tese de doutorado desenvolvimento de indicador...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos TESE DE DOUTORADO DESENVOLVIMENTO DE INDICADOR DE pH UTILIZANDO ANTOCIANINAS COMO CORANTE PARA APLICAÇÃO EM EMBALAGEM INTELIGENTE Luciana Prietto Prietsch Engenheira de Alimentos Mestre em Engenharia e Ciência de Alimentos Pelotas, 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

Departamento de Ciência e Tecnologia Agroindustrial

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

TESE DE DOUTORADO

DESENVOLVIMENTO DE INDICADOR DE pH UTILIZANDO ANTOCIANINAS

COMO CORANTE PARA APLICAÇÃO EM EMBALAGEM INTELIGENTE

Luciana Prietto Prietsch

Engenheira de Alimentos

Mestre em Engenharia e Ciência de Alimentos

Pelotas, 2016

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Luciana Prietto Prietsch

Desenvolvimento de indicador de pH utilizando antocianinas como

corante para aplicação em embalagem inteligente

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do Título de Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Comitê de orientação: Prof. Dra. Elessandra da Rosa Zavareze (DCTA-UFPEL)

Prof. Dr. Alvaro Renato Guerra Dias (DCTA-UFPEL)

Pelotas, 2016

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Universidade Federal de Pelotas / Sistema de BibliotecasCatalogação na Publicação

P948d Prietsch, Luciana PriettoPriDesenvolvimento de indicador de pH utilizandoantocianinas como corante para aplicação em embalageminteligente / Luciana Prietto Prietsch ; Elessandra da RosaZavareze, Alvaro Renato Guerra Dias, orientadores. —Pelotas, 2016.Pri97 f.

PriTese (Doutorado) — Programa de Pós-Graduação emCiência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade deAgronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas,2016.

Pri1. Casting. 2. Embalagem inteligente. 3. Electrospinning.4. Avaliação da qualidade de carnes. 5. Indicador de pH. I.Zavareze, Elessandra da Rosa, orient. II. Dias, AlvaroRenato Guerra, orient. III. Título.

CDD : 664.7

Elaborada por Gabriela Machado Lopes CRB: 10/1842

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Luciana Prietto Prietsch

Desenvolvimento de indicador de pH utilizando antocianinas como corante

para aplicação em embalagem inteligente

Tese aprovada, como requisito parcial, para obtenção do grau de Doutor em Ciência

e Tecnologia de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.

Data da Defesa: 02/12/2016

Banca examinadora:

........................................................................................................................................

Prof. Dr. Alvaro Renato Guerra Dias (Orientador), Doutor em Tecnologia de Alimentos

pela Universidade Estadual de Campinas.

........................................................................................................................................

Prof. Dr. Nathan Levien Vanier – DCTA - UFPel (Orientador) Doutor em Ciência e

Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas.

........................................................................................................................................

Prof. Dr. André Ricardo Fajardo Doutor em Ciência pela Universidade Estadual de

Maringá.

........................................................................................................................................

Dr. Ricardo Scherer Pohndorf Doutor em Engenharia e Ciência de Alimentos pela

Universidade Federal do Rio Grande.

........................................................................................................................................

Dra. Rosana Colussi, Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela

Universidade Federal de Pelotas.

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Agradecimentos

À Deus por sempre me acompanhar e ter me colocado no meio de uma família

e amigos maravilhosos.

Aos meus pais Julio Cesar e Eloci obrigada pelo amor, compreensão,

motivação, paciência e confiança. Amo muito vocês!

Ao meu esposo Leonardo pelo amor, compreensão e companheirismo durante

todos esses anos.

As minhas irmãs Juliana e Caroline e demais familiares pelo carinho e apoio.

Aos meus queridos orientadores Elessandra e Alvaro Renato desde a

oportunidade em fazer parte de seu grupo de pesquisa, como pela confiança, pelas

orientações, pela paciência e pela amizade. Vocês sempre serão pessoas muito

especiais na minha vida.

À Vania por transferir conhecimento e amor pela pesquisa, especialmente

quando tratando-se do electrospinning e pela amizade.

À Shanise pela incansável ajuda e pela amizade.

As colegas e amigas Jarine, Mariana e Taiane por toda ajuda experimental,

amizade e carinho.

À UFPEL e a CAPES por proporcionar o desenvolvimento deste trabalho.

À FURG pelo auxilio com análises.

Aos amigos que mesmo não fazendo parte do laboratório sempre me ajudaram

no que precisei, e também por saber que posso contar com vocês. Em especial

Adriana, Helen e Renata.

À todos os integrantes do laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e

Qualidade de Grãos pela disposição todas as vezes que precisei, e pela amizade.

Aos professores do programa da Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de

Alimentos pelos ensinamentos, disposição e amizade.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento

deste trabalho.

Muito obrigada!!!

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Resumo

PRIETTO-PRIETSCH, Luciana. Desenvolvimento de indicador de pH utilizando antocianinas como corante para aplicação em embalagem inteligente. 2016, 97 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2016. As embalagens inteligentes monitoram e informam a qualidade dos alimentos em tempo real aos consumidores. Alguns alimentos, como produtos cárneos, deterioram-se pelo aumento da população microbiana e apresentam alteração no pH, podendo o pH ser utilizado, portanto, como indicador de qualidade. Indicadores de pH são formados por compostos halocrômicos, que tem capacidade de mudar de cor quando submetidos a mudanças de pH. O desenvolvimento desse tipo de indicador geralmente emprega técnicas simples de aprisionamento do corante em um meio sólido, como, por exemplo, por casting e electrospinning. Diante disso, objetivou-se com o presente trabalho desenvolver indicadores de pH pelas técnicas de casting e electrospinning, utilizando corante natural, para o desenvolvimento de embalagens inteligentes. A tese foi dividida em dois capítulos, o primeiro descreve o desenvolvimento de indicadores de pH pela técnica de casting e o segundo pela técnica de electrospinning. No primeiro capítulo, os indicadores de pH no formato de filmes foram desenvolvidos empregando amido de milho e antocianinas do tegumento de feijão preto e repolho roxo. Os filmes foram avaliados quanto a estrutura química, morfologia, propriedades físicas, mecânicas, térmicas e estabilidade de cor em função do tempo, temperatura e luz. Os filmes apresentaram variação de cor entre rosa, lilás, roxo e azul, em função do pH de soluções tampões. Os filmes desenvolvidos com antocianinas de feijão preto, em comparação aos filmes com antocianinas de repolho roxo, apresentaram maior instabilidade quando armazenados em temperatura ambiente e com incidência de luz. Independente da fonte de antocianinas, os filmes indicadores de pH apresentaram maior estabilidade de cor, quando armazenados sob refrigeração. O segundo capitulo é referente a utilização zeína e antocianinas de repolho roxo para desenvolvimento de indicadores de pH pela técnica de electrospinning. As fibras ultrafinas indicadoras de pH foram utilizadas para monitorar a qualidade de carne moída. As fibras ultrafinas foram avaliadas quanto a morfologia, a alteração de cor em pH variando de 1-10, grupos funcionais, hidrofilicidade e capacidade de indicar a qualidade de carne moída. As fibras ultrafinas apresentaram variação de cor, de rosa em meio ácido para verde em meio alcalino, e apresentaram capacidade de responder as alterações do pH da carne por variação de cor. Os indicadores de pH, desenvolvidos pelas duas técnicas, permitiram a determinação do pH em função de respostas colorimétricas, apresentando potencial para aplicação em diversas áreas, em especial no desenvolvimento de embalagens inteligentes. Palavras-chave: casting, electrospinning, indicador de pH, embalagem inteligente, antocianinas, avaliação da qualidade de carnes.

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Abstract

PRIETTO-PRIETSCH, Luciana. Development of pH indicator using anthocyanins as dye for application in smart packaging. 2016, 97 f. Thesis (Doctoral Degree in Food Science and Technology) - Graduate Program in Food Science and Technology, Agronomy School Eliseu Maciel, Federal University of Pelotas, Pelotas, 2016. Intelligent packaging monitors and reports the quality of food in real time to consumers. Some foods, such as meat products, deteriorate by increasing the microbial population and present alterations in pH, and pH can therefore be used as an indicator of quality. pH indicators are formed by halocromic compounds, which have the ability to change color when subjected to pH changes. The development of this type of indicator generally employs simple dye trapping techniques in a solid medium, such as by casting and electrospinning. Therefore, the objective of this work was to develop pH indicators by the techniques of casting and electrospinning, using natural dye, for the development of intelligent packaging. The thesis was divided into two chapters, the first describes the development of pH indicators by the casting technique and the second by the electrospinning technique. In the first chapter, pH indicators in the film format were developed using corn starch and anthocyanins from the black bean and red cabbage. The films were evaluated for chemical structure, morphology, physical, mechanical, thermal and color stability as a function of time, temperature and light. The films showed color variation between pink, lilac, purple and blue, as a function of buffer pH. The films developed with black bean anthocyanins, compared to the films with anthocyanins of red cabbage, presented greater instability when stored at room temperature and with light incidence. Regardless of the source of anthocyanins, the pH indicator films presented higher color stability when stored under refrigeration. The second chapter refers to the use of zein and anthocyanins of red cabbage for the development of pH indicators by the electrospinning technique. The ultrafine pH indicator fibers were used to monitor the quality of ground meat. Ultrafine fibers were evaluated for morphology, color change at pH ranging from 1-10, functional groups, hydrophilicity and ability to indicate ground meat quality. The ultrafine fibers presented a color variation from pink in acid to green in alkaline medium and were able to respond to changes in the pH of the meat by color variation. The pH indicators, developed by the two techniques, allowed the determination of pH as a function of colorimetric responses, presenting potential for application in several areas, especially in the development of intelligent packaging. Key-words: casting, electrospinning, pH indicator, intelligent packaging, anthocyanins, evaluation of meat quality.

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Lista de Figuras

Figura 1 Estrutura básica das antocianinas e antocianidinas....................... 19

Figura 2 Cor visível das antocianidinas mais comumente encontradas na

natureza.........................................................................................

21

Figura 3 Transformação das estruturas de antocianinas em extratos

aquosos com respectiva cor predominante....................................

22

Figura 4 Modelo de uma estação de electrospinning para a formação de

fibras ultrafinas..............................................................................

27

Figura 5 Etapas do processo de eletrofiação............................................... 28

Figura 6 Emaranhamento das cadeias de polímeros em solução em

função da concentração de polímeros. Nesse exemplo, a solução

testada foi polivinilpirrolidona em água/etanol com vários pesos

moleculares...................................................................................

35

Figura 7 Micrografias das superfícies (A, C, E) e das seções transversais

(B, D, F) dos filmes de amido sem antocianinas (controle) (A, B),

com antocianinas de feijão preto (C, D) e com antocianinas do

repolho roxo (E, F).........................................................................

49

Figura 8 Variação de cor dos filmes indicadores de pH com antocianinas

de feijão preto durante armazenamento, em temperatura

ambiente com incidência de luz (A), temperatura ambiente sem

incidência de luz (B), sob refrigeração com incidência de luz (C)

e sob refrigeração sem incidência de luz (D), em comparação ao

filme no tempo inicial......................................................................

57

Figura 9 Variação de cor dos filmes indicadores de pH com antocianinas

do repolho durante armazenamento, em temperatura ambiente e

com incidência de luz (A), temperatura ambiente sem incidência

de luz (B), sob refrigeração com incidência de luz (C) e sob

refrigeração sem incidência de luz (D), em comparação ao filme

no tempo inicial..............................................................................

59

Figura 10 Morfologia das fibras ultrafinas e respectiva distribuição de

tamanho: zeína pura (A), zeína com 3% de antocianinas (B),

zeína com 4% de antocianinas (C), e zeína com 5% de

antocianinas (D).............................................................................

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Figura 11 Imagens obtidas em microscópio confocal para as fibras

ultrafinas de zeína pura (A), zeína com 3% de antocianinas (B),

zeína com 4% de antocianinas (C), e zeína com 5% de

antocianinas (D). Verde zeína, vermelho antoxianinas..................

72

Figura 12 Variação de cor entre cada valor de pH do extrato de

antocianinas (A); fibras ultrafinas de zeína com 3% de

antocianinas (B); fibras ultrafinas de zeína com 4% de

antocianinas (C) e fibras ultrafinas de zeína com 5% de

antocianinas (D).............................................................................

74

Figura 13 Valores de RGB para solução de antocianinas pH 1-10 (A), fibras

ultrafinas de zeína com antocianinas 5% (B)..................................

75

Figura 14 Espectros de FTIR-ATR para fibras ultrafinas de zeína pura (A),

zeína com 3% de antocianinas (B), zeína com 4% de

antocianinas 4% (C) e zeína com 5% de antocianinas (D).............

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Exemplos de indicadores utilizados em embalagens de alimentos 18

Tabela 2 Antocianinas e suas respectivas fontes em alimentos................... 20

Tabela 3 Diferentes polímeros e seus respectivos solventes utilizados no

processo de electrospinning..........................................................

30

Tabela 4 Efeito dos parâmetros do electrospinning sobre a morfologia e

diâmetro das fibras formadas........................................................

32

Tabela 5 Características das antocianinas encontradas no tegumento do

feijão preto e repolho roxo e suas quantidades

relativas.........................................................................................

47

Tabela 6 Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas dos filmes

indicadores de pH, utilizando extratos de antocianinas de feijão

preto e repolho roxo.......................................................................

50

Tabela 7 Análise termogravimétrica dos filmes indicadores de pH,

utilizando extratos de antocianinas de feijão preto e repolho

roxo...............................................................................................

52

Tabela 8 Espetro de cor dos filmes a base de amido e extratos de

antocianinas de feijão preto e repolho roxo em função do pH e

variação de cor dos filmes em comparação ao filme pH

5....................................................................................................

54

Tabela 9 Influência do tempo, temperatura e incidência de luz sobre a cor

dos filmes indicadores de pH a base de amido e extratos de

antocianinas de feijão preto e repolho

roxo...............................................................................................

57

Tabela 10 Condutividade elétrica e viscosidade aparente das soluções

poliméricas....................................................................................

69

Tabela 11 Variação de cor (ΔE) entre cada valor de pH (1-10) para extrato

de antocianinas e fibras ultrafinas de zeína contendo 5% de

antocianinas..................................................................................

74

Tabela 12 Parâmetros de cor das fibras ultrafinas durante processo de

monitoramento da qualidade de carne moída................................

78

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Sumário

1. Introdução .......................................................................................................... 133

2. Objetivos .............................................................................................................. 15

2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 15

2.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 15

3. Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 16

3.1. Embalagens inteligentes .............................................................................. 16

3.2. Antocianinas .................................................................................................. 18

3.2.1. Estabilidade das antocianinas................................................................... 22

3.3. Casting ........................................................................................................... 24

3.4. Electrospinning ............................................................................................. 26

3.4.1. Polímeros utilizados em electrospinning ................................................... 28

3.4.2. Solventes utilizados no preparo das soluções .......................................... 28

3.4.3. Efeitos dos parâmetros no processo de electrospinning ........................... 31

3.4.3.1. Parâmetros da solução .......................................................................... 33

3.4.3.1.1. Viscosidade......................................................................................... 33

3.4.3.1.2. Concentração do polímero .................................................................. 33

3.4.3.1.3. Peso molecular do polímero ............................................................... 33

3.4.3.1.4. Tensão superficial ............................................................................... 35

3.4.3.2. Parâmetros do processamento .............................................................. 35

3.4.3.2.1. Tensão ................................................................................................ 35

3.4.3.2.2. Taxa de alimentação ........................................................................... 36

3.4.3.2.3. Distância do coletor ............................................................................ 36

3.4.3.3. Parâmetros ambientais .......................................................................... 37

3.4.4. Aplicações ................................................................................................ 38

CAPITULO I - FILMES INDICADORES DE pH A BASE DE AMIDO DE MILHO E

ANTOCIANINAS DE FEIJÃO PRETO E REPOLHO ROXO: ESTABILIDADE DA

COR AO LONGO DO ARMAZENAMENTO ............................................................. 39

Resumo .................................................................................................................... 39

1. Introdução ............................................................................................................ 40

2. Material e Métodos .............................................................................................. 41

2.1. Material ........................................................................................................... 41

2.2. Extração de antocianinas ................................................................................ 42

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2.3. Identificação e quantificação relativa das antocianinas ................................... 42

2.4. Elaboração dos filmes indicadores de pH ....................................................... 43

2.5. Morfologia ....................................................................................................... 43

2.6. Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas ....................................... 44

2.7. Propriedades térmicas .................................................................................... 45

2.8. Espectro de cor dos filmes em diferentes pHs ................................................ 45

2.9. Estabilidade de cor dos filmes em função do tempo, temperatura e luz ......... 45

2.10. Análise estatística ......................................................................................... 46

3. Resultados e discussão ...................................................................................... 46

3.1. Identificação e quantificação relativa das antocianinas ................................... 46

3.2. Morfologia ....................................................................................................... 49

3.3. Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas dos filmes ...................... 50

3.4. Propriedades térmicas dos filmes ................................................................... 52

3.5. Espectro de cor dos filmes em diferentes pHs ................................................ 53

3.6. Estabilidade de cor dos filmes em função do tempo, temperatura, luz e pH ... 55

4. Conclusão ............................................................................................................ 61

CAPITULO II - DESENVOLVIMENTO DE INDICADOR NATURAL DE pH PELA

TÉCNICA DE ELECTROSPINNING E SUA APLICAÇÃO NO MONITORAMENTO

DA QUALIDADE DE CARNE MOÍDA ...................................................................... 62

Resumo .................................................................................................................... 62

1. Introdução ............................................................................................................ 63

2. Material e Métodos ............................................................................................. 64

2.1. Material ........................................................................................................... 64

2.2. Extração das antocianinas .............................................................................. 64

2.3. Preparo das solução para electrospinning ...................................................... 65

2.4. Caracterização das soluções polímericas ....................................................... 65

2.5. Imobilização do corante por electrospinning ................................................... 65

2.6. Morfologia e diâmetro das fibras ultrafinas...................................................... 65

2.7. Variação de cor e RGB das fibras ultrafinas ................................................... 66

2.8. Espectroscopia de Infravermelho com transformada de Fourier das fibras

ultrafinas ................................................................................................................ 67

2.9. Ângulo de contato das fibras ultrafinas ........................................................... 67

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2.10. Aplicação das fibras ultrafinas para monitoramento da qualidade de carne

moída ..................................................................................................................... 67

2.11. Análise Estatística ......................................................................................... 68

3. Resultados e Discussão ..................................................................................... 68

3.1. Caracterização de soluções poliméricas ......................................................... 68

3.2. Morfologia e diâmetro das fibras ultrafinas...................................................... 69

3.2. Variação de cor e RGB das fibras ultrafinas ................................................... 72

3.4. Espectrometria de infravermelho com transformada de Fourier ..................... 76

3.5. Ângulo de contato das fibras ultrafinas ........................................................... 77

3.6 Aplicação das fibras ultrafinas para monitoramento da qualidade de carne moída

............................................................................................................................... 77

4. Conclusão ............................................................................................................ 79

4. Conclusão Geral .................................................................................................. 80

Referências Bibliográficas ..................................................................................... 81

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1. Introdução

A demanda por alimentos seguros e de boa qualidade, bem como as mudanças

nas preferências dos consumidores, têm levado ao desenvolvimento de abordagens

inovadoras na área de embalagens para alimentos. Neste contexto, as embalagens

inteligentes tornam-se uma tecnologia promissora, por acompanhar e informar em

tempo real sobre a qualidade dos alimentos (PULIGUNDLA; JUNG; KO, 2012).

Os alimentos em processo de deterioração, em especial produtos cárneos e

lácteos, apresentam crescimento microbiano, que alteram o pH do alimento ao longo

do período de armazenamento. Portanto, a variação do pH no mesmo, pode ser

utilizada como indicador de frescor de diversos produtos. Geralmente, os indicadores

de pH são compostos por um corante sensível ao pH, preso em um suporte sólido,

podendo ser utilizadas diferentes técnicas de imobilização do corante para seu

desenvolvimento.

A técnica casting é uma forma simples que permite a elaboração de filmes, e

pode ser utilizada para o desenvolvimento de indicadores. Basicamente, consiste na

dispersão ou solubilização de polímeros em um solvente por agitação termomecânica,

que após secagem pode ser removida do suporte de moldagem para posterior

utilização (GONTARD; GUILBERT; CUQ, 1992). Entre os materiais de imobilização

utilizando a técnica de casting, o amido é uma alternativa interessante, por ser de

baixo custo, biodegradável, de fácil obtenção e permitir a formação de filmes finos e

flexíveis (ZHANG; LU; CHEN, 2014).

Além dessa, outras técnicas podem ser utilizadas para o desenvolvimento de

indicadores, inclusive vem sendo reportado que materiais com tamanho nanométrico

podem melhorar a funcionalidade de diversos compostos devido aos efeitos em escala

nano. Nanoindicadores respondem às alterações ambientais com maior precisão

quando comparado a técnicas simples (AZEREDO, 2009). Vários processos podem

ser utilizados para a produção de nanomateriais, dentre estes está o electrospinning.

Electrospinning é um processo simples e direto, que envolve o emprego de campo

elétrico para aplicar continuamente uma solução polimérica a partir de uma agulha de

seringa em direção a um coletor. Como resultado, fibras ultrafinas são recolhidos

como uma membrana sobre uma placa coletora (FERNANDEZ; TORRES-GINE;

LAGARON, 2009; LI; LIM; KAKUDA, 2009; MORAIS et al. 2010; STEFFENS et al.

2014).

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As fibras resultantes do processo de electrospinning podem ser obtidas com a

utilização de diferentes polímeros. Os polímeros podem ser naturais, tais como,

amido, proteína de soja, zeína do milho e glúten de trigo, ou sintéticos, como, poli

(ácido lático) e poli (etileno glicol) (BHARDWAJ; KUNDU, 2010). O tipo de polímero

utilizado para elaboração das fibras ultrafinas está relacionado às propriedades

mecânicas, térmicas, de barreira e solubilidade, entre outros, da membrana final

(RHIM; PARK; HÁ, 2013). Assim, para definir o tipo de polímero a ser utilizado no

desenvolvimento das membranas, deve ser levada em consideração a aplicação final

do produto.

Dessa forma, os indicadores de pH podem ser elaborados tanto pela técnica

casting como pelo processo de electrospinning, através da incorporação dos corantes,

sensíveis as mudanças de pH, nas soluções poliméricas antes da moldagem em

suporte sólido ou do estiramento das fibras, respectivamente (FANTINI; COSTA,

2009; MORONI et al. 2006). Os indicadores de pH possuem ampla faixa de aplicação.

Além do desenvolvimento de embalagens inteligentes para alimentos e bebidas,

também podem ser utilizados para avaliação de processos de filtragem de água e

utilização em estudos microbiológicos, entre outros. Agarwal et al. (2012)

desenvolveram indicadores de pH pelo método de electrospinning utilizando nylon e

cinco tipos de corantes (vermelho de fenol, vermelho de metila, azul de bromotimol,

fenolftaleína e verde de bromocresol) e relataram que as características das fibras,

tais como elevada área superficial e elevada porosidade, contribuem para esse tipo

de aplicação. Os autores também relataram que os indicadores não afetaram a

formação das fibras usando a técnica de electrospinning, além de que o

comportamento halocrômico dos corantes não foi afetado, destacando também que

os indicadores apresentaram uma ampla gama de cores em relação aos valores de

pH.

A escolha do tipo de corante para o desenvolvimento de indicadores de pH, é

uma etapa importante, pois corantes sintéticos comumente utilizados para este fim,

estão sendo relacionados a efeitos tóxicos, devido a seu acumulo no organismo

humano. De acordo com relatos da literatura, corantes contidos em tecidos de plantas

podem ser utilizados para determinação colorimétrica de pH (BROTTO; TERCI;

ROSSI, 2002, CHIGURUPATI et al. 2002; MOHD; KHAN; FAROOQUI, 2011). As

mudanças de cor em tais corantes se devem à presença de substâncias fenólicas ou

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conjugados, tais como as antocianinas, as quais são submetidas a mudanças

estruturais quando há uma variação de pH (SHAHID; MOHAMMAD, 2013). Assim,

extratos de algumas plantas que contêm antocianinas, como do repolho roxo e do

tegumento de feijão preto, podem ser utilizados como indicadores naturais de pH.

2. Objetivos

2.1. Objetivo geral

Extrair antocianinas de repolho roxo e do tegumento do feijão preto e incorpora-

las em matriz sólida utilizando os métodos de casting e electrospinning, a fim de

desenvolver embalagem inteligente através de dispositivo indicador de pH.

2.2. Objetivos específicos

Extrair, quantificar e identificar antocianinas de repolho roxo e tegumento do

feijão preto;

Avaliar o efeito de diferentes pH no espectro de cor das antocianinas;

Desenvolver dispositivos indicadores de pH a partir de amido de milho e

antocianinas pela técnica casting;

Desenvolver dispositivos indicadores de pH com zeína e antocianinas pela

técnica de electrospinning;

Caracterizar os indicadores de pH e o efeito das fibras no espectro de cor das

antocianinas empregadas;

Avaliar a morfologia, a estabilidade e as propriedades térmicas dos indicadores

de pH;

Utilizar indicadores de pH para monitoramento da qualidade de carne moída.

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3. Revisão Bibliográfica

3.1. Embalagens inteligentes

As embalagens inteligentes têm a função de monitorar o estado dos alimentos

embalados ou do ambiente que os envolve, sendo capaz de detectar, gravar e

comunicar sobre a qualidade do produto durante toda a cadeia alimentar (REALINI;

MARCOS, 2014). A embalagem irá fornecer informações não só sobre o próprio

produto embalado (origem, data de validade teórica, composição), mas também será

capaz de informar sobre a história do produto (condições de armazenamento,

composição, crescimento microbiano, etc.). Embalagens inteligentes são, portanto,

um sistema que fornece ao usuário informações reais sobre as condições do alimento,

ambiente e/ou a integridade da embalagem (HAN; HO; RODRIGUES, 2005;

VANDERROOST et al. 2014).

Pesquisas sobre embalagens inteligentes são recentes, as primeiras

publicações foram realizados em meados da década de 70 no Japão. Apenas nos

anos 90 esse tipo de embalagem passou a atrair a indústria Européia e dos EUA.

Nesse período, houve um aumento de patentes e testes de mercado que criaram

grandes expectativas de crescimento comercial (VANDERROOST et al. 2014).

Embora no Brasil esteja sendo observado um crescente interesse por embalagens

inteligentes, resultando em um crescimento no número de pesquisas, o número de

publicações ainda é baixo, além disso, produtos disponíveis no mercado com esse

tipo de tecnologia ainda são bastante escassos.

Basicamente existem dois tipos de embalagens inteligentes, uma baseada na

medição das condições no exterior da embalagem, e outro na medição direta da

qualidade do produto no interior da embalagem (YAM; TAKHISTOV; MILTZ, 2005). A

função inteligente pode ser obtida por meio de indicadores, sensores ou identificador

por rádio frequência (RFID).

Os indicadores informam sobre uma mudança que ocorre no produto ou no

ambiente em que o mesmo está acondicionado. A temperatura e o pH, por exemplo,

podem ser monitorados por meio de alterações visuais, geralmente sistemas

colorimétricos. Os sensores são dispositivos capazes de detectar, registrar e transmitir

informações que ocorrem no produto com grande precisão (YAM; TAKHISTOV;

MILTZ, 2005). A RFID utiliza campos eletromagnéticos de rádio frequência para

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armazenar e transmitir informações em tempo real do produto para identificação

automática de produtos e rastreabilidade. As etiquetas consistem de um circuito

integrado ligado a uma antena para a transmissão da informação armazenada no chip

a um leitor (REALINI; MARCOS, 2014).

Os sistemas mais comuns utilizados para o desenvolvimento de embalagens

inteligentes são formados por indicadores de tempo-temperatura, integridade

mecânica e frescor. Indicadores de tempo-temperatura são utilizados para monitorar

continuamente o histórico do tempo e da temperatura de produtos alimentícios

refrigerado ou congelados, podendo ser utilizado em toda cadeia produtiva (PEREIRA;

ARRUDA; STEFANI, 2015). 3M™ MonitorMark™ é um exemplo de indicador tempo-

temperatura comercial. Esse indicador foi desenvolvido utilizando um éster de ácido

graxo com ponto de fusão bem estabelecido, junto com um corante azul. Quando o

indicador é exposto a uma temperatura superior ao ponto de fusão do ácido graxo, a

substância derrete e começa a se difundir através do indicador, permitindo que a

coloração azul apareça (3M, 2016; REALINI; MARCOS, 2014).

Os indicadores de integridade mais simples são os indicadores de tempo, que

fornecem informações sobre quanto tempo uma embalagem foi aberta. O rótulo é

ativado no momento do consumo, geralmente por sistema mecânico, quando um

dispositivo é quebrado causando contato de um corante líquido sobre um material

sólido poroso, com taxa de penetração previamente estabelecida. Sendo a mudança

de coloração da etiqueta relacionada ao tempo de abertura da embalagem.

Indicadores de gás também são utilizados como indicadores de integridade.

Basicamente, tem a função de monitorar o gás presente no interior da embalagem,

dessa forma quando a composição muda, geralmente por abertura ou ruptura da

embalagem, a composição de gás em seu interior é alterada e identificada por esses

sistemas. Entre os vários tipos de indicadores de gás, os indicadores de oxigênio são

os mais comuns (REALINI; MARCOS, 2014; YAM; TAKHISTOV; MILTZ, 2005).

Os indicadores de frescor são aqueles que monitoram a qualidade dos

alimentos embalados por reagir com as mudanças que ocorrem desde o produto

alimentar em estado fresco até deteriorado. Na carne, por exemplo, durante o

armazenamento ocorrem alterações na concentração de metabólitos, tais como

glicose, ácidos orgânicos (por exemplo, ácido L -láctico), etanol, dióxido de carbono,

aminas biogênicas, compostos nitrogenados, compostos voláteis sulfurados,

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apresentando a possibilidade de serem usados como indicadores de frescura para

produtos de carne (SILVA-PEREIRA et al. 2015).

Alguns exemplos de indicadores utilizados em embalagens inteligentes, bem

como seu princípio, informações dadas e possíveis aplicações estão apresentadas na

Tabela 1.

Tabela 1 - Exemplos de indicadores utilizados em embalagens de alimentos Indicadores Principio Informações dadas Aplicação

Tempo-Temperatura

Mecânico, químico, enzimático

Condições de armazenamento

Alimentos armazenados em condições de resfriamento e

congelamento

Oxigênio Químico Condições de

armazenamento/ruptura da embalagem

Alimentos armazenados em embalagens com

concentração de oxigênio reduzida

Dióxido de carbono Químico

Condições de armazenamento/ruptura

da embalagem

Alimentos armazenados em atmosfera modificada ou

atmosfera controlada

Frescor

Corantes de pH, Todos corantes que tem capacidade de

reagir com determinados metabolitos

Qualidade microbiológica de alimentos

Alimentos perecíveis, como carne, peixes e aves

Patógenos

Vários métodos químicos e de

imunoquímica que reagem com toxinas

Bactérias patogénicas específicas, tais como a Escherichia coli O157

Alimentos perecíveis, como carne, peixe e aves

Fonte: HAN; HO; RODRIGUES, 2005 adaptado de OHLSSON; BENGTSSON, 2002.

3.2. Antocianinas

As antocianinas englobam um conjunto de pigmentos vegetais, solúveis em

água, responsável pelas cores vermelha, azul e roxa de flores, frutos, caules, algumas

folhas e raízes. O termo antocianinas vem do grego anthos que significa flor e Kianos

azul (MALACRIDA; MOTTA, 2006). São metabólitos secundários, sintetizado pela via

dos flavonóides, considerados compostos fenólicos, caracterizados por possuir um

núcleo básico flavílio (Figura 1). São moléculas glicosiladas, podendo ou não ser

aciladas, característica que difere das antocianidinas (FRANCIS, 2000).

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Figura 1 - Estrutura básica das antocianinas e antocianidinas. Fonte: ANANGA et al. 2013.

A molécula de açúcar, da fração glicosídica na molécula de antocianina, pode

ainda ser ligada a outros açúcares através de ligações glicosídicas ou a ácidos

orgânicos aromáticos ou alifáticos (ácido cinâmico, ácido malónico, ácido acético)

através de ligações éster. A glicosilação pode ocorrer em várias posições da estrutura

das antocianinas, sendo observada com maior frequência na posição 3 (posição

identificada na Figura 1). O segundo açúcar quando presente na molécula encontra-

se na posição 5, porém podem ocorrer glicosilações nas posições 7, 3’, 4’ e 5’. A

glicose, a ramnose, a xilose, a galactose, a arabinose e a frutose são os açúcares

mais comumente ligados às antocianidinas, ocorrendo como monoglicosídios,

diglicosídios e triglicosídios glicosilados diretamente na aglicona (MALACRIDA;

MOTTA, 2006; FRANCIS, 1989).

Os açúcares das antocianinas podem ser acilados pelos ácidos p-cumárico,

ferúlico, caféico, p-hidroxibenzóico, sinápico, malônico, acético, succínico, oxálico e

málico. Os substituintes acila encontram-se usualmente ligados à hidroxila do açúcar

na posição 3 e com menor frequência nas posições 4 e 6. A metoxilação é mais

frequente nas posições 3’ e 5’ e menos comum nas posições 5 e 7. É importante

salientar que a antocianina natural nunca apresenta as hidroxilas das posições 5, 7 e

4’ substituídas ao mesmo tempo. Um dos grupos hidroxila deve permanecer livre

numa dessas posições para a formação da estrutura quinoidal, responsável pela cor

(FRANCIS, 1989). Algumas das antocianinas frequentemente encontradas em

alimentos estão apresentadas na Tabela 2, junto as suas respectivas fontes.

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Tabela 2 - Antocianinas e suas respectivas fontes em alimentos. Antocianinas Fontes Cianidina-3-glicosídio Uva, vinho, cereja, jambolão, morango, azeitona Cianidina-3,5-diglicosídio Uva, vinho, cereja, figo, marmelo Peonidina-3-glicosídeo Uva, vinho, cereja, jabuticaba Malvidina-3-glicosídeo Uva, vinho Malvidina-3,5-diglicosídio Uva, vinho, feijão, inhame Cianidina-3-galactosídio Maçã, cacau Cianidina-3-p-cumarilsoforasídio-5-glicosídio Repolho roxo Pelargonidina-3-soforosídio-5-glicosídio Rabanete Pelargonidina-3-glicosídio Morango, tamarindo Delfinidina-3,5-diglicosídio Berinjela, feijão, uva, romã Delfinidina-3-cafeoilglicosídio-5-glicosídio Berinjela Petunidina-3-glicosídio Uva, vinho, feijão, mirtilo, laranja

Fonte: MALACRIDA; MOTTA, 2006

A glicosilação e a acilação afetam as propriedades físicas e químicas das

antocianinas. A glicosilação aumenta a solubilidade em água, enquanto a acilação

diminui a solubilidade. A forma de aglicona de antocianinas é raramente encontrada

na natureza devido à sua fraca estabilidade, a luz, temperatura, entre outros. A

glicosilação, através da formação de uma rede de ligações de hidrogênio

intramolecular no interior da molécula de antocianina, melhora a estabilidade quando

comparado a forma aglicona da antocianina (BORKOWSKI et al. 2005).

Os vários tipos de açúcares e ácidos que podem ser ligados à molécula de

antocianidinas, bem como os diferentes números de substituições que pode ser ligado

à molécula, são responsáveis pela grande variabilidade de estruturas químicas de

antocianina relatadas na natureza. Aproximadamente 25 antocianidinas foram

encontradas, sendo apenas 6 destas (cianidina, peonidina, pelargonidina, malvidina,

delfinidina, e petunidina) comumente encontradas na natureza. Com relação às

antocianinas, até o momento, aproximadamente 635 compostos foram encontrados,

sendo 95% destas são derivadas dessas 6 antocianidinas (KONG et al. 2003;

ANDERSEN; JORDHEIM, 2009).

As antocianinas são aplicadas em produtos farmacêuticos e cosméticos.

Alguns estudos têm sido focado na utilização das antocianinas como fonte de

compostos bioativos, capazes de reduzir o risco de doenças cardiovasculares e

alguns tipos de câncer (ANANGA et al. 2013). Além disso, são comumente utilizadas

como aditivos em alimentos e bebidas conferindo atraente coloração natural. No

entanto, sua utilização ainda é restrita devido a sua baixa estabilidade em meios

aquosos e pH acima de 2, que são condições bastante comuns durante o

processamento e estocagem dos alimentos (FALCÃO et al. 2003; FRANCIS, 1989).

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As distintas cores das antocianinas em um mesmo valor de pH podem ser

atribuídas a variação na estrutura molecular. A Figura 2 mostra diferentes estruturas

de antocianidinas, podendo ser observado que o aumento de grupos hidroxilas ligado

a estrutura principal é responsável pela mudança de cor visível de laranja para violeta.

A glicosilação das moléculas de antocianinas causa o aumento da cor vermelha,

enquanto que a presença de grupos acilo alifáticos ou aromáticos geralmente não

causa mudança de coloração ou causa apenas um pequeno deslocamento para o azul

(ANANGA et al. 2013).

Figura 2 - Cor visível das antocianidinas mais comumente encontradas na natureza. Fonte: Adaptado de ANANGA et al. 2013.

As antocianinas e as antocianidinas quando submetidas a alterações de pH,

sofrem transformações estruturais reversíveis, causando drástico efeito sobre a cor,

conforme pode ser visualizado na Figura 3, e isso vem despertando interesse de

pesquisadores para seu emprego em embalagens inteligentes (ANANGA et al. 2013).

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Figura 3 -Transformação das estruturas de antocianinas em extratos aquosos com respectiva cor predominante. Fonte: ANANGA et al. 2013.

Em solução aquosa podem existir quatro formas estruturais de antocianinas em

equilíbrio (Figura 3), ou seja, o cátion flavílio, a base quinoidal, a pseudobase ou

carbinol e a chalcona (BROUILLARD; DUBOIS, 1977). Em pH inferior a 2, as

antocianinas existem principalmente na forma de cátio flavílio, de cor vermelha.

Elevando-se o pH, ocorre a rápida perda do próton para produzir as formas quinoidais

de cor azuis ou violetas. Em paralelo ocorre a hidratação do cátion flavílio, gerando a

pseudobase incolor; ou geração do carbinol que atinge o equilíbrio lentamente com a

chalcona amarela. As quantidades relativas de cátion, formas quinoidais, pseudobase

e chalcona, na condição de equilíbrio, variam conforme o pH e a estrutura da

antocianina (IACOBUCCI; SWEENY, 1983).

3.2.1. Estabilidade das antocianinas

De acordo com Francis (1989), os principais fatores que influenciam a

estabilidade das antocianinas são a estrutura química, o pH, a temperatura, a luz, a

presença de oxigênio, a degradação enzimática e as interações entre os componentes

dos alimentos, tais como ácido ascórbico, íons metálicos, açúcares e copigmentos. As

antocianidinas são menos estáveis do que as antocianinas. A cianidina-3-glicosídio,

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por exemplo, apresenta tempo de meia-vida em solução de ácido cítrico 0,01 mol.L-1

(pH 2,8) de 65 dias, enquanto que sua aglicona livre alcança apenas 12 horas nas

mesmas condições (IACOBUCCI; SWEENY, 1983).

O grau de hidroxilação exerce importante efeito na estabilidade das

antocianinas, sendo que aquelas que contêm mais grupos hidroxilas em sua estrutura

são menos estáveis. Inversamente, o alto grau de metoxilação aumenta a estabilidade

das antocianinas. O pH exerce profunda influência na cor das antocianinas, assim

como na sua estabilidade. As antocianinas são mais estáveis em soluções ácidas do

que em neutras e alcalinas (FRANCIS, 1989).

As antocianinas são geralmente instáveis quando expostas à luz ultravioleta e

visível, ou outras fontes de radiação ionizante. As antocianinas substituídas no grupo

hidroxílico do C-5 são mais susceptíveis a decomposição fotoquímica do que as

não substituídas nessa posição (IACOBUCCI; SWEENY, 1983). Palamidis; Markakis

(1975) observaram que a presença de luz acelerou a destruição das antocianinas de

polpa de uva em bebidas carbonatadas. Nas bebidas armazenadas no escuro, o

tempo de meia-vida das antocianinas a 20ºC foi de 416 dias, no entanto, quando

expostas à luz ambiente nas mesmas condições de temperatura, o tempo de meia

vida das antocianinas diminuiu para 197 dias.

O oxigênio pode causar degradação das antocianinas por mecanismos de

oxidação direta ou indireta (MALACRIDA; MOTTA, 2006). A oxidação do ácido

ascórbico na presença de oxigênio e íons cobre forma o peróxido de hidrogênio

(H2O2), que causa a descoloração das antocianinas. Esse fato sugere que a

degradação das antocianinas seja mediada pelo H2O2. Outra possibilidade da causa

da degradação das antocianinas é a ocorrência da reação de condensação entre o

ácido ascórbico e a antocianina, formando produtos instáveis que se degradam em

compostos incolores (FALCÃO et al. 2003).

As antocianinas aciladas são mais estáveis do que as não-aciladas frente à

degradação térmica. Dyrby, Westergard e Stapelfeldt (2001) investigaram a

estabilidade térmica de diferentes extratos de antocianinas em sistemas tampão pH

3,0 e temperaturas entre 25º e 80ºC. Um dos extratos investigados nesse estudo foi

o de repolho roxo (Brassica oleraceae L.), na qual as antocianidinas cianidina-3,5-

diglicosídio e cianidina-3- sorofosídio-3-glicosídio, aciladas com os ácidos cinâmico,

ferúlico, pcumárico, caféico ou malônico, são predominantes. Segundo os autores, o

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repolho roxo apresentou maior estabilidade à degradação térmica, quando comparado

aos extratos de groselha, uva e sabugueiro. A excelente estabilidade das

antocianinas de repolho roxo se deve às moléculas ricas em copigmentos que

protegem o cátion flavilium do ataque nucleofílico da água. Em contraste, os extratos

de groselha, uva e sabugueiro não apresentam antocianinas aciladas com ácidos

aromáticos.

A estabilidade de antocianinas não-aciladas foi demonstrada no trabalho de

Sarni-Manchado et al. (1996), no qual o extrato bruto de uva (Vitis vinifera var.

Grenache noir) foi purificado e analisado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.

O estudo da estabilidade da fração, contendo malvidina 3-glicosídio, foi realizado com

solução tampão pH 3,0 e 5,0, na presença de oxigênio e ausência de luz a 55ºC. Após

8 dias foi verificada uma redução de 80-90% da cor inicial das soluções, indicando

pouca estabilidade. O aumento da estabilidade ocorre porque o copigmento compete

com a água e interage com as antocianinas, complexando as formas coloridas e

modificando a natureza do copigmento (FALCÃO et al. 2003).

3.3. Casting

A técnica casting vem recebendo atenção nos últimos anos por permitir a

formação de filmes finos geralmente com emprego de polímeros biodegradáveis. Os

polímeros mais comumente utilizados são polissacarídeos, proteínas, lipídeos e

derivados, apresentando vantagens com relação aos filmes sintéticos, devido

contribuir para a redução da poluição do ambiente (SOUZA et al. 2010).

A obtenção de filmes por essa técnica consiste basicamente na dispersão ou

solubilização de polímeros em um solvente (água, etanol ou ácidos orgânicos) com a

posterior adição de aditivos (plastificantes, agentes de ligação, entre outros), obtendo-

se assim uma solução filmogênica (GONTARD; GUILBERT; CUQ, 1992). Essa

solução é então colocada sobre um suporte e levada para a estufa, em condições

controladas, para a desidratação da solução filmogênica. Nesta etapa, ocorre o

aumento da concentração do polímero na solução, devido à evaporação do solvente,

e consequentemente a agregação das moléculas, levando à formação de uma rede

tridimensional. Após a completa evaporação do solvente, o filme seco pode ser

removido do suporte, para posterior utilização (GONTARD; GUILBERT; CUQ, 1992).

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As características finais destes filmes estão relacionadas às propriedades dos

polímeros utilizados como base (PIRAN et al. 2008; MONTERREY; SOBRAL, 1999).

A adição de um plastificante é necessária para melhorar as propriedades dos

filmes, sendo o glicerol e sorbitol os plastificantes de grau alimentício mais usados

(KOKOSZKA et al. 2010). O plastificante é uma molécula pequena de baixa

volatilidade, que modifica a organização tridimensional das moléculas, diminuindo as

forças intermoleculares atrativas e aumentando o volume livre e mobilidade da cadeia

polimérica. Dessa forma, o plastificante promove uma maior flexibilidade do filme,

diminui a resistência á tração e a rigidez do mesmo.

Geralmente os filmes elaborados a partir de polissacarídeos ou proteínas pela

técnica casting possuem boas propriedades mecânicas e menor opacidade quando

comparado aos filmes elaborados com lipídeos. No entanto, são sensíveis à umidade

e apresentam alto coeficiente de permeabilidade ao vapor d’água. Já os filmes de

lipídeos apresentam boas propriedades de barreiras ao vapor d’água, mas são opacos

e pouco flexíveis (FAKHOURI et al. 2007).

Os filmes à base de amido têm sido muito investigados por se tratar de uma

matéria-prima abundante na natureza e apresentar baixo custo (MÜLLER;

LAURINDO; YAMASHITA, 2009, ABDORREZA; CHENG; KARIM, 2011; ZAVAREZE

et al. 2012). No amido após a gelatinização, as moléculas de amilose, tendem a se

orientar paralelamente, devido à sua linearidade, aproximando-se de maneira que

favorece a formação de ligações de hidrogênio entre as hidroxilas de cadeias

adjacentes. Com isso, há diminuição de volume e a afinidade do polímero pela água

é reduzida, o que permite ao amido gelatinizado formar filmes estáveis e flexíveis

(ABDORREZA; CHENG; KARIM, 2011).

Uma das principais vantagens da utilização de filmes como embalagens para

produtos alimentícios é que vários ingredientes ativos podem ser incorporados na

matriz polimérica, aumentando assim a segurança ou até mesmo os atributos

nutricionais e sensoriais dos mesmos. Os filmes apresentam um elevado potencial

para transportar ingredientes ativos, tais como agentes ante escurecimento, corantes,

sabores, nutrientes, especiarias e compostos antimicrobianos, que podem estender a

vida útil do produto e reduzir o risco de crescimento de patógenos nas superfícies dos

alimentos (ROJAS-GRAU; SOLIVA-FORTUNY; MARTÍN-BELLOSO, 2009). No

entanto, estes aditivos podem alterar adversamente a resistência ao vapor de água,

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gás ou transporte de soluto dos filmes. A influência de um aditivo nas propriedades

dos filmes dependerá de sua concentração, estrutura química, grau de dispersão e da

extensão desta interação com o polímero (RIGO, 2006).

O uso desses filmes em embalagens para alimentos depende, além de

parâmetros como custo e disponibilidade, de suas propriedades funcionais, tais como:

propriedades mecânicas (resistência e flexibilidade), ópticas (cor e opacidade) e de

barreira (permeabilidades ao vapor de água, ao O2 e ao CO2), e ainda da solubilidade

em água e das propriedades sensoriais, que estão ligadas ao tipo de produto ao qual

o mesmo será aplicado.

Essas propriedades dos filmes dependem do biopolímero usado (conformação,

peso molecular, distribuição de cargas, polaridade), das condições de fabricação (pH,

concentração de biopolímerona solução filmogênica, tratamento térmico da solução,

tipo e teor de aditivos, como os plastificantes) e das condições ambientais

(temperatura e umidade relativa) (GARCÍA et al. 2009; MAHMOUD; SAVELLO, 1992).

3.4. Electrospinning

O electrospinning é uma das técnicas utilizadas para preparo de micro e

ultrafinas fibras poliméricas, que emprega a utilização de campo elétrico para sua

formação (WANG; FU; LI, 2009). A técnica de electrospinning foi inicialmente proposta

por Formhal em 1938, no entanto, começou a ser estudada em 1995, por Doshi;

Reneker (1995), e atualmente vem chamando a atenção de diversos pesquisadores

(COSTA; RIBEIRO; MATTOSO, 2010). A técnica consiste na utilização de um

equipamento constituído de quatro componentes principais, ou seja, uma fonte de alta

tensão, uma bomba de infusão, uma seringa com agulha de aço inoxidável e um

coletor que pode ser uma placa fixa ou cilindro rotativo (BHUSHANI;

ANANDHARAMAKRISHNAN, 2014; COSTA et al. 2012). Um esquema do

equipamento pode ser visualizado na Figura 4.

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Figura 4 - Modelo de uma estação de electrospinning para a formação de fibras ultrafinas.

Fonte: MIHINDUKULASURIYA; LIM, 2013.

Nesse sistema, uma solução polimérica é colocada em uma seringa acoplada

a uma bomba para controle da taxa de liberação da solução para o sistema. Uma

agulha de aço inoxidável encaixada na seringa recebe descarga geralmente positiva

da fonte de alta tensão, dessa forma a solução polimérica é induzida por um potencial

elétrico até o coletor, carregado negativamente ou apenas aterrado. Devido às forças

eletrostáticas, na ponta da agulha, a superfície hemisférica da gotícula é distorcida

numa forma cônica, conhecida como cone de Taylor. Uma vez que a força eletrostática

neutraliza a tensão superficial, um jato de polímero carregado é ejetado da ponta do

cone de Taylor em direção ao coletor. A solução é distribuída de forma desigual em

função de movimentos de flexão do jato (chicote), esse comportamento pode ser

visualizado na Figura 5. O alongamento do jato associado à rápida evaporação do

solvente resulta em fibras finas depositadas sobre o coletor (BHUSHANI;

ANANDHARAMAKRISHNAN, 2014; COSTA et al. 2012; RENEKER; YARIN, 2008).

Estas fibras podem ser recolhidas sob a forma de uma membrana.

O electrospinning pode ser utilizado para produzir fibras com propriedades

funcionais, por permitir o aprisionamento de diversos compostos, e com a vantagem

do aprimoramento da funcionalidade devido aos efeitos da escala manométrica

(RENEKER; CHUN, 1996, SHEN et al. 2011).

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Figura 5 - Etapas do processo de eletrofiação. Fonte: COSTA et al. 2012.

Com electrospinning, uma variedade de fibras com formas e tamanhos de

seção transversal podem ser obtidas. As fibras preparadas por esta técnica

geralmente apresentam seções transversais cilíndricas, no entanto, sob algumas

condições específicas outras formas podem ser observadas. Alguns autores relataram

a obtenção de fibras com morfologias ramificadas, fitas planas e dobrada, bem como

cilindro oco (FRENOT; CHRONAKIS, 2003; KOOMBHONGSE; LIU; RENEKER,

2001). Diferentes fatores podem contribuir para tal resultado, como o tipo de polímero

e tipo de solvente empregado para o preparo das soluções poliméricas.

3.4.1. Polímeros utilizados em electrospinning

Vários polímeros sintéticos, polímeros naturais ou mistura de ambos, incluindo

proteínas e polissacarídeos vêm sendo utilizados para formação de fibras ultrafinas

por electrospinning (OHGO et al. 2003). Ao longo dos anos, mais de 200 polímeros

foram utilizados com êxito no processo de produção de fibras por electrospinning

(JIANG et al. 2004). Os polímeros usualmente utilizados são: colágeno, quitosana,

gelatina, caseína, acetato de celulose, zeína, quitina, fibrinogênio, poli (ácido-L-lático),

náilon, acetato de polivinila, entre outros (BHARDWAJ; KUNDU, 2010).

3.4.2. Solventes utilizados no preparo das soluções

O primeiro e mais importante passo no processo de electrospinning é a

dissolução do polímero no solvente adequado. A volatilidade do solvente desempenha

um papel significativo, uma vez que influencia no processo de separação de fases.

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Diferentes solventes podem contribuir com diferentes tensões superficiais. A

viscosidade da solução é determinada pela concentração do polímero, mas o valor da

tensão superficial depende tanto do polímero quanto do solvente (RENEKER; CHUN,

1996, YANG et al. 2004). A tensão superficial da solução depende mais da

composição do solventes do que da concentração do polímero (FONG; RENEKER,

1999; LIU; HSIEH, 2002).

Basicamente, o solvente tem como objetivo durante o processo de

electrospinning: dissolver as moléculas de polímero para permitir a formação do jato

e transportar as moléculas de polímero dissolvidas até o coletor (OHKAWA et al.

2004).

Os solventes utilizados podem fornecer informações muito úteis

compreendendo os efeitos de propriedades da solução, tais como a condutividade.

Dimetilformamida (DMF), um solvente aprótico, que tem um alta constante dielétrica

e momento dipolar, é usado com bastante frequência para dissolver uma diversidade

de polímeros como: poli (acrilonitrila), poliuretano-ureia, poli (etileno glicol) entre

outros, sua adição aumenta a condutividade da solução que é um pré-requisito para

a formação de fibras uniformes livres de gotas (BUCHKO et al. 1999; DEMIR et al.

2002; BHATTARAI et al. 2004).

Uma solução típica utilizada em processos de electrospinning consiste em

aproximadamente 80 a 90% em peso de solvente e 10 e 20% de polímero, de modo

que a seleção de solventes para electrospinning e sua influência na morfologia das

fibras é uma das principais áreas de pesquisa nos últimos anos (GHORANI;

RUSSELL; GOSWAMI, 2013, LU et al. 2006).

A Tabela 3 demonstra alguns polímeros, e seus respectivos solventes utilizados

no processo de electrospinning. Além disso, a Tabela 3 demonstra os diâmetros

médios das fibras produzidas por esses polímeros.

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Tabela 3 - Diferentes polímeros e seus respectivos solventes utilizados no processo de electrospinning Polímeros Solventes Diâmetro das fibras (nm) Aplicações

Fibroína de seda/PEO Água 590 + 60* Engenharia de tecidos ósseos Gelatina Ácido acético/fórmico 109 a 761 Engenharia de tecidos

Colágeno tipo I HFPa 100 a 600 Ciência e engenharia de materiais Colágeno tipo II HFP 496 Engenharia de cartilagem

Gelatina/Álcool polivinílico Ácido fórmico 133 a 447 Libertação controlada de drogas Chitosana Ácido acético 130 Aplicações biomédicas

Álcool polivinílico Água 250 a 300 Entrega de drogas Chitosana/Álcool polivinílico Ácido fórmico, TFAb, HCL 330 Engenharia de tecidos

Acetato de celulose Acetona, DMFc, trifluoroetano 200 a 1000 Filtração Ácido hialurônico/gelatina DMF/água 190 a 500 Engenharia de tecidos

Fibrogenio HFP 80 + 30* Reparação de feridas Poliamida-6 m-cresol, Ácido fórmico 98,3 + 8,2* Aplicações biomédicas Poliuretano Água 100 a 500 Engenharia de tecidos

Policaprolactona DMF + Cloridrato de metileno 200 Cicatrização de feridas Colágeno/chitosana HFP/TFA 300 a 500 Engenharia de tecidos

Quitina HFP 163 Cicatrização de feridas Policaprolactona /Gelatina TFEd 470 + 120* Cicatrização de feridas

Polianilina HFP 61 + 13* Engenharia de tecidos aHexafluoroisopropanol, bÁcido trifluoroacético, cDimetilformamida, dTrifluoroetileno, *+ desvio padrão. Fonte: Bhardwaj; Kundu, (2010)

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3.4.3. Efeitos dos parâmetros no processo de electrospinning

Diversos parâmetros afetam a morfologia e o diâmetro das fibras formadas

durante o processo de electrospinning (CHONG et al. 2007). Esses parâmetros podem

ser divido em três grupos, ou seja, parâmetros de solução (viscosidade,

condutividade, peso molecular e tensão superficial), do processo (campo elétrico

aplicado, distância do coletor e taxa de alimentação) e ambientais (umidade e

temperatura) (LI; XIA, 2004). Resumidamente, o efeito dos parâmetros do

electrospinning sobre a morfologia e diâmetro das fibras é demonstrado na Tabela 4.

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Tabela 4 - Efeito dos parâmetros do electrospinning sobre a morfologia e diâmetro das fibras formadas Parâmetros Efeito na morfologia das fibras

Parâmetros da solução Viscosidade Baixa geração de grânulos, alto aumento no diâmetro da fibra.

Concentração de polímero Aumento do diâmetro da fibra com aumento da concentração Peso molecular de polímero Redução do número de esferas e gotículas com aumento de peso.

Condutividade Diminuição do diâmetro da fibra com aumento da condutividade. Tensão superficial Nenhuma ligação conclusiva com a morfologia das fibras, a alta tensão Instabilidade dos jatos.

Parâmetros do processo

Tensão Diminuição do diâmetro da fibra com aumento da tensão. Distância entre a ponta e coletor Geração de esferas com distância muito pequena e muito grande, distância mínima Para fibras uniformes.

Taxa de alimentação Diminuição do diâmetro da fibra com diminuição da taxa de fluxo, geração de esferas com taxa de fluxo muito alta.

Parâmetros ambientais Umidade A umidade elevada resulta em poros circulares nas fibras.

Temperatura O aumento da temperatura resulta na diminuição do diâmetro da fibra. Fonte: BHARDWAJ; KUNDU, 2010

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3.4.3.1. Parâmetros da solução

3.4.3.1.1. Viscosidade

A viscosidade da solução desempenha um papel importante no tamanho e na

morfologia das fibras. Tem sido sugerido que soluções com viscosidades muito baixa

não permitem a formação de fibras contínuas. No entanto, com viscosidade muito alta,

ocorre dificuldade para saída de jatos da solução polimérica a partir do orifício de

saída, portanto existe uma viscosidade ótima para processo de electrospinning, que

está relacionado a cada polímero. Fong; Chun; Reneker (1999) estudaram diferentes

viscosidades de óxido de polietileno (PEO) na formação de nanofibras e verificaram

que um intervalo de viscosidade entre 1 e 20 poise foi adequado para a produção de

nanofibras uniformes por electrospinning. A viscosidade, a concentração e o peso do

polímero estão correlacionados entre si. O aumento na viscosidade ou a concentração

da solução originam fibras com maior diâmetro e maior uniformidade (DEITZEL et al.

2001). No electrospinning, a viscosidade da solução desempenha um papel

importante na determinação da gama de concentrações a partir da qual são obtidas

fibras.

3.4.3.1.2. Concentração do polímero

No processo de electrospinning, para que ocorra a formação de fibras é

necessária uma concentração mínima da solução polimérica. Quando utilizado baixa

concentração da solução polimérica (associado a cada polímero) são obtidas

partículas esféricas e à medida que a concentração aumenta começa a formação de

fibras, num primeiro momento formam-se fibras com partículas esféricas até atingir

uma concentração que forma fibras contínuas e uniformes (DEITZEL et al. 2001, LIU;

HSIEH, 2002, RYU et al. 2003; MCKEE et al. 2004; KI et al. 2005; HAGHI; AKBARI,

2007). Estudos mostraram que a concentração da solução apresenta relação direta

com o diâmetro das fibras, ou seja, o aumento da concentração da solução polimérica

aumenta o diâmetro das fibras formadas (KI et al. 2005, JUN et al. 2003).

3.4.3.1.3. Peso molecular do polímero

O peso molecular do polímero tem um efeito significativo sobre as propriedades

reológicas e elétricas tais como viscosidade, tensão superficial, condutividade e

rigidez dielétrica (HAGHI; AKBARI, 2007), e consequentemente sobre a formação das

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fibras. Polímeros de elevado peso molecular, como o poli (ácido-L-láctico) de alto peso

molecular, tem sido utilizado em electrospinning, pois fornecem viscosidade desejada

para formação de fibras. Enquanto polímeros de baixo peso molécular, tende a formar

gotas ou partículas esféricas, ao invés de fibras. O peso molecular do polímero reflete

o número de emaranhados das cadeias de polímeros em uma solução,

desempenhando papel importante durante processo de electrospinning. Deve-se

manter um número suficiente de emaranhados das cadeias de polímero, a fim de

assegurar viscosidade da solução suficiente para produzir um jato uniforme durante o

electrospinning e restringir os efeitos da tensão, que desempenha um papel

significativo na formação de fibras (TAN et al. 2005). Gupta et al. (2005) avaliaram o

efeito do peso molecular de polimetil-metacrilato, com variação entre 12,47 a 365,7

kDa, sobre a formação de fibras por electrospinning. Os autores observaram que à

medida que o peso molecular aumentava, o número de gotas diminuía. Os autores

ainda relataram que pesos moleculares altos não são necessariamente essências

para processo de electrospinning, quando se tem interações intermoleculares

suficientes para manter conectividade entre as cadeias. Efeitos do peso molecular

sobre a morfologia das fibras obtidas por electrospinning podem ser observados na

Figura 6.

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Figura 6 - Emaranhamento das cadeias de polímeros em solução em função da concentração de polímeros. Nesse exemplo, a solução testada foi polivinilpirrolidona em água/etanol com vários pesos moleculares. Fonte: MUNIR et al. 2009.

3.4.3.1.4. Tensão superficial

A tensão superficial da solução desempenha um papel crítico no processo de

electrospinning, pois reduzindo a tensão superficial, fibras podem ser obtidas sem

gotas. Diferentes solventes podem contribuir com diferentes tensões superficiais.

Geralmente, a elevada tensão superficial inibe o processo de electrospinning, devido

à instabilidade do jato e favorece a geração de gotículas pulverizadas

(electrospraying) (HOHMAN et al. 2001).

3.4.3.2. Parâmetros do processamento

3.4.3.2.1. Tensão

Um elemento essencial no processo de electrospinning é a aplicação de alta

tensão, a fim de gerar um campo elétrico do orifício de saída da solução até o coletor.

Dependendo da taxa de alimentação da solução, uma tensão mais alta pode ser

necessária para que o cone Taylor estável seja formado (ZONG et al. 2002). Podem

ser aplicados tanto tensão positiva quanto negativa, e geralmente valores superiores

a 6kV são capazes de distorcer a gota, formada pela solução polimérica, para forma

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de cone de Taylor. A tensão aplicada e o campo elétrico formado têm influência sobre

o alongamento e aceleração do jato de polímero, e consequentemente têm influência

sobre a morfologia e diâmetro das fibras formadas (MEGELSKI et al. 2002). O

diâmetro médio das fibras geralmente diminui após um aumento inicial na tensão

aplicada. Lin et al. (2008) explicaram que as fibras atingem um diâmetro mínimo após

um aumento inicial na tensão e, em seguida, torna-se maior à medida que a tensão

aumenta. Esta tendência tem sido atribuída ao menor tempo de deformação

disponível para formação fibras quando a tensão aumenta. O aumento demasiado da

tensão torna o jato instável resultando em fibras irregulares (LINNEMANN; RANA;

GRIES, 2005, YUAN et al. 2004).

3.4.3.2.2. Taxa de alimentação

A taxa de alimentação determina a quantidade de solução polimérica disponível

no orifício de saída durante o processo de electrospinning. As taxas de alimentação

altas geralmente resultam em fibras grossas, e taxas baixas frequentemente

produzem fibras finas e uniformes (BALLENGEE; PINTAURO, 2011; DOTTI et al.

2007; MEGELSKI et al. 2002). Além disso, quando a taxa de alimentação é alta, a

gota hemisférica formada no orifício de saída também é grande, consequentemente

maior quantidade de solvente deve ser removido durante o processo de

electrospinning, resultando em fibras grossas e com presença de gotas ou partículas

esféricas. As baixas vazões proporcionam mais tempo para a evaporação do solvente,

e a formação de esferas é reduzida. Outro aspecto que vem sendo relatado é o

aumento dos poros nas fibras obtidas com altas taxas de fluxo, provavelmente

relacionadas aos maiores diâmetros das fibra (YUAN et al. 2004).

3.4.3.2.3. Distância do coletor

O alongamento do jato de polímero ocorre entre a ponta da agulha, onde o cone

Taylor é formado e o coletor. A distância do coletor tem influência direta no tempo para

deposito da fibra sobre o coletor e na intensidade do campo eletrostático. A distância

entre a ponta da agulha e o coletor deve ter um valor mínimo para garantir a total

evaporação do solvente, e, um valor máximo para que o campo elétrico seja efetivo

na estabilização do cone de Taylor e, consequentemente, na formação das fibras

(BHUSHANI; ANANDHARAMAKRISHNAN, 2014).

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A secagem inadequada da fibra pode ser atribuída à distância insuficiente entre

a ponta da agulha e o coletor. Neste caso, o tempo de secagem não é suficiente para

evaporar o solvente antes das fibras serem depositadas no coletor e

consequentemente fibras parcialmente secas com fibra fundidas nas intersecções são

observadas (BARHATE; LOONG; RAMAKRISHNA, 2006). O aumento da distância do

coletor resulta em maior estiramento da solução polimérica e maior tempo para

evaporação do solvente, que tende a diminuir a formação de gotas e o diâmetro médio

das fibras (AHN et al. 2006; DOSHI; RENEKER, 1995; JARUSUWANNAPOOM et al.

2005; YUAN et al. 2004). Ying et al. (2006) relataram que quando a umidade ambiente

é baixa, o aumento da distância do coletor pode levar a uma redução no diâmetro das

fibras, pois mais solvente evapora sobre a maior distância. Por outro lado, quando a

umidade ambiente é alta, o aumento da distância não amplia a taxa de evaporação,

mas reduz a intensidade do campo.

3.4.3.3. Parâmetros ambientais

Além dos parâmetros da solução e do processamento, os parâmetros

ambientais como a umidade e a temperatura também influenciam sobre as fibras

formadas por electrospinning. Mit-Uppatham, Nithitanakul e Supaphol (2004)

investigaram o efeito da temperatura (25 a 60°C) no processo de electrospinning

durante formação de fibras de poliamida-6 e constataram que o aumento da

temperatura diminuiu o diâmetro das fibras. Os autores atribuíram a redução do

diâmetro dessas fibras à diminuição da viscosidade das soluções poliméricas e á alta

temperatura, já que existe uma relação inversa entre viscosidade e temperatura.

A variação na umidade durante a formação de fibras de poliestireno foi

estudada. O aumento da umidade atribuiu ás fibras pequenos poros circulares na

superfície, chegando a verificar a junção dos poros formados (CASPER et al. 2004).

Em umidades baixas, os solventes voláteis tendem a secar rapidamente. Muitas vezes

a taxa de evaporação do solvente é tão alta que surge o problema de obstrução no

orifício de saída da solução polimérica, devido à secagem e aglomeração de polímero,

sendo necessário uma limpeza para dar continuidade ao processo (BAUMGARTEN,

1971).

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3.4.4. Aplicações

Diversas são as aplicações das fibras produzidas pelo processo de

electrospinning. Essas fibras apresentam elevada relação entre superfície e volume,

elevada porosidade, maleabilidade, grande variação de tamanho e formas, o que

possibilita a incorporação de compostos com diversas funções e elevada resistência

mecânicas. As características das fibras podem ser manipuladas em função da

variação dos parâmetros de solução, processamento e ambiente durante processo de

electrospinning (BHUSHANI; ANANDHARAMAKRISHNAN, 2014).

Além disso, o que facilita sua aplicação em diversas áreas é a possibilidade da

utilização de grande variedade de polímeros (DOSHI; RENEKER, 1995; KIM;

RENEKER, 1999). As fibras produzidas por electrospinning são aplicadas na área

biomédicas, em processos de filtração, na imobilização de enzimas, na biotecnologia,

na engenharia ambiental, em embalagens, em alimentos e na armazenagem e

geração de energia, entre outras (RENEKER et al. 2000, STITZEL et al. 2001, SMITH;

MA, 2004; RAMAKRISHNA et al. 2006). De todas as aplicações utilizando fibras

obtidas via electrospinning aproximadamente dois terços do número de patentes estão

relacionadas ao campo médico e das restantes, metade estão relacionadas a

aplicações em processos de filtração (BURGER et al. 2006).

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CAPITULO I - FILMES INDICADORES DE pH A BASE DE AMIDO DE MILHO E

ANTOCIANINAS DE FEIJÃO PRETO E REPOLHO ROXO: ESTABILIDADE DA

COR AO LONGO DO ARMAZENAMENTO

Resumo

Os filmes indicadores de pH podem ser utilizados em embalagens inteligentes com a

finalidade de informar em tempo real sobre a qualidade dos alimentos. As antocianinas

são compostos que apresentam variação de cor em função do pH devido ás suas

mudanças estruturais, sendo uma alternativa interessante para o desenvolvimento de

indicadores. O objetivo deste trabalho foi desenvolver filmes indicadores de pH a base

de amido de milho e antocianinas de tegumento de feijão preto e de repolho roxo e

avaliar a estabilidade de cor durante o armazenamento de 28 dias, na presença ou

não de iluminação e com ou sem refrigeração. Além disso, os filmes indicadores de

pH foram avaliados quanto a estrutura química e as propriedades morfológicas,

físicas, mecânicas e térmicas. As antocianinas extraídas do tegumento do feijão preto

e repolho roxo foram quantificadas em espectrofotômetro e identificadas por

cromatografia liquida acoplada a espectrômetro de massas. Os filmes indicadores de

pH foram desenvolvidos utilizando amido de milho, glicerol e extrato de antocianinas,

sob aquecimento e agitação mecânica, utilizando pH 5. Os filmes apresentaram

variação de cor entre rosa, lilás, roxo, azul em função da variação de pH. Os filmes

desenvolvidos com antocianinas de feijão preto, em comparação aos filmes com

antocianinas de repolho roxo, apresentaram maior instabilidade quando armazenados

em temperatura ambiente e com incidência de luz, ocorrendo aumento da tonalidade

amarela, que dificultou a diferenciação da cor dos filmes após 28 dias. Independente

da fonte de antocianinas, os filmes indicadores de pH apresentaram maior

estabilidade de cor, quando armazenados sob refrigeração quando comparados ao

armazenamento em temperatura ambiente.

Palavras-chave: Embalagem inteligente, estabilidade de cor, luz, pH, tempo,

temperatura.

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1. Introdução

As embalagens inteligentes podem fornecer ao consumidor informações sobre a

qualidade em tempo real dos produtos alimentícios (PACQUIT et al. 2007; RUKCHON

et al. 2014). Os indicadores de pH caracterizam este tipo de produto, são de fácil

utilização e podem ser integrados como parte ou total da embalagem permitindo aos

consumidores verificar a qualidade dos alimentos pela mudança de cor (RAOUFI et

al. 2014; SILVA-PEREIRA et al. 2015).

A utilização de polímeros naturais para o desenvolvimento de embalagens vem

sendo bastante investigada, devido a sua biodegradabilidade e redução do acúmulo

de resíduos no meio ambiente. O amido é um dos biopolímeros mais utilizados na

produção de filmes biodegradáveis (PRACHAYAWARAKORN; POMDAGE, 2014).

Os corantes naturais, tais como antocianinas, podem ser adicionados em filmes

biodegradáveis a base de amido para fornecer propriedades específicas como

indicadores de pH. As antocianinas são metabólitos secundários, amplamente

distribuídas em frutas e produtos hortícolas, incluindo repolho roxo, batata doce,

tegumento de feijão, uva, entre outros. As antocianinas são compostos promissores

para utilização como corantes naturais em função do seu amplo espectro de cor que

varia entre laranja, vermelho, verde e azul em função do pH (ANANGA et al. 2013).

Existem alguns estudos sobre a utilização de biopolímeros e antocianinas para

produção de indicadores de pH. Veiga-Santos; Ditchfield; Tadini (2011)

desenvolveram um filme biodegradável indicador de pH à base de amido de mandioca

plastificado com sacarose e açúcar invertido, contendo extratos de uva e de espinafre

(fonte de antocianinas e clorofila), e reportaram que os filmes contendo extratos de

antocianinas, apresentaram maior variação de cor, sendo mais eficientes para

monitoramento do pH em comparação com os filmes contendo clorofila ou mistura

deles. Silva-Pereira et al. (2015) desenvolveram um sistema para monitoramento da

deterioração de pescado em função da variação de pH, a base de quitosana, amido

de milho e extrato de repolho roxo. Os filmes foram aplicados em filés de pescado e

os resultados mostraram que o indicador apresentou propriedades ópticas e

morfológicas sensíveis as variações de pH, apresentando potencial para ser utilizado

como indicador de qualidade.

No entanto, estudos têm demonstrado que as antocianinas são compostos

instáveis, sensíveis a variações de temperatura, luz e oxigênio. Esses fatores podem

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influenciar na sua aplicação no desenvolvimento de indicadores de pH, por exigir

resposta confiável aos consumidores (CEVALLOS-CASALS; CISNEROS-

ZEVALLOS, 2004). Além disso, as fontes de antocianinas também podem influenciar

sobre a intensidade e estabilidade de cor de indicadores de pH, uma vez que possuem

diferentes estruturas predominantes, que apresentam comportamento diferente

(ANANGA et al. 2013). A literatura é restrita em estudos que avaliem o efeito do tempo,

temperatura e iluminação na estabilidade de cor de indicadores de pH desenvolvidos

com antocianinas.

Nesse contexto, objetivou-se com o trabalho desenvolver filmes indicadores de pH

a base de amido de milho e antocianinas de tegumento de feijão preto e repolho roxo.

Os filmes foram avaliados quanto à estrutura química e ás propriedades morfológicas,

físicas, mecânicas e térmicas. A estabilidade de cor dos filmes indicadores de pH foi

avaliada durante o armazenamento de 28 dias com variação de temperatura e

iluminação.

2. Material e Métodos

2.1. Material

Amido de milho comercial (amilose igual a 30,97 + 5,58%) foi utilizado para

elaboração dos filmes e amostras de feijão preto e repolho roxo para extração de

antocianinas, adquiridas em comércio local da cidade de Pelotas, Brasil. O tegumento

do feijão preto foi separado manualmente com auxílio de bisturi. As amostras foram

congeladas com nitrogênio líquido e após trituradas em moinho de bola (Marconi, MA

350, Brasil) até a obtenção de um pó fino, para posterior extração das antocianinas

(DAVIS; RODRIGUEZ-SAONA; WROLSTAD, 2001). Para as determinações

cromatográficas foi utilizada a coluna Cogent Phenyl Hydride (2,1x50mm, 4mm,

100A), fabricada por MicroSolv Technology Corporation (Eatontown, NJ, USA). A água

ultrapura utilizada foi obtida a partir do sistema de purificação de água Megapurity

(Megapurity, Brasil). Acetonitrila e ácido fórmico foram adquiridos da Panreac Química

S.L.U. (Castellar del Vallès, CT, Espanha) e Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA),

respectivamente, sendo ambos de grau HPLC. O padrão de Pelargonidina foi

adquirido da Sigma-Aldrich (St. Louis, MO, EUA) no mais elevado grau de pureza

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disponível. O eluente foi filtrado com um filtro de nylon de 0,45um (Sigma-Aldrich, St.

Louis, MO, EUA).

2.2. Extração de antocianinas

A extração e quantificação das antocianinas foi realizada de acordo com o

método descrito por Francis (1982). As antocianinas presentes em cada amostra

foram extraídas com etanol acidificado (85mL de etanol P.A. e 15mL de HCl 1,5mol.L-

1). Em tubos falcon foi pesado 1g de amostra, adicionado 30mL de etanol acidificado

e submetido a agitação constante (Phoenix, AP-22, Brasil) por 1h. O sobrenadante foi

separado e 20mL de etanol acidificado foi adicionado novamente na amostra, afim de

garantir completa extração, sendo submetido a agitação constante. Após as etapas

de extração, as frações de solvente foram misturadas, filtradas e realizadas as leituras

em espectrofotômetro (Jenway, 6705, Inglaterra) a 525nm para quantificação.

2.3. Identificação e quantificação relativa das antocianinas

A análise em cromatógrafo líquido acoplado a um espectrômetro de massas

(LC-MS) foi realizada num sistema UFLC (Cromatógrafo Líquido Ultra Rápido

Prominence, Shimadzu, Japão), incluindo desgaseificador, bomba binária, amostrador

automático e compartimento de coluna com temperatura controlada. O sistema de

espectrômetria de massa (MS) utilizado o micrOTOF Impacto HD Bruker (Bruker

Daltonics, Alemanha) com uma fonte de ionização por electrospray. A detecção foi

feita no modo de ionização positivo. A fase móvel A foi constituída de 0,1% de ácido

fórmico em água e fase móvel B foi constituído de 0,1% de ácido fórmico em

acetonitrila. A taxa de fluxo foi de 0,4mL.min-1 e 1µL de extratos foi injetado no

cromatógrafo. A temperatura da coluna foi fixada em 35°C. O gradiente usado no

presente estudo foi: 0min – 5% B; 4min – 80% B; 6min – 80% B; 7min – 15% B; e 15

min – 15% B. O tempo de equilíbrio entre as execuções sucessivas foi de 5min.

Parâmetros para a análise de MS foram criados usando o modo de ionização

positiva com espectros adquiridos ao longo de uma faixa de massa de m/z 50 a 1200.

Os parâmetros foram: tensão capilar de 4,0kV; temperatura do gás de secagem a

180°C; fluxo de gás de secagem a 8,0L.min-1; nebulização de pressão de gás, 2bar;

colisão RF, 150Vpp; tempo de transferência 70ms e armazenamento pré-pulso, 5µs.

Além disso, experimentos automáticos de MS/MS foram realizadas ajustando os

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valores de energia de colisão como se segue: m/z 100, 15 eV; m/z 500, 35 eV; m/z

1000, 50 eV, e usando azoto como gás de colisão. Os dados de MS foram

processados através do software de Análise de Dados 4.0 (Bruker Daltonics, Bermen,

Alemanha), que forneceu uma lista de possíveis fórmulas elementares usando o editor

de Fórmula Inteligente.

Antocianinas do tegumento do feijão e repolho foram caracterizadas por seus

espectros de massas UV/Vis padrões de fragmentação MSn UV/Vis (220-800 nm), e

comparados com os dados do banco de dados (Metlin, MassBank, Kegg Composto)

e livros de referência. Curva na matriz foi desenvolvida com o padrão de pelargonidina,

e as demais antocianinas presentes na amostras foram quantificadas levando em

consideração a área do pico de pelargonidina e sua concentração.

2.4. Elaboração dos filmes indicadores de pH

Os filmes indicadores de pH foram elaborados pela técnica casting, segundo

metodologia descrita por Silva-Pereira et al. (2015) e Golasz; Silva; Silva (2013), com

algumas modificações. A solução filmogênica foi preparada com 3 g de amido de milho

comercial, 0,9g de glicerol e 80mL de água destilada. A solução filmogênica foi

submetida ao aquecimento em banho-maria (Fisatam, 550, Brasil) a 85°C durante

15min. Após arrefecimento a 40°C, foi adicionado 20mL de extrato de antocianinas

0,07mg.mL-1, e o pH ajustado para 5 utilizando solução de NaOH 1mol.L-1.

Posteriormente a solução foi homogeneizada em ultraturrax (IKA, T18 Basic,

Germany) a 14000rpm durante 10min. Uma amostra de 20g da solução filmogênica

foi espelhada em placa de acrílico de 9cm de diâmetro e seca em estufa com

circulação de ar (Ethik, 420TD, Brasil) a 30°C por aproximadamente 16h. Os filmes

foram armazenados em ambiente com temperatura de 16°C e umidade relativa

próximo a 60% durante 48h e após submetido as avaliações. Filme controle foi

desenvolvido nas mesmas condições, sendo o extrato de antocianinas substituído por

etanol acidificado.

2.5. Morfologia

A morfologia dos filmes indicadores de pH, tanto a superfície como a seção

transversal, foi avaliada em microscópio eletrônico de varredura (Jeol, JSM-6610LV,

USA), sob tensão de aceleração igual a 10kV e magnificação de 500 vezes. Para

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estas avaliações os filmes foram fixados em stubs com auxílio de fita dupla face e

cobertas com ouro utilizando um metalizador (Sputtering, Deston Vacuum Deskv,

USA). A fim de permitir a avaliação da seção transversal dos filmes, os mesmos foram

imersos em nitrogênio líquido, fraturados e fixados na lateral dos stubs.

2.6. Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas

A solubilidade dos filmes indicadores de pH foi determinada de acordo com

método proposto por Gontard et al. (1994). Os filmes foram recortados em círculo com

diâmetro igual a 2,5cm e mantidos em estufa a 105°C por 24h. Em seguida as

amostras foram imergidas em 50mL de água destilada em tubos Falcon, e submetidas

a agitação constante em mesa agitadora horizontal a 175rpm e temperatura de 25°C

por um período de 24h. Após os filmes resultantes foram retirados dos tubos, e secos

a 105°C até peso constante. A solubilidade foi expressa em termos de massa

solubilizada, através da relação entre a massa inicial e final dos filmes.

A espessura foi determinada através de dez medidas aleatórias de filmes de

cada tratamento utilizando um micrômetro digital, sendo os resultados expressos em

mm.

As propriedades mecânicas dos filmes (resistência a tração e porcentagem de

elongação) foram avaliadas utilizando texturômetro (TA.TX Plus, Texture Analyzer),

de acordo com o método ATM D 882 (ASTM, 1995). Dez filmes de cada tratamento

foram recortados, em dimensões de 2,5cm de largura e 8,5cm de comprimento, e

fixados no texturômetro com separação inicial das garras igual a 5cm e velocidade do

“probe” de 1mm.s-1. A resistência a tração foi calculada através do quociente entre a

força máxima no momento da ruptura do filme e a área da seção transversal, conforme

Equação 1. A elongação (Equação 2) foi determinada através da distância alcançada

pelo “probe” no momento da ruptura em relação a distância inicial (5cm), sendo os

resultados expresso em porcentagem.

𝑅𝑇 = 𝐹𝑚/𝐴 Eq. (1)

Onde RT é resistência à tração (MPa); Fm é a força máxima no momento da

ruptura do filme (N); e A é área da secção transversal (m²).

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𝐸 =𝑑𝑟

𝑑𝑖 𝑥 100 Eq. (2)

Onde E é elongação (%); di é distância inicial de separação (cm); e dr é distância

no momento da ruptura (cm).

2.7. Propriedades térmicas

As propriedades térmicas dos filmes indicadores de pH foram avaliadas

utilizando um equipamento termogravimétrico (TGA, TA-60WS, Shimadzu, Kyoto,

Japão). Uma amostra de filme, entre 6 a 10mg, foi pesada em cápsula de platina,

submetido ao aquecimento até 600°C a taxa de aquecimento de 10°C.min-1 e fluxo de

nitrogênio de 50mL.min-1. Uma cápsula de platina vazia foi utilizada como referência.

2.8. Espectro de cor dos filmes em diferentes pHs

O espectro de cor dos filmes em função dos diferentes pHs foi determinado

utilizando colorímetro (MINOLTA, CR 400, Japão), através de cinco medidas

aleatórias dos filmes. Os filmes foram colocados sobre o padrão branco para

determinação da cor e os resultados expressos em termos das coordenadas L* que

indica a claridade da amostra e varia de 0 (preto) a 100 (branco), croma a* que varia

do verde (-) ao vermelho (+) e croma b* que varia do azul (-) ao amarelo (+) (SOBRAL,

1999). A variação de cor dos filmes expostos em diferentes pHs foi calculada em

comparação a cor do filme em pH 5 (conforme produzido) utilizando a Equação 3.

∆𝐸 = √(Δ𝐿 ∗)2 + (Δ𝑎 ∗)2 + (Δ𝑐 ∗)² Eq. (3)

Onde: ∆L* = L – L0; ∆a* = a – a0; e ∆b* = b – b0.

2.9. Estabilidade de cor dos filmes em função do tempo, temperatura e luz

Os filmes indicadores de pH foram avaliados quanto a sua estabilidade de cor

em função do tempo, temperatura e luz. Os filmes anteriormente preparados (em pH

5) foram recortados em círculos com diâmetro de 8cm, divididos em 3 partes,

posteriormente imergidos em tampões com pH variando de 1 a 10. Os filmes foram

armazenados durante 28 dias, em temperatura ambiente (25 + 2°C) e sob refrigeração

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(4 + 2°C) e com e sem incidência de luz (lâmpada fluorescente 12w). Os parâmetros

de cor dos filmes foram monitorados a cada dois dias. A variação de cor dos filmes

durante o armazenamento foi calculada (Eq. 3) em comparação a cor inicial, ou seja,

dos filmes no primeiro dia de armazenamento, a fim de verificar a capacidade das

antocianinas quando preso a um suporte sólido de manter a cor em cada um dos pH

avaliados, sob diferentes condições ambientais.

2.10. Análise estatística

Os dados foram analisados utilizando a Análise de Variância (ANOVA) pelo

programa computacional Statistica 7.0 e a comparação entre as médias foi analisada

utilizando o teste de Tukey utilizando nível de significância de 5%.

3. Resultados e discussão

3.1. Identificação e quantificação relativa das antocianinas

A Tabela 5 apresenta os resultados da identificação e da quantificação relativa

das antocianinas presentes no tegumento do feijão preto e no repolho roxo.

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Tabela 5 - Características das antocianinas encontradas no tegumento do feijão preto e repolho roxo e suas quantidades relativas.

Composto Fórmula molecular [M+H]+

Tempo de retenção

(min)

Tegumento feijão preto Repolho roxo Área do

pico Quantificação

Relativa (μg/g)* Área do

pico Quantificação

Relativa (μg/g)*

Peonidina-3-O-glicosideo C22H22O11 463,13 0,67 nd** nd 7906 2,39±0,12

Petunidina-3-O-p-coumarylglicosideo C31H28O14 625,16 0,84 3565 7,86±0,45 nd nd

Delfinidina-3-O-glicosideo C21H20O12 465,10 1,02 826430 1822,02±60,71 nd nd

Petunidina-3-O-glicosideo C22H22O12 479,12 1,29 602918 1329,24±12,73 2530 5,36±0,67

Malvidina-3-O-glicosideo C23H24O12 493,13 1,66 507466 1118,80±17,62 nd nd

Cianidina-3-O-glicosideo C21H21O11 449,11 2,17 5294 11,67±0,47 7774 16,47±1,23

Pelargonidina C15H11O5 271,24 4,81 131173 289,19±5,00 84720 179,43±3,46 Cianidina-3,5-O-diglicosideo C27H31O16 612,17 5,25 3737 8,24±0,56 16008 33,90±2,37 Cianidina-3-(sinapoyl)(sinapoyl)-diglicosideo-5-glicosideo C43H64N2O36 1185 2,52 nd nd 6651 14,02+2,00

* A quantificação relativa foi realizada utilizando a pelargonidina como padrão interno **nd = Não detectado.

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Sete estruturas de antocianinas foram identificadas no extrato de tegumento de

feijão preto e seis no extrato de repolho roxo (Tabela 5). Delfinidina-3-O-glicosídeo foi

a estrutura predominante no extrato de feijão preto, representando 40% com relação

as demais, seguida da petunidina-3-O-glicosideo, malvidina-3-O-glicosídeo e

pelargonidina com 29%, 24% e 6%, respectivamente. As demais estruturas

identificadas no extrato de feijão preto apresentaram pequena quantidade atingindo

valor menor que 1% (Tabela 5). Esses resultados estão de acordo com a literatura

que menciona delfinidina-3-glicosideo como uma das principais antocianinas em grão

de feijão (CHOUNG et al. 2003; TAKEOKA et al. 1997; TSUDA et al. 1994).

As antocianinas individuais diferiram em função da fonte avaliada. Nos extratos

de repolho roxo foi observada a predominância da estrutura de pelargonidina

representando 71% das estruturas encontradas, seguido de cianidina-3,5-O-

diglicosideo (14%), cianidina-3-O-glicosideo (7%) e cianidina-3-(sinapoyl)(sinapoyl)-

diglicosideo-5-glicosideo (5%). De acordo com Wiczkowski; Szawara-Nowak;

Topolska (2013), a estrutura básica identificada no repolho roxo é a cianidina-3,5-

diglicosideo, podendo seus resíduos glicosídeos ser não acilados, monoacilados e

diacilados e os ácidos fenólicos sinápico, ferúlico, cafeico e ρ-cumárico, os principais

ligados a essas estrutura. A diferença entre os resultados observados nesse trabalho

quando comparado com a literatura, possivelmente é resultado da estimativa da

concentração de antocianinas ter sido realizada em relação ao padrão de

pelargonidina. Portanto, a Tabela 5 também demonstra a área do pico de cada um

dos compostos identificados. Apenas o extrato de repolho roxo apresentou a presença

de moléculas aciladas (cianidina-3-(sinapoyl)(sinapoyl)-diglicosideo-5-glicosideo),

conforme preconizado na literatura.

As antocianinas possuem uma estrutura básica caracterizada pelo núcleo

flavilio e a diferença entre as diversas antocianinas presentes na natureza está

relacionada aos radicais que são ligados a molécula, conforme pode ser verificado

nesse trabalho. Além disso, esses radicais contribuem com o espectro de cor

resultante, por isso a necessidade da seleção das fontes de antocianinas, justificando

a escolha do tegumento do feijão preto e repolho roxo como fontes de antocianinas

para o desenvolvimento desse trabalho.

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3.2. Morfologia

A morfologia da superfície e da seção transversal dos filmes a base de amido

com e sem antocianinas de feijão preto e repolho roxo está apresentada na Figura 7.

Figura 7 - Micrografias das superfícies (A, C, E) e das seções transversais (B, D, F) dos filmes de amido sem antocianinas (controle) (A, B), com antocianinas de feijão preto (C, D) e com antocianinas do repolho roxo (E, F).

O filme com antocianina de repolho roxo (Figura 7E) apresentou superfície

rugosa. Os filmes com antocianinas de feijão preto apresentaram superfície e seção

transversal (Figura 7C e 7D) mais homogênea e uniforme quando comparadas aos

demais filmes. A rugosidade e desuniformidade dos filmes (Figuras 7E e 7F) pode ser

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atribuída a menor interação do amido e glicerol com as antocianinas. Luchese et al.

(2015) desenvolveram filmes com amido de pinhão e farinha de jabuticaba, fonte de

antocianinas, e também observaram superfície rugosa, no entanto eles reportaram

que a rugosidade da superfície não influenciou na variação de cor dos filmes em

função do pH.

3.3. Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas dos filmes

Os resultados das características de solubilidade, espessura e propriedades

mecânicas dos filmes controle e com indicadores de pH estão apresentados na Tabela

6.

Tabela 6 - Solubilidade, espessura e propriedades mecânicas dos filmes indicadores de pH, utilizando extratos de antocianinas de feijão preto e repolho roxo.

Parâmetros a Controle Fonte de antocianinas

Feijão preto Repolho roxo Solubilidade (%) 21,56 + 0,47 c 66,30 + 2,58 a 48,60 + 1,07 b Espessura (mm) 0,107 + 0,005 b 0,119 + 0,005 a 0,119 + 0,007 a

Resistência a tração (MPa) 1,24 + 0,13 ab 0,80 + 0,14 c 1,08 + 0,18 b Elongação (%) 78,33 + 6,13 a 88,80 + 6,76 a 91,00 + 7,10 a

a Valores com a mesma letra, na mesma linha, não diferem significativamente (p ≤ 0,05).

A medida da solubilidade é importante porque expressa as interações do filme

com a água, estabelecendo a integridade do mesmo. Dependendo da solubilidade dos

filmes indicadores de pH, é possível direcionar sua aplicação como um indicador com

cobertura parcial do produto e que apenas indica a qualidade do alimento ou como

indicador e protetor de alimentos. A incorporação de antocianinas,

independentemente da fonte, aos filmes a base de amido aumentou sua solubilidade

em água (Tabela 6). Esse comportamento pode ser atribuído a um aumento do

número de locais disponíveis para absorção de água após as interações entre o amido

e as antocianinas. A alta solubilidade pode ser um problema caso esses filmes, além

da função de indicador de pH, sejam utilizados como material de revestimento de um

produto, devido a necessidade de proteção contra agentes externos. O filme indicador

de pH a base de antocianinas do tegumento de feijão preto apresentou maior

solubilidade em comparação ao filme a base de antocianinas de repolho roxo (Tabela

6). De acordo com Borkowski et al. (2005), a glicosilação das antocianinas aumenta a

solubilidade em água, enquanto a acilação diminui a solubilidade. Dessa forma,

embora entre as antocianinas encontradas no repolho estejam presentes moléculas

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diglicosídicas e no feijão preto prevaleçam monoglicosídicas, as antocianinas do

repolho roxo são moléculas aciladas, o que confere menor solubilidade em água.

A espessura dos filmes aumentou com a adição de antocianinas (Tabela 6).

Segundo Mali et al. (2005), a espessura dos filmes é diretamente proporcional a

concentração de sólidos presentes na formulação, dessa forma, a presença de

antocianinas contribuíram com o aumento da espessura dos filmes.

A adição de antocianinas de feijão preto reduziu a resistência á tração dos

filmes em comparação ao filme controle, enquanto que a adição de antocianinas de

repolho roxo não afetou significativamente esta propriedade (Tabela 6). A resistência

a tração foi inversamente proporcional a solubilidade, possivelmente a hidrofilicidade

das moléculas de antocianinas tenha contribuído para a menor resistência a tração.

Além disso, quando o filme é formado apenas por amido, após a gelatinização as

moléculas formam uma rede tridimensional organizada com interações

intermoleculares, no entanto a presença de antocianinas pode tornar essa rede com

interações intermoleculares mais fracas e consequentemente afetar suas

propriedades mecânicas. Pereira; Arruda; Stefani (2015) desenvolveram filme

indicador de tempo temperatura com quitosana, PVA e antocianinas de repolho roxo

e reportaram que a resistência a tração diminuiu quando comparado ao filme controle,

mostrando que as interações entre as antocianinas e polímeros influenciam na

resistência de filmes.

A elongação dos filmes não foi afetada pela presença de antocianinas (Tabela

6). Bertuzzi; Armada; Gottifredi (2007) e Flores et al. (2007) relataram que a

associação intermolecular de amido, especialmente cadeias de amilose, diminui o

alongamento dos filmes. Kim et al. (2014) avaliaram o efeito da adição do

polissacarídeo populano, em filmes de amido de mandioca, e observaram um

aumento no percentual de elongação com o aumento do percentual de pululano, os

autores justificaram que as interações entre amido e pululano podem dificultar a

associação entre as cadeias de amido de tal forma que os filmes tornem mais flexíveis

e elásticos com o aumento do teor de pululano. Efeito semelhante pode ser causado

pelas antocianinas, no entanto devido ao baixo percentual utilizado na elaboração do

filme, esse efeito não foi observado.

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3.4. Propriedades térmicas dos filmes

A Tabela 7 mostra a estabilidade térmica dos componentes dos filmes

indicadores de pH a partir da análise termogravimétrica.

Tabela 7 - Análise termogravimétrica dos filmes indicadores de pH, utilizando extratos de antocianinas de feijão preto e repolho roxo.

Parâmetros Temperatura de decomposição (ºC)

Filme controle

Filmes com antocianinas Feijão preto Repolho roxo

Temperatura inicial (°C) 272,67 272,26 257,30

Picos DTA (°C)

341,49 376,75 476,29 506,15

341,69 363,79 451,34 520,13

329,00 427,40 474,92

Resíduos (%) 200 87,33 88,75 88,71 400 19,06 26,67 22,45 600 0 10,29 15,44

A primeira perda de massa dos filmes ocorreu entre 75ºC a 90°C, que

corresponde à água adsorvida na amostra. As temperaturas de início de

decomposição dos filmes controle e com antocianinas de feijão preto foram

semelhantes (próximo a 272°C), no entanto o filme com antocianinas de repolho roxo

apresentou temperatura inicial de decomposição menor (257°C), mostrando menor

estabilidade térmica (Tabela 7). Resultado semelhante foi mencionado por Silva-

Pereira; Arruda; Stefani (2015), que avaliaram filmes de quitosana e amido de milho

incorporados com antocianinas de repolho roxo e reportaram perda de massa superior

dos filmes incorporados com antocianinas quando comparados ao filme controle, a

uma mesma temperatura, indicando que o extrato teve baixa estabilidade térmica.

A partir da derivada das curvas de decomposição térmica, foram observados os

principais picos de decomposição. O filme controle e o filme com antocianinas de feijão

preto apresentaram comportamentos semelhantes, apresentando 4 picos

característicos, enquanto o filme de repolho roxo apresentou apenas 3 picos de

decomposição (Tabela 7). Esses resultados sugerem que a adição de antocianinas

de feijão preto no filme praticamente não influenciou na sua estabilidade térmica,

contrário as antocianinas do repolho roxo que apresentaram picos característicos

diferentes, sendo resultado da predominância de antocianinas diferentes em cada

matriz.

Os resíduos de amostras após 200ºC, 400ºC e 600°C foram calculados e

expressos em porcentagem (Tabela 7). Os filmes apresentaram comportamento

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semelhante até 200°C, perdendo em torno de 11% a 13% de massa. A maior perda

de massa dos filmes ocorreu até 400ºC. O filme com antocianinas de feijão preto

apresentou maior estabilidade térmica, uma vez que apresentou maior massa

residual, seguido do filme com antocianinas de repolho roxo e do filme controle com

maior perda de massa, consequentemente menor estabilidade térmica. Quando

avaliado os resíduos até 600°C, esse comportamento foi inverso, uma vez que o filme

com antocianinas de repolho roxo apresentou maior massa residual sugerindo maior

estabilidade nessa temperatura, seguido do filme com antocianinas de feijão preto, e

na sequência o filme controle com completa decomposição.

3.5. Espectro de cor dos filmes em diferentes pHs

O espectro de cor dos filmes está apresentado na Tabela 8 e a variação de cor

foi calculada levando em consideração a cor do filme em pH 5, devido ser a cor

resultante logo após o preparo.

Os filmes elaborados com antocianinas do feijão preto apresentaram maior

sensibilidade quando expostos aos tampões com diferentes pHs, ocorrendo variação

de cor logo após o contato, sendo estimado tempo de 5 segundos para tal mudança.

Ao contrário, os filmes com antocianinas do repolho roxo, apresentaram maior

estabilidade sendo necessários 2 minutos de contato para variação completa da cor.

Esses resultados estão relacionados à composição de antocianinas individuais em

cada fonte (Tabela 5). De acordo com Giusti; Wrolstad (2001), as antocianinas

aciladas conferem maior estabilidade a molécula frente à variação de pH, o que

explica os resultados encontrados neste trabalho.

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Tabela 8 - Espetro de cor dos filmes a base de amido e extratos de antocianinas de feijão preto e repolho roxo em função do pH e variação de cor dos filmes em comparação ao filme pH 5.

Fonte de antocianina a

pH Cor L* a* b* ∆E

Feijão preto

1

73,40 c 32,64 a 4,19 bc 28,91 a

2

79,99 ab 11,91 c 3,17 bd 7,16 d

3

79,41 ab 15,43 b 3,36 bcd 10,73 bc

4

81,06 ab 10,41 c 3,62 bc 5,52 d

5

81,64 ab 4,94 de 3,21 bcd 0,00 e

6

82,49 a 5,54 d 3,50 bcd 1,08 e

7

80,22 ab 4,41 de 3,58 bcd 1,56 e

8

80,77 ab 2,27 fg 2,45 d 2,91 e

9

75,11 c -1,70 h 4,34 b 9,38 c

10

80,59 ab 0,07 gh 14,13 a 12,00 b

Repolho roxo

1

76,94 d 33,72 a -0,77 a 26,81 a

2

79,38 cd 23,09 b -3,72 bc 15,70 b

3

79,07 d 22,83 b -3,30 bc 15,56 b

4

84,04 abc 16,13 c -3,31 bc 8,21 c

5

83,63 ab 7,99 d -4,32 bc 0,00 d

6

83,96 ab 8,59 d -4,27 bc 0,69 d

7

84,36 a 5,89 d -4,25 bc 2,23 d

8

83,81 ab 1,67 e -5,30 c 6,40 c

9

76,41 d -8,53 f -10,82 d 19,17 b

10

78,23 bcd -10,69 f -1,35 a 19,67 b

a Valores com a mesma letra na mesma coluna, para cada fonte de antocianina, não diferem significativamente (p ≤ 0,05).

Os filmes indicadores de pH apresentaram elevado valor de L*, mostrando alta

luminosidade. Os resultados de croma a* apresentaram relação contrária aos valores

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de pH, ou seja, os maiores valores de a* foram observados nos filmes com menor pH,

mostrando que a cor vermelha tem maior intensidade em valores baixos de pH e a cor

verde predomina em pH mais elevado, independente da fonte de antocianinas. Os

resultados de croma b* foram os que mais contribuíram para a diferença de cor entre

as duas fontes de antocianinas. Os filmes com antocianinas do repolho roxo

apresentaram valores negativos indicando maior intensidade do azul, enquanto os

filmes com antocianinas de feijão preto apresentaram valores positivos indicando

maior tendência ao amarelo (Tabela 8).

A variação de cor dos filmes (∆E) foi calculada usando como referência a cor

dos filmes em pH 5, pois este representa a cor inicial logo após o preparo. De acordo

com Ramos; Gomide (2007), a variação de cor maior que 5 pode ser facilmente

detectáveis pelo olho humano e valores acima de 12 implica em diferença de cor

absoluta, perceptíveis até mesmo por julgadores não treinados. Portanto, a ∆E dos

filmes com antocianinas de feijão preto são detectais pelo olho humano em uma

grande faixa de pH, tendo limitações apenas entre os pH 6, 7 e 8, que apresentaram

∆E menor que 5. Para os filmes elaborados com antocianinas de repolho roxo, foi

observado maior ∆E quando comparado aos filmes elaborados com antocianinas de

feijão preto, além disso, a faixa de limitação é menor ficando apenas entre os pH 6 e

7 (Tabela 8).

As antocianinas apresentaram capacidade de alterar a coloração em função do

pH devido a mudanças em sua estrutura. Em condições ácidas predomina o cátion

flavílio, que contribui com as cores roxa e vermelha, essa estrutura predomina em pH

de 1-3. Na faixa de pH de 4-5 a forma predominante é carbinol pseudobase, obtida

através da hidratação da molécula, e apresenta coloração incolor. O aumento do pH

para 6-7, transforma a estrutura em base quinoidal de coloração roxa e essa estrutura

na forma aniônica em pH 7-8, confere cor azul. Em pH 8-9 ocorre a abertura do anel

central com a formação da chalcona de coloração amarela (ANANGA, 2013).

3.6. Estabilidade de cor dos filmes em função do tempo, temperatura, luz e pH

As antocianinas são compostos instáveis frente a variações temperatura, luz e

pH. Este estudo visa verificar quais condições o indicador poderia ser melhor aplicado

em produto alimentício, a fim de fornecer uma resposta confiável aos consumidores,

ou seja, manter a cor do filme em um determinado pH durante o armazenamento. Para

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isso, após o preparo dos filmes, os mesmos foram submetidos a diferentes condições

de pH, temperatura e luminosidade, sendo monitorada a cor ao longo de 28 dias de

armazenamento. Os resultados das cores avaliadas no tempo inicial e após 28 dias

de armazenamento sob diferentes condições de temperatura, luz e pH estão

apresentados na Tabela 9.

A cor dos filmes indicadores de pH com antocianinas de feijão preto

apresentaram maior instabilidade (ocorrendo perda da coloração) ao ser comparado

aos filmes com antocianinas de repolho roxo, quando armazenados em temperatura

ambiente e com incidência de luz (Tabela 9). Todos os filmes com antocianinas do

feijão apresentaram um aumento do parâmetro b*, em função do tempo de

armazenamento, mostrando aumento da tonalidade amarela, dificultando a

diferenciação da cor dos filmes após 28 dias.

Os filmes com antocianinas de repolho roxo apresentaram maior estabilidade

de cor mesmo quando armazenados em temperatura ambiente, possivelmente pela

presença de antocianinas aciladas, que conferem maior estabilidade a molécula. Além

disso, as antocianinas diglicosídicas presentes no repolho roxo (cianidina-3,5-

diglicosídeo), são mais estáveis do que as monoglicosídicas presentes no feijão preto

(delfinidina-3-glicosídeo), devido aos açúcares limitar a formação de intermediários

instáveis que são degradados em ácidos fenólicos e aldeídos (FLESCHHUT et al.

2006).

A maior variação de cor após 28 dias de armazenamento ocorreu nos filmes

em pH 8, 9 e 10, independente da fonte de antocianina (Tabela 9). Segundo Ananga

et al. (2013), em pH básicos, as antocianinas predominam na forma de chalcona e

nessas condições ocorre a abertura do anel pirano central e a estrutura pode ser

degradada.

Para poder visualizar melhor o comportamento da degradação das

antocianinas nos filmes em função do tempo de armazenamento, temperatura e

iluminação, foi calculada a variação de cor com relação à cor inicial dos filmes em

cada valor de pH, a cada 2 dias de armazenamento, os resultados estão expressos

graficamente nas Figuras 8 e 9.

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Tabela 9 - Influência do tempo, temperatura e incidência de luz sobre a cor dos filmes indicadores de pH a base de amido e extratos de antocianinas de feijão preto e repolho roxo.

Fonte de antocianinas Tempo (dias) Temperatura Iluminação

pH 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0

28

Ambiente (25ºC)

Com luz

Feijão preto Sem luz

Refrigerado (4ºC)

Com luz

Sem luz

0

28

Ambiente (25ºC)

Com luz

Repolho roxo Sem luz

Refrigerado (4 ºC)

Com luz

Sem luz

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0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16Va

riaçã

o de

Cor

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

A

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

or

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

C

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

or

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

B

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

or

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

D

Figura 8 - Variação de cor dos filmes indicadores de pH com antocianinas de feijão preto durante armazenamento, em temperatura ambiente com incidência de luz (A), temperatura ambiente sem incidência de luz (B), sob refrigeração com incidência de luz (C) e sob refrigeração sem incidência de luz (D), em comparação ao filme no tempo inicial.

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0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16Va

riaçã

o de

Cor

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

A

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

or

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

B

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

or

Tempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

C

0 4 8 12 16 20 24 28

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Varia

ção

de C

orTempo (dias)

pH1 pH2 pH3 pH4 pH5 pH6 pH7 pH8 pH9 pH10

D

Figura 9 - Variação de cor dos filmes indicadores de pH com antocianinas do repolho durante armazenamento, em temperatura ambiente e com incidência de luz (A), temperatura ambiente sem incidência de luz (B), sob refrigeração com incidência de luz (C) e sob refrigeração sem incidência de luz (D), em comparação ao filme no tempo inicial.

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Caso esse indicador seja utilizado para o desenvolvimento de embalagens

inteligentes, se faz necessário conhecer além do seu espectro de cor, mas sua

capacidade em manter essa cor até o final do armazenamento de um produto, a fim

de fornecer uma resposta confiável ao consumidor. A cor dos filmes com antocianinas

de feijão preto foi influenciada pela presença de luz e pela temperatura ambiente

durante o armazenamento (Figura 8A), estes filmes apresentaram maior instabilidade

quando expostos a esses parâmetros concomitantemente, conforme discutido

anteriormente. Ao levar em consideração que a variação de cor somente é percebida

pelo olho humano quando apresenta ∆E superior a 5 (RAMOS; GOMIDE 2007), a

utilização de indicadores de pH com antocianinas de feijão preto fica indicado para

alimentos refrigerados, tanto com ou sem a incidência de luz, uma vez que a ∆E foi

menor que 5, mantendo-se estáveis ao longo de 28 dias (Figura 8C e 8D).

Comportamento semelhante foi observado para os filmes elaborados com

antocianinas do repolho roxo, na qual as maiores variações também foram verificadas

em temperatura ambiente e com incidência de luz (Figura 9 A), seguido de

temperatura ambiente sem incidência de luz (Figura 9B). Esse comportamento

demonstra que os filmes nessas condições perdem a intensidade da cor durante o

armazenamento. Os filmes submetidos à refrigeração e incidência de luz

apresentaram máxima ∆E próximo a 5 no decorrer do armazenamento (Figura 9 C),

portanto podem ser utilizados com segurança em embalagens inteligentes.

Os filmes indicadores de pH apresentaram maior estabilidade da cor quando

armazenados refrigerados e sem a incidência de luz. A instabilidade está de acordo

com os resultados encontrados por Sui; Dong; Zhou (2014), que avaliaram o efeito da

temperatura (100, 121, 135 e 165°C) e pH (2,2; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0) sobre cianidina-3-

glicosideo e cianidina-3-rutinosideo em solução e obtiveram crescente taxa de

degradação com o aumento da temperatura em todas as condições de pH. Estes

autores também constataram que as antocianinas são mais estáveis em pH baixo e

instáveis em condições de pH mais elevado.

Em função dos resultados desse trabalho, a utilização dos indicadores de pH a

base de amido e antocianinas é indicado para monitoramento da qualidade de

alimentos refrigerados, podendo os mesmos receberem ou não incidência de luz.

Além disso, considerando que as antocianinas presentes no tegumento de feijão preto

são moléculas simples e mudam de cor rapidamente após o contato com tampões e

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que as antocianinas do repolho roxo são moléculas aciladas, mais estáveis a variação

de cor, uma alternativa interessante está em associar esses compostos a fim de obter

um indicador com resposta imediata a variação de pH do alimento, maior intensidade

da cor e maior durabilidade. Além disso, como as fontes apresentaram diferença no

espectro de cor, a associação das duas poderia fornecer melhor variação de cor na

faixa crítica de utilização em alimentos (pH 5, 6, 7 e 8).

4. Conclusão

Os filmes a base de amido e antocianinas mostraram-se promissores para o

desenvolvimento de embalagens inteligentes, em especial como etiquetas

indicadoras, devido sua alta solubilidade em água. Os filmes apresentaram estrutura

fina, flexível, superfície rugosa, além disso, mostraram-se estáveis até 75°C. Os

espectros de cor diferiram em função da fonte de antocianinas utilizada nos filmes, no

entanto as duas fontes podem ser empregadas para o desenvolvimento de

indicadores de pH. Em função da estabilidade das antocianinas, os filmes são

indicados para monitoramento da qualidade de alimentos refrigerados que ao serem

degradados causem variação de pH, como monitoramento de produtos cárneos. Uma

alternativa interessante está em associar as antocianinas do feijão preto com as

antocianinas de repolho roxo a fim de obter um indicador com resposta imediata a

variação de pH do alimento, maior intensidade da cor e maior durabilidade.

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CAPITULO II - DESENVOLVIMENTO DE INDICADOR NATURAL DE pH PELA

TÉCNICA DE ELECTROSPINNING E SUA APLICAÇÃO NO MONITORAMENTO

DA QUALIDADE DE CARNE MOÍDA

Resumo

Objetivou-se com esse trabalho desenvolver um indicador de pH natural, utilizando

zeína e antocianinas pela técnica de electrospinning e utiliza-lo para monitoramento

da qualidade de carne moída. As antocianinas de repolho roxo foram incorporadas em

soluções poliméricas de zeína 30% (p/v) nas concentrações de 3, 4 e 5% (p/v) e

submetidas ao processo de electrospinning com taxa de alimentação igual a 1 mL/h,

tensão de 16kV e distância do coletor igual a 16cm. As fibras ultrafinas foram avaliadas

quanto a morfologia, variação de cor em pH de 1-10, espectroscopia de infravermelho

com transformada de Fourier (FTIR), propriedades térmicas e ângulo de contanto. As

fibras, como indicadores de pH, foram utilizadas para avaliar a qualidade de carne

moída armazenada por 12 dias. As fibras ultrafinas apresentaram diâmetros médios

na ordem de 444 e 510 nm para as fibras ultrafinas de zeína pura e zeína com 5% de

antocianinas, respectivamente. As fibras ultrafinas apresentaram variação de cor, de

rosa em meio ácido para verde em meio alcalino. O ângulo de contato foi igual a zero

após 10 e 2seg para as fibras ultrafinas de zeina e fibras ultrafinas de zeína com 5%

de antocianinas, respectivamente. A fibras ultrafinas apresentaram variação de cor,

de rosa para verde, em função do pH da carne. As fibras podem ser utilizadas para

monitoramento da qualidade de carne moída.

Palavras chave: antocianinas, zeína, fibras ultrafinas, halocrômico, variação de cor,

pH.

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1. Introdução

As membranas sensíveis ao pH são formadas por compostos halocrômicos,

que tem capacidade de mudar de cor quando submetidas a mudanças de pH

(DEVARAYAN; KIM, 2015; AGARWAL et al. 2012). Esses indicadores possuem uma

ampla faixa de aplicação como por exemplo, em desenvolvimento de embalagens

inteligentes para alimentos e bebidas (SILVA- PEREIRA; ARRUDA; STEFANI, 2015;

YOSHIDA et al. 2014), no acompanhamento de estudos microbiológicos (NAKAO et

al. 1996), no tratamento de águas residuais (WEN et al., 2016) no desenvolvimento

de produtos na área farmacêutica (DASHDORJ et al. 2015, ONO et al. 2015). Até o

momento a maioria dos corantes utilizados para o desenvolvimento de indicadores de

pH são sintéticos, podendo causar alergias e intoxicações em função da sua aplicação

(KAMALJIT; SUCHARITA, 2011). Além disso, o comportamento halocrômico de

corantes sintéticos geralmente possui faixa limitada de aplicação, exigindo a

associação de diversos corantes para possibilitar informação do pH através da

variação de cor (AGARWAL et al. 2012).

O desenvolvimento de indicadores com materiais em escala nanométrica,

devido as característica da escala nano, podem aprimorar a funcionalidade dos

mesmos (SHEN et al. 2011). Electrospinning é uma técnica que permite a formação

de fibras ultrafinas com elevada área de superfície específica, elevada porosidade,

tamanho de poro pequeno e elevada capacidade de absorção, características

atraentes para o desenvolvimento de indicadores (BHARDWAJ; KUNDU, 2010).

Basicamente, electrospinning é um processo que envolve a aplicação de campo

elétrico para aplicar continuamente uma solução polimérica a partir de uma agulha de

seringa em direção a um coletor. Como resultado, as fibras ultrafinas são recolhidos

como uma membrana sobre uma placa coletora. Além disso, antes do estiramento das

fibras compostos podem ser incorporados a solução a fim de produzir efeitos

específicos como: indicadores, antioxidantes, antimicrobianos, para aplicação em

diversas áreas (BHARDWAJ; KUNDU, 2010). A técnica de electrospinning tem

mostrado ser um método promissor para desenvolvimento de indicadores de pH

(DEVARAYAN; KIM, 2015; AGARWAL et al. 2012).

O desenvolvimento de fibras ultrafinas por electrospinning tem sido relatado

com o emprego de diversos polímeros. Por exemplo, a zeína, proteína hidrofóbica

extraída do milho, conhecida por sua alta resistência térmica, grande barreira ao

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oxigênio, baixo custo, atóxica, tem sido utilizada para diversas aplicações (SHUKLA;

CHERYAN, 2001). Juntamente com a zeína, as antocianinas podem ser utilizadas

com função halocrômica. As antocianinas englobam um conjunto de pigmentos

naturais, solúveis em água, não são tóxicas e são de fácil obtenção. São responsáveis

pela cor de muitas frutas, flores, legumes e grãos, e alteram sua cor entre rosa, verde,

azul e amarelo em função da mudança de pH, devido a mudanças estruturais

(ANANGA et al. 2013). Neste trabalho fibras ultrafinas sensíveis a variação de pH

foram desenvolvidas, mediante da incorporação de diferente concentrações de

antocianinas de repolho roxo, em fibras ultrafinas de zeína, pelo processo de

electrospinning. Além disso, essas fibras ultrafinas, indicadores de pH, foram

utilizadas para monitoramento da qualidade de carne moída durante armazenamento

por 12 dias.

2. Material e Métodos

2.1. Material

Repolho roxo (Brassicaoleracea L.) foi adquirido no comércio local da cidade

de Pelotas/RS. Os reagentes HCl, metanol e etanol utilizados foram da marca Synth,

e zeína da Sigma-Aldrich.

2.2. Extração das antocianinas

A extração e quantificação das antocianinas foi realizada de acordo com o

método descrito por (FRANCIS, 1982). As antocianinas foram extraídas de repolho

roxo com metanol acidificado 1% com HCl (PA). Em tubos Falcon foram pesados 10g

de amostra, adicionados 30mL de metanol acidificado e submetido a agitação

constante (Phoenix, AP-22, Brasil) por 1h. O sobrenadante foi separado e 20mL de

metanol acidificado foi adicionado novamente na amostra, afim de garantir completa

extração, sendo submetido a agitação constante. Após as etapas de extração, as

frações de solvente foram misturadas, filtradas e o solvente eliminado em

rotaevaporador. O resíduo com antocianinas foi colocado em estufa a 30°C por 24h,

para garantir completa evaporação do solvente e água.

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2.3. Preparo das solução para electrospinning

As soluções de zeína pura e zeína com antocianias foram utilizadas para

estiramento das fibras ultrafinas por electrospinning. Zeína na concentração de 30%

(p/v) foi preparada, pela dissolução do polímero em etanol 75% (v/v), sob agitação

magnética durante 2h. As soluções de zeína com antocianinas foram preparadas nas

mesmas condições anteriores, porém com acréscimo de antocianinas nas

concentrações de 3, 4 e 5% (p/v).

2.4. Caracterização das soluções polímericas

As soluções foram caracterizadas quanto à viscosidade aparente e

condutividade elétrica. A viscosidade aparente foi determinada em viscosímetro digital

Brookfield com spindle n°18 (Model DV – II, USA). A condutividade elétrica foi avaliada

através de um condutivímetro (Medidor CON500 de condutividade em µS/cm

&mS/cm). Aproximadamente 10mL de amostra foram necessárias para cada análise,

sento todas realizadas em triplicata e em temperatura ambiente (±23°C).

2.5. Imobilização do corante por electrospinning

O equipamento, localizado dentro de uma câmara fechada, constituído de uma

fonte de alta tensão (-30/+30 kV,Instor,Inglaterra),uma bomba de infusão (kdScientific,

Modelo 200, Inglaterra) e um coletor fixo, montado na horizontal, foi utilizado para

elaboração das fibras ultrafinas. Cada solução polimérica, individualmente, foi

colocada em uma seringa de 1mL com orifício de saída de aço inoxidável com

diâmetro de 0,7mm. A taxa de alimentação foi igual a 1mL/h, tensão de 16kV sobre

orifício metálico de saída da solução, distância do coletor de 16cm e conectado ao

polo negativo da fonte. As fibras ultrafinas foram formadas através da diferença de

potencial elétrico entre o polo positivo (orifício de saída da solução) e negativo

(coletor), que permitia o transporte da solução polimérica. O coletor foi coberto com

papel alumínio para facilitar a retirada das fibras ultrafinas para posterior análise. As

condições utilizadas no electrospinning foram obtidas em testes preliminares.

2.6. Morfologia e diâmetro das fibras ultrafinas

A morfologia das fibras ultrafinas foi avaliada como Microscópico Eletrônico de

Varredura (MEV) (Jeol, JSM-6610LV, USA) e Microscopio Confocal (Olympus

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FV1000, Japan). A partir do MEV também foram obtidos os diâmetros das fibras

ultrafinas.

Na análise da morfologia e do diâmetro das fibras ultrafinas em MEV, as

mesmas foram recortadas e fixadas em stubs com auxílio de uma fita dupla face e

cobertas com ouro utilizando um metalizador (Sputtering, DestonVacuumDeskv,

USA). As imagens foram feitas sob tensão de aceleração igual a 10kV e amplitudes

de 3000 e 6000 vezes. O diâmetro médio das fibras ultrafinas foi obtido a partir das

imagens utilizando o programa computacional ImageJ, através da medida do diâmetro

de 50 fibras ultrafinas. Após foi calculada a frequência que os diâmetros das fibras

ultrafinas apareciam na ordem de 100, 200, 300 até 1000nm, e os resultados foram

expressos graficamente. O diâmetro médio foi calculado pela equação de Sauter,

conforme equação 4 (FOUST et al. 1980).

𝐷 𝑆𝑎𝑢𝑡𝑒𝑟 = 1

∑𝑥𝑖

𝐷𝑚𝑖

Eq. (4)

em que: D Sauter representa o diametro médio de Sauter; Xi representa a frequência

relativa entre a classe de diâmetros adotada (%) e o Dmi representa o diâmetro médio

aritmético entre a classe de diâmetros adotada na distribuição de frequência.

Para a análise da morfologia das fibras ultrafinas em microscopio confocal, as

amostras foram depositadas sobre laminas de vidro e visualisadas com aumento de

40%.

2.7. Variação de cor e RGB das fibras ultrafinas

Para a avaliação de cor, as fibras ultrafinas foram recortadas em quadrados de

3x3cm e mergulhadas em soluções tampões com pH variando de 1 – 10 e a cor

determinada com colorímetro (MINOLTA, CR 400, Japão) através de cinco medidas.

Os resultados foram obtidos em termos da coordenadas L* que indica a luminosidade

da amostra e varia de 0 (preto) a 100 (branco), croma a* que varia do verde (-) ao

vermelho (+) e croma b* que varia do azul (-) ao amarelo (+) (SOBRAL, 1999). Os

resultados de L*, a* e b* foram utilizados para cálculo da variação de cor (∆E)

conforme equação 5.

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∆𝐸 = √(Δ𝐿 ∗)2 + (Δ𝑎 ∗)2 + (Δ𝑐 ∗)² Eq. (5)

em que: ∆L* = L – L0; ∆a* = a – a0; e ∆b* = b – b0.

As fotografias, das soluções de antocianinas e fibras ultrafinas indicadoras em

diferentes pHs, foram tiradas sob mesma condição de iluminação e analisadas quanto

aos valores de RGB pelo Adobe Photoshop 7.0. Os valores de RGB representam a

intensidade de cor vermelha, verde e azul de uma determinada amostra em um

espaço de cor (DEVARAYAN; KIM, 2015).

2.8. Espectroscopia de Infravermelho com transformada de Fourier das fibras

ultrafinas

As fibras ultrafinas foram avaliadas em um espectrômetro na região do

infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) (Shimadzu, IRAffinity, Japão), com

acessório ATR (Refletância Total Atenuada). Varreduras na faixa espectral de 700 a

4000cm-1 foram realizadas e recolhidas 32 leituras a uma resolução de 2cm–1.

2.9. Ângulo de contato das fibras ultrafinas

A hidrofilicidade das fibras ultrafinas foi avaliada através da medida do ângulo

de contato, utilizando goniómetro (Labometric, LB-DX) em temperatura ambiente. As

fibras ultrafinas foram depositas sobre laminas de vidro para posterior análise. Uma

gota de água destilada de 3,0µL foi colocada sobre a amostra. O tempo para absorção

da água foi registrado em câmera digital.

2.10. Aplicação das fibras ultrafinas para monitoramento da qualidade de carne

moída

As fibras ultrafinas com 5% de antocianinas foram recortadas em pedaços de

aproximadamente 3,5 x 2,5cm. Carne moída foi colocada em placas de petri estéril.

Amostras de fibras foram colocadas em contato direto com a superfície da carne

moída e aderidas a tampa da placa de petri pelo lado interno, evitando contato direto

com a carne. Os experimentos foram realizados em triplicata. As placas foram

fechadas e seladas com auxílio de filme pvc. As amostras foram mantidas sobre

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refrigeração, aproximadamente 4°C, por 12 dias. A variação de cor das membranas

foi acompanhada por medida em calorímetro Minolta e o pH por medida em pHmetro.

2.11. Análise Estatística

A análise estatística dos dados foi realizada pelo teste de ANOVA seguida de

Tukey, utilizando o programa estatística.

3. Resultados e Discussão

3.1. Caracterização de soluções poliméricas

A caracterização das soluções poliméricas quanto a viscosidade aparente e

condutividade elétrica (Tabela 10), é importante porque está relacionada com a

morfologia das fibras ultrafinas desenvolvida por electrospinning. A condutividade das

soluções aumentou com a adição de antocianinas (Tabela 10). De acordo com

Bhardwaj; Kundu (2010) a condutividade da solução é influenciada pelo tipo e

concentração de polímero, pelo solvente e pela disponibilidade de compostos

ionizáveis. Possivelmente o aumento na condutividade pode ter sido devido á

presença de ácido clorídrico residual derivado do processo de extração das

antocianinas, que formam íons em solução e, consequentemente, influencia na

condutividade. No entanto, independente da solução utilizada, considera-se que a

condutividade estava apropriada para desenvolvimento da fibras por electrospinning,

pois as mesmas permitiram a formação de jato continuo e estável, levando a formação

de fibras ultrafinas continuas e sem gotas.

A viscosidade das soluções aumentou significativamente pela adição de

antocianinas, o que era esperado pois o aumento da viscosidade geralmente é

proporcional ao aumento de sólidos em solução (Tabela 10). A viscosidade da solução

de zeína pura foi semelhante ao relatado por Neo et al. (2013), que desenvolveram

fibras ultrafinas de zeína contendo ácido gálico como antioxidante, pela técnica de

electrospinning. Esses autores relataram uma viscosidade de 165,7cP para solução

de zeína pura 25% (p/v). De acordo com Bhardwaje; Kundu (2010), existe uma

viscosidade ótima para a solução ser submetido ao processo de electrospinning, que

está relacionado a cada solução polimérica, que permite a formação de fibras

contínuas, uniformes e sem a presença de gotas. Soluções com viscosidade muito

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baixa não permitem a formação de fibras contínuas. Por outro lado, soluções com

viscosidades muito elevada tornam o alongamento das fibras mais difícil e mais lento,

além de resultar no aumento do diâmetro das mesmas. Nesse trabalho, o aumento da

viscosidade, resultado da adição de antocianinas na solução, não influenciou sobre o

processo de formação das fibras, porém causou um aumento no diâmetro das

mesmas.

Tabela 10 - Condutividade elétrica e viscosidade aparente das soluções poliméricas. Solução polimérica Condutividade elétrica(µS/cm) Viscosidade aparente (cP)

Zeína 0,360± 0,002d 124,8 ± 1,6d Zeína + 3% antocianinas 0,380 ± 0,002c 238,7 ± 1,3c Zeína + 4% antocianinas 0,390 ± 0,008b 304,3 ± 0,3b Zeína + 5% antocianinas 0,440 ± 0,004ª 346,2 ± 0,9a

Letras iguais na coluna não apresentam diferença significativa (p > 5%) pelo teste de Tukey.

3.2. Morfologia e diâmetro das fibras ultrafinas

As condições utilizadas no electrospinning permitiram a formação de fibras

ultrafinas contínuas, sem fragmentação, sem formação de bolhas e com superfícies

lisas (Figura 10). O diâmetro médio variou de 444 a 510nm, para as fibras ultrafinas

de zeína pura e fibras ultrafinas de zeína contendo 5% de antocianinas,

respectivamente. Em todos os casos as fibras ultrafinas com antocianinas

apresentaram diâmetro médio superior às fibras ultrafinas apenas de zeína, devido a

espessura das fibras ser proporcional a concentração de sólidos presentes na solução

(YAO et al. 2016).

Os resultados de diâmetro médio encontrados no presente trabalho foram

inferiores aos relatados por Yilmaz et al. (2016), que desenvolveram fibras ultrafinas

de zeína com cumarina com potencial antimicrobiano e obtiveram diâmetro variando

na ordem de 600 a 1400nm. Diversos fatores podem influenciar sobre o diâmetro das

fibras ultrafinas, entre eles as condições de operação do electrospinning, como a taxa

de alimentação, a tensão e a distância do coletor, bem como as características das

soluções (viscosidade e condutividade elétrica), entre outros (BHARDWAJ; KUNDU,

2010).

As imagens obtidas em microscópio confocal permitiram verificar a distribuição

de antocianinas nas fibras ultrafinas (Figura 11). As fibras ultrafinas de zeína

apresentaram fluorescência verde, enquanto as fibras contendo antocianinas

apresentaram fluorescência vermelha, ambas são naturais, não sendo necessário o

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uso de indicadores. A adição de antocianinas conferiu o aparecimento de regiões com

cor vermelha nas fibras ultrafinas, que aumentou conforme o aumento da

concentração de antocianinas (Figuras 11B, 11C, 11D).

A partir das imagens em microscópio confocal foi possível observar, também

que as fibras ultrafinas apresentaram uma distribuição desuniforme de antocianinas,

com formação de aglomerados, possivelmente resultado da solubilização incompleta

durante o preparo da solução. Mesmo assim, quando as fibras ultrafinas foram

submetidas a diferentes pHs, a mudança de cor foi homogênea, sendo uma

promissora tecnologia para o desenvolvimento de indicadores de pH.

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Figura 10 - Morfologia das fibras ultrafinas e respectiva distribuição de tamanho: zeína pura (A), zeína com 3% de antocianinas (B), zeína com 4% de antocianinas (C), e zeína com 5% de antocianinas (D).

A

X 6000

B

X 6000

C

X 6000

D

X 6000

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Figura 11 - Imagens obtidas em microscópio confocal para as fibras ultrafinas de zeína pura (A), zeína com 3% de antocianinas (B), zeína com 4% de antocianinas (C), e zeína com 5% de antocianinas (D). Verde zeína, vermelho antoxianinas.

3.2. Variação de cor e RGB das fibras ultrafinas

A alteração de cor do extrato de antocianinas está ilustrada na Figura 12A e

das fibras ultrafinas de zeína com antocianinas nas Figuras 12B, 12C e 12E. O tempo

necessário para mudança de cor das fibras ultrafinas, quando mergulhadas em

soluções tampão, foi cerca de 3 a 5seg (Fig 12B – 12D). Este resultado foi semelhante

ao relatado por Agarwal et al. (2012), que utilizaram nylon e corantes sintéticos para

desenvolvimento de indicadores de pH e observaram que em 3seg ocorria a mudança

de cor das fibras mergulhadas em soluções tampões. O aumento da concentração de

antocianinas nas fibras ultrafinas, de 3% (Fig 12B) para 5% (Fig 12D), acarretou em

maior variação de cor entre os pHs.

A B

C D

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A variação de cor (ΔE) foi calculada a partir dos valores de L, a* e b* obtidos

para o extrato de antocianinas e fibras ultrafinas de zeína com 5% de antocianinas,

entre os diferentes pHs (Tabela 11). O cálculo da variação de cor foi realizada apenas

com as fibras com 5% de antocianinas, devido a variação de cor ter sido visivelmente

maior entre cada pH. Os resultados sugerem que tanto o extrato quanto as fibras

ultrafinas, permitem distinguir uma ampla faixa de pH pela cor. As fibras ultrafinas

apresentaram 66% dos resultados de ΔE maiores a 12 e 93% maiores que 5. De

acordo com Tassanawat et al. (2007) a ΔE maior que 5 implica em diferença de cor

perceptível pelo olho humano e maior que 12 indica diferença de cor absoluta, ou seja,

que cada cor pertence a um espaço completamente diferente. As membranas

desenvolvidas nesse trabalho apresentam resultados promissores para avaliação de

pH.

Os valores de RGB foram obtidos para o extrato de antocianinas e fibras

ultrafinas com 5% de antocianinas (Figura 13). A cor vermelha predominou em pHs

ácidos tanto no extrato quanto para as fibras ultrafinas. Em pHs intermediários e

básico, antocianinas em solução predominaram na cor azul, apenas em pH 10

predominou a cor verde (Figura 13). Para as fibras ultrafinas em pHs intermediários e

básicos predominou a cor verde. Essa diferença possivelmente foi devido a mistura

das antocianinas com zeína. As fibras ultrafinas de zeína pura apresentam coloração

levemente amarela e isso acarreta em mudanças de cor das antocianinas quando em

solução aquosa ou membrana solidas de zeína.

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pH 1 pH 2 pH 3 pH 4 pH 5 pH 6 pH 7 pH 8 pH 9 pH 10

A

B

C

D

Figura 12 - Variação de cor entre cada valor de pH do extrato de antocianinas (A); fibras ultrafinas de zeína com 3% de antocianinas (B); fibras ultrafinas de zeína com 4% de antocianinas (C) e fibras ultrafinas de zeína com 5% de antocianinas (D). Tabela 11 - Variação de cor (ΔE) entre cada valor de pH (1-10) para extrato de antocianinas e fibras ultrafinas de zeína contendo 5% de antocianinas.

pH 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Extrato de antocianinas

1 4,74 6,41 11,98 14,93 18,13 25,55 28,81 28,93 29,03 2 1,72 7,47 10,57 13,75 21,17 24,46 24,73 24,98 3 5,93 9,09 12,32 19,87 23,19 23,54 23,82 4 3,20 6,55 15,03 18,79 18,97 18,77 5 3,77 13,14 17,21 17,16 16,42 6 9,68 13,96 13,67 12,72 7 4,52 4,23 6,17 8 3,30 8,14 9 5,21

Fibras ultrafinas com 5% de antocianina 1 5,97 11,74 21,55 29,01 22,11 32,58 36,66 36,77 39,22 2 5,94 15,70 23,14 16,32 26,99 31,35 31,31 33,55 3 10,66 17,77 10,40 21,35 26,08 25,78 27,84 4 7,55 6,92 16,71 22,47 21,37 21,86 5 9,90 14,31 20,21 18,38 17,46 6 11,77 17,39 16,40 17,86 7 6,22 4,70 6,74 8 3,00 6,72 9 4,30

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Figura 13 - Valores de RGB para solução de antocianinas pH 1-10 (A), fibras ultrafinas de zeína com antocianinas 5% (B).

A

B

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3.4. Espectrometria de infravermelho com transformada de Fourier

A Figura 14 mostra os espectros de FTIR obtidos para fibras ultrafinas de zeína

e fibras ultrafinas com diferentes concentrações de antocianinas.

Figura 14 - Espectros de FTIR-ATR para fibras ultrafinas de zeína pura (A), zeína com 3% de antocianinas (B), zeína com 4% de antocianinas 4% (C) e zeína com 5% de antocianinas (D).

As bandas de amida I e II, características de zeína pura, foram identificadas em

1647cm-1 e 1535cm-1, respectivamente (Figura 14). A banda de absorção de amida I

está associada ao estiramento axial da ligação C=O e a banda de absorção da amida

II está associada à deformação angular simétrica da ligação N-H. As bandas fracas

de estiramento axial na faixa de 3000 a 2780cm-1 são referentes às ligações C-H dos

grupos funcionais CH2 e CH3, sendo decorrentes de ácidos graxos livres presentes na

zeína (DASHDORJ et al. 2015). A banda forte de estiramento axial em 3295cm-1

refere-se às ligações O-H sobreposta à banda de estiramento da ligação N-H

(DASHDORJ et al. 2015). Os espectros se apresentaram semelhantes com exceção

da faixa de 1144 a 960cm-1 onde encontram-se bandas características referente as

deformações aromáticas, possivelmente das antocianinas (SILVA-PEREIRA et al.

2015).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000

D

C

B

Abs

orba

nce

Wavenumbers (cm-1

)

AO-H C-H

C=O

N-H

Compostos aromáticos

Comprimento de onda

Abs

orbâ

ncia

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3.5. Ângulo de contato das fibras ultrafinas

Os ângulos de contato das amostras foram considerados zero nos tempos de

10, 5, 4 e 2 segundos, para as fibras ultrafinas de zeína pura, zeína com 3% de

antocianinas, zeína com 4% de antocianinas e zeína com 5% de antocianinas,

respectivamente. A diferença de hidrofilicidade entre as fibras ultrafinas pode ser

atribuída à concentração de antocianinas, que são compostos hidrofílicos, pois quanto

maior a concentração de antocianinas, maior a molhabilidade da fibra ultrafina. Além

disso a morfologia das membranas e o tamanho das fibras ultrafinas podem ter

contribuído com a hidrofilicidade das fibras ultrafinas.

A molhabilidade pode ser considerada uma característica interessante para

aplicação das fibras ultrafinas com função indicador de pH, pois ao mesmo tempo que

as fibras ultrafinas de zeína não são solúveis em meio aquoso, também apresentam

alta molhabilidade, permitindo a interação do meio com os compostos halocrômicos

e, assim, permitindo a variação de cor.

3.6 Aplicação das fibras ultrafinas para monitoramento da qualidade de carne moída

As fibras ultrafinas indicadoras de pH foram utilizadas para monitoramento da

qualidade de carne moída. Inicialmente as fibras apresentavam-se secas, semelhante

a uma folha de papel, e apresentavam cor rosa claro, resultado da presença de

antocianinas em meio ácido. Quando estas foram colocadas em contanto direto com

a carne, aproximadamente 10 minutos foram necessários para que a membrana

ficasse úmida pela fração aquosa da carne. A cor rosa rapidamente foi mudando para

verde claro, em função da mudança de pH das fibras para atingir pH inicial da carne

(pH inicial 5,98). A cor inicial da membrana foi medida após esse período. Após essa

mudança de cor inicial, as fibras apresentaram pouca variação de cor com o decorrer

do armazenamento. As fibras ultrafinas entre o pH 6 e 8 apresentaram baixa ΔE

(Tabela 12), que é pouco perceptível ao olho humano. Em virtude da carne apresentar

cor predominantemente vermelha, também pode ter dificultado a observação da ΔE

das fibras.

Em contrapartida, a utilização das fibras no lado interno da tampa da placa de

petri, sem contato direto com a carne, apresentou variação de cor suficiente para ser

distinguida pelo olho humano, apresentando ótimo potencial para monitoramento da

qualidade de carne moída. Inicialmente, as fibras, assim como na aplicação anterior,

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apresentavam-se secas com cor rosa claro. Após serem aplicadas no interior da

embalagem, parte da fração líquida da carne condensou na tampa da placa, fazendo

com que a cor rosa das fibras fosse intensificada. O líquido condensado na tampa

permitiu alterar o pH da fibra, fazendo com que a etiqueta mudasse de coloração. A

utilização das etiquetas sem contato direto com a carne pode apresentar algumas

vantagens, como: menor influência da cor da carne sobre as fibras, como

possivelmente pode minimizar a migração de compostos das fibras para o produto

alimentício. A variação de cor das fibras durante o armazenamento pode ser

visualizado na Tabela 12.

Tabela 12 - Parâmetros de cor das fibras ultrafinas durante processo de monitoramento da qualidade de carne moída

Amostra Dias de armazenamento

pH Carne moída

Parâmetros de cor L a* b* ΔE

Fibras ultrafinas aplicadas sobre a

superfície do carne moída

1° 5,98 53,76 8,31 3,61 0 3° 6,27 57,76 4,07 6,29 6,41 6° 6,75 56,1 2,05 5,45 6,93 9° 7,18 56,42 2,12 5,77 7,08 12° 7,46 56,23 1,51 5,07 7,38

Fibras ultrafinas aplicadas na tampa das placas de petri

1° 5,98 69,93 23,56 4,86 0 3° 6,27 76,78 16,56 4,19 9,81 6° 6,75 79,5 6,44 5,03 19,61 9° 7,18 78,01 -1,60 5,01 26,42 12° 7,46 80,02 -6,23 4,89 31,45

ΔE: Calculado tomando como referência a cor das fibras no primeiro dia de armazenamento

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4. Conclusão

As soluções de zeína 30% (p/v) com antocianinas 3, 4 e 5% (p/v) permitiram a

formação de fibras ultrafinas continuas com diâmetro variando entre 444nm e 510nm

para as fibras ultrafinas de zeína pura e fibras ultrafinas de zeína com 5% de

antocianinas, pela técnica de electrospinning. As fibras ultrafinas elaboradas com 5%

de antocianinas mudaram de cor em função do pH, de rosa em meio ácido para verde

em meio básico, apresentando 66% dos resultadas de ΔE maiores que 5, confirmando

que a mudança de cor é perceptível pelo olho humano. As fibras ultrafinas

responderam as alterações da variação de pH da carne moída, com a mudança de

cor de rosa para verde, apresentando potencial para monitoramento da qualidade de

carne moída.

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4. Conclusão Geral As antocianinas de repolho roxo e tegumento de feijão preto são compostos

que podem ser utilizados como corantes naturais em função do seu amplo espectro

de cor que variou entre vermelho, verde e azul, em função do pH. As antocianinas do

repolho roxo apresentaram-se mais estáveis frente a temperatura e a luz, quando

comparado as antocianinas do tegumento do feijão preto, decorrente da presença de

moléculas aciladas.

Os filmes a base de amido e antocianinas, elaborados pela técnica casting,

mostraram-se promissores para avaliação do pH. Os filmes apresentaram estrutura

fina, flexível, superfície rugosa e mostraram-se estáveis até 75°C. Os espectros de

cor diferiram em função da fonte de antocianinas, sendo que os filmes elaborados com

antocianinas de repolho roxo foram mais estáveis em temperatura ambiente,

mantendo sua coloração em cada valor de pH.

A técnica de electrospinning permitiu a formação de fibras ultrafinas de zeína

incorporadas com antocianinas com função indicador de pH. As fibras apresentaram

variação de cor de rosa em meio ácido para verde em meio básico e responderam as

alterações do pH da carne com informação colorimétrica, podendo ser utilizado para

monitoramento da vida útil de carne moída.

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