sustentabilidade na reabilitação de edifícios tradicionais
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SUSTENTABILIDADE NA REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS TRADICIONAIS
Joaquim António de Moura Flores
Arquitecto, Research Student, Department of Architecture - Oxford Brookes University, Oxford, Reino Unido, [email protected]
Contexto Este texto refere-se a um projecto de investigação que se encontra a ser desenvolvido no Department of Architecture - School of the Built Environment da
Oxford Brookes University, Reino Unido, cujo objectivo principal é a avaliação da possibilidade de introduzir soluções de desenho sustentável na
reabilitação de edifícios tradicionais nas cidades históricas portuguesas, de modo a reduzir o seu impacto ambiental, sem adulterar o respectivo valor
patrimonial.
Cidades e Sustentabilidade As aglomerações citadinas são, a nível mundial, as
maiores consumidoras de recursos naturais e as
maiores produtoras de poluição e resíduos.
Assim, se fosse possível desenhar e gerir as cidades de
modo a reduzir o consumo de recursos naturais e a
produção de poluição e resíduos, obtinha-se uma
contribuição decisiva para a redução da
insustentabilidade global [1].
O Papel dos Edifícios na Sustentabilidade 30 % das emissões totais de CO2 são atribuídas directa ou indirectamente aos edifícios [2]
Uma questão fulcral é então como lidar com esta massa de edifícios existentes, que necessitam de ser
remodelados para atingir uma maior eficiência energética [1].
Vários ganhos potenciais em termos de sustentabilidade podem ser apontados na estratégia da
reabilitação de edifícios (ex. conservação de solo não construído, reutilização de materiais, poupança
energética na construção e transporte, redução de resíduos e estímulo da economia local).
Outro aspecto crucial é a mais valia cultural que representa a preservação do valor patrimonial dos
edifícios tradicionais urbanos, sublinhada como um acto de sustentabilidade [3].
O Potencial do Edifícios Tradicionais A relação de senso comum entre arquitectura tradicional e a sua adaptação às condições bioclimáticas
é validada por vários autores [3, 4, 5 e 6], que sublinham a necessidade que os seus construtores tinham de
optimizar os edifícios relativamente às condições locais para atingir níveis superiores de conforto. Assim,
pode-se estabelecer uma relação potencial entre as formas edificadas tradicionais e a arquitectura
sustentável.
Caso de Estudo - Porto Em Portugal, o sector dos edifícios soma 29% do consumo de energia final [7]. A análise da informação disponível em Concelhos como o do Porto, revela
que 30% dos edifícios tradicionais (construídos antes de 1919) [8] necessitam de grandes reparações na sua estrutura. Por outro lado, os edifícios
tradicionais são em número considerável no universo total dos edifícios.
Referências bibliográficas [1] - BREHENY, M.J. - Sustainable Development and Urban Form: an introduction. In BREHENY, M.J. [ed.] Sustainable Development and Urban Form. London: PION, p. 1-23. [2] - OECD - Working Party on
National Environmental Policy – Design of Sustainable Building Policies: Scope for Improvement and Barriers. Paris: OECD, 2002. [3] - Ordem dos Arquitectos - A Green Vitruvius: Princípios e práticas para uma
arquitectura sustentável, Lisboa: Ordem dos Arquitectos, 2001. Original: European Commission [et.al.] - A green vitruvius: principles and practice of sustainable architectural design. London: James & James,
1999. [4] - OLGYAY, V. - Arquitectura Y Clima – Manual de diseño bioclimático para arquitectos y urbanistas, Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2002. Original: Design with Climate – Bioclimatic approach to
architectural regionalism. New Jersey: Princeton University Press, 1963. [5] - GOULDING, J. [et al.] - Bioclimatic Architecture. Hoeilaart: European Commission / Energy Research Group – University College
Dublin, 1997. [6] - BROPHY, V. [et.al.] - Sustainable Urban Design. Dublin: European Commission / Energy Research Group – University College Dublin, 2000. [7] - EUROSTAT - Eurostat Yearbook 2002: the
statistical guide to Europe. Data 1990-2000. Luxembourg: European Communities, 2002. [8] - Instituto Nacional de Estatística - Censos 2001: resultados definitivos. Vol.1-2. Lisboa: INE, 2001.
Consumo total de energia por sector (IEA,1993)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
OCDE América do Norte Europa Pacífico
Indústria Edifícios Transportes Outras
0
10
20
30
40
50
60
70
1971 1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Emissões de CO2 devidas ao consumo energético - Portugal
emissões de dióxido de carbono (milhões de toneladas)
1999 Consuo energético final em Portugal
29%
38%
33%
Sector doméstico, comércio e serviços
Sector dos transportes
Sector industrial
8%
19%
40%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Portugal Porto Centro Histórico do Porto
Edifícios construídos antes de 1919
Edifício Tradicional isolado –
Factor Forma 0,42
Edifício Tradicional em frente
urbana – Factor Forma 0,15 Clarabóia - «Poço de luz natural»
Argumentos da Investigação
As cidades são as maiores fontes de insustentabilidade
Os edifícios urbanos são os maiores consumidores de energia
Os edifícios estão entre os maiores emissores de CO2
Os edifícios tradicionais na cidade histórica possuem valor patrimonial e necessitam de ser preservados
Os edifícios tradicionais têm potencial para serem mais eficientes em termos do seu impacto ambiental (principalmente na redução
do consumo energético e consequente redução nas emissões de CO2)