trabalho de climatologia_balanço hídrico
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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍCURSO DE AGRONOMIA
BALANÇO HÍDRICO DAS PLANTAS
ALUNOS: SEBASTIÃO JUNIOR JUSLEI VICENTE VALDOMIRO NUNES ANDRÉ CASTROPROF: RICARDO GONÇALVESDISC: METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA AGRÍCOLA
UNAÍ – MGJUNHO DE 2005
ÍNDICE REMISSIVO
1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................................3
2 – A ÁGUA NO SOLO.................................................................................................................3
2.1 – PRESSÃO DE ÁGUA NO SOLO E POTENCIAL HÍDRICO DO SOLO.......................4
2.2 –MOVIMENTO DE ÁGUA NO SOLO................................................................................5
3 – ABSORÇÃO DE ÁGUA PELAS RAÍZES............................................................................6
3.1 – PRESSÃO DE RAIZ..........................................................................................................7
4 – TRANSPORTE DE ÁGUA ATRAVÉS DO XILEMA.........................................................7
4.1 - O MOVIMENTO DE ÁGUA ATRAVES DOS VASOS....................................................7
4.2 - TEORIA DA COESÃO-TENSÃO......................................................................................84.1.1 - ASPECTOS FISICOS NO TRANSPORTE DE ÁGUA NO XILEMA..................94.1.2 - A EVAPORAÇÃO DA ÁGUA NA FOLHA GERA UMA PRESSÃO NEGATIVA NO XILEMA..................................................................................................10
5 – MOVIMENTO DE ÁGUA DA FOLHA PARA A ATMOSFERA....................................11
5.1 – DIFUSÃO DO VAPOR DE ÁGUA NO AR....................................................................115.1.1 – DIFERENÇA DE CONCENTRAÇÃO DE VAPOR DE ÁGUA.........................125.1.2 – RESISTÊNCIA A DIFUSÃO..................................................................................13
6 - VISÃO GERAL; O CONTINUUM SOLO-PLANTA ATMOSFERA..............................13
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................14
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................15
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1 – INTRODUÇÃO
A vida na atmosfera da terra apresenta um formidável desafio para as plantas. Por um
lado, a atmosfera é a fonte de dióxido de carbono, necessário para a fotossíntese. As plantas,
portanto, precisam de pronto acesso à atmosfera. Por outro lado, a atmosfera é relativamente seca
e pode desidratar a planta. Para satisfazer as demandas contraditórias de maximizar a absorção
de dióxido de carbono enquanto limitam a perda de água, as plantas desenvolveram adaptações
para controlar a perda de água das folhas e repor a água perdida para a atmosfera.
A perda de água pelas folhas é controlada por um gradiente de concentração de vapor de
água. O transporte de longa distância no xilema é governado por gradientes de pressão, da mesma
forma que o movimento de água no solo. O movimento de água pelas camadas celulares, como as
do córtex radicular, é complexo, mas responde a gradientes de potencial hídrico ao longo do
tecido.
Ao longo de toda essa jornada, o movimento de água é passivo, no sentido de que a
energia livre da água diminui à medida que ela se move. Apesar de sua natureza passiva, o
transporte de água é perfeitamente regulado pelas plantas para minimizar a desidratação,
principalmente pela regulação da transpiração para a atmosfera.
2 – A ÁGUA NO SOLO
O conteúdo de água e sua taxa de movimento no solo dependem em grande parte do tipo e
da estrutura do solo. As características físicas de solos diferentes podem variar significantemente.
Em um extremo está a areia, onde o diâmetro das partículas de solo pode medir 1 mm ou mais.
Solos arenosos têm uma área de superfície por unidade de grama de solo relativamente pequena,
e grandes espaços ou canais entre as partículas.
No outro extremo está a argila, onde as partículas são menores do que 2 mm em diâmetro.
Solos argilosos têm áreas de superfície muito maiores e canais muito menores entre as partículas.
Com o auxílio de substâncias orgânicas como o húmus, partículas de argila podem agregar-se em
“torrões”, que ajudam a melhorar a aeração e a infiltração de água no solo.
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Quando um solo é pesadamente umedecido por chuva ou irrigação, a água infiltra-se para
baixo por gravidade através dos espaços entre as partículas de solo, parcialmente deslocando e,
em alguns casos, aprisionado ar nesses canais. A água no solo pode existir como uma lâmina que
se adere à superfície das partículas de solo ou pode preencher todo o canal entre as partículas.
Em solos arenosos, os espaços entre as partículas são tão grandes que a água tende a
drenar dos mesmos e permanecer somente nas superfícies das partículas ou nos interstícios entre
as partículas. Em solos argilosos, os canais são pequenos o suficiente para que a água não drene
livremente dos mesmos; ela é retida mais firmemente. A capacidade de retenção de umidade dos
solos é chamada de capacidade de campo. A capacidade de campo é o conteúdo de água de um
solo depois de ter sido saturado com água e de permitida a drenagem do excesso de água. Os
solos argilosos ou aqueles com alto conteúdo de húmus têm alta capacidade de campo. Poucos
dias após terem sido saturados, eles podem reter 40% da água por umidade de volume. Por outro
lado, os solos arenosos tipicamente retêm 3% da água por volume depois da saturação.
2.1 – PRESSÃO DE ÁGUA NO SOLO E POTENCIAL HÍDRICO DO SOLO
O potencial hídrico dos solos pode ser decomposto em dois componentes, o potencial
osmótico e a pressão hidrostática. O potencial osmótico (ΨS) da água no solo é geralmente
desprezível, pois as concentrações de soluto são baixas; um valor típico pode ser –0,02 MPa. Para
solos que contém uma concentração substanciais de sais, no entanto, ΨS é significante, talvez –
0,2 MPa ou menor.
O segundo componente do potencial hídrico é a pressão hidrostática, (Ψp). Para solos
úmidos,Ψp é muito próximo de zero. À medida que o solo seca,Ψp decresce e pode tornar-se
muito negativo.
À medida que o solo seca, a água é, primeiro, removida do centro dos maiores espaços
entre as partículas. Por causa das forças de adesão, a água tende a se preencher às superfícies das
partículas de solo, de forma que uma grande área de superfície entre a água do solo e o ar do solo
se desenvolve.
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Á medida que o conteúdo de água do solo decresce, á água retrocede para os interstícios
entre as partículas do solo e a superfície ar-água curvas. A água sob tais superfícies curvas
desenvolve uma pressão negativa, a qual pode ser estimada pela seguinte fórmula:
onde T é a tensão superficial da água (7,28 x 10 -8 MPa m) e é o raio de curvatura de interface
ar-água.
O valor de na água do solo pode ser muito negativo porque os raios de curvatura das
superfícies ar-água podem tornar-se muito pequenos em solos que estão secando. Por exemplo,
uma curvatura com r = 1 correspondente a um valor de de -0,15 MPa. O valor de pode
atingir facilmente de -1 a -2 MPa à medida que a interface ar-água recua para as fissuras
menores, entre as partículas de argila.
Os cientistas do solo comumente descrevem o potencial hídrico do solo em termos de um
potencial mátrico.
2.2 –MOVIMENTO DE ÁGUA NO SOLO
A água se move através dos solos predominatemente por fluxo de massa, governado por
um gradiente de pressão. Além disso, a difusão de vapor de água contabiliza uma certa fração do
movimento de água. À medida que as plantas absorvem a água do solo, elas esgotam o solo de
água junto à superfícies das raízes. Esse esgotamento reduz o da água próxima à superfície
radicular e estabelece um gradiente de pressão em relação as regiões vizinhas do solo, que
possuem valores maiores de . Uma vez que os espaços porosos preenchidos com água
interconectam no solo, a água move em direção à superfície radicular por fluxo de massa através
destes canais, obedecendo a um gradiente de pressão.
A taxa de fluxo de água no solo depende de dois fatores: do tamanho do gradiente de
pressão através do solo e da condutividade hidráulica do solo. A condutividade hidráulica do solo
é uma medida da facilidade com que a água se move no pelo solo e varia com o tipo de solo e
com o conteúdo de água. Solos arenosos, com grandes espaços entre as partículas, têm uma alta
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condutividade hidráulica, enquanto solos argilosos, com espaços diminutos entre suas partículas,
têm uma condutividade hidráulica apreciavelmente menor.
À medida que o conteúdo de água (e por conseqüência, o potencial hídrico) de um solo
decresce, sua condutividade hidráulica diminui drasticamente. Esse decréscimo na condutividade
hidráulica do solo deve-se principalmente à substituição da água nos espaços do solo por ar.
Quando o ar se desloca para dentro de um canal do solo previamente preenchido por água, o
movimento de água através daquele canal restringe-se à periferia do mesmo. A medida que mais
espaços do solo são preenchidos por ar, a água pode deslocar por canais menos numerosos e
menores, e a condutividade hidráulica cai.
Em solos muito secos, o potencial hídrico ( ) pode cair abaixo do que se chama ponto
de murcha permanente. Nesse ponto, o potencial hídrico do solo é tão baixo que as plantas não
podem recuperar a pressão de turgor, mesmo que toda a perda de água por transpiração cesse,
significando que o potencial hídrico do solo ( ) é igual ou menor ao potencial osmótico ( ) da
planta. Uma vez que o da célula varia com a espécie vegetal, o ponto de murcha permanente
claramente não é uma propriedade única do solo; ele depende também da espécie vegetal.
3 – ABSORÇÃO DE ÁGUA PELAS RAÍZES
Um contato íntimo entre a superfície radicular e o solo é essencial para a absorção efetiva
de água pelas raízes. Esse contato proporciona a área de superfície necessária para a absorção de
água e é maximizado pelo crescimento das raízes e dos pêlos radiculares do solo. Pêlos
radiculares são extensões microscópicas das células da epiderme radicular, que aumentam
significativamente a área de superfície radicular, proporcionando assim, maior capacidade para
absorção de íons e água do solo.
O contato íntimo entre o solo e a superfície radicular é facilmente rompido quando o solo
é perturbado, razão pela qual as plantas e plântulas recentemente transplantadas precisam ser
protegidas da perda de água nos primeiros dia após o transplante. A partir daí, o novo
crescimento radicular no solo restabelece o contato solo-raiz e a planta pode suportar melhor o
estresse hídrico.
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3.1 – PRESSÃO DE RAIZ
Às plantas exibem um fenômeno referido como pressão de raiz, e essa pressão chega a
ordem de 0,05 a 0,5 MPa.
As raízes geram pressão hidrostática positiva absorvendo íons da solução diluída do solo e
os transportando para o xilema. O acúmulo de solutos na seiva do xilema leva um decréscimo no
potencial osmótico ( ) do xilema e, portanto, a um decréscimo no potencial hídrico ( ) do
mesmo. Essa diminuição do do xilema proporciona a força propulsora para a absorção de água,
que, por sua vez, gera uma pressão hidrostática positiva nesse.
A pressão da raiz é mais provável de ocorrer quando os potenciais hídricos do solo são
altos e as taxas de transpiração são baixas. Quando as taxas de transpiração são altas, a água é tão
rapidamente absorvida pelas folhas e perdida para a atmosfera que uma pressão positiva nunca se
desenvolve no xilema.
4 – TRANSPORTE DE ÁGUA ATRAVÉS DO XILEMA
Na maioria das plantas, o xilema constitui a porção mais longa da rota de transporte de
água. Em uma planta de 1 m de altura, mais de 90% da rota de transporte de água na planta
encontra-se dentro do xilema; em árvores altas, o xilema representa uma fração ainda maior da
rota. Comparada à rota complexa através da raiz, o xilema é uma rota simples, de baixa
resistência.
4.1 - O MOVIMENTO DE ÁGUA ATRAVES DOS VASOS
O xilema proporciona uma rota de baixa resistência para o movimento de água, reduzindo,
assim, o gradiente de pressão necessário ao transporte de água do solo às folhas. Alguns valores
numéricos auxiliam a apreciar a extraordinária eficiência do xilema. Pode ser calculada a força
propulsora requerida para mover a água através do xilema a uma velocidade típica e a se
comparar com a força propulsora que seria necessário para mover a água em uma rota de célula a
célula. Para fins de comparação, pode ser usado um valor de 4mm s-1 para a velocidade de
transporte no xilema e 40 μm como o raio do vaso. Esta é uma velocidade alta para um vaso tão
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estreito, de modo que ela tenderá a exagerar o gradiente de pressão requerido para sustentar o
fluxo de água no xilema. Usando uma versão da equação de Poiseuille, pode-se calcular o
gradiente de pressão necessário para mover a água a uma velocidade de 4 mm s -1 por meio de um
tubo ideal com um raio inteiro uniforme de 40 μm. O calculo gera um valor de 0,02 MPa m-1.
Naturalmente, os condutores reais de xilema têm as superfícies internas da parede
irregulares, e o fluxo de água pelas placas de perfuração e pontuações introduz uma resistência
adicional. Tais desvios de um tubo ideal vão aumentar o arrasto friccional acima daquele
calculado pela equação de Poiseuille. No entanto, as medidas mostram que a resistência real é
maior por um fator de aproximadamente 2. Assim, a estimativa de 0,02MPa m -1 está dentro da
faixa correta para gradientes de pressão encontrados em árvores reais.
Agora, esse valor (0,02MPa m-1) será comparado com a força propulsora que seria
necessária para mover a água na mesma velocidade de um célula para outra, atravessando, cada
vez, a membrana plasmática. Usando a equação de Poiuseuille, a força propulsora necessária para
mover a água através de uma camada de células a 4 mm s -1 é calculada como sendo 2 x 108 MPa
m-1. Isto é dez ordens de grandeza maior do que a força propulsora necessária para mover a água
por meio do nosso vaso xilema de 40 μm de raio. Nosso cálculo mostra claramente que o fluxo de
água pelo xilema é muito mais eficiente que o fluxo de água segundo membranas plasmáticas de
células vivas.
4.2 - TEORIA DA COESÃO-TENSÃO
Em teoria, os gradientes necessários para mover por meio do xilema poderiam resultar da
geração de pressões positivas na base da planta ou de pressões negativas no topo da planta. No
entanto, a pressão de raiz é tipicamente menor do que 0,1 MPa e desaparece quando a taxa de
transpiração é alta, de forma que ela é claramente inadequada para mover a água ao topo de uma
árvore alta.
Em vez disso, a água no topo de uma árvore desenvolve uma grande tensão (uma pressão
hidrostática negativa), a qual puxa a água pelo xilema. Esse mecanismo, proposto no final do
século XIX, é chamada de teoria coesão-tensão de ascensão da seiva, pois ele requer as
propriedades de coesão da água para suportar grandes tensões nas colunas de água do xilema.
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Apesar de seus atrativos, a teoria coesão-tensão tem sido uma matéria controversa há mais
de um século e continua a gerar debates calorosos. A principal controvérsia gira em torno da
questão de se as colunas de água no xilema podem sustentar as grandes tensões (pressões
negativas) necessárias para puxar a água para cima e árvores altas.
O mais recente debate começou quando pesquisadores modificaram a técnica da sonda de
pressão celular para poder medir diretamente a tensão nos vasos. Antes dessa inovação,
estimativas das pressões no xilema baseavam-se principalmente em medidas foliares com a
câmara de pressão.
Inicilamente, medidas com a sonda de pressão do xilema não conseguiram encontrar as
pressões negativas grandes esperadas, provavelmente porque a cavitação produziu bolhas de gás,
introduzidas quando as paredes do xilema foram perfuradas com o capilar de vidro da sonda de
pressão. Entretanto refinamentos cuidadosos da técnicas finalmente demonstraram boa
concordância entre as medidas com a sonda de pressão e as tensões estimadas com a câmara de
pressão. Alem disso, estudos independentes demonstraram que a água no xilema pode suportar
grandes tensões e que as medidas com a câmara de pressão de folhas não-transpirantes refletem
as tensões no xilema.
A maioria da pesquisa conclui, então, que a teoria básica da coesão-tensão é sólida. Pode-
se prontamente demonstrar a tensões no xilema intacto pefutando-o com uma gota de tinta na
superfície de um caule de uma planta transpirante. Quando a tensão no xilema é atenuado, a tinta
é conduzida instantaneamente para dentro do dele, resultando em listras visíveis ao longo do
caule.
4.1.1 - ASPECTOS FISICOS NO TRANSPORTE DE ÁGUA NO XILEMA
A grandes tensões que se desenvolvem no xilema de árvores e de outras plantas podem
criar alguns problemas. Primeiro, a que água sob tensão transmite uma força interna às paredes
do xilema. Se as paredes celulares fossem fracas ou maleáveis, elas colapsariam sob influência
desta tensão. Os espaçamentos secundários de paredes e a lignificação dos traqueídes e dos vasos
são adaptações que compensam essa tendência ao colapso.
No entanto, à medida que a tensão na água aumenta, existe uma maior tendência do ar ser
aspirado através dos poros microscópios das paredes celulares do xilema. Esse fenômeno é
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chamada de semeadura de ar. Uma segunda forma pela qual bolhas podem se formar nos
condutos do xilema deve-se à reduzida solubilidade dos gases em gelo. O congelamento dos
condutos do xilema leva à formação de bolhas. Uma vez formada dentro da coluna de água sob
tensão, a bolha de ar se expandirá, pois os gases não podem resistir a forças de tração. O
fenômeno de formação de bolhas é denominado cavitação ou embolia. Ele é similar à obstrução
do vapor na linha de combustível de um automóvel ou à embolia em um vaso sanguíneo. A
cavitação quebra a continuidade da coluna de água e impede o transporte de água no xilema.
Tais quebras nas colunas de água em plantas são bastante comuns. Com equipamentos
apropriados, pode-se “escutar” as colunas de água quebrarem (Jackson e cols., 1999). Quando as
plantas são desprovidas de água, pulsos de som podem ser detectados. Os pulsos ou cliques
correspondem, presumivelmente, à formação e à rápida expansão de bolhas de ar no xilema,
resultando em ondas de choque acústico de alta freqüência pelo resto da planta. Tais interrupções
na continuidade da água do xilema, se não reparadas, seriam desastrosas à planta. Por bloquearem
a rota principal de transporte de água, essas embolias causariam desidratação e morte das folhas.
4.1.2 - A EVAPORAÇÃO DA ÁGUA NA FOLHA GERA UMA PRESSÃO NEGATIVA NO XILEMA
As tensões necessárias para puxar a água pelo xilema são o resultado da evaporação de
águas das folhas. Na planta intacta, a água é trazida às folhas do xilema dos feixes vasculares,
que se ramificam em uma rede de nervuras muito finas e às vezes intricada. Tal padrão de
nervação torna-se finalmente ramificado que a maioria das células em uma folha típica está a
menos de 0,5 mm de uma nervura. A partir do xilema, a água flui dentro das células das folhas e
ao longo das paredes celulares.
A pressão negativa que a água ascenda através do xilema desenvolve-se na superfície das
paredes celulares na folha. A situação é análoga à queda do solo. A parede celular age como um
capilar muito fino encharcado com água. A água adere às microfibrilas de células e a outros
componentes hidrofílicos da parede. As células do mesofilo estão em contato direto com a
atmosfera por meio de um sistema extenso de espaços intercelulares.
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Inicialmente, a água evapora de uma fina película que cobre esses espaços. À medida que
a água é perdida para a atmosfera, a superfície da água remanescente é deslocada para os
interstícios da parede celular, onde forma interfaces curvadas ar-água.
5 – MOVIMENTO DE ÁGUA DA FOLHA PARA A ATMOSFERA
Depois que a água passou da superfície celular para o espaço intercelular, a difusão é o
modo principal de qualquer movimento posterior de água para fora da folha. A cutícula cerosa
que cobre a superfície foliar é uma barreira muito efetiva ao movimento de água. Estima-se que
apenas 5% da água perdida pelas folhas sai pela cutícula. Quase toda água perdida por folhas
típicas dá-se por difusão de vapor de água pelos poros diminutos dos estômatos, os quais se
encontra em maior número na porção abaxial da folha.
Em sua trajetória da folha para a atmosfera, a água é puxada do xilema para as paredes
celulares do mesófilo, de onde evapora para os espaços intercelulares da folha. O vapor de água
sai, então, da folha por meio do poro estomático. A água move-se nessa trajetória
predominantemente por difusão; assim, o movimento de água é controlado pelo gradiente de
concentração de vapor de água.
5.1 – DIFUSÃO DO VAPOR DE ÁGUA NO AR
A distância pela qual uma molécula de água tem de se difundir do sítio de evaporação
dentro da folha para a atmosfera externa é de aproximadamente 1 mm e o coeficiente de difusão
de água no ar é de 2,4 x 10-5 m³/s. Assim o tempo médio necessário para que uma molécula de
água escape para a atmosfera é de aproximadamente 0,042 s. Dessa maneira, vê-se que a difusão
é adequada para mover vapor de água pela fase gasosa da folha.
A transpiração foliar depende de dois fatores principais: 1º - a diferença de concentração
de vapor de água entre os espaços intercelulares das folhas e a atmosfera externa e 2º - a
resistência a difusão ( r ) desta rota.
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5.1.1 – DIFERENÇA DE CONCENTRAÇÃO DE VAPOR DE ÁGUA
A diferença de concentração de vapor d’água é expressa como:
Cwv(folha) – Cwv(ar)
A concentração de vapor d’água no ar (Cwv(ar)) pode ser prontamente medida, mas a da
folha (Cwv(folha)) é mais difícil de ser determinada.
Enquanto o volume dos espaços intercelulares dentro da folha é pequeno, a superfície
úmida da qual a água evapora é comparativamente grande. Em comparação com o volume dos
espaços intercelulares, a área de superfície interna da qual a água evapora pode ser de sete a trinta
vezes a área foliar externa. Esta elevada razão de área de superfície para volume gera um rápido
equilíbrio de vapor dentro da folha. Assim, pode-se assumir que os espaços intercelulares dentro
da folha aproximam-se do equilíbrio de potencial hídrico com as superfícies das paredes celulares
das quais a água líquida está se evaporando.
Um aspecto importante dessa relação é que dentro da faixa de potenciais hídricos
encontrados em folhas transpirantes, o equilíbrio na concentração de vapor de água está ao redor
de poucos pontos percentuais da concentração de saturação do vapor de água, o que permite que
se estime a concentração de vapor de água de dentro da folha a partir de sua temperatura, a qual é
fácil medir.
A concentração de vapor de água, Cwv, muda em vários pontos ao longo da rota de
transpiração. Vê-se também que Cwv decresce am cada etapa da rota que vai da superfície da
parede celular até a atmosfera fora da folha. Os pontos mais importantes são: 1º que a força
propulsora para perda de água da folha é a diferença na concentração absoluta (diferença Cwv e,
em mol m-3) e 2º que essa diferença depende diretamente da temperatura foliar.
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5.1.2 – RESISTÊNCIA A DIFUSÃO
O segundo fator importante a governar a perda de água pelas folhas é a resistência à
difusão na rota da transpiração, que consiste de dois componentes variáveis:
1 – A resistência associada à difusão pelo poro estomático, e resistência estomática foliar
(rs).
2 – A resistência causada pela camada de ar parado junto à superfície foliar, por meio da
qual o vapor tem que se difundir para alcançar o ar turbulento da atmosfera. Essa segunda
resistência, , é chamada de “resistência da camada limítrofe”.
A espessura da camada limítrofe é determinada sobretudo pela velocidade do vento.
Quando o ar que circunda a folha encontra-se muito parado, a camada de ar junto a superfície
foliar pode ser tão espessa que se torna a principal barreira para perda de vapor de água pela
folha. Aumentos nas aberturas estomáticas têm pouco efeito na taxa de transpiração.
Quando a velocidade do vento é alta, o ar em movimento reduz a espessura da camada
limítrofe na superfície da folha, reduzindo a resistência dessa camada. Sob tais condições, a
resistência estomática controlará em grande parte a perda de água da folha.
6 - VISÃO GERAL; O CONTINUUM SOLO-PLANTA ATMOSFERA
O movimento de água do solo, por intermédio da planta, para a atmosfera envolve diferentes
mecanismos de transporte:
No solo e no xilema, a água move-se por fluxo de massa em resposta a um gradiente de
pressão (Δψp).
Na fase de vapor, a água move-se principalmente por difusão, pelos menos até atingir o ar
de fora, onde a convecção (uma forma de fluxo de massa) torna-se dominante.
Quando a água é transportada através de membranas, a força propulsora é a diferença de
potencial hídrico através da membrana. Tal fluxo osmótico ocorre quando as células
absorvem a água e quando as raízes transportam água do solo ao xilema.
Em todas as situações citadas, a água move-se em direção a regiões de baixo potencial
hídrico ou de baixa energia livre. O potencial hídrico decresce continuamente do solo até as
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folhas. No entanto, os componentes do potencial hídrico podem ser bem diferentes em distintas
partes da rota. Poe exemplo, dentro das células da folha, como no mesofilo, o potencial hídrico é
aproximadamente o mesmo que o xilema vizinho, mas, mesmo assim, os componentes do ψw são
bem diferentes. O componente dominante do ψw no xilema é a pressão negativa (ψp), enquanto
que na célula foliar ψp é geralmente positivo. Essas grandes diferenças em ψp ocorrem através das
membranas plasmáticas das células da folha. Dentro das células foliares, o potencial hídrico é
reduzido por um alta concentração de solutos dissolvidos (baixo ψs).
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A água é o meio essencial para a vida. As plantas terrestres enfrentam dessecação
potencialmente letal pela perda de água para a atmosfera. O problema é agravado pela ampla área
de superfície das folhas, alto ganho de energia radiante das mesmas e a necessidade de uma rota
aberta para a absorção de CO2. Assim, existe um conflito entre a necessidade de conservação de
água e a necessidade de assimilação de CO2.
A necessidade de resolver o conflito vital determina boa parte da estrutura da planta:
Um sistema radicular extenso para extrair água do solo;
Uma rota de baixa resistência por meio dos vasos condutores para trazer água até
as folhas;
Uma cutícula hidrofóbica cobrindo as superfícies das plantas para reduzir a
evaporação.
Estômatos microscópicos na superfície foliar para permitir as trocas gasosas.
O resultado é um organismo que transporta água do solo à atmosfera puramente em
resposta a forças físicas.
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Taiz, L.; Zeiger, E.; Fisiologia Vegetal; 3ª ed.; Ed. Artmed; São Paulo – SP; 2004; 719 p.
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Doorembos, J.; Pruitt, W., O.; Estudos FAO Irrigação e Drenam; Necessidade Hídrica das
Culturas; Ed. Universidade Federal do Paraíba; Paraíba – PE; 1997; 204p.
Salassier, B.; Manual de irrigação; 6ª ed.; Ed.UFV; Viçosa – MG; 1995; 657p.
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