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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Perfil químico associado aos diferentes estádios de maturação do abacaxi cv. Vitória por ESI(-)-FT-ICR MS e estudo de suas atividades biológicas na quimioprevenção de câncer Elizângela Monteverde Ogawa Dissertação de Mestrado em Química Vitória 2016

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

Perfil químico associado aos diferentes estádios de

maturação do abacaxi cv. Vitória por

ESI(-)-FT-ICR MS e estudo de suas atividades biológicas na

quimioprevenção de câncer

Elizângela Monteverde Ogawa

Dissertação de Mestrado em Química

Vitória

2016

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2

Elizangela Monteverde Ogawa

Perfil químico associado aos diferentes estádios de

maturação do abacaxi cv. Vitória por

ESI(-)-FT-ICR MS e estudo de suas atividades biológicas na

quimioprevenção de câncer

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Química do Centro de

Ciências Exatas da Universidade Federal do

Espírito Santo como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Wanderson Romão

Co-orientador: Dr. Helber Barcellos Costa

VITÓRIA

2016

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3

Perfil químico associado aos diferentes estádios de

maturação do abacaxi cv. Vitória por

ESI(-)-FT-ICR MS e estudo de suas atividades biológicas na

quimioprevenção de câncer

Elizângela Monteverde Ogawa

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Química da

Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção

do grau de Mestre em Química.

Aprovado em 23/03/2016 por:

__________________________________________ Prof. Dr. Wanderson Romão

Instituto Federal do Espírito Santo Orientador

__________________________________________ Prof. Dr. Helber Barcellos Costa

Universidade Federal do Espírito Santo Co-orientador

__________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Machado Kuster

Universidade Federal do Espírito Santo

__________________________________________

Prof. Dr. José Aires Ventura Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

Universidade Federal do Espírito Santo Vitória - ES, Março de 2016

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4

Dedico este trabalho

a minha família.

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5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por todos os dias da minha vida.

Ao meu esposo Paulo Cézar por dar a mim o apoio na medida que eu precisava em

todos os momentos dessa caminhada e de todos os outros em nossas vidas.

A minha filhinha Ana Beatriz que dividiu com meus estudos o seu tempo comigo.

Ao prof. Dr. Wanderson Romão, pela oportunidade oferecida, pelo seu tempo a mim

dispensado e por todo o conhecimento adquirido nesse período que agora levo para

os meus dias..

Ao professor Dr. Helber Barcellos da Costa pelos conhecimentos transmitidos.

Aos Professores Dr. Ricardo Machado Kuster, Dra. Denise Coutinho Endringer e

Dr.José Aires Ventura por aceitarem participar da banca de dissertação, colaborando

para o crescimento desse trabalho.

Ao INCAPER, pelo fornecimento das amostras, e de maneira especial ao professor

Dr. José Aires Ventura pelo cuidado e apoio a essa pesquisa.

A equipe do Laboratório Nupecfarma em especial a professora Denise Endringer e a

mestranda Maria Eduarda Souza pela participação e apoio nessa pesquisa.

Aos amigos do Laboratório de Petroleômica e Forense: Lilian, Bruno, Radigya,

Nayara, Fernanda, Heloá, Eliane, Flávia, Heloísa, Rayana, Jade, Letícia, Izabela,

Larissa, Gabriela, Lindamara, Eloilson, Silvana, Daniel, Natwrie e Vitor. Todos, de

alguma forma, contribuíram para esse trabalho.

Aos professores do programa de pós-graduação em química pelos ensinamentos

compartilhados.

A CAPES, CNPQ E FAPES pelo auxílio nesse período.

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6

“Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o

que somos” (Eduardo Galeano)

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7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.Sintomas da fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinas f. sp. ananas, no fruto (A) e na base da folha (B). ........................................................ 15

Figura 2.Produção de abacaxi do Espírito Santo em relação a região sudeste em 2015. .................................................................................................................................. 17

Figura 3. Diagrama esquemático de um espectrômetro de massas. ........................ 21

Figura 4. Ilustração do FT-ICR MS. ........................................................................... 23

Figura 5. Esquema do processo da carcinogênese. ................................................. 25

Figura 6. Curva de calibração obtida utilizando soluções do padrão de ácido gálico. .................................................................................................................................. 32

Figura 7. Abacaxi cv. Vitória nos seis estádios de maturação .................................. 38

Figura 8. Ensaios físico–químicos utilizando metodologias convencionais: (a) SS, (b) ATT, (c) Razão SS/ATT. ........................................................................................... 40

Figura 9. ESI(-)-FT-ICR MS: (a) estádio 0, (b) estádio 1, (c) estádio 2 e (d) estádio 3, (e) estádio 4 e (f) estádio 5........................................................................................ 42

Figura 10. ESI (-) MS/MS dos íons m/z (a) 341, (b) 431, (c) 521, (d) 533, (e) 683 e (f) 1025. ......................................................................................................................... 46

Figura 11. Variação da razão entre a soma dos sinais gerados pela presença de açúcares pela soma dos sinais produzidos pela presença do padrão de glicose deuterada em função dos estádios de maturação. .................................................... 47

Figura 12. ESI(-)-FT-ICR MS do extrato: (a) estádio 0, (b) estádio 1, (c) estádio 2, (d) estádio 3, (e) estádio 4 e (f) estádio 5. ...................................................................... 48

Figura 13. Variação do conteúdo de compostos fenólicos em função dos estádios de maturação. ................................................................................................................ 51

Figura 14. Razão entre a intensidade absoluta dos compostos fenólicos pela soma da intensidade absoluta dos sinais gerados pelo padrão em função dos estádios de maturação. ................................................................................................................ 53

Figura 15. Determinação da concentração de compostos fenólicos no extrato. ....... 54

Figura 16. Determinação da concentração de compostos fenólicos no suco. ........... 55

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8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção de abacaxi em 2015 .................................................................. 16

Tabela 2. Alguns analisadores de massa usados em MS.26 ..................................... 22

Tabela 3. Ensaios Físico–químicos utilizando metodologias convencionais: SST, AT e Razão SS/ATT. ......................................................................................................... 39

Tabela 4. Compostos Químicos Propostos dos Espectros de Massas ESI(-)-FT-ICR MS dos estádios de maturação. ................................................................................ 43

Tabela 5. Compostos Químicos Propostos dos Espectros de Massas ESI (-) FT-ICR do extrato. ................................................................................................................. 49

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9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

α-MEM Meio de cultura mínimo essencial, modificação α

APCI - Ionização química a pressão atmosférica

APPI - Fotoionização a pressão atmosférica

AT - Acidez total titulável.

BSA - Albumina sérica bovina

C18 – Octadecil.

CID – Dissociação induzida por colisão (do inglês, Collision Induced Dissociation)

CI - Índice de quimioprevenção.

CI50 - Concentração inibitória.

DC - Concentração necessária para duplicar a atividade da enzima em relação a

atividade basal.

DMSO – Dimetilsulfóxido.

EDTA - Ácido etilenodiamino tetra-acético

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

ESI (-) - Eletrospray no modo negativo.

ESI (+) - Eletrospray no modo positivo.

EtOH – Etanol.

FAD - Dinucleótido de flavina e adenina.

FT – Transformada de Fourier (do inglês, Fourier transformation).

FT-ICR MS – Espectrometria de Massas de Ressonância Ciclotrônica de Íons por

Transformada de Fourier (do inglês, Fourier Transform Ion Cyclotron Resonance Mass

Spectrometry).

G-6-P - Glicose-6-fosfato

G-6-PH - Glicose-6-fosfato-desidrogenase

Page 10: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

10

GC – Cromatografia gasosa.

HPLC - Cromatografia líquida de alta eficiência.

ICR – Ressonância Ciclotrônica de Íons (do inglês, Ion Cyclotron Resonance).

INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural.

MALDI - Dessorção/ionização por matriz assistida por laser.

MTT - Brometo de 3-(4,5- dimetiltiazo-2-il)-2,5-difeniltetrazolio.

MS – Espectrometria de Massa ((do inglês, Mass Spectrometry).

m/z– Razão massa-carga

NADPH - β-Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato.

PBS - Tampão fosfato salina.

PSF Penicilina G- estreptomicina-fungizona

pH - Potencial hidrogeniônico.

ppm – Partes por milhão.

QR - Quinona-redutase

SDS - Dodecil-sulfato de sódio

SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca.

SPE - Extração em fase sólida

SST - Sólidos solúveis totais.

TOF – Tempo de vôo.

UV/Vis - Ultravioleta-visível.

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11

LISTA DE SÍMBOLOS

C6 - Anel benzênico

N - Número total de observações.

A1 - Absorbância da solução na presença do indutor, lido na placa “QR ensaio”. AT -

Absorbância da solução na presença do indutor, lido na placa “Proteína”.

AA - Absorbância da solução na presença da amostra, lida na placa “Proteína”.

Ac - Absorbância da solução na presença do controle negativo, lido na placa

“Proteína”.

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Sumário

1.INTRODUÇÃO 14

1.1 O Fruto Abacaxi 14

1.1.1 A Cultivar Vitória 14

1.2 Produção 15

1.3 Estádios de Maturação 17

1.4 Características Físico-químicas do Abacaxi 17

1.5 Compostos Fenólicos 18

1.6 Espectrometria de Massas 19

1.6.1 Analisador de Massas com Ressonância Ciclotrônica de Íons 21

1.6.2 Ionização por Electrospray (ESI) 23

1.7 Ensaio de indução enzima NADPH: quinona redutase (QR) 25

2.OBJETIVOS 26

2.1 Objetivo Geral 26

2.2 Objetivos Específicos 26

2 MATERIAIS E MÉTODOS 28

2.1 Amostras e Reagentes 28

3.1.1 Preparo do Suco das Amostras 28

3.1.2 Preparo do Extrato Fenólico das Amostras 28

3.2 Análises Físico–Químicas 29

3.3 Análise ESI FT-ICR MS e ESI (-) FT - ICR MS/MS 30

3.3.1 Semiquantificação de Açúcares 30

3.3.2 Semiquantificação de Compostos Fenólicos 31

3.4 Quantificação de Polifenóis Totais por Folin-Ciocalteau 31

3.5 Ensaios de Atividade da Quinona-Redutase 32

3.5.1 Soluções empregadas nos ensaios de quimioprevenção de câncer 32

3.5.2 Re-Estabelecimento das Linhagens Celulares Mantidas em N2 Líquido 33

3.5.3 Preparo das Células para Ensaio 33

3.5.4 Determinação da Indução da Quinona – Redutase 34

3.6 Análise Estatística 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 37

4.1 Análises físico – químicas 37

4.2 ESI-FT-ICR MS E ESI (-) FT - ICR MS/MS 40

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13

4.2.1 Análise dos Açúcares 40

4.2.3 Análise de Compostos Fenólicos 47

4.3 Quantificação de Polifenóis Totais por Folin-Ciocauteau 54

4.3.1 No extrato 54

4.3.2 No suco 55

6 REFERÊNCIAS 56

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14

1.INTRODUÇÃO

1.1 O Fruto Abacaxi

O abacaxi é o fruto do abacaxizeiro (Ananas comosus (L.) Merril), uma planta

de clima tropical, perene, monocotiledônea, pertencente à família Bromeliaceae.1 O

fruto é constituído por 100 a 200 frutilhos fundidos entre si sobre um eixo central. O

sabor característico doce/azedo o torna amplamente apreciado pelos consumidores

em todo o mundo. Além disso, ele também é usado por seus efeitos medicinais por

apresentar a bromelina, uma enzima proteolítica com atividades farmacológicas, tais

como anti-inflamatórias e inibição da agregação plaquetária. Além dessa protease,

polissacarídeos são outras macromoléculas responsáveis pelos benefícios do

abacaxi. A fibra da casca do fruto pode encurtar o tempo de trânsito gastrointestinal e

melhorar o crescimento de pro-bióticos no intestino.2

Trata-se de uma fruta que possui elevado teor energético, devido à sua alta

composição de carboidratos, e valor nutritivo pela presença de sais minerais (cálcio,

potássio, fósforo, magnésio, sódio, cobre e iodo) e de vitaminas, principalmente ácido

ascórbico, niacina, tiamina, riboflavina.1

O fruto é utilizado tanto para o consumo in natura quanto industrializado, em

diferentes formas: pedaços em calda, suco, pedaços cristalizados e geleias.1

1.1.1 A Cultivar Vitória

O abacaxi cv. Vitória, fruto do cruzamento entre o parental feminino a cv.

Primavera e o parental masculino a cv. Smooth Cayenne é o resultado de anos de

pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e

Extenção Rural (INCAPER) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA).3,4

Essa cultivar apresenta como principal característica a resistência a fusariose,

doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans f.sp. ananas (Sin.: F. guttiforme),

principal problema fitossanitário da cultura no país, que causa em média 30 a 40% de

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15

perdas na produção de frutos e aproximadamente 20% de mudas.5,6 Além disso,

apresenta características agronômicas semelhantes ou superiores em relação às cvs.

Pérola e Smooth Cayenne, usadas como referência.5 As plantas apresentam folhas

de cor verde-claro e têm como vantagem a ausência de espinhos, o que facilita os

tratos culturais, sendo que as recomendações técnicas de cultivo são as mesmas

atualmente usadas pelos produtores para as variedades de referência. Apresenta

plantas vigorosas, com bom perfilhamento, bom desenvolvimento e crescimento. Os

frutos têm polpa branca, formato cilíndrico, casca de cor amarela na maturação e

pesam em torno de 1,5 kg. Apresentam ainda elevado teor de açúcares (média de

15,8 °Brix) e excelente sabor nas análises químicas e sensoriais, além disso, são mais

resistentes ao transporte e em pós-colheita que as variedades de referência.5

Devido a essas características, os frutos podem ser destinados ao mercado de

consumo in natura e para a agroindústria.6 Por ser resistente à fusariose, dispensa a

utilização de fungicidas para o controle da doença, possibilitando a redução nos

custos de produção por hectare, referente à aquisição de fungicidas e de aplicação,

além de reduzir também os riscos de impacto ambiental e aumentar a produtividade

comparativamente em, pelo menos, 30%. 5

Figura 1.Sintomas da fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinas f. sp. ananas, no fruto (A) e na base da folha (B).1

1.2 Produção

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16

O Brasil foi o segundo maior produtor mundial de abacaxi em 20137, a safra

em 2014 foi de 1.713.515.000 frutos e a previsão para 2015 é que esse montante

aumentasse 1,4%.8 As regiões Nordeste e Sudeste são as responsáveis pela maior

parte dessa produção, entretanto, a planta encontra excelentes condições para o

cultivo em quase todo o território brasileiro.9

O abacaxi integra um dos 14 Polos de Fruticultura presentes no Espírito Santo.10

Tradicionalmente, a cultura do abacaxi é praticada no Sul do estado. Entretanto, em

2009, o Governo Estadual, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura,

Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG) e do INCAPER, implantou outros polos

de Abacaxi em duas regiões distintas. Um polo está no Sul, nos municípios de cultivo

tradicional, e outro na região Norte.3

O lançamento da cultivar Vitória suscitou o interesse de novos agricultores pelo

plantio de abacaxi na região norte do estado, permitindo a expansão da cultura e

fazendo com que a produção ganhasse destaque no cenário da fruticultura capixaba.

Em 2015, o Espírito Santo foi responsável por cerca de 8% de toda a produção da

região sudeste.8

Tabela 1. Produção de abacaxi em 2015

Variável = Produção (Mil frutos)

Ano da safra = Safra 2015

Produto = Abacaxi

Brasil, Grande Região e Unidade da Federação

Brasil 1.767.267

Sudeste 495.334

Espírito Santo 41.261

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17

Figura 2.Produção de abacaxi do Espírito Santo em relação a região sudeste em 2015.8

1.3 Estádios de Maturação

A maturação consiste na fase final do desenvolvimento dos frutos na qual as

células atingem o tamanho máximo e os frutos adquirem características que os

tormam mais adequados ao consumo tais como: valores ótimos de açúcares, ácidos

voláteis e fixos, e ésteres, responsáveis pelo sabor e aroma característicos de fruto

maduro. Na maturação também observa-se alterações nos pigmentos

predominantemente (clorofila e carotenóides) relacionados com a coloração da casca

e da polpa.11

A maturação do abacaxi pode ser dividida em seis estádios de acordo com a

cor da casca da fruta, como se segue: estádio 0 (zero) = a cor começa a mudar de

verde para amarelo; estádio 1 = ¼ da fruta é amarela; estádio 2 = ½ da fruta é amarela;

estádio 3 = ¾ do fruto é amarelo; estádio 4 = o fruto é completamente amarelo; e

estádio 5 = o fruto está completamente maduro, com todos os frutilhos amarelos.12

1.4 Características Físico-químicas do Abacaxi

As condições climáticas, estádios de maturação, tamanho do fruto, diferenças

entre variedades e nutrição mineral exercem influência acentuada na composição

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18

química do abacaxi. Como o fruto é constituído por cerca de 100 a 200 frutilhos, sua

composição química também difere nas partes de um mesmo fruto.13

A qualidade interna dos frutos podem ser conferidas por um conjunto de

constituintes físico-químicos da polpa, dentre os quais se destacam: cor, acidez total

titulável, sólidos solúveis e a relação entre sólidos solúveis e acidez total titulável.14

A acidez total titulável (AT) representa a soma dos ácidos orgânicos livres e

complexados nos frutos. No abacaxi, é expressa, usualmente, em percentagem de

ácido cítrico, por ser o ácido orgânico que prevalece no mesmo.13,14 O teor de ácidos

orgânicos nesse fruto tende a diminuir com a maturação em decorrência do seu uso

como substrato no processo respiratório ou de sua conversão em açúcares.15

O teor de sólidos solúveis totais (SST) expressos em ºBrix, apresenta alta

correlação positiva com o teor de açúcares uma vez que aumenta de valor à medida

que esses açúcares vão se acumulando na fruta. A sua medida não representa o teor

exato dos açúcares, pois outras substâncias também se encontram dissolvidas na

seiva vacuolar (vitaminas, fenólicos, pectinas, ácidos orgânicos, etc.) no entanto, entre

essas, os açúcares são as mais representativas, chegando a constituir até 85-90%

dos SS, portanto, geralmente é aceito como uma importante variável na determinação

da qualidade dos frutos.16

A relação SST/AT indica o grau de equilíbrio entre o teor de açúcares e os

ácidos orgânicos do fruto, estando diretamente relacionada à qualidade quanto ao

atributo sabor e, por consequência, aceitação pelos consumidores de frutos.17

1.5 Compostos Fenólicos

A composição química do fruto abacaxi foi intensamente investigada durante

as últimas décadas mas há uma falta de informação sobre os compostos fenólicos

presentes no mesmo.18

Compostos fenólicos são moléculas que possuem em sua estrutura um ou

mais anéis aromáticos com um ou mais grupos hidroxila. Eles estão amplamente

distribuídos no reino vegetal e são os metabolitos secundários mais abundantes nas

Page 19: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

19

plantas, com mais de 8000 estruturas fenólicas atualmente conhecidas,19 que variam

entre moléculas simples, como os ácidos fenólicos, a substâncias altamente

polimerizados, como taninos. Polifenóis de plantas estão geralmente envolvidos na

defesa contra a radiação ultravioleta ou agressão por patógenos, parasitas e

predadores, bem como com a coloração dos vegetais. 20 Sua elevada capacidade

antioxidante é atribuída à sua habilidade em complexar íons metálicos, inativar

reações radicalares em sistemas deslipidados, e prevenir conversão de hidroperóxido

em oxirradicais reativos.21

Polifenóis de plantas têm atraído atenção crescente devido às suas

propriedades antioxidantes potentes e seus notáveis efeitos na prevenção de várias

doenças associadas a estresse oxidativo, tais como o câncer. Nos últimos anos, a

identificação e desenvolvimento de compostos fenólicos ou extratos de plantas

diferentes tornou-se uma importante área de pesquisa relacionada a saúde. 20

Compostos fenólicos incluem os ácidos fenólicos, flavonoides, taninos,

estilbenos e lignanos. Os flavonóides são os polifenóis mais abundantes em nossas

dietas. A estrutura básica dos flavonóides contém 15 átomos de carbono dispostos

em três anéis (C6-C3-C6), os quais são rotuladas como A, B e C. flavonóides são

subdivididos em seis subgrupos: flavonas, flavonóis, flavonol, flavanonas, as

isoflavonas, e antocianinas, de acordo com o estado de oxidação do anel central C.20

Steingass detectou mais de 60 compostos fenólicos nas várias partes do fruto

abacaxi do genótipo MD2 "Sweet Extra" sendo que desses 39 foram encontrados na

polpa.18 O presente trabalho visa identificar os compostos fenólicos presentes na

poupa da cv. Vitória.

1.6 Espectrometria de Massas

A Espectrometria de Massas (do inglês: Mass Spectrometry - MS) é uma

técnica analítica utilizada para obter informações da massa molar e de características

estruturais de amostras. A MS de alta resolução permite a separação e detecção de

uma gama muito grande de íons produzidos para determinar as distribuições de

massa ou para identificar os compostos específicos.22 Os átomos ou moléculas de

uma amostra são ionizados por um sistema de ionização ou por uma fonte de íons e

Page 20: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

20

separados de acordo com suas relações massa-carga (m/z).23 Essa técnica fornece

com exatidão informações importantes como a composição elementar, a estrutura

molecular, a quantificação e o perfil isotópico, que é único para cada composição

química. Possui alta sensibilidade, exatidão e versatilidade.24

Os espectrômetros de massas constituem-se basicamente de: um sistema de

introdução de amostra; uma fonte de ionização; um analisador de massas; e um

detector, que realiza a “contagem” dos íons e transforma o sinal em corrente elétrica,

que posteriormente, de acordo com a magnitude do mesmo, será convertido em

função da razão m/z, proporcionando um espectro de massas correspondente.25

Geralmente, o pico com maior valor de m/z é referente ao pico do íon molecular

e representa a massa molecular do analito analisado.26 No geral, nos espectros de

massas, encontram-se ainda outros picos de menor razão m/z que o pico do íon

molecular, que correspondem a novas espécies ionizadas produzidas a partir de

processos de fragmentações que ocorrem a partir da molécula.27

Os componentes mais importantes do espectrômetro de massas são a fonte de

ionização e o analisador. Cada método de ionização produz maior abundância de tipos

específicos de compostos e discrimina outros.28As diferentes formas de ionização

juntamente com analisadores de massas são o que determinam a aplicabilidade da

MS.

Um diagrama esquemático do funcionamento de um espectrômetro de massas é

mostrado na Figura 3.

Page 21: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

21

Figura 3. Diagrama esquemático de um espectrômetro de massas.29

Atualmente, existe uma grande variedade de fontes de ionização, tornando

possível a determinação de espécies químicas polares, apolares, em fase líquida, em

fase gasosa ou sólida.30 Já o tipo de analisador de massa a ser utilizado dependerá

da exatidão e precisão requerida.

No geral, detectores de alta precisão e exatidão são requeridos para análises

qualitativas de misturas complexas onde é necessária a determinação exata de

formula molecular. Já para a quantificação, são utilizados detectores menos exatos e

precisos. 27

1.6.1 Analisador de Massas com Ressonância Ciclotrônica de Íons

O analisador de massas tem como finalidade separar o conjunto de íons de

acordo com sua razão m/z. Eles podem ser divididos em diferentes categorias, como

magnéticos ou elétricos puros, baseados em pulso, de aprisionamento ou não

aprisionamento.26 Os analisadores de massas mais comuns utilizados em MS e

algumas de suas características mais relevantes estão apresentados na Tabela 2.

Espectrômetro de Massas

Introdução

da amostra

GC HPLC

Injeção direta

Detector Fonte de

Ionização

ESI - APCI -

APPI - MALDI

Analisador

Quadrupolo TOF Orbitrap

ICR

Processamento

de dados

Alto vácuo 10-5 – 10-8 mbar

Page 22: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

22

Tabela 2. Alguns analisadores de massa usados em MS.26

Analisadores / Informações

Quadrupolo (TOF) (FT-ICR) Orbitrap

Princípios de separação

Estabilidade da trajetória

Tempo de voo Freqüência de ressonância

Freqüência de ressonância

Resolução Baixa – Média Baixa-alta A maior Muito alta

Exatidão de massas

Baixa Alta Muito alta Muito alta

Intervalo de m/z

Baixo Muito alta Médio Baixo

Sensibilidade Alta Alta Médio Médio

Quantificação Boa-muito boa Média-boa Médio Médio

Fonte de íons Contínua Pulsada/Contínua Pulsada/Contínua Pulsada/contínua

Velocidade Médio-rápido Rápida Devagar-médio Devagar-médio

O princípio de separação do analisador de massa com Ressonância

Ciclotrônica de Íons (ICR) se baseia na medida de diferentes freqüências de cíclotron

desenvolvida por cada íon quando este é submetido a um campo magnético.24

A espectrometria de massas, em especial da Ressonância Ciclotrônica de Íons

por Transformada de Fourier (do inglês: Fourier Transform Ion Cyclotron Resonance

Mass Spectrometry - FT-ICR MS), possui uma ultra-alta resolução que permite a

atribuição da composição elementar dos milhares de compostos encontrados em

amostras complexas, até mesmo para espécies isobáricas que podem apresentar

diferenças de massas uma da outra de até 3,4 mDa.30

A Figura 4 ilustra o arranjo interno de um típico analisador de altíssima

resolução de massas, o FT-ICR MS Solarix (Bruker, Bremen, Alemanha).

Page 23: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

23

Figura 4. Ilustração do FT-ICR MS.31

1.6.2 Ionização por Electrospray (ESI)

As fontes de ionização têm como finalidade criar íons em fase gasosa ou

transferir espécies iônicas em solução para a fase gasosa. Cada tipo de fonte possui

um método especifico de ionização, o que torna a técnica seletiva a um grupo de

compostos. A fonte a ser utilizada é definida em virtude do analito que se deseja

analisar.24

A geração de íons por ionização a pressão atmosférica, como a fonte de

eletrospray (ESI), permite a caracterização detalhada de compostos não voláteis,

antes não detectáveis. O sucesso dessa técnica se deve, principalmente, à sua

habilidade em ionizar moléculas de massa molecular quase ilimitada, alta polaridade

e complexidade estrutural, diretamente para a fase gasosa de maneira branda e

Page 24: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

24

eficiente.32 Nesta técnica, os compostos polares podem ser analisados nos dois

modos de ionização.

No processo de ionização, a fonte de ESI é capaz de transferir as espécies do

analito ionizadas para a fase gasosa na forma de moléculas protonadas ou cátions no

modo positivo de aquisição de íons (ESI(+)), ou ainda na forma de moléculas

desprotonadas ou ânions no modo negativo (ESI(-)).30

Na ionização por ESI, dissolve-se o analito em um solvente volátil, em meio

ácido ou básico, para que ocorra a protonação ou desprotonação das moléculas. Para

formação de íons gasosos, o analito em solução é inserido num capilar metálico, o

qual está sujeito a um forte campo elétrico responsável por gerar uma dupla camada

elétrica na interface capilar/solução. Quando a repulsão de cargas é suficientemente

alta para vencer a tensão superficial do líquido, ocorre a formação do cone de Taylor,

e as primeiras gotas carregadas se formam. As gotas carregadas passam

posteriormente por regiões de aquecimento onde ocorrerá a evaporação do solvente.

À medida que o solvente se evapora, as gotas tornam-se menores e,

consequentemente, a repulsão eletrostática aumenta. Com isso, novas fissões

ocorrem, originando assim gotículas cada vez menores até que restem apenas íons

em fase gasosa. Esse fenômeno é chamado de explosão coulômbica. A partir daí, as

microgotas que liberam os íons[M+H]+ ou [M-H]-são conduzidos para a região de alto

vácuo do analisador de massas e a redução da pressão feita gradativamente com

auxílio de pequenos orifícios em forma de cone. 24,28,29.

Há três razões para ESI se destacar frente às outras fontes de ionização.

Primeiramente, a sua capacidade de produzir íons multiplamente carregados, com

elevado número de carga, reduzindo assim a razão m/z. Segunda razão é que as

amostras a serem introduzidas necessitam estar em solução, o que permite o

acoplamento com muitas técnicas de separação. E, por último, o fato de ser uma

técnica de ionização branda, o que torna possível a análise de misturas complexas

em uma única etapa, visto que a fragmentação das espécies transferida para a fase

gasosa é minimizada.33

Outras vantagens da fonte de ESI são a facilidade de operação, o custo

relativamente baixo do equipamento, e a elevada seletividade para as espécies

polares em matrizes complexas.34

Page 25: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

25

Graças à alta resolução da técnica, a combinação de ESI com FT-ICR MS

possibilita a caracterização direta de matrizes complexas, sem a necessidade de pré-

separação da amostra, e permite a identificação de até 20000 compostos em uma

única análise.35

1.7 Ensaio de indução enzima NADPH: quinona redutase (QR)

As células estão constantemente expostas a potenciais agentes cancerígenos

que estão presentes no ambiente, tais como: radiação e substâncias químicas

carcinogênicas. A indução da fase II de destoxificação enzimática por componentes

da dieta é uma potencial estratégia para a quimioprevenção do câncer.36 Essas

enzimas são responsáveis pela captação de radicais e eletrófilos protegendo as

células do dano oxidativo ao DNA. Diversos estudos in vitro e in vivo indicam que a

redução de quinonas eletrofilícas pela quinona redutase (QR), uma das enzimas da

fase II, é uma importante via de destoxificação, na qual quinonas são convertidas em

hidroquinonas, demonstrando ser a enzima QR um potencial biomarcador para a

pesquisa de agentes quimiopreventivos contra a fase inicial do câncer.37 Na figura 5

é mostrado um esquema com as grandes etapas da carcinogênese e em quais fases

os agentes bloqueadores, supressores e quimiopreventivos atuam.

Figura 5. Esquema do processo da carcinogênese.38

Page 26: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

26

Estudos prévios mostram alimentos fitoquímicos que estimulam a expressão

da fase II enzimática em células e tecidos. Vários flavonoides e compostos fenólicos

estão entre os mais comumente identificados como indutores da fase II enzimática.36

O ensaio de indução da QR é amplamente utilizado, sendo desenvolvido em

uma placa de microtitulação contendo 96 poços, possibilitando a análise de um

elevado número de amostras.37

Neste análise, a enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase, atua sobre a glicose-

6-fosfato, transferindo dois elétrons e um próton para o NADP, produzindo NADPH

que transfere o hidreto para o complexo FAD-QR, com subsequente redução à FADH2

pela enzima QR. A quinona menadiona (Vitamina K3), substrato para a QR, é reduzida

a menadiol pela transferência de dois elétrons da FADH2-QR. Por processo

espontâneo, o menadiol se oxida a menadiona, reduzindo o brometo de 3-(4,5

dimetiltazo-2-il)-2,5-difenil-tetrazólio (MTT) para azul de formazana, o qual é

quantificado por espectrofotometria no comprimento de onda de 595 nm. A atividade

indutora é expressa como o dobro da concentração (DC) requerida para a atividade

específica da QR, em relação aos níveis basais, e a toxicidade é relatada como a

concentração necessária para inibir o crescimento da cultura em 50% (CI50). O índice

de quimioprevenção (QI) é obtido pela razão entre CI50 e DC (QI = CI50/DC), tendo

o mesmo significado, portanto, do índice terapêutico.37

2.OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Determinar o estádio de maturação ótimo para consumo com relação a

qualidades nutracêuticas e atributos sensoriais.

2.2 Objetivos Específicos

Realizar análises físico-químicas da polpa do abacaxi cv. Vitória nos estádios

de maturação 0, 1, 2, 3, 4 e 5.

Page 27: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

27

Identificar, por meio da técnica de ESI(-)-FT-ICR MS, metabólitos primários,

como açúcares e ácidos orgânicos e metabólitos secundários como compostos

fenólicos nos seis estádios de maturação.

Quantificar o conteúdo fenólico encontrado em cada estádio pelo método de

Folin-Ciocalteu e por FT-ICR MS (não-convencional).

Avaliar o potencial quimiopreventivo de câncer do extrato fenólico obtido da

polpa dos frutos empregando-se ensaio de indução enzima NAD(P)H: quinona

redutase (QR) em cultura celular.

Page 28: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

28

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Amostras e Reagentes

Abacaxis da variedade Vitória nos estádios de maturação 0, 1, 2, 3, 4 e 5 foram

colhidos na Fazenda Experimental Bananal do Norte/ Incaper - Pacotuba, localizada

no município de Cachoeiro de Itapemirin – ES, Brasil. As amostras foram

armazenadas em um freezer a -20ᴏ C até a realização das análises. Os materiais

usados foram: água deionizada, metanol (Dinâmica - grau HPLC), hidróxido de

amônio (Vetec Química Fina Ltda, Brazil), ácido clorídrico (Dinâmica), acetato de etila

(Vetec), padrão Glicose Deuterada (D-Glucose-1,2,3,4,5,6,6-d7) adquiridos da Sigma-

Aldrich e Chromabond® C18ec cartucho de SPE (1000 mg de sorvente, 6 ml de

volume, largura do poro 60 Â, tamanho de partícula 45 µm; Macherey- Nagel )

3.1.1 Preparo do Suco das Amostras

Foram utilizados 20 g da parte da polpa das amostras do fruto. Para isso, os

mesmos foram lavados em água clorada e posteriormente em água destilada e

descascados. A polpa foi triturada em um gral com o auxílio de um pistilo até a

obtenção de um suco que foi então filtrado em papel de filtro Unifil® faixa preta 125

mm.

Para injeção no ESI FT-ICR MS, uma alíquota de 10 μL do suco obtido , 5μL

de solução dopante de glicose deuterada D-Glicose-1,2,3,4,5,6,6-d7 (SIGMA) (5x10-3

mol/l) e 4 μL de solução de NH4OH PA (Vetec Química Fina Ltda, Brazil) foram

adicionados a 981μL de solução de metanol/água (50% v/v).

3.1.2 Preparo do Extrato Fenólico das Amostras

O isolamento de compostos fenólicos presentes na polpa das amostras de

abacaxi ‘Vitória’ foi realizada utilizando as metodológicas descritas por Alothman e

colaboradores39 e por Steingass e colaboradores18 ambas com modificações. Porções

Page 29: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

29

de 25 gramas da parte da polpa das amostras, previamente lavadas com água clorada

e posteriormente em água destilada e descascadas, foram retiradas das mesmas em

um corte longitudinal, passaram por trituração em liquidificador doméstico por 3

minutos com 75 mL de uma solução de metanol a 70% contendo 0,1% (v/v) de HCl.

A solução obtida foi acondicionada em um frasco de vidro âmbar e submetida a banho

ultrassônico com frequência de 40 KHz por 20 minutos. Em seguida foi centrifugada a

3500 xg por 10 minutos para a precipitação da pectina. O sobrenadante gerado pela

centrifugação foi evaporado em rota evaporador a 45º C. O resíduo gerado foi

ressuspendido em 5 mL de água deionizada e carregado em um cartucho de SPE

Chromabond® C18ec (500 mg sorvente, 6 ml de volume, largura de poro 60 Â,

tamanho de partícula 45 µm; Macherey-Nagel), previamente ativado pela injeção de

3 mL de metanol seguidos por 10 mL de água deionizada. O extrato bruto foi então

lavado com 20 mL de uma solução de HCl a 0,01% (v/v) para a remoção de ácidos

orgânicos e açúcares.20 A solução ácida foi utilizada para prevenir a ionização dos

compostos fenólicos, o que poderia reduzir a adsorção desses compostos durante a

eluição da fração mais polar.40 Os analitos foram eluídos utilizando 6 mL de metanol

a 100% e subsequentemente 1 mL de acetato de etila. O lavado contendo os

compostos fenólicos foi concentrado no rotaevaporador a 25ºC e o extrato resultante

foi redissolvido em 1,5 mL de uma solução de metanol a 50% (v/v).

Para injeção no ESI FT-ICR MS 15 μL do extrato obtido, 3 μL de solução

dopante de glicose deuterada D-Glicose-1,2,3,4,5,6,6-d7 (SIGMA) (5x10-2 mol/L) e 2

μL de solução de NH4OH PA (Vetec Química Fina Ltda, Brazil) foram adicionados a

483 μL de solução de metanol a 50% (v/v).

3.2 Análises Físico–Químicas

Foram determinadas a acidez total titulável (AT, expressos em gramas de ácido

cítrico por 100 g de polpa), sólidos solúveis totais (SST, expresso em ºBrix) e cálculo

da razão SST/AT. A análise de sólidos solúveis totais (SST) foi realizada através de

um refratômetro de bancada (ABBE com escala de refração de 1,300-1,72 nD de 0 -

Page 30: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

30

95°Brix modelo 2 WAJ). A acidez titulável (AT) foi determinada por titulação utilizando

solução de NaOH 0,1 mol.L-1 padronizada (expressos em g de ácido cítrico por 100 g

da polpa). A razão SST/AT foi calculada dividindo-se o valor da leitura de SST pelos

valores de AT. Todos os procedimentos foram executados de acordo com a

metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz.41

3.3 Análise ESI FT-ICR MS e ESI (-) FT - ICR MS/MS

Foi utilizado espectrômetro FT-ICR MS (modelo 9.4 T Solarix, BrukerDaltonics,

Bremen, Alemanha). As análises foram realizadas no modo negativo em uma faixa de

massa m/z 150-1250. As condições da fonte de ESI foram: pressão de gás nebulizador

de 1,4 Bar, voltagem capilar de 3,8 kV, e a temperatura de transferência capilar de

200° C. O tempo de acumulação dos íons foi de 0,010 s. Cada espectro foi adquirido

pela acumulação de 32 varreduras (scans), com alta resolução (16 M) e erros de

massas próximos a 1 ppm, fornecendo fórmulas moleculares inequívocas para os íons

moleculares de carga única.

Os espectros de massa foram adquiridos e processados utilizando o software

de Compass Data Analysis (Bruker Daltonics, Bremen, Alemanha).

Para os experimentos de MS/MS, a janela do quadrupolo foi fechada em um

intervalo de 1 Da; ou seja, a corrente contínua e o potencial de rádio frequência

aplicado às hastes do quadrupolo foram ajustados para possibilitar a passagem de

íons com m/z selecionado ± 1, isolando o íon de interesse. Em seguida, o íon é

conduzido para o interior de uma cela de colisão (hexapolo) com energia de colisão

variando entre 3-20 V, sendo Argônio o gás de colisão utilizado. A fim de aumentar a

quantidade de íons na cela ICR (analisador do FT MS), o tempo de acumulação de

íons no hexapolo (ion accumulation time) foi aumentado de 0.02 para 1 s. Cada

espectro foi adquirido a partir da acumulação de 32 scans com um domínio de tempo

de 4M (mega-point).

3.3.1 Semiquantificação de Açúcares

Page 31: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

31

Com o intuito de semiquantificar os açúcares presentes nas amostras a partir

de espectros de ESI(-)-FT-ICR MS adquiridos das amostras uma relação entre a soma

da intensidade dos sinais dos açúcares identificados e a soma da intensidade dos

sinais gerados pela presença do padrão de glicose deuterada adicionada as mesmas.

Os resultados passaram por tratamento estatístico e foram plotados em um gráfico.

3.3.2 Semiquantificação de Compostos Fenólicos

Para a realização da semiquantificação de compostos fenólicos com base nos

espectros de ESI(-)-FT-ICR MS adquiridos dos extratos obtidos de cada amostra foi

realizada uma relação entre a soma da intensidade de todos os sinais que foram

atribuídos a compostos fenólicos e a soma da intensidade de todos os sinais que

foram provenientes da detecção do padrão de glicose deuterada D-Glicose-

1,2,3,4,5,6,6-d7. A relação gerada foi submetida a tratamento estatístico e os

resultados obtidos foram plotados em um gráfico.

3.4 Quantificação de Polifenóis Totais por Folin-Ciocalteau

O teor de compostos fenólicos nos sucos e nos extratos das amostras foi

determinado pelo método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteau com adaptações 42

em espectrofotômetro de UV/Vis 482 (Femto). A curva de calibração foi preparada

com soluções de diferentes concentrações de ácido gálico (10 a 120 µg/mL) que foi

usado como padrão de referência e a quantificação dos polifenóis totais foi feita

através da equação da reta da curva de calibração y = 0,00081x + 0,07e r2 = 0,9925.

Os resultados foram expressos como µg de fenóis por 100g de polpa do fruto. Todas

as análises foram realizadas em triplicata.

Page 32: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

32

Figura 6. Curva de calibração obtida utilizando soluções do padrão de ácido gálico.

3.5 Ensaios de Atividade da Quinona-Redutase

3.5.1 Soluções empregadas nos ensaios de quimioprevenção de câncer

3.5.1.1 Tampão fosfato salina (PBS) pH 7,4

Transferiram-se, para balão volumétrico de 1 L, 200 mg de cloreto de potássio

(concentração final 2,7 mM), 8,0 g de cloreto de sódio (concentração final 347,8 mM),

240 mg de fosfafo monobásico de potássio (concentração final 1,7 mM) e 1,4 g de

fosfato dibásico de sódio (concentração final 5,6 mM), adicionando-se, na seqüência,

900 mL de água Mili-Q. Agitou-se até completa dissolução. O pH da solução foi

ajustado para 7,4 com adição de solução de NaOH a 10% p/v. Completou-se o volume

com água Milli-Q. Essa solução foi armazenada à temperatura ambiente.

3.5.1.2 Solução de duodecil-sulfato de sódio (SDS) a 0,5% p/v

Solubilizaram-se 2,5 g de SDS em 500 mL de EtOH a 50%. Essa solução foi

armazenada à temperatura ambiente

.

Page 33: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

33

3.5.1.3 Preparo do meio de cultura

Conforme recomendado pelo fabricante, foram transferidos para um béquer de

1000 mL, o conteúdo presente em um pacote de α-MEM 12000-022 liofilizado,

adicionando-se em seguida 900 mL de água Mili-Q. Agitou-se até completa

solubilização. Adicionou-se 2,2 g de bicarbonato de sódio, PSF- solução de penicilina

G-estreptomicina-fungizona 1:1:1 a 10mL/L e soro bovino fetal inativado pelo calor a

10%. Ajustou-se o pH com adição de ácido clorídrico a 50% p/v, seguindo-se de ajuste

de volume em balão volumétrico de 1 L. A solução foi esterilizada por meio de filtração

em filtro de 0,2 µm. O meio de cultura foi armazenado em frascos estéreis, a 4 °C. No

momento de uso, o meio de cultura foi aquecido a 37 °C, em banho-maria.

3.5.1.4 Solução de digitonina a 0,8% p/v

Transferiu-se, para béquer de 150 mL, 1,0 g de digitonina, e adicionaram-se

100 mL de solução de EDTA 2 mM. Aqueceu-se à temperatura de 50 °C, sob agitação,

até completa solubilização. Transferiu-se para um balão volumétrico de 125 mL,

completando-se o volume com EDTA 2 mM. Essa solução foi armazenada à

temperatura ambiente.

3.5.2 Re-Estabelecimento das Linhagens Celulares Mantidas em N2 Líquido

O frasco criogênico contendo as células (Hepa 1c1c7) foi descongelado em

banho-maria a 37°C. A superfície externa do frasco foi esterilizada com EtOH a 70%

v/v e o seu conteúdo foi transferido para um frasco estéril de 75 mL contendo 15 mL

de meio de cultura. Incubou-se em estufa de CO2 por 24 horas e o meio de cultura foi

renovado de 3 em 3 dias. Manteve-se o frasco em estufa de CO2 até que a cultura

primária se apresentasse como uma monocamada 90% confluente.

3.5.3 Preparo das Células para Ensaio

Page 34: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

34

Quando a cultura primária apresentou-se 90% confluente, o meio de cultura foi

removido e a monocamada celular foi lavada com 10 mL de PBS pH 7,4. Foram

adicionados 1 mL de solução de tripsina-EDTA (Gibco), e incubou-se, em estufa de

CO2, por 10 minutos para que as células aderidas ao frasco fossem removidas.

Acrescentou-se, então, 10 mL de meio de cultura e procedeu-se com a contagem

celular. Após a contagem, transferiu-se, para um novo frasco estéril, utilizando razão

de passagem de 1:10, quantidade suficiente da suspensão celular para obter a

concentração de 5 x 103 células/mL, seguido da adição de 15 mL de meio de cultura.

O frasco com a cultura de célula foi então incubado em estufa de CO2 até que

a cultura se apresentasse como uma monocamada 90% confluente. O meio de cultura

foi renovado de 3 em 3 dias. Essa etapa foi repetida por três vezes, ou até que se

obtivesse o número de células necessário para o ensaio.

Após o número necessário de células ter sido atingido, realizou-se a contagem

celular como descrito anteriormente. Na sequência, a suspensão foi diluída com meio

de cultura até a concentração de 1 x 104 células/mL. As células foram semeadas na

placa de micro titulação, empregando-se 200 µL/poço, seguindo-se incubação em

estufa de CO2 por 24h.

3.5.3.1 Preparo das Amostras

Para os ensaios de quimioprevenção de câncer, as amostras foram

solubilizadas em DMSO, na concentração de 4,0 mg/mL, sendo esta a solução

estoque que foi mantida a -20 °C, até o momento de uso, quando 10 µL dessa solução

foi diluída em 90 µL de solução estéril de PBS gerando uma solução de concentração

final de 0,4 mg/mL.

3.5.4 Determinação da Indução da Quinona – Redutase

O ensaio de indução da quinona redutase será realizado segundo método

descrito por Prochaska e Santamaria (1988)43 e modificado por Gerhauser et al.

(1997).44

Page 35: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

35

Para a avaliação de amostras como indutores da enzima quinona redutase,

será empregada cultura de hepatoma de rato, Hepa1c1c7. As células serão semeadas

em duas placas estéreis, transparentes, de 96 poços, marcadas como “Proteína” e

“QR ensaio”, respectivamente. Após pré-incubação de 24 h, será removido o meio de

cultura inicial e será adicionada nova alíquota (190 µL) de meio de cultura. Será

adicionado a cada placa 10 µL da solução da amostra, 10 µL das soluções da curva

de diluição de 4’-bromoflavona (concentrações finais de 50,0 µM a 0,4 µM)(controle

positivo), e 10 µL de solução de DMSO a 10% em PBS (controle negativo). As placas

serão incubadas, por 48 h, em estufa de CO2.

Após a incubação, o meio de cultura será removido da placa “Proteína”. Em

seguida, serão adicionados 200 µL de cristal violeta a 2% em etanol. Será incubado à

temperatura ambiente, por 10 min, em seguida a placa será lavada em água corrente,

com fluxo baixo, por 2 min, secará em capela e após isso serão adicionados a cada

poço da placa “Proteína”, 200 µL de SDS a 0,5% em 50% de etanol. A incubação será

à temperatura ambiente, sob agitação, 10 ciclos/min, por 5 a 10 min. Em seguida, a

absorbância será determinada em leitor de microplacas no comprimento de onda de

595 nm. O valor de absorbância do controle negativo será de 1,0.

De maneira semelhante, após a 48 h de incubação, o meio de cultura será

removido da microplaca “QR ensaio”. Serão adicionados 50 µL de solução de

digitonina a 0,8%. A placa será incubada em estufa comum, a 37 ºC, por 10 min,

seguida de incubação à temperatura ambiente, sob agitação, 10 ciclos/min, por 10

min. Em seguida, serão adicionados 200 µL da mistura reacional composta por 28 ml

de H2O; 1,5 mL de Tris-HCl, 0,5 M, pH 7,4; 200 µL Tween 20 a 1,5% V/V; 20 µL FAD

7,5 mM; 200 µL G-6-P 150 mM; 18 µL NADP 50 mM; 20 mg BSA; 9 mg MTT; 60 U G-

6-PH; e 30 µL Menadions 50 mM. A incubação será à temperatura ambiente, a placa

“QR ensaio” será agitada com 10 ciclos/min, no período de 5 min. A absorbância será

determinada em leitor de microplacas no comprimento de onda de 595 nm. O valor de

absorbância controle será de 0,4, obtido para o controle negativo.

A atividade indutora da QR será expressa como DC (dobro da concentração

requerida para a atividade específica da QR), CI50 e IC (índice quimiopreventivo,

correspondente à razão CI50/DC). Para o cálculo de DC será aplicado, a cada valor de

absorbância lido na placa “QR ensaio”, a seguinte equação:

Page 36: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

36

DC = [(A1 x /5) / AT] x 3.247 Eq. 1

Onde:

A1 = absorbância da solução na presença do indutor, lido na placa “QR ensaio”

(AAmostra - ABranco)

AT = absorbância da solução na presença do indutor, lido na placa “Proteína” (AAmostra -

ABranco)

O denominador 5 refere-se ao tempo de incubação à temperatura ambiente. E

o denominador 3.247 é a razão entre a constante de proporcionalidade do cristal

violeta pelo coeficiente de extinção do MTT no comprimento de onda 595 nm.

Para o cálculo da CI50 será empregado o software livre, usando os valores

resultantes da equação abaixo, aplicado a cada valor de absorbância lido na placa

“Proteína”.

% células sobreviventes = (AA x 100/Ac) Eq. 2

Onde:

AA = absorbância da solução na presença da amostra

Ac = absorbância da solução na presença do controle negativo.

Os resultados são apresentados como média de, no mínimo, triplicatas,

seguidas do erro padrão da média. Serão consideradas ativas as amostras que

apresentaram valor DC superior a 2.

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37

3.6 Análise Estatística

A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para a comparação das médias

das unidades experimentais em relação a cada tratamento (estádios de maturação).

Onde diferenças entre as médias foram detectadas, aplicou-se o teste de Tukey para

comparação entre as mesmas e mostrar quais grupos são semelhantes ou diferentes.

Valores de p < 0,05 foram considerados significativos. Para a realização dessas

análises foi utilizado o programa Assistat versão 7.7 beta.45,46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Análises físico – químicas

As análises foram realizadas nos seis estádios de maturação do abacaxi cv.

Vitória determinados pela coloração da casca dos frutos (Figura 6). Ao todo foram

analisados 30 frutos sendo 5 de cada estádio.

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38

Figura 7. Abacaxi cv. Vitória nos seis estádios de maturação

Os resultados das análises físico-químicas são apresentados na tabela 3, na

qual podemos observar que os valores dos sólidos solúveis aumentam com o grau de

amadurecimento do fruto, indo de 14.61 °Brix no estádio 0 a 17.45 °Brix no estádio 5,

isso porque, com a evolução da maturação, há aumento da concentração de açúcares

simples provenientes da hidrólise do amido (acumulado na fase de crescimento do

fruto), até o completo amadurecimento, com declínio posterior em função de sua

utilização como fonte de energia.15

Estatisticamente, os estádios 2, 3 e 4 apresentam médias que não se diferem

em relação ao teor de sólidos solúveis totais, revelando que a partir do estádio 2 o

fruto já apresenta quantidades ótimas de açúcares para o consumo, dados

semelhantes também foram reportados por Costa12 ao avaliar a mesma variedade.

A acidez total titulável expressa em porcentagem de ácido cítrico foi de 0,81 no

estádio 0 e diminuiu com o amadurecimento do fruto até alcançar o valor de 0,45 no

estádio 5. Essa queda tende a ocorrer porque, durante a maturação, há um

decréscimo acentuado no teor de ácidos orgânicos, pois são largamente utilizados

Page 39: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

39

como substratos, juntamente com os açúcares, no processo respiratório para

fornecimento de carbono e para a produção de energia nas diferentes fases do ciclo

vital dos produtos vegetais. Essa diminuição também pode ser atribuída à

transformação dos mesmos em açúcares.15

A relação SST/AT foi crescente do estádio 0 ao estádio 5. Tal relação é uma

das formas mais utilizadas para a avaliação do sabor, sendo mais representativa que

a medição isolada de açucares ou da acidez pois dá uma boa ideia de equilíbrio entre

esses dois componentes.15

Tabela 3. Ensaios Físico–químicos utilizando metodologias convencionais: SST, AT e Razão SST/AT.

SST AT SST/AT

Estádio 0 14.60600 c 0.81500 a 17.92641 b

Estádio 1 15.04600 bc 0.64942 b 23.48146 b

Estádio 2 17.11000 ab 0.57478 bc 30.69752 ab

Estádio 3 15.68600 abc 0.59236 bc 26.49182 ab

Estádio 4 16.87600 abc 0.45500 c 39.43838 a

Estádio 5 17.44600 a 0.45400 c 39.67309 a

Page 40: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

40

Figura 8. Ensaios físico–químicos utilizando metodologias convencionais: (a) SST, (b) AT, (c) Razão SST/AT.

4.2 ESI-FT-ICR MS E ESI (-) FT - ICR MS/MS

4.2.1 Análise dos Açúcares

Para a análise de amostras de abacaxi cv. Vitória nos estádios de maturação

0, 1, 2, 3, 4 e 5 foi utilizada a técnica de ESI(-)-FT-ICR MS por ser mais adequada em

relação a ESI(+) para verificar o perfil químico, pois nesse modo existe menor

supressão de sinais, relacionados a altas concentrações de sais minerais (Na+, K+,

Ca+, dentre outros) presentes em amostras de produtos naturais.42 No modo ESI(-)

ocorre a desprotonação do analito (íon [M – H]-), e espécies químicas como ácidos e

açucares são facilmente ionizadas.21

A figura 8 mostra os espectros de ESI(-)-FT-ICR MS para as amostras de

abacaxi em função do estádio de maturação 0, 1, 2, 3, 4 e 5 respectivamente. O alto

teor de açúcares presente nas amostras encontrado nos testes físico-químicos

também foi revelado pelos sinais intensos gerados pela presença de dissacarídeos

desprotonados como o íon [C12H22O11-H]- de m/z 341 além da formação de complexos

Page 41: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

41

não covalentes dessa molécula gerando dímeros como o íon [2M-H]- de m/z 683

assim como [3M-H]- de m/z 1025 onde M = C12H22O11. De acordo com o que foi

reportado por Wan et al.(2013)47 ao estudar isômeros de dissacarídeos verificou-se

que o aumento da concentração dessas espécies na amostra aumenta gradualmente

a propensão de formação de dímeros.

O dissacarídeo também foi detectado fixado a água ([C12H24O12-H]– de m/z

359), a cloreto ([C12H22O11+Cl] – de m/z 377), a ácido lático ([C15H28O14-H] – de m/z

431), a glicose ou isômeros da mesma ([C18H34O17-H] – de m/z 521), a padrão de

glicose deuterada D7 ([C18H26D7O17-H] – de m/z 528) e a ácido cítrico ([C18H30O18-H] –

de m/z 533).47

Sinais menos intensos também foram observados para moléculas de glicose

ou seus isômeros na forma desprotonada gerando o íon [C6H12O6-H] - de m/z 179 e

fixada ao ânion cloreto [C6H12O6+Cl]– de m/z 215 e a ácido málico [C10H18O11-H] – de

m/z 313.

A figura 8 também revela sinais gerados pela presença do ácido cítrico nas

amostras sendo eles o sinal do ácido cítrico desprotonado [C6H8O7-H] – de m/z 191 e

fixado a sacarose ou seus isomêros [C18H30O18-H] – de m/z 533 como já mencionado.

É possível observar que esses sinais decrescem do estádio 0 para o estádio 5,

corroborando com os testes físico-químicos que revelaram a diminuição da acidez

com a progressão do amadurecimento do frutos.

O dopante foi detectado em sua forma isolada desprotonada [C6H5D7O6-H]- de

m/z 186, fixada a Cl- [C6H5D7O6+Cl]- de m/z 222, na forma de dímero [C12H9D14O12-H]-

de m/z 373, fixada a uma molécula de glicose ou seus isômeros [C12H17D7O12-H]- de

m/z 366 e fixado a uma molécula de sacarose ou seus isômeros [C18H26D7O17-H]- de

m/z 528.

Page 42: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

42

Figura 9. ESI(-)-FT-ICR MS: (a) estádio 0, (b) estádio 1, (c) estádio 2 e (d) estádio 3, (e) estádio 4 e (f) estádio 5.

Na tabela 4 serão mostrados os dados obtidos a partir dos espectros de ESI(-

)-FT-ICR MS de alguns compostos químicos identificados tais como: as fórmulas

mínimas, erros de massa, o índice de deficiência de hidrogênio (DBE), valores de m/z

medidos e teóricos.

Page 43: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

43

Tabela 4. Compostos Químicos Propostos dos Espectros de Massas ESI(-)-FT-ICR MS dos estádios de maturação.

Fórmula

[M - H]-

m/z Medido

m/z Teórico

Erro (ppm)

DBE Identificação

1 [C6H12O6-H] - 179.05599 179.05611 0.68 1

Glicose ou Isômeros

2 [C6H5D7O6-H] - 186.09998 186.10005 0.35 1

Padrão de Glicose D7

3

[C6H8O7-H] - 191.01963 191.01973 0.05 3

Ácido Cítrico

4 [C6H12O6+Cl] - 215.03272 215.03279 0.31 0

Glicose ou Isômeros / Cl-

5 [C6H5D7O6+Cl]- 222.07677 222.07673 -0.05 0

Padrão de Glicose D7 / Cl-

6 [C10H18O11-H] - 313.07773 313.07763 -0.31 2

Glicose ou Isômeros / Ácido Málico

7 [C12H22O11-H] - 341.10904 341.10894 -0.30 3

Sacarose ou Isômeros

8

[C12H24O12-H] -

359.11957 359.11950 -0.21 1

Sacarose ou Isômeros / H2O

Page 44: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

44

9 [C12H17D7O12-H] -

366.16352

366.16344

-0.24

1

Glicose ou Isômeros/GlicoseD7

10

[C12H9D14O12-H] -

373.20755 373.20755 -0.46 1

Dímero Glicose D7

11

[C12H22O11+Cl] -

377.08567 377.08561 -0.24 1

Sacarose ou Isômeros /Cl-

12

[C15H28O14-H] -

431.14076

431.14063

-0.31

2

Sacarose ou Isômeros / Ácido

Lático

13 [C16H28O16-H] - 475.13057 475.13046 -0.24 3 Não Identificado

14 [C18H34O17-H] - 521.17268 521.17268 -0.69 2

Sacarose ou Isômeros / Glicose ou Isômeros

15

[C18H26D7O17-H] -

528.21622 528.21626 0.07 2

Sacarose ou Isômeros / Glicose D7

16

[C18H30O18-H] -

533.13636 533.1354 -0.79 4

Sacarose ou Isômeros / Ácido

Cítrico

Page 45: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

45

A estrutura química proposta para os principais açúcares encontrados são

confirmados por experimentos de CID dos sinais de m/z 341, 431, 521, 533, 683 e

1025, onde os espectros de ESI(-)-MS/MS são mostrados na figura 9. Perdas neutras

de monossacarídeos como os isômeros glicose/frutose C6H12O6, H2O, C3H6O3 e de

dissacarídeos (m/z 341) foram identificados. Tais fragmentos também foram

observados por Wan et al.(2013)47 ao fragmentar os mesmos sinais gerados por

amostras de padrões de isômeros de dissacarídeos revelando que na presença

desses há formação de complexos não covalentes entre os dissacarídeos e entre

esses e os outros fragmentos isto porque suas estruturas adaptáveis permitem que

tenham uma gama de potenciais ligações de hidrogênio fazendo com que os mesmos

se atraiam.

17

[C24H44O22-H] -

683.22545 683.22515 -0.44 3

Dímero de Sacarose ou

Isômeros

18 [C36H66O33-H] - 1025.34267 1025.34136 -1.28 4

Trímero de Sacarose ou Isômeros

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46

Figura 10. ESI (-) MS/MS dos íons m/z (a) 341, (b) 431, (c) 521, (d) 533, (e) 683 e (f) 1025.

Uma análise comparativa entre a abundância dos sinais produzidos pela

presença de carboidratos em cada estádio de maturação do abacaxi cv. Vitória com o

SST foi realizada. A figura 10 mostra os valores obtidos para a razão dos sinais

relativos a açúcares encontrados no abacaxi (íons de m/z 179, 215, 341, 359, 366,

377, 521, 528, 533, 683 e 1025) pelos sinais do padrão interno de glicose deuterada

(m/z 186, 222, 366, 373 e 528). Estatisticamente, não houve diferença entre os

estádios de maturação e, por isso, os resultados foram seguidos pela mesma letra.

Tal resultado, expressa o que é observado visualmente na análise dos espectros

devido à alta concentração e diversidade de açúcares presentes nas amostras e

Page 47: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

47

também pela formação de adutos entre esses e o padrão adicionado as mesmas não

é possível diferir entre os espectros de amostras de estádios diferentes.

Figura 11. Variação da razão entre a soma dos sinais gerados pela presença de açúcares pela soma dos sinais produzidos pela presença do padrão de glicose deuterada em função dos estádios de maturação.

4.2.3 Análise de Compostos Fenólicos

O extrato obtido a partir das amostras de abacaxi cv. Vitória foram dopadas

com solução de glicose deuterada e analisados por ESI(-)-FT-ICR MS. Os espectros

ESI(-)-MS das amostras nos estádios de maturação 0 (a), 1 (b), 2 (c), 3 (d), 4 (e) e 5

(f) são mostrados na figura 11 que traz 12 possíveis estruturas de compostos fenólicos

detectados na forma desprotonada, sendo eles: o 4-alil-2,6-dimetoxifenol,48

[C14H20O9-H] – de m/z 331,49 [C15H14O9-H]- de m/z 337,50 [C16H20O9-H]- de m/z

355,51 [C17H24O8-H]- também de m/z 355,52 [C15H20O10-H]- de m/z 359,49

[C16H18O10-H]- de m/z 369,53 Hirtellanine B de m/z 379,54 [C17H22O10-H]- de m/z

385,51,55 Hymenoside S de m/z 397,56 [C18H25O12-H]- de m/z 433,57 [C27H22O6-H]- de

m/z 441,51 e Seguinoside J,58.

3,4a 3,4a4,15a

3,77a 3,72a4,46a

0

1

2

3

4

5

ESTÁ D IO 0

ESTÁ D IO 1

ESTÁ D IO 2

ESTÁ D IO 3

ESTÁ D IO 4

ESTÁ D IO 5

INTE

NSI

DA

DE

AB

SOLU

TASI

NA

IS A

ÇÚ

CA

RES

/SI

NA

IS G

LIC

OSE

D

EUTE

RA

DA

Page 48: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

48

Figura 12. ESI(-)-FT-ICR MS do extrato: (a) estádio 0, (b) estádio 1, (c) estádio 2, (d) estádio 3, (e) estádio 4 e (f) estádio 5.

Os valores de m/z medido, m/z teórico, DBE, erro de massa, estrutura proposta

e artigos que relatam sobre esses compostos são mostrados na tabela 5.

Os compostos 2, 7 e 16 apresentam relatos na literatura sobre sua presença

em frutos abacaxi. O composto 2, que apresenta baixa massa molecular, foi

encontrado por Wu et al. (1991)48 ao analisar compostos responsáveis pelo aroma do

abacaxi. Já os compostos 7 e 16 fazem parte da composição fenólica já descrita do

mesmo51 e também foram detectados em banana55.

Os compostos 4 e 8 são encontrados em frutos umbu e estudos anteriores

mostraram que esses apresentaram alta atividade antioxidante e inibição da

acetilcolinesterase demonstrando que a presença desses compostos no umbu o torna

um possível ingrediente ativo para produtos alimentares funcionais 49 e assim também

pode ser considerado o abacaxi por apresentar tais moléculas. O composto 5 foi

encontrado no espinafre e sua síntese e acumulação no mesmo já foi elucidada.50

Page 49: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

49

Tabela 5. Compostos Químicos Propostos dos Espectros de Massas ESI (-) FT-ICR do extrato.

Fórmula

[M - H]-

m/z

Medido

m/z Teórico

Erro (ppm)

DBE Identificação Ref.

1 [C6H5D7O6-H] - 186.09998 186.10005 0.35 1

Padrão de Glicose D7

2 [C11H14O3-H]- 193.08703 193.08702 -0.08 5

4-alil-2,6 dimetoxifenol

WU et al. (1991)48

3 [C6H5D7O6+Cl]- 222.07677 222.07673 -0.05 0

Padrão de Glicose D7 / Cl-

4 [C14H20O9-H] - 331.10360 331.10346 -0,42 5

Zeraik

et al. (2016)48

5 [C15H14O9-H]- 337.05666 337.05651 -0.46 9 2-Acetil-3-(p-coumaroyl)-meso-ácido tartárico

Strack

et al.

(1987)49

6 [C16H20O9-H]- 355.10384 355.10346 -1.08 7

Wen

et al.

(2002)50

7 [C17H24O8-H]- 355.13995 355.13984 -0.31

6

Yang

et al.

(2011)51

Page 50: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

50

8 [C15H20O10-H]- 359.09857 359.09837 -0.55 6

Zeraik

et al. (2016)48

9

[C12H17D7O12-H] –

366.16352 366.16344

-0.24

1

Glicose ou Isômeros/GlicoseD7

10 [C16H18O10-H]- 369.08304 369.08272 -0.86 8

Li et al. (2009)52

11

[C12H9D14O12-H] -

373.20755 373.20755 -0.46 1

Dímero Glicose D7

12 [C21H16O7-H]- 379.08308 379.08233 -2.00 14

Hirtellanine

Shou

et al.

(2009)53

13 [C17H22O10-H]- 385.11419 385.11402 -0.44 7

Wen

et al.

(2002)50

Tsamo

et al.

(2015)54

14 [C19H26O9-H]- 397.15058 397.15041 -0.43 7

Hymenoside S

Toyota

et al.

(2002)55

15 [C18H26O12-H]- 433.13538 433.13515 -0.54 6

Kumar

et al.

(2010)56

Page 51: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

51

16 [C27H22O6-H]- 441.13391 441.13436 1.03 17

Wen

et al.

(2002)50

17 [C23H32O12-H] - 499.18226 499.18210 -0.32 8

Seguinoside J

Zhonga

et al.

(1997)57

18

[C18H26D7O17-H] -

528.21622 528.21626 0.07 2

Sacarose ou

Isômeros / Glicose D7

Os dados de ESI(-)-FT-ICR MS foram avaliados estatisticamente pela análise

de variância e teste de Tukey. Quando comparamos a intensidade desses compostos

em relação a soma dos sinais gerados pela presença do padrão interno (íons de m/z

186, 222, 366, 373 e 528), uma maior abundancia dos compostos fenólicos é

observado a partir do estádio de maturação 2 indicando uma maior concentração

dessas espécies fenólicas então nos estádios 2, 3, 4 e 5.

Figura 13. Variação do conteúdo de compostos fenólicos em função dos estádios de maturação.

Page 52: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

52

* Refere-se aos: m/z 355.10384 e m/z 355.13995

Uma relação entre cada composto fenólico detectado e os estádios de

maturação foi realizada fazendo a razão entre a intensidade absoluta encontrada para

cada composto fenólico e a soma das intensidades absolutas dos sinais gerados pelo

padrão (figura 14).

Essa análise permitiu avaliar a intensidade absoluta dos sinais de quais

compostos contribuíram para a relação realizada anteriormente, que fez uma relação

com todos os compostos fenólicos, ou seja, quais compostos estão em maior

concentração em cada estádio. Assim, verificou-se que as espécies representadas

nas figuras 14–c, 14-e e 14-f não apresentaram diferenças, de acordo com os testes

estatísticos realizados, entre os estádios indicando que a concentração desses

compostos ao longo do processo de amadurecimento dos frutos permanece

constante. Os compostos mostrados nas figuras 14-a, 14-b, 14-d, 14-j e 14-m

apresentaram concentrações maiores em estádios intermediários, entre o 1 e o 4. Já

os compostos em 14-g, 14-h, 14-e 14-k e 14-l tiveram sua concentração nitidamente

aumentada em um determinado estádio, assim o composto fenólico da figura 14-g

apresentou maior concentração no estádio 3, o da 14-h no estádio 5, o 14-i no estádio

4, os 14-k e 14-l no estádio 5.

Page 53: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

53

Figura 14. Razão entre a intensidade absoluta dos compostos fenólicos pela soma da intensidade absoluta dos sinais gerados pelo padrão em função dos estádios de maturação.

Page 54: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

54

4.3 Quantificação de Polifenóis Totais por Folin-Ciocauteau

4.3.1 No extrato

Os conteúdos totais de compostos fenólicos no extrato foram determinados

como índice de polifenóis totais, representados na figura 15. Os resultados foram

tratados estatisticamente pela análise de variância e teste de Tukey e, confirmaram

que o estádio 3 é o mais rico em compostos fenólicos e os estádio 1, 2, 4 e 5 não

diferiram estatisticamente. Isso mostra que houve um aumento dessas espécies com

o processo de maturação até o estádio 3 e depois um decréscimo até a estabilização

sugerindo que o processo fisiológico de maturação no abacaxi afeta diretamente a

presença de compostos fenólicos e sua atividade antioxidante. Uma hipótese seria

que a atividade celular passaria por um ligeiro aumento no qual a maior parte das

biomoléculas estão para ser metabolizadas,59 nesse período, os frutos precisam de

uma quantidade maior de energia para suportar todas as vias fisiológicas na célula.60A

geração dessa energia por parte do sistema respiratório produziria radicais livres e,

por isso, os frutos podem precisar ativar os mecanismos de defesa produzindo

antioxidantes para evitar os danos que seriam causados pelo stress oxidativo.61

Figura 15. Determinação da concentração de compostos fenólicos no extrato.

Page 55: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

55

4.3.2 No suco

Os conteúdos totais de compostos fenólicos no suco também foram

determinados e os resultados foram tratados estatisticamente pela análise de

variância e teste de Tukey e estão representados na figura 16.

As quantidades de compostos fenólicos encontradas é muito superior a

encontrada nos extratos e isso pode ser explicado pela presença de maior quantidade

de ácido ascórbico no suco, que reage com o reagente de Folin-Ciocalteu. Isso porque

o suco não passou pelo processo de extração que acaba por degradar essa

substância que é muito instável. 61

Nessa análise, os teores não puderam ser diferenciados em função dos

estádios de maturação uma vez que, estatisticamente, as médias dos resultados

foram iguais.

Figura 16. Determinação da concentração de compostos fenólicos no suco.

Page 56: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

56

6 REFERÊNCIAS

1 ZAMPERLINI, G. P. Crescimento e Desempenho Fotoquímico do Processo

Fotossintético em Abacaxizeiro ‘Vitória’. Dissertação de Mestrado. Universidade

Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, 2012. 60 p.

2 ALVES, E. D.; MACIEL, L. P.; PINTO, A. S. O.; FRANCO, T. C. M.; BASTOS, C. T.

da R.; SILVA, L. H. M. da. Avaliação da qualidade nutricional e do teor de polifenóis

totais de abacaxi (Smooth Cayenne) em função da temperatura de armazenamento

pós-colheita. Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mourão - PR, 2, n.

2, 128-134, 2011.

3 PALOMINO, E. M. P.; CHIMENTO, M.; FERNANDES, A. A. R.; FERNANDES, L. A

cultivar de abacaxi ‘vitória’ e uma proposta de indicação geográfica para o polo da

região norte do estado do espírito santo. Cad. Prospec., Salvador, 8, n. 3, 577-586,

2015.

4 INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural.

Variedade de abacaxi resistente à doença é apresentada pelo Incaper na 9ª Semana

Estadual de Ciência e Tecnologia. Texto: Luciana Silvestre, 01 de outubro de 2012.

Disponível em: http://www.incaper.es.gov.br/noticia_completa.php?id=2472. Acesso

em 08 jan. 2016.

5 MATOS, A. P. de; JUNGHANS, D. T.; SPIRONELLO, A. Variedades de abacaxi

resistentes à fusariose. In: Semana internacional da fruticultura e agroindústria, 18.;

AGROFLORES, 13, 2011. Fortaleza. Frutal: anais. Fortaleza: Fruta, 2011. 1 CD-ROM.

6 VENTURA, J. A.; COSTA, H. e CAETANO, L. C. S.. Abacaxi ‘vitória’: uma cultivar

resistente à fusariose. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 31, n.4, 1-2,

2009.

7 FAO - Food And Agriculture Organization Of The United Nations. FAOSTAT

Database Gateway – FAO. Disponível em: http://faostat3.fao.org/ > Acessado em 17

de setembro de 2015.

Page 57: tese_9765_Elizângela Monteverde Ogawa.pdf

57

8 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

www.sidra.ibge.gov.br/bda/prevsaf. Acessado em 17 de fevereiro de 2016.

9 SILVA, J. M. da; SILVA, J. P.; SPOTO, M. H. F. Características físico-químicas de

abacaxi submetido à tecnologia de radiação ionizante como método de conservação

pós-colheita. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas – SP, 28. n. 1, 139-145,

2008.

10 INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural.

Incaper planeja ações para fruticultura no ES. Texto: Luciana Silvestre. 07 de março

de 2013. Disponível em: www.es.gov.br/Noticias/158272/incaper-planeja-acoes-para-

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