projeto, não tinha conhecimento para uso do GPS de navegação que seria utilizado nos levantamentos ne-cessários.

Assim, passou-se a realizar treinamentos para utilização dos GPS, bem como da metodologia de caminhamento na área, visando concluir os diagnósticos necessários. Os técnicos prioritários para receber o treina-mento eram aqueles envolvidos diretamente no Projeto das Redes de Referência, no entanto, outros extensionistas também foram treinados, pois outras atividades desenvolvidas pela extensão, como levantamen-tos para quantifi cação de perdas no seguro agrícola e outros projetos técnicos, também tinham a mesma necessidade (Figuras 3 e 4).

Os treinamentos abordavam aspectos conceituais do uso do GPS de navegação, lembrando que o objetivo maior previsto se constituía na distribuição espacial das explorações das propriedades e cálculos de áreas para fi ns de planejamento. Como apoio nos treinamentos foi utilizada a apostila “Guia de Utilização do GPS Etrex, GPS TrackMaker pro, aplicado à Emater”. Utilizou-se ainda GPS de navegação de vá-rios modelos, principalmente GARMIN GPS 86 CX, GARMIN Etrex, e Garmin GPS 48.

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No GPS, optou-se pela marcação de pontos, ao invés de trajetos, pois no trabalho de campo traz maiores possibilidades de controle no método, acompanhado de croqui manuscrito para identifi cação de pon-tos estratégicos.

Os pontos armazenados no GPS foram descarregados noscomputadores pessoais, utilizando-se programas compatíveis, como o TrackMaker e o MapSource.

Para elaboração dos mapas das propriedades utilizou-se ossoftwares TrackMaKer pro e Arcview GIS 3.2 (Figuras 5 e 6).

FIGURAS 3 e 4 - MOMENTO PRÁTICO EM CAPACITAÇÕES DE TÉCNICOS DA EXTENSÃOFonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2006)

FIGURAS 5 e 6 - TÉCNICOS EM TREINAMENTO Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2006)

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A impressão dos mapas foi realizada em impressoras jato de tinta colorida, para uso diário dos extensionistas e também em impressoras profi ssionais com fi guras em tamanhos maiores, para uso em metodo-logias extensionistas de difusão grupal (Figuras 7 e 8).

FIGURAS 7 e 8 - MAPAS UTILIZADOS EM MOMENTOS DE DIFUSÃO Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2005)

RESULTADO E DISCUSSÃO

O georrefenciamento aos poucos foi ganhando a atenção dos pro-dutores, extensionistas e pesquisadores como ferramenta importante na efetivação do trabalho. Assim, o interesse cresceu e a demanda de capacitação para o trabalho com esta ferramenta também. Há mais de dez anos temos utilizado e capacitado outros técnicos para o uso desta ferramenta. Alguns técnicos se especializaram em geoprocessamento e estes, por sua vez, têm treinado os técnicos de campo no uso destas ferramentas e seus recursos. Com isto houve também a qualifi cação do profi ssional e do serviço prestado aos produtores colaboradores de grupos assistidos.

O uso do GPS possibilita uma visão sistêmica e instantânea das áreas, seus recursos e suas produtividades, permite ainda ao exten-sionista, quando do caminhamento para o mapeamento, conhecer melhor as potencialidades e restrições das propriedades, identifi cando problemas prioritários a serem atacados no desenvolvimento do traba-lho que ocorre após o diagnóstico e o planejamento. Após a obtenção de alguns pontos georreferenciados a propriedade passa a ser facil-mente identifi cada por todos através de suas coordenadas. Durante o diagnóstico o caminhamento para a obtenção dos pontos que serão

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necessários à elaboração do mapa da propriedade é obrigatório, assim possibilita ao técnico e mesmo ao produtor que participa do caminha-mento, identifi car pontos críticos e potenciais da propriedade que até então não tinham sido identifi cados (Figuras 9 e 10).

FIGURAS 9 e 10 - TRABALHO DE GEORREFERENCIAMENTO Fontes: Instituto Emater - Foto 9: Edson L. Diogo de Almeida (2007) Foto 10: Belmiro Ruiz Marques (2006)

Após a obtenção dos pontos, elabora-se o mapa da propriedade, ou mesmo a identifi cação desta utilizando as imagens do Google Earth (Figura 11).

FIGURA 11 - IMAGEM DE PROPRIEDADE RETIRADA DO GOOGLE EARTHFonte: Google Earth (2014), trabalhado pelos autores (2014)

Devido à importância dessa ferramenta para o diagnóstico e plane-jamento das propriedades trabalhadas no Projeto Redes, foi defi nido

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que obrigatoriamente todas as propriedades componentes do projeto deveriam ter suas áreas mapeadas dentro dessa metodologia. Ao todo foram levantadas mais de 80 propriedades participantes. Como exem-plo e visando a organização dos trabalhos realizados, os mapas foram catalogados e apostilados para serem facilmente acessados pelos pro-fi ssionais participantes do projeto (Figura 12).

FIGURA 12 - CAPA DA APOSTILA CRIADA PELO PROJETO REDESFonte: Projeto Redes - Belmiro Ruiz Marques (2005)

Para aqueles técnicos com menor habilidade, a simples possibili-dade de levantar os pontos a campo, fazer as medições das áreas in loco e obter uma imagem aérea da propriedade, já possibilitava um grande avanço no trabalho, com enorme economia de tempo, ofere-cendo resultados instantâneos e efi cazes aos produtores, qualifi cando o trabalho da extensão. Para os extensionistas que apresentavam uma maior habilidade com a informática, foram efetuadas capacitações que permitiram através do uso de softwares apropriados a elaboração dos mapas das propriedades, mostrando a situação atual e servindo de instrumento para a discussão do planejamento com a família colabo-radora. Este material elaborado serve até hoje de registro da situação inicial do trabalho (marco zero), sendo essencial na hora da transfe-rência/difusão, pois, possibilita mostrar também a evolução ocorrida

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na propriedade com as intervenções e o desenvolvimento do trabalho (Figuras 13 e 14).

FIGURAS 13 e 14 - MAPAS UTILIZADOS NOS EVENTOS MOSTRANDO A MUDANÇA OCORRIDA NO SISTEMA DE PRODUÇÃOFonte: Elaboradas pelos autores (2006)

Na região Noroeste o geoprocessamento se desenvolveu princi-palmente no ambiente de trabalho do Projeto Redes de Referência para a Agricultura Familiar. Estas ferramentas foram amplamente utili-zadas nas propriedades-referências acompanhadas por extensionistas pesquisadores e produtores colaboradores, para os quais a visão do sistema de produção é essencial para o desenvolvimento do trabalho.

Mas no ambiente da extensão também houve uma grande utiliza-ção por técnicos em momentos de perícias de Proagro, elaboração de quadros naturais para fi ns de assentamentos (Incra), crédito fundiário (Banco da Terra), crédito rural, Programa de Uso e Manejo de Solos e Águas em Microbacias Hidrográfi cas (Figuras 15 e 16).

FIGURAS 15 e 16 - PROJETO DE ASSENTAMENTO E CRÉDITO FUNDIÁRIO LEVANTAMENTO DE CAMPO Fonte: Instituto Emater - Belmiro Ruiz Marques (2007 e 2008)

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Desta forma o georreferenciamento é uma ótima ferramenta para levantar, registrar, medir, identifi car, aprimorar e qualifi car o trabalho da extensão junto a seus produtores assistidos. É também ferramenta es-sencial para registrar e apresentar o trabalho da extensão à sociedade e seus mantenedores. Além disso, é um importante instrumento para o registro da história do trabalho da Extensão Rural do Paraná.

CONCLUSÃO

Atualmente o georreferenciamento está incorporado ao trabalho de extensão, sendo instrumento primordial de atuação do extensionista junto a seu público assistido.

AGRADECIMENTOS

Aos técnicos da extensão que ajudaram a construir esta história: Claudinei Antonio Minchio, Gilmar Antonio Pauly, Eduardo Agostinho dos Santos, Joaquim Rocha Martins, José Francisco Lopes Junior, Marcos Henrique da Silva, Rodolfo Mayer, entre outros

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CAPÍTULO VICAPÍTULO VICAPÍTULO VIPLANO DE RECUPERAÇÃO DO

ASSENTAMENTO CONTESTADO: LAPA - PR

Paulo Augusto de Andrade Lima1 Emerson Pedro Baduy8

Adelson Raimundo Angelo2 Leila Aubrift Klenk9

Milton Satoshi Matsushita3 Michele Cristina Lang10

Oromar João Bertol4 Jonas Daniel Ribas da Cruz11

Paulo Roberto Fiorillo5 Viviana dos Santos12

Lucio Tadeu Araujo6 Luiz Antonio Caldani13 José Américo Righetto7

1 Engenheiro Florestal, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Geógrafo, Especialista em Gestão de Recursos Hídricos, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

CONTINUA

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3 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão de Recursos Naturais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - paulofi [email protected] Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Comercialização de Hortigranjeiros, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Administração Pública, Instituto Emater, Balsa Nova, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheira Agrônoma, Mestre em Ciência do Solo, Instituto Emater, Lapa, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheira Agrônoma, Especialista em Agronegócio com ênfase em Mercados, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil - [email protected] Técnico Agrícola, Instituto Emater, Rio Negro, Paraná, Brasil [email protected] Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia, Fundação Terra, Lapa, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Fertilidade e Manejo de Solos, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Este Plano de Recuperação de Assentamento - PRA, montado du-rante o ano de 2011, destinava-se a orientar e especifi car as ações que deviam ser planejadas, projetadas e realizadas no Projeto de Assen-tamento (PA) Contestado, e que permitiria novos usos de áreas cujas características originais sofreram alterações.

O assentamento Contestado está situado no município da Lapa na região metropolitana de Curitiba, distante a 77 km de Curitiba via BR 476 e 61 km via Balsa Nova.

O presente Plano de Recuperação de Assentamento é constituído de 13 programas que visam proporcionar as ações de desenvolvimen-to social, econômico e ambiental, avaliar o desenvolvimento das ações existentes e planejar outras ações visando a recuperação ambiental, econômica, produtiva e social e a consolidação do assentamento.

O plano será implantado no período de 20 anos, sendo que nos cinco primeiros anos, após decisão judicial que libere a eliminação dos Pinus ssp, as ações priorizadas são aquelas que visam a recuperação da mata ciliar localizada ao longo dos corpos d’água, que constituem a rede hidrográfi ca da área do assentamento (APP) e as Áreas de Reserva Legal (ARL). Também, este período inicial será dedicado à elaboração e implementação de programas e projetos específi cos às ações produtivas e socioeconômicas.

O Plano de Recuperação do Assentamento foi elaborado obede-cendo à legislação ambiental, em vigor na época de sua elaboração, em especial a Resolução CONAMA N.º 387 de 27 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006), que estabelece os procedimentos para o licen-ciamento ambiental de Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária e para a inclusão deste PA no Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente - SISLEG, e a solicitação da Licença de Instalação e Operação - LIO do Assentamento e, também, ao “Termo de Referência Técnica” que entre si celebram a Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no Paraná e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), com o objetivo de defi nir os procedimentos

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e os parâmetros exigidos para o cadastro no Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Pre-servação Permanente (Sisleg) e para o Licenciamento Ambiental dos Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária no Estado do Para-ná, estabelecendo diretrizes para a elaboração do Plano de Recupe-ração do Assentamento - PRA, indicado na Resolução CONAMA Nº 387/2006.

O planejamento do trabalho foi defi nido para garantir seriedade das ações e fi delidade na observação dos procedimentos contidos na Le-gislação Ambiental em vigor na época da elaboração do Plano. Mesmo com alterações fundamentais na Legislação Ambiental hoje em vigor, permanece a necessidade de recuperar áreas degradadas às margens e nascentes dos rios, bem como conter/eliminar a invasão do Pinus ssp em diversos locais do assentamento. Também, a legislação atual não elimina a necessidade de outras ações de conservação dos recursos naturais. Os programas elaborados sob esta perspectiva proporcionam aos assentados uma visão de sustentabilidade ambiental, social e eco-nômica.

MATERIAIS E MÉTODOS

Na época da implantação do projeto do Assentamento Contesta-do não foram consideradas as questões ambientais relacionadas ao sistema produtivo, o que facilitou a degradação do solo e do meio am-biente, acumulando um grande passivo social, econômico e ambiental do local.

Para a identifi cação dos impactos ambientais do projeto do Assen-tamento Contestado foram utilizadas técnicas de sensoriamento remo-to, com o uso de imagens por satélites e das observações de campo, o que possibilitou o estudo temporal e espacial do uso da terra atual e dos impactos ambientais, analisando a degradação das áreas de ma-tas nativas e das áreas de proteção ambiental - APP.

A identifi cação do passivo ambiental fornecerá os elementos ne-cessários para a elaboração desse Plano de Recuperação de Assenta-mento, no qual se procurou erradicar e/ou mitigar os problemas e suas consequências, buscando harmonizar as atividades dos assentados com o meio ambiente.

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Equipamentos e softwares de geoprocessamento utilizados para o desenvolvimento do trabalho

O desenvolvimento do trabalho de geoprocessamento foi realizado com utilização das ferramentas e softwares abaixo relacionados:1) Sistema de Posicionamento Global (GPS) de Navegação O GPS de navegação foi utilizado para localizar nascentes, corpos

d’água, estradas, áreas de sede e demais usos e ocupação do solo.

2) Software Track Maker Pro 4.4 O software Track Maker Pro 4.4 foi utilizado para descarregar e

converter dados obtidos com GPS de navegação.3) Planilha eletrônica A planilha eletrônica foi utilizada para tabular e totalizar informa-

ções geradas nos mapas temáticos.4) Software SPRING O software Spring 5.1.8 disponibilizado pelo Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE) foi utilizado para gerar os mapas de classes de declividade.

5) Software Global Mapper 9 O software Global Mapper 9 foi utilizado para registro, ajustes, for-

mação de mosaicos e recortes de imagens.6) Software ArcGIS Desktop 9.0 e ArcView 3.2 Os softwares ArcGis 9.0 e ArcView 3.2 foram utilizados para com-

binação das informações, análise dos dados e elaboração dos ma-pas temáticos.

7) Imagens de satélite SPOT 5 e ALOS A identifi cação das características do meio físico foram reali-

zadas com apoio de imagens do satélite SPOT 5 (Satellite Pour l’Observation de la Terre) ortorretifi cadas, cena 710/401 (30/04/06); 711/401 (28/08/05), composição colorida nas bandas RGB e banda pancromática com resolução espacial de 5 m, projeção UTM (Uni-versal Transversa de Mercator), MC (Meridiano Central) 51 Oeste (fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum) em formato tiff. Os trabalhos foram complementados com imagens do satélite ALOS de 2008 e 2009, composição colorida nas bandas rgb com resolução espacial de 10 m e banda pancromática com re-

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solução espacial de 2,5 m, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Meridiano Central 51 Oeste (fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum) em formato tiff.

Fases do desenvolvimento do trabalho

Fase 1 - Formação da equipe técnica multiprofi ssional

Para a formação da equipe técnica foi priorizado, entre vários crité-rios, a formação profi ssional e a experiência em trabalhos de extensão rural e trabalhos com assentamentos, composta de profi ssionais do quadro próprio do Instituto Emater e da Fundação Terra e constituída por: 8 engenheiros agrônomos,1 engenheiro fl orestal, 1 pedagoga, 1 geógrafo e 1 técnico agrícola.

Fase 2 - Capacitação da equipe técnica multiprofi ssional

A capacitação da equipe técnica foi realizada em duas etapas prin-cipais:

Primeira etapa: Curitiba, Unidade Estadual do Instituto Emater, no período de 9 a 13 de maio de 2011 foi realizado um Curso de Capaci-tação sobre “Uso de GPS e Georreferenciamento para apoio à elabo-ração de Plano de Recuperação de Assentamentos - PRA” com uso do Programa Arcview 3.2.

Segunda etapa: Laranjeiras do Sul, Assentamento Oito de Junho, no período de 23 a 27 de junho de 2011, foi realizado o treinamento teórico e prático da equipe técnica no “Uso de GPS 76 CX e uso de software para GPS”.

Nesta etapa da capacitação também participaram servidores do INCRA e do IAP como instrutores ou para sanarem as dúvidas surgidas quanto às questões de interpretação da legislação vigente.

Fase 3 - Trabalhos de escritório 01

Após formação e capacitação da equipe técnica de trabalho pro-cedeu-se o levantamento de material analógico e digital da área do Assentamento, e levantamento bibliográfi co dos estudos realizados na região.

Fase 4 - Trabalhos e levantamentos de campo

Aplicação de questionário denominado “Diagnóstico do meio so-

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cioeconômico e cultural para elaboração do PRA”, e levantamento de dados dos recursos naturais e informações agronômicas para sub-sidiar na elaboração dos mapas temáticos. Todos lotes individuais e coletivos foram visitados pela equipe, obtendo-se informações sobre os sistemas produtivos, vegetação, hidrografi a, estradas, construções, maquinários e aspectos socioeconômicos das famílias.

Fase 5 - Trabalhos de escritório 02

Tabulação dos dados socioeconômicos; pesquisas bibliográfi cas; montagem dos mapas temáticos (localização, relevo, mapa de declivi-dade, solo, classe de capacidade de uso das terras, recursos hídricos, cobertura vegetal, do uso atual da terra, aptidão agrícola das terras, dentre outros); descrição dos impactos sociais, econômicos e ambien-tais; apresentação de medidas mitigadoras para o Assentamento (cro-nograma de execução físico/fi nanceiro) e redação do texto fi nal.

A metodologia utilizada está baseada em técnicas de geoproces-samento para produção de mapas temáticos, utilizando-se cartas to-pográfi cas, imagens de satélite, mapas de solos, dados bibliográfi cos, Sistema de Posicionamento Global (GPS) e levantamento de campo para o diagnóstico físico e ambiental dos assentamentos.

Desenvolvimento do trabalho

A estrutura do relatório seguiu o formato recomendado pelo Termo de Referência Técnica assinado entre o Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (INCRA) no Paraná e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em 8 de agosto de 2008 para o cadastro no Sistema de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (SISLEG), para o licenciamen-to Ambiental dos Projetos de Assentamentos da Reforma Agrária no Estado do Paraná e pela Resolução CONAMA 387, com o objetivo de favorecer a análise das equipes técnicas do INCRA e IAP.

As informações coletadas no campo com uso de GPS de navega-ção e uso das imagens de satélite, hidrografi a, curvas de nível e pontos cotados serviram de subsídio para verifi cação dos rios, corpos d’água, nascentes, estradas, ajustes no mapa de solos, geração do mapa de ocupação e uso do solo, confl itos e proposições ambientais.

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A declividade é a inclinação da superfície do terreno em relação ao plano horizontal, referenciada através de um gradiente de variação no valor da elevação, que pode ser medido em graus (0 a 90°) ou em porcentagem (%). Os mapas de classes de declividade foram gerados com uso do software Spring 5.1.8 disponibilizado pelo Instituto Nacio-nal de Pesquisas Espaciais (INPE), utilizando dados da carta número 2856-2, contendo a base hidrográfi ca do Estado do Paraná na escala de 1:50.000, pontos cotados e curvas de nível com equidistância (dis-tância vertical entre as curvas de nível) de 20 metros.

Caracterização do projeto de assentamento - PA

a) GeralDenominação do assentamento: PA - ContestadoData e nº da Portaria de criação do PA: Portaria 0064 de 29/11/2000Área medida (INCRA): 3.189,09 haÁrea medida (Instituto Emater): 3.182,38 haNº de família/lotes: 108 (cento e oito)

Quadro 1 - Coordenadas cartográfi cas dos pontos extremos do assen-tamento

PONTOSGEOGRÁFICAS UTM - SAD69 e MC 51 O

Latitude (S) Longitude (O) Longitude (O) Latitude (S)

NORTE - 25º 35’ 55” - 49º 41’ 24” 631.547m 7.168.106m

SUL - 25º 39’ 21” - 49° 41’ 56” 633.292m 7.163.438m

LESTE - 25° 38’ 26” - 49° 40’ 20” 630.599m 7.161.776m

OESTE - 25° 37’ 57” - 49° 44’ 52” 625.710m 7.164.414m

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

b) Diagnóstico do meio natural da área do assentamentob.1) Tipo(s) de clima(s) e dados meteorológicos

O clima da região, segundo a classifi cação de Köppen, é Cfb, ou seja, temperatura moderada com chuva bem distribuída e verão bran-do. O mês mais frio apresenta temperatura média inferior a 18ºC (me-

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sotérmico), no mês mais quente a temperatura média é inferior a 22ºC, sem estação seca defi nida, e a precipitação média anual é de 1400 mm (IAPAR, 2010). b.2) Geologia da área do assentamento

O Assentamento Contestado situa-se no 2º planalto paranaense (Planalto de Ponta Grossa) caracterizado por um relevo relativamente suave, formado por colinas arredondadas e mesetas estruturais escar-padas. No 2º planalto também são típicas as várias formações arení-ticas.O Segundo Planalto Paranaense é constituído por rochas sedimenta-res de idade Paleozóica e Mesozóica, depositadas entre o Devoniano e o Jurássico em diversos tipos de ambientes: marinho raso, continen-tal, fl uvial, lacustre (e palustre), glacial e periglacial (BIGARELLA et al., 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1) Levantamento e reconhecimento dos solos

Os solos do Assentamento Contestado são formados a partir de rochas sedimentares.Unidades agrupadas de Cambissolos

Cambissolos: Solos constituídos por material mineral com horizon-te B incipiente imediatamente abaixo do horizonte A ou horizonte hísti-co com espessura inferior a 40 cm.

Cambissolo húmico: É um horizonte mineral superfi cial de cor es-cura com valor e croma 4,0 ou menor, saturação de bases (V%) inferior a 65% e que apresenta espessura e conteúdo de carbono orgânico inferior ao limite mínimo para caracterizar o horizonte hístico e teor de carbono orgânico igual ou maior, e proporcional à espessura do hori-zonte e profundidade do solo.

Cambissolo hístico: É um tipo de horizonte defi nido pela constitui-ção orgânica, resultante de acumulações de resíduos vegetais depo-sitados superfi cialmente, ainda que, no presente, possa encontrar-se recoberto por horizontes ou depósitos minerais e mesmo camadas or-gânicas mais recentes.

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FIGURA 1 - LEVANTAMENTO E RECONHECIMENTO DOS SOLOSFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

Tabela 1 - Levantamento e Reconhecimento dos Solos

Tipos de Solos Área (ha)Cambissolo Háplico 1.312,54 Cambissolo Húmico 1.403,60 Gleissolo Melânico 466,24

Total 3.182,38

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

2) Hidrografi a e recursos hídricos

Na área do Assentamento do Contestado os rios e córregos formam divisas, não só de grande parte do perímetro, como também entre os lotes. As estradas seguem pelos divisores de água e os córregos fa-zem as divisas no interior dos lotes. O volume de água existente é dis-ponibilizado para irrigação e dessedentação animal, e o abastecimento doméstico é por uma rede de água a partir de um poço e armazenada

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em uma caixa d’água elevada que disponibiliza água às residências por gravidade. O Assentamento está inserido na bacia hidrográfi ca do rio Iguaçu, sendo este rio parte da divisa norte do assentamento. A oeste e a sudeste as águas são drenadas para o rio Corisco que faz a divisa do Assentamento. A leste e a sudeste, as águas correm para o rio Capivari, e ambos são afl uentes do rio Iguaçu. No interfl úvio destes rios, há outro rio, sem denominação, também afl uente do Rio Iguaçu, e todos são rios e córregos perenes.

FIGURA 2 - PERÍMETRO, LOTES, ESTRADAS E HIDROGRAFIAFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

São 7 afl uentes do Rio Corisco que nascem em sua margem es-querda e atravessam as áreas de Reserva Legal. São córregos de 1ª, 2ª e 3ª ordens que despejam suas águas diretamente no Rio Corisco e abrangem uma área de drenagem de 1.187,00 ha havendo um padrão dendrítico.

As principais nascentes do Rio Capivari encontram-se na área urbana do município da Lapa. São 9 nascentes e afl uentes que se encontram dentro dos lotes dos assentados, localizadas na margem

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direta, formado por rios e córregos de 2ª e 3ª ordens com padrão den-drítico, que drenam uma área 1.247,00 ha.

No interior do assentamento existe um rio, sem denominação, que despeja suas águas diretamente no Rio Iguaçu. Forma uma pequena microbacia com 748,00 ha formada por rios e córregos de 2ª e 3ª or-dens com padrão dendrítico, e abrange os lotes dos assentados.

Existem outros córregos menores, de 1ª e 2ª ordens, que despejam suas águas diretamente no Rio Iguaçu.

Todos os rios e córregos da área do Assentamento são classifi ca-dos como classe 2, de acordo com a portaria SUREHMA nº 20/92.

De acordo com o Atlas de Recursos Hídricos do Estado do Paraná, editado pela SUDERHSA em 1998 as vazões médias para pequenas bacias da região são estimadas em 18 l/s/m2 respectivamente, e, de qualidade aceitável a boa, apesar das atividades agrícolas e urbanas desenvolvidas em sua bacia.

3) Relevo local - Classes de declividade

Foram gerados dois mapas de declividade com diferentes inter-valos de classe com maior ou menor nível de detalhamento das in-formações, adequando aos objetivos dos trabalhos: para geração das unidades de paisagens foram utilizados os intervalos de 0 a 8, 8 a 20, 20 a 45, 45 a 100 e superior a 100%; e para atender as necessidades do INCRA foram utilizados os intervalos de 0 a 5, 5 a 10, 10 a 15, 15 a 25, 25 a 47, 47 a 100 e superior a 100%.

Tabela 2 - Classes de declividade

Classe Área (ha)Plano (000 a 005 %) 1.065,34 Suave ondulado (005 a 010 %) 821,95 Ondulado (010 a 015 %) 694,48 Muito ondulado (015 a 025 %) 492,95 Forte ondulado (025 a 047 %) 103,33 Montanhoso (047 a 100 %) 4,34

Total 3.182,38

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

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FIGURA 3 - MAPA DE DECLIVIDADEFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

Predominam as classes de relevo de 0 a 5% (plano), seguidas da classes de relevo de 5 a 10% (suave ondulado) sendo que apenas um pequeno percentual da área tem declividade acima de 47%.

FIGURA 4 - ASPECTO DO RELEVO LOCALFonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)

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4) Uso, ocupação do solo e cobertura vegetal

A descrição da vegetação na área do Assentamento do Contestado segue a resolução nº 2, de 18/03/1994 do CONAMA (BRASIL, 1994) que fornece os parâmetros necessários para o enquadramento dos diversos estágios sucessionais em que se encontram as formas de ve-getação nativa da área do assentamento, identifi cadas a partir das visi-tas em campo com o apoio de imagens do Google Earth, Spot e Alos.

Tabela 3 - Uso e ocupação do solo

Uso e Ocupação do Solo Área (ha)

Agricultura permanente 8,45

Agricultura Temporária 510,56

Pastagem nativa 310,05

Pastagem cultivada 146,52

Floresta nativa estágio inicial 571,46

Floresta nativa estágio médio e avançado 523,37

Campo nativo 168,32

Corpos d´agua 2,21

Estrada de ferro 10,88

Estradas não pavimentadas 35,83

Refl orestamento misto 21,01

Refl orestamento com exótica 574,89

Edifi cações (benfeitorias) 3,80

Edifi cações (residencias) 3,93

Áreas de uso comunitário 9,48

Áreas inaproveitáveis 20,51

Áreas úmidas 74,12

Outras áreas 187,03

Total 3.182,41

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

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FIGURA 5 - MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRAFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

5) Confl itos e proposições ambientais legais

Os mapas de confl ito e proposição foram gerados a partir da com-binação digital dos mapas de aptidão das terras com o mapa de uso e ocupação do solo. Os mapas de confl ito e proposição possibilitam a visualização espacial do uso e ocupação das áreas, permitindo a identifi cação de confl itos existentes entre o uso atual e a legislação ambiental vigente e, ao mesmo tempo, facilitam a geração de proposi-ções para solução destes confl itos.

O mapa de confl ito identifi ca áreas com ocupação inadequada nos assentamentos como, por exemplo, a falta de reserva legal e mata ciliar nas margens dos rios e nascentes, devido à utilização com agri-cultura, pastagem ou cultivo fl orestal com espécies exóticas. Ainda ve-rifi cam-se confl itos em áreas exploradas com culturas anuais, culturas perenes, pastagens e cultivos fl orestais em áreas inaptas para este tipo de cultivo.

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FIGURA 6 - MAPA DE CONFLITOS AMBIENTAIS LEGAISFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

FIGURA 7 - MAPA DE PROPOSIÇÃO PARA SOLUÇÃO DOS CONFLITOS LEGAISFonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

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Tabela 4 - Resumo das áreas em confl itos com a legislação ambiental e das áreas a serem recompostas

Resumo Área (ha) Área total da matrícula 3.228,0000 Área total da levantado 3.182,3805 RL necessário 645,6000

APP Total 517,3813 APP Existente 343,4017 - Floresta nativa estágio médio e avançado 180,8569 - Campo nativo 24,8934 - Floresta nativa estágio inicial 102,3118 - Edifi cações (residencias) 0,1949 - Edifi cações com benfeitorias em APP 0,4293 - Estrada de ferro 2,0414 - Estradas não pavimentadas 1,6084 - Áreas inaproveitáveis 1,4003 - Áreas úmidas 13,0760 - Outra áreas 16,5893 APP a restaurar 173,9796 - Agricultura permanente 0,0080 - Refl orestamento com exóticas 91,5506 - Refl orestamento misto 10,3455 - Pastagem nativa 40,0649 - Pastagem cultivada em APP 11,8730 - Agricultura temporária 20,1376

ARL Total 1240,1087 ARL Existente 939,7857 - Floresta nativa estágio médio e avançado 325,5129 - Campo nativo 133,5086 - Floresta nativa estágio inicial 419,7040 - Edifi cações (residencias) 0,0183 - Estradas não pavimentadas 0,0000 - Áreas úmidas 61,0419 ARL a restaurar 300,3230 - Refl orestamento com exóticas 258,2262 - Pastagem nativa 2,7936 - Pastagem cultivada 2,5897 - Áreas de uso comunitário 0,0405 - Agricultura temporária 16,8628 - Áreas inaproveitáveis 8,1250 - Outra áreas 11,6804 - Edifi cações benfeitorias 0,0048

Fonte: Instituto Emater - Levantamento de Campo (2011)

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6) Problemas de degradação ambiental e suas causas

A área Assentamento do Contestado vem de utilizações anterio-res, portanto alguns dos impactos ambientais negativos provêm das atividades anteriores às famílias assentadas. Mas o uso do solo pelas famílias atuais também trouxe outros impactos ambientais para a área.

a) Poluição: Os principais agentes poluidores contaminam águas e o solo. O uso de agroquímicos e a ausência de saneamento contaminam com o despejo de resíduos sólidos e líquidos.

b) Erosão: O uso intensivo e revolvimento dos solos por longos anos (anterior ao assentamento), a fragilidade natural dos solos e o uso atual em algumas áreas, levaram a problemas de erosão hídrica. São obser-vadas na área três voçorocas, erosão laminar em todas as áreas des-cobertas e erosão em sulcos, principalmente nos canais de drenagem.

c) Refl orestamentos: Analisando a história de ocupação antrópica na área coletiva, pode-se afi rmar que os refl orestamentos com espécies exóticas para fi ns comerciais remontam a década de 1980. Existe uma área, hoje, de 574,89 ha, composta por Pinus ssp e Eucalyptus ssp. Estão abandonados e percebe-se nitidamente que não recebem tratos silviculturais. Existem árvores mortas em pé, rebrotas não conduzidas, muitas árvores dominadas e farta regeneração do Pinus ssp sem con-dução em locais onde houve o corte no início do século XXI (após a ocupação dos assentados) e também nos lotes que são riscos à ocor-rência de pragas e incêndios. Hoje se encontram “sob judice”, pois há uma disputa judicial sobre a exploração dos povoamentos.

FIGURA 8 - REFLORESTAMENTO FIGURA 9 - VOÇOROCADE PINUS SSP Fontes: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)

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7) Análise sucinta dos potenciais e limitações dos recursos naturais e da situação ambiental do assentamento

O Assentamento Contestado apresenta uma área ambientalmente fragilizada em função de sua caracterização geológica, solo, fertilida-de, topografi a e hidrografi a. Soma-se a isto o manejo e uso intensivo da área antes do assentamento das famílias. Decorrente desta fragili-dade, muitas áreas são impróprias para o plantio de culturas anuais e o manejo atual adotado, fruto da falta de capital e de maquinário ade-quado, que leva à erosão e exposição excessiva do solo.

A topografi a aliada ao tipo e à estrutura do solo leva à perda por erosão, insurgências de água na superfície e subsuperfície, difi cultan-do o manejo em diferentes condições climáticas. Ora o solo fi ca en-charcado, ora compactado que difi culta o preparo e/ou plantio. Além disso, o manejo da matéria orgânica não é adequado ou não existe.

Frente a essas fragilidades, surge um potencial produtivo, que é o zoneamento do Assentamento de acordo com o relevo e o solo para a defi nição da atividade agropecuária econômica a ser desenvolvida ou ampliada. Outro potencial a ser aproveitado é a estrutura hidrográfi ca do Assentamento e sua bela paisagem e fl ora natural.

Outro grave problema no assentamento é a disseminação/germi-nação de sementes de Pinus sp. O desenvolvimento dessas sementes sem manejo fl orestal tem tornado esta espécie uma invasora muito agressiva tanto em áreas para conservação como em áreas produti-vas.

O aspecto sanitário ambiental, especialmente das áreas das resi-dências, fi ca a desejar, pois é comum o despejo de resíduos sólidos e líquidos, sem destino adequado.

8) Plano de ação para o desenvolvimento sustentável do projeto do Assentamento Contestado

O plano se desdobra na forma de programas temáticos e subpro-gramas, que se materializam em projetos e ações, formulados com a participação dos assentados em estreita sintonia com a situação diag-nosticada para a área, de modo a torná-lo acessível na sua compre-ensão e exequível em termos operacionais, facilitando, assim, as ne-gociações em termos de atendimento das exigências de licenciamento ambiental e das fontes de fi nanciamento. É de se destacar que uma

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das fi nalidades do PRA é subsidiar a elaboração de projetos técnico-específi cos.

a) Programa meio ambiente

a.1) Restauração/Recomposição de APP

Situação atual

Existem 517,38 ha de áreas de preservação permanente compos-tas por margens de rios e uma pequena área com declividade elevada. Cerca de 1/3 destas áreas necessitam de restauração. Existem o 4300 m² de benfeitorias, 102 ha de refl orestamento com exóticas, 20 ha de agricultura e 41 ha de pastagens ocupando as APP.

Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Nas áreas de matas ciliares e do entorno protetivo das nascentes a recomposição da vegetação se dará, basicamente, por isolamento com cerca e/ou marcos que delimitem estas áreas. O desenvolvimento da vegetação secundária nativa é capaz de, em uma década, formar uma capoeira, desde que não haja interferência por ações humanas e de animais.

Especifi camente, as benfeitorias existentes serão retiradas e aloja-das em áreas cujos resíduos líquidos e/ou sólidos não sejam carreadas para as APP. Não deverão ocorrer mais práticas agropecuárias nestas áreas.

FIGURA 10 - MATA CILIAR COM PRESENÇA DE ESPÉCIES EXÓTICAS Fonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Paulo A. A. Lima (2011)

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Quanto às áreas de APP que estão cobertas com espécies exó-ticas urge uma solução judicial, pois a recomposição com a vegeta-ção nativa só ocorrerá quando da remoção de tais plantas. As plan-tas Pinus ssp existentes às margens dos rios e córregos estão ge-rando sementes que são disseminadas por toda a área, e abafam o desenvolvimento da vegetação nativa nas áreas de APP. Novamente, afi rma-se a necessidade de encaminhamento de uma decisão judicial, pois a permanência destas espécies compromete a manutenção do equilíbrio ambiental na área de assentamento e gera riscos de pragas e doenças em refl orestamentos da região.

a.2) Restauração de Áreas de Reserva Legal

Situação Atual

Existe averbada na matrícula do Imóvel uma área de 1.240,10 ha como área de reserva legal, sendo necessário restaurar ¼ da área ou 300,32 ha. São aproximadamente 258 ha cobertos com refl oresta-mentos de exóticas e 42 ha com atividades antrópicas (agropecuária/saibreira/benfeitorias).

Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Duas situações se apresentam nestas áreas refl orestadas: A pri-meira refere-se às áreas com refl orestamentos idosos não explorados. Nestas áreas, após a remoção das espécies exóticas, a recomposição se dará por regeneração natural com adensamento com espécies na-tivas. O entrave legal não permite nenhuma ação até a decisão judi-cial. A segunda situação é a das áreas nas quais já houve a retirada da madeira e a vegetação espontânea tem-se desenvolvido. Porém, as sementes de Pinus ssp encontraram nestes ambientes condições para seu crescimento, de forma desordenada e densa, sufocando a vegetação nativa. Nestas áreas, a derrubada com o uso de motosserra é sufi ciente. Poucos casos necessitarão a remoção dos exemplares derrubados da área. Com o fechamento do dossel das nativas, o pinus não encontrará condições para germinação. Quanto à área com plan-tada com eucaliptos, permanece a dúvida sobre os direitos da madeira em função da rebrota.

Após a retirada destas espécies exóticas, a recomposição se dará através da regeneração natural e com adensamentos com espécies

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que poderão proporcionar alternativas de renda e alimentar (produção de pinhão, erva mate, frutíferas nativas, mel). As atividades agropecu-árias cessarão nestas áreas e as benfeitorias serão deslocadas para fora. Novamente, a regeneração natural recomporá as áreas.

Próxima à área da sede comunitária, à beira da estrada de quem vem de Balsa Nova, foi aberta uma frente de lavra que foi utilizada como material de revestimento nas estradas internas. Hoje se encontra desativada. A saibreira, devidamente recuperada, deverá ser integrada à Reserva Legal. Não existe mais solo que permita o plantio, porém, as técnicas de hidro-semeaduras poderão conter o processo de carre-amento de sedimentos. Também, a construção de drenos desviando as águas de chuvas evitará que os sedimentos continuem a afetar a trafegabilidade da estrada adjacente.

a.3) Remoção de espécie invasora

Situação Atual

Os Pinus ssp têm-se disseminado com facilidade e vigor em toda a área do assentamento.

Exemplares jovens são encontrados em lotes dos assentamentos, em áreas de preservação permanente e em áreas de reserva legal. Onde encontra condições propícias a espécie gera uma densa popula-ção que sufoca qualquer outra forma de vegetação.

Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Os exemplares jovens desta espécie devem ser eliminados siste-maticamente.

A manutenção destas plantas comprometerá a ocupação das áre-as dos assentamentos.

A remoção destas espécies exóticas em APP deverá seguir a por-taria Resolução SEMA 028 de 17/08/1998 que estabelece normas para corte de exóticas em APP, bem como a recomposição da mata ciliar.

a.4) Subprograma degradação e erosão dos solos

Situação atual

A quase inexistência de práticas de controle de erosão na maioria das áreas, solos descobertos, uso de motomecanização, monocultu-ras, baixa fertilidade natural do solo e perda da fertilidade pelo manejo

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inadequado levaram à degradação e empobrecimento dos já frágeis solos do assentamento.

Medidas mitigadoras e compensatórias

Para controlar os processos erosivos será necessária a adoção de práticas mecânicas, físicas e culturais, de acordo com o sistema pro-dutivo de cada unidade produtiva/lote.

a.5) Subprograma poluição e contaminação do meio ambiente com re-síduos sólidos e líquidos

Situação atual

Ao redor de algumas residências encontram-se diversos materiais espalhados. Além disso, os destinos das águas usadas não são ade-quados.

Medidas mitigadoras e compensatórias

As famílias deverão participar de cursos de capacitação em sanea-mento ambiental, bem como construção de equipamentos para destino adequado de efl uentes.

a.6) Subprograma educação ambiental

Situação atual

O Projeto de Assentamento Contestado bem como toda a comuni-dade do município da Lapa, vêm exercendo pressão sobre os recursos naturais e consequentemente prejudicando o meio ambiente.

Devido ao elevado grau de depredação dos recursos naturais e agressão ao meio ambiente, é bastante visível a poluição e contamina-ção das águas e solos, por agrotóxicos e dejetos humanos e animais.

Medidas mitigadoras e compensatórias

Percebe-se na maioria da população do assentamento uma cons-ciência conservacionista. Há, no entanto, necessidade de ampliar a conscientização de toda a população por meio de ações que desen-volvam o conhecimento, atitudes, habilidades e a formação da consci-ência ecológica conservacionista individual e coletiva. Constata-se que um grande impeditivo para melhorias ambientais nas áreas é a falta de recursos fi nanceiros.

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b) Programa infraestrutura

b.1) Subprograma adequação e readequação das estradas internas do assentamento

Situação atual

Por ser um assentamento com grande extensão territorial, a situ-ação das estradas é sempre muito precária pela falta de manutenção, falta de qualifi cação dos funcionários/profi ssionais responsáveis por essa manutenção e readequação das estradas; falta de qualidade de material empregado, falta de planejamento das atividades e falta de envolvimento dos moradores nas decisões e planejamento. Além dis-so, o alto índice de pluviosidade e o tráfego intenso de veículos pe-sados contribuem para a depauperação e difi culta a manutenção das estradas rurais.

Medidas mitigadoras, compensatórias e ação das estradas

Depois de um histórico de investimento em melhorias das estradas internas do assentamento com recursos do governo do Estado (Pro-grama de Readequação de Estradas), a Prefeitura Municipal da Lapa tornou-se a mantenedora das mesmas. Como a extensão de estradas é muito grande, aliado ao tipo de solo, a manutenção é custosa.

Há necessidade de redefi nir o modelo de readequação e a parti-cipação dos assentados na defi nição de obras de engenharia. Além disso, os acessos aos lotes são precários e precisam ser readequados. Para essa situação, há necessidade de recursos externos à Prefeitura Municipal, como do Estado e do INCRA.

Deve-se destacar a necessidade de manutenção das estradas de acesso ao assentamento, distante da sede do município e também de difícil manutenção, principalmente devido ao tráfego intenso de cami-nhões pesados.

b.2) Subprograma melhoria das habitações

Situação atual

As moradias, construídas há muitos anos e com poucos recursos, carecem, na sua maioria, de reforma e ampliação. Para isso, o SENGE - Sindicato dos Engenheiros do Paraná promoveu uma série de reuni-ões e levantamentos a fi m de elaborar plantas visando a reforma das

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169

casas, o que foi concluído em meados de 2011. Com essa parceria, os moradores puderam contar com um projeto de ampliação/reforma qualifi cado.

Medidas mitigadoras, compensatórias e ação

Com os recursos do INCRA e também com recursos dos próprios moradores as obras de reforma passaram a ser realizadas a partir de dezembro de 2011.

b.3) Subprograma melhoria dos prédios e construções de uso coletivo

Situação atual

O Assentamento está construindo uma Unidade de Benefi ciamento Vegetal, panifi cação e packing house, com apoio técnico do Instituto Emater e Prefeitura Municipal. Há necessidade de melhoria, constru-ção e ampliação dos espaços destinados à educação básica e saúde pública (Posto de Saúde) e também para a Escola Latino Americana de Agroecologia - ELAA. Faltam espaços para a realização de esportes e atividades artísticas e culturais. No aspecto mais específi co, buscam-se recursos para construção, melhoria e ampliação dos espaços reli-giosos (igrejas e seu entorno).

Medidas mitigadoras e compensatórias

Alocação de recursos para construção de uma Escola de Ensino Fundamental, recursos para o término da construção da Unidade de Benefi ciamento Vegetal, recursos para construção de centro esportivo, artístico e cultural, mobilização da comunidade para alocar recursos para os centros religiosos.

b.4) Outros subprogramas de infraestrutura

O Assentamento Contestado recebeu em dezembro de 2011, em convênio com o governo federal um Telecentro, que funciona no casa-rão onde acontecem as aulas da ELAA e reuniões comunitárias. Para que o Telecentro funcione a contendo, há necessidade de ampliação do sinal de banda larga da internet, que é muito baixo e limita muito o acesso.

Foi solicitada à Prefeitura Municipal a construção de um Posto de Saúde (o atendimento médico funciona precariamente em uma casa

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170

na área coletiva do Assentamento) e espaços para educação de crian-ças, jovens e adultos e também para a ELAA.

c) Programas socioeconômicos

c.1) Subprograma inadimplência dos assentados junto às instituições fi nanceiras

Situação atual

As famílias assentadas receberam recursos do Programa Nacio-nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF-A no ano de 2003. Desses, muitos agricultores estão inadimplentes junto ao agente fi nanceiro.

Medidas mitigadoras e compensatórias

O Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES) e Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) ATES/ATER deverá orientar os inadimplentes assentados que aplicaram cor-retamente o crédito e permanecem no assentamento, de como proce-der junto ao agente fi nanceiro - Banco do Brasil, para a renegociação dos débitos no Programa. Além deste, há dívidas dos Pronaf B, C e V (investimento e custeio) que precisam ser renegociadas com o banco com o apoio dos técnicos e da liderança do assentamento.

c.2) Renegociação das dívidas do crédito PRONAF-A

O ATES/ATER deverá fazer um levantamento da situação de cada assentado junto ao agente fi nanceiro e elaborar laudos de vistoria indi-viduais de aplicação dos recursos do PRONAF-A.

Encaminhar os laudos de vistoria ao Banco do Brasil S/A informan-do a situação de cada agricultor sobre a aplicação correta ou incorreta do Crédito Rural, modalidade PRONAF-A Investimento.

c.3) Programa de agroindustrialização

Além de construir e equipar a unidade de benefi ciamento vegetal e panifi cação, os assentados necessitam de capacitação de Boas Práti-cas de Produção, Manipulação e Transformação de Alimentos.

c.4) Programa sistemas produtivos

Os sistemas produtivos do assentamento vêm enfrentando entra-

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ves técnicos principalmente relacionados ao solo e infraestrutura pro-dutiva.

Os solos do Assentamento Contestado são na sua maioria areno-sos, com baixa CTC, ácidos, baixo teor de bases, sendo que o potássio é o elemento mais limitante devido ao seu baixíssimo nível no solo. A drenagem deste solo é defi ciente e o seu aspecto físico parece ser o maior problema encontrado. Em função disso serão necessários estu-dos complementares - porosidade, mineralógicos e estruturais.

Devido às grandes limitações encontradas, será necessário o en-volvimento da pesquisa para defi nição efetiva do manejo a ser adotado em cada sistema produtivo.

De forma geral, defi nidos como prioritários os sistemas olericultura orgânica, pastagem/leite e fruticultura, será necessário: fundamental acréscimo e manejo da matéria orgânica; corrigir o Al³+; elevar o pH a aproximadamente 4,5, com elevação da saturação de bases (V%) para 40 a 50%, com incorporação fracionada de calcário dolomítico (de acordo com análise de solo); correção do fósforo e potássio e au-mento do nível dos nutrientes; melhoramento das pastagens nativas; ampliação do sistema orgânico; discutir a possibilidade de implantação do sistema silvipastoril, com eucalipto e outras espécies; inclusão de três patrulhas mecanizadas completas e de acordo com a aptidão dos solos, com gestão da Cooperativa Terra Livre para uso nos sistemas produtivos.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O uso das ferramentas de geoprocessamento e imagens de saté-lite agilizaram os trabalhos, reduzindo custos e gerando resultados de qualidade e precisão. A combinação de informações permitiu a realiza-ção de um diagnóstico e análise de propostas mais detalhadas, com informações espaciais dos aspectos físicos, biodiversidade e socioe-conômicas, como o solo, recursos hídricos, uso e ocupação do solo e fl ora.

O uso de imagens de satélite permitiu uma visão ampla e detalhada de uma extensa área como a do Assentamento Contestado, facilitando a visualização, identifi cação, localização e medição de áreas de vege-tação, benfeitorias, edifi cações, estradas, nascentes, tanques e rios.

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A partir deste Plano, o Assentamento do Contestado possui uma visão socioeconômica e ambiental para o seu planejamento.

A necessidade de recursos fi nanceiros e apoio técnico é evidente para a elaboração e execução de programas e projetos que proporcio-nem sustentabilidade às famílias no Assentamento.

Além de contribuir para alavancar o desenvolvimento do Assen-tamento, cabe destacar o espírito de trabalho em equipe do Instituto Emater, pois envolveu técnicos municipais, regionais e estaduais, cada um contribuindo e compartilhando com o seu conhecimento e esforço físico na elaboração do Plano.

REFERÊNCIAS

BIGARELLA, J.J.; BLASI, O. e BREPOHL, D. Lapinha: a Natureza da Lapa. Lapa - Paraná: Editora Lar Lapeano de Saúde, 1997.

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente (MMA). Resolução do CONA-MA 2/1994 de 18/03/1994. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_arquivos/conama_res_cons_1994_002_estgios_su-cessionais_de_fl orestas_pr_202.pdf>. Acesso em: 12/05/2014

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente (MMA). Resolução do CONA-MA 387/2006 de 27/12/2006. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res06/res38706.pdf>. Acesso em: 12/05/2014.

IAPAR - INSTITUTO DE PESQUISA DO PARANÁ. CARTAS CLIMÁTI-CAS, versão 2000. Disponível em: <http://www.iapar.br/>. Acesso em: 10/08/2010

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CAPÍTULO VIICAPÍTULO VIICAPÍTULO VIIMETODOLOGIA PARA DAR

SUPORTE AO PLANEJAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS NO PROGRAMA

DE GESTÃO DE SOLOE ÁGUA EM MICROBACIAS

Milton Satoshi Matsushita1 Reinaldo Tadeu Oliveira Rocha4

Luiz Marcos Feitosa dos Santos2 José Kalusz5

Oromar João Bertol3 Sérgio Mudrovitsch de Bittencourt6

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irrigação e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Conservação da Natureza, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Geoprocessamento e Solos, Instituto Emater, Irati, Paraná, Brasil - [email protected] Técnico Agrícola, Instituto Emater, Fernandes Pinheiro, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE, 2000), o estado do Paraná tem aproximadamente 10,44 milhões de ha-bitantes, dos quais cerca de 14,7% ou 1,53 milhão vivem no meio rural. A população rural apresenta maior população masculina (804 mil ou 15,7%) em relação à feminina (727 mil ou 13,7%). Porém, quando se considera os 312 municípios com menos de 20 mil habitantes (conside-rados “municípios rurais”), sobe para 35,1% o contingente de pessoas que vivem e dependem do campo no estado e, quando se considera os 203 municípios com menos de 10 mil habitantes, o índice de população rural sobre para 37,2%. O estado do Paraná ainda possui 77 municí-pios em que a população rural (61,5%) é maior que a urbana (38,5%).

Com área correspondente a 2,34% do território nacional (IBGE, 2014), o Paraná responde por aproximadamente 25% da produção nacional de grãos e 8% da produção pecuária. É o principal produtor nacional de trigo, milho, aves, pinus, erva-mate e pinhão; o segundo maior produtor de soja e cana-de-açúcar; o terceiro de carne suína, leite, batata e mandioca e, ainda, ocupa posição de destaque na pro-dução de tomate e café. Mesmo ostentando essa condição, o estado se ressente de desequilíbrios sociais e ambientais. O percentual de famílias abaixo da linha de pobreza é de 20,90%, com maior incidência nos municípios considerados rurais, nos quais se concentra 47% da população pobre (PARANÁ, 2104).

O manual operativo do Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias (Programa Microbacias) alerta que a sustentabilidade da vida rural e da própria agricultura é ameaçada por problemas de uso inadequado e/ou excessivo de agrotóxicos, cobertura fl orestal insufi -ciente e desuniforme, degradação dos solos, das águas e da conser-vação da biodiversidade em todas as regiões. O uso inadequado e in-tensivo do solo tem acarretado problemas de erosão (PARANÁ, 2104).

O manual operativo do Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias (PARANÁ, 2014) analisa o novo Código Florestal (Lei 12.555/2012) que altera alguns procedimentos de relevância na ade-quação ambiental e refl ete no Programa Microbacias:

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a) Desobriga o proprietário rural de promover a averbação da Reser-va Legal;

b) Institui o Cadastro Ambiental Rural (CAR), como ferramenta de in-formação para a Gestão Territorial Nacional;

c) Possibilita a utilização das APPs (Áreas de Preservação Perma-nente) ocupadas irregularmente, agora denominadas Áreas Con-solidadas;

d) Promove a suspensão de multas ao produtor em troca de sua ade-são ao Programa de Regularização Ambiental (PRA);

e) Altera a largura de recomposição das APPs em função do módulo rural municipal;

f) Propicia a segurança jurídica, diminuindo o contingente de produ-tores à margem da legislação ambiental;

g) Prevê o pagamento por serviços ambientais ligados a atividades produtivas.Essas situações infl uenciam na qualidade e quantidade de água

disponível para consumo humano e geração de energia, com proble-mas de assoreamento e de poluição de corpos hídricos, e contribuem para tragédias como inundações e deslizamentos de encostas e talu-des. Seus impactos extrapolam a questão ambiental, causando pre-juízos para a economia, pela diminuição da produtividade; aumento de emissões de gases de efeito estufa; aumento em custos na área da saúde; gastos em recuperação de estradas, pontes e moradias; e maiores custos para tratamento de água, entre outros.

O Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias relaciona os principais problemas ambientais da área rural identifi cados pela es-trutura técnica do estado:a) Recrudescimento do processo erosivo e consequente aceleração

do esgotamento da fertilidade natural dos solos;b) Sistemas de Plantio Direto com baixa qualidade na maioria das

propriedades, devido principalmente à ausência de rotação de cul-turas;

c) Constante elevação dos níveis de sedimentação e eutrofi zação dos rios e lagos, comprometendo a qualidade da água, principal-mente daquela destinada ao abastecimento público;

d) Ausência ou dimensionamento incorreto de terraços e operações motomecanizadas a favor da pendente;

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e) Estradas rurais em situação crítica de trafegabilidade, principal-mente devido à falta de integração estrada/lavoura sob o enfoque conservacionista;

f) Redução da infi ltração da água no perfi l do solo, em decorrência de sua compactação, acarretando erosão hídrica e redução da dis-ponibilidade de água para as plantas e para o abastecimento dos mananciais;

g) Redução das oportunidades de diversifi cação de atividades na agricultura, devido à escassez de água em quantidade e qualidade;

h) Explorações agropecuárias em áreas incompatíveis com a capaci-dade de uso das terras;

i) Diminuição da cobertura vegetal, ameaçando a conservação da biodiversidade devido à perda de habitats naturais;

j) Redução crescente da biodiversidade e da qualidade ambiental pelo uso inapropriado de agroquímicos, especialmente agrotóxicos e fertilizantes e pela diminuição da cobertura fl orestal;

k) Espaços territoriais em desacordo com a legislação ambiental;l) Crescente degradação do solo e da água pela disposição inade-

quada dos dejetos de animais, lixo, resíduos industriais, esgoto e outros poluentes;

m) Abastecimento de comunidades rurais com água contaminada por agrotóxicos e coliformes fecais;

n) Expansão das áreas urbanas e industriais e concentração de ati-vidades antrópicas em algumas bacias hidrográfi cas, acarretando aumento do impacto sobre os recursos naturais;

o) Indicativo claro de mudanças climáticas, com impactos em regimes de pluviosidade, gerando paradoxalmente escassez de água e en-chentes periódicas;

p) Falta de conhecimento das consequências ambientais das práticas agrícolas e de compreensão da ligação íntima entre economicida-de e qualidade ambiental;

q) Informações defi cientes sobre o uso e a conservação do solo e da água e sobre a gestão do espaço rural num enfoque sistêmico;

r) Perda de capacidade de interferência do Estado no processo de planejamento do uso da terra PARANÁ (2014).

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MATERIAL E MÉTODOS

1 Caracterização da área de trabalho

As lições aprendidas na execução de programas de grande esca-la desenvolvidos no Paraná, (Programas Paraná Rural, 12 Meses e Biodiversidade) mostraram que a microbacia hidrográfi ca é a melhor unidade geográfi ca de planejamento e trabalho, porque permite aos técnicos de campo e aos produtores organizados ter uma visão global da situação ambiental, especialmente no que tange à gestão e conser-vação de solos e água e, em consequência, traçar planos de ação para a solução de problemas ambientais, sociais e econômicos.

Conforme conceitos defi nidos pela SEAB (1992) e Osaki (1994), a microbacia é uma pequena bacia compreendida entre um fundo de vale, que pode ser um rio, riacho, várzea ou sanga (escavação profun-da feita no terreno pelas chuvas ou por correntes de água subterrâ-neas), e os espigões que são os divisores de água, que delimitam os pontos dos quais as águas das chuvas escorrem para o mesmo lugar, que é esse fundo de vale.

Ainda Osaki (1994) defi ne microbacia como uma bacia hidrográfi ca com dimensões de 2.000 a 3.000 ha de área contínua. A microbacia é a melhor unidade de planejamento por se encontrar fi sicamente bem caracterizada, sendo constituída de propriedades agrícolas existentes na área, seus respectivos produtores e suas famílias, além dos equipa-mentos e infraestrutura econômica e social. A estratégia de atuação do projeto defi niu a microbacia hidrográfi ca com área entre 3.000 e 6.000 ha como unidade de planejamento e trabalho.

A microbacia como unidade de planejamento e trabalho permite às instituições, aos técnicos de campo e aos produtores organizados ter uma visão global da situação ambiental, especialmente no que tange à gestão e conservação de solos e água e traçar planos de ação para a solução de problemas ambientais, sociais e econômicos.

A abrangência do Programa Microbacias é o estado do Paraná. Os trabalhos já foram iniciados em 30 microbacias e deverá se esten-der para um universo de 350 Microbacias, localizadas nas áreas de agricultura mais intensiva, com problemas de conservação de solos e água, uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes, mananciais de água e áreas de fragilidade e alta densidade populacional (PARANÁ, 2014).

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2 Material

2.1) Aplicativos de desenvolvimento e análise

a) Software Spring 5.0, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)b) Software livre gvSIGc) Software livre Quantum GISd) Software AutoCAD 2002e) Software ArcView 3.2f) Software ArcGis 9.0g) Software Global Mapper 5.0h) Software Track Maker Pro 4.0i) Planilha eletrônica Excel 2002

2.2) Imagens de Satélite SPOT

As imagens do satélite SPOT ortorretifi cadas, composição colorida nas bandas R(1), G(2), B(3) com resolução espacial de 10 metros e banda pancromática com resolução espacial de 5 metros, obtidas em 2004 e 2005, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), Me-ridiano Central 51º Oeste (Fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum) em formato tiff foram utilizadas para identifi car clas-ses de uso e cobertura da terra.

O uso das imagens de satélite serve de subsídio para identifi car estradas, perímetros urbanos, uso e cobertura da terra, sistema de ma-nejo e práticas conservacionistas, verifi car os rios e nascentes.

Existem vários termos utilizados para defi nir o uso e cobertura da terra em diversas instituições, inclusive no Instituto Emater, tais como: uso e ocupação do solo, uso e cobertura do solo, uso e ocupação da terra, uso da terra, dentre outros. A partir deste trabalho será utiliza-do o termo aplicado pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), uso e cobertura da terra, que indica a distribuição geográfi ca da tipologia de uso, identifi cada por meio de padrões homogêneos da cobertura terrestre e retrata as formas e a dinâmica de ocupação da terra (IBGE, 2013).

2.3) Arquivos vetoriais

a) Divisão política dos municípios do Estado do Paraná (SEMA, 2013)Mapa com as divisas municipais elaborado pela Secretaria de Es-

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tado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA).b) Ottobacias (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)

Arquivo digital em formato shapefi le, escala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011).

Segundo a ANA (2008) e Copel/Aguasparaná (2011), Ottobacia é uma bacia relacionada à rede hídrica através de um código hierárquico sendo que para cada trecho da rede existe uma ottobacia hidrográfi ca associada.c) Rede hídrica (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)

Arquivo digital em formato shapefi le, escala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011).

Segundo a Copel/Aguasparaná (2011), a rede hídrica é um arquivo digital composto dos eixos dos rios, segmentados em trechos, conec-tados por nós e identifi cados por meio de código único e hierárquico obtido através da metodologia adotada pela ANA, segundo o método de Otto Pfafstetter (ANA, 2008). O produto foi ofi cialmente homologado pela ANA e pela Câmara Técnica de Cartografi a e Geoprocessamento do Estado do Paraná (CTCG).d) Base Hidrográfi ca Unifi cada (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)

A base hidrográfi ca unifi cada é a representação cartográfi ca digi-tal dos elementos hidrográfi cos apresentados em um produto contínuo para toda a área do Estado. Arquivo digital em formato shapefi le, es-cala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W.e) Curvas de nível e pontos cotados (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011)

As curvas de nível e pontos cotados foram unidos e compatibiliza-dos para todo o Estado do Paraná com equidistância (distância vertical entre as curvas de nível) de 20 metros. Arquivo digital em formato sha-pefi le, escala 1:50.000, projeção UTM, Datum Horizontal SAD-1969 e Meridiano Central 51º W (COPEL/AGUASPARANÁ, 2011).

Matsushita e Hagemaier (2010) descrevem as curvas de nível como linhas imaginárias do terreno que ligam pontos de mesma altitu-de na superfície do terreno, acima ou abaixo de uma determinada su-perfície da referência, geralmente o nível médio do mar. Os intervalos

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entre curvas devem ser constantes na mesma representação gráfi ca. Os pontos cotados são pontos com cotas que identifi cam os topos de morros ou pontos elevados intermediários entre as curvas de nível.

Segundo Rennó (2003), as curvas de nível são representadas por linhas (abertas ou fechadas) que, por sua vez, são formadas por pon-tos e, a cota a qual ela representa é armazenada como um atributo desta linha.

As curvas de nível e pontos cotados servem de indicativo para ve-torização dos rios, localização de nascentes, delimitação de microba-cias e para correção do mapa de solos, geração de mapas de altime-tria e classes de declividade. Quando sobrepostas e analisadas em conjunto com outros mapas temáticos, as curvas de nível facilitam a visualização do relevo do terreno e a sua relação com os demais temas (MATSUSHITA e HAGEMAIER, 2010).

3 Métodos

A metodologia aplicada possibilita elaborar um conjunto de mapas que permite caracterizar as microbacias com informações da geodiver-sidade e biodiversidade, tais como: classes de declividade, uso atual e cobertura do solo, hidrografi a, pedologia, estrutura viária, pontos críti-cos, confl itos de uso e ocupação do solo e gerar proposições para sua adequação.

O programa Microbacias trabalha com um conjunto de informações que apresenta volume e características específi cas, razão pela qual defi niu-se pelo uso da ferramenta denominada Documentador, elabo-rada e mantida pela Companhia Paranaense de Informática (Celepar) para gerenciar com segurança o tráfego e armazenamento dessas in-formações.

O Documentador é uma ferramenta WEB de suporte à gestão de documentos, que possibilita a centralização, guarda, gerenciamento e disponibilização do acervo de documentos de uma instituição em di-ferentes formatos: texto, imagem, mapa, shape, planilha e banco de dados.

Outros fatores favorecem o uso da ferramenta como padrão na transferência de documentos digitais no programa, como as cópias de segurança (backup), garantia de envio e recebimento da informação (data, responsável), acesso controlado (não público) em vários níveis

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(unidade estadual – unidades regionais; unidades regionais – unidade estadual; unidades regionais – unidades municipais – unidades regio-nais) com níveis de permissões para acesso e gravação (Figura 1).

FIGURA 1 - FLUXO DE INFORMAÇÕES NO PROGRAMA MICROBACIASFonte: Elaborado pelos autores (2014)

O uso do geoprocessamento como ferramenta de apoio à elabora-ção do diagnóstico e plano de ação desenvolve-se em diversas etapas, seguindo os passos constantes no manual operativo do Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias:a) Seleção das microbacias a serem trabalhadas

O Grupo Gestor Regional (GGR) prioriza os municípios a serem trabalhados na região.

A área de geoprocessamento do Instituto Emater encaminha um mapa ottocodifi cado (digital e analógico) de todas as microbacias dos municípios selecionados, originadas do agrupamento de ottobacias para o manejo de solo e água no Paraná (MATSUSHITA et al., 2013).

O Grupo Gestor Municipal (GGM) seleciona a microbacia a ser tra-balhada no município (Figura 2), informando o seu código, o nome, número aproximado de produtores e área da microbacia.

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FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DA MICROBACIAFonte: Elaborado pelos autores (2014)

b) Elaboração e disponibilização de informações básicas georreferen-ciadas

A área de geoprocessamento do Instituto Emater encaminha ao GGR/GGM, através do Documentador, os mapas temáticos (rios, nas-centes, corpos d’água, solos, uso e ocupação do solo, estradas, curvas de nível, pontos cotados, declividade) e imagens de satélite.c) Capacitação das equipes de trabalho

O processo iniciou-se através do levantamento dos softwares livres disponíveis, resultando na seleção do software livre gvSIG em conjunto com demais instituições parceiras no Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias. Esta escolha considerou os seguintes fatores: ser software livre, facilidade em obter informações e assessoria técnica para dirimir dúvidas, uso em instituições importantes como a Universi-dade Federal do Paraná, Embrapa e Sanepar, além da compatibilidade com outros softwares livres e comerciais.

O planejamento para realização dos cursos considerou o preparo

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de material técnico, logística e recursos para deslocamento, hospeda-gem e infraestrutura necessária para a sua execução. Os participantes do Instituto Emater foram selecionados levando-se em consideração os técnicos que tinham perfi l para o trabalho de diagnóstico e plane-jamento, conhecimentos básicos em informática e preferentemente noções de geoprocessamento, além de uma distribuição geográfi ca para que todas as regiões administrativas do Instituto Emater fossem contempladas. As instituições parceiras foram convidadas, fi cando a seu critério a indicação dos técnicos que atendessem os pré-requisitos mínimos.

Os cursos com duração de 24 horas cada um, foram realizados em Curitiba e em sedes de regiões administrativas do Instituto Emater com a participação dos técnicos do Instituto Emater e instituições parceiras da região e em algumas situações agrupando duas ou até três regiões próximas. O conteúdo dos cursos contemplou o uso de GPS e software de geoprocessamento, voltados para a prática na elaboração de diag-nóstico e plano de ação de uma microbacia (Figura 3).

FIGURA 3 - FASES PARA ELABORAÇÃO DO DIAGNÓSTICO E PLANO DE AÇÃOFonte: Elaborado pelos autores (2014)

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d) Elaboração do pré-diagnósticoO GGM recebe e analisa os mapas encaminhados pelo setor de

Geoprocessamento e elabora o pré-diagnóstico e defi ne estratégias e responsabilidades para o levantamento das informações de campo necessárias para a elaboração do diagnóstico e plano de ação.

O pré-diagnóstico serve para subsidiar a consulta pública que é realizada em uma reunião que tem por objetivo apresentar o Programa aos agricultores da microbacia e consultá-los sobre o interesse da im-plementação do Programa.e) Elaboração do diagnóstico técnico

O GGM com apoio dos técnicos referenciais regionais deve apri-morar o pré-diagnóstico através de levantamento de campo com uso de GPS e integração de dados, contemplando a análise de meio físico, passivos ambientais, infraestrutura e características socioambientais.

Os mapas temáticos aprimorados com dados de campo apresen-tam informações do meio físico-biótico, localizando os passivos am-bientais e as intervenções necessárias.f) Diagnóstico participativo da microbacia

O GGM deve realizar uma ofi cina de diagnóstico participativo para obter a visão dos agricultores sobre os principais problemas socioe-conômicos e ambientais, compatibilizando com o diagnóstico técnico. Como produto desta ofi cina deve resultar o diagnóstico consensado (participativo), com uma relação dos principais temas para a elabora-ção do plano de ação.g) Plano de ação - Nível Técnico

O GGM com apoio do GGR deve promover um evento técnico com a participação de talentos e especialistas para propor um plano de ação inovador para a microbacia, considerando as informações obti-das no diagnóstico participativo.h) Plano de ação participativo da microbacia

O GGM deve realizar uma ofi cina para a construção de um plano de ação participativo para consolidar com os agricultores as principais ações a serem desenvolvidas para solucionar os problemas diagnos-ticados.

Esta ofi cina deve identifi car os atores envolvidos e suas responsa-

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bilidades na solução dos problemas levantados, defi nindo as ações, fontes de recursos e o cronograma de execução (época).i) Plano de trabalho

O GGM elabora o plano de trabalho, detalhando ações que serão realizadas, benefi ciários, recursos fi nanceiros e contrapartidas para os apoios individuais e coletivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os trabalhos de diagnóstico e planejamento de microbacias com uso de geoprocessamento foram aprimorados com a qualifi cação dos técnicos com realização de 19 cursos com a participação de 12 Institui-ções, além dos técnicos do Instituto Emater. Destacando-se a participa-ção de técnicos das Prefeituras Municipais, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento - SEAB, Secretaria de Estado da Educação - SEED, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná - Adapar, Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná - Codapar, Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba - Comec, Federação de Agricultura do Estado do Paraná - FAEP, Organizações Não-Governamentais - ONGs, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, Sindicato Patronal, Universidade Estadual do Centro Oeste - Unicentro e Uni-versidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, totalizando 214 participantes que atuam como “Referenciais Regionais e Municipais em Geoprocessamento”.

A capacitação básica possibilitou o aprimoramento para alguns téc-nicos que já atuam nesta área, enquanto representou a aquisição de novos conhecimentos para outros que tiveram o primeiro contato com o geoprocessamento. O resultado do aprendizado fi ca mais evidente quando ocorre uma rápida aplicação do conteúdo estudado, desenvol-vendo todas as etapas (diagnóstico, planejamento e plano de ação) através de um trabalho prático em uma microbacia.

A combinação dos mapas físicos básicos com as informações de levantamento a campo permite aprimorar os diagnósticos e os planos de ação, facilitando a localização e a visualização dos fatores dos pro-blemas e suas soluções.

Esta metodologia está sendo aplicada em 150 microbacias hidro-gráfi cas e, para facilitar a compreensão, serão apresentados os re-

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sultados dos levantamentos realizados na microbacia Manducas no município de Fernandes Pinheiro na região de Irati.

A microbacia Manducas, cadastrada com código de ottobacia nú-mero 844289652, possui uma área de 6.656,30 ha e seu ponto cen-tral está situado nas coordenadas UTM SAD69 Fuso 22 J: Latitude 7.175.572 Sul e longitude 543.759 Oeste.

A microbacia é servida por 53 nascentes e 108 trechos de rios e córregos que perfazem 105.549 metros (Figura 4), havendo necessida-de de recuperação das áreas de preservação permanente (APP). Os córregos encontram-se assoreados em virtude da baixa utilização de técnicas de conservação de solo, tais como falta de terraços, plantio em desnível e plantio direto de forma inadequada.

FIGURA 4 - MAPA DO PERÍMETRO, ESTRADAS E HIDROGRAFIA DA MICROBACIAFonte: Elaborado pelos autores (2013)

As principais estradas encontram-se readequadas e bem conser-vadas, havendo necessidades de melhorias no acesso às proprieda-des e lavouras, além das manutenções quando houver necessidade.

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As estradas rurais são muito utilizadas para o escoamento da produ-ção (leite, frango, soja, feijão, milho, cebola, batata, etc), transporte escolar e coletivo. A trafegabilidade nas estradas principais é boa em qualquer ocasião, mesmo em períodos chuvosos.

Os mapas temáticos com informações do meio físico-biótico, tais como mapa de classes de declividade (Figura 5), mapa de solos (Figu-ra 6), mapa de uso e cobertura da terra (Figura 7) e mapa de pontos críticos (Figura 8) contribuem para aprimorar o diagnóstico, contem-plando as limitações, restrições, aptidões, potencialidades e recomen-dar opções mais adequadas de uso e manejo dos solos. Os dados georreferenciados localizam e identifi cam os passivos ambientais e as intervenções necessárias (Figura 9).

FIGURA 5 - MAPA DE CLASSES DE DECLIVIDADEFonte: Elaborado pelos autores (2013)

O relevo da microbacia apresenta 85,2% da área com classe de declividade até 15%, dos quais 42,5% é plano (até 3% de declividade) e apenas 14,8% da área restante com relevo entre 15 a 100% de de-clividade.

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FIGURA 6 - Mapa de solosFonte: Elaborado pelos autores (2013)

Quanto à ocorrência de solos predominam os Argissolos com au-sência de caráter abrúptico com 63,53% da área total da microbacia, seguido de Cambissolo com 34,72 e Neossolo Litólico 1,75%.

No grupo dos Argissolos da região são encontrados solos pro-fundos, em geral de textura média superfi cialmente e média ou argilosa subsuperfi cialmente, com moderado impedimento à drenagem devido ao horizonte B textural. São, na grande maioria, de baixa fertilidade natural. No entanto podem ser encontrados tanto solos com caráter alítico como solos de melhor fertilidade. A maioria dos solos com o horizonte B textural é fortemente susceptível à erosão, com moderado impedimento à drenagem vertical.

São solos, no geral, de alto potencial agropecuário, entretanto exi-gem intensivo uso de capital e manejo cuidadoso para evitar o proces-so de erosão acelerada. Proposições/recomendações: Devido ao hori-zonte B textural (gradiente textural de B/A > 1,5), deve-se ter especial cuidado no controle à erosão e dar prioridade, sempre que possível,

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aos cultivos perenes em sistema agrofl orestal. Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento, nos declives

de até 25%, são indicados sistemas altamente tecnifi cados, tais como: Sistema Integrado Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistema Plantio Direto (SPD) integrado com intensivas práticas de controle do escorri-mento superfi cial das águas pluviais, adubações para elevar sua fer-tilidade e correção da acidez se necessário. Nas áreas com classe de declive entre 22º a 45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente que a fauna fosse protegida e a fl ora melhorada, tanto pelo enriqueci-mento, quanto pelo adensamento com espécies nativas de valor eco-nômico, as quais devem ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

O horizonte B textural dos Argissolos e pouca profundidade dos Cambissolos e Neossolos tornam estes solos susceptíveis à erosão, necessitando de práticas complementares de conservação de solo (terraceamento, plantio em nível), além do plantio direto já adotado.

No grupo dos Cambissolos da região podem ser encontrados solos com ou sem caráter alumínico em relevo abaixo de 45% (forte ondulado) e em relevo forte ondulado a montanhoso.

São vários os fatores que concorrem para a moderada utilização agrícola dos solos deste grupo, mas o mais importante refere-se à pro-fundidade do solo. São muito susceptíveis à erosão e a possibilidade de mecanização fi ca bastante limitada, devido à ocorrência de áreas em relevo forte ondulado.

Os Cambissolos são solos pouco desenvolvidos, evidenciados pela presença de mais de 4% de minerais primários facilmente intem-perizáveis. Normalmente são associados a áreas de declives acentu-ados, no entanto, podem ocorrer também em áreas de relevos suave ondulados de pendentes curtas.

Os solos desse grupo geralmente são de moderado potencial para explorações agrícolas. No entanto, os de profundidades efetivas infe-riores a 50 cm devem ser utilizados com certa reserva quando sob uso intensivo, sendo imprescindível o uso de práticas conservacionistas intensivas.

Para o uso sustentável desses solos em classes de declive inferio-res a 20% são indicados sistemas tecnifi cados, com integração pecuá-

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ria e fl oresta com pastagem perene, o Sistema Plantio Direto integrado com intensivas práticas de controle à erosão e do escorrimento su-perfi cial das águas pluviais, associadas a adubações para elevar sua fertilidade e correção da acidez do solo.

Para as classes de 20% a 45% recomenda-se o uso sob o siste-ma integrado pecuária-fl oresta bem como fruticultura em agrofl oresta, ambos tecnifi cados e sem revolvimento do solo e com cobertura per-manente.

Em relevo forte ondulado a montanhoso os solos deste grupo apre-sentam forte limitação com relação à sua fertilidade natural, destaca-se a elevada acidez por alumínio trocável (caráter alumínico), responsá-vel pela inibição do desenvolvimento radicular da maioria das culturas. Além disso, são muito susceptíveis à erosão e a possibilidade de me-canização fi ca bastante limitada. São mais indicados para silvicultu-ra, sendo imprescindível a aplicação de insumos e o uso de práticas conservacionistas intensivas. Estes solos não se prestam para uma agricultura rotineira, visto que os teores de alumínio trocável são bas-tante elevados tanto no horizonte A como no (B). Mesmo num sistema de manejo desenvolvido, no qual técnica e capital são empregados em larga escala, sua aptidão é inapta para lavoura. O uso com fruticultura em agrofl oresta, com cobertura permanente é opção viável.

No grupo dos Neossolos Litólicos da região encontram-se os solos que se caracterizam por serem rasos e pouco evoluídos, em ge-ral com menos de 50 cm de espessura com grandes restrições para o desenvolvimento da agricultura e grande susceptibilidade à erosão. É comum ocorrer presença de pedras próximas à superfície. Em eleva-dos declives a mecanização e o controle da erosão tornam a utilização agrícola difícil e dispendiosa. Não se recomenda a utilização agrícola intensiva destes solos devendo ser reservados para preservação per-manente visando recarga dos aquíferos e nascentes. Quando extre-mamente necessário por interesse social local, com restrições e em pequenas áreas descontínuas, podem ser usados com culturas pere-nes em sistema agrofl orestal, fruticultura em agrofl oresta tecnifi cada e sem revolvimento do solo, mantidos permanentemente cobertos.

A metodologia permite realizar análises e obter conclusões, sendo que para o uso sustentável dos solos da microbacia, indicam-se:

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a) áreas com os grupos dos argissolos e dos cambissolos, o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimen-to superfi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclu-sive com a fi xação biológica de nitrogênio;b) áreas com Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para a cobertura das fl orestas degradadas propõe-se o enriquecimento e adensamento com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas median-te técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada;c) As áreas com NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS com caráter léptico podem apresentar produções sustentáveis se explora-das mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica; ed) Áreas com Neossolos Litólicos devem ser reservadas para conser-vação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

O levantamento sobre a cobertura e o uso da terra é de grande utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocu-pação do espaço, sendo instrumento valioso para a construção de in-dicadores ambientais e para a avaliação da capacidade de suporte ambiental, frente aos diferentes manejos empregados na produção, contribuindo assim para identifi car alternativas promotoras do desen-volvimento sustentável.

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FIGURA 7 - MAPA DE USO E COBERTURA DA TERRAFonte: Elaborado pelos autores (2013)

A microbacia apresenta uma boa cobertura com fl orestas nativas (39,81%), acima da média do estado, mesmo assim ainda apresenta rios e nascentes desprotegidos com mata ciliar, havendo necessida-de de recuperação das áreas de preservação permanente (APP). As culturas anuais (grãos) são exploradas em 54,42% da microbacia e apresenta necessidades de melhoria nas técnicas de manejo e con-servação do solo, tais como adequação no sistema de plantio direto, correção no sistema de terraços e plantio em nível. O restante da mi-crobacia apresenta as pastagens cultivadas (5,22%) e área de várzea (0,55%).

A combinação de informações do relevo, solos, áreas de proteção ambiental defi nidas por legislação e uso atual da terra com uso do geoprocessamento permite identifi car e localizar as áreas com restri-ções, potencialidades e recomendar opções mais adequadas de uso e manejo dos solos.

Este conjunto de informações georreferenciadas localiza e iden-tifi ca os principais pontos críticos (Figura 8), e possibilita apresentar alternativas de soluções, buscar as melhores relações custo/benefício

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e defi nir prioridades que resultem na redução dos passivos ambientais (Figura 9).

FIGURA 8 - MAPA DE PONTOS CRÍTICOSFonte: Elaborado pelos autores (2013)

FIGURA 9 - MAPA DE AÇÕES INDIVIDUAIS E COMUNITÁRIASFonte: Elaborado pelos autores (2013)

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As ações grupais motivam a participação comunitária, e como exemplo de resultado prático na microbacia Manducas, com envolvi-mento de 100% dos agricultores, a comunidade mobilizou-se para a instalação do Sistema de Abastecimento de Água tipo II, prática pre-vista no plano de trabalho dessa microbacia.

A organização prevê um acordo entre a Comunidade, Prefeitura Municipal e Estado, com suas devidas responsabilidades na implan-tação desse Sistema, sendo deliberadas e consensadas as seguintes responsabilidades:- Prefeitura Municipal: fornecimento do material para a distribuição

de água (canos), bem como a abertura de valetas para a instala-ção da rede principal;

- Produtores: participar com mão de obra para implantação do sis-tema, instalação das redes adutoras e redes de distribuição até as residências, com ligações prediais e respectivos ramais. Com-plementar as quantidades excedentes ao previsto no módulo bá-sico do programa. Gerir o sistema de abastecimento, através da quotização das despesas mensais de energia elétrica e demais encargos de manutenção, administrados através de um regimento interno para garantir o funcionamento do sistema.

- Estado: fornecer um Sistema de Abastecimento de Água tipo II pre-visto no programa.

As ações individuais e coletivas priorizadas e consensadas com o grupo de agricultores da microbacia permitem encontrar soluções con-juntas para melhoria das condições econômicas, sociais e ambientais da microbacia.

CONCLUSÕES

A metodologia com apoio dos recursos de geoprocessamento, jun-tamente com visitas a campo, possibilita a elaboração de diagnóstico e planejamento de microbacias, caracterizando os solos, permitindo inferir sobre: limitações, restrições, aptidão, potencial e recomendar opções mais adequadas de uso e manejo.

A metodologia ainda permite visualizar a implantação de outras ações relacionadas às atividades agropecuárias, estradas rurais, desti-nação correta de embalagens e agrotóxicos obsoletos, manejo integra-

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do de pragas e invasoras, uso apropriado e controlado de agrotóxicos, destinação adequada de dejetos, emprego correto de adubos orgâni-cos e minerais, recuperação da cobertura fl orestal nas áreas de recar-ga de mananciais d’água, proteção de fontes, implantação de sistemas de abastecimento de água comunitários e recomposição da cobertura fl orestal nas áreas de preservação permanente (APP).

Finalmente, contribui com a gestão integrada dos recursos naturais solo, água e biodiversidade em microbacias, para uma agricultura sus-tentável (ambiental, social, econômica) com melhor qualidade de vida das populações rural e urbana da microbacia e do município.

REFERÊNCIAS

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MATSUSHITA, M.S.; ÂNGELO, A.R.; ROCHA, R.T.O.; SANTOS, L.M. F. e BERTOL, O.J. Agrupamento de Ottobacias para o manejo de solo e água no Paraná: contribuição da extensão rural. Curitiba: Instituto Emater, 2013 (Série Informação Técnica, 087).

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OSAKI, F. Microbacias - Práticas de conservação de solos. Curitiba: Câmara brasileira do livro, 1994.

PARANÁ. Projeto Multissetorial para o Desenvolvimento do Paraná. Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias - Manual Operativo do Projeto. Curitiba: SEPL/SEAB, 2014. 178 p.

RENNÓ, C.D. Construção de um sistema de análise e simulação hidrológica: aplicação a bacias hidrográfi cas. São José dos Cam-pos: INPE, 2003. 158p. - (INPE - 10437-TDI/925).

SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECI-MENTO DO PARANÁ-SEAB. Manual operativo de fundo de manejo e conservação dos solos e controle da poluição. 4. versão. Curitiba: SEAB, 1992. 96 p.

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CAPÍTULO VIIICAPÍTULO VIIICAPÍTULO VIIIGESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS

NA REGIÃO DE PATO BRANCO Rosane Dalpiva Bragatto1 Herivelto Holowka2

Marcia de Andrade3 Edivan Jose Possamai4 Jose Antonio Nunes Vieira5

1 Engenheira Agrônoma, Mestre em Desenvolvimento Regional, Instituto Emater, Sauda- de do Iguaçu, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil [email protected] Economista Domestico, Instituto Emater, Chopinzinho, Paraná, Brasil [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia Produção Vegetal, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil - [email protected] Médico Veterinário, Instituto Emater, Pato Branco, Paraná, Brasil [email protected]

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INTRODUÇÃO

As informações e os indicadores do geoprocessamento foram usa-dos na Região de Pato Branco na execução do Programa de Gestão de Solos, Águas em Microbacias Hidrográfi cas, no processo de Gestão de Propriedades e na Ação de Abastecimento de Água, fornecendo o embasamento necessário para realização de diagnóstico preciso e a elaboração de planejamento adequado.

O uso das ferramentas no processo de Gestão das Propriedades Rurais na região de Pato Branco dá suporte à tomada de decisão para a equipe de gestão de propriedades e para os agricultores participan-tes do processo. O uso do geoprocessamento, com a espacialização do banco de dados e elaboração de mapas para análises específi cas, fornecerá indicadores e informações precisas, oportunas e acessíveis, facilitando e proporcionando a realização de uma administração efi -ciente e efi caz da empresa rural. Permite, ainda, gerir visualmente o desempenho das propriedades de gestão, proporcionando indicadores e informações que auxiliem os técnicos no diagnóstico e no assesso-ramento aos produtores rurais no processo de gestão da propriedade rural, na busca de melhores resultados:- Fornecendo informações internas e externas à propriedade rural,

necessárias ao processo de gestão;- Realizando diagnóstico e planejamento de microbacias, municípios

e região; - Identifi cando os municípios pertencentes à região de Pato Branco

e das microbacias hidrográfi cas a serem trabalhadas no Projeto de Gestão de Solos, Águas e Biodiversidade em Microbacias Hidro-gráfi cas;

- Mapeando as propriedades e as áreas produtivas das proprieda-des do processo de gestão;

- Elaborando indicadores, que auxiliem no processo de tomada de decisão;

- Efetuando análise individual e grupal fornecendo indicadores, que auxiliem na gestão da propriedade rural;

- Localizando e identifi cando as nascentes protegidas, no processo de gestão das águas;

- Espacializando as áreas produtivas para o processo de agricultura de precisão.

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Geoprocessamento

O Geoprocessamento é a tecnologia que abrange o conjunto de procedimentos de aquisição, armazenamento, recuperação, manipu-lação, análises e distribuição de dados espacialmente referenciados. Enquanto conceito, para Câmara (1995), geoprocessamento constitui-se em importante ferramenta de suporte à decisão. Sendo um Sistema de Informações Geográfi cas (SIG), pode ser defi nido como um sistema computacional dotado de ferramentas para manipulação, transforma-ção, armazenamento, visualização, análise e modelagem de dados ge-orreferenciados, voltados para a produção de informação.

Considerados como uma das principais ferramentas do geopro-cessamento, os SIGs permitem a obtenção qualitativa e quantitativa de dados computacionais geográfi cos possibilitando a gestão dos re-cursos e aplicação de técnicas otimizadas baseadas em diagnósticos georreferenciados (CAVALLARI, 2014).

O geoprocessamento associado às técnicas atuais de mapeamen-to (topografi a convencional, utilização de fotografi as aéreas, imagens de satélite, GPS - Sistema de Posicionamento Global por Satélite - bem como outras formas de aquisição de dados), torna possível a obtenção de mapas temáticos e a quantifi cação de áreas, como por exemplo: áreas de preservação permanente, agricultura, pastagem, fruticultura, áreas sujeitas a alagamento, recursos hídricos, áreas erodidas ou em processos, comprimento de estradas e cercas, áreas degradadas, es-trutura fundiária, bem como outras formas de utilização.

Assim os SIGs servem para localizar esses dados no espaço, e para representar a relação espacial entre eles (CAMARA, 1995). A seguir, alguns exemplos dessas relações: Meio Ambiente: controle de queimadas; estudos de modifi cações climáticas; acompanhamento de emissão e ação de poluentes; gerenciamento fl orestal de desmatamen-to e refl orestamento. Atividades Econômicas: planejamento de marke-ting; pesquisas socioeconômicas; distribuição de produtos e serviços; transporte de matéria-prima. Câmara e Medeiros (1996) classifi cam as aplicações em: Socioeconômicas - envolvendo o uso da terra, seres humanos e a infraestrutura existente; Ambientais - enfocando o meio ambiente e o uso dos recursos naturais; Gerenciamento - envolvendo a realização de estudos e projeções que determinam onde e como

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alocar recursos para remediar problemas ou garantir a preservação de determinadas características.

É evidente a diversidade de aplicações de SIGs, contudo, as apli-cações principais desenvolvidas neste trabalho se encaixam perfeita-mente na classifi cação citada por Câmara (1996), tratando das Ativida-des Econômicas que envolvem os subitens Socioeconômicos, no que se refere ao uso da terra, levantamentos sobre população e qualidade de vida e infraestrutura; no contexto ambiental focalizando a utilização dos recursos naturais do município e por fi m no gerenciamento, na re-alização de projeções de como tratar e buscar soluções de problemas ou garantir a preservação de determinadas características.

Microbacia hidrográfi ca

O termo microbacia hidrográfi ca diz respeito a uma área delimitada do terreno para onde convergem todos os declives, isto é, para onde convergem as águas de uma determinada região. É uma área geográ-fi ca compreendida entre um fundo de vale, que pode ser o canal de um rio, sanga ou córrego, e os espigões, que são os divisores de água, ou seja, linhas que delimitam os pontos a partir dos quais as águas da chuva escorrem. Na prática as microbacias têm início na nascente dos pequenos cursos de água e à medida que a água segue seu curso vai se unindo a outras, formando as bacias hidrográfi cas (OSAKI, 1994).

As microbacias hidrográfi cas são consideradas unidades naturais de planejamento agrícola e ambiental, nas quais podem ser implanta-dos padrões técnicos de uso e manejo integrado de solos e recursos hídricos, bem como, em decorrência da riqueza de informações que podem ser levantadas, constituírem instrumentos de interesse científi -co. Considerada a “melhor unidade de planejamento por se encontrar fi sicamente bem caracterizada e também porque toda a área de ter-ra (fração) por menor que seja sempre se integra a uma microbacia” (OSAKI, 1994, p.555). Portanto, desde a nascente até a foz, um curso de água está sujeito as alterações antrópicas no que diz respeito às mudanças qualitativas e quantitativas das águas.

A aplicação do SIG aliada a um conjunto de procedimentos me-todológicos possibilita localizar e identifi car as características físicas da área de estudo. Ao considerar uma área geográfi ca de uma micro-bacia hidrográfi ca como a área de estudo no universo do mundo real

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encontra-se nos fenômenos a serem representados (CÂMARA, 2001), e as informações de interesse como, cadastro urbano e rural, dados geofísicos, topográfi cos e tipos de solo, seu uso e ocupação podem ser agrupados, analisados e sobrepostos para esta unidade dos dados espaciais, garantindo o acesso efi ciente e rápido ao usuário das infor-mações por ele gerenciadas.

Gestão de propriedades

A propriedade rural deve ser vista e administrada como uma em-presa. Qualquer propriedade precisa dar retorno para garantir a sobre-vivência e a prosperidade.

Sendo assim, a gestão de propriedades rurais tem como desafi os a melhoria dos resultados socioeconômicos, fi nanceiros e ambientais. Estes resultados são consequência da conscientização de uma visão de longo prazo e de sustentabilidade em detrimento da visão imedia-tista.

Das várias atividades desenvolvidas pelos gestores das propriedadesagrícolas estão as do processo decisório. São estas que defi nem o su-cesso ou não de um estabelecimento. A propriedade física e todas as atividades nela inseridas apresentarão um desempenho, fruto de deci-sões de seus gestores. Ter um processo decisório competitivo é uma segurança para garantir a sustentabilidade de uma propriedade rural.

Dentre as decisões destacam-se: planejamento de tarefas de cam-po; seleção de máquinas e equipamentos; gestão do processo de com-pra, manutenção e substituição de máquinas e equipamentos; seleção da cultura; segurança das pessoas sob a responsabilidade do gestor; análise de custos; gestão da responsabilidade social da propriedade. Além disso, em suas decisões, na avaliação de sistemas de produção deve-se avaliar o risco que determinada tecnologia possa propiciar aos agricultores (SANTOS et al., 2002).

O melhor uso do solo depende da disponibilidade e habilidade do proprietário em usá-lo adequadamente e o manejo sustentado dos agroecosistemas passa pelo planejamento de uso dos mesmos na abordagem da complexidade ambiental, avaliando os problemas e le-vando em conta seus diversos aspectos, que são interdependentes.

Dentre os fatores internos, aqueles localizados geografi camente dentro da unidade de produção e/ou que são de propriedade rural, usados no geoprocessamento estão os recursos naturais processados

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no geoprocessamento: fertilidade do solo; tipo de solo; área disponí-vel; quantidade de chuva; temperatura do ar; disponibilidade de água; topografi a (relevo).

O SIG também pode produzir confronto de cenários por meio de simulação elaborada, pois tem capacidade de comparar séries de da-dos temporais, pela sobreposição de imagens ou mapas de diferentes datas (SANTOS, 2004). Tem poder de previsão e estrutura o problema e suas consequências, simplifi ca a realidade e pode adotar conceitos subjetivos, fornecendo ao planejador instrumentos de análise pela in-terpretação das mudanças ocorridas no uso do solo, pela possibilidade de analisar dados georreferenciados e convencionais, tendo como re-sultados mapas e relatórios que irão apoiar o processo de tomada de decisão.

Abastecimento d’água

A água destinada ao consumo humano considerada segura é aquela cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radio-ativos atendem aos padrões de potabilidade e não oferecem riscos à saúde. No Brasil esses padrões são regulamentados pela portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde (2012). Quanto aos parâmetros mi-crobiológicos, determina que para a água ser potável, isto é, poder ser consumida sem causar riscos à saúde de pessoas e animais, ela não deve apresentar coliformes termotolerantes, também conhecidos como coliformes fecais.

Na maioria das propriedades rurais dos agricultores familiares na região de Pato Branco, a água consumida é proveniente de nascentes ou poços escavados, cuja origem é do lençol freático. Essa água pode estar contaminada por não haver uma proteção adequada ou em con-sequência da contaminação do lençol freático, que pode acontecer por dejetos de animais, esgotos a céu aberto, cemitérios, lixões, fossas negras (buracos feitos na terra cheios de pedras ou não, nos quais é jogado, sem tratamento prévio, o esgoto do banheiro).

Com base nos resultados de análise de água de nascentes de sis-temas alternativos individuais do meio rural obtidos no ano de 2011 pela 7ª Regional de Saúde do Paraná1, em torno de 60% das amostras

1 Dados não publicados

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analisadas apresentaram contaminação por coliformes termotoleran-tes, indicando água imprópria para o consumo. Nesse caso é neces-sário fazer o tratamento da água, sendo que a cloração é o processo mais utilizado, por ser um método simples, de baixo custo e efi ciente.

Por meio de acompanhamento realizado em propriedades rurais de agricultores familiares assistidos pelo Instituto Emater, estima-se que grande parte das nascentes usadas não possuem proteção ade-quada, fi cando expostas a enxurradas, partículas de solo, restos vege-tais e ejeções de animais.

Além dos prejuízos à saúde da população rural, a água contami-nada também pode causar perdas econômicas, principalmente nas unidades produtoras de leite, ao ser utilizada na higienização dos te-tos das vacas e nos equipamentos de ordenha. Segundo Otenio et al. (2010), da Embrapa Gado de Leite, a qualidade da água na atividade leiteira tem sido determinante na obtenção de melhores resultados, pois interfere na qualidade do leite, auxiliando na redução da conta-gem bacteriana, deixando de ser veículo de contaminação durante a ordenha e conservação do leite ordenhado. A água contaminada pode ter bactérias que causam mastite e que contaminam o leite, podendo provocar acidez.

Em análise dos fatos, a adoção do SIG pode contribuir para identifi -car espacialmente, através da confecção de mapas temáticos, a forma de ocupação das terras, observando os aspectos legais, localizando as nascentes, para o planejamento sustentável, considerando a atividade antrópica, as áreas e focos de contaminação. Neste contexto a utiliza-ção do SIG é fundamental para uma rápida e precisa interpretação das informações físico-espaciais, pois permitem a geração de bancos de dados temporais, que atuam como base para cruzamentos e ajustes do grande número de informações.

MATERIAL E MÉTODOS

A estrutura empregada no geoprocessamento seguiu parâmetros de dimensão territorial espacializada a qual abrangeu os municípios da Região de Pato Branco, localizada no Sudoeste do Paraná, tendo sido realizado no período de 2010 a 2013.

Para a realização do trabalho fez-se necessário o levantamento

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207

das informações acerca dos elementos existentes nas microbacias e nas propriedades. Foi feita a aquisição das informações do banco de dados, imagens de satélite e coordenadas geográfi cas a campo com aparelho GPS.

Na primeira etapa foi realizado o planejamento, momento em que se idealizou o tema, tendo sido necessário então realizar as escolhas acerca de métodos e objetivos buscados. Sabendo o que realmente in-teressaria para balizar a qualidade de levantamento em campo e quais elementos seriam levantados, materiais utilizados entre hardware e software também foram apontados nesta fase.

O Trabalho de campo na segunda etapa consistiu em realizar o levantamento dos dados das microbacias e propriedades estudadas. Dados geográfi cos e dados visuais levantados com informações quali-tativas e quantitativas.

Na terceira etapa do geoprocessamento foram criados mapas de-talhados para realçar apresentações, revelando padrões e tendências nas informações, que de outro modo seriam difíceis de serem visua-lizadas em tabelas e gráfi cos. Realizadas análises das informações, entendendo melhor os dados levantados e seus potenciais. Gerencia-mento ativo baseado nas informações geográfi cas, das microbacias, propriedades rurais e nascentes.

E por fi m foi realizado diagnóstico da situação atual proposta de adequação para embasamento do planejamento das ações a serem realizadas.

Métodos

As microbacias hidrográfi cas (ottobacias) trabalhadas foram defi -nidas através de arquivos georreferenciados e ortorretifi cados, forne-cidas pela equipe de Geoprocessamento do Instituto Emater, Unidade Estadual.

O uso do solo, as áreas produtivas, bem como a localização das nascentes foram vetorizados a partir dos mapas analógicos das pro-priedades, imagens de satélite, imagens do Google Earth e levanta-mento a campo com GPS de navegação.

Para a caracterização de cada propriedade foi seguida a seguinte sequência: no ambiente ArcMap e QGis, foram delimitados os polígo-nos do perímetro da área total de cada propriedade. Em seguida, estes

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208

foram divididos nos diferentes tipos de uso do solo, com base no levan-tamento de campo e nas imagens de satélite.

Estabelecidos os polígonos foi realizada a denominação e quantifi -cação dos diferentes usos.

As nascentes identifi cadas a campo com uso de GPS de navega-ção, e os dados foram processados no ambiente ArcMap e QGis. A partir dos pontos levantados elaborou-se tabela com dados de cada nascente: a localização, o nome do proprietário e o resultado da análi-se biológica da água.

Materiais

- Carta de Solos do Estado do Paraná, Folha SG.22-Y-A - MIR – 516, E:1:250.000 em formato digital, de autoria de Santos et al (2008).

- Imagem do Satélite SPOT5 do sensor HRG de alta resolução geo-métrica de 26 de maio de 2005, cedidas pelo Instituto Emater me-diante termo de compromisso.

- Imagem do satélite GeoEye do programa Google Earth 6.0.3.2197 (2011) de diversas épocas, de acordo com cada quadrante geográ-fi co analisado.

- Mapas analógicos de propriedades rurais. - Aparelho GPS Garmin 76 csx manual.- Microsot Offi ce Word 2010 e Microsot Offi ce Excel 2010, produzi-

dos pela MICROSOFT (2010).- TrackMaker professional versão 4.8, produzido por Odilon Ferreira

Junior.- ARCMap 9.0, produzido pela ESRI (2006). - QGis 2.0.1 Dufour, Sistema de Informação Geográfi ca livre e aber-

to.- Google Earth 6.0.3.2197 desenvolvido e distribuído pela empresa

americana Google (2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são apresentados os resultados obtidos nas ações realiza-das na execução do Programa de Gestão de Solo e Água em Microba-cias Hidrográfi cas, no processo de Gestão de Propriedades e na Ação de Abastecimento de Água.

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Área de Estudos

A mesorregião Sudoeste Paranaense está localizada no Terceiro Planalto Paranaense e abrange uma área de 1.163.842,64 hectares, que corresponde a cerca de 6% do território estadual. Esta região faz fronteira a oeste com a República da Argentina, ao sul com o Estado de Santa Catarina e ao norte, pelo rio Iguaçu, limita-se com terra do Estado do Paraná. É constituída por 42 municípios, dos quais se des-taca Pato Branco (Figura 1), em função de sua dimensão populacional e níveis de polarização (IPARDES, 2004).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE PATO BRANCOFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Microbacias Hidrográfi cas

O Estado do Paraná, através da Secretaria de Estado da Agricultu-ra e do Abastecimento (SEAB), do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e demais parceiros, está imple-

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210

mentando o Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacia Hidro-gráfi ca, cujo objetivo é recuperar e manter a capacidade produtiva dos recursos naturais, com base na gestão de Microbacias Hidrográfi cas, com previsão de atuar junto a 400 microbacias até o ano de 2015 em todos os municípios do Paraná.

Dentro do programa, há a ação de “Harmonização da Produção Agropecuária e da Conservação de Recursos Naturais”, voltada para uma ação direta junto ao público das microbacias, promovendo o pla-nejamento participativo da paisagem e a elaboração de planos de con-servação e uso do solo, água e biodiversidade, tendo como estratégias técnicas a produção e proteção de água, bem como aumento da bio-diversidade.

O trabalho estruturou-se basicamente na realização de consulta pública junto à população da microbacia visando verifi car o interesse em participar do programa, realização de diagnóstico, uso e ocupação do solo e informações socioeconômicas, elaboração de plano de ação acordado com o público das microbacias e implementação das práticas propostas e consensadas.

A análise em Microbacias Hidrográfi cas (Figura 2) foi realizada em 8 microbacias localizadas nos municípios de Mariópolis, Pato Branco, Coronel Vivida, Vitorino, Itapejara d`Oeste, Bom Sucesso do Sul, São João e Saudade do Iguaçu, na Região de Pato Branco, situada na re-gião Sudoeste do Estado de Paraná.

Com base no diagnóstico de cada microbacia e nos principais passivos ambientais identifi cados e de consenso com os produtores, e objetivando constituir um processo gradual de mudanças nos agro-ecossistemas, que leve ao desenvolvimento de sistemas de agricultu-ras mais sustentáveis, as linhas gerais de trabalho propostas foram: a) Melhoria do sistema plantio direto, com ações de manejo da fertilidade do solo, uso racional de fertilizantes, manejo da palhada, rotação de culturas, plantio em nível, práticas mecânicas em pontos críticos (terra-ceamento e afi ns), entre outras, visando evitar perdas de solos e águas do sistema, bem como manter e/ou aumentar a capacidade produtiva dos solos; b) Melhoria do sistema de integração lavoura-pecuária, com ações de manejo das pastagens anuais, manejo de cobertura do solo, manejo de animais, entre outras, visando reduzir os impactos sobre o solo; c) Melhoria no manejo de pastagens, com ações de manejo da

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fertilidade do solo, manejo de resíduo de palhada em áreas de integra-ção lavoura-pecuária, recuperação de pastagens degradadas, visando o aumento da capacidade produtiva e de lotação das pastagens;

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO E PERÍMETRO DAS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS DA REGIÃO DE PATO BRANCO, COM DESTAQUE PARA AS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS TRABALHADAS NO PROGRAMA DE GESTÃO DE SOLOS E ÁGUAS EM MICROBACIASFonte. Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

d) Melhoria na destinação e uso dos dejetos animais, como forma de evitar a contaminação ambiental e aproveitamento como fertilizante; e) Melhoria e/ou ampliação nos sistemas de rede de distribuição de águas de poços artesianos, visando o fornecimento de água potável para as famílias nos períodos de escassez devido a estiagens; f) Construção de proteção de nascente em solo cimento e tubo de concreto, visando a melhoria da qualidade da água utilizada pelas famílias e na proprie-dade; g) Realização de análises de água, para certifi car-se sobre a qualidade da água que abastece as propriedades rurais atendidas; h) Realização de tratamento de água por meio de cloração, observando

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recomendações do Ministério da Saúde, visando o uso de água de qualidade pelas famílias e na propriedade; i) Implantação de fossas sépticas biodigestoras, que garantem um tratamento dos resíduos sa-nitários, diminuindo a poluição ambiental; j) Orientar quanto à com-patibilização dos sistemas produtivos existentes com a preservação ambiental, a fi m de promover o saneamento ambiental das proprieda-des; l) Orientação e estímulo na implantação, recuperação e proteção das áreas de preservação permanente. O plantio de espécies fl orestais nativas e/ou a regeneração natural da fl oresta permitirão o aumento da biodiversidade local com a maior disponibilidade de alimentação e abrigo para a fauna. A regularização da vazão, a estabilização das margens e a redução dos efeitos das enxurradas também são função da fl oresta, mantendo o equilíbrio ambiental na zona ripária e a manu-tenção da qualidade da água disponível; m) Promoção da conectivi-dade entre os fragmentos fl orestais existentes, visando a recuperação e conservação da biodiversidade. A formação dos corredores de bio-diversidade é fundamental para unir os fragmentos de fl oresta ripária, permitindo assim a migração gênica. Desse modo, animais silvestres e espécies fl orestais que antes se encontravam confi nadas em determi-nado fragmento, ali vivendo, reproduzindo e criando uma endogamia da espécie, poderão migrar para outros locais e formar novas famílias; n) Readequação de estradas rurais e integração com lavouras.

Os trabalhos foram realizados em 8 microbacias e a seguir são apresentados os resultados da Microbacia Rio Bonito exemplifi cando o processo.

Conforme mostra a Figura 3, as áreas de relevo ondulado (>8% a <20% de declive) se distribuem em 65,7% da área total. O relevo forte ondulado representa 7,1% da área, enquanto área com relevo monta-nhoso não se observa na microbacia.

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FIGURA 3 - FASES DE RELEVO PRESENTES NA MICROBACIA DO RIO BONITO, CONFORME CLASSIFICAÇÃO DA EMBRAPA (2006)Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

O Rio Bonito, com largura do leito menor que 10 metros, tem uma extensão total dos canais de drenagem de 1ª, 2ª e 3ª ordem de 58,88 km (Figura 4) e com a presença de 75 nascentes de águas.

Na Figura 5 encontra-se o mapa de ocorrência dos solos da mi-crobacia do Rio Bonito. A quantifi cação em hectares e percentual é apresentada na Tabela 5, indicando que em 1,7% da área ocorre a presença de Neossolo Regolítico Distrófi co, em 36,9% da área ocor-re Nitossolo Vermelho Distroférrico típico e em 46,2% da área ocorre Latossolo Vermelho Distroférrico. Ainda em áreas de ocorrência de Neossolos, verifi cou-se a presença de pequenas áreas de CAMBIS-SOLOS e NITOSSOLOS em associação, porém com a dominância dos NEOSSOLOS. Para fi ns de classifi cação de unidades de paisagens, apresentada posteriormente, optou-se pelo uso da classe de solos pre-dominante em cada área.

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FIGURA 4 - MAPA HIDROGRÁFICO E ORDEM HIERÁRQUICA DOS CANAIS DE DRENAGEM DO RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 5 - MAPA DE SOLOS E HIDROGRAFIA DA MICROBACIA DO RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

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A classifi cação de segundo, terceiro e quarto nível das classes de solos foi feita a partir da indicação do mapa de solos da Embrapa (2006), ou seja, por aproximação com padrões regionais, tendo em vista que não foram realizadas as análises pormenorizadas das dife-rentes camadas de solos.

O levantamento do uso das terras baseado nas imagens de saté-lites evidenciou os seguintes usos: áreas urbanizadas, fl orestas nati-vas, capoeiras/pousio, culturas anuais, pastagens cultivadas, cultivos fl orestais e corpos d´agua, conforme dados apresentados na Tabela 1 e Figura 6.

Tabela 1 - Distribuição do uso da terra da microbacia Rio Bonito

Uso Atual Área (ha) Área (%)

Culturas anuais 2.634,10 75,3

Florestas nativas 632,71 18,1

Pastagens cultivadas 147,65 4,2

Cultivos fl orestais 2,35 0,1

Áreas urbanizadas 52,07 1,5

Capoeiras/pousio 18,62 0,5

Corpos d'agua 9,96 0,3

TOTAL 3.497,46 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

A maior parte da área da microbacia é ocupada por lavouras, re-presentando 75,3% da área total, seguida pelas fl orestas nativas com 18,1%, e por pastagem cultivada com 4,2%. Há a presença de cultivos fl orestais com 0,1%, e as demais áreas ocupam os 2,3% restantes da área.

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FIGURA 6 - MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO DA MICROBACIA RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Observa-se na Figura 7 que a UP1, UP2 e UP3 correspondem a 12,9%, 42,5% e 27,7% respectivamente, e somados chegam a 83,1% da área total. Nestas três classes de UP enquadram-se as áreas em que é possível o desenvolvimento de lavouras anuais, podendo haver algumas restrições, porém, com boa aptidão para culturas permanen-tes e para silvicultura. Já as UP4, UP5 e UP6 somadas correspondem a 16,9% da área total, nas quais as lavouras anuais possuem restri-ção para uso ou mesmo enquadram-se como inaptas. Nestas, ainda, a aptidão é regular para silvicultura e regular ou restrita para culturas permanentes.

A estrutura viária da microbacia (Figura 8) é composta por 59,32 km de estradas municipais/vicinais. Destas, 2,9 km de revestimento asfáltico, 13,8 km com revestimento de pedras irregulares, e 42,62 km com revestimento primário (cascalho).

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FIGURA 7 - MAPA DE UNIDADES DE PAISAGEM E HIDROGRAFIA DA MICROBACIA RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 8 - ESTRUTURA VIÁRIA DA MICROBACIA DO RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

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Conforme os dados da Tabela 2 existem 349,47 ha de áreas que deveriam ser preservadas permanentemente, de acordo com Lei Fede-ral 4771/65. Destas, 60,22% já estão preservadas e 39,78% precisam ser recuperadas, o que corresponde a 139,05 ha. Destes, conforme Figura 9, as áreas de APP a recuperar, 66% estão ocupadas atualmen-te com culturas anuais e 26% com pastagens cultivadas.

Tabela 2 - Distribuição e situação das áreas de preservação permanen-te (APP) da Microbacia do Rio Bonito

Situação Área (ha) Área (%)Existente 209,97 60,22A recuperar 139,05 39,78

Total 349,47 100,00

Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

FIGURA 9 - MAPA DE COBERTURA FLORESTAL EXISTENTE E DE ÁREAS A RECOMPOR NA MICROBACIA RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

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Na Figura 10 são apresentados os principais pontos críticos am-bientais verifi cados na Microbacia do Rio Bonito.

FIGURA 10 - PRINCIPAIS PONTOS CRÍTICOS AMBIENTAIS DA MICROBA-CIA DO RIO BONITOFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Observa-se com base na Tabela 4 que há áreas de lavouras anuais em unidades de paisagem sem aptidão ou mesmo restrição para tais usos, o que demanda cuidados especiais em relação ao manejo dos solos.

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Tabela 4 - Tipo do solo, uso atual do solo e capacidade de uso das áre-as manejadas (cultivos fl orestais, culturas anuais de grãos e culturas permanentes) na Microbacia do Rio Bonito

Classifi cação do Solo

Área(ha) % do total Uso Atual

Capacidade de Usodo Solo

ÁreaUnidade dePaisagem2

NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co

59,71 1,7%

Cultivos fl orestais 0,51 UP4Cultivos fl orestais 1,22 UP5Cultivos fl orestais 0,62 UP6Culturas anuais (grãos) 49,79 UP4Culturas anuais (grãos) 106,90 UP5Culturas anuais (grãos) 107,71 UP6Pastagens cultivadas 23,23 UP4Pastagens cultivadas 21,65 UP5Pastagens cultivadas 16,35 UP6

NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico

1290,91 36,9%

Cultivos fl orestais 0 UP2Cultivos fl orestais 0 UP3Culturas anuais (grãos) 209,56 UP2Culturas anuais (grãos) 751,35 UP3Pastagens cultivadas 20,65 UP2Pastagens cultivadas 51,59 UP3

LATOSSOLO VERMELHO Distróférrico

1615,84 46,2%

Cultivos fl orestais 0 UP1Cultivos fl orestais 0 UP2Culturas anuais (grãos) 392,28 UP1Culturas anuais (grãos) 1016,41 UP2Pastagens cultivadas 4,81 UP1Pastagens cultivadas 9,39 UP2

Fonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo

A partir do cruzamento das informações pelo geoprocessamento, a análise conjunta dos dados sobre ocupação atual, manejo adotado nossolos e as aptidões dos solos observam-se as seguintes situações: a) Háa adoção do plantio direto nas áreas de lavouras, porém, com proble-mas em relação a sua qualidade em função da não adoção de práticas complementares e a simples semeadura direta; b) Adoção do plantio direto em áreas que possuem restrição de aptidão para lavouras, ocor-rendo problemas relacionados ao manejo da água e erosão do solo.

Além do uso do solo com o cultivo de grãos, a ocupação com áreas de preservação ambiental e reserva legal perfaz um total de 18% da

2 Para maior informação sobre as Unidades de Paisagem e as aptidões das áreas, ver Anexo 01.

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área da microbacia. Outro uso é a destinação para forrageamento dos animais, com o cultivo de pastagens permanentes ou mesmo como potreiros, que somados correspondem por 4,22% da área. As lavouras permanentes, compostas principalmente pelo cultivo de pinus, euca-liptos e de frutíferas em geral, compõem 0,6% da área da microbacia.

A partir do diagnóstico espacializado em cada microbacia hidro-gráfi ca, conforme exemplifi cado na microbacia Rio Bonito (Figuras 3 a 10) e das ações elencadas anteriormente, foi estabelecido o seguinte cronograma de trabalho: a) Defi nição dos produtores benefi ciados, le-vando em consideração o interesse em participar das atividades do programa e das propostas consensadas. Além disso, há a participa-ção do Grupo Gestor Municipal (GGM) na defi nição das famílias a se-rem benefi ciadas; b) Visitas às famílias defi nidas, para levantamento e quantifi cação das ações a serem executadas dentro das linhas gerais defi nidas, podendo ocorrer a defi nição de uma ou mais ações dentro de cada propriedade, e não coincidente entre outras propriedades; c) Realização do diagnóstico e plano de ação participativo; d) Aprova-ção do diagnóstico e plano de ação participativo consensado com os agricultores da microbacia, posteriormente aprovação no Grupo Gestor Municipal e Regional; e) Elaboração do plano de aplicação dos recur-sos individualmente e grupal, com os devidos termos de compromisso com os produtores; f) Solicitação de recursos fi nanceiros à Unidade Técnica Estadual (UTE); g) Aplicação dos recursos e acompanhamen-to aos produtores.

No que diz respeito aos processos produtivos, as ações previstas com o trabalho do programa de Microbacias previu atuação relacio-nada principalmente ao sistema produtivo de integração lavoura-pe-cuária, com a expressão do sistema “grãos+leite”. Na área de grãos, o programa previu uma ação mais focada para o manejo dos solos, relacionado principalmente à qualifi cação do sistema de plantio direto. Já com relação à bovinocultura de leite, as ações foram voltadas ao manejo dos animais, pastagens e dos dejetos, com foco tanto ambien-tal como na área produtiva. Quanto às práticas recomendadas na área produtiva (grãos+leite), salienta-se que objetivam melhorar a efi ciência produtiva e econômica dos sistemas e estão relacionadas às práticas propostas pelo Plano de Agricultura de Baixo Carbono do Ministério da Agricultura do Governo Federal.

Tais atividades foram coordenadas pelo Grupo Gestor Municipal, com a ação de forma direta dos escritórios municipais do Instituto Ema-ter, Prefeituras Municipais e demais instituições parceiras do programa.

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Gestão em Propriedades Rurais

O desenvolvimento atual do agronegócio requer que os agriculto-res racionalizem os recursos usados na exploração agropecuária e es-tabeleçam o uso de tecnologia adequada ao contexto, para obtenção de melhores resultados.

A grande difi culdade consiste em tomar as decisões, baseadas em informações concretas e confi áveis, que forneçam o embasamento ne-cessário para realização de diagnóstico preciso e a elaboração de pla-nejamento adequado, que possibilite ao agricultor governar os fatores de produção, para ter efeitos crescentes.

Para isso, se estabeleceu na região de Pato Branco, projeto de Gestão de Propriedades Rurais - GPR, que visa fornecer indicadores e informações precisas, oportunas, acessíveis e adequadas à situa-ção existente, no assessoramento aos agricultores familiares, assisti-dos pelo Instituto Emater, na realização de gestão efi ciente e efi caz de suas propriedades.

Este projeto (Figura 11) é composto por dois processos: Redes de Gestão (Geração) - responsável pela geração de informações e o de Difusão de Referências – no qual acontece a socialização das informa-ções geradas a outros agricultores familiares.

FIGURA 11 - PROJETO DE GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS

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Na execução, o processo segue as seguintes etapas, conforme ilustra a Figura 11: tipifi cação - caracterização do sistema de cada pro-priedade; diagnóstico inicial - marco zero da propriedade e da família; planejamento das ações necessárias - baseado nos problemas detec-tados no diagnóstico, o qual visa atingir a situação desejada e a execu-ção das ações previstas.

Sendo dinâmico, sua execução compreende o acompanhamento e intervenções que permitirão o aprimoramento do diagnóstico e o pla-nejamento, ocasionando, como consequência, melhores resultados. Assim, toda ação exitosa se torna referência para outras propriedades de agricultores familiares.

O processo de Redes de Gestão se iniciou com a seleção dos agricultores familiares, observando os critérios estabelecidos , e estão distribuídas em 12 munícipios da região de Pato Branco (Figura 12).

FIGURA 12 - MAPA DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS PROPRIEDA-DES ESTUDADASFonte. Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

O mapeamento das propriedades foi iniciado em 2010, já no ano agrícola de 2013/2014, a Rede de Gestão possui 24 propriedades acompanhadas e georreferenciadas. O geoprocessamento consiste na

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vetorização do uso atual (Figura 13), a partir deste, é realizado o diag-nóstico quantitativo e qualitativo das áreas e a seguir o planejamento, gerando mapa da situação proposta de adequação ambiental e das áreas produtivas. No exemplo apresentado na Figura 14, verifi ca-se a proposta de adequação da propriedade ao Código Florestal.

FIGURA 13 - MAPA DA SITUAÇÃO ATUAL DA PROPRIEDADE DO SR. JOSE SANTOS DE QUADROSFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo.

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Outra ação desenvolvida com base nos mapas georreferenciados é o planejamento para a agricultura de precisão. A espacialização vi-sual destacada de cada área produtiva possibilita planejar com maior clareza, acurácia e precisão as ações, permitindo gerenciamento mais efi caz em cada atividade desenvolvida na propriedade. Dentre as ati-vidades, verifi ca-se o exemplo da atividade silvipastoril, com piquete-amento, destacando-se o dimensionamento das áreas e espécies de pastagens perenes (Figura 15), importante no planejamento forrageiro.

FIGURA 14 - MAPA DA SITUAÇÃO PROPOSTA PARA ADEQUAÇÃO AO CÓ-DIGO FLORESTAL DA PROPRIEDADE DO SR. JOSE SANTOS DE QUA-DROSFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

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FIGURA 15 - MAPA DA ÁREA SILVIPASTORIL MOSTRANDO O PLANE-JAMENTO DO PIQUETEAMENTO DE PASTAGENS PERENES NO CONDO-MÍNIO PIZZOLATTOFonte: Instituto Emater, 2012. Dados de pesquisa de campo

Abastecimento de Água

As nascentes estudadas estão localizadas nos municípios que re-ceberam recursos da Ação Emergencial para Mitigação dos Efeitos da Estiagem no Sudoeste do Estado do Paraná e estão distribuídas ale-atoriamente (Figura 16) nos limites territoriais dos municípios de Bom Sucesso do Sul, Chopinzinho, Clevelândia, Coronel Vivida, Itapejara d`Oeste, Mariópolis, São João, Saudade do Iguaçu e Vitorino.

De acordo com os dados da tabela da Figura 16, o resultado mé-dio das análises realizadas das fontes consideradas no Programa é de 68,9% de contaminação, fi cando acima dos índices observados pela 7ª Regional de Saúde do Paraná. Observa-se o menor índice de contaminação no município de Bom Sucesso do Sul, com 46,81% de contaminação e o maior índice de contaminação 80% no município de Saudade do Iguaçu. Conhecendo-se a geologia e conformação dos so-

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los na região, esse resultado pode ser em decorrência da localização do lençol freático. Pois em Saudade do Iguaçu observa-se a ocorrência de solos mais rasos, ao contrário de Bom Sucesso do Sul, onde se observa a ocorrência de solos mais profundos (Figura 17).

FIGURA 16 - MAPA DA LOCALIZAÇÃO DAS NASCENTES ANALISADASFonte: Instituto Emater, 2013. Dados de pesquisa de campo não publicados

FIGURA 17 - MAPA DE SOLOS E LIMITES TERRITORIAIS DOS MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO DE PATO BRANCO

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Nesse caso, pelo alto índice de contaminação observado, é neces-sário fazer o tratamento da água, sendo que a cloração é o processo mais utilizado, por ser um método simples, de baixo custo e efi ciente. Para tal pode-se usar o Clorador Emater (Figura 18), equipamento sim-ples, fácil de montar e de baixo custo, composto por materiais encon-trados em lojas de materiais de construção. Destina-se ao tratamento da água no meio rural com uso de pastilhas para cloração da água em reservatório de qualquer capacidade. Desenvolvido pelos técnicos do Instituto Emater da Região de Pato Branco, com base no modelo cria-do pela Sanepar de Pato Branco - PR.

FIGURA 18 - FOTO DO CLORADOR Fonte: Herivelto Holowka, 2012

CONCLUSÕES

Atualmente a profi ssionalização dos agricultores é fundamental para sobrevivência do seu empreendimento, devido à complexidade e competitividade existente no agronegócio.

Desta forma, o processo de gestão oferece vantagens, uma vez que se compõe de recurso que possibilita gerar informações importan-tes na realização da análise técnica, econômica e fi nanceira, fornecen-

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do embasamento necessário para realização de diagnóstico preciso e elaboração de planejamento adequado que leve a resultados compen-sadores.

Mais importante que produzir, é fazer com organização, controle e conhecimento do que está sendo feito. É possível avançar muito na produção e geração de renda nas propriedades com a aplicação de medidas simples, técnicas produtivas e gerenciais que existem há mui-tos anos, mas que não são aplicadas na maior parte das propriedades. A aplicação de conceitos técnicos e de gestão associads aos mapas temáticos permitem a expansão da produção para patamares bem mais elevados sem muito esforço e sem invenção tecnológica.

A associação dos mapas temáticos com as modernas técnicas do geoprocessamento constitui suporte à sistematização da informação espacial dos dados. Ficando evidente a importância das operações com SIGs, que permitem uma interpretação mais apurada com carac-terísticas de diferentes mapas, facilitando a resolução de problemas ambientais, sociais e econômicos em propriedades rurais. Assim, tor-na-se crucial no processo de tomada de decisão, sendo pontual no lan-çamento das informações, agregando vasta quantidade de elementos.

A espacialização de fenômenos e dados georreferenciados possi-bilita a gestão do território e é de grande valia na gestão de proprieda-des, pois permite identifi car no campo visual a resposta a perguntas como: onde e por que ocorrem fenômenos e onde atuar para saná-los, ou ainda, prioriza os locais que sofrerão interferências.

REFERÊNCIAS

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231

ANEXO 1 - UNIDADES DE PAISAGEM (UP), DE APTIDÃO DAS TERRAS, A PARTIR DO CRUZAMENTO DAS CLASSES DE SOLO COM AS CLASSES DE DECLIVIDADE

Grupos Solos/ Declive Lavoura (CA) Pastagem e

Lavoura (CP) Silvicultura UP

A – 0 a 8% Bom Bom Bom UP1A – 8 a 20% Bom/Regular Bom Bom UP2B – 0 a 8% Bom/Regular Bom Bom UP2B – 8 a 20% Regular/Restrito Regular Bom UP3C – 0 a 8% Bom/Regular Bom Bom UP2C – 8 a 20% Regular/Restrito Regular Bom UP3D – 0 a 8% Regular/Restrito Regular Bom UP3D – 8 a 20% Restrito Regular/Restrito Regular UP4D – 20 a 45% Inapto Restrito Regular UP5E – 0 a 8% Restrito Regular/Restrito Regular UP4E – 8 a 20% Inapto Restrito Regular UP5E – 20 a 45% Inapto Restrito/Inapto Regular UP6E – 45 a 100% Inapto Inapto Restrito UP7F – 0 a 8% Restrito Regular/Restrito Regular UP4F – 8 a 20% Restrito/Inapto Restrito Regular UP6F – 20 a 45% Inapto Inapto Restrito UP7F – 45 a 100% Inapto Inapto Restrito/Inapto UP8F – >100% Inapto Inapto Inapto UP9G – 0 a 8% Inapto Inapto Restrito UP7G – 8 a 20% Inapto Inapto Restrito/Inapto UP8G – 20 a 45% Inapto Inapto Inapto UP9G – 45 a 100% Inapto Inapto Inapto UP9G – >100% Inapto Inapto Inapto UP9

A = LATOSSOLO VERMELHO textura argilosa + LATOSSOLO BRUNO textura argilosa B = LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO textura argilosa + NITOSSOLO VERMELHO textura argilosa + NITOSSOLO BRUNO textura argilosa.C = LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO textura média + ARGISSOLO textura média/argilosa.D = CAMBISSOLO HÁPLICO textura argilosa + CAMBISSOLO HÚMICO textura argilosa.E = ARGISSOLO VERMELHO textura arenosa/média ou média/argilosa, abrúptico + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO textura arenosa/média ou média/argilosa, abrúptico + CAMBISSOLO HÁPLICO textura média + CAMBISSOLO HÚMICO textura média + NEOSSOLO REGOLÍTICO textura argilosa.F = GLEISSOLO MELÂNICO + ORGANOSSOLO HÁPLICO + NEOSSOLO LITÓLICO textura argilosa.G = NEOSSOLO LITÓLICO textura média + NEOSSOLO QUARTZARÊNICO + AFLORAMENTO DE ROCHA + ESPODOSSOLO HUMILÚVICO.CA = Culturas Anuais CP = Culturas PermanentesFonte: Elaborado por Oromar João Bertol

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As classes UEM (2011) foram assim defi nidas:

Classe boa - terras com aptidão boa são as que têm solos sem limitações signifi ca-tivas para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as condições de manejo considerado.Classe regular - terras com aptidão regular são as que têm solos com limitações mo-deradas para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as condições de manejo considerado. As limitações elevam a necessidade de insumos.Classe restrita - terras com aptidão restrita apresentam solos com limitações fortes para a produção sustentável para uma determinada utilização, observando as condi-ções de manejo considerado. Essas limitações aumentam ainda mais a necessidade de insumos.Classe inapta - terras com aptidão inapta apresentam solos com condições que pa-recem excluir a produção sustentável para uma determinada utilização em questão. As terras consideradas inaptas para lavouras têm suas possibilidades analisadas para usos menos intensivos (pastagem, silvicultura). No entanto, essas terras são, como alternativa, indicadas para a preservação da fl ora e da fauna, recreação ou algum outro tipo de uso não-agrícola. Trata-se de terras ou paisagens nas quais deve ser estabelecida ou mantida uma cobertura vegetal, não só por razões ecológicas, mas também para a proteção de áreas contíguas agricultáveis.

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ANEXO 2 - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE AGRICULTORES/PROPRIEDA-DES RURAIS DE REFERÊNCIAS

MunicípioComunidadeNome do AgricultorNome do Técnico

Seleção dos AgricultoresCritérios Restritivos (S/N)

Enquadra-se na categoria social desejada.Apresenta disposição, motivação e interesse.Apresenta credibilidade junto aos demais agricultores (liderança, poder de persuasão, comunicabilidade).Tem condição de exploração estável da propriedade (é proprietário ou possuidor de contrato de arrendamento ou parceria e situação econômico-fi nanceira minimamente estável). Possui relacionamento harmonioso junto à comunidade e seus pares.É receptivo a orientações e às informações de técnicos.Dispõe de vontade e capacidade de execução e organização para fazer os registros necessários.

Critérios Orientadores (S/N)Apresenta boa capacidade de comunicação oral, o que poderá facilitar a realização de futuras atividades de difusão de tecnologia.Apto às mudanças e inovações na busca de melhoria na propriedade.É participativo ou tem predisposição para interagir em grupo.Tem residência na propriedade ou na sede do município/comunidade.É responsável pela administração da propriedade.Possui sucessão familiar defi nida com sucessores(as) já participantes direta ou indiretamente do processo produtivo.

Seleção das PropriedadesCritérios Restritivos (S/N)

Enquadra-se no sistema de produção escolhido, seja pela composição de atividades, seja quanto à infraestrutura e funcionamento.As condições de acesso à propriedade são favoráveis para o acompanhamento do trabalho e para visitas de outros agricultores e técnicos em evento de difusão.Apresenta-se sem grandes problemas relacionados à preservação ambiental.

Critérios Orientadores (S/N)Apresenta boa localização no município e na região.

Observações: Realizar análise sob o ponto de vista do agricultor e da propriedade; Fatores restritivos são aqueles que, se não atendidos, comprometem a escolha do

agricultor/propriedade; Fatores orientadores são aqueles que são desejáveis, mas não defi nidores na escolha

do agricultor/propriedade (podem ser usados para o desempate).

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CAPÍTULO IXCAPÍTULO IXCAPÍTULO IX

SIG - CONSEQUÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS DA

ADEQUAÇÃO AMBIENTAL EM PROPRIEDADES RURAIS NO CONTEXTO DE MICROBACIA

HIDROGRÁFICA César Roberto Silva Paz 1

Enio Giotto 2

1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Geomática - Tecnologia da Geoinformação, Instituto Emater, Realeza, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal e Professor Titular da UFSM, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil [email protected]

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INTRODUÇÃO

O estudo foi aplicado no Território do Sudoeste Paranaense, atu-almente uma região de predomínio da “Agricultura Familiar”, que teve sua origem caracterizada por ocupação, cuja legitimação de posse dos imóveis, sem os critérios de ocupação e planejamento de uso do solo, assumiram um formato assimétrico, uma “colcha de retalhos”, o meio ambiente foi pensado apenas como espaço fornecedor de recursos naturais.

Os impactos ambientais relacionados à supressão do ecossistema natural, principalmente via substituição da mata nativa pelos sistemas agrícolas, a interferência sobre a abundante malha hídrica e sistemáti-ca perda de biodiversidade, acentuados pela introdução de tecnologias aplicadas de forma generalizada desconsiderando aspectos particula-res da região, geraram consequências relacionadas à erosão hídrica, assoreamento e contaminação dos cursos de água, aponta Bragag-nollo, et al, (1998).

Adversidades climáticas vêm causando redução de disponibilidade de água no meio rural, ou intensas precipitações acentuaram o pro-cesso erosão do solo, da infraestrutura viária, entre outros, fatos que levam a sociedade a intensifi car o debate sobre as obrigações impos-tas pela legislação para a solução do passivo ambiental através da defi nitiva implantação de cobertura fl orestal nas áreas de preservação permanente e reserva legal, questões que têm gerado preocupações e incertezas no meio rural, sobretudo nas propriedades familiares, em função da redução de área e consequente perda de renda.

As microbacias que possuem estações de captação e tratamento de água para abastecimento das cidades são prioritárias para a inter-ferência, numa dinâmica adaptativa inerente às sociedades modernas, com base em proposições de políticas ambientais, aperfeiçoamento da legislação e o suporte de recursos tecnológicos de Geoprocessa-mento associados ao posicionamento global, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográfi cas - SIG. Portanto, o estudo do geoambiente ocorreu em duas vertentes, uma preocupou-se com a microbacia hidrográfi ca como um todo. Outra com o estabelecimento rural e seu recorte.

Assim, o objetivo deste trabalho, é estudar o espaço territorial da microbacia hidrográfi ca do Rio Sarandi, manancial de abastecimento público, identifi car o passivo ambiental de propriedades familiares tí-

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picas e medir o impacto socioeconômico resultante da adequação à legislação, com o apoio de ferramentas de geoprocessamento e sen-soriamento remoto.

Mais especifi camente, estudar as propriedades selecionadas me-todologicamente e identifi car o impacto ocorrido após solução do pas-sivo ambiental relacionado ao decréscimo da renda operacional agrí-cola (ROA) sobre a superfície de área útil (SAU).

Elaborar uma metodologia, cujo procedimento pode ser adotado em microbacias hidrográfi cas de características semelhantes e sugerir alternativas ao uso do solo/ambiente que permitam amenizar perdas decorrentes do processo de recuperação ambiental.

MATERIAIS E PROCESSO METODOLÓGICO

A pesquisa se apoia no estudo do âmbito da microbacia hidrográfi -ca como unidade de planejamento e, simultaneamente, a propriedade rural média considerando o sistema de produção “familiar” predomi-nante.

Microbacia de terceira ordem (11.690 ha) previamente seleciona-da, com nascente no município de Ampére, cortando os municípios de Santa Izabel do Oeste e Realeza (Figura 1).

FIGURA 1 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO, OBJETO DE ESTUDO

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Processamento de imagens da microbacia Rio Sarandi com aplicação de software de geoprocessamento

Neste processo um conjunto de materiais e softwares foi usado, de acordo com a conveniência, custo e o produto a ser gerado no SIG. Imagens SPOT 5, identifi cação 703/401 de 19/03/2005, R1 G2 B3. Também sequências temporais de imagens orbitais dos satélites CBERS com resolução espacial de 20,0 metros do ano 2007 a 2008, obtidas em meses intercalados para conferência de uso do solo.

Imagem digital em formato Tif da Carta MI-2849-3 escala 1:50.000 da DSG - 1ª Divisão de Levantamento, georreferenciada e ajustada sobre a imagem Spot formato digital e mapas cartográfi cos de glebas contendo os lotes rurais - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA na Escala 1:10.000, associados às matrículas e docu-mentos cadastrais dos proprietários rurais selecionados, para identifi -cações dos lotes e divisas.

Os levantamentos de campo realizados através de aparelhos emis-sores e receptores de ondas de radiofrequência - RF, código C/A e portadora de Banda L1 (SPS), e também aparelho somente de código C/A, utilizando sinal GPS.

A edição dos objetos de interesse sobre a imagem foi através dos programas ArcMap GIS 9.3; e/ou ArcView GIS 3.3, associados a Ban-co de Dados adicional. Para defi nição de determinadas feições a ve-torização foi realizada com o apoio da Imagem do satélite QuickBird resolução de 1,00 m, proveniente da Digital Globe. Os suportes para o Banco de Dados foram os softwares CR Campeiro 7, planilhas Excel ou Microsoft Acces.

Pesquisa no âmbito da microbacia - avaliações socioambientais, econômicas e antrópicas através de SIG - Análises do geoambiente

A Figura 2 desenha o modelo metodológico que inclui estudos so-cioeconômicos no Sistema de Informações Geográfi cas de forma a in-tegrar os dados coletados para um melhor proveito com relação a sua aplicabilidade considerando as interações que ocorrem abrangendo aspectos territoriais, do geoambiente e paisagem com ênfase ao uso do solo.

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FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO MODELO METODOLÓGICO ADOTADO

Antes da aplicação de pesquisa individual com residentes, a área doestudo foi delimitada com o apoio das curvas de nível (A), também pro-piciando o estudo do relevo associado à hidrografi a (Figuras 3 A e B).

Também ocorreu o reconhecimento de toda sua extensão, com ex-pectativa de pré-diagnosticar a situação do meio geobiofísico e conso-lidar a escolha de atributos, além de conferir e atualizar a locação de rios e nascentes (B).

Pesquisa nas propriedades rurais - avaliações por pesquisa de dados através de cadastro rural multifi nalitário

Durante o processo foi realizado o levantamento das 382 proprie-dades dos produtores residentes da área da microbacia, e delimitado o campo de estudo pelo fator “Sistema de Produção” predominante e “área média” das unidades familiares que, ao atender a legislação com adequação ambiental, terão redução de área, e consequente interfe-rência sobre os fatores sociais e econômicos (Tabela 1).

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FIGURA 3A - CURVAS DE NÍVEL (A) DA MICROBACIA RIO SARANDI ATUALIZADAS

A

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 - Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba - Santa CatarinaMeridiano Central:51° W Gr - Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

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FIGURA 3B - HIDROGRAFIA (B) DA MICROBACIA RIO SARANDI ATUALIZADA

BPROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 - Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba - Santa CatarinaMeridiano Central:51° W Gr - Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

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Com base nas necessidades de informações para trabalhar um Sistema de Informações Geográfi cas, criou-se um Cadastro Rural Mul-tifi nalitário com a pretensão de tornar-se um Banco de Dados perma-nente, permitindo o seu uso através de amostragem e/ou senso, atu-alização temporal, análise estatística e cálculos econômicos básicos.

FIGURA 4 - SISTEMAS DE PRODUÇÃO (C) PREDOMINANTES NA MICROBACIA RIO SARANDI (VER CORRELAÇÃO NA TABELA 1)

C

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Sistemasde Produção

Tabela 1 - Atividades Econômicas por Município - Sistemas de Produ-ção (C) predominantes

Território Microbacia Rio Sarandi Residentes

Ampére Realeza Santa Izabel Total % Agroindústria - 2 2 4 1,05

Avicultura 5 2 17 24 6,28

Fruticultura - 1 - 1 0,26

Fumo - - 11 11 2,88

Grãos 24 15 119 158 41,36

Leite 20 24 89 133 34,82

Horticultura 1 1 2 4 1,05

Piscicultura - 2 1 3 0,79

Sericicultura 1 - 9 10 2,62

Serviços 0 3 15 18 4,71

Suinocultura 4 1 3 8 2,09

Refl orestamento 1 - 2 3 0,79

Outros - 4 1 5 1,31

56 55 271 382 100

A escolha das Unidades de Produção e Etapas do procedimento para estudo socioeconômico:

ETAPA 01 - Escolha do público prioritário: priorizou-se a aplica-ção da pesquisa para o estudo das unidades de Agricultura Familiar, residentes na microbacia e enquadradas nos critérios estabelecidos pela tipifi cação adotada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e utilizada para enquadramento de crédito rural do Programa Nacional da Agricultura Familiar.

ETAPA 02 - Parâmetros de amostragem: para aplicação do Cadas-tro Rural Multifi nalitário, não sendo possível sua generalização através de um senso, foi convencionada a seguinte proposição:

a) Pesquisa por Sistema de Produção predominante - atividades

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com APP % e R$

com RL % e R$

com RL +APP % e R$

principais nas propriedades;b) Sorteio por localidade visando melhor distribuição espacial dos

produtores entrevistados;c) Iniciar o levantamento por propriedades com áreas médias por

atividade da microbacia em estudo.d) Erro amostral inferior a 10% sobre população segregada por

sistema de produção.e) Utilização de Banco de Dados e/ou planilhas;f) Avaliação de impacto socioeconômico: Renda Operacional Agro-

pecuária (R$) por Superfície de Área Útil (ha) comparando a situação atual com dados simulados pós-adequação ambiental (Tabela 2):

Tabela 2 - Base de cálculo do estudo econômico

Avaliação composta pela média das propriedades e por Sistema de Produção

Situação Atual - Média Pós-Adequação Ambiental Redução

ROA SAU

ROA R$ ROA SAU HA SAU

ROA SAU

Soares (2000), conceituou os parâmetros de avaliação socioeco-nômica utilizado pelo Projeto “Redes de Referência para a Agricultura Familiar” que foi adaptado para este trabalho:

A unidade de área denominada Superfície de Área Útil - SAU com-preende as terras trabalhadas ou exploradas por uma empresa rural não importando se próprias, arrendadas, ou sob qualquer condição legal.

SAU = Lavouras + Pastagens

A Renda da Operação Agrícola - ROA, corresponde à diferença entre a Renda Líquida Global e os juros pagos sobre o capital em-prestado. É o recurso que a exploração disponibiliza ao produtor para manutenção da família e investimentos. Não se trata de dinheiro total-

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mente disponível, uma vez que compreende também o aumento no estoque de produtos, de animais, além de ter sido apropriada também na forma de autoconsumo. Resume o autor.

ROA = RLG – Juros pagos ao capital de terceiros

A produção obtida foi informada pelos produtores pesquisados e consideradas as diferentes produtividades de acordo com a realidade, portanto no preço de cada produto vendido foram considerados os va-lores médios de mercado regional obtidos pelo Departamento de Eco-nomia Rural - DERAL da Unidade Regional da Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná - SEAB.

ETAPA 3 - Planimetria das Propriedades Rurais selecionadas e seus respectivos usos do solo: a planimetria direta das feições existen-tes foi obtida através da edição sobre imagens orbitais, identifi candoas propriedades rurais selecionadas com a geração de cartogramas digitais e analíticos, obtendo-se sua extensão territorial e posiciona-mento geográfi co com a fi nalidade principal de conferir as informações cadastrais e facilitar o processo de planejamento de adequação am-biental.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A microbacia como unidade de estudo e planejamento

A sequência de iterações temáticas constitui a base para a identifi -cação de incongruências e potencialidades. As classes de declividade (D) associadas às classes de solo (E) descritas pela EMBRAPA (1999), possibilitam a visualização das classes de aptidão agrícola ou pai-sagem (F), que intersecionados com o mapa de uso do solo (G) po-derão endereçar as superfícies confl itantes e/ou de uso adequado, inclusive identifi cando as propriedades rurais e respectivas responsa-bilidades.

A aplicação de um Sistema de Informações Geográfi ca gera a possibilidade de incontáveis simulações propositivas de aplicação na utilização do solo, com a possibilidade de visualização nos mapas te-máticos construídos neste caso através do software ArcMap GIS 9.3. (Figuras 5 D, E, F e G).

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FIGURA 5D - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG DA MICROBACIA RIO SARANDI

D

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FIGURA 5E - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG DA MICROBACIA RIO SARANDIFIGURA 5E - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG DA MICROBACIA RIO SARANDI

E

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FIGURA 5F - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG DA MICROBACIA RIO SARANDI

F

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FIGURA 5G - MAPAS DE ITERAÇÕES TEMÁTICAS RESULTANTES DO SIG DA MICROBACIA RIO SARANDI

G

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Um Sistema de Planejamento Territorial que, em palavras mais ob-jetivas, é dedicado ao planejamento, permite inspecionar e analisar, por varredura de toda a extensão territorial da base de dados utilizada, localizações e correlações de interesse do usuário, permitindo também o equacionamento de situações ambientais, tais como o levantamento de áreas de riscos e de potenciais confl itos de utilização do território, estimativas de impactos ambientais, criação de cenários prospectivos, defi nição de unidades e normas de manejo e zoneamentos territoriais para diferentes fi nalidades como proteção ambiental e planejamento econômico, fornecendo conhecimentos indispensáveis para utilização racional dos recursos ambientais disponíveis. XAVIER DA SILVA (2007)

Área de Preservação Permanente - APP

O mapa com o buffer de 30m sobre os cursos de água e 50m de raio nas nascentes de acordo com a legislação vigente (SISLEG, IAP, 2007), foi levantado e corrigido, obtendo-se a área de preservação per-manente ideal, totalizando 996,51 ha (Figura 6).

A mata de galeria nesta área especifi ca é de 553,51ha, equivalen-te a 55,60% conforme verifi cado no estudo de uso do solo em APP. O défi cit a implantar nesta microbacia hidrográfi ca é de 451,81 ha ou 44,40% da área de mata ciliar para cumprir a legislação. Neste cálculo não está descontada a largura média dos rios que é de 6,0m.

A delimitação do espaço de Área de Preservação Permanente da microbacia demonstrada no mapa da Figura 6 e seus respectivos usos apresentados na Tabela 3, apontam confl itos de uso distribuídos em todo o curso dos rios, onde são destacados:- Importante infl uência das áreas urbanas que merece estudo espe-

cifi co;- A área inadequada de pastagem atinge a 20,09% da APP.- Signifi cativo número de sedes de propriedades em área de APP,

totalizando 21,23 ha, muitas com benfeitorias de alto valor.- As lavouras anuais correspondem a 14,81% da APP, constituindo-

se um confl ito impactante sobre a água em razão do uso sistemá-tico de agrotóxico nesta região.

- A presença de pastagens e animais, fato considerado crítico e tal-vez o de maior desafi o para os gestores ambientais, em razão da importância da pecuária leiteira para a estabilidade socioeconômi-ca da região.

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FIGURA 6 - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - NASCENTES E RIOS COM BASE NA HIDROGRAFIA ATUALIZADA

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba – Santa CatarinaMeridiano Central: 51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

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A mata de galeria nesta área especifi ca é de 553,51 ha, equiva-lente a 55,60% conforme verifi cado no estudo de uso do solo em APP. O défi cit a implantar nesta microbacia hidrográfi ca é de 451,81 ha ou 44,40% da área de mata ciliar para cumprir a legislação. Neste cálculo não está descontada a largura média dos rios que é de 6,0 m.

A delimitação do espaço de Área de Preservação Permanente da microbacia demonstrada no mapa acima, e seus respectivos usos apresentados na Tabela 3, apontam confl itos de uso distribuídos em todo o curso dos rios, onde são destacados:- Importante infl uência das áreas urbanas que merece estudo espe-

cifi co;- A área inadequada de pastagem atinge a 20,09% da APP.- Signifi cativo número de sedes de propriedades em área de APP,

totalizando 21,23 ha, muitas com benfeitorias de alto valor.- As lavouras anuais correspondem a 14,81% da APP, constituindo-

se um confl ito impactante sobre a água em razão do uso sistemá-tico de agrotóxico nesta região.

- A presença de pastagens e animais, fato considerado crítico e tal-vez o de maior desafi o para os gestores ambientais, em razão da importância da pecuária leiteira para a estabilidade socioeconômi-ca da região.

Áreas de Reserva Legal - RL

Descontada a área fl orestada de galeria existente na malha hídrica e aquelas destinadas a Cultivos Florestais como atividade econômica, detectou-se uma área com fragmentos fl orestais que somam 955,76 ha ou 8,17% da área total da microbacia. Estes em diversos estágios de regeneração.

No mapa (Figura 7) é possível visualizar a difi culdade de unir os frag-mentos fl orestais de forma a constituir corredores de biodiversidade.

Em determinadas regiões da microbacia é possível a ligação com as matas de galeria, sendo importante massifi car este conceito entre os produtores rurais para que, ao planejarem a localização da Reserva Legal, considerem a possibilidade de união de fragmentos.

Da área total da Microbacia Rio Sarandi, descontadas a área de APP e de Zona Urbana dos municípios de Realeza e, principalmente,

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Santa Isabel do Oeste, área seria de 10.211,06 ha. Desta forma seria preciso que atribuir 20% de Reserva Legal que totaliza uma necessida-de de 2.042,21 ha. Assim foi identifi cado o défi cit de cobertura fl orestal em relação à Legislação Ambiental que soma 1.086,45 ha.

Tabela 3 - Usos do Solo em Área de Preservação Permanente - APP

Legenda Usos do Solo Área (Ha) %

Açude 10,82 1,09

Capoeiras 4,84 0,49

Comunidade Rural 0,9 0,09

Cultivos fl orestais 23,23 2,33

Infraestrutura 0,77 0,08

Lavouras Anuais 147,39 14,81

Lavouras Perenes 0,83 0,08

Mata Ciliar 553,51 55,60

Pastagem 199,95 20,09

Sede 21,23 2,13

Várzea 17,03 1,71

Zona Urbana - Realeza 0,19 0,02

Zona Urbana - Santa Isabel do Oeste 1,49 14,8

995,49 100,0

Quando é acrescentada a área de Cultivos Florestais de 333,07 haaos 955,76 ha de fragmentos de espécies nativas, totaliza-se uma co-bertura fl orestal permanente de 1.288,83 a.

Esta análise está demonstrada com a presença de toda a cobertu-ra fl orestal existente, e consiste em ricos elementos de análise sobre a relação do homem com o ambiente. O estudo detalhado e atualizado do uso do solo neste momento permite criar uma referência temporal, ou seja, cria a possibilidade de avaliar a evolução da reposição fl ores-tal com aceitável precisão.

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FIGURA 7 - VEGETAÇÃO PERMANENTE

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba – Santa CatarinaMeridiano Central: 51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz

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A propriedade rural como célula de decisão

A Tabela 4 apresenta os valores médios resultantes da aplicação da sequência metodológica proposta através da compilação de dados da pesquisa de campo que comparou informações da atual situação das propriedades em estudo, por agrupamento homogêneo, com simu-lações da solução do passivo ambiental.

Considerando o tamanho das propriedades, constata-se signifi cati-va diferença. Cultivos de grãos com 22,24ha têm a maior área média, leite 14,23ha, seguido de fumo e sericicultura com 9,18ha caracterizan-do atividade com intenso emprego de mão de obra.

Com relação à Superfície de Área Útil - SAU e sua comparação com a área total, os porcentuais mostram-se semelhantes entre os sis-temas de produção estudados.

Observando a situação de proteção de águas, evidenciada pelas denominadas Áreas de Preservação Permanente, fi ca evidente que a atividade leiteira tem a menor cobertura fl orestal, ou seja, 47%, em função da necessidade de usar a área para pastagem. Os grãos com 59% e sericicultura e fumo abrangem 56% da APP com fl oresta.

As áreas para a formação dos 20% de Reserva Legal são seme-lhantes nos sistemas grãos, sericicultura e fumo, fi cando 37%, enquan-to o leite conta com 30% da cobertura com espécies nativas necessá-rias.

Mapas de confl itos e proposição de uso do solo das proprieda-des selecionadas e respectivas perdas econômicas por sistema de produção

A Figura 8 demonstra a análise realizada numa propriedade típica de grãos, através de ferramentas de geoprocessamento, que compara o uso atual e ao mesmo tempo o uso ideal indicado através de simula-ções para cada classe na unidade produtiva selecionada.

Ao mesmo tempo que quantifi ca os diferentes usos do solo no es-tabelecimento, possibilita proposições de mudanças de recortes que poderão ser adotadas se conveniente ao proprietário de acordo com o passivo ambiental.

A identifi cação do uso adequado também permite ao proprietário otimizar gastos para a readequação do uso da terra e até mesmo pro-duzir soluções customizadas para aumento de renda e ocupação de mão de obra.

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Tabela 4 - Avaliação Econômica por Sistema de Produção - Valores Médios

GRÃOS % LEITE % SEDA E FUMO %

Área Total 22,24 100 14,23 100 9,18 100

Diferenças de Áreas

SAU Atual 19,17 86 12,35 87 7,92 86

APP Legislação 1,47 100 1,35 100 1,26 100

APP Existente 0,87 59 0,64 47 0,70 56

RL Legislação 4,45 100 2,84 100 1,84 100

RL Existente 1,64 37 0,86 30 0,67 36

APP Falta 0,60Ha

0,65Ha

0,62Ha Passivo

RL Falta 2,87 2,08 1,16

Capital Próprio 66.062,93

R$

103.871,75

R$

57.350,00

R$ Indicadores econômicos

Renda Bruta 39.280,17 54.141,37 27.956,32

Margem Bruta 21.355,68 21.784,94 16.927,76

ROA 19.373,80 29.389,45 15.355,33

SAU - (APP) 18,57 11,70 6,77Áreas pós adequaçãoSAU - (RL ) 16,30 10,33 6,22

SAU - (APP + RL) 15,70 9,68 5,61

No ambiente da microbacia, na medida em que avançam os levan-tamentos das propriedades, através de um senso que pode ser por comunidade, os recortes irão se encaixando de forma a completar a paisagem. Este modelo retrata com precisão as situações como: Áreas subutilizadas; Atende a Legislação Ambiental; Condição inadequada; e Condição regular. Também é um instrumento de gestão que, ao ser concluído, permite a integração de práticas de manejo de solo e água na microbacia.

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Legenda Uso atual (ha) % Confl itos (ha) % Proposição (ha) %APP 1,68 7,09 1,68 7,09

2,31 9,73APP confl ito 0,61 2,57Asfalto 0,39 1,62 0,39 1,62 0,39 1,62Lavoura 18,52 77,98 14,94 62,91 14,94 62,91Pastagem 1,38 5,82 0,78 3,28 0,83 3,49Pomar 0,20 0,85 0,20 0,85 0,13 0,55RL 1,08 4,53 1,08 4,55

4,75 20,0RL sugerida 3,67 15,45Sede 0,50 2,11 0,40 1,68 0,40 1,68

23,75 100 23,75 100 23,75 100

SAL 20,10 84,63 15,90 66,95

FIGURA 8 - ESTABELECIMENTO DE NABIR BORTOLOMEDI - SISTEMA GRÃOS

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Também quantifi cou as perdas econômicas decorrentes da regula-rização do passivo ambiental na propriedade, demonstrado na Tabela 5, na qual a Renda Operacional Agrícola por Superfície de Área Útil (ROA/SAU) sofreria uma redução de 3% ao regularizar somente as Áreas de Preservação Permanente, chegando a 20,90% se incluir a reposição fl orestal nativa para atender os 20% de Reserva Legal.

Tabela 5 - Resultados da avaliação econômica - propriedade típicaprodutora de grãos

Simulação Econômica - Valores médios - Sistema de Produção Grãos - Nabir Bortolomedi

Situação Atual – Média(R$)

Pós-Adequação Ambiental(R$)

Redução (%)

Grãos 930,35

950,64 3,00

801,33 18,26

775,45 20,90

A seguir cabe estabelecer a correlação de caráter econômico en-tre o caso da propriedade rural e o conjunto das propriedades estuda-das.

Quando avaliamos as perdas econômicas decorrentes da regula-rização do passivo ambiental no conjunto das propriedades (Tabela 6) e por sistemas de produção, verifi camos que para regularizar somente as Áreas de Preservação Permanente a Renda Operacional Agrícola por Superfície de Área Útil (ROA/SAU), seria reduzida em média, 4% para os produtores de grãos, 14% na atividade leiteira e chegaria a importantes 18% nos fumicultores e sericicultores. Quando ocorre a regularização do passivo ambiental da propriedade, inclusive com a reposição fl orestal nativa para atender os 20% de Reserva Legal te-ríamos redução da ROA/SAL de 13% do sistema grãos, 18% para os produtores de leite e chegando a 31% nos sistemas de produção de fumo e sericicultura.

ROA R$ SAU HA

ROA SAU

ROA SAU

ROA SAU

com APP

com RL

com RL + APP

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Como ressalva, vale salientar que nesta análise pode ser consi-derada a qualidade do recurso natural que esta sendo explorado, pois uma área degradada ao ser transformada em reserva fl orestal pode não refl etir perda econômica importante.

Tabela 6 - Avaliação de redução econômica por simulação pós-solução do passivo ambiental

Avaliação composta pela média das propriedades e por Sistema de ProduçãoSituação Atual – Média

(R$)Pós-Adequação Ambiental

(R$)Redução

(%)

Grãos 1.034,66

994,31 4,0 1.555,44 7,02.045,54 13,0

Leite 1.666,24

891,57 14,01.377,31 17,01.921,21 18,0

S e F* 2.341,51

851,21 18,01.266,51 24,0

1.625,24 31,0

* Sericicultura e Fumo

O modelo demonstrado através das técnicas de geoprocessamen-to, com as diversas possibilidades de interações de dados, permite chegar ao “endereço dos problemas”, como mostra a Figura 9. Não só na forma de visualização gráfi ca, mas localiza geografi camente os res-ponsáveis pela tomada de decisão sobre as interferências necessárias no meio ambiente, quantifi ca-os com precisão satisfatória e em deta-lhes; permite sua hierarquização, o que cria facilidades para gestores, corpo técnico, órgãos ambientais e de saneamento e, principalmente, para os próprios agricultores familiares e suas instituições representa-tivas no sentido de empreender esforços para solução dos problemas mais críticos, contribuindo para a priorização da aplicação de recursos públicos.

Independente das discussões que possam fl exibilizar o código fl o-restal brasileiro a proposição do uso do solo (Figura 10), contempla aspectos legais de cobertura fl orestal nativa para composição das áre-as de preservação permanente e situações de aptidão de uso do solo.

ROA R$ SAU HA

ROA SAU

ROA SAU

ROA SAU

com APP

com RL

com RL + APP

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FIGURA 9 - POSICIONAMENTO DAS PROPRIEDADES E INADEQUAÇÃO DO USO DO SOLO

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba – Santa CatarinaMeridiano Central:51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz Eng. Agr. Ericson Fagundes Marx

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FIGURA 10 - PROPOSIÇÃO DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DEMERCATOR – UTMDatum Horizontal: South American Datum 1969 – Minas GeraisDatum Vertical:Imbituba – Santa CatarinaMeridiano Central:51° W Gr – Fuso 22 S

Elaborado por: Eng. Agr. César Roberto Silva Paz Eng. Agr. Ericson Fagundes Marx

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Tais proposições de uso terão que estar relacionados não somen-te aos aspectos tecnológicos, mas também econômicos, portanto, é importante na gestão de bacias hidrográfi cas que a integração de pra-ticas contemple recursos de diversas fontes sob a orientação de equi-pes multidisciplinares, e que os residentes tenham participação efetiva neste processo de mudança de atitude com relação ao meio ambiente.

A orientação de converter lavouras anuais em fl orestas nativas está relacionada à localização em áreas de APP, nestes casos a situação é objetiva e a adoção torna-se inquestionável. Assim como indicações relativas às várzeas que, no decorrer do processo de ocupação, foram consideradas como entraves para o uso econômico do solo, mas que constituem importantes áreas de retenção e reserva de água, contri-buindo para biodiversidade.

Segundo Assad et al. (1998), para modifi car um cenário de degra-dação ambiental é preciso que seja implantado um programa racional de utilização e manejo dos recursos naturais, principalmente do solo e da água, com participação direta das comunidades rurais. O desafi o é a produção de materiais que possam representar o estudo de forma didática, com facilidade de manipulação e entendimento.

CONCLUSÕES

Foi possível o encaixe de uma avaliação socioeconômica no Siste-ma de Informações Geográfi cas. Foi constatado coerência em pontos percentuais, entre a cobertura fl orestal existente em Área de Preserva-ção Permanente levantadas com ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, quando comparadas à média existente nas unidades de produção familiar pesquisadas.

A formação de matas de galerias para a defi nitiva proteção das Áreas de Preservação Permanente mostrou-se possível para o siste-ma de produção grãos, pois o impacto econômico seria uma redução de 4% da Renda Operacional Agrícola em relação à Superfície de Área Útil, índice que pode ser facilmente suplantado com ajustes na ges-tão e processos tecnológicos. Para atividade leite seria um decréscimo médio de 7%, ainda razoável, enquanto sericicultura e fumo de 13%, requer maiores esforços e estudos.

O pleno atendimento da legislação e solução do passivo ambiental das propriedades, considerando separadamente a Reserva Legal e a

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Área de Preservação Permanente, resulta numa redução da Renda Operacional Agrícola de 18% na atividade grãos, 24% no leite e che-gando a 31% do fumo e sericicultura. Portanto um desafi o a ser assu-mido.

O estudo, ao endereçar geografi camente incongruências e poten-cialidades, bem como os produtores rurais residentes, identifi ca res-ponsável, personaliza situações e cria facilitadores para elaboração de projetos individuais e comunitários.

REFERÊNCIAS

ASSAD, E.D. e SANO, E.E. Sistemas de informações geográfi cas: aplicações na agricultura. 2. ed. EMBRAPA-SPI/EMBRAPA-CPAC, 1998. 434 p.

BACHA, C.J.C. Efi cácia da política de reserva legal no Brasil. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 42., 2004. Anais... Cuiabá, 2004. 1 CD-ROM

BRAGAGNOLO, N.; PAN, V. e THOMAS, J.C. Solo: uma experiência em manejo e conservação - Curitiba: Ed. do Autor, 1997. 102 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasilei-ro de Classifi cação de solos. Brasília: Embrapa Produção de Infor-mação. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. SEMA/IAP/DIDEF. Coletânea SERFLOR. Curitiba: SEMA/IAP, 1996. 67 p.

SOARES JÚNIOR, D. e SALDANHA, A.N.K. Indicadores econômi-cos propostos para a análise dos sistemas de produção e proprie-dades agropecuárias trabalhadas nas Redes de Referências para a Agricultura Familiar. In: SEMINÁRIO SULBRASILEIRO DE ADMI-NISTRAÇÃO RURAL, 2000, Itajaí. Anais... Itajaí: Associação Brasileira de Administração Rural, 2000.

XAVIER DA SILVA, J. Geoprocessamento em estudos ambientais: uma perspectiva sistêmica. MEIRELLES, M.S.P.; CAMARA G.; ALMEIDA M. Geomática: modelos e aplicações ambientais. Brasília, DF: EMBRAPA Informação tecnológica, 2007. cap. 1, p. 21 -53.

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CAPÍTULO XCAPÍTULO XCAPÍTULO XAPTIDÃO E POTENCIAL DE USO DOS

SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ Luiz Marcos Feitosa dos Santos 1 Milton Satoshi Matsushita 2

Itamar Antonio Bognola 3

1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola, Área de Concentração Irriga- ção e Drenagem, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal, Área de Concentração em Solos Florestais e Silvicultura de Precisão, Embrapa, Curitiba, Paraná, Brasil [email protected]

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INTRODUÇÃO

A publicação “Aptidão Agrícola das Terras do Paraná” (BRASIL, Mi-nistério da Agricultura, 1981), se apresenta como um instrumento para orientar o planejamento agrícola em escala regional. Para ser utilizada em escala maior, recomendam-se ajustes visando alcançar detalhes correspondentes ao nível de planejamento desejado partindo-se de análises dos atributos do solo e de variáveis socioeconômicas e am-bientais (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995). Para tanto, a equipe técni-ca deve possuir amplo conhecimento regional e local dispondo, ainda, de informações de solo, clima, vegetação e sistemas de manejo e uso do solo a serem adotados.

Na publicação citada a aptidão agrícola das terras recebe a classi-fi cação de boa, regular, restrita e inapta, razão do grau da intensidade dos seguintes fatores limitantes ao uso do solo: defi ciência de fertilida-de, defi ciência de água, excesso de água, causando defi ciência de ae-ração, suscetibilidade à erosão e impedimento à mecanização, fatores estes classifi cados por grau de limitação em nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte.

Dependendo do grau da limitação de um ou mais fator limitante sua superação poderá requerer intensidade diferente de recursos, conheci-mento e domínio de práticas agrícolas, seja para sua superação parcial ou total. Se o grau da limitação é muito forte para um determinado tipo de uso e manejo sua superação pode ser inviável o que torna o solo inapto para o tipo de exploração e de manejo pretendido. Signifi ca dizer que toda gleba de terra apresenta um potencial de uso inerente aos seus atributos e tipo de uso e manejo a ser submetido. Quando esse potencial é superado pelo uso mais intensivo que o suportado ou adverso à sua aptidão, as glebas passam a apresentar sinais caracte-rísticos de degradação, refl etidos por defi ciência nutricional das cultu-ras, erosão acelerada do solo, menor resistência a eventos climáticos extremos, entre outros.

A despeito do que se tem publicado, em função de novas tecnolo-gias e sistemas alternativos de produção é possível e necessário ajus-tes na classifi cação da aptidão agrícola das terras no Paraná. Entre os conhecimentos atuais que os justifi cam podem ser citadas as ino-

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vações relacionadas ao sistema plantio direto, aos sistemas integra-dos de produção lavoura-pecuária-fl oresta e às inovações advindas da agroecologia.

Ideal seria uma nova classifi cação. Até que isto venha ser possível, mantém-se a classifi cação da aptidão conforme já conceituada como aptidão boa, regular, restrita ou inapta (RAMALHO FILHO e BEEK, 1995) acrescentando-se, como incremento ao conceito auferido, um indicativo da potencialidade agrícola do solo em função da resposta possível de ser obtida com a aplicação de tecnologias e sistemas de produção inovadores. Sendo a potencialidade indicada por quatro ní-veis: potencial alto, moderado, baixo e restrito. Exemplifi cado: um solo que nas condições naturais venha ser classifi cado como inapto, com os avanços tecnológicos poderá ganhar potencial de produção mesmo que de forma restrita, assim fi cando com a classifi cação de natural-mente inapto com potencial restrito visto ser submetido à nova con-dição de uso e manejo. Ficando ainda em aberto novo incremento de potencial razão do aporte de novos conhecimentos cabíveis em dada condição local.

O presente trabalho visa apoiar os profi ssionais na classifi cação da aptidão e potencial de uso agrícola dos solos no Paraná, na pers-pectiva de planejamento de sistemas sustentáveis de produção, ten-do a bacia hidrográfi ca como unidade de planejamento. Está pautado em dois aspectos da ciência do solo: o primeiro, trata da classifi cação dos solos com seus atributos utilitários e sua distribuição, enquanto o segundo, trata da aptidão em condições naturais e do potencial de resposta quando minimizadas suas limitações por intervenções, uso e manejo adequadamente apropriados.

Este trabalho expõe uma abordagem simples sobre o tema de ap-tidão agrícola das terras do estado do Paraná, tanto do ponto de vista tradicional quanto no que tange a uma potencialidade melhorada, por assim dizer. Não tem a pretensão de ser defi nitivo e exaustivo quanto ao seu conteúdo e nem de ser um “pacote tecnológico fechado”. Pelo contrário, procura-se trazer para o conhecimento de todos, alguns as-pectos inovadores do ponto de vista do desenvolvimento agrícola e conservação ambiental no estado do Paraná.

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1 Solos no estado do Paraná

No estado do Paraná ocorrem 10 ordens de solos, descritas a se-guir, dentre as 13 defi nidas no Sistema Brasileiro de Classifi cação de Solos - SiBCS (BHERING e SANTOS, 2008), mais a unidade de ma-peamento de Afl oramentos de Rocha. No nível de grandes grupos, 37 classes estão representadas por 224 unidades de mapeamento, descritas no Anexo 1.

1.1 Argissolos

São solos constituídos por material mineral, que têm como carac-terísticas diferenciais a presença de horizonte B textural (gradiente tex-tural de B/A > 1,5) de argila de atividade baixa ou alta, conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizon-te superfi cial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos Luvissolos, Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos.

1.2 Cambissolos

São solos constituídos por material mineral, com horizonte B inci-piente subjacente a qualquer tipo de horizonte superfi cial, desde que em qualquer dos casos não satisfaçam os requisitos para serem en-quadrados nas classes dos Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos e Organossolos. Têm sequência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R.

1.3 Chernossolos

São solos constituídos por material mineral que tem como caracte-rísticas diferenciais: alta saturação por bases e horizonte A chernozê-mico sobrejacente a horizonte B textural ou B incipiente com argila de atividade alta, ou sobre horizonte C carbonático ou horizonte cálcico, ou ainda sobre a rocha, quando o horizonte A apresentar concentração de carbonato de cálcio. O horizonte A chernozêmico pode ser menos espesso (com 10 cm de espessura ou mais) quando seguido de hori-zonte B com caráter ebânico.

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1.4 Espodossolos

São solos constituídos por material mineral com horizonte B es-pódico subjacente a horizonte eluvial E (álbico ou não), ou subjacente a horizonte A, que pode ser de qualquer tipo, ou ainda, subjacente a horizonte hístico com espessura insufi ciente para defi nir a classe dos Organossolos. Apresentam, usualmente, sequência de horizontes A, E, B espódico, C, com nítida diferenciação de horizontes.

1.5 Gleissolos

São solos hidromórfi cos, constituídos por material mineral, que apresentam horizonte glei dentro de 150 cm da superfície do solo, ime-diatamente abaixo de horizontes A ou E (com ou sem gleização), ou de horizonte hístico com espessura insufi ciente para defi nir a classe dos Organossolos. Não apresentam textura exclusivamente areia ou areia franca em todos os horizontes dentro dos primeiros 150 cm da superfí-cie do solo ou até um contato lítico. Também não apresentam horizonte vértico ou horizonte B textural com mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei ou qualquer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei. Horizonte plíntico, se presente, deve estar a profundidade superior a 200 cm da superfície do solo.

1.6 Latossolos

Os Latossolos são solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos ti-pos de horizonte superfi cial, exceto o horizonte hístico. São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de enérgicas transformações do material constitutivo. São virtualmente desprovidos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, e têm capacidade de troca de cátions da fração argila inferior a 17 cmolc kg-1 de argila sem correção para carbono.

1.7 Luvissolos

O Luvissolo é encontrado somente como unidade secundária em uma associação no levantamento de solos de 1981 (LARACH et al., 1984). O Podzólico Bruno Acinzentado Eutrófi co é atualmente denomi-nado como Luvissolo Háplico Órtico planossólico. Os Luvissolos com-

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preendem solos minerais, não hidromórfi cos, com horizonte B textural, argila de atividade alta e saturação por bases elevada, imediatamente abaixo do horizonte A ou horizonte E. Apresentam diversos horizontes superfi ciais, exceto A chernozêmico e horizonte hístico.

1.8 Neossolos

São solos constituídos por material mineral, não hidromórfi cos, ou por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensi-dade de atuação dos processos pedogenéticos. São solos pouco de-senvolvidos pedogeneticamente, ou seja, não apresentam horizonte B diagnóstico. Eles podem ser rasos (espessuras ≤ 50 cm): Neossolos Litólicos; pouco profundos (espessuras entre 50 e 100 cm): Neossolos Regolíticos; profundos (espessuras entre 100 e 200 cm) a muito pro-fundos (≥ 200 cm): Neossolos Flúvicos e ou Neossolos Quartzarênicos.

1.9 Nitossolos

São solos constituídos por material mineral, com horizonte B níti-co, textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila maiores que 350 g kg-1 de solo a partir do horizonte A), estrutura em blocos suban-gulares ou angulares, ou prismática, de grau moderado ou forte, com cerosidade expressiva (na classe dos Nitossolos Vermelhos) nas su-perfícies dos agregados e gradiente textural menor que 1,5.

1.10 Organossolos

São solos pouco evoluídos, com preponderância de características devidas ao material orgânico. Normalmente de cores preta, cinzenta muito escura ou brunada, resultantes de acumulação de restos vege-tais, em graus variáveis de decomposição, em condições de drena-gem restrita (ambientes mal ou muito mal drenados), ou em ambientes úmidos e frios de altitudes elevadas, saturadas com água por apenas poucos dias durante o período chuvoso.

1.11 Afl oramentos de Rocha

Os Afl oramentos de Rocha estão representados pela exposição de arenitos e/ou por associações com Neossolo Litólico Hístico típico e

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Cambissolo Húmico Distrófi co léptico, ambos de textura argilosa, subs-trato granitos e quartzitos.

2 Agrupamento das classes de solos por atributos maismarcantes

Neste trabalho, reconhecendo a pouca praticidade de se apresen-tar restrições, potencialidades, e sugestões/recomendações para cada uma das 33 classes de solos e suas unidades mapeadas, os solos do estado foram agrupados pelos atributos diagnósticos/utilitários mais marcantes em 12 grupos, sendo desconsideradas nos agrupamentos as características com relação à presença de cascalho, pedregosidade e relevo. Entretanto, pela extrema importância para o manejo adequa-do das unidades foram feitas considerações sobre essas característi-cas que, reconhecidamente, interferem na classifi cação da aptidão e/ou potencial agrícola. Todavia recomenda-se expressamente que es-tas características sejam avaliadas nas condições locais e, se neces-sário, apresentadas em escala de maior detalhe.

Decorrente da similaridade de aptidão e potencial agropecuário os 12 grupos estão representados por quatro conjuntos, os quais são des-critos a seguir com os seus respectivos agrupamentos.

2.1 Conjunto de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário

Refere-se a terras com solos cujos fatores limitantes são possí-veis de serem superados com práticas simples e predominantemente de baixa necessidade de inversão de capital. Os solos desse agru-pamento apresentam alto potencial agropecuário quando adequada-mente explorados sob os três sistemas descritos nos itens 4.1, 4.2 e 4.3 (Sistema Plantio Direto - SPD; Sistemas Integrados de Produção Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Integrados de Produção com Base Agroecológica - SIPBA). Fazem parte desse conjunto os se-guintes grupos:

Grupo 1 - Latossolos de textura média.Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa.Grupo 3 - Nitossolos.Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico.

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2.2 Conjunto de solos de regular aptidão agrícola e moderadopotencial agropecuário

Refere-se a terras com solos que apresentam limitações que re-querem intensivas práticas e maiores investimentos de recursos para superá-las visando produção sustentável, assim representando mode-rado potencial agropecuário. Fazem parte desse conjunto os seguintes grupos:

Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e LuvissolosGrupo 6 - Cambissolos com ausência de caráter alumínico e/ou léptico e Chernossolos.Grupo 7 - Cambissolos com caráter alumínico.

2.3 Conjunto de solos de restrita aptidão agrícola e baixopotencial agropecuário

Refere-se a terras com solos que possuem limitações severas, exigindo, para se tornarem produtivos e sustentáveis, práticas muito intensivas e investimentos de recursos muitas vezes fora das possibili-dades da maioria dos agricultores, portanto de baixo potencial agrope-cuário. Este conjunto constitui-se de apenas um grupo.

Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e Cambissolos com caráter léptico.

2.4 Conjunto de solos Inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário

Refere-se a terras com solos que não apresentam possibilidades de superação de suas limitações sem descaracterizá-los de forma ir-reversível, ainda assim com elevados custos ambientais e fi nanceiros, portanto de restrito potencial agropecuário. Fazem parte desse conjun-to os seguintes grupos:

Grupo 9 - Neossolos Litólicos, Cambissolos Flúvicos e Cambisso- los em relevo montanhoso.Grupo 10 - Neossolos Flúvicos, Gleissolos Háplicos ou Melânicos e Organossolos.Grupo 11 - Gleissolos Sálicos (incluindo os tiomórfi cos) e todos os Espodossolos.Grupo 12 - Afl oramentos de Rocha. Este agrupamento, apesar de

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não ser uma classe de solo, é espacializado e delimitado no mapa de solos do estado do Paraná, o que justifi ca fazer considerações sobre o mesmo.

3 Limitações/restrições, potencialidades e recomendações por grupo de solos

Apresentam-se a seguir, por grupos de solos, as principais limita-ções/restrições, potencialidades e recomendações. Ressalta-se que a escala deste trabalho não permite a aplicação direta e exclusiva des-sas informações em planejamento agrícola em escala de microbacia ou propriedade rural.

É importante que o usuário identifi que as associações de classes de solos (descritas no Anexo 1) em uma determinada microbacia hidro-gráfi ca, a fi m de desmembrá-las em cada um de seus solos constituin-tes para melhor compreensão dos fenômenos que ali ocorrem e para indicar melhor uso, manejo e conservação em cada gleba delimitada na referida microbacia hidrográfi ca.

Como visto, os solos do estado do Paraná estão agrupados em quatro conjuntos com similaridade de aptidão e potencial agropecuário, sendo: os solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário representando 57,16% do total do estado, conjunto de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário com 16,76% do estado, conjunto de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário com 14,68% e conjunto de solos Inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário com 11,40% do total do estado.

Tabela 1 - Distribuição dos conjuntos de aptidão e potencial agrope-cuário (área e %)

Conjuntos de Aptidão Área (ha) (%)Solos de Boa Aptidão 11.089.180 57,16

Solos de Regular Aptidão 3.251.649 16,76

Solos de Restrita Aptidão 2.847.418 14,68

Solos Inaptos 2.212.217 11,40

Total de Solos 19.400.464 100,00

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3.1 Conjunto de solos com boa aptidão agrícola/alto potencial agropecuário

Os solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário estão presentes nas 22 regiões administrativas do Instituto Emater, com distribuição apresentada na Tabela 2.

Tabela 2 - Distribuição do conjunto de solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da regiãoApucarana 218.931 1,97 69,30Campo Mourão 837.055 7,55 72,47Cascavel 917.645 8,28 75,11Cianorte 361.662 3,26 82,64Cornélio Procópio 483.860 4,36 67,40Curitiba 580.140 5,23 36,10Dois Vizinhos 102.683 0,93 54,60Francisco Beltrão 322.396 2,91 56,61Guarapuava 655.549 5,91 47,22Irati 213.303 1,92 35,25Ivaiporã 547.176 4,93 49,65Laranjeiras do Sul 291.386 2,63 46,40Londrina 591.316 5,33 85,82Maringá 591.914 5,34 90,40Paranaguá 53.474 0,48 10,15Paranavaí 863.109 7,78 86,75Pato Branco 410.603 3,70 45,54Ponta Grossa 1.089.135 9,82 45,19Santo Antonio da Platina 326.404 2,94 41,09Toledo 731.990 6,60 90,92Umuarama 682.935 6,16 69,56União da Vitória 216.513 1,95 30,67Total de Solos Boa Aptidão 11.089.180 100,00

3.1.1 Grupo 1 - Latossolos de textura média

Potencialidades: Caracterizam-se por serem solos profundos bem drenados sem impedimento ao desenvolvimento da agropecuária visto que suas limitações são removíveis com as tecnologias disponíveis. Ra-cionalmente manejados são de alto potencial agropecuário e fl orestal.

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Limitações/restrições: Apesar de serem solos muito bons para a agropecuária em geral, os solos deste grupo apresentam baixa fertili-dade natural e podem rapidamente se esgotarem nos primeiros anos de uso caso não ocorra a reposição dos nutrientes via adubações e correção da acidez quando necessária. Apresentam suscetibilidade à erosão de moderada a forte que pode se agravar, mesmo no relevo suave ondulado, se mal manejados (exemplo: plantios morro abaixo, plantios com preparos de solos convencionais).

Devido à baixa capacidade de retenção de umidade (principalmen-te nos Latossolos com teores de argila entre 15 e 20%) podem ainda apresentar defi ciência de água nas regiões com ocorrência de estia-gens ou pequenos veranicos.

Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento recomenda-se o uso e manejo sob sistemas tecnifi cados contemplan-do: correção da defi ciência de fertilidade e da acidez quando necessá-ria, incorporação de carbono ao solo e fi xação biológica de nitrogênio e adoção da irrigação para os cultivos mais exigentes em água.

Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indistin-tamente indicados o Sistema de Plantio Direto (SPD), integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta (ILPF) e os Sistemas Integra-dos de Produção com Base Agroecológica (SIPBA).

3.1.2 Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa

Potencialidades: Os solos deste agrupamento, quando bem e ra-cionalmente manejados e/ou, com melhoria das limitações naturais, apresentam alto potencial agropecuário e fl orestal uma vez que são profundos bem drenados sem impedimentos à mecanização. Apresen-tam, ainda, boa capacidade de retenção de água e razoável tolerância à perda de solo por erosão.

Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados desde solos de alta fertilidade até solos quimicamente defi cientes em nutrientes es-senciais para as plantas, podendo, inclusive, ocorrer alta defi ciência de fósforo. A suscetibilidade à erosão, de ligeira à moderada, pode se agravar, mesmo em relevo suave ondulado, pela formação de com-pactação do solo, quando mal manejados, favorecendo o escorrimento

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superfi cial das águas pluviais.Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento

recomenda-se o uso e manejo com sistemas tecnifi cados contemplan-do: correção da defi ciência de fertilidade e da acidez quando necessá-ria; rotação de cultura com espécies indicadas para prevenir ou mitigar a compactação, incorporação de carbono ao solo e fi xação biológica de nitrogênio e, dependendo dos cultivos exigentes em água, a adoção da irrigação.

Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indica-dos, o SPD integrado com práticas de controle do escorrimento super-fi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de ILPF e os SIPBA.

3.1.3 Grupo 3 - Nitossolos

Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados desde solos de alta fertilidade natural, com ligeira defi ciência de fósforo até solos quimicamente pobres e com caráter alítico (teores de alumínio trocá-vel ≥ 4 cmolc dm-3 solo e saturação de alumínio ≥ 50% associado com atividade da fração argila ≥ 20 cmolc dm-3 argila). Em função do tipo de relevo em que ocorrem, possuem suscetibilidade à erosão, de mode-rada a forte e com leve impedimento à drenagem. Se mal manejado a suscetibilidade pode se agravar pela formação de compactação do solo. Nas áreas com classe de declive forte ondulado há limitações para agricultura motomecanizada, razão da grande difi culdade de con-trole da erosão e redução signifi cativa no rendimento das máquinas.

Potencialidades: São solos de alto potencial para a agricultura em geral nas áreas com classe de declive suave ondulado e ondulado. A principal limitação refere-se à suscetibilidade à erosão, principalmente quando intensivamente mecanizados, podendo esta ser controlada efi -cazmente com o emprego de práticas conservacionistas intensivas. Se bem manejados podem apresentar altas produções de forma susten-tada. As áreas com relevo forte ondulado podem ser melhor aproveita-das com pastagens, fruticultura e fl orestas plantadas.

Proposições/recomendações: Para os solos desse agrupamento recomenda-se o uso e manejo com sistemas tecnifi cados contemplan-do: correção da defi ciência de fertilidade e da acidez quando necessá-ria; rotação de cultura com espécies indicadas para prevenir a forma-

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ção de camada adensada, fi xação biológica de nitrogênio e adoção da irrigação para os cultivos exigentes em água.

Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento são indica-dos: o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta.

Nas áreas com classe de declive acima de forte ondulado e até 45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente que a fauna fosse protegida e a fl ora melhorada, tanto pelo enriquecimento, quanto pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico, as quais de-vem ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

3.1.4 Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico

Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados solos profun-dos, em geral de textura arenosa ou média superfi cialmente e média ou argilosa subsuperfi cialmente, com moderado impedimento à drena-gem devido ao horizonte B textural. São, na grande maioria, de baixa fertilidade natural. No entanto podem ser encontrados tanto solos com caráter alítico como solos de melhor fertilidade. A maioria dos solos com o horizonte B textural é fortemente susceptível à erosão, com mo-derado impedimento à drenagem vertical.

Potencialidades: São solos, no geral, de alto potencial agropecu-ário, entretanto exigem intensivo uso de capital e manejo cuidadoso para evitar o processo de erosão acelerada. Proposições/recomenda-ções: Devido ao horizonte B textural (gradiente textural de B/A > 1,5), deve-se ter especial cuidado no controle à erosão e dar prioridade, sempre que possível, aos cultivos perenes em sistema agrofl orestal.

Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento, nos declives de até 25%, são indicados sistemas altamente tecnifi cados, tais como: ILPF, SPD integrado com intensivas práticas de controle do escorri-mento superfi cial das águas pluviais, adubações para elevar sua fer-tilidade e correção da acidez se necessário. Nas áreas com classe de declive entre 22º a 45°, tendo em vista as restrições, seria conveniente que a fauna fosse protegida e a fl ora melhorada, tanto pelo enriqueci-mento, quanto pelo adensamento com espécies nativas de valor eco-

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nômico, as quais devem ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

3.2 Conjunto de solos com regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário

Os solos com regular aptidão agrícola e moderado potencial agro-pecuário estão presentes em 19 regiões administrativas do Instituto Emater, com distribuição apresentada na Tabela 3.

Tabela 3 - Distribuição do conjunto de solos com regular aptidão agrí-cola e moderado potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da regiãoCampo Mourão 64.239 1,98 5,56Cascavel 398 0,01 0,03Cianorte 71.677 2,20 16,38Cornélio Procópio 18.860 0,58 2,63Curitiba 605.715 18,63 37,70Guarapuava 211.528 6,51 15,24Irati 276.725 8,51 45,73Ivaiporã 132.136 4,06 11,99Laranjeiras do Sul 11.909 0,37 1,90Londrina 3.087 0,09 0,45Maringá 14.180 0,44 2,17Paranaguá 215.539 6,63 40,93Paranavaí 69.405 2,13 6,98Pato Branco 99.843 3,07 11,07Ponta Grossa 681.392 20,96 28,27Santo Antonio da Platina 305.113 9,38 38,41Toledo 6.796 0,21 0,84Umuarama 229.363 7,05 23,36União da Vitória 233.744 7,19 33,11Total de Solos Regular Aptidão 3.251.649 100,00

3.2.1 Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e Luvissolos

Limitações/restrições: Neste grupo são encontrados solos desde baixa até alta fertilidade. Em geral de textura arenosa ou média super-fi cialmente e média ou argilosa subsuperfi cialmente, porém, o cará-

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ter abrúptico do horizonte B textural torna o impedimento à drenagem mais severo que nos outros Argissolos. O Caráter abrúptico se carac-teriza quando a textura do horizonte B em relação ao horizonte A varia mais de 1,5 vez numa distância vertical, na faixa de transição entre o horizonte A e B, inferior a 7,5 cm. Desta forma, são agravados os pro-blemas em relação à erosão e ao manejo de água.

Todos os solos deste grupo são fortemente suscetíveis à erosão, com grande impedimento à drenagem vertical e desenvolvimento radi-cular devido ao horizonte B textural abrúptico.

A compacidade do horizonte A, em alguns casos também se torna um empecilho ao seu melhor aproveitamento agrícola.

Potencialidades: São solos de aptidão regular para culturas anuais, entretanto, com intensivo uso de capital e manejo cuidadoso apresen-tam moderado potencial para pastagens, culturas permanentes tais como frutíferas perenes e fl orestas plantadas.

Proposições/recomendações: recomenda-se que seja priorizado para exploração com culturas perenes em sistema agrofl orestal, devi-do ao horizonte B textural agravado pelo caráter abrúptico.

Visando superar suas limitações, mesmo que parcialmente, pro-põe-se que o uso desses solos deva ser com sistemas altamente tecni-fi cados, tais como: ILPF com pastagem perene, adubações para elevar sua fertilidade. Nas unidades que possam suportar o cultivo de lavou-ras (áreas com declives inferiores a 20%) estas devem ser sob Sistema Plantio Direto ou cultivo mínimo sempre com a incorporação de matéria orgânica para melhorar as condições físicas do horizonte A. Todavia quando ocorrem em declive acentuado combinado com pendentes cur-tas, o risco de degradação pela erosão é muito grande, o que torna obrigatório o uso de práticas intensivas de controle da erosão.

3.2.2 Grupo 6 - Cambissolos com ou sem caráter Alumínico em relevo inferior a forte ondulado e Chernossolos

Limitações/restrições: São vários os fatores que concorrem para a moderada utilização agrícola dos solos deste grupo, mas o mais im-portante refere-se à profundidade do solo. São muito susceptíveis à erosão e a possibilidade de mecanização fi ca bastante limitada, devido à ocorrência de áreas em relevo forte ondulado.

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Os Cambissolos são solos pouco desenvolvidos, evidenciado pela presença de mais de 4% de minerais primários facilmente intemperizá-veis. Normalmente são associados a áreas de declives acentuados, no entanto, podem ocorrer também em áreas de relevos suave ondulados de pendentes curtas.

Os Chernossolos são identifi cados pelo Horizonte A Chernozêmi-co, que é uma camada superfi cial escura, de consistência macia, rica em matéria orgânica e altos teores de nutrientes que lhes conferem alta fertilidade natural. No entanto, o risco de erosão é grande onde o relevo é mais movimentado. Embora possam apresentar um horizonte B textural (característica de Argissolo e Luvissolo) ou incipiente (Cam-bissolo), normalmente não são profundos.

Potencialidades: Os solos deste grupo geralmente são de mode-rado potencial para explorações agrícolas. No entanto, os solos com profundidades efetivas inferiores a 50 cm, devem ser utilizados com certa reserva quando sob uso intensivo, sendo imprescindível o uso de práticas conservacionistas intensivas.

Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento para as classes de declive inferiores a 20% são in-dicados sistemas tecnifi cados com integração pecuária e fl oresta com pastagem perene, o SPD integrado com intensivas práticas de controle à erosão e do escorrimento superfi cial das águas pluviais, associadas a adubações para elevar sua fertilidade e correção da acidez do solo.

Para as classes de 20 a 45% recomenda-se o uso sob o sistema integrado pecuária-fl oresta bem como fruticultura em agrofl oresta, am-bos tecnifi cados e sem revolvimento do solo e com cobertura perma-nente.

3.2.3 Grupo 7 - Cambissolos com ou sem caráter Alumínico em relevo forte ondulado a montanhoso

Limitações/restrições: Os solos deste grupo apresentam forte limi-tação com relação à sua fertilidade natural, destaca-se a elevada aci-dez por alumínio trocável (caráter alumínico), responsável pela inibição do desenvolvimento radicular da maioria das culturas. Além disso, são muito suscetíveis à erosão e a possibilidade de mecanização fi ca bas-tante limitada, devido à ocorrência de áreas em relevo forte ondulado.

Potencialidades: Os solos deste grupo geralmente se prestam para silvicultura, sendo imprescindível a aplicação de insumos e o uso de

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práticas conservacionistas intensivas. Estes solos não se prestam para uma agricultura rotineira, visto que os teores de alumínio trocável são bastante elevados tanto no horizonte A como no (B). Mesmo num sis-tema de manejo desenvolvido, onde técnica e capital são empregados em larga escala, sua aptidão é inapta para lavoura.

Proposições/recomendações: Recomenda-se o uso sob o ILPF, bem como, o uso de fruticultura em agrofl oresta, ambos tecnifi cados e sem revolvimento do solo e com o uso de cobertura permanente.

3.3 Conjunto de solos com restrita aptidão agrícola e baixo poten-cial agropecuário

Os solos com restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecu-ário estão presentes em 18 regiões administrativas do Instituto Emater, com distribuição apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição do conjunto de solos com restrita aptidão agrí-cola e baixo potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da regiãoApucarana 96.992 3,41 30,70Campo Mourão 146.415 5,14 12,68Cascavel 105.075 3,69 8,60Cianorte 191 0,01 0,04Cornélio Procópio 207.012 7,27 28,84Curitiba 263.771 9,26 16,42Dois Vizinhos 45.060 1,58 23,96Francisco Beltrão 160.559 5,64 28,19Guarapuava 321.649 11,30 23,17Irati 68.621 2,41 11,34Ivaiporã 306.485 10,76 27,81Laranjeiras do Sul 278.465 9,78 44,34Londrina 67.731 2,38 9,83Maringá 46.786 1,64 7,15Pato Branco 115.085 4,04 12,76Ponta Grossa 427.873 15,03 17,75Santo Antonio da Platina 159.890 5,62 20,13União da Vitória 29.760 1,05 4,22Total de Solos Restrita Aptidão 2.847.418 100,00

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3.3.1 Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolo Quartzarênico e Cambissolos com caráter léptico1

Limitações/restrições: Os solos deste grupo em geral são de pouca profundidade podendo ocorrer presença de pedras próximas à super-fície. A fertilidade natural varia desde baixa até alta. A mecanização e, de certa forma, o controle da erosão, tornam-se difíceis e dispendiosos principalmente nos declives elevados. Em regiões com ocorrência de veranicos podem apresentar severa defi ciência de água.

O Neossolo Quartzarênico, sem representatividade no nível de escala adotado por ser apenas inclusão nos solos do agrupamento, ocorre em relevo plano ou suave ondulado, com textura arenosa ao longo do perfi l. Considerando-se o relevo de ocorrência, o processo erosivo não é alto, porém, deve-se precaver com a erosão devido à textura ser essencialmente arenosa. Embora não exista limitação física para o desenvolvimento radicular em profundidade, este é prejudicado pela reduzida quantidade de água disponível (textura essencialmente arenosa) e pelos teores de matéria orgânica, fósforo e micronutrientes muito baixos, redundando em baixíssima capacidade de troca de cá-tions (CTC). A lixiviação de nitrato e potássio é intensa devido à textura essencialmente arenosa.

Potencialidades: Pelas limitações e restrições que apresentam são solos de utilização restrita e até inapta para a agricultura mecanizada. Entretanto com o uso de tecnologias de base agroecológica, sistemas integrados de produção com fl oresta, irrigação para as culturas mais exigentes podem se tornar aptos e produtivos.

Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento, para as classes de declive inferiores a 20%, são indicados sistemas tecnifi cados com integração lavora-pecuária-fl ores-ta, o SPD integrado com intensivas práticas de controle à erosão e do escorrimento superfi cial das águas pluviais, associadas a adubações para elevar sua fertilidade e correção da acidez para neutralização do alumínio do solo. Caso venha a ser utilizado por questões sociais lo-cais, em relevos mais acentuados, deve ser sob cultivo mínimo se pos-sível em sistema agrofl orestal com práticas de controle da enxurrada, inclusive visando recarga dos aquíferos e nascentes.

1 O caráter léptico: contato lítico entre 50 e 100 cm de profundidade.

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3.4 Conjunto de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário

Os solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuá-rio estão presentes em 21 regiões administrativas do Instituto Emater, com distribuição apresentada na Tabela 5.

Tabela 5 - Distribuição do conjunto de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário (área e %)

Região Área (ha) % do estado % da regiãoCampo Mourão 107.361 4,85 9,29Cascavel 198.549 8,98 16,25Cianorte 4.094 0,19 0,94Cornélio Procópio 8.157 0,37 1,14Curitiba 157.238 7,11 9,79Dois Vizinhos 40.308 1,82 21,43Francisco Beltrão 86.525 3,91 15,19Guarapuava 199.569 9,02 14,38Irati 46.511 2,10 7,69Ivaiporã 116.303 5,26 10,55Laranjeiras do Sul 46.214 2,09 7,36Londrina 26.846 1,21 3,90Maringá 1.890 0,09 0,29Paranaguá 257.616 11,65 48,92Paranavaí 62.466 2,82 6,28Pato Branco 276.125 12,48 30,62Ponta Grossa 211.700 9,57 8,78Santo Antonio da Platina 3.046 0,14 0,38Toledo 66.290 3,00 8,23Umuarama 69.558 3,14 7,08União da Vitória 225.851 10,21 32,00Total de Solos Inaptos 2.212.217 100,00

3.4.1 Grupo 9 - Neossolo Litólico, Cambissolos Flúvicos e Cam-bissolos de relevo montanhoso

Limitações/restrições: Os solos deste grupo se caracterizam por serem rasos e pouco evoluídos, em geral com menos de 50 cm de espessura, exceto os Cambissolos Flúvicos que podem ser mais pro-

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fundos, mas com grandes restrições para o desenvolvimento da agri-cultura e grande suscetibilidade à erosão. É comum ocorrer presença de rochas próximas à superfície. Em elevados declives a mecanização e o controle da erosão tornam a utilização agrícola difícil e dispendiosa. Geralmente este grupo de solos requer investimentos com corretivos e fertilizantes, irrigação em regiões com ocorrência de defi ciência de água em função da ocorrência de estiagens ou veranicos, e a baixa capacidade de retenção de umidade pela pouca espessura do solo.

Potencialidades: São solos de uso restrito dentro de uma agricul-tura tecnifi cada, no entanto, se manejados adequadamente, é possível utilizá-los com olericulturas, pastagens, refl orestamento ou outras cul-turas perenes que forneçam permanente proteção ao solo.

Proposições/recomendações: Para o uso sustentável dos solos desse agrupamento é recomendável o uso com sistemas integrados pecuária-fl oresta e eventualmente lavoura em cultivo mínimo ou baixo uso de mecanização e quando necessário com adubação para melho-rar a fertilidade. Não se recomenda a utilização agrícola intensiva des-tes solos devendo ser reservados para culturas perenes em sistema agrofl orestal, fruticultura em agrofl oresta tecnifi cada e sem revolvimen-to do solo e com cobertura permanente com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, inclusive visando recarga dos aquíferos e nascentes.

3.4.2 Grupo 10 - Neossolo Flúvico, Gleissolo Háplico ou Melânico e todos os Organossolos

Limitações/restrições: Os solos deste grupo caracterizam-se por apresentarem condição de hidromorfi smo pronunciado ou não, sujeito a inundações frequentes. A maior restrição deste grupo para a sua uti-lização agrícola ou não, é a presença de água. Esta condição favorece o acúmulo de matéria orgânica nestes solos. Os solos deste grupo também podem apresentar baixa sustentação de máquinas e edifi ca-ções.

Potencialidades: A sua utilização já consolidada em alguns locais no estado expressa este potencial, principalmente na cultura do arroz e hortaliças. Os solos deste grupo podem apresentar algum potencial agrícola quando adequadamente drenados. Entretanto esta forma de utilização é a mesma que acelera a decomposição da matéria orgâni-

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ca, que é responsável, em grande parte, pela sua fertilidade natural, podendo levar o solo a uma degradação irreversível.

Este grupo possui grande importância ecológica pela sua partici-pação no ciclo hidrológico e biogeoquímico do carbono. Os Organos-solos, em especial, funcionam como reservatórios e são responsáveis pela fi ltragem e armazenamento de água, atuando também no seques-tro/estoque de carbono.

Proposições/recomendações: As áreas com solos deste grupo na sua grande maioria devem ser destinados à preservação permanente, portanto, nas áreas próximas aos cursos d’água naturais a função hi-drológica deve ser considerada como prioritária. Ressalvado pelo inte-resse social em função do uso já consolidado, nas áreas de menor ris-co de inundação recomenda-se obras de drenagem visando o controle da altura do lençol freático de forma a permitir o uso agrícola dentro de um contexto de interesse social e com sistemas agroecológicos.

Neste contexto, os Organossolos devem receber recomendações especiais, pois possuem grande suscetibilidade à degradação pela subsidência, quando drenados. Portanto, recomenda-se que a utiliza-ção destas áreas dependa de um estudo detalhado dos efeitos e pre-ferencialmente através de licenciamento ambiental.

3.4.3 Grupo 11 - Gleissolo Sálico2 e todos os Espodossolos

Limitações/restrições: Os solos deste grupo normalmente apresen-tam-se em situação de hidromorfi smo pronunciado ou não, sujeitos a inundações constantes ou frequentes. São solos arenosos superfi cial-mente (Espodossolos) fracamente estruturados, de baixa fertilidade, mal e muito mal drenados e solos argilosos e imperfeitamente dre-nados (Gleissolos). Estas restrições tornam estes solos inaptos para a agricultura. As áreas de ocorrências de solos Tiomórfi cos não são indicadas para exploração agropecuária ou fl orestal.

Potencialidades: As limitações destes solos restringem sua aptidão agropecuária.

Proposições/recomendações: As áreas deste grupo de solos na sua grande maioria devem ser destinadas à preservação permanente e devem ser mantidas nas condições naturais.

2 Gleissolo Sálico incluindo os Tiomórfi cos.

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Ressalvado pelo interesse social em função do uso já consolidado, recomenda-se para os Espodossolos o ajuste do manejo e uso agríco-la dos mesmos.

3.4.4 Grupo 12 - Afl oramentos de Rocha

Limitações/restrições: Áreas com afl oramento de rocha não apre-sentam possibilidade de uso agropecuário ou fl orestal.

Potencialidades: Não há potencial para uso agropecuário ou fl ores-tal. Dependendo do material de origem, a possibilidade destas áreas é restrita a extração mineral desde que atendidas as exigências de licenciamento ambiental.

Proposições/recomendações: Áreas que devem ser mantidas nas condições naturais.

4 Aptidão agrícola em razão dos sistemas de produção inovadores

Alguns fatores limitantes de uso dos solos podem ter o grau de limitação minimizado ou até mesmo superado com a aplicação dos conhecimentos atuais. Como já frisado anteriormente, este fato leva a necessidade de ajustes na classifi cação da aptidão agrícola das terras considerando cada sistema de produção a ser adotado.

Um exemplo: aplica-se a classifi cação inapta para um solo raso e declive acentuado quando se pretende realizar o preparo para o plan-tio de forma convencional, com uma aração e duas gradagens. Nesta situação, a mecanização se torna difícil, o processo erosivo incontrolá-vel e a dependência de recursos externos para se manter a produção é crescente em função das perdas da fertilidade e do próprio solo. No entanto, se manejado e utilizado sob base ecológica, ou seja, sem revolvimento e permanentemente protegido, coberto pela palhada ou vegetação, pode ter sua aptidão reclassifi cada, visto que, imitando os processos naturais, este sistema é enriquecedor.

(...) Ao longo desse processo, a vegetação cria fertilidade e biodiversidade, capazes de se manter sustentavelmente, através de intrincados mecanismos alimentados pela biomassa produzida. (...) (KHATOUNIAN, 2001, p.99).

Embora reconhecendo a existência de outros sistemas consolida-dos ou em transição, sucintamente apontam-se três sistemas com con-

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dição de se obter sustentabilidade. Inclusive indicados para recupera-ção de áreas degradadas, proteção da biodiversidade, dos recursos hídricos e de melhoria da economia das comunidades menos desen-volvidas do Estado.

4.1 Sistema Plantio Direto - SPD

Segundo Bolliger et al. (2006) o SPD é sustentado por três princí-pios fundamentais, que são: Mínimo revolvimento do solo; Cobertura permanente do solo com palha ou vegetação; Rotação de culturas. No entanto, as experiências vividas por técnicos da extensão rural do Instituto Emater associadas a resultados de pesquisa (BERTOL et al., 2004; GUADAGNIN et al., 2005 e BERTOL et al., 2007) relatam as defi ciências do SPD em conter o escorrimento superfi cial das águas pluviais. Portanto, o SPD prescinde do quarto principio fundamental: O controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais através de práticas mecânicas corretamente dimensionadas, conforme descrito por (CAVIGLIONE et al., 2010), e em conformidade com a resolução da SEAB 172/2010 (SEAB-PR, 2010).

O SPD acarreta melhorias nos resultados econômicos, pois a au-sência de operações para preparo do solo gera uma sensível economia de tempo, combustíveis, trabalho e custos. Quando a área é preparada para receber o SPD, necessita da eliminação ou mitigação da camada compactada, correção da fertilidade do solo, implantação de terraços corretamente dimensionados, integração da lavoura com as estradas dentro de critério conservacionista. Quando o sistema é adequada-mente conduzido, além dos benefícios no controle da erosão, há incre-mentos nos teores de carbono e na biodiversidade do solo, ao mesmo tempo em que há signifi cativo incremento na reciclagem de nutrientes e fi naliza com aumento na taxa de infi ltração de água no solo. São inegáveis efeitos benéfi cos do SPD no sistema solo-água-planta no médio e longo prazos. As fotos mostram detalhes do Sistema Plantio Direto com os princípios fundamentais (Figura 1) e estrada adequada e integrada aos terraços e o sistema para o controle do escorrimento (Figura 2).

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FIGURA 1 - SISTEMA PLANTIO DIRETO APRESENTANDO OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA: PLANTIO SOBRE RESÍDUOS DE CULTIVO ANTERIOR E TERRACEAMENTO DE BASE LARGA.Foto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Oromar João Bertol, 2013.

FIGURA 2 - ESTRADA ADEQUADA, INTEGRADA AOS TERRAÇOS E AO SISTEMA PLANTIO DIRETOFoto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Oromar João Bertol, 2013

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4.2 Sistemas Integrados de Produção Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

Observações de campo realizadas para verifi car efeitos de eventos extremos de estiagens e chuvas intensas no Paraná apontam para dois aspectos importantes relacionados com perdas na agropecuária, portanto, relacionados com a sustentabilidade dos sistemas de pro-dução atualmente mais adotados. O primeiro aspecto evidencia a ne-cessidade de mudanças radicais dos sistemas produtivos altamente degradantes ao meio ambiente, com perdas de solo, água e nutrien-tes e consequente assoreamento de reservatórios e eutrofi zação dos recursos hídricos. O manejo inadequado resulta em outros impactos também que são: incidência de pragas e invasoras resistentes que exigem controle intensivo com maior uso de agrotóxicos. Estes fatos acabam afetando a qualidade dos alimentos produzidos e os custos de produção.

FIGURA 3 - SISTEMA INTEGRADO PECUÁRIA-FLORESTAFoto: Acervo: Instituto Emater. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2013

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O segundo aspecto mostra, de forma concreta, que nos sistemas ILPF tais problemas são menos evidentes e até mesmo insignifi cantes. Os sistemas integrados em suas diversas modalidades, quando ade-quadamente planejados, trazem vantagens econômicas para os pro-dutores e oferta de alimentos de melhor qualidade. Conservam melhor a biodiversidade por interagir positivamente com os ecossistemas local e regional. Essas interações positivas são essenciais para a adaptação dos agroecossistemas às mudanças climáticas e melhoria no balanço das emissões de gases de efeito estufa. Devem ser contempladas nes-ses sistemas as práticas preconizadas para uma agricultura de baixas emissões de gases de efeito estufa - recuperação de áreas degrada-das, fi xação biológica de nitrogênio e tratamento de dejetos de ani-mais, entre outras. As fotos mostram áreas em sistema ILPF (Figura 3) e o sub-bosque em plantio de eucalipto visando a recuperação de área degradada (Figura 4), retiradas na região Noroeste do Estado.

FIGURA 4 - SUB-BOSQUE DE EUCALIPTO EM SISTEMA INTEGRADO PE-CUÁRIA-FLORESTA, RECUPERANDO ÁREA DEGRADADAFoto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2013

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4.3 Sistemas Integrados de Produção com Base Agroecológica (SIPBA)

Duas defi nições são necessárias para ajudar o entendimento desse sistema. Primeiro a defi nição da agroecologia é vista através da dimen-são ecológico-técnica-produtiva como sendo a “(...) ciência baseada em uma abordagem sistêmica que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos, utilizando o agroecossistema como unidade de estudo e trabalho (...)” (HAMERSCHMIDT et al., 2005). Ou-tra defi nição trata o enfoque agroecológico como sendo destinado “(...) a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural e de agricultura convencional para estilos sustentáveis (...)” (CAPORAL e COSTABEBER, 2004).

Os sistemas integrados de produção sob base agroecológica po-dem ser entendidos a partir do texto “Extensão Rural e Agroecologia”.

“A agricultura sustentável, sob o ponto de vista agroecológico, é aquela que, tendo como base uma compreensão holística dos agroecossistemas, seja ca-paz de atender, de maneira integrada, aos seguintes critérios: a) baixa de-pendência de insumos comerciais; b) uso de recursos renováveis localmente acessíveis; c) utilização dos impactos benéfi cos ou benignos do meio ambiente local; d) aceitação e/ou tolerância das condições locais, antes que a depen-dência da intensa alteração ou tentativa de controle sobre o meio ambiente; e) manutenção, a longo prazo, da capacidade produtiva; f) preservação da diversidade biológica e cultural; g) utilização do conhecimento e da população local, e h) produção de mercadorias para o consumo interno e para exporta-ção” (CAPORAL e COSTABEBER, 2004, p.15).

As fotos ilustram o início do estabelecimento de agrofl oresta, Vale do rio Ribeira, em clareiras ou áreas degradadas, levando à recupera-ção da fertilidade e condições física do solo com o cultivo de espécies leguminosas de rápido retorno (Figura 5). Em virtude disto a fl ora é melhorada pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies de valor econômico (Figura 6), que são exploradas mediante técnicas ex-trativas apropriadas e não predatórias.

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FIGURA 5 - INÍCIO DO ESTABELECIMENTO DE AGROFLORESTA, RECU-PERANDO A FERTILIDADE QUÍMICA E FÍSICA DO SOLO COM ESPÉCIES LEGUMINOSAS Foto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2011

FIGURA 6 - AGROFLORESTA LOGO APÓS O INÍCIO, COM ENRIQUECI-MENTO DA FLORA PELO ADENSAMENTO COM ESPÉCIES DE VALOR ECONÔMICOFoto: Acervo: Instituto EMATER. Autor: Luiz Marcos Feitosa dos Santos, 2011

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MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utiliza os recursos do Sistema de Informações Ge-ográfi cas (SIG) para combinar informações e elaborar um conjunto de mapas que permite localizar e caracterizar as 10 ordens de solos que ocorrem no estado do Paraná e nas 22 regiões administrativas do Ins-tituto Emater. Portanto, este trabalho apresenta-se em uma escala re-gional, e para seu uso em planejamento de microbacia ou propriedade rural, necessita de ajustes para a escala de trabalho desejado.

As informações foram combinadas e como resultado obteve-se 12 grupos de solos organizados em quatro conjuntos decorrentes da si-milaridade de aptidão e potencial agropecuário conforme descrito no item 2.

O desenvolvimento do trabalho de geoprocessamento foi realizado com utilização dos softwares e arquivos digitais abaixo relacionados:

Aplicativos de desenvolvimento e análise:

a) Software ArcGis 9.0O software ArcGis 9.0 foi utilizado para combinação das informa-

ções, análise dos dados e elaboração dos mapas temáticos.b) Planilha eletrônicaA planilha eletrônica foi utilizada para tabular e totalizar informa-

ções geradas nos mapas temáticos.

Arquivos vetoriais:

a) Divisão política dos municípios do estado do ParanáMapa político em formato digital em coordenadas planas UTM,

do estado do Paraná com as divisas entre municípios, elaborado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA, 2011).

b) Mapa de solosMapa de solos em formato digital em coordenadas planas UTM,

elaborado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

A elaboração do conjunto de mapas com suas respectivas tabelas desenvolveu-se com apoio do Sistema de Informações Geográfi cas (SIG), contemplando as seguintes etapas:

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a) Organização da tabela do mapa político do estado do ParanáOs municípios do mapa político do estado do Paraná foram classi-

fi cados nas 22 regiões administrativas do Instituto Emater, para poste-rior formação dos grupos de solos por unidades regionais.

b) Organização da tabela do mapa de solosAs 33 classes de solos do estado do Paraná e suas respectivas

unidades de mapeamentos foram agrupadas em 4 conjuntos, subdi-vididos em 12 grupos de solos, baseados em seus atributos utilitários mais marcantes e que apresentam similaridade de aptidão e potencial agropecuário, descritos a seguir:

Conjunto 1 - solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário

Grupo 1 - Latossolos de textura média.Grupo 2 - Latossolos de textura argilosa e muito argilosa.Grupo 3 - Nitossolos.Grupo 4 - Argissolos com ausência de caráter abrúptico.

Conjunto 2 - solos de regular aptidão agrícola e moderado po-tencial agropecuário

Grupo 5 - Argissolos com caráter abrúptico e Luvissolos.Grupo 6 - Cambissolos com ausência de caráter alumínico e/ou

léptico e Chernossolos.Grupo 7 - Cambissolos com caráter alumínico.

Conjunto 3 - solos de restrita aptidão agrícola e baixo poten-cial agropecuário

Grupo 8 - Neossolos Regolíticos, Neossolos Quartzarênicos e Cambissolos com caráter léptico.

Conjunto 4 - solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário

Grupo 9 - Neossolos Litólicos, Cambissolos Flúvicos e Cambisso-los em relevo montanhoso.

Grupo 10 - Neossolos Flúvicos, Gleissolos Háplicos ou Melânicos e Organossolos.

Grupo 11 - Gleissolos Sálicos (incluindo os tiomórfi cos) e todos os Espodossolos.

Grupo 12 - Afl oramentos de Rocha.

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c) Combinação (união) do mapa de solos com mapa de municípios/regiões

A combinação do mapa de solos com o mapa político subdividiu o mapa de solos, gerando um arquivo com os solos do estado, correla-cionando todas as informações de solos nos respectivos municípios/regiões.

d) Geração de mapa de solos por regiãoO mapa de solos do estado subdividido por municípios/regiões foi

exportado por região, gerando 22 mapas com os solos de cada região administrativa do Instituto Emater.

e) Tabulação dos dadosA partir da tabela do mapa de solos do estado, foram totalizadas

as áreas por conjunto e por grupos de solos das regiões e do estado.

f) Elaboração de mapa de grupos de solos por região e do estado do Paraná

A partir do mapa de solos do estado e das regiões foram gerados 23 mapas com os grupos de solos.

Com objetivo de permitir uma melhor visualização nos mapas apre-sentados, as cores dos grupos de solos aqui utilizadas, não seguem os padrões de cores do sistema brasileiro de classifi cação de solos e nem do manual técnico de pedologia do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).

g) Apresentação das informações do estado e por regiãoOs mapas e as tabelas gerados estão apresentados com dados

do estado e das regiões, complementados com informações sobre as potencialidades e recomendações adequadas à sua aptidão agrícola em razão dos sistemas de produção inovadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

5 Solos por Região administrativa do Instituto Emater

Os solos presentes em cada região foram quantifi cados a partir do levantamento de reconhecimento de solos do estado (LARACH et al., 1984). Os 12 grupos de solos especifi cados anteriormente estão apre-

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sentados na Figura 7 com distribuição em área e percentual apresenta-dos na Tabela 6. Na sequência deste item apresentam-se a ocupação pelos grupos de solos em área e percentual da área de cada região e no Estado.

Tabela 6 - Distribuição dos Grupos de solos no Estado (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.373.734 7,1 Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 4.765.589 24,6 Grupo 03 03-NITOSSOLOS 3.027.904 15,6 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 1.921.953 9,9 Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 11.089.180 57,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico e Luvissolos 1.177.470 6,1

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico eCHERNOSSOLOS 1.313.887 6,8

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 760.293 3,9 Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 3.262.048 16,8

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS, NEOSSOLO QUARTZARÊNICOe CAMBISSOLOS com caráter léptico 2.847.418 14,7

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 2.837.020 14,7

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS, CAMBISSOLOS FLÚVICOS e CAMBISSOLOS de relevo montanhoso 1.560.379 8,0

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICOe ORGANOSSOLOS 366.803 1,9

Grupo 11 11-GLEISSOLO SÁLICO e ESPODOSSOLOS 120.599 0,6 Grupo 12 12-AFLORAMENTOS DE ROCHA 164.436 0,8 Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 2.212.217 11,4 Subtotal Solos 19.400.464 100,0 Ilha Ilha 42 Água Água 399.324 Urbana Urbana 85.684 Total geral 19.885.514

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FIGURA 7 - MAPA GERAL DOS GRUPOS DE SOLOS DO ESTADO COM DE-LIMITAÇÃO DAS MACRORREGIÕES E REGIÕES DO INSTITUTO EMATER

5.1 Grupos de solos na Unidade Regional de Paranavaí

Dos 12 grupos de solos do estado do Paraná, seis estão presen-tes na região de Paranavaí (Figura 8). A Tabela 7 mostra que nesta região predominam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário, visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as re-lacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 863.109 ha com 86,75% da área total de solos da Região.

Os solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agrope-cuário, representados pelo Grupo 05 com 69.405 ha, ocupam 7,0% da área total de solos da Região enquanto que o Grupo 10, inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário com 62.466 ha representa 6,3% desse total.

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalida-

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des de integração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives mais acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

As informações sobre as limitações, potencialidades e recomen-dações por grupo de solos estão descritas com maiores detalhes no item 3.

As áreas do Grupo 05 (7,0%) podem apresentar produções susten-táveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroe-cológica. Enquanto que as do Grupo 10 (6,3%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação perma-nente (APP) e reserva legal (RL).

Tabela 7 - Grupos de solos na unidade regional de Paranavaí(área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 509.708 51,2

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 57.564 5,8

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 10.775 1,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 285.063 28,7

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 863.109 86,7

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 69.405 7,0

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 69.405 7,0

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO eORGANOSSOLOS 62.466 6,3

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 62.466 6,3

Área total de solos da região de Paranavaí 994.980 100,0

Água 30.521

Urbana 2.637

Área total da região de Paranavaí 1.028.137

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FIGURA 8 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PARANAVAÍ, ESTADO DO PARANÁ

5.2 Unidade regional de Maringá

Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região de Maringá (Figura 9). A Tabela 8 mostra que 90,40% dos solos dessa Região são na condição natural de boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais impor-tantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponí-veis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 591.914 ha.

A mesma Tabela 8 mostra que 7,15% encontram-se no grupo de aptidão restrita com baixo potencial agropecuário, 2,17% com aptidão regular e moderado potencial e fi nalmente 0,29% de solos inaptos com restrito potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e reco-mendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades

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de integração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mí-nimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

FIGURA 9 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE MARINGÁ, ESTADO DO PARANÁ

As áreas do Grupo 05 (2,2%) e do grupo 8 (7,1%) podem apresen-tar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl o-restal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (0,3%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

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Tabela 8 - Grupos de solos na unidade regional de Maringá (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%) Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 162.987 24,9 Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 130.980 20,0 Grupo 03 03-NITOSSOLOS 204.400 31,2 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 93.547 14,3

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 591.914 90,4 Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 14.180 2,2

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 14.180 2,2 Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 46.786 7,1

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 46.786 7,1 Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 1.890 0,3

Total solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 1.890 0,3

Subtotal Solos 654.770 100,0 Água 3.591 Urbana 4.047

Total geral 662.408

5.3 Unidade regional de Umuarama

Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região de Umuarama (Figura 10). A Tabela 9 mostra que nesta Região predo-minam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 682.935 ha com 69,6% da área total de solos da Região.

A mesma Tabela 9 mostra que 23,4% encontram-se no grupo de aptidão regular com moderado potencial agropecuário e fi nalmen-te 7,1% com solos inaptos e restrito potencial agropecuário. As limi-tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas

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de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalida-des de integração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives mais acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

FIGURA 10 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE UMUARA-MA, ESTADO DO PARANÁ

As áreas do Grupo 05 (23,4%) podem apresentar produções sus-tentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agro-ecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (7,1%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação perma-nente (APP) e reserva legal (RL).

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Tabela 9 - Grupos de solos na unidade regional de Umuarama (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%) Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 341.915 34,8

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 21.862 2,2

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 21.031 2,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 298.127 30,4

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 682.935 69,6

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 229.363 23,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 229.363 23,4 Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 743 0,1

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO eORGANOSSOLOS 68.815 7,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 69.558 7,1

Subtotal Solos 981.856 100,0 Água 56.759

Urbana 2.039

Total geral 1.040.654

5.4 Unidade regional de Cianorte

Dos 12 grupos de solos do Estado sete estão presentes na região de Cianorte (Figura 11). A Tabela 10 mostra que nesta Região predo-minam solos com boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário, visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 361.662 ha com 82,6% da área total de solos da Região.

A mesma Tabela 10 mostra que 16,4% encontram-se no grupo de aptidão regular com moderado potencial agropecuário e em torno de 1% com solos inaptos e restrito potencial agropecuário representados pelos grupos 10 e 8.

As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de so-los estão apontadas no Item 3.

Page 306: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

305

FIGURA 11 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CIANORTE, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de solos indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalida-des de integração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives mais acentuados ou de maior risco de degradação. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas que contribuam para incor-poração de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

As áreas do Grupo 05 (16,4%) podem apresentar produções sus-tentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agro-ecológica. Enquanto que as dos Grupos 10 e 08 devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação perma-nente (APP) e reserva legal (RL).

Page 307: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

306

Tabela 10 - Grupos de solos na unidade regional de Cianorte (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%) Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 118.226 27,0

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 67.231 15,4

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 62.129 4,2

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 114.077 26,1

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 361.662 82,6

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 71.677 16,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 71.677 16,4 Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 191 0,0

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 191 0,0 Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO e GLEISSOLO HÁPLICO 4.094 0,9

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 4.094 0,9

Subtotal Solos 437.624 100,0 Água 883

Urbana 1.272

Total geral 439.779

5.5 Unidade regional de Campo Mourão

Conforme mostra a Figura 12 ocorrem na região nove grupos de solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 11 mostra que 72,5% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimiza-dos com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 12,7% de representatividade encon-tram-se os grupos de aptidão restrita e baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 9,3% vem os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. Finalmente com aptidão regular e moderado potencial tem-se os grupos 05 e 06 representando 5,6% do total de solos da Região. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas no Item 3.

Page 308: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

307

FIGURA 12 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CAMPO MOURÃO, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção in-tegrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privi-legiando sempre e em todos os casos práticas incorporadoras de ma-téria orgânica no solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 com inclusões de Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada, pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

Áreas do Grupo 08 (12,7% de aptidão restrita) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica. Áreas dos grupos 09 e 10 (9,3% de solos inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental.

Page 309: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

308

Tabela 11 - Grupos de solos na unidade regional de Campo Mourão (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 43.842 3,8Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 468.483 40,6Grupo 03 03-NITOSSOLOS 273.593 23,7Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 51.138 4,4 Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 837.055 72,5 Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 63.241 5,5 Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 998 0,1 Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 64.239 5,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 146.415 12,7 Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agro-pecuário 146.415 12,7

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 107.352 9,3 Grupo 10 10-GLEISSOLO HÁPLICO 9 0,0 Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agrope-cuário 107.361 9,3

Subtotal Solos 1.155.070 100,0Água 4.154 Urbana 1.776Total geral 1.161.001

5.6 Unidade regional de Apucarana

Conforme mostra a Figura 13 ocorrem na região cinco grupos de solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 12 mostra que 218.931 ha ou 69,3% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importan-tes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 96.992 ha ou 30,7% de representatividade encontra-se o Grupo 08 de aptidão res-trita e baixo potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas no Item 3.

Page 310: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

309

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção in-tegrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privi-legiando sempre e em todos os casos práticas incorporadoras de ma-téria orgânica no solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

FIGURA 13 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE APUCARA-NA, ESTADO DO PARANÁ

Tendo em vista as restrições dos grupos com inclusões de Neos-solos e Cambissolos com declive entre 45% e 100% é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada, pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agro-fl oresta tecnifi cada.

Áreas do Grupo 08 podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Page 311: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

310

Tabela 12 - Grupos de solos na unidade regional de Apucarana (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 3.350 1,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 75.788 24,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 136.205 43,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 3.588 1,1

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 218.931 69,3

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 96.992 30,7

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 96.992 30,7

Subtotal Solos 315.923 100,0

Água 89

Urbana 1.486

Total geral 317.498

5.7 Unidade regional de Londrina

Dos 12 grupos de solos do Estado oito estão presentes na região de Maringá (Figura 14). A Tabela 13 mostra que 85,8% dos solos dessa Região são, na condição natural, de boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais impor-tantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponí-veis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 591.316 ha.

A mesma Tabela 13 mostra que 9,8% encontram-se no grupo de aptidão restrita com baixo potencial agropecuário, 3,9% de solos inap-tos com restrito potencial agropecuário e fi nalmente 0,4% com aptidão regular e moderado potencial. As limitações, potencialidades e reco-mendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.

Para o uso sustentável das áreas com os grupos 01, 02, 03 e 04 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de con-

Page 312: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

311

trole do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produ-ção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de inte-gração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação bio-lógica de nitrogênio.

As áreas do Grupo 05, ARGISSOLOS com caráter abrúptico (0,4%) e do grupo 8, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS com caráter léptico (9,8%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo 10 juntamente com as do Grupo 09 (3,9%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

FIGURA 14 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE LONDRINA, ESTADO DO PARANÁ

Page 313: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

312

Tabela 13 - Grupos de solos na unidade regional de Londrina (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 69.694 10,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 186.237 27,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 272.104 39,5

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 63.282 9,2

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 591.316 85,8

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 3.087 0,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 3.087 0,4

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 67.731 9,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 67.731 9,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 1.204 0,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 25.642 3,7

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 26.846 3,9

Subtotal Solos 688.980 100,0

Água 31.164

Urbana 2.465

Total geral 722.609

5.8 Unidade regional de Cornélio Procópio

Dos 12 grupos de solos do Estado oito estão presentes na região de Cornélio Procópio (Figura 15). A Tabela 14 mostra que 67,4% dos solos dessa Região são, na condição natural, de boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnolo-gias disponíveis como as relacionadas no Item 4. São representados pelos grupos 01, 02, 03 e 04 que somam 483.860 ha.

Page 314: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

313

FIGURA 15 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CORNÉLIO PROCÓPIO, ESTADO DO PARANÁ

A mesma Tabela 14 mostra que 28,8% encontram-se no grupo de aptidão restrita com baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar tem-se 2,6% com aptidão regular e moderado potencial e fi nalmen-te 1,1% de solos inaptos com restrito potencial agropecuário. As limi-tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão apontadas no Item 3.

Para o uso sustentável das áreas com os grupos 01, 02, 03 e 04 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de con-trole do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produ-ção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de inte-gração lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização das práticas agrícolas com mínimo de risco de degradação e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas de incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação bio-lógica de nitrogênio.

Page 315: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

314

Tabela 14 - Grupos de solos na unidade regional de Cornélio Procópio (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.029 0,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 211.652 29,5

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 230.510 32,1

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 40.669 5,7

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 483.860 67,4

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 18.860 2,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 18.860 2,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 207.012 28,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 207.012 28,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 1.477 0,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 6.680 0,9

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 8.157 1,1

Subtotal Solos 717.890 100,0

Água 25.106

Urbana 1.558

Total geral 744.555

As áreas do Grupo 05, ARGISSOLOS com caráter abrúptico (2,6%) e do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBISSOLOS com caráter léptico (28,8%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (0,9%) juntamente com as do Grupo 09 (0,2%) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 316: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

315

5.9 Unidade regional de Santo Antônio da Platina

Na região de Santa Antônio da Platina (Figura 16) estão presentes oito grupos de solos dos quais predominam os grupos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário, com 41,1% do total de solos da Região (Tabela 15). Em seguida ocorrem os grupos com regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário (38,4%). Em ter-ceiro lugar tem-se o grupo de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário com 20,1%. Finalmente estão presentes os solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário com representativida-de de apenas 0,4%.

FIGURA 16 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE SANTOANTONIO DA PLATINA, ESTADO DO PARANÁ

Frente às limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apontadas no Item 3, para os grupos 01, 02, 03, 04, 05 e 06 da Região indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integra-ção lavoura-pecuária-fl oresta sendo: lavoura-pecuária nos declives

Page 317: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

316

que, com mínimo de risco de degradação, permitam a mecanização das práticas agrícolas e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre e em todos os casos tecnologias e práticas que contribuam com a incorporação de matéria orgânica ao solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 15 - Grupos de solos na unidade regional de Santo Antônio da Platina (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 14.353 1,8

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 112.255 14,1

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 61.554 7,7

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 138.241 17,4

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 326.404 41,1

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 298.209 37,5

Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 6.905 0,9

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 305.113 38,4

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 159.890 20,1

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 159.890 20,1

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 3.046 0,4

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 3.046 0,4

Subtotal Solos 794.453 100,0

Água 30.415

Urbana 1.283

Total geral 826.151

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (20,1%) po-dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-ma agrofl orestal com base agroecológica. Enquanto que as do Grupo 10 (0,4%) devem ser reservadas para conservação ambiental junta-mente com áreas de outros grupos que por força da legislação são destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 318: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

317

5.10 Unidade regional de Ivaiporã

Conforme mostra a Figura 17 ocorrem na região nove grupos de solos dos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 16 mostra que 49,6% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado na-tural, boa aptidão agrícola. Apresentam alto potencial agropecuário vis-to que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item4. Em segundo lugar com 27,8% de representatividade encontram-se os grupos de aptidão restrita e baixo potencial agropecuário. Em ter-ceiro lugar com aptidão regular e moderado potencial tem-se os grupos 05 e 06 representando 12,0%. Finalmente com 10,6% vem os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. As limitações, potenciali-dades e recomendações por grupo de solos estão descritas no Item 3.

FIGURA 17 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE IVAIPORÃ, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03, 04, 05, 06, e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais, a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades

Page 319: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

318

de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam o uso racional da mecanização das práticas agrícolas, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando sempre e em todos os casos práticas incorporadoras de matéria orgânica no solo, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 16 - Grupos de solos na unidade regional de Ivaiporã (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 413.131 37,5 Grupo 03 03-NITOSSOLOS 125.005 11,3 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 9.041 0,8

Total solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 547.176 49,6 Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 116.587 10,6

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 5.925 0,5

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 9.624 0,9

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 132.136 12,0 Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 306.485 27,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 306.485 27,8 Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 116.291 10,6 Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 12 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 116.303 10,6

Subtotal Solos 1.102.100 100,0 Água 1.520 Urbana 301

Total geral 1.103.921

Tendo em vista as restrições do grupos 03 e 04 com inclusões de Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada, pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

Áreas do Grupo 08 (27,8% de aptidão restrita) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal

Page 320: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

319

com base agroecológica. Áreas dos grupos 09 e 10 (10,6% de solos inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamen-te com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam desti-nadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.11 Unidade regional de Toledo

Conforme mostra a Figura 18 ocorrem na região oito grupos de solosdos doze que ocorrem no Estado. A Tabela 17 mostra que 90,9% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fa-tores limitantes mais importantes podem ser minimizados com empregodas tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segun-do lugar com 8,2% vem os solos inaptos representados pelos grupos09 e 10. Finalmente em terceiro lugar com aptidão regular e modera-do potencial tem-se os grupos 05 e 06 representando apenas 0,8% do total de solos da Região. As limitações, potencialidades e recomenda-ções por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 18 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE TOLEDO, ESTADO DO PARANÁ

Page 321: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

320

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de solos, inclusive os grupos 05 e 06, indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta, lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 17 - Grupos de solos na unidade regional de Toledo (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 32.344 4,0 Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 374.733 46,5 Grupo 03 03-NITOSSOLOS 308.234 38,3 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 16.680 2,1

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 731.990 90,9

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 6.340 0,8

Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 456 0,1

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 6.796 0,8 Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 50.296 6,2

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO, GLEISSOLO HÁPLICO e ORGANOS-SOLOS 15.994 2,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 66.290 8,2

Subtotal Solos 805.077 100,0 Água 38.805 Urbana 3.226

Total geral 847.108

Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 com inclusões de Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada, pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

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321

Áreas dos grupos 09 e 10 (8,2% de solos inaptos) devem ser re-servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.12 Unidade regional de Cascavel

Conforme mostra a Figura 19 ocorrem na região oito grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 18 mostra que 75,1% dos solos da Região (grupos 01, 02, 03, 04) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 16,3% vem os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. Em terceiro lugar com 8,6% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Finalmen-te com representatividade pouco signifi cante encontra-se o Grupo 06 com apenas 398 ha. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 19 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CASCAVEL, ESTADO DO PARANÁ

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322

Para o uso sustentável das áreas com os principais grupos de so-los indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta, lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, in-clusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 18 - Grupos de solos na unidade regional de Cascavel (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 715 0,1 Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 508.646 41,6 Grupo 03 03-NITOSSOLOS 406.582 33,3 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 1.702 0,1

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 917.645 75,1 Grupo 06 06- CHERNOSSOLOS 398 0,0

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 398 0,0 Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 105.075 8,6

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 105.075 8,6 Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 194.582 15,9 Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 3.966 0,3

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 198.549 16,3

Subtotal Solos 1.221.667 100,0 Água 54.875 Urbana 6.130Total geral 1.282.672

Tendo em vista as restrições dos grupos 03 e 04 nas inclusões de Neossolos e Cambissolos, com declive entre 45% e 100% é importante que a fauna seja protegida e a fl ora melhorada, pelo enriquecimento e pelo adensamento com espécies nativas de valor econômico. Devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAM-BISSOLOS com caráter léptico (8,6%) podem apresentar produções

Page 324: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

323

sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (8,2% de solos inaptos) devem ser re-servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.13 Unidade regional de Francisco Beltrão

Na Região de Francisco Beltrão (Figura 20) estão presentes cinco grupos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03, de boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. O Grupo 08, com aptidão restrita e os grupos 09 e 10 que em condições naturais são de solos inaptos. De acordo com a Tabela 19, representam respec-tivamente 56,6%, 28,2% e 15,2% do total da área de solos da Região.

FIGURA 20 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE FRANCIS-CO BELTRÃO, ESTADO DO PARANÁ

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324

Com os percentuais mostrados na Tabela 19 e considerando as limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-tadas no Item 3, na Região confi gura-se predominância de solos de alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 322.396 ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para o Grupo 08 os sis-temas integrados de produção lavoura-pecuária-fl oresta nos declives que permitem, sem degradação, a motomecanização das práticas agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-fl oresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-tentáveis. O sistema agrofl orestal com base agroecológica melhora as possibilidades do uso sustentável nos solos do Grupo 8.

Tabela 19 - Grupos de solos na unidade regional de Francisco Beltrão (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 93.458 16,4

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 228.937 40,2

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 322.396 56,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 160.559 28,2

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 160.559 28,2

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 86.500 15,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 24 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 86.525 15,2

Subtotal Solos 569.479 100,0

Água 2.753

Urbana 1.653

Total geral 573.885

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 326: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

325

5.14 Unidade regional de Pato Branco

Na Região de Pato Branco (Figura 21) estão presentes sete gru-pos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03 com 45,5% da área total de solos da Região (Tabela 20). São de boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 30,6% estão os solos dos grupos 09 e 10 que, em condições naturais, são inaptos para explorações agrícolas sob sistemas convencionais. O Grupo 08, com aptidão restrita vem em terceiro lugar com 12,8%. Finalmente tem-se os grupos 06 e 07 com regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário representando 11,1% dos solos da Região.

FIGURA 21 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PATO BRANCO, ESTADO DO PARANÁ

Com os percentuais mostrados na Tabela 20 e considerando as limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-tadas no Item 3, na Região confi gura-se predominância de solos de

Page 327: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

326

alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 410.603 ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para os grupos 06 e 07 os sistemas integrados de produção lavoura-pecuária-fl oresta nos decli-ves que permitem, sem degradação, a motomecanização das práticas agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-fl oresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-tentáveis. O sistema agrofl orestal com base agroecológica melhora as possibilidades de uso sustentável nos solos do Grupo 08.

Tabela 20 - Grupos de solos na unidade regional de Pato Branco (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 329.449 36,5

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 81.154 9,0

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 410.603 45,5

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 40.721 4,5

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 59.122 6,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 99.843 11,1

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 115.085 12,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 115.085 12,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 275.996 30,6

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 129 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 276.125 30,6

Subtotal Solos 901.655 100,0

Água 22.890

Urbana 2.256

Total geral 926.801

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 328: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

327

5.15 Unidade regional de Dois Vizinhos

Na Região de Dois Vizinhos (Figura 22) estão presentes cinco gru-pos de solos dos quais predominam os grupos 02 e 03 com 54,6% da área total de solos da Região (Tabela 21). São de boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 24,0% estão os solos do grupo 08 com restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Finalmente tem-se os grupos 09 e 10 que, em condições naturais, são inaptos para explorações agrícolas sob siste-mas convencionais.

FIGURA 22 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE DOIS VIZI-NHOS, ESTADO DO PARANÁ

Com os percentuais mostrados na Tabela 21 e considerando as limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos apon-tadas no Item 3, na Região confi gura-se predominância de solos de alto potencial para produção com o Sistema Plantio Direto em 102.683 ha (grupos 02 e 03). Indicando-se inclusive para os grupos 06 e 07

Page 329: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

328

os sistemas integrados de produção lavoura-pecuária-fl oresta nos de-clives que permitem, racionalmente, a motomecanização das práticas agrícolas. Nos declives de 20% a 45% o sistema integrado pecuária-fl oresta ou silvipastoril bem manejado pode apresentar produções sus-tentáveis. O sistema agrofl orestal com base agroecológica melhora as possibilidades de uso sustentável nos solos do Grupo 08.

Tabela 21 - Grupos de solos na unidade regional de Dois Vizinhos (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 32.652 17,4

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 70.031 37,2

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 102.683 54,6

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 45.060 24,0

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 45.060 24,0

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 40.208 21,4

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 100 0,1

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 40.308 21,4

Subtotal Solos 188.051 100,0

Água 9.418

Urbana 697

Total geral 198.166

Áreas dos grupos 09 e 10 devem ser reservadas para conserva-ção ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.16 Unidade regional de Laranjeiras do Sul

Conforme mostra a Figura 23 ocorrem na região sete grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 22 mostra que 46,4% dos solos da Região (grupos 02 e 03) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fa-tores limitantes mais importantes podem ser minimizados com empre-

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329

go das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 44,3% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 7,4% vem os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. Finalmente com representatividade de 1,9% encontram-se os grupos 06 e 07 com regu-lar aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 23 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE LARANJEI-RAS DO SUL, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Page 331: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

330

Tabela 22 - Grupos de solos na unidade regional de Laranjeiras do Sul (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 138.984 22,1

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 152.402 24,3

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 291.386 46,4

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 8.187 1,3

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 3.722 0,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 11.909 1,9

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 278.465 44,3

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 278.465 44,3

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 46.125 7,3

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO 89 0,0

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 46.214 7,4

Subtotal Solos 627.974 100,0

Água 13.430

Urbana 847

Total geral 642.251

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fau-na seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto indicam-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensa-mento com espécies nativas de valor econômico, devendo ser explora-das mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tecnifi cada.

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (44,3%) po-dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-ma agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (7,4% de solos inaptos) devem ser re-

Page 332: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

331

servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.17 Unidade regional de Guarapuava

Conforme mostra a Figura 24 ocorrem na região oito grupos de so-los de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 23 mostra que 47,2% dos solos da Região (grupos 02 e 03) apresentam, em estado natural, boa aptidão agrícola com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 23,2% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 15,2% encontram-se os solos dos grupos 06 e 07 com regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário. Finalmente com representatividade de 14,4% encontram-se os grupos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 24 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE GUARAPU-AVA, ESTADO DO PARANÁ

Page 333: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

332

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%.

Tabela 23 - Grupos de solos na unidade regional de Guarapuava (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 559.064 40,3

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 96.484 6,9

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 655.549 47,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 65.593 4,7

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 97.314 7,0

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 48.621 3,5

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 211.528 15,2

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 321.649 23,2

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 321.649 23,2

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 198.183 14,3

Grupo 10 10- GLEISSOLO MELÂNICO 1.385 0,1

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 199.569 14,4

Subtotal Solos 1.388.294 100,0

Água 12.538

Urbana 1.557

Total geral 1.402.390

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos

Page 334: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

333

grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tec-nifi cada.

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (23,2%) po-dem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante siste-ma agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (14,4 de solos inaptos) devem ser reser-vadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.18 Unidade regional de Irati

Conforme mostra a Figura 25 ocorrem na região nove grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 24 mostra que 45,7% dos solos da Região (grupos 05, 06 e 07) apresentam regular apti-dão agrícola e moderado potencial agropecuário. Em segundo lugar com 35,2% constam os grupos 02, 03 e 04 de boa aptidão agrícola e com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Em terceiro lugar com 11,3% está o grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Finalmente com representatividade de 7,7% encontram-se os solos inaptos representados pelos grupos 09 e 10. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

Page 335: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

334

FIGURA 25 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE IRATI, ES-TADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 03, 04, 05, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas

Page 336: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

335

mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tec-nifi cada.

Tabela 24 - Grupos de solos na unidade regional de Irati (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 84.500 14,0

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 93.396 15,4

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 35.407 5,9

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 213.303 35,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 78.673 13,0

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 45.203 7,5

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 152.849 25,3

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 276.725 45,7

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 68.621 11,3

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 68.621 11,3

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS e CAMBISSOLOS FLÚVICOS ou de relevo montanhoso 32.036 5,3

Grupo 10 10-NEOSSOLO FLÚVICO 14.475 2,4

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 46.511 7,7

Subtotal Solos 605.160 100,0

Água 699

Urbana 1.379

Total geral 607.238

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-SOLOS com caráter léptico (23,2%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (14,4% de solos inaptos) devem ser re-servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 337: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

336

5.19 Unidade regional de União da Vitória

Conforme mostra a Figura 26 ocorrem na região dez grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 25 mostra que 33,1% dos solos da Região (grupos 05, 06 e 07) apresentam regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário. Em segundo lugar com 32,0% constam os grupos 09 e 10 com solos naturalmente inaptos para atividades agrícolas. Em terceiro lugar com 30,7% constam os grupos 01, 02, 03 e 04 de boa aptidão agrícola e com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis como as relacionadas no Item 4. Finalmente com representatividade de 4,2% encontram-se os solos do Grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. As limitações, potencialidades e recomenda-ções por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 26 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE UNIÃO DA VITÓRIA, ESTADO DO PARANÁ

Page 338: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

337

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 indicam-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas plu-viais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas di-versas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degradação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipa-mentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 25 - Grupos de solos na unidade regional de União da Vitória (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 907 0,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 51.997 7,4

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 142.583 20,2

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 21.026 3,0

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 216.513 30,7

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 10.335 1,5

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 127.639 18,1

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 95.770 13,6

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 233.744 33,1

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 29.760 4,2

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 29.760 4,2

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 186.558 26,4

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO 39.293 5,6

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 225.851 32,0

Subtotal Solos 705.867 100,0

Água 20.943

Urbana 1.414

Total geral 728.224

Page 339: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

338

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com agrofl oresta tec-nifi cada.

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAM-BISSOLOS com caráter léptico (4,2%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (32,0% de solos inaptos) devem ser re-servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.20 Unidade regional de Ponta Grossa

Conforme mostra a Figura 27 ocorrem na região onze grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 26 mostra que em 45,2% constam os grupos 01, 02, 03 e 04 com solos de boa aptidão agrícola e com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitan-tes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tec-nologias disponíveis relacionadas no Item 4. Em segundo lugar com 28,7% da área de solos da Região estão os grupos 05, 06 e 07 com solos que apresentam regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário. Em terceiro lugar com 17,3% encontram-se os solos do Grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário. Finalmente com representatividade de 8,8% constam os grupos 09 e 10 com solos naturalmente inaptos para atividades agrícolas. As limi-tações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

Page 340: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

339

FIGURA 27 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PONTA GROSSA, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 indica-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indicam-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas modalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com sistema agrofl o-restal tecnifi cado.

Page 341: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

340

Tabela 26 - Grupos de solos na unidade regional de Ponta Grossa (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 72.875 3,0

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 618.036 25,6

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 42.224 1,8

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 356.000 14,8

Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 1.089.135 45,2

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 98.361 4,1

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico eNEOSSOLO QUARTZARÊNICO 297.709 12,4

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 285.322 11,8

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 681.392 28,3

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 427.873 17,8

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 427.873 17,8

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 150.762 6,3

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO e ORGANOSSOLOS 43.078 1,8

Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 17.859 0,7

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 211.700 8,8

Subtotal Solos 2.410.099 100,0

Água 10.766

Urbana 6.508

Total geral 2.427.372

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-SOLOS com caráter léptico (17,3%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09 e 10 (8,8% de solos inaptos) devem ser re-servadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preservação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Page 342: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

341

5.21 Unidade regional de Curitiba

Conforme mostra a Figura 28 ocorrem na região onze grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 27 mostra que, em primeiro lugar com 37,7% da área de solos da Região estão os grupos 05, 06 e 07 com solos que apresentam regular aptidão agrícola e mo-derado potencial agropecuário. Em segundo lugar com 36,1% constam os grupos 01, 02, 03 e 04 com solos de boa aptidão agrícola e com alto potencial agropecuário visto que os fatores limitantes mais importan-tes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis relacionadas no Item 4. Em terceiro lugar com 16,4% encontram-se os solos do Gupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agrope-cuário. Finalmente com representatividade de 9,8% constam os grupos 09, 10 e 12 com solos naturalmente inaptos para atividades agrícolas. As limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos estão descritas anteriormente no Item 3.

FIGURA 28 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE CURITIBA, ESTADO DO PARANÁ

Page 343: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

342

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07 indica-se o Sistema de Plantio Direto integrado com práticas de controle do escorrimento superfi cial das águas pluviais. Indica-se a produção integrada com o cultivo fl orestal nas diversas mo-dalidades de integração lavoura-pecuária-fl oresta: lavoura-pecuária nos declives que permitam a mecanização com baixo risco de degra-dação do solo e rendimento aceitável das máquinas/equipamentos, e pecuária-fl oresta nos declives de 20% a 45%. Privilegiando práticas incorporadoras de matéria orgânica, inclusive com a fi xação biológica de nitrogênio.

Tabela 27 - Grupos de solos na unidade regional de Curitiba (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)

Grupo 01 01-LATOSSOLOS de textura média 1.790 0,1

Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 228.432 14,2

Grupo 03 03-NITOSSOLOS 8.571 0,5

Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 341.347 21,2

Total solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 580.140 36,1

Grupo 05 05-ARGISSOLOS com caráter abrúptico 33.558 2,1

Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico e CHER-NOSSOLOS 469.021 29,2

Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 103.136 6,4

Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 605.715 37,7

Grupo 08 08-NEOSSOLOS REGOLÍTICOS 263.771 16,4

Total de solos de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário 263.771 16,4

Grupo 09 09-NEOSSOLOS LITÓLICOS 18.946 1,2

Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO e ORGANOSSOLOS 71.104 4,4

Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 67.189 4,2

Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 157.238 9,8

Subtotal Solos 1.606.864 100,0

Água 11.849

Urbana 39.175

Total geral 1.657.889

Page 344: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

343

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias ou com sistema agrofl o-restal tecnifi cado.

As áreas do Grupo 08, NEOSSOLOS REGOLÍTICOS e CAMBIS-SOLOS com caráter léptico (16,4%) podem apresentar produções sustentáveis se exploradas mediante sistema agrofl orestal com base agroecológica.

Áreas dos grupos 09, 10 e 12 (9,8% de solos inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de ou-tros grupos que por força da legislação sejam destinadas para preser-vação permanente (APP) e reserva legal (RL).

5.22 - Unidade regional de Paranaguá

Conforme mostra a Figura 29 ocorrem na região oito grupos de solos de doze que ocorrem no Estado. A Tabela 28 mostra que, em primeiro lugar, com 48,9% da área de solos da Região estão os grupos 09, 10, 11 e 12, solos inaptos para agricultura e restrito potencial agro-pecuário. Em segundo lugar com 40,9% constam os grupos 06 e 07 com solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecu-ário. Em terceiro lugar com 16,4% encontram-se os solos do Grupo 08 de restrita aptidão agrícola e baixo potencial agropecuário.

Finalmente com representatividade de 10,2% constam os grupos 02 e 04 com solos de boa aptidão agrícola e com alto potencial agro-pecuário visto que os fatores limitantes mais importantes podem ser minimizados com emprego das tecnologias disponíveis relacionadas no Item 4. No Item 3 estão descritas as limitações, potencialidades e recomendações por grupo de solos.

Page 345: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

344

FIGURA 29 - GRUPOS DE SOLOS NA UNIDADE REGIONAL DE PARANA-GUÁ, ESTADO DO PARANÁ

Para o uso sustentável das áreas com os grupos de solos 02, 04, 06 e 07 com potencial moderado a alto deve-se propiciar o desen-volvimento de uma agricultura tecnifi cada, entretanto, suportado pelos conhecimentos da agroecologia. Em casos, quando o principal fator limitante é mitigado, por exemplo, drenagem adequada do ambiente para controle do excesso d´água no perfi l, pode-se melhorar o poten-cial de alguns desses solos para atividades agropecuárias e para a sil-vicultura. Neste caso excetuam-se as áreas com Gleissolo Tiomórfi co e outros solos com infl uência marinha.

Tendo em vista as restrições dos Neossolos e Cambissolos com declive entre 45% e 100%, presentes por associações em diversos grupos de solos, é importante que nas áreas com esses solos a fauna seja protegida e a fl ora melhorada. Para tanto, indica-se para as áreas com a cobertura fl orestal degradada o enriquecimento e adensamen-to com espécies nativas de valor econômico, devendo ser exploradas mediante técnicas extrativas não predatórias e desde que atendidas as particularidades da legislação ambiental para a região.

Page 346: Trabalhos da Extensão Rural com uso de Geoprocessa

345

Áreas dos grupos 09, 10, 11 e 12 (48,9% de solos inaptos) devem ser reservadas para conservação ambiental juntamente com áreas de outros grupos que por força da legislação sejam destinadas para pre-servação permanente (APP) e reserva legal (RL).

Tabela 28 - Grupos de solos na unidade regional de Paranaguá (área e %)

Grupo Unidades de Solos por Grupo Ocorrentes na Região Área (ha) (%)Grupo 02 02-LATOSSOLOS de textura argilosa e muito argilosa 456 0,1 Grupo 04 04-ARGISSOLOS com ausência de caráter abrúptico 53.018 10,1 Total de solos de boa aptidão agrícola e alto potencial agropecuário 53.474 10,2 Grupo 06 06-CAMBISSOLOS com ausência de caráter Alumínico 214.409 40,7 Grupo 07 07-CAMBISSOLOS com caráter Alumínico 1.130 0,2 Total de solos de regular aptidão agrícola e moderado potencial agropecuário 215.539 40,9 Grupo 09 09- CAMBISSOLOS FLÚVICOS ou de relevo montanhoso 53.118 10,1 Grupo 10 10- GLEISSOLO HÁPLICO ou MELÂNICO 4.512 0,9 Grupo 11 11-GLEISSOLO SÁLICO e ESPODOSSOLOS 120.599 22,9 Grupo 12 12-AFLORAMENTO DE ROCHA 79.388 15,1 Total de solos inaptos para agricultura e restrito potencial agropecuário 257.616 48,9 Subtotal Solos 526.630 100,0 Ilha 42 Água 16.155 Urbana 1.977 Total geral 544.803

6 Recomendações Finais

As recomendações aqui relatadas não têm a pretensão de ser de-fi nitivas quanto ao seu conteúdo e nem de serem um “pacote tecnoló-gico fechado”. Pelo contrário, procura-se trazer, para o conhecimento de todos, alguns aspectos inovadores do ponto de vista do desenvolvi-mento agrícola e conservação ambiental no estado do Paraná.

No entanto, as limitações que ainda possam existir são impos-tas pelo estado de arte da tecnologia a ser empregada e da organi-zação social para efetivamente satisfazer as necessidades humanas. Relaciona-se, pois, intimamente com a progressiva transformação da

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346

economia e da sociedade, com destaque para o acesso aos recursos e para a distribuição de custos e benefícios. Assim, contempla a con-sideração pela manutenção da diversidade biológica conjugada com o respeito pela diversidade socioeconômica e cultural de grupos huma-nos, utilizando os recursos disponíveis e visando o desenvolvimento agrícola sustentável no Estado do Paraná.

Por fi m, necessário se faz um esclarecimento: pode ser que uma determinada tecnologia aqui recomendada possa, num primeiro mo-mento, em uma dada região, parecer um pouco complexa do ponto de vista produtivo-conservacionista, bem como ser bem diferente do que é praticado tradicionalmente pelos agricultores neste local. No entanto, ela pode estar sendo utilizada com bastante sucesso em outra região do estado, podendo ter grande chance de se adaptar bem no referido local que ainda não a utiliza, apenas pelo fato de minimizar os fatores limitantes e potencializar os fatores favoráveis. Cabe salientar, no en-tanto, que a adaptação de uma determinada tecnologia recomendada (em menor ou maior escala) dependerá muito das condições edafo-climáticas e socioeconômicas dos agricultores da região aos quais se pretende dar um melhor gerenciamento de suas propriedades rurais.

REFERÊNCIAS

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Anexo 1 - LEGENDA DO MAPA DE SOLOS DO PARANÁ (BHERING e SANTOS, 2008)

A legenda descritiva do Mapa de Solos do Estado do Paraná apresenta 224 unidades de ma-peamento, representando dez classes em nível de ordem no 1º nível e 36 classes em nível de grande grupo no 3º nível do SiBCS, conforme pode ser visualizado a seguir.

ARGISSOLOS VERMELHOS Distrófi cosPVd1 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo suave ondulado.PVd2 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.PVd3 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.PVd4 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.PVd5 - ARGISSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura arenosa/média, A moderado, álico, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.

ARGISSOLOS VERMELHOS Eutrófi cosPVe1 - ARGISSOLO VERMELHO Eutrófi co típico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.PVe2 - ARGlSSOLO VERMELHO Eutrófi co abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.PVe3 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO Eutrófi co típico + GLEISSOLO MELÂNICO indiscriminado + GLEISSOLO HÁPLICO, todos textura média/argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo plano.

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distrófi cosPVAd1 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.PVAd2 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.PVAd3 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, ambos fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.PVAd4 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, fase relevo forte ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, fase relevo ondulado, ambos fase fl oresta subtropical perenifólia.PVAd5 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa pouco cascalhenta + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura média pouco cascalhenta, substrato siltitos e arenitos fi nos, ambos álicos, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.PVAd6 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, fase fl oresta

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subtropical perenifólia, relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato arenitos, ambos textura média.PVAd7 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura arenosa/média, álico, fase campo subtropical, relevo ondulado e suave ondulado.PVAd8 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura média, fase campo subtropical.PVAd9 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato folhelhos síltico- arenosos + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, todos textura média, álicos, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.PVAd10 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura média/argilosa, fase relevo forte ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófi co típico, textura argilosa, fase relevo ondulado, ambos A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.PVAd11 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, A moderado, álico, fase campo subtropical, relevo ondulado.PVAd12 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, fase relevo forte ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co latossólico, textura argilosa pouco cascalhenta, fase relevo ondulado, ambos A mode-rado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.PVAd13 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura arenosa/média, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.PVAd14 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia.PVAd15 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado.PVAd16 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase campo subtropical, relevo montanhoso, substrato fi litos, xistos e quartzitos, ambos álicos.PVAd17 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura média/argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado substrato siltitos, argilitos e folhelhos, ambos A moderado.PVAd18 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, A moderado, fase campo subtropical, relevo forte ondulado e montanhoso.PVAd19 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.PVAd20 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófi co típico, substrato siltitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Alítico típico, ambos textura média, fase fl oresta subtropical subcaducifólia, todos A moderado, relevo suave ondulado e ondulado.PVAd21 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura argilosa, relevo

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suave ondulado, ambos A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical subperenifólia.PVAd22 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado.PVAd23 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura arenosa/média, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado e suave ondulado.PVAd24 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, A proeminente + NEOSSOLO LITÓLICO Chernossólico típico, textura média pouco cascalhenta, substrato granitos, ambos fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.PVAd25 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, fase relevo ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, fase relevo forte ondulado, substrato fi litos e xistos, ambos A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia.PVAd26 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa pouco cascalhenta, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.PVAd27 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co latossólico, textura argilosa, A mode-rado, álico, fase fl oresta tropical perúmida, relevo ondulado e forte ondulado.PVAd28 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co latossólico, álico, fase fl oresta tropical perúmida relevo ondulado e forte ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano, substrato sedimentos do Quaternário, ambos A moderado, textura argilosa.PVAd29 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co latossólico, A mo-derado, álico, fase fl oresta tropical perúmida, relevo ondulado e forte ondulado + GLEISSOLO MELÂNICO + GLEISSOLO HÁPLICO, ambos fase fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo suave ondulado e plano, todos textura argilosa.PVAd30 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico, textura argilosa, A pro-eminente, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.PVAd31 - Associação de ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, relevo forte ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/ argilosa, relevo ondulado, ambos álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.PVAd32 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas.PVAd33 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa pouco cascalhenta, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.PVAd34 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura média, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELOS Eutrófi cosPVAe1 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófi co típico, textura média/argilosa, A cherno-zêmico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.PVAe2 - ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófi co abrúptico, textura média/argilosa, A chernozêmico, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo ondulado.

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CAMBISSOLOS HÚMICOS AlumínicosCHa1 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical pere-nifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.CHa2 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, fase fl oresta subtropical pere-nifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, ambos textura argilosa, fase relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.CHa3 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado, substrato fi litos.CHa4 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado, substrato sedimentos pleistocênicos.CHa5 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, substrato sedimentos pleis-tocênicos + ARGISSOLO VERMELHOAMARELO Alumínico típico, A moderado, ambos textura argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.CHa6 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico + NEOSSOLO LITÓLICO Hú-mico típico, álico, ambos fase campo subtropical, substrato rochas eruptivas + ORGANOSSOLO HÁPLICO Sáprico típico, álico, fase campo subtropical de várzea, todos textura argilosa, relevo suave ondulado de vertentes curtas.CHa7 - CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato fi litos.CHa8 - Associação de CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico típico + NEOSSOLO LITÓLICO Hú-mico típico, ambos textura média, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato arenitos + ORGANOSSOLO HÁPLICO indiscriminado, fase campo subtropical de várzea, relevo plano.

CAMBISSOLOS HÚMICOS Distrófi cosCHd - CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co latossólico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtro-pical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato sedimentos colúvio-aluviais areno-argilosos.

CAMBISSOLOS FLÚVICOS Tb Distrófi cosCYbd - Associação de CAMBISSOLO FLÚVICO Tb Distrófi co típico ou gleissólico + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano, substrato sedimentos recentes.

CAMBISSOLOS HÁPLICOS AlumínicosCXa1 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Alumíníco úmbrico, fase fl oresta subtropical subpe-renifólia, relevo forte ondulado, substrato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Alumínico úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado, ambos textura argilosa.CXa2 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico úmbrico, fase relevo ondulado, subs-trato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHOAMARELO Alumínico típico, A moderado, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia.

CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distrófi cosCXbd1 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado, substrato migmatitos.CXbd2 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico,

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fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado, substrato folhelhos e arenitos fi nos + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co + GLEISSOLO MELÂNICO Tb Distrófi co, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical de várzea, relevo plano.CXbd3 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato siltitos, argilitos e folhelhos.CXbd4 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, álico, substrato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.CXbd5 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, ambos textura argilosa, fase pedregosa relevo ondulado, substrato rochas eruptivas.CXbd6 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo forte ondu-lado, substrato rochas eruptivas + LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.CXbd7 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato folhelhos sílticos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, ambos fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas.CXbd8 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico + NEOSSOLO REGO-LÍTICO Distro-úmbrico típico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical, relevo ondulado, substrato folhelhos sílticos.CXbd9 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical, relevo forte ondulado, substrato migmatitos.CXbd10 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, textura média, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado, substrato arenitos e folhelhos sílticos.CXbd11 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, ambos textura média, álicos, fase campo subtropical relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato arenitos.CXbd12 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado substrato arenitos + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura média, fase campo subtropical.CXbd13 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos e arenitos fi nos.CXbd14 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia altimontana, relevo ondulado e forte ondulado, substrato migmatitos.CXbd15 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, substrato migmatitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissó-lico, fase fl oresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa pouco cascalhenta, A moderado, álicos, relevo forte ondulado.CXbd16 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia altimontana, reIevo montanhoso e escarpado, substrato migmatitos.CXbd17 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, substrato migmatitos +

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LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico, ambos textura argilosa, A mode-rado, álicos, fase fl oresta tropical altimontana, relevo ondulado e forte ondulado.CXbd18 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta tropical altimontana, relevo montanhoso, substrato migmatitos.CXbd19 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, álico, fase fl oresta tropical altimontana, relevo montanhoso, substrato migmatitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co latossólico fase fl oresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado, ambos textura argilosa, A moderado.CXbd20 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase campo subtropical, relevo ondulado, substrato migmatitos.CXbd21 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, álico, fase relevo forte ondulado + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, fase relevo montanhoso, ambos textura argilosa, A moderado, fase campo subtropical, substrato fi litos.CXbd22 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase campo subtropical, relevo montanhoso, substrato fi litos e xistos + LATOSSOLO BRUNO Distrófi co cambissólico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, álicos. CXbd23 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase relevo ondulado, substrato rochas cristalinas ácidas + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.CXbd24 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico + GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano, substrato sedimentos recentes.CXbd25 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co latossólico, A proeminente, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia, ambos textura argilosa, fase relevo suave ondulado, substrato siltitos.CXbd26 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co latossólico, substrato rochas cristalinas ácidas + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co típico, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso.CXbd27 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co argissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato siltitos e folhelhos.CXbd28 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co argissólico úmbrico, textura argilosa, substrato folhelhos sílticos + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, textura média, substrato arenitos e siltitos, ambos álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.CXbd29 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co argissólico úmbrico, fase relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato folhelhos sílticos + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co cambissólico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.CXbd30 - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato rochas eruptivas + NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.CXbd31 - CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co argissólico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado.

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CAMBISSOLOS HÁPLICOS Ta Eutrófi cosCXve - Associação de CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófi co típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, substrato rochas eruptivas básicas NITOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, fase fl oresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa, A moderado, fase relevo forte ondulado.

CHERNOSSOLOS RÊNDZICOS ÓrticosMDo - CHERNOSSOLO RÊNDZICO Órtico saprolítico, textura argilosa, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo montanhoso, substrato calcário.

ESPODOSSOLOS HUMILÚVICOS Hidromórfi cosEKg - Associação de ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Hidromórfi co típico, fase fl oresta hidrófi la de restinga + ESPODOSSOLO HUMILÚVICO Órtico típico, A moderado, fase fl oresta de restinga, ambos textura arenosa, relevo plano.

GLEISSOLOS SÁLICOSGZ - Associação de GLEISSOLO SÁLICO + GLEISSOLO HÁPLICO, ambos indiscriminados, textura argilosa, fase campo subtropical de várzea, relevo plano.

GLEISSOLOS MELÂNICOSGM1 - GLEISSOLO MELÂNICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo e fl oresta subtropical de várzea, relevo plano.GM2 - Associação de GLEISSOLO MELÂNICO indiscriminado, fase fl oresta subtropical perenifólia de várzea, relevo plano + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical altimontana, relevo ondulado e forte ondulado, substrato migmatitos, ambos textura argilosa.GM3 - Associação de GLEISSOLO MELÂNICO, textura argilosa + ORGANOSSOLO, ambos indiscriminados, fase campo e fl oresta subtropical de várzea, relevo plano.

GLEISSOLOS HÁPLICOSGX1 - GLEISSOLO HÁPLICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo e fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano.GX2 - GLEISSOLO HÁPLICO indiscriminado, textura argilosa, fase campo tropical de várzea, relevo plano.

LATOSSOLOS BRUNOS ÁcricosLBw1 - LATOSSOLO BRUNO Ácrico úmbrico, textura argilosa, fase campo subtropical relevo suave ondulado.LBw2 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Ácrico úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co latossólico, álico, fase relevo ondulado, substrato rochas cristalinas ácidas, ambos textura argilosa, fase campo subtropical.

LATOSSOLOS BRUNOS Distrófi cosLBd1 - LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.

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LBd2 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LBd3 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado, substrato migmatitos, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LBd4 - LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LBd5 - LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.LBd6 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo forte ondulado, substrato fi litos, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical.LBd7 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, fase campo subtropical.LBd8 - Associação de LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato sedimentos pleistocênicos, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.LBd9 - LATOSSOLO BRUNO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.LBd10 - LATOSSOLO BRUNO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS DistroférricosLVdf1 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.LVdf2 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LVdf3 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.LVdf4 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.LVdf5 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LVdf6 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase cerrado e cerradão subtropical, relevo suave ondulado e plano.LVdf7 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.LVdf8 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LVdf9 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico + CAMBISSOLO HÁ-PLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

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LVdf10 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia relevo suave ondulado.LVdf11 - Associação LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo suave ondulado + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia. LVdf12 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LVdf13 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo suave ondulado.Vdf14 - LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS EutroférricosLVef1 - LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólía relevo suave ondulado.LVef2 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, fase relevo suave ondulado + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico tipico, fase relevo suave ondulado e ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia.LVef3 - LATOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Distrófi cosLVd1 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtro-pical perenifólia relevo suave ondulado.LVd2 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia relevo suave ondulado.LVd3 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LVd4 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase campo subtro-pical, relevo suave ondulado. LVd5 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical relevo suave ondulado.LVd6 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado, substrato folhelhos, ambos textura argilosa, álicos, fase campo subtropical.LVd7 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co cambissólico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura média, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólía.

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LVd8 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, textura média, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado.LVd9 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.LVd10 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase relevo ondulado, substrato siltitos argilitos e folhelhos, ambos textura argilosa, A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LVd11 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura argilosa, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, textura média/argilosa, fase relevo ondulado, ambos A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LVd12 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura argilosa, fase relevo suave ondulado + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co abrúptico, textura média/argilosa, fase relevo ondulado, ambos A moderado, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.LVd13 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura média, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado.LVd14 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura média, A moderado, álico, fase cerrado e cerradão subtropical, relevo suave ondulado.LVd15 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura média, A moderado, álico, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.LVd16 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia relevo suave ondulado.LVd17 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co úmbrico, fase relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase pedregosa, relevo forte ondulado, substrato granitos e quartzitos, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia.LVd18 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e plano.LVd19 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co típico, textura média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e plano.LVd20 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co húmico, textura argilosa, álico, fase fl oresta sub-tropical perenifólia, relevo suave ondulado.LVd21 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co cambissólico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave e ondulado de vertentes curtas.LVd22 - Associação de LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co cambissólico úmbrico + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa pouco cascalhenta, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.LVd23 - LATOSSOLO VERMELHO Distrófi co argissólico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHOS Eutrófi cosLVe1 - LATOSSOLO VERMELHO Eutrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.

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LVe2 - LATOSSOLO VERMELHO Eutrófi co típico, textura média, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado.

LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS Distrófi cosLVAd1 - LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico, textura argilosa, A mo-derado, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado.LVAd2 - LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co argissólico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta tropical perúmida, relevo forte ondulado e ondulado.

NEOSSOLOS LITÓLICOS HúmicosRLh1 - NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado e forte ondulado, substrato siltitos, argilitos e folhelhos.RLh2 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co típico, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas cristalinas ácidas.RLh3 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase fl oresta subtropical subperini-fólia, substrato rochas eruptivas + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, A proeminente, fase fl oresta subtropical perenifólia, ambos textura argilosa, álicos, fase pedregosa, relevo forte ondulado e montanhoso.RLh4 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, fase pedregosa campo subtropical relevo suave ondulado, substrato rochas eruptivas + ORGANOSSOLO indis-criminado, fase campo subtropical de várzea, relevo plano + NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado, todos álicos.RLh5 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura argilosa, álico, fase pe-dregosa, fase campo subtropical relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co típico, textura argilosa, álico, fase pedregosa, fase campo subtropical relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.RLh6 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co latossólico, fase relevo ondulado, ambos textura média, fase fl oresta subtropical subperenifólia, substrato arenitos.RLh7 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato arenitos + AFLORAMENTOS DE ROCHA (arenitos).RLh8 - NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, álico, fase campo subtropical, relevo suave ondulado, substrato arenitos.RLh9 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, textura média, fase campo sub-tropical, relevo suave ondulado substrato arenitos + AFLORAMENTOS DE ROCHA (arenitos).RLh10 - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado, substrato quartzitos + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura média, álicos, fase campo subtropical.

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NEOSSOLOS LITÓLICOS Distro-úmbricosRLdh - Associação de NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, ambos textura argilosa, A proeminente, álicos, fase pedregosa fl oresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.

NEOSSOLOS FLÚVICOS PsamíticosRYq - NEOSSOLO FLÚVICO Psamítico típico, A moderado, álico, fase fl oresta tropical de várzea, relevo plano.

NEOSSOLOS FLÚVICOS Tb Distrófi cosRYbd - NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical de várzea, relevo plano.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS HúmicosRRh1 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico t ípico, fase f lores-ta subtropical subperenifól ia, substrato rochas eruptivas + NITOSSOLO VER-MELHO Distroférrico típico, A proeminente, fase floresta subtropical perenifólia, am-bos textura argilosa, álicos, fase pedregosa relevo forte ondulado e montanhoso.RRh2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico típico, textura argilosa, álico, fase pedregosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA + CAMBISSO-LO HÚMICO Distrófico típico, textura argilosa, álico, fase pedregosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado de vertentes curtas, substrato rochas eruptivas.RRh3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Húmico típico, fase relevo forte ondulado + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co latossólico, fase relevo ondulado, ambos textura média, fase fl oresta subtropical subperenifólia.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Distro-úmbricosRRdh1 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato siltitos e tilitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co cambissólico úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado, ambos textura argilosa.RRdh2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura argilosa, álico, fase pedregosa, fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas + AFLORAMENTOS DE ROCHA.RRdh3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico + CAMBISSOLO HÁ-PLICO Tb Distrófi co úmbrico, ambos textura argilosa, álicos, fase pedregosa fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.RRdh4 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura média, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato siltitos e arenitos fi nos.RRdh5 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, fase fl oresta subtropical subperenifóiia, substrato arenitos e siltitos fi nos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifólia, ambos textura média, álicos, fase relevo ondulado.

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RRdh6 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura argilosa, fase pedregosa, substrato rochas eruptivas + NEOSSOLO REGOLÍTICO Distro-úmbrico típico, textura média, substrato siltitos e arenitos fi nos, ambos A proeminente, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo montanhoso e escarpado.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Distrófi cosRRd1 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, álico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos argilitos e folhelhos.RRd2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, fase relevo montanhoso e escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase relevo montanhoso, ambos textura argilosa, A moderado, fase pedregosa fl oresta subtropical subperenifólia, substrato fi litos, xistos e quartzitos.RRd3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, fase relevo montanhoso e escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase relevo montanhoso, ambos textura argilosa, A moderado, fase campo subtropical substrato fi litos e xistos.RRd4 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, ambos textura média, A moderado, fase campo cerrado, relevo ondulado, substrato arenitos e siltitos.RRd5 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, substrato siltitos + CAMBISSO-LO HÁPLICO Tb Distrófi co argissólico, substrato folhelhos, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado.RRd6 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia relevo montanhoso e escarpado, substrato gnaisses.RRd7 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, fase relevo montanhoso e escarpado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co típico, fase relevo montanhoso, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia, substrato granitos e migmatitos.RRd8 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura argilosa e média, fase campo subtropical, relevo montanhoso, substrato fi litos, xistos e quartzitos + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófi co abrúptico, textura média/argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado, ambos A moderado.RRd9 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófi co típico, textura siltosa, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato siltitos e arenitos fi nos.

NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Eutrófi cosRRe1 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta sub-tropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato siltitos, arenitos e argilitos.RRe2 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, fase pedregosa, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia.RRe3 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, A moderado, substrato folhelhos

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+ NEOSSOLO LITÓLICO Chernossólico típico, substrato diabásios + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, A moderado, todos textura argilosa, fase pedregosa, fl oresta subtropical subperenifólia, relevo montanhoso e forte ondulado.RRe4 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, textura média, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato arenitos.RRe5 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, textura média, A moderado, fase fl oresta tropical subcaducifólia, relevo suave ondulado e ondulado, substrato siltitos.RRe6 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, textura média, substrato siltitos + LUVISSOLO HÁPLICO Órtico planossólico, textura média/argilosa, ambos A moderado, fase fl oresta tropical subcaducifólia, relevo suave ondulado e ondulado.RRe7 - NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co típico, textura média, A moderado, fase fl oresta tropical subcaducifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato arenitos.RRe8 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co chernossólico, fase fl oresta subtro-pical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado, ambos textura argilosa, fase pedregosa.RRe9 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co chernossólico, fase pedregosa, fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado + CHERNOSSOLO HÁPLICO Órtico léptico, fase pedregosa, fl oresta subtropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas básicas, todos textura argilosa.RRe10 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co chernossólico, fase relevo monta-nhoso, substrato rochas eruptivas básicas + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico saprolítico, relevo forte ondulado, ambos fase pedregosa, fl oresta tropical subcaducifólia + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo ondulado, todos textura argilosa.RRe11 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófi co Chernossólico, fase pedregosa, fl oresta tropical subcaducifólia, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, A moderado, fase fl oresta tropical subpe-renifólia, relevo ondulado, ambos textura argilosa.RRe12 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICOEutrófi co chernossólico, fase relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas + CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Férrico saprolítico, relevo forte ondulado, ambos fase pedregosa, fl oresta tropical subperenifólia + NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo ondulado, todos textura argilosa.

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS ÓrticosRQo - NEOSSOLO QUARTZARÊNICO Órtico húmico, álico, fase campo subtropical, relevo ondulado e suave ondulado.

NITOSSOLOS BRUNOS AlumínicosNBa1 - Associação de NITOSSOLO BRUNO Alumínico úmbrico, textura argilosa + ARGISSOLO

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VERMELHO-AMARELO Distrófi co úmbrico, textura média/argilosa, ambos fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo forte ondulado.NBa2 - Associação de NITOSSOLO BRUNO Alumínico úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifó-lia, relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Alumínico úmbrico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato siltitos, argilitos e folhelhos, ambos textura argilosa.

NITOSSOLOS BRUNOS Distrófi cosNBd1 - NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado de vertentes curtas.NBd2 - Associação de NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado.NBd3 - NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado.NBd4 - Associação de NITOSSOLO HÁPLICO Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado e forte ondulado + LATOSSOLO BRUNO Distrófi co úmbrico, fase relevo ondulado, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia.

NITOSSOLOS VERMELHOS DistroférricosNVdf1 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado e suave ondulado.NVdf2 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófi co úmbrico, fase relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas, ambos textura argilosa, álicos, fase fl oresta subtropical perenifólia.NVdf3 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.NVdf4 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase relevo suave ondulado, ambos textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia.NVdf5 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico úmbrico, fase fl oresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Distro-úmbrico típico, fase fl oresta subtropical subperenifólia + CAMBISSOLO HÁPLICO Distroférrico úmbrico, fase fl oresta subtropical subperenifólia, todos textura argilosa, fase pedregosa, relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas.NVdf6 - NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia relevo suave ondulado e ondulado.NVdf7 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Distroférrico típico, fase relevo ondulado + LATOSSOLO VERMELHO Distroférríco típico, fase relevo suave ondulado e ondulado, ambos fase fl oresta subtropical perenifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófi co típico, fase fl oresta sub-tropical subperenifólia, relevo forte ondulado, substrato rochas eruptivas básicas, todos textura argilosa, A moderado.

NITOSSOLOS VERMELHOS EutroférricosNVef1 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.

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NVef2 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo ondulado.NVef3 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado.NVef4 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo ondulado + GLEISSOLO indiscriminado, fase fl oresta tropical perenifólia de várzea, relevo plano.NVef5 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico típico, fase fl oresta tropical pere-nifólia + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófi co típico, fase pedregosa, fl oresta tropical subperenifólia, substrato rochas eruptivas básicas, ambos textura argilosa, A moderado, fase relevo ondulado e forte ondulado.NVef6 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado.NVef7 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo ondulado.NVef8 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico latossólico, textura argilosa, A moderado, fase fl oresta tropical perenifólia, relevo suave ondulado.NVef9 - NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, textura argilosa, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado.NVef10 - Associação de NITOSSOLO VERMELHO Eutroférrico chernossólico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo ondulado e forte ondulado + NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófi co típico, A moderado, fase fl oresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso, substrato rochas eruptivas básicas, ambos textura argilosa, fase pedregosa.

ORGANOSSOLOS HÁPLICOSOX1 - ORGANOSSOLO HÁPLICO indiscriminado.OX2 - ORGANOSSOLO HÁPLICO Sáprico típico, fase campo subtropical de várzea, relevo plano.OX3 - Associação de ORGANOSSOLO HÁPLICO Sáprico típico + CAMBISSOLO FLÚVICO Tb Distrófi co típico, textura indiscriminada, álico, substrato sedimentos recentes, ambos fase campo e fl oresta subtropical de várzea, relevo plano.

AFLORAMENTOS DE ROCHAAR1 - AFLORAMENTOS DE ROCHA (Arenitos).AR2 - Associação de AFLORAMENTOS DE ROCHA + NEOSSOLO LITÓLICO Hístico típico + CAMBISSOLO HÚMICO Distrófi co léptico, ambos textura argilosa, álicos, fase campo e fl oresta subtropical perenifólia, relevo escarpado e montanhoso, substrato granitos e quartzitos.

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CAPÍTULO XICAPÍTULO XICAPÍTULO XI OCORRÊNCIA E FREQUÊNCIA

DE ESPÉCIES DE PLANTAS MEDICINAIS DE UM FRAGMENTO

FLORESTAL DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA RIO VERDE

Milton Satoshi Matsushita 1

Roberto Tuyoshi Hosokawa 2

Cirino Corrêa Junior 3

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Florestal, Ph.D., UFPR, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Horticultura, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

A preocupação crescente da sociedade mundial em relação à qualidade do ambiente e com o uso sustentável dos recursos naturais levou o secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000, solicitar a Avaliação Ecossistêmica do Milênio mediante documento encaminhado à Assembléia Geral intitulado “Nós, os Povos: O Papel das Nações Unidas no Século XXI”, com o objetivo de avaliar as consequências que as mudanças nos ecossistemas trazem para o bem-estar humano e as bases científi cas das ações necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses ecossistemas. As conclusões dos especialistas vieram comprovar as mudanças já percebidas pela humanidade, ou seja, todos no mundo dependem da natureza e de um ecossistema em equilíbrio para termos condições de uma vida decente, saudável e segura.

Motta (1998) e Brown (2003) fazem referência sobre as ações pelas quais os seres humanos causaram alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender as crescentes demandas por alimentos, água, fi bras e energia. As tecnologias e conhecimentos disponíveis podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas, porém, a participação das comunidades (locais, regionais ou globais) que compartilham dos benefícios aumenta as chances de sucesso na preservação e recuperação dos recursos naturais.

Conforme Andretta (2008), o Paraná com uma superfície de apenas 2,3% do território nacional é o principal estado agrícola do país e responde, em média, por 22% da produção de grãos e é o terceiro maior exportador do agronegócio. Esta condição de grande produtor agrícola foi obtida através de ampliação de fronteiras agrícolas e uso de alta tecnologia, resultando na substituição de áreas de fl orestas nativas contínuas por outras formas de uso da terra, formando fragmentos fl orestais interrompidos por estradas, pontes, represas, culturas agrícolas, etc.

A fl oresta com Araucária ou fl oresta ombrófi la mista (FOM), defi nida pelas áreas de ocorrência natural do pinheiro representa uma área de abrangência de 8.295.750 ha na região do bioma e 3.293.389 ha na região dos campos, totalizando 11.589.485 ha, ou seja, uma área de

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58% da área total do estado do Paraná, segundo o diagnóstico dos remanescentes de fl oresta com Araucária, organizado por Castella e Britez (2004). Esta área de 8.295.750 ha do bioma fl oresta ombró-fi la mista, ainda possui 2.506.485 ha de remanescentes fl orestais nativos, que representa 30,2% da cobertura fl orestal original, sendo a maioria nos estágios médio e inicial (94,3% dos remanescentes) e apresentam uma riqueza de produtos da sociobiodiversidade ainda pouco estudada.

Segundo o Brasil (2009), o termo “sociobiodiversidade” expressa a inter-relação entre a diversidade biológica e a diversidade de sistemas socioculturais. Enquanto os produtos da sociobiodiversidade são bens e serviços (produtos fi nais, matérias primas ou benefícios) gerados a partir de recursos da biodiversidade, promovendo renda e melhoria na qualidade de vida e do ambiente em que vivem os agricultores familiares.

Atualmente nota-se uma crescente preocupação global em relação às questões ambientais, saúde pública, produção de alimentos e geração e distribuição de renda no mundo. Portanto, o equilíbrio entre o crescimento econômico e a preservação ambiental deve ser uma busca permanente. Os instrumentos econômicos devem contribuir para valoração ambiental, distribuindo equitativamente os custos ambientais, através de metodologias e ferramentas que encontrem o equilíbrio entre a preservação dos recursos naturais e o crescimento econômico (MATSUSHITA, 2010).

Levando-se em consideração a participação das comunidades (locais, regionais ou globais) preconizada por Motta (1998) e Brown (2003), o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, Ministério do Meio Ambiente - MMA e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS elaboraram em 2009 o Plano Nacional de promoção das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, como parte da estratégia do governo federal de articular as políticas de governo voltadas à promoção do desenvolvimento sustentável, geração de renda e justiça social (BRASIL, 2009).

O Plano Nacional das cadeias de produtos da sociobiodiversidade contempla a medicina tradicional e o uso de plantas medicinais como componentes da estratégia para o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.

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O Ministério da Saúde ressalta a importância mundial da medicina tradicional, citado em Brasil (2006, p.12):

“Em 1991, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou a importante contribuição da medicina tradicional na prestação de assistência social, especialmente às populações que têm pouco acesso aos sistemas de saúde, e solicitou aos estados-membros que intensifi cassem a cooperação entre praticantes da medicina tradicional e da assistência sanitária moderna, principalmente no tocante ao emprego de remédios tradicionais de efi cácia científi ca demonstrada, a fi m de reduzir os gastos com medicamentos.”

Segundo Alexiades e Shanley (2004), Carvalho (2006) e Alonso (2008), a Organização Mundial da Saúde estima que 80% das pes-soas dos países em desenvolvimento, no mundo, dependem da medicina tradicional para suas necessidades básicas de saúde e que cerca de 85% da medicina tradicional envolve o uso de extratos de plantas.

Lorenzi (2008b) relata que o Brasil possui a fl ora arbórea mais diversifi cada do mundo, e que a necessidade de produzirmos riquezas infi nitamente deve estar alicerçada em um desenvolvimento autossustentado, considerando a relação da vida do homem com o meio ambiente. O autor ainda cita que não é preciso domar a natureza, mas sim aprender com ela, que os bosques heterogêneos de essências nativas formam um ecossistema em equilíbrio.

Vieira et al. (2002) destacam o Brasil entre os países de maior biodiversidade mundial, abrigando cerca de 50 mil espécies de plantas superiores, distribuídas nos grandes biomas: Amazônia (25-30 mil espécies), Mata Atlântica (16 mil espécies), Cerrado (7 mil espécies) e demais espécies distribuídas na Caatinga e Floresta Subtropical. Além da diversidade de recursos genéticos, o Brasil possui uma diversidade de etnias, com forte infl uência em nosso hábito alimentar e cultural, em especial, no que diz respeito ao uso de plantas medicinais e aromáticas, cuja maioria das espécies nativas necessita de estudos básicos, além de seu cultivo ainda ser incipiente ou inexistente.

Ming (2002), no relato dos resultados na 1ª reunião técnica de trabalho sobre estratégias para conservação e manejo de recursos genéticos de plantas medicinais e aromáticas, considerou 24 espécies com prioridade alta no bioma Mata Atlântica para pesquisa sobre sistema reprodutivo, biologia fl oral, diversidade genética, dinâmica de

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populações e cadeia produtiva.As espécies de plantas medicinais e aromáticas prioritárias no

bioma Mata Atlântica são:Espinheira santa (Maytenus aquifolium Mart.; Maytenus ilicifolia Mart, ex. Reiss. - Celastraceae)Carqueja [Baccharis trimera (Less.) DC. (=B. genistelloides) - Asteraceae]Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus Michell. - Alismataceae)Ginseng brasileiro [Pfaffi a glomerata (Spreng.) Pedersen; P. paniculata Kuntze - Amaranthaceae]Ipê-roxo [Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo; Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standley (=T. avellanedae) - Bignoniaceae]Guaco (Mikania glomerata Spreng; Mikania hirsutissima DC.; Mikania laevigata Sch. Bip. Ex Baker - Asteraceae)Ipeca [Psychotria ipecacuanha (Brot.) Standl. - Rubiaceae]Pata-de-vaca (Bauhinia forfi cata Link. - Leg. Caesalpinoideae)Canela [Ocotea odorífera (Vell.) J.G. Rohwer - Lauraceae]Guaçatonga (Casearia sylvestris Sw. - Flacourtiaceae)Catuaba (Trichilia catigua A. Juss.; Trichilia elegans A. Juss. - Meliaceae)Piper (Piper aduncum L.; Piper hispidinervum C.DC. - Piperaceae)Macela (Achyrocline satureoides DC. - Asteraceae)Araucária (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze - Araucariaceae)Cavalinha (Equisetum giganteum L. - Equisetaceae)Cana-de-macaco (Costus spiralis Rosc. - Zingiberaceae)Embaúba (Cecropia glaziovi Snethl.; Cecropia peltata Schreb. ex Miq. - Cecropiaceae)Maracujá (Passifl ora alata Dryaner; Passifl ora edulis Sims - Passifl oraceae)Copaíba: - Leg. Caesalpinoideae incluída no grupo da AmazôniaPau-andrade [Persea major (Meisn.) L.E. Koop. - Lauraceae]Centella (Centella asiatica (L.) Urban - Apiaceae): incluída no grupo de RuderaisCaapeba (Pothomorphe peltata Miq.; Pothomorphe umbellata (L.) Miq. - Piperaceae) (MING, 2002, p. 64 e 65).

Segundo Corrêa Júnior e Scheffer (2004), o estado do Paraná destaca-se pela maior tradição no cultivo de plantas medicinais, que iniciou há mais de 100 anos com o cultivo de camomila como cultura alternativa de inverno na Região Metropolitana de Curitiba - RMC, que logo se tornou referência para esta espécie no Brasil. Em 1994, o estado do Paraná já era fornecedor de 90% da demanda nacional de plantas cultivadas.

O aumento na demanda de plantas medicinais, a busca de cultu-ras alternativas e rentáveis por parte dos agricultores, o estímulo a uma agricultura ecologicamente sustentável por parte da então Em-presa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER-

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371

PR, hoje Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER, fomentaram as iniciativas dos agricultores quelogo diversifi caram a produção e passaram a cultivar, além da camomila, outras espécies exóticas e, mais recentemente, também nativas (CORRÊA JÚNIOR e SCHEFFER, 2004).

Os pequenos fragmentos fl orestais localizados nos remanescentes da fl oresta ombrófi la mista apresentam uma riqueza de produtos da sociobiodiversidade (plantas medicinais, aromáticas, ornamentais, artesanais, dentre outras) com valores ambientais, sociais e culturais para a comunidade.

Este trabalho tem por objetivo verifi car a ocorrência, a frequência e identifi car as espécies de produtos da sociobiodiversidade vege-tal (plantas medicinais, aromáticas, ornamentais e artesanais) exis-tentes nos fragmentos fl orestais remanescentes da fl oresta ombró-fi la mista utilizados pelas comunidades locais e com potenciais econômicos.

MATERIAL E MÉTODOS

A seleção do fragmento fl orestal foi realizada com apoio de ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, com utilização de imagens do satélite francês SPOT 5 (Satellite Pour I’Observation de la Terre) com resolução espacial de 5 metros referentes ao imageamento em 2005. A interpretação das imagens através de técnicas e equipamentos de sensoriamento remoto permitiu a classifi cação e localização dos fragmentos fl orestais, para posterior confi rmação a campo e obtenção de pontos e perímetro com uso de Sistema de Posicionamento Global (GPS).

A pesquisa foi desenvolvida em um fragmento fl orestal 39.265 m2 localizado na microbacia hidrográfi ca Rio Verde, município de Campo Largo - PR (Figuras 1 e 2), entre a latitude 25°25’20” Sul e longitude 49°27’23” Oeste com uma altitude entre 920 e 960 metros acima do nível do mar. O fragmento situa-se em uma área de distribuição natural da fl oresta ombrófi la mista, com signifi cativos remanescentes em estágio médio de sucessão, característica das áreas que sofreram uma degradação intensa com a extração de madeiras, mas que apresentam

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372

fl orestas com boa recuperação por estarem preservadas por um período superior a 40 anos.

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PRFonte: Matsushita (2010)

FIGURA 2 - FOTO DE FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PRFonte: Matsushita (2010)

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O clima da região é do tipo Cfb, de acordo com a classifi cação de Köppen, apresentando estações climáticas bem defi nidas, com chuvas distribuídas durante todo o ano, com inverno rigoroso, geadas severas e com umidade relativa do ar entre 80 a 85%. A precipitação média anual fi ca entre 1.400 e 1.600 mm. A temperatura média anual é de aproximadamente 16,5°C, com mínimas podendo atingir valores negativos inferiores a -5 °C, e máximas superiores a 33 °C (IAPAR, 2000). O fragmento está localizado em relevo ondulado a forte ondulado, possuindo solo com textura argilosa denominado Cambissolo Húmico alumínico (EMBRAPA, 1999).

Considerando o objetivo de verifi car a ocorrência, a frequência e identifi car as espécies da sociobiodiversidade dentro de um fragmento fl orestal, utilizou-se o método de transecto, locando e demarcando faixas com 20 m de largura perpendiculares ao rio, seguindo o sentido de maior declive devido à incidência de uma maior diversidade de espécies. O fragmento fl orestal de 39.270 m2 foi georreferenciado e subdividido em 48 unidades amostrais (Figura 1), com tamanhos variáveis em função de sua divisão perpendicular ao rio.

Através de sorteio aleatório simples, as unidades amostrais foram selecionadas completamente ao acaso para que todas as amostras tivessem a mesma probabilidade de ser selecionada. O sorteio defi niu sequencialmente as unidades amostrais 26, 01, 36, 06, 35, 28, 12 e 39 para realizar o levantamento das espécies da sociobiodiversidade.

FIGURA 3 - UNIDADES AMOSTRAIS DO FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PRFonte: Matsushita (2010)

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374

FIGURA 4 - IMAGEM DO FRAGMENTO FLORESTAL, CAMPO LARGO, PRFonte: Matsushita (2010)

As unidades amostrais foram localizadas com uso de GPS e demarcadas com estacas e fi tas. A coleta percorreu toda área das unidades amostrais sorteadas, iniciando pelas bordas localizadas nas áreas mais elevadas seguindo até o rio. As espécies foram coletadas com base no conhecimento etnobotânico de profi ssionais do Instituto Emater e de membros da comunidade com amplo conhecimento em coleta de plantas medicinais (“mateiros”) com mais de 50 anos de experiência na região.

Ao serem localizadas as espécies de plantas medicinais, foram realizadas contagens para verifi car a sua ocorrência (ocorre ou não ocorre na unidade amostral) e estabelecer a frequência, organizadas em 3 (três) classes: baixa (B) - até 5 plantas por unidade amostral, média (M) - de 6 a 15 plantas e alta (A) - acima de 15 plantas.

Os materiais coletados, plantas ou ramos com folhas e infl ores-cências, foram enviados ao Museu Botânico Municipal da Prefeitura Municipal de Curitiba para secagem, preparo das exsicatas e identi-fi cação botânica.

A área mínima representativa de amostragem foi observada através da curva espécie-área, que é uma função do número acumulado de espécies levantadas em relação à área de amostragem. Ela pode fornecer informações referentes à homogeneidade na distribuição

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375

das espécies no povoamento. A curva espécies-área apresenta seu crescimento máximo nas primeiras subparcelas levantadas, tendendo a se estabilizar (horizontalizar) à medida que mais parcelas vão sendo incluídas.

Os trabalhos de Jardim e Hosokawa (1986) e Araújo (2002) apresentam resultados nos quais observou-se que, em fl orestas naturais, a tendência à estabilização é sufi ciente para representar a vegetação, considerando-se que com o aumento da área amostrada ocorrem novas espécies. Vaccaro (1997) apresenta uma sugestão, onde a área mínima de amostragem é alcançada quando um acréscimo de 10% na área de amostra determina um acréscimo inferior a 10% no número de espécies.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram identifi cadas 55 espécies de plantas nas unidades amostrais do fragmento fl orestal, distribuídos em 31 famílias e 49 gêneros (Quadro 1). As espécies identifi cadas estão divididas nas seguintes famílias:Asteraceae (19);Solanaceae (3);Apiaceae, Myrtaceae, Piperaceae, Rosaceae (2);Anacardiaceae, Bignoniaceae, Blechnaceae, Dryopteridaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Flacourtiaceae, Hypericaceae, Liliaceae, Lythraceae, Malvaceae, Melastomataceae, Oxalidaceae, Plantaginaceae, Polygonaceae, Polypodiaceae, Pteridaceae, Ranunculaceae, Rutaceae, Sapindaceae, Smilaceae, Symplocaceae, Thiliaceae, Ulmaceae e Vitaceae (1).

As plantas coletadas apresentaram uma grande diversidade, sendo que 80,1% das famílias foram identifi cadas por uma espécie, 12,9% das famílias com duas espécies, 3,2% das famílias com três espécies e apenas a família Asteraceae com 19 espécies. O maior número de espécie foi encontrado no gênero Baccharis e Mikania com três representantes, Piper e Solanum com dois, enquanto as demais apresentaram apenas uma espécie, conforme resultados organizados na Tabela 1, com a frequência de ocorrência de plantas com potencial medicinal identifi cadas nas unidades amostrais do fragmento fl orestal de Campo Largo - PR.

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Quadro 1 - Frequência de ocorrência de plantas com potencial medicinal identifi cadas no fragmento fl orestal de Campo Largo - PR.

Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

AnacardiaceaeSchinusterebinthifolius Raddii

ApiaceaeApiumleptophyllum (Pers.) F. Muell.Ex Benth

ApiaceaeHydrocotyle asiática L.

AsteraceaeAgeratum conyzoides L.

AsteraceaeArtemísiaverlotorum Lamotte

Aroeira, aroeira branca, aroeira-do-campo

Mastruço, aipo-bravo, gertrudes

Centela asiática

Mentrasto, mentraste, erva-de-são-joão

Artemísia, artemísia-comum,losna-brava.

Árvore nativa, com uso ornamental, melífera, aromática, óleo essencial, madeira, lenha, carvão e namedicina popular: adstringente, antidiarréico, anti-hemorrágico, anti-infl amatório, antinevrálgico, antirreumático, antisséptico, cicatrizante, depurativo, digestivo, disentérico, diurético, estimulante, febrífugo, peitoral, resolutivo e uri- nário (4, 9, 11, 14, 16, 17, 19 e 25).Planta exótica, daninha, com uso na medicina popular: cicatrizante, depurativo, digestivo, diurético,peitoral e vermicida (9, 13 e 17).

Planta exótica, daninha, com uso na medicina popular: antibiótico, antifl ebológico, anti-infl amatório, calmante, cicatrizante, cordial, depurativo, diurético, estimulante, resolutivo, tônico, vulnerário e vaso- dilatador (1, 6, 8, 9, 11, 17, 21 e 25).

Planta nativa, daninha, aromática com uso na medicina popular: amargo, analgésico, antidiarréico, antigripal, anti-infl amatório, antirreumático, carminativo, cicatrizante, emenagogo, febrífugo, hemostático e tônico (5, 6, 10, 11, 15, 17 e 25).

Planta exótica, daninha, aromática, óleo essencial, com uso na medicina popular: amargo, antiespamódicos, digestivo, emenagogo, febrífugo, hepático, sedativo, tônico, vermífugo (2, 10, 13, 18 e 25).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

AsteraceaeAustroeupatoriuminulaefolium (Kunth.) R.M. King&H. Rob.

AsteraceaeBacchariscalvescens DC.

AsteraceaeBaccharismicrodonta DC.

AsteraceaeBaccharis millefl ora (Less.) DC.

AsteraceaeBidens pilosa L.

AsteraceaeChaptalia nutans (L.) Polak

Assa-peixe

Vassourinha ou voadeira

Carqueja

Carqueja

Picão, picão-preto, pico-pico, amor seco, carrapichinho

Língua-de-vaca, arnica do mato.

Planta com uso na medicina popular: antigripal, anti-hemorrágico,anti-hemorroidal, antinevrálgico, curativo e peitoral (25).

Planta com uso na medicina popular: antigripal e antitérmico(1, 6 e 9).

Planta com uso na medicina popular: amargo, antigripal, anti-hemorrágico, febrífugo e hepático (1, 5, 6 e 25).

Planta com uso na medicina popular: amargo, analgésico, antirreumático, anti-infl amatório, antisséptico, urinário, colegogo, cordial, diurética, depurativa, estomáquico, febrífugo, hepatobiliar, hipoglicemiante, hemostático, laxante e tônico (1, 5, 6, 21, 24 e 25).

Planta nativa, daninha, com uso na medicina popular: anti-hemorroidal, antirreumático, antisséptico, antisséptico urinário, blenorrágico, carminativo, cicatrizante, disentérico, depurativo, diurético, emoliente, estomáquico, febrífugo, hepatobiliar, hipoglicemiante, resolutivo e vulnerário (5, 6, 9, 10, 11, 15, 17, 20, 23 e 25).

Planta nativa, daninha, óleo essencial, com uso na medicina popular: antigripal, anti-hemorrágico, antinevrálgico, antisséptico, blenorrágico, diurético, vulnerário (9, 13, 15 e 17).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

AsteraceaeChrysolaena platensis (Spr.) H. Robinson

AsteraceaeDasyphyllum tomentosum (Spreng.) Cabrera

AsteraceaeGochnatiapolymorpha (Less.) Cabrera

AsteraceaeGrazielia serrata (Spreng.) R.M. King&H. Rab.

AsteraceaeMikaniaglomerata Spreng.

AsteraceaeMikaniahirsutissima DC.

Assa-peixe

Goiapa, açucará, guaiapá

Cambará

Eupitério

Guaco, cipó-catinga, guaco-de-cheiro, guaco-trepador

Cipó-cabeludo, cipó-d’água

Planta daninha, com uso na medicina popular: antigripal, anti-hemorroidal, antitussígeno, anti- hemorrágico, antinevrálgico, blenor- rágico, diurético e vulnerário (25).

Planta com uso na medicina popular (25).

Planta nativa, com uso ornamental, madeira e na medicina popular: antigripal, balsâmico, digestivo, emoliente, febrífugo e tônico (9, 14, 16, 17 e 25).

Planta com uso na medicina popular (25).

Planta nativa, com óleo essencial, melífera e uso na medicina popular: amargo, antigripal, anti-infl amatório, antinevrálgico, antirreumático, antisséptico, béquico, broncodilata-dor, calmante, cicatrizante, depurativa, diurética, emoliente, expectorante, febrífugo, fl uidifi cante, peitoral, sudorífi co, tônico e vulnerário (3, 5, 6, 9, 11, 15, 17, 21, 24).

Planta nativa, com óleo essencial, melífera e uso na medicina popular: antidiarréico, antinevrálgico, antirreumático, antisséptico urinário, blenorrágico, diurético, emenagogo, estimulante, resolutivo, vulnerário e moluscicida (9, 11, 15, 17, 21 e 25).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

AsteraceaeMikaniamicrantha H.B.K.

AsteraceaeSolidagochilensis Meyer

AsteraceaeSonchusoleraceus L.

AsteraceaeTaraxacumoffi cinale Weber

AsteraceaeVernonanthura tweedieana (Baker) H. Rob.

BignoniaceaeJacarandapuberula Cham.

Micania

Arnica, arnica-brasileira, arnica-do-campo

Serralha, chicória-brava, serralha-lisa, serralheira

Dente-de-leão, almeirão, taraxaco, amargosa

Assa-peixe

Caroba, carobinha, jacarandá-branco, caroba-da-mata

Planta nativa, inseticida, com óleo essencial e uso na medicina popular: antirreumático, antisséptico, balsâmico, cicatrizante e febrífugo (3).

Planta nativa, daninha, com óleo essencial, melífera e de uso na medicina popular: adstringente, antinevrálgico, cicatrizante, estomáquico e vulnerário (5, 6, 9, 11, 17, 20 e 25).

Planta exótica, daninha, com óleo essencial, melífera e de uso na medicina popular: anti-infl amatório, antirreumático, cicatrizante, depurativo, digestivo, diurético, estomáquico, hepático, laxante e tônico (6, 9, 10, 11, 15, 17 e 25).

Planta exótica, daninha, melífera e de uso na medicina popular: amargo, antiescorbútico, anti-infl amatório, antirreumático, aperiente, carminativo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, estomáquico, febrífugo, hepatobiliar, hipoglicemiante, hipolipemiante, hipotensor, laxante, oftálmico, tônico e vulnerário (1, 2, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 15, 17, 18, 21, 23 e 25).

Planta nativa, de uso na medicina popular: antigripal, anti-hemorrágico, anti-hemorroidal, antinevrálgico, balsâmico, béquicoe vulnerário (25).

Planta nativa, com uso ornamental, madeira e na medicina popular: antirreumático, cicatrizante, depurativo, diurético e vermífugo (14 e 25).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

BlechnaceaeBlechnumbrasiliense Desv.

DryopteridaceaeCtenitis sp

EuphorbiaceaeSebastiania commersoniana (Baillon) L. B. Smith & R.J. Down

FabaceaeMachaerium Stipitatum (DC.) Vogel

FlacourtiaceaeCaseariadecandra N.J. Jacquin

HypericaceaeHypericumbrasiliense Choisy

LiliaceaeCordyline spectabilis Kunth&Bouché

Samam-baiaçu-do-brejo

Samambaia

Branquilho, salgueiro-brabo, branquinho, branquio

Sapuva, sapuvão, sapuvinha, sapuva-do-campo

Guaçatunga, guaçatonga, cabroé, guaçatunga-preta, café-do-mato

Milfacada, orelha-de-gato, alecrim bravo

Uvarana, guaraneira

Planta nativa, com uso na medicina popular: antitussígeno e diurético (9).

Planta nativa, com uso na medicina popular: antitussígeno, balsâmico, diurético e sudoríparo (9).

Planta nativa, com uso ornamental, melífera, madeira, lenha, carvão e na medicina popular (9, 14 e 17).

Planta nativa, com uso ornamental, lenha, carvão e na medicina popular: curativo (4 e 14).

Planta nativa, com uso ornamental, madeira, lenha, carvão e na medicina popular: anestésico, antiofídico, antirreumático, antisséptico, cicatrizante, cordial, diurético, emoliente, hipolipemiante, hipotensor, resolutivo e tônico (9, 12, 16, 17, 22 e 25).

Planta nativa, com uso na medicina popular: estimulante (25).

Planta nativa, com uso na medicina popular: diurético e depurativo(5 e 9).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

LythraceaeCupheacalophylla Mesostemon (Koehne) Lourt.

MalvaceaeSidarhombifolia L.

MelastomataceaeLeandraaustralis (Cham.) Cogn.

MyrtaceaeCampomanesia xanthocarpa O. Berg.

MyrtaceaeEugenia unifl ora L.

Sete-sangrias

Guanxuma, guanxuma-branca, vassourinha, malva, mata-pasto

Pixirica

Guabirobeira, guabiroba, gabirobeira-do-mato

Pitanga, pitangueira, pitanga-vermelha

Planta nativa, com uso na medicina popular: antirreumático, diurético, depurativo, febrífugo, hipolipemiante, hipotensor, sudoríparo e tônico (25).

Planta nativa, daninha com uso na medicina popular: adstringente, afrodisíaco, antigripal, anti-hemorroidal, anti-infl amatório, balsâmico, calmante, curativo, disentérico, digestivo, diurético, emenagogo, estomáquico, emoliente, estimulante, febrífugo, supurativo, tônico e vermífugo (9, 10, 11, 17, 21, 23 e 25).

Planta nativa, com uso na medicina popular (9).

Planta nativa, com óleo essencial, uso ornamental, lenha, carvão e na medicina popular: adstringente, antidiarréico, antigripal, anti-hemorrágico, anti-hemorroidal, balsâmico, curativo, depurativo, disentérico, hipolipemiante e vermífugo (4, 9, 14, 17, 19 e 25).

Planta nativa, com uso ornamental, melífera, aromática, lenha, carvão e na medicina popular: adstringente, afrodisíaco, ansiolítico, antidiarréico, antirreumático, balsâmico, béquico, calmante, diurético, disentérico, estimulante, estomáquico, febrífugo, hipocolesteremiante, hipotensor e vermífugo (4, 9, 14, 17, 19, 20 e 25).

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

OxalidaceaeOxalis latifolia Kunth

PiperaceaePipergaudichaudianum Kunth

PiperaceaePipermikanianum (Kunth) Steud

PlantaginaceaePlantagotomentosa Lam.

PolygonaceaeRumexobtusifolius L.

PolypodiaceaeCampyloneurum nitidum (Raulf.) C. Presl

PteridaceaeAdiantumraddianum C. Presl

RanunculaceaeClematis dioica L.

Azedinha

Pariparoba, pariparoba-do-mato, jaborandi

Pariparoba, jaborandi, murta

Tansagem, tanchagem

Língua-de-vaca

Rabo-de-arara

Avenca

Cipó barba branca

Planta exótica, daninha com uso na medicina popular: adstringente, anti-escorbútico, disentérico, depurativo, emenagogo e hepático (9 e 14).

Planta nativa, com uso na medicina popular: anti-hemorroidal, balsâmico, estomáquico e hepático (6, 9 e 17).

Planta nativa, com uso na medicina popular: anti-hemorroidal, balsâmico, estomáquico, hepático, hipocolesteremiante e hipotensor (6, 9, 17 e 25).

Planta exótica, daninha com uso na medicina popular: adstringente, anti-hemorroidal, anti-infl amatório, antisséptico, antidiarréico, cicatrizante, depurativo, diurético, emoliente, estomáquico, hepático, expectorante, laxante, peitoral e resolutivo (1, 5, 9, 11, 15, 18, 24 e 25).

Planta exótica, daninha com uso na medicina popular: antitussígeno, balsâmico, desobstruente, tônico (9, 10, 13 e 17).

Planta com uso na medicina popular: antirreumático, antitussígeno e emenagogo (25).

Planta nativa, com uso na medicina popular: antirreumático, antidiarréico, antitussígeno, balsâmico e disentérico (25).

Planta nativa, com uso na medicina popular: depurativo e diurético (25).

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M M M M M

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B B

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Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

RosaceaeEriobotryajaponica Lindl.

RosaceaeRubusurticaefoliusPoir

RutaceaeZanthoxylum rhoifolium Lam.

SapindaceaeCupania vernalis Cambessedes

SmilaceaeSmilax cognata Kunth

SolanaceaeNicandra physaloides (L.) Gaertn.

Ameixeira, ameixa-amarela, nêspera, ameixa-do-japão

Amoreira, amora-branca

Mamica-de-cadela, mamica-de-porca, juvevê, mamiqueira, juva

Camboatá, cuvatã, cuvantã,pau-d’arco, miguel pintado

Salsaparrila, japecanga

Joá-de-capote, balão, quintilho, bexiga

Planta exótica, com uso na medicina popular: adstringente, antitussígeno, depurativo, desobstruente, emoliente, hipotensor e laxativo (9 e 17).

Planta nativa, com uso na medicina popular: adstringente, antidiarréico, anti-infl amatório, antinevrálgico, depurativo, diurético, hepático, hipoglicemiante e vermífugo (9 e 25).

Planta nativa, com uso ornamental, aromática, melífera, lenha, carvão e na medicina popular: adstringente, analgésico, antiespasmódico, carminativo, depurativo, estimulante, estomáquico, febrífugo e tônico (4, 9, 14, 17, 20 e 25).

Planta nativa, com uso ornamental, melífera, mourões, lenha, carvão e na medicina popular: antirreumático, febrífugo, hepático e tônico (4, 9, 14, 17 e 19).

Planta nativa, com uso na medicina popular: antirreumático, depurativo, diurético, febrífugo, hipocolesteremiante e sudorífi co (1, 15, 21 e 25).

Planta exótica, daninha, com uso na medicina popular, porém seus tecidos contêm alcalóides tóxicos (10 e 13).

M

B

B B B B

A A M M M

B A M M M

M M

391228350126 0636

CONTINUA

CONTINUAÇÃO

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384

Usos* e (referências)FamíliaNome

científi coNome

Popular

Frequênciade Ocorrência

Unidades amostrais

SolanaceaeSolanumamericanumMill.

SolanaceaeSolanummauritianum Scop.

SymplocaceaeSymplocos laxifl ora Benth.

ThiliaceaeLueheadivaricata Mart.

UlmaceaeCeltis iguanaea (Jacq.) Sargent

VitaceaeCissussulcicaulis (Baker) Planch.

Maria-preta, maria-pretinha, erva-de-bicho

Fumo bravo

Maria mole

Açoita-cavalo, açouta-cavalo, pau-de-canga, ibatingui

Esporãode galo

Mãe boa

Planta exótica, daninha, com uso na medicina popular: analgésico, cicatrizante, depurativo, diurético, emoliente, expectorante, narcótico, sedativo e vermífugo (10, 11 e 17).

Planta nativa, inseticida, com uso na medicina popular: antinevrálgico, calmante, cicatrizante e diurético (7).

Planta nativa, com uso na medicina popular (9).

Planta nativa, com uso ornamental, madeira, móveis e na medicina popu-lar: adstringente, anti-hemorrágico, antirreumática, balsâmico, béquico, depurativo, disentérico e diurético (9, 14, 16, 17, 19 e 25).

Planta nativa, com uso na medicina popular: digestivo (9 e 17).

Planta nativa, com uso na medicina popular: antirreumático (25).

B B B B B

B B B B B

B

M M M M

A A A A

B

391228350126 0636

CONTINUAÇÃO

Fonte**: (1) Alonso (2008); (2) Boni e Patri (1994); (3) Carollo (2008); (4) Carvalho (2006); (5) Corrêa Júnior et al. (1994); (6) Corrêa Júnior et al. (2006); (7) Coutinho (2009); (8) Franco (2008); (9) Kolbes (2007); (10) Lorenzi (1986); (11) Lorenzi (2002a); (12) Lorenzi (2002b); (13) Lorenzi (2008a); (14) Lorenzi (2008b); (15) Martins et al. (2000); (16) Pedroso et al. (2007); (17) Ramos (2008); (18) Reader’s Digest (1984); (19) Reitz et al. (1983); (20) Simões et al. (1995); (21) Teske e Trentini (1994); (22) Thadeo (2007); (23) Torres (2005); (24) Velloso e Peglow (2003) e (25) Zampier*** (2010). * Os usos estão descritos em ANEXO 1 – Glossário de propriedades medicinais das plantas. ** Referências consultadas *** Informações verbais com base em sua ampla experiência de mais de 50 anos em coleta e uso de produtos da sociobiodiversidade na comunidade local.

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385

Os resultados apresentados no Quadro 1 possibilitaram analisar a ocorrência e frequência de espécies medicinais, das quais 15 espécies (27,3%) foram encontradas em todas as unidades amostrais, entre elas 6 espécies com alta frequência e 9 com frequência variando entre baixa, média e alta. Outras 16 espécies (29,1%) apresentaram ocorrência em pelo menos 4 unidades amostrais (50%) com frequência variando entre baixa, média e alta; 14 espécies (25,5%) apresentaram ocorrência em pelo menos 2 unidades amostrais (25%) com frequência variando entre baixa, média e alta; e 10 espécies (18,2%) apresentaram ocorrência em 1 unidade amostral (12,5%) com frequência variando entre baixa, média e alta.

O levantamento nas unidades amostrais apresentou os seguintes resultados (Tabela 1): unidade amostral 26 com 40 espécies de plantas medicinais identifi cadas, sendo 3 espécies exclusivas desta unidade; unidade 01 com 41 espécies identifi cadas, sendo 2 espécies exclusivas e 8 espécies diferentes em relação à unidade amostral anterior; unidade 36 com 20 espécies identifi cadas, sem ocorrência de espécie exclusiva e 1 espécie diferente em relação às unidades amostrais anteriores; unidade 06 com 28 espécies identifi cadas, sem ocorrência de espécies exclusivas ou diferentes das unidades amostrais anteriores; unidade 35 com 25 espécies identifi cadas, sendo 2 espécies exclusivas e 3 espécies diferentes em relação às unidades amostrais anteriores; unidade 28 com 29 espécies identifi cadas, sendo 2 espécies exclusivas e 2 espécies diferentes em relação às unidades amostrais anteriores; unidade 12 com 33 espécies identifi cadas, sendo 1 espécie exclusiva e 1 espécie diferente em relação à unidades amostrais anteriores; e unidade 39 com 22 espécies identifi cadas, não ocorrendo qualquer espécie exclusiva ou diferente.

Assim, o número de espécies acumuladas por unidade amostral iniciou com 40 espécies, conforme apresentado na Tabela 1 e na Figura 2 indicando, como esperado, uma redução do número de espécies e aproximando-se de uma estabilização da curva à medida que novas unidades amostrais foram coletadas, perfazendo o total de 55 espécies de plantas medicinais.

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Tabela 1 - Número de espécies com potencial medicinal identifi cadas nas unidades amostrais - Campo Largo-PR

Nº de espécies Nº da Área Nº de Nº de diferentes das Nº de unidade espécies espécies unidades espécies amostral (m2) identifi cadas exclusivas amostrais acumuladas anteriores

26 1.295 40 3 40 40 01 1.109 41 2 8 48 36 199 20 0 1 49 06 754 28 0 0 49 35 532 25 2 3 52 28 1.591 29 2 2 54 12 1.301 33 1 1 55 39 338 22 0 0 55

Fonte: Matsushita (2010)

FIGURA 5 - CURVA ESPÉCIE-ÁREA DE ESPÉCIES COM POTENCIAL MEDICINAL, CAMPO LARGO, PR.Fonte: Matsushita (2010)

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387

CONCLUSÕES

Com base no conhecimento etnobotânico foram coletadas e identifi cadas 55 espécies de plantas com usos medicinais, popularmente conhecidas, utilizadas e citadas em literaturas por apresentarem-se úteis para a sociobiodiversidade. Apesar de a cultura popular conhecer o uso das espécies identifi cadas, algumas são pouco utilizadas porque existem espécies similares mais efi cientes e de fácil acesso. Muitas espécies ainda não possuem registro no órgão de vigilância sanitária competente do Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo necessário ampliar as pesquisas e registro dessas espécies para que sejam industrializadas, expostas à venda e entregues ao consumo, garantindo à população brasileira o acesso seguro e o uso racional.

A maioria das espécies existentes é nativa da região, porém, foram identifi cadas várias plantas que são exóticas e invasoras, tais como centela asiática (Hydrocotyle asiatica), losna (Artemisia verlotorum), picão preto (Bidens pilosa), serralha (Sonchus oleraceus), dente-de-leão (Taraxacum offi cinale), azedinha (Oxalis latifólia), tanchagem (Plantago tomentosa) e língua-de-vaca (Rumex obtusifolius); outras invasoras são nativas como o mentrasto (Ageratum conyzoides), arnica do mato (Chaptalia nutans), assa-peixe (Chrysolaena platensis), dentre outras. A maior parte das espécies invasoras foi localizada principalmente nas bordas dos fragmentos, próximas às áreas exploradas com culturas anuais.

A maioria das espécies arbóreas é nativa e possuem várias utilidades, tais como medicinal, ornamental, melífera, madeira, lenhae carvão. O seu plantio é recomendado em refl orestamentos hetero-gêneos destinados à recuperação de áreas degradadas de preservação permanente.

Apesar da ocorrência de um grande número de espécies no fragmento fl orestal pesquisado, algumas espécies da região com potencial econômico não foram localizadas, como a cavalinha (Equisetum heymale, E. giganteum), chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus), pata-de-vaca (Bauhinia forfi cata), marcela (Achryrocline satureioides), espinheira santa (Maytenus ilicifolia), dentre outras.

Os fragmentos fl orestais da região de ocorrência da fl oresta ombró-

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fi la mista apresentam uma grande diversidade de espécies úteis para a população, com grande potencial de mercado para a indústria alimentícia (chás), fi toterápicos (remédios), óleos essenciais, fi bras e fi tocosméticos.

O uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade possibilita a melhoria econômica e social nas propriedades familiares através de sua exploração seletiva, incentivando a manutenção e ampliação dos fragmentos fl orestais, reduzindo o impacto ambiental e garantindo a sustentabilidade dos sistemas de produção.

Com o georreferenciamento das unidades amostrais, torna-se possível o mapeamento e a localização das espécies com potencial medicinal para futuras coletas, pesquisas e estudos de viabilidade econômica para uma exploração sustentável.

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389

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1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Produção Vegetal, Instituto Emater, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Manejo dos Recursos Naturais e Estradas Rurais, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Zootecnista, Especialização em Pecuária Leiteira, Instituto Emater, Guarapuava, Paraná, Brasil - [email protected] Técnico Agropecuário e Gestor em Agronegócios, Instituto Emater, Guarapuava, Paraná, Brasil - [email protected]

CAPÍTULO XIICAPÍTULO XIICAPÍTULO XIIESTUDOS DOS CAMINHOS DO LEITE

NO MUNICÍPIO DE CAMPINA DO SIMÃO COM USO DO GEOPROCESSAMENTO

Milton Satoshi Matsushita 1

Hernani Alves da Silva 2 Udo Bublitz 3 Valdir Tambosetti 4 Edilson Moreira 5

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INTRO DUÇÃO

O Brasil produz anualmente 32 bilhões de litros de leite e esta produção vem aumentando cerca de 5% ano após ano. Neste cenário, destacam-se a Região Sudeste e Sul, responsáveis por aproximadamen-te 62% da produção nacional (IBGE, 2012). No ano de 2011, o estado com maior produção de leite foi Minas Gerais, com 27,2% da produção nacional, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 12% e em terceiro lu-gar o Paraná, responsável pela produção de 3,8 bilhões de litros, que representaram 11,8% da produção nacional.

A produção do estado do Paraná encontra-se em ascensão. Se-gundo Mezadri (2013) entre os anos de 2001 e 2011 houve aumento da produção de 1,9 para 3,8 bilhões de litros, correspondendo a uma variação de 100%, enquanto que o rebanho evoluiu de 1,15 para 1,59 milhões de cabeças, variação correspondente a 38%. O crescimento maior da produção em relação ao efetivo de rebanho refl ete melhoria em índices produtivos do rebanho, que partiu de 6 litros/vaca/dia no ano de 2001, para 10,9 litros em 2009. Além disso, a estimativa das receitas mostra que o leite é uma importante fonte geradora de renda para os produtores paranaenses, pois, para metade deles, representa mais de 50% da renda obtida com a exploração agropecuária (IPARDES, 2009).

O leite tem um papel importante no desenvolvimento econômico de propriedades com economia de base familiar em todo o estado do Paraná e o desenvolvimento do setor pode ser a garantia da geração de renda e trabalho, favorecendo a permanência dos sujeitos do campo, no campo. Na percepção do pequeno produtor rural, a produção de leite é a atividade que garante mensalmente a entrada de recursos para a ma-nutenção da sua família, o que já não acontece com as culturas anuais.

A região do Território Paraná Centro (Figura 1) é composta por 17 municípios localizados na região central do Estado. Segundo IPARDES (2009), esta região não faz parte das principais bacias leiteiras esta-duais em termos de produção de leite, apresentando índice médio de 8,5 litros/vaca/dia e 55,3% das propriedades leiteiras produzindo até 50 litros/dia. Mais recentemente, levantamento realizado por agentes extensionistas nos municípios que compreendem o Território, mostra que a atividade leiteira na região é caracterizada pela agricultura fami-liar e pelo baixo nível tecnológico, com cerca de 70% das propriedades

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leiteiras produzindo menos de 100 litros de leite/dia, com média regional de aproximadamente 65 litros.

FIGURA 1 - MUNICÍPIOS PERTENCENTES AO TERRITÓRIO PARANÁ CENTROFonte: Elaborado pelos autores (2014)

Em função das características da atividade leiteira na região, a Asso-ciação dos Municípios do Território do Paraná Centro desenvolveu uma proposta para o “fortalecimento da atividade leiteira no Território Paraná Centro”, buscando como resultado a melhoria da qualidade de vida dos produtores e a garantia das condições necessárias para a permanência do homem no campo e, ao mesmo tempo, garantir a segurança alimentar dos produtos lácteos oriundos desta localidade.

Os principais desafi os para a atividade leiteira nos municípios do Território Paraná Centro são:- A assistência técnica especializada no setor em contingente sufi -

ciente para o atendimento da demanda;- O aumento da produção de leite por unidade produtiva, com me-

lhoria da sanidade, pois a baixa produção por unidade compromete economicamente a atividade;

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397

- A melhoria da qualidade do leite e, como consequência, o produtor receber remuneração compatível;

- A promoção da sustentabilidade do setor em todas as suas di-mensões, garantindo a geração de renda e qualidade de vida dos bovinocultores na região.

Os resultados de pesquisa realizada por Viana e Rinaldi (2010) em Laranjeiras do Sul, municípios com características semelhantes ao Território Paraná Centro, demonstraram os principais problemas ou entraves que podem ser considerados como fatores de restrição ao bom desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no município. Os quatro principais entraves totalizam 87% dos problemas, sendo: necessidade de melhorar a qualidade da alimentação, pastagem e genética do rebanho (23%), falta de assistência técnica (23%), estrada (21%) e preço (20%). As estradas foram mencionadas como fator de restrição, uma vez que estradas ruins difi cultam e até mesmo impedem, em períodos chuvosos, o acesso dos caminhões que transportam o leite das propriedades ao local de armazenamento na cooperativa, ocasionando em alguns casos perdas de produção, além de difi cultar a locomoção do proprietário e a entrada de insumos nas propriedades.

Ainda o trabalho de Viana e Rinaldi (2010) em relação à conservação das estradas de acesso às propriedades dos produtores cooperados da Cooperativa de Produtores de Leite de Laranjeiras do Sul - COLELS conclui que 60,0% da estrada principal é considerada regular e 40,0% ruim, enquanto 47,1% da estrada secundária é considerada regular e 52,9% ruim.

Segundo Demarchi (2003), a malha viária rural é um importante com-ponente da infraestrutura rodoviária, vital para a economia de qualquer país, permitindo o fl uxo regular de mercadorias e o desenvolvimento de comunidades, contribuindo para na melhoria de sua qualidade de vida.

Em geral, a grande maioria das estradas rurais foram abertas de forma inadequada pelos colonizadores, orientadas pela estrutura fundiária e pelas facilidades do terreno, favorecendo em períodos de chuvas intensas o desenvolvimento de processos erosivos, prejudiciais à pista de rolamento e às áreas marginais, sendo que a manutenção e a readequação são atividades complementares à conservação do solo e contribuem favoravelmente para a preservação do meio ambiente. DEMARCHI (2003)

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398

O planejamento para a implantação ou melhoria nas atividades agro-pecuárias pelos técnicos e produtores deve considerar e analisar vários fatores, tais como: tecnologia, produtividade, alimentação, aspectos de sanidade, aspectos ambientais, rentabilidade, geração de empregos etc. No entanto, na maioria das vezes, alguns gargalos de logística são esquecidos e podem vir a comprometer o sucesso da atividade ou reduzir a sua lucratividade.

No caso específi co da cadeia produtiva do leite, a existência de estradas rurais e acessos (carreadores) em boas condições de trafegabi-lidade é condição fundamental, em função da necessidade de transporte (frete) quase que diário, para atender a demanda da indústria, aliado ao fato da condição limitada de armazenagem e frigorifi cação do leite nas propriedades rurais.

As melhorias e adequações realizadas nas estradas rurais pelas prefeituras municipais e outros órgãos, na maioria das vezes, não consideram as condições das propriedades rurais localizadas nas suas margens. As águas provenientes das glebas rurais, por falta de práticas de manejo e conservação de solos e água, ocasionam sérios problemas erosivos nas propriedades rurais e também nas estradas rurais. Por outro lado, as estradas rurais também desaguam e causam erosão e prejuízos nas áreas agrícolas.

A partir de outros trabalhos desenvolvidos pela extensão rural em diversos programas de Estado, conforme citados por Parchen e Bra-gagnolo (1991), Bragagnolo et al. (1997), Doreto (1998), Muzilli (2004) e Bertol (2008), é possível afi rmar que tanto as propriedades rurais quanto as estradas e carreadores devem estar integrados e harmoni-zados no controle da erosão e fl uxo das águas, para que tenham boas condições de trafegabilidade e durabilidade. A cadeia produtiva do leite e qualquer outra atividade agrícola necessita de estradas e acessos (carreadores) rurais em boas condições de trafegabilidade em qualquer condição climática, sob pena de causar grandes prejuízos a todos os atores envolvidos.

Devido ao anteriormente exposto, o Instituto Emater com apoio de ferramentas de geoprocessamento tem por objetivo levantar informações das propriedades rurais produtoras de leite, estradas federais, municipais e rurais, além dos carreadores (tipo de pavimento, extensão, largura e condições de trafegabilidade) e propor medidas para sua correta adequa-

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ção, melhoria e manutenção. Além das informações relativas às estradas rurais, a metodologia objetiva a caracterização dos sistemas de produção de leite nos aspectos de constituição dos rebanhos leiteiros, produção de leite, produtividade e infraestrutura de armazenagem da produção.

MATERIAL E MÉTODOS

O município de Campina do Simão foi selecionado por ser represen-tativo dentre os municípios do Território Paraná Centro e pelo interesse em fortalecer a atividade leiteira.

Os levantamentos foram planejados e executados com apoio de fer-ramentas de geoprocessamento e sensoriamento remoto com utilização de imagens do satélite francês SPOT 5 (Satellite Pour I’Observation de la Terre) com resolução espacial de 5 metros referentes ao imageamento em 2005. A interpretação das imagens através de técnicas de geopro-cessamento e sensoriamento remoto com uso do software livre gvSIG permitiu localizar as propriedades, estradas e carreadores, para posterior confi rmação a campo com obtenção de linhas e pontos nas estradas e propriedades com uso de Sistema de Posicionamento Global (GPS).

A localização das propriedades e pontos de referência, estradas e carreadores foram realizados com uso de um conjunto de equipamentos e softwares:- GPS de navegação, confi gurado para o Sistema de Coordenadas

planas UTM (Universal Transversa de Mercator) e Datum horizontal South American Datum SAD 69 <Brazil IBGE>;

- Software GPS Trackmaker Pro, confi gurado para o mesmo sistema de coordenadas e datum do GPS, Sistema de Coordenadas planas UTM (Universal Transversa de Mercator) e Datum horizontal South American Datum SAD 69 <Brazil IBGE>;

- Planilha eletrônica Microsoft Excel;- Banco de dados Microsoft Access;- Software livre de geoprocessamento gvSIG;- Software de geoprocessamento Esri ArcGis;

Os trabalhos foram desenvolvidos de forma participativa, adequando os dados coletados às necessidades para elaboração de um diagnóstico e plano de ação para fortalecer a atividade leiteira no Território Paraná Centro. A implementação dos trabalhos ocorreu em várias etapas, con-

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templando capacitações e levantamentos a campo, conforme segue:a) Análise dos dados atuais que apresenta uma situação com informa-

ções divergentes em relação às estradas estaduais e municipais, motivando a realização de levantamentos para obtenção de infor-mações mais precisas;

b) Elaboração e adequação de um roteiro e planilha para coleta de dados que contemple informações relacionadas à infraestrutura rodoviária: nome da estrada, tipo de estrada (federal, estadual, municipal, municipal secundária e via urbana), tipo de pavimento (asfalto, cascalho, pedras irregulares e terra), obras (pontes, trin-cheiras, viadutos e bueiros), condições de tráfego (qualquer tempo, difícil com chuva, difícil acesso e sem acesso com chuva) e largura média da pista de rolamento. E informações relacionadas à produ-ção de leite: nome do produtor, nome da empresa ou cooperativa, infraestrutura de apoio (centro comunitário, resfriador comunitário), preço recebido pelo produtor, produção diária, coleta em número de dias, tipo de equipamento de armazenamento do leite (resfriador de expansão, resfriador de imersão, freezer e geladeira), rebanho total de bovino de leite e vacas em lactação de bovino de leite.

c) Capacitação prática dos técnicos para: c.1) coletar dados com uso de GPS (pontos e trilhas); c.2) salvar arquivos de dados do GPS em formato shape (pontos e

trilhas); c.3) preencher formulário de pesquisa (Ficha de Levantamento de

Propriedades) no campo; c.4) preencher os formulários de pesquisa (fi chas de campo) em

uma planilha Excel para que posteriormente possam ser salvas em DBF;

c.5) salvar arquivos de dados do Excel (XLS) para banco de dados (DBF) (formato utilizado pelo gvSIG);

d) Utilização do Excel para tabulação, combinação e análise de dados;e) Utilização o gvSIG para realizar a tabulação, combinação e análise

de dados;f) Utilização o ArcGis para elaboração dos layouts para apresentação

de dados.

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401

O método utilizou o Sistema de Informações Geográfi cas para qua-lifi car e quantifi car as propriedades e a infraestrutura rodoviária para o trabalho de fortalecimento da atividade leiteira no município de Campina do Simão, cujos trabalhos concentraram-se na região central e oeste do município, devido à localização das propriedades leiteiras nestas regiões.

FIGURA 2 - CAMINHOS DO LEITE DE CAMPINA DO SIMÃOFonte: Elaborado pelos autores (2014)

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os caminhos do leite no município de Campina do Simão possuem 262,69 km de estrutura viária, sendo servidos por rodovia estadual asfaltada (6,0%), estradas municipais cascalhadas (76,1%), carreado-res cascalhados e em terra (16,8%) e vias urbanas (1,1%), conforme detalhado nas Tabelas 1 e 2.

O município possui apenas 15,7 km de rodovia estadual asfaltada, sendo esta o principal acesso à sede do município. E como todas as estradas municipais (principais e secundárias) são cascalhadas, per-mite o tráfego entre todas as comunidades rurais do município, apenas

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apresentando difi culdade em pequenos trechos localizados em diversos pontos que apresentam relevo com declividade acentuada e pista de rolamento irregular prejudicando o tráfego em dias de chuva.

Tabela 1 - Tipos de estradas e de pavimentos dos caminhos do leite

Tipo de Estrada Tipo dePavimento

Larguramin. (m)

Largura máx. (m)

Largura média (m)

Compri-mento (m) %

CarreadorCascalho 3 6 3,8 35.626 13,6

Terra 3 4 3,6 8.409 3,2

Estadual Asfalto 8 8 8,0 15.718 6,0

Municipal Cascalho 4 8 5,8 164.260 62,5

Municipal secundária Cascalho 3 6 4,7 35.772 13,6

Via urbanaAsfalto 8 8 8,0 2.529 1,0

Pedra irregular 8 8 8,0 377 0,1

Total geral 3 8 4,9 262.691 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

Tabela 2 - Tipos de estradas, pavimentos e trafegabilidade dos caminhos do leite

Tipo de Estrada Tipo dePavimento

Trafegabilidade

Difícilacesso (m)

Difícil com chuva (m)

Qualquer tempo (m)

Semacesso (m)

Total geral (m)

CarreadorCascalho 279 2.622 32.725 35.626

Terra 1.637 4.874 1.898 8.409

Estadual Asfalto 15.718 15.718

Municipal Cascalho 343 163.917 164.260

Municipal secundaria Cascalho 53 35.719 35.772

Via urbanaAsfalto 2.529 2.529

Pedra irregular 377 377

Total geral 1.916 7.892 250.985 1.898 262.691

% 0,7 3,0 95,5 0,7 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

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Os caminhos do leite de Campina do Simão possuem 95,5% da estrutura viária em condições de trafegar com qualquer tempo, sendo que os maiores gargalos estão nos carreadores, que apresentam locais sem acesso, trechos de difícil acesso com chuva e difícil acesso com qualquer tempo, difi cultando o trânsito de caminhões para a coleta do leite, o que pode ser visualizado nas Figuras 3 e 4.

FIGURA 3 - TIPO DE PAVIMENTO DAS ESTRADAS Fonte: Elaborado pelos autores (2014)

Os carreadores apresentam problemas de trafegabilidade em 11,3 km (25,7%) de sua extensão, sendo 25,6% em trechos com cascalho e 74,4% em trechos de terra.

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FIGURA 4 - CONDIÇÕES DE TRÁFEGOFonte: Elaborado pelos autores (2014)

Tabela 3 - Condições de trafegabilidade dos carreadores por tipo de pavimentos (comprimento total dos carreadores em metros)

Carreador Tipo de Pavimento

Trafegabilidade Cascalho Terra Total %

Difícil acesso (m) 279 1.637 1.916 4,4

Difícil com chuva (m) 2.622 4.874 7.496 17,0

Qualquer tempo (m) 32.725 32.725 74,3

Sem acesso (m) 1.898 1.898 4,3

Total geral (m) 35.626 8.409 44.035 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

Os trechos com problemas de trafegabilidade são curtos, porém, afetam um grande número de produtores de leite, sendo que 5,3% das propriedades não têm acesso, 5,3% têm difi culdade de acesso com

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qualquer tempo e, para 22,7%, o acesso é difícil com chuva, totalizando 33,3% das propriedades sem condições ou com difi culdade de trânsito de caminhões para coleta do leite ou transporte de insumos para as atividades produtivas.

Tabela 4 - Condições de trafegabilidade dos carreadores por tipo de pavimentos (número de propriedades)

Carreador Tipo de Pavimento

Trafegabilidade(propriedades) Cascalho Terra Total %

Difícil acesso 2 6 8 5,3

Difícil com chuva 10 24 34 22,7

Qualquer tempo 100 100 66,7

Sem acesso 8 8 5,3

Total geral 112 38 150 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A coleta do leite é realizada por caminhões de uma cooperativa e dois laticínios, e os produtores estão distribuídos em todo município, não existindo nenhuma concentração por região, onerando o processo de logística para a coleta do leite.

A Cooperativa Agropecuária Mista de Guarapuava - Coamig possui a maior abrangência no município em número de produtores e produção total de leite, enquanto a empresa Picnic atua com poucos produtores com as melhores produções e produtividades. A empresa Santa Maria com os produtores menores, obtém os piores índices de produção e produtividade.

Os produtores da Coamig têm um rebanho com 27,9% de vacas em lactação em relação ao rebanho total, enquanto a Picnic 28,3% e a Santa Maria 20,8%, índices considerados baixos para os padrões da bovinocultura de leite, em sistemas de produção efi cientes. A relação de vacas em lactação pelo total do rebanho é um índice global do sis-tema de produção, pois, além de ser afetado pelo intervalo de partos e pelo período de lactação, também sofre infl uência negativa da idade ao

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primeiro parto. Maiores valores indicam maiores proporções de animais gerando receitas em relação ao número total do rebanho (KRUG, 2001).

FIGURA 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS PRODUTORES DE LEITE POR EMPRESAFonte: Elaborado pelos autores (2014)

De acordo com Campos e Ferreira, 2001, na composição ideal de rebanho para uma taxa de reposição de 20%, com rebanho estabilizado, com intervalo de parto de doze meses e período de lactação de dez meses o número de vacas em lactação seria de 42%.

A produção média por propriedade de 48,6 litros/dia (Tabela 5) é inferior à produção média verifi cada no Território Paraná Centro, onde a produção média é de 67 litros/dia/propriedade. De acordo com IPARDES, 2009, 55,3% dos produtores de leite do estado do Paraná produzem até 50 litros/dia e são responsáveis por 14,7% da produção paranaense de leite. Esta baixa escala de produção limita a estruturação técnica adequada em termos de maquinários, equipamentos e de infraestrutu-ra na unidade de produção, e se constitui em entrave à modernização do setor, porque, além de condicionar a modernização, acarreta maior custo médio de produção, inviabilizando economicamente as pequenas propriedades de leite (KRUG, 2001).

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A produtividade média de 8,2 litros/vaca/dia é baixa, porém, apre-senta-se acima da produtividade média do estado que é de 7,1 litros/vaca/dia para pequenas propriedades. A média diária do estado atinge 10,9 litros, com importante diferenciação conforme o porte dos produ-tores, variando de 7,1 litros/vaca/dia, para os pequenos, a 18,5 litros/vaca/dia, para os maiores produtores, com sistemas de produção mais tecnifi cados (IPARDES, 2009). Esta baixa produtividade verifi cada no município, provavelmente, não esteja relacionada à qualidade genética do rebanho, mas às condições de manejo alimentar e reprodutivo, que podem ser melhorados com programa de assistência técnica adequado a esta realidade.

As propriedades que comercializam a produção com a empresa Picnic apresentam produtividade de 12,1 litros/vaca/dia, e produção média de 108,4 litros/propriedade/dia, acima da média apresentada pelas propriedades que comercializam com as empresas Coamig e Santa Maria (Tabela 5). Estes resultados indicam que as propriedades da empresa Picnic, provavelmente, estejam se apropriando de tecnologias mais adequadas de produção para esta realidade.

Tabela 5 - Indicadores técnicos das empresas

Empresa Coamig Picnic Santa Maria Total geral

Produtores (nº) 82 16 35 133

Rebanho Total (Cab) 1.927 505 518 2.950

Rebanho Total Médio (Cab/prop) 23,5 31,6 14,8 22,2

Rebanho Lactação Total (Cab) 538 143 108 789

Rebanho Lactação Médio (Cab/prop) 6,6 8,9 3,1 5,9

Produção Total (l) 4.019 1.735 698 6.452

Produção Média (l/prop) 49,0 108,4 19,9 48,6

Produtividade Média (l/vaca/dia) 7,5 12,1 6,5 8,2

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A maioria dos produtores da Coamig (52,4%) e da Picnic (50%) concentra-se na faixa de 26 a 150 litros de leite por dia. Porém, a pro-dução média dos produtores da empresa Picnic é de 108,4 litros por dia,

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enquanto da Coamig é de 49,0 litros por dia. A empresa Santa Maria possui 40% dos produtores com produção inferior a 25 litros de leite por dia e 34,3% sem nenhuma produção.

Conforme apresentado na Tabela 6, 16 propriedades, ou 12,03% do total de propriedades não apresentaram produção no momento do levantamento, mostrando alta sazonalidade da produção. A sazonalidade da produção de leite é um sério problema, tanto para o produtor como para a indústria. O produtor além de receber preço para leite extracota nos meses de maior produção, também não tem regularidade nas re-ceitas durante o ano, difi cultando o custeio dos sistemas de produção, bem como a qualidade de vida das famílias.

Por outro lado, a indústria é obrigada a trabalhar com toda a capa-cidade em épocas de maior produção, e com ociosidade de até 50% em períodos de menor produção.

A sazonalidade é consequência da qualidade e quantidade de ali-mentos oferecidos aos animais e do manejo alimentar e reprodutivo que as unidades de produção adotam. A produção de forragens de qualidade e em quantidade para o ano todo é fundamental para uma boa produção de leite ao longo do ano. Isto se obtém com o uso de pastagens anuais e perenes e forragens conservadas, como feno e silagem.

Com relação à armazenagem da produção na propriedade é ob-servado, na Tabela 7, que 78 propriedades (65,54%) armazenam o leite em tanques por expansão direta, com possibilidade de atender os requisitos da Instrução Normativa -IN 62 (BRASIL, 2011), permitindo a refrigeração do leite até temperatura igual ou inferior a 4oC (quatro graus Celsius) no tempo máximo de 3 horas após o término da ordenha, independentemente da capacidade do equipamento.

Por outro lado, 15 propriedades (12,60%) armazenam o leite em tanques de refrigeração por imersão (Tabela 7). Estes equipamentos devem ser dimensionados de modo que permitam refrigerar o leite até temperatura igual ou inferior a 7oC (sete graus Celsius) no tempo máximo de 3 horas após o término da ordenha, independentemente da capacidade do equipamento, para atender aos requisitos defi nidos na IN 62 (BRASIL, 2011).

A Tabela 7 mostra que 26 propriedades (21,84%) armazenam o leite em freezers ou geladeiras, não atendendo os requisitos da IN 62. Estas propriedades devem passar por adequação, com orientação da assistência técnica na aquisição de equipamentos adequados para o

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armazenamento da produção, ou serem organizadas para o uso coletivo de tanques de resfriamento a granel (tanques comunitários), admitidos na IN 62. A localização do equipamento deve ser estratégica, facilitan-do a entrega do leite de cada ordenha no local onde o mesmo estiver instalado. No momento da coleta do leite, a empresa deve advertir o produtor que estiver com a temperatura acima do padrão, que deve ser de até 7oC para tanques de imersão e de no máximo 4oC para tanques de expansão. Leite com temperaturas acima destes padrões não deverão ser carregados (BRASIL, 2011).

Tabela 6 - Caracterização das empresas por classes de produção

Classe deprodução

ProdutoresNº

Produçãototal (l)

Produçãomédia (l/prod)

Vacaslactação (cab)

Produtividade(l/vaca/dia)

Coamig

Sem produção 3

0 a 25 litros/dia 31 499 16,1 114 4,4

25,1 a 150 litros/dia 43 2.480 57,7 330 7,5

mais 150 litros/dia 5 1.040 208,0 94 11,1

Total Coamig 82 4.019 49,0 538 7,5

Picnic

Sem produção 1

0 a 25 litros/dia 3 60 20,0 12 5,0

25,1 a 150 litros/dia 8 645 80,6 69 9,3

mais 150 litros/dia 4 1.030 257,5 62 16,6

Total Picnic 16 1.735 108,4 143 12,1

Santa Maria

Sem produção 12

0 a 25 litros/dia 14 208 14,9 38 5,4

25,1 a 150 litros/dia 9 490 54,4 70 7,0

mais 150 litros/dia 0

Total Santa Maria 35 698 19,9 108 6,5

Total Geral 133 6.452 48,6 789 8,2

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

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Tabela 7 - Equipamentos utilizados no armazenamento do leite

Empresa Equipamento Nº Capacidade Total (l)

Capacidade Média (l)

Produção Total (l)

Coamig

Expansão 60 32.600 543 3.569 Freezer 2 700 350 59 Imersão 6 1.400 233 132 Outro 259 Total 68 34.700 423 4.019

PicnicExpansão 15 11.220 748 1.705 Outro 30 Total 15 11.220 701 1.735

Santa Maria

Expansão 3 1.110 370 60 Freezer 19 6.790 357 451 Geladeira 5 1.190 238 10 Imersão 8 2.490 311 177 Total 35 11.580 331 698

Outro Freezer 1 380 380 18 Total geral 119 57.880 486 6.470

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

A pequena escala de produção, 48,6 litros/propriedade (Tabela 5), encarece o custo da logística para coleta do leite, levando as empresas responsáveis pela coleta a alongar o período entre as coletas. Na Tabela 8 pode-se observar que 88 propriedades (71,55%) estão adequadas aos requisitos da IN 62, com a coleta do leite realizada no máximo 48 horas após a ordenha inicial. No entanto, 35 propriedades (28,45%) do total estão entregando a produção com período superior a 48 horas, chegando ao extremo de intervalos de coleta de 12 dias (288 horas), contrariando os requisitos recomendados pela IN 62, que defi ne o tempo transcorrido entre a ordenha inicial e seu recebimento no estabelecimento que vai benefi ciá-lo (pasteurização, esterilização, etc.) de no máximo 48 horas, sugerindo como ideal um período de tempo não superior a 24 horas.

Para solucionar este problema e propiciar que as empresas e os produtores inseridos na cadeia de produção no município se insiram nas determinações da IN 62, deve ocorrer uma ação forte da assistência

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técnica especializada no sentido de aumentar a escala de produção e produtividade, propiciando uma adequação na logística de coleta do leite, com redução do custo de coleta. A organização dos produtores, com baixa escala de produção e sem equipamentos adequados de refrigeração do leite, em grupos para entrega da produção em tanques comunitários, também poderão contribuir na adequação do período de coleta de leite pelas empresas.

Tabela 8 - Período de coleta de leite pelas empresas

EmpresaColeta (número de dias)

2 3 4 5 7 8 10 12 Total geral %Coamig 82 82 66,7 Picnic 6 3 7 16 13,0 Santa Maria 9 10 3 1 1 1 25 20,3 Total geral 88 3 16 10 3 1 1 1 123 100,0 % 71,5 2,4 13,0 8,1 2,4 0,8 0,8 0,8 100,0

Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2013)

CONCLUSÕES A produção de leite, alimento altamente perecível, necessita de

uma boa estrutura viária, que seja transitável por caminhões tanques com qualquer tempo, para que o produto mantenha a qualidade obtida durante o processo produtivo.

O município de Campina do Simão possui estradas municipais cascalhadas, com alguns pontos críticos que prejudicam o tráfego de caminhões, principalmente em dias de chuva. Por outro lado, um terço dos carreadores apresentam problemas críticos e localizados, necessi-tando de melhorias e manutenções preventivas e constantes.

A melhoria e a manutenção da qualidade das estradas municipais e dos carreadores, poderia ser realizada através de um programa mu-nicipal, aprovado pelo poder legislativo, compatibilizando os trabalhos com instituições federais e estaduais.

A metodologia proposta se mostrou efi ciente propiciando a caracte-rização dos sistemas de produção de leite no município de Campina do

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Simão. O diagnóstico permitiu o conhecimento da realidade, indicando difi culdades na produção devido à inadequação dos rebanhos leiteiros, baixa produtividade animal e baixa produção por propriedade. A caracte-rização desta realidade permite concluir a necessidade de interferência de uma assistência técnica especializada, buscando o fortalecimento da cadeia produtiva do leite no município.

Incentivar a produção de forragens de qualidade e em quantidade para o ano todo, com o uso de pastagens anuais e perenes e forragens conservadas, como feno e silagem para uma boa produção de leite ao longo do ano, reduzindo a sazonalidade de produção e melhorando a escala de produção.

As propriedades que não estão atendendo aos requisitos de IN 62 devem receber orientação da assistência técnica na aquisição de equi-pamentos adequados para o armazenamento da produção, ou serem organizadas para o uso coletivo de tanques de resfriamento a granel (tanques comunitários), localizados em local estratégico, facilitando o armazenamento e a entrega do leite de cada ordenha.

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CAPÍTULO XIIICAPÍTULO XIIICAPÍTULO XIIIO USO DE FERRAMENTAS DE

GEOPROCESSAMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES

DE AQUICULTURA NO LITORAL PARANAENSE

Astrogildo José Gomes de Mélo 1

Marcos Campos de Oliveira 2 Luiz Danilo Muehlmann 3 Milton Satoshi Matsushita 4

1 Engenheiro de Pesca, Especialista em Aquicultura, Instituto Emater, Paranaguá, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal, Instituto Emater, Paranaguá, Paraná, Brasil - [email protected] Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia e Política Florestal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

O Litoral do Paraná é formado pelos municípios de Paranaguá, Morretes, Antonina, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba com uma área total de 6.337,64 km2. É uma área ambien-talmente bem conservada e protegida por parques nacionais, unidades de conservação, reservas do patrimônio natural, reserva indígena e áreas de preservação permanente. É uma região com boa distribuição de águas superfi ciais de bom volume e excelente qualidade devido a baixa ocorrência de impactos antropogênicos no entorno. Portanto, com potencial para a exploração da aquicultura.

O litoral possui uma extensão de 105 km de costa, localizado entre as coordenadas latitude 25o12’44” S e longitude 48o01’15” W, e 25o58’38” S e 48o35’26” W. O complexo estuarino de Paranaguá formado por cinco baías, localizado no extremo norte possui uma área total de 612 km2 e a baía de Guaratuba ao sul, com 48,57 km2 de área (CHRISTO, 2006). As condições ambientais nessas baías são apropriadas para a realização de cultivos marinhos, em especial, a ostreicultura.

O clima da região é defi nido como subtropical úmido mesotérmico com verões quentes. A pluviosidade anual média é de 2.837 mm com os maiores valores durante o verão e menores no inverno. A tempe-ratura média no inverno é de 14,5º C e no verão 29,6o C. Os ventos predominantes são de leste e sudeste com velocidade média de 4 m/s (IPARDES, 1995).

Essas condições permitem classifi car a região como apropriada para a exploração da piscicultura em viveiros de terra no continente e a maricultura nas áreas estuarinas. No entanto, essas atividades estão sob rigoroso controle legal. Ambas atividades, antes de qualquer ação necessitam cumprir com várias exigências que devem ser viabilizadas através de projetos técnicos.

Para a piscicultura continental deve ser atendida a Resolução no 413/2009 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (BRASIL, 2009), que dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura e a Portaria no 125/2009 do Instituto Ambiental do Paraná - IAP (PARANÁ, 2009) que reconhece a Lista Ofi cial de Espécies Exóticas Invasoras para o Estado do Paraná, estabelece normas de controle e dá outras providências.

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Os projetos de aquicultura marinha são orientados pelos dispositivos do Decreto no 4.895, de 2003 (BRASIL, 2003) que dispõem sobre os procedimentos relativos à autorização de uso de espaços físicos de cor-pos d’água de domínio da União para fi ns de aquicultura e da Instrução Normativa Interministerial no 06 de 31 de maio de 2004 (BRASIL, 2004) que estabelece as normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para fi ns de aquicultura.

Nas duas situações é fundamental a localização exata das áreas pretendidas para as explorações. Na piscicultura continental a precisão quanto à localização é fundamental para que não ocorra a intervenção em áreas de preservação ambiental ou protegidas pela legislação. Nas áreas de aquicultura marinha a localização correta proporciona a se-gurança quanto à qualidade ambiental necessária para a exploração, bem como evitar a invasão de áreas prioritárias para a navegação ou as utilizadas para a pesca, recreação ou outras atividades que poderiam gerar confl itos e insucesso na atividade.

A localização correta dos cultivos, além da segurança em relação às exigências legais e as outras atividades são fundamentais para a obtenção da produtividade pretendida (MÉLO et al., 2011). As áreas são selecionadas levando-se em conta a proteção contra ventos fortes, a direção e a força das correntes de marés, da profundidade e tipo de sedimento no local, a qualidade da água e a estimativa da produtividade primária, são os principais aspectos que devem ser considerados.

O presente trabalho tem por objetivo relatar as ferramentas utiliza-das e a importância do georrefenciamento na defi nição das áreas, na elaboração dos projetos e na instalação correta dos empreendimentos de piscicultura continental e da maricultura.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido no município de Paranaguá, localizado no Litoral do Paraná no período de 2005 a 2011. Para a realização do trabalho no campo foi utilizado o equipamento de Sistema de Posicio-namento Global (GPS) de Navegação.

Como apoio foram utilizadas imagens de satélite SPOT 5 (Satellite Pour l’Observation de la Terre) ortorretifi cadas, composição colorida

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nas bandas RGB e banda pancromática com resolução espacial de 5 m, projeção UTM (Universal Transversa de Mercator), MC (Meridiano Central) 51 Oeste (fuso 22), Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum) em formato TIFF e imagens do Google Earth, principalmente para a localização das propriedades e áreas de cultivo.

As cartas do exército (EXÉRCITO DO BRASIL, 1999) e os mapas temáticos das unidades de conservação estadual e federal de acervo do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e do Parque Nacional Saint-Hilaire Lang foram utilizados para destacar os limites destas unidades para que os produtores tomassem conhecimento de seus entornos, a fi m de não confrontar a legislação vigente.

Projetos da piscicultura continental

Para a elaboração dos projetos da piscicultura continental foi necessário o deslocamento até a propriedade rural. E com auxilio de GPS de navegação foram identifi cados os vértices da área total. Os vértices foram identifi cados no equipamento com a determinação das coordenadas geográfi cas registradas em UTM SAD 69. Com o uso do equipamento foram registradas a localização e as distâncias entre os referidos vértices e calculada a área total. Os vértices e as transectas foram estabelecidos respeitando-se a legislação ambiental vigente.

Os dados (pontos e trilhas) foram descarregados do GPS com uso do software TrackMaker Pro 4.4 e MapSource. Com a determinação da área e realizada a discussão com o proprietário para acordar a área de captação da água, o dimensionamento dos canais, o número, tamanho e forma dos viveiros e os canais de drenagem, e posteriormente elabo-rado as plantas de localização e dos detalhes das estruturas a serem utilizadas na atividade. As plantas detalhadas (localização e estruturas) na escala exigida pelas instituições ambientais para licenciamento da área foram utilizadas para a composição dos projetos técnicos.

Projetos de maricultura

Para elaboração dos projetos de maricultura as áreas foram pré-defi nidas em reuniões com as comunidades. Nesta oportunidade tam-bém foi levantado o número de interessados e a partir desse número, realizado o cálculo da área total.

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Após a defi nição das áreas, o deslocamento até as mesmas foi re-alizado através de embarcação motorizada. Nas áreas, levando-se em conta a profundidade média do local foram estabelecidos e registrados os vértices em coordenadas geográfi cas UTM, conforme já descrito acima. Os vértices e as transectas foram estabelecidos após várias leituras e considerações para dar toda a segurança na localização, em relação à profundidade média do local, correntes de marés e a não existência de impedimentos físicos ou possíveis áreas de confl itos com outras atividades.

Além dos recursos já mencionados acima na descrição das ativi-dades para a piscicultura continental, neste caso foram utilizadas as cartas náuticas impressas, produzidas pela Marinha do Brasil em 1975. Após a aquisição, as cartas náuticas, em meio analógico (papel) foram convertidas em arquivos digitais (eletrônicos), através do escaneamento em uma resolução de 300 dpi e salvas como imagem com formato tiff.

Essas cartas foram georreferenciadas na projeção e datum original, projeção UTM e datum horizontal Córrego Alegre - MG. Na sequê-ncia foram convertidas para projeção UTM Datum Horizontal SAD 69 (South Americam Datum), formato padrão para todos os mapas temáticos utilizados. Esse procedimento foi necessário para facilitar a plotagem dos pontos estabelecidos através do georreferenciamento sobre as cartas náuticas.

Após a demarcação da área total foram defi nidas a orientação e a localização das estruturas de cultivo (long-lines ou mesas). As estruturas tiveram a localização projetada sobre as cartas náuticas, para facilitar a identifi cação dos locais pelos técnicos das Instituições de controle am-biental e da Marinha do Brasil, a fi m de manifestarem o parecer sobre a viabilidade do projeto quanto à localização. Essas coordenadas foram utilizadas na localização e montagem das estruturas aquáticas, para a instalação dos cultivos nas áreas defi nidas pelo projeto.

A Marinha do Brasil utiliza-se as demarcações das estruturas aquá-ticas para orientar a navegação, compondo as próximas atualizações das Cartas Náuticas. Esses procedimentos utilizaram como referencia as estações do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), formado pelo conjunto de estações, materializadas no terreno, cuja posição serve como referência precisa a diversos projetos de engenharia, mapeamento, geofísica, pesquisas científi cas, aquicultura, dentre outros.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Projetos da piscicultura continental

O trabalho na piscicultura continental foi realizado em 60 proprie-dades, como ilustração para este trabalho utilizou-se a Fazenda São Miguel, de propriedade de Vandeir Martins Viana, localizada na comu-nidade Quintilha, município de Paranaguá (Figura 1).

FIGURA 1 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUELFonte: Acervo do Parque Nacional Saint-Hilaire Lange

A combinação do levantamento dos vértices da área total e dos viveiros individuais, inseridas sobre as imagens de satélite permitiram a localização e a quantifi cação das áreas já existentes e das áreas a

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serem expandidas (Figura 2). Esses procedimentos, além de facilitarem o trabalho de elaboração do projeto, permitiram a programação dos ca-nais de abastecimento e drenagem. As coordenadas georreferenciada do empreendimento, permite obter com segurança a localização em relação às áreas de preservação ambiental e os limites das proprieda-des, produzindo mapas com imagens que possibilitam a visualização precisa do empreendimento. Estes mapas (Figuras 2 e 3) facilitam a uniformização, interpretação e avaliação pelos envolvidos no processo de planejamento e execução do projeto.

FIGURA 2 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUELFonte: Imagem de fundo Spot (2004)

A Figura 2 apresenta os viveiros já existentes (números 1 a 7) e os projetados (números 8 a 11), sendo as áreas com possibilidade de ex-pansão com a atividade de piscicultura delimitada com as linhas pretas. O entorno do Parque Saint-Hilaire estão delimitados pelas linhas amarelas e as áreas com relevo de alta declividade que devem ser preservadas estão delimitadas pelas linhas roxas.

Devido à difi culdade das instituições fi scalizadoras se localizarem através imagem de satélite com baixa resolução ou com alta cobertura de nuvens (Figura 2), elas exigem que os mapas sejam sobrepostas sobre a Carta do Exército (Figura 3), instrumento mais conhecido pelas instituições fi scalizadoras.

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FIGURA 3 - PISCICULTURA CONTINENTAL, FAZENDA SÃO MIGUELFonte: carta do Exército (1999)

As cartas do exército contêm detalhes sobre as estradas, rios, vegetação e áreas desmatadas, facilitando a localização das áreas do projeto.

O projeto fi nal tem área total de 24,00 ha sendo composto por 11 viveiros com área 3,20 ha. O abastecimento dos viveiros é feito por derivação da água captada no rio Brejatuba, comunidade Quintilha a localizada a 1.200 metros de distância à montante da área de produção (vide Figura 1 e 2). A drenagem é feita através dos canais que deságua em uma várzea que vai para o rio Brejatuba, a 30 metros à jusante da área de produção.

Atualmente o projeto encontra em plena produção, sendo a espé-cie principal de produção a Tilápia do Nilo (Oreochromis nitoticus). A exploração semi-intensiva atende o compromisso de sustentabilidade ambiental do projeto.

Projetos de maricultura

Na maricultura foram elaborados 23 projetos no Litoral (Figura 4 e Tabela 1), dos quais 12 já estão licenciados e com os Termos de Ces-são emitidos pelo Ministério da Pesca e Aquicultura. Como ilustração para este trabalho utilizou-se a área de cultivo na comunidade de Ponta

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Oeste - Ilha do Mel, localizada no município de Paranaguá. O projeto encontra-se em plena produção de ostras (Crassostrea brasiliana) e em fase de implantação de cultivos de mexilhão (Perna perna).

Com uso do geoprocessamento foram selecionadas diversas áreas para cultivos de moluscos em vários municípios do litoral do Paraná pela equipe técnica do Instituto Emater e pelos pescadores participantes do projeto da maricultura em seus municípios. Nessas localidades foram verifi cadas as ações dos ventos, correntes, marés, ondas e rota de navegação para atender todas as orientações da legislação marítima e ambiental.

Os levantamentos compatibilizados com as necessidades dos benefi ciários resultaram na delimitação de 34,76 ha em 23 projetos envolvendo 224 famílias de pescadores benefi ciados (Instituto Emater, 2009).

Tabela 1 - Número de projetos por exploração, áreas delimitadas e número de pescadores envolvidos

Exploração Número deprojetos

Área de cultivoha

Pescadoresenvolvidos

Ostra – long lines 18 30,56 191

Ostra – mesas 4 2,60 13

Mexilhão 1 1,60 10

Camarão 2 - 2

Totais 23 34,76 216

Fonte: Instituto Emater (2009)

O uso do GPS permitiu a localização das áreas dos projetos através de uma navegação mais segura e uma rota mais precisa, sem riscos em relação aos baixios ou pedras rasas submersas (Figura 5).

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FIGURA 4 - ÁREAS SELECIONADAS PARA CULTIVOS DE MOLUSCOS, COMUNIDADES DO LITORAL DO PARANÁFonte: Instituto EMATER (2011)

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FIGURA 5 - ROTA PARA A ÁREA DE CULTIVO DE OSTRAS EM SISTEMA DE MESASProprietário: Syrio Fernandes Costa Junior, Europinha, ParanaguáFonte: Imagem Google Earth (2014), projeto elaborado Instituto Emater (2006).

Da fase de elaboração até a obtenção da Cessão de uso para im-plantação do projeto passaram 6 anos (2005 a 2011). Neste período ocorreram mudanças de técnicos e de benefi ciários, e o geoprocessa-mento foi instrumento valioso para localizar as coordenadas do projeto original com precisão, visto que no ambiente aquático não existem marcos e divisas identifi cadas (Figura 6).

Após o recebimento do termo de cessão pela comunidade, foi rea-lizada a implantação do projeto com a identifi cação dos pontos para a colocação de estacas (Figura 7) com objetivo de ancoragem dos long-lines e sinalização dos vértices das áreas de cultivo.

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FIGURA 6 - CARTA NÁUTICA COM A PLOTAGEM DA ÁREA DE CULTIVO DE MEXILHÕES DA COMUNIDADE DE PONTA OESTE - ILHA DO MELFonte: Instituto Emater (2006)

FIGURA 7 - MERGULHADOR REALIZANDO A COLOCAÇÃO DAS ESTACAS PARA A ANCORAGEM DOS LONG-LINES E SINALIZADORES, PONTA OES-TE - ILHA DO MEL.Fonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Astrogildo José Gomes de Melo (2011).

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Uma grande difi culdade de trabalhar com as cartas náuticas (Figura 6) deve-se ao fato de que elas foram elaboradas para registrar macro eventos (Figura 8) e acidentes geográfi cos, destinadas a orientação dos navios que utilizam nossos portos, baias e enseadas. A escala e as di-mensões dos acidentes geográfi cos não possuem a precisão necessária para locação dos pontos das áreas de cultivos, por isso a combinação de informações dos pontos coletados com GPS apresenta distorções quando sobrepostos às cartas náuticas.

FIGURA 8 - PASSAGEM DO NAVIO AO LADO DA ÁREA DE CULTIVOFonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Astrogildo José Gomes de Melo (2005)

Pela toposequência da costa, substrato do fundo da baía ou ense-ada foram mapeados os sistemas de produção mais adequado: locais emersos as baixas marés de sizígia ideais para os cultivos de ostras em mesas com travesseiros (Figura 9) e, aqueles que permanecessem com uma coluna de água entorno de três metros foram orientados o uso do apetrecho aquícola long-line, com lanternas (Figura 10), no máximo quatro andares, fi xados ao fundo com estacas de aço galvanizado com tirantes de amarração até a corda principal de cultivo.

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FIGURA 9 - ÁREA DE CULTIVO EM BAIXIO. CULTIVO DE OSTRAS NATIVAS EM MESAS COM TRAVESSEIROSProdutor: Syrio Costa Fernandes Junior. Europinha. Baía de ParanaguáFonte: Foto acervo Instituto Emater (2007)

FIGURA 10 - CULTIVO DE OSTRAS NATIVAS. LONG LINE E LANTERNAS. COLETA DA PRIMEIRA PRODUÇÃO -Comunidade da Ponta Oeste, ParanaguáFonte: Acervo Instituto Emater. Autor: Marcos Campos de Oliveira (2011)

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As técnicas e ferramentas de uso de geoprocessamento na indica-ção, seleção e localização das áreas propícias aos cultivos de moluscos na região do litoral paranaense apresentaram um importante recurso para a otimização de custos e melhorias das qualidades das análises geográfi cas, socioeconômicas e técnicas.

A ciência do geoprocessamento vem proporcionando avanços na assistência técnica, tanto em qualidade, velocidade, amplitude e resul-tados. A qualifi cação da assistência técnica tornou o Instituto Emater um referencial nas orientações técnicas, na realização de levantamentos de dados, no planejamento, na execução e no acompanhamento das unidades de produções de organismos aquáticos do litoral paranaense.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 4.895 de 25 de novembro de 2003. Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fi ns de aqüicultura, e dá outras providencias. Brasília, DF: Diário Ofi cial da União, 2003.

BRASIL. Instrução normativa interministerial nº 06 de 31 de maio de 2004. Estabelece as normas complementares para autorização de uso dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para fi ns de aquicultura. Requerimento para a autorização de uso de espa-ços físicos de corpos d’água de domínio da união. Brasília, DF: Diário Ofi cial da União, 2004.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução nº 413, de 30 de julho de 2009. Dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura. Brasília, DF: Diário Ofi cial da União, 2009.

CHRISTO, S.W. Biologia reprodutiva e ecologia de ostras do gênero Crassostrea sacco, 1987 na baía de Guaratuba (Paraná - Brasil): Um subsídio ao cultivo. Curitiba, PR: UFPR, 2006. Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná, 138p.

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EXÉRCITO BRASILEIRO - Diretoria de Serviço Geográfi co. Carta Ge-ral do Mapeamento Sistemático do Sistema Cartográfi co Nacional do tipo Carta Topográfi ca. Brasilia: Ministério da Defesa - Exército Brasileiro, 1999.

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - Instituto Emater. Projeto de desenvolvimento da aquicultura e pesca no litoral do Paraná. Curitiba, PR: Instituto Emater, 2009. Relatório técnico, 67 p.

Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPAR-DES. Diagnóstico ambiental da APA de Guaraqueçaba. Curitiba: IPARDES, 1995. 166 p.

MARINHA DO BRASIL. Diretoria de Hidrografi a e Navegação. Diretoria de Portos e Costas. Cartas Náuticas - Litoral (Portos e Costas). Brasília: Marinha do Brasil, 1977. Disponível em: <https://www.dpc.mar.mil.br/>. Acesso em: 15/05/2014

MÉLO, A.J.G.; MÜEHLMANN, L.D.; GARBOSSA NETO, A. e BALDAN, A.P. Criação de Ostras Nativas. Curitiba, Paraná: Instituto EMATER, 2009. 52 p.

PARANÁ. Instituto Ambiental do Paraná - IAP. Portaria nº 125/2009 de 07 de agosto de 2009. Reconhece a Lista Ofi cial de Espécies Exóticas Invasoras para o Estado do Paraná, estabelece normas de controle e dá outras providências. Curitiba, PR: IAP, 2009.

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CAPÍTULO XIVCAPÍTULO XIVCAPÍTULO XIVPISCICULTURA EM TANQUES-REDE

NA BACIA DO PARANAPANEMA Luiz Eduardo Guimarães de Sá Barreto 1 Luiz Danilo Mühelmann 2 Marco Antonio Igarashi 3

1 Engenheiro de Pesca, Mestre em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Instituto Emater, Cambé, Paraná, Brasil - [email protected] Médico Veterinário, Mestre em Produção Animal, Instituto Emater, Curitiba, Paraná, Brasil - [email protected] Tecnólogo em Aquicultura, Ph.D. em Engenharia de Pesca, Ministério da Pesca e Aquicultura, Londrina, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

A piscicultura desempenha um papel importantíssimo em muitos países, visto que contribui, através da produção de organismos aquáti-cos, com a produção de alimentos e renda. É uma atividade que pode ser desenvolvida tanto em viveiros de terra (chamados também de tanques) ou em tanques-rede. Enquanto a produção mundial de pes-cados através da pesca (captura no mar e em águas continentais) tem se mantido praticamente estabilizada nos últimos anos, a produção da aquicultura tem apresentado crescimento constante, superando inclusi-ve o crescimento verifi cado em outras fontes de produção de proteína animal (SIDONIO et al., 2011). Esse crescimento não ocorreu de forma uniforme no mundo e a produção e distribuição foi desigual, sendo que a Ásia está contabilizando 88% do volume total produzido no mundo e enquanto a China produziu 61,7% da produção mundial em 2012 (158 milhões de toneladas), o Brasil alcançou apenas 1,1% (FAO, 2014).

Os dados ofi ciais de produção da aquicultura brasileira, de 707.461 mil toneladas em 2012, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2014) colocaram o Brasil entre os 12 países maiores produtores do mundo e o Paraná é um dos principais estados na produção de piscicultura em água doce (MPA, 2013). A FAO estima que o Brasil possa produzir, com base no seu potencial hídrico, pelo menos, 20 milhões de toneladas por ano. A meta, até o fi nal do ano que vem, é atingir a marca de 2 milhões de toneladas (Portal Brasil, 2013).

A piscicultura, seja em viveiros de terra ou em tanques-redes é uma das atividades que para ser explorada precisa ser licenciada. De forma geral, os viveiros de terra são construídos nas propriedades rurais observando a legislação ambiental quanto às áreas a serem ocupa-das e os tanques-redes são instalados em grandes áreas alagadas, predominantemente, em águas públicas, ou seja, que possuem outras fi nalidades como objetivo principal. Os tanques-rede ou gaiolas são estruturas fl utuantes de variados tamanhos e formatos, com o espaço delimitado por telas ou redes, que permitem a contenção apropriada dos peixes e a renovação constante da água (Figura 1). Para os produtores ou empresas realizarem a exploração de peixes em tanques-redes é

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necessária a obtenção do “Termo de Cessão” da área a ser ocupada e por este termo o Poder Público autoriza a localização, instalação e operação do empreendimento.

FIGURA 1 - TANQUE-REDE UTILIZADO PARA A PRODUÇÃO DE PEIXESFonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Luiz E. G. de Sá Barreto (2013)

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) criado em 2009, é a instituição responsável pela emissão dos termos de cessão, após os pareceres das instituições ambientais, Instituto Brasileiro do Meio Am-biente (IBAMA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Agência Nacional das Águas (ANA), Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e o cum-primento dos processos administrativos necessários para a cessão de bens públicos às pessoas ou empresas.

Portanto, é fundamental a localização exata das áreas pretendidas para as explorações. A localização correta proporciona a segurança quanto à qualidade ambiental necessária para a exploração, bem como evita a invasão de áreas prioritárias para a navegação ou as utilizadas para a pesca, recreação ou outras atividades o que poderia gerar con-fl itos e insucesso na atividade.

A localização correta dos cultivos, além da segurança em relação às exigências legais e às outras atividades é fundamental para a obtenção da produtividade pretendida. As áreas são selecionadas levando-se em

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conta a proteção contra ventos fortes, a direção e a força das correntes da água, da profundidade e a qualidade da água.

O presente trabalho tem por objetivo relatar as ferramentas utiliza-das e a importância do georrefenciamento na defi nição das áreas, na elaboração dos projetos e na instalação correta dos empreendimentos de piscicultura em tanques-rede.

MATERIAL E MÉTODOS

Para elaboração dos projetos de piscicultura em tanques-rede(Figura 2) levou-se em consideração alguns aspectos, como avaliação da área quanto a sua adequação zootécnica, avaliação de impactos sobre as comunidades tradicionais e dos impactos sobre os outros usos do ambiente, como abastecimento, descargas, pesca, turismo e navegação, bem como a inserção regional do projeto e sua importância social e econômica.

FIGURA 2 - ÁREA COM OS TANQUES-REDE JÁ INSTALADOSFonte: Arquivo Instituto Emater. Autor: Luiz E. G. de Sá Barreto (2013)

Quanto à escolha das áreas, vários fatores foram levados em con-sideração, tais como: facilidade de acesso; profundidade adequada que leve em consideração a dinâmica do lago; qualidade de água; espaço para construção de instalações de apoio fora de áreas de APP; que esteja distante de centros urbanos e condomínios; que esteja fora de rotas de

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navegação; afastados de “paliteiros” (troncos de árvores submersas) e, capacidade de troca de água de, pelo menos, 5 (cinco) renovações do volume total do tanque-rede por minuto ou uma corrente de água de, no máximo, 10 metros/minuto.

O georreferenciamento da área foi realizado pela empresa Esteca Topografi a, escritório especializado em levantamentos topográfi cos, do município de Rolândia, que utiliza o receptor monofrequencial marca Sight GPS. Para o pós-processamento de dados é utilizado o programa TopoEven e a plotagem das plantas (Figura 3) a impressora Hp 800.

A profundidade do local é realizada com ecobatímetro Garmin Eco-300. Com a planta impressa, é defi nida a localização, disposição e o número de tanques-rede a serem instalados, conforme a profundidade do local, sempre se respeitando a relação de 1:1,75 entre o fundo do tanque-rede e o sedimento.

FIGURA 3 - PLANTA GEORREFERENCIADA DA ÁREA DE CULTIVOFonte: Instituto Emater (2013)

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São elaboradas duas plantas, sendo uma, Figura 3, com a loca-lização do empreendimento discriminando os pontos de batimetria, acesso ao lago, nível da água no dia do levantamento, cota máxima de inundação, localização das estruturas de apoio, área de preservação e os limites da área requerida, denominada Área Aquicola. Os pontos que defi nem o quadrilátero onde devem ser instalados os tanques rede são posicionados pelo sistema de coordenadas planas UTM e coordenadas geodésicas (Figura 4).

FIGURA 4 - FOTO DE SATÉLITE INDICANDO A LOCALIZAÇÃO E POSICIO-NAMENTO DOS TANQUES-REDEFonte: Instituto Emater (2013)

A segunda planta, Anexo II, apresenta os detalhes do projeto com as medidas lineares das distâncias entre linhas, entre tanques-rede, bitolas dos cabos, localização das boias cegas, boias luminosas e poitas (Figura 5).

Após as fases de georreferenciamento da área, plotagem e defi -nição do número de tanques-rede, chega-se à fase de elaboração do projeto com as informações exigidas pela legislação e pelos órgãos licenciadores.

O projeto é encaminhado ao Ministério da Pesca e Aquicultura em quatro cópias, a fi m de ser analisado na questão técnica e ambiental, considerando a capacidade de suporte do ambiente e da segurança da navegabilidade pelas seguintes instituições: Marinha, Ibama, Agência

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Nacional das Águas e Instituto Ambiental do Paraná, fi nalizando com o Termo de Uso e Cessão de Águas Públicas da União para Piscicultura pela Secretaria de Patrimônio da União.

FIGURA 5 - PLANTA COM OS DETALHES DA ÁREA DE CULTIVOFonte: Instituto Emater (2013)

São exigidos para instruir o processo os seguintes documentos: cópias de documentos pessoais; Requerimento de Licenciamento Ambiental - IAP; Requerimento para Autorização de Uso de Espaços Físicos de Corpos d’água de Domínio da União - MPA; cópia da escritura da propriedade; publicação de Súmula em jornal de circulação regional e Diário Ofi cial do Estado; anuência prévia do município, declarando a inexistência de óbices; Certidão de Débito Fiscal - Receita Federal, Estadual e Municipal; Declaração de Regularidade Social – INSS; Cer-tidão Negativa de Débito Ambiental - IBAMA do interessado e do técnico responsável; Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) Conselho Regional de Engenharia e Agronomia; análise d’água com a concen-

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tração do Fósforo total, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio, Coliformes totais, Amônia, Nitrito e Clorofi la A, e fotos do Local de Instalação do projeto.

Outro ponto importante nos projetos de piscicultura em tanques rede é a elaboração do Plano de Controle Ambiental - PCA, no qual se faz uma análise integrada da qual conste prioritariamente a caracterização do empreendimento, o diagnóstico e o prognóstico ambiental e fi nal-mente a proposta de controle, compensação e mitigação dos impactos.

Para a realização de todo o processo o georreferenciamento é fun-damental. Além de contribuir facilitando a elaboração do projeto, permite a instalação no local exato conforme projetado e licenciado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da criação da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca - SEAP, no ano de 2000 posteriormente transformada no Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA, e com a legislação pertinente à criação de peixes em tanques-rede em águas públicas da União, foram defi nidas as regras para implantação e funcionamento dos projetos pois até então não havia leis que regulamentassem a atividade. Dessa forma, existia um clima de insegurança jurídica que limitava a entrada de investidores já que alguns produtores pioneiros sofreram pesadas sanções fi nancei-ras, através do IBAMA.

Em 2003, fi cou consolidado o cultivo de peixes em tanques-rede atra-vés do Decreto Lei 4.895 de 2003 e suas instruções normativas (BRASIL, 2003). Dessa forma, com a legislação já defi nida, foram instalados, só na bacia do rio Paranapanema, margem paranaense, cerca de 60 projetos coletivos e individuais, com mais de 16.000 tanques-rede e produção estimada de mais de 23.000 toneladas/ano. O reservatório que possui maior número de projetos é o de Capivara, seguido de Chavantes. O município com maior número de tanques-rede é o de Alvorada do Sul, com 4.170 unidades.

Além dos projetos individuais há projetos coletivos na maioria dos municípios lindeiros, destacando-se Carlópolis, Itambaracá, Santa Ma-riana, Alvorada do Sul, Sertanópolis, Inajá, Terra Rica e Diamante do Norte, através de condomínios de produtores e grupos de pescadores artesanais.

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CONCLUSÕES

O georreferenciamento é fundamental para a elaboração dos proje-tos técnicos de cultivo de peixes no sistema de tanques-rede.

Através das coordenadas geográfi cas é possível a instalação no local exato conforme programado no projeto e licenciado.

REFERÊNCIAS

AGENCIA NACIONAL DE ÁGUA. Bacia hidrográfi ca do rio Parana-panema, ANA, 2014. Disponível em: <http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/ARQS/APRESENTACAO/CRH/GT-PARANAPANEMA/32/Bacia_Rio_Paranapanema_CBHS.png>. Acesso em: 14/06/2014.

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CAPÍTULO XVCAPÍTULO XVCAPÍTULO XVAGRICULTURA DE PRECISÃO

APLICADA À AGRICULTURA FAMILIAR: A EXPERIÊNCIA DE TUPÃSSI-PR

Adalberto Telesca Barbosa 1 Ênio Antônio Bragagnolo 2 Nelson Harger 3

71 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Regional e Agronegócio, Instituto Emater, Toledo, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Especialista em Gestão Ambiental, Instituto Emater, Tupãssi, Paraná, Brasil - [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fertilidade do Solo, Instituto Emater, Apucarana, Paraná, Brasil - [email protected]

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INTRODUÇÃO

O município de Tupãssi localizado na região Oeste do estado do Paraná tem na produção agropecuária sua principal atividade produtiva. Entre as atividades de destaque na formação do Valor Bruto da Produção Agropecuária está a produção de grãos, a qual ocupa 98,75 da área destinada à agricultura. Entre os estabelecimentos rurais que desen-volvem a produção de grãos 86% possuem área inferior a 50 ha. Estes pequenos produtores têm um bom conhecimento da sua propriedade, no entanto, realizam as correções do solo e adubações sem conhecer a variabilidade apresentada em suas áreas.

Frente à realidade local e com a necessidade de colocar ao alcance dos produtores da agricultura familiar o acesso a novas ferramentas, foi criado no município de Tupãssi um programa para o manejo da fertilidade a partir da agricultura de precisão.

A agricultura de precisão é uma das grandes inovações do campo do conhecimento nesse início de século (CENTENO, 2014). Na região Oeste do estado do Paraná, existem iniciativas de prestação de serviços na área, realizadas por empresas especializadas. Como produto, entregam aos agricultores o mapeamento completo de suas áreas.

As cooperativas agrícolas, que representam um importante serviço no atendimento em assistência técnica, estão continuamente adquirindo equipamentos e softwares objetivando atender uma demanda. Empre-sas e cooperativas que fazem a revenda de corretivos, especialmente calcários, possuem equipamentos de distribuição a taxa variável, pelos quais os produtores podem realizar a correção da fertilidade de acordo com as variabilidades apresentadas nos mapas a partir de resultados de análises de solo.

A experiência do trabalho do Programa Municipal “Tupãssi: Fazendo Agricultura de Precisão”, na parceria entre Instituto Emater, Prefeitura Municipal de Tupãssi e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abas-tecimento do Paraná, tem por objetivo inserir a ferramenta da agricultura de precisão na agricultura familiar visando promover as boas práticas agrícolas no manejo da fertilidade de solos.

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Caracterização da área rural do município

Aspectos econômicos e naturais

O município de Tupãssi está localizado na região Oeste do Estado do Paraná e pertence à região administrativa do Núcleo Regional da SEAB de Toledo (Figura 1), situando-se sua sede municipal na Latitude 24º35‘16‘’S e Longitude 53º30‘42‘’W.

A população municipal é de 7.997 habitantes sendo que deste mon-tante, 6.286 residem na área urbana da sede municipal e duas sedes distritais, enquanto os 1.711 restantes residem na área rural (Censo Demográfi co, IBGE 2010).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUPÃSSI NO ESTADO DO PARANÁ Fonte: Os autores, 2014

O município tem por característica uma economia essencialmente derivada da agropecuária, sendo que das atividades produtivas, a agri-cultura representou 82,6% do Valor Adicionado Bruto no ano de 2011, enquanto a indústria apareceu com 17,4% do montante de R$ 65,7 milhões (IPARDES, 2014). Segundo os dados da Secretaria de Esta-

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do da Agricultura e Abastecimento (SEAB), o Valor Bruto da Produção Agropecuária ano de 2012 atingiu o valor de 187,97 milhões de reais (SEAB, 2014), conforme pode ser observado na Tabela 1.

TABELA 1 - Decomposição do Valor Bruto da Produção Agropecuária Municipal (VBP) no ano de 2012

ProdutoAgropecuário

Valor (R$)

Representatividade (%)

Grãos 99.827.531,55 53,11Avicultura 52.150.873,03 27,74Suinocultura 26.273.037,25 13,98Bovinocultura 6.022.604,98 3,20Piscicultura 1.667.064,00 0,89Madeira 1.254.745,00 0,67Fruticultura 545.688,59 0,29Olericultura 99.885,07 0,05Apicultura 49.228,50 0,03Caprinocultura 44.906,50 0,02Cana-de-açucar 34.814,00 0,02Total 187.970.378,47 100,00

Fonte: SEAB, 2014

Do Valor Bruto da Produção Agropecuária a avicultura de corte e suinocultura em sistemas intensivos contribuiu com 45,9%, enquanto a agricultura, com destaque para as culturas da soja e do milho, representa 54,1%, que corresponde a um total de R$ 101,76 milhões.

A topografi a do município é em relevo suave ondulado na qual as declividades das áreas de cultivo oscilam entre 2 e 8%. O solo que predomina é classifi cado como Latossolo Vermelhos Distroférico - LVdf 1 a LVdf 14, textura argilosa, álico, fase fl oresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado. O clima segundo Koppen é cfa: Clima subtropical (mesotérmico), temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC, sem estação seca defi nida, com verões quentes e com temperaturas média dos meses mais quentes superiores a 22ºC, sendo pouco frequente a ocorrência de geadas e tendência de concentração de chuvas nos meses de verão.

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O regime pluviométrico caracteriza-se por chuvas bem distribuídas ao longo do ano, porém, com maior concentração nos meses de verão, e o valor anual médio das precipitações está entre 1.600 a 1.800 mm.

A estrutura fundiária

O município de Tupãssi, segundo o censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE, 2006) possui 872 estabele-cimentos rurais dos quais 87,96% possuem área inferior a 50 hectares (Gráfi co 1). O número de Declarações de Aptidão ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF - DAP) do Ministério do Desenvolvi-mento Agrário - MDA atinge um total de 1.004, sendo que destas 765 encontram-se ativas (MDA, 2014).

Gráfi co 1 - Distribuição Fundiária do município de Tupãssi

Fonte: Censo Agropecuário, IBGE 2006

Na distribuição fundiária do município de Tupãssi predominam pe-quenas propriedades. São 618 unidades produtivas, cuja área é inferior a 20 hectares.

Essas propriedades, mesmo com pequenas áreas disponíveis, estão dedicadas ao cultivo de grãos especialmente as culturas da soja e do milho, sendo este em segunda safra, que são culturas com arca-bouço tecnológico voltado para escala de produção. Para permitir a

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viabilidade das pequenas propriedades no atual modelo de produção, várias políticas públicas foram implementadas no município ao longo dos anos, podendo ser citadas as patrulhas de máquinas agrícolas, os abastecedouros comunitários, a recuperação de estradas, o apoio na conservação de solos e na aquisição de calcário e o uso do crédito, especialmente o PRONAF. Porém, novas iniciativas são necessárias nas pequenas propriedades para acompanhar os avanços tecnológicos.

A Agricultura de Precisão

Uma das frequentes preocupações e também motivação da pesquisa agronômica trata do incremento da produtividade por unidade de área e redução de custos de produção, minimizando os efeitos ambientais danosos e aumento da rentabilidade do produtor rural, entre outros fatores (GIOTTO; CARDOSO e SEBEM, 2013).

Segundo Giotto, Cardoso e Sebem (2013), na agricultura tradicional, se pressupõe que o solo apresenta-se homogêneo para as práticas agrícolas em relação ao manejo do solo, quando na realidade isto não é verdade, pois o solo possui características heterogêneas e que ma-nejos considerando as médias das necessidades para a área podem não representar a realidade, sendo necessário para a Agricultura de Precisão considerar a variabilidade espacial e temporal dos atributos dos solos e das plantas.

Mesmo que o conceito de Agricultura de Precisão esteja ligado a um processo de gestão do sistema produtivo e que no campo do co-nhecimento envolva uma quantidade signifi cativa de temas multidiscipli-nares como agronomia, geomática, mecatrônica e meio ambiente, o início da Agricultura de Precisão teve foco em máquinas dotadas de re-ceptores GPS (Global Positioning System) e mapas de produtividade(INAMASSU et al., 2011). Este conceito inicial é o que está sendo executado na prática pelas empresas especializadas e cooperativas adotadoras do sistema. Outro fator importante é o de que as máquinas atualmente comercializadas para a utilização no processo de correção do solo, plantio e colheita passaram a contar com equipamentos de SIG (Sistemas de Informações Geográfi cas), o que requer que o produtor esteja com o sistema de mapeamento da fertilidade georreferenciado para a utilização desta tecnologia disponível.

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Nesse enfoque, Benites e Oliveira (2011) afi rmam que a caracte-rização da variabilidade espacial do solo é ferramenta de suporte aos processos decisórios em Agricultura de Precisão, principalmente nas fases iniciais de adoção.

Os agricultores familiares, da região Oeste do Paraná, mesmo com os avanços tecnológicos nos sistemas de produção, continuam realizan-do amostragens de solos únicas para toda a área de lavoura de suas propriedades, e a partir do resultado da análise de solo realizam corre-ções e fertilizações padronizadas. Na maioria dos casos as formulações de adubos também não obedecem às necessidades de acordo com a fertilidade do solo e necessidades das culturas. Contudo, atendem aos requisitos para os créditos bancários de custeio disponibilizados pelos agentes fi nanceiros.

Para Bernardi et al. (2011), o conhecimento da variabilidade espacial das propriedades do solo é útil para o uso racional dos insumos, como na aplicação a taxa variável de calcário e fertilizante. A partir dessas informações torna-se possível interferir ou manejar as diferenças quan-tifi cadas, por meio da aplicação localizada dos insumos agrícolas, de acordo com a necessidade específi ca local.

Diferentemente da aplicação uniforme de fertilizantes e corretivos, que pode resultar em áreas com aplicações abaixo ou acima da dose necessária, a aplicação com taxas variáveis pode aumentar a produ-tividade e a efi ciência do uso de nutrientes, ao mesmo tempo em que reduz o potencial para poluição ambiental (BERNARDI et al., 2004).

Material e métodos

O Programa Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura de Precisão” foi concebido a partir da parceria da Unidade Municipal do Instituto Emater com a Prefeitura do Município de Tupãssi e implantado com o apoio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento - SEAB.

Para a operacionalização do programa foram adquiridos diversos equipamentos entre eles o quadriciclo para a coleta de análises de solo, softwares específi cos, caminhão com GPS e distribuidor taxa variável (Tabela 2).

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Tabela 2 - Máquinas, equipamentos e softwares adquiridos para a ope-racionalização do Programa Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura de Precisão”

Equipamento Nº Valor (R$) (*)Quadriciclo 420 cc para levantamentos de campo 1 21.900,00Amostrador de solos para Quadriciclo 1 17.760,00GPS para geração de perímetro e grid amostral 1 5.550,00Carreta para Transporte de Quadriciclo 1 3.000,00Software para interpretação de análise de solo 1 5.000,00Software Gerador de mapas de fertilidade 1 4.990,00Caminhão com GPS e distribuidor taxa variável 1 397.200,00Total 455.400,00

(*) Os valores são referenciais e constantes no Plano de TrabalhoFonte: Instituto Emater, 2013.

Para possibilitar a operação dos softwares aplicados à agricultura de precisão e ao processamento dos dados a prefeitura municipal forneceu dois computadores compatíveis com as necessidades requeridas, sendo os equipamentos de informática destinados ao uso exclusivo das ações do programa.

Para proporcionar o esclarecimento dos benefi ciários da proposta e, ao mesmo tempo, motivá-los quanto à participação no Programa Municipal “Tupãssi Fazendo Agricultura de Precisão”, foram elaborados materiais de divulgação como o banner reproduzido na Figura 2.

AGRITU (Associação dos Agricultores de Tupãssi)

Para a gestão do programa foi formada uma Associação de Agri-cultores, a Associação dos Agricultores de Tupãssi - AGRITU, entidade criada com a função de coordenar e viabilizar o trabalho, administrando e reaplicando os recursos auferidos com a prestação dos serviços junto aos benefi ciários, bem como, proporcionar o respaldo legal para admi-nistrar os recursos repassados pelo estado e município para a fi nalidade exclusiva do programa.

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FIGURA 2 - BANNER ELABORADO PARA FACILITAR O ENTENDIMENTO DA OPERACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA JUNTO ÀS COMUNIDADES RURAIS POTENCIALMENTE BENEFICIÁRIASFonte: Instituto Emater, U. M. de Tupãssi, 2013

A operacionalização do programa a campo

Na parceria da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abaste-cimento - SEAB, com o município de Tupãssi foi disponibilizada uma sala anexa à Unidade Municipal do Instituto Emater, que passou a ser chamada de Sala da Agricultura de Precisão, onde se processam as ações administrativas e técnicas, bem como reuniões e atendimento ao público benefi ciário.

Os produtores interessados em aderir ao programa de agricultura de precisão fazem sua inscrição e passam a fazer parte de uma lista de espera. A prestação de serviços em agricultura de precisão ocorre de acordo com a ordem de inscrição, compatibilizada com o período

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entressafra quando a área estará apta para a realização dos levanta-mentos de campo.

No momento de inscrição ao programa o produtor é informado dos custos da execução dos levantamentos de campo e recebimento dos resultados materializados por um compêndio de mapas de fertilidade e correção, além da cópia do resultado das análises de solos. O custo da contrapartida dos benefi ciários varia de acordo com o tamanho da área total de sua propriedade, conforme a Tabela 3.

Tabela 3 - Custo de execução do trabalho de levantamentos georrefe-renciados de campo, análises de solo e mapas

Área da Propriedade(ha)

Apoio(%)

Valor/haPrograma

(R$)Mercado Regional

(R$)Até 12,10 80 10,33 50,00

12,20 a 24,20 71 14,46 50,0024,30 a 48,40 63 18,60 50,00

Acima de 48,40 59 20,67 50,00

(*) Preço médio praticado no mercado regional, fora do programa, para a pres-tação do serviçoFonte: Instituto Emater, 2014

O maior apoio fi nanceiro concedido para as pequenas proprie-dades objetiva tornar atrativo o programa da agricultura de precisão na agricultura familiar e menos atrativa a adesão a médias e grandes propriedades, que têm nas empresas e cooperativas a possibilidade da prestação desses serviços e com a vantagem do menor tempo de espera para o atendimento.

Para a operacionalização do Programa foram adotadas estratégias para disciplinar uma rotina de trabalho que facilitasse a universalização dos procedimentos a serem adotados. Os passos a partir do cadastra-mento e habilitação do benefi ciário obedecem a sequência:1º) Elaboração do Perímetro da Lavoura: Trata-se de uma operação na qual se utiliza o equipamento GPS

acoplado ao quadricíclo e percorrimento do perímetro da área em que será feito o trabalho de levantamento da amostragem de solo;

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2º) Identifi cação das curvas de nível: Feita a identifi cação do perímetro é repetido o procedimento para a

localização georreferenciada das estruturas mecânicas de proteção ao escorrimento superfi cial das águas implantadas na área;

3º) Divisão da área amostral em Grid: Após feitos os levantamentos iniciais, o equipamento GPS calcula

automaticamente e divide a área em grades cujas células nunca serão superiores a 2,0 hectares. No caso de áreas muito pequenas o grid é reduzido a tal ponto que á área passe a conter pelo menos 3 células;

4º ) Amostragem do solo: Em cada grid é feita a coleta de 12 subamostras de solo dentro de

cada célula do grid, resultando ao fi nal uma amostra composta re-presentativa da célula. Para este procedimento segue-se uma meto-dologia de caminhamento em Z, no qual em cada uma das três retas que formam a letra são realizadas 4 coletas, totalizado as 12 suba-mostras que compõem a amostra composta que representa a célula.

FIGURA 3 - CAPACITAÇÃO DA EQUIPE RESPONSÁVEL PELA UTILIZAÇÃO DO QUADRICICLO E GPS NOS LEVANTAMENTOS DE GEOPROCESSAMEN-TO E COLETA DE ANÁLISES DE SOLOFonte: Instituto Emater, 2013

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5º) Envio das amostras ao Laboratório: Encerrados os procedimentos de campo as amostras de solo coleta-

das são enviadas ao laboratório de análises de solo. As informações solicitadas na análise química do solo referem-se à composição química do solo devendo trazer informações sobre: pH, CaCl2, Ca, Mg, Al, P, K, H+Al, C, P, MO e S.

6º) Resultado das análises de solo: Concluído pelo laboratório o processo de análise química, os resul-

tados são repassados aos técnicos do Instituto Emater em forma de planilha eletrônica com um ordenamento compatível com a exigida pelo software utilizado para a interpretação e análise dos dados. O software utilizado para a interpretação da análise química do solo foi desenvolvido pela empresa Analissolo Ltda., e possui como ca-racterísticas básicas:

a) Sistema de geração das recomendações da neutralização de acidez do solo através da utilização da metodologia por saturação por bases;

b) Geração de tabelas informando o resultado teórico fi nal das recomendações;

c) Importação dos resultados laboratoriais e exportação dos resul- tados de correção através de planilhas em CSV;

d) Adequação aos produtos corretivos disponíveis na região; e) Capacidade de cálculo em grupo de análises ou individualiza-

das; f) Opção de correção do elemento potássio (K) em relação ao total

da Capacidade de Troca Catiônica (% da CTC); g) Sugestão de correção pela qual pode ser utilizada associação

de calcários; h) Opção de impressão dos laudos de correção; i) Informações da correção através de gráfi cos que permitem im-

pressão e fornecimento ao produtor.

O software para realizar a interpretação das análises com foco para grãos dentro das características apresentadas pelo município de Tupãssi foi ajustado pela equipe técnica do Instituto Emater, que defi niu indicadores de sufi ciência de nutrientes no solo conforme a Tabela 4.

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FIGURA 4 - REPRODUÇÃO DA PLANILHA ELETRÔNICA COM A INTER-PRETAÇÃO DO RESULTADO DAS ANÁLISES DE SOLO DO SOFTWARE DESENVOLVIDO PELA EMPRESA ANALISSOLO LTDAFonte: Software Analissolo

Tabela 4 - Parâmetros técnicos adotados para a Interpretação dos ele-mentos químicos constantes nas análises de solo

Elemento ParâmetroFósforo (P) 6– 9 mg.dm-3

Potássio (K) na CTC 3 – 4 %Cálcio (Ca) na CTC 50 – 60 %Magnésio (MG) na CTC 10 – 15 %Enxofre (S) > 10 mg.dm-3

Soma de Bases (V %) 70 %Relação Cálcio/Magnésio 3 a 5Relação Cálcio/Potássio 12 – 17Relação Magnésio/Potássio 2 - 5Relação (Ca + MG)/K 13 - 20

Fonte: Equipe Técnica Instituto Emater, 2013.

Na elaboração do mapeamento e demais informações georrefe-renciadas está sendo utilizado o software Farm Works Offi ce - 2013, cujo conjunto de informações é entregue ao produtor em documento impresso. A assistência técnica local, seja de cooperativa ou empresas de assistência técnica à agricultura, está preparada para a orientação aos produtores.

Amostra Data pH H+Al Al Ca Mg K P-Mellich P-Resina P-Rem M.O. (%) SomaBases C.T.C Saturação (V) B Cu Zn Mn Fe S

1 19/03/0014 5.2 4.96 0.0 4.73 2.11 0.37 3.41 0.0 9.54 2.683 7.21 12.17 59.24 4.29

2 19/03/0014 5.1 5.35 0.0 5.08 1.94 0.27 5.64 0.0 13.78 3.242 7.29 12.64 57.67 2.8

3 19/03/0014 4.9 6.69 0.07 5.07 1.84 0.32 6.82 0.0 11.04 2.907 7.23 13.92 51.94 2.52

4 19/03/0014 5.0 5.35 0.0 5.17 2.06 0.23 2.98 0.0 10.71 2.773 7.46 12.81 58.24 3.08

5 19/03/0014 5.1 5.35 0.0 5.56 1.89 0.32 4.46 0.0 11.87 2.706 7.77 13.12 59.22 2.52

6 19/03/0014 5.0 5.76 0.0 5.99 1.77 0.34 22.47 0.0 10.46 2.37 8.10 13.86 58.44 7.28

Ao importar estas análises, serão descontados 6 créditos dos 9445 disponíveis.

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FIGURA 5 - CAMINHÃO EQUIPADO COM KIT AGRICULTURA DE PRECISÃO E DISTRIBUIDOR DE CORRETIVOS TAXA VARIÁVEL EM OPERAÇÃOFonte: Instituto Emater, 2014

Exemplos de mapas gerados na aplicação da prática deagricultura: de precisão

FIGURA 6.1 - MAPEAMENTO DA FIGURA 6.2 - MAPA DEPROPRIEDADE CONTENDO AS ÁREAS DISPONIBILIDADE DE POTASSIO (K),E CURVAS DE NÍVEL SEGUNDO O RESULTADO DAS ANÁLISES DE SOLO

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FIGURA 6.3 - MAPA DO TEOR MATÉRIA FIGURA 6.4 - MAPA DAORGÂNICA SEGUNDO O RESULTADO DISPONIBILIDADE DE POTÁSSIO (K)DAS ANÁLISES DE SOLO APÓS A CORREÇÃO PROPOSTA PELO PROGRAMA

FIGURA 6.5 - MAPA DA FIGURA 6.6 - MAPA DE APLICAÇÃODISPONIBILIDADE DE FÓSFORO DE CALCÁRIO CALCÍTICO EMSEGUNDO O RESULTADO DAS TAXA VARIÁVELANÁLISES DE SOLO

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Nos primeiros seis meses de operacionalização do programa fo-ram atendidos 53 produtores, o que totalizou área de 618,28 hectares (Gráfi co 5).

Em junho de 2014, o número de produtores que compunham a lista de espera era de 173, cujos atendimentos foram realizados nos intervalos de pousio entre culturas.

Gráfi co 2 - Percentual de produtores benefi ciados pelo programa neste primeiro ano de funcionamento de acordo com a área total da proprie-dade

Fonte: Instituto Emater, 2014

Conforme o Gráfi co 2, no primeiro ano de funcionamento do pro-grama 82,7% dos produtores assistidos possuem áreas com até 20 hectares, o que cumpre um dos principais objetivos do programa que é o acesso da ferramenta da agricultura de precisão para os agricultores familiares do município de Tupãssi.

Conclusões

Em seu primeiro ano de funcionamento o Programa Municipal “Tu-pãssi Fazendo Agricultura de Precisão” demonstrou que o agricultor familiar do município está interessado na adoção de novas tecnologias de produção, o que fi cou evidente pelo grande número de inscritos.

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A prática da agricultura de precisão está permitindo o conhecimento detalhado da fertilidade dos solos dos produtores assistidos e, ainda, a partir dos mapas, a avaliação do sistema de terraceamento e possíveis focos de erosão. Há uma expectativa que os outros fatores como da melhoria da qualidade do plantio direto e, consequentemente, o aumento da infi ltração e armazenamento da água no perfi l do solo sejam temas que passem a ser incorporados como objetivos de resultados no médio prazo.

A ferramenta de agricultura de precisão, pelo manejo dos itens re-lativos à fertilidade do solo, poderá ser um importante facilitador para a inserção de práticas como a rotação de culturas e o manejo integrado de pragas e doenças, entre outras boas práticas agrícolas.

Observou-se no primeiro ano do programa no município que a Assis-tência Técnica local passou a debater o tema fertilidade do solo e suas implicações no processo de uma produção agrícola mais sustentável do ponto de vista econômico e ambiental.

Os resultados do trabalho estão compondo um banco de dados no qual será possível identifi car defi ciências e desequilíbrios na fertili-dade do solo de acordo com o sistema de manejo utilizado, permitindo recomendações individualizadas de acordo com a realidade de cada produtor assistido.

A proposta de Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER, propor-cionada pela técnica da agricultura de precisão no manejo da fertilidade na pequena propriedade, é passível de ser reproduzida em outros mu-nicípios a partir das realidades locais.

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