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TERRITÓRIO DA SAÚDE: CONHECIMENTO, PERCEPÇÕES E ATITUDES EM RELAÇÃO À LEISHMANIOSE VISCERAL BORJA-CABRERA, Gulnara Patricia, CASTRO, Josiane Márcia Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4 1 TERRITÓRIO DA SAÚDE: CONHECIMENTO, PERCEPÇÕES E ATITUDES EM RELAÇÃO À LEISHMANIOSE VISCERAL BORJA-CABRERA, Gulnara Patricia Doutora, docente do mestrado em Gestão Integrada do Território/ UNIVALE/Minas Gerais [email protected] CASTRO, Josiane Márcia Mestranda de Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce/UNIVALE [email protected] RESUMO A saúde perpassa pela existência geográfica pois agrega fenômenos naturais e antrópicos, consequências dos vários modelos do processo saúde doença e suas territorialidades. Isto implica em desafios que proporcionem controle as endemias, em especial a Leishmaniose Visceral Humana. Objetivou-se avaliar o conhecimento sobre o agravo e a percepção dos residentes sobre o reservatório canino para identificar os modelos predominantes do processo saúde-doença e seus respectivos territórios. Tratou-se de um estudo observacional, descritivo, com abordagem qualitativa no municipio de Governador Valadares, Minas Gerais. Para análise dos dados utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo revelou que a maioria dos entrevistados compreendem o processo saúde-doença, através dos modelos biomédico e processual. A medida de controle através da eliminação do reservatório, afeta o território simbólico que possivelmente possa estar contribuindo para expansão da doença. Palavras-chave: Territorio. Leishmaniose. Percepção ABSTRACT Health permeates the geographical existence as it adds natural and man-made phenomena, consequences of the various models of health - disease process and their territoriality. This implies challenges that provided a control to endemic diseases in particular human visceral leishmaniasis. This study aimed to assess the knowledge of the grievance and the perception of residents over the canine reservoir to identify the prevailing models of health-disease process and their respective territories. This was an observational, descriptive, qualitative approach in the municipality of Governor Valadares, Minas Gerais. For data analysis we used the technique of Bardin Content Analysis. The study revealed that most respondents understand the health- disease through biomedical and procedural models. The reservoir elimination measure affects the symbolic territory that could possibly be contributing to spread of the disease. Key-words: Territory . Leishmaniasis .Perception INTRODUÇÃO Os fatores socioeconômicos fazem com que parte da população rural migre para a periferia dos grandes centros, onde as condições sanitárias e de habitação na maioria das vezes são precárias, favorecendo o aparecimento de doenças negligenciadas como a leishmaniose visceral (LV), modificando a geografia da Saúde global. A LV, encontra-se entre as seis endemias consideradas prioritárias no mundo (CARDOSO, 2010) . O Brasil enfrenta atualmente a expansão e urbanização da

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TERRITÓRIO DA SAÚDE: CONHECIMENTO, PERCEPÇÕES E ATITUDES EM RELAÇÃO À LEISHMANIOSE VISCERAL

BORJA-CABRERA, Gulnara Patricia, CASTRO, Josiane Márcia

Foz do Iguaçu PR: UNIOESTE, 8 a 11 de

dezembro de 2015, ISSN 2316-266X, n.4

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TERRITÓRIO DA SAÚDE: CONHECIMENTO, PERCEPÇÕES E ATITUDES

EM RELAÇÃO À LEISHMANIOSE VISCERAL

BORJA-CABRERA, Gulnara Patricia

Doutora, docente do mestrado em Gestão Integrada do Território/ UNIVALE/Minas Gerais

[email protected]

CASTRO, Josiane Márcia

Mestranda de Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce/UNIVALE

[email protected]

RESUMO A saúde perpassa pela existência geográfica pois agrega fenômenos naturais e antrópicos, consequências dos

vários modelos do processo saúde – doença e suas territorialidades. Isto implica em desafios que proporcionem

controle as endemias, em especial a Leishmaniose Visceral Humana. Objetivou-se avaliar o conhecimento sobre o agravo e a percepção dos residentes sobre o reservatório canino para identificar os modelos predominantes do

processo saúde-doença e seus respectivos territórios. Tratou-se de um estudo observacional, descritivo, com

abordagem qualitativa no municipio de Governador Valadares, Minas Gerais. Para análise dos dados utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. O estudo revelou que a maioria dos entrevistados compreendem o

processo saúde-doença, através dos modelos biomédico e processual. A medida de controle através da

eliminação do reservatório, afeta o território simbólico que possivelmente possa estar contribuindo para

expansão da doença.

Palavras-chave: Territorio. Leishmaniose. Percepção

ABSTRACT Health permeates the geographical existence as it adds natural and man-made phenomena, consequences of the

various models of health - disease process and their territoriality. This implies challenges that provided a control to endemic diseases in particular human visceral leishmaniasis. This study aimed to assess the

knowledge of the grievance and the perception of residents over the canine reservoir to identify the prevailing

models of health-disease process and their respective territories. This was an observational, descriptive, qualitative approach in the municipality of Governor Valadares, Minas Gerais. For data analysis we used the

technique of Bardin Content Analysis. The study revealed that most respondents understand the health- disease

through biomedical and procedural models. The reservoir elimination measure affects the symbolic territory that could possibly be contributing to spread of the disease.

Key-words: Territory . Leishmaniasis .Perception

INTRODUÇÃO

Os fatores socioeconômicos fazem com que parte da população rural migre para a periferia dos

grandes centros, onde as condições sanitárias e de habitação na maioria das vezes são precárias,

favorecendo o aparecimento de doenças negligenciadas como a leishmaniose visceral (LV),

modificando a geografia da Saúde global. A LV, encontra-se entre as seis endemias consideradas

prioritárias no mundo (CARDOSO, 2010) . O Brasil enfrenta atualmente a expansão e urbanização da

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LV com casos humanos e caninos em vários territórios, apresentando surtos frequentes (BARBOSA,

2013). Em Minas Gerais, o agravo é considerada um problema de saúde pública, principalmente na

região leste,onde a macrorregião de Governador Valadares, possui diversos micro territórios com casos

de LV, considerados endêmicos, inclusive com ocorrência de óbitos. Tem sido sugerido na literatura,

que um dos principais determinantes para a LV humana é a presença canina e que pode anteceder a LV

humana. A ré emergência da LV Canina no município de Governador Valadares foi constatada através

de um inquérito sorológico realizado em 2006 (MALAQUIAS et al., 2007) antecedendo a LV humana,

que teve o primeiro caso notificado em junho de 2008. Portanto, considerando que o município de

Governador Valadares se encontra em situação de surto, com a presença do inseto vetor e grande

número de cães soro reagentes, principal reservatório urbano da LV (BARATA et al., 2013), faz-se

necessário um estudo nos múltiplos territórios onde se manifesta a doença é que tem permitido a

endemicidade, acentuada pelos aspectos epidemiológicos, conhecimento e percepção enquanto a seu

reservatório, no intuito de melhorar as estratégias do controle da doença.

1. ASPECTOS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS QUE INFLUENCIAM A EVOLUÇÃO

DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM GOVERNADOR VALADARES

A LV atinge principalmente as populações mais carentes, pois grande parte delas não tem

acesso a métodos de diagnósticos precozes e ao tratamento específico, o que eleva os índices de

mortalidade. A dinâmica da LV em um territorio é uma analise de múltiplas escalas e de inúmeros

processos que se interrelacionam singularmente, que vão de grandes centros urbanos até as periferias

com suas própias caractérísticas, como as condições socio demográficas, indicadores de saúde, fatores

de risco, infraestrutura dos serviços de saúde, diferenças ecossistêmicas, e as gestões das políticas

públicas (CATÃO e GUIMARÃES, 2009).

Embora a interração das escalas seja difícil de prever, estima-se que até 2030, 5 bilhões de

pessoas viverão em áreas urbanas em todo o mundo, e essa intensificação do crescimento da população

urbana é susceptível de aumentar os surtos de doenças transmitidas por vetores, como a LV. Estima-se

que ocorra mais de 02 milhões de novos casos de leishmaniose todos os anos no planeta, e ainda que

350 milhões de pessoas vivam em territórios de risco da doença. Por tratar-se de doença que afeta

tipicamente populações pobres e até pouco tempo quase exclusiva do meio rural, a LV não tem

chamado a atenção das políticas governamentais de saúde, assim como dos programas de controle,

prevenção e de tratamento (BOELAERT et al., 2000).Atualmente a LV afeta 88 países, dos quais 72

são classificados como em desenvolvimento, incluindo 13 dos menos desenvolvidos, ocorrendo 90%

dos casos em apenas 05 países - Bangladesh, Brasil, Índia, Nepal, Afeganistão, (Figura 1).

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(PORTELLA et al., 2009).

Figura 1. Distribuição das áreas endêmicas de leishmaniose visceral, 2003.

Fonte: http www.google.com/imagens

A doença pode levar ao óbito em 95% dos casos não tratados e 10% quando não se institui o

tratamento adequado (GONTIJO e MELO, 2004). Segundo Leite e Araujo (2013), a gravidade das

manifestações clínicas da LV pode estar relacionada à idade, ao estado nutricional e às características

imunogenéticas dos indivíduos acometidos pela doença. Para Santos et al. (2010), a associação de co-

morbidades como a desnutrição, o diagnóstico tardio da doença e a presença de complicações, como as

infecções bacterianas e as hemorragias convergem para o aumento da letalidade por esse agravo.

De acordo com a distribuição espacial da doença no Brasil, os casos de LV estão distribuídos

em 22 unidades federadas atingindo as cinco regiões brasileiras como mostrado na Figura 2, que tem

sofrido modificações territoriais com inversão do perfil que era predominante na região nordeste com

mais do 80% dos casos, abaixando para 2013 a aproximadamente 60%, enquanto a região sudeste

apresentou um incremento significativo (DATASUS, 2015) consequente aos processos de urbanização

e migração modificando a geografia da doença.

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Figura 2. Casos confirmados de LV no Brasil, por região. 2000 a 2013

Fonte: Ministério da Saúde/SVS, DATASUS

Em Minas Gerais, observou-se no período de 2004 a 2008, um total de 2.374 casos de LV,

correspondendo a 68% dos casos registrados na região Sudeste e 14% do país. Minas Gerais é o

segundo estado com maior número de notificações para a doença, onde a letalidade neste período foi

de 8,9% (SNVS, 2009). Conforme análise dos dados disponíveis no Sistema Nacional de Agravos de

Notificação (SINAN), o Brasil registrou uma taxa de letalidade por LV de 6,52%, em média, no

período entre 2000 e 2009. No mesmo período, a taxa média em Minas Gerais atingiu uma media

acima da média nacional destacándo-se o ano de 2004 (Figura 3).

Figura 3. Taxa de letalidade nos estados da região sudeste entre os anos de 2000 e 2009.

Fonte: SINAN/GEPI/DVS/GV

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No ano 2008, o Município de Governador Valadares área silenciosa para LV, apresentou a

primeira notificação, necessitando de um conhecimento mais aprofundado sobre fatores clínico-

epidemiológicos, como a procura do diagnóstico, as evoluções clínica e laboratorial, a escolha do

tratamento e as co-morbidades. Nos últimos anos, o Ministério da Saúde tem investido em pesquisas

sobre diagnóstico laboratorial humano e canino, tratamento dos pacientes, avaliação da efetividade das

estratégias de controle, bem como de novas tecnologias que possam contribuir na implementação das

ações de vigilância e controle da LV no Brasil (MAIA-ELKHOURY et al., 2008).

Esse territorio constitui um polo econômico da mesorregião do Vale do Rio Doce e à

microrregião de mesmo nome, exercendo significativa influência sobre o leste e nordeste de Minas

Gerais e municípios do estado do Espírito Santo. Situa-se a 324 quilômetros de Belo Horizonte - MG.

Segundo contagem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, possuem 260.396

habitantes e que se encontram distribuídos em bairros da região urbana e distritos em áreas da zona

rural (IBGE 2010). Segundo a Gerência de Epidemiologia de GV, a taxa de letalidade no município no

período de junho de 2008 a junho de 2010 atingiu um índice elevado de 18,03%, medindo desta forma

a patogenicidade doença (GEPI/SMS-GV, 2010). Após levantamento de dados primários e

secundarios, por Costa et al. (2015) (Figura 4), observou-se que entre os anos 2009 a 2015 foram

notificados 119 casos com uma prevalência de 45,1/100.000hab, e um maior número de casos no ano

2011 com 44 notificações (37%) e incidência de 16,7/100.000hb, valores considerados elevados da

média nacional, contribuyendo para el aumento de notificaciones regionais o que determinó as

condicições para um surto da doença com a necesidade imediata de implementação de políticas

públicas de controle como a eutanacia de cães soropositivos.

Figura 4. Leishmaniose Visceral em governador Valadares no período de 2009 a 2015

Fonte: SINAN/GEPI/DVS/GV

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Observou-se também (COSTA et al., 2015), uma expansão com predomínio na área urbana

(Figura 5), com distribuição em 52 bairros, da área urbana e somente em 02 da área rural (Pontal e

Baguari) mostrando o processo de urbanização da doença na cidade que vai desde o Centro (11 casos)

até os bairros periféricos, destacândose o bairro Altinôpolis com 17 casos.

Figura 5. Distribuição por microteritórios da LV, Governador Valadares, 2008- 2009

Fonte: SINAN/GEPI/DVS/SMS/GV

Foi também observada uma prevalência no gênero masculino de 69,5/100.000hab., e

21,7/100.000hab no feminino. A distribuição das notificações foi em todas as faixas etárias, sendo a

mais atingida a de 40 a 59 anos (27,7%) com uma prevalência de 53,2/100.000hab. (COSTA et al.,

2015).

No período estudado, foram observados 10 óbitos com um coeficiente de mortalidade de

3,8/100.000 e de letalidade de 8,4%. Evidenciando que o territorio de Governador Valadares continua

sendo uma área endêmica para a doença, atinge o gênero masculino maioritariamente em todas as

idades, com predomínio nas faixas etárias economicamente ativas (COSTA et al., 2015).

Sobre o tema distribuição espacial da LV, há um grande número de trabalhos, tanto de

geógrafos como de outros profissionais da área de saúde, contudo, existe uma predominância de

estudos de casos, principalmente tomando como escala de análise a local, privilegiando o intra-urbano

e/ou alguns bairros, o que faz com se perca a noção mais ampla que esse fenômeno tem.

Os objetivos do estudo foram analisar o conhecimento e percepção sobre o reservatório canino

que contribuem para endemicidade da LV humana no município de Governador Valadares, além de

identificar os modelos do processo Saúde doença presentes no território da Leishmaniose e identificar

as concepções de Território que subsidiam a discussão sobre a expansão desse agravo no município.

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1.1 Caminho metodológico

Esta pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa onde será utilizada a metodologia

de analise de Conteúdo de Bardin . Para a análise, foram agrupados os dados em categorias, dentro dos

temas identificados. Os textos não sofreram correções linguísticas, preservando o caráter espontâneo

das falas. Esta técnica de análise consiste em um processo sistemático de avaliação de mensagens, que

objetiva a descrição do conteúdo e inferências de conhecimentos sobre a produção e recepção dessas

mensagens. Tal processo seguiu os seguintes passos: os discursos foram coletados inicialmente,

transcritos mantendo-se a forma original de expressão dos respondentes; pré-análise, na qual se fez

uma leitura flutuante, a partir da qual emergeram impressões e orientações, de forma a identificar as

grandes categorias discursivas abordadas pelos respondentes; leituras dos conteúdos, para a

organização e sistematização, permitiram o agrupamento em categorias, identificando unidades de

significados, estabelecendo subcategorias que possibilitaram a descrição dos resultados e percepções

dos conteúdos que consolidaram o tema (BARDIN, 2009).

Pretende-se correlacionar os diferentes tipos de processo de saúde doença, a fim de identificar o

tipo imperante no território estudado e propor medidas que visam substituir a perspectiva unicausal e

determinística ambiental da origem dos problemas dos agravos, pela perspectiva multicausal. Nesta

abordagem, identificar os múltiplos territórios, como bairros, ESF, condições culturais e simbólicas

que quase nunca ocupam a mesma dimensão, mais são decisivas para a manutenção do agravo. Como

fonte dados primários utilizaremos um questionário semiestruturado previamente validado, contendo

perguntas para análises qualitativas, adotou-se questoes que permitiram analisar a percepção,

conhecimento e atitudes dos indivíduos com respeito a doença, focalizando a relação existente com o

hospedeiro canino, o que permitiu entender territorialidade existente entre esses atores, com o intuito

de melhorar o controle da doença. Para registro das respostas foi utilizado como recurso um gravador

digital buscando uma fidelidade quanto à fala do entrevistado e viabilizando o retorno ao material

sempre que se fizer necessário. Em todas as entrevistas foi mantido um caráter informal, a fim de que o

indivíduo se sinta à vontade para relatar suas impressões sobre a LV. Essas entrevistas forão transcritas

imediatamente pelo pesquisador.

Para a análise de Conteúdo de Bardin (2009), foram agrupados os dados em categorias, dentro

dos temas identificados. Os textos não sofreram correções linguísticas, preservando o caráter

espontâneo das falas. Esta técnica de análise consiste em um processo sistemático de avaliação de

mensagens, que objetiva a descrição do conteúdo e inferências de conhecimentos sobre a produção e

recepção dessas mensagens. Tal processo seguiu os seguintes passos: os discursos foram coletados

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inicialmente, transcritos mantendo-se a forma original de expressão dos respondentes; pré-análise, na

qual se fez uma leitura flutuante, a partir da qual emergeram impressões e orientações, de forma a

identificar as grandes categorias discursivas abordadas pelos respondentes; leituras dos conteúdos, para

a organização e sistematização, permitiram o agrupamento em categorias, identificando unidades de

significados, estabelecendo subcategorias que possibilitaram a descrição dos resultados e percepções

dos conteúdos que consolidaram o tema.

A coleta foi realizada nos domicílios dos participantes, após ser identificado um ambiente

tranquilo e confortável que garantiu maior privacidade e sigilo e terem assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo contou com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Vale do Rio Doce/MG, parecer No 916721 e foram observadas todas as

recomendações da Resolução 466/12 do CNS e legislações complementares referentes a ética

envolvendo a pesquisa com seres humanos, no qual o estudo em questão esta inserido

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O SUS, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), deveria possuir autonomia para

gerenciar integralmente o seu território, representa um avanço no fortalecimento da gestão municipal,

com a identificação e resolução de problemas de saúde no território.Esses avanços foram

consequências de experiências vividas dos vários modelos do processo saúde – doença. No modelo

médico assistencial (biomédico), a saúde é vista como ausência de doença e é dada ênfase à assistência

médico-hospitalar enquanto que no modelo assistencial sanitarista (processual), o foco são as

campanhas, programas especiais e ações de vigilância epidemiológica e sanitária, com atuação sobre o

risco. No modelo sistêmico, a saúde decorre de várias causas (fatores intrínsecos e extrínsecos), e o

todo deveria ser considerado (célula, órgão, indivíduo, família e sociedade) (TEIXEIRA; PAIM;2000).

Baseado nesse modelo, o SUS, por meio da ESF, organiza a gestão dos serviços de saúde,

partir de uma delimitação espacial previamente determinada. Este espaço político-administrativo

comporta uma dinâmica de interação entre uma população específica, que vive um determinado tempo

e espaço, com suas particularidades de conhecimentos, práticas e percepções. Cada território é

composto por problemas de saúde específicos, e traçar seu perfil epidemiológico é fundamental para a

caracterização da população e de seus problemas de saúde, bem como para a avaliação do impacto dos

serviços sobre os níveis de saúde dessa população (MONKEN; BARCELLOS, 2005).

Dentre todas as doenças vetoriais do mundo a LVH se destaca como sendo uma das mais

importantes, tanto por sua abrangência e extensão geográfica como pela dificuldade de controle e

erradicação. Muitos pesquisadores, de diversas áreas do conhecimento, tentam compreender esse

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fenômeno pelos aspectos particulares de cada ciência. A geografia tem contribuído com a análise dos

condicionantes e os determinantes espaciais, procurando compreender a dinâmica e a distribuição

dessa doença no mundo.

Portanto, o aspecto geografio sera delimitado pela ação do homem dentro de uma realidade

historicamente construída pelos sujeitos que se envolvem direta ou indiretamente com a relação saúde

e doenca.

Para Schneider e Tartaruga (2004) o território é entendido a partir das relações de poder que

são projetadas no espaço pelas pessoas que apesar do conhecimento da causa das doenças insistem na

relação de territorialidade ajudando na endemicidade do agravo. Raffestin (1993) afirmou que o

território se forma quando um indivíduo se apropria de um espaço concreta ou abstratamente (por

exemplo, pela representação e percepção).

Uma das principais diferenças entre espaço e território, apresentada por (Monken et al., 2008),

é de que o espaço não faz referência a limites e ao acesso, enquanto o território recorda os limites e as

restrições ao acesso dos que a ele não pertence. Tais limites territoriais são utilizados na área da saúde

como estratégia para a coleta de organização de dados, porém, os processos sociais e ambientais

transcenderiam esses limites.

A implantação do SUS seria um exemplo de reformulação territorial na saúde, com

movimentos de fixos e fluxos, atendendo os movimentos de urbanização, mudança climática e

comércio e deslocamento humano, poluição, uso do solo, armazenamento de água e irrigação dentro de

um território são aspectos da mudança global que podem influenciar a incidência e distribuição global

de doenças transmitidas por vetores (SANTOS e SILVEIRA, 2001).

No Brasil, como uma manifestação do Poder estatal (RAFESTIN, 1993) na tentativa de

controle da LV implantou-se um programa de combate para mapear a distribuição geográfica da

doença, identificar as áreas de transmissão ou de risco e propor ações de vigilância para os municípios

considerados silenciosos (MS, 2004).

Recentemente BARATA et al., (2013) mostraram que GV e o território da leishmaniose. O

grupo fez um inquérito epidemiológico em 4992 cães, mostrando 30,2% de positividade de LV

Canina, observaram um incremento nos bairros onde era maior a densidade do vetor como no

Altinópolis, Nossa Senhora da Graças, Mãe de Deus e Santa Helena, reforçando estes dados a

importância das medidas de controle que foram adotadas no município.

O cão é considerado o principal reservatório domiciliar e peridoméstico da L. (L.) infantum. A

OMS como ferramentas de controle preconiza três medidas principais como: destruição do inseto

vetor, tratamento dos casos humanos e eliminação dos reservatórios. No Brasil anualmente se

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eliminam até 23.000 cães por ano, medida que tem afetado a relação homem-cachorro num território

simbólico, evidenciando pertencimento e aumentando o risco de transmissão da zoonose (BRASIL,

2006).

Neste contexto, a LV está imerso em um ambiente biologico, social, nas suas esferas política,

territorial, administrativa e simbólica. Há necessidade de uma postura interdisciplinar, que não pode

ser alcançada por posições extremas e pelo diálogo rarefeito do radicalismo. Representa um espaço

público de socialização e articulação. Os profissionais voltados para os aspectos biologicos não podem

restringir seus estudos apenas com a análise da superfície abstrata da doença, porém podem ser

definidos pelas formas em que os indivíduos se relacionam com a ela (CLAVAL, 2001). A relação

entre os seres humanos e o seu território se concretiza através dos costumes, dos valores afetivos de

uma cultura profundamente enraizada. Tem assim uma identidade profunda entre o sangue (o

parentesco) e a terra (território), com os fundamentos bastante fortes da ideologia territorial. Esta

articulação com a terra que fixa a cultura e os seres humanos é um ‘território mágico’,tem repercussões

sociais importantes.

Isso se dá porque, sobretudo, se lembrarmos que estamos lidando com os casos brasileiros e

latino americanos, a nossa propria historicidade nos remete a uma consciência permeada por elementos

da religiosidade cristã ou das culturas dos povos ancestrais. Ou seja, a racionalidade asséptica

marcante das sociedades modernas convive com o mundo de encantamento das eras anteriores

perfazendo essa territorialidade proria da nossa realidade historica. No episodio da revolta da vacina,

em 19..., o antagonismo entre esses dois elemento s ficaram muito evidentes. Por um lado, a logica do

estado, por outro, a visao da populacao pobre que entendeu a politica publica como mais uma maldicao

que se abatera sobre aquelas pessoas vitima de um destino cruel.

A apropriação do território nesse caso, o vinculo entre o homem e o cão de diferentes especies,

representa mais que a propriedade materialista, vinculada ao mundo capitalistas e as relações de

consumo, pura coisa, objeto de transação e circulação de mercadorias num determinado mercado, a

identificação entre os seres humanos com esse ser, por uma questão afetiva (BONNEMAISON, 1980)

que somente a abordagem territorial simbólica, ou seja, o cão passa de produto a ser dotado de

personalidade, sujeito que interage e confere sentido ao ser humano na medida em que enfatiza

sentimentos, afetos, memorias e percepções do mundo.

Entretanto, novos paradigmas devem estar conectados com a relação homem natureza e

homem-meio, uma vez que a Geografia da Saúde debate a relação homem doença-meio-sociedade,

ressaltando que a doença (associada a determinantes e condicionantes, vetores e formas de contágio)

perfaz uma interação diretamente com o produto do meio; e alguns agravos são causados pela relação

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homem-sociedade (o estresse urbano, a violência intra-familiar, o uso de drogas, o vinculo afetivo

com o reservatório.) o que caracteriza as endemias modernas ligadas ao caos urbano na nova

sociedade. Porém, se faz necessário ampliar os debates sobre o embasamento epistemológico,

questionar novos paradigmas, teorias e filosofias norteadoras que supram a necessidade desta corrente

de pensamento geográfico, visto que a mesma é multidisciplinar.

3. RESULTADOS ALCANÇADOS

A partir da categorização dos temas e respectivas questões inseridas na entrevista identificou-se

02 categorias: Conhecimento e Sentimento (cão recolhido).

3.1 Categoria Conhecimento

Quando perguntado a respeito do seu conhecimento sobre a LV, a maioria dos entrevistados

demonstraram desconhecer o agravo, o que pode ser justificado pelo fato que as ações de comunicação

e educação, podem estar priorizando somente informações simplistas ou de difícil entendimento

(RANGEL, 2008), como mostram as falas:

“Ao certo não” ( Entrevistado 3). “Não! Sei Não “(Entrevistado 5). “Ah eu vejo falar

disso daí huum mal provocado pelos animais né?”(Entrevistado 1)“Ó visceral que... prejudica fígado, rins, prejudica tudo, os órgãos internos todos né? Igual fiquei passei

um sufuco, ofender demais o meu fígado entendeu? Graças a Deus fui atendido a

tempo ainda e deu pra pra mim recuperar bem Graças a Deus se não não tava aqui

pra contar história” (Entrevistado 2) “Não faço a mínima ideia” (Entrevistado 13) “Ah eles fala que é do cachorro, qualquer uma criação que tiver doente e você ficar

mexendo com aquela criação é perigoso né!” (Entrevistado 9)

Pode-se evidenciar que a educação deve ser mais do que transmissão de conhecimento e que

informações não são suficientes para promover mudanças de comportamento nos indivíduos.Para Sales

(2008), os conteúdos divulgados pelos meios de comunicação, por vezes, repassam informações

imprecisas, podendo trazer confundimento à população. Este fato pode contribuir, portanto, para que

parte da população não confie nas informações repassadas por este meio. Em relação às informações

fornecidas por profissionais de saúde, afirma que, estes podem perder credibilidade em suas falas,

quando as informações que repassam desconsideram os interesses e os saberes da população. Assim, as

informações repassadas seriam incapazes de gerar uma mudança de comportamento proporcionando

um sentimento de negatividade, desgaste e falta de credibilidade.

Para Lenzi et al. (2000) o acesso à educação, entre outros fatores, colabora para a melhoria do

nível de saúde da população. A efetiva participação dependeria de um maior grau de compreensão e de

interpretação das informações relacionadas à LV.

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Na perspectiva do território, cabe reconhecer os processos produtivos nele instalados, bem

como os que se situam em seu entorno, ou mesmo remotamente, e identificar suas relações com o

ambiente e com a saúde dos moradores. A territorialização é um processo de “habitar um território”

(KASTRUP, 2001). O ato de habitar traz como resultado a corporificação de saberes e práticas. Para

habitar um território é necessário explorá-lo, entendê-lo, conhecê-lo em suas varias formas, torná-lo

seu, empoderar, ser sensível às suas questões, ser capaz de movimentar-se, detectando as alterações de

comportamento e colocando em relação fluxos diversos - não só cognitivos, não só técnicos, não só

racionais - mas políticos, comunicativos, educacionais, afetivos e interativos no sentido concreto,

detectável na realidade (CECCIM, 2005).

O quadro se vê agravado pela dificuldade para a Epidemiologia superar uma abordagem descri-

tiva e reducionista, influenciada por certo positivismo herdado do século XIX, que a torna bastante

debilitada para fazer relações importantes na explicação do fenômeno biológico. Citam-se, por

exemplo, as questões paradigmáticas e ainda não resolvidas da relação entre o individual e o coletivo,

o biológico e o social ou entre a sociedade e a natureza (FARIA e BORTOLOZZI, 2009).

Vê-se que uma compreensão ampliada do conceito de saude é semelhante a abordagem

ampliada de território, ambos são fundamentais para abranger, abordar e planejar ações assistenciais

envolvendo a LV. Convém salientar que BARCELOS et al. (2002) afirmam que quanto maior a

identidade entre a população e seu território, mais facilmente podem ser elaborados os diagnósticos e

planejadas as ações de saúde. A situação de saúde não é um atributo dos grupos sociais nem das

unidades espaciais em si. Ela é o resultado da relação de grupos sociais com seu território.

O território da saúde coletiva para MONKEN et al. (2008) seria:

“onde se desenvolvem ações de saúde pública, são produções coletivas, com materialidade histórica e social e configurações espaciais singulares compatíveis com

a organização político-administrativa e instituciional do setor. O objetivo é prevenir

riscos e evitar danos à saúde, a partir de um diagnóstico da situação de saúde e das condições de vida de populações em áreas delimitadas.” (p.16)

Reconhecer o território e as características sociais e de saúde da população é um importante

ponto de avaliação do impacto de serviços sobre os níveis de atenção. Tal reconhecimento permite

também o desenvolvimento de um vínculo entre os serviços de saúde e a população, mediante práticas

de saúde orientadas por categorias de análise de cunho geográfico (MONKEN, BARCELLOS, 2005).

Fica claro nas falas acimas que o modelo predominante do processo saude –doença é

biomédico, entendido como a crescente e elevada dependência dos indivíduos e da sociedade para com

a oferta de serviços e bens de ordem médico-assistencial e seu consumo cada vez mais intensivo. Essa

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pratica insessante da tecnologia médica passa a considerar como doença todos os problemas, dos mais

diversos (situações fisiológicas, problemas cuja determinação são, em última análise,

fundamentalmente, de natureza econômico-social), como tal demandando, para sua solução,

procedimentos médicos.

3.2 Categoria Sentimento

Na categoria sentimento ao ter seu cão recolhido, identificou-se o alivio e tristeza como

mostram as falas:

“Foi de alívio, por que todo mundo dentro de casa tava correndo o risco de se

contaminá”. (Entrevistado 4) “Uai a gente fica chatiado mas não tem jeito entendeu?

Ai teria que sacrificar né?(Entrevistado). “Ah eu eu procuraria um método de tratar, eu talvez tenha algum tratamento por cachorro, não deixar matar de primeira”.(

Entrevistado 14)“Ficaria com dó mais tinha que levar né! ”( Entrevistado

15)“Deixaria levar , uma doença assim que, no meu ver não tem solução né!”

(Emtrvistado 12)Aceitar né! Ah eu ia fica muito triste né, já perdir um por causa disso, teve um aqui que teve, perdi ela fiquei muito sentido com isso( Entrevistado 16).

Aqui o sentimento de identidade está sendo tomado no seu sentido mais superficial. Isto é, a

representação que uma pessoa adquire ao longo da vida. “O elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou

ambiente físico, ou um objeto, ou um ser (cão)” (TUAN, 1980, p.106).

O estreitamento no relacionamento homem-animal, e das novas dimensões que ela

tomou, onde o cão passa a ocupar um papel de destaque na sociedade e em casos extremos é considerado um membro da família, os estudos buscam respostas para os

fenômenos causadores dessa aproximação geradora de novas formas comunicacionais,

bem como suas causas e efeitos (BUENO,2009, p.).

A relação entre os seres humanos e o seu território faz dos costumes ou usos tradicionais de

uma cultura profundamente enraizada no solo. Tem assim uma identidade profunda entre o homem (a

doença) e o cachorro (território), e deste modo, com os fundamentos bastante fortes da ideologia

territorial. Esta articulação com o reservatorio canino que fixa o sentimento e os seres humanos é um

‘território mágico’, tem repercussões sociais importantes. A apropriação desse território nesse caso,

representa mais que a propriedade, ou mais exatamente, a identificação entre os seres humanos com

esse espaço, faz com que os indivíduos, tenham uma ligação afetiva com esse ser vivo que não é o seu

pelo sangue (BONNEMAISON, 1980).

O territorio torna-se simbólico no momento em que deixa de ser simples espaço de acomodação

de conceitos racionais dentro das noções acadêmicas de saúde clinica e geografica para se transformar

numa manifestação que contempla a relação de intersubjetidade entre o ser humano e o cão. Esse

substrado de território não pode ser medido em metros e dados rigorozos de controle de agravos de

endemicidade. Como parte da saúde de indivíduo e de uma coletividae, o território é vetor de análise e

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de ação dentro da noção de política pública que assume a humanização como elemento de prevenção e

cura, posto que se entende a afetividade oriunda do convívio com o cão como um elemento que

impulsiona a qualidade de vida dessas populações.

No decreto do Senado Federal Brasileiro nº 51.838, datado de 14 de março de 1963, que rege o

controle da doença considerada uma endemia rural, destaca-se o artigo 10, que esclarece que o

combate às leishmoneses tem por objetivo a interrupção da transmissão da doença do animal ao

homem, e/ou inter-humana, e os artigos 30 e 90, que determinam o sacrifício dos animais domésticos

doentes. No contexto de legislações estaduais e municipais definiu-se que além dos animais doentes,

os soropositivos também devem ser sacrificados (PEREIRA, 2010).

Entretanto, em função da urbanização da doença e a humanização no trato com os animais de

estimação, a questão surge como um grave problema de saúde pública e impasse jurídico, tendo em

vista que o possível, porém, ilegal, tratamento de animais doentes tem motivado muitos proprietários a

remover seus animais para outros ambientes, às vezes, não endêmicos para a doença, além, do grande

volume de ações judiciais em prol da da preservação e tratamento de animais infectados(FEIJÃO et

al.,2001). Somam-se a esta problemática o reconhecimento da OMS acerca das limitações da prática

da eutanásia de animais de alto valor afetivo e econômico, além, da contribuição de estudos de

modelagem matemática que indicam que a eutanásia de cães soropositivos, em escala de importância,

deveria ser a terceira medida a ser adotada ( BONAMAISON,1980; HASBAERT, 2004) .

Estudos de campo tem demostrado que estratégias como o controle de vetores, com o uso de

coleiras repelentes e letais para os flebótomos, bem como a imunização de animais sadios, se adotadas

de maneira sistemática, ou seja, com adequada cobertura da população canina suscetível, podem

interromper a transmissão da doença (BORJA-CABRERA et al., 2002). A base dessa discussão está

subsidiada na questão da interdisciplinaridade do conhecimento, envolvendo questões que permeiam

os campos da pesquisa, da política e planejamento em saúde pública e das relações humanas no

contexto da ética pessoal, profissional e legislação. Neste sentido, percebe-se que a efetividade do

controle da Leishmaniose,no Brasil, só será possível se os diversos atores envolvidos buscarem

entrosamento.

Cabe destacar, em particular, a importância do papel desempenhado pelo poder do Estado(

RAFFESTIN, 1993), que ao legislar, elaborar e executar ações de controle de doenças tenham em

mente a necessidade e obrigatoriedade de se alinharem aos contínuos avanços nos campos do

conhecimento e desenvovlimento de novas praticas e atitudes.

É notório que animais em companhia do homem proporcionam significativa melhoria na

qualidade de vida das pessoas, aumentando estados de felicidade, reduzindo sentimentos de solidão e

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melhorando as funções físicas e a saúde emocional. Como a vida das pessoas é freqüentemente

turbulenta, marcadas por perdas e mudanças, os animais domésticos podem aliviar os efeitos das

perdas e trazer conforto nos momentos estressantes. Além disso, animais de estimação podem

funcionar como um “lubrificante social”, pois sua presença acaba funcionando como estímulo à

conversa com outras pessoas. Assim, a ligação com animais de estimação influencia, positivamente, a

saúde das pessoas (COSTA, 2006).

A abordagem do território da saude nessa perspectiva da LV permite estabelecer as relações

entre as diferentes territorialidades. Assim, é possível transitar entre as escalas territoriais locais

(acesso aos serviços, qualidade de vida, moradia, educação, etc.) e sua relação com os mecanismos

territoriais globais (políticas públicas, infraestrutura, economia, etc.) e, a partir daí, estabelecer a

relação com os processos sociais como saúde, educação, renda, etc. e esses com processos afetivos. O

território vivido aflora e conduz aos clichês do cão ser o melhor amigo do homem/ o cão ser melhor do

que o ser humano/ O cão ser fiel. Pode-se aqui usar do termo multiterritorialidade para “condensar” o

sentimento dos atores sociais entrevistados.

CONCLUSÕES

Contudo, a identificação do conhecimento, percepções sobre a LV torna-se uma ferramenta

importante para o controle da doença. Assim, o planejamento das ações de saude em território, implica

em considerar essas territorialidades de forma efetiva para o alcance de mudanças de atitudes e adoção

de práticas saudáveis. O sentimento do homen em relação ao cão é essencial para compreensão das

interlocuções entre o homem e a patologia. Através da topofilia, os laços afetivos adquiridos com o

passar do tempo a um ser de estimação representam, de forma simbólica, a permanência e a

dificuldade de ruptura dos processos de saude – doença. Porém, se faz necessário ampliar os debates

sobre o embasamento epistemológico na geografia da saude, para suprir a necessidade desta corrente,

visto que a mesma é multidisciplinar. Entende-se, no entanto que a endemia de leishmaniose em

Governador Valadares requer além de estudos, cuidados com/na convivência com animais de

estimação um dos transmissores da doença.

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