the portuguese tribune, september 1st 2011

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA 1 a Quinzena de Setembro de 2011 Ano XXXII - No. 1116 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected] Adelino Toledo em livro Foi lançado durante a Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock o novo livro do escritor Liduino Borba, sobre o poeta popular Adelino Toledo. O livro foi apresentado por Manuel Eduardo Vieira, tendo falado o Padre Manuel de Sousa, Euclides Alvares, Liduino Borba e a finalizar Adelino Toledo. Zélia Freitas interpretou um fado da autoria do poeta e os seus amigos e companheiros improvisadores fizeram-lhe uma home- nagem cantando em sua honra. Seguiu-se cantoria e sessão de autógra- fos. Pág. 3 Pág. 28 Realiza-se nos dias 2 a 5 de Setembro o XIX Encontro de Profes- sores de Português dos EUA e Canadá. O encontro terá lugar em Winnipeg, Manitoba, Canadá. A organização deste encontro é da responsabilidade da Associação Portuguesa de Manitoba. Tribuna Portuguesa dará notícias deste importante Encontro na pró- xima edição. Pág. 30, 31 XIX Encontro de Professores de Português dos EUA e Canadá

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The Portuguese Tribune, September 1st 2011

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Page 1: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

1a Quinzena de Setembro de 2011Ano XXXII - No. 1116 Modesto, California$1.50 / $40.00 Anual

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com [email protected]

Adelino Toledoem livro

Foi lançado durante a Festa de Nossa Senhora da Assunção em Turlock o novo livro do escritor Liduino Borba, sobre o poeta popular Adelino Toledo. O livro foi apresentado por Manuel Eduardo Vieira, tendo falado o Padre Manuel de Sousa, Euclides Alvares, Liduino Borba e a finalizar Adelino Toledo. Zélia Freitas interpretou um fado da autoria do poeta e os seus amigos e companheiros improvisadores fizeram-lhe uma home-nagem cantando em sua honra. Seguiu-se cantoria e sessão de autógra-fos. Pág. 3

Pág. 28

Realiza-se nos dias 2 a 5 de Setembro o XIX Encontro de Profes-sores de Português dos EUA e Canadá. O encontro terá lugar em Winnipeg, Manitoba, Canadá.A organização deste encontro é da responsabilidade da Associação Portuguesa de Manitoba.Tribuna Portuguesa dará notícias deste importante Encontro na pró-xima edição.

Pág. 30, 31

XIX Encontro de Professores de Português dos EUA e Canadá

Page 2: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

Year XXXII, Number 1116, Sep 1st, 2011

2 1 de Setembro de 2011SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL

Na quinzena passada tivemos muitos eventos que convém lembrar: o lançamento de um livro sobre um dos mais im-portantes poetas populares residentes na California, a visita ao Canadá dos nossos jovens Forcados do Aposento de Tur-lock para actuar na II Corrida da nova Monumental Vitor Mendes, em Dundalk, uma entrevista com um CEO de uma companhia japonesa, nascido em Angola, a festa sempre tão bem organizada como a de Nossa Senhora da Assunção em Turlock, festa de Santo António em Tracy e tantas outras festas por essa California fora. Foi uma quinzena muito ocupada para muita gente.As escolas abriram e os nossos filhos e netos encheram-nas de cor e alegria. Esperamos que a crise que ainda nos apo-quenta não faça mossa no sistema educativo que temos.Quando pensamos na falta de dinheiro, lembramo-nos sem-pre dos super biliões de dólares que se gastaram estes anos todos no espaço, com os vai-e-véns. O que é que ganhámos com isso? Na realidade, ganhámos muito pouco. Qualquer satélite artificial poderia ter sido lançado da Terra, sem se gastarem 2 biliões por cada ida ao espaço. Em tempos de vacas gordas, tudo é bom para se gastar. Olhem para o mun-do de hoje e vejam na situação ridícula em que estamos - quase todos os países estão perto da bancarrota.Ainda ontem e nas notícias de Portugal ouvimos dizer que 20 autarquias tinham dívidas de 6 biliões de euros. Como é possível?Entramos neste mês no nosso 32º aniversário. Uma cami-nhada longa mas proveitosa, para benefício de uma boa co-munidade.Dez anos do 11 de Setembro e nunca o esqueceremos. æ jose avila

Para não esquecer A prorrogação das licenças dos professores de português nos Esta-dos Unidos, Canadá e outros paí-ses pelo Ministério da Educação é bem-vinda, mas “não é solução” a prazo, afirma o presidente da As-sociação norte-americana de Pro-fessores de Português (APPEUC).“A solução lógica e justa era inte-grá-los na rede do EPE [ensino de português no estrangeiro], equipa-rando-os aos colegas da Europa e África, mas em Portugal ninguém quer sequer ouvir falar disso, pois teriam de lhes pagar”, disse à Lusa Diniz Borges, presidente da APPEUC.“Assim, para os nossos governan-tes, a solução era cortar-lhes as li-cenças: alguns regressariam a Por-tugal, e os outros, que por razões familiares decidissem ficar, perde-riam o vínculo” à função pública, explica.O Ministério da Educação e Ci-ência anunciou na sexta-feira em nota à Lusa que a licença sem ven-cimento dos professores contrata-dos para ensinar português no es-trangeiro será prorrogada por mais um ano.Em causa estava a situação dos professores contratados por asso-ciações de emigrantes portugueses

para ensinar Língua e Cultura Por-tuguesa no estrangeiro aos luso-des-cendentes nos EUA, no Canadá, na Austrália e na Alemanha.Estes enfrentavam a hipótese de não lhes ser concedida licença sem ven-cimento para continuarem a traba-lhar no novo ano letivo.Em caso de não renovação, os pro-fessores que não voltassem antes do arranque do novo ano letivo corriam o risco de perder o lugar que deixa-ram em Portugal e de deixar de lhes ser contado para a reforma o tempo de trabalho no estrangeiro.Segundo Diniz Borges, a associação contou com apoio do Secretário de Estado das Comunidades, José Ce-sário, e da deputada eleita pela emi-gração Fora da Europa, Maria João Ávila.Para o presidente da APPEUC, "não há qualquer desculpa para [a situa-ção] se ter arrastado tanto no tem-po”.“Já em 2007, quando o regime legal que suportava a deslocação destes professores foi substituído pela figu-ra das licenças sem vencimento/sem remuneração, os professores dos Es-tados Unidos e Canadá se viram na iminência de regressar a Portugal ou abdicarem do seu lugar nas escolar a que pertenciam”.

No ano passado, havia apenas 4 pro-fessores na Alemanha e 2 na Aus-trália nesta situação, contra os 25 na América do Norte.“Apesar das múltiplas insistências e promessas”, diz Borges, Instituto Camões e Ministério “não chegaram a qualquer acordo durante um ano porque sempre preferiram colocar estes professores no mesmo saco dos colegas de Portugal que se en-contram no regime de mobilidade, ignorando a sua situação específica de professores do EPE que, embora deslocados das suas escolas, são pa-gos pelas associações portuguesas”.“A verdade é que em todo este tem-po nada mudou e nem a passagem do EPE para a tutela do Instituto Camões contribuiu para resolver o problema”, acrescentou.Para Borges, o problema é “simples”: ou “o Estado quer apoiar o ensino do português na América do Norte e considera estes docentes parte da rede, ou diz pura e simplesmente às comunidades que não tem vontade para isso e elas que se virem como fizeram desde sempre”, diz.

AOL/PDF/SKLusa/Fim

Ensino: Prorrogação de licenças de professores no estrangeiro bem-vinda, mas “não solução”

Page 3: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

3COMUNIDADE

Adelino Toledo - Uma Voz na Diáspora

Manuel Eduardo Vieira, apresentou o livro do Liduino Borba,falando depois sobre o poeta popular que tanto admira

Euclides Alvares teve a ideia do livro, falou com Adelino e de-pois convidou o Liduino a fazer a obra Padre Manuel Sousa falou sobre o seu amigo Adelino

Muita gente asistiu à apresentação do livro, que teve lugar no Salão de Festas de Nossa Senhora da Assunção em Turlock no dia 19 de Agosto de 2011

Zélia Freitas cantou um fado com letra de Adelino Toledo. Na mesa de honra podem-se ver Manuel Eduardo Vieira, Liduino Borba, Manuel Sousa, Euclides Alvares, Adelino Toledo e John Nunes

Os companheiros do mesmo ofício quiseram homenagear o Adelino: Manuel dos Santos, Abel Raposo, João Rodrigues, Alberto Sousa, José Ribeiro, Vital Marcelino, António Azevedo e João Pinheiro.Embaixo: Adelino autografando o livro de Paulo Matos

Liduino Borba falou sobre a obra e sobre a facilidade que teve em adqui-rir todos os dados necessários à feitura do livro.

Escrever um livro sobre um poeta popular parece fácil, mas pode complicar-se quando os elementos mais importantes para a sua feitu-ra são raros e dispersos. Nada disso aconteceu com este livro. O Adelino, durante toda a vida foi arrumando, quer em papéis, quer na memória, o que de mais importante ocorreu na sua vida de impro-visador e poeta popular. E foi assim que o Liduino Borba teve a vida facilitada por tantos elementos que Adelino lhe ia fornecendo.A apresentação de um livro tem sempre o sabor da descoberta de algo que não conhecíamos, mas para ter efeito, tem de ter pessoas a parti-cipar. Isso aconteceu no Salão de Nossa Senhora da Assunção. Muita gente para ouvir, comprar o livro e depois gozar a cantoria.Foi uma noite inesquecível para todos e queremos crer muito especial para o Adelino Toledo e Liduino Borba.Convém referir que este livro foi patrocinado por muita gente amiga do poeta, que queria que a vida de um dos nossos mais importantes improvisadores nunca pudesse ser esquecida no futuro.

Tribuna Portuguesa sauda o Adelino Toledo.

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4 1 de Setembro de 2011TAUROMAQUIA

Quarto Tércio

José Á[email protected] toiros em Dundalk

Forcados Amadores do Aposento Turlock

Fiquei com o meu chapéu en-terrado até aos ombros, quando vi três praças de toiros cujas arenas mais pareciam campos de milho. Será que só eu é que vejo bem? Monte Gordo, Gra-ciosa e Pico - uma desgraça total de arenas. Afinal, quem é que inspecciona a arena?

Recebi de uma pessoa amiga 300 e tal fotografias da II Corrida de Toiros realizada no Pico. A Praça é desmon-tável, como tantas outras, mas estava com um aspecto exterior de bradar aos céus. Já não vê tinta há mais de vinte anos. Não sei quem é o dono, mas é uma vergonha para a Festa Brava que se quer implementar no Pico. Em relação aos novilhos corridos, eram feios de mais para eu os comentar. O ganadero do Pico tem de ter mais cuidado com o gado a apresentar.O meu chapéu ficou todo picaroto, porque eu não queria acreditar no que via.

Já só faltam três corridas e um festival para acabar a temporada de 2011. Foi rápida e poucas saudades (até agora) temos, com a excepção dos nossos forcados que no Canadá, Ilha Terceira e Continente Português brilha-ram, como gente grande.

Os Forcados Amadores do Aposento de Turlock, capitaneados pelo Tony Machado deslocaram-se ao Canadá para partici-par na segunda corrida da nova Monumental Vitor Mendes em Dundalk.

Rui Santos Rui LopesMatador António Ferreira

Estas actuações dos nossos grupos de For-cados em terras do Canadá, Ilha Terceira e Continente Português, são um sinal posi-tivo para todos aqueles que se dedicam de alma e coração a esta difícil arte de pegar

toiros. É importante compreender que to-dos os toiros são diferentes, não pode haver pegas iguais e é por isso que estes jovens se aprumam tanto, para que em todas as suas actuações possam acabar bem, sem

problemas físicos, algumas vezes maus para a sua vida normal. É importante que as pessoas compreendam de uma vez por todas que estes rapazes são na realidade os mais românticos da Festa Brava. Os gran-

des heróis de muitas noites da festa.Nesta foto podemos ver o nosso amigo Élio Leal, com todos os artistas que actua-ram na tarde do dia 13 de Agosto de 2011, na sua bonita praça de Dundalk.

Duas pegas dos Forcados do Aposento de Turlock e uma pega dos Forcados do Canadá. Quatro toiros da Ganadaria do Pico dos Padres e dois toiros para o matador da Casa Agrícola Manuel Machado. As fotos das pegas são de Luís Melo e as restantes de António Salvador, ambos do Canadá, a quem agradecemos a gentileza.

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5COLABORAÇÃO

Imagens da Segunda Guerrana minha Terra (2)

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IV International Conference on the Holy Spirit FestasMiguel Valle Ávila

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, 1939-45, di-versos corpos expedicionários de tropas continentais ruma-

ram aos Açores a fim de manter a sobe-rania nacional e salvaguardar a defesa das ilhas atlânticas. Grupos de militares vieram p’ró concelho ribeiragrandense, aquartelando-se em várias localidades, incluindo o Campo de Santana. Adentro da então vila da Ribeira Grande, as tropas ficaram instaladas na antiga Fábrica do Álcool, situada no chamado Cabo da Vila, a meio caminho entre a Ribeira Seca e a Conceição.Como anotou Ezequiel Moreira da Silva (Ares de Guerra, Correio dos Açores, ju-nho 2011), “quem por ali passava, além do aparato militar com sentinela perfilada à entrada, apercebia-se da localização das cavalarias na parte daquele conjunto de edifícios junto à rua pelo lado sul a seguir à entrada principal, confrontando o atual campo de futebol. Dali borbotava continu-amente o ruído dos relinchos e das ferra-duras batendo no pavimento”.Moreira da Silva recordou os ocasionais desfiles militares, subindo a Rua dos Fo-ros, “equipados e armados como se fossem combater, certamente com destino às ma-tas e faldas da Serra de Água de Pau p’rà realização de exercícios. O que mais despertava a atenção eram os garranos puxando pequenas carroças com as metralhadoras e outros equipamentos”.Retenho ainda na imaginação a imagem de companhias de soldados acampados, provisoriamente, no Adro das Freiras na

execução de exercícios militares, enquan-to os cozinheiros preparavam o rancho. A Rua da Ponte Nova, vulgarmente conheci-da por Rua do Outeiro, onde estava situada a residência da minha família, desemboca-va no Adro das Freiras, assim designado por ali ter existido o Convento de Jesus das Freiras Clarissas. Fundado em 1536, foi desmantelado após a extinção das ordens religiosas em 1833.Moreira da Silva recordou, igualmente, que o litoral da Ribeira Grande, “bastante aberto ao mar e facilmente acessível, foi alvo de proteções especiais. Por debaixo do pavimento do Miradouro de Santa Lu-zia, mais conhecido por Palheiro, foi es-cavada uma casamata, com aberturas p’ra metralhadoras e outras peças de artilharia no seu lado poente, com vistas p’ró areal. A entrada p’rà casamata fazia-se por uma pequena porta, protegida por forte chapa de ferro, existente no lado sul do miradou-ro, junto ao outeiro que lhe dá acesso a quem vai do sítio das Poças”.Presentemente o local encontra-se tapado e “off limits”, como diríamos em inglês, embora seja possível descortinar a loca-lização dessa entrada. Em tempos idos, com rapazes da minha idade, lembro-me de termos organizado uma “campanha de piratas”, e armados com toscos varapaus, ao toque de um desafinado cornetim, inva-dimos a casamata de alto a baixo.Regressando novamente à estadia dos militares na Ribeira Grande, Moreira da Silva relembrou que os soldados, “com a necessidade de lavarem as suas fardas e outras roupas, deram também um movi-

mento diferente às lavadeiras tradicionais que desenvolviam a sua atividade nas mar-gens da ribeira ou junto às “levadas” dos moinhos, por diversas partes da vila”. Por sua vez, os vendilhões da Praça e da Rua Direita conseguiram “arrebanhar” os sol-dados p’ró número de fregueses na com-pra de tremoços curtidos e favas assadas ou torradas.Um negócio que surgiu por volta de 1943, e mencionado por Moreira da Silva, adveio da iniciativa de Manuel da Silva Afonso, natural do Cabouco (Concelho da Lagoa), ao transferir das Velas de S. Jorge p’rà Ri-beira Grande a sua fábrica de refrigerantes, produzindo laranjadas e pirolitos de bola. As garrafas dos pirolitos eram vedadas por uma bola de vidro alojada em cima duma anilha de borracha junto à sua boca. P’ra beber o refrigerante, metia-se um dedo nessa boca, provocando a queda da boli-nha no gargalo.Embora haja desaparecido essa pequena fábrica, instalada nos baixos duma casa frente aos Correios na Rua Direita, a sua imagem permanece arquivada nos escani-nhos da minha memória. Moreira da Silva escreveu que ali, agora, existe uma mer-cearia.Euclides Cavaco, continental radicado no Canadá desde 1970, versejou àcerca do pi-rolito:

Parei no tempo e sonhei,Memórias de pequenitoE recordei com saudade,O tempo do pirolito.

Era encanto das crianças,Pela fascinante bolinha,Que tentavam com o dedo,Remover a borrachinha.

Eram grossas as garrafas,Giras e muito pesadas.De todas as que existiam,Eram as mais engraçadas.

Seria doce voltar,A ser criança, admito,P’ra poder, sem sonhar,Ver de novo um pirolito!

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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Page 7: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

7COLABORAÇÃO

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Heróis do mar, a seu tempo, como bem sabemos, passaram à história lusa cris-

talizados no lindo hino de raro esplendor que hoje cantarolamos sem nunca escondermos esse pá-trio orgulho sempre patente na lagrimazinha apegada ao canto do olho rendido aos momentos mais marcantes.Nobre povo, não tenhamos a mí-nima dúvida. Somo-lo, sem com-plexos, a toda a hora e em qual-quer lugar. Sobretudo aqueles de nós que cedo decidimos embarcar para longe e para sempre, não ad-mitimos facilmente que questio-nem à balda o nosso firme apego ao patriótico símbolo das quinas. Diz-nos muito e cala-nos fundo.Nação valente, porém, há quem diga que já o fomos muito mais. Os argumentos dividem-se, es-frangalham-se e, às vezes, quase esbarram nas bordas do ridículo. Com toda esta desgastada con-versa da feia crise global que por aí anda a picar-nos os nervos e a pilar-nos os bolsos, atrevem-se mesmo a dizê-lo que já nem po-

demos com uma gata pelo rabo. Porque o tempo das vacas gordas já lá vai. Que as armas e os ba-rões assinalados também se fo-ram. E esse tal glorioso heroísmo da histórica grandeza lusitana, há muito ido, dificilmente voltará. Farto de histórias, no seu stressa-do vaivém de um dia a dia cada vez mais desgastante, o zeloso Zé Povinho não está para meias medidas. Manda os historiadores à fava, agarra-se à televisão com fervor e, conforme lhe dá na te-lha, vai elegendo os seus novos heróis. Regra geral, não perde muito tempo nos retóricos cam-pos da política, da religião ou da escrita para inglês ler. Não lhe enchem bem as medidas. Vira-se então para o virtuoso campo da bola. Aí sim, a alma solta-se, o coração pula e a malta vibra com um simples toque de calcanhar, um pontapé de bicicleta ou uma cabeçada certeira. Mal a bola beija as redes, é o fim da maca-cada. Quem tem jeito para a me-ter lá dentro torna-se herói num instante. São muitos e, normal-mente, distinguem-se por darem

o litro na defesa abnegada das suas garridas cores. Podem não ter o perfil credenciado dos his-tóricos “portugas” que se eviden-ciaram noutras áreas e noutras eras mas encaixam perfeitamente nos parâmetros mediáticos que, hoje em dia, fazem enlouquecer multidões. Ídolos populares, lá isso são. E, ao contrário do que muitos possam pensar, não tem pés de barro. Pulam, correm, fin-tam, rematam e fazem o pobre do Zé feliz. Colado ao aparelho, ao vê-los triunfar, delira emociona-do em espetáculo de se lhe tirar o chapéu. É nosso dever fazê-lo condigna-mente. Heróis da bola, nos agitados dias d’hoje, ninguém lhes ganha em popularidade. Então quando jo-gam em equipa e representam um país, enxarcados naquele suado amor à camisola, dá gosto elogiá-los. Chamados a espicaçar a velha glória nacional e a escor-raçar para bem longe esta cho-cha ideia duma pálida geração à rasca, os putos portugueses que regressaram há dias da Colômbia

medalhados como vice campeões mundiais, fizeram das tripas co-ração e, sem deslustrarem o fei-to inédito da aclamada geração d’oiro, decidiram afirmar-se por si próprios como geração da co-ragem. É um título perfeitamente adequado à premiante força do seu sólido caráter. No arranque, ninguém dava nada por eles. Con-tudo, de brilharete em brilharete, e mesmo sem jogar bonito, sou-beram silenciar os seus críticos de forma eficaz e competente.O universo do futebol rendeu-se-lhes e o país não terá outro remé-dio senão continuar a agradecer-lhes tão magnífico desempenho. Pena é que não os compense já professionalmente a todos como o merecem. Mas é assim o nos-so famigerado e viciado futebol-zinho doméstico, cada vez mais uma palhaçada provinciana sem rei nem roque onde, a belprazer, os clubes até já escolhem os ár-bitros e manipulam os resultados sem qualquer impunidade. Cada um diz o que quer, faz como lhe apetece e aldabra de livre vontade porque a justiça desportiva, como

qualquer outra em Portugal, não funciona. Mete dó a mesquinha mentalidade a criar-se à volta de toda esta patética podridão “fu-teboleira” em que os fanáticos se deixam embalar tôa. Dói mesmo ver os nossos prezados clubecos apostarem forte e feio na estran-geirada que continua a roubar o lugar aos nossos jovens de valor comprovado. Comprovaram-no na Colômbia com brio e dignidade. Passea-ram a sua classe, sobretudo na brilhante organização defensiva demonstrada ao longo da prova, até caírem de pé já perto do fim. Custou a engolir mas o resultado final não diz tudo. O seu enalteci-do trabalho de equipa e coeso es-pírito de grupo são o triunfo dum exemplo que fala por si.Foram uns verdadeiros heróis, à beira de fazerem história.

Geração da coragemRasgos d’Alma

Luciano [email protected]

ViolaAo nosso amigo Damasceno Leal

A tarde chegouNa casa da colina!O Sol pálido Escondia-seSem pressa!Extraindo o aromaDe laranjeiras e floresNesta tarde morna de Abril!

A casa na colinaAbriu as portasRecebeu amigosRecebeu a viola filha!

Filha viola de voltaDe volta ao larDe quem lhe deu o serDe quem a viu nascer!

E tu, amigo!Com essa cortina tão densa

De treva sombriaRoubando-te do dia-a-diaSorrias!Amada e velhos amigosEsperavamCom ansiedadeA tua reacção à viola!

Aí começou,Bailando na escala da tua damaOs dedos d'um mestreDeu vida às cordas!

Tocando a chamarritaVelha e sempre novaAbrindo a cortinaEssa cortina tão densa!

E só uma frechaDe luz entrouE a mente cansadaA viola acordou!

Tua cantiga singelaNa chamarrita d'outroraViola filha te aqueceuNem sequer deste por issoTens olhos quase assustadosAo ouvir a tua vozQue a viola acordouTua amada! Amigo!E a filha viola, chorou!

Viola parceiraQue a tua alma criouA visita delaTua alma acordou!

Júlia Borba

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8 1 de Setembro de 2011COLABORAÇÃO

Adelino Toledo, uma voz na diáspora

Agua Viva

Filomena [email protected]

Turlock, foi a minha pri-meira casa onde habitei desde que cheguei aos Estados Unidos há já 26

anos. E normalmente, o primeiro lugar onde vivemos, é o que nos deixa as melhores ou piores mar-cas. No caso, pelas pessoas que encontrei, que algumas já eram minhas amigas na Ilha, pelo lugar onde vivi, guardo as melhores re-cordações e é sempre com agrado que subo entre vales e montanhas, lagos e riachos, numa duração de tempo que chega a cansar, se sobretudo há demasiado tráfico, até à cidade ampla, limpa e mui-to agradável, como a água fresca que se bebe sempre que a sede aperta.. Todas as vezes que atra-vesso estes vales, cuja natureza fez caprichosos pequenos montes em cordilheira, de algum modo fazem-me sempre regressar no tempo e imaginar os velhos cow-boys de pistola em riste sentados nos seus cavalos em correria, que

costumávamos ver nos velhos filmes, autênticas lendas do west americano, com garbosos e va-lentes cavaleiros contracenando com as raparigas mais bonitas da América. Ainda hoje essas lendárias histórias fazem sonhar a gente actual e algumas gosta-riam que o país fosse como an-tigamente, excepto nas longas estradas, tal como muitos de nós Portugueses nas nossas terras de origem. Seja como for, sempre arranjamos forma de voltar ao passado, mesmo longe da Pátria. Por isso, fomos ao encontro de Uma Voz na Diáspora. Será uma voz entre tantas que têm cantado, neste caso ao Desafio, por mui-tos palcos, coretos e caminhos, dando razão da nossa história de Açorianos no Mundo. Adelino Toledo é essa voz personificada, com uma história de vida conta-da por quem se interessa por gen-te da Diáspora. A ideia foi do seu amigo Euclides Álvares que lhe

Quando escrevi o artigo , “A CASA DA TIA VIEIRA”, mal sabia que a Tia Vieira era a avó paterna da Rosa Silva, a Azo-

riana da Serreta, cujos poemas já conhe-cia através do Tribuna. A Rosa, ao ler o artigo, contactou comigo emocionada, pois a estória sobre a sua avó tocou-lhe profundamente o coracão. Mais recente-mente descobri que o bisavô paterno da Rosa, Manuel António Oliveira, era primo da minha bisavó paterna, Maria do Carmo Silveira, o que foi, realmente, uma agradá-vel surpresa saber do parentesco, embora distante, entre nós.Também a Rosa desconhecia que eu ha-via assistido ao casamento dos seus pais, Carlos e Matilde, na Serreta, no verão de 1960. Como era ainda criança, não me re-cordo muitos pormenores da cerimónia, sei que os noivos estavam muito asseados e felizes. Lembro-me que o banquete foi ao ar livre e que a alcatra e a massa sovada estavam uma delícia. Aliás, julgo que foi a primeira vez que saboreei aquele típico prato terceirence.O pai da Rosa, Carlos Cândido, mais co-

nhecido por Carlos da Tia Vieira, natural de Santo Amaro do Pico, era meu vizinho e, como alguns dos seus conterrâneos re-solveu “emigrar” para a Terceira à procura de uma melhor vida. Quando ele foi tra-balhar, como carpinteiro, para a Base das Lajes, residiu, por algum tempo em casa dos meus tios Raúl e Maria Amélia Nunes que foram os seus padrinhos do casamen-to. Na altura, a minha mãe e eu estávamos de visita àqueles familiares em Santa Lu-zia da Praia, e também fomos convidadas para a boda. Quem diria que, quase 50 anos mais tarde, eu teria o prazer de corresponder com um rebento daquelas núpcias. As voltas que o mundo dá!Como já foi anunciado no Tribuna, a Rosa Silva publicou, recentemente, “SERRETA NA INTIMIDADE”, um sonho que final-mente viu realizado. Trata-se, especial-mente, de uma sentida homenagem à me-moria da sua querida mãe. Prosa e poesia vêm intercaladas com a saudade, o amor à familia, o apego à sua terra e às cantigas, e a devoção à sua padroeira, Nossa Senhora dos Milagres.

Rosa Maria Correia Silva nasceu na Serre-ta, Terceira, no dia 1 de Abril, 1964. Após ter completado os seus estudos, prestou serviços no G.A.R. – Gabinete de Apoio e Reconstrução, 1982 a 1985. Presentemente é assistente técnica do Gabinete Técnico da Secretaria Regional de Saúde, em An-

gra do Heroísmo. É mãe de Luís Carlos, Aida Alexandra e Paulo Filipe.Desejo apresentar os meus sinceros para-béns à Rosa, a quem agora também posso chamar prima, pela sua “SERRETA NA INTIMIDADE” e tomo a liberdade de transcrever uma quadra e o parágrafo que ela dedicou ao meu cantinho:

Nunca se sabe o futuroSem passar pelo presenteO passado é o apuroDo que nos sobra p'la frente

Pico é lindo…

…E negro de mistérios, traz-nos a nos-talgia, a saudade e o querer voltar a vê-lo um dia. Altaneiro e vistoso, com seu man-to todo branco, como que a comandar as outras ilhas irmãs que, à distância, lhe acenam sorrindo por entre dias claros ou nublados. Nem me lembro bem, há quanto tempo não vou mas é como se estivesse lá. Fecho os olhos e avisto, sentada na ponta do muro da casa do meu tio Amaro, aquela conchinha beijada pelo mar e pelo cantar forte ou suave das ondas que jamais nos deixam sós. Regalam os dias e embalam as noites…

Serreta na intimidade

conhecia o valor e a pôs em prática junto de Liduíno Borba, que ado-ra pesquisar biografias em tudo quanto é arquivo. Esta sequência de ideias e vontades postas em se-guimento, deu origem ao livro que agora podemos folhear com a vida de um poeta que além de cantar ao desafio, é uma pessoa válida dentro da comunidade Portugue-sa, nomeadamente na construção da nova Igreja de Nossa Senhora da Assunção para a qual contribu-íu em diversas áreas e programas culturais de forma a render alguns fundos para o desenvolvimento da Paróquia. Adelino Toledo, amigo dos seus amigos, é para eles po-rém a humildade em pessoa, sem-pre disposto a ajudar sem outro propósito que não seja o de pro-porcionar coisas boas que prezem o futuro, o seu nome e da família em que vive comunitáriamente inserido. E foi inserido na grande Festa de Nossa Senhora da Assun-ção em Turlock que foi lançado o

livro “Adelino Toledo, Uma Voz na Diáspora”, em sessão solene conduzida por Manuel Eduardo Vieira e Cantoria, algo inédito que fez juntar quase todos os cantadores e tocadores que já o acompanharam e uma simpática multidão que acudiu ao salão de festas. Foi um rico e fino serão cultural que não esquecerei e

uma oportunidade de ler a vida de uma pessoa que veio da Ilha Terceira muito jóvem, cumprir um sonho de evoluir na vida, como tantos imigrantes e conse-guiu. Parabéns Adelino, por este prémio de ter tantos amigos! Nós orgulhamo-nos de estar incluídos e desejamos-lhe as maiores Feli-cidades.

Traços do Quotidiano

Margarida da [email protected]

Page 9: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

9 COLABORAÇÃO

Que turismopara as “Ilhas do Triângulo”?

As Ilhas do Triângu-lo constituem uma realidade geográfi-ca incontornável no

conjunto de todo o arquipélago dos Açores. Uma realidade geo-gráfica que corresponde a fortes potencialidades turísticas distri-buídas pelas ilhas do Faial, Pico e São Jorge, que se completam no plano paisagístico em quadros de espectacular beleza, bem com nas variantes dos seus usos, cos-tumes e tradições.Creio que se fica a dever ao es-critor Raul Brandão, em As Ilhas Desconhecidas (1927), o conceito subjacente às ilhas do triângulo. Mais tarde, em meados dos anos 60 do século XX, fruto de alguma animação cultural e contestação política resultantes das Semanas de Estudos dos Açores, e ainda devido à acção de alguns articu-listas do vespertino “Correio da Horta”, este conceito de triângu-lo como sub-região açoriana é retomado. Com o advento do 25 de Abril de 1974, o “espírito do triângulo” torna-se uma realida-de indiscutível, tendo sido pos-teriormente criada a Associação de Municípios do Triângulo, que tinha (mas não sei se ainda tem) como objectivo principal a reali-zação de acções de desenvolvi-mento das referidas ilhas.Nos tempos que correm, as Ilhas do Triângulo são um apetecido e apetecível destino turístico que interessa promover e defender em benefício de todos, havendo ainda um vasto mercado a explo-rar. As sinergias libertadas pela cooperação entre as três ilhas poderão tornar-se num decisivo contributo para o seu desenvol-vimento económico e sócio-cultural. As vantagens são mais que evidentes, quer no sector dos transportes, hotelaria e restaura-

ção, bem como na dinamização do comércio local.Num mundo global, há cada vez menos lugar para isolacionis-mos. O turismo é, neste momen-to, uma das maiores indústrias a nível mundial. Os Açores não têm muitas hipóteses de desen-volvimento económico, tirando o sector da agro-pecuária e do turismo. Atendendo às caracte-rísticas e potencialidades destas ilhas enquanto destino de Natu-reza, há que apostar num turismo de qualidade, isto é, num desen-volvimento turístico sustentado. O turismo em espaço rural de-verá continuar a ser uma aposta da Região. Estas ilhas são um destino de ecoturismo e deverão continuar a sê-lo. E a construção hoteleira pode perfeitamente co-abitar com o desenvolvimento de actividades turísticas em espaços rurais.Os Açores possuem um dos mais ricos ecossistemas do mundo, e isso é um capital que não deve ser desperdiçado. A aposta turís-tica tem que marcar a diferença e, nas Ilhas do Triângulo, isso vem acontecendo, sobretudo no que diz respeito a actividades como a observação de cetáceos, a prática de pesca desportiva, vela, mer-gulho, passeios de barco, wind-surf, jet-ski, subidas à montanha do Pico, levadas no Faial, trilhos pedestres em São Jorge, rota de vulcões e grutas, descoberta da fauna, e, anuncia-se para breve, a prática do golf. Deve, pois, constituir uma exi-gência estratégica a aposta no desenvolvimento das Ilhas do Triângulo. Uma aposta na qua-lificação dos recursos humanos e na qualidade de serviços. Mas para continuar a desenvolver este “espírito de triângulo”, os agentes económicos e os responsáveis po-

líticos deverão ter em conta que, mais do que investir no turismo, é preciso criar uma mentalidade de turismo. Atrair os tu-ristas é um primeiro pas-so, mas não é suficiente. Há que tratar bem quem nos vi-sita para que os visitantes regressem sa-tisfeitos aos seus países de origem e p r o m ov a m , por via oral, o que viram e sentiram por estas bandas. Porque, afi-nal de contas, é aqui, neste

Triângulo, que bate o coração dos Açores.

As pessoas que gostam de conversar, de ter com quem dialogar, trocar impressões e

com elas interagir, não conse-guem viver isoladas por longo período. Sentem necessidade de colocar, verbalmente, suas refle-xões, contar sobre seu dia a dia, fazer suas piadas e muito mais. São extrovertidas e, geralmente, de bem com a vida. Para elas é motivo de pesar não encontrar quem tenha o mesmo pendor, quem não lhes dê atenção.Não me refiro àquelas que falam além da conta, sem dar aos seus interlocutores oportunidade de se manifestarem. Tais pessoas se tornam tão inconvenientes que ao chegar numa roda de amigos, antes mesmo que abra a boca, a maioria vai saindo de fininho e quem fica, ouve para não ser de-sagradável, sem atentar, no en-tanto, para o que dizem.Aqui abro um parêntesis para mencionar os que só falam so-bre dores, doenças e sofrimentos.

Tornam-se tão repetitivos que al-guns amigos e familiares fogem para não ouvir as “ladainhas” de sempre, como dizem. Entretan-to, é bom lembrar que devemos “chorar com os que choram e alegrar com os que se alegram”. Hoje, eles, amanhã pode ser um de nós a necessitar do carinho e de um ombro amigo.Do mesmo modo, os que gostam de solidão, de estar a sós com seus pensamentos, sem muito intera-tuar com seus colegas de traba-lho, amigos ou vizinhos, quando chegam a algum lugar onde todos falam ao mesmo tempo, ou quan-do o desejo de estarem calados é interrompido por alguém deveras expressivo, que requer atenção por mais tempo do que têm dis-ponível, sentem-se molestados a tal ponto que não encontram me-lhor solução do que se despedi-rem mais cedo. Também aqui não me refiro aos que se acham superiores, aos ar-rogantes que preferem não dialo-gar com pessoas que prejulgam

ter nível intelectual inferior. Não! Refiro-me às pessoas normais, as que adoram as longas e amigáveis conversas e àquelas que preferem a própria companhia. Convenhamos que ir aonde falam e riem tão alto que para sermos ouvidos necessitamos falar mais alto ainda, é insuportável. O mes-mo se dá quando o silêncio im-pera numa reunião: é tão ou mais desagradável quanto.E há os que amam e têm o dom de escrever. Ah, esses sonhadores também têm grande prazer em conversar, mas, paradoxalmente, silenciar e observar, igualmente, faz parte. Enquanto observam, enriquecem seu fantástico mundo interior e armazenam subsídios para seus escritos. Acredito que os melhores ouvintes, ou os mais pacientes, são os escritores. Será que escrever vicia? Não sei! Mas, sei que quem escreve tem um mundo tão vasto de fantasias e realidades entrelaçadas a envol-ver seus pensamentos que, volta e meia, se abstraem e mergulham

fundo nesses alheamentos da mente. Quem gosta, sente neces-sidade de escrever todos os dias e desse prazer não abre mão, nem que seja para apagar depois ou jo-gar num fundo de gaveta. Difícil de entender, para quem não curte ou absolutamente não lê.E aqui volto ao início do que es-crevi: há relação entre quem gos-ta de conversar e quem gosta de escrever: ambos necessitam de interlocutores e o do escritor é o leitor. De que adianta publicar um bom livro, com um tema de gran-de interesse, ou um jornal exce-lente como o Tribuna Portugue-sa, se não houver leitores? Eles existem, e nos EUA em número bem maior do que no Brasil, po-rém, reduzido se comparado aos que preferem passar horas inter-mináveis em frente à televisão, por exemplo. No nosso país ainda se lê pouco, mas já se lê bem mais, porém, como disse Elmer Corrêa Bar-bosa, “a maioria dos leitores que frequenta as livrarias em nossos

dias, ao buscar livros para com-prar, deseja o óbvio ou a fanta-sia inconseqüente. Com isso, os livros mais vendidos são os que contam histórias “edificantes”, narrativas povoadas de magos e sábios...” Ler é recomendado para quem deseja envelhecer com qualida-de, pois ao estimular o cérebro, a memória se recompõe. Quem lê compreende melhor o que ouve, fala e escreve melhor, porque enriquece seu vocabulário. A lei-tura abre horizontes e capacita o desenvolvimento de um povo. E de novo meu aplauso para D. João VI, que contribuiu grandemente para a nossa cultura quando ao se instalar com a família Real no Brasil, fundou em 1810 a Biblio-teca Real, com 60 mil livros tra-zidos de Portugal.

Ao Cabo e ao RestoVictor Rui Dores

Fantasia e realidadeAbst rações da mente

Sabor Tropical

Elen de [email protected]

Ilha Graciosa - Farol da Ponta da Barca e Ilhéu da Baleia

Page 10: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

10 1 de Setembro de 2011COLABORAÇÃO

Gostaria de ser considerado me-recedor do privilégio de estar presente na mesma trincheira revolucionária dos ‘soldados-

rasos’ do destino... ou seja, junto daqueles que são dignos da memória democrática do seu tempo.Vivemos numa era em que os ‘atletas do oportunismo’ são presença assídua no banquete orgíaco, como pre-goeiros da imbecilidade feliz, e adeptos da cartilha maldizente que considera ‘le-prosos do passado’ aqueles que cuidam em manter a respectiva memória em bom estado criticista... Claro que, para muitos, o passado continua a ser uma espécie de seirão malicioso onde alguns escondem a cangarilhada duma existência secretamen-te envergonhada... Ora, como não fomos treinado para fiscal-de-linha da moralidade alheia, sugiro que continuemos a vindimar os cachos das ideias, numa breve meditação pré-outonal àcerca do significado da precocidade das rugas na‘alma’ da nossa constituição-me-nina (porventura nascida sem hímen ideo-lógico, embora generosa no seu frondífero articulado...). Junto, humildemente, o meu luto ao dos

paladinos da Utopia, para reconhecer que a memória do nosso Abril-Democrático re-poisa no jazigo da ‘sinfonia interrompida’ da história recente da política portuguesa. Se um dia chegarmos à conclusão de que ‘o sofrimento faz parte do conceito dum universo inacabado’ não custa admitir que a versão original da Constituição da Re-pública Portuguesa já é revisitada, como peça de museu, pelos devotos da saudade constitucional. Aquela que fora a mais bela ‘carta-de-amor’ da revolução de Abril (oh! ‘dor de ser quase, dor sem fim...’ ), aconte-ce que essa ‘carta de amor’ ostenta agora o seu texto podado pelos servilheiros parla-mentares, quiçá obedientes ao credo euro-visionário da neo-tecnocracia. Apetece dizer que a Constituição da Re-pública Portuguesa tem sido gradual-mente reeditada como mera ‘carta-de-condução’conferida aos que detestam o sinal-verde do diálogo solidário na en-cruzilhada do ‘ter’ e do ‘ser’, no quadro irreverente da globanalização da humani-dade... (como poeta, por pouco não digo que o ideal seria fazermos parte duma co-munidade em que todos tenham o condão de viver numa responsável equidistância

do capital...). Não fica mal dedicar um breve olhar de gratidão a alguns episódios da história política norte-ocidental: a democracia portuguesa veio visitar o ‘jardim à beira-mar plantado’ cerca de 760 anos após o natal da famosa Carta Magna, e cerca de 190 anos após a promulgação da Consti-tuição dos Estados Unidos da América do Norte; todavia, chegámos ao patamar da liberdade constitucional alguns anos antes da nossa rival vizinha Espanha, e cerca de duas décadas antes da libertação dos po-vos da República África do Sul, mercê do extraordinário percurso psico-cívico desse enorme estadista mundial, chamado Nel-son Mandela... Como é do domínio público, a constitui-ção portuguesa já foi ‘revista’ sete vezes. Segundo a opinião jurídico-original da ala esquerda, a nossa cartilha constitucional está a ficar (ideologicamente) muito fra-gilizada. A magna questão que se coloca aos fazedores originais da Constituição de 1976, é a de aceitar a diferença entre a du-rabilidade dum articulado constitucional e a fortaleza dum ‘quebra-mar’ ideológico

para travar eventuais temporais politicos do futuro... Ora a ‘nossa’ constituição não deveria ser usada como ‘preservativo’ ide-ológico para evitar o risco duma gravidez indesejável entre Estado unitário e sua pe-riferia autónoma. Aliás, há quem sustente que o articulado da constituição da Repú-blica Portuguesa ostenta uma sonoridade rígida, na sua concepção de Estado-Unitá-rio; aliás, a eventualidade duma‘emenda’ constitucional em prol do Estado Regio-nal, exigiria prudente e aturado reexame dos lapsos outrora cometidos em prol da sua longevidade doutrinária....../... P.S. ... a seriedade desta temática requer que lembremos o amável leitor do amado-rismo crítico do signatário, sobretudo na área jurídico-constitucional, dado que pre-fere ser participante das ‘Ideias ao Desafio do que repentista anónimo do folclore aca-démico; entrementes, o signatário socorre-se, nesta emergência, dos dizeres do pen-sador argentino Jorge Luís Borges: “...não falo de vinganças nem de perdões; o esquecimento é a única vingança e o úl-timo perdão.”).

Conversa perante a (meno)pausa constitucional

Memorandum

João-Luís de [email protected]

Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz [email protected]

E tivemos mais uma silly Season. O termo apare-ceu nos finais do século XIX e significa as notí-

cias frívolas que a comunicação social rebusca para preencher espaços de férias, em particular os meses de Julho e Agosto. É um termo conhecido e utilizado em grande parte do mundo oci-dental. Silly season em inglês, la morte-saison em francês, rotmo-nadshistoria em sueco, ou mais venenoso o serpiente de verano em espanhol. O termo ainda hoje é utilizado, e até com uma leitura mais abrangente, ou seja: dá-se "desconto" ao que foi dito, por políticos, comunicadores, peri-tos, etc., porque estamos em perí-odo de férias, em período de silly season, e tudo, ou quase tudo, é permitido. Como já entramos em Setembro, como já terminou, oficialmente, o espaço da silly season, recapi-tulo, alguns das disparate que li e ouvi, quer na comunicação social americana, quer na comunicação social de língua portuguesa, a primeira em jornais e televisão e a segunda na rádio e jornais. Eis pois a minha compilação para 2011, acompanhada dos seus res-pectivos factos, ou como se diz em inglês e, por inacreditável que pareça, também em Portugal - o fact check."A Igreja é que começou e sus-tentou a civilização ocidental." Tenho pena de informar quem o disse, e infelizmente foi um sa-cerdote, que sem retirar qualquer dos vários contributos impor-tantes da Igreja Católica para a civilização ocidental, a mesma começou um pouco antes da Igre-ja Católica. É unânime entre os

historiadores (muitos católicos praticantes) que a civilização oci-dental começou com a Grécia e a Roma antiga, uns 800 anos antes de Cristo ter nascido. Através dos anos alguns dos grandes contri-butos para a chamada civilização ocidental, foram o racionalismo, o constitucionalismo, o renasci-mento, a reformação protestante, os descobrimentos, o iluminismo e claro as tensões entre a socieda-de e a religião. "Os problemas económicos de Portugal foram em grande par-te provocados porque o país e a sua classe política gastou mui-to tempo a defender os direitos dos homossexuais e da mulher escolher ou não a interrupção da gravidez." Lamento infor-mar os senhores que traçaram esta conversa que, e para usar a terminologia muito popular em Portugal, os problemas económi-cos que Portugal atravessa são, mais complicados do que o tem-po que se gastou para defender os direitos das pessoas. Tentar cul-pabilizar a legislação que dá di-reitos às pessoas marginalizadas pelos problemas económicos que Portugal atravessa não só é sim-ples como é uma grande mentira. Daí que não sei se esta conversa publica foi feita por velhacaria ou por ignorância, nem vou fazer qualquer juízo, porque nem sei qual é o pior. Ainda bem que foi em silly season e talvez mais nin-guém a estivesse a ouvir."Salazar foi o único governante português que não perseguiu a Igreja." Francamente! Tenham dó! Então desde 1143 que a Igreja tem sido perseguida em Portugal? Em mais de 900 anos de história, o ditador de Santa Comba Dão,

foi o único governante que não importunou a Santa Madre Igre-ja? Todos os outros reis, rainhas, primeiros-ministros, presidentes, passaram a sua vida a inquietar os crentes, incluindo nos tempos em que se queimou judeus que não se convertiam ao cristianis-mo. Se não tivesse ouvido não teria acreditado. bem haja o silly season."Os estragos feitos pelo sismo que abalou a Costa Leste dos EUA ao monumento Washing-ton Memorial foram um casti-go de Deus para a classe polí-tica americana." Para além da ruindade desta frase, piora por ter sido dita por um dos mais "conceituados" líderes do protes-tantismo americano. O proble-ma não só reside na frase como onde a mesma vai bater. É que num momento em que os nos-sos governantes, apesar de todas as guerras e batalhas, terão que tomar decisões que afectarão a América por várias gerações, di-zer um despautério destes, mes-mo em silly season, é estar cheio de malignidade. "O Presidente Obama deveria ter vergonha ao tirar férias du-rante esta crise. O Presidente tem tido muitas férias." Este testemunho dum líder Republi-cano é daqueles que se espera, mas que num mundo civilizado já não tem cabimento. O que este líder se esqueceu de dizer ao acusar Barack Obama de ter tido demasiadas férias é que des-de que entrou para a presidência dos EUA teve 61 dias de férias. Muitos dias, não? No mesmo espaço de tempo, o patriarca dos conservadores, Ronald Reagan tinha tirado 112 dias de férias e

o antecessor de Barack Obama, George W. Bush tinha tirado 180 dias de férias. Mas este último até tínhamos ganhado mais de ti-vesse tirado 8 anos de férias. É que teríamos tido menos guer-ras e menos estragos à economia americana."Não, por mim acho que a co-munidade portuguesa está muito politizada. Os portu-gueses conseguiram aqui na Califórnia o que mais ninguém conseguiu." Esta dita por alguém que não vive cá nas nossas comu-nidades. Foi afirmação de um vi-sitante. Primeiro e diga-se a bem da verdade que até gostamos de ouvir estas declarações. Fazem bem ao nosso ego. Estimulam a nossa auto-estima. Mas a ver-dade é que, infelizmente, a nossa comunidade da Califórnia não tem a influência que necessitava ter no mundo da política e com o passar de cada ano perdemos ainda mais essa mesma influên-cia. A verdade é que não remo-ta tempos muito distantes que tivemos 5 indivíduos de origem portuguesa na legislatura em Sa-cramento, dois no Senado e três na Assembleia. A verdade é que agora temos apenas um, o qual acaba de anunciar que vai sair porque quer concorrer ao Con-gresso, porque nas suas palavras: "quero estar num hemiciclo onde o meu partido está na maioria." Nem que a maioria do Partido Republicano no Congresso fos-se um dado adquirido, algo per-manente. Digresso! Voltemos à frase de estarmos politizados como ninguém e termos conse-guido o que mais ninguém con-seguiu. Penso que o pior que nos acontecerá é acreditarmos nestas

fábulas. É bom que como comu-nidade estejamos com os pés no chão e conscientes do que fomos, somos e do muito que temos que trabalhar e construir para que fi-quemos mais "politizados" e te-nhamos as bases construídas em alicerces fortes, para podermos passar o nosso legado cultural às próximas gerações. E já agora, com o sem silly season, não se-ria má ideia dizermos a quem nos visita que, com todo o respeito, somos gente grande, baptizada e criada, e que conhecemos muito bem os triunfos e os desafios das nossas comunidades na Califór-nia. Aliás não teria sido má ideia ter relembrado a quem o disse, e que sirva para quem o vier a di-zer, a frase de um dos pilares da filosofia ocidental que viveu uns anitos antes do nascimento de Jesus Cristo, Aristóteles: "deixe que cada um exercite a arte que conhece."

Sim, mesmo em silly sea-son, quem cá vive, traba-lha, cria as suas famílias, lê, reflecte e preocupa-se

com as nossas comunidades de hoje e de amanhã, é que deve ter uma palavra a dizer. E temos gente por aí que o faz constan-temente, e outros que embora não o tenham feito publicamente até o sabem fazer e muito bem. Mais, com ou sem silly season, seria bom que no seio das nossas comunidades tivéssemos mais gente a pensar as comunidades e menos a utilizar as praças pú-blicas para nos elevarem a uma postura que não temos, nem nun-ca teremos, se formos a acreditar em ficções de falsos profetas que infelizmente existem em ambos os lados do Rio Atlântico.

A silly season e os disparates que se dizem e ouvem

Page 11: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

11COLABORAÇÃO

A agropecuária poderá vir a experimentar uma das maiores mudanças políti-cas dos recente anos

Já em recentes trabalhos nos referimos do que aí vem a caminho, o que parece ser grandes mudanças na polí-

tica agrícola dos Estados Unidos, muito especialmente na agrope-cuária.Finalmente, depois de cerca de um ano de sondagens, a produ-ção e suas organizações repre-sentativas, há uma proposta de lei escrita para discutir. Compli-cada? Muitíssimo complicada e difícil de implementar. Necessá-ria? Depende em que grau na es-cala de produção, cada produtor se encontra. As opiniões neste momento estão divididas mais ou menos nesses termos, esses que não querem, ou não podem aumentar a sua capacidade pro-dutiva, e aqueles que são mais progressivos e querem todas as portas abertas, e que os mercados resolvam as questões da oferta e procura.

Durante a sua reunião anual no Inverno passado, a “Nacio-nal Milk Producers Federation” (NMPF) desenvolveu o conceito que intitulou de “Foundation for the Future” (FFTF) que durante os ultimos meses tem procurado divulgar e ganhar apoio político junto da industria, para que esse conceito se torne realidade, du-rante a próxima Lei da Agricul-tura. Finalmente no dia 13 de Ju-lho de 2011, o congressita Collin Peterson (D-MN), “Ranking Member of the House Agricul-ture Committee”, publicou o “Discussion Draft” que conver-te o inicial conceito em formato legislativo, faz algumas modifi-cações ao documento de (FFTF) que circulou durante os próximos passados meses, e ainda contém outras alterações que não foram descritas durante algumas reu-niões de (NMPF) com represen-tantes da industria da California durante o ano.

A proposta contém três grandes elementos principais entre ou-tros. Primeiro, des-

creve um programa de controlo de produção chamado, “Dairy Market Stabilization Program” (DMSP) que no presente formato vai limitar a produção de leite, e que segundo a opinião de algu-

mas organizações nacionais, vai afectar desfavorávelmente a in-dustria no seu presente modelo de negócios de exportação para presentes mercados e expansões em outros mercados internacio-nais, em contínuo crescimento. A implementação de (DMSP) em formato de penalidades no ex-cesso de produção (a que alguns chamam taxas) estará a cargo de Agências Federais. Tais fundos serão retidos pelo Governo Fe-deral e podem ser utilizados para ajudar em outras despesas nacio-nais, incluindo o pagamento da dívida externa.

Segudo ponto, explica iniciativas que poderão ser utilizadas para protejer os potenciais riscos dos negócios de produção, substituin-do os correntes programas fede-rais de pagamentos em caso de emergência, protecção aos solos, e exigências ambientais. A propos-ta original recomendava 90% de cobertura no seguro de margem, na base de cada exploração, mas a presente proposta reduz para 75% o que parece ser o resultado de números não favoráveis adian-tados por “Congressional Budget Office” e talvez o primeiro passo para reduzir apoios à agricultura, que por muitos anos tem sido mo-tivos de contravérsia política.O terceiro componente de Peter-son “Discussion Draft” recomen-da mudanças no corrente siste-ma de “Federal Milk Marketing Order” (FMMO), uma das mais notáveis e eliminar de “end pro-ducto pricing” e instalar “com-petitive pricing”, o que não é bem recebido por algumas Cooperati-vas que apontam falta de lógica, e contrariam os documentos que tem sido circulados nos ultimos 18 meses. No documento origi-nal, os preços do leite na “futu-res” seriam calculados tendo em conta os preços do milho, soja e alfafa, apostados no Chicago Mercantile Exchange (CME), mas o presente documento aponta os custos de rações determinado por sondagens de agências federais, o que será menos responsivo às necessidades da industria. Muito embora muitos acreditem que o presente modelo, já cansado, não tem sido responsivo e tem causa-do crises financeiras à industria, há muitas diferenças de opinião, quanto a mudanças.Presentemente a agricultura pa-rece dividida ao meio no apoio às correntes modificações propos-tas. Não é mais nem menos que a restante política nacional. Todos queremos menos interferência governamental nas nossas vidas mas, uma vez por outra ouve-se gritar, não toquem no meu Medi-care ou Seguro Social. E esta??? De quem são estes programas?

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida

[email protected] do casal Debbie Sousa Mendes e Jeremy Scott, que deveria ter saído na nossa última edição. Por lapso nosso, foi publicada a foto da noiva com a família. Apresentamos as nossas desculpas.

Mudanças políticas na Agropecuária

Casamento Elegante

Page 12: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

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Page 13: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

13 ROSAIS

Batista Vieira e famíla na Freguesia dos Rosais, Ilha de São Jorge, sua terra natal, onde decidiu mandar fazer um armazém para guardar os carros de bois tradicionais e outros artefactos que se usam nas Festas em Louvor do Espírito Santo.

Fazer o bem faz-se em qualquer lugar

Também houve ofertas de pão, carne e vinho, tão tradicional nas nosas festas

Aspecto das novas instalações Fotos de Fernando Silvano

Page 14: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

14 1 de Setembro de 2011 TURLOCK

Festa de N.Sª Assunção fotos de Jorge “Yaúca” Ávila

Passatempos de Outrora foi o tema escolhido este ano para o Bodo de Leite da Festa em honra de Nossa Senhora da Assunção

Neste bodo de leite há sempre muitas crianças

Bailhos de roda na eira

Jogo do Pião

Dia de matança e jogos de cartasSaltar à corda

Trabalhos de lã, rendas e bordados

Botequim e Jogo de Dominó

.

Page 15: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

15 TURLOCK

Há sempre muita juventude nas nossas festas

Santo Antão, padroeiro dos animais

Padre Manuel Sousa na benção dos animaisMuitos e bonitos carros de bois

Manuel dos Santos, Abel Raposo, João Rodrigues, Alberto Sousa, José Ribeiro, Vital Marcelino, António Azevedo, Adelino Toeldo, Liduino Borba e João Pinheiro

Page 16: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

16 1 de Setembro de 2011TURLOCK

Festa de Nossa Senhora da Assunção – Turlock, California

Grupo Folclórico Mar Bravo da Casa dos Açores de HilmarLucia e Duarte Soares (Vice-Presidente), Presidente John e Carla Nunes

Secretário Francisco e Elza Rebelo, Fátima e John Mendes, Tesoureiro

Padre Francisco Ruivo, da Diocese de Santarém, pregador da festa e Padre Manuel Fontes Sou-sa, da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, com a Imagem de Santo Antão ao fundo

Comissão da Festa e os sacerdotes da mesma com os cantadores e tocadores. Todos os anos dizemos quase sempre a mesma coisa. Esta festa é uma das mais bem orga-nizadas da California e é a unica que leva na sua Procissão todos os Santos Portugueses - S. Teotónio, S. António, Sta. Isabel, S. Condestável, S. João de Deus, Beato S. João Baptista Machado, S. João de Brito, Santa Beatriz

Grupo Folclórico Nove Ilhas da Casa dos Açores de Hilmar

fotos de Jorge “Yaúca” Ávila

Page 17: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

17 TURLOCK

Festa de Nossa Senhora da Assunção – Turlock, California

Lucia e Duarte Soares (Vice-Presidente), Presidente John e Carla Nunes

Comissão da Festa e os sacerdotes da mesma com os cantadores e tocadores. Todos os anos dizemos quase sempre a mesma coisa. Esta festa é uma das mais bem orga-nizadas da California e é a unica que leva na sua Procissão todos os Santos Portugueses - S. Teotónio, S. António, Sta. Isabel, S. Condestável, S. João de Deus, Beato S. João Baptista Machado, S. João de Brito, Santa Beatriz

Grupo Folclórico Nove Ilhas da Casa dos Açores de Hilmar

Missa da Juventude presidida por Monsenhor Myron Cotta. Uma missa diferente.

Aspecto da Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Turlock durante a missa da Juventude

Os "anjinhos" na Procissão do Domingo

Page 18: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

18 1 de Setembro de 2011Turlock

Festa de N.Sª Assunção

.

Fim da Procissão, que foi acompanhada por muitos fiéis

Nossa Senhora da Assunção

Missa da Juventude com Monsenhor Myron Cotta

Presidente John e Carla Nunes

Missa da JuventudeProcissão no Domingo da Festa com a presença de muitos religiosos

Page 19: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

19 PATROCINADORES

Page 20: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

20 1 de Setembro de 2011TRACY

(209)

Festa da Irmandade de Santo António de Tracy

Jessica Carlson, Rainha Kaylee Faria, aia Lindsey Mendonça

Frank Gomes, Mamie Borges Gott, Honorary Grand Officer, Adelino Santos, Grand President, MaryJean Perry, Past Grand President e Meredith Fuller, Grand Marshall

Padre Luis Cordeiro foi o pregador convidado. Esta festa nasceu em Santa Clara a 13 de Julho de 1902 e veio para Tracy a 10 de Junho de 1966.

Embaixo: fim da procissão. Depois da missa houve almoço de Tri-tip para todos os presentes

Percorrendo as ruas de Tracy, com Richard Castro à frente

Rose Ortiz e Victoria Ortiz

Page 21: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

21 PATROCINADORES

Grande Corrida de ToirosFesta de Nossa Senhora dos Milagres

Bella Vista Park, Gustine

12 de Setembro de 2011, pelas 8:00 pm

6 Bravos e Nobres Toiros 6da Ganadaria Açoriana

Cavaleiros

Rui SalvadorPaulo FerreiraMatador

Luís Procuna

Grupo de Forcados de Turlock

Admissão: $20.00 - crianças com menos de 12 anos, entrada grátis. NOTA: a venda à porta de bilhetes será limitada.

Page 22: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

22 1 de Setembro de 2011PATROCINADORES

Page 23: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

23DESPORTO

LIGA ZON SAGRES O Sporting continua a atrasar-se

Benfica sofre mas ganha na Madeira

O Sporting sofreu uma inespera-da derrota em casa este domingo, diante do Marítimo, ao perder por 3-2. O conjunto leonino esteve em vantagem mas, em inferioridade numérica, acabou por ser derro-tado, não tendo ainda conseguido vencer na presente edição da Liga portuguesa.A turma de Domingos Paciência sentiu algumas dificuldades nos primeiros minutos, apesar de ter criado várias oportunidades de golo no primeiro tempo. Numa dessas situações Marat Izmailov rematou de longe, aos 38 minutos, tendo assinado um golo de belo efeito.

Ainda assim, a formação insular respondeu após o recomeço e che-gou à igualdade aos 49 minutos, na sequência de um pontapé de canto. Rafael Miranda saltou mais alto e cabeceou com sucesso para o fun-do das redes. Aos 52 minutos, o Marítimo conseguiu mesmo a re-viravolta no marcador, após remate de Sami à entrada da área.Aos 76 minutos o Sporting chegou ao empate após livre do recém-entrado Jeffrén, contudo, o ex-jo-gador do FC Barcelona foi forçado a abandonar o relvado, devido a lesão, com os "leões" a termina-

rem a partida com dez elementos, uma vez que já haviam esgotado as substituições. O Marítimo apro-veitou para fazer o 3-2 final já nos descontos depois de um cabecea-mento certeiro de Baba.

Nos outros jogos disputados este domingo, o V. Guimarães, já sem o treinador Manuel Machado, so-freu uma pesada derrota, por 3-0, diante do Beira-Mar. Artur (24), Cristiano (52) e Nildo Petrolina (88) foram os autores dos golos aveirenses.O Feirense, por seu turno, recebeu o Paços de Ferreira numa partida que terminou sem golos. O Rio Ave recebeu o Olhanense e perdeu por 1-0, graças a um autogolo de Éder. O Gil Vicente, que jogou no sábado, bateu em casa a Académi-ca com dois golos sem resposta.

O Benfica viaja até à Madeira para defrontar o Nacional esta segunda-feira, no mesmo dia em que o Sp. Braga se desloca ao reduto do V. Setúbal. A terceira jornada só fica-rá concluída no dia 6 de Setembro, com a visita do FC Porto ao terreno da U. Leiria.

in uefa.com

O Benfica conseguiu esta segunda-feira uma suada vitória por 2-0 no terreno do Nacional da Madeira, ascendendo provi-soriamente ao primeiro lugar da classifi-cação, à terceira jornada. O Sp. Braga ga-nhou no Bonfim.Num jogo que esteve interrompido por duas vezes durante a primeira parte, de-vido ao forte nevoeiro que se fazia sentir, Óscar Cardozo apontou o golo inaugural da partida, aos 22 minutos, ao cabecear com êxito após bom cruzamento da direita de Nico Gaitán. Um tento que surgiu um pouco contra a corrente de jogo, uma vez que até à altura era o Nacional que estava a causar mais perigo, em rápidos ataques com Mateus como protagonista. Artur es-teve bem na baliza do Benfica.A marcação cerrada a Pablo Aimar limitou um pouco do jogo do Benfica, que nunca se conseguiu soltar verdadeiramente, nem mesmo na segunda parte, já sem o nevoei-ro que tinha ameaçado a partida. Ainda as-sim, aos 70 minutos, Aimar atirou ao pos-te num livre directo, numa altura em que o Nacional jogava com dez elementos de-vido à expulsão de João Aurélio (62'), por acumulação de amarelos. Luisão também obrigou Elisson a excelente defesa, pouco

depois, com Bruno César na recarga, mas sem ninguém a aparecer para a emenda.O Benfica dominou a parte final da partida e Cardozo obrigou o guardião nacionalista a excelente intervenção, aos 83 minutos, e Luisão falhou o 2-0 de cabeça, à boca da baliza, ao cair do pano. No último lance do encontro, com o Nacional balanceado no ataque, Artur segurou a bola e deu-a a Bruno César, que correu em grande ve-locidade desde a sua grande área até à do Nacional, sem oposição, batendo o guar-dião contrário. Estava feito o 2-0.Mais cedo, o Sp. Braga bateu o V. Setúbal por 1-0, em casa deste. Apesar da margem mínima, assistiu-se no Estádio do Bonfim a um excelente jogo, repleto de oportuni-dades de parte a parte.O guarda-redes sadino, Diego, evitou o 1-0 para os minhotos logo aos dois minutos, a remate de Mossoró, e Miguelito afastou em cima da linha de golo um cabeceamen-to de Alan, num arranque muito forte do Braga. O Vitória, comandado por Cláudio Pittbull, reagiu e assumiu pouco depois as rédeas da partida, dominando por comple-to até ao intervalo, com diversas ocasiões para facturar. Berni foi respondendo bem às investidas dos da casa, que nunca en-

contraram forma de bater o guardião ita-liano, por qualidade deste ou por falta de pontaria.O segundo tempo foi diferente e os "arse-nalistas" corrigiram processos, passando a ter mais bola. Muitos cruzamentos e re-mates encontraram uma defesa do Vitória coesa e um Diego inspirado, pelo que o nulo se manteve até perto do final. Até que

Hélder Barbosa, aos 82 minutos, fugir pela direita, flectiu para o meio passando vários adversários e rematou forte e colocado, de pé esquerdo, para o poste mais distante, fazendo o resultado.

O treinador do FC Porto, Vítor Pereira, enalteceu a réplica dada pela sua equipa na derrota de 2-0 frente ao FC Barcelona, enquanto o homólogo Jo-sep Guardiola elogiou a "geração única que vai passar à história do clube e do futebol".

Vítor Pereira, treinador do FC PortoTenho de realçar o excelente jogo que fizemos aqui hoje. Criámos grandes problemas ao grande Barça, que muitos consideram a melhor equipa do Mundo. Vendemos cara a derrota. Não vivemos de vitórias morais, mas saio daqui satisfeito com a exibição da equipa. Penso que saímos daqui re-forçados. Só não marcámos golo, mas fomos con-sistentes e estamos a crescer. Estamos a iniciar a época e há que dar tempo ao tempo. A equipa deu passos de crescimento importantes.Assisti aqui a duas equipas que se respeitaram e quiseram ganhar o jogo. Pena não termos apro-veitado os erros que obrigámos o Barcelona a cometer e marcado golo. Vimos um Porto a pres-sionar alto, que não gosta de se submeter a equipa nenhuma e criámos muitas dificuldades ao nosso adversário.

Josep Guardiola, treinador do BarcelonaEstou muito, muito feliz. Não apenas pelos 12 tí-tulos, que são fantásticos, mas porque foi muito difícil vencer este. Doze em 15 teria sido inima-ginável mas mostra apenas o valor destes jogado-res – nunca me canso de os elogiar. Fizemos um excelente jogo atendendo às condições. Sei que batemos uma grande equipa. Nesta altura não é possível jogar ao nível da final da [UEFA] Cham-pions [League].Esta geração é especial, única e vai ficar na histó-ria deste clube e do futebol. São realmente exce-lentes jogadores, mas acima de tudo são amigos. Nem sempre é fácil encontrar isso numa equipa e é muito bom para nós. Temos de cuidar deles e acolher os que vierem. Ter dois títulos antes de começar a Liga dá-nos muita tranquilidade.O segundo golo foi um passe muito bom do Leo, um bom controlo de bola por parte do [por parte do Cesc] e um bom remate. Vamos tentar ajudá-lo a chegar à melhor o mais rapidamente possível à sua melhor condição e ele irá ajudar-nos a fazer uma época excelente. O Keita tem jogado durante toda a temporada, sei que posso contar com ele e pensámos que também podia actuar naquela po-sição. Fez um excelente trabalho e estou bastante satisfeito com a sua exibição.

Helton, guarda-redes do FC PortoEstamos todos conscientes do jogo que fizemos e do que poderíamos ter feito nesta partida. Agora temos de levantar a cabeça, pelo jogo de qualida-de que fizemos e contra a equipa que foi.

Hulk, avançado, FC PortoTemos de levantar a cabeça. Fizemos o nosso jogo, tivemos mais oportunidades e o 1-0 surgiu num erro nosso. Agora, temos de pensar já nos próximos jogos. Os aplausos no fim do jogo por parte dos nossos adeptos significam bastante. De-monstram gratidão porque lutámos bastante. De-mos o máximo e agora temos de voltar a ganhar.

Andrés Iniesta, eleito o Melhor em Campo pelo Grupo de Estudos Técnicos da UEFAEm primeiro lugar, estou muito feliz por ter, uma vez mais, conquistado, este troféu, pois para tal tivemos de ganhar a Champions League. Foi um jogo difícil, muito físico, com jogadores talento-sos. Conseguimos ultrapassar algumas dificul-dades e vencer mais um título, que é importante para nós. Já havíamos conquistado a SuperTaça espanhola e agora esta, o que é a melhor moti-vação para continuarmos a lutar. O Porto venceu tudo na época passada e muitos dos jogos de for-ma convincente, pelo que sabíamos o que esperar e com quem estávamos a jogar. Dessa forma, ten-támos fazer o nosso melhor frente a um excelente adversário, que nos dificultou muito as coisas.

Adriano, defesa do BarcelonaÉ a terceira final que disputo e ganhei duas. É uma felicidade muito grande, ainda para mais com o Barcelona. Parabéns ao Porto também, é uma grande equipa, que fez por merecer estar nesta final. Agora é comemorar. O Porto compli-cou-nos o jogo até terem os jogadores expulsos. Eles tiverem a infelicidade de errar um passe e o [Lionel] Messi foi feliz em fazer o golo e isso jogou a nosso favor; ficámos mais tranquilos.

in uefa.com

Barcelona 2 Porto 0Sporting perdeu em casa

Super Taça Europeia

Page 24: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

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Page 26: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

26 1 de Setembro de 2011ARTES & LETRAS

O Diário Açoriano de

Emily Daniels

Eles também têm alguma excita-ção por aqui. Um homem enfor-

cou-se na segunda-feira…Emily Daniels, The Story of My

First Trip Abroad

A epígrafe aqui poderá não trans-mitir o todo deste diário em língua inglesa, mas demonstra o sentido de humor com que

éramos vistos nas primeiras décadas do século passado, e insinua, afinal, a norma-lidade, a quietude, da nossa vida. Sermos descritos em língua inglesa não traz nada de novo à literatura sobre os Açores, mas as páginas presentes são absolutamente originais dentro desse pequeno corpo lite-rário que nos olha de fora, ora com alguma empatia e admiração ora com a hostilidade ou mesmo o racismo de um Mark Twain. Creio ser esta a primeira escrita diarística de um luso-descendente na sua descoberta das ilhas, no encontro com a sua gente an-cestral mas até então apenas conhecida na Diáspora (um contexto de todo diferente) através das histórias e estórias passadas oralmente às gerações seguintes. É claro que um diário implica desde logo ou pelo menos na maior das vezes um nível de for-mação acima da média, e quando escrito num inglês perfeito, como é este, estare-mos ante um relato pessoal de inegável qualidade. Não fora assim, e muito pro-vavelmente não teria sido originalmente publicado no mais recente número de uma revista universitária como a Gávea-Brown após ser desenterrado de velhos baús por uma parente, a Prof. Doutora Rita D. Ma-rinho, também ela devidamente habilitada para uma tarefa como esta. Devo adiantar que, a meu ver, teríamos perdido uma bela narrativa-outra sobre as ilhas vistas e ditas por uma luso-americana de grande capa-cidade intelectual e de observação, numa voz narrativa entre a surpresa e o aconche-

go, ou o conhecimento de quem sempre havia pertencido sem nunca ter estado, por assim dizer. Pisar pela primeira vez uma terra-pátria imaginária envolverá emoções profundas, nada fáceis de transmitir a ou-tros por qualquer meio.

The Great Adventure -- the Story of My First Trip Abroad, de Emi-ly Daniels (nascida em 1889 e fa-lecida em 1995) foi escrito entre

25 de Março de 1932 e 22 de Setembro do mesmo ano. A última entrada como que resume tudo quanto viu, viveu e recor-dou a sua autora: “Estou cheia de sauda-des dos Açores. Quero regressar. Quero regressar urgentemente. Parece estranho, mas é a verdade -- tenho simplesmente de regressar e quero ficar”; “poderia vi-ver perfeitamente nos Açores, em Angra ou na Horta”. O que Emily Daniels en-controu foi a terra dos avós, faialenses da Praia de Almoxarife, que haviam sido dos primeiros emigrantes açorianos rumo a New Bedford, significativamente como resultado da velha sina daquela ilha, um devastador terramoto de 1883. O pai de Emily também tinha saído ainda jovem do Faial em 1886, “igualmente abordo de uma baleeira”. A história de vida de Emi-ly contraria em tudo o que estávamos (e ainda estão alguns) habituados e ver na nossa emigração até ao surgimento actual de um grupo substancial, em todos os sen-tidos, de escritores luso-americanos: lento esquecimento das raízes, gerações total-

mente integradas no espaço dominante do seu país norte-americano, vagas memórias ancestrais passadas a outros na oralidade de uma cultura iletrada. Se olharmos para o tempo referencial deste diário veremos, por certo com espanto quando lemos a citação de acima e o seu desejo de voltar com alguma permanência, que Emily nos visitou nos mais negros dos anos atlân-ticos. A América estava caída, os Aço-res nunca se tinham sequer levantado do chão, só caminhando de quando em quan-do rumo a toda a parte em busca de pão e respiração. Emily foi uma das primeiras açor-americanas a formar-se num magis-tério de ensino primário, permanecendo solteira e feminista toda a vida, com uma aguda e bem cultivada sensibilidade literá-

ria e artística em geral. Foi precisamente esse exemplo de vida e audácia nas esco-lhas pessoais que, após o seu falecimento, levaria à descoberta e publicação do pre-sente diário, partilhando assim com todos nós um texto de grande valor, tanto pela sua linguagem como pelo conteúdo que lhe imprime a autora.

Emily viaja pelas ilhas Terceira, Corvo, Pico, São Jorge, Faial e São Miguel. Parte de Nova Iorque em direcção aos Açores

com amigos no luxuoso paquete Satur-nia, alguns dos quais acompanhando-a depois nalgumas das ilhas, por entre as suas relações e amizades que a acolhem nas suas casas e/ou lhe servem de cice-rone. Uma das vantagens de ser açoriano sem cá ter nascido é a ausência dos mais estúpidos preconceitos entre ilhas, ven-do todas as nossas diferenças mas como parte de um mosaico completo, um todo que não prescinde nem se pode imaginar sem qualquer um dos seus azulejos. Não esqueçamos, 1932: para além do pitores-co de sempre, Emily “vê” mais, vê um povo que na sociedade escura do tempo não deixa nunca de a abrilhantar, colorir, com os seus festejos profano-religiosos, casas caiadas, ruas varridas, colchas à ja-nela, corpos bem vestidos, sorriso sadio, criados e patrões, pregões na rua e mu-lheres à janela. Em resumo, uns Açores provavelmente já por nós esquecidos, mas nem tanto. Para além disso, a autora de My Great Adventure tem a capacidade de olhar atentamente para o resto da socie-dade, deduzir do seu presente e história que nem só de braços fomos feitos, nem só de emigração fomos movimentados. Toda uma estrutura cultural é por ela en-carada sem a condescendência de alguns outros, que cá vieram até aos nossos tem-pos e nunca nada notaram para além das hortênsias e brincos nas vacas. Emily vê a arte nas igrejas, ouve a música de rua e de salão, aprecia uma ou outra pintura, co-menta, compara e dá a notícia ao seu pró-prio ser (pois não poderia imaginar que o seu diário viesse até nós) de que os seus antepassados poderiam ter embarcado por necessidade ou condenação inerente à terra de nascença, mas haviam afinal deixado atrás de si todo um património civilizacional, parte digna do país que em séculos navegou em busca de aventura e da riqueza que acabaria por conectar to-das as geografias distantes e desconhe-cidas. A autora não se detém nem por um momento na pequenez de vida numa ilha a meio Atlântico, muito menos nos considera mero eco de algo ou alguém. A vida aqui é vista nas suas contingências e nas suas lutas nada diferentes do que ia pelo resto do mundo, a sua diversida-de -- os gritos num mercado ao ar livre ou a “compostura” citadina numa sala “aristocrática”, onde também foi recebida -- é relatada na mais fina e escorreita lin-guagem. São frequentes as suas alusões a

Vamberto Freitas

Amigos, esta edição da maré traz-nos mais um magnífico texto do nosso ami-go o escritor Vamberto Freitas. Como devem ter reparado, nas últimas edições desta página de artes e letras temos tido a felicidade de publicarmos vários en-saios de Vamberto Freitas, que é, indu-bitavelmente, um dos mais profícuos conhecedores da literatura luso-ame-ricana. Professor na universidade dos Açores, Vamberto Freitas tem dedicado grande parte da sua vida intelectual à literatura açoriana e à literatura luso-americana. É conhecedor dos mundos que compõem este nosso mundo além arquipélago .Aqui fica mais uma dos seus ensaios e a promessa que em breve teremos ou-tros, entre eles um dedicado a Jorge de Sena.abraços e a continuação de um resto de verão muito agradável.

diniz

personagens ou cenas da melhor literatura do seu país ou da Inglaterra, como seria de esperar de uma mulher com a sua formação académica e pendor para a limpa escrita descritiva e criativa. Da escuridão da épo-ca, que mergulhava o mundo todo na misé-ria e preparava, sem que ninguém desse por isso, o maior holocausto da humanidade a poucas quilómetros de distância a leste, os Açores sobressaem como quem está em casa no mundo, nem melhor nem pior do que os vizinhos nos outros lados do mar. Por vezes, Emily imagina o que diriam de certas facilidades ou tecnologias que já fa-cilitavam a vida a homens e mulheres, mas não lamenta nunca a sua ausência nas nos-sas vidas de então.The Great Adventure -- the Story of My First Trip Abroad é, pois, esse retrato úni-co, inteiro e bem humorado de um luso-descendente no seu atempado e feliz re-gresso a casa.

Emily Daniels, The Great Adventure -- the Story of My First Trip Abroad (Or-ganização, Intróito e Prólogo de Rita D. Marinho e Marc A. Moniz), Gávea-Bro-wn: A Bilingual Journal of Portuguese and Luso-American Studies (volumes XXX-XXXI), Providence, 2011. As tra-duções livres aqui são minhas.

Diniz [email protected]

Apenas Duas Palavras

Page 27: The Portuguese Tribune, September 1st 2011

27 COLABORAÇÃO

Nos seus 139 anos de existência (1836-1975), o distrito da Horta conheceu 135 governadores ci-vis. Alguns deles tiveram pas-

sagem efémera e fugaz pelo cargo. Outros, porém, marcaram os seus mandatos pela longevidade e pelos relevantes serviços prestados às quatro ilhas que o integra-vam. Nos tempos da monarquia o que mais se notabilizou foi o conselheiro António José Vieira Santa Rita, madeirense de nasci-mento que, no século XIX, por quatro períodos esteve à frente do distrito, totali-zando 26 anos de exercício do poder. No período republicano, o governador civil que mais se distinguiu foi, sem dúvida, o Dr. António de Freitas Pimentel, quer pelo tempo que ocupou o cargo, quer pela obra realizada. Exerceu funções, ininterrupta-mente, durante duas décadas (1953-1973) e, no decurso desse longo mandato, teve uma acção extremamente positiva que não tem comparação com o que até então se realizara nas ilhas do Faial, Pico, Flores e Corvo. Viu concretizados muitos dos em-preendimentos constantes da agenda que entregou ao Governo logo depois da sua posse. Destacam-se os mais importantes:- construção da muralha de protecção à cidade da Horta e a que é hoje a Avenida Marginal;- beneficiações no porto da Horta e nos pe-quenos portos do Pico e das Flores;- construção da Adega Cooperativa Vitivi-nícola da Ilha do Pico;- apoios a cooperativas de lacticínios nas várias ilhas;- melhorias em estradas do Pico e Flores;- construção do Aeroporto da Horta;- instalação, na ilha das Flores, da Esta-ção Francesa de Telemedida a consequente construção do Aeroporto, da Central Hi-droeléctrica e do Hospital;- edificação de Centros de Saúde no Pico;- instalação de redes de distribuição de energia eléctrica em várias freguesias das ilhas do distrito;- leccionação do 3.º ciclo no Liceu da Hor-ta;- criação da Escola Técnica da Horta;- construção de escolas primárias nas vá-rias ilhas do distrito.Merecem também realce as difíceis e rápi-das decisões que, superiormente assesso-rado pelo engenheiro e cientista Frederico Machado, teve de tomar na dramática noi-te de 12 para 13 de Maio de 1958 - quando a ilha do Faial foi intensamente sacudida por cerca de 450 sismos que alteraram de modo significativo a erupção do vulcão dos Capelinhos que se iniciara em 27 de Setembro do ano anterior - ordenando que as populações flageladas das freguesias de Capelo e Praia do Norte abandonassem as suas casas antes que ruíssem, o que evitou que, apesar da devastação, não houvesse qualquer vítima mortal. Logo de seguida a sua acção e a dos seus colaboradores – incluindo nestes muitos faialenses das ou-tras freguesias rurais e da cidade da Horta, além de numerosos picoenses – foi direc-cionada para o realojamento e alimentação dos sinistrados, para os constantes pedi-dos de socorro ao Governo da Nação que rapidamente e na medida das suas possi-bilidades os satisfez, marcando imediata presença através de múltiplas ajudas e da vinda imediata do ministro das Obras Pú-blicas, engenheiro Arantes e Oliveira, que inteirando-se da dimensão da catástrofe, tomou importantes medidas para a recons-tituição económica e habitacional das zo-nas destruídas. A onda de solidariedade para com as ví-timas do vulcão dos Capelinhos, extrava-sou dos Açores e do Continente Português para a América do Norte, destacando-se neste aspecto as comunidades emigrantes nos Estados Unidos que, além do valioso auxílio em vestuário, géneros alimentícios e dinheiro, conseguiram pressionar políti-

cos estaduais e federais – nomeadamente Joseph Perry, John Pastore e o futuro Pre-sidente John F. Kennedy – para que fosse aprovado, em 1958, o Azorean Refugee Act que permitiu a emigração para aquele país de duas mil famílias e, posteriormen-te, pelo Hart- Celler Act, de 1965, de mais 20 mil portugueses, a que se juntaram os que, pelas muitas cartas de chamada, pu-deram refazer e melhorar as suas vidas em terras americanas. No desenrolar deste histórico e necessário movimento migratório, o papel do gover-nador Freitas Pimentel foi também pre-ponderante, quer na sua acção persistente para que os Estados Unidos concedessem vistos aos sinistrados, quer no apoio cons-tante aos vários milhares de açorianos que para lá emigraram.O seu longo consulado governativo - que não se esgota na realização dos melhora-mentos enunciados, antes se estende por outros domínios sociais, culturais e des-portivos – terminou a 25 de Maio de 1973. Contra o que era seu desejo, teve ainda de aceder ao indeclinável convite do Dr. Marcelo Caetano (amigo e correligionário desde os anos trinta) para ser deputado à Assembleia Nacional. Foi, no desempenho desse cargo, que o encontrou o movimen-to revolucionário de 25 de Abril de 1974 que, como se sabe, pôs termo à ditadura do Estado Novo e instaurou o regime de-mocrático.A vida política do Dr. Freitas Pimentel foi bastante longa e, apesar da íntima amizade que desde jovem o ligava ao integérrimo democrata republicano Dr. Manuel José da Silva, prematuramente falecido em 1935, cedo aderiu à União Nacional e, por ela, ao regime político autoritário que a Cons-tituição Política de 1933 consagrou com a designação de Estado Novo. Assim, não parece correcto dizer-se que o Dr. Freitas Pimentel combateu inicialmen-te o Estado Novo, porque a realidade mos-tra-nos que em 1934 já era vice-presidente da comissão distrital da União Nacional e, pela mão do ministro Linhares de Lima, seria nomeado governador civil substituto em Dezembro de 1935, cargo que exerceu, por vezes em plenitude dadas as frequen-tes ausências dos titulares em Lisboa, até à exoneração em Fevereiro de 1939, em virtude do grave conflito que dentro da co-missão distrital da União Nacional o opôs ao Dr. António Terra, ele pertencendo ao grupo moderno e este integrando o grupo antigo constituído pelo defunto partido regionalista do Dr. Manuel Francisco Ne-ves.

Demitido dos cargos que ocupa-va, o Dr. Freitas Pimentel viu reabilitada a sua imagem polí-tica em Janeiro de 1940, facto

que se apressou a comunicar ao ministro do Interior informando-o de “que a acusa-ção infame que me fizeram não foi provada em Tribunal” . Após uma pausa de cinco anos, ei-lo nomeado presidente da Câmara Municipal da Horta em 2 de Dezembro de 1945, funções que desempenhou até 30 de Junho de 1953, dia em que tomou posse do cargo de governador civil do distrito autó-nomo da Horta.Enquanto presidente da Câmara da Hor-ta foi procurador à Câmara Corporativa (1945-1949) como representante dos mu-nicípios do arquipélago dos Açores. As-sumiu, também em 1948, a presidência da comissão distrital da União Nacional que exerceu por largo tempo. Após tomar posse do cargo – que lhe foi conferida em Lisboa pelo ministro do In-terior Dr. Trigo de Negreiros - a triunfal chegada à Horta, em 7 de Julho de 1953, marcou decisivamente a actividade políti-ca do governador Freitas Pimentel. Ela foi constantemente sempre aplaudida, não só pelos seus amigos políticos mas também pela comunicação social afecta ao regime, em especial pelos dois diários faialenses.

Iam longe, portanto, os tempos em que, mesmo no seio da União Nacional, os cam-pos se extremavam. Disso nos dão conta O Telégrafo e o Correio da Horta. É certo que em 1953 as feridas ainda não estavam totalmente saradas como o prova esta parte do discurso de posse de Freitas Pimentel: “Quando chegar à Horta, pedirei a todos que façam um acto de contrição. Para que sejam afastados possíveis ressen-timentos ou desnecessárias retaliações e todos me dêem leal apoio para bem cum-prir, com a ajuda de Deus, os deveres do meu cargo”. E após a extraordinária recep-ção que lhe fizeram à chegada - “a mais es-pontânea, a mais sincera, a mais vibrante e entusiástica a que a Horta assistiu nos úl-timos anos” – o governador voltou a exau-torar o passado, formulando “a todos um desejo muito grande e muito sincero” em que punha “muita fé e muita esperança: façamos por esquecer todos os nossos mal entendidos e apertemos sincera e lealmen-te as nossas mãos limpas de emulações ou de pequenos e inevitáveis ressentimentos pessoais ou concelhios, para que eu possa desempenhar-me com a ajuda de Deus e do Governo, dos novos e pesados deveres do meu cargo” . A secundá-lo nos votos de pacificação da desavinda União Nacional esteve, nessa ocasião e em representação da Junta Geral, o Dr. Gabriel Baptista de Simas, antigo governador, deportado polí-tico, correligionário e amigo do Dr. Ma-nuel José da Silva. A dado passo do seu discurso, também o Dr. Simas fez um ve-emente apelo à unidade, com “os ardentes votos para que o governador encontre a colaboração de todos os homens de boa vontade da nossa Terra, especialmente dos novos, indispensável para que possa levar a bom termo a sua profícua acção a bem do nosso progresso e do prestígio da Na-ção”, já que nesta hora, todos têm “o dever moral de dar as mãos” .Os bons propósitos do chefe do distrito tiveram resposta positiva na comunicação social e na opinião pública, beneficiando também das armas próprias do regime au-toritário que serviu e, sobretudo, da forma inteligente, astuta e empreendedora que caracterizaram a sua actuação. Decorridos 20 anos, quando, por força da lei, teve de deixar o cargo, “ o distrito inteiro prestou justa homenagem ao go-vernador Freitas Pimentel através do Mu-nicípio da Horta”. Este é o título de toda a primeira página do jornal Correio da Horta de 15 de Maio de 1973 que, curiosa-mente, tinha por director o advogado Dr. Raposo de Oliveira, o qual na década de trinta fora um dos homens fortes do grupo do Dr. Neves e um dos que mais combatera o Dr. Freitas Pimentel, inclusivamente no caso que o levou a Tribunal.Nas duas décadas em que esteve à frente do distrito da Horta foi, portanto, um po-lítico que serviu lealmente o Estado Novo e que dele conseguiu bastantes benefícios

para as populações das quatro ilhas. Na sua subtil e inteligente acção política, Freitas Pimentel acabou por ser uma espécie de patriarca que concitava à sua volta o povo do distrito, com as poucas excepções de al-guns adversários a quem liberrimamente oferecia, por vezes, uns nacos de poder! As várias manifestações que periodica-mente lhe promoveram, incluindo a últi-ma de Maio de 1973, eram quase sempre constituídas “por milhares de pessoas, mormentedo Faial, mas com expressiva represen-tação picoense”, nelas se incorporando também clubes desportivos, filarmónicas, estudantes, funcionalismo público, escu-teiros, delegações de organismos corpora-tivos, sociedades de recreio, Casa do Gaia-to e Santa Casa da Misericórdia. Todas elas pretendiam, em plena sintonia com as boas regras da propaganda nacional, “testemunhar o reconhecimento ao pres-tigiado governador”, como o foi a última “constituída por milhares de pessoas” . Natural da freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores, o Dr. António de Frei-tas Pimentel nasceu a 15 de Julho de 1901, filho de António de Freitas Pimentel e de Maria do Rosário Pimentel, e irmão do Dr. José de Freitas Pimentel - médico perpe-tuado na toponímia da Madalena, ilha do Pico, pela doação da sua vida no tratamen-to de doentes infectados com a peste bu-bónica que também o vitimou aos 25 anos de idade – e ainda de Fernando de Freitas Pimentel que, ainda jovem, emigrou para a Califórnia. Fez o curso liceal em Hor-ta e Angra do Heroísmo e formou-se em Medicina no ano de 1929 na Universidade de Lisboa. Consorciou-se em 1930 com a médica Dr.ª Maria Francisca Pais Dias Pi-mentel, tendo o casal fixado residência na Horta, onde nasceram as filhas Maria Re-gina e Maria Fernanda e onde ele faleceu a 15 de Abril de 1981.A par das muitas homenagens que lhe prestaram, recebeu importantes distinções honoríficas, de que se destacam: Oficial da Ordem Militar da Torre e Es-pada (1973); Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique (1962); Grande Oficial da Ordem Militar de Cristo (1958).Recebeu igualmente outras condecora-ções, como sejam a medalha de ouro do concelho da Horta (1955), o título de ci-dadão honorário do concelho da Horta e a colocação da sua fotografia na galeria de honra dos grandes beneméritos no Salão Nobre dos Paços do Concelho (1973), ci-dadão honorário do Corvo e de Santa Cruz das Flores, além da atribuição do seu nome a uma rua da cidade da Horta.

Retalhos da nossa história – CIII

No Centenário da República Portuguesa (38)

Governador António de Freitas Pimentel

Fernando FariaCortesia do Tribuna das Ilhas

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On the first weekend of August, over a thou-sand Californians of Portuguese descent

flocked to the second largest city in California. San Diego welco-med the 56th Annual Luso-Ame-rican Fraternal Federation Youth Theatrical Program, in which 427 youngsters of Portuguese descent were the stars of a show characterized by a passionate and talented display of excerpts of the Portuguese culture. This year’s program included 12 Luso Youth Council groups from all over California, most coming from regions in which the Portu-guese culture is still very much alive. First up on stage was San Jose, followed by Newcastle, Sa-cramento, Santa Clara/Mountain

View, Contra Costa, Artesia, San Diego, Newark, Fremont/Union City, Norco/Corona, Gustine/Los Banos, and Northern San Joaquin Valley. Each group brought its very own characteristic style, contributing to a significant level of diversity across performances. There were those who decided to take a more traditional Portuguese approa-ch, others who mixed traditional with contemporary, while some completely “Americanized” their performances. Spectators often questioned overly “Ame-ricanized” stylistic approaches, claiming that such approaches could lead to the creation of a misconception of what in fact is true Portuguese culture, yet, in the end, it is part of the nature of

the event. Nevertheless, the performances were divided into 2 categories: “Dance” and “Musical Variety”, with awards presented to the top 3 performances of each category. Fremont/Union City tied Nor-thern San Joaquin Valley in first place, while Sacramento took second followed by Gustine/Los Banos who took third place in the “Dance” category. In the “Musical Variety” category, Ar-tesia took first place, followed by Contra Costa and Newcastle who took second and third places res-pectively. Besides the group awards, there were also awards presented for “Best Individual Performance” in each category. The award for “Best Individual Performance” in the “Musical Variety” cate-gory went to Taylor Sousa from the Artesia Youth Council. The winner of the “Best Indivi-dual Performance” award in the “Dance” category was Shawn Ro-cha from the Fremont/Union City Youth Council, a well-deserved distinction that was accompa-nied by a standing ovation from everyone at the banquet dinner. While the presentation of these awards assures motivation and rewards dedication as well as talent, it is not, by far, the most significant aspect of the pro-gram. According to Brian Mar-tins, Director of Youth Progra-ms, “the most important aspect of this program is its aim at the youth(…)this event provides the possibility for children of Portu-guese descent to meet, socialize, and create friendships with other children of Portuguese descent throughout California who share the same interest in the Portugue-se culture”.Life-long friendships are created between members of different groups, while members of the

same group solidify existing bon-ds, some of which having grown attached to each other more than to their own families. This fami-ly nature within groups could not have been better illustrated by the Fremont/Union City Youth Cou-ncil. It all happened on stage whi-le performing in front of nearly a thousand spectators. Performing what was considered by many, the most difficult and dangerous act of the day, Carlos Carreiro had an unfortunate landing, whi-ch lead to the fracture of his tibia. Despite the incident, the group professionally continued their performance; however, instead of celebrating at the end of their act, they rushed backstage to find out how “Carlinhos” was doing. La-ter that afternoon, Carlos strolled around in a wheelchair always surrounded by his Luso family. In the end, this program educa-tes Portuguese descendents about aspects of the Portuguese culture while also helping them grow as individuals. According to Mi-chelle DaSilva, Chair of Youth Directors, “besides gaining kno-wledge of the Portuguese culture, by getting involved in this pro-gram, children end up learning critical life lessons (…) they le-arn how to compete in a healthy and dignified manner, which will help them in their future applica-tions to schools or jobs while it also teaches them how to win and how to lose”. Indeed, besides offering the you-th the possibility to dance or per-form a musical act, this program offers Portuguese descendents an educational experience nowhere to be found in a classroom. For some, this program probably pro-vides their most significant dosa-ge of Portuguese culture. And, although the program is restricted to those of ages 18 and under, the-

re are many older (young adults) individuals helping in practices and taking on leadership roles within each group. Working with the youth of today, this program helps create the men and women of tomorrow.

LUSO: Youth Put on a Show in San Diego

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Lufada de Ar Fresco

Paul [email protected]

fotos de josé enes

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30 1 de Setembro de 2011ENTREVISTA

Porque razão seus pais foram de São Jorge para Angola e em que ano?

Os meus pais foram para Angola no ano de 1956 à procura de vida melhor. Um lugar aonde pudessem realizar os seus sonhos, já que em São Jorge, Açores, na altura as possibilidades eram poucas.

Como é que foram os seus primeiros anos em Angola? O que é que o marcou mais na juventude?

Lembro-me de viver nos quartos do está-bulo até os meus pais construírem a casa. Passei os anos da primária com os meus avós que viviam na Vila do Catofe. Vivi a maior parte do tempo fora do convi-vio dos meus pais e irmãos, porque tive a oportunidade de ir estudar e para isso não podia viver com os meus pais. Foi nisto que me marcou mais na minha juventude.

Onde é que estudou?

Depois da primária, fui estudar para a Es-cola Comercial e Industrial de Santa Com-ba, Cela. Aí completei o quinto ano com especialidade em Electricidade e Mecâni-ca. Vivi nessa altura com os meus primos que me derem apoio, assim não tive que ser internado no Internato local para estudan-tes. Só via os meus pais uma vez por mês e só convivia com os meus irmãos durante as férias. Nesta altura, já a revolução em Portugal tinha alterado um pouco a nossa vida e vivíamos nunca ansiedade incerta. Não sabiamos o que nos guardava o futu-ro. Em Agosto de 1974 fui estudar para a Escola Comercial e Industrial Sarmento Rodrigues em Nova Lisboa, Huambo, aon-de completei o sexto ano de Electrotecnia.

Quando começou a guerra em Angola, o que é que pensava dela e do seu fim?

Lembro-me muito pouco do início da guerra em Angola. Sabia que existiam pro-blemas porque nessa altura mudámo-nos temporáriamente da fazenda para a Vila. Sómente tinha 4 anos de idade. O que pen-

sava dela... Será sera que valeu a pena tan-tos soldados e civis perderem a vida? Pen-so que não. Não valeu a pena, pois depois de tudo perdeu-se tudo...

Na área onde viviam foram alguma vez incomodados pela guerra?

Possívelmente no início, mas não tenho re-cordações más dessa altura.

Como era o dia-a-dia dos jorgenses em Angola e dos jovens em especial?Trabalhar para vencer na vida. Nos ultimos anos (6 ou 7) tinha havido muito progresso na nossa zona do Catofe. Celebrávamos a Festa do Divino Espírito Santo e outras. Os jovens ques não tiveram a oportunidade de estudar, trabalhavam com os seus pais nas fazendas, nos seus negócios, e mais tarde formaram as suas próprias fazendas. Os que conseguiram ir estudar, regressavam durante as férias e ajudavam os pais nas suas lavouras. Aos Domingos, se assim nos deixassem, fazíamos farras a toque de discos e às vezes mesmo com conjuntos musicais. Jogávamos futebol, fazíamos al-drabices, etc...

Serviu a tropa em Angola? O que é que sentia em haver uma guerra entre povos que aparentemente se davam bem? Não, não servi a tropa em Angola, pois saí de lá com pouco mais de 17 anos.Na realidade eu não entendia a razão da guerra. De vez em quando via militares que por lá passavam. Como era novo, não me envolvia em assuntos que na altura não se podiam falar abertamente.

A guerra já estava a manter-se por mui-tos anos sem um fim à vista. Qual era o seu pensamento acerca dessa situação?

Na realidade não posso comentar muito sobre o assunto. Sabia que havia opres-são, mas nunca pensei que o nosso destino fosse o que sucedeu. Hoje, sabendo o que sei, posso dizer que a guerra não terminou mais cedo porque não convinha a muita

malta. Infelizmente muitos padeceram e para quê?

Sabe se havia algum sentimento de auto-determinação entre todos os angolanos, depois de um certo cansaço da guerra? Teria sido oportuno? Sei, eu penso que sim. Só posso falar por mim. Para nós, Angola era o nosso país, o nosso berço. Queria ter ficado lá pois não conhecia mais outro mundo. Angola estava a crescer tão depressa, com tantas oportunidades de sucesso. E como diz o autor angolano Luis Vieira da Silva no seu livro “Angola Terra de D’Uanga” es-crevendo sobre a situação que se viveu em Angola antes e depois do 25 de April: “An-gola estava a crescer demasiado depressa para os poderes internationais”. Não podia continuar e tornar-se a Estrela de África...

Passados 13 anos de guerra, veio o 25 de Abril. Como é que foi recebido esse dia entre a população jorgense?

Ao princípio talvez com esperanças que pudessemos viver livres da tal pressão que não se sentia tanto em Angola. Acabava-se a guerra. Não era preciso mais ter que mandar os filhos para a tropa, etc... Mas depois veio a tal "Descolonização Exem-plar"... que foi uma vergonha para Portu-gal...

A descolonização foi o que foi e a maio-ria dos portugueses abandonaram a sua

terra (Angola). Foi triste, não foi? Como é que viveu esses tempos?

Na realidade prefiro não falar no assunto. Já lá vão 36 anos. Esta é uma das situações onde o "Recordar é Viver" não trabalha, pelos menos para mim.Foi uma autêntica vergonha para Portugal, se me permite repetir. E é só...

Depois de Angola, pensou ficar em Por-tugal? Porquê a America?

Não, e prefiro não dar a minha opinião, só lhe digo que me senti atraiçoado. Não havia condições. Fomos para os Açores aonde começámos o processo de emigrar. Pensámos em duas opções: Brasil ou Es-tados Unidos. O Brasil teria sido mais fácil para os meus pais, mas numa das nossas reuniões de familia, que fazíamos frequentemente na altura, por causa da si-tuação que vivíamos, os meus pais resol-veram que os Estados Unidos nos dariam melhores oportunidades. Além disso, a minha mãe tinha o seu irmão em Turlock, California e o meu pai, um irmão em Los Altos, California.

Faça-nos um relato sucinto da sua esta-dia na California até agora? Estou na California desde April de 1976. Turlock é o meu lugar favorito e aonde te-nho residido a maior parte to tempo. O tra-balho, o estudo e a famíla tem sido o alto da minha vida. Sou casado, a minha

Luís de Oliveira Presidente/CEO da KAGOME

Luís de Oliveira, orgulhosamente quis posar ao pé de duas pinturas feitas por um dos seus filhos.

Quase todos os meses descobrimos que muitos portugueses, devido ao seu trabalho árduo, consistente, têm tido oportunidades de vingar na vida e de serem grandes gestores de companhias, não só americanas como estrangeiras.Nesta quinzena do princípio de Setembro, fomos falar com Luís de Oliveira, angolano de coração e americano por natureza, sobre a sua vida em Angola e o seu sucesso na California.Luís de Oliveira não quiz falar da "Descolonização Exemplar" e todos podemos compreender a razão, muito em especial todos aqueles que a experimentaram na pele.

Par ticipe nas nossas festas t radicionais

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esposa chama-se Lucília e temos 3 fihos, aos quais chamo os nossos "Diamantes", pois por eles vou ao fim do mundo se ne-cessário. Trabalhei para a "Foster Poultry Farms' durante 16 anos, e aí dei início à minha carreira. Hoje estou na Kagome, em Los Banos, uma companhia Japonesa, aonde produzimos produtos derivados do toma-te e outros ingredientes para a industria de restaurantes nos Estados Unidos e por todo o resto do mundo.

Como é que chegou a CEO da Kagome?

Primeiro que tudo penso que Deus me tem favorecido muito. Trabalhar árduamente, com preserverança e honestidade tem sido o meu lema. A pessoa com quem trabalhei para aí ingressar disse-me que eu me con-centrasse nestas duas palavras para ter su-cesso numa Companhia Japonesa: Intui-ção e Paciênca...Já lá vão 17 anos.

O que é a Kagome?

A Kagome é uma companhia Japonesa que introduziu o Tomate no Japão em 1899. O nosso lema é trazer ao consumidor produ-tos que a natureza nos oferece, o mais fres-co possível, além dos produtos serem na sua maioria processados. Temos 7 fábri-cas no Japão, duas nos Estados Unidos, à minha responsabilidade, uma em Taiwan, duas na China com parceiros, duas em Por-tugal, uma na Italia e uma também agora na Australia. O nosso sonho é ser global e um dos maiores produtores de tomate e variados, no Mundo.

Desde quando é que se envolveu na Fun-dação Portuguesa de Educação do Vale Central?

Estou envolvido na Fundação práticamente desde o seu início em 1991. Fui tesoureiro por muitos anos. Este ano fui eleito Presi-dente. Se me permite, gostaria através do seu respeitável Jornal, pedir a colaboração de toda a comunidade do Vale Central para continuarem a apoiar a Fundação. O nosso objectivo como sabe é a angariação de fundos para a ajudar estudantes da nos-sa comunidade com Bolsas de Estudo, mas não só. Também temos a intenção de aju-dar os nossos jovens a manterem os nos-sos costumes e tradições, a nossa Língua e Cultura.

Se tivesse uma varinha mágica o que é que mudava na nossa comunidade?

Uma pergunta dificil de responder! Nós, assim diz alguém, somos o resultado da sociedade onde vivemos. Penso que a nos-

sa comunidade deve-se orgulhar da contribuição que dá ao Vale Central da California em particular e aos Estados Unidos em geral. Seria maravilhoso termos um lugar aberto diáriamente aonde nos pudes-semos juntar a practicar desportos, ler, conviver entre os outros, lugar que também tivesse acomodações para os nossos mais idosos.Além disto, talvez mais participação na política local e estadual, para assim abrirmos mais portas.

Família Oliveira: Christopher Alex, Lucilia, Eric Luis, Marcio Roberto

ENTREVISTA

Familia Oliveira no Catofe, Angola em 1973 (foto de Jorge Oliveira)

Ichitaro Kanie, fundador da Kagome, primeiro conseguiu cultivar tomates no seu jardim no Ja-pão em 1899. O seu sucesso levou à formação de Kagome Co., Ltd. agora um dos maiores pro-dutores de tomate no Japão. Além de tomates, Kagome Japão produz uma grande variedade de frutas e produtos hortícolas, bebidas, refeições para microondas, e bebidas pró-bióticas seguin-do a missão da empresa em fornecer os alimen-tos que são perto da natureza.

Através da investigação, inovação e desenvol-vimento, Kagome Japão foi pioneiro de novas tecnologias concebida para reter o máximo de sabor, cor e valor nutritivo de frutas e legumes. A sua tecnologia patenteada de Osmose Reversa produz o melhor sumo de tomate de qualidade, que é usado em produtos premium desde sumos a refeições. O centro de pesquisa da Kagome no Japão também mantém o maior banco privado de sementes de tomate com mais de 7500 va-riedades de sementes usando essas variedades

para selecionar o tomate ideal para cada região de cultivo e condição no mundo e para proteger a diversidade global das culturas vegetais.

Em 1988, a Kagome Japão estabeleceu Kagome Inc. (Kagome), em Los Banos, Califórnia. As instalações de produção foram concluídas em 1990, e começou a enviar os seus molhos para cadeias de restaurantes em todo o país. Hoje, a Kagome é conhecida como um dos principais desenvolvedores e fabricantes de molho perso-nalizado para serviços de alimentação, atenden-do a clientes no mercado interno e tão distantes como a Ásia, Médio Oriente, América Latina e Austrália.

Para atender à crescente demanda, Kagome tem maior capacidade na unidade de Los Banos e em 2007 adquiriu e modernizou Kagome Foods Creative. Esta aquisição tem otimizado a dis-tribuição na costa oriental dos EUA de novos produtos e tipos de embalagens para o portfólio de Kagome.

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