temporada 2018 fora de sÉrie 4 • leste europeu · festival de campos do jordão e...
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Ministério da Cultura,Governo de Minas Gerais eAliança Energia apresentam
PROG
RAM
A
MARCOS ARAKAKI, regenteRODRIGO BUSTAMANTE, violinoJOANNA BELLO, violinoGERRY VARONA, violaCAMILLA RIBEIRO, violoncelo
FORA DE SÉRIE • LESTE EUROPEU
ERWIN SCHULHOFFCinco peças para quarteto de cordas• Alla Valse viennese: Allegro
• Alla Serenata: Allegretto con moto
• Alla Czeca: Molto allegro
• Alla Tango milonga: Andante
• Alla Tarantella: Prestissimo con fuoco
MIECZYSLAW KARLOWICZ Rapsódia Lituana, op. 11
ANTONÍN DVORÁKNo reino da natureza, op. 91
INTERVALO
BÉLA BARTÓKO mandarim maravilhoso, op. 19: Suíte
BEDRICH SMETANAA noiva vendida: Abertura
23 DE JUNHO
Rodrigo BustamanteJoanna Bello
Gerry VaronaCamilla Ribeiro
2 3
Inicialmente, introduziremos uma peça de câmara do tcheco Schulhoff, executada aqui por um grupo de nossos talentosos músicos. Em seguida, experimentaremos a riqueza da música lituana expressa por Karlowicz, a imaginação descritiva de um poema sinfônico do tcheco Antonín Dvorák, a visceralidade rítmica do húngaro Bartók e a alegria incontida de uma Abertura do também tcheco Smetana.
A todos, um bom concerto.
Continuamos nossa viagem musical ao redor do mundo, desta vez nos concentrando na prolífica e artisticamente rica região da Europa do Leste.
Nesta noite, teremos a oportunidade de explorar obras contrastante de compositores que se utilizaram das raízes folclóricas de seus países para estabelecer uma linguagem universal.
CAROS amigos e amigas
FABIO MECHETTI
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FABIO MECHETTI diretor artístico e
regente titular
Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane,
da qual hoje é Regente Emérito. Regente Associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.
Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escandinávia, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.
Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.
4 5
Nascida em Caracas, Venezuela, Joanna
começou seus estudos de violino aos sete
anos com Iosif Czengery, no programa
El Sistema de Orquestras Juvenis. Recebeu
bolsa para o Colégio Emil Friedman,
sendo aluna de Luís Miguel González e
Emil Friedman. Com bolsa da Starling
Foundation, fez bacharelado em Música
com Andrés Cárdenes na Universidade
Carnegie Mellon, Estados Unidos, onde
recebeu Menção Honrosa no Silberman
Chamber Music Competition. Concluiu
mestrado em Performance e em Música
de Câmara na Universidade de Michigan,
sob orientação de Stephen Shipps.
Joanna tem participado de festivais na
Europa, Estados Unidos e América-
Latina, como Interlochen Arts Camp, Meadowmount School
of Music, Nacional Repertory Orchestra, Ecoles D’Art
Americaines-Conservatoire Americain, Fontainebleau,
Festival de Campos do Jordão e Schleswig-Holstein.
No Chile, integrou a Orquestra de Câmara do Chile e foi
professora na Universidad Mayor. Fundou o grupo de
câmara Ensamble Nuevo Mundo e com ele apresentou-se
nas principais salas do país, como o Teatro Monte Carmelo,
Auditório da Escola Moderna de Música de Santiago e
Teatro del Lago de Frutillar.
Participou de masterclasses com renomados maestros e grupos,
entre eles o Quarteto Amadeus, Cuarteto Latinoamericano,
Andrew Jennings, Isaias Zelkowicz, Edward Parmentier,
David Premo, Phillip Bush, Richard Bishop, Herre Jan Stegenga,
Ingrid Zur, Richard Wolfe e Phillippe Entremont.
No Brasil, integrou-se à Filarmônica em 2015, foi spalla da
Camerata Antiqua de Curitiba e participa do Quarteto Guignard.
RODRIGO BUSTAMANTEAntes de juntar-se à Filarmônica em
2012, Rodrigo foi spalla da Orquestra de
Câmara do Theatro São Pedro e também
solista. Atuou ainda na Sinfônica de Porto
Alegre, na New Eastman Symphony,
Eastman Virtuosi e Orquestra de
Câmara da Ulbra. Como instrumentista
e arranjador, colabora com artistas e
grupos sinfônicos brasileiros. Sua peça
Flausiniana, baseada nos Prelúdios para
Violino Só de Flausino Vale, foi gravada
e estreada por Emmanuelle Baldini e
Orquestra do Estado de Mato Grosso.
Mantém frequente atividade camerística,
destacando-se as atuações com o Offenburger
Streichtrio, o violinista Guillaume Tardif, Quarteto Libertas e Quarteto
Guignard. Foi professor substituto na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), onde lecionou Violino e Música de Câmara.
Recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor Grupo de Câmara e foi indicado
a Melhor Instrumentista pelo álbum Musitrio – Kinematic. Apresenta-se
nas salas mais tradicionais de Belo Horizonte e no interior do estado.
Com bolsa da Fundação Vitae, cursou o Seminário Integral de
Música de Câmara de Bariloche, Argentina, sendo orientado
por Nicolás Chumachenco. Colabora com o Projeto de
Interiorização do CREA Cultural, levando música de câmara a
cidades e comunidades de Minas Gerais.
Rodrigo é Mestre em Violin Performance and Literature pela
Eastman School of Music, Estados Unidos, na classe de Ilya
Kaler e Mitchell Stern. Graduou-se em Violino pela UFRGS, na
classe de Marcello Guerchfeld. Estudou também com Jerrold
Rubenstein no Conservatório Real da Antuérpia, Bélgica.
JOANNA BELLO
Marcos Arakaki é Regente Associado
da Filarmônica de Minas Gerais e
colabora com a Orquestra desde 2011.
Sua trajetória artística é marcada
por prêmios como o do 1º Concurso
Nacional Eleazar de Carvalho para
Jovens Regentes, promovido pela
Orquestra Petrobras Sinfônica em
2001, e o Prêmio Camargo Guarnieri,
concedido pelo Festival Internacional
de Campos do Jordão em 2009,
ambos como primeiro colocado. Foi
também semifinalista no 3º Concurso
Internacional Eduardo Mata, realizado
na Cidade do México em 2007.
Marcos Arakaki tem dirigido outras
importantes orquestras tanto no Brasil
como no exterior. Estão entre elas as
orquestras sinfônicas Brasileira (OSB),
do Estado de São Paulo (Osesp), do
Teatro Nacional Claudio Santoro, do
Paraná, de Campinas, do Espírito Santo,
da Paraíba, da Universidade de São
Paulo, a Filarmônica de Goiás, Petrobras
Sinfônica, Orquestra Experimental de
Repertório, orquestras de Câmara da
Cidade de Curitiba e da Osesp, Camerata
Fukuda, dentre outras. No exterior, dirigiu
as orquestras Filarmônica de Buenos
Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica
da Universidade Autônoma do México,
Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e
a Boshlav Martinu Philharmonic da
República Tcheca.
Arakaki tem acompanhado importantes
artistas do cenário erudito, como
Pinchas Zukerman, Gabriela Montero, Sergio Tiempo,
Anna Vinnitskaya, Sofya Gulyak, Ricardo Castro, Rachel
Barton Pine, Chloë Hanslip, Luíz Filíp, Günter Klauss,
Eddie Daniels, David Gerrier, Yamandu Costa, entre outros.
Por quatro temporadas, Marcos Arakaki foi regente assistente
da Orquestra Sinfônica Brasileira. Foi regente titular da OSB
Jovem, recebendo grande reconhecimento da crítica e do público
por sua reestruturação, e da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Natural de São Paulo, Marcos Arakaki é Bacharel em Música
pela Universidade Estadual Paulista, na classe de Violino do
professor Ayrton Pinto; em 2004 concluiu o mestrado em
Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts,
Estados Unidos. Participou do Aspen Music Festival and
School (2005), recebendo orientações de David Zinman na
American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados
Unidos. Também esteve em masterclasses com os maestros
Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner.
Nos últimos dez anos, Marcos Arakaki tem contribuído
de forma decisiva para a formação de novas plateias,
por meio de apresentações didáticas, bem como para
a difusão da música de concertos através de turnês a
mais de setenta cidades brasileiras. Atua, ainda, como
coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos
projetos culturais, instituições musicais, universidades e
conservatórios de vários estados brasileiros.
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MARCOS ARAKAKI
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GERRY VARONA
CAMILLA RIBEIRO
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Camilla Ribeiro, Joanna Bello, Rodrigo Bustamante e Gerry Varona
Natural das Filipinas, Gerry iniciou seus
estudos em música aos dez anos e em
viola aos quatorze. Cursou Filosofia em
seu país e graduou-se em Viola nos
Estados Unidos, estudando com Jerzy
Kosmala, Atar Arad e Matthew Daline.
Ganhou o primeiro lugar nos concursos
National Music das Filipinas, Louisiana
Viola Society, Louisiana State University
Concerto e Indiana University Concerto.
Recebeu bolsa integral para o
bacharelado na Louisiana State
University, concluído com Summa
cum laude. Para o mestrado na Indiana
University, ganhou uma das bolsas mais
prestigiadas, a Barbara and David Jacobs
Camilla começou a dedicar-se ao
violoncelo aos nove anos de idade
em sua cidade natal, Belém, Pará,
no Conservatório Carlos Gomes, sob
orientação do professor Áureo de Freitas.
No ano seguinte ganhou menção
honrosa no Concurso de Jovens Solistas
do IBEU. Prosseguiu seus estudos no
Conservatório Dramático e Musical
Dr. Carlos de Campos em Tatuí,
São Paulo, orientada por Clodoaldo Leite
e Jefferson Perez. Nesse mesmo ano,
obteve o primeiro lugar no Concurso
Nacional de Cordas Paulo Bosísio.
Ingressou na Academia de Música da
Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo (Osesp) em 2009, sob orientação
Fellowship. Apresentou-se como solista com várias orquestras,
incluindo a IU Chamber sob regência de Jaime Laredo, LSU
Symphony, Musicoop e Peace Philharmonic Philippines. Entre
os festivais em que tocou estão Bowdoin Chamber Music,
Heber Springs Chamber Music Immersion e Interlochen.
Gerry foi violista principal na IU Philharmonic e assistente
na Evansville Philharmonic e nas sinfônicas Baton Rouge,
Acadiana e Owensboro. Tocou com o Duo Parnas e
apresentou-se para Joel Smirnoff do Juilliard Quartet,
Jesse Levine da Yale University, Rami Solomonov da DePaul
University, Stephen Wyrczynsky da Philadelphia Symphony,
Hanz Welser Mörst da Filarmônica de Viena, Dinos Constantinides
da Louisiana Sinfonietta e Quarteto Libertas. Estreou várias
obras compostas especialmente para ele.
Integra a Filarmônica desde 2012. Gerry é um entusiasta
da música de câmara e acredita ser obrigação de todo
instrumentista conhecer e tocar a música feita na atualidade.
de Johannes Gramsch, formando-se em julho de 2011, mesmo
ano em que ingressou na Filarmônica de Minas Gerais.
Camilla frequentou o Festival Internacional de Campos
do Jordão, o Festival de Música de Santa Catarina e o
Rio International Cello Encounter, entre outros. Participou
também de masterclasses com renomados violoncelistas,
como Johannes Moser, Xavier Phillips, Antonio Meneses,
Benhard Loercher e Mark Kosower.
Como camerista, aperfeiçoou-se no Projeto Serioso liderado
por Richard Young, integrante do Quarteto Vermeer.
Colaborou com diversos grupos de música de câmara e
atualmente é integrante do Quarteto Guignard.
Antes de se juntar à Filarmônica, Camilla integrou a Orquestra
Jovem do Estado de São Paulo, a Sinfônica de Santo André
e a Orquestra Experimental de Repertório, tendo ainda se
apresentado com a Osesp como musicista convidada.
8 99
ERWIN SCHULHOFFPraga, República Tcheca, 1894
– Wülzburg, Alemanha, 1942
Cinco peças para quarteto de cordas
1923 — 15 min2 violinos, viola, violoncelo.
Editora: Schott
MIECZYSLAW KARLOWICZVisneva, Lituânia, atual Bielorrúsia, 1876
– Zakopane, Polônia, 1909
Rapsódia Lituana, op. 111906 — 19 min
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
Editora: PWM
ANTONÍN DVORÁK Nelahozeves, República Tcheca, 1841
– Praga, República Tcheca, 1904
No reino da natureza, op. 911891 — 12 min
2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos,
percussão, cordas.Editora: Simrock
BÉLA BARTÓKNagyszentmiklós, Hungria, atual Romênia,
1881 – Estados Unidos, 1945
O mandarim maravilhoso, op. 19: Suíte
1918/1924 — 20 min2 piccolos, 3 flautas, 3 oboés, corne inglês,
requinta, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, piano, cordas.
Editora: Universal
BEDRICH SMETANA Litomysl, República Tcheca, 1824 – Praga, República Tcheca, 1884
A noiva vendida: Abertura1863/1866, revisão em 1870 — 7 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.Editora: Breitkopf & Härtel
Sl e se considerasse o Leste europeu ao pé da
letra, bastaria tomar um meridiano de referência
e localizar as nações, os povos ou as etnias à
direita do mapa. Com isso, no entanto, surgiriam
algumas contradições. Ficam a oeste a República Tcheca,
mais da metade da Hungria (incluindo Budapeste), parte da
Sérvia e da Polônia, e toda a Croácia, a Bósnia e a Eslovênia.
Não é, portanto, a divisão cartesiana do mapa que define
o Leste. Poder-se-ia, então, considerar as etnias eslavas.
Neste caso, como explicar a Hungria ou a Finlândia?
É que a noção moderna de Leste europeu é herdeira de
dois momentos históricos, e nela a cartografia não é
suficiente. O mais recente desses momentos agrupa todos
os países europeus que estiveram, no século XX, sob a
influência do regime soviético. O mais antigo remete aos
grandes impérios do século XIX, que dominaram política,
econômica e culturalmente certas nações ou povos: o
Império Austro-húngaro, o Russo e o da Prússia, por exemplo.
Desde pelo menos esses grandes impérios (e talvez antes),
alguns polos situados na periferia dos grandes centros
culturais e econômicos da Europa viram nas artes e na
música uma forma de resistência e de manutenção ou
construção de sua identidade, fazendo surgir, assim, suas
próprias escolas nacionais. Algumas dessas escolas, como
a tcheca, mantiveram-se continuamente frescas, sempre
se reinventando. Outras, como a húngara e a polonesa,
sofreram um eclipse que se desfaria apenas com os novos
ares do século XX. É nesse contexto e nessa perspectiva,
portanto, que, na música, se situa o Leste europeu.
No Leste, como dissemos, a escola tcheca sempre se
manteve fecunda. Seu fundador, Bedrich Smetana, é símbolo
de independência cultural e, com A noiva vendida, funda a
ópera tcheca. Composta entre 1863 e 1866, e estreada em
Praga, no ano de sua conclusão, A noiva vendida trouxe ao
Ocidente a consciência das peculiaridades e especificidades
da música tcheca, nem tanto pela inclusão de citações
de temas populares ou de danças
tradicionais, mas pelo uso desse
je ne sais quoi que, nas escolas
nacionais, muitas vezes se confundem
com exotismos. No brilho da Abertura
de A noiva vendida isso se afirma,
não apenas em algumas harmonias,
mas numa rítmica característica e em
uma atmosfera festiva que mascara
habilmente as danças tradicionais.
Mas, para o Ocidente, o maior
representante da escola tcheca é,
sem dúvida, Dvorák, talvez por ter
ele mesmo estado no Novo Mundo.
Esse grande melodista nutre seu
lirismo, assim como Smetana, das
fontes populares. Seu opus 91,
No reino da natureza, composto em
1891 e estreado em Praga, no ano
seguinte, faz parte de um tríptico de
três aberturas de concerto, que inclui
também a Abertura Carnaval, op. 92,
e Otelo, op. 93. Popularidades à parte,
o grande predicado de Dvorák foi ter
destilado de seu folclore um material
essencial, uma espécie de gramática
que embasaria sua atividade criativa.
Esse foi o mesmo processo usado,
mais tarde, por Bartók.
Bartók compôs, para balé, O mandarim
maravilhoso, entre 1918 e 1924, e o
estreou em Colônia, em 1926. Nesse
momento, ele se via fascinado pelos
caminhos abertos por Debussy, mas
ainda se encontrava envolvido nos
trabalhos de pesquisa que empreendia,
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
junto com Kodály, sobre a música
tradicional de sua terra. A orquestração
exuberante e as investidas ousadas de
O mandarim maravilhoso, incorporado
ao repertório sinfônico em forma de
suíte, entre outras coisas, colocam
Bartók, sem dúvida, no panteão do
século XX.
Muito menos conhecidos do
Ocidente são Schulhoff e Karlowicz.
Do primeiro, as Cinco peças para
quarteto de cordas encontram na
ironia e na releitura inusitada tanto
da suíte de danças barroca quanto
da linguagem da Segunda Escola
de Viena um caminho expressivo.
Dedicada a Darius Milhaud, a obra
foi estreada em Salzburgo, em
1924. Do segundo, nascido na então
Lituânia, mas considerado um dos
grandes nomes da música polonesa,
depreende-se uma linguagem
embasada num Romantismo tardio.
No entanto, sua linguagem soa
estranhamente moderna. Seu
opus 11, composto provavelmente
em Varsóvia, em 1906, é o terceiro
de seus seis poemas sinfônicos.
Essa duplicidade é que faz de
Karlowicz um representante desses
focos de resistência de onde nasce
a criatividade.
10
OUVIR, ASSISTIR E LERpara
Glenn Watkins – Soundings: Music in the
Twentieth Century – Schirmer Books – 1988
ERWIN SCHULHOFF
CD The Muir String Quartet – Schulhoff,
Five Pieces for String Quartet e outras – Kids
Classics – 2013
Quarteto Ruysdael
Acesse: fil.mg/scincopecas
MIECZYSLAW KARLOWICZ
CD Karlowicz – Lithuanian Rapsody e
outras – BBC Philharmonic Orchestra – Yan
Pascal Tortelier, regente – Chandos – 2002
ANTONÍN DVORÁK
CD Dvorák – Complete Symphonies;
Overtures; Slavonic Dances; Symphonic Poems
– Janácek Philharmonic Orchestra – Theodore
Kuchar, regente – Brilliant Classics – 2015
Czech Philharmonic Orchestra – Gerd
Albrecht, regente | Acesse: fil.mg/dnatureza
BÉLA BARTÓK
CD Bartók – The Miraculous Mandarin –
Montreal Symphony Orchestra – Charles Dutoit,
regente – London – 1993
London Symphony Orchestra – Claudio
Abbado, regente | Acesse: fil.mg/bmandarim
BEDRICH SMETANA
CD Smetana – Moldau; The Bartered
Bride – Wiener Philharmoniker – James Levine,
regente – Deutsche Grammophon – 1989
LP The Moldau and other favorites
– Smetana, Bartered Bride Overture e
outros – New York Philharmonic – Leonard
Bernstein, regente – Columbia Masterworks /
Remasterizado para streaming – Apple – 2018
Berliner Philharmoniker – Mariss Jansons,
regente | Acesse: fil.mg/snoiva
FOTO
: RAF
AEL
MOT
TA
Instituto Cultural Filarmônica
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
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Leste europeu junho 2017
COORDENADORA
DA EDIÇÃO Merrina
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EDIÇÃO DE TEXTO
Berenice Menegale
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
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Gerry Varona
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Luciano Gatelli
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MONTADORES
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Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
15
NO CONCERTO...
RUA PIUM-Í, 229 - CRUZEIRO RUA JUIZ DE FORA, 1.257 - SANTO AGOSTINHO
Nos dias de concerto, apresente seu
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AGENDA
Seja pontual.Cuide da Sala Minas Gerais.
Desligue o celular (som e luz).
Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.
Traga seu ingresso ou cartão de assinante. Não coma ou beba.
Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.
Faça silêncio e evite tossir.
junho / 2018
DIA 3, 11h — JUVENTUDER. Strauss / Gounod / Mozart
DIAS 7 E 8, 20h30 — PRESTO E VELOCESibelius / Haydn / Korngold
DIAS 14 E 15, 20h30 — ALLEGRO E VIVACEBeethoven / Mozart / Respighi / Hindemith
DIA 23, 18h — FORA DE SÉRIE / LESTE EUROPEUSchulhoff / Karlowicz / Dvorák / Bartók /
Smetana
DIAS 29 E 30 — TURNÊ ESTADUAL / POÇOS DE CALDAS E PASSOS Haendel / Mozart / Beethoven / Berlioz /
Dvorák / Brahms / J. Strauss Jr. / Gomes /
Nepomuceno / Ravel
Se puder, devolva seu programa de concerto.
Evite trazer crianças abaixo de 8 anos.
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
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