terrorismo: problematizaÇÃo conceitual, o papel do estado e das redes ilegais e seu nascimento -...

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Desdobramentos conceituais sobre o terrorismo e suas articulações.

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Amanda Calsavara, Aline de Paula, Mateus Duarte, Karina Beatriz, Lisa Chao, Pedro Sabback e Ricardo Hudson, Turma 3202, Colgio Pedro II, Unidade Humait II Pgina 1 TERRORISMO PROBLEMATIZAO CONCEITUAL - O QUE , QUEM O PRODUZ, QUEM O DEFINE? As motivaes para o terrorismo e sua organizao espacial. O carter plural do terrorismo configura um mbito de discordncias que dificultam a sua definio. Desde a sua primeira grande manifestao internacional, no atentado contra as torres gmeas e o Pentgono em Washington, o terrorismo foi declarado como um inimigo transnacional, por se atuar em nveis de organizao de ordens religiosas, polticas, filosficas, tnicas e criminosas a fim de uma causa poltica. A ONU atua, desde ento, promovendo diversos programas antiterroristas. Porm, em seus 58 anos de represso aos atos terroristas, nunca conceituou qual era o objeto que declarara guerra. Apenas na Declarao sobre Medidas para Eliminar o Terrorismo Internacional, classificou como: Atos criminosos pretendidos ou calculados para provocar um estado de terror no pblico em geral.Entretanto, a questo conceitual pode ou no ser traduzida em definies? Nas palavras de Peter Beaumont, um jornalista britnico, afirma que Talvez parte do problema seja que, ao tentar generalizar sobre o terrorismo como uma maneira de encontrar uma grande teoria unificada para explicar todas as suas verses, perdemos o sentido de especificidade como alguns grupos so mais parecidos com um culto, outros com exrcitos ou movimentos polticos. Como, mesmo em grandes movimentos, todos os atos no so equivalentes.. O quesito da especificidade, no caso, no determina uma justificao para os atos terroristas, mas sim uma anlise de sua causa e consequncia. Aps o atentado de onze de setembro, fomos educados a associar o terrorismo ao Oriente Mdio pelo governo americano. Contudo, grupos terroristas esto espalhados por todo o mundo, inclusive em pases da sia, do sul da Europa, norte e sul da frica e Amrica do Sul. Desde ento, foi criada uma poltica nos Estados Unidos de antiterrorismo, que consiste na preveno: atacar antes de ser atacado, e que majoritariamente define os pases terroristas. Se, nos basearmos nos conceitos de terrorismo dados acima, no seria ento os Estados Unidos terroristas ao invadirem outros pases como mtodo de preveno, banhado em interesses polticos e atravs da violncia fsica e psicologia propagarem o medo nessas populaes? Entretanto, os EUA condenam aes de outros Estados, que ele mesmo pratica e se apropriou da funo de julgar quais so e quais no so os pases perigosos e terroristas.Eric Rouleau, em um artigo que questiona a quem se classifica o terrorismo, analisa o quesito de outra forma: Aos olhos de Washington, so terroristas os movimentos que resistem hegemonia norte-americana; j os que aceitam essa hegemonia, no. O terrorismo de Estado tolerado e encorajado, se exercido segundo o interesse norte-americano. So fatores que favorecem os partidrios da violncia. Os seguidores da Al-Qaeda (que contava com menos de cem membros ativos, h dez anos) implantam-se no Iraque, e multiplicam-se em diversos pases, notadamente na frica do Norte e na Europa. [...] Em um mundo unipolar(1), o terrorismo permanece como a nica arma que os fracos dispem para assediar os poderosos em conflitos assimtricos. Amanda Calsavara, Aline de Paula, Mateus Duarte, Karina Beatriz, Lisa Chao, Pedro Sabback e Ricardo Hudson, Turma 3202, Colgio Pedro II, Unidade Humait II Pgina 2 (1) A viso unipolar assume que existe apenas uma potncia no mundo, no caso os EUA. Entretanto, estudamos a viso multipolar nocenrio geopoltico mundial. TERRORISMO E ARTICULAES: O PAPEL DO ESTADO E DAS REDES ILEGAIS No dia 21 de setembro de 2001, a ONU, aprovada pela comunidade internacional, adotou a Resoluo 1373, a qual erradicava qualquer tipo de financiamento do terrorismo e, logo aps, tornaram proibido a venda ou desenvolvimento de qualquer tipo de arma de massa por agentes no-estatais. Dessa forma, qualquer tipo de movimento deveria ser altamente articulado. As maiores redes terroristas esto sempre correlacionadas com atividades ilegais, como a produo e venda de matria-prima para a elaborao de drogas, explorao ilegal de diamantes e etc. Apesar de serem extremamente fragmentadas geograficamente, como podemos diferenciar a concentrao de faces terroristas em determinados locais e o seu contnuo crescimento? Haesbaert e Carlos Walter tratam dessa questo no livro A nova des-ordem mundial, observando onde essas redes se focalizam e o porqu: Ainda que possa surgir em reas centrais do capitalismo mundial, so nas reas mais pobres e excludas (onde aparece aquilo que denominamos aglomerados de excluso) que a rede do terrorismo de fundamentao religiosa pode ser legitimada, como portadora das ltimas esperanas de quem no tem mais nada a perder e sente-se assim em condies de enfrentar sem medo a morte redentora.Os Estados ditos falidos, so eles aqueles que de alguma forma no conseguem manter o controle de seu territrio, so alvos de acusao, sendo rotulados como adeptos ao terrorismo.Estrutura-se, no esquema, a relao causa e consequncia.Aos muitos intelectuais conservadores, a preocupao internacional no momento estruturar esses pases. Francis Fukuyama, um dos mais renomados cientistas polticos dos EUA, que trabalhava para o Pentgono, afirmava que a soluo era a interveno externa, preferencialmente dos norte-americanos, a reestabelecer a ordem, promovendo a criao de instituies que possam organiz-los. Pelas palavras de Gabriel Alvarez, em um artigo que critica a posio de Fukuyama, diz que essa forma invasiva uma espcie de imperialismo benfico que agiria com as ferramentas da engenharia poltica para resgatar aqueles perigosos estados falidos do caos em que se encontram. Observa tambm, que essa ao de boa vontade e pureza estadunidense que ela movida por consideraes puramente egostas. Intervm-se no para trazer paz e tranqilidade ao povo local, mas sim para evitar que o tumulto que l ocorre atravesse, como se fosse um epidemia, a fronteira do imprio, contaminando-o. Em resposta acusao de ligao do terrorismo com os Estados falidos, Alvarez retruca: A clula terrorista que atacou Nova York e Washington no estava acoitada em nenhum Estado Fracassado, mas tinha sua base original na Alemanha, aliada dos americanos na OTAN. O mesmo aplica-se aos que provocaram o morticnio da Estao Antocha, em Madri, no 14 de maro de 2004, todos eles vivendo na Espanha, sendo que muitos vieram do reino do Marrocos, cuja monarquia sempre esteve ligada aos interesses ocidentais. Nose deslocaram nem do Afeganisto nem da Somlia, ou de qualquer outro possvel Estado falido. A maioria dos suicidas do Onze de Setembro eram sditos sauditas, cuja monarquia parceira dos Estados Unidos e esta bem longe de ser um Estado Fracassado. Como, por igual, o maior fluxo de drogas que chega aos Estados Unidos e Europa no provem de nenhum das naes citadas por ele mas da Colmbia, pas que recebe verba oramentria do Departamento de Estado norte-americano para lutar contra a guerrilha. E mais, o pio e a herona voltaram a fartura no mercado mundial desde que a invaso norte-americana do Afeganisto, ao destruir o governo dos talibs, restaurou a antiga confederao tribal e com ela o poder dos senhores-da-guerra que dominam as regies de cultivo da papoula (planta de onde extrai-se o pio). Por conseguinte, a presena norte-americana na construo do Estado Fracassado do Afeganisto, ao invs de conter, ajudou a impulsionar a exportao da droga. Amanda Calsavara, Aline de Paula, Mateus Duarte, Karina Beatriz, Lisa Chao, Pedro Sabback e Ricardo Hudson, Turma 3202, Colgio Pedro II, Unidade Humait II Pgina 3 O TERRORISMO E O "11 DE SETEMBRO DE 2001": O SIGNIFICADO DO ATENTADO TERRORISTA E SEUS DESDOBRAMENTOS NO CENRIO GEOPOLTICO MUNDIAL. O Terrorismo como inimigo difuso e como elemento para o discurso geopoltico. O conceito difundido mundialmente sobre a perspectiva colonialista do terrorismo possibilitou a justificao de qualquer ao extrajudicial ao argumento da proteo do imperialismo antidemocrtico, ironicamente provido pelos pases resistentes s colonizaes das grandes potncias ocupantes. No livro Soldados Desconhecidos, Matthew Carr afirma que qualquer forma de resistncia aos colonizadores justificava a demonizao dos combatentes pela liberdade, como criminosos de direito comum e parasitas.Exemplifica o caso dos Mau Mau, no Qunia, resistentes aos colonos ingleses. Rotulados como terroristas pela imprensa marrom, onde se qualificaram como um povo selvagem incapaz de se adaptar ao progresso da civilizao, em sete anos de resistncia, teriam matado 32 colonos e 167 membros das foras de ordem, enquanto mais de 20 mil integrantes do movimento foram expurgados de suas terras, massacrados e torturados.O ps 11 de setembro definiu um novo momento no terrorismo. A situao no Oriente Mdio da guerra contra o terrorismo pelos EUA se constri muito alm da questo singela do suposto financiamento pelos Estados iraquiano e afego do terrorismo. A interveno militar nesses pases promoveu no s uma colonizao territorial, como tambm soberana e econmica, buscando integrar esses pases na nova ordem mundial foradamente. Prope um novo modo de colonizar. Portanto, alm do interesse de dominar o local, seja por sua importncia estratgica no Oriente Mdio ou pela riqueza negra que possuem, objetiva-se desestruturao dos regimes resistentes ao imperialismo americano.Em resposta ao neocolonialismo estadunidense, o terrorismo foi adquirindo uma identidade a qual podemos observar no neoterrorismo atual. Apesar do ato terrorista no ser um modo unificado e determinado de agir e possuir diferentes motivaes, os atentados se incutem em criar uma retrica invaso americana. Seja de origem religiosa, social ou de qualquer natureza, representam umaforma de resistncia.Face aos tanques, com os bombardeios dos avies F-16, com msseis de helicpteros Apache do exrcito de ocupao, o que ns poderamos fazer a no ser enviar nossos filhos para se matar em Israel?, afirma Ismail Shanab, um professor e intelectual diplomado da Universidade Islmica de Gaza, relacionando a questo do conflito entre Israel e a Palestina e o suporte que os EUA oferecem aos israelenses h dcadas, comprovados no vazamento de informaes pelo ex-tcnico da CIA Edward Snowden. O poder da ONU de mediao entre os Estados e a sua atuao no cenrio geopoltico atual se torna, cada vez mais impotente, subvertendo a sua real funo s manobras polticas estadunidenses. Logo aps o atentado, o primeiro ato contra a ameaa imi nente do terrorismo foi a invaso militar no Iraque, motivada por argumentos falaciosos de que o pas declaradamente financiava o terrorismo e principalmente a Al-Qaeda. Sem qualquer prova concreta contra o Estado iraquiano, os bombardeios cidade de Bagd foram iniciados. Octvio Ianni, autor de Capitalismo, violncia e terrorismo trs em discusso a forma em que os EUA lidou com o impacto da exposio de sua vulnerabilidade: Assim, logo fica evidente, para muitos, em todo mundo, qual a geopoltica em que se baseia a diplomacia norte-americana. Diante do ataque terrorista, antes mesmo de saber quais seriam os indivduos, grupos, organizaes, ou instituies responsveis, logo se declara a retaliao, a guerra, o ataque terrorista da mais poderosa potncia mundial contra a mais frgil das naes. Em lugar da negociao, inclusive da negociao possvel atravs da Organizao das Naes Unidas (ONU ), deflagram-se as frias do capital, com os braos armados visveis e invisveis, ostensivos e clandestinos; com a cumplicidade e colaborao de naes europeias. Em face de um ataque de terrorismo, partindo de alguma parte de uma nao classificada como pertencente ao eixo do mal, deflagra-se uma guerra assimtrica e fundamentalista desde que o que se autodenomina eixo do bem. Ao mesmo tempo, ou principalmente, as elites governantes e classes dominantes norte-americanas instalam-se no Afeganisto, ocupando uma posio geopoltica importante na sia Central. notrio relembrar que, apesar das aes contra o Iraque no terem sido permitidas pela Organizao das Naes Unidas, os EUA em momento algum sofreu qualquer tipo de retaliao. A situao gerada por esses conflitos criou um novo ambiente mundial, sejam nas relaes internas ou externas, o que predomina o sentimento do medo, de uma ameaa eterna. O terrorismo do Estado no se resume em atividades militares, mas tambm pode funcionar atravs da manipulao psicolgica de uma populao. A prpria populao americana se torna uma refm de seu governo, a partir do momento em que o medo estimulado, criando uma constante tenso na vida de seus cidados e, consequentemente, ansiando a busca pela paz de qualquer forma. No governo Bush, foi criado o Decreto Patriota, o qual permitia buscas em registros mdicos e financeiros, conversas pela internet e telefone e at livros pegos em bibliotecas. E mesmo assim, muitos concordaram com a ao, abdicando sua liberdade em prol do fim terrorista. Amanda Calsavara, Aline de Paula, Mateus Duarte, Karina Beatriz, Lisa Chao, Pedro Sabback e Ricardo Hudson, Turma 3202, Colgio Pedro II, Unidade Humait II Pgina 4 Esse clima, ao passar do tempo, vem deixando resqucios no modo de agir da populao. Nesse momento a xenofobia ganha um grande espao. Tratando sobre as consequncias o ato de 11 de setembro, Octvio relembra que Acentuam-se controles jurdico-polticos, militares e policiais sobre indivduos e coletivos, [...] Esse o clima em que florescem as atividades, organizaes, movimentos e correntes nazi-fascistas.TERRORISMO DE ESTADO - O EXEMPLO DE 11 DE SETEMBRO DE 1973, NO CHILE Durante a Guerra fria duas potncias disputavam estrategicamente em conflitos indiretos: os Estados Unidos e Unio Sovitica. Ambos os pases tinham grande poder blico para destruir o mundo, por isso no guerreavam entre si, mas financiavam pequenas guerras e conflitos j existentes em outros pases, ganhando assim, aliados para o seu sistema poltico. Aps o fim da Guerra fria os Estados Unidos se torna vencedor, afirmando o capitalismo. O EUA o maior smbolo do capitalismo que existe at hoje, e entrava em conflitos com pases socialistas resistentes, eles atacavam no s para manter seu sistema, mas tambm para fazer com que no haja nenhum exemplo de repblica socialista que tenha dado certo, como a Unio Sovitica, que representava um novo sistema poltico que vai contra o capitalismo. Em janeiro de 1970, a Unidade popular (UP) no tinha decidido quem seria candidato a presidncia da Repblica. Nas eleies deste mesmo ano Salvador Allende venceu do candidato da direita Jorge Alessandri, com 36,2% a 34,2%. A Unidade Popular representava o proletariado, formado por operrio menos favorecidos e proletariados agrcolas e a baixa classe mdia urbana.Allende foi o primeiro presidente socialista eleito por voto popular, ele propunha transformar o Chile em um regime socialista, com base em um projeto de reforma agrria e das nacionalizaes das indstrias, sua poltica via chilena para o socialismo pretendia pacificamente transformar uma sociedade composta de caractersticas socialistas.O governo de Allende comeou a sofrer pesadas presses por parte da poltica norte - americanase de grupos formados no Chile pela CIA , como a organizao terrorista Patria y Liberdade por no convir a poltica dos Estados Unidos, pois Allende pretendia nacionalizar os bancos e parte das minas de cobre, que estavam em mos privadas e grandes empresas. O Estado chileno chegou a controlar 60% da economia.A CIA comeou a lutar para que Allende no ganhasse as eleies, tentando subornar o Congresso chileno, criticando sua poltica administrativa e influenciando as pessoas a no votarem a favor de Allende, mas as tentativas de derrubar Allende fracassaram, pois recebiam apoio do povo. Na imagem, podemos observar Allende em seu discurso, fortemente apoiado.Porm, atentados comearam e se temia por uma guerra civil, foras armadas comearam a controlar o terrorismo da direita e de esquerda que j se espalhava no pas. O primeiro ato terrorista foi iniciado com parceira dos oficiais da marinha chilena, e outros diversos atentados terroristasexecutados pela Patria y Libertad, apoiados pelos Estados Unidos, quebrava a longa democracia chilena, com a perversidade do golpe de estado do ditador Augusto Pinochet. Em setembro de 1973, o ditador Pinochet tornou - se comandante chefe do exrcito chileno, apesar de declarar fidelidade ao presidente de esquerda Salvador Allende, chefiou a tropa que se tornou o poder atravs do golpe militar. Em 11 de setembro de 1973, morria o Salvador Allende no Palcio de La Moneda em Santiago, cercado e bombardeado pelas tropas armadas de Pinochet. Aps o golpe bem sucedido, apoiado pelos EUA, Pinochet assumiu o cargo de Chefe Supremo da Nao. Em 1981, Pinochet foi proclamado presidente da Repblica do Chile, iniciando um regime militar que durou 8 anos.