teoria da contabilidade
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MDULO DE:
TEORIA DA CONTABILIDADE
AUTORIA:
Prof. Dr. ADRIANO RODRIGUES
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Mdulo de: TEORIA DA CONTABILIDADE
Autoria: Prof. Dr. Adriano Rodrigues
Primeira edio: 2008
CITAO DE MARCAS NOTRIAS
Vrias marcas registradas so citadas no contedo deste mdulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes
e informar quem possui seus direitos de explorao ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando
tais nomes apenas para fins editoriais acadmicos.
Declara ainda, que sua utilizao tem como objetivo, exclusivamente na aplicao didtica, beneficiando e
divulgando a marca do detentor, sem a inteno de infringir as regras bsicas de autenticidade de sua utilizao
e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrnicos, os quais foram analisados em pesquisas
de laboratrio e de literaturas j editadas, que se encontram expostas ao comrcio livre editorial.
Todos os direitos desta edio reservados
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Bairro Itaparica Vila Velha, ES
CEP: 29102-040
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Apresentao Neste mdulo voc ir estudar os principais conceitos e idias relacionadas teoria das
organizaes. Voc aprender como as principais vertentes de anlise contribuem para a
construo da teoria das organizaes enquanto disciplina.
Sero apresentadas as principais correntes clssicas de anlise organizacional e de gesto
da produo e do trabalho. Voc perceber que, apesar das modificaes de implementao
desses conceitos ao longo da histria, sua aplicabilidade ainda bastante ampla entre as
organizaes contemporneas.
Alm das correntes clssicas, sero abordadas correntes que tentam se opor ou apenas
complementar as teorias clssicas, descrevendo suas limitaes e possveis aplicabilidades.
As unidades baseiam-se em textos bsicos e complementares e apresentao de estudos de
caso especficos na utilizao do desenvolvimento do mdulo. Outros recursos iro auxili-lo
no estudo das formas de gesto da produo e do trabalho, como vdeos, por exemplo.
Se dedique leitura dos textos complementares e assista aos vdeos indicados, buscando
aprofundar seus conhecimentos sobre cada assunto.
Bons estudos!
Objetivo Desenvolver a condio de pensar a teoria da contabilidade como via concreta de soluo de
questes que se impem na busca de satisfazer o objetivo principal da contabilidade que
fornecer informaes teis a um grande nmero de usurios em suas avaliaes e tomadas
de deciso.
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Ementa Evoluo Histrica da Contabilidade. Abordagens da Contabilidade. Ativo. Passivo.
Patrimnio Lquido. Receitas. Despesas. Perdas. Ganhos. Estrutura Conceitual da
Contabilidade: Pronunciamento Conceitual Bsico do CPC1, Teoria Positiva da
Contabilidade. A Informao Contbil e os Mercados Financeiros. Hipteses Clssicas de
Pesquisa em Contabilidade.
Sobre o Autor Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de So Paulo (2008), Mestre em
Cincias Contbeis pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003), Especialista em
Contabilidade Gerencial (2000) e Graduado em Cincias Contbeis (1998) pela Universidade
Federal do Esprito Santo. Atualmente professor convidado do Programa de Mestrado em
Cincias Contbeis da UFRJ e professor adjunto do Departamento de Cincias Contbeis da
UFES. Tem experincia na rea de Cincias Contbeis, atuando principalmente nos
seguintes temas: Contabilidade em Mercados Regulados, Contabilidade Internacional e
Controle Gerencial em Empresas Internacionalizadas.
1 Comit de Pronunciamentos Contbeis.
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SUMRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 8
Ttulo 1 Teoria Normativa da Contabilidade ................................................... 8 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 13
Ttulo 1 A Contabilidade na Idade Antiga ..................................................... 13 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 17
Ttulo 1 A Contabilidade na Idade Contempornea ..................................... 17 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 21
Ttulo 1 Introduo ........................................................................................ 21 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 26
Ttulo 1 Introduo ........................................................................................ 26 UNIDADE 6 ......................................................................................................... 31
Ttulo 1 Introduo ........................................................................................ 31 UNIDADE 7 ......................................................................................................... 38
Ttulo 1 Valor Realizado ................................................................................ 38 UNIDADE 8 ......................................................................................................... 42
Ttulo 1 Valor Presente do Fluxo Futuro de Caixa ....................................... 42 UNIDADE 9 ......................................................................................................... 46
Ttulo 1 Qual o Significado de Exigibilidade? ............................................... 46 UNIDADE 10 ....................................................................................................... 51
Ttulo 1 Reconhecimento dos Passivos e Exigibilidades ............................. 51 UNIDADE 11 ....................................................................................................... 55
Ttulo 1 Definio e teorias do patrimnio lquido ........................................ 55 UNIDADE 12 ....................................................................................................... 61
Ttulo 1 Receitas ........................................................................................... 61 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 66
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Ttulo 1 Ganhos ............................................................................................. 66 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 69
Ttulo 1 O Pronunciamento Conceitual Bsico do CPC ............................... 69 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 72
Ttulo 1 Finalidade da Estrutura Conceitual do CPC .................................... 72 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 77
Ttulo 1 Objetivo das Demonstraes Contbeis ......................................... 77 UNIDADE 17 ....................................................................................................... 81
Ttulo 1 Regime de Competncia ................................................................. 81 UNIDADE 18 ....................................................................................................... 86
Ttulo 1 Introduo ........................................................................................ 86 UNIDADE 19 ....................................................................................................... 90
Ttulo 1 Representao Adequada ............................................................... 90 UNIDADE 20 ....................................................................................................... 93
Ttulo 1 Tempestividade ................................................................................ 93 UNIDADE 21 ....................................................................................................... 96
Ttulo 1 Ativos................................................................................................ 96 UNIDADE 22 ..................................................................................................... 102
Ttulo 1 Desempenho .................................................................................. 102 UNIDADE 23 ..................................................................................................... 106
Ttulo 1 Introduo ...................................................................................... 106 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 112
Ttulo 1 Introduo ...................................................................................... 112 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 115
Ttulo 1 Conceito Financeiro de Capital X Conceito Fsico de Capital ....... 115 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 119
Ttulo 1 Funes da Contabilidade e sua Regulao ................................. 119 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 123
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Ttulo 1 Contexto Brasileiro ......................................................................... 123 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 127
Ttulo 1 Convergncia entre IASB e FASB ................................................. 127 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 130
Ttulo 1 Definio da Teoria Positiva da Contabilidade .............................. 130 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 133
Ttulo 1 Hipteses sob a Perspectiva Oportunstica................................... 133 GLOSSRIO ..................................................................................................... 136
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 137
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UNIDADE 1 Objetivo: Apresentar as caractersticas bsicas dos enfoques de teoria da contabilidade que sero tratados ao longo desse mdulo.
Ttulo 1 Teoria Normativa da Contabilidade
Este enfoque de teoria da contabilidade segue uma linha dedutiva, na qual se procura de
forma prescritiva demonstrar como a contabilidade deveria ser, luz de sua estrutura
conceitual.
Na viso de Hendriksen & Van Breda (1999) e Iudcibus (2000) a linha dedutiva em
contabilidade o processo de iniciar com objetivos e postulados e, destes, derivar princpios
lgicos que forneam as bases para as aplicaes prticas ou concretas, sendo que seus
passos so os seguintes:
1. Formulao de objetivos gerais ou especficos dos relatrios contbeis;
2. Declarao dos postulados de Contabilidade concernentes ao ambiente econmico,
poltico ou sociolgico no qual a contabilidade precisa operar;
3. Estabelecer um conjunto de restries a fim de guiar o processo de raciocnio;
4. Estabelecer uma estrutura (ou framework), no qual as idias podem ser expressas e
sumarizadas;
5. Desenvolvimento de um conjunto de definies;
6. Formulao dos princpios ou declaraes gerais de polticas, derivados do processo
lgico; e
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7. Aplicao dos princpios a situaes especficas e o estabelecimento de mtodos de
procedimentos e normas.
Dentro deste primeiro enfoque, pretende-se apresentar os seguintes pontos a respeito da
teoria normativa da contabilidade: evoluo histrica da contabilidade, abordagens da
contabilidade, ativo, passivo, patrimnio lquido, receitas, despesas, ganhos e perdas.
Ttulo 2 Pronunciamento Conceitual Bsico do CPC
Este enfoque de teoria da contabilidade o que est mais prximo da realidade das
empresas brasileiras, especialmente do processo de elaborao e apresentao das
demonstraes contbeis para usurios externos.
Cabe ressaltar que a aprovao do PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL BSICO
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAO E APRESENTAO DAS
DEMONSTRAES CONTBEIS pelo Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC) est
registrada na Ata da 19 Reunio Ordinria do Comit de Pronunciamentos Contbeis,
realizada no dia 11 de janeiro de 2008.
Alm disso, o Pronunciamento Conceitual Bsico do CPC j foi aprovado e recomendado
pelos seguintes rgos:
Comisso de Valores Mobilirios: Deliberao CVM n 539/08
Conselho Federal de Contabilidade: NBC T 1, Resoluo n 1.121/08
Superintendncia de Seguros Privados: Circular SUSEP n 379/08 (Anexo I)
Agncia Nacional de Energia Eltrica: Ofcio Circular SFF-ANEEL n 2.775/08
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Em funo disso, houve a revogao dos documentos sobre Estrutura Conceitual utilizados
no Brasil at o ano de 2007:
Deliberao CVM n 29/86 que aprovou pronunciamento do IBRACON denominado
Estrutura Conceitual Bsica da Contabilidade.
Resolues CFC n 750/93 e 774/94 que dispem sobre os Princpios Fundamentais
da Contabilidade.
Resoluo CFC n 785/95, que dispe sobre as Caractersticas da Informao
Contbil.
Tal modificao tambm foi reforada com a promulgao da Lei n 11.638/2007, que alterou
a Lei das Sociedades por Aes em linha com as normas contbeis internacionais, alm de
estabelecer para a CVM o poder de emitir normas para as companhias abertas em
consonncia com essas normas internacionais. Entretanto, fundamental que isso seja
seguido por todos os demais tipos de sociedades para termos uma contabilidade uniforme no
Brasil.
Contudo, deve-se destacar que o Comit de Pronunciamentos Contbeis algo muito
recente no Brasil. Ele foi criado pela Resoluo CFC n 1.055/05, tendo como objetivo
principal: o estudo, o preparo e a emisso de pronunciamentos tcnicos sobre procedimentos
de contabilidade e a divulgao de informaes dessa natureza, para permitir a emisso de
normas pela entidade reguladora brasileira, visando centralizao e uniformizao do seu
processo de produo, levando sempre em conta a convergncia da contabilidade brasileira
aos padres internacionais.
No que diz respeito ao Pronunciamento Conceitual Bsico do CPC, optou-se por uma
traduo do documento original Framework for the Preparation and Presentation of Financial
Statements do International Accounting Standards Board (IASB). Essa estrutura conceitual
foi adotada pelo IASB em abril de 2001.
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A Estrutura Conceitual adotada agora no Brasil mais abrangente do que as estruturas
compostas pelos documentos denominados Princpios Fundamentais de Contabilidade e
Princpios Contbeis Geralmente Aceitos. Durante a vigncia desses dois documentos, o
arcabouo conceitual brasileiro apresentava algumas diferenas significativas para o
internacional, tais como:
Caractersticas qualitativas da informao contbil: no eram tratadas de maneira
objetiva no Brasil, diferentemente do pronunciamento internacional;
Premissas: enquanto a CVM tratava objetivamente dos postulados, o CFC no trazia
distino entre estes e os princpios e as convenes.
Assim, a atual estrutura conceitual brasileira passou a ser similar internacionalmente
adotada, pois consiste praticamente em sua traduo para o Portugus. Como resultado, no
h diferenas significativas em relao ao seu texto, o que pode levar inadequada
concluso de que sua aplicao no Brasil, assim como de outros pronunciamentos
internacionais, est garantida.
Apesar de, na forma, as estruturas serem similares atualmente, o ambiente institucional
brasileiro muito diferente se comparado a pases que aplicam normas que j so similares
s internacionais. O grande desafio est em evoluir da igualdade na forma e conseguir que
tambm seja aplicada em sua essncia na prtica.
Ttulo 3 Teoria Positiva da Contabilidade
De acordo com Iudcibus e Lopes (2004, p.18), define-se como Positiva a teoria que tem por
finalidade fornecer subsdios para explicar e predizer determinados fenmenos. Tal
denominao utilizada em sentido oposto ao significado de teoria normativa.
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Essa abordagem foi introduzida na pesquisa contbil internacional por volta dos anos 60,
sendo que a teoria positiva da contabilidade tornou-se um paradigma dominante a partir da
dcada de 80, mais precisamente aps os trabalhos de Watts e Zimmerman (1986).
Uma caracterstica importante da teoria positiva que ela est apoiada no mtodo indutivo,
em que se procura estabelecer hipteses sobre determinados fenmenos para serem
testadas empiricamente, com base em observaes extradas da realidade. Dentro do
contexto da contabilidade, tal teoria procura descrever como as empresas decidem os tipos
de informao que devem divulgar, de que maneira selecionam os procedimentos contbeis
que utilizam, dentre outras possibilidades.
Em suma, pode-se dizer que nas proposies da teoria normativa da contabilidade procura-
se o ideal, enquanto nas pesquisas com enfoque na teoria positiva da contabilidade procura-
se o que realmente acaba acontecendo com os agentes econmicos do mundo real.
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UNIDADE 2 Objetivo: Apresentar um panorama geral da evoluo histrica da contabilidade na idade antiga, na idade mdia e na idade moderna, com base na obra de SANTOS e SCHMIDT (2006).
Ttulo 1 A Contabilidade na Idade Antiga
Os primeiros vestgios de atividade contbil situam-se por volta de 8.000 a.C., em Uruk,
cidade da antiga Mesopotmia. Esses primeiros registros contbeis constituam-se em fichas
de barro, guardadas em receptculos de barro, que eram utilizadas na contagem do
patrimnio. Por exemplo, uma ficha de barro poderia representar um boi. Se esse boi fosse
transferido para outra pastagem, ou fosse mandado para ser tosqueado, ou fosse
emprestado, a sua ficha seria igualmente transferida para um outro receptculo de barro,
registrando dessa forma a transao e auxiliando o controle do patrimnio por parte do
proprietrio. Dessa forma, um nico evento contbil (por exemplo, um emprstimo de um boi)
envolveria dois receptculos de barro, um que forneceria uma ficha e outro que receberia
esta ficha. Isto seria um duplo registro da transao, ou em outras palavras, um lanamento
de partida dobrada.
Aps a criao das fichas de barro para o controle da contabilidade, houve a criao de
tbuas com escritos cuneiformes, para a contabilizao de po, cerveja, materiais e trabalho
escravo. Dessa forma, a inveno da escrita pelo homem est intimamente ligada ao
surgimento da Contabilidade.
O antigo Egito tambm contribuiu com grandes avanos na cincia contbil, principalmente
devido necessidade do governo de organizar a arrecadao de impostos. Os antigos
egpcios inovaram ao efetuar os registros contbeis utilizando valores monetrios, no caso o
shat de ouro e prata.
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Na antiga Grcia, a burocracia da cidade de Micenas mantinha arquivos que registravam, em
placas de barro, lanamentos de impostos, propriedade territorial, reservas agrcolas,
inventrios de escravos, de cavalos, de carros de guerra e de peas desses carros.
Os antigos romanos tambm se preocupavam em registrar cuidadosamente o seu patrimnio
pessoal, utilizando tbuas de cera gravadas com estiletes pontiagudos para rascunhos, que
em seguida eram transcritos para papiros ou pergaminhos. De alguns destes escritos,
denominados ratio, surgiu o atual livro Razo.
Ttulo 2 A Contabilidade na Idade Mdia
Na Idade Mdia, a cincia contbil europia sofreu um retrocesso. O colapso do imprio
romano do ocidente e a invaso dos brbaros germnicos ocasionaram a diminuio drstica
do comrcio no continente, devido insegurana generalizada e desorganizao das
atividades produtivas. Houve uma decadncia cultural, devido ao pouco valor dado pelos
invasores cultura baseada em livros. A alfabetizao ficou restrita aos mosteiros. Como a
populao tornou-se analfabeta em sua maioria, e praticamente no havia mais comrcio,
no havia mais meio nem razo de se efetuar a contabilidade, ocasionando uma interrupo
na evoluo da cincia contbil.
No continente americano, no entanto, a civilizao inca desenvolveu nesse perodo um
original sistema de contabilidade, os quipus. Estes eram cordes de l ou outro material
qualquer que, atravs de ns, registravam quantidades teis para a administrao do Imprio
Inca. O sistema numrico usado era o decimal, sendo que o n, pela sua localizao, podia
estar na casa das unidades, dos decimais, das centenas ou dos milhares. A cor dos cordes
significava um item padronizado: se o cordo fosse amarelo, por exemplo, representava
milho, desde que de acordo com o contexto. Pois, dado o nmero de cores ser menor que o
nmero de itens patrimoniais, cada cor podia representar mais de um tipo de item. Da, o
amarelo poder representar milho ou ouro, dependendo da situao.
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Dadas as complexidades na leitura dos quipus, existia um tipo de funcionrio especializado
na sua leitura, o quipucamayuc, ou "guardio do quipu". Vale notar que, para cada tipo de
uso do quipu (militar, econmico, estatstico, religioso etc.), existia um tipo de quipucamayuc.
Pode-se dizer que cada tipo de quipucamayuc se especializava num determinado ramo da
contabilidade. Assim, existiam quipucamayucs militares, religiosos, econmicos, estatsticos
etc.
No final da Idade Mdia, ocorre o renascimento comercial e urbano da Europa, devido ao fim
das invases brbaras. Isto gera a necessidade de um desenvolvimento da cincia contbil,
como forma de controlar o fluxo comercial em expanso. Esta necessidade particularmente
sentida nas cidades do norte da Itlia (Gnova, Veneza e Florena), que desenvolveram os
sistemas contbeis utilizando partidas dobradas (registros das operaes mercantis
mostrando a origem e a aplicao dos recursos).
Ttulo 3 A Contabilidade na Idade Moderna
A Idade Moderna tem incio oficial em 1453, com a conquista de Constantinopla pelos turcos.
Com o avano dos turcos no oriente, fecha-se a rota comercial que ligava a Europa e a sia
e que havia sido aberta pelas Cruzadas na Idade Mdia. A necessidade da abertura de
novas rotas para a sia levou diversas naes da Europa Ocidental, como Portugal,
Espanha, Frana, Inglaterra e Holanda, a procurarem por novas rotas martimas para a sia
que no passassem pelo Oriente Mdio dominado pelos turcos. Isto gerou as Grandes
Navegaes.
Com a descoberta da Amrica e da rota martima para a ndia, houve um grande incremento
do fluxo comercial europeu. As naes que conduziam esta expanso necessitaram da
tcnica contbil desenvolvida pelas cidades do norte da Itlia a fim de controlar as
transaes comerciais. Esta tcnica contbil veio a ser denominada Escola Contista, e teve
como figura principal Luca Pacioli, um frei italiano que sistematizou e popularizou o sistema
de partidas dobradas desenvolvido pelas cidades do norte da Itlia na Baixa Idade Mdia.
Para tal popularizao, contribuiu o fato de a obra de Pacioli ter surgido juntamente com a
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criao da impressora de tipos mveis por Gutenberg, o que possibilitou uma ampla difuso
do livro de Pacioli que expunha o sistema de partidas dobradas. A primeira edio da obra
clssica de Pacioli, La summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalit, foi
impressa em 10 de novembro de 1494, em Veneza.
A Escola Contista tinha como objetivo o controle do patrimnio da empresa atravs da
apurao do saldo das contas. As contas seriam o somatrio dos direitos e obrigaes que o
proprietrio tinha em relao a cada pessoa. Alm de Luca Pacioli, outro importante
personagem desta escola foi Benedetto Cotrugli.
Uma inovao desta escola foi a criao da conta de capital, que determinava a dvida da
empresa para com os proprietrios. A criao de inmeras sociedades por aes nesta
poca gerou a necessidade desta separao do patrimnio da empresa e dos proprietrios.
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UNIDADE 3 Objetivo: Apresentar um panorama geral da evoluo histrica da contabilidade na idade contempornea, no momento atual e as perfectivas futuras, com base na obra de SANTOS e SCHMIDT (2006).
Ttulo 1 A Contabilidade na Idade Contempornea
A Idade Contempornea teve incio com a Revoluo Francesa, em 1789, a qual determinou
um perodo histrico de libertao do indivduo frente ao Estado. Tal libertao significou, a
nvel de histria da contabilidade, o surgimento de inmeras escolas contbeis.
A primeira foi a Escola Lombarda ou Administrativa, que surgiu com a publicao de La
Contabilit Applicata Alle Ammministrazioni private e pubbliche, de Francisco Villa, em 1840.
Esta escola defendia que o principal objetivo da contabilidade era a administrao das
entidades. Vale lembrar que a Administrao de Empresas ainda no se constitua em um
ramo independente do conhecimento, nessa poca. A contabilidade deixava de se limitar
apurao dos saldos das contas e passava a se preocupar em como gerir as empresas.
Outro importante representante desta escola foi Antonio Tonzig.
A Escola Personalista, Logismogrfica, Jurdico-personalista ou Toscana surgiu em 1867,
com a publicao de I Cinquecontisti Ovvero La Ingannevola Teorica Che Viene Insegnata
Negli Istituti Tecnici Del Regno E Fuori Del Regno Intorno Il Sistema De Scrittura A Partita
Doppia E Nuovo Saggio Per La Facile Intelligentza Ed Applicazione Del Sistema por
Francesco Marchi. Alm dele, destacaram-se nesta escola Giuseppe Cerboni e Giovanni
Rossi. Fundava-se no estudo das relaes jurdicas entre os proprietrios da empresa, os
correspondentes (terceiros que negociavam com a empresa) e os agentes consignatrios
(empregados a quem eram confiados os valores da empresa).
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A Escola Controlista ou Veneziana surgiu com a publicao de La Ragioneria, de Fabio
Besta, em 1880. Alm de Besta, seus principais defensores foram Vittorio Alfieri, Carlo
Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D'Alvise. Segundo esta escola, o objetivo da contabilidade
seria o controle das empresas. Tal controle poderia ser anterior ao fato econmico
(contratos, por exemplo), concomitante (vigilncia sobre os empregados, por exemplo) ou
posterior (balano patrimonial, por exemplo). O controle poderia ainda ser ordinrio (quando
parte da rotina da empresa) ou extraordinrio (quando ocorresse de forma excepcional).
A Escola Norte-Americana surgiu em 1887, com a criao da AAPA (American Association of
Public Accountants). Esta escola se preocupou em melhorar a qualidade da informao
contbil, de modo a torn-la mais til para as empresas. Ao mesmo tempo, se preocupou em
padronizar a informao contbil, de modo a facilitar a comparao entre o desempenho das
vrias empresas por parte dos investidores.
Foi esta escola a responsvel pela diviso da contabilidade em Contabilidade Financeira
(voltada para informar o pblico externo empresa) e Contabilidade Gerencial (voltada para
informar os administradores da empresa). Uma outra caracterstica desta escola foi a grande
importncia das associaes profissionais de contadores em seu desenvolvimento terico
(AAA, AICPA, AAUIA, NYIA, NACA, IMA, ASCPA, AIA, CAP, APB, FAF, FASB etc.). Ao
contrrio das demais escolas, a norte-americana se preocupou em ser eminentemente
prtica, evitando construes tericas muito elaboradas. Esta escola foi ainda responsvel
pela confeco dos Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos (US-GAAP). Entre os
principais personagens desta escola, citam-se: Charles Ezra Sprague, Henry Rand Hatfield,
William Andy Paton, Ananias Charles Littleton, Carman George Blough, Maurice Moonitz,
Raymond Chambers, Richard Mattessich, Lawrence Robert Dicksee, Kenneth Most e
Kenneth Forsythe MacNeal.
A Escola Matemtica defendeu a idia de que a contabilidade no seria uma cincia social,
como julgavam as outras escolas, mas uma cincia baseada na matemtica, como a
economia, a engenharia ou a fsica. Ela via os valores numricos das contas no como
realidades fsicas, mas como entes abstratos, que podiam referir-se no s a empresas, mas
a qualquer outra realidade. Isto explicaria como possvel somar valores de realidades
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fsicas diferentes, como por exemplo o valor da conta caixa com o valor da conta de
estoques. Os crticos desta escola argumentam que no seria possvel separar as contas da
realidade fsica que elas representam, ou seja, separar a contabilidade da gesto das
empresas. Entre os representantes da Escola Matemtica, figuram Giovanni Rossi e Pierre
Garnier.
A Escola Neocontista surgiu como uma reao Escola Personalista. Esta ltima escola
enfatizava as relaes jurdicas entre proprietrio, administrador e empregado. A Escola
Neocontista reafirmava a importncia da apurao dos saldos das contas, como elemento
fundamental da contabilidade. Esta escola foi representada por pensadores franceses como
Jean Dumarchey, Ren Delaporte, Jean Bournisien, Albert Calms, Lon Batardon e L.
Quesnot.
A Escola Alem surgiu em 1919 com a publicao do livro de Schmalembach sobre Balano
Dinmico. Trouxe como inovaes: a separao clara do balano patrimonial da
demonstrao do resultado do exerccio, a correo monetria de acordo com um ndice
geral de preos ou com o padro-ouro, e valorao dos ativos pelos preos correntes. Seus
principais autores foram Schmalembach, Schmidt, Gomberg, Schr e Gutenberg.
A Moderna Escola Italiana, ou Economia Aziendal, surgiu em 1922, e defende que o objetivo
da Contabilidade calcular o resultado das empresas. Seu principal pensador Gino Zappa.
A Escola Patrimonialista surgiu em 1926, com a publicao do livro Ragioneria Generale, de
Vincenzo Mazi. Segundo esta escola, o objetivo da Contabilidade o estudo do patrimnio.
Este, por sua vez, se dividiria em: contas de ativo, contas de passivo e contas diferenciais ( o
patrimnio lquido ). Os crticos desta escola, no entanto, afirmam que este objetivo
demasiadamente ambicioso para os recursos de que disporia a Contabilidade. Estes crticos
se localizam principalmente na Itlia, razo pela qual esta escola logrou maior sucesso fora
de seu pas de origem. Outro grande pensador desta escola o brasileiro Frederico
Herrmann Jnior.
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Ttulo 2 A Contabilidade Atual e no Futuro
Com o surgimento do computador, a contabilidade sofreu grandes mudanas. Atividades
repetitivas que antes eram executadas por pessoas passaram a ser executadas com muito
maior eficincia por mquinas, liberando os contadores para atividades intelectualmente mais
criativas.
Este processo promete continuar, com o desenvolvimento de novos programas de
computador que substituem o trabalho dos contadores. Ao mesmo tempo, a transmisso de
dados contbeis via internet torna-se cada vez mais difundida, modificando enormemente a
atividade do profissional contbil. Um exemplo dessa mudana o adoo crescente da nota
fiscal eletrnica, que promete substituir totalmente a modalidade de papel.
Outra vertente de mudana no cenrio contbil a preocupao da sociedade com a
preservao ambiental, o que gera uma mudana nos paradigmas contbeis acerca da
avaliao patrimonial, a qual talvez venha a incluir no futuro a questo dos ativos e passivos
ambientais que comeam a ser estudados pelo novo ramo da contabilidade ambiental.
A questo social tambm comea a ser objeto de estudos da contabilidade, que procura
meios de incluir em seus relatrios informaes sobre o impacto das empresas na
sociedade.
Atualmente ocorre um movimento internacional de padronizao de normas contbeis
nacionais, tendo como referncia o IFRS (International Finantial Reporting Standards). Tal
harmonizao das normas contbeis em nvel internacional facilitar o livre trnsito do capital
internacional, o que se espera que dinamize a economia mundial rumo a uma maior
eficincia na alocao de recursos.
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UNIDADE 4 Objetivo: Tecer comentrios sobre as principais abordagens da contabilidade, com base na viso de Hendriksen & Van Breda (1999) e Iudcibus (2000).
Ttulo 1 Introduo
Na viso de Hendriksen & Van Breda (1999) e Iudcibus (2000) a contabilidade pode ser
encarada sob vrias abordagens ou nfases:
Abordagem tica
Abordagem Comportamental
Abordagem Macroeconmica
Abordagem Sociolgica
Abordagem Sistmica
Contudo, improvvel que possamos utilizar apenas uma dessas abordagens para definir e
compreender o modelo contbil.
Ttulo 2 Abordagem tica
Segundo esta abordagem, a contabilidade deveria apresentar-se como justa e no enviesada
para todos os interessados. Assim, deveria ter como referncia primordial noes de verdade
e justia. Porm, ao mesmo tempo em que todos concordam que a contabilidade deveria ser
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"verdadeira", "justa" e "no enviesada", muito difcil definir objetivamente o que vem a ser
justo, "verdadeiro" ou "no enviesado".
Diferentes contadores podem ter diferentes idias sobre esses conceitos. Por exemplo,
alguns poderiam entender que todos os usurios seriam bem informados se a base de
mensurao for o custo histrico, na premissa de que esse critrio objetivo e, portanto,
verdadeiro, justo e no enviesado. Para outros, todavia, o custo histrico pode ser enviesado
em algumas circunstncias, no sentido de que no fornece uma mensurao do custo de
reposio dos fatores de produo, na data do balano.
Sendo assim, as consideraes ticas podem exercer uma ampla influncia em toda
contabilidade. Contudo, dado o subjetivismo da abordagem tica, pode-se correr o risco de
por comodismo, continuarmos aceitando os princpios de contabilidade do modo como foram
concebidos, sem pesquisar possveis mudanas que poderiam ser implementadas com
intuito de melhorar o poder informativo da contabilidade. Alm disso, a abordagem tica no
distingue as necessidades diferenciadas dos vrios usurios, pretendendo apresentar um
nico conjunto de informaes que deveria ser "justo" para todos.
Ttulo 3 Abordagem Comportamental
A abordagem comportamental consiste em confiar nas vises da psicologia e da sociologia
no processo de desenvolvimento das teorias da contabilidade. Nesta abordagem, a
preocupao reside na relevncia da informao transmitida aos responsveis pela tomada
de decises e no comportamento de indivduos ou grupos diversos em conseqncia da
apresentao de informaes contbeis.
Os usurios mais importantes de relatrios contbeis apresentados a grupos externos a
empresa geralmente incluem acionistas, outros investidores, credores e autoridades
governamentais; entretanto, as teorias comportamentais tambm podem levar em conta os
efeitos de relatrios externos sobre as decises da administrao e o efeito, sob a forma de
feedback, das aes de contadores e auditores. Desse modo, as teorias comportamentais
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procuram medir e avaliar os efeitos econmicos, psicolgicos e sociolgicos de
procedimentos contbeis e mecanismos de divulgao alternativos.
Cabe ressaltar que a abordagem comportamental de teoria da contabilidade tem estimulado
uma busca, tanto entre contadores acadmicos quanto profissionais, de respostas as
seguintes perguntas:
Quem so os usurios das demonstraes contbeis publicadas?
Qual a natureza da informao especfica desejada pelos vrios grupos de
usurios?
Podem ser encontradas necessidades comuns de apresentao de demonstrativos
genricos, ou devem ser atendidas necessidades especficas?
Como reagem investidores, credores e administradores a procedimentos diferentes na
preparao de demonstraes contbeis?
Ttulo 4 Abordagem Macroeconmica
A abordagem macroeconmica busca explicar o efeito de procedimentos alternativos de
divulgao de dados sobre indicadores e atividades econmicas num nvel mais amplo do
que o de uma empresa, como, por exemplo, um setor de atividade ou a economia nacional.
Assim, seria possvel verificar que efeito haveria sobre a economia se todas as empresas
reconhecessem receitas no ponto em que sua administrao preferir.
Alguns desejam ir mais longe do que simples explicaes, e argumentam que um dos
objetivos da contabilidade deve ser guiar o comportamento de empresas e indivduos no
sentido da implantao de polticas econmicas nacionais especficas. Por exemplo, alguns
dizem que os objetivos econmicos nacionais demandam relatrios contbeis que permitam,
e at estimulem, pagamentos maiores de dividendos e investimentos reais mais elevados em
perodos de reduo da atividade econmica, e desestimulem investimentos em perodos de
inflao.
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Embora a maioria dos pases implante polticas macroeconmicas por meio de polticas
monetrias e fiscais e controles diretos, alguns pases, particularmente a Sucia, procuram
basear os conceitos e as prticas contbeis em metas macroeconmicas. Um dos efeitos de
tal enfoque o de que o objetivo de divulgao lucros estveis de um ano a outro legitima o
uso de reservas e polticas flexveis de depreciao.
Ttulo 5 Abordagem Sociolgica
Nesta abordagem a contabilidade analisada e julgada por seus efeitos no campo
sociolgico, sendo uma abordagem do tipo "bem-estar social" (welfare), no sentido de que os
procedimentos contbeis e os relatrios emanados da contabilidade deveriam atender a
finalidades sociais mais amplas, inclusive relatar adequadamente ao pblico as informaes
sobre a amplitude e a utilizao dos poderes das grandes companhias.
Na Inglaterra e Gr-bretanha, a abordagem tem uma aplicao parcial quando se obrigam as
sociedades annimas a evidenciarem, claramente, eventuais contribuies para entidades de
caridade e para organizaes polticas.
So bastante complexas a definio e a aplicao precisa desta abordagem, pois, muitas
vezes, os aspectos sociolgicos podem ser inferidos apenas na anlise dos procedimentos
que esto sendo utilizados. As inter-relaes de interesses afetados pelo uso dos poderes e
recursos das grandes sociedades so inmeras e, s vezes, contrastantes.
Nos pases em desenvolvimento, por exemplo, esta abordagem poderia ser confundida com
restries ao das multinacionais e ser motivo para grandes disputas que escapariam do
mbito contbil. Todavia, no h dvidas de que certos itens de despesa das grandes
sociedades mereceriam uma explicao melhor, mas isto pode ser obtido por intermdio de
normas bem precisas sobre a evidenciao em notas de rodap ou em quadros
suplementares ao balano.
Uma variante desta abordagem a chamada Contabilidade Social que consiste em ampliar a
evidenciao contbil para incluir informaes sobre nveis de emprego da entidade, tipos de
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treinamento, demonstrao do valor adicionado etc. Outra ramificao importante a
contabilidade ambiental.
Esta abordagem est sendo bastante pesquisada na atualidade, dada a amplitude de
interesses que procura atingir (sindicatos de empregados, governos etc.). Abarca desde a
accountability por gastos societrios de natureza poltica at a Contabilidade Social (DVA e
Ambiental, por exemplo).
Ttulo 6 Abordagem Sistmica
Nesta abordagem a contabilidade conceituada como mtodo de identificar, mensurar e
comunicar informao econmica, financeira, fsica e social, a fim de permitir decises e
julgamentos adequados por parte dos usurios da informao contbil. Dentro deste
contexto, a noo de relevncia uma das poucas formas de delimitar a quantidade e a
qualidade da informao contbil divulgada. Caso contrrio, no seria possvel saber quais
os limites a serem estabelecidos no processo de divulgao da informao contbil.
Para a abordagem sistmica o processo de divulgao implica no reconhecimento dos tipos
de informao necessria para cada usurio relevante da informao contbil e a avaliao
da habilidade dos usurios em interpretar a informao de modo adequado. No parte de
posies doutrinrias sobre qual o tipo de deciso que leva a resultados adequados e no
entra em critrios de julgamento tanto sobre a tica de determinado procedimento como
sobre o uso dos poderes societrios, mas procura entender as necessidades expressas de
cada usurio e fornecer uma resposta adequada.
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UNIDADE 5 Objetivo: Estudar os principais conceitos e definies tericas de ativo.
Ttulo 1 Introduo
No mbito da teoria da contabilidade, o conceito de ativo assume importncia fundamental, o
que enfaticamente destacado por Iudcibus (2000, p.129):
to importante o estudo do ativo que poderamos dizer que o captulo fundamental
da contabilidade, porque sua definio e avaliao est ligada a multiplicidade de
relacionamentos contbeis que envolvem receitas e despesas.
Alm de envolver valiosa discusso sobre as diferentes metodologias para a mensurao de
elementos patrimoniais, o conceito de ativo de utilidade para a definio de outros
importantes termos como receitas, despesas, passivos e patrimnio lquido.
Dentro desse contexto, pode-se definir a receita como a validao, pelo mercado, da
variao positiva do valor do ativo ou, de outra forma, a validao, pelo mercado, do
incremento no potencial do ativo de gerar benefcios futuros. A despesa pode ser entendida
como o consumo de ativos ou, alternativamente, como o ativo expirado ou sacrificado. Os
passivos, por sua vez, poderiam ser vistos como ativos negativos, enquanto que o patrimnio
lquido, como ativos lquidos ou, ainda, como os ativos livres de direitos de terceiros.
Tendo em vista a relevncia do conceito de ativo na contabilidade, entende-se como fator de
extrema importncia que os profissionais atuantes na rea contbil tenha satisfatria
compreenso sobre o referido conceito.
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Ttulo 2 Conceito de Ativo
Em muitos cursos de contabilidade, em nvel tcnico, de graduao e, provavelmente,
tambm em alguns de ps-graduao, o conceito de ativo apresentado como "o conjunto
de bens e direitos de uma entidade" ou como "as aplicaes de recursos" de uma empresa.
Esse tipo de conceituao ensinado, sem ensejar discusses, como a definio adequada
para o termo ativo. A conseqncia que alunos e profissionais em formao, com
naturalidade, acabam aceitando o conceito apresentado como satisfatrio e inquestionvel.
No entanto, pela superficialidade e pela no contemplao de caractersticas fundamentais
do conceito, a forma apresentada de definio , na realidade, insatisfatria.
Essa conceituao de ativo apresentada anteriormente no contempla uma das
caractersticas de maior relevncia para uma adequada compreenso do significado do
termo. Tal caracterstica refere-se noo de expectativa de benefcios econmicos futuros.
Assim, ao mesmo tempo em que diversos autores definem ativos com clara referncia a
"benefcios futuros esperados", grande parte dos profissionais atuantes na rea contbil
parece aceitar naturalmente definies que no contemplam a referida noo.
Hendriksen & Van Breda (1999), por exemplo, afirmam que ativos so essencialmente
reservas de benefcios futuros. E mencionam a definio de ativo do FASB, encontrada em
seu referencial conceitual, isto , ativos so benefcios econmicos futuros provveis, obtidos
ou controlados por uma entidade em conseqncia de transaes ou eventos passados.
Para o FASB, incorporar um benefcio futuro provvel caracterstica essencial dos ativos.
Assim, no se pode reconhecer a existncia do ativo em termos contbeis no caso de
ausncia desta caracterstica.
Nesse raciocnio, Hendriksen & Van Breda (1999), analisando a necessidade de existncia
de direito especfico a benefcios futuros, ressaltam que o direito deve produzir um benefcio
positivo; os direitos com benefcios nulos ou negativos em potencial no so ativos. E
oferecem um exemplo: se um prdio tiver perdido seu valor como gerador de utilidade, seu
nico valor residir no sucateamento dos materiais de que composto. Se o custo de
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remoo for igual ou superior ao valor de liquidao dos materiais, o prdio no ter valor
algum, no devendo ser considerado um ativo.
O exemplo citado ajuda a observar como a noo de benefcio futuro esperado relevante
para a compreenso do significado do termo ativo. As expresses "aplicaes de recursos" e
"conjunto de bens e direitos de uma entidade" vo, dessa maneira, demonstrando sua
imperfeio e deficincia.
Iudcibus (2000, p.130), por sua vez, destaca trs aspectos a serem observados na definio
de ativo:
1. O ativo deve ser considerado luz de sua propriedade e/ou luz de sua posse e
controle; normalmente as duas condies viro juntas;
2. Precisa estar includo no ativo, em seu bojo, algum direito especfico a benefcios
futuros [....] ou, em sentido mais amplo, o elemento precisa apresentar uma
potencialidade de servios futuros (fluxos de caixa futuros) para a entidade;
3. O direito precisa ser exclusivo da entidade [....].
Interessante observar que a palavra bojo, utilizada no item 2, significa a parte mais ntima de
um item. Depreende-se, portanto, que precisa estar includo no ativo, em sua parte mais
ntima, em seu mago, em seu cerne, um direito especfico a benefcios futuros. Assim, vai
sendo clarificada a importncia fundamental da idia de benefcios futuros na conceituao
do termo ativo.
Iudcibus (2000, p. 131) ainda afirma, adicionalmente, que "bens incorporados por doao
so ativos, da mesma forma que os adquiridos ou construdos, desde que confiram
entidade expectativas de benefcios futuros".
No documento Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements, o
IASB (International Accounting Standards Board) tambm destaca o "benefcio econmico
futuro" como uma caracterstica incorporada aos ativos. De acordo com sua estrutura
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conceitual, o benefcio econmico futuro embutido em um ativo o potencial de contribuir,
direta ou indiretamente, ao fluxo de caixa ou equivalente caixa da empresa. Alm disso, a
expectativa de benefcios econmicos tambm encontra fundamentos na definio proposta
pelo IASB, em que o ativo um recurso controlado pela empresa como resultado de eventos
passados e do qual se espera que futuros benefcios econmicos resultem para a empresa.
Pelo exposto, evidencia-se a importncia fundamental da noo de "benefcios econmicos
futuros" para uma correta definio e compreenso do conceito de ativo, caracterizando a
inadequao de expresses simplrias como "aplicaes de recursos" e "bens e direitos de
uma entidade" para uma satisfatria percepo da natureza bsica do referido conceito.
Ttulo 3 Compreenso do Conceito de Ativo
A adequada compreenso da natureza do conceito de ativo pode ajudar os contadores em
diversas situaes profissionais e no tratamento de questes prticas da contabilidade.
evidente que muitos ativos, como imveis e aplicaes em ttulos pblicos, so detidos
pelas empresas por meio de direitos legais, como o de propriedade. Cabe reconhecer, no
entanto, que a propriedade no caracterstica essencial para a definio da existncia de
um ativo. Nesse sentido, vale o exemplo oferecido pelos equipamentos objetos de leasing,
considerados como ativos, no em funo de ser caracterizada a propriedade, mas pelo fato
de haver controle, por parte da empresa, dos benefcios que se espera sejam provenientes
dos bens. Verifica-se, dessa maneira, que essencial o enfoque de benefcios futuros para a
caracterizao da existncia do ativo.
O entendimento sobre a importncia da noo de "benefcios futuros esperados" para a
definio do conceito colaborar para uma anlise mais apurada sobre as diferenas
existentes entre os diversos mtodos de mensurao de ativos. Por exemplo, torna-se mais
fcil compreender que a adoo do valor de venda para todos os ativos critrio adequado
apenas na hiptese de descontinuidade, pois, na continuidade, importa o fluxo de servios
futuros proporcionados pelo ativo entidade.
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Tal conceituao do ativo relevante para melhor compreenso dos procedimentos de
reconhecimento contbil dos ativos, como evidencia o parecer do IASB: Um ativo
reconhecido no balano quando provvel que a empresa venha a receber dele benefcios
econmicos futuros e o ativo tem um custo ou valor que possa ser medido em bases
confiveis.
De maneira equivalente, tambm na avaliao de ativos encontra-se implicao do conceito.
Assim, segundo Hendriksen & Van Breda (1999), a avaliao de ativos deve refletir a
mensurao dos benefcios a serem recebidos pela empresa.
Outra aplicao conceitual dada com a contabilizao de softwares como bens do ativo
permanente. Tendo-se em mente a potencialidade de contribuio aos resultados futuros,
natural a aceitao da idia de que a amortizao do bem deve ser em funo da expectativa
de perodos a serem beneficiados.
Tambm menos esforo precisar ser empenhado para perceber o real significado da
depreciao que, como mtodo, pode at representar a alocao de custos, mas, na
essncia, caracteriza a perda de potencial de servios futuros.
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UNIDADE 6 Objetivo: Compreender os critrios de avaliao e mensurao dos ativos com base em valores de entrada.
Ttulo 1 Introduo
As alternativas referentes aos critrios de avaliao e mensurao dos ativos podem ser
divididas em duas classes: valores de entrada e valores de sada. Com base nas alternativas
apresentadas por Martins (2001), temos o seguinte:
Critrios com Base em Valores de
Entrada
Critrios com Base em Valores de Sada
- Custo Histrico (ou original)
- Custo Histrico Corrigido
- Custo Corrente
- Custo Corrente Corrigido
- Custo de Reposio Futuro
- Valor Realizado
- Valor Corrente de Venda
- Valor Realizvel Lquido
- Valor de Liquidao
- Valor de Realizao Futuro
- Valor Presente do Fluxo Futuro de Caixa
- Valor Justo de Mercado
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Ttulo 2 Custo Histrico (ou original)
Trata-se do valor original da transao, isto , o preo pelo qual o ativo foi adquirido. O custo
histrico o valor de entrada que melhor atende o conceito de objetividade, alm de
contribuir para a proteo do capital da empresa. Por isso, pode-se dizer que esse critrio
um dos mais usados na contabilidade com foco em usurios externos.
No tocante utilidade, o custo histrico tem a vantagem de ser um dado elementar, ou seja,
exige menos premissas definidas pelo avaliador. Isso permite que o usurio processe o dado
de acordo com seus prprios pressupostos e objetivos.
Conforme Iudcibus (2000, p. 139), uma das razes mais fortes para a adoo do custo
histrico sua possvel aderncia, no momento da aquisio, para expressar os potenciais
de servios futuros, para a empresa, do ativo que est sendo adquirido. Isto , presumindo
um mercado livre, o custo de aquisio expresso no preo de barganha de um ativo uma
quantificao satisfatria das expectativas de servios futuros no momento da compra.
Outro aspecto relevante observado por Hendriksen (1999) que uma das mais fortes razes
da adoo generalizada do custo histrico tem sido sua estreita relao como o conceito de
realizao da receita na mensurao do lucro. De fato, um lucro baseado em valores
histricos totalmente realizado, tanto na parte operacional quanto na dos ganhos.
No que diz respeito s desvantagens relacionadas ao uso do custo histrico, pode-se
destacar os seguintes pontos:
O valor dos ativos muda com relao ao tempo.
A mudana de valor ocorre no somente em virtude de variaes de preos e
obsolescncia, mas tambm em virtude da mudana no estoque de potenciais
servios futuros de cada ativo.
No permite reconhecer perdas e ganhos quando economicamente acontecem, mas
somente quando so realizados.
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O conceito de lucro contbil apurado na DRE desconsidera a variao do poder
aquisitivo da moeda, alm do no reconhecimento do custo de capital prprio
empregado.
De acordo com Martins (2001, p. 36), o custo histrico deve ser evitado nos casos em que
pretendemos apurar a capacidade de gerao futura de riqueza (valor econmico) do objeto
avaliado. Assim, o referido autor relaciona as seguintes situaes em que o uso exclusivo do
custo histrico no seria recomendvel:
1. Avaliao para compras e vendas de empresas em processo de privatizao;
2. Processos de encerramento de atividades (inclui falncias);
3. Processos de ciso, incorporao ou fuso;
4. Para garantias, penhores etc.;
5. Gesto interna da empresa que no seja apenas olhar o desempenho passado etc.
Ttulo 3 Custo Histrico Corrigido
Trata-se de corrigir o custo histrico original por algum ndice que reflita a variao do poder
aquisitivo mdio geral da moeda.
Nos pases que enfrentam altas taxas de inflao aparece como uma alternativa importante
por sua objetividade, pelo baixo custo do processo de correo e pela relevncia da
informao.
Na viso de Iudcibus (2000), custo histrico corrigido nada mais do que uma restaurao
dos prprios custos histricos. Neste caso, no se pretende chegar a custos de reposio,
mas apenas restabelecer os custos incorridos em transaes passadas em termos de poder
aquisitivo da moeda de uma data-base.
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O custo histrico corrigido apresenta a vantagem de ser de fcil utilizao e, alm do mais,
leva a uma avaliao do patrimnio lquido que facilita as tomadas de decises para manter
o patrimnio pelo menos com a mesma potencialidade, apesar das distribuies.
Sua principal limitao consiste na empresa, devido estrutura de seus ativos e a seu
posicionamento no setor, experimentar, s vezes, uma taxa de perda de poder aquisitivo de
sua moeda diferente da mdia geral da economia. Assim, seria preciso calcular uma inflao
da prpria empresa, o que tambm geraria diversos outros problemas.
Por outro lado, o conceito favorece a comparao de ativos avaliados em datas distintas,
pois, freqentemente, escolhe-se uma data-base comum para restaurao dos custos
histricos. Em certas circunstncias, quando sabemos, por exemplo, que determinado ativo
no vai mesmo ser reposto, o conceito do custo histrico corrigido melhor do que o prprio
conceito de custo corrente.
Ttulo 4 Custo Corrente
Custo corrente tambm conhecido como custo de reposio. Para Iudcibus (2000, p. 139)
custos histricos e correntes so iguais na data de compra de um ativo. Porm, medida
que os preos mudam e a tecnologia fica mais sofisticada, pode haver variaes. Em sentido
mais rigoroso, custo corrente de um ativo, hoje, no estado em que se encontra, seria o
somatrio dos custos correntes dos insumos contidos em um bem igual ao originariamente
adquirido menos sua depreciao.
O custo corrente de um ativo, procura, assim, representar a avaliao, a preos correntes, do
mesmo ativo adquirido h mais tempo. Quando a taxa de mudana tecnolgica acentuada
em determinado ramo, fica difcil reproduzir os valores correntes dos ativos assim definidos,
pois estes j se diferenciam sensivelmente dos antigos quanto s caractersticas tcnicas e
de produtividade. Todavia, desde que os novos ativos prestam servios equivalentes aos
antigos, podem-se obter aproximaes. Mas, freqentemente, o valor dos benefcios a serem
obtidos com o novo ativo no igual ao custo corrente do ativo antigo.
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Ainda de acordo com Iudcibus (2000, p. 140) o custo corrente apresenta, na data da
avaliao, uma srie de vantagens sobre o custo histrico e sobre outros conceitos:
1. Para o usurio e investidor externo pode aproximar-se razoavelmente, com ajustes, do
valor que deveria pagar para montar uma fbrica igual (em estado novo) quela que
est avaliando (se os ativos estiverem avaliados a custos correntes).
2. Por outro lado, como o custo corrente representa, hoje, uma medida do valor de
compra dos ativos, quando amortizamos esses ativos para despesa, teremos uma
comparao mais adequada entre valores correntes de receita e despesa. claro que
o poder aditivo dos ativos avaliados a custos histricos muito menos significativo do
que se utilizarmos custos correntes. A no ser que se saiba que no iremos substituir
nossos ativos (devido, digamos, a uma queda na demanda dos produtos produzidos
por determinada mquina, ou em caso mais geral, se tivermos mudado toda nossa
orientao tcnica de produo e, por isso, os ativos atuais no mais continuarem no
futuro), o custo corrente apresenta-se como uma das mais promissoras formas de
avaliao geral para o ativo.
Conceitualmente, ele to bom quanto o valor de sada (trata-se afinal de um preo
de mercado); para a empresa que est avaliando talvez de mais prtica
determinao. Se no existir um preo de mercado, a empresa tem um histrico de
insumos de custos muitas vezes suficiente para calcular o custo corrente dos insumos
contidos no ativo, ao passo que talvez no possusse o histrico dos preos de sada.
Para o usurio externo uma medida que aumenta o poder preditivo do balano, que
melhor compara receita com despesa e representa uma aproximao de quanto
deveria desembolsar para obter uma empresa parecida com a que est sendo
avaliada. Considerando todos os pontos fracos e fortes e, inclusive, levando-se em
conta a gerncia, que tem reconhecida preferncia por valores correntes (de
reposio), pode-se concluir que o custo corrente de reposio, na data, * como base
de avaliao de ativo, seja, provavelmente, o mais completo.
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Ttulo 5 Custo Corrente Corrigido
Conforme Iudcibus (2000, p. 141), talvez o mais completo conceito de avaliao de ativos
a valores de entrada, pois combina as vantagens do custo corrente com as do custo histrico
corrigido. Os ativos so basicamente avaliados em determinada data a valores correntes (de
reposio). Em uma data posterior, os ativos da mesma entidade so tambm avaliados a
custos correntes de reposio, naquela data.
Embora em cada data os ativos representem a mais razovel aproximao (levando-se em
conta tambm a praticabilidade e a objetividade) dos valores econmicos dos ativos (desde
que tenhamos renunciado aos fluxos descontados), estes podem no ser comparveis nas
duas datas, se houver ocorrido no perodo variao do poder aquisitivo mdio geral da
moeda (inflao ou deflao).
Ttulo 6 Custo de Reposio Futuro
De acordo com Martins (2001, p. 82), a aplicao do custo corrente (ou custo corrente
corrigido) pode no cumprir adequadamente suas finalidades, caso a empresa efetue a
reposio dos estoques aps a data da venda. Isso porque, nesse intervalo, o item
patrimonial poderia sofrer novas variaes especficas. Portanto, a comparao entre o valor
da venda e o custo corrente do estoque na data da operao talvez no represente o
adequado resultado bruto.
Visando atender essa situao, o item do resultado poderia ser avaliado pela expectativa do
custo corrente na data da sua reposio, ou seja, custo de reposio futuro (CRF). Essa
opo, tambm chamada de Nifo (next-in-first-out), tem como premissa a continuidade das
operaes da empresa com os mesmos tipos de produtos ou servios.
Nessa hiptese, um resultado potencialmente til seria a diferena entre a receita obtida e o
custo futuro da reposio da unidade vendida. Entretanto, este no se reporta data de
ocorrncia da venda do bem. Ao contrrio, refere-se data prevista para a prxima compra.
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Assim, a principal vantagem do custo de reposio futuro, comparativamente com o custo
corrente, consiste em elevar o nvel da utilidade da informao quando esperamos
significativas alteraes de preos para as futuras compras dos recursos consumidos. Por
outro lado, sua principal desvantagem consiste na elevao do nvel de subjetividade
inerente previso do custo da prxima aquisio do item avaliado.
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UNIDADE 7 Objetivo: Compreender os critrios de avaliao e mensurao dos ativos com base em valores de sada.
Ttulo 1 Valor Realizado
Para Martins (2001, p. 96-97), o valor realizado (VR) consiste no montante originado do
conflito de interesses entre comprador e vendedor, buscando menor e maior preo,
respectivamente, numa transao j efetivada. Cabe complementar que, para o conceito
abordado, deve-se ter a tica de quem vende. No caso do comprador, o enfoque seria custo
histrico.
Na verdade, o que temos a viso da mesma transao sob duas ticas: na do comprador,
o valor da transao ocorrida nessa circunstncia fornece seu custo histrico do bem,
utilidade ou servio adquiridos; na do vendedor, o da receita obtida.
Devido a esse relacionamento com o custo histrico, ao menor grau de subjetividade e
facilidade de obteno (consta no documento de venda), o valor realizado amplamente
usado na contabilidade financeira para a avaliao de receitas. Assim, o confronto com seu
correspondente valor de entrada gera, na maioria das vezes, o resultado do exerccio
divulgado pelas empresas.
O valor realizado, apesar de associado ao passado, tambm muito usado na contabilidade
gerencial, principalmente combinado com outros valores de entrada ou de sada. A avaliao
de desempenho do setor de vendas, o acompanhamento de oramentos etc. so alguns
exemplos.
As principais vantagens inerentes ao valor realizado esto associadas ao atendimento dos
conceitos da objetividade e praticabilidade. Por isso, ele amplamente usado na
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contabilidade financeira. Alm disso, o reconhecimento do resultado aps sua efetiva
realizao tambm proporciona a reduo do risco de descapitalizao da empresa,
medida evita a apurao e distribuio antecipada de lucros potenciais.
Outra vantagem atribuda ao valor realizado a menor dificuldade de identificao das
despesas associadas receita efetivada, acarretando uma maior aproximao do resultado
total da operao. Isso porque, no moto da concretizao do negcio, geralmente temos uma
boa noo dos os que devemos sacrificar para fazer jus ao benefcio auferido.
Contudo, assim como no custo histrico, o valor realizado sofre crticas no que refere
utilidade da informao. Seu uso exclusivo para o reconhecimento dos resultados pode
acarretar:
1. Ocultao das expectativas de gerao de riqueza associadas s decises tomadas;
2. Dificuldade para a avaliao de desempenho; e
3. Afastamento do valor econmico do empreendimento.
Ttulo 2 Valor Corrente de Venda
Na viso de Iudcibus (2000, p. 138), quando o produto da empresa for vendido em um
mercado organizado, o preo corrente de venda pode ser uma razovel aproximao do
futuro preo de venda. Assim, este mtodo pode ser uma razovel aproximao para as
entradas previstas de caixa para ativos, tais como inventrios de produtos para venda,
produtos ou co-produtos prximos do estgio final de acabamento. Se, todavia, no se
espera vender os produtos em curto espao de tempo, seu preo atual deveria ser
adequadamente descontado ao valor atual.
Esse critrio no pode ser utilizado como conceito geral de avaliao do ativo. Isso significa
que avaliamos o ativo por meio de vrios conceitos, de acordo com o ativo avaliado. Alm do
mais, o preo corrente de venda o valor que est sendo pago pelo comprador marginal
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agora e no representa, necessariamente, o valor que ser pago no futuro, exceto se todas
as condies permanecerem constantes.
Ttulo 3 Valor Realizvel Lquido
Para Iudcibus (2000, p. 138), se existem custos e despesas adicionais de venda, tais itens
deveriam ser deduzidos do valor de venda a fim de obtermos uma avaliao correta. Este
mtodo conhecido como valor realizvel lquido.
De acordo com Martins (2001, p. 105), o valor realizvel lquido pode ser entendido como o
valor corrente de venda deduzido os gastos necessrios para a realizao do item avaliado,
isto , o montante esperado da entrada lquida de caixa que a venda do item proporcionaria a
empresa. Assim, poderamos melhorar as previses sobre seu fluxo de caixa futuro.
Ttulo 4 Valor de Liquidao
Conforme Iudcibus (2000, p. 138), esta a hiptese extremada de valores de sada, porque
presume uma venda forada, tanto para clientes normais a preos extremamente reduzidos,
como para outras firmas, bem abaixo do custo. Deveriam ser utilizados apenas quando
mercadorias ou outros ativos se tornarem obsoletos e quando a empresa no espera
continuar o empreendimento em futuro prximo; , portanto, uma hiptese de
descontinuidade.
Ttulo 5 Valor de Realizao Futuro
Para Martins (2001, p. 111), o valor de realizao futuro poderia ser entendido como o
benefcio que a empresa auferir com a realizao de um item patrimonial no futuro,
considerando que ela ocorrer num espao de tempo em que se esperam alteraes
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significativas no mercado. Seu correspondente valor de entrada seria o custo de reposio
futuro.
O valor de realizao futuro, diferentemente do corrente de venda e realizvel lquido, inclui
as expectativas de alteraes no cenrio de atuao da empresa, relativa ao perodo entre a
avaliao e a realizao efetiva do item patrimonial.
A aplicabilidade do valor de realizao futuro a mesma atribuda ao corrente de venda e
realizvel lquido, porm quando so esperadas alteraes relevantes at o momento da
efetiva realizao.
Devido incluso das alteraes de mercado previstas, desconsiderando a premissa de que
as condies atuais constituem uma boa aproximao para o momento da venda, o valor de
realizao futuro prope-se a melhorar previses das entradas de disponibilidades. Essa
caracterstica tida importante para o usurio, proporcionando uma elevao da utilidade da
informao.
O acrscimo de utilidade associado ao uso do valor de realizao futuro, comparativamente
com o corrente de venda e realizvel lquido, acarreta o sacrifcio do conceito da
objetividade. Isso porque o estabelecimento das alteraes previstas at a efetivao da
venda est impregnado de subjetividade.
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UNIDADE 8 Objetivo: Compreender os critrios de avaliao e mensurao com base no valor presente do fluxo futuro de caixa e no valor Justo de mercado.
Ttulo 1 Valor Presente do Fluxo Futuro de Caixa
O valor presente do fluxo futuro de caixa ou valor presente lquido (VPL) consiste em
converter os benefcios e sacrifcios associados a um item patrimonial em quantidades de
moeda, respeitando as pocas de ocorrncia, e transport-las para a data especfica por
meio do uso de taxas de juros.
A aplicao do valor presente do fluxo futuro de caixa, segundo Hendriksen e Van Breda
(1999), seria vlida somente quando:
Os recebimentos e pagamentos futuros de dinheiro (ou equivalentes) forem
conhecidos ou estimveis com elevada segurana.
O perodo de tempo for relativamente longo.
Assim, o valor presente do fluxo futuro de caixa, aplicado ao ativo, objetiva identificar o
montante que, recebido hoje, proporcionaria a mesma utilidade que outro obtido em data
futura determinada (equivalncia de capitais). Percebemos que essa opo essencialmente
financeira.
O valor presente do fluxo futuro de caixa, por melhorar as previses sobre as futuras
entradas e sadas de disponibilidades e mostrar os genunos elementos patrimoniais
geradores de riqueza, possui muitos usos.
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Um dos usos principais na avaliao de desempenho dos gestores, em momentos bem
antecedentes aos tradicionalmente utilizados para fins dessa verificao de performance.
Assim, o valor presente do fluxo futuro de caixa a opo que mais se aproxima do valor
econmico do item avaliado. Portanto, est num dos mais elevados nveis de atendimento ao
conceito da utilidade.
Quando conseguida sua aplicao com valores bastante confiveis, trata-se de forma de
avaliao quase insupervel, quando se quer medir o valor econmico de um ativo.
Analisando pelos ngulos da objetividade e praticabilidade, o valor presente do fluxo futuro
de caixa mostra-se vulnervel. Por isso, sua aplicao na contabilidade financeira deve
merecer profunda reflexo.
Os componentes do valor presente do fluxo futuro de caixa considerados subjetivos ou
difceis de obter so os seguintes:
Valores esperados dos recebimentos e pagamentos futuros;
poca de ocorrncia dos eventos;
Taxa de desconto; e
Dificuldade ou impossibilidade de se conhecer o valor presente lquido individualizado
de cada um dos ativos da empresa.
Ttulo 2 Valor Justo de Mercado
O Valor Justo de Mercado (Fair Market Value) representa o montante que poderia ser
recebido com a venda de um ativo quando existem compradores e vendedores interessados
e financeiramente capazes de concretizar a transao e inexistem circunstncias anormais
tais como liquidao, desabastecimento e emergncias.
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Portanto, o valor justo de mercado poderia ser entendido como o valor lquido de realizao
obtido numa situao normal de oferta e demanda. Entretanto, mais recentemente, o
conceito de Valor Justo (Fair Value) tem sido empregado intensamente na divulgao de
instrumentos financeiros, assumindo um significado diferente daquele anteriormente
apresentado.
O Financial Accounting Standards Board (FASB) requer que todas as entidades divulguem o
valor justo dos instrumentos financeiros, ativos e passivos reconhecidos ou no na
demonstrao da posio financeira, desde que sua estimativa seja praticvel. Essa citao
evidencia que o valor justo de mercado no est restrito avaliao de ativos. Alm desses,
podemos aplic-lo tambm aos passivos registrados ou no.
Nesse mesmo sentido, o International Accounting Standards Board (IASB) define que valor
justo o montante pelo qual um ativo poderia ser negociado, ou um passivo liquidado, entre
agentes econmicos plenamente informados e independentes, cada qual buscando o melhor
dos seus prprios interesses.
Ento, podemos entender o valor justo de mercado como aquela quantia pela qual um item
patrimonial seria negocivel num mercado eficiente.
O IASB relaciona as seguintes situaes em que o valor justo dimensionado de forma
confivel:
Quando existe uma cotao de preos publicada num mercado aberto e ativo de
ttulos.
Quando existe um preo divulgado por uma entidade independente de cotao do item
(rating agency) e cujos fluxos futuros de caixa possam ser razoavelmente estimados.
Quando existe um apropriado modelo de avaliao e cujos dados nele inseridos
possam ser mensurados de forma confivel, ou seja, dados obtidos em mercados
ativos.
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Em sntese, o valor justo de mercado aquele que receberamos (ativos) ou pagaramos
(passivos) caso decidssemos transacionar um item patrimonial (registrado ou no) num
mercado eficiente e em condies normais (MARTINS, 2001, p. 121).
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UNIDADE 9 Objetivo: Estudar os principais conceitos e definies tericas de passivo.
Ttulo 1 Qual o Significado de Exigibilidade?
Exigibilidade significa uma obrigao da empresa no momento da avaliao. Esta pode ser
legalmente executvel em caso de no pagamento e decorre normalmente de prticas
comerciais usuais.
No entanto, importante distinguir obrigao presente e comprometimento futuro. Assim se
uma empresa decide adquirir ativos no futuro, no h porque surgir uma exigibilidade agora.
Esta somente surge quando o ativo for entregue. As exigibilidades surgem em decorrncia
de transaes j ocorridas (no passado). Existem, todavia, exigibilidades que somente
podem ser mensuradas utilizando-se certo grau de estimativa. o caso das denominadas
provises.
Um exigvel oneroso aquele que gera custos para empresa, como juros e encargos
bancrios decorrentes de emprstimos e financiamentos. As obrigaes que no exigem
pagamento de encargos financeiros so denominadas de passivo no oneroso. o caso de
salrios, fornecedores, contas a pagar, etc.
Ttulo 2 Conceitos e Definies de Passivo
Hendriksen e Van Breda (1999, p.409) comentam o conceito de passivos luz da definio
do FASB que os define como sacrifcios futuros provveis de benefcios econmicos
resultantes de obrigaes presentes de uma entidade no sentido de transferir ativos ou
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servios para outras entidades no futuro em conseqncia de transaes e eventos
passados.
Na viso desses autores, seria considerado um passivo os valores a pagar decorrentes de
algumas transaes j realizadas, cujo vencimento dar-se- no futuro determinado, assim
como valores devidos se houverem falhas no cumprimento de algum ato futuro, como ocorre,
por exemplo, com os passivos contingentes.
Vale lembrar que uma empresa somente dispe de ativos porque outros a supriram de
fundos para a aquisio dos mesmos, sejam eles credores ou proprietrios. Portanto, tal
entendimento considera alguns passivos como reclamaes especificas contra os ativos da
companhia e encontra respaldo na teoria da entidade.
De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p.410), segundo a viso do FASB, as
principais caractersticas de passivos so:
a) a obrigao deve existir no presente momento, resultante de uma transao ou um
evento passado.
b) Pode derivar da aquisio de bens ou servios, de perdas incorridas pelas quais a
empresa assume obrigaes ou expectativas de perdas pelas quais a empresa se
obrigou.
c) As obrigaes que dependem exclusivamente de eventos futuros no deve ser
includa como passivo, a no ser que exista uma boa probabilidade de que tais
eventos ocorrero e desde que o fato gerador esteja relacionado, de alguma forma,
com o passado e com o presente.
d) No pode haver nenhuma liberdade para evitar o sacrifcio futuro, o que implica em
sacrifcio futuro provvel embora o valor da obrigao ainda no seja conhecido com
certeza.
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e) Obrigaes eqitativas ou deveres podem ser includos se forem baseados na
necessidade de efetuar pagamentos futuros para manter boas relaes comerciais ou
se estiverem de acordo com as prticas comerciais usuais.
f) Normalmente, a exigibilidade requer uma data conhecida para vencimento, ou em no
a conhecendo no presente, tenha-se a expectativa que este se dar em algum
momento especfico de tempo.
importante considerar a existncia de classificao que distingue os passivos em
monetrios e no monetrios. Enquanto os primeiros se referem s obrigaes denominadas
em termos nominais, ou seja, envolvendo quantias monetrias pr-determinadas, os
segundos so obrigaes de fornecimento de bens ou servios de quantidades pr-
determinadas.
No estudo e na anlise dos aspectos relacionados ao passivo, observa-se ainda que
provvel a ocorrncia de fatos que do origem, no futuro, ao nascimento de um passivo
denominado de passivo contingente. Assim sendo, Hendriksen e Van Breda (1999),
considera que, caso seja possvel avali-la, mesmo sendo sua realizao provvel, a
exigibilidade deveria ser estimada e registrada. Todavia, se a obrigao tiver alta
probabilidade de ser igual a zero, a simples meno em nota explicativa suficiente.
Ttulo 3 Composio do Passivo
O que deve ser includo (ou excludo) do passivo tambm uma questo relevante. Tem
havido desde interpretaes bastante restritivas at as muito amplas. Segundo a
interpretao mais restrita, apenas as dvidas efetivas deveriam ser includas. Assim, apenas
os valores a pagar decorrentes de algumas transaes passadas j realizadas, com
vencimento em um momento especfico de tempo no futuro, deveriam ser contemplados.
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Outros autores incluiriam nas exigibilidades valores devidos, se falharmos no cumprimento
de algum ato futuro (lucros diferidos ou passivos contingentes).
O Comit de Princpios da American Accounting Association considerava que as
exigibilidades deveriam ser obrigaes legais, mas nem todas as obrigaes legais so
exigibilidades, na data do balano. Assim, define que os interesses dos credores so
reclamos contra a entidade e derivam de atividades passadas ou eventos, que, usualmente,
requerem, para sua satisfao, o gasto de recursos corporativos.
Hendriksen e Van Breda (1999) tambm defendem a idia de que os totais a serem pagos
por danos a serem suportados ou por servios a serem prestados seriam includos no
passivo, mesmo que no houvesse obrigao legal quanto a tais pagamentos. Assim,
provavelmente, incluiramos no passivo as estimativas relativas aos abatimentos por
mercadorias parcialmente defeituosas ou devolvidas, mesmo quando no existisse uma
obrigao legal para realiz-los. No incluiramos, entretanto, obrigaes que so uma
compensao por servios de igual ou maior valor devidos por terceiros entidade.
Os passivos deveriam referir-se a fatos j ocorridos (transaes ou eventos), normalmente a
serem pagos em um momento especfico futuro de tempo, podendo-se, todavia, reconhecer
certas exigibilidades em situaes que, pelo vulto do cometimento que podem acarretar para
a entidade (mesmo que os eventos caracterizem a exigibilidade legal apenas no futuro), no
podem deixar de ser contempladas. Poderiam estar includos nesta ltima categoria,
digamos, o valor atual das indenizaes futuras ou provisionamentos para penso, no caso
de a entidade ter obrigao por tais pagamentos futuros.
Note-se, todavia, que, embora os fatos que provocam a exigibilidade legal se configurem s
vezes no futuro, de alguma forma o fato gerador da exigibilidade est relacionado a eventos
passados ou presentes, no se podendo, apenas, prever exatamente quanto e quando,
seno recorrendo a clculos provisionais e atuariais.
Por outro lado, se prtica comercial comum indenizar, total ou parcialmente, terceiros por
eventos que, mesmo no sendo consideradas obrigaes legais, de certa forma foram
devidos a falhas de cumprimento de condies usuais de comrcio (devolues etc.), seria
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vivel o provisionamento de tais encargos. No nos podemos esquecer de que boa parte das
exigibilidades est associada ao reconhecimento de despesas. Para reconhecer receita
necessrio ter condies para estimar as despesas associadas, mesmo que o desembolso
ocorra apenas no futuro, em um ponto indeterminado.
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UNIDADE 10 Objetivo: Compreender o reconhecimento dos passivos e exigibilidades.
Ttulo 1 Reconhecimento dos Passivos e Exigibilidades
Uma vez definido e caracterizado o passivo, outro ponto fundamental o seu
reconhecimento, ou seja, o tempo certo do registro contbil.
Para uma obrigao se tornar passivo contbil necessrio que corresponda definio de
passivo, seja mensurvel, relevante e preciso. Cabendo ressaltar que, podendo ser
razoavelmente medido, seja atravs de um contrato em que o valor e a data de pagamento
da obrigao sejam especificados ou determinveis, seja probabilisticamente atribudo, deve
ser devidamente contabilizado.
Conforme nos ensina Hendriksen e Breda (1999) apud Iudcibus (1999, p.141) o
reconhecimento de uma exigibilidade depende do reconhecimento do outro lado da
transao.
Do exposto, depreende-se o fato de que o ponto crucial para o reconhecimento do passivo
o reconhecimento de um ativo ou de uma despesa, pois a obrigao surge quando se obtm
o direito de utilizao dos bens e servios. Ademais, para Iudcibus (1999, 141) boa parte
das exigibilidades est associada ao reconhecimento de despesas, portanto, o
reconhecimento de uma despesa o elemento mais importante para o reconhecimento de
um passivo.
Neste momento, cabe analisar como devem ser avaliados ou mensurados as exigibilidades,
o que, recorrendo luz da Teoria da Contabilidade encontramos resposta de que os
passivos monetrios deveriam ser avaliados pelo valor presente dos montantes a serem
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pagos no futuro, ou seja, pelo seu valor atualizado, na premissa de que sero liquidados
naquela data.
Entretanto, em se tratando de exigibilidades a curto prazo, tal valor se assemelharia ao valor
nominal, em virtude de ser o montante do desconto geralmente no relevante. Havendo a
possibilidade de pagar as exigibilidades anteriormente ou na data do vencimento, com
desconto, o valor atual da alternativa de menor valor deveria prevalecer. No caso das
exigibilidades de longo prazo, o valor presente de tais vencimentos futuros deveria ser
calculado em funo do valor do desconto ser normalmente relevante.
Por fim, uma vez reconhecido e mensurado, o passivo evidenciado contabilmente at que
haja uma transao ou outro evento que os retire das contas. Assim, de acordo com
Hendriksen e Breda (1999, p.416-418) os passivos podem ser encerrados das seguintes
formas:
a) Extino da dvida: quando ocorre o pagamento.
b) Reestruturao de dvidas: quando so perdoadas inteira ou parcialmente pelo credor.
c) Desonerao em substncia: quando ocorre o devedor coloca dinheiro ou outros
ativos, de maneira irrevogvel, num fundo a ser utilizado exclusivamente para cumprir
as obrigaes de pagamento de juros e amortizao de certa dvida.
d) Desonerao instantnea: ocorre quando a empresa emite ttulos de dvida e reserva
dinheiro imediatamente para permitir o resgate dessa dvida na poca apropriada.
Ttulo 2 Aplicaes Prticas
Os conceitos expostos anteriormente, s tero validade se puderem ser aplicados ao mundo
real, na tentativa de melhor dimensionar o c