steel industry in brazil 2010 to 2025 - cgee and abm

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    SRIE DOCUMENTOS TCNICOS

    NOVEMBRO 2010 - N 09

    Siderurgia no Brasil2010-2025

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    A Srie Documentos Tcnicos tem o objetivo de divulgar resultados de estudos e anlises

    realizados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) com a participao de

    especialistas e instituies vinculadas aos temas a que se refere o trabalho.

    Textos com indicao de autoria podem conter opinies que no refletem necessariamente

    o ponto de vista do CGEE.

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    Siderurgia no Brasil2010-2025

    Organizao Social supervisionada pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia - MCT

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    Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE)O Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) uma associao civil sem fins lucrativos e de interesse pblico, qualificada comoOrganizao Social pelo executivo brasileiro, sob a superviso do Ministrio da Cincia e Tecnologia. Constitui-se em instituio dereferncia para o suporte contnuo de processos de tomada de deciso sobre polticas e programas de cincia, tecnologia e inovao(CT&I). A atuao do Centro est concentrada nas reas de prospeco, avaliao estratgica, informao e difuso do conhecimento.

    PRESIDENTALucia Carvalho Pinto de Melo

    DIRETOR EXECUTIVOMarcio de Miranda Santos

    DIRETORESAntnio Carlos Filgueira GalvoFernando Cosme Rizzo Assuno

    EDIOEREVISO|Tatiana de Carvalho PiresDESIGNGRFICO|Eduardo OliveiraDIAGRAMAO|Vincius Romualdo

    APOIOTCNICO|Maria Beatriz Pereira Mangas

    C389sSiderurgia no Brasil 2010-2025; subsdios para tomada de

    deciso Braslia: Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, 2010.

    112p.; il, 24 cm (Srie Documentos Tcnicos, 9)

    1. Siderurgia do futuro - Brasil. 2. Estratgia setorial - Brasil. I.CGEE. II. Ttulo.

    CDU 669.1(81)

    Centro de Gesto e Estudos EstratgicosSCN Qd 2, Bl. A, Ed. Corporate Financial Center sala 110270712-900, Braslia, DFTelefone: (61) 3424.9600http://www.cgee.org.br

    Esta publicao parte integrante das atividades desenvolvidas no mbito do Contrato de Gesto CGEE 11 Termo Aditivo - Ao/Subao:Tecnologias Crticas em Setores Econmicos Estratgicos - 51.4.1/MCT/2007.

    Todos os direitos reservados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE). Os textos contidos nesta publicao podero serreproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte.Sugesto de citao: CGEE, ttulo, autoria, ano de publicao, CGEE: Braslia.Impresso em 2010.

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    CONSULTORES

    EQUIPETCNICADO CGEEElyas Ferreira de Medeiros (coordenador)

    SUPERVISOFernando Cosme Rizzo Assuno

    Siderurgia no Brasil2010-2025

    Andr Luiz V. da Costa e SilvaAntnio Cezar Faria Vilela

    Boaventura Mendona dAvila FilhoCarlos Augusto Oliveira

    Claudio Parra De Lazzari

    Carlos HoffmannEduardo OsrioErnandes Marcos da Silveira Rizzo

    Ivani de S. BottJacques Marcovitch

    Joel Souza DutraJos Carlos DAbreu

    Jos Murilo MouroKatsujiro SusakiLauro Chevrand

    Luis Cludio Pinto OliveiraMarcelo de Matos

    Mauro Ottoboni PinhoPatrcia Helena Gambogi BsonPaulo Ludmer

    Pedro BragaRonaldo Santos Sampaio

    Srgio de Jesus PereiraSrgio Valdir Bajay

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    COMITORIENTADORCssio Marx Rabello Costa |ABDIFernando Antonio Freitas Lins | MMEHoracdio Leal Barbosa |ABMLlio Fellows Filho | CGEERudolf Robert Bhler | IABrTlio Edeo Ribeiro | MDIC

    INSTITUIESCOLABORADORASABDI | ABM | Aos Villares | Arcelor Mittal | BNDES | CGEE | CSNFinep | Gerdau | Ibram | IABr | MDIC | MME | Samarco | UsiminasValourec-Mannesmann | Villares Metals | votorantim |

    ESPECIALISTARELATORGermano Mendes de Paula | Instituto de Economia, UFU

    ESPECIALISTASPROPONENTESBoaventura Mendona dAvila Filho | Setepla Tecnometal EngenhariaJos Carlos DAbreu | Engenharia de Materiais, PUC-RioMarcelo de Matos | De Matos Consultoria

    ESPECIALISTASCOLABORADORESAntonio Laitano | FINEPCtia Mac Cord | IABrCelso Antonio Barbosa | Villares MetalsColetano B. de Abreu Neto |Arcelor MittalDaniel da Silva Marques | VotorantimEd Juarez Mendes Taiss | UsiminasEduardo Pessotti Rangel | SamarcoEugnio de Felici Zampini |Aos Villares

    Evando Mirra de Paula e Silva | CGEEFernando Antonio Freitas Lins | MMEJos Falco Filho | GerdauMrcio Frazo G. Lins | CSNMarcos de Abreu Alecrin | BNDESNilton Sacenco | MDIC

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    SUMRIO

    APRESENTAO

    TEMASTECNOLGICOSABORDADOSNESTETRABALHO

    TECHNLOGICALTHEMESCOVEREDINTHISSTUDY

    INTRODUO

    CAPTULO 1

    MATRIAS-PRIMAS 1.1 Rotas tecnolgicas 17

    1.2 Minrio de ferro 20

    1.3 Carvo mineral 25

    1.4 Carvo vegetal 31

    CAPTULO 2

    REDUO

    2.1 Pelotizao e sinterizao 37

    2.2 Alto-forno a coque 40

    2.3 Alto-forno a carvo vegetal 43

    2.4 Reduo direta e processos emergentes de reduo 45

    CAPTULO 3

    REFINOPRIMRIO (ACIARIA)

    3.1 Aciaria LD 51

    3.2 Aciaria eltrica 56

    3.3 Produo direta de ao 60

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    CAPTULO 4

    LINGOTAMENTOELAMINAO

    4.1 Tecnologia de processos em lingotamento e laminao 61

    4.2 Produtos (aos planos e longos) 65

    CAPTULO 5

    GESTOAMBIENTAL 5.1 Gesto ambiental 70

    5.2 Gesto de emisso atmosfrica 73

    5.3 Consumo de energia 76

    5.4 Gesto dos resduos e reciclagem 79

    5.5 Gesto dos recursos hdricos 81

    CAPTULO 6

    DIRETRIZESERECOMENDAES (RESUMO)

    LISTADEDOCUMENTOSINTERMEDIRIOSDOESTUDO

    LISTADEFIGURASEGRFICOS

    LISTA

    DE

    QUADROS

    LISTADESIGLAS

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    APRESENTAO

    A indstria siderrgica, historicamente, vem ocupando um papel de destaque no mbito da eco-

    nomia brasileira. A constituio da Companhia Siderrgica Nacional (CSN), nos anos , foi umdos traos mais marcantes do esforo de industrializao do pas. Cinco dcadas depois, a priva-

    tizao das grandes companhias siderrgicas representou uma ruptura na forma de atuao do

    Estado na economia. Nos anos recentes, algumas companhias siderrgicas brasileiras ampliaram

    seus investimentos no exterior, transformando-se em expoentes das multinacionais do pas.

    A siderurgia foi e continua sendo uma indstria essencial para o Brasil, na medida em que o alicerce

    de vrias cadeias produtivas, tais como a automotiva, a da construo civil, a de bens de capital, dentre

    outras. Ademais, atualmente, a siderurgia vivencia outro ponto de inflexo em face da retomada da

    ampliao acelerada da capacidade instalada. Em -, inclusive, duas novas usinas siderrgicas

    de grande porte entraro em operao no pas. Superados os impactos da crise econmico-financeira

    mundial de , novos projetos comeam a sair do papel. Trata-se, assim, de um momento oportu-

    no para avaliar as perspectivas do setor, bem como propor diretrizes e recomendaes.

    neste contexto que o Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) apresenta os resultados

    finais do Estudo Prospectivo do Setor Siderrgico, - (EPSS). Este foi uma iniciativa do

    Frum de Competitividade do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    (MDIC) e do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT). O EPSS esteve a cargo do CGEE, e foi de-

    senvolvido em parceria direta com a Associao Brasileira de Materiais, Metalurgia e Minerao

    (ABM) e o Instituto Ao Brasil (IABr).

    Um comit de coordenao do EPSS teve a participao das seguintes instituies e empresas:

    Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ABM, Aos Villares, ArcelorMittal, Banco

    Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), CGEE, CSN, Financiadora de Estudos

    e Projetos (Finep), Gerdau, IABr, Instituto Brasileiro de Minerao (Ibram), MDIC, Ministrio de Mi-

    nas e Energia (MME), Samarco, Usiminas, Valourec-Mannesmann, Villares Metals e Votorantim. A

    ampla participao de instituies de governo, de empresas e da comunidade acadmica confere

    conformidade s expectativas da sociedade quanto ao diagnstico e s proposies do EPSS.

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    O objetivo deste documento finalstico do EPSS o de apresentar um conjunto de aes estru-turantes que devem estar presentes no futuro da siderurgia brasileira. Para isto, foram elabora-

    das inicialmente notas tcnicas. Em seguida, em um grande esforo de sistematizao, foram

    confeccionados dois documentos propositivos, sendo um relativo s recomendaes poltico-

    institucionais e outro, s recomendaes para a inovao tecnolgica. Tais proposies foram

    discutidas em simpsios e oficinas e, agora, aps perodos de reflexo e debates para seu desdo-

    bramento em uma agenda tecnolgica setorial, o EPSS entrega sociedade as principais conclu-

    ses, como subsdio formulao de polticas pblicas com alcance no horizonte de a .

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    TEMASTECNOLGICOSABORDADOSNESTETRABALHO

    O Estudo Prospectivo do Setor Siderrgico (EPSS) objetivou construir um conjunto de aes es-

    truturantes que devem estar presentes no futuro (-) da siderurgia brasileira.

    O EPSS rene notas tcnicas, relatrios propositivos (um trazendo subsdios do mbito

    poltico-institucional; e outro, acerca das inovaes tecnolgicas) e este caderno, sntese de

    todo o esforo.

    Aqui relatado o contexto internacional e nacional que fundamenta os conjuntos de principais

    diretrizes subsidirias aos processos de tomada de deciso setorial.

    Os seguintes temas foram predominantes no estudo: matria-prima, reduo, refino primrio,

    lingotamento e laminao, gesto ambiental.

    As principais diretrizes apontadas foram:

    Minrio de ferro. Maiores investimentos em prospeco geolgica; estudos adicionais parase adaptar nova realidade das jazidas de ferro;

    Carvo mineral e coqueria. Melhor conhecimento das reservas brasileiras de carvo mi-

    neral para o uso na cadeia siderrgica; pesquisas quanto ao uso de carvo mineral nacional

    e do coque verde de petrleo;

    Carvo vegetal. Expanso da base florestal; fontes alternativas de biomassa; melhoria do

    desempenho tcnico-ambiental;

    Pelotizao e sinterizao. Melhoria do desempenho tcnico-ambiental das plantas em

    operao; desenvolvimento de tecnologias especficas;

    Alto-forno a coque. Maior articulao empresa/governo/academia e programa de vigiln-

    cia tecnolgica; adoo de inovaes incrementais;

    Alto-forno a carvo vegetal. Alterao das legislaes federal e estaduais; financiamento

    para a construo de usinas integradas a carvo vegetal; melhoria do desempenho

    tcnico-ambiental;

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    Reduo direta. Investigao acerca da viabilidade de implantar mdulos de reduo di-

    reta no pas; programa de vigilncia tecnolgica para reduo direta e para os processosemergentes de reduo; apoio ao maior desenvolvimento tecnolgico, em particular para

    tecnologias Tecnored e Interferro;

    Aciaria LD. Melhoria do desempenho ambiental; desenvolvimento de inovaes

    incrementais;

    Aciaria eltrica. Fornecimento de energia eltrica a custos competitivos; desenvolvimento

    de modelamento matemtico para controle do processo dinmico;

    Produo direta do ao. Programa de vigilncia tecnolgica; desenvolvimento

    cientfico-tecnolgico;

    Processos em lingotamento e laminao. Aprofundamento do conhecimento de tecno-

    logias ainda no disseminadas na siderurgia brasileira; melhoria das condies operacionais

    das tecnologias j adotadas pelas siderrgicas brasileiras;

    Produtos. Vigilncia tecnolgica em relao aos novos produtos siderrgicos e articulao

    entre as usinas siderrgicas e os consumidores; apoio ao desenvolvimento de produtos si-derrgicos de maior sofisticao tecnolgica;

    Gesto ambiental. Aprimoramento dos modelos de gesto empresarial; articulao go-

    verno/sociedade/empresa com definio de projetos ambientais prioritrios e defesa dos

    interesses setoriais em negociaes internacionais;

    Gesto de emisso atmosfrica. Estmulo ao uso do carvo vegetal no setor; maior conhe-

    cimento de progressos tecnolgico que permitam a retrao das emisses atmosfricas

    em usinas integradas a coque;

    Consumo de energia. Diminuio do consumo de energia pela indstria siderrgica

    brasileira;

    Gesto de resduos e reciclagem. Aperfeioamento dos esforos j realizados na gesto de

    resduos e reciclagem; e,

    Gesto de recursos hdricos. Aperfeioamento da gesto de recursos hdricos.

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    TECHNLOGICALTHEMESCOVEREDINTHISSTUDY

    The EPSS (Prospective Study of the Steel Sector) main goal is to show a set of structural initiatives

    for the future of the Brazilian steel industry, covering -. It consists of technical reportsand two recommendations - one regarding the political and institutional features and the other

    concerning technological innovations.

    Further, the EPSS discusses the international and national contexts for the steel industry, presen-

    ting guidelines and recommendations for the following issues: raw materials, reduction, primary

    refining, continuous casting, rolling mills and environmental management.

    The EPSS key recommendations for the above subjects are:

    Iron ore: Higher investments for geological survey; additional studies to establish technical

    innovations to attend the new iron ore mines conditions;

    Coal and coking : Better knowledge of the Brazilian coal reserves, aiming at the steel indus-

    try; research on the utilization of domestic coal and petroleum coke;

    Charcoal: Expansion of the forest base; search for alternative sources of biomass; improve-

    ment of the technical and environmental aspects of the char processes;

    Pelletizing and Sintering: Enhancement of the technical and environmental performance

    of the plants; development of specific agglomeration technologies;

    Coke Blast-Furnace: Better articulation among companies, governmental entities and uni-

    versities and technological surveillance; monitoring, selection and absorption of incremen-

    tal innovations;Charcoal Blast-Furnace: Modification of the federal and state legislations; financing studies

    on charcoal-integrated steelworks implementation; improvement for technical and envi-

    ronmental mini blast-furnace performance;

    Direct Reduction: Feasibility studies concerning the direct reduction processes imple-

    mentation; program of technological surveillance focusing direct reduction processes and

    emerging technologies; support Brazilian technological developments, in particular, regar-

    ding the Tecnored and the Interferro processes;

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    Basic oxygen furnace (LD): Efforts for environmental impact minimization; development

    of incremental innovations for the process;Electric arc furnace (EAF): Availability of electric power at competitive costs; development

    of mathematical models for dynamic process control;

    Direct steelmaking: Program of technological surveillance; support to scientific-technolo-

    gical research;

    Continuous casting and rolling processes: Development of mathematical models for process

    simulation and control; improvement in operational performance of the technologies in use;

    Products: Technological surveillance concerning new steel products; articulation between

    steel companies and consumers; financial support to the development of high mechanical-

    metallurgical and chemical performance steel products;

    Environment general issues: Generation of smart management models; articulation among

    government, communities and companies for the definition of environmental projects and

    policies for defending the sectors interests in the international negotiation forums;

    Management of atmospheric emissions: Incentive to the use of charcoal as fuel andthermo-reductant agent in steelworks; research and feasibility studies that allow abating

    atmospheric emissions at coke base integrated steel plants;

    Energy consumption: Development and implementation of technical innovations to de-

    crease the energy consumption by the Brazilian steel industry;

    Management of residues and recycling: Efforts to enhance the recovery, reducing and

    recycling steel wastes in general; improve the management techniques for residues han-

    dling, recovering and disposal;

    Water management: Improvement in water treatment and reclaiming processes for

    industrial reuse.

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    INTRODUO

    Pensar estrategicamente o futuro do pas requer investigar vrios temas, inclusive os relacionados

    s perspectivas da indstria de transformao. No mbito desta, a siderurgia vem sendo prota-gonista em termos do esforo de modernizao tecnolgica e da adoo das melhores prticas

    de gerenciamento ambiental.

    Os cenrios para a siderurgia brasileira so preponderantemente otimistas. Do ponto de vista da

    oferta, vislumbra-se um substancial incremento, no apenas em funo dos investimentos rea-

    lizados pelas empresas j atuantes, mas tambm como resultado de novos entrantes na inds-

    tria. Do lado do consumo, as perspectivas de crescimento tambm so muito positivas, uma vez

    que a demanda domstica de produtos siderrgicos vem sendo impulsionada pela ampliao da

    renda da populao e da expanso do crdito e ainda pelo ressurgimento de indstrias consu-

    midoras de ao, como a da construo naval.

    Resultado de dois anos de trabalho, o EPSS composto por novas tcnicas, dois relatrios de

    recomendaes (um versando sobre aspectos poltico-institucionais e outro, acerca das inova-es tecnolgicas) e este relatrio-sntese, na forma de caderno contendo subsdios prioritrios

    s tomadas de decises setoriais.

    Um dos desdobramentos almejados do EPSS subsidiar para a formulao de polticas pblicas,

    uma vez que sintetiza as propostas de diretrizes para o setor nos prximos anos. Contudo, o

    EPSS no uma obra direcionada apenas aos governos. Ao contrrio, ele pretende contribuir na

    elaborao de estratgias empresariais, para uma maior aproximao dos projetos acadmicosaos planos da indstria e, assim, para um adensamento da relao entre empresa, universidade,

    centro de pesquisa no mbito da cadeia mnero-metalrgica.

    Com a publicao do EPSS, pretende-se tambm chamar a ateno para as boas perspectivas

    de gerao de empregos na indstria siderrgica brasileira. So esperados, como resultado da

    expanso da produo de ao no pas, que sejam criados entre e mil novos postos de tra-

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    balho at . A maior parte desses novos empregos exigir pessoas qualificadas. Atualmente, do efetivo prprio das siderrgicas j possuem nvel mdio e outros , o nvel superior

    de formao acadmica. lcito acreditar que estes percentuais sejam at mais elevados no que

    tange s novas contrataes.

    Ainda em relao ao mercado de trabalho, a expanso da siderurgia brasileira implicar consi-

    dervel demanda por engenheiros. Como se sabe, tais profissionais contribuem para a inovao,

    como consequncia de sua vocao para a busca de solues de gargalos e de aproveitamentode oportunidades.

    Com a economia brasileira crescendo a um ritmo acelerado nos prximos anos, o risco da escas-

    sez de engenheiros tende a ser elevado. Em , apenas mil pessoas concluram graduao

    de engenharia no pas, dos quais aproximadamente , mil nos campos da minerao, metalurgia

    e mecnica. Trata-se de um nmero relativamente baixo, principalmente ao ser comparar com a

    demanda atual e futura por recursos humanos por parte da cadeia mnero-metalrgica.

    Nesse sentido, premente a necessidade de se iniciar o debate sobre a criao e reativao de

    cursos de engenharia de materiais e metalrgica, de tal forma a atender as futuras demandas.

    Para este campo do conhecimento, salutar promover uma avaliao das grades curriculares,

    com a participao das empresas, do governo e da academia, levando-se em conta as novas

    competncias requeridas no mercado de trabalho, em geral; e pelas companhias mnero-me-talrgicas, em particular. No curto prazo, deveriam ser criados mecanismos visando a facilitar a

    entrada de engenheiros estrangeiros no pas, bem como instrumentos para o aperfeioamento

    do pessoal j ocupado.

    Este documento tcnico no foi elaborado para ser lido apenas pela comunidade siderrgica.

    Porm, no uma tarefa fcil traduzir os resultados coletivos de um estudo multi-institucional,

    para o pblico no-especializado, especialmente quanto a termos tcnicos em ingls. Para tentarmitigar tal dificuldade, optou-se por citar os nomes das tecnologias em portugus, seguido pela

    sua denominao em ingls, e ainda pela sigla em ingls, que, na maioria das vezes, a forma pela

    qual ela mais conhecida.

    Trs outras preocupaes nortearam a elaborao deste documento: primeiro, cada seo foi

    segmentada em contexto internacional, contexto nacional, diretrizes e recomendaes, com a

    expectativa de que isto facilite a leitura; segundo, o CD (na terceira capa) permite acesso s no-

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    tas tcnicas originais, que serviram de suporte a este texto, e nas quais constam as refernciasbibliogrficas consultadas pelos especialistas de cada tema; terceiro, as recomendaes formu-

    ladas ao longo da elaborao do EPSS, em geral de carter mais especfico, foram aglutinadas

    em diretrizes.

    Este caderno consiste de seis captulos. Os quatro primeiros seguem a ordem do processo pro-

    dutivo siderrgico, a saber: matria-prima; reduo (cujo equipamento mais conhecido o alto-

    forno); refino primrio (aciaria); lingotamento e laminao (mais relacionado aos produtos, comovergalhes e chapas). O quinto captulo dedicado gesto ambiental, um tema que perpassa

    todas as atividades de uma usina siderrgica. O sexto captulo corresponde a uma reapresenta-

    o das diretrizes e recomendaes, que passam a ser relacionadas aos conceitos de competiti-

    vidade sistmica e estrutural, bem como aos programas tecnolgicos sugeridos.

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    CAPTULO 1MATRIAS-PRIMAS

    1.1 Rotas tecnolgicas

    Contexto internacional

    Existem duas rotas tecnolgicas predominantes na indstria siderrgica mundial:

    As usinas integradas a coque;

    As usinas semi-integradas.

    Nas usinas integradas a coque (Figura .), as reas de transformaes do minrio de ferro e do

    ao encontram-se presentes em uma nica unidade industrial. Assim, partindo-se do minrio de

    ferro (ou de seus produtos, snter e pelota), coque e fundentes, chega-se ao ferro-gusa que, pos-

    teriormente, convertido em ao. Aps transformao mecnica (laminao), o ao comer-

    cializado no mercado sob a forma de produtos planos (chapas e bobinas) e longos (vergalhes,barras e perfis). Assim, uma usina integrada a coque , tipicamente, composta de trs etapas:

    Reduo (cujo objetivo a fabricao do ferro-gusa);

    Refino (produo e resfriamento do ao);

    Transformao mecnica (produtos siderrgicos destinados comercializao).

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    CarvoMineral

    Coque

    Pelota

    Minriode Ferro

    rea de RefinoSecundrio

    Ao

    Meio AmbienteCO2

    rea deTransformao

    Mecnica

    Produto

    Escria FerroGusa

    rea de Reduo

    Snter

    Fundentes

    Fundentes

    Ferro-Liga

    Escria

    Oxignio

    rea de Refino

    Gs

    Co-Gerao

    Figura 1.1: Usinas integradas a coque

    As usinas semi-integradas no possuem a etapa de reduo (Figura .). Portanto, trata-se de um

    processo mais compacto, razo pela qual elas so usualmente chamadas de minimills. As aciarias

    so alimentadas principalmente com sucata ferrosa e, em menor intensidade, por ferro-gusa e

    pr-reduzidos (ferro diretamente reduzido, direct reduced iron, DRI; e ferro briquetado a quente,

    hot briquetted iron, HBI). Resumidamente, a usina semi-integrada consiste das reas de refino e

    de transformao mecnica.

    rea de RefinoSecundrio

    Ao

    Meio AmbienteCO2

    rea de

    TransformaoMecnica

    Produto

    Fundentes

    Ferro-Liga

    Escria

    Oxignio

    Sucata

    Pr-Reduzido

    rea de Refino

    Gs

    Co-Gerao

    Figura 1.2: Usinas semi-integradas

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    Existe uma terceira rota tecnolgica cuja difuso mais reduzida em termos mundiais. Trata-se

    da usina integrada reduo direta (RD), que possui as trs reas produtivas: reduo, refino e

    transformao mecnica. Ela apresenta duas importantes diferenas em relao s usinas inte-

    gradas a coque. Primeiro, na etapa de reduo, ao invs de sinterizao, coqueria e alto-forno, ela

    utiliza mdulos de reduo direta. Segundo, na fase de refino, em vez de aciaria bsica a oxignio,

    ela faz uso de aciaria eltrica. Tais tecnologia sero examinadas nos captulos e .

    Contexto nacional

    O parque siderrgico brasileiro bastante diversificado, no que tange s configuraes produ-

    tivas, possuindo os seguintes tipos de usinas: integrada a coque, semi-integrada, integrada re-

    duo direta, integrada a carvo vegetal e produtor independente de ferro-gusa base de alto-

    forno a carvo vegetal.

    Ressalte-se que o uso do carvo vegetal como redutor (ao invs do carvo mineral), uma pecu-liaridade da siderurgia brasileira. A Figura . apresenta a configurao esquemtica do produtor

    independente de ferro-gusa (o guseiro). Ele no fabrica ao, mas apenas o ferro-gusa, em gran-

    de parte direcionada ao mercado externo.

    CarvoVegetal

    Coque

    Pelota

    Minriode Ferro

    Ao

    Meio AmbienteCO2

    Escria FerroGusa

    rea de Reduo

    Snter Fundentes

    Gs

    Co-Gerao

    Figura 1.3: Produtores independentes de ferro-gusa

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    Como esta seo tem a finalidade de apresentar, de forma simplificada, os principais tipos de

    usinas siderrgicas, diferentemente do restante do relatrio, ela no contm uma subseo es-

    pecfica relativa s diretrizes e recomendaes.

    1.2 Minrio de ferro

    Contexto internacional

    A minerao de ferro vem experimentando uma expanso substancial nos ltimos anos, fruto

    da grande escalada de produo e do consumo de ao nos pases asiticos, em geral, e na China,

    em particular. O crescimento exponencial da economia nessa regio vem acarretando o incre-

    mento da demanda por produtos siderrgicos. Esta trajetria vem sendo reforada pelos signifi-

    cativos investimentos governamentais em infra-estrutura, pelo desenvolvimento da indstria de

    bens de capital (equipamentos) e pelo incremento do consumo de bens durveis (automveis e

    linha branca, por exemplo), entre outros fatores.

    O minrio de ferro a matria-prima bsica da siderurgia, respondendo pelas unidades met-

    licas (Fe) de alimentao dos reatores de reduo, como o alto-forno e o mdulo de reduo

    direta. Processado nessas instalaes, o minrio d origem ao ferro primrio ferro-gusa, DRI

    e HBI que, tratado nas aciarias, converte-se em ao. importante sublinhar que a sucata fer-

    rosa tem tambm um importante papel na siderurgia, por meio da sua utilizao direta nos

    fornos eltricos a arco (electric arc furnace, EAF) e como complemento de carga nos converso-

    res bsicos a oxignio. No entanto, a sucata ferrosa possui uma representatividade menor que

    a do minrio de ferro, respondendo por cerca de do suprimento de unidades de ferro

    siderurgia mundial.

    O minrio de ferro quase que totalmente utilizado na indstria siderrgica (> ). Peque-

    nas parcelas do montante de produo so destinadas s indstrias de cimento, qumica etc.A Figura . apresenta a interdependncia da minerao de ferro e da siderurgia em mais de-

    talhes. Por meio das operaes de lavra, faz-se a explotao (aproveitamento econmico) do

    minrio da jazida, encaminhando-se o produto bruto (comumente chamado de run of mine,

    ROM), para o tratamento ou mesmo beneficiamento. Ento, este material submetido a uma

    srie de operaes de fragmentao, classificao por tamanhos, concentrao, desaguamento

    etc., visando a adequ-lo qumica, fsica e metalurgicamente ao atendimento das exigncias dos

    processos siderrgicos.

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    Jazida

    Minerao

    Granulados

    sinterizao alto forno Conversor

    Sinter

    Rota Sinter. - AF - LD

    Rota Reduo Direta

    ferro-gusa

    Finos

    Pelotas

    Siderurgia

    Lavra Tratamento Pelotizao

    Transporte Mercado Transocenico

    AoLquido

    Forno eltrico

    DRI/HBI

    ReatorReduo Direta

    Figura 1.4: A minerao de ferro e a siderurgia

    Fonte: Vale

    Um aspecto muito importante para caracterizar os produtos minerais que saem da usina de

    tratamento a sua distribuio granulomtrica. Durante o desmonte, a lavra, a fragmentao e

    o manuseio, muitos finos so gerados, os quais so inadequados ao uso direto nos reatores de

    reduo (alto-forno e mdulo de reduo direta), sendo aglomerados previamente, em plantas

    de sinterizao ou pelotizao. De um modo geral, os produtos de minerais de ferro, em funo

    da granulometria, podem ser classificados em granulado (ou lump), fino para sinterizao (sinter

    feed) e fino para pelotizao (pellet feed). A faixa de tamanho do granulado de , a , mm;a do sinter feed, de , a , mm; e a dopellet feed, abaixo de , mm.

    A minerao de ferro tanto mais econmica, quanto maior a proporo de granulado. A quali-

    dade das reservas e jazimentos so determinantes nesse aspecto. Os processos de concentrao e

    aglomerao so de alto custo operacional, requerem grandes montantes de investimento e acar-

    retam considervel impacto ambiental. A produo de sinter feed epellet feed nas minas implica a

    necessidade de suas prvias aglomeraes para que possam ser utilizados na siderurgia. As cargas

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    metlicas tpicas dos altos-fornos consistem de: granulado, snter ( a mm) e pelota ( a mm).

    Por sua vez, a carga dos mdulos de reduo direta contempla granulado e pelota ( a mm).

    Diferentes minrios de ferro, devido s variadas gneses, possuem propriedades totalmente dis-

    tintas e, em consequncia, comportamentos muito variados, no s nas operaes de lavra e

    beneficiamento, mas tambm nos reatores dos processos siderrgicos. Da mesma forma, aglo-

    merados como as pelotas apresentam caractersticas e desempenho na reduo, tambm, mui-

    to particulares e variados, dependendo do tipo de pellet feed, fundentes, grau de moagem etc.,utilizados na sua fabricao. Considerando as evidncias de que os minrios de ferro e as pelo-

    tas possuem identidade prpria, tais produtos no devem ser classificados como commodities.

    No mbito mundial, verifica-se a degradao das reservas e da produo de minrio granulado,

    tanto em volume, quanto em qualidade. Em , a produo mundial de granulado foi de

    milhes de toneladas, o equivalente a do mercado transocenico e a da produo to-

    tal de minrio de ferro. Em , a despeito do crescimento considervel da produo global deminrio de ferro, a quantidade de granulado j havia retrado para milhes, passando a repre-

    sentar apenas do mercado transocenico e da produo global do minrio. Quanto

    qualidade, constata-se uma reduo progressiva na resistncia e nas caractersticas qumicas dos

    minrios granulados disponveis no mercado: teor contido de ferro (quanto maior, melhor o

    minrio), alumina e fsforo (quanto maior, pior o minrio).

    Quando se analisam os novos projetos de empresas estabelecidas e de potenciais entrantes na

    minerao mundial de ferro, verifica-se que vrios empreendimentos tendem a gerar um volume

    crescente depellet feed , sendo que, em alguns casos, este tipo de minrio responder pela to-

    talidade da futura produo. Nessas condies, maiores custos sero incorridos devido a maior

    intensidade dos investimentos (/capacidade instalada) e maior complexidade das operaes de

    minerao e beneficiamento.

    A pelotizao de minrios de ferro vem ganhando cada vez mais importncia, em funo de

    quatro fatores principais:

    a) a degradao dos granulados vem estimulando o incremento do uso das pelotas na

    carga dos altos-fornos;

    b) as restries ambientais expanso da sinterizao, j em vigor nos pases desenvolvi-

    dos, tambm vm induzindo ao maior consumo de pelotas;

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    c) a maior difuso da tecnologia de reduo direta vem ampliando a demanda de pelo-

    tas para esta aplicao especfica;d) a crescente gerao depellet feed vem consolidando a pelotizao como a tecnologia

    mais adequada para o uso deste minrio superfino.

    Contexto nacional

    O Brasil possui a quinta maior reserva de minrio de ferro do globo, em termos de ferro contido.

    Porm, quando se levam em considerao os contaminantes, as reservas brasileiras situam-se emlugar de absoluto destaque, configurando-se como as mais puras, mundialmente. Em termos da

    siderurgia brasileira, baseando-se na demanda de minrio de ferro atual e projetada, assim como

    nas reservas do pas, pode-se afirmar que as empresas desse setor estaro seguras quanto ao su-

    primento, em quantidade e qualidade, com benefcios para a sua competitividade.

    O pas , ainda, um dos maiores produtores de minrio de ferro do mundo, no s em quantida-

    de, como tambm em qualidade. Embora as reservas brasileiras venham aumentando ao longodo tempo, importante destacar que esse crescimento relacionado ao incremento da parti-

    cipao dos itabiritos de Minas Gerais, mais especificamente do Quadriltero Ferrfero. Novas

    pesquisas geolgicas no tm relatado ocorrncias de hematita compacta, em montante apre-

    civel. Ao contrrio, muitos estudos tm mostrado que novos jazimentos sero basicamente de

    itabirito, podendo gerar at depellet feed, no beneficiamento.

    Reforando o argumento, as hematitas esto em processo de exausto nas reservas conhecidas

    do Quadriltero Ferrfero e, por conseguinte, haver escassez de granulado, em futuro no mui-

    to distante. Sendo mais pobres em ferro, os itabiritos necessitam de plantas mais complexas de

    beneficiamento, com etapas de concentrao mais sofisticadas e com menores ndices de recu-

    perao metlica. No futuro prximo, existe a expectativa de que os minrios lavrados tero te-

    ores mais elevados de fsforo e alumina. O volume de minrio ultrafino, tipopellet feed, tambm

    aumentar, principalmente em funo dos novos projetos, reforando a necessidade de plantasde pelotizao.

    O consumo interno de minrio de ferro pela siderurgia de cerca de da quantidade produ-

    zida no pas. Portanto, o setor siderrgico nacional estar suprido, no mdio e longo prazo, com

    o melhor produto disponvel no mercado mundial. No que tange aos preos, o seu incremento

    tem tornado viveis vrios recursos minerais, que anteriormente eram considerados antiecon-

    micos. Isto, por sua vez, tem estimulado as companhias siderrgicas a buscarem auto-suprimen-

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    to, por meio de integrao vertical, passando a adquirir minas existentes e/ou desenvolvendo

    novas minas de ferro.

    Diretrizes e recomendaes

    As recomendaes decorrem principalmente do fato de que a expanso da produo de min-

    rio de ferro est sendo associada explotao de minrios de pior qualidade. Assim, duas so as

    diretrizes principais:

    a) Maiores investimentos em prospeco geolgica, visando descoberta de reservas

    com maiores porcentagens de granulado e menores teores de impureza, especial-

    mente de fsforo;

    b) Estudos adicionais para se adaptar nova realidade das jazidas de ferro, que apontam

    para o esgotamento dos granulados e uma composio qumica de pior qualidade

    (Figura .).

    Degradao das reservas e daproduo de minrio

    granulado, tanto em volume,quanto em qualidade.

    Vrios empreendimentostendem a gerar um volume

    crescente depellet feed. osminrios lavrados tero teoresmais elevados de fsforo.

    1. Maiores investimentos em

    prospeco geolgica, visando descoberta de reservas com maiores

    porcentagens de granulado e

    menores teores de impureza(especialmente de fsforo).

    2. Estudos adicionais para se adaptar nova realidade das jazidas de ferro.

    Figura 1.5: Minrio de ferro - situao atual e diretrizes

    A primeira diretriz (a) no possui desdobramento em recomendaes mais especficas; a segun-

    da (b) engloba as seguintes recomendaes:

    Criar uma plataforma para o desenvolvimento de estudos em minrio de ferro, tendo-se em

    conta os aspectos econmicos, as novas tecnologias e processos, a diminuio do consumo

    de energia e os impactos ambientais;

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    Incentivar, ampliar e consolidar as integraes siderurgia/minerao e siderurgia/minerao/

    academia, visando ao desenvolvimento de solues para o aproveitamento de finos de mi-nrio de ferro e minrios com maiores teores de impurezas, especialmente de fsforo.

    Incentivar e consolidar os estudos de geometalurgia dos minrios de ferro, visando mensu-

    rao dos seus valores de uso (value in use);

    Estimular estudos fundamentais acerca da mineralogia da alumina e do fsforo nos minrios

    de ferro e as reais possibilidades de sua extrao por processos de concentrao, em parti-

    cular a flotao;

    Avaliar, por meio de estudos de caracterizao qumica, o potencial de impacto ambiental

    dos diferentes minrios de ferro brasileiros (por exemplo, a produo de dioxinas no pro-

    cesso de sinterizao);

    Investir nos estudos de beneficiamento dos itabiritos e outros minrios de menor teor de

    ferro contido.

    A discusso das recomendaes e diretrizes para o processo de pelotizao propriamente dito

    ser apresentada na seo ..

    1.3 Carvo mineral

    Contexto internacional

    Carvo uma rocha sedimentar combustvel oriunda de matria orgnica. A lavra de carvo

    pode ser a cu aberto ou subterrnea, conforme a profundidade da camada de carvo a ser mi-

    nerada. O beneficiamento dos carves tem por objetivo reduzir o teor de matria inorgnica

    (formadora das cinzas) e de enxofre. Aproximadamente das reservas de carves no mundo

    situam-se no Hemisfrio Norte. Os maiores produtores so China, Estados Unidos, Rssia e Aus-

    trlia, sendo este o maior exportador mundial de carvo.

    A principal utilizao de carvo no mundo na gerao de eletricidade, com um consumo anual

    de , bilhes de toneladas. O carvo para uso siderrgico o segundo maior mercado mundial

    deste produto, com um consumo anual superior a milhes de toneladas. Nesta indstria,

    a maior aplicao do carvo para produo de coque, a ser empregado no alto-forno. Entre-

    tanto, somente das reservas mundiais de carvo possuem as propriedades requeridas para

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    a coqueificao, ocasionando um alto valor deste tipo de carvo no mercado internacional. Os

    carves que formam coque so denominados carves coqueificantes.

    Para o processo de coqueificao necessrio que o carvo possua propriedades coqueificantes,

    isto , quando aquecido em ausncia de ar, ele deve: amolecer, inchar, aglomerar e, finalmente,

    solidificar na forma de um slido poroso e rico em carbono, de alta resistncia mecnica, cha-

    mado coque. A escassez de carves coqueificveis faz com que se utilize uma mistura de vrios

    tipos de carves classificados como baixo, mdio e alto voltil, cujo somatrio de suas proprie-dades possibilita produzir um coque adequado. Na escolha e ponderao dos carves, os fatores

    econmicos so sempre levados em considerao.

    O processo de coqueificao consiste em um aquecimento de carves coqueificveis, em

    ausncia de ar, at cerca de . graus Celsius. Ocorre, ento, uma decomposio trmica

    que d origem aos produtos volteis e ao coque. As baterias de fornos de coque dividem-

    se entre aquelas que permitem ou no o aproveitamento dos coprodutos. De um lado, nascoquerias com recuperao de coprodutos, a matria voltil liberada do carvo durante o

    processo de coqueificao coletada para posterior tratamento. Esses coprodutos lquidos

    processados originam uma ampla variedade de produtos qumicos comercializveis. Os re-

    sduos e os gases so usados como combustveis. De outro, nas baterias de coque sem re-

    cuperao (non-recovery), o gs residual alimentado em uma caldeira de recuperao de

    calor, convertendo o excesso de calor e a energia qumica do gs em vapor para gerao de

    energia. Uma vantagem desta tecnologia que no ocorrem vazamentos de quantidades

    apreciveis de emisses.

    Um segundo uso de carvo na siderurgia diz respeito injeo de carvo pulverizado (pulverized

    coal injection, PCI) nas ventaneiras do alto-forno, de tal forma a substituir uma parte do coque

    necessrio para a produo de ferro-gusa. O preo deste carvo energtico, que no possui ca-

    ractersticas aglutinantes, menor. Registre-se que este carvo possui restries qumicas (cinzase enxofre) similares ao do carvo coqueificvel.

    Uma terceira aplicao relaciona-se ao uso de carves no-coqueificveis, mais baratos, como

    fonte de energia e de gs redutor, nos processos de reduo direta e de fuso-redutora (bath

    smelting). As caractersticas dos carves (matria voltil e cinzas) variam para cada um dos pro-

    cessos. Ressalte-se que o processo de reduo direta com redutor slido permite a utilizao de

    carves com altos teores de cinzas e volteis.

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    Contexto nacional

    A produo brasileira de carvo equivalente a , do total mundial. No pas, o maior consumo

    de carvo justamente na produo de coque de alto-forno. Deve ser salientado que, atualmen-

    te, todo o carvo para uso siderrgico oriundo do exterior, tendo a Austrlia como principal

    fonte de suprimento. As importaes superam milhes de toneladas ao ano. Os seis milhes

    de toneladas de carvo produzidas no Brasil so predominantemente consumidas na gerao

    de termoeletricidade.

    H uma grande incerteza quanto s reservas efetivas de carvo mineral no Brasil, devido carn-

    cia de dados geolgicos que demonstrem a verdadeira extenso das reservas brasileiras. Os lti-

    mos estudos de prospeco realizados pelo Servio Geolgico Brasileiro (CPRM), na regio Sul,

    datam do incio da dcada de . As jazidas brasileiras conhecidas de carvo localizam-se na

    regio Sul, sendo que das reservas encontram-se no Rio Grande do Sul, seguido por Santa

    Catarina e menos de no Paran. Praticamente toda a produo de carvo no Brasil empre-

    gada para a gerao de energia eltrica em centrais trmicas na Regio Sul.

    Os carves da Regio Sul so de baixo grau de carbonificao (rank), denominados comercial-

    mente como alto volteis, e de elevado teor de cinzas (cerca de ) e teor varivel de enxofre.

    O carvo bruto ROM possui de enxofre no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no

    Paran. Em geral, este material possui beneficiamento difcil e com baixo rendimento.

    A partir dos anos at o ano de , a camada Barro Branco, nas proximidades de Cricima

    (Santa Catarina) foi lavrada para produo de carvo metalrgico. Em , por exemplo, che-

    garam a ser lavradas milhes de toneladas de carvo ROM, contendo altos teores de cinzas

    ( a ) e de enxofre (), bem como baixo rendimento (). Entretanto, como fator positi-

    vo, tinha uma alta fluidez. A participao do carvo metalrgico nacional na mistura de carves

    reduziu-se ao longo do tempo de para . A principal causa para esse decrscimo foi a es-

    tagnao da produo, ao redor do patamar de um milho de toneladas por ano.

    A interrupo no uso do carvo mineral brasileiro coqueificvel, em , foi uma decorrncia

    da alterao de polticas governamentais. O processo de liberalizao econmica e desregu-

    lamentao iniciado no governo Collor contemplou o fim da obrigatoriedade da compra do

    carvo nacional (que custava quase o dobro dos carves importados), o trmino da concesso

    de subsdios ao transporte de carvo e a diminuio dos impostos de importao de carves.

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    Atualmente, a retomada das atividades da explorao do carvo Barro Branco enfrenta dois

    considerveis obstculos:

    a) a proximidade do litoral, o que dificulta a obteno das licenas ambientais;

    b) a deficincia na logstica de transporte para as usinas siderrgicas.

    Deve-se tambm recordar que, entre o incio da dcada de at o ano de , foi operada

    a planta de reduo direta de tecnologia SL/RN na ento Aos Finos Piratini (AFP). Esta usina,

    instalada no Rio Grande do Sul, foi privatizada em , sendo atualmente uma subsidiria daGerdau. Inicialmente, foi lavrado o carvo da mina subterrnea de Charqueadas e, depois, o da

    mina a cu aberto de Recreio. O carvo ROM, com teor de cinzas de , era beneficiado de

    tal forma a resultar num carvo redutor com cinzas e , de enxofre, caractersticas que

    satisfaziam plenamente as exigncias do processo: carvo tipo energtico e no-aglutinante. Ela

    foi a primeira planta industrial SL/RN no mundo a operar com tal tipo de carvo. O sucesso des-

    ta instalao, no que tange ao uso de carves de alto teor de cinzas, incentivou a implantao

    desse processo em pases como a ndia e a frica do Sul. A principal causa da desativao daplanta foi a baixa competitividade, em funo da pequena escala de produo ( mil toneladas).

    De forma similar s congneres internacionais, as usinas siderrgicas brasileiras costumam em-

    pregar misturas compostas de carves diferentes (baixo, mdio e alto voltil), que apresentam

    distintas propriedades coqueificantes. At meados da dcada passada, todas as coquerias eram

    baseadas na tecnologia de recuperao de coprodutos. Todavia, em , a Sol Coqueria Tuba-

    ro colocou em operao a primeira coqueria non-recovery, em Vitria (Esprito Santo).

    Hoje, o carvo mineral um insumo importado em sua totalidade pela indstria siderrgica bra-

    sileira, tanto para a produo de coque, quanto para a injeo de finos nos altos-fornos. Assim, os

    fretes martimos, a variao cambial e os custos de internao se constituem em desvantagens

    competitivas para as siderrgicas brasileiras. Pases como a Ucrnia, a Austrlia, o Canad, a fri-

    ca do Sul e a Rssia, que tm o carvo mineral e o minrio de ferro em quantidades apreciveis,so importantes competidores do Brasil.

    A situao de dependncia total de carves importados por parte da siderurgia brasileira pode

    vir a ser alterada. Em termos da demanda de carves, tem se observado o incremento da taxa

    de injeo de finos de carvo minerais no-coqueificveis nos altos-fornos. No que tange ofer-

    ta domstica de carves, estudos relativos ao carvo mineral da Regio Sul tm mostrado sua

    viabilidade para o processo de injeo pelas ventaneiras. Ademais, tcnicas bem-sucedidas de

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    mitigao dos impactos ambientais vm sendo desenvolvidas nas reas de lavra dos carves de

    Santa Catarina. Deve-se tambm mencionar que existem perspectivas reais quanto ao aumento

    da produo de coque verde de petrleo (CVP) de baixo enxofre, pelas refinarias de petrleo

    instaladas no pas.

    Diretrizes e recomendaes

    As recomendaes derivam do fato que, desde , quando foi interrompida a produo brasi-leira de carvo mineral coqueificvel, a indstria siderrgica vivenciou transformaes relevantes,

    em particular em termos da maior injeo de finos de carvo nas ventaneiras dos altos-fornos.

    Ademais, uma nova oportunidade decorre do incremento da produo de CVP no pas.

    As recomendaes (que tambm abrangem as atividades de coqueria) podem ser agrupadas em

    duas diretrizes principais:

    a) O melhor conhecimento das reservas brasileiras de carvo mineral para o uso na ca-

    deia siderrgica, luz das prticas industriais atuais;

    b) O desenvolvimento de pesquisas quanto ao uso de carvo mineral nacional e do co-

    que verde de petrleo pelas empresas integrantes da cadeia siderrgica (Figura .).

    Obrigao, at 1990, de

    utilizao do carvo mineral

    brasileiro (alto teor de cinzas e

    de enxofre) onerava as

    siderrgicas (pois seu custo era

    praticamente o dobro dos

    carves importados).

    Importao atual de todos os

    tipos de carves utilizados pela

    indstria siderrgica brasileira

    se constitui em desvantagem

    competitiva.

    1. Necessidade de melhor conheci-

    mento das reservas brasileiras de

    carvo mineral para o uso na

    cadeia siderrgica.

    2. Desenvolvimento de pesquisas

    quanto ao uso de carvo mineral

    nacional e do coque verde de

    petrleo na cadeia siderrgica.

    Figura 1.6: Carvo Mineral - situao atual e diretrizes

    Quanto ao primeiro grupo de prioridades, recomenda-se o desenvolvimento de estudos que

    permitam definir, da maneira mais completa e realista possvel, e sob os pontos de vista econ-

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    mico, ambiental, social, poltico e tecnolgico, o potencial real das reservas brasileiras de carvo

    mineral para utilizao na cadeia siderrgica. Para isto, importante:

    Apoiar as investigaes de carter multi-institucional (projeto nacional), englobando as ativi-

    dades de pesquisa mineral, tratamentos de concentrao e usos do carvo;

    Investir em estudos geolgicos visando determinao segura das reservas atuais e ao real

    potencial carbonfero do pas para uso na siderurgia;

    Avaliar, para as reservas existentes e para os possveis potenciais, os impactos ambiental, so-

    cial e econmico da sua explorao;

    Caracterizar o carvo mineral, hoje lavrado, com o objetivo de garantir o desempenho do

    seu uso em diferentes processos da indstria siderrgica (produo de coque, injeo de

    finos de carvo nos altos-fornos, reduo direta, novas tecnologias de fuso-redutora etc.);

    Investir na atualizao e na ampliao da infraestrutura laboratorial para desenvolvimento

    de estudos com o carvo mineral brasileiro;

    Desenvolver, para os casos mais promissores, estudos visando concentrao do carvo

    mineral brasileiro, de tal forma a permitir a sua participao na matriz de termoredutores

    da siderurgia;

    Estudar o carvo mineral brasileiro sob a tica do potencial de valores, por exemplo: carvo

    para a cadeia siderrgica, fertilizantes a partir das cinzas e recuperao do enxofre.

    Enquanto a primeira diretriz est mais associada atividade mineral propriamente dita, a segun-

    da diz respeito ao potencial uso do carvo mineral e do CVP pela cadeia siderrgica. Esto defi-

    nidas as seguintes prioridades:

    Avaliar as experincias mundiais no tratamento de carves no-coqueificveis;

    Investigar a real possibilidade de uso do carvo mineral nacional e do CVP, como aditivosnas misturas de carves para as coquerias, bem como seus usos na forma de injeo de finos

    nos altos-fornos;

    Desenvolver, para a situao atual, estudos acerca de rotas econmicas de produo de ao

    com carves no-coqueificveis, como reduo direta e fuso-redutora;

    Pesquisar a gaseificao do carvo mineral nacional em leito fixo e fluidizado, para aplicao nos

    vrios elos das cadeias e rotas siderrgicas alternativas, como reduo direta e fuso-redutora;

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    Estudar a possibilidade de emprego do carvo mineral nacional e do CVP como material

    carbonoso de adio na produo de pelotas verdes e como combustvel nos fornosde pelotizao;

    Investigar o uso do carvo mineral nacional e do CVP como agentes autoredutores em aglo-

    merados a f rio, produzidos pelas tecnologias emergentes nacionais.

    1.4 Carvo vegetalContexto nacional

    Como j mencionado, a siderurgia a carvo vegetal uma peculiaridade da indstria siderrgica

    brasileira, razo pela fica prejudicada a inteno de se discutir esta temtica luz da experin-

    cia internacional. De fato, os altos-fornos a carvo vegetal representam apenas da produo

    mundial de ferro-gusa e a da produo brasileira.

    Na verdade, o carvo vegetal se enquadra num tema mais amplo: o do carvo de biomassa. Este

    compreende a possibilidade de produo de slidos carbonosos a partir da desvolatilizao em

    alta temperatura de quaisquer materiais de origem vegetal, tais como o carvo de gramneas (ca-

    pim elefante), o de babau e o de rejeitos agrcolas.

    Embora existam usinas integradas a carvo vegetal no pas, a maior parcela do ferro-gusa brasilei-

    ro, fabricado a partir de carvo vegetal, proveniente dos guseiros, que possuem mais altos-

    fornos. A existncia de produtores independentes de ferro-gusa base de altos-fornos a carvo

    vegetal no Brasil que se constitui em um modelo de negcio nico no mbito da siderurgia

    mundial decorre de alguns fatores:

    a) Custo de capital ao alcance de empreendedores de pequeno e mdio porte;

    b) Tecnologia de reduo simples e dominada, com engenharia e detalhes de domnio pblico;

    c) Processo capaz de utilizar parte das fontes de ferro e carbono no necessariamente

    adequadas aos grandes altos-fornos (hematitinha e carvo vegetal);

    d) Disponibilidade de material lenhoso oriundo de abertura de fronteiras agrcolas, res-

    duos de florestas de celulose e de plantios.

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    Em relao a este ltimo fator, constata-se a disponibilidade de material lenhoso para pro-

    duo de carvo vegetal, garantindo, assim, o suprimento deste insumo para os nveis atuais

    de produo.

    A possibilidade de produo do ferro-gusa, e posteriormente do ao, a partir do uso do carvo

    vegetal como redutor uma oportunidade nica para a siderurgia brasileira. De fato, o conceito

    de carvo vegetal corresponde ao de uma mina de carvo renovvel. Ademais, a produo de

    carvo vegetal gera coprodutos cuja recuperao traz vantagens econmicas para o processo decarbonizao da madeira, reduzindo o custo de produo. Alis, no Mecanismo de Desenvolvi-

    mento Limpo (MDL), o carvo vegetal apresenta vantagens competitivas, em particular no que

    concerne s menores emisses de CO e possibilidade de crdito de carbono.

    A existncia de crticas e presses com relao s florestas plantadas, denominadas desertos ver-

    des, tem se configurado, muitas vezes, como um obstculo ao incremento da competitividade

    da siderurgia a carvo vegetal. O fato concreto que o Brasil ainda no explora todo o potencialde florestas plantadas, a despeito de:

    a) A grande disponibilidade de terras degradadas e de baixo valor para agricultura, que

    poderiam ser utilizadas para o plantio de florestas energticas;

    b) A existncia de regies consideradas privilegiadas sob o ponto de vista de insolao e

    de intensidade de fotossntese;

    c) O conhecimento biolgico, gentico e agronmico acerca de espcies vegetais bemadaptadas ao pas, como o eucalipto.

    Apesar das tecnologias de carbonizao em retorta j estarem dominadas, ainda prevalecem no

    pas prticas de fabricao de carvo de biomassa em fornos rudimentares, de baixo rendimento

    energtico e sem qualquer aproveitamento de coprodutos. Pode-se afirmar que a carbonizao

    da madeira para produo de carvo vegetal uma atividade predominantemente emprica.

    Alm disso, os sistemas de medida de desempenho do processo de carbonizao e de comercia-lizao dos produtos precisariam ser ampliados e adequados aos padres internacionais.

    Estima-se que, atualmente, cerca de do carvo vegetal produzido de maneira ilegal no pas.

    Isto decorre do fato de que o custo do carvo vegetal produzido a partir do reflorestamento ain-

    da alto. Nas condies normais de mercado internacional, o custo deste carvo vegetal base

    de florestas plantadas supera o do coque.

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    Alm dos problemas apontados, no se verifica uma ao coordenada entre o setor produtivo,

    o governo e a comunidade acadmica, com a finalidade de desenvolver o potencial da siderurgia

    a carvo vegetal, no que tange a:

    a) Carbonizao;

    b) Recuperao de coprodutos da carbonizao;

    c) Estudos de outras formas de biomassa.

    Diretrizes e recomendaes

    No mbito do EPSS, o tema carvo vegetal foi um dos que mais recebeu recomendaes. Isto

    pode ser compreendido como um sinal das dificuldades a serem superadas. As diretrizes podem

    ser assim anunciadas:

    (d) Expanso da base florestal;

    (d) Melhorias do desempenho tcnico-ambiental, inclusive por meio de mecanizao;

    (d) Fomento s fontes alternativas de biomassa (Figura .).

    O uso do carvo vegetal como

    redutor uma oportunidade

    nica para a siderurgia

    brasileira, pois o conceito de

    carvo vegetal corresponde ao

    de uma mina de carvo

    renovvel.

    Predominncia de prticas de

    frabricao de carvo de biomassa

    em fornos de baixo rendimento e

    energtico e sem aproveitamento

    de subprodutos. Cerca de 50% do

    carvo vegetal produzido de

    maneira ilegal no pas.

    1. Expanso da base florestal.

    2. Melhorias do desempenho

    tcnico-ambiental, inclusive

    por meio de mecanizao.

    3. Fomento s fonte3s alternati-

    vas de biomassa.

    Figura .: Carvo Vegetal - situao atual e diretrizes

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    Para a expanso da base f lorestal brasileira, recomenda-se:

    Apoiar pesquisa aplicada de natureza multi-institucional (projeto nacional), envolvendo o

    desenvolvimento de plantaes energticas, com foco na produo de carvo vegetal de

    forma ambientalmente sustentvel;

    Realizar estudos geoeconmicos, edafoclimticos, ambiental e social para definir reas com

    vocao sustentvel para produo de biomassa para energia e siderurgia, inclusive implanta-

    o de reas experimentais regionalizadas para identificao e aperfeioamento de espcies; Aperfeioar, fomentar e manejar os plantios j existentes para o atendimento das demandas

    por mudas de elevada produtividade mssica;

    Desenvolver e/ou aperfeioar o conceito de sistemas agrosilvopastoris para uso sustentado

    de pequenos e mdios produtores rurais, localizados em regies prximas dos pontos de

    consumo de madeira para energia e siderurgia.

    Para a melhoria do desempenho tcnico-ambiental, recomenda-se:

    Construir a plataforma biomassa e carvo vegetal com as seguintes diretrizes programticas:

    - Desenvolver processos contnuos (para grandes produes) e em batelada (para pe-

    quenas produes) mais eficientes de carbonizao de biomassa, tanto do ponto de

    vista do rendimento quanto do consumo de energia e emisses;

    - Estudar novas espcies (ciclo curto e ciclo longo) de biomassa para carbonizao,

    visando ao aumento do rendimento em carvo, reduo da rea plantada, diminuio

    de custos, menor impacto ambiental e maior recuperao de coprodutos;

    - Desenvolver a matriz que envolve: espcie, processo de carbonizao, rendimento

    em carvo, rendimento em coprodutos e aplicao final do carvo vegetal;

    - Desenvolver e absorver tecnologias de controle de emisses e recuperao e utiliza-

    o de coprodutos;Incentivar e estimular a ampliao do uso do carvo vegetal na cadeia siderrgica bra-

    sileira, inclusive em processos emergentes;

    Maximizar a reciclagem dos resduos do ciclo integrado madeira-ao, no mbito do conceito

    de ecossistema de manufatura;

    Financiar pesquisa de monitorao in situ do balano de CO;

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    Substituir o sistema atual de unidades pelo sistema internacional de unidades (SI), com a

    utilizao do peso seco de biomassa para cobrana de tributos e critrios de qualidade parao carvo vegetal;

    Desenvolver mquinas e equipamentos que facilitem a total mecanizao jusante da

    floresta;

    Desenvolver mquinas e equipamentos para corte e desbaste de rvores que maximizem a

    recuperao de fraes finas, visando utilizao posterior em formas compactadas, como

    fonte de energia dentro do sistema integrado floresta/siderurgia;

    Identificar, desenvolver e fomentar o uso de tecnologias de carbonizao que:

    - Aperfeioem a eficincia da converso madeira/carvo siderrgico e a recuperao

    de coprodutos volteis para gerao de eletricidade;

    - Aperfeioem a logstica de transporte da madeira e do carvo e coprodutos para o

    mercado, reduzindo custos de manuseio e impacto ambiental;

    - Permitam ampliar a produo de carvo vegetal de qualidade.

    Incentivar pesquisa sobre os processos de carbonizao sob presso;

    Desenvolver, identificar e adaptar processos de secagem natural e forada, por exemplo: uso

    de gases de exausto da carbonizao (previamente tratados) para reduzir a perda de rendi-

    mento gravimtrico na carbonizao;

    No que concerne s fontes alternativas de biomassa, recomenda-se:

    Investir na gerao de conhecimento cientfico sobre biomassa para energia;

    Reavaliar, do ponto de vista tcnico-econmico, as tecnologias nacionais de fabricao dos

    carves vegetal, de capim elefante e do babau, e seus desdobramentos a jusante (briqueta-

    gem, caracterizaes, usos como finos e aproveitamento de coprodutos);

    Criar linhas de fomento para investigaes sobre a carbonizao de rejeitos agrcolas e seususos na siderurgia, nas etapas reduo e refino.

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    CAPTULO 2

    REDUO

    2.1 Pelotizao e sinterizao

    Contexto internacional

    Como mencionado, a produo de minrio de ferro gera trs produtos bsicos: granulado

    (lump), finos para sinterizao (sinter feed) e finos para pelotizao (pellet feed). O sinter feed

    constitui-se, atualmente, na carga metlica mais importante para a siderurgia. Ele aglomerado

    em plantas de sinterizao, gerando o snter, que alimenta os altos-fornos. O snter um produ-to que se fragmenta facilmente, no resistindo ao manuseio e transporte. Tais aes poderiam

    degrad-lo, gerando finos indesejveis para o alto-forno. Por essas razes, as plantas de sinteriza-

    o, predominantemente, esto localizadas dentro das usinas siderrgicas.

    O pellet feed aglomerado nas pelotizaes, gerando as pelotas para alto-forno e as pelotas

    para reduo direta. As pelotas constituem-se num material mais resistente ao manuseio do

    que o granulado e o snter. Outra vantagem apresentar alto nvel de qualidade qumico-fsico-metalrgica. Por ajustes no processo produtivo, possvel produzi-las com ampla variedade de

    composio qumica, variando-se, por exemplo: os teores de slica e de alumina, ganga bsica

    (xido de clcio + xido de magnsio) e elementos deletrios (fsforo, enxofre, vandio, titnio,

    chumbo e cloro). Embora as pelotizaes possam se localizar dentro complexos siderrgicos,

    usualmente elas se situam fora do ambiente das siderrgicas. Como os investimentos em plantas

    de pelotizao so de grande monta, as mineradoras tm assumido essa atividade e dominado

    o mercado mundial de pelotas.

    A pelota um produto de alta resistncia mecnica, com maior teor de ferro do que os snteres.

    A pelotizao um processo mais complexo do que a sinterizao para o aproveitamento de

    finos. Embora possa ser usada em altos-fornos, a pelota a matria-prima preferencial dos pro-

    cessos de reduo direta, gerando pr-reduzido (DRI e/ou HBI), posteriormente transformado

    em ao nos fornos eltricos a arco.

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    Como j abordado na seo ., constata-se a tendncia de aumento dos finos nas lavras de mi-

    nrios de ferro, o que tende a estimular a produo de pelotas. Tal processo tende a ser refora-do pelas restries ampliao das atividades de sinterizao, em face da produo de dioxinas.

    No caso da Unio Europia, verifica-se inclusive a trajetria de diminuio do nmero de sinte-

    rizaes. Ressalte-se que a emisso mdia de CO nas pelotizaes ( kg / tonelada de pelota)

    bem inferior aos valores contabilizados nas sinterizaes ( kg / tonelada de sinter). Assim,

    espera-se que novas tecnologias de aglomerao, alternativas s plantas de sinterizao (e mes-

    mo pelotizao), venham a ser desenvolvidas.

    Enquanto as inovaes radicais no se tornam viveis, percebe-se um esforo importante no to-

    cante s inovaes incrementais, tais como:

    Snteres bsicos autofundentes e de alta redutibilidade;

    Minisinterizaes contnuas;

    Pelotas bsicas com xido de magnsio;

    Pelotas reduo direta com colagem e inchamento padres;

    Prensa de cilindros (rolling press) na pelotizao;

    Adio de carvo em pelotas cruas;

    Reciclagem por aglomerao a frio.

    Contexto nacional, diretrizes e recomendaes

    A experincia brasileira guarda similaridade ao padro mundial em termos de aglomerao, pois

    a preocupao principal decorre de:

    a) Descontinuidade na produo de granulados, prevista para a prxima dcada;

    b) Tendncia de maior finura e incremento dos teores de fsforo e alumina em depsitosde ferro do Quadriltero Ferrfero;

    c) Gerao de finos (tailings) e tendncia a produzir DRI pirofrico (que se inflama es-

    pontaneamente em contato com o ar) no caso dos minrios de Carajs.

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    Nesse contexto, duas so as diretrizes principais:

    (d) A melhoria do desempenho tcnico-ambiental das plantas em operao;

    (d) O fomento ao desenvolvimento de tecnologias especficas (Figura .).

    Diminuio da produo de

    granulados e presso

    ambiental contra sisterizaes

    servem de estmulo

    pelotizao.

    Enquanto as inovaes radicais

    em aglomerao de minrio

    no se tornam viveis,

    constatam-se algumas

    inovaes incrementais.

    1. Melhoria do desempenho

    tcnico-ambiental das plantas

    em operao.

    2. Fomento ao desenvolvimento

    de tecnologias especficas.

    Figura 2.1: Pelotizao e Sinterizao - situao atual e diretrizes

    Quanto melhoria do desempenho tcnico-ambiental das plantas em operao, recomenda-se:

    Desenvolver estudos com o objetivo de aumentar a eficincia energtica dos processos de

    pelotizao e sinterizao;

    Desenvolver estudos visando diminuio e ao controle das emisses nos processos de pe-

    lotizao e sinterizao;

    Desenvolver pelotas e snteres com maiores teores de ferro, visando diminuio das emis-

    ses, ao incremento da produtividade e ao menor consumo de redutor nos altos-fornos e

    nos mdulos de reduo direta.

    No que se refere ao desenvolvimento de tecnologias especficas, recomenda-se:

    Avaliar, desenvolver e implantar os processos de aglomerao a frio, tendo-se em conta as

    tecnologias atuais e as emergentes de reduo (Tecnored, Interferro etc.);

    Apoiar os grupos de pesquisa voltados ao estudo e produo de pelotas com contami-

    nantes autofluxados;

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    Fomentar estudos com vistas ao aperfeioamento dos mecanismos de micropelotizao de

    finos nas misturas para sinterizao;

    Apoiar as investigaes objetivando a substituio de particulados de coque por finos de

    carvo de biomassas na sinterizao;

    Estimular as pesquisas sobre o aperfeioamento do binmio especularita/processo de pelotizao.

    2.2 Alto-forno a coqueContexto internacional

    Em termos da produo mundial de ferro primrio, os altos-fornos a coque so responsveis por

    cerca de a do total, sendo seguido pelos mdulos de reduo direta ( a ) e altos-

    fornos a carvo vegetal (). A tecnologia de reduo de minrios de ferro (e seus aglomerados)

    em altos-fornos a coque avanada e otimizada. Os seus desenvolvimentos, na atualidade, so

    incrementais, no passando de ao ano. O estado-da-arte da tecnologia de uso dos redutoresfsseis muito satisfatrio, no havendo muito espao para ganhos adicionais de eficincia su-

    periores a frente aos nveis atuais.

    No mbito das inovaes incrementais em altos-fornos a coque, merecem destaque:

    O aumento das campanhas (acima de anos), em funo da melhoria dos revestimentos

    refratrios, do uso de painis (staves) e do controle do desgaste dos cadinhos;

    As injees de carvo, gs natural, leo, plsticos, entre outros, pelas ventaneiras dos altos-

    fornos (co-injeo e PCI);

    O incremento da produtividade, como decorrncia de instrumentao e automao e sis-

    tema de distribuio de carga (topo sem cone/bell-less top);

    O aproveitamento energtico do gs de topo (co-gerao);

    A granulao de escria (coproduto);

    Melhoria operacional dos regeneradores;

    Os novos conhecimentos advindos do congelamento e dissecao dos altos-fornos a co-

    que na siderurgia japonesa;

    Melhoria no controle de qualidade do coque e introduo do conceito de fraes menoresde coque (small coke).

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    Contexto nacional

    A siderurgia brasileira ocupa um lugar de destaque quanto operao de altos-fornos a coque.Um dos altos-fornos da ArcelorMittal Tubaro recordista mundial em campanha produtiva,

    sem paralisao para reforma. Como ele entrou em operao em e sua reforma est previs-

    ta somente para , o tempo de campanha superar anos.

    As usinas integradas a coque no pas representam cerca de a da produo siderrgica

    brasileira. Seus altos-fornos foram projetados para uma mistura de carga constituda principal-

    mente por snter. Como aspecto positivo, esses reatores so operados com elevados ndices de

    tratamento e reciclagem de resduos e emisses, mitigando os impactos ambientais.

    Nos ltimos anos, verifica-se a construo de novos altos-fornos a coque no pas, sempre base-

    ados em tecnologia e projetos importados. Ademais, no se observa qualquer programa estra-

    tgico para o domnio das tecnologias transferidas (por absoro e adaptao) e, consequente-

    mente, de autonomia tecnolgica (gerao).

    Diretrizes e recomendaes

    A partir das consideraes, o Estudo constatou a necessidade de duas diretrizes principais:

    (d) Maior articulao empresa/governo/academia e programa de vigilncia tecnolgica;

    (d) Adoo de melhorias incrementais (Figura .).

    A tecnologia de reduo de

    minrios de ferro emaltos-fornos a coque

    avanada e otimizada. Os seus

    desenvolvimentos na

    atualidade so incrementais.

    Um alto-forno a coque

    instalado no Brasil orecordistas mundial de

    campanha.

    1. Maior articulao empresa/

    governo/ academia eprograma de vigilncia

    tecnolgica.

    2. Adoo de melhorias

    incrementais.

    Figura 2.2: Alto-Forno a coque - situao atual e diretrizes

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    No que diz respeito primeira diretriz (i.e., uma melhor articulao empresa/governo/academia

    e um programa de vigilncia tecnolgica), destacam-se as seguintes recomendaes:

    Elaborar, no conceito de plataforma, um programa setorial de desenvolvimento para a rea de

    reduo que, por meio da integrao empresa/governo/academia, aborde as questes relativas

    dinmica que vigora entre as tecnologias atuais e os avanos tecnolgicos (vigilncia tecnolgi-

    ca) e os minrios e os redutores disponveis no pas;

    Instalar e operar um observatrio de dimenso setorial para o acompanhamento e a avaliao

    de processos e tecnologias de reduo;

    Fomentar investigaes e a vigilncia tecnolgica internacional acerca das pesquisas inovadoras

    de captura e estocagem subterrnea de CO

    (COcapture and storage, CCS);

    Promover pesquisas sobre a utilizao de aglomerados auto-redutores na mistura de carga dosaltos-fornos a coque e manter vigilncia tecnolgica sobre a proposta inovadora do alto-forno

    super compacto (super compact blast furnace, SCBF).

    Quanto segunda diretriz (i.e., adoo de inovaes incrementais), as principais recomendaes so:

    Apoiar as linhas de investigao voltadas modelagem matemtica e fsica do processo de

    produo de ferro-gusa em alto-forno a coque;

    Fomentar o estudo de modelagens para ampliao da escala (scale-up), voltado para a absor-

    o e a adaptao da tecnologia do alto-forno;

    Incentivar as pesquisas relativas ao aumento do uso de fraes menores de coque (small

    coke), e diminuio do consumo de gua, e ao incremento da quantidade de pelotas na

    carga dos altos-fornos a coque;

    Apoiar os setores de instrumentao, visando aplicao e ao desenvolvimento de sondas

    para o controle dinmico do processo do alto-forno a coque;

    Apoiar as pesquisas e as atividades de vigilncia tecnolgica relativa ao processo de reciclagem

    do gs de topo e de operaes com altos ndices de enriquecimento de oxignio no sopro;

    Criar linhas de fomento em pesquisa bsica focalizada na otimizao cintica das etapas do

    processo de reduo dos minrios de ferro (hematticos e magnetticos) brasileiros, inseridasno contexto da nanotecnologia.

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    2.3 Alto-forno a carvo vegetal

    Contexto nacional

    O alto-forno a carvo vegetal uma configurao produtiva tipicamente nacional, sendo que os

    seus desenvolvimentos tm sido lentos em relao queles alcanados pelo alto-forno a coque.

    O estado-da-arte das tecnologias de converso de biomassa em carvo primitivo e, por isso,

    possui um grande potencial de ganhos tcnicos, ambientais e econmicos a serem ainda auferi-

    dos. No caso dos guseiros, vale a pena recordar que, para os padres tpicos da indstria siderr-

    gica, os investimentos so relativamente modestos.

    Reforando o argumento, existe amplo espao para o desenvolvimento e o aperfeioamento

    da tecnologia dos mini altos-fornos, de sorte a ampliar os seus patamares de competitividade

    e sustentabilidade. Por exemplo, j existem tecnologias e prticas operacionais que garantem

    elevados ndices de tratamento e recuperao dos resduos gerados pelos altos-fornos a car-

    vo vegetal. Tambm se encontram desenvolvidos, e disponveis no pas, unidades compactasde sinterizao e sistemas de injeo adaptveis cadeia produtiva dos altos-fornos a carvo

    vegetal. Alm disso, diferentemente da situao vivenciada em relao aos reatores a coque, os

    altos-fornos a carvo vegetal constituem inovao genuinamente nacional, com engenharia ple-

    namente dominada.

    Deve-se tambm mencionar que embora os guseiros se apresentem como o segmento mais

    representativo em termos da produo de ferro-gusa base de carvo vegetal no pas, existemusinas integradas a carvo vegetal em pleno funcionamento, tanto com aciarias bsicas a oxig-

    nio, quanto com aciarias eltricas.

    Diretrizes e recomendaes

    Em consonncia do que se verificou com o carvo vegetal, o nmero de recomendaes para a produ-

    o de ferro-gusa em altos-fornos a carvo vegetal tambm extenso. Trs so as diretrizes principais:

    (d) Alterao das legislaes federal e estaduais visando a incentivar a produo de

    ferro-gusa em altos-fornos a carvo vegetal;

    (d) Financiamento para a construo de usinas integradas a carvo vegetal;

    (d) Estudos acerca da melhoria do desempenho tcnico-ambiental (Figura .).

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    O estado-da-arte das

    tecnologias de converso de

    biomassa em carvo primitivo

    e, por isso, possui um grande

    potencial de ganhos tcnicos,

    ambientais e econmicos a

    serem ainda auferidos.

    Os altos-fornos a carvo

    vegetal constituem

    inovao genuinamente

    nacional, com engenharia

    plenamente dominada.

    1. Alterao das legislaes

    federal e estadual.

    2. Financiamento para a

    construo de usinas

    integradas a carvo vegetal.

    3. Estudos acerca da melhoria do

    desempenho tcnico-

    ambiental.

    Figura 2.3: Alto-Forno a Carvo Vegetal - situao atual e diretrizes

    Dentre as etapas produtivas analisadas at o momento, esta foi aquela cujas recomendaesso mais vinculadas s alteraes de polticas pblicas. De fato, uma das diretrizes exatamente

    modificar as legislaes federal e estaduais, objetivando fomentar a produo de ferro-gusa em

    mini altos-fornos e reforar o suprimento de madeira por parte de pequenos e mdios produ-

    tores independentes.

    A segunda diretriz aponta para a necessidade de se financiar a implantao de usinas integradas

    a carvo vegetal (com aciarias bsicas a oxignio ou aciarias eltricas), compreendidas como mo-delos siderrgicos integrados (ambientalmente sustentveis) e representando a evoluo tecno-

    lgica dos atuais guseiros. Na mesma direo, recomenda-se:

    Promover estudos de natureza tcnico-econmica para ampliar a alternativa de mini-siderrgi-

    cas no pas, baseadas em mini altos-fornos a carvo vegetal e aciaria eltrica, com capacidade de

    produo na faixa de , a milhes de toneladas por ano;

    Promover estudos de natureza tcnico-econmica para avaliar a alternativa de construo de

    mini-siderrgicas no pas, baseadas em mini altos-fornos a carvo vegetal e aciaria a oxignio.

    A terceira diretriz relacionada melhoria do desempenho tcnico-ambiental compreende um

    nmero maior de recomendaes especficas, a saber:

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    Apoiar as pesquisas aplicadas de natureza multi-institucional (projeto nacional), envolvendo

    a utilizao das tcnicas de resfriamento e dissecao em altos-fornos a carvo vegetal;

    Incentivar a consolidao das empresas de consultoria e engenharia detentoras da tecnolo-

    gia do alto forno a carvo vegetal;

    Desenvolver estudos visando ao aperfeioamento das cargas metlicas, em especial das rela-

    es minrio/snter/pelota, bem como definio/caracterizao dos diferentes componentes;

    Desenvolver tecnologias de aglomerao de finos de minrio de ferro para atender s con-

    dies do setor guseiro;

    Desenvolver e incentivar a produo de carvo vegetal no formato granular com o objetivo

    de melhorar os resultados dos mini altos-fornos;

    Desenvolver estudos relacionados com o controle e a operao do mini alto-forno a carvo

    vegetal, por exemplo: aperfeioamento da carga redutora, distribuio de carga, segregao

    granulomtrica, utilizao de finos, dentre outros;

    Apoiar estudos visando recuperao e ao reuso dos particulados gerados nos altos-fornos

    a carvo vegetal (incentivo s tecnologias nacionais Interferro e Tecnored);

    Fomentar investigaes relacionadas ao uso das escorias de altos-fornos a carvo vegetal;

    Avaliar as alternativas e desenvolver modelo para o aproveitamento do potencial energtico

    do gs de mini alto-forno no contexto dos diferentes plos de produo existentes no pas;

    Desenvolver modelos de recirculao de resduos no sistema integrado floresta/siderrgica.

    2.4 Reduo direta e processos emergentes de reduo

    Contexto Internacional

    Os processos de reduo direta respondem por a do ferro primrio produzido mundial-

    mente. Uma das vantagens dos pr-reduzidos (DRI e HBI) o baixo teor de contaminantes, o

    que estimula o seu uso em aciarias eltricas, com a finalidade de fabricar aos de melhor qua-

    lidade. Em termos do volume de pr-reduzidos, dois processos se sobressaem: Midrex () e

    HyL (). Os demais respondem pelos restantes . Como se observa na Figura ., estes dois

    processos j se encontram num estgio de maturidade tecnolgica.

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    EstgioConceptual /

    Bancada

    FERRO-GUSA / NUGGETS

    MOE (eletrlise)Matmor

    AISI

    DIOSCCF

    Isarna

    Tecnored

    Mini AF

    Alto FornoModerno

    Alto Forno

    Antes China

    ITmk3

    Finesmelt

    SidcometDanarex

    Circored

    PSH

    Hi-QIPRomelt

    Ausmelt

    RHF(FastmetRedsmeltInmetcoIDI, etc.)

    Iron CarbidePurofer

    Finmet

    Corex

    PrimusOxycupHlsmeltFinex

    SL/RN

    DRI / HBI / Fe3C

    Carvo

    Coque

    Descontinuado

    CarvoGs Natural

    Descontinuado

    Inativo

    EstgioProttipo /

    Piloto

    EstgioMaturidade

    Declnio /Desenvolvimento de

    Solues alternativas

    EstgioConsolidao /

    Tcnica /Comercial

    MidrexHyL

    Figura 2.4: Maturidade tecnolgica dos processos de produo de ferro primrio

    No mbito da siderurgia mundial, o volume de investimentos direcionados s usinas integradas

    reduo direta vem aumentando. Alm disso, os processos de RD com gases de processo mais

    ricos em hidrognio tm sido alvo de investigaes em importantes programas multi-institucio-

    nais no exterior.

    Os estgios de maturidade tecnolgica de vrios processos emergentes de reduo tambm

    esto retratados na Figura .. Duas linhas em desenvolvimento se destacam: a auto-reduo e

    a fuso-redutora. Por visarem produo de ferro-gusa ou produtos metlicos similares (nug-

    gets e pebbles), os processos emergentes so propostas alternativas ao alto-forno, em particular

    ao alto-forno a coque. De fato, os processos emergentes tm sido concebidos visando a elimi-

    nar as etapas de aglomerao do minrio de ferro e de coqueificao, ambas inerentes a rota

    do alto-forno a coque, permitindo com isso o uso generalizado de minrios finos e de carves

    no-coqueificveis.

    Enquanto alguns processos emergentes j deram incio em suas unidades comerciais (Corex e

    Finex), outros ainda se encontram em fase de demonstrao de suas tecnologias (Tecnored, HIs-

    melt, Rotary Hearth Furnace/RHF, High-Quality Iron Pebble/Hi-QIP). No que tange aos primei-

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    ros, os processos Corex (na frica do Sul) e Finex (na Coria do Sul) tm apresentado resultados

    preliminares considerados animadores pelos responsveis por suas tecnologias, nas escalas co-merciais j implantadas.

    Pode-se afirmar que os investimentos internacionais, nas pesquisas dos processos alternativos ao

    alto-forno a coque, continuam em nvel elevado, em particular na Austrlia, no Japo e na Euro-

    pa. Um dos principais motivadores para o desenvolvimento de tais processos a busca por me-

    nores custos (de capital e operacionais), comparativamente aos altos-fornos a coque. Em relao

    s questes ambientais, j surgem na siderurgia discusses a respeito da viabilidade dos chama-

    dos processos menos carbono (carbon less) e carbono livre (carbon free).

    Contexto Nacional

    A produo de pr-reduzidos no Brasil pouca representativa, correspondendo a do volume

    total de ferro primrio fabricado no pas em . Recorde-se que a planta de reduo direta base de carvo mineral no-coqueificvel da ento AFP foi desativada no incio dos anos .

    Atualmente, a Gerdau Usiba a nica usina integrada reduo direta do pas. Tal planta para-

    lisou o mdulo de reduo direta HyL em meados de , em funo dos impactos da crise

    econmico-financeira mundial.

    Em termos prospectivos, a produo de pr-reduzidos no Brasil poder aumentar, em funo da

    possibilidade real do incremento da oferta domstica de gs natural associado ao incremento daproduo de petrleo. Deve-se tambm lembrar que o pas importante fornecedor de pelotas

    RD para o mercado internacional. Ademais, no se vislumbra ao longo desta dcada falta de su-

    cata ferrosa, que um insumo complementar da carga metlica das aciarias eltricas no caso de

    usinas integradas reduo direta.

    No que se refere s estratgias emergentes de reduo, deve-se ressaltar que o Brasil vem se man-

    tendo na vanguarda da tecnologia de auto-reduo, por meio do desenvolvimento do processo

    Tecnored, atualmente em estado de demonstrao tecnolgica. Como se observa na Figura .,

    o Tecnored encontra-se no incio do estgio de consolidao tcnica/comercial, estando ligei-

    ramente atrs de suas concorrentes internacionais mais expressivas (processos HIsmelt, RHF e

    Finex), que j esto neste estgio h pelo menos trs anos.

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    Diretrizes e recomendaes

    (d) Uma das diretrizes relaciona-se investigao acerca da viabilidade de implantarmdulos de reduo direta tradicionais (Midrex e HyL) no pas, com descarregamento

    direto de DRI a quente nos fornos eltricos a arco, analisando as suas viabilidades nas

    regies litorneas de So Paulo, Rio de Janeiro e Esprito Santo, em funo da maior

    disponibilidade de gs natural.

    (d) Outra diz respeito implantao de programa de vigilncia tecnolgica, tanto para os

    processos maduros de reduo direta, quanto para as tecnologias emergentes de reduo.

    (d) Uma terceira diretriz refere-se ao apoio aos processos Tecnored e Interferro (Figura .).

    A produo de pr-reduzidos

    no Brasil pouco representa-tiva, mas esta situao pode se

    alterar em funo da

    perspectiva de maior

    disponibilidade de gs natural.

    O Brasil vem se mantendo

    na vanguarda da tecnologiade auto-reduo, por meio

    do desenvolvimento do

    processo Tecnored,

    atualmente em estado de

    demonstrao tecnolgica.

    1. Investigao acerca da

    viabilidade de implemantarmdulos de reduo direta

    tradicionais.

    2. Vigilncia tecnolgica.

    3. Apoio aos processos Tecnored

    e Interferro.

    Figura 2.5: Reduo direta e processos emergentes de reduo - situao atual e diretrizes

    A primeira diretriz no foi desdobrada em recome