tcc - metodologia por competência.pdf
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SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL
Maria Sueli Mendona
Educao Profissional e a Metodologia por Competncias
Curitiba, 2012.
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MARIA SUELI MENDONA
EDUCAO PROFISSIONAL E A METODOLOGIA POR COMPETNCIAS
ORIENTADORA: Prof Maria Odette Bettega
CURITIBA
2012.
Trabalho de concluso de curso
apresentado ao SENAC/PR como
requisito parcial para obteno de ttulo
de especialista em Docncia do Ensino
Profissional.
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MEDONA, Maria Sueli.
Educao Profissional e a Metodologia por Competncia / Maria
Sueli Mendona. 2012. 39 f.
Orientador: Maria Odette Bettega
Monografia do Curso de Especializao EAD - SENAC
Nacional, 2012.
1. Educao Profissional. 2. Competncia. 3. Planejamento.
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MARIA SUELI MENDONA
Educao Profissional e a Metodologia por Competncias
Trabalho de concluso de curso apresentado ao SENAC/PR como requisito parcial
para obteno de ttulo de especialista em Docncia do Ensino Profissional.
________________________________
Banca examinadora
________________________________
Banca examinadora
_________________________________
Prof Maria Odette Bettega
Orientadora
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O que eu ouo, eu esqueo; O que eu vejo, eu lembro;
O que eu fao, eu aprendo.
Prof. Silvio Botom, 2004 (UFSC)
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RESUMO
Este trabalho discorre sobre educao profissional e a metodologia por competncias, sendo discutido o conceito de competncia dentro da educao profissional, sendo abordado teoricamente e na aplicao de quatro laboratrios nos cursos de aprendizagem. Foi analisada a ao-reflexo-ao do docente baseado no sete passos metodolgicos propostos pelo curso que so: planejar e mediar, contextualizar e mobilizar, definir e organizar, coordenar e acompanhar, anlise e avaliao, acesso a outras referncias e por fim sntese e aplicao da situao de aprendizagem. Aps a elaborao do PTD partiu-se para aplicao dos laboratrios que foram aplicados em turmas diferentes podendo nesse prazo fazer as modificaes necessrias. A metodologia do trabalho trata-se de pesquisa-ao pois, foi planejado e colocado em prtica buscando observar na prtica os conceitos aplicados no planejamento de cada laboratrio. Aps a aplicao dos laboratrios o trabalho foi dividido em quatro captulos sendo a parte terica sobre educao profissional e conceito de competncias, os laboratrios e o PTD.
Palavras chaves: Educao Profissional. Competncia. Planejamento.
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ABSTRACT
This academic work discourses about professional education and the competences
method, discussing the concept of competence inside the professional education,
approaching this concept theoretically and by the application of four laboratories in
the learning courses. The professors action-reflection-action was analyzed, based
on seven methodological steps proposed by the course, which are: planning and
mediate, contextualize and mobilize, define and organize, coordinate and follow,
analysis and evaluation, access to other references and, finally, synthesis and
application of the learning situation. After the PTD formulation, began the laboratories
application, which were administrated in different classes. The necessary
modifications could be done during this time. The work methodology is about
research-action, once it was planned and put into practice with the intention to
observe, in practice, the concepts applied in each laboratorys planning. After the
application of the laboratories, the work was divided in four chapters, being the
theoretical part about professional education and concept of competences, the
laboratories and the PTD.
Key words: Professional Education; Competence; Planning.
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SUMRIO
1. INTRODUO .......................................................................................................................... 9
2. HISTRICO E EVOLUO DA EDUCAO PROFISSIONAL ..................................... 11
2.1 Educao profissional no Brasil ................................................................................................ 13
2.2 APRENDIZAGENS PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS NA
EDUCAO PROFISSIONAL.......................................................................................................... 16
3. AS LIES DA EXPERINCIA VIVIDA OU A PRTICA FEITA TEORIA ...................... 19
4.1 Laboratrio I ................................................................................................................................. 19
4.1.1 Aprendizado no laboratrio I ................................................................................................... 22
4.2 Laboratrio II ............................................................................................................................... 22
4.2.1 Aprendizado do laboratrio II ................................................................................................. 24
4.3 Laboratrio III .............................................................................................................................. 25
4.3.1 Aprendizado do laboratrio III ................................................................................................ 27
4.4 Laboratrio IV ............................................................................................................................... 27
4.4.1 Aprendizado do laboratrio IV ................................................................................................ 29
4. O PLANO DE TRABALHO DOCENTE (PTD) E SUAS SITUAES DE
APRENDIZAGEM ............................................................................................................................... 30
6. CONSIDERAES FINAIS .................................................................................................. 38
7. REFERNCIAS ...................................................................................................................... 39
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1. INTRODUO
O interesse em adquirir o conhecimento da educao se deu a partir do ano
de 1997 quando comecei a trabalhar numa faculdade no setor de ps-graduao
como auxiliar de secretaria e isso mudou minha vida por completo. Nesse perodo
eu no tinha concludo o ensino mdio, pois, tinha largado os estudos aos 16 anos
por dificuldades em conciliar trabalho e estudo. Foi nesse trabalho que percebi o que
a educao podia fazer na vida de algum e ali decidi recuperar o tempo e voltar
meus estudos e, nessa mesma faculdade decidi voltar a estudar e cursei
Administrao de Empresas me formei em 2004 ento fui para Portugal participar do
Mestrado em Cincias Empresariais onde cursei alguns crditos, mas no conclu,
retornei ao Brasil e cursei ps-graduao em Metodologia do Ensino Superior, nesse
perodo tive minha primeira experincia com sala de aula no Curso de Direito como
professora de Metodologia de Pesquisa.
Conheci a educao profissional em 2006 quando entrei no SENAC/GO para
atuar na aprendizagem e ento descobri o meu amor pela educao profissional e
vindo para Curitiba cursei ainda Ps-Graduao em Gesto Estratgica de Produo
na UTFPR e atualmente cursando Docncia para Educao Profissional no SENAC.
Atuo como instrutora no SENAC/PR desde 2008, nos cursos de
Aprendizagem, Cabeleireiro, Podologia e Radiologia. Quando o SENAC introduziu
nessa nova metodologia por competncias para mim foi uma surpresa agradvel
pois, percebi que j trabalhava dentro do conceito de tornar significativa a
aprendizagem para o aluno e foi uma experincia muito boa.
Hoje percebo a importncia dessa metodologia e a diferena quando se
prepara uma aula baseada nessa viso. O curso de ps-graduao veio para ajudar
a compreender melhor e preparar melhor o ambiente escolar (sala de aula) para que
o aluno possa apropriar das competncias necessrias sua formao.
O processo de ao-reflexo-ao nos faz avaliar at que ponto nossa ao
eficiente e o que pode ser melhorado. A auto avaliao necessria bem como,
pode ser enriquecedor os conhecimentos oportunizado pelo curso.
Durante o curso foi elaborado o Plano de Trabalho Docente e aplicando
durante quatro laboratrios nos cursos de Aprendizagem no mdulo
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Empregabilidade Empreendedorismo com durao de 20 horas. Em cada laboratrio
foi observado o que seria necessrio mudar, aperfeioar ou mesmo manter.
Dentre os objetivos gerais e especficos do trabalho esto em:
Retratar a educao profissional e a metodologia do trabalho docente
baseado em apropriao de competncias.
Colocar em prtica a atuao docente baseada na metodologia de
competncias e na ao-reflexo-ao do docente.
Apresentar o PTD elaborado durante o curso;
Demonstrar os resultados obtidos na aplicao dos laboratrios;
Relatar a experincias e conhecimentos adquiridos na aplicao dos
sete passos metodolgicos.
O trabalho est organizado em quatro captulos sendo o primeiro uma
abordagem sobre a educao profissional, o segundo, ensino baseado nas
competncias, terceiro captulo relata as experincias vividas nos quatro laboratrios
aplicados durante o curso e por fim o quarto captulo que aborda do plano de
trabalho docente desenvolvido durante o curso.
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2. HISTRICO E EVOLUO DA EDUCAO PROFISSIONAL
A educao profissional faz parte da histria da humanidade desde o
homem da idade mdia, quando era transferida atravs da observao, pela prtica
e repetio. Esses conhecimentos iam desde as tcnicas de fabricao, utilizao
de ferramentas, armas de caa e outros artefatos desenvolvidos pelo ser humano
para uso no cotidiano. Manfredi (2002, p. 33) ressalta que essa prtica se tratava de
sobrevivncia, afirmando que [...] uma atividade social central para garantir a
sobrevivncia de homens e mulheres e para a organizao e o funcionamento das
sociedades. Observa-se que de acordo com as afirmaes do mesmo autor,
educao profissional estava ligada a duas questes primordiais garantia de
sobrevivncia e a organizao da sociedade da poca (MANFREDI, 2002, p. 33) o
que mostra a importncia dessa modalidade de ensino nesse perodo.
Durante muito tempo a educao profissional foi chamada de projeto
burgus de educao ou seja, havia uma forte concepo de que a formao
profissional era para as massas devido a necessidade do [...] capital de reproduzir a
fora de trabalho como mercadoria. (RAMOS, 2006, p. 31). Para a autora nessa
poca a educao clssica e cientfica era para formao dos donos do capital, ou
seja, das elites dirigentes que dominavam as fbricas e necessitavam da mo de
obra enquanto a educao profissional era para os trabalhadores.
Mas, essa formao oferecida aos trabalhadores tinha uma viso menos
focada ao aprendizado das tcnicas de trabalho e mais a disciplina dos mesmos,
Ramos (2006, p. 32) ressalta que:
[...] as tarefas podiam ser rapidamente aprendidas no prprio posto de trabalho. Ao trabalhador que efetivamente operava as mquinas, adicionavam-se ajudantes, na sua maioria, crianas. a perspectiva de estas ltimas virem a ser os futuros trabalhadores adultos que incita a instalao de escolas destinadas menos ao ensinamento das tcnicas de trabalho do que a adaptar essas crianas rotina e ao ritmo de trabalho com disciplina e docilidade.
A educao nesse perodo assegurava o mnimo possvel de instruo s
crianas da classe trabalhadora, porm esse projeto no sobreviveu durante muito
tempo, o avano da indstria e das relaes capitalistas de produo que exigia um
tipo diferente de trabalhador que, alm de resignado ainda era preciso form-lo para
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aceitar as condies de trabalho impostas pelos donos do capital, pretendia-se
formar as crianas desde cedo a fim de mold-las para se tornarem os adultos
trabalhadores nas geraes seguintes conforme o modelo proposto na poca, a
autora chama essa preparao de binmio disciplina/doutrina.
Mas, esse modelo foi passando por mudanas conforme a sociedade ia
mudando, uma universalizao de tcnicas bsicas que envolviam as indstrias de
diferentes ramos fez nascer uma necessidade de conhecimentos e destrezas para
que os trabalhadores pudessem desenvolver-se em qualquer local de trabalho ou
mesmo fora dele e isso se deu por causa da sociedade que na poca se
industrializava e urbaniza rapidamente.
Observa-se a que o conhecimento profissional no podia mais ocorrer
diretamente ou simplesmente no posto de trabalho, sendo necessria a organizao
de escolas tcnicas.
A educao profissional no mundo comea a ganhar a devida importncia e
tratamento profissional na Inglaterra sendo seguida pela Espanha e Estados Unidos,
tendo a seguinte evoluo:
Quadro I Evoluo da educao profissional na Inglaterra.
Universidade de
Manchester
Inglaterra 1824
Instituto de Cincia e
Tecnologia UMIST
Inglaterra 1824
Escola de Engenharia
Industrial de Barcelona
Espanha 1851
Instituto de Tecnologia de
Massachussets MIT
Estados Unidos 1865
Fonte: Ensaio: aval. pol. pbl. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 59, p. 207-228, abr./jun. 2008.
A viso de educao profissional passa a significar no mais o ato de
disciplina, mas de oferecer ao trabalhador o domnio de um ofcio.
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A emergncia das profisses modernas se constitui, ento, em consequncia da diviso fabril e social do trabalho, hierarquizadas de acordo com as classes sociais a que se destinam operrios fabris ou tcnicos, engenheiros, cientistas, e assim por diante. Esse o pice da diviso entre trabalho manual e intelectual que se verifica tanto na sociedade quanto no interior da fbrica. (RAMOS, 2006 p. 34)
Essa classificao das profisses tem como parmetro para diviso a sua
complexidade, que est diretamente relacionada ao nvel de escolaridade
necessrio para exercer determinada profisso, a partir dai se adotado um modelo
de formao baseado no modelo taylorista-fordista de organizao da produo.
Ento a formao do trabalhador pode ser feita de duas formas: ensino formal e
escolar (formao dos tcnicos) ou por centros de formao das empresas
(formao dos operrios qualificados).
2.1 Educao profissional no Brasil
No Brasil o movimento em prol da educao profissional acontece nos
colgios sob o comando dos jesutas, eram as chamadas escolas-oficina e tinham
seus processos de qualificao dos trabalhadores baseada na economia de
subsistncia e tambm ao incremento da atividade extrativa de minrio no Estado de
Minas-Gerais.
Os jesutas foram os responsveis pela catequese dos indgenas e
influenciaram a organizao e construo de escolas voltadas para a elite no Brasil
Colnia, esses colgios eram focados em formao para a liderana e comando da
sociedade com base em currculos humansticos, voltados para as famlias ricas e
senhores de engenho. Em contrapartida o ensino dos ofcios, ou seja, a educao
profissional estava ligada diretamente aos trabalhos manuais sem nenhum
conhecimento cientfico aliado a ele. (MANFREDI, 2002)
Para Cunha (2000, p. 90) o preconceito contra o trabalho manual vem desde
esse perodo de qualificao do trabalhador para o trabalhador:
[...] o trabalho manual era destinado aos escravos (ndios e africanos), essa caracterstica contaminava todas as atividades que lhes eram destinadas, as que exigiam esforo fsico ou a utilizao das mos [...]. A est a base do preconceito contra o trabalho manual, inclusive e principalmente daqueles que estavam socialmente mais prximos dos escravos: mestios e brancos pobres.
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Para Fontes (1985, apud WERMELINGER; MACHADO; AMANCIO FILHO;
2007) a educao profissional no Brasil sempre foi direcionada a populao de
renda baixa, que no tem conhecimento ou desenvolvimento intelectual, sendo as
escolas tidas como instituies voltadas para aes de caridade (instituies
piedosas) e no como escolas formadoras de trabalhadores para o sistema de
produo.
Essa realidade bem visvel na citao das autoras:
[...] na cidade do Rio de Janeiro, a educao profissional surgiu sob o argumento de promover a incluso social de uma parcela da populao que no tinha acesso ao mercado de trabalho. Com essa mentalidade foi criada, no final da dcada de 1890, a Escola Correcional, no Bairro de So Cristvo, que se destinava a ensinar algum ofcio a meninos pobres e desvalidos da fortuna. Mediante o preparo profissional desses meninos, atendia-se demanda do crescimento desordenado da populao, em uma poca de profundas transformaes urbansticas que ocorriam na cidade. (WERMELINGER; MACHADO. AMANCIO FILHO,2007, p. 213)
A realidade comea a ter pequenas alteraes quando o Presidente Nilo
Peanha, na primeira repblica que prevaleceu 1889 1929, ainda com viso
assistencialista cria nas capitais a escola de aprendizes e artfices para o ensino
profissional gratuito ainda voltado para a classe de trabalhadores que no tinham
acesso educao formal.
Essa viso assistencialista foi perdendo fora com o crescimento e a
urbanizao da sociedade da poca, vale observar o quadro a seguir que apresenta
essa mudana.
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Quadro II Evoluo da Educao Profissional.
Perodo Caracterstica do Pas
Concepo de Ensino
Profissional
Viso Educao Profissional
Mudanas
Dcada de 30
Agroexportador (indstria aucareira seguida pela indstria do caf).
Ensino elitista (foco: na rea de letras e humanidades)
Ainda no tinha importncia; ao trabalhador era suficiente baixa escolaridade
Criao de um projeto industrial para o pas; Constituio de 37 exige a organizao das escolas de aprendizes Dissociao da formao profissional a pessoas de baixa renda.
Dcada de 40
Iniciam-se as principais Reformas Educacionais
Empresas Indstrias mantem cursos profissionais para os Criado o SENAI e SENAC para formao do trabalhador da industrial e do comrcio.
Organizao e equiparao do Ensino Profissional ao Ensino Secundrio introduzido a orientao educacional nas escolas de formao profissional
H uma mudana de comportamentos em relao a Educao Profissional
Dcada de 50
Reformulao da estrutura educacional
Promulgao de Leis que do fora a Educao profissional.
Dcada de 60
Promulgada a Lei de Diretrizes e Bases para a Educao Lei no. 4.024
Internacionalizao da economia, com forte participao do Estado e modernizao do Parque Industrial do Pas.
Tentativa de uma Profissionalizao compulsria pelo ensino mdio;
H uma necessidade de trabalhadores qualificados e a falta de pessoas e escolas preparadas para essa formao.
Dcada de 70
Tendncia tecnicista, o Congresso Nacional aprova e o Governo promulga, em 1971, a Lei n 5.692 (BRASIL, 1971),
Generalizao da formao profissional;
Importantssimo para o crescimento do pas;
Ensino de segundo Grau em nvel de profissionalizao compulsria.
Fonte: Adaptado de: (WERMELINGER; MACHADO; AMANCIO FILHO; 2007)
Observa-se pelo quadro um avano considervel na educao profissional
tano na legislao como nas mudanas na indstria.
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2.2 APRENDIZAGENS PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS
NA EDUCAO PROFISSIONAL
Com as mudanas ocorridas no mundo do trabalho a educao no pode
ficar de lado e, para isso necessrio uma busca constante para alteraes na
organizao de seus currculos para andar lado a lado com a mudana no trabalho.
Nos anos 80 comea a emergir dentro das empresas a chamada temtica
da competncia o que mostrava-se muito confuso segundo Zarifian (2001). Essa
temtica altera as formas de recrutamento e seleo de trabalhadores que passa a
ser mais rigorosa ainda, exigindo dos trabalhadores diplomas para garantir
instrues mnimas exigidas para os cargos. Diante do cenrio de desemprego
desse perodo observa uma mudana no comportamento dos trabalhadores que
sentem a necessidade de dar continuidade aos estudos e busca de qualificaes
que tornem seus currculos mais atrativos para as empresas.
Nesse cenrio surge ento um novo o modelo de gesto por
competncias e o mercado de trabalho e consequentemente a educao profissional
ganham uma nova abordagem.
Mas o que competncia? Qual o significado desse termo? Zarifian
(2001, p. 66) afirma que:
A competncia profissional uma combinao de conhecimentos, de saber-fazer, de experincias e comportamentos que se exerce em um contexto preciso. Ela constatada quando de sua utilizao em situao profissional, a partir da qual passvel de validao. Compete ento empresa a identifica-la, avalia-la e faz-la evoluir.
Pode-se observar que a competncia est ligada ao indivduo e no no
seu local de trabalho, e que ela pode ser avaliada e comprovada quando o
trabalhador a pe em prtica no seu posto de trabalho.
A competncia pode ser ento definida como a capacidade e
autonomia de articular o seu conhecimento (saber; saber ser; saber fazer e saber
conviver).
Observa-se ainda que a competncia esteja ligada em atitudes
comportamentais do trabalhador, o autor afirma que o tomar iniciativa o assumir
responsabilidade diante dos problemas e aes que o posto de trabalho exige.
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Ron (2010) relata a mesma perspectiva sobre a necessidade dessa
nova abordagem do trabalho e consequentemente da educao profissional.
O surgimento do termo competncias ocorreu, primeiramente, em alguns pases industrializados, sobretudo naqueles que apresentavam maiores problemas em integrar seus sistemas educativo e produtivo. Desta forma, o modelo de competncias surgiu como uma proposta para a educao profissional, idealizado sob influncia do setor produtivo, como uma decorrncia das mudanas no mundo do trabalho que apontavam para a necessidade de um novo perfil do trabalhador. Tornou-se necessrio que esse profissional tivesse maior autonomia, iniciativa e capacidade para resolver problemas e situaes imprevistas. (RON, 2010, p. 3)
Zarifian (2001, p. 68) apresenta ainda definies sobre os termos
assumir e tomar iniciativa.
Quadro III Assumir e tomar iniciativa.
Assumir a competncia Resultado de um procedimento do prprio indivduo, que concorda em assumir a situao de trabalho e se responsabiliza por ela; Envolve-se e tornar-se sujeito de suas aes.
Tomar iniciativa Ao que modifica algo que existe que introduz algo novo, que comea alguma coisa, que cria. Dentre alternativas escolher a mais adequada; O ser humano no um rob, dotado de capacidades de imaginao e de inveno.
Assumir responsabilidade
Termo usado no sentido de responder por geralmente ligada a objetivos de desempenho: prazo, qualidade, confiabilidade e satisfao do cliente.
Fonte: Adaptado de ZARIFIAN (2001)
Pode-se afirmar que a competncia a compreenso prtica de
situaes embasadas no conhecimento adquirido e transformado conforme vai se
aumentando as diversidades de situaes vividas pelo indivduo.
Zarifian (2001) enfatiza a dinmica de aprendizagem necessria para
exerccios da competncia.
Entendimento prtico: nesse sentido tem-se a dimenso cognitiva
e compreensiva. A primeira trata do fazer, um exemplo seria
consertar um aparelho que est com defeito e a dimenso
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compreensiva seria avaliar uma determinada situao, avaliando,
buscando entender comportamentos e esse entendimento est
orientado para a ao.
Que se apoia em conhecimentos adquiridos: est centrado na
capacidade de mobilizao do conhecimento nas situaes de
trabalho, sejam elas complexas ou no. Quanto maior a dimenso
do trabalho maior ser a mobilizao de conhecimentos para essas
situaes. O conhecimento deve ser questionado, mobilizado e
utilizados at mesmo para obter novas aprendizagens.
E os transforma: adequao e modificao do conhecimento em
situaes reais de trabalho, tudo com iniciativa do trabalhador. Ao
formalizar novos conhecimentos diante de situaes reais torna-se
um meio de incentivar o entendimento de situaes e com isso
sistematiz-lo e difundi-lo.
Maior diversidade de situaes, mais intensamente ser
modificada os conhecimentos: aprende-se melhor e mais rpido
quando se enfrenta situaes variadas. Isso seria tirar o individuo
da comodidade o que far com que ele esteja aberto
aprendizagem do novo.
Mobilizar redes de atores: trata-se do reconhecimento de suas
limitaes, at que ponto vai suas prprias competncias, e o
reconhecimento de competncias necessrias a resoluo da
situao e a busca de uma rede que o auxilie.
Compartilhar as implicaes de uma situao: esse fator est
diretamente ligado ao desperdcio de recursos e desempenho ruim
nas empresas, o que demonstra a importncia do trabalhador
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saber compartilhar implicaes de uma situao podendo esse ser
o ponto de partida para que o mesmo possa progredir.
Assumir campos de corresponsabilidade: a competncia de
assumir a responsabilidade pelos objetivos da equipe e ao mesmo
tempo ter a corresponsabilidade por um item que leva ao alcance o
do objetivo do grupo.
Observa-se que competncia muito mais abrangente que a maioria
imagina ou acredita. Ela requer muito mais do individuo tanto no fazer quanto no
agir.
3. AS LIES DA EXPERINCIA VIVIDA OU A PRTICA FEITA TEORIA
O curso de especializao composto de quatro laboratrios, onde os
alunos devero colocar em prtica o PTD (Plano de Trabalho Docente),
desenvolvido ao longo do curso, buscando aplicar todo o planejamento realizado e
fazendo adaptaes quando necessrio.
Esses laboratrios tm como objetivo propiciar ao aluno do curso de
Docncia em Educao Profissional observar e acompanhar seu planejamento
aprimorando seu aprendizado enquanto docente.
4.1 Laboratrio I
O Laboratrio de Prtica I foi desenvolvido no Curso de Aprendizagem em
Servios de Supermercado, turma 201100784, dentro da disciplina de
Empregabilidade e Empreendedorismo com carga horria de 20 horas, nas datas
de 25, 31/10/2011, 01, 07 e 08/10/201.
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A turma composta por 25 alunos com idade entre 14 e 18 anos, sendo 33%
do sexo feminino e 67% masculino, cursando entre 8 srie do Ensino Fundamental
e 3 ano do Ensino mdio, matriculados no curso em que trabalham como jovens
aprendizes em supermercados da cidade de Curitiba e Regio Metropolitana.
No primeiro dia do laboratrio a situao de aprendizagem trabalhada foi a
elaborao de um plano de carreira profissional: Elaborao do planejamento da
carreira profissional, observando as mudanas no mercado de trabalho, por meio de
um cartaz com o desenho da Arvore Profissional.
Os alunos mostraram comprometimento e interesse com a atividade, alguns
com dificuldades em saber o que pretende em termos de profisso, onde orientei
uma autoanlise do que ele pensa em fazer, o que gosta e escolher uma rea ligada
e, depois da pesquisa ele poderia repensar essa postura diante da escolha da
profisso.
Durante a apresentao houve comportamentos diferentes, pois, alguns
alunos ficaram satisfeitos com o planejamento e observaram que seria mais fcil
alcanar seus objetivos, outros se mostraram um tanto decepcionados, pois, no
avaliaram que eram necessrias vrias etapas para atingir o desejo profissional.
O objetivo da atividade foi alcanado, os alunos aprenderam a elaborar um
planejamento levando em conta fatores importantes.
O tempo utilizado ficou dentro do previsto de 60 minutos variando de um
aluno para outro.
O segundo momento da aula foi a elaborao da anlise de SWOT com uso
do laboratrio de informtica. Nessa parte infelizmente no foi possvel trabalhar
como planejado, mesmo o laboratrio tendo sido reservado com antecedncia no
momento da aula onde os alunos deveriam elaborar toda pesquisa sobre essa
profisso, inclusive as competncias necessrias, na internet no foi possvel, pois
o laboratrio estava com problemas de conexo com a internet.
Outro fator que mudou toda programao foi que, devido falta de um
professor em outra turma, fiquei com duas turmas com contedos diferentes em sala
de aula no segundo horrio, ento solicitei minha turma que fizessem a pesquisa
em casa e improvisei uma gincana de conhecimentos gerais para as duas turmas.
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21
Nos outros dias todas as atividades transcorreram normalmente, os alunos
demonstraram bastante interesse em todas elas, pois, viram em todas as propostas
a aplicabilidade e necessidade para a vida profissional.
Na avaliao do laboratrio de prtica I os questionrios foram respondidos
por 19 (dezenove) alunos dos quais se obteve os seguintes resultados.
Apenas alguns itens obtiveram No como resposta dentre eles esto:
Quadro IV Partes do formulrio de avaliao dos discentes.
Indicadores de desempenho
Voc acha que o docente...
Sim
No
Por qu?
Previu recursos didticos adequados e compatveis com as
atividades?
18 1 O laboratrio no
funcionou
Garantiu que os recursos didticos necessrios s
atividades previstas estivessem disponveis para a
realizao das atividades?
15
4
+ - pois o laboratrio no
ajudou muito; no porque a
net no.
Funcionou; mas o
laboratrio no funcionou;
mas o laboratrio no
funcionou; laboratrio no
funcionou; o laboratrio
no funcionou a internet;
falha no laboratrio;
Envolveu os estudantes com perguntas e questionamentos
que estimularam o raciocnio e a busca autnoma de
respostas?
18
1
Sim mas, teve aquele que
no quis participar;
Manteve-se atento s reaes e sinais dos estudantes
ajudando-os nas dificuldades que encontraram?
18
1
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Fonte: Primria
Dos comentrios: Sugestes para aprimoramento do curso: - Seja feliz, pois voc timo.
- Melhor professora para essa matria SUELI.
- Mais dinmicas!! =D
- Muito boa e interessante, a mdia foi muito bem usada o que atraiu bastante a ateno sobre a matria.
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4.1.1 Aprendizado no laboratrio I
Um aprendizado importante do curso foi a parte de planejamento docente,
por mais que na prtica sempre elaborei meus planejamentos, observar o
embasamento terico para isso muito importante. Elaborar ou desenhar uma
situao de aprendizagem com um olhar na competncia que o aluno dever
apropriar me proporcionou buscar um sentido maior para cada atividade proposta,
cada passo dado dentro da sala de aula.
Uma das surpresas com relao mediao foi observar que j caminho
numa direo correta, pois, sempre busquei trazer para sala de aula a experincia,
os conhecimentos prvios dos alunos, fazer com que meus alunos percebessem a
utilidade do conhecimento adquirido, e quando eles conseguem isso valorizam ainda
mais as atividades propostas, pois ele v naquilo utilidade para sua vida, outro
fator foi fazer com que eles percebessem que todos tm conhecimentos diferentes e
que so importantes para o grupo.
Na questo da avaliao o conceito de avaliao por competncia, utilizando
de critrios diversos realmente um desafio. Ser neutro, avaliar todos da mesma
forma com os mesmos critrios levando em conta as diferenas e a realidade e
conhecimento prvio de cada aluno foi para mim o maior desafio.
O que mais ficou nesse laboratrio foi que:
O planejamento tem que ser flexvel;
O professor tem realmente que ter sempre um plano B;
Estar aberto e preparado para mudar esse planejamento e reconhecer que os
discentes so diferentes e aprendem de forma diferente.
4.2 Laboratrio II
O Laboratrio de Prtica II foi desenvolvido no Curso de Aprendizagem em
Servios de Supermercado, turma 201101194, disciplina de Empregabilidade e
Empreendedorismo com carga horria de 20 horas, no perodo de 12 a 26/03/2012.
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No segundo laboratrio a turma menor composta por 13 alunos com idade
entre 16 e 18 anos matriculados no curso e que trabalham como jovens aprendizes
em supermercados da cidade de Curitiba e Regio Metropolitana.
A turma tem um perfil mais maduro e sem nenhum imprevisto foi possvel
aplicar o PTD na ntegra e ficou evidente que as atividades propostas se tornaram
ainda mais interessante.
Na elaborao do plano de carreira no houve nenhuma dificuldade, pois
todos j sabiam o que queriam em termos de profisso, durante a pesquisa das
competncias e comparao com as prprias a turma mostrou amadurecimento para
a atividade. Na atividade de currculo foi feito uma anlise do currculo daqueles que
j o tinham pronto enriquecendo ainda mais a atividade.
Durante a simulao da entrevista de emprego ouve participao de todos
os treze alunos para responder e para elaborar perguntas bem interessantes.
Outra atividade com muito envolvimento foi a pesquisa em jornais e sites de
empregos e alguns at se cadastraram, pois, j estavam no fim do curso. Durante a
investigao nos jornais e sites a turma demonstrou preocupao com as exigncias
do mundo do trabalho o que abrilhantou ainda mais os conhecimentos adquiridos no
mdulo.
Todos os trezes alunos preencheram o formulrio de avaliao, apenas um
item obteve avaliao No, todos os outros foram avaliados como Sim, e os itens
que obtiveram comentrios so os que se segue:
-
24
Quadro V - Partes do formulrio de avaliao dos discentes.
Indicadores de desempenho
Voc acha que o docente...
Sim
No
Por qu?
Procurou desenvolver as competncias previstas
no Plano de Curso?
13 - Trabalhou todos
os temas;
- Para
crescimento
prprio;
- Trabalhou todos
os temas;
Considerou e respeitou os conhecimentos e
experincias prvias dos estudantes?
13 - com certeza;
Fez propostas de atividades interessantes e
motivadoras?
13 - A PROF
FERA. - Foi
bastante.
interessante
Criou propostas alternativas para a recuperao
das aprendizagens, visando o pleno
desenvolvimento dos estudantes?
12 1 No precisou!
Dos comentrios: Sugestes para aprimoramento do curso:
- A professora est de parabns, fez tudo o que foi pedido;
- A professora fera fez tudo, usou vrios recursos, vdeos e etc. para melhor
entendimento dos alunos.
- Melhor professora * _ *
4.2.1 Aprendizado do laboratrio II
Objetivo do laboratrio II seria aplicar o PTD com as melhorias necessrias
depois do primeiro laboratrio. No houve modificaes significativas, mesmo tendo
imprevistos no laboratrio I, no senti necessidade de grandes mudanas entendi
que poderia manter o PTD na forma que estava e a escolha foi acertada, foi muito
bom ver que o planejamento estava bom e que podia continuar com ele nesse
segundo laboratrio.
No segundo laboratrio a turma era mais madura e mais comprometida com o
curso e com a responsabilidade de buscarem uma carreira, o que, abrilhantou muito
mais as atividades que eu havia escolhido. Percebi que a participao da turma se
-
25
torna de vital importncia para a construo do conhecimento, pois baseado naquilo
que eles trazem para a sala de aula enriquecem e complementam os conhecimentos
apresentados pelo professor e assim todos ganham.
Quanto ao processo de avaliao diferente da outra turma, essa, composta
por menos alunos o que facilita a observao e o acompanhamento dos alunos a
anotao nas fichas de acompanhamentos.
O que mais ficou nesse laboratrio II foi que:
O perfil dos alunos de um curso influencia e muito no planejamento das aulas
e se o professor tivesse conhecimento deste fato antes do planejamento, com
certeza o sucesso das atividades previstas para sala de aula poderia ser
muito melhor.
Para um planejamento ter sucesso preciso que tanto professor e alunos
estejam engajados no processo de ensino aprendizagem;
4.3 Laboratrio III
O Laboratrio de Prtica III foi desenvolvido no Curso de Aprendizagem em
Servios de Supermercado, turma 201101250, disciplina de Empregabilidade e
Empreendedorismo com carga horria de 20 horas, no perodo de 09 17/04/2012
e 07/05/2012.
No terceiro laboratrio a turma era composta por 20 alunos com idade entre
14 e 18 anos, sendo 60% do sexo masculino e 40% sexo feminino, com
escolaridade da 8 srie do ensino fundamental at alunos do 3 ano do ensino
mdio, matriculados no curso e que trabalham como jovens aprendizes em
supermercados da cidade de Curitiba e Regio Metropolitana.
A turma tem um perfil misto (alunos maduros e alguns imaturos) o PTD no
sofreu nenhuma alterao, visto que diante dos imprevistos do primeiro e do perfil
diferenciado da turma no segundo laboratrio na minha concepo era a hora de
testar o PTD com uma terceira avaliao.
-
26
O grande diferencial desse laboratrio que eu j estava atuando nessa
mesma turma com outros mdulos (matemtica bsica e informtica) ento j havia
um entrosamento entre mim e os alunos, o que acredito que ajudou muito para o
sucesso de todas as atividades.
Dentre as situaes de aprendizagem propostas o que mais houve
envolvimento foi com a pesquisa da profisso e com a simulao de uma entrevista
de emprego.
O instrumento de avaliao foi respondido por 18 (dezoito) alunos, todos
responderam Sim a todas as questes e segue os comentrios apresentados no
instrumento:
Quadro VI Avaliao do Laboratrio III
Indicadores de desempenho
Sim
No
Por qu?
Procurou desenvolver as competncias previstas no
Plano de Curso?
18 - Sim, muito bom.
Deixou claro qual a aprendizagem que se queria obter
com cada atividade proposta?
18 - A professora explicou
tudo
Planejou bem cada situao de aprendizagem? 18 - Um cada uma, foi
melhor que a outra.
Garantiu que os recursos didticos necessrios s
atividades previstas estivessem disponveis para a
realizao das atividades?
18 - tudo funcionando
normal.
Considerou e respeitou os conhecimentos e experincias
prvias dos estudantes?
18 - Tivemos que lembrar
de tudo que j
estudamos para planejar
nossa profisso
Forneceu referncias tericas e prticas adicionais s
atividades desenvolvidas?
18 - Um monte de sites e
outras coisas.
Dos comentrios: Sugestes para aprimoramento do curso:
- Melhor profe. at agora!
-
27
- No me ferro mais em entrevista.
4.3.1 Aprendizado do laboratrio III
O PTD aplicado no terceiro laboratrio no houve modificaes, e
permaneceu conforme o planejado para os dois primeiros laboratrios. A avaliao
dos alunos nos primeiros laboratrios contribuiu para manter o mesmo
planejamento.
O processo de avaliao foi tranquilo, pois, tambm se trata de uma turma
menor e onde j conhecia todos os alunos e os mesmos j conheciam a forma de
avaliao j antes aplicada em outros mdulos.
O que mais ficou nesse laboratrio III:
O planejamento tem que ser flexvel e ser interessante;
Para um planejamento ter sucesso preciso que tanto professor e alunos
estejam engajados no processo de ensino aprendizagem;
As atividades tm que ser interessantes para que os alunos se envolvam;
Os recursos didticos so de suma importncia.
4.4 Laboratrio IV
O laboratrio IV foi aplicado na turma do Curso de Aprendizagem em
Servios de Comrcio - 201200805 nos dias 04 10 e 11/09 e 22 e 23/10/2012. A
distncia das datas ocorreu por motivos de doena contagiosa ento foi necessrio
parar com o laboratrio e recomear em outubro.
A turma composta por 26 alunos dos quais 23% do sexo masculino e 77%
do sexo feminino. Desta turma 4% j concluiu ensino mdio e os outros 96% esto
cursando.
O PTD permaneceu o mesmo do terceiro laboratrio, mas, nesse pude
perceber que quando ha um afastamento to grande de datas a turma demonstrou
nas duas ltimas aulas um desinteresse maior, talvez porque no sabiam que seria
o retorno da matria e, portanto no tinham o material necessrio, a pesquisa que
-
28
havia sido feito nas primeiras aulas alguns j no tinham mais com eles e ento foi
preciso rever algumas coisas do planejamento.
Outro ocorrido foi que para a aplicao da situao de aprendizagem:
simulao de uma entrevista de emprego os alunos alegaram que j tinham feito
essa atividade em outra disciplina que no abordava esse contedo e foi necessrio
buscar um plano B para a sala de aula.
De todas as atividades propostas duas chamaram bastante ateno dos
alunos, foi a pesquisa realizada na internet sobre a profisso que eles querem
seguir e elaborao do currculo. Eles se envolveram apresentaram para sala coisas
interessantes e relataram como uma atividade muito importante nesse momento da
vida onde 96% esto no ensino mdio prestes, a concluir e decidir os rumos
profissionais da vida.
A pesquisa de satisfao foi preenchida por 19 alunos, e o resultado o que
se segue, est transcrito no quadro apenas os itens onde houve SIM e NO os
demais itens foram SIM para todas as perguntas, e as sugestes dos alunos esto
descritas logo abaixo.
Quadro VII Avaliao do laboratrio IV
Indicadores de desempenho
Sim
N
o
Por qu?
Previu recursos didticos adequados e compatveis com
as atividades
18 1 ---
Planejou bem cada situao de aprendizagem? 19 Com trabalhos
dinmicos
Envolveu os estudantes com perguntas e
questionamentos que estimularam o raciocnio e a busca
autnoma de respostas?
18 1 ---
Utilizou adequadamente ou promoveu o uso adequado
dos recursos didticos?
18 1 ---
Criou propostas alternativas para a recuperao das
aprendizagens, visando o pleno desenvolvimento dos
estudantes?
17 2
-
29
Sugestes para aprimoramento do curso:
- Acho que nada, est tima!
- Trabalhar ainda mais a parte prtica da publicidade.
- Precisa colocar mais atividades prticas como jogos.
- Talvez atividades dinmicas que envolva toda a sala no mesmo trabalho.
- Dinmica Para dispersar um pouco a cabea.
- Dinmica
- Dinmicas
- Mais dinmicas
- Uma atividade dinmica com os alunos
- Um jogo (dinmicas etc.)
- No tem que mudar nada est tima esta aula.
- Jogo interativo
- Quero a Prof Sueli em todas as disciplinas.
- Na disciplina de empregabilidade, o desenvolvimento foi timo e para melhorar
acredito que s tem que ter mais carga horria, assim nosso desenvolvimento
profissional, pois, quanto mais tempo, mais aprendizado ser transmitido pelo
professor.
4.4.1 Aprendizado do laboratrio IV
O que mais ficou desse laboratrio foi lidar com imprevistos desde doenas
e ter que interromper o contedo at ter que substitui uma atividade ministrada em
outra disciplina que no tinha nada haver com o contedo.
Lidar com esses imprevistos complicado, mas necessrio e isso pode
influenciar muito no aprendizado do aluno, se o professor se mostrar desmotivado
-
30
diante desses fatos os alunos percebem e acabam por ficar ainda mais apticos.
Esses imprevistos deixam ainda mais claros necessidade de se ter um
planejamento flexvel, a necessidade de prever formas diferentes de trabalhar um
mesmo contedo.
Mesmo sendo adolescentes eles esto ligados nos contedos e em tudo
aquilo que apresentado pelos professores eles demonstram questionamentos com
o que no concordam pensar que o aluno faz uma atividade e no faz um link com a
matria que est sendo trabalhada um erro e isso precisa ser trabalhado com
cuidado para que o prprio ou professor no seja visto pelo aluno desacreditados.
Posso afirmar que dos quatro laboratrios esse foi o que mais aprendi.
4. O PLANO DE TRABALHO DOCENTE (PTD) E SUAS SITUAES DE
APRENDIZAGEM
O PTD Plano de Trabalho Docente foi elaborado no decorrer do curso de
Especializao em Docncia para o Ensino Profissional. O PTD foi planejado para a
unidade temtica Empregabilidade e Empreendedorismo conforme grade curricular
do curso, competncias-alvo e seus indicadores. O PTD foi elaborado seguindo os
sete passos metodolgicos, sendo eles:
Passo 1 Planejar e mediar
De acordo com RON (2010, p. 15) Planejar o ensino para o
desenvolvimento de competncias pressupe utilizao de boas situaes de
aprendizagem. Podemos observar que o planejamento deve ter como foco principal
a elaborao de situaes de aprendizagem que foi realizando durante a elaborao
do PTD.
Passo 2 - Contextualizao e mobilizao
Nesse passo buscou organizar a atividade de uma forma que fique clara o
que se espera com a atividade.
Passo 3 - Definio e organizar.
-
31
Durante esse perodo buscou construir atividades que levasse em conta o
conhecimento do aluno. Nesse passo analisamos e buscamos a melhor maneira de
se organizar essa atividade, de uma forma que aborde o contedo e nos servisse
para mais a frente avaliar o aluno de acordo com o indicador de competncia. E para
se ter sucesso nesse passo preciso envolver os alunos com atividades que sejam
interessantes e proporcione conhecimento e, para isso existem atividades
recomendadas como pesquisa e projetos.
Passo 4 - Coordenao e acompanhamento
Aqui foi definido como seria a coordenao e acompanhamento da
situao de aprendizagem buscando auxiliares os alunos e orienta-los para que
pudessem alcanar os objetivos propostos.
Passo 5 - Anlise e avaliao
Nesse passo centrou-se em definir critrios para avaliar os resultados
alcanados pelo aluno. necessrio para isso administrar a diferena (classe
social, idade e nvel escolar) entre os alunos e contemplar a todos com critrios que
possam atender a necessidade especial de cada um.
Passo 6 - Acesso a outras referncias
Buscaram-se nesse momento organizao outras referncias, alm das que
foram indicadas anteriormente, para que o aluno possa ampliar seus
conhecimentos.
Passo 7 Sntese e aplicao
Aqui foi a explanao dos laboratrios e verificao da funcionalidade do
PTD e a realizao dos ajustes necessrios.
A seguir demonstra-se o PTD elaborado no decorrer do curso e que foi
aplicado nos quatro laboratrios realizados.
-
32
PTD - PLANO DE TRABALHO DOCENTE Nome do Curso: Aprendiz em Servios de Comrcio
Mdulo: Empregabilidade e empreendedorismo
Carga Horria: 20 horas
Competncias-alvo (1)
1. Adaptar-se s contnuas mudanas do mundo do trabalho e nele permanecer, agindo com flexibilidade, criatividade, comprometimento, inovao e proatividade.
Situao de Aprendizagem (2)
Referncias Adotadas (3)
Recursos Didticos (4) Avaliao (5)
I AULA
Apresentao pessoal do(a)
Instrutor(a) e dos alunos.
Explanao sobre o
mdulo, carga horria,
faltas e forma de avaliao
e entrega da apostila.
- Iniciar a aula com um
Brainstorming: emprego
ideal X emprego de
sobrevivncia. Solicitar aos
Laboratrio de
informtica com Word
para digitao do
currculo.
- Lousa
- Pincel
- Multimdia
- Som
- Folhas de Flipchart
- Canetinhas
- Lpis de cor
- Laboratrio de
- Percebe as especificaes do mercado de trabalho, compreendendo a importncia de um comportamento adequado por meio de uma boa comunicao, vesturio apropriado e atitudes corretas.
- Identifica aspectos de sua vocao, contribuindo para a escolha profissional e realizao pessoal, articulando suas potencialidades com as especificidades do mercado.
- Elabora um currculo claro e
-
33
alunos que um a um v at
o quadro e escreva
Profisso que eu mais
gosto X profisso que eu
menos gosto.
-Atividade 01: Arvore
Profissional
- Intervalo
- Apresentao da rvore
Profissional
- Apresentao do Vdeo:
Waldez Luiz Ludwig no J
Soares
- Aula expositiva e dialogada sobre o mercado de trabalho, exigncias e competncias necessrias e desenvolvimento da empregabilidade.
II AULA
- Levar a turma para o
Desenho de uma rvore
onde o aluno
desenvolve o
planejamento de
carreira, tomando como
base a raiz para o que j
realizaram, o caule para
o que est em
andamento e o que falta
conseguir e a copa para
onde querem chegar.
Uso da internet para
pesquisarem o perfil e
as competncias da
profisso que traaram
informtica
- Impressos (anlise de SWOT)
- Impressos contendo as perguntas mais comuns numa entrevista de emprego.
- Jornais com anncios de empregos.
objetivo, com veracidade.
- Participa de testes de seleo e/ou dinmicas de grupo, aplicando suas potencialidades de forma criativa e dinmica, atendendo s regras estabelecidas, destacando-se em relao aos demais.
- Interpreta os diferentes tipos de anncios de emprego, estabelecendo um comparativo sobre suas potencialidades e as especificidades do mercado.
- Identifica as mudanas ocorridas no mercado de trabalho, mantendo-se em constante aperfeioamento.
- Identifica os desafios do contexto do trabalho, e implementa aes geradoras de competncias pessoais.
- Desenvolve aes empreendedoras, percebendo alternativas e lidando com as dificuldades, sem perder o foco no seu objetivo final.
-
34
laboratrio de Informtica
para pesquisarem na
internet o perfil,
competncias necessrias
profisso que eles
traaram o caminho na
rvore Profissional.
Aula expositiva e dialogada
sobre Anlise de Swot.
Atividade 02: Elaborar na
lousa uma Anlise de
SWOT Coletiva
ressaltando nossas foras e
descobrindo nossas
fraquezas enquanto e
grupo.
Intervalo
Atividade 03: Anlise de
SWOT Individual.
III AULA
Aula expositiva e dialogada
na rvore profissional.
Impresso para
elaborarem anlise das
competncias pessoais
(pontos fortes e pontos
fracos).
Uso do laboratrio para
digitao do currculo,
seguindo as exigncias
e normas para tal.
-
35
sobre Currculo e entrevista de emprego, apresentao pessoal para entrevista, testes e dinmicas de grupos. Apresentao dos vdeos: Dicas de Entrevista e currculo campeo.
- Levar a turma para o
laboratrio de Informtica
para elaborao de um
currculo, que dever ser
enviado via e-mail para a
instrutora.
IV AULA
Atividade 04: Jogo da
Entrevista -
- Ser feito um circulo na
sala e distribudo aos
alunos algumas perguntas
mais comuns em
entrevistas de emprego. O
Impresso com as
principais perguntas que
so feitas em
entrevistas de emprego,
simulando uma situao
real de entrevista.
Verificar as
competncias descritas
-
36
aluno escolhe um colega e
elabora a pergunta e o
aluno escolhido dever
responder como se
estivesse numa entrevista.
E a instrutora dever
analisar a resposta
apresentada e acrescentar
como deveria ser o
posicionamento do aluno
que respondeu.
Atividade 05: os alunos
devero buscar em
anncios de jornais as
vagas disponveis que
sejam interessantes e que
combinem com seus
currculos, observar as
competncias exigidas para
a vaga e comparar
anotadas na anlise de
SWOT.
na Anlise de SWOT
com as exigidas no
mercado de trabalho
comparando com os
dados do currculo para
que seja possvel
observar o que falta e a
necessidade de
aperfeioamento.
-
37
Durante a elaborao do PTD nessa metodologia pude observar que o
planejamento de aula por competncia bem mais complexo que se imagina e que
o educador deve refletir sobre seu trabalho o tempo todo e buscar alternativas que
enriquecem seu trabalho, buscar literatura que possa embasar sua prtica e lhe
orientar com novas metodologias e estratgias que realmente atendam ao ensino
por competncia.
Acima de tudo necessrio que ele conhea o projeto do curso, seus
objetivos os indicadores de competncia, pois, nisso tudo que estar embasado seu
planejamento.
-
38
6. CONSIDERAES FINAIS
Durante todo o curso as dvidas foram muitas, as dificuldades enfrentadas
para desenhar uma situao de aprendizagem foram difceis de superar, em alguns
momentos a impresso que se tinha era de que o trabalho no evolua e no
resultaria em algo significativo. Essas dificuldades foram superadas e observou-se
ao longo do planejamento que a nomenclatura poderia at ser nova, a forma de
escrever talvez diferente, mas os passos j eram aplicados no dia a dia enquanto
docente e, isso trouxe um sentimento de satisfao ao perceber que j caminhava
no rumo certo.
Durante a aplicao percebeu-se a importncia de um bom planejamento,
pois, com o PTD sendo cumprido risca e tendo como socorrer aos imprevistos o
outro aprendizado importante que o planejamento deve ser flexvel, pois, os alunos
so diferentes possuem perfis diferentes e conhecimentos diferentes ento o
planejamento deve ser adequado a cada perfil o que s se percebe em sala de aula
depois dele pronto.
A organizao do planejamento, baseado nos sete passos, mostrou-se
eficaz alm de facilitar o trabalho do docente servindo como um mapa para
organizar seu trabalho enquanto educador e isso pde ser verificado na avaliao do
trabalho realizado pelos discentes que se mostraram satisfeitos com o planejamento
dos contedos e das situaes de aprendizagem.
Aps o curso pude perceber a diferena na minha atuao profissional no
que diz respeito ao planejamento, uma das primeiras coisas a vir em mente o
desenho da situao de aprendizagem onde pude notar uma das modificaes mais
importantes do meu trabalho e isso tem sido muito relevante na minha prtica, desde
a escolha dos recursos at as atividades que realmente envolva a aprendizagem por
competncia.
-
39
7. REFERNCIAS
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