toda poesinha

8/16/2019 Toda Poesinha

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Toda

Poesinha

por Nefo

São Paulo

2016

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escrevo poemas

pequenos poemas

cada vez menores

talvez, uma metáfora da vida

tudo é inútil ou as palavras vão rareando

até se tornarem silêncio absoluto

o eterno silêncio

(paráfrase de “Conto em forma de posfácio„

de Luiz Arraes)

“poesia é uma ou duas linhas

e atrás uma imensa paisagem„

(Ana Cristina César


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I.

\aMaRéMaRé\


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II.

tri(s)tãonada esse (a)mar

de serás

e sereias

V.

deixa eu ser seu

bambolê

gravitar em torno

de você

III.

amor

de mar

de mar

shmallow

IV.

já me ouvi

falar de ti


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VI.

amaré mar

de mar

telada

IX.

amar

é mar

de

m'aguas

mortas

VII.

amar

é mar

de

m'aguas

mornas

VIII.

amar

é mar

de mar

acutaia


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X.

se eu tivesse umaconchinha

com teu riso

nunca mais ouvia o

mar

XII.

você tempestade

agitava meu m

gota a

a gota r

a gota

XI.

pele podia ser papel

preu...

rabiscar ela toda

rasgar os

desgostos

e me desfazer

quando chover

apesar que

isso já faço

deixa eu ver você

disfarço

desfaço


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XIII.

ficçãosem ti

fica

vazia

ficção

sem ti

fica

real

ficção

sem ti

fica

fantástica

ficção

sem tifica

científica

XIV..

eu mimo

você mima

stiga

eu mimo

você mima

ltrata

eu mimo

você mima

chuca

eu mimo

você mima

ta


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XV.

o universo numa

casca

de nós


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XVI.

nósdois lados

de uma mesma

amoeba

XVIII.

tsubasa

/contigo

consigo/

XX.

nenhum caractere é

tão especial quanto

os que formam seu

nome

XVII.

por um salgado eu

abro mão

dos meus direitos

civis

quem dirá por seu

coração

as coisas que já

num fiz

XIX.

escrevo

porque

você


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(inspirados por

André “Ketchup„

Pereira)

XXII.

no jogo do amor

dá carrim não ma

dá carrim não

XXIII.

no jogo do amor

ofegou

foi critical hit

XXV.

no jogo do amor

quem encara

não vê

coração

XXI.

no jogo do amor

árbitro apita

cada três passo

dado

quem corre atrás da

bolaé um bando

de cavalo

XXIV.

no jogo do amor

cafuné

é super effect

XVI.

no jogo do amor

linha demais

é relo


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XVII.

miçangirl partiu meu coração

esse ponto sem nó

essa ponta sem nós


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XXVIII.

miçangirl repartiu meu coração

dichavado a dente e

unha

enrolado em seda

pura

pra depois

bolado

esquecido

embaixo

da cama

XXIX.

miçangirl can't stop breaking my heart

você achá que é só

trazer o chá


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XXXI.

chá olhar

com

XXX.

tudo que ela tocavira agouro

XXXII.

o cheiro forte de

cinza

o bafo de bebida

e cada flerte


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XXXIII..

esse olharessa loja de

quinquilha

rias

recém

inaugurada

onde

ninguémpôs os pés

XXXIV..

alucinações:

visuais

auditivas

olfativas

afetivas

XXXV.

o tempo

se

finge

de besta.

sabemuito

bem

que todo

mundo

espera

alguém


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L.

são paulo ou

aquela moça:

mais vale um frio

em salvador

a teu calor

de cores frias

LI.

Escapista

como ela aparece

dentro e fora

dessa cela

de costelas

sem usar um

pé de cabra

sem quebrar

uma só delas

?


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LIII.

descameitua pele da

minha

arrependido,

vesti-me dos

restos

LII.

o

teu

si

lên

(p)

cio

me

ti

rou

o

so

no

LIV.

perdido emalto mar

o amor não

constrói

nada


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LV.

\o dicionário é nossa culpa\


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LVI.

soc-horror

LVIII.

esfingter:

decifra-me

ou te defeco

LX.

são paulo alagada

embarco noterminal lapras

LVII.

autoalisação

LIX.

o pêlinho no yakult

um lactobacílio

LXI.

muito

pouco


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LXII.

o peso da palavra

não deixa a mesa voar

/ \


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LXIII.

ao meio dia

mal se vê

minha sombra

de dúvida

LXV.

viciou em doze

passos

LXVIiI.

prefiro

forças

amarradas

LXIV.

fervesem apitar

o peito

LXVII.

você lê o que você é


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LXIX.

sem exagero eu morreria

LXX.

bebo, não nego

apago quando puder


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LXXI.

padêrretera dor o pó

LXXIII.

silêncio

nada foi

me dito

LXXV.

todos os dias

me descubro

e sinto frio

LXXII.

até que a sorte nos

repare

LXXIV.

o tarô

me fez

de

otário


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LXXVI.

órgãoescritor

reproduz ?

LXXVII.

escrotor

LXXVIII.

até o corpo te apresenta dois pontos de vista


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LXXIX.

let's go to the shoreso you can finally

take me seariously

LXXXI.

não tem título

não tem totem

não tem tags

não tem tarja

o silêncio

que nasce

e padece

sem-teto

sem-tato

em estradasem placas

LXXX.

às vezes eu é que

sou horríveldo ponto de vista

do meu café

LXXXII.

meu coração gosta de

tudo no lugar

TOCcardia


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LXXXIX.

passatempona cama

bis coito

XCI.

magina o drama

ser piromaníaco

Pré-Prometeu

XCIII.

cuidado com o que

diz:

formador de opinião

fumador de ópio

XC.

é só elogiar o céu

que ele começa acair

XCII.

o destino te arma


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XCIV.

vivissecção:

tem poema dentro

do problema dentro

do pobrema

dentro do porema

dentro do porém

pera não tem

XCVI.

saudade

depois das seis

é vontade

XCV.

paladar adulto

é tomar o bagaço

com suco e tudo

XCVII.

mais vale um talker

na mão

que dois stalkers

te

observando


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XCVII.

receita de um bomoral:

mêta-

linguagem

XCVIII.

pracalmar

o coração

não basta

palavra

com açúcar

XCIX.

o homem do conserto não vem:

a vida é um elevador de serviço

quebrado entre o quarto e o

décimo terceiro andar

(entendo que toda sorte

acontece depois da morte

ou antes de um grande azar)


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C.

o pão que o diabo ama

sou

CI. existem dois tipos de

pessoas:

eu e tu


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CII.

polidáctilo i.

quem nãotem cão

caça com

tato

ii.

tocar t u a

estrela ca

dente e pro

vocar o big

b nga

a

a

a

a...


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iii.

encarar-te

na tempestade

é ouvir o silêncio

cortar o trovão

queda livre

em precipício

como cisco

n'olho

do furacão

[ ainda me lembro

de quando você

conduziu minhas mãos

ladeira abaixo dizendo

- chove lá fora

mas aqui dentro

m o l h a ]

iv.

uma mão pressiona o seio &

a outra é presa num abraço de pernas

sentindo, por dentro,

o tremor que sucede o estímulo.


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v.

se teu corpo é pecado

que venha o diaboe me carregue


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CIII.

\animalícias\

CIV.

urubus

carniceiros

e suas penasde morte

CVI.

cuidado

cão

bardo

CV.

nome aos bois:

tenho sete

numerados

mas não gosto denenhum

CVII.

(p.l.)

inferno

besta fera

poeta é pão

com mortadela


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CVIII.

essa feraque mata

esperonça

CX.

na bolsa

de auau street

as rações tão

sempre em alta

CIX.

segurar

as portasdo trem

provoca

trasgos

CXI.

O que aconteceu

com meu cerbero?


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CXII.

vou costurar

o sapo

na bocado teu nome


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CXIII.

\microcortes\

(em outras oportunidades teria se cortado mais)


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CXIV.

o corpo no meio do apartamento nãotinha um nome

mas abaixava consideravelmente

o preço do aluguel

CXV.

de um lado da

estrada

chove

e do outro

também

CXVII.

dois irmãos gêmeos

Brigão e Brigado

Brigão faleceu

pra evitar confusão

seu epitáfio:

"Não sou o Brigado"

CXVI.

o último homem domundo

vendo a grama do

vizinho

sorriu


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CXVIII.

o mágicosobe nu ao palco

pois (n)a placa

lê-se: "no smoking"

e lhe despiu

as roupas

/ainda bem que as

cartasnão eram guardadas

nos bolsos/

estavam escondidas

entre os olhos

do público

CXX.

meu filho vai se

chamar Doutor

vai doutorar

e se apresentar

- meu nome é Doutor

mas pode me chamar

de Doutor Doutor

CXIX.

é o capivara man

na orla do tietê

já bebeu lixo demais

agora vai beber você


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CXXI.

orgia:

1. meia dúzia de

medusas seduzentes

em disputa: quem

conseguirá primeiro

transformar ciclope

em pedra?

CXXII.

me(d)usa:

jamais tive medo

se serpente

entre cabelos presas

muito menos afiadas

que teus flertes

jamais tive medo

de espelhos

de soslaiosde esquinas

ou retinas

até conhecer

seus cílios

que sibilam


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CXXIII.

eu olho pra vocêvocê olha pra mim

eu olho pra você

você olha pra mim

eu olho pra você

você vomita

eu olho pra você

você tenta disfarçareu olho pra você

não da pra desviar

eu vi

você acabou de

vomitar

CXXIV.

passa pela porta a

sombra

sobe pela cama e

deita

sem lençóis(.

faz que me abraça

.)

mas é só desgraça

que a noite

assombra


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CXXV.

blindei o carrocomigo dentro

evitei que o mundo

comesse bala

CXXVII.

paulista:

- mas você sabe

fumar maconha?

- sei. sei mas não

fumo.

CXXVI.

ficaí, lua.

vaimbora não.

CXXVIII.

augusta:

- antes do tinder eles

eram amigos


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CXXIX.

o que é isso circulando na minha correntesanguínea doutor?

- calma são só regrets

CXXX.

ausência:

1. as melhores tardes com você passei

sozinho


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CXXXI.

no renomado restaurante

de frutos do mar

um (desintérico) & (revoltado)

sartre vandaliza a porta

do banheiro masculino

{o inferno são as ostras}


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CXXXII.

eu e julio cortazarmuito bêbados no

bar

curtindo um samba

na jukebox

um cheiro forte

de feijoada do sábado

e cerveja barata julio vem e me

abraça

cochichando ao pé do

ouvido:

amigo

amigo

o romance te ganha

por pontos

o conto

por nocaute

fazendo o muque

carão de bravo

e rindo

e rindo eu digo

cortazar,eu digo, julio

mas e a poesia julio?

a poesia, meu amigo

-me dá um soco no

estômago

morde minha orelha

me desce a rasteira,

no chão

pisa em minhas

mãosme quebra as

costelas no chute

julio

chute

julio

chute

julio

-

-

-

antes de ir embora

me beija na boca

paga a conta


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CXXXIII.

12h41terminal campo limpo

esbarro em júlio cortazar

esperando o metrô paraíso 857P que sai em

dezenove minutos (é domingo)

ele parece aflito

lê o G1 no celular

demora a me reconhecer(...)

se lembra d(aquele dia n)o bar

diz:

amigo...amigo...

o conto te vence pela manchete

e o romance

pelos comentários


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CXXXIV.

\cacofonia\

ou

dizer o óbvio com propriedade


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CXXXV.

a camaa calma

CXXXVII.

cheiro

chiado

chove

CXXXIX.

domingo

dormindo

dor minto

CXXXVI.

basta

beijobosta

CXXXVIII.

dia-adio


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CXL.

focofocoffocofocof

focofocof

CXLII.

maldita

miragem

moderna

CXLI.

madruga

daculpa

da

madruga

da

culpa

da

madruga

CXLIII.

par

y

bar

y

mar


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CXLIV.

allan poese pedir com carinho

CXLVI.

quem supera

quem separa

CXLVII.

olhares

olares

dólares

CXLV.

não consigo ler poe

só consigo ler poe

CXLVIII.

sofia

feria

fera

sofria


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CXLVIII.

não dar prazer aoprazo

não dar prazo ao

prazer

CXLIX.

praça parça praça parça

prazo prazo prazo prazo

CL.

sóbrio

sobro


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CLI.

sonoque

pesa

o

peso

que

sonha

CLII.

só

no infinito

sono

infinito

CLIII.

sublime

sublinhado

subliminar


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CLIV.

os últimos

serão

os últimos


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56


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(.)


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Este livro compreende poemas escritos entre

2015 e 2016, em sua maioria disponíveis

internet adentro. Compartilhe e distribua sem

culpa. Imprima e o perca. Ou venda. Ou troque

por cigarros. Monte uma cadeia de spam.

Disponibilize no site russo. Mostre ao colega.

Ou só leia.

Apesar de que, se você chegou aqui, já terminou

de ler. Ou só rolou documento abaixo na ânsia

de descobrir a contra capa.

Ela é muito bonita.

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Agradeço a você.

Agradeço a meus amigos.

Vocês me mantém vivo.

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