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SUPERSTOCK/GLOW IMAGES INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 1

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 1

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS aula 1

6 POLISABER

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Apesar de não ser uma galeria formal, a Gonçalo Afonso tem suas regras. Na ética da rua, quem está na parede é o dono do pedaço. Desenhar sem pedir autorização é chamado de “atropelar”. “Eu não posso chegar lá e pintar, mas, se vejo uma obra desgastada, converso com o autor e sugiro mudança. Ele pode autorizar que eu altere ou ele mesmo o faz”, conta Luis Birigui, grafiteiro há dez anos. É justamente esse regime de autogestão que fez a fama da rua. “Virou referência de ocupação do espaço público, um lugar criado e conservado pela própria comunidade”, afirma Baixo Ribeiro, fundador da galeria Choque Cultural.

Em três décadas, a viela escondida passou a servir de cenário para fotos de publicidade, festas e passeios turísticos. “Desde 2009, já levei cerca de 1 500 pessoas ao Beco do Batman”, calcula Thiago Cyrino, dono da agência de turismo Soul Sampa. “Em torno da rua surgiu um circuito de atrações para amantes de artes plásticas, como a Mercearia Baraúna, na rua Harmonia, que tem móveis criados por Lina Bo Bardi”, diz Diogo de Oliveira, da SP Bureau. Quem visita acaba voltando, porque, no muro vivo da Vila Madalena, as cores sempre se renovam.

Karla Dunder / Abril Comunicações S/A.Disponível em: vejasp.abril.com.br/materia/vila‑madalena‑grafite‑beco‑do‑batman. Acesso em: 13 dez. 2015.

EXERCÍCIOS

O grafite a seguir é mais uma das artes de rua que enfeitam a paisagem de qualquer grande cidade de qualquer lugar do mundo. Para auxiliar a leitura, leve em conta as perguntas presentes no tópico "Como ler textos visuais". Em seguida, elabore um texto descritivo a partir das respostas dadas às perguntas.

O grafite mostrado assemelha‑se a mais uma das artes de rua que decoram a paisagem urbana de qualquer país. Ao centro, deitado em um banco, vemos um homem dormindo. Ele segura um aviso escrito em inglês: do not disturb (não incomode). No chão, há uma linha retangular dando a entender que esse espaço pertence a ele, e que ele gostaria de não ser perturbado. Embora esteja deitado, o personagem não está dormindo: olha fixamente para o observador com um olhar ao mesmo tempo firme, defensivo e bastante perscrutador.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS aula 2

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Veja no link mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/modernismo/artista/malfa/obras.htm (acesso em: 21 jan. 2016) a tela A Boba, de Anita Malfatti. Para lê-la, procure responder às mesmas questões indicadas no tópico "Como ler textos visuais" da aula anterior. Com essas respostas, componha uma descrição do quadro.

ESTUDO ORIENTADO

Caro(a) aluno(a),

Os exercícios que seguem foram retirados de provas recentes de vários vestibulares. Um dado que chama a aten-ção é a imensa quantidade de questões que solicitam leitura de artes visuais contemporâneas. Algumas imagens vêm acompanhadas de textos. Outras aparecem sozinhas, como a tela de Vincent van Gogh. Tente primeiro ler a imagem respondendo às já conhecidas questões que lhe apresentamos no tópico "Como ler textos visuais". Quando finalizar os exercícios, faça as outras atividades sugeridas no Estudo orientado. Na Roda de leitura, você vai encontrar um importante texto sobre a relação entre arte e artistas, do historiador de arte inglês Ernst Gombrich. A leitura dele vai ampliar seu repertório sobre as questões que vimos apresentando aqui. Para realizar a atividade da seção Vivenciar, dê uma olhada antes no filme sobre Beatriz Milhardes, sugerido em Navegar. A leitura que você fará para responder à Ágora vai fazê-lo tomar contato com importantes produções brasileiras da metade do século XX.

Bom trabalho!

EXERCÍCIOS

1. (Enem)

Francis Wyndham, de Lucian Freud. Óleo sobre tela, 64 × 52 cm. Coleção pessoal, 1993.

A tela A Boba, de Anita Malfatti, retrata, no primeiro plano, uma pessoa caracterizada por certa debilidade na expressão e no olhar. Construída em tons de laranjas, amarelo, azul e verde, realçando as zonas cromáticas delineadas pelas linhas negras, na maioria diagonais, a personagem está sentada numa cadeira, da qual aparece apenas o espaldar e parte do que poderia ser o braço. Essa figura, angulosa e assimétrica, recebe aplicação irregular de várias cores. Na fisionomia, há uma expressão anormal e vaga, ressaltada por traços negros, segundo a es‑tética expressionista do irracional e desarmônico. O fundo, elaborado com rápidas pinceladas, serve de contraponto. Ela está sentada de frente e ocupa o lado direito da composição, mas a cadeira em que está constrói uma diagonal à esquerda, que se prolonga na linha da gola de sua blusa. O cabelo repartido ao meio, cuja risca coincide com o centro do decote, contribui para ressaltar a deformação do rosto. Seus olhos não se dirigem ao espectador, revelando que ela está totalmente alheia a qualquer elemento externo. Não há um ponto único que atraia nosso olhar e se converta em centro da composição. Ao contrário, o olhar não repousa, fica disperso, atraído ora pelas diagonais, ora pelas formas esféricas. A cadeira parece estar fundida ao tronco da mulher, compondo uma imagem oval em diagonal que se desequilibra pela projeção da cabeça em outra direção, na vertical. As pupilas redondas, negras como os cabelos, causam impacto ao se localizarem no centro de losangos também negros compostos pelas sobrancelhas e pelos olhos.Adaptado de: ANDRADE, Gênese. Composição e decomposição nas artes. São Paulo: Escolas Associadas, 2002, p. 9.

EXERCÍCIO

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aula 3 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

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a arca. Era como se pudéssemos fazer uma visita aos Arnolfini em sua residência. O quadro representa provavelmente um momento solene na vida do casal: os seus esponsais. A jovem acaba de colocar sua mão direita sobre a esquerda de Arnolfini, e este parece estar prestes a colocar sua mão direita na dela, como símbolo solene de sua união. Provavel-mente, o pintor foi chamado a registrar esse importante momento como testemunha, tal como um notário poderia ser chamado para declarar que esteve presente num ato solene idêntico. Isso explicaria por que o mestre pôs seu nome numa posição de destaque no quadro, com as palavras latinas Johannes de Eyck fuit hic (Jan van Eyck esteve presente). No espelho ao fundo do quarto vemos toda a cena refletida por trás e aí, ao que parece, também vemos a imagem do pintor e testemunha. Ignoramos se foi o mercador italiano ou o artista setentrional quem concebeu a ideia de fazer tal uso do novo gênero de pintura, que pode ser comparado ao uso legal de uma fotografia, adequadamente endossada por uma testemunha idônea. Mas quem quer que tivesse originado a ideia, por certo havia compreendido rapidamente as tremendas possibilidades inerentes na nova maneira do pintar de Van Eyck. Pela primeira vez na história, o artista tornou-se a perfeita testemunha ocular, na mais verdadeira acepção da palavra.1

1. GOMBRICH, Ernst. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999, p. 240. Adaptado.

EXERCÍCIO

A Mona Lisa ou La Gioconda, de Leonardo da Vinci, talvez seja a obra de arte mais conhecida no mundo. Concebida inicialmente como o retrato de uma pessoa real, surpreende pelo realismo e a veracidade. Como o pintor alcançou esse realismo? Como se explica o encanto dessa obra? Faça a leitura observando primeiramente o olhar de Mona Lisa. Você percebe que toda vez que olhamos para ela temos a sensação de que ela nos direciona um novo olhar? Faça a análise dessa tela tentando responder àquelas questões apresentadas na primeira aula deste caderno.

DA VINCI, Leonardo.Mona Lisa

c. 1503‑1505, óleo sobre painel, 76 × 56 cm.

Museu do Louvre, Paris.Mona Lisa está de frente, e sua imagem constrói uma diagonal no quadro. Ela está no primeiro plano, na parte da frente da tela; ao fundo, há uma paisagem rochosa, imagem que simula a profundidade, isto é, a terceira dimensão. Portanto, a tela é bidimensional (comprimento e largura); o espaço, tridimensional (comprimento, largura e profundidade). A profundidade é simulada por meio da perspectiva, introduzida no Renascimento, época em que o quadro foi pintado.O que está no primeiro plano é maior do que está no segundo e no terceiro planos: à esquerda, encontra‑se o segundo plano, as rochas, maiores do que aquelas que constituem o terceiro plano, à direita. Por aí passa a linha do horizonte, mas o ponto de encontro dos dois planos, o ponto de fuga, está oculto atrás da cabeça de Mona Lisa. Essa horizontalidade do fundo contrasta com a verticalidade da figura em primeiro plano, que, assim, se impõe. Sua postura em diagonal no quadro a projeta ainda mais para a frente, o que é reforçado pelo sentido de seus braços, que convergem para que suas mãos, cuja perfeição impressiona, se encontrem. Esse encontro direciona o olhar do espectador para o que se constitui em uma linha vertical imaginária, que une as mãos ao nariz, e, embora não seja o centro geométrico do quadro, é o centro da imagem. Assim, nosso olhar é atraído para a mesma direção do olhar de Mona Lisa, e esse encontro de olhares é um dos elementos que constroem seu realismo.Ela está localizada mais à esquerda do quadro; seu olho direito dirige‑se para sua esquerda, buscando o centro. O crítico de arte norte‑americano Robert Cumming, no livro Para entender a arte, aponta uma assimetria entre seus olhos, provocada pelo desencontro do segundo e terceiro planos, o que faz com que a paisagem a sua direita atraia seu olho direito para baixo, enquanto a paisagem a sua esquerda atrai seu olho esquerdo para cima. Essas “atrações opostas” provocam um efeito, ainda segundo ele, fazendo‑nos ver um ligeiro tremor nos cantos de sua boca, causando‑nos a impressão de que ela está prestes a irromper em um sorriso. Esse é outro elemento que contribui para seu realismo, ao qual se soma a vitalidade da figura em oposição à aridez da paisagem que compõe o fundo. A impressão de aridez é obtida por meio das cores e da ausência de limites, contrastando com a nitidez e a definição da imagem da Gioconda que vemos nos detalhes de sua roupa: o decote bordado e as dobras da manga da blusa bem contornadas.

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VRE,

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