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Tópicos em Psicologia relacionados à Segurança Pública e Defesa Civil – Módulo 1 SENASP/MJ - Última atualização em 09/07/2009
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Bem-vindo(a) ao curso
Tópicos em Psicologia relacionados à Segurança
Pública e Defesa Civil
Créditos
1º Ten PMERJ psicóloga Juliana Ferreira da Silva
1º Ten PMERJ psicóloga Marcela dos Santos Reis
1º Ten PMERJ psicóloga Elaine Polly Veras Vieira
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Apresentação
O admirável poeta Carlos Drummond de Andrade, em “O homem; as viagens”, fala
de uma viagem. Não é qualquer uma, é uma viagem que reluta-se em percorrer,
evita-se, deixa-se para depois. Trata-se de uma jornada ao interior de si mesmo, ao
que se experimenta no convívio com o seu inexplorado.
Ao ingressar neste curso, você, caro aluno, comprou seu bilhete para um breve
passeio neste campo desconhecido. Entrou em sua nave interior e aguarda a partida.
O que te trouxe a este terminal de passageiros? A curiosidade, talvez? O acaso? A
necessidade, por que não? Quais são suas expectativas?
No curso serão tratados temas da área de Psicologia que mantém estreita relação
com as atividades de Segurança Pública e Defesa Civil. O objetivo é fazer com que
essas áreas possam dialogar, proporcionando a você, caro aluno, uma reflexão sobre
as experiências vivenciadas no decorrer de sua carreira profissional.
O homem; as viagens
(Carlos Drummond de Andrade)
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
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Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
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do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.
O conteúdo do curso está dividido em 3 módulos:
Módulo 1 – Relações interpessoais no contexto laboral
Módulo 2 – Estresse e atividade de Segurança Pública
Módulo 3 – Pós-trauma
No primeiro módulo você verá que os profissionais de Segurança Pública e Defesa
Civil lidam constantemente com outras pessoas, tanto no desempenho de sua
atividade fim quanto com seus colegas de trabalho, por isso serão abordadas algumas
atitudes e comportamentos que contribuem para a boa interação com o outro. Você
poderá refletir sobre como o conhecimento acerca da dinâmica interpessoal poderá
proporcionar melhoria tanto na qualidade de vida, quanto no desempenho da
atividade de segurança pública.
No módulo 2, você terá a oportunidade de discutir a vulnerabilidade de profissionais
de segurança pública e defesa civil aos efeitos do estresse. Estudará quais são as
fases do estresse, seus aspectos positivos e negativos. Relacionará as reações
psicológicas ao conflito armado, tais como: alterações perceptivas, cognitivas e
mnemônicas concernentes à exposição ao conflito armado. E poderá refletir sobre
algumas recomendações para o manejo do estresse.
No terceiro e último módulo, estudará certas reações psicológicas advindas de
situações impactantes, que acontecem com frequência considerável nas ocorrências
policiais, nas operações de socorros de emergência e ações de defesa civil. Nesse
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módulo será abordado o processo de luto que ocorre frente a situações de óbito e
serão relacionadas as possíveis complicações desse processo. Você também
identificará a reação aguda ao estresse, que advêm do encontro com situações de
forte impacto psicológico e estudará sobre o transtorno do estresse pós-traumático,
que constitui um conjunto de sintomas ocasionados pela dificuldade de elaboração
do trauma.
Como você pôde observar, o curso abrangerá uma gama variada de temas,
propondo sempre a transposição dos tópicos abordados para seu cotidiano.
Bom curso!
Ao final do curso, você será capaz de:
● Praticar a autopercepção e a percepção do outro;
● Empregar estratégias de comunicação eficaz;
● Demonstrar um estilo interpessoal;
● Demonstrar um estilo de liderança;
● Definir estresse laboral;
● Distinguir entre estresse positivo e estresse negativo;
● Descrever as fases do estresse;
● Descrever o princípio fundamental do gerenciamento do estresse;
● Comparar as fases do estresse com sua atual situação emocional e física;
● Aplicar estratégias para o gerenciamento do estresse no cotidiano;
● Incentivar a atenção em saúde coletiva no que se refere ao estresse laboral;
● Diferenciar risco e perigo;
● Reconhecer os efeitos da exposição a acidentes em seu cotidiano;
● Citar as reações psicológicas ao conflito armado;
● Descrever o processo de luto e citar suas tarefas;
● Atender pessoas enlutadas com empatia;
● Identificar a reação aguda ao estresse (RAS);
● Apontar o conjunto de fenômenos que constitui o transtorno do estresse pós-
traumático (TEPT);
● Orientar pessoas em RAS quanto ao fenômeno e às condutas adequadas;
● Orientar e encaminhar pessoas com TEPT para tratamentos adequados; e
● Praticar a autopercepção quanto ao luto, RAS e TEPT.
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Módulo 1 – Relações interpessoais no contexto laboral
Neste módulo, você estudará as relações interpessoais no contexto do trabalho.
Serão abordadas estratégias de comunicação, atitudes no contato com o outro,
bem como estilos de liderança.
O conteúdo deste módulo está dividido em 5 aulas:
Aula 1 – Conceitos fundamentais: grupo, interação grupal e relações interpessoais no
contexto laboral
Aula 2 – Comunicação eficaz: busca de feedback, autoexposição e competência
interpessoal
Aula 3 – Estilos interpessoais
Aula 4 – Atitudes no relacionamento interpessoal
Aula 5 – Estilos de liderança
Para começar leia a letra da música “Não Fale Desse Jeito”, de Ana Carolina e Seu
Jorge. Se preferir assista ao vídeo.
(http://www.youtube.com/watch?v=UNpJyJ9wULc)
Não fale desse jeito
(Ana Carolina e Seu Jorge)
Não fale desse jeito comigo que eu não gosto
Eu tô fingindo calma com a alma carregada
Não fale desse jeito comigo que eu não quero
Não se meta nem comigo nem com o povo que eu paquero
Não fale desse jeito comigo que eu detesto
Tão dizendo nas esquinas, nas quebradas, é que eu não presto
Esse calor que sai de você embaçou o meu retrovisor
Você não quer que eu olhe pra trás e diz que o passado já passou
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Esse calor que sai do cigarro que você fuma falando de amor
Não fale mais, o futuro é a arma da ilusão que foi você que carregou
Que foi você que carregou
Não fale desse jeito comigo que eu atiro
Eu tô num dia lindo com minha nuvem carregada
Que não cruze o meu caminho quem me despreza
Na guerra eu tô no meu direito e já inventei a minha reza
Eu jogo pra ganhar e de ninguém eu tiro
E se não escutou, eu uso o berro, eu uso o grito
Eu uso o berro, eu uso o grito. . .
Cenas como essas narradas por Ana Carolina e Seu Jorge, na música “Não fale desse
jeito”, embora indesejadas, não são raras. Os artistas cantam um processo de
comunicação entre duas pessoas e as coisas não parecem ir bem. O personagem avisa
que está instável emocionalmente, sua “nuvem está carregada”. E que se a
comunicação continuar como está vai partir para a agressão. Ele “usa o berro”, “usa
o grito”, ele “atira”.
Tendo em vista sua experiência profissional, como você analisa a situação acima
descrita?
Resposta:
Uma das ferramentas para o processo de interação interpessoal é a comunicação. Na
situação ilustrada na música o personagem está mostrando ao seu interlocutor que
não lhe agrada a forma como está sendo tratado. Pelo “tom” das palavras ele mesmo
também não é muito polido. Parece que estas duas pessoas estão em conflito.
Dizer para o outro como nos sentimos quando somos tratados de uma ou outra
maneira é uma ferramenta importante para o processo de interação grupal, todavia,
devemos atentar para a forma como esta experiência é expressa.
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Aula 1 – Conceitos fundamentais: grupo, interação grupal e relações interpessoais
no contexto laboral
Nesta aula, você estudará o conceito de grupo em psicologia, a noção de interação
grupal e a definição de relações interpessoais.
Indivíduo e grupo
O conceito de grupo em psicologia possui múltiplas abordagens. De modo geral,
esse conceito encontra como contraponto à noção de indivíduo. Há na literatura
definições objetivas, como o “conjunto de três ou mais indivíduos”, e definições
funcionais, como “a entidade resultante da interação entre os indivíduos”. Para
que compreenda esse campo de estudos da psicologia será apresentado um
contraponto entre uma definição de indivíduo e uma conceituação de grupo.
Observe que nas definições acima mencionadas – “conjunto de três ou mais
indivíduos” e “a entidade resultante da interação entre os indivíduos” –, os
conceitos de grupo e de indivíduo são interdependentes. Isso não parece uma
contradição, definir um conceito pelo que ele não é? Ou seja, indivíduo? Mas esse
enigma fica ainda um pouco mais complexo. O conceito de indivíduo define-se por si
mesmo?
Sigmundo Freud, em “Psicologia das massas e análise do eu” (1921), analisa a
questão por outro ponto de vista. Ele demonstra o quanto a psicologia individual se
mistura com a psicologia de grupo. Assim é também o conceito de indivíduo que
remete, nesse caso, para o de grupo.
“É verdade que a psicologia individual relaciona-se com o homem tomado
individualmente e explora os caminhos pelos quais ele busca encontrar satisfação
para seus impulsos instintuais; contudo, apenas raramente e sob certas condições
excepcionais, a psicologia individual se acha em posição de desprezar as relações
desse indivíduo com os outros. Algo mais está invariavelmente envolvido na vida
mental do indivíduo, como um modelo, um objeto, um auxiliar, um oponente, de
maneira que, desde o começo, a psicologia individual, nesse sentido ampliado, mas
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inteiramente justificável das palavras é, ao mesmo tempo, também psicologia
social.” (Freud, 1921)
A própria noção de indivíduo também possui amparo na de grupo. Observe, agora, o
modo como Zimerman (2007) conceitua grupo:
“Um grupo não é um mero somatório de indivíduos; pelo contrário, ele se constitui
como uma nova entidade, com leis e mecanismos próprios e específicos. Todos os
integrantes estão reunidos, face a face, em torno de uma tarefa e de um objetivo
comum ao interesse de todos eles. O tamanho de um grupo não pode exceder ao
limite que ponha em risco a indispensável preservação da comunicação, tanto a
visual, como a auditiva e a conceitual. Deve haver a instituição de um enquadre
(setting) e o cumprimento das combinações nele feitas. Assim, além de ter os
objetivos claramente definidos, o grupo deve levar em conta a preservação do
espaço (os dias e o local certo das reuniões), de tempo (horários, tempo de duração
das reuniões, plano de férias etc.) e a combinação de regras e outras variáveis que
delimitem e normatizem a atividade grupal proposta. O grupo é uma unidade que se
comporta como uma totalidade e vice-versa. Cabe uma analogia com a relação que
existe entre as peças separadas de um quebra-cabeça e desse com o todo a ser
armado.” (Zimerman, 2007)
Com base na exposição teórica, como você conceituaria grupo? Ofereça um exemplo
de um grupo em que você interaja.
Resposta: Nessa resposta procure abordar os seguintes tópicos:
Grupo não é um mero somatório de indivíduos, pois possui leis e mecanismos próprios
e específicos, é uma totalidade.
Num grupo, os integrantes compartilham uma tarefa e de um objetivo comum.
Os membros do grupo têm que poder interagir num processo comunicação, tanto a
visual, como a auditiva e a conceitual.
É necessário que existam espaço e tempo delimitados onde o grupo funcione.
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Aula 2 – Comunicação eficaz: busca de feedback, autoexposição e competência
interpessoal
Nesta aula, você estudará o conceito de comunicação eficaz, que envolve as noções
de feedback, autoexposição e competência interpessoal. Através desses conceitos,
você será capaz de:
● Valorizar a importância de solicitar e receber reações dos outros (feedback);
● Identificar modos de comunicação eficaz; e
● Definir competência interpessoal.
Do ponto de vista acadêmico, a comunicação é um campo do conhecimento que
estuda os processos de comunicação humana. Ela também se refere à forma como o
homem está no mundo e o modo como ele se expressa a esse respeito. É costume
pensar em comunicação pelo primado da palavra: tudo aquilo que expressamos
verbalmente sobre, com e, principalmente, para os outros. No entanto, existem
outras formas de comunicação para além da palavra, como por exemplo, “pela
linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros. E eles têm muitas coisas a
dizer para você. Também nosso corpo é antes de tudo um centro de informações
para nós mesmos”. (WEIL & TOMPAKOW, 1986: 7)
A psicologia atenta para toda a palavra dita e para a expressão corporal e atitudes
dos sujeitos, visando conhecer, por esses sinais, um pouco da história consciente
e desconhecida dos mesmos. Da mesma forma, quando você se comunica com o
outro, utiliza palavras e gestos, que funcionam como suporte para que seja
entendendido com eficiência. Essa eficiência é verificada, quando, por exemplo,
preciso usar o único banheiro de casa, ocupado pela filha adolescente. Além de
dizer: ─ Filha, estou apertado! Faço com que ela perceba a urgência com batidas na
porta e grunhidos.
A linguagem gestual é companheira inseparável da comunicação verbal. Não dá
para dar parabéns ao colega promovido para a vaga que você almejava, com olhar
rancoroso. Também não é usual ir a um velório vestindo cores berrantes e
manifestando contentamento. Os gestos e as palavras devem andar casados.
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Veja a seguir como ocorre o processo de perceber e ser percebido denominado
feedback.
Feedback
Literalmente, feedback pode ser traduzido como realimentação, retorno,
resposta. É um processo fundamental para a interação social e nas organizações, se
constitui como poderosa ferramenta facilitadora dos processos de trabalho. Uma vez
que o desempenho de todos os membros de uma equipe está associado ao de cada
um individualmente, torna-se imprescindível que todos informem e sejam
informados, adequadamente, sobre seu desempenho e o que é esperado de cada um
e da equipe. Desse modo, dar e receber feedback tem como objetivo reorientar,
estimular e checar as ações dos indivíduos. No processo de desenvolvimento da
competência interpessoal, o feedback é um valioso recurso que permite a percepção
de como se é observado pelos outros, assim como os resultados de suas ações na
equipe.
Com o objetivo de ilustrar o processo de dar e receber feedback, Joseph Luft e Harry
Igham (apud, FRITZEN, 1991) desenvolveram a Janela de Johari, em 1961. Eles
criaram um modelo com quatro retângulos que ajuda a compreender o processo da
percepção de um indivíduo em relação a si mesmo e aos outros. Veja o modelo a
seguir.
As regiões evidenciadas no modelo representam as áreas da personalidade
humana e ilustram as relações interpessoais e os processos de aprendizagem em
grupo. (Moscovici, 1975)
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Veja como Kopittke, Sinzato e Bonzanina (1997) explicam cada uma das áreas.
A área I (o eu público ou aberto) constitui o comportamento conhecido em muitas
atividades pelas pessoas e por qualquer um que as observe. Esse comportamento
varia conforme a estimativa do que é correto em um ambiente específico e com
diferentes grupos de pessoas. É considerada como a parte do relacionamento que
controla a produtividade interpessoal. Em outras palavras, pressupõe-se que a
eficácia interpessoal e a produtividade estão diretamente relacionadas com a
qualidade da troca mútua de informações num dado relacionamento.
A área II (o eu cego) representa as características de comportamento que são
facilmente percebidas pelos outros, mas que, geralmente, não estão cientes para
quem foi observado. Por exemplo, alguma manifestação impulsiva, o
comportamento sob tensão, as relações agressivas em relação aos subordinados, o
desprezo por aqueles que discordam das opiniões, etc. Há evidências de que é nessa
área que, frequentemente, as pessoas são mais críticas com o comportamento dos
outros sem perceber que estão se comportando de forma efêmera. Essa região
pode ser considerada como um ponto inibidor da eficácia interpessoal.
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A área III (o eu secreto) representa as coisas sobre cada pessoa no seu íntimo e
que fica escondido dos outros. Essas coisas podem oscilar desde assuntos
inconsequentes até os de grande importância. Essa área também pode ser
considerada um fator de inibição da eficácia interpessoal. Numa situação fechada ou
relativamente autoritária, é provável que haja muito mais desse aspecto do que
numa situação aberta. Nas áreas do eu secreto e do eu cego algumas modificações
podem ser adquiridas entre indivíduos trabalhando juntos, experimentalmente, com
espírito de cooperação e compreensão.
A área IV (o eu desconhecido) constitui a parte do relacionamento que contém um
tipo de informação desconhecida tanto pelo próprio como pelos outros, englobando
dados psicodinâmicos, potenciais ocultos, idiossincrasias adquiridas e a criatividade
de seu ponto de origem. Essa área pode se tornar conhecida se a eficácia
interpessoal aumentar.
Autoexposição
A autoexposição pode ser compreendida como o oferecimento de informações aos
outros, revelando pensamentos, percepção e sentimentos.
Nunca foi tão fácil mostrar-se ao outro na velocidade e abrangência atuais. Redes de
relacionamento, bate-papos etc., permitem que em fração de segundos você
encontre conhecidos e faça amigos. Numa busca incessante de contatos, mais ou
menos autênticos. O volume de trocas on-line é intenso ao ponto que algumas
empresas, já antenadas nessa vertente, passaram a investir na verificação dos perfis
de candidatos a seus cargos, por meio das comunidades e amigos que o mesmo
mantém em sites de relacionamentos.
Na mesma velocidade surgiram os perfis fake, onde os relacionamentos são
basicamente mentirosos. Parece que a busca por exposição é uma necessidade
humana. Ser percebido e levado em consideração é importante para a maioria dos
sujeitos, mas a modalidade cibernética, que prometia facilitar os contatos, trouxe
também novas formas de isolamento.
Com base no texto, comente como você percebe o processo de autoexposição:
pontos benéficos e dificuldades associadas.
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Resposta: Nessa resposta procure abordar os seguintes tópicos:
A auto-exposição constitui a expressão para o outro do que sentimos, pensamos e
percebemos.
Num grupo, a auto-exposição pode auxiliar o processo de feedback, fazendo com que
o outro possa conhecer a experiência que temos no grupo, como nos sentimos, o que
pensamos de sua conduta, se ficamos motivados ou não a partir de seu
comportamento, dentre outras coisas.
As dificuldades da auto-exposição estão ligadas aos afetos que esse processo pode
gerar. Expor situações desagradáveis pode magoar, gerar sentimento de culpa,
ciúme, vergonha...
Competência interpessoal
Segundo Argyris (1968), competência interpessoal é a habilidade de lidar
eficazmente com relações de acordo com três critérios:
● Percepção acurada da situação interpessoal, de suas variáveis relevantes e
respectiva inter-relação;
● Habilidade de resolver realmente os problemas, de tal modo que não haja
regressões; e
● Soluções alcançadas de tal forma, que as pessoas envolvidas continuem
trabalhando tão eficientemente juntas, pelo menos, como quando começaram a
resolver seus problemas.
Dois componentes da competência interpessoal assumem importância capital para
discernir e aprender a proporção adequada: a percepção e a habilidade
propriamente dita.
O processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada da situação
interpessoal. Isso significa um longo processo de crescimento pessoal, abrangendo
autopercepção, autoconscientização e autoaceitação como pré-requisitos de
possibilidades de percepção mais realística dos outros e da situação. Esse
treinamento perceptivo não se realiza espontânea nem facilmente, requer
treinamento especial, demorado e, muitas vezes, sofrido, exigindo coragem e
disponibilidade psicológica do treinando no exercício de dar e receber feedback.
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O autoconhecimento só pode ser obtido com a ajuda dos outros, por meio de
feedback, o qual precisa ser elaborado para autoaceitação. Se o indivíduo tem
percepção mais acurada de si, então pode, também, ter percepção acurada da
situação interpessoal.
A habilidade propriamente dita, ou melhor, a forma de fazer, pode ser
desenvolvida de maneira informal através de um espaço coletivo de discussão
acerca das variáveis e dos conteúdos presentes nas relações intra e extragrupo.
Segundo Dejours (1994), é necessário abrir um espaço interno de discussão que vá
além do conhecimento técnico e da divisão do trabalho, “onde o trabalhador possa
discutir as regras de consenso para trabalhar em conjunto e a elaboração de
confiança entre trabalhadores”. É necessário criar grupos em que os sujeitos
apresentem expectativas, determinem objetivos e definam a ordem das atividades e
das relações.
Em sua carreira, você identifica estratégias para relatar ao seu grupo de trabalho a
maneira como está vivenciando a relação interpessoal, assim como para receber o
feedback de sua equipe?
Aula 3 – Estilos interpessoais
Na aula anterior, foram abordadas as estratégias de feedback, autoexposição,
liderança e competência interpessoal.
Nesta aula, você estudará os estilos interpessoais.
Através desse conceito, você será capaz de:
● Definir os quatro estilos interpessoais; e
● Conhecer as características básicas dos estilos interpessoais.
Mulher da lua
Tati Werneck
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Havia uma passagem secreta para dentro de sua cabeça.
Bem poucos sabiam disso.
Por uma fresta minúscula na beira da orelha podia-se invadir,
acompanhar as ideias dançarem, ir e voltar,
imagens, velhas lembranças,
a receita do jantar, o nome do creme, o dia do aniversário da cunhada.
Como num filme sem nexo, lapsos de memória
embaralhavam passagens boas e ruins dando finais de ficção
para sua realidade de ontem.
E isso tudo exposto,
por uma minúscula fechadura a quem acessasse o lugarzinho secreto.
Cada sujeito tem um modo peculiar de utilizar os processos de autoexposição e
feedback. Essas peculiaridades refletem um estilo interpessoal básico de se
comportar.
Nesta aula serão apresentados os quatro tipos básicos, lembrando que todos os
sujeitos portam um pouco de cada. As combinações é que formam o diferencial
que torna cada ser único.
Estilo interpessoal I – Eu desconhecido
Esse estilo se constitui pelo predomínio de potenciais ocultos e da informação
desconhecida tanto pelo próprio como pelos outros sujeitos. O trabalho fundamental
é tornar disponível toda a informação desconhecida do próprio sujeito, o que
contribuirá para o aumento de sua eficácia interpessoal.
Nesse tipo básico de personalidade, há o predomínio das seguintes
características: busca de segurança, criatividade reprimida, relacionamentos
impessoais, rigidez comportamental, aversão a assumir riscos, baixa participação,
aumento da ansiedade e canalização da energia para interesses fechados.
Tais comportamentos tendem a gerar graus variáveis de hostilidade e indiferença
no grupo social.
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Estilo interpessoal II – Eu secreto
Nesse modelo são encontrados os sentimentos, interesses e motivações que, por um
motivo de maior ou menor relevância, encontram-se inacessíveis ao outro. O trabalho
fundamental é a reflexão sobre a permissão de acesso ao outro sobre tal conteúdo
oculto. Muitas vezes é estratégico compartilhar aspectos íntimos com o outro a fim
de alcançar sucesso nos empreendimentos.
Nesse tipo há o predomínio das seguintes características: maior solicitação de
feedback, baixa exposição, o que pode ser interpretado como desconfiança,
demonstrações frequentes de interesse sobre sua imagem perante os outros, o
que eles acham de suas ideias e de seus atos, manutenção de nível razoável de
participação no grupo, busca do conhecimento da posição dos outros antes de se
posicionar.
Tal conjunto de comportamentos tende a gerar no outro reserva e ansiedade, bem
como pode criar um clima de permissividade indevida, em que todos opinam e dão
feedback, sem completar o processo de autoexposição, o que tende a ser
disfuncional na comunicação.
Estilo interpessoal III – Eu cego
Nesse estilo encontra-se o sujeito com grande dificuldade de autopercepção, seu
comportamento é orientado por aspectos inconscientes, mas que é perceptível ao
grupo com razoável facilidade, devido à grande exposição desse sujeito. Nesse caso,
o trabalho fundamental inclui a busca de suporte profissional para que os aspectos
não reconhecidos sejam clarificados.
As características básicas desse tipo são: utilização do processo de autoexposição
com pouca solicitação de feedback, participação atuante no grupo, dando
informações, mas solicitando pouco, por receio de reconhecer sua imagem pelos
outros, baixo aproveitamento da função corretiva do feedback, por medo de
perder o poder, exercício da função protetora em relação ao grupo, provocando
comunicação disfuncional e prejuízos à produtividade do grupo.
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Tal conjunto de comportamentos gera, no grupo, hostilidade e apatia,
contribuindo para a quebra da confiança mútua na situação de trabalho.
Estilo interpessoal IV– Eu aberto
Esse último estilo representa um ideal do comportamento humano, onde há um
equilíbrio entre a autoexposição e a busca de feedback. Nessa situação há pessoas
e relacionamentos mais maduros e equilibrados.
As características predominantes são: utilização equilibrada de busca de feedback
e de autoexposição, franqueza associada à empatia pelas necessidades do outro,
comportamento claro e aberto para o grupo, provocando menos erros de
interpretação por parte do outro.
Esse conjunto tende a gerar relações interpessoais mais autênticas pela franqueza
recíproca e confiança mútua que se estabelece na equipe.
Agora, faça um exercício tentando relacionar os diferentes estilos interpessoais e
encontre aquele que você julga ser mais típico seu.
Resposta: Se você se identificou com o Estilo Interpessoal I – Eu Desconhecido, é
presumível que você sinta dificuldade em expor seus pensamentos, sentimentos e
crenças na interação com o grupo, tenha relacionamentos impessoais por saber
também muito pouco sobre os outros membros. Assim, é necessário desenvolver suas
habilidades para expor suas experiências e buscar o feedback dos outros membros do
grupo.
Se você escolheu o Estilo Interpessoal II– Eu Secreto, é imaginável que você tenha
muita necessidade de saber o que os membros do grupo pensam sobre você, mas
tenha dificuldade expor suas próprias experiências. Dessa forma, é importante
desenvolver suas habilidades de expor suas experiências para os outros membros do
grupo.
Se você optou pelo Estilo Interpessoal III– Eu Cego, é plausível que você seja uma
pessoa bastante expressiva no seu grupo, mas que tenha dificuldade em ouvir como
as outras pessoas se sentem convivendo com você. Assim, ao lado de sua participação
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atuante no grupo, é preciso desenvolver a busca de feedback para que você consiga
reconhecer sua imagem pelos outros.
Se você se aproximou do Estilo Interpessoal IV– Eu Aberto, é admissível que atue no
grupo de forma equilibrada, tanto com relação à exposição de suas experiências,
quanto à busca por feedback sobre sua imagem, gerando uma confiança mútua entre
você e os outros membros do grupo.
Aula 4 – Atitudes no relacionamento interpessoal
Nesta aula, você estudará as atitudes no relacionamento interpessoal, as situações
facilitadoras e seus dificultadores. Ao final, você será capaz de:
● Definir atitudes no relacionamento interpessoal; e
● Citar facilitadores e dificultadores no processo de interação social.
Pode-se definir atitude como reação ou maneira de ser, favorável ou desfavorável,
frente a situações, pessoas ou objetos, reais ou imaginários. A atitude tem três
componentes básicos: a cognição, o afeto e o comportamento.
● O aspecto cognitivo * vincula-se ao conhecimento, à percepção consciente.
● O aspecto afetivo relaciona-se às emoções e sentimentos
● O comportamento se expressa diretamente como um fazer, a conduta frente a
situações, pessoas ou objetos.
* Cognitiva: O termo cognição está relacionado ao conhecimento do que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
Diante do trabalho em grupo ou equipe, você com certeza já se confrontou com
algumas atitudes desempenhadas pelos integrantes, que podem contribuir ou não
com o desenvolvimento do trabalho. Ninguém está isento dessas posturas, inclusive
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você, portanto, o importante é refletir sobre as atitudes que tem que tomar e sua
ação na equipe. Vale salientar que as realizações sejam com quais forem as
intenções, são atitudes e essas afetam, com maior ou menor impacto, os diversos
grupos nos quais você participa.
Veja as atitudes que facilitam e as que dificultam os relacionamentos interpessoais.
Algumas atitudes contribuem para relacionamentos interpessoais de qualidade,
como por exemplo:
● A aceitação;
● A valorização e o respeito ao outro;
● A tolerância e a flexibilidade;
● A integridade e a honestidade;
● Evitar julgamentos apressados e sem base na realidade;
● A obediência às regras do grupo;
● A coragem de assumir as decisões tomadas;
● Saber ouvir de forma criativa;
● Controlar a ansiedade;
● Irradiação de confiança ao outro; e
● A tomada de iniciativas.
Já, dentre as atitudes que dificultam o relacionamento interpessoal e que devem
ser abordadas para que ocorra a promoção de ambientes equilibrados que permitam
a realização de sujeitos maduros, é possível destacar:
● O autoritarismo,
● A hostilidade,
● O comportamento defensivo,
● O preconceito,
● A indiferença,
● A arrogância,
● fofoca,
● A falta de comprometimento e
● A comunicação desfocada.
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Aula 5 – Estilos de liderança
Nesta aula, você estudará o conceito de liderança. Ao final da aula, você será capaz
de:
● Definir liderança; e
● Descrever os diferentes estilos de liderança.
Alexandre
(...)
Alexandre
De Olímpia e Filipe o menino nasceu, mas ele aprendeu
Que seu pai foi um raio que veio do céu.
(...)
Feito rei aos vinte anos
Transformou a Macedônia,
Que era um reino periférico, dito bárbaro,
Em esteio do helenismo e dos gregos,
Seu futuro, seu Sol.
O grande Alexandre, o grande, Alexandre
Conquistou o Egito e a Pérsia
Fundou cidades, cortou o nó górdio,
Foi grande;
Se embriagou de poder, alto e fundo,
Fundando o nosso mundo,
Foi generoso e malvado, magnânimo
E cruel (...)
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Alexander in Babylon , pintura de Charles Le Brun, 1665. Museu do Louvre.
Alexandre O Grande, rei da Pérsia, Macedônia, fundador de muitas e grandes cidades
da antiguidade é também reconhecido por muitos como a semente do atual ocidente.
Ele é um grande exemplo de liderança.
De acordo com o trecho da música apresentado na página anterior, comente as
características que faziam de Alexandre um líder.
Leia um conceito de liderança:
Liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas. É a habilidade de motivar e
influenciar uma equipe para que contribua, voluntariamente, da melhor forma com
os objetivos do grupo ou da organização.
Resposta: Na música Alexandre, as características de liderança citadas são
relacionadas ao cumprimento de grandes feitos - Transformou a Macedônia, que era
um reino periférico, dito bárbaro, em esteio do helenismo e dos gregos. Conquistou
o Egito e a Pérsia, fundou cidades, cortou o nó górdio. Trata-se de uma perspectiva
que pensa o sucesso do líder e do grupo sob a perspectiva da tarefa. Como
abordamos no contexto da competência interpessoal, também devem ser abordados
fatores como percepção da situação interpessoal, manutenção da coesão do grupo de
forma que as pessoas envolvidas continuem trabalhando juntas eficientemente, além
da habilidade de resolver problemas ou cumprir tarefas.
Estilos de Liderança
● Liderança autocrática
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Na Liderança autocrática o líder é focado apenas nas tarefas. Esse tipo de liderança
também é chamado de liderança autoritária ou diretiva. O líder toma decisões
individuais, desconsiderando a opinião dos liderados. O líder autoritário utiliza
uma técnica rígida e diretiva, favorecendo a dependência.
● Liderança democrática
Chamada ainda de liderança participativa ou consultiva, esse tipo de liderança é
voltado para as pessoas e há participação dos liderados no processo decisório.
● Liderança liberal ou Laissez faire
Laissez-faire é a contração da expressão em língua francesa laissez faire, laissez
aller, laissez passer, que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar".
Há controvérsia com relação à conceituação dessa posição como um genuíno estilo de
liderança.
Alguns autores o identificam como o tipo de liderança em que o grupo atingiu a
maturidade e não mais precisa de supervisão extrema de seu líder, de forma que
os liderados ficam livres para pôr seus projetos em prática e o líder liberal só
assume parcialmente a função de análise da situação e a orientação da ação. Há,
contudo, autores que não o identificam como estilo de liderança, afirmando que
se trata de uma liderança inoperante, em que o líder abdica de sua posição,
abandonando o grupo e não sendo capaz de envolvê-lo nas atividades.
(MOSCOVICI, 1997)
● Liderança Paternalista
É uma liderança que visa o fim dos conflitos em grupos, que visa um relacionamento
amável, onde o líder tem uma postura de representante paternal do grupo.
Fela Moscovici (1997) oferece uma interessante perspectiva a respeito de liderança e
participação no grupo. A autora avança na conceituação das funções líder-
participantes, propondo que há nessa interação muito mais do que a distinção entre
aquele que exerce a liderança e os demais que simplesmente participam. Segundo
seu ponto de vista, a liderança não é assumida por um membro do grupo de forma
continuada e única. Em diversos momentos e processos de interação, outros membros
exercem a liderança informal, em relação à etapa de vida do grupo e aos demais
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membros. Assim, integram o processo de interação humana variáveis relativas à
dinâmica da personalidade dos membros do grupo e à dinâmica grupal da situação-
momento do grupo.
“Assim, no plano intrapessoal, o indivíduo reagirá em função de sua necessidades
motivacionais, sentimento, crenças e valores, normas interiorizadas, atitudes,
habilidades específicas e capacidade de julgamento realístico; no plano interpessoal,
influirão as emoções grupais, o sistema de interação, o sistema normativo e a cultura
do grupo; no plano situacional, exercerão influência o contexto físico e social
imediato, o contexto cultural, o sistema contratado de relações e a dimensão
temporal.” (MOSCOVICI, 1997: 125-126)
Moscovici (1997) apresenta um modelo explicativo da interação grupal baseado em
duas dimensões de necessidades do líder:
● A necessidade de controle; e
● A de participação.
Tais necessidades correspondem ao níveis de atividade do funcionamento grupal.
Sua teoria permite identificar mais estilos de lideranças do que as apresentadas
anteriormente, que vão desde a posição de maior uso de autoridade pelo líder até a
de maior área de liberdade dos membros do grupo.
“Sob esse ângulo é possível relacionar o estilo de liderança à estrutura do grupo e
avaliar a diferença entre as necessidades expressas pelo líder e as oportunidades que
ele tem de satisfazê-las na posição que lhe é atribuída nessa estrutura. Pode-se,
ainda, estudar a relação entre os valores de líderes e membros e a satisfação com a
tarefa e a produtividade do grupo.” (MOSCOVICI, 1997: 127)
Tannenbaum e Schmidt (apud MOSCOVICI, 1997) apresentam um quadro
demonstrativo dos vetores de controle e participação na dinâmica grupal, onde é
possível visualizar sete estilos de lideranças, identificados por números.
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TANNENBAUM & SCHMIDT, apud MOSCOVICI, 1997: 128 -Fig. 10.1 – Escala contínua de
comportamentos de liderança
Veja a descrição da postura do líder e da participação dos membros.
1. O líder comunica sua decisão que é aceita sem contestação.
2. O líder ‘vende’ sua decisão antes de obter aceitação.
3. O líder testa sua decisão ouvindo opiniões dos membros do grupo.
4. O líder consulta os membros sobre antes de tomar a decisão.
5. O líder consulta os membros sobre alternativas de decisão.
6. O líder define limites dentro dos quais a decisão será tomada pelos membros.
7. Líder e membros tomam decisões em conjunto, dentro dos limites definidos
pelos superiores.
Agora que você já é capaz de definir liderança de acordo com algumas posições
teóricas, cite as características que você julga serem adequadas para um bom líder e
comente o porquê.
Resposta: Um bom líder deve saber equilibrar os processos de controle e de
participação dos membros do grupo nos processos decisórios, de organização e
execução da tarefa. Assim, é importante que líder e participantes do grupo possam
dialogar sobre suas situações-problema e estratégias de resolução.
Conclusão
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Neste módulo, você viu as relações interpessoais no contexto do trabalho, as
estratégias de comunicação, as atitudes no contato com o outro e os estilos de
liderança.
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. A frase “conjunto de três ou mais indivíduos” se refere a que tipo de definição
de grupo?
( ) Funcional
( ) Teórica
( ) Objetiva
2. O teórico Zimerman utiliza o jogo de quebra-cabeça para melhor conceituar:
( ) Indivíduo
( ) Grupo
( ) Equipe
3. Ainda de acordo com a teoria de Zimerman, é possível observar que:
( ) Um grupo deve construir diariamente seus conceitos.
( ) Um grupo deve usar regras severas para não desagregar.
( ) Um grupo deve ter os objetivos claramente definidos.
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4. O corpo pode representar raiva, contentamento, rancor, tristeza, respeito e
outros sentimentos a todo momento. Isso significa que o corpo possui:
( ) Uma expressão corporal como forma de linguagem.
( ) Uma ideia de linguagem desconhecida.
( ) Uma expressão de gestos representativos.
5. O recurso que permite a percepção de como você é observado pelos outros,
assim como os resultados das suas ações na equipe, chama-se:
( ) Avaliação
( ) Retroação
( ) Feedback
6. Quando em um grupo é utilizado o feedback está se contribuindo para:
( ) Reorientar, estimular e checar as ações dos indivíduos.
( ) Incentivando a competição saudável entre os indivíduos.
( ) Alimentando as organizações de informações importantes sobre os indivíduos.
7. Nas organizações, o eu público ou aberto está relacionado:
( ) À produtividade interpessoal.
( ) À vulnerabilidade interpessoal.
( ) À avaliação interpessoal.
8. A área onde as coisas sobre cada pessoa no seu íntimo ficam escondidas dos
outros é chamada de:
( ) Eu cego
( ) Eu desconhecido
( ) Eu secreto
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9. A competência interpessoal é a habilidade de lidar eficazmente com relações
de acordo com três critérios, são eles:
( ) Percepção interpessoal, habilidade para resolver problemas, soluções
considerando a união e eficiência do grupo.
( ) Interação interpessoal, visão de grupo e avaliação da eficiência grupal.
( ) Percepção interativa, habilidade situacional, soluções considerando a união e
eficiência do grupo.
10. Marque a alternativa em que todas as atitudes apresentadas dificultam o
relacionamento interpessoal.
( ) Autoritarismo, arrogância, indiferença e preconceito.
( ) Autoritarismo, vingança, indiferença e tolerância.
( ) Autoritarismo, arrogância, indiferença e tolerância.
11. Uma característica fundamental da liderança é que a contribuição do grupo é:
( ) Voluntária
( ) Compulsória
( ) Facultativa
12. Um chefe deixa as coisas fluírem para “ver no que vai dar”, é um chefe que
exerce a liderança:
( ) Liberal
( ) Autocrática
( ) Democrática
Este é o final do módulo 1 - Relações interpessoais no contexto laboral
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Gabarito
1. Objetiva
2. Grupo
3. Um grupo deve ter os objetivos claramente definidos.
4. Uma expressão corporal como forma de linguagem.
5. Feedback
6. Reorientar, estimular e checar as ações dos indivíduos.
7. À produtividade interpessoal.
8. Eu secreto
9. Percepção interpessoal, habilidade para resolver problemas, soluções
considerando a união e eficiência do grupo.
10. Autoritarismo, arrogância, indiferença e preconceito.
11. Voluntária
12. Liberal
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Módulo 2 – Estresse e atividades de Segurança Pública A psicologia do trabalho constitui um campo de estudos que toma para si a pesquisa
das relações entre a saúde mental e o trabalho. É importante ter em mente que esse
questionamento, que se inaugura num certo momento histórico, é fruto de uma
circunstância ligada ao surgimento da indústria e dessa nova figura que com ela
nasce: o operário. Mais precisamente, tal problemática diz respeito a um tipo de
adoecimento que não resulta simplesmente de uma infecção, colisão etc. Trata-se de
um adoecimento relacionado a um estilo de vida. A psicologia do trabalho procura,
então, entender esse contexto histórico e suas consequências com relação à saúde
mental.
No filme “Tempos modernos”, Charlie Chaplin conta a história de um trabalhador de
indústria e suas atribulações para adaptar-se à linha de montagem.
Sinopse: Um operário de uma linha de montagem, que testou uma
"máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é levado à loucura pela
"monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório, ele
fica curado de sua crise nervosa, porém desempregado. Ele deixa o hospital para
começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada e equivocadamente é
preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em
protesto. Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas,
que ainda são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado, no
entanto o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar
das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar.
Antes de iniciar as aulas desse módulo, assista ao filme, compare com sua vivência
no trabalho e descreva os pontos de destaque.
(http://www.youtube.com/watch?v=Vqnorw_Uwes&feature=related)
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Aula 1 – Conceitos fundamentais: risco x perigo, estresse e estressor
Nesta aula, você estudará os conceitos de estresse, estressor, risco e perigo. Ao
final, você será capaz de:
● Diferenciar risco e perigo; e
● Definir estresse laboral.
Estresse é uma palavra que está presente no dia-a-dia. É comum ouvir ou dizer:
“Fulano está estressado hoje!”, “Beltrano fica estressando os outros!”. Certamente,
a palavra estresse faz parte do cotidiano moderno, tal qual os termos: automóvel,
aeronave, computador, dentre outros.
Você sabe o que é o estresse? Reflita sobre o que se quer dizer ao utilizar
estresse no dia-a-dia. O que significa dizer: “Fulano está estressado?”
Resposta: Geralmente, as pessoas identificam “estar estressado” com sentimentos e
experiências negativos, como irritação, impaciência, depressão. Se você também
pensou dessa forma, poderá observar nesse curso que estresse não é uma experiência
negativa em seu sentido mais básico. Ao contrário, se inicia como uma experiência
positiva que visa a manutenção de nossas vidas. Mas, ele pode se tornar negativo,
dependendo do modo como o vivenciamos.
De modo geral, o termo estresse é utilizado para dizer sobre coisas ruins. O uso
coloquial desse termo aponta para uma noção bastante negativa do que venha a ser
“se estressar”. Usualmente, estresse lembra sentimentos negativos, como “cansaço”,
“fadiga”, “irritação” etc. O que você vai aprender é que o estresse
conceitualmente não precisa ter um significado negativo. Ao contrário, em seu
sentido mais básico, é uma reação que tem como finalidade preservar a vida.
Esse tema tem tudo a ver com a atividade de segurança pública. Essa categoria
profissional se diferencia das demais, pelo menos, pelo enfrentamento de situações
problemáticas.
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Nas horas de confusão, tumulto, roubo, assalto, briga, violência, ameaça, troca de
tiro etc. Qual é a tendência coletiva? Se afastar, sair da área. E os operadores de
segurança pública? Ao contrário, esses homens e mulheres se colocam à disposição
para as situações das quais a maioria das pessoas deseja distância. Situações em que
colocam em risco a própria vida, enquanto têm de dar proteção à vida de terceiros
(sociedade em geral, parceiros de trabalho etc). Executam suas atividades sob a
inconveniência de trabalhar num campo onde por um erro se pode passar, em
segundos, do exercício legal da profissão para a transgressão da lei.
A atividade de segurança pública impõe ao sujeito o que é chamado de situações-
limite, o que leva a crer que seu organismo responderá com reações de estresse.
As situações-limite podem ser descritas através dos conceitos de risco e perigo.
Quase todo policial ouve dizer que “polícia é profissão de risco”. Muitos são
desencorajados pela família a prestar concurso para a Polícia Militar por causa do
risco.
Como você define o que é risco e o que é perigo?
Verifique a adequação do seu conceito, acompanhando as definições a seguir.
Perigo pode ser definido como a ocasião em que se percebe frente a uma ameaça a
integridade física ou psíquica, isto é, você precisará agir para defender a vida.
O risco caracteriza-se pela percepção da possibilidade próxima de se estar frente a
uma ameaça. A diferença entre eles é que quando se percebe uma situação como
perigosa, a ameaça está de fato acontecendo e quando se interpreta como arriscada
considera-se que a ameaça está prestes a ocorrer.
Em sua carreira, você já vivenciou situações de risco ou de perigo? Caso positivo, cite
as razões pelas quais você as interpretou assim.
E como o estresse entra nessa história?
Quando você vivencia situações de risco ou perigo, seu corpo responde com uma
reação e o nome dessa reação é estresse.
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Assim, estresse significa uma resposta física e emocional desenvolvida pelo
sujeito quando esse se percebe frente a um evento de importância que exija dele
a criação de um comportamento novo.
Com os conceitos de risco e perigo é possível trabalhar também a noção de estressor,
que é a situação que desencadeia a reação de estresse.
Nas situações de risco e perigo que você descreveu anteriormente, você conseguiria
identificar o estressor, ou seja, o elemento desencadeador da reação de estresse?
Resposta: Estressor é aquilo que causa estresse, tente identificar qual característica
da situação desencadeou a reação.
Até agora, você verificou o quanto o estresse está relacionado com a atividade de
segurança pública. Num sentido mais amplo do que está sendo adotado nessa
exposição, a palavra estresse se origina do termo inglês stress e foi transposta da
física para a medicina pelo médico endocrinologista Hans Seyle (1956). Dessa
maneira:
Estresse constitui um conjunto de reações, com componentes físicos e
emocionais, que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que
exige um esforço para resolução.
O estresse no cotidiano pode ser ocasionado por diversos tipos e qualidades de
estressores: uma prova no colégio, um casamento, uma viagem, o nascimento de um
filho. Toda situação que representar um desafio frente ao qual o ser humano tem
que se adaptar pode desencadear uma reação de estresse.
Agora que você já sabe o que é estresse, estudará, nas próximas três aulas, as fases
dessa reação, bem como as características específicas de cada uma delas.
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Aula 2 – Fases do estresse – 1ª fase: Alerta
Nesta aula, você identificará a primeira fase: a fase de alerta. Ao finalizar você será
capaz de:
● Descrever as fases do estresse;
● Citar as características da fase de alerta; e
● Relatar as alterações psicológicas da exposição ao confronto armado.
A fase de alerta é a primeira resposta do organismo frente uma situação de
perigo, denominada reação de luta ou fuga. Nessa fase, o indivíduo sente um
acréscimo de força, vigor, motivação e criatividade. Desse modo, sua
produtividade aumenta.
Se a situação que desencadeia a reação de estresse (o estressor) tem uma duração
curta, a fase de alerta termina em algumas horas, após o retorno à situação de
equilíbrio. Deve-se atentar ao fato de que o estado de alerta não pode ser mantido
por muito tempo.
O que muda no seu corpo quando você está na fase de alerta?
“Para preparar o organismo para a reação de luta ou fuga ocorrem várias reações
metabólicas que objetivam o aumento da força muscular e da prontidão para ação,
visto que essas são capacidades necessárias para lutar ou fugir.” (Lipp, 1998)
Algumas partes do corpo envolvidas na reação de luta ou fuga sofrerão
transformações consideráveis. O cérebro receberá doses mais elevadas de
substâncias químicas excitatórias, que serão responsáveis pela manutenção do
estado de vigília (ficar sem dormir) por mais tempo, e farão com que o pensamento e
os comportamentos reflexos fiquem aguçados. As pupilas se dilatam. Ainda no
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intuito de dotar o organismo com maior potência muscular, observa-se o aumento da
frequência dos batimentos cardíacos e, por conseguinte, a elevação da pressão
sanguínea e a aceleração da respiração.
Alguns policiais referem-se às sensações experimentadas nesse momento como a
“adrenalina da ocorrência” e há um sentido nisso, visto que essas reações são
desencadeadas a partir da atuação desse hormônio secretado pelas glândulas
suprarrenais. Constata-se, nessa reação, o direcionamento da circulação sanguínea
para os órgãos vitais e para aquelas partes do corpo que estão envolvidas
diretamente na reação de luta ou fuga, especialmente ligadas à força muscular.
Alguns autores apontam a ocorrência de um dado interessante na fase de alerta. Há
uma tendência para que os cabelos e pêlos do corpo fiquem arrepiados, o que é
interpretado como um comportamento não-condicionado de procedência
filogenética, característico dos mamíferos. A ideia é a de que arrepiando os pêlos do
corpo, o organismo pareça, ao seu possível oponente na situação de luta, maior e
mais ameaçador.
No que se refere às partes do corpo que não são diretamente responsáveis pela
reação de luta ou fuga, observa-se uma redução na irrigação sanguínea nessas
regiões, ocasionando o empalidecimento da pele e esfriamento de extremidades
como mãos e pés. Com os órgãos sexuais ocorrem modificações análogas, como não
são necessários para lutar ou fugir, têm sua irrigação sanguínea diminuída na fase de
alerta.
O processo de digestão é interrompido enquanto o indivíduo se encontra na fase de
alerta, visto que a atividade digestiva requisita um grande conjunto de ações
metabólicas para se realizar.
No momento em que o organismo se encontra frente a uma situação que exige outro
grande esforço, a digestão representa uma atividade bastante dispendiosa e difícil de
ser levada adiante, ao mesmo tempo em que o sujeito precisa lidar com um
estressor. Dessa forma, compreende-se a razão pela qual alguns policiais vomitam
nos momentos que antecedem situações conflituosas ou de oposição, numa tentativa
do seu organismo liberar uma carga que é, naquele momento, excessiva.
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Finalmente, constata-se o aumento da produção de anticorpos e de plaquetas no
sistema imune, o que é interpretado como uma ação proativa do organismo,
prevendo uma resposta aos possíveis ferimentos causados por um embate corporal.
Visando minimizar os danos causados por infecções e/ou pela perda de sangue por
tais ferimentos, o corpo se prepararia para as situações conflituosas elevando sua
capacidade de resposta no que se refere ao sistema imune.
A psicóloga norte-americana Alexis Artwohl (1997) descreve as alterações
perceptivas, mnemônicas (da memória) e cognitivas* (do conhecimento ou
pensamento) na exposição ao conflito armado.
* Cognitiva: O termo cognição está relacionado ao conhecimento do que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
Alterações perceptivas
● Audição
Diminuição do som – Os sons que o indivíduo conseguiria ouvir perfeitamente, no
momento do confronto armado, tornam-se inaudíveis ou parecem estranhamente
distantes, abafados. Intensificação do som – Por outro lado, alguns sons podem ser
percebidos com maior intensidade.
● Visão
Visão de túnel – A visão torna-se extremamente focada na percepção da ameaça,
perdendo a visão percepção periférica.
Visão acurada – Percepção detalhada de objetos ou ações.
● “Piloto Automático”
Baixo nível de consciência, adoção de comportamentos fortemente condicionados,
automáticos.
Alterações cognitivas
● “Tempo em câmera lenta”
Os eventos podem parecer que se desenvolvem mais lentamente.
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● “Tempo acelerado”
Os eventos podem parecer que se desenvolvem muito rapidamente.
● Dissociação
A pessoa pode experimentar a sensação de estranhamento, como se os eventos
fossem parte de um sonho ou como se ele estivesse assistindo a ocorrência de um
ponto de vista externo (“fora” de si mesmo).
● Pensamentos intrusivos
Podem surgir ideias que não estão ligadas diretamente à situação tática, tais como
seus entes queridos, futuro, planos.
Alterações mnemônicas
● Lapsos de memória
Depois do evento existem partes da ocorrência ou ações de que a pessoa não
consegue se lembrar de ter feito.
● Distorções na memória
A pessoa pode lembrar de ter visto, ouvido ou experimentado algo durante o evento
que depois constatou não ter existido.
Tente perceber como essa exposição da fase de alerta pode ser esclarecedora com
relação aos fenômenos que você vivencia quando executa exercícios nas aulas
práticas de tiro, instrução tática, abordagem, patrulha, controle de distúrbios civis,
dentre outras.
Nesta aula, você estudou a fase de alerta, as alterações biopsicológicas que ela
produz no organismo e as alterações psicológicas da exposição ao conflito armado.
Na próxima aula, ampliará a compreensão sobre esse tema, estudando a segunda fase
do estresse, a resistência.
Aula 3 – Fases do estresse – 2ª fase: Resistência
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Na aula anterior, você estudou a fase de alerta. Agora, você estudará segunda fase
do estresse: a fase de resistência. Ao final, você será capaz de:
● Caracterizar a fase de resistência.
Essa fase sucede a fase de alerta na medida em que o organismo persiste em seu
esforço de adaptação. Trata-se de uma etapa intermediária, na qual aquela
sensação de vigor característica da fase inicial é substituída pela sensação de
desgaste.
A fase de resistência é uma tentativa do organismo de impedir o desgaste total,
entretanto, já aparece o sentimento de cansaço generalizado, de desconforto. O
aumento de produtividade que se verificava na fase de alerta dá lugar ao desgaste.
Podem ocorrer falhas de memória, a ansiedade aumenta e o indivíduo também fica
mais vulnerável a infecções por vírus e/ou bactérias, pois seu organismo está se
enfraquecendo.
Essa é uma fase de transição, como um aviso ao sujeito de que o esforço está
sendo maior do que o suportável. Indica que está na hora de rever a relação entre
a carga e a disposição para o trabalho.
Faça um exame de suas vivências no trabalho e indique as situações em que você
percebe a experiência de desgaste.
Nesta aula, você estudou a fase de resistência, na próxima você saberá o que
acontece na fase de exaustão.
Aula 4 – Fases do estresse – Fase de exaustão
A aula passada abordou a fase de resistência. Agora, você estudará a terceira e
última fase do estresse: a fase de exaustão.
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A exaustão é a fase mais negativa do estresse. Ocorre quando todas aquelas
reações que tinham inicialmente a finalidade de preservar o organismo, mantidas
por um período por demais prolongado, tornam-se prejudiciais ao indivíduo. O
estresse pode passar a causar adoecimento.
Quando a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional
dá sinais de esgotamento e total desconforto. O excesso de esforço realizado pelo
organismo pode contribuir para o aparecimento de doenças.
Você se lembra que estudou as alterações biopsicológicas que ocorrem no corpo na
fase de alerta? Agora, retorne àquelas alterações biopsicológicas características do
estresse, para compreender de que forma as transformações metabólicas, que
tinham inicialmente o objetivo de manter a vida, podem, quando levadas a um grau
excessivo de exigência, prejudicar a saúde, proporcionando o aparecimento de
algumas doenças psicossomáticas – doenças de causa emocional.
Na fase de exaustão verifica-se um decréscimo da atividade cognitiva ou atividade
do pensamento, que estava em alta produtividade na fase inicial do alerta, mas que,
agora, dá sinais de esgotamento, observado pelo prejuízo no raciocínio, dificuldade
de se concentrar ou de tomar decisões, lapsos de memória, comportamento escapista
(vontade de fugir de tudo) e também algumas alterações de humor como a depressão
ou a irritabilidade excessiva.
Os batimentos cardíacos acelerados e a pressão arterial elevada podem levar ao
aparecimento de doenças cardiovasculares e problemas respiratórios, como a asma.
A falta de irrigação sanguínea na pele pode proporcionar queda e escamação do
couro cabeludo, irritação, escamação e envelhecimento precoce da pele, assim como
o desenvolvimento de doenças dermatológicas, como a psoríase, o vitiligo, etc. A
vulnerabilidade do organismo também pode aumentar para problemas como diabetes
e obesidade.
A tensão constante pode causar dores, principalmente no pescoço, costas e ombros,
e também sensação de cansaço generalizado. Gripes e resfriados podem se tornar
frequentes, devido ao desgastes das capacidades de resposta do sistema imune. Com
relação aos órgãos sexuais pode ocorrer a diminuição da libido (abatimento da
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vontade de ter relações sexuais), ocasionando impotência sexual ou frigidez. O
aparelho digestivo pode ficar vulnerável ao aparecimento de úlceras ou gastrite.
Nesta aula, você conheceu a fase de resistência e as transformações que ela produz
no organismo. Você tinha conhecimento de algum tipo de adoecimento ligado ao
estresse? Caso positivo, relacione-os.
Resposta: Algumas patologias podem estar associadas ao estresse, dentre elas,
destacamos: prejuízo no raciocínio, dificuldade de se concentrar ou de tomar
decisões, lapsos de memória, comportamento escapista, alterações de humor como a
depressão ou a irritabilidade excessiva. Doenças cardiovasculares como hipertensão,
problemas respiratórios, como asma. Queda e escamação do couro cabeludo,
irritação, escamação e envelhecimento precoce da pele, psoríase, o vitiligo, etc.
Diabetes e obesidade. Dores, principalmente no pescoço, costas e ombros. Gripes e
resfriados podem se tornar freqüentes, devido ao desgastes das capacidades de
resposta do sistema imune. Diminuição da libido (abatimento da vontade de ter
relações sexuais), ocasionando impotência sexual ou frigidez. Úlceras ou gastrite.
O estresse pode auxiliar na manutenção da vida ou pode incidir para o adoecimento,
como você entende essa distinção? Na próxima aula, você saberá o estresse pode ser
positivo ou negativo.
Aula 5 – Estresse positivo, estresse negativo e o gerenciamento do estresse
Nas aulas anteriores, você conheceu as três fases do estresse. Ao finalizar esta aula,
você deverá ser capaz de:
● Distinguir entre estresse positivo e estresse negativo;
● Descrever o princípio fundamental do gerenciamento do estresse; e
● Comparar as fases do estresse com sua atual situação emocional e física.
Com o que estudou até agora, você percebeu que as fases do estresse produzem
efeitos diferentes no organismo. É importante retomar o debate inicial sobre a ideia
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de que, embora o uso coloquial do termo estresse aponte para algo ruim, o estresse
pode ter resultados diversos no organismo. Então, faz-se necessário distinguir entre
o estresse positivo e o negativo.
A fase produtiva é a inicial, a do alerta. O organismo produz adrenalina que dá
ânimo, vigor, energia, agilidade e criatividade. Sabendo administrar o estresse, é
possível beneficiar-se devido a motivação que esse estágio produz.
O estresse se torna negativo se for experimentado em excesso, quando a pessoa
ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. Logo, a qualidade de
vida diminui.
“Dessa forma, o que determina se a reação de estresse traz benefícios ou
malefícios para o organismo corresponde à duração do período em que o sujeito
se encontra sob o esforço de adaptação. Gerenciar o estresse seria, portanto,
manejar o próprio cotidiano de maneira a alternar o estado de alerta com períodos
de equilíbrio, para completar a recuperação do organismo.” (Lipp, 1998)
Você sabe quando está estressado? Como você pode identificar o estresse?
Resposta: Adiante, você fará uma avaliação para sintomas de estresse. Por hora, faça
uma auto-avaliação respondendo sim ou não para estar estressado e guarde essa
informação para comparar com o resultado da avaliação.
A percepção do estado de estresse pelo indivíduo é um fator considerável no
gerenciamento do estresse. A ideia é de que um indivíduo que perceba uma alteração
no equilíbrio de seu organismo – sob a forma desse conjunto de sintomas
apresentados – e os atribua ao estresse, tenderá a procurar alguma forma de
tratamento para esse fenômeno, enquanto que aquele que está estressado e não
percebe ou não reconhece tais alterações em seu organismo, terá menor tendência a
procurar tratamento, aumentando as chances de agravamento de doenças.
Na sua experiência, quais estratégias você utiliza para fazer o gerenciamento do
estresse?
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Resposta: Na próxima aula, você poderá conferir algumas recomendações para o
manejo do estresse, guarde as estratégias que você descreveu aqui para compará-las
com as que serão apresentadas.
Nesta aula, você distinguiu o estresse positivo do negativo, estudou o princípio
fundamental do gerenciamento do estresse e avaliou sua condição atual com relação
ao estresse. Na próxima aula, você poderá comparar suas estratégias de
gerenciamento com algumas recomendações para o manejo do estresse.
Aula 6 – Gerenciamento do estresse
Na aula passada, você citou as estratégias que utiliza para o gerenciamento do
estresse. Agora, você poderá compará-las com algumas recomendações para o
manejo do estresse. Ao final da aula, você será capaz de:
● Aplicar estratégias para o gerenciamento do estresse no cotidiano.
Nesta aula serão abordados alguns procedimentos e atitudes que podem auxiliá-lo
no gerenciamento do estresse. Trata-se de recomendações e não “soluções
mágicas” para o manejo do estresse.
Portanto, é preciso que você faça uma reflexão sobre seu cotidiano e pense como
será possível adequar o esforço que você demanda de seu organismo à disposição que
você identifica possuir para enfrentá-lo.
Recomendações para o gerenciamento do estresse:
Alimentação
É importante repor as energias e os nutrientes utilizados nos momentos de maior
estresse. Uma alimentação equilibrada será uma boa aliada na manutenção da saúde
frente ao esforço que a reação de estresse exige.
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É necessário ser prudente no consumo de álcool e nicotina, pois essas substâncias dão
a falsa impressão de relaxamento ao sujeito. Elas causam a ilusão de que estamos
relaxados, quando, na verdade, esse equilíbrio emocional nada mais é do que um
efeito induzido pelo álcool ou pela nicotina. Vale ressaltar que, consumindo
demasiadamente tais substâncias na fase de exaustão, o sujeito não irá resolver a
situação que lhe causa extremo desgaste, mas terá a impressão equivocada de que
está relaxado.
São indicativos de consumo nocivo, os comportamentos de:
● Dependência
Quando beber não é uma escolha, mas uma necessidade para se sentir melhor.
● Tolerância
Quando a bebida não faz mais efeito, se for tomada em pequenas doses.
● Aumento súbito no consumo
Quando o sujeito passa a beber muito, os familiares reclamam que ele não sabe a
hora de parar, ele próprio perde o controle de seus atos quando bebe.
Lazer
Quando se está tenso, é preciso alguns momentos de descanso, que ajudam a
eliminar o excesso de adrenalina. Vários tipos de lazer podem produzir esse
relaxamento, recomenda-se que o sujeito faça uma autoavaliação das atividades que
mais lhe proporcionam satisfação, buscando introduzir no seu cotidiano horários e
espaços em que ele possa exercê-las.
Exercício físico
O exercício físico proporciona bem-estar corporal, pelas substâncias que é capaz de
produzir em nosso organismo, e também é um grande aliado na capacitação de nosso
corpo para as ações que requerem força muscular.
Qualidade de vida
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É preciso reservar alguns momentos para refletir sobre quais são nossas prioridades.
Controlar a pressa, o que chamamos a “corrida contra o relógio”. É preciso pensar
sobre os efeitos de cargas excessivas de trabalho e as implicações da desobediência
aos períodos de descanso. O trabalho noturno, sobretudo, tende a alterar os ritmos
de sono e vigília (ficar acordado).
Estabilidade emocional
Viver bem significa ter uma vida equilibrada nas áreas afetiva, social, profissional
e da saúde. É necessário que os profissionais fiquem atentos e tenham cuidados a
todas as esferas de realização pessoal, tendo em vista os prejuízos de sobrepor a
importância de qualquer das áreas sobre as outras, por exemplo, minimizado a
importância de um compromisso familiar, só atentando para as preocupações
profissionais, ou comprometer a estabilidade da atuação profissional por razão de
não dar conta de situações preocupantes na esfera afetiva, desviando-se de resolver
as questões familiares e sociais nos locais onde elas são originadas e “descontando”
no trabalho, dentre outras. O interessante é tentar buscar um equilíbrio, onde
todas as possibilidades de relacionamento possam ser exercidas de forma
harmoniosa.
Preencha o questionário abaixo sobre sintomas do estresse e verifique o nível de
estresse ao qual está submetido. Indique quantas vezes na última semana você
sentiu o descrito abaixo, depois verifique o resultado, consultando a tabela
abaixo:
( ) Tensão muscular, tais como aperto de mandíbula, dor na nuca etc.;
( ) Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente;
( ) Esquecimento de coisas corriqueiras, como o número de um telefone que usa
com freqüência, onde pôs a chave etc.;
( ) Irritabilidade excessiva;
( ) Vontade de sumir de tudo;
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( ) Sensação de incompetência, de que não vai conseguir lidar com o que está
ocorrendo;
( ) Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto;
( ) Ansiedade;
( ) Distúrbio do sono, ou dormir demais ou de menos;
( ) Cansaço ao levantar;
( ) Trabalhar com um nível de competência abaixo do seu normal;
( ) Sentir que nada mais vale a pena.
Tabela de respostas
Pontuação Nível de estresse
Nenhum item assinalado
com mais de quatro
reincidências
Parabéns, seu corpo está em pleno funcionamento no que
se refere ao stress.
De 1 a 3 itens
assinalados com mais de
quatro reincidências
A vida pode estar um pouco estressante para você. Avalie
o que está ocorrendo. Veja o que está exigindo demais de
sua resistência. Pode ser o mundo lá fora, pode ser você
mesmo. Fortaleça o seu organismo.
De 4 a 8 itens
assinalados com mais de
quatro reincidências
Seu nível de stress está alto, algo está exigindo demais do
seu organismo. Você pode estar chegando no seu limite.
Considere uma mudança de estilo de vida e de hábitos.
Analise em que o seu próprio modo de ser pode estar
contribuindo para a tensão que está sentindo.
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Mais de 8 itens
assinalados com mais de
quatro reincidências
Seu nível de stress está altíssimo. Cuidado. Procure ajuda
de um psicólogo especializado em stress. Sem dúvida você
tem fontes de stress representadas pelo mundo ao seu
redor (pode ser família, ocupação, sociedade etc.) e
fontes internas (seu modo de pensar, de sentir, de ser)
com as quais precisa aprender a lidar.
Retirado de:
LIPP, Marilda Novaes. O Stress Está Dentro de Você diversidade disponível na World Wide
Web, link:
http://www.autoconhecimento.valzacchi.com.br/O%20Stress%20Esta%20Dentro%20De%20Voc
e.pdf#page=9
Conclusão
Neste módulo, você estudou o fenômeno do estresse.
Existem instrumentos de avaliação do estresse que podem lhe dar uma referência se
você está estressado ou não, em que fase do estresse se encontra e quais tipos de
sintomas você apresenta. Consulte o serviço de psicologia de sua instituição para
saber as formas de acesso a esse tipo de avaliação.
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. Às vezes, a atividade de Segurança Pública impõe situações difíceis que
poderão ser respondidas com reações de estresse. Uma delas é o risco que se
define como:
( ) A percepção da possibilidade próxima de estar frente a uma ameaça.
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( ) A percepção de que as coisas não vão bem.
( ) A maneira pela qual vamos defender a nossa vida.
2. De acordo com o que estudou, estresse se define como:
( ) Uma resposta física desenvolvida pelo sujeito quando se percebe frente a um
evento de importância que exija dele a criação de uma reação de defesa.
( ) Uma resposta física desenvolvida pelo sujeito quando se percebe frente a um
evento de importância que exija dele a criação de um comportamento novo.
( ) Uma resposta física e emocional desenvolvida pelo sujeito quando se percebe
frente a um evento de importância que exija dele a criação de um comportamento
novo.
3. Uma situação que desencadeia uma reação de estresse é chamada de:
( ) Estressor
( ) Moderada
( ) Física
4. Na reação de luta ou fuga, resposta do organismo frente uma situação de
perigo, o indivíduo pode sentir:
( ) Desespero e raiva
( ) Vigor e depressão
( ) Motivação e força
5. Alguns policiais têm uma definição peculiar para as reações da fase de alerta.
Eles a chamam de:
( ) Adrenalina da ocorrência
( ) Insônia de reação
( ) Sensação de adrenalina
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6. Que processo do organismo é interrompido enquanto o indivíduo encontra-se
na fase de alerta?
( ) Circulação
( ) Respiração
( ) Digestão
7. Quais os três tipos de alterações observadas na fase de alerta?
( ) Perceptivas, mnemônicas e cognitivas.
( ) Cognitivas, automáticas e comportamentais.
( ) Mnemônicas, auditivas e conscientes.
8. Quando o organismo tenta impedir o desgaste total, mas já aparece o
sentimento de cansaço generalizado e de desconforto, em que fase do estresse o
indivíduo se encontra?
( ) Alerta
( ) Resistência
( ) Exaustão
9. Na exaustão, é possível observar os sintomas de várias doenças de causa
emocional. Elas são denominadas:
( ) Orgânicas
( ) Psicossomáticas
( ) Funcionais
10. De acordo com o que foi estudado na aula 5, o estresse:
( ) De qualquer forma que se apresente no indivíduo trará malefícios.
( ) Não é passível de convivência.
( ) Pode ser usado ao favor do ser humano se souber administrá-lo.
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11. O que determina se reação de estresse trará benefícios ou malefícios para o
organismo?
( ) A duração do período em que o sujeito se encontra sob o esforço de adaptação.
( ) A produção de adrenalina que dá ânimo, vigor, energia, agilidade e criatividade.
( ) Os efeitos distintos em cada organismo.
12. Uma das formas de gerenciar o estresse é:
( ) O indivíduo buscar trabalhar um pouco mais.
( ) O indivíduo buscar se beneficiar do estresse negativo.
( ) O indivíduo perceber as alterações no equilíbrio de seu organismo.
13. Marque com um (X) as alternativas que demonstram um bom gerenciamento
do estresse:
( ) Ter uma alimentação adequada.
( ) Dormir no mínimo duas horas por noite.
( ) Fazer uso da nicotina.
( ) Trocar suas férias por dinheiro ou contá-la para aposentadoria.
( ) Comer sempre em lanchonetes fast food.
( ) Dormir regularmente oito horas por dia.
( ) Tirar férias regularmente.
( ) Fazer exercícios físicos regularmente.
( ) Emendar um trabalho no outro sem descanso, podendo ganhar mais.
( ) Ter uma boa avaliação médica de três em três anos.
( ) Fazer exercícios físicos pelo menos quatro horas por dia.
Este é o final do módulo 2 - Estresse e atividade de Segurança Pública
Gabarito
1. A percepção da possibilidade próxima de estar frente a uma ameaça.
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2. Uma resposta física e emocional desenvolvida pelo sujeito quando se percebe
frente a um evento de importância que exija dele a criação de um comportamento
novo.
3. Estressor
4. Motivação e força
5. Adrenalina da ocorrência
6. Digestão
7. Perceptivas, mnemônicas e cognitivas.
8. Resistência
9. Psicossomáticas
10. Pode ser usado ao favor do ser humano se souber administrá-lo.
11. A duração do período em que o sujeito se encontra sob o esforço de adaptação.
12. O indivíduo perceber as alterações no equilíbrio de seu organismo.
13. Ter uma alimentação adequada.
Dormir regularmente oito horas por dia.
Tirar férias regularmente.
Fazer exercícios físicos regularmente.
Ter uma boa avaliação médica de três em três anos.
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Módulo 3 – Pós-trauma
Neste módulo, você estudará as formas de enfrentamento de situações impactantes,
tais como acidentes, ocorrências com feridos ou com óbitos.
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas:
Aula 1 – Processo de luto e tarefas do luto
Aula 2 – Posturas no atendimento de pessoas em luto
Aula 3 – Exposição a situações impactantes
Aula 4 – Reação aguda ao estresse e o transtorno de estresse pós-traumático
No filme “Vivendo no limite” (http://www.youtube.com/watch?v=sfUwvmRmMtw),
o ator Nicolas Cage interpreta Frank Pierce, um socorrista que enfrenta uma dura
rotina de trabalho a bordo de uma ambulância. Pierce se depara com situações
impactantes que implicam em sérias consequências para sua saúde mental. Leia a
sinopse.
Sinopse do filme “Vivendo no limite”
Sinopse: Que sentimentos passam pela cabeça de um ser humano obrigado a lidar
com os limites entre a vida e a morte diariamente? Martin Scorsese mergulhou no
mundo dos paramédicos novaiorquinos e esquadrinhou a vida cotidiana de homens e
mulheres que enfrentam, cara a cara, o desespero de pessoas à beira da morte. O
filme é estrelado por Nicolas Cage, no papel do paramédico Frank Pierce, que, aos
poucos, sucumbiu diante do peso de anos e anos salvando e perdendo vidas.
Assista esse filme e comente o que você sente ao atender a uma ocorrência em que
há feridos ou mortos.
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Reconhecer as experiências frente a situações impactantes é uma maneira, ainda que
inicial, de tratamento. Utilize as experiências descritas por você aqui para compará-
las com as reações que descritas adiante.
Aula 1 – Processo de luto e tarefas do luto
Adriana Calcanhoto, na música “Metade” (http://www.youtube.com/watch?v=i-
DkGcdSrq8&feature=related), descreve uma experiência pessoal marcada pela
sensação psicológica de ausência e de arrebatamento, descrita como “perder o
chão”. Pela falta de uma outra pessoa, a personagem da música se diz “ao meio” ou
em “milhares de cacos”, como se uma parte dela tivesse sido perdida quando essa
outra pessoa a deixou. Assim, tudo que costumava ser fácil para ela – falar, chegar na
hora, trancar a porta – torna-se difícil. Até mesmo a sensação de intimidade consigo
mesma é abalada, narrada como “não morar mais em si mesma”.
Metade
Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está
Agora?
(Adriana Calcanhoto)
Como você interpreta a experiência apontada na música?
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Resposta: Na interpretação da música, tente tematizar as reações características do
processo de luto: dificuldade em direcionar a afetividade e perda de interesse.
Nesta aula, você estudará o processo de luto e será capaz de:
● Descrever o processo de luto; e
● Citar as tarefas do luto.
Vários autores em psicologia abordam o tema do luto. Veja a perspectiva que a
psicanálise de Sigmund Freud conferiu a esse tema.
“ Freud (1980) define o luto como uma reação à perda de um ente querido ou à
perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a
liberdade ou o ideal de alguém. O luto pode ser vivido em decorrência da morte,
afastamento, perda de capacidades físicas ou psicológicas, por mudanças que exigem
uma reorganização interna e externa.” (Bromberg, 1994)
Como você deve ter verificado nas ocorrências de acidente, abordando pessoas que
perderam entes queridos, esses indivíduos estão se deparando com uma realidade
nova da qual as pessoas amadas foram repentinamente subtraídas. No caso de
calamidades, que os bombeiros tanto enfrentam em sua carreira profissional, o luto
pode advir em consequência à perda do ambiente – casa, bairro, cidade. E isso
também se coloca no caso de refugiados que têm que deixar seu país ou localidade
em que viviam.
O luto não pode ser entendido como um adoecimento, uma vez que é um
processo necessário para o psiquismo. No luto verifica-se uma inibição da
afetividade e perda de interesse no mundo externo. Ele implica num trabalho de
substituição do objeto amado, com a necessidade de redirecionar o investimento
afetivo. Quando o sujeito percebe que não possui mais o objeto amado, necessita
redirecionar sua afetividade para um novo amor. Essa exigência requer um trabalho
difícil, pois abandonar a antiga relação afetiva é uma manobra complicada.
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As tarefas do luto começam com a aceitação da realidade da morte, sendo necessário
aceitar a irreversibilidade da morte e a impossibilidade do reencontro. Em seguida, é
preciso reconhecer os sentimentos, criando um ambiente em que seja possível
expressá-los. Uma outra atitude refere-se ao ajuste ao ambiente na ausência do
falecido. Finalmente, a reorganização emocionalmente que inclui o investimento
afetivo em outras relações e em novos objetivos de vida. (Bromberg, 1994)
É importante frisar que quando o trabalho do luto se conclui, as relações afetivas
podem ser recuperadas. É por isso que o processo de luto é necessário, pois é por ele
que o sujeito recupera sua capacidade de amar.
Leia a letra da música “Começar de novo”, de Ivan Lins, e escreva suas impressões
sobre a ideia de que o processo de luto é uma tarefa para redirecionar uma relação
afetiva.
Começar de novo
(Ivan Lins)
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ter me rebelado
Ter me debatido
Ter me machucado
Ter sobrevivido
Ter virado a mesa
Ter me conhecido
Ter virado o barco
Ter me socorrido
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Sem as suas garras
Sempre tão seguras
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Sem o teu fantasma
Sem tua moldura
Sem suas escoras
Sem o teu domínio
Sem tuas esporas
Sem o teu fascínio
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Já ter te esquecido
Começar de novo
Para ouvir a musica entre neste endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=Nj_X-Uv7yyA&feature=relatedpara ouvir a
música.
Aula 2 – Posturas no atendimento de pessoas em luto
Na aula passada, você estudou as tarefas do luto. Agora que você compreendeu o
processo psicológico envolvido nessa experiência, será fácil adotar uma postura
respeitosa no tratamento de pessoas enlutadas.
Ao final desta aula, você será capaz de:
● Atender pessoas enlutadas com empatia; e
● Sensibilizar-se para o reconhecimento de relações afetivas não usuais.
O que as pessoas precisam nessa hora é vivenciar suas emoções num ambiente de
compreensão e empatia. Muitas vezes a pessoa tem dificuldades para expressar seus
sentimentos, seja porque eles são duros de se reconhecer, seja porque as outras
pessoas criticam suas expressões. Não são poucos que relatam terem que se esconder
para chorar por um ente falecido, dada a reação que isso provoca nos outros ou por
não suportar ver outras pessoas sofrendo nessas ocasiões.
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A atitude mais importante é ouvir, desenvolvendo as habilidades de escuta. Aceitar o
fato de que a pessoa enlutada precisa falar, pois isso ajuda em seu processo de
aceitação da realidade da morte.
Uma outra postura diz respeito à conscientização de que não é possível “consertar a
dor” que o outro está passando. Não só não é possível poupá-lo do sofrimento, como
sua reconstrução precisa da vivência desses sentimentos. Não é preciso dar
conselhos, tentar fazer com que a pessoa “veja a situação de outra maneira” ou
mesmo concordar com o que ela diz. Num primeiro momento, seus sentimentos são
ainda muito intensos para que tal convite possa ser considerado ou você possa fazer
um debate de ideias. Você não precisa explicar para a pessoa porque o acidente
ocorreu ou o que deveria ter acontecido. Esclareça o que você sabe e informe que
você ainda não tem todos os elementos para explicar outras coisas.
Mas, quem são as pessoas que ficam de luto? O contexto social nos faz reconhecer
facilmente certas relações afetivas que “credenciam” uma pessoa a ser reconhecida
como enlutada. Porém, esse contexto muitas vezes exclui algumas relações afetivas
como se elas não fizessem parte do mundo do falecido e do enlutado. Chama-se essa
exclusão de luto não-reconhecido.
Uma relação afetiva pode não ser reconhecida em casos de relacionamentos
extraconjugais, relações a distância, amores platônicos (como ídolos), abortos, tipos
de união não-tradicional, parceria homossexual, perdas simbólicas (como papel
social, função, status) e amizades com animais. (Bromberg, 1994)
Os procedimentos abaixo relacionados podem auxiliá-lo na abordagem de uma
pessoa em luto:
● As notícias de ferimento, morte ou acidente devem ser dadas num ambiente
calmo, em que você não seja interrompido e que possa acomodar você e a pessoa,
ambos sentados;
● Trate a pessoa pelo nome e informe-se sobre o nome do(a) falecido(a). Pergunte;
● Diga mensagens claras, evite linguagem figurada;
● Diga uma informação nova de cada vez e perceba se a pessoa está compreendendo.
Considere ter que repetir várias vezes a mesma notícia;
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● Evite expressões associadas à morte como “perder a cabeça”, “morrer de fome” ou
clichês e piadas;
● Disponha-se a ouvir o que a pessoa tem para te dizer, mesmo que a pessoa repita
muitas vezes a mesma história; e
● Observe se a pessoa emite mensagens de suicídio. Se isso ocorrer, aborde o assunto
com ela, pergunte o que ela quer dizer com a mensagem e o porquê.
Escolha uma situação em seu cotidiano para praticar suas habilidades de escuta e
anote os resultados dessa experiência.
Resposta: Tente praticar a escuta, dando realce às seguintes habilidades:
- Escolha de um ambiente propício ao tipo de conversa que será realizada, atentando
para o conteúdo, barulho, acomodação, pessoas que possam incomodar.
- Referir-se à pessoa, utilizando seu nome.
- Utilizar mensagens claras para o que você tem a dizer.
- Monitorar se a pessoa está entendendo o que você diz.
- Ter paciência para repetir, caso seja necessário.
- Dispor-se a ouvir o que a pessoa tem para te dizer, mesmo que a pessoa repita
muitas vezes a mesma história.
Se você teve dificuldade em memorizar o que a pessoa estava dizendo, é possível
utilizar um bloco de anotações. Para isso, você precisará avisar à pessoa que você
está anotando para manter o máximo de informações que ela está te trazendo e que
talvez você tenha que olhar para o papel algumas vezes enquanto ela fala, mas ela
não precisa parar a conversa porque você estará escutando atentamente. (Mas, não
fique olhando para o papel o tempo todo.)
Aula 3 – Exposição a situações impactantes
Na aula anterior você estudou certas posturas no atendimento de pessoas em luto.
Agora, é indispensável estudar como a exposição a situações de lutos afeta os
profissionais que lidam diariamente com essas situações, fazendo com que sejam
vivenciadas algumas emoções nesse processo.
Nesta aula, você será capaz de reconhecer os efeitos da exposição a acidentes em
seu cotidiano.
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Como foi retratado no filme “Vivendo no limite” mencionado na apresentação do
módulo, atender ocorrências com pessoas feridas ou mortas pode gerar sentimentos,
como culpa, raiva, choque, dificuldade de acreditar no que aconteceu, tristeza ou
medo.
Tudo o que você estudou nas tarefas do luto, também se aplicam no caso do
profissional de socorros. Os socorristas, bombeiros ou policiais que atuam em
acidentes precisam aceitar seus limites com relação à realidade da morte. Isso vale
muito para as ocasiões em que há falecimento, apesar de todos os esforços da equipe
em garantir o suporte básico de vida. Todos os profissionais atuam numa realidade
que muitas vezes se impõe de forma a nos mostrar a fragilidade desses limites.
É interessante adotar procedimentos como reuniões de equipe em que os
profissionais possam falar de suas emoções no confronto com acidentes. Essas
reuniões devem primar pelo clima de respeito e ajuda mútua, fazendo com que as
pessoas sintam-se confortáveis para reconhecer suas experiências e expressar
sentimentos.
Em sua carreira profissional foi disponibilizado algum espaço para que suas
emoções fossem reconhecidas e expressadas?
Você pode procurar o serviço de psicologia de sua instituição ou localidade para
consultar atendimentos clínicos individuais ou em grupo que podem auxiliá-lo na
elaboração das experiências decorrentes da exposição a situações impactantes.
Resposta: Caso positivo, tente avaliar se este espaço garantia uma comunicação
eficaz entre os participantes e descreva os resultados obtidos com essa experiência.
Aula 4 – Reação aguda ao estresse e o transtorno de estresse pós-traumático
Nas aulas anteriores, você estudou o processo de luto. Agora você estudará uma
reação psico-fisiológica decorrente de forte impacto emocional. Podem constituir
situações desse tipo os acidentes, desastres, calamidades, catástrofes, sequestros,
estupros, traumas individuais ou coletivos.
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Nesta aula, você estudará:
● Como orientar pessoas em reação aguda ao estresse quanto ao fenômeno e às
condutas adequadas; e
● Como orientar e encaminhar pessoas com transtorno de estresse pós-traumático
para tratamentos adequados.
De acordo com a classificação internacional de doenças (CID-10), a reação aguda ao
estresse constitui:
“Transtorno transitório que ocorre em seguida a um estresse físico e/ou psíquico
excepcional e que desaparece em algumas horas ou dias. Os sintomas se manifestam
habitualmente nos minutos que seguem a ocorrência do estímulo ou do
acontecimento estressante e desaparecem no espaço de dois a três dias.” (CID-10)
Embora conste numa classificação de doenças, a reação aguda ao estresse não
deve ser entendida como uma patologia. Sua ocorrência deve-se à gravidade da
situação enfrentada pelo sujeito. Assim, ela é uma reação normal a uma situação
anormal.
A reação aguda ao estresse inclui os seguintes fenômenos:
● Lembrar do acidente sem a ação voluntária da consciência. De repente, a pessoa
revive momentos do acidente, rememorando imagens, sons e odores;
● Sonhos angustiantes e repetidos do acidente;
● Angústia intensa ao lembrar; e
● Reações fisiológicas, como aceleração dos batimentos cardíacos, suor ou tremores
ao lembrar.
Você deve orientar as pessoas que atender num acidente a procurar atendimento
médico, evitar o consumo de bebidas alcoólicas após o acidente, visto que certas
pessoas podem procurar consumir álcool para se acalmar, a se alimentar
corretamente e com regularidade, a manter a regularidade no sono, evitando o
uso descomedido de substâncias estimulantes.
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De acordo com a classificação internacional de doenças (CID-10), o transtorno de
estresse pós-traumático compõe:
“Resposta retardada a uma situação ou evento estressante (de curta ou longa
duração), de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica. O período que
separa a ocorrência do traumatismo e do transtorno pode variar de algumas semanas
a alguns meses.”(CID-10)
A diferença entre a reação aguda ao estresse e o transtorno do estresse pós-
traumático refere-se ao tempo de ocorrência dos sintomas. Tem-se como norte a
ideia de que a permanência dos sintomas por mais de um mês pode apontar para a
ocorrência do transtorno. Pode ocorrer uma experiência traumática quando uma
pessoa se confronta com a morte, ameaça de morte, ferimentos sérios em si ou no
outro e reações de intensa dor, desamparo ou horror.
O transtorno conta com quatro fases:
1ª fase – Revivescência
São característicos os mesmos sintomas da reação aguda ao estresse:
● Lembrar do acidente sem a ação voluntária da consciência. De repente, a pessoa
revive momentos do acidente, rememorando imagens, sons e odores;
● Sonhos angustiantes e repetidos do acidente;
● Angústia intensa ao lembrar; e
● Reações fisiológicas ao lembrar, como aceleração dos batimentos cardíacos, suor
ou tremores.
2ª fase – Evitação
Ocorrem os seguintes fenômenos:
● Evitar pensamentos, atividades, pessoas e locais relacionados ao trauma;
● Incapacidade para recordar certos fatos ligados ao acidente;
● Interesse reduzido por atividades;
● Sensação de isolamento das pessoas;
● Restrição do afeto; e
● Sentimento de futuro abreviado.
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3ª fase – Hiperexcitação
Desenvolvem-se os seguintes fenômenos:
● Dificuldade com sono ou hipervigilância (ficar acordado muito tempo);
● Irritabilidade; e
● Dificuldade em concentrar
A 4ª e última fase, de Burnout, caracteriza-se pelo colapso emocional, percepção
da situação como “sem saída”, inibição da prontidão para a ação.
Agora, você tem elementos para orientar pessoas no atendimento de acidentes com
relação aos seus efeitos traumáticos, seja com relação aos feridos, aos seus colegas
de trabalho ou mesmo orientar sua autopercepção. Certamente, não se exige que
você faça uma análise minuciosa desses conceitos, nem que proceda qualquer tipo de
avaliação diagnóstica, mas você poderá sempre estar atento aos fenômenos que
observar nas pessoas com quem se relaciona e poderá relatar suas percepções aos
profissionais da saúde que trabalham com você ou que integram os serviços de saúde
de sua localidade.
Algumas das descrições que você estudou nesta aula despertaram a análise de
situações que você viveu em sua carreira? Anote seus comentários.
Resposta: Uma vez que o processo de luto não pode ser interpretado como um
adoecimento, são esperadas reações de luto quando nos deparamos com a perda de
pessoas, objetos, crenças importantes para nós. Uma pessoa ferida que se quer salvar
pode representar para os profissionais de segurança pública e defesa civil um evento
de suma importância, cujo resultado pode gerar um processo de luto ou uma reação
aguda ao estresse. O importante é estar atento ao tratamento que é dado a essa
experiência. Lembre-se de que ter esse assunto como um tabu de que não se pode
falar não é uma medida recomendável, como vimos anteriormente em nossa aula. Se
você tem razões para acreditar que pode estar passando por uma dificuldade maior,
como o transtorno de estresse pós-traumático, vale procurar um serviço de saúde,
pois pode haver necessidade de acompanhamento por um profissional de saúde.
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Conclusão
Neste curso foram estudados temas de interseção entre dois campos. O objetivo foi
apresentar essa disciplina de estudos o mais próximo de sua realidade profissional.
Certamente, esse curso não propõe ser um estudo definitivo em sua capacitação
profissional. Existe uma gama de assuntos em psicologia em que você também poderá
se especializar e que oferecerão outros bons resultados para sua carreira.
Saiba que os profissionais de psicologia de sua instituição ou localidade muito têm a
conhecer com suas experiências e com sua forma particular de exercer essa profissão
tão importante quanto complexa dos ramos da segurança pública e da defesa civil.
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portuguesa são reservados ao centro colaborador da OMS para a classificação de
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Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo FSP-USP / Organização
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão
do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas
páginas anteriores.
1. Baseado em sua leitura sobre o luto, pode-se observar que:
( ) O luto é um estado de adoecimento que sentimos no sepultamento de um ente
querido.
( ) O luto não pode ser entendido como um adoecimento, uma vez que é um
processo necessário para o psiquismo.
( ) No luto verifica-se um aumento da afetividade e perda de interesse no mundo
externo.
2. As tarefas do luto implicam em:
( ) Se fechar em reflexão, reconhecimento dos sentimentos, ajuste ao ambiente e
investimento monetário e na vida.
( ) Aceitação da realidade, sucumbir as pressões, ajuste ao ambiente e investimento
afetivo e na vida.
( ) Aceitação da realidade, reconhecimento dos sentimentos, ajuste ao ambiente e
investimento afetivo e na vida.
3. Uma atitude adequada ao lidar com indivíduos enlutados é:
( ) Sempre se adiantar e falar o que a pessoa enlutada está pensando.
( ) A atitude mais importante é ouvir, desenvolvendo as habilidades de escuta.
( ) A melhor atitude a ser adotada é dar conselhos.
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4. Marque (V) para uma afirmativa verdadeira e (F) para uma alternativa falsa.
Os procedimentos abaixo relacionados podem auxiliá-lo na abordagem de uma
pessoa em luto.
( ) As notícias de ferimento, morte ou acidente devem ser dadas num ambiente
calmo, em que você não seja interrompido e que possa acomodar você e a pessoa,
ambos sentados.
( ) Trate a pessoa pelo nome e nunca mencione o nome do falecido.
( ) Use mensagem figurada é mais seguro.
( ) Diga uma informação nova de cada vez e perceba se a pessoa está
compreendendo.
( ) Considere ter que repetir várias vezes a mesma notícia.
( ) Use expressões associadas à morte como “perder a cabeça”, “morrer de fome”
ou clichês e piadas.
( ) Disponha-se a ouvir o que a pessoa tem para te dizer, mesmo que a pessoa repita
muitas vezes a mesma história.
( ) Observe se a pessoa emite mensagens de suicídio. Se isso ocorrer, aborde o
assunto com ela, pergunte o que ela quer dizer com a mensagem e o porquê.
5. Um dos procedimentos a serem adotados como suporte a profissionais que se
expõem a situações de risco ou impactantes é:
( ) Reuniões de equipe em que os profissionais possam falar de suas emoções no
confronto com acidentes.
( ) Reuniões de equipe com temas divertidos para afastar as situações que envolvam
muita emoção.
( ) Se isolar sempre que terminar uma ocorrência impactante para recarregar as
energias.
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6. A reação aguda ao estresse tem como definição:
( ) Transtorno transitório que ocorre em seguida a um estresse físico e/ou psíquico
excepcional e que desaparece em algumas horas ou dias.
( ) Transtorno permanente que ocorre em seguida a um estresse físico e/ou psíquico
excepcional e que desaparece em algumas horas ou dias.
( ) Transtorno transitório que ocorre em seguida a um estresse psíquico excepcional
e que desaparece em alguns anos.
7. A reação aguda ao estresse inclui o seguinte fenômeno:
( ) Sonhos angustiantes e repetidos do acidente.
( ) Sonhos divertidos e sem ligação com o acidente.
( ) Alívio intenso ao lembrar.
8. Qual é a segunda fase da reação aguda?
( ) Evitação, hiperexcitação e revivescência.
( ) Anunciação, hiperexcitação e revivescência.
( ) Evitação, perda e revivescência.
9. O que é a síndrome de Burnout?
( ) Dificuldade com sono.
( ) Colapso emocional, inibição da prontidão para a ação.
Este é o final do módulo 3 – Pós-trauma
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Gabarito
1. O luto não pode ser entendido como um adoecimento, uma vez que é um processo
necessário para o psiquismo.
2. Aceitação da realidade, reconhecimento dos sentimentos, ajuste ao ambiente e
investimento afetivo e na vida.
3. A atitude mais importante é ouvir, desenvolvendo as habilidades de escuta.
4. V – F – F – V – V – F – V - V
5. Reuniões de equipe em que os profissionais possam falar de suas emoções no
confronto com acidentes.
6. Transtorno transitório que ocorre em seguida a um estresse físico e/ou psíquico
excepcional e que desaparece em algumas horas ou dias.
7. Sonhos angustiantes e repetidos do acidente.
8. Evitação, hiperexcitação e revivescência.
9. Colapso emocional, inibição da prontidão para a ação.
Glossário do curso Tópicos em Psicologia relacionados à Segurança Pública e Defesa Civil
Adaptação: Existem diversas definições de adaptação em ciência, a maioria delas
compartilha de alguma forma o conceito inaugural oferecido pela biologia de Charles
Darwin. Nesse trabalho, foi adotado o termo adaptação em referência à capacidade
do indivíduo em se integrar ao ambiente e dar respostas adequadas a novas
situações. Relaciona-se ao conceito de flexibilidade, a disponibilidade para rever
padrões de atuação já estabelecidos, reestruturando-os diante de situações novas e
imprevistas.
Cognitiva: O termo cognição está relacionado ao conhecimento do que envolve
atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e
linguagem.
Comportamento não-condicionado: Foi definido pela psicologia do comportamento
como a conduta observável que independe de aprendizagem, de condicionamento.
Doenças psicossomáticas: Doenças psicossomáticas evidenciam as relações entre
corpo e mente.
Endocrinologista: O endocrinologista é um médico que estuda o sistema endócrino,
que integra uma rede de glândulas que secretam hormônios na corrente sanguínea.
Enlutado/a: Pessoa em processo de luto.
Intrusivos: Lembranças ou pensamentos intrusivos apresentam-se na consciência de
forma recorrente e independente da ação voluntária e consciente do sujeito.
Laboral: Relativo ao trabalho. Contexto laboral é o contexto do trabalho.
Mnemônicas: Alterações mnemônicas são relativas à memória, à capacidade mental
de receber, guardar e retornar informações.
Patologias: Doenças.
Perceptivas: Para o escopo deste trabalho, percepção foi definida como o processo
em que os dados sensoriais (dos sentidos) são organizados na consciência. Existem
percepções visuais (percebidas pelos olhos), auditivas (pelo ouvido), tácteis (pela
pele), olfativas (pelo nariz), gustativas (pela boca) e cinestésicas (pelo esquema
corporal).
Prontidão para ação: A prontidão para ação como a capacidade de agir com
iniciativa, presteza e independência em situações que envolvam tomadas de decisão.
Psiquismo: Termo utilizado em referência ao aparelho psíquico, mente.
Situações impactantes: Para o escopo deste trabalho, situações impactantes foram
definidas a partir dos exemplos de acidentes, desastres, calamidades, catástrofes,
sequestros, estupros, traumas individuais ou coletivos. Pode ocorrer uma experiência
traumática quando uma pessoa se confronta com a morte, ameaça de morte,
ferimentos sérios em si ou no outro e reações de intensa dor, desamparo ou horror.