típico eleitor de luciana genro: elite culpada e juventude mimada

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Típico eleitor de Luciana Genro: elite culpada e juventude mimada O socialismo não foi parido por proletários, por trabalhadores humildes no chão das fábricas, mas por intelectuais burgueses. Marx, que se casou com uma aristocrata alemã, era sustentado por Engels, rico herdeiro de indústria. Lênin era filho de pais abastados. Mao Tse-Tung era filho de um rico agricultor. O pai de Fidel Castro era latifundiário. Salvador Allende era filho de advogado, neto de médico e sempre morou nos melhores bairros de Santiago. E por aí vai… Intelectual arrogante e elite culpada, uma combinação explosiva! O messianismo narcísico de um acaba financiado pela culpa endinheirada do outro, e quem paga o pato são os próprios trabalhadores em nome de quem a utopia foi criada. Perverso demais, eu sei. Mas verdadeiro. O trecho acima pertence ao meu livro, Esquerda Caviar , em que faço uma análise minuciosa do estranho fenômeno que podemos observar diariamente em nosso país: são normalmente os mais ricos que endossam as causas socialistas. Os possíveis motivos são vários, tanto que destaquei vinte deles no livro. Mas os principais talvez sejam essa sensação de culpa por ser elite, uma alienação profunda, e um desejo de aventura radical para se livrar do tédio e se sentir mais relevante. Os oportunistas sempre souberam explorar isso muito bem. Os líderes socialistas conquistaram legiões de seguidores das classes mais abastadas. Basta lembrar que o líder do MTST, Guilherme Boulos, que estaria preso em qualquer país sério do mundo, aqui ganhou uma coluna na Folha, que com certeza não tem como público alvo os sem-teto brasileiros. Digo isso tudo para chegar à notícia na própria Folha sobre o típico eleitor de Luciana Genro, a candidata mais radical nos cinquenta tons de vermelho dessas eleições: Com discurso favorável a uma maior distribuição de renda, direitos das minorias e taxação das grandes fortunas, a presidenciável do PSOL, Luciana Genro, chegou ao quarto lugar nas eleições deste domingo (5) com votos alavancados pelas regiões mais ricas do país. Nas regiões Sul e Sudeste, a candidata obteve porcentagem de votos acima da média de 1,5% da votação nacional. De um total de cerca de 1,6 milhão, 554 mil vieram do Estado de São Paulo. No Norte e Nordeste, ela não chegou a 0,9%. Na capital paulista, onde Luciana levou 3,3% dos votos, sua maior proporção de eleitores estava nas zonas eleitorais de Pinheiros e Perdizes, bairros de classe média alta. Nesses locais, ela obteve quase 5%. O trabalhador humilde não quer saber de “revolução socialista”, de demonizar o “capital financeiro”, nada disso. Ele quer melhores oportunidades, transporte público decente, hospital público razoável, escola pública de boa qualidade para o filho, e mais segurança. Enfim, quer reformas dentro do capitalismo, e mesmo que não tenha noção clara disso, deseja aquilo que só o liberalismo pode oferecer: mais concorrência entre empresas que buscam o lucro, a melhor garantia de que tais prioridades serão atendidas. Já o jovem de classe alta mimado, daqueles que querem “salvar o mundo” antes de arrumar o próprio quarto, os artistas engajados, os humoristas fracassados e os “intelectuais” que ganham R$ 15 mil mensais na USP, esses fecham com Luciana Genro e elogiam Cuba. PS: Luciana Genro e seu PSOL “vetaram” o voto em Aécio Neves, ou seja, indiretamente apoiaram o voto em Dilma. Elite culpada e juventude mimada estão com o PT agora. Você pretende ficar nesse mesmo grupo? Rodrigo Constantino Revista Veja, 10-Out-2014. Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/socialismo/tipico-eleitor-de-luciana-genro-elite-culpada-e-juventude-mimada/

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Típico eleitor de Luciana Genro: elite culpada e juventude mimada. Artigo de Rodrigo Constantino na VEJA de 10-Out-2014.

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Típico eleitor de Luciana Genro: elite culpada e juventude mimada

O socialismo não foi parido por proletários, por trabalhadores humildes no chão das fábricas, mas por intelectuais burgueses. Marx, que se casou com uma aristocrata alemã, era sustentado por Engels, rico herdeiro de indústria. Lênin era filho de pais abastados. Mao Tse-Tung era filho de um rico agricultor. O pai de Fidel Castro era latifundiário. Salvador Allende era filho de advogado, neto de médico e sempre morou nos melhores bairros de Santiago. E por aí vai…

Intelectual arrogante e elite culpada, uma combinação explosiva! O messianismo narcísico de um acaba financiado pela culpa endinheirada do outro, e quem paga o pato são os próprios trabalhadores em nome de quem a utopia foi criada. Perverso demais, eu sei. Mas verdadeiro.

O trecho acima pertence ao meu livro, “Esquerda Caviar”, em que faço uma análise minuciosa do estranho fenômeno que podemos observar diariamente em nosso país: são normalmente os mais ricos que endossam as causas socialistas. Os possíveis motivos são vários, tanto que destaquei vinte deles no livro. Mas os

principais talvez sejam essa sensação de culpa por ser elite, uma alienação profunda, e um desejo de aventura radical para se livrar do tédio e se sentir mais relevante.

Os oportunistas sempre souberam explorar isso muito bem. Os líderes socialistas conquistaram legiões de seguidores das classes mais abastadas. Basta lembrar que o líder do MTST, Guilherme Boulos, que estaria preso em qualquer país sério do mundo, aqui ganhou uma coluna na Folha, que com certeza não tem como público alvo os sem-teto brasileiros.

Digo isso tudo para chegar à notícia na própria Folha sobre o típico eleitor de Luciana Genro, a candidata mais radical nos cinquenta tons de vermelho dessas eleições:

Com discurso favorável a uma maior distribuição de renda, direitos das minorias e taxação das grandes fortunas, a presidenciável do PSOL, Luciana Genro, chegou ao quarto lugar nas eleições deste domingo (5) com votos alavancados pelas regiões mais ricas do país.

Nas regiões Sul e Sudeste, a candidata obteve porcentagem de votos acima da média de 1,5% da votação nacional. De um total de cerca de 1,6 milhão, 554 mil vieram do Estado de São Paulo. No Norte e Nordeste, ela não chegou a 0,9%.

Na capital paulista, onde Luciana levou 3,3% dos votos, sua maior proporção de eleitores estava nas zonas eleitorais de Pinheiros e Perdizes, bairros de classe média alta. Nesses locais, ela obteve quase 5%.

O trabalhador humilde não quer saber de “revolução socialista”, de demonizar o “capital financeiro”, nada disso. Ele quer melhores oportunidades, transporte público decente, hospital público razoável, escola pública de boa qualidade para o filho, e mais segurança.

Enfim, quer reformas dentro do capitalismo, e mesmo que não tenha noção clara disso, deseja aquilo que só o liberalismo pode oferecer: mais concorrência entre empresas que buscam o lucro, a melhor garantia de que tais prioridades serão atendidas.

Já o jovem de classe alta mimado, daqueles que querem “salvar o mundo” antes de arrumar o próprio quarto, os artistas engajados, os humoristas fracassados e os “intelectuais” que ganham R$ 15 mil mensais na USP, esses fecham com Luciana Genro e elogiam Cuba.

PS: Luciana Genro e seu PSOL “vetaram” o voto em Aécio Neves, ou seja, indiretamente apoiaram o voto em Dilma. Elite culpada e juventude mimada estão com o PT agora. Você pretende ficar nesse mesmo grupo?

Rodrigo Constantino – Revista Veja, 10-Out-2014.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/socialismo/tipico-eleitor-de-luciana-genro-elite-culpada-e-juventude-mimada/